jogos cooperativos: uma ferramenta auxiliar na … · maneira que o jogo seja entendido, ... vencer...
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¹Pós graduada em Educação Motora pela Unioeste Campus Francisco Beltrão-PR e em Educação
Especial pela Cesul, Francisco Beltrão-PR. Formada pela Universidade de Passo Fundo-RS. Professora de Educação Física no Colégio Estadual Marquês de Maricá, Paraná. ²Doutor em Educação Especial pela Universidade Federal de São Carlos-SP, professor da Unioeste
Campus Marechal Cândido Rondon-PR
JOGOS COOPERATIVOS: UMA FERRAMENTA AUXILIAR NA AFETIVIDADE E
SOCIALIZAÇÃO PARA AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Autor: Rosangela Zanetti¹ Orientador: Douglas Roberto Borella²
RESUMO
Em virtude da influência da mídia, da ausência da família na escola e do meio social
no qual o aluno está inserido, ocorrem atitudes antissociais nas aulas de Educação
Física entre colegas e/ou entre alunos e professores. Deste modo, o objetivo do
artigo foi refletir sobre a possibilidade de amenizar as atitudes desrespeitosas nas
aulas de Educação Física, bem como no ambiente escolar, por meio de um trabalho
consistente e contínuo de vivências de valores humanos através dos Jogos
Cooperativos, analisado à luz da literatura existente como uma ação pedagógica
viável para a construção de uma relação mais amena, pautada no respeito mútuo e
no prazer da partilha. Como instrumento para realização da pesquisa descritiva
exploratória foram utilizados questionários para coleta de dados aplicados em uma
amostra de trinta e três alunos, regularmente matriculados na 5ª série A. A
implementação pedagógica efetivou-se no contra turno escolar, no Colégio Estadual
Marquês de Maricá, em Santa Izabel do Oeste. Durante o período de
implementação, constatou-se que em relação às atitudes de respeito o resultado foi
excelente, porém, quando nos referimos à afetividade e o processo ensino e
aprendizagem verificou-se que o mesmo é lento sendo que os resultados se
revelarão com o passar do tempo, pela ação contínua e persistente do colegiado.
Palavras – chave: Jogos cooperativos; Afetividade; Socialização; Atitudes
INTRODUÇÃO
Em razão da oportunidade de junto ao Programa de Desenvolvimento
Educacional (PDE) realizar um estudo que auxilie a instituição escolar a amenizar as
atitudes desrespeitosas, que já podemos considerar rotineiras na disciplina de
Educação Física, vislumbramos, assim, por meio dos conteúdos estruturantes jogos
e brincadeiras, a possibilidade de abordar atitudes antissociais, especialmente na
utilização dos jogos cooperativos como valiosa ação de intervenção, caracterizada
como uma prática pedagógica que proporciona socialização e afetividade, as quais
melhoram as relações interpessoais, assim como o desenvolvimento e a
aprendizagem.
Os jogos cooperativos demonstram uma forma de jogar democrática e
flexível, com os quais o interesse nas atividades se mantém vivo pelo simples prazer
em participar, na diversão pela diversão, sem a pressão posta no resultado que
garante a comemoração da vitória ou a “humilhação” da derrota (BROTTO, 2001).
Frente a essa perspectiva, surge a pergunta norteadora da pesquisa: O
conteúdo Jogos Cooperativos realmente contribui na afetividade e na socialização
em aulas de Educação Física?
Assim, objetivou-se em refletir sobre a possibilidade de amenizar as atitudes
desrespeitosas no ambiente escolar por meio de um trabalho consistente e contínuo
de vivências de valores humanos através dos Jogos Cooperativos.
1 JOGOS COOPERATIVOS: UMA FERRAMENTA DE INTERVENÇÃO SOCIAL E
PEDAGÓGICA
No cotidiano escolar, convive-se com a angústia dos profissionais educadores
que se debatem entre a realidade vivida e a utopia almejada, realidade exigente de
novas didáticas para o trabalho com a disciplina de Educação Física, que estimule o
aluno a participar das atividades pelo prazer de estar no grupo em detrimento de
atividades que, muitas vezes, estimulam apenas a competitividade entre os colegas
resultando em um ambiente hostil, palco de grosserias, xingamentos e palavrões.
No Colégio Estadual Marquês de Maricá, durante as aulas, os profissionais da
área de Educação Física encontram dificuldade em manter a qualidade das
mesmas, em virtude das atitudes desrespeitosas apresentadas por um número
significativo de alunos, iniciantes nas 5ª séries (6º anos) o que embasa a opção pelo
trabalho com atividades cooperativas.
A escolha dos jogos cooperativos como meio de estudo deste projeto,
justifica-se em acreditar na existência do ser humano como ser social atuante na sua
totalidade dinâmica, composta de múltiplas dimensões, onde essa metodologia de
trabalho possa ser fator de conexão do educando no ambiente, ressaltando o que
ele tem de melhor.
A pesquisa aqui apresentada levanta alguns argumentos a respeito da
necessidade de configuração de um novo paradigma educacional. Aponta para a
urgência da valorização do ser humano, o que poderá ser viabilizado por meio do
desenvolvimento do conteúdo jogos cooperativo nas aulas de Educação Física.
Segundo Castellani Filho (1994), a Educação Física passou por vários
processos e concepções de ensino, conforme o contexto histórico, político e
econômico vigente. Assim sendo, torna-se importante ressaltar que, atualmente
novas visões e metodologias vêm sendo desenvolvidas pela Secretaria Estadual de
Educação do Paraná, e difundidas nas escolas através das Diretrizes Curriculares
da Educação Básica, que norteiam cada disciplina e passam a fazer parte das ações
pedagógicas das escolas públicas estaduais.
Dessa maneira, os jogos e brincadeiras, como conteúdo estruturante da disciplina de Educação Física, compõem um conjunto de possibilidades que ampliam a percepção e a interpretação da realidade, além de intensificarem a curiosidade, o interesse e a intervenção dos alunos envolvidos nas diferentes atividades (PARANÁ, 2008, p. 67).
Complementando as ideias supracitadas, ressalta-se ainda a intencionalidade
da ação pedagógica na disciplina:
Almeja-se organizar e estruturar a ação pedagógica da Educação Física, de maneira que o jogo seja entendido, apreendido, refletido e reconstruído como um conhecimento que constitui um acervo cultural, o qual os alunos devem ter acesso na escola (SOARES et al. apud PARANÁ, 2008, p. 66).
Conforme as Diretrizes Curriculares da Educação Básica da disciplina de
Educação Física (PARANÁ, 2008, p. 66) os jogos e as brincadeiras são conteúdos
que podem ser adaptados à realidade regional e cultural do grupo, partindo da
valorização das manifestações corporais próprias desse ambiente cultural. Os jogos
baseiam-se em regras, porém deixam um espaço de autonomia, para que sejam
adaptados conforme os interesses dos participantes, ampliando as possibilidades
das ações humanas. Dentre estes, dar-se-á especial atenção aos jogos
cooperativos, aqui retratados como uma ferramenta de intervenção social e
pedagógica.
Os escritos de Terry Orlik (1989) são a principal referência em termos de
pesquisa e trabalhos sobre jogos cooperativos. Segundo Orlik (1989, p. 103), as
atividades cooperativas são aquelas em que todos participam sem ter o
compromisso de ganhar, mas sim participar de forma lúdica, prazerosa,
descontraída, descompromissada de ter que vencer sempre, “a principio a criança
joga pelo prazer, pelo puro prazer de jogar, pelo estímulo e pela interação positiva
com outras pessoas”. Vencer não é importante é irrelevante; divertir-se é
extremamente importante. O mesmo autor ainda afirma que:
Os padrões de comportamento fluem dos valores que são adquiridos durante as brincadeiras e os jogos da infância, dos modelos que estamos expostos e dos reforços que resultam do engajamento em certos atos. Em resumo, somos socializados para tipos construtivos ou destrutivos de comportamento (ORLIK, 1989, p. 23).
Assim, após análise dos escritos de Orlick (1989), os jogos e brincadeiras no
âmbito escolar são fundamentais e essenciais na vivência e convivência harmoniosa
para um desenvolvimento e crescimento saudável das crianças, sendo que participar
deles torna-se importante para o desenvolvimento e a formação crítica e criativa das
mesmas. Quanto mais prazerosas forem as atividades, organizadas sob a forma de
jogos cooperativos, melhor será o convívio no ambiente escolar, pois, o educando
entenderá que todos devem ser tratados de forma igualitária tornando assim a
escola um lugar agradável para desenvolver os saberes, além de um espaço de
prazer e socialização coletiva, retratando realmente um ambiente saudável e
propício para novas experiências e aprendizagens.
Entendemos que os profissionais educadores devem ter consciência da
necessidade de experimentar e trilhar caminhos que direcionem para o ambiente
escolar idealizado, condição urgente e necessária para a efetivação dos processos
de ensino e de aprendizagem.
