jogos e ensino de história - o centralizador

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ENSINO DE HISTÓRIA E JOGOS DE TABULEIRO: “O CENTRALIZADOR” Marcello Paniz Giacomoni A compreensão de processos históricos complexos, que envolvam acontecimentos diversos (seja temporalmente, seja espacialmente), é um dos grandes desafios do ensino de História na escola básica. Um conteúdo específico é o nascimento do Estado Moderno, com a centralização do poder real ao final da Idade Média. Para que os alunos do Ensino Fundamental compreendam tal processo, com ênfase nos casos francês, inglês, espanhol e português, construiu-se um jogo de tabuleiro onde serão revisados e compreendidos simultaneamente diferentes acontecimentos que envolvem a centralização do poder real. A estratégia de utilização dos jogos em sala de aula é bastante expressiva em várias áreas do conhecimento, especialmente nos anos iniciais, na matemática e nas ciências. No campo da História, apesar de variadas experiências existentes 1 , a prática é pouco presente no cotidiano dos professores. Podemos categorizar esses jogos em três categorias básicas: expressividade (aqueles que se baseiam em performances interpretativas, como julgamentos simulados, teatros, etc.), digitais (sejam jogos de videogame, sejam de computador, criados com fim pedagógico ou jogos comerciais adaptados pelo professor) ou de tabuleiro (jogos que possuem superfícies físicas de atuação, com as mais variadas dinâmicas). Existem variadas justificativas para o uso dos jogos no ensino de História, desde uma Licenciado e Mestre em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professor do Colégio Israelita Brasileiro e da rede estadual de ensino do Rio Grande do Sul. Email: [email protected] 1 Cito, como exemplos, o jogo “1808”, construído pela prefeitura do Rio de Janeiro, e desenvolve a narrativa da fuga da família real portuguesa para o Brasil (http://www.multirio.rj.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12&Itemid=113), e o “Dominó Kaingáng”, criado pelo Laboratório de História Indígena da Universidade de Santa Catarina para apresentar elementos da cultura material das populações indígenas (http://labhin.ufsc.br/jogos/ ).

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Artigo que problematiza o uso de jogos no ensino de História, apresentando e disponibilizando o jogo "O Centralizador" de forma completa.

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Page 1: Jogos e Ensino de História - O Centralizador

ENSINO DE HISTÓRIA E JOGOS DE TABULEIRO:

“O CENTRALIZADOR”

Marcello Paniz Giacomoni

A compreensão de processos históricos complexos, que envolvam acontecimentos

diversos (seja temporalmente, seja espacialmente), é um dos grandes desafios do ensino de

História na escola básica. Um conteúdo específico é o nascimento do Estado Moderno, com a

centralização do poder real ao final da Idade Média. Para que os alunos do Ensino

Fundamental compreendam tal processo, com ênfase nos casos francês, inglês, espanhol e

português, construiu-se um jogo de tabuleiro onde serão revisados e compreendidos

simultaneamente diferentes acontecimentos que envolvem a centralização do poder real.

A estratégia de utilização dos jogos em sala de aula é bastante expressiva em várias áreas

do conhecimento, especialmente nos anos iniciais, na matemática e nas ciências. No campo da

História, apesar de variadas experiências existentes1, a prática é pouco presente no cotidiano

dos professores. Podemos categorizar esses jogos em três categorias básicas: expressividade

(aqueles que se baseiam em performances interpretativas, como julgamentos simulados,

teatros, etc.), digitais (sejam jogos de videogame, sejam de computador, criados com fim

pedagógico ou jogos comerciais adaptados pelo professor) ou de tabuleiro (jogos que

possuem superfícies físicas de atuação, com as mais variadas dinâmicas).

Existem variadas justificativas para o uso dos jogos no ensino de História, desde uma

Licenciado e Mestre em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professor do Colégio

Israelita Brasileiro e da rede estadual de ensino do Rio Grande do Sul. Email: [email protected] 1 Cito, como exemplos, o jogo “1808”, construído pela prefeitura do Rio de Janeiro, e desenvolve a narrativa da

fuga da família real portuguesa para o Brasil

(http://www.multirio.rj.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12&Itemid=113), e o “Dominó

Kaingáng”, criado pelo Laboratório de História Indígena da Universidade de Santa Catarina para apresentar

elementos da cultura material das populações indígenas (http://labhin.ufsc.br/jogos/ ).

Page 2: Jogos e Ensino de História - O Centralizador

2

salutar “quebra da normalidade”, inserindo um recurso que foge à habitual aula expositiva ou

atividades em livros didáticas (que, obviamente, tem grande importância) e pauta-se

grandemente na ludicidade, no ato de brincar.

Jogos desenvolvem desde uma gama de habilidades e competências (como capacidade de

trabalhar em grupo ou tomar decisões) até práticas propriamente conteudistas, como a fixação

de conceitos ou a revisão de determinadas temáticas. Aponto, ademais, uma justificativa que,

a meu ver, é central: o jogo possui a capacidade de “transportar” o jogador para outra

realidade, criando uma vivência a partir de um mundo de regras específico.

Um jogo, de qualquer natureza, não possui sentido sem a existência de regras. Como nos

ensina Huizinga (1998: 14), embora o jogo parta de uma perspectiva “não séria”, o ato de

jogar reveste-se de absoluta seriedade. No jogo existe beleza, harmonia, ritmo, fascínio,

tensão, alegria e divertimento, mas há também ordem e regras estabelecidas, que devem ser

seguidas por todos. Uma vez quebradas as regras, destrói-se a ilusão do jogo.

Partimos da premissa de que as regras de um determinado jogo podem estabelecer o

contexto histórico a ser vivenciado, impondo possibilidades e limites àquele que joga, tal qual

um indivíduo daquele tempo determinado. Essa construção cria um espaço de vivência, no

sentido lato da palavra. Jogos possuem a capacidade de nos transportar para realidades

diversas às nossas com facilidade, construindo representações que proporcionam uma

apropriação ativa da realidade, a partir de uma ambientação construída pelas regras do jogo.

Essas regras, somadas às dinâmicas de ação, de relação entre os jogadores, e mesmo a

qualidade gráfica dos jogos são centrais nessa criação de um ambiente de vivência.

