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6 6 INTRODUÇÃO A questão da evasão escolar, principalmente pelo déficit de aprendizagem das crianças das séries iniciais sempre foi alarmante. Inúmeros projetos sociais e educacionais promovidos por ONGS – organização não governamental e projetos no âmbito esportivo se proliferaram desde a década de 1980, na busca frenética de minimizar esta problemática. Estes projetos por não terem compromisso formativo nas questões pedagógicas, porém tendo-o no contexto geral da formação das crianças impactaram diretamente na cognição e formação desta prática. Esta pesquisa realizada no Programa Criança Futuro no Presente, que atende 100 crianças entre 06 a 12 anos da rede pública de ensino, sendo este na unidade da Legião da Boa Vontade, na cidade de Niterói – RJ, trabalha com a metodologia lúdica norteada pela Pedagogia do Afeto – do idealizador e educador Paiva Netto, que através desta prática resgata e valoriza a criação das crianças na formação intelectual, moral e espiritual de cada uma. A grande problemática que vemos na educação formal é falta de formação adequada dos profissionais envolvidos e o desinteresse, por esta razão das crianças que não se sentem envolvidas nas atividades programáticas. Através desta pesquisa buscamos indicadores pela arte como uma metodologia lúdica facilitando o aprendizado e, também na utilização de instrumento para o enfrentamento das desigualdades sociais e deficiências da escola, grandes vilãs de uma educação pobre, de uma natureza excludente e meramente quantitativa. Observamos pelas experiências apresentadas e testadas nos projetos trabalhados de forma transdiciplinar o quanto a arte facilita o processo ensino- aprendizagem, o quanto facilita a integração e inter e intrapessoal de todos os envolvidos colaborando de forma efetiva na socialização e na troca dos diferentes conhecimentos. As imagens concretas que se formam a partir dos fatos observados, da mensuração dos fatos abalizados, antes e depois do projeto dá-nos a confiança

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Page 1: INTRODUÇÃO Estes projetos por não terem compromisso ...convencionais, o grupo em roda discute as questões da ética, da cidadania, da solidariedade, do respeito mútuo, entre outros

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INTRODUÇÃO

A questão da evasão escolar, principalmente pelo déficit de

aprendizagem das crianças das séries iniciais sempre foi alarmante.

Inúmeros projetos sociais e educacionais promovidos por ONGS –

organização não governamental e projetos no âmbito esportivo se proliferaram

desde a década de 1980, na busca frenética de minimizar esta problemática.

Estes projetos por não terem compromisso formativo nas questões

pedagógicas, porém tendo-o no contexto geral da formação das crianças

impactaram diretamente na cognição e formação desta prática.

Esta pesquisa realizada no Programa Criança Futuro no Presente, que

atende 100 crianças entre 06 a 12 anos da rede pública de ensino, sendo este

na unidade da Legião da Boa Vontade, na cidade de Niterói – RJ, trabalha com

a metodologia lúdica norteada pela Pedagogia do Afeto – do idealizador e

educador Paiva Netto, que através desta prática resgata e valoriza a criação

das crianças na formação intelectual, moral e espiritual de cada uma.

A grande problemática que vemos na educação formal é falta de

formação adequada dos profissionais envolvidos e o desinteresse, por esta

razão das crianças que não se sentem envolvidas nas atividades

programáticas.

Através desta pesquisa buscamos indicadores pela arte como uma

metodologia lúdica facilitando o aprendizado e, também na utilização de

instrumento para o enfrentamento das desigualdades sociais e deficiências da

escola, grandes vilãs de uma educação pobre, de uma natureza excludente e

meramente quantitativa.

Observamos pelas experiências apresentadas e testadas nos projetos

trabalhados de forma transdiciplinar o quanto a arte facilita o processo ensino-

aprendizagem, o quanto facilita a integração e inter e intrapessoal de todos os

envolvidos colaborando de forma efetiva na socialização e na troca dos

diferentes conhecimentos.

As imagens concretas que se formam a partir dos fatos observados, da

mensuração dos fatos abalizados, antes e depois do projeto dá-nos a confiança

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de uma educação qualitativa e aposta de uma sistematização científica

corroborando um caminho possível na construção da aprendizagem – a arte.

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CAPÍTULO I

A EDUCAÇÃO SOCIAL NO BRASIL

A pedagogia social é, pois, um conjunto de saberes, sejam teóricos, experiênciais..., descritivos ou normativos..., mas saberes que tratam de um objeto determinado. Este objeto (objeto material, neste caso) é o que chamamos educação social. Romans (2003) A Educação Popular surge como alternativa político-pedagógica para se confrontar com os projetos educacionais estatais que não representavam os interesses populares, ou que até se encaminhavam para negá-los. Gaciani, 2005

Na educação formal os conteúdos programáticos é o foco para a

aprendizagem, e, isso dificulta às vezes, por parte do educador, um olhar

diferenciado no aluno, pelo compromisso da tarefa, dificultando muito o seu

desenvolvimento integral.

A educação social aparece como o paradigma que, contribui para que de

forma diversificada, e aqui podemos incluir o lúdico, estes conteúdos se tornem

mais prazerosos e amenos.

A primeira característica na educação social são à disposição das

carteiras em sala, elas não devem ficar em “fileiras”, (ou nem te-las), pois os

educandos são mais que “cabeças e nucas”, eles são os Joãos..., Pedros...,

Jéssicas, etc.

Com esta prática o fomento do debate é um instrumento valioso na

conquista do conhecimento pleno. As riquezas dos saberes de cada um se

multiplicam com os do educador social interpretada e analisado como criação

da práxis humana objetiva. E, assim se dá a educação social.

A Alemanha é o berço da pedagogia social, os primeiros registros que se

têm notícias foram datados de 1850 e, o primeiro pedagogo a usar o termo

Pedagogia Social foi Friedrich Diesterweg.

O Brasil a partir de Pestalozzi disseminou a Pedagogia Social, que como

linha teórica trabalha para a adaptação de crianças e adolescentes ao meio

social, focando muito as pessoas com necessidades especiais.

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As necessidades cada vez mais prementes na sociedade foi exigindo

uma intervenção mais efetiva, e neste cenário a Pedagogia Social foi se

fortalecendo. Os excluídos não eram mais, apenas os portadores de

necessidades especiais, mas um número cada vez mais alarmante de cidadãos

como os analfabetos, crianças em situação de “empregabilidade” para

complementar a renda familiar, dependentes químicos, os que não se

adaptavam ao ensino escolar, etc.

Foi na década de 1980, que os movimentos sociais se articularam e a

luta pela democratização e oficialização dos direitos, esquecidos no período da

ditadura teve início. Com a organização destes movimentos a educação social

proliferou no País em grande escala. E, deu-se o advento das organizações

não governamentais e projetos sociais no desenvolvimento de ações que visem

à sociabilidade dos sujeitos.

Neste contexto destacaram-se, por exemplo, o Centro Popular de

Cultura e Desenvolvimento – CPCD, com projetos onde a pedagogia social se

apresenta de forma interdisciplinar, despertando o interesse das crianças

através da música, do teatro, do brincar. Um dos projetos do Centro “Ser

Criança” aborda a metodologia da pedagogia da Roda, que debaixo de um pé

de manga, descaracterizando a aprendizagem apenas pelos meios

convencionais, o grupo em roda discute as questões da ética, da cidadania, da

solidariedade, do respeito mútuo, entre outros. Promovendo o exercício

permanente do diálogo, a roda propicia o ouvir e o falar.

Outro projeto que se destaca neste contexto, e, que é alvo de estudo

deste trabalho é o Programa Criança Futuro no Presente da Legião da Boa

Vontade - LBV, 58 anos de trabalho em prol de uma educação que fomenta

acima de tudo o despertar das potencialidades do sujeito, empoderando-o dos

conhecimentos necessários para sua autonomia. A metodologia pedagógica do

projeto é o lúdico e a proposta pedagógica da LBV é a Pedagogia do Cidadão

Ecumênico – A Pedagogia do Afeto, seu idealizador é o Educador Paiva Netto,

presidente da organização, que acredita e defende uma educação de

qualidade, em que todos podem ter acesso.

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Preconiza Paiva Netto: Sem educação e instrução não há progresso.

Todavia, educar e instruir não são apenas ensinar a ler, a mergulhar nos livros.

Trata-se, acima de tudo, de iluminar a inteligência para as funções harmônicas

do cidadão na sociedade (...).

Isso somente será conseguido quando as criaturas souberem ver além

do intelecto, com os olhos do Espírito.

O eixo norteador da pedagogia do afeto, conforme o define seu

idealizador, é a espiritualidade ecumênica, na soma da bagagem espiritual +

bagagem intelectual = evolução/crescimento da sociedade, para a Pedagogia

do Cidadão Ecumênico a busca pelo crescimento deve partir do individual,

necessita ser compartilhada, e após, volta para o indivíduo, que a internaliza.

A metodologia trabalhada nesta pedagogia é o MAPREI – Método de

Aprendizagem por Pesquisa Racional, Emocional e Intuitiva, que tem como

objetivo desenvolver nas crianças as habilidades investigativas, racionais e

intuitivas, por meio do incentivo à pesquisa e aprofundamento de temas, que

visam à construção do conhecimento.

No caso do programa Criança Futuro no Presente especificamente, o

objetivo é trabalhar através das diversas oficinas propostas pelo projeto o

desenvolvimento cognitivo da criança, onde através do lúdico, ela consiga seu

desenvolvimento integral, visando sua autonomia e seu protagonismo social.

Como afirma Graciani, 2005: Há dois pressupostos essenciais sem os

quais essa almejada ação não poderá ocorrer. Na verdade a metodologia da

práxis nos permite olhar o educando não como uma abstração (seja ele o

analfabeto, o trabalhador, ou menino (a) de rua), mas sim no concreto da sua

existência histórica, que contém um acervo de experiências, valores, medos,

expectativas e conhecimentos que eles trazem para o contexto educativo.

1.1 A Formação do Educador Social Afirma Romans:

O perfil profissional e as competências que os educadores sociais necessitam estão se tornando claros à medida que vão se definindo as funções de ditos profissionais por meio da difusão de estudos sobre o tema, da especificação de tarefas

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que as Administrações Públicas fazem dos mesmos, das contribuições provenientes das associações que trabalham no campo do social e da reflexão que os próprios educadores realizam sobre a prática.

