jacques lacan - o seminário - livro 9 - a identificação

Upload: emilie-boesmans

Post on 06-Jul-2018

222 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    1/223

    · 1i

    "". I

    Jacques Laca n

    A Identificayao

    PUBLlCA

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    2/223

    Jacques Lacan

    TRADUTORESIvan Co rr eaMa r cos Bagno

    A Identificac;aoREVIS ORESDomini q ue FingermannFr ancisco Se ttiner iLeticia P. Fonseca*

    Seminar io1961-1962

    PUBLlCA

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    3/223

    Est a tr aduc;ao e efei to d e uma tr ansfe r €mcia d e trab alhointer institu cional, em lugares ond e 0 ensino d e Lacan seinscr eve, s e pr ocessa e se desdob r a. Per mit e-nos inscr ever mai sum passo no oqjetivo princip al: fomecer subsidios par a 0 estudo ,a par ti r d a leitur a textual da obr a d e J acques Lacan. Ora, com oa car ta r oubad a, esse legado pass a adiante. Da-se, assim,conLinuid ad e ao c nsino e tr ansmissao d a psicanalise, tecendo -se novos 1:.l

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    4/223

    Li

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    5/223

    L I c;A O I

    A Id enti f ica

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    6/223

    emerg encia 0 falo simb oliza ilh .f alsa i 1ha pois alias d a m ' a'c em suma band a pela e spum a d e A fr od ite,, , , esma lor ma como a I d·

    d e Claud el e uma ilh que a on e flgura 0 Prot eu, a sem amarr a uma ilh ' ,

    sa bem 0 q ue e 0 Pr ot eu d e Claud el" . a que val a d eriva, Voce s: e a tentativa d e Iatr aves d a f arsa buf ona que na trage d ' comp etar 0 Ores t ese d a qu al so' la g r ega a compl eta o br igatariamente

    nos res tam em tad I' ', ' a a lter atur a, d ois d estr oc;os d e S6focl~ urn H eTc ules d e Euriped es, se minha memo ria esta boa N- , esmtenriio qu ' ao e sem

    '; e evoco es ta r ef er encia a p r o posito d a f d ' orma como no ana passa 0 meu dlscur so sobr e a tr ansf er encia termin ava com 'd a Id entif icac;ao, A pesar d e m eus belos esforc ;os eu nao po: :sa Image m

    ;.~ ;" s ::;: e ~ ~ :~: j~ 'u~ j~~':,~ : : t " : , , ' n " ,e n ~ o nt e a" '0 l i ~ : t : : t ; : ~q ue e 0 limite d o tra' ' , va all a beleza d a qu allhes ensinei,

    glco, que e 0 po nto em qu e C' 'nos v erte sua eutanasia Nao emb I d a Olsa ma pr eensivel, e ezo na a a pesar d "ao escutar , as v ezes , alguns r umores sobr e 0 ~ue ensin~ q~e s~ Imaglnamuito 0 jogo par a voces :l Eles sa b d ' ' eu nao f acI1ltomeu seminario so br "e', E'I' em ISSO,aqueles que outror a escutar am

    < , I .lca aquele no I b d 'f unc;ao db' ' qua a or el exata ll1en te aC' essa arre l:a d a beleza sob a f orma d a ag onia que exige d e nosa olsa pa r a q ue nos a alcancemos,4

    Eis, entao, ond e terminava A T ra ns f er encia no ana passad o Ind ' ,a to d os adq ueles q ue ass istir am as jor nad as p rovinciais d e Outu br ~ po~;~ e~1sem po er Ihes d izer mais h' I' . ' ,n .,', ' q ue aVla, a I , uma r ef er encia escond id a

    urn coml ~o, q ue e 0 ponto alem do q ual eu nao podi a levar mais Ion eo que eu vIsava em uma cer ta ex per iencia indica - ' gser r eencontr ad a no sentido escondid o do' que se c;aod ,se possh

    od lzer , a, po er Jam c all1ar os

    cnptogr amas d esse se minar io e q ue afiwtl e -d ' ,,', u nao perco a espen nc;ae qu e urn dJa ~m cOll1entario 0 explicite e 0 coloqu e em eVid enc ;a 'a

    q ue ocor r eu ate d e abler esse testem u h ,J~ n 0 que, neste lugar e uma bes peranc;a, b que 0 semirdr io d "1' '. oafoi ,r ,t. ,

    0 penu nm o ano, aquele sour e a EUcae e IV, lInente retorn ad o - end" , 'tr a balho cOIn I 0 Izer daqueles que pud erar n ler 0

    , p enD sucesso - por al '10 para res I ' , I ,guem que teve 0 tr a balho d e rele-t mlr seus e ementos, pnncipalmente 0 Sr Saf

    's p 'n) q ue, talvez, essa s coisas ossa ' ouan, e euao a l 'a ll 'e d e voces !l'lI" P, m ser postas bastante r apid ar nente

    " t" , I q ue al se possa ellcade' ' , ",'IIIl's 's l . ano, ,11 0 q ue vou 1l,lzer-

    Lil;iio de 15 de Ilollembr o de 1961

    Saltand o ur n ano sobr e 0 se~ und o d e pois d esse, isso po d e lhes parec er colocar uma q uestao, aind a que lamentave l como U1l1 atr aso, nflO e ,contudo, int eira 'mente justif icad o, e voces veri io que, se r etoma r em asequencia de meus semin ar ios d esd e 0 ano d e 1953 , 0 prime ir o sob r eOs E scri t as T ecnicos , 0 seguinte sobre 0 E u, a T ecnica e a T ear ia f re ud ian ase psic ana liticas, 0 terce ir o so bre As Estr utu r as f re udiana s da ps icose,o q uar to sobre A Relac;i io d e Objet a , 0 q uinto so bre As For mac ;oes do I nconscie nt e, 0 sex to sobr e 0 d eseja e s ua int erpre ta c;iio , d e pois A E tica ,A Tr an s f er encia , A I d ent ifica c;iia ao q ual chega ll1o s, sac nove, Voces pod em facilmen te encontr ar a1 uma a lter nancia, uma pulsac ;ao, Voc esver ao que d e d ois em d ois d omina, alter nad amente, a tematica do sujeitoe a d o signifi cant e, 0 q ue, d ado que e pelo signif icante, pela ela borac ;aod a func ;ao d o simb olico que comec;amos, faz tamb em r ecair este anasobr e 0 s ignif icante, posto q ue estamos em num ero im par , j;i que 0import ante na id entif icac;ao d eve ser , pr o pr iamente, a r elaC;ao do suj eito

    com 0 signifi cante,Ess a id enti f icac;ao , p ois, da qual pro pomos ten tar d ar este ano uma

    noc ;ao ad equad a, sem d llvid a a analise a tor nou par a nos bastante tr ivial,d e mod o q ue alguem q ue me e bem prox imo e m e escuta taO bem medisse : "Eis este ano 0 q ue voce esco lhe, a id entif icac;ao", isto, com um acare ta: "Ex plicac;ao q ue serve para tudo!", Deixando trans par ecer , aomesmo t em po, alguma d ece pc;ao re lativa, em suma, ao f ato d e que sees per ava d e mim outra coisa, Que esta pessoa nao se engane! De fa to,sua ex pectativa d e me ver esca par ao tem'a, se posso d izer, ser a d ece pcion ad a, pois es per o tr ata-lo ber n, e espe r o q ue tamb em se d isso lva a fadiga queeste tema the sugere por anteci pac;ao, Falar ei exatamente d a id enti f icac;aomes ma, Par a pr ecisar logo 0 q ue entend o por isso, d irei que, q uand o sefala d e id enti f icac;ao , 0 q ue se pensa pr imeir o e no outr o a q uem nosid entifi camos, e que a porta me e f acilmente a ber ta par a enf atizar , par a insistir so br e essa d if er enc;a entre 0 outro e 0 Outro , entr e 0 pequenooutr o e 0 gr and e Outro , qu e e um lema so br e 0 qual po sso dizer precisamenteque VOc esestao d esde ja f amiliar izad os, Nao e, contud O, por este as pectoque pr etend o comec;ar , Vou, antes, enf atizar 0 q ue, na id entifi cac;ao, secolo ca imediatamente com o iucntico, como f und ad o so bre a noc;ao d omesmo, e mesmo, d o mesmo ao mesrno, com lud o 0 que i8tOtr aga d e

    dif iculd ad es,

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    7/223

    VOl ' ~ II . () d 'ixalll d e sa ber, mesmo sem poder m ar car muito rapid amenteq ll: il~ dil'l 'lr ld ades isso nos of er ece d esde sempr e ao pensamento, A e A;H' : I:io igual assim, pOl ' que se para-lo de le meSIllO, par a tao depr essa: If r 'c oloca- lo?

    IHlo nao C puro e s impl es jogo d e espirito . O bser vem, pOl ' exemp lo,q ue na linha d e urn movim ento d e elaborac ;ao conceitu al que se chamad e 16gico- positiv ismo , no qual alguns pod em esfor c;ar- se pOl ' alcanc ;ar uma cerla mela que seria, pOl 'exe mplo, a d e nao colocar problema logico,a m en os que ha ja um sentido loca lizavel, como t al, em alguma exp erienciacr ucial, estariam de cididos a rechac;ar se ja 0 que f or do prob lema logicoq ue nao possa , d e alguma maneir a, ofer ecer essa gar antia ultima, di zendoq ue e urn pr o blema d esprovido d e sentido como t al.

    Nao obstante, nao e menos verd ade que, se Russ ell pod e dar emseus Pr inci pios matemat icos um valor a equac;ao, ao estabe lecimentoda iguald ad e d e A = A, pOl ' seu lado Wittg enstein opor-se-a a ela, emraziio pr opr iamente de impasse s que Ihe parec em r esultar daf , em nom edos prin cfp ios d e partida, e essa r ecusa sera mesmo fixada a lgebricam ente,sendo t al iguald ade obrigad a a um d esvio de not ac;ao, para encont r ar 0que pod e servir d e e q uivalente ao r econ hecim ento d a identi d ad e A eA.Quant o a n6s, vamos - d eixando claro que nao C , em a bsoluto, a via d o positivj~mo l6gico a q ue nos par ece, e m mat eria d e 16g ica, ser de a lgum amalleira, j ll slilk ada - nos inler rogar , q uero d izer, no nive l d e limaexperiencia d e fala, aque la na qual confiamos atraves de seus equivocos,ate d e suas ambi gilidad es, sobr e 0 que pod emo s a bordar sob 0 termo d e"id en tificac;iio".

    Vo ces n f w d eixam de sa ber que se observa, no conjunto das Ifnguas,cer tas vir age ns hist6r icas bastante gerais, ate univer sai s, par a q ue se possa f alar d e sin taxes mod ernas opon d o-as g loba lmente as sin ta xesnao ar caicas , mas simp lesm ente antigas , entendamos, das linguas doque se chama d e Antiguid ad e, Essas es pecies d e viragens gerais, eudisse , san d e sinta xe. Nao e 0 mesmo com 0 lexico , onde as coisas saomuito mais movedic;as; de a lguma m aneira , cada lingua traz, c om re lac;aoa h ist6r ia ger al d a linguagem, vaci!ac;6es pr6prias a seu genio e que astomam , uma ou outra, mais propfcia a colocar em evidencia a h ist6riad e um sentid o.

