jorge vieira - teoria do conhecimento e arte - prod. autonomia

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Afi n al, é d isso que se trata o tempo todo. A pesqui sa d iz respe ito à vida e à necessidade da produ çã o de a uto no mia e me mória para ga rantir um nimo de qu alidade, sem a qU:l. 1 não há poss ibil idade de permanência nest e, nem em qualquer outro m undo . A os pOll COS, ao d iscorrer pelas páginas do livro, tod os nós aprend emos q ue não se trata de mod el ar uma essê ncia de com unidade de saberes, LI ma vez que a diversidade e a comp lexidade são inevitáveis. É preciso pensar em agrupam entos de homens e de idéias como compartilhamentos norteados pe la sin gularidade. N un ca se rra ra da relação do m es mo co m o mesmo, mas de u ma rela ção na qual intervém o out ro e ele é se mp re irr ed utí vel. in tr oduzindo um a d eses ta b il ização absolutame nte saud áve l. Emb ora ainda exista no âm bito acadêmico das C iênc ia s HU fl la na s e Sociais. um a cert a resistência aos diálogos co m as cham adas Ciências Físk as, Exaras e Biológicas, o enredamen ro destes saberes tem e ncontrado mo dos de estabelecer parâmetros próp ri os de sobrevivência. As au las e agora os livr os de Jor ge Vieira ma rcam a atuação deste tipo de pesquis;1 cmrc nós b r::t silciros, ass im como d es de os an os 80 , au ro res norreameri ca no s e europeus m fazendo em seus p r6prios países. São Paul o, 9 de novembro de 2005 Ci f Rl STlNE GR EI NEfI lG , , Jorge de Albuque rq ué' Vieira PRODUÇÃO DE AUTONOMIA EM SISTEMAS PSICOSSOCWS: ARTE E CIÊNCIA* 1. Qua li dade de Vida e Comple xidad e o ob je tivo do present e Cong resso é discutir o tema da qualidade de vida em nossa sociedade , ênfase dada ao futuro, que tem se mostrado incerto e indefinido neste contex to. Sistemas ps icossocia is são um exe m plo ele hipercomplexidade, em seu todo e e m seus subsi stemas. Seguindo a proposta de Mario Bu nge (J 980:20) podemos conceber um sistema social como constituído de qu atro Pub!ic:Hlo: Vieir:l, J. A. (977). de :\uto nomia em Amis do Jl Arte I.: Ciêncb: Quali l.bdc de Vida . 5}o Paulo: Ma rio Schen h erg/ECA/USP. 31 -Yi. 17 ,I

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Page 1: Jorge Vieira - Teoria Do Conhecimento e Arte - Prod. Autonomia

Afin al, é disso que se trata o tempo todo. A pesquisa d iz

respeito à vida e à necessidade da produção de autonomia e

m emória para garanti r um mínimo de qualidade, sem a qU:l.1 não h á p ossibil idade de perman ência neste, nem em qualquer

outro m undo.

A os pOllCOS, ao d iscorrer pelas páginas do livro, todos

nós aprendemos que não se trata de modelar uma essê ncia

d e com u ni dade de saberes, LI ma vez q ue a diversidade

e a complexidade são in evitáveis. É preciso pensar em

agrupamentos de homens e de idéias como compartilhamentos

norteados pela singularidade. N unca se rra ra da relação do

mesmo com o mesmo, mas de uma relação na qual intervém

o o u t ro e ele é se mp re irredutível. in trod uz in d o uma

desestab il ização absolutamente saud ável.

Embora ainda exista no âm bito acadêmico das C iências

H Ufll anas e Sociais. um a certa resistê nci a aos diálogos

co m as chamadas Ciê ncias F ískas, Exaras e Biol ógicas,

o enredamenro destes saberes tem encontrado mo dos de

estabelecer parâmetros própri os de sobrevivência. As au las e

agora os livros de Jorge Vieira marcam a atuação d este tipo

de pesq uis;1 cmrc nós br::tsilciros, ass im como desde os anos

80, au ro res norreamericanos e europeus já vêm fazendo em

seus p r6prios países.

