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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI CAMPOS SETE LAGOAS – CSL BACHARELADO INTERDICIPLINAR EM BIOSSISTEMAS JESSIKA BRENDA PINHEIRO FUNGOS PRODUTORES DE EXOPOLISSACARÍDEOS E SUAS APLICAÇÕES FUNCIONAIS E INDUSTRIAIS Sete Lagoas - MG 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI

CAMPOS SETE LAGOAS – CSL BACHARELADO INTERDICIPLINAR EM BIOSSISTEMAS

JESSIKA BRENDA PINHEIRO

FUNGOS PRODUTORES DE EXOPOLISSACARÍDEOS E SUAS APLICAÇÕES FUNCIONAIS E INDUSTRIAIS

Sete Lagoas - MG 2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI

CAMPOS SETE LAGOAS – CSL BACHARELADO INTERDICIPLINAR EM BIOSSISTEMAS

JESSIKA BRENDA PINHEIRO

FUNGOS PRODUTORES DE EXOPOLISSACARÍDEOS E SUAS APLICAÇÕES FUNCIONAIS E INDUSTRIAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Bacharelado Interdisciplinar em Biossistemas da Universidade Federal de São João del-Rei como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Biossistemas. Orientador: Prof. Dr.º Juliano de Carvalho Cury

Sete Lagoas – MG 2014

1

Monografia de Bacharelado Interdisciplinar em Biossistemas do Campus Sete Lagoas

da Universidade Federal de São João Del-Rei/UFSJ defendida em 16 de Julho de 2014

pela seguinte banca examinadora:

Prof. Dr. Juliano de Carvalho Cury Orientador Departamento de Ciências Exatas e Biológicas - DECEB Campus Sete Lagoas Universidade Federal de São João Del-Rei _______________________________________ Leonardo Henrique França Lima Campus Sete Lagoas Universidade Federal de São João Del-Rei _______________________________________ Amanda Miranda de Souza Campus Sete Lagoas Universidade Federal de São João Del-Rei

2

Dedico esta monografia a Deus, minha família e a todos que acreditaram e que de

alguma forma foram instrumentos da minha conquista.

Aos meus pais, Isabel e Adenaudo que sempre estiveram presentes me auxiliando e

dando forças quando tudo parecia não caminhar, me instruindo no amor, na paciência

e na confiança de que tudo acontece não na hora exata do nosso desejo, mas no tempo

de Deus!

Á minha tia Maria José, que confiou e acreditou no meu sonho e desde então se fez

presente, investindo no meu futuro profissional possibilitando cada passo sonhado

nesta caminhada do saber.

À minha irmã Gabriella, avós, tios, primos e amigos que sempre estiveram comigo,

apoiando e incentivando cada passo rumo à concretização desse sonho.

Jordan, e sua família que se fizerem presentes desde o início, me apoiando e

amparando nas horas mais difíceis, atuando como uma verdadeira família.

3

Agradecimentos

Agradeço a Deus, que me guiou e me deu forças para que eu não desviasse dos

meus sonhos, e pudesse sempre ao final de uma longa jornada de aprendizado

alcançar meus objetivos.

Agradeço a minha Mãe, que sempre em momentos insertos, de angustia e

dificuldades me mostrou que obstáculos são feitos para serem superados e que em

cada um deles aprendemos a ter mais confiança em nós mesmos, a ter fé e esperar em

Deus; a ser humilde para encarar os erros e humilde também para lidar com vitórias.

Ao meu Pai, que sempre se fez presente acreditando e sonhando comigo com

cada novo objetivo, compartilhando sempre com a máxima atenção e entusiasmo cada

novo passo que eu dava, cada nova conquista, cada experiência nova, me

impulsionando sempre a ir além, a sempre buscar por novos conhecimentos.

A minha tia Maria José, que sempre presente, me deu suporte nestes anos

todos de estudos, possibilitando a realização de um sonho em busca de um futuro

profissional, sempre acreditando e apoiando cada passo rumo a esta conquista.

Ao meu Orientador Juliano, que me deu a oportunidade de enriquecer meus

conhecimentos, me ensinando como dar cada passo em busca da concretização de um

trabalho. E aos demais professores por todo o conhecimento transmitindo sempre

aptos a ajudar no que fosse necessário. E a todos que de certa forma me auxiliaram

nesta caminhada.

“Tudo posso naquele

que me fortalece”

Filipenses 4:13

4

Resumo

Exopolissacarídeos (EPSs) são polissacarídeos extracelulares, podendo ser produzidos por alguns fungos e bactérias. São produzidos durante a fase estacionária do crescimento microbiano, sendo considerados metabólitos secundários. Podem ser encontrados na forma de cápsulas ao redor da célula, ou na forma de limos (mucos) que são excretados para o meio extracelular provocando alteração de viscosidade no meio de cultivo. Esta revisão teve como objetivo abordar a produção de EPSs por fungos à partir de cultivo submerso, avaliando diferentes condições de cultivo e suas potencialidades industriais e funcionais. Foi verificado nesta revisão que os EPSs produzidos por microrganismos são amplamente utilizados em atividades industriais dos ramos alimentício, médico e de cosméticos, sendo aplicados para a formação de géis, emulsões e biofilmes, além de terem funções de absorção e coesão. No processamento de alimentos os EPSs são utilizados para conferir características de textura tais como corpo, viscosidade e consistência, possuindo ainda diversas atividades biológicas como ação anti-tumoral, antiviral, antiinflamatória, hipoglicêmica e imuno-estimulante. Sua produção por fungos tem a vantagem de ser independente de condições climáticas, sendo realizada sob condições controladas, resultando em EPSs de alta regularidade estrutural, ao contrário de sua obtenção a partir de algas e plantas. A utilização do cultivo submerso proporciona um aumento potencial na produção de biomassa micelial ocupando um pequeno espaço e menor tempo de fermentação, diminuindo as chances de contaminação, possibilitando a utilização de matérias-primas regionais e de subprodutos industriais. Não só a fonte de carbono utilizada, mas também sua concentração são fatores interferentes na produção de EPSs, sendo as fontes de carbono e nitrogênio os principais componentes do meio nutriente. Visto a vantagem da produção de EPSs por fungos sob cultivo submerso, as indústrias de alimentos e farmacêutica têm demonstrado grande interesse no desenvolvimento de pesquisas nessa área. Dessa forma, o estudo de novos organismos vivos que possam produzir moléculas com propriedades tecnológicas relevantes é bastante interessante e estratégico para o Brasil, visto que é um país rico em biodiversidade.