Em relação aos jogos cooperativos e às atividades competitivas, vale salientar
o pensamento de Brown (1994, p. 40). Quando questionado sobre a exclusão da
competição: “Não. Não vamos eliminá-la, mas esse fato não tira a possibilidade de
analisá-la e propor diferente”. Certamente que, nós educadores não vamos
simplesmente substituir a competição nas aulas de Educação Física pela
cooperação, mas vamos demonstrar outra forma de jogo, mais democrática e flexível
em que o interesse está na participação, na diversão, na criação, sem a pressão de
ter que vencer.
Soler (2006, p.110) reforça que os jogos cooperativos representam
significativo fator de inclusão e superação de desafios ressaltando que:
Jogos em que os participantes jogam uns com os outros (grifo meu), em vez de uns contra os outros. Joga-se para superar desafios. Os jogos cooperativos são jogos de compartilhar, unir pessoas, despertar a coragem para assumir riscos. Geram pouca preocupação com o fracasso ou com o sucesso como fins em si mesmo. Eles reforçam a confiança mútua e todos podem participar autenticamente. Ganhar e perder são apenas referencias para o contínuo aperfeiçoamento pessoal e coletivo.
Nesse contexto faz-se necessário reconhecer e valorizar as limitações de
cada colega/aluno, essa é uma experiência essencial à nossa existência e um
caminho para que se cultive a solidariedade entre as pessoas. Para tanto, conforme
Mantoan (2012) é essencial distinguirmos “o estar com o outro do estar junto ao
outro. Estar junto ao outro tem a ver com o que o outro é um ser que não é como eu
sou, que não sou eu”.
Silva (2000) apud Mantoan (2005, pg13) reafirma ainda que:
Estar com o outro tem a ver com quem é esse outro, esse desconhecido, um enigma, que tenho de decifrar e que vai sendo desvelado, na medida em que se constrói entre nós um vínculo, pelo qual nos confrontamos, nos identificamos e nos constituímos como seres singulares e mutantes.
Para que ocorra socialização entre os alunos é necessário, inicialmente,
respeito e trabalhar as opiniões discriminativas e preconceituosas que o aluno traz
da sociedade formada, culturas passadas de pais para filhos, pela maioria, ou até
mesmo por poucos e seguida por muitos.
Por isso, entende-se que, as aulas de Educação Física oferecem a
possibilidade real de desenvolvimento, tanto dos jogos cooperativos como do
esporte, porém de formas diferenciadas, prevalecendo o respeito mútuo, onde todos
possuam oportunidades de participar e não somente aqueles privilegiados por uma
determinada habilidade de destaque, apenas em aulas onde o rendimento esportivo
prevalece.
Nos esportes e jogos os alunos podem incrementar as regras passando
assim a fazerem parte da construção das mesmas, ajudando a desenvolver novas
estratégias, num processo de contínua troca e aprendizado. Assim, podemos
deduzir que a inclusão e a diversidade estão pautadas em uma cultura de respeito
às diferenças e valorização das mudanças de comportamento, dentro do ambiente
escolar.
Torna-se necessário deixar claro que, a inclusão supracitada refere-se a todos
os alunos que estão inseridos no ambiente escolar e não participam das aulas, por
motivo quer seja de desrespeito, apelidos pejorativos, discriminação quanto à raça e
gênero, porte físico, habilidades motoras e similares.
Soler (2006, p. 39) reforça e esclarece que a inclusão e a diversidade se
revelam como:
... a grande oportunidade para todo o universo escolar se transformar e se modernizar, é também uma chance de os professores se aprimorarem
investindo em formação, tornando-se competentes para lidar com a diversidade, visando a uma nova escola e, consequentemente, a uma nova sociedade.
Orlick (1989, p.31) pontua que a verdadeira inclusão escolar em seus mais
variados âmbitos está intimamente relacionada à orientação recebida, pois:
A confiança mútua é mais provável de ocorrer quando as pessoas são positivamente orientadas para o bem estar do outro. E o desenvolvimento dessa orientação positiva é incentivado pela experiência da cooperação bem sucedida. A cooperação exige confiança porque, quando alguém escolhe cooperar, conscientemente coloca seu destino, parcialmente na mão do outro.
Sendo assim, os jogos cooperativos são ferramentas poderosas para auxiliar
na formação e mudanças de comportamento. Segundo Soller (2006) e Brotto (2001),
a maneira como o professor repassa as orientações e modelos mentais existentes,
leva à escolha consciente do caminho a seguir.
Compartilhando as obras lidas de Soler (2006), Brotto (2001) e Orlick (1989),
observou-se que no modelo de cooperação e recreação existe uma socialização,
onde os alunos aprendem a conviver, interagir e criar um ambiente harmonioso com
seus companheiros e, isso também, se pode notar fora do ambiente das salas de
aula, como por exemplo, no intervalo ou até mesmo na saída da escola ou na
comunidade em que vivem.
Segundo Brandl (2010, p. 27) as aulas de Educação Física, quando bem
direcionadas, ajudam diretamente na evolução da criança, melhorando-a como
indivíduo com maior senso de responsabilidade, socialização, criatividade,
afetividade e capacidade decisória. Pois, segundo a autora:
Seu objetivo de cumprir a tarefa de educar crianças e adolescentes e a sua contribuição no ensino e aprendizagem da cultura motora pode-se verificar que isto se dará através do processo de aprendizagem construtiva, consequentemente do ensino para a autonomia e compreensão dos conteúdos não só de fatos e conceitos, mas também de procedimentos e atitudes que compõem o universo de conhecimentos da escola, e por meio da interação entre professores e alunos que participem ativamente do processo.
Acredita-se e almeja-se que a realidade supracitada não esteja longe das
instituições escolares, que os procedimentos e atitudes desagradáveis, que
permeiam o espaço escolar sejam amenizados por meio da interação de professores
e alunos, participantes de um processo de melhoria educacional.
2 JOGOS COOPERATIVOS: AFETIVIDADE, SOCIALIZAÇÃO E APRENDIZAGEM
Os jogos proporcionam aos alunos atividades que envolvem afetividade e
socialização, e não somente como atividades lúdicas, características estas da
Educação Física enquanto área de conhecimento, mas como forma de expressão da
consciência humana contribuindo com a formação integral do educando.
A participação no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) abre a
possibilidade de desenvolvimento de um estudo que possa auxiliar o corpo docente
e administrativo da escola a amenizar as atitudes antissociais presentes nas
instituições de ensino e, paralelamente, vislumbrar nos jogos cooperativos, poderosa
ferramenta pedagógica de intervenção nessa realidade retratada, pois, os mesmos
proporcionam socialização e afetividade que consequentemente refletirão nas
relações interpessoais.
Certamente, as atividades cooperativas diminuem as manifestações de
agressividade, promovendo sensibilização, amizade, cooperação e solidariedade,
facilitando o encontro com os outros jogadores e predominando os objetivos
coletivos sobre os individuais. Segundo Soler (2006, p.111), estes são “jogos
desenhados para o encontro buscando a participação de todos e sempre desafiando
rumo a objetivos coletivos”.
Brotto (2001, p.55) ressalta esse pensamento, acrescentando:
Os jogos cooperativos são jogos para compartilhar, unir pessoas, despertar a coragem para assumir riscos, tendo pouca preocupação com o fracasso e o sucesso em si mesmo. Eles reforçam a confiança pessoal e interpessoal, uma vez que ganhar e perder são apenas referências para o contínuo aperfeiçoamento de todo.
Dessa forma, os Jogos Cooperativos resultam no envolvimento total entre
seus participantes, nos sentimentos de aceitação e vontade de continuar jogando.
Representa uma alternativa que pode ajudar a solucionar problemas, conflitos e
promover um convívio agradável entre os participantes, superando desafios,
despertando a coragem para assumir riscos e a confiança mútua.
A partir disso, entende-se que o jogo é um instrumento para a expressão da
criança e do adolescente e de fundamental importância para o seu desenvolvimento
afetivo, cognitivo e social.
Piaget (1977, p.156) confirma o valor dos jogos no desenvolvimento da
criança, quando afirma que:
Conseqüentemente, as crianças aprendem através do brincar: admirável instrumento para promover a educação, o jogo é um artifício que a natureza encontrou para envolver a criança numa atividade útil ao seu desenvolvimento físico e mental. A criança que joga acaba desenvolvendo suas percepções, sua inteligência, suas tendências à experimentação, seus instintos sociais.
Segundo o autor Piaget (1977), os jogos devem proporcionar aos alunos
atividades que envolvam afetividade e socialização. O papel da afetividade numa
situação de jogo é impulsionar a criança em direção aos objetivos a serem
alcançados, enquanto o papel da inteligência é determinar as estratégias a serem
utilizadas para a obtenção do êxito. A ênfase nos jogos cooperativos nas aulas de
Educação Física é fator necessário, não meramente como apoio auxiliar, mas como
meta principal, pois desta forma as atividades lúdicas exercem sobre o corpo e a
mente, sensações prazerosas que aprimoram sua qualidade de vida,
potencializando o otimismo e reduzindo o nível de stress a que frequentemente está
submetida, independente de situações agradáveis ou não, enfrentada ao longo do
seu cotidiano.
