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8 JORNAL DAS OFICINAS www.jornaldasoficinas.com agosto 2013 Quantos empregados tem a sua oficina? Neste quadro do número de trabalhadores por empresa, verificamos que ainda há cerca de 1/5 de empresas que responderam que são micro empresas, com 1 ou 2 empregados. Embora não seja fácil compreender como estas oficinas conseguem cumprir todos os requisitos atualmente exigidos para o exercício da atividade e ainda assim garantirem a necessária rentabilidade para sobreviverem, temos que admitir que alcançam os seus objectivos, porque de outra forma nem sequer teriam acesso à Internet, através da qual foi efectuado o nosso inquérito. Esse “mistério“ provavelmente só ficará esclarecido com um estudo aprofundado e especialmente dirigido às pequenas empresas de reparação automóvel, que teremos que efetuar um dia, pois estas têm permanecido recentemente numa certa penumbra. A maioria das empresas que responderam ao inquérito, no entanto são PMEs, com mais de 3 empregados, podendo chegar aos 10 colabo- radores e ainda ultrapassar esse número, em certos casos. Como caracteriza a sua oficina? As oficinas “ totalmente “ independentes estão presentes em 55% dos casos, seguindo-se as empresas aderentes aos vários conceitos de negócios em redes, que já representam perto de 1/3 do total (31%). Com apenas 14%, surgem as ofi- cinas autorizadas de marca, que podemos classificar como negócios de transição, entre o concessionário clássico e aquilo que será a reparação automóvel unificada do futuro, na qual as marcas deixarão de ter um papel interveniente direto. No conjunto, haverá provavelmente neste momento quase me- tade das nossas oficinas com qualidade certificada, o que não deixa de ser gratificante e encorajador. Dentro da perspectiva de oferecer aos nossos leitores dados para uma gestão mais fundamentada dos seus negócios, o JORNAL DAS OFICINAS lançou um inquérito online de caracterização das empresas de reparação automóvel no seu website. Leia os resultados nas páginas que seguem N ão é demais salientar que esta inicia- tiva do JORNAL DAS OFICINAS é pioneira, sendo a primeira vez que uma publicação especializada portuguesa realiza uma consulta desta envergadura e potencialmente aberta a todos os interes- sados. Mais do que resultados cientifica- mente muito exatos, este inquérito visou instalar o debate criativo, a crítica construtiva e a discussão saudável e transparente de todos os temas que são transversais ao sec- tor de pós-venda automóvel e às oficinas de reparação de veículos, para que se possam tomar medidas que ajudem à evolução do nosso setor e garantam melhores condições para todos os operadores do mercado e para os consumidores finais. Os resultados estão aí e foram já pro- cessados estatisticamente pelos nossos parceiros de iniciativa – ACTIVETCH e WEBFLYFORMS – cujo apoio resultou fulcral para o desenlace positivo da mesma. Dentro do grau de representati- vidade limitado que as respostas recebi- das permitem alcançar, extraímos todos os potenciais significados dos dados DESTAQUE Inquérito JORNAL DAS OFICINAS Caracterização das disponíveis, prometendo desde já conti- nuar a investigar o tecido empresarial das nossas oficinas, identificando todas as características dignas de registo, para que se possam tornar referências, tanto no sentido estruturante, como no capítulo de tudo aquilo que se deve evitar a todo o custo. Nesta fase de consolidação da atividade, é fundamental que os valores corretos, as visões de futuro criativas e as orienta- ções estratégicas para o sucesso triunfem sobre a inconsistência, a ineficácia e o desânimo. Pela nossa parte, estamos to- talmente empenhados em defender vi- gorosamente a nossa “dama“ e em colaborar com todos na tarefa que afirme plenam ente a nossa paixão pelo mercado pós-venda automóvel em todas as suas vertentes. Vamos por isso continuar a fazer estudos de mercado em conjunto com os nossos parceiros ACTIVETCH e WEBFLYFORMS, mas agora mais segmentados e dirigidos a áreas específicas do mercado pós-venda automóvel. TIPOLOGIA RECURSOS HUMANOS 14 12 10 8 6 4 2 0 3 7 7 7 3 4 2 3 2 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ou mais 31% 55% 14% Independente sem ligação a rede Independente com ligação a rede Reparador autorizado de marca

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8 JORNAL DAS OFICINASwww.jornaldasoficinas.com

agosto 2013

Quantos empregados tem a sua oficina?

