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8 INTRODUÇÃO Apresentação do Objeto de Estudo A nomenclatura tal como é conhecida e divulgada hoje SAE – Sistematização da Assistência de Enfermagem, não é o único modo de ser chamada. De acordo com o contexto inserido podem encontrar outras terminologias, como: Processo de Enfermagem; Processo de Cuidado; Metodologia do Cuidado; Processo de Assistir e Consulta de Enfermagem. A relevância está em compreender que todas assinalam a aplicação de um método científico para o planejamento das ações de enfermagem com o intuito de organizar o gerenciamento da assistência (SILVA, et. al., 2011). A SAE é uma maneira sistemática e dinâmica de prestar o cuidado de enfermagem, promovendo a humanização do cuidar, e para sua aplicação é necessário um embasamento teórico, ou seja, o planejamento do cuidado à luz dos conhecimentos das teorias de enfermagem. Durante a década de 70 observou-se um movimento mundial dos profissionais enfermeiros na direção de organizar e o planejar a assistência de enfermagem baseada na cientificidade do Processo de Enfermagem. No Brasil, a partir dos estudos de Wanda de Aguiar Horta, uma das pioneiras a refletir sobre o Processo de Enfermagem, iniciou-se, nessa mesma época, um apontamento para a necessidade de se introduzir a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) nas instituições de saúde brasileiras (CAVALCANTE, et. al., 2011). Desde Florence Nightingale há uma preocupação com a identidade profissional da enfermagem. Inicialmente os cuidados começaram a ser organizados de forma funcional, preocupando-se com o cumprimento de tarefas, a realização de

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INTRODUÇÃO

Apresentação do Objeto de Estudo

A nomenclatura tal como é conhecida e divulgada hoje SAE – Sistematização da

Assistência de Enfermagem, não é o único modo de ser chamada. De acordo com o

contexto inserido podem encontrar outras terminologias, como: Processo de

Enfermagem; Processo de Cuidado; Metodologia do Cuidado; Processo de Assistir e

Consulta de Enfermagem. A relevância está em compreender que todas assinalam a

aplicação de um método científico para o planejamento das ações de enfermagem

com o intuito de organizar o gerenciamento da assistência (SILVA, et. al., 2011).

A SAE é uma maneira sistemática e dinâmica de prestar o cuidado de enfermagem,

promovendo a humanização do cuidar, e para sua aplicação é necessário um

embasamento teórico, ou seja, o planejamento do cuidado à luz dos conhecimentos

das teorias de enfermagem.

Durante a década de 70 observou-se um movimento mundial dos profissionais

enfermeiros na direção de organizar e o planejar a assistência de enfermagem

baseada na cientificidade do Processo de Enfermagem. No Brasil, a partir dos

estudos de Wanda de Aguiar Horta, uma das pioneiras a refletir sobre o Processo de

Enfermagem, iniciou-se, nessa mesma época, um apontamento para a necessidade

de se introduzir a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) nas

instituições de saúde brasileiras (CAVALCANTE, et. al., 2011).

Desde Florence Nightingale há uma preocupação com a identidade profissional da

enfermagem. Inicialmente os cuidados começaram a ser organizados de forma

funcional, preocupando-se com o cumprimento de tarefas, a realização de

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procedimentos técnicos e atividades rotineiras. Depois surgiram os estudos de caso

e os planos de cuidados, utilizados pela primeira vez no Brasil no ano de 1934,

como uma forma de organização e individualização do cuidado de enfermagem

(BRANDALIZE e KALINOWSKI, 2005).

A expressão “Processo de Enfermagem”, empregada pela primeira vez por Orlando,

em 1961, compreendia três elementos básicos: o comportamento do cliente, as

reações do enfermeiro e as ações de enfermagem. A partir disso o cuidado era

planejado e executado em fases. Em 1985, a Organização Mundial de Saúde propôs

oficialmente a sua operacionalização em quatro fases: Levantamento de dados,

Planejamento, Implementação e Avaliação (BARRA e SASSO, 2012).

Desde 1986 o planejamento da assistência de enfermagem é uma imposição legal,

de acordo com a Lei do Exercício Profissional nº 7.498, art. 11, o qual afirma que: “O

enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe: Privativamente

planejamento, organização, coordenação e avaliação dos serviços de assistência de

enfermagem” (ANDRADE e VIEIRA, 2005).

Ao longo da trajetória profissional, observa-se que a enfermeira tem desempenhado

papel de controladora do trabalho dos demais elementos da equipe de enfermagem,

sendo vista como uma profissional que determina e checa as atividades a serem

executadas. Dessa forma, tornando o seu trabalho predominantemente em

atividades administrativas burocráticas, distanciando-se de sua função essencial que

é o gerenciamento do cuidado a ser prestado ao paciente (FERNANDES, et. al.,

2003).

Percebe-se que a prática mecanizada e as decisões unilaterais têm prevalecido nas

instituições de saúde e em particular em ambientes como UTI, Emergência e Centro

Cirúrgico. Entendemos que em locais críticos como esses, a conduta impessoal dos

profissionais pode ser decorrência da grande demanda do serviço, cujos clientes

10  

 

não raras vezes se encontram em risco eminente de morte. Esses fatores, sem

dúvida geram estresse, desgaste físico e psicológico, o que reduz as interações da

equipe com o paciente (MATSUDA, et. al., 2003).

Diante do enfoque assistencial visado para os problemas no âmbito individual,

pressupõe-se que as unidades de cuidados intensivos devem ser convenientes às

necessidades dos pacientes atendidos. Portanto, devem ser munidas de maneira

adequada em sua estrutura física, de recursos materiais e de recursos humanos

especializados, constituindo assim em um suporte para a implementação de uma

assistência efetiva ao paciente internado, especificamente nas UTI’s, em função de

sua alta especificidade.

