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Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto FAMERP Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - FAMERP JAQUELINE LOPES GOUVEIA CANCELAMENTO DE CIRURGIAS ELETIVAS: INDICADOR DE QUALIDADE EM HOSPITAL DE ENSINO São José do Rio Preto 2017

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Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – FAMERP

Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade de Medicina de São José do

Rio Preto - FAMERP

JAQUELINE LOPES GOUVEIA

CANCELAMENTO DE CIRURGIAS ELETIVAS:

INDICADOR DE QUALIDADE EM HOSPITAL DE

ENSINO

São José do Rio Preto

2017

JAQUELINE LOPES GOUVEIA

CANCELAMENTO DE CIRURGIAS ELETIVAS:

INDICADOR DE QUALIDADE EM HOSPITAL DE ENSINO

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Faculdade de Medicina de

São José do Rio Preto para obtenção do

grau de Enfermeira.

Orientadora: Profa.Ms. Marlene Esteves

Co-Orientadora: Profa. Dra. Marli de Carvalho Jericó

Colaboradora: Enf. Priscila Buck de Oliveira Ruiz

São José do Rio Preto

2017

Gouveia, Jaqueline Lopes

Cancelamento de Cirurgias Eletivas: indicador de qualidade em hospital de ensino/

Jaqueline Lopes Gouveia

São José do Rio Preto, 2017

25p.

Monografia (TCC) – Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – FAMERP.

Orientadora: Profa. Ma. Marlene Esteves

Co-orientadora: Profa. Dra. Marli de Carvalho Jericó

Co- orientadora: Enf. Priscila Buck de Oliveira Ruiz

1. Centros Cirúrgicos. 2. Suspensão de Tratamento. 3. Enfermagem de Centro

Cirúrgico. 4. Indicador de Qualidade de Assistência à Saúde.

FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO – AUTARQUIA

ESTADUAL

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO-TCC

DATA: 01 de dezembro de 2017

ORIENTADOR: Profa. Ma. Marlene Esteves

CO-ORIENTADOR: Profa. Dra. Marli de Carvalho Jericó

1ª EXAMINADOR: Prof. Ma. Ângela Silveira Gagliardo Calil

2ª EXAMINADOR: Prof. Ma. Renata Prado Bereta Vilela

São José do Rio Preto

2017

SUMÁRIO

Dedicatória..............................................................................................................

Agradecimentos......................................................................................................

i

ii

Lista de Figuras........................................................................................................ iii

Lista de Tabelas e Quadros........................................................................................... iv

Lista de Abreviaturas................................................................................................. v

Resumo....................................................................................................................... vi

Abstract...................................................................................................................... vii

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 1

2. OBJETIVO........................................................................................................... 4

3.MATERIAIS E

MÉTODO.............................................................................................................

5

4. RESULTADOS.................................................................................................... 7

5. DISCUSSÃO......................................................................................................... 12

6. CONCLUSÃO...................................................................................................... 15

REFERÊNCIAS.......................................................................................................

ANEXOS...................................................................................................................

16

18

i

DEDICATÓRIA

Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso,

Aos meus pais, minhas irmãs e minhas tias por sempre me apoiarem em todas minhas

escolhas e principalmente por fazer parte na construção da pessoa que sou hoje.

A minha veterana e grande amiga Priscila Buck que me inspira e sempre me mostra as

melhores escolhas, incentivando todas as minhas atitudes para chegar onde cheguei, e por ser

a grande enfermeira que admiro e levo como exemplo profissional.

A minha orientadora Marlene Esteves e co-orientadora Marli de Carvalho Jericó que me

ajudaram e fizeram com que este trabalho acontecesse.

ii

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por esse momento, pela alegria e satisfação proporcionada com a conclusão

deste trabalho.

Aos meus pais, por estarem ao meu lado em todos os momentos, pelo amor e compreensão.