Palavras-chave: Exopolissacarídeos, Fungos, Biotecnologia, Condições de Cultivo, Meios de Cultura Alternativos

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Abstract

Exopolysaccharides (EPSs) are extracellular polysaccharides may be produced by some fungi and bacteria. They are produced during the stationary phase of microbial growth, and are considered secondary metabolites. They can be found in capsule form around the cell, or in the form of slime (mucus) that are excreted into the extracellular space causing change in viscosity in the culture medium. This review aimed to address the production of EPSs by fungi from the submerged cultivation, evaluating different growing conditions and its industry and functional capabilities. It was found in this review that the EPSs produced by microorganisms are widely used in industrial activities in the food, cosmetic and medical branches being applied to the formation of gels, emulsions and biofilms, and have functions of absorption and cohesion. In food processing the EPSs are used to impart texture features such as the body, viscosity and consistency, yet having various biological activities such as antitumor activity, antiviral, anti-inflammatory, immunostimulant and hypoglycemic. Its production by fungi has the advantage of being independent of weather conditions, being carried out under controlled conditions, resulting in high structural regularity of EPSs, unlike obtaining from algae and plants. The use of submerged cultivation provides a potential increase in the production of mycelial biomass occupying a small space and shorter fermentation, reducing the chances of contamination, enabling the use of regional raw materials and industrial byproducts. Not only the carbon source used, but its concentration is interfering factors in the production of EPSs, and the carbon and nitrogen sources of the main components of the nutrient medium. Wear advantage of producing EPSs yeast under submerged cultivation, the food and pharmaceutical industries have shown great interest in the development of research in this area. Thus, the study of new living organisms that can produce molecules with relevant technological properties is quite interesting and strategic for Brazil, since it is a country rich in biodiversity.

Keywords: Exopolysaccharides, Fungi, Biotechnology, Growing Conditions, Means of Alternative Culture

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Sumário

1- INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 7

2- OBJETIVO .............................................................................................................................. 8

3- METODOLOGIA ..................................................................................................................... 9

4- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................................... 9

4.1- DESCRIÇÃO BIOLÓGICA DOS FUNGOS .............................................................................. 9

4.2- POLISSACARÍDEOS E EXOPOLISSACARIDEOS .................................................................. 12

4.3- HISTÓRICO ........................................................................................................................ 13

4.4 - EFEITO DO MEIO E CONDIÇÕES DE CULTURA ................................................................. 16

4.4.1- FONTE DE CARBONO ................................................................................................ 16

4.4.2- FONTES DE NITROGENIO ........................................................................................... 18

4.4.3- FERMENTAÇÃO SUBMERSA ...................................................................................... 20

4.5- RECUPERAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE EXOPOLISSACARÍDEOS ....................................... 21

4.6- BIOATIVIDADE E ESTRUTURA DOS EXOPOLISSACARÍDEOS .............................................. 22

4.7- PROCESSOS BIOTECNOLÓGICOS NA PRODUÇÃO DE EXOPOLISSACARÍDEOS E SUAS

APLICAÇÕES ............................................................................................................................. 24

4.8- UTILIZAÇÃO DE REJEITOS INDUSTRIAIS NA PRODUÇÃO DE EPSs .................................... 25

4.8.1- RESÍDUO DE CERVEJARIA .......................................................................................... 26

4.8.2- BAGAÇO DE MAÇÃ .................................................................................................... 26

4.8.3- LICOR CITRICO ........................................................................................................... 27

4.8.4- MELAÇO CÍTRICO....................................................................................................... 27

5- CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 28

6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 28

7

1- INTRODUÇÃO

Polissacarídeos (PSs) são macromoléculas constituídas por unidades

monoméricas unidas por ligações glicosídicas. Os PSs se diferem em função de suas

características estruturais como unidade e o grau de ramificação, dos tipos de ligações

e do comprimento de suas cadeias (Silva et al., 2006). Podem ser classificados como

homopolissacarídeos ou heteropolissacarídeos, sendo os homopolissacarídeos

constituídos de um único tipo de unidade monomérica, como é o caso do amido e do

glicogênio, e os heteropolissacarídeos constituídos de duas ou mais unidades

monoméricas diferentes, como os peptideoglicanos (Silva et al., 2006).

Exopolissacarídeos (EPSs) são polissacarídeos extracelulares, podendo ser

produzidos por alguns fungos e bactérias. São encontrados na forma de cápsulas ao

redor da célula, tornando-se parte da parede celular, ou na forma de limos (mucos)

que são excretados para o meio extracelular, difundindo-se na fase líquida durante o

processo de fermentação provocando um aumento significativo na viscosidade do

meio (Silva et al., 2006).

Os EPSs produzidos por microrganismos são utilizados em atividades

industriais dos ramos alimentício, médico e de cosméticos, dentre outros (Lee et al.

2003; Liu et al. 1997; Mansell, 1994; Ricciardi et al. 2002; Sugihara et al. 2001),

aplicados para a formação de géis, emulsões e biofilmes, além de terem funções de

absorção e coesão (Paul et al. 1986; Sutherland, 1999; Sutherland, 2001). No

processamento de alimentos os EPSs são utilizados para conferir características de

textura tais como corpo, viscosidade e consistência aos mesmos (Souza et al., 2004).

Um objetivo comum da aplicação dos EPSs em alimentos é o de facilitar a dissolução

dos ingredientes, aumentando a viscosidade e evitando assim a formação de cristais, o

que poderia comprometer a textura e homogeneidade do alimento.

Alguns destes EPSs são modificados quimicamente. Como exemplo, podemos

citar a carboximetilcelulose, que assim como o monoesterato glicerol, é amplamente

utilizada como emulsificante artificial na indústria de alimentos. Porém, tem sido cada

vez maior o interesse pelos EPSs biogênicos que possam substituir os aditivos

sintéticos (Borges et al., 2004). Este é o caso dos EPSs produzidos por fungos, que têm

8

sido também bastante estudados devido suas diversas atividades biológicas como ação

anti-tumoral, antiviral, antiinflamatória, hipoglicêmica e imuno-estimulante (Franz,

1989; Borchers et al., 1999; Babitskatya et al., 2000; Wasser, 2002; Yang et al., 2002).

Os EPSs constituem uma importante porcentagem da biomassa dos fungos,

podendo chegar a 75% dos PSs constituintes da parede das hifas, além de poderem

constituir capa extracelular na forma de muco ao redor das hifas (Silva et al., 2006).

A produção de EPSs por fungos tem a vantagem de ser independente de

condições climáticas, visto que sua produção é controlada laboratorialemte, ao

contrário de algas e plantas, além de possibilitar a utilização de matérias-primas

regionais e mesmo de subprodutos industriais, apresentar grande agilidade de

obtenção do produto acabado e necessitar de um espaço relativamente pequeno

(Souza et al., 2004). Além disso, por serem produzidos sob condições controladas, com

espécies selecionadas, os problemas com variação estrutural dos PSs podem ser

evitados, obtendo-se PSs com alta regularidade estrutural, o que não é comum em PSs

vindos de outras fontes (Souza et al., 2004). Para poderem ser utilizados

industrialmente é preciso que os EPSs sejam produzidos em grandes quantidades pelos

microrganismos, estando estes adaptados a variações de pH e temperatura

relativamente amplas, além de apresentarem composição química compatível com o

metabolismo humano (Borges et al., 2004). Entretanto, segundo Silva et al. (2005),

muitos EPSs fúngicos ainda não foram adequadamente explorados, sendo poucos

ainda os que são produzidos em escala industrial.

