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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE/ DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM - MESTRADO E DOUTORADO IVALDA SILVA RODRIGUES VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA: realidades e desafios TERESINA (PI) 2015

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE/ DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM - MESTRADO E DOUTORADO

IVALDA SILVA RODRIGUES

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA: realidades e desafios

TERESINA (PI) 2015

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IVALDA SILVA RODRIGUES

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA: realidades e desafios

Relatório final de dissertação apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Piauí, como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Mestre em Enfermagem.

Área de concentração: A enfermagem no contexto social brasileiro Linha de pesquisa: Processo de cuidar em saúde e enfermagem

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria do Livramento Fortes Figueiredo.

TERESINA (PI) 2015

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FICHA CATALOGRÁFICA Universidade Federal do Piauí

Biblioteca Comunitária Jornalista Carlos Castello Branco Serviço de Processamento Técnico

R696v Rodrigues, Ivalda Silva. Violência contra a pessoa idosa: realidades e desafios / Ivalda Silva Rodrigues. – 2015.

108 f.

Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2015.

“Orientação: Profª. Drª. Maria do Livramento Fortes Figueiredo.”

1. Enfermagem. 2. Idoso. 3. Violência - Idoso. I. Título.

CDD 610.73

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IVALDA SILVA RODRIGUES

VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA: realidades e desafios

Relatório final de dissertação apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Piauí, como parte dos requisitos

necessários para obtenção do título de Mestre em Enfermagem.

Aprovada em: ___ / ___ / 2015

________________________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Maria do Livramento Fortes Figueiredo - Presidente Universidade Federal do Piauí - UFPI

________________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Maria Cecilia de Souza Minayo - 1ª Examinadora

Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz/RJ

________________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Claudete Ferreira de Souza Monteiro - 2ª Examinadora

Universidade Federal do Piauí - UFPI

________________________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Maria Helena Barros Araújo Luz - Suplente Universidade Federal do Piauí - UFPI

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Dedico este trabalho a minha família, que, com sua visão de futuro, influenciou nas minhas escolhas. Aos colegas e amigos pelo companheirismo. A todos que foram usados por Deus, para me ajudar e incentivar, o meu muito obrigada.

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AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, que é soberano sobre todas as coisas, e que me deu

capacidade para concluir este mestrado e por me permitir ultrapassar os desafios e me guiar nas conquistas. Por me iluminar, encher minha vida de alegria e me proporcionar conquistas maravilhosas, pois me faz acreditar que sempre existirão motivos para lutar.

Aos meus pais, Antônio José Rodrigues e Bernarda Silva Rodrigues, exemplos de dedicação, honestidade e trabalho. A todos meus irmãos e irmãs, e demais familiares pelo apoio incondicional e compreensão.

À professora Dra. Maria do Livramento Fortes Figueiredo, agradeço a oportunidade de trabalharmos juntas, o grande apoio e os ensinamentos compartilhados.

Às Professoras Dra. Maria Cecília de Souza Minayo, Dra. Claudete Ferreira de Souza Monteiro e Dra. Maria Helena Barros Araújo Luz, por aceitarem contribuir com suas experiências e saberes na avaliação e melhor elaboração deste estudo.

À professora doutoranda Jaqueline Carvalho e à minha amiga enfermeira Karine Monteiro, pelos conhecimentos transmitidos e pelo apoio e orientação durante o presente trabalho.

Aos demais professores do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Enfermagem da UFPI por estimularem meu interesse pelo conhecimento, pelo grande esforço e dedicação com que ministraram suas aulas e contribuíram para o enriquecimento de meus conhecimentos.

Aos alunos do curso de Enfermagem e bolsistas PIBIC-UFPI, Polyana Norberta Mendes, David Bernar Oliveira Guimarães e Carla Danielle Araújo Feitosa, essenciais na contribuição da coleta de dados.

À minha querida amiga enfermeira Nathalia Kelly, pela grande amizade e apoio, principalmente, nas visitas domiciliares.

Aos meus irmãos, Edinaldo Rodrigues e Maciel Rodrigues, por estarem sempre presentes e disponíveis, conduzindo-me aos endereços das pessoas idosas. Ao CEVI pela disponibilização dos documentos que precisei.

Às pessoas idosas, sujeitos deste estudo, meu sincero agradecimento pela participação, sem a qual não seria possível a realização desta investigação.

Aos funcionários do Departamento de Enfermagem. Às amigas e colegas de turma do Mestrado do Programa de Pós Graduação

Mestrado em Enfermagem da UFPI, que estiveram ao meu lado nesta jornada. Às amigas: Anna Karolina Lages, Laís Gama, Ivana Sá, Lidyane Rodrigues,

Simone Santos e Karol Monteiro, pela maneira cordial e afetiva com que se portaram em mais uma etapa de minha vida.

Às amigas de trabalho do Ministério da Saúde: Zaíra Bosco e Judite Disegna e demais colegas de trabalho, em especial minha chefe Eliana Goldfarb Cyrino pelo apoio e compreensão.

E a todos que estão direta ou indiretamente presentes em minha vida, meus profundos agradecimentos.

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“Desistir... eu já pensei seriamente nisso, mas nunca me levei realmente a sério; é que tem mais chão nos meus olhos do que o cansaço nas minhas pernas, mais esperança nos meus passos, do que tristeza nos meus ombros, mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça.” Cora Coralina

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RESUMO

O envelhecimento é um processo natural de diminuição progressiva da reserva funcional das pessoas. Além dos fenômenos naturais, como as modificações fisiológicas e patologias consideradas típicas da velhice, o idoso também está passível à violência, o que tem provocado consequências devastadoras sobre sua vida familiar, social e sua saúde. Este estudo objetivou analisar a violência contra a pessoa idosa cujos dados estão cadastrados no Centro de Referência e Enfrentamento à Violência contra a Pessoa Idosa (CEVI) do município de Teresina - PI. Estudo descritivo, com abordagem quantitativa e qualitativa, desenvolvido em duas etapas. A amostra da etapa quantitativa foi constituída por 225 casos de violência; a etapa qualitativa abrangeu 17 sujeitos que foram entrevistados em seus domicílios. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Piauí. Os dados da primeira etapa foram coletados por meio de um formulário e na segunda foi utilizado um roteiro de entrevista. Os dados quantitativos foram analisados no programa Statistical Package for the Social Sciences, 18.0, e para os qualitativos, utilizou-se a análise temática. Verificou-se que a maioria dos idosos era do sexo feminino (66,2%), a média de idade, de 76,3 (±9,5) anos, 30,7% eram analfabetos, 36% eram viúvos, 84,9% eram procedentes da capital do estado, 76,4% eram aposentados, 35,1% ganhavam até um salário mínimo. Constatou-se que 18,2% das vítimas residiam com 3 a 4 pessoas e 39,1% moravam com outros familiares. Em relação à violência sofrida pelas pessoas idosas, a maioria sofreu violência psicológica (54,7%), 84,9% foram violentados na própria residência, 94,2% das ocorrências foram em Teresina e 31,1% não moravam mais com o agressor. No que se refere às informações relativas ao agressor, 84,2% eram familiares, dentre estes, 68% eram os filhos. A média de idade foi de 42,4 (±14,8) anos e a maioria era do sexo masculino (60,4%). Foi possível a formulação de três categorias temáticas, a saber: marcas e repercussões da violência na vida das pessoas idosas; da raiva ao perdão expressado pelas pessoas idosas em relação ao agressor; e redes de apoio às pessoas idosas vítimas de violência. Constataram-se marcas e repercussões da violência que afetaram a saúde física, emocional e social dos idosos. Os sentimentos em relação ao agressor foram: raiva, medo, saudade, pena, amor e tristeza. O apoio buscado pelas vítimas foi, principalmente, na própria família. Portanto, é preciso envolver os profissionais de saúde, os familiares, os governantes e a sociedade, no sentido de traçar estratégias que possam prevenir, superar e resolver os danos causados pela violência contra a pessoa idosa. Descritores: Maus-Tratos ao Idoso. Violência. Idoso. Enfermagem.

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ABSTRACT

Aging is a natural process of progressive reduction in the functional reserve of people. In addition to natural phenomena such as the physiological changes and disorders considered typical of old age, the elderly is also likely to suffer all sorts of violence, which has led to devastating consequences about his family life, social and health. This study aimed to analyze the violence against the elderly whose data are registered in the Centro de Referência e Enfrentamento à Violência contra a Pessoa Idosa (CEVI) of the city of Teresina - PI. This is a descriptive study with quantitative and qualitative data approach, developed in two stages. The sample of the quantitative stage consisted of 225 recorded cases of violence; the qualitative stage covered 17 subjects who were interviewed in their homes. This study was approved by the Ethics Committee of the Federal University of Piauí. The Data from the first stage was collected through a questionnaire and in the second was used an interview guide. The quantitative data was analyzed using Statistical Package for the Social Sciences, version 18.0 and qualitative through thematic analysis. It was found that the majority of elderly were women (66.2%), the mean age, 76.3 (±9.5) years, 30.7% were illiterate, 36% were widowed, 84.9% came from the state capital, 76.4% were retired, 35.1% earned less than the minimum wage. It was found that 18.2% of the victims lived with 3-4 people and 34.7% lived with other family members. Regarding the violence suffered by the elderly, most suffered psychological violence (54.7%), 84.9% were abused in their own homes, 94.2% of cases were in Teresina and 31.1% lived no longer with the aggressor. With regard to information about the offender, 84.2% were familiar, of these, 68% were sons. The mean age was 42.4 (±14.8) years and the majority were male (60.4%) It was possible the formulation of three themes, namely: branches and repercussions of violence in the lives of older people; from anger to forgiveness expressed by the elderly in relation to the offender; and support networks for older victims of violence. Were discovered physical, emotional and social health brands and repercussions of violence of elderly. The feelings towards the perpetrators were: anger, fear, longing, shame, love and sorrow. Support sought by the elders to solve the situation was mainly in their family. Therefore, it is needed to involve health professionals, family members, governments and society to devise strategies that can prevent, get over and solve the damage caused by violence against the elderly.

Descriptors: Elder Abuse. Violence. Aged. Nursing.

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RESUMEN

El envejecimiento es un proceso natural de reducción progresiva de la reserva funcional de las personas. Además de los fenómenos naturales como las modificaciones fisiológicas y las condiciones consideradas típicas de la edad avanzada, el anciano también es vulnerable a la violencia, lo que ha llevado a consecuencias devastadoras para los ancianos sobre su vida familiar, social y de salud. El propósito de esta investigación fue analizar la violencia contra los ancianos cuyos datos son registrados en el Centro de Referência e Enfrentamento à Violência contra a Pessoa Idosa (CEVI) do município de Teresina - PI. Estudio descriptivo con enfoque cuantitativo y cualitativo, que se desarrolló en dos fases. La muestra de la fase cuantitativa consistió en 225 casos de violencia; la etapa cualitativa tuvo 17 sujetos que fueron entrevistadas en sus hogares. El estudio fue aprobado por el Comité de Ética de la Universidad Federal de Piauí. En la evaluación de los datos de la primera etapa fueron recogidos mediante un formulario y en la segunda fase se utilizó una guía de entrevista. Los datos cuantitativos se analizaron con el programa Statistical Package for the Social Sciences versión 18.0 y los cualitativos mediante el análisis temático. Se encontró que la mayoría de los ancianos eran mujeres (66,2%), la edad media, de 76.3 (± 9,5) años, el 30.7% eran analfabetos, 36% eran viudos, el 84.9% procedía de la capital del estado, el 76.4% son ancianos retirados, 35.1% ganaba menos de un salario mínimo. Fue observado que 18.2% de las víctimas vivía con 3 o 4 personas y el 34.7% vivía con otros familiares. Con respecto a la violencia sufrida por los ancianos, la mayor parte sufrió violencia psicológica (54.7%), 84.9% fueron víctimas de abuso en sus propias casas, el 94.2% de los casos fueron en Teresina y el 31.1% no convivía con el agresor. En relación a la información sobre el ofensor, el 84.2% era de la familia, entre ellos, el 68% era los hijos. La edad media fue de 42.4 (± 14.8) años e la mayor parte eran hombres. Fue posible la elaboración de tres categorías temáticas: las marcas y repercusiones de la violencia en la vida de las personas mayores, de la ira al perdón expresado por los ancianos por su agresor, y las redes de apoyo a los ancianos que fueron víctimas de la violencia. Se observaron marcas y repercusiones de la violencia que afectaron a la salud física, emocional y social de las ancianos. Los sentimientos que tenían a su agresor fueron: la ira, el miedo, la nostalgia, la vergüenza, el amor y el dolor. El soporte buscado por las víctimas fue principalmente en la familia. Por lo tanto, hay que implicar a los profesionales de la salud, miembros de la familia, el gobierno y la sociedad, para diseñar estrategias que puedan prevenir, supéralo y enfrentar los daños causados por la violencia contra los ancianos.

Descriptores: Maltrato al Anciano. Violencia. Anciano. Enfermería.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição dos dados das pessoas idosas vítimas de violência, segundo características sociodemográficas e econômicas. Teresina, PI, 2015 (n=225).............................................................

38

Tabela 2 - Distribuição dos dados relativos à violência sofrida pelas pessoas idosas vítimas de violência. Teresina, PI, 2015 (n=225)................

41

Tabela 3 - Distribuição dos dados relativos ao agressor das pessoas idosas vítimas de violência. Teresina, PI, 2015 (n=260)............................

43

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CAAE Certificado de Apresentação para Apreciação Ética

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

CEVI Centro de Referência e Enfrentamento à Violência contra a Pessoa Idosa

CRAS Centro de Referência de Assistência Social

DSPI Delegacia de Segurança e Proteção ao Idoso

EDG Escala de Depressão Geriátrica

ESF Estratégia de Saúde da Família

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

MEEM Mini Exame do Estado Mental

MS Ministério da Saúde

OMS Organização Mundial da Saúde

OPAS Organização Pan-Americana de Saúde

PNAD Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio

SASC Secretaria da Assistência Social e Cidadania

SINAN Sistema Nacional de Agravos de Notificação

SPSS Statistical Package for the Social Sciences

SUS Sistema Único de Saúde

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UBS Unidade Básica de Saúde

UFPI Universidade Federal do Piauí

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 13

1.1 Construção do objeto de estudo 13

1.2 Objetivos 16

1.2.1 Objetivo geral 16

1.2.2 Objetivos específicos 16

1.3 Justificativa e relevância do estudo 17

2 REFERENCIAL TEMÁTICO 19

2.1 Aspecto sociodemográfico do envelhecimento populacional 19

2.2 A violência contra a pessoa idosa como problema de saúde pública

23

2.3 A enfermagem na assistência à pessoa idosa vítima de violência

27

3 METODOLOGIA 31

3.1 Primeira etapa: abordagem quantitativa 31

3.1.1 Local do estudo 31

3.1.2 População/amostra do estudo 31

3.1.3 Instrumentos e procedimentos para coleta dos dados 31

3.1.4 Organização e análise dos dados 32

3.2 Segunda etapa: abordagem qualitativa 32

3.2.1 Local do estudo 33

3.2.2 População/amostra do estudo 33

3.2.3 Instrumentos e procedimentos para coleta dos dados 33

3.2.4 Organização e análise dos dados 35

3.3 Aspectos éticos e legais 36

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 38

4.1 Primeira etapa: abordagem quantitativa 38

4.1.1 Resultados 38

4.1.1.1 Caracterização das pessoas idosas vítimas de violência quanto aos aspectos sociodemográficos e econômicos

38

4.1.1.2 Aspectos relativos à violência sofrida pelas pessoas idosas e informações do agressor

40

4.1.2 Discussão 44

4.1.2.1 Caracterização das pessoas idosas vítimas de violência quanto aos aspectos sociodemográficos e econômicos

44

4.1.2.2 Aspectos relativos à violência sofrida pelas pessoas idosas e informações do agressor

47

4.2 Segunda etapa: abordagem qualitativa 51

4.2.1 Categorias Temáticas 52

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4.2.1.1 Marcas e repercussões da violência na vida das pessoas idosas 52

4.2.1.2 Da raiva ao perdão expressado pelas pessoas idosas em relação ao agressor

64

4.2.1.3 Redes de apoio às pessoas idosas vítimas de violência 68

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 76

6 LIMITAÇÕES DO ESTUDO 80

REFERÊNCIAS 81

APÊNDICES 94

ANEXOS 99

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13

1 INTRODUÇÃO

1.1 Construção do objeto de estudo

O envelhecimento é um processo que ocorre naturalmente, caracterizado pela

diminuição progressiva da reserva funcional das pessoas que, em estado normal,

não costuma provocar problemas. Entretanto, quando essa reserva funcional está

prejudicada por doenças, acidentes, estresse emocional, violência, pode propiciar

uma condição patológica que necessite de assistência. O fenômeno do

envelhecimento é um desafio tanto nos países desenvolvidos quanto nos países em

desenvolvimento, sendo necessário que esse processo venha acompanhado de

qualidade de vida e respeito à população idosa (BRASIL, 2006; RODRIGUES et al.,

2010).

Entretanto, muitas vezes o envelhecimento é tratado como um “problema” e

não como uma conquista, no qual as pessoas idosas são vistas como um encargo

para a família, para o estado e para a sociedade. Demanda, assim, de novos

desafios para estes, o que exige, no mínimo, a implementação e a efetivação de

políticas públicas (VIEIRA; FIGUEIREDO; GUIMARÃES, 2013; MARINHO et al.,

2013).

O envelhecimento da população é verificado por meio do aumento na

proporção de pessoas idosas resultante do declínio da fecundidade, da queda nas

taxas de mortalidade e do aumento da expectativa de vida. A Organização Mundial

da Saúde (OMS) define população idosa como aquela com idade a partir dos 60

anos (BRASIL, 2006).

Segundo Minayo e Coimbra Júnior (2002), o envelhecimento não é um

processo homogêneo. Cada pessoa vivencia essa fase da vida de uma forma

própria, considerando sua própria história, além de outros aspectos a eles

associados, como saúde, educação e condições socioeconômicas, devendo também

ser incluídas nesse contexto a vida familiar e afetiva.

Conforme os dados do último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), a composição etária do Brasil vem apresentando

aumento da proporção de idosos: em 1980 existiam 7,2 milhões de pessoas com

idade a partir de 60 anos, enquanto em 2010 essa população chegou a 20,6

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14

milhões. O número de pessoas idosas aumentou 2,9 vezes em 40 anos,

representando 10,8% da população brasileira em 2010 (IBGE, 2010).

Nesse sentido, tem sido observada uma modificação do padrão demográfico

brasileiro nos últimos anos, com redução da taxa de crescimento populacional e

transformações na composição de sua estrutura etária, além do significativo

aumento de pessoas idosas e da modificação no perfil epidemiológico com

alterações relevantes nos indicadores de morbimortalidade. Segundo o Instituto de

Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), além das mudanças nos diferentes grupos

etários e do aumento da população de 60 anos ou mais no total de habitantes, o

grupo que mais cresceu foi o “muito idoso”, de 80 anos ou mais (IPEA, 2011).

Apesar do avanço progressivo da expectativa de vida nas últimas décadas, o

aumento da ocorrência de determinados agravos deve ser objeto de preocupação

dos profissionais da área de saúde, dos gestores e da sociedade. Entre estes, está a

violência contra a pessoa idosa. Conforme a OMS, a violência contra o idoso tem

provocado consequências devastadoras, visto que acarreta baixa qualidade de vida,

estresse psicológico, falta de segurança, lesões e traumas, assim como o aumento

da morbidade e mortalidade (WHO, 2005).

O Relatório Mundial sobre Violência e Saúde conceitua a violência como dano

intencional físico ou do uso de poder real, ou pela intimidação contra si ou ao

próximo e na comunidade, podendo provocar lesões, mortes, danos psicológicos ou

coibição do desenvolvimento (KRUG et al., 2002). É também uma violação dos

direitos do ser humano, uma vez que é um meio aplicado para coagir ou submeter

outra pessoa ao domínio (FERRAZ et al., 2009).

Conforme a OMS, existem três grandes grupos de violência, a saber:

violência contra si mesmo (autoinfligida), violência interpessoal (intrafamiliar,

doméstica e comunitária) e violência coletiva (grupos políticos, organizações

terroristas, milícias). Em relação às modalidades, a violência é classificada em:

violência física, violência sexual, violência psicológica, violência econômico-

financeira e patrimonial, negligência, abandono e autonegligência (BRASIL, 2011;

2013a).

No Brasil, a violência contra o idoso passou a ter mais visibilidade a partir da

década de 1990, com a promulgação e regulamentação em 1994 da Lei nº 8.842,

que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso e, posteriormente, com a aprovação

do Estatuto do Idoso, em 2003, instituído pela Lei nº 10.741 e o Plano de Ação de

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15

Enfrentamento da Violência contra a Pessoa Idosa. Apesar dessas políticas

contemplarem o problema da violência, a implementação das mesmas ocorre de

modo fragmentado e deficitário. Ressalta-se que a violência ocorre, na maioria das

vezes, de modo intrafamiliar, dificultando a sua visibilidade (BRASIL, 1994; 2003;

WANDERBROOCKE; MORE, 2012a).

A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa preconiza a promoção da

saúde e uma das formas para o alcance dessa meta é priorizar a detecção precoce

de situação prejudicial ao bem-estar físico e mental, como as que envolvem a

violência na terceira idade. Os profissionais de saúde, principalmente os da atenção

primária, têm atuação fundamental, visto que essa modalidade de assistência

permite o acesso, a proximidade e a continuidade da atenção a essa população

(WANDERBROOCKE; MORE, 2012a).