    E assim qu e poderem os nos deter naqui lo q ue e 0 lermo, O il !l O " 0sub stantivad a do termo, d e id entidade - em id entid ad e, id entifl 'ae;. 0 ,ha 0 termo latim idem - e isso ser a para mostr ar -Ihes q ue algum a ex pcr i J I 'Iasignif icativa esta suport ad a no termo fr ances vulgar, su por te d a m cslTla

    funC ;ao signil'icanle, a d o mesmo. Par ecc, com dei to , que sc ja 0 em,sufixo d e i d em id em, 0 que encontramos op er ando a f unC ;ao, eu dir ei,d e radical, na evolu C;iio do indo- europeu no niv el d e um ccr to numerod e linguas il{tlicas; este em (: aqui dup licado, consoallle anliga que scencont ra pois como 0 re siduo, a re liqui a, 0 r etorno a uma tematica primitiv a , mas nad sem t el' r ecolh ido d e passage m a fase int er med Hir iad a etimo logia, positivamente, d o nascim ento d esse mesmo, qu e e urnmetip sum f amiliar latino, e mesmo urn met i psissi mum do baixo latimexpr ess ivo, portan to, leva a reconhecer em qual di rec;ao aq ui, a experiencianos suger e pr ocurar 0 sentid o d e tod a id entid ad e, no corac;ao do qu e se

    . d esig na pOl' uma esp ecie d e redup licaC;ao d e mim m esmo [moi-m eme);esse mim m esmo sendoj a, se quiser em, esse metip sissimum, uma esp ecie

    "do dia", d e "no di a d e hoje" [d'aujour d'aujourd'hu i], de que nao nosa per ce bemo s, e que esta bem ai n o m im m esmo. E, entao, em ur nmetip sissi mum que se prec ipitam, depoi s do eu [moi) , 0 tu [toi ), 0 ele,o ela, 0 eles, 0 n6s, 0 v6s, e ate 0 se [soi] , que acontece ser, em f ranc es,um si-mesmo Isoi-mem e]5. Tambem vemos aqui, em suma, em nos salingua, ullJa es pecie d e illdica

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    8/223

    - --------- - ~- -- - - - - -- .-.. p oo-Liyao de 15 de novembro de /9 /

    Desd e entf lO, nf lO m e sinto mal honrado qu e me interr oguem sobr eesse tema: "On d e e sUi a verd ad eira verdade d e seu discur so?" . E possolIlesmo, annal, aehar q ue e justamente enqu anto nao me tomam pOl'urn fil6sofo, mas pO l' um psicana lista, que me c o locam esta q uestao.Pois um a d as c oisas mais notaveis na liter atur a f ilos6f ica e, a q ue ponto ,entr e f 'i16sof os, digo enq uanto [' j]osof and o, nf lo se coloca nunca, no f inald as contas , a mesma q uestao aos fil6sofos, exec to par a admi tir cornur na f 'acilidad e deseoncertante, q ue os maior es entr e eles nao pensar ar num a palavra do q ue eles nos comu nicar ar n pr eto no br anco, e se permi tem pensar, a pr o p6si to d e Descartes, pOl ' exempl o, que nao tinh a em Deussenao a f e mais incer ta, porq ue is to convern a tal ou q ual d e seuscomentaristas, a menos que se ja 0 contrar io, 0 que Ihe convem. Hauma coisa, em todo caso, q ue nunca par eceu a nin guem a balar 0 cr ed itod os f 1l6so f os, C q ue se tenha podid o f alar , a p ro p6sito de cad a um d eles,e d os maior es, d e uma du pla ver d ad e. Que, por tanto, par a mim q ue,entr ando na psicaml lise, coloco, em sum a, os pes no pr at07 ao a pr esentar esta q uestao so br e a ver d ad e, sinto , d e r e pente, 0 tal pr ato se aq uecer so ba planta d e meus pes, af inal, nao e senao uma coisa d a qual posso mealegr ar , pois, se voces r eOetir em, f ui eu, sem d uvida , quem r ea br iu 0 gas .

    Mas d eixelllos isto agor a, entremo s nas r elac ,:iies d a id entid ad e d osujeito, e entr emos af pela f 6rm ula cartesiana que voces vf lO vel' como

    penso a bor d a-Ia ho je.E ev iclente que nao e em a bsoluto q uestao d e pr etend er su per ar Descartes ,

    mas, so br etud o, d e extr air 0 maximo d e ef eitos d a u tilizac,:aodos im passescu jo f und o ele conota para n6s. Se me seguem, por tanto, em uma crft ica,d e modo algum coment

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    9/223

    Lifiio de 15 de no ve mbro d e 1961

    afirmo 0 c ontn'ir io. E muito faci! d esmontar essa pretensa d ificuld ad elogica e mostr ar q ue a pretensa d ificuld ad e onde r e pousa ess e julgamentoapo ia-se nisto : 0 julgamento que ele comport a nao pode apo iar-s e emseu pr o pr io enunciado, e um co lapso . E so bre a ausenc ia d a di still~ao dedois p Ianos, pelo f ato de qu e a enfase incid e so br e 0 prop rio minto , semque se 0 distinga, q ue nasce essa pse udo-difi culd ad e. Isso para d izer -lhes q ue, na fa lta d esta d istin~ao, nao se tr ata d e um a verd ad eir a pr opos i

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    10/223

    mostr asse s ua ver dad eir a ver d ad e, aquela que dissipa, nao as ilus6es,mas as tr evas do sentid o d e ond e sur ge a ciencia mod ema.

    Por tanto, dissemos, esta fr ase "eu penso", tem 0 inter esse d e nos

    mostrar - 6 a minim o que pod emos d eduzir disso - a dim ensao voluntar iado ju lgamento. Nao temos necessid ad e d e dizer tanto; as duas linhasque d istinguimos como enunciaGa o e enunciado no s bastam para que possa mos afir mar que e na m edid a em que essas duas linhas se enovelame se conf und em, q ue n6s pod emos nos encontr ar diante d e tal paradoxaque leva a esse impasse d o eu minto , sa br e a qual os d etive um instante.E a pr ova d e que c disso que se tr ata e, a sa ber , que poss o, ao mesmotempo , IIlelltir e dizer com a meSilla voz qu e minto; se distingo essasvozes, e inteir amente ad missivel. Se d igo: "Ele diz que minto", istofunciona, nao causa o bjeGao, nao mais do que se eu dissesse: "Ele mente",mas posso ate d izer : "Eu digo que mint o". Ha aq ui, contud o, algo q ued eve nos d eter , c que se eu digo: "Eu sei que minto", i sto tem aindaalgo d e inteir amente convin cente que d eve nos d eter como analistas, pois como analistas, justamente, sa bemos que 0 origin al, 0 vivo e 0a paixonante d e nossa intervenGao e isso, qu e pod ermo s dizer que somosf eitos par a dizer , par a nos d eslocarmos na direGao e xatamente oposta,mas estritamente cor r elativa, que 6 dizer : "Mas nao, voce nao sa beque diz a ver d ad e", 0 que vai imediatamente mais longe. Mais queisso: "Tu n ao a dizes tao bem senao na medid a em q ue acr editas mentir ,e quando n ao quer es mentir, 6 par a melhor te r esguar d ar es d essa ver dad e".Essa verd ad e, par ece que nao se pod e a pr eend e-Ia senao par seus r ef lexos,a verd ad c, voces se Icmbr am d e nossos termos, 6 filha pelo f ato d e que, pOl' es scncia, ela nao seria senao, como tod a filha, uma d esgarr ad a.I'ois hellJ, e 0 llJesmo para 0 e ll pcns o. Par cce exatamcnte q ue se ha 0

    encad eamento tao mcil par a aqueles que 0 solctr am ou r etransm itemsua mcnsagem, os pr of essor es, is to nao pod e ser senao por n{lOse d eter d Clllasiad anlelltc lIisso. Se tcmos para 01 :1 / pm zso as m esmas eXigcnciasque par a 0 eu mint o, au isso q uer dizer : " pen so que penso" , 0 que naoc, entao, a bsolutamcnte f alar d e nada mais d o qu e do penso d e opini aoou d e imaginaGao, a penso como voc es dizem, quand o dizem: "Pensoque ela me ama", a que q uer d izer que os a borr ecimentos v an comeGar .Seguindo De scartes, mesmo no t exto d as M edit a t ;6 es, surpr eendemo -nos com 0 numero de incid encias nas quais esse penso nao e nad a

    mais d o qu e,essa d imensf LO pro priame nte imag inar ia sour e a q ualllelllJulIJaevid encia dita r adical pod e sequer ser fund ad a, d eter-s e; au entao istoquer d izer: "Sou um ser pensante", 0 q ue entao, 6 clar o, d esesta biliza,

    antecipad amente, todo 0 pr ocesso posto que visa justamente f azer sail'd o eu penso um cstatuto sem pr econceito, assim como sem pr esunGaona minh a existencia. Se comeGo a d izer : "Sou um ser ", isto quer dizer:"Sou u m ser essencial ao ser , sem duvid a". Nao ha necessid ad e d e ir ad iante, pod e-se guard ar seu pensamento par a seu uso pessoal.

    Isto pon tuad o, n6s r econ hecemos encontr ar isso, que e import ante,r econhecemos encontr ar esse ni vel, este ter ceiro ter mo qu e temos evocad oa prop6 si to do min l.o, a sa ber , que se possa dizer : "Eu sei que minto",no que a bsolut amellte mer ece que nos detenh amos. Com cf eito, e aique esta 0 supor te d e tud o 0 que uma cer ta f enomenologia d esenvolveuem re laGao ao sujeito, e aqui trago uma f6rmul a que e aquela sobr e aqual ser emos levad os a r etomar nas pr6ximas vezes, que e esta: aqui lo

    com que temos a vel', e como isso nos 6 d ad o, uma vez q ue somo s psicanalistas, 6 par a subverter radicalmente, e para tamar impossiv elesse pr econceito mais r adical, que, no entanto, e a verd ad eiro su ported e tod o 0 d esenvolvimento d a f ilosofia , d o qu al se pod e dizer que ele ea limite al6m d o qual nossa ex periencia se passou, 0 limite alem doqual comeGa a poss ibilid ad e d o inconsciente. E que jamais houve, nacor r ente filos6f ica qu e se d esenvolveu a partir d as inv estigaG 6es cartesianasditas do cogi t o, jamais houv e senao urn un ico sujeito que fixar ei, par ater min al', so b esta f orma, 0 sujeito supo sto sah er .

    E necessar ia que vo ces a basteGam esta f 6rmula d a r e per cussao es pecialque, d e qualquer maneira, tr az consigo sua ir onia, sua questao, e observemque, r ef er indo -a a f enom enologia e par ticularmente a f enomen ologi a

    IJcgclialla, a f UII~';IOd esse sujeito suposto sahel' toma sell valor ao ser a pr eciad a enquanto funG ao sincr onica que se d esenvo lve a esse prop6sito,sua pr escnGa sempr e ali, d esd e 0 comeGo d a interrogaGao f enom enol6gica,ClIllnl l certo ponto, lllll certo n6 da cs lrutura nos pcrmitira d cs pr end er -nos d o d esenvolvimento dia cr 6nico que se sup6e levar -nos ao sa ber a bsoluto. Este sa ber absoluto, ele mesmo, 0 ver emos, a luz clesta questao,toma um v alor singularmente r ef utavel, mas par ho je somente c1etenhamo-nos par a colocar essa mOGao d e desconf ianGa, pOl 'a tri buir este supostosa ber a q uem qu er que se ja, nem par a su paI', subjicer e, nenhum sujeito

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    11/223

    ao sa ber, a sa ber e intersub 'etivo -sa ber d e todos, nem qu e se ja J0 sa b~rod;u~ nao qu er dizer ,q ue se ja 0

    Outro , ~6s af ir mamos, e esse nciaI mante _l~t:~~i~~ AO:;:U SC_ UIO~E 0sUJeIto, e ur n lugar ao q ual nos esfo r ',' ~ 0 nao e ur no saber do s ujcito Natur 'l c;amos, dlz An stoteles, pOl' trans f erir d esdo b ' '" a mente, pOl'esses e sforc ;os, res ta 0 q ue Hege ld' rou como ,a hlstona d o sujeito; m as isto nao qu er a bsolutamente

    Izer que 0 sUJeIto saiba ur n t" . _ ICOa mals so br e 0 assunt o e -Ele nao ter n perturb ac;ao se posso d '" _ m q uestao,suposi c;ao in d evida a sa b ' a Izel: a nao ser em fun c;ao d e uma

    , er, qu e 0 utr o salba q h'mas 0 O utro sa be d ' 'd ' ue aJ3 um sabe r a bsoluto

    ISSOa m a menos que ell' I 'de que ele 11a"0e ' . , e, p e a simp es razao,justamen teum sUJeIto, '

    a Outr o e 0 depos ·t.'" jd e sab ' . I allO( os r eprcse nt:1ntCs r e pr ese ntat il'os d essa s uposiC;cio. , e r, e e ISSOque chama mos d e inconsci ente na medl 'd a

    sUJeIto pe d I ,em q ue 0, I ' :u-se, e e mesmo, nessa s uposic ;ao d e sa ber, Ele r ovoca

    r lsetolsd emd sabe- lo, Isso, sao os des tr oc;os que Ihe vo ltam do qu e so;: 'eu sua

    a I a e nesta coisa d t ' _ 1 " es r oc;os m als, ou men os irr econh ecf veis, Ele osve vo tar, po d e dlzer , ou nao dizer: "E isso mesmo" o u ate'" - "d e )'eito h " ' ' nao e IStO. , nen ur n , contudo , e r ealmente isso,

    A f unc;ao do sujeito em Descar tes e d aqui que td ' , , ,r e omaremos nosso

    nlascur~lona ~ r oxlma vez, co m as r esso nancias que d ele encontramos

    ana Ise, lentar emos ' ,f , , ' na prox Ima vez, assinala r as refer encias aenomenologJa do nCUTr )l j. .' -. , ,) "lllma escans ao signifi cante ond e

    o sUJeIto se e nconll' " ., j 11... , ,l ' . , ,,(J~I ar tIculac;ao.