2- OBJETIVO

Esta monografia tem por objetivo realizar uma revisão de literatura

abordando o potencial de produção de exopolissacarídeos a partir do cultivo submerso

de fungos em diferentes condições e suas potencialidades funcionais e tecnológicas.

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3- METODOLOGIA

Foi realizada uma pesquisa bibliográfica abordando os principais meios e

técnicas de produção de exopolissacarídeos e suas capacidades funcionais e

tecnológicas descritas nos últimos 25 anos, utilizando as seguintes bases de dados:

ScientificElectronic Library Online-SCIELO e Google acadêmico. As palavras-chave

utilizadas foram: exopolissacarídeos, fungos, fermentação, extração, atividade

funcional, aplicações, biotecnologia e resíduos industriais.

4- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1- DESCRIÇÃO BIOLÓGICA DOS FUNGOS

Os fungos fazem parte de um grande e diverso grupo de microrganismos,

incluindo os bolores, cogumelos e leveduras. Atualmente já foram descritas

aproximadamente 100.000 espécies de fungos, estimando-se a possibilidade de

existência de mais de 1,5 milhão de organismos (Brock, 2010). Podem possuir

diferentes habitats, estando presentes no meio aquático (água doce e marinha),

terrestre (solo e matéria orgânica em decomposição), além de também poderem atuar

como parasitas de diversos organismos.

Por serem quimiorganotróficos, geralmente apresentam nutrição simples,

alimentando-se por meio de secreções enzimáticas que digerem macromoléculas

(principalmente carboidratos e proteínas) em monômeros aptos para serem

absorvidos (Brock, 2010).

A obtenção de nutrientes efetua-se por absorção através das paredes das

células, sendo que os elementos devem estar na forma de solução. As células

segregam enzimas que atuam sobre as substâncias, degradando-as. No caso dos

fungos filamentosos, a partir do micélio são emitidas estruturas chamadas haustórios,

que penetram no tecido dos organismos hospedeiros, absorvendo os nutrientes (Silva

et al., 2006).

Apesar de poderem ser unicelulares, no caso das leveduras, a maioria dos

fungos são multicelulares, formando uma rede chamada micélio, composta pelo

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conjunto de filamentos, que são as hifas. As hifas são paredes celulares tubulares que

envolvem a membrana citoplasmática, podendo ser septadas, possuindo paredes

transversais dividindo cada hifa em células separadas, ou cenocíticas, sem as divisões

como mostrado na Figura 1 (Brock, 2010). Em uma das fases do ciclo de vida do fungo

filamentoso, as hifas podem se ramificar atingindo o ar, nessas ramificações aéreas é

que são formados os esporos, que são as estruturas de dispersão e resistência dos

fungos (Brock, 2010).

Figura 1: Diferenciação de hifas, septadas e cenocíticas

Com base em critérios quimiotaxonômicos, estes microrganismos são

classificados como oomicetos, zigomicetos, basidiomicetos, ascomicetos e

deuteromicetos, incluindo espécies parasitas, saprófitas e simbiontes (Silva et al.,

2006).

A estrutura das paredes celulares fúngicas assemelham-se às paredes celulares

vegetais, mas quando observadas quimicamente são diferentes. Ao contrário das

plantas, a parede celular fúngica é composta de quitina, um polímero derivado da N-

acetilglicosamina, sendo disposta como feixes microfibrilares de acordo com a Figura

2. Alguns polissacarídeos como mananas (polímeros de manose), galactosanas

(polímeros de galactose) e glucanas (polímeros de glicose) podem substituir a quitina

nas paredes celulares destes microrganismos, podendo ser responsáveis por 80-90%

da sua composição (Brock, 2010).

11

Figura 2: Composição e estrutura da parede celular fúngica

Durante o crescimento microbiano são observadas três fases: lag (adaptação),

log ou exponencial (crescimento ou multiplicação) e estacionária, como demonstrado

na Figura 3. A formação de compostos extracelulares pode ocorrer tanto durante a

fase de crescimento exponencial como no final dela, na fase estacionária. Neste

contexto, existem dois tipos de metabólitos microbianos, os primários e os

secundários. Um metabólito primário é sintetizando durante a fase exponencial de

crescimento e o secundário é sintetizado próximo ao final da fase exponencial ou até

mesmo na fase estacionária de crescimento (Brock, 2010). Os metabólitos secundários

têm como características não serem essenciais ao crescimento e reprodução do

microrganismo, sendo sua síntese dependente das condições de cultivo,

especialmente no que diz respeita à composição do meio de cultura. Já os metabólitos

primários estão estritamente associados ao crescimento e ao metabolismo energético

do microrganismo (Brock, 2010).

Figura 3: Fases do crescimento microbiano

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4.2- POLISSACARÍDEOS E EXOPOLISSACARIDEOS

Polissacarídeos (PSs) são macromoléculas constituídas por unidades

monoméricas unidas por ligações glicosídicas. São encontrados em todos os

organismos vivos, estando presentes nas plantas principalmente na forma de celulose

e amido e nos animais na forma de glicogênio, constituindo uma das principais

reservas de energia. Os PSs diferem entre si em função da unidade e o grau de

ramificação, dos tipos de ligações que as unem e do comprimento de suas cadeias

(Silva et al., 2006). Os PSs podem ser classificados como homopolissacarídeos ou

heteropolissacarídeos. Os homopolissacarídeos possuem um único tipo de unidade

monomérica, como é o caso do amido e do glicogênio. Já os heteropolissacarídeos

contêm duas ou mais unidades monoméricas diferentes, como os peptideoglicanos,

que fazem parte da parede celular das células bacterianas (Silva et al., 2006).

Exopolissacarídeos (EPSs) são polissacarídeos extracelulares, podendo ser

produzidos por alguns fungos e bactérias. Por serem produzidos durante a fase

estacionária do crescimento microbiano, estes EPSs são considerados metabólitos

secundários. Dependendo do tipo de microrganismo, os EPSs podem ser encontrados

na forma de cápsulas ao redor da célula, tornando-se parte da parede celular, ou na

forma de limos (mucos) que são excretados para o meio extracelular, sendo capazes

de se difundirem na fase líquida durante o processo de fermentação, havendo

alteração no meio de cultivo, com formação inicial de um fluido Newtoniano de baixa

viscosidade até que se atinja, ao final, um fluido não-Newtoniano de alta densidade

(Silva et al., 2006).

Os polissacarídeos constituem uma importante percentagem da biomassa

fúngica. A parede da hifa contém mais de 75% deste tipo de biomolécula. Além de

atuarem como elemento de suporte para as hifas, alguns polissacarídeos constituem

uma capa extracelular ao redor do micélio, podem ter a função de manter o pH ótimo

para as enzimas ligninolíticas, além de impedirem a desidratação das hifas e de

regularem a concentração de glucose extracelular (Silva et al., 2006).