O jogo “O Centralizador” nasce então da dificuldade na construção de uma narrativa para

o conteúdo da centralização do poder pelos reis ao final da Idade Média. Algumas avaliações

parciais aplicadas aos alunos de uma sétima série do ensino fundamental, sobre o processo de

centralização do poder, evidenciaram uma grande dificuldade em correlacionar uma narrativa

que minimamente associasse os fatos históricos estudados. O foco principal das guerras e

casamentos como forma de aumento do poder dos reis apareceu nessas avaliações, mas

poucos alunos conseguiram relacionar a Inquisição espanhola ou a Carta Magna nessas

Page 3: Jogos e Ensino de História - O Centralizador

3

narrativas. Não se trata evidentemente de centrar a reflexão nesses fatos, mas sim de oferecer

a possibilidade de estudo de uma realidade complexa, onde diferentes acontecimentos são

apresentados de forma sistêmica ou simultânea, evidenciado diversas interrelações entre os

mais variados processos. Perceber a complexidade de determinadas realidades do passado

pode auxiliar a compreender a própria realidade dos alunos como permeada de

acontecimentos significantes.

O jogo possui como superfície de ação um tabuleiro de uma paisagem genérica europeia,

ao final da Idade Média, divida entre feudos (da Nobreza, da Igreja e do Rei), aldeias e

burgos, onde a narrativa do jogo se desenvolve. Os alunos são divididos entre os cinco grupos

sociais protagonistas desse processo: Rei, Senhores Feudais, Igreja, Burgueses e

Servos/Camponeses. Outro aluno joga como o mestre do jogo, lendo as cartas-acontecimento,

que contém uma descrição do processo em questão, questões a serem respondidas pelos

alunos e uma dinâmica de dados. A dinâmica central do jogo se baseia nas cartas-

acontecimento.

É importante apontar que todo jogo se baseia em determinadas dinâmicas, dentro de um

variado campo de possibilidades que dizem respeito ao tempo (por rodadas ou turnos, por

sequencia livre ou pela ação do professor) e ao funcionamento do jogo: tabuleiro com dados,

cartas, questões propostas pelo professor, ações dos alunos, dominó; com níveis de

complexidade que vão de simples sequências de “avança-recua” (como o clássico “Jogo da

Vida”) até outras mais intrincadas que pressuponham produção de recursos, relações e

combinações de cartas, etc.

Dentro dessas dinâmicas, existem ainda duas opções para a vivência do aluno: ou ele é

“transportado” para o tempo histórico, representando-se como um personagem ou grupo

social (como um Senhor Feudal, ou como um grupo social no processo da centralização), ou

reflete sobre o conhecimento histórico, respondendo questões ou articulando conceitos.

Ademais, o ato de jogar possui como uma de suas características a ausência de riscos; não

temendo as consequências, os alunos são estimulados à experimentação. Tanto os erros como

os acertos desse processo podem ser retomados e debatidos pelo professor.

Page 4: Jogos e Ensino de História - O Centralizador

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Cada carta-acontecimento n’ “O Centralizador” relata um acontecimento ou processo

europeu que influi na centralização do poder real, como a “aliança rei-burguesia”, “Carta

Magna” ou as “revoltas camponesas”. As cartas possuem uma sequencia de movimentos:

primeiramente o aluno que atua como mestre do jogo retira uma das cartas do monte, e em

seguida retira uma carta resposta correspondente à mesma.

Após a leitura do título do acontecimento e do local onde ocorre (por exemplo, toma-se a

aliança do rei com a burguesia e as revoltas camponesas como processos que abrangem

variadas regiões da Europa; já acontecimentos como a Carta Magna ou a Inquisição

Espanhola são restritos à Inglaterra e Espanha, por exemplo) para todos os alunos que estão

jogando, o mestre anuncia os grupos sociais envolvidos, e a forma de relacionamento entre

eles. Por exemplo, na Carta-acontecimento “Aliança entre o rei e a burguesia”, estão

envolvidos o rei e a burguesia, e a relação é de aliança; já na carta Common Law, estão

envolvidos o rei e os senhores feudais, e a relação é de enfrentamento.

Após esse anúncio, o mestre faz uma pergunta para cada grupo envolvido, dentro dos

conteúdos desenvolvidos nas aulas anteriores. Após o registro dos acertos ou erros, abre-se

uma dinâmica de dados. Por exemplo, na carta “Usura”, o mestre fará uma pergunta para o

aluno que representa a Igreja e outra pergunta para o aluno que representa a Burguesia.

Suponhamos que a Igreja acerte e a burguesia erre, a dinâmica será: 1, 2, 3 e 4 nos dados,

ganha a Igreja; 5 e 6, ganha a burguesia. Caso a Igreja e a burguesia acertem ou errem as

questões, a dinâmica será: 1, 2, 3 nos dados, ganha a Igreja; 4, 5 e 6, ganha a burguesia. Por

fim, caso a Igreja erre a questão e a burguesia acerte a dinâmica será: 1 e 2 nos dados, ganha a

Igreja; 3, 4, 5 e 6, ganha a burguesia.2

O grupo que vencer nos dados tem direito a colocar no tabuleiro peças que representem

ganhos de poder. Por exemplo, o rei coloca exércitos de mercenários e tribunais reais; os

senhores feudais inserem castelos e conselhos de nobres; os burgueses inserem muralhas nas

cidades e bancos; a Igreja coloca tribunais da Inquisição e universidades; os camponeses

2 No anexo II, que contém o jogo completo, encontram-se todas as cartas produzidas até o momento. Deixo claro

que se trata de um jogo “aberto”, onde novas cartas podem ser produzidas, conforme as ênfases dadas pelo

professor no tratamento dessa temática.

Page 5: Jogos e Ensino de História - O Centralizador

5

inserem aldeias livres e feiras. As peças inseridas não estabelecem interações entre si, e não

abrem dinâmicas de jogo que vão para além das cartas acontecimento. Todavia são

importantes porque representam a modificação do espaço, após as sucessivas ações dos

grupos sociais3.