Como é confirmado nos estudos de Orlick (1989), verificou-se que os Jogos
Cooperativos são apresentados como atividade física essencialmente baseada na
cooperação, na aceitação, no envolvimento e na diversão, tendo como propósito
mudar as características de exclusão, seletividade, agressividade e supervalorização
dos jogos competitivos. “O objetivo primordial dos jogos cooperativos é criar
oportunidades para o aprendizado cooperativo e a interação cooperativa prazerosa”
(Orlick 1989, p. 123). Essa modalidade de jogos ajuda as pessoas a terem mais
confiança em suas capacidades, eleva sua autoestima, reforça as vivencias, nas
quais uma pessoa necessita da outra. O maior e mais importante benefício desses
jogos é que a pessoa que participa da proposta dos jogos cooperativos sabe quando
pode confiar nas pessoas.
Caso o interesse seja modificar comportamentos, deve-se investir em novos
jogos que levem a direção desejada. Os valores que privilegiam o coletivo são
imprescindíveis para a formação do humano o que pressupõem compromisso com a
solidariedade e o respeito, a compreensão de que “o jogo se faz a dois, e de que é
diferente jogar com o companheiro e jogar contra o adversário” (SOARES et al.,
1993, p. 71).
Segundo Wallon (1989) a afetividade compreende vários aspectos e
dimensões. Inclui sentimentos, interesses, conflitos, necessidades e emoções, as
quais precisam ser consideradas porque influenciam diretamente em todas as
situações da vida humana.
A opinião da criança, sua história de vida, suas experiências cotidianas
precisam ser valorizadas e aproveitadas para o estabelecimento do vínculo afetivo.
Nas relações de ensino, durante um ano letivo, por exemplo, descobrimos pontos
relevantes das histórias de vida das crianças e a partir disso, torna-se possível
compreendê-las melhor e auxiliá-las no que for possível.
As palavras de Korczak (1986, p. 73), médico, escritor e educador dedicado à
educação de crianças órfãs, são esclarecedores nesse aspecto, destacando que:
basta pouca coisa para a criança sentir-se feliz, não há necessidades de providencias especiais. Mas nós, apressados, levianamente ignoramos a sua presença. Menosprezamos a intensidade de sua vida e as alegrias que poderíamos proporcionar-lhe com toda facilidade.
A afetividade na relação professor e aluno favorecem a autoestima, o
diálogo e a socialização. Há que se considerar, também, que a afetividade é
importante no processo de avaliação afastando o risco de eventuais problemas entre
professor e aluno. Para Wallon (1989), a emoção e a inteligência são indissociáveis
e potencializadas pela socialização, priorizar a afetividade nas interações ocorridas
no ambiente escolar contribui para dinamizar o trabalho educativo.
O afeto, na visão de Piaget (1977), é condição necessária na formação das
estruturas cognitivas, podendo acelerar ou retardar sua formação, sendo a
afetividade importante no relacionamento entre professor e aluno, porque as
experiências vividas em sala de aula ocorrem, inicialmente, entre os indivíduos
envolvidos, no plano externo (interpessoal). Pois, o professor precisa ter clara a
importância da afetividade na interação com seu aluno, e na construção do
conhecimento.
Na visão piagetiana, o afeto desempenha um papel essencial no
funcionamento da inteligência. Pois, segundo Piaget (1977, p.16):
A vida afetiva e vida cognitiva são inseparáveis, embora distintas. E são inseparáveis porque todo intercambio com o meio pressupõe ao mesmo tempo estruturação e valorização. Assim é que não se poderia raciocinar, inclusive em matemática, sem vivenciar certos sentimentos, e que, por outro lado, não existem afeições sem um mínimo de compreensão. O ato de inteligência pressupõe, pois, uma regulação energética interna (interesse, esforço, facilidade).
A proximidade, segundo o autor citado anteriormente entre o professor e
aluno proporciona inúmeras formas de interação e possibilita diálogos intensos,
criando infinitas maneiras de auxiliá-los, caracterizando uma forma de demonstrar
atenção bastante eficiente e facilmente notada por eles. A proximidade é
extremamente valorizada pelos alunos e constitui uma forma de interação
extremamente afetiva, que ameniza a ansiedade, transmite confiança e encoraja o
aluno a investir no processo de execução da atividade, interferindo
significativamente, no processo de apropriação da aprendizagem (Piaget, 1977).
No entanto, os estudos de Freire (2002), abordam a pouca importância que
se dá a uma possível relação entre as atividades da disciplina de Educação Física e
aquelas outras ditas teóricas, realizadas em sala de aula. Na escola, não existe
entendimento entre "mente" e "corpo" como partes de um único todo, em que os dois
teriam de ser somente um, como um aluno integral, dinâmico e humano. A escola
deve acreditar na importância da interdisciplinaridade entre as disciplinas e os
movimentos corporais.
A contribuição da psicomotricidade no desenvolvimento e na aprendizagem é
fator indiscutível, o que é confirmado por Freire (2002, p. 182):
Dificilmente um professor de matemática deixaria de ressaltar o valor das atividades físicas para dar destaque ao papel de sua disciplina na formação das crianças, apresentando o quanto pode ser importante a motricidade para o desenvolvimento da inteligência.
Essa discussão é fundamenta por meio da afirmação de Freire (2002), o qual
ressalta que a "relação entre a Educação Física e outras disciplinas, embora muito
estreita, é pouco percebida". Colaborando, Freire (2002, p. 183) afirma ainda que:
A escola exige que as crianças leiam, escrevam, calculem; enfim, que compartilhe símbolos, linguagens comuns a uma sociedade. Para que isso aconteça, a atitude socializada deve ser praticada em carteiras estáticas e uniformes, que isolem as crianças uma das outras, com tarefas individuais em contraposição às possibilidades coletivas e trabalhos em equipes, que valorizem e trabalhem as diferenças e diversidades dos alunos. Exige-se uma atitude socializada, através de práticas individualizantes.
Evidenciaram-se as relações entre os conteúdos da disciplina de Educação
Física e as demais, não na sua importância como meio auxiliar daquelas, mas na
identificação de pontos comuns do conhecimento e na dependência que o corpo e
mente, ação e compreensão possuem entre si, bem como o inegável vínculo entre
as condições afetivas e de sociabilidade influem no desenvolvimento e na
aprendizagem.
A maior preocupação não é como a criança se socializa, mas como a
sociedade socializa a criança. Muitas vezes as mesmas são vistas como ser puro e
inocente, sem maldade, que precisa ser protegido. Outras vezes elas são vistas
como um ser de más qualidades, que precisa ser domado para ser útil. E Soler,
afirma: “Temos o dever de buscar um futuro melhor para nossas crianças, pois do
contrário estaremos criando outras gerações de pessoas frustradas e infelizes.”
(SOLER, 2006, p.113).
Podemos complementar, ainda, conforme Soler (2006, p. 112):
Podemos e devemos dar um basta nisso. Não necessitamos mais de agressividade, violência e falta de amor. Nós, enquanto educadores, podemos mudar os nossos focos fazendo com que seres humanos generosos, amorosos, solidários não se tornem uma espécie em extinção.
Os pais, portanto, devem estar presentes na vida dos filhos. É importante
sentar com eles, contar uma história, contar as vitórias e as derrotas da vida, deixar
que eles façam parte do seu mundo, ou simplesmente brincar com seus filhos, rolar
no tapete, jogar bola, pular, cantar e participar do seu dia-a-dia, onde a afetividade
vivida pode trazer grandes benefícios para a aprendizagem escolar da criança.
A dificuldade de aprendizagem segundo Freire (1999) pode ser resultante de
conflitos que se encontram relacionado à metodologia pedagógica, ao sistema de
ensino e, ainda, ao vínculo que o sujeito estabelece com a escola, bem como com
os professores, pais e sociedade. Portanto esses aspectos são indissociáveis. Não
se pode negar que a família é importante em certo aspecto para a aprendizagem
escolar é responsabilidade do professor.
De acordo com Dockrell & McShane (2000), o meio pode ser - em alguns
casos - o fator principal do problema de uma criança. Porém, mesmo que não seja
causa única, pode contribuir para aquisição de conhecimentos acadêmicos. Muitas
vezes, é possível modificar o ambiente para que a criança adquira a habilidade que
ainda não possui. Devemos entender como meio, tanto a situação física na qual vive
uma criança, quanto os relacionamentos entre essa criança e os outros indivíduos.
