apost jog cooperativos

Download Apost jog cooperativos

If you can't read please download the document

Upload: ivaniamedeiros01

Post on 18-Jun-2015

1.400 views

Category:

Documents


51 download

TRANSCRIPT

  • 1. JOGOS COOPERATIVOS APLICADOS Profa. HELEN RITA M. COUTINHO, MSc. JOGOS COOPERATIVOS APLICADOS A EDUCAO Profa. HELEN RITA M. COUTINHO, MSc. 1 JOGOS COOPERATIVOS A EDUCAO Profa. HELEN RITA M. COUTINHO, MSc.

2. 2 SUMRIO 1 PLANO DE ENSINO........................................................................................................... 3 1.1 EMENTA ............................................................................................................. 3 1.2 OBJETIVOS DA DISCIPLINA ............................................................................ 3 1.3 CONTEDO PROGRAMTICO ......................................................................... 4 1.4 PROCEDIMENTOS METODOLGICO.............................................................. 5 1.5 AVALIAO ....................................................................................................... 5 1.6 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................. 5 AULA 1 - ASPECTOS INTRODUTRIOS DOS JOGOS COOPERATIVOS ............ 5 TEXTO 1: ASPECTOS INTRODUTRIOS DOS JOGOS COOPERATIVOS ........... 5 AULAS 2 e 3 - ASPECTOS INTRODUTRIOS DOS JOGOS COOPERATIVOS.... 9 TEXTO2 - ORIGEM E EVOLUO DOS JOGOS COOPERATIVOS....................... 9 AULA 4 - O EDUCADOR.......................................................................................... 25 TEXTO 3 - EDUCANDO NOS DIAS DE HOJE ! ....................................................... 25 AULA 5 OS CONTATOS ........................................................................................ 27 TEXTO 4 - OS PRIMEIROS CONTATOS ................................................................. 27 AULAS5e 6 O MELHOR DOS JOGOS COOPERATIVOS ................................... 29 TEXTO 5- ENTENDENDO MELHOR OS JOGOS COOPERATIVOS....................... 29 AULA7 TIPOS DE JOGOS..................................................................................... 39 TEXTO 6TIPOS DE JOGOS ................................................................................... 39 AULA8 APLICAO DOS JOGOS........................................................................ 44 TEXTO 7- JOGOS COOPERATIVOS E EXPRESSO CORPORAL........................ 44 TEXTO 8- JOGOS COOPERATIVOS NAS ORGANIZAES................................. 51 TEXTO 9- JOGANDO COM TODOS......................................................................... 55 TEXTO 10- CONSIDERAES FINAIS ................................................................... 57 ANEXOS JOGOS ................................................................................................... 58 3. 3 1 PLANO DE ENSINO DISCIPLINA CARGA NMERO TURMA HORRIA DE AULAS JOGOS COOPERATIVOS APLICADOS A EDUCAO 40 horas 08 1.1 Ementa Os jogos e brincadeiras na cultura brasileira. A origem dos jogos. O brincar como ludicidade e produo de conhecimento na instituio de ensino. Estudo dos jogos e brincadeiras: sentidos, significados, apropriaes, influncias e a importncia para a Educao. 1.2 Objetivos da disciplina Geral promover aos Ps-Graduados do Curso de Docnciaa reflexo, a discusso e a fundamentao terica, a fim da ressignificao das concepes sobre os jogos cooperativose a brincadeira visando a construo de conhecimento sobre a importncia do ldico no contexto educativo. Especficos a) Relacionar as diversas fases do desenvolvimento do jogo cooperativo; b) Conhecer a histria e o espao ocupado pela ludicidade no contexto histrico e atual da educao; c) Reconhecer a importncia do ldico como um meio para o desenvolvimento fsico, cognitivo, afetivo e social; d) Reconhecer a importncia dosjogos cooperativos no processo educativo; e) Compreender a dinmica de criao, montagem e dinamizao de espaos ludopedaggicos. 1.3 Contedo Programtico UNIDADE I - ASPECTOS INTRODUTRIOS DOS JOGOS COOPERATIVOS. Texto 1: ASPECTOS INTRODUTRIOS DOS JOGOS COOPERATIVOS. Texto 2: ORIGEM E EVOLUO DOS JOGOS COOPERATIVOS. UNIDADE II O EDUCADOR 4. 4 Texto 3: EDUCANDO NOS DIAS DE HOJE! UNIDADE III OS CONTATOS Texto 4: OS PRIMEIROS CONTATOS. UNIDADE IV O MELHOR DOS JOGOS COOPERATIVOS Texto 5: ENTENDENDO MELHOR OS JOGOS COOPERATIVOS. UNIDADE V TIPOS DE JOGOS Texto 6: TIPOS DE JOGOS. UNIDADE VI APLICAO DOS JOGOS Texto 7: JOGOS COOPERATIVOS E EXPRESSO CORPORAL. Texto 8: JOGOS COOPERATIVOS NAS ORGANIZAES Texto 9: JOGANDO COM TODOS 1.4 Procedimentos Metodolgico As aulas se daro a partir de exposies orais e dialogadas, leituras e anlises de textos, elaborao de snteses e apresentao de trabalhos. Ser privilegiado a leitura, reflexo, o dilogo, a criatividade, o compromisso e o envolvimento de todos, articulando-os com a formao e a experincia de cada participante. Sero utilizados recursos variados, de acordo com os contedos trabalhados e as possibilidades existentes. 1.5 Avaliao Avaliaes so previstas ser realizada no decorrer do mdulo, combinando momentos de expresso individual e grupal. Sero realizadas trs avalies: a primeira referente a leitura do primeiro e segundo texto, a segunda referente aos terceiros e quartos textos, a terceira exposio de trabalhos que sero realizados no final do mdulo. O peso de cada avaliao ser de 10 pontos, que dividido por 3, ter- se- a mdia da disciplina. 1.6 Bibliografia AMARAL, J. D. Jogos cooperativos.So Paulo: Phorte, 2004. ______.Jogos cooperativos.3.ed..So Paulo: Phorte, 2008. 5. 5 BERTHARAT, T.; BERNSTEIN, C. O corpo tem suas razes:antiginstica e conscientcia de si. 4.ed. So Apulo: Martins Fontes, 1977. BRIKMAN, L. A linguagem do movimento corporal. So Paulo: Summus, 1989. BROTTO, F. O. Jogos cooperativos: o jogo e o esporte como em exerccio de convivncia. Santos: Projeto cooperao, 2001. BROWN, G. Jogos cooperativos: teoria e prtica. So Leopoldo: Sinodal,1994. FREIRE,P. Pedagogia da autonomia: saberes necessrios prtica educativa. 11.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999. ORLICK, T. Libres para cooperar libres para crear.3.ed. Barcelona. Editorial Paidotribo, 1999. SOLER, Reinaldo. Jogos cooperativos. 3.ed. So Paulo: Sprint, 2006. ______. 100 jogos competitivos de apresentao: jogando e recreando um novo mundo. So Paulo: Sprint, 2009. ______. Jogos com para-quedas: mantendo nossos sonhos no ar. So Paulo: Sprint, 2009. STOKOE, P. HARF, R. Expresso corporal na pr-escola. So Paulo: Summus, 1987. 6. 5 AULA 1 e 2 ASPECTOS INTRODUTRIOS DOS JOGOS COOPERATIVOS Texto 1: ASPECTOS INTRODUTRIOS DOS JOGOS COOPERATIVOS. JanderDenicol Amaral1 Reinaldo Soler2 Concordo que o estudo, tanto quantoo trabalho, so coisas srias. Coisa sria, no sisuda. (JOO BATISTA FREIRE) Para viver em uma poca como a que vivemos, lidando com tantas crises, mudanas, problemas e expectativas, faz-se necessrio estar bem preparado para as exigncias da vida moderna. Uma vida que exige do ser humano uma adaptao contnua s novas circunstncias e que ele aprenda e reaprenda permanetemente. Uma pessoa que conhece muita gente, uma pessoa que tem que gostar de gente, de todas as idades, raas, ideologias e manias. Ser humano, uma pessoa que se dedica ao crescimento do outro, que compartilha sentimentos, desejos efrustraes. Uma pessoa que deve estar preparada a cada instante, porque as mudanas so muitas e muito rpidas. Uma pessoa que se relacione bem com o outro e que seja competente na sua ao, para, ento, tentar ajudar essa gente a pensar, sentir, agir e viver como gente. Conviver facilitar um processo que busca o desenvolvimento pessoal, social e profissional durante toda a vida do indivduo, com a finalidade de melhorar sua qualidade de vida e da coletividade. Para isso, temos, mais do que nunca, o dever de resgatar o humano. O humano caracterizado pela paz, pelo amor e pelasolidariedade, pois somos uma comunidade depessoas. Eesse resgate encontra uma pessoa que, independentemente de sua idade cronolgica, sempre colocada prova, e, quando isso acontece, passa por crises, transformaes e modificaes que envolvem muitos aspectos que s vezes no nos damos conta e que tem uma importncia fundamental, como, por exemplo, as mudanas de papis frente as diferentes situaes que a vida nos coloca. E nos cobrado diante desses papis 1 AMARAL, Jader Denicol. Jogos cooperativos. So Paulo: Phorte, 2004. 2 SOLER, Reinaldo. Jogos cooperativos. 3.ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2006. 7. 6 uma grande maturidade. Somos pessoas que sempre esto comeando suas vidas e relaes interpessoais. Temos que aprender a trabalhar o erro, o desequilbrio. O conflito e a crise so momentos fundamentais para o crescimento como pessoa e especialmente para o crescimento em grupo. Sejamos tolerantes e pacienciosos. Um outro aspecto importante a auto realizao. Temos que criar condies para que as pessoas desenvolvam a capacidade de auto realizao, que pressupomos, chegar a ser algo realmente importante para ns mesmos e quando fazemos isso colaboramos para o crescimento das outras pessoas. Enfim, uma pessoa que saiba viver em comunidade, pois somos comunicao essencial. E nessa comunicao devemos criar pontes de acesso ao outro por meio do que temos em comum e deixar de lado as diferenas que criam os muros, o preconceito. Devemos estimular mais o sorriso, recriar os ambientes de aprendizagem fomentando a dinmica integrativa. No devemos esquecer de fazer sempre essas perguntas: Que tipo de pessoas eu quero para amanh? Que tipo de sociedade eu quero ajudar a construir? uma misso difcil, cheia de desafios e muito enriquecedora. A construo do humano uma questo impretervel, porque significa a reconstruo dos valores, para o desenvolvimento da existncia humana alicerada no amor atravs da criao, recriao, inovao e principalmente da ousadia de mudar. Estamos diante de um contexto que nos exige solues coletivas, criativas e cooperativas. Necessitamos recriar a forma de vermos o mundo e as nossas dinmicas de interao social para que resultem numa dimenso ampliada da convivncia humana, resgatando nosso potencial para vivermos juntos e compartilharmos o nosso espao social, poltico e de lazer. Nesse sentido, elegemos o jogo cooperativo como um instrumento de articulao e promoo do processo educativo, no qual se destacam algumas de suas principais caractersticas, como a alegria e a incluso. Todos participam, todos ganham e todos se divertem. um jogo que tem como fundamento levar em considerao as condies, as qualidades e as caractersticas individuais de cada pessoa. O importante a soma de esforos para, com eficincia, realizarmos e solucionarmos as tarefas propostas atravs da cooperao. Ao trabalharmos com esse tipo de estrutura cooperativa, temos a difcil misso de compartilhar as alegrias, perdas e realizaes no somente com parte do 8. 