É considerado vencedor o grupo que possuir mais presença no tabuleiro, e ao final do

jogo eles devem responder à seguinte questão: o rei conseguiu centralizar o poder? Refletindo

com base nos resultados do jogo, os alunos conseguem relacionar os interesses dos diferentes

grupos sociais, compreendendo simultaneamente quais ações/instituições são necessárias para

a centralização política.

A sorte possui um lugar importante na dinâmica, abrindo o espaço do acaso, do

inesperado, da incerteza de prever seus resultados, assim como a própria história. N’ “O

Centralizador” o rei pode centralizar o poder, possuindo algumas peças no tabuleiro

(especialmente o exército de mercenários, a casa fiscal e o tribunal real), ou não. A

problematização que se baseia nesse acaso pode provocar uma reflexão bastante profícua.

Cabe, nesse momento, uma problematização sobre o conhecimento fundado nessa prática.

Como nos ensina Paulo Knauss (2005), alinhado aos modelos perspectivistas e processualistas

do conhecimento científico moderno, a conhecimento histórico “não se define como dado,

mas como construção intelectual” (2005: 286). Para esse autor, as lógicas de construção do

conhecimento histórico podem ser relacionadas a quatro grandes premissas do conhecimento

científico moderno: explicações dedutivas; explicações probabilísticas; explicações funcionais

ou teleológicas e explicações genéticas.

3 A qualidade visual do jogo não deve ser relegada a segundo plano. Na medida em que desejamos “transportar”

nossos alunos para outra realidade histórica, a ambientação criada pelos elementos gráficos é muito importante.

Tabuleiro, peças e cartas devem ser produzidos de forma que construam uma ambientação do momento histórico

desenvolvido, mobilizando imagens, fontes e qualidade na montagem das peças.

Page 6: Jogos e Ensino de História - O Centralizador

6

As explicações de ordem dedutiva são recorrentes em análises formais de sociedades, que

possuem como objetivo formar modelos gerais que articulem os níveis econômico, político,

social, cultural, etc. Os ideais-tipos formados operam como conceitos que permitem o

enquadramento de diferentes individualidades históricas. Interpretações materialistas sobre

sociedades da antiguidade são bons exemplos dessa lógica. Enquadramentos das sociedades

antigas em critérios de política, economia, sociedade, cultura, arquitetura, etc., o que permite

as aproximações e distanciamentos entre essas diferentes realidades históricas. Essa mesma

linha de interpretações forma imagens ditas “generalistas” sobre determinados períodos ou

sociedades, como a Europa medieval vinculada ao Feudalismo, servidão e Cristianismo, ou a

Europa Moderna ao Absolutismo, Mercantilismo e Iluminismo.

Já o modelo probabilístico instaura a história como um campo de possibilidades de ação

para os diferentes agentes sociais. Não apenas uma história pautada em subjetividades, mas

também permeada por jogos de escalas onde podemos compreender as histórias do imaginário

e a micro-história. Menocchio (GINZBURG, 1987) pode ser entendido como personagem

emblemático dessa perspectiva, onde podemos também pensar em estudos sobre as trajetórias

de escravos brasileiros dentro das estruturas do sistema escravista. Nos livros didáticos, é

comum essas narrativas se encontrarem em boxes ou outras seções a parte, o que evidencia

uma dificuldade em relacionar algumas lógicas científicas. Podemos também estender essa

lógica para grupos sociais, refletindo sobre suas possibilidades de ação em determinamos

espaços e tempos.

As explicações funcionais, por sua vez, remetem à escatologia cristã, pautada em um

continuum temporal que teria fim no retorno de Cristo à terra, no juízo final. Essa mesma

lógica teleológica, de que o tempo e a história caminham de forma determinada para um fim

específico, pautou as noções de tempo da ciência, em especial nas perspectivas evolucionistas,

e do marxismo. Categorias como a “luta de classes”, para o marxismo, ou “inconsciente

coletivo”, na história das mentalidades são grandes modelos de pensamento nessa perspectiva.

Processos históricos como a Revolução Francesa e a Revolução Russa são geralmente

narrados nessa lógica, onde os sucessivos embates entre os grupos antagonistas possuem uma

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explicação funcional.

Sobre as explicações de caráter genético, Knauss (2005: 287-288) aponta que se baseiam

na “descrição da sequencia de evolução de um objeto ou sistema originário a partir da

transformação de outro anterior”. Avançando nessa explicação, o autor nos ensina que existem

duas formas de compreender essas explicações: por uma sequencia de causas e efeitos (como

o fim do Império Romano ocidental, com as invasões bárbaras), ou por um processo de

visualizar na descrição dos processos sociais estruturas de maior complexidade. Essa

perspectiva remete aos estudos de Jorn Rüsen, sobre as narrativas de caráter genético. Para

esse pensador, existe uma essência no sentido da história: a mudança, pautada não em

processos de evolução funcional, mas sim dentro de um processo de desenvolvimento

dinâmico (RUSËN In: SCHIMIDT, 2011: 69).

Por fim, Knauss (2005: 290) aponta uma grande potencialidade do saber histórico na

escola: enquanto variadas correntes historiográficas pautam-se em modelos científicos

fechados, o ensino de história tem a possibilidade de transitar em fazer uso da diversidade de

modelos disponíveis. É possível dizer, nesse sentido, que o jogo joga com essas modalidades

científicas. Ao mesmo tempo em que o jogo parte de categorias dedutivas de construção do

conhecimento, no limite entre os grandes processos do “feudalismo” e do “estado moderno”, a

lógica probabilística apresenta-se no acaso, na incerteza da agência histórica, mesmo que

materializada diretamente pelo aluno que joga. A transformação também é chave para a

compreensão desse jogo, não em um sentido evolutivo funcional, mas aberto a um

desenvolvimento dinâmico. Na relação entre os grupos sociais envolvidos; o rei pode

centralizar o poder, mas também os senhores feudais podem manter sua autonomia; os

burgueses podem garantir avanços para suas atividades comerciais e financeiras, ou não; os

servos podem tornar-se camponeses livres... ou não. As transformações são a lógica do jogo, e

no jogar com elas reside sua grande riqueza.

