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Boletim j Manual de Procedimentos Acesse a versão eletrônica deste fascículo em www.iob.com.br/boletimiobeletronico Veja nos Próximos Fascículos a Aviso-prévio a Centralização de documentos a Lei de Falências - Implicações trabalhistas e previdenciárias a Trabalho temporário Legislação Trabalhista e Previdenciária Fascículo N o 39/2014 / a Trabalhismo Trabalho noturno 01 / a IOB Setorial Transportes Jornada de trabalho do motorista de caminhão 11 / a IOB Comenta A perda da CNH e os efeitos no contrato de trabalho do motorista 13 / a IOB Perguntas e Respostas Trabalho noturno Acordo e convenção coletiva 14 Intervalo para repouso ou alimentação 14 Rural 14 Transferência de turno 14

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Page 1: IOB - Legislação Trabalhista - nº 39/2014 - 4ª Sem Setembro · Hora extra noturna 15. balho executado entre:Integração ao salário 16. Atividades petrolíferas 17. ... trabalho

Boletimj

Manual de Procedimentos

Acesse a versão eletrônica deste fascículo em www.iob.com.br/boletimiobeletronico

Veja nos Próximos Fascículos

a Aviso-prévio

a Centralização de documentos

a Lei de Falências - Implicações trabalhistas e previdenciárias

a Trabalho temporário

Legislação Trabalhista e Previdenciária

Fascículo No 39/2014

/a TrabalhismoTrabalho noturno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01

/a IOB Setorial

TransportesJornada de trabalho do motorista de caminhão . . . . . . . . . . . . . . . . 11

/a IOB ComentaA perda da CNH e os efeitos no contrato de trabalho do motorista . . . 13

/a IOB Perguntas e Respostas

Trabalho noturnoAcordo e convenção coletiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14Intervalo para repouso ou alimentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14Rural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14Transferência de turno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

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© 2014 by IOB FOLHAMATIC EBS > SAGE

Capa:Marketing IOB FOLHAMATIC EBS > SAGE

Editoração Eletrônica e Revisão: Editorial IOB FOLHAMATIC EBS > SAGE

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Todos os direitos reservados. É expressamente proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou processo, sem prévia autorização do autor (Lei no 9.610, de 19.02.1998, DOU de 20.02.1998).

Impresso no BrasilPrinted in Brazil Bo

letim

IOB

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Legislação trabalhista e previdenciária : procedimentos : trabalho noturno.... -- 10. ed. -- São Paulo : IOB Folhamatic EBS - SAGE, 2014. -- (Coleção manual de procedimentos)

ISBN 978-85-379-2256-9

1. Previdência social - Leis e legislação - Brasil 2. Trabalho - Leis e legislação - Brasil I. Série.

CDU-34:368.4(81)(094)14-09495 -34:331(81)(094)

Índices para catálogo sistemático:

1. Brasil : Leis : Previdência social : Direito previdenciário 34:368.4(81)(094) 2. Leis trabalhistas : Brasil 34:331(81)(094)

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Manual de ProcedimentosLegislação Trabalhista e Previdenciária

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39-01Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Set/2014 - Fascículo 39 CT

Trabalho noturno SUMÁRIO 1. Introdução 2. Trabalho noturno 3. Trabalho normal - Duração 4. Mulheres 5. Menores 6. Trabalhadores avulsos e temporários -

Trabalho noturno - Normas aplicáveis 7. Trabalhadores domésticos 8. Diferenças entre trabalho

noturno urbano e rural 9. Intervalo para repouso ou

alimentação 10. Repouso semanal

remunerado 11. Intervalo entre duas

jornadas 12. Hora noturna - Duração 13. Adicional noturno 14. Hora extra noturna 15. Integração ao salário 16. Atividades petrolíferas 17. Estabelecimentos bancários 18. Formalização do pagamento 19. Encargos sociais 20. Penalidades

1. InTroduçãoÉ notório que o trabalho em horário noturno exige

maior esforço do organismo humano, por desenvol-ver-se em período normalmente destinado ao repouso do trabalhador.

Ademais, o trabalho realizado em horário noturno pode gerar sérias dificuldades no relacionamento familiar do trabalhador, comprometendo inclusive o seu bem-estar social.

Por tais razões, à atividade noturna aplicam-se regras especiais de tutela ao trabalho, no que con-cerne tanto à remuneração dos serviços quanto à duração da jornada, sem prejuízo de outras normas gerais de proteção trabalhista.

2. TraBalho noTurno

2.1 Conceito

Considera-se noturno o trabalho executado entre as 22h de um dia e as 5h do dia seguinte, no caso de empregados urbanos.

Nota

O Decreto nº 5.005/2004, em vigor des-de 09.03.2004, promulgou a Convenção

nº 171 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), relativa ao trabalho noturno, adotada em Genebra em 26.06.1990.

2.1.1 atividades rurais

Nas atividades rurais, considera-se noturno o tra-

balho executado entre:

a) as 21h de um dia e as 5h do dia seguinte, na lavoura; e

b) as 20h de um dia e as 4h do dia seguinte, na pecuária.

3. TraBalho normal - duração

Desde 05.10.1988, data de promulgação da Constituição Federal (CF/1988), a duração normal do trabalho (diurno ou noturno) não deve ultrapassar a 8 horas diárias e 44 semanais, facultada a compen-sação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho (CF/1988, art. 7º, XIII).

Assim, considerando-se o módulo semanal de 44 horas, a jornada normal diária corresponde a 7 horas e 20 minutos, obtida mediante o seguinte cálculo:

a) dias de trabalho na semana: 6 (segunda-feira a sábado, por exemplo);

Considera-se noturno o trabalho

executado entre as 22h de um dia e as 5h do dia seguinte, no caso de

empregados urbanos, sendo assegurada a estes a redução de 7 minutos e 30

segundos em cada hora noturna comparada à duração da diurna, bem como uma

remuneração com acréscimo de 20%, no mínimo, sobre o valor

da hora diurna

a Trabalhismo

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39-02 CT Manual de Procedimentos - Set/2014 - Fascículo 39 - Boletim IOB

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b) limite máximo semanal: 44 horas;c) divisão da duração semanal pelo número de

dias de trabalho na semana:

Observa-se que o cálculo da divisão resulta em dízima periódica simples, não representando 7 horas e 33 minutos, mas 7 horas e 20 minutos, tendo em vista que a operação matemática é realizada em escala decimal, contrapondo-se, portanto, às frações de horário, cuja escala é sexagesimal (60 segundos e 60 minutos), ou seja:

3.1 Turnos ininterruptos de revezamento

A CF/1988 prevê jornada de 6 horas para o traba-lho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva (art. 7º, XIV).

Assim, tratando-se de turno ininterrupto de revezamento cujo trabalho seja realizado em período noturno, além de a hora noturna ser reduzida a 52,5 minutos, a jornada também é reduzida (6 horas).