Neste quadro do número de trabalhadores por empresa, verificamos que ainda há cerca de 1/5

de empresas que responderam que são micro empresas, com 1 ou 2 empregados. Embora não

seja fácil compreender como estas oficinas conseguem cumprir todos os requisitos atualmente

exigidos para o exercício da atividade e ainda assim garantirem a necessária rentabilidade para

sobreviverem, temos que admitir que alcançam os seus objectivos, porque de outra forma nem

sequer teriam acesso à Internet, através da qual foi efectuado o nosso inquérito. Esse “mistério“

provavelmente só ficará esclarecido com um estudo aprofundado e especialmente dirigido às

pequenas empresas de reparação automóvel, que teremos que efetuar um dia, pois estas têm

permanecido recentemente numa certa penumbra. A maioria das empresas que responderam

ao inquérito, no entanto são PMEs, com mais de 3 empregados, podendo chegar aos 10 colabo-

radores e ainda ultrapassar esse número, em certos casos.

Como caracteriza a sua oficina?

As oficinas “ totalmente “ independentes estão presentes

em 55% dos casos, seguindo-se as empresas aderentes aos

vários conceitos de negócios em redes, que já representam

perto de 1/3 do total (31%). Com apenas 14%, surgem as ofi-

cinas autorizadas de marca, que podemos classificar como

negócios de transição, entre o concessionário clássico e aquilo

que será a reparação automóvel unificada do futuro, na qual

as marcas deixarão de ter um papel interveniente direto. No

conjunto, haverá provavelmente neste momento quase me-

tade das nossas oficinas com qualidade certificada, o que não

deixa de ser gratificante e encorajador.

Dentro da perspectiva de oferecer aos nossos leitores dados para uma gestão mais fundamentada dos seus negócios, o JORNAL DAS OFICINAS lançou um inquérito online de caracterização das empresas de reparação automóvel no seu website. Leia os resultados nas páginas que seguem

Não é demais salientar que esta inicia-

tiva do JORNAL DAS OFICINAS é

pioneira, sendo a primeira vez que

uma publicação especializada portuguesa

realiza uma consulta desta envergadura e

potencialmente aberta a todos os interes-

sados. Mais do que resultados cientifica-

mente muito exatos, este inquérito visou

instalar o debate criativo, a crítica construtiva

e a discussão saudável e transparente de

todos os temas que são transversais ao sec-

tor de pós-venda automóvel e às oficinas de

reparação de veículos, para que se possam

tomar medidas que ajudem à evolução do

nosso setor e garantam melhores condições

para todos os operadores do mercado e para

os consumidores finais.

Os resultados estão aí e foram já pro-

cessados estatisticamente pelos nossos

parceiros de iniciativa – ACTIVETCH e

WEBFLYFORMS – cujo apoio resultou

fulcral para o desenlace positivo da

mesma. Dentro do grau de representati-

vidade limitado que as respostas recebi-

das permitem alcançar, extraímos todos

os potenciais significados dos dados

DESTAQUE Inquérito JORNAL DAS OFICINAS

Caracterização das of icinas portuguesas

disponíveis, prometendo desde já conti-

nuar a investigar o tecido empresarial das

nossas oficinas, identificando todas as

características dignas de registo, para que

se possam tornar referências, tanto no

sentido estruturante, como no capítulo

de tudo aquilo que se deve evitar a todo

o custo.

Nesta fase de consolidação da atividade,

é fundamental que os valores corretos,

as visões de futuro criativas e as orienta-

ções estratégicas para o sucesso triunfem

sobre a inconsistência, a ineficácia e o

desânimo. Pela nossa parte, estamos to-

talmente empenhados em defender vi-

gorosamente a nossa “dama“ e em

colaborar com todos na tarefa que afirme

plenam ente a nossa paixão pelo mercado

pós-venda automóvel em todas as suas

vertentes.

Vamos por isso continuar a fazer estudos

de mercado em conjunto com os nossos

parceiros ACTIVETCH e WEBFLYFORMS,

mas agora mais segmentados e dirigidos

a áreas específicas do mercado pós-venda

automóvel.

TIPOLOGIA RECURSOS HUMANOS

14

12

10

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0

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ou mais

31%55%

14%

Independente sem ligação a rede

Independente com ligação a rede

Reparador autorizado de marca

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9JORNAL DAS OFICINASwww.jornaldasoficinas.com

agosto 2013

Caracterização das of icinas portuguesasQue tipo de serviços são praticados na sua oficina?