As minhas irmãs Vanessa e Amanda, minhas tias Maria Rosa e Cidinha e amigos Caroline

Benvenuti, Caroline Affonso, Isabela Paleuco, Renata L. Sassaki e João Victor B. Bragiola

que estiveram sempre me apoiando.

À orientadora Marlene Esteves, co-orientadora Marli de Carvalho Jericó e minha veterana,

grande amiga e enfermeira, que levo como exemplo para vida, Priscila Buck pela confiança,

pela paciência, por sempre estar por perto me orientando e me ajudando.

Aos meus professores e amigos da XXIV Turma de Enfermagem da FAMERP que estiveram

comigo desde o primeiro ano de faculdade, os quais dividiram meus melhores dias, minhas

conquistas e toda minha construção profissional.

E claro, não poderia deixar de agradecer à toda instituição, toda FAMERP, por cada dia, cada

oportunidade diferente, pois, nesses quatro anos, pude me envolver completamente com a

instituição, sendo presidente do Centro Acadêmico de enfermagem, o qual é o meu grande

orgulho na graduação, pois desenvolvi grandes habilidades que a graduação em si não

proporciona.

iii

Lista de Figuras

Figura 1- Distribuição das cirurgias canceladas em relação às especialidades médicas em

2016. São José do Rio Preto, 2017............................................................................................... 8

iv

Lista de Tabelas e Quadros

Tabela 1 – Distribuição da taxa de cancelamento cirúrgico mensal em 2016. São José

do Rio Preto, 2017..................................................................................................................... 7

Tabela 2 – Distribuição dos motivos de cancelamento cirúrgico em relação ao

paciente, segundo tipo de financiamento de saúde. São José do Rio Preto, 2017..................... 9

Tabela 3 – Distribuição dos motivos de cancelamento cirúrgico extra paciente,

segundo tipo de financiamento de saúde. São José do Rio Preto, 2017.................................. 10

v

Lista de Abreviaturas e Siglas

CEP Comitê de Ética e Pesquisa

CME Centro de Material e Esterilização

CQH Compromisso com a Qualidade Hospitalar

DRS Divisão Regional de Saúde

HCM Hospital da Criança e Maternidade

SOBECC Associação Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico e Centro de Material

SSS Sistema de Saúde Suplementar

SUS Sistema Único de Saúde

UTI Unidade de Terapia Intensiva

vi

RESUMO

Introdução: O cancelamento de uma cirurgia é uma falha decorrente do não

atendimento aos requisitos do planejamento administrativo da unidade de Centro

Cirúrgico. Nos últimos anos tem sido motivo de preocupação por parte de gestores e de

pesquisadores por interferir nos indicadores de qualidade e produtividade nas

instituições de saúde no âmbito nacional e internacional. Objetivo: Investigar a taxa e

motivos dos cancelamentos cirúrgicos em hospital de ensino. Método: estudo de

natureza quantitativa, retrospectivo ao período de janeiro a dezembro de 2016, realizado

em hospital de ensino com porte especial (708 leitos), localizado no sudeste do Brasil.

Os dados foram disponibilizados pelo bloco cirúrgico e para o cálculo do indicador foi

adotada a fórmula proposta pelo Compromisso com a Qualidade Hospitalar (CQH). Os

resultados foram analisados quantitativamente, por meio de estatística descritiva básica

e apresentados em tabelas e figuras. Resultados: No período foram agendados 24.232

procedimentos cirúrgicos, destes 2.364 (9,75%) foram canceladas, apresentando

mediana de 7,87%. O indicador variou de 7,07% (novembro) a 14,17% (janeiro). Os

principais motivos de cancelamentos relacionados a instituição foram: para os usuários

do Sistema Único de Saúde (SUS) foi falta de tempo hábil e prioridade de paciente

grave e aos beneficiários do Sistema de Saúde Suplementar (SSS) – convênio não

autorizou. Em relação aos motivos dos pacientes encontrou-se no SSS e SUS foi falta de

internação e sem condições clínicas do paciente. Conclusão: O indicador de

cancelamento cirúrgico mostrou-se elevado nesse período do estudo, as causas

direcionam o enfermeiro gestor a planejar intervenções para sua redução.