Uma Unidade de Terapia Intensiva se destina ao tratamento de pacientes em estado

critico, dispondo de uma infra-estrutura própria, recursos materiais específicos e

recursos humanos especializados que através de uma prática segura e contínua,

busca restabelecer as funções vitais do paciente (AMANTE, et al., 2009).

Ao buscar referências sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE)

na literatura, foi observado que existe uma evolução crescente e contínua em

direção a uma assistência integral ao paciente. Todas as teorias elaboradas têm

como objetivo prestar uma assistência sistematizada, planejando, organizando e

registrando as ações realizadas pela enfermeira (CUNHA e BARROS, 2005).

Em 1970, no Brasil, por meio da sua primeira teórica Wanda Horta, cria a primeira

teoria de enfermagem brasileira, a qual denominou Teoria das Necessidades

Humanas Básicas. No entanto, as teorias de enfermagem, apesar de serem

consideradas importantes no ensino, uma vez que são reproduzidas nos dias atuais

em nossas escolas, sua aplicabilidade na prática não se concretizou, em virtude não

ser levado em consideração o contexto no qual se dá o exercício profissional, ainda

pautado no modelo biomédico (SOUZA, et. al., 2006).

11  

 

A Sistematização da assistência de enfermagem (SAE) é um processo que objetiva

a promoção, prevenção, manutenção e recuperação da saúde do cliente e da

comunidade, devendo ser desenvolvido pelo profissional de enfermagem. Para sua

aplicação é necessária a adoção de uma ou mais teorias de enfermagem que

fundamentarão sua pratica, sendo assim, optamos pela teoria das Necessidades

Humanas Básicas (NHB) de Wanda Horta, a qual defende o método de atuação da

enfermagem como Processo de Enfermagem (CUNHA e BARROS, 2005).

O Processo de Enfermagem, como metodologia de trabalho oferece diretrizes para o

desenvolvimento da assistência de enfermagem com base no método científico, cujo

propósito é identificar as necessidades humanas do cliente e implementar a

adequada terapêutica de enfermagem (ALVES, et. al., 2008).

Justificativa

Este tema foi escolhido, por ser de grande importância na área de enfermagem em

uma Unidade de Terapia Intensiva, já que os pacientes internados neste tipo de

unidade necessitam de uma assistência integral, humana e contínua. No momento,

é importante abordar a necessidade de humanização do cuidado de enfermagem na

UTI, com a finalidade de provocar uma reflexão da equipe e em especial dos

enfermeiros. Dessa forma, incorporar a SAE tornando a enfermagem mais científica,

promovendo um cuidar de enfermagem mais justo e com qualidade para o paciente,

pois a humanização deve fazer parte da filosofia de enfermagem.

Refletindo sobre a realidade evidenciada pela literatura nos ambientes hospitalares e

tendo como exigência para a conclusão do curso de pós-graduação lato sensu em

enfermagem o desenvolvimento de uma monografia, decidi realizar o presente

estudo para aperfeiçoar meu conhecimento no que se refere o tema, contribuir para

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a realização de novos estudos e para melhorar a qualidade do cuidado de

enfermagem no cenário atual.

Problema

O que diz a literatura sobre a sistematização da assistência de enfermagem em uma

Unidade de Terapia Intensiva?

Objetivo

Analisar, a partir da literatura como se dá a sistematização da assistência de

enfermagem em uma UTI.

Metodologia

Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa, a qual segundo Godoy (1995) é

de caráter descritivo, onde não há interferência do investigador, não requer técnicas

ou métodos estatísticos, se baseia na interpretação de fenômenos, na atribuição de

resultados e trabalha com aspectos subjetivos do objeto estudado, bem como, com

a percepção do pesquisador. Dessa forma o presente estudo descreve através de

uma revisão literária o Processo de Enfermagem (SAE) juntamente ao paciente

critico numa Unidade de Terapia Intensiva.

Para Severino (2000), a revisão literária permite a construção de uma análise ampla

da literatura, contribuindo para discussões sobre métodos e resultados de pesquisa,

assim como reflexões sobre a realização de futuras pesquisas.

Esta pesquisa utiliza uma metodologia que busca explorar a literatura científica,

desta forma, é um estudo bibliográfico, desenvolvido a partir de materiais já

13  

 

elaborados e tornados públicos a respeito do tema em estudo, através de livros,

artigos científicos, jornais, revistas, entre outros.

Para Lakatos e Marconi (2001), a pesquisa bibliográfica consiste em colocar à

disposição do pesquisador tudo que foi escrito, dito ou filmado sobre o assunto em

questão. Acrescenta-se ainda que ela não se resume a uma mera repetição do que

já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob

novo enfoque, chegando a conclusões inovadoras.

Estrutura do Trabalho

O presente trabalho está constituído de três momentos: no primeiro momento foram

abordados o conceito, histórico e importância de uma Unidade de Terapia Intensiva;

no segundo momento abordou-se a Assistência de Enfermagem ao paciente crítico

desde Florence Nightingale até o âmbito atual; e no terceiro momento enfocou-se a

Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE).

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1 REFERENCIAL TEORICO

1.1 Unidade de Terapia Intensiva

1.1.1 Conceito

Conceitualmente, a Unidade de Terapia Intensiva é um setor hospitalar que se

destina ao atendimento de pacientes em estado agudo ou crítico, mas recuperável,

os quais requerem assistência médica e de enfermagem permanente e

especializada. São pacientes sujeitos à instabilidade de funções vitais, que

necessitam do apoio de equipamentos especiais tanto para o diagnóstico quanto

para o tratamento (TRANQUITELLI e CIAMPONE, 2007).

No Brasil, as primeiras UTIs surgiram na década de 70 do século XX, época em que

o perfil do sistema de saúde caracterizou- se pela absorção de avanços tecnológicos

oriundos do primeiro mundo, que possibilitaram o aprimoramento dos métodos

diagnósticos e terapêuticos. A instalação das UTIs teve a finalidade de centralizar

pacientes graves recuperáveis em uma área hospitalar com recursos humanos,

equipamentos e materiais especificamente direcionados ao cuidado desses

pacientes (KIMURA, et. al., 1997).

A partir da década de 80, é possível afirmar que, nas instituições hospitalares, houve

a tendência e preocupação em alocar o paciente certo na unidade certa, onde se

pretende que ele possa dispor de uma infra-estrutura organizada de tal maneira, que

todas as suas necessidades sejam atendidas com qualidade (TRANQUITELLI e

CIAMPONE, 2007).

Geralmente, a enfermeira identifica-se com o trabalho que realiza na Unidade de

Terapia Intensiva (UTI); porém, convive com angústias intensas consequentes da

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complexidade do cuidado intensivo, pela necessidade de conhecer e manusear

equipamentos e saber realizar essas atividades com iniciativa e segurança, além do

contato visceral com pacientes e familiares que despertam os mais variados

sentimentos nos profissionais (OLIVEIRA e SPIRI, 2011).

Sabemos, entretanto, que existe uma grande diversidade entre as UTIs no que diz

respeito aos recursos de que dispõem, incluindo o ambiente físico, os recursos

humanos e materiais, condições estruturais que podem influenciar diretamente na

qualidade da assistência prestada nestas Unidades (KIMURA, et. al., 1997).

A identificação da enfermeira com o processo de trabalho em UTI surge com a

possibilidade de somar novos conhecimentos, desenvolvimento profissional e

raciocínio ágil para o atendimento de emergências e resolução de problemas. Além

disso, este trabalho exige que a profissional aplique seu conhecimento técnico-

científico. Esse conhecimento possibilita a tomada de decisões com competência e

ética, assegurando os direitos dos pacientes e suas respectivas famílias, além de

preparar o profissional de enfermagem para qualquer atividade profissional

(OLIVEIRA e SPIRI, 2011).

1.1.2 Importância de uma UTI num hospital

As Unidades de Terapia Intensiva dos hospitais são importantes recursos para o

tratamento de pacientes graves ou potencialmente graves que necessitam de

cuidados contínuos e especializados, em conseqüência de uma ampla variedade de

alterações fisiopatológicas (KIMURA, et. al., 1997).

Portanto, com o surgimento das UTI’s, pacientes graves que, antes do advento

destas unidades, tinham pouca ou nenhuma chance de sobrevivência, passaram a

16  

 

utilizar recursos de que até então não dispunham (TRANQUITELLI e CIAMPONE,

2007).

Os serviços de terapia intensiva ocupam áreas hospitalares destinadas ao

atendimento de pacientes críticos. Esses serviços têm como objetivos concentrar

recursos humanos e materiais para o atendimento de pacientes graves que exigem

assistência permanente, além da utilização de recursos tecnológicos apropriados

para a observação e monitorização contínua das condições vitais do paciente e para

a intervenção em situações de descompensações (LEITE e VILA, 2005).

Nas últimas décadas a medicina obteve evidentes benefícios com o avanço

tecnológico. Neste contexto, a medicina intensiva abriu novos caminhos da cura e do

aumento da expectativa de vida para aqueles que ali estão sendo assistidos (SILVA,

et. al., 2009).

Diante do cuidado altamente especializado e complexo que o enfermeiro desenvolve

em uma Unidade de Terapia Intensiva, a sistematização e a organização do seu

trabalho e da equipe de enfermagem, mostram-se imprescindíveis para uma

assistência de qualidade, com eficiência e eficácia (TRUPPEL, et. al., 2009).

1.1.3 Caracterização

De acordo com o enfoque assistencial voltado aos problemas no âmbito individual,

nas UTI’s, em função da sua especificidade, pressupõe-se que as unidades de

cuidados devam ser adequadas às necessidades da clientela atendida. Assim,

devem ser providas adequadamente, em sua estrutura física, de recursos humanos

e de recursos materiais, constituindo-se em suporte para implantação de uma

assistência efetiva ao paciente hospitalizado (TRANQUITELLI e CIAMPONE, 2007).

17  

 

O ambiente especializado da terapia intensiva demanda que o profissional que lá

atua tenha determinadas características, no sentido de atender aos requisitos do

cuidado que se processa neste local, marcado pela presença de aparatos

tecnológicos. Tais características impactam nos modos de agir dos enfermeiros, os

quais por sua vez, repercutem na qualidade da assistência que é prestada (SILVA e

FERREIRA, 2011).

1.2 Assistência de Enfermagem

1.2.1 A arte do cuidar

A formação do enfermeiro para o cuidado, como prática profissional, teve início em

1860, na Inglaterra com Florence Nightingale, onde ocorreu a categorização da

equipe de enfermagem (Nurses e Lady-Nurses), havendo uma fragmentação das

tarefas relacionadas ao cuidado, já que para as ladies cabia o ensino e supervisão, e

às nurses as tarefas manuais. Vale ressaltar que para Florence a disciplina é a

essência do treinamento, tendo sido ali o início da docilização dos corpos da qual

não conseguimos nos libertar até hoje (SOUZA, et. al., 2006).

O ato do cuidar implica colocar-se no lugar do outro, geralmente em situações

diversas, quer na dimensão pessoal, quer na social. Cuidar em enfermagem

consiste em envidar esforços transpessoais de um ser humano para outro, visando

proteger, promover e preservar a humanidade, ajudando pessoas a encontrar

significados na doença, sofrimento e dor, bem como, na existência. É ainda, ajudar

outra pessoa a obter auto conhecimento, controle, cuidado e auto cura (SOUZA, et.

al., 2005).

A enfermagem é uma arte que implica no cuidado dos pacientes durante o

adoecimento e o ajuda para alcançar um potencial de saúde máximo ao longo de

seu ciclo vital (BRANDALIZE e KALINOWSKI, 2005).

18  

 

Desse modo, o cuidado é compreendido como a essência da enfermagem,

transcendendo aspectos técnicos e biológicos, psico-sociais e espirituais do

indivíduo, família e comunidade, envolvendo a provisão de ajuda, atenção, respeito,

amor e compreensão mútua. Para que o cuidado seja efetivado é necessário que o

ambiente físico, social e administrativo valorizem o cuidado e entendam o significado

do cuidar (SOUZA, et. al., 2006).

Ao posicionar o cuidado de enfermagem no contexto de um agir solidário na vida e

na morte, a Enfermagem respeita as razões morais de cada cidadão ao mesmo

tempo em que convive com dores e alegrias advindas da relação interpessoal. Ao

operar nesta dimensão, às vezes extremas, o cuidado orientado pela solidariedade

busca a simetria e o equilíbrio nas suas múltiplas atividades enquanto função

cuidadora (SOUZA, et. al., 2005).

1.2.2 Funcionamento da assistência de enfermagem

A organização da assistência de Enfermagem, prestada ao indivíduo, família ou

comunidade, mediante utilização das fases do método científico, é denominada pela maioria dos enfermeiros no Brasil de Sistematização da Assistência de

Enfermagem, também referida como SAE (CARVALHO, et. al., 2007).

A profissão de enfermagem vem se constituindo como um componente essencial na

qualidade em saúde, acompanhando assim mudanças nas relações interpessoais,

sociais, políticas, no campo tecnológico e no modelo das organizações dos serviços.

A SAE contribui para a expansão do conhecimento, a qualidade da assistência e

melhores registros das informações de enfermagem (CAVALCANTE, et. al., 2011).

O Processo de Enfermagem (PE), como metodologia de trabalho oferece diretrizes

para o desenvolvimento da assistência de enfermagem com base no método

19  

 

científico, cujo propósito é identificar as necessidades humanas do cliente e

implementar a adequada terapêutica de enfermagem (ALVES, et. al., 2008).

Assim, quando implementado na sua totalidade, o processo de enfermagem,

direciona atitudes sistematizadas e interrelacionadas com fins a assistência de

qualidade ao ser humano, guiando as decisões necessárias para um cuidado de

excelência da enfermagem, na concepção aprimorada do cuidado, na conjuntura

familiar e comunitária, e não apenas orienta um cuidado focado na doença. Desta

forma, é imprescindível que o PE seja aplicado em sua totalidade, perpassando

pelas cinco fases interrelacionadas, direcionando as devidas intervenções para o

alcance do objetivo final que é uma maior qualidade e segurança na assistência de

enfermagem (CAVALCANTE, et. al., 2011). 1.3 Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE)

1.3.1 Histórico

Na enfermagem, a humanização do paciente foi enfocada no Século XIX por

Florence Nightingale (1989), a qual em seu livro de título Notas Sobre Enfermagem

sugere maneiras para o melhor restabelecimento dos pacientes através da adoção

de medidas ambientais proporcionadas pelas enfermeiras. Através dos seus

escritos, percebe-se que naquela época, ainda que o foco principal da assistência

fosse o ambiente, a humanização já estava implícita na atuação da enfermagem

(MATSUDA, et. al., 2003).

Humanizar de acordo com os valores éticos consiste fundamentalmente, em tornar

uma prática bela, por mais que ela lide com o que tem de mais degradante, doloroso

e triste na natureza humana, o sofrimento, a deterioração e a morte. Refere-se,

portanto, a possibilidade de assumir uma posição ética de respeito ao outro e de

reconhecimento dos limites. O ponto chave do trabalho de humanização está no

fortalecimento desta posição ética de articulação do cuidado técnico cientifico, já

20  

 

construído, conhecido e dominado, ao cuidado que incorpora a necessidade, a

exploração e o acolhimento do imprevisível, do incontrolável, ao indiferente e

singular (SALICIO e GAIVA, 2006).

A prática da assistência de enfermagem vai além do modelo médico, ela é baseada

e instrumentalizada por um referencial próprio, criado e construído pelos

profissionais de enfermagem, o qual possibilita a união da teoria à prática. O uso de

marcos conceituais explícitos na prática assistencial altera, também, a estrutura da

forma da assistência, possibilitando ação participativa, crítica, embasada em

conceitos científicos, exigindo maior conhecimento da disciplina de enfermagem

(REPPETTO e SOUZA, 2005).

O Processo de Enfermagem, por sistematizar a assistência, ficou conhecido como

Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e trata-se de um método de

organização do pensamento e das ações do enfermeiro, numa abordagem de

individualização e humanização do cuidado prestado ao paciente. Esse método é

orientado por teorias de enfermagem, o que faz com que a implantação da SAE seja

também um poderoso instrumento de valorização da profissão. Está implantação da

SAE nas instituições de saúde pública e privada se tornaram obrigatórias, conforme

a Resolução 272/2004 do COFEN (LANSONI, 2008).

Através da Lei do Exercício Profissional, lei nº 7498/86, em seu artigo 8º, a Legislação brasileira dispõe que ao enfermeiro incumbe (...) a participação na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde (...). Isto é, sistematizar, individualizar, administrar e assumir o papel de prestador do cuidado de enfermagem junto à equipe de saúde (FIGUEIREDO, et. al., 2006).

