introdução ao projeto do produto

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    1 Introduo ao Projeto do Produto

    1.1. Introduo

    Este captulo contextualiza o tema no cenrio atual, evidenciando a sua importncia diante das

    novas condies de concorrncia. Busca tambm discutir a abordagem a ser adotada no

    ensino e na formao de profissionais em Engenharia de Produo. Nosso objetivo o de

    estabelecer um pano de fundo para a conduo do tema.

    1.2. Produtos e Poltica Industrial

    A abertura econmica e conseqente unificao dos mercados; as rpidas mudanas

    tecnolgicas; o acesso informao e a costumerizao ou fragmentao de mercados; que

    caracterizam a realidade scio-econmica em nosso tempo, determinam para as empresas a

    necessidade da produo de produtos word class. Para tanto, as empresas tem adotados

    estratgias tecnolgicas e organizacionais que buscam fundamentalmente a flexibilidade dos

    sistemas produtivos. No campo organizacional, consolida-se o conceito de network

    manufacturing, caracterizado pelo estruturao em rede de pequenas empresas com

    capacidade de produzir uma variedade de produtos eficientemente.

    Dentro deste contexto, a atividade de desenvolvimento do produto e o projeto do produto1, tem

    configurado-se como um dos elementos chave na determinao da competitividade industrial.

    no lanamento de um novos produtos que as empresas expem sua real capacidade

    competitiva.

    No Brasil, apesar das distintas dinmicas de inovao nos diversos setores industriais,

    percebe-se uma assimilao tardia desta realidade. Em termos gerais o pas viveu at o final

    dos anos 80 sob uma poltica industrial e tecnolgica caracterizada pela substituio deimportaes. Assim os produtos aqui fabricados, protegidos por barreiras tarifrias, no

    sofreram, com a mesma intensidade, as presses advindas do acirramento da competio nos

    mercados.

    1 Os termos desenvolvimento de produto e projeto do produto so tratados as vezes como sinnimos; outras como se o

    segundo constituisse um subconjunto do primeiro. Se considerarmos as novas abordagem organizacionais, podemos

    trat-los como sinnimos e pens-los como um processo de projeto onde so tratadas das questes do produto e do

    seu processo produtivo.

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    Para se ter uma idia da defasagem, tomando-se como base os dados referentes

    Propriedade Industrial, que refletem o esforo das empresas brasileiras em Pesquisa &

    Desenvolvimento (P&D), mostram para o ano de 1992, uma relao de 6/1 nos depsitos de

    pedidos de Patente de Inveno entre os no residentes e residentes no pas e de 12/1 nos

    pedidos aprovados. Ainda, em termos dos nmeros globais de pedidos encaminhados no

    mesmo ano, os dados da OMPI mostram 385000 pedidos encaminhados no J apo, 187000

    nos EUA, 115000 na Alemanha, 82000 na Frana e apenas 14000 no Brasil. A tabela 1.1.2

    apresenta um levantamento mais recente, cobrindo o perodo de 1979 a 1995 na rea de

    Biotecnologia. Fica claro portanto, a pouca nfase dada pelas empresas brasileiras para a

    atividade de desenvolvimento e projeto de produtos, no passado recente.

    Para muitos o relacionamento entre P&D, Projeto de Produto e Patentes no evidente,

    fazendo-se necessrio justificar. Ao meu ver, e como aprofundaremos mais tarde, todo produtoincorpora uma parte reusada e outra de inovadora. A capacidade de inovar, relaciona-se

    diretamente aos investimentos em P&D e estes, refletem-se em nmero de privilgios de

    patentes obtidos.

    Apesar do quadro desfavorvel apresentado em relao ao desenvolvimento de produtos, as

    rpidas transformaes em termos de poltica econmica e industrial, pelas quais o pas tem

    passado nestes ltimos anos, tem colocado na ordem do dia para as empresas a necessidade

    de reformulao das suas estratgias de produto, em termos tecnolgicos e organizacionais.

    Tais demandas tem obtido ressonncia em diversas esferas. Cresce o nmero de publicaes

    e tradues, bem com o de pesquisadores que se interessam pelo tema; so criados Parques

    Tecnolgicos e Incubadoras Industrias, que invariavelmente apresentam uma estrutura

    consorciada entre a iniciativa privada, estado e universidades; e, iniciativas como o Programa

    Brasileiro de Design3 (PBD)4, buscam incentivar, promover e proteger a inovao5.

    2 Perodo: 1979/1995, Total de Pedidos: 552; Fonte: INPI: Margareth Maio Da Rocha. Biloga, Examinadora de

    Patentes. In Menegon, 1996. COPPE/UFRJ .3 O termo design fortemente associado no Brasil s atividades relacionadas com o Desenho Industrial, enquanto no

    exterior e termo assume um carater mais amplo, associado ao que comumente denominamos Projeto. o prprio PBDreflete esta dicotomia.

    4 O PBD apesar de recente, tem promovido aes no sentido de avaliar a competitividade do design brasileiro, bem

    como aproximar os diversos agentes envolvidos com a questo.

    5 As diferentes realidades intra e intersetores industriais tm demonstrado capacidades distintas de assimilao e

    incorporao dos novos paradigmas na atividade de desenvolvimento e projeto do produto. As grandes companhias

    nacionais e multinacionais rapidamente tm assimilado as mudanas organizacionais exigidas pela realidade

    internacional. O setor automobilstico brasileiro um forte exemplo. Os ltimos desenvolvimentos deste setor, bem

    como as novas plantas industriais previstas para o pas, esto em consonncia com as estratgias de produto e de

    processos produtivos adotados internacionalmente pelo setor. Num outro grupo, esto as empresas de menor porte,

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    Pas Incidncia

    Estados Unidos da Amrica

    SuaBrasil

    Inglaterra

    J apo

    Alemanha

    Frana

    Holanda

    Dinamarca

    Outros*

    * Canad, Finlndia, Hungria, Austrlia, Noruega,

    Israel, Sucia, ustria, frica do Sul, Espanha e

    Blgica.

    37,2%

    11,1%10,5%

    8,4%

    7,7%

    4,6%

    4,4%

    4,2%

    2,5%

    9,4%

    Total 100%

    Tabela 1.1. Distribuio de Pedidos de Patente no Brasil na rea da Biotecnologia (por pas de

    origem)

    No que se refere ao setor privado, tenho percebido enquanto pesquisador e membro dos

    grupos Ergo&Aco e SimuCad, uma crescente demanda por profissionais na rea de projetos.

    Neste campo, dados mais objetivos devem ser buscados, particularmente deve-se avaliar6 o

    crescimento de investimentos em P&D, dos pedidos de patentes e dos contratos de

    Transferncia de Tecnologia, os quais podem fornecer alguns indicadores para a questo.

    que tem sofrido de maneira mais concreta os efeitos da abertura do mercado brasileiro aos produtos internacionais. No

    geral, pode-se apontar nestas indstrias debilidades internas, associadas incapacidades gerenciais e tecnolgicas,

    determinadas pela inexistncia de um ambiente competitivo no mercado brasileiro durante um longo perodo de tempo.

    Destacam-se ento as estruturas organizacionais por funo, pouca padronizao e formalizao nos processos

    produtivos, ineficincia de planejamento e controle da produo, inexistncia de uma cultura de projeto de produtos e

    ausncia de investimentos e Pesquisa & Desenvolvimento. Ainda, interferem fatores externos s empresas,

    particularmente a deficincia da poltica industrial do pas, cujo principal efeito a inexistncia de esforos no campo

    da padronizao e normalizao.

    6 Tema para Trabalho de Concluso e Pesquisa.

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    As iniciativas apontadas corroboram pesquisas promovidas pelas Naes Unidas7 que

    apontam demandas por capacitao em Projeto do Produto para a Amrica Latina e Caribe,

    como uma das principais barreiras a serem superadas na busca do desenvolvimento.