O papel principal deste profissional é mediar através de uma linguagem

prazerosa a aprendizagem, facilitando o conhecimento das crianças.

Para Vygotsky, a relação dos seres humanos com o mundo não se dá

de forma direta, mas mediada. E, neste particular o papel do educador social é

fundamental.

Fazemos todo o esforço para socorrer as crianças, instruí-las,

conseqüentemente livrá-las do perigo da ignorância, de maneira que possam

tornar-se adultas equilibradas, e o mesmo fazemos com as moças e rapazes.

Por isso, esses que são responsáveis por eles têm de estar sob

acompanhamento e em capacitação continuada, mas sem esquecer o grande

diferencial dos nossos empreendimentos de Boa Vontade, que é o Cristo de

Deus, visto de maneira assectária, libertária, acima de grilhões, de

patrulhamentos humanos de qualquer natureza (PAIVA NETTO,1999).

Há uma relação entre a alegria necessária à atividade educativa e a

esperança. A esperança de que professor e alunos juntos podemos aprender,

ensinar, inquietar-nos, produzir e juntos igualmente resistir aos obstáculos a

nossa alegria. Na verdade, do ponto de vista da Natureza humana, a

esperança não é algo que a ela se justaponha. A esperança faz parte da

natureza humana. Seria uma contradição se, inacabado e consciente do

inacabamento, primeiro, o ser humano não se inscrevesse ou não se achasse

predisposto a participar de um movimento constante de busca, segundo, se

buscasse sem esperança. (Freire, 1996)

“O contexto educacional é território de produção e de utilização do saber, de modo que a teoria e a prática são mutuamente impregnadas uma da outra” (ESTEBAN, 2006). Na educação social vemos uma outra oportunidade, esta dinâmica e com ações fundamentadas, neste caso, na prática cognitiva, sem, contudo ser coercitiva de uma educação bancária (Freire) mais sim dar significado à teoria na prática do cotidiano.

“Como professor não me é possível ajudar o educando a superar sua ignorância se não supero permanentemente a minha” (FREIRE, 1996). A capacitação continuada do educador

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é fundamental, ele não “precisa” saber tudo, mas deve buscar saber, pois como mediador precisa levar à criança a esta busca, contribuindo para sua autonomia e crescimento pessoal.

Ele também tem suas angústias e dificuldades, ele também é ser

humano! Mas diante das crianças esses fatores são irrelevantes para tornarem-

se socialmente coerentes às buscas de ambos, pois há uma troca, tanto a

criança quanto o educador estão historicamente ligados no contexto da

educação social e compartilham o conhecimento que vai mudando suas

histórias de vida.

Pensamos que assim direcionando seus trabalhos observando o grau de

maturidade da criança desenvolvendo ações pedagógicas mais diversificadas

para atingir a todos estes conteúdos reporta-nos a educação formal, o

professor necessita olhar holisticamente para evitar criar um “circulo na sala” e

colocar dentro dele, somente aqueles que lhe interessar, isolando os demais,

ao usar esta forma criativa de educar, o educador social impactará diretamente

no aprendizado da criança para a vida.

Como na afirmação de Graciani, 2005:

A ação educativa nesse âmbito constitui-se num processo de criação e recriação do conhecimento que parte de uma determinada teoria dialética do conhecimento, pois parte da prática, teoriza sobre ela e volta à prática para transformá-la, ou seja, parte do concreto realiza um processo de abstração e regressa ao concreto, num movimento reflexivo crítico e sistematizador = ação/reflexão/ação. Essa abstração busca penetrar nas raízes da realidade concreta, descobrir seu movimento interno, suas causas e suas leis, buscando desvelar suas contradições, para lucidamente poder transformá-la.

Como aponta A. Martinez (1995, p.28), “a profissão de Educador Social

exige não apenas uma preparação ampla, flexível e plural, como algumas

características pessoais específicas que tornem possível o desempenho deste

complexo papel. Sua formação deverá articular a polivalência necessária pra

assumir diversas funções e papéis, além da necessária especialização exigida

pelas diversas áreas de atuação”, neste sentido completa Romans: E de todas

aquelas atitudes, que, no exercício de sua profissão, devem ser

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potencializadoras de seu desenvolvimento e do das pessoas com as quais

trabalham e para as quais trabalham.

1.2 Despertando potencialidades através da arte educação A esta reflexão cabe-nos então uma articulação política mais arrojada e

menos conceitual deste momento vivido pela educação brasileira, no sentido

de buscar caminhos mais eficazes para o estabelecimento de uma educação

de qualidade. Há uma pedagogia indiscutível na materialidade do espaço

(FREIRE, 1996).

E diante desse estado de coisas, vem à mente um trecho do poema

Liberdade de Fernando Pessoa. Trecho este já presente no senso comum do

povo e que precisa ser imediatamente erradicado através de um trabalho mais

critico na área educacional. Eis a fotografia da atitude de um aluno frente à

educação: “Estudar é uma coisa em que está indistinta a distinção entre nada e

coisa nenhuma” (EZEQUIEL, 1948).

A educação social através das múltiplas formas de educar facilita a

percepção de educadores e educandos. Quando a criança brinca, o riso se

mistura com a descoberta do saber, a alegria rodopia suas asas na imaginação

criativa, o cantar se entrelaça com a aprendizagem de sinais, o jogo introduz a

aprendizagem de regras, o respeito, a amizade, enfim... A aprendizagem torna-

se colorida e prazerosa.

Ao despertar suas potencialidades a criança se torna autônoma e capaz.

Quando ela consegue ler um livro, por exemplo, fazer um desenho ou uma

pintura, quando ela percebe e se percebe através da música, do teatro, do

brincar dá-se o seu desenvolvimento de forma integral.

Afirma Liebmann, 2000: É notório que o jogo infantil está ligado ao

aprendizado da linguagem e de outras habilidades cognitivas, bem como a

pratica das regras social.

Os jogos facilitam a socialização e a interação entre os grupos, às

crianças apreendem brincando regras de condutas sociais, além da

disseminação dos conflitos naturais que as envolvem. Através de um simples

jogo, onde seja focado, por exemplo, as dificuldades na matemática,

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“brincando” a criança assimila melhor o conteúdo, assegurando um

aprendizado sem traumas.

Para Liebmann, 2000: “Ao representar simbolicamente uma experiência difícil, revivendo-a e, talvez, mudando o seu desenlace, uma criança se torna mais capaz de lidar com ela na vida real”. E Graciani, 2005: “O objetivo estratégico de todo processo político-educativo é o desenvolvimento das capacidades e dos potenciais de cada educando/educador para sentir, pensar e agir de forma autônoma, crítica e criativa, no contexto dos grupos sociais em que vive. Essa é a essência da práxis, na perspectiva da Metodologia Dialética”.

Reportam-nos a Paulo Freire com a “materialidade dos espaços”, estes

espaços ocupados pela educação social podem representar as rupturas

deixadas ao longo da vida pela educação formal, que não “percebendo” que

esta materialidade à qual se referia a teoria freiriana na verdade era o próprio

educando/educador com suas deficiências e suas potencialidades prestes a

eclodir pela falta de criatividade como práxis dialética, conforme aponta a

escritora mencionada.

Afirma ainda Graciani, 2005: “Essa prática propicia a expansão da

consciência, a capacidade de abranger dimensões cada vez mais profundas e

complexas do universo, da natureza, da cultura, da história e do próprio ser

humano nesses contextos, como totalidade”. É o fomento da subjetividade do

ser. Sair do senso comum onde se situam, para abranger criticamente sua

condição de cidadão, conhecedor de seus direitos e deveres, posicionando-se

diante da própria existência humana.

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CAPÍTULO II

APLICABILIDADE DE PROJETOS SÓCIO-EDUCATIVOS

“Numa folha qualquer Eu desenho um sol amarelo, E com cinco ou seis retas É fácil fazer um castelo “... Vinícios de Moraes

Na afirmação de Edna Chagas Christo e Graça Maria Dias da Silva,

2005: Desenhar é dar asas à imaginação, é se soltar, é se envolver com o que

se tem para contar. Desenhamos quando observamos formas, quando as

alteramos e quando produzimos nossos próprios signos (...) É quando somos

criança ou quando nos permitimos soltar a criança que habita dentro de nós,

que desenhamos mais livremente e não censuramos o que produzimos.

O programa Criança Futuro no Presente da LBV, da cidade de Niterói

com sua linha metodológica voltada à ludicidade, trabalha a partir de oficinas

sócio educativas, com crianças da faixa etária de 6 a 12 anos

aproximadamente. O pré-requisito para que a criança participe do programa é

estar matriculada na rede pública de ensino.

O programa oferece através destas oficinas a arte do brincar como

forma de aprendizagem, e utiliza como ferramenta projetos educativos para

facilitar o aprender a aprender.

Neste particular, afirma Celso Antunes, 2001: Os projetos viabilizam com

intensidade invulgar o uso das múltiplas inteligências e, dessa maneira, as

crianças podem se organizar para, conhecendo melhor suas aptidões,

expressar os resultados de suas investigações através de:

•••• Inteligência lingüística – com textos, manchetes, trovas,

anagramas, jogos de palavras, slogans, poemas e muitas outras formas de

expressão;

•••• Inteligência lógico-matemática – com gráficos, médias,

proporções, estatísticas, formas geométricas, equações e outros;

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•••• Inteligência espacial – com desenhos, gravuras, pinturas, mapas

pesquisados, mapas construídos pelas crianças, legendas criativas, jogos de

telefone, teatros de sombras, cartas enigmáticas, painéis ilustrados e inúmeros

outros;

•••• Inteligência sonora ou musical – com paródias, fundos musicais,

“rappers” novas letras, seleção de mídias pesquisadas e gravadas e, outros;

•••• Inteligência cinestésico-corporal - com dramatização, danças

contextualizadas, jogos com mímicas, peças voltadas ao tema e montadas

pelas crianças e muitas outras;

•••• Inteligência naturalista – com colagens envolvendo animais e

plantas, associação entre os elementos do tema e o mundo animal ou vegetal,

pesquisas ambientais, associação e ecossistemas e outras formas;

•••• Inteligências pessoais (intrapessoal e interpessoal) – com

debates, ajudas solidárias entre membros do grupo, campanhas de apoio e

causas humanitárias resgate de valores da solidariedade, empatia, auto-

estima, combate, estereótipos, segregações e muitas mais.

