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SCHEEFFER, Ruth. Aconselhamento Psicológico: teoria e pratica. 2 a edição. São Paulo: Fundo de Cultura, 1970. CAPÍTULO 14 AS CARACTERíSTICAS E ALGUNS PRINCípIOS ÉTICOS DO ORIENTADOR PSICOLÓGICO I. Características do Orientador I I I1 I , Li 'li 'li ! I I. I': :Ij MUITO SE TEM dito a respeito das características necessárias para exercer com sucesso. adequação e suficiência o aconse- lhamento psicológico. Acreditamos. porém. que poucos es- tudos experimentais tenham sido realizados para provar ob- jetivamente êsses critérios apresentados pelos vários autores. As afirmações quanto às condições necessárias para o sucesso nessa profissão parecem estar baseadas. principalmente.~ .1 bom senso e são conclusões de observações diretas ou indiretas. ! Apresentamos algumas dessas características e atributos. I de acôrdo com os autores mais conhecidos e experimentados no campo do aconselhamento. A. WILLIAMSON4 enfatíza. principalmente. a necessí- dade de uma atitude objetivamente científica e o lastro ínte- , lectual do orientador que deseja exercer o aconselhamento clínico por êle defendido. Faz as seguintes observações ati- nentes aos atributos do orientador: 1. O orientador deve estar muito bem atualizado -,e .f!l.: miliarizado com as conclusões das teorias e pesquisas psico- 'íógicas a fim de ajudar o orientando a ficar alerta a indícios ou sintomas de desajustamento. 2. Deve adquirir o hábito de perceber além da_:'super..- Iície" dos fatos e características. ~ ----3. Suas leituras e experiências devem ter lhe propor- cionado conhecimento de que certas situações e condições são-- sintomáticas de certós tipos de problemas atuais ou potenciais. - 4. Tem conhecimento da etiologia e dinâmica do com- portamento humano e dos desajustamentos psicológicos, edu- cacionais e morais. 5. Seu treinamento psicológico lhe proporcionou a con- vicção de que a lógica e a metodologia das ciências, quando adequadamente aplicadas. oferecem maiores possibilidades para uma compreensão válida do problema do que os métodos de avaliação de caráter baseados. simplesmente. no bom senso. 6. Finalmente. seu treinarnente clínico e experimental lhe ensinaram que as leis psicológicas são verdadeiras. apenas. em condições muito restritas e específicas e que é necessário sintetizar tôdas as informações a respeito do caso, a fim de interferir com adequação se as condições são suficientemente idênticas àquelas das quais as leis foram derivadas. a fim de aplicá-Ias à atual situação. . 7. Recomenda conhecimento profundo e extenso das se- guintes áreas: a) Mensuração das características humanas. Inclui: psicologia diferencial. testes psicológicos. teorias- psicológicas da personalidade. b) Relações entre causa e efeito na psicologia científica. c) Estatísticas aplicadas à psicologia clínica. d) Prática clínica em diagnóstico da individualidade (considerando que a Psicologia é ao mesmo tempo uma ciên- cia nomotética e ídeoqráfíca, regida por leis gerais e também por leis que regem os fatos dentro do próprio indivíduo - cada pessoa constitui em si mesmo, uma lei especial da na- tureza) ; B. ERICKSON,1 além da formação cultural, considera importantes as seguintes características: 1. Interêsse em lidar e trabalhar com pessoas. Sentir-se à vontadecóm os sêres humanos." As úl'as atividades do pas- sado devem indicar interêsse social. participação nas ativida- des da comunidade. Êsse interêsse pode ser investigado e revelado desde o período escolar (líder na escola. popular en- tre os colegas etc.}. 2. PERSONALIDADE:Deve ter maturídade.emocíonal. re- velada, principalmente. pela organização de sua vida privada - sua habilidade de viver em moldes socialmente aprovados. 3. LIDERANÇA: Senso de responsabilidade. capacidade de inspirar confiança e ~mpatia. . .. ;f. . UM'-BÔM AjUSTAMENTQ. é. evidentemente, condição necessária para o exercício da profissão de orientador. A Ia- cilídade de pessoas desajustadas projetarem os seus conflitos no orientando. principalmente quando se trata da vorientação díretiva - em que é usado o centro de referência do orien- tador - constitui um perigo. que existe também na interpre- tação. 5. Outras características consideradas importantes por ERICKSON são: paciência, tato. senso de humor, ausência de

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SCHEEFFER, Ruth. Aconselhamento Psicológico: teoria epratica. 2a edição. São Paulo: Fundo de Cultura, 1970.