    1.3 Modelos de Projeto e Engenharia de Produo

    Considerando que os produtos constituem o centro dos negcios, no contexto da formao de

    profissionais em Engenharia de Produo, a questo que nos colocamos : qual abordagem a

    ser adotada no ensino de Projeto do Produto? A resposta no evidente. As contribuies

    podem ser encontradas nos campos da estratgia, marketing, administrao, qualidade e

    projeto, dentre outras. A engenharia de produo tangencia discusses num amplo espectro de

    disciplinas com diferentes nveis de aprofundamento e enfoque.

    Para elucidarmos a questo, devemos observar que o engenheiro de produo assumir cedo

    ou tarde, em sua atividade profissional, funes de gerncia dos processos8 industriais. Assim

    deve estar preparado para compreender a natureza das atividades que possa a vir gerenciar.

    Tal enfoque nos coloca dentro do campo da Projetao, ou seja, centrado na ao de projetar.

    Isto nos remete tambm para o campo da ergonomia. Sem dvida, aspectos como o trabalho

    em grupo, trabalho cooperativo ou problemas no estruturados, constituem o dia a dia de uma

    equipe de projeto.

    No obstante, nosso foco estar sobre a atividade dos projetistas, faz-se necessrio buscar

    modelos mais amplos que integrem o projeto do produto e a atividade dos agentes

    relacionados, ao contexto dos negcios.

    A busca de modelos no constitui interesse de cunho estritamente acadmico. Em ltima

    instncia, um modelo terico s nos til quando possibilitar uma melhor compreenso e a

    transformao da realidade. Nos interessa uma modelo que possa ser assimilado pela

    indstria, indicando qual a abordagem a ser adotada na transposio das estruturas

    organizacionais que resultem na eficincia e eficcia do processo de projeto e produo denovos produtos.

    7 Estudo da Unido, realizado em 15 pases nos anos de 1992 e 1993, relatado por Maiza Neto, O.; citado por

    Stahlberg, P.; em comunicao pessoal, 1996.

    8 O termo processos industrias tem aqui o significado apresentado por Tachizawa, T. & Scaico O.; pag. 94, 1997; cujo

    modelo integra as estruturas funcionais verticais a processos horizontais cujas principais caractersticas podem ser

    enumeradas: i) integrao de clientes, produtos e fluxo de trabalho; ii) explicita o trabalho transpondo as fronteiras

    funcionais; e, iii) relacionamentos internos cliente/fornecedor, por meio dos quais so gerados produtos/servios.

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    Como ponto de partida, pode-se estabelecer algumas idias globais que envolvem a atividade

    de projeto de produto e que so relevantes para a apreciao de um modelo.

    1. Existem nas atividades de Pesquisa & Desenvolvimento e Projeto do Produto, aspectos

    intangveis, com comportamentos imprevisveis, que reforam a importncia da cultura de

    desenvolvimento de produtos. fundamental para a afirmao desta cultura nas empresas,

    atividades pragmticas de laboratrio que resultem em saber fazer. Parece impossvel ser

    competitivo sem que haja esforos significativos em P&D voltados para o aperfeioamento de

    produtos e processos.(atividade);

    2. O ambiente exige tambm, sistemas produtivos flexveis com alto grau de integrao das

    funes gerenciais e produtivas. Ao mesmo tempo que se acumulam tendncias no sentido

    normalizao e padronizao de produtos e processos, intensificam-se tendncias deaprendizado contnuo e trabalho criativo. (gesto).

    3. Em termos de competitividade, as tendncias apontam para a necessidade de empresas

    focadas em competncias especficas, abandonando reas de competncias no estratgicas

    (estratgia).

    A importncia de um modelo que responda questo no campo da estratgia, gesto e

    atividade de poder integrar o arcabouo de mtodos e tcnicas que vem sendo difundidas

    no campo do projeto do produto9. Este conjunto de mtodos e tcnicas deve fazer sentido para

    que os aprende e utiliza.

    1.4 Ensino de Projeto de Produto

    A adoo de um modelo terico por si, no garante o ensino de projeto do produto, ele apenas

    estabelece uma rede, um caminho a ser seguido. Como ensinar percorrer este caminho, ou

    melhor, como ensinar projeto do produto?. Pugh(1991), no prefcio do livro Total Design

    9 Consolidam-se mtodos e tcnicas aplicadas ao desenvolvimento do produto: (1) metodologias organizacionais, como

    a Engenharia Simultnea, caracterizada pela transposio das estruturas administrativas funcionais para a

    administrao por processos, atravs de equipes multifuncionais realizando atividades de projeto e produo

    paralelamente; (2) metodologias de projeto conceitual, como o EQFD, que enfatiza a definio conceitual do produto,

    concentrando as alteraes de engenharia nas fases iniciais do processo de projeto, evitando zonas de caos e

    buscando planos de estabilidade nas fases de produo e lanamento do produto; (3) metodos estatsticas, como

    confiabilidade, FEMEA-Anlise do Efeito e do Modo de Falha e o Planejamento de Experimentos/Mtodo Taguchi, que

    buscam fundamentalmente a robustez da tecnologia aplicada; (4) tcnicas diversas, como Projeto Para Manufatura e

    CAE/CAD/CAM, que possibilitam a integrao das atividades de projeto e reduo no lead time. (Pugh, S.; 1991;

    Toledo,J .C.; 1994; Clausing, D.; 1994; Pahl, G.; & beitz, W.; 1996, QS900, 1994).

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    aponta esta dificuldade10: Design em si uma atividade, no uma matria no sentido

    tradicional, como matemtica e fsica. Ao mesmo tempo, apresenta uma resposta para a

    questo: Voc o leitor, ser apresentado a uma estrutura dentro da qual voc pode praticar o

    design e ir incrementando o seu rigor. Ao mesmo tempo, voc vai ser ajudado a colocar dentro

    desta rede, os mais tradicionais tpicos de engenharia., pag. viii. A leitura que fazemos de

    que deve-se observar alguns aspectos bsicos para o ensino de projeto do produto.

    1. No se pode falar de aprendizado de projeto do produto sem pratic-lo. Deve-se percorrer o

    processo do estudo da necessidade at a materializao do produto.

    2. Utilizar um modelo formal de processo de projeto como rede de relacionamentos a ser

    seguido. Objetiva orientar as atividades, compor grupos, dividir tarefas, enfim, fornece a

    estrutura para o projeto.

    3. introduzir mtodos e tcnicas diversas, sem amarrar uma metodologia especfica. O escopo

    de cada projeto pode orientar na escolha do repertrio metodolgico adequado.

    4. buscar a aproximao das equipes de projeto atividade dos projetistas. Esta aproximao

    envolve tanto a execuo das atividades de projeto, como a busca de relacionamentos com

    projetistas que podem ajudar nas tomadas de decises, bem como possibilita compreender

    como eles fazem as coisas.

    Antes de encerrar a questo em torno da abordagem do tema, deve-se ressaltar que os

    projetos no so feitos como so ensinados. As inmeras abordagens que representam o

    processo de projeto como uma conjunto de problemas que so resolvidos de maneira

    sistemtica e estruturada podem induzir esta viso. Os problemas de projeto so em sua

    maioria complexos e resolvidos de formas totalmente alheias aos mtodos e tcnicas

    utilizados.

    Portanto, estas ferramentas devem constituir o saber fundamental daqueles envolvidos com oprocesso de projeto, a fim de fazer uso das mesmas nas situaes que s requeiram.

    1.5. Concluso

    Este captulo tratou de justificar a importncia e a relevncia do Projeto do Produto e do

    Processo no contexto da Engenharia de Produo, bem como discutiu a abordagem a ser

    10Design itself is an activity, not a subject in the traditional sense, like mathematics or fhysics. You, the reader, will be

    presented with a framework within which you can practise design with increasing thoroughness. At the same time, you

    will be helped to place the more tradicional topics of engineering within this framework., Pugh, S.; 1991,pag. viii.

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    adotada no tratamento do tema. Definies, conceitos e demais enunciados que por ventura

    no ficaram claros nesta primeira apresentao, sero aprofundados ao longo do texto.

    Espera-se que as questes apresentadas sejam suficientes para a motivao dos participantes

    nas atividades relacionadas com o tema e possibilite aos mesmos uma viso ampla do

    processo de projeto.

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    2. Referencial para o Projeto da Tcnica11

    .