Descritores: Centro Cirúrgico, Suspensão de Tratamento, Enfermagem de Centro Cirúrgico,

Indicador de Qualidade em Assistência à Saúde.

vii

ABSTRACT

Introduction: The cancellation of a surgery is a current error when it does not meet the

requirements of the administrative planning of the Surgery Center unit. In the last years,

it has been a concern for the managers and researchers because it interferes with the

quality and productivity indicator of the health institutions on a national and

international scale. Objective: To investigate the rate and reasons for the cancellations

of surgical procedures at a teaching hospital. Method: A quantitative and retrospective

study from January to December 2016. It was carried out in a teaching hospital with

extra capacity (708 beds) located in the southeast of Brazil. The data were available by

the surgery center and to calculate the indicator was used the formula proposed by the

Hospital Quality Control (CQH). The results were analyzed quantitatively via basic

descriptive statistics and presented via charts and graphics. Results: During this period

were scheduled 24.232 surgical procedures, which 2.364 (9,75%) surgeries were

canceled, presenting a mean number of 7,87%. The indicator ranged from 7,07%

(November) to 14,17% (January). The main cancellation reasons in relation to the

institution were: Unified Health System (SUS) users - lack of time and priority for a

more injured patient and the Supplementary Health Care (SSS) users – the health

insurance did not authorize. Conclusion: The surgery cancellation indicator was

elevated in this study period. The reasons guide the nurse manager to plan the

interventions to its reduction.

Descriptors: Surgerycenters; Withholding Treatment; Operating Room Nursing; Quality

Indicators, Health Care.

1

1. INTRODUÇÃO

O ato cirúrgico é um procedimento importante para a recuperação e manutenção da saúde

de um indivíduo, uma vez que, após tal acontecimento, é esperado que o cliente evolua com uma

melhor qualidade de vida (1).

A dinâmica de trabalho em uma unidade cirúrgica deve ocorrer de forma equilibrada entre

todos os membros da equipe, os quais devem ser profissionais capacitados, proporcionando um

melhor enfrentamento e bem-estar da própria equipe e paciente(2).

Normalmente, é esperado de todo enfermeiro gestor dessas unidades alta performance na

qualidade assistencial e utilização de recursos (humanos, materiais e equipamentos) (3). Para

tanto, um dos instrumentos frequentemente utilizados para avaliação dos serviços tem sido os

indicadores, que são medidas ou mensurações que ajudam a entender o tamanho, valor ou

representatividade de uma variável. O monitoramento de determinados processos por meio de

indicadores é uma ferramenta importante de gestão, podendo corrigir problemas e redirecionar

decisões gerenciais (4).

Especificamente, tem sido imprescindível a mensuração do cancelamento cirúrgico para o

gerenciamento desses serviços, uma vez que influência na saúde do cliente e na dinâmica da

unidade (5). Sendo assim, é definido como indicador de cancelamento cirúrgico o número de

cirurgias suspensas, dividido pelo número total de cirurgias agendadas em um determinado

período de tempo na instituição e multiplicado por 100 (4).

2

Os motivos do cancelamento cirúrgico têm sido relatados na literatura nacional e

internacional. Na nacional, os autores relacionam à estrutura hospitalar (falta de anestesia, não

realização de exames prévios) (6) e ao paciente (falta de pontualidade, de preparo, instabilidade

hemodinâmica, absenteísmo e outros) (1). Internacionalmente, essa temática também tem sido

motivo de preocupação, como mostra estudo australiano que relacionou os cancelamentos ao

paciente (absenteísmo), instalações (falta de equipamento), recursos humanos (anestesista,

cirurgiões) e outras razões não documentadas (3).

