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A Simulação Empresarial e o desenvolvimento

de competências na área da contabilidade

Autores:

Ana Covas

ISVOUGA – Instituto Superior de Entre Douro e Vouga

[email protected]

António Andrade

ISVOUGA – Instituto Superior de Entre Douro e Vouga

[email protected]

Temática: A9 – Investigação em contabilidade, ensino e formação

Palavras-Chave: Simulação Empresarial; Ensino da Contabilidade; Competências; Análise de

Componentes Principais

Metodologia de Investigação: M2 – Case/Field Study

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A SIMULAÇÃO EMPRESARIAL E O DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS

NA ÁREA DA CONTABILIDADE

RESUMO

No ambiente empresarial atual, marcado pelas rápidas e constantes mudanças, a

valorização crescente das competências, quer técnicas quer não-técnicas, exigidas aos

profissionais de contabilidade, faz refletir sobre como seguir novos caminhos no ensino da

contabilidade conducentes a uma diferente preparação para a prática profissional. A simulação

empresarial surge como metodologia de ensino-aprendizagem que visa a aproximação dos

estudantes à realidade empresarial, promovendo um conjunto de competências fundamentais

para o exercício da atividade profissional.

É neste âmbito que se enquadra o presente trabalho que tem como objetivo geral averiguar

como a frequência da Simulação Empresarial contribui para o desenvolvimento de competências

que concorram para uma formação completa dos estudantes que a frequentam.

As principais conclusões deste estudo permitem referir que as cinco competências mais

valorizadas pelos estudantes inquiridos foram a capacidade para trabalhar em grupo, a

responsabilidade, a assiduidade e pontualidade, a interação com os outros e a capacidade de

trabalhar sob pressão.

Com esta investigação verificou-se também que não são apenas os conhecimentos e as

competências técnicas que assumem relevância na avaliação de um candidato, sendo que as

competências transversais assumem uma importância significativa, principalmente atendendo ao

ambiente empresarial atual.

Palavras-Chave: Simulação Empresarial; Ensino da Contabilidade; Competências; Análise de

Componentes Principais

ABSTRACT

In today's business environment, marked by rapid and constant change, the increasing

appreciation of skills, both technical and non-technical, required for accounting professionals,

does reflect on how to follow new paths in accounting education. Leading to a different

preparation for professional practice. The business simulation emerges as teaching-learning

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methodology aimed at bringing the students to the business world, promoting a set of core

competencies to pursue the professional activity.

It is in this context that fits this work, that has as main objective to ascertain how the frequency

of Business Simulation contributes to the development of skills that are fundamental to a

complete formation of the students who attend it.

The main conclusions of this study allow us to state that the five most valued skills by the

enquired students are the ability to work in groups, responsibility, diligence and punctuality,

interaction with others and the ability to work under pressure.

This investigation also found that it is not only the knowledge and technical skills that become

important in evaluating a candidate, and the soft skills are of significant importance, especially

given the current business environment.

Keywords: Business Simulation; Accounting Education; Skills; Principal Component Analysis

1. INTRODUÇÃO

Durante décadas, o reconhecimento oficial de uma formação e a sua confirmação por

obtenção de um diploma aliado ao domínio de técnicas específicas em determinada área era

suficiente para a atribuição de um posto de trabalho. Contudo, com a evolução económica, a

valorização única da qualificação foi substituída pela valorização das qualidades singulares de

cada indivíduo a par da qualificação certificada.

As alterações que se verificam no ambiente empresarial atual, como consequência da

globalização e dos rápidos e constantes avanços das tecnologias da informação, impulsionam

mudanças na profissão contabilística. A expansão das atividades e das funções dos profissionais

de contabilidade fruto da necessidade de adaptação ao meio empresarial exigem, cada vez mais,

uma vasta gama de competências nos novos diplomados, passíveis de assegurarem e manterem

vantagens competitivas (Kavanagh & Drennan, 2008).

Estas modificações desafiam as Instituições de Ensino Superior (IES) responsáveis pela

instrução dos futuros contabilistas a refletir sobre as metodologias de ensino-aprendizagem na

área da contabilidade, pois a metodologia que era adequada para a Era Industrial pode não o ser

para a Era da Informação face às alterações referidas. As IES devem, então, procurar

proporcionar uma formação aprofundada e especializada que permita aos seus diplomados

satisfazerem as atuais necessidades do mercado de trabalho, promovendo uma aproximação das

formações oferecidas aos perfis dominantes do mundo laboral, de forma a educar profissionais

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capazes de se adaptarem e terem sucesso num ambiente profissional em constante mutação

(Bolt-Lee & Foster, 2003; Byrne et al., 2002). Assim, é possível defender a necessidade de se

transformarem os sistemas tradicionais de ensino em metodologias centradas no estudante,

colocando-o numa posição ativa no processo de aprendizagem, promovendo, deste modo, o

desenvolvimento das competências exigidas pelo mercado de trabalho.

Entre as diferentes possibilidades pedagógicas que pretendem promover a construção de

competências transversais salientam-se os modelos de simulação inseridos em metodologias de

aprendizagem baseada em problemas (problem-based learning) (PBL). As metodologias PBL

caracterizam-se pela apresentação de problemas simulando situações reais adaptados às

capacidades do estudante no momento, por forma a estimular a sua aprendizagem e o

desenvolvimento de competências decorrentes da resolução daqueles (Barrows & Tamblyn,

1980). A principal vantagem da utilização de metodologias PBL e de simulações prende-se com

a capacidade de aproximar o estudante ao mundo empresarial real, numa perspetiva holística de

integração de competências.

Deste ponto de vista, a necessidade de desenvolver uma maior compreensão sobre a forma

como a utilização de ambientes simulados na área da contabilidade concorre para o

desenvolvimento de competências que contribuam para uma formação completa e adequada dos

futuros profissionais reveste-se de especial interesse. Tendo por referência este contexto será

então possível compreender a importância que a unidade curricular Simulação Empresarial (SE)

assume, uma vez que a sua frequência pressupõe que o estudante adquira um conjunto específico

de competências que lhe permitam, ao longo da sua vida profissional, exercer a profissão

demonstrando uma boa capacidade científica de base e uma elevada flexibilidade dentro dos

ambientes empresariais atuais identificados como dinâmicos e complexos.

Assim, este estudo tem como objetivo geral averiguar como a frequência da SE contribui

para o desenvolvimento de competências que concorram para uma formação completa dos

estudantes que a frequentam. A realização deste objetivo geral desenvolve-se nos seguintes

objetivos específicos: (1) identificar quais as competências mais desenvolvidas pela frequência

da SE na perspetiva dos estudantes que frequentaram esta unidade curricular e (2) analisar a

correlação existente entre as competências de forma associá-las em diferentes categorias.

Neste sentido, este ensaio analisa, em primeiro lugar, a literatura existente sobre as

metodologias PBL e sobre a SE em particular. Num segundo momento, é exposto o ensino da

contabilidade e o perfil de competências nesta área específica. Posteriormente descreve-se a

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metodologia de investigação, apresentando os objetivos e a caracterização do contexto do estudo

desenvolvido. Na secção seguinte apresentam-se e discutem-se os resultados obtidos. O artigo

termina com a apresentação das principais conclusões obtidas.

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. A SIMULAÇÃO EMPRESARIAL INSERIDA EM METODOLOGIAS PBL

A aprendizagem baseada em problemas é definida por Barrows e Tamblyn como a

aprendizagem que resulta do processo de trabalho com o objetivo de resolver um problema

(Barrows & Tamblyn, 1980). A conceção e a implementação das metodologias PBL surgiram

como resposta ao fraco desempenho dos estudantes resultante da importância dada à

memorização dos conhecimentos (Barrows, 1996; Barrows & Tamblyn, 1980). Com fortes

críticas dirigidas aos princípios e pressupostos da formação tradicional de estudantes, Barrows

(1996) acreditava que a posição passiva assumida pelo estudante em sala de aula não contribuía

para o desenvolvimento de competências de aprendizagem ao longo da vida nem de resolução de

problemas, competências consideradas essenciais para o sucesso das aprendizagens. A mesma

ideia foi apresentada por vários autores, como por exemplo, Boyce et al. (2012), Jones (2010) e

Albrecht e Sack (2000).

Não sendo esta uma abordagem baseada na transmissão de conhecimentos, os estudantes

abandonam a posição passiva tão característica da metodologia tradicional, para se tornarem o

centro do processo de aprendizagem, assumindo a responsabilidade pela mesma. Neste processo

e como consequência, também o papel dos docentes se vê relevado, cabendo-lhes o apoio e a

orientação dos estudantes no desenvolvimento do raciocínio para solucionar os problemas

apresentados, mas nunca se centrando na resolução destes de forma imediata, como acontecia no

modelo tradicional (Hung et al., 2008).

Estas mesmas ideias foram referidas, quer pelo relatório Bedford (que defende a mudança

da instrução em sala de aula, de forma a promover as capacidades de aprendizagem ao longo da

vida, de análise crítica e interpessoais) (American Accounting Association, 1986), quer pela

AECC (ao apoiar as conclusões já apresentadas pela AAA em 1986, salientando que a ação dos

docentes é fundamental para a reestruturação do ensino da contabilidade) (Accounting Education

Change Commission, 1990).

Este é, portanto, um método que pretende ajudar os estudantes a desenvolverem o

pensamento crítico, a analisarem e a resolverem problemas do mundo real, a encontrarem,

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avaliarem e utilizarem recursos de aprendizagem, a trabalharem cooperativamente em grupo, a

demonstrarem capacidades de comunicação eficazes e a empregarem conhecimentos de

conteúdo e competências intelectuais para se tornarem estudantes em permanente aprendizagem

(Hansen, 2006).

Na mesma linha, Farrell (2005) defende que a utilização de simulações no ensino

empresarial visa expor os estudantes à dificuldade de tomar decisões em situações da vida real,

permitindo-lhes entender a complexidade do mundo empresarial e dando-lhes oportunidades de

melhoria contínua (Wynder, 2004). De uma forma geral, a simulação empresarial pode ser

definida como uma técnica que manipula modelos representativos, mais ou menos simplificados

da realidade empresarial, que visa mostrar aos estudantes envolvidos o funcionamento do

ambiente empresarial real.

A principal vantagem das simulações e de outros ambientes de aprendizagem similares

prende-se com a capacidade de aproximar o estudante à realidade do mundo de negócios

(Haapasalo & Hyvönen, 2001). A sua implementação tem como objetivo genérico a realização

prática de um conjunto de conhecimentos adquiridos pelos estudantes em momentos anteriores à

sua aplicação.

Neste sentido, a utilização de simulações permite, segundo vários autores, ter uma

perceção global da realidade empresarial uma vez que: se aproximam do ambiente de negócios

que simulam (Haapasalo & Hyvönen, 2001); possibilitam que os estudantes desenvolvam

competências de resolução de problemas, de tomar decisões e de trabalhar em grupo (Salas,

Wildman, & Piccolo, 2009); são mais cativantes e motivadoras que outras metodologias de

aprendizagem (Salas et al., 2009; Garris, Ahlers, & Driskell, 2002); podem apresentar situações

que raramente ocorrem na vida real (comparativamente ao período de realização de um estágio,

por exemplo); e permitem a consolidação dos conhecimentos através de várias repetições de

situações semelhantes (Salas et al., 2009).

Jones (2010) defende ainda que atributos como a resolução de problemas, o pensamento

crítico, a comunicação e o trabalho em grupo fazem parte quer do ambiente académico quer do

ambiente profissional, pelo que precisam de ser incluídos nos contextos de aprendizagem.

O objetivo desta aproximação à realidade é facilitar a transição do estudante da vida

académica para a vida profissional e, ao mesmo tempo, dotar os estudantes com as competências

requeridas pelo mercado de trabalho, por forma a responder às necessidades dos empregadores

no momento do recrutamento do profissional.

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Tal como defendido por Xu e Yang (2010) e em oposição ao ensino tradicional, a

utilização de simulações preenche a lacuna entre o ambiente académico e o mundo empresarial

real. De facto, através do recurso à aprendizagem experiencial na qual os estudantes não só

projetam e implementam formas estratégicas de resolução de problemas, mas também aplicam os

seus conhecimentos a situações empresariais reais, parece ser possível uma melhor compreensão

do mundo que os estudantes encontrarão no término do seu percurso académico.

Proserpio e Gioia (2007) mencionam que o modelo de sociedade atual faz com que o estilo

de aprendizagem das novas gerações seja necessariamente diferente do das suas antecessoras. Se,

por um lado, esta questão pode ser encarada como uma ameaça ao estilo de ensino mais

tradicional (baseado na transferência de conhecimento do professor para o estudante, e na

posição passiva deste), por outro lado pode também ser considerada como uma oportunidade

para o desenvolvimento de modelos metodológicos alternativos (Pasin & Giroux, 2011). A

simulação, enquanto ferramenta pedagógica pode ser vista como a referida oportunidade e,

acima de tudo, como um desafio interativo, em que os estudantes devem utilizar os seus

conhecimentos e competências para atingir metas específicas (Pasin & Giroux, 2011).

O modelo de SE desenvolvido pelas IES, ao pretender integrar, em contexto de trabalho, as

competências adquiridas pelo estudante durante o curso, orienta-se pelo objetivo do

enriquecimento dos estudantes em termos de um perfil de competências resultante da adaptação

ao ambiente empresarial. A compreensão deste conjunto de questões pressupõe, assim, a

definição e a caraterização de um modelo de competências que identifiquem um conjunto de

elementos considerados como essenciais à formação do estudante.

2.2. O ENSINO DA CONTABILIDADE E O PERFIL DE COMPETÊNCIAS

Desde meados da década de 80 do século XX que o ensino da contabilidade tem sido alvo

de críticas por parte de académicos, entidades empregadoras e organismos profissionais de

contabilidade (Bui & Porter, 2010; Ballantine, Duff, & McCourt Larres, 2008; Albrecht & Sack,

2000; American Accounting Association, 1986). Diferentes autores salientam diversos fatores

relativamente a esta questão sendo, no entanto possível, referenciar quatro argumentos de fundo.

Assim, e conforme defendido por Bui e Porter (2010), um primeiro argumento prende-se com o

fracasso demonstrado pelas IES em preparar os estudantes com as competências necessárias para

o atual ambiente empresarial. Por outro lado, Albrecht e Sack (2000) colocam a tónica no facto

de os métodos pedagógicos utilizados em muitas salas de aula valorizarem, significativamente,

as capacidades de memorização em detrimento das capacidades de entendimento e

relacionamento entre os conceitos. Estes mesmos autores, Albrecht e Sack (2000), referem ainda

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a sua preocupação com a questão da relevância e da atualidade dos assuntos abordados

curricularmente. Por fim, outros autores (e.g. Ballantine et al., 2008) referem a sua preocupação

com a preparação dos estudantes para o sucesso nos exames em prejuízo de uma formação

adequada para o mundo dos negócios em constante mudança.

Os diferentes argumentos propostos encontram a sua concretização mais formal no apelo

da International Federation of Accountants (IFAC) ao desenvolvimento de competências

intelectuais exigidas para o exercício da profissão (IFAC, 2008). A preocupação deste organismo

regulador da profissão contabilística, a nível mundial, com o desenvolvimento de competências

assenta nos constantes desafios e imposições do atual ambiente empresarial, bem como sobre as

claras modificações verificadas ao nível da profissão.

Neste contexto e do ponto de vista institucional, as constantes transformações que ocorrem

no ambiente empresarial moderno obrigam as IES a proporcionarem uma formação

suficientemente abrangente capaz de promover a obtenção de um conjunto de competências que

permitam aos estudantes progredir no ambiente real onde operam as empresas (Mashayekhi &

Mohammadi, 2014; Byrne et al., 2002).

Neste processo é possível, então, defender a ideia de que é fundamental a criação de um

ambiente educacional capaz de promover aprendizagens ativas ao longo da vida (Byrne et al.,

2002; Albrecht & Sack, 2000; Kelly et al., 1999), com o objetivo de formar graduados altamente

qualificados e capazes de responderem não só às necessidades do mercado de trabalho, como

também às constantes alterações que surgem numa sociedade cada vez mais móvel e globalizada

(Andrews & Higson, 2008). O desenvolvimento e a implementação de práticas educacionais que

visem promover as competências necessárias para o exercício da profissão e valorizadas pelo

mercado de trabalho revela-se um desafio importante para o ensino superior atualmente.

Assim contextualizada, a educação deve procurar adaptar-se às alterações da sociedade,

contribuindo quer para o desenvolvimento de competências profissionais, quer para o

desenvolvimento das competências intelectuais, pessoais e sociais. Portanto, o ensino da

contabilidade deve acompanhar a evolução da profissão de forma a educar profissionais

competitivos e competentes, capazes de se adaptarem a um ambiente de negócios em constante

mudança (Kavanagh & Drennan, 2008; Bolt-Lee & Foster, 2003).

Para vários autores (e.g. Mulder, Gulikers, Biemans e Wesselink, 2009; Ceitil, 2006; Rey,

Carette, DeFrance e Kahn, 2005) o conceito de “competência” pressupõe não só a posse de

conhecimentos e técnicas, mas também a capacidade de os mobilizar no sentido de responder

eficazmente a novas situações, assumindo-se como fundamental a adaptabilidade dos indivíduos.

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A existência de um modelo de competências capaz de condensar dados de forma

comparável, relevante tanto para IES como para estudantes e entidades empregadoras, revela-se

uma ferramenta útil e vantajosa para os utilizadores.

Ciente da existência de diversas classificações (e.g. Jackson, 2010; IFAC, 2008; Carr,

Chua, & Perera, 2006; Ceitil, 2006; Mohamed e Lashine, 2003; Accounting Education Change

Commission, 1990; Arthur Andersen, & Co. et al., 1989) o modelo de competências

desenvolvido no presente trabalho teve por base uma classificação intermédia capaz de

identificar um conjunto de elementos genericamente reconhecidos como vitais à adaptabilidade e

flexibilidade exigidas pelos profissionais: competências técnicas e competências transversais.

Na impossibilidade de fazer uma análise bibliográfica integral, tendo em conta a

multiplicidade de literatura existente neste domínio, delimitaram-se as fontes de pesquisa a um

conjunto de autores e instituições que, no ponto de vista dos investigadores, parecem mais

relevantes e pertinentes para analisar a evolução do conhecimento nesta temática.

O quadro concetual sugerido retoma uma terminologia presente em diversos estudos

científicos. Contudo, admitindo que esta questão, face à sua complexidade, possa ser alvo de

diferentes interpretações, propõem-se as respetivas definições, tendo em consideração todo o

levantamento bibliográfico efetuado.

2.2.1. COMPETÊNCIAS TÉCNICAS

A era digital associada ao fator globalização mudou de forma significativa a profissão

contabilística (Sin et al., 2011; Jackling, & De Lange, 2009) que, em outros tempos, associava o

sucesso profissional exclusivamente ao conhecimento especializado (competências técnicas).

As competências técnicas assumem para o profissional, independentemente da sua área de

formação, uma importância significativa por estarem diretamente relacionadas com os

conhecimentos adquiridos na sua área específica, compreendendo o domínio de conhecimentos

técnicos e científicos bem como conhecimentos ao nível do vocabulário característicos da área,

que permitam comunicar eficazmente com a equipa de trabalho e realizar as tarefas necessárias

com rigor e profissionalismo, avaliando resultados e prevendo situações.

Nesta perspetiva, o grupo das competências técnicas abrange conhecimentos básicos de

contabilidade e áreas afins (nomeadamente, fiscalidade, auditoria, direito e gestão),

constituindo-se este conhecimento interdisciplinar. Para este grupo diferenciou-se 13 itens:

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Escrituração

Domínio na elaboração e análise das demonstrações financeiras

Conhecimentos das normas internacionais de contabilidade

Domínio da fiscalidade

Conhecimentos de auditoria

Conhecimentos de direito

Capacidade de elaboração e análise de índices financeiros

Conhecimentos de gestão

Análise do risco

Conhecimentos de análise de projetos de investimento

Conhecimentos de contabilidade analítica

Capacidade de elaboração de orçamentos

Capacidade de elaboração de conciliações bancárias

Face à transparência dos itens anteriormente referidos, a apresentação das suas definições

não se revela necessário, uma vez que por si só são evidentes e facilmente percetíveis.

2.2.2. COMPETÊNCIAS TRANSVERSAIS

Vários estudos (e.g. Siriwardane & Durden, 2014; Hassall, Joyce, Arquero Montaño, &

Donoso Anes, 2005; Mohamed & Lashine, 2003; Gammie, Gammie, & Cargill, 2002) têm

relatado que, no atual ambiente de negócios, numa carreira de sucesso as competências não-

técnicas (transversais) assumem uma posição acima das competências técnicas na escala

hierárquica. Normalmente, as competências transversais compreendem o domínio da

comunicação, os comportamentos e atitudes, o trabalho em grupo e os conhecimentos

tecnológicos. Neste âmbito foram destacados 39 itens:

Domínio do office Conhecimentos das ferramentas de

processador de texto, folhas de cálculo,

apresentações e bases de dados / gestão de

arquivos.

Domínio da internet Conhecimentos do funcionamento de

motores de busca e caixas de correio

eletrónico.

Conhecimentos de software de contabilidade Conhecimentos de programas específicos

de apoio à contabilidade.

Conhecimentos das ferramentas das declarações

eletrónicas

Conhecimentos das aplicações eletrónicas

fundamentais na área da contabilidade,

nomeadamente, no portal das finanças ou

da segurança social.

Domínio de inglês (escrita) Capacidade de elaborar textos em língua

inglesa.

Domínio de inglês (oralidade) Capacidade de comunicar oralmente em

língua inglesa.

Domínio de outra língua estrangeira (escrita) Capacidade de elaborar textos em outra

língua estrangeira.

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Domínio de outra língua estrangeira (oralidade) Capacidade de comunicar oralmente em

outra língua estrangeira.

Capacidades de escrita Capacidade de escrever um documento

isento de erros ortográficos e de sintaxe.

Capacidades de expressão oral Capacidade de manter uma conversa,

alternando as suas intervenções com as

dos demais.

Capacidade de ouvir os outros Capacidade de intervir no momento

oportuno, sem interrupções bruscas nem

sobrepor-se aos outros.

Capacidade de persuasão Capacidade de induzir outrem a fazer

algo, utilizando a comunicação agradável

e a empatia.

Capacidade de compreensão eficaz através da leitura Aptidão para tirar conclusões através da

leitura de um texto.

Capacidade de liderança Capacidade de gerir e motivar os outros,

no sentido do alcance de objetivos

comuns.

Capacidade de trabalhar em grupo Capacidade de trabalhar cooperativa e

cordialmente com os outros,

desenvolvendo um bom clima de grupo e

apelando ao espírito de equipa.

Capacidade de resolver problemas Capacidade de utilizar os conhecimentos e

selecionar os métodos adequados para

solucionar problemas práticos.

Capacidade de tomar decisões Capacidade de escolher a melhor opção

num conjunto de alternativas face à

complexidade das situações.

Autonomia Capacidade de trabalhar sem supervisão,

bem como de defender as suas ideias e

realizar projetos não só profissionais

como pessoais.

Capacidade de situar e organizar informações Capacidade de compreender, identificar,

selecionar, obter, gerir e utilizar a

informação (capacidade analítica).

Comportamento profissional / Ética profissional Capacidade de exercer a profissão

mantendo elevados níveis de honestidade,

respeito, integridade, caráter, zelo e sigilo

profissionais.

Autoconhecimento Conhecimento de si, dos seus pontos

fortes e fracos, dos seus objetivos e

valores, bem como das suas capacidades,

quer profissionais quer ao nível das

atitudes e comportamentos.

Análise crítica / Pensamento crítico Capacidade de distinguir factos relevantes

de factos irrelevantes, defendendo de

forma fundamentada, racional, lógica e

coerente a sua perspetiva.

Responsabilidade Ser possuidor de hábitos de trabalho

eficazes, como pontualidade, trabalho

produtivo e estruturado, individualmente e

com os outros, gestão de tempo,

flexibilidade e cooperação.

Criatividade e iniciativa Capacidade de ser original, desenvolver

novas ideias e agir espontaneamente.

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Capacidade de argumentação lógica Capacidade de apresentar de forma

racional e lógica um conjunto de ideias.

Auto motivação Capacidade de se motivar a si próprio,

encontrando motivos e forças para

desenvolver a atividade, sem desistir.

Capacidade de trabalhar sob pressão Capacidade para manter os elevados

níveis de eficácia e eficiência, mesmo em

situações de stress.

Capacidade reflexiva Capacidade de refletir e ponderar sobre o

seu desempenho e o dos outros.

Capacidade de adaptação a novas situações Aptidão para enfrentar novos desafios,

aprendendo com as novas situações

demonstrando flexibilidade e atendendo

ao retorno obtido por terceiros.

Assiduidade e pontualidade Capacidade de cumprir um horário

previamente estabelecido.

Persistência Aptidão para não desistir facilmente e de

se manter apesar das dificuldades.

Flexibilidade Capacidade de se adaptar a diferentes

situações, contextos ou atividades.

Multidisciplinaridade e interdisciplinaridade Capacidade de recolher informações de

várias áreas e relacioná-las entre si.

Atitude empreendedora e capacidade de inovação Capacidade de utilizar uma oportunidade

no sentido da criação de valor, recorrendo

à inovação para a sua realização.

Aprendizagem contínua / Disposição para aprender Capacidade de procurar ativamente novos

conhecimentos e gerir a sua aprendizagem

no contexto específico do negócio.

Capacidade de gerir projetos Capacidade dirigir e implementar projetos

de forma adequada e bem-sucedida.

Conhecimento do negócio e ambiente onde a empresa

opera

Ser conhecedor do negócio em que a

empresa está envolvida bem como do

mercado onde esta opera.

Interação com os outros Capacidade de se relacionar com os

outros.

Autodisciplina Capacidade de se disciplinar, de se fazer

obedecer a regras.

Este modelo de competências é, então, composto por 52 itens, divididos em dois grupos.

Cientes de que este modelo é passível de discussão e que não existe um modelo único de

competências, salienta-se que a literatura apresenta outras competências que não constam deste

modelo. Esta opção deveu-se à questão da extensão do modelo proposto que, com o objetivo de

incluir todos os itens constantes na literatura, poderia conduzir a um enviesamento dos resultados

fruto da dimensão do questionário elaborado com base neste modelo, tornando-o exaustivo e

moroso, podendo levar os inquiridos a responder de forma aleatória, sem demonstrarem a sua

verdadeira opinião.

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3. METODOLOGIA

3.1. OBJETIVOS E FINALIDADES DO ESTUDO

O objetivo geral do presente estudo é averiguar como a frequência da SE contribui para

desenvolvimento de competências que concorram para uma formação completa dos estudantes

que a frequentam.

A realização deste objetivo geral desenvolve-se no seguinte objetivo específico:

1. Identificar quais as competências mais desenvolvidas pela frequência da SE na

perspetiva dos estudantes que frequentaram esta unidade curricular; e

2. Analisar a correlação existente entre as competências de forma a associá-las em

diferentes categorias.

3.2. AMOSTRA

A amostra foi obtida com recurso a técnicas de amostragem por conveniência, uma vez que

se pretendia inquirir os estudantes do 3º ano da licenciatura em contabilidade que frequentaram a

unidade curricular SE no ano letivo 2011/2012, nos Institutos Superiores de Contabilidade e

Administração do país.

A escolha de tais instituições de ensino deveu-se ao facto destas serem as instituições

públicas especializadas com maior tradição, em termos temporais, no ensino superior da

contabilidade, permitindo também uma cobertura a nível nacional (Aveiro, Coimbra, Lisboa e

Porto).

No total foram efetuados 689 questionários, tendo-se recolhido 393 respostas, o que

representa 57,04% da população.

3.3. INSTRUMENTO DE RECOLHA DE DADOS

O instrumento de recolha de dados utilizado foi o inquérito por questionário elaborado

pelos autores, tendo por base a literatura científica existente sobre a temática em estudo. Para a

recolha da opinião dos inquiridos optou-se pela utilização de uma escala de Likert de 5 pontos,

com a possibilidade de escolha de resposta neutra.

O questionário foi criado com recurso à ferramenta Limesurvey e posteriormente colocado

online.

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3.4. PROCEDIMENTO

Os dados recolhidos foram importados para uma base dados, sendo posteriormente

validados, analisados e tratados estatisticamente com recurso ao software estatístico IBM SPSS

Statistics (versão 22).

Foi realizada uma análise descritiva, calculando-se a frequência para todas as variáveis

apresentadas, ordinais e nominais, obtidas a partir de uma escala discreta e limitada.

Recorreu-se à média como medida de tendência central, ao desvio padrão como medidas

de dispersão e às tabelas de frequência e respetivos valores percentuais para as variáveis em

escala nominal, para tratar quer os dados quantitativos, quer os dados qualitativos.

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capítulo procedeu-se à apresentação e análise dos resultados obtidos. Começou-se

pela estatística descritiva, com a caracterização da amostra e das diversas variáveis em estudo.

Analisar-se-á as respostas de forma descritiva sobre as perceções que os estudantes têm

acerca das 52 competências apresentadas e por fim estudou-se, através da análise fatorial, a

forma como essas 52 competências podem ser agrupadas.

4.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

Neste primeiro ponto analisar-se-ão as respostas dos 393 respondentes sobre os seus dados

pessoais de forma a caracterizar os estudantes envolvidos no estudo.

4.1.1. GÉNERO

Quanto ao género dos inquiridos verifica-se, pelo gráfico 1, que a maioria é do género

feminino com 67,2%.

Gráfico 1: Género

67.2%

32.8%

Feminino Masculino

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4.1.2. DISTRIBUIÇÃO DA FAIXA ETÁRIA

Através da análise do gráfico 2, podemos referir que as idades com maior frequência se

situam entre os 21 e 30 anos, com 67,7% da amostra, seguidas das idades compreendidas entre

31 e 40 anos, com 19,6%. Posteriormente os inquiridos com idades até aos 20 anos, com 5,9%.

Depois, 4,8% os inquiridos com idades entre os 41 e 50 anos e, por fim, 2,0% com idades entre

os 51 e os 60 anos.

Gráfico 1: Distribuição da faixa etária

4.1.3. SITUAÇÃO ACADÉMICA E PROFISSIONAL DOS ESTUDANTES

O gráfico 3 revela que a maioria (64,4%) dos inquiridos frequenta o ensino diurno e que

35,6% frequenta o regime noturno.

Gráfico 2: Tipo de inscrição

Verifica-se pela tabela 1 que a esmagadora maioria dos inquiridos não possui qualquer

grau académico (80,9%), e que, relativamente à experiencial profissional em contabilidade,

68,4% nunca trabalhou em contabilidade.

Até 20

Anos

De 21 a 30

Anos

De 31 a 40

Anos

De 41 a 50

Anos

De 51 a 60

Anos

5,9%

67,7%

19,6% 4,8% 2,0%

64.4%

35.6%

Diurno Noturno

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Tabela 1: Situação académica e profissional

Características Nº %

Situação

Académica

Atual

Não possuo qualquer grau académico 318 80,9

Possuo um bacharelato em contabilidade 10 2,5

Possuo uma licenciatura noutra área 31 7,9

Possuo outro grau académico não identificado 34 8,7

Total 393 100,0

Experiência

Profissional

em

Contabilidade

Nunca trabalhei em contabilidade 269 68,4

Atualmente trabalho em contabilidade 61 15,5

Atualmente não trabalho em contabilidade, mas já trabalhei 63 16,0

Total 393 100,0

4.2. IMPORTÂNCIA DA SE PARA O DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS

Este ponto do estudo considera, em primeiro lugar, a análise das competências mais

importantes. De seguida, apresenta-se a análise das competências menos importantes e, por

último, estuda-se a análise da importância das competências reunidas em cada categoria.

A tabela 2 apresenta as 26 competências consideradas mais importantes, segundo as

perceções dos estudantes inquiridos. Todas elas apresentam média superior ao ponto central da

escala (3), significando que as mesmas são tendencialmente consideradas, pelos estudantes,

como muito importantes ou totalmente importantes.

Tabela 2: As 26 competências consideradas mais importantes

Competências Nada

Importante

Pouco

Importante

Importância

média

Muito

Importante

Totalmente

Importante Nº Média DP

Capacidade para

trabalhar em grupo 1,8% 0,8% 14,3% 40,6% 42,6% 392 4,21 ,846

Responsabilidade 1,3% 1,5% 13,8% 44,2% 39,1% 391 4,18 ,821

Assiduidade e

Pontualidade 2,6% 0,8% 17,6% 38,9% 40,2% 391 4,13 ,907

Interação com os outros 2,0% 0,8% 14,5% 51,0% 31,6% 392 4,09 ,818

Capacidade de

trabalhar sob pressão 1,8% 3,3% 16,0% 41,7% 37,2% 393 4,09 ,904

Capacidade de resolver

problemas 1,3% 2,0% 17,9% 47,8% 30,9% 391 4,05 ,827

Domínio na elaboração

e análise das

Demonstrações

Financeiras

0,8% 3,8% 21,9% 38,0% 35,5% 392 4,04 ,893

Capacidade de situar e

organizar informações 1,3% 1,0% 21,3% 47,6% 28,8% 389 4,02 ,812

Aprendizagem contínua

/ Disposição para

aprender

1,5% 3,1% 18,7% 46,0% 30,7% 391 4,01 ,870

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Capacidade de tomar

decisões 1,5% 1,8% 18,2% 51,7% 26,9% 391 4,01 ,813

Autoconhecimento

1,5%

2,0%

17,4%

52,9%

26,1% 391 4,00 ,810

Persistência 2,3% 1,8% 19,0% 48,2% 28,7% 390 3,99 ,871

Autonomia 1,5% 2,3% 21,5% 45,3% 29,4% 391 3,99 ,861

Autodisciplina 1,8% 2,6% 19,6% 47,7% 28,3% 392 3,98 ,863

Comportamento

Profissional / Ética

Profissional

2,6% 2,6% 19,6% 47,4% 27,8% 392 3,95 ,898

Capacidade de

adaptação a novas

situações

0,8% 4,4% 19,0% 51,8% 24,1% 390 3,94 ,820

Capacidade reflexiva

1,3%

3,3%

21,9%

47,2%

26,3% 392 3,94 ,853

Capacidade de

elaboração de

conciliações bancárias

1,0% 5,6% 23,3% 38,9% 31,2% 391 3,94 ,927

Flexibilidade 2,8% 2,8% 19,0% 50,8% 24,6% 390 3,92 ,893

Multidisciplinaridade e

Interdisciplinaridade 1,5% 2,6% 22,6% 49,4% 23,9% 389 3,92 ,838

Escrituração 2,0% 5,1% 23,0% 39,5% 30,4% 392 3,91 ,957

Análise crítica /

Pensamento crítico 1,3% 3,1% 23,0% 49,4% 23,3% 391 3,90 ,833

Capacidade de

argumentação lógica 2,0% 4,3% 18,9% 50,6% 24,0% 391 3,90 ,883

Conhecimento do

negócio e ambiente onde

a empresa opera

1,8%

5,4%

20,3%

47,9%

24,6% 390 3,88 ,902

Criatividade e Iniciativa 2,6% 4,1% 20,5% 49,6% 23,3% 391 3,87 ,903

Conhecimentos das

ferramentas das

declarações eletrónicas

2,1% 6,7% 24,6% 37,9% 28,7% 390 3,85 ,982

Ao analisar as médias obtidas para cada uma das competências apresentadas na tabela 2

verifica-se que a competência com maior média (4,21), demonstrando assim uma maior

importância na opinião dos inquiridos, é a capacidade de trabalhar em grupo. Esta competência

foi classificada por 42,6% dos inquiridos como totalmente importante, 40,6% como muito

importante e apenas 9,8% atribuíram classificações de menor importância.

A segunda competência com maior importância para os inquiridos é a responsabilidade,

com uma média de 4,18. Relativamente à distribuição dos graus de importância, 39,1%

respondeu totalmente importante e 44,2% muito importante.

A tabela 3 apresenta as 26 competências consideradas menos importantes, segundo as

perceções dos estudantes inquiridos.

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Tabela 3: As 26 competências consideradas menos importantes

Competências Nada

Importante

Pouco

Importante

Importância

média

Muito

Importante

Totalmente

Importante Nº Média DP

Domínio de outra

Língua Estrangeira

(Oral)

28,2%

23,8%

33,1%

11,1%

3,8% 341 2,39 1,121

Domínio de outra

Língua Estrangeira

(Escrito)

27,9%

23,5%

29,1%

15,6%

3,8% 340 2,44 1,162

Domínio de Inglês

(Oral) 20,2% 21,6% 32,5% 19,9% 5,9% 357 2,70 1,170

Domínio de Inglês

(Escrito) 18,6% 21,3% 34,1% 19,7% 6,4% 361 2,74 1,159

Capacidade de

elaboração de

orçamentos

7,0% 18,9% 35,1% 27,6% 11,4% 387 3,18 1,082

Conhecimentos de

Direito 6,3% 17,0% 38,1% 28,7% 9,9% 383 3,19 1,035

Conhecimentos de

Análise de Projetos

de Investimento

5,8% 16,7% 40,3% 26,0% 11,1% 377 3,20 1,034

Conhecimentos de

Auditoria 5,2% 14,8% 38,2% 30,9% 10,9% 385 3,28 1,014

Domínio da Internet 13,2% 13,2% 24,9% 28,5% 20,3% 365 3,30 1,292

Análise do risco 4,4% 14,3% 38,2% 33,0% 10,1% 385 3,30 ,983

Domínio do Office 9,3% 12,3% 24,9% 33,6% 19,9% 366 3,43 1,204

Conhecimentos das

Normas

Internacionais de

Contabilidade

4,2% 14,4% 33,3% 29,9% 18,1% 381 3,43 1,073

Conhecimentos de

Gestão 3,1% 12,1% 33,7% 37,8% 13,4% 389 3,46 ,972

Conhecimentos de

Contabilidade

Analítica

2,6% 12,3% 33,4% 34,2% 17,5% 389 3,52 1,001

Capacidades de

escrita 6,3% 7,9% 29,1% 40,7% 16,0% 381 3,52 1,053

Domínio da

Fiscalidade 3,1% 12,1% 27,8% 35,1% 21,9% 388 3,61 1,052

Capacidade de

persuasão 3,9% 6,8% 28,7% 44,6% 15,9% 383 3,62 ,963

Capacidade de

elaboração e análise

de índices

financeiros

1,0% 9,50% 31,7% 38,9% 18,9% 391 3,65 ,926

Capacidade de

liderança 3,4% 4,1% 27,9% 49,4% 15,2% 387 3,69 ,897

Capacidade de

compreensão eficaz

através da leitura

4,1% 6,5% 24,8% 43,4% 21,2% 387 3,71 1,005

Capacidade de

expressão oral 3,3% 4,9% 25,2% 49,4% 17,2% 389 3,72 ,919

Atitude

empreendedora e

Capacidade de

inovação

3,1% 3,8% 29,1% 42,1% 21,9% 392 3,76 ,940

Capacidade de

elaboração e análise

de índices

financeiros

2,3% 5,5% 23,6% 48,1% 20,5% 385 3,79 ,910

Conhecimentos de

software de

contabilidade

3,9% 4,4% 25,5% 38,2% 28,1% 385 3,82 1,016

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Capacidade de ouvir

os outros 2,8% 4,6% 21,4% 48,7% 22,4% 388 3,83 ,924

Auto motivação 1,8% 5,4% 23,3% 45,9% 23,6% 390 3,84 ,907

Das 26 competências consideradas menos importantes, apenas quatro apresentam média

inferior ao ponto central da escala de Likert (3), tendo sido estas competências classificadas

pelos estudantes inquiridos com níveis de importância reduzidos. Estas competências estão todas

ligadas ao domínio de outros idiomas: domínio de outra língua estrangeira (oral), domínio de

outra língua estrangeira (escrito), domínio de inglês (oral) e domínio de inglês (escrito).

Após o estudo detalhado das 52 competências recorreu-se à análise fatorial, tendo em vista

identificar associações entre as 52 competências estudadas.

Este método de análise fatorial analisa um conjunto de variáveis com o objetivo de

verificar se é possível agrupar as respostas que são interpretadas de forma idêntica pelos

elementos da amostra, determinando o seu posicionamento nesse conjunto de variáveis. Se assim

for, os fatores resultantes da análise estarão associados a um conjunto de variáveis.

A amostra deve ser constituída por observações que sejam, pelo menos, o quíntuplo das

variáveis em análise, condição que se verifica no caso em estudo.

A adequabilidade da amostra à técnica é aferida pelo valor da medida de

Kaiser-Meyer-Olkin, quer pelo teste de esfericidade de Bartlett.

A Medida de Adequação da Amostra (MAA) de KMO (Kaiser-Meyer-Olkin) produz uma

estatística, cuja interpretação é efetuada de acordo com a seguinte escala, sendo indicada a

qualidade dos dados em função do valor obtido:

KMO <0,5 0,5-0,6 0,6-0,7 0,7-0,8 0,8-0,9 0,9-1,0

MAA Inaceitável Má Razoável Média Boa Muito boa

Neste estudo, a MAA é 0,952, o que permite concluir a possibilidade de realização de uma

análise fatorial aos dados com uma qualidade Muito Boa.

Pelo teste da esfericidade de Bartlett rejeita-se a hipótese de não existir correlação entre as

variáveis, pelo que é possível prosseguir com a análise, uma vez que o nível de significância é

inferior a 0,001.

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Depois de verificar a possibilidade de executar adequadamente a análise fatorial,

prosseguiu-se com a extração dos fatores a partir das 52 variáveis, através da análise dos valores

de extração.

Para determinar o número de componentes a incluir na análise utilizou-se o critério de

Kaiser (exclui as componentes cujos valores próprios são inferiores a 1), cumprindo-se o critério

de que os fatores devem explicar, pelo menos, perto de 60% da variação total observada nas

variáveis originais.

Foram retidos oito fatores que explicam 74,29% da variação total observada nas 52

variáveis originais.

A tabela 4 apresenta os resultados obtidos dos pesos de cada competência em cada

componente principal, isto é, a correlação existente entre as competências e as componentes que

permitem classificar as competências percecionadas pelos estudantes em oito categorias:

transversais e comportamentais; conhecimentos especializados; linguísticas; análise de mercado;

técnicas de contabilidade; comunicativas; tecnológicas e, por fim, regulamentação.

Cada competência foi afetada à componente onde apresentavam o maior peso e todas as

componentes apresentam uma boa consistência (Alpha de Cronbach superiores a 0,78).

Tabela 4: Categorias de competências

Categorias e Competências

(Componente Principais) Pesos % Variância Alpha Cronbach

Transversais e Comportamentais

27,366 0,969

Responsabilidade ,837

Autoconhecimento (consciência dos seus pontos fortes e

fracos, dos seus objetivos e valores) ,818

Capacidade de situar e organizar informações (capacidade

analítica) ,806

Capacidade de resolver problemas ,803

Capacidade de tomar decisões ,800

Capacidade para trabalhar em grupo (espírito de equipa) ,793

Interação com os outros ,781

Assiduidade e Pontualidade ,775

Persistência ,753

Análise crítica / Pensamento crítico ,744

Comportamento Profissional / Ética Profissional ,736

Multidisciplinaridade e Interdisciplinaridade ,728

Autonomia ,713

Flexibilidade ,706

Auto motivação ,684

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Capacidade de argumentação lógica ,667

Autodisciplina ,650

Criatividade e Iniciativa ,612

Capacidade de liderança ,604

Capacidade reflexiva (disposição para refletir sobre o seu

desempenho e o dos outros) ,595

Aprendizagem contínua / Disposição para aprender ,592

Capacidade de ouvir os outros ,557

Conhecimentos Especializados

11,496 0,910

Capacidade de elaboração e análise de índices financeiros ,767

Capacidade de elaboração de orçamentos ,763

Conhecimentos de Gestão ,757

Análise do risco ,750

Conhecimentos de Análise de Projetos de Investimento ,718

Conhecimentos de Contabilidade Analítica ,618

Conhecimentos de Auditoria ,608

Linguísticas

8,073 0,947

Domínio de outra Língua Estrangeira (Escrito) ,888

Domínio de outra Língua Estrangeira (Oral) ,868

Domínio de Inglês (Oral) ,855

Domínio de Inglês (Escrito) ,849

Análise de Mercado

6,658 0,879

Atitude empreendedora e Capacidade de inovação ,639

Conhecimento do negócio e ambiente onde a empresa

opera ,611

Capacidade de adaptação a novas situações ,601

Capacidade de gerir projetos ,599

Capacidade de trabalhar sob pressão (tolerância ao stress) ,515

Técnicas de contabilidade

6,461 0,838

Conhecimentos das ferramentas das declarações

eletrónicas ,717

Conhecimentos de software de contabilidade ,614

Domínio na elaboração e análise das Demonstrações

Financeiras ,584

Capacidade de elaboração de conciliações bancárias ,555

Escrituração (domínio das regras de debitar e creditar) ,526

Comunicativas

5,833 0,893

Capacidade de persuasão ,672

Capacidade de expressão oral ,663

Capacidade de compreensão eficaz através da leitura ,574

Capacidades de escrita ,484

Tecnológicas

4,376 0,925

Domínio do Office ,797

Domínio da Internet ,794

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Regulamentação

4,022 0,783

Domínio da Fiscalidade ,596

Conhecimentos de Direito ,554

Conhecimentos das Normas Internacionais de

Contabilidade ,513

De seguida explica-se mais detalhadamente o significado de cada uma das categorias:

o Transversais e comportamentais: Este fator reúne os atributos essenciais para se

demonstrar a capacidade para identificar e resolver problemas em ambientes

desconhecidos, capacidade de tomar decisões, de exercer um juízo profissional assente em

princípios éticos, de trabalhar em grupo de forma eficaz, de exercer a atividade de forma

autónoma, de assegurar a liderança necessária, e ainda a aptidão para localizar, obter e

organizar informações e para procurar ativamente novos conhecimentos (aprendizagem

contínua);

o Conhecimentos especializados: Esta categoria agrega os conhecimentos afins à área da

contabilidade, como auditoria, contabilidade analítica, orçamentação ou gestão. Incorpora

ainda a capacidade de elaborar e analisar índices financeiros, projetos de investimento e o

risco que possa estar associado;

o Linguísticas: Este fator acolhe as competências de comunicação em língua estrangeira,

quer a nível escrito quer a nível verbal;

o Análise de mercado: Este fator abarca as competências relacionadas com os componentes

do ambiente de negócios, nomeadamente, o conhecimento do negócio e do meio onde as

empresas operam, a capacidade de implementar e dirigir projetos de forma adequada, a

atitude empreendedora e a capacidade para manter os elevados níveis de eficácia e

eficiência, mesmo em situações de stress;

o Técnicas de Contabilidade: Este fator alberga as competências consideradas básicas para

o exercício da atividade contabilística, designadamente, a prática de escrituração, a

utilização de software específico de contabilidade, a utilização das ferramentas eletrónicas

fundamentais na área da contabilidade, nomeadamente, no portal das finanças ou da

segurança social e ainda a elaboração das Demonstrações Financeiras e as conciliações

bancárias;

o Comunicativas: Esta categoria reúne as competências de comunicação como o domínio da

linguagem a vários níveis, nomeadamente, através da leitura, da audição, da escrita e da

conversação;

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o Tecnológicas: Este fator reúne os atributos relacionados com o domínio da informática,

nomeadamente, com as ferramentas de processamento de texto, apresentações, bases de

dados e folhas de cálculo, bem como o funcionamento de motores de busca e caixas de

correio eletrónico (internet);

o Regulamentação: O último fator reúne as competências que têm na base diplomas legais

como normas, leis ou regulamentos. Estão, então, aqui incluídos os conhecimentos de

fiscalidade, de direito e das normas internacionais de contabilidade.

Com os resultados da Análise de Componentes Principais (ACP) e a consistência interna

de cada uma das categorias operacionalizou-se as categorias em índices em que para cada

inquirido o valor duma categoria de competências corresponde à média das respostas desse

inquirido.

Tabela 5: Médias das categorias de competências

Categorias N.º Média Mediana DP Mínimo Máximo

Transversais e Comportamentais 378 3,97 4,00 0,67 1,00 5,00

Conhecimentos Especializados 370 3,37 3,43 0,81 1,00 5,00

Linguísticas 339 2,55 2,50 1,07 1,00 5,00

Análise de Mercado 384 3,89 4,00 0,73 1,00 5,00

Técnicas de Contabilidade 383 3,90 4,00 0,75 1,00 5,00

Comunicativas 372 3,64 3,75 0,86 1,00 5,00

Tecnológicas 362 3,35 3,50 1,21 1,00 5,00

Regulamentação 374 3,41 3,33 0,87 1,00 5,00

Com a tabela 5 verifica-se que a categoria considerada mais importante foi a das

competências Transversais e Comportamentais com um resultado médio de 3,97 sendo que

metade dos inquiridos atribuiu, no mínimo, o grau de importância de 4 (muito importante).

Muito perto do valor da média anterior ficaram as categorias das competências Técnicas de

Contabilidade (3,90) e das competências relacionadas com a Análise de Mercado (3,89), com

metade dos estudantes inquiridos a atribuírem igual importância a estas categorias (4 – muito

importante).

Com média inferior a 3 tem-se, apenas, a categoria das competências Linguísticas, com o

valor médio de 2,55 e com 50% dos inquiridos a classificarem-nas como pouco importantes.

Esta análise corrobora os resultados obtidos da análise isolada de cada uma das

competências.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo visou averiguar de que forma é que a frequência da SE contribuiu para o

desenvolvimento de competências nos estudantes que a frequentaram. Deste modo, começou por

identificar-se as competências mais desenvolvidas pela frequência da SE na perspetiva dos

estudantes que frequentaram esta unidade curricular. As cinco competências mais valorizadas

foram a capacidade para trabalhar em grupo, a responsabilidade, a assiduidade e pontualidade, a

interação com os outros e a capacidade de trabalhar sob pressão. Estes resultados podem

dever-se ao facto dos estudantes em SE trabalharem em grupos de dois ou três elementos,

sendo-lhes atribuída uma empresa, a qual terão de gerir de forma adequada e aproximada à

realidade, com prazos rígidos e previamente estabelecidos. No lado oposto, as cinco

competências que os estudantes inquiridos consideram que foram menos desenvolvidas pela

frequência da SE foram o domínio de outra língua estrangeira (oral), o domínio de outra língua

estrangeira (escrito), o domínio de Inglês (oral), o domínio de Inglês (escrito) e a capacidade de

elaboração de orçamentos. Por estarem inseridos num ambiente simulado, os estudantes não

necessitam de recorrer a línguas estrangeiras para a realização das tarefas estabelecidas no

decorrer da simulação empresarial. Daí, o domínio de idiomas diferentes da língua portuguesa

terem sido apontados como as competências menos desenvolvidas pela frequência da SE.

A ACP realizada permitiu aferir sobre o segundo objetivo específico traçado inicialmente:

analisar a correlação existente entre as competências de forma associá-las em diferentes

categorias. Neste sentido, foram obtidos oito fatores, nomeadamente, competências transversais

e comportamentais; conhecimentos especializados; competências linguísticas; competências

relacionadas com a análise de mercado; competências técnicas de contabilidade; competências

comunicativas; competências tecnológicas e, por fim, competências de regulamentação. Estas

categorias foram devidamente caracterizadas aquando da apresentação dos resultados.

Tratando-se da análise de perceções, é importante referir como limitação ao estudo

realizado a formação anterior dos estudantes que poderá não ser a mesma, uma vez que pode

variar de IES para IES e, consequentemente, a visão que os estudantes têm relativamente à SE

ser diferente por esse motivo e não propriamente pela natureza da unidade curricular.

Como pistas para investigações futuras pode referir-se o alargamento do estudo aos

docentes envolvidos na unidade curricular SE, bem como a realização de uma análise

comparativa com a unidade curricular opcional à SE, o estágio curricular.

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