7 grupo, como acontece nas estruturas competitivas, mas com todos os integrantes. Os Jogos Cooperativos so um forte instrumento para promover a integrao, socializao e manifestao dos valores e emoes que levam realizao e ao bem-estar de todos. Alm de potencializar a criatividade e a espontaneidade, os Jogos Cooperativos auxiliam na criao de uma conscincia humanitria, que, ao valorizar a participao e o esforo do outro, constitui-se em um trabalho de crescimento mtuo, contribuindo atravs dos valores positivos com a sociedade para uma melhor qualidade de vida e a construo de um mundo melhor. Os jogos cooperativos nasceram da necessidade que temos se tem em viver juntos, pois desde cedo foi ensinado que jogo sinnimo de competio, e que competio sinnimo de jogo. Hoje, sabe-se que isso mito, pois um jogo, para ser interessante e desafiador, no precisa ser jogado como se estivesse numa guerra. Enfim, existem alternativas, e uma delas o jogo cooperativo. Quando se joga cooperativamente, cada pessoa responsvel por contribuir com o resultado bem-sucedido do jogo e assim cada um se sente co-participante. O medo da rejeio eliminado e aumenta o desejo de se envolver, de fazer parte do grupo. Nesse sentido a ideia da disciplina sensibilizar para uma mudana real, desejando que dessa mudana surja uma nova viso a respeito do jogo, e que com isso se possa criar uma tica cooperativa. Na escola se tem mais contato com os jogos competitivos do que com os jogos cooperativos, e a prpria escola valoriza s os vencedores, pois no ensina o estudante a amar o aprendizado e sim a tirar notas cada vez mais altas. A educao fsica por sua vez no ensina as pessoas a amarem o jogo, e sim a vencer. Brotto (1999, apud SOLER, 2006) deixa uma lio quanto a isso, pois ele entende que aprender sempre uma aprendizagem compartilhada, que ocorre numa situao dinmica de coeducao e cooperao, em que todos so, simultaneamente, professores e alunos. Acredita-se que o jogo cooperativo nos ajuda a ensinar-e-aprender a viver uns com os outros ao invs de uns contra os outros. certo que desde pequeno se condicionado a competir, e a todo o momento se tem a impresso de que se est em uma batalha brutal e feroz, em que s um pode ser o grande vencedor, e ocupar o mais alto grau do pdio. 9. 8 Hoje, com o crescimento da violncia e o desenvolvimento das cidades, a pessoa j no tem espao para jogar, e uma das ltimas alternativas para se jogar o espao escolar, mas necessrio estar atento a para qual jogo se necessita. Ser que os jogos que as pessoas esto jogando ajudam a transformar nossa difcil realidade? Segundo Orlick (1989, apud SOLER, 2006),quando participamos de um determinado jogo, fazemos parte de uma minissociedade, que pode nos formar em direes variadas. E qual direo que se quer? Investir no jogo cooperativo como forma de mudana, transformador da cultura, que atualmente altamente competitiva. Deve-se para isso tentar ritualizar a cooperao e desmistificar a competio. 10. 9 CONTINUAO DA AULA 2 e AULA 3 Texto 2: ORIGEM E EVOLUO DOS JOGOS COOPERATIVOS. Reinaldo Soler3 "Se todo animal inspira ternura, o que houve, ento,com os homens?" (GUIMARES ROSA) O JOGO Atravs da histria da humanidade foram inmeros osautores que se interessaram, direta ou indiretamente pela questo do jogo, do brincar e do brinquedo. Aqui seguem algumas informaes importantes sobre esse tema toantigo mas ao mesmo tempo to desconhecido. Confira! Idade Mdia o jogo considerado no srio (associado ao jogo de azar). Servetambm para divulgar princpios de moral, tica e contedos de disciplinas escolares. Renascimento compulso ldica. O jogo visto como conduta livre que favorece o desenvolvimento da inteligncia e facilita o estudo: foi adotado como instrumento de aprendizagem de contedos escolares (Quintiliano, Erasmo, Rabelais, Basedow) O jogo um instrumento de desenvolvimento da linguagem e do imaginrio. do escritor, o poeta, sua prioridade, segundo Montaigne (1612). O jogo um meio de expresso de qualidades espontneas ou naturais da criana, como recriao, momento adequado para observar a criana, que expressa atravs dele sua natureza psicolgica e inclinaes, de acordo com Vives (1612). O jogo tem valor educativo, na medida em que alia oprazer condio de uma livre aprovao e de uma submisso autnoma s regras. O valor do jogo tem implicaes polticas e morais, indo bem alm da simples distrao. O jogo passa a ser associado formao do ser humano em sua plenitude. (ROUSSEAU, 1761). Para Kant (1787), os jogos da criana so o insubstituvel lugar de uma auto- aprendizagem por si mesma, em que vemos que se trata de uma cultura livre. Por 3 SOLER, Reinaldo. Jogos cooperativos. 3.ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2006. 11. 10 meio do jogo, a criana aprende a coagir a si mesma, a se investir de uma atividade duradoura, a conhecer e a desenvolver as foras do seu corpo. J para Toms de Aquino (1856), o jogo necessrio na vida humana. Segundo Stanley Hall (1882), a brincadeira reflete o decurso da evoluo do homem, desde a pr-histria at o momento presente. como se a historia da raa humana fosse recapitulada por cada criana, cada vez que ela brinca. ... A brincadeira a atividade espiritual mais pura do homem neste estgio e, ao mesmo tempo, tpica da vida humana enquanto um todo.... Ela d alegria, liberdade, contentamento, descanso externo e interno, paz com o mundo ... O brincar em qualquer tempo no trivial, altamente srio e de profunda significao Froebel, 1912 O jogo uma atividade livre, conscientemente tomada como no-sriae exterior vida habitual, mas ao mesmo tempo capaz de absorvero jogador de maneira intensa e total. uma atividade desligadade todo e qualquer interesse material, com a qual no se pode obter qualquer lucro, praticada dentro de limites espaciais e temporais, prprios, segundo uma certa ordem e certas regras Huizinga, 1938 Os jogos so geradores e expresso da personalidade e da cultura Roberts e Sutton-Smith, 1960-1970 Os jogos tem um papel expressivo no desenvolvimento decertas habilidades cognitivas Bateson (1956), Vygotsky (1967), Sutton-Smith (1967), Sylva, Bruner e Genova (1976) O jogo uma atividade espontnea oposta atividade do trabalho uma atividade que d prazer ... Caracteriza-se por um comportamento livre de conflito Piaget, 1964 Importncia da explorao no jogo: a ausncia de presso do ambiente cria um clima propcio para investigaes necessrias soluo de problemas Bruner, 1976-1983 O jogo uma forma de infrao do cotidiano e suasnormas Wallon, 1981 O Brincar traz de volta a alma da nossa criana: no ato de brincar, o ser humano se mostra na sua essncia, sem sab-lo, de forma inconsciente. O brincante troca, socializa, coopera e compete, ganha e perde. Emociona-se, grita, chora, ri, perde a pacincia, fica ansioso, aliviado. Erra, acerta. Pe em jogo seu corpo inteiro: suas habilidades motoras e de movimento vm-se desafiadas. No 12. 11 brincar, o ser humano imita, medita, sonha, imagina. Seus desejos e seus medos transformam-se, naquele segundo, em realidade. O brincar descortina um mundo possvel e imaginrio para os brincantes. O brincarconvida a ser eu mesmo O brincar, assim como a arte, o movimento, a expresso plstica, verbal e musical, uma das linguagens expressivas do ser humano O jogo designa tanto a atitude quanto o objeto que envolve regras externas - Friedmann, 1998 JOGO COOPERATIVO Voc sabe o que jogo cooperativo? E cooperao? JOGO: brincadeira, divertimento, folguedo, passatempo, exerccio de crianas em que elas fazem prova da sua habilidade, destreza ou astcia. COOPERATIVO: aquele que coopera, que age ou trabalha junto com o outro para um fim comum, que colabora, contribui ou age conjuntamente para produzir um efeito. JOGOS COOPERATIVOS possuem no seu mago de desenvolvimento a COOPERAO. So atividades de compartilhar, unir pessoas, despertar a coragem para assumir riscos com pouca preocupao com o fracasso e o sucesso em si mesmos. Os jogos cooperativos reforam a confiana em si mesmo e nos outros, propiciando uma participao autntica, fazendo com que o ganhar e o perder sejam, apenas, referncias para o crescimento pessoal e coletivo. Atravs dos jogos cooperativos, crianas e adolescentes descobrem outras possibilidades: regras, aprendizagem e educao, a ajuda, a solidariedade, a compreenso, o ldico. A disputa e a competio podem ser confrontadas, abrindo- se uma possibilidade de insero da COOPERAO ONDE TODOS GANHAM. A UNESCO coloca como alguns dos valores essenciais para a paz e a convivncia ecolgica entre as pessoas: respeitar a vida, rejeitar a violncia, ser generoso, escutar para compreender, preservar o planeta, redescobrir a solidariedade. Esses e outros valores como: unio, amor, colaborao, bondade, paz, responsabilidade, organizao, incluso tica, so trabalhados atravs das VIVNCIAS COOPERATIVAS. Os JOGOS COOPERATIVOS (VIVNCIAS COOPERATIVAS) permitem o desenvolvimento do viver e do conviver em grupo, do aprender para cooperar e do 13. 12 cooperar para aprender, exercitando o compartilhar como instrumento de crescimento pessoal. O jogo cooperativo no algo novo, pois, segundo Orlick(1982, apud SOLER, 2006), comeou h milhares de anos, quando membros das comunidades tribais se uniam para celebrar a vida. Com toda certeza, os jogos cooperativos sempre existiram, mas comearam a ser sistematizados na dcada de 1950 nos Estados Unidos, atravs do trabalho de Ted Lentz. Um dos maiores estudiosos do tema jogos cooperativos , sem dvida nenhuma, Terry Orlick, da Universidade de Ottawa, no Canad, que pesquisou a relao entre jogo e sociedade. Em 1978, publicou o livro Vencendo a competio, que serve de referncia para qualquer trabalho sobre cooperao. De acordo com Terry Orlick (1989, apud SOLER, 2006), ns no ensinamos nossos estudantesa terem prazer em buscar o conhecimento, ns as ensinamos a se esforarem para conseguir notas altas. Da mesma forma, no os ensinamos a gostar dos esportes, ns as ensinamos a vencer jogos. No Brasil, o grande pioneiro o professor Fbio OtuziBrotto, que vem silenciosamente desencadeando uma nova gerao de pessoas mais felizes e cooperativas. Atualmente, o jogo cooperativo j encarado com naturalidade. Muito diferente de alguns anos atrs, quando ningum acreditavaem seu potencial, hoje existe um grande interesse em pesquisar e produzir academicamente sobre o assunto. Qual ser o motivo que nos tem levado a competir em momentos que no precisamos? Hoje, j sabemos que tanto cooperao quanto competio so comportamentos ensinados-aprendidos atravs das diversas formas de relacionamento humano. O que falta uma nova postura do educador, ou seja, das pessoas significativas nesse processo educativo, pois sabemos que s haver uma mudana se as pessoas que so significativas na vida do estudante a mudarem a forma como oferecem os jogos. Pois parece que, se falo de jogo, tenho que falar de competio, criando erroneamente uma relao de sinonmia entre as palavras. 14. 