CAPÍTULO 14

AS CARACTERíSTICAS E ALGUNS PRINCípIOSÉTICOS DO ORIENTADOR PSICOLÓGICO

I. Características do Orientador

II

I1I,

Li'li'li! II.I'::Ij

MUITO SE TEM dito a respeito das características necessáriaspara exercer com sucesso. adequação e suficiência o aconse-lhamento psicológico. Acreditamos. porém. que poucos es-tudos experimentais tenham sido realizados para provar ob-jetivamente êsses critérios apresentados pelos vários autores.As afirmações quanto às condições necessárias para o sucessonessa profissão parecem estar baseadas. principalmente.~ .1bom senso e são conclusões de observações diretas ou indiretas. !

Apresentamos algumas dessas características e atributos. Ide acôrdo com os autores mais conhecidos e experimentadosno campo do aconselhamento.

A. WILLIAMSON4 enfatíza. principalmente. a necessí-dade de uma atitude objetivamente científica e o lastro ínte- ,lectual do orientador que deseja exercer o aconselhamentoclínico por êle defendido. Faz as seguintes observações ati-nentes aos atributos do orientador:

1. O orientador deve estar muito bem atualizado -,e .f!l.:miliarizado com as conclusões das teorias e pesquisas psico-'íógicas a fim de ajudar o orientando a ficar alerta a indíciosou sintomas de desajustamento.

2. Deve adquirir o hábito de perceber além da_:'super..-Iície" dos fatos e características. ~----3. Suas leituras e experiências devem ter lhe propor-cionado conhecimento de que certas situações e condições são--sintomáticas de certós tipos de problemas atuais ou potenciais.- 4. Tem conhecimento da etiologia e dinâmica do com-portamento humano e dos desajustamentos psicológicos, edu-cacionais e morais.

5. Seu treinamento psicológico lhe proporcionou a con-vicção de que a lógica e a metodologia das ciências, quando

adequadamente aplicadas. oferecem maiores possibilidadespara uma compreensão válida do problema do que os métodosde avaliação de caráter baseados. simplesmente. no bom senso.

6. Finalmente. seu treinarnente clínico e experimentallhe ensinaram que as leis psicológicas são verdadeiras. apenas.em condições muito restritas e específicas e que é necessáriosintetizar tôdas as informações a respeito do caso, a fim deinterferir com adequação se as condições são suficientementeidênticas àquelas das quais as leis foram derivadas. a fim deaplicá-Ias à atual situação. .

7. Recomenda conhecimento profundo e extenso das se-guintes áreas:

a) Mensuração das características humanas. Inclui:psicologia diferencial. testes psicológicos. teorias- psicológicasda personalidade.

b) Relações entre causa e efeito na psicologia científica.c) Estatísticas aplicadas à psicologia clínica.d) Prática clínica em diagnóstico da individualidade

(considerando que a Psicologia é ao mesmo tempo uma ciên-cia nomotética e ídeoqráfíca, regida por leis gerais e tambémpor leis que regem os fatos dentro do próprio indivíduo -cada pessoa constitui em si mesmo, uma lei especial da na-tureza) ;

B. ERICKSON,1 além da formação cultural, consideraimportantes as seguintes características:

1. Interêsse em lidar e trabalhar com pessoas. Sentir-seà vontadecóm os sêres humanos." As úl'as atividades do pas-sado devem indicar interêsse social. participação nas ativida-des da comunidade. Êsse interêsse pode ser investigado erevelado desde o período escolar (líder na escola. popular en-tre os colegas etc.}.

2. PERSONALIDADE:Deve ter maturídade.emocíonal. re-velada, principalmente. pela organização de sua vida privada- sua habilidade de viver em moldes socialmente aprovados.

3. LIDERANÇA: Senso de responsabilidade. capacidadede inspirar confiança e ~mpatia. . ..

;f. . UM'-BÔM AjUSTAMENTQ. é. evidentemente, condiçãonecessária para o exercício da profissão de orientador. A Ia-cilídade de pessoas desajustadas projetarem os seus conflitosno orientando. principalmente quando se trata da vorientaçãodíretiva - em que é usado o centro de referência do orien-tador - constitui um perigo. que existe também na interpre-tação.