São Paulo, 9 de novemb ro d e 2005

Cif RlSTlNE GREINEfI

lG

, ,

Jorge de Albuquerqué' Vieira

PRODUÇÃO DE AUTONOMIA EM SISTEMAS PSICOSSOCWS:

ARTE E CIÊNCIA*

1. Qualid a d e de Vida e Comple xidade

o ob jetivo do p resente Congresso é discutir o tema da qualidade de vida em nossa sociedade , ênfase dada ao futuro, que tem se mostrado incerto e indefi nido neste contexto. Sistemas ps icossocia is são um exe mplo ele hipercomplexidade, em seu todo e e m seus subsistemas. Seguindo a proposta de Mario Bu nge (J 980:20) podemos conceber um sistema social como constituído de qu atro

Pub!ic:Hlo: Vieir:l, J. A. (977). "Procl\I~':'lO de :\utono mia em S i SfCll1~lS

ps ico~sol'i;li s". Amis do Jl C()ngn:~~o Arte I.: Ciêncb: Qualil.bdc de Vida . 5}o Paulo: Nct/Prl!~s/Ccntro Ma rio Schenherg/ECA/USP. 31 -Yi.

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,I

Edson
Note
VIEIRA, J. DE A. Formas de conhecimento: Arte e Ciência, uma visão a partir da complexidade - teoria do conhecimento e arte. v. 1. Fortaleza: Expressão Gráfica, 2006.
Page 2: Jorge Vieira - Teoria Do Conhecimento e Arte - Prod. Autonomia

TEORIA DO CONHECIMENTO E ARTE

subsistemas principais: o b iológico (aquele que elabora 5istem~s voltados para a permanência hioJ(Jgica, C01110 a

área de saúde, nmrição) etc.); o cultural (o que inclui , além ele todas JS fontes de cuhur;'- o sistema educacional); o

~ico e fi na lmen te o j?,0lítico .. Gostaríamos de falar sobre o ,sblem:1 cultu ral) que nos parece o mais fundamental, no sentido ele ga rantir a permanência dos demais.

P~l rcce-no.s ôbvio que é ti cultura, incluin do todo o sistema ecltlC<lcional, que pode produzir auton011'l.ia

necessária para produzir material Int1nano , que pOSSJ

efetivamente criar e gerenciar a complexidade dos outros subsistemas. Só podemos falar de sobrevivência biológica se falarmos de médicos, de enfermeiros, de nutricionistas, psicólogos e psicanalislJS, enfim , te rapeu tas de mane ira geral, bem fo rm ados. O mesmo se aplica aos out ros subsistemas, quanto à economistas, professores, homens púhlicos todos os profissionais que sejét JTI capazes de elaborar complexidade.

Além do problema de manter um bom nível no ensino bás ico, sabemos a tremenda importância que tem, pma uma nação, o desenvolvimento e manutenção da ciência básica, da p rática filosófica e da criação artística . É esse nível de complexidade, q ue exige um sistema cul tural concretamente ativo, que poderá produzir as grandes fontes de autonomia que o sistema social em seu todo necessita. A maneira integrada de pensar essas três grandes áreas, Ciência, Filosofia e Arte, tem-se mant ido afastada em nosso tempo, na verdade, nas t'i1 timas décadas. As gerações mais recentes nào têm conhecido o prazer Ce o poder) de t:d forma de autonomia.

Pode parecer exagero esse último tipo de afirma ção, mas creio qu e todos concordamos que já tivemos, em passado rela[jvamente recente, uma situação algo melhor quanto ao teor de complexidade sistémica de que fabrn os. E recordamos aqui eX8tamenle a figura de Mário Schemherg, cien tista e homem envolvido com as artes, um ent re alguns

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Jorg~ de Albuquer(luC Vieira

que constituíram no Brasil sua melhor forma ele Zlutono mia em termos de conhecimento. Cr<:::io que todos n6."i nos sentimos um pouco órfãos, já que Schemberg está p resente em nossas sa udades mas ausente em corpo físico como líder cientíRco que era.

No contexto políti co dt: sua c.:poca, Schemberg ficou restrito ~ atividades prati camente não cientificas. Dedicou-se

à arte e saiu-se muito bem. Tinha Autonomia, a capacidade que um sistema necessita para elaborar adequad;:UTle nte seu meio ambiente, criar estoque de informação e funçào memória e assim, permanecer.

a que necessitamos agora , para ten tar garant ir isso que chamamos qualidade de vida, é ainda tentar produzir auton01'niCl. e 1nemól'ia , que possam manter nossa permanência, adequada ao nível de complexidade natural ao ser humano (que na maioria das vezes a população n;\o ~!linge , Ii mit~lDdo-se a sobreviver qu ando possível).