13 Muitas pessoas inclusive acreditam que a graa do jogo est na competio, quando sabemos que para uma criana tanto faz competir ou cooperar; o que ela quer se divertir. Reproduzo a seguir um resumo das hipteses de Deutsch (1949, apud SOLER, 2006), que foram comprovadas atravs de provas experimentais em seu trabalho: a) Os indivduos em situaes cooperativas consideram que a realizao de seus objetivos , em parte, consequncia das aes dos outros participantes, enquanto os indivduos em situaes competitivas consideram que a realizao de seus objetivos incompatvel com a realizao dos objetivos dos demais membros; b) Os membros de grupos cooperadores tero mais facilidade do que os membros de grupos competitivos para valorizar as aes de seus companheiros propensos a atingir os objetivos comuns e para no reagir negativamente diante das aes capazes dedificultar ou impedir a obteno de tais objetivos; c) Os indivduos em situaes cooperativas so mais sensveis s solicitaes dos companheiros do que indivduos em situaes competitivas; d) Os membros de grupos cooperadores ajudam-se mutuamente com maior frequncia do que os membros de grupos competidores; e) Aps certo tempo, registra-se uma frequncia maior na coordenao de esforos em situaes cooperativas do que em situaes competitivas; f) A homogeneidade quanto quantidade de contribuies ou participaes maior nas situaes cooperativas do que nas situaes competitivas; g) A especializao numa atividade maior nos grupos cooperativos do que em grupos competitivos; h) Existe maior presso para o agir nos grupos cooperativos do que em grupos competitivos; i) A atenta observao da produo de sinais emitidos pelos membros de uma situao competitiva menor do que a revelada numa situao cooperativa; j) Existe maior aceitao da intercomunicao nos grupos cooperativos do que nos competitivos; 15. 14 k) A produtividade, em termos qualitativos, maior nos grupos cooperativos do que nos grupos competitivos; l) Existe uma maior manifestao de amizade entre os membros dos grupos cooperativos do que entre os dos grupos competitivos; m) Dentro dos grupos, os membros cooperativos avaliam a sua produo mais favoravelmente do que os membros competitivos; n) Registra-se um percentual maior de funes coletivas nos grupos cooperativos do que nos competitivos; o) Os membros de grupos cooperativos consideram que so mais capazes de produzir efeitos positivos sobre seus companheiros de grupo do que os membros competitivos. A esse respeito, Brown (1994) nos esclarece mais um pouco, ao afirmar que como observao final, poderamos comentar que a intercomunicao de ideias, a coordenao de esforos, a amizade e o orgulho em permanecer ao grupo parecem desaparecer quando seus membro se veem na situao de competir pela obteno de objetivos mutuamente excludentes. Como vimos, apesar da distino, nossa ideia no e colocar um em contraposio ao outro, acreditamos, isso sim, que os dois (cooperao/competio) devem fazer parte da vida. S devemos nos preocupar como passamos esse jogo, pois, se colocamos que vencer a nica coisa que importa, que no interessam os meios que se usem, ento estaremos reforando a cultura competitiva que nos cerca. Se, ao contrrio, mostramos que a pessoa mais importante, num movimento de transformao real, tentando tornar o mundo um lugar melhor. Brown (1994, apud SOLER, 2006) nos d uma preciosa dica: hora de comear a perguntar: por qu? Sim, hora de, despertando as conscincias, modificarmos a atual estrutura competitiva, e um grande elemento para isso o jogo cooperativo, pois nele: a) A gente joga com e no contra os outros; b) Joga para superar desafios ou obstculos e no para vencer os outros; c) Busca a participao de todos; d) D importncia a metas coletivas e no a metas individuais; e) Busca a criao e a contribuio de todos; f) Busca eliminar a agresso fsica contra os outros; 16. 15 g) Desenvolve atitudes de empatia, cooperao, estima e comunicao. Acreditamos que asdefinies que mais se aproximam da realidade soas descritas por Brotto(1999, apud SOLER, 2006): a) Cooperao: um processo de interao social, em que os objetivos so comuns, as aes so compartilhadas e os benefcios so distribudos para todos. b) Competio: um processo de interao social, em que os objetivos so mutuamente exclusivos, as aes so isoladas ou em oposio umas s outras, e os benefcios so concentrados somente para alguns. Acreditamos que utilizando o jogo cooperativo, diminuiremos os problemas. E com uma total harmonia, realizaremos o objetivo deste trabalho, que utilizar os jogos cooperativos como um exerccio de convivncia. Como nos diz Brotto (1997, apud SOLER, 2006), ns estamos nesse jogo com-muitos-outros-jogadores. Portanto, o COMO jogamos o fator que poder definir o placar final. Os estudos de MortonDeusth (1999, apud SOLER, 2006), no campo da psicologia social, nos mostram quando uma situao cooperativa e quando competitiva, conforme a figura 1 a seguir. FIGURA 1 Situao cooperativa e competitiva. SITUAO COOPERATIVA SITUAO COMPETITIVA Percebem que o atingimento de seus objetivos , em parte, consequncia da ao dos outros membros Percebem que o atingimento de seus objetivos incompatvel com a obteno dos objetivos dos demais So mais sensveis as solicitaes dos outros. So menos sensveis s solicitaes dos outros. Ajudam-se mutuamente com frequncia Ajudam-se mutuamente com menor freqncia H maior homogeneidade na quantidade de contribuies e participaes H menor homogeneidade na quantidade de contribuies e participaes A produtividade em termos qualitativos maior. A produtividade em termos qualitativos menor A especializao de atividades maior. A especializao de atividades menor Fonte: adaptado de Soler, 2006, p.23. Competir e cooperar so possibilidades de agir e ser no mundo. Cabe escolhermos, e acabar com o mito de que a competio que nos faz evoluir. Os jogos competitivos so rgidos, o que impede que suas regras sejam modificadas. Sobre esse tema Spencer Kagan, in Brotto (1999, apud SOLER, 2006), afirma que as crianas no jogam jogos competitivos, elas lhes obedecem. 17. 16 A orientao sempre no mexer nas regras, ou seja, aceitar o que est pronto e acabado. Nos jogos cooperativos acontece exatamente o contrrio, isto , quanto mais houver contribuies do grupo, melhor. O nosso objetivo principal de trabalhar a auto-estima atravs de jogos cooperativos completamente alcanado, pois os jogos cooperativos foram criados com o objetivo de promover a auto-estima e a convivncia, sendo dirigidos para a preveno de problemas sociais, antes de se tornarem problemas reais. Brown (1995, apud SOLER, 2006), afirma que a interao cooperativa com os outros necessria para o desenvolvimento da auto-estima, da confiana e da identidade pessoal, que so elementos importantes para o bem-estar psicolgico. Se o jogo tem presentes os valores de solidariedade e cooperao, comeamos a descobrir a capacidade que cada um de ns tem para sugerir ideias. SOMOS COMPETITIVOS POR NATUREZA? Mas afinal, somos competitivos por natureza? Na grande maioria de vezes em que falamos em jogos cooperativos, escuramos como resposta: "Mas o Ser Humano e competitivo por natureza. O mundo dos mais fortes." Com muita frequncia tambm ouvimos falar da teoria de seleo natural de Darwin, para justificar a competio. O conceito de sobrevivncia do mais apto tem sido usado com abuso para justificar o princpio de que "a fora estcerta". Entretanto "o mais apto" no significa ser o mais forte ou o mais bruto. Darwin ficou amargurado por suas teorias terem sido distorcidas para justificar negociatas, crueldade e guerras contra os mais fracos. Charles Darwin afirmou, claramente, que, para a raa humana, o valor mais alto de sobrevivncia est na inteligncia, no senso moral e na cooperao social, e no na competio. Entretanto, o homem moderno est se afastando cada vez mais da coexistncia harmoniosa, que foi fundamental para o seu desenvolvimento e sobrevivncia. A direo em que o homem est indo na sociedade ocidental pode ser comparada ao desenvolvimento do cncer. O aspecto mais caracterstico do cncer dentro de um corpo humano, ou dentro de uma sociedade, que as clulas cancerosas cuidam somente de si prprias. Elas se alimentam das outras partes do 18. 17 seu hospedeiro, at efetivamente mat-lo. Consequentemente, elas cometem suicdio biolgico, uma vez que a clula cancerosano sobrevive fora do corpo em que ela iniciou seu desenvolvimento descuidado e egocntrico. A competio em suas formas extremas nos torna a todos perdedores. A longo prazo, no haver vencedores, somente perdedores, a no ser que comecemos a nos voltar para uma direo mais cooperativa e harmoniosa. Afinal, o ser humano competitivo ou cooperativo? Atravs de novas alternativas para se jogar, podemos estimular o encontro, como nos orienta Brotto (1997, apud SOLER, 2006), quando afirma que jogar-e-viver uma oportunidade criativa para encontrar: com a gente mesmo, com os outros e com o todo. Devemos permitir que atravs do jogo diminuamos a distncia que nos separadas outras pessoas. Para isso parece claro que no devemos nos deixar levar pelo mito de que o ser humano competitivo por natureza, pois, como j vimos, a estrutura social que nos leva a competir ou cooperar, ento depende de cada um de ns, ou melhor, de todos ns. Orlick (1989, apud SOLER 2006) indica um caminho: se nossa qualidade de vida futura, e talvez at nossasobrevivncia, depender da cooperao, todos pereceremosse no estivermos aptos a cooperar, a ajudar uns aos outros, a sermos abertos e honestos, a nos preocuparmos com os outros, com as nossas geraes futuras. Concordamos com essa opinio, e vamos mais fundo: s conseguiremos superar o que vem pela frente com muita cooperao e ajuda mtua. COMO ENSINAR A JOGAR? Para iniciar, temos aquilo que Brotto (1999, apud SOLER, 2006) chamou de ciclo de ensinagem, que se divide em: a) Vivncia; b) Reflexo; c) Transformao. A pedagogia dos jogos cooperativos apoiada nessas trs dimenses de ensino-aprendizagem. 19. 18 a) Vivncia: Incentivando e valorizando a incluso de todos, respeitando as diferentes possibilidades de participao; b) Reflexo: Criando um clima de cumplicidade entre os praticantes, incentivando-os a refletirem sobre as possibilidades de modificar o jogo, na perspectiva de melhorara participao, o prazer e a aprendizagem de todos; c) Transformao: Ajudando a sustentar a disposio para dialogar, decidir em consenso, experimentar as mudanas propostas e integrar, no jogo, as transformaes desejadas. Resumindo, a cooperao um exerccio, e, sendo um exerccio, carece de ser praticado, ento podemos, ajudados pelo ciclo de ensinagem, dizer que o processo do jogo cooperativo assim dividido: Ento teremos que viver um jogo, depois fazer uma reflexo do que jogamos, para recomear, mas de forma sempre nova/melhorada, lembrando que a principal caractersticado jogo cooperativo no ter fim. E um dos seus objetivos fazer com que as pessoas que jogam sintam prazer em sempre continuar jogando/vivendo. Terry Orlick (1989, apud SOLER, 2006) dividiu os jogos cooperativos em diferentes categorias, pois sempre necessrio adequar os jogos ao grupo que se prope a jogar: a) Jogos cooperativos sem perdedores: Todos os participantes formam um nico grande time. So jogos plenamente cooperativos. b) Jogos de resultado coletivo: Permitem a existncia de duas ou mais equipes, havendo um forte trao de cooperao dentro de cada equipe e entre as equipes, tambm. O principal objetivo realizar metas comuns. c) Jogos de inverso: Enfatizam a noo de interdependncia, por meio da aproximao e troca de jogadores, que comeam em times diferentes. Os jogos de inverso se dividem em quatro tipos: AAO REFLEXO AO MELHORADA 20. 