    2.1. Introduo

    Neste captulo ser estabelecido, a partir da teoria que fundamenta o projeto de engenharia,

    um referencial conceitual para o projeto da tcnica, que em sua dimenso material assume a

    forma de artefatos, cujo fim pode estar associados tanto ao consumo como produo.

    Objetiva-se de uma forma ampla apresentar um modelo para o projeto de engenharia que

    tenha coerncia com o referencial apresentado no Captulo 1, e ao mesmo tempo possa

    orientar a compreenso da atividade de concepo.

    Partiremos do ponto de vista de Clausing, 1994, Desenvolvimento do produto uma atividadee a nica maneira de aprender completamente esta matria pratica-la, o qual

    compartilhados por Back, 1982, Pugh, 1990, e Pahl & Baitz, 1995. Alm deste campo que

    busca uma representao a partir da atividade, outras disciplinas tm focado o projeto como

    objeto de anlise, particularmente pela nfase dada ao projeto do produto, dentro do contexto

    da reestruturao produtiva. As contribuies vm das disciplinas de Estratgia, (Robert,

    1995), Marketing, (Gruenwald, 1992), Administrao, (Gurgel, 1995), Qualidade, (J uran, 1992,

    Toledo, 1994), dentre outras. No que pese a contribuio destas disciplinas, elas pouco nos

    dizem acerca de como os artefatos so concebidos (produto, processo e operaes), ficando,

    portanto, na periferia da atividade de projeto.

    No campo da engenharia, existe uma ampla literatura do design (projeto) dos artefatos. A

    busca em torno de uma teoria, de mtodos e de tcnicas para o projeto, tem razes no setor

    metal-mecnico, expandindo-se para o campo da eletro-eletrnica e microinformtica. Pahl &

    Beitz, 1995, identifica nos esboos de Leonardo da Vinci, a variao sistemtica de possveis

    solues, os primeiros indcios de um mtodo no campo do projeto. Os autores realizam uma

    reviso histrica e apresentam os principais mtodos correntes, concluindo que estes so

    fortemente influenciados pelos campos de especialidade de onde originam as obras. Noentanto enfatizam: Eles, contudo, assemelham-se uns com os outros muito mais que os

    vrios conceitos e termos podem sugerir, pg. 24.

    As diversas influncias nas vises metodolgicas podem ser identificadas dentro do setor

    metal-mecnico: Clausing (1994), num guia de implementao de engenharia concorrente

    alinha-se escola de Relaes Humanas focando as relaes interdepartamentais

    11 MENEGON, N. L. Banca de Qualificao: Projeto da Tcnica e do Trabalho.Captulo 2: Referencial para o Projeto da

    Tcnica COPPE/RJ , Setembro de 2000.

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    (multifuncional product development team); Pugh (1990), com a teoria do Total Design activity

    busca uma aproximao com a psicologia social dos grupos (Pugh & Morley, 1988); e, Pahl &

    Beitz (1995), cuja obra Engineering design: A systematic Aproach fundamentada na teoria de

    sistemas e na resoluo de problemas.

    2.2. Uma Abordagem para o Projeto de Engenharia

    Para introduzirmos a discusso, partiremos de um modelo proposto por Pugh (1983); e Pugh &

    Morley (1986 e 1988). Os autores apresentam uma abordagem para a teoria geral do design

    (projeto) que busca integrar a psicologia social dos grupos com trabalhos no campo da design

    de engenharia. O que ressalta na viso apresentada a abordagem interdisciplinar

    englobando o estudo das pessoas (atividade), dos processos (gesto) e do contexto(estratgia). A figura 2.1. apresenta o template que representa o modelo proposto. O modelo

    foi revisado por Pugh, aplicando-o a diferentes produtos e disciplinas, concluindo que as idias

    principais foram validadas para o mbito do projeto de engenharia. Seu modelo pode ser

    descrito como um delinear da especificao de projeto de produto ou modelo da fronteira do

    projeto. Este modelo foi proposto para estabelecer uma base comum entre projetistas e

    procura representar a natureza das vrias restries relevantes para o projeto de qualquer

    produto.

    A figura mostra um ncleo central que delimitada pela natureza das especificaes (Product

    Design Specification). Esta parte central a principal rea da atividade de projeto, formada por

    fases centrais de: investigao de mercado; especificao do projeto do produto; projeto

    conceitual; projeto detalhado; manufatura e vendas. Considera-se neste modelo que, na

    prtica, a atividade de projeto deve ser interativa e no linear, de modo que etapas sejam

    refeitas ao longo do processo de projeto. As fases centrais so consideradas universais e

    comuns para todo tipo de projeto, cabendo s outras reas da atividade dar ao projeto suas

    caractersticas distintivas, uma vez que diferentes tipos de projeto podem requerer diferentes

    tipos de informao, tcnicas e gerenciamento. Assim, as entradas especficas para a partecentral do projeto necessitam ser reconsideradas para cada caso.

    no espao deste ncleo central que se estabelece a f ronte ira pessoal do projetoa qual

    representa restries associadas s caractersticas e habilidades pessoais impostas pelo

    projeto s pessoas relacionadas a esta atividade. Apesar de poderem existir certas

    caractersticas pessoais requeridas para projetistas, em geral diferentes tipos de projeto,

    baseados em diferentes contextos e gerenciados de diferentes maneiras, podem requerer

    diferentes tipos de habilidades.

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    Figura 2.1: Extrada de Pugh & Morley, 1986.

    Como j salientado anteriormente, o ncleo central delimitado pela natureza das

    especificaes (Product Design Specification-PDS). A figura 2.2. apresenta tal conjunto de

    especificaes. O PDS representa a f ronte ira do projeto do p roduto. O autor utiliza-se de

    uma analogia interessante para explicar tal fronteira, comparando-a com o malabarismocircense de pratos e varas. Considera que numa equipe interdisciplinar de projeto, cada um de

    seus membros deve manter do incio ao fim do projeto um conjunto de pratos girando. O

    sucesso ou fracasso das atividades desenvolvidas no ncleo central depender fortemente da

    capacidade de interao do grupo, envolvido na resoluo dos conflitos que surgem ao longo

    do processo de projeto. Da a importncia do gerenciamento do projeto do produto e dos

    mtodos e tcnicas utilizados, os quais devem, acima de tudo, por em evidncia os conflitos e

    contribuir para a sua superao, buscando o consenso negociado. A especificao

    essencialmente importante, pois estabelece, em detalhes, a ampla variedade de restries,

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    tcnicas e no-tcnicas, a serem impostas ao projeto, definindo o seu escopo. Ela deve

    estabelecer o status de um produto em um mercado competitivo e assegurar que vale a pena

    projetar esse produto.

    Figura 2.2: Elementos do Produt Design Specification, Extrado de Pugh, 1988.

    importante notar que o modelo at aqui apresentado e denominado Design Act iv i ty Model

    (Pugh, 1978, Cap. 2, pg. 21) ainda no incorporava os aspectos estratgicos do negcio.

    Esta abordagem inicial foi construda ao longo da dcada de 70, a partir da ruptura do autor

    com os modelos baseados na resoluo de problemas representativos do processo de projeto

    dentro de uma racionalidade puramente tcnica. A crtica a modelos desta natureza, de que

    misturam estrutura e mtodo, (Pugh, 1982, cap. 5 pag.51). O mais importante para o autor buscar uma representao para o processo de projeto que possibilite aos projetistas escolher

    os seus prprios mtodos.