A educação escolar é fator fundamental no processo de socialização humana,
instrumento de construção da cidadania e determinante na forma como os
conteúdos sociais serão assimilados pela criança e por todas as pessoas que
passem por ela. Saviani (2003, p. 13) nos ensina que:
Podemos, pois, dizer que a natureza humana não é dada ao homem, mas é por ele produzida sobre a base da natureza biofísica. Consequentemente, o trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada individuo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens. Assim, o objeto da educação diz respeito, de um lado, à identificação dos elementos culturais que precisam ser assimilados
pelos indivíduos da espécie humana para que eles se tornem humanos e, de outro lado e concomitantemente, à descoberta das formas mais adequadas para atingir esse objetivo.
Através das atividades educativas (lúdicas ou teóricas) estamos contribuindo
na produção do indivíduo, da sua natureza humana, além de ajudar nossos alunos a
aprender a conviver com os colegas e aumentar seus conhecimentos.
Na formação do alunado, o professor possui como objetivo ensinar aos
mesmos os valores humanos, fazendo atividades que possibilitem vivências como
cooperação, responsabilidade, amizade e outras. O professor de Educação Física
pode realizar atividades em que os alunos possam discutir e modificar da forma
como acharem mais pertinente, fazendo com que os alunos comecem a desenvolver
e a perceber suas limitações. Além disso, essa aprendizagem é levada pelo aluno ao
longo de sua vida, ajudando a transformá-lo em cidadão.
Segundo Araújo e Santos (2009, p. 17):
A Educação Física tem um papel de muita importância na formação de valores do aluno, devido a situações que acontecem na aula, mas se o professor não tiver autonomia e atitudes que possam trabalhar essas características a disciplina passa a perder seu significado.
Outro objetivo da Educação Física escolar é propiciar à criança a participação
em diferentes atividades corporais, procurando adotar atitudes de cooperação e
solidariedade, sem discriminar os colegas pelo desempenho ou por razões sociais,
físicas, sexuais ou culturais.
Para Soler (2006, p. 41):
a aula de Educação Física deve ser um exercício de convivência, em que as pessoas aprenderão a construir uma nova sociedade, sem discriminação e com atitudes de solidariedade, respeito e aceitação, não havendo lugar para o preconceito e a exclusão.
Para Soler (2006) a Educação Física Escolar deve e pode contribuir no
processo ensino e aprendizagem dessa nova consciência, mas para que isto
aconteça se faz necessária uma nova abordagem, pois a atual já está esgotada,
uma vez que reforça uma cultura de exclusão. Soler (2006) reforça que seria viável
criar e sustentar dentro das escolas uma pedagogia cooperativa, cujas aulas de
Educação física se transformem num espaço onde todas as diferenças possam
conviver e aprender umas com as outras, em harmonia, sendo respeitadas e, mais
que isto, valorizadas.
Através dos estudos realizados como fundamentação do presente artigo
percebe-se que a educação física tem influência na vida dos alunos, fazendo com
que eles, por estarem em um meio de maior contato físico, possuem maiores
oportunidades de socialização. Assim sendo, a escola possui participação na vida
desses alunos, pois é nela que os valores serão atribuídos e levados à prática,
mesmo quando nas aulas de educação física há a predominância do jogo.
Este é um dos principais motivos pelo qual os professores da disciplina
precisam estar sempre se atualizando. Para Araujo e Santos (2009) o trabalho do
educador torna-se mais importante ainda, quando aplicado de forma correta ficará
gravado na memória do aluno, que além da satisfação de participar das atividades
físicas, levará esse ensinamento ao longo de sua vida.
Segundo Freire (2002), as atividades motoras desenvolvidas por meio de
propostas de ensino da Educação Física podem permitir a abertura às experiências
dos alunos e uma formação para cidadania, destacando-se, sobretudo, as questões
morais, sua prática pedagógica e a forma de conduzir e propor as situações de
ensino e aprendizagem por meio das atividades, procurando captar as perspectivas
de descoberta através da proposição de conflitos, a tomada de consciência, as
relações entre o fazer e compreender.
As aulas de Educação Física, portanto, quando bem direcionadas, ajudam
diretamente na evolução da criança e pré-adolescentes formando um indivíduo com
senso de responsabilidade, socialização, criatividade, afetividade e capacidade
decisória. Portanto, os jogos proporcionam aos alunos, além da ludicidade, o
desenvolvimento da consciência humana contribuindo com o dia a dia do alunado.
3 INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA
3.1 REFLEXÃO E AÇÃO:
Como exposto na introdução deste artigo, apresentamos reflexões sobre a
pesquisa realizada com jogos cooperativos, fundamentada em estudos teóricos
sobre a influência das atividades cooperativas na socialização e na afetividade das
crianças em idade escolar, bem como sua contribuição no desenvolvimento e
aprendizagem, frente à constatação de deficiência na manifestação de atitudes
respeitosas e solidárias no contexto cotidiano das aulas de Educação Física.
3.1.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
A pesquisa caracteriza-se pela forma descritiva exploratória, que, conforme
Oliveira (2008, p. 37), “é um processo de reflexão e análise da realidade por meio da
utilização de métodos e técnicas para compreensão detalhada do objeto de estudo
em seu contexto histórico e/ou segundo sua estruturação”.
Também, trata-se de uma pesquisa qualitativa, que para Martins (2001, p. 56),
“a base da pesquisa qualitativa é a descrição”. Marconi e Lakatos (2006, p. 269)
complementam “e o que se desenvolve numa situação natural; é rico em dados
descritivos, tem um plano aberto e flexível e focaliza a realidade de forma complexa
e contextualizada.” Ainda, fazendo observações sobre o assunto podemos observar
que os autores acima citados concordam sobre as principais características da
pesquisa qualitativa, pois a mesma: “Fornece análise mais detalhada sobre as
investigações, hábitos, atitudes, tendências de comportamento, etc.” (Marconi e
Lakatos, 2006, p. 269)”.
3.1.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA
A população do estudo foram alunos da 5ª série A da Escola Estadual
Marquês de Maricá - Ensino Fundamental, do município de Santa Izabel do
Oeste/PR.
A amostra para a referida investigação compôs-se de 33 alunos, sendo 12 do
gênero feminino e 21 do gênero masculino, com idade entre 10 e 11 anos,
regularmente matriculados na 5ª série “A”, do turno matutino, da Escola Estadual
Marquês de Maricá – Ensino Fundamental. Para a delimitação desse estudo foi
escolhida esta turma considerando-se que os alunos nesse período estão se
adaptando ao novo ambiente escolar e mostram-se mais receptíveis às novidades.
Também se caracterizam por serem oriundos de várias instituições, sendo do meio
rural e urbano, iniciando uma caminhada conjunta durante os próximos quatro anos,
os quais permanecerão na escola dando continuidade à sua formação.
3.1.3 INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS
Como instrumentos de coleta de dados para a pesquisa, utilizaram-se
questionários como base para o diagnóstico da turma, pois segundo Tanaka (2004,
p. 61) o questionário é um instrumento para levantar e coletar informações a quem
se deve responder sem a intervenção do avaliador/pesquisador, consistindo em uma
série de perguntas, escritas ou orais, cujo objetivo é obter informações dos
entrevistados a respeito do assunto trabalhado.
Para verificarmos a compreensão das questões elaboradas com o intuito de
obter dados para a aplicação do projeto de intervenção pedagógica, elaborou-se um
questionário-piloto que foi testado na 5ª série D, e posteriormente aplicado com os
alunos da 5ª série A, alvo da intervenção, então denominado questionário pré-teste,
composto por onze questões abertas e fechadas (apêndice 01).
Dando continuidade à coleta de dados, foi utilizado o questionário pós-teste
como instrumento de percepção dos resultados obtidos, composto por seis questões
abertas e fechadas (apêndice 02).
3.1.4 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS
Para a efetivação do projeto de intervenção pedagógica, seguiram-se
determinados procedimentos, sendo que na primeira etapa realizou-se contato inicial
com a equipe diretiva e pedagógica da escola, bem como troca de informações
sobre a intenção de aplicação do projeto de intervenção naquele espaço escolar.
Na segunda etapa requereu-se, junto à direção da escola, autorização para a
implementação do projeto PDE “Jogos cooperativos: Uma ferramenta auxiliar na
afetividade e socialização para aulas de Educação Física”.
Na terceira etapa, foi solicitado aos alunos da 5ª série A que viessem no
contra turno escolar para aplicação do referido projeto, bem como aos sábados.
Dando prosseguimento, realizou-se a quarta etapa da pesquisa, em que foi
aplicado o questionário diagnóstico, ora denominado de “questionário pré-teste” com
o intuito de confirmação de atitudes desrespeitosas presentes na realidade vivida no
cotidiano escolar, foco do presente estudo.
A quinta etapa definiu-se com a aplicação do projeto de intervenção,
desenvolvido no período de agosto a dezembro de 2011, no contra turno escolar e
aos sábados, totalizando sessenta e quatro horas aulas (64h/a).
Finalizando a coleta de dados aplicou-se o questionário pós-teste para
percepção dos resultados obtidos.
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1 ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO PRÉ-TESTE
Após aplicação do questionário pré-teste e análise das respostas, percebeu-
se que, de modo geral, os alunos têm consciência do tipo de atitudes que deixam a
escola menos atrativa e, em consequência, as aulas e o ambiente escolar em seus
variados espaços.