No caso dos serviços praticados nas oficinas que nos responderam, a mecâ-

nica e os serviços rápidos, a maior parte dos quais é também de mecânica,

estão presentes praticamente em todas as empresas. Mais de metade das

empresas propõe ainda como se pode ver serviços de pneus, electrónica, ele-

tricidade, ar condicionado e pré-inspeções. Chapa e pintura é no entanto uma

especialidade só ao alcance de oficinas ou secções especializadas. Mais espe-

cializados ainda são os serviços diesel e de GPL.

Qual o número de pessoas que integram cada serviço?

Se analisarmos o pessoal dessas oficinas do ponto de vista das competências

profissionais, os mecânicos aparecem sem surpresa em primeiro lugar, com

uma média superior a dois técnicos por empresa. Dentro da média aproximada

de um elemento por cada empresa, vamos encontrar os eletricistas, chapeiros,

pintores, recepcionistas e administrativos. Gerentes e Chefes de Oficina estão

abaixo da média de um elemento por empresa, o que significa que muitos

empresários e/ou proprietários asseguram essas funções e ainda outras even-

Os empregados da sua oficinafrequentaram ações de formação?

Os 2% de empregados que não têm qualquer

formação específica não são certamente da área

técnica (trabalhos auxiliares, lavagens e outros).

As marcas assumem com naturalidade a parte de

leão da formação das oficinas, cabendo o restante

labor formativo a outras empresas e entidades.

Grato é verificar que entre as entidades que pro-

porcionam formação no mercado português há

algumas que são também empresas de reparação

automóvel. Isso poderá significar que, no momento

em que as nossas oficinas disponham do mesmo

nível de competências de gestão das que já usu-

fruem no plano técnico, terão garantido o seu

patamar ideal de sustentabilidade e consolidação.

Qual é o valor da mão de obra / hora praticado ao público pela sua oficina (Sem IVA)?

Sobre o preço da mão-de-obra, há a referir que uma

larga percentagem das oficinas aposta em custos labo-

rais reduzidos, como forma de garantir a sua competiti-

vidade. Até € 20/hora, temos 44% das empresas, mas o

total sobe para 80% se o tecto for de € 30/hora. Apenas

20% das respostas recebidas são de oficinas que praticam

preços no escalão de € 31-40/h. Falta ainda a muitas

empresas perceber que a competitividade resulta essen-

cialmente da eficiência, produtividade e sinergias inter-

nas. São esses factores que efetivamente acrescentam

valor ao serviço, permitindo praticar preços menos es-

partilhados. Rácios corretos de produtividade e de ocu-

pação da capacidade instalada são fundamentais para

garantir rentabilidade, sem perder competitividade.

60

50

40

30

20

10

0

120

100

80

60

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48

27

3235 35

32

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39%

20%0%

44%

20%

24%

2%

35%

Nunca frequentaram

Frequentaram numa Associação

Frenquentaram numa marca

Frequentemente noutra entidade

10 a 20 Euros

21 a 30 Euros

31 a 40 Euros

41 a 50 Euros

51 Euros ou mais

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10 JORNAL DAS OFICINASwww.jornaldasoficinas.com

agosto 2013

Qual é o valor médio do serviço cobrado ao cliente pela sua oficina?

Pelos resultados deste quadro já começamos a perceber de

onde vem o receio de cobrar preços compensadores de mão-

-de-obra. De facto, mais de metade das oficinas que respon-

deram têm valor médio de serviço abaixo de € 250, mas

algumas dessas empresas não conseguem passar dos €150

ou mesmo dos €100. Acima desses valores apenas temos 8

respostas, mas apenas 3 oficinas têm médias acima dos €500.

Uma coisa que as pessoas têm que compreender, tanto os

utilizadores de veículos, como reparadores, é que a correta

cultura de manutenção de veículos assenta em critérios téc-

nicos e não económicos. Se as despesas de manutenção ex-

cedem as possibilidades financeiras imediatas do utilizador,

este só tem duas alternativas: ou financia as intervenções ou

pára o carro até ter dinheiro para o reparar. Se continuar a

utilizar o veículo em mau estado, agrava o problema e entra

numa espiral de insolvência. Claro que é possível até certo

ponto hierarquizar as prioridades das intervenções, mas re-

parações a prestações não existem. Ou se fazem ou não se

fazem! A forma de pagamento é outra questão muito diferente.