    A preocupao com a incorporao dos aspectos mais amplos do negcio aoDesign Act iv i ty

    Model, aparece a partir da crtica tecida ao livro Competitive Strategy de Porter, 1980, (in

    Pugh, 1982 pg. 160). O questionamento surge a partir da constatao de que o produto no

    considerado como elemento central de qualquer atividade de negcio, e o projeto, aparece

    apenas de forma superficial. a partir desta crtica que o modelo mais elaborado, o Bus iness

    Act iv i ty Model, (Pugh, 1983, Cap.10 pg. 125), apresentado. Uma terceira fronteira, a

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    f ronte ira do projeto do n egcio, incorporada ao modelo anterior. A viso do autor fica clara

    no que segue: O modelo da atividade de Projeto do Negcio tem como tema central o modelo

    da atividade de projeto do produto, o qual lgico, desde que sem um produto (e, numa

    definio ampla, o produto pode ser um edifcio ou um servio) ns no temos um negcio e

    ,portanto, nada para gerenciar. Produtos so ento o centro dos negcios, e os modelos

    devem enfatizar este fato: isto deve ser bvio., pg. 125.

    importante salientar que a incorporao dos aspectos estratgico no modelo de Pugh, no

    representa a desconsiderao anterior do tema. Os conceitos de produtos estticos e

    dinmicos, (Pugh,1976, pag.212), antecedem o modelo final apresentado e fundamenta a

    discusso em torno da estratgia do negcio. A figura 2.3. mostra este entendimento. No

    esquema da figura, os extremos notados A e B, representam dois modelos para o projeto de

    produto, um para projetos de produtos que envolvem conceitos estticos, com mudanasincrementais dos detalhes de uma mesma base genrica; outro para casos de projetos onde

    no foi descoberta sua base genrica, estando assim relacionados com conceitos dinmicos.

    No modelo para o caso dinmico, a especificao do projeto de produto gerada a partir da

    anlise do mercado e das necessidades dos clientes. Neste estgio no conhecida a

    natureza do projeto final. No modelo para o caso esttico, a especificao do projeto de

    produto definida com base na considerao de que existe pouca ou nenhuma escolha

    conceitual no nvel do sistema total. As especificaes so escritas assumindo-se que existe

    uma parte central genrica do projeto.

    Figura 3: Extrada de Pugh, 1983.

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    O relacionamento entre os conceitos de projeto esttico e dinmico pode ser melhor

    compreendido se considerarmos a abordam complementar de Andrade & Clausing, (1997),

    para alcanar alta eficincia nos negcios as companhias devem integrar o seu processo de

    desenvolvimento de produto com o processo de desenvolvimento de tecnologia e a formao

    de competncias centrais., p1. Os autores consideram que, dentro do espectro limitado pelas

    inovaes incrementais (esttico) at as radicais (dinmicos), qualquer produto ser a

    combinao de uma poro inovativa e outra usada. Os autores propem um o modelo da

    integrao do negcio (Business Integration Model), figura 3.4., onde descrevem o

    desenvolvimento temporal das linhas de produto suportadas por uma base tecnolgica que por

    sua vez suportada pelas competncias centrais do negcio.

    O modelo da atividade de projeto do negcio consorciado ao modelo da integrao do negcio

    possui um grau de generalidade suficiente para explicar o desenvolvimento do produto, nassuas vrias dimenses, envolvendo a atividade do projetista, a gesto do processo de projeto e

    a estratgia do negcio.

    O conceito mais importante do modelo de Pugh que a parte central do projeto (fronteira

    pessoal do projeto) no restringida apenas pelos elementos da especificao do projeto do

    produto (fronteira do projeto do produto), mas tambm pelos elementos da estrutura do

    negcio (fronteira do projeto do negcio). A importncia do modelo apresentado est em poder

    assimilar as vrias abordagens associadas ao desenvolvimento do produto partindo da

    necessria insero desta atividade no mbito dos negcios e portanto, absorvendo as

    questes relacionadas com o projeto do produto e a estratgia industrial; apontando a

    importncia dos aspectos gerenciais e de gesto do processo de projeto; e, focando a atividade

    do projetista. Isto pode ser demonstrado pelo que segue.

    Figura 2.4: Extrada de Andade & Clausing (1997, pg. 3.

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    O conceito mais importante do modelo de Pugh que a parte central do projeto (fronteira

    pessoal do projeto) no restringida apenas pelos elementos da especificao do projeto do

    produto (fronteira do projeto do produto), mas tambm pelos elementos da estrutura do

    negcio (fronteira do projeto do negcio). A importncia do modelo apresentado est em poder

    assimilar as vrias abordagens associadas ao desenvolvimento do produto partindo da

    necessria insero desta atividade no mbito dos negcios e portanto, absorvendo as

    questes relacionadas com o projeto do produto e a estratgia industrial; apontando a

    importncia dos aspectos gerenciais e de gesto do processo de projeto; e, focando a

    atividade do projetista. Isto pode ser demonstrado pelo que segue.

    2.3. Abordagens Complementares para o Projeto de Engenharia

    Considerando o modelo apresentado, na seqncia ser integrado ao mesmo as distintas

    abordagens que vm sendo difundidas neste campo. Objetiva-se complementar a discusso

    acerca da atividade de concepo trazendo tona a influncia de outras disciplinas que

    interagem como o projeto de engenharia.

    2.3.1. A Abordagem da Estratgia

    A considerao das contribuies advindas do campo da estratgia complementa o modelo

    apresentado no sentido de estabelecer um ponto de vista acerca dos aspectos externos ao

    negcio. Neste campo, Robert (1995), ...as organizaes prsperas tambm desenvolvem um

    processo para gerenciar mudanas contnuas, de modo a gerar uma constante corrente de

    novos produtos e novos conceitos de mercado. ... h um processo sistemtico na criao e

    lanamento de novos produtos..., pg. 35. A inovao do produto ou processo apresentado

    em quatro etapas: busca, avaliao, desenvolvimento e perseguio. O modelo pode ser

    sumariamente apresentado. A busca significa que as oportunidades para o lanamento de

    novos produtos podem surgir de inmeras fontes e o que se prope uma estrutura aberta

    com capacidade de identificar estas novas oportunidades. A avaliao envolve o processo deafunilar as oportunidades apresentadas para aquelas que se enquadram na estratgia do

    negcio. O desenvolvimento compreende a transformao de um conceito em uma

    oportunidade real para um dado mercado. Finalmente a perseguio que envolve todas as

    atividades de prev enoe p romoopara a vida do produto no mercado.

    O sucesso no processo apresentado condicionado a dois fatores: i) a determinao darea

    es tr atgic aimpulsionadora do negcio; e, ii) as decises de quais reas de excelncia ou

    capacidades precisam ser cultivadas para a manuteno da estratgia. O autor conclui a

    apresentao do seu ponto de vista acerca da estratgia de inovao do produto, enfatizando

  • 7/28/2019 introduo ao Projeto do Produto

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    16

    as questes relativas a orientao para o futuro, apresentando as variveis fundamentais

    destes cenrios: i) ambiente econmico; ii) normas e legislaes; iii) tendncias sociais e

    demogrficas; iv) perfil e hbito do usurio/cliente; v) competio; vi) evoluo tecnolgica; vii)

    Processos e capacitaes da fabricao; e, viii) mtodos de venda/marketing.

    Abordagens desta natureza buscam considerar a insero do projeto no contexto mais amplo

    dos negcios, passando ao largo dos apectos gerenciais e das atividades projetistas

    associados s distintas estratgias, revelando o seu carter complementar ao modelo

    apresentado.

    2.3.2. A Abordagem da Gesto

    Para considerar as contribuies do campo da gesto, particularmente oriundas do TotalQuality Management (TQM), deve-se inicialmente reconhecer que as mesmas no constituem

    uma ruptura com os modelos tradicionais em projeto de engenharia, como demonstrado por

    Andrade (____) e Beitz, (1997), A abordagem sistmica d a fundamentao essencial para a

    engenharia da qualidade. Os mtodos especiais da TQM podem ser vistos como um suporte

    adicional abordagem sistmica e no uma outra via para o processo de projeto p. 284.

    1. Desempenho Caracterst icas operacionais bsicas

    2. Caracterst icas Caracterst icas Secundrias

    3. Confiabil idade Possibilidade de Mau func ionamento

    4. Conformidade Padres Estabelecidos

    5. Durabilidade Vida til do Produto

    6. Atendimento Ps Venda

    7. Esttica Aparncia do Produto

    8. Qualidade Percebida Nvel de Informao e Percepo do Consumidor

    Tabela 2.1. Dimenses da qualidade do Produto. Adaptada de Garvin, 1988.