19 - Rodzio: Os jogadores mudam de lado de acordo com situaes preestabelecidas, como, por exemplo: depois de sacar (voleibol); aps a cobrana de escanteio (futebol); assim que arremessar um lance livre (basquete). - Inverso do goleador: O jogador que marca o ponto possa para o outro time; - Inverso do placar: o ponto conseguido marcado para o outro time. - Inverso total: Tanto o jogador que fez o ponto como o ponto conseguido passam para o outro time. d) Jogos semi-cooperativos: Indicados para um incio de trabalho com jogos cooperativos, especialmente com adolescentes, num contexto de aprendizagem. Oferecem oportunidade de os participantes jogarem em diferentes posies: - Todos jogam: Todos os que querem jogar recebem o mesmo tempo de jogo; - Todos tocam/todos passam: A bola deve ser passada por entre todos os jogadores do time para que o ponto seja validado; - Todos marcam ponto: Para que um time vena preciso que todos os jogadores tenham feito pelo menos 01 ponto durante o jogo. (Podem-se utilizar tambm outros critrios, tais come bola na trave, no aro ou tabela, um saque correto etc.); - Todas as posies: Todos passam pelas diferentes posies no jogo (goleiro, tcnico, torcedor, dirigente, etc); - Passe misto: a bola deve ser passada, alternadamente, entre homens e mulheres. - Resultado misto: Os pontos so convertidos, ora por um homem, ora por uma mulher. Podemos atravs dessas categoriasadequaro tipo de jogo que usaremos, pes muito importante fazer com que as pessoas que jogam se sintam seguras e felizes, da a importncia de se iniciar gradativamente de se iniciar gradativamente o trabalho, pois cada grupo tem suas prprias caractersticas, condies e ritmos, que devem sempre ser levados em considerao. 21. 20 CRIANDO NOVOS GRUPOS Um dos momentos mais esperados quando se vai jogar a formao dos times ou grupos, e justamente nesse instante que podemos mudar nossa forma de separar/formar grupos. Devemos criar alternativas criativas e divertidas, e para isso podemos levar em considerao o que diz Brotto(1999, apud SOLER, 2006), formar, desfazere transformar grupos em times um exerccio que pode nos preparar para circular com maior leveza, flexibilidade e prazer por entre os vrios contextos que vivemos no dia-a-dia. O que acontece na maioria das vezes que as pessoas preferem ficar ao lado de quem j conhecem, e com quem tm mais intimidade. Ento, o nosso papel fazer com que elas deem a oportunidade a si mesmas de conhecer novas pessoas e formar novas e interessantes parcerias. No significa que haja algo de ruim estar com quem se gosta, s uma chance de novas participaes com a incluso de novos amigos. Existem alguns critrios que podem ser utilizados quando queremos "mexer" com o grupo, misturando de modo saudvel as diferenas: a) Dia do nascimento: Grupo 1a quinzena; grupo 2a quinzena; b) Cores das roupas: clara e escura; c) Tipo de calado: tnis, sapato, sandlia, tamanco etc; d) Cor dos cabelos: claros e escuros; e) Ms do nascimento: 1o trimestre; 2o trimestre; 3o trimestre e 4o trimestre; Dividimos o grupo em dois, tambm utilizando a seguinte diviso: Os nascidos no 1o semestre em um time; e os nascidos no 2o semestre em outro. As formas so variadas e tudo depender da criatividade do facilitador, e tambm do grupo que joga, pois as ideias de diviso devem partir tambm de quem joga. Aproposta dos jogos cooperativos deve estar acompanhada de atitudes que favoream o respeito, a valorizao e a integrao de todos. Enquanto educadores conscientes, devemos sempre eliminar as diferenas, sem, contudo, deixar de reconhecer que cada ser um indivduo com possibilidades e limitaes. Neste sentido, devemos oferecer oportunidades iguais a todos sem 22. 21 discriminao, para que ele possa se sentir como pea fundamental dentro do grupo. Segundo Orlick (1989, apud SOLER, 2006), quando todos podem ganhar com a contribuio de todos, algo estranho acontece. As pessoascomeam a ajudar umas s outras. Dando chance para que as pessoas joguem juntas, tentando superar um desafio comum, contribumos para que se tornem mais cooperativas e solidrias. TRANSFORMANDO JOGOS CONHECIDOS Uma alternativa muito interessante a transformao de jogos antigos e competitivos em jogos totalmente cooperativos. A primeira coisa a fazer eliminar a nfase na competio e focar o objetivo em metas coletivas, no se destacando o vencedor. As caractersticas principais do jogo, como o desafio e a ludicidade, devem ser mantidas, pois o que faz com que quem joga seja seduzido por ele. Devemos, sempre que possvel, pedir para os participantes darem opinies sobre como transformar o jogo. Brown (1994, apud SOLER, 2006) nos ensina como modificar um jogo competitivo transformando-o em cooperativo: Exemplo de adaptao de um jogo competitivo est na ponte de cadeiras. Na verso competitiva, preveem-se duas equipes que formam filas para ver quem pode chegar primeiro a um determinado lugar. Todos esto parados sobre as cadeiras.O objetivo deslocar-se sempre em cima das cadeiras, passando-as para frente, estabelecendo uma espcie de ponte. Agora, como adaptar esse jogo para que seja cooperativo? Em vez de duas equipes, formamos somente uma e planejamos que o objetivo que todos se desloquem antes que termine uma cano. Fica mais interessante quando a forma de deslocamento no explicada; apenas se pede a todos que parem sobre as cadeiras(pode ser em crculo), Explica-se que o objetivo que todo o grupo chegue a um lugar marcado, sem descer das cadeiras. O grupo deve consegui-lo antes que termine uma cano. Ficaevidente que o mais importante que o grupo perceba como fazer para alcanar o objetivo final, e que essa lio fique para ser utilizada depois, na prpria vida. 23. 22 CRIANDO UM JOGO NOVO Outra alternativa criar um jogo cooperativo totalmente novo, em que, segundo Brown (1994, apud SOLER, 2006), devemos levar alguns fatores em conta: a) Estabelecer o uso possvel do jogo: para relaxar, um jogo quebra gelo etc. b) Estabelecer o destinatrio do jogo: crianas, jovens, adultos, grupos maiores ou grupos com necessidades especiais; c) Determinar se o jogo para grupos pequenos, grandes e onde se pode jog-lo (dentro de um salo, na rua, numa quadra etc). Quando se est satisfeito com a ideia, podem-se anotar os passos do jogo e experimentar para sentir se do os resultados esperados. Continuamos com Brown (1994, apud SOLER, 2006), que diz quais so as perguntas que podem ser feitas para se ver se o novo jogo corresponde ao objetivo: a) O jogo reflete bom humor? Permite que os participantes riam todosjuntos? Reflete a ideia de que, s vezes, faz sentido fazer coisas que no tm sentido? b) O jogo cooperativo? Os participantes podem jogar com os outros e no contra os outros? Pode-se ter prazerno jogo e no no resultado? c) O jogo positivo? Anima os participantes a apoiarem-se? H ausncia de comentrios crticos? Os participantes se sentem bem durante e depois do jogo? d ) O jogo participativo? Anima todos a jogarem em vez de observarem? Os participantes se sentem mais unidos depois do jogo? e ) O jogo permite que os participantes sejam criativos e espontneos? Permite a recreao, a possibilidade de mud-lo? f ) H igualdade de participantes no jogo? E um jogo em que o facilitador tambm mais um jogador? g ) Cada participante pode estabelecer seu prprio ritmo? O jogo evita projees pessoais e facilita a participao coletiva? h ) O jogo oferece um desafio? Tem esprito de aventura? i ) O jogo leva em conta os participantes? Coloca nfase no desenvolvimento ou resultado? j ) O jogo divertido? 24. 23 Se o novo jogo atende a todas as perguntas, ento j podemos dizer, sem medo de errar, que estamos diante de um jogo cooperativo, o qual tem o poder transformador de ajudar a nos tornarmos o tipo de pessoas que realmente gostaramos de ser. E segundo Orlick (1989, apud SOLER, 2006), muitas dasbasesaonosso comportamento podem estar nas brincadeiras e jogos infantis. A nossa misso maior fazer com esses jogos modifiquem o comportamento, tornando as pessoas mais honestas e atenciosas. E para isso temos o que Brotto (1999, apud SOLER 2006) chama de habilidades de relacionamento cooperativo, em que se destacam: a) Focalizar uma viso e propsito como-um, identificando um centro de interesse comum a partir de interesses pessoais compartilhados; b) Descobrir, valorizar e praticar o estilo pessoal de ser, despertando talentos, qualidades e virtudes em ns mesmos e uns nos outros; c) Harmonizar crises, solucionar conflitos e superar obstculos e dificuldades atravs da recreao coletiva; d) Sustentar a auto-mtua confiana, oferecendo e pedindo ajuda. e) Preservar um ambiente de alegria e descontrao, favorecendo a tomada de deciso e iniciativa; f) Alcanar objetivos, aparentemente impossveis, acreditando que tudo possvel, desde que seja (im) possvel para todos, sem exceo; g) E celebrar os sucessos e insucessos em comum-unidade, desfrutando de todo o processo do jogo como um instante de encontro e realizao humana. Quando temos o interesse, ou melhor, a necessidade de transformar uma prtica, podemos citar Diem (1981, apud SOLER, 2006) que afirma que afim de permitir a cada um dos estudantes as mesmas oportunidades de aprendizagem, necessrio haver ofertas variadas. Importante que quando falamos em criarum novo jogo, seja levado em conta que todas as pessoas so diferentes no incio do processo, e com certeza sero diferentes ao final. Num mesmo grupo podemos encontrar pessoas bem treinadas, seguras, autoconfiantes, extrovertidas, ao lado de outras, amedrontadas, gordas, desengonadas ou deficientes. 25. 24 Ento, podemos fazer como nos sugere Joseph (1998, apud SOLER, 2006), na terapia do divertimento: Divirta-se com os outros. O desafio das brincadeiras em grupo amplia sua viso e estimula seu talento. Atravs dos jogos cooperativos, Brotto (1999, apud SOLER, 2006), sugere que dois aspectos fundamentais so desenvolvidos: a) Autoestima: despertando e desenvolvendo os talentos, vocaes, dons e tons pessoais, como peas singulares, importantes e fundamentais ao grande jogo de coexistncia. b) Relacionamento interpessoal: como um princpio vital para a aproximao, entrelaamento e arranjo harmonioso, de cada uma das diferentes peas para a recreao do todo. E ele (Brotto, 1999) continua, afirmando que atravs do jogo cooperativo a sinergia entre autoestima e relacionamento interpessoal sintetizada e ganha propores extraordinariamente educativas e transformadoras. 26. 25 AULA 4 O EDUCADOR Texto3: EDUCANDO NOS DIAS DE HOJE! Estamos passando por uma mudana de paradigmas, poruma fase em que os saberes no so mais exclusividade de quem ensina, tanto quanto seres humanos quanto como educadores. O papel do educador muito mais o de um facilitador e orientador do processo de desenvolvimento do(s) outro(s). O objetivo do educador o de oferecer instrumentos ao educando para que ele possa procurar dentro de si eno mundo externo, as informaes necessrias para o seu crescimento. O educador/facilitador um alavancador de novos rumos, motivador para a mudana, auto-conhecimento,auto-transformao e reformulao de valores. O papel do educador o de levantar questionamentos que provoquem e desequilibrem seu(s) interlocutor(es), em prol damudana. Porque e quando isto acontece? No um acontecimento instantneo e sim um processo, onde para cada indivduo ocorre a partir de eventos ou fatos muito particulares. A partir de um desconforto, de um sentimento de que as coisas no esto certas do jeito que esto Para mudar precisamos nos desvencilhar de ideias preconcebidas, formas viciadas de relacionamento, para reconstruir, tijolo por tijolo, nossa nova forma e, aos poucos, ir experimentando qual o clima que darei a cada encontro, a cada oficina, a cada aula. Quais as bases de pensamento sobre as quais irei sentar, me alimentar e dormir; ou seja, os novos paradigmasque iro servir de norte para o meu novo comportamento, minha nova postura; que estilo irei adotar. Se refletirmos a respeito de : a) que estilo quero adotar(filosofia); b) o que essencial para mim (meus valores) e o que superficial (justificativa); c) o que quero nesta nova fase (meus objetivos); d) como vou apresentar essas questes (metodologia); e) que materiais vou utilizar. Avaliar o que est confortvel, o que est prtico,ir fazendo os pequenos ajustes para ir adequando o meu espao ao meu jeito. A minha filosofia de trabalho s necessidades de todos aqueles que moram comigo ou vem me visitar. 