5. Outras características consideradas importantes porERICKSON são: paciência, tato. senso de humor, ausência de

144 ACONSELHj.MENTO PSICOLóGICO

" tendência ao retraimento. habilidade de aceitar crítica e deaprender com os erros .cometídos. '

6. APARÊNCIAPESSOAL: pose. boa saúde. timbre de vozagradável. ausência de maneirísmos desagradáveis e maneirade vestir.

C. ROGERS3 declara que o indivíduo que se encontraqualificado para exercer a profissão de orientador deve terqualidades pessoais e profissionais.

1. PESSOAIS: Alguns autores têm descrito o orientadorcomo uma espécie de super-homem psicológico. que conhecetudo e que está a salvo de qualquer reação comum aos outrosmortais. ROGERSacha isto irreal. Há. evidentemente. alqu-mas qualidades pessoais que devem estar presentes no índi-víduo que vem a ser um bom orientador. No entanto. essas

, qualidades não diferem daquelas necessárias para se exercerbem outras profissões. Isto é especialmente verdadeiro quandotratamos da orientação não-díretíva , O orientador diretivonecessita de maiores qualidades de onipotência. já que tem quedecidir e ensinar ao orientando como estudar melhor. como sedar bem com os outros. qual a filosofia de vida apropriada eoutras questões intricadas a respeito das quais o orientandose encontra perplexo ou preocupado. Porém. quando a Fina-lidade do aconselhamento é vista de maneira mais modesta.a primeira qualificação do orientador é a sensibilidade ousensitividade às relações humanas. Essa qualidade é di-fícil de ser definida satisfatoriamente. mas é evidente em qual-quer situação social. Uma pessoa obtusa às reações dos ou-tros. que não compreende ou percebe o efeito quesuas atitu-des causam. que não percebe hostilidade ou amizade nas suasrelações com outras pessoas ou entre às pessoas de suas rela-ções. que é incapaz de perceber se um comentário seu provo-cou prazer ou desagrado. não pode ser um bom orientador.Evidentemente. essas qualidades podem ser desenvolvidas.mas se a pessoa não possuir essa sensibilidade social e umagrande capacidade de observação. é duvidoso que o aconse-lhamento psicológico seja seu campo profissional mais ade-quado.

Outras características são: objetividade - atitude emo-cionalmente livre. 'identificação controlada. capacidade de sim-patia e empatia, porém sem envolvimento emocional.' e semexaqêro, atitude genuinamente receptiva e, interessada. umaprofunda compreensão que torna impossível fazer julgamentosmorais ou demonstrar atitude de choque ou horror. Os indí-víduos com essa atitude diferem daqueles frios e impessoaisou com atitude onipotente e diferem também. vivamente. das 1

PRINCIPIOS ltTICOS DO ORIENTADOR 145

pessoas profundamente sentimentais e emotivas que se iden-tificam e se deixam envolver com os problemas do orientando.tornando-se incapazes de ajudá-lo , A identificação, com oorientando têm que ser controlada. a fim de que haja. porparte do orienta dor. suficiente compreensão das vívêncías, dossentimentos e dos problemas que estão perturbando à orien-

, tando._ RESPEITOPELOINDIVÍDUO- Respeito genuíno pela inte-

gridade do orientando. que assegura a possibilidade de ama-durecimento e não envolve nenhum zêlo reformador por partedo oríentador pois êste não deseja moldar o orientando à suaimagem e semelhança.

_ AUTOCOMPREENSÃO- Compreensão da sua própriapersonalidade. das suas motivações. dos seus padrões emocío-nais e das próprias limitações e deficiências. A não ser queo oríentador tenha um considerável grau de insiqht, êle nãoserá capaz de reconhecer as situações em que é vulnerávelemocionalmente. prejudicando suas possibilidades de julqa-mente e objetivação. Essa autocompreensão pode ser adqui-rida através de adequada supervisão durante o treinamento.A maneira. porém. mais eficiente de se conseguir insiqht éatravés da terapia pessoal do orientador. Aliás. ROGER!>re-comenda vivamente a psicoterapia pessoal do orientador du-rante o período de treinamento.