    Para considerar as contribuies do campo da gesto, retomaremos a discusso em torno dos

    conceitos esttico e dinmico. Os conceitos de projeto esttico e dinmico possibilitam o

    desdobramento das diferentes estratgias (decorrentes da dinmica inovacional considerada)

    em processos de gerenciamento do projeto. Projetos conceitualmente estticos tendem a ter

    um maior grau de detalhamentos, exigindo um maior gerenciamento e coordenao. A base

    genrica iguala conceitualmente os produtos, sendo a concorrncia decidida nos detalhes. A

    inovao fortemente incremental, envolvendo subsistemas e componentes. Neste campo de

    projeto, abordagens de gesto fundadas na simultaneidade do processo e na coordenao de

    equipes multifuncionais so amplamente aplicadas. O gerenciamento da qualidade (Garvin,

  • 7/28/2019 introduo ao Projeto do Produto

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    17

    1988; J uran, 1992; Toledo, 1994) encontra neste campo sua maior aplicao. A base genrica

    dos produtos conceitualmente estticos desdobrada nas dimenses da qualidade. Dentro

    deste ponto de vista, o processo de projeto resume-se mudana da qualidade do produto

    nas suas vrias dimenses. Tabela 2.1.

    O problema de tais abordagens que o acirramento da concorrncia e fragmentao de

    mercados tendem a impor uma intensificao da dinmica inovacional. O encurtamento do ciclo

    de vida dos produtos e a sua desagregao em dimenses da qualidade no responde

    possibilidade de surgimento de uma nova base conceitual para o produto. Neste campo, a

    abordagem do projeto conceitualmente dinmico, parece ser a resposta a questo. As

    implicaes da dinmica inovacional na estratgia so de que diferentes tipos de atividade de

    projeto podem requerer diferentes estruturas organizacionais e diferentes caractersticas e

    habilidades pessoais. Ao colocar a questo do projeto conceitualmente esttico/dinmico omodelo do Total Design possibilita o deslocamento da discusso a cerca da atividade de

    projeto do campo da resoluo de problemas (problemas estruturados) para a tomada de

    deciso (problemas no estruturados).

    2.3.3. Abordagem da Ativ idade

    Lee & Sullivan (1993), propem uma classificao dos elementos que compem o processo de

    design de engenharia. Na Tabela 2.2., os autores desdobram as tarefas do ncleo central do

    projeto em atividades, metodologias, ferramentas e decises. A taxionomia proposta, pretende

    ser um guia para a implantao de processos concorrentes de projeto, integrando

    apropriadamente as entidades envolvidas.

    Tarefas de

    Design

    At ividades de

    design

    Metodologias de

    design

    Ferramentas de

    design

    Decises de

    design

    Translao das

    necessidades

    em funes doproduto

    Definir requisitos

    e especificaes

    Definir funes

    essenciais

    Brainstorming

    Brainstorming

    Engenharia do

    valor

    Confiabilidade

    Economia

    Ambiental

    Determinao do

    design do

    produto

    Busca de

    princpios

    funcionais e

    realizam as

    funes

    QFD

    Cartas

    morfolgicas

    Sistemas

    especialistas

    Qualidade

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    18

    Determinao do

    design do

    produto,

    e do design doprocesso

    Gerao de

    alternativas

    Design para

    manufatura

    Design paramontagem

    Estimativa de

    custo

    Carta morfolgicaSimulao

    Otimizao

    Economia

    Qualidade

    Ambiental

    Determinao do

    design do

    produto,

    design do

    processo e

    custos do

    produto

    Avaliao de

    alternativas

    Engenharia do

    Valor

    Mtodo Taguchi

    Estimativa de

    custo

    Sistemas

    especialistas

    Avaliao

    multiatributos

    Economia

    Qualidade

    Ambiental

    Determinao do

    design do

    produto,

    e do design do

    processo

    Desenvolvimento

    do design do

    layout preliminar e

    final

    Design para

    manufatura

    Design para

    montagem

    Mtodo Taguchi

    Desenhos

    Modelagem slida

    Sistemas

    especialistas

    Confiabilidade

    Determinao do

    design do

    processo

    Gerao dos

    planos de

    produo e

    operao

    Design para

    manufatura

    Design para

    montagem

    Otimizao

    Simulao

    Sistemas

    especialistas

    Programao

    Economia

    Testes de

    prottipos e

    avaliao da pr-

    produo

    Desenvolvimento

    do prottipo

    Prototipagem

    rpida

    Tabela 2.2: Traduzida de Lee e Sulivan, 1993; pg. 589.

    Os autores buscam explicar atividade de design dentro do contexto da engenharia simultnea,

    no qual, grupos multifuncionais desenvolvem um conjunto de atividades atravs de mtodos,

    tcnicas e deciso (Figura 2.5). interessante notar que os autores no discutem a atividade

    do projetista em si. Tratam dos mtodos e tcnicas e alinham-se com as abordagens da

    gerncia da qualidade. A deciso circunstanciada s dimenses da qualidade e no aos

    aspectos conceituais.

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    19

    Figura 2.5: Relacionamento das entidades de projeto e atividade dos projetistas, extrada de Garvin,

    1988.

    Dentro de uma abordagem conceitualmente dinmica, a atividade do projetista pode ser

    descrita como aquela na qual ... especialistas colaboram na investigao do mercado, seleo

    de um projeto, concepo e manufatura de um produto e proviso de vrios tipos de suporte ao

    usurio.... (Pugh, pg. 489). Assim trabalho visto como um processo de tomada de deciso

    coletiva, de sntese coletiva, o que de certo modo possibilita focar a questo da criatividade fora

    do campo individual, deslocando a discusso a cerca das contradies entre criatividade e

    mtodo. O primeiro passo notar que a criatividade est relacionada com o design de produtos

    que agregam mais valor do que produtos anteriores. Outro salientar que qualquer que seja o

    contexto deve-se perceber que a nfase mudou claramente de ter idias criativas para fazer

    trabalho criativo. O terceiro passo considerar seriamente a idia de que design criativo e

    inovao efetiva so atividades mais sociais que individuais. Um certo ambiente social

    naturalmente leva a um interesse em certos tipos de problemas, em certos tipos de mtodos epode proporcionar resultados especficos.

    Ao colar os problemas de projeto no campo do no-estruturado (no existe uma base

    conceitual para o produto), o modelo apresentado abre espao para novas possibilidades

    metodolgicas, particularmente aquelas associadas ao Soft System Metodhology (SSM).

    (Rosenhead, 1989). importante notar que a EQFD em consorcio com a Matriz de Seleo de

    Conceito de Pugh, 1991; e Pugh & Clausing, 1996; j apontam nesta direo.

    2.4. Consideraes Finais

    Partindo da compreenso de que o desenvolvimento do produto uma atividade e que a partir

    deste pondo de vista ele deve ser entendido, buscou-se apresentar um modelo com

    abrangncia o suficiente para integrar as diversas abordagens presentes e transcende-las.

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    Foram estabelecidos os relacionamentos entre estratgia, gesto e atividade. Enfatizou-se que

    em diferentes contextos tais relacionamentos exigiro estruturas organizacionais e

    metodologias especficas.

    Finalmente, considerando que existe a busca de uma teoria geral para o projeto de produtos,

    que possa ser assimilada pela indstria, cujas origens encontram-se no campo dos artefatos,

    deve-se buscar expandir as bases destes modelos para outros setores a fim de validar a seu

    grau de generalidade. O fato de ter origem no campo dos artefatos deve ser entendido como

    uma determinao histrica.

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    21

    Parte II

    3. Mtodos e Tcnicas aplicados ao Projeto de Artefatos

    1.1. Introduo

    O design de engenharia um processo de integrao e sntese contido dentro do contexto de

    um negcio e de um ambiente social regido por regras, normas e valores. Ainda, todo projeto

    gerenciado e condicionado por restries de escopo ou metas, tempo e recursos, envolvendo

    pessoas com diferentes representaes acerca dos problemas em questo. Durante o

    processo de projeto existe uma negociao entre os envolvidos da qual resulta o consenso

    materializado no dispositivo tcnico.

    Figura 3.1. Etapas, Mtodos e Objetivos do Processo de Desenvolvimento do Projeto.