27. 26 Vamos refletir respeito da postura do educador at os dias de hoje: a) autoritria, centrada em um nico indivduo, considerado detentor dos saberes, dono da verdade; b) unilateral, no sentido de no ter flexibilidade, utilizando e repetindo velhas frmulas ou receitas sem atentar para as necessidades daqueles a quem nos dirigimos; c) o seu maior objetivo ensinar, informar, transmitir conhecimentos; d) considera o outro como uma tbua rasa que deveria incorporar, adotar os seus saberes incontestveis; e) abomina o conflito; f) condena e rejeita o erro; g) avalia, taxa e classifica o bom e o ruim, o melhor e o pior. Vamos fazer agora, uma reflexo a respeito da postura do novo educador, facilitador do processo do outro: a) ele ouve, observa e reconsidera o processo de desenvolvimento do seu aluno/educando/aprendiz; b) reflete a respeito da sua prpria prtica, recriando-a em funo das necessidades do(s) seu(s) interlocutor(es): avalia o seu processo e postura; c) reconstri junto com o(s) outro(s) os saberes; d) flexvel e aberto para a mudana; e) trabalha a partir dos conflitos, procurando caminhos para resolv-los; f) utiliza o erro como alavanca e desafio para novas aprendizagens; g) o seu maior objetivo formar, propiciar a abertura de canais no outro e oferecer ferramentas para que o outro possa ser ele mesmo, se descobrir, expressar-se. Baseado No texto de Adriana Friedmann 28. 27 AULA 5 OS CONTATOS Texto 4: OS PRIMEIROS CONTATOS. JanderDenicol Amaral4 "Nunca duvide da fora de um pequeno grupo de pessoas para transformar a realidade.Na verdade eles so a nica esperana de que isso possa acontecer". (MARGARET MEAD) Nossa inteno mostrar, por meio de uma proposta cooperativa, outras possibilidades, outros caminhos de promover um desenvolvimento humano mais enriquecedor e eficaz. ACESSANDO O GRUPO Quando entramos em contato com um grupo para desenvolvermos um trabalho, muito importante levarmos em considerao algumas orientaes que iro facilitar o desenvolvimento e a continuidade da proposta: a) conhecer as necessidades e limitaes dos membros do grupo; b) encontrar o melhor caminho para entender o grupo e cada indivduo; c) entender que alguns integrantes apresentam dificuldades de se relacionar com outras pessoas; d) idade cronolgica. SELECIONANDO UMA ATIVIDADE Escolher uma atividade no uma tarefa muito fcil. Devemos ter ateno aos objetivos e estrutura da proposta: a) adequao das atividades s necessidades do grupo; b) adequao das ati idades ao ambiente; c) atividades com nvel de dificuldade gradativo; d) atividades que proporcionem um incremento no nvel de motivao ecooperao do grupo. 4 AMARAL, Jader Denicol. Jogos cooperativos. So Paulo: Phorte, 2004. 29. 28 CONDUZINDO A ATIVIDADE Devemos permitir que ogrupo explore todas as possibilidades que surgirem durante a atividade. aconselhvel ficar atento spercepes dos participantes, pois isso enriquecea nossaforma de contribuir com o grupo. Para isso necessrio: a) Proporcionar uma discusso durante a atividade em que o grupo perceba o seu prprio desenvolvimento; b) Permitir que a atividade se desenvolva naturalmente no ritmo do grupo; c) Preparar o grupo para o tipo de atividade a ser realizada. CONDUZINDO A DISCUSSO Temos vrias possibilidades de interveno que podem favorecer o bom andamento de uma discusso. Partindo de uma crtica de nossos estudantes e de uma reflexo de nossa prtica, estaremos contribuindo para um melhor entendimento das vivncias realizadas. E sugerimos que: a) O grupo seja organizado em crculo; b) Sejamos flexveis, tentando entender os diferentes sentimentos em relao atividade; c) Sempre d retorno de cada observao realizada; d) Encerre a discusso com aspectos positivos. 30. 29 AULA 5e 6 O MELHOR DOS JOGOS COOPERATIVOS Texto 5: ENTENDENDO MELHOR OS JOGOS COOPERATIVOS. JanderDenicol Amaral5 Podemos chorar, implorar desesperadamente para que o tempo se congele, mas ele surdo a qualquer apelo e, com muita pressa, segue em frente. Sobre os ossos petrificados e os restos amontoados de inmeras civilizaes esto as palavras patticas:Tarde de mais!. (MARTIN LUTHER KING JR.) Os jogos cooperativos so atividades que requerem um trabalho em equipe com o objetivo de alcanar metas mutuamente aceitveis. No necessrio que os indivduos que cooperam tenham os mesmos objetivos, porm seu alcance deve proporcionar satisfao para todos os integrantes do grupo. O jogo cooperativo busca aproveitar as condies, capacidades, qualidades ou habilidades de cada indivduo, aplic-las em um grupo e tentar atingir um objetivo comum. O mais importante a colaborao de cada um, o que cada um tem para oferecer naquele momento, para que o grupo possa agir com mais eficincia nas tarefas estabelecidas. Esse tipo de jogo traz uma alternativa ao jogo de competio, no qual, algumas vezes, o outro passa a ser um obstculo que se tem que passar a qualquer custo para atingir um objetivo. O jogo um espao riqussimo em que se produzem infinitas situaes que exigem a participao na soluo de problemas. Essa busca para solucionar problemas, caracterstica fundamental da estrutura COOPERATIVA, implica em um processo de explorao, escolha e, finalmente, tentativa de responder a algumas questes (O que fazer? Como fazer? Quando fazer? Onde atuar?) para definir a ao. Assim, o processo de participao no jogo pode resultar em um enriquecimento e crescimento, tanto pessoal como do grupo e das prprias atividades propostas. Os jogos cooperativos propem a busca de novas formas de jogar, com o intuito de diminuir as manifestaes de agressividade nos jogos, promovendo atitudes de sensibilidade, cooperao, comunicao, alegria e solidariedade. 5 AMARAL, Jader Denicol. Jogos cooperativos. So Paulo: Phorte, 2004. 31. 30 A esperana, a confiana e a comunicao so as principais caractersticas dos jogos cooperativos. O jogo cooperativo busca a integrao de todos, a alegria e a valorizao do indivduo na construo do processo de participao. Os jogos cooperativos buscam incluir e no excluir, como diz Brown (1994). Cabe recordar que entendemos os jogos cooperativos como componentes essenciais de um projeto educativo baseado na cooperao e resoluo pacfica dos conflitos, onde os meios empregados no sejam antiticos. Para Broto,(2001), a convivncia, a conscincia e a transcendncia so os principais eixos da pedagoga cooperativa. a) Convivncia: a vivncia compartilhada como contexto principal para a aprendizagem no processo de reconhecimento de si mesmo e dos outros; b) Conscincia: a reflexo sobre a vivncia e as possibilidades de modificar atitudes, na perspectiva de melhorar a participao, o prazer e a aprendizagem; c) -Transcendncia: ajudando a sustentar a disposio para dialogar, decidir em consenso, experimentar as mudanas propostas e integrar, no jogo e na vida, as transformaes desejadas. Todos os participantes, em lugar de competir, aspiram uma finalidade comum, trabalhando juntos, combinando suas diferentes habilidades e unindo seus esforos para conseguir atingir um determinado objetivo. A pessoa jogar pelo prazer de jogar. No por uma vitria, e sim pelo divertimento, sem a ameaa de no atingir o objetivo. Nos jogos cooperativos, os companheiros se vem como companheiros de jogo com relaes de igualdade, onde todos so protagonistas. So valores educativos dos jogos cooperativos: a) Construo de uma relao social positiva: os jogos cooperativos mudam as atitudes das pessoas para o jogo e para elas mesmas, favorecendo a criao de um ambiente de apreo; b) Empatia: capacidade para situar-se na posio do outro e compreender seu ponto de vista, suas preocupaes, suas expectativas, suas necessidades e sua realidade; c) Cooperao: valor e destreza necessrios para resolver juntos tarefas e problemas, atravs de relaes baseadas na reciprocidade e no no 32. 31 poder e controle. As experincias cooperativas so a melhor maneira de aprender a compartir, a socializar-se e a preocupar-se pelos demais; d) Comunicao: desenvolvimento da capacidade para expressar, deliberada e autenticamente, nosso estado de nimo, nossas percepes, nossos conhecimentos, nossas emoes e nossas perspectivas; e) Participao: gera um clima de confiana e de implicao comum; f) Apreo e autoconceito positivos: desenvolver uma opinio positiva de si mesmo, reconhecer e apreciar a importncia do outro. A auto- estima, confiana e segurana em si mesmo so alguns elementos de identidade vital que desempenham um importante papel na determinao de nossa conduta comunicativa. O jogo cooperativo ofe- rece ao jogador a ocasio de apreciar-se, de valorizar-se, sentir-se respeitado em sua totalidade. Pouco importam as suas aptides fsicas, sempre ganhador e nunca eliminado. Respeitar-se envolve o respeito aos outros. Respeitar-se traz a aceitao e o melhor de si. Quando algum se ama, transforma-se e melhora; g) Alegria: uma das metas do ensino-aprendizagem deve ser a formao de pessoas felizes e o desaparecimento do medo do fracasso e do rechao. Um dos grandes pesquisadores no campo da educao para a cooperao, Orlick (1999), valoriza quatro caractersticas essenciais do jogo cooperativo: a coo- perao, a aceitao, a participao e a diverso. Vincula, tambm, esse jogo liberdade em cinco esferas importantes, que so: a) Liberdade da competio: uma das principais caractersticas que distinguem as atividades de cooperao das outras atividades a sua estrutura interna. O objetivo comum para todos os envolvidos. Dessa forma, a atividade est centrada em superar o desafio proposto e no em superar os integrantes do grupo. b) Liberdade para criar: uma importante caracterstica do jogo cooperativo que ele no um jogo pronto, acabado, isto , apresenta distintos caminhos para sua soluo e realizao. 33. 32 c) Liberdade da excluso: excluir algum de uma atividade significa no dar oportunidades para essa pessoa continuar jogando, corrigir seus erros, crescer e continuar aprendendo. d) Liberdade para eleger: um dos grandes incentivos dos jogos cooperativos estimular a iniciativa e o respeito s ideias do grupo. e) Liberdade da agresso: os participantes esto livres do enfrentamento e da batalha de vencer o outro. A ateno do grupo est voltada para unio de esforos, valorizando o que cada um tem, na busca de alternativas para solucionar os problemas. O jogo propicia oportunidades atraentes e ricas em diversas situaes, o que possibilita uma grande dinamicidade de vivncias: confrontamento de pontos de vista, defesa de interesses, participao em discusses, vivncia da crise e do conflito. O jogo evidencia-se, portanto, como um potencializador de fatores scio- emocionais, como a cooperao e a descontrao. O jogo contribui para a construo do conhecimento, das habilidades motoras, do movimento tecnificado, do desenvolvimento da moralidade, da sociabilidade, da emocionalidade, do desejo e da solidariedade. Conhecer as caractersticas e necessidades individuais das pessoas, nos seus diferentes momentos de vida, suas vontades e desejos, associados a uma leitura crtica do nosso cotidiano, uma tarefa bsica para criarmos um ambiente favorvel no processo de humanizao do homem. Figura 2 Jogo com o para quedas. Fonte: Amaral, 2004. 