Aí, a questão é a do acesso ao crédito ou da solvabilidade.

Qual é a rentabilidade média por serviço da sua oficina?

Com estas repostas come-

çamos a chegar mais perto da

verdade, porque há aqui ofi-

cinas com uma taxa de renta-

bilidade abaixo do valor

normal da taxa de aplicações

bancárias comuns. Admitindo

que algumas empresas te-

nham revelado a taxa bruto e

não a taxa líquida, a taxa real

de rentabilidade pode ser

mesmo igual a zero ou até

inferior. Se o empresário tivesse

o seu dinheiro investido numa

aplicação financeira adequada,

teria um rendimento fixo asse-

gurado e ainda se poderia

dedicar a outra atividade nos

tempos livres, que poderia ser

um part-time noutra oficina

INDICADORES DE GESTÃO

qualquer, entre muitas outras

hipóteses. Isso seria muito me-

lhor do que ter “emprego“ numa

oficina própria que está a cami-

nho da insolvência. A desejável

consolidação do sector de re-

paração automóvel nacional

pode passar por isto mesmo.

Por outro lado, há aqui respos-

tas que são demasiado “optimis-

tas“ e devem ter por base

operações avulsas sem custos

indiretos, longe dos resultados

contabilísticos consolidados.

Estamo-nos a referir a taxas

médias de rentabilidade acima

de 50% (...), como nos foram

referidas.

Qual é a faturação média mensal da sua oficina?

Neste quadro, volta a ficar patente que há negócios que não

conseguem facturar para cobrir as despesas. Faltaria aqui

cruzar os dados com a estrutura a que corresponde a fatura-

ção anunciada, mas parece evidente que o primeiro escalão

(até €5.000) não gera receitas suficientes para cobrir todas as

despesas de qualquer empresa. Mesmo assim, 11% das res-

postas entram neste escalão. Nos restantes escalões, basta

aplicar a taxa média de rentabilidade real ao total facturado

para ver que anda tudo muito “justo“. Se fizermos contas à

taxa de liquidez, iremos encontrar muitos casos em que o

dinheiro não sobra, embora pareça que sim.

Ao avaliar o número de baias

(postos de trabalho) por oficina,

encontramos uma média de cerca

de 5 por cada oficina. Num regime

de plena ocupação, só em mão-

-de-obra, cada oficina deveria

facturar no mínimo € 20.000 por

mês. Pelos resultados verificados

no quadro anterior, a sub-ocupa-

ção é a regra dominante e por-

tanto a rentabilidade dos negócios

não pode ser elevada.

Se compararmos a média

de reparações diárias,

cerca de 7, com o número

de baias médias disponí-

veis (5), temos 1,4 serviços

por dia e por baia, o que

confirma claramente a

sub-ocupação atrás

referida.

Quantas baias (postos de trabalho) tem a sua oficina?

Qual o número médio de serviços realizados por dia, na sua oficina?

10

8

6

4

2

0

9

8

7

6

5

4

3

2

1

0

12

10

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2

0

12

10

8

6

4

2

0

1 - 100 Euros

101 - 150 Euros

151 - 200 Euros

201 - 250 Euros

251 - 300 Euros

301 - 350 Euros

351 - 400 Euros

401 - 450 Euros

451 - 500 Euros

500 Euros ou

mais

Menosde 5%

6 a 10% 11 a 15% 16 a 20% 21 a 25% 26 a 30% 31 a 40% 41 a 50% 50% ou mais

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10ou mais

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15ou mais

11% 11%

25%

31%

22%

Até 5.000,00 Euros

5.000,00 a 10.000,00 Euros

10.000,00 a 25.000,00 Euros

25.000,00 a 50.000,00 Euros

Mais de 50.000,00 Euros

4

0

5

10

9

4

3 3

0

4

0 0 0

1

5

1

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2 2

4

5

2 2

10

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11JORNAL DAS OFICINASwww.jornaldasoficinas.com

agosto 2013

FATORES DE PRODUÇÃO

Qual a idade média das viaturas assistidas? Qual a taxa média de ocupação da sua oficina?

Possui software de Gestão Oficinal?