Estudos demonstram que a maior parte das violências sofridas pela pessoa

idosa ocorre nos domicílios, e os principais agressores são os filhos homens, noras,

genros e cônjuges, havendo forte relação com o uso de álcool e drogas, além da

dependência econômica entre pais e filhos, histórico de violência na família e

sofrimento mental. Além disso, tem sido observado o crescimento das dificuldades

em denunciar os abusos sofridos, devido aos vínculos de parentesco e da

dependência entre a pessoa idosa e o agressor, fazendo com que grande parte dos

casos de violência permaneça em silêncio e sem a punição dos culpados, o que

torna o problema ainda mais grave (MINAYO, 2003; COLLINS, 2006).

No Piauí, de acordo com o Sistema Nacional de Agravos de Notificação

(SINAN), o número de notificações de violência contra a pessoa idosa no ano de

2012 foi de 205 casos, em 2013 de 172 e em 2014 de 31 notificações. Ressalta-se

que estes dois últimos anos estão sujeitos à revisão, conforme indica o SINAN.

Esses dados podem não representar a realidade do número de pessoas idosas

vítimas de violência, devido à subnotificação, decorrente de vários fatores, entre os

quais se destaca a assistência negligenciada a essa população. Diante do

crescimento da violência contra a pessoa idosa evidenciada pela mídia e delegacia,

mostra-se imperativo um novo olhar dos profissionais da saúde, em especial da

Enfermagem, atento, capaz de apoiar e identificar os perpetuadores dessa violência

(SINAN, 2014).

Diante da problemática em estudo, instigou-me analisar os casos de violência

sofrida pelas pessoas idosas em Teresina – PI. Para tanto, foram elaboradas as

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16

seguintes questões norteadoras: Quais os aspectos sociodemográficos e

econômicos das pessoas idosas vítimas de violência? Quais os tipos de violência

sofrida pelas pessoas idosas? Quem são os agressores? Onde ocorre a violência?

Quais as repercussões da violência na vida das pessoas idosas? Quais sentimentos

desenvolvidos em relação ao agressor? Que rede de apoio a vítima buscou?

Delimitaram-se, assim, como objeto desta investigação os casos de violência

contra a pessoa idosa em Teresina – PI. Espera-se que o estudo em questão possa

despertar maior interesse da população, profissionais de saúde e autoridades, em

minimizar essa problemática; contribuir para futuros estudos em todos os níveis na

área do ensino e assistência, objetivando sensibilizar educadores e a comunidade

em geral, e na área da assistência; bem como possibilitar a instrumentalização de

políticas públicas de atenção a essa população.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Analisar os casos de violência contra a pessoa idosa cadastrados no CEVI do

município de Teresina – PI.

1.2.2 Objetivos específicos

Caracterizar a amostra quanto aos aspectos sociodemográficos e

econômicos.

Identificar o tipo de violência sofrida, o local de ocorrência e informações do

agressor das pessoas idosas vítimas de violência.

Descrever e interpretar a percepção das pessoas idosas sobre as

repercussões da violência e sobre os sentimentos em relação ao agressor.

Discutir os meios de apoio buscados pelas pessoas idosas vítimas de

violência.

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1.3 Justificativa e relevância do estudo

A mudança do perfil demográfico no cenário mundial e, de forma mais

recente, no Brasil, tem, dentre suas manifestações, o aumento no número de idosos.

Esse fenômeno traz consigo grande impacto social ao exigir mudanças desde o

nível de políticas públicas até o núcleo familiar e suscita discussões e investigações

sob diferentes óticas, nas mais variadas áreas de conhecimento. Uma das vertentes

que vem a ser estudada no contexto nacional e internacional diz respeito à violência

contra a pessoa idosa.

Apesar dos avanços na ciência, na legislação e nas políticas públicas

voltadas para a assistência no processo de envelhecimento, percebe-se que tanto

as famílias de pessoas idosas quanto os cuidadores destas necessitam de

instruções que permitam operacionalizar de forma adequada, sistematizada e eficaz

a prática do cuidado, minimizando, assim, o aumento da violência contra os idosos.

Analisar os casos de violência contra o idoso reveste-se de importância

científica e social por permitir a implementação de alternativas válidas de

intervenção, tanto em programas gerontogeriátricos quanto em políticas sociais, no

intuito de promover o bem-estar dessas pessoas. Desse modo, e com o propósito de

orientar as políticas para um envelhecimento bem-sucedido, assim como para alterar

o panorama de ensino dos profissionais de Enfermagem, é imprescindível conhecer

a realidade da violência contra a terceira idade no estado do Piauí.

A motivação pela temática do envelhecimento ocorreu pela dimensão que

adquiriu nas discussões sobre o envelhecer em um projeto de iniciação científica,

desenvolvido na graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Piauí

(UFPI), no qual esse assunto aparecia como uma preocupação emergente para a

sociedade contemporânea, pois evoca dilemas éticos, morais, econômicos, sociais e

de mercado que justificam a relevância da temática.

Além disso, as atividades desenvolvidas como discente na disciplina Saúde

do Adulto e do Idoso proporcionaram maior aproximação com as questões do

envelhecimento, sobretudo em situações de abandono, violência, demência,

adoecimento e segregação social, que culminam em dependência e subordinação.

Tendo em vista a relevância do assunto no que se refere à quantidade de

vítimas da violência na velhice, que tende a ser crescente em virtude do aumento

dessa população, bem como a sua complexidade, tornou-se necessária a

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exploração dessa temática. O estudo nos permitirá conhecer a caracterização das

vítimas e informações referente ao agressor, os tipos de violência mais comuns, as

repercussões dessa problemática na vida do idoso, os sentimentos desenvolvidos

em relação ao agressor e a rede de apoio buscada pelas vítimas.

Assim, essas informações repercutirão na ampliação do cuidado, bem como

na elaboração de estratégias de promoção da saúde e de prevenção desses

agravos, com vistas à melhoria da qualidade de vida dessas pessoas. Entende-se,

portanto, que este estudo pode colaborar tanto pelos aspectos individuais quanto

despertar o desenvolvimento de melhores programas assistenciais direcionados a

essa população.

Almeja-se, por meio desta pesquisa, fornecer dados relevantes sobre a real

situação da violência contra a pessoa idosa em Teresina – PI, para elaborar

estratégias de cuidados que visem à prática das ações de Enfermagem de forma

sistematizada, adequada e documentada, a fim de atender às necessidades

específicas desse seguimento populacional. Neste percurso, oferecer à comunidade

científica, social, institucional e acadêmica informações que possam ser utilizadas

para direcionar a assistência à saúde dos idosos.

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2 REFERENCIAL TEMÁTICO

2.1 Aspecto sociodemográfico do envelhecimento populacional

A longevidade da população é um fenômeno mundial. A proporção de

pessoas com idade igual ou superior a 60 anos cresce mais rapidamente que a de

qualquer outra faixa etária. Em 2025, existirá no mundo um total de

aproximadamente 1,2 bilhões de pessoas com mais de 60 anos e haverá dois

bilhões até 2050, sendo que 80% estarão nos países em desenvolvimento (WHO,

2005).

Há, no entanto, importantes diferenças entre os países desenvolvidos e em

desenvolvimento em relação ao processo de envelhecimento. Foi necessário mais

de um século para que a França tivesse a população idosa aumentada de 7% para

14% do total. Entretanto, essa mesma variação demográfica ocorrerá nas próximas

duas décadas, entre 2011 e 2031, no Brasil. A população idosa irá mais do que

triplicar nas próximas quatro décadas, de menos de 20 milhões em 2010 para

aproximadamente 65 milhões em 2050 (BRASIL, 2006; VERAS, 2012).

O envelhecimento populacional no Brasil tem ocorrido em ritmo acelerado,

acarretando modificações nas políticas sociais e se constituindo em um dos grandes

desafios da saúde pública. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde

(OPAS), o Brasil está entre os países que aumentam mais rapidamente o processo

de envelhecer (BRASIL, 2009; DUQUE et al., 2012).

Os dados do IBGE (2010) revelam um total de 20.590.599 pessoas acima de

60 anos. Destas, 8.022.990 são homens entre 60 e 79 anos, 1.133.122 são homens

entre 80 anos e mais de 100, totalizando 9.156.112 homens. A população idosa

feminina possui 9.632.024 mulheres entre 60 e 79 anos, 1.802.463 mulheres com

idade entre 80 e mais de 100 anos, totalizando 11.434.487 mulheres idosas. Dados

retratam que, em 2011, a esperança de vida do brasileiro chegou a 74,08 anos,

sendo que as mulheres estão vivendo sete anos a mais do que os homens.

Conforme dados divulgados pela Secretária de Direitos Humanos da

Presidência da República da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD)

de 2012, a população brasileira acima de 60 anos é de 24.800.000 pessoas, sendo

13.840.000 mulheres e 11.010.000 homens. Dados evidenciam que o percentual de

pessoas idosas já superou o de crianças em praticamente todas as regiões do

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Brasil, com exceção da região norte. As mulheres idosas são maioria em todas as

regiões, com exceção também do norte, na qual a divisão entre homens e mulheres

é igual (BRASIL, 2013a).

Segundo o censo demográfico de 2010, no Piauí há 331.877 idosos,

correspondendo a 10,6% da população do estado, enquanto em Teresina há 69.122,

equivalente a 8,5% dos habitantes. Destes, 28.579 (41,3%) são do sexo masculino e

40.543 (58,7%) do feminino. Destaca-se, também, que o Piauí é a unidade da

federação com maior percentual (58,2%) de pessoas idosas sem instrução ou com

menos de um ano de escolaridade (IBGE, 2010; BRASIL, 2013a).

Outro fenômeno que se destaca nesse processo de transição demográfica é a

feminização da velhice, em que o envelhecimento populacional também se tornou

uma questão de gênero, uma vez que as mulheres estão vivendo mais que os

homens (BRASIL, 2013a; CAMARANO, 2013).

Nesse contexto, as questões referentes ao processo de envelhecimento têm

despertado cada vez mais o interesse da sociedade devido ao acelerado processo

do envelhecer que vem ocorrendo. Isso se deve à redução da taxa de natalidade e

ao aumento da expectativa de vida proporcionados por inúmeros avanços

tecnológicos e científicos. Desse modo, a história de vida dessa população, incluindo

o acesso e a possibilidade de desfrutar de seus direitos como cidadão, contando

com o apoio do Estado, da sociedade e, principalmente, da família, assim como as

maneiras de enfrentar os problemas surgidos, desempenham papel fundamental na

obtenção ou não do envelhecimento saudável (HEIN; ARAGAKI, 2012).

Ademais, esse fenômeno não é homogêneo para todos os seres humanos. As

principais influências são a discriminação e exclusão relacionadas ao gênero, à

etnia, ao racismo, às condições sociais e econômicas, à região geográfica de origem

e à localização de moradia (BRASIL, 2006).

Logo, somadas às mudanças demográficas, ocorrem transformações sociais,

econômicas e epidemiológicas que requerem novas ações e atitudes dos serviços

de saúde, constituindo grandes desafios. As pessoas idosas consomem mais

serviços de saúde, as internações hospitalares são mais frequentes, quando

comparado a outras faixas etárias, o que torna necessário o planejamento de ações

efetivas para essa população. Alcançar a terceira idade com saúde depende não só

de fatores genético-biológicos, mas também do contexto social, cujos elementos não

são controláveis, a exemplo: as doenças típicas da velhice, da pobreza, do pouco

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acesso aos serviços de promoção da saúde e prevenção de doenças (FIGUEIREDO

et al., 2008).

Conforme Souza, Lautert e Hilleshein (2011), no Brasil, como explicitado

anteriormente, o processo de envelhecimento da população ocorre de maneira

acelerada e causa impactos aos serviços públicos, os quais estão despreparados

para suprir as demandas desse perfil demográfico. Nesse sentido, problemas como

transporte deficitário, insegurança e dificuldade de acesso aos serviços de saúde,

dentre outros, são questões que afetam negativamente a qualidade de vida da

população e, portanto, necessitam de atenção dos gestores.

Com o aumento da população idosa, surgirão fatores que irão aumentar o

número de pessoas idosas necessitadas de cuidados em longo prazo, visto que, nos

próximos anos, resultará em maior número absoluto dessa população fragilizada.

Projeções estimam que a quantidade de pessoas sendo cuidadas por não familiares

no Brasil irá duplicar até 2020 e será cinco vezes maior em 2040, em comparação

com 2008. Nesse cenário, destaca-se que alguns fatores de risco que alcançavam

na maioria o homem, principalmente o consumo do álcool e tabaco e o estresse no

trabalho, passarão também a atingir as mulheres, devido ao seu maior protagonismo

(VERAS, 2012).

Para Veras (2012), o sistema de saúde no Brasil precisa ser reformulado para

as variadas características demográficas e epidemiológicas decorrentes do aumento

da população idosa. A magnitude do aumento dos gastos em saúde com a

população idosa dependerá se estes anos a mais serão saudáveis ou de

enfermidades e dependência. Os desafios relacionados à saúde decorrentes do

envelhecimento da população serão a prevenção de doenças e fragilidades, a

manutenção da saúde, a independência e a autonomia. Assim, as políticas sociais e

de saúde destinadas a essa faixa etária devem levar em conta a promoção da saúde

e a manutenção da capacidade funcional.

Logo, os desafios da população idosa são globais, nacionais e locais. Superá-

los requer um planejamento inovador e reformas políticas tanto, em países

desenvolvidos como em países em desenvolvimento. Estes enfrentam os maiores

desafios e a maioria deles ainda não possui políticas abrangentes para o

envelhecimento (WHO, 2005).

Vale ressaltar que, para o ser humano, o envelhecimento, enquanto processo,

vem repleto de símbolos e valores incorporados, como maior grau de dependência,

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maior chance de adoecimento, abandono, solidão e perda da capacidade física. Por

vezes, é na dor do corpo que a velhice é percebida, o que os leva a pensar que o

envelhecimento é silencioso, identificando-o pelas perdas funcionais e/ou

vicissitudes do corpo, que passam a fazer parte da vida à medida que se envelhece

(BRETAS et al., 2010).

Contudo, o ato de envelhecer implica em mudanças constantes, e saber lidar

com as perdas, ao buscar novas aquisições durante todo o processo de

envelhecimento, é o que o torna saudável. Esse processo será mais gratificante

quanto maior for a capacidade de assimilação do indivíduo em relação às mudanças

físicas, psicológicas e sociais, adaptando-se, sem sofrer, aos novos papéis sociais

que desempenhará no decorrer de sua vida (BRETAS et al., 2010).

O envelhecimento populacional é um fenômeno que não afeta apenas o

indivíduo, mas a família, comunidade e sociedade. Reconhece-se, no entanto, que é

um processo normal, dinâmico, que envolve perdas no plano biológico, socioafetivo

e político, e que demanda vulnerabilidades diferenciadas por gênero, idade, classe

social, raça, regiões geográficas, dentre outras variáveis. Tais vulnerabilidades

refletem na expectativa de vida, na morbidade, na mortalidade prematura, na

incapacidade e na má qualidade de vida (ALENCAR; CARVALHO, 2009).

Nesse contexto, as percepções que as pessoas idosas atribuem a si mesmas

e ao processo de envelhecer, assim como os atribuídos por outros, influenciam a

rede de suporte, pois irão contribuir na realização ou na ausência de investimentos

tanto pessoais quanto familiares e da sociedade, para a pessoa idosa. Portanto,

torna-se importante não somente a divulgação, mas o acesso e o exercício dos

direitos conquistados nas legislações específicas voltadas a esses indivíduos (HEIN;

ARAGAKI, 2012).

Dessa forma, o processo de envelhecimento requer mudanças de ordem

individual, familiar e social, cada uma com suas especificidades e relevâncias. Ao

envelhecer, a pessoa idosa e sua família mudam, adquirem determinados direitos

legais e perdem outros pelas dificuldades orgânicas e mentais ocasionadas pelo

envelhecimento (FIGUEIREDO; TONINI, 2006).

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2.2 A violência contra a pessoa idosa como problema de saúde pública

A violência contra os idosos ocorre de diferentes formas e, por isso, sua

identificação se torna difícil, dependendo do contexto cultural em que esteja inserida,

ocorrendo em populações de diferentes níveis de desenvolvimento social e

econômico. É uma problemática que atinge todas as classes sociais, etnias, religiões

e culturas.

Esse é um problema social de grande magnitude que afeta toda a sociedade,

atingindo, principalmente, mulheres, crianças, adolescentes, pessoas idosas e

portadores de deficiência. A violência contra o idoso se manifesta de forma

estrutural, que está relacionada à desigualdade social (pobreza, miséria e

discriminação); interpessoal, que abrange as relações cotidianas; e institucional, a

qual se reflete na aplicação ou omissão de políticas sociais (BRASIL, 2006).

De acordo com o MS, são passíveis de notificação de violência contra a

pessoa idosa os casos suspeitos ou confirmados de violência física (incluindo maus-

tratos físicos ou abuso físico), violência psicológica, tortura, violência sexual, tráfico

de seres humanos, violência econômico-financeira, negligência e abandono. Por

isso, é preciso desenvolver uma nova maneira de se pensar o envelhecimento e as

necessidades do ser humano na velhice, entre as diferentes gerações e, também, há

necessidade de avaliar as questões de gênero na ocorrência dessa violência

(BRASIL, 2011; WANDERBROOCKE; MORE, 2012b). Além disso, é importante o

estabelecimento de novas estratégias para o manejo dos casos de violência

envolvendo o cuidado integral.

Nesse contexto, a violência contra a pessoa idosa ocorre em famílias de

todos os níveis econômicos, principalmente em sociedades que passam por

problemas econômicos e de desorganização social. Essa conformação viola os

direitos humanos e provoca lesões, doenças, perda de produtividade, isolamento e

desespero (KRUG et al., 2002).

Conforme evidencia Vilela (2009), são fatores de risco ou de identificação da

violência contra a pessoa idosa: a existência de dependência pelo declínio cognitivo,

a perda de memória ou dificuldades motoras para realizar atividades do dia a dia, a

pobreza; ter auxílio de apenas uma pessoa, repetidas ausências às consultas

agendadas, explicações duvidosas do idoso ou familiar para lesões e traumas; e três

ou mais quedas por ano.

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Nessa perspectiva, é importante a identificação dos fatores associados à

violência contra as pessoas idosas, visto que tem se tornado um grande problema

de Saúde Pública. Por isso, são muitas as questões a serem respondidas, tornando

fundamental a ampliação de investigações sobre os casos de violência (DUQUE et

al., 2012; ABATH; LEAL; MELO FILHO, 2012).

Estudo realizado por Duque et al. (2012) revelou que a maioria dos casos de

violência contra o idoso acontece ao sexo feminino (67,15%), com idade entre 60 e

69 anos (58,03%). Ademais, 46% dessas pessoas referiram ter estudado até três

anos, havendo uma equivalência entre indivíduos casados ou em união estável.

Cerca de 47% dos idosos convivem no domicílio com duas ou mais pessoas, a

maioria aposentada (63,20%). No que se refere à renda mensal, a maior parte

recebe de um a dois salários mínimos (71,53%), sendo que 91,88% contribuíam

para o sustento da casa.

Em outro estudo realizado por Mascarenhas et al. (2012), que objetivou

descrever as notificações de violência contra a pessoa idosa, foi evidenciado que

52,3% dos casos de violência aconteceram com o sexo feminino. A média de idade

foi de 71,1 anos, variando de 60 a 109 anos. 64,8% declararam-se brancos, 87,9%

referiram terem concluído até oito anos de estudo. A maioria dos casos de violência

ocorreu no domicílio (78,8%) e mais da metade das vítimas referiu já ter sido

violentada previamente (53,6%).

Em relação à natureza da lesão, predominaram os eventos que resultaram

em lesões com corte, laceração ou amputação (25,5%). A região da cabeça e

pescoço (44,3%) foi o principal alvo das lesões resultantes de violência contra a

pessoa idosa e o principal desfecho dos casos foi a alta (90,4%). Aproximadamente

6% dos casos evoluíram ao óbito. No que diz respeito aos tipos de violência sofrida,

foram: abuso físico (67,7%), violência psicológica (29,1%) e negligência (27,8%),

além dos casos de violência financeira (7,9%), abuso sexual (3,7%) e tortura (3,3%).

O meio mais utilizado para efetivar as agressões foi a força corporal (47,8%). A

maioria dos eventos de violência contra a pessoa idosa foi causada por agressores

do sexo masculino (66,4%), em sua maioria, filhos (32,2%) da vítima

(MASCARENHAS et al., 2012).

Ressalta-se que os atos de violência podem ser realizados dentro ou fora de

casa por um membro da família, ou por pessoas sem laços de sangue, mas que

mantêm uma relação de poder. É importante destacar que o núcleo familiar é o

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principal responsável pelo bem-estar da pessoa idosa. Entretanto, é o Estado que

deve estabelecer normas, regras ou leis de proteção contra os maus-tratos sofridos

por essa população (GAIOLI; RODRIGUES, 2008).

O não reconhecimento dos casos de violência como um grave problema e

que merece o total empenho da sociedade no seu combate, mesmo que as

situações vivenciadas sejam geradoras de sofrimento, pode impedir as pessoas de

buscarem uma solução ou enfrentamento mais efetivo na resolução de tal

problemática. Além de dificultar a reação, a naturalização dessas situações pode

ser a consequência, quando muitas vítimas idosas encontram uma explicação que

justifica a violência sofrida (WANDERBROOCKE; MORE, 2012b).