Quando questionados em relação ao círculo de amizades, indagou-se sobre
os amigos com quem gosta de estar na escola, (Tabela 1) notou-se que os alunos
são abertos e receptíveis mantendo relações sociais para além de sua série e turma,
resultando um percentual equilibrado de relacionamentos, com 54% de preferência
por amizades em sala de aula e 56 % considerando o convívio escolar de forma
mais ampla.
Resposta Número de alunos %
Amizades da sala de aula 13 54
Amizade de outras salas 15 56
Total 28 100
Tabela 1. Círculo de amizades
Para Vygotsky (1998, p. 75), “Todas as funções no desenvolvimento da
criança aparecem duas vezes no ciclo do desenvolvimento humano: primeiro, no
nível social, e, depois, no nível individual; primeiro, entre pessoas (interpsicológica),
e, depois, no interior da criança (intrapsicológica)”. Desta forma, compreendemos a
evolução das relações reais entre os alunos e seus ciclos de amizades no ambiente
escolar onde estas, progridem do social para o individual.
Fazem-se presentes no ambiente escolar, alunos que interferem na dinâmica
diária, interagindo, falando, levantando hipóteses ou propondo negociações e, acima
de tudo, seguros em seu direito de ser respeitados ao manifestarem seu
pensamento frente ao cotidiano escolar, mesclados entre aqueles que trazem para a
escola a carga de suas frustrações vividas no ambiente extraescolar.
Os dados com relação às atitudes desagradáveis (Gráfico 1) presentes na
escola, como brigas, palavrões, apelidos, empurrões e outras citações, obtiveram as
seguintes porcentagens: 44% referente a brigas, 28% a palavrões, 11% referente a
apelidos, 11% a empurrões, e 6% referente a outras possibilidades de
manifestações de atitudes desagradáveis.
Para Sposito (1998, p.60), “A violência é todo ato que implica na ruptura de
um nexo social, pelo uso da força. Nega-se assim, a possibilidade da relação social
que se instala pela comunicação, pelo uso da palavra, pelo diálogo e pelo conflito”.
Os percentuais relatados demonstram que são muitas e variadas as situações
de violência encontradas no ambiente escolar. Todo tipo de violência, seja física ou
psicológica, pode ser traumática quando não resolvida pela mediação do diálogo,
fazendo uso da palavra de forma competente, na interação do colegiado da escola,
junto aos alunos e, na necessidade junto às famílias.
Para contrapor as atitudes desagradáveis presentes no ambiente escolar,
questionou-se os alunos sobre quais os momentos que eles gostam de estar na
escola. Do total, 28% entre as várias opções apresentadas (Gráfico 2), manifestaram
suas preferências pelas aulas de Educação Física, justificando que gostam de jogar,
divertir-se e brincam quando estão fora da sala de aula. O mesmo percentual de
28% prefere as aulas de Matemática, justificando sua escolha na pessoa do
profissional atuante na disciplina. Dando sequência, o recreio obteve a terceira
opção com 16% de escolha, por ser o período de descansar, brincar e comer.
Mantêm-se o percentual equilibrado em 10% para as aulas das disciplinas de Inglês
e Português, também pautando suas escolhas no perfil do profissional que trabalha
a disciplina. Apenas 8% preferem o intervalo da aula.
0
2
4
6
8
Ed. Fís Mat Rec Port Ing Interv
Nú
me
ro d
e A
lun
os
Gráfico 2. Momentos que gosta de estar na escola
Observando o percentual coincidente de preferência dos alunos para as
disciplinas de Educação Física e Matemática (disciplinas não-afins), concordamos
com Martinelli (et al. 2006 ), quando reporta-se ao profissional de Educação Física
como contribuinte, muitas vezes, pelo desinteresse dos alunos, pois os métodos
utilizados para o desenvolvimento das aulas, os conteúdos pouco relevantes, o
relacionamento pessoal, entre outros fatores, determinam a participação ou não nas
aulas. Aspecto esse ressaltado por Martinelli que, pode-se transpor para qualquer
disciplina, pois o professor que desenvolve seu trabalho de forma comprometida,
estabelece vínculos com seu aluno e reorganiza sua prática pedagógica de forma a
garantir a participação e o interesse nas atividades propostas.
Quando questionados sobre gostar de fazer novas amizades (Tabela 2), a
totalidade dos estudantes optou por essa preferência, justificando como ser motivo
para visitas, diversão, prazer, auxílio, confiança e sinceridade.
Reposta Número de alunos %
Sim 28 100
Não 0 0
Total 28 100
Tabela 2. Referente sobre gostar de fazer novas amizades
Considerando as respostas obtidas e os estudos realizados por Wallon
(1989), Vygotski (1998) e Piaget (1977), a escola é considerada o segundo lugar
mais importante na vida da criança depois da família, em relação à vida social e
propicio às relações humanas.
Portanto, a instituição escola, em quaisquer de seus níveis, deve acompanhar
a qualidade das relações vividas nesse espaço, valorizando o desenvolvimento
afetivo, social e não apenas cognitivo como fatores fundamentais no
desenvolvimento global de seus alunos e, principalmente, propor ao colegiado ações
propositivas para a melhoria constante e permanente desse importante indicativo de
qualidade educacional.
Abordando o assunto referente à ajuda mútua, cujos dados estão
representados no gráfico 3, verificamos que o grupo mostra-se receoso e
desconfiado, sendo que 29% respondem que sempre ajudam as pessoas, já 32%
vinculam a ajuda ao fato de conhecer ou não essas pessoas, justificando ainda que,
“existem pessoas más”, “pessoas chatas” e “pessoas que não merecem ser
ajudadas”; 39% escolhem às vezes, sem justificativas.
Nesse sentido, destaca-se a citação de Brown (apud ORLICK, 1994, p. 25) “A
cooperação é a capacidade de trabalhar em prol de uma meta comum. Tem haver
com o desenvolvimento das habilidades necessárias para resolver problemas em
conjunto. Nesse sentido, está relacionada com a solidariedade e a organização”.
Percebe-se então, que os adolescentes não estão sendo educados para uma
cultura de solidariedade e cooperação. Porém, convém ressaltar que esses valores
não podem ser impostos, sufocando a personalidade da criança/do adolescente,
mas percebidos por elas nas atitudes de todos que educam, incluindo, além da
instituição escola, a família, setores de trabalho, grupos de amigos e a sociedade de
forma geral.
A abordagem (em duas questões abertas) sobre o entendimento dos alunos
relacionado às atitudes consideradas de afeto e de não-afeto, revelou que as
posturas assumidas, no primeiro questionamento foram definidas como: “passar a
mão na cabeça”, “gesto demonstrativo de carinho”, “de amor”, “abraço”, “respeito,
educação e compaixão”, “brincadeiras amorosas”, “elogios”, “carícias” e “gentilezas”.
Em relação ao segundo questionamento, o grupo comenta como ações
representativas de não-afeto atitudes como, “tapas”, “chutes”, “puxar o cabelo”, “má
educação”, “brigas”, “apelidos”, “tapa no ouvido”, “empurrões”, “palavrões”, “gritos”,
“mostrar o dedo e a língua”, “revidar aos pais”.
Dialogando com Sampaio (2007, p. 46) na citação “Os problemas humanos
não se resolvem no nível da racionalidade, mas sim do afeto” e refletindo e
complementando com Abramovay e Rua (2000, p.300), “As situações de violência
comprometem o que deveria ser a identidade da escola local de sociabilidade
positiva, de aprendizagem de valores éticos e de formação de espíritos críticos
pautado no diálogo”.
Torna-se então recorrente que as atividades onde relações afetivas estão
presentes revertem em maior desenvolvimento cognitivo do educando e a escola,
sendo o espaço onde a intervenção pedagógica potencializa a produção do
conhecimento, não deve descuidar-se da formação ética, da consciência crítica e,
principalmente da área afetiva, pois a mesma envolve a predisposição para o saber.
No tocante às posturas assumidas, em caso de discussão, predominaram as
seguintes respostas: “Peço desculpas e volto a ser amigo”, “brigo”, “brigo mesmo
sabendo que não resolve”, “peço perdão”, “não me importo e deixo rolar”, “atitude de
bem”, “abraço”, “não dou bola”, “viro a cara e saio” ou ainda admitem que sentem-se
envergonhados perante os pais e desculpam-se por esse motivo. Para Soler (2006,
p.117), “não necessitamos mais de agressividade, violência e falta de amor. Nós
como educadores podemos mudar o nosso foco fazendo seres humanos generosos,
solidários não se tornem uma espécie em extinção”.
Acredita-se que, se o professor educador programar suas aulas com
atividades cooperativas estará contribuindo para a formação do aluno atuante no
ambiente escolar e por extensão em sua comunidade, pois evidenciou-se, através
das respostas acima relatadas, que o grupo tem consciência da realidade escolar e
está aberto a mudanças, o que possibilita o trabalho embasado na construção de
vínculos afetivos e na cooperação entre colegas e professores.