2. ConIJecimenlo e Valor

O desenvolvimento do conhecimento neste século tem sido apo iado , entre ou tros conceitos, naque le d e interdisciplinaridade. Muito tem sitio dito nesse sentido, mas é grande problema obter a prática do mesmo, criando as condições d e crescimento para as gerações mais novas. Uma pr:ttica qu e depenue ainda em muilo das gerações m~lis antigas e experientes, aq uelas que, exatamcnte, fica ram no estado de orfandade já ci tado. Como criar au tonomia a parti r de uma gra nde perda , a utonomia de qu:t lkbd~, que possa passar aos mais novos? O ambiente da interdisciplinaridade exige uma formação hásica complexa, que por sua vez exige boa fo rmação e estímulo dos professores deste nível, o que óbviamente exige uma boa fo nnação destes em nossas Universidades. E foram estas as que mais sofreram, no suhsisterna cultural, com a perda dos g randes líderes do nosso conhecimento , como Schemberg, décadas Jrrás.

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Page 3: Jorge Vieira - Teoria Do Conhecimento e Arte - Prod. Autonomia

TEOlUA DO CONHECIMENTO E ARTE

S3bemos Inais ainda: há uma perda maior, bem mais ! intensa, por trás de todo o processo: a do valor associado ao

conhecimento. O que restou para as geraçõe.s mais novas, com ên fase nas mais recentes, em nossos adolescentes, é a idéia (por vêzes muito bem apregoada por manipulações semióticas de vários ripos e níveis) de que con hecer é (Gliee, coisa fo ra de moda, intltil, sem status, etc. H o je

em dia é difícil convencer urn jovem quanto ao valor cio conhecimento, da cultura, principalmente se um contexto cultural não est(\ presente em seu meio ambiente tlmiliar

imediato. A necessidade de sobreviver, de ganhar d inheiro t, na medida d o possível, ganhar um .\tatus social , nào se cOacll.ln:1 com "g;IStl1''' de (Í a li an os Cst'ud:lndo física 1

malemálica, biologia, fi losoAa. A imagem elo estudanle

realmente estudioso tem sido mais e mais ironizada hoje em

dia, mais do que j<í o era, anteriormente . Claro que podemos dom inar bem um computador,

viajando no lVin.dows ou navegando n ::1 Internet; isso é

sempre hem mais fácil do que cria r o lVindoUls, 8.nnal. M~lis

(omputadores e menos programadores. Sempre poderá ser dito que a perda a que nos referimos

é i1usóri~l, pois hoje em dia vivemos em um :lmbiente com muito m~lis inl<' lrn1:.lç;lO, que nossos jovens acessam com muita

facilidade. iVlas nossa preocupação é com a capacidade destes em elabor;:ll- :1 informação; e mesmo quando esta capacidade desenvolve-se, preocupamo-nos com .. I qu alidad e da

informação d isponível: basta frequentar a maioria das livrarias

pam. perceber, entre outras coisas, como fica mais e mais difícil

:lcessar obras con10 originais, ror exemplo (encontramo.s livros cOlllcnrando autores de peso, mas mais dificil mente os livros destes autores); a lém do mais, obras de impo!tJocia deixam de ser reed itad:as e as livrarias acabam por investi r nos best sellers. facilmente vendidos peja míclia (é comum que pessoas não habituadas 3. leirura compreI11um romance porque tornado 1~l moso por uma noveb de TV e decepcionem-se porq ue () texto "não se conforma" ao que foi uiwdo pela TV).

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Jorge de: Albuquerque Vieira

Essa forma de trivialização sígnica presta-se sempre aos processos de desvalor que corroem a autonom ia em conhecimento de uma sociedade e que leva toda uma geração a n~o esperar muito de um futuro que se torna vago e esm~lecido em suas cores, enquanto possibilid~lde. E por decorrf'ncia, perdemos também o· hábito do trabalho e do estudo intensos: afinal, o sucesso financeiro , que é

o critério de valor atualmente mais apregoado, pode ser atingid o por pessoas bem menoS preparadas e por t{itkas ma is condenáveis, do ponto de vistJ ético. Há <l crise ele

idéias e a crise dos valores.