As consequências do cancelamento envolvem mudanças no cotidiano do cliente e

familiares, pois, a partir do momento que são informados a respeito do procedimento, os mesmos

são obrigados a replanejarem suas rotinas. Também, reflete no trabalho, no qual o mesmo estará

incapacitado de voltar às suas atividades produtivas (7). Ainda, a carga emocional do cliente se

mantém elevada, caracterizada por alguns comportamentos como: a ansiedade, medo e

insegurança (8). Institucionalmente, implica em vários processos, mas diretamente no

planejamento e organização do procedimento, dispendendo tempo, recursos materiais e humanos

que geram prejuízos (8) e a não inclusão de outro cliente na programação cirúrgica acentua os

gastos ao serviço (9). Portanto, há um comprometimento de toda a agenda cirúrgica, ocasionando

uma sequência de atrasos, os quais contribuem para aumentar o tempo de permanência, risco de

infecção, desnutrição e custo (10).

Para reduzir a taxa de cancelamento cirúrgico nessas organizações, várias tem sido as

intervenções dos gestores, como, a busca ativa, confirmação telefônica do paciente no mapa

cirúrgico previamente e na consulta pré-anestésica (8, 11).

3

Estudos abordando a problemática sobre cancelamento cirúrgico apontaram taxas que

variaram de 6,79% a 33%. Tal situação é considerada uma ocorrência importante, a qual

contribui para o planejamento da unidade, podendo direcionar estratégias capazes de reduzirem

custos, além de diminuírem as consequências não favoráveis, causadas aos clientes e seus

familiares. (8, 12-15)

Dessa forma, o indicador de cancelamento cirúrgico é adotado nos hospitais como um

indicador de qualidade do serviço prestado, na busca de proporcionar a melhor assistência e

segurança ao paciente. Diante de tal abordagem, pretende-se com este estudo responder a

seguinte questão de pesquisa: “Qual a ocorrência e motivos dos cancelamentos cirúrgicos de um

hospital de ensino?”

4

2. OBJETIVO

O objetivo dessa pesquisa é investigar a taxa e motivos dos cancelamentos cirúrgicos de um

hospital de ensino.

5

3. MATERIAL E MÉTODO

O tipo de estudo utilizado é de natureza quantitativa, retrospectivo ao período de janeiro a

dezembro de 2016.

O estudo foi realizado em um hospital de ensino de capacidade extra (708 leitos),

localizado no sudeste do Brasil. Essa instituição presta atendimento para aproximadamente 2

milhões de habitantes de 102 municípios da Divisão Regional de Saúde de Rio Preto (DRS 15).

No sistema público - aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e ao sistema privado – aos

beneficiários do Sistema de Saúde Suplementar (SSS), composto por várias operadoras e

seguradoras de saúde credenciadas ao hospital e atende também a pacientes particulares.

Especificamente, o local dessa investigação é um centro cirúrgico, composto por 25 salas

operatórias, realizando em média 27.570 cirurgias/ano, dessas 16.156 (58,23%) (SUS) e 11.414

(41,40%) (SSS).

Os critérios de inclusão foram compostos por cirurgias eletivas canceladas no período de

janeiro a dezembro do ano de 2016 e os de exclusão foram as cirurgias, de urgência e

emergência, obstétricas, ginecológicas, oftalmológicas e cirurgias de outro hospital anexo

especializado na saúde da criança e da mulher.

6

Os dados foram coletados pela pesquisadora no mês de julho de 2017, após aprovação do

Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) – parecer nº 2.176.379, referente ao período de janeiro a

dezembro de 2016, por meio do banco de dados do centro cirúrgico do hospital em estudo. Para

cálculo do indicador de taxa de cirurgia suspensa foi aplicada a fórmula adaptada da proposta

pelo CQH (4).

Taxa de Cancelamento Cirúrgico = Número de cirurgias canceladas X 100

Total de cirurgias agendadas

Os dados do estudo foram armazenados numa planilha eletrônica, utilizando o programa

Excel e analisados quantitativamente, utilizando a estatística descritiva básica (número absoluto e

relativo e média). Os motivos dos cancelamentos foram agrupados por categorias, sendo elas,

relacionadas ao paciente e extra paciente.

7

4. RESULTADOS

No período estudado (2016) houve 24.232 procedimentos cirúrgicos agendados, variando

de 1.719 (abril) a 2.371 (agosto). O indicador de cancelamento cirúrgico apresentou taxa de

9,76%/ano, mediana de 7,87%, variando de 7,07% (novembro) a 14,17% (janeiro), como mostra

a tabela 1.

Tabela 1 – Distribuição da taxa de cancelamento cirúrgico mensal em 2016. São José do Rio

Preto, 2017

MÊS AGENDADA

N

CANCELADA

N

TAXA

%

Janeiro 1.919 272 14,17

Fevereiro 1.874 255 13,60

Março 1.994 200 10,03

Abril 1.719 167 9,71

Maio 1.864 195 10,46

Junho 2.126 166 7,81

Julho 2.154 162 7,52

Agosto 2.371 195 8,22

Setembro 2.274 197 8,66

Outubro 2.173 210 9,66

Novembro 1.879 133 7,08

Dezembro 1.885 168 8,91

TOTAL 24.232 2.364 9,76

8

Em relação ao perfil traçado por especialidades médicas, os cancelamentos cirúrgicos com

menor taxa foram os relacionados a ginecologia e obstetrícia e mastologia - 0,04%. Destaca-se

que não foi possível a identificação da especialidade na maioria dos cancelamentos - 83,35%.

(Figura 1)

Figura 1 - Distribuição das cirurgias canceladas em relação as especialidades médicas em 2016. São

José do Rio Preto, 2017

Em relação ao perfil traçado por motivos de cancelamento cirúrgico pelo paciente

proveniente do sistema público - Sistema Único de Saúde (SUS) variou de exame alterado 22

(3,46%) à falta de internação 171 (26,92%) e o paciente do sistema privado (convênios e

0,16%

0,60%

2,50%

0,95%

0,28%

1,90%

0,12%0,15%0,20%

0,04%0,04%

1,95%4,10%

0,24%0,20%

3,22%

83,35% 100,00%

0,01%

0,10%

1,00%

10,00%

100,00%

9

particulares) variou de procedimento já realizado 10 (7,00%) à não internou 66 (46,15%) (Tabela

2).

Tabela 2- Distribuição dos motivos de cancelamento cirúrgico em relação ao paciente, segundo

tipo de financiamento de saúde. São José do Rio Preto, 2017

Motivos Público

N

(%)

Privado

N(%)

Quebra de Jejum 78 12,28 -

Não Internou 171 26,92 66(46,15)

Recusou a fazer a cirurgia 37 5,82 -

Sem condições Clinicas 159 25,03 34(23,77)

Exame Alterado 22 3,46 -

Outros Motivos 168 26,49 33(23,07)

Procedimento realizado - - 10(7,00)

Tratando-se dos motivos de cancelamento cirúrgico pela instituição, referente ao paciente

do Sistema Único de Saúde (SUS), os dados variaram de falta de tempo hábil 307 (40,70%) à

10

falta de material de CME 15 (2,00%). Já em relação ao paciente do sistema privado, variaram de

falta de autorização do convênio 59 (55,14%) à falta de material de CME 1 (0,93%). (Tabela 3).

