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João Nildo de S.Vianna, Laura M. Duarte, Magda Wehrmann* Universidade de Brasília Centro de Desenvolvimento Sustentável POTENCIALIDADES E LIMITES PARA A PARTICIPAÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUÇÃO DE BIODIESEL NO NORDESTE DO BRASIL Estoril-Portugal 20-23 Setembro 2009 XIII ENCONTRO DA REDE LUSO BRASILEIRA DE ESTUDOS AMBIENTAIS 1° Congresso Lusófono sobre Ambiente e Eenrgia

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Page 1: João Nildo de S.Vianna, Laura M. Duarte, Magda Wehrmann* Universidade de Brasília Centro de Desenvolvimento Sustentável POTENCIALIDADES E LIMITES PARA

João Nildo de S.Vianna, Laura M. Duarte, Magda Wehrmann*

Universidade de Brasília Centro de Desenvolvimento Sustentável

POTENCIALIDADES E LIMITES PARA A PARTICIPAÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR NA PRODUÇÃO DE BIODIESEL

NO NORDESTE DO BRASIL

Estoril-Portugal20-23 Setembro 2009

XIII ENCONTRO DA REDE LUSO BRASILEIRA DE ESTUDOS AMBIENTAIS

1° Congresso Lusófono sobre Ambiente e Eenrgia

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OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é avaliar o potencial da agricultura familiar para produção de biodiesel e a sua capacidade de aproveitar as oportunidades que o PNPB oferece para a promoção da inclusão social, assegurando a proteção do capital ambiental e o desenvolvimento regional sustentável no Nordeste e no Semi-Árido brasileiro.

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Sumário

1- Introdução – Contextualização do Problema

2- Evolução da Agropecuária no Brasil e Nordeste

3- Agricultura Familiar no Nordeste e no Semi-Árido

4- Produção de Biodiesel no Nordeste e no Semi-Árido – Potencial de Expansão da Produção de Oleaginosas, Área Necessária, Riscos e Oportunidades.

5- Vulnerabilidade e Adaptação às Mudanças Climáticas - O papel das Oleaginosas no Futuro do Semi-Árido

6- Considerações Finais

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Nível de Estabilização

( ppm CO2e) 2°C 3°C 4°C 5°C 6°C 7°C

450 78 18 3 1 0 0

500 96 44 11 3 1 0

550 99 69 24 7 2 1

650 100 94 58 24 9 4

750 100 99 82 47 22 9

Probabilidade (%) de execeder a temperatura média de equilíbrio

Aquecimento de 2 a 3 0C pode levar a perdas permanentes anuais de até 3% do PIB mundial – US$1,87 trilhão

Paises em desenvolvimento sofrerão perdas mais Paises em desenvolvimento sofrerão perdas mais elevadaselevadasFonte:Stern Review 2006

Source: Hadley Centre: From Murphy et al. 2004

Introdução - ContextoMitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas

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1.600.000 km²1.600.000 km² 940 mil km²

500-800 mm/ano

30*109 de pessoas

Alto potencial para evaporação da águaGrandes secas: 18 a 20 anos de seca a cada 100 anos (INPA-2006) Grandes cheias (370.000 desabrigados, 219 mortos, 115.984 casas destruídas em 2004 – Secretaria Nacional de Defesa Civil-2007)

1- Introdução - A Região Nordeste e o Semi-Árido

Bioma Caatinga Bioma Caatinga – fauna e flora únicas – espécies endêmicas

IDH= 0,405IDH=0.757

IDH=0.517

Semi-ÁridoSemi-Árido

NordesteNordeste

IBGE-2007

Categorias de Utilização

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2. Evolução da Agropecuária no Brasil e no Nordeste

A agropecuária no Brasil ocupa a área de 354,8 milhões de km2 e abriga 5,2 milhões de estabelecimentos agrícolas

IBGE-2007

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2. Evolução da Agropecuária no Brasil e no Nordeste – Pessoal ocupado

Entre 1995 e 2006 registra-se uma perda de mais de 1,5 milhões de empregos, sendo mais de 500.000 no Nordeste