Page 8: Jogos e Ensino de História - O Centralizador

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__________________________________________

Bibliografia citada:

FERMIANO, Maria A. Belintane. O Jogo como um instrumento de trabalho no ensino de

História? In: História Hoje. ANPUH. vol. 3. n 07, julho 2005. Disponível em:

http:www.anpuh.uepg.br/históriahoje/voI3n7/maria.htm

HUIZINGA, Johan. Homo ludens – o jogo como elemento de cultura. São Paulo:

Perspectiva, 1998.

ANDRADE, Débora El-Jaick. O lúdico e o sério: experiências com jogos no ensino de

história. In: História & Ensino. Londrina, v.13, p.91-106, set. 2007.

GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as idéias de um moleiro

perseguido pela inquisição. São Paulo, Companhia das Letras, 1987.

KNAUSS, Paulo. O desafio da Ciência: modelos científicos no Ensino de história. In: Cad.

Cedes, Campinas, vol. 25, n. 67, p. 279-295, set./dez. 2005. Disponível em:

http://www.cedes.unicamp.br

SCHIMIDT, Maria Auxiliadora; BARCA, Isabel; MARTINS, Estevão de Resende. (orgs.)

Jörn Rüsen e o ensino de história. Curitiba: Ed. UFPR, 2011.

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ANEXO I – Imagens da aplicação do jogo “O Centralizador”

Local: Colégio Israelita Brasileiro

Data: 22-23/04/2013

Turmas: 7ªs series

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ANEXO II – Jogo “O Centralizador” completo4

Regras

“O Centralizador” é um jogo de tabuleiro desenvolvido para apresentar, de forma dinâmica, os

principais acontecimentos e processos que levaram à centralização do poder nas mãos do rei, ao final

da Idade Média, com a consequente formação dos Estados Modernos. Cada aluno representará um

grupo social envolvido no processo, respondendo questões e percebendo como o mesmo atuava

naquele contexto.

Regras básicas:

Nº de jogadores: mínimo 6; máximo 8

Ao início do jogo, é escolhido o “Mestre”, que conduzirá a leitura das cartas do jogo. Em seguida,

são sorteadas as cartas-jogadores, que identificarão qual grupo social representará cada aluno (Rei;

Igreja; Burgueses (2x); Senhores Feudais (2x); Servos/camponeses (2x)).

Dinâmica do jogo:

Em cada rodada o mestre retira uma carta-acontecimento, lendo-a na ordem. Ao mesmo tempo,

retira a respectiva carta-resposta, mas sem mostrá-la aos demais colegas.

Após a leitura são anunciados os grupos sociais envolvidos no acontecimento, cujas relações podem

ser de confronto (X), aliança (∞) e transformação ().

O mestre faz as perguntas, na ordem, que devem ser respondidas em até 15 segundos. Respostas

incompletas são consideradas erradas. O mestre deve informar a resposta correta e registrar erro ou

acerto. Eventuais dúvidas podem ser resolvidas com o professor.

Após todas as dúvidas respondidas, o mestre deve informar a dinâmica dos dados (relacionada com

os erros e acertos das perguntas). Conforme o resultado, o mestre lerá o texto do grupo social vencedor

e oferecerá a peça conquistada pelo grupo, que a colocará no tabuleiro (no local indicado pela carta ou

livremente, quando for o caso).

Ao final do jogo, quando todas as cartas tiverem sido retiradas, será considerado vencedor o grupo

social com mais presença no tabuleiro, e os alunos deverão responder a seguinte questão:

“o rei conseguiu centralizar o poder?”

4 Constam nesse anexo, a partir dessa página, as regras do jogo, o tabuleiro, as cartas dos grupos sociais e as

cartas-acontecimento, Nesse material anexo não constarão as peças do tabuleiro. Como as mesmas foram

produzidas a mão, utilizando porcelana fria (ou massa de biscuit), seria pouco possível disponibilizar as mesmas.

Nas imagens aparecem essas peças, que podem servir como modelo.

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Tabuleiro:5

5 O arquivo original, em formato 80x80cm, pode ser baixado no link http://pt.scribd.com/doc/165290136/Mapa-

O-Centralizador.

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Cartas dos Grupos Sociais:

Servos /

Camponeses

Burgueses

Senhores

Feudais

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14

Rei

Igreja

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15

* Aliança Rei-Burguesia – Europa *

Devido a fortes interesses mútuos, durante o processo de

centralização do poder real houve uma forte aproximação entre o

Rei e a Burguesia, que estabeleceram alianças em diversas

regiões da Europa.

Grupos envolvidos:

Burguesia ∞ Rei

Questões:

Burguesia:

Quais eram os interesses da burguesia na centralização do poder

do rei?

Rei:

Para qual uso o rei desejava os burgueses, no seu processo de

centralização do poder?

Aliança Rei-Burguesia Perguntas / respostas:

Burguesia:

Que ele reconstruísse as estradas,

padronizasse a moeda, e os pesos e medidas,

e combatesse os desmandos dos senhores

feudais.

Rei:

Para que atuassem como funcionários do rei,

cobrando impostos, exercendo a justiça real e

fiscalizando o comércio.

(duas funções = considerar correto)

Dinâmica:

Acerto Burguesia / Erro Rei

1, 2, 3 ,4 x 5, 6

Erro Burguesia / Acerto Rei

1, 2 x 3, 4, 5 ,6

Empates

1, 2, 3 x 4, 5, 6

Ganhos:

Burguesia:

Parece que o rei cumpriu a sua promessa, e

mandou consertar parte das estradas, o que

irá facilitar o comércio...

Insira uma ponte na estrada

Rei:

O uso de burgueses como funcionários deu

ao rei muita autonomia em relação aos

Senhores Feudais, em especial na cobrança

de impostos...

Insira uma casa fiscal do Rei

Page 16: Jogos e Ensino de História - O Centralizador

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Common law - Inglaterra

Em 1066 a Inglaterra é invadida por um exército comandado por

Guilherme, o conquistador, duque da Normandia (e descendente

dos vikings que atacaram a Europa no século IX). Esse novo

monarca centralizou o poder, obrigando todos os senhores e

homens livres a prestarem o juramento de vassalagem para ele.