    L I < ;;A o I I

    Voces pud eram consta ta r, nao se m satisfa c;ao , q ue pude introdu zi-los, n a ultim a vez, a nosso p r op6si to d este ano, pOl' uma r eflexao que,a parentem ente, pod eria passa r pOl ' muito filosofa nte, ji que se r ef eria

    a uma r eflexao filos6f ica , a d e Des carte s, se m acarr etar da parte d evoces , me parece, d emas iad as reac;6es nega tivas, Longe disso, pareceque confi ar am em mim pela legit imid ad e d e sua continuac ;ao. Alegr o-me com esse sentimen to d e confian c;a q ue gos tar ia d e pode r tr aduzir no que pe lo menos se perceb eu pOl'on d e eu quer ia condu zi-Ios, Entr etanto, para que vo ces nao tomem, no q ue ho je vou continual' sobre 0 mesmotema, 0 sentim ento de q ue m e a traso, gos tar ia d e colocar que esse e 0nosso f im, nessa maneir a d e a bor d a r, de enga jar- nos n esse caminh o,Dig amo -lo logo pOl'uma f 6rmu la a qual nosso d esenvolvim ento esclar ece r aem seguid a, 0 que q uer o dizer e qu e, para n6s, analistas, 0 que entend emos pOl'id entifi cac;ao, porqu e e isto q ue encontramos na id entifi cac;ao, naqui loque hi d e concre to em nossa e x per iencia referente a identif icac;ao , euma id entific ac;ao d e signif icante.

    Releiam no C UT SO de Lingilis t ica uma d as num er osas passagen s nasq ua is De S aussure esforc;a-se pOl ' pr ecisar, como 0 f az sem cessar aocerci -la, a func;ao d o sig nifica nte, e voces ver ao, digo-o entr e par enteses ,que todos os m eus esforc;os nao foram , afinal, sem d eixar a por ta a bertaao q ue cham ar ei menos d e di fere nc;as d e inter pr etac;ao do que de verdad eir asdivergencias n a ex plorac;ao possi vel d o qu e ele a briu com essa distinc ;aotao essenci al d e signif icante e d e signif icado , Ta lvez eu pude sse tocar

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    12/223

    111I'lill'III :i1lllcnle para voces,para que ao menos situ em ai a exist encia,II d l"('i'('IIG

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    13/223

    sid o subsumido , e isto, desd e a A ' ", ,d a f or ma, algo qu e pega I ~tlgUldade ate nossos dias, sob a nogao

    , envo v e, comand a os Icerto ti po de f inalid ade que e . e emento s, d a-Ihes u rnate 0 compl exo do inanim ad' no ~onJun ,to d a asc.;ensao, do elementar

    , ' ,oat

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    14/223

    d l'~I'o/) ~J'los.inermes, suscitando esse oco, esse vazio, ao qu al a medit aga oIllost'i1'l' : I Il lod er na se esf on;a pOl ' r es pond er , e ao qual nossa ex periencia1 1 '1 1 1 1;rl11bcmalgo qu e contribuir, pois que e ai seu lugar , no instant e emql ll' I 'signo, suf icientemente, 0 mesmo lugar no qu al 0 sujeito se con stitui

    ('OIlIOIllio podenclo sa ber precisamente 0 por que se tr ata ai para ele do'Ilido. A i est{, 0 valor do q ue nos tr az Desca rtes, e porqu e l'oiborn part ir d ai.

    It pO l'isto q ue vo lta a isso ho je, poi s conv em per corr er, par a dimension al'Ilovamente 0 import ante d aqui lo que voces pu dera m ouvir d o que ch ame id e im passe, a te mesmo 0 impossiv el clo"e u pen so, logo sou", E exatam ente'sse imposs ivel que constitui 0 pr ego e 0 va lor d esse sujeito que nos

    pr oP(jc Desca rtes, 5e nlio est;, af scn;LO 0 su,iei to em to r no do qu al acogita

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    15/223

    Li~ iio de 22 de novembro de 1961

    introdu za d e maneira adm inivel. Mas a vizinhanc ;a, 0 tr ilhame nto naturalna fr ase f r ance sa do e u V e l com a primeira p arte da nega c;ao, eu mio sei[je ne saisJ, e alguma coi sa q ue entr a no r egistro de toda uma se rie d efatos concord antes, em torno d e que Ihes assinalei 0int eresse d a emer g€mc ia particularme nte signific ativa em um certo usa linguistico d os pr obl emas

    q ue se r eferem ao s ujeito como t al em suas r elac;oes com 0 s ignificante.Quero chegar ao seguin te: q ue se nos en contramos ma is fac ilmente

    do qu e outr os postos em guar d a contr a essa mir agem do sa ber a bsoluto,aq uele do q ual j

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    16/223

    1111 (':I r a ' tcrlsticas ge ra is d e uma psicastenia, e m esmo pr eci pitar nessad t:lllolIstr ac;:ao a ce le br e passagem dos ca bid es human os, essas es pecies

    d t: I)lar ionetes em tomo d as quais parece possivel resti tuir uma pr esenc;:aq 1I " grac;:as a tod o 0 rod eio d e seu pensame nto, se ve pr ecisamentelIessc momen ta a ponto d e d es pregar-se, nao ve jo n isto mu ito int er esse .o qu e me interessa e qu e, ap6s tel' tentad o fazer sentiI ' que a tematicacar tesiana e logicamente injustif icave I, eu possa reaf ir mar que ela naoC, port anto , irrac ional. Ela nao e m ais irracional como 0 d ese jo nao eir r aciona l pOl' nao po d er ser ar ticulavel, sim plesme nte por q ue ele e urnr ato a rticulad o, como acredito se r tod o 0 sentid o d o q ue eu lhes d emonstrof az urn ano, ao m ostrar- Ihes como ele e. A duvida d e Descar te s, sublinh ei,e nao sou 0 pr imeir o a faze -Io, e, certamente, uma duvida muito d if ere nteda du vid a cetica. Fre nte a duv id a d e Descar tes, a duvid a cet ica se d esdob rainte irame nte no nivel d a questao d o r eal. Contrar iamente ao que seacredita, e la esta longe de coloc a-Io em causa; ela 0 lem bra, e la aireun e seu mundo , e tal cetico, cujo discurso inteir o nos red uz a s6susten tar como valid a a sensac;:ao, nao a faz, p Ol ' isso , d esvanecer -se ema bsolut o; ele nos diz q ue a sensac;:ao tern mais peso, que ela e mais r ealdo que tud o que pod emos construir a seu r espeito . Esta duv ida ceticatern se u lugar , voces sabem, na F enom enolog ia do E s pirit o d e Hegel. Eurn t em po d essa pe sq uisa, d essa busca na q ual se engajou em r elac;:ao asi mesmo 0 sa ber , este sa ber que nao e senao ur n nao sa ber aind a [savoir

    pas enc or e!. logo, e pOl ' este fato, ur n ja sabe r . Nao e em ahsolut amentenada di sto quc Descar tes s e empenha. Descartes nao tern, em nenhuma par te seu Jugal' na Fcn omen olog ia do E s p£ r Uo, cle coloca em que stao 0 pr6 pr io sujeito e, a pesar d e nao sabe-Io, e d o sujeito su posto sa be'r quese tr ata; nao e se reco nhecer naquil o d e que 0 es pf rito e ca paz que setrata, para n6s; e d o sujeito ele mes mo como ato inaugura l, que e aquesUio. E, cr eio, isto q ue constitu i 0 pr estf gio, q ue d a 0 valor de fa scinac;:ao ,qlle pr oduz 0 ef eito d e virad a, que teve e fetivamente na hi st6ri a ested @senvo lvimentoi nsensato de Des ca.rtes. e que ei a tern todas as ca,rac ter istica,sdo q ue chamamos. em nosso yoca buld rio , de uma pass agern ao a to . .

    a pr imeir o tem po d a meditac;:ao cartesiana tern 0 trac;o de uma pa ssagemao ato. Ele se situa ao ni vel d esse estado necessariamente insuf iciente,e, ao mesmo tempo, necess ariam ente pr imor dial, tod a tentativa tendoa re lac;:ao mais r adical, mais original com 0 d ese jo. E a pro v a e exa tamenteisto a que ele e condu zido no de senvolvimento que ocor re logo a seguir;

    o q ue OCO 'I'reim ediatame nte, 0 dese nvolvimen to do De us enganauol, IIq ue ele e? Ele e 0 a pelo a algo q ue, pOl' c oloca- Io em con tr aste cor n I pr ovas anter iores, hem ente ndido, nao anulave is d a existencia d e OCU li,me permit irei opor como 0 ver issim um ao entis simum. Para Santo i}nselm o,Deus e 0 mai s ser dos seres . a Deus d e que se tr ata aqu i, aquele que f azentrar Descar tes nesse ponto de s ua tematica, e esse De us que d eveasseg ur ar a verd ade de tudo 0 q ue se ar ticula como ta l. E 0 ver d adeir odo v erd ad eir o, a garant ia d e q ue a verda d e existe e garantia tanto maior d e q ue a verda d e. poderia s er outra, nos diz Descartes , essa verdad ecomo ta l, q ue poderia ser se es te Deus q uisesse , que ela pod eria s er,f alando pr opr iam ente, 0 erro. a q ue isto quer d izer? Senao que n6snos encon tr amos em tu d o aq uilo q ue se p od e chama I' a bater ia dosignif icante, confrontad a a esse t r ac;:o unico, a esse ein zige r Z ug que jaconhecemos, na med id a em que, a r igor, e le pod er ia s er s uhstit uid o pOl' todos os elementos do q ue constitui a cad eia signif icante, supor ta-la, essa cade ia pOl' s i s6, e s impl esme nte pOl' ser sempr e 0 me smo. aq ue encontram os no limi te d a expe riencia car tesian a como t al do suj eitoevanescente, e a necessi d ad e d essa gara ntia, d o tr ac;:o d e estrutu ra 0mais simp les, d o trac;:ounico, se o uso d izer, a bsolutame nte des personalizado ,nao so mente d e tod o 0 con teud o su b jetivo, mas tam bem d e tod a variac; :aoq ue ultr apasse esse unico tr ac;:o, d esse trac;:o q ue e um , pOl' ser 0 tr ac;:ounico. A f und ac;:ao d o u rn q ue constitui esse tr ac;:onao e sta tomad a emnenhuma par te a nao ser em sua unicidade. Como tal, nao pod emo sdizer d ele outr a coisa senao que ele e 0 que te rn d e comum t odo s ignificant e,[de] ser sobre tud o constitu ido como tr ac;:o, [d e] tel' esse trac;:opOl'su porte.