Sem surpresa, os carros as-

sistidos têm mais de 5 anos

em 68% dos casos, ficando os

restantes 32% no escalão de

2 a 5 anos. Do ponto de vista

da rentabilidade e dos indi-

cadores de gestão estes dados

não acrescentam nada de

essencial, indicando apenas

aquilo que já se sabe, isto é,

o envelhecimento do parque

automóvel e a acentuada

quebra de vendas de carros

novos. As taxas médias de ocupação referidas neste quadro são

excessivamente optimistas e não impedem mesmo assim

que a taxa média de ocupação fique abaixo dos 50%, o que

confirma as conclusões anteriores.

Neste quadro, o que choca pela negativa é ainda existirem

22% de oficinas sem software de gestão oficinal. Recusar en-

tender que as novas tecnologias são factores incontornáveis

de eficiência, qualidade de serviço e rentabilidade pode ser

e geralmente é o princípio do fim do negócio.

O raciocínio anterior também se aplica integralmente ao

software de orçamentação, que infelizmente ainda não entrou

em cerca de 1/3 das nossas oficinas (28%). Isso quer dizer que

em muitos casos ainda estamos no tempo e no lugar dos

orçamentos a esmo e das estimativas grosseiras. A maior parte

dos clientes já não aceita isso, nem a ausência de um orçamento

detalhado por escrito.

Após termos analisado a evolução positiva

na área disponível e no número de baias, que

também influenciam diretamente a ergono-

mia e a produtividade, vamos agora ver o que

se passa nos equipamentos oficinais, outro

factor importante de eficiência e produção.

Com uma média de cerca de 3,5 elevadores

por oficina, está comprovado que os profis-

sionais de reparação já assimilaram o contri-

buto deste equipamento para a ergonomia,

a segurança e a produtividade do trabalho.

O mesmo se poderá dizer dos equipamentos

de diagnóstico, cuja penetração é na “amos-

tra“ do inquérito de 1,8 unidades por oficina,

o que significa que há oficinas com mais de

um aparelho de diagnóstico. Além de serem

um factor incontornável de produtividade,

os sistemas de diagnóstico são ainda e so-

bretudo uma porta de entrada no parque

automóvel mais recente e consequentemente

de acesso ao mercado.

Com 1,5 unidades por oficina, os equipa-

mentos de soldadura também marcam pre-

sença nas oficinas atuais, sendo pelo menos

necessários sistemas de soldadura por pontos

de resistência eléctrica e sistemas do tipo MIG/

MAG. Evolução positiva também nas máqui-

nas de serviço de sistemas de ar condicionado,

nas quais a média já se aproxima de uma

unidade por oficina, dando acesso a este ni-

cho de mercado de crescente importância.

Tendo contabilizado cerca de 25 oficinas

de colisão que responderam ao nosso inqué-

rito, é grato verificar que em média existe pelo

menos uma cabina de pintura, um banco de

carroçaria e um sistema de alinhamento de

direções por empresa, o que confirma a evo-

lução no sentido da eficiência, produtividade

e qualidade de serviço. As máquinas de mon-

tar/desmontar pneus são também cada vez

mais frequentes (cerca de uma unidade por

oficina), dentro da tendência para a diversi-

ficação de serviços que se vem tornando

regra. Sistemas de testes de injectores e ban-

cos de ensaio para sistemas de injeção tam-

bém vão saindo da esfera exclusiva dos

especialistas, o que vem confirmar a referida

tendência de diversificação. Cada vez é menos

admissível, por todos os motivos e mais al-

guns, que um cliente entre numa oficina e

lhe digam: “ Vá ali ao lado, porque nós não

temos…“.

Quais as máquinas e equipamentosmais significativos que a sua oficina dispõe?

Possui Software de Orçamentação?

200

180

160

140

120

100

80

60

40

20

0

Elevadores Máq. deDiagnóstico

Equip. deSoldadura

Linhas pré--inspeção

Máq. ArCondic.

Bancos de Carroçaria

Cabinas dePintura

Alinh. deDireção

Mont/Desm.Pneus

Teste deInjetores

Bancos deEnsaio

Outros Equip.

16%0%

32%

18% 12%

27%

42%

22%

28%

72%

78%

52%

Até 2 anos

2 a 5 anos

5 a 8 anos

Mais de 8 anos

Até 25%

25 a 50%

50 a 75%

Mais de 75%

Sim

Não

Sim

Não

5776

14

3526 24

3045

177

29

175

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12 JORNAL DAS OFICINASwww.jornaldasoficinas.com

agosto 2013

Quanto ao software de apoio técnico, que dá acesso a dados

e informações técnicas indispensáveis para a reparação dos

veículos, incluindo a correta identificação das peças de subs-

tituição, “só“ 12% das oficinas ainda não percebeu a sua uti-

lidade. Valham-nos os 88% que perceberam!

Na tipologia adoptada neste quadro, os “particulares“ re-

presentam os clientes que se apresentam individualmente

na oficina, podendo os veículos ser de pequenas e médias

empresas. Portanto, a categoria dos particulares está de certo

modo inflacionada (71%), porque as empresas não vislumbram

vantagens nas propostas das ofici nas para os clientes em-

presariais e as oficinas por seu turno também não conseguem

ver nenhuma vantagem especial nesses clientes. Muitas ofi-

cinas por vezes confundem os programas de assistência a

empresas, com programas de crédito, o que não é de todo

rigoroso. Pode haver um bom programa de assistência a em-

presas a pronto e pode haver maus programas de assistência

a crédito. Os clientes empresariais estão sujeitos a controlo

de crédito e de risco como qualquer outro cliente, mas geral-

mente têm a vantagem de oferecer mais serviço, porque têm

médias quilométricas superiores e utilização intensiva dos

veículos. Isso mesmo devem ter concluído os 21% das oficinas

que trabalham com empresas e os 6% que trabalham com

frotas.

Possui Software de Dados Técnicos?

Qual é o cliente tipo da sua oficina? Tem algum tipo de acordo com:

Quanto representa na faturação os acordos com seguradoras e/ou frotas?

Que tipo de peças têm maior consumo na sua oficina?

Neste quadro, que é basicamente uma listagem de consumíveis de grande rotação, fica patente

o baixo valor acrescentado que na maior parte dos casos fica para o lado da oficina. No entanto,

todos os itens listados têm uma especificação de origem e são de valor acrescentado para o lado

do utilizador do veículo.

INDICADORES DE NEGÓCIO

O que acabámos de referir no ponto anterior

está demonstrado neste quadro, onde verifi-

camos que um grupo de cerca de 15 oficinas

se “agarra“ a clientes institucionais, enquanto

a maioria os ignora. O que se passa geralmente

é que as oficinas “especializadas“ em clientes

de grandes volumes de serviço têm maior

eficiência e capacidade de serviço, mantendo

os padrões de qualidade certificada e sacrifi-

cando alguma margem de lucro, a troco de

maior faturação. A rentabilidade fica assegu-

rada pelas sinergias que é possível operar nesse

contexto e pela maior taxa de ocupação das

oficinas.

Aqui voltamos a comprovar a concentração

de clientes institucionais num grupo mais restrito

de oficinas, onde 17% das oficinas facturam até

75% com esse tipo de clientes, havendo mesmo

3% de oficinas que facturam acima disso com

os mesmos. Em contrapartida, 60% das oficinas

só podem alcançar até 25% da faturação nesse

nicho de mercado. Um grupo de 20% de oficinas

está na zona de transição, garantindo entre 50%

e 75% da sua faturação com tais clientes.

12%

88%

21%

71%

17%

20% 60%

3%

6%6%

Sim

Não

Particular

Empresa

Até 25%

25 a 50%

50 a 75%

Mais de 75%

Frotas

Outras oficinas

Past

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Filtr

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Cubo

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roda

Vela

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Outra

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47

32

45

34

22

35

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31

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24

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29

19

35

22

33 32

8

13 12

4

22

50

45

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35

30

25

20

15

10

5

0

35

30

25

20

15

10

5

0

Seguradoras Frotas até 20 viaturas Frotas com mais de 20 viaturas

Sim Não

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agosto 2013

As assimetrias do sector de reparação automóvel português

ficam claras neste quadro, havendo três grupos com expec-

tativas diferentes e até opostas em relação ao desempenho

das suas empresas em 2013. Atendendo à conjuntura e ao

posicionamento de certo modo tradicional de muitas empre-

sas, 44% de pessimistas quanto aos resultados deste ano até

nem é um total exagerado. Os que esperam melhor (22%),

em contrapartida, sabem que investiram criteriosamente nas

suas empresas e que estão na vanguarda do mercado, com

uma oferta competitiva em todos os aspectos. Os que não

esperam melhor nem pior (34%) é porque sabem que não

têm o comando do “acelerador“ debaixo do seu pé e estão

dependentes da evolução do mercado, que será supostamente

a estagnação.