A enfermagem, por se caracterizar como uma profissão dinâmica necessita de uma

metodologia que seja capaz de refletir tal dinamismo. O processo de enfermagem é

considerado a metodologia de trabalho mais conhecida e aceita no mundo,

21  

 

facilitando a troca de informações entre enfermeiros de várias instituições. Sendo

assim a aplicação do processo de enfermagem proporciona ao enfermeiro a

possibilidade da prestação de cuidados individualizados, centrada nas necessidades

humanas básicas, além de ser aplicado à assistência e pode nortear tomadas de

decisões em diversas situações vivenciadas pelo enfermeiro enquanto gerenciador

da equipe de enfermagem (ANDRADE e VIEIRA, 2005).

Ao prestar o cuidado qualificado, seguro e livre de riscos aos clientes, entende-se

que o enfermeiro faça a avaliação diagnóstica de enfermagem, elabore a evolução

clínica a cada turno de trabalho, exerça os cuidados considerados complexos que

necessitam de habilidades e conhecimentos específicos, bem como manuseie os

equipamentos tecnológicos (BARRA e SASSO, 2012).

O Processo de Enfermagem é constituído por fases ou etapas que envolvem a

identificação de problemas de saúde do cliente, o delineamento do diagnóstico de

enfermagem, a instituição de um plano de cuidados, a implementação das ações

planejadas e a avaliação.

A dinâmica organizada da sistematização da assistência de enfermagem, através da

seqüência das suas fases que estão inter-relacionadas e inter-dependentes,

identifica as necessidades do indivíduo como um todo e através de uma intervenção,

proporciona os resultados que se esperam dela, pois, como intervenção terapêutica

o cuidado é centralizado nas necessidades do paciente que devem ser atendidas

(CUNHA e BARROS, 2005).

Os elementos que descrevem a prática da Enfermagem são constituintes de um

processo específico de trabalho, o qual demanda de habilidades e capacidades

cognitivas, psicomotoras e afetivas, além de conhecimento e perícia no uso das

técnicas de resolução de problemas e liderança na implantação do plano de

intervenção. Essas habilidades e capacidades ajudam a determinar o que deve ser

22  

 

feito, porque deve ser feito, por quem deve ser feito, como deve ser feito, com que

deve ser feito e que resultados são esperados com a execução da ação e

intervenção de enfermagem (GARCIA e NOBREGA, 2000).

No cotidiano hospitalar a avaliação do processo de enfermagem, tem como

principais propósitos indicar cuidado sistematizado, promover efetiva comunicação

com a equipe envolvida no cuidado e prover registros permanentes para buscas

futuras.

Matté, et al (2001), afirma em seu estudo que o conceito de processo de

enfermagem para a maioria dos enfermeiros é abordado de maneira pouco clara,

abstrata, subjetiva, sem definição exata para o conceito e para as fases do processo

de enfermagem. E avaliou que grande maioria dos enfermeiros já tiveram a

oportunidade de estudar e aplicar o processo de enfermagem, porém uma grande

parte teve esta experiência durante a fase acadêmica.

A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) vem sendo largamente

utilizada nos últimos anos como método científico para instrumentalizar a resolução

de problemas dos pacientes e tornar o cuidado individualizado, além de embasar e

fundamentar cientificamente as ações da enfermeira. Esse processo compreende as

seguintes etapas: consulta de enfermagem, histórico, exame físico, diagnóstico de

enfermagem, prescrição de enfermagem e evolução de enfermagem (GROSSI, et.

al., 2011).

1.3.2 Dificuldades da implementação da SAE

Até pouco tempo atrás os conceitos de Sistematização da Assistência de

Enfermagem (SAE) e de Processo de Enfermagem (PE) eram utilizados de forma

23  

 

ambígua, dependendo da visão dos diferentes autores. Alguns utilizavam ambos os

conceitos como sinônimos, enquanto outros consideravam que a Sistematização da

Assistência de Enfermagem abarcava a organização da mesma, operacionalizada e

explicitada, entre outras formas, pelo Processo de Enfermagem (PIMPÃO, et. al.,

2010).

A partir disso pode- se afirmar que a Sistematização da Assistência de Enfermagem

organiza o trabalho profissional quanto ao método, pessoal e instrumentos, tornando

possível a operacionalização do Processo de Enfermagem, e este se torna o

instrumento metodológico que orienta o cuidado profissional de Enfermagem e a

documentação da prática profissional.

A enfermagem, por se caracterizar como uma profissão dinâmica, necessita de uma

metodologia que seja capaz de refletir tal dinamismo. O processo de enfermagem é

considerado a metodologia de trabalho mais conhecida e aceita no mundo,

facilitando a troca de informações entre enfermeiros de várias instituições. A

aplicação do processo de enfermagem proporciona ao enfermeiro a possibilidade da

prestação de cuidados individualizados, centrada nas necessidades humanas

básicas, e, além de ser aplicado à assistência, pode nortear tomadas de decisão em

diversas situações vivenciadas pelo enfermeiro enquanto gerenciador da equipe de

enfermagem (ANDRADE e VIEIRA, 2005).

Para a implementação do Processo de Enfermagem, há pelo menos duas barreiras

iniciais a serem transpostas: uma relacionada à escolha, interpretação e aplicação

do modelo conceitual; e outra a sua operacionalização no contexto da prática,

situação em que outras dificuldades se interpõem (BITTAR, et al., 2006).

No Brasil, o modelo mais conhecido e seguido para a implantação do processo de

enfermagem é o proposto por Wanda Horta em 1979, o qual contém as seguintes

fases: a) histórico de enfermagem, b) diagnóstico de enfermagem, c) plano

24  

 

assistencial, d) prescrição de enfermagem, e) evolução de enfermagem e f)

prognóstico de enfermagem.

A primeira fase do processo é definida por Horta (1979) como o roteiro sistematizado

para o levantamento de dados do ser humano que tornam possível a identificação

de seus problemas. A segunda fase do processo é a identificação das necessidades

básicas do ser humano que precisam de atendimento. A terceira fase do processo

de enfermagem é a determinação global da assistência de enfermagem que o

paciente deve receber diante do diagnóstico estabelecido. O enfermeiro prioriza os

problemas levantados, identifica resultados ou metas mensuráveis, seleciona

intervenções adequadas e documenta o plano de cuidados. A quarta fase do

processo de enfermagem, foi definida como a implementação do plano assistencial

diário que coordena a ação da equipe de enfermagem na execução dos cuidados

adequados ao atendimento das necessidades básicas do ser humano. Já a quinta

fase do processo, consiste no relato diário das mudanças sucessivas que ocorrem

no paciente, é uma avaliação global do plano de cuidados. A sexta e última fase do

processo, indicará as condições que o paciente atingiu na alta médica, porém um

bom prognóstico é aquele que leva ao autocuidado, portanto, à independência de

enfermagem.

Registros ou anotações de enfermagem consistem na forma de comunicação escrita

de informações pertinentes ao cliente e aos seus cuidados. Entende-se que os

registros são elementos imprescindíveis no processo de cuidado humano visto que,

quando redigidos de maneira que retratam a realidade a ser documentada,

possibilitam à comunicação permanente, podendo destinar-se a diversos fins como:

pesquisas; auditorias; processos jurídicos; planejamento e outros (MATSUDA, et. al.,

2006).

Seguindo esse modelo, o enfermeiro ao planejar a assistência garante sua

responsabilidade junto ao cliente assistido, uma vez que o planejamento permite

diagnosticar as necessidades do cliente, garante a prescrição adequada dos

25  

 

cuidados, orienta a supervisão do desempenho da equipe, a avaliação dos

resultados obtidos, a da qualidade da assistência (ANDRADE e VIEIRA, 2005).

Entretanto, observa-se que a implantação do processo de enfermagem envolve três

áreas inter-relacionadas de cognição: o raciocínio e julgamento diagnóstico; o

raciocínio e julgamento terapêutico e o raciocínio e julgamento ético. Ressaltando

também que o processo de enfermagem não é aplicado de um modo totalmente

objetivo, uma vez que os valores humanos influenciam tanto a identificação quanto a

solução de problemas, a sensibilidade moral e o julgamento ético na interação com o

paciente permeiam o processo de uma forma geral (GARCIA e NOBREGA, 2000).

Apesar das justificativas éticas e legais para implementação da SAE e dos

benefícios que ela proporciona, estudos têm apontado dificuldades para sua

operacionalização, visto que grande parte dos enfermeiros acaba dividindo seu

tempo entre a elaboração da SAE e as atividades administrativas. Eles se deparam

com o complexo desafio de administrar seu tempo para que todas as suas tarefas

sejam realizadas integralmente e com qualidade na prestação de assistência ao

paciente, especialmente na realização da SAE (GROSSI, et. al., 2011).

Não se pode pensar em uma sistematização eficiente, sem que todas as fases

sejam realizadas, elas são interdependentes. Os problemas, as necessidades

identificadas permitem as conclusões diagnósticas, a prescrição, o cuidado e

possibilita a continuidade do trabalho e documentação da assistência de

enfermagem prestada por meio da evolução e anotações da equipe (REPPETTO e

SOUZA, 2005).

Ao falarmos em cuidado de enfermagem, seja voltado para a assistência direta ou

para as relações de trabalho, implica essencialmente falar de cuidado humanizado.

Contudo é importante ressaltar que muitas vezes devido à sobrecarga imposta pela

dinâmica de uma UTI, a enfermagem presta uma assistência mecanizada e

26  

 

tecnicista, não reflexiva, esquecendo de humanizar o cuidado. O que torna uma

dificuldade para implementar a SAE, pois o cotidiano numa UTI para os enfermeiros

na grande maioria se torna uma assistência estressante, cansativa e desgastante,

não só pela sobrecarga do trabalho, mas também pelo grau de cuidados que os

pacientes requerem (SALICIO e GAIVA, 2006).

O comum na prática profissional são os profissionais de enfermagem aproximarem-

se dos clientes quando vão realizar algum tipo de procedimento, mesmo que

estejam preocupados com outras necessidades, ligadas à manutenção da

hemodinâmica do indivíduo, pela observação rigorosa dos sinais vitais, do

funcionamento adequado dos equipamentos, aprisionam os profissionais ao aparato

tecnológico, o que geralmente é reforçado pelas instituições e pela própria legislação

profissional (SOUZA, et. al., 2006).

Embora cientes da importância da SAE na organização do serviço de enfermagem,

o processo de implantação, assim como a escolha de um referencial teórico e de

uma metodologia adequada na prática, ainda carecem de estratégias operacionais

eficazes, capazes de nortear um novo perfil assistencial, mais especificamente em

nossa realidade, na qual gerir mudanças com recursos humanos e materiais

insuficientes ainda se constitui um grande desafio (BACKES e SCHWARTZ, 2005).

Alves, et. al. (2008) em seu estudo afirma que na prática há dificuldades na

aplicação do Processo de Enfermagem e até mesmo a não aplicabilidade do

mesmo, uma vez que as ações ficam centradas apenas no senso comum, não

havendo planejamento, ficando difícil o raciocínio lógico em harmonia com a

fundamentação científica no desenvolvimento de ações que possam ser estudadas,

discutidas e comprovadas na ciência da enfermagem. Isso é um dos aspectos que

vem impossibilitando o crescimento da cientificidade da enfermagem.

27  

 

Muitos enfermeiros após o período de graduação quando ingressam em uma

instituição de saúde, seja privada ou publica muitas vezes não tiveram a

oportunidade de aplicar a SAE em sua totalidade, isto provavelmente ocorre devido

a incompatibilidades organizacional, administrativa ou provavelmente a uma

aplicação pouco criativa (MATTÉ, et. al., 2001).

Waldow (1988) afirma que o processo de enfermagem é uma atividade desenvolvida

quase que exclusivamente por acadêmicos de enfermagem, que a fazem de forma

mecânica, despersonalizada e desatualizada, tornando-a desestimulante e sem

possibilidade de visualizar a importância.

Desse modo é possível estabelecer hipóteses sobre o porquê as enfermeiras têm

tido dificuldades em apreender a extensão e complexidade desse modelo

assistencial.

1.3.3 A SAE numa Unidade de Terapia Intensiva

As UTIs surgiram a partir da necessidade de aperfeiçoamento e concentração de

recursos materiais e humanos para o atendimento a pacientes graves, em estado

crítico, mas tidos ainda como recuperáveis, e da necessidade de observação

constante, assistência médica e de enfermagem contínua, centralizando os

pacientes em um núcleo especializado (VILA e ROSSI, 2002).

A admissão de um paciente na UTI comumente requer uma rápida intervenção, já

que o paciente apresenta alto risco de instabilidade de um ou mais sistemas

fisiológicos, com possíveis riscos à saúde, cuja vida pode encontrar-se no limite com

a morte. Em decorrência da premência de um fazer tecnológico imediato, muitas

vezes, torna-se difícil um contato inicial com os familiares, o que contribui para o

entendimento da UTI como um local em que predomina a frieza e a atuação

desumana e distante. A interação com as famílias necessita se dar desde o

28  

 

momento da internação do familiar doente, proporcionando- lhes atenção,

oportunidade de dialogar e de esclarecer dúvidas (SILVEIRA, et. al., 2005).

Para que se obtenha um cuidado de enfermagem adequado às exigências de um

cliente em estado crítico, é preciso uma estrutura organizacional específica, tanto

em relação aos cuidados humanos quanto aos recursos físicos e materiais (BITTAR,

et. al., 2006).

No contexto do cuidado a pacientes classificados como necessitados de cuidado semi-intensivo ou intensivo, os quais apresentam maior dependência do cuidado de enfermagem, por apresentarem instabilidade hemodinâmica, respiratória e/ou neurológica, é necessária uma estrutura organizacional adequada em relação aos recursos humanos, físicos e materiais, para proporcionar um cuidado de enfermagem adequado às exigências desses pacientes, que requerem, em média, de nove a dezessete horas de atendimento de enfermagem por dia. Por isso, quanto mais necessidades manifeste o paciente, maior é a urgência de se planejar a assistência, uma vez que a sistematização visa à organização, à eficiência e a uma assistência válida (GROSSI, et. al., 2011).

A realidade vivenciada pela equipe multiprofissional que atua em uma terapia

intensiva é permeada por variados sentimentos e emoções. A rotina exige uma

excelente capacitação técnico-científica e preparo profissional para lidar com a

perda, com a dor e com o sofrimento (LEITE e VILA, 2005).

O paciente internado na UTI necessita de cuidados de excelência, dirigidos não

apenas para os problemas fisiopatológicos, mas também para as questões

psicossociais, ambientais e familiares que se tornam intimamente interligadas à

doença física.

É preciso valorizar a presença da família no cuidado prestado, principalmente

quando ela vivencia a internação de um familiar na UTI. Mesmo a família

encontrando-se em um estado de fragilidade emocional ou de crise, continua

29  

 

ocupando um papel de destaque para o paciente, contribuindo para que se sinta

protegido, mais seguro, amado e significativo para o seu grupo familiar; tais

sentimentos, na maioria das vezes, o estimulam a lutar pela vida. O enfermeiro deve

ter percepção da relevância da presença da família na UTI, seja para conversar com

o paciente, tocá-lo ou simplesmente observá-lo, mesmo quando este se encontra

inconsciente. (SILVEIRA, et. al., 2005).

Entretanto, tem-se notado que tais aspectos são desconsiderados ou pouco

valorizados, no momento em que os cuidados se dão num ambiente de UTI, onde a

tecnologia e o tecnicismo predominam. O cuidar na UTI é tecnicista e mecânico,

desprovido inúmeras vezes dos sentimentos do paciente e seus familiares (VILA e

ROSSI, 2002).

A possibilidade de construir outros paradigmas requer sensibilidade, disponibilidade

para aprender o novo, capacidade para reconhecer a si mesmo e depois tentar

conhecer o outro e, principalmente, a crença de que os significados e afetos

presentes na relação familiar são insubstituíveis para a melhora e recuperação do

paciente (SILVEIRA, et. al., 2005).

Na UTI, a equipe multiprofissional convive com fatores desencadeadores de

estresse, tais como: a dificuldade de aceitação da morte, a escassez de recursos

materiais (leitos e equipamentos), de recursos humanos e a tomada de decisões

conflitantes relacionadas com a seleção dos pacientes que serão atendidos. Esses

são alguns dos dilemas éticos e profissionais vivenciados cotidianamente pela

equipe que atua em terapia intensiva. Essas situações criam tensão entre os

profissionais e, em geral, influenciam, negativamente, a qualidade da assistência

prestada aos clientes (LEITE e VILA, 2005).

30  

 

No ambiente hospitalar a enfermagem executa a Sistematização da Assistência de

Enfermagem (SAE), que é composta de três fases: Histórico de Enfermagem,

Prescrição e Evolução. Destacamos a evolução, a qual é efetuada exclusivamente

por enfermeiros. Em abordagem relacionada aos registros de enfermagem nos

processos legais impetrados por clientes, quatro problemas facilmente evitáveis são

destacados: não anotar o tempo e a seqüência corretos em que o evento aconteceu;

deixar de registrar as ordens verbais ou não pôr a assinatura; registrar o cuidado

antes de executá-lo e registrar dados incorretos (MATSUDA, et. al., 2007).