    Sed que pod ercmos, em torno disso, encon trar -no s no concreto d onossa exper iCllcia? Quem d izer 0 que voc es ja vee rn pontu ad o, a sa bol',

    a s u bstituic ;:i'io,d e urna f unc ;:aoq ue d eu tantas d if1culd ad es ao pensam entofilos6f ico, a sa ber , esta inclinac;:ao q uase q ue necessa riamente id ealistaq ue ter n tod a arti culac;:ao d o sujei to na tradic ;:ao c1assi ca, su bstitulr -Ihessa funr ;ao d e id ealizar;ao, na medid a em que sobr e ela repous a RHanecessl d ad e estr utural que e a m esma q ue ja articul ei d iant e d e voc Iisob a for ma de id eal do Eu, na me d ida em que e a partir d esse p onll),nao mist ico, mas perfeitamente co ncreto de i d entificac;:ao Inaugun Id o sujeito com 0 s ignifi cante r adical, nao d o ur n plotini ano, mns d otra/f o unico como tal, que toda persp ectiva d o sujeito como n ao sub lid o pod e se d esenvolver d e um mo d o rigoroso . E que a p6s have -lUll / ' 1 i lo

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    17/223

    p~ssar hoje, sem dU~lida,por caminhos com respeito aos qu ais os tr anqui lizo,d lZendo- lhes que e segur amente 0 ponto mais a lto d a dif icu ld ade pe l aqual d evo f az~- Ios passar, f r anque ad a hoje , eo que pense pod er comeg ar a f or mu lar dlant e d e voces , de um a maneir a mais satisfat6r ia maisaca bada , para nos f azer r eencont rar nossos horizonte s pra tico s.'

    LI

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    18/223

    J l I II I I I IIIIii11 :t,1lmals do q ue 0 inst r umento, a r igor , dessa id entifica

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    19/223

    yOU fazer girar em tomo da estru tura d a linguagem t udo isto que IhesyOUe x plicar, que me vo ltei para uma experiencia proxima, imedi ata,curt a, sensiv el e agr ad avel, que e a minha , e que talvez esclare

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    20/223

    d ' voces pod e testemunhar do que acontece na medida em que, naex pcricncia analftica, voces se colocam em condic;6es de ter urn sujeitor ur o f alante, se posso di zer assim, como sc diz, urn "pate pure porco"/pa te pur pore ].

    o sujeito pure fa lante como tal - esta ai 0 nascimento de nossa experienci a- e levado, p elo fato d e permanecer puro fa lante, a toma-Ios s empr e por urn outro. S e ha algum elemento de progre sso nas vias p elas quaistento l eva-los , e f aze-Ios percebe r que ao toma-Io s por urn outro, 0sujeito os coloca ao nive l do Outro , com A maiuscu lo. E justamente 0que f alta na minha c ad ela, s6 ha para ela a pequeno outro. N ao par eceque sua r elac;ao corn a linguagem Ihe de acesso ao grande Outro.

    Por qu e, uma vez qu e fala, nao ch egaria como n6s a constituir essasarticulac ;6es d e uma forma t al, que 0 lugar, para ela como para n6s ,d esse Outro, s e d esenvolva on de se situa a cad eia significante? Livremo-nos do problem a dizendo que e s eu olfato que a impede disso, e nao

    far emos mais que encontrar ai uma indicac ;ao classica, a saber, que nohom em a re gressao org anica do o lf ato esta, para muitos, ern seu acessoa essa dimensao Outr a. Lamento muito dar a ideia, corn essa referencia,d e r esta belecer 0 cort e entre a especie canina e a especie humana .Isso e para dizer- Ihes que voces estariam completamente equivocadosem acr editar que a privi legio dado por mim a linguagem participa dealgum orgulho d e esconder essa esp ecie de preconceito que Faria dohom em, ju stamente, a lguma culminac;5.o do ser . Relativizarei esse cortedizendo- Ihes que se f alta a minha c adela essa especie de possibi lidade,nao rea lc;ada como autonoma antes da exi stencia da ana lise, que sechama de capacid ade de tr ansferencia, i sso nao quer diz er, ern a bsoluto,que is so redu za corn seu parceiro, quero dizer , comigo mesmo, 0 campo

    patetico do que , no sentido corr en te do termo, chama justamente der elac;6es humanas. Esta manifesto na conduta de minha cadela no,que concern e precisamente ao refluxo sobre seu pr6prio ser dos efeitosdo conforto, d as posic;6es de prestigio, que uma grande parte, digamos, para nao dizer a tota lidade do registro do que produz 0 prazer de minha pr6pria re lac;ao, por exemp lo, corn uma mulher do mundo esta ai, ,inteiram ente comp leto. Quero dizer que, quando e la ocupa urn lugar privi legiado como este, que consiste ern estar ern cima do que chamade minha c ama, dito de outra maneira , 0 leito matrimonial, 0 tipo deolhar d e onde m e fita nessa ocasiao, susp enso entre a g l6ria de ocupar

    urn lugar d O' qual situa perfeitamente a significac ;ao pr ivilegiad a C 0temor do gesto iminente qu e vai faze-Ia retirar-se , nao e um a dimens110

    difer ente disso qu e nasce no olhar do que chamei, por pura d emagog ia,d e mulh er do mundo lG; porquc s e ela nao tern, no qu e se ref er e ao q uechamamos prazer d a conve rsac;ao, ur n pri vilegio especia l, e bem 0 mesmoolhar qu e ela tern, quando, ap6s t er se aventurado em urn ditir am bosobr e tal filme qu e Ihe parece 0 supra -sumo do advento tecnol6gi co,ela scnte sus pcnsa so br e si, a d eclar ac;ao , por mim, d e que aborreci -meao maxim o, 0 que, do ponto de vista do nihil mirari, que e a lei da altasocied ad e, j a faz surgir nela esta sus peita de que teria sido melhor t er -me deix ado f alar primeiro .

    Isto, p ar a mod er ar, ou mais exatament e, para re sta belecer 0 sentidod a questao que co loco , no que diz resp eito as relac ;6es da fala [parole ]com a linguagem, d estina-se a introduzir 0 que tentarei distinguir paravoces, r ef erent e ao que especifica uma linguagem como tal, a lingua[langue ], como se diz , na medid a em que, se e 0 privilegio do homem,isso n ao esta compl etamente c laro, por que ele ai permanece confinado?Isto m er ece ser soletrado, e 0 caso d e dizer . Falei da lingua; por exemplo ,nao e indifer ente notar, ao menos par aqueles que nao ouviram fa lar de Rouss elot aqui pel a primeira vez , e mesmo assim necessario quesaib am como sao f eitos os r eflexos de Rousse lot. Permito-me ver,imediatament e, a importancia do que ficou aus ente em minha explica c;aode agora a pouco sobre minha c adela, e que [alo de a lgo d e faringeo[pharyngal] , gl6tico [glottal ], e entao , de algo que se e stremecia parala e par a ca, e que e, portanto, regis travel em t ermos de pressao, detens ao. Mas nao fa lei d e efeitos de lingua, nao ha nada que fa c;a urnestalo, por exemplo, e men os ainda uma oclusao; ha hesitac ;ao,

    estr emecimento, sopro , ha todo tipo de coisas q ue disso se aproxim am,mas n ao ha oclusao . Nao quero me estender demais hoje, isso vai r etar d ar as cois as r elativas ao urn; paci encia , e precise a proveitar 0 tempo paraexplicar as cois as . Se 0 sublinho de passa gem, entendam bem qu e niioe por praz er, e porque 0 encontramos ai, e nao poderemos fa ze-Io s n110retroativ amente, 0 sentido. Esse nao e, ta lvez, um pilar essencial d .nossa explicac ;ao, mas, em todo caso, tomara seu sentido em urn mor n 'n lO,ness e tempo da oclusao; e os trac;ados de Rous selot, que taJv z vo .ten ham consultado por sua conta no int ervalo, 0 que me p 'f 111ltlr abreviar minha exp licac;ao, serao ai t alvez p articularmenl signll '1l11vII.

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    21/223

    manifesta c;6es imp licitas d a dimensao boba, a bobagem cons istindo , no

    caso, no senhmento d e superiori d ad e do adulto. Nao ha, pois, nenhuma dist in

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    22/223

    Lif d 29 d b d 1961

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    23/223

    Lifao de 29 de no vembro de 1961

    domesticar, tom ar mais fami liar pOl ' me io d e fenomenos mais atenu ados,nao sera nem pOl' isso mais v alido , ja q ue e d esse f undo opaco quevoc es d evem p ar tir . Voc es encontram a inda ai uma ref er encia de Apo llinaire:"Com e teus pes a Santa Mehehoul d "IH, d iz, em alguma part e, 0 heroi[a heroin a] d e M amelles d e TiT esias a seu mar ido . 0 fato de com er seus

    pes a Mi t sein [Ii m o da S eT-com] nao resolve na d a. Trata -se, para nos,de apreender a r elac;ao dessa possibi lid ad e que se chama ident ifica c;ao,no sentido em q ue dai surge 0 q ue so ex iste na linguagem e gra c;as alingu agem, um a verd ad e, para a q ualla esta uma identif icac;a o que n aose distin gue par a 0 servidor d a fazend a q ue acaba d e nos con t ar a experienciad a q uallhes falei ha pouco; e para nos, q ue f undamos a verdade sobr e Ae A, e a mesma coisa, porque 0 qu e sera 0 pon to d e partid a do meudiscurso da proxim a vez sera isto, pOl' que A e A e urn a bsurdo ?

    A analise estrita d a f unc ;ao do significante, na medid a em que e pOl 'ela que pretendo introduzir a questao da s ignif icac;ao, e a partir disso,e que se 0 A e A constituiu, se posso dizer, a co ndic ;ao de toda um a er a[ag e] do pensam ento , cuj a explorac;ao cartesiana pe la qual comec ei e 0ter mo, que se pod e chamaI' d e a er a teolog ica, nao e me nos verdad eiroque a analise linguistica e corre lativa ao ad vento de o utra era, m arcad a por corr elac;6es tecnica: :; prec isas, entre as q uais e 0 adv ento m atematico,quem diz er nas matematicas, de urn usa amp liad o do significant e. Pod emosnos dar cont a d e que e na med ida em que 0 A e A deve ser co locado emquestao, que nos pod emos f azer avanc;a r 0 pr o blema da id entificac ;ao.Indico- Ihes, d esd e ja q ue se 0 A e A nao funciona far ei girar minhademonstr ac;ao em tomo d a func ;ao d o urn , e, para nao de ixa-Ios tota lmenteem susp enso, e par a q ue, l.. ihez , cada urn d e voces com ece a se formu lar algo sobr e 0 caminho do q ue lhes dire i mais adiante, lhes rogaria quese r e portassem ao ca pitulo do COUTS de Linguistique [CU T S O d e Lingilistica

    Geral] d e D e S aussur e, que termina na pag ina 175. Este capit ulo termi na pOl ' ur n par agrafo qu e comec;a a pagina 1 74 e lei a para voces 0 parag r afoseg uint e: "a plicado a unidade, 0 principio de di fer enciac;ao pode formu lar-se ass i m: a s car acteristicas da un id ade con fund em-se com a propri aunid ad e. Na lingua, como em todo sistema sern io!()g ico" - isto rnerec er iaser discutido - "0 que distingue urn signo [signe J, e tudo 0 que 0 constitui .E a d if er enc;a que f az a caracterfstica, c omo ela confere 0 valor e aunid ad e". Dito de outr a mane ira, d ifere ntem ente do signo, e voces 0ver ao conf ir r nar-se pOl ' pouco q ue leiam 0 ca pitul o, 0 q ue distingue 0

    signif icante e somen te ser °que os outro s n1'l0s1' lO;0 que, no s ignif icante :imp lica essa f 4nc;ao de unid ad e e justamente ser som ente d if erenc; :a. Eenq uanto pur a dif er enc;a que a unid ad e, em sua func;ao sign ificant e,se es trutur a, se constitui . Isto nf lO e urn tr ac;o (mico , d e alguma form aele constitui um a a bstr ac;1'10 unil ater al q ue diz r cspcito a relac;f! .o,pOl'exemp lo, sincr onic a d o signif icante. Voc es ver ao, na proxima vez, qu e

    nada e propriament e pensavel, nad a d a f unc ;:aosignif icante e propr iame~te pensave l, sem partir di sso que f ormu lo: a Urn co mo tal e a OU tT O. E a part ir disso , dessa estr utur a f und amental do urn como diferen c;a, q ue podemo s vel' apar ecer essa origem, d a qual se pod e vel' 0 signif icante

    se constituir , se pos so dizer, e no Outro qu e 0 A, do A e A, a A mai6scu lo,como se d iz, a gr and e palavra, e sta dito.