Que resultados espera para 2013?

Este inquérito do JORNAL DAS OFICINAS terminava com o pe-dido de um comentário sobre o atual momento do pós-venda au-tomóvel e do sector da reparação em particular. Como seria de espe-rar, os comentários dividiram-se entre os que entendem que tudo vai bem ou está a caminho de re-solver-se e os que entendem que está tudo mal ou quase. Como no meio é que estará a virtude, atre-vemo-nos a concluir que há coisas que efetivamente precisam ser me-lhoradas e outras que já estão re-solvidas e dependem essencialmente de quem está no terreno e as pode garantir. Grande parte dos comen-tários visava o trabalho clandestino e a concorrência desleal, como sendo o grande �agelo das o�cinas legalmente estabelecidas. Como esse tema já foi abordado acima, escusamo-nos de voltar dizer o que já foi dito, mas há um aspecto novo nesses comentários que merece alguma atenção.Efetivamente, há empresários e gestores de o�cinas que acusam alguns dos próprios empregados de fazerem esses desleais “biscates“ e “ganchos“, nas suas horas livres depois do trabalho. Perante essa situação, existem duas opções pos-síveis. Ou se trata de pessoas sem carácter e tendencialmente margi-nais, devendo ser demitidos, sem prejuízo de serem devidamente denunciados às autoridades, ou são pessoas recuperáveis e que se en-contram à deriva, por falta de uma gestão da equipa consistente e de uma política laboral equilibrada e justa. Um empregado que faz tra-balhos fora da o�cina pode até ser um excelente colaborador, que tem capacidade para atrair mais clientes e evoluir pro�ssionalmente, desde que lhe sejam dadas as condições indispensáveis para esse efeito. Com diálogo, estímulo e incentivos de vários tipos, o problema resolve-se a contento de todos: o�cina, em-pregados e clientes. Há também um comentário com uma sugestão digna de registo: os empresários das o�cinas devem

unir-se para criar grupos de compras e impedir que as peças sejam ven-didas por fora dos circuitos adequa-dos, a quem quer que seja. Claro que todas as sinergias resultantes da cooperação entre o�cinas e grupos de o�cinas merecem o nosso incon-dicional apoio e só podem bene�ciar o sector. Há no entanto uma carên-cia legislativa no acesso a peças téc-nicas que devia ser resolvida, mediante uma petição dirigida às associações do sector, aos deputados da Assembleia da República e demais entidades com responsabilidades no assunto. Há de facto um atropelo aos direitos do consumidor, quando uma peça automóvel é vendida sem a informação técnica correspondente e a pessoas sem competência para lidarem com o assunto. A deonto-logia pro�ssional de distribuidores e retalhistas de peças poderia ser su�ciente para resolver o assunto, mas há todo o interesse em que a lei se pronuncie sobre o assunto, na legítima defesa do consumidor au-tomobilista. Outro comentário refere que con-corrência desleal é também praticar preços excessivamente baixos e des-contos abusivos, criando a impressão no consumidor de que as o�cinas que praticam preços corretos estão a pedir demais. Sem dúvida que isso é um problema, mas os autores dessa prática estão a punir-se a si próprios, porque não podem sobreviver sem a margem indispensável à sustenta-bilidade do negócio. Por outro lado, nos casos em que existe prática de “dumping“ ou subsídio a preços demasiado baixos, por parte de grupos económicos poderosos, o assunto cai sob a alçada das auto-ridades da concorrência anti-mo-nopólio, a quem o caso deve ser denunciado, para que atuem em conformidade. Não obstante, a união, a convergência e a cooperação entre os reparadores deveria con-duzir à formulação de tabelas de referência consensuais para os prin-cipais serviços mais frequentes, passando para o mercado uma ima-gem de idoneidade e credibilidade que nunca será demais sublinhar.

Comentários sobre o setor

Realização do Inquérito:

WEBFLYFORMS

ACTIVETECH

Responsável: João Medina

Telefone: 244.040.833

E-mail: [email protected]

Internet: www.webflyforms.com

Universo:

Leitores do Jornal das Oficinas

Número de Respostas recebidas: 52

Período de preenchimento:

25.04.2013 – 10.06.2013

22%

44%

34%

Piores do que 2012

Iguais a 2012

Melhores que 2012