13

4.3- HISTÓRICO

As primeiras observações sobre casos de polimerização com a formação de

polissacarídeos foram feitas em caldo de cana e descritas por Vauquelin, em 1822

(Barbosa, et al., 2004). Somente 40 anos depois, Pasteur descreveu observações

semelhantes, demonstrando que essa polimerização era provocada por

microrganismos (Barbosa et al., 2004). O polissacarídeo mais importante, obtido por

fermentação, foi a dextrana (C6H10O5)n, descrita por Scheibler em 1874. Produzida pela

bactéria Leuconostoc mesenteroides, tendo sido isolada e nominada pela primeira vez

por Van Tieghen em 1880 (Barbosa et al., 2004), sua estrutura molecular pode ser

observada na Figura 4. Foi a partir da dextrana que se iniciou e se desenvolveu o

estudo dos exopolissacarídeos microbianos, havendo inicialmente um

desenvolvimento mais acentuado sobre a produção de EPSs produzidos por bactérias

e, posteriormente, por fungos (Barbosa et al., 2004).

Figura 4: Estrutura molecular da dextrana

A produção de EPSs por fungos tem a vantagem de ser independente de

condições climáticas, visto que sua produção pode ser controlada em laboratório, ao

contrário de algas e plantas, além de possibilitar a utilização de matérias-primas

regionais e mesmo de subprodutos industriais, apresentar grande agilidade de

obtenção do produto acabado e necessitar de um espaço relativamente pequeno

(Souza et al., 2004). Além disso, por serem produzidos sob condições controladas de

pH, temperatura, taxa de aeração, concentração de nutrientes e utilizando espécies

selecionadas, os problemas com variação estrutural dos PSs podem ser evitados,

obtendo-se PSs com alta regularidade estrutural, o que não é comum em PSs vindos de

14

outras fontes (Souza et al., 2004). Para poderem ser utilizados industrialmente é

preciso que os EPSs sejam produzidos em grandes quantidades pelos microrganismos,

estando estes adaptados a variações de pH e temperatura relativamente amplas, além

de apresentarem composição química compatível com o metabolismo humano (Borges

et al., 2004).

Vários EPSs tiveram suas estruturas químicas caracterizadas. A Tabela 1 mostra

a ordem cronológica dos artigos citados por Seviour et al. (1992) e revistos por

Barbosa et al. (2004), especificando a composição monomérica e o tipo de ligação

glicosídica constituinte de EPSs produzidos por fungos filamentosos.

Tabela 1 – Homo - e heteroexopolissacarídeos produzidos por fungos filamentosos(*)

Fungo Monossacarídeo (s) Ligação glicosídica Autor (es)

Sclerotium glucanicum Glucose β(1→3) e β(1→6) Johnson et al.

Plectonia occidentalis Glucose β(1→3) e β(1→6) Davis et al.

Helotium sp Glucose β(1→3) e β(1→6) Davis et al.

Claviceps fusiformis Glucose β(1→3) com ramificações Buck et al.

Alternaria solani

Glucose, Galactose,Glucosamina Desconhecida Goatley

Schizophyllum commune Glucose β(1→3) e β(1→6) Kikumoto et al.

Monilia fructicola Glucose β(1→3) e β(1→4) Feather & Malek

Stereum strigoso-zonatum Manose, Galactose Desconhecida Bender

Monilinia fructigena (a) Manose, Galactose

β(1→4) e β(1→2) com possíveis α ligações Archer et al.

Monilinia fructigena (b) Glucose β(1→3) e β(1→6) Santamaria et al.

Aspergillus nidulans

Galactosamina, Acetato, Galactose α-ligações Leal & Rupérez

Botrytis cinerea (a) Glucose

β(1→3) , β(1→6) e β(1→4) Leal et al.

Aureobasidium pullulans Glucose, Malato β(1→3) e β(1→6) Leal-Serrano et al.

Botrytis cinerea (b) Glucose β(1→3) e β(1→6) Dubourdieu et al.

Aspergillus flavus Manose e Galactose β(1→2)

Kardosová & Rosík

Acremonium diospyri Glucose

β(1→3) , β(1→6) e β(1→4)

Seviour & Hensgen

Penicillium erythromellis Glucose, Malonato β(1→6) e ? Rupérez et al.

Pestalotia sp. 815 Glucose β(1→3) e β(1→6) Misaki et al.

Ulocladium atrum

Manose, Arabinose, Glicerol β(1→3) e β(1→6) Martínez et al.

Paecilomyces lilacinus Glucose, Galactose Desconhecida Sarkar et al.

Phanerochaete chrysosporium (a) Glucose, Arabinose β(1→3) e β(1→6) Bes et al.

15

Phanerochaete chrysosporium (b) Glucose β(1→3) e β(1→6) Buchala & Leisola

Epicoccum purpurascens Glucose β-ligações Michel et al.

Phytophthora parasitica Glucose β(1→3) e β(1→6) Bruneteau et al.

Acremonium persicinum Glucose β-ligações

Stasinopolous & Seviour

Glomerella cingulata Glucose β(1→3) e β(1→6) Gomaa et al.

Laetisaria arvalis Glucose β(1→3) e β(1→6) Aouadi et al.

Aureobasidium pullulans p56 Glucose α(1→6) Schuster et al.

Aureobasidium pullulans ATCC 9348 Glucose α(1→6) Gibbs & Seviour

Pleurotus ostreatus

Glucose, Manose, Galactose

Gutiérrez et al.

Fusarium solani

Manose, Galactose, Glucose Pentose desconhecida Polycarpo et al.

Aureobasidium pullulans aubasidani Glucose

β(1→3) , β(1→6) e α(1→4) Yurlova & Hoog

Aureobasidium pullulans ATCC 9348 Glucose α(1→6) Gibbs & Seviour

Sclerotium rolfsii ATCC 201126 Glucose β(1→3) , β(1→6) Fariña et al.

Aureobasidium pullulans NRRLY- 6220 Glucose α(1→6) Barnett et al.

Schizophyllum commune Glucose β(1→3) , β(1→6) Maziero et al.

Segundo Silva et al. (2006), muitos EPSs fúngicos ainda não foram

adequadamente explorados, sendo poucos ainda os que são produzidos em escala

industrial. Muitos destes PSs produzidos por bactérias e fungos possuem propriedades

semelhantes às do ágar, enquanto outros possuem propriedades reológicas que são

valiosas para emprego industrial (Barbosa et al., 2004).

Os EPSs microbianos são mais conhecidos por suas propriedades espessantes,

geleificantes e emulsificantes, porém outra possibilidade de aplicação destes

biopolímeros é na saúde humana (Barbosa et al., 2004), devido suas atividades

biológicas com ação anti-tumoral, antiviral, antiinflamatória, hipoglicêmica e imuno-

estimulante (Franz, 1989; Borchers et al., 1999; Babitskatya et al., 2000; Wasser, 2002;

Yang et al., 2002).

16

4.4 - EFEITO DO MEIO E CONDIÇÕES DE CULTURA

Os microrganismos são adaptados ao meio ambiente natural onde vivem, e

nele existem fatores limitantes ao seu crescimento como as fontes de carbono e

nitrogênio, aeração, movimentação, microelementos entre outros, e isso confere a

eles um estado de homeostase. Na produção de EPSs por fungos, deve ser considerada

a cepa fúngica escolhida, como também o seu meio ambiente natural para adequar,

em laboratório, o meio de cultivo em termos de características nutricionais, fatores de

aeração, temperatura, pH, dentre outros fatores que possam ser relevantes para a

produção de EPSs (Barbosa et al, 2004).

As fontes de carbono e nitrogênio constituem os principais componentes do

meio nutriente em um processo de cultivo, as quais precisam assegurar bom

crescimento do microrganismo e maior rendimento do produto desejado, devendo-se

ressaltar que a fonte de carbono que é metabolizada pelo fungo está diretamente

relacionada com a composição monomérica do polissacarídeo produzido, embora nem

sempre na mesma proporção (Cunha et al., 2008).

Para alguns fungos, a aeração pode não afetar a produção, enquanto que para

outros, pode aumentar ou mesmo diminuí-la, já a agitação tem função de melhorar a

distribuição de oxigênio e nutrientes para as células fúngicas no meio de cultivo.

Independentemente da taxa de agitação, a produção de EPS é mais afetada pelo nível

da pressão de oxigênio no fermentador do que pela agitação propriamente dita

(Barbosa et al., 2004).

4.4.1- FONTE DE CARBONO

A produção de EPSs por fungos parece depender do tipo de fonte de carbono e

da sua concentração no meio de cultura, existindo assim um tipo e uma concentração

ótima de fonte de carbono para a produção de EPSs para cada microrganismo (Barbosa

et al., 2004).

A glicose e a sacarose têm sido as fontes de carbono mais utilizadas para a

produção de EPSs fúngicos. As concentrações destes açúcares utilizadas para a

produção de EPSs variam bastante em relação ao microrganismo empregado,

17

indicando a importância da adequação das concentrações iniciais do substrato para

cada cepa estudada (Cunha et al., 2008).

Em estudos realizados por Sudhakaran et al. (1998), a fim de avaliar diferentes

fontes de carbono para a produção de EPSs, verificou-se que a glicose foi a melhor

fonte de carbono utilizada para a produção de EPSs, seguida pela sacarose, maltose,

sorbitol, manitol, rafinose, acetato, manose, glicerol, xilose, arabinose, ribose, lactose

e galactose, onde diferentes microrganismos utilizam da melhor forma diferentes

fontes de carbono. Por exemplo, Aspergillus nidulans prefere frutose e glicose, já

Eusino eleucospila prefere frutose e galactose ao invés de glicose, o que sugere uma

especificidade de cada microrganismo para uma determinada fonte de carbono.

É possível ainda que diferentes fontes de carbono possam ter efeitos diferentes

no metabolismo secundário celular. Kim et al. (2005) verificaram que entre as fontes

de carbono testadas, glicose rendeu o maior crescimento micelial, porém, a máxima

produção de EPS foi alcançada quando maltose foi utilizada.

Quando relacionada à forma de assimilação da fonte de carbono, percebe-se

um consumo gradual durante o crescimento do microrganismo. Em estudos realizados

por Cunha et al. (2008), verificou-se que o substrato glicose foi consumido ao longo do

processo de fermentação, sendo praticamente esgotado ao final de 72 horas.

Em trabalhos semelhantes, Xu et al. (2004) também verificaram que a

concentração de açúcar residual foi decaindo durante a fermentação, concomitante

com o aumento da biomassa e produção de EPSs. Também foi verificado que maiores

concentrações iniciais de glicose contribuem para maior produção de EPSs pelo

microrganismo concomitantemente com a produção de biomassa, sendo verificada

produção de 2,62 g.L-1 de EPS nos cultivos onde foram utilizadas as menores

concentrações iniciais do substrato (20 g.L-1) e 4,32 g.L-1 nos cultivos onde foram

empregadas as maiores concentrações (50 g.L-1) (Xu et al., 2004). Este perfil de

consumo já era esperado, visto que a glicose é a fonte de carbono e energia mais

facilmente assimilada pelos microrganismos, uma vez que a maioria dos

microrganismos possui as enzimas envolvidas no processo de catabolismo dessa

hexose.

Cho et al. (2006), realizaram estudos utilizando Tremella fuciformis e

verificaram que as maiores produções de biomassa e de EPS foram obtidas quando

18

utilizada glicose, frutose e sacarose, sendo que o maior crescimento micelial e

produção de EPS foram obtidos quando glicose foi utilizada como fonte de carbono.

Já Lee et al. (2004), verificaram que tanto a biomassa quanto a produção de EPS

foram maiores quando a glicose foi avaliada, onde a concentração máxima para a

produção de ambos foi de 30 g.L-1.

Porém, em estudos realizados por Kim et al. (2002), onde foram testadas

diferentes fontes de carbono (glicose, frutose, maltose, manitol e sacarose) utilizando

Paecilomyces sinclairii a fim de avaliar a maior produção de biomassa e EPSs, verificou-

se que as maiores produções de biomassa (16,3 g.L-1) e EPS (1,3 g.L-1) foram obtidas

quando a sacarose foi usada como fonte de carbono.

Assim como o tipo de fonte de carbono, as concentrações ideais também

variam bastante em relação ao microrganismo empregado, indicando a importância da

adequação das concentrações iniciais do substrato para cada cepa estudada (Cunha et

al., 2008).

Experimentos realizados com o fungo Paecilomyces japonica, utilizando-se 10,

20, 30, 40 e 50 g.L-1 de maltose demonstraram que o maior crescimento micelial foi

obtido com 30 g.L-1 concomitantemente com a maior produção de EPS (Barbosa et al.,

2004). Isso indica que cada microrganismo possui especificidade tanto para a fonte de

carbono como para a concentração ótima desta a ser utilizada, descartando a hipótese

de que quanto maior a concentração da fonte de carbono maior a produção micelial e

de EPSs até um certo limite.

4.4.2- FONTES DE NITROGENIO

Um outro fator nutricional importante para a produção efetiva de EPSs é a

fonte de nitrogênio. As fontes orgânicas mais utilizadas são: peptona, glutamato, L-

asparagina, extrato de levedura, succinato de amônio, dentre outras. Entre as

inorgânicas, podem ser citadas: sulfato de amônio, nitrato de sódio, nitrato de

potássio, nitrato de amônio, dentre outras (Seviour et al. 1992; Krcmar et al. 1999; Bae

et al. 2000; Barbosa et al. 2004).

Tem sido descrito em vários trabalhos que os PSs são produzidos somente sob

condições de nitrogênio limitantes e que altos níveis de nitrogênio no meio de cultivo

19

reprimem a formação de EPSs. Este efeito tem sido observado em vários fungos

produtores de β-glucanas. Entretanto, acredita-se que este tipo de regulação depende

da fonte de nitrogênio utilizada (Barbosa et al., 2004).

Em estudos realizados por Sudhakaran et al. (1998) foram testadas diferentes

fontes de nitrogênio e verificou-se que houve uma maior produção de EPS (4,8 g.L-1)

quando o extrato de levedura foi utilizando e que a concentração utilizada influenciou

na quantidade de EPS produzido, sendo a concentração de 0,1% de extrato de

levedura a que proporcionou o maior rendimento, sendo que em sua ausência

pequenas quantidades de EPS (0,84 g.L-1) eram obtidas.

Assim como Sudhakaran et al. (1998), Lee et al. (2004) também observaram

que a máxima produção de EPS foi obtida quando utilizado extrato de levedura como

fonte de nitrogênio.

Já nos estudos realizados por Kim et al. (2002) foram testadas 10 fontes de

nitrogênio, algumas orgânicas como extrato de milho fermentado, peptona de carne,

extrato de levedura, peptona de soja e polipeptona, e algumas inorgânicas como

nitrato de amônio, cloreto de amônio, fosfato de amônio, sulfato de amônio e citrato

de amônio. Dentre estas, extrato de milho fermentado, peptona de carne, extrato de

levedura e peptona de soja mostraram-se relativamente favoráveis ao crescimento

micelial de Paecilomyces sinclairii, sendo a produção máxima de EPSs verificada

quando o extrato de milho fermentado foi utilizado como fonte de nitrogênio.

Por outro lado, ao contrário dos resultados obtidos em diversos trabalhos

utilizando fontes orgânicas de nitrogênio, alguns autores verificaram que quando

utilizado nitrogênio inorgânico obtiveram-se menor crescimento micelial e produção

de EPSs (Sudhakaran et al. 1998; Kim et al. 2002; Lee et al. 2004; Kim et al. 2005; Cho

et al. 2006).

Pelos resultados descritos na literatura, acredita-se que existem preferências

específicas quanto à fonte de nitrogênio, as quais estão diretamente vinculadas ao

metabolismo de cada microrganismo (Barbosa et al., 2004).

20

4.4.3- FERMENTAÇÃO SUBMERSA

O cultivo submerso proporciona um aumento potencial na produção de

biomassa micelial, ocupando um pequeno espaço e menor tempo de fermentação,

além de diminuir significativamente as chances de contaminação. Além disso, os EPSs

produzidos desta maneira possuem efeito sinérgico com o micélio, podendo ser

simultaneamente produzidos (Kim et al., 2002).

A agitação/aeração durante o crescimento resulta em uma melhor mistura dos

componentes do meio, ajudando a manter uma concentração gradiente entre o

exterior e o interior da célula, permitindo uma maior difusão dos nutrientes.

Aparentemente uma alta taxa de agitação/aeração é requerida para aumentar a

produção de biomassa micelial de culturas submersas, porém a ótima condição de

agitação/aeração para a produção de EPSs ou outros metabólitos depende de outros

fatores, inclusive dos substratos utilizados, da morfologia e da cepa utilizada (Xu et al.,

2004).

Estudos realizados por Xu et al. (2004) durante a otimização de produção de

EPSs em cultura líquida de Paecilomyces tenuipes indicam que as propriedades

moleculares dos EPSs foram influenciadas pela taxa de aeração. Além disso, também

verificaram que houve um aumento na produção de biomassa (21,56 g.L-1) e EPS (2,36

g.L-1) quando a taxa de agitação/aeração foi aumentada.

Também foi verificado por Xu et al. (2004) que diferentes condições de

agitação/aeração afetaram significativamente o peso molecular e as características

químicas dos EPSs produzidos pelo Paecilomyces tenuipes em cultura submersa.

Xu et al. (2004) verificaram que ao aumentar a taxa de agitação/aeração, a

viscosidade aparente do caldo de fermentação aumentou rapidamente com o

microrganismo ,entrando em sua fase exponencial de crescimento, sendo que a maior

viscosidade (490 cP) foi obtida em uma taxa de aeração de 3,5 vvm depois de 10 dias,

resultando principalmente em um maior acumulo de micélio.

Durante o crescimento, as diversas condições a que o microrganismo é exposto

podem gerar grandes variações no grau de ramificação de alguns dos polímeros de

escleroglucana, uma β-glucana, o que pode afetar muito sua solubilidade. Quando a

escleroglucana é mais ramificada, sua solução é pseudoplástica e sua viscosidade

21

parece não ser afetada na faixa de 20 a 90°C. Em contrapartida, a viscosidade da

solução de pululana produzida por Aureobasidium pullulans ATCC9348 foi avaliada sob

diferentes condições de cultivo em biorreator e observou-se que os valores foram

constantes. Este resultado sugeriu que a massa molecular de pululana e seu grau de

polimerização não são afetados pelo meio físico (Barbosa, et al., 2004).

As características morfológicas do microrganismo também influenciam no

processo de crescimento e produção de EPSs. Em estudos realizados por Barbosa et

al., (2002), verificou-se que as características morfológicas de Paecilomyces japonica

exerceram uma influência significativa sobre a reologia do caldo contendo EPSs, já que

a forma de micélio esférico promoveu menor viscosidade do que a forma de micélio

filamentoso.

4.5- RECUPERAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE EXOPOLISSACARÍDEOS

Os exopolissacarídeos fúngicos são recuperados do meio de cultivo de forma

semelhante aos de bactérias, ou seja, através de centrifugação, filtração, agentes

precipitantes, diálise e liofilização. As centrifugações são utilizadas para separar as

células, sedimentando-as e separando-as do EPS solúvel presente no meio

extracelular. Também podem ser utilizadas para auxiliar na sedimentação posterior

dos EPSs presentes no sobrenadante, após tratamento com agentes precipitantes

(Barbosa et al., 2004).

O etanol é o agente precipitante mais comum, embora isopropanol ou cetonas

possam também ser utilizados (Barbosa et al., 2004).

A metodologia comumente utilizada para a quantificação de EPSs e biomassa

micelial é através do método gravimétrico, após separação da biomassa e extração dos

EPSs, obtidos após o período de crescimento. Após a centrifugação do meio de cultura

o sobrenadante é transferido para outro frasco e o pelete formado, após lavado com

água destilada, é seco a aproximadamente 70°C até peso constante. Para a

precipitação dos EPSs normalmente são adicionados ao sobrenadante quatro volumes

de etanol, seguido de centrifugação. Após a secagem os EPSs extraídos são pesados

(Kim et al. 2002; Lee et al. 2003; Kim et al. 2004; Xu et al. 2004; Kim et al. 2005; Cho et

al. 2006; Fernandes et al. 2011).

22

Já Selbmann et al. (2002) utilizaram dois volumes de etanol para a precipitação

de EPSs em seus trabalhos utilizando Phoma herbarum CCFEE 5080, Sclerotium

glucanicum NRRL 3006 e Botryosphaeria rhodina DABAC-P82.

A importância de um bom método para a recuperação e quantificação dos EPSs

fúngicos do meio de cultivo reside no fato de possibilitar a comparação da produção

de EPSs por uma ou outra cepa fúngica.

4.6- BIOATIVIDADE E ESTRUTURA DOS EXOPOLISSACARÍDEOS

As propriedades dos PSs são determinadas por características como tipo de

ligação glicosídica e grau de ramificação e composição monossacarídica (Silva et al.,

2006). Estas propriedades podem ser afetadas durante o crescimento do fungo em

função da composição do meio de cultura utilizado, assim como as condições de

cultivo a que esse microrganismo será exposto (Barbosa et al., 2004).

Para avançar na investigação da correlação existente entre a estrutura química

e a bioatividade dos EPSs, frações com alta pureza e diferentes propriedades

moleculares são frequentemente necessárias. Mesmo após vários estudos tendo

examinado os efeitos das condições de cultura na produção microbiana de EPSs, pouco

é sabido sobre a influencia na qualidade do produto, particularmente as características

moleculares (Xu et al., 2004).

Antes que a caracterização química seja iniciada, é necessária a purificação do

EPS, geralmente a parte mais laboriosa, pois, para se analisar a estrutura de um

polissacarídeo é necessário, primeiro, determinar os tipos de resíduos

monossacarídicos que constituem o composto biológico. Métodos espectroscópicos

como ressonância magnética nuclear e infravermelho acoplado ao transformador

Fourier são utilizados para identificar a configuração anomérica das ligações

glicosídicas do EPS (Barbosa, et al., 2004).

Diversos estudo têm demonstrado que as atividades biológicas dos EPSs estão

intimamente ligadas às suas estruturas químicas, como demonstrado nos estudos de

Barbosa et al. (2004), onde verificou-se que as propriedades reológicas e atividade

antitumor apresentadas pelas glucanas extracelulares do tipo β, especialmente

glucanas β (1->3), como escleroglucana (Sclerotium glucanicum), esquizofilana

23

(Schizophyllum commune), cinereana (Botrytis cinerea) e pestalotana (Pestalotia sp),

não eram verificadas nas glucanas do tipo α, β (1->4) ou β (1->6).

Nos estudos realizados por Fernandes et al. (2011), foi verificada a capacidade

antitumoral de EPSs secos por freeze dryer produzidos por Agaricus blazei LPB 03

contra células de Ehrlich in vitro, obtendo-se 28% de inibição utilizando-se 5 mg de

EPSs, sendo que para se obter inibição de 50% das células foram necessários 34 mg de

EPSs, uma pequena dose quando comparado com outros extratos de inibição de

células tumorais. Porém, estes EPSs também mostraram características citotóxicas,

não permitindo seu uso devido a possibilidade de danificar macrófagos.

Tais características também foram verificadas nos trabalhos realizados por Lima

et al. (2009), onde os EPSs obtidos de seis espécies de basidiomicetos apresentaram

forte atividade antitumoral, inibindo em mais de 70% o crescimento das células

tumorais na maior concentração testada (200 μg.mL-1), o que sugere que eles

apresentam potencial para investigação de novos agentes quimioterápicos contra este

tipo de tumor.

Lentinana e esquizofilana, duas glucanas fúngicas β-(1->3; 1->6), tornaram-se

clinicamente relevantes como imunoadjuvantes na terapia contra o câncer no Japão.

Estas glucanas, não citotóxicas, supostamente expressam seu efeito antitumor por

estimulação do sistema imunológico (Silva et al., 2006).

Além das características antitumorais, são observadas também funções

antioxidantes desempenhadas pelos EPSs. Em estudos realizados por Lee et al. (2003),

pode ser verificada a ação antioxidante de quatro PSs obtidos por fermentação de

Grifola frondosa.

Estudos realizados por Cheung (1996) indicaram a capacidade

hipocolesterolemiante de EPSs produzidos por Volvuriella volvacea, sendo que esta

capacidade estaria principalmente ligada à presença de β-glucanas, que seriam as

responsáveis pela diminuição da absorção do colesterol devido a formação de micelas

entre as moléculas de colesterol e os PSs.

24

4.7- PROCESSOS BIOTECNOLÓGICOS NA PRODUÇÃO DE

EXOPOLISSACARÍDEOS E SUAS APLICAÇÕES

A biotecnologia é um dos ramos mais antigos da ciência e pode ser entendida

como a tecnologia que objetiva o desenvolvimento de produtos e serviços por meio de

processos biológicos. O homem já utilizava organismos vivos, ainda que ingenuamente,

para a produção de bebidas e alimentos nos primórdios da civilização. Atualmente a

biotecnologia desperta grande interesse nos pesquisadores e na indústria, e muitos

produtos de interesse para o homem são obtidos por processos biotecnológicos

(Brock, 2010).

As indústrias de alimentos e farmacêutica têm grande interesse no

desenvolvimento de pesquisas nessa área. Dessa forma, o estudo de novos organismos

vivos que possam produzir moléculas com propriedades tecnológicas relevantes é

bastante interessante e estratégico para o Brasil, visto que é um país rico em

biodiversidade (Cunha et al., 2008).

Entretanto, para serem empregados em processos tecnológicos industriais, os

microrganismos utilizados nestes processos devem possuir outras características além

da capacidade de produzir a substância de interesse em altos níveis. O microrganismo

deve ser capaz de crescer e sintetizar o produto em larga escala, produzir esporos ou

algum tipo de estrutura reprodutiva que facilite a inoculação, além de possuir

crescimento relativamente rápido e sintetizar o produto desejado em um espaço curto

de tempo (Brock, 2010).

Os microrganismos (algas, bactérias e fungos), assim como as plantas,

produzem diferentes polissacarídeos com diversas e importantes aplicações

biotecnológicas (Silva et al., 2006). Os EPSs produzidos por microrganismos são

exemplos de produtos de interesse que podem ser obtidos a partir da manipulação de

organismos vivos. A célula microbiana pode ser uma fonte rica de moléculas de

carboidratos, sendo alguns destes componentes da parede celular, enquanto outros

podem ser encontrados completamente dissociados da célula e são conhecidos como

exopolissacarídeos (Cunha et al., 2008).

As aplicações biotecnológicas dos polissacarídeos são limitadas devido aos

problemas relacionados com as modificações físicas, químicas e enzimáticas, que são

25

necessárias para o desenvolvimento de novos produtos. Técnicas de fermentação e

biotecnologia têm sido desenvolvidas com o objetivo de sintetizar e modificar

carboidratos, sendo baseadas essencialmente no uso de polissacarídeos (França et al.,

2007).

Agentes químicos como o monoesterato glicerol e a carboximetilcelulose são

emulsificantes amplamente utilizados na indústria de alimentos. Embora muito

efetivos nas suas funções, estes componentes estão perdendo gradualmente seu

campo devido a maior conscientização dos consumidores em reduzir o uso de aditivos

artificiais ou quimicamente sintetizados em alimentos (Borges, 2004). Por isso

atualmente há considerável interesse em polissacarídeos obtidos pela ação de

microrganismos. Estes polissacarídeos, conhecidos como biopolímeros, são obtidos

por processos fermentativos. Possuem capacidade de formar soluções viscosas e géis

em meio aquoso, mesmo quando aplicados em baixas concentrações.

Um exemplo de utilização biotecnológica é a pululana, uma α-glucana

produzida pelo fungo Aureobasidium pullulans, que é resistente ao óleo e por isso

aplicada em poços de petróleo. Além disso, este EPS forma filmes solúveis em água

com baixa permeabilidade ao oxigênio e pode revestir alimentos, conservando o seu

sabor e a sua aparência (Silva et al., 2006). A pululana é também um bom adesivo e

pode ser usado na preparação de algumas fibras, como um componente de sistemas

aquosos bifásicos. Este EPS também tem sido usado para preparar padrões de massa

molecular de baixa dispersão para calibrar HPLC (Barbosa et al., 2004).

4.8- UTILIZAÇÃO DE REJEITOS INDUSTRIAIS NA PRODUÇÃO DE EPSs

A disposição de resíduos gerados pelo setor agroindustrial no meio ambiente

tem resultado em frequentes relatos de problemas de poluição. Tais problemas

levaram ao desenvolvimento de pesquisas que gerassem medidas efetivas na

minimização dos níveis de poluição. Entre essas medidas, podem ser citadas as

seguintes: minimização da quantidade de resíduo gerada; tratamento adequado dos

resíduos antes da disposição no ambiente; aproveitamento dos resíduos em outras

atividades (Canuto et al., 2006).

26

Muitos processos microbiológicos industriais utilizam rejeitos de carbono

oriundos de outras indústrias como ingredientes principais ou suplementares de meios

de cultura de larga escala, dentre eles incluem-se agua da moagem de milho, que é

rico em nitrogênio e fatores de crescimento, e o leitelho, que é rejeito da indústria de

laticínios contendo alto teor de lactose e minerais.

Analogicamente à produção de EPS, Coelho et al. (2001) utilizaram resíduo do

processamento de coco verde para a produção de enzimas mediante fermentação

semi-sólida utilizando diferentes granulometrias em pó, e verificaram produção de

diferente complexos enzimáticos ricos em diferentes atividades, validando assim a

possibilidade do uso deste resíduo na produção de enzimas, o que possibilita testes de

produção de EPS utilizando tal resíduo agroindustrial.

Selbmann et al. (2002) realizaram estudos comparando diferentes fontes de

carbono alternativas (amido de milho, farinha de trigo mole, farinha de batata, farinha

de mandioca e batata doce e farinha de batata industrial) quanto ao crescimento

micelial e produção de EPS de dois fungos, Sclerotium glucanicum NRRL 3006 e

Botryosphaeria rhodina DABAC-P82, e verificaram que ambos os fungos tiveram bom

crescimento micelial e produção de EPS em todos os meios testados na concentração

de 30 g.L-1.

4.8.1- RESÍDUO DE CERVEJARIA

Segundo Camelini (2012), o resíduo das dornas de produção de cerveja possui

aproximadamente 48,6% de carbono disponível para utilização no processo

fermentativo, indicando serem fontes ricas em açúcares, principalmente na forma de

polissacarídeos e 5% de Nitrogênio, indicando não serem fontes eficientes de

proteínas e aminoácidos, caracterizando este rejeito como sendo fonte alternativa de

carbono.

4.8.2- BAGAÇO DE MAÇÃ

O bagaço de maçã é obtido a partir do processamento da fruta para a obtenção

do suco, podendo apresentar teor de água variável (75-87%), possuindo todos os

27

componentes encontrados na fruta e no suco, sendo concentrados os valores de

açucares por se ligarem às fibras solúveis e insolúveis (Venturini, 2010).

Para ser utilizado em processos fermentativos, o bagaço de maçã deve conter

uma agregação mínima de água, obtendo-se um extrato com o maior teor de sólidos

solúveis possível (Venturini, 2010).

De acordo com Venturini (2010), o bagaço de maçã desidratado apresenta um

elevado teor de açúcares e fibras, o que torna possível sua utilização como fonte de

carbono alternativa na fermentação de fungos visando a produção de EPSs.

4.8.3- LICOR CITRICO

O número de subprodutos da industrialização do suco de laranja cresceu

significativamente nos últimos anos, podendo inclusive superar o valor comercial do

suco de laranja. Dentre os subprodutos primários gerados durante o processamento

da laranja estão cascas (interna e externa), polpa e sementes, que são ricos em

açucares e fibras, sendo passível de utilização em processos fermentativos (Venturini,

2010).

4.8.4- MELAÇO CÍTRICO

O melaço cítrico aparece como subproduto do processamento de tangerina

para a produção de sucos, sendo obtido através da prensagem do bagaço resultante

da extração do suco. O melaço compreende cerca de 8 a 15% de sólidos dissolvidos,

sendo constituído principalmente de 60-70% de carboidratos (glicose, frutose,

sacarose e pentoses) e cerca de 0,1 a 0,5% de óleos ricos em terpenos e outros sólidos

(Venturini, 2010). Devido sua alta concentração de carboidratos, o melaço cítrico pode

ser utilizado em substituição às fontes de carbono convencionais.

28

5- CONSIDERAÇÕES FINAIS

A biotecnologia tem despertado grande interesse nos pesquisadores e na

indústria, devido à obtenção de muitos produtos de interesse para o homem através

dos processos biotecnológicos.

É percebido um crescente aumento no uso de polissacarídeos microbianos nos

ramos alimentício, médio e de cosméticos devido à sua potencialidade na formação de

géis, emulsões e biofilmes, suas características funcionais, trazendo grandes benefícios

tanto ao processo tecnológico quando à saúde dos consumidores, visto que suas

características tecnológicas são semelhantes aos aditivos químicos comumente

utilizados e por possuírem composição química compatível ao metabolismo humano,

possibilitando assim sua aplicação no ramo alimentício.

Devido as propriedades dos EPSs serem afetadas durante o crescimento do

fungo em função da composição do meio de cultura e das condições de cultivo a que

esse microrganismo será exposto, torna-se indispensável a avaliação destas condições

a fim de se obter condições ótimas de crescimento micelial e produção de EPS, de

forma que as características dos EPSs produzidos não sejam afetadas diante das

condições a que o microrganismo será exposto.

Dessa forma, o estudo de novos organismos vivos que possam produzir

moléculas com propriedades tecnológicas relevantes tanto por métodos convencionais

quanto a partir de subprodutos industriais é bastante interessante e estratégico para o

Brasil, visto que é um país rico em biodiversidade.

6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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