Um de seus descendentes, Henrique II (1054-1189), fortaleceu

esse poder adotando um conjunto de leis válido para toda a

Inglaterra, a Common Law.

Grupos envolvidos:

Rei x Senhores Feudais

Questões:

Rei:

Qual a diferença entre o juramento de vassalagem imposto por

Guilherme, o conquistador, em relação ao que havia

anteriormente?

Senhores feudais:

A Common Law permitiu ao rei impor sua justiça por todo o

reino. Anteriormente, quais grupos sociais exerciam o direito de

julgar?

Common law Perguntas / respostas:

Rei:

No juramento existente anteriormente havia

uma rede, onde os vassalos do rei tinham

vassalos, que por sua vez tinham outros

vassalos, e assim por diante. Guilherme

eliminou essa rede, obrigando todos os

homens livres a prestarem homenagem a ele.

Senhores Feudais:

Senhores Feudais e Igreja.

Dinâmica:

Acerto Rei / Erro Srs. Feudais

1, 2, 3 ,4 x 5, 6

Erro Rei / Acerto Srs. Feudais

1, 2 x 3, 4, 5 ,6

Empates

1, 2, 3 x 4, 5, 6

Ganhos:

Rei:

O rei conseguiu impor a autoridade da sua

justiça. Agora, os desmandos dos Senhores

Feudais não serão tão frequentes...

Coloque um tribunal real em um

feudo

Senhores Feudais:

Apesar de ter conseguido impor a Common

Law para toda a Inglaterra, o rei segue

necessitando de um exército formado pelos

seus vassalos. Isso ainda nos permite

influenciar o rei...

Insira um exército senhorial

Page 17: Jogos e Ensino de História - O Centralizador

17

Concordata de Bolonha - França

A Concordata de Bolonha, assinada em 1516 pelo rei francês

Francisco I e o Papa Leão X, permitiu que o rei nomeasse os

bispos franceses, colocando nesses cargos homens fiéis aos

interesses do rei.

Grupos envolvidos:

Rei x Igreja

Questões:

Rei:

Qual o interesse do rei em nomear os bispos e demais cargos

eclesiásticos?

Igreja:

Na concepção medieval de vida após a morte, quais seriam os

destino de um bom cristão e de um mau cristão,

respectivamente?

Concordata de Bolonha Perguntas / respostas:

Rei:

Possibilidade de utilizar esses nomeados

como funcionários diretos do rei, além de

influenciar as decisões da Igreja.

Igreja:

Salvação e danação.

Dinâmica:

Acerto Rei / Erro Igreja

1, 2, 3 ,4 x 5, 6

Erro Rei / Acerto Igreja

1, 2 x 3, 4, 5 ,6

Empates:

1, 2, 3 x 4, 5, 6

Ganhos:

Rei:

A possibilidade de nomear as autoridades

eclesiásticas possibilita utilizar toda a Igreja

para ajudar a governar o reino.

Insira um escritório real em uma

catedral

Igreja:

As tentativas do rei francês em controlar a

Igreja não se concretizaram. Ela segue

influenciando as vidas das pessoas, sendo

presente nos locais mais inóspitos da

Europa...

Insira uma Igreja ao lado de uma

aldeia

Page 18: Jogos e Ensino de História - O Centralizador

18

Crescimento das Cidades I - Europa

Durante os séculos XI e XIII, devido a uma série de inovações

tecnológicas no campo, a produção de alimentos aumentou. Os

excedentes propiciaram que muitas pessoas passaram a viver nas

cidades, dedicando-se ao artesanato e ao comércio. Com o

crescimento das cidades, em muitos locais os seus habitantes

(chamados de burgueses) passaram a reivindicar a liberdade em

relação aos Senhores Feudais, que dominavam as terras onde se

encontrava a cidade...

Grupos envolvidos:

Senhores Feudais X Burgueses

Questões:

Senhores feudais:

Quais eram as duas formas pelas quais os Burgueses conseguiam

a liberdade de suas cidades?

Burgueses:

Qual a serventia das muralhas nas cidades medievais?

Crescimento das Cidades I Perguntas / respostas:

Senhores Feudais:

Comprando a liberdade, através das Cartas

de Franquia, ou guerreando com os Senhores

Feudais.

Burgueses:

Proteção, delimitação entre a cidade e o

campo e propaganda.

Dinâmica:

Acerto Srs. Feudais / Erro Burgueses

1, 2, 3 ,4 x 5, 6

Erro Srs. Feudais / Acerto Burgueses

1, 2 x 3, 4, 5 ,6

Empates

1, 2, 3 x 4, 5, 6

Ganhos:

Burgueses:

O senhor Feudal não aceitou a proposta de

uma Carta de Franquia. Tivemos de formar

uma milícia urbana e ganhar nossa liberdade

lutando. Para evitar represálias, vamos

fortificar nossa cidade...

Coloque uma muralha em uma cidade

Senhores Feudais:

Os burgueses ofereceram um bom preço pela

liberdade da cidade. Os recursos propiciaram

a construção de um castelo muito fortificado.

Insira um castelo senhorial

Page 19: Jogos e Ensino de História - O Centralizador

19

Crescimento das Cidades II - Europa

Durante os séculos XI e XIII, devido a uma série de inovações

tecnológicas no campo, a produção de alimentos aumentou. Os

excedentes propiciaram que muitas pessoas passaram a viver nas

cidades, dedicando-se ao artesanato e ao comércio. Com o

crescimento das cidades, muitos servos fugiram dos feudos,

passando a habitar as cidades em busca de melhores condições

de vida. Esses habitantes das cidades ficaram conhecidos como

burgueses...

Grupos envolvidos:

Servos/camponeses Burgueses

Questões:

Servos/camponeses:

De onde vem o termo “Burguês”?

Burgueses:

Com o passar dos séculos, qual passou a ser o significado da

palavra “burguesia”?

Crescimento das Cidades II Perguntas / respostas:

Servos/camponeses:

De “Burg”, palavra alemã que significava

cidade fortificada.

Burgueses:

Passou a representar as camadas mais ricas

da sociedade que habitavam as cidades

(grandes mercadores e artesãos).

