janaina
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EngenhariaTRANSCRIPT
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARING
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA URBANA
JANAINA DE MELO FRANCO
PRODUO DE BLOCOS DE CONCRETO PARA PAVIMENTAO
(BCP) UTILIZANDO RESDUOS DE GALVANOPLASTIA
MARING
2011
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JANAINA DE MELO FRANCO
PRODUO DE BLOCOS DE CONCRETO PARA PAVIMENTAO
(BCP) UTILIZANDO RESDUOS DE GALVANOPLASTIA
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia Urbana da Universidade Estadual de Maring como requisito parcial para obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Urbana. Orientadora: Profa. Dra. Clia Regina Granhen Tavares.
MARING
2011
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Dados Internacionais de Catalogao-na-Publicao (CIP) (Biblioteca Central - UEM, Maring PR., Brasil)
Franco, Janaina de Melo
F825p Produo de blocos de concreto para pavimentao
(BCP) utilizando resduos de galvanoplastia /
Janaina de Melo Franco. -- Maring, 2011.
150 f. : figs., tabs.
Orientadora: Prof. Dr. Clia Regina Granhen
Tavares.
Dissertao (mestrado) - Universidade Estadual de
Maring, Centro de Tecnologia, Departamento de
Engenharia Civil, Programa de Ps-Graduao em
Engenharia Urbana, 2011.
1. Poeira de jateamento - Concreto. 2. Lodo de
galvanoplastia - Concreto. 3. Blocos de Concreto
para Pavimentao (BCP). 4. Resduos de
galvanoplastia - Concreto. I. Tavares, Clia Regina
Granhen, orient. II. Universidade Estadual de
Maring. Departamento de Engenharia Civil. Programa
de Ps-Graduao em Engenharia Urbana. III. Ttulo.
CDD 22.ed. 671.732
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Bem-aventurados os humildes de esprito, porque deles o reino dos cus. Bem-aventurados os que choram, porque eles sero consolados.
Bem-aventurados os mansos, porque eles herdaro a terra. Bem-aventurados os que tm fome e sede de justia porque eles sero fartos. Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcanaro misericrdia.
Bem-aventurados os limpos de corao, porque eles vero a Deus. Bem-aventurados os pacificadores, porque eles sero chamados filhos de Deus.
Mateus 5, 3-9
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Dedico este trabalho aos meus pais, Ftima (em
memria) e Jair, e ao meu irmo, Cassiano, que
so reflexos do amor de Deus em minha vida.
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AGRADECIMENTOS
Deus derramou sobre ns essa graa, abrindo-nos para toda sabedoria e inteligncia
Efsios 1, 8.
Dedico este trabalho a todos aqueles que merecidamente fizeram e fazem parte desta
minha caminhada.
Deus, acima de tudo, por me agraciar com o dom da vida. Muito Obrigada Senhor!
minha famlia, pelos cuidados e oraes nesta jornada;
A minha me, Ftima Aparecida de Melo Franco (em memria), por ter sido um anjo na
minha vida e por me ensinar que a Vida um gro de areia no oceano do amor de
Deus, partindo dessa vida lutando at o fim.
Ao meu pai, Jair Cangussu Franco, por se mostrar um grande heri aps a despedida de
minha me;
Ao meu irmo Cassiano de Melo Franco e minha cunhada Alessandra Helena Dias, por
terem me proporcionarem a graa de ser titia de anjo chamado Ana Clara;
grande responsvel por esta etapa da minha vida, minha orientadora, Profa. Dra. Clia
Regina Granhen Tavares, pela amizade e dedicao, a quem guardo admirao e respeito.
Muito Obrigada por tudo!
Ao Oswaldo Teruo Kaminata, pelo apoio no desenvolvimento experimental, amizade e
convivncia;
Ao professores Antnio Medina Neto, Eduardo Radovanovic e ao laboratorista Valmir
Calsavara, pelo auxlio na interpretao dos resultados da difrao de raios-X e da
microscopia eletrnica de varredura;
Ao professor Jos Marcos Sasaki da Universidade Federal do Cear, pela disposio em
realizar as anlises de fluorescncia de raios-X;
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Aos professores Carlos Humberto Martins, Romel Dias Vanderlei, Antnio Belincanta e
demais professores do Programa de Ps-Graduao em Engenharia Urbana, que sem
exceo contriburam sobremaneira para o desenvolvimento deste trabalho;
Aos funcionrios do Laboratrio de Materiais de Construo e Mecnica dos Solos e da
Fbrica de Artefatos da UEM, pelo apoio no desenvolvimento do programa experimental;
Aos secretrios Juarez Antnio dos Santos e Douglas Bueno Fernandes do Departamento
de Engenharia Civil, pelo auxlio e amizade,
A Universidade Estadual de Maring - UEM, por disponibilizar a infra-estrutura para a
obteno do ttulo de mestre em Engenharia Urbana;
As indstrias Hergus Inox e KL do Brasil pela doao dos materiais utilizados;
A CAPES, pelo apoio financeiro durante a pesquisa.
Amigo fiel proteo poderosa, e quem o encontrar, ter encontrado um tesouro
Eclesistico 6, 14
Ao meu amigo Hugo Renan Bolzani, meu anjo sem asas, sempre sorrindo ao meu lado;
Aos amigos, Fabiana Bassani, Jos Tomadon Jnior, Marcos Rossi Ramos, Daysa Amadei
e Bruna da Graa Martins, irmos, companheiros e conselheiros, por me ouvirem e me
abraarem quando era necessrio;
Aos amigos da Universidade Tecnolgica Federal do Paran campus Campo Mouro, que
mesmo na distncia estiveram sempre por perto.
Aos amigos de Atibaia-SP, que me ensinam a cada dia que a amizade no se explica,
simplesmente acontece e se fortalece com o tempo;
Aos amigos Luquinhasdo Ministrio Universidades Renovadas e Grupo de Partilha de
Profissionais, por me ensinarem sobre o Sonho de Amor Para o Mundo!
Ao grupo de Orao Templo dos Arcanjos, pelas palavras de nimo, encorajamento e
muitas oraes;
Ao Projeto Mais Vida, pelas partilhas e me ensinarem a Apostar na Vida;
Ao Padre Rodrigo e Padre Paulo, pela convivncia, amizade e aconselhamento espiritual;
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RESUMO
A incorporao de resduos industriais em matriz cimentcia vem recebendo grande
destaque, principalmente quanto estabilizao de metais pesados que ocorre no processo
de solidificao ou interao agregado/cimento. Para esse propsito, o presente trabalho
teve como objetivo avaliar essa interao por meio da utilizao dos resduos de
galvanoplastia (poeira de jateamento e lodo) na produo de blocos de concreto para
pavimentao (BCP) analisando os efeitos fsicos, qumicos, mecnicos e microestruturais
resultantes da substituio do cimento por estes resduos (5, 10, 15, 20 e 25%) e
comparando-os com os blocos sem substituio ou blocos referncia. Os resultados dos
pavimentos produzidos com a poeira de jateamento (BCP-PJ) apresentaram reduo na
absoro de gua em todas as propores em relao aos blocos referncia para todas as
idades, alm de aumento na resistncia compresso nos BCP-PJ5 em todas as idades com
relao aos blocos referncia. Porm, os resultados de lixiviao e solubilizao mostraram
que em todas as propores e nos blocos referncia, os valores de arsnio se encontraram
acima do limite da NBR 10004/2004, o que pode ser relacionado quantidade desse metal
encontrado nas anlises realizadas com o cimento. Os resultados dos blocos utilizando o
lodo (BCP-LG), na resistncia compresso apenas o BCP-LG5 apresentou valor superior
a NBR 9781/1987 e inferior aos blocos referncia aos 28 dias, alm da reduo na
absoro de gua com relao a todos os outros blocos. Nos ensaios de lixiviao e
solubilizao das amostras dos BCP com o lodo, as concentraes de arsnio foram
reduzidas substancialmente em funo das idades de cura, quando comparadas aos
resultados encontrados para os BCP-PJ e os blocos referncia. Ou seja, revelando a
promissora aplicabilidade e viabilidade tcnica da utilizao dos resduos de galvanoplastia
no setor da construo civil.
Palavras-chave: poeira de jateamento, lodo de galvanoplastia, blocos de concreto para
pavimentao.
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ABSTRACT
The incorporation of industrial wastes in cement matrix has received great emphasis,
especially regarding the stabilization of heavy metal that occurs in the solidification
process or interaction aggregate/cement. For this purpose, this study was to evaluate this
interaction through the use of electroplating waste (dust from blasting and sludge) in the
production of concrete block paving (CBP) analyzing the physical, chemical, mechanical
and microstructural resulting the replacement of cement by these residues (5, 10, 15, 20
and 25%) and comparing them with the blocks or blocks without replacement reference.
The results of the decks produced with dust from blasting (CBP-PJ) showed a reduction in
the absorption of water in all proportions in relation to the blocks used for all ages,
including the increase of compressive strength in CBP-PJ5 at all ages with respect to
reference blocks. However, the results of leaching and solubilization showed that all ratios
and reference blocks, the values of arsenic were found above the limit of NBR
10004/2004, which may be related to the amount of metal found in the analysis performed
with cement. The results of using mud blocks (CBP-LG), the compressive strength only
CBP-LG5 value above and below the NBR 9781/1987 blocks reference to 28 days, besides
the reduction in water absorption with respect to all the other blocks. In solution and
leaching tests of samples from the CBP with the sludge, the concentrations of arsenic were
reduced substantially depending on the age of healing, when compared with results for
CBP-PJ and reference blocks. That is, revealing the promising applicability and technical
feasibility of using waste from electroplating in the construction industry.
Keywords: dust from blasting, electroplating sludge, concrete block paving.