Quando questionados sobre o fato de se predisporem à cooperação (Gráfico
4), 86 % dos alunos responderam que cooperam sempre e 14% quase sempre, não
justificando suas escolhas.
Para Brotto (2001, p.60) “Os jogos cooperativos como uma prática re-
educativa, capaz de transformar nosso condicionamento competitivo em alternativas
para realizar desafios, solucionar problemas e harmonizar conflitos”.
Percebe-se então, que quando o educando é incentivado a práticas
cooperativas, as medidas tomadas são voltadas principalmente para uma educação
de valores que venham contribuir para a formação integral do mesmo, pois trabalha-
se o respeito, a cooperação, a solidariedade de forma lúdica e prazerosa. Desta
forma todos vencem e o fator primordial para o sucesso da aula é a cooperação.
Pode-se observar no Gráfico 5, que quando questionados sobre a forma de
resolução de situações que envolvem atritos e perdas durante as aulas de Educação
Física, 60% dos alunos admitiram resolver situações de atritos e perdas com
reclamações, 17 % declaram que simplesmente não resolvem, 17 % pautam-se no
diálogo, 3% se isenta de responder, e os demais 3% confessam que resolvem com
violência e agressão. Novamente percebemos que o percentual do grupo propenso
a atitudes violentas torna-se praticamente nulo.
Segundo Brotto (2001, p. 59) “Inegavelmente, estamos diante de um contexto
que nos desafia a buscar coletivamente, cada um fazendo a sua parte, soluções
criativas e cooperativas para gerar bem estar para todos”.
É importante destacar que conflitos fazem parte de nosso dia a dia e cabe a
todos, na sua individualidade, resolvê-los de forma justa e correta, para que não
assumam proporções para além da normalidade, não isentando a equipe de gestão
de exercer seu papel de mediação, articulando o comprometimento de todos para
coletivamente efetivar uma proposta de superação dos problemas constatados nas
aulas de Educação Física e na comunidade escolar como um todo.
Concluindo os questionamentos que compuseram o instrumento pré-teste, o
gráfico 6 retrata que 96% dos alunos preferem atividades coletivas e 4% individuais,
justificando a preferência por atividades coletivas “porque são mais divertidas”;
“porque compartilhar as atividades com os colegas e amigos é mais legal”; “porque
não fico sozinho” e “porque um ajuda o outro”, “ várias mentes juntas pensam
melhor”, “porque aprendemos e brincamos com os colegas”, enquanto que o aluno
que escolhe a alternativa referente às atividades individuais justifica que “sozinho,
em silêncio, não há tanta briga”.
0
20
40
Coletivas Individuais
Nú
me
ro d
e A
lun
os
Gráfico 6. Preferencia por atividades nas aulas de Educação Física
O cotidiano escolar reflete vários conflitos no que diz respeito aos alunos e
suas preferências, muitas vezes eles não estão dispostos a colaborar nas atividades
propostas pelo educador, mas para Soller (2006, p. 156), “devemos, cada vez mais,
aproximar a escola da vida real, com seus problemas, conflitos e objetivos e a partir
daí, tentar solucionar problemas, harmonizar conflitos e alcançar objetivos”.
No sistema escolar, o professor deve tornar seu saber pedagógico em uma
ação para impulsionar mudanças, indiferente de sua área de atuação, não somente
ao nível da sala de aula, como da escola e da sociedade.
Sendo assim, optou-se na utilização dos jogos cooperativos como
intervenção pedagógica com a intencionalidade de amenizar os conflitos detectados
e proporcionar um ambiente mais propício às relações humanas.
5 IMPLEMENTAÇÃO PEDAGÓGICA
A implementação da intervenção pedagógica denominada “Jogos
Cooperativos: Uma ferramenta auxiliar na afetividade e socialização para as aulas
de Educação Física”, efetivou-se em dois momentos:
Atividades de caráter voluntário, desenvolvidas aos sábados;
Atividades desenvolvidas durante a semana, nas aulas de Educação
Física.
5.1 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS AOS SÁBADOS
As atividades desenvolvidas aos sábados, denominadas de “Sábados
Cooperativos” tiveram caráter de participação voluntária, onde foram utilizadas
diferentes metodologias, variados recursos didáticos e tecnológicos, alternando o
espaço da sala de aula, com o laboratório e a quadra.
Durante os sábados, no período das 13:15 às 17 horas, foram desenvolvidas
atividades da seguinte forma:
Primeira aula: uma atividade de toque e confiança;
Segunda aula: pesquisa no laboratório de informática sobre jogos semi-
cooperativos, cooperativos e competitivos, posteriormente
selecionados a serem desenvolvidas durante a tarde;
Terceira aula: prática das atividades pesquisadas, ou seja, os jogos que
os alunos acharam mais interessantes;
Intervalo: l5:00 às l5:20 h;
Quarta aula: realização de uma atividade competitiva, que em seguida
foi adaptada, transformando-a em atividade cooperativa através da
inclusão de novas regras pelos participantes. A atividade mantinha-se
enquanto houvesse interesse dos alunos em sua realização;
Quinta aula: Para cada sábado selecionou-se uma atividade individual
de jogos e brincadeiras, sendo que no primeiro sábado utilizaram-se
pipas, no segundo, tênis de campo, no terceiro, bolinhas de gude e no
quarto e último sábado, tênis de mesa.
As aulas de caráter voluntário foram consideradas satisfatórias, pois manteve
a média de participação entre 20 e 22 alunos a cada sábado, de um total de 33
educandos componentes da amostra selecionada. O grupo estava sempre disposto
a fazer as atividades propostas, na sala de aula, na quadra ou pesquisar no
laboratório. Observou-se que a aprendizagem voluntária, reforça o pensamento de
Soler (2006, p. 156), em sua citação: “A aprendizagem intencional é aquela que é
buscada e propiciada por uma determinação voluntária, decorrente de uma ação
também intencional de ensino.”.
Essas atividades de caráter voluntário e intencional despertaram nos alunos o
gosto de estar na escola, em horário e dia alternativo, envolvidos em atividades
coletivas, estreitando assim os laços de amizade e cooperação entre colegas.
5.2 IMPLEMENTAÇÃO DURANTE A SEMANA
A distribuição das atividades de implementação durante a semana, nas aulas
de Educação Física, seguiu o planejamento conforme está distribuído no (Gráfico 7).
Os conceitos e classificação dos jogos abaixo relacionados compõem o
caderno de Jogos Cooperativos disponível em:
<http//www.lucyduro.dominiotemporario.com/doc/cadernodejogoscooperativos.pdf
> acessado em: 20 de julho de 2011, conforme unidade didática.
10% das atividades foram de toque e confiança. Como o nome já diz,
confiança reforça a relação que está meio desgastada dependendo de seu
colega para realizá-la;
15% de jogos semi-cooperativos: são jogos de estruturas competitivas com
alguns elementos cooperativos, por exemplo: Todos jogam, a bola deve ser
passada para todos os colegas antes de se converter o ponto ou gol. O passe
deve ser misto, os arremessos são alternados, ora pelos meninos, ora pelas
meninas, entre outras regras estabelecidas;
20% de jogos de inversão: são aqueles em que os jogadores mudam de
equipe conforme pré-estabelecido no início das atividades;
20% de jogos unicamente cooperativos em que todos jogam para o bem
comum;
20% Jogos competitivos em que os alunos priorizam o ganhar pelo fato de
serem os melhores e, segundo eles, o colega só perdeu porque não sabe
jogar;
5% jogos de criatividade ou reflexão: são jogos que estimulam a expressão e
a imaginação, por exemplo, mímicas para adivinhar nomes de filme, cantores,
músicas, personagens da história;
10% Jogos com inclusão de regras pelos alunos participantes. Utilizamos
este instrumento durante a implementação fazendo com que os mesmos
participassem dando opinião nas atividades desenvolvidas. Quando incluíam
regras nas atividades propostas demonstravam maior interesse na realização
das mesmas sentindo-se valorizados.
Gráfico 7. Distribuição das diferentes atividades propostas durante a implementação pedagógica.
A Implementação caracterizou-se por uma cuidadosa seleção de atividades
práticas, combinadas de forma a tornar as aulas mais dinâmicas, buscando
despertar o gosto dos estudantes por essa forma de atividade coletiva, bem como
alternar o espaço da sala de aula com a quadra esportiva, biblioteca e laboratório de
informática.
Fator de grande estímulo durante esse período de implementação foram as
contribuições dos colegas professores participantes do Grupo de Trabalho em Rede,
que também trouxeram seu apoio, interagindo com relatos sobre as experiências
que tiveram em suas escolas, as quais resumimos o pensamento manifesto de que
as atividades cooperativas proporcionam aos educandos melhor socialização, pois
os alunos agem e interagem, sentem e aprendem, desenvolvem o caráter e tornam-
se mais capazes de resolver problemas, o que reflete para o bem comum.