Dinâmica:

Acerto Servos/camponeses / Erro Burgueses

1, 2, 3 ,4 x 5, 6

Erro Servos/camponeses / Acerto Burgueses

1, 2 x 3, 4, 5 ,6

Empates

1, 2, 3 x 4, 5, 6

Ganhos:

Servos/camponeses :

As possibilidades de fugas para as cidades

fizeram com que muitos Senhores Feudais

liberalizassem as relações de servidão,

transformando os servos em camponeses.

Transforme uma Aldeia de Servos em

uma Aldeia de Camponeses.

Burgueses:

O crescimento das cidades estava

intimamente ligado ao comércio. Para

facilitar a circulação de mercadorias, vamos

qualificar o nosso porto...

Insira um guindaste no porto.

Page 20: Jogos e Ensino de História - O Centralizador

20

Crise do Século XIV - Europa

Durante o século XIV, uma série de flagelos atingiu a Europa. O

esgotamento dos solos e secas provocaram a diminuição da

produção, ocasionando fome generalizada. Para completar o

quadro, a Peste Negra ceifou aproximadamente 1/3 da população

europeia. As perdas sofridas pelos Senhores Feudais os colocou

em conflito direto com servos e camponeses...

Grupos envolvidos:

Senhores Feudais X Servos/camponeses

Questões:

Senhores Feudais:

Quais foram as duas opções utilizadas pelos Senhores Feudais

para diminuir seus prejuízos durante o século XIV?

Servos/camponeses:

Sobre as revoltas camponesas do século XIV, qual eram as

principais reivindicações dos servos?

Crise do Século XIV Perguntas / respostas:

Senhores Feudais:

Guerras e aumento da exploração dos servos.

Servos/camponeses:

Fim das obrigações servis (presos à terra,

banalidades, trabalhos no campo do senhor,

entrega de partes da produção),

Dinâmica:

Acerto Senhores Feudais / Erro Servos

1, 2, 3 ,4 x 5, 6

Erro Senhores Feudais / Acerto Servos

1, 2 x 3, 4, 5 ,6

Empates

1, 2, 3 x 4, 5, 6

Ganhos:

Servos/camponeses:

As revoltas surtiram efeito, e muitos dos

servos se libertaram dessa condição,

tornando-se camponeses livres.

Insira uma aldeia livre

Senhores Feudais:

As revoltas foram facilmente sufocadas, o

que gerou a volta das obrigações servis para

muitos camponeses.

Insira um castelo senhorial

Page 21: Jogos e Ensino de História - O Centralizador

21

* Cultura Medieval – Europa *

A cultura medieval, durante o período Feudal (séculos IX-XIII),

foi grandemente moldada pelo cristianismo. A Igreja, instituição

mais poderosa durante esse período, possuía grande poder

material e espiritual sobre a sociedade. Mesmo assim, houve

espaço para o nascimento de uma cultura estranha ao universo

cristão, chamada de profana.

Grupos envolvidos:

Igreja

X

Rei + Srs. Feudais + Burgueses

Questões:

Igreja:

A Igreja possuía muitos mecanismos de controle sobre a

sociedade, que podemos chamar de “poder espiritual”. Cite ao

menos duas dessas formas de poder.

Rei + Srs. Feudais + Burgueses:

1. Quais eram os dois principais gêneros da cultura

profana?

2. Sobre quais assuntos tratavam cada um desses gêneros?

Cultura Medieval Perguntas / respostas:

Igreja:

Excomunhão, confissão, conhecimento

(monges copistas), cruzadas (convocadas

pela Igreja)

Rei + Srs. Feudais + Burgueses:

1. Épica e Trovadoresca.

2. Épica: feitos heroicos dos cavaleiros,

bravura em batalha, fidelidade dos

suseranos e vassalos. (dois assuntos

corretos, considerar acerto).

Trovadoresca: amor, virtudes das

damas medievais, dedicação,

fidelidade e culto às mulheres. (dois

assuntos corretos, considerar acerto).

Dinâmica:

Acerto Igreja / 2 Erros Todos

1, 2, 3 ,4, 5 x 6

Acerto Igreja / 1 Acerto/ 1 erro Todos

1, 2, 3, 4 x 5 ,6

Erro Igreja / 1 Acerto/ 1 erro Todos

1, 2, 3 x 4, 5 ,6

Erro Igreja / 2 Acertos Todos

1, 2 x 3, 4, 5 ,6

Empates

1, 2, 3 x 4, 5, 6

Ganhos:

Igreja:

A religiosidade Medieval segue presente nas

universidades, onde a principal disciplina era

a Teologia (estudo de Deus)

Insira uma universidade controlada

pela Igreja.

Rei + Srs. Feudais + Burgueses:

Uma das tendências do mundo moderno é a

existência de conhecimentos que não são tem

relação com a religião. Esse conhecimento,

como o direito romano e a retórica, serão

importantes para o Rei, que necessitará de

funcionários para administrar seu reino.

Insira uma universidade livre

Page 22: Jogos e Ensino de História - O Centralizador

22

Inquisição – Espanha

O Tribunal do Santo Ofício, ou Inquisição, foi criado em 1184

para julgar e condenar desvios do dos dogmas da Igreja Católica.

Ao unirem os reinos de Castela e Aragão (formando a Espanha),

Fernando e Isabel se aliaram à Igreja Católica, e utilizaram

sistematicamente a Inquisição como forma de aumentar seu

poder, eliminando as oposições à centralização real.

Grupos envolvidos:

Rei ∞ Igreja

Questões:

Rei:

Quais foram os principais grupos perseguidos pela inquisição

espanhola?

Igreja:

O que significa dizer que a Igreja possuía grande poder matéria

durante a Idade Média?

Inquisição Perguntas / respostas:

Rei:

Judeus, islâmicos, cristãos novos e

opositores à centralização do rei.

(dois grupos corretos, considerar acerto)

Igreja:

Que a mesma possuía uma grande

quantidade de terras.

Dinâmica:

Acerto Igreja / 2 Erros Rei

1, 2, 3 ,4 x 5, 6

Erro Igreja / Acerto Rei

1, 2 x 3. 4, 5 ,6

Empates

1, 2, 3 x 4, 5, 6

Ganhos:

Rei:

A Inquisição foi altamente eficiente em

eliminar os opositores à centralização real.

