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UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE O FENOMENO DAS LANHOUSE E O COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DOS PROPRIETARIOS, COMUNIDADE DA ROCINHA, RIO DE JANEIRO RJ Silvio Medeiros Joaquim (UFF) [email protected] Sandra Regina Holanda Mariano (UFF) [email protected] Esta pesquisa se propõe a investigar o fenômeno das lanhouses, o comportamento, as motivações e características dos empreendedores proprietários destes estabelecimentos na Comunidade da Rocinha, assim como, caracterizar e analisar o negócio e os clientes que utilizam estes serviços. Utilizando-se de uma pesquisa survey exploratória, não probabilística, tendo como instrumento para coleta de dados um questionário estruturado, divido em cinco blocos, para obter a melhor qualidade e fidedignidade, tentando sobrepor-se aos vieses sociais inerentes as pesquisas. A Rocinha é uma comunidade dotada de singularidades e muitos contrastes, tanto internos quanto externos. Espera-se, dentro das limitações do método, contribuir para o conhecimento e debate do fenômeno das lanhouses nas periferias brasileiras, impulsionada pelo caráter empreendedor de indivíduos, sujeitos do próprio destino, que contribuem consideravelmente para o desenvolvimento do país, oferecendo novos serviços a sociedade. Palavras-chaves: comportamento, empreendedorismo, motivação, lanhouse, comunidades carentes. 5, 6 e 7 de Agosto de 2010 ISSN 1984-9354

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UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE O

FENOMENO DAS LANHOUSE E O

COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR

DOS PROPRIETARIOS, COMUNIDADE

DA ROCINHA, RIO DE JANEIRO RJ

Silvio Medeiros Joaquim (UFF)

[email protected]

Sandra Regina Holanda Mariano (UFF)

[email protected]

Esta pesquisa se propõe a investigar o fenômeno das lanhouses, o

comportamento, as motivações e características dos empreendedores

proprietários destes estabelecimentos na Comunidade da Rocinha,

assim como, caracterizar e analisar o negócio e os clientes que

utilizam estes serviços. Utilizando-se de uma pesquisa survey

exploratória, não probabilística, tendo como instrumento para coleta

de dados um questionário estruturado, divido em cinco blocos, para

obter a melhor qualidade e fidedignidade, tentando sobrepor-se aos

vieses sociais inerentes as pesquisas. A Rocinha é uma comunidade

dotada de singularidades e muitos contrastes, tanto internos quanto

externos. Espera-se, dentro das limitações do método, contribuir para

o conhecimento e debate do fenômeno das lanhouses nas periferias

brasileiras, impulsionada pelo caráter empreendedor de indivíduos,

sujeitos do próprio destino, que contribuem consideravelmente para o

desenvolvimento do país, oferecendo novos serviços a sociedade.

Palavras-chaves: comportamento, empreendedorismo, motivação,

lanhouse, comunidades carentes.

5, 6 e 7 de Agosto de 2010 ISSN 1984-9354

VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável

Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010

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1. SITUAÇÃO PROBLEMA

O desenvolvimento e a capilaridade das TICs (Tecnologias de Informação e

Comunicação) estão alterando o comportamento das pessoas e impactando a dinâmica social e

econômica. Esse fenômeno traz consigo uma ruptura silenciosa e descontinua no modo de

vida da sociedade, gerada principalmente pela Internet, conforme afirma Nicolaci-da-Costa

(2002). A autora considera que a internet viabilizou a criação de um novo espaço de

convivência e relacionamento entre as pessoas: o espaço virtual. Para ela a transição em curso

é comparável com a que levou as pessoas do campo para a cidade, no bojo da revolução

industrial. Naquele tempo como agora, os sinais das transformações se evidenciam no

vocabulário utilizado, surgimento de novas palavras, mudanças nos estilos de agir e viver,

além de gerar novas necessidades, relacionamentos e conflitos, ou seja, um novo formato de

vida.

O estudo publicado em 2008 pelo CGIBr (Comitê Gestor de Internet no Brasil) aponta

desigualdades no acesso a estas novas tecnologias, especialmente quando se considera as

classes sociais. Pessoas com renda acima de R$ 2.076,00 (classes A e B), estão quase que

100% incluídas. Estas pessoas possuem as ferramentas de acesso, o computador, o meio de

comunicação, a internet, e o conhecimento para navegar no ambiente virtual. No outro

extremo estão às classes de menor renda, C, D e E. Nestas, respectivamente 84% e 99% não

possuem acesso à internet em suas residências. E mesmo os que possuem o computador em

casa não têm renda suficiente para ter acesso à comunicação em alta velocidade por meio de

banda larga. Em 2008 havia no Brasil aproximadamente quatro milhões de domicílios com

computador, mas sem acesso à Internet.

O IBICT – Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia realizou um

mapeamento dos PDIs, como telecentros e salas de informática mantidas pelos Governos

Federal, Estaduais, Municipais e Terceiro Setor. Dos 17.942 identificados no Brasil, a região

Sudeste concentra o maior número. O estado do Rio de Janeiro ocupa o terceiro lugar na

região Sudeste com apenas 15,31% ou 1184 pontos. A pesquisa não contabilizou nem

projetou o número de pessoas que são atendidas e atividades realizadas, nesses locais.

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Neste estudo também foi apresentado o ranking dos municípios com maior inclusão

digital. São Caetano do Sul, SP ocupava o topo da lista com uma taxa de inclusão de 41,14%,

seguido por Niterói, RJ com 34,16%, na décima posição encontrava-se o município de

Curitiba PR com 27,58%, e a cidade do Rio de Janeiro figurava na décima nona posição com

uma taxa de inclusão de 23,60%.

Apesar da ineficiência das políticas públicas em oferecer acesso gratuito a internet,

restrições de acesso aos ambientes virtuais e de todas as dificuldades enfrentadas pelas classes

de menor renda, o uso da internet pela população brasileira passou de 36,6 milhões de

internautas em 2005 para 55,5 milhões em 2008, conforme estudo publicado pelo Núcleo de

Informação e Coordenação do Ponto BR em 2009. Este fenômeno de inclusão foi fortemente

protagonizado pela ação de empreendedores que passaram a oferecer aos cidadãos serviços

pagos de acesso à internet, conhecido como lanhouse.

As lanhouses são estabelecimentos comerciais que vendem o acesso à internet e outros

serviços, difundiram-se rapidamente na última década nos subúrbios e favelas brasileiras,

tornando-se a porta de acesso ao mundo virtual para as pessoas que moram nesses locais,

ocupando um espaço esquecido pelas políticas e ação pública. Especialmente se esta ação

tivesse a forma de incentivos para que estes empreendimentos atuassem como protagonistas

do processo de inclusão. Como isso não aconteceu, as lanhouses vêm sendo abertas

completamente a revelia, e praticamente sem apoio do poder público.

Esses locais têm características peculiares como à disposição dos computadores em

baias, onde individualmente o cliente após comprar o tempo, acessa a jogos eletrônicos em

rede ou não, sites de relacionamento, comunica-se por e mail, pesquisam em sites e escutam e

baixa música, entre outras atividades.

Em maio de 2008 o Comitê Gestor da Internet no Brasil publicou um estudo com

resultados completos da terceira pesquisa sobre o uso das Tecnologias da Informação e

Comunicação, demonstrou que a mudança nesse segmento aconteceu pela facilidade

encontrada pelas famílias na compra de computadores, que passaram a ter preços acessíveis e

ainda com possibilidade de parcelamento da compra, conforme podemos perceber abaixo.

A proporção de domicílios com computador cresceu em todas as regiões de 2006

para 2007. Este aumento é maior nas regiões Centro-Oeste (de 19% em 2006 para

26% em 2007), Sul (de 25% para 31%) e Sudeste (24% para 30%). A proporção de

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domicílios com computador é menor nas regiões Norte (13%) e Nordeste (11%) e o

crescimento do indicador nestas regiões também foi menor, ficando em 3 e 2 pontos percentuais, respectivamente. Pesquisa sobre o Uso das TICs no Brasil – 2007.

CGI.BR 03 maio 2008.

Fatores que contribuíram para a migração das lanhouse para outros endereços, com

novos serviços, como, confecção de orkut, msn, apresentações em power point, digitação de

trabalhos de aula, diagramação e cópia de fotos, inclusão de fotos no orkut, transferência de

fotos de máquina fotográfica para CDs ou pen drives. No entanto, a maior parcela do

faturamento é a venda de tempo para navegação na rede, que varia de R$ 0,50 a R$ 2,00 por

hora. Há softwares específicos para o gerenciamento do tempo e conteúdo nas lanhouses.

As pesquisas sobre o uso de TICs 2007 e 2008, publicada pelo CGI Brasil, que

qualifica e quantifica os internautas, respectivamente 49% e 48% ou seja, quase metade dos

internautas brasileiros acessam a grande rede de computadores através de uma lanhouse.

Considerando que o número internautas em 2008 passou para 55,5 milhões de pessoas, temos

um universo aproximado de 26,6 milhões de pessoas acessando a internet a partir de uma

lanhouse.

O local desta pesquisa é a Comunidade da Rocinha na cidade do Rio de Janeiro RJ,

internacionalmente conhecida pelo tamanho, pois, conforme Censo 2009 realizado pela

Secretaria de Estado da Casa Civil do Rio de Janeiro e publicado em julho de 2009, haviam

100.818 pessoas morando nesta localidade em 34.465 residências. O censo traz uma série de

informações sobre a comunidade, entre elas, que há no local em funcionamento 6.508

empresas ou empreendedores, dentre estas 91,1% são irregulares. O estudo também apresenta

outros dados negativos que contribuem para a baixa qualidade de vida dos moradores.

A pesquisa se fundamenta nos construtos da área de empreendedorismo e inovação

especialmente no que concernem as discussões e teorias sobre a motivação para empreender e

desenvolvimento do comportamento empreendedor, pois segundo Schumpeter (1928), a

essência do empreendedorismo permanece na percepção e exploração de novas oportunidades

no domínio dos negócios, sempre fazendo algum uso diferente dos recursos nacionais dos

quais eles estão extraindo de seus empregos tradicionais e submetendo as novas combinações.

As questões norteadoras que delinearam a estruturação dessa pesquisa na busca dos

referenciais teóricos, metodológicos, construção do questionário, definição do local da

amostra e correlação e analise dos resultados, estão dispostas conforme segue:

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- Como estão estruturadas, ambiente, funcionamento e serviços?

- Quais são as características comportamentais empreendedoras mais relevantes dos

proprietários de lanhouse na Rocinha?

- Qual a motivação central dos proprietários ao abrir a lanhouse?

- Quem são seus clientes e o que buscam nestes estabelecimentos?

- Quais as características pessoais destes proprietários?

A Comunidade da Rocinha vive num mundo singular onde as regras de convivência

são acordadas de forma velada entre os moradores e o crime organizado, a comunidade sofre

com a ausência do poder público e as péssimas condições de saneamento básico, água, luz,

transporte, edificações, segurança e educação. De tal forma que muitas atividades

relacionadas à oferta de produtos e serviços só acontecem pela coragem, criatividade,

capacidade de superação e improviso dos empreendedores que mantém seu (s) negócio (s)

funcionando.

A tônica desses empreendedores praticamente esquecidos pelo mundo formal e que

promovem a grande revolução da inclusão digital através das lanhouses que invadiram os

subúrbios e comunidades carentes, principalmente dos grandes centros urbanos brasileiros, foi

que instigou a estruturação dessa survey com o intuito de clarear e entender o mundo de

trabalho desses indivíduos.

Nesse contexto o objetivo principal desta pesquisa é caracterizar e analisar o fenômeno

das lanhouses e o comportamento do empreendedor proprietário de lanhouse da Comunidade

da Rocinha, identificando a sua motivação central para empreender este tipo de negócio. E

também caracterizar e analisar seus clientes, o negócio e a inclusão digital promovida por essa

atividade.

2. METODOLOGIA DE PESQUISA

A metodologia desta pesquisa baseou-se no do método de pesquisa survey,

considerando o interesse em produzir descrições quantitativas de uma população a partir de

um instrumento predefinido, ou seja, um questionário. A pesquisa survey pode ser descrita

como a obtenção de dados ou informações sobre características, ações ou opiniões de

determinado grupo de pessoas, indicado como representante de uma população alvo, por meio

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de um instrumento de pesquisa, normalmente um questionário (Pinsonneault & Kraemer,

1993).

Quanto ao processo de amostragem Perrien, Chéron & Zins (1984) consideram que

este é composto pela definição da população-alvo, contexto, unidade e método de

amostragem, tamanho da amostra e pela seleção da amostra ou execução do processo de

amostragem. Sendo assim, o local da amostra foi à comunidade da Rocinha na cidade do Rio

de Janeiro RJ. Alguns fatores contribuíram para a escolha desta comunidade, tais como, o fato

do pesquisador ter pessoas conhecidas que moravam na comunidade, contato com a

Associação de Moradores, fácil acesso ao moro e também pela comunidade ser palco de

outras pesquisas, que contribuem com dados estatísticos e informações adicionais ao presente

estudo.

Ao fazer uma visita a Comunidade e analisar o cenário da pesquisa e compará-lo aos

conceitos de amostragem, percebeu-se que como a amostra probabilística consiste no fato de

todos os elementos da população ter a mesma chance de ser escolhidos, resultando em uma

amostra representativa da população, selecionada de forma randômica ou aleatória os

respondentes, eliminando a subjetividade da amostra. Contudo, considerou-se que a amostra

não probabilística por ser obtida a partir de algum tipo de critério, onde nem todos os

elementos da população têm a mesma chance de ser selecionados, o que torna os resultados

não generalizáveis, é a qualificação mais assertiva, tendo em vista, características locais.

Os respondentes foram escolhidos por conveniência, conforme afirmado

anteriormente, pois o pesquisador conhece pessoas que moraram ou moram na comunidade,

conforme Fink (1995) os participantes são escolhidos por estarem disponíveis e que o

tamanho da amostra se refere ao número de respondentes necessários para que os resultados

obtidos sejam precisos e confiáveis. Certo, é que o aumento do tamanho da amostra diminui o

erro, com algumas ressalvas, pois essa tendência tem limites, a partir de certa quantidade não

se tem mais uma forte contribuição agregada por coletar-se maior número de questionários.

De fato seria muito difícil e dispendioso encontrar todos os respondentes, uma vez que, alguns

se recusaram a responder e outros não moram na comunidade e vem esporadicamente no

estabelecimento.

Compreendido no plano de trabalho da pesquisa o pré-teste do questionário tem como

objetivo alinhar o instrumento, para garantir que ele realmente meça e atenda o objetivo

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proposto. Observando se todas as questões foram entendidas e respondidas corretamente, não

apresentando dificuldade no entendimento das questões. Segundo Gil (1991), deve ser

considerado no pré-teste os seguintes aspectos: clareza e precisão dos termos, quantidade de

perguntas, forma das perguntas, ordem das perguntas e introdução.

Outra influência do contexto foi o direcionamento da pesquisa para um estudo

descritivo, por envolver questões que serão correlacionadas e por se tratar de um público

fechado. O tratamento dos dados será quantitativo discursivo, pois conforme Richardson,

1999, o estudo descritivo pode abordar aspectos amplos como levantamento de opiniões e

atitudes da população acerca de determinadas situações e permite a identificação do

comportamento de grupos minoritários.

O questionário foi estruturado com base nos estudos realizados por David McClelland,

adaptado por SILVA, Zita Gomes do livro O Perfil Psicológico do Empreendedor, o texto

original será rescrito e adaptado com uma linguagem mais usual e estruturado com termos

corriqueiros da fala. Desta forma espera-se facilitar o entendimento dos pesquisados as

questões, afirmações e negações da pesquisa.

O questionário está estruturado em 05 partes A, B, C, D e E, cada bloco de perguntas

tem um foco. A parte ―A‖ tem 06 perguntas que buscam conhecer o empreendedor, a parte

―B‖ tem 17 questões, com o objetivo de conhecer o negócio e a motivação, já a ―C‖ tem 14

questões sobre a inclusão digital, no bloco ―D‖ são 09 perguntas sobre os usuários. A parte

―E‖ é a mais extensa, com 31 afirmações e negações sobre características comportamentais

empreendedoras. Ao todo o questionário tem 77 itens entre perguntas, questões, afirmações e

negações. Conforme anexos.

O bloco ―E‖ será o bloco inicial da pesquisa, por apresentar um grau mais elevado de

complexidade, necessitando de respostas estruturadas, e também por ser o bloco mais extenso

da pesquisa. Os demais blocos intercalam perguntas, afirmações e negações estruturadas e

não-estruturadas, com o intuito de tornar o questionário menos maçante em prol da melhor

qualidade e fidedignidade das respostas.

As perguntas em geral estão dispostas estrategicamente entre respostas livres, seleções

dicotômicas, ranqueamento e classificação, sendo que esta última representa 63,64% do

questionário, tendo as respostas dispostas na escala likert com cinco pontos para mensuração,

sendo os menores de três como discordantes e os maiores de três como concordantes e o três

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como ponto neutro, conforme segue, (Discordo Totalmente, Discordo, Nem Concordo Nem

Discordo, Concordo, Concordo Totalmente), conta também com as opções (Não Sabe, Não

Respondeu). Nesse caso, a análise dos resultados será realizada numa abordagem quantitativa

calculando a média e o desvio padrão a cada resposta.

2.1 COLETA DOS DADOS

Nesta survey o questionário utilizado passou por várias versões até ser parcialmente

validado para o período de testes, que aconteceu na Comunidade do Rio das Pedras2, Barra da

Tijuca, Rio de Janeiro RJ. O objetivo desta fase foi ―submeter o instrumento de pesquisa a um

campo de teste similar ao local da amostra, promover os alinhamentos necessários e validar a

versão final‖. A meta de conseguir no mínimo 05 questionários válidos, a partir da versão

final, foi atingida com sucesso.

O local dos testes foi escolhido pela proximidade da casa do pesquisador e também

pelo fato de não ter trafico de drogas, por conseguinte é mais tranqüila. Mas como a

Comunidade é controlada por milícias foi necessário pedir autorização para circular pelas

vielas, uma vez obtida a autorização é possível circular livremente e sem problemas.

Como ferramenta de apoio ao questionário da pesquisa, foi estruturado um formulário,

para descrever o nome do entrevistado, endereço ou referência da lanhouse, e mail e telefone,

data da pesquisa e status da realização da pesquisa. Os questionários respondidos estão

relacionados às informações colhidas no formulário, numerados por ordem. A finalidade

desse instrumento é utilizá-lo caso ocorra problemas na coleta de dados e também para a

devolução do resultado da pesquisa aos respondentes.

A aplicação do questionário acontecerá de forma individual entre o entrevistador e o

pesquisado, com a intenção de melhorar a qualidade das respostas, conforme Richardson

(1999) há menos chance dos entrevistados não responderem ao questionário ou de deixarem

algumas perguntas sem resposta.

O prazo para a realização da pesquisa será de 30 (trintas) dias, compreendidos entre os

dias 02 e 31 de janeiro de 2009. No decorrer da coleta de dados percebeu-se que o número de

lanhouse era próximo da afirmação do presidente, no entanto, não foi possível aplicar o

questionário em todos os proprietários, pois, alguns não moram na comunidade e outros não

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quiseram responder. Aqueles que moram em outros bairros deixam as lanhouses aos cuidados

de um funcionário, que não podia ser entrevistado, pois a entrevista foi direcionada aos

proprietários. A meta estabelecida era conseguir 40 questionários válidos, para então produzir

uma análise estatística aceitável aos padrões científicos, que foi atingida com sucesso.

2.2 TRATAMENTO DOS DADOS

O questionário da pesquisa será parametrizado e passada para o sistema CSPro 3.0,

assim como os dados coletados, em seguida esse sistema compila os dados, que podem ser

convertidos numa planilha do microsoft excel, o próximo passo é importar os dados para o

software SPSS 16.0, de onde serão geradas as correlações, médias e desvios padrões, enfim, a

pesquisa será quantificada para a analise e discussão dos resultados. O SPSS é um software

bastante completo e muito utilizado para analise de dados em pesquisas, desta e de outras

naturezas.

As analises serão realizadas usando o método descritivo, tendo os dados comentados

de forma associativa com as demais informações geradas pela pesquisa. Condição que levará

o pesquisador a desenvolver um amplo debate na tentativa de responder as questões da

pesquisa, alcançar os objetivos propostos e se possível levantar questões para estudos futuros

em outra Comunidade (Favela) ou Subúrbio Brasileiro.

2.3 LIMITAÇÕES DO MÉTODO DE PESQUISA

Uma pesquisa bem planejada deveria permitir que, utilizando-se as ferramentas certas,

se chegasse com tempo hábil e com energia à exploração dos dados. Nem sempre isso ocorre.

Além disso, não pode haver equívoco, para obter-se algo bom dos dados, deve-se conhecê-los

a fundo, quanto mais, melhor, e dedicar tempo a essa tarefa. Quanto mais tempo, mais

qualidade terá as inferências e conclusões.

O questionário, instrumento desta pesquisa, em si é uma limitação, pois parte-se de

uma presunção de aceitação e acertabilidade confirmada nos testes, mas não há certeza de que

este seja a melhor fonte para a obtenção dos dados, tão pouco que gere empatia com os

entrevistados.

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Também se deve considerar o método de abordagem para iniciar a entrevista, que é

importantíssimo, pois não se sabe como estes empreendedores vão reagir à abordagem da

pesquisa. Tendo em vista, como já foi alertado pelo pessoal da UPMMR, que estes e outros

proprietários de pequenos comércios trabalham na informalidade e são bastante arredios, pois,

temem a vinculação da pesquisa a fiscalização dos entes governamentais.

Outro fator significativo é com relação ao tema da pesquisa, e o entendimento deste

pelos proprietários das lanhouses, pois não há um conhecimento prévio do grau de instrução

destas pessoas, pois esta informação só será conhecida no decorrer da pesquisa e com maior

precisão na compilação dos dados.

Ainda há uma preocupação com referencia a veracidade das respostas por parte dos

pesquisados, pois há perguntas que expõem as fragilidades do gestor e empreendedor.

Conforme Mohr e Webb (2001) é possível ocorrer o chamado viés de desejabilidade social.

Tal viés é resultante de respostas que não são baseadas naquilo que o respondente realmente

acredita, mas no que percebe sendo socialmente apropriado.

Considerando as situações elencadas acima o pesquisador definiu que a pesquisa seria

aplicada por ele próprio, com o intuito de minimizar os riscos e aumentar o grau de

confiabilidade das informações obtidas.

3. A PESQUISA

3.1 As Lanhouses

Espaços públicos de acesso pago, esta é a denominação das lanhouse segundo o

CGI.Br (Comitê Gestor de Internet no Brasil), responsáveis por 47% dos acessos a internet no

pais, chegaram no Brasil em 1998, pelas mãos do empresário brasileiro Sunami Chun que

voltou de uma viagem a Correia do Sul, conforme matéria jornalística do Jornal Valor

Econômico, publicada em 27 de setembro de 2007. As LAN Houses como eram nominadas

no final da década de 90 inicio dos anos 2000, tinham como produto principal os jogos em

rede, esse conceito mudou gradativamente e as lanhouses atuais são espaços de interação e

comunicação virtual.

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As lanhouses ganharam rapidamente as periferias brasileiras, por oferecerem a este

público uma janela para o mundo, dando aos internautas uma identidade, um endereço virtual

e a possibilidade virtual de viajar pelo mundo, conhecer novas pessoas, fazer amigos, namorar

e também jogar, estudar, escutar música, enfim. Na Comunidade da Rocinha há uma

lanhouse para cada grupo de 2100 habitantes.

A foto abaixo foi tirada na entrada de uma das lanhouses visitadas. Mas algo que

chamou a atenção pelo ineditismo foi o relato de um dos proprietários, veja, ―eu aqui com

meus clientes, muitos conheço desde que nasceu, quando eles querem comprar alguma coisa

pela internet, eu empresto o meu cartão de crédito, compro parcelado e eles vão pagando, até

hoje ninguém me deu calote, e a lanhouse vive cheia de gente‖.

Na comunidade da Rocinha muitos bares, lojas, depósitos, salas de residências, deram

espaço as lanhouses, como podemos ver nas fotos seguintes.

Fonte: Autor 2009

Em entrevista ao Portal da inclusão digital www.inclusaodigital.gov.br em 28/08/2008

o sociólogo e doutor em Ciências Políticas pela Universidade de São Paulo, Sérgio Amadeu

afirma que as lanhouses não são a solução para inclusão digital entre a população de baixa

renda, pois devido ao caráter comercial desses estabelecimentos, a cobrança seria o

impeditivo, pois as pessoas das classes D e E não tem o mínimo para assegurar a

sobrevivência. Dados do ano anterior publicado pelo CGI.Br apontou as lanhouses como a

principal porta de acesso a internet no Brasil e ainda trouxe dados da grande presença delas

nas periferias brasileiras.

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No capitulo de Apresentação de Analise dos Resultados, mais especificamente nos

itens C.10, C.11, C.12 e C.13 será apresentado os dados quanto à freqüência de pessoas a

lanhouse que não usam por falta de dinheiro, veremos que isso ocorre principalmente entre as

crianças e jovens, no entanto, isso não é motivo de preocupação entre os proprietários, pois

afirmam que assim que conseguem algum dinheiro correm para a lanhouse. As crianças vêm

em grupo para a lanhouse, quem tem dinheiro paga e os outros usam juntos.

O sociólogo fala da necessidade de programas de inclusão digital gratuitos, como os

telecentros, com banda larga oferecendo acesso livre, oficinas e cursos de informática básica.

Conforme dados da pesquisa sobre o uso de TICs do CGI.Br 2008, os telecentros são a última

opção de acesso a internet com apenas 3% do total. Conforme a professora e pesquisadora da

ESPM do Rio de Janeiro RJ, que vem investigando a revolução da internet nas periferias, o

desinteresse ocorre pelos seguintes fatos: 01) as máquinas dos telecentros muitas vezes são

usadas e foram recicladas, 02) na maioria dos telecentros há restrição a jogos, orkut, MSN,

música..., 03) os telecentros são voltados principalmente para a formação, não trabalham o

lado lúdico e as possibilidades de informação, formação e comunicação da grande rede.

Contudo o sociólogo acredita que as lanhouses devem ser incentivadas pelo governo

por serem empreendimentos que podem gerar emprego, no entanto, para ele a inclusão digital

somente acontece com a capacitação dos usuários para trabalhar com as ferramentas

disponíveis na rede, o que não acontece nas lanhouses. Os itens C.01 à C.08 desta pesquisa,

tratam exatamente desse tema e poderemos ver que os proprietários das lanhouses estão

preocupados e atentos aos usuários não capacitados a interagir com o computador e, por

conseguinte navegar na grande rede.

Uma constatação importante da pesquisa publicada pelo CGI.Br 2008 é quanto às

regiões Norte e Nordeste do Brasil, lá os acessos a internet através de uma lanhouse são

respectivamente 66% e 67%. Tal informação contribui para o entendimento de que as

lanhouses são sim a possibilidade das classes menos favorecidas acessarem a internet, uma

vez que, essas regiões segundo o IBGE são as mais pobres do país e com a menor renda per

capta. Vide quadro abaixo.

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LOCAL DE ACESSO INDIVIDUAL À INTERNET - 2008 Percentual (%) Centro público de acesso pago

(lanhouses)

TOTAL 47

Por Regiões

Sudeste 43

Nordeste 67

Sul 31

Norte 66

Centro-Oeste 42

Fonte: Pesquisa sobre o Uso das TICs no Brasil 2008. CGI.Br

3.3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

A apresentação e analise dos dados vai seguir a mesma disposição da pesquisa

aplicada, os dados de cada bloco serão expostos, concomitante segue a analise e correlação

dos dados.

3.3.1 Conhecendo o Empreendedor

Inicialmente essa pesquisa buscou traçar um breve perfil dos proprietários de

lanhouse, no intuito de ampliar o cenário de analise e conhecê-los melhor. Os dados serão

comparados com a GEM Brasil 2008 e o Censo Rocinha 2009, para entendermos melhor que

é esse empreendedor da Comunidade da Rocinha.

Dos proprietários de lanhouse da comunidade da Rocinha, 75% são homens e 25%

mulheres, dados bem distantes dos apresentados na pesquisa GEM Brasil 2008, onde 52,7%

são homens e 47,3% mulheres.

Quanto à faixa etária dos empreendedores o quadro abaixo mostra os dados da

pesquisa comparando com os dados da GEM Brasil 2008. O que mais chama a atenção é a

concentração dos percentuais nas duas primeiras faixas etárias, pois somando as duas temos

um total de 72,5%, em contrapartida as duas faixas etárias finais somam 5%, será que essa

concentração esta ligada a atividade, negócio, localização... .

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Faixa Etária (anos) Pesquisa Rocinha GEM Brasil 2008

18 a 24 30,00% 29,10%

25 a 34 42,50% 29,50%

35 a 44 22,50% 23,20%

45 a 54 5,00% 14,80%

55 a 64 0,00% 3,40%

Faixa Etária dos Empreendedores - Comparativo

Fonte: Autor 2009

A escolaridade dos empreendedores será comparada os dados do Censo Rocinha 2009,

realizado pela Secretaria da Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro, conforme segue.

Grau de Ensino Pesquisa Rocinha Censo Rocinha 2009

Alfabetização 0,00% 8,60%

Ensino Fundamental 15,00% 47,50%

Ensino Médio 65,00% 21,40%

Ensino Superior 20,00% 1,50%

Profissionalizante 0,00% 0,30%

Escolaridade - Comparada com o Censo Rocinha 2009

Fonte: Autor 2009

Somando o número de empreendedores que têm Ensino Médio e Superior obtemos um

percentual de 85%. Se tivéssemos no Censo Rocinha um dado que mostrasse a escolaridade

por faixa etária, poderíamos correlacionar a escolaridade com a faixa etária dos

empreendedores e esclarecer porque um número tão baixo de empreendedores com idade

mais avançada.

As informações sobre a ocupação principal foi obtida conforme quadro abaixo.

Autônomo 52,50%

Profissional Liberal 12,50%

Empregado Setor Privado 5,00%

Empresário 10,00%

Aposentado/Pensionista 2,50%

Estudante 12,50%

Desempregado 5,00%

Ocupação Principal

Fonte: Autor 2009

Questões relacionadas a renda trazem um tabu relacionado a reserva que as pessoas

tem em falar do quanto ganham, como pode ser percebido na pergunta A.5, entre as respostas

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validas 52,4% tem a renda familiar variando entre R$ 2.076,00 e R$ 6.225,00, ressaltando que

47,5% não souberam ou não responderam a pergunta. Perguntados se a renda familiar

aumentou ou diminui no último ano, 72,9% responderam que sim, aumentou um pouco ou

muito. Esse expressivo percentual relacionado ao aumento da renda esta relacionado com a

motivação para empreender, apresentado e debatido, conforme resultado das questões B.1 à

B.8, logo abaixo.

4.3.2 Conhecendo o Negócio

O relatório executivo da GEM Brasil 2008 ( p. 07), publicado pelo IBPQ Instituto

Brasileiro de Qualidade e Produtividade trás a seguinte informação ―...os empreendedores que

buscam iniciar sua atividade para obter maior independência ou aumento de renda, a chamada

Oportunidade Genuína, a proporção desse tipo de motivação para o caso brasileiro subiu de

38,5% em 2007 para 45,8% em 2008...‖, esta constatação faz correlação com as questões B.01

a B.10, que tinham o intuito de obter informações sobre a motivação desses empreendedores.

De tal forma que, as respostas com maior favorabilidade no calculo da média e menor desvio

padrão, retratam a tendência apresentada no conteúdo do texto acima, ou seja, os proprietários

de lanhouse da Comunidade da Rocinha são empreendedores motivados pela Oportunidade

Genuína, movidos pela necessidade intrínseca de independência e oportunidade de aumentar

suas rendas, como pode ser percebidos nos dados apurados nas questões B.03 e B.07, ambas

positivas, e que apresentaram respectivamente média e desvio padrão 4,1 – 0,67 e 4 – 0,72,

considerando uma escala likert de 05 pontos.

A questão B.10 chama a atenção, pois, quando perguntados ―Aproveitei os incentivos

do poder publico para abrir a Lanhouse‖ a resposta foi totalmente negativa, apresentado uma

média de 1,6% e desvio padrão de 0,78, demonstrando a completa ausência do poder público

com essa atividade, que, conforme dados publicados pelo CGI.br (Comitê Gestor de Internet

no Brasil), 48% dos acessos a rede mundial de computadores, acontece numa lanhouse. Frente

ao universo de internautas que ultrapassa os 50 milhões de usuários, estamos falando de um

publico de mais de 25 milhões de pessoas. Em contrapartida somente 4% dos acessos a

internet acontece em locais públicos de acesso gratuito, como telecentros, bibliotecas,

entidade comunitária e Correios.

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Quanto às fontes de financiamento para abrir a lanhouse a melhor favorabilidade foi

quanto ao uso de capital próprio, as demais questões, inclusive a relacionada ao sócio,

apresentaram resultado desfavorável, vale ressaltar o famoso viés da pesquisa, pois se

buscarmos os dados da questão B.12, iremos ver que 40% destas lanhouses são fruto de uma

sociedade. O que nos leva a crer que as respostas relacionadas ao capital investido, não

mostraram a veracidade desejada para uma analise mais contundente.

Dentre os proprietários pesquisados, 82,5% moram no bairro e 60% do total não tem

sócio no estabelecimento, sendo que 72,5% destes estabelecimentos funcionam entre 01 e 04

anos, contudo, a proporção dos que abriram a menos de um ano é considerável, ou seja,

17,5%. Outra informação importante é quanto ao fato de 77,5% destes empreendedores serem

nascentes, ou seja, a lanhouse foi seu primeiro negócio, dos 22,5% restantes, que admitiram

ter outro negócio, 70% destes afirmam que mantém o outro empreendimento em pleno

funcionamento.

4.3.3 Inclusão Digital

Este bloco de perguntas tem a intenção de verificar o envolvimento destes

empreendedores com o aprendizado, inserção e mesmo inclusão dos clientes a rede mundial

de computadores. As questões C.01 a C.08 foram estruturadas com esta finalidade. As

analises geradas conforme tabela e gráfico abaixo, apresentam informações que podem trazem

um melhor entendimento do quanto esses empreendimentos, facilitam o acesso das pessoas a

internet e mesmo o contato com os computadores.

A favorabilidade de cada resposta confirmada respectivamente pelo desvio padrão

dimensiona o que as pesquisas, feitas por órgãos oficiais, tem apontado, que é o quanto estes

estabelecimentos estão envolvidos com a inclusão digital de crianças, adolescentes, jovens,

adultos e idosos.

As questões C.01 a C.08 em anexo, trazem proposições relacionadas ao atendimento

dos clientes em geral. Na apresentação estatística dos dados coletados durante a pesquisa

confirma a atuação desses empreendedores no processo de inserção de novos usuários da

internet e mesmo a familiarização destes com os computadores, softwares e hardwares

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utilizados pelos internautas para a comunicação, navegação, estudo, pesquisa e outras

atividades.

Descrição Estatística

N Mínimo Máximo Média Desvio Padrão

C_01 40 1 5 4,2 0,69

C_02 40 1 3 1,7 0,52

C_03 40 1 5 2,68 1,07

C_04 40 1 5 2,57 1,15

C_05 40 1 5 3,23 1,25

C_06 40 1 4 1,6 0,63

C_07 40 4 5 4,63 0,49

C_08 40 1 5 2,53 1,2

Validos 40

Fonte: Autor 2009

O gráfico acima mostra a favorabilidade das respostas as questões propostas, exceto a

pergunta C.08, esta com 2,53 de média mostra que a lanhouse não tem uma promoção

especial para clientes que trazem novos clientes. Contudo a convergência entre as respostas

ideais e respostas efetivas aponta para o entendimento de que a gestão do negócio no

atendimento aos clientes contribui para o processo de inclusão digital, pois a atenção e as

orientações dadas aos clientes promovem o aprendizado inicial que os internautas iniciantes

precisam para navegar, tornando-se sujeitos na grande rede mundial de computadores.

Já as perguntas C.10, C.11 e C12 buscam as seguintes informações, ―há crianças,

jovens ou adultos que vêem a lanhouse, mas não usam os serviços por falta de dinheiro‖.

Frequentam a lanhouse e não usam por falta de dinheiro

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

Crianças Jovens Adultos

Sim

Não

Fonte: Autor 2009

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O gráfico acima demonstra uma realidade típica de uma Comunidade-Favela aonde,

crianças, jovens e até adultos vão à lanhouse sem ter dinheiro para navegar na internet,

caracterizado que ali também é um local de encontro entre as pessoas, que freqüentam o local

como espectadores ou como acompanhantes. Se analisarmos pelo lado quantitativo as

crianças e os jovens são os que mais freqüentam a lanhouse sem dinheiro, nesses casos, como

a pesquisa não foi mais fundo para buscar o melhor entendimento, resta trazer uma fala

recorrente entre os entrevistados, ―isso acontece muito do pessoal vir e não ter dinheiro para

navegar, mas não é ruim, muitos aprendem assim e quando tem dinheiro, voltam, pagam o

tempo e navegam com facilidade‖, ou seja, é quase como um processo de aprendizagem,

considerando que 42,5% das crianças, 37,5% dos jovens e 17,5% dos adultos freqüentam a

lanhouse e sem dinheiro não usam diretamente dos serviços oferecidos apresentados nas

questões D_02_A a D_02_I.

A pergunta C.13 traz os seguinte questionamento, ...a lanhouse faz algum tipo de

promoção que facilite o uso dos serviços por pessoas que não podem pagar o valor de tabela.

Entre os entrevistados 37,5% dizem que sim, mas 62,5% afirmam que não flexibilizam o uso

a aqueles que não têm dinheiro para usar os serviços da lanhouse. A compreensão dessa

atitude por parte destes empreendedores deve ser analisada correlacionando as respostas as

questões D.09_A à D.09_D, que trazem os dados referentes aos valores cobrados pelos

respectivos tempos, variando de R$ 0,50 por ½ hora a R$ 2,00 por hora, pois mesmo para

uma Comunidade carente, os valores são considerados baixos, sendo praticados devido a

concorrência.

O poder público volta à cena na questão C.14, perguntados se receberam ajuda do

poder publico para que as pessoas possam participar da inclusão digital, o ―não‖ recebeu

97,5% das respostas. Atribui-se ao único sim a pergunta, um provável erro na marcação da

resposta. Confirmando a total ausência dos entes públicos nessas comunidades e ao fenômeno

das lanhouses nas favelas brasileiras.

4.3.4 Negócio e Usuários

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O objetivo desta parte é identificar o público, saber quais os serviços mais procurados

e qualificar a lanhouse, obtendo informações sobre o funcionamento, estrutura, freqüência dos

clientes e valores cobrados.

Através de uma questão de ordenamento, obteve-se a classificação dos públicos que

mais freqüentam a lanhouse, vide tabela abaixo:

Ordem Freqüência Público

1 Adolescentes

2 Jovens

3 Crianças

4 Adultos

5 Idosos Fonte: Autor 2009

Pesquisa sobre o uso das TICs no Brasil 2008, realizada pelo Comitê Gestor da

Internet no Brasil, aponta que a faixa etária entre 15 e 24 anos concentra a maior parte dos

internautas brasileiros, informação comprovada nessa pesquisa, conforme quadro acima,

Quanto aos serviços mais utilizados, também, utilizando-se uma questão de

ordenamento os dados obtidos foram os seguintes:

0

5

10

15

20

25

Motivos que levam as pessoas a procurar a lanhouse

Fr equency 24 18 15 14 13 12 11 9 8

Si tes

r elacionamentoEnsino a distância Uso de e mai ls Jogos

Pesquisas em

ger al

Ouvir , baixar

músicas

Si tes de notícias,

humor e espor tesOutr os ser viços

Acesso a bancos,

compr as

Fonte: Autor 2009

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Comparando os dados coletados nessa pesquisa com os dados da Pesquisa sobre o uso

de TICs CGI.Br 2008, percebemos uma similaridade entre os dois gráficos, principalmente no

primeiro e último atributo pesquisado, sites de relacionamento/comunicação e acesso a bancos

e compras/serviços financeiros. Um dado que chama a atenção na pesquisa da Comunidade da

Rocinha é o ensino a distância, realmente surpreendeu, e agora ainda mais se compararmos

com o resultado da pesquisa do CGI.Br 2008, onde a educação fica em quarto lugar na

pesquisa direta.

O ensino a distância da mais ênfase ao papel social das lanhouse na Comunidade da

Rocinha, considerando que o EAD no Brasil firmou-se como uma alternativa concreta de

Educação.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

Comunicação Lazer Informações e

serviços on line

Educação Serviços

Financeiros

Proporção de indivíduos que usam a internet para:

Fonte: Pesquisa sobre o uso de TICs – CGI.Br 2008

O intervalo de 13 a 16hs por dia representou 72,5% das respostas, quando perguntados

sobre o número de horas que a lanhouse fica aberta por dia, somente 10% afirma que o

estabelecimento fica aberto 24hs, no entanto, 95% dos entrevistados dizem que abrem 7 dias

por semana. Esses dados se comprovam na dinamicidade da vida na Rocinha, as pessoas não

param, o movimento nas vielas e ruas durante o dia é intenso e estende-se até altas horas da

noite, a impressão que se tem é que sempre há o que fazer.

Sobre o numero de máquinas a resposta foi bastante dispersa, sendo que 52,5%

responderam ter entre 8 e 15 máquinas, com mínimos de 03 e máximo de 16 máquinas.

Perguntados sobre quantas máquinas ficam ocupadas em média, o intervalo de 5 a 10

máquinas representa 71,1%.

A questão D.07 foi sobre a média de pessoas que freqüentam a lanhouse por dia, as

respostas compiladas forma muito dispersas, o que revelou uma percepção constada nas

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entrevistas, ou seja, a falta de controle dos proprietários, mesmo que a grande maioria trabalhe

com um sistema de controle de usuários para a liberação de acesso e controle de tempo.

Sobre a quantidade de horas que em média os clientes permanecem na lanhouse. Vide gráfico

abaixo:

0 20 40 60 80

Percentual

1

2

3

Hor

as

Relação percentual de hora(s) de uso por clientes

Fonte: Autor 2009

Os valores cobrados pelas lanhouse variam em tempo e valor, algumas cobram por 30

minutos R$ 0,50 outras, R$ 0,75. Para uma hora o valor pode ser R$ 1,00 ou R$ 1,50 ou R$

2,00. Fatores como computadores novos, paredes pintadas, velocidade da conexão, ar

condicionado, bancada e ambiente em geral influenciam no preço, para mais ou para menos,

desconsiderando a concorrência.

Os valores não têm decréscimo pelo aumento no número de horas utilizado, por

exemplo, se você pagar R$ 1,50 por uma hora de uso e quiser usar mais uma, então terá que

pagar mais R$ 1,50, e assim para os demais tempos e preços.

4.3.5 Características Comportamentais Empreendedoras

Este bloco da pesquisa baseou-se na estrutura metodológica denominada de T.A.T

(Thematic Aperception Test), utilizada por David McClelland para suas pesquisa sobre

comportamento empreendedor, oraganizada em dez CCEs (Característica Comportamentais

Empreendedoras), distribuídas em três categorias de competências pessoais, que são: a)

Realização; b) Planejamento e Resolução de Problemas; c) Influência (Relação com as

Pessoas).

Para o melhor entendimento e analise das respostas é preciso comparar à média e o desvio

padrão de cada pergunta as linhas tracejadas do gráfico, que referem-se às respostas ideais,

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uma delas a mais íngreme que oscila de 01 a 05 apresenta a resposta ideal de cada questão, a

outra é uma linha de tendência. O mesmo gráfico apresenta outras duas linhas continuas,

originadas nas respostas dos entrevistados, denominadas de respostas efetivas, a mais íngreme

representa o resultado das respostas e a outra é uma linha de tendência dos dados.

Caracteristicas Comportamentais Empreendedoras - Bloco E

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

E_01

E_02

E_03

E_04

E_05

E_06

E_07

E_08

E_09

E_10

E_11

E_12

E_13

E_14

E_15

E_16

E_17

E_18

E_19

E_20

E_21

E_22

E_23

E_24

E_25

E_26

E_27

E_28

E_29

E_30

E_31

Respostas Efetivas Respostas Ideais Log. (Respostas Efetivas) Log. (Respostas Ideais)

Fonte: Autor 2009

O resultado do bloco E sobre as características comportamentais empreendedoras

deixa clara a vocação empreendedora dos proprietários de lanhouse, enquadrando estes

sujeitos aos conceitos relacionados ao empreendedor e ao fenômeno do empreendedorismo na

sociedade capitalista. As lanhouse não estão relacionadas à inovação tecnológica ou mesmo a

um negócio novo, mas sim a adaptação de uma atividade num contexto social com varias

deficiência estruturais, afinal estamos falando de uma favela brasileira, cujos os entes sociais

são bastante confusos e o estado é ausente.

A inserção do mundo virtual nesta comunidade prova a capacidade do empreendedor

de promover a mudança e possibilitar novas combinações, as lanhouses evoluíram e se

expandiram em duas décadas e meia com uma rapidez impressionante, conquistando um

nicho de mercado esquecido, as favelas. Foram nelas e a partir delas que as lanhouses se

popularizaram e hoje são o ambiente responsável por 47% dos acessos a internet no Brasil., a

referencia ―a partir delas‖ embasa-se no fato de 82,5% dos proprietários serem moradores da

comunidade, estas pessoas inovaram um conceito de negócio adaptando-o a realidade que

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viviam e introduzindo uma perspectiva diferente, ou seja, nós podemos fazer parte da

evolução da comunicação. Ressalto que as lanhouses na sua maioria não são legalizadas, tão

pouco se sabe da origem dos computadores, onde foram comprados e de quem, contudo, essa

não foi uma preocupação da pesquisa.

O Livro Verde publicado em 2000 pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e

organizado Tadao Takahashi, trazia em seu bojo o despertar da sociedade brasileira para o

advento da internet no mundo, destacando o papel do governo como fundamental para a

promoção da inclusão digital. O que temos atualmente, conforme dados do próprio governo é

que a sociedade civil, diante da quase inércia dos entes públicos assumiu o papel de promover

a socialização da internet a seu modo, através das lanhouses, ou centro públicos de acesso

pago, segundo o CGI.Br (Comitê Gestor de Internet do Brasil).

5. CONCLUSÕES

A internet chegou ao Brasil em 1988, como um canal de comunicação e partilha entre

alguns pesquisadores norte americanos e brasileiros, em 1991 o www (World Wide Web)

proporcionou a difusão de idéias, conteúdos, publicidades, informações, negócios, processos

de trabalho, meio de comunicação, serviços, lazer, entre outros. Naquela época não havia

como dimensionar o impacto dessa tecnologia na sociedade mundial, tão pouco quais seriam

as conseqüências desta a vida das pessoas. No decorrer dos anos a socialização e o uso da

internet começaram a ser percebido nas atitudes das pessoas, empresas, governos e mercados.

Os construtos dessa pesquisa abrem um debate atualíssimo sobre o acesso à internet no

Brasil, envolvendo agentes e fatores que não foram mencionados em pesquisas anteriores.

Estes agentes e fatores são as Comunidades carentes favelas, os proprietários de lanhouses e

as suas vocações empreendedoras, os clientes ou usuários, o negócio e a inclusão digital.

Os proprietários das lanhouses da Comunidade da Rocinha tiveram sua vocação

empreendedora comprovada, conforme apresentado no item 4.3.5 Características

Comportamentais Empreendedoras, fator extremamente importante para o atingimento dos

objetivos propostos nesse trabalho, pois a partir dessa comprovação esta claro que o

empreendedorismo desses micro e pequenos empresários contribuíram para a inclusão digital

de milhares de pessoas dessa Comunidade.

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Esses empreendedores são motivados pela Oportunidade Genuína, ou seja, iniciam

uma atividade para obter maior independência ou aumento de renda, essa constatação foi

possível pela correlação entre as respostas das questões B.01 a B.10 e o Relatório da GEM

Brasil 2008, que inclusive aponta para o avanço desta motivação entre os empreendedores

brasileiros de 38,5% em 2007 para 45,8% em 2008. Esse tipo de motivação esta relacionado a

geração de emprego e renda e conseqüentemente ao impulso da atividade produtiva, da

comunidade, município, estado e país.

O público dessas lanhouses são na ordem, adolescentes, jovens, crianças, adultos e

idosos, entre eles muitos nunca tiveram contato com a tecnologia dos computadores.

Percebendo a falta de conhecimento das pessoas estes empreendedores se predispõem a

auxiliar, ensinando-os a navegar na grande rede e permitindo um ambiente onde aqueles que

não têm dinheiro ou não sabem usar o computador permaneçam atrás das cadeiras dos mais

experientes, e até mesmo usem em dois o mesmo computador. Sem dúvida essa postura tem

muito a ver com o negócio, ou seja, daqui a pouco eu tenho mais um cliente, mas também

com a possibilidade de inclusão digital de mais um individuo.

Esta pesquisa comprovou o aumento da renda desses empreendedores, a partir da

abertura da lanhouse, na grande maioria homens com idade entre 23 e 28 anos e com

escolaridade compatível com ao Ensino Médio. Esses fatores comprovam a predisposição ao

lucro na concepção, estruturação e manutenção das lanhouses, contudo, é imprescindível

ressaltar o caráter social dessa atividade para a sociedade brasileira, tendo em vista que sem

essa atividade muitos brasileiros não teriam a chance de sentirem-se sujeitos na era da

comunicação virtual, uma vez que as iniciativas governamentais não atendem as expectativas

da sociedade em geral.

Nos últimos anos as periferias brasileiras, conforme pesquisa do CGI.Br 2008 foram

invadidas pelas lanhouses, na Comunidade da Rocinha a presença das lanhouses faz parte do

cotidiano das pessoas que utilizam-se desse serviço para diversos fins conforme resultado das

questões D.02.A a D.02.I descritos no capitulo da Apresentação e Analise dos Resultados.

Fato relevante a ser considerado é que os jogos, que originaram o negócio, vêm perdendo

espaço para a comunicação - lazer, educação – ensino a distância e uso de email.

A concorrência entre as lanhouses propicia aos usuários acesso a internet por valores

bastante baixos, em algumas é possível navegar 30 minutos por R$ 0,50, mesmo se tratando

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de uma comunidade carente, R$ 0,50, R$ 1,00 ou R$ 1,50 são valores compatíveis as suas

rendas, prova disso que durante a pesquisa, em todas as lanhouses visitadas havia pessoas

utilizando o serviço, em alguns casos com fila de espera, principalmente depois das

18h30min.

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