34. 33 ALEGRIA Parece to fcil falar de alegria. Mas ser que sabemos realmente qual o seu valor? A alegria um dos fatores que mais fomenta nosso gosto pela vida. E a busca incansvel por este tesouro que nos fortalece e nos encoraja a ponto de superar todas as dificuldades e sofrimentos que enfrentamos em nosso dia-a-dia. O cotidiano apresentado hoje est longe de ser considerado alegre. E as pessoas tambm tm se apresentado cada vez mais tristes. No mundo em que vivemos, todos se dedicam s preocupaes com o trabalho, dinheiro, a famlia etc. Alm disso, o cotidiano repleto de tristes notcias que chegam at ns pelos meios de comunicao. Com a carga negativa que entra todo dia na vida das pessoas, no estranha a falta do sorriso. As pessoas, tomadas pela realidade, esqueceram de alegrar-se com a simplicidade da vida. Um mar cristalino, um banho de cachoeira, o canto de um ps- saro, o pr-do-sol e nem mesmo a prpria vida capaz de "arrancar" um sorriso das pessoas. preciso faz-las redescobrir a alegria de viver. Se pensarmos e agirmos sempre de forma positiva, veremos que este fenmeno encontra-se presente nas pequenas coisas e atitudes que compem a nossa vida. Se tivermos nossos referenciais de beleza em um jardim florido e colorido, saberemos extrair toda a alegria de poder enxergar. O sorriso a maior demonstrao de alegria. Um sorriso transforma as pessoas, pois exterioriza e oferece ao outro todas as nossas mais puras emoes de carinho, afeto e felicidade. a mais clara demonstrao de que o nosso corao est em perfeita harmonia com o meio externo. O sorriso contagiante e depende de cada um de ns espalhar esse vrus (idia), a fim de que tenhamos um mundo onde as alegrias prevaleam sobre toda e qualquer tristeza. O riso a linguagem da alma. Que tal deix-la se expressar? Uma pessoa feliz e sorridente transforma um ambiente, criando um clima de alegria e contagiando todos ao seu redor. Este clima motivante e estimula a aprendizagem e a boa convivncia. As pessoas alegres se interessam pelos outros e pensam mais nas outras pessoas. A capacidade de ajuda mtua onde existe alegria. Um dia perguntei a uma criana o que era alegria. No mesmo instante, respondeu-me sem pensar duas vezes: "o meu time ganhar". Essa vitria dita 35. 34 conseqncia de uma reproduo de esquemas competitivos. Esta uma proposta ilusria, quando do seu incio, pois cria uma perspectiva da realizao e alcance do defeito em todos os participantes. Porm, medida que o jogo acontece, as diferenas vo se acentuando, e, ao trmino da disputa, encontramos as duas emoes extremas divididas. De um lado, a alegria proveniente da vitria e, de outro, o fracasso e a tristeza decorrentes da derrota, mesmo com todo o esforo e dedicao de todos os participantes. A proposta cooperativa se diferencia, pois a unio dos participantes para solucionar o desafio valoriza as competncias do grupo. Todos se tornam insubstituveis, aumentando a auto-estima dos mesmos. Ao sentirem-se valorizados, os jogadores esto vontade para curtir o jogo e ter a liberdade de alegrar-se com a atividade proposta. O Jogo Cooperativo possui tambm uma caracterstica diferenciada. Ele tem uma dose de humor. Estimula a imaginao, alm de ser engraado. Trabalhar com a fantasia das pessoas extraordinrio, pois exterioriza nossa criana interior. A alegria no algo passivo e por isso requer ATITUDE. Agir para conquistar a to sonhada felicidade. E como j dizia Tom Jobim: " impossvel ser feliz sozinho". CRIANDO E TRANSFORMANDO JOGOS Tendo em vista o paradigma cultural em que vivemos, desde a fase pr-natal j se iniciam as perspectivas dos pais e demais membros prximos famlia para as orientaes e determinaes a serem transmitidas criana, com o objetivo de montar um perfil o mais adaptvel possvel aos costumes sociais. Este modelo extremamente competitivo inserido sutilmente, quando que para nossos pais somos a criana mais bela do planeta, nossas roupas so as mais lindas, nossa pele a mais macia. Assim vamos aprendendo a construir nossos valores, no em um processo somatrio com outras pessoas, mas individualmente, utilizando sempre parmetros de comparao. Na medida em que o referencial de superao representado pelo adversrio, torna-se insustentvel a orientao de valores como ajuda, compreenso e respeito, a partir do momento em que nossa realizao depende do fracasso do outro indivduo. 36. 35 Culturalmente, a sociedade apresenta valores invertidos. Devido a isso, as pessoas no se sentem motivadas a mudanas. Assim, os jogos perdem uma de suas principais caractersticas: a fantasia. A falta de imaginao toma conta, apresentando uma sociedade sem criatividade. "Se algum pode imaginar, pode criar. Pode-se criar, pode fazer do mundo um lugar melhor. A imaginao a primeira fasca que acende a chama da realizao" Aqui est um grande desafio para o professor! Estimular a criatividade, no apenas na execuo dos jogos, mas tambm na sua criao. Alm de criar novos jogos, existe a possibilidade de transform-los: trans (mudana)-forma-ao. Ou seja, mudar a forma da ao no jogo. Porm, transformar jogos competitivos em cooperativos no uma tarefa muito simples. Modificar o incio ou o fim da atividade no ir caracteriz-la como cooperativa. Para isso, ser necessria uma ateno especial na estrutura do jogo. Na estrutura competitiva, cada pessoa ou equipe procura atingir um objetivo melhor do que o outro. J na estrutura cooperativa existe um problema a ser resolvido pelos participantes: em conjunto, superam desafios ou tentam alcanar metas, porm essa meta comum a todos. Portanto, ao adaptar uma atividade, o confronto entre os participantes deve ser eliminado. Ao modificar a estrutura de um jogo, consequentemente as regras sero alteradas. Essas se apresentam mais flexveis e adaptveis ao grupo e ao momento nos Jogos Cooperativos. A liberdade para criar tambm pode partir dos participantes, que, juntos, podem encontrar maneiras diferentes de jogar. Ao transformar um jogo, alguns cuidados devem ser tomados. O primeiro o referente incluso. Como existe uma meta comum, todos os participantes devero alcan-la, permanecendo na atividade do incio ao fim. Quando se transforma o tradicional, algo novo e diferente surge. E tudo aquilo que se aproxima do nunca visto mais divertido. E assim ocorre tambm com os jogos. Alm das novas regras e adaptaes, transforma-se o jogo em algo mais divertido. Dar boas risadas e compartilhar sorrisos no uma tima jogada? 37. 36 A criatividade e a comunicao so estimuladas no apenas pelo processo de busca da melhor estratgia para se chegar ao proposto, mas tambm pelo processo de criao e transformao dos jogos. COOPERAO E COMPETIO A Educao hoje uma preocupao em nvel mundial. Muitos pases, conforme suas caractersticas, propem reformas em seus sistemas educacionais. As Universidades no cessam suas longas buscas por caminhos que apontem para modelos de ensino mais efetivos, para a construo do cidado melhor, preparado para enfrentar esta revoluo em todos os processos da nossa vida. A Educao deve preparar o indivduo, em todas as suas fases existenciais, para este novo perfil de qualificao dos servios, para o exerccio da cidadania e para esta nova dimenso de mundo. Sabemos que o conhecimento, a criatividade e a iniciativa constituem-se em elementos fundamentais no desenvolvimento do indivduo, e partimos do pressuposto que o ser humano est em um processo contnuo de crescimento, em permanente evoluo. iminente criarmos espaos de aprendizagem em que a Educao formal no atua. Habilitarmos as pessoas nas suas comunidades, como gerentes do seu processo de desenvolvimento, em suas mltiplas funes, como um ser feliz, social e poltico. Preocupados com o bem-estar dos indivduos, devemos oportunizar a essas pessoas um espao de crescimento, descoberta e lazer. Entendemos que a auto- imagem e auto-estima positiva so de fundamental importncia para o desenvolvimento saudvel do indivduo e que devemos fomentar mais a cooperao. Brown (1994) registra que: a interao cooperativa com os outros necessria para o desenvolvimento da auto-estima, da confiana e da identidade pessoal, que so elementos importantes para o bem-estar psicolgico. A cooperao e a competio fazem parte do nosso cotidiano. Incentivar os jogos cooperativos significa oferecer s pessoas opes de participao. Desde que nascemos, parece que s nos oferecem uma opo. Competir, vencer algum ou ganhar alguma coisa. Vivemos no mundo do primeiro lugar, na iluso da vitria, 38. 37 onde quem se beneficia dos sorrisos, dos aplausos, dos olhares satisfeitos, das caras de aprovao, dos gritos de exaltao e dos louvores apenas uma pessoa. Como aponta MortonDeutsch (apud BROWN, 1994), os membros de grupos cooperativos consideram que so mais capazes de produzir efeitos positivos sobre seus companheiros de grupo do que os membros competitivos. A antroploga Margaret Mead (apud ORLICK, 1999), nos diz que a estrutura social que determina se os membros de determinada sociedade iro competir ou cooperar entre si, isto , o comportamento do indivduo, competitivo ou cooperativo, condicionado pela nfase das estruturas dentro de uma dada sociedade. Como aponta muito bem Brown (1994) acreditamos que nossa busca para criar alternativas de educao, organizao e comunicao devem partir fundamentalmente da cooperao. O autor enfatiza tambm que, se o jogo apresenta valores positivos como a solidariedade e a cooperao, os indivduos tm uma maior oportunidade de sugerir suas idias, de descobrir e expressar suas capacidades. Para Brown (1994) o processo de desenvolver um ambiente afirmativo est diretamente vinculado s possibilidades de criatividade do grupo. Alm disso, quando uma pessoa se sente motivada para atingir uma finalidade, seja no jogo ou no trabalho, ela se sente mais sujeito de sua histria. Os indivduos que se sentem aceitos pelo grupo podem explorar com mais segurana e liberdade os problemas que aparecem, assim como assumir riscos, analisar suas capacidades, aceitarem e aprenderem com seus erros. Por meio do jogo o homem constri pontes de comunicao. A partir disso, devemos estar vigilantes para as mensagens que transmitimos atravs dele, para no reproduzirmos os valores individualistas e agressivos da sociedade em que vivemos. Observa-se que os indivduos de grupos cooperativos ajudam-se mutuamente com mais frequncia, so mais sensveis s solicitaes dos companheiros e valorizam a ao do outro. Existe tambm uma maior manifestao de amizade, maior coordenao de esforos para atingir um objetivo e uma maior produtividade em termos qualitativos. Jogar e viver cooperativamente vai muito alm do simplesmente vencer ou ganhar. Significa resgatar e valorizar o verdadeiro sentido do humano. No somos contra a competio. Podemos educar as pessoas atravs da cooperao e da 39. 