Transforme um feudo em uma

fortaleza real

Igreja:

Apesar de não ter autorização do papa para

ser utilizada abertamente pelos reis, a

inquisição espanhola reforçou o poder da

própria Igreja.

Insira um tribunal do santo Ofício

Page 23: Jogos e Ensino de História - O Centralizador

23

Joana d’Arc – França

Em diversos momentos, existiu uma aproximação entre as

classes pobres e o Rei, visto como o protetor dessas populações.

Joana d’Arc (1412-1431) foi uma jovem camponesa que se dizia

enviada por Deus para salvar a França. Recebida pelo rei, e

participando de algumas batalhas na guerra, ela auxiliou a

motivar o exército francês, em um momento em que os mesmo

estava em desvantagem.

Grupos envolvidos:

Servos/camponeses ∞ Rei

Questões:

Servos/camponeses:

Qual grupo social oprimia diretamente os servos e os

camponeses?

Rei:

Apesar de utilizar camponeses como soldados quando

necessário, os reis preferiam, em geral, soldados mercenários.

Por que essa preferência?

Joana d’Arc Perguntas / respostas:

Servos/camponeses:

Senhores Feudais.

Rei:

Pois havia o temor que, armando os

camponeses, uma revolta desses seria muito

perigosa. Além disso, se fossem enviados

para combater outras revoltas, corria-se o

risco deles se unirem aos revoltosos.

Dinâmica:

Acerto Servos/camponeses / Erro Rei

1, 2, 3 ,4 x 5, 6

Erro Servos/camponeses / Acerto Rei

1, 2 x 3, 4, 5 ,6

Empates

1, 2, 3 x 4, 5, 6

Ganhos:

Servos/camponeses:

A melhora de vida de muitos servos esteve

ligada diretamente a uma maior produção de

alimentos. Para trocar esse excedente por

outros produtos, é importante um lugar

específico...

Insira uma feira, onde os camponeses

possam comercializar os seus

excedentes.

Rei:

O apoio dos camponeses foi muito

importante na expansão e consolidação do

poder do rei.

Insira duas bandeiras reais em

Aldeias

Page 24: Jogos e Ensino de História - O Centralizador

24

Magna Carta - Inglaterra

Em 1215, um grupo de nobres (chamados de “barões”) atacou as

tropas do rei João Sem-Terra, obrigando-o a aceitar suas

exigências em um documento chamado de Carta Magna. Essas

garantias limitavam o poder do rei, que não podia aumentar

impostos e criar leis sem a aprovação de um conselho composto

por nobres.

Grupos envolvidos:

Rei x Senhores Feudais

Questões:

Rei:

O chamado Absolutismo se pressupunha que o rei era limitado

por quais poderes?

Senhores feudais:

Esse mesmo Absolutismo se caracterizou pela extrema

centralização do poder, eliminando qual relação importante no

feudalismo?

Magna Carta Perguntas / respostas:

Rei:

Nenhum.

Senhores feudais:

Suserania e Vassalagem.

Dinâmica:

Acerto Rei / Erro Srs. Feudais

1, 2, 3 ,4 x 5, 6

Erro Rei / Acerto Srs. Feudais

1, 2 x 3, 4, 5 ,6

Empates

1, 2, 3 x 4, 5, 6

Ganhos:

Rei:

Ficou claro que a presença real deve ser cada

vez mais forte, minando os poderes locais...

Coloque um tribunal real em um

feudo

Senhores Feudais:

O rei deu mostras que pretende nos

enfraquecer cada vez mais. Vamos instalar

um conselho para fiscalizar e limitar suas

ações...

Insira o Conselho dos Nobres

Page 25: Jogos e Ensino de História - O Centralizador

25

Reconquista - Espanha

Após Maomé unificar as tribos árabes, houve uma rápida

expansão da nova religião islâmica pelo Oriente Médio e norte

da África. Em 711, tropas islâmicas iniciam uma rápida

campanha na Espanha, dominada então pelos Visigodos cristãos.

Apenas um pequeno grupo de cristãos resiste nas montanhas do

norte da península ibérica, na região das Astúrias. Desse ponto

partiram ações que, nos séculos seguintes, ficaram conhecidas

como a Reconquista, destinadas a recuperar as terras perdidas

para os muçulmanos e expulsá-los da península. À medida que

os islâmicos eram expulsos, diversos reinos cristãos expandiam

seus territórios.

Conforme o processo da Reconquista de desenvolvia, dois

grandes reinos são presentes na península: Castela e Aragão. Em

1469, Fernando (rei de Aragão) casa-se com Isabel (herdeira de

Castela), unindo as duas coroas no que viria a se tornar a

Espanha. A aliança dos reinos cristãos com a Igreja sempre foi

presente...

Grupos envolvidos:

Rei ∞ Igreja

Questões:

Rei:

Na consolidação do Estado Moderno, quais poderes o rei vai

retirar da Igreja e dos Senhores Feudais?

Igreja:

Por que os cristãos chamavam o processo de expulsão dos

muçulmanos de “Reconquista”?

Reconquista - Espanha Perguntas / respostas:

Rei:

Cobrar impostos, possuir exércitos, criar leis

e exercer a justiça, delimitar fronteiras.

(três respostas = considerar correto)

Igreja:

Antes da invasão muçulmana, a península

ibérica era dominada pelos visigodos

cristãos. Dessa forma, os cristãos sempre

consideraram esse território como seu, a

ponto de julgarem natural “reconquistá-lo”.

Dinâmica:

Acerto Rei / Erro Igreja

1, 2, 3 ,4 x 5, 6

Erro Rei / Acerto Igreja

1, 2 x 3, 4, 5 ,6

Empates

1, 2, 3 x 4, 5, 6

Ganhos:

Rei:

O processo de Reconquista durou cerca de

700 anos. Nesse lento avanço, a construção

de fortalezas de apoio foi essencial...

Insira uma fortaleza real

Igreja:

A aliança com a Igreja sempre auxiliou os

reis, mas também garantiu que as autoridades

eclesiásticas influenciassem nas decisões

reais.