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    22

    O modelo para desenvolvimento de produtos apresentado no captulo anterior prope uma

    estrutura genrica para o processo de projeto. Neste captulo iremos percorrer o processo de

    transformao entre uma demanda manifesta e disponibilizao do produto para o uso. Na

    figura 3.1. as etapas e os mtodos a serem discutidos sero apresentados.

    O processo ser dividido em trs etapas: Projeto Conceitual, Projeto Detalhado e Difuso. O

    Projeto Conceitual engloba as etapas 1 a 3 relativas as questes de Mercado ou Demanda,

    Especificao e o Desenvolvimento Conceitual propriamente dito. O Projeto Detalhado trata

    das especificaes finais do produto em termos de Processos e Operaes. A Difuso trata da

    vida de mercado do produto.

    3.2. Projeto Conceitual

    O projeto conceitual representa as etapas do projeto onde ainda no esta estabelecida uma

    base genrica para o produto, envolvendo desde a anlise da demanda at o estabelecimento

    de um conceito para o mesmo.

    Nesta fase do projeto o objetivo estabelecer um conceito para o produto que atenda o

    conjunto de especificaes derivadas da anlise da demanda e das restries advindas do

    contexto do negcio. Trata-se de uma etapa de estruturao de problema.

    Figura 3.1. Desenvolvimento da Qualidade Total (Fase Conceitual)

    Clausing, 1995, apresenta o projeto conceitual como parte fundamental do processo de

    desenvolvimento da qualidade total. A figura 1, ilustra o processo e detalha a fase de design

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    conceitual. O autor assume que nenhuma nova tecnologia desenvolvida no processo de

    projeto. Pelo contrrio, ... usualmente mais produtivo estabelecer um fluxo de tecnologias

    genricas que proporciona um alicerce tecnolgico para os novos produtos. Quando um

    conceito para um produto especfico desenvolvido, uma tecnologia j amadurecida pescada

    (fished out) da base tecnolgica para ser integrada dentro do novo produto, (pag. 106).

    Isto nos coloca dentro de um campo de produtos . A fase de design conceitual objetiva

    afunilar este campo de produtos para um conceito que atenda s especificaes. O tal

    desenvolvimento se d no interior de um conjunto de especificaes as quais serviro de

    referncia para todo o processo de projeto. No quadro 3.1., adaptado do captulo 3 de Pugh

    (1990), apresentamos os fatores a serem considerados nas especificaes e as questes

    tpicas associadas a cada um deles.

    Fator Questes

    tpicas

    Comentrios

    1. Desempenho Quo rpido,

    quo lento,

    quo freqente,

    contnuo,

    descontnuo?

    - O desempenho de um produto pode ser estabelecido em

    termos quantitativos ou qualitativos. O importante

    buscar desde o princpio qualificar os benefcios que o

    produto deva oferecer.

    - Tais benefcios podem ser categorizados. Podem ser

    identificadas caractersticas bsicas para o desempenho

    de uma funo principal, bem como o estabelecimento de

    funes secundrias e complementares.

    - O importante neste primeiro momento da especificao

    buscar estabelecer os fatores de desempenho do ponto

    de vista de que ir interagir com o produto.

    2. Ambiente Condies

    ambientais que

    incidiro sobre

    o produto em:1. uso,

    manufatura,

    estocarem,

    instalao e

    transporte;

    2. riscos, tipo

    de pessoas

    usando o

    - As questes ambientais podem ser entendidas tanto sob

    o ponto de vista dos efeitos sobre o produto como deste

    em relao ao meio ambiente.

    - As questes tpicas enumeradas do conta do primeiroaspecto acima apontado.

    - No que se refere aos efeitos do produto sobre o meio

    ambiente importante desde o princpio buscar

    compreender a natureza dos efeitos provocados pelo

    produto, seu processo de fabricao, uso e descarte,

    sobre o meio.

    - Tais efeitos podem ser controlados desde o incio do

    processo de projeto e tm assumido grande importncia

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    equipamento e

    grau de abuso.

    frente ao movimento consumerista que tende a valorizar

    produtos ecologicamente corretos.

    3. Expectativa

    de Vida

    Vida sob um

    determinadonvel de

    desempenho e

    medido contra

    qual critrio?

    - A expectativa de vida de um produto deve ser

    estabelecida identificando-se critrios de desempenhomensurveis.

    - Um aspecto importante a ser considerado a reduo

    no ciclo de vida dos produtos. Isto significa que um super

    dimensionamento resultar em custos adicionais que no

    sero transferidos em benefcios para o usurio. O ideal

    que a vida do produto seja compatvel com o ritmo das

    inovaes. A obsolescncia planejada constitui-se num

    caracterstica de qualidade do produto.

    4. Manuteno A manutenoregular

    desejvel ou

    possvel?

    O mercado no

    qual o produto

    ir ser colocado

    usualmente

    opera com

    manuteno

    planejada?

    A manuteno

    esta de acordo

    e reconhecida

    como um

    benefcio na

    filosofia do

    custo do ciclode vida?

    - As questes relacionadas com a manuteno soimportantes tanto do ponto de vista do usurio como do

    produtor.

    - Do ponto de vista do primeiro as operaes de

    manuteno implicam em custos adicionais do ciclo de

    vida do produto bem como na sua indisponibilidade

    durante estes perodos.

    - Do ponto de vista do produtor, a necessidade de

    manuteno implica na elaborao de recomendaes

    precisas dos procedimentos bem como na

    disponibilidades de componentes e mo de obra

    especializa.

    - Uma tendncia crescente da utilizao de mdulos

    substituveis que eliminam a necessidade de

    especialidades bem como o tempo de indisponibilidade

    dos produtos.

    5. Custo alvo do

    Produto

    Como ele foi

    estabelecido e

    contra qual

    critrio?

    Pode-se provar

    que o custo

    alvo

    - Os custos envolvidos no projeto so de dois tipos: o

    custo alvo para o produto e o custo do projeto

    propriamente dito.

    - Os custos do projeto esto relacionados s

    horas/homens dedicadas atividade, uso de instalaes

    e equipamentos, construo de modelos e testes de

    desempenho.

  • 7/28/2019 introduo ao Projeto do Produto

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    25

    alcanvel? - Tais custo iro influenciar o custo final do produto. Alm

    destes, o custo final ir depender da escala de produo,

    tecnologia dos processos produtivos e da capacidade dos

    projetistas de encontrarem solues compatveis com omercado alvo para o produto.

    - Para projeto conceitualmente estticos, o custo alvo

    ser determinado em funo dos preos aceitveis no

    mercado e da margem esperada pela empresa.

    - Para projetos conceitualmente dinmicos, torna-se mais

    difcil estabelecer o custo alvo na medida que no se

    sabe precisamente quanto o mercado estar disposto a

    pagar pelo benefcio.

    - De qualquer modo a existncia de um custo alvoconstitui-se numa das principais restries de projeto e

    condiciona o campo de solues viveis para o projeto.

    6. Embalagem requerida

    embalagem?

    Qual o efeito do

    volume do

    produto no

    custo de

    transporte?

    - A embalagem assume diferentes papis dependendo do

    tipo de produto.

    - Existem setores de mercado onde a mesma constitui-se

    num forte diferenciador e referncia no processo de

    compra, como no caso dos alimentos, bebidas,

    cosmticos dentre outros produtos de consumo freqente.

    - Em outros casos a embalagem objetiva apenas proteger

    o produto das agresses do meio, at que o mesmo seja

    entregue ao consumidor.

    - Independentemente da funo a questo da embalagem

    deve ser pensada para todo o ciclo de vida do produto,

    desde a fabricao at o uso.

    - A prpria embalagem constitui-se num projeto especfico

    e envolvendo todos os itens da especificao. Aspectos

    importantes como o reuso (bebidas, hortalias e frutas..) ea reciclagem devem ser considerados.

    7. Transporte O produto

    para o mercado

    interno ou ser

    exportado?

    Por qual meio

    de transporte?

    - A preocupao com o transporte importante e reflete

    tanto na integridade do produto quanto no seu custo.