    Do processo d essa linguage m, d o signifi cante, somen te po d e part ir uma exp lora c;ao que se ja fund amenta l e r adical d e como se const itui aidentif icaC ;ao. A id entif icac;ao nao tern nad a a vel ' com a unificac ;:ao.Som ente disting uindo- a d esta e que se pod e d ar-lhe, nao somente seu

    destaque essenci al, como suas func ;6es e suas var iedades.

    .~.-..... _ _.. ... - -~~--~---~--~- ~=: ..-- -.:============= =--~--~----- _.- _ • _ _ w~ . _ . -. _

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    24/223

    ~

    LI

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    25/223

    Lir; iio de 6 d e d ezembro d e 1961

    algum lugar, eu falo do A, le t'ra A, e nao devia ser tao faci! chegar aesse nucleo d e certeza a par en te que ha no A e A, qu ando 0 hom em naod ispunha do ~. Dir ei em seguida po l' qu al caminho essa r eflexao podenos conduzir . E conveni ente, assim m esmo, da r -se conta do que acontec ede novo com 0 A. No mom ento , contentemo-nos com 0 que no ssa linguagem

    nos per mite arti cular aqui , e que A e A, tern 0 ar d e quer er dizer algo,isto faz signi f icado [eela fait signifie]. Af irmo - cer to de nao encontr ar a esse r espeito n enhuma opo si~ao sobr e esse tem a pOl'parte d e ninguem ,em posi~ao d e competenci a, cuja p rova~ao foi feita pelos testemunhosinegave i s do qu e se pod e IeI' sobr e isso - que , ao interp elar este ouaquele matematico suf icientemente f amili arizad o com sua ci encia, parasa ber onde no s encontr amos a tualm ente, pOl' exem plo, e d epois outros,em todos os dominios, eu nao encontr ar ia oposi ~ao para avan~ar sobr ecer tas condi ~6es d e explica~a o, que san just amente aquelas as quaisvo~ submet er-me diante d e voces, qu e A e A nao signific a nad a.

    E ju stam ente d esse nad a que vai se tr atar , porqu e c esse nad a quetem valor positivo para diz er 0 que isso signil "ica. Tell10 s elll !lossa

    ex per iencia, mesmo em noss o folclo re analitico, algo, a image m nU!lc asuficie ntem ente a profund ad a, expl or ad a, que e 0 jogo d o garoto taosa biamente indicado pOl ' Fr eud , per ce bid o d e maneir a tao per s picazno f OT t-da. H.etomemo~l o pOl' noss a conta, como no p egar e no atir ar ur n o bjeto - tr ata-se , nessa cr ian~a , d e seu netinh o - Fr eud soub e perce ber o ges to inaugur al no jogo. H.ef a~amos esse gesto , tomemos esse pequenoo bjeto, uma bol a d e pingu e-pongue; eu a pego, a escond o, tomo a mostra-la; a bola d e pingue-pon gue e a bola d e pingu e-pon gue, mas nao e urnsignif icante, e urn obj eto, e uma aproxim a~a o di zer este pequeno a eur n pequeno a; ha, entre esses dois mom entos, que id entificoincontestavelmente d e maneira legitim a, 0 d esa pareciment o d a bola;sem isso, nao ha meio d e d emonstr ar , nao ha nad a que se f orme no

    plano d a im age m. Pois a bola esta sempr e ali e posso entrar em ca talepsiad e tanto olhar para ela .

    Que rela~ao existe entr e 0 e que une as dua s a par i~6es d a bol a e ess ed esa par ecim ento intermediario? No plano imaginario , voces pod em perceber que pelo menos se coloca a questao d a r ela~ao d esse e com 0 que parec e'ausa- lo, a sa ber , 0 des a par ecimento , e ai voc es se a proxim am de urn

    d os seg redos d a id entific a~ao, que e aquele ao qual tent ei r emete-Io s!10 /"olclor e da id entific a~ao, essa assun~ao, es ponUinea par a 0 sujeito,

    d a ident id ade de du as a pari~6 es, no entant o bem dif er entes. Lembr em-se da hist 6ria do f azendei ro mo r to, 0 qual seu empr egado encontr a nocorpo d a ratinha. A re la~a o d esse "e ele" com 0 " aind a e ele", esta ai 0que nos d a a experiencia mais sim ples d e id entifi ca~ao, 0 mod elo e 0reg istro . "Ele, depois aind a ele" ex iste ai a visad a do ser no "aind a ele"eo mesmo s er que aparece. Com rela~ao ao outro, em suma, isso po d efuncion ar ass im, funci ona par a minha c ad ela, q ue tomei outro dia com otermo d e r efe renc ia, como ac a bo d e di zer-Ih es, f uncion a; essa ref er enciaao ser e su f icient emente suport ad a, parece-me, pOl 'se u olf ato; no c am poimagin ar io, 0 su por te do ser e r a pidam ente conce bive!. Trat a-se d esa ber se e ef etivam ente e ssa r ela~a o simpl es que esta emjogo em nossaex periencia da id entifi ca~ao . Quando f alamos d e nossa experiencia d eser, nao e pOl ' nad a que tod o 0 e sf or~o d e urn pensamento , que e 0nosso, contempor aneo, vai formul ar algum a coisa da qual nunca d eslocoo grand e m6vel senao com ur n certo sorri so, esse Dasein , esse modof und amental d a nossa ex periencia, do qual parece que e pr eciso d esignar o m6v el d ando acess o a e sse termo do ser , a ref er encia prima ri a .

    E logo a i que algur na eoisa dire rente lIDSobri ga a interrogar -nos so!>r co fato d e que a eseansao na qual se manif esta essa pr esen~a no mundo,nao e sim plesm ente imaginaria, a saber, q ue ja nao e ao outro qu e aq uinos ref er imos, m as ao mais intimo de n os mesmos, d o que tentamosfazer 0 aneoradou ro, a raiz, 0 fund amento do q ue som os como sujeitos.Porqu e, se pod emos articula r , como fiz emos no plano imagina r io, queminh a cadela m e reconh ece enquant o eu mesmo , nao temos, emcontr a par tida , n enhuma indi ca~a o sobr e 0 modo como ela se id enti f ica;de qualquer maneira que possamos impli ca-Ia nela mesma, nao sa bemos,nao t emos nenhum a prova, n enhum t estemunho d o modo sob 0 q ual

    ela ancor a essa id entifica ~ao.E aqui que a par e ce a fun ~ao, 0 valor do s ignific ante como t al; e e na

    propri a medid a em que e

    do sujeito que se trata, que temos qu e nosinterrogar sobre a r ela~ao d essa identi f ica~a o do sujeito com 0 qu e eum a dimensao dif er ente d e tud o 0 que e d a ordem d o a parecim ento edo d esa parecim ento, a saber, 0 estatuto d o signifi cante. Que nossaexperi encia nos mo str a que os dif erent es modos, os di fer entes f lllgulossob o s quais somos le vados a nos identifi car c omo sujeitos, ao menos par a uma parte d entre eles, sup6em 0 significant e para articula-Io,inclusive sub a forma na lIlaioria das v czcs arnbip ;ua, impropri a, mal

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    26/223

    Illallc jave,1 c sujeita a tod as as es pecies de r eser va e de dist in

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    27/223

    pod er famos su stentar a'cont r ario, a sa ber, que ej ustamente par a r ecolocar as ca~ilhas em seus verdadeiros buracos que a guerra come\ {a, ou, aocont rano, que e par a f azer novo s peq uenos buraco s par a velhas peq uenascavllhas, e assim por d iante. Por out ro lado, iss o nao tern par a n6s,estr itament e, nenhum int eresse, salvo qu e essa persegui\ {ao , qualquer

    que se ja, se realiza com uma not avel eficac ia, por intermedio d a mais prof unda imb ecilidad e, 0 q ue nos deve igu alment e fazer ref letir sobr ea f un\{ao do suj eito com re la\{ao aos ef eitos do signif icante.

    Mas tom emos algo simp les e termin emos r a pid ament e. Se digomeu avo e meu avo, voces devem assim m esmo compreend er que naoha ai nenhum a tautologia, que meu avo , prime iro termo, e urn usa d eindic e [index] do segundo term o meu avo, q ue nao e sensivelment edifer en te d e seu nom e pr 6prio, por e xemplo, Emile L acan, nem tampou codo c d o c' est r este e], quando eu 0 designo ao entr ar em urn como doeste e meu avo. 0 que nao quer dizer que seu nome pr6prio seja ~mesma coisa que este c d e " thi s is my grandfatheT" . Ficamos estu pefato sque urn 16gico como R ussell tenha podid o dizer que 0 nom e pr 6prio e

    d a mesma categoria, d a mesm a classe signif icante que 0 thi s , that ouit , so b 0 pr etexto de que san susce tivei s do mesmo u sa funcional emcerto s casos . Isto e urn p ar entese, mas como todos os me us par ent~s esurn pa r entes e destinado a ser retom ado mai s tarde, a pr o p6sito do estatut~do nome pr6prio, do qu al nao f alaremos hoje . Se ja como for, 0 que estaem qu estao em meu avo e me u avo, q uer dizer isso, qu e esse execrave l pequeno bur gues que er a 0 mencionado born hom em, ess e horr ivel per sonagem gra\ {as ao qu al chegue i, em id ade p r ecoce, a essa fun\{aofund amental d e ma ldizer Deus, esse persona gem e exatament e 0 mesmoque se a p6ia so bre 0 estado civil, como fic a d emonstr ado pe los la\{os docasamento, ser pai d e meu pai, ja q ue e justam ente do nascimen tod este q ue se tr ata no ato em qu estao.