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SUMRIO
RESUMO ................................................................................................................................ VII
ABSTRACT ........................................................................................................................... IX
SUMRIO .............................................................................................................................. X
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ XIII
LISTA DE TABELAS ........................................................................................................... XVI
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .......................................................................... XVIII
1 INTRODUO .................................................................................................................... 18
1.1 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 19
1.2 OBJETIVOS DO TRABALHO .................................................................................. 20
1.2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................... 20
1.2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS ................................................................................. 20
1.3 ORGANIZAO DO TRABALHO ........................................................................... 21
2 FUNDAMENTAO TERICA ............................................................................................ 22
2.1 RESDUOS SLIDOS ............................................................................................. 22
2.1.1 DEFINIO ..................................................................................................... 22
2.1.2 CLASSIFICAO .............................................................................................. 22
2.2 GERAO DE RESDUOS SLIDOS INDUSTRIAIS NO ESTADO DO PARAN ........ 23
2.3 SETOR METALRGICO - ATIVIDADE GALVANOTCNICA .................................. 25
2.3.1 DEFINIO ..................................................................................................... 25
2.3.2 PROCESSO GALVANOTCNICO ........................................................................ 26
2.4 ECOLOGIA INDUSTRIAL ...................................................................................... 29
2.5 SOLIDIFICAO/ESTABILIZAO DE RESDUOS SLIDOS ................................. 30
2.5.1 DEFINIO ..................................................................................................... 30
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2.5.2 TCNICAS DESENVOLVIDAS ........................................................................... 31
2.6 BLOCOS DE CONCRETO PARA PAVIMENTAO (BCP) ...................................... 34
2.6.1 CARACTERSTICAS A SEREM AVALIADAS NA PRODUO DE BCP ................... 38
3 REVISO BIBLIOGRFICA ................................................................................................ 44
3.1 APLICAO DE RESDUOS EM BLOCOS DE CONCRETO PARA PAVIMENTAO .. 46
4 METODOLOGIA ................................................................................................................ 49
4.1 COLETA DA MICROESFERA DE VIDRO E DOS RESDUOS DE GALVANOPLASTIA 50
4.2 CARACTERIZAO DA MICROESFERA DE VIDRO E DOS RESDUOS DE
GALVANOPLASTIA ........................................................................................................... 50
4.2.1 CARACTERIZAO FSICA .............................................................................. 51
4.2.2 CARACTERIZAO QUMICA PROCESSO DE ABERTURA DA AMOSTRA .......... 51
4.2.3 CARACTERIZAO MICROESTRUTURAL ......................................................... 54
4.3 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL PARA FABRICAO DOS BLOCOS DE
CONCRETO PARA PAVIMENTAO (BCP) ..................................................................... 55
4.3.1 TRAO DOS CORPOS DE PROVA ...................................................................... 55
4.3.2 PRODUO DOS CORPOS DE PROVA ............................................................... 57
4.3.3 CARACTERIZAO FSICA DOS BCP COM OS RESDUOS DE GALVANOPLASTIA 58
4.3.4 CARACTERIZAO MECNICA DOS BCP COM OS RESDUOS DE
GALVANOPLASTIA ........................................................................................................ 58
4.3.5 CARACTERIZAO QUMICA DOS BCP COM OS RESDUOS DE GALVANOPLASTIA
....................................................................................................................... 60
4.3.6 CARACTERIZAO MICROESTRUTURAL DOS BCP COM RESDUOS DE
GALVANOPLASTIA ........................................................................................................ 60
5 RESULTADOS E DISCUSSO .............................................................................................. 61
5.1 CARACTERIZAO FSICA DOS AGREGADOS NATURAIS E AGREGADOS
ARTIFICIAIS ..................................................................................................................... 61
5.1.1 GRANULOMETRIA DOS AGREGADOS NATURAIS ............................................. 61
5.1.2 GRANULOMETRIA DOS RESDUOS DE GALVANOPLASTIA ................................ 63
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5.2 CARACTERIZAO QUMICA DOS RESDUOS DE GALVANOPLASTIA ................ 65
5.2.1 DETERMINAO DE METAIS POR MEIO DE DIGESTO NITRICO-PERCLRICA .. 65
5.2.2 LIXIVIAO E SOLUBILIZAO ....................................................................... 66
5.2.3 ATIVIDADE POZOLNICA ................................................................................ 69
5.3 PROPRIEDADES MICROESTRUTURAIS DA DOS RESDUOS DE GALVANOPLASTIA .
............................................................................................................................. 70
5.3.1 FLUORESCNCIA DE RAIOS-X (FRX) ............................................................. 70
5.3.2 DIFRAO DE RAIOS-X (DRX) E MICROSCOPIA ELETRNICA DE VARREDURA
(MEV) ....................................................................................................................... 71
5.4 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL DOS BLOCOS DE CONCRETO PARA
PAVIMENTAO (BCP) ................................................................................................... 74
5.4.1 CARACTERIZAO FSICA .............................................................................. 75
5.4.2 CARACTERIZAO MECNICA ....................................................................... 78
5.4.3 CARACTERIZAO QUMICA .......................................................................... 84
5.4.4 CARACTERIZAO MICROESTRUTURAL ......................................................... 92
6 CONCLUSES .................................................................................................................. 102
7 SUGESTO DE TRABALHOS FUTUROS ............................................................................ 104
8 REFERNCIAS ................................................................................................................. 105
APNDICES .......................................................................................................................... 113
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LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 - Resduos slidos industriais gerados no estado do Paran (ton./ano).............. 24
Figura 2.2 - Gerao de resduos slidos industriais no setor metalrgico (ton./ano) ........ 24
Figura 2.3 - Classificao dos resduos slidos do setor metalrgico (ton./ano) ................ 25
Figura 2.4 - Composio qumica do cimento Portland e outros materiais cimentcios ..... 33
Figura 2.5 - BCP ou Paver do tipo Holland ......................................................................... 35
Figura 2.6 - Rodovia construda com BCP na Colmbia .................................................... 36
Figura 2.7 - Arranjo de assentamento: a) espinha-de-peixe ou ngulo reto; b) fileira e c)
trama .................................................................................................................................... 37
Figura 2.8 - Comparativo de classes texturais, materiais naturais e artificiais segundo
normas e instituies, com dimenses em mm ................................................................... 38
Figura 2.9 - Difratograma da poeira de jateamento ............................................................. 42
Figura 2.10 - Morfologias tpicas da etringita e potlandita ................................................. 43
Figura 2.11 - Morfologia tpica do C-S-H amorfo .............................................................. 43
Figura 4.1 - Fluxograma da metodologia utilizada na pesquisa .......................................... 49
Figura 4.2 - a) Microesfera de vidro, b) poeira de jateamento e c) lodo de galvanoplastia 50
Figura 4.3 - a) agitador magntico e b) phgmetro ............................................................. 53
Figura 4.4 - Evoluo da resistncia compresso do cimento CPV-ARI ......................... 56
Figura 4.5 - a) Vibro-prensa e b) corpos de prova produzidos ............................................ 57
Figura 4.6 - a) processo de capeamento, b) bloco capeado e c) Prensa hidrulica .............. 59
Figura 5.1 - Curva granulomtrica do agregado mido (areia) ........................................... 62
Figura 5.2 - Curva granulomtrica da brita 0 ou pedrisco ............................................... 62
Figura 5.3 - Curva granulomtrica dos resduos de galvanoplastia ..................................... 65
Figura 5.4 - a) Micrografia (aumento 200x) e b) difratograma da poeira de jateamento .... 72
xiii
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13
Figura 5.5 - a) Micrografia (aumento 3000x) e b) difratograma do lodo de galvanoplastia
............................................................................................................................................. 73
Figura 5.6 - a) Micrografia (aumento 3.000x) e b) difratograma do cimento CPV ......... 74
Figura 5.7 - Efeito da taxa de absoro de gua nos BCP-PJ e REF ao longo do tempo .... 76
Figura 5.8 - Efeito da taxa de absoro de gua nos BCP-LG e REF ao longo do tempo .. 77
Figura 5.9 - Mdia de resistncia compresso dos BCP-PJ em todas as idades e
substituies ........................................................................................................................ 79
Figura 5.10 - Evoluo da resistncia compresso de BCP-PJ ao longo do tempo .......... 80
Figura 5.11 - Mdia de resistncia compresso dos BCP-LG em todas as idades e
substituies ........................................................................................................................ 82
Figura 5.12 - Evoluo da resistncia compresso de BCP-LG ao longo do tempo ........ 83
Figura 5.13 - Aspecto da interao BCP-LG25 ................................................................... 84
Figura 5.14 - Evoluo da concentrao de metais (As e Se) do lixiviado nos BCP-REF e
BCP-PJ ao longo das idades de Cura .................................................................................. 88
Figura 5.15 - Evoluo da concentrao de metais (As e Se) do lixiviado nos BCP-REF e
BCP-LG ao longo das idades de Cura ................................................................................. 89
Figura 5.16 - Variao do pH em funo das idades de cura para os BCP-PJ .................... 90
Figura 5.17 - Variao do pH em funo dos idades de cura para os BCP-LG .................. 91
Figura 5.18 - a) Micrografia (aumento de 1000x) e b) difratograma do BCP-REF, 28 dias
............................................................................................................................................. 93
Figura 5.19 - a) Micrografia (aumento de 1000x) e b) difratograma do BCP-PJ5, 28 dias 94
Figura 5.20 - a) Micrografia (aumento de 1000x) e b) difratograma do BCPPJ10, 28 dias
............................................................................................................................................. 94
Figura 5.21 - a) Micrografia (aumento de 1000x) e b) difratograma do BCPPJ15, 28 dias
............................................................................................................................................. 95