No Brasil, apesar dos vários avanços conseguidos nas políticas públicas

voltadas para o enfrentamento da violência contra a pessoa idosa, muito ainda

precisa ser feito para implementá-las, de modo a torná-las mais eficazes e eficientes.

Nesse contexto, é importante destacar que a atenção primária à saúde tem

importância nesse processo, porque proporciona acesso privilegiado à população e

possibilita a atuação dos profissionais na prevenção e na promoção da saúde e

encaminhamento dos agravos. Contudo, lidar com situações que envolvem violência

contra essa faixa etária exige preparo profissional, diante do isolamento e das

dificuldades em revelar os abusos sofridos, por vergonha ou medo de vingança dos

agressores (WANDERBROOCKE; MORE, 2012a; BRASIL, 2013a).

A violência é um fenômeno complexo que deve ser entendido como objeto

interdisciplinar. Em vista disso, a temática da violência contra o idoso tem assumido

maior importância para saúde pública em função da sua magnitude e desafios para

as políticas públicas.

Nesse sentido, mesmo com o aumento do envelhecimento, ainda é reduzido o

investimento em políticas públicas que possibilitem longevidade com qualidade de

vida para essa faixa etária. Apesar das conquistas de direitos por meio de leis e

políticas nacionais e internacionais, os casos de violência cometidos contra a

população idosa têm atingido grandes proporções na sociedade contemporânea,

aumentando a sua visibilidade. Além disso, existem políticas que estabelecem que a

rede de saúde deva estar sensibilizada e apta a prestar o atendimento adequado às

pessoas vítimas de violência. Entretanto, muitas vezes, essas políticas acabam

sendo negligenciadas (VILELA, 2009; RIBEIRO; SOUZA; VALADARES, 2012).

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É na terceira idade que as doenças são mais frequentes, por isso o idoso

requer mais cuidados por parte dos familiares. A falta de manejo, a sobrecarga de

seus cuidadores, intolerância, estresse ou falta de vínculo afetivo podem levar aos

maus-tratos às pessoas idosas. Esse fato tem contribuído para que milhões dessas

pessoas no mundo sejam vítimas diárias de violência decorrente de golpes com

objetos, empurrões, fraturas, queimaduras e outros ferimentos. Nesse sentido, a

violência parece causar a essa população o sentimento de incapacidade em lidar

com os filhos, netos, companheiro, levando-os à solidão e ao isolamento social

(VILELA, 2009).

Ao analisar a magnitude e a transcendência dos casos de violência na

terceira idade, tem sido percebido que a violência é uma problemática complexa, o

que tem exigido esforços e investimentos de todos os setores da sociedade. Além

disso, é necessária a realização de pesquisas científicas que possam ajudar a

revelar o problema de uma forma mais abrangente, detalhada, rigorosa e relevante.

Sendo assim, é importante aplicar verbas em programas de sensibilização pública

sobre o papel social dessa população (ABATH et al., 2010; LIMA et al., 2010).

É preciso despertar os membros da família para saberem lidar com as

exigências do envelhecimento, a fim de promover melhores condições para o

atendimento adequado dessas pessoas. Dessa forma, há uma necessidade urgente

de mudanças de rotinas e procedimentos a serem criados para uma melhor

prevenção da violência contra a pessoa idosa (ABATH et al., 2010; LIMA et al.,

2010).

Nesse contexto, com o intuito de combater a violência no estado do Piauí, foi

criado em 2007 o Centro de Referência e Enfrentamento à Violência contra a

Pessoa Idosa (CEVI), que faz parte da estrutura da Secretaria da Assistência Social

e Cidadania (SASC). O CEVI atua em parceria com a Delegacia de Segurança e

Proteção ao Idoso (DSPI) e com o Ministério Público, recebendo famílias em

conflitos, encaminhadas por esses órgãos para atendimento psicossocial e jurídico.

O CEVI presta atendimento especializado à população idosa por meio de

equipe multidisciplinar composta por núcleo jurídico, social e psicológico, que

desenvolvem ações de prevenção e promoção da cidadania às pessoas idosas

vítimas de violência e discriminação. Ademais, oferecem serviços de conciliação de

conflitos, enquanto prática social de realização da autonomia e da democracia,

educando e auxiliando a tomada de decisões e a compreensão das diferenças; e

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realizam orientações gerais sobre direitos humanos das pessoas idosas, informando

sobre garantias legais, encaminhando à rede de serviços e prestando

acompanhamento aos casos conforme sua especificação (PIAUÍ, 2013).

2.3 A enfermagem na assistência à pessoa idosa vítima de violência

O entendimento e reconhecimento da violência contra a pessoa idosa e da

dinâmica do sistema familiar exigem constante atualização dos profissionais da

saúde, buscando, principalmente, a identificação dos abusos e manejos corretos dos

casos (WANDERBROOCKE; MORE, 2012a). Assim, ressalta-se a importância dos

profissionais da Atenção Básica, em especial da Enfermagem, visto que estão

diretamente em contato com as famílias por meio dos programas de saúde.

Para esses profissionais, a família funciona como amparo e proteção aos

seus membros na terceira idade, sendo considerada violência familiar contra a

pessoa idosa aquilo que fere esse princípio, como: não cuidar, isolar, asilar, usufruir

de seus recursos financeiros e tirar a autonomia daqueles que são capazes de se

cuidar (WANDERBROOCKE; MORE, 2012a).

Sabe-se que devido ao subdiagnóstico e à subnotificação tem sido impossível

dimensionar a violência em sua totalidade. Assim, dispositivos legais, como a Lei

12.461 de 26 de junho de 2011 que reformulou o Estatuto do Idoso, regulamentado

pela Lei 10.741 de 01 de outubro de 2003, evidenciam a obrigatoriedade da

notificação compulsória pelos profissionais da saúde, de instituições públicas ou

privadas, aos seguintes órgãos: autoridade policial, Ministério Público, Conselhos do

Idoso (municipal, estadual e nacional), quando detectarem casos de suspeita ou

confirmação de violência contra a pessoa idosa (BRASIL, 2013a).

Os profissionais de saúde apontam que a promoção da saúde, prevenção de

agravos e recuperação das pessoas idosas doentes estão intimamente relacionadas

à incorporação, por esta, de um estilo de vida saudável, mediada pela compreensão

e adoção das orientações repassadas. A implantação da Estratégia de Saúde da

Família (ESF), neste cenário, possibilitou mudanças na vida das pessoas na terceira

idade (ALENCAR et al., 2010). Contudo, ainda existem muitos problemas que

afetam essa população, como as elevadas taxas de violência contra esses

indivíduos. Desse modo, os profissionais da saúde precisam ser mais eficazes na

identificação desses casos no âmbito familiar e buscar preveni-los.

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É importante destacar que no cotidiano do trabalho das equipes da ESF, as

ações coletivas na comunidade, as atividades de grupo e a participação das redes

sociais dos usuários são alguns dos recursos necessários para atuação nos

aspectos cultural e social. O desafio na atenção à pessoa idosa é conseguir

contribuir para que elas possam redescobrir possibilidades de viver com qualidade

de vida (BRASIL, 2006). A atenção primária é o contato preferencial dos usuários

com os sistemas de saúde e é a partir dessa assistência primária que o enfermeiro

deve trabalhar a problemática.

Portanto, espera-se que o programa de saúde da família seja capaz de servir

como um ponto de partida na resolução desse problema, fornecendo, assim,

informações para os estudos epidemiológicos e elaboração de indicadores de

avaliação e planejamento da assistência à população vítima de violência (LIMA et

al., 2010).

Conforme o MS, as ações que devem ser desenvolvidas pelo enfermeiro na

atenção básica sobre o envelhecimento e saúde da população idosa são: realizar

atenção integral às pessoas idosas; realizar assistência domiciliar; realizar consulta

de enfermagem, incluindo a avaliação multidimensional; solicitar exames

complementares e prescrever medicações; supervisionar e coordenar o trabalho dos

agentes comunitários de saúde e da equipe de enfermagem. Além disso, realizar

atividades de educação permanente e interdisciplinar junto aos demais profissionais

da equipe, orientar a pessoa idosa, os familiares e/ou cuidadores sobre a correta

utilização dos medicamentos (BRASIL, 2006).

Nesse contexto, nota-se que o enfermeiro é um profissional apto a identificar

casos de violência dentro do ambiente familiar, visto que ele tem obrigações e

responsabilidades com essa população. Ademais, exerce papel fundamental na

notificação compulsória nos serviços de saúde dos casos de violência contra a

pessoa idosa.

No que se refere às condutas realizadas pelo enfermeiro em relação aos

casos de violência, são duas as principais intervenções: a utilização da equipe

multiprofissional e a prática de acionar outros setores, como o conselho tutelar ou a

delegacia do idoso para resolução dos casos de violência (SALCEDO-

BARRIENTOS et al., 2011).

Assim, os profissionais da saúde, em especial, os da Enfermagem, que se

colocam no papel de cuidadores têm a oportunidade de tratar o problema da

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29

violência nesses indivíduos que chegam às diversas instituições de saúde. Por isso,

é importante que os profissionais estejam capacitados e aptos a lidar, identificar,

intervir e prevenir essa problemática (COLER; LOPES; MOREIRA, 2008).

Sendo assim, o cuidado de Enfermagem às vítimas de violência deve ser

planejado com o intuito de promover segurança, acolhimento, respeito e satisfação

das pessoas idosas. É importante refletir sobre o planejamento com base nos

instrumentos de Enfermagem, nas políticas públicas de saúde e na legislação

vigente, fundamental para a proteção das vítimas e prevenção de agravos futuros.

Entretanto, a falta ou a pouca resolução dos casos de violência torna o problema

ainda mais grave, pois tendem a afastar as vítimas do serviço de saúde, inibir a

denúncia e fortalecer a invisibilidade do problema (FERRAZ et al., 2009).

Nesse contexto, vale destacar o envelhecimento da população como uma

perspectiva real e que necessita de reflexões na área da Enfermagem, uma vez que

a tendência é de que os idosos representem uma parcela importante dos pacientes

assistidos, como relatado. Assim, a Enfermagem deve compreender e respeitar o

processo de envelhecimento ao desenvolver uma prática que valorize a

humanização do cuidado (TAVARES et al., 2010).

O cuidar exige da Enfermagem a utilização de instrumentos fundamentais

para o exercício profissional e envolvem observação, cuidado emocional, corpo, bom

senso, liderança, caráter humanitário, solidariedade, sensibilidade, técnica, relação

educativa, dentre outros elementos. Para tanto, é necessário o estabelecimento de

uma relação de cuidado, um processo interativo entre o cuidador e a pessoa que

está sendo cuidada; é preciso conhecimento técnico-científico, habilidade e

competência próprias da profissão, que favoreçam a percepção do ser humano nos

aspectos biológico, psicológico, social e espiritual (SILVA; TONELLI; LACERDA,

2003).

Assim, a Enfermagem não deve focar sua ação ou cuidado na assistência

somente à pessoa idosa portadora de doenças, mas também atuar na promoção,

educação, manutenção e recuperação de sua saúde de uma forma integral.

Respeitar a independência do idoso, ao primar pela participação deste no processo

de cuidado, pode ser considerado uma meta para a assistência qualificada. Ao

trabalhar com enfoque na promoção da saúde e prevenção dos agravos, deve-se

ressaltar a importância do desenvolvimento do autocuidado com a finalidade de

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30

garantir uma velhice saudável, por meio de mudanças de hábitos e adoção de novos

padrões de comportamento (MARTINS et al., 2007).

Os serviços de saúde e de Enfermagem precisam ter uma perspectiva que

vise promover o envelhecimento ativo, o qual pode ser determinado mediante o

acesso às consultas médicas, assistência domiciliar, participação em grupos

terapêuticos, fornecimento de medicamentos pela rede pública, vacinação, serviços

curativos e de saúde mental. O contexto domiciliar é, também, um espaço de

promoção da saúde, no qual a Enfermagem pode estabelecer parcerias com os

familiares dos idosos e apoiá-los no desempenho de atividades de cuidado,

incluindo orientações, treinamento e apoio psicológico (VICENTE; SANTOS, 2013).

Para que o enfermeiro seja capaz de identificar e intervir nos casos de abusos

que se manifestam em graus variáveis, é necessário que esse profissional de saúde,

bem como o próprio processo de trabalho em saúde, seja instrumentalizado para

compreensão nas múltiplas formas de manifestação da violência (SALCEDO-

BARRIENTOS et al., 2011).

Logo, os profissionais de saúde devem debater sobre casos de violência, a

fim de criar propostas de intervenção e melhorar o diagnóstico da ocorrência da

mesma. Esses profissionais devem estar preparados para diagnosticar casos

suspeitos ou confirmados de abusos, com o intuito de trabalhar com as pessoas

idosas e informá-las sobre os danos à saúde, as possíveis condutas e os seus

direitos (GAIOLI; RODRIGUES, 2008).

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31

3 METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa exploratória, descritiva, fundamentada nas

abordagens quantitativa e qualitativa, desenvolvida em duas etapas. A primeira com

os casos registrados em 2013 de violência contra o idoso no CEVI, e a segunda

constituída por idosos que foram entrevistados nos domicílios, com o intuito de

descrever e interpretar a percepção das pessoas idosas sobre as repercussões da

violência, os sentimentos em relação ao agressor e o apoio buscado pelas vítimas.

3.1 Primeira etapa: abordagem quantitativa

3.1.1 Local do estudo

Essa etapa da investigação ocorreu no CEVI a partir de buscas em banco de

dados, em Teresina – PI.

3.1.2 População/amostra do estudo

A delimitação da população/amostra deste estudo foi constituída por todas as

ocorrências de violência contra a pessoa idosa registradas no CEVI, no ano de

2013, totalizando 225 casos.

3.1.3 Instrumentos e procedimentos para coleta dos dados

Foi realizada a análise documental, mediante a observação das fichas

cadastrais no CEVI, com o propósito de identificar as características dos casos de

violência sofrida pelos sujeitos, utilizando-se formulário previamente testado com a

seguinte estrutura: caracterização sociodemográfica e econômica; aspectos

relacionados à violência sofrida pela vítima; e informações relacionadas ao agressor

(APÊNDICE A). Ressalta-se que alguns dados eram de registro obrigatório pelo

CEVI, mas existiam outros que eram de descrição subjetiva opcional por parte do

profissional que preencheu a ficha de ocorrência da pessoa idosa. Alguns dados

apresentados nos resultados são oriundos dessas informações subjetivas.

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Nesse sentido, em relação aos aspectos sociodemográficos e econômicos,

foram levantadas as seguintes informações: a faixa etária, o sexo, a escolaridade, a

situação conjugal, a renda familiar, a ocupação/profissão, a procedência, com quem

a pessoa idosa residia, e se possuía alguma doença antes de ser violentado.

No que concerne aos dados relacionados à violência sofrida, foi feito o

levantamento de informações sobre: o tipo de violência; o meio de agressão em

caso de violência física; o local de ocorrência da violência; o município e a zona

onde aconteceu a agressão; se a vítima foi violentada antes; se a vítima ainda

morava com o agressor; e se fez acompanhamento em algum setor de saúde após

ter sofrido violência.

No que se refere às informações sobre o agressor, valeu-se dos seguintes

levantamentos: quem era o agressor, o tipo de parentesco com a vítima, a faixa

etária, o sexo, se era usuário de álcool e drogas, e se houve registro da violência na

DSPI.

O período de coleta de dados aconteceu entre os meses de junho a agosto de

2014, realizada em três dias por semana nos turnos manhã e tarde. Os formulários

foram aplicados pela mestranda e por três acadêmicos de enfermagem da UFPI,

bolsistas de iniciação científica e previamente capacitados para este fim.

3.1.4 Organização e análise dos dados

Os dados coletados foram digitados no software Microsoft Excel e, em

seguida, exportados para o programa Statistical Package for the Social Sciences

(SPSS), versão 18.0, os quais foram tabulados e analisados.

A análise estatística foi de caráter descritivo simples, como distribuições de

frequências absolutas e percentuais. Foram calculados, também, médias e desvio-

padrão dos escores das variáveis quantitativas e proporções para as variáveis

qualitativas.

3.2 Segunda etapa: abordagem qualitativa

A segunda etapa do estudo necessitou de uma abordagem qualitativa,

considerando a subjetividade das informações relativas à violência sofrida pelas

pessoas idosas. Essa etapa da investigação trabalha com universo de significados

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mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos os quais não podem

ser reduzidos à operacionalização de variáveis, privilegiando, assim, os sujeitos

sociais, que detêm informações e interpretações sobre a realidade social (MINAYO,

2014).

3.2.1 Local do estudo

Teve como cenário os domicílios das pessoas idosas cadastradas no CEVI,

localizadas nas zonas norte, sul e leste/sudeste de Teresina – PI.

3.2.2 População/amostra do estudo

Para a análise qualitativa dos casos de violência foram sorteados 50

endereços para a realização das entrevistas dentre as 225 ocorrências de violência

contra a pessoa idosa registradas no CEVI, no ano de 2013. Dessa forma, o número

de participantes totalizou 17, referenciando-se no grau de saturação das falas

registradas nas entrevistas.

Os sujeitos foram selecionados utilizando os seguintes critérios de inclusão:

indivíduos de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 60 anos, residente no

município de Teresina – PI, melhor acessibilidade às residências e tivesse

disponíveis os endereços completos no CEVI, assim como, ter condições cognitivas

de responder às questões da pesquisa, tomando como base as pontuações obtidas

no Mini Exame do Estado Mental (MEEM).

Foram excluídos os que não obtiveram pontuações mínimas no MEEM, visto

que estavam com suspeita de déficit cognitivo, pois o sujeito não teria condições de

responder às questões de interesse da investigação.

3.2.3 Instrumentos e procedimentos para coleta dos dados

Para a coleta de dados foi utilizado um roteiro de entrevista (APÊNDICE B).

Este instrumento foi composto por indagações referentes aos casos de violência

sofridos pela vítima.

De acordo com Minayo, Deslandes e Gomes (2013), a entrevista é, acima de

tudo, uma conversa entre duas ou mais pessoas, realizada por iniciativa do

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entrevistador e que tem como objetivo construir informações pertinentes a um objeto

de pesquisa. Neste estudo, a opção pela técnica de entrevista semiestruturada deu-

se por esta combinar perguntas fechadas e abertas, em que o entrevistado tem a

possibilidade de discorrer sobre o assunto em questão sem se prender a indagações

formuladas.

Desse modo, as entrevistas com as pessoas idosas foram realizadas em seus

domicílios, em local onde a privacidade fora assegurada, durante os meses de

outubro e dezembro de 2014, em três ou quatro dias por semana nos turnos: manhã

e tarde. O contato com os sujeitos sobre a investigação se deu por meio da visita na

própria residência, onde foram apresentados os objetivos e as possibilidades de

participação na pesquisa.

Os participantes ou seus responsáveis eram informados sobre o estudo, com

ênfase na garantia do sigilo, bem como o direito de desistir a qualquer momento do

estudo, se assim fosse o desejo do pesquisado. Concordando com a participação,

foi assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO A),

atendendo aos princípios da Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de

Saúde (BRASIL, 2013b); as entrevistas foram gravadas em aparelho digital.

Foi aplicada a versão traduzida da Escala de Depressão Geriátrica (EDG-15)

de Yesavage e o MEEM (ANEXO B). Este é um instrumento validado e confiável de

avaliação da capacidade cognitiva. O MEEM foi elaborado por Folstein, Folstein e

Mchugh (1975) e é um dos testes mais empregados e estudados em todo o mundo.

Usado isoladamente ou incorporado a instrumentos mais amplos, permite a

avaliação da função cognitiva (BRUCKI et al., 2003; LOURENCO; VERAS, 2006).

Nesse sentido, o MEEM fornece informações sobre diferentes parâmetros

cognitivos, com questões agrupadas em sete categorias, englobando as seguintes

funções cognitivas com as respectivas pontuações: orientação temporal (5 pontos);

orientação espacial (5 pontos); registro de palavras (3 pontos); atenção e cálculo (5

pontos); recordação das palavras ditas anteriormente (3 pontos); linguagem (8

pontos) e capacidade construtiva e visual (1 ponto). Dessa forma, as pontuações do

MEEM podem variar de zero, sendo este o mínimo e que indica o maior grau de

comprometimento cognitivo das pessoas, até um total máximo de 30 pontos, que é a

melhor capacidade cognitiva (CHAVES, 2008).

Conforme Brucki et al. (2003) os pontos de corte no MEEM para os idosos

analfabetos são de 20 pontos; 25 pontos para idosos com um a quatro anos de

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estudo; 26,5 para aqueles com cinco a oito anos de estudo; 28 para pessoa idosa

com 9 a 11 anos de estudo; e 29 pontos para aqueles com mais de 11 anos de

estudo.

Destaca-se a importância das questões que influenciam a utilização desse

instrumento, sobretudo pelos ajustes necessários nos escores de pontuação quando

se trata de população mais idosa e analfabeta (MACHADO et al., 2011).

Como se tratava de participantes idosos e que passaram por situação de

trauma em suas vidas, foi utilizada a EDG-15 para identificar sinais e sintomas

indicativos de depressão nos sujeitos deste estudo. Conforme Silva et al. (2012),

essa escala apresenta 15 perguntas, com afirmações positivas ou negativas que

verificam sintomas depressivos. A pontuação de 0 a 5 considera a pessoa normal, 6

a 10 indica depressão leve a moderada, e 11 a 15 depressão severa.

Além disso, foi utilizado o diário de campo (APÊNDICE C) com o intuito de

registrar observações e comentários sobre as pessoas idosas, principalmente em

relação às condições socioeconômicas e ambientais em que vivem.

3.2.4 Organização e análise dos dados

Os dados produzidos a partir das entrevistas foram analisados buscando

descrever e interpretar a violência sofrida na percepção das pessoas idosas. As

falas foram analisadas considerando a análise temática.

No que refere à modalidade de análise temática, segundo Minayo (2014, p.

316):

[...] consiste em descobrir os núcleos de sentido que compõem uma comunicação cuja presença ou frequência signifiquem alguma coisa para o objeto analítico escolhido. Essa análise considera três etapas como importantes para a sua operacionalização, que são: pré-análise, exploração do material, tratamento dos resultados e interpretação.

Durante a primeira etapa ou pré-análise foi realizada uma leitura flutuante,

que consistiu em tomar contato exaustivo com o material, procurando impregnar-se

pelo conteúdo. Após a leitura flutuante, foi constituído o que Minayo (2014) descreve

como Corpus, procurando em seguida organizar o material para responder a

algumas normas de validade: exaustividade, homogeneidade e pertinência. Neste

estudo, agruparam-se os temas cuja frequência se articulam ao objeto de estudo.

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Na segunda etapa, que consiste na exploração do material, foi realizada a

operação de codificação, na qual os dados brutos foram transformados com vistas a

alcançar o núcleo de compreensão do texto, classificando-os e agregando-os,

escolhendo as categorias teóricas ou empíricas que comandaram a especificação do

tema. Essa fase requereu várias leituras das entrevistas, considerando os objetivos,

para evitar a perda de dados, constituindo ao final os códigos principais com ideias

similares (MINAYO, 2014).

Na terceira e última etapa, que compreendeu o tratamento dos resultados

obtidos e interpretação, foi trabalhada a classificação e agrupamento dos temas

significativos ou unidades de significação em núcleos temáticos (MINAYO, 2014).

Para fim de apresentação das falas das pessoas idosas utilizou-se a letra “E” com

número sequencial correspondente à ordem da entrevista, a fim de preservar a

identidade e o anonimato dos participantes.

Desse processo resultou a formação de três categorias para analisar os casos

de violência contra a pessoa idosa, a saber: “Marcas e repercussões da violência na

vida das pessoas idosas”; “Da raiva ao perdão expressado pelas pessoas idosas em

relação ao agressor”; “Redes de apoio às pessoas idosas vítimas de violência”.

3.3 Aspectos éticos e legais

O estudo foi realizado conforme as normas que regulamentam a pesquisa em

seres humanos, contidas na Resolução nº 466/2012, do Conselho Nacional de

Saúde (BRASIL, 2013b).

O projeto de pesquisa foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em

Pesquisa (CEP) da UFPI e aprovado com Certificado de Apresentação para

Apreciação Ética (CAAE) n° 20352813.6.0000.5214 (ANEXO C). Também foi

autorizada pela SASC (ANEXO D) para o acesso ao serviço onde os dados foram

coletados, sendo garantida a confidencialidade para fins de utilização das

informações coletadas.

As pessoas idosas entrevistadas receberam o TCLE previamente à coleta de

dados (ANEXO A). O mesmo foi assinado em duas vias, uma permaneceu com a

pesquisadora responsável e a outra com o participante da pesquisa. Ressalta-se

que a coleta de dados foi iniciada após a aprovação da proposta por parte do CEP

da UFPI.

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Os resultados desta pesquisa serão apresentados à Universidade Federal do

Piauí, em apresentação oral e escrita, e à Secretaria da Assistência Social e

Cidadania, por meio de relatório final.

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38

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados estão apresentados em duas seções: a primeira trata da etapa

quantitativa, na qual é abordada a caracterização sociodemográfica e econômica da

amostra do estudo, os dados relativos à violência sofrida pelas pessoas idosas e as

informações relacionadas ao agressor segundo a percepção da vítima.

A segunda seção compreende a etapa qualitativa, na qual são apresentadas

as categorias formuladas a partir dos núcleos temáticos resultantes das falas dos

depoentes.

4.1 Primeira etapa: abordagem quantitativa

4.1.1 Resultados

4.1.1.1 Caracterização das pessoas idosas vítimas de violência quanto aos aspectos

socidemográficos e econômicos

Na Tabela 1, foram organizadas as variáveis que dizem respeito à distribuição

de pessoas idosas vítimas de violência segundo as características

sociodemográficas e econômicas.

Tabela 1 – Distribuição dos dados das pessoas idosas vítimas de violência, segundo características sociodemográficas e econômicas. Teresina, PI, 2015 (n=225).

Variáveis n M (±DP) Mín.-Máx. %

Sexo

Masculino 76 33,8

Feminino 149 66,2

Faixa etária (anos) 76,3 (9,5) 60 - 105

60-69 63 28,0

70-79 72 32,0

80-89 72 32,0

≥90 18 8,0

Escolaridade

Analfabeto 69 30,7

Ensino fundamental 35 15,6

Ensino médio 14 6,2

Ensino superior 05 2,2

Sem informação 102 45,3

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39

(Continuação) Tabela 1 – Distribuição dos dados das pessoas idosas vítimas de violência, segundo características sociodemográficas e econômicas. Teresina, PI, 2015 (n=225).

Variáveis n M (±DP) Mín.-Máx. %

Estado civil

Solteiro 06 2,7

Casado/União estável 66 29,3

Viúvo 81 36,0

Sem informação 72 32,0

Procedência

Teresina 191 84,9

Outros municípios do Piauí 12 5,3

Outros Estados 02 0,9

Sem informação 20 8,9

Ocupação

Sem ocupação 08 3,6

Aposentado 172 76,4

Outras 07 3,1

Sem informação 38 16,9

Renda familiar*

Até 1 SM 79 35,1

1-3 SM 49 21,8

4-6 SM 11 4,9

Acima de 6 SM 01 0,4

Sem informação 85 37,8

Com quem a vítima morava

Sozinho 05 2,2

Cônjuge 16 7,1

Filhos 58 25,8

Outros familiares 88 39,1

Desconhecido 02 0,9

Sem informação 56 24,9

Quantidades de pessoas

que residem no

domicílio**

3,3 (1,6) 1- 8

1-2 pessoas 29 12,9

3-4 pessoas 41 18,2

5 ou mais pessoas 13 5,8

Sem informação 142 63,1

Possuía alguma doença

antes de ser violentado**

Doença crônica 39 17,3

Doença psiquiátrica 10 4,4

Nenhuma 12 5,3

Sem informação 164 73,0

Total 225 100,0

Fonte: Pesquisa direta. Legenda: SM: Salário Mínimo; DP: Desvio padrão; *Salário mínimo vigente: R$ 678,00. ** Registro opcionalmente pelos profissionais do CEVI.

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40

Das 225 ocorrências de violência contra a pessoa idosa registradas no CEVI,

no ano de 2013, predominou o sexo feminino com 149 (66,2%). Em relação à faixa

etária, constatou-se que 28% das vítimas possuíam entre 60 e 69 anos; 32% entre

70 e 79, assim como de 80 a 89; e 8% tinham 90 anos ou mais. A média de idade

das vítimas foi de 76,3 anos (±9,5), com idade mínima de 60 anos e máxima de 105

anos.

No que diz respeito à escolaridade, observou-se a baixa formação entre as

vítimas, dentre as quais 30,7% eram analfabetas e 15,6% tinham o ensino

fundamental. Entretanto, 45,3% das fichas de cadastro do CEVI não apresentavam

registro de informação sobre essa variável. No que se refere ao estado civil, houve

prevalência de viúvos (36%), seguido de casados ou em união estável (29,3%).

Porém, 32% das fichas estavam sem informação. A distribuição por procedência

demonstra que a maioria das vítimas era de Teresina (84,9%).

No que concerne à ocupação, a maioria era aposentada (76,4%) e apenas

3,6% não tinham ocupação. Quanto à renda familiar, as vítimas eram de baixa

renda, sendo que 35,1% ganhavam até um salário mínimo e 21,8% de um a três

salários. Entretanto, 37,8% das fichas estavam sem registro.

Ao analisar com quem a vítima morava, observa-se que 39,1% moravam com

outros familiares e 25,8% com os filhos. Contudo, 24,9% das fichas estavam sem

informações. Em relação à quantidade de pessoas que residiam no domicílio com a

vítima, constataram-se que 18,2% das vítimas residiam com 3 a 4 pessoas e 12,9%

com 1 a 2 pessoas. Porém, 63,1% das fichas não tinham registro de informação. A

média foi de 3,3 (±1,6), com mínimo de 1 pessoa e máximo de 8 pessoas.

Considerando a pouca informação existente no banco de dados do CEVI quanto à

presença ou não de doenças antes da agressão, os resultados revelaram que 39

idosos tinham doenças crônicas.

4.1.1.2 Aspectos relativos à violência sofrida pelas pessoas idosas e informações do

agressor

A Tabela 2 revela a distribuição dos dados relativos à violência sofrida pelas

pessoas idosas vítimas de violência.

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Tabela 2 - Distribuição dos dados relativos à violência sofrida pelas pessoas idosas vítimas de violência. Teresina, PI, 2015 (n=225).

Variáveis n %

Tipo de violência sofrida*

Física 27 12,0

Psicológica 123 54,7

Sexual 02 0,9

Abandono 42 18,7

Abuso financeiro/econômico 86 38,2

Negligência 70 31,1

Autonegligência 14 6,2

Outras 01 0,4

Meio de agressão utilizado na violência física (n=27)

Força corporal 15 55,6

Outros 01 3,7

Sem informação 11 40,7

Local em que ocorreu a violência

Na própria residência 191 84,9

Via pública 13 5,8

Ambiente de trabalho 01 0,4

Estabelecimento de saúde 02 0,9

Estabelecimento comercial ou bar 02 0,9

Sem informação 16 7,1

Município em que ocorreu a violência

Capital Teresina 212 94,2

Interior do estado 11 4,9

Outros estados 02 0,9

Zona em que ocorreu a violência

Urbana 199 88,4

Peri urbana 10 4,4

Rural 16 7,2

Se a vítima já tinha sido violentada antes**

Sim 15 6,7

Não 06 2,7

Sem informação 204 90,6

Se a vítima ainda morava com o agressor**

Sim 23 10,2

Não 70 31,1

Sem informação 132 58,7

Fez acompanhamento em algum setor da saúde após

ter sofrido violência**

Sim 03 1,2

Não 11 4,8

Sem informação 211 94,0

Total 225 100,0

Fonte: Pesquisa direta. * Pergunta de múltipla escolha. ** Registro opcionalmente pelos profissionais do CEVI.

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42

Em relação ao tipo de violência sofrida, a análise dos dados demonstra que a

pessoa idosa sofreu mais de um tipo de violência, quais sejam: violência psicológica

(54,7%), seguida de violência financeira/econômica (38,2%), negligência (31,1%),

abandono (18,7%), violência física (12%) e autonegligência (6,2%). No que se refere

ao meio de agressão utilizado na violência física, percebe-se a força corporal

(55,6%) como principal meio. Quanto ao local em que ocorreu a violência, houve o

predomínio da própria residência (84,9%) e 5,8% dos casos ocorreram na via

pública. No que concerne ao município em que ocorreu a violência, a maioria era de

Teresina, capital do Piauí (94,2%). Ao analisar a zona em que ocorreu a violência,

constatou-se que 88,4% das vítimas sofreram violência na zona urbana.

Dentre as poucas informações que tinham em relação à ocorrência anterior

de violência, a análise revelou que 6,7% dos idosos já tinham sido vítimas

previamente de violência. Porém, 90,6% dos registros não apresentavam

informações. No que diz respeito à vítima ainda morar com o agressor, 31,1% não

moravam e 10,2% ainda conviviam com o agressor. Entretanto, 58,7% dos registros

não tinham informações. Quanto à pessoa idosa ter sido acompanhada em algum

setor da saúde após ter sofrido violência, observou-se que três pessoas fizeram

acompanhamento. Entretanto, 94% das fichas estavam sem registro.

A Tabela 3 mostra a distribuição dos dados relativos ao agressor na

percepção da vítima.

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Tabela 3 - Distribuição dos dados relativos ao agressor* das pessoas idosas vítimas de violência. Teresina, PI, 2015 (n=260).

Variáveis n M (±DP) Mín.-Máx. %

Quem foi o agressor

Familiar 219 84,2

Patrão ou chefia 01 0,4

Conhecidos 15 5,8

Ladrão ou assaltante 01 0,4

Outros desconhecidos 12 4,6

Própria vitima 10 3,8

Sem informação 02 0,8

Grau de parentesco do

agressor em caso de agressão

familiar (n=219)

Filhos 149 68,0

Cônjuge 08 3,6

Companheiro (a) 17 7,8

Outros 43 19,6

Sem informação 02 0,9

Faixa etária (anos) 42,4 (14,8) 19 - 94

19-39 anos 60 23,1

40-59 anos 63 24,2

60 anos ou mais 14 5,4

Sem informação 123 47,3

Sexo do agressor

Masculino 157 60,4

Feminino 97 37,3

Sem informação 06 2,3

Se o agressor era usuário de

álcool e/ou drogas**

Sim 41 15,8

Não 119 45,8

Sem informação 100 38,4

O agressor foi denunciado na

delegacia do idoso**

Sim 40 15,4

Não 40 15,4

Sem informação 180 69,2

Total 260 100,0

Fonte: Pesquisa direta. Legenda: DP: Desvio padrão. * Número de agressores excede o número de notificações. ** Registro opcionalmente pelos profissionais do CEVI.

Os achados revelaram que 84,2% dos agressores eram da família, sendo

68% os filhos, seguido de 19,6% por outros familiares, como genro, nora, netos e

sobrinhos. Em relação à faixa etária do agressor, constatou-se uma média da idade

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de 42,4 anos (±14,8), variando de 19 a 94 anos, sendo as faixas etárias

predominantes a de 40 a 59 anos com 24,2%, seguido de 19 a 39 com 23,1%. No

que concerne ao sexo do agressor, a maioria era do sexo masculino, com 157

(60,4%). Nesta investigação, 15,8% dos agressores eram usuários de álcool e/ou

outras drogas e 45,8% dos agressores não faziam uso. Porém, 38,4% dos registros

não tinham informações. Ao analisar se o agressor foi denunciado na delegacia do

idoso, os dados revelaram que apenas 15,4% foram denunciados. Porém, 69,2%

dos registros não tinham informações.

Vale ressaltar que nesta pesquisa foi observada uma elevada porcentagem

de dados sem informação, visto que algumas variáveis deste estudo não eram de

registro obrigatório pelos profissionais do CEVI, isso reflete nas subnotificações,

comprometendo a qualidade do serviço e dificulta maiores informações acerca de

dados para estudos.

4.1.2 Discussão

4.1.2.1 Caracterização das pessoas idosas vítimas de violência quanto aos aspectos

sociodemográficos e econômicos

Na caracterização da amostra houve predomínio do sexo feminino (66,2%).

Esse resultado foi similar a outros trabalhos encontrados na literatura (GARCIA et

al., 2009; APRATTO JUNIOR, 2010; PINHEIRO et al., 2011; DUQUE et al., 2012;

MASCARENHAS et al., 2012; VELOSO et al., 2013; FAUSTINO; GANDOLFI;

MOURA, 2014).

Em relação à faixa etária, a realidade encontrada nesta pesquisa assemelha-

se com os resultados obtidos em outras investigações. Pesquisa realizada na base

de dados do SINAN, versão Net, retratou que a média de idade das pessoas idosas

vítimas de violência foi de 71,1 anos (±8,8 anos), variando de 60 a 109 anos. Outros

estudos apresentaram predominância de vítimas com a faixa etária de 60 a 69 anos

(PINHEIRO et al., 2011; DUQUE et al., 2012; MASCARENHAS et al., 2012;

FAUSTINO; GANDOLFI; MOURA, 2014).

No que se refere à escolaridade, observou-se a baixa formação entre as

vítimas. A baixa escolaridade se assemelha com a encontrada na literatura, com

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destaque para o nível fundamental (GARCIA et al., 2009; PINHEIRO et al., 2011;

MASCARENHAS et al., 2012; FAUSTINO; GANDOLFI; MOURA, 2014).

No que diz respeito ao estado civil, houve prevalência de viúvos (36%),

seguido de casados ou em união estável (29,3%). Tais achados se aproximam dos

encontrados em outro estudo, em que 58,1% das pessoas idosas eram solteiras,

viúvas ou separadas (MASCARENHAS et al., 2012). Outro estudo revelou que os

casados (32,9%) eram a maioria (PINHEIRO et al., 2011).

A maior parte das vítimas era de Teresina, capital do estado (84,9%).

Pesquisa realizada por Correia et al. (2012) retrata situação parecida, em que o

maior percentual das vítimas de violência residia na capital do estado, Recife, com

46,8%. Contraditoriamente, estudo realizado por Pinheiro et al. (2011) revelou maior

percentual proveniente do interior do estado, com 45,3%.

No que concerne à ocupação, esta pesquisa mostrou-se consoante ao

apresentado na literatura, em que destacam os aposentados (76,4%) (GARCIA et

al., 2009; PINHEIRO et al., 2011; FAUSTINO; GANDOLFI; MOURA, 2014).

Quanto à renda familiar, as vítimas eram de baixa renda. Isto é ratificado pelo

estudo de Faustino, Gandolfi e Moura (2014), no qual demonstra um predomínio de

pessoas idosas que foram vítimas de violência com renda de até um salário mínimo.

Oliveira et al. (2012) revelam que não é apenas o nível socioeconômico o

fator determinante para que a violência aconteça, mas outros fatores contribuem

para isso, como a falta de capacidade dos familiares, as condições de insuficiência

econômica e financeira e a existência de história de violência na própria família, os

quais impulsionam os familiares a violentarem os seus idosos.

Além disso, alguns autores evidenciam que a violência que se expressa

contra sujeitos da terceira idade tem suas raízes também em questões ligadas à

desigualdade social, retratada nas manifestações de pobreza e de miséria. Essa

situação de pobreza e miséria na velhice tende a aumentar a dependência física e

psicológica (SALCEDO-BARRIENTOS et al., 2011; BRASIL, 2013a).

De acordo com o Manual de Enfrentamento à Violência contra a Pessoa

Idosa, a população idosa desprovida financeiramente e dependente é vítima,

principalmente, de três formas perversas de violência, a saber: a violência estrutural,

a violência da discriminação e a violência da negligência (BRASIL, 2013a).

Dessa forma, na violência estrutural as pessoas são tratadas conforme os

seus bens e riqueza material, além de considerar a pobreza como culpa da própria

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pessoa. Na violência da discriminação considera “as pessoas idosas pobres como

um peso e um ser descartado”. E a violência da negligência está atrelada a falta

e/ou falha de serviços de saúde, de assistência e de apoio em geral para as pessoas

idosas (BRASIL, 2013a, p. 32).

A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República afirma que a

população idosa mais carente é a que sofre mais com as perversidades existentes

na sociedade, passando a ter mais problemas de saúde, maior dependência

econômica da família ou do Estado, maiores sofrimentos por abandono,

negligências, maus-tratos e internação em instituições asilares (BRASIL, 2013a).

Em relação à presença ou não de doenças antes de serem violentados, os

resultados deste estudo revelaram que 17,3% dos idosos tinham doenças crônicas.

Isso é ratificado na pesquisa realizada por Apratto Junior (2010), a qual evidenciou

que a grande maioria das pessoas idosas refere ter alguma doença crônica.

A pessoa idosa torna-se mais vulnerável à violência à medida que apresenta

maior dependência física ou mental (BRASIL, 2009). Estudo realizado por

Mascarenhas et al. (2012) identificou que 21,8% das pessoas idosas informaram

possuir algum tipo de deficiência ou transtorno, o qual incluía deficiência física,

mental, visual, auditiva, transtorno mental, de comportamento e outras

deficiências/síndromes.

Vale lembrar do fenômeno associado à população idosa, que é a feminização

da velhice, esta tem sido observada em diversas pesquisas. Esse fenômeno é

explicado pela maior longevidade que atinge as mulheres, isso devido aos maiores

cuidados de saúde por partes delas e a não exposição a situações de risco de morte

violenta, esta atinge mais os homens (KUCHEMANN, 2012; SANTOS; GRIEP, 2013;

FAUSTINO; GANDOLFI; MOURA, 2014).

Esse aumento da feminização é efeito de um processo em andamento, que

se torna evidente no momento em que a população de maneira geral passa por um

aumento da expectativa de vida. As mulheres compõem a maioria da população

idosa em todas as regiões do mundo. O número de pessoas idosas do sexo

feminino é bem maior o do sexo masculino, e as mulheres vivem de cinco a sete

anos a mais (NICODEMO; GODOI, 2010).

Além do aumento da longevidade feminina, também se têm observado as

desigualdades por sexo causadas pelas condições estruturais e socioeconômicas

em muitos casos e que alteram as condições de saúde, renda e a dinâmica da

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família, impactando, assim, nas demandas por políticas públicas e serviços de

saúde, educação, segurança e social. Para muitas mulheres idosas viver mais não

significa viver com qualidade (NICODEMO; GODOI, 2010).

Autores afirmam que a longevidade feminina em comparação a masculina

pode ser considerada um ganho. Entretanto, além de mais longevas, as mulheres

idosas são mais frágeis, mais vulneráveis socialmente à pobreza, baixo nível de

escolaridade e menor status social, estando mais vulneráveis a sofrer violência e

ausência de cuidados (DEBERT, 2004; DOMINGUES et al. 2013).

4.1.2.2 Aspectos relativos à violência sofrida pelas pessoas idosas e informações do

agressor

No que diz respeito ao tipo de violência sofrida, esta investigação evidenciou

que a pessoa idosa sofreu mais de um tipo de violência, com predomínio da

psicológica (54,7%). Outra pesquisa obteve resultado similar aos dados deste

estudo, a qual evidenciou que 55,24% das pessoas idosas sofreram violência

psicológica (OLIVEIRA et al., 2012).

Outras investigações também confirmam os achados neste estudo, no qual foi

revelado o abuso psicológico como um dos principais tipos de violência presente na

velhice. Além de ter sido observada a interrelação com os demais tipos de violência,

pois, em sua maioria, se sobrepõem, estando presentes mais de um tipo em uma

mesma agressão (OLIVEIRA et al. 2013; GONÇALVES et al. 2014; FAUSTINO;

GANDOLFI; MOURA, 2014).

Na investigação realizada por Faustino, Gandolfi e Moura (2014) sobre a

presença de situações de violência contra a pessoa idosa, constataram que a

violência psicológica foi a mais prevalente, na qual 37% dos idosos relataram já ter

sofrido humilhação, insulto, grosseria, gritos e ameaças, e 24% a discriminação, ou

seja, passaram por alguma situação de desrespeito. No estudo de Reis et al. (2014),

a rejeição, a depreciação e o desrespeito foram as principiais expressões

mencionadas pelas pessoas idosas referente à violência psicológica.

Conforme o Manual de Enfrentamento à Violência contra a Pessoa Idosa, a

violência psicológica se refere a todas as “formas de menosprezo, de desprezo e de

preconceito e discriminação” contra a pessoa idosa (BRASIL, 2013a, p.40).

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Resultado contrário aos achados nesta pesquisa foi encontrado na base do

SINAN – Net, em que os tipos de violência mais relatados foram: abuso físico

(67,7%), violência psicológica (29,1%) e negligência (27,8%). Em menor proporção,

foram referidos casos de violência financeira (7,9%), abuso sexual (3,7%) e tortura

(3,3%) (MASCARENHAS et al., 2012). Além desses dados, foi evidenciado que, com

exceção do abuso físico, significativamente mais frequente entre os homens, os

casos de violência psicológica, negligência, financeira, sexual e tortura

apresentaram frequência significativamente maior entre as mulheres.

Nesta pesquisa foi possível identificar que 6,2% das vítimas provocaram a

autonegligência. Conforme dados apresentados pelo Manual de Enfrentamento à

Violência contra a Pessoa Idosa, Teresina – PI faz parte das cinco capitais com as

mais elevadas taxas de mortalidades por lesões autoprovocadas em idosos no ano

de 2011. A autonegligência é um tipo de violência em que o próprio indivíduo

provoca o mal contra si mesmo. Logo, um dos primeiros sinais desse tipo de

violência é a “atitude de se isolar, de não sair de casa e de se recusar a tomar

banho, de não se alimentar direito e de não tomar os medicamentos, manifestando

clara ou indiretamente a vontade de morrer” (BRASIL, 2013a, p. 44).

As principais causas da morte autoinfligida são o isolamento social, as

negligências vivenciadas com a situação social e de saúde, as doenças graves, os

transtornos mentais, a depressão, os conflitos familiares e conjugais. Sendo que o

isolamento social é o fator de risco de maior frequência (BRASIL, 2013a).

A força corporal (55,6%) foi o meio de agressão mais utilizado na violência

física. Outras pesquisas também identificaram a predominância da força corporal

nas agressões contra as pessoas idosas (ABATH et al., 2010; MASCARENHAS et

al., 2012; OLIVEIRA et al., 2012). Já na pesquisa desenvolvida por Freitas et al.

(2007), foi revelado que os meios utilizados como violência foram ameaças,

seguidos de lesão corporal, calunia e difamação.

Pinheiro et al. (2011) destacam entre as agressões sofridas pelos idosos: o

desrespeito ao Estatuto do Idoso (27,3%), diante da submissão do indivíduo a

condições desumanas ou degradantes, privação de alimentos e cuidados

essenciais, além da apropriação dos benefícios, proventos ou pensão; ameaça

(26,4%); lesão corporal (10,4%) e injúria (9,7%).

No que se refere ao local da violência, houve o predomínio da própria

residência (84,9%). Estudo corrobora com o que foi encontrado, no qual evidencia

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que a maioria dos episódios de violência contra idosos ocorreu no domicílio (78,8%)

(MASCARENHAS et al., 2012).

Dentre as poucas informações que tinham em relação à ocorrência anterior

de violência, visto que não é obrigatório o registro pelo CEVI por ser uma informação

mais subjetiva da pessoa que está preenchendo o registro, a análise revelou que 15

idosos já tinham sido violentados. Apesar do dado coletado não revelar a violência

de repetição, a literatura aponta que mais da metade das vítimas referiu ter sido

violentada previamente (53,6%) (MASCARENHAS et al., 2012).

Nesta pesquisa foi evidenciado que 31,1% das vítimas não moravam mais

com o agressor. Estudo conduzido por Garcia et al. (2009) evidenciou que 37,5%

dos filhos agressores ainda residiam na mesma casa da vítima.

Nesta investigação apenas três pessoas idosas fizeram acompanhamento em

algum setor da saúde. Conforme dados de 2012 apresentados pela Secretaria de

Direitos Humanos da Presidência da República, as mulheres usam mais os serviços

públicos por lesões e traumas provocados por violências e acidentes do que os

homens (BRASIL, 2013a).

Os achados revelaram que a maioria dos agressores era da família, com

destaque para os filhos, 68%, o que caracteriza um predomínio da violência

intrafamiliar. Pesquisa corrobora com a realidade encontrada, evidenciando que os

agressores eram, em sua maioria, filhos (32,2%), pessoas desconhecidas (15,6%), e

parceiros conjugais (13,9%) (MASCARENHAS et al., 2012). Outros estudos também

constataram que os filhos eram os principais agressores (GARCIA et al., 2009;

ABATH et al., 2010).

Para o Ministério da Saúde a violência intrafamiliar é aquela que acontece no

seio familiar, a partir de vínculos de parentesco, ou por afinidade e afetividade.

Apresenta-se de várias maneiras e com diferentes formas de gravidade, que não se

produzem isoladamente, mas fazem parte de um processo crescente de episódios,

sendo o homicídio o ponto mais extremo de agravamento na vida da pessoa idosa.

Tem-se observado que o idoso é mais vulnerável a essa violência na medida em

que apresenta maior dependência física ou mental em relação aos familiares e

cuidadores (BRASIL, 2006).

Para Matos (2010), o gênero feminino se assume como a principal vítima de

violência e os filhos representam os principais agentes. Segundo Shimbo, Labronici

e Mantovani (2011), a agressão intrafamiliar constitui-se de qualquer ação ou

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omissão, supressão de direitos e da liberdade provocada por um membro familiar,

no lar ou fora dele. Esse fenômeno tem crescido mais nas áreas urbanas das

metrópoles.

Nesse sentido, a OMS relata que a violência ocorre como uma ruptura de

expectativa positiva por parte das pessoas que convivem com a pessoa idosa, com

destaque para os filhos, os cônjuges, os parentes, os cuidadores, a comunidade e a

própria sociedade (BRASIL, 2013a).

Nesta investigação, constatou-se uma média da idade do agressor de 42,4

anos (±14,8). Resultado similar foi encontrado por Pinheiro et al. (2011), quanto ao

perfil dos idosos que sofreram violência atendidos em uma instituição de Salvador,

onde a média de idade do agressor foi de 40 anos e o desvio padrão de 14,5 anos.

A maioria dos eventos de violência contra a pessoa idosa foi causada por

agressores do sexo masculino (60,4%). Outras pesquisas apresentam resultados

semelhantes à realidade encontrada em Teresina – PI (GARCIA et al., 2009; ABATH

et al., 2010; PINHEIRO et al., 2011; MASCARENHAS et al., 2012).

Desse modo, nota-se neste estudo a questão de gênero associada à violência

na velhice, com mais de 60% das vítimas mulheres e 60% dos agressores, homens.

Segundo o Manual de Enfrentamento à Violência contra a Pessoa Idosa, as

diferenças de gênero tornam a violência mais crítica (BRASIL, 2013a).

Nesta investigação, foi evidenciado que 15,8% dos agressores eram usuários

de álcool e/ou outras drogas. Pesquisa aponta que 40,4% das vítimas suspeitaram

da ingestão de bebida alcoólica pelo agressor (MASCARENHAS et al., 2012). Em

outro estudo realizado no Ceará, constatou-se que em 57% das denúncias os

agressores eram dependentes de drogas lícitas ou ilícitas, sendo que 96% dos

casos usavam álcool (SOUZA; FREITAS; QUEIROZ, 2007).

Para Machado et al., (2014), o uso de drogas pelos membros da família da

pessoa idosa proporciona um ambiente familiar desestruturado, que tem levado a

atos violentos contra essas pessoas, tornando essa problemática abrangente e

complexa que necessita da intervenção do Estado e dos profissionais de saúde.

Mascarenhas et al. (2012) afirmam que a dependência alcoólica está

associada à violência contra as pessoas idosas e os agressores geralmente

apresentam distúrbios psiquiátricos, uso de drogas e problemas de relação com a

família.

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Ao analisar se o agressor foi denunciado na delegacia do idoso, os dados

revelaram que apenas 15,4% foram denunciados. Conforme Badan Neto et al.

(2009), com o Estatuto do Idoso, as denúncias de abuso e maus-tratos tornaram-se

obrigatórias, o que por si só levariam a um aumento nas notificações. Porém, ainda

é alarmante a discrepância entre a alta prevalência dessas ocorrências em pessoas

idosas e as baixas taxas de denúncias. Acredita-se que isso aconteça por medo da

pessoa idosa, visto que os agressores geralmente são os cuidadores ou entes da

família.

Nesta investigação foi observada uma elevada porcentagem de dados sem

informação, em que muitas fichas estavam sem registro. Nesse sentido, Veloso et al.

(2013) afirmam que um aspecto importante do dispositivo de notificação está

relacionado à necessidade de registro dos dados coletados nas fichas, pois estas

informações devem subsidiar o poder público e as três esferas de gestão do Sistema

Único de Saúde (SUS) para a definição de prioridades e de políticas públicas de

prevenção da violência e de promoção da saúde, articulando as diversas redes de

cuidados. Nesse contexto, é fundamental que os profissionais realizem o adequado

preenchimento de todos os dados que compõem as fichas de investigação.

4.2 Segunda etapa: abordagem qualitativa

Nesta seção do estudo, apresentam-se a análise e discussão das categorias

temáticas formuladas com base nas falas dos 17 participantes desta fase, a partir da

aplicação do MEEM e a saturação das falas dos idosos. O MEEM foi aplicado em 22

idosos, e destes, apenas 17 apresentaram pontuações dentro do padrão

considerado normal. Dessa forma, as pontuações obtidas por estes variaram de 20 a

28 pontos, com predomínio da pontuação 20, com quatro sujeitos. Diante disso,

percebe-se que os entrevistados tinham uma boa função cognitiva, estando aptos

para responderem às questões da entrevista. Apesar de alguns sujeitos terem obtido

20 pontos no teste, esse resultado está de acordo com o padrão para pessoas

idosas analfabetas, conforme citado. As cinco pessoas que não obtiveram o mínimo

de 20 pontos nesse teste foram excluídas do estudo, não sendo efetuadas as

entrevistas com os mesmos.

Logo, esses participantes responderam às questões investigativas para

desvendar o objeto da pesquisa que, para Minayo (2014), é o momento no qual se

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estabelecem articulações entre os dados e os referenciais teóricos definidos no

estudo, buscando responder as questões norteadoras da pesquisa, com base nos

objetivos propostos.

Além disso, por meio das observações feitas a partir do diário de campo foi

possível fazer a caracterização dos domicílios visitados. Estes apresentaram

variações que foram desde domicílios de baixa condição socioeconômica, em sua

maioria com situação de pobreza e de precariedade, até residências de moradores

de alto poder aquisitivo.

Portanto, por meio do diálogo estabelecido nas entrevistas domiciliares com

as pessoas vítimas de violência na velhice, mergulhou-se no universo do seu

conhecimento e foi possível extrair dos depoimentos informações convergentes para

formular unidades de significação que possibilitaram a construção de três categorias

obtidas por meio da técnica da análise temática, a saber: “Marcas e repercussões da

violência na vida das pessoas idosas”; “Da raiva ao perdão expressado pelas

pessoas idosas em relação ao agressor”; “Redes de apoio às pessoas idosas

vítimas de violência”.

4.2.1 Categorias Temáticas

4.2.1.1 Marcas e repercussões da violência na vida das pessoas idosas

Nesta categoria, os depoimentos que convergiram para a formulação da

unidade de significação apresentaram conteúdos que demonstram o

reconhecimento das marcas e repercussões da violência na vida da pessoa idosa.

Desse modo, foram discutidos os reflexos dessa violência. Foram verbalizadas as

consequências na saúde física, emocional e social com o trauma vivido, que de

alguma maneira acabou deixando reflexos negativos na vida dos depoentes.

Destaca-se que as marcas e as repercussões da violência constituem o eixo

desta categoria, mas não se pode perder de vista a singularidade de cada relato

extraído das narrativas que continuam sendo analisadas como um todo, sempre

buscando a essência que as direcionam a um núcleo principal.

Nesse contexto, não é de hoje que a problemática da violência em todas as

faixas etárias, principalmente, na terceira idade, tem sido uma preocupação da

sociedade e do Estado, pois provoca graves transtornos físicos, emocionais e

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sociais, comprometendo o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas idosas

(VIEIRA et al., 2009; BRASIL, 2011).

Esses transtornos físicos, emocionais e sociais deixam consequências na

vida de qualquer indivíduo que já passou por alguma situação de violência. Nesse

sentido, o diálogo com esses participantes permitiu identificar as marcas e

repercussões da violência na própria percepção da vítima, e que esses sentimentos

são decorrentes das vivências e experiências diretas do tipo de violência sofrida,

conforme expressam os relatos que seguem:

[...] o que marcou mais foi o sentimento de falta de respeito com minha pessoa, as palavras ditas por ela (nora) [...] (E1) [...] foi essa sensação de ter tido tantos filhos e no final da minha vida ser abandonada, sou muito doente e preciso de alguém pra cuidar de mim [...] (E2) [...] o fato de viver aqui nessa casa sozinho e tenho que pagar uma pessoa pra fazer as coisas pra mim [...] me sinto abandonado desde que minha querida mulher faleceu [...] (E5) [...] a falta de amor deles (filhos) [...] o certo é o filho cuidar dos pais, né não?! (E10) [...] o que foi mais marcante pra mim é a pessoa ficar me desprezando, não me respeitar, eu gosto muito do respeito [...] eu não gosto de saliência, de apresentação, a pessoa tá criticando os outros, isso é muito chato, você já tá numa idade que chega um e fica criticando [...] (E12)

Pelos relatos acima, percebe-se fatos que marcaram a vida das pessoas

idosas com a violência sofrida, a saber: o abandono dos filhos, a falta de amor e

afeto dos familiares, o desprezo e o desrespeito. Esses depoimentos confirmam a

violência psicológica (54,7%), a negligência (31,1%) e o abandono (18,7%)

evidenciados nos dados quantitativos desta investigação.

Esses achados corroboram com estudo realizado sobre as representações

sociais dos idosos acerca da violência na velhice, o qual retrata os aspectos mais

associados com a violência, dentre estes, a negligência, o preconceito, o

desrespeito, a falta de afeto, o abandono, a discriminação e o abuso econômico

(ARAUJO; LOBO FILHO, 2009).

Pesquisa realizada sobre a expressão da violência doméstica contra as

pessoas idosas revela que os idosos são negligenciados por seus próprios parentes,

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pois estes não forneciam os cuidados básicos necessários ao desenvolvimento

físico, emocional e social da pessoa idosa (REIS et al., 2014).

Constata-se, pelos depoimentos citados, que uma das marcas na vida da

pessoa idosa foi a sensação de ter sido abandonada pelos próprios filhos. Percebe-

se que, na sociedade atual, muitos idosos estão sendo abandonados ou

desprezados pela família, não sendo amados e nem respeitados, refletindo na sua

saúde física, mental e social.

Essas informações são ratificadas pela pesquisa de Wanderbroocke e More

(2012a), na qual afirmam que a negligência ou abandono são apontados como

atitudes violentas dos familiares em relação às pessoas idosas.

De acordo com Minayo (2006), a negligência é caracterizada pela recusa ou

omissão dos cuidados necessários às pessoas idosas. A negligência explica as

formas de menosprezo e de abandono. Este representa a ausência ou renúncia das

pessoas idosas e é caracterizado como um tipo de violência das mais perversas

contra a terceira idade.

Nesse sentido, é evidente que a pessoa idosa, ao ser abandonada, estará ao

mesmo tempo sendo impedida do convívio familiar, do carinho, do afeto, do respeito

e da proteção da família. Isto, por sua vez, culmina na tristeza, solidão, sensação de

desamparo, desprezo, de não ser querido no seio familiar, propiciando o

desencadeamento de outras doenças, o isolamento social e a falta de ânimo para

continuar a fazer coisas novas. A OMS evidencia que as mudanças sociais,

econômicas e culturais que ocorrem em algumas sociedades em desenvolvimento,

como o Brasil, tornam as famílias menos capazes de cuidar das pessoas idosas

frágeis, provocando o abandono destas (KRUG et al., 2002).

Conforme Karam (2014), qualquer idoso, ao ser abandonado, também estará

sendo impedido do convívio com a família, o que desencadeará sentimentos

negativos, como a rejeição, a tristeza, a angústia, a saudade, gerando, assim, o

desenvolvimento de transtorno biopsicossocial.

É triste para o indivíduo, na fase da vida em que mais precisa de alguém, de

alguma companhia, ser abandonado. Esse tipo de violência é caracterizado como

uma das maneiras mais desumanas de abuso contra a pessoa e, em se tratando de

pessoas idosas, agrava mais ainda a situação, visto que estas pessoas sofrem com

tantas outras mazelas da sociedade (BRASIL, 2013a).

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Conforme o Manual de Enfrentamento à Violência contra a Pessoa Idosa, as

principais queixas de abandono contra a pessoa idosa são: ser retirada de seu

ambiente domiciliar contra a sua vontade, ser isolada e privada de conviver com

outros membros da família, ser deixada sem assistência, entre outros (BRASIL,

2013a). Portanto, nesta pesquisa, fica evidente que um dos depoentes ficou sem

assistência, visto que não tinha uma pessoa para cuidá-lo, e sem a presença de

entes queridos.

Pesquisa realizada por Aboim (2014) identificou o abandono atrelado a uma

dor que invade o íntimo do ser humano, associado à solidão. Esse tipo de violência

também está relacionado à ausência de redes de amparo e, principalmente, ao

medo do abandono à medida que a autonomia é perdida. Além disso, revela que o

maior medo do abandono é na fase de maior debilitação da pessoa idosa.

Nesse contexto, estudos revelam que para as pessoas idosas, as perdas e

abandono vivenciados em épocas anteriores são mostrados como fatores de

insatisfação, que levam ao desencadeamento de um estado doentio do ser humano.

Desse modo, a negligência individual, familiar, social ou institucional contra o idoso

consiste em um tipo brutal de agressão (PESTANA; ESPÍRITO SANTO, 2008;

BRASIL, 2013a; VELLO; PEREIRA; POPIM, 2014).

Vale ressaltar que os participantes desta investigação também sofreram

abandono afetivo, exemplificado pela falta de amor dos familiares. Esse tipo de

abandono, conforme Karam (2014) é considerado como a falta de amor, de carinho

e de afeto. Para esta autora, nas leis brasileiras não está previsto a obrigação

jurídica de amar, tendo em vista que esse é um sentimento conquistado e não

imposto. Contudo, o direito à convivência familiar está respaldado no artigo 3º do

Estatuto do Idoso, sendo essa uma obrigação de assistência que os filhos têm para

com seus pais, garantindo, no mínimo, o amparo e um convívio saudável.

Outro fato marcante evidenciado com esta pesquisa foi o desprezo e o

desrespeito para com a pessoa idosa. Essas atitudes caracterizam a violência

psicológica, esta é associada a qualquer forma de menosprezo, desprezo,

preconceito e discriminação contra o idoso (BRASIL, 2013a).

O desrespeito é uma postura tão presente na sociedade que talvez as

pessoas o considerem normal, mas esse tipo de comportamento tão banalizado no

cotidiano das pessoas se trata de um sério problema. Esse fato é confirmado por

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Krug et al. (2002), que revela a falta de respeito, principalmente, por parte das

gerações mais jovens, como uma das formas de maus-tratos às pessoas idosas.

Também foi possível identificar nestes discursos as marcas e repercussões

deixadas pela violência econômico-financeira e patrimonial sofridas, a exemplo:

abusos, roubos, assédio ao recurso financeiro e pertences roubados. São cada vez

mais frequentes as pessoas idosas, principalmente as que se encontram em

situação de dependência, serem vítimas de abuso financeiro, como expressam os

depoimentos abaixo:

[...] a confusão começou quando meu filho fez uns empréstimos no meu cartão, aí meus outros filhos não gostaram e denunciaram ele [...] ele dizia que cuidava de mim, então ia fazer o que queria com o meu benefício [...] (E6) [...] a sensação de tá sendo enganado (roubado), me sentia incapacitado para resolver a situação [...] (E7)

[...] foi eu ter ficado sem minhas máquinas de costuras [...] nossa! Doeu muito em mim, fiquei triste, chorava muito, fiquei muito abatida [...] (E9)

Diante dos depoimentos citados, foram percebidos outros fatos negativos que

marcaram a vida das pessoas idosas, a saber: o fato de ter sido enganado

(roubado), a posse da aposentadoria por membros da família e bens materiais que

foram roubados. Esses relatam subsidiam a violência financeiro/econômico (38,2%)

apresentada nos dados quantitativos deste estudo.

Isso tem sido um ponto negativo da sociedade. Esta deveria contribuir para a

inserção do idoso no mercado de trabalho, pois ter seu próprio negócio não seria

somente um meio de sustento, mas também de ocupação da mente, proporcionando

um envelhecimento mais saudável e ativo. Porém, ao se deparar com situações de

engano, em vez de proporcionar este incentivo a continuar trabalhando, o idoso se

retrai e fica com medo de ser usurpado novamente.

Outro ponto importante que merece ser destacado é o fato de familiares

usurparem do recurso financeiro das pessoas idosas, utilizando este dinheiro para

outros fins, e não necessariamente para o benefício próprio do idoso. Talvez isso

seja uma prática comum, onde muitas pessoas idosas, além de contribuírem para o

sustento da casa, ainda tenham que cobrir despesas da família, passando por

exploração financeira.

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Pesquisa ratifica os achados nesta investigação, na qual evidencia que as

pessoas idosas sofrem exploração financeira pela própria família, especialmente

através da apropriação indevida de bens matérias e de dinheiro (REIS et al., 2014).

Outra constatação que merece destaque são os assaltos. Essa prática afeta

todas as classes sociais e praticamente todas as faixas etárias, incluindo a terceira

idade. Sabe-se que a questão da segurança pública deixa a desejar. São comuns

nos noticiários de televisão os assaltos aos idosos, principalmente dos cartões da

aposentadoria.

Para Castro et al. (2013), as pessoas idosas constituem um grupo vulnerável

ao desrespeito, às desconsiderações, aos atos violentos, e, caso sejam

dependentes de seus familiares ou cuidadores, ficam sujeitos a abusos, sobretudo o

financeiro.

O Manual de Enfrentamento à Violência contra a Pessoa Idosa ressalta que o

abuso econômico-financeiro se refere às disputas familiares pelos bens do idoso,

aos atos delituosos efetuados pelos órgãos e entidades públicos e privados em

relação às pensões, aposentadorias e outros bens das pessoas idosas. Estas são

vítimas ainda de estelionatários e de várias modalidades de abusos financeiros

cometidos por criminosos, como os roubos e furtos das aposentadorias. Além disso,

infelizmente, os abusos financeiros por si só causam marcas negativas na vida do

idoso e para agravar a problemática é comum estarem associados a outras formas

de violência, principalmente a física e psicológica (BRASIL, 2013a).

Estudos revelam que alguns idosos, apesar de provedores economicamente

de suas famílias, mesmo assim, são vítimas de agressão da violência econômico-

financeira. Esses familiares agridem as pessoas idosas, mesmo dependente

economicamente destas. Percebe-se que a violência vai muito além do que apenas

o aspecto individual/pessoal, corroborado por alguns autores que associaram o

fenômeno da violência a algo social, relacionado às formas de produção e

reprodução social (SALCEDO-BARRIENTOS et al., 2011; ARAÚJO et al., 2012).

Muitas pessoas idosas sobrevivem com rendas muito baixas para a

manutenção do mínimo necessário. O fato de serem roubadas ou furtadas gera

repercussões negativas, como o isolamento, solidão, acometimento por outras

doenças, tornando-as mais vulneráveis a novos traumas. Sobre esse fato, a OMS

retrata que as dificuldades financeiras do agressor é um fator de risco para a

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violência financeira. O abuso de substâncias químicas por parte de jovens também é

outro fator que tem levado estes a extorquir dinheiro do idoso (KRUG et al., 2002).

Dentre as falas registradas, identificaram-se marcas e repercussões deixadas

pelas violências que afetaram a saúde física das pessoas idosas, como visualizadas

nas descrições abaixo:

[...] com as brigas dela (nora) piorei a pressão alta e os problemas do coração que tenho [...] (E1) [...] com isso aumentou os problemas, passei a fazer tratamento com uma psicóloga, eu já fazia tratamento pra depressão, aí aumentou mais ainda [...] (E4)

[...] minha diabetes a piorou, acho que fiquei até mais doente [...] (E9) [...] ele (neto) me batia, o local ficava roxo [...] (E11) [...] com esses acontecimentos eu sinto falta de fôlego, às vezes eu não posso nem falar, e não posso falar muito, eu fico toda me tremendo [...] (E12)

Foi possível observar pelos depoimentos os principais danos físicos atrelados

à intensificação das doenças preexistentes, como a diabetes, hipertensão arterial e

depressão, assim como problemas respiratórios e emocionais, a exemplo, os

tremores, devido ao nervosismo com a situação. É evidente, pelos depoimentos, que

a violência sofrida somou e intensificou problemas preexistentes ou que estavam na

iminência de se estabelecer. Outro fato relatado como repercussão física na vida da

pessoa idosa foi o próprio ato da violência física e suas marcas no corpo. Esses

relatos confirmam a violência psicológica (54,7%) e a violência física (12%)

evidenciadas nos dados quantitativos desta pesquisa.

Essas marcas no corpo são exemplos de abusos físicos e se constituem

como “a forma de violência mais visível e costumam acontecer por meio de

empurrões, beliscões, tapas, agressões com cintos, objetos caseiros, armas brancas

e armas de fogo”. As mortes e as lesões são marcas visíveis que a violência física

pode provocar (BRASIL, 2013a, p. 39).

Os achados encontrados nesta investigação assemelham-se ao apresentado

em outros estudos, em que evidenciam as principais repercussões manifestadas em

relação a um trauma sofrido, como o aparecimento ou agravamento de doenças,

sendo a hipertensão arterial a principal morbidade dentre as doenças crônicas, além

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de destacar doenças cardíacas, diabetes mellitus e a depressão (VIEIRA et al.,

2009; APRATTO JUNIOR, 2010).

Percebe-se que os sujeitos desta investigação tiveram agravamento das

doenças crônicas. Estas são as principais causas de mortalidade e morbidade no

Brasil e, dentre essas patologias, estão incluídas as doenças cardiovasculares,

diabetes, asma, doença pulmonar obstrutiva crônica, dentre outras. Também foram

incluídos nessa classificação tipos de câncer, HIV/Aids, distúrbios psiconeurológicos

(depressão, esquizofrenia e demência) e a deficiência (deficiência visual e artroses).

Sabe-se que a maior parte dessas doenças não tem cura e costumam se

desenvolver lentamente, com duração e efeitos de longo prazo, porém, podem ser

prevenidas ou controladas (MORAES; MARINO; SANTOS, 2010; VERAS, 2011).

A maioria dessas doenças acomete a pessoa idosa e a própria idade é o

principal fator de risco. Infelizmente, envelhecer sem essas patologias tem sido mais

a exceção do que a regra. Por isso, é importante que as políticas de saúde sejam

voltadas para a promoção do envelhecimento saudável e ativo, com a preservação

ou melhoria progressiva da capacidade funcional dessa população, com destaque

para a promoção da saúde, prevenção dos agravos e reabilitação dos que já

desenvolveram essas doenças (VERAS; CALDAS, 2008).

Além das repercussões na saúde física dessas pessoas, foi possível

identificar nos conteúdos das falas das vítimas informações referentes às marcas e

repercussões que afetaram a saúde emocional das pessoas idosas com a violência

sofrida, conforme descrevem os conteúdos das falas a seguir:

[...] no momento me senti mal, a piorei minha saúde [...] fiquei mais constantemente sentindo as coisas [...] fiquei nervosa, mas entreguei pra Deus [...] tudo que sofri acabou impactando na minha cabeça [...] fiquei muito nervosa, triste, depressiva, chorei muito pra meu filho [...] fiquei muito irritada com tudo aquilo [...] (E1) [...] a cabeça ficou ruim [...] fico com aquela coisa ruim, aquela angústia, fico triste, angustiada, começo a chorar, fico abalada porque acho que ninguém quer cuidar de mim [...] (E2) [...] a tristeza que aumentou, tem dia que fico mais triste, o nervosismo, o medo de acontecer tudo de novo [...] (E3). [...] o que mais me abateu foi o meu sono [...] mas fisicamente não [...] só no sono, quando eu falo nisso e fico pensando aí me atrapalha, fiquei com muita falta de sono, acordava a noite e ficava pensando em todos os problemas [...] fiquei mais nervoso, com falta de sono, tinha muito pesadelos [...] (E7).

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[...] isso me entristeceu muito [...] eu fiquei muito abalado com isso [...] ele (neto) causou muita tristeza em mim [...] eu fiquei muito injuriado [...] me senti tão enraivado [...] eu fiquei nervoso [...] (E15).

Constatam-se pelos depoimentos as principais consequências emocionais na

vida das vítimas, a saber: o nervosismo, a tristeza, o choro, a irritação, a angústia, a

raiva, a decepção, o desprezo, o aborrecimento, o medo, a injúria e a insônia, além

dos sintomas da depressão. Percebe-se que as repercussões emocionais foram as

mais prevalentes, isso confirma os dados quantitativos, os quais evidenciaram que a

maioria das pessoas idosas sofreu violência psicológica (54,7%).

Esses achados são confirmados por Goleman (2001) que afirma que muitas

pessoas ao interiorizar e passar por situações de estresse, sentimentos negativos e

controversos acabam comprometendo a sua saúde, pois transferem para o corpo

um problema de ordem psicológica, como as culpas, os medos, as angústias e os

segredos. Assim, a doença emocional passa a ser expressa por meio de tremores,

suor excessivo, tensões musculares, arritmias cardíacas, sensibilidade cutânea,

além de alterações psicoemocionais, tais como sentimentos depressivos,

nervosismo, ansiedade, choro, tristeza e raiva.

Ficou evidente que os depoentes tiveram alguma repercussão emocional com

a violência vivenciada. As informações desta pesquisa são confirmadas pelo Manual

de Enfrentamento à Violência contra a Pessoa Idosa, o qual demonstra que algumas

formas de abusos trazem como consequência a tristeza, o isolamento, o medo, a

desesperança, a solidão e o sofrimento mental com destaque para a depressão

(BRASIL, 2013a).

Para González et al. (2010), a depressão é uma alteração patológica do

humor com decréscimo de humor que termina em tristeza acompanhada de vários

sintomas e sinais emocionais e físicos. Nesse sentido, conforme Valadares e Souza

(2010), a violência está associação com o surgimento de quadros psiquiátricos que

começam com a tristeza e evoluem para a depressão.

Frente a isso, foi aplicada a EDG-15 nos participantes desta investigação,

com o intuito de identificar sinais e sintomas da depressão. As pontuações obtidas

variaram de 0 a 9 pontos, sendo que dez idosos tiveram pontuação entre 0 e 5

pontos, e sete entre 6 e 9. Isso significa que sete idosos estavam com sintomas de

depressão leve a moderada, segundo essa escala. Ressalta-se que três

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participantes relataram que já faziam tratamento para essa doença. A aplicação

dessa escala vem confirmar os sintomas de depressão relatados pelos participantes.

Autores evidenciam que a depressão é uma doença psiquiátrica mais comum

na pessoa idosa, que leva à perda da autonomia e ao agravamento de patologias

preexistentes. Assim, escalas de depressão para rastreamento de sinais e sintomas

dessa doença na terceira idade são relevantes, pois permite a detecção prévia e

facilita a prevenção de fatores de risco e encaminhamento para o tratamento

(SOUSA et al., 2007; SILVA et al., 2012).

A depressão é o transtorno afetivo ou emocional mais comum no idoso, e

afeta a qualidade de vida, aumentando o risco de suicídio. As principais causas são

físicas e psicológicas, e, dentre as manifestações clínicas, têm-se a tristeza

profunda, angústia, solidão, baixa autoestima, visões pessimistas, pensamentos de

morte, perda de interesse, diminuição de concentração, perda de prazer nas

atividades diárias e insônia (KRUG et al., 2002; IRIGARAY; SCHNEIDER, 2007;

GONZÁLEZ et al., 2010; SILVA et al., 2014).

Souza Júnior et al. (2011) e Chaves et al. (2014) afirmam que as pessoas

idosas geralmente têm medo de que algo ruim lhe aconteça no futuro,

principalmente em relação às questões como saúde, finanças e abandono, o que

podem gerar ansiedade e preocupação para essas pessoas e agravar ou

desencadear sintomas depressivos.

Desse modo, a velhice precisa de um olhar mais atento dos familiares e da

sociedade, pois é uma fase da vida marcada pelas atrocidades de um ser humano

para com o outro. As agressões a uma pessoa idosa deixam marcas na mente e,

nos momentos que mais precisam de apoio e cuidado, são acometidos por

agressões, muitas vezes, como evidenciado, dos próprios familiares.

Estudo realizado em três municípios do nordeste brasileiro demonstrou

sintomas presentes em idosos antes do suicídio como: a tristeza, a insuportabilidade

do sofrimento, o isolamento, a falta de diálogo e a enunciação da depressão. Além

disso, dentre os transtornos mentais, a depressão está mais relacionada ao

desencadeamento de suicídio (SOUSA et al., 2014).

Pesquisa realizada sobre suicídio de mulheres idosas de sete cidades

brasileiras, na qual abrangeu a capital Teresina (Piauí), as autoras evidenciaram que

das 11 mulheres idosas que morreram por suicídio, nove apresentavam casos de

depressão. O que se observa é que a violência tem causado, principalmente,

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transtornos psíquicos, que muitas vezes não têm uma intervenção precoce,

causando reflexos negativos que interferem nas relações interpessoais e sociais e

culminam em traumas. Logo, as marcas dessas experiências podem acarretar ideias

e consumação que levarão a um possível suicídio (MINAYO; CAVALCANTE, 2013).

Dando continuidade à análise da violência apontada pelos sujeitos, também

ficaram evidentes as repercussões que afetaram a saúde social dos depoentes com

os traumas sofridos, conforme as falas que seguem:

[...] minha vida social fica abalada devido minha doença, o AVC, e também tive começo de depressão, não tenho como sair sozinha, por isso preciso dos meus filhos para me levar para passear [...] (E2) [...] tem umas coisas que gostava de fazer antes que não faço mais hoje [...] ir passear na casa de meus compadres, viajar [...] (E5)

Observa-se, pelos depoimentos, que as relações sociais ficaram

prejudicadas, exemplificadas a partir dos relatos de falta de ânimo, não gostar mais

de viajar e de visitar pessoas, assim, a pessoa idosa se afastou de atividades

realizadas anteriormente e do convívio social. Outro fator foi a existência de pessoa

idosa que depende dos filhos para ter uma vida social melhor, para que estes

possam levá-los para desfrutar de um lazer mais digno.

Diante desses aspectos fica evidente a própria reação do idoso em se isolar,

que é uma característica comum após um evento traumático. Isso é confirmado por

Krug et al. (2002), os quais destacam que o isolamento da pessoa idosa, muitas

vezes, decorre das enfermidades físicas ou mentais. Ademais, a perda de amigos e

familiares costuma reduzir a interação social.

Outros estudos também corroboram os resultados encontrados nesta

investigação. É comum a pessoa idosa se calar e isolar diante dos abusos sofridos,

prejudicando, desta forma, o seu psicológico e sua qualidade de vida. Além disso, o

convívio social do idoso vai se restringindo, caso este não consiga se adaptar ou ao

menos aceitar as mudanças que ocorrem na sociedade (VIEIRA et al., 2009;

CAVALCANTI; SOUZA, 2010; BRASIL, 2013a).

Pelos relatos dos sujeitos, outro aspecto que também fica claro é a

dependência que a pessoa idosa tem em relação aos filhos, o que causa algum tipo

de maltrato ao idoso, pois, muitas vezes, os filhos ou outro ente familiar não querem

cuidar da pessoa idosa. Para Cavalcanti e Souza (2010), a dependência familiar se

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torna ainda mais grave quando se trata de pessoas idosas dependentes, portadoras

de transtornos mentais, com demência e outros problemas de saúde.

Pesquisa sobre as percepções de gestores e profissionais de saúde sobre a

atenção aos idosos vítimas de violências no município do Rio de Janeiro, em 2010,

revela o isolamento e a falta de apoio, como os casos mais comuns de violência

vivenciados pelas pessoas idosas que necessitam de auxílio para desempenharem

as atividades do dia a dia, principalmente da família. Entretanto, o que se tem

percebido é a alteração da dinâmica familiar e a população idosa não está

recebendo a assistência necessária por parte dos membros (PESTANA; ESPÍRITO

SANTO, 2008; CAVALCANTI; SOUZA, 2010).

Nessa perspectiva, o comportamento do ser humano pode sofrer alterações a

partir da vivência da violência, alteração resultante da interação entre o meio

emocional, físico e social. Assim, o sofrimento social está associado às condições

das populações socialmente excluídas vítimas de violência. Esta pode ser originada

no Estado ou mesmo na família, com repercussões sociais e no corpo das vítimas

(VIEIRA et al., 2009).

Portanto, sintetizando a categoria construída a partir das marcas e

repercussões da violência sofrida pelas pessoas idosas, merecem destaque os

seguintes fatos negativos: o abandono, o engano, o roubo, a falta de afeto, o

desprezo e o desrespeito. As repercussões que afetaram a saúde emocional

incluíam o nervosismo, a tristeza, o choro, a irritação, a angústia, a raiva, a

decepção, o desprezo, o aborrecimento, o medo, a injúria, a insônia e a depressão.

As físicas estavam atreladas ao aumento de doenças. A vida social foi prejudicada

com o afastamento de atividades realizadas anteriormente e do convívio social.

Ressalta-se que, as próprias falas dos idosos ratificam os dados levantados na

etapa quantitativa deste estudo. Logo, a etapa qualitativa complementa as

informações quantitativas a partir da própria percepção do idoso que sofreu

violência.

Dessa forma, foi possível evidenciar que essas marcas e repercussões

provocaram limitações e sentimentos negativos que foram reais e vivenciais. Esse

contexto abrangeu determinantes físicos, emocionais e sociais, que certamente

tornaram esses reflexos mais profundos. Assim, fica visível que qualquer pessoa

idosa, vítima ou não da violência, necessita de suporte familiar e de uma rede de

atenção disponível para atendê-la em suas especificidades.

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4.2.1.2 Da raiva ao perdão expressado pelas pessoas idosas em relação ao

agressor

A constituição desta categoria temática, a partir da análise da violência

expressada pelos idosos, evidenciou os principais sentimentos em relação ao

agressor, constituindo um misto de raiva, medo, saudade, pena, amor e tristeza.

Estas variações de sentimentos e de atitudes configuraram as sensações que as

pessoas idosas desenvolveram no momento ou após a violência sofrida.

Nas falas seguintes, tornam-se evidentes os sentimentos em relação ao

agressor expressos pelos participantes do estudo:

[...] hoje sinto muita saudade dele (filho) [...] eu perdoei sim, senti foi pena dele, minha conduta é totalmente diferente da dele, mãe que é mãe perdoa seus filhos [...] não tenho raiva dele de jeito nenhum [...] (E3) [...] fiquei muito mal [...] senti muita raiva dele (neto) naquele momento, mas depois passou [...] senti tristeza, decepção, abalada, chorei muito, senti raiva [...] minha convivência com ele é boa [...] (E4) [...] na época sentia raiva deles, mas hoje já perdoei tudo, por mim foi perdoado, só queria que eles saíssem dos meus imóveis, entreguei nas mãos de Deus [...] eu dizia assim Jesus perdoa, porque o Deus deles é dinheiro e o meu não é dinheiro [...] (E7)

[...] eu amo ele (filho), sinto amor, saudade [...] é meu filho, tenho é que amar meus filhos [...] (E8) [...] o maior sentimento em relação a ele (neto) era o medo que sentia dele [...] mas também sentia pena [...] (E11) [...] antigamente eu ficava com raiva, mas eu não quero guardar raiva de meus filhos [...] mãe é mãe, tem que aguentar, enquanto não apanhar [...] (E16)

Percebe-se que no momento da agressão as vítimas sentiam raiva, embora

momentaneamente, e perdoavam com o tempo, passando a desenvolver

sentimentos de afeto. Quando o agressor não morava mais com a vítima, se esse

fosse familiar, a pessoa idosa sentia saudade da companhia do mesmo.

Diante desses relatos, foi possível observar que o agressor, na maioria das

vezes, era familiar, como os filhos e netos. Isso é ratificado pelos dados

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quantitativos, no qual revelaram que 84,2% dos agressores eram da família, sendo

68% os filhos.

Por se tratar de ente familiar, as vítimas sentiam saudade, amor e pena, por

se constituírem pessoas queridas e importantes para suas vidas, não guardavam

mágoa e nem raiva, com relatos de perdão. Desse modo, vivenciar uma experiência

de violência na terceira idade proporciona ao indivíduo o desenvolvimento de

sentimentos ambíguos e contraditórios que vai da raiva ao perdão.

Essa variedade de emoções se modifica dentro da lógica temporal da

ocorrência, pois, no momento da agressão, comumente o idoso agredido

expressava muita raiva e indignação com o agressor, mesmo que fosse um filho,

mas, com o passar do tempo, os depoentes revelaram a vontade de perdoar,

suplantando qualquer sentimento negativo de vingança e/ou punição de seus

algozes.