38 competio. Devemos dar mais ateno e um tratamento srio competio, e no simplesmente "virar de costas" e deixar as coisas como esto. Estamos trabalhando e colocando em jogo os sentimentos das pessoas. Como eu vejo o outro? Como eu vejo o jogo? Como poderia me sentir melhor durante o jogo? Como posso oferecer para o outro um caminho de crescimento e desenvolvimento de valores positivos no jogo? 40. 39 AULA 7 TIPOS DE JOGOS Texto 6: TIPOS DE JOGOS. Guilhermo Brown6 Regina Fourneuat Monteiro7 As diferenas podem nos transformar em iguais (Autor desconhecido) TIPOS DE JOGOS Monteiro (2012) classifica os jogos em: jogos de apresentao,Jogos de relaxamento e sensibilizao, Jogos para favorecer a integrao grupal, Jogos de confiana, Jogos para estimular a observao e a percepo, Jogos de papis, Jogos para encerramento e Jogos para incio de trabalho com grandes grupos. Jogos de apresentao s vezes, quando entramos em contato com um grupo, observamos que nem sempre as pessoas se conhecem. Ser este, ento, um grupo ou um agrupamento? So pessoas de diferentes lugares, reunidas com um objetivo comum - o interesse pelo trabalho a ser realizado -, mas que no mantm, entre si, nenhum outro tipo de relao? Torna-se, portanto, necessrio oferecer-lhes condies para maior aproximao, para a criao de uma coeso interna que venha a facilitar o bom desenvolvimento da atividade a ser realizada. Um "clima" propcio para conduzir ao que, em psicodrama, inspirados em Bion (foi psiquiatra e psicanalista, foi defensor da psicoterapia em grupo e escreveu obras referentes ao assunto),chamamos de um continente receptivo e favorvel aos contedos que podero emergir no decorrer da ao. Uma apresentao formal em que cada um dos participantes diz seu nome, sua profisso, ou fornece alguma outra informao, nem sempre suficiente. Quando em situao social, por exemplo, somos apresentados a vrias pessoas, 6 BROWN, Guilhermo. Jogos cooperativos: teoria e prtica. So Leopoldo: Sinodal, 1994. 7 MONTEIRO, Regina, Fourneaut. O ldico nos grupos: terapeuticos, pedaggicos e organizionais. So Paulo: Agora, 2012. 41. 40 geralmente esquecemos seus nomes; guardamos na memria apenas os nomes de alguns - os demais, quem so mesmo? Acreditamos ser o jogo a forma mais eficiente para iniciar um contato, pois facilitar uma aproximao, certa intimidade ou maior afinidade entre os participantes. Uma atividade descontrada e ldica favorece a criao de laos amigos e a coeso necessria. Assim, a estria (fico, criao do imaginrio) e a histria (fato verdadeiro, real, fato ocorrido) daquelas pessoas comeam a ser criadas. o primeiro passo para constituir realmente o grupo. Jogos de relaxamento e sensibilizao Relaxar descontrair, desengessar, soltar-se liberdade, atingir um estado de alvio das tenses, sejam elas mentais ou corporais. S assim podemos estar sensibilizados para nos perceber e perceber o outro. A to apregoada tele, no psicodrama e descrita por Moreno (autor argentino de psicodrama citado por Monteiro, 2012), exatamente poder olhar-se, direcionar o olhar para o outro e perceb-lo, e o outro, igualmente, poder nos olhar e nos perceber. Trata-se de um processo interpessoal. Entrar em sintonia com o parceiro para que, juntos, possam encontrar uma direo, um caminho comum. Esses procedimentos induzem improvisao e livre interpretao - estmulos criao. Deixando de lado as preocupaes do dia a dia, as tarefas e obrigaes, com a mente livre e aberta e o corpo distensionado, disponho-me a receber o novo, criar, imaginar, fantasiar, e a expressar corporalmente minhas sensaes, emoes e sentimentos. Jogos para favorecer a integrao grupal Falamos antes, ao introduzir os jogos de apresentao, sobre a necessidade de criar uma relao mais prxima entre os participantes de um grupo. Mas esse apenas o primeiro passo. Torna-se necessria a criao de vnculos entre as pessoas. Provavelmente nem todas chegaro a estreitar relaes; a intensidade destas ser varivel. Um novo perfil grupal, entretanto, criado; o grupo adquire uma identidade. Para que isso ocorra, deve ser feito um cuidadoso trabalho de integrao. Em um campo relaxado, solto, sem tenses ou estresse, as pessoas se colocam mais disponveis para as relaes. fundamental criar condies para que isso ocorra. 42. 41 Quantas vezes uma criana chega a um lugar qualquer, seja no parque, na escola, na festinha de aniversrio, e, em pouco tempo, comea a se relacionar com as outras crianas? Sua linguagem o ldico, a brincadeira, o jogo. Que tal resgatar no adulto essa capacidade que, com o tempo, foi relegada a segundo plano? Jogos de confiana Jogos que dependem de uma relao pr-estabelecida e como o prprio nome j diz, confiana! A Questo do toque sempre muito delicada e deve ser abordada e introduzida com cautela para no afastar, esfriar ou at mesmo estragar o clima entre os participantes. Estes jogos ajudam os participantes a observar comolidam com a confiana em suas vidas. Devem ser utilizados com bastante cuidado, o focalizador deve estar atento ao momento do grupo e s reaes de cada participante, assegurando-se de que o momento este, pois eles podem disparar processos psicolgicos internos. So Muito teis tambm quando um grupo que j trabalha junto demonstra sinais de desgaste, desequilbrio e intrigas comeam a aparecer. Confiar em nosso semelhante fcil? Sentir segurana no acolhimento do outro, poder entregar-se sem medo? Quantas vezes pensamos em falar algo, agir "assim ou assado", contar para algum um fato que se passa conosco e ficamos com receio? Vem a pergunta: como isso ser recebido? O grupo, por menor que seja, possuem em miniatura todas as caractersticas de um grupo humano maior. As regras, os valores, os preconceitos, as conservas culturais esto nele vivos e presentes. Como, ento, confiar e poder entregar-se sem receio de ser julgado ou rejeitado? Existe a certeza de ser aceito, recebido, acolhido? Em alguns momentos no decorrer do trabalho, torna-se necessria uma avaliao, uma verificao de como anda a confiana de cada qual no grupo. Como fazer isso? Falando sobre um assunto, escolhemos palavras, garimpo e me censuro. Com a ao, o corpo fala por mim e "entrega", muitas vezes de modo ingnuo e simples, sem barreiras, aquilo que sinto. C pra ns, ele nos trai! Que tal arriscar por a? 43. 42 Jogos para estimular a observao e a percepo Olhar e no enxergar! Como exercitar o olhar atento e noapenas perceber as coisas de modo superficial, automaticamente, mas concentrar-se no que v? possvel desenvolver nossa capacidade de olhar de modo cuidadoso. Perceber deta- lhes muitas vezes transforma o conjunto, que ento se iluminae adquire novo colorido. Alm da desateno, outro fator que interfere e cega quando estamos em campo tenso. Voc j deve ter passado por isso quando, por exemplo, est com muita pressa, na correria, com os minutos contados, e no encontra a chave do carro que est na mesa em sua frente! Aprender a relaxar nesses momentos como tomar distncia, afastar-se. Com isso, a ateno melhora e, consequentemente, a percepo torna-se mais aguada. O jogo demonstra ser um excelente auxiliar ao qual podemos recorrer nesses casos. A brincadeira e a linguagem ldica aliviam as tenses e criam uma atmosfera permissiva e no angustiante. Jogos de papis A noo de papel fundamental. Por meio dele ocorre a interrelao. Para que qualquer trabalho psicodramtico acontea, cenas so descritas e realizam-se no "como se", por meio da representao de papis. Nesse contexto d-se a vivncia de situaes reais ou fantasiosas. Jogos que permitam a criao livre e espontnea de papis vo, com certeza, ampliar esse universo. Aqui, entendemos papel como a unidade cultural de conduta. Na vida, desempenhamos papis todo o tempo -por exemplo: neste momento, desempenho o papel de escritora e voc, que agora l este texto, o papel de leitor! Jogos para incio de trabalho com grandes grupos Consideramoso nmero de participantes da seguinte forma: Bipessoal: compe-se de duas pessoas. Nota: o grupo de trs de dinmica edpica. Grupo pequeno: de 4 a 15 pessoas. Grupo mdio: de 15 a 30 pessoas. Grupo grande: de 31 a 60 pessoas. 44. 43 Grupo sem limites: acima de 60 pessoas (sociodramas, psico-dramas pblicos). Quando deparamos com um grupo com mais de 31 pessoas, precisamos, para incio do trabalho a ser realizado, "aquecer" os participantes, aproxim-los, criar um ambiente favorvel ao bom desempenho. Esse um procedimento comum e necessrio a qualquer encontro, independentemente do tamanho do grupo. Entretanto, quando se trata de um grupo mais numeroso, temos de recorrer a alguns jogos mais especficos que facilitem o alcance desse objetivo. Uma atmosfera gil, leve, descontrada e facilitadora da ao. Como conseguir isso? Descrevemos, a seguir, alguns procedimentos que julgamos adequados a esses momentos. Jogos de Quebra-Gelo, Ativadores e de Integrao Jogos normalmente utilizados com grupos que ainda no se conhecem bem. Abertura de eventos, seminrios, formao de novos grupos. Independente de permanecerem ou no juntos por muito tempo. Jogos de abertura, nomes, ao, folia. So jogos curtos e com altas doses de ao e gasto de energia. Servem para unir o grupo desde o incio da sesso, ajudando os participantes a memorizar o nome de cada um, comear um contato e se descontrarem. Os jogadores se soltam, aquecem, descarregam as tenses fsicas e superam reservas pessoais. Servem tambm para momentos aps refeies e/ou quando o grupo se apresenta cansado da jornada. Jogos Criatividade e Reflexo Jogos que podem ser usados com grupos que precisam amadurecer alguma idia, ou pensar em novas solues para determinadas coisas /assuntos / situaes. estimulam a expresso da imaginao, intuio e criatividade. Tambm podem ser jogos de descontrao, utilizados em momentos em que o grupo apresenta cansao ou desgaste no pensamento especfico de algum assunto. Nestes jogos os participantes podem se perceber e mostrar aos outros o que descobriram acerca de si mesmos e do grupo. Os participantes tambm fazem contato com seu prprio interior e com o grupo. 45. 44 Jogos para encerramento O objetivo dos jogos de encerramento compartilhar o vi-venciado. Depois de realizada uma tarefa, importante, tambm, fazer a avaliao dos resultados obtidos. Relembrar e reviver o ocorrido requer atitude reflexiva, a ser alcanada com a criao do clima propcio. Por meio do uso de jogos, esse clima surge e permite um encerramento proveitoso, rico em observaes e depoimentos e profundo em sentimentos. So Jogos mais profundos e exigem alguma capacidadedo focalizador, para lidar com demandas que surgem no decorrer das atividades. Sonormalmente usados em encerramentos de atividades com grupos que j se conhecem e trabalharam juntos por algum tempo (seja ele de quanto for) Servem tambm para dar s pessoas a chance de se posicionarem em relao ao grupo e a si mesmas, transferindo o que fizeram no treinamento ou vivncia para o seu dia-a-dia. OBS: Normalmente, dentro de um processo grupal, todos os tipos de jogos so utilizado. CONDIO DOS JOGOS Em nossas vidas, aprendemos que tudo o que bom, sempre acaba. Mas dentro do jogo cooperativo, s acaba quando o grupo achar que chegou o momento, ou ento,quando os desafios forem todos vencidos, e no quando um perde e o outro ganha. No Jogo cooperativo, podemos ficar jogando o mesmo jogo de diversas formas, desde que isso seja divertido para todos. Existem dois tipos de jogos. Um pode ser chamado definito, o outro de infinito. FINITO INFINITO As regras no podem mudar Jogadores jogam dentro de limites Jogos so srios Jogador joga para ser poderoso Jogador consome tempo Jogador busca a vida eterna As regras devem mudar de acordo com as demandas Jogadores jogam com os limites Jogos so divertidos Jogador joga com o poder Jogador gera tempo Jogador busca o nascimento eterno Fonte: Carse, 1986. 