2. CONHE\.lMENTOPSIr.OLÓGIr.O: O aconselharnento nãoé simplesmente uma arte. Exige também uma base científicacultural sólida. ROGERS. embora considere as característicaspessoais como mais importantes. não despreza o aspecto daformação intelectual. Apresenta o sequinte plano para For-mação e prática: a) Seleção psicológica inicial dos candida-tos 'ao curso; b) Cursos gerais para a compreensão funda-mental das relações humanas. tais como: sociologia. psicologiasocial. antropologia. Curso básico sõbre a psicologia evolu-tiva e do ajustamento. biologia. dinâmica do ajustamento hu-mano (nos campos profissionais. educacionais). ajustamentomatrimonial e do excepcional. teorias psicológicas da persona-lidade; c) Experiência no magistério ou campo das relaçõesindustriais; d) Conhecimento dos métodos de pesquisas a fimde avaliar o seu trabalho e o de outros; e) Cursos sõbre asvárias teorias do aconselhamento psicológico; f), Prática derole-playing (dramatização); g) Prática supervisionada deaconselhamento.

A American Psychological Association apresenta os, se-qulntes atributos para os que desejam trabalhar em aconse-lhamento:

<,

~ A. P. 10-

146 ACONSELHAMENTO PSlCOUlGICO' 147

1. Superior capacidade intelectual e de julgamento.2. Originalidade e versatilidade.3. Contínua e insaciável curiosidade científica [autodí-

datismo) .4. Interêsse pelas pessoas como indivíduos e não como

objetos a serem manipulados.5. Insight sôbre suas próprias características pessoais.6. Sensibilidade para a complexidade das motivações.7. Tolerância -- ausência de arrogância. ' .8. Habilidade para adotar uma atitude terapêutica e

para estabelecer relações humanas satisfatórias.9. Capacidade de trabalho -- hábitos metódicos de tra-

balho -- habilidade para tolerar pressões.10. Aceitação de responsabilidade.'11. Tato e cooperação.12. Estabilidade e autocontrôle.13. Senso de humor.14. Senso de discriminação dos valôres éticos.15. Base cultural extensa.16. Profundo interêsse pela psicologia, principalmente

pelos aspectos clínicos. 'D. HAHN e MAc~LEAN2 ressaltam a importância do

problema de seleção daqueles que desejam trabalhar em acon-s~lhame~to psicológico. Recomendam investigação das capa-c~dades mtelectu~is, motivações e interêsses. Do ponto deVIsta da personalidade deve-se verificar se o candidato possuicalor humano, receptividade, objetividade, capacidade de com-preensão e tolerância. Reprovam veementemente, a aceitaçãode pessoas emocionalmente desajustadas para êsse tipo de tra-balho. Rejeitam o refrão de que "só aquêles que passaramp~~ essa situação .(de desajustamento) podem compreendê-Ia"poís o consideram inválido e perigosa a sua aplicação ao cam-po. do aconselhamento. O sucesso de algumas pessoas de-sajustadas nesse tipo de trabalho não é resultado do seu de-sa!ustamento mas de que, apesar de serem desajustadas, pos-suiam excelente capacidade intelectual. Apresentam algunsexe~pl?s de orientadores inadequados: o tipo rígido e per-fe~clOmsta, com idéias inatingíveis, que desejam impor 'aosoríentandos, os otimistas que mesmo em face dos problemasmais sérios, batem nas costas e levantam o ânimo dos orien-tandos com afirmações de que acabará bem, o tempo se en-carregará de resolver, e lembram "que não há bem que sem-pre dure e mal que não se acabe", "trabalho e virtude dissipamtodos os males" etc.; os angustiados, para os quais a simplessolicitação, por parte do orientando, a fim de mudar de curso,

PRINCIPIOS ltTICOS DO ORIENTADOR

constitui um problema sério, que os leva a investigações pro-fundas, imaginando as graves conseqüências futuras.