3. Pe,.~'mal1ência Sistêl1lica

Esse tipo de questão nos remete ao teor do qll e possa ser, em Teoria de Sistemas, o que jú chamamos aqui de Autonomia. Um sistema ~berto em determinado ambiente pe rmanece no tempo se apresentaI: três capacidades:

deve possuir sensibilidade ,~1o sent id o de reagir ãdequm:lamenteeà tempo às variações ou diferenças que ocorrem nele mesmo ou no ambieme. ESS~lS

ca deias de eventos, geradoras de processoS 1

se manifestam p~l ra o sistema como sinais ou

simplesmente fluxos de injo1'1naçlio;

u sistema deve ser capaz de reter pane desse f'1uxo, sob a forma ele U111 colapso relacional, :1 Ixutir da progressiva inlernalizaç;.io de re la çc">es nascid~IS de sua ativic.lade interna e do contata com o ambiente CUyemov. 1975 :93-102) . Essa retenção, geradora de hábitos no sentido eh! semiútica p e ircean~l, será coerente com a natureza do sistema e sua h istória passada. O sistema p~ssa a adquir ir ':~

.. ~S(l a Glpacit!.;~de:: _~I_~ _e::~~:!:?:. l: _{~._i~-'~rm~!fl o0nas t~lmbém de percebê-la de uma certa maneira. O

. __ ._-----• • W .-.-~-- • • --

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TEORL\ DO CONHECIMENTO E ARTE

que engenhei ros e físicos chamam, :10 nível da Física, ele jun.ção de trcm~ferência. Construída ao longo

do tempo, essa fu nção é na verdade uma função melnória, que ganha uma grande flexibilidade na

med ida em que o sistema evolui para níveis m~is

altos de complexidade. É a partir da memória, aqui generalizada, que um sistema consegue conectar seu passado, na f Olll1a" de uma história , com () presente

transiente e com posslyeis fu turos. O~~ parân2:~ fu ndam en tai s da Tebria Gera l de Sistemas, ou -~pêrmanéncia , A ~ll()nb-n1laê-lVriEíÜ-Anll3ie'nt~:-

manifesta m-se assim c ' m coerência. -~_._-_.-._- . y------uma tercei ra ca racidade consiste em, fi nalmente,

o sistema ser capaz de elaborar' este es toq!:.~e _~Le.

-informação, na medida ê~'-~~;; -~~~T&~·de~ . Uma ·

-elãlm-raçàVEnclente nan so emfrô dõiTiuãü-e,IlíãS também em temporalida de. Fazer a elaboração eficiente a temjJo. Sistemas tendem a perman ecer;

como abertos, necessitam de um amhiente; p ara

permanecer, evol uem e laborando inforrnação a partir de uma h istória. Esta última é a capacidade

mais noh re, típica dos sistemas cognitivos. Podemos encontrar si::itemas de todos os tipos , em todos os

níveis de complexidade da natureza, satisfazendo o exigido até a segu nda Glpacidade. Já citamos aqui O conceito de fu nção de transferê ncia, ap licado

à s istemas ditos nào vivos. É a capacidade de e laboração eficiente que garante as fo rmas ma is

e levadas de compl exidade em nossa realidade

s istémica.

Toda a nossa vida, enquanto sistemas complexos, consiste em desenvolver estratégias ele p e rma nênci a ,

trabalhando com essas 3 capacidades. As coisas apresentam escalas temporais variadas de permanência. Em nosso caso)

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Jorge de I\lblJqu~rll\1~ Vieira

algo no entorno, médio, de uns 70 anos. Somos restritos no

tempo , no entanto levamos a herança adiante mantendo a espéde, atravé::; da reprodução e d isso que chamamos __

produçlío. Criar fi lhos já é um dificílimo exercício (no sentido de que alca ncem alguma fo rma de plenitude). Apresent{l-los

ao exercício da produção, gerando os códigos e conteúdos culturais ~ é pior ainda. Tal exercício depende da qualidade da mem6ria disponível, depende da autonomia q ue dispomos

e que podemos elaborar. Criar gerações sensíveis à realidade; que saib;u:1 b:,sc::~

e esi:OCãr"inTormação e est;Gelecer urna mem()rf~i-c()J!lrlexa ,

que envo lVe·não·~Q~_~-2~~.~~~~~~~~:~~~::~~~3u que põ~ã 'se(~íiaOõlí~tjdo em um aparelho de televisão, mas :' que possa se r vlvenciado a nív<:! de emoç:'!o, sentimento,