A referida jornada, segundo entendimento do Secretário de Relações do Trabalho (Instrução Nor-mativa SRT nº 1/1988, item 2), depende da ocorrência concomitante de vários fatores, a saber:

a) existência de turnos. Isso significa que a em-presa mantém uma ordem ou alternação dos horários de trabalho prestado em revezamento;

b) que os turnos sejam em revezamento. Isso quer dizer que o empregado, ou turmas de empre-gados, trabalha alternadamente para que se possibilite, em face da ininterrupção do traba-lho, o descanso de outro empregado ou turma;

c) que o revezamento seja ininterrupto, isto é, não sofra solução de continuidade no período de 24 horas, independentemente de haver, ou não, trabalho aos domingos.

É permitida, mediante negociação coletiva, a prorrogação da jornada de 6 horas. Nesse caso, admite-se o máximo de 2 horas extras por dia.

Tendo em vista a necessidade de adaptação da jornada de 6 horas ao regime de turno ininterrupto de revezamento, e considerando a complexidade decorrente da possibilidade de criação de outros turnos, cabe à Inspeção do Trabalho dar prioridade à orientação, colaborando com as partes, inclusive com as entidades sindicais.

Lembra-se que, nos termos da Súmula TST nº 360 do Tribunal Superior do Trabalho, ficou estabelecido que:

360 - Turnos ininterruptos de revezamento - Intervalos intra-jornada e semanal

A interrupção do trabalho destinada a repouso e alimen-tação, dentro de cada turno, ou o intervalo para repouso semanal, não descaracteriza o turno de revezamento com jornada de 6 (seis) horas previsto na CF/1988, art. 7º, XIV.

3.2 acordo de compensação de horas

Tratando-se de acordo de compensação integral de horas do sábado, a jornada diária pode ser de 8 horas e 48 minutos de segunda a sexta-feira, ou de 9 horas de segunda a quinta-feira e de mais 8 horas na sexta-feira, ou, ainda, outra qualquer, sempre ajus-tando a duração para totalizar as 44 horas semanais.

Nota

As mencionadas compensações de horas que recaírem no período no-turno, objeto deste procedimento, não eximem o empregador do pagamento do respectivo adicional noturno.

3.3 acordo de prorrogação de horas

A duração normal de trabalho pode ser prorro-gada (horas extras em período diurno ou noturno, ou, ainda, sistema misto) em até 2 horas diárias, mediante acordo escrito, para empregados maiores de idade de ambos os sexos, com adicional de 50%, no mínimo, sobre o valor da hora normal, desde que não ultrapasse o limite de 10 horas.

Tratando-se de acordo de prorrogação firmado simultaneamente com o de compensação de horas, a jornada diária não pode ultrapassar o limite global de 10 horas.

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39-03Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Set/2014 - Fascículo 39 CT

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Portanto, à prorrogação do trabalho noturno aplicam-se as regras ora mencionadas.

4. mulheres

No que tange à jornada de trabalho em horário noturno, aplicam-se às mulheres, independentemente da atividade empresarial, os dispositivos relacionados ao trabalho noturno do homem.

A CF/1988, ao estabelecer que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, equiparou homens e mulheres em direitos e obri-gações (CF/1988, art. 5º, I), bem como proibiu a diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil (art. 7º, XXX).

Assim, com a promulgação da Lei nº 7.855/1989, foram revogados, desde 25.10.1989, dentre outros, os arts. 379 e 380 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), os quais restringiam o trabalho noturno da mulher.

5. menores

O trabalho em horário noturno é proibido aos menores de 18 anos, de ambos os sexos (CF/1988, art. 7º, XXXIII, e CLT, art. 404).

NotaA CF/1988, em seu art. 7º, XXXIII, dispõe:

“Art. 7º - XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;”

6. TraBalhadores avulsos e TemporárIos - TraBalho noTurno - normas aplICáveIs

Aos trabalhadores avulsos e temporários são aplicáveis as normas relativas ao trabalho noturno.

7. TraBalhadores domésTICos

A Lei nº 5.859/1972, que rege o trabalho domés-tico, não faz nenhuma referência à jornada de traba-lho do mencionado empregado. Da mesma forma, a CF/1988, art. 7º, parágrafo único, em sua redação anterior, também não fazia remissão ao inciso que garante a jornada máxima de 8 horas diárias e 44 semanais como garantia aos domésticos.

Ocorre que com a alteração da redação do pará-grafo único do mencionado art. 7º da CF/1988, por meio da Emenda Constitucional nº 72/2013, o direito à jornada normal de 8 horas diárias e 44 horas semanais foi estendido a esta classe de trabalhadores.

Dessa forma, desde 03.04.2013, os empregados domésticos, da mesma forma que os demais traba-

lhadores, estão sujeitos à jornada normal de trabalho de até 8 horas diárias e 44 horas semanais, facultada a compensação de horário e a redução da jornada mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.

Entretanto, o direito à remuneração do trabalho noturno superior à do diurno, garantido ao empregado doméstico, ainda depende de regulamentação.

8. dIferenças enTre TraBalho noTurno urBano e rural

A legislação trabalhista traz algumas diferenças com relação ao tratamento dado ao trabalho noturno realizado pelos trabalhadores urbanos e aquele reali-zado pelos trabalhadores rurais.

O trabalho rural é regido pela Lei nº 5.889/1973 (Estatuto do Trabalhador Rural), cujo regulamento foi aprovado pelo Decreto nº 73.626/1974, sendo-lhe também aplicadas as normas da CLT, naquilo que não colidir com a legislação específica.

Nas atividades urbanas, a hora do trabalho noturno é computada como 52 minutos e 30 segun-dos (7 minutos e 30 segundos de redução em relação à hora diurna). Na prática, significa que uma hora normal trabalhada em período diurno equivale a 60 minutos efetivamente trabalhados, enquanto que, no período noturno, corresponde apenas a 52 minutos e 30 segundos de efetivo trabalho.

Nas atividades rurais, a hora noturna tem duração de 60 minutos, não sofrendo, por conseguinte, qual-quer redução temporal.

Outra diferenciação é constatada em relação ao valor do adicional noturno. A CF/1988 assegura remu-neração do trabalho noturno superior à do diurno.

A CLT garante aos empregados urbanos que trabalham em horário noturno remuneração com acréscimo de 20%, no mínimo, sobre a hora diurna. Assim, a cada período de 52 minutos e 30 segundos corresponde o adicional de, no mínimo, 20% sobre o valor do salário-hora diurno (60 minutos).

Os trabalhadores rurais recebem para cada hora noturna trabalhada um acréscimo de, no mínimo, 25% sobre a remuneração normal da hora diurna, seja na lavoura ou na atividade pecuária.

Vale ressaltar que os requisitos exigidos para que se estabeleça a relação de emprego de trabalhadores urbanos e rurais são os mesmos, ou seja, não eventu-alidade, pessoalidade, subordinação e remuneração.

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39-04 CT Manual de Procedimentos - Set/2014 - Fascículo 39 - Boletim IOB

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9. InTervalo para repouso ou alImenTaçãoEm qualquer trabalho contínuo, seja no período

diurno ou noturno, cuja duração exceda de 6 horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual deve ser, no mínimo, de 1 hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não pode exceder de 2 horas.

Quando a duração do trabalho ultrapassar a 4 horas, mas não exceder de 6 horas, é obrigatória a concessão de um intervalo de 15 minutos.

Lembra-se que a legislação trabalhista não determina em que momento da jornada diária de trabalho deve ser concedido o intervalo para repouso ou alimentação. Todavia, por medida cautelar e atendendo às necessi-dades biológicas do trabalhador, recomenda-se a sua concessão em um período intermediário (no meio) ao que corresponder à jornada diária de trabalho, ou, ao menos, situado próximo da metade da respectiva jornada.

Assim, ressalvadas as hipóteses especificamente previstas em lei, os intervalos de descanso não são computados na duração do trabalho.

Todavia, a empresa que, por mera liberalidade, concede intervalos não previstos em lei assume a responsabilidade pelo pagamento da duração dos mesmos, pois representam tempo à disposição do empregador, sendo remunerados como serviço extra-ordinário se acrescidos ao final da jornada (Súmula TST nº 118, observadas as alterações posteriores).

Vale ressaltar que o intervalo para repouso ou alimentação, concedido dentro ou fora do horário noturno de trabalho, não sofre qualquer redução tem-poral, ou seja, se o intervalo é de 1 hora, por exemplo, este tem duração normal de 60 minutos.

Lembra-se, finalmente, que, observada a duração da jornada de trabalho, a concessão do período de repouso ou alimentação, bem como as demais dis-posições relativas ao trabalho noturno, aplica-se aos vigias, vigilantes, porteiros e outras funções asseme-lhadas sem qualquer discriminação.

10. repouso semanal remunerado

Todo trabalhador (urbano, rural, doméstico, temporário, avulso) tem direito ao repouso semanal remunerado (RSR) de 24 horas consecutivas, prefe-rentemente aos domingos e, nos limites das exigências técnicas das empresas, nos feriados civis e religiosos, de acordo com a tradição local.

Nos serviços que exijam trabalho aos domingos, com exceção dos elencos teatrais e congêneres,

deve ser estabelecida escala de revezamento, de livre escolha do empregador, previamente organizada e constante de quadro sujeito à fiscalização.

Assim, observadas as condições relativas à con-cessão do repouso semanal remunerado de 24 horas consecutivas, caso o trabalho seja realizado em período noturno considerado feriado (das 22h às 24h ou das 24h às 5h), as horas que recaírem na respectiva jornada são pagas em dobro, salvo se a empresa conceder outro dia de folga, assegurado, contudo, o adicional noturno de 20%, no mínimo, sobre o valor da hora diurna.

Lembra-se que, na supracitada hipótese de paga-mento das horas em dobro, o respectivo adicional noturno também será devido sobre aquele total pago.

10.1 pagamento em dobroPor meio da Súmula nº 461 do Supremo Tribunal

Federal (STF), está previsto que “é duplo, e não triplo, o pagamento do salário nos dias destinados a descanso”.

A citada Súmula do STF foi publicada no Diário da Justiça de 08, 09 e 12.10.1964 e tem como precedente o Agravo de Instrumento (AI) nº 32.529, publicado no DJ de 20.08.1964.

Não obstante a previsão contida na Súmula refe-rida anteriormente, o trabalho realizado em domingo e feriado, desde que não determinado outro dia de folga, é pago em dobro, conforme dispõe o art. 9º da Lei nº 605/1949 e a Súmula nº 146 do TST, reproduzida a seguir para melhor entendimento.

146 - Trabalho em domingos e feriados, não compensado

O trabalho prestado em domingos e feriados, não compen-sado, deve ser pago em dobro, sem prejuízo da remunera-ção relativa ao repouso semanal.

Embora a mencionada Súmula faça referência apenas ao trabalho prestado em domingos e feriados, há entendimento na doutrina e na jurisprudência de que também se aplica aos casos de trabalho em outros dias destinados ao RSR e não só para domin-gos e feriados.

O Precedente Normativo nº 87 do TST segue o mesmo entendimento da Súmula TST nº 146.

Desse modo, a expressão “em dobro” significa o valor em dobro das horas trabalhadas em domingo, feriado, ou outro dia destinado ao repouso, mais o valor desses dias incluso na remuneração do empregado, ou por cumprimento integral da jornada semanal, conforme o caso, o que equivale ao pagamento em triplo, ou seja, o pagamento do salário mensal mais duas vezes o valor do dia do repouso.

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39-05Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Set/2014 - Fascículo 39 CT

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WExemplosD

- salário mensal do empregado: R$ 880,00

- salário-hora (R$ 880,00 ÷ 220): R$ 4,00

- nº de horas trabalhadas no feriado: 8

- valor em dobro relativo às horas trabalhadas no feriado: R$ 64,00 (R$ 4,00 × 8 × 2)

- total a receber no mês: R$ 944,00 (R$ 880,00 + R$ 64,00)

Vale ressaltar que a remuneração em dobro do RSR não se caracteriza como horário extraordinário, mas, sim, como uma forma de compensar financeiramente o empregado por um trabalho realizado em um dia con-sagrado ao seu descanso semanal.

10.2 Integração ao cálculo do rsr

Uma vez que o adicional noturno pago com habitualidade integra o salário do empregado para todos os efeitos legais (Súmula TST nº 60), haverá integração no cálculo do RSR.

WExemplosD

Supondo-se um empregado mensalista (base 220 horas mensais) contratado para trabalhar em horário misto (diurno e noturno), com salário de R$ 1.551,00, que no mês de abril/2014 tenha efetuado 60 horas noturnas, com adicional noturno de 20% superior ao valor da hora normal, temos que:

1. salário-hora normal (diurno): R$ 7,05 (R$ 1.551,00 ÷ 220);

2. valor da hora noturna: R$ 7,05 x 1,20 = R$ 8,46;

3. valor do adicional noturno: R$ 1,41 (20% de R$ 7,05);

4. valor total de horas noturnas pagas: R$ 8,46 x 60 = R$ 507,60;

5. valor total do adicional noturno pago: R$ 84,60 (R$ 1,41 x 60);

6. integração do adicional noturno no RSR:

a) R$ 3,52 = R$ 84,60 ÷ 24 (nº de dias úteis em abril/2014, no caso);

b) R$ 3,52 x 6 (nº de domingos e feriados em abril/2014, no caso);

c) R$ 21,12 (valor a ser pago a título de integração do adicional noturno ao RSR).

Note-se que o empregado, neste exemplo, por ser mensalista, já tem em seu salário mensal o pagamento normal dos dias de repouso semanal remunerado, ou seja, o salário mensal já engloba todos os dias do mês, não havendo que se cogitar da discriminação específica do RSR em recibo/folha de pagamento.

Entretanto, como o empregado trabalhou parte do mês de abril/2014 em horário noturno, sem que tenha havido qualquer extrapolação da carga horária mensal de 220 horas (noturnas e diurnas), faz-se necessária a discriminação em separado no recibo/folha de pagamento do adicional noturno integrado ao cálculo do RSR.

Caso o empregado do exemplo supracitado tivesse realizado horas extras (diurnas ou noturnas), além da jornada mensal normal de 220 horas, seriam apuradas no cálculo do RSR a integração do adi-cional noturno propriamente dito e a integração das horas extras realizadas, as quais são especificamente discriminadas no recibo/folha de pagamento.

11. InTervalo enTre duas jornadas

Entre duas jornadas de trabalho deve haver um pe-ríodo mínimo de 11 horas consecutivas para descanso.

Assim, concede-se o intervalo contado do término da jornada de um dia ao início da jornada seguinte.

Cumpre observar que o repouso entre jornadas, de 11 horas, não se confunde com o repouso sema-nal de 24 horas, concluindo-se que, após o último dia de trabalho semanal, o empregado faz jus a 35 horas de repouso (11 + 24 = 35 horas). Tais regras são nor-malmente aplicáveis aos empregados que trabalham em período noturno.

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39-06 CT Manual de Procedimentos - Set/2014 - Fascículo 39 - Boletim IOB

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Manual de Procedimentos

12. hora noTurna - duração

A hora do trabalho noturno é computada como de 52 minutos e 30 segundos (7 minutos e 30 segundos de redução em relação à hora diurna) para atividades urbanas.

Na prática, isso significa que 1 hora normal, trabalhada em período diurno, equivale a 60 minutos efetivamente trabalhados, enquanto que no período noturno corresponde apenas a 52 minutos e 30 segundos de efetivo trabalho.

12.1 exceção - ruraisNas atividades rurais, a hora noturna tem duração

de 60 minutos, não sofrendo, por conseguinte, qual-quer redução temporal.

12.2 equivalência horáriaO tempo de efetivo trabalho diurno ou normal

pode ser convertido para o noturno mediante a seguinte fórmula:

Assim, para se saber o tempo de efetivo traba-lho noturno em função do diurno ou normal, basta dividir a sua duração por 1,1428571 ou reduzi-la em:

WExemplosD

Uma jornada de 8 horas diurnas ou normais corresponde a 7 horas de efetivo trabalho noturno:

Observa-se que cada hora normal de 60 minutos sofre redução de 7 minutos e 30 segundos na correspon-dente hora noturna, ou seja, 12,5%. Assim, 7 horas normais = 8 horas noturnas:

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39-07Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Set/2014 - Fascículo 39 CT

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12.3 Contagem - TabelaA jornada de trabalho no período noturno observa a seguinte tabela:

13. adICIonal noTurnoA CF/1988 assegura a remuneração do trabalho

noturno superior à do diurno (art. 7º, IX).

Prevê a CLT que aos empregados urbanos assegura-se a remuneração com acréscimo de 20%, no mínimo, sobre a hora diurna.

Assim, a cada período de 52 minutos e 30 segun-dos corresponde o adicional de 20% sobre o valor do salário-hora diurno (60 minutos).

13.1 ruraisTodo trabalho noturno desenvolvido na área rural,

acarreta acréscimo de 25% sobre a remuneração normal da hora diurna.

13.2 Temporários e avulsosAplicam-se aos trabalhadores temporários e

avulsos as mesmas disposições relativas ao adicional noturno dos empregados urbanos.

13.3 revezamento semanal/quinzenalA CLT, art. 73, caput, de acordo com a redação

original, prescreve que:Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá remuneração superior à do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20% (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna.

O referido dispositivo, à época de sua elabora-ção, encontrava-se compatível com a Constituição Federal/1937, art. 137, “j”, que estabelecia o princípio da remuneração adicional do trabalho noturno em relação ao diurno, salvo no caso de revezamento.

Todavia, com o advento da Constituição Fede-ral/1946, ficou estabelecido que:

Art. 157 - A Constituição assegura aos trabalhadores os seguintes direitos, além de outros que, nos termos da lei, visem à melhoria de sua condição social:

[...]

III - salário de trabalho noturno superior ao diurno;

[...]

Assim, tendo em vista que o dispositivo cons-titucional não fazia qualquer restrição ao direito do adicional noturno, a ressalva na CLT quanto aos empregados em regime de revezamento acabou perdendo totalmente a eficácia.

Portanto, atualmente, ainda que faça parte do texto do art. 73 da CLT, a ressalva encontra-se derrogada.

Ademais, a garantia do salário de trabalho noturno superior ao diurno foi mantida na Constituição Federal/1967, art. 165, IV (Emenda Constitucional nº 1/1969), bem como na CF/1988, atualmente em vigor, no art. 7º, IX.

Por tais razões, o STF afastou, definitivamente, a hipótese da não incidência do adicional noturno no regime de revezamento, conforme se pode observar:

É devido o adicional de serviço noturno, ainda que sujeito o empregado ao regime de revezamento” (Súmula STF nº 213).

Levando-se em consideração os comentários anteriormente citados, aos empregados que tra-balham em regime de revezamento, cuja escala de trabalho recaia em horário noturno, deve a empresa normalmente respeitar as horas reduzidas do período noturno, bem como computar no pagamento dos salários o respectivo adicional noturno, sem prejuízo da integração deste último no cálculo das demais parcelas trabalhistas a serem remuneradas.

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39-08 CT Manual de Procedimentos - Set/2014 - Fascículo 39 - Boletim IOB

Legislação Trabalhista e Previdenciária

Manual de Procedimentos

13.4 acordo e convenção coletiva de trabalhoPor meio dos citados documentos coletivos de

trabalho, pode-se estipular percentual de adicional noturno superior aos mínimos já mencionados.

13.5 Transferência de turnoNo que concerne à manutenção ou não do adi-

cional noturno ao empregado que é transferido do período noturno para o diurno, há corrente doutrinária que entende que a mudança de turno de trabalho se encontra dentro do poder diretivo do emprega-dor (jus variandi), sendo devido ao trabalhador o respectivo adicional noturno enquanto preenchida a condição especial de trabalho em jornada noturna. Desta forma, a percepção do adicional noturno só é garantida enquanto perdurarem as condições autori-zadoras de seu pagamento. Uma vez desaparecida a condição excepcional, o empregador poderá abster--se de pagar o adicional, pouco importando o tempo decorrido, não havendo que cogitar de incorporação do respectivo adicional ao salário do trabalhador.

Não obstante o posicionamento anterior, há também quem defenda a manutenção do adicional noturno. Essa interpretação, embora seja uma corrente minoritária entre estudiosos do direito trabalhista, preconiza que o empregado que passa longo período de sua vida profissional trabalhando em horário noturno tem o direito à incorporação ao seu salário do respectivo adicional noturno caso seja transferido para trabalhar em horário diurno, restando, portanto, caracterizado o direito adquirido pelo trabalhador. Argumenta-se, outrossim, que a supressão do adicional noturno nessa situação afrontaria o disposto na CLT, art. 468, que prevê que nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento e, ainda assim, desde que não resultem, direta ou indireta-mente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente dessa garantia.

Diante das controvérsias ora citadas, importa observar que inexiste na legislação trabalhista dispo-sitivo que determine a continuidade do pagamento do adicional noturno ao trabalhador que tenha seu turno de trabalho alterado, por determinação do emprega-dor, do período noturno para o diurno.

O TST, por meio da Súmula nº 265, se posicionou no sentido de que é possível suprimir o adicional noturno quando houver transferência do período noturno para o período diurno de trabalho.

Nº 265 Adicional noturno. Alteração de turno de trabalho. Possibilidade de supressãoA transferência para o período diurno de trabalho implica a perda do direito ao adicional noturno. (Res. 13/1986, DJ 20.01.1987)

Vale lembrar que as Súmulas norteiam as decisões das instâncias inferiores da Justiça do Trabalho (Tribu-nais Regionais do Trabalho - TRT e Varas do Trabalho - VT), proporcionando um parâmetro jurisprudencial para que o magistrado julgue ações trabalhistas semelhantes ao conteúdo tratado nas Súmulas. Assim, a edição de Súmulas por parte do TST não exerce efeito vinculante na decisão das instâncias trabalhistas judiciais inferiores.

Perante o exposto, entendemos que, na hipótese de transferência do trabalhador para o horário diurno, o adicional noturno deixará de ser pago pelo emprega-dor. Assim, independentemente do tempo que o empre-gado atuar no período noturno, o respectivo adicional não deverá incorporar-se ao salário, tendo em vista que o adicional em questão visa compensar os efeitos danosos que o trabalho noturno causa ao empregado. Então, uma vez cessada essa condição, não há razão para a continuidade do pagamento do adicional.

13.6 empresas de trabalho essencialmente noturnoTratando-se de empresas que não mantêm, pela

natureza de suas atividades, trabalho noturno habi-tual, o acréscimo do adicional noturno (20%) deve ser feito tendo em vista os quantitativos pagos por trabalhadores diurnos de natureza semelhante.

Em relação às empresas cujo trabalho noturno decorra da natureza de suas atividades, prevê a CLT, art. 73, § 3º, in fine, que “o aumento será calculado sobre o salário mínimo geral vigente na região, não sendo devido quando exceder desse limite, já acres-cido da percentagem”.

Em outras palavras, o mencionado § 3º, ao referir--se às empresas cujo trabalho noturno (das 22h às 5h) decorra da natureza de suas atividades (ex.: boates), estabeleceu que as mesmas não se sujeitam ao pagamento do adicional noturno quando a remunera-ção do empregado superar a soma do salário-mínimo mais 20% do adicional.

Até a data da entrada em vigor do Decreto-lei nº 9.666/1946, o referido § 3º não constava da redação primitiva do art. 73 da CLT, bem como, na ocasião, ainda não vigorava a Constituição Federal/1946.

Assim, segundo aquele parágrafo, se um empre-gado, por exemplo, fosse contratado em janeiro/2014, com um salário contratual de R$ 1.500,00 por mês, por uma empresa nas condições anteriormente expostas, o mesmo não faria jus ao adicional noturno, pois a soma do salário mínimo mais o adicional noturno não supera o salário contratual:

a) salário mensal (contratual): R$ 1.500,00;b) salário-mínimo em janeiro/2014: R$ 724,00;

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39-09Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Set/2014 - Fascículo 39 CT

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c) adicional noturno sobre o salário-mínimo: R$ 144,80 (20% de R$ 724,00);

d) salário-mínimo + adicional noturno: R$ 868,80 = (R$ 724,00 + R$ 144,80).

A doutrina, no entanto, em face da Constituição Federal/1946, não é uniforme quanto à constitucionali-dade do Decreto-lei nº 9.666/1946, que acrescentou o § 3º no art. 73 da CLT. Há corrente no sentido de que os empregados de empresas com trabalho essencial-mente noturno fazem jus ao salário contratual mais 20% de adicional noturno calculado sobre o salário-mínimo. Assim, no exemplo em estudo, o empregado teria direito a R$ 1.635,60 (R$ 1.500,00 + R$ 135,60). Outra corrente entende que, com o advento da CF/1946, não pode haver qualquer restrição ao direito do adicional noturno, cuja base de cálculo deve ser o salário con-tratual. A garantia da remuneração adicional, inclusive, foi mantida nas Constituições posteriores.

A jurisprudência, por sua vez, adotou a tese de que a remuneração do trabalho noturno deve ser, em qualquer caso, superior à do diurno, tal como assegu-rada na CF/1946 e Constituições posteriores, restando derrogado, por conseguinte, o § 3º do art. 73 da CLT.

Ademais, o STF, através das Súmulas STF nºs 214 e 313, orienta no mesmo sentido, a saber:

214 - A duração legal da hora de serviço noturno (52 minu-tos e trinta segundos) constitui vantagem suplementar, que não dispensa o salário adicional.

313 - Provada a identidade entre o trabalho diurno e o noturno, é devido o adicional, quanto a este sem a limitação do art. 73, § 3º, da CLT, independentemente da natureza da atividade do empregador.

Por tais razões, entendemos que a remuneração do trabalho noturno deve ser superior à do diurno, em face do que dispõe a CF/1988, art. 7º, IX, independen-temente da natureza da atividade empresarial, bem como de qualquer outra circunstância.

14. hora exTra noTurna

A CF/1988 assegura aos trabalhadores remunera-ção do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50% à do normal (art. 7º, XVI).

Assim, o empregado que cumpre horas extraordi-nárias, no período noturno, faz jus a ambos adicionais mínimos, calculados cumulativamente, ou seja: para qualquer hora extraordinária que for cumprida neste período, há 2 adicionais:

a) adicional de hora extra (50%, no mínimo); eb) adicional noturno (20%, no mínimo, para tra-

balhadores urbanos e 25%, no mínimo, para trabalhadores rurais).

WExemplosD

Empregado com salário de R$ 1.320,00 mensais (base 220 horas), e cumprindo jornada noturna, está submetido a regime de prorrogação de horas (2 horas extras diárias).

Cálculo do valor da hora extra- salário mensal: R$ 1.320,00 - salário-hora normal: R$ 6,00 = (R$ 1.320,00 ÷ 220) - salário-hora noturno: R$ 7,20 (R$ 6,00 x 1,20) - salário-hora extra noturno: R$ 10,80 (R$ 7,20 x 1,50)

14.1 prorrogação do trabalho noturno e pagamento do adicional noturno correspondente

Muitas empresas que mantêm atividades no horário noturno ficam em dúvida quanto à forma de remunerar as horas extraordinárias realizadas pelos empregados que laboram no horário noturno. A ques-tão é saber se, em caso de prorrogação da jornada noturna que acarrete a invasão do horário diurno, haveria ou não a obrigatoriedade de remunerar as horas extras laboradas após as 5h da manhã, acres-cidas do adicional noturno.

O entendimento predominante é no sentido de que, se o empregado labora integralmente no horário noturno, seja ele urbano ou rural, e em havendo a prorrogação da jornada de trabalho, ainda que as horas extras laboradas ocorram após o horário noturno legalmente fixado, estará configurada a pror-rogação da jornada noturna e, por conseguinte, tais horas extras devem ser remuneradas com o adicional noturno correspondente, uma vez que nessa situação estará ocorrendo um agravamento da penosidade da atividade, isto é, além de a jornada noturna já ser por si

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só considerada penosa, o desgaste físico e mental do trabalhador será acentuado com a sua prorrogação.

Caso a jornada normalmente realizada pelo empregado seja mista, isto é, constituída de parte em horário noturno e parte em horário diurno, não há que se falar em pagamento de horas extras com adicional noturno, exceto se estas (horas extras) ocorrerem no mencionado horário (noturno).

Nesse sentido, dispõe o item II da Súmula nº 60 do TST:

60 - Adicional noturno - Integração no salário e prorroga-ção em horário diurno.

I - [...]

II - Cumprida integralmente a jornada no período noturno e prorrogada esta, devido é também o adicional quanto às horas prorrogadas. Exegese do art. 73, § 5º, da CLT.

15. InTegração ao salárIoO adicional relativo ao trabalho noturno, quando

pago com habitualidade, integra o salário para todos os efeitos legais.

Assim, para o cálculo da remuneração de férias, 13º salário, descanso semanal remunerado, aviso--prévio indenizado etc., leva-se em conta o adicional noturno. Esse é o entendimento da Justiça do Trabalho (Súmula TST nº 60).

16. aTIvIdades peTrolíferasAo trabalho noturno dos empregados nas ativida-

des de exploração, perfuração, produção e refinação de petróleo, industrialização do xisto, atividades da indústria petroquímica e transporte de petróleo e seus derivados por meio de dutos, regulado pela Lei nº 5.811/1972, não se aplica a hora reduzida de 52 minutos e 30 segundos da CLT, art. 73, § 1º (Súmula TST nº 112).

17. esTaBeleCImenTos BanCárIosO trabalho noturno é permitido, em estabeleci-

mentos bancários, para a execução de tarefa perti-nente ao movimento de compensação de cheques ou à computação eletrônica, respeitado o disposto na CLT, art. 73, e as seguintes condições:

a) a designação para o trabalho noturno depen-de de concordância expressa do empregado;

b) veda-se o aproveitamento em outro horário do bancário que trabalhar no período da noite, bem como a utilização em tarefa noturna do bancário que trabalhar durante o dia, faculta-da, contudo, a adoção de horário misto, con-forme dispõe a CLT, art. 73, § 4º; e

c) o trabalho após as 22 horas é realizado em tur-nos especiais, não podendo ultrapassar 6 horas.

Outrossim, as citadas regras podem ser esten-didas, em casos especiais, à atividade bancária de outra natureza, mediante autorização do Ministro do Trabalho e Emprego (Decreto-lei nº 546, de 18.04.1969 - DOU de 22.04.1969).

18. formalIzação do pagamenToO adicional por trabalho noturno deve ser discri-

minado em recibo/folha de pagamento.

Lembra-se que o critério da utilização de impor-tância fixa ou de coeficiente que engloba as várias parcelas salariais ou remuneratórias a que o empre-gado tem direito acarreta a nulidade do ato, já que as mesmas devem ser devidamente discriminadas em recibo/folha de pagamento, evitando assim o chamado “salário complessivo”, repelido pela Justiça do Trabalho, conforme dispõe a Súmula TST nº 91.

19. enCargos soCIaIsSobre os valores pagos a título de adicional

noturno e horas extras normais ou noturnas, conforme o caso, incidem os encargos legais relativos à con-tribuição previdenciária, ao FGTS e ao Imposto de Renda Retido na Fonte.

20. penalIdadesO descumprimento do disposto na CLT, art. 73,

que trata do trabalho noturno e algumas de suas impli-cações trabalhistas, sujeita o infrator à multa de, no mínimo, 37,8285 e, no máximo, 3.782,8472 Unidades Fiscais de Referência (Ufir), aplicada segundo a natu-reza da infração, sua extensão e a intenção de quem a praticou. Essa multa é aplicada em dobro no caso de reincidência, oposição à fiscalização ou desacato à autoridade, conforme CLT, art. 75 combinado com a Portaria MTb nº 290/1997.

20.1 menoresConforme já mencionado anteriormente, é vedado

o trabalho do menor em horário noturno. Portanto, os infratores ficam sujeitos à multa de valor igual a 378,2847 Ufir, aplicada tantas vezes quantos forem os menores empregados em desacordo com a lei, não podendo a soma das multas exceder a 1.891,4236 Ufir, salvo no caso de reincidência, quando esse total poderá elevar-se ao dobro (CLT, art. 434, combinado com a Portaria MTb nº 290/1997).

(CLT, arts. 58, 59, 66, 67, 68, 69, 70 e 71, 73, 372 e 404; Constituição Federal/1988, art. 7º; Lei nº 5.889/1973, art. 7º; Lei nº 6.019/1974, art. 12, “e”; Decreto nº 73.841/1974, art. 19; Lei nº 605/1949; Decreto nº 27.048/1949, alterado pelo Decreto nº 7.421/2010; Decreto nº 8.166/2013; Portaria MTPS nº 417/1966)

N

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39-11Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Set/2014 - Fascículo 39 CT

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a IOB Setorial

TRanSPORTeS

Jornada de trabalho do motorista de caminhão

1. InTrodução

A jornada diária de trabalho do motorista profis-sional será a estabelecida na Constituição Federal (CF/1988), ou seja, até 8 horas diárias e 44 semanais, ou mediante instrumentos de acordos ou convenção coletiva de trabalho.

Será considerado como trabalho efetivo o tempo em que o motorista estiver à disposição do empre-gador, excluídos os intervalos para refeição, repouso, espera e descanso.

2. períodos de repouso

Serão assegurados ao motorista profissional os intervalos de repouso a seguir:

a) mínimo de 1 hora para refeição;b) repouso diário de 11 horas a cada 24 horas;c) descanso semanal de 35 horas.

2.1 fracionamento do período para refeição

Os intervalos para alimentação ou repouso (no mínimo 1 hora para jornada superior a 6 horas e 15 minutos para jornada inferior a 6 e superior a 4 horas) poderão ser fracionados quando compreendidos entre o término da primeira hora trabalhada e o início da última hora trabalhada, desde que previsto em con-venção ou acordo coletivo de trabalho, ante a natureza do serviço e em virtude das condições especiais do trabalho a que são submetidos estritamente os moto-ristas, os cobradores, a fiscalização de campo e afins nos serviços de operação de veículos rodoviários, os empregados no setor de transporte coletivo de passa-geiros, mantida a mesma remuneração e concedidos intervalos para descanso menores e fracionados ao final de cada viagem, não descontados da jornada.

3. horas exTraordInárIas

Admite-se a prorrogação da jornada de traba-lho por até 2 horas extraordinárias, nos termos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), as quais serão pagas com o acréscimo estabelecido na

CF/1988 (50%) ou mediante instrumentos de acordos ou convenção coletiva de trabalho, se mais vantajoso.

4. TraBalho noTurno

A hora de trabalho noturno (realizado entre as 22h de um dia e as 5h do dia seguinte) terá duração de 52 minutos e 30 segundos e será remunerada com adicional mínimo de 20% sobre o valor da hora diurna.

5. Compensação de horas

O excesso de horas de trabalho realizado em um dia poderá ser compensado, pela correspondente diminuição em outro dia, se houver previsão em documento coletivo de trabalho, observadas as dis-posições da CLT.

6. Tempo de espera

São consideradas tempo de espera as horas que excederem à jornada normal de trabalho do motorista de transporte rodoviário de cargas que ficar aguardando para carga ou descarga do veículo no embarcador ou destinatário ou para fiscalização da mercadoria transportada em barreiras fiscais ou alfandegárias, não sendo computadas como horas extraordinárias.

As horas relativas ao período do tempo de espera serão indenizadas com base no salário-hora normal acrescido de 30%.

7. vIagens de longa dIsTânCIa

Nas viagens de longa distância, assim consi-deradas aquelas em que o motorista profissional permanece fora da base da empresa, matriz ou filial e de sua residência por mais de 24 horas, serão observados:

a) intervalo mínimo de 30 minutos para descanso a cada 4 horas de tempo ininterrupto de direção, podendo ser fracionados o tempo de direção e o de intervalo de descanso, desde que não com-pletadas as 4 horas ininterruptas de direção;

b) intervalo mínimo de 1 hora para refeição, po-dendo coincidir ou não com o intervalo de des-canso mencionado na letra “a”;

c) repouso diário do motorista obrigatoriamente com o veículo estacionado, podendo ser feito

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39-12 CT Manual de Procedimentos - Set/2014 - Fascículo 39 - Boletim IOB

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em cabine leito do veículo ou em alojamento do empregador, do contratante do transporte, do embarcador ou do destinatário ou em hotel, ressalvada a hipótese da direção em dupla de motoristas.

7.1 Transporte rodoviário de cargas de longa distância

Ao transporte rodoviário de cargas em longa distância, além do mencionado no item 7, serão apli-cadas regras conforme a especificidade da operação de transporte realizada.

Nas viagens com duração superior a uma semana, o descanso semanal será de 36 horas por semana trabalhada ou fração semanal trabalhada, e seu gozo ocorrerá no retorno do motorista à base (matriz ou filial) ou em seu domicílio, salvo se a empresa oferecer condições adequadas para o efetivo gozo do referido descanso.

É permitido o fracionamento do descanso sema-nal em 30 horas mais 6 horas a serem cumpridas na mesma semana e em continuidade de um período de repouso diário.

O motorista fora da base da empresa que ficar com o veículo parado por tempo superior à jornada normal de trabalho fica dispensado do serviço, exceto se for exigida permanência junto ao veículo, hipótese em que o tempo excedente à jornada será conside-rado de espera.

Nas viagens de longa distância e duração, nas operações de carga ou descarga e nas fiscalizações em barreiras fiscais ou aduaneira de fronteira, o tempo parado que exceder a jornada normal será computado como tempo de espera e será indenizado com base no salário hora normal acrescido de 30%.

7.2 dupla de motorista - Tempo de reserva

Nos casos em que o empregador adotar reveza-mento de motoristas trabalhando em dupla no mesmo veículo, o tempo que exceder a jornada normal de trabalho em que o motorista estiver em repouso no veículo em movimento será considerado tempo de reserva e será remunerado na razão de 30% da hora normal. Esta determinação também será aplicada ao transporte de passageiros de longa distância em regime de revezamento.

7.2.1 repouso mínimo com veículo estacionado

É garantido ao motorista que trabalha em regime de revezamento repouso diário mínimo de 6 horas

consecutivas fora do veículo em alojamento externo ou, se na cabine leito, com o veículo estacionado.

7.2.2 força maior

Em caso de força maior, devidamente compro-vado, a duração da jornada de trabalho do motorista profissional poderá ser elevada pelo tempo necessá-rio para sair da situação extraordinária e chegar a um local seguro ou ao seu destino.

7.2.3 períodos de repouso - permanência no veículo

Não será considerado como jornada de trabalho nem ensejará o pagamento de qualquer remuneração o período em que o motorista ou o ajudante ficarem espontaneamente no veículo usufruindo do intervalo de repouso diário ou durante o gozo de seus interva-los intrajornadas.

Nos casos em que o motorista tenha que acompa-nhar o veículo transportado por qualquer meio onde ele siga embarcado, e que a embarcação disponha de alojamento para gozo do intervalo de repouso diá-rio, esse tempo não será considerado como jornada de trabalho, a não ser o tempo restante, que será considerado de espera.

8. jornada 12 x 36

A convenção e o acordo coletivo de trabalho poderão prever jornada especial de 12 horas de trabalho por 36 horas de descanso para o trabalho do motorista, em razão da especificidade do trans-porte, de sazonalidade ou de característica que o justifique.

A Súmula TST nº 444 estabelece:

Jornadade trabalho. NORMA COLETIVA. LEI. Escala de 12 por 36. Validade. - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

É valida, em caráter excepcional, a jornada de doze horas de trabalho por trinta e seis de descanso, prevista em lei ou ajustada exclusivamente mediante acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de trabalho, assegurada a remuneração em dobro dos feriados trabalhados. O empregado não tem direito ao pagamento de adicional referente ao labor prestado na décima primeira e décima segunda horas.

(Lei nº 12.619/2012, art. 1º; Consolidação das Leis do Tra-balho - CLT, arts. 235-C, 235-D, 235-E e 235-F)

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a IOB Comenta

A perda da CNH e os efeitos no contrato de trabalho do motorista

Muitas empresas, especialmente as que têm por objeto social o transporte de cargas e/ou passageiros, enfrentam problemas financeiros e disciplinares oca-sionados pelas constantes multas que lhe são impostas pelo Poder Público em decorrência de descumprimento de regras de trânsito por parte de seus empregados motoristas, alguns dos quais chegam a perder ou ter a sua habilitação suspensa por conta do número de infrações ou da gravidade da infração cometida.

Nas situações em que a(s) multa(s) sofrida(s) ocasiona(m) a suspensão ou até mesmo a perda da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e, conse-quentemente, o motorista se vê legalmente impedido de dirigir, o empregador tem dúvidas acerca de qual tratamento trabalhista deve ser dispensado ao caso.

Para a solução da incerteza, convém analisarmos a legislação atinente ao tema. Assim, vejamos a seguir.

O empregado encontra-se obrigado a cumprir não só as determinações das cláusulas do próprio contrato de trabalho e do regulamento interno da empresa, às quais voluntariamente se obrigou, como também as imposições decorrentes da legislação geral, tais como as legislações trabalhista, civil, penal, eleitoral etc., cuja observância constitui imperativo legal, ou seja, independe da vontade do cidadão.

Algumas atividades profissionais e/ou contratuais decorrentes do vínculo empregatício devem ser exercidas fora do âmbito da empresa, como é o caso do motorista cujo trabalho ocorre em vias públicas, situação que o sujeita à observação, entre outras, das regras constantes do Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503/1997) e da legislação correlata.

A não observância, por parte do motorista, das regras da legislação de trânsito acarreta consequências no seu contrato de trabalho. A mais comum diz respeito aos descontos das multas sofridas na sua remuneração, os quais, para serem efetuados, necessitam observar os requisitos previstos no art. 462 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), ou seja, existência de acordo prévio (quando da contratação) possibilitando o desconto dos danos causados pelo empregado, ou, na comprovação do dolo do mesmo, sendo o desconto neste último caso efetuado independentemente de acordo.

Independentemente de serem ou não efetuados descontos relativos às multas sofridas na remuneração

do trabalhador em decorrência da sua não observân-cia à legislação do trânsito, o empregador pode, ainda, aplicar ao motorista faltoso punições disciplinares, tais como advertências escritas, suspensões e, até mesmo, culminar com a ruptura do contrato de trabalho por justo motivo se a aplicação reiterada das penalidades mais brandas não surtirem o efeito de fazer com que o trabalhador modifique o seu comportamento irregular.

Há situações, porém, em que a falta cometida é de tal gravidade que não se exige a sua repetição para a configuração da justa causa, por exemplo, dirigir embriagado ou fazer ultrapassagem em local proibido, provocando acidente que cause a morte de terceiros. Em qualquer dessas hipóteses a falta cometida autoriza a rescisão contratual por justo motivo, independentemente da existência de prévia penalidade de advertência ou suspensão na vida profissional do trabalhador.

Por tais razões, entende-se que, se o empregado foi contratado para exercer as funções de motorista (situação que exige do mesmo, por força da legislação de trânsito, ser portador da CNH devidamente atuali-zada e compatível com o trabalho a ser executado) e se, em virtude das infrações de trânsito por ele come-tidas, vem a perder ou ter suspensa a sua habilitação, tornando-se legalmente impedido de dirigir, portanto, de exercer a função para a qual foi contratado, estará a empresa autorizada a romper por justa causa, enquadrada na letra “e” do art. 482 da CLT (desídia), o contrato de trabalho até então mantido.

Esse entendimento se baseia no fato de que por desobediência do trabalhador às regras de trânsito, o mesmo se colocou em situação tal, que fez com que o Poder Público lhe retirasse provisória ou definitiva-mente a condição de exercer a sua profissão. Nessa situação, considerando que a perda da condição de trabalhar decorreu de ato de vontade do empregado, não é lícito obrigar o empregador a assumir o ônus de tais atitudes ilegais do seu empregado.

Apesar do entendimento mencionado, o emprega-dor deverá acautelar-se diante da ocorrência concreta da situação ora retratada, caso em que é aconselhável, por medida preventiva, consultar antecipadamente o Ministério do Trabalho e Emprego, bem como o sin-dicato da respectiva categoria profissional, e lembrar que caberá ao Poder Judiciário a decisão final da controvérsia, caso seja proposta ação nesse sentido.

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TRaBalhO nOTuRnO

Acordo e convenção coletiva

1) Na hipótese da nova convenção coletiva de tra-balho deixar de mencionar em cláusula a obrigatorie-dade de pagamento de adicional noturno superior a 20%, conforme disposição anterior, a empresa poderá reduzir referido percentual?

Sim. Uma vez que a empresa somente está obri-gada a pagar o adicional noturno superior à alíquota de 20% por previsão em convenção coletiva da cate-goria profissional.

Caso ocorra a supressão de cláusula em conven-ção coletiva posterior, cessa a obrigatoriedade do pagamento, sendo devido somente o percentual de acréscimo de 20%.

(Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, arts. 611 e 613)

Intervalo para repouso ou alimentação

2) Os empregados que trabalham no horário no-turno têm direito ao intervalo para repouso ou alimen-tação?

Sim. Em qualquer trabalho contínuo, seja no pe-ríodo diurno ou noturno, cuja duração exceda de 6 horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual deve ser, no mínimo, de 1 hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não deve exceder de 2 horas. Quando a duração do trabalho ultrapassar 4 horas, mas não exceder de 6 horas, é obrigatória a concessão de um intervalo de 15 minutos.

Vale ressaltar que o intervalo para repouso ou alimentação concedido no horário noturno não sofre qualquer redução temporal, ou seja, se o intervalo é de 1 hora, este tem duração normal de 60 minutos, e não de 52 minutos e 30 segundos, que corresponde a 1 hora de trabalho em horário noturno.

Lembramos que os intervalos para repouso ou alimentação não são computados na duração do trabalho.

Se o intervalo para repouso ou alimentação não for concedido pelo empregador, este ficará obrigado a remunerar o período correspondente com um acrés-

cimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remunera-ção da hora normal de trabalho.

(CLT, arts. 71 e 73)

Rural

3) No trabalho rural, qual é o período considerado como noturno e qual o percentual de acréscimo?

No âmbito rural, considera-se trabalho noturno o executado entre as 21h de um dia e as 5h do dia seguinte, na lavoura, e entre as 20h de um dia e as 4h do dia seguinte, na pecuária.

O percentual do adicional noturno é de 25% sobre a remuneração normal do empregado.

(Lei nº 5.889/1973, art. 7º)

Transferência de turno

4) A transferência do horário noturno para o diurno acarreta a perda do adicional noturno?

A Súmula nº 265 do TST consagra o entendimento de que a transferência do empregado do turno noturno para o período diurno de trabalho implica a perda do direito ao adicional noturno, posto que, nesse caso, não mais ocorreria o fato gerador do pagamento desse adicional que é a realização do trabalho em horário noturno.

Por outro lado, considerando que o art. 468 da CLT somente admite que as alterações contratuais ocorram por mútuo consentimento das partes e, ainda assim, desde que não acarretem prejuízo, direto ou indireto ao empregado, há entendimentos no sentido de que não poderia ocorrer a supressão do referido adicional.

Não obstante a divergência existente, e conside-rando que as Súmulas constituem uniformização de jurisprudência, predomina o entendimento, com o qual compartilhamos, de que a transferência de turno poderá ocorrer, inclusive com a perda do acréscimo salarial correspondente à supressão do adicional noturno.

(Súmula TST nº 265)

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