Esses achados são confirmados pela pesquisa de Vieira et al. (2009), a qual

evidencia que os sentimentos das pessoas mudam com o passar do tempo,

especialmente quando fazem terapias e acompanhamento em centros de referência.

Para esses autores, na maioria das vezes, o sentimento inicial resultante da

violência sofrida, são o ódio e os pensamentos de vingança. Posteriormente, com as

terapias, acompanhamento profissional, grupos de ajuda e apoio familiar, esse ódio

e a vingança vão se transformando em solidariedade, amor e esperança.

Além disso, autores demonstram que a violência origina medo e insegurança,

ameaça a liberdade e a integridade física, moral e social. Também é comum o

desenvolvimento de sentimentos de raiva em pessoas idosas que passaram por

algum trauma de perdas inesperadas. Esse sentimento inicial de raiva faz parte

habitual do luto e não constitui uma anormalidade, a não ser que desencadeie outros

transtornos. Outra forma de expressão de raiva é a indiferença, na qual o idoso se

recusa a reconhecer o outro como digno de atenção (VIEIRA et al., 2009;

FIGUEIREDO et al., 2012).

A mágoa é resultante do evento que gerou a injustiça. Logo, esse

descontentamento vai variar de intensidade mesmo entre indivíduos que passaram

por situações semelhantes. Quanto maior a compreensão de uma mágoa, mais o

ser humano tende a focar sua atenção na raiva. O perdão é resultante das mágoas

pessoais vivenciadas anteriormente, da capacidade de superação e de reflexões

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sobre as opressões (mágoas interpessoais), com o intuito de afastar a dor, visando à

sua superação (RIQUE; CAMINO, 2010; LEIME et al., 2012).

O ódio é próprio do ressentimento, no qual fica na memória do indivíduo e,

por isso, recordado constantemente, prejudicando a saúde mental da pessoa, visto

que esta fica refém desse sentimento ruim. Logo, o desejo de vingança surge em

decorrência inerente do rancor. Assim, o ódio e o ressentimento se tornam o inimigo

da própria pessoa, visto que esses sentimentos enfraquecem a força vital do ser

humano, podendo desencadear doenças, principalmente, as mentais (BILATE,

2013).

Percebe-se nesta investigação que por ser o agressor, na maioria das vezes,

um ente familiar, isso facilitou o perdão por parte da vítima. O que é confirmado nos

estudos de Rique et al., (2007) e Rique e Camino (2010), nos quais demonstram que

é comum as pessoas perdoarem mais a família e os amigos do que os estranhos e

os colegas. Esses mesmos autores retratam que o perdão varia em relação à

aceitação e compreensão da mágoa vivenciada e ao grau de relacionamento e

intimidade com o agressor. Nas mágoas mais intensas o perdão atribuído torna-se

menor.

Pesquisa realizada sobre o pensamento do perdão em idosos

institucionalizados evidenciou que 90% das pessoas idosas eram favoráveis ao

perdão. Esse perdão estava fundamentado em razões ligadas à religiosa e/ou

causas socioafetivas com o agressor (LEIME et al., 2012).

De acordo com Rique e Camino (2010), o perdão afetivo, ou seja, voltar a

amar o agressor é mais difícil do que cognitivamente, neste são elaborados

julgamentos positivos sobre o agressor. Dessa forma, o perdão é explícito por meio

de elementos positivos nas relações de afetos, julgamentos e comportamentos.

Para Santana e Lopes (2012), o agravo é considerado injusto, sendo infligido

por outra pessoa. O perdão é uma escolha do agredido, e não algo obrigatório, uma

vez que o indivíduo ofendido tem direito à angústia. A pessoa ofendida pode passar

por mudanças em três dimensões: no afeto, buscando superar a mágoa através da

compaixão; na cognição, com a superação da condenação através do respeito; e no

comportamento, superá-lo por meio da boa relação (condutas de reaproximação)

com o agressor. Portanto, fica evidente que as vítimas desta investigação

desenvolveram essas três dimensões na superação do trauma.

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Nesse contexto, o ato de perdoar reflete positivamente no bem-estar físico e

mental do ser humano que perdoa. E a presença de mágoa provoca alterações

fisiológicas prejudiciais à saúde. A mágoa provoca reações fisiológicas parecidas

àquelas desenvolvidas em situações de estresse. Pessoas que não perdoam

apresentam alterações na musculatura facial, na pressão arterial, nos níveis de

glicose e gordura no sangue, na secreção de enzimas digestivas, hormônios sexuais

e do crescimento. Além dessas alterações fisiológicas, a mágoa tem sido

relacionada ao aumento da ansiedade e de sentimentos negativos, que atrapalham

os relacionamentos interpessoais (SANDAGE; WORTHINGTON, 2010; LEIME et al.,

2012).

A relação familiar e afetiva entre a pessoa idosa e o agressor contribuiu para

o perdão dos atos violentos contra os idosos desta investigação. Segundo Araújo e

Lobo Filho (2009), a violência contra a pessoa idosa é uma construção psicossocial,

alicerçada nas suas relações intrafamiliares, nos quais os agressores, como

retratado na literatura e ratificado nesta investigação, são pessoas de confiança das

vítimas, em sua maioria os filhos. Nesse sentido, a denúncia tem se tornado de difícil

efetivação pela própria vítima, devido à existência de forte ligação emocional entre a

vítima e o agressor.

Oliveira et al. (2013) destacam, dentre os sentimentos expressos pelas

pessoas idosas após a violência sofrida, o temor da vingança dos familiares, a culpa

de ser o causador de conflitos, a vergonha da situação e o medo de ser internado

em um asilo. Além disso, a vivência com os agressores pode afetar a saúde da

pessoa idosa, assim como contribuir para que o idoso fique com medo e não

denuncie e nem procure ajuda, ficando submisso e refém da violência, sendo

comum confundir perdão com a aceitação dos atos violentos.

Outro fator observado que vem contribuindo para o desencadeamento dessa

problemática são as relações familiares, que, na maioria das vezes, estão

construídas de forma agressiva, com brigas, sem diálogo entre os membros da

família. Certamente, isso afetará a integridade física, moral e emocional de seus

membros, em especial, das pessoas idosas. Essa relação conflituosa pode ser um

dos maiores problemas, para o qual se deve pensar em estratégias de solução e

intervenção, visto que é esse núcleo familiar o principal responsável pelo bem-estar

do idoso, cabendo ao Estado estabelecer leis, normas e regras para combater

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qualquer tipo de violência (SALCEDO-BARRIENTOS et al., 2011; ARAÚJO; CRUZ;

ROCHA, 2013).

Porém, se as relações familiares estão desestruturadas, torna-se mais difícil

solucionar as violências sofridas, pois, como demonstrado neste estudo e na

literatura, dificilmente a pessoa idosa sofre apenas um tipo de violência. No caso em

que o ente familiar é o causador da violência, o idoso, ao ser separado do convívio

desse integrante, terá algum sentimento de saudade e de afeto em relação ao

agressor, o que acaba prejudicando a sua saúde mental.

Nessa perspectiva, a violência na vida do idoso que sofreu qualquer que seja

o tipo de abuso, certamente resultará em sofrimento, como lesão ou dor, perda ou

violação de direitos humanos, e, principalmente, a redução da qualidade de vida. O

idoso torna-se mais vulnerável à violência quanto maior for a dependência

decorrente das limitações físicas, emocionais e cognitivas inerentes ao próprio

processo de envelhecimento (KRUG et al., 2002; MACHADO et al., 2014).

Krug et al. (2002) reafirmam a dificuldade das pessoas idosas deixarem de

ser reféns da violência devido, principalmente, à deterioração física e cognitiva que

geralmente acompanha a velhice. O que tem dificultado mais ainda essa situação é

que, às vezes, o agressor pode ser a única companhia da pessoa que é vítima de

abuso.

Vale salientar que algumas culturas separam as pessoas idosas e os

segregam, deixando-os a margem da sociedade (BRASIL, 2013a). Essa segregação

tem contribuído para o aumento da violência nessa faixa etária, não se pode

desprezar, descartar, deixar na invisibilidade, considerar inútil essa população.

Portanto, em relação aos sentimentos referentes ao agressor na vivência da

violência na terceira idade, foram pontuados os momentos de raiva e medo, bem

como aqueles momentos após a vivência do trauma, caracterizando o perdão

expressado pela saudade, pena, amor e tristeza.

4.2.1.3 Redes de apoio às pessoas idosas vítimas de violência

Nesta categoria temática, as falas, que contribuíram para dar um significado

convergente à unidade, revelaram o apoio buscado pela pessoa idosa na assistência

dos casos de violência. Esse apoio variou desde a própria denúncia pela vítima até a

ajuda de vizinhos.

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Nesse sentido, os depoentes evidenciaram o tipo de apoio buscado no intuito

de serem assistidos na violência sofrida, como é observado nos depoimentos

abaixo:

[...] aí fui lá na delegacia com minha filha e denunciei [...] (E4) [...] eu acho que foram os vizinhos que denunciaram [...] (E5) [...] meus outros filhos que resolveram a situação, procuraram o CEVI [...] (E6) [...] meu filho resolveu denunciar, pois não suportava mais aquela situação [...] (E11) [...] falei com meu irmão [...] (E13) [...] eu que fiz a denuncia [...] eu fui direto no CEVI [...] (E14)

[...] eu fui denunciar, a comunidade toda foi em cima [...] (E17)

Observa-se que as pessoas idosas buscaram apoio para solução de

situações conflitantes geradoras de violência e insegurança nessa fase de suas

vidas, demonstrando que são diversos os suportes utilizados, os quais vão desde a

própria família, especialmente os filhos e irmãos, os vizinhos, as pessoas da

comunidade, a DSPI e o CEVI.

É dever da família, da sociedade e do Estado de cuidar das pessoas idosas,

respaldado na própria Constituição Federal, artigo 230. O Estatuto do Idoso também

assevera em seu artigo 10º que é “obrigação do Estado e da sociedade assegurar à

pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade como pessoa humana e sujeito

de direitos civis, políticos, individuais e sociais” (BRASIL, 2003).

Sanches, Lebrao e Duarte (2008) ratificam que é dever do Estado e da família

colaborar para a conquista de um envelhecimento digno, principalmente no seio

familiar, na qual a família deve ter e reconhecer o seu papel em relação à tutela

jurídica e amparo das pessoas idosas, uma vez que somente o papel do Estado não

tem sido suficiente para atender aos idosos.

Pesquisa realizada por Cavalcanti e Souza (2010) revela a importância da

família na assistência à pessoa idosa vitimada, visto que os entes familiares são

detentores do histórico de informações referentes ao idoso. Além disso, este

depende da família para chegar ao serviço, para auxiliar no seu tratamento, assim

como na assistência cotidiana.

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De acordo com Gonçalves et al. (2014), a família, muitas vezes, não se

encontra preparada ou em condições ideais para assumir os cuidados à pessoa

idosa. Sendo que as responsabilidades do dia a dia podem dificultar o cuidado

integral. A sobrecarga de atividades dos familiares e a falta de um cuidado centrado

no idoso podem contribuir para o desencadeamento da violência contra essa

população pelos próprios entes da família.

As pessoas idosas necessitam de coragem para denunciar os agressores.

Muitas vezes, o vínculo de parentesco, o afeto ou consideração entre a vítima e o

agressor constituem barreira na denúncia a ser realizada pela própria vítima

(ARAUJO; LOBO FILHO, 2009; CAVALCANTI; SOUZA, 2010).

Ademais, a defesa dos direitos das pessoas idosas é de responsabilidade dos

serviços de saúde, dos serviços de proteção social, das lideranças comunitárias, do

ministério público, dos conselhos de saúde, além do próprio idoso, familiares e

comunidade (AMORIM; SILVA; SCHUTZ, 2011; GONÇALVES et al., 2014).

Foi possível identificar nos relatos que os denunciantes procuraram redes de

referência na assistência da problemática vivenciada pelos sujeitos, como a DSPI e

o CEVI. É importante ressaltar que as vítimas de violência devem buscar apoio em

serviços de saúde, centros de referência para pessoas idosas e na própria família e,

assim, manter o equilíbrio capaz de propiciar a capacidade de conviver com as

lembranças da violência.

Porém, estes apoios buscados pelas vítimas de violência, quer sejam

informais, tais como familiares e/ou vizinhos, ou os de órgãos oficiais (DSPI e CEVI),

mostram-se insuficientes para dar um suporte completo para os idosos violentados,

pois no âmbito familiar e comunitário faltam elementos capazes de solucionar as

diversas formas de violência perpetrada, podendo até em alguns casos ocorrer

ações contraditórias, como: a proteção do agressor e a negação das ocorrências, o

que via de regra, pode comprometer ainda mais a situação experimentada pelos

idosos.

Nos órgãos formais ainda são muitas as fragilidades estruturais e de recursos

humanos, como foi confirmado durante a fase de coleta de dados nesta

investigação. Assim, as vítimas não encontram nesses setores, profissionais de

saúde (médicos e enfermeiros) os quais poderiam assistir os idosos vitimados de

modo integral e dar encaminhamentos mais adequados.

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Nesse sentido, são imprescindíveis os mecanismos de incentivo para as

denúncias e a criação de instituições para as quais possa referenciar o abuso

detectado ou que sirvam de proteção às pessoas idosas. É importante ter

tecnologias e organismos que estimulem as denúncias de violência contra o idoso,

buscando utilizar instrumentos preexistentes, a saber: disque idoso, delegacias e

promotorias da defesa da pessoa idosa, que incentivem as notificações oficiais

dessa problemática, oferecendo, principalmente, apoio psicossocial a essa

população, por meio dos centros de referência (GARCIA et al., 2009; ARAUJO;

CRUZ; ROCHA, 2013; GONÇALVES et al., 2014).

Cavalcanti e Souza (2010) reforçam que as pessoas vítimas de violência

costumam buscar apoio mediante denúncias no Ministério Público e na Delegacia do

Idoso, bem como na própria rede de saúde do SUS. Dessa forma, muitos idosos que

se acidentam ou sofrem violência procuram as emergências hospitalares,

dependendo do tipo de violência sofrida.

Destaca-se que as redes de apoio na área da proteção e segurança para a

população idosa existentes no estado do Piauí têm como órgãos funcionais o

Conselho Estadual dos Direitos do Idoso, a DSPI, o Núcleo de Defensoria Pública do

Idoso e Núcleo de Defesa do Idoso Vítima de Violência (PIAUÍ, 2002).

Existe, ainda, o CEVI vinculado à SASC. Ressalta-se que aquele é o local

destinado a receber denúncias contra o idoso e que funciona como órgão conciliador

e de resgate dos vínculos familiares, o qual conta com três núcleos ativos para

recebimento das vítimas de violência, a saber: núcleo jurídico, núcleo social e núcleo

psicológico. Nesse local, funciona o Disque Idoso, linha telefônica gratuita por meio

da qual a população pode denunciar qualquer tipo de maus-tratos e violências

dirigidos à pessoa idosa.

Os serviços assistenciais e de apoio instituídos individualmente em alguns

estados buscam discutir as políticas públicas como objeto analítico de suas

determinações e os serviços ofertados a essa população, como fonte de

aproximação dos condicionantes na relação violência e velhice. Assim, o trabalho

contra a violência exige o pensar além das fronteiras disciplinares para desenvolver

melhores estratégias de escuta e de intervenção (WANDERBROOCKE; MORE,

2012a; CASTRO et al., 2013).

Dessa forma, a prevenção do abuso, a identificação e o encaminhamento

correto dos casos têm sido fatores importantes para que o respeito às vítimas de

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violência na terceira idade seja restabelecido, de forma que estas possam usufruir

de uma velhice saudável, sem violência de qualquer espécie (ARAÚJO et al., 2012;

ARAUJO; CRUZ; ROCHA, 2013).

Segundo Cavalcanti e Souza (2010), no centro de referência de apoio ao

idoso, ao ser detectada a vítima de violência, a equipe deve realizar uma abordagem

multiprofissional, englobando os entes familiares. Estes autores também destacam

que a ausência do Estado e de uma rede de apoio social aos idosos tem feito com

que a responsabilidade pelo cuidado destes seja exclusivamente da família, o que

favorece a violência intrafamiliar.

Mesmo com leis que garantem a defesa da dignidade e do bem-estar da

pessoa idosa, muitos esforços ainda precisarão ser desenvolvidos, visto que o

agressor, na maioria das vezes, é um familiar, o que dificulta a pessoa idosa

denunciar e buscar ajuda. Dessa forma, para solucionar a problemática da violência,

esta deve passar por uma articulação intersetorial, interdisciplinar e multiprofissional,

envolvendo as organizações da sociedade civil e comunitária. Além disso, é

necessário avaliar e entender a dinâmica das famílias (SALCEDO-BARRIENTOS et

al., 2011; OLIVEIRA et al., 2013; ARAUJO; CRUZ; ROCHA, 2013).

Para Oliveira et al (2012), existe ainda um atraso na sociedade em relação à

garantia de segurança para as pessoas idosas, visto que as políticas públicas que

atualmente protegem essa população estão ainda muito distantes das práticas

adotadas nos serviços púbicos e privados que atendem essa população.

Conforme Krug et al (2002), a educação e as campanhas de conscientização

pública têm sido importantes para instruir os indivíduos sobre o abuso de pessoas

idosas. Ressalta que a educação envolve o ensino de novas informações, a

mudança de atitudes e de comportamento, sendo esta uma importante estratégia

preventiva. Além disso, destaca que entre as prioridades necessárias para enfrentar

e erradicar o problema da violência na velhice, estão: maior conhecimento do

problema, leis e políticas mais sólidas e efetivas, e estratégias de prevenção mais

eficazes.

Apesar de não ter relatos dos participantes deste estudo em relação ao apoio

buscado nos próprios serviços de saúde, vale ressaltar que a ESF também é um

local de apoio e os profissionais da área da saúde devem estar atualizados, munidos

de informação, preparados para atender esses idosos que chegam a esse serviço,

que tem como base a comunidade, com diversas queixas e que estão sendo

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agredidos. Assim, podem ser auxiliados por meio da notificação e encaminhados

para os serviços de referência do estado.

É importante destacar que os profissionais de saúde são responsáveis em

prevenir, identificar, diagnosticar e oferecer os cuidados às pessoas idosas vítimas

de violência, assim como comunicar às autoridades competentes, para que estas

possam resolver o problema, evitando a manutenção das agressões. É preciso

identificar a violência no início, visto que quanto maior a demora da identificação,

mais difícil será revertê-la (OLIVEIRA et al., 2013; WANDERBROOCKE; MORE,

2013).

Sales et al. (2014) demonstram que as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e o

Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) são instituições que notificam e

acolhem a pessoa idosa vítima de violência. Dessas instituições as pessoas idosas

são encaminhadas para outros serviços.

De acordo com o MS, a função da ESF é auxiliar os membros da família a

executarem seus papéis e funções de maneira a constituírem relações familiares

mais harmônicas e funcionais (BRASIL, 2006). Estudo realizado por Machado et al.

(2014) revela que as equipes da ESF reconhecem que a violência, principalmente a

intrafamiliar, traz consequências negativas para a saúde das pessoas e têm buscado

intervir sobre essa problemática. Dessa forma, os profissionais de saúde da ESF

procuram debater os casos de violência, criar estratégias, apoiar, ouvir e orientar os

familiares envolvidos no cotidiano da violência. Porém, em algumas situações essas

equipes se sentem sem condições de dar continuidade ao apoio aos familiares

devido à violência envolver outras múltiplas causas, o que requer atuação de outros

segmentos da sociedade.

Para uma melhor assistência e atuação da equipe da ESF no combate à

violência contra a pessoa idosa, essas equipes devem estar capacitadas para

orientar e dar suporte às essas pessoas, auxiliando-as a entender, discutir, analisar

e adotar as decisões pertinentes. Esse suporte deve envolver a rede de serviços das

seguintes áreas: saúde, educação, social, segurança e justiça (MACHADO et al.,

2014).

Pesquisa realizada por Polaro, Goncalves e Alvarez (2013) revela que o

trabalho das enfermeiras das equipes da ESF é direcionado ao indivíduo, à família e

à comunidade, na unidade e no domicílio, formando, assim, vínculos com essas

pessoas, o que tem auxiliado na identificação de possíveis situações de violências.

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Conforme Monteiro e Souza (2007), os profissionais de Enfermagem, ao

interagirem com o indivíduo que necessita de assistência, devem valorizar condutas

como respeito, dignidade e amor ao próximo, zelando pelo bem-estar de cada

pessoa assistida. Dessa forma, a Enfermagem deve assistir ao ser humano em

todos os contextos: social, educacional, econômico, cultural; para que, assim, essa

assistência se conceba em toda a dimensão humana.

Ressalta-se a importância de conhecer as questões relacionadas à violência

contra a pessoa idosa, principalmente, em relação à promoção da saúde,

diagnóstico precoce e acompanhamento dessas pessoas. É importante que os

profissionais da saúde que trabalham com prevenção de agravos estejam mais

informados sobre essa grave problemática (RODRIGUES et al., 2015).

Nesse sentido, os profissionais de saúde têm um papel fundamental na

identificação das pessoas em situação de violência, podendo ser os primeiros

informados sobre os casos de violência, exigindo desses profissionais a promoção

do cuidado integral e, principalmente, uma escuta sensível das vítimas de violência

(BRASIL, 2001).