    Voces v eem ate q ue ponto meu avo e m eu avo nao e uma tauto logia .Isso se aplica a todas as tautologi as, e nao d a uma f 6rmu la univoca porq ue aqui se tr ata d e uma rela\{ao do r eal com 0 simb61ico. Em ou tro~casos, haver a uma rc lac,;ao do im aginario com 0 simb6 lico e , l 'eitas todasas series d e per muta\ {oes, trata-se d e ver qu ais SaD valid as. Nao possocompr? meter -me por essa via , por que , se lhes f alo disso, que e, dec~rta forma, uma maneira de d escartar as f alsas tautologias que SaDSllll plc mente 0 usa com urn , permanent e da lingu agem, e par a dizer-

    Ihes q ue nao e i sso que quer o dizer . Se afirmo qu e nao ha tauto logia possivel, nao e enquanto A p rimeiro e A segundo q uerem dizer coisasdif er entes, q ue digo qu e nao ha tautolo gia, e dentr ·o do estatuto mesmod e A que esta inscrit o que A nao pod e ser A, e foi ai que term inei meudiscur so d a ultima ve z, a pontando-Ih es em Saus sure 0 ponto em qu eesta dito qu e A, como significante, nao pod e, d e nenhuma maneir a, se

    def ini r senao como n ao send o 0 que sao os out r os signi f icantes . Dof ato de ele nao pod e r se defini r senao justament e por nao ser todo s osoutro s signif icantes, d epend e essa dimensao, igualment e verdad eir a,

    d e que ele nao pod eria ser ele mesmo . Nao basta avan\ {ar ass im d essa maneira opaca, justam ente por que

    ela surpr eend e, porqu e ela atordoa essa cren\ {a suspen sa ao fa to d eestar ali 0 verdadeiro suport e d a identid ad e, e pr eciso faze-Ios se ntir . 0que e urn significant e? Se to d o mundo, e nao som ente os 16gicos, falad e A, quando se tr ata d e A e A , nao e por acaso . E que , par a suport ar o que se d esigna, e pr eciso um a letr a . Pen so que voces concord amcomigo, mas mesm o assim n ao tomo esse saIto por decisivo, ate quemeu discurso 0 com pr ove, 0 d emonstr e d e uma m aneir a suf icientementea bundant e par a que voce s este jam conv encid os; e estar ao tan to m aisconvencidos, quand o eu tr atar d e mostr ar-Ihes na letr a justamente,essa essencia do signific ante, por ond e ele se disting ue d o signo. Fizalguma cois a par a voces, sab ado passado, em minh a casa d e campo, n aqual pendur ei a par ed e 0 qu e se cham a d e uma caligrafi a chine s a. Senao fosse chines a, eu nao a teria pen dura do a parede, pela razao d eque s6 na China a caligrafi a ganhou urn valor d e objeto d e arte; e amesma cois a q ue ter uma pintura, t ern 0 mesmo pr e\{o. Ha as mesmasdif eren\ {as, e talvez mais aind a, d e uma escr ita a outr a em nossa cultur a,do que n a cultura chin esa , ma s n6s nao atribufmo s 0 mesmo valor . Por outro lado, ter ei ocas iao d e mo str ar-Ih es 0 que, par a n6s, pod e masc arar o valor d a letra, 0 que, em r azao do estatuto par ticu lar do caract erechines, esta particular mente b em po sto em evid encia nesse caract er e.o q ue vou, portanto , mostr ar -Ihes, nao toma su a plena e exata posi\ {aolsit ua t ion] senao atrav es d e um a certa ref lexao sobre 0 que e 0 caract er echines ; ja fiz, nao obst ante, alguma v ez, bastant e alusao ao caracterechines e a seu estatuto, para qu e voces s aibam que ch ama- Io d e id eogr aficonao e, de forma a lgum a, suficiente . Eu 0 mostr ar ei a voces, talvez, emmais det alhes; e 0 que ele tern, alias, d e com u r n com t udo 0 q ue se

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    28/223

    Lir yiiode 6 de d ezembro de 19 6 1

    1111111 1111III' 11I1'o!\l':Hico,nao ha, propriamen te faland o , nada q ue mer ec;aI I I 11'1I1 II1110H 'IiUd o em q ue 0 imagina mos habit ualmente , eu diria ," III 1111 1111 1111 111111'Ilte, no sentido em que 0 pequeno esqu ema de Saussur e,1111111 11 111 1'I: a (lr vore d ese nhad a em baixo , ainda 0 sust enta pOl ' um aI I

    11"'1'I' d (' Im pr ud encia que e aquilo a q ue se pre ndem os ma l-entendidos"IIII'III""IS) 'S21.0 que quer o mostrar -Ihes, prepare i em dois ex emp lar es .II.I\' 11111IIIC d ado, ao mesmo tempo, urn pequeno instrumento novo, 0I l Il I iI :t1gUII , p intores dao gr ande im portancia, q ue e uma es pecie d epl l l l ' l ' l 's p sso em qu e a t inta vem do inter ior, 0 qu e permit e f azer II 'III;IISI ( mils ] com um a espessur a, uma cons istencia in ter essan te. Disso11 '1Iii lOll, que eu copi ei muit o mais fac ilme nte do qu e teria f eitolIol'lllalrnc nte, a form a que tinham os caracter es e m minh a caligrafi a;Iia (;oluna d a esquerd a, a caligraf ia desta frase que qu er dizer : a sambrat it ' I/U !n cha pell. dant ;a e tr emula sabre as f lares de Hai Tang ; do Dutrola!lo, voces veem escrita a mesm a frase em caracter es mai s comun s, osI1la is If citos, os q ue °estud ante hesit antc f az quan d o escreve corr ctamentcS 'l iS car acter es. Essas duas series sao perfeitament e id entific aveis, e,ao mesmo tem po, nao se assemelham e m nad a. Perce bam, q ue e d aIllaneir a mais clar a que nao se par ecem em n ad a, que sao evident ement e,d c a lto a baixo, it dir eita e it esq uerda, os se te mesmos caracteres, m esmo par a alguem qu e nao tern nenhuma id eia, nao soment e d os car acter esclrineses, mas nenhuma id eia ate entao, d e q ue havia coisas q ue seclramava m caract ere s chin eses . Se alguem d escobrir, pela primeir a vez,isto d esenhado em alguma parte de ur n d eserto, veriaque se tr ata, itd ir eita e it esquerd a d e car acteres, e d a mesma s ucessao de cara cteresit direita e it esquer da.

    Isto par a introd uzi- Ios no q ue faz a essencia do signific ante, e que11 :10e pOl ' nad a que a ilustr arei me lhor pO l' essa forma m ais simp les,q ue 6 0 que d esignamo s desde algulTl te m po como 0 ei1lziger Zug 22• 0ein zi.ger Zug, que e ° que da a essa f unC;ao seu va lor, se u ato e seu pr incipio, eo que, par a d issipar 0 q ue pod eria aqui r estar de confusao,nccess ita que eu introduz a, par a trad uzi-Io me lhor e m ais proximo doter mo, q ue nao e a bsolutamente urn neologismo, que e empr ega do n atcoria d ita dos conjunto s, a palavra unar io [unaire ] em lugar d a palavr al Lnico. Ao menos e uti! que me sir va dele ho je, par a f aze-Ios sentiI' essencrvo d e que se tr ata na'distin

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    29/223

    pequena cabec;a de mulhe r 'que tem certament e trinta mil anos tem, de

    qualquer maneira , seu valor, alem d e essa cab ec;a estar cheia d e qu est6es .Mas, voces pod er ao vel' atraves d e uma vitrin e, e muito f acil d e vel',

    pois, g r ac;as as dis posic;6es testamentarias d esse homem not avel, f oi-seabsolut amen te forc ;ado a deixar tudo n a maior d esor d em, com a s etiquetascompl etamente ul tr apa ssad as que encontram os nos objetos, c onseguiu-se, ape sar de tudo, co local' sobr e um poueo d e plastico algo q ue per mitedistin guir 0 valor d e alguns dess es objetos; como diz er -Ihes d essa emo< ;aoque me tomou qu ando, inelin ado pO l' sobr e uma d essa s v itr ines ve jo,sobre uma cost ela fina, evidcnt ement c a eostela d e urn mamif ero -- niiosei bem qu al, e nao sei se algu6 m sa bera melhor do que eu - do generoca brito montes, um a ser ie de pequenos bas to es, dois prim eir amente,logo u m p equeno int ervalo, d e pois cinco, e d epo is recom ec;ando. Eisaqui , dizia, dirigindo-m e a mim m esmo p elo meu nom e secreta ou publico,eis porqu e, em sum a, Jacques Lacan, tua f ilha nao e mud a [ta fillen' est pas muett e j24. Tua f ilha e tua f ilha, porqu e se fOssemos mudos, elanao seria tua filha. Evid entem ente, isso e vanta joso, m esmo viv endo

    em urn mundo muHo compar avel aquele d e urn asilo univers al d e loucos,con seqi.iencia nao m enos certa d a existencia d e signif icantes, voce s verao.

    Esses bastoes, qu e s6 apar ecem mui to mai s tard e, muitos milh aresde anos mais tard e, d epois dos hom ens ter em sa bido fazer obj etos comuma exatidao r ealista, que no periodo Aurign acian0 25 d esenhar am bis6es,atr as dos quais, do po nto de vista d a arte da pintur a, ainda qu e cor ramosnun ca alcanc ;ar emos . Mas, bem mai s, na mesma e poca f azia-se, emosso, bem pequena, a r e produc ;ao d e algo pelo qual nao p ar ece ria tel'sido n eces sario f atigar-se, ja que e uma reprodu< ;ao d e uma outr a coisaem osso, mas muito maioI', urn cran io de cavalo. POl ' que r efaze r emosso, bem pequeno, essa reprodu< ;flO inigu alavel, quando r ealmenteimaginamos qu e naquela epo ca eles tin ham outr a coisa par a fazer?

    Quero dizer que, no Cuvier 26, que tenho em minh a casa d e campo,tenho gr avuras muHo notavei s de esqueleto s d e f6sseis que SaD feitas pOl ' ar tistas renomados, e que nao sac melhores qu e esta pequena r educ ;aod e urn cr anio de c avalo esculpida no osso, que e d e uma exatidao anat6micatal, q ue nao e somente convincente , mas rigoros a.

    Mui to bem! E somente muito m ais tarde que encontramos 0 r astroItmce] d e algo qu e 6, sem ambigiiid ad e, signifi cante. E esse s ignificante

    so!iUir io, porque nao sonho em d ar, pOl 'falta d e informa

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    30/223

    accr ca d a expe riencia m ais ord inari a dos mort ais, para sentiI ' uma talneccssid ad e d e se demarcar na sucessa o de suas realizac ;6es sexuais;tod avia, nao e imp ensavel que, em algumas e pocas f avorecid as da vid a,alga possa tornar-s e vago, no ponto exato em q ue se esta no campo d a

    num er ac;ao d ecimal.o que e impor tante no entalhe, no tr ac;o entalhado, e algo que nao

    pode mos i gnorar que aqui sur ge a lguma coisa nova em r elac;ao ao quese pod e chamaI' d e imanencia de alguma ac;ao essencial , qualquer quese ja. Este ser , que pod emos imagin al' aind a d espr ovido des se modo d eorientac;ao, a que ele f ar a no fim d e um tempo bastante cur to e limit ad o pela intuic;ao, para nao se sentiI ' simp lesmente solid ar io d e um pr esent esempr e facilmente renovad o, no qual nad a the permite discerni r m aisa q ue existe como difer enc;a no re al? Nao basta dizer , ja esta bem evid enteque essa dif er enc;a esta na vivenci a d o sujeit o, d o mesmo m odo qu enao basta dizer , "mas d e todo jeit o, esse fulano nao sou eu!". Nao esim plesmente por que La planche tern as cabelos assim, e que eu ostcnha assado , e q ue ele tenha os olhos d e cer ta maneira, e qu e ele naotenha exatamente 0 mesmo sor r iso q ue eu, que ele e dif er ente. Vo cesdir ao: "Lap lanche c La planche, e Lacan c Lacan". Mas ejust ament e aique esta tod a a quesUio , ja q ue justamente, na analise coloca-se a quest aod e se La planche nao e 0 pensamento d e Lacan, e se Lacan nao e 0 ser d e La planche, ou inversamente. A questao nao es ta sufici entementer esolvida no r eal. E a signifi cante qu e decid e, e ele que introdu z ad ifere nc;a com o tal no r eal, e justam ente na medid a em que 0 que import anao SaD di fer enc;as qualitativas.

