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MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 121
IV. EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA: ORGANIZAÇÃO DO
TRABALHO E PRÁTICAS ASSISTENCIAIS
O campo da Saúde da Família destaca os recursos humanos como fator fundamental para a
implementação do programa nos municípios. Vários estudos já observaram a ausência de
profissionais capacitados para atuar neste tipo de projeto. É necessário habilitação para o
trabalho multiprofissional e interdisciplinar, organizado a partir de uma equipe, onde não
há supostamente uma hierarquia. Em face disto há dificuldades em atrair e contratar
profissionais apesar de salários mais atraentes, e a rotatividade entre os mesmos, prejudica
a organização do trabalho e o processo de transformação das práticas assistenciais.
Outro problema que deve ser enfrentado para efetiva substituição de práticas assistenciais
propostas pela estratégia da Saúde da Família é a insegurança no trabalho gerada pela
prevalência de formas de contratação precárias, praticadas em face da reforma do Estado e
expressas na Lei de Responsabilidade Fiscal dos Municípios que não permite ultrapassar
65% os gastos com pessoal.
Esse é um dilema importante desta inovação nas práticas de saúde: é um processo intensivo
em força de trabalho implementado em uma conjuntura que impõe limites severos para a
contratação. É uma proposta sustentada no estabelecimento de vínculos com a comunidade
sem garantir os vínculos trabalhistas para as ESF.
Segundo as diretrizes da Estratégia da Saúde da Família (MS/SAS, 1998), há algumas
competências de caráter geral e organizacional que os profissionais de saúde da família
devem desenvolver, além do reconhecimento da relevância do trabalho em equipe a ser
desenvolvido em uma unidade básica de saúde:
Promoção da saúde, ou seja, capacidade de identificar os fatores determinantes da
qualidade de vida, bem como compreender o sentido da responsabilização
compartilhada como base para o desenvolvimento das ações que contribuem para o
alcance de uma vida saudável.
Planejamento das ações, a capacidade para diagnosticar a realidade local para elaborar
e avaliar planos de trabalho capazes de produzir impacto sobre a realidade sanitária na
população, famílias e indivíduos de uma área de abrangência.
Ao investigar a experiência de implementação do Programa de Saúde da Família em
Manaus (AM) levantou-se uma amostra de integrantes das ESF já implantadas no
município até 31 de julho de 2001. As informações, opiniões e percepções desses buscam
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identificar o perfil dos profissionais que compõem suas equipes, a forma de inserção no
PSF, os fatores importantes à análise da operacionalização da conversão do modelo de
atenção à saúde nas Unidades Básicas a partir da análise do trabalho em equipe e do
estabelecimento de vínculos entre a ESF e a comunidade.
A análise que se segue está estruturada ao redor dos eixos: perfil dos profissionais das
ESF; inserção dos profissionais no PMF/PSF; organização do processo de trabalho
proposta para as Equipe de Saúde da Família no município considerando-se a absorção e
valorização pelos profissionais e pela população-alvo do modelo de atenção; desempenho
dos profissionais em suas atividades e atribuições, facilidades e dificuldades encontradas e
efetivo desenvolvimento das diretrizes da Saúde da Família.
PERFIL DOS PROFISSIONAIS DAS EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Em Manaus, o Programa Médico de Família/Saúde da Família em março de 2002 estava
constituído por 171 equipes e envolvia 1.836 profissionais, número muito maior do
estipulado para realização de um inquérito censitário. Foi definida uma amostra aleatória
simples, selecionadas 42 equipes (24,6% do total) e entrevistados 376 profissionais que
atuavam no PMF/PSF. Deste total, 56 tinham formação em nível superior, 59 em nível
médio e 261 eram Agentes Comunitários de Saúde cuja exigência formal de escolaridade é
de nível elementar.
Aos entrevistados somavam-se 75 profissionais de ESF que não responderam ao
questionário. Eram 31 profissionais de nível superior, dois quais foram admitidos após
agosto de 2001; 10 se recusaram e nove estavam afastados do serviço por motivos de
férias, licença, licença médica, licença maternidade ou em educação continuada.
Também não foram entrevistados 18 auxiliares de enfermagem e 26 Agentes Comunitários
de Saúde. Estavam afastados de sua atividade 16 auxiliares e 20 Agentes Comunitários de
Saúde e se recusaram a responder 2 auxiliares e 6 Agentes Comunitários de Saúde
Tabela 69 – Universo dos profissionais pesquisados em Manaus (AM), 2002
Profissional Responderam Não Responderam Total
Médico 28 16 44
Enfermeiro 21 11 32
Odontólogo 7 4 11
Agente Comunitário de Saúde 261 26 287
Auxiliar de Enfermagem 59 18 77
Total 376 75 451
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
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Profissionais de nível superior
Dos 56 profissionais de nível superior entrevistados, 28 (50%) eram médicos, 21
enfermeiros (37,5%) e sete odontólogos (12,5%), dos quais 37 do sexo feminino (66,1%) e
19 (33,9%) do sexo masculino.
Tabela 70 – Profissionais de nível superior entrevistados quanto à área de formação,
Manaus (AM), 2002
Área de formação N %
Médico 28 50,0
Enfermeiro 21 37,5
Odontólogo 7 12,5
Total 56 100,0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Os profissionais de nível superior concentraram-se em faixas etárias jovens: cerca da
metade (27) tinha até 30 anos. Vinte e um (37,5%) tinham entre 26 e 30 anos, entre 31 e 35
anos existiam sete profissionais (12,5%), e nove estavam na faixa de idade entre 36 a 40
anos (16,1%). Seis entrevistados tinham de 20 a 25 anos e apenas três profissionais
indicaram ter mais de 50 anos.
O tempo de formado dos profissionais médicos, enfermeiros e odontólogos inseridos no
PMF/PSF em Manaus entrevistados foi diversificado, contudo cerca da 40% formaram-se
há menos de dois anos. Com menor tempo de formado – menos de um ano – existiam
apenas dois entrevistados (3,6%). Na faixa de um a dois anos de formado encontravam-se
um terço dos profissionais (19), dez deles tinham de três a cinco anos (17,9%) e doze de
seis a dez anos (21,4%). Três entrevistados informaram estar formados há mais de vinte
anos.
Entre os 28 médicos, a parcela mais significativa (42,9%) possui de um a dois anos de
formado, 17,9% de três a cinco anos e 21,4% de seis a dez anos. Com mais de vinte anos
de formado estão 2 entrevistados (7,1%).
Entre os enfermeiros também se observa o predomínio de profissionais na faixa de um a
dois anos de formado (33,3%), sendo que 19,0% estão na faixa de três a cinco anos. Há um
profissional de enfermagem com mais de vinte anos de formado e dois com menos de um
ano.
Os odontólogos inseridos no PSF de Manaus têm o maior tempo de formado, três fizeram o
curso de graduação entre seis e dez anos, dois de dezesseis a vinte anos, um de dez a
quinze e um de três a cinco anos.
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Indagados quanto à especialização, 38 profissionais de nível superior entrevistados em
Manaus informam que não tem qualquer título de especialista, o que corresponde a 67,8%
do total. Apenas 17 profissionais (30,4%) possuem titulação. Destes, dois são médicos, que
realizaram residência (7,1%) em instituições públicas, um em clínica médica e um em
ginecologia e obstetrícia.
Cursaram especialização lato sensu, oito médicos, seis enfermeiros e um odontólogo.
Nenhum dos profissionais possui mestrado ou doutorado.
Tabela 71 – Caracterização dos profissionais de nível superior quanto à forma de
especialização, Manaus (AM), 2002.
Título de especialista Total Médico Enfermeiro Odontólogo
N % N % N % N %
Residência 2 3,6 2 7,1 – – – –
Especialização 15 26,8 8 28,6 6 28,6 1 14,3
Não tem 38 67,8 18 64,3 14 66,6 6 85,7
Não respondeu 1 1,8 – – 1 4,8 – –
Total 56 100,0 28 100,0 21 100,0 7 100,0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Entre os quinze profissionais de nível superior que informaram curso de especialização, a
área de formação é diversificada. A maior parte concentra-se em cursos de saúde coletiva,
com focos em Saúde Pública (4), Medicina Social Preventiva (1) e Saúde da Família (3).
Outras áreas de especialização citadas foram: administração hospitalar (1), obstetrícia (2),
medicina do trabalho (1), anestesiologia (1), UTI (1), hemoterapia (1) e endodontia (1).
Desses profissionais, 12 realizaram sua formação em instituições públicas.
Cinco médicos referem-se à saúde pública como área de formação, sendo dois na área do
PSF. Entre os enfermeiros dois se especializaram em saúde pública, dois em obstetrícia e
um em UTI. Nenhum enfermeiro fez especialização em Saúde da Família.
Instados a confirmar a realização de especialização com enfoque em Saúde da Família,
cinco médicos e um enfermeiro responderam positivamente.
Em relação à experiência anterior em projetos semelhantes ao PSF, dos 56 entrevistados,
34 (60,7%) responderam sim, sendo que para 13 (23,2%) ela se deu no próprio município
de Manaus, para dez (17,9%) em
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outros municípios no estado do Amazonas e onze (19,6%) em outros estados. Somam 19
(33,9) os que não tem experiência anterior no programa. Três não responderam à pergunta.
A freqüência de experiência anterior à sua inserção no PSF de Manaus em programas
similares é maior entre os enfermeiros (80,5%) do que entre os médicos (64,5%) e
odontólogos (14,3%).
Tabela 72 – Profissionais de nível superior com experiência anterior em projetos
semelhantes ao PSF, Manaus (AM), 2002
Experiência anterior Total Médico Enfermeiro Odontólogo
N % N % N % N %
Sim, neste município 13 23,2 6 21,4 7 33,5 - -
Sim, em outro município neste Estado 10 17,9 5 17,9 4 19,0 1 14,3
Sim, em outro Estado 11 19,6 7 25,0 4 19,0 - -
Nunca teve experiência anterior 19 33,9 9 32,1 4 19,0 6 85,7
Não respondeu 3 5,4 1 3,6 2 9,5 - -
Total 56 100,0 28 100,0 21 100,0 7 100,0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Quadro 20 – Síntese do perfil dos profissionais de nível superior no PMF/PSF,
Manaus (AM), 2002
Perfil N % (N=56)
Sexo feminino 37 66,1
Faixa etária de 20 a 30 anos 27 48,2
Especialização 17 30,4
Curso saúde da família 6 10,7
Experiência anterior em Saúde da Família 34 60,7
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Auxiliares de Enfermagem
Em Manaus foram entrevistados 59 auxiliares de enfermagem do PMF/PSF. A grande
maioria desses profissionais era do sexo feminino (94,9%), com apenas três entrevistados
do sexo masculino. Dois terços destes profissionais tinham até 40 anos, de idade, assim
distribuídos: nove entrevistados (15,3%) na faixa de 21 a 25 anos; onze (18,6%) nas faixas
de 26 a 30 anos e outros onze (18,6%) de 31 a 35 anos, e 12 (20,3%) na faixa entre 36 e 40
anos. Destaca-se que 24,8% dos auxiliares de enfermagem entrevistados tinha entre 41 e
55 anos. Apenas um declarou idade acima de 56 anos.
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Quadro 21 – Caracterização dos auxiliares de enfermagem quanto à escolaridade e
escolarização, Manaus (AM), 2002
Escolaridade e escolarização N % (N=59)
1º. Grau completo - -
2º. Grau completo 54 91,5
Técnico completo 33 55,9
Técnico na área da saúde 27 48,8
Cursando o 2º. Grau 3 -
Cursando o Superior 16 27,1
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Quanto à escolarização cerca da metade dos auxiliares de enfermagem ou seja, 34 (57,6%)
não estavam estudando, no momento da pesquisa. Destes, onze (32,4%) não estudavam há
mais de seis anos e 17,6% tinham parado de estudar entre um e dois anos antes.
Vinte e um auxiliares de enfermagem informaram que estavam estudando (35,6%), sendo
que dezesseis (27,1%) cursavam a faculdade e três entrevistados estavam cursando a 3ª
série do 2º grau. Dois não informaram a série e quatro não responderam.
Quanto à formação técnica 33 (55,9%) dos entrevistados concluíram o 2º grau técnico e
uma parcela significativa (42,4%) não possui a formação técnica. Entre os 33 auxiliares de
enfermagem que tinha formação técnica, um terço (36,3%) concluiu seu curso há mais de
seis anos e seis entrevistados (18,2%) estavam formados há um ou dois anos.
A caracterização dos cursos técnicos realizados indicou que 75,8% possuíam formação na
área de saúde, e a maioria (60,7%), era técnico de enfermagem. Dois tinham formação
técnica como auxiliar de enfermagem (incluindo auxiliar de consultório dentário), um
técnico em hemoterapia, um em patologia clínica e em UTI. Outras áreas de formação
foram citadas totalizando 24,8% como assistente e técnico em administração, magistério,
técnico em contabilidade e secretariado.
Em relação ao tempo de formado como auxiliar de enfermagem, quase a metade dos 59
profissionais (42,4%) concluiu os estudos há mais de seis anos, 14 (23,7%) de cinco a seis
anos, 14 de três a quatro anos e 4 (6,8%) de um a dois anos. Apenas dois não responderam.
Realizaram cursos com enfoque em Saúde da Família 21 dos auxiliares de enfermagem
(35,6%). Dos que fizeram esta capacitação a maior parte não especificou (56,9%) a carga
horária do curso. Entre os nove que informaram a duração do curso cinco responderam que
tinha sido de até 40 horas, e quatro que freqüentaram capacitações em PSF com carga
horária de 80 horas e mais (um 140 horas, dois 120 horas e um de 80 horas).
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Os auxiliares de enfermagem inseridos no PMF/PSF e entrevistados em Manaus, em sua
maioria (79,7%), não possuía outro vínculo de trabalho. Dos 12 que possuíam outro
vínculo 33,4% não responderam qual a carga horária semanal do outro emprego, todavia
cinco (41,7%), informaram uma segunda jornada de trabalho contratada de 40 a 48 horas.
Um entrevistado informou a carga horária de 30 horas semanais e outros dois, de duas a
oito horas de trabalho.
O local de exercício do outro vínculo de trabalho para oito (66,7%) era o hospital, dois
faziam acompanhamento de doentes em domicílio, um trabalhava em outro serviço de
saúde e um em outros serviços.
A maioria dos auxiliares de enfermagem – 48 (81,3%) – não teve nenhuma experiência
anterior em programa similar ao PMF/PSF. Dos nove com experiência, cinco trabalharam
no próprio município e dois em outro município do estado do Amazonas. O tempo de
duração da experiência anterior ao PMF/PSF de Manaus variou entre um e mais de doze
anos. Dos nove com experiência prévia 44,4% relataram que esta teve duração entre um e
dois anos, e dois informaram duração entre cinco e seis anos.
Quadro 22 – Síntese do perfil dos auxiliares de enfermagem no PMF/PSF, Manaus
(AM), 2002
Perfil N % (N=59)
Sexo feminino 56 94,9
Faixa etária: até 40 anos 43 72,8
2º grau completo 54 91,4
Técnico completo 33 55,9
Capacitação em Saúde da Família 21 35,6
Vínculo de trabalho exclusivo com PSF 47 79,7
Experiência anterior em Saúde da Família 9 15,3
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Agentes Comunitários de Saúde
Foram entrevistados no município de Manaus 261 agentes comunitários de saúde, a
maioria 232 (88,9%) do sexo feminino e 29 (10,7%) do sexo masculino.
Em relação à faixa etária observou-se uma variação acentuada, embora predominassem os
profissionais jovens (cerca da metade tem menos de 30 anos com a seguinte distribuição:
70 estavam na faixa de 21 a 25 anos (26,8%), 54 (20,7%) na faixa de 26 a 30 anos, 52 entre
31 e 35 anos (19,9%), e 46 tinham de 36 a 40 anos (17,6%). Existiam ainda 22 na faixa de
41 a 45 anos (8,4%) e dez acima de 46 anos (3,9%). Apenas quatro entrevistados (1,5%)
tinham, menos de 20 anos.
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A caracterização dos agentes quanto à escolaridade revelou que a maioria tinha o 2º grau
completo, 159 (60,9%). Existiam ainda 25 ACS (9,6%) que estudaram até o 2ºano e 18
(6,9%) até a 1º série do 2º grau. Com o 1º grau completo haviam 31 entrevistados (11,9%),
12 (4,6%) cursaram até a 7º série, um até a 6º série, quatro (1,5%) até a 5º série, e três até a
4º série.
Dos 261 ACS entrevistados 147 (56,3%) não estudavam no momento da pesquisa e os que
ainda estudavam somaram 94 entrevistados. Houve 20 (7,7%) não respostas. Entre os 147
que tinham parado de estudar, 31 (21,1%) o fizeram três a quatro anos antes, 30 (20,4%) há
mais de seis anos, 26 (17,7%) de um a dois anos antes, 22 (15,0%) de cinco a seis anos e
10 (6,8%) há menos de um ano.
Cinqüenta e nove ACS (22,6%) tinham formação técnica concluída, e 17 (6,5%) estavam
cursando. Entre os que concluíram a formação técnica, 19 (32,2%) tinham, mais de seis
anos de formados, 17 (28,8%) de três a quatro anos, oito (13,6%) de cinco a seis anos, e
seis tinham concluído há menos de dois anos. Houve 65 ACS (24,9%) que não
responderam.
Os ACS apresentaram uma formação técnica bastante diversificada. Apenas 27 (10,3%)
possuam a formação na área de saúde. A maior parte (21) fez curso técnico de
enfermagem. Os outros realizaram outros cursos: assistente administrativo (12), técnico de
contabilidade (11) 2º grau acadêmico e magistério (3). Não responderam a pergunta 14
entrevistados.
Quadro 23 – Escolaridade e escolarização dos agentes comunitários de Saúde,
Manaus (AM), 2002
Escolaridade e escolarização N % (N=261)
1º. Grau completo 31 11,9
2º. Grau completo 159 60,9
Técnico completo 59 22,3
Técnico na área da saúde 26 9,9
Cursando o 1º grau 16 6,1
Cursando técnico 17 6,5
Cursando o 2º. Grau 50 19,2
Cursando o Superior 2 0,8
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Entre os 261 agentes comunitários entrevistados em Manaus, 100 (38,3%) responderam
que já tinham feito algum curso com enfoque em Saúde da Família. Outros 100 (38,3%)
responderam que não tinham realizado curso nesta área e não responderam 61 (23,4%).
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Em relação à duração dos cursos 45% dos que tinham realizado curso em Saúde da Família
informaram uma carga horária de até 36 horas de duração, sendo que destes 20% fizeram
curso com carga horária de 12 horas. Do total de entrevistados 38% não revelaram a carga
horária do curso.
A maioria dos ACS (90,8%) respondeu que não tinha outro vínculo de trabalho. Apenas
um ACS tinha outro ocupação laboral e vinte e três (8,8%) não responderam.
Quanto à experiência anterior em programas similares ao Saúde da Família, a grande
maioria 227 (86,9%) relatou não ter experiência anterior a inserção no PSF de Manaus. Os
que relataram tal experiência somaram apenas 18 entrevistados, entre os quais 14 tiveram
experiência no próprio município. Do total de entrevistados 16 não responderam a
pergunta.
O tempo da experiência anterior concentrou-se principalmente no período de um (44,4%) a
dois anos de atuação (33,3%).
Cinqüenta agentes (19,2%) possuíam experiência em outras atividades comunitárias, sendo
que 15 (5,7%) durante apenas um ano, 12 (4,6%) durante dois anos e oito relataram ter tido
experiência comunitária por seis anos ou mais. Contudo, a maioria (75,5%) nunca realizara
nenhuma atividade comunitária.
Quadro 24 – Síntese do perfil dos agentes comunitários de saúde no PMF/PSF,
Manaus (AM), 2002
Perfil N % (N=261)
Sexo feminino 232 86,9
Faixa etária 21 A 25 anos 70 26,8
2º grau completo. 159 60,9
Técnico completo 59 22,6
Capacitação em saúde da família 100 33,3
Vínculo de trabalho exclusivo com PSF 237 90,3
Experiência anterior em saúde da família 34 13,0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
2. INSERÇÃO DOS PROFISSIONAIS NO PMF/PSF
A inserção do profissional é aqui analisada como todo o processo administrativo que
recruta, seleciona, contrata com jornada de trabalho específica, exerce supervisão do
trabalho, entendida como educação continuada e define o processo de trabalho no âmbito
das unidades de saúde da família. A inserção profissional estrutura a organização do
trabalho e das práticas assistenciais. O processo formador motiva o profissional a optar por
esta modalidade de trabalho, como uma alternativa no mercado de trabalho.
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Esse processo é estudado pela caracterização dos profissionais de nível superior quanto à
experiência anterior, ao tempo de atuação no PSF, à forma de seleção, à modalidade de
contratação, carga horária e tipo de capacitação oferecida para o profissional pela
coordenação do PSF municipal.
Profissionais de nível superior
No momento da realização da pesquisa o PMF completava 3 anos de implementação.
Metade dos profissionais de nível superior (16 enfermeiros e 13 médicos) foram inseridos
nos últimos doze meses. Cerca de 30% destes profissionais trabalhavam no PMF/PSF entre
25 e 36 meses, dos quais apenas três eram enfermeiros. A inserção de enfermeiros nas
equipes de PMF/PSF foi iniciada em agosto de 2001.
Tabela 73 – Tempo de atuação dos profissionais de nível superior no PMF/PSF,
Manaus (AM), 2002
Tempo de atuação Total Médico Enfermeiro Odontólogo
N % N % N % N %
De 07 meses a 12 meses 29 51.7 13 46.5 16 76.2 - -
De 13 meses a 24 meses 8 14.3 4 14.3 2 9.5 2 28.6
De 25 meses a 36 meses 16 28.6 9 32.1 3 14.3 4 57.1
De 37 meses a 48 meses 3 5.4 2 7.1 0.0 1 14.3
Total 56 100.0 28 100.0 21 100.0 7 100.0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Menos da metade dos profissionais de nível superior trabalhavam na mesma área desde a
sua inserção no PMF/PSF, indicando rotatividade alta dentro do programa. Contudo 14
(25%) profissionais atuaram sempre na mesma equipe. Dezenove profissionais mudaram
de equipe, oito por motivos gerenciais e 11 pediram para mudar. Destes seis eram médicos
que justificaram a solicitação com a distância da área de trabalho, um odontólogo e dois
enfermeiros. Um enfermeiro declarou ter dificuldades na equipe.
Tabela 74 – Características da atuação dos profissionais de nível superior em equipe
do PMF/PSF no município, Manaus (AM), 2002
Área de atuação N %*
Sempre nesta área desde a implantação do PMF/PSF 23 41,1
Sempre na mesma equipe na qual ocupou vaga aberta por outro profissional 14 25,0
Em mais de uma equipe do PMF/PSF por necessidade gerencial 8 14,3
Em mais de uma equipe do PMF/PSF a seu pedido 11 19,6
Não respondeu 2 3,6
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de respondentes e os 100%,
respectivamente, porque a questão que deu origem à tabela admite mais de uma resposta.
Os profissionais de nível superior do PMF/PSF em Manaus afirmaram ter optado por este
trabalho especialmente devido a compartilharem das idéias de que a estratégia da Saúde da
Família pode ser um avanço no sentido do controle social da população sobre os serviços
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 131
de saúde (66,1%) e pode reorganizar a atenção da saúde no município (53,6%). Essas
motivações foram as mais freqüentes entre médicos, enfermeiros e odontólogos.
A motivação salarial (37,5%) e a do trabalho junto a comunidades pobres (35,7%) foram
assinaladas em terceiro e quarto lugares. Todavia este último motivo foi mais acentuado
entre os odontólogos, dos quais cinco entre sete informaram estar motivados para trabalhar
com comunidades pobres embora não manifestem nenhuma expectativa de mudança nas
práticas assistenciais. O desemprego não apareceu como razão para a inserção no
PMF/PSF entre médicos, somente para dois enfermeiros e um odontólogo.
Tabela 75 – Motivos dos profissionais de nível superior para trabalhar no PMF/PSF,
Manaus (AM), 2002
Motivos da opção N %
Por compartilhar a idéia de que a estratégia da Saúde da Família pode ser um avanço no
sentido do controle social da população organizada sobre os serviços de atenção à saúde
37 66,1
Por compartilhar a idéia de que a estratégia da Saúde da Família pode reorganizar a atenção à
saúde no SUS municipal
30 53,6
Porque é um mercado de trabalho promissor, com salário diferenciado 21 37,5
Por sentir-se motivado para trabalhar com comunidades pobres 20 35,7
Porque a SMS ofereceu a possibilidade de mudar de prática dentro da rede municipal 10 17,9
Por considerar que as atribuições do PSF são compatíveis com a sua formação 7 12,5
Por estar desempregado 3 5,4
Outro 3 5,4
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Os profissionais de nível superior informaram diversas formas de seleção no PSF: 18
indicaram a seleção pública (32,1%), com predomínio entre enfermeiros (10). A seleção
interna à SMS de profissionais da rede municipal foi relatado por 16 profissionais, dos
quais dez eram médicos.1 Vinte por cento dos profissionais informaram que não ocorreu
qualquer seleção. O convite pessoal foi apontado por médicos e enfermeiros e a indicação
de gestores por médicos e odontólogo. Os mecanismos de seleção mais freqüentemente
mencionados foram análise de currículo (78,6%) e entrevista (67,9%).
Tabela 76 – Formas de seleção dos profissionais de nível superior do PMF/PSF,
Manaus (AM), 2002
Forma de seleção N %
Seleção pública 18 32,1
Seleção interna à SMS de profissionais da própria rede municipal 16 28,6
Convite pessoal 6 10,7
Indicação de gestores 5 8,9
Outro 12 21,4
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
1 Esta percepção é contraditória com a informação dos gestores do programa quanto à baixa inserção de
profissionais da rede no programa.
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Embora os gestores da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus tivessem informado que
os profissionais de nível superior do PMF/PSF eram todos contratados por meio de Regime
Especial de Trabalho, 26,8% (15) informaram ter um vínculo trabalhista CLT dos quais 8
médicos, 5 enfermeiros e 2 odontólogos. Cerca de 15% (8) declararam ser servidores
públicos estatutários – um médico, 5 enfermeiros e 2 odontólogos – e dois profissionais
(um médico e um enfermeiro) afirmam que estão vinculados ao PMF/PSF por meio de
serviço prestado à SMS por empresa. Menos da metade dos profissionais de nível superior
(41%) informaram serem contratados de uma “outra” forma, que corresponderia ao RET e
cerca de 15% não responderam.
Médicos e enfermeiros são contratados por 40 horas semanais, sendo que 92,9% dos
médicos e 81% dos enfermeiros considerou o regime de trabalho como de dedicação
exclusiva. Os dentistas são contratados por 20 horas semanais. Um médico informou ser
contratado por 20 horas semanais e 4 profissionais de nível superior – um médico e três
enfermeiros – declararam que o contrato era de 40 horas semanais com flexibilidade para
outra atividade.
A remuneração desses profissionais variou segundo a categoria. O salário bruto percebido
pelos médicos esteve na faixa de R$4.001 a R$5.000 (9) e R$5.001 a R$6.000 (18). Os
enfermeiros situaram sua remuneração entre R$2.001 a R$3.000 (10) e R$3.001 a R$4.000
(11). Os odontólogos informaram receber entre R$1.000 e R$2.000 (5) de R$2.001 a
R$3.000 (2), para carga horária de 20 horas semanais.
Os enfermeiros (71,4%) foram os profissionais que mais consideraram como incompatíveis
o salário recebido e as atribuições desenvolvidas, seguidos pelos odontólogos (57,1%).
Mais da metade dos médicos (15) opinou que salário e atribuições eram compatíveis. No
conjunto dos profissionais de nível superior, cerca de 60% achavam que os salários são
incompatíveis com as atribuições.
Os profissionais valorizaram os diversos tipos de capacitação, sejam eles oferecidos pelo
PMF/PSF de Manaus ou outros que enfocam as práticas assistenciais das ESF. Destacaram
como fundamental ao exercício de sua atividade a participação em encontros entre os
profissionais de Saúde da Família (78,6%); treinamento introdutório (73,2%); atualização
em atenção básica (67,9%); curso de especialização em saúde da família (64,3%) e
capacitação permanente em ações focalizadas em atendimentos para grupos específicos
(64,3%). Essas percepções são proporcionalmente maiores entre os odontólogos.
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 133
Tabela 77 – Opinião dos profissionais de nível superior quanto ao tipo de capacitação
necessária para o exercício de suas atividades, Manaus (AM), 2002
Tipo de capacitação N %
Encontros entre profissionais da Saúde da Família promovidas pela Secretaria Municipal para
troca de experiências
44 78,6
Treinamento introdutório adequado às novas atribuições 41 73,2
Treinamento de atualização em atenção básica 38 67,9
Curso de especialização em Saúde da Família 36 64,3
Capacitação permanente focalizada nos atendimentos a grupos específicos 36 64,3
Treinamento que permita a elaboração ou o aperfeiçoamento da análise do perfil
epidemiológico local
26 46,4
Curso de especialização em Saúde Pública 16 28,6
Curso de especialização em sua área de formação 6 10,7
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Os médicos foram os profissionais que mais referiram ter recebido treinamento para coleta
e análise dos dados do SIAB com 75%, percentual que entre os enfermeiros foi de 66,7% e
entre os odontólogos de 42,9%. Porém, médicos e odontólogos (85,7%) igualmente
declararam que remetem mensalmente os dados do SIAB para a Secretaria Municipal de
Saúde. Cerca da metade dos profissionais de nível superior informou que utilizava os
dados do SIAB para a tomada de decisão (médicos 50% e enfermeiros 52,4%). Os
dentistas usavam mais os dados do SIAB em suas reuniões com a coordenação municipal
do PMF/PSF.
Quadro 25 – Síntese da inserção dos profissionais de nível superior no PMF/PSF,
Manaus (AM), 2002
Inserção N % N=56)
Tempo de atuação: 7 a 12 meses 29 51,7
Atuação na mesma área de inserção 23 41,1
Escolha por acreditar na estratégia do PSF no controle social e na reorganização à
saúde
37 66,1
Forma de seleção 18 32,1
Contrato de trabalho não especificado(40HS) 23 41,1
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Auxiliares de enfermagem
A inserção dos auxiliares de enfermagem no PMF/PSF de Manaus caracterizou-se por um
tempo maior de atuação no programa que os profissionais de nível superior. Mais da
metade dos auxiliares (54,6%) estavam trabalhando no programa entre 25 e 36 meses, e
outros 35,6 % tinha de 12 a 24 meses de inserção. Nos últimos doze meses foi baixa a
inserção destes profissionais no PMF/PSF.
Cerca da metade (26 ou 44%) desses profissionais atuavam na mesma área desde a
implantação do PMF/PSF, embora vinte auxiliares de enfermagem (33,9%) assinalaram
mudança de equipe a pedido e cinco por necessidade gerencial. Os motivos alegados para
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 134
solicitar mudança de equipe foram em 65% dos casos devido distância da área de trabalho,
sendo que dois auxiliares indicaram dificuldades com a equipe. Nove auxiliares atuavam
na mesma equipe desde a sua inserção, no programa ocupando vaga aberta por outro
profissional.
Os auxiliares tomaram conhecimento do PMF/PSF por diferentes meios. O principal foi a
informação de colegas (35,5%), seguido da imprensa escrita (32,2%). A divulgação nos
serviços de saúde e nas instituições formadoras foi mencionada por apenas 10% desses
profissionais.
Entre os auxiliares inseridos no PMF/PSF 55,4% não trabalhavam antes na Secretaria
Municipal de Saúde. Dos demais, 28,8% trabalhavam em posto ou centro de saúde e 11,9%
em hospital. É provável pelo número de respostas que alguns desses profissionais
mantenham mais de um vínculo de trabalho.
Os entrevistados apresentaram mais de um motivo de escolha para sua inserção no
PMF/PSF. O principal motivo assinalado (30,8%) foi compartilhar da opinião que a
estratégia do PMF/PSF pode resolver as necessidades de saúde da comunidade, e em
seqüência decrescente a identificação com a proposta do PMF/PSF no município (15,3%).
Também assinalaram o desemprego (13,6%) e a motivação de trabalhar numa comunidade
pobre (13,6%). Não foram muito valorizadas a remuneração diferenciada (6,8%) ou
complementações salariais (3,4%) associadas ao PMF/PSF.
A forma de seleção dos auxiliares de enfermagem para inserção no PMF/PSF em Manaus
foi para a maioria (54,3%) por meio de concurso público e 33,6% identificou sua inserção
por processo seletivo realizado pela Secretaria Municipal de Saúde. A indicação política ou
de associação de moradores apareceram como alternativas informadas por sete dos
entrevistados.
Solicitados a explicitar os mecanismos de seleção utilizados, os auxiliares apontaram prova
escrita (39%), entrevista (35,6%) e análise de currículo (33,9%). Poucos se referiam a
realização de prova prática (6,8%).
A maioria (61%) dos auxiliares de enfermagem indicaram a contratação por regime
especial de trabalho (contrato temporário por tempo determinado), embora 28,8%
referiram o regime estatutário de servidor público. A grande maioria dos profissionais
informaram receber complementações salariais como auxílio alimentação (93,2%) e
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 135
auxílio transporte (74,6%). Um número reduzido de doze auxiliares indicou receber
insalubridade.
Os auxiliares de enfermagem se dividiram na percepção da compatibilidade entre seus
salários e suas atribuições. Vinte e sete consideraram que eram compatíveis, o mesmo
número opinou que eram incompatíveis e cinco não responderam a questão.
Indagados sobre qual forma de capacitação consideravam fundamental para o exercício de
suas atividades indicaram o treinamento introdutório (33) para conhecer competências e
atribuições dos membros da equipe, a capacitação permanente para ações focalizadas nos
grupos de risco (32) e receber supervisão em serviço sob liderança da enfermagem (25).
No entanto, 33 (55,9%) auxiliares de enfermagem declararam que não tinham recebido o
treinamento introdutório e vinte e seis informaram que sim. Destes últimos, quinze
auxiliares de enfermagem (57% dos que participaram de treinamento introdutório)
consideraram que o treinamento fora suficiente para o exercício profissional e os outros
que consideraram insuficiente, apresentaram (8) como principal razão a carga horária.
Em relação a participação em atividades de capacitação, trinta e um (52,5%) disseram não
participar, enquanto 26 participavam. Embora seis não tenham respondido qual a forma
dessa capacitação, dez dos auxiliares de enfermagem que recebiam capacitação
informaram receber supervisão técnica sob liderança da enfermeira e oito treinamento em
serviço. Apenas dois declararam receber capacitação para ações focalizadas em grupos de
risco.
Os níveis decisórios que definem os temas a serem abordados nesta capacitação foram,
para metade dos auxiliares (13) que participavam dessas atividades, a coordenação
municipal do PMF/PSF, a coordenação distrital (8) e os profissionais de nível superior (6).
Para 96,1% dos auxiliares de enfermagem a participação na capacitação foi considerada
como atividade obrigatória.
Grande parte dos auxiliares de enfermagem (47,4%) entrevistados não responderam a
pergunta sobre a existência de treinamento específico para a coleta e análise dos dados do
SIAB e vinte e dois (37,4%) confirmaram terem sido treinados para tal fim.2
Mais da metade dos auxiliares de enfermagem não respondeu sobre os usos que a ESF faz
dos dados do SIAB, enquanto vinte e três das 40 resposta concentraram-se em que o uso
2 O baixo número de respostas sugere desconhecimento do termo SIAB por parte dos auxiliares.
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 136
principal era a remessa mensal dos mesmos para a Secretaria Municipal de Saúde, oito
declararam analisar os dados para a tomada de decisão e outras oito respostas foram para
discutir os dados com a coordenação do PMF/PSF.
Quadro 26 – Síntese da inserção dos auxiliares de enfermagem no PMF/PSF, Manaus
(AM), 2002
Inserção N % (N=59)
Tempo de atuação: 25 a 36 meses 32 54,2
Atuação na mesma área de inserção 26 44,1
Motivo de escolha: acreditar na estratégia do PSF na resolução das
necessidades de saúde e organização de atenção à saúde
18 30,5
Forma de seleção: concurso público 32 54,3
Contrato de trabalho: RET – temporário SEMSA 36 61,0
Complementação salarial: auxílio alimentação 55 92,3
Capacitação: treinamento introdutório ao PSF 26 44,1
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Agentes Comunitários de Saúde
A inserção dos agentes comunitários de saúde (ACS) entrevistados no PMF/PSF de
Manaus ocorreu ao longo do tempo de implantação do programa. O maior número deles
(110) informou 24 a 36 meses de atuação no PMF/PSF, seguido por 86 ACS que atuavam
entre 13 e 24 meses. As duas faixas perfazem 75,1% destes profissionais. O período de
inserção entre 36 a 48 meses representou 15,7%. Nos últimos doze meses a absorção de
ACS nas ESF em Manaus não alcançou 10%.
A grande maioria dos agentes comunitários de saúde (74,7%) declarou atuar na mesma
área desde implantação do programa sendo que 21,1% atuava na mesma equipe, na qual
substituíram outro profissional que deixara o posto de trabalho. Onze ACS indicaram
mudança de área ou equipe, sendo que nove por necessidade gerencial e dois a pedido
próprio – um devido à distância da área ou outro por motivo não especificado.
Tabela 78 – Características da atuação dos agentes comunitários de saúde em equipe
do PMF/PSF no município, Manaus (AM), 2002
Área de atuação N %
Sempre nesta área desde a implantação do PMF/PSF 195 74,7
Sempre na mesma equipe na qual ocupou vaga aberta por outro profissional 55 21,1
Em mais de uma equipe do PMF/PSF neste município por necessidade gerencial 9 3,4
Em mais de uma equipe do PMF/PSF neste município a seu pedido 2 0,8
Não respondeu 1 0,4
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Os ACS tomaram conhecimento da seleção para o PMF/PSF em Manaus por diferentes
meios de divulgação, em ordem decrescente: informações de colegas, (46,4%); divulgação
na comunidade (22,2%) e os meios de comunicação que foram assinalados em ordem
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 137
decrescente – jornal, rádio e televisão – somando 21,8% das respostas. A divulgação sobre
o PMF/PSF em serviços de saúde ou instituições formadoras foi mencionada somente por
11 ACS (4,2%).
Os ACS apresentaram mais de um motivo para terem escolhido trabalhar no PMF/PSF. Os
motivos mais assinalados foram o desemprego da grande maioria (70,9%) destes
profissionais. Combinou-se a este fato a motivação de trabalhar em sua própria
comunidade: 54,8% disseram ser motivados pela situação de pobreza da mesma e 47,1%
interessados pela proximidade do trabalho à residência. Ainda chama atenção o fato de
41% dos ACS acreditarem que a estratégia do PMF/PSF pode resolver as necessidades de
saúde da comunidade e organizar a atenção de saúde. A atração salarial foi apontada por
apenas 2,7% dos agentes comunitários de saúde.
Tabela 79 – Motivos dos agentes comunitários de saúde para trabalhar no PMF/PSF,
Manaus (AM), 2002
Motivo da opção N %
Estar desempregado 185 70,9
Trabalhar com a comunidade pobre 143 54,8
Trabalhar próximo à residência 123 47,1
Compartilhar da idéia que a estratégia do PMF/PSF pode resolver as
necessidades de saúde da comunidade e organizar a atenção de saúde
107 41,0
Atribuições compatíveis com sua escolaridade 28 10,7
Identificação com a proposta do PMF/PSF no município 20 7,7
Mercado de trabalho promissor, com salário diferenciado 7 2,7
Outro 5 1,9
Não respondeu 5 1,9
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de respondentes e os 100%,
respectivamente, porque a questão que deu origem à tabela admite mais de uma resposta.
Os ACS em grande medida identificaram o processo seletivo realizado pela Secretaria
Municipal de Saúde como a forma de seleção para inserção no PMF/PSF em Manaus.
Porém, 28% declararam com terem sido selecionados por indicação de outro profissional
da ESF e outras indicações que totalizaram 10,3%.
Tabela 80 – Formas de seleção dos agentes comunitários de saúde, Manaus (AM),
2002
Formas de seleção N %
Processo seletivo da Secretaria Municipal de Saúde 149 57,1
Indicação de outro profissional da ESF (qualquer categoria) 73 28,0
Indicação da Associação de Moradores ou outra entidade comunitária 17 6,5
Indicação de gestores 6 2,3
Indicação política (de prefeito, vereador) 4 1,5
Outro 6 2,3
Não respondeu 10 3,8
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 138
Solicitados a informar os mecanismos de seleção utilizados, os ACS apresentaram mais de
uma opção. Os mecanismos mais freqüentes foram: entrevista (64%), prova escrita,
(45,2%) e prova prática (13,4%). Carta de apresentação de Associação de Moradores para
a SMS foi assinalado como mecanismo seletivo por 2,7% dos agentes comunitários de
saúde.
Tabela 81 – Mecanismos utilizados na seleção dos agentes comunitários de saúde,
Manaus (AM), 2002
Mecanismos de seleção N %
Entrevista 167 64,0
Prova escrita 118 45,2
Prova prática 35 13,4
Desempenho no curso introdutório 21 8,0
Carta de apresentação de Associação de Moradores para a SMS 7 2,7
Outro 16 6,1
Não respondeu 9 3,4
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de respondentes e os 100%,
respectivamente, porque a questão que deu origem à tabela admite mais de uma resposta.
A quase totalidade dos ACS (243) informaram que foram contratados por regime especial
temporário (RET). Não responderam a esta pergunta 5% de profissionais. Entre os ACS,
233 (89,2%) declararam um vínculo de 40 horas semanais com dedicação exclusiva,
enquanto 7,3% (19) assinalaram que o vínculo de 40 horas permite flexibilidade para
assumir outra atividade.
A remuneração dos ACS, segundo 69,7% deles, estava na faixa entre R$201,00 e
R$500,00, porém 28,4% informaram que a remuneração era no valor de até R$200,00.
Para 80,1% dos ACS não existia nenhuma forma de complementação salarial, e 13%
declararam receber um complemento embora sem especificar o tipo. Entre os ACS, 77,0%
considerou sua remuneração incompatível com suas atribuições.
Tabela 82 – Existência de complementação salarial para agentes comunitários de
saúde no PMF/PSF, Manaus (AM), 2002
Complementação salarial N %
Não recebe complementação 209 80,1
Recebe insalubridade 1 0,4
Recebe outra complementação 34 13,0
Não respondeu 17 6,5
Total 261 100,0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
A maioria dos ACS (69,4%) recebeu treinamento introdutório em sua inserção no
PMF/PSF em Manaus. Destes, 77,9% consideraram que o treinamento foi adequado, e
18,8% insuficiente pela carga horária.
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 139
Tabela 83 – Avaliação do treinamento recebido por agentes comunitários de saúde no
PMF/PSF, Manaus (AM), 2002
Avaliação N %
Adequado 141 77,9
Insuficiente pela carga horária 34 18,8
Insuficiente por conteúdo inadequado 5 2,8
Insuficiente pelos professores não preparados 1 0,5
Insuficiente pela linguagem muito técnica 1 0,5
Insuficiente, mas não respondeu o motivo 1 0,5
Não respondeu 2 1,1
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Base: Agentes comunitários de saúde que receberam treinamento introdutório.
Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de agentes comunitários de saúde que
receberam treinamento introdutório e os 100%, respectivamente, porque a questão que deu origem à tabela
admite mais de uma resposta.
Os ACS de Manaus que informaram participar de atividades de capacitação foram 220
(84,3%) e indicaram que sua realização ocorrera de diversas formas: treinamento em
serviço (37,3%); capacitação em ações focalizadas nos grupos de risco (27,7%); e,
supervisão técnica sob a liderança de enfermeiro (22,7%). Para 95,4% (211) dos ACS que
foram capacitados esta atividade é obrigatória e os responsáveis pela definição dos temas
da capacitação foram especialmente o coordenador municipal do programa, com 62,3% das
indicações e a coordenação distrital, regional ou zonal do PMF/PSF, assinalada em 22,3%
das respostas.
Tabela 84 – Responsáveis pela definição dos temas de capacitação dos agentes
comunitários de saúde no PMF/PSF, Manaus (AM), 2002
Ator N %
Coordenação municipal do PMF/PSF 137 62,3
Coordenação distrital, regional ou zonal do PMF/PSF 49 22,3
Profissionais de nível superior da ESF 16 7,3
Agentes comunitários de saúde com supervisor 13 5,9
ESF em conjunto 3 1,4
Outra 4 1,8
Não respondeu 9 4,1
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Base: Agentes comunitários de saúde que participaram de atividades de capacitação continuada.
Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de agentes comunitários de saúde que
participaram de atividades de capacitação continuada e os 100%, respectivamente, porque a questão que deu
origem à tabela admite mais de uma resposta.
Entre os ACS, 58,6% declararam ter recebido treinamento para utilizar o SIAB e 18,4%
informaram que não receberam este treinamento. Houve 23% de não respostas. Para os
ACS, a ESF faz diversos usos dos dados do SIAB mas 95 ACS não responderam esta
pergunta. Os usos mais indicados por ordem decrescente, foram a remessa mensal à SMS
(41,8%); a análise dos mesmos para tomada de decisões (24,9%) e a discussão dos dados
com a coordenação do PSF (20,3%).
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 140
Tabela 85 – Uso dos dados do SIAB pelas ESF segundo os agentes comunitários de
saúde, Manaus (AM), 2002
Utilização do SIAB N %
Remeter mensalmente à SMS 109 41,8
Analisar os dados para a tomada de decisões 65 24,9
Discutir os dados observados com a coordenação do PMF/PSF 53 20,3
Discutir com a comunidade os dados observados 14 5,4
Discutir os dados com outros órgãos governamentais 1 0,4
Não respondeu 95 36,4
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de respondentes e os 100%,
respectivamente, porque a questão que deu origem à tabela admite mais de uma resposta.
Quadro 27 – Síntese da inserção dos agentes comunitários de saúde no PMF/PSF,
Manaus (AM), 2002.
Inserção N % (N=261)
Tempo de atuação: 25 a 36 meses 110 42,1
Atuação na mesma área de inserção 195 74,7
Motivo de escolha: desemprego 185 70,9
SEMSA 149 57,1
Contrato de trabalho: RET (40 HS) 243 93,1
Complementação salarial: insalubridade e não especificada 35 13,4
Capacitação treinamento em serviço 82 37,5
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
3. SUPERVISÃO DOS PROFISSIONAIS DAS EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA
A supervisão é uma variável limite entre o processo administrativo de inserção que se
acabou de analisar e a organização das práticas de assistência a partir de novas abordagens
implícitas na estratégia da Saúde da Família: trabalho em equipe, planejamento e
programação de ações de saúde, integração entre vários níveis de atenção e articulação
interinstitucional.
O reconhecimento da atividade supervisão, sua periodicidade e natureza apontam para uma
dimensão gerencial das relações interpessoais e da articulação entre gestão e execução
além da oferta de suporte técnico a ESF, que inclui a educação permanente através de
treinamento em serviço.
Profissionais de nível superior
Os profissionais em sua grande maioria receberam supervisão (91,1%). A supervisão
desses profissionais foi realizada pela coordenação distrital do PMF/PSF 74,5%, parte dos
profissionais (39,2%) informa que ela foi feita por uma equipe interdisciplinar. Ainda,
11,8% atribuíram à coordenação municipal do PMF/PSF esta responsabilidade. Conclui-se
que ela é externa a ESF.
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 141
As atividades de supervisão tinham freqüência regular para 60,4% dos profissionais,
subindo para 85,7% entre os odontólogos. Para um terço dos profissionais (30,4%) foram
ocasionais. Três médicos e dois enfermeiros afirmaram não receber supervisão. Dos 51
profissionais que receberam supervisão, 29,4% declarou que foi quinzenal, 27,5% disseram
ser semanal ou mensal.
Indagados sobre os objetivos da supervisão recebida pode-se observar na próxima tabela a
ordem decrescente com que as atividades são informadas. Destacaram-se entre as
atividades da supervisão realizada: discussão de problemas e demandas; acompanhamento
e controle das atividades, treinamento em serviço sobre práticas de atenção primária e
acompanhamento de riscos mais prevalentes na área.
Os objetivos da supervisão incluem com menor freqüência relações interpessoais,
sistematização de informações sobre a saúde da comunidade, realização de interconsulta
com especialista e discussão de casos clínicos.
Tabela 86 – Objetivo das atividades de supervisão segundo profissionais de nível
superior do PMF/PSF, Manaus (AM), 2002
Objetivos Sim Não
N % N %
Discussão de problemas e demandas 31 60.8 20 39.2
Acompanhamento e controle das atividades realizadas 27 52.9 24 47.1
Treinamento em serviço sobre práticas da atenção primária 25 49.0 26 51.0
Acompanhamento dos riscos mais prevalentes na área 23 45.1 28 54.9
Supervisão das relações interpessoais 18 35.3 33 64.7
Sistematização informações sobre saúde da comunidade 17 33.3 34 66.7
Interconsulta com especialista 8 15.7 43 84.3
Discutir casos clínicos 7 13.7 44 86.3
Não respondeu 3 5.9 48 94.1
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Base: Profissionais de nível superior que recebem supervisão
Auxiliares de enfermagem
Os auxiliares de enfermagem inseridos no PMF/PSF em Manaus em sua maioria (93,2%)
informaram receber supervisão técnica do enfermeiro da ESF (75,5%), do médico (56,4%)
e/ou da coordenação distrital do PMF/PSF (27,3%). Nove auxiliares indicaram outro
profissional de nível superior como responsável pela supervisão.
As atividades de supervisão foram regulares para 61,8% dos auxiliares de enfermagem,
porém 36,4% as definiram como ocasionais. Solicitados a indicar periodicidade de
supervisão 39,9% declararam serem diárias, 12,7% quinzenais, 16,4% mensais e 18,2%
dos que informaram receber supervisão não especificaram sua peridiciosidade.
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 142
Na avaliação dos objetivos da supervisão os auxiliares de enfermagem que receberam
supervisão técnica destacaram como principais: controlar administrativamente a freqüência
ao trabalho e a realização dos procedimentos de rotina evitando irregularidades que possam
prejudicar a comunidade (50,9% das menções), favorecer o bom entrosamento e
cooperação da equipe (50,9%); controlar a realização de suas atividades de acordo com as
regras e normas estabelecidas pelo PSF (41,8%); e, apoiar e/ou orientar as suas ações em
situações emergenciais e/ou de difícil abordagem na comunidade (40,0%).
Um terceiro grupo de objetivos da supervisão apontados por 15 (27,3%) ou 14 (25,5%) dos
auxiliares de enfermagem foram : constituir um elo de ligação entre gestão e execução, por
onde fluem queixas e demandas; acompanhar as suas ações na USF e na comunidade; e,
discutir seus problemas, dificuldades e demandas e encaminha-los para a coordenação do
PMF/PSF.
Por fim, 18,2% dos auxiliares declararam que a supervisão recebida busca controlar a
realização de suas atividades de acordo com o plano de metas; eleger temas para o
planejamento das atividades de educação continuada dos auxiliares de enfermagem e
permitir sua maior participação no processo de decisão dos níveis hierarquicamente
superiores.
Agentes Comunitários de Saúde
A grande maioria dos ACS (83,9%) recebeu supervisão técnica de enfermagem, e 59%
considera, que foi regular enquanto 23% afirmaram ser ocasional. Todavia, 14,2% dos
ACS não receberam qualquer supervisão. Indagados sobre a periodicidade da atividade, os
219 agentes comunitários de saúde que receberam supervisão apresentaram diferentes
percepções: 33,3% indicaram que a supervisão técnica foi diária; 25,6% declararam ser
mensal; 17,8% semanal; 12,8% quinzenal e para 5,9% dos ACS a supervisão ocorreu
apenas a cada três ou mais meses.
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 143
Tabela 87 – Regularidade da supervisão técnica dos agentes comunitários de saúde do
PMF/PSF, Manaus (AM), 2002
Freqüência da supervisão N %
Recebe regularmente 154 59,0
Recebe ocasionalmente 60 23,0
Recebe, mas não respondeu a freqüência 5 1,9
Não recebe 37 14,2
Não respondeu 5 1,9
Total 261 100,0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Tabela 88 – Periodicidade da supervisão, técnica dos agentes comunitários de saúde
do PMF/PSF, Manaus (AM), 2002
Periodicidade da supervisão N %
Diária 73 33,3
Semanal 39 17,8
Quinzenal 28 12,8
Mensal 56 25,6
A cada dois meses 5 2,3
A cada três ou mais meses 13 5,9
Não respondeu 5 2,3
Total 219 100,0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Base: Agentes comunitários de saúde que recebem supervisão técnica.
A percepção dos 219 ACS que recebem supervisão técnica da enfermagem sobre os
objetivos da atividade assinalando mais de uma resposta indicaram, em ordem decrescente,
que a supervisão objetiva controlar a eficácia da normatização do programa (105);
acompanhar suas ações na comunidade (102); controlar a realização das suas atividades em
relação ao Plano de Metas (93); favorecer o bom entrosamento e a cooperação da equipe
(89); discutir os problemas, dificuldades e demandas dos ACS para encaminhar a
coordenação do PMF/PSF (70); apoiar suas ações na comunidade em situações de
emergência e/ou de difícil abordagem como violência doméstica, resistência ao tratamento,
doença mental, etc. (67); e, eleger temas para o planejamento das atividades de educação
continuada (61). Chama atenção que poucos (5,9%) percebem como objetivo da supervisão
permitir sua maior participação no processo decisório.
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 144
Tabela 89 – Objetivos das atividades de supervisão segundo os agentes comunitários
de saúde do PMF/PSF, Manaus (AM), 2002
Objetivos N %
Controlar a realização das atividades do ACS em relação às regras e normas
estabelecidas pelo PMF/PSF
105 47,9
Acompanhar as ações dos ACS na comunidade 102 46,6
Controlar a realização das atividades do ACS em relação ao Plano de Metas 93 42,5
Favorecer o bom entrosamento e cooperação da equipe 89 40,6
Discutir problemas, dificuldades e demandas dos ACS e encaminhar para a
Coordenação do PMF/PSF
70 32,0
Apoiar e/ou orientar as ações dos ACS em relação a situações emergenciais e/ou
de difícil abordagem na comunidade
67 30,6
Eleger temas para planejamento das atividades de educação continuada dos
ACS
61 27,9
Permitir maior participação dos ACS no processo de decisão dos níveis
hierarquicamente superiores
13 5,9
Não respondeu 5 2,3
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Base: Agentes comunitários de saúde que recebem supervisão técnica.
Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de respondentes que recebem supervisão
técnica e os 100%, respectivamente, porque a questão que deu origem à tabela admite mais de uma resposta.
4. TRABALHO EM EQUIPE
Um terceiro bloco de questões busca analisar como os profissionais percebem o seu
processo de trabalho com base numa equipe multiprofissional, cujos métodos de trabalho
apontam para uma maior proximidade com a comunidade e com o meio ambiente onde a
unidade se insere.
O trabalho em equipe visa trazer para o desenvolvimento dos serviços de saúde o debate
sobre a humanização do atendimento e a responsabilização de todos, profissionais e
usuários, pela mudança nas condições de vida e saúde.
Organização do trabalho em equipe, atribuições e atividades desenvolvidas
Profissionais de nível superior
Os 56 profissionais de nível superior consideraram a equipe sensível e aberta às mudanças
nas rotinas e procedimentos (91,1%) e com um relacionamento bom e respeitoso (89,3%).
Integra também a percepção positiva da equipe ser dinâmica (75%), priorizar o trabalho em
equipe (71%), e ser participativa estimulando a participação da comunidade (57%). Este
grupo de profissionais destacaram ainda que a equipe conta com o apoio de outros
profissionais.
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 145
Tabela 90 – Perfil da equipe de Saúde da Família segundo profissionais de nível
superior, Manaus (AM), 2002
Perfil N %
Equipe sensível e aberta a mudanças com capacidade de rever rotinas e procedimentos 51 91,1
Relacionamento bom e respeitoso 50 89,3
Equipe dinâmica, organiza regularmente a programação das atividades da equipe 42 75,0
O trabalho em equipe é prioritário 40 71,4
Equipe participativa, estimula a participação da comunidade 32 57,1
A equipe conta com o apoio de outros profissionais 24 42,9
O trabalho individual dos profissionais oferece pouco suporte ao conjunto 3 5,4
Relações conflituosas 1 1,8
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de respondentes que recebem supervisão
técnica e os 100%, respectivamente, porque a questão que deu origem à tabela admite mais de uma resposta.
Para 67,9% dos profissionais de nível superior a programação de atividades foi discutida
semanalmente sendo orientada pela decisão da equipe a partir do perfil epidemiológico da
população e da realidade local e pelas demandas da população (75,0%). Outros fatores que
orientaram a programação de atividades assinalados foram as orientações da Secretaria
Municipal de Saúde (57,1%), as normas do Ministério da Saúde (46,4%). e os dados do
SIAB (32,1%).
A maioria absoluta dos profissionais de nível superior considerou que os membros da
equipe da Saúde da Família são em Manaus os principais atores na elaboração da
programação de atividades, com ênfase no papel dos médicos (94,6%), auxiliares de
enfermagem (89,3%) e ACS (87,5 %). Os níveis de gerência distrital ou regional foram
considerados como tendo participação igual a dos odontólogos (35,7%).
Tabela 91 – Avaliação dos profissionais de nível superior sobre principais
participantes na programação de atividades, Manaus (AM), 2002
Profissionais N %
Médicos 53 94,6
Auxiliares de Enfermagem 50 89,3
Agentes Comunitários de Saúde 49 87,5
Enfermeiros 42 75,0
Odontólogos 20 35,7
Coordenações distritais zonais ou regionais PMF/PSF 20 35,7
Coordenação central PMF/PSF 7 12,5
Outros profissionais da ESF 3 5,4
Não respondeu 1 1,8
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de respondentes que recebem supervisão
técnica e os 100%, respectivamente, porque a questão que deu origem à tabela admite mais de uma resposta.
Os profissionais de nível superior informaram que o atendimento da equipe não é
exclusivo para a população cadastrada e 94,6% declararam abrir exceções. Foi consenso
entre 52 profissionais de nível superior que existe prioridade de atenção à saúde para os
grupos de risco. Dentre estes grupos foram mais assinalados: atenção à criança, pré-natal,
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 146
controle da diabetes, controle da hipertensão e atenção aos idosos. Tuberculose,
hanseníase, câncer de colo uterino e DST/AIDS foram mencionados por 40 a 57% dos
profissionais. A saúde bucal foi considerada prioridade por 37,5% e atenção aos
adolescentes por 35% dos profissionais.
As atividades mais desenvolvidas pela ESF para a população cadastrada, reuniões de
equipe, visitas domiciliares, ações de educação em saúde e consultas clínicas individuais
de diversos tipos (médica, odontológica, de enfermagem) para a população cadastrada,
receberam mais de 80% das menções. As reuniões de supervisão – tanto as específicas aos
profissionais de nível superior quanto as que eles utilizam sobre o trabalho dos ACS e
auxiliares de enfermagem – e o atendimento da demanda espontânea foram mencionadas
por 45 a 42 profissionais, em torno de 75%. Foram muito baixas as freqüências das
atividades de partos domiciliares e pequenas cirurgias ambulatoriais.
Tabela 92 – Percepção dos profissionais de nível superior sobre as atividades
desenvolvidas pela ESF, Manaus (AM), 2002
Atividades N %
Reuniões de equipe 51 91,1
Visita Domiciliar 51 91,1
Ações de educação em saúde 48 85,7
Consulta clínica individual/consulta odontológica/consulta de enfermagem para a população
cadastrada
47 83,9
Reunião com a coordenação/supervisão 45 80,4
Atendimento à demanda espontânea da população 43 76,8
Supervisão do trabalho dos auxiliares de enfermagem e agentes comunitários de saúde 42 75,0
Reunião com a comunidade 37 66,1
Atividades administrativas/gerenciais 29 51,8
Consulta clínica individual/consulta odontológica/consulta de enfermagem para grupos
prioritários
29 51,8
Outras atividades programáticas com grupos prioritários 29 51,8
Procedimentos odontológicos coletivos na comunidade 28 50,0
Atividades de capacitação 24 42,9
Atividades de grupo com pacientes em atendimento na USF 21 37,5
Atendimento de emergência/urgência 15 26,8
Contatos com outros órgãos governamentais e entidades 11 19,6
Partos Domiciliares 4 7,1
Pequenas cirurgias ambulatoriais 4 7,1
Outras 2 3.,6
Não respondeu 1 1,8
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Em seqüência ao levantamento da percepção dos profissionais quanto às atividades
desenvolvidas pela ESF, buscou-se levantar como aqueles distribuíram as mesmas na
semana anterior à pesquisa. A análise a seguir indica uma semana típica de trabalho para
cada categoria profissional de nível superior da ESF - quadros 28, 29 e 30 – a partir das
atividades desenvolvidas em uma semana de trabalho e agrupadas por seu caráter
assistencial/ de educação em saúde/outro; por sua realização dentro/ fora da USF; por sua
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 147
ênfase na ação coletiva/ individual e por sua realização a partir de programação focalizada
em grupos de risco/demanda espontânea. A partir desses eixos visou-se conhecer em que
medida a organização das atividades da semana expressou transformações no processo de
trabalho desses profissionais a partir da estratégia da Saúde da Família.
Em relação aos médicos, o desenvolvimento de atividades assistenciais de diferentes
naturezas (366) predominaram em relação às outras atividades no âmbito administrativo e
educação continuada (67) e às ações de educação em saúde (24), estas de caráter coletivo.
Quando se observou a assistência prestada pelos médicos na perspectiva da relação
intra/extra muros houve uma maior prevalência da visita domiciliar (108) entre todas as
atividades, embora as atividades assistenciais na USF representassem mais do dobro
daquelas realizadas na comunidade (253).
O atendimento individual predominou na USF destacando-se primeiro as consultas de
clinica individual agendadas para a população cadastrada (83), seguida do atendimento da
demanda espontânea (60). Atendimento de emergência /urgência (7) e pequenas cirurgias
ambulatoriais (1) foram muito inferiores.
As atividades programadas para a população cadastrada (83) e para grupos prioritários (76)
seja consultas ou outras somadas assumiram contudo posição dominante na organização da
oferta de atenção.
As atividades administrativas e de educação continuada em grande parte são internas à
USF. Elas em conjunto ocuparam o menor tempo dos médicos destacando-se em posição
similar a supervisão recebida de parte da coordenação (19) e a realizada junto aos
profissionais de nível médio e elementar (21). A reunião de equipe teve índice inferior
neste agrupamento (15).
Reunião com a comunidade teve uma incidência mínima no conjunto das atividades
indicadas pelos médicos.
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 148
Quadro 28 – Semana típica dos médicos, Manaus (AM), 2002
Atividades realizadas por turno Manhã Tarde Total
Atividades assistenciais na Unidade 253
Consulta clínica individual para a população cadastrada 58 25 83
Consulta clínica individual para grupos prioritários 18 22 40
Outras atividades programáticas com grupos prioritários* 15 21 36
Atividades de grupo com pacientes em atendimento na USF 12 14 26
Atendimento à demanda espontânea da população 37 23 60
Atendimento de emergência/urgência* 5 2 7
Pequenas cirurgias ambulatoriais 0 1 1
Atividades assistenciais na comunidade 113
Partos domiciliares 0 0 0
Visita domiciliar 85 23 108
Procedimentos odontológicos coletivos na comunidade 0 5 5
Ações de educação em saúde* 13 11 24
Outras atividades 67
Reunião com a comunidade* 0 3 3
Atividades administrativas/gerenciais 7 12 19
Reuniões de equipe 1 14 15
Reunião com a coordenação/supervisão 0 19 19
Supervisão do trabalho dos auxiliares de enfermagem e dos ACS 12 9 21
Atividades de capacitação 0 1 1
Contatos com outros órgãos governamentais e entidades* 0 4 4
Outras 0 0 0
Não respondeu 8 7 15
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
* Atividades que podem ocorrer dentro ou fora da USF, embora esta informação não tenha sido levantada.
A semana típica dos enfermeiros em termos gerais guardou semelhança a dos médicos:
predominância da assistência (190) em relação às outras atividades no âmbito
administrativo e de educação continuada (68) e às ações de educação em saúde (13). A
visita domiciliar (79) é a atividade dominante no espaço delimitado da assistência de
enfermagem extra-muros.
Os enfermeiros desenvolveram duas vezes mais visitas domiciliares do que consultas
individuais na USF (38) e do que consultas e outras atividades programáticas para grupos
prioritários (36). As atividades programadas tiveram entre os enfermeiros indicações
superiores ao atendimento da demanda espontânea.
Na semana de trabalho desses profissionais destacou-se ainda supervisão do trabalho dos
agentes comunitários de saúde e auxiliares de enfermagem (37) como atividade dominante
no âmbito da educação continuada, e entre o conjunto das atividades. A ela segue reunião
com a coordenação /supervisão (12) e reunião de equipe obteve 13 indicações.
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 149
Quadro 29 – Semana típica dos enfermeiros, Manaus (AM), 2002.
Atividade realizadas por turno Manhã Tarde Total
Atividades assistenciais na unidade 111
Consulta de enfermagem para a população cadastrada 22 16 38
Consulta de enfermagem para grupos prioritários 17 9 26
Outras atividades programáticas com grupos prioritários 7 3 10
Atividades de grupo com pacientes em atendimento na USF 12 7 19
Atendimento à demanda espontânea da população 10 8 18
Atendimento de emergência/urgência 0 0 0
Pequenas cirurgias ambulatoriais 0 0 0
Atividades assistenciais na comunidade 79
Partos domiciliares 0 0 0
Visita domiciliar 51 28 79
Procedimentos odontológicos coletivos na comunidade 0 0 0
Ações de educação em saúde 3 10 13
Outras atividades 68
Reunião com a comunidade 1 1 2
Atividades administrativas/gerenciais 0 2 2
Reuniões de equipe 4 9 13
Reunião com a coordenação/supervisão 0 12 12
Supervisão do trabalho dos auxiliares de enfermagem e dos ACS 22 15 37
Atividades de capacitação 1 1 2
Contatos com outros órgãos governamentais e entidades 0 0 0
Outras 0 0 0
Não respondeu 12 15 27
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Na semana típica dos odontólogos houve o predomínio das atividades assistenciais (41) em
relação às atividades administrativas (12) e às ações de educação em saúde (6). Na
assistência observou-se dominância dos procedimentos odontológicos na comunidade (12),
de cunho coletivo. Visitas domiciliares (6), consultas odontológicas para população
cadastrada (6) tiveram indicações superiores às demais formas de assistência individual de
demanda espontânea e emergência.
Esses profissionais destacam receber supervisão, mas não indicam exercê-las sobre
auxiliares e agentes comunitários de saúde.
O índice de não resposta foi elevado.
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 150
Quadro 30 – Semana típica dos odontólogos, Manaus (AM), 2002.
Atividade realizada Por Turno Manhã Tarde Total
Atividades assistenciais na unidade 23
Consulta odontológica para a população cadastrada 5 1 6
Consulta odontológica para grupos prioritários 4 1 5
Outras atividades programáticas com grupos prioritários 4 1 5
Atividades de grupo com pacientes em atendimento na USF 0 1 1
Atendimento à demanda espontânea da população 1 1 2
Atendimento de emergência/urgência 4 0 4
Pequenas cirurgias ambulatoriais 0 0 0
Atividades assistenciais na comunidade 18
Partos domiciliares 0 0 0
Visita domiciliar 6 0 6
Procedimentos odontológicos coletivos na comunidade 6 6 12
Ações de educação em saúde 5 1 6
Outras atividades 12
Reunião com a comunidade 0 1 1
Atividades administrativas/gerenciais 0 0 0
Reuniões de equipe 2 1 3
Reunião com a coordenação/supervisão 4 1 5
Supervisão do trabalho dos auxiliares de enfermagem e dos ACS 0 0 0
Atividades de capacitação 0 0 0
Contatos com outros órgãos governamentais e entidades 1 0 1
Outras 1 1 2
Não respondeu 14 22 36
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Auxiliares de enfermagem
Os auxiliares de enfermagem do PMF/PSF caracterizaram suas equipes de forma positiva:
o relacionamento é bom e respeitoso (72,9%), há prioridade para o trabalho em equipe
(49,2%) e todos têm importância nas reuniões de equipe e demais atividades (49,2%).
A equipe foi considerada dinâmica (47,5%), sensível e aberta à mudanças internas
(47,5%), e às necessidades da comunidade observadas no trabalho dos profissionais
(45,8%) A equipe foi também percebida como participativa estimulando a participação da
comunidade (42,4%).
A maioria dos auxiliares de enfermagem (69,5%) declarou que a programação é discutida
semanalmente e que os principais parâmetros que orientam esta atividade são: decisão da
equipe a partir do perfil epidemiológico e da realidade local (64,4%), normas do Ministério
da Saúde (37,3%) e as demandas da população (28,8%). Ainda destacaram as orientações
da SMS e os dados do SIAB (ambos mencionados por 18,6% do conjunto de menções).
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 151
Os auxiliares de enfermagem informaram que todos os profissionais da equipe
participaram da realização da programação das ações, embora ao assinalarem entre as
diversas alternativas os médicos foram indicados por um número maior de profissionais
(51), seguido do enfermeiro (42), dos próprios auxiliares de enfermagem (41) e dos ACS
(39). A participação de odontólogos cai para 27,1% bem como de profissionais de nível
gerencial.
Embora o PSF preconize o atendimento à demanda programada, não foi raro que as ESF
atendessem também a demanda espontânea, seja como resposta às pressões da população
neste sentido seja como forma de garantir o atendimento da população cadastrada,
estreitando os vínculos. A percepção dos auxiliares de enfermagem pareceu confirmar este
aspecto à medida que, quando indagados se concordavam que o PMF/PSF atende apenas
com agendamento prévio, 17% concorda muito enquanto a maioria concorda em parte
(37,3%) ou não concorda (37,3%) com esta afirmativa.
As atividades dos auxiliares de enfermagem para fins de análise foram agrupadas em seis
conjuntos: procedimentos de rotina sob sua responsabilidade que incluíram consulta,
aplicação de vacinas, curativos, injeção, inalação, pesagem de crianças etc., e
representaram mais de 90% das atividades assinaladas; trabalho de campo desenvolvendo
atividades dirigidas para a comunidade representaram entre 30 e 15%; trabalho de campo
desenvolvendo atividades dirigidas para as famílias representaram entre 90 e 75%;
atividades de administração e gerência (18%); atividades de capacitação profissional
(29%);e, reunião de equipe (72%).
Elas se confirmaram em parte na semana típica desenhada com base na distribuição de
atividades realizadas por turno na semana anterior à entrevista, que se encontra no quadro
abaixo. Aí se vê que as atividades assistenciais agrupadas em procedimentos de rotinas
foram as mais preponderantes no cotidiano do auxiliar de enfermagem (296) e são
geralmente executadas na USF. As atividades desenvolvidas fora da unidade se dirigem
agora principalmente à comunidade (136), embora um número significativo de indicações
apontem sua orientação para o atendimento das famílias (102), ou seja, para atividades
assistenciais.
Outras atividades internas se deram no nível administrativo (34), em reuniões de equipe
(46) e em capacitação (34).
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 152
Quadro 31 – Semana típica dos auxiliares de enfermagem, Manaus (AM), 2002
Atividades por turno 2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira
Manhã Tarde Manhã Tarde Manhã Tarde Manhã Tarde Manhã Tarde
Procedimentos de
rotina
27 27 33 36 32 30 30 26 32 23
Trabalho de campo na
comunidade
25 15 15 15 17 10 13 11 10 5
Trabalho de campo
junto às famílias
12 16 15 10 11 9 14 8 6 1
Atividades
administrativas
6 1 1 - 3 7 3 4 5 4
Reunião de equipe 2 4 2 1 7 2 - 1 5 22
Capacitação 1 1 3 1 6 4 3 7 4 4
Não respondeu 7 5 6 6 6 6 11 10 11 9
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
As ESF em Manaus estabelecem prioridades no atendimento segundo 49 auxiliares de
enfermagem que assinalaram como grupos priorizados criança, pré natal, hipertensão,
diabetes e idoso, em ordem decrescente.
Os auxiliares de enfermagem demonstraram um bom conhecimento e manejo dos
instrumentos que facilitam a organização do trabalho na estratégia Saúde da Família
embora o índice de não resposta a pergunta tenha sido elevado (entre 15 e 30%). Os meios
de utilização mais freqüente foram a programação semanal (71,2%), os relatórios
consolidados do SIAB (59,3%), reunião de equipe (57,6%) e os cadastro das famílias
conjuntamente ao plano de metas (45,7%). O mapa da área e o diagnóstico de saúde
constituíram os instrumentos não utilizados na programação de atividades,
respectivamente, por 22% e 19% dos auxiliares de enfermagem.
Tabela 93 – Freqüência de utilização de instrumentos de organização do trabalho por
auxiliares de enfermagem, Manaus (AM), 2002
Instrumentos Muito
freqüente
Pouco
freqüente
Não usa Não
conhece
Não
respondeu
Total
N % N % N % N % N % N %
Plano de metas 27 45,7 9 15,3 4 6,8 2 3,4 17 28,8 59 100,0
Programação semanal 42 71,2 4 6,8 2 3,4 - - 11 18,6 59 100,0
Reunião de equipe 34 57,6 14 23,7 2 3,4 - - 9 15,3 59 100,0
Mapa da área 18 30,5 8 13,6 13 22,0 1 1,7 19 32,2 59 100,0
Diagnóstico de saúde 18 30,5 8 13,6 11 18,6 2 3,4 20 33,9 59 100,0
Cadastro de famílias 27 45,8 10 16,9 5 8,5 - - 17 28,8 59 100,0
Relatórios consolidados de
informações do SIAB
35 59,3 6 10,2 2 3,4 - - 16 27,1 59 100,0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Agentes Comunitários de Saúde
Os ACS traçaram um perfil da equipe fortemente positivo. O maior indicador disto foi que
220 agentes comunitários de saúde (84%) afirmaram que o relacionamento da equipe é
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 153
bom e respeitoso. Mais de 50% avaliaram a equipe como dinâmica (153) e participativa
(134). A ESF ainda se apresentava para esses profissionais como sensível à mudança na
sua organização (117) e às necessidades da comunidade trazidas pelo seu trabalho (100).
No entanto, para 104 ACS (40%) o trabalho de equipe não constituía uma prioridade.
Um perfil negativo da equipe, como apática com dificuldades no trabalho interno e na
comunidade foi informado por um número muito reduzido de profissionais (5%). O índice
de não resposta também foi baixo (2,7%).
Tabela 94 – Perfil da equipe de Saúde da Família segundo os agentes comunitários de
saúde, Manaus(AM), 2002
Perfil da equipe N %
Relacionamento bom e respeitoso 220 84,3
Equipe dinâmica, organiza regularmente a programação das atividades da equipe 153 58,6
Equipe participativa, estimula a participação da comunidade 134 51,3
Equipe sensível e aberta a mudanças com capacidade de rever suas rotinas e
procedimentos
117 44,8
O trabalho em equipe é prioritário 104 39,8
Equipe sensível às necessidades da comunidade apontadas pelo trabalho dos ACS 100 38,3
Todos os membros da ESF têm um papel importante nas reuniões de equipe e nas
atividades realizadas
99 37,9
Equipe apática, apresenta dificuldades tanto no trabalho interno quanto no
trabalho com a comunidade
13 5,0
Relação é conflituosas no interior da equipe 10 3,8
O trabalho individual dos profissionais oferece pouco suporte ao conjunto 7 2,7
Equipe fechada, trabalha voltada especialmente para uma rotina pré-estabelecida 6 2,3
Não respondeu 7 2,7
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de respondentes e os 100%,
respectivamente, porque a questão que deu origem à tabela admite mais de uma resposta.
A programação das atividades é uma rotina fundamental para a organização do trabalho da
equipe. Para grande parte (90%) dos ACS do PMF/PSF em Manaus este instrumento é
discutido regularmente, freqüência semanal segundo 72% dos agentes mensal ou para
outros 13,8% ACS. Apenas 2,7% responderam que não discutem a programação.
Estes profissionais consideram que os principais parâmetros orientadores da programação
são a decisão da equipe a partir do perfil epidemiológico e da realidade local e as normas
do Ministério da Saúde, ambos com índices superiores a 50%. Em seqüência decrescente
foram assinaladas as demandas da população (28,7%), a orientação da SMS (27,2%) e os
dados do SIAB (22,6%). Não responderam 10% dos agentes comunitários de saúde.
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 154
Tabela 95 – Parâmetros orientadores da programação de atividades segundo os
agentes comunitários de saúde, Manaus(AM), 2002
Orientação N %
Decisão da equipe a partir do perfil epidemiológico e da realidade local 138 52,9
Normas do Ministério da Saúde 135 51,7
Demandas da população 75 28,7
Orientação da SMS 71 27,2
Dados do SIAB 59 22,6
Disponibilidade de espaço físico 29 11,1
Dados de outros sistemas de informação 19 7,3
Não respondeu 28 10,7
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de respondentes e os 100%,
respectivamente, porque a questão que deu origem à tabela admite mais de uma resposta.
Os principais atores no processo de elaboração da programação são, segundo os ACS, os
próprios profissionais da equipe de Saúde da Família. Entre estes, 91,2% dos ACS
atribuíram ao médico o papel principal, seguido pelos próprios ACS (79,3%) e auxiliares
de enfermagem (78,2%) e enfermeiros (62,8%). A participação dos odontólogos foi
percebida como menor (24,5%), bem como a dos níveis gerenciais – distrital e municipal –
de coordenação do programa.
Tabela 96 – Percepção dos agentes comunitários de saúde sobre os participantes na
programação de atividades, Manaus (AM), 2002
Atores N %
Médicos 238 91,2
Agentes comunitários de saúde 207 79,3
Auxiliares de enfermagem 204 78,2
Enfermeiros 164 62,8
Odontólogos 64 24,5
Coordenação distrital/zonais/regionais do PSF 45 17,2
Coordenação municipal do PSF 43 16,5
Outros profissionais da ESF 11 4,2
Não sabe 15 5,7
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de respondentes e os 100%,
respectivamente, porque a questão que deu origem à tabela admite mais de uma resposta.
Em relação ao modelo assistencial proposto pelo programa, os ACS identificaram algumas
readequações no que tange ao atendimento prestado. Dois aspectos foram destacados: o
atendimento exclusivo à população cadastrada e o atendimento com agendamento prévio.
Metade dos ACS (50,5%) concordou que o PMF/PSF atende exclusivamente à população
cadastrada, mas a outra metade dividiu-se entre aqueles que concordaram em parte (17,6%)
e os que discordaram (21,5%), 10,4% não sabe ou não respondeu.
No item referente ao atendimento exclusivo do PMF/PSF com agendamento prévio, os
ACS se apresentam mais divididos em suas opiniões. Houve uma ligeira predominância de
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 155
ACS (35,3%) que concordaram em parte com a assertiva de que o PMF/PSF atende apenas
com agendamento prévio enquanto 28,4% concordaram muito e 24,1% discordaram.
Os ACS realizam atividades diversas. Apreendidas quanto a freqüência em que são
efetuadas pode-se observar que as visitas domiciliares foram as mais mencionadas 239
(91,6%), seguidas por busca ativa e acompanhamento de grupos prioritários (77,8%);
atualização de cadastro das famílias (59,8%); acompanhamento de consultas médicas e de
enfermagem (59,4%); identificação de famílias de risco (57,1%); atenção ao puerpério
(55,9%); e, agendamentos e encaminhamentos necessários (52,9%).
A reunião de equipe também foi percebida como atividade freqüente por cerca da metade
dos agentes comunitários de saúde bem como o desenvolvimento de ações de educação e
vigilância à saúde (42,1%). As atividades de supervisão, organização de grupos de usuários
e as de ordem administrativa e gerencial apareceram com menor freqüência.
Tabela 97 – Freqüência das atividades realizadas por agentes comunitários de saúde,
Manaus (AM), 2002
Atividades N %
Visitas domiciliares 239 91,6
Busca ativa e acompanhamento de grupos prioritários 203 77,8
Atualização do cadastro 156 59,8
Acompanhamento de consultas médicas e de enfermagem, quando necessário 155 59,4
Identificação das famílias de risco 149 57,1
Atenção ao puerpério 146 55,9
Agendamentos e encaminhamentos necessários 138 52,9
Reuniões de equipe 128 49,0
Desenvolvimento de ações de educação e vigilância à saúde 110 42,1
Preenchimento de formulários de informações para o SIAB 66 25,3
Levantamento das necessidades da população na área de saneamento e meio ambiente 60 23,0
Reuniões com coordenação/supervisão 37 14,2
Organização de grupos de usuários 33 12,6
Atividades administrativas/gerenciais 11 4,2
Outros 3 1,1
Não respondeu 4 1,5
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de respondentes e os 100%,
respectivamente, porque a questão que deu origem à tabela admite mais de uma resposta.
Solicitados a distribuir as atividades realizadas com mais freqüência nos turnos de trabalho
e dias da semana anterior à entrevista a partir de cinco grupos, de ações – : “trabalho de
campo desenvolvendo atividades dirigidas para as famílias, trabalho de campo
desenvolvendo atividades dirigidas para a comunidade, atividades de capacitação
continuada; atividades de gerência e administração; e, reunião de equipe – , observou-se
coerência nas percepções dos ACS e configurou-se uma semana típica para os ACS em
Manaus.
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 156
Quadro 32 – Semana Típica dos agentes comunitários de saúde, Manaus (AM), 2002
Atividades 2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira
Por turno de trabalho Manhã Tarde Manhã Tarde Manhã Tarde Manhã Tarde Manhã Tarde
Trabalho de campo
junto às famílias
213 146 149 113 138 111 136 100 134 50
Trabalho de campo na
comunidade
24 37 74 71 53 28 42 34 26 23
Atividade de
capacitação continuada
2 3 15 20 12 23 8 24 8 6
Atividades
administrativas
2 4 3 4 12 27 10 10 6 6
Reunião de equipe 2 34 - 11 21 31 8 15 15 109
Não respondeu 29 39 32 44 34 44 71 81 82 71
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de respondentes e os 100%,
respectivamente, porque a questão que deu origem à tabela admite mais de uma resposta
Em todos os dias da semana o grupo de atribuições mais efetuado pelos ACS foi o trabalho
de campo desenvolvendo atividades dirigidas para as famílias. Embora sua maior
incidência se modifique conforme turnos e o correr da semana esta foi a atividade semanal
mais regular e freqüente dos ACS (1290 menções). Essas atividades são especialmente
extra-muros e cotejando-as com as atividades acima indicadas pela freqüência representam
a essência e a singularidade do trabalho dos ACS.
O grupo de atividades de trabalho de campo desenvolvendo ações dirigidas para a
comunidade foi realizada com menor regularidade e todavia foi também permanente (412).
Essas complementam a especificidade do trabalho desta categoria profissional.
As atividades de capacitação continuada foram assinaladas 121 vezes com concentração na
terças e quartas-feiras e, especialmente, no período tarde. As atividades de gerência e
administração foram as menos mencionadas (94 menções). Esses dois agrupamentos
referem-se a atividades realizadas na USF e no âmbito não assistencial e representam de
um lado a necessidade de educação de novos agentes de saúde e a consolidação de seu
trabalho no plano administrativo.
Sexta-feira a tarde foi indicado como sendo dia de reunião de equipe com 247 menções
entre os entrevistados. Observa-se que o número de entrevistados que não completaram o
quadro é muito grande.
A ESF estabelece prioridades para organizar suas atividades na microárea, segundo 87%
dos ACS entrevistados. As cinco maiores prioridades que mais de 80% dos ACS
informaram foram: controle da hipertensão, atenção à criança, controle da diabetes,
atenção pré natal e atenção aos idosos. Atenção aos adolescentes foi a ação de menor
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 157
prioridade entre os ACS. Cerca de 7% dos ACS consideraram que não são estabelecidas
prioridades no desenvolvimento de suas atividades e 2,7% não responderam.
Tabela 98 – Atividades prioritárias dos agentes comunitários de saúde, Manaus
(AM), 2002
Atividades prioritárias N %
Controle da hipertensão 222 85,1
Atenção à criança 217 83,1
Controle da diabetes 214 81,2
Atenção pré-natal 213 81,6
Atenção aos idosos 210 80,5
Atenção ao puerpério 176 67,4
Controle da hanseníase 140 53,6
Controle da tuberculose 137 52,5
Saúde bucal 114 43,7
Planejamento familiar 112 42,9
Controle de câncer uterino 100 38,3
Controle de DST/AIDS 91 34,9
Atenção ao adolescente 67 25,7
Outros 4 1,5
Estabelece prioridades, mas não respondeu qual 4 1,5
Não estabelece prioridades 18 6,9
Não respondeu 7 2,7
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de respondentes e os 100%,
respectivamente, porque a questão que deu origem à tabela admite mais de uma resposta.
A freqüência com que os ACS realizam visitas domiciliares a cada família variou entre
mais de uma vez ao mês (58%), todos os meses (34%) e a cada 45 dias (1,5%). Doze ACS
declararam espontaneamente (esta resposta não foi induzida) que a freqüência depende da
necessidade.
Consultados sobre o uso de instrumentos facilitadores da organização de seu trabalho e sua
freqüência conforme preconizado pelas normas ministeriais para o PMF/PSF, os ACS
indicaram a utilização de plano de metas, programação semanal, reunião de equipe,
diagnóstico de saúde, mapa da área, cadastro de famílias, e relatórios consolidados do
SIAB.
Três instrumentos foram assinalados como de utilização muito freqüente, com índices
acima de 50%: cadastro de famílias, programação semanal e reunião de equipe. Esses
mesmos três instrumentos foram os que menos de 7% dos agentes declarou não usar e os
com menores índices de não resposta (entre 10 e 19%). O instrumento com menor índice
de utilização muito freqüente foi o diagnóstico de saúde (32,6%), o qual também teve
elevados alto índices de não utilização (19,5%) e de ACS que não responderam (33%).
Entre os instrumentos utilizados com pouca freqüência as maiores incidências foram do
mapa da área (28,7%) e a reunião de equipe (23,4%).
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 158
Entre os instrumentos que não são usados, além do diagnóstico de saúde foram mais
assinalados, o relatório consolidado do SIAB (14,2%) e o plano de metas (9,2%). Esses
últimos dois meios de organização do trabalho também são os que maior número de ACS
declarou não conhecer.
Tabela 99 – Freqüência de utilização de instrumentos de organização no trabalho por
agentes comunitários de saúde, Manaus(AM), 2002
Instrumentos Muito
freqüente
Pouco
freqüente
Não usa Não conhece Não
respondeu
Total
N % N % N % N % N % N %
Plano de metas 122 46,7 31 11,9 24 9,2 20 7,7 64 24,5 261 100,0
Programação semanal 161 61,7 39 14,9 8 3,1 1 0,4 52 19,9 261 100,0
Reunião de equipe 147 56,3 61 23,4 16 6,1 1 0,4 36 13,8 261 100,0
Diagnóstico de saúde 85 32,6 27 10,3 51 19,5 12 4,6 86 33,0 261 100,0
Mapa da área 103 39,5 75 28,7 27 10,3 2 0,8 54 20,7 261 100,0
Cadastro de famílias 165 63,2 48 18,4 18 6,9 2 0,8 28 10,7 261 100,0
Relatórios
consolidados
Informações SIAB
110 42,1 36 13,8 37 14,2 22 8,4 56 21,5 261 100,0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de respondentes e os 100%,
respectivamente, porque a questão que deu origem à tabela admite mais de uma resposta
Adequação do espaço físico da USF para a realização das atividades dos profissionais
das Equipes de Saúde Família
Profissionais de nível superior
A avaliação geral dos 56 profissionais de nível superior entrevistados sobre a adequação do
espaço físico das unidades de Saúde da Família para o desenvolvimento das atividades foi
intensamente negativa. Apenas dois dos oito itens avaliados foram percebidos como
positivos: a maior parte dos profissionais de nível superior (67,9%) considerou que a USF
situa-se em local de fácil acesso para toda a comunidade e 50% que a unidade tinha sido
especialmente construída para abrigar a equipe do PMF/PSF. No entanto, sobre estes dois
aspectos a maioria dos odontólogos afirmou o contrário.
Nos demais itens avaliados pelos profissionais de nível superior sobre o espaço físico da
USF as opiniões foram maioritariamente negativas: 98% informaram que a unidade não
permite o atendimento de forma confortável para os usuários e para os profissionais; 91%
consideraram que o espaço físico das unidades não permite realizar reuniões de grupo de
risco ou de orientação em educação em saúde e 79% que não possibilita a realização de
reuniões de equipe com privacidade.
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 159
Do ponto de vista de 91% dos profissionais de nível superior as USF não contêm a
tecnologia necessária para o desenvolvimento das ações básicas de saúde. A manutenção
das unidades de Saúde da Família não foi considerada satisfatória por 89% destes
profissionais e 93% afirmaram que a unidade não foi restaurada satisfatoriamente para
abrigar uma ESF.
Quadro 33 – Avaliação do espaço físico da unidade de Saúde da Família por
profissionais de nível superior, Manaus (AM), 2002
Avaliação do espaço físico da USF Médico Enfermeiro Odontólogo
N % N % N %
É um local de fácil acesso para toda a comunidade 19 67,9 16 76,2 3 42,9
Foi especialmente construído para abrigar a ESF da SMS 15 53,6 11 52,4 2 28,6
Permite realizar reuniões de equipe com privacidade 6 21,4 5 23,8 1 14,3
Tem manutenção satisfatória 5 17,9 1 4,8 0 0,0
Contém a tecnologia necessária para o desenvolvimento das
ações básicas de saúde
5 17,9 0 0,0 0 0,0
Permite promover reuniões de grupo de risco ou de
orientação em educação e saúde
3 10,7 1 4,8 1 14,3
Foi restaurado satisfatoriamente para abrigar uma ESF 4 14,3 0 0,0 0 0,0
Permite o atendimento de forma confortável para os
usuários e para os profissionais
1 3,6 0 0,0 0 0.0
Outro 2 7,1 - - - -
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Quadro 34 – Síntese do trabalho em equipe dos profissionais de nível superior no
PMF/PSF, Manaus (AM), 2002
Trabalho em equipe N % (N=56)
Supervisão recebida 51 91
Equipe sensível e aberta a mudanças nas rotinas e procedimentos 51 91
Discute a programação semanalmente 38 68
Equipe aberta para atendimento da população não cadastrada 53 95
Atividades predominantemente visita domiciliar 51 91
USF não contém tecnologia necessária ao desenvolvimento das ações básicas de saúde 51 91
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Auxiliares de enfermagem
Para 39 (66%) dos auxiliares de enfermagem entrevistados a unidade de Saúde da Família
é inadequada para o desenvolvimento das suas atividades. Apenas 8 (14%) auxiliares de
enfermagem consideraram o espaço físico adequado e 12 (20%) não responderam a
pergunta.
Agentes comunitários de saúde
Em torno da metade dos agentes comunitários de saúde entrevistados 133 (51%),
consideraram que a Unidade de Saúde da Família não é adequada para o desenvolvimento
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 160
do conjunto de atividades do programa. Cerca de 34% (88) dos agentes avaliaram o espaço
físico da unidade adequado e 40 (15,3%) não responderam a pergunta.
Tabela 100 – Avaliação dos auxiliares de enfermagem e dos agentes comunitários de
saúde da adequação da unidade de Saúde da Família, Manaus (AM), 2002
Adequação do espaço físico USF Auxiliares de enfermagem Agentes comunitários de saúde
N % N %
Adequado 8 13,6 133 51,0
Inadequado 39 66,1 88 33,7
Não respondeu 12 20,3 40 15,3
Total 59 100,0 261 100,0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Quadro 35 – Síntese do trabalho em equipe dos auxiliares de enfermagem no
PMF/PSF, Manaus (AM), 2002
Trabalho em equipe N % (N=59)
Supervisão recebida 55 93
Equipe com relacionamento bom e respeitoso 43 73
Discute a programação semanalmente 41 70
Atividades mais desenvolvidas – procedimentos assistenciais de rotina na USF 57 97
Uso muito freqüente de programação semanal 42 71
USF inadequado ao conjunto das atividades 39 66
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Quadro 36 – Síntese do trabalho em equipe dos agentes comunitários de saúde no
PMF/PSF, Manaus (AM), 2002
Trabalho em equipe N % (N=261)
Supervisão recebida 214 84
Equipe com relacionamento bom e respeitoso 220 85
Discute a programação semanalmente 188 72
Atividade mais desenvolvida – visita domiciliar 239 92
Visita domiciliar a cada família mais de uma vez ao mês 151 58
Uso muito freqüente do cadastro das famílias 165 63
USF inadequada ao conjunto das atividades 133 51
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
5. VÍNCULOS ENTRE EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA E COMUNIDADES
A estratégia da Saúde da Família em seu objetivo de transformar ou converter o modelo
tradicional de assistência à saúde ressalta a importância da equipe de saúde estabelecer
vínculos de cooperação e co-responsabilidade com a comunidade. Dentre as características
pesquisadas que potencialmente promovem a criação de vínculos entre ESF e comunidades
adscritas encontram-se: o conhecimento da ESF sobre a comunidade em geral e, em
particular, o diagnóstico de saúde; a oferta de atenção à saúde quando há necessidade,
resolutividade da assistência e integração com os demais níveis de complexidade do SUS
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 161
no município de forma a garantir o acesso das famílias ao atendimento integral à saúde; o
acompanhamento dos principais processos de doença existentes nas famílias e na
comunidade; a baixa rotatividade dos profissionais da ESF para conferir estabilidade e
continuidade dos vínculos; humanização do atendimento; possibilidade dos usuários
apresentarem sugestões e/ou reclamações; conhecimento e opinião das famílias sobre a
estratégia e os profissionais da ESF; percepção dos profissionais da ESF sobre a
importância de criação de vínculos com a comunidade adscrita; e Conselho Local de Saúde
atuante e representativo.
Por tratar-se de uma inter-relação, a constituição de vínculos depende tanto dos
profissionais que integram as equipes de Saúde da Família, seja individualmente seja do
funcionamento da equipe em seu conjunto, quanto das famílias usuárias e das modalidades
de organização comunitária.
Profissionais de nível superior
Aos profissionais de nível superior foi perguntada sua opinião sobre a relação da ESF com
a população que atende. Cerca de 60% das respostas destes profissionais indicaram que a
ESF estabelece vínculos com base no reconhecimento das famílias, de seus membros
individuais e de suas necessidades específicas e 57% assinalaram que essa relação
promove a melhoria da qualidade de vida do cidadão em decorrência das orientações sobre
promoção da saúde e cuidados com a doença. Metade do total de profissionais de nível
superior considerou também que a relação era cordial e cooperativa na resolução dos
problemas e somente cinco respostas (9%) referiram-se a uma relação formal em função
das necessidades do serviço de saúde.
A análise das respostas por categoria profissional permitiu identificar que menor
percentual dos médicos (46%) consideraram que a relação estabelecida entre ESF e
população atendida promove a melhoria da qualidade de vida do cidadão, opinião de 67%
dos enfermeiros e 71% dos odontólogos. Apenas 29% dos dentistas avaliaram que a
relação é cordial e cooperativa e os enfermeiros constituíram a categoria que
proporcionalmente mais respondeu que a relação estabelecida é formal preponderando as
necessidades do serviço de saúde sobre as da população.
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 162
Tabela 101 – Percepção dos profissionais de nível superior sobre a relação da ESF
com a população, Manaus (AM), 2002
Percepção da relação ESF e comunidade Total Médico Enfermeiro Odontólogo
N % N % N % N %
Estabelece vínculos, com base no reconhecimento
das famílias, de seus membros individuais e de suas
necessidades específicas
33 58,9 17 60,7 12 57,1 4 57,1
Promove a melhoria da qualidade de vida do
cidadão, a partir de um conjunto de orientações
sobre promoção da saúde e cuidados com a doença
32 57,1 13 46,4 14 66,7 5 71,4
É cordial e cooperativa na resolução dos problemas 28 50,0 14 50,0 12 57,1 2 28,6
É formal em função das necessidades do serviço de
saúde
5 8,9 2 7,1 3 14,3 - -
Não respondeu 2 3,6 1 3,6 1 4,8 - -
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Obs: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de profissionais de nível superior e os 100%,
respectivamente, porque a questão que deu origem à tabela admite mais de uma resposta.
Na opinião da maioria dos profissionais de nível superior (68%), a resolução dos
problemas da comunidade exige o relacionamento da ESF com ONG e organizações da
sociedade civil e também com órgãos públicos de educação, assistência social e transporte,
embora em proporção menor entre os enfermeiros. Um quarto das respostas assinalou a
necessidade de estabelecer intercâmbio apenas com órgãos de políticas públicas, opinião
mais acentuada entre os odontólogos, e apenas um enfermeiro considerou que a ESF
deveria relacionar-se apenas com ONG. No entanto, se 25 (45%) dos profissionais de nível
superior responderam que a ESF desenvolve atividades voltadas para a solução de
problemas da comunidade adscrita fora do setor saúde (educação, moradia, saneamento,
transporte e geração de renda), a maior parcela (41%) respondeu que a ESF não realiza
atividades para solucionar problemas da comunidade que extrapolam o setor de saúde e
oito (14%) não responderam a pergunta.
Tabela 102 – Opinião dos profissionais de nível superior sobre a necessidade de
articulação da ESF com outros setores para resolução dos problemas da
comunidade, Manaus (AM), 2002
Articulação com outros setores Total Médico Enfermeiro Odontólogo
N % N % N % N %
Órgãos de políticas públicas – educação,
assistência social, saneamento e
transporte
14 25,0 7 25,0 5 23,8 2 28,6
Organismos não governamentais e
Organizações da Sociedade Civil
1 1,8 - - 1 4,8 - -
Ambas as respostas 38 67,8 20 71,4 13 61,9 5 71,4
Não respondeu 3 5,4 1 3,6 2 9,5 - -
Total 56 100,0 28 100,0 21 100,0 7 100,0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Solicitados a avaliar a valorização da população de alguns procedimentos realizados pela
ESF, a percepção de 44 (79%) dos profissionais de nível superior entrevistados em
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 163
Manaus, foi que as ações desenvolvidas nas visitas domiciliares por agentes comunitários
de saúde e outros profissionais eram muito valorizadas pela comunidade, opinião mais
acentuada entre os médicos. Os profissionais de nível superior também consideraram
(64%) que a população valoriza muito o atendimento realizado por equipe
multiprofissional, opinião também mais acentuada entre os médicos enquanto a maioria
dos odontológos (57%) opinou que a população valoriza pouco esta atividade.
Para 21 profissionais de nível superior a comunidade valoriza pouco a realização de grupos
para acompanhamento e orientação sobre riscos e promoção de saúde. Esta atividade
apresentou diferenças importantes na percepção de cada categoria profissional: cerca de
metade dos médicos avaliou que a população valoriza pouco (29%) ou não valoriza (18%)
a realização de atividades em grupo, enquanto 57% dos odontólogos consideraram que a
população valoriza muito e 52% dos enfermeiros assinalaram que a população valoriza
pouco.
As reuniões para discutir o diagnóstico de saúde da comunidade e elaborar a programação
de ações coletivas também foram percebidas pelos profissionais de nível superior como
pouco (43%) ou não valorizadas (27%) pela população. A maior parcela dos médicos
considerou que a população valoriza pouco (46%), taxa equivalente de odontólogos (43%)
opinou que a população valoriza muito e valoriza pouco e os enfermeiros apresentaram
percentuais iguais (38%) dos que consideraram que a população valoriza pouco ou não
valoriza a realização de reuniões para debater as condições de saúde da comunidade e
programar atividades coletivas.
Tabela 103 – Percepção dos profissionais de nível superior sobre a valorização da
população em relação a procedimentos selecionados, Manaus (AM), 2002
Valorização do procedimento Valoriza
muito
Valoriza
pouco
Não valoriza Não sabe e não
respondeu
N % N % N % N %
Atendimento por equipe multiprofissional 36 64,3 16 28,6 1 1,8 3 5,4
Realização de grupos para acompanhamento e
orientação sobre riscos e promoção de saúde
21 37,5 21 37,5 8 14,3 6 10,7
Ações desenvolvidas nas visitas domiciliares de
ACS e outros profissionais
44 78,6 10 17,9 – 0,0 2 3,6
Reuniões para discutir diagnóstico de saúde da
comunidade e programação das ações coletivas
10 17,9 24 42,9 15 26,8 7 12,5
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Os profissionais de nível superior responderam que a equipe de Saúde da Família em que
atuam avalia os serviços prestados a população, apenas dois responderam que a ESF não
realiza avaliações e três não responderam. Porém, a maior parte das avaliações (82%) são
realizadas internamente (42%) ou com a participação da coordenação do programa (39%) e
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 164
apenas cinco profissionais (9%) – três médicos e dois enfermeiros – informaram que suas
equipes realizam avaliação dos serviços prestados à população com participação da
comunidade. Maior percentual de médicos (67%) assinalou que as avaliações são internas
à ESF enquanto maior percentual de enfermeiros (52%) e odontólogos (57%) respondeu
que a avaliação é realizada com participação da Coordenação – distrital e/ou municipal –
do PMF/PSF.
Auxiliares de enfermagem
Os vínculos dos auxiliares de enfermagem com a população podem ser avaliados a partir
de sua percepção sobre as vantagens e desvantagens de residir na mesma localidade das
famílias adscritas à ESF. Dos 59 auxiliares de enfermagem entrevistados em Manaus, a
maior parte considerou que morar no mesmo bairro onde trabalha favorece tanto a
aceitação por parte da comunidade de sua presença nos domicílios (78%) quanto a
observação de focos de riscos no ambiente familiar e social (66%). Cerca da metade dos
auxiliares de enfermagem entrevistados respondeu ainda que morar na comunidade facilita
para os moradores procurá-los para realizar queixas e discutir soluções para os problemas,
mas entre 22 e 24% desses profissionais afirmaram que estas situações não são favorecidas
nem prejudicadas pelo fato de residir na mesma comunidade da população atendida pela
equipe.
Acompanhar o agendamento, o encaminhamento para serviços fora da área da comunidade
e o retorno dos usuários para a atenção da ESF é facilitado na opinião de 46% dos
auxiliares de enfermagem mas 24% afirmaram que esta atividade não é favorecida nem
prejudicada por residirem na mesma localidade e 16% não responderam a pergunta.
Percepção similar foi assinalada em relação à adesão dos moradores à mobilização em
torno de problemas ambientais e da necessidade de participação nos Conselhos Locais de
Saúde: 41% avaliaram que morar na localidade favorece, 27% consideraram que não
favorece nem prejudica e 15% não responderam. A relação amistosa com as famílias da
comunidade foi considerada favorecida por 44% dos auxiliares de enfermagem mas 31%
afirmaram que neste aspecto residir no mesmo bairro não favorece nem prejudica.
Entre os fatores prejudiciais, o mais citado por 19% dos auxiliares de enfermagem
entrevistados foi a falta de compreensão quando alguma solicitação por parte de integrante
de sua própria família não é atendida, embora 41% considerassem que morar na mesma
comunidade facilita essa compreensão, 19% que não facilita nem prejudica e 17% não
responderam a pergunta.
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 165
Quadro 37 – Percepção dos auxiliares de enfermagem sobre o fato de residir na
comunidade onde trabalha, Manaus (AM), 2002
Percepção Favorece Prejudica Nem favorece
nem prejudica
Não sabe Não
respondeu
N % N % N % N % N %
Relação amistosa com as famílias 26 44,1 5 8,5 18 30,5 4 6,8 6 10,2
Procura dos moradores para queixas e
discutir soluções
29 49,2 5 8,5 14 23,7 4 6,8 7 11,9
Aceitação de sua presença nos domicílios 46 78,0 1 1,7 4 6,8 2 3,4 6 10,2
Observação de focos de riscos no
ambiente familiar e social
39 66,1 3 5,1 4 6,8 4 6,8 9 15,3
Adesão à mobilização sobre problemas
ambientais e participação nos CLS
24 40,7 4 6,8 16 27,1 6 10,2 9 15,3
Resolução de problemas 29 49,2 3 5,1 13 22,0 3 5,1 11 18,6
Compreensão Quando a solicitação por
parte de algum familiar não é atendido
24 40,7 11 18,6 11 18,6 3 5,1 10 16,9
Acompanhamento do usuário no
agendamento, encaminhamento e retorno
27 45,8 4 6,8 14 23,7 5 8,5 9 15,3
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Solicitados a identificar os principais problemas de saúde da comunidade onde atuam, os
auxiliares de enfermagem enumeraram aspectos relacionados a patologias diversas, aos
serviços de saúde e às condições de vida da população. Entre as patologias, destacaram as
doenças infecto-parasitárias (sobretudo verminose e outras parasitoses intestinais), do
aparelho respiratório, da pele e do tecido subcutâneo, do aparelho circulatório (sobretudo
hipertensão arterial) e doenças endócrinas (principalmente diabetes)
Tabela 103 a – Percepção dos auxiliares de enfermagem sobre os principais
problemas de saúde da comunidade – doenças, segundo grandes grupos de
causas do CID, Manaus (AM), 2002
Problemas de saúde – doenças N %
Algumas doenças infecciosas e parasitárias 35 56.0
Doenças do aparelho respiratório 17 28.9
Doenças da pele e do tecido subcutâneo 17 28.9
Doenças do aparelho circulatório 12 20.3
Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas 10 17.0
Lesões, envenenamento e algumas outras conseqüências de causas externas 4 6.8
Neoplasias (tumores) 1 1.7
Doenças do sangue e dos órgãos hematopoéticos e alguns transtornos imunitários 1 1.7
Doenças do aparelho digestivo 1 1.7
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Obs: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de profissionais de nível superior e os 100%,
respectivamente, porque a questão que deu origem à tabela admite mais de uma resposta.
O número de menções dos auxiliares de enfermagem em relação a outros aspectos foi
muito menor do que as referências a patologias. Apareceram desde questões relacionadas a
saneamento básico, pobreza e desemprego até grupos populacionais específicos e questões
relativas a infraestrutura urbana. Os aspectos mais relevantes na percepção dos auxiliares
de enfermagem foram saneamento básico, incluindo limpeza urbana, desemprego, pobreza,
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 166
insuficiência de equipamentos de saúde, igarapés, entre outros. Oito auxiliares de
enfermagem não responderam a esta questão.
Tabela 103 b – Percepção dos auxiliares de enfermagem sobre os principais
problemas de saúde da comunidade – excluindo as patologias, Manaus
(AM), 2002
Problemas de saúde N %
Saneamento Básico 21 35,7
Urbanização 5 8,5
Trabalho 3 5,1
Habitação 3 5,1
Problemas sociais e grupos 3 5,1
Falta de equipamentos e insumos de saúde 2 3,4
Segurança 2 3,4
Desnutrição 1 1,7
Educação e Informação 1 1,7
Transporte 1 1,7
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Obs: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de profissionais de nível superior e os 100%,
respectivamente, porque a questão que deu origem à tabela admite mais de uma resposta.
Os auxiliares de enfermagem informaram, em sua maior parte (44%), que nos últimos seis
meses não participaram de atividades relacionadas com problemas existentes na
comunidade e a busca de soluções em órgãos públicos extra-setoriais ou entidades da
sociedade. Entre os auxiliares de enfermagem que participaram as atividades citadas com
maior freqüência estiveram relacionadas com a solução de problemas de: coleta de lixo
(25%), escolas ou educação (17%), esgoto (14%), segurança pública (12%), água (10%), e
urbanização – ruas, praças, iluminação pública (10%). Os problemas em que os auxiliares
de enfermagem menos se envolveram foram nas áreas de geração de renda (7%), habitação
(7%) e transporte (5%).
Tabela 104 – Participação dos auxiliares de enfermagem na solução de problemas da
comunidade, Manaus (AM), 2002
Participação N %
Coleta de lixo 15 25,4
Escolas, educação 10 16,9
Esgoto 8 13,6
Segurança pública 7 11,9
Água 6 10,2
Urbanização (ruas, praças, iluminação pública, etc.) 6 10,2
Geração de renda e trabalho 4 6,8
Moradia 4 6,8
Transporte 3 5,1
Outro 10 16,9
Não participou 26 44,1
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 167
Agentes comunitários de saúde
Dos 261 agentes comunitários de saúde entrevistados em Manaus a maioria considerou que
o fato de residirem na comunidade onde trabalham favorece: a aceitação por parte da
comunidade de sua presença nos domicílios (85%); a relação amistosa com as famílias
(78%); o acompanhamento do usuário no agendamento de consultas e exames em outros
serviços de saúde (65%); a adesão da população na mobilização em torno dos problemas
ambientais e de saúde (64%); e também a observação de focos de riscos no ambiente
familiar e social (62%).
Cerca da metade dos ACS entrevistados respondeu que morar no mesmo bairro das
famílias adscritas ao PMF/PSF favorece aos moradores procurá-los para apresentar queixas
e discutir soluções dos problemas (51%), orientar o retorno para os cuidados da ESF dos
pacientes encaminhados para serviços especializados – contra-referência (49%), bem como
a participação da população nos Conselhos Locais de Saúde.
Entre os aspectos analisados sobre as vantagens e desvantagens dos ACS residirem na
mesma comunidade da população vinculada à ESF, o mais citado (29%) como fator
prejudicial foi a falta de compreensão por parte dos moradores quando suas solicitações à
ESF não são atendidas, embora a maior parte (35%) dos agentes comunitários de saúde
afirmasse que morar na mesma localidade favorecia a compreensão da população. Também
foram assinalados por mais de 10% dos ACS como aspectos prejudicados devido a
residirem na mesma localidade da população adscrita a observação de focos de riscos no
ambiente familiar e social (13%) e a sua procura por parte dos moradores para
apresentação de queixas e discussão de soluções.
O acompanhamento dos usuários na internação hospitalar foi uma atividade que os ACS
consideraram ser favorecida (37%), ou não ser favorecida nem prejudicada (36%) por
residirem na comunidade, sendo que 17% não responderam a pergunta. Outros fatores
analisados em que 20% ou mais dos agentes comunitários de saúde responderam que
morar no mesmo bairro da população atendida não favorece nem prejudica foram: a
procura dos moradores para apresentar queixas e discutir soluções (24%), a participação da
população nos Conselhos Locais de Saúde e a compreensão da população quando suas
solicitações à ESF não são atendidas (20%). Cerca de 16% dos agentes comunitários de
saúde assinalaram não saber responder se residir na mesma comunidade favorecia ou
prejudicava a participação da população nos CLS. Os percentuais de não respostas
variaram entre 11 e 18%, este último verificado na avaliação da orientação do retorno para
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 168
os cuidados da ESF dos pacientes encaminhados para serviços especializados – contra-
referência.
Quadro 38 – Percepção dos agentes comunitários de saúde sobre o fato de residir na
comunidade onde trabalha, Manaus (AM), 2002
Percepção Favorece Prejudica Nem
favorece, nem
prejudica
Não sabe Não
respondeu
N % N % N % N % N %
Relação amistosa com as famílias 204 78,1 2 0,8 24 9,2 2 0,8 29 11,1
Procura dos moradores para queixas e discutir
soluções
134 51,3 26 10,0 62 23,8 4 1,5 35 13,4
Aceitação de sua presença nos Domicílios 223 85,5 1 0,4 9 3,4 - - 28 10,7
Observação de focos de riscos no ambiente
familiar e social
161 61,7 33 12,6 18 6,9 12 4,6 37 14,2
Adesão à mobilização sobre problemas
ambientais
166 63,5 8 3,1 38 14,6 7 2,7 42 16,1
Participação da população nos CLS 120 46,0 7 2,7 53 20,3 42 16,1 39 14,9
Compreensão da população quando as
solicitações à ESF não são atendidas
90 34,5 76 29,1 52 19,9 8 3,1 35 13,4
Acompanhamento do usuário no agendamento
para consultas e exames
170 65,2 12 4,6 40 15,3 3 1,1 36 13,8
Acompanhamento do usuário na internação
hospitalar
96 36,8 11 4,2 95 36,4 15 5,7 44 16,9
Retorno para os cuidados da ESF dos
pacientes encaminhados para serviços
129 49,4 20 7,7 44 16,9 21 8,0 47 18,0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
A maior parte dos agentes comunitários de saúde entrevistados assinalou ter participado,
nos últimos 6 meses, de atividades relacionadas com problemas da comunidade e a busca
de soluções em órgãos públicos extra-setoriais ou entidades da sociedade. Os problemas
relacionados às condições de vida na comunidade nos quais os ACS mais participaram, em
ordem decrescente, foram: coleta de lixo (37%), escolas ou educação (26%), esgoto (26%),
água (21%), segurança pública (19%) e moradia (15%). Os problemas em que houve
menor participação dos agentes comunitários de saúde relacionavam-se à geração de renda
e trabalho (6%) e transporte (10%). Um terço dos agentes comunitários de saúde não
participou nos últimos seis meses de atividades relacionadas com problemas existentes na
comunidade e cerca de 13% não responderam a pergunta.
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 169
Tabela 105 – Participação dos agentes comunitários de saúde na solução de
problemas da comunidade, Manaus (AM), 2002
Participação N %
Coleta de lixo 97 37,2
Escola/educação 69 26,4
Esgoto 67 25,7
Água 54 20,7
Segurança pública 50 19,2
Moradia 39 14,9
Urbanismo 31 11,9
Transporte 25 9,6
Geração de renda e trabalho 15 5,7
Outro 12 4,6
Participou, mas não respondeu em que área social 1 0,4
Não participou 86 33,0
Não respondeu 33 12,6
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Na percepção dos ACS os principais problemas de saúde da comunidade abrangem além
da de um vasto conjunto de doenças outras situações relacionadas com dificuldades de
acesso e utilização dos serviços de saúde ou de medicamentos, ausência de profissionais ou
equipamentos de saúde e também aspectos sociais, econômicos e ambientais como
desemprego, lixo, educação, fome, prostituição e falta de urbanização, entre outros.
Os principais problemas de saúde assinalados de forma isolada foram verminoses e
parasitoses (22%), saneamento básico e hipertensão arterial (20%), lixo (18%), escabiose
(16%), diabetes (14%) e infeção respiratória (13%).
Os agentes comunitários de saúde entrevistados em Manaus fizeram 385 menções a
doenças entre os principais problemas de saúde da comunidade, incluindo alcoolismo e
drogas, por vezes de maneira específica e em outras vezes de maneira genérica como gripe,
viroses e diarréia. As patologias mais freqüentes foram as doenças infecciosas e
parasitárias, seguidas das doenças da pela, do aparelho respiratório, do aparelho
circulatório (sobretudo hipertensão arterial), doenças endócrinas (diabetes) e causas
externas (dependência química).
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 170
Tabela 105 a – Percepção dos agentes comunitários de saúde sobre os principais
agravos de saúde da comunidade, segundo grandes grupos de causas,
Manaus (AM), 2002
Problemas de saúde-doença N %
Algumas doenças infecciosas e parasitárias 128 50,0
Doenças da pele e do tecido subcutâneo 69 26,4
Doenças do aparelho respiratório 60 30,0
Doenças do aparelho circulatório 54 20,7
Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas 38 14,6
Lesões, envenenamento e algumas outras conseqüências de causas externas 22 8,4
Doenças do sangue e dos órgãos hematopoéticos e alguns transtornos imunitários 4 1,5
Doenças do aparelho digestivo 4 1,5
Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório 4 1,5
Doenças do sistema nervoso 1 0,4
Doenças do aparelho geniturinário 1 0,4
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Obs: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de profissionais de nível superior e os 100%,
respectivamente, porque a questão que deu origem à tabela admite mais de uma resposta.
Os ACS mencionaram entre os principais problemas de saúde da comunidade, além das
doenças, outros aspectos diretamente relacionados às condições de saúde tais como
deficiências alimentares, e também carências de equipamentos, serviços, insumos e
profissionais de saúde que gerariam dificuldades na assistência à saúde da comunidade.
Dentre os problemas alimentares, a desnutrição foi destacada como um dos principais
problemas de saúde, com 9,5% do total de aspectos mencionados.
Tabela 105 b – Percepção dos agentes comunitários de saúde sobre os principais
problemas de saúde da comunidade, Manaus (AM) 2002
Problemas de saúde N %
Problemas alimentares 28 10,7
Falta de equipamentos e insumos de saúde 10 3,8
Falta de profissionais de saúde 8 3,1
Falta de programas e atividades de saúde 1 0,4
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Entre os principais problemas de saúde da comunidade foram também referidos aspectos
relativos às condições de vida que interferem nas condições de saúde como a falta de
saneamento básico mencionada por 86 ACS, incluindo limpeza urbana (33% do total de
agentes comunitários de saúde), urbanização (13%), desemprego (8%), habitação (6%),
falta de segurança (4%), falta de escolas, educação e conscientização (3%) além de 2% dos
ACS assinalarem especificamente problemas sociais – prostituição – e grupos
populacionais – idosos – que do seu ponto de vista evidenciam problemas de saúde
prevalecentes nas comunidades.
MANAUS (AM) – EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA 171
Tabela 105 c – Percepção dos agentes comunitários de saúde sobre os principais
problemas de saúde da comunidade, Manaus (AM),2002
Problemas de saúde N %
Saneamento Básico 86 33,0
Urbanização 35 13,4
Trabalho 22 8,4
Habitação 15 5,8
Segurança 11 4,2
Educação e Informação 7 2,6
Problemas sociais e grupos 5 2,0
Transporte 2 0,8
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