mTIvwade e valores. Finalmente , gerações que pos~_ eGl)oral:-o;ne IT;õ~po~ í~C:U~.?~~ _~~.;se-;~~~~?r.-· __ ··_·_-_· . -- - Ã- j"·<;"liTdacle-··está a í ~ em todos os seus níveis. Mas

de qual ambiente dispomos? Como anda a qualidade de nossas vizi nhanças, em todos os seus aspectos tênues e sutis, ocultos e pelvertidos, ignOíJelos e esquecid os? Se um

sistema cognitivo, potencialmente com certa complexidade, nâo encontra complexidade coerente em seu ambiente, torna-se ameaçado de extinção. Pode ser que, annal, esse

ambiente exista. E nào tenhamos a sensibi lidade para atingi­lo. Pode ser que tenha sido aviltado, ele modo a sufocar

todos os que conseguem com esforço sobreviver e matando

as formas novas de vida que lent am crescer, E mesmo tendo

~l sensibi lidade e o ambiente, como aprender a elaborar, se nossa função memória foi seccionada ou tem sido adulterada

em seus valores mais básicos? Processos ele desvalorização estao sempre 3ssociados

aos processos de dominação. Bem~ sabemos no e ntanro que a vida é u ma entidade

extremamente frágil mas persistentemente tenaz. E que é

possível destrui r complexidade, mas que quando esta está apta a surgir de maneira potencial, tal destruição tem que ser

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Page 5: Jorge Vieira - Teoria Do Conhecimento e Arte - Prod. Autonomia

i TEORJA DO CONHECIMENTO E ARTE

: lenta ( a não ser no caso el<:! <1 doção de medidas extremamente radic:lis, como no genocídio), Sempre há portanto a possibi lidade de processos imprevisíveis, oriundos (Te complexidade remanescente do sistema, criarem alternativas

. e n('jvãSiaãsrlL~tbncas ern busca üaperrfràt=iêi1c~é

. L~;n-ãspêct'~cti~:;-;is t';" -~n~'-;~ssõ-prõbTêtll~i~-6- que é sugerido

é que , se o nlvel de complexidade está ba ixo, essas soluções potenciai . .:; parecem estar m~lis aS50cÍ<ldas aos elementos e su bsistemas mais básicos do que su bs istemas mais

elaborados. Nesse sentido, aument;l em muito o papel dos

I incliv[cluos.

4. Conclu.sões

U!1l~l tias pO::lsibilidade:-; que podem levar ~I uma efetiva , melhori,] n:\ qualidade ele vicl;J que dispomos em um siS1.em,\

onde a complexidade tem sido continuamenre degradada [ repousa nas ativic\;-lcles cios indivíduos. Mesmo admitindo

; que ainda dispomos de slJbsistcmas ativos e produtores I cLeSS~l fonml de autonomia (annal, as escolas e Universidades

i ainda funcionam e eventos artísticos ainda ocorrem) será nas

i iniciativas muitas vezes "extra-oficia is" que a complexidade poder:'l crescer; um,] das suas rot~]S de crescimento, pafJ. o subsistema cu ltu ral , é a intcrJisciplinaridadc e finalm ente a transdisciplinaric\ade. Muito sohre J vbbilidade desse processo tem sido discutido, qu;:\nto aos limites r e~l is

existentes, Illas parece-nos que esse é o caminho, quase

que irreversível. Finalmeme, a fusâo s istêm ica entre r\ne , Fílosofta

e Ciência parece ser, nesse co nt ex to, um fo nte de

enorme fert ili dade na procluçáo ela complexicbcle e conselJ.uentemente, da qualidade de vicia. Frisamos aqui

o papel que a complexidade exerce para que a desejada qualidade se ja viável. Acreditamos que esta ülüm,l vai

depender, na sua efetivação, do natural exercício de

capacidades emotivas e afetivas dos elementos humanos

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TEORIA DO CONHECIMENTO E ARTE

envolvidos. Sendo este o nível mais difícil de elaboração, para a nossa espécie, é nossa crença que poderá ser permitido

através de uma rica e generosa partUha que começa na

dimensflo do intelectual e que poderá permitir, de forma

rica e generosa, a afetividade . O exercício da afctividade, finalmente, acarreta respeito

e valor. Qualidade de vida.

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