Insira uma Igreja ao lado do Feudo

Real

Page 26: Jogos e Ensino de História - O Centralizador

26

Reconquista - Portugal

Ao final do século XI, o rei Afonso VI de Leão e Castela doou

ao nobre francês Henrique de Borgonha o Condado

Portucalense, um feudo situado a oeste da península. A doação

tinha como objetivo o auxílio desse nobre ao processo de

Reconquista da península. Anos mais tarde, em 1142, Afonso

Henrique declarou-se rei e proclamou a independência do

Condado. Durante 240 anos, a dinastia de Borgonha expandiu o

reino para o sul, expulsando os muçulmanos, vivendo em

constantes conflitos com o reino de Castela.

Grupos envolvidos:

Sr. Feudais Rei

Questões:

Sr. Feudais:

A doação do Condado Portucalense se baseou em uma das

relações mais importantes do feudalismo. Qual é essa relação?

Rei:

As relações de suserania e vassalagem pressupõem trocas de

obrigações entre o suserano e o vassalo. Quais eram essas

obrigações?

Reconquista – Portugal Perguntas / respostas:

Sr. Feudais:

Suserania e Vassalagem

Rei:

Suserano: doar terras

Vassalo: ajuda militar

Dinâmica:

Acerto Rei / Erro Srs. Feudais

1, 2, 3 ,4 x 5, 6

Erro Rei / Acerto Srs. Feudais

1, 2 x 3, 4, 5 ,6

Empates

1, 2, 3 x 4, 5, 6

Ganhos:

Sr. Feudais:

A doação do feudo tinha como objetivo

sustentar o vassalo, para que esse pudesse

prestar a ajuda militar. Em alguns casos esse

feudo podia ser uma simples ponte, onde o

Sr. Feudal cobraria um pedágio para garantir

sua renda.

Insira uma Ponte senhorial

Rei:

A guerra permanente contra os islâmicos

tornou necessária a existência de um exército

comandado diretamente pelo rei.

Insira um exército real

Page 27: Jogos e Ensino de História - O Centralizador

27

* Revoltas Camponesas – Europa *

Durante a crise do século XIV, muitos servos e camponeses

perderam a vida pela fome, guerras e peste. Isso ocasionou uma

diminuição na produção de alimentos, com grandes perdas aos

Senhores Feudais. Para remediar esses prejuízos, os Senhores

Feudais procuraram aumentar as guerras e a exploração tentando

reviver as obrigações servis para camponeses e servos.

Como reação a essa exploração e às guerras, diversas revoltas de

camponeses explodiram na europa (1323, em Flandres; 1358, as

Jacqueries; 1381, na Inglaterra). O temor da revolta popular

levou à união dos grupos da elite...

Grupos envolvidos:

Servos/camponeses

X

Rei + Srs. Feudais + Burgueses + Igreja

Questões:

Servos/camponeses:

Qual a principal característica dos servos?

Rei + Srs. Feudais + Burgueses + Igreja:

1. Qual o nome da taxa que devia ser paga pelos servos

para utilizar o moinho e o arado do Senhor Feudal?

2. Como as revoltas camponesas incentivaram a

centralização do poder do rei?

Revoltas Camponesas Perguntas / respostas:

Servos/camponeses:

Os indivíduos eram presos à terra, segundo

um contrato.

Rei + Srs. Feudais + Burgueses + Igreja:

1. Banalidades.

2. O temor das revoltas fez com que

muitos senhores feudais procurassem

auxílio no Rei, autorizando-o a cobrar

mais impostos, afim de contratar

exércitos de mercenários para conter

as revoltas.

Dinâmica:

Acerto Servos/camponeses / 2 Erros Todos

1, 2, 3 ,4 x 5, 6

Acerto Servos/camponeses / 1 Acerto/ 1 erro

Todos

1, 2, 3 x 4, 5 ,6

Erro Servos/camponeses / 1 Acerto/ 1 erro

Todos

1, 2 x 3, 4, 5 ,6

Erro Servos/camponeses / 2 Acertos Todos

1 x 2, 3, 4, 5 ,6

Empates

1, 2 x 3, 4, 5, 6

Ganhos:

Servos/camponeses:

A servidão agoniza por toda a Europa, e suas

cruéis obrigações não existem mais em

diversas regiões...

Insira duas aldeias de camponeses

Rei + Srs. Feudais + Burgueses + Igreja:

Para conter as revoltas populares, os diversos

grupos da elite uniram esforços em torno do

Rei, autorizando-o a cobrar mais impostos

para manter um exército de mercenários.

Mesmo com a derrota dos revoltosos, ficou

claro que a servidão está agonizando.

Insira um exército mercenário e uma

aldeia livre.

Page 28: Jogos e Ensino de História - O Centralizador

28

Usura - Europa

Durante a Idade Média, Usura era o ato de emprestar dinheiro

cobrando juros pelo mesmo. A Igreja condenava os cristãos que

praticavam a usura, argumentando que um bom cristão não

podia explorar outro cristão, além de que não era considerado

justo um lucro obtido sem trabalho.

Muitos dos burgueses, por se dedicarem ao comércio e às trocas

financeiras, eram considerados pecadores, e não desejavam ser

perseguidos e difamados pelas autoridades religiosas...

Grupos envolvidos:

Burgueses X Igreja

Questões:

Burgueses:

Como se chamavam os Burgueses que se dedicavam às trocas de

moedas?

Igreja:

Qual a principal disciplina ensinada nas universidades

medievais?

Usura Perguntas / respostas:

Burgueses:

Cambistas.

Igreja:

Teologia.

Dinâmica:

Acerto Igreja / Erro Burgueses

1, 2, 3 ,4 x 5, 6

Erro Igreja / Acerto Burgueses

1, 2 x 3, 4, 5 ,6

Empates

1, 2, 3 x 4, 5, 6

Ganhos:

Burgueses:

O crescimento do comércio, envolvendo

cada vez mais regiões da Europa, criou a

necessidade de organizar as trocas de

diferentes moedas, para facilitar o comércio.

Insira um banco em um burgo.

Igreja:

Esses burgueses estão cometendo uma série

de desvios das determinações da Igreja.

Devemos estar mais próximos deles...

Insira uma igreja dentro de um burgo.