Figura 5.22 - a) Micrografia (aumento de 5000x) e b) difratograma do BCPPJ20, 28 dias
............................................................................................................................................. 96
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Figura 5.23 - a) Micrografia (aumento de 2000x) e b) difratograma do BCPPJ25, 28 dias
............................................................................................................................................. 96
Figura 5.24 - a) Micrografia (aumento de 6000x) e b) difratograma do BCPREF, 28 dias
............................................................................................................................................. 97
Figura 5.25- a) Micrografia (aumento de 1000x) e b) difratograma do BCP-LG5, 28 dias 98
Figura 5.26 a) Micrografia (aumento de 1500x) e b) difratograma do BCPLG10, 28 dias
............................................................................................................................................. 99
Figura 5.27 - a) Micrografia (aumento de 2000x) e b) difratograma do BCPLG15, 28 dias
.......................................................................................................................................... 100
Figura 5.28 - a) Micrografia (aumento de 2000x) e b) difratograma do BCPLG20, 28 dias
.......................................................................................................................................... 100
Figura 5.29 - a) Micrografia (aumento de 2000x) e b) difratograma do BCP-LG25, 28 dias
.......................................................................................................................................... 101
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15
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 - Exigncias Qumicas dos Materiais Pozolnicos ............................................ 32
Tabela 2.2 - Exigncias Fsicas para os Materiais Pozolnicos .......................................... 33
Tabela 2.3 - Anlise de Fluorescncia de raios-X em estudos com resduos ...................... 41
Tabela 4.1 - Parmetros tcnicos para leitura em EAA e cromatgrafo de ons ................. 52
Tabela 4.2 - Composio dos traos dos BCP ..................................................................... 55
Tabela 4.3 - Caractersticas do aglomerante (CPV-ARI) .................................................... 56
Tabela 4.4: Fator multiplicativo da resistncia obtida no ensaio de resistncia compresso
de blocos para pavimentao ............................................................................................... 59
Tabela 5.1 - Distribuio granulomtrica dos agregados mido e grado .......................... 61
Tabela 5.2 - Massa Especfica e Unitria dos agregados naturais ....................................... 63
Tabela 5.3- Composio granulomtrica dos resduos de galvanoplastia ........................... 64
Tabela 5.4 - Concentrao mdia e desvio-padro dos nions extrados em digesto cida
............................................................................................................................................. 66
Tabela 5.5- Concentrao de nions no extrato lixiviado dos resduos de galvanoplastia e
cimento Portland .................................................................................................................. 67
Tabela 5.6 - Concentrao de nions no extrato solubilizado dos resduos de galvanoplastia
e cimento ............................................................................................................................. 68
Tabela 5.7 - Medida quantitativa da Atividade Pozolnica (Mtodo Chapelle Modificado)
............................................................................................................................................. 69
Tabela 5.8 - Concentrao (%) dos elementos avaliados por fluorescncia de raios-X ...... 71
Tabela 5.9 - Mdia (%) dos resultados da absoro dos BCP-PJ aps imerso em gua ... 75
Tabela 5.10 - Mdia (%) dos resultados da absoro dos BCP-LG aps imerso em gua 77
Tabela 5.11 - Mdias de resistncia compresso dos BCPPJ ......................................... 79
Tabela 5.12 - Mdias de resistncia compresso dos BCPLG ....................................... 82
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16
Tabela 5.13 - nions presentes no extrato lixiviado dos BCP-PJ (28 dias) ........................ 84
Tabela 5.14 - nions presentes no extrato solubilizado dos BCP-PJ (28 dias)................... 85
Tabela 5.15 - nions presentes no extrato lixiviado dos BCP-LG (28 dias) ...................... 86
Tabela 5.16 - nions presentes no extrato solubilizado dos BCP - LG (28 dias) ............... 87
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17
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AA Absoro de gua
ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas
BCP Blocos de Concreto para Pavimentao
CAM Central de Anlises Avanadas de Materiais
CMI Central de Microscopia
COMCAP - Complexo de Centrais de Apoio Pesquisa
CP Corpo de Prova
CPV-ARI Cimento Portland de Alta Resistncia Inicial
C-S-H Silicato de Clcio Hidratado
CV - Coeficiente de Varincia
DESVPAD Desvio Padro
DRX Difrao de Raios-X
FUNASA - Fundao Nacional de Sade
FRX Fluorescncia de Raios-X
ICPI - Interlocking Concrete Pavement Institute
IERSI Inventrio Estadual de Resduos Slidos Industriais do Estado do Paran
LG Lodo de Galvanoplastia
MEV Microscopia Eletrnica de Varredura
NBR Norma Brasileira Registrada
pH Potencial Hidrogeninico
PJ Poeira de Jateamento
REF Referncia
SESI - Servio Social da Indstria
UEM Universidade Estadual de Maring
UFC Universidade Federal do Cear
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1 INTRODUO
A conservao do ambiente representa para as indstrias uma responsabilidade
indiscutvel, sendo assim, cada vez mais a competitividade do mercado tem exigido
atuaes proativas e concretas na preservao ambiental, que se reflete nas atividades que
apresentem o mnimo de impacto ambiental por meio de tecnologias limpas, com prticas
de minimizao na gerao de resduos e maximizao de reaproveitamento, permitindo
agregar valor aos rejeitos, economia de energia e outros ganhos.
Tendo em vista que todo processo industrial gera uma quantidade considervel de resduos
slidos, observa-se a necessidade de implantao de tecnologias inovadoras, sobretudo
aquelas que promovam o retorno desses resduos ao processo produtivo, ou mesmo que
levem a produo de novos produtos com carter ecolgico, favorecendo a diminuio do
depsito de resduos slidos em aterros.
No Brasil, apesar do gerenciamento adequado ser composto de grandes desafios, a
reutilizao pode ser considerada como alternativa em muitos casos, para fins tais como,
pavimentao de estradas, incorporao na construo civil, incorporao ao solo etc. Em
todos os casos, tanto para a reutilizao, quanto para a disposio, tem-se que levar em
considerao os elementos potencialmente contaminantes, que podem ser introduzidos no
meio circundante (PEREIRA et al., 2008).
A grande expanso metal-mecnica implica no aumento da produo de subprodutos e
rejeitos, com complexidade em suas caractersticas qumicas e periculosidade, levando-se a
considerar esse setor como um setor ambientalmente importante e impactante, em funo
do seu alto potencial poluidor.
Diante dessa problemtica, uma oportunidade para melhorar a sustentabilidade na
atividade galvanotcnica a busca cientfica por alternativas inovadoras, para utilizao de
seus resduos slidos, considerados sem utilizao, como matria-prima na confeco de
novos produtos para a construo civil.
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19
1.1 JUSTIFICATIVA
A Engenharia Urbana pode ser identificada como uma rea multidisciplinar que rene
segmentos da engenharia e reas afins, sendo uma delas o saneamento, que tem por
objetivo alcanar a salubridade ambiental, para proteger e melhorar as condies de vida
da populao (FUNASA, 2004).
Tem-se notado que os resduos slidos industriais so um dos maiores responsveis pelas
agresses ao ambiente, devido s quantidades de produtos qumicos como cianuretos,
solventes e metais (mercrio, cdmio, chumbo etc.) utilizados na criao e/ou melhoria de
produtos, ameaando os recursos naturais onde so dispostos (KRAEMER, 2005).
O grande volume dos resduos slidos industriais gerados pelo setor metalrgico, e o alto
custo de manejo, estimulam pesquisas na busca de solues adequadas para o seu
gerenciamento, destacando neste contexto, o aproveitamento desses resduos na construo
civil, por meio da tcnica de solidificao/estabilizao, que consiste em encapsular
resduos perigosos dentro de uma matriz slida de grande integridade estrutural, alm de
estabilizar os resduos perigosos e transform-los em materiais menos poluentes.
Dessa forma, a utilizao de resduos considerados perigosos por meio da
solidificao/estabilizao tem ganhado grande ateno, tendo em vista os benefcios
ambientais pela diminuio destes em aterros industriais, revertendo-os em matria-prima
na rea da construo civil, por meio da aplicao em matriz cimentcia, proporcionando
ganhos mecnicos da resistncia a compresso e outros, por meio do encapsulamento de
metais pesados.
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20
1.2 OBJETIVOS DO TRABALHO
1.2.1 Objetivo Geral
Estudar a incorporao de resduos slidos industriais do setor galvanotcnico,
notadamente os provenientes da cmara de jateamento (Poeira de Jateamento) e os
provenientes da Estao de Tratamento de Efluentes (Lodo de Galvanoplastia), na
produo de blocos de concreto para pavimentao por meio da tcnica de
solidificao/estabilizao.
1.2.2 Objetivos Especficos
Os objetivos especficos desta pesquisa podem ser resumidos nos itens a seguir:
Analisar as caractersticas qumicas dos resduos de galvanoplastia por meio
da digesto nitrico-perclrica, ensaios de lixiviao e solubilizao dos resduos segundo
as normas tcnicas brasileiras, bem como a atividade pozolnica por meio do mtodo
Chapelle Modificado;
Analisar a microestrutura dos resduos por meio da Fluorescncia de Raios-
X (FRX), Difrao de Raios-X (DRX) e Microscopia Eletrnica de Varredura (MEV);
Avaliar a influncia dos resduos em matriz cimentcia em substituio ao
cimento nas propores 5, 10, 15, 20 e 25%, bem como corpos de prova sem substituio
ou referncia, por meio de anlises qumicas, com ensaios de lixiviao e solubilizao,
anlises microestruturais, por meio da DRX e MEV, alm de anlises fsicas e mecnicas
como absoro de gua e resistncia a compresso nos 7, 14, 28, 60 e 90 dias.
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1.3 ORGANIZAO DO TRABALHO
Este trabalho composto por 8 captulos. No Captulo 2 apresenta-se um panorama geral
sobre os resduos slidos, sua gerao na atividade industrial no estado do Paran,
colocando em evidncia a gerao resduos da atividade galvanotcnica (poeira de
jateamento e lodo de galvanoplastia), presentes no setor metalrgico. Assim como o
desenvolvimento da ecologia industrial, com a misso do gerenciamento de resduos
industriais com a tcnica de solidificao/estabilizao em matriz cimentcia, que visa a
reduo de impactos ambientais causados por resduos slidos com grandes quantidades de
metais pesados e um exemplo de possvel incorporao desse material, na rea de pr-
moldados, mais precisamente em blocos de concreto para pavimentao (BCP).
No Captulo 3 so apresentados trabalhos desenvolvidos por outros pesquisadores no que
se refere tcnica de solidificao/estabilizao, assim como a aplicao de resduos
slidos em BCP, alm de diversos parmetros que devem ser analisados na incorporao
deste material em matriz cimentcia.
No Captulo 4 so caracterizados todos os materiais que foram empregados no
desenvolvimento experimental da pesquisa. Determinando algumas das propriedades
fsicas, qumicas e microestruturais dos agregados midos e grados e, para a matriz
propriamente dita, alm das caractersticas j citadas, so apresentadas suas caractersticas
mecnicas.
No Captulo 5 so apresentados os desenvolvimentos experimentais da primeira e segunda
fase. Os resultados advindos dos ensaios e, finalmente, as anlises estabelecidas
comparativamente com os dados obtidos em outras pesquisas.
No Captulo 6 apresentam-se as concluses gerais dos blocos de concreto para
pavimentao com a utilizao da poeira de jateamento e lodo de galvanoplastia.
No Captulo 7 so sugeridas algumas modificaes na pesquisa para o prosseguimento do
estudo envolvendo agregados reciclados de concreto.