46. 45 AULA 8 APLICAO DOS JOGOS Texto 7: JOGOS COOPERATIVOS E EXPRESSO CORPORAL. JanderDenicol Amaral8 "S a descoberta desperta. S a inveno prova que se pensa de verdade a coisa que se pensa, seja qual for essa coisa... S o sopro criativo d vida, pois a vida inventa". (MICHEL SERRES) Trabalhando corpo e mente por meio da educao pelo movimento, a Expresso Corporal entra como uma atividade que visa o desenvolvimento pessoal, o domnio do prprio corpo e das coisas que nos cercam, como se situar no tempo e no espao; bem como o desenvolvimento da cooperao, da solidariedade, da comunicao, da criatividade; o estmulo alegria, ao trabalho em grupo, ao prazer pelo movimento; o controle da ansiedade e da agressividade. A importncia deste trabalho com o corpo se justifica porque nosso corpo somos ns. nossa nica realidade perceptvel. No se ope nossa inteligncia, sentimentos ou alma. Ele os inclui e d-lhes abrigo. Por isso, tomar conscincia do prprio corpo ter acesso ao ser inteiro, pois corpo e esprito, psquico e fsico e at fora e fraqueza representam no a dualidade do ser, mas sua unidade, segundo Bertherat e Bernstein (1977). A Expresso Corporal foi a primeira forma de comunicao do homem, sua primeira linguagem, pois bastava se utilizar do objeto mais acessvel: seu prprio corpo. O homem, segundo Brikman (1989) constitudo por uma mente que pensa, uma alma que sente e um corpo que expressa esse todo. A Expresso Corporal engloba a sensibilizao de ns mesmos, tanto para nossas posturas, atitudes, gestos e aes cotidianas, como para nossas necessidades de exprimir-comunicar-criar-compartilhar e interagir na sociedade em quevivemos; porque sem o corpo o homem no existe, como dizem Stokoe e Harf (1987) Como j dizia Paulo Freire (1999) formar muito mais do que puramente treinar o educando no desempenho de destrezas. 8 AMARAL, Jader Denicol. Jogos cooperativos. 3.ed. So Paulo: Phorte, 2008. 47. 46 A Expresso Corporal na Educao, entra para promover a aprendizagem, o bem-estar, a educao pelo movimento e a modificao do comportamento, fazendo que o estudante perceba, sinta, conhea e manifeste seu prprio estilo, ou seja, uma manifestao pessoal. Para Stokoe e Harf (1999) um aprendizado em si mesmo: o que o indivduo sente, o que quer dizer e como diz-lo. Paulo Freire (1999) diz que ensinar no transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua produo ou construo. No apenas ensinar contedos, mas tambm ensinar a pensar certo. A Expresso Corporal busca o pensar com o corpo e pelo corpo, aprendendo a conhecer, a fazer, a viver com os outros, a SER. Auxiliando na busca e construo destas aprendizagens, a Expresso Corporal procura desenvolver na criana vrios meios de expresso, o prazer pelo movimento, a segurana, a confiana nos gestos. Assim, maior ser sua riqueza existencial. No trabalho de Expresso Corporal na escola, projetar a criana do futuro exige um pensar responsvel sobre a criana do nosso tempo, pois a criana um agente ativo em sua prpria construo e na construo do mundo. um agente cuja ao desenvolve-se no contexto de uma prtica scio-histrica. O tratamento da infncia tem evoludo, porm ainda existem dificuldades em nossa sociedade em perceber na criana a capacidade de pensar, querer, sentir. A tendncia v-la apenas como um ser dependente, que precisa ser protegido. Pensando em uma educao pelo movimento, evitando a escolarizao precoce e a inevitvel comparao ao adulto, entra a Expresso Corporal na formao da criana, valorizando seu corpo, pois com ele que se movimenta, conhece e se relaciona com o mundo. A Expresso Corporal procura a vinculao do movimento com intenes, raciocnios e planos de ao elaborados, atividades com significado, despertando o interesse daquele que o mais importante no processo: a criana. A experincia da prpria identidade, ou o processo de tornar-se uma pessoa, , ao mesmo tempo, a experincia mais simples e mais profunda da vida. A Expresso Corporal na criana visa sensibilizao e conscientizao do corpo como um todo, em favordo desenvolvimento da personalidade como unidade 48. 47 corpo-mente, tornando possvel o mundo imaginrio atravs da estimulao da criatividade, da fantasia. Joo Batista Freire (1999), tambm concorda quando diz que a marca caracterstica da criana a intensidade da atividade motora e a fantasia. Nesta poca massificada, em que a tecnologia supera o homem, a imaginao se limita e se torna apenas reprodutora. Sendo assim, como podero as crianas de hoje criar suas prprias imagens? Atualmente, o mundo do adulto est inserido na rotina, na competio, na falta de tempo, no estresse e, talvez, no vazio, na solido. Onde quero chegar com essa colocao que a ansiedade presente no mundo dos adultos se reflete no mundo das crianas. A resposta das crianas a isto depende do estado emocional e das caractersticas pessoais, psicolgicas, de cada um. Da mesma forma que a ansiedade e o estresse, a agressividade que se manifesta nas crianas tambm um reflexo do mundo adulto no qual est inserida. Ele est presente na imprensa, na TV, no esporte, nas ruas, na famlia, na escola. Junto com a ansiedade, a agressividade, a solido e o movimento estereotipado existe mais um fator que dificulta a verdadeira afirmao do SER: a competio. Atualmente nossa sociedade transformou-se numa seqncia sem fim de competies. Estamos to envolvidos nelas que, s vezes, nem estamos conscientes da competio em si, como afirma Brown (1994). Na criana, a competio j est presente na mdia, nos desenhos animados, na maioria das histrias infantis, nos jogos, no esporte, em casa, na escola a competio de quem mais alto, quem tem o p maior, o cabelo mais bonito, o mais querido pelos pais ou pela professora, perde o primeiro dente, aprende a ler antes dos outros, joga a bola mais longe, salta mais alto, consegue se equilibrar melhor. Os exemplos so interminveis. O pior: competimos com ns mesmos! muito fcil observar nas crianas como a competio comanda seus atos, gestos e decises. Ela no pensa: faz, compete. Na Expresso Corporal, o trabalho atravs dos jogos cooperativos busca proporcionar s crianas possibilidades de verem, a si mesmos e aos outros, como pessoas de igual valor, que buscam um objetivo comum, que se ajudam, se tocam, se desinibem, se comunicam, brincam, riem e se divertem. 49. 48 Brotto (2001) diz que a cooperao uma aprendizagem, um processo permanente de reviso de valores e transformao de atitudes pessoais e grupais. Os jogos cooperativos so um enorme aliado para o trabalho de integrao do grupo no incio de um perodo letivo, na formao de um novo grupo, na entrada de um novo membro. Desde o incio, as crianas vivenciam e aprendem a superar a competio, a respeitar os outros e o grupo, a discutir os valores, a fazer amizades, e assim estarem confiantes e suficientemente felizes consigo mesmas para se expressarem livremente com todo o seu SER. Piaget (1994) acrescenta que a criana passa pelo processo do egocentrismo para o processo de socializao, e nesse caminho adquire uma conscincia social aberta representao do outro e capaz de relaes de reciprocidade. Este processo de aprendizagem social se estende por toda a vida medida que as outras pessoas e as diferentes situaes influenciam os indivduos. Quando atividades tipicamente competitivas so transformadas em cooperativas, e apresentadas ao grupo, sempre tem aquele que diz: _Ah, mas assim no tem graa! _Eu no quero jogar, no vou ganhar mesmoi _Por que eu deveria ajudar o fulano? Eu no! Estas crianas optam por ficar temporariamente fora da atividade. Conforme observam a alegria de quem est jogando, a cumplicidade, a satisfao, a comunicao, a empatia que existe no grupo, entram e participam. Proporcionando as atividades neste ambiente scio-moral, utilizando como estmulo alguns recursos como a msica, objetos, imagens, desafios e a natureza, faz-se com que a criana pare, pense, sinta, atue se pergunte "quem sou? O que devo fazer? E como devo agir?". Assim, ela parte para o interrelacionamento, para o ambiente social. Ao surgir um conflito, uma manifestao de agressividade, o professor aproveita para questionar os envolvidos e, da mesma forma, todo o grupo. Ouve suas opinies e deixa que decidam a melhor soluo para o conflito, construam um senso moral, tratem os outros como gostariam de ser tratados, criem um ambiente de cumplicidade, empatia e amizade. Enfim, molda construtivamente comportamentos e intenes morais. Em situaes que geram ansiedade e insegurana, cabe sensibilidade do professor conduzir a criana para uma centralizao no EU, perceber-se, estimular 50. 49 um outro aluno a se aproximar do primeiro, estimular o toque, a dupla, o trio, o grupo. Assim o aluno inseguro parte do EU para o NS, percebe que integra aquele grupo, sentindo-se mais confiante para expressar seus sentimentos e pensamentos por meio do movimento, em resposta ao estmulo inicial. Por meio do ambiente scio moral, as crianas constremidias e sentimentos sobre si mesmas, sobre o mundo dos outros e o mundo dos objetos; usando a pesquisa, a explorao, a convivncia, a descoberta, a experimentao, a expresso autntica do EU. A cooperao, no incio do trabalho, apresentada atravs de jogos especficos. Ao longo do tempo, conforme o grupo adota a filosofia, o comportamento, o pensamento, a atitude e a expresso cooperativa, ela passa a fazer parte e se insere no trabalho como um todo, como uma parte fundamental da expresso corporal e do grupo. Na soluo de conflitos, na integrao e ligao do EU e do OUTRO, na construo do NS, na capacidade de solucionar desafios e problemas com confiana, segurana, personalidade e carter. Todos estes aspectos se manifestam e se concretizam no trabalho da Expresso Corporal, passam a fazer parte da personalidade da criana, da sua maneira de ver o ambiente e interagir com ele, solucionar desafios, relacionar-se com os outros, e, principalmente, expressar-se de uma forma autntica e segura, livre de esteretipos. Com isso, queremos mostrar e confirmar que a vida um processo de conquistas graduais, cada uma com o seu valor; e valor como base para todos os passos seguintes. Nossa inteno, atravs da Expresso Corporal, mostrar a importncia em valorizar este pequeno SER em formao, mas grande SER em sentimentos, emo- es, angstias, alegrias, expresses. Torn-lo consciente da sua grandeza, da sua fundamental importncia na vida atual e futura, pois tudo o que ele construir agora,servir de base para continuar a construir. fazer que conhea profundamente a si mesmo, atingindo sua alma, seu esprito, para que cresa em liberdade, porque liberdade a capacidade de se tornar o que realmente . Torn-lo consciente para a vida, conservando promovendo e valorizando a vida, pois nossa vocao tundamental viver. E por que no viv