Tabela 3 - Distribuição dos motivos de cancelamento cirúrgico extra paciente, segundo tipo de

financiamento de saúde. São José do Rio Preto, 2017

Motivos Público

N

(%)

Privado

N(%)

Alteração na escala de

agendamento

20 2,65 5(4,67)

Falta de anestesia 19 2,52 2(1,86)

Falta de chefe da especialidade 25 3,32 -

Falta de disponibilidade da

equipe médica

78 10,35 5(4,67)

Falta de material da CME 15 2,00 1(0,93)

Falta de leito de UTI 40 5,30 2(1,86)

Falta de tempo hábil 307 40,70 2(1,86)

Optado por outro

procedimento cirurgico

35 4,65 4(3,73)

Optado por paciente mais

grave

118 15,65 -

11

Optado por tratamento

conservador

29 3,85 9(8,41)

Convênio não autorizou - - 59(55,14)

Médico com problemas

particulares

7 0,92 10(9,34)

Outros motivos 68 9,01 29(27,11)

12

5. DISCUSSÃO

Os resultados do presente estudo (9,75%) apontaram menor taxa quando comparados com

resultados de outros trabalhos em hospitais de ensino (18,8%) (16), porém, quando comparadas

as medianas de cancelamento, os achados desse estudo encontraram-se superior a taxa do CQH

(2,86%). (4)

Os meses de maiores taxas foram janeiro (14,17%), seguido de fevereiro (13,60), março

(10,03%) e maio (10,46%). Percebe-se que são meses sazonais por diversos motivos, entre eles,

entrada de novos residentes, férias escolares (o que poderia justificar a não internação dos

pacientes); o mês de maior taxa foi janeiro (14,17%) e de menor taxa em novembro (7,07%), o

que difere de outros estudos (9) (6,6%) em novembro em outra investigação (16) esse mês foi a

segunda maior taxa (24,02%),

No cenário nacional, encontrou-se variabilidade nas taxas de cancelamento cirúrgico

como em Belo Horizonte, hospital de grande porte evidenciou taxa média de cancelamento

cirúrgico de 5,2%. Já em São Paulo, hospital público mostrou taxa de 13,6% e em hospital

universitário no sul de Minas Gerais taxa de 27,4%, contudo no hospital campo de estudo

apontou taxa de 9,75%.

A maior taxa de cancelamento encontrada foi de 83,35%, constituindo-se em grande viés

na pesquisa relacionado a variável especialidades médicas. O termo “não identificado” foi

encontrado por falta de preenchimento do campo “especialidade” pelos profissionais, com isso

era enviado ao banco de dados e registrado como “não identificado”.

13

As especialidades médicas mais relevantes nesse estudo ortopedia (4,10%) e urologia

(3,22%) também assemelham-se a outras investigações com taxas de Ortopedia (42,3%) (16) e

Urologia (54%) (15) .

Os motivos de cancelamento cirúrgico nesse estudo foram divididos em “motivos do

paciente” e “motivos extra paciente”. Em hospital de média complexidade (11) concluiu-se que os

motivos do paciente estavam relacionados principalmente a “falta de condições clinicas” - 50,3%

e “não comparecimento” - 39,9%, ou seja, pode-se dizer que possui semelhanças com o estudo

atual, quando comparado com SUS e SSS. Já a respeito dos “motivos extra paciente” ou

“motivos da instituição”, o mesmo autor evidenciou em relação ao SUS “prioridade para

urgência” - 72,1% e “erro na programação cirúrgica” - 12,5%. Em relação ao estudo atual o

termo que se assemelha ao “erro na programação cirúrgica” é a “falta de tempo hábil”, também

descrito como não conformidade na programação cirúrgica, o que compromete a falta de tempo

para a realização de procedimento. O motivo “optado por paciente mais grave” pode ser

considerado semelhante ao descrito como “propriedade para urgência” (11).

14

Uma das limitações desse estudo está relacionada a formatação do sistema de informação

hospitalar vigente que comprometeu investigar com detalhes os dados referentes às

especialidades médicas constituindo-se em viés nos resultados. Contudo, gerou oportunidade de

intervenção dessa pesquisadora em conjunto com a gestora da unidade, aplicando uma ferramenta

de qualidade para solucionar essa não conformidade e gerar melhoria quanto a acurácia de

identificação das especialidades médicas no sistema. Também, contribuiu para revisão e

padronização das terminologias descritas anteriormente a esse estudo.