E. De acôrdo com a nossa experiência pessoal, consí-deramos as seguintes características indispensáveis para oorientador:

1. Ajustamento pessoal satisfatório -- O orientador de-verá ser, acima de tudo, uma pessoa psicolõgicamente madura,com excelente contrôle emocional e com alto grau de estabí-Iídade , De acôrdo com MIRA Y LóPEZ, a pessoa madura éaquela que possui boa saúde mental. A Organização Mundialda Saúde Mental da Unesco foi assaz explícita. no que con-sidera uma pessoa portadora de boa saúde mental: é o índí-víduo que se auto-estima e se aceita adequadamente. Julqa-secom objetividade, sem se hipo ou hipervalorizar, de modo queseu auto-juizo coincide com o que dêle fazem os demais.Reconhece seus erros, mas aprecia seus êxitos, na sua justamedida, por isso não corre os riscos de vaidade e ambiçãodesmedidas, inveja ou timidez excessiva. Relaciona-se bemcom os demais -- é capaz de manter atitude cortês e serenaperante as pessoas, sem distinção de sexo, idade, cultura, raça,posição ecoriômica ou statussodal. Interessa-se pelos pro~blemas da coletividade e dos grupos sociais a que pertence eestá disposto .a.oferecer .a sua .ajuda .a .quem .dela .necessítar,apesar de conservar a sua independência de juizo e de ação.Sabe enfrentar as exigências da vida - quando tem diante desi um obstáculo ou um problema sabe estudá-lo e tomar umadecisão lógica. Se não pode modificar o ambiente, é capazde se adaptar a êle, sem modificar intimamente os seus pro-pósitos. g flexível, porém conserva sempre sua diginidade. 'Tolera as frustrações, procurando extrair um ensinamento dosseus fracassos.

2. Predominância de interêsse por atividades assísten-ciais. .'

3. Capacidade de empatia - deverá ser capaz de com-preender as pessoas, penetrando nas suas vivências e senti-mentos, percebendo a realidade como aquelas a percebem.Não obstaate, deve ter capacidade de se manter neutro. nãose permitindo envolver emocionalmente nas situações e pr~blemas apresentados por seus clientes.

11. Alguns Princípios bicos

A relação que existe entre o orientador e seus clientes ésui.,.generis e envolve aspectos sutis e delicados. Na situaçãode aconselhamento são fornecidas ao orientador informações

148 ACONSELHAMENTO PSICOLóGICO

confidenciais e. em muitos casos. altamente sigilosas. que en-volvem não somente o orientando mas a outros que com êleestão relacionados. No aconselhamento, sentimentos e vivên-cias íntimas são desnudados e compartilhados com o orien-ta dor . Os que trabalham nesse campo sabem que é comumouvirem do orientando que "essa é a primeira vez que falacom alguém a respeito de certa experiência ou sentimento".Está implícito nesse fato que uma alta dose de confiança é de-positada na integridade pessoal do orientador. É necessárioelevado senso de responsabilidade. discrição. capacidade dediscernimento e mesmo uma atitude de humildade para lidarcom êsse material de caráter privativo e sigiloso. de maneiraa corresponder à confiança depositada. Além disso. é indis-pensável um 'código de ética que norteie objetivamente as ati-tudes a serem tomadas pelo orientador em certas situações.:E:sses princípios éticos. cuidadosamente elaborados. não so-mente lhe fornecerão os padrões profissionais de conduta mas.sobretudo, o protegerão contra situações prejudiciais para êlepróprio e para seus clientes.

Em artigo recente, WRENN 5 apresenta uma adaptaçãode alguns princípios do Código de Ética dos Psicólogos, ela-borado em 1951, pela American Psychological Association,que podem ser considerados como fundamentos e diretrizesda conduta do orientador.

I. Responsabilidade para com o cliente:

1. O orientador é responsável primeiramente perante. seu cliente e, em última instância, perante a sociedade; essa ati-tude básica deve reger tôdas as suas realizações profissionais.O orientador deve em tõdas as circunstâncias respeitar a in-tegridade e proteger o bem-estar do seu cliente.

2. '0 orientador deve obter a permissão do cliente antesde comunicar qualquer informação sõbre êle, que lhe tenhasido fornecida em situação de aconselharnento, a outra pessoaou Serviço, tais como pais, médico, empregador, clínica, etc.Esse princípio deve ser observado mesmo quando essa açãofôr percebida pelo orientador como de interêsse do cliente.Exceção é contida no princípio três.