Como ilustração, trouxemos alguns exemplos de atividades realizadas para
que todos possam perceber o aspecto cooperativo em detrimento do competitivo,
que domina a grande maioria das atividades esportivas e recreativas presentes nas
escolas e na sociedade de modo geral.
5.2.1 Jogos Cooperativos:
Na atividade denominada jogos cooperativos sem perdedores, todos os
participantes formam uma única equipe e são plenamente cooperativos. Não há
perdedores, pois todos jogam juntos para superar um desafio comum. A atividade é
realizada com o objetivo de socialização, promovendo o aprimoramento das relações
interpessoais.
Na modalidade identificada como jogos cooperativos de resultado coletivo,
são formadas duas ou mais equipes com o objetivo de realizar metas comuns. As
equipes necessitam de alto grau de cooperação entre si e coletivamente com os
outros times para alcançarem a meta.
Como sugestão de atividade, a cerca elétrica, adaptado de Soler (2006,
p.127) tem o objetivo de incentivar o espírito de equipe, cooperação, superação de
dificuldades, socialização, resolução de conflitos e aprimorar relações interpessoais.
Formadas duas equipes, distribui-se 10 metros de barbante para que cada
equipe forme um quadrado. Quatro alunos devem segurá-lo na altura do quadril
fazendo uma espécie de cadeia, onde o resto da equipe fica “presa”. Os alunos
devem sair por cima do barbante sem tocar nele. Caso um participante toque no fio,
todos devem voltar e recomeçar. Ganha a equipe que tiver saído da cadeia mais
rápido.
Segundo o autor Orlick, (1989), nos jogos de inversão não há vencedores,
pois os jogadores começam em uma equipe e terminam em outra. O prazer é pelo
jogo e não pela vitória. Podem apresentar variações em que os jogadores mudam de
lado, ou o jogador marca o ponto e passa para o outro lado, ou ainda o ponto
conseguido é marcado para o outro time.
5.2.2 Jogos Semi-Cooperativos
Os jogos semi-cooperativos são ideais para iniciar o trabalho com jogos
cooperativos para aprendizagem desportiva, especialmente com adolescentes. As
equipes jogam umas contra as outras, mas a ênfase é dada ao envolvimento ativo
no jogo e à diversão, independente de resultados. Como sugestão pode-se jogar o
basquete cooperativo, adaptado de Soler (2006, p.76), que objetiva incentivar o
espírito de equipe, aprimorar relações interpessoais e desenvolver habilidade
motora. O jogo começa com as regras do basquete convencional, aos poucos inclui
elementos cooperativos com sugestões dos alunos participantes.
Como não poderíamos ignorar ou relegar ao segundo plano, damos grande
ênfase aos jogos de toque e confiança, pois através deles podemos perceber os
processos psicológicos dos participantes, dando suporte para arriscarem-se nas
atividades, delegando responsabilidades, preparando-os para eventuais mudanças.
A sequência de atividades desenvolvidas no decorrer da implementação esta
disponível em: <www.educadores.diaadia.pr.gov.br/Formação Continuada/PDE
Produções PDE>.
O contato mais próximo com os alunos suscitou uma importante reflexão,
pessoal, intransferível, a qual socializamos com os colegas de disciplina. Nós,
profissionais educadores da área de Educação Física, somos um canal de
sustentação dos nossos alunos, onde se pode, indubitavelmente, promover a
cooperação e a solidariedade. Até que ponto obter-se-á sucesso? Não se pode
estimar, mas sabe-se que cada aluno é um ser único e com certeza todos podemos
contribuir para que ele se torne um cidadão melhor.
Enfim, percebeu-se que as atividades cooperativas são ações pedagógicas
importantes, não apenas para o aluno esclarecer conflitos, mas para que possa
resolvê-los, interagindo com o professor e os colegas e realizando aprendizagens
que contribuam para a socialização e afetividade. A aprendizagem que se pretende,
refletirá no espaço escolar como um todo e, indiretamente, nas demais disciplinas.
6 VERIFICAÇÃO DOS RESULTADOS
6.1 ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO PÓS-TESTE
Visando à compreensão e verificação dos resultados obtidos através da
implementação dos Jogos cooperativos como uma ação pedagógica que contribui
na afetividade e socialização e formação integral do aluno, faz - se necessário citar
Orlick (1978), pois o autor contempla em sua obra que os jogos e brincadeiras são
fundamentais na vivência e convivência harmoniosa e contribui para essa formação
que tanto almejamos em nossas escolas. Neste contexto de aferir resultados cita-se
Soler (2006, p.165). “Existem algumas questões que necessitam ser melhor
entendidas, tais como: Como avaliar o progresso individual de cada aluno? Como
avaliar o grupo que participa das atividades? Até onde se pode chegar com a
avaliação?”
Dando continuidade à apresentação da pesquisa, agora com o intuito de
demonstrar dados avaliativos e tendo como fonte de pesquisa a escrita dos próprios
alunos participantes do projeto de intervenção, a mesma irá respaldar os resultados
verificados no dia a dia escolar, durante o período da realização.
Aplicamos o questionário avaliativo, ora denominado de “questionário pós-
teste”, composto por seis questões abertas e fechadas (apêndice 02), respondidas
pela totalidade dos alunos participantes da proposta a seguir tabuladas e
posteriormente analisadas. Participaram das atividades até o final do período letivo
de 2011 trinta e três alunos.
Quando questionados sobre a preferência por atividades cooperativas ou
competitivas (Gráfico 8), o percentual de escolha foi de 73% referente às atividades
cooperativas. O percentual significativamente maior retrata a positividade e
aceitabilidade das atividades desenvolvidas, sendo interessante destacar que a
justificativa em relação à escolha revela posicionamentos como: “o brincar fica mais
legal, sem ganhadores e perdedores”; “não tem briga no final”; “porque aprendemos
a cooperar e não a competir”; “fica muito melhor brincar juntos porque ninguém
precisa ser melhor que o outro”; “porque uns ajudavam os outros e não pensavam
somente em ganhar”; Justificando as respostas do grupo, Orlick (1998, p.123)
reflete sobre a “diferença dos Jogos Competitivos e os Jogos Cooperativos, para ele
a diferença é que nos Jogos Cooperativos todo mundo coopera e todos ganham”.
Após várias aulas trabalhando cooperação, obtivemos êxito no processo dos
jogos cooperativos, porém devemos respeitar a opção dos alunos que preferem a
modalidade competitiva, pois o grupo que prefere competição, 27 %, justifica que
“gostam de ganhar ou perder, porque tem mais adrenalina”.
0
5
10
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25
Cooperativas CompetitivasN
úm
ero
de
alu
no
s
Gráfico 8. Preferência por atividades
Em relação à predisposição do grupo em dar continuidade às atividades
(Gráfico 9), podemos considerar que o trabalho de forma cooperativa cumpriu com
seu objetivo, que foi contemplar atividades para desenvolver as relações humanas,
pois 60% responderam que sim, 22% disseram que não e 18% algumas vezes, sem
justificativas.
Corroborando com o exposto acima, Brown (1994, p. 20) afirma: “Pode-se
destacar que muitos valores que surgem em situações de cooperação são
precisamente aqueles que queremos promover na educação popular.” Dessa forma,
o percentual positivo obtido nas respostas revela que o projeto marcou-os
significativamente.
0
5
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15
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Sim Não Ás Vezes
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lun
os
Gráfico 9. Continuariam participando das atividades cooperativas
Ao serem indagados sobre os colegas se mostrarem mais calmos durante as
atividades cooperativas (Gráfico 10), a resposta, às vezes obteve 64% enquanto as
respostas sempre e nunca apresentaram igualmente o percentual de 18%. Dessa
forma, refletimos que o olhar do professor para o seu aluno é indispensável na
construção e sucesso de sua aprendizagem pois, para Brown (1994, p. 24), “Criar é
construir e, para construir, a colaboração de todos é fundamental.” Sendo assim, a
mudança de postura pautada no respeito ao outro requer trabalho prolongado e
contínuo.
Quando questionados sobre o comportamento dos colegas durante as
atividades competitivas, se os mesmos continuavam a se desrespeitar, os
percentuais se mantiveram altos (Gráfico 11), já que 58% concordam, 30 %
concordam parcialmente e 12 % discordam, sem justificativas. Nesse sentido, criou-
se uma cultura de que na competição vale tudo para ganhar o jogo.
Segundo Brown (l994, p. 29) “A competição ensina que há ganhadores e
perdedores, que tem que haver trapaça e esperteza e que nem todos vão participar.”
Acredita-se que podemos amenizar esse tipo de comportamento, mas isso requer
muita dedicação, empenho do profissional que está conduzindo as aulas, mantendo
uma postura de mediador no processo educativo.
