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AGRICULTURA BRASILEIRA trabalho – economia - sociedade ambiente - desenvolvimento DEAER- Depto de Educação Agrícola e Extensão Rural Sociologia Rural André Felipe Hess, Dr

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AGRICULTURA BRASILEIRA trabalho – economia - sociedade

ambiente - desenvolvimento

DEAER- Depto de Educação Agrícola e Extensão RuralSociologia Rural

André Felipe Hess, Dr

A relação entre agricultura, comércio internacional e desenvolvimento econômico faz parte da história da economia brasileira. Não é necessário enumerar os ciclos econômicos que se iniciam no período colonial, e chegam até o início do processo de substituição de importações, baseados nas exportações de produtos agrícolas.

A balança comercial, composta também de manufaturados, continua,como em todo país em desenvolvimento, exercendo papel preponderante no ajuste dos fluxos de capitais internacionais. Os produtos agrícolas, são estratégicos na produção de superavits, ou redução de deficits.Balança comercial do setor é consistente, e substancialmente positiva.

Histórico: importância da agricultura no desenvolvimento

Estrutura Socioeconômica

Produção – força de trabalho – sociedade – comércio.

SILVA (2002), estimou relações de troca do comércio agrícola total e agrícola no período 1978-1999. No caso da agricultura, em particular, os resultados indicaram que o quantum exportado sempre evoluiu positivamente

Alteração da demanda mundial de alimentos, sobretudo nos países desenvolvidos.

Um grupo de produtos aumentou sua participação relativa na demanda mundial de commodities agrícolas, enquanto outro diminuiu. Com base neste critério os autores concluem que apenas 28,28% do valor das exportações agrícolas brasileiras se destina aos mercados dinâmicos, enquanto o restante é direcionado para mercados declinantes.

Liberação do comercial na década de noventa sobre a economia e ocomércio.

Redução gradativa do setor primário e valorização do setor terciário e secundário.

CEPAL (2002) “desindustrialização” dos países da América do Sul.

As importações cresceram mais do que as exportações. Houve aumento mais expressivo das importações de manufaturados, e das exportações de produtos básicos e semimanufaturados.

A liberalização comercial facilitou a importação de insumos produzidos no exterior, fato que colaborou para o avanço tecnológico da agricultura e se traduziu em expressivos ganhos de produtividade manter exportações agrícolas crescentes a despeito dos preços cadentes.

A situação da agricultura brasileira, em especial no que se refere à sua inserção no comércio internacional, não segue a trajetória esperada dos países em desenvolvimento.

Os produtos do setor ganharam importância na pauta de exportação, aproveitando os consideráveis ganhos de produtividade proporcionados tanto pela pesquisa endógena quanto pela importação de insumos modernos. Ocorre que este magnífico esforço serviu principalmente para compensar a redução de preços internacionais.

Ainda não se observa melhoria na qualidade do comércio exterior brasileiro, no sentido de que é desejável: aumentos consistentes na participação de produtos de maior grau de complexidade, e conseqüentemente, maior valor adicionado, na pauta de exportações.

Comércio e especialização

O aumento na produção é possível graças à especialização. Cada país se especializaria na produção dos bens em que os fatores de produção –trabalho, no caso dos clássicos – são mais produtivos.

No livre comércio os países se especializam na produção de bens que empregam intensivamente o fator relativamente abundante.

Associação entre os preços dos bens das mercadorias aos preços dos fatores de produção.

A elevação do preço de um bem no comércio internacional induz aumento em sua produção.

O incremento na demanda pelo fator empregado intensivamente na produção deste bem ocasionaria aumento no seu preço.

De 1950 a 1975, a economia brasileira cresceu a taxas próximas de 7% ao ano. As taxas de crescimento da agricultura estiveram entre 4 e 5% ao ano, tendo a expansão de fronteira como a principal fonte desse crescimento. Nessa fase, a economia passava por um processo de substituição de importações que envolvia também a implantação de uma industria de insumos e máquinas para a agricultura.

MODELO AGRÍCOLA

A percepção de esgotamento da fonte tradicional de crescimento da agricultura levou o governo a adotar mecanismos destinados a atingir vários objetivos: a) modernizar a agricultura para incorporar novas fontes de crescimento da produção; b) incentivar a produção de alimentos, importante componente dos salários urbanos; e c) administrar os preços agrícolas de forma a suavizar pressões inflacionárias.

Além dos mecanismos de política comercial que usara desde os anos 50,

o governo passou a usar a partir da segunda metade dos anos 60 dois

importantes instrumentos: o crédito rural e a política de garantia de preços

mínimos.

Possivelmente, o principal viés foi conter o nível de internacionalização da agricultura, evitando que o crescimento das exportações agrícolas atingisse um patamar mais elevado mesmo quando se considera as condições pouco favoráveis do mercado internacional. Com relação a esse último aspecto, é relevante lembrar que a partir do início dos anos 70, se intensifica uma política deliberada de subsídios à exportação de produtos agroindustriais, prejudicando as exportações de produtos agrícolas “in natura”. O caso mais ilustrativo é o do algodão que era produto de exportação antes da política e passou para a pauta deprodutos importados.

A agricultura passará a se relacionar de modo muito mais integrado, de um lado, com o sistema de distribuição, composto por setores agro-industrial e por cadeias de supermercados varejistas e de outro lado, com os fornecedores de insumos e serviços. A nova estrutura de abastecimento acompanha de perto o ritmo acelerado de urbanização do país e imprime nova configuração no comércio de alimentos e outros produtos agrícolas e passa a liderar e coordenar processos produtivos de grandes segmentos daagricultura, imprimindo-lhes procedimentos padronizados e maior eficiência.

A partir dos anos 80 com o fim do crédito rural:

A hipótese que seguimos é de que, a partir da segunda metade dos anos 80, a perda das transferências de renda via crédito subsidiado induz os agricultores a um processo de redução dos custos médios ao nível da propriedade agrícola. O instrumento mais importante foi o crescimento vigoroso da produtividade no nível da unidade produtiva, com redução moderada da área cultivada mas forte redução do emprego de mão de obra.

Trabalho e organização social

No capitalismo, a produção, quando já é comandada pelo capital, além de produzir a mais-valia, também produz um sistema de exploração geral das propriedades naturais e humanas tendo como suporte a ciência. Ou seja, ela realiza a apropriação através da ciência, e não da violência e do poder pessoal, colocando o saber científico ao seu serviço, na espécie de capital fixo.

Sem o trabalho, não haveria a produção e a reprodução (histórico-social) da vida humana. “O processo de trabalho não é outra coisa senão o próprio trabalho, visto no momento de sua atividade criadora”.

Marx: Produção: relação entre os meios de produção e os trabalhadores. “Suas distintas combinações”, afirma Marx, “distinguem as diversas épocas econômicas da estrutura social”(Marx, 1959, Livro II, p. 37).

Para cada época histórica, existe uma forma social, um modo de atividade social, uma estrutura social, como pressuposto, que comanda e determina a articulação dos momentos fundamentais constitutivos do processo de produção social. Logo, há uma dupla relação no processo de produção: a apropriação natural (material) e a apropriação social, que é determinada pelo modo de atividade social – a relação social de produção. Nesta, a vida social (a cooperação) surge como o momento determinante.

“A sociedade é, pois, a plena unidade essencial do homem com a natureza, a verdadeira ressurreição da natureza, o naturalismo acabado no homem e o humanismo acabado da natureza” (Marx, 1974, p. 15); “A produção da vida, tanto da própria, no trabalho, como da alheia, na procriação, aparece agora como dupla relação: de um lado, como uma relação natural, de outro como relação social no sentido de que se entende por isso a cooperação de vários indivíduos, quaisquer que sejam as condições, o modo e a finalidade.

Donde se segue que um determinado modo de produção ou uma determinada fase industrial estão constantemente ligados a um determinado modo de cooperação e a uma fase social determinada, e que tal modo de cooperação é, ele próprio, uma ‘força produtiva’; segue-se igualmente que a soma de forças produtivas acessíveis aos homens condiciona o estado social (...)” (Marx, 1977, p. 42.)

O poder social dos indivíduos é determinado pelo modo como os agentes sociais se inserem nas relações sociais de produção, tendo como núcleo determinante o modo de produção material e as várias modalidades de apropriação da natureza, apropriação que é produção de valores de uso. Quanto maior e mais potenciado é o poder e a capacidade de produzir coisas, maior é o poder social dos indivíduos produtores.

Trabalho humano: transformação das relações sociais, econômicas e políticas pelas quais passou o mundo no último século.

Trabalho: atividade coordenada, de caráter físico e ou intelectual, necessário à realização de qualquer tarefa, serviço ou empreendimento.

Trabalho

Resultado

À maneira como é produzido

Quem o realiza

Setor primário: limita a incorporação de mão-de-obra na economia moderna.

Mão-de-obra favorável aos baixos salários.

“Teoria do bolo”

Pobreza no Brasil:

a) Questão agrária

b) Especificidade do mercado de trabalho

c) Natureza das políticas sociais

FAMÍLIA

Ligação com processos tais como migração, industrialização e urbanização.

Dois posicionamentos

Patriarcal

Revisão do Modelo Patriarcal – Nuclear nos centros urbanos

Características da família Patriarcal:

-Baixa mobilidade social e geográfica;

-Alta taxa de fertilidade e manutenção do parentesco;

-Poder político, econômico, social, atuação igreja, estado e demais instituições;

-Gestado na ausência do estado e declínio quando este assume o poder.

Instituições sociais

1)Responsabilidade coletiva

2)Nepotismo

Comunidade detentora de todas as funções sociais

Família do século XX:

Padrão tradicional familiar destruído pelo impacto desintegrador do urbanismo e a estrutura patriarcal não combinava com uma sociedade industrializada e urbanizada.

Relações familiares = relação da racionalidade econômica.

Perda da importância do parentesco extenso;

Independência econômica dos filhos (diminuição da autoridade paterna);

Mulher participa no sistema produtivo;

Natalidade planejada e reduzida.

FAMÍLIAEstado Selvagem

Barbárie

Civilização

Família Moderna: relacional e individualista

Século XXI: Família pluralista.

URBANIZAÇÃO – INDUSTRIALIZAÇÃO E ÊXODO RURAL

A urbanização deve ser entendida como um processo que resulta em especial da transferência de pessoas do campo para a cidade, ou seja, crescimento da população urbana em decorrência do êxodo rural. Um espaço pode ser considerado urbanizado, a partir do momento em que o percentual de população urbana for superior a rural.

Sendo assim, podemos dizer que hoje o espaço mundial é predominantemente urbano. Mas isso não foi sempre assim, durantemuito tempo à população rural foi superior a urbana, essa mudança se deve em especial, ao processo de industrialização iniciado no século XVIII.

Nos países subdesenvolvidos de industrialização tardia, esse processo só começou no século XX, em especial a partir da 2ª Guerra Mundial, e tem se dado até hoje de forma muito acelerada, o que tem se configurado como uma urbanização anômala trazendo uma série de conseqüências indesejadas para o espaço urbano desses países.

O crescimento de pessoas que vivem nas cidades deve ser explicado:

-principalmente, pelo forte êxodo rural que,

-resulta do processo de mecanização agrícola,

-por problemas como a concentração fundiária e;

- pela perspectiva de melhoria das condições de vida nas cidades.

DIFERENÇAS NO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO

Existem diferenças fundamentais no processo de urbanização de países desenvolvidos e subdesenvolvidos, abaixo estão relacionadas algumas delas:

Desenvolvidos:Urbanização mais antiga ligada em geral a primeira e Segunda revoluções industriais;Urbanização mais lenta e num período de tempo mais longo, o que possibilitou ao espaço urbano se estruturar melhor;Formação de uma rede urbana mais densa e interligada.

Subdesenvolvidos:Urbanização mais recente, em especial após a 2ª Guerra mundial;Urbanização acelerada e direcionada em muitos momentos para um número reduzido de cidades, o que gerou em alguns países a chamada “macrocefalia urbana";Existência de uma rede urbana bastante rarefeita e incompleta na maioria dos países.

FATORES QUE CONTRIBUEM COM O ÊXODO RURAL

Existem dois tipos de fatores que contribuem com o êxodo rural, são eles:

Repulsivos: são aqueles que expulsam o homem do campo, como a concentração de terras, mecanização da lavoura e a falta de apoio governamental.

Atrativos: são aqueles que atraem o homem do campo para as cidades, como a expectativa de emprego, melhores condições de saúde, educação, etc.

Em países subdesenvolvidos como o Brasil, os fatores repulsivos costumam predominar sobre os atrativos, fazendo com que milhares de trabalhadores rurais tenham que deixar o campo em direção das cidades, o que em geral contribui com o aumento dos problemas urbanos na medida em que as cidades não tem estrutura suficiente para receber esses trabalhadores, com isso proliferam-se as favelas, aumenta a violência, faltam empregos, dentre outros problemas.

Na América Latina, entretanto, o intenso êxodo rural e a carência de

empregos nos setores secundário e terciário trouxeram conseqüências

como: a expansão das favelas, o crescimento da economia informal e, em

muitos casos, o aumento do contingente de população pobre, num processo

denominado inchaço urbano.

O desenvolvimento metropolitano veio, portanto, acompanhado de problemas

sociais e ambientais, tais como a falta de moradias e favelização, a carência

de infra-estrutura urbana, o crescimento da economia informal, a poluição, o

trânsito, periferização da população pobre e ocupação de áreas de

mananciais.