Contribuindo com as afirmações do autor, das quais comprovamos a

veracidade pelo programa analisado, acrescentaria a inteligência sócio-politica,

que nos move para lutar contra as desigualdades.

Uma experiência interessante ocorrida no programa analisado, onde o

trabalho com projeto foi fundamental na confirmação destas múltiplas

inteligências (Celso Antunes) foi o projeto voltado à preservação da natureza.

Implementando maior qualidade nas ações do programa Criança Futuro

no Presente, foi construída uma quadra poliesportiva para as atividades de

esportes. No caminho da construção havia duas árvores gigantescas, as

crianças sempre ouviram pelas educadoras sociais a importância da

preservação da natureza e, no dizer do educador Paiva Netto: “A destruição da

natureza é a extinção da raça humana”. O que fazer? Ir contra os princípios

ecológicos difundidos pelo programa? Como as crianças ficariam? Onde a

verdade está escondida?

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Estas e outras indagações vieram à tona o que fazer para que as

crianças entendessem o processo? Neste contexto criou-se um projeto voltado

à consciência ecológica e a salvação do planeta, consistia da importância de

uma quadra de esporte, a qualidade do trabalho ficaria muito mais rica, no

entanto, não poderia simplesmente arrancar as árvores e ficar por isso mesmo.

Em parceria com a secretaria municipal de meio ambiente a Assistente

Social do programa, observando a culminância do projeto, viabilizaram locais

estratégicos na cidade para o plantio de 100 novas árvores, uma para cada

criança – o resultado foi uma cidade 100 vezes mais arborizada, crianças

ecologicamente corretas e uma bela quadra poliesportiva, oportunizando

práticas de relacionamento saudável em grupo e o esporte como forma de

sociabilidade.

Afirma Celso Antunes, 2001: Um verdadeiro projeto não se estrutura

sem o cumprimento de todas as suas fases. Ao analisarmos o projeto

mencionado pudemos observar estas fases, ou seja, definir o eixo central a ser

investigado, pelas crianças, pelas educadoras sociais e todos os envolvidos

pelo trabalho, o importante nesta fase, segundo o autor é que o tema deve

estar intimamente relacionado com a experiência diária das crianças.

Outra questão observada foi a co-relação com as disciplinas

programáticas, sempre em conformidade com a metodologia do programa.

O trabalho correspondia às indagações das crianças, pertinentes às

fases transcorridas sem, contudo desviar de seu eixo central vinha acrescido

da Arte, da Educação Física, da Matemática, da Ciência dos conceitos de

socialização e integração das crianças com todos os profissionais envolvidos

nas atividades, e, o que mais chamou a atenção: a conscientização ecológica,

tão importante à vida do nosso planeta.

As fases que se seguiram como o trabalho em si, na investigação direta

por meio de textos, visitas, entrevistas (...), para que desta forma as crianças

pudessem construir suas conclusões embasadas nas observações e reflexões

que o trabalho lhes proporcionava, e por fim a culminância com a

apresentação, onde fizeram uma peça de teatro para apresentarem ao grupo, o

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título da peça – Uma velha árvore, que se tornou jovem – criada e dramatizada

pelas próprias crianças, após, o plantio das novas árvores.

Neste particular, pondera Jorge Santos Martins, 2001:

A pedagogia investigativa deve substituir a pedagogia tradicional, que visa dar as coisas prontas ao aluno que ele as imite e dizer-lhe qual o caminho que deve seguir na procura do que não sabe, em vez de incentivá-lo a descobrir esse caminho com sua própria inteligência. E, ainda afirma o autor: O papel essencial do professor será orientar os alunos a buscar os caminhos e a produzir o conhecimento, dentro do seu contexto próprio, partindo do que já sabe, dos saberes do senso comum.

A Pedagogia do Cidadão Ecumênico – a pedagogia do afeto – norteia

todas as expressões do programa Criança Futuro no Presente, reflete este

ensinamento do educador Paiva Netto: “Aqui se estuda, formam-se cérebro e

coração”, exatamente porque contempla o saber que a criança traz em si,

bagagem do contexto familiar, comunitário, social e, acima de tudo do contexto

espiritual, pois na concepção da PCE a criança é um espírito eterno, por isso

traz o conhecimento adquirido na espiritualidade.

Como afirma seu idealizador: Paiva Netto:

“Sem Educação e Instrução não há progresso. Todavia, educar e instruir não é apenas ensinar a ler, a mergulhar nos livros. Trata-se, acima de tudo, de iluminar a inteligência para as funções harmônicas do cidadão na sociedade (...).Isso somente será conseguido quando as criaturas souberem ver além do intelecto, com os olhos do Espírito”.

Afirma, portanto, Graciani, 2005: A educação Popular, com característica

libertadora, vai emancipando casa vez mais o sujeito, e sua possibilidade de

elaboração e construção de conhecimento, por meio do pensamento. Pensa a

sua prática, o seu saber, individual e coletivo, aprende o que foi teorizado por

outros pensadores, que escrevem sobre o seu pensamento, por meio de

artigos, livros e teses. De posse de suas elaborações e outras teorias, pode

comparar associar, problematizar, questionar pontos convergentes e

divergentes, contraditórios ou antagônicos entre os diferentes saberes, visando

confirmá-los, verificá-los ou utilizá-los em circunstâncias variadas da vida.

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Assim a criança sai do senso comum para um pensar mais crítico das

suas próprias elaborações criativas.

2.1 A arte facilitando o aprendizado

Afirma Edna Chagas Christo, 2005:

É possível tocar a tridimensionalidade com atividades de cortar, colar e dobrar, e são muitos os materiais que a elas se prestam, mas o primeiro que nos vem à mente é o papel. Quando nos envolvemos com papéis, percebemos logo que este é um material rico em possibilidades; pode ser dobrado, cortado, rasgado, amassado, pintado, molhado, colado, esfarelado, e mais... Ele é um material fascinante, oferecido nas mais diferentes texturas e qualidades. É impossível imaginar o nosso mundo sem ele: livros, cadernos, blocos, jornais, embalagens, cartazes, objetos de arte e muito mais. Este é um material extremamente rico, que provoca a imaginação e emociona.

Estas práticas estão no cotidiano do programa em estudo, as

experiências, o empoderamento de novas técnicas facilitando a cognição dos

educandos.

O uso deste e outros materiais enriquecem o desenvolvimento das

atividades, pois há uma tendência natural para o autodesenvolvimento

promovida por atividades de arte que instigam à criatividade.

O trabalho no programa é direcionado através de grupos, pois a prática

orienta o educador e socializa o conhecimento.

Como afirma Marian Liebmann, 2000:

Todos podem ingressar no grupo ao mesmo tempo, não importa em que nível esteja. O processo desenvolvido é importante e um simples rabisco pode representar uma contribuição tão importante quanto um desenho inteiro e acabado.

Desta forma a criança se solta mais, ela libera sua autoconfiança e

aprimora suas práticas educativas. O papel da Educação Social neste contexto

é fundamental, pois respeitando os diferentes estágios de conhecimento das

crianças o educador social desperta nelas a valorização pela educação.

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As crianças do programa criança futuro no presente, da LBV, após cada

atividade artística, analisam os trabalhos e socializam as experiências vividas

entre si.

Na afirmação de Jorge Santos Martins, 2001:

Pode-se afirmar que o conhecimento surge no homem quando ele começa a se relacionar com o mundo, mais precisamente quando ele nasce e entra em contato com as coisas que o cercam, assimilando-as e podendo aos poucos, falar delas.

E, neste contexto a arte tem um papel significativo, ela promove através

dos grupos de trabalho a interação e a observação, e desta forma todos

aprendem entre si, inclusive o educador social.

Afirma ainda o autor: Esse relacionamento do homem com o mundo

consigo mesmo, ou com o transcendental chama-se conhecimento, isto é,

ciência, pois é ele que faz o homem “saber”, ter consciência das coisas.

É o que falta na educação formal, pois a cobrança mecanizada do

conhecimento distância a criança desta relação entre si e o próprio

conhecimento. Na verdade limita-a em apenas conteúdos, esquecendo-se que

ela esta impregnada na materialidade das coisas no envolvimento e

relacionamento interpessoal.

Se expressa ainda Jorge Santos Martins, 2001:

O conhecimento empírico ou popular, como é chamado, é o saber espontâneo, prático, superficial, que baseia suas explicações na experiência e nas coisas da vida diária, no senso comum. É o conhecimento que não segue nenhuma forma sistemática ou organizacional preestabelecida, pois é obtida por acaso, pelas tentativas de acertos e de erros e pela tradição, sem explicar nem compreender as leis que regem os fenômenos.

Na educação social o conhecimento se processa desta forma

“brincando” as crianças vão se apoderando do saber – informalmente elas

apreendem para os bancos escolares, mas, além disto, para a vida.

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2.2 O “brincar” como uma nova descoberta

A educadora social realizou uma atividade onde a proposta foi à

experiência extraída do livro de Marian Liebmann, 2000, pág 184: Auto-retrato:

“Faça um retrato de si mesmo, utilizando pastel, tinta ou argila; assegure-se de

que os detalhes estejam corretos”.

Foi uma experiência fantástica, as crianças ao se desenharem iam se

descobrindo, mas a imaginação foi muito criativa, pois algumas desenhavam

barco, casa, árvore e outros objetos na tentativa de buscar no abstrato a sua

própria realidade.

Ainda buscando a orientação da autora para esta atividade, ela diz:

“Assegure-se de que os detalhes estejam corretos”

A criança que desenha um barco, para se auto retratar, por exemplo,

qual a expressão que quer apresentar? Após a atividade realizada, na roda de

conversa ela disse que desenhou o barco, pois se sentiu livre para buscar a si

mesma, e o próprio conhecimento no aspecto cultural e a sua importância

neste contexto.

Afirma Edna Chagas Christo, 2005:

Certamente é muito importante a pesquisa e experimentação de materiais adequados, mas, sobretudo, é preciso libertar-se de preconceitos, deixar-se envolver pela magia dessa atividade, olhar o mundo com um novo olhar e permitir tornar-se visível.