Matte, et. al., 2001, afirma ser previsível, de certa forma, que os auxiliares de

enfermagem, por exemplo, não tenham interesse em implementar o processo de

enfermagem se não forem orientados quanto à sua importância, ou mesmo, não

estiverem envolvidos na sua elaboração. Percebe-se, então, que toda a equipe

precisa ser treinada e habilitada a desenvolver o processo de enfermagem, e o

enfermeiro necessita continuamente habilitar sua equipe, a efetivamente

desenvolverem as ações planejadas

O aspecto humano do cuidado de enfermagem é um dos mais difíceis de ser

implementado. A rotina diária e complexa que envolve o ambiente da Unidade de

Terapia Intensiva faz com que os membros da equipe de enfermagem, na maioria

das vezes, esqueçam de tocar, conversar e ouvir o ser humano que está à sua

frente (VILA e ROSSI, 2002).

Desenvolver um trabalho em grupo, que busca alcançar um objetivo comum - a

assistência prestada ao paciente livre de riscos - é fundamental para que o

enfermeiro possa exercer o seu papel de gerente perante a equipe de enfermagem.

A enfermeira, ao planejar a assistência de enfermagem, considera importante ouvir o

cliente e avaliar as suas necessidades, contando com a participação de todos da

sua equipe (FERNANDES, et. al., 2003).

O enfermeiro ao planejar a assistência, garante sua responsabilidade junto ao

cliente assistido, uma vez que o planejamento permite diagnosticar as necessidades

31  

 

do cliente, garante a prescrição adequada dos cuidados, orienta a supervisão do

desempenho da equipe, a avaliação dos resultados e da qualidade da assistência

(ANDRADE e VIEIRA, 2005).

A família pode contribuir muito para a recuperação do paciente, mas para que isso

aconteça, ela precisa ser orientada sobre as rotinas da UTI e sobre o que está

acontecendo com o seu familiar, necessitando sentir-se acolhida, respeitada e,

também, cuidada. Por isso, é importante permitir sua presença, assegurar- lhe de

que a equipe de enfermagem está ali para ajudar a enfrentar esse momento difícil.

Assim, consideramos necessário e fundamental a priorização do tempo, através do

planejamento da assistência, de modo que se estabeleça uma relação terapêutica

com os pacientes e seus familiares (SILVEIRA, et. al., 2005).

32  

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com a literatura revisada, esta pesquisa proporciona um entendimento

maior e mais claro a respeito do processo de enfermagem (PE) na UTI, bem como

pode auxiliar a conduzir os profissionais da área através de uma revisão literária a

aplicação da SAE numa Unidade de Terapia Intensiva.

Os autores consultados aqui nos mostram o PE como a base do planejamento da

assistência de enfermagem, na qual o enfermeiro avalia o paciente aplicando o

histórico de enfermagem e realizando o exame físico para coletar os dados. A partir

dos dados coletados, são identificados os problemas de enfermagem, que, por sua

vez, concorrem para o estabelecimento dos diagnósticos de enfermagem, auxiliando

para a elaboração de uma prescrição de enfermagem individualizada e direcionada

às reais necessidades de um determinado paciente.

A pesquisa conclui que a SAE é uma maneira sistemática e dinâmica de prestar o

cuidado de enfermagem, promovendo a humanização da assistência, integrando a

família junto à equipe e paciente, porém o enfermeiro sobrecarregado de tarefas e

afazeres cotidianos, relega para segundo plano o planejamento das atividades

relacionadas ao Processo de Enfermagem, o que pode favorecer ainda mais para a

desvalorização e dificuldade da implementação da SAE em uma UTI.

Refletindo sobre o processo de enfermagem, a literatura mostra que os registros de

enfermagem, por ser um meio que efetivamente comprova a qualidade do cuidado,

merecem especial atenção por parte das lideranças e de toda a equipe, visto que

constituem parte inerente ao processo do cuidar, sendo necessário continuar

investindo no aperfeiçoamento das anotações/registros dos enfermeiros, tendo em

vista um novo treinamento teórico e prático.

33  

 

Com o estudo foi avaliado que para ser realizado um cuidado de enfermagem

adequado às exigências de um cliente em estado crítico é preciso uma estrutura

organizacional específica, tanto em relação aos recursos humanos quanto aos

recursos físicos e materiais. E que o enfermeiro deve ter percepção da relevância da

presença da família na UTI, seja para conversar com o paciente, tocá-lo ou

simplesmente observá-lo, mesmo quando este se encontra inconsciente.

Analisa-se, a respeito desse fato, que para uma efetiva implantação do processo de

enfermagem, é necessário primeiramente um comprometimento da chefia de

enfermagem com a proposta de promover reuniões para a equipe e elaborar um

plano de ação para que a SAE seja aplicada de forma satisfatória para o cliente em

estado critico.

Por fim, acreditamos no Processo de Enfermagem como um meio e um instrumento

que possibilita um fazer direcionado por ações científicas na prática e que um dos

caminhos para se chegar a uma implementação eficaz do processo de enfermagem

é a integração docente-assistencial, que viria a enriquecer o conhecimento em

ambas as partes, principalmente nos aspectos referentes à necessidade de

constante treinamento, estudo e atualização.

Espera-se que este estudo possa contribuir, também, para que cada vez mais,

profissionais e acadêmicos de enfermagem tenham contato com a existência e

utilização do processo de enfermagem, sendo estimulados espontaneamente a

aprimorarem sua metodologia de planejamento do cuidado, e vindo, assim, a fazê-lo

em sua atuação profissional.

34  

 

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