o seminário de jacques lacan - zahar.com.br · pdf filealgumas referências de...

Download o seminário de jacques lacan - zahar.com.br · PDF fileAlgumas referências de Lacan a Lacan e a outros... 169 Índice onomástico ... número 2/3 da revista Scilicet, que já tem

If you can't read please download the document

Upload: ledien

Post on 06-Feb-2018

223 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • o seminrio de jacques lacan

  • campo Freudiano no BrasilColeo dirigida por Jacques-Alain e Judith Miller

    Assessoria brasileira: Angelina Harari

  • Jacques Lacan

    O SEMINRIO

    livro 18

    De um discurso que no fosse semblante

    Texto estabelecido por Jacques-Alain Miller

    Rio de Janeiro

  • Ttulo original:Le Sminaire de Jacques Lacan

    Livre XVIII: Dun discours qui ne serait pas du semblant (1971)

    Traduo autorizada da primeira edio francesa,publicada em 2006 por ditions du Seuil,

    de Paris, Frana

    Copyright 2007, ditions du Seuil

    Copyright da edio brasileira 2009:Jorge Zahar Editor Ltda.rua Mxico 31 sobreloja

    20031-144 Rio de Janeiro, RJtel.: (21) 2108-0808 / fax: (21) 2108-0800

    e-mail: [email protected]: www.zahar.com.br

    Todos os direitos reservados.A reproduo no autorizada desta publicao, no todo

    ou em parte, constitui violao de direitos autorais. (Lei 9.610/98)

    Cet ouvrage, publi dans le cadre du Programme dAide la Publication Carlos Drummond de Andrade de lAmbassade de France au Brsil, bnficie du soutien du

    Ministre franais des Affaires Etrangres et Europennes.

    Este livro, publicado no mbito do programa de participao publicao Carlos Drummond de Andrade da Embaixada da Frana no Brasil, contou com o apoio do

    Ministrio francs das Relaes Exteriores e Europias.

    CIP-Brasil. Catalogao-na-fonteSindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ

    Lacan, Jacques, 1901-1981L129s Seminrio, livro 18: de um discurso que no fosse semblante,

    (1971) / Jacques Lacan; texto estabelecido por Jacques-Alain Miller; traduo Vera Ribeiro; verso final Nora Pessoa Gonalves; prepara-o de texto Andr Telles. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.

    (Campo freudiano no Brasil)

    Traduo de: Le Sminaire de Jacques Lacan, livre XVIII: dun discours qui ne serait pas du semblant (1971)AnexoInclui ndiceISBN 978-85-378-0103-1

    1. Prazer Discursos, conferncias etc. 2. Relaes homem-mulher Discursos, conferncias etc. 3. Psicanlise e lingustica Discur-sos, conferncias etc. 4. Psicanlise Discursos, conferncias etc. I. Miller, Jacques-Alain, 1944-. II. Ttulo. III. Ttulo: De um discurso que no fosse semblante. IV. Srie.

    CDD: 150.19509-1205 CDU: 159.964-2

  • Traduo:Vera Ribeiro

    Verso final:Nora Pessoa Gonalves

    Preparao de texto:Andr Telles

    livro 18

    De um discurso que no fosse semblante

    1971

  • Sumrio

    I. Introduo ao ttulo deste Seminrio.............. 9

    II. O homem e a mulher ......................................... 22

    III. Contra os linguistas ............................................ 37

    IV. O escrito e a verdade .......................................... 51

    V. O escrito e a fala .................................................. 71

    VI. De uma funo para no escrever ..................... 89

    VII. Lio sobre Lituraterra .................................... 105

    VIII. O homem e a mulher e a lgica ...................... 120

    IX. Um homem e uma mulher e a psicanlise ...... 135

    X. Do mito forjado por Freud ............................. 152

    ANEXOS

    Algumas referncias de Lacan a Lacan e a outros ... 169

    ndice onomstico ............................................... 173

  • 9

    Introduo ao ttulodeste Seminrio

    No quadro-negro

    De um discurso no do meu que se trata.

    Creio t-los feito perceber bastante bem, no ano passado, o que convm entendermos pelo termo discurso. Recordo o discurso do mestre e suas quatro, digamos, posies, os deslocamentos de seus termos em relao a uma estrutura reduzida a ser tetradrica. A quem quisesse empenhar-se nisso, deixei a tarefa de esclarecer o que justifica esses deslizamentos, que poderiam ter sido mais diversificados. Eu os reduzi a quatro. O privilgio desses quatro, talvez este ano eu lhes d en passant a indicao dele, se ningum se dedicar a tanto.

    S tomei essas referncias em relao ao que era meu objetivo, enunciado no ttulo O avesso da psicanlise. O discurso do mestre no o avesso da psicanlise, o lugar em que se demonstra a toro prpria, eu diria, do discurso da psicanlise.

    Com efeito, vocs sabem da importncia que se atribuiu, desde sua emisso por Freud, teoria da dupla inscrio, e da nfase que recai sobre ela. O que equivale a levantar a questo de um direito e um avesso. Ora, aquilo que se trata de faz-los alcanar a possibilidade de uma inscrio dupla, no direito e no avesso, sem que seja preciso transpor uma borda.

    a estrutura, h muito tempo conhecida, da chamada banda de Moebius. Tive apenas que fazer uso dela.