>1,5 milhões

<500.000

IBGE-2007

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Laço de parentesco com o produtor

Variável X Ano

Número de estabelecimentos

agropecuários (Unidade)

Pessoal ocupado em estabelecimentos

agropecuários (Pessoas)

1996 2006 1996 2006

Com laço de parentesco com o produtor - AF

4.859.864 5.204.130 13.607.876 12.810.591

Sem laço de parentesco com o produtor - AGRONEGÓCIO

975.401 722.377 4.322.977 3.557.042

Total 5.835.265 5.926.507 17.930.853 16.414.728

Entre 1996 e 2006Postos de Trabalho da AF Perdidos

-800.00O BRASIL-400.000 Nordeste

Fonte IBGE 2006

3. Agricultura Familiar – Número de Estabelecimentos e Pessoal Ocupado

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ESTADO/SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO INCRA

Nº ACAMP. Nº MUN. Nº FAM.

Brasil 3.039 1.195 238.223Nordeste 1.677 582 144.093

Sem-terras acampados no Brasil e Nordeste

Biodiesel-Instrumento Potencial para Políticas Integração Social

Fonte:resistir.info

Fonte:www.peixotoonline.com.br

3.3 – Acampamentos de Sem-Terra no Nordeste

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EstadoFamílias Expulsas

Tentativa ou

Ameaça de

Expulsão

Despejadas

Ameaça de

Despejo

Casas Destruída

s

Roças Destruída

s

Bens Destruído

s

Ausência e ou

falhas de Pol. Pub.

Pistolagem

TOTAIS

TOTAL NORDESTE

529 7.818 1.556 1.262 277 361 213 797 2.774 15.587

TOTAL BRASILEIRO

1.841 13.107 9.077 3.951 1.934 1.048 6.985 8.037 6.963 52.943

CONFLITOS DE TERRA 52.943 CONFLITOS EM 2008

Fonte: Pastoral da Terra

Biodiesel-Instrumento Potencial para Solução de Conflitos Sociais

3.3 – Acampamentos de Sem-Terra no Nordeste

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4 - Produção de Biodiesel no Nordeste e no Semi-Árido

O Nordeste brasileiro e o Semi-Árido têm vocação histórica para o cultivo de várias oleaginosas adequadas à produção de biodiesel.

DESAFIOS:1- evitar a monocultura; 2- participação da AF;

3- inclusão dos sem-terras

Tolerância ao estresse hídrico, <500mm 20 e 30ºC

Potencialidade de resistir a regime de stresse hídrico

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4.1 Potencial de Expansão da Produção de Oleaginosas

Usina Capacidade m3

Bibrax 70.000

Ecodiesel 129.000

Comanche 120.000

Petrobras 56.000

Ecodiesel 108.000

Petrobrás 56.000

Ecodiesel 97.000

Ecodiesel 130.000

Petrobras 56.000

Total 822.000 m3

Demanda regional de B-5: 350.000 m3

5 Usinas em Construção- 735.000 m3

Usinas de Biodiesel no Nordeste

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Estimativa das Áreas para Plantio de Oleaginosas

Existem no Nordeste 406 municípios adequados para o cultivo da mamona consorciado com produtos alimentares, totalizando uma área de 45 milhões de ha.

Área necessária para atender a Capacidade Instalada: 2.883.000 ha

Capacidade m3

Mamona/Girassol 0,540 m3/ha

Pinhão Manso 0,700 m3/ha

Dendê 3,75 m3/ha

Total Instaladas

822.000 m3 1.522.000 ha 1.174.000 ha 219.000 ha

Total em instalação

735.000 m3 1.361.000 ha 1.050.000 ha 196.000 ha

Total Geral 1.557.000 m3 2.883.000 ha 2.224.000 ha 415.000 ha

A adequação das espécies a contextos bio-físicos diversos, torna-se evidente a necessidade de um Zoneamento Agroecológico

4.1 Potencial de Expansão da Produção de Oleaginosas

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186.860

124.024

84.456

49.560

15.100

0

50.000

100.000

150.000

200.000

CO S SE NE N

Comercialização - Participação Regional no 15° Leilão da ANP

Os desagravos fiscais com vista a pavimentar o caminho da participação da Agricultura Familiar na cadeia produtiva do biodiesel foram insuficientes.