Ao serem indagados sobre as atitudes de respeito ao colega estar em
primeiro lugar (Tabela 3), há predominância significativa, com o percentual de 84 %
para a opção respeitando será respeitado. 13% consideram que respeitar os outros é
difícil e apenas 3% constatam que alguns colegas não respeitam nem aos colegas,
nem aos professores, demonstrando que em alguns momentos a realidade vivida na
escola torna-se insustentável. Os profissionais atuantes e comprometidos com o
ensino integral do aluno devem utilizar as atividades cooperativas para amenizar
conflitos. Reforçando essa ideia, Soler (2006, p.40) enfatiza que “Os jogos
cooperativos são fundamentais para que possamos incluir todas as diferenças
dentro de uma mesma aula. Objetivos principais: reforçar a autoestima e aprimorar
os relacionamentos interpessoais.”.
Resposta Número de Alunos %
Respeitando será respeitado 28 84
Respeitar os outros é difícil 4 13
Alguns não respeitam nem
colegas nem professores
1 3
Total 33 100
Tabela 3. Quando questionados se respeito ao colega vem em primeiro lugar.
Como fechamento do questionário pós-teste os alunos deveriam posicionar-
se escrevendo sobre a participação nos jogos cooperativos aos sábados (Gráfico
12). A maioria, (72%) respondeu que participavam e gostavam das atividades aos
sábados, pois estas “eram divertidas”, “ajudavam os alunos a se respeitarem”, e que
“foi a melhor coisa que aconteceu na vida de todo mundo”, “nos divertíamos muito”,
“íamos ao laboratório”, “trazíamos fruta de lanche, era muito saudável”; “muito legal”,
“nós brincávamos, dávamos risada e saía o stress”, “muito bom”, “ensinava a
respeitar e cooperar”. Quanto aos alunos que responderam que não participavam,
justificaram como: “moro no interior e não tinha transporte”; “era o mesmo horário da
catequese”, “tinha outro compromisso”. Esses alunos estão entre aqueles que se
declararam preferir atividades competitivas.
Em âmbito geral, a intervenção pedagógica através das aulas de Educação
Física e aos sábados obteve êxito em sua aplicação, sendo que os alunos testados
demonstraram mudança de atitudes, levando esse comportamento também para o
período regular de estudos, comprovando que faz-se necessário mudança na
postura pedagógica do colegiado como um todo para que as atitudes observadas se
tornem hábito no espaço escolar e possam transcendê-lo atingindo as famílias e a
sociedade. O trabalho com jogos cooperativos obrigatoriamente deverá ser contínuo
não se limitando a um determinado período de tempo ou a determinados
profissionais, mas caracterizando a escola na sua globalidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Refletindo e respondendo às perguntas norteadoras deste estudo e em
função do objetivo pautado, pensamos ser conveniente ressaltar que vivemos num
mundo onde somos todos diferentes, porém, com direitos iguais. Valorizar, pois, as
diversidades e conscientizar as crianças e adolescentes, inseridos no meio escolar,
da necessidade de compreender as diferenças e respeitá-las em todas as suas
formas de manifestação, revelou-se urgente e necessário.
Neste cenário, a escola, lugar heterogêneo por natureza e que reflete
anseios e preconceitos impostos pela sociedade, caracteriza-se como um dos
lugares mais importantes para socialização das crianças e pré-adolescentes.
Acreditamos que a escola deva ser um espaço onde a criança se sinta
segura e respeitada para que possa se desenvolver plenamente. Deve propiciar um
ambiente afetivo, onde as mesmas, por meio das atividades propostas, permaneçam
em constante estado de interação, fundamentado no respeito às regras comuns.
As reflexões apresentadas neste texto expressam a compreensão dos
estudos e observações sobre os jogos cooperativos e sua contribuição positiva na
afetividade e na socialização das crianças, bem como em seu desenvolvimento e
aprendizagem, a qual somente foi possível por meio do PDE - Programa de
Desenvolvimento Educacional.
Antes do projeto, percebemos as atitudes antissociais presentes no ambiente
escolar, porém, até então não havíamos nos debruçado sobre o assunto para
estudá-lo à luz das vertentes teóricas e, como consequência, vislumbrar as aulas de
Educação Física como poderosa aliada para enfrentamento ao problema.
O esforço empreendido neste estudo confirma que o conteúdo básico, jogos
cooperativos, trabalhado de forma adequada, realmente contribui na afetividade e na
socialização. Porém, podemos ressaltar que, em relação à socialização, dando
ênfase a seu aspecto inclusivo, o êxito transpareceu claramente, no entanto,
quando nos reportamos à afetividade, percebemos que o trabalho deve ser intenso e
contínuo, que demanda trabalho coletivo e que os frutos serão colhidos ao longo da
caminhada, não somente pelos professores da disciplina de Educação Física, mas
pelo colegiado como um todo.
O empenho da Educação Física e também das demais disciplinas escolares
em busca de mudanças de hábito em nossas crianças e adolescentes, tornou-se
evidente, pois todos entendemos que o desenvolvimento adequado da afetividade e
da socialização pode significar uma enorme contribuição ao processo de
aprendizagem dos alunos, além de atingir a meta primeira desse estudo definida
como a necessidade de conquistarmos um ambiente agradável e cooperativo para
as aulas de Educação Física.
Ressaltamos ainda que o trabalho aqui caracterizado pode ser adaptado a
cada realidade, nos vários níveis e modalidades de ensino, contemplando o
desenvolvimento de todos os conteúdos estruturantes da disciplina, definidos nas
Diretrizes Curriculares Nacionais.
Atualmente, embora com as políticas educacionais neoliberais ainda vigentes,
acreditamos em outro mundo possível buscando a educação unitária, com todas as
disciplinas unidas e comprometidas com uma prática social, que transcenda os
muros escolares e invada a sociedade contribuindo para a formação de educandos
capazes de questionar sua realidade e transformá-la, ao invés de reles agentes
intuitivos que revidam suas frustrações com agressividade e violência.
Sonhamos em transformar nossas escolas em escolas asas, pois como muito
bem disse Rubens Alves (2012):
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo. Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não
podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.
Esperamos que este estudo possa contribuir com os profissionais educadores
da rede estadual de ensino, no almejado objetivo, pois queremos alunos confiantes,
sujeitos de suas vidas, aptos a cumprir com sua função social, fazendo a diferença
no espaço em que vivem e não alunos sob controle, intimidados ou violentos.
REFERÊNCIAS
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Apêndice 01
Questionário Diagnóstico: Pré Teste 1) Escreva o nome de três amigos com quem você gosta de estar na escola: 1 - Série 2 - Série 3 - Série 2)Numere, pela ordem crescente, as situações que mais desagradam você diretamente na escola: ( ) Apelidos ( ) Brigas ( ) Palavrões ( ) Empurrões ( ) Outros: .................. 3) Escreva os momentos em que você gosta de estar na escola e por quê. ( ) Recreio ( ) Aula de:........................ ( ) Intervalo das aulas ( ) Outros: .... 4) Gosta de fazer novos amigos? ( ) Sim ( ) Não Justifique:............................................................................ 5) Gosta de ajudar os outros? ( ) Sempre ( ) Às vezes ( ) Nunca ( ) Depende 6) Que atitudes você considera sendo de afeto? 7) Que atitudes você considera de não afeto? 8) Quando você comete um ato desrespeitoso com um colega, qual sua atitude? 9) Você coopera com os colegas nas atividades e brincadeiras durante as aulas? ( ) Sempre ( ) Quase sempre ( ) Nunca 10) Durante as atividades e brincadeiras nas aulas de Educação Física, de que forma resolve os atritos e perdas? ( ) Com reclamações ( ) Com diálogo ( ) Com violência ou agressões ( ) Não resolve 11) Nas atividades propostas nas aulas de Educação Física você gosta das brincadeiras: ( ) Individuais ( )Coletivas Por quê?........................................................
Apêndice 02 Questionário pós-teste Após ter participado das atividades cooperativas, responda: 01) Durante as aulas de Educação Física, você prefere as atividades: ( ) Competitivas ( ) Cooperativas Justifique: ........................... 02) Você que participou dos sábados cooperativos, desenvolvendo atividades na quadra e também utilizando o laboratório de informática, continuaria participando dessas atividades se as mesmas continuassem? ( )Sim ( ) Não ( ) Algumas vezes 03) Durante as aulas com jogos e brincadeiras cooperativas, você verificou que os colegas estavam mais calmos e tranquilos? ( ) Sempre ( ) Às vezes ( ) Nunca 04) Durante as atividades que envolveram competição, você observou que os colegas continuavam a se desrespeitar? ( ) Concordo ( )Discordo ( ) Concordo parcialmente 05) Durante a realização das atividades propostas pela professora, qual sua opinião sobre participar das brincadeiras em que o respeito pelo colega estava em primeiro lugar:? ( ) Aprendi que respeitar os outros é uma tarefa difícil. ( ) Aprendi que respeitando o colega você vai ser respeitado. ( ) Aprendi que alguns colegas não respeitam nem os colegas nem os professores. 06) Escreva sobre sua participação nos sábados cooperativos: