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EDUCAÇÃO CORPORATIVA ON-LINE E
SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL -
UMA INTEGRAÇÃO NECESSÁRIA
Jacks Williams Peixoto Bezerra (UFF)
A questão socioambiental, no que diz respeito aos grandes desafios e
problemas globais, já faz parte da Agenda Internacional. A sociedade
civil, desde os anos 60, tem se organizado e cobrado ações - dos
governantes, dos empresários e dos cidadãos - mais transparentes e
éticas no que concerne à existência e convivência humana no Planeta.
Neste processo, o paradigma da Responsabilidade Social Corporativa
e Empresarial exige que as Empresas assumam significativos
compromissos com os processos de produção e de consumo, bem como
com as condições de trabalho e de vida dos seus colaboradores,
parceiros e de grupos sociais. Neste complexo cenário, as novas
Tecnologias de Comunicação e de Informação, bem como os ambientes
e interfaces digitais e em rede, alteram a interação e a interatividade
dos seres humanos com o mundo. A (re)construção do conhecimento se
processa de modo veloz. Nesta dinâmica, as empresas têm investido, de
forma significativa, na qualificação humana e profissional dos seus
clientes internos e externos. Neste processo, a educação corporativa de
qualidade, inclusive on-line, assume um importante papel, seja por
atingir grandes públicos, seja por flexibilizar o estudo e reduzir custos.
Neste cenário, torna-se fundamental refletirmos acerca da mediação
pedagógica e do processo de aprendizagem e avaliação desta quando
do ambiente de educação corporativa on-line. Deste modo, a
integração em questão poderá ser de excelência e estratégica,
propiciando o sucesso aos Negócios, e efetiva para a saúde, a
qualidade de vida, o desenvolvimento humano e profissional e para o
bem-estar de todos os seres que habitam a Terra.
Palavras-chaves: Aprendizagem, educação corporativa, educação on-
line, sustentabilidade
5, 6 e 7 de Agosto de 2010 ISSN 1984-9354
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
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1. INTRODUÇÃO
Este Artigo busca articular a integração da questão da sustentabilidade empresarial
com a questão da educação corporativa on-line. Para tanto, se apóia em dados da Pesquisa
Nacional “Práticas e Resultados da Educação Corporativa 2009”, realizada pela FEAUSP e
pela FIA - Fundação Instituto de Administração. Nesta dinâmica, ao ressaltarmos que muitos
dos nossos ambientes de trabalho são mediados por tecnologias de informação e comunicação
(TICs) digitais, afirmamos que há a necessidade de uma mediação pedagógica e de uma
avaliação de aprendizagem que realmente permitam o pleno desenvolvimento do saber nos
atuais cenários profissionais do País. Esta mediação, ao agenciar mais plenamente as TICs, a
interação e a interatividade, poderá melhor responder aos ambientes de inovação, de
competências, de comprometimento e de criatividade contemporâneos. Deste modo, a
integração da sustentabilidade com o conhecimento conseguirá ser de fato significativa e
relevante.
Neste sentido, pontuamos que o jornalista William Wack recebeu no programa
televisivo Globo News Painel, exibido em 29 de maio de 2010, os cientistas políticos Carlos
Melo, Lourdes Sola e Murilo de Aragão. A pauta do Programa focalizou a Política Nacional.
Carlos Melo afirmou, então, que os anos 80 tiveram como foco mandatório a Democratização.
Os anos 90 tiveram como exigência a Estabilização. Já os anos iniciais do novo século
focalizaram o Crescimento. Por fim, a partir de outubro de 2010, após o processo de eleição
presidencial, o Brasil vivenciará o imperativo do Desenvolvimento, inclusive Sustentável.
Por sua vez, Lemos (2010), ao focar a questão empresas e sustentabilidade, afirma que
a humanidade tem que enfrentar três grandes desafios: “garantir a disponibilidade de recursos
naturais para continuarmos a produzir os bens e serviços que a humanidade precisa em sua
vida diária”, bem como o de “não jogar sobre a Biosfera mais resíduos e poluição de que ela
pode assimilar” e o de “reduzir a pobreza no mundo”.
Neste processo, Alledi & Quelhas (2002), ao focalizarem a sustentabilidade das
organizações, assinalam que temas “como valores organizacionais; respeito à comunidade,
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aos consumidores, ao meio ambiente e ao trabalhador; discriminação racial e trabalho infantil,
entre outros, estão hoje cada vez mais integrados às boas práticas da excelência em gestão”.
Ao problematizarmos a integração da sustentabilidade empresarial com a educação on-
line, é importante ressaltarmos que Nunes (2009, p. 2), ao focalizar a educação a distância,
nos esclarece que a “principal inovação das últimas décadas na área da educação foi a criação,
a implantação e o aperfeiçoamento de uma nova geração de sistemas de EAD”, que “começou
a abrir possibilidades de se promover oportunidades educacionais para grandes contingentes
populacionais, não mais tão-somente de acordo com critérios quantitativos”, mas,
especialmente, “com base em noções de qualidade”.
Por sua vez, Faria (2002), ao estudar a interatividade e mediação pedagógica na
educação a distância, pontua que “o ambiente virtual permite desenvolver a comunicação
síncrona e assíncrona, enfatizando o diálogo, a escuta, a troca, estabelecendo o vínculo com o
aluno e o desenvolvimento da autonomia, do senso crítico e da criatividade.” Todavia, alerta
que “a multimídia, por si só, não representa a garantia do pleno aproveitamento desse
ambiente propiciador de uma aprendizagem colaborativa, autônoma e contextualizada”.
Neste sentido, “o desafio é entender a importância da adequada utilização das tecnologias de
informação e comunicação, acompanhada de uma nova visão paradigmática da educação,
como um procedimento dinâmico, interativo, coletivo, criativo e multimidiático”, que precisa
ser “permeada pela intenção pedagógica em toda e qualquer ação proposta”.
Nesta dinâmica, Santos (2002), ao dissertar sobre a formação de professores e
cibercultura, assinala que “as novas tecnologias digitais vêm estruturando novas relações
sócio-técnicas, entre as quais podemos destacar a produção e socialização interativa de
conhecimentos no ciberespaço, evento esse conhecido como cibercultura”. Todavia, também
“encontramos na cibercultura práticas curriculares tradicionais e fragmentadas do currículo
moderno, bem como o resgate tecnicista das práticas de educação a distância”. Deste modo,
assinala que não “basta apenas intervir na forma e no conteúdo dos materiais ou estratégias de
ensino" e que essa “constatação tão precisa é preocupante, pois o papel do professor vem se
mantendo no mesmo paradigma da transmissão ou da distribuição em massa”.
A partir dos pressupostos acima apresentados, passamos a aprofundar a nossa reflexão
acerca da integração da sustentabilidade empresarial com a educação corporativa on-line.
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2. FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA
As empresas são impactadas por 3 grandes desafios socioambientais: garantir a
disponibilidade de recursos naturais; respeitar os limites da biosfera quanto à assimilação de
resíduos e de poluição; reduzir a pobreza em escala mundial. Nesta dinâmica, as empresas
também são impactadas por 5 grandes problemas socioambientais: chuva ácida, destruição da
camada de ozônio, crise da água, poluentes orgânicos persistentes e mudanças climáticas.
As empresas também são impactadas por Tecnologias de Informação e Comunicação
(TICs) novas. O Conhecimento, rapidamente (re)construído, conquistou um relevante valor. A
aprendizagem e o desenvolvimento assumiram funções estratégicas para permanência,
atualização e expansão das empresas no Mercado Globalizado altamente competitivo.
Deste modo, empresas têm investido na educação corporativa, inclusive on-line. A
flexibilidade de estudo, bem como a possibilidade de se atingir grande número de
colaboradores e de se reduzir custos têm favorecido o investimento nesta educação.
A urgência socioambiental exige que grandes públicos tenham acesso a uma educação
de qualidade e transformadora. A Responsabilidade Social Corporativa e Empresarial solicita
que as empresas se comprometam com este diálogo ético. A educação on-line assume um lugar
privilegiado. Todavia, a intermediação pedagógica que se realiza precisa ser avaliada.
Afirmamos que a educação on-line exige metodologia própria que agencie, de forma efetiva,
interações, interatividades, aprendizagem e usos que os seres humanos fazem das TICs novas.
3. OBJETIVOS DA PESQUISA
Refletir acerca da integração da sustentabilidade empresarial com a educação
corporativa on-line e refletir sobre a necessidade de uma mediação pedagógica – no que diz
respeito às tecnologias de informação e de comunicação, bem como aos ambientes e
interfaces digitais e em rede – que responda de forma significativa às condições e demandas
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de desenvolvimento e de aprendizagem dos ambientes corporativos e empresariais
contemporâneos.
4. ASPECTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa bibliográfica foi o Método utilizado para a pesquisa e elaboração deste
Artigo. Por sua vez, as fontes foram os registros constantes em livros e periódicos impressos e
eletrônicos, bem como de programas televisivos.
5. REFERENCIAL TEÓRICO
5.1. SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL
Para refletirmos sobre o tema Sustentabilidade Empresarial é necessário focalizarmos,
antes, a própria questão ambiental e o conceito de Desenvolvimento Sustentável.
Deste modo, Lemos (2006, p. 7) nos diz que em 1968 houve a criação do Clube de
Roma. Neste, cientistas de vários países tiveram a incumbência de estudar e de propor
soluções para os problemas decorrentes da crescente pressão que a explosão demográfica já
exercia sobre o equilíbrio dos ecossistemas do Planeta, bem como sobre os recursos não
renováveis.
LEMOS (2006, p. 7) assinala que o Clube de Roma apresentou em 1971 o Relatório
“Os Limites do Crescimento”. Este afirmou que se continuassem “as mesmas taxas de
crescimento demográfico, de industrialização e de utilização de recursos naturais, inevitáveis
efeitos catastróficos ocorreriam em meados do próximo século”: fome, escassez de recursos,
poluição e mortandade. O Clube defendeu a imediata política mundial de Crescimento Zero.
A ONU organizou, em Estocolmo, 1972, a 1ª Conferência Internacional para o Meio
Ambiente Humano. No Painel de Founeax, 1971, enfatizou-se que meio ambiente era um
problema relacionado não só com aspectos biofísicos, mas também com os socioeconômicos.
Surgiu o termo ecodesenvolvimento: “desenvolvimento baseado na potencialidade de cada
ecossistema, levando em conta a participação das populações locais, a redução dos
desperdícios de qualquer ordem e a reciclagem dos resíduos”. (Lemos, 2006, p. 9).
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LEMOS (2006, p. 9) nos diz que em Estocolmo os países em desenvolvimento
recusaram a tese do Crescimento Zero. A Primeira Ministra da Índia, Indira Gandhi, proferiu
que “o pior tipo de poluição é a pobreza e a falta de condições mínimas de alimentação, de
saneamento e educação”. A Declaração da Conferência afirma que “nos países em
desenvolvimento, os problemas ambientais são causados, na maioria, pelo
subdesenvolvimento”. A ONU criou, então, o PNUMA - Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente.
O Clube de Roma lançou, em 1973, o Relatório “Momento de Decisão”. Este priorizou
a questão da energia. Os resultados apresentados foram: grande declínio da população
mundial, a partir de 2025, por causa de crises de alimentação mundial. Conforme Lemos
(2006, p. 10-11) o Clube propôs, então, “a elaboração de uma estratégia cooperativa para
todos os países, orientada por um plano global, que chamaram de “Crescimento Orgânico””.
O Clube de Roma apresentou, em 1976, o Relatório “Para uma Nova Ordem
Internacional”. Lemos (2006, p. 11-12) diz que o Clube mostrou que a relação média de renda
dos países desenvolvidos em relação aos subdesenvolvidos era de 13/1 e afirmou que antes de
serem atingidos os limites físicos do nosso Planeta ocorreriam grandes convulsões sociais,
econômicas e políticas. Propôs: facilidades para o comércio de matérias-primas,
transferências de capital e tecnologia, produtividade agrícola, medidas assistenciais etc.
Em 1981 a União Internacional para a Conservação da Natureza e o Fundo Mundial
para a Vida Selvagem, com o apoio do PNUMA, lançaram a Estratégia Mundial para a
Conservação. Lemos (2006, p. 14) nos diz que a proposta visou harmonizar o
desenvolvimento socioeconômico com a conservação do meio ambiente. Lançaram o conceito
de desenvolvimento sustentado, que se alinhou ao conceito de ecodesenvolvimento.
LEMOS (2006, p. 16) nos diz que as Nações Unidas, em 1983, criaram a Comissão
Mundial Independente sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - presidida pela Sra. Gro
Harlem Brundtland. A Comissão analisou: crescimento populacional, crise urbana, pobreza,
níveis de consumo, acesso à água etc. O Relatório Final, Nosso Futuro Comum (1987),
apresenta o conceito de desenvolvimento sustentável: “aquele que atende às necessidades do
presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem às suas próprias
necessidades”.
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Em 1992, no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente
e Desenvolvimento discutiu as conclusões e propostas do Relatório Brundtland. Aprovou-se:
Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Declaração sobre
Florestas, Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica e Convenção Quadro
das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Apresentou a Agenda 21 etc.
Ressaltamos que a Declaração do Rio, aprovada em 1992, reafirma a Declaração
adotada em Estocolmo (1972), e afirma no seu Princípio 4º que: “Para alcançar o
desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental constituirá parte integrante do processo de
desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamente deste”.
Em 2002, em Joanesburgo, houve a Cúpula Mundial de Desenvolvimento Sustentável.
Nesta, foi endossada a integração dos três componentes do desenvolvimento sustentável:
crescimento econômico, desenvolvimento social e proteção ao meio ambiente.
Neste contexto, Lemos (2010, p. 1) nos diz que a partir dos anos 80 as indústrias
passaram a investir na modificação dos seus processos de produção, dando ênfase à
minimização da geração de resíduos e sua reutilização ou reciclagem. Isto foi possível,
inclusive, pelo Programa de Produção Mais Limpa, lançado pelo PNUMA em 1989.
LEMOS (2010, p. 1) nos fala que nos anos 90 as indústrias passaram a adotar códigos
de conduta, como a Série de Normas Internacionais ISO 14000, para sistemas de gestão
ambiental. Fase das melhorias nos processos de produção.
Nesta dinâmica, as indústrias passaram a se preocupar com as melhorias no projeto e
no desenvolvimento de produtos. Lemos (2010, p. 2) nos diz que isto ocorreu mediante a
aprovação das “Normas da Série ISO sobre Rotulagem Ambiental, Avaliação de Ciclo de
Vida e Introdução de Aspectos Ambientais no Projeto de Produtos – Ecodesign”.
Lemos (2010, p. 2) nos aponta que a partir dos anos 90, as empresas passaram a ser
cobradas quanto a assumirem um papel mais amplo na sociedade e que isto refletiu a
necessidade de desenvolverem benefícios para as comunidades - onde estão instaladas e de
onde recebem trabalhadores e recursos. Fase da Responsabilidade Socioambiental.
LEMOS (2010, p. 2), ao citar Young (2005), nos diz que “os resultados que foram
alcançados pelas empresas que optaram pelo caminho da sustentabilidade”, são: os benefícios
tangíveis, como: “redução de custos, melhoria de produtividade, crescimento de receitas,
acesso a mercados e capitais e melhoria no processo ambiental”. Os benefícios intangíveis,
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como: “valorização da imagem institucional, maior lealdade do consumidor, maior
capacidade de atrair e manter talentos, capacidade de adaptação e diminuição de conflitos”.
LEMOS (2010, p. 2-3) nos aponta um 4º desafio empresarial: a economia de baixo
teor de carbono. Assim, a ABNT NBR ISO 14064, Partes 1, 2 e 3, e a 14065, que versam
sobre Gases de Efeito Estufa, já trabalham a questão. Por sua vez, o Comitê Técnico 207 da
ISO desenvolve a Norma Internacional ISO 14067 sobre Pegada de Carbono.
Por fim, Lemos (2010, p. 3) afirma que “num mundo submetido a um rápido e
profundo processo de mudanças e à crescente interdependência entre os países, a educação
adquire a responsabilidade fundamental de contribuir efetivamente para o desenvolvimento de
um espírito de solidariedade”, bem como de “cooperação e tolerância, ingredientes
necessários para a construção de uma sociedade mais democrática, ambientalmente
sustentável e socialmente mais justa”.
5.2. EDUCAÇÃO ON-LINE
PRETTO (2005, p. 195-196), ao pesquisar as Tecnologias da Informação e
Comunicação (TICs) digitais, assinala que o computador usado somente “como extensão ou
prolongamento das mãos dos professores e estudantes, para copiar ou transferir informações,
mesmo que de forma mixada, com uma mistura de linguagens e mídias”, é uma ferramenta.
Todavia, afirma que o computador e suas interfaces digitais são “máquinas estruturantes de
novas formas de pensar, sentir e agir na contemporaneidade”.
PRETTO (2005, p. 197), diz que o “ciberespaço surge, não só por conta da
digitalização, evolução da informática e suas interfaces, próprias dos computadores
individuais, mas da interconexão mundial entre TICs digitais conhecida como internet”.
Assim, o “ciberespaço é muito mais que um meio de comunicação ou mídia”, pois “reúne,
integra e redimensiona uma infinidade de mídias em convergência” e “uma pluralidade de
interfaces que permitem comunicações síncronas e assíncronas”, tais como chats, listas,
fóruns, blogs etc.
PRETTO (2005, p. 200) assinala que a “evolução das interfaces interativas e dos
conteúdos hipertextuais nos ambientes virtuais de aprendizagem vêm potencializando
processos significativos de aprendizagem”. Com isto, o aprendiz poderá se comunicar
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através das interatividades um-um e um-todos, “comuns das mediações estruturadas por
suportes como os impressos, vídeo, rádio e teve”, e, principalmente, todos-todos – própria do
ciberespaço.
PRETTO (2005, p. 200), alerta que “muitas práticas de educação on-line ainda se
fundamentam na modalidade da comunicação de massa, no qual um pólo emissor distribui
mensagens, muitas vezes em formatos lineares, com pouca ou quase nenhuma
interatividade”. Com isto, “as TICs digitais são subutilizadas pelos docentes e discentes
desatentos às suas potencialidades”. Os conteúdos são “estáticos, como se ainda estivessem
no suporte material, atômico. Não podem ser modificados pelos aprendizes no processo de
ensino-aprendizagem”.
Neste sentido, Pretto (2005, p. 201), assinala que os “processos de aprendizagem on-
line, muitas vezes, se limitam à prestação de contas e exercícios previamente distribuídos em
formatos de múltipla escolha ou em atividades pontuais e individuais”, ainda que
“aparentemente simpáticas pela utilização pirotécnica de sons, imagens, gráficos” etc. Alerta
que a “educação on-line não é sinônimo de educação a distância”, pois a primeira “é uma
modalidade de educação que pode ser vivenciada e exercitada para potencializar situações de
aprendizagem mediadas por encontros presenciais, totalmente a distância ou híbridos”.
PRETTO (2005, p. 201), pontua que o que “caracteriza a educação a distância é,
principalmente, a separação física entre os sujeitos aprendentes e/ou formadores e os seus
dispositivos e narrativas de formação, a exemplo dos conteúdos, tecnologias, objetos de
aprendizagem”, além do “próprio universo cultural e comunicacional dos sujeitos”. Por sua
vez, na educação on-line, evento da cibercultura, “os sujeitos podem até encontrar-se
geograficamente dispersos”. Todavia, “estão em potência, juntos e próximos,
compartilhando informações, conhecimentos, seus dispositivos e narrativas de formação”.
Nesta dinâmica, Silva & Santos (2009, p. 125), ao dissertarem sobre os conteúdos de
aprendizagem on-line, afirmam que fazer educação on-line exige “metodologia própria que
pode, inclusive, inspirar mudanças profundas na chamada “pedagogia da transmissão”, que
prevalece particularmente na sala de aula presencial”. Pontuam, então, que “a sala de aula
on-line está inserida na perspectiva da interatividade entendida como colaboração todos-
todos e como faça-você-mesmo operativo”. Assim, esta sala corrobora com a “educação
autêntica, baseada na dialógica, na colaboração, na participação e no compartilhamento”.
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Por sua vez, Primo (2007, p. 56), ao pesquisar a interação mediada por computador,
pontua, a partir de uma orientação sistêmico-relacional, que “interação é “ação entre” e
comunicação é “ação compartilhada” e que os participantes da interação são os interagentes.
Deste modo, interação mútua “é aquela caracterizada por relações interdependentes e
processos de negociação, em que cada interagente participa da construção inventiva e
cooperada do relacionamento, afetando-se mutuamente”. Por sua vez, “a interação reativa é
limitada por relações determinísticas de estímulo e resposta”.
PRIMO (2007, p. 100) ressalta que “o estudo das interações mediadas por
computador deve partir de uma investigação das relações mantidas e não dos participantes
em separado, ou seja, é preciso observar o que se passa entre os interagentes”. Pontua, ainda,
que uma “interação mútua não pode ser vista como uma soma de ações individuais”.
PRIMO (2007, p. 149-150) também nos esclarece que enquanto “as interações
mútuas se desenvolvem em virtude da negociação relacional durante o processo, as
interações reativas dependem da previsibilidade e da automatização nas trocas”. Deste modo,
se “um ato foge daquilo que era esperado previamente, ele pode ser ignorado e recusado no
processo ou até mesmo acabar com a situação interativa”. Assim, uma “interação reativa
pode repetir-se infinitamente numa mesma troca: sempre os mesmos outputs para os mesmos
inputs”.
SILVA (2006, p. 10-11), ao pesquisar a interatividade, pontua que a “emergência da
interatividade é um fenômeno da “sociedade da informação” e manifesta-se nas esferas
tecnológica, mercadológica e social”. Isto teria emergido “imbricado em transformações que
se dão na esfera social, onde se pode observar não mais a pregnância da passividade da
recepção diante da emissão do produto acabado, mas uma crescente autonomia de busca”,
ou seja, “cada indivíduo faz por si mesmo”, num ambiente polifônico e polissêmico, no
“processo em curso de reconfiguração das comunicações humanas em toda a sua amplitude”.
Neste processo, Faria (2002, p. 118), ao pesquisar a interatividade e mediação
pedagógica na educação a distância, esclarece, a partir de uma abordagem
sociointeracionista e de Vygostky (2000a), que “a mediação do processo de construção do
conhecimento dos alunos distantes deve levar em consideração a zona de desenvolvimento
proximal”, ou seja, “a distância entre o conhecimento real (em que o aluno pode realizar com
autonomia sobre um desenvolvimento já consolidado) e o nível do conhecimento potencial
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(no qual o aluno realiza atividades com o auxílio de outros), justificando-se, então, a função
da mediação”.
FARIA (2002, p. 121-123) expõe que “redimensionar a metodologia, usualmente
oferecida”, constitui-se “na possibilidade de criação de espaços virtuais, para a construção do
conhecimento, e na inserção no universo mundial da informação”. Afirma que “para que os
cursos virtuais possam ser mais interativos e ajustados às necessidades dos alunos, não
devem estar centrados nos materiais didáticos e sim na interação entre professores e alunos”.
Assim, a “qualidade e a maneira de utilizar o correio eletrônico, o chat, o fórum, a
videoconferência e os demais suportes tecnológicos podem ser um grande auxiliar no
desenvolvimento da educação a distância, mediatizando pedagogicamente a aprendizagem”,
ou seja, utilizar a tecnologia numa perspectiva dinâmica, criativa, inter-relacionada e não-
linear.
Faria (2002, p. 125-126), endossa que a “mediação é um processo de argumentação
construída socioindividualmente, intermediada pela linguagem e pela comunicação, que leva
à meta-cognição num diálogo intra e interpessoal”. Ao citar Primo (2001), afirma que
“preparar o professor para atuar como mediador nesta extraordinária capacidade virtual de
mediação dialógica”, bem como diante de um novo currículo – não-linear, interativo e
dialógico –, segundo a “teoria do conhecimento como rede”, quando o conhecimento se
processa a partir de uma trama de conflitos”, tanto sociocognitivos quanto socioafetivos, é o
desafio atual. Deste modo, “criar e gerenciar esse ambiente de aprendizagem virtual é muito
importante para estabelecer essas relações/interações participativas”.
6. REFLEXÕES E CONSIDERAÇÕES CRÍTICAS
Há muito que a questão ambiental deixou de ser apenas mais uma variável que
interferia no cotidiano de poucos sujeitos e de algumas empresas. Esta Questão passou a
integrar a pauta de organizações não-governamentais, provocando, inclusive, a criação de
organizações ambientalistas pelo mundo, desde o lançamento, em 1962, do livro Primavera
Silenciosa, de Rachel Carson. Esta denunciou o desaparecimento de pássaros, nos campos dos
Estados Unidos da América, por decorrência do uso de pesticidas, como o DDT, na
agricultura.
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Antes mesmo do livro em questão, graves acidentes provocaram o questionamento
acerca de como a sociedade humana estava se relacionando com o Planeta e fazendo uso do
mesmo. Deste modo, alguns eventos foram paradigmáticos: desastre ocorrido no Vale do
Meuse, na Bélgica, em 1930, quando 60 pessoas morreram e outras 6.000 tiveram a saúde
afetada por causa da emissão de dióxido de enxofre de fábricas de aço e zinco locais. A morte
de 4.000 pessoas, com mais de outras 20.000 afetadas, em Londres, Inglaterra, em 1952, por
causa da queima de carvão (para o aquecimento das casas), das indústrias e dos veículos
movidos a derivados de petróleo - associados a uma inversão térmica. O caso da Baía de
Minamata, Japão, a partir de 1956, quando pessoas começaram a apresentar distúrbios
neurológicos por causa do despejo de efluentes industriais com metil-mercúrio, sem
tratamento, que se concentrou na cadeia alimentar local, provocando a morte de 50 pessoas e
sérios impactos em mais 500, fato que provocou uma indenização de mais 60 milhões de
dólares.
Mais recentemente, tivemos o acidente de Bhopal, Índia, em 1984, quando uma nuvem
tóxica de isocianato de metila – do complexo industrial da Union Carbide – provocou a morte
de milhares de pessoas. Hoje, estamos acompanhando o grave acidente ocasionado pelo
vazamento de petróleo, de uma plataforma da British Petroleum, no Golfo do México.
Historicamente, o próprio reflorestamento da Floresta da Tijuca, Rio de Janeiro/Brasil,
ocorrido entre os anos de 1861 e 1874, região que estava degradada por causa das plantações
de café que foram introduzidas a partir de 1760, o que provocara a escassez da água que
abastecia a Cidade naquela ocasião, aponta que a questão ambiental já é antiga entre nós.
Por isto tudo é que podemos corroborar que a questão ambiental hoje é percebida e
defendida como uma questão socioambiental que cada vez mais incide sobre a realidade das
empresas. Vale ressaltar que o INMETRO (2010) nos informa que a futura ISO 26000,
Norma Internacional de Responsabilidade Social, prevista para ser concluída ainda neste ano
de 2010, abordará como temas centrais a governança organizacional, os direitos humanos, as
práticas de trabalho, o meio ambiente, as práticas leais e justas de operação, as questões do
consumidor e o envolvimento e desenvolvimento da comunidade.
Neste sentido, o INMETRO (2010) ainda nos informa que as organizações que
quiserem exercer um comportamento socialmente responsável, deverão: “ser responsáveis
pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente; contribuir com
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o desenvolvimento sustentável, a saúde e bem estar da sociedade; considerar as expectativas
dos seus stakeholders”, além de “ter um comportamento ético e transparente” e de “estar de
acordo com as normas internacionais de comportamento”.
As questões da ISO 26000 são sinalizadas a partir do Clube de Roma e na Conferência
de Estocolmo (1972), quando é afirmado que “nos países em desenvolvimento, os problemas
ambientais são causados, na maioria, pelo subdesenvolvimento”. A Declaração do Rio (1992)
ratifica ao afirmar que “para alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental
constituirá parte integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada
isoladamente deste”. A Cúpula Mundial (2002), em Joanesburgo, confirma ao integrar os
componentes crescimento econômico, desenvolvimento social e proteção ao meio ambiente.
Assim, nos reportamos aos 3º e 4º desafios de Lemos (2006). Afirmamos, então, que
os desafios só poderão ser melhor agenciados e em larga escala, como a urgência da questão
socioambiental exige, se as empresas – alta direção e colaboradores - realmente assumirem a
responsabilidade corporativa e empresarial e se responsabilizarem pelo fato da educação
contribuir “efetivamente para o desenvolvimento de um espírito de solidariedade”, além de
“cooperação e tolerância”, o que possibilitará “a construção de uma sociedade mais
democrática, ambientalmente sustentável e socialmente mais justa”.
Nesta dinâmica, a educação on-line assume funções primordiais! Acreditamos que a
efetividade desta poderá criar conhecimentos significativos, bem como disseminá-los e
integrá-los por todo o ambiente profissional, incorporando, inclusive, novas tecnologias e
inovações, além de corrigir desvios organizacionais. Todavia, pontuamos que a educação em
questão deve ser, de fato, bem implantada, implementada e mediada pedagogicamente para
que todo o investimento orçamentário, de tempo e de esforço coletivo não seja perdido.
Ressaltamos, então, a Pesquisa Nacional “Práticas e Resultados da Educação
Corporativa 2009”, realizada pela FEAUSP e pela FIA. Esta obteve um retorno de 54
empresas, num universo de mais de 800 que receberam o questionário eletrônico, e avaliou 18
Temas. Das empresas que responderam ao questionário, 7 atuam no Setor de Infra Estrutura,
19 de Indústria, 18 de Serviços, 4 de Comércio Varejista e 6 no Financeiro. Com relação à
origem do capital, 67% são de capital nacional, 26% estrangeiro e 7% misto. Ainda: 81% são
privadas, 13% públicas e 6% mistas.
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No que diz respeito ao tema Alinhamento Estratégico e Inserção na Cultura, Reforço
do Conceito de Educação Corporativa, em uma escala de 1 a 5, as Ações Educativas são:
associadas para atingir objetivos estratégicos (4.6), direcionadas para obter vantagem
competitiva (4.5), partem do mapeamento das competências (4.2), obedecem aos ciclos de
planejamento estratégico (3.8), ferramentas de disseminação da cultura (4.5) e refletem
princípios e valores vigentes (4.4).
Pertinentes ainda ao tema Alinhamento Estratégico e Inserção na Cultura, Orientação
para a Gestão, em uma escala de 1 a 5, as Ações Educativas são direcionadas: para a melhoria
da qualidade de processos (4.3), para a melhoria da qualidade da gestão (4.4), para o
desenvolvimento da inovação na organização (3.9) e para o desenvolvimento do
empreendedorismo na organização (3.3).
Nestes aspectos, indagamos se e como os Princípios da Conferência de Estocolmo
(1972), da Declaração do Rio (1992) e da Cúpula Mundial (Joanesburgo - 2002) estão sendo
introduzidos e trabalhados quando do Tema Alinhamento Estratégico das empresas. Deste
modo, é importante refletirmos se a sustentabilidade, ao também integrar os custos e os
impactos negativos socioambientais, está sendo problematizada ou não quando das práticas da
Educação Corporativa, inclusive quanto ao Alinhamento Estratégico.
Ressaltamos, também, a importância de sabermos se os Princípios da Carta da Terra,
que começou a ser elaborada após a Conferência do Rio (1992), através do Conselho da Terra
e da Cruz Verde Internacional, tendo a sua redação final sido concluída em março de 2000,
também estão sendo agenciados nos processos de educação corporativa do Brasil e de que
modo. O Documento ressalta a necessidade de desenvolvermos o estudo da sustentabilidade
ecológica, bem como da integração, na educação escolar e na formação permanente, dos
conhecimentos, dos valores e da capacidade necessária para um modo de vida sustentável.
De igual modo, também é mister que saibamos se o disposto na Agenda Nacional de
Trabalho Decente, do Ministério do Trabalho e Emprego do Brasil, está sendo integrado às
práticas e aos saberes e temas da educação corporativa. Para a Organização Internacional do
Trabalho - OIT, a noção de trabalho decente se apóia no respeito às normas internacionais, na
promoção do emprego de qualidade, na extensão da proteção social e no diálogo social. Deste
modo, o Trabalho Decente é a condição para: a superação da pobreza, a redução das
desigualdades, a governabilidade democrática e o desenvolvimento sustentável.
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A Pesquisa (2009), quando do tema Programas Educacionais, Critérios para Escolha
dos Provedores de Programas Educacionais, numa escala de 1 a 5, expõe: custo (3.67),
qualidade (4.74), cumprimento dos prazos (4.15), confiabilidade/relacionamento (4.5),
profundidade do conteúdo (4.43), alinhamento com valores e estratégia (4.41), possibilidade
de customização (4.3), reconhecimento do mercado (4.0) e limitação de recursos e estrutura
(3.52).
Nestes aspectos, retomamos a importante questão da mediação pedagógica e da
aprendizagem. Neste cenário, como as variáveis qualidade e profundidade do conteúdo estão
sendo construídas, analisadas e avaliadas e a partir de quais referenciais? Já conferimos a
crítica de Pretto (2005) sobre algumas práticas de educação on-line que se fundamentam,
ainda, na modalidade da educação de massa, com conteúdos estáticos, com pouca
interatividade e com processos que se limitam às atividades pontuais e individuais.
Neste sentido, afirmamos que os provedores de programas educacionais, bem como as
próprias instâncias internas da educação corporativa, não devem enfatizar e privilegiar,
apenas, atividades individuais que sejam avaliadas somente a partir dos raciocínios lógico-
matemático e lógico-argumentativo. Não é apenas este processo que por si só garantirá a
aprendizagem ou não – mesmo porque esta dinâmica pode favorecer a clássica reprodução de
um conhecimento já cristalizado, bem como o plágio, a baixa participação e a evasão. A
produção da escrita, no caso, precisa ser elaborada e dinamizada ao longo de todo o processo
de aprendizagem, através, inclusive, de Portfólios que possam agregar as produções autorais
por completo. A qualidade dos Textos compartilhados e, às vezes, co-construídos de forma
criativa e original, nos diferentes espaços e interfaces da rede, nos mais diversos formatos e
conteúdo, nos mais distintos tempos, é o que deve ser analisada, avaliada e valorizada, em
todo o seu conjunto, bem como socializada com cada autor ou co-autor.
Ressaltamos, também, que os educadores e avaliadores do processo de aprendizagem
mediado pela educação on-line também precisam ser preparados e capacitados para o diálogo
crítico e reflexivo a partir de Textos apresentados através de imagens, de ícones, de gráficos,
de sistemas simbólicos, de sínteses, de oralidades, de gestos e de outras representações.
Deste modo, ao lembrarmos de Nonaka (2000, p. 30), o “elemento central da
abordagem japonesa é o reconhecimento de que a criação de novos conhecimentos não é uma
simples questão de “processamento” de informações objetivas. Ao contrário, depende do
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aproveitamento dos insights, das intuições”, bem como “dos palpites tácitos e muitas vezes
altamente subjetivos dos diferentes empregados, de modo a converter essas contribuições em
algo sujeito a testes e possibilitar seu uso em toda a organização”.
A Pesquisa (2009), no que diz respeito ao tema Práticas de Educação a Distância,
Composição dos Programas Educacionais, informa: 70% presenciais, 17% a distância e 13%
mistos. Com relação as 10 Tecnologias mais Utilizadas em EAD, temos por freqüência:
internet (37), intranet/portal corporativo (41), fórum de discussão (24), vídeo-conferência
(24), cd-rom (20), dvd (24), correio eletrônico (21), chat (23), biblioteca (23) e mídia
impressa (21).
Neste sentido, lembramos o ensinamento de Preto (2005, p. 201) de que educação on-
line não é sinônimo de educação a distância. No que diz respeito à educação corporativa,
defendemos a condição de que as empresas, corporações e instituições, sempre que possível,
por questões logísticas e orçamentárias, possibilitem encontros presenciais para que os
aprendizes apresentem aos pares as sínteses dos seus trabalhos e pesquisas individuais ou em
equipe, os quais foram construídos através de colaboração e cooperação on-line.
Os momentos presenciais precisam oferecer espaços e tempos para que os referenciais
teóricos, científicos, artísticos e/ou sociais, trabalhados ao longo do curso, possam ser
retomados pelo professor-tutor e pelos participantes. A síntese das produções e criações
precisa privilegiar a conexão e a integração dos temas trabalhados com a realidade
profissional e sociocultural da empresa e dos seus colaboradores e parceiros. O Modelo de
Seminários ou de cases são bons exemplos para a dinâmica. Ressaltamos a importância de
que, ao longo deste processo educativo e de aprendizagem, tecnologias de som e de imagem
também sejam oferecidas aos participantes, de forma inclusive síncrona, para que a expressão
escrita não seja a única forma de comunicação e diálogo entre os interagentes.
Reportamo-nos, ainda, as 10 tecnologias mais utilizadas – conforme a Pesquisa
(2009). Ressaltamos, então, que o educador corporativo, especialmente o que agencia a
educação on-line, precisa ser capacitado quanto ao uso e à reflexão crítica e pedagógica
acerca destas tecnologias e de outras que existem. Não podemos permitir que as tecnologias
em questão sejam percebidas e mediadas apenas como ferramentas. O pensamento e a
aprendizagem em rede e hipertextual, então, não seria valorizado, trabalhado e potencializado.
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Ainda quanto ao tema Práticas de Educação a Distância, Motivos para a Utilização de
EAD, temos numa escala de 1 a 5: redução de custos (3.89), ampliação da base geográfica
(4.31), ganho de escala (4.37), aumento da flexibilidade (4.31), redução aplicação no horário
de trabalho (2.28), possibilitar acesso antes inexistente (3.74), melhorar desempenho dos
participantes (4.28), melhorar imagem interna (3.24) e melhorar imagem externa (2.80).
Neste aspecto, chamamos a atenção do risco de se confundir redução de custos e
ganho de escala com a pedagogia da transmissão, conforme Silva & Santos (2009, p. 125).
Assim, a educação on-line exige metodologia própria. Deste modo, a interatividade precisa
ser através da lógica qualitativa da interação todos-todos e não somente um-um ou um-todos.
Neste sentido, os provedores de programas educacionais e, de igual modo, as instâncias
internas da educação corporativa, não devem promover turmas com demasiado número de
participantes inscritos em cada uma, uma vez que isto poderá impossibilitar a efetiva
mediação pedagógica. Caso contrário, a qualidade da aprendizagem individual e coletiva
poderá ser de fato comprometida – o que prejudicará a (re)construção do conhecimento e
expertise.
Por fim, o tema Práticas de Educação a Distância, Públicos Internos Atendidos,
apresenta como freqüência: administrativo (42), operacional (38), executivo (33), força de
vendas (25), trainees e/ou estagiários (28), terceiros (14) e outros (3). No que diz respeito a
Públicos Externos Atendidos, temos: nenhum (30), fornecedores (7), distribuidores (3),
clientes (9), parceiros (9), governo e agências públicas (1), comunidade (7) e outros (1).
Neste tópico, apenas constatamos, no contexto da responsabilidade social corporativa
e empresarial, a questão do alto número de empresas que indicou nenhum no quesito público
externo atendido pela educação a distância. Constatamos, então, o desafio que ainda
precisarmos vivenciar quanto a isto.
Ao nos determos no tema Mensuração e Avaliação dos Resultados, Impactos da
Educação Corporativa na Sustentabilidade, numa escala de 1 a 5, temos: resultados
econômicos (3.56), resultados sociais (3.5) e resultados ambientais (3.02).
Neste aspecto, como um exercício de reflexão paradigmática, devemos pensar acerca
da necessidade e da real dificuldade de conquistarmos, no que diz respeito à Civilização, a
condição de resultados socioeconômicos e ambientais ou socioambientais e econômicos ou
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mesmo econômico-ambientais e sociais, ou seja, integrarmos estas três instâncias de modo
que não haja mais nenhum sentido a fragmentação deste todo.
A Pesquisa (2009) assinala como desafios para a Educação Corporativa: acesso
irrestrito a todos os públicos internos e externos, conscientização e participação das lideranças
em todo o processo, valorização da meritocracia como elemento crítico no desenvolvimento
das pessoas, integração entre ações da educação corporativa e das demais áreas da empresa,
superar as barreiras culturais (internas e externas) para consolidação da educação corporativa,
apropriada mensuração e avaliação dos resultados obtidos, consolidação das práticas
existentes no mercado e a educação corporativa como elemento indutor da sustentabilidade na
empresa.
Lembramos, então, de Primo (2007, p. 56) e da questão da interação como ação entre,
particularmente no que diz respeito à interação mútua. Assim, a educação corporativa on-line
poderá valorizar a meritocracia, como elemento crítico no desenvolvimento das pessoas, caso
construa relações interdependentes que favoreçam a negociação e a cooperação, além da
própria colaboração. Por isto, também, que a quantidade de participantes inscritos em uma
turma corporativa, bem como o processo dos encontros síncronos on-line, além dos
específicos encontros presenciais e condições de Avaliação, incluindo o tempo cronológico do
curso, não podem se descuidar da qualidade da aprendizagem, do seu processo, bem como da
própria mediação pedagógica agenciada.
A superação das barreiras culturais, tanto internas quanto externas, também será
conquistada a partir das interações mútuas mantidas entre os interagentes, conforme pontua
Primo (2007, p. 100). Evidentemente, todo um aparato da tecnologia da informação e da
comunicação, incluindo ambientes que realmente favoreçam o encontro lúdico, dialógico e de
aprendizagem, como o ofertado pelo Moodle, por exemplo, também precisa ser
disponibilizado, incluindo a real existência de um ágil suporte técnico aos participantes. Não
podemos deixar de ressaltar que a possibilidade de acesso ao ambiente virtual de
aprendizagem fora do ambiente físico e horário do expediente contratual do colaborador
permite, sobremaneira, potencializar e qualificar a educação corporativa on-line. Condições
de aprendizagem circunscritas apenas ao espaço e ao expediente oficial de trabalho não
favorecem o aproveitamento máximo e qualitativo da aprendizagem em rede.
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A própria questão da apropriada mensuração e avaliação dos resultados obtidos
precisará levar em conta, bem como agenciar de forma efetiva, a interatividade explicada por
Silva (2006, p.10-11). Deste modo, a mensuração e a avaliação do processo educativo
corporativo on-line precisarão mediar o paradigma da sociedade da informação. Ressaltamos
que também existem os paradigmas da sociedade do conhecimento e o da sociedade da
aprendizagem. Assim, o interagente que estiver ocupando o lugar de professor ou tutor, ou de
professor-tutor, deverá integrar, em sua postura e prática profissional cotidiana, a crescente
“autonomia de busca” reconfigurada pelas atuais condições de comunicação e relação
humana. Precisará ser e agir de forma horizontal em suas interações e interatividades.
A Pesquisa (2009) ainda ressalta que o uso contínuo de tecnologia e sistemas de
informação e parcerias com outras empresas, formando universidades setoriais, são tendências
em Educação Corporativa, bem como que há grande potencial de crescimento das práticas de
educação a distância.
Acreditamos, sim, que há grande potencial de expansão da educação a distância,
especialmente a on-line, inclusive no cenário corporativo e empresarial. Todavia, a partir de
Faria (2002, p. 125-126), este espaço só poderá ser efetivamente conquistado e mediado se
não nos esquecermos que a mediação é um processo de argumentação, o qual é construído
socioindividualmente. Neste sentido, por mais que a aprendizagem em rede seja também
hipertextual e agenciada através do processo todos-todos, a atenção e o cuidado com a
particular subjetividade e com o particular uso que se faz das tecnologias da informação e da
comunicação, pelo interagente, precisam ser constantes. Os processos de linguagem assumem,
então, uma dimensão ainda mais relevante e inovadora. Com certeza, criar e gerenciar o
ambiente de aprendizagem virtual exige clareza, lucidez, técnica, conhecimento e ousadia dos
que estão comprometidos com o processo de aprendizagem on-line. Nesta dinâmica, a
Didática praticada precisa observar e mediar, com efetividade, a Educação no cenário do
conhecimento e da aprendizagem em rede – sempre guiada por princípios éticos e por
objetivos de desenvolvimento humano e de sua proteção.
7. CONCLUSÃO
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O jornalista André Trigueiro recebeu no Globo News Especial, de 23 de dezembro de
2009, Luiz Pinguelli Rosa – Secretário Geral do Fórum Brasileiro para Mudanças Climáticas,
Sérgio Besserman – economista e Marcelo Prado – do Greenpeace Brasil. Dialogaram acerca
da Conferência do Clima (COP 15) - realizada em Copenhague em dezembro de 2009.
No Programa, o economista Sérgio Besserman pontuou – ao ser considerado que a
Conferência havia sido um fracasso, inclusive pela ausência de uma declaração política final
mais incisiva – que o item Mudanças Climáticas não é algo isolado. Ao contrário, é o item
central da Agenda da macroeconomia global, da geopolítica global e do futuro tecnológico do
modo de produzir e de consumir. Neste sentido, também assinalou que o Mundo pode se
encaminhar para um acordo ou para fragmentações. Ao ratificar que o tema das Mudanças
Climáticas é o mais importante tema da vida econômica, social e política da Civilização, neste
início de século, afirmou a necessidade de mais presença das lideranças e de maior
oportunidade de participação democrática dos diversos atores interessados. Neste processo,
afirmou que a economia de baixo teor de carbono é uma inevitabilidade e que o modelo de
sociedade sedimentado na produção e consumo de combustíveis fósseis está chegando ao fim.
Neste sentido, confirmamos a nossa posição de que os aspectos ressaltados acima
precisam, cada vez mais, integrar a variável da responsabilidade socioambiental corporativa e
empresarial aos Negócios. Isto será muito exigido pelas dinâmicas e regras da Economia e
Governança Global, bem como pelo mercado consumidor e opinião pública local, regional,
nacional e internacional. A Responsabilidade em questão vem potencializar as culturas e os
processos que já estão consagrados através da gestão da qualidade, da gestão da segurança e
saúde ocupacional e da gestão ambiental. Esta condição já fora criada, inclusive, pela própria
Norma Internacional SA 8000, que especifica requisitos de responsabilidade social
empresarial, bem como pela Norma ABNT NBR 16001 – que também versa sobre este Tema.
Mediante este nosso diálogo, lembramos os grandes desafios quanto ao
desenvolvimento sustentável: garantir a disponibilidade de recursos naturais; respeitar os
limites da biosfera para absorver resíduos e poluição; reduzir a pobreza em nível mundial.
Também destacamos os problemas socioambientais em escala global: chuva ácida, destruição
da camada de ozônio, crise da água, poluentes orgânicos persistentes e mudanças climáticas.
De igual modo, assinalamos a necessidade de transformação global quanto à primazia da
exploração e uso de combustíveis fósseis, bem como a própria necessidade de acabarmos com
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queimadas e derrubada de matas e florestas. Há, também, a urgência de não mais
impactarmos, de forma negativa, as nascentes, os solos propícios à agricultura e as bacias
atmosféricas.
Igualmente, há o clamor de práticas, de ações e de relações de excelência, éticas,
transparentes e justas quanto aos Negócios e ao Poder Público. Há, também, toda uma
demanda planetária por respeito social e individual, inclusive quanto às diversidades culturais.
Neste vasto cenário, de forma solidária ao Poder Público e ao Terceiro Setor, há os complexos
corporativos e empresarias. O ser humano, em algum momento, pode vivenciar a maior parte
de sua existência nos ambientes profissionais. Estes estão inseridos, cada vez mais, nas
realidades da cibercultura e das redes apoiadas na internet, na intranet e na extranet.
A complexidade da nossa contemporaneidade foi intensificada e dinamizada pelas
interações e interatividades permitidas pelas recentes Tecnologias de Informação e
Comunicação. O processo de aprendizagem precisa ser problematizado. O conhecimento é,
cada vez mais, valorado como capital intelectual estratégico. De igual modo, os ambientes
virtuais de aprendizagem, os seus usos e a própria educação on-line são vivenciados como
especiais processos de qualificação e de desenvolvimento humano e profissional.
Neste processo, o investimento de tempo e capital, bem como na criação deste cenário
de mídia digital e em rede, particularmente pelas empresas, corporações e instituições, tem
sido bastante significativo. Por sua vez, a simples transposição de práticas e de conduções do
modelo de educação e de aprendizagem presenciais para o ambiente on-line não favorecem a
conquista e a potência da (re)construção do conhecimento – inclusive estratégico.
Deste modo, a gestão e o gerenciamento da prática de mediação pedagógica, bem como
do processo de avaliação da aprendizagem, em rede, precisam ser particulares e pertinentes ao
ambiente de educação on-line, inclusive no corporativo. Este processo precisa ser
acompanhado, analisado, avaliado e dinamizado com técnica e criatividade. Deste modo, há a
necessidade de que a empresa ou instituição, internamente, apóie, acompanhe e de fato
dinamize as práticas de tutoria e a qualidade da interação e interatividade dos participantes.
Deste modo, a gestão e o gerenciamento em questão serão melhor e efetivamente agenciados.
Ratificamos, por fim, que a educação on-line, efetiva, a partir de cuidados técnicos, ao
integrar a variável socioambiental à aprendizagem de grandes públicos, internos e externos, de
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forma contínua, tem muito a agregar à sustentabilidade empresarial, à educação corporativa,
ao sucesso das organizações e à preservação e conservação da vida e do Planeta.
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