No Captulo 8 encontra-se a bibliografia utilizada para o desenvolvimento da pesquisa.
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2 FUNDAMENTAO TERICA
2.1 RESDUOS SLIDOS
2.1.1 Definio
Os resduos slidos so definidos, segundo a Associao Brasileira de Normas Tcnicas
(NBR 10004/2004), como sendo:
Todo resduo nos estados slido e semi-slido que resultam de atividades de origem industrial, domstica, hospitalar, comercial, agrcola, de servios e de varrio. Ficam includos nesta definio os lodos provenientes de sistemas de tratamento de gua, aqueles gerados em equipamentos e instalaes de controle de poluio, bem como determinados lquidos cujas particularidades tornem invivel o seu lanamento na rede pblica de esgotos ou corpos de gua, ou exijam, para isso, solues tcnicas e economicamente inviveis em face melhor tecnologia disponvel.
Os resduos slidos industriais so os materiais em estado slido ou semi-slido que
resultam da atividade industrial, apresentando caractersticas e composio muito variadas
por serem originrios nas mais diferentes atividades, podendo ser inerte ou altamente
txico, e ainda ser composto por cinzas, lodos, leos, resduos alcalinos ou cidos, plstico,
papel, madeira, fibras, borracha, metal, escrias, vidros, cermicas etc.
2.1.2 Classificao
A classificao segundo a NBR 10004/2004 envolve a identificao do processo ou
atividade que deu origem aos resduos, seus constituintes, caractersticas e a comparao
desses constituintes com listagens (anexos) e substncias cujo impacto sade e ao meio
ambiente so conhecidos.
De acordo com essa Norma os resduos so classificados em:
a) Resduos Classe I Perigosos: Aqueles que apresentam riscos a sade pblica e ao
meio ambiente ou uma das seguintes caractersticas: inflamabilidade, corrosividade,
reatividade, toxicidade ou patogenicidade ou ainda constem nos anexos A ou B da NBR
10004/2004.
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b) Resduos Classe II No perigosos: Os cdigos para alguns resduos dessa classe
encontram-se no anexo H da NBR 10004/2004.
Resduos Classe II A No inertes: Aqueles que podem ter propriedades, tais
como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em gua e que no se
enquadram nas classificaes de resduos classe I - Perigosos ou de resduos classe II B
Inertes.
Resduos Classe II B Inertes: Quaisquer resduos que, quando amostrados de uma
forma representativa, segundo a NBR 10007/2004, e submetidos a um contato dinmico e
esttico com gua desionizada, temperatura ambiente, conforme NBR 10006/2004, no
tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentraes superiores aos padres
de potabilidade de gua, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, conforme
anexo G da NBR 10004/2004.
Para uma correta aplicao da NBR 10004/2004, necessrio conhecer as seguintes
normas complementares:
NBR 10005/2004 - Procedimento para obteno de extrato lixiviado de resduos slidos:
fixa os requisitos exigveis para a obteno de extrato lixiviado de resduos slidos visando
diferenciar os resduos classificados pela NBR 10004/2004 como classe I - perigosos e
classe II - no perigosos.
NBR 10006/2004 - Procedimento para obteno de extrato solubilizado de resduos
slidos: fixa os requisitos exigveis para obteno de extrato solubilizado de resduos
slidos, visando diferenciar os resduos classificados na NBR 10004/2004 como classe II A
- no inertes e classe II B inertes, no se aplicando a resduos no estado lquido.
NBR 10007/2004 - Amostragem de resduos slidos: fixa os requisitos exigveis para
amostragem de resduos slidos, ou seja, o conjunto de operaes que conduzem
obteno de uma pequena poro realmente representativa da composio mdia do todo.
2.2 GERAO DE RESDUOS SLIDOS INDUSTRIAIS NO ESTADO DO PARAN
De acordo com o Inventrio Estadual de Resduos Slidos Industriais do Estado do Paran
IERSI/PR, realizado pelo Instituto Ambiental do Paran - IAP, entre janeiro de 2004 a
maio de 2009 em 32 municpios, foram geradas quantidades de resduos slidos industriais
conforme a Figura 2.1.
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Figura 2.1 Gerao de resduos slidos industriais para o estado do Paran (ton./ano)
Fonte: Adaptado, IERSI PR (2009).
Devido ao processo de implantao no ano de 2004, os resultados no foram todos
reunidos para o inventrio. De 2004 em diante a campanha para o preenchimento dos
formulrios foi mais intensa tendo em vista que entre 2008 e 2009 foi efetivamente a maior
quantia de formulrios preenchidos, por isso os valores passam a ser mais confiveis.
De acordo com as tipologias na esfera industrial, o setor da metalurgia bsica corresponde
a 5,32% do total do inventrio e sua gerao de resduos slidos (ton./ano) e apresentada
na Figura 2.2.
Figura 2.2 - Gerao de resduos slidos industriais no setor metalrgico (ton./ano)
Fonte: Adaptado, IERSI PR (2009).
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Dessa quantidade de resduos slidos industriais, gerados anualmente pelo setor
metalrgico, 1,82% classificado como resduo slido perigoso e 6,61% classificado
como resduo slido no-perigoso, conforme pode ser visto na Figura 2.3.
Figura 2.3 - Classificao dos resduos slidos do setor metalrgico (ton./ano)
Fonte: Adaptado, IERSI PR (2009).
A partir desses resultados, possvel verificar o grande potencial de utilizao desses
resduos, como retorno ao mesmo processo produtivo ou como matria-prima em outra
atividade. Assim, diminuindo a simples disposio destes em aterros industriais em todo o
estado do Paran.
2.3 SETOR METALRGICO - ATIVIDADE GALVANOTCNICA
2.3.1 Definio
O termo galvanoplastia refere-se ao processo de eletrodeposio de um metal sobre um
molde, sendo que a deposio de uma fina camada de metal sobre outro metal chamada
de galvanostegia (BORGO, 2005).
A galvanoplastia uma tcnica, por via eletroltica, de deposio de determinados ons
metlicos na superfcie dos corpos metlicos ou no, que visa, principalmente, proteger as
peas contra corroso e dar um acabamento superficial. As peas so submetidas a banhos
qumicos ou eletrolticos, seguidos de lavagens com gua para limpeza. Para cada tipo de
acabamento existe uma seqncia de tratamento, que necessita de guas de lavagem,
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produzindo efluentes lquidos com caractersticas diversas. Na galvanizao com zinco-
cido, geralmente, as peas passam por um banho desengraxante, para remoo de leos e
graxas, seguido de um banho decapante, para remoo de xidos, e uma srie de outros
banhos qumicos que visam limpeza da pea para receber a deposio metlica
(BRESAOLA JUNIOR e CARRARA, 2000).
2.3.2 Processo Galvanotcnico
No processo de galvanoplastia existem trs etapas principais: Pr-Tratamento etapa na
qual produzida a poeira de jateamento (PJ); Tratamento - etapa por meio da qual
produzido o efluente e por conseqncia o lodo (LG) e Ps-Tratamento.
O pr-tratamento consiste na preparao da superfcie a ser tratada, por meio mecnico
e/ou qumico, para que o revestimento tenha boa aderncia, uniformidade e aparncia.
Pr-tratamento mecnico escovao, lixamento, polimento e jateamento,
utilizando escovas de ao ou lato, rolos de esmeril ou de lixas, e outros materiais
abrasivos, para a remoo de rebarbas, sulcos, irregularidades, camadas de xidos e
resduos de tintas e de solda.
Pr-tratamento qumico desengraxe e decapagem: desengraxe realizado com
solventes clorados como tricloroetileno e percloroetileno; desengraxe alcalino feito com
carbonato de sdio, hidrxido de sdio, fosfato, silicato, detergentes sintticos, cianeto e
complexantes tipo EDTA, glutamato e citrato de sdio; desengraxe eletroqumico, no qual
a pea polarizada, catodicamente, anodicamente ou alternadamente, num meio alcalino;
decapagem, realizada numa soluo cida, geralmente cido sulfrico, clordrico ou
fluordrico, para a remoo de camada de xidos, hidrxidos ou outras impurezas slidas.
Na etapa de tratamento, a pea ligada ao plo negativo de uma fonte de corrente
contnua, tornando-se ctodo, no qual ocorre a deposio. O tratamento pode se
desenvolver numa seqncia de banhos. Para a cromao, a pea inicialmente cobreada, a
seguir niquelada e, ao final, recebe uma camada de cromo. No caso do alumnio e suas
ligas so submetidos ao processo de oxidao forada, anodizao, em que este metal
oxidado, formando uma camada protetora, isolante e com alta dureza.
No ps-tratamento, as peas podem passar pelos processos de lavagem com gua fria ou
quente; secagem em centrfuga, estufa ou jatos de ar; banho de leo para embalagem e
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proteo; e pintura ou envernizamento, para encaminhamento para embalagem, estoque e
expedio (SESI, 2007).
Segundo Pontes (2000), os resduos slidos gerados no processo galvanotcnico so:
sucata de metais ferrosos e no-ferrosos, cavacos, lodo do processo de tratamento de
efluentes lquidos, resduos de pr-tratamentos mecnicos, embalagens de produtos
qumicos, filtros de banhos e sacos de nodos.
2.3.2.1 Poeira de Jateamento ou Poeira de Vidro
Segundo o Decreto n. 5.063 (2004), do Ministrio do Trabalho e Emprego, tornou-se
proibido o processo de trabalho de jateamento com areia, uma vez que esse processo gera
uma elevada concentrao de slica cristalina (quartzo), responsvel por uma alta
incidncia de quadros graves de silicose e comprovadamente cancergena. Com isso,
surgiram vrios materiais substitutos areia nas cmaras de jateamento, um deles, a
microesfera de vidro.
Na etapa de pr-tratamento de superfcies metlicas, o setor de limpeza mecnica o local
onde se encontram as cmaras de jateamento, e onde so gerados os resduos slidos
chamados de poeira de jateamento (PJ). Esse equipamento lana em alta velocidade as
microesferas de vidro (MV), material utilizado comercialmente, contra as peas metlicas
com o objetivo de retirar, por meio do efeito abrasivo, carepas e asperezas, assim como
impurezas presentes na superfcie da pea.
Aps terem sido usadas no processo de limpeza mecnica, as microesferas de vidro se
rompem, perdendo sua propriedade de remoo, sendo ento descartadas. Essas esferas ps
uso, segundo Borgo (2005), so classificadas comumente como resduo slido - classe IIB
(No-perigoso Inerte).