15

6. CONCLUSÃO

Conclui-se que a taxa de cancelamento cirúrgico do hospital em questão, em 2016,

esteve elevada em relação à taxa de referência apresentada pelo programa CQH no qual a

instituição em estudo está credenciada. O mapeamento dos motivos do cancelamento

cirúrgico instrumentalizará o enfermeiro gestor na adoção de estratégias, tomada de decisão

e ações integradas entre os diversos serviços relacionados ao fluxo do paciente cirúrgico,

fazendo com que haja redução na taxa de cancelamento.

16

REFERÊNCIAS

1. Souza NVDP, Mauricio VC, Marques LG. Determinantes para suspensões cirúrgicas em

um hospital universitário. Ver. Min. Enferm.; 14(1): 82-87, jan./mar., 2010.

2. Stumm, E.M.F, Maçalai, R.T., Kirchner, R.M. Dificuldades enfrentadas por enfermeiros

em um centro cirúrgico. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2006 Jul-Set;15(3): 464-

71.

3. Khalid O Dhafar et al. Cancellation of operations in Saudi Arabian hospitals: Frequency,

reasons and suggestions for improvements. Pak J Med Sci. 2015. Vol.31; No. 5.

4. Manual NAGEH de Enfermagem – CQH – São Paulo – 2009.

5. Knobel E. Condutas no paciente grave. 2ª ed. São Paulo: Atheneu; 2002.

6. Duarte, I.G., Ferreira, D.P. Uso de indicadores na Gestão de um centro cirúrgico. RAS –

Vol. 8, Nº31 – Abr – Jun, 2006.

7. Paschoal MLH, Gatto MAF. Taxa de suspensão de cirurgia em um hospital universitário e

os motivos de absenteísmo do paciente à cirurgia programada. Ver. Latino-am

Enfermagem 2006 janeiro – fevereiro; 14(1):48-53.

8. Botazini NO, Toledo LD, Souza DMST. Cirurgias eletivas: cancelamento e causas. Ver.

Sobecc, São Paulo. Out/Dez.2015. 2015;20(4):210-219.

9. Moreira, LR; Xavier, APR, Moreira, FN; et al. Avaliação dos motivos de cancelamento

de cirurgias eletivas. Revista enfermagem, 2013.

10. Sodré RL, Fahl MAFE. Cancelamento de cirurgias em um hospital público na cidade de

São Paulo. RAS – Vol. 16, nº63 – Abr – Jun, 2014.

11. Ladim FM, Paiva FDS, Fiuza MLT et al. Análise dos fatores relacionados à suspensão de

operações em um serviço de cirurgia geral de média complexidade. Rev. Col. Bras. Cir.

2009; 36(4): 283 – 287.

17

12. Sampaio CEP, Gonçalves RA, Júnior HCS. Determinantes dos fatores da suspensão de

cirurgia e suas contribuições para assistência de enfermagem. J. res.: fundam. Care.

Online 2016. Jul/set. 8(3): 4813 – 4820.

13. Pittelkow, E., Carvalho, R. Cancelamento de cirurgias em um hospital de rede pública.

Einstein.2008;6(4):416-21.

14. Santos, G.A.A.C, Bocchi, S.C.M. Cancelamento de cirurgias eletivas em hospital público

brasileiro: motivos e redução estimada. Rev. Bras. Enferm.[internet]. 2017 mai-jun;

70(3):561-8.

15. R.A. Abeldano, S. M. Coca. Tasas y causas de suspensión de cirurgias em um hospital

público. 2014.

16. Bohrer CD, Marques LGS, Rigo DFH, Borges F, Vasconcelos RO et al. Causas de

cancelamento cirúrgico em um hospital de ensino. Revista Eletrônica Gestão & Saúde

(Brasília) Vol. 08, n.03, Set. 2017.

17. Manual de Práticas Recomendadas da SOBECC – 6ª edição 2013.

18

ANEXO 1

Aprovação do projeto pelo CEP