Nesta atividade a educadora social não havia direcionado o trabalho,

ofereceu os materiais e apresentou a proposta e, de uma simples “brincadeira”

ela despertou o autoconhecimento das crianças e sua identidade com o

mundo.

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CAPITULO III

UTILIZANDO A ARTETERAPIA COMO MÉTODO DE ENSINO E

APRENDIZAGEM

“A arte é a expressão mais pura que há para a demonstração

do inconsciente de cada um. É a liberdade de expressão, é

sensibilidade, criatividade, é vida”. (Jung,1920)

Afirma Ângela Philippinni, 2007:

A arteterapia com seu campo de conhecimento transdiciplinar encontra-se no entrecruzamento epistemológico das artes visuais, psicologia, antropologia, literatura, dança, consciência corporal, música e tradições sapienciais pelo do estudo das narrativas contidas nos mitos, contos e compreensão dos ritos. O processo deriva de um saber construído por uma bela, diversificada e colorida trama, que desafia o Imaginário, fortalece o processo criativo e amplia possibilidades de comunicação e expressão.

E com esta Transdiciplinaridade a criança é estimulada a buscar sua

autonomia plena na formação do Cidadão consciente de seus deveres e

direitos, pois, através das artes se estabelecem critérios de responsabilidade e

respeito mútuo observando as múltiplas possibilidades do conhecimento.

Neste contexto afirma ainda a autora: Sempre será necessário abrir os

olhos da imaginação, do fantástico, do magnífico, da arte, da cultura, e fechar

os olhos do receio, da vergonha, da incapacidade, do preconceito.

Toda criança é potencialmente capaz, no momento das descobertas a

educadora deve conduzi-la, empoderá-la da autoconfiança e, a arteterapia

pode contribuir neste processo.

A arteterapia é um instrumento que auxilia o individuo, pois a partir do

momento que ele começa a observar a forma e senti-la, ele passa a entender-

se como individuo e, ao avaliar suas criações ele critica cada idéia, adiciona ou

subtrai coisas aqui e ali, dá novos formatos a outras, pesquisa e fundamenta

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cada uma das ideais produzidas, o individuo se torna mais critico e menos

alienado utilizando a arte como método de aprendizagem.

Afirma Ângela Philippini, 2007:

A transformação plástica por meio do trabalho com as mãos

funciona como um elo entre o mundo real e o mundo da

fantasia, entre consciente e inconsciente, que permite viajar

para dentro de si e resgatar o sentido de sua própria vida.

Resgatar o sentido da vida nos auxilia a valorizar e utilizar tudo

o que está à nossa volta.

Podemos acrescentar quando a autora afirma: (...) “Valorizar e utilizar

tudo o que está à nossa volta”, não apenas o prazer que a arte nos causa, mas

o enriquecimento individual e coletivo que representa no aprendizado das

crianças. O programa observado nos mostrou isso, as crianças, tanto quanto

as educadoras sociais apresentavam vasto conhecimento nos momentos de

criação artísticas, nos momentos dos contos, na representação e criticidade

dos seus papéis, e isso se dava pela leveza das exigências cobradas no

desenvolvimento das atividades, o que importava naqueles momentos era:

deixar a Imaginação dar significado às coisas e entrar no mundo do “faz de

conta” potencializando todos os recursos oferecidos.

Para esta prática, porém é necessária uma educadora criativa, que na

definição de Romans, 2003: O educador criativo, a quem também poderíamos

chamar “realista”, porque achamos que o realismo não é estranho a uma

atitude proativa. É um educador otimizador, quer dizer, aquele que apóia

alternativas inovadoras de melhora. Destaca-se por sua atitude construtiva e

otimista.

Sem dúvidas este profissional faz a diferença, contribuindo para o

desenvolvimento social e educacional das crianças.

Pontua Ângela Philippinni, 2007: Durante o processo de individuação

(Jung), muitas etapas são vivenciadas e percorridas. A energia psíquica, em

sua peculiar dinâmica, regride e progride, contrai e expande, transcende e

retrocede, estabelecendo uma verdadeira dança energética. O individuo sai em

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busca de seu próprio caminho e, assim, reconhece que o caminho é construído

durante a caminhada.

Fantástica visão e interpretação da busca do conhecimento e do

crescimento individual do sujeito, o educador social atuando como mediador no

processo ensino aprendizado deve utilizar esta ferramenta tão ampla que é a

arte para facilitar o desenvolvimento da criança e observar as lacunas entre

esta “dança energética” à qual se refere à autora para, entre um espaço e

outro, oferecer os recursos necessários ao seu desenvolvimento integral.

Arte diz respeito a modos de produção de si (como nos ocupamos

conosco). Produção de subjetividade e, a maneira como nos produzimos

promovemos afetividade, boas ou não tão boas assim, e neste contexto a

educadora social amplia sua atuação e de forma proativa, ou seja,

antecipando-se às necessidades criativas das crianças oferece os recursos

necessários à sua aprendizagem.

Afirma Ângela Philippinni, 2007:

O exercício da criatividade transforma o dia a dia comum em uma experiência quase sobrenatural, de modo que percebemos o potencial ilimitado que habita em cada ser humano, possibilitando a transcendência em situações limites de superar obstáculos aparentemente intransponíveis.

Assim, a educadora social contribuirá de forma criativa para otimizar o

processo ensino aprendizado, oferecendo iguais e reais condições às crianças

em seu desenvolvimento cognitivo.

3.1 - Experiências de sucesso com projetos sociais na escola

Conceitua Celso Antunes, 2001: Um projeto é, em verdade, uma

pesquisa ou uma investigação, mas desenvolvida em profundidade sobre um

tema ou um tópico que se acredita interessante conhecer.

O programa Criança futuro no presente, da LBV, realiza através das

oficinas elaboradas pela metodologia lúdica o desenvolvimento de ações por

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projetos, através de temas transversais buscando contribuir para uma

avaliação ampla da criança.

Afirma Jorge Santos Martins, 2001:

Os projetos de trabalho escolar, quando bem organizados e implementados a partir de temas básicos selecionados, podem atingir resultados surpreendentes, como: ensinar, de maneira prática a utilização de métodos simples de pesquisa; conseguir a interdisciplinaridade de conteúdos com mais facilidade, desenvolver temas extraclasses que ampliarão os conteúdos curriculares e a formação educativa das tarefas pedagógicas.

Um exemplo desta conceituação do autor é observado nas várias

oficinas trabalhadas no programa, onde perpassam os diversos saberes

desenvolvidos nos projetos executados, a “Oficina dos Arteiros”, onde as

crianças são estimuladas à criação, é um bom exemplo, elas são despertadas

em suas buscas através da criatividade, nos momentos de criação este saber

transforma-se em prática dialética contribuindo para o desenvolvimento de

cada uma.

Pontua Jorge Santos Martins, 2001:

A pedagogia moderna, preocupada com os problemas educacionais que surgem dia-a-dia, direciona-se cada vez mais para a preparação do aluno como cidadão consciente de si mesmo e útil à sociedade, e para tanto procura implantar atividades didáticas voltadas para o aluno no seu meio ambiente.

O paradigma apresentado é observado na prática do programa

analisado, pois oferece à criança a oportunidade de pesquisar e encontrar suas

próprias “respostas” durante as atividades nos projetos organizados. É de

suma importância trabalhar com a criança as questões sociais e relacioná-las

ao cotidiano escolar, promovendo a reflexão e a auto-reflexão no

desenvolvimento abrangente de todos os envolvidos no processo.

Afirma ainda Jorge Santos Martins, 2001: Contudo, é bom dizer mais

uma vez que esse instrumento pedagógico de trabalho (projetos) não deve ser

utilizado como mais uma novidade, nem deve ser considerado como um

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modismo para motivar os alunos, sem que o professor esteja devidamente

preparado para aplicá-lo a fim de atuar como condutor do aluno na descoberta

dos conhecimentos científicos por este último adquiridos, e não como receptor

passivo de conhecimentos prontos e encaixotados, como tradicionalmente

acontecia.

O educador, desta maneira, capacitado contribuirá no desenvolvimento

da criança e no seu próprio, fazendo toda a diferença na educação formal.

É como afirma Paulo Freire, 1996: Saber que ensinar não é transferir

conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou sua

construção.

E o projeto no âmbito escolar favorece esta transferência, pois a criança

vai ao encontro do seu próprio conhecimento, somando-o aos demais e

enriquecendo a prática educativa.

Ainda afirma Paulo Freire, 1996:

Quando entro em uma sala de aula devo estar sendo um ser aberto a indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos, as suas inibições; um ser crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho – a de ensinar e não a de transferir conhecimento.

Para esta práxis é necessário que o educador se despoje da formalidade

educativa, é preciso que ele se envolva com o processo, se apaixone de fato

pela arte extraordinária do Educar, e acima de tudo perceba que seu aluno não

é apenas um número enfileirado na sala de aula. Ele é mais, é um ser completo

em evolução e que, diante da Pedagogia do Cidadão Ecumênico, aqui exposta

através do programa dimensionado ele é também um ser espiritual, trazendo,

portanto em sua bagagem todo conhecimento experimentado e, que deve ser

considerado sempre pelo professor.

Celso Antunes, 2001 afirma:

Na instrução sistemática explora-se a potencialidade no desenvolvimento da aprendizagem significativa. Quando trabalhamos com Projetos no âmbito escolar, transformamos um aluno em um descobridor de significações nas aprendizagens práticas. Ele afirma mais (...),não queremos

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afirmar que a prática de Projetos possa ser a solução, posto que para aproximar a escola da vida não existe uma, mas inúmeras soluções, múltiplos caminhos.

Porém acreditamos que utilizando um caminho mais palpável, como a

prática dos projetos educativos, alcançaremos com menos trauma os

resultados objetivados para a educação, pois estaremos estimulando as

múltiplas inteligências (Celso Antunes) das crianças na transformação

significativa das descobertas aferidas por elas.

3.2 - A Arteterapia na Educação Social

A arteterapia é um processo terapêutico que se utiliza de recursos

expressivos a fim de conectar os mundos internos e externos do individuo. É a

arte livre, utilizada junto com o processo terapêutico, isso a transforma em uma

técnica especial, e com esta prática as educadoras possibilitam a

transformação das crianças, contribuindo com a formação do senso critico das

mesmas.

Na arteterapia o pensamento tem forma, cor e linhas de acordo com os

sentimentos que expressamos, e os trabalhos realizados pelas crianças do

programa, apresentava-se rico em expressão, a liberdade com que eram

planejados e executados fazia toda a diferença no contexto pedagógico delas,

impactando diretamente nos resultados finais almejados por todos os

evolvidos.

Pontua Joanice Barbosa Parmigiani, 2007:

No universo da Educação não-formal, a arte apresenta-se como uma das estratégias pedagógicas, podendo ser utilizada como um meio de assimilação do mundo, um instrumento para conhecer e desvendar o conhecimento, por meio da sensibilidade e da estética, dimensões do desenvolvimento humano de grande importância para a plenitude da vida, nem sempre presentes na realidade da população de periferia, onde inexistem espaços de cultura e lazer, impedindo que o sujeito desenvolva essas capacidades.

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No desenvolvimento das diversas oficinas realizadas no programa

acompanhado, pudemos medir a veracidade desta conceituação da autora,

pois as crianças em grupo ou mesmo individualmente descobriam suas

potencialidades, através da arte deixando aflorar a criatividade de forma

expansionista na adaptação dos conteúdos programáticos de cada uma.

Afirma Joanice Barbosa Parmigiani, 2007:

A arte tem papel efetivo na construção do individuo, pois possibilita o desenvolvimento do olhar que é capaz de perceber as nuances em tudo o que o cerca e o envolve, contribuindo para que possa se conhecer e perceber-se, para poder perceber o outro e transformar suas relações. Para isso, é necessário um exercício de autoconhecimento e de reflexão de suas próprias ações, e de como ocorre o desenvolvimento, abrindo caminhos para, o que podemos dizer como recomposição da personalidade mais sensível e humanizada.

Concomitantemente podemos afirmar que a criança apreende o

conhecimento de forma lúdica e espontânea, usando e abusando dos materiais

expressivos para cada atividade proposta, observando por si mesmas que

existem outras “verdades” e realidades além daquelas que as envolvem e, que

elas podem almejar, pois são capazes de conquistá-las, através da criatividade

e habilidades desenvolvidas.

Buscando exemplificação nas autoras Ângela Magda, Denise de Souza

e Monica Souza, 1999:

Concluímos então que é possível ensinar criatividade ou ensinar criativamente. A oportunidade surge a partir do desenvolvimento das habilidades do pensamento criativo; esse pensamento que diverge das normas, que é flexível, maleável, capaz de ver o novo no velho; que é fluente original e complexo. O como se manifesta por meio de programas, exercícios e técnicas existentes, testados e validados, que proporcionam amplos recursos para o desenvolvimento das habilidades criativas no contexto educacional, como também fora dele, no âmbito pessoal, familiar e terapêutico.

Afirma Joanice Barbosa Parmigiani, 2007: Distante do rigor burocrático

com que a escola formal está organizada, a Educação Não-Formal tem a seu

favor o sentido coletivo do trabalho educativo no qual todos os educadores são

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educadores de todos os educandos e os educandos são educandos de todos

os educadores, levando-os a trabalhar com um currículo formativo que traz

como objetivo maior educar para a sensibilidade, para a humanização do ser,

oportunizando ao educando desenvolver autonomia e o sentimento de

pertença, por meio do contato educador-educando-aprendizado.

Nesta mesma direção afirmam as autoras: Ângela Magda, Denise de

Souza e Monica Souza, 1999: Ensinar criativamente parece simples e divertido.

Exige que professores pais ou qualquer pessoa interessada nessa prática

sejam também pessoas criativas, que transformem seu material e seus

métodos em propostas criativas de ensino. É uma possibilidade de

transformarmos a tarefa de educar em algo prazeroso, capaz de modificar

alunos, pais, terapeutas, professores, pessoas em geral e o mundo em que

vivemos.

É como afirma o educador Paiva Netto, idealizador da Pedagogia do

Afeto: “Aqui se estuda, formam-se cérebro e coração”, referindo-se às unidades

socioeducacionais da LBV, pois é uma prática que alia sentimento, intelecto

com Espiritualidade, essa última como preconização diferenciada na arte de

educar, onde o importante é trazer a esta prática a essência da experiência,

ocupando todos os espaços na busca constante do conhecimento. E,

acreditamos que a arte, na sua expressão mais contundente representa uma

oportunidade interessante no desenvolvimento educacional das crianças. Foi o

que observamos no Programa Criança futuro no presente, por nós analisado.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

“Morrem as ideologias e envelhecem as filosofias. Mas os sonhos

permanecem. São eles o húmus que permite continuamente projetar

novas formas de convivência social e de relação para com a

natureza”. (Leonardo Boff, 2001)

Sonhar! É esta a expressão apaixonante do Programa Criança Futuro no

Presente, sonhar no sentido de acreditar na “possibilidade” de uma educação

eficaz, onde educadores e educandos são protagonistas desta Educação que

vê, através da arte um caminho possível para sua Reorganização Social.

E, este não é um sonho impossível de se realizar, basta que para isso

todos se envolvam e realmente acreditem, pois Educar é libertar e libertar-se,

se abrindo para as múltiplas possibilidades do desenvolvimento humano.

É sem dúvidas um grande desafio, valer-se da arte como forma de

cognição, mas o maior dos desafios, neste processo é inteirar pais,

professores, sociedade de que este é um caminho possível e, a criança pode

sim fortalecer seu currículo escolar nesta prática, e aliando também neste

processo a arteterapia, como uma expressão não verbal das produções do

inconsciente, quando realizamos um trabalho artístico, por exemplo, estamos

expressando nossos sentimentos, colocando na nossa produção toda a

subjetividade destes sentimentos, e desta forma nos abrindo para

aperfeiçoarmos nossos conhecimentos.

Todos os indicadores aqui experienciados, através deste projeto

consideraram as produções, os registros, textos, pesquisas, atividades lúdicas,

representações nas diversas linguagens; consideraram também o

envolvimento, o interesse e a participação nas propostas que foram

apresentadas.

Esta pesquisa mostrou-nos que trabalhando por meio da arte e,

aproveitando todas as expressões possíveis, na transformação do sujeito, não

só na fruição, mas também como fazedoras desta arte. A arte como

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empoderamento do belo, do possível, do consideravelmente formativo, pois

percebemos que as crianças apostam, acreditam mesmo no potencial

intrínseco em si mesmas, e que a arte faz despertar com toda força de sua

criação.

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTUNES, C. Um método para o ensino fundamental: O projeto. Petrópolis: Vozes, 2001. Artigo da Revista de Ciências da Educação, sob a coordenação do Programa de Mestrado em Educação sócio-comunitária. Ano IX- nº 17 – 2º semestre/2007. CHRISTO, E. Ch. & Silva, G.M.D. Criatividade em Arteterapia- Pintando e Desenhando, Recortando, Colando e Dobrando. Rio de Janeiro: Wak, 2005. ESTEBAN, Maria Teresa. O que sabe erra? Reflexões sobre avaliação e fracasso escolar. Rio de Janeiro: DP&A, 2006. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia – saberes necessários a pratica educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. GRACIANI, Maria Stela Silva. Pedagogia Social de Rua. São Paulo: Cortez, 2005. LIEBMANN, Marian. Exercícios de Arte para grupo: um manual de temas, jogos e exercícos. São Paulo: Summus, 2000. MARTINS, J.S. O trabalho com projetos de pesquisa – Do ensino fundamental ao ensino médio. Campinas, SP: Papirus, 2001. NETTO, J.P. Pedagogia do Cidadão Ecumênico – A Pedagogia do Afeto. São Paulo: Elevação, 1999. PHILIPPINI, Ângela (org.). Arteterapia: Métodos, Projetos e Pocesos. Rio de Janeiro: Wak, 2007. ROMANS, M, PETRUS, A & TRILLA, J. Trad. Ernani Rosa. Profissão: Educador Social. Porto Alegre: Artmed, 2008. SILVA, E. T. Os (des) caminhos da escola: traumatismos educacionais. São Paulo: Cortez, 1948. VIRGOLIM, A.M.R, FLEITH,D.S. & PEREIRA, M.S.N. TOC, TOC...plim, plim: Lidando com as emoções, brincando com o pensamento através da criatividade. Campinas, SP: Papirus, 1999. PARMEGIANI, J. B. A arte como possível caminho para a Re-Humanização do Ser.

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ANEXOS: Anexo I:

A ARTE NO EMPODERAMENTO COGNITIVO

PROGRAMA CRIANÇA FUTURO NO PRESENTE - NITERÓI

PROJETO CIDADANIA

Nome: CIDADANIA. VIVA A DEMOCRACIA!

Tema: Despertar da cidadania pelas eleições.

Autoras: Keila Castro e Tatiane Rangel

Duração: um mês.

Público Alvo: 100 Crianças do Programa Criança Futuro no Presente

JUSTIFICATIVA:

Nesta época em que as questões políticas andam tão corruptivas e os

direitos dos cidadãos dissociados da justiça e da igualdade, viemos por meio

deste projeto sublimar a cidadania como princípio para a garantia de leis que

regem o homem na sociedade, em seus direitos e deveres, assim como sua

autonomia para a escolha de futuros governantes, dispondo – se à

responsabilidade de boas ou más escolhas e as conseqüências das mesmas

para bens comuns a todos. Ora, se entendemos o clichê: “Nossas crianças são

o futuro do país”, como uma verdade relevante, nada mais sensato do que

prepara – las para este futuro, que na verdade já é nosso presente, e talvez

elas sejam as maiores prejudicadas.

OBJETIVO GERAL:

Sensibilizar as crianças para o pleno exercício da cidadania, numa

perspectiva de que este seja um hábito praticado cotidianamente,

compreendendo – o como participação social e política.

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OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

• Desenvolver senso crítico e poder de argumentação;

• Despertar a compreensão das crianças para seus direitos e deveres na

sociedade.

• Exercitar a capacidade de mobilização das crianças e o questionamento

sobre a realidade;

• Oportunizar o conhecimento e exercício da democracia;

• Proporcionar a percepção do voto consciente e suas conseqüências.

DESENVOLVIMENTO

ETAPA OBJETIVOS ESTRATÉGIAS

IDENTIFICAÇÃO

(8 DE SETEMBRO)

• Propiciar o reconhecimento de cargos

políticos e suas funções;

• Mobilizar as crianças para a inicialização da

cidadania, em participaçõ indispensável e

democrática..

• Conversa Informal; Criação de

Chapas para eleição de prefeito

e vereador do Centro

Comunitário (com regras);

• Lançamento de Candidaturas.

BUSCA INDIVIDUAL

DO CONHECIMENTO

(11 e 15 DE

SETEMBRO)

• Oportunizar o esclarecimento da

sociedade como um todo, pontuando as funções

do governo, de quem governa, e de quem é

governado.

• Pesquisa sobre os três

poderes;

• Pesquisa sobre os diversos

setores do poder público: sa

úde, educação, segurança,

cultura...

• Visita dos candidatos à

prefeitura ou Câmara de

vereadores.

SOCIALIZAÇÃO DO CONHECIMENTO

(18 E 22 DE SETEMBRO)

• Contextualizar • Palestra com membro da câmara

de vereadores;

• Exibição do Filme: “Os

Simpsons”

• Debate do filme com questões

políticas sobre, por exemplo,

abuso de peder do governo e o

papel dos cidadãos.

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PRODUÇÃO

(AO LONGO DO MÊS)

• Canalizar em produções artísticas o que foi

dividido entre a turma até então, em termos

de aprendizagem do assunto.

• Pesquisas na internet e jornais;

• Confecção de organogramas da

apresentação de políticos nos

governos federais, estaduais e

municipais;

• Confecção de cartazes, faixas,

botons, título eleitoral;

• Produção de discurso.

APRESENTAÇÃO

DE RESULTADOS

(29 DE SETEMBRO)

• Integrar Centro Comunitário, família e a

comunidade.

• Debates dos candidatos

com apresentação de

propostas.

CONCLUSÃO

INDIVIDUAL

(03 DE OUTUBRO)

• Internalizar as abordagens feitas ao longo

do projeto.

• Eleição simulada para

“prefeito e vereador” do

CCOE

• Apuração de votos.

Oficina dos Arteiros (Educadora social - Keila Castro)

Tema: CIDADANIA – VIVA A DEMOCRACIA

Justificativa: No mês onde todos estão envolvidos com a política, animados

em saber qual será o representante da nossa cidade e o que pode fazer para

melhorar, exploramos das crianças como forma de conhecimento e incentivá-

los a vivenciar uma outra realidade.

Objetivo: Estimular as crianças a aprender de um jeito divertido e simples

sobre a política brasileira.

Considerações: Apesar das outras terem sido muito satisfatórias, esta oficina

foi muito interessante, pois tratou com o máximo de realidade as questões

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políticas de maneira bem divertida pelas crianças, que tiveram plena disposição

em desenvolver as atividades.

Neste mês, com este projeto, nosso trabalho foi muito rico. Durante as

oficinas dos arteiros as crianças desenvolveram suas expressões artísticas e

confeccionando no decorrer do mês vários trabalhos lúdicos, onde foi exigida

mais coordenação motora, concentração e criatividade.

Fizemos cartazes com recortes e colagem para exposição no nosso

mural, utilizando jornais e revistas. Orientei as crianças pra que usassem a

criatividade, e muitas fizeram montagens entre desenhos e recortes.

Confeccionamos Artes com palitos de sorvete fizeram uma porta

retratos para os vereadores convidados presenteando com uma pequena

lembrança do nosso trabalho. Foram feitos com o mesmo material Porta-

recados com os nomes dos políticos mirins da LBV.

Com material de sucata fizemos diversos Cordões de copos coloridos para

fixar a foto dos nossos prefeitos e vereadores divulgando a campanha dos

candidatos pelas salas e corredores, representados pelas crianças.

O objetivo dessa atividade foi de aproveitar o material já consumido e

evitar sujar o próprio ambiente que usamos todos os dias e também ensiná-los

a furar, cortar, amarrar e colar de acordo com entendimento de cada um,

necessitando da ajuda à educadora entra como mediadora. Essa atividade

também foi aplicada aos maiores, pude observar que alguns tiveram

dificuldades em passar o barbante pelos dois buracos, feitos no fundo do copo

plástico com tesouras com tesouras, muitos necessitam desenvolver mais

trabalhos manuais, pois ainda sentem dificuldades em cortar na linha reta.

Dentro desta oficina confeccionamos o Correio elegante - material

utilizado foi: pedaço de papel colorido (papel silueta) papel pardo, cola, tesoura

e pedaço de folha branca. O objetivo desse trabalho foi de escrever uma

mensagem para o amigo, afinal estamos trabalhando eleição e iremos escolher

um colega do grupo, para representar as crianças do programa, daí, porque

não aproveitar a ocasião e sermos solidários em confortá-lo no momento em

que chegar o resultado final. Durante esta mesma atividade trabalhamos

quantidade reconhecer as cores primárias, pois precisavam saber quantos

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pedaços iriam montar o cartão todos os grupos participaram da mesma

atividade, muitos ainda tiveram dificuldades em quantidades e reconhecer

cores.

Nesta mesma oficina desenvolvi as diferenças sociais com o grupo B e

D. Temas: Menino de rua, Saúde, Escola, Família, Preconceito e Esporte etc...

Cada criança sorteou uma fixa cada uma de cores bem diferentes onde

trazia a imagem fotográfica.

O objetivo eram através das imagens os candidatos a Prefeitos mirins e

os vereadores iriam expor suas opiniões de que maneira poderiam tornar

aquela situação diferente caso fossem eleitos.

Público alvo: Funcionários do Centro comunitário e as crianças.

Foi uma agitação muito grande, porque todos queriam falar ao mesmo

tempo, mais alguns souberam aguardar a sua vez e se colocaram de maneira

bem consciente, amadurecidos, por terem a certeza de que precisamos muito

mais para melhorar a nossa política. Mas coloquei para eles, que hoje o nosso

país está precisando de pessoas com idéias novas e são os jovens de hoje que

vai mudar essa política, basta querer, mas para que isso aconteça precisamos

estudar para conquista dos nossos direitos.

Outra atividade aplicada com o grupo dos maiores foi o poder das

palavras que são bem sugestivas, como ex: FOGO lembra: - morte, dor,

destruição, bombeiro, vida, amor, luz etc. Cada criança recebeu uma cartela

colorida constando uma palavra: Pão, Sol, DEUS, Lágrima, Mãe, Mar, Noite,

Luz, Água e Amor. Depois apresentaram um pequeno teatro de fantoches o

que representava para eles o significado dessas palavras no seu dia-a-dia.

No início foi difícil, porque tiveram vergonha, mas sempre tem um grupo

que sobre saem mais do que os outros. Principalmente os mais falantes,

participativos, chegam ao objetivo do trabalho mais rápido. Mas temos alguns

com dificuldades de expressão, significando problemas emocionais onde não

conseguem devidos diversos bloqueios que existem em suas

vidas, necessitando de ajuda, para melhorar o seu desempenho. O objetivo foi

mostrar as expressões de cada um e suas limitações.

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Dentro da oficina dos arteiros tivemos a participação do TRE onde

conseguimos a cópia do original do título de eleitor, multiplicamos a cópia de

acordo com a quantidade de criança do programa, todos participaram do

preenchimento do documento, cada título teve a assinatura da criança e a

colocação do polegar direito, igualmente o verdadeiro. Muitos nunca haviam

visto um título. Mediante a seriedade desse projeto fomos abordadas por

algumas crianças do outro Projeto Segundo Tempo, achando que estávamos

fazendo documentos para todos, então expliquei o significado da simulação e a

importância de estarem cientes do valor do nosso voto em contribuição com a

sociedade. Confeccionamos a urna para colocação dos votos dos eleitores

mirins e os votos com os nomes dos candidatos.

Oficina Cultural – Educadora Social Tatiane

Tema: Cidadania

Justificativa: Em época de eleições, procuramos aproximar ao máximo

as crianças das questões política, orientando que elas são partes da sociedade

e cidadãs ativas, devendo reconhecer seus direitos e deveres, percebendo a

importância de suas ações para o bem estar próprio e de todos.

Objetivo: Contextualizar as questões políticas com as vidas de nossas

crianças, fazendo as perceberem como parte significante de uma sociedade.

LEGIÃO DA BOAVONTADE Centro Comunitário e Educacional da

LBV/ Niterói

ELEIÇÃO – 2008

Prefeito Vereador

Cláudio Thayani

Emanoel Thamires

Ramon Lucas

LEGIÃO DA BOAVONTADE Centro Comunitário e Educacional da

LBV/ Niterói

ELEIÇÃO – 2008

Prefeito Vereador

Amanda Adriano

André Thayná

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39 3

Considerações: Esta oficina foi muito construtiva, pois auxiliou de

diversas formas no conhecimento das crianças, esclarecendo dúvidas que

talvez nunca fossem supridas, colaborando desta forma para o início e

progresso da politização de nossos pequenos.

Para iniciar este projeto, com um tema tão complexo como este,

procuramos abordar sutilmente nossas crianças com uma conversa informal,

para discutirmos e sondarmos o que sabiam e entendiam sobre política e

cidadania. Elas comentaram muito sobre corrupção e percebemos que já

estavam atingidos de alguma forma com a realidade política do país.

Falamos sobre a candidatura de algumas crianças, para prefeito e

vereador mirins, e todos ficaram muito animados. Como seriam muitos

candidatos, tratamos que alguns seriam secretários dos candidatos, apoiando a

campanha e o que fosse preciso. Depois de escolhidos os candidatos, tratamos

de listar quais eram suas propostas para a melhoria do CCOE. Teve de tudo:

reforma do espaço, aulas de teatro, jiu – jitsu, capoeira, balé,pintura, corte e

costura, jogos novos, melhoramento do cardápio, uma lista infindável de

providências.

Orientamos os candidatos a chegarem junto da assistente social e da

gerente para que conseguissem parceria para cumprir o que prometeram,

estreitando desta forma, o convívio no Centro Comunitário.

Algumas propostas são possíveis, outras inviáveis, mas todas sendo

analisadas para que o “povo” não se decepcione. As crianças elaboraram

músicas para os candidatos, e muito criativamente fizeram “jingles”

interessantes, alguns exemplos:

“È o 12, o 12, é o Cláudio Júnior È o 12, o 12, é o Cláudio Júnior Se você quer ser feliz vote no Cláudio Júnior” “Vote certo, fique esperto, È o Lucas na cabeça, Vote certo, fique esperto Lucas Fonseca” “Bate na palma da mão Bate na palma da mão Bate na palma da mão A Amanda é do povão”

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Fizeram campanha pelo CCOE cantando os “jingles” e com as carinhas

pintadas com o número do seu candidato.

As crianças cobraram de nós panfletos pra distribuírem pelo CCOE, e

até tínhamos cogitado esta possibilidade nos planos do projeto, mas refletimos

sobre, e concluímos que este procedimento de campanha traz muitos

malefícios para qualquer espaço, poluindo lugares comuns a todos.

Até demos exemplo de um candidato à prefeitura do rio, que em

campanha na TV, fez à mesma observação, e chegou até agora ao segundo

turno, sem precisar fazer sujeira na cidade nem prejudicar os bueiros e

esgotos.

Fizemos um jogo, com o intuito de acrescentar informações relevantes

sobre este tema, como o papel do vereador, o nome do aparelho usado para o

registro de votos, o nome do documento usado para votar, etc... Mas antes de

começar a brincadeira, conversamos sobre tudo isso, mas de uma forma geral,

e o que foi surpreendente, todos participaram ativamente, com observações

importantes naquele momento. A turma foi dividida em dois grupos, A e B.

Numa sacola com as perguntas, cada integrante de uma vez sorteava uma. Foi

um alvoroço, um rebuliço, que com certeza ficou gravado em suas memórias.

Tivemos a visita de representantes parlamentares, dois candidatos a

vereadores da Câmara Municipal de Niterói, a Marcilene e o Dr. Salomão.

A Marcilene compareceu no período da manhã, e o Dr. Salomão à tarde,

respondendo às perguntas das crianças, que foram elaboradas em grupo,

sempre discutidas por todos para uma aproximação dos políticos e de suas

opiniões, observações e aspirações. As perguntas foram:

1. Porque você resolveu entrar na política? 2. Quais foram / serão suas providências durante seu mandato? 3. O que você acha que atrapalha o bom trabalho do vereador? 4. Para você, o que significa cidadania e democracia? 5. È verdade que político corrupto não vai preso? 6. O que falta nos políticos de hoje pra uma sociedade melhor? 7. Quanto ao povo, o que lê deve fazer para ajudar os políticos e apropria sociedade?

8. O povo tem acesso aos políticos? 9. Você acha possível o político cumprir tudo que promete? E você, cumpriu tudo que prometeu?

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Cada criança lia uma pergunta em voz alta. Todas foram respondidas

com diplomacia e clareza, indo de interesse de nossas crianças.

Elas agradeceram com uma porta - retrato com a foto de todas elas, e

cantaram um pique pra a despedida e agradecimento.

As crianças, com a mediação da educadora, fizeram poesias sobre

cidadania. Primeiramente foi lida uma poesia feita por uma adolescente, a título

de exemplo de capacidade, se ela conseguia, por que eles não? Cada criança

leu um pedaço, e depois discutimos sobre a mensagem que ela quis passar.

Logo após, conversamos sobre as características de uma poesia: frases curtas,

que rimam entre si, formando uma sonoridade à leitura. Alguns, muito

desmotivados, nem sequer se prontificaram a começar, diziam logo não saber.

Com estes, tivemos trabalho em estimular, a auto – estima baixa de nossas

crianças é fator muito preocupante. As que mostraram – se seguras e

animadas a fazerem, deixam mais à vontade, enquanto um trabalho “corpo – a

– corpo” teve de ser feito com os outros, para que saíssem da inércia e

produzissem algo. Isto aconteceu nas redações e cartazes também. Mas

obtivemos bons resultados, mesmo dos mais desanimados inicialmente, com

obras primas dignas de poetas consagrados:

CIDADANIA

Todo cidadão tem direito A dignidade e ao respeito Todo cidadão sabe, Que devemos votar com responsabilidade Devemos cobrar os nossos direitos Ao nosso prefeito eleito Devemos cobrar o prefeito E falar sobre os seus feitos Mas tem prefeitos Que roubam o nosso dinheiro E ainda não trabalham Pra ajudar os cidadãos que tanto batalham

Mas tem prefeitos Que são honestos e inteligentes Que não roubam e trapaceiam a gente Existem outros que não são inteligentes Que roubam, trapaceiam e acham que são competentes. Queremos um bom prefeito que ajude as crianças Que nos dê esperança E que nos faça uma grande mudança Queremos um prefeito que nos ajude Que tudo mude Que tenha atitude! Amanda Nunes Freitas

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Depois de ler esta poesia, temos certeza do trabalho cumprido, da

missão realizada, e que todas as adversidades valem à pena.

Vimos dois filmes para abordarmos este tema: “Os Simpsons” e

“Anastácia”. O primeiro com uma linguagem mais atual e quase nada

fantasiosa, tratou de falar da história do povo da cidade de SPRIGFIELD, que

poluiu um lago, prejudicando a vida dos moradores e da fauna ali existente. O

presidente, aconselhado por seu secretário, mandou que cobrissem a cidade

com uma redoma de vidro, para que a poluição não se espalhasse. Os

moradores da cidade fizeram de tudo para sair dela, e ao longo do filme, que é

baseado na comédia da família Simpson, muitos fatos acontecem de

engraçado, ainda com nuances de convivência em família e preocupação com

o próximo. Quase no final, de tanto insistir, a população consegue uma

rachadura no vidro, indicando que poderiam se livrar daquilo. O presidente

ciente disso mandou que apagassem do mapa a tal cidade, pois temia ser

processado e destituído do cargo caso o povo conseguissem mesmo sair. Mas

o “Homer Simpson” reconhece que deve ajudar e tira todos desta grande

confusão.

Depois do filme, fizemos um debate sobre como a política estava

envolvida nesta história, e quais os fatores que a fizeram acreditar nisto.

Falamos de abuso de poder, descaso com a população, irresponsabilidade...

Já no filme da Anastácia, a história contou a vida de uma princesa que

perdeu a memória, adotada por uma família com uma mãe má. Ao longo da

história ela vai se lembrando ser da realeza, mas também descobre que sua

família fora dizimada pelo governo da Rússia, que era monárquico. Ela

consegue escapar da família e do país, indo parar na Àustria com o príncipe de

lá.

Fizemos também um debate e com um paralelo entre os dois filmes:

Formas de governo república – monarquia, formas de ação de cada governo,

etc.

A assistente Social trouxe para as crianças um filme falando do estatuto

da Criança e do Adolescente “A torto e a direito”, animado com bonecos de

fantoches que tinham muitas dúvidas sobre como fazer valer os direitos das

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crianças, sendo esclarecidas por membros da educação e conselho tutelar.

Este filme veio acrescentar o nosso trabalho neste projeto, pois serviu como

fonte de informação para o conhecimento dos direitos básicos de nossas

crianças e a conscientização que todos eles devem ser cumpridos, iniciando

assim o exercício da cidadania. (Educadora Social Tatiane Rangel)

A maioria das dificuldades e intervenções foi citada nas oficinas acima.

Alguns itens do planejamento não puderam ser realizados, como a simulação

da urna eletrônica, pois o programador se disse carente dos recursos pra

efetuar um processo como este. Mas nada que dificultasse o desenvolvimento

do projeto.

Algumas questões em debate foram muito polêmicas, como a “Boca de

Urna”. Alguns de nossos alunos têm os pais trabalhando em eleições,

distribuindo panfletos e abanando bandeiras, e ficaram preocupados em saber

que poderiam ser presos por esta prática no dias mais próximos que

antecedem as eleições, e no próprio dia. Dissemos que todos precisam desta

ajuda no orçamento, e mal nenhum teria em trabalhar com isso, mas que

orientassem seus pais para que respeitassem o prazo das propagandas

eleitorais. Por outro lado, ficamos satisfeitos em contribuir para o bem estar

social da família de nossas crianças. Pois soubemos por uma delas que

orientou a mãe para não trabalhar no dia da eleição pelo risco de ser capturada

pelo TRE.

Outras questões estão envolvidas com o comportamento difícil de

algumas crianças, dificultando por vezes o bom desenvolvimento das

atividades. Com as famílias de algumas já tivemos contato, contanto com o

apoio da assistente social, que sempre solícita, nos ajuda no que é possível.

(Educadora Social Tatiane e Keila)

Oficina do Saber: (Educadoras Sociais Tatiane e Keila)

Na oficina do saber a prioridade é fazer o dever de casa, a participação

da educadora social é como mediadora, sempre incentivando a criança a

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chegar ao objetivo, assim já aplicado pela sua professora regente. A maioria

traz dever de casa, principalmente o grupo dos menores da manhã, embora

seja uma turma numerosa, mas cumprem com todas as propostas lançadas.

Nesta oficina abordei com uma conversa bem simples, porém

superficialmente o significado das palavras CIDADANIA E DEMOCRACIA, por

ser um tema explorado novo ao conhecimento das crianças.

Para falar de cidadania é preciso, primeiro falar um pouco sobre

democracia. Vamos ver que uma está intimamente vinculada à outra.

Muitas coisas podem ser feitas a partir de nossa iniciativa, mas a mais

importante é aquela que se torna realidade, a que se torna ação cidadã, ação

libertadora e democratizadora. Dando a idéia para as nossas crianças o que

faz a diferença e transforma o Brasil em um país mais justo e o mundo em um

mundo melhor é quando todos estão envolvidos num mesmo propósito.

Foi pensando neste sentido iniciei o projeto com um diálogo bem aberto

esclarecedor para chegar à realidade das crianças.

Neste momento, algumas palavras passam a ser usadas com grande

freqüência e, muitas vezes passamos a repeti-las mais vezes para ampliar a

compreensão sobre o que falamos e, principalmente, se soubermos que estas

idéias devem ter sobre a nossa vida, um peso maior sobre a vida de cada

criança e a verdadeira prática na política e o social. A democracia, a ordem

inclusiva e acolhedora do diferente, marcada por justiça social e participação, é

um rumo, uma opção, uma escolha.

Definido o rumo, vamos pensar na gente que caminha. Afinal, cada

época, cada processo histórico, cada forma específica de organização social,

econômica e política cria e é criada por atores sociais, ou sujeitos históricos

particulares, específicos, próprios. Os principais atores da democracia são os

cidadãos e as cidadãs. Articulados em torno de um projeto de sociedade, de

um conjunto de valores éticos, defendendo a constituição de direitos,

assumindo e fazendo cumprir deveres para com o bem comum, formam a

cidadania: a força da democracia.

Mas, a constituição da cidadania é, também, um processo que se realiza

na história. Assim sendo, traz as marcas do seu tempo, das limitações e das

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possibilidades inscritas nesta realidade, que mistura as mais diversas heranças

e está sob o impacto constante de forças e interesses contraditórios e

complexos. Justamente por isto, é preciso ter em mente que somos parte de

um processo que nos envolve e nos transcende, mas cujo desfecho não está

determinado. Nossa ação, nossas escolhas, nossa atuação contribui para

definir o rumo da história e o destino do país.

Estas afirmações devem nos levar a compreender a necessidade de

envolvimento com a ação solidária, com a ação política que transforma as

utopias em realidade. Não podemos ser simples eleitores, participar

ocasionalmente do 'mercado político'. Temos que na nossa casa, na escola, no

grupo da nossa igreja, incentivar e participar do debate sobre o país que

queremos. A partir daí, é preciso identificar perto de nós as iniciativas que

devem ser tomadas para isto. Podemos desenvolver ações locais de

solidariedade e ajuda social; podemos organizar debates e palestras; podemos

pesquisar a realidade de nosso país, saber como vivem e quais os desafios

que enfrentam nossos vizinhos; as pessoas do nosso bairro e, com elas, propor

ações visando melhorar as condições de vida. Daí mostra o verdadeiro sentido

do papel da sociedade onde todos nós juntos como populações devem

acompanhar o trabalho desenvolvido pelos políticos em geral, do Presidente da

República ao Prefeito e aos Vereadores que são eleitos pelo povo.

Falei do significado do Papel do Prefeito – como chefe do Executivo, é

papel do prefeito planejar, comandar, coordenar e controlar a administração

pública municipal. Além das funções administrativas, cabe ao prefeito atuar

politicamente em prol dos interesses da população diante de outras pessoas

que fazem os poderes Executivos e o Legislativo, bem como diante da

sociedade.

O papel do vereador – O vereador possui um papel fundamental no

município em que atua. Ele é o elo entre a população e o poder Legislativo e

seu papel é o de mostrar os problemas da comunidade e buscar providências

junto aos órgãos competentes. Cabe-lhe também fiscalizar as contas do Poder

Executivo Municipal, os atos do Prefeito, denunciando o que estiver ilegal ou

imoral. Portanto, o vereador é o fiscal do dinheiro público.

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Um bom Vereador deve ser independente, atuante, polêmico, e deve

sempre ter coragem de concordar com o que considerar certo e discordar do

que achar errado.

Daí a importância em conhecer os direitos e deveres; a violência infantil;

a discriminação; o respeito; o direito de ir e vir e que todos nós temos o direito

a escola e a saúde. Os nossos direitos começam pela escolha dos nossos

políticos. Usamos como recursos vários tipos de materiais com a XEROX para

ilustrar, usamos também recorte de revistas com várias pessoas cada um

sendo um personagem, anexados numa maquete, esse trabalho foi bem aceito

pelo grupo A e C, pois são menores e gostam de usar papel colorido, tesoura,

cola e trabalhar na rodinha na esteira. Com o correio elegante, confeccionamos

cartinhas para os vereadores visitantes, e para os Prefeitos e aos nossos

vereadores mirins do PCFP.

Eles fizeram uma redação com o seguinte tema: “O que você acha que o

prefeito e os vereadores poderiam fazer mais por você e por sua família?”

Antes de começarem a escrever, debatemos sobre o assunto e só depois as

crianças começaram a produção. Alguns têm muita dificuldade em até começar

a escrever, ou por desânimo ou por medo de errar. Os que se animam e

desenvolvem a atividade ainda conseguem se expressar, mas a maioria não

consegue dissociar a forma de falar com a de escrever, confundindo muitas

vezes fonemas simples.

Fizemos jogos de forca com nomes de animais e frutas, com a

expectativa de estimular a leitura, o raciocínio e a seqüência lógica. Essa é

uma das brincadeiras que eles sempre pedem para fazer. Brincamos de bingo

com tabuadas e operações simples de adição e subtração. Estas tabuadas

foram as de 2 e 3, e as adições e subtrações não passavam do número 30.

Impressionante como podemos perceber a deficiência da maioria das crianças,

já neste estágio da escola.

Estimamos, portanto, continuar investindo neste tipo de brincadeira, pra

que auxiliem no rendimento escolar de forma direta e efetiva.

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Brincamos com recortes de revistas com palavras para formar frases.

Encontramos a oportunidade de trabalhar com a coerência e a concordância

verbal. Encontramos frases sem pé e nem cabeça, e procuramos ao máximo

mediar este aprendizado. Cada criança escreveu em uma folha sulfite uma

frase. As palavras ficaram dispostas em uma caixa. Depois de colarem com

cola branca no papel, pedimos que não colocasse seus nomes, e depois as

expomos e avaliamos juntos quais eram os erros. Teve cada uma que só

vendo pra acreditar, resultado de muita distância da leitura e do seu

entendimento. Mas acreditamos que, pouco a pouco irão se afirmando,

crianças que não escreviam nada já estão escrevendo algo, errado é claro,

mas todo erro é uma fase do processo de aprendizagem, sem ele ela não

acontece, e não nos preocupamos pra que acertem imediatamente, para não

inibir este esforço que sabemos que estão fazendo.

Educadora (s): Tatiane Rangel e Keila Castro

O Projeto promoveu o conhecimento das crianças do programa sobre a

importância do momento político no município, votar com consciência nos

representantes do povo.

Pelas várias etapas do projeto ao longo de sua execução pudemos

observar o engajamento das crianças com a proposta, desde a confecção dos

títulos de eleitor à prática eleitoral, as propostas dos diversos partidos e seus

respectivos candidatos o envolvimento de todos e a seriedade com que

desenvolveram o trabalho.

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Anexo II:

Relatório de Avaliação: 2º Semestre de 2008.

PROGRAMA CRIANÇA FUTURO NO PRESENTE

1-Participação:

1.1-O que você acha de fazer as atividades junto com os colegas?

Com relação à realização de atividades com os colegas, 71,7%

afirmaram que é muito bom e apenas 1,8% mencionaram não ter satisfação em

realização de atividades junto com os colegas.

%

Muito Bom 71,7

Regular 26,5

Ruim 1,8

Total 100

1.2-O que seus colegas acham de fazer as atividades em grupo?

Tivemos a ocorrência de um índice elevado de crianças que não gostam de

realizar as atividades em grupo, 49% das avaliações e 9.5% afirmaram ser ruim

as atividades em grupo.

%

Muito Bom 41,5

Regular 49

Ruim 9.5

Total 100

48

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2-Satisfação:

2.1-O que você acha das atividades que faz no programa?

Sobre as atividades do programa, 69.8% das crianças foram satisfatórias as

atividades do programa.

%

Muito Bom 69.8

Regular 28.3

Ruim 1.8

Total 100

2.2-O que seus colegas acham das atividades?

Com relação à percepção que as crianças têm das outras na satisfação das

atividades, tivemos um índice relevante que consideram regular as atividades,

45.0%.

%

Muito Bom 49.0

Regular 45.0

Ruim 5.1

Total 100

2.3-Como você se sente no programa?

73.0% das crianças declaram se sentir muito bem no programa e 5.0% não se

sentem de forma satisfatória.

%

Muito Bom 73.0

Regular 22.0

Ruim 5.0

Total 100

49

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3-Relacionamento

3.1-Como você se relaciona com seus amigos?

Sobre o relacionamento com os amigos, identificamos na pesquisa que um

índice considerável de crianças 32,0% declararam que possui um

relacionamento regular com seus amigos.

%

Muito Bom 58.0

Regular 32.0

Ruim 10.0

Total 100

3.2-Como seus amigos recebem aquilo que você diz ou pensa?

56.0% declararam que seus amigos não recebem o que dizem ou pensam, de

forma satisfatória.

%

Muito Bom 33.0

Regular 56.0

Ruim 11.0

Total

4-Aproveitamento:

4.1-O que você acha do que aprende aqui?

81.0% das crianças declaram que possuem boa aprendizagem através das

atividades realizadas.

%

Muito Bom 81.0

Regular 19.0

Ruim 0.0

Total

48 50

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4.2-Você compartilha do que aprende aqui com sua família?

88.0% das crianças relataram nos questionários que constantemente

compartilham das atividades desenvolvidas com seus familiares e apenas 12.%

compartilham razoavelmente do que vivenciam no programa.

%

Sim 88.0

Regular 12.0

Não 0.0

Total

5-Transformação pessoal:

100% das crianças declararam que o programa contribui na sua transformação

pessoal.

5.1-O que você acha de estar aqui?

%

Muito Bom 79.0

Regular 21.0

Ruim 0.0

Total

5.2- O que você acha da prece?

%

Muito Bom 73.0

Regular 21.0

Ruim 6.0

Total

51

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6-Transformação familiar:

6.1-Sua família gosta que venha para o programa?

%

Sim 100

Não -

Total 100

6.2-Sua família gosta de vir aqui?

Com relação a este item, em que tivemos 87% que gostam de vir na instituição,

em sua maioria vêm trazer as crianças, mas observamos que ainda não existe

uma participação efetiva desses responsáveis na vida da criança, inclusive na

participação nas reuniões e estamos buscando estratégias para que ocorra

essa participação.

%

Sim 87.0

Não 13.0

Total 100

6.3-Sua família fala do programa na sua casa?

%

Sim 79.0

Não 21.0

Total 100

Observação: Os questionários foram preenchidos pelas próprias crianças, com

orientação das educadoras e quando a criança não sabia ler e escrever, foi

realizada individualmente com cada criança a pesquisa de avaliação.

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A avaliação foi satisfatória tanto para a equipe quanto para o público que

atendemos, para repensar nossa prática, assim como, identificar as demandas

das nossas crianças.

Luciana Lessa de Medeiros Assistente Social

CCOE-Niterói. CRESS 14571-7ª

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes – Instituto a Vez do

Mestre

Titulo da Monografia: A arte como um caminho possível na construção da aprendizagem Autor: Neide Barbosa Basso Data da entrega: 16 de fevereiro de 2009. Avaliado por: Profª MS. Geni Lima

Conceito:

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