Preço do óleo de mamona: U$ 2.500,00 por tonelada no porto de RotterdamPreço do biodiesel no 15 leilão: US$ 900,00 por tonelada

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5- Vulnerabilidades e a Adaptação as Mudanças Climáticas no Nordeste

Ocorrem de18 a 20 anos de seca a cada 100 anos

As secas decorrem das características climáticas da região e da variabilidades dos Oceanos Pacífico e Atlântico Tropical

Milho,feijão, mandioca, algodão – são altamente vulneráveis a seca

Ocorrem chuvas torrenciais econcentradas em curto espaço de tempo, resultando em enchentes e graves impactos sócio-ambientais;

Vulnerabilidade - variáveis

1- ambientais2- sociais3- econômicas 4- políticas5- tecnológicas

“Os Retirantes”, Portinar,

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5 -VulnerabilidadeCenários de Mudanças Climáticas no Nordeste

Redução das chuvas 15-20% (2-4 mm/dia)

Redução das chuva 10-15% (1-2 mm/dia)

Consequências:Redução de até no nível de água dos reservatórios subterrâneosRedução em até 70% em todos os aquíferos até 2050

1960-2009Brasil Brasil -A temperatura já aumentou 0,7°C

NordesteNordeste- A temperatura máxima aumentou de 1,5 a 2°C

1960-2009Brasil Brasil -A temperatura já aumentou 0,7°C

NordesteNordeste- A temperatura máxima aumentou de 1,5 a 2°C

NAE-2007

LM-ITEP-Recife

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Tolerância ao estresse hídrico, <500mm 20 e 30ºC

Potencialidade de resistir a regime de stresse hídrico

5- ADAPTAÇÂO A mamona e o pinhão manso podem ser umas das plantas a serem adaptadas a este novo patamar climático fazendo parte de uma política de adaptação ao este novo patamar climático

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6-Considerações Finais6-Considerações Finais

Razões fundamentais para cultivo da mamona:Razões fundamentais para cultivo da mamona:1 – A familiaridade que os agricultores familiares têm com o cultivo dessa oleaginosa;2 – A capacidade de resistência à seca da mamona, superior a qualquer outra cultura do cotidiano do pequeno agricultor do Semi-Árido;3 – O potencial que a mesma apresenta para recuperação de áreas degradadas e não apropriadas para outro tipo de cultura;4 – A possibilidade de consorciamento com outras culturas tradicionais, que já fazem parte do sistema produtivo praticado pela agricultura familiar no Nordeste para a produção de alimentos, como é o caso do milho e do feijão;5 – O grande potencial para o aumento significativo da produtividade por meio da incorporação de métodos e técnicas adequados à produção, já conhecidos e difundidos pela EMBRAPA;6 - A flexibilidade de aplicações do óleo “in natura” que assegura uma garantia de mercado;7 – O seu potencial para se adaptar em um cenário de fortes mudanças climáticas permanente.

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6-Considerações Finais6-Considerações Finais

Potencializar estas condições somente será possível a partir da integração das ações articuladas dos atores fundamentais, focados numa perspectiva de Desenvolvimento Regional Sustentável:

1 – A disposição dos agricultores familiar de incorporarem a mamona em seus sistemas produtivos, segundo os preceitos apontados a cima;

2 – A capacidade desse atores de se organizarem em associações ou cooperativas que lhes assegurem agregação de valor ao produto por meio da transformação, do armazenamento e da comercialização da produção;

3 – O papel do Estado como regulador das relações e interesses estratégicos, sociais, econômicos e ambientais relacionados à produção de mamona como matéria-prima para biocombustível e como estratégia de inclusão social.

4 – A distribuição espacial das usinas, a área necessária para a demanda por matéria-prima, a necessidade de melhoria da produtividade das espécies , a segurança alimentar e a proteção da biodiversidade tornam o Zoneamento Agroecológico uma ação prioritária para a região.

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MUITO OBRIGADO

[email protected] http:// professores.cds.unb.br/jnildo