Na assistência à pessoa idosa vítima de violência é necessária a elaboração

de planos de cuidados, visando o seu bem-estar físico e mental. Tais planos devem

ser de fato efetivos e buscar um resultado de preferência em curto prazo, uma vez

que os casos de violência enraizados são mais difíceis de revertê-los. Logo,

considera-se importante a prevenção como parte resolutiva do problema da violência

contra essas pessoas. Vale ressaltar a relevância da conscientização e da

capacitação da sociedade, bem como da atuação dos profissionais de saúde e o

papel proativo do governo na resolução da problemática. Assim, ignorar a violência

na terceira idade tem como reflexo um lamentável futuro para o envelhecimento

mundial (ARAUJO; CRUZ; ROCHA, 2013; OLIVEIRA et al., 2013).

Por fim, percebe-se com esta categoria, que o apoio buscado foi na família,

conhecidos (vizinhos e comunidade), e nos órgãos de defesa da pessoa idosa.

Mesmo estando em situação de trauma deixado pela violência, essas vítimas foram

orientadas a procurar assistência para essa problemática, em busca, assim, de seus

direitos e conscientização de que podem transformar a realidade em que estavam

vivendo, visando ao fim da impunidade do agressor, e consequentemente, a

resolubilidade da violência.

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Diante dessa realidade, é preciso intervir precoce e efetivamente como forma

de evitar transtornos de maior gravidade, bem como implementar programas

específicos que visem à eliminação de fatores de riscos relacionados a esses

problemas. Por isso, o envolvimento de todos os seguimentos da sociedade, da

família, dos gestores, assim como dos setores da saúde, social, educação e

segurança pública são necessários para que possam lutar contra a violência na

velhice.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A investigação desenvolvida nesta Dissertação de Mestrado em Enfermagem

focalizou a problemática da violência contra a pessoa idosa na realidade da cidade

de Teresina, capital do Piauí. Para tanto, se fez necessária a construção de um

marco contextual a partir de conceitos e concepções acerca do fenômeno do

envelhecimento populacional em sua multidimensionalidade, destacando a questão

da violência contra o idoso como um problema de saúde pública de alta prevalência

e elevado impacto físico, psicológico, social e familiar na velhice.

Este estudo exploratório e descritivo apoiou-se nas abordagens quantitativa e

qualitativa, apontando achados objetivos que revelaram, em números absolutos e

relativos, a grave problemática da violência sofrida por pessoas idosas, em sua

maioria, no âmbito familiar. Por outro lado, a subjetividade emergente dos

depoimentos dos participantes da investigação expressou sentimentos, emoções e

repercussões físicas, emocionais e sociais que certamente contribuíram de forma

negativa para a qualidade de vida destas pessoas que envelhecem.

A partir dos resultados deste estudo, concluiu-se que a violência contra a

pessoa idosa foi mais prevalente no sexo feminino, na faixa etária de 70 a 89 anos,

entre analfabetos e viúvos. A maioria das vítimas era procedente e residente na

capital, aposentada, de baixa renda e residia com filhos e/ou outros familiares.

A análise dos dados revelou que a maioria das vítimas sofreu com mais de

um tipo de violência, sendo a psicológica a de maior ocorrência, seguida de abuso

econômico-financeiro e negligência. Quanto ao local da ocorrência, evidenciou-se a

predominância do próprio domicílio, em Teresina, capital do Piauí, na zona urbana.

Estas evidências também foram confirmadas em estudos congêneres que

investigaram outras realidades e populações.

Observou-se que a maior parte dos agressores era do sexo masculino e tinha

uma relação próxima à vítima, destacando-se os filhos. Caracterizou-se, assim,

como uma violência intrafamiliar, embora, contraditoriamente, sejam os familiares os

principais responsáveis pelas denúncias no CEVI.

A subjetividade de sentimentos e valores captada nos depoimentos dos

participantes da etapa qualitativa da investigação permitiu a formulação de

categorias temáticas, as quais evidenciaram fatos negativos que marcaram a vida

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das pessoas idosas, a saber: o abandono, o engano, o roubo, a falta de afeto, o

desprezo e o desrespeito.

Essa gama de emoções e desgastes, inevitavelmente, desencadeia

repercussões físicas, emocionais e sociais na vida dos idosos vitimados pela

violência. Estes desenvolvem sintomas, ou agravam doenças crônicas

preexistentes, bem como podem dificultar as relações familiares, intergeracionais e

comunitárias.

Em relação ao agressor, os idosos revelaram um largo espectro de

sentimentos que inclui a raiva, medo, saudade, pena, amor e tristeza. Outro aspecto

revelado nas falas dos depoentes foi a busca de apoio para resolver a situação na

própria família, nos vizinhos, na comunidade, na DSPI e no CEVI.

É preciso repensar os instrumentos legais, o modo como a sociedade, a

família, o Estado e os profissionais de saúde estão conduzindo esse problema de

saúde pública. Visto que, o que se observa pelos números e nos próprios discursos

é o crescimento da violência nos centros urbanos. Por isso, é preciso uma

intervenção urgente na solução dessa problemática, pois existe o risco da

banalização desse fenômeno.

Reafirma-se com este estudo a necessidade do fortalecimento e

reestruturação dos órgãos públicos de apoio e proteção ao idoso para que, de fato,

realizem uma ação conjunta, quais sejam: o CEVI, a DSPI, a SASC e a ESF, em

articulação com a família e a comunidade, objetivando a formação de efetivas redes

de suporte e apoio não somente à pessoa idosa, mas também aos familiares e

outros possíveis agressores. Redes estas que não intencionem segregar o idoso e

sim proporcionar uma convivência harmoniosa e permitir o respeito aos direitos dos

idosos no seio familiar.

Ressalta-se a importância dos profissionais de saúde da atenção básica, em

especial o enfermeiro, visto que são profissionais que estão diretamente em contato

com as famílias por meio dos programas de saúde. Assim, poderão prestar o

cuidado integral e multidimensional às pessoas idosas vítimas da violência, bem

como fazer a notificação compulsória da ocorrência e o devido encaminhamento

para os órgãos de assistência social e de segurança pública.

Como exemplo dessa evidente demanda de atenção à saúde no âmbito

comunitário e/ou doméstico, ressalta-se a importante atuação do enfermeiro no nível

ambulatorial, pré-hospitalar e/ou hospitalar, e ainda na atenção básica, por ser um

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profissional presente, com formação holística e generalista. Estas características lhe

permitem uma abordagem integral que ultrapassa os cuidados das marcas e lesões

físicas, sendo capaz de diagnosticar necessidades e repercussões físicas,

emocionais, sociais, econômicas e familiares.

Esse profissional poderá estabelecer vínculos de confiança com a pessoa

idosa violentada, seus familiares, amigos e até mesmo com o agressor. Dessa

forma, possibilitará a elaboração e implementação de estratégias de enfrentamento

das situações de violência, por meio de ações, como a escuta atentiva e os

encaminhamentos apropriados e resolutivos, minimizando, assim, os impactos e

danos no dia a dia do idoso agredido.

Portanto, a investigação realizada nesta dissertação de mestrado possibilitou

identificar a necessidade da inserção de profissionais de saúde capacitados para

realizar uma assistência focada no cuidado integral, nas equipes dos órgãos de

assistência social e segurança pública, além da instituição de um sistema de

referência e contrarreferência dos casos para os serviços de saúde.

Dessa forma, espera-se que os achados deste estudo possam contribuir na

formulação de políticas públicas, com ações multidimensionais para o enfrentamento

da violência contra a pessoa idosa no estado do Piauí. E, ainda, que minimizem as

lacunas no sistema de informação acerca desse fenômeno, e sirvam de base para

futuras pesquisas congêneres.

Outro grande desafio que se coloca para as famílias, para as organizações

governamentais e não governamentais de assistência social, saúde, cidadania e

segurança e para a sociedade refere-se à elaboração e implementação de

estratégias assistenciais dirigidas às pessoas idosas vítimas da violência e aos seus

agressores. Para tanto, mostra-se imperativa a avaliação do contexto complexo no

qual estão inseridas as pessoas, a realidade externa, a cultura, fantasias, traumas,

desejos de vida e morte. Isso poderá ser a melhor forma de resolução, recuperação

e reabilitação, mediante o apoio matricial, com vistas à prevenção de novas

ocorrências, à promoção da saúde e da cultura de paz.

Finalmente, conclui-se que o estudo alcançou os objetivos propostos, porém,

se faz necessário investigar outras vertentes do fenômeno, considerando a

complexidade que envolve a problemática da violência, especialmente quando

atinge a população idosa que, em sua maioria, encontra-se fragilizada pelos

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processos crônico-degenerativos e vivendo em precárias condições

socioeconômicas.

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6 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Ainda que os achados produzidos nesta investigação sejam relevantes e

tenham alcançado os objetivos propostos, é necessário reconhecer algumas

limitações encontradas no percurso metodológico. Entre estas, a ausência de

registro de algumas informações relevantes nos cadastros dos idosos no CEVI e que

constavam no instrumento de coleta do estudo. Entretanto, eram registrados

opcionalmente pelos profissionais do órgão responsável pelo atendimento dos

idosos que sofreram violência.

A subnotificação, além dos dados incompletos e ilegíveis, foi observada nos

225 prontuários cadastrais dos casos de violência registrados no CEVI. Contudo, foi

possível descrever as características sociodemográficas e econômicas da população

estudada, bem como informações sobre os agressores, o local da maioria das

ocorrências e o tipo de violência praticada.

O estudo evidenciou que a problemática da violência contra pessoa idosa

ainda é muito implícita, tanto no âmbito familiar como nos serviços assistenciais e de

saúde, gerando lacunas e subnotificações que comprometem os suportes e as redes

de apoio aos idosos vitimados. Também foi constatada a carência de profissionais

de saúde voltados para uma assistência focada no cuidado integral na equipe

multidisciplinar de assistência aos idosos atendidos no CEVI do estado do Piauí,

bem como se observou a falta de um sistema de referência e contrarreferência,

considerando que as diversas formas de violência são agravos que devem ser

notificados compulsoriamente.

Na etapa qualitativa da investigação, registraram-se limitações referentes à

ausência de endereços nas fichas e à recusa por parte do idoso, do familiar e/ou

do(a) cuidador(a) em participar da investigação. Em muitos casos, as pessoas

idosas que sofreram a violência em 2013, período delimitado para o estudo, não

desejaram prestar mais depoimentos sobre a ocorrência, considerando algo do

passado e que não gostariam de relembrar. Desta forma, dos 50 endereços

selecionados aleatoriamente nos registros do CEVI, apenas 17 foram entrevistados

em seus domicílios e, destes depoimentos, emergiram ricas informações sobre a

violência contra a pessoa idosa.

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APÊNDICES

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE/DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM – MESTRADO E

DOUTORADO

APÊNDICE A – INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS

Título do Projeto: VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA: realidades e desafios

Formulário No ______ Data da Entrevista: ____/____/____ Nome do pesquisador(a):______________________________________

PARTE 1 – CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA E ECONÔMICA

1. Idade (anos)

2. Sexo (1) masculino; (2) feminino

3. Escolaridade (1) analfabeto; (2) ensino fundamental; (3) ensino médio; (4) ensino superior; (5) sem informação

4. Situação conjugal/ Estado civil (1) casada; (2) estável; (3) solteira; (4) viúva; (5) outros _________; (6) sem informação

5. Renda familiar (1) até 1 salário mínimo; (2) entre 1 e 3 salários mínimos; (3) entre 4 e 6 salários mínimos; (4) acima 6 salários mínimos; (6) sem informação

6. Ocupação/profissão (1) sem ocupação; (2) aposentado; (3) do lar; (4) outra última profissão exercida: __________; (5) sem informação

7. Procedência (1)Teresina; (2) Interior do estado do Piauí Cidade:______________; (3) Outros Estados qual:____________; (4) sem informação

8. Quantidades de pessoas que residiam no domicílio (1) 1 a 2 pessoas; (2) 3 a 4 pessoas; (3) 5 ou mais pessoas; (4) sem informação

9. Mora com quem (1) só; (2) conjugue; (3) filho; (4) outro parente ________; (5) com desconhecido: especificar ___________; (6) sem informação

10. Possuía alguma doença antes de ser violentado (1) sim qual ___________________; (2) não; (3) sem informação

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PARTE 2 – DADOS RELACIONADOS À VIOLÊNCIA SOFRIDA PELA VÍTIMA

1. Tipo de violência sofrida (1) violência física; (2) violência psicológica; (3) violência sexual; (4) abandono; (5) abuso financeiro/econômico; (6) negligência; (7) autonegligência; (8) outras ________________________; (9) sem informação

1.1 Meio de agressão em caso de violência física (1) arma branca; (2) arma de fogo; (3) objeto contundente; (4) força corporal; (5) enforcamento/sufocação; (6) outros _______________; (7) sem informação

2. Local onde ocorreu a violência (1) na própria residência; (2) habitação coletiva; (3) via pública; (4) ambiente de trabalho; (5) estabelecimento de saúde; (6) instituição de longa permanência; (7) estabelecimento comercial ou bar; (8) outras ________________________; (9) sem informação

3. Município onde ocorreu a violência __________________

4. Zona onde ocorreu a violência (1) urbana; (2) rural; (3) periurbana; (4) sem informação

5. Tinha sido violentado antes (1) sim; (2) não; (3) sem informação

6. Ainda morava com o agressor (1) sim; (2) não; (3) sem informação

7. Fez acompanhamento em algum setor de saúde após ter sofrido violência (1) sim; (2) não; (3) sem informação

PARTE 3 – DADOS RELACIONADOS AO AGRESSOR

1. Quem era o agressor (1) familiar; (2) patrão ou chefia; (3) desconhecidos; (4) ladrão ou assaltante; (5) outros conhecidos __________; (6) sem informação 1.1 Se o provável agressor for familiar, qual era o grau de parentesco com a vítima: (1) mãe; (2) pai; (3) filho; (4) filha; (5) esposo(a); (6) companheiro(a); (7) outros ____________; (8) sem informação

2. Idade aproximada do agressor _____________________

3. Sexo do agressor (1) masculino; (2) feminino

4. Se o agressor era usuário de álcool e drogas (1) sim; (2) não; (3) sem informação

5. O agressor foi denunciado na delegacia do idoso (1) sim; (2) não; (3) sem informação

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APÊNDICE B – INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS

Título do Projeto: VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA: realidades e desafios

ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA

Data:______/_______/_______. Horário:___________. Tempo utilizado:___________. Nº da entrevista:________________________ I – Dados sobre o sujeito pesquisado:

1. Pseudônimo: __________________________. 2. Sexo:__________________. 3. Idade: __________________. 4. Cor ou raça: __________________. 5. Escolaridade:___________________. 6. Situação conjugal: __________________. 7. Ocupação/profissão: __________________. 8. Renda familiar: __________________. 9. Quantas pessoas residem na sua casa?__________________. 10. Quem cuida de você? __________________. 11. Tipo de violência sofrida: __________________. 12. Quem foi o agressor: __________________. 13. Tem alguma doença?__________ Quais:____________________. 14. Faz uso de alguma medicação?__________ Quais:____________________.

II – Em relação aos casos de violência sofrida pela vítima: Descreva/fale as agressões, maus-tratos (violência) que o senhor/senhora sofreu? Por quanto tempo o senhor/senhora sofreu esta situação (violência)? O que foi mais marcante e lhe fez sofrer com essa situação (violência) contra sua pessoa? Qual o apoio que o senhor/senhora buscou para lhe assistir neste caso (violência)? III- Em relação às repercussões da violência sofrida pela vítima: Quais as repercussões físicas, emocionais e sociais dessa situação (violência) em sua vida? Mudou alguma coisa em seu dia a dia após o acontecido (violência sofrida)? O senhor/senhora ficou com alguma sequela física, emocional e/ou social devido a esses acontecimentos (violência sofrida)? Quem foi o causador de toda essa situação/agressão? O que o senhor/senhora sente em relação agressor? Ainda tem convivência com o agressor? Como é sua convivência com o agressor?

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APÊNDICE C – DIÁRIO DE CAMPO

Título do Projeto: VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA: realidades e desafios

Pesquisador responsável: Maria do Livramento Fortes Figueiredo Instituição/Departamento: Universidade Federal do Piauí/Departamento de Enfermagem Pesquisador participante: Ivalda Silva Rodrigues

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ANEXOS

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ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título do estudo: VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA: realidades e desafios. Pesquisador responsável: Maria do Livramento Fortes Figueiredo Instituição/Departamento: Universidade Federal do Piauí/Departamento de Enfermagem Telefone para contato (inclusive a cobrar): (086) 3215-5558 / 3215-5862 / 9981-5878. Pesquisador participante: Ivalda Silva Rodrigues Telefones para contato: (86) 9434-0672. Local da coleta de dados: Centro de Enfrentamento à Violência Contra a Pessoa Idosa (CEVI) e domicílios das pessoas idosas. Prezado (a) Senhor (a):

Você está sendo convidado (a) a responder às perguntas desta entrevista de

forma totalmente voluntária. Antes de concordar em participar desta

pesquisa e responder esta entrevista, é muito importante que você

compreenda as informações e instruções contidas neste documento. Os

pesquisadores deverão responder todas as suas dúvidas antes que você se

decidir a participar. Você tem o direito de desistir de participar da pesquisa a

qualquer momento, sem nenhuma penalidade e sem perder os benefícios aos

quais tenha direito.

Objetivo do estudo: Analisar os casos de violência contra a pessoa idosa cadastrados no CEVI do município de Teresina – PI. Procedimentos: Sua participação nesta pesquisa consistirá apenas em responder as perguntas abertas desta entrevista, respondendo às perguntas formuladas que abordam os casos de violência contra a pessoa idosa. Benefícios: Esta pesquisa trará maior conhecimento sobre o tema abordado, sem benefício direto para você. Tendo em vista a relevância do assunto no que se refere à quantidade de vítimas nessa faixa etária, que tende a ser crescente em virtude do aumento dessa população, bem como a sua complexidade tornou-se necessária à exploração desta temática. O estudo nos permitirá avaliar os casos de violência contra a pessoa idosa, repercutindo na ampliação do cuidado, bem como na elaboração de estratégias de promoção da saúde e de prevenção desses agravos, com vista à melhoria da qualidade de vida dessas pessoas. Entende-se, portanto, que este estudo pode colaborar, tanto pelos aspectos individuais quanto proporcionar melhores programas assistências a essa população. Acredita-se, também, que a pesquisa a ser desenvolvida servirá como instrumento de visibilidade

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da pessoa idosa, diante do contexto atual, e para a produção de futuras pesquisas congêneres. Riscos: Os riscos para os sujeitos deste estudo são mínimos, porém, por se tratar de pessoas idosas que passaram por algum tipo de violência, essas pessoas poderão ficar constrangidas ou até mesmo entristecidas pelos questionamentos que serão feitos, visto que se lembrarão de momentos ruins de suas vidas, assim como também poderão pensar que as informações fornecidas por elas tornem-se de conhecimento público. Esses riscos serão minimizados pelo compromisso ético das pesquisadoras e explicação sucinta da pesquisa antes de dar início aos questionamentos. Além disso, as pesquisadoras se comprometem a manter o anonimato da identificação do depoente, minimizado, assim, esse risco e garante estar preparada para amparar a pessoa idosa diante de eventual desconforto durante o questionamento, através de um esclarecimento prévio dos objetivos da pesquisa e sobre o que será abordado durante o diálogo, assim como pausas, quando for necessário. Ademais, o estudo não prevê a existência de qualquer outro risco de vida. Também, reafirma-se que não haverá nenhuma forma de pagamento pela participação neste estudo. Sigilo: As informações fornecidas por você terão sua privacidade garantida pelos pesquisadores responsáveis. Você não será identificado em nenhum momento, mesmo quando os resultados desta pesquisa forem divulgados.

Você tem a garantia de acesso aos dados, em qualquer etapa do estudo, além de acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. Caso você concorde em participar do estudo, seu nome e identidade serão mantidos em sigilo. A menos que requerido por lei ou por sua solicitação, somente o pesquisador, a equipe do estudo, o Comitê de Ética independente terão acesso para verificar as informações do estudo.

Vale ressaltar que fica resguardado o seu direito de retirar o consentimento

em qualquer tempo do estudo, o que não lhe trará nenhum prejuízo. Consentimento da participação da pessoa como sujeito Eu,____________________________________________________________, RG:__________________ CPF:______________________, abaixo assinado, concordo em participar do estudo, como sujeito. Fui suficientemente informado a respeito das informações que li ou que foram lidas para mim, descrevendo o estudo “Violência contra a pessoa idosa: realidades e desafios”. Eu discuti com as pesquisadoras sobre a minha decisão em participar nesse estudo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta de despesas. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo. Local e data _____________________________________________________ Nome e Assinatura do sujeito ou responsável: _______________________________________________________________

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Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste sujeito de pesquisa ou representante legal para a participação neste estudo.

Teresina, ___ de _____________ de ______

_____________________________________

Assinatura do pesquisador responsável Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato: Comitê de Ética em Pesquisa – UFPI - Campus Universitário Ministro Petrônio Portella - Bairro Ininga Centro de Convivência L09 e 10 - CEP: 64.049-550 - Teresina - PI tel.: (86) 3215-5734 - email: [email protected] web: www.ufpi.br/cep

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ANEXO B - MINI EXAME DO ESTADO MENTAL (MEEM) e ESCALA DE

DEPRESSÃO GERIÁTRICA DE YESAVAGE-VERSÃO REDUZIDA (EDG-15)

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ANEXO C – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

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ANEXO D – DECLARAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO DA SASC