    I

    De um discurso que no fosse semblante

  • 10 de um discurso que no fosse semblante

    1

    a partir desses lugares e elementos que se designa que o que discurso, propriamente dito, no poderia de modo algum ter por referncia um sujeito, embora o discurso o determine.

    A reside, sem dvida, a ambiguidade daquilo pelo qual introduzi o que julguei dever dar a entender no interior do discurso psicana-ltico.

    Lembrem-se de meus termos, na poca em que intitulei um certo relatrio de Funo e campo da fala e da linguagem em psicanlise. Intersubjetividade, escrevi na ocasio, e Deus sabe a que pistas falsas pode dar margem o enunciado de termos como esse. Que me descul-pem ter tido que fazer dessas pistas as primeiras. Eu s podia seguir adiante a partir do mal-entendido. Inter, com efeito, foi certamente o que s a sequncia me permitiu enunciar sobre uma intersignificao, subjetivada por sua consequncia, posto que o significante o que representa um sujeito para outro significante, no qual o sujeito no est. Ali onde representado, o sujeito est ausente. justamente por isso que, ainda assim representado, ele se acha dividido.

    No se trata apenas de que o discurso, a partir da, j no possa ser julgado seno luz de sua instncia inconsciente: que ele j no pode ser enunciado como outra coisa seno aquilo que se articula a partir de uma estrutura, em alguma parte da qual ele se acha alienado de maneira irredutvel.

    Da meu enunciado introdutrio. De um discurso detenho-me a que no o meu. desse enunciado do discurso como no podendo ser o discurso de um particular, mas se fundando numa estrutura, e da nfase que lhe dada pela distribuio, pelo deslizamento de alguns de seus termos, da que parto, este ano, para o que se intitula De um discurso que no fosse semblante.

    queles que, no ano passado, no puderam acompanhar esses enunciados, que so prvios, portanto, indico que a publicao do nmero 2/3 da revista Scilicet, que j tem mais de um ms, lhes dar as referncias inscritas.

    Scilicet 2/3, por ser um escrito, um acontecimento, se no um advento de discurso. E o primeiramente porque o discurso do qual me descubro o instrumento sem que se possa eludir que ele exige a presena em massa de vocs, ou seja, que vocs estejam presentes, e muito precisamente nesse aspecto do qual alguma coisa

  • introduo ao ttulo deste seminrio 11

    singular faz a crtica [fait la presse], seguramente levando em conta, digamos, algumas incidncias de nossa histria , esse discurso renova a questo do que pode ocorrer com o discurso como discur-so do mestre. S podemos interrogar-nos ao denomin-lo. No se apressem demais em se servir da palavra revoluo. Mas est claro que preciso discernir o que acontece com o que me permite, em suma, levar adiante meus enunciados, qual seja, esta formulao: De um discurso que no fossse semblante.

    Cabe retermos aqui dois traos desse nmero de Scilicet.O primeiro que, em resumo, ali ponho prova meu discurso do

    ano passado quase, exceto por uma coisa a mais numa confi-gurao que se caracteriza justamente pela ausncia do que chamei da presena [presse] em massa de vocs. Para dar plena nfase ao que essa presena significa, eu a destacarei com o mais-de-gozar pressionado [press].

    exatamente essa figura que podemos estimar se ir alm de um in-cmodo, como se costuma dizer, concernente ao excesso de aparncias no discurso em que vocs esto inscritos, o discurso universitrio. fcil denunci-la como o incmodo de uma neutralidade, por exemplo, a qual esse discurso no pode ter a pretenso de sustentar nem por uma seleo competitiva, visto que se trata apenas de signos dirigidos aos advertidos, nem por uma formao do sujeito, j que se trata de algo bem diferente. O que preciso para irmos alm desse incmodo das aparncias, para que se espere alguma coisa que permita sair delas? Nada o permite seno afirmar que uma certa modalidade de rigor no avano de um discurso cliva, numa posio dominante nesse discurso, o que acontece com a triagem dos glbulos de mais-de-gozar em nome dos quais vocs se veem presos no discurso universitrio.

    Isso no novo, j falei sobre isso, mas ningum prestou ateno: o que constitui a originalidade deste ensino, e que os motiva a lhe trazerem sua presena em massa, exatamente o fato de algum, a partir do discurso analtico, colocar-se em relao a vocs na posio de analisando. Ao falar pelo rdio, submeti este ensino ao teste da subtrao dessa presena, deste espao em que vocs se imprensam, anulado e substitudo pelo existe puro da intersignificao de que falei h pouco, para que a vacile o sujeito. simplesmente um desvio para alguma coisa sobre cujo alcance possvel o futuro dir.

    H um outro trao do que denominei esse acontecimento, esse advento de discurso. Essa coisa impressa a que se d o nome de

  • 12 de um discurso que no fosse semblante

    Scilicet, como um certo nmero de vocs j sabe, escrita sem assinar. Que quer dizer isso? Que cada um dos nomes dispostos em coluna na ltima pgina dos trs nmeros que constituem um ano pode ser permutado com cada um dos outros, afirmando, por conseguinte, que nenhum discurso pode ser autora