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Grazi grávida A atriz, que acaba de estrear como uma das protagonistas da nova novela das sete Aquele Beijo, está na sexta semana de gestação de seu primeiro filho com o ator Cauã Reymond DEPOIS DE VISITAR MACHU PICCHU, MICK JAGGER DÁ RASANTE EM SÃO PAULO COM O FILHO LUCAS ENTREVISTA COM A CANTORA PAULA FERNANDES: "NÃO SOU PRÉ- FABRICADA" R$ 9,90 REYNALDO GIANECCHINI CHORA A MORTE DO PAI NO INTERIOR DE SÃO PAULO TODOS OS BEIJOS DE CAMILA PITANGA, AO LADO DO IRMÃO ROCCO E DO PAI, ANTONIO, NO FESTIVAL DO RIO 9 7 7 1 5 1 6 8 2 0 0 0 0 2 3 6 0 0 ISSN 1516 -8204 24/OUT/2011 ANO 13 N° 632

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ISTO É Gente 632, grazi massafera

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Grazi grávidaA atriz, que acaba de estrear como uma das protagonistas da nova novela das sete Aquele Beijo, está na sexta semana de gestação de seu primeiro fi lho com o ator Cauã Reymond

DEPOIS DE VISITAR MACHU PICCHU, MICK JAGGER DÁ RASANTE EM SÃO PAULO COM O FILHO LUCAS

ENTREVISTA COM A CANTORA PAULA FERNANDES: "NÃO SOU PRÉ-FABRICADA"

R$ 9,90

REYNALDO GIANECCHINI CHORA A MORTE DO PAI NO INTERIOR DE SÃO PAULO

TODOS OS BEIJOS DE CAMILA PITANGA, AO LADO DO IRMÃO ROCCO E DO PAI, ANTONIO, NO FESTIVAL DO RIO

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Até estA segundA-feirA 17, o esporte preferido dos fãs do casal grazi Massafera, 29 anos, e Cauã reymond, 31, era imaginar como teria sido a cerimônia de casamento deles, sempre avessos aos flashes. discretos, eles alimenta-vam essa prática a cada comentário de que teriam trocado alianças de maneira quase sigilosa. Mais: que a recente via-gem feita a fernando de noronha, no final de setembro, teria sido a lua de mel dos dois. Pois bem, o esporte agora é outro. grazi está grávida. Confirmou na tarde da segunda e criou uma nova modalidade: como será o filho ou a filha de um dos casais mais bonitos do Brasil?

“estamos muito felizes com a chegada do bebê”, comentou ela brevemente no ínício da noite da segunda à Gente, momentos antes de o primeiro capítulo da novela na qual é uma das protagonistas, Aquele Beijo, ir ao ar pela rede globo. Miguel falabella, autor da trama, foi um dos primeiros a ser

Capa

um herdeiroEnfim,Grazi Massafera – estrela da nova novela das sete da Globo, Aquele Beijo – confirma gravidez de um mês e meio do primeiro filho dela com o ator Cauã reyMond

Ana Cora Lima e Samia Mazzucco (Rio)

Cauã Reymond e Grazi no sábado 1º, nos bastidores de uma campanha: o casal está junto desde 2007

Grazi chega à festa de lançamento da novela Aquele Beijo, na terça-feira 11: a gravidez pegou o casal de surpresa

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Até estA segundA-feirA 17, o esporte preferido dos fãs do casal grazi Massafera, 29 anos, e Cauã reymond, 31, era imaginar como teria sido a cerimônia de casamento deles, sempre avessos aos flashes. discretos, eles alimenta-vam essa prática a cada comentário de que teriam trocado alianças de maneira quase sigilosa. Mais: que a recente via-gem feita a fernando de noronha, no final de setembro, teria sido a lua de mel dos dois. Pois bem, o esporte agora é outro. grazi está grávida. Confirmou na tarde da segunda e criou uma nova modalidade: como será o filho ou a filha de um dos casais mais bonitos do Brasil?

“estamos muito felizes com a chegada do bebê”, comentou ela brevemente no ínício da noite da segunda à Gente, momentos antes de o primeiro capítulo da novela na qual é uma das protagonistas, Aquele Beijo, ir ao ar pela rede globo. Miguel falabella, autor da trama, foi um dos primeiros a ser

Capa

um herdeiroEnfim,Grazi Massafera – estrela da nova novela das sete da Globo, Aquele Beijo – confirma gravidez de um mês e meio do primeiro filho dela com o ator Cauã reyMond

Ana Cora Lima e Samia Mazzucco (Rio)

Cauã Reymond e Grazi no sábado 1º, nos bastidores de uma campanha: o casal está junto desde 2007

Grazi chega à festa de lançamento da novela Aquele Beijo, na terça-feira 11: a gravidez pegou o casal de surpresa

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avisado pela atriz. e foi ele também o primeiro a confirmar a informação. “ela me ligou na quarta ou quinta da semana passada. Achei uma atitude elegante. ela me contou muito emocionada, muito feliz, mas me pediu segre-do porque tinha acabado de receber os resul-tados. Me senti honrado com a preocupação dela”, disse falabella. A gravidez não teria sido planejada e pegou o casal de surpresa.

A preocupação tinha razão de ser. na véspera do telefonema a falabella, grazi e todo o elenco da novela se reuniram no rio, na terça-feira 11, para comemorar o lança-mento de Aquele Beijo. e, na ocasião, nada se falou sobre gravidez. segundo um amigo da atriz, ela teria ficado tensa ao descobrir porque a novela acabou de estrear. “fazer novela é a lei de Lavoisier: nada se perde, tudo se transforma”, tranquilizou falabella. “A única novidade é que a personagem dela, Lucena, vai engravidar do Vicente, persona-gem do ricardo Pereira”, completou ele.

“Não tinha notado nada de diferente nela nos

últimos dias de gravação. Estou feliz por ela e pelo

Cauã”, disse Giovanna Antonelli, que contracena

com a atriz na novela

Suspeitasna mesma segunda-feira, todo o elenco,

autores e diretores da novela se reuniram na Churrascaria Pampa grill, no rio, para assistir ao primeiro capítulo da novela. grazi, no entanto, não apareceu. seus cole-gas de trabalho foram pegos de surpresa com a notícia. “não tinha notado nada de diferente nela nos últimos dias de gravação. gravidez é sempre um presente de deus e estou muito feliz por ela e pelo Cauã”, decla-rou giovanna Antonelli, que será concor-rente de grazi pelo amor de ricardo Pereira na novela. falabella também festejou a novi-dade. “fiquei bem feliz porque é a chegada de um anjinho. é uma coisa divina.”

O tal ‘anjinho’ de Cauã e grazi era espe-rado há tempos e especulações não faltaram nas últimas semanas. durante uma gravação de um comercial de protetor solar no dia 10 de setembro, a atriz, só de biquíni na praia da Barra da tijuca, surgiu com uma leve saliên-cia no abdômen, o que aumentou as suspei-tas de gravidez. seis dias depois, em uma entrevista para o Canal Brasil, foi a vez do novo papai dar a deixa. “O herdeiro pode vir a qualquer momento”, disse Cauã ao progra-ma Cine Jornal. no início de outubro, nova campanha de grazi, desta vez para uma mul-tinacional de cosméticos, junto com o mari-do e gravada na praia da reserva, no rio, onde ela exibia ângulos ‘curiosos’ da barriga. Por fim, na festa de abertura do festival de Cinema do rio, no dia 7, grazi suspirou: “estamos juntos há cinco anos, uma hora vai acontecer”. A partir de agora, é ver como o casal vai resistir à curiosidade dos fãs. “estamos esperando completar os três pri-meiros meses porque eles são muito impor-tantes para o bebê. Ainda é cedo para falar”, disse grazi. O que resta, então, é apostar: será que vai ter a cara da mãe ou a do pai?

COLABOrArAM Gustavo Autran (Rio)

e Thaís Botelho (SP)

34 IstoÉGente 24/10/2011 – 632

‘‘Estamos esperando completar os três primeiros meses porque eles são muito importantes para o bebê. Ainda é cedo para falar’’Grazi Massafera

“Grazi me contou emocionada, feliz, mas me pediu segredo porque tinha acabado de receber os resultados. Me senti honrado com a preocupação dela”Miguel Falabella, autor da novela que acaba de estrear

Capa

Cauã e Grazi curtem praia, um dos passeios preferidos do casal. O ator voltou de férias no domingo 16 e passou o dia em casa com a atriz, festejando a notícia

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avisado pela atriz. e foi ele também o primeiro a confirmar a informação. “ela me ligou na quarta ou quinta da semana passada. Achei uma atitude elegante. ela me contou muito emocionada, muito feliz, mas me pediu segre-do porque tinha acabado de receber os resul-tados. Me senti honrado com a preocupação dela”, disse falabella. A gravidez não teria sido planejada e pegou o casal de surpresa.

A preocupação tinha razão de ser. na véspera do telefonema a falabella, grazi e todo o elenco da novela se reuniram no rio, na terça-feira 11, para comemorar o lança-mento de Aquele Beijo. e, na ocasião, nada se falou sobre gravidez. segundo um amigo da atriz, ela teria ficado tensa ao descobrir porque a novela acabou de estrear. “fazer novela é a lei de Lavoisier: nada se perde, tudo se transforma”, tranquilizou falabella. “A única novidade é que a personagem dela, Lucena, vai engravidar do Vicente, persona-gem do ricardo Pereira”, completou ele.

“Não tinha notado nada de diferente nela nos

últimos dias de gravação. Estou feliz por ela e pelo

Cauã”, disse Giovanna Antonelli, que contracena

com a atriz na novela

Suspeitasna mesma segunda-feira, todo o elenco,

autores e diretores da novela se reuniram na Churrascaria Pampa grill, no rio, para assistir ao primeiro capítulo da novela. grazi, no entanto, não apareceu. seus cole-gas de trabalho foram pegos de surpresa com a notícia. “não tinha notado nada de diferente nela nos últimos dias de gravação. gravidez é sempre um presente de deus e estou muito feliz por ela e pelo Cauã”, decla-rou giovanna Antonelli, que será concor-rente de grazi pelo amor de ricardo Pereira na novela. falabella também festejou a novi-dade. “fiquei bem feliz porque é a chegada de um anjinho. é uma coisa divina.”

O tal ‘anjinho’ de Cauã e grazi era espe-rado há tempos e especulações não faltaram nas últimas semanas. durante uma gravação de um comercial de protetor solar no dia 10 de setembro, a atriz, só de biquíni na praia da Barra da tijuca, surgiu com uma leve saliên-cia no abdômen, o que aumentou as suspei-tas de gravidez. seis dias depois, em uma entrevista para o Canal Brasil, foi a vez do novo papai dar a deixa. “O herdeiro pode vir a qualquer momento”, disse Cauã ao progra-ma Cine Jornal. no início de outubro, nova campanha de grazi, desta vez para uma mul-tinacional de cosméticos, junto com o mari-do e gravada na praia da reserva, no rio, onde ela exibia ângulos ‘curiosos’ da barriga. Por fim, na festa de abertura do festival de Cinema do rio, no dia 7, grazi suspirou: “estamos juntos há cinco anos, uma hora vai acontecer”. A partir de agora, é ver como o casal vai resistir à curiosidade dos fãs. “estamos esperando completar os três pri-meiros meses porque eles são muito impor-tantes para o bebê. Ainda é cedo para falar”, disse grazi. O que resta, então, é apostar: será que vai ter a cara da mãe ou a do pai?

COLABOrArAM Gustavo Autran (Rio)

e Thaís Botelho (SP)

34 IstoÉGente 24/10/2011 – 632

‘‘Estamos esperando completar os três primeiros meses porque eles são muito importantes para o bebê. Ainda é cedo para falar’’Grazi Massafera

“Grazi me contou emocionada, feliz, mas me pediu segredo porque tinha acabado de receber os resultados. Me senti honrado com a preocupação dela”Miguel Falabella, autor da novela que acaba de estrear

Capa

Cauã e Grazi curtem praia, um dos passeios preferidos do casal. O ator voltou de férias no domingo 16 e passou o dia em casa com a atriz, festejando a notícia

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Diversão & ArteAVALIA

★★★★★ INDISPENSÁVEL

★★★★ MUITO BOM

★★★ BOM

★★ REGULAR

• FRACO

música

FENÔMENO MUSICAL DO ANO, Paula Fernandes atu-almente vive entre hotéis, estradas e palcos. Aos 27 anos, a cantora mineira cumpre disciplinadamente estafante agenda de 25 shows mensais. “Meu bom dia agora é sempre às 15h”, diz Paula, recém-acorda-da, à Gente por telefone, durante a turnê do show que originou o CD e DVD Paula Fernandes ao Vivo. Lançada em janeiro, a gravação ao vivo já ultrapassou 1,25 milhão de cópias vendidas, marca astronômica e até então impensável em tempos de pirataria física e virtual de discos. Tamanho sucesso torna até irôni-co o fato de que, aos 18 anos, amargando sensação de fracasso, Paula chegou a desistir da carreira. Deprimida, sem conseguir que sua bela voz grave fosse ouvida em São Paulo, a artista voltou para o colo da família mineira. Curada da depressão, ela recome-çou sua escalada para o sucesso com fôlego renovado.

A que atribui o sucesso desse projeto, que já vendeu mais de um milhão de cópias, cifra rara em qualquer época, mas até então irreal em tempos de pirataria?Essa cifra é resultado de um trabalho que já soma 19 anos. Sempre fui muito dedicada e fiz um DVD simples, porque o nosso povo é simples. Eu uso uma linguagem feminina ao compor e as pessoas se identificam com o que eu escrevo. Não sou um produto pré-fabricado. Em que medida a sua participação no especial de Roberto Carlos, em 2010, e as especulações sobre um envolvimento entre vocês contribuíram para esse sucesso?Cantar no especial do Roberto foi uma bela oportuni-dade de mostrar meu rosto. Até então, as pessoas ouviam a minha música, mas não sabiam de quem era a voz. É natural que tenha havido especulações, pois se tratava de um homem e de uma mulher. Mas o mais bacana é que o Roberto Carlos é um artista de muita credibilidade. Ele jamais avalizaria alguém que não tivesse conteúdo. Essa participação no especial dele foi de uma importância muito grande para mim nesse sentido. Mas, depois, o DVD me legitimou. De certa forma, eu conto minha história no show desse DVD. Você faz sucesso com uma música sertaneja de cará-ter pop. Acredita que, para chegar ao grande público, atualmente, a música sertaneja precisa ser pop?Não. O sertanejo passou por uma renovação natural, como todo gênero musical, mas eu acho que a nossa essência permanece. Curto muito o som de uma viola e ponho esse som no meu show. Minha música tem uma linguagem atual. Não sou sertaneja universitária. Minha música tem uma linguagem universal, mas eu pretendo respeitar sempre a minha origem. Eu vim da roça! E o que eu tenho a oferecer é essa música sim-ples como nosso povo. Sou intuitiva para compor e vou continuar meu trabalho seguindo esse perfil. Acha que a beleza também faz parte da receita de sucesso de uma cantora jovem como você?Não me apego a isso. Acho que o conceito de bele-

za é relativo e que gosto não se discute. Eu vou envelhecer, mas meu trabalho vai permanecer. É verdade que entrou em depressão porque não conseguia fazer sucesso como cantora?Sim, cheguei a parar de cantar. Foram muitas portas fechadas, mui-tos ‘nãos’. Como não tinha conseguido me estabelecer em São Paulo, voltei para Minas Gerais, minha terra. Mas eu me tratei. Fiz terapia e tive o auxílio da minha família. Foi uma época difícil, mas foi tam-bém uma grande oportunidade de evoluir. A depressão foi muito positiva nesse sentido. Todo ser humano tem suas limitações. Eu comecei a trabalhar muito cedo. Hoje eu olho para trás e vejo como esse momento foi importante na minha trajetória. Como você já gravou um disco em inglês, Dust in the Wind, relançado este ano, pensa em investir no mercado internacional, no futuro?Eu canto bem em inglês e tenho facilidade com a pronúncia, mas, por falta de exercício, o meu inglês já não está na ponta da língua (risos). Se aconte-cer um disco em inglês, vai ser naturalmente. Fui convidada para cantar com Michael Bolton (Paula regravou “Over the Rainbow” no atual álbum do cantor norte-americano, Gems) e foi superlegal. Estou com um projeto ba-cana com o Alejandro Sanz, em espanhol, mas ainda estamos conversando. Você já se cobra para repetir no próximo disco o sucesso deste projeto ao vivo?Não, não tenho esse tipo de insegurança. Eu me respeito muito. Acho que tenho uma carreira promissora, com muita coisa ainda para acon-tecer. O importante é eu respeitar os meus limites e fazer um disco feliz. Fico com a turnê até 31 de dezembro. Em janeiro, entro em férias. Mas serão férias produtivas porque já vou estar em estúdio, fazendo um trabalho de pré-produção do novo disco, que começo a gravar em fevereiro. Quero fazer um disco que me renove e que me faça entrar em 2012 com novas e boas energias. Mauro Ferreira

“Não sou um produto pré-fabricado”

“O sertanejo passou por uma renovação natural, como todo gênero musical, mas eu acho que a nossa essência permanece”

Sucesso fonográfico

de 2011, a cantora

cumpre rotina de 25

shows mensais,

vende mais de 1,25

milhão de cópias, admite

importância do aval de

Roberto Carlos e se

prepara para gravar

com Alejandro

Sanz

Paula FernandesPaula começará a gravar o próximo disco em fevereiro

Foto

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Diversão & ArteAVALIA

★★★★★ INDISPENSÁVEL

★★★★ MUITO BOM

★★★ BOM

★★ REGULAR

• FRACO

música

FENÔMENO MUSICAL DO ANO, Paula Fernandes atu-almente vive entre hotéis, estradas e palcos. Aos 27 anos, a cantora mineira cumpre disciplinadamente estafante agenda de 25 shows mensais. “Meu bom dia agora é sempre às 15h”, diz Paula, recém-acorda-da, à Gente por telefone, durante a turnê do show que originou o CD e DVD Paula Fernandes ao Vivo. Lançada em janeiro, a gravação ao vivo já ultrapassou 1,25 milhão de cópias vendidas, marca astronômica e até então impensável em tempos de pirataria física e virtual de discos. Tamanho sucesso torna até irôni-co o fato de que, aos 18 anos, amargando sensação de fracasso, Paula chegou a desistir da carreira. Deprimida, sem conseguir que sua bela voz grave fosse ouvida em São Paulo, a artista voltou para o colo da família mineira. Curada da depressão, ela recome-çou sua escalada para o sucesso com fôlego renovado.

A que atribui o sucesso desse projeto, que já vendeu mais de um milhão de cópias, cifra rara em qualquer época, mas até então irreal em tempos de pirataria?Essa cifra é resultado de um trabalho que já soma 19 anos. Sempre fui muito dedicada e fiz um DVD simples, porque o nosso povo é simples. Eu uso uma linguagem feminina ao compor e as pessoas se identificam com o que eu escrevo. Não sou um produto pré-fabricado. Em que medida a sua participação no especial de Roberto Carlos, em 2010, e as especulações sobre um envolvimento entre vocês contribuíram para esse sucesso?Cantar no especial do Roberto foi uma bela oportuni-dade de mostrar meu rosto. Até então, as pessoas ouviam a minha música, mas não sabiam de quem era a voz. É natural que tenha havido especulações, pois se tratava de um homem e de uma mulher. Mas o mais bacana é que o Roberto Carlos é um artista de muita credibilidade. Ele jamais avalizaria alguém que não tivesse conteúdo. Essa participação no especial dele foi de uma importância muito grande para mim nesse sentido. Mas, depois, o DVD me legitimou. De certa forma, eu conto minha história no show desse DVD. Você faz sucesso com uma música sertaneja de cará-ter pop. Acredita que, para chegar ao grande público, atualmente, a música sertaneja precisa ser pop?Não. O sertanejo passou por uma renovação natural, como todo gênero musical, mas eu acho que a nossa essência permanece. Curto muito o som de uma viola e ponho esse som no meu show. Minha música tem uma linguagem atual. Não sou sertaneja universitária. Minha música tem uma linguagem universal, mas eu pretendo respeitar sempre a minha origem. Eu vim da roça! E o que eu tenho a oferecer é essa música sim-ples como nosso povo. Sou intuitiva para compor e vou continuar meu trabalho seguindo esse perfil. Acha que a beleza também faz parte da receita de sucesso de uma cantora jovem como você?Não me apego a isso. Acho que o conceito de bele-

za é relativo e que gosto não se discute. Eu vou envelhecer, mas meu trabalho vai permanecer. É verdade que entrou em depressão porque não conseguia fazer sucesso como cantora?Sim, cheguei a parar de cantar. Foram muitas portas fechadas, mui-tos ‘nãos’. Como não tinha conseguido me estabelecer em São Paulo, voltei para Minas Gerais, minha terra. Mas eu me tratei. Fiz terapia e tive o auxílio da minha família. Foi uma época difícil, mas foi tam-bém uma grande oportunidade de evoluir. A depressão foi muito positiva nesse sentido. Todo ser humano tem suas limitações. Eu comecei a trabalhar muito cedo. Hoje eu olho para trás e vejo como esse momento foi importante na minha trajetória. Como você já gravou um disco em inglês, Dust in the Wind, relançado este ano, pensa em investir no mercado internacional, no futuro?Eu canto bem em inglês e tenho facilidade com a pronúncia, mas, por falta de exercício, o meu inglês já não está na ponta da língua (risos). Se aconte-cer um disco em inglês, vai ser naturalmente. Fui convidada para cantar com Michael Bolton (Paula regravou “Over the Rainbow” no atual álbum do cantor norte-americano, Gems) e foi superlegal. Estou com um projeto ba-cana com o Alejandro Sanz, em espanhol, mas ainda estamos conversando. Você já se cobra para repetir no próximo disco o sucesso deste projeto ao vivo?Não, não tenho esse tipo de insegurança. Eu me respeito muito. Acho que tenho uma carreira promissora, com muita coisa ainda para acon-tecer. O importante é eu respeitar os meus limites e fazer um disco feliz. Fico com a turnê até 31 de dezembro. Em janeiro, entro em férias. Mas serão férias produtivas porque já vou estar em estúdio, fazendo um trabalho de pré-produção do novo disco, que começo a gravar em fevereiro. Quero fazer um disco que me renove e que me faça entrar em 2012 com novas e boas energias. Mauro Ferreira

“Não sou um produto pré-fabricado”

“O sertanejo passou por uma renovação natural, como todo gênero musical, mas eu acho que a nossa essência permanece”

Sucesso fonográfico

de 2011, a cantora

cumpre rotina de 25

shows mensais,

vende mais de 1,25

milhão de cópias, admite

importância do aval de

Roberto Carlos e se

prepara para gravar

com Alejandro

Sanz

Paula FernandesPaula começará a gravar o próximo disco em fevereiro

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Ensaio

LeiLa Lopes, eleita Miss Universo 2011 no Brasil, é joia lapidada por uma vida passada em um país sob guerra civil, aids e preconceito racial

A AlcunhA dA modelo que virou a mulher mais bonita do planeta na noite de 12 de setembro, no concurso miss universo 2011, em São Paulo, tem relação com a maior riqueza produzida naquele país africano. leila lopes, 25 anos, é conhecida em sua terra natal como o “diamante negro de Angola”. “Tem cada diamante de enlouquecer por lá. Acho que é meio assim, meu povo me dá valor. devem me considerar uma joia rara”, explica ela, com um sorriso emoldurado pelos traços finos e delicados de seu rosto.

leila, tal e qual Angola, é um paradoxo. Alta, 1,77 m, elegante, ela flutuou pela passarela do concurso com uma leveza quase aristocrática. Tem uma feminilidade exube-rante e estampa sofisticada. Ao mesmo tempo, suas raízes remetem a um país que se reconstrói após três décadas de guerra civil. como se não bastasse, Angola é flagelada pelo alto índice de pobreza e pela Aids, cenários que a musa – agora do universo – conviveu bem de perto.

“A Aids na África é um assunto muito extremo. eu já sou uma espécie de embaixadora do assunto junto ao governo, e sei que posso colaborar muito mais na conscientização do meu povo e usar minha visibilidade para esclarecer mais sobre esse assunto, participando de campanhas e reunindo adesões. A posição de uma miss é meio de embaixadora de seu povo, não é mesmo? Sei que posso ajudar”, conta leila.

chemise em tricoline Folic com saia longa em paetês Santa Ephigenia e sandálias Victor Dzenk

de AngolaO diamante negro

Simone Blanes

foToS André Batista

STyling Alexandre Schnabl

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Ensaio

LeiLa Lopes, eleita Miss Universo 2011 no Brasil, é joia lapidada por uma vida passada em um país sob guerra civil, aids e preconceito racial

A AlcunhA dA modelo que virou a mulher mais bonita do planeta na noite de 12 de setembro, no concurso miss universo 2011, em São Paulo, tem relação com a maior riqueza produzida naquele país africano. leila lopes, 25 anos, é conhecida em sua terra natal como o “diamante negro de Angola”. “Tem cada diamante de enlouquecer por lá. Acho que é meio assim, meu povo me dá valor. devem me considerar uma joia rara”, explica ela, com um sorriso emoldurado pelos traços finos e delicados de seu rosto.

leila, tal e qual Angola, é um paradoxo. Alta, 1,77 m, elegante, ela flutuou pela passarela do concurso com uma leveza quase aristocrática. Tem uma feminilidade exube-rante e estampa sofisticada. Ao mesmo tempo, suas raízes remetem a um país que se reconstrói após três décadas de guerra civil. como se não bastasse, Angola é flagelada pelo alto índice de pobreza e pela Aids, cenários que a musa – agora do universo – conviveu bem de perto.

“A Aids na África é um assunto muito extremo. eu já sou uma espécie de embaixadora do assunto junto ao governo, e sei que posso colaborar muito mais na conscientização do meu povo e usar minha visibilidade para esclarecer mais sobre esse assunto, participando de campanhas e reunindo adesões. A posição de uma miss é meio de embaixadora de seu povo, não é mesmo? Sei que posso ajudar”, conta leila.

chemise em tricoline Folic com saia longa em paetês Santa Ephigenia e sandálias Victor Dzenk

de AngolaO diamante negro

Simone Blanes

foToS André Batista

STyling Alexandre Schnabl

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O CINEASTA MOÇAMBICANO RUY GUERRA CHEGA AOS 80 ANOS FIEL AO PRÓPRIO ESTILO: UM TANTO NÔMADE, ENCANTADO PELAS MULHERES (BEM) MAIS NOVAS E AMIGO DAS EX, COMO A ATRIZ CLÁUDIA OHANA

EM 1958, O DIRETOR moçambicano Ruy Guerra desem-barcou no Brasil, vindo de Paris, para dirigir um filme sobre o mito do boto da Amazônia. Nem mesmo o fracasso do projeto, que nunca foi concluído, o tirou daqui. “Fiz como o (conquistador espanhol Hernan) Cortés, que quei-mou os navios quando chegou ao México, para não voltar para a Espanha. Vendi minha passagem de volta e resolvi ficar”, conta ele, com humor. No Brasil, firmou parcerias musicais com compositores do porte de Chico Buarque e dirigiu a primeira cena de nu frontal do cinema nacional – protagonizada por Norma Bengell no auge da beleza, aos 27 anos, em Os Cafajestes (1962). Aos 80 anos recém-com-pletados, Ruy continua a mil por hora. No ano que vem, lança uma adaptação do livro Quase Memória, de Carlos Heitor Cony, com Murilo Benício no elenco. Também acaba de finalizar o roteiro de um longa-metragem policial sobre Fernando Pessoa e prepara a peça Exílios, que terá a participação de sua filha caçula, Dandara, 28 anos, de sua união com a atriz Cláudia Ohana.

Além de Dandara, Ruy tem mais dois filhos: a atriz Janaína Diniz, 39 anos, fruto de seu relacionamento com Leila Diniz, e Adriano, 31 anos, do seu envolvimento com a cineas-ta Angela Fagundes. Ateu, ele nunca se casou na Igreja e se diverte ao falar sobre a queda por mulheres mais jovens. “Eu sou coerente. Sempre tive preferência por essa faixa de idade, dos 25 aos 35. Eu é que envelheci, mas meu gosto não mudou”, responde aos risos. Na entrevista que concedeu à Gente na Escola de Cinema Darcy Ribeiro, no Rio de Janeiro, Ruy conta que se dá bem com as ex-mulheres e comenta sobre o pavor de ir ao médico: “Fujo como o diabo foge da cruz”.

“As pessoas diziam: “Você não pode ser de Moçambique. Veio de Cascadura (bairro no subúrbio carioca)”, conta o cineasta, que chegou ao Brasil em 1958

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En

trev

ista

“A ideia de morrer

me irrita”

Gustavo Autran • FOTOS Felipe Varanda/ Ag. IstoÉ

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O CINEASTA MOÇAMBICANO RUY GUERRA CHEGA AOS 80 ANOS FIEL AO PRÓPRIO ESTILO: UM TANTO NÔMADE, ENCANTADO PELAS MULHERES (BEM) MAIS NOVAS E AMIGO DAS EX, COMO A ATRIZ CLÁUDIA OHANA

EM 1958, O DIRETOR moçambicano Ruy Guerra desem-barcou no Brasil, vindo de Paris, para dirigir um filme sobre o mito do boto da Amazônia. Nem mesmo o fracasso do projeto, que nunca foi concluído, o tirou daqui. “Fiz como o (conquistador espanhol Hernan) Cortés, que quei-mou os navios quando chegou ao México, para não voltar para a Espanha. Vendi minha passagem de volta e resolvi ficar”, conta ele, com humor. No Brasil, firmou parcerias musicais com compositores do porte de Chico Buarque e dirigiu a primeira cena de nu frontal do cinema nacional – protagonizada por Norma Bengell no auge da beleza, aos 27 anos, em Os Cafajestes (1962). Aos 80 anos recém-com-pletados, Ruy continua a mil por hora. No ano que vem, lança uma adaptação do livro Quase Memória, de Carlos Heitor Cony, com Murilo Benício no elenco. Também acaba de finalizar o roteiro de um longa-metragem policial sobre Fernando Pessoa e prepara a peça Exílios, que terá a participação de sua filha caçula, Dandara, 28 anos, de sua união com a atriz Cláudia Ohana.

Além de Dandara, Ruy tem mais dois filhos: a atriz Janaína Diniz, 39 anos, fruto de seu relacionamento com Leila Diniz, e Adriano, 31 anos, do seu envolvimento com a cineas-ta Angela Fagundes. Ateu, ele nunca se casou na Igreja e se diverte ao falar sobre a queda por mulheres mais jovens. “Eu sou coerente. Sempre tive preferência por essa faixa de idade, dos 25 aos 35. Eu é que envelheci, mas meu gosto não mudou”, responde aos risos. Na entrevista que concedeu à Gente na Escola de Cinema Darcy Ribeiro, no Rio de Janeiro, Ruy conta que se dá bem com as ex-mulheres e comenta sobre o pavor de ir ao médico: “Fujo como o diabo foge da cruz”.

“As pessoas diziam: “Você não pode ser de Moçambique. Veio de Cascadura (bairro no subúrbio carioca)”, conta o cineasta, que chegou ao Brasil em 1958

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“A ideia de morrer

me irrita”

Gustavo Autran • FOTOS Felipe Varanda/ Ag. IstoÉ

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"Sou coerente. Sempre tive preferência pela faixa dos 25 aos 35 anos. Eu é que envelheci, meu gosto não mudou (risos).", diz Ruy, que após 50 anos se casou com Cláudia Ohana, que tinha 18

Você chegou ao Brasil em 1958, já tinha identificação com o País antes?Sim. Por causa do clima tropical, pela presença da raça negra, sempre me identifiquei muito mais com a literatura brasileira do que com a portuguesa. Li boa parte dos clássicos brasilei-ros até os meus 20 anos. E conhecia todas as músicas de Carnaval. As pessoas diziam: “Você não pode ser de Moçambique. Veio de Cascadura (bairro no subúrbio carioca)”.

É verdade que teve uma relação tumultuada com o Glauber Rocha?Começou tumultuada. Quando eu estava fil-mando o Cavalo de Oxumaré, precisava de uma série de imagens da Igreja de São Francisco, em Salvador. Fui num Carnaval lá para filmar e o Glauber passou no hotel para falar comigo. Logo depois, ele apareceu nos jornais me xingando, que eu tinha entrado na Bahia, que era território dele... Depois a gente passou a ter uma relação bastante amistosa.

Qual foi o momento mais dramático que viveu durante a ditadura?Fui chamado várias vezes para depor, mas não fui preso. O pior é que não tinha espaço para trabalhar. Passava o dia na praia pegando onda e catando tatuí para fritar e comer. Parece que estou elogiando a ditadura, mas não é isso. Ganhava uns trocados fazendo letra de músi-ca, mas mal tinha dinheiro para comer.

Como foi conviver na intimidade com uma mulher singular como Leila Diniz?A gente começou a namorar quando eu fui para Brasília, em 1970. Do avião, saímos prati-camente juntos. A Leila era uma pessoa que irradiava alegria como ninguém. Era bonita, mas nada de excepcional. Se você chegasse em Ipanema numa quinta-feira, encontrava dez mulheres mais bonitas, mas quando ela apare-cia acabava com todas. Fazia tudo de forma assumida, não só na questão da liberdade sexual, mas também nas questões políticas.

Depois da morte de Leila, que dificul-dades enfrentou para criar a Janaína, que na época só tinha 7 meses?Eu e Leila nunca moramos juntos. Quando houve o acidente eu estava no (bar) Antonio’s e a Janaína na casa dos avós. Pus minha filha na casa do (autor de novelas) Bráulio Pedroso, que foi um grande amigo meu. Ela ficou lá por seis meses. Morei em muitos lugares e, na época, não tinha casa. Por isso preferi deixá-la com a babá no Bráulio. Mas todo fim de tarde eu ia lá. Depois assumi totalmente. Ela ficou comigo até se emancipar, com 20 anos.

Continua tendo uma vida nômade?Há três anos, aluguei uma casa na Região Serrana do Rio, mas me desentendi com o proprietário e saí. Fiquei um ano de mochi-leiro por aí. Tinha chaves das casas das

minhas filhas, de amigos, ex-namoradas... Ia de uma para a outra. Fiquei muito na Cláudia (Ohana). Mas hóspede você sabe como é: depois de uns seis dias começa a feder. É igual a morto (risos). Mas faz um ano que estou morando fixo na zona sul do Rio.

Você estava com 50 anos quando se casou com Cláudia Ohana, que na época tinha 18. A diferença de idade foi motivo de escândalo?Pode até ter sido, mas nunca ninguém falou nada para mim (risos). Tivemos uma filha muito depressa e filho dá sempre uma respeitabilidade muito grande. Sou amigo de Cláudia até hoje, nos encontramos sempre e isso nunca me preocupou.

Ficou amigo de todas as suas ex-mulheres?Só teve um caso que não. Se não ficar amigo, uma grande parte da minha vida está sendo destruída por rancor. Eu só guardo o que tem de bom na relação.

Tem preferência por mulheres mais novas?Sou coerente. Sempre tive preferência pela faixa dos 25 aos 35 anos. Eu é que envelheci, meu gosto não mudou (risos). Acabei agora um namoro com uma moça bem mais jovem.

Qual sua visão do casamento?Sempre achei uma instituição boba. Mas é também necessá-ria para certas pessoas. Compreendo que é um voto de con-fiança e de amor. Mas me pedir para casar na Igreja é demais. Se no candomblé até faria. Não gosto da Igreja Católica.

Vai a médico com frequência?Esse é o grande drama da Janaína. Ela diz que eu nunca vou a médico... Para quê, se eu estou me sentindo bem? Eu como muito pouco e o que der vontade. Gosto de fruta e de leite. Só me trato com homeopatia. E também faço acupuntura toda semana. Fujo de médico como o diabo da cruz.

Tem medo de morrer?Me irrita muito a ideia de morrer porque eu fico sem saber o que vai acontecer depois.

Como se sentiu ao completar 80 anos?Não me ligo em efemérides e chego a esquecer o meu ani-versário. Uma vez, minhas filhas foram jantar comigo e chegaram com um ramo de flores, dizendo: “Parabéns, pai”. Era abril e eu faço aniversário em agosto. Mas sou tão pouco ligado em data que por meia hora acreditei nelas.

‘‘Passava o dia na praia pegando onda e catando tatuí para fritar e comer. Parece que estou elogiando a ditadura, mas não é isso (...) mal tinha dinheiro para comer”Ruy Guerra, sobre o período da ditadura

Entrev

ista

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"Sou coerente. Sempre tive preferência pela faixa dos 25 aos 35 anos. Eu é que envelheci, meu gosto não mudou (risos).", diz Ruy, que após 50 anos se casou com Cláudia Ohana, que tinha 18

Você chegou ao Brasil em 1958, já tinha identificação com o País antes?Sim. Por causa do clima tropical, pela presença da raça negra, sempre me identifiquei muito mais com a literatura brasileira do que com a portuguesa. Li boa parte dos clássicos brasilei-ros até os meus 20 anos. E conhecia todas as músicas de Carnaval. As pessoas diziam: “Você não pode ser de Moçambique. Veio de Cascadura (bairro no subúrbio carioca)”.

É verdade que teve uma relação tumultuada com o Glauber Rocha?Começou tumultuada. Quando eu estava fil-mando o Cavalo de Oxumaré, precisava de uma série de imagens da Igreja de São Francisco, em Salvador. Fui num Carnaval lá para filmar e o Glauber passou no hotel para falar comigo. Logo depois, ele apareceu nos jornais me xingando, que eu tinha entrado na Bahia, que era território dele... Depois a gente passou a ter uma relação bastante amistosa.

Qual foi o momento mais dramático que viveu durante a ditadura?Fui chamado várias vezes para depor, mas não fui preso. O pior é que não tinha espaço para trabalhar. Passava o dia na praia pegando onda e catando tatuí para fritar e comer. Parece que estou elogiando a ditadura, mas não é isso. Ganhava uns trocados fazendo letra de músi-ca, mas mal tinha dinheiro para comer.

Como foi conviver na intimidade com uma mulher singular como Leila Diniz?A gente começou a namorar quando eu fui para Brasília, em 1970. Do avião, saímos prati-camente juntos. A Leila era uma pessoa que irradiava alegria como ninguém. Era bonita, mas nada de excepcional. Se você chegasse em Ipanema numa quinta-feira, encontrava dez mulheres mais bonitas, mas quando ela apare-cia acabava com todas. Fazia tudo de forma assumida, não só na questão da liberdade sexual, mas também nas questões políticas.

Depois da morte de Leila, que dificul-dades enfrentou para criar a Janaína, que na época só tinha 7 meses?Eu e Leila nunca moramos juntos. Quando houve o acidente eu estava no (bar) Antonio’s e a Janaína na casa dos avós. Pus minha filha na casa do (autor de novelas) Bráulio Pedroso, que foi um grande amigo meu. Ela ficou lá por seis meses. Morei em muitos lugares e, na época, não tinha casa. Por isso preferi deixá-la com a babá no Bráulio. Mas todo fim de tarde eu ia lá. Depois assumi totalmente. Ela ficou comigo até se emancipar, com 20 anos.

Continua tendo uma vida nômade?Há três anos, aluguei uma casa na Região Serrana do Rio, mas me desentendi com o proprietário e saí. Fiquei um ano de mochi-leiro por aí. Tinha chaves das casas das

minhas filhas, de amigos, ex-namoradas... Ia de uma para a outra. Fiquei muito na Cláudia (Ohana). Mas hóspede você sabe como é: depois de uns seis dias começa a feder. É igual a morto (risos). Mas faz um ano que estou morando fixo na zona sul do Rio.

Você estava com 50 anos quando se casou com Cláudia Ohana, que na época tinha 18. A diferença de idade foi motivo de escândalo?Pode até ter sido, mas nunca ninguém falou nada para mim (risos). Tivemos uma filha muito depressa e filho dá sempre uma respeitabilidade muito grande. Sou amigo de Cláudia até hoje, nos encontramos sempre e isso nunca me preocupou.

Ficou amigo de todas as suas ex-mulheres?Só teve um caso que não. Se não ficar amigo, uma grande parte da minha vida está sendo destruída por rancor. Eu só guardo o que tem de bom na relação.

Tem preferência por mulheres mais novas?Sou coerente. Sempre tive preferência pela faixa dos 25 aos 35 anos. Eu é que envelheci, meu gosto não mudou (risos). Acabei agora um namoro com uma moça bem mais jovem.

Qual sua visão do casamento?Sempre achei uma instituição boba. Mas é também necessá-ria para certas pessoas. Compreendo que é um voto de con-fiança e de amor. Mas me pedir para casar na Igreja é demais. Se no candomblé até faria. Não gosto da Igreja Católica.

Vai a médico com frequência?Esse é o grande drama da Janaína. Ela diz que eu nunca vou a médico... Para quê, se eu estou me sentindo bem? Eu como muito pouco e o que der vontade. Gosto de fruta e de leite. Só me trato com homeopatia. E também faço acupuntura toda semana. Fujo de médico como o diabo da cruz.

Tem medo de morrer?Me irrita muito a ideia de morrer porque eu fico sem saber o que vai acontecer depois.

Como se sentiu ao completar 80 anos?Não me ligo em efemérides e chego a esquecer o meu ani-versário. Uma vez, minhas filhas foram jantar comigo e chegaram com um ramo de flores, dizendo: “Parabéns, pai”. Era abril e eu faço aniversário em agosto. Mas sou tão pouco ligado em data que por meia hora acreditei nelas.

‘‘Passava o dia na praia pegando onda e catando tatuí para fritar e comer. Parece que estou elogiando a ditadura, mas não é isso (...) mal tinha dinheiro para comer”Ruy Guerra, sobre o período da ditadura

Entrev

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fotos Silviane Neno

MEIO-DIA EM

ParisComo vive o casal de chefs brasileiros que caiu nas graças do Le figaro, fazendo do apartamento onde moram uma das mesas mais exclusivas de Paris. De quebra, a morada convertida em restaurante secreto de Celinha e Gustavo Mattos tem endereço de cartão-postal e décor cheio de bossa cosmopolita

ESTILO CASApor Silviane Neno

Gustavo e Celinha, vestidos a caráter, recebem até dez pessoas para banquetes em casa. Abaixo, a mesa feita sob encomenda integrada à cozinha, onde os jantares acontecem

A rue Saint Charles, no chique 15ème arrondissement, com

a Torre Eiffel na esquina

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fotos Silviane Neno

MEIO-DIA EM

ParisComo vive o casal de chefs brasileiros que caiu nas graças do Le figaro, fazendo do apartamento onde moram uma das mesas mais exclusivas de Paris. De quebra, a morada convertida em restaurante secreto de Celinha e Gustavo Mattos tem endereço de cartão-postal e décor cheio de bossa cosmopolita

ESTILO CASApor Silviane Neno

Gustavo e Celinha, vestidos a caráter, recebem até dez pessoas para banquetes em casa. Abaixo, a mesa feita sob encomenda integrada à cozinha, onde os jantares acontecem

A rue Saint Charles, no chique 15ème arrondissement, com

a Torre Eiffel na esquina

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ESTILO CASA

6968 IstoÉGente 24/10/2011 – 632

Na foto, Gustavo em ação flambando a sobremesa. Ao lado, detalhe divertido no hall de entrada

A cozinha aberta para a sala permite que os convidados acompanhem a produção dos pratos. As poltronas EGG de Arne Jacobsen foram presente do pai de Gustavo

O apartamento ocupa todo o primeiro andar

do charmoso prédio (acima) de apenas quatro residências

A Rue sAint ChARLes é uma dessas rua-zinhas charmosas, com padarias, lojas de chocolate, floricultura, especialistas em quei-jos e vinhos, supermercados e uma feira que acontece todas as terças e sextas. Pense numa barraca cheia de azeitonas de várias cores e procedências e logo ao lado uma de queijo, com todas aquelas delícias vindas de várias regiões do país. Agora imagine olhar por cima da lona da barraca e enxergar... a torre eiffel. oui, c’est Paris! Pois bem, há cinco anos os chefs brasileiros Celinha e Gustavo Mattos, decididos a comprar um apartamen-to na cidade, viram um anúncio de um imó-vel à venda ali. “na verdade queríamos algo quase impossível para Paris. um apartamen-to com dois banheiros e dois quartos”, lembra ela. “olhamos as fotos, resolvemos visitar o apê e quando abrimos a porta... surprise... três quartos, três banheiros e ainda por cima um quintal! Muito além do nosso sonho!”

Gustavo e Celinha são paulistas e moram em Paris há seis anos, desde que foram estudar na renomada Le Cordon Bleu (a sorbonne dos cozinheiros). Acabaram decidindo ficar, atraí-dos pela beleza da cidade e fisgados pela chan-ce de trabalhar como chefs num lugar onde comer bem é uma instituição local. os dois já tinham trabalhado em restaurantes como o Maison Blanche e o Apicius, de Jean-Pierre Vigato e Luc Besson, quando toparam com aquele achado da rue saint Charles.

fechado o negócio, o casal partiu para a reforma. o amigo e construtor Alfredo Brandi tratou de dar ares mais modernos ao antigo projeto e propôs a solução que mudaria de vez o destino dos donos da casa. “Alfredo nos inspirou a fazer uma cozinha aberta para a sala”, conta Celinha. “sempre que ele nos visi-tava no antigo apartamento, ficávamos sepa-rados, pois a cozinha era minúscula e não era integrada. ele fez um desenho e adoramos.” A arquiteta Márcia Jardim tocou o projeto e em seis meses materializou a cozinha dos sonhos de qualquer grande chef. “temos tudo aqui, forno autoclave, termomix, máquina de vácuo, Paco Jet, batedeira Kitchen Aid (cor-de-rosa), dois fornos com calor giratório, uma estufa, duas máquinas de lavar pratos e muita

louça bonita!”, contam com autoridade de experts. os dois adoram design e cuidaram para que tudo ali tivesse graça, da taça de champanhe à colher de sobremesa.

A cozinha ficou tão perfeita que eles decidiram ganhar dinheiro com ela. Assim nasceu o Chez nous Chez Vous. o nome já entrega o conceito, uma tendência nos grandes centros como Londres e nova York. são jantares fechados, exclusivos e com hora marcada. o bacana é que as pessoas podem levar a própria bebida, além de ter a chance de participar do preparo do cardápio, desde a compra dos ingredientes.

A ideia deu certo, tanto, que o endereço de Celinha e Gustavo foi notícia no The New York Times e no Le Figaro, que o classificou como um dos bons restaurantes secretos de Paris. “Já perdemos a conta de quantas pessoas recebemos”, afirma ela. “De ministros a grandes empresários. e todas especiais.” o décor e o astral dos donos da casa acabam fazendo daquele lugar mais que uma boa mesa. É um daqueles segredos que só se conta para quem se gosta. Morando e trabalhando ali, Celinha e Gustavo passaram a colecionar histórias e amigos.

numa dessas noites o jantar foi para um casal de são Paulo. os dois chegaram sem saber o que iriam comer e tampouco o que iriam encontrar. tinham apenas um endereço e estavam apaixonados. o banquete durou cinco horas. Já era madrugada quando eles entraram no táxi rumo ao hotel, embalados pelo último licor. se despediram emocionados dos chefs anfitriões. era o começo de uma grande amizade. tempos depois o casal acabou se separando, e, como no final do filme Casablanca quando humphrey Bogart se despede de ingrid Bergman abrindo mão de seu grande amor na pista do aeroporto, eles também podem dizer: “nós sempre teremos Paris”.

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ESTILO CASA

6968 IstoÉGente 24/10/2011 – 632

Na foto, Gustavo em ação flambando a sobremesa. Ao lado, detalhe divertido no hall de entrada

A cozinha aberta para a sala permite que os convidados acompanhem a produção dos pratos. As poltronas EGG de Arne Jacobsen foram presente do pai de Gustavo

O apartamento ocupa todo o primeiro andar

do charmoso prédio (acima) de apenas quatro residências

A Rue sAint ChARLes é uma dessas rua-zinhas charmosas, com padarias, lojas de chocolate, floricultura, especialistas em quei-jos e vinhos, supermercados e uma feira que acontece todas as terças e sextas. Pense numa barraca cheia de azeitonas de várias cores e procedências e logo ao lado uma de queijo, com todas aquelas delícias vindas de várias regiões do país. Agora imagine olhar por cima da lona da barraca e enxergar... a torre eiffel. oui, c’est Paris! Pois bem, há cinco anos os chefs brasileiros Celinha e Gustavo Mattos, decididos a comprar um apartamen-to na cidade, viram um anúncio de um imó-vel à venda ali. “na verdade queríamos algo quase impossível para Paris. um apartamen-to com dois banheiros e dois quartos”, lembra ela. “olhamos as fotos, resolvemos visitar o apê e quando abrimos a porta... surprise... três quartos, três banheiros e ainda por cima um quintal! Muito além do nosso sonho!”

Gustavo e Celinha são paulistas e moram em Paris há seis anos, desde que foram estudar na renomada Le Cordon Bleu (a sorbonne dos cozinheiros). Acabaram decidindo ficar, atraí-dos pela beleza da cidade e fisgados pela chan-ce de trabalhar como chefs num lugar onde comer bem é uma instituição local. os dois já tinham trabalhado em restaurantes como o Maison Blanche e o Apicius, de Jean-Pierre Vigato e Luc Besson, quando toparam com aquele achado da rue saint Charles.

fechado o negócio, o casal partiu para a reforma. o amigo e construtor Alfredo Brandi tratou de dar ares mais modernos ao antigo projeto e propôs a solução que mudaria de vez o destino dos donos da casa. “Alfredo nos inspirou a fazer uma cozinha aberta para a sala”, conta Celinha. “sempre que ele nos visi-tava no antigo apartamento, ficávamos sepa-rados, pois a cozinha era minúscula e não era integrada. ele fez um desenho e adoramos.” A arquiteta Márcia Jardim tocou o projeto e em seis meses materializou a cozinha dos sonhos de qualquer grande chef. “temos tudo aqui, forno autoclave, termomix, máquina de vácuo, Paco Jet, batedeira Kitchen Aid (cor-de-rosa), dois fornos com calor giratório, uma estufa, duas máquinas de lavar pratos e muita

louça bonita!”, contam com autoridade de experts. os dois adoram design e cuidaram para que tudo ali tivesse graça, da taça de champanhe à colher de sobremesa.

A cozinha ficou tão perfeita que eles decidiram ganhar dinheiro com ela. Assim nasceu o Chez nous Chez Vous. o nome já entrega o conceito, uma tendência nos grandes centros como Londres e nova York. são jantares fechados, exclusivos e com hora marcada. o bacana é que as pessoas podem levar a própria bebida, além de ter a chance de participar do preparo do cardápio, desde a compra dos ingredientes.

A ideia deu certo, tanto, que o endereço de Celinha e Gustavo foi notícia no The New York Times e no Le Figaro, que o classificou como um dos bons restaurantes secretos de Paris. “Já perdemos a conta de quantas pessoas recebemos”, afirma ela. “De ministros a grandes empresários. e todas especiais.” o décor e o astral dos donos da casa acabam fazendo daquele lugar mais que uma boa mesa. É um daqueles segredos que só se conta para quem se gosta. Morando e trabalhando ali, Celinha e Gustavo passaram a colecionar histórias e amigos.

numa dessas noites o jantar foi para um casal de são Paulo. os dois chegaram sem saber o que iriam comer e tampouco o que iriam encontrar. tinham apenas um endereço e estavam apaixonados. o banquete durou cinco horas. Já era madrugada quando eles entraram no táxi rumo ao hotel, embalados pelo último licor. se despediram emocionados dos chefs anfitriões. era o começo de uma grande amizade. tempos depois o casal acabou se separando, e, como no final do filme Casablanca quando humphrey Bogart se despede de ingrid Bergman abrindo mão de seu grande amor na pista do aeroporto, eles também podem dizer: “nós sempre teremos Paris”.

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