O vidro em microesferas obtido pela fuso de rochas e minerais, seguida por
resfriamento rpido, que no permite a cristalizao. Certos materiais so mais adequados
para esse procedimento, por exemplo, a slica (SiO2), na forma de quartzo, proveniente de
arenitos. Como o ponto de fuso do quartzo e muito elevado (1.713oC), adicionam-se
certos ingredientes, como calcrio (CaCO3), carbonato de sdio (Na2CO3) e brax
(Na2B4O7), para reduzir a temperatura de fuso. Apesar de no poluente, produzido por
matrias-primas naturais que no agridem o ambiente, o vidro no biodegradvel, ou
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seja, um material que no se decompe, diminuindo assim a vida til de vrios aterros
sanitrios, ocupando um espao desnecessrio (SKINNER, 1996; apud BORGO, 2005).
2.3.2.2 Lodo Galvnico
Os processos galvnicos so tratamentos qumicos superficiais que visam a decapagem
e/ou processo de deposio eletroqumica em superfcies metlicas, ou de imerso das
peas de metais em banhos eletroqumicos (cromao, niquelao, zincagem, anodizao
etc). Em geral a pea metlica, aps o recobrimento superficial, novamente submetida a
processos de limpeza e lavagem, para interromper a reao eletroqumica ou ainda,
eliminar excessos e uniformizar a quantidade de material depositado. Nesse caso, a gua de
lavagem ir conter parte dos constituintes utilizados para o recobrimento (Ex: Cu, Cr, Ni,
Zn etc.). Associados a estes metais, tambm esto presentes nas guas de lavagem, os
componentes utilizados para neutralizar a suspenso, ou seja, interromper o processo.
Esses componentes so geralmente constitudos por ons de metais alcalinos e nions tais
como os nitratos, os sulfatos entre outros. Obrigatoriamente as guas de lavagem devem
ser submetidas a tratamentos qumicos, por meio de adio de cal, sais e hidrxidos,
visando a deposio da fase slida, tambm chamada lodo ou lama galvnica (SILVA,
2004).
Em sua composio esto presentes compostos qumicos em diferentes formas: hidrxidos,
xidos hidratados e sais dos metais das linhas de tratamento superficial em questo. Podem
estar presentes sais solveis de metais pesados, alm de carbonatos, sulfatos e fosfatos de
clcio. Quando a neutralizao realizada com carbonato de clcio, pode conter ainda
materiais inertes, principalmente SiO2, proveniente de silicatos alcalinos dos banhos de
limpeza, de contaminaes do xido hidratado de clcio, utilizado para neutralizao bem
como de impureza em geral. Podendo ainda estar presentes complexos de metais com
cianetos, quando, durante a oxidao de cianeto com compostos clorados, se formarem
complexos metlicos insolveis e no-oxidveis, como, por exemplo, ferrocianeto de zinco
(MILANEZ et al., 2005).
A disposio final do lodo galvnico contendo metais pesados deve ser em aterros
industriais controlados ou por meio do co-processamento em fornos de cimento (no Paran
esse procedimento no e liberado pelo rgo ambiental). No programa Desperdcio Zero,
coordenado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hdricos - SEMA, do
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estado do Paran, uma das metas para os resduos industriais desenvolver aes conjuntas
com a Federao das Indstrias do Paran FIEP, no sentido de ampliar a reciclagem de
resduos, com o apoio da bolsa de reciclagem de resduos e notificar empresas que
possuam resduos armazenados sem destino definido, atendendo a Resoluo SEMA n 31
(1998), que no permite armazenamento de resduos por prazo superior a um ano
(BORGO, 2005).
2.4 ECOLOGIA INDUSTRIAL
No setor industrial de forma geral a adoo de metodologias de preveno de poluio vem
sendo proposta como estratgia eficaz para evitar os desperdcios de matrias-primas e
energia, convertidos em resduos slidos, lquidos e gasosos, responsveis por adicionar
custos aos processos produtivos e gerar problemas ambientais (KIPERSTOK et al., 2002).
A Ecologia Industrial visa prevenir a poluio, reduzindo a demanda por matrias-primas,
gua e energia e a devoluo de resduos natureza. Porm, enfatiza que por meio de
sistemas integrados de processos ou indstrias, os resduos ou subprodutos de um processo
possam servir como matria-prima de outro (MARINHO e KIPERSTOK, 2001).
Parte da considerao de que, por mais que se aperfeioem os processos de limpeza da
produo, sempre poder ocorrer a gerao de algum resduo ou subproduto, para os quais
no haja uma alternativa economicamente vivel. Alternativamente, a empresa poder no
ter interesse em desenvolver outro processo que o aproveite, dessa forma, a integrao
adequada de diferentes empresas deve ocorrer, de forma que os resduos e subprodutos
gerados por uma delas possam servir de matrias-primas para outras, reduzindo a
disposio inadequada. Da mesma forma, a sua utilizao como matria-prima reduziria a
demanda por novos recursos naturais (MARINHO e KIPERSTOK, 2001).
O sentido geral do programa Ecologia Industrial vem ao encontro com o que se prope
neste trabalho, ou seja, a utilizao de dois resduos industriais com composio diferentes,
porm, do mesmo ramo (galvanoplastia) e sem nenhum outro tipo de alternativa de
disposio a no ser o aterro industrial. Aumentando cada vez mais o potencial promissor
de utilizao em outros ramos industriais como, por exemplo, a indstria de pr-moldados
do setor de construo civil.
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2.5 SOLIDIFICAO/ESTABILIZAO DE RESDUOS SLIDOS
2.5.1 Definio
A solidificao/estabilizao (S/E) de resduos slidos um processo tambm conhecido
como encapsulamento (encapsulao) ou fixao. Trata-se de uma tecnologia que vem
sendo utilizada como alternativa aos processos tradicionais de tratamento de resduos e,
principalmente, como um meio de facilitar o manuseio, o transporte e o armazenamento.
Consiste, basicamente, em estabilizar, qumica e/ou fisicamente os resduos slidos,
atravs de adio de aglomerantes ou da insero em invlucros eficientes (PABLOS,
2008).
Solidificao se refere a um processo que vincula o meio contaminado com um
reagente/aglomerante, alterando suas propriedades fsicas e aumentando as propriedades
mecnicas como a resistncia compresso, diminuindo a sua permeabilidade e
encapsulando os contaminantes para formar um material slido (SHI e SPENCE, 2004;
USEPA, 2009).
Estabilizao refere-se ao processo que envolve uma reao qumica que reduz a lixiviao
do resduo perigoso, imobilizando os componentes qumicos e diminuindo a solubilidade,
tornando-se menos prejudiciais. (SHI e SPENCE, 2004; USEPA, 2009).
A seguir so apresentadas algumas vantagens e desvantagens dessa tcnica
(GIRALDELLI, 1990):
Vantagens do processo de S/E:
Matria-prima abundante e barata;
Tecnologia de manuseio e mistura do agente ligante conhecida e os equipamentos
so comuns;
No necessria a secagem do resduo;
Os sistemas so muito tolerantes a variaes qumicas e os resduos s necessitam
de pr-tratamento se contiverem componentes que retardem as reaes com o
agente ligante;
As caractersticas de lixiviao do produto final, se necessrio, podem ser
melhoradas por meio de revestimentos selantes;
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Pode variar a quantidade de agente ligante usado para se produzir produtos com
alta capacidade de suporte, bons materiais de fundao ou sub-base.
Desvantagens do processo de S/E:
Os produtos finais no revestidos podem requerer um projeto de aterro especfico;
Os resduos contendo grandes quantidades de impurezas que afetam o
endurecimento e a cura da mistura resduo-agente ligante podem necessitar de um
pr-tratamento ou da utilizao de agentes ligantes especiais de custo mais elevado,
ou aditivo;
Quando o agente ligante o cimento, sua alcalinidade transforma o on amnio em
gs amnia.
Contudo, em geral, essa tcnica eficaz para resduos inorgnicos, no sendo apropriado
para o tratamento de resduos com contaminao orgnica, devido as interaes
desfavorveis que ocorrem entre os materiais orgnicos e a matriz de agente ligante.
Quando o agente ligante o cimento, os compostos orgnicos podem ter um efeito de
retardamento sobre a reao de hidratao do cimento e afetar negativamente a
microestrutura, influenciando a mecnica e a lixiviao dos materiais cimentcios (CIOFFI,
2001).
2.5.2 Tcnicas Desenvolvidas
Existem vrios processos e tcnicas de solidificao/estabilizao, sendo que os principais
so: a base de cimento, a base de cal e materiais pozolnicos (exceto cimento), a base de
argilas, polmeros orgnicos, encapsulamento em invlucro inerte, vetrificao e auto-
solidificao (PABLOS, 2008).
Como o objetivo do presente trabalho foi o estudo da S/E em matrizes de cimento Portland
ser o item comentado a seguir, alm da tcnica baseada em materiais pozolnicos que
compreende aspectos necessrios para o entendimento do trabalho.
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2.5.2.1 Tcnica baseada em materiais pozolnicos
As pozolanas so substncias naturais ou artificiais, de composio silicosa ou slico-
aluminosa, que, no sendo por si ss cimentcias, reagem, porm, com hidrxido de clcio
temperatura ambiente resultando em compostos com propriedades cimentcias. So
classificadas em dois grandes grupos: naturais e artificiais (MASSAZA, 1993).
Os materiais pozolnicos mais comumente utilizados na tcnica de S/E so as cinzas
volantes, poeiras de forno de cimento e escria de alto-forno, alm de xistos calcinados,
telhas e tijolos cermicos modos e cinzas de carvo geradas em termoeltricas.
A NBR 12653/1992 caracteriza os materiais pozolnicos em trs grupos, baseada
exclusivamente na origem dos materiais:
Classe N: Pozolanas naturais e artificiais que obedecem aos requisitos aplicveis nessa
Norma, como certos materiais vulcnicos de carter petrogrfico cido, cherts silicosos,
terras diatomceas (SiO2.H2O) e argilas calcinadas.
Classe C: Cinza volante produzida pela queima de carvo mineral em usinas
termoeltricas, que obedece aos requisitos aplicveis nessa Norma.
Classe E: Qualquer pozolana cujos requisitos diferem das classes anteriores, conforme
estabelecido nessa Norma.