    - O transporte pode influenciar tanto as opes de

    embalagem como no grau de acabamento do produto na

    distribuio. Em muitos casos ser vantajosos deixar as

    operaes de montagem final para a ltima etapa da

  • 7/28/2019 introduo ao Projeto do Produto

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    26

    Como o

    produto ser

    manuseado?

    distribuio a fim de minimizar custos (bicicletas) e riscos

    (computadores).

    - Da mesma forma, o transporte deve ser pensado ao

    longo do ciclo de vida do produto.- Durante a fase de fabricao o transporte dos produtos

    determinado pela estratgia de produo adotada e

    pelas tecnologias dos processos produtivos e de

    movimentao.

    - Durante o uso, pode ser um fator importante para muitos

    produtos, os quais so levados a campo (mquinas

    fotogrficas e similares, ferramentas, equipamentos

    esportivos...).

    - Finalmente sempre importante considerar ao longo dociclo de vida do produto os aspectos ergonmicos de

    usurios e trabalhadores associados ao transporte do

    produto.

    8. Qualidade e

    Manufatura

    Massa, Lotes,

    Unitrios; efeito

    na poltica de

    equipamentos;

    instalaes de

    manufatura e

    investimentos

    requeridos na

    fabricao do

    produto.

    - As especificaes quanto a qualidade e manufatura

    devem ser entendidas como uma das mais importantes

    no processo de projeto.

    - Constantemente elas constituem-se a partir de uma

    base tecnolgica dominada pela empresa cujo universo

    delimita as possibilidades do projetista.

    - Este universo deve estar muito bem definido desde o

    incio do processo de projeto. importante que o

    projetista domine a tecnologia dos processos produtivos

    para poder explorar ao mximo suas capacidades.

    - Quanto s especificaes de qualidade, elas devem ser

    vistas sob a tica dos desempenhos esperados para o

    produto. Os controles, inspees e a garantia dos

    processos s fazem sentido quando avaliados os seusefeitos no desempenho.

    - As especificaes devem ser realistas e refletir a

    capabilidade dos processos utilizados.

    9. Dimenso e

    Peso

    Existe alguma

    restrio de

    dimenso e

    peso?

    muito pesado

    - As restries de dimenses e peso esto associadas

    tanto ao uso e transporte do produto quanto a sua

    disponibilizao na distribuio.

    - A dimenso pode ser uma restrio para a distribuio e

    uso quando associada determinados tipos de padres

  • 7/28/2019 introduo ao Projeto do Produto

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    27

    para um

    simples

    elevador?

    Serembarcado em

    um avio? De

    que tipo?

    que determinam os espaos. So exemplo a largura de

    portas, altura de prateleiras, dimenses de conteiners ou

    consideraes estticas e de sinergia com produtos

    similares.- Quanto ao peso, pode interferir tanto no processo de

    transporte e uso do produto, quanto na sua performance.

    Nestes casos, torna-se importante as consideraes

    relativas aos materiais e anlise de tenses.

    10. Esttica e

    aparncia

    Isto sempre

    importante

    porque o

    consumidor

    primeiro v oproduto e

    depois o coloca

    para funcionar.

    - As discusses acerca do estilo do produto tendem a

    ganhar importncia na medida em que as diversas

    tecnologias tendem a igualar do ponto de vista do

    desempenho diferentes produtos.

    - Vive-se hoje um movimento de valorizao do designcom programas oficiais em diversos pases do mundo, ao

    que se tem chamado de design tnico ou antropolgico.

    - Em termos de especificaes deve-se buscar entender

    a linguagem associada ao produto atravs dos valores

    normas e comportamentos caractersticos do pblico alvo.

    - As consideraes estticas s fazem sentido dentro do

    contexto de uso do produto.

    11. Materiais So requeridos

    materiais

    especiais?

    Algum tipo de

    material

    proibido no

    mercado para o

    qual o produto

    pensado?

    - As especificaes em torno dos materiais associam-se

    s caractersticas das solicitaes (fsicas, qumicas e

    biolgicas) a serem atendidas pelo produto, bem como

    aos aspectos estticos e ambientais.

    - Os primeiros dizem respeito integridade do produto

    diante das condies de uso. Os materiais selecionados

    devem atender a estas solicitaes sem comprometer os

    desempenhos esperados.

    - Quanto aos aspectos estticos importante notar que

    os materiais sero percebidos de maneira diferente pelosusurios. Alguns materiais tidos como nobres podem no

    atender a um pblico especfico.

    - Do ponto de vista ambiental, importante considerar os

    efeitos combinados dos materiais no descarte do produto.

    O agrupamento de materiais similares facilita o processo

    de desmontagem e a reciclagem.

    12. Vida

    esperada do

    O perodo de

    tempo

    - No se podem confundir a expectativa de vida de um

    produto (por quanto tempo ele consegue manter-se

  • 7/28/2019 introduo ao Projeto do Produto

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    28

    produto esperado para

    a vida de

    mercado do

    produtointerfere na

    poltica de

    equipamentos e

    mtodos de

    manufatura.

    funcionando dentro das especificaes de desempenho),

    com o tempo que um produto permanece em produo.

    - A vida de mercado de um produto depende

    fundamentalmente da dinmica competitiva do setor e dapoltica de inovacional dos concorrentes.

    - Uma tendncia crescente a reduo do ciclo de vida.

    Isto fica evidente quando olhamos para o setor de micro

    informtica (micros, impressoras e outros perifricos).

    - Um planejamento adequado do lanamento de novos

    produtos implica na adequao da linha de produtos aos

    processos de manufatura, bem como no balanceamento

    entre inovao e reuso.

    13. Normas epadres

    O produtodever atender

    s normas de

    que pases?

    - As especificaes normativas comprem funes tantorelacionadas segurana e ao ambiente, quanto aquelas

    relacionadas intercambialidade dos produtos.

    - Os aspectos de segurana e ambiente so condies

    bsicas para a existncia do produto no mercado. Deve-

    se buscar junto aos rgos reguladores (ABNT,

    INMETRO, IPT, INT, IDEC, PROCON...) e legisladores

    (SIF, Ministrio do Trabalho, Ministrio da Sade...) as

    regulamentaes que podem interferir na vida do produto.

    - Alm destes rgos, as associaes classistas e

    agrupamentos regionais tm buscado estabelecer seus

    prprios padres e normas que podem constituir-se em

    diferenciadores importantes para os produtos (ABIC,

    AMPAC, ABIA, ABRINQ...).

    - Quanto aos padres tcnicos, eles devem ser

    considerados como condio mnima, visto que por si no

    constituem diferencias no mercado.

    - As normas tcnicas nacionais (ABNT) e internacionais(ISO, DIN, SAE, AFNOR ...) devem ser obrigatoriamente

    consultada em qualquer projeto.

    14. Aspectos

    Ergonmicos

    Todo produto

    em alguma fase

    da sua vida

    interage com

    pessoas; a

    extenso e a

    - Os aspectos ergonmicos devem ser tratados com

    extremo rigor. Em muitos casos, deve-se proceder

    anlise ergonmica do produto em uso buscando

    estabelecer as caractersticas desejveis do ponto de

    vista dos usurios.

    - Cuidados especiais devem ser tomados em projetos

  • 7/28/2019 introduo ao Projeto do Produto

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    29

    natureza desta

    inter-relao

    deve ser

    investigada.

    cujo mercado consumidor difere daquele ao qual estamos

    habituados. As caractersticas especficas de pases e

    regies devem ser consideradas.

    - importante considerar aspectos relacionados populao de usurios: sexo, idade, formao e

    comportamento de quem ir usar o produto.

    - O projeto para faixas da populao e a discretizao de

    produtos pode ser uma alternativa vivel (sries

    escalonadas de produtos como: vesturios, equipamentos

    de segurana, mveis...).

    15. Consumidor Vises e

    preferncias

    dosconsumidores.

    - Estabelecer como os consumidores enxergam o produto

    e as suas preferncias a primeira tarefa de qualquer

    projeto.- Esta tarefa extremamente complexa, visto que ainda

    muito difcil conseguir extrair dos indivduos os seus

    desejos reais e a valorao destes.

    - Os testes de conceitos devem ser realizados e

    constituiro uma realimentao no processo de projeto,

    buscando aproximar-se do posicionamento desejado para

    o produto.

    - Deve-se tambm considerar as diferentes preferncias

    envolvidas: de quem compra, de quem usa, de

    manuteno.

    - O atendimento isolado de uma destas preferncias no

    garante o sucesso do produto.

    16.Competio Natureza e

    extenso da

    competio

    existente.

    Asespecificaes

    esto sendo

    formuladas em

    desencontro

    com os

    competidores?

    Porque?

    - A avaliao da concorrncia fundamental no processo

    de projeto. Tcnicas como o benchmarking e a

    engenharia reversa possibilitam identificar claramente os

    benefcios oferecidos pelos competidores e posicionar o

    produto em relao aos mesmos.- importante conhecer o que est sendo feito no setor e

    quais as tendncias que iro nortear a competio e

    como esto se comportando os produtores.

    - preciso considerar que nem sempre as inovaes

    advem de dentro do setor em questo. Em muitos casos

    inovaes em outros setores podem ser incorporadas,

    promovem diferencias que iro tornar-se novos

    paradigmas no mercado do produto.

  • 7/28/2019 introduo ao Projeto do Produto

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    30

    - Cada vez mais, igualar-se concorrncia condio

    bsica e no suficiente. Deve-se buscar um benefcio com

    algo a mais, que supere aqueles j oferecidos no

    mercado.17. Qualidade e

    confiabilidade

    Nveis de

    qualidade e

    confiabilidade

    esperados pelo

    mercado e

    necessrios

    para assegurar

    o sucesso do

    produto.Dificuldade

    para especificar

    em termos

    quantitativos,

    particularmente

    para produtos

    novos.

    - A qualidade e a confiabilidade esto relacionadas pela

    certeza de que o produto exercer suas funes sob as

    condies de uso. Confiabilidade significa a probabilidade

    do produto no falhar.

    - A confiabilidade depende fundamentalmente da robustez

    do produto. Mtodos como o de planejamento de

    experimentos devem ser utilizados para assegurar que a

    variabilidade dos materiais, sistemas tcnicos e das

    pessoas possam ser minimizadas quando o produtoestiver em uso.

    - Alm da robustez, deve-se buscar sempre que possvel,

    incorporar redundncias (sistemas paralelos) que

    incrementem a confiabilidade.

    - A confiabilidade pode ser incrementada tambm com a

    disponibilizao junto com o produto de componentes

    sobressalentes, mdulos substituveis e sistemas

    alternativos que possibilitem o uso em situaes

    adversas. (No break, pneus e correias, baterias, sistemas

    de carga de energia, adaptadores...).

    18. Vida de

    Prateleira

    Qual a vida

    de prateleira

    usual?

    Sob que

    condies de

    estocagem?

    Deteriorao doproduto e da

    embalagem.

    Componentes

    perecveis.

    - A especificao da vida de prateleira est muito

    relacionada aos produtos alimentcios e medicamentos.

    - Contudo, outros produtos podem ter sua vida de

    prateleira limitada em funo das caractersticas fsico-

    qumicas do produto e das condies ambientais (filmes

    fotogrficos, por exemplo).

    - A correta especificao da vida de prateleira e ascondies sob as quais o produto deva ser armazenado

    nas fases finais de distribuio devem estar claramente

    estabelecidas.

    - Em muitos casos isto implica em projetar embalagens

    especiais ou equipamentos que sero usados no

    processo de distribuio a fim de garantir pelo tempo

    determinado as caractersticas do produto.

  • 7/28/2019 introduo ao Projeto do Produto

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    31

    19. Processos Processos

    especiais sero

    usados durante

    a fabricao?Pode-se fazer

    na companhia

    ou a aplicao

    muito

    especfica.

    - Os processos de fabricao constituem uma base

    tecnolgica sobre a qual so estabelecidos os negcios.

    A seleo de um processo de fabricao e sua

    incorporao na base tecnolgica da companhia dizrespeito aspectos da estratgia de manufatura adotada.

    - A tendncia de se estruturar os negcios em torno de

    competncia tecnolgicas que suportem a linha de

    produtos, em consrcio com o fornecimento de partes ou

    subconjuntos por terceiros.

    - Enquanto em alguns setores tal estratgia tem tido uma

    evoluo rpida, outros permanecem ainda totalmente

    verticalizados.. A indicao de quanto maior a

    concorrncia maiores seriam os esforos de buscarganhos no campo em flexibilidade e na integrao de

    fornecedores no processo de projeto,

    - A transferncia de partes completas do produto para

    responsabilidade de terceiros no pode significar a perda

    do controle daquilo que constitua a tecnologia

    fundamental do produto.

    - Isto justifica, na indstria automobilstica a manuteno

    das competncias de estilo e propulso, enquanto outros

    subsistemas podem ser modulados e fornecidos por

    terceiros.

    - Isto importante e refora a manufatura como um dos

    elementos chaves da competitividade industrial. Apesar

    dos modismos, dominar processos tecnolgicos de

    produo continua sendo um dos princpios de

    estruturao dos negcios.

    20. Testes Todo produto

    deve sertestado, ou

    usar

    amostragem?

    Qual o tipo de

    equipamento

    de teste ser

    usado?

    Quem

    - Os testes com produtos so realizados no processo de

    desenvolvimento do produto e durante a vida de mercado.- No processo de projeto, os testes ocorrem desde as

    primeiras fases, atravs de representaes icnicas bi

    (esboos, layouts, detalhes, animaes grficas...) e

    tridimensionais (mockups, maquetes e prottipos), sobre

    os quais avaliaes qualitativas e quantitativas podem ser

    realizadas.

    - Desde o princpio do processo de projeto deve-se

    buscar especificar que tipos de testes podem ser

  • 7/28/2019 introduo ao Projeto do Produto

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    testemunhar

    os testes?

    Qual o custo

    razovel deteste por

    produto?

    realizados, bem como os mtodos de avaliao a serem

    empregados.

    - Outros testes estaro associados ao ciclo de vida no

    mercado. Estes se configuram como operaes doprocesso de produo. Eles podem ocorrem no produto

    acabado ou em suas partes.

    - Produtos mais sofisticados j incorporam rotinas de

    auto-avaliao que possibilitam diagnosticar desvios em

    alguma varivel importante do seu desempenho (os

    computadores de automveis cumprem este papel).

    - Alm dos testes associados ao processo de projeto e ao

    ciclo de vida de mercado, continuamente pode-se manter

    produtos em teste atravs do acompanhamento declientes selecionados. Este tipo de prtica parece

    importante para uma estratgia de assimilao da

    percepo dos consumidores.

    21. Segurana Nveis

    obrigatrios e

    desejveis de

    segurana

    relacionados

    com a rea de

    mercado do

    produto.

    Balano entre

    segurana,

    acessibilidade e

    limitao de

    uso.

    - Diferentes reas de mercado estabelecero nveis

    diferenciados de exigncias em relao aos produtos.

    Assim produtos relacionados alimentao humana e de

    animais, medicamentos e higiene pessoal, dentre outros,

    sero regulamentados e sofrero processos especficos

    de verificao de segurana.

    - importante notar que nos pases perifricos as

    exigncias com a segurana dos produtos so inferiores

    quelas estabelecidas nos pases centrais.

    - De qualquer forma todo produto deve passar por um

    processo de avaliao quanto aos aspectos de

    segurana. As pessoas fazem uso indevido de produtos

    freqentemente. Produtos manuseados por idosos e

    crianas devem ser especialmente estudados.- A segurana deve ser pensada durante os ciclos de

    produo, uso e descarte, com vistas aos trabalhadores,

    usurios e terceiros que por ventura tenham qualquer

    contato com o produto ou possam ser atingidos pelos

    seus efeitos.

    22. Restries

    da Companhia

    O produto est

    se desviando

    da prtica

    - Se consideramos desde o princpio que os produtos

    esto nos centros dos negcios, as implicaes das

    restries que orientam a poltica de produtos devem

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    corrente da

    companhia.

    Qual o efeito

    disto nopessoal da

    companhia?

    Restries

    advindas da

    planta de

    produo atual.

    estar presentes nas especificaes.

    - