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i Influência do acréscimo de cloreto de cálcio e clorexidina nas propriedades físico-químicas do MTA- Angelus JARDEL CAMILO DO CARMO MONTEIRO 2011

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i

Influência do acréscimo de cloreto de cálcio e clorexidina nas propriedades físico-químicas do MTA-

Angelus

JARDEL CAMILO DO CARMO MONTEIRO

2011

ii

JARDEL CAMILO DO CARMO MONTEIRO

Influência do acréscimo de cloreto de cálcio e clorexidina nas propriedades físico-químicas do MTA-Angelus

Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade Estácio de Sá, visando à obtenção do grau de Mestre em Odontologia (Endodontia).

Orientadores:

Prof. Dr. Milton Carlos Kuga Prof. Dr. José Freitas Siqueira Júnior

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ RIO DE JANEIRO

2010

iii

Agradecimentos A Deus que é soberano, sem ele nada é possível. A meus pais, Genaro e Maria das Graças, por abrirem mão dos próprios sonhos,

para dar suporte e realizar os nossos e por me darem a base que solidifica meu

caráter e a coragem em nunca desistir. Essa conquista é mais de vocês do que

minha.

A meus irmãos, Sebastião e Jean, por eu poder contar sempre com vocês e

obrigado pela amizade verdadeira e sincera. Essa amizade e esse

companheirismo são muito importantes para mim.

A minha esposa Jacqueline, pela força e apoio nesse desafio que hoje estou

concluindo. Foram dois anos em que você supria minha ausência com as

crianças, com a casa, consultório, de forma tão eficiente que só veio a confirmar a

mulher maravilhosa que eu escolhi para mim, te amo.

A meus filhos Davi e Isadora, que são hoje a razão da minha vida. Nesse período

meu pequeno botafoguense já sofria com a ausência do pai, e sempre falava

papai volta logo. Já minha princesinha chegou no meio do mestrado, justamente

no mês da tão temida “Biologia Endodôntica”, mas que presente e ela desde

bebezinho já ficava com um pouco da minha ausência.Que crianças lindas, papai

ama vocês e vocês fazem parte da realização deste sonho.

iv

A família da minha esposa (Carlinhos, Aldelúcia, Giselle, Antonio, Diogo), pelo

suporte dado, principalmente a Jacqueline e as crianças.

Ao Papagaio, Camila e Olívia, também ao Cláudio, Kristine e Bernardo pela

hospedagem e o carinho que sempre me acolhiam, fazendo com que eu me

sentisse em casa.

Ao Kuga, meu orientador e grande incentivador, a pessoa que acreditou em mim e

em meu trabalho me dando oportunidades. Ele certamente é um dos grandes

responsáveis por eu estar aqui hoje, sem ele isso não seria possível. Nossa

amizade hoje está acima do profissional, te considero um amigo de verdade. A

você Kuga minha eterna gratidão e pode sempre contar com esse seu amigo.

Ao professor Siqueira, meu orientador, muito obrigado por estar sempre disponível

quando eu solicitava e de certa forma com muito carinho. Pode ter certeza que

você ajudou muito na formação dos meus conceitos, que hoje fazem uma

diferença muito grande na minha vida profissional. Tenho uma consideração muito

grande por você e admiro muito sua história. Obrigado e parabéns pela excelência

profissional.

A Angélica, que pessoa maravilhosa, sempre amiga e prestativa nos acolhendo

sempre com muito carinho, muito obrigado por tudo.

A toda equipe de professores do PPGO e, diga-se de passagem, que equipe,

muito eficiente e competente, como vocês contribuíram. Um agradecimento

especial aos professores Júlio e Flávio.

v

Aos colegas de turma (inclui-se Márcia e Bernardo) pelas novas amizades e a

Mariana que já era uma amiga especial, pela boa convivência durante esses dois

anos. Foi bom viver essa experiência com vocês. A Márcia em especial pela ajuda

na formatação deste trabalho.

Aos professores Marco Antonio Húngaro Duarte, Marilia Afonso Rabelo Buzalaf,

Larissa Tercilia Grizzo e Gisele Faria, pelo auxílio na parte experimental do nosso

estudo.

Ao Rogério e a toda equipe de odontologia do SESI, que sempre deram cobertura

durante minhas ausências ao longo do curso.

vi

ÍNDICE

Pág.

RESUMO ...........................................................................................................vii

ABSTRACT ........................................................................................................ix

INTRODUÇÃO ...................................................................................................1

PROPOSIÇÃO ..................................................................................................9

MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................10

RESULTADOS...................................................................................................16

A) Análise de pH..........................................................................................16

B) Dosagem de cálcio..................................................................................24

C) Adaptação marginal................................................................................31

DISCUSSÃO .....................................................................................................38

CONCLUSÃO ....................................................................................................47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................48

vii

RESUMO

O objetivo deste estudo foi avaliar se o acréscimo ao Agregado de Trióxido

Mineral (MTA) de substâncias como a clorexidina (CHX) a 2% e o cloreto de cálcio

(CC) a 5%, com a finalidade de melhorar suas características antimicrobianas e

diminuir o tempo de presa, causam alterações significativas em outras

propriedades do material. Foram avaliados neste estudo, a adaptação marginal do

material retro-obturador às paredes dentinárias e também o pH e a liberação de

íons cálcio das misturas. Noventa dentes humanos extraídos com canais

obturados foram apicetomizados a 3 mm do ápice radicular e retro-preparados

com pontas de ultrassom, com 3 mm de profundidade. Os dentes foram divididos

aleatoriamente em 6 grupos com 15 espécimes cada. Os grupos foram MTA

Branco e Cinza, manipulados com água destilada, CHX ou CHX/CC. Os materiais

foram inseridos nas cavidades retro-preparadas com o auxílio de um microscópio

óptico. Na análise por estereomicroscópio com aumento de 50× não foi

visualizada qualquer desadaptação dos materiais analisados às paredes

dentinárias. Em relação ao pH, nos períodos de 24 horas e 7 dias não houve

diferenças significantes entre os grupos experimentais. Com 14 dias, o MTA cinza

com CHX/CC apresentou pH significativamente maior (p<0,05). Tal diferença

permaneceu no período de 28 dias, além do que foi observado também maior pH

do MTA cinza com CHX em relação ao MTA branco com água (p<0,05). Em

relação à liberação de íons cálcio, os grupos se assemelharam nos períodos com

24 horas e 28 dias de controle. MTA cinza com água apresentou maior liberação

de cálcio em relação ao grupo do MTA cinza com água, aos 7 dias, e em relação

viii

ao MTA cinza com CHX, aos 14 dias (p<0,05). Os resultados obtidos não

demonstraram diferenças significativas entre si (p>0,05).

Palavras-Chaves : Cirurgia perirradicular; Agregado de trióxido mineral;

Clorexidina; Cloreto de cálcio.

ix

Abstract

The purpose of this study was to evaluate the influence of 2% chlorhexidine

(CHX, added to increase antibacterial effects) and/or 5% calcium chloride (CC,

added to decrease the setting time) on the following properties of Mineral Trioxide

Aggregate (MTA): marginal adaptation, pH and calcium release. Ninety extracted

human teeth had their canals obturated and then were apicoectomized 3 mm short

of the apex. Root-end preparations (3-mm deep) were done using ultrasonic

points. Teeth were randomly divided into 6 groups with 15 specimens each. Gray

MTA (GMTA) or White MTA (WMTA) was mixed with distilled water, CHX, or

CHX/CC. Materials were inserted in the cavities under an operating microscope. In

Streriomicroscopics analysis, in 50X magnitification, was not observed

desadaptacion of the materials to retroapical cavities. As for pH, there were no

significant differences between the materials after 24 hours and 7 days. After 14

days, GMTA with CHX/CC showed a significantly higher pH (p<0.05). This

difference remained after 28 days and at this time GMTA with CHX was also

superior to WMTA in water (p<0.05). As for calcium release, all mixtures showed

similar behavior after 24 hours and 28 days. GMTA in water showed higher

calcium release than WMTA in water after 7 days and WMTA with CHX after 14

days (p<0,05). Findings suggest that the added materials do not compromise the

tested properties of MTA.

Key words: Periradicular surgery; Mineral trioxide aggregate; Chlorhexidine;

Calcium chloride.

1

INTRODUÇÃO

A cirurgia perirradicular pode ser definida como sendo o procedimento

técnico-cirúrgico que visa solucionar problemas inexequíveis ao tratamento

endodôntico convencional (KUGA & TANOMARU, 2004). A qualidade do

vedamento apical é um dos fatores determinantes do sucesso da cirurgia

perirradicular (GUTMANN & HARRISON, 1991), assim como o sepultamento de

micro-organismos remanescentes a terapia endodôntica. Diversos materiais têm

sido propostos para serem utilizados na retro-obturação, principalmente a guta-

percha, resina composta, cimentos derivados do óxido de zinco e eugenol, várias

apresentações do amálgama de prata, cimento ionomérico e ouro. As

propriedades físico-químicas de um material para ser utilizado na obturação

retrógrada devem incluir facilidade de manuseio, estabilidade dimensional,

satisfatória adaptação às margens da cavidade preparada apicalmente,

radiopacidade, insolubilidade e resistência à umidade (GARTNER & DORN, 1992).

Em virtude do sítio onde são utilizados, terço apical das raízes, apresentar

constante umidade e o acesso normalmente ser de difícil visualização, muito dos

materiais rotineiramente utilizados não apresentam comportamento adequado no

sentido de atenderem às expectativas do uso, comprometendo o sucesso das

cirurgias perirradiculares (TESTORI et al., 1999).

Esses materiais são derivados dos empregados em procedimentos

restauradores ou dos utilizados nos tratamentos dos canais radiculares, não

preenchendo os requisitos ideais para uso em obturação retrógrada

(TORABINEJAD & PITT FORD, 1996). Em 1993, foi proposto o uso do MTA

2

(agregado de trióxido mineral, do inglês Mineral Trioxide Aggregate) inicialmente

no tratamento de perfurações radiculares (LEE et al., 1993) e posteriormente

recomendado para diversas outras situações clínicas, tais como: proteção pulpar

direta, pulpotomia, tratamento de perfuração radicular, obturação de canais e

retro-obturações (TORABINEJAD & CHIVIAN, 1999).

Suas propriedades físicas, químicas e biológicas já foram exaustivamente

estudadas, sendo publicadas diversas revisões literárias a respeito

(TORABINEJAD & CHIVIAN, 1999; CAMILLERI & PITT FORD, 2006; ROBERTS

et al., 2008; PARIROKH & TORABINEJAD, 2010a). Os principais componentes do

MTA são cálcio (CaO), sílica (SiO), e óxido de bismuto (CAMILLERI et al., 2005;

SONG et al., 2006; BELÍO-REYES et al., 2009), tendo duas apresentações

comerciais, uma de coloração cinza e outra branca. Diferem entre si,

principalmente pelo menor índice de ferro, alumínio e magnésio, na forma branca

(ASGARY et al., 2005; SONG et al., 2006).

Em contrapartida, o cimento de Portland apresenta muita semelhança com

o MTA (ESTRELA et al., 2000), tanto na apresentação comercial cinza como na

branca, diferindo basicamente pela presença do óxido de bismuto (ASGARY et al.,

2005; SONG et al., 2006; OLIVEIRA et al., 2007). O pó destes compostos,

fundamentalmente, é constituído por silicato tricálcico, aluminato tricálcico, silicato

de cálcio e aluminoferrita tetracálcio (ISLAM et al., 2005).

O MTA, ao ser misturado com água, origina um gel coloidal que

posteriormente se cristaliza. Inicialmente, há a formação de hidróxido de cálcio e

silicato de cálcio hidratado (CAMILLERI, 2007). Na sequência, a proporção de

silicato de cálcio declina originando precipitado de cálcio, elevando o pH após a

3

hidratação. A resposta biológica ao MTA é similar à do hidróxido de cálcio

(HOLLAND et al., 1999), inclusive nos respectivos mecanismos de ação,

(HOLLAND et al., 2001).

As características do MTA podem ser influenciadas por diversos fatores,

dentre eles, a relação pó:líquido (HAWLEY et al., 2010), método de inserção do

material na cavidade (YEUNG et al., 2006), umidade do local (WALKER et al.,

2006), presença de sangue na cavidade (VANDERWEELE et al., 2006), tipo e

condições de armazenamento, pH do local a ser inserido, tempo de preparação e

avaliação, espessura do material inserido, temperatura e tipo de veículo utilizado

(PARIROKH & TORABINEJAD, 2010a).

Entretanto, o tempo de presa do MTA é relativamente longo, em torno de

aproximadamente 3 horas (TORABINEJAD et al., 1995b), podendo dificultar o

manuseio clinico, assim como prejudicar o vedamento (principalmente em

obturação retrógrada) promovendo inclusive seu deslocamento da cavidade apical

(KOGAN et al., 2006; HOLT et al., 2007; HOLLAND et al., 2007; WILTBANK et al.,

2007; BER et al., 2007). Em função da similaridade entre o MTA e o cimento de

Portland (HOLLAND et al., 1999), muitos dos materiais e técnicas de manuseio

das propriedades físicas e químicas do cimento de Portland podem ser

paralelamente empregadas para o MTA. Objetivando reduzir o tempo de presa

dos materiais, podem ser empregados os aceleradores de presa; sendo os mais

usuais o cloreto de cálcio (CaCl2), formato de cálcio e cloreto de potássio (KCl)

(RAMACHANDRAN et al., 1995). Entretanto, estas modificações ainda não foram

suficientemente avaliadas para serem rotineiramente indicadas no tratamento dos

canais radiculares.

4

Objetivando avaliar materiais que reduzam o tempo de presa, KOGAN et al.

(2006) compararam o NaOCl gel a 3%, uma solução lubrificante (K-Y gel, Johnson

& Johnson), solução salina, lidocaína a 2%, gel de gluconato de clorexidina e

cloreto de cálcio a 3% e 5%, como aditivos do MTA. Constataram que o gel de

hipoclorito de sódio, K-Y gel e cloreto de cálcio a 5% reduziram o tempo de presa

do MTA para 20-25 min., porém há redução da resistência à compressão em

relação ao composto misturado com água. Em função da facilidade de manuseio e

bom tempo de trabalho, sugerem o gel de NaOCl para os casos mais simples,

onde não há necessidade de resistência à compressão.

BORTOLUZZI et al. (2006), avaliaram a influência no pH e liberação de

cálcio após a adição de CaCl2 a 10% ao ProRoot MTA, WMTA e ao cimento

Portland branco. Tubos de polietileno foram individualmente preenchidos com uma

das associações e imersos em 10 ml de água deionizada, sendo analisadas após

30, 60 minutos e 24 horas. As medidas foram obtidas empregando um pHmetro e

espectrometria de absorção atômica. Nas composições em que o CaCl2 foi

utilizado, obteve-se uma imediata elevação do pH, sendo que nos demais

períodos, se assemelharam às formulações puras. Em relação à liberação de

cálcio, foi observado semelhante comportamento, apresentando maior liberação

também no período de 24 horas. Ressaltam que o manuseio e o tempo de presa

do MTA associado ao CaCl2 é facilitado, necessitando também menor quantidade

de água para na obtenção da mistura (BORTOLUZZ et al., 2006).

BER et al. (2007) propuseram a associação do cloreto de cálcio a 2% em

diversas concentrações do metilcelulose (1% a 3%) como aditivos do MTA ou

cimento de Portland e avaliaram a resistência à compressão e o tempo de presa

5

das associações. A adição do CaCl2 isoladamente ao cimento de Portland resultou

em um significativo aumento de resistência à compressão apenas nas primeiras

24 horas, em comparação aos demais grupos. Em 3 semanas, todos os grupos

demonstraram redução da resistência à compressão em relação ao controle com o

cimento Portland. Não houve diferenças significantes entre os grupos do MTA

puro e os acrescidos de aditivos, tanto no período de 24 horas como no de 3

semanas. A adição do cloreto de cálcio ao cimento de Portland fez com que

houvesse significativa redução do tempo de presa, tanto isoladamente ou

acrescido de metilcelulose. Porém, o tempo necessário à presa final foi maior

quanto maior a concentração de metilcelulose agregada à mistura. Semelhante

comportamento também ocorreu para o MTA puro ou acrescido de CaCl2 e/ou

metilcelulose.

WILTBANK et al. (2007), objetivando obter um acelerador do tempo de

presa para o GMTA, WMTA e cimento de Portland, avaliaram a adição do cloreto

de cálcio, nitrato/nitrito de cálcio e formato de cálcio como aditivos. Para tanto,

analisaram a estabilidade dimensional, temperatura durante a reação de presa e o

pH proporcionado pelas associações. Todos os 3 aditivos reduziram

significantemente o tempo de presa do GMTA e do cimento de Portland, porém

somente o cloreto e o formato de cálcio o reduziram para o WMTA. A estabilidade

dimensional não diferiu entre os grupos experimentais e o grupo controle. Em

relação ao pH, foi perceptível após 24h, um menor valor para os grupos que

continham o nitrato/nitrito de cálcio e o formato de cálcio.

Em contrapartida, DING et al. (2008) avaliaram as propriedades físico-

químicas e citotoxidade, com células L929 (fibroblastos), do MTA misturado com

6

água destilada e solução tamponada de Na2HPO4. O tempo de presa e pH foram

avaliados, bem como os corpos de prova analisados com microscopia eletrônica

de varredura. Os resultados demonstraram que o Na2HPO4 reduziu o tempo de

presa e o pH foi similar entre os grupos. Em relação à citotoxidade, não

observaram existir diferenças entre os grupos experimentais. Sendo assim,

concluem que o Na2HPO4 é um adequado aditivo para o MTA, objetivando

acelerar a presa final do material (DING et al., 2008). HUANG et al. (2008)

também avaliaram o fosfato de sódio dibásico como aditivo do WMTA. O tempo de

presa foi reduzido para 26 minutos, significantemente menor que o tempo usual de

3 horas. O valor do pH também obteve elevação em seus valores, alterando do

índice 11 inicial para 13,2 no término da avaliação. Concordam, portanto, com os

achados de DING et al. (2008).

McNAMARA et al. (2010) avaliaram a biocompatibilidade, através da

resposta tecidual em mandíbula de rato, do GMTA misturado ao cloreto de cálcio

(CaCl2), nitrito/nitrato de cálcio ou formato de cálcio e o compararam com o grupo

em que foi utilizada somente a água estéril. Após a realização dos implantes, 2 ou

8 semanas após, a região onde foram implantados os corpos de prova

experimentais foram coletados, e histologicamente processados, com coloração

de hematoxilina e eosina, e observados através de microscopia óptica

convencional. Não observaram diferenças significantes entre os grupos

experimentais e o grupo controle, tendo a grande maioria dos casos apresentado

respostas inflamatórias discretas a moderadas. Em 8 semanas de avaliação, o

grupo com formato de cálcio apresentou maior reação inflamatória que os demais,

ao passo que, o grupo com CaCl2 e CaN/N não diferiram entre si ou do grupo

7

controle. Concluíram que os aceleradores do tempo de presa representam uma

boa alternativa em termos de manuseio clínico, sem que ocorram alterações

biológicas significantes.

Outra preocupação que se tem observado, em relação aos aditivos do MTA,

é a sua potencialização antimicrobiana. Isoladamente, os resultados referentes à

ação antimicrobiana são conflitantes, seja em microorganismos anaeróbios

facultativos ou estritos, assim como em fungos (PARIROKH & TORABINEJAD,

2010a). O gluconato de clorexidina a 0,12%, em substituição à água estéril,

associado ao WMTA produziu maiores halos de inibição de crescimento frente às

espécies Actinomyces odontolyticus, Fusobacterium nucleatum, Streptococcus

sanguinis, Enterococcus faecalis, Escherichia coli, Staphylococcus aureus,

Pseudomonas aeruginosa e Candida albicans (STOWE et al., 2004). Resultados

semelhantes foram obtidos por HOLT et al. (2007) ao avaliarem a ação

antimicrobiana da clorexidina líquida a 2% sobre E. faecalis.

Quando estamos diante de um caso onde a cirurgia perirradicular é a

melhor indicação, na maioria das vezes, a região a ser operada está contaminada

e todos os esforços devem ser feitos no sentido de diminuir ou eliminar os

microorganismos, pois esses são os principais agentes etiológicos da formação e

manutenção de uma lesão. Com isso, buscou-se melhorar as propriedades

antibacterianas do MTA. Diferentes aditivos têm sido propostos com este objetivo,

dentre eles a clorexidina (MOHAMMADI & ABBOTT, 2009).

A clorexidina é uma substância composta estruturalmente por dois anéis

clorofenólicos nas extremidades, ligados a um grupamento biguanida de cada

lado, conectados por uma cadeia central de hexametileno (LOPES & SIQUEIRA,

8

2010). É praticamente insolúvel em água, por isso na Odontologia é mais utilizado

o sal digluconato de clorexidina em solução aquosa. Com eficiência antisséptica

comprovada, possui diversas indicações, dentre elas, sua utilização como solução

irrigadora durante o tratamento endodôntico convencional. SIQUEIRA et al.

(2002), comparando a irrigação química dos canais radiculares com infecção e

lesão perirradicular associada onde foram utilizadas clorexidina a 0,12% e NaOCl

a 2,5%, constataram que não houve diferença significante na ação antibacteriana

das substâncias analisadas. Quanto à concentração, SIQUEIRA et al. (1998)

avaliaram os efeitos inibitórios da clorexidina 0,12% e 2% sobre anaeróbios

estritos facultativos, não encontrando diferença significante entre tais substâncias.

Uma característica importante que a clorexidina apresenta é o efeito residual

antibacteriano, também conhecido como substantividade. Essa propriedade é de

grande valia, pois mesmo após o término do procedimento, mantém seus efeitos

por períodos prolongados, conseguindo atuar em bactérias que não foram

eliminadas em um procedimento inicial (MOHAMMADI & ABBOTT, 2009).

A manipulação e inserção do MTA nos canais radiculares pode também ser

otimizada aplicando-se indiretamente o ultrassom no momento da inserção do

material (YEUNG et al., 2006). A introdução no interior dos canais radiculares

pode ser facilitada incorporando o pó do composto ao propilenoglicol, sem que

suas propriedades biológicas sejam alteradas, (HOLLAND et al., 2007).

Sendo assim, observa-se na literatura pertinente citações propondo aditivos

ao MTA. Porém, há carência de estudos referentes às possíveis alterações físico-

químicas que tais modificações possam ocasionar principalmente com relação à

adaptação marginal do material retrógrado à cavidade retropreparada.

9

PROPOSIÇÃO

O objetivo do presente estudo foi avaliar a influência de alguns aditivos ao

MTA branco e cinza quanto à adaptação marginal do material em cavidades

retropreparadas, através de estereomicroscopia, bem como à medida de pH e

dosagem de cálcio liberado pelos compostos, nos períodos de 24h, 7, 14 e 28

dias. As associações propostas foram:

1. MTA cinza e água destilada estéril;

2. MTA cinza e gluconato de clorexidina a 2,0%;

3. MTA cinza e gluconato de clorexidina a 2,0% associado ao cloreto de

cálcio a 5%;

4. MTA branco e água destilada estéril;

5. MTA branco e gluconato de clorexidina a 2,0%;

6. MTA branco e gluconato de clorexidina a 2,0% associado ao cloreto de

cálcio a 5%.

10

MATERIAIS E MÉTODOS

Análise da adaptação marginal dos materiais

Previamente aprovado pelo comitê de ética, noventa dentes unirradiculares

humanos extraídos (incisivos superiores e caninos), com canais previamente

instrumentados até a lima 50-60 a 1mm do forame apical e obturados com guta-

percha e cimento Sealer 26 (Dentsply/Maillefer, Petrópolis, RJ) nesta medida,

tiveram os segmentos apicais radiculares seccionados em 90° com o longo eixo

radicular, utilizando uma broca carbide no 699 (KG Sorensen, Cotia, SP, Brasil),

em alta rotação com refrigeração, a 3 mm do ápice radicular.

No local correspondente à luz do canal principal, uma cavidade foi

retropreparada com a ponta diamantada E32D (NSK INC, Tochigi, Japão), com 3

mm de extremidade ativa, acionada com a unidade de ultrassom Various 350 LUX

(NSK INC, Tochigi, Japão), em potência indicada pelo fabricante, de tal forma que

toda a parte ativa penetrasse no interior do respectivo canal.

Após a irrigação das cavidades com 5 ml de soro fisiológico, os dentes

foram distribuídos aleatoriamente em 6 grupos experimentais, com 15 espécimes

cada, em função do tipo de aditivo acrescido ao líquido do MTA cinza ou branco

(Angelus SA, Londrina, PR).

As diferentes associações foram manipuladas, adicionando-se 0,37 ml do

líquido a 1g do pó. A seguir apresentamos a distribuição dos grupos estudados :

1. MTA cinza (GMTA) e água destilada estéril;

2. MTA cinza (GMTA) e 0,37 ml de gluconato de clorexidina a 2,0% líquida

(Farmácia Arte e Ciência, Araraquara, SP);

11

3. MTA cinza (GMTA) e gluconato de clorexidina a 2,0% líquida (Farmácia

Arte e Ciência, Araraquara, Brasil) associado ao cloreto de cálcio a 5% (Dinâmica

Química Contemporânea, Diadema, SP), sendo 0,185 ml de digluconato de

clorexidina a 2,0% e 0,185 ml de cloreto de cálcio a 5%;

4. MTA branco (WMTA) e água destilada estéril;

5. MTA branco (WMTA) e 0,37 ml de gluconato de clorexidina 2,0%

(Farmácia Arte e Ciência);

6. MTA branco (WMTA) e gluconato de clorexidina 2,0% (Farmácia Arte e

Ciência) associado ao cloreto de cálcio a 5% (Dinâmica Química Contemporânea),

sendo 0,185 ml de digluconato de clorexidina a 2,0% e 0,185 ml de cloreto de

cálcio a 5%.

Os compostos foram espatulados sobre uma placa de vidro estéril, com

espátula metálica no 24, em temperatura ambiente de aproximadamente 25oC,

com a quantidade suficiente para preencher 5 cavidades a cada vez. Todas as

associações foram inseridas nas respectivas cavidades, com auxilio de

microscópio operatório e condutor para MTA, sendo comprimidas, sob força

moderada, em direção ápico-coronal com condensador 6331, no 1 (Golgran

Instrumentos cirúrgicos e odontológicos, São Paulo, SP), deixando-as no mesmo

plano da superfície apicetomizada. Após a condensação, o material foi brunido em

direção ao perímetro da cavidade, com auxílio do brunidor no 1 duplo para

amálgama (Golgran Instrumentos Cirúrgicos e Odontológicos, São Paulo, SP).

Após a inserção dos materiais, os noventa dentes tiveram o segmento

apical remanescente imerso individualmente em esponjas hemostáticas

(HEMOSPON®, TECKNEW Ind., São Paulo, SP), previamente preparadas,

12

embebidas com soro fisiológico e mantidas durante 24 horas sobre uma bandeja

adaptada em caixa plástica vedada, contendo 250 ml de água deionizada, à

temperatura de 37oC, simulando o ambiente de umidade apresentado na cirurgia.

Concluído o período de imersão, os ápices dos espécimes foram

fotografados em estereomicroscópio Leica S8 APO (Leica Microsystems Ernst-

Leitz-Strasse, Wetzlar, Alemanha), em aumento padronizado de 50× e

devidamente calibrado com escala em micrômetros. As imagens digitalizadas

foram transferidas para o programa Image Tools for Windows v.3.00 da

Universidade do Texas, Health Science Center (San Antonio, TX, EUA) e a área

de desadaptação entre o material e a parede dentinária foi quantificada em

milímetros quadrados.

Avaliação do pH

Para se determinar a quantidade de íons Ca2+ e hidroxila (OH-) liberados

pelas associações do pó do MTA (Angelus SA, Londrina, PR), as amostras foram

manipuladas de modo idêntico ao descrito anteriormente.

Após o preparo das amostras, o composto foi inserido em um tubo de

polietileno, com 1,5 mm de diâmetro interno e 5,0 mm de comprimento, em um

total de 10 tubos para cada grupo experimental, totalizando 60 corpos de prova

experimentais. Imediatamente após a sua manipulação, os tubos foram colocados

em frascos plásticos de 20 ml, imersos em 10 ml de água deionizada, e mantidos

em estufa a 37oC.

13

Após 24 horas de imersão, o pH da água deionizada foi medido,com auxílio

de pHmetro DM 23 (Digimed, São Paulo, SP, BR), devidamente calibrado

conforme indicação do fabricante, na temperatura ambiente de 25oC.

Imediatamente após a avaliação do pH da solução, os tubos foram novamente

imersos, individualmente, em outros 10 ml de água deionizada e mensurações

similares foram executadas em 24 h, 7, 14 e 28 dias.

Os dados obtidos foram submetidos ao teste estatístico de Kruskal Wallis e,

ao contraste de Dunn, pois não houve distribuição normal.

Avaliação e quantificação de cálcio liberado

Para monitoração do Ca++ foi empregado um espectrofotômetro de absorção

atômica (Figura 1) equipado com uma lâmpada de cátodo oco específica para o

cálcio. As condições de operação foram:

• Corrente da lâmpada: 3 miliamperes

• Combustível: Acetileno

• Suporte: Oxigênio

• Estequiometria: Redutor

14

Figura 1. Espectrofotômetro de absorção atômica empregado na medição do cálcio na água em que os materiais estavam imersos.

Para o comprimento da onda e fenda foram efetuados testes pilotos para a

determinação correta. Para prevenir possíveis interferências de metais alcalinos,

foi preparada uma solução de lantânio, diluindo-se 9,8 g de cloreto de lantânio em

250 ml de solução ácida.

Uma solução estoque de cálcio foi preparada diluindo-se 2,4972 g de

carbonato de cálcio em 50ml de água MilliQ. A essa solução foi adicionada, gota a

gota, 10 ml de ácido clorídrico concentrado. Posteriormente diluiu-se em 1000 ml

de água MilliQ. Após o preparo, 1,00ml deste preparado correspondia a 1mg de

cálcio. Com esta solução, preparou-se as soluções padrões de cálcio, sendo elas:

20 mg/l, 10 mg/l, 5mg/L, 2.5 mg/l, 1.25 mg/l.

Na leitura, os 6ml dos padrões ou da água das amostras foram associadas

a 2ml da solução de cloreto de Lantânio. Para o branco, 6 ml de água MilliQ foi

associada a mesma quantidade (2ml) de solução de cloreto de lantânio.

15

Com os padrões, o branco e as amostras preparadas, foi efetuada a leitura

no espectrofotômetro de absorção atômica. Para levar o aparelho a zero de

absorbância, empregou-se a solução de ácido nítrico. Os cálculos da liberação

foram efetuados por meio da equação da reta da curva padrão. A leitura da

liberação de íons Ca++ foi efetuada nos mesmos períodos utilizados para a leitura

do pH. Com os dados em mãos os mesmos foram submetidos a análise

estatística, empregando-se o teste Kruskal-Wallis para comparação global e o

teste de Dunn paras as comparações individuais na análise do cálcio. Para ambos

os testes, empregou-se nível de significância de 5%.

16

RESULTADOS

Os resultados obtidos são apresentados de acordo com o tipo de análise e

tempo de avaliação.

A) Análise de pH

a.1. Período de 24 horas:

Os valores obtidos na análise do pH estão descritos na tabela 1.

Tabela 1. Valores obtidos de pH, em função dos grupos experimentais, no período de 24 horas

I II III IV V VI

1 9.27 9.43 10.31 8.64 9.60 10.92

2 10.25 8.71 10.70 9.43 10.25 11.11

3 9.24 9.46 10.57 9.07 9.03 9.95

4 8.89 9.75 9.04 9.48 9.57 10.26

5 9.64 10.00 9.76 9.47 10.23 8.68

6 10.41 9.17 10.62 9.26 10.41 10.87

7 8.74 9.48 10.05 8.30 9.46 10.52

8 9.98 9.41 10.41 9.00 11.00 8.92

9 9.29 10.04 8.89 9.29 10.68 9.17

10 10.8 9.40 9.80 9.53 10.40 10.58

17

Sobre os dados apresentados na tabela 1, foi aplicado o teste de Kruskal-

Wallis, obtendo Hobs = 12,8586, não existindo diferenças significantes entre os

grupos experimentais, em nível de significância de 5%. A tabela 2 apresenta a

média aritmética e desvio padrão dos valores obtidos em função dos grupos

experimentais.

Tabela 2. Média aritmética e desvio padrão obtidos através da análise de pH, em função dos grupos experimentais I II III IV V VI

Média

aritmética

9.651 9.485 10.015 9.247 10.063 10.098

Desvio

padrão

0.684502 0.388709 0.642482 0.642482 0.618566 0.882796

Entre os grupos experimentais, não ocorreram diferenças significantes (p >

0,05) nos valores do pH a partir da análise da água destilada em que os corpos de

prova ficaram imersos por 24 horas. Entretanto, para os grupos em que o cloreto

de cálcio estava associado (III e VI), houve maiores valores do pH.

a.2. Período de 7 dias

Os valores obtidos na análise do pH, após 7 dias, estão descritos na tabela

3.

18

Tabela 3. Valores obtidos do pH, em função dos grupos experimentais, no período de 7 dias

I II III IV V VI

1 9.95 9.89 9.79 11.29 9.73 9.90

2 10.01 9.84 9.76 9.15 9.70 9.84

3 9.90 9.92 9.86 9.12 9.62 9.63

4 9.84 9.85 9.80 10.90 9.73 9.71

5 9.94 9.90 9.65 9.11 9.70 9.70

6 9.97 9.91 9.66 9.82 9.78 9.89

7 9.00 9.89 9.72 9.87 9.65 9.71

8 9.86 9.82 9.71 9.85 9.56 9.62

9 9.80 9.95 9.72 9.76 11.71 9.81

10 9.80 9.96 9.83 9.55 10.17 9.65

Sobre os dados apresentados na tabela 3, foi aplicado o teste de Kruskal

Wallis, obtendo Hobs = 14,2176, não existindo diferenças significantes entre os

grupos experimentais, em nível de significância de 5%. A tabela 4 apresenta a

média aritmética, desvio padrão e posto médio dos valores obtidos em função dos

grupos experimentais.

19

Tabela 4. Média aritmética e desvio padrão obtidos através da análise de pH, em função dos grupos experimentais I II III IV V VI

Média

aritmética

9.807 9.893 9.750 9.842 9.935 9.746

Desvio

padrão

0.292463 0.045717 0.070079 0.733739 0.645106 0.105746

Entre os grupos experimentais, não ocorreram diferenças significantes (p >

0,05) nos valores do pH a partir da análise da água destilada em que os corpos de

prova ficaram imersos por 7 dias.

a.3. Período de 14 dias

Os valores obtidos na análise do pH estão descritos na tabela 5.

20

Tabela 5. Valores obtidos do pH, em função dos grupos experimentais, no período de 14 dias

I II III IV V VI

1 10.04 9.98 10.25 9.10 9.90 9.62

2 9.84 10.13 10.27 9.94 10.03 9.88

3 10.12 9.92 10.53 10.24 9.60 9.92

4 10.32 9.90 10.33 9.78 9.60 10.01

5 10.01 9.96 9.95 10.14 9.99 9.61

6 9.82 10.28 9.90 9.63 10.13 9.41

7 10.33 10.20 10.16 10.14 9.91 9.42

8 10.24 10.25 9.99 9.94 9.08 9.18

9 10.07 10.26 10.12 10.11 9.53 10.65

10 10.15 10.20 10.15 10.18 9.24 9.60

Sobre os dados apresentados na tabela 5, foi aplicado o teste de Kruskal-

Wallis, obtendo Hobs = 15.5320, demonstrando existir diferenças significantes entre

os grupos experimentais, em nível de significância de 5%. A tabela 6 apresenta a

média aritmética, desvio padrão e posto médio dos valores obtidos em função dos

grupos experimentais.

21

Tabela 6. Média aritmética, desvio padrão e postos médios obtidos através da análise de pH, em função dos grupos experimentais I II III IV V VI

Média

aritmética

10.09 10.10 10.16 9.92 9.70 9.94

Desvio

padrão

0.177025 0.151716 0.190916 0.346378 0.350696 0.317238

Posto

médio

36.35 37.75 41.10 27.70 15.15 24.95

Ao teste de Dunn, em comparações um a um, com nível de significância de

5%, tendo como Hcrít= 2,935, foi detectada apenas diferença entre o Grupo III e o

Grupo V (Hobs=3,3226). Desta forma, o GMTA com cloreto de cálcio apresentou

maior valor médio de pH do que o WMTA com clorexidina, diferindo

significantemente entre si (p < 0,05).

a.4. Período de 28 dias

Os valores obtidos na análise do pH estão descritos na tabela 7.

22

Tabela 7. Valores obtidos do pH, em função dos grupos experimentais, no período de 28 dias

I II III IV V VI

1 10.05 11.03 10.40 10.17 9.61 10.75

2 10.28 11.07 10.94 9.42 9.61 9.02

3 10.67 10.66 10.72 10.22 9.97 10.26

4 10.78 10.69 10.50 9.12 10.36 9.57

5 10.30 10.76 10.61 10.48 10.69 10.22

6 10.38 10.31 10.25 10.15 9.99 10.16

7 10.65 10.48 10.69 10.36 10.04 10.78

8 10.26 9.92 10.69 9.69 8.85 8.94

9 9.41 10.26 10.78 8.56 8.57 10.21

10 10.39 10.23 10.09 10.10 9.01 10.06

Sobre os dados apresentados na tabela 7, foi aplicado o teste de Kruskal-

Wallis, obtendo Hobs = 21,5245, demonstrando existir diferenças significantes entre

os grupos experimentais. A tabela 8 apresenta a média aritmética, desvio padrão e

posto médio dos valores obtidos em função dos grupos experimentais.

23

Tabela 8. Média aritmética, desvio padrão e postos médios obtidos através da análise de pH, em função dos grupos experimentais I II III IV V VI

Média

aritmética

10.31 10.54 10.56 9.82 9.67 9.99

Desvio

padrão

0.388446 0.368434 0.258287 0.61923 0.680768 0.634999

Posto

médio

34.90 41.80 44.10 20.15 16.70 25.35

Ao teste de Dunn, com nível de significância de 5%, tendo como Hcrítico=

2,935, foram detectadas entre os grupos experimentais, as seguintes diferenças:

Grupo II x Grupo V (Hobs=3,2137)

Grupo III x Grupo IV (Hobs=3,0665)

Grupo III x Grupo V (Hobs=3,5082)

Desta forma, o GMTA com clorexidina apresentou maior valor médio de pH

do que o WMTA com clorexidina. Da mesma forma, o GMTA com cloreto de cálcio

apresentou maior valor médio de pH do que o WMTA com água ou com

clorexidina (p < 0.05).

24

b. Dosagem de cálcio total

b.1. Período de 24 horas:

Os valores obtidos na dosagem de cálcio através do uso de espectrometria

de absorção atômica encontram-se discriminados na tabela 9.

Tabela 9. Valores obtidos de cálcio total, através de absorção atômica (em mg/L), em função dos grupos experimentais, no período de 24 horas

I II III IV V VI

1 17.40 17.70 18.39 19.15 17.06 14.59

2 17.33 25.72 28.17 18.62 25.96 29.46

3 19.13 18.32 13.41 18.05 16.15 20.16

4 18.01 23.52 28.70 18.38 32.28 32.66

5 19.18 16.58 23.21 21.60 17.46 18.96

6 14.43 32.30 28.08 14.91 32.87 36.10

7 21.50 20.94 27.36 18.38 18.00 19.77

8 15.37 29.23 16.76 14.94 30.66 27.90

9 19.23 15.28 19.29 21.35 14.92 15.09

10 14.01 20.74 22.67 11.17 24.67 26.50

Sobre os dados apresentados na tabela 9 foi aplicado o teste de Kruskal-

Wallis, obtendo Hobs = 9,0304, não demonstrando diferenças significantes entre

25

os grupos experimentais, em nível de significância de 5%. A tabela 10 apresenta a

média aritmética e desvio padrão dos valores obtidos em função dos grupos

experimentais.

Tabela 10. Média aritmética e desvio padrão da quantidade de cálcio total (em mg/L), obtidos através de espectrometria de absorção atômica, em função dos grupos experimentais I II III IV V VI

Média

aritmética

17.55 22.03 22.60 17.65 23.00 24.11

Desvio

padrão

2.377634 5.615249 5.462413 3.171944 7.125427 7.44246

b.2. Período de 7 dias:

Os valores obtidos na dosagem de cálcio através do uso de espectrometria

de absorção atômica encontram-se discriminados na tabela 11.

26

Tabela 11. Valores obtidos de cálcio total, através de absorção atômica (em mg/L), em função dos grupos experimentais, no período de 7 dias

I II III IV V VI

1 12.67 13.14 12.79 17.94 19.07 25.27

2 12.49 15.91 13.14 18.78 15.21 12.57

3 12.14 13.74 13.58 26.21 21.62 13.22

4 13.59 12.36 15.65 21.10 16.74 22.76

5 13.12 12,51 13.17 23.98 17.73 13.32

6 11.85 10.61 13.37 10.06 14.30 20.35

7 13.69 14.46 12.92 19.34 12.19 12.76

8 14.84 12.34 13.85 13.32 19.33 20.72

9 13.43 14.50 13.90 14.57 14.48 15.25

10 12.98 15.23 11.84 19.33 22.18 13.69

Sobre os dados apresentados na tabela 11, foi aplicado o teste de Kruskal-

Wallis, obtendo Hobs = 14,02706, demonstrando diferenças significantes entre os

grupos experimentais, em nível de significância de 5%. A tabela 12 apresenta a

média aritmética, desvio padrão e posto médio dos valores obtidos em função dos

grupos experimentais.

27

Tabela 12. Média aritmética, desvio padrão e posto médio da quantidade de cálcio total (em mg/L), obtidos através de espectrometria de absorção atômica, em função dos grupos experimentais I II III IV V VI

Média

aritmética

13.08 13.58 13.42 18.46 17.28 16.99

Desvio

padrão

0.867723 1.477853 0.98322 4.847889 3.294093 4.785191

Posto

médio

19.15 23.85 23.55 43.00 37.05 36.40

Ao teste de Dunn, em comparações um a um, com nível de significância de

5%, tendo como Hcrít= 2,935, foi detectada entre os grupos experimentais, a

seguinte diferença:

Grupo I x Grupo IV (Hobs=3,0537)

Desta forma, quando utilizada apenas a água destilada como veículo, o

GMTA apresentou maior valor médio de cálcio total liberado do que o WMTA (p <

0.05).

b.3. Período de 14 dias:

Os valores obtidos na dosagem de cálcio através do uso de espectrometria

de absorção atômica encontram-se discriminados na tabela 13.

28

Tabela 13. Valores obtidos de cálcio total, através de absorção atômica (em mg/L), em função dos grupos experimentais, no período de 7 dias

I II III IV V VI

1 10.84 13.07 17.46 8.33 8.40 10.55

2 14.75 11.08 11.16 13.27 10.22 10.61

3 12.74 12.37 14.41 13.44 13.58 11.83

4 15.31 13.98 10.98 12.67 9.52 10.03

5 13.68 13.27 10.49 13.44 9.10 22.46

6 11.61 18.91 11.07 8.33 11.10 11.87

7 16.41 10.96 11.27 15.15 11.38 12.46

8 16.00 10.06 12.40 8.44 8.16 8.46

9 10.54 14.95 12.45 10.08 10.27 12.00

10 13.30 13.18 12.50 9.31 10.31 8.25

Sobre os dados apresentados na tabela 13, foi aplicado o teste de Kruskal-

Wallis, obtendo Hobs = 14,9299, demonstrando existirem diferenças significantes

entre os grupos experimentais, em nível de significância de 5%. A tabela 14

apresenta a média aritmética, desvio padrão e posto médio dos valores obtidos

em função dos grupos experimentais.

29

Tabela 14. Média aritmética, desvio padrão e posto médio da quantidade de cálcio total (em mg/L), obtidos através de espectrometria de absorção atômica, em função dos grupos experimentais I II III IV V VI

Média

aritmética

13.51 13.18 12.41 11.24 10.20 11.85

Desvio

padrão

2.097965 2.502328 2.105561 2.602995 1.588782 3.999438

Posto

médio

42.30 38.15 33.70 26.45 17.30 25.10

Ao teste de Dunn com nível de significância de 5%, tendo como Hcrít= 2,935,

foi detectada entre os grupos experimentais, a seguinte diferença:

Grupo I x Grupo V (Hobs=3,2009)

Desta forma, o GMTA com água destilada proporcionou maior liberação de

cálcio total do que o WMTA associado à clorexidina (p <0,05).

b.4. Período de 28 dias:

Os valores obtidos na dosagem de cálcio através do uso de espectrometria

de absorção atômica encontram-se discriminados na tabela 15.

30

Tabela 15. Valores obtidos de cálcio total, através de absorção atômica (em mg/L), em função dos grupos experimentais, no período de 24 horas

I II III IV V VI

1 29.70 14.72 23.33 11.31 13.88 16.04

2 22.80 18.61 13.33 9.94 24.42 13.65

3 14.20 19.96 34.55 8.47 19.08 14.98

4 14.88 24.10 13.78 19.28 11.10 25.15

5 14.23 14.31 22.98 15.07 14.69 13.70

6 10.80 14.09 20.86 13.55 11.43 13.27

7 11.06 16.56 27.21 16.60 9.59 12.96

8 24.71 19.31 12.03 16.04 13.70 11.74

9 15.68 13.31 21.27 13.17 12.47 24.58

10 14.54 10.66 22.32 10.72 13.95 15.34

Sobre os dados apresentados na tabela 15, foi aplicado o teste de Kruskal-

Wallis, obtendo-se Hobs = 9,3210, não demonstrando existir diferenças

significantes entre os grupos experimentais, em nível de significância de 5%. A

tabela 16 apresenta a média aritmética e desvio padrão dos valores obtidos em

função dos grupos experimentais.

31

Tabela 16. Média aritmética e desvio padrão da quantidade de cálcio total (em mg/L), obtidos através de espectrometria de absorção atômica, em função dos grupos experimentais I II III IV V VI

Média

aritmética

17.26 16.56 21.66 13.41 14.43 16.14

Desvio

padrão

6.282454 3.945434 6.867746 3.374299 4.345011 4.764129

Entre os grupos experimentais, não ocorreram diferenças significantes (p >

0,05) nos valores obtidos de cálcio total presente na análise da água destilada em

que os corpos de prova ficaram imersos por 28 dias.

C) Avaliação da adaptação marginal das retro-obtura ções

Após a análise da adaptação marginal proporcionada pelos diversos grupos

experimentais, em cada um dos ápices radiculares (n=15), com auxílio de

estereomicroscópio calibrado em aumento de 50×, foi constatado não haver

diferenças entre as variáveis examinadas (n=6). Todos os espécimes

apresentaram-se perfeitamente adaptados à circunferência do preparo apical

radicular, não cabendo análise estatística para esta etapa do estudo.

As figuras 1, 2, 3, 4, 5 e 6 representam respectivamente os grupos

experimentais: G I – GMTA com água; G II – GMTA com clorexidina; G III –

GMTA com cloreto de cálcio; G IV – WMTA com água; G V – WMTA com

clorexidina; e G VI – WMTA com cloreto de cálcio.

32

Figura 1 – Imagens representativas da adaptação do G I – GMTA com água ao contorno do preparo apical radicular, com aumento de 50x.

33

Figura 2 – Imagens representativas da adaptação do G II – GMTA com clorexidina ao contorno do preparo apical radicular, aumento de 50x.

34

Figura 3 – Imagens representativas da adaptação do G III – GMTA com cloreto de cálcio ao contorno do preparo apical radicular, com aumento de 50x.

35

Figura 4 – Imagens representativas da adaptação do G IV – WMTA com água ao contorno do preparo apical radicular, com aumento de 50x.

36

Figura 5 – Imagens representativas da adaptação do G V – WMTA com clorexidina ao contorno do preparo apical radicular, com aumento de 50x.

37

Figura 6 – Imagens representativas da adaptação do G V – WMTA com cloreto de cálcio ao contorno do preparo apical radicular, com aumento de 50x.

38

DISCUSSÃO

O GMTA (Gray Mineral Trioxide Aggregate) foi introduzido na Endodontia

em 1993, como material a ser empregado em obturações retrógradas e reparo de

perfurações radiculares (LEE et al., 1993; TORABINEJAD et al., 1993). Além

disso, possuem diversas outras aplicações clínicas tais como tratamento de

rizogênese incompleta (apicigênese ou apicificação), capeamento pulpar direto,

pulpotomia e perfuração de furca e reabsorções radiculares, desde que não exista

exposição à cavidade bucal (PARIROKH & TORABINEJAD, 2010b).

O pó do MTA é apresentado como finas partículas hidrofílicas, tendo como

compostos principais o silicato tricálcio, aluminato tricálcio e óxido tricálcio

(TORABINEJAD et al., 1995b; PARIROKH & TORABINEJAD, 2010a). Portanto,

possui cálcio e sílica, bem como óxido de bismuto (ASGARY et al., 2005;

CAMILLERI et al., 2005; BELÍO-REYES et al., 2009). A hidratação do pó resulta

na formação de um gel coloidal que, após a sua presa demonstra uma morfologia

superficial lisa (CAMILLERI et al., 2005).

Comercialmente apresentada sob duas formas: GMTA e WMTA, diferindo

entre si pelo menor percentual, na apresentação branca, de ferro, alumínio e

magnésio (ASGARY et al., 2005; CAMILLERI et al., 2005; SONG et al., 2006;

ASGARY et al., 2009). Sendo assim, o GMTA é composto principalmente por

silicato dicálcio, silicato tricálcio e óxido de bismuto, ao passo que, o WMTA possui

o silicato tricálcio e óxido de bismuto (CAMILLERI et al., 2005). Após a hidratação

do MTA há a formação de hidróxido de cálcio e silicato de cálcio hidratado

39

(CAMILLERI, 2007), que gradativamente dará origem a um precipitado de cálcio

que, por sua vez originará mais hidróxido de cálcio, justificando assim a sua alta

alcalinidade (CAMILLERI et al, 2008).

A média do tempo de presa do MTA é de 165 + 5 min (TORABINEJAD et

al., 1995b), ao passo que o GMTA demonstra maior tempo de presa inicial e final

que o WMTA (CHNG et al., 2005; ISLAM et al., 2005). Tal tempo dificulta o seu

manuseio clínico, principalmente em área cirúrgica, pois a contaminação do MTA

com sangue ocasiona efeitos deletérios no material, sendo menores no WMTA

(NEKOOFAR et al., 2010). A fim de proporcionar melhores condições de manuseio

clínico, há a proposta de incorporação de aditivos que aceleram o tempo de presa,

destacando o cloreto de cálcio, em diversas concentrações (KOGAN et al., 2006;

BER et al., 2007; WILTBANK et al., 2007), hipoclorito de sódio ou clorexidina

(KOGAN et al., 2006) e o fosfato de sódio (HUANG et al., 2008; DING et al.,

2008), sem que ocasionem alterações significantes na estabilidade dimensional e,

apenas com discreto aumento da temperatura durante o processo de presa

(WILTBANK et al., 2007).

O MTA quando em contato com tecido conjuntivo, promove a elevação do

pH local, proporcionando ação antimicrobiana (TORABINEJAD et al., 1995c

ESTRELA et al., 2000). Porém, há carência de estudos referentes ao possível

sinergismo de ação entre a adição dos aceleradores de presa, melhorando o

manuseio clínico, e a clorexidina, proporcionando maior efetividade

antimicrobiana. Outro fator importante que deve ser analisado refere à liberação

de cálcio proporcionado pelo GMTA e WMTA acrescido de água e os associados

ao cloreto de cálcio ou clorexidina.

40

O mecanismo de ação do MTA tem sido relatado ser semelhante ao do

hidróxido de cálcio (HOLLAND et al., 1999; 2001), com uma efetiva participação

dos íons cálcio nos processos biológicos. Desta forma, a avaliação da liberação do

cálcio pelos grupos experimentais é justificável, no propósito de averiguar se as

associações com os aceleradores de presa possam ter interferido sobre as

benéficas propriedades das quais o MTA dispõe (TANOMARU-FILHO et al.,

2009).

A) Análise do pH

A metodologia empregada no presente estudo foi similar à utilizada por

DUARTE et al. (2003), SANTOS et al. (2005) e TANOMARU-FILHO et al. (2009),

sendo consagrada na literatura pertinente. Todos os materiais avaliados

apresentaram pH alcalino, semelhante aos resultados encontrados por WILTBANK

et al. (2007), apesar destes autores terem avaliado apenas nos períodos de 1,5 e

10 min. A maior média de valor de pH entre os grupos experimentais foi de 10,56

diferindo do encontrado por TORABINEJAD et al. (1995b) e CHNG et al. (2005),

que encontraram valores superiores a 12,0. Podemos explicar a existência desta

discrepância em virtude dos autores avaliarem o pH diretamente no material,

através de microeletrodos. No presente estudo, a mensuração foi realizada na

água em que os tubos permaneceram imersos, durante os períodos

experimentais, estando em concordância com VASCONCELOS et al. (2009), pois

desta forma é permissível avaliar não somente o pH do material, mas

principalmente o seu potencial de alcalinização.

41

Os índices encontrados para o pH, independentemente da associação e

natureza do produto, se assemelham aos resultados de TANOMARU-FILHO et al.

(2009). As pequenas diferenças de valores observadas podem ser atribuídas em

função da proporção pó/líquido empregada, pois no presente estudo tomou-se

como referência as medidas propostas por KOGAN et al. (2006), de relação

volume/massa, enquanto TANOMARU-FILHO et al. (2009), basearam nas

proporções citadas por FRIDLAND & ROSADO (2003), que utilizaram a medida de

massa/massa e não volume/massa.

No período de 24 h, os grupos experimentais não demonstraram diferenças

significantes entre si que. GONÇALVES et al. (2010), avaliaram o pH do cimento

Portland branco ou cinza e os comparou com o MTA BIO® e o Pro Root®, e

semelhantemente não encontraram diferenças nos valores médios do pH após 24

h. Tal fato demonstra que o GMTA e o WMTA comportam-se de forma idêntica e

também muito semelhante ao comportamento do cimento Portland cinza e branco

(VIVAN et al., 2010), no que se refere a pH, em um período de 24 h de

observação, independentemente do agente acelerador de presa. Caso a

conclusão da presa final ainda não tenha ocorrido, o valor do pH dos materiais

pode demonstrar diferenças significantes, tais como GONÇALVES et al. (2010),

encontraram no período de 3 h de avaliação.

Aos 7 dias de análise, os valores do pH mantiveram o mesmo

comportamento. Os valores encontrados são semelhantes aos observados por

VIVAN et al. (2010), e ligeiramente menores que os observados por GONÇALVES

et al. (2010), pois estes não realizaram a troca da água na qual os corpos de

prova ficaram imersos. SANTOS et al. (2005) alertam para que sempre seja feita a

42

troca dos recipientes e da água destilada, em que os corpos de prova ficaram

submersos, para que não ocorresse a saturação do mesmo.

Aos 14 dias de análise, foi observado um maior valor do pH no Grupo III

(GMTA com cloreto de cálcio) em relação ao Grupo V (WMTA com clorexidina).

Peculiarmente, o GMTA teve maiores valores que o WMTA, podendo-se

provavelmente, atribuir este resultado, à baixa concentração de óxidos metálicos

na forma branca, o que poderia diminuir a dissociação iônica (VASCONCELOS et

al., 2009). A associação do hidróxido de cálcio com a clorexidina objetiva

proporcionar um sinergismo de ação antimicrobiana (GOMES et al., 2006). Porém

VIANNA et al. (2009) encontraram para essa combinação um valor reduzido do

pH, aos 14 dias de análise, em relação aos vários outros veículos do hidróxido de

cálcio. Como um dos produtos finais após a hidratação do MTA é o Ca(OH)2,

apoiado nas citações de VASCONCELOS et al. (2009) e nas conclusões de

VIANNA et al. (2009), pode-se deduzir que o WMTA com clorexidina a 2% pode

ter apresentado o mesmo comportamento, além do fato que, também o cloreto de

cálcio pode ter contribuído para essa diferença. Sendo assim, a diferença pode ser

justificada em função da maior presença de óxidos no GMTA, com a adição de

cálcio advinda do cloreto de cálcio e à redução do pH proporcionado pela

clorexidina, principalmente agregada à apresentação branca (WMTA).

Aos 28 dias de análise, houve a manutenção da condição do GMTA com

cloreto de cálcio com valor do pH superior ao WMTA com clorexidina a 2%.

Entretanto, neste período o GMTA com cloreto de cálcio também diferenciou do

WMTA com água destilada, possivelmente pelos mesmos motivos anteriormente

citados (VASCONCELOS et al., 2009). Apesar do cloreto de cálcio possuir pH

43

ácido (4,4) (JAVELET et al., 1985; BORTOLUZZI et al., 2006), praticamente não

interferiu no pH da associação com o MTA. Neste período, os grupos com a

clorexidina também diferiram entre si, tendo o GMTA maior pH que o WMTA,

provavelmente pelas mesmas considerações anteriores. Destaca-se esta hipótese

em decorrência ao fato de que, a partir deste momento, o próprio GMTA com

clorexidina a 2% apresentou valor médio de pH maior que o WMTA com

clorexidina a 2%.

B) Dosagem de cálcio

HOLLAND et al. (2001) demonstraram a formação de grânulos Von Kossa

positivos sobre as superfícies do GMTA, o que os levou a concluir que o óxido de

cálcio da composição do material reagiria com fluidos tissulares, dando origem ao

hidróxido de cálcio que, por sua vez dissociaria em íons hidroxilas e cálcio. Os

íons hidroxilas são os responsáveis pela alcalinização do meio e pela ativação da

fosfatase alcalina e, a presença de íons cálcio no meio extracelular está

relacionada à indução da BMP-2 (RASHID et al., 2003; YASUDA et al., 2008).

Desta maneira, os íons cálcio poderão reagir com os íons carbonato presente no

tecido periapical, desencadeando a precipitação de grânulos de calcita, e o

processo de mineralização (VASCONCELOS et al., 2009).

Na espectofotometria de absorção atômica há a dosagem de cálcio total da

amostra, sendo a metodologia utilizada no presente estudo similar às empregadas

por DUARTE et al. (2003) e SANTOS et al. (2005). É de grande valia para a

observação indireta do potencial biológico indutor que o material possui. Durante

todos os períodos de avaliação, sempre foi perceptível a presença de cálcio nas

44

amostras, com resultados semelhantes aos de DUARTE et al. (2003),

TANOMARU-FILHO et al. (2009), GONÇALVES et al. (2010) e VIVAN et al.

(2010).

No período de 24 horas de análise, não foram detectadas diferenças entre

os valores de cálcio liberados pelos grupos experimentais, sendo que todos

permitiram a liberação de maior concentração de íons, provavelmente pelo fato de

ainda não ter ocorrido a presa final do material, semelhantemente a BORTOLUZZI

et al. (2006) e GONÇALVES et al. (2010). Com o decorrer do tempo, há a presa

final dos materiais, dificultando e reduzindo a liberação do íon cálcio. Dentre os

grupos GMTA e o WMTA, os que possuíam o CaCl2 como acelerador de presa do

cimento, foram os que apresentaram a maior liberação de cálcio, muito embora

não significante em comparação aos demais grupos experimentais.

No período de 7 dias apenas os grupos do GMTA e WMTA com água

diferiram entre si. Excepcionalmente, o GMTA obteve menor liberação de cálcio do

que o WMTA (p<0.05), em situação semelhante à observada por VASCONCELOS

et al. (2009).

No período de 14 dias, o grupo do WMTA com clorexidina apresentou

menor liberação de cálcio apenas em relação ao GMTA com água, possivelmente

pelos mesmos motivos que ocorreram na avaliação do pH do material, conforme

semelhantes resultados de VIANNA et al. (2009).

Ao término do período de 28 dias de avaliação, todos os valores sofreram

redução em relação ao período inicial de avaliação, demonstrando que a redução

de solubilidade do material, oriunda da presa final, interfere na liberação de cálcio

45

e no potencial de alcalinização (FRIDLAND & ROSADO, 2003; BORTOLUZZI et

al. 2006).

C) Adaptação marginal

A adaptação marginal dos materiais retrobturadores às paredes da

cavidade apical é de fundamental importância a fim de promover um adequado

vedamento do sistema de canais radiculares e promovendo também o

sepultamento de remanescentes bacterianos, evitando a sua possível

contaminação, bem como impossibilitando que substâncias aí presentes atinjam

os tecidos periapicais adjacentes.

Todos os grupos experimentais apresentaram, sob análise em

estereomicroscopia, boa adaptação marginal dos materiais 24h após sua imersão.

Inexistiram diferenças entre os grupos, seja o GMTA ou o WMTA,

independentemente do acelerador de presa utilizado (p<0,05). Os resultados

obtidos vão de encontro a diversos trabalhos comparativos do MTA com outros

materiais, tais como o IRM, Super EBA (TORABINEJAD et al., 1995a; GONDIM et

al., 2003), amálgama (TORABINEJAD et al., 1995a; SHIPPER et al., 2004) e

cimento de ionômero de vidro (CAMILLERI & PITT FORD, 2008). A adaptação

marginal nas cavidades retroapicais proporcionada pelo MTA é satisfatória,

inclusive com suas bordas resistindo às forças mastigatórias (PETERS et al.,

2002).

Inexistem diferenças na qualidade da adaptação marginal do GMTA quando

comparado ao WMTA e ao cimento Portland (BIDAR et al., 2007). As adições de

agentes aceleradores de presa mantiveram as características originais dos

46

produtos, independentemente de ser cinza ou branco, ou seja, desconsiderando

se há ou não a presença de óxido de ferro. Portanto, torna sugestivo que, estes

óxidos não sofrem reações com os aceleradores utilizados, tais como o cloreto de

cálcio e clorexidina.

Obviamente, o tipo de metodologia empregada para avaliar a adaptação

marginal pode influenciar nos resultados. Estudos de microinfiltração com corantes

devem ser vistos com reservas, pois existem inúmeros fatores intrínsecos

interferentes (KONTAKIOTIS et al., 1997), sendo mais confiáveis estudos

utilizando estereomicroscopia ou microscopia eletrônica de varredura. Entretanto,

o tipo de microscopia eletrônica de varredura e o método de processamento para

a avaliação da adaptação marginal interferem nos resultados, conforme observado

por SHIPPER et al. (2004), motivo pelo qual optamos por análise apenas com o

estereomicroscópio, evitando assim, interferências nas manobras de

processamento.

47

CONCLUSÃO

Diante do averiguado com a presente metodologia e dos resultados obtidos

nesse estudo, torna-se pertinente concluir que os aditivos associados ao MTA

(cloreto de cálcio 5% e clorexidina 2%) nas apresentações branco e cinza, não

interferiram na qualidade da adaptação marginal do MTA às paredes dentinárias

do retropreparo. Quanto ao pH e liberação de cálcio, a interferência dos aditivos

foi pouco significante.

48

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