    Mas entao, se esse s ignif icant e, em sua func;ao de d if erenc;a, ealga que se a pr esenta assim sob 0 mod o do par ad oxa de se r justament e

    dif er ente d essa dif er enc;a q ue se fund aria sabr e, au nao, a semelhanc ;a,d e ser outr a coisa d istinta e, repito , d a qual pod emos s u paI', porqu enos o s temos a nosso alcance, q ue ha seres que vivem e se suportammuito bem, ignor ando compl etamente esse ti po d e dif er enc;a que certament e, pOl' exe mpl o, nao esta acessive l a minh a cad ela - e nao lhes mostroimediatam ente, porq ue lhes mostrar ei mais em d etalhes e d e um a f ormamais ar ticulad a - que e bem pOl'is so q ue, apar entemente , a (mica coisaq ue ela nao sa be, e que ela mesma e. E q ue ela mesma seja , devemos procurar sob qu al modo i sto esta sus penso a es sa es pecie de distinc; ao

    parti cularme!Jte manifesta no tr ac;o unario, ja q ue 0 q ue 0 d istinguc I l a oe uma id entidad e de semelhanc;a, e outra coisa .

    alguma coisa -- t S(signo)alguem

    Qual e essa out r a coisa ? E q ue 0 signif icante nao e um signa. Umsigna - dizem-nos - e r e pr esentar algum a coisa par a alguem, a a lguemesta la com o su por te do signo. A primeir a d ef inic;ao q ue ~od emos dar de um alguem, e alguem qu e esta acessivel a um signo. E a f orm a, amais elemental', se pod emos nos ex primir assim, d a subjetivid ad e. Naoha ob jeto algum aq ui aind a, ha outra coisa, 0 si gna, q ue re pr esentaesta alguma coisa par a alguem. Um si gnifi cante se d istingu e d e urnsign o, primeir amente pOl' aq uilo que tentei f azer voces sen tir em, e queos signif icantes nao manif estam senao a pr esenc;a, em pr imeir o lugar,

    d a dif er enc;a como tal e nad a mais. A pr imeira coi sa, portanto , que eleirnpli ca, e que a r elac;f w do signo com a coisa esta a pagad a. Aqueles 1do osso Magd aleniano, bem es perto aqu ele que pu d esse dizer signo deque eles cr am. Enos es tamo s, gr ac;as a Deus, bastante avanc;ados d esdeo Magd aleniano IV, par a que voces se a per ce bam eli ssa, que para vocestem a r nesma especie, sem du vid a, d e evielencia ingenua, permit am-me dizer-Ih es, que A Ii A, i s to e, que como lhes ensinar am na escola,nao pod emos som al' trapos com guard anapos, peras e cenoura s, e assim pOl'diante; e absolutamente um erro , isto so comec ;a a se tornar v erd adeiroa par tir d e uma d ef inic ;ao de adic ;f lOqu e suponha, asseguro -Ihes , umaq uantid ad e d e axiom as ja suf iciente par a cobrir tod a esta sec;ao do qu adro

    negr o.

    No niveI em qu e as coisa s sao tom ad as em no ssos dias, na reflexaomat ematica, nomeadament e, para chama-la pOl ' seu nome , na teor iados conjun tos, nao pod eria, em a bsoluto, nas opera c;6es mais fund amentaistais como, POI'ex em plo, de uma r euniao, d e uma intersecc;ao , tr atar -sede colocar condic ;6es muito exorbitant es par a a va lid ad e d as oper ac;6es.Voc es pod em muito b em somal' 0 q ue quiser em no nivel d e urn cer toregi st ro, pela simples razao d e q ue 0 import ante em um conjunto e,como 0 exprimiu muito bem um do s teor icos especul and o sabr e ur n d OBdito s par adox as, n ao se trata n em de ob jeto, nem d e coisa, tr ata-sc d 1

    Lifiio de 6 de dezembro de 1961

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    31/223

    muHo exatamente, no que /se chama elemento dos conjuntos. Isto naoesta bem marcado no texto ao qual fa

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    32/223

    ~

    LI~AO V

    Movac; eO"n xa't ll v e x aO"'tov .. 'tCJ.lVOU'tCJ.lVev AEye'tlXlAot8l-loC; 8e ' to ex l-lova8CJ.lv O"uyK Etl-levoy nA1l8oC;

    Ess a fr ase e uma fr ase que tom ei emprestad a do inicio do setimolivro dos Elementos d e Euclides e que me pareceu, no fina l das conta s,a melhor que encontr ei para exprimir, no p lano m atematico , essa fun

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    33/223

    a observar no pr6prio texto d e Freud como 0 ein ziger Zug, aquilo por meio do qual cad a urn dos entes e dito ser urn um , com toda a ambi gGidad eque traz este en neutr o de eis que quer dizer ur n em gr ego , sendo pr ecisamente 0 que se pod e empr egar , tanto em grego como em f rances , par a d esignar a f unr ;ao d a unidad e enquanto ela e 0 fator d e coer encia

    pelo qual algum a coisa se distingu e d aquilo qu e a cer ca, faz urn todo,ur n 1 no sentid o unWirio d a funr;ao. Portanto, !lov as e por int er mediod a unid ad e que cad a urn desses ser es ve l1l a ser dito UITI. 0 advento , nod izer, d essa unid ad e como ca racteri stica d e cad a urn dos entes e aquid esignado, ele vem do u so d a !lova s, que nao e nad a mais que 0 tr ar ;ounico . Essa coisa merecia ser r ealr ;ad a justamente so b a plum a d e urngeometr a, isto e, d e algu em qu e se situa na matemcitica d e um a maneir atal, a par entem ente, que para ele, no minimo, d evemos d izer que aintuir ;ao conser var a todo seu valor ori ginal. E verd ad e que nao se tr atad e ur n geometra qualquer , d ado qu e, em sum a, pod emos d istingui-Iona hist6r ia d a geometria como aquel e que, pela pr imeir a vez, i ntr oduziu,com o d evendo absolutam ente domin a-Ia, a exigencia da d emonstrar;ao

    sob re 0 que se pod e chamar d e experiencia, de f amili arid ad e do es par;o.Ter mino a tr adur ;ao da c itar ;ao: ".. . que 0 num ero, ele, nad a mais e qu eessa es pecie d e multip licid ad e que surge pr ecisamente pel a introdu< ;:aod as unidad es", d as mon ad as, no sentid o como s ao entendid as no textod e Euclides .

    Se id entilko essa funr; ao d o tr ac;:oun ,lrio, sc fac; :od cla a f1gur a d csvclad a,d aq uele ein ziger Zug d a id entiflcar ;ao, onde fomo s levado s por nossocamin ho no ana passado, apontemo s aqui , antes d e avanr ;ar mos mais,e par a q ue voces saibam qu e 0 cont ato nao e nun ca perdido com aquiloque e 0 campo m ais dir eto d e noss a r ef er encia tecnica e te6ri ca a Fr eud,apont emos que trata-se d a id entifi car ;ao da segund a especie, pagin aI 17, vol ume 13 d as Gesamm elt e W er k e d e Freud.

    E cxatamcnte na conclus iio da d efinir ;ao d a segund a es pecie d ele i nlificar ;ao, que ele chama d e regr essiv a, tanto quanto esta ligada aur n rlo a band ono do objeto que el e d ef ine como 0 o bjeto amad o [ques d 's i6'l1a hur nor isticam ente , no d esenho de To e pff er, com urn trar;od Illlif lOl. Esse o bjeto amado vai d a mulher [ eleita] aos l ivro s raras1 " 1 ' iI", . r no d izia alguem de meu meio, com al gum a indignar ;ao pela.nln ll:l Ilib liofi !i:ll E sempre , em algum gr au , l igado ao abandono ou a p ' 1'(1:1 d 'ss ' o b .i ' lO lue se produz, nos diz Fr eud, essa e speci e d e estado

    r egr essivo d e onde sur ge ess a id enti f icar ;ao que ele sublinh a, com algumacoisa qu e e par a n6s fonte d e admi rar ;ao, com o cad a vez qu e 0 desco brid or d esigna ur n tr ar;o garantido d e sua ex periencia do qual par ece r ia, a primei r a vista, que nada precisa, q ue se trata ai d e urn car ateI' contin gente .Da m esma fo rma nao 0 justi f ica, senao por sua ex periencia, que nessa

    es pecie d e identi f icar ;ao em que 0

    eu co pia na situar;ao , or a 0

    o b jetonao amad o, or a 0 objeto amad o, mas que nos do is casos essa id enti fica r ;aoe parcial, hochst b eschri inht e, altamente limit ada , mas q ue e acentuadono sentid o de estreiteza , d e encolhiment o, q ue e nU T eincn cin zigen Z ug , a penas urn tr ac;:o unico d a pessoa o b jetalizada , qu e e como 0 er sat z ,

    tornado em prestad o d a palavra alema .Pod e, por tanto , parec er-Ih es que a bord ar essa id entifi car ;ao pela segund a

    es pecie e tambem m e beschTii1Zlwn , limitar -me, res tr ingir 0 alcance d eminh a a bor d agem, p ois ha a outra, a id entif icar ;ao d a pr imeira especie,

    aquela singularm ente ambiv alente que se faz sobr e 0 fundo d a i magemd a d evor ar ;ao assimil ante. E que r elar ;ao tern ela com a ter ceir a, aquelaq ue comer ;a imedi atamente d epois d esse ponto que d esigno no p aragraf o

    f r eudiano, a id enti f icar ;ao com 0 outr o, por intermedio do d ese jo, aid entif icar ;flO que conh ecemos be rn, que e histeri ca, mas justamenteque Ihes ensinei q ue nao se podia distinguir bem - acho qu e vocesd evem se d ar conta disso sufi cientemente - que a partir do m omentoem qu e se tern estrutu rado 0 d ese jo (e nao ve jo ninguern que 0 tenhaf eito em outro lugar senao aqui e antes que isso se f izesse aqui ) comosupondo em sua subja cencia, exatament e, no minim a, tod a a articular ;aoque temos dado d as r elag6 es d o suj ei to p r ecisam ente com a cad ciasignifi cante, ja que essa r elaga o modi f ica profund amente a estrutur ad e tod ~ relagao d o sujeito com cad a uma d e suas necessidad es?

    Essa parcia lid ad e d a a bord age m, essa entr ad a - se posso dizer assim _ enviesad a dentro d o pr oblema, tenho 0 sentimento d e qu e, ao d esigna-

    la a voces, convem qu e eu a legitime hoj e, e espero pod er faze-Io bemd e pr essa para me fazer entend er sem muito s desvios, l embrando -Ihesurn prin cipio de m etodo par a n6s: que, visto nosso lu gar , nossa f ungao,o qu e temos de f azer em nos sa a bordag em ini ciapo, d evemos d esconf iar,

    digamo s - e levem is so 0 mais longe que qui serem - do genero e mesmoda class e. Pode lh es parecer singular que alguem qu e par a voces acentuaa pregn ancia d e nossa articular ;ao dos f enom enos qu e nos cO ,ncernem ,da fun gao da linguagem, se distinga aqui pOl ' urn modo de rel ar ;ao que

    Li d 13 d d b d 1 961

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    34/223

    Li~ ao d e 13 de dezembr o d e 1 96 1

    " \'1 l Ialid r amente f und amental no c ampo da 16gi ca. Como indic ar, falar III' 1IIIIa 16gica q ue d eve, num prim eiro tempo d e sua partida, ma r car ad l'N('olll'iaIH;a, que en tendo coloc ar como inteir amente original, d a no< ;ao1111('Inss ''1 E pr ecisamente em que se or iginali za, se distingu e 0 campo1/111 'IClllamos a r ticular aqui . Nao e nenhum p reco nceito d e principioI jlle III 'Ieva ali, e a necess idade m esma de nosso obj eto que no s empurra:10 q ue se d esenvolv e ef etivament e no curso dos ano s, segmento pOl' segmento,1IIIIa ar ticula

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    35/223

    1 1

    !I'11

    , , ' II 'I I, II

    , ,

    - 'especie de extravio que faz com qu e, em sum a, poss amos dizer qu e, aocabo d e certo tempo , esses d ados s6 ficavam vivos para n6s par a nosreme~ e~ ~o tempo de s eu surgimento, e iss o mais ainda sobre 0 planoda eficacla em nossa tecnica, no efei to d e nossas interpr eta

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    36/223

    nao consistia nesse retorno dos velhos fantasmas, mas numa relar;aooutra . Subitamente, hoje de manha encontrei , do ana de 1946, urn

    desses pequenos Prop6sitos sobre a causalidade psiquica pelos quaiseu fazia a minha entrada no circulo psiquiatrico, imediatamente depoisda guerra. E aparece nesse pequeno texto que, vejam, publica do nas

    entrevistas de Bonneval, numa especie de aposto ou de incid€mcia noinicio de urn mesmo panigrafo conclusivo, cinco linhas antes de terminal'o que eu tinha a dizer sobre a imago: "mais inacessivel a nossos olhosfeitos para os signos do cambista", pouco importa a sequencia, "que osdo car;ador do deserto", digo, que s6 evoco isso porque n6s 0 encontramosda ultima vez, se me lembro bern, "sabe vel' 0 trar;o imperceptivel, 0 passu da gazela sobre 0 rochedo, urn dia se revelarao os aspectos daimago". No momento, 0 acento e para ser colocado no inicio do paragrafo,"mais inacessivel a nossos olhos ..." 0 que san esses "signos do cambista"?Quais signos? Equal mudanr;a? Ou qual cambista? Esses signos sao, precisamente, 0 que lhes convoquei a articular como os significantes,isto e, esses signos enquanto eles operam propriamente pela virtu de

    de sua associatividade na cadeia, de sua comutatividade, da funr;ao de permutar;ao tomada como tal. Eis ai onde esta a funr;ao do cambista, aintrodur;ao no real de uma mudanr;a que nao e absolutamente demovimento,nem de nascimento, nem de corrupr;ao nem de todas as categorias damudanr;a que desenha uma tradir;ao que podemos chamar de aristotelica,aquela do conhecimento como tal, mas de uma outra dimensao, on dea mud anr;a de que se trata e definida como tal na combinat6ria topol6gicaque ela nos permite definir como emergencia desse fato, pelo fato deestrutura, como degradar;ao na ocasiao, a saber, queda nesse campo daestrutura e retorno a captura da imagem natural.

    Em suma, desenha-se como tal 0 que e apenas, afinal, 0 quadrofuncionante do pensamento, dirao voces. E pOl' que? Nao esquer;amosque essa palavra pensamento esta presente, acentuada desde a origem

    pOl' Freud como, sem duvida, nao podendo ser outra senao 0 que ela e, para designar 'o que se passa no inconsciente. Porque nao era certamentea necessidade de conservar 0 privilegio do pensamento como tal, eu

    nao sei qual primazia do espirito que podia aqui guiar Freud. Bernlonge disso, se ele pudesse evitar esse termo, ele 0 teria feito. Eo quee que isso quer dizer nesse nivel? E pOl' que e que esse ana acrediteidever partir, nao do pr6prio Platao, para nao falar absolutamente dos

    outros, mas tampouco de Kant, nem de Hegel, mas de Desc artes? E justamente p 'ara designar que 0 que esta em questao, onde esta 0 probl emado inconsciente, para n6s, e a autonomia do sujeito, tanto quanto ela enao apenas preservada, que ela e sublinhada como nunca foi em no ssocampo; e precisamente pOl' esse paradoxo, pois esses caminhos qu e af

    descobrimos nao sao absolutamente concebiveis se, falando propriamente,nao fosse 0 sujeito que e 0 guia, e de maneira tanto mais segura quantao e sem saber, sem ser cumplice disso, se posso dizer, conscius, porqueele nao pode progredir em dire

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    37/223

    e que esta ai uma dimensa o essencia l, posta que e la jamais abandona anecessidade que ela implic a em quas e nenhum a de nossas func;oes.

    Con tar o s golpes, 0 trac;o que conta, 0 que c isso? Ser a que aind aaqui voces acompanh am bem ? Apre end am bem 0 que pr e tendo designar.o que pretendo desi gnar e isso que e facilm ente esquecido em seu princ i pio, e que isso com qu e lidamo s no autom at ismo de r e petic;ao eisso, urn ci cio, de alguma m aneira tao amput ado, tao defor mado, taoconoido, qu e n6s 0 d ef infamos desd e entao que ele e cicio e que elecomport a r etorno a urn ponto f inal, n6s pod emos con cebe-Io sobre 0mod elo da necessid ad e, da satisf aC;ao . Esse cic io se r e pete; que import aque se ja realm ente 0 mesmo , ou q ue ele a presente minim as difer enc;as,esses minim as diferenc ;a s nao s erao m anifest ament e f ei tas senao paraconser va-Io em sua funC ;ao d e cicio como se r efe rindo a algum a coisade d efinive l como a urn certo tipo pelo qu al, justament e, todos os c iclosque 0 preced eram , na medid a em q ue se r e produz em, par a falar propri ament e, se identificam no instant e como s endo os m esmos . Tomemoscomo exempl o do que estou Ihes dizendo, 0 cicio da digestao. C ada vez

    que fazemos uma , r e petimos a dige stao. E a isso que nos r ef erimosq uand o falamo s, na analise, d e autom at ismo d e r e petiC ;ao? ser a que eem vi rtude d e urn automatismo de re petiC;ao que fazemos digestoesque san sensivelment e sempre a m esma dige stao? Nao Ihes d eixarei aabertur a, de dizer que ate ai e urn so f isma. Pod e haver, natur almente,incid entes n essa d igestao que sejam devidos a lembr anc;as de antigasd iges t6es que foram p erturbadas, efeitos de desgosto, d e nausea , ligadosa tal ou qualligaC;ao contingent e de tal alimento com tal circun stancia .Isso nao nos fara transpor, contudo, urn pas so a mais na distancia acobrir en tre 0 retorno do cicio e a f unC;ao do automatismo de rep etiC;ao.Pois 0 que quer d izer 0 automatismo de repetiC;ao enqu anto temos aver com ele, e isso, e que se urn cic io determinado que foi apenasaque le ali - e aqui que se per f ila a sombra do "trauma " , que eu naocoloco aq ui senao entre aspas, porque nao e seu efeito t r aumatico queo r etem, mas a penas su a unicid ade - aquele, portanto, que se designa pOl ' urn certo significante q ue pode sozinho suportar 0 que aprend eremosE I s 'guir a d ef ini r como uma letra, instancia d a letra no inconsciente,'ss A maiusculo, 0 A inicia l enquanto e numeravel, que aqu ele c icio

    uf. . n. 0 urn Olltr o, eq uivale a urn certo significante; c nesse sentido

    ortamento se repete par a fazer r essurgir esse signi f icanteque 0 compue e como tal 0 num ero que ele fund a.

    q Se' ara n6s a're petic;ao sintom:H ica tem um sentido ~ara 0 qual ,lhesdir i'o ~ovamente, r ef 1itam so bre 0 alcanc c d e seu pr6pn~ p~nsam~nto .

    Q J nd o voces fa larem d a inc id encia r e petit iva na f or mac;ao smtom atlca ,ua , I ' - as para pr eencher

    e na medida em que 0 que se r e pete es ta a ; nao a pen. .fun ao natur al do signo, que e d e repr esentar uma COlsa que sena

    :qUi : tualizad a, mas par a presentific ar como t al 0 signi f icantc q~e essa _ DI'goqu e e enquanto 0 que esta r ecalcado e um slgm c ante,

    ac;ao se tornou. IE 'ue 0 cic io d e compo rtamento real se a present a em. seu u~ar. aqUl,

    q . dar um limit e d e hor a pr ecIso e comodo par a posto que eu me Imp us . d urn certo num ero d entr e voces, quanto ao que d evo exp.or dI a.nte e

    _ . 0 q ue se impoe a tudo isso de conf irmac ;ao e d evoces que eu p ararel . . .com e~Uirios con tern comigo p ar a Ihos d ar , a seg uir, d a manhelr a a m.~ sconv enientem ente art iculad a, pOl ' mais espan toso q.ue ten a parecI 0

    a voces 0 abrupto do momento em qu e expus tudo I SSO.

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    38/223

    Pode-se encontr ar wurzeln mas nao zerw utzeln Zerwutzeln quer dize!'

  • 8/17/2019 Jacques Lacan - O Seminário - Livro 9 - A Identificação

    39/223

    o numero atr as do que se ch amad de psicologia de seu ace sso, por tr asdas mot ivac;6es ap arentes . E voces sabem que sobre esse ponto n f lO ser ad ificiI par a ningu em th e encontrar 0 a r de uma ra zao: e pr6p r io d a psicologia fater sempre apa recer uma sombra de motiv agao. E, portanto,nesse a brac;o estr utur al de alguma coisa inserid a r adicalmente nestaindiv id ualid ade vi tal com esta f ungao signific an te, q ue n6s esta mos na

    exper iencia analf tica. Vors t e[[ung s-reprasentanz : c isto que c recalcad o,e 0 num ero per did o do comportamento tal .Ond e esta 0 sujeito ai dentro? Ele esta na individualid ad e r adical,

    rea l? No paciente pur o d esta ca ptur a? No organismo d esde entao as pir ad o pelos efe itos d o i sso fala, pelo f ato de que um s er vivo entre os d ema isfoi chamad o a se tar nar 0 que 0 Senhor Heid egger chama d e "0 pasta r d o ser", tend o sido presQ nos mec anismos do signif icante. No outroextr emo , e ele id entificavel ao pr6prio jogo do signific ante? Eo su jeitoe a penas 0 su jeito do d iscur so, arr ancado de alguma form a a sua imanenciavital, cond enad o a sobr evoa -Ia, a viver nessa esp ecie d e mir agem qu ed eco rr e d essa red upli caga o que f az com que n ao a penas ele fale d e tudoo que ele vive, mas que 0 vivent e 0 viva falando-o e q ue 0 que ele vive se

    inscr eva num EnOS, uma saga tecid a ao lango d e seu pr6prio ato? Noss oesforgo , e sse a no, se ele tern urn sentido, C justalllc llte 0 d c mostr ar como se articula a func ;ao d o sujei to , em algum lug ar .que nao se ja emum ou outro d esses p610s, jogando entre os dois . E, af inal , imagino, 0que a cogitac;ao d e voces - pelo menos gosto de pensar assim - d e poisd esses poucos anos de seminarios, pode dar -Ihes, como ponto d e r ef er encia pelo m enos impli citamente, a todo instante . Ser a que basta sa ber que af unc ;ao do suj eito esta no entre-dois , entre os efeitos ide alizantes d af unc ;aosignif icante e essa imanencia vital que voces confundiri am, penso, aind a,~e bom gr ado, apesa r de minhas advertenci ~s , com a fun gao da puls ao?E ju stamente nisso qu e estamos engajados e qu e tentamo s levar m aisadiante, e e por isso que acreditei de ver come gar pelo "cogito " cartesia no, para tornar sensivel 0 campo que e aquele no qual tent amo s d ar ar ticulac;6esmais pr ecisas conc ernent es a identificac;ao.

    Eu lhes falei, ha alguns anos, do Pequeno H ans. Ha, na hist6ri a doPequeno Hans - acho que voc es guardaram a lembranc ;a d e algum af orma - , a h ist6ri a do sonho ao qual se poderia aplic ar 0 titulo d a gir afaamar r otad a, zer wut zelt Giraffe. Esse verbo, zerwutz eln, q ue se tradu z por amarrotar, nao e urn verbo muito corrente do le xico germanico comum .

    Pode-se encontr ar wurzeln, mas nao zerw utzeln. Zer wutzeln quer dize!fazer uma bol a. Esta ind icad o, no texto d o sonho d a girafa amarr otad a,que e um a gir afa que esta ali, ao lad o d a gr and e girafa viva um a gir af ade papel, e qu e com o tal pod e se transfor mar numa bola. Voces sabemtodo 0 sim bolismo que se desenr ola, ao longo d essa ob servac;ao, da r elac;aoent r e a gir afa e a giraf inha, gir afa amarrotada n uma de suas faces,concebi vel sob a out ra c omo a giraf a reduzi da, como a girafa segund a,como a gir afa que pod e simbo lizar ur n boca d o d e coisas. Se a gr and egirafa simboliz a a m ae, a outra gir afa s imboliz a a filha, e a relaC ;ao d oPequeno