Nota: Alguns materiais que se enquadram nessa classe podem apresentar propriedades
aglomerantes.
Tabela 2.1 - Exigncias Qumicas dos Materiais Pozolnicos
Propriedades Classes de Material Pozolnico N C E
SiO2 + Al2O3 + Fe2O3, % mn. 70 70 50 SO3, % mx. 4,0 5,0 5,0 Teor de umidade, % mx. 3,0 3,0 3,0 Perda ao fogo, % mx. 10,0 6,0 6,0 lcalis disponveis em Na2O, % mx. 1,5 1,5 1,5 Fonte: NBR 12653/1992.
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Esses critrios so baseados em porcentagens mnimas e mximas abrangendo alguns
aspectos do material tais como: constituintes qumicos ( Al2O3 + SiO2 + Fe2O3, teor de
SO3, teor de lcalis, etc.), finura (quantidade retida na malha 45m).
As exigncias fsicas para material considerado pozolnico so descritas na Tabela 2.2.
Tabela 2.2 - Exigncias Fsicas para os Materiais Pozolnicos
Propriedades Classes de Material Pozolnico N C E
Material retido na peneira 45 m, % mx 34 34 34 ndice de atividade pozolnica: - Com cimento aos 28 dias, em relao ao controle, % mn.
75 75 75
- Com o cal aos 7 dias, em MPa 6,0 6,0 6,0
- gua requerida, % mx. 115 110 110
Fonte: NBR 12653/1992.
Na Figura 2.4 apresentada de forma esquemtica uma comparao da composio
qumica do cimento Portland e outros materiais cimentcios.
Figura 2.4 - Composio qumica do cimento Portland e outros materiais cimentcios
Fonte: ROY e LANGTON (1989).
Escria de alto-forno
Slica ativa
Cimento com alto teor de alumina
Pozolanas artificiais e naturais
Cinza volante
Cimento Portland
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O que faz essa tcnica ser uma das mais vantajosas ter baixo custo de materiais
empregados (pozolanas atificiais), disponibilidade de encontr-los em grande escala, no
necessitar de equipamentos especiais no processamento, alm de poder apresentar alta
resistncia mecnica na matriz cimentcia ou cermica, em virtude das suas caractersticas
qumicas e fsicas.
2.5.2.2 Tcnica baseada em cimento Portland
Quando misturado com gua e agregados, o cimento Portland hidratado, formando
posteriormente um slido rgido. A hidratao se d em dois estgios, sendo que o primeiro
ocorre formao de uma membrana na superfcie das partculas de silicato de clcio e no
segundo, aps a cura inicial, observa-se em cada gro de cimento o crescimento de cristais,
que se irradiam por todo o espao intersticial. Tem-se, dessa forma, um aumento no
comprimento e no nmero de cristais, que gradualmente comeam a emaranhar-se, uns aos
outros e, quando cessa o seu crescimento, comeam a unir-se lateralmente formando
laminas contnuas do material. Essa matriz cristalina incorpora os agregados e/ou resduos
adicionados na massa monoltica (CETESB, 1985 apud PABLOS, 2008).
As principais vantagens so o fato do comportamento do ligante estar bem estabelecido
(manuseamento, mistura, presa e endurecimento), mdia permeabilidade, mdia/alta
resistncia mecnica das matrizes, custo relativamente baixo, poder ser usado para resduos
slidos secos ou com elevada humidade, no exibir grande sensibilidade s variaes
qumicas do resduo e na ocorrncia da elevada alcalinidade permitir a neutralizao de
resduos com caractersticas cidas (HUANG e CHU, 2003).
2.6 BLOCOS DE CONCRETO PARA PAVIMENTAO (BCP)
O concreto o segundo material mais consumido pela humanidade, superado apenas pela
gua, um dos motivos deste elevado consumo pelo fato de poder comparar-se a uma
rocha artificial, que pode ganhar formas e volumes de acordo com as necessidades de cada
obra (PIACCF/PR, 2008). Na construo civil, o ramo de pr-moldados ou pr-fabricados
tem como finalidade, a produo de concretos fora do local de utilizao definitiva, com
emprego intensivo de maquinrio e sob rigoroso controle de qualidade capaz de garantir a
mxima uniformidade dos elementos.
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Nesse segmento, o mercado em expanso o de blocos de concreto utilizados para
pavimentao, tambm chamados Paver (Figura 2.5), compem os pavimentos
intertravados utilizados em ruas, caladas, calades praas e at em estradas. Os primeiros
BCP foram produzidos na Alemanha no final do sculo XIX e j havia nessa poca uma
preferncia muito significativa por esse produto (OLIVEIRA, 2004).
Figura 2.5 BCP ou Paver do tipo Holland
Fonte: www.maski.com.br
No incio de 2004, na Colmbia, foi concluda a construo de 680 m de uma estrada na
parte alta de Envigado, cidade a sudeste de Medelin. A estrada tem largura de 7m e foi
executada com BCP de 80mm de espessura, assentes sobre uma base granular de 360 mm e
um colcho de areia de 40 mm. O formato dos BCP foi o do tipo Holland - retangular de
200mm x 200mm, em padro espinha-de-peixe, a Figura 2.6 apresenta os dois trechos
deste pavimento.
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Figura 2.6 Rodovia construda com BCP na Colmbia
Fonte: MADRID, 2004
Na produo de BCP h a necessidade da utilizao de uma vibro-prensa, que recebe essa
denominao devido ao mecanismo de funcionamento empregado durante o processo de
moldagem dos blocos, vibrao associada prensagem. A primeira funo responsvel
pelo preenchimento e adensamento da mistura nos moldes, sendo que a segunda influencia
o adensamento e o controle da altura dos blocos (HOOD, 2006).
Segundo Rodrigues (1995) existe uma ordem preferencial de colocao dos materiais para
produo dos BCP, iniciando pelo pedrisco ou brita zero e parte da gua, ligando-se a
misturadora por apenas alguns segundos, permitindo lavar o agregado, retirando o material
fino que fica aderido s suas partculas. Em seguida aplica-se o cimento, misturando-o com
o pedrisco, fazendo com que as partculas do agregado sejam envolvidas por uma camada
de pasta de cimento, finalizando com a areia e o restante da gua.
Aps ocorrer a mistura, durante o processo de moldagem na vibro-prensa, o material
destinado moldagem dos blocos que sofre compactao por meio de vibrao para
garantir que os blocos de concreto obtenham o grau de compactao previsto e atendam s
caractersticas de projeto, devendo-se respeitar os tempos de alimentao e vibrao do
equipamento (HOOD, 2006).
Na Figura 2.7 so apresentados os trs tipos de arranjos mais utilizados para assentamento
de pavimentos intertravados. De acordo com Cruz (2003) a forma de arranjo escolhido
para o assentamento, define a aparncia esttica do pavimento, no havendo um consenso
sobre a interferncia no formato de assentamento e o desempenho do pavimento, tendo em
vista que para o boletim tcnico do Interlocking Concrete Pavement Institute (ICPI), para
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reas com trfego veicular recomendada a tipologia de arranjo de espinha-de-peixe pelo
seu desempenho na estrutura do intertravamento das peas.
Figura 2.7 Arranjo de assentamento: a) espinha-de-peixe ou ngulo reto; b) fileira e c)
trama
Fonte: FIORITI, 2007.
Algumas das principais vantagens da pavimentao com BCP (OLIVEIRA, 2004) so:
a) Baixo custo de manuteno, sendo recomendada para regies em fase de crescimento
demogrfico;
b) pode ser posta em servio imediatamente aps a execuo;
c) proporciona boa superfcie de rolamento para velocidade de at 80 km/h;
d) utiliza mo-de-obra no especializada;
e) efeito esttico devido a diversidades nas formas e cores;
f) baixo custo devido fabricao industrializada;
g) adequadamente projetada e executada, proporciona elevada vida til.
So poucos os trabalhos disponveis sobre a tecnologia de concreto para fabricao de
BCP. Aparentemente, devido dificuldade de acesso aos equipamentos de vibro-
compresso e pelo fato dos concretos secos (tipo de concreto empregado na produo dos
blocos para pavimentao) no alcanarem o mesmo status dos concretos convencionais e
de alto desempenho (PETTERMANN, 2006).
b) c)
Sentido do Trfego
Sentido do Trfego
Sentido do Trfego
a)
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2.6.1 Caractersticas a serem avaliadas na Produo de BCP
2.6.1.1 Granulometria
Do ponto de vista textural e de uma maneira geral, os materiais menores que 0,075 mm so
denominados p de pedra, quando fragmentados artificialmente e finos e denominados silte
e argila, quando fragmentados naturalmente. Como agregado mido so considerados
queles com granulometria entre 0,075 mm e 2,0 mm, para agregados artificiais (pedrisco
fino e mdio) e naturais (areia fina, mdia e grossa). Como agregados grado so
considerados queles com granulometria entre 2,0 mm e 100,0 mm, em agregados
artificiais (pedrisco grosso, brita do no. 1 a 5) e natural, composto por areia grossa,
pedregulho at pedra de mo, apresentados conforme Figura 2.8 (PIACCF/PR, 2008).
Figura 2.8 Comparativo de classes texturais, materiais naturais e artificiais segundo normas
e instituies, com dimenses em mm
Fonte: PIACCF/PR, 2008
Outro aspecto importante em funo da granulometria o efeito fsico (efeito microfler)
que acontece pelo reduzido tamanho das partculas (~ 0,1 m), que se introduzem entre os
gros de cimento e se alojam nos interstcios da pasta, reduzindo o espao disponvel para
a gua e atuando como ponto de nucleao dos produtos de hidratao, o que proporciona
um refinamento da estrutura de poros (VIEIRA et al., 1997).
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2.6.1.2 Potencial Hidrogeninico
Para Reed et al., (1996) alguns fatores podem interferir no processo de lixiviao e
solubilizao, que so: pH, capacidade de troca catinica, granulometria e quantidade de
matria orgnica, segundo o autor, o aumento do pH, de modo geral, reduz a quantidade de
metais solubilizados. Em pH elevado existe a predominncia da precipitao da maioria
dos metais como hidrxidos e carbonatos. A medida que o pH decresce, a precipitao
torna-se menos importante e a troca catinica passa a ser o mecanismo dominante na
reteno de ctions metlicos.
Segundo Oliveira (2007) em seu estudo utilizando o metacaulim, pozolana silico
aluminosa derivada da calcinao das argilas caulinticas e os caulin, na produo de
concretos de alto desempenho (CAD), constatou que pH dos concretos no apresentou
diferena significativa com a elevao da proporo de metacaulim, relacionando a ligeira
reduo do pH dos concretos com metacaulim com consumo do hidrxido de clcio pela
reao pozolnica.
2.6.1.3 Resistncia Compresso
Mehta e Monteiro (1994) definem a resistncia de um material como sua capacidade de
resistir tenso sem ruptura, sendo que a ruptura algumas vezes identificada com o
aparecimento de fissuras. Ou seja, no caso de concretos, a resistncia est relacionada com
a tenso requerida para causar a fratura e, tambm, ao grau de ruptura no qual a tenso
aplicada alcana seu valor mximo.
A resistncia compresso dos BCP o principal parmetro de controle de qualidade dos
blocos, sendo que esse valor no exerce grande influncia no comportamento estrutural dos
pavimentos, quando limitada entre 20 e 60 MPa (SHACKEL, 1990).
De acordo com a NBR 9781/1987 a resistncia, caracterstica estimada compresso dos
BCP, calculada de acordo com as prescries da NBR 9780/1987, deve ser 35 MPa para
solicitaes de veculos comerciais de linha e ou 50 Mpa, quando houver trfego de
veculos especiais ou solicitaes capazes de produzir acentuados efeitos de abraso.
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2.6.1.4 Absoro de gua
Alm da resistncia a compresso, outro fator a absoro de gua, que ocorre na matriz
cimentcia, e que segundo Pagnussat (2004) uma caracterstica importante no que se
refere a concretos, porm, no existem muitas normas nacionais especficas para BCP, o
que reflete diretamente na qualidade do bloco produzido, bem como das condies de
servio do pavimento. Os blocos de concreto que absorvem muita gua em geral so
menos resistentes, alm de poderem lixiviar elementos qumicos mais facilmente causando,
por exemplo, eflorescncias que prejudiquem o aspecto do pavimento.
No estudo realizado por Oliveira (2007), constatou-se que o efeito filler, relacionado a
granulometria e a alta atividade pozolnica influenciaram na reduo da absoro de gua
nos concretos produzidos com metacaulim. Outros estudos tambm mostraram que existe
uma tendncia a reduo de absoro de gua em blocos de concreto para pavimentao
com substituio de superpozolanas (slica ativa e metacaulim) ao cimento em relao aos
mesmos sem adio, fato este, resultante do preenchimento dos vazios pelas minsculas
partculas das pozolanas.
2.6.1.5 Fluorescncia de Raios - X (FRX)
A fluorescncia de raios-X uma tcnica analtica multielementar usada para obter
informaes qualitativas e quantitativas da composio elementar dos materiais, uma vez
que este mtodo rpido e no destrutivo para a amostra. Alm disso, a mesma tem se
mostrado importante ferramenta na caracterizao de materiais pozolnicos, por meio das
quantidades de (Al2O3 + SiO2 + Fe2O3), correspondente as exigncias qumicas da NBR
12653/1992.
Na Tabela 2.3 so apresentados estudos de pozolanas e seus respectivos valores
encontrados por meio do ensaio de fluorescncia de raios-X.
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Tabela 2.3 Anlise de Fluorescncia de raios-X em estudos com resduos
Referncias Material Componentes (%)
SiO2 Al2O3 Fe2O3 Total
Lima e Toledo Filho, 2008
Caulim 45,70 38,60 1,80 86,1
Metacaulinita 52,46 44,24 2,06 98,8
Cimento V-ARI 24,94 7,50 2,62 35,1
Tashima et al., 2004 Cinza da casca de arroz 92,99 0,18 0,43 93,6
Pettermann, 2006 Slica ativa 92,00 0,70 1,20 93,9
Metacaulim 54,70 41,80 1,53 98,0
Gonalves et al., 2006 Resduo cermico 63,89 25,49 7,73 97,1
Cimento CPII-F32 19,98 3,70 3,12 26,8
Toledo, 2006 Poeira de jateamento 75,50 0,0 0,70 76,2
Areia de Fundio 92,66 2,0 1,00 95,7
Oliveira e Barbosa, 2006 Caulim # 200 47,41 38,0 0,40 85,8
Caulim # 325 45,70 39,30 0,40 85,4
Sotero et al. 2009 Lama vermelha 19,9 19,1 40,2 79,2
Santos et al. 2007 Cinza volante 41,79 38,21 4,37 84,4
Magalhes, 2007 Escria de auto-forno 33,04 12,10 3,13 48,3
Em todos os estudos incorporando estes diferentes tipos de resduos na matriz cimentcia
ou cermica, observou-se que as exigncias qumicas para material pozolnico, com
exceo da escria de auto-forno, superaram os limites de 70% mnimo na soma de Al2O3,
SiO2 e Fe2O3, descritos na .NBR 12653/1992 e na ASTM C618/1989.
2.6.1.6 Difrao de Raios-X
A difrao de Raios-X uma anlise que permite a identificao das fases cristalinas e
informaes sobre a estrutura cristalogrfica da amostra de um determinado material, alm
de permitir a quantificao das fases cristalinas e amorfas dos materiais (GOMES, 2005).
Em matrizes cimentcias a difrao tem o papel de identificar qualitativa das fases
cristalinas presentes nos agregados, bem como os compostos formados no processo de
hidratao da pasta: quartzo, silicatos diclcico ou belita, aluminatos e ferrita.
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O difratograma de materiais considerados pozolanas apresenta um halo caracterstico, e
compostos cristalinos identificados como quartzo, mulita e hematita. O halo amorfo
encontra-se aproximadamente na regio de 23,7 2 (HOPPE FILHO, 2008). E que foi
observado por Toledo (2006) no difratograma (Figura 2.9) da poeira de jateamento, resduo
semelhante a um dos resduos do presente estudo.
Figura 2.9 Difratograma da poeira de jateamento
Fonte: Adaptado, TOLEDO (2006).
2.6.1.7 Microscopia Eletrnica de Varredura (MEV) na hidratao da matriz
cimentcia
A anlise de imagens exerce um papel importante, particularmente na tecnologia do
concreto, pois com ela h possibilidade de relacionar, de alguma forma, a microestrutura
com suas propriedades fsicas e mecnicas. A matriz cimentcia constituda por diferentes
tipos de compostos hidratados do cimento Portland, entre eles esto o silicato de clcio
hidratado, o hidrxido de clcio e os sulfoaluminatos de clcio, alm de partculas de
clnquer no hidratadas.
Segundo Anjos (2009), os sulfoaluminatos de clcio ocupam de 15 a 20% do volume de
slidos de uma pasta de cimento. A formao deste produto ocorre durante os primeiros
estgios de hidratao sob a forma de trissulfato hidratado, conhecido como etringita
(Figura 2.10a). O hidrxido de clcio, tambm conhecido com portlandita, representa 20 a
Halo amorfo
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25% do volume de slidos de uma pasta de cimento hidratada, tende a formar cristais
grandes, sob a forma de prismas hexagonais distintos como mostrado na Figura 2.10b.
Figura 2.10 Morfologias tpicas da etringita e potlandita
Fonte: DEMIR (2008) e MDUCIN, et al. (2007).
A fase silicato de clcio hidratado (C-S-H) constitui de 50 a 60% do volume de slidos de
uma pasta de cimento Portland completamente hidratada, sendo o principal responsvel
pelas propriedades mecnicas da pasta, a Figura 2.11 apresenta as morfologias tpicas
comumente encontradas para este composto quando hidratado a temperatura ambiente.
Figura 2.11 - Morfologia tpica do C-S-H amorfo
Fonte: QIAO, et al. (2008).
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3 REVISO BIBLIOGRFICA
A indstria da construo civil destaca-se pelo potencial absorvedor de resduos
industriais, principalmente porque lana mo de processos de S/E de resduos na produo
de seus produtos. De acordo com Luz (2001) dependendo das caractersticas fsicas e
qumicas do resduo, esta tcnica pode permitir a obteno de novos materiais a partir de
subprodutos como, por exemplo, os blocos de concreto para pavimentao (BCP).
Alguns pesquisadores vem utilizando o processo de estabilizao de resduos perigosos
contendo metais pesados por meio da solidificao em matrizes de cimento Portland,
dentre eles pode-se citar, Shi e Fernndez-Jimnez (2006), Katsioti et al. (2008), Hekal et
al. (2011), Cheilas et al. (2007), Shi e Spence (2004), Cioffi et al. (2001), Valls e Vzquez
(2000) e Shao et al. (2000).
No Brasil podem ser citados os trabalhos desenvolvidos por, Gollmann et al. (2010),
Magallhes (2007), Oliveira (1996), Santos et al. (2007) e Pablos (2008), em matriz
cimentcia. Alm de pesquisas com diversos tipos de resduos na produo de blocos de
concreto para pavimentao, realizadas por, Hood (2006), Pagnussat (1995), Pettermann
(2006) e Sotero et al. (2009).
Gollmann et al. (2010) no trabalho com resduos de Chumbo, provenientes de industrias de
minerao e metalurgia, observaram que na substituio de 10% do cimento pelo resduo,
apesar do resduo gerar reduo na resistncia a compresso, a estabilizao do Pb em
matriz cimentcia foi positiva.
Pablos (1995) em seu estudo do desempenho das matrizes de cimento Portland produzidas
utilizando areia de fundio aglomeradas com argila, em vrias propores, verificou-se
que a bentonita sdica e a slica ativa contriburam para o aumento da eficincia de fixao
dos metais Al, Fe e Cr.
Oliveira (1996) utilizando o processo de S/E para o mesmo resduo foi encontrado
concentraes de metais abaixo dos limites estabelecidos para o ensaio de lixiviao
(anexo F) da NBR 10004/2004, porm no ensaio de solubilizao o valor das
concentraes de cromo e alumnio mostraram-se acima dos valores permitidos para o
anexo G da norma, no permitindo a classificao desse resduo como resduo classe II A
(no perigoso, no inerte).
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No estudo realizado por Shi e Fernndez-Jimnez (2006), sobre a estabilizao de resduos
perigosos e radioativos em matriz de cimento Portland e matriz cimentcia, com cimento
lcali-ativado com ativadores alcalinos (escria de alto-forno, cinzas volantes de carvo,
escria de fsforo, de ao, metacaulim ou ainda, combinao de dois ou mais deles),
verificou-se que a lixiviao de contaminantes dos resduos perigosos e radioativos, com
cimento lcali-ativado foi menor do que a encontrada na matriz com cimento Portland,
concluindo que para esses tipos de resduos, a melhor forma de solidificao/estabilizao
por meio da matriz constituda de cimento lcali-ativado.
Para Katsioti et al. (2008) uma das formas mais eficientes de se estabilizar metais
considerados perigosos, em matriz cimentcia, por meio da utilizao de materiais
pozolnicos juntamente com cimento Portland e resduo. Nesse estudo, os autores
utilizaram 50% de lodo (esgoto sanitrio + efluente industrial) com alta concentrao de
metais pesados, 20% de bentonita (argila-pozolnica) e 30% de cimento Portland, a
utilizao da bentonita fez com que no houvesse interferncias negativas nas reaes de
hidratao do cimento com os agregados. Concluindo que a adio da bentonita na matriz
promoveu a reduo da lixiviao e da toxicidade das argamassas contendo o lodo.
Em mais um estudo com adio da bentonita, Brito e Soares (2009), realizaram testes em
matriz cimentcia com trs tipos de tratamentos (B, C e D) com 40, 50 e 60%,
respectivamente, de contaminantes na soluo aquosa de xidos de Cd2+, Pb2+ e Cu2+, alm
de cimento Portland comum, bentonita sdica e hidrxido de clcio. Os tratamentos B, C e
D mostraram que as concentraes do extrato lixiviado e solubilizado aumentam em
funo da adio da quantidade de cdmio, chumbo e cobre. A amostra B foi considerada
um material estabilizado com restrio resduo classe II A (no perigoso, no inerte). A
amostra C no ensaio de lixiviao, apresentou concentraes de cdmio acima do
recomendado na legislao, devendo seus resduos aps uso, ser classificado como resduo
classe I (perigoso). O material D, de acordo com os autores, apresentou metais que
solubilizaram quando do ensaio de solubilizao, devendo, portanto seus resduos, aps
uso, serem classificados como resduo classe II A (no perigoso, no inerte). Os autores
concluram que mesmo com esses resultados, o uso da bentonita e do hidrxido de clcio
pode ser considerada para reteno de metais pesados, podendo minimizar a lixiviao e a
solubilizao para o ambiente.
Giffoni e Lange (2005) no estudo da incorporao da borra de fosfato para fabricao de
tijolos, o resduo da borra, gerado na etapa de pintura em superfcies metlicas em
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galvanoplastia, encontraram resultados de lixiviao abaixo dos valores permitidos no
anexo F da NBR 10004/2004, classificando-a como o resduo como resduo classe II A
(no perigoso, no inerte), tendo em vista que o extrato solubilizado apresentou resultados
acima do limite estabelecido pelo anexo G da norma para os metais alumnio, mangans,
zinco e sdio.
Ghosh e Subbarao (1998) realizaram um estudo para verificar o efeito das cinzas volantes
(leve estabilizada com cal) aplicadas matriz cimentcia, a fim de verificar as condies de
lixiviao, constatando que o encapsulamento dos metais na matriz cimentcia contribuiu
para a diminuio da lixiviao dessas nas amostras.
Dentre todos os trabalhos utilizando resduos slidos em matriz cimentcia, observou-se
que em sua maioria, quando incorporado materiais considerados pozolnicos, as amostras
no eram submetidas a ensaios de lixiviao e solubilizao, sendo considerado apenas as
caractersticas fsicas, microestruturais e mecnicas. Observou-se tambm na tcnica de
solidificao/estabilizao, para que se tenha resultados mais consistentes, deve-se avaliar
no s os aspectos qumicos como a lixiviao e solubilizao, que so essenciais, mas
tambm deve ser feito uma abordagem geral no que se refere s caractersticas unitrias do
material, bem como os aspectos da matriz, desde composio fsica, qumica,
microestrutural at as mecnicas, que foram as mais abordadas nos trabalhos citados.
3.1 APLICAO DE RESDUOS EM BLOCOS DE CONCRETO PARA PAVIMENTAO
Estudar as possibilidades de reciclagem de resduos em materiais de construo adquire
uma nova dimenso, que extrapola a inteno pura e simples de desenvolver um novo
produto. Dentro de uma abordagem holstica, deve-se pensar em trabalhos que envolvam
reciclagem como contribuinte na criao de subprodutos com valor agregado, bem como
suscitadores de discusses mais amplas de desenvolvimento sustentvel (PAGNUSSAT,
2004). E com essa viso que alguns trabalhos tem sido feitos, voltados principalmente
para o ganho ambiental, tendo em vista a grande quantidade de resduos gerados no setor
industrial e com potencial de utilizao como agregados.
A produo de blocos de concreto para pavimentao tem demonstrado um grande
potencial de expanso de mercado, tornando as pesquisas relacionadas incorporao de
resduos neste tipo de configurao um assunto a ser explorado.
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Hood (2006) realizou em sua pesquisa a utilizao de resduos de construo e demolio
(RCD) em substituio ao agregado mido (areia) nas propores 0, 25, 50, 75 e 100%,
com o objetivo de investigar o espectro de possibilidades de utilizao do RCD como
agregado mido. Basicamente o autor se ateve a trs parmetros: absoro de gua,
resistncia a abraso e resistncia a compresso. A taxa de absoro de gua teve intensa
relao com o aumento das propores de RCD na matriz, assim como para a resistncia a
abraso, em que o ndice de desgaste aumentou conforme aumentava as propores de
resduo. Com relao resistncia a compresso (28 dias), o autor considerou vivel
tecnicamente a utilizao 25% de RCD, na matriz cimentcia para a produo de blocos de
concreto para pavimentao, mesmo no alcanando o limite de 35MPa da norma. O autor
concluiu que para 50, 75 e 100% de substituio, a produo de blocos no se caracteriza
como vivel tecnicamente.
Pagnussat (2004) em seu trabalho discorre sobre a avaliao da utilizao de escrias
granuladas de fundio (EGF), em substituio parcial (10, 30 e 50%) ao cimento e (10, 30
e 50%) do agregado mido (areia mdia), na fabricao de blocos de concreto para
pavimentao.
O autor verificou que, aos 28 dias, a taxa de absoro de gua de todos os pavimentos
fabricados com EGF, em substituio ao cimento, manteve-se com valores prximos
queles obtidos com o corpo de prova referncia.
No que diz respeito resistncia a abraso, os blocos fabricados com 10% de EGF em
substituio ao cimento, apresentaram ndice de desgaste inferior ao bloco referncia. Com
relao resistncia a compresso todos os corpos de prova apresentaram resistncias
inferiores ao do bloco referncia.
Nas substituies de EGF ao agregado mido, a taxa de absoro de gua aumentou
ligeiramente conforme aumentava a substituio. Quanto resistncia a abraso, o autor
verificou que conforme aumentava a proporo de EGF, os valores do ndice de desgaste
sofriam ligeiro aumento. Para a resistncia a compresso foi verificado que o corpo de
prova com 50% de EGF, apresentou valores de resistncia maiores que queles obtidos
para as demais substituies, no entanto, menores do que as do bloco referncia. A partir
desses resultados, o autor considera a EGF como um potencial subproduto passvel de
utilizao como insumo para a construo civil.
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Pettermann, (2006) utilizou dois resduos considerados altamente pozolnicos, a slica
ativa (SA) e o metacaulim (MC), substituindo-os em 10% em relao ao cimento. Para a
resistncia a compresso (28 dias), devido a atividade pozolnica na matriz, os valores
encontrados para os blocos fabricados com SA foi de 40MPa e para o MC de 35MPa,
valores superiores em relao aos blocos referncia que apresentaram 34MPa.
O autor verificou que os blocos com substituies de cimento por superpozolanas
absorveram menos gua, principalmente quando foi utilizada slica ativa, evidenciando o
potencial de utilizao desses dois materiais.
Para avaliar a utilizao de resduos como aditivos ou substituintes em matriz cimentcia,
deve-se levar em considerao no s aspectos fsicos e mecnicos, descritos nos trabalhos
apresentados, mais sim avaliar os resduos em funo de caractersticas to importantes
quanto essas como as caractersticas qumicas e microestruturais.
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4 METODOLOGIA
A metodologia para o desenvolvimento do trabalho foi desenvolvida de acordo com
fluxograma apresentado na Figura 4.1.
Indstrias de Galvanoplastia
Cmara de Jateamento
Estao de tesTratamento de Efluen
Coleta
Lodo Galvanoplastia
Caracterizao Anlise Qumica
Anlise Fsica
Massa especficaGranulometria
Digesto cida LixiviaoSolubilizaoAtividade pozolnica
Fluorescncia de Raios-X
Microscopia de VarreduraDifratometria de Raios-X
Delineamento Experimental
Caracterizao
Anlise Qumica
Anlise Fsica
Anlise de Mecnica
Absoro de gua
LixiviaoSolubilizao
Resistncia Compresso
Caracterizao
Anlise Fsica
Microesfera de Vidro
Poeira de Jateamento
Produo de BCP com Poeira de Jateamento
Produo de BCP com Lodo Galvanoplastia
Anlise Qumica
Anlise Fsica
Anlise de Mecnica
Anlise Microestrutural
Absoro de gua
LixiviaoSolubilizao
Resistncia Compresso
Difratometria de Raios-XMicroscopia de Varredura
Anlise Fsica
Anlise Microestrutural
Anlise Microestrutural
Difratometria de Raios-XMicroscopia de Varredura
Figura 4.1 - Fluxograma da metodologia utilizada na pesquisa
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4.1 COLETA DA MICROESFERA DE VIDRO E DOS RESDUOS DE GALVANOPLASTIA
A microesfera de vidro (material utilizado na indstria para o processo de jateamento) e os
resduos de galvanoplastia (Figura 4.2) foram coletados diretamente nas indstrias
geradoras, na regio de Maring PR.
A microesfera de vidro (matria-prima) e a poeira de jateamento (resduo gerado) foram
fornecidas por uma indstria de resistncias eltricas, a qual gera uma quantidade de poeira
de jateamento de cerca de 200,0 kg/ms.
O lodo de galvanoplastia foi coletado na Estao de Tratament