3. O orientador deve guardar sigilo das confidênciasprofissionais e somente revelá-Ias sem permissão do clienteapós cuidadosa deliberação e em face de um perigo claro eiminente para um indivíduo ou para a Sociedade. isto é,ameaça de suicídio, homicídio ou traição.

PRINCIPIOS ÉTICOS DO ORIENT ADOR 149

4. Informações de conteúdo psicológico. tais como i e-sultados de testes ou de diagnóstico. devem ser fornecidas aocliente em ocasião propícia e de maneira mais adequada paraserem aceitas por êle como parte de seu autoconceito. isto é,quando oferecem maiores possibilidades de ser út7is ao clientepara solucionar seus problemas. .:

5. O orientador deve encaminhar seu cliente à especia-lista adequado quando verifica que as dificuldades por êleapresentadas estão fora da sua competê~cia profi~sional. Emescolas ou instituições onde crianças estao envolvidas o enca-minhamento deve ser realizado com o consentimento dos pais.

6. Material clínico só pode ser utilizado em aulas oupublicações com permissão das pessoas envolvidas ou .quandoa sua identidade não pode ser absolutamente reconhecida.

7. Entrevistas não podem ser gravadas para treinamen-to, estudo e pesquisa, sem o conhecimento e consentim:nt~do cliente. Exceções podem ser feitas quando a gravaçao erealizada para finalidade de pesquisa em tais circunstânciasque só o pesquisador possa identificar o cliente.

11. Responsabilidade para com a Sociedade:

1. Considera-se falta de ética por parte do orientadoroferecer serviços estranhos a sua formação e experiência pro-fissionais ou acima do seu nível de competência.

11I. Responsabilidade para com a instituição emprega-dora e para com os colegas:

1. Nas situações de aconselhamento nas quais o orien-tador tem compromisso de lealdade concomitantemente comseu cliente e com seu empregador, deve ser estabelecido umacôrdo sôbre como lidar com o material confidencial; os têr-mos dêsse acôrdo devem ser conhecidos previamente pelosinteressados.

2. Informações obtidas na situação de aconselhamentodevem ser discutidas somente em ambiente profissional e comprofissionais que estão claramente relacionados com o (as;>.

3.' Comunicações profissionais não devem ser mostradasao cliente.

IV. Responsabilidade para consigo próprio e para com-, a profissão:<,

150 ACONSELHAMENTO PSICOLóGICO

- 1. :a desejável no aconselhamento, no qual é essencialuma relação interpessoal altamente satisfatória, que o oríen-tador esteja a par de suas insuficiências pessoais que poderiaminfluenciar seu julgamento a respeito de outros ou deturparsuas relações profissionais com êles , Deve evitar atividadesonde suas limitações pessoais possam resultar num serviçoprofissional de qualidade inferior ou prejudicial ao cliente.

2. O oríentador deve distinguir claramente seus valoresdaqueles mantidos pelo seu cliente, a fim de se proteger con-tra uma sutil imposição dos .seus próprios valõres e código deética no seu cliente.

RESUMOA. CARACTERiSTICASDO OIIlENTADOR

{Atitude objetivamente cientifica.

WILLlAMSON For~ acadêmica adequada.

Formação acadêmica (prática de ensino).Estágio probatórío.Atribums pessoais:

a} iDterêsse humano.b) personalidade:

- maturidade.- liderança.- díscreção,- empatía,- bom ajustamento,_ paciência, tato, senso de humor._ ausência de tendência ao retraimento._ aparência, timbre de voz, pose._ ausência de maneirismos.

ERICKSON

ROGERS

Resprito peloser Iromano.

Autocompre-ensão.

AtriOOtosPessoais

Sensibilidade arelações hu-manas.

Objetividade{

identificaçãocontrolada.

emotividadecontrolada.

empatia.

{

Teórica.Formação Prática (dra-

Acadimica matiz ação ) •

Atributos Pessoais:a) interêsse e motivação.b) personalidade:

_ calor humano,_ receptividade,_ objetividade,_ compreensão,_ tolerância,_ bom ajustamento.

B. CÓDIGODE ÉTICA00 ORlENTAOOR1 . Responsabilidade para com o cliente.2. Responsabilidade para com a Sociedade.3. Responsabilidade para com a instituição empregadora e para

com os colegas.<, -4. Responsabilidade para consigo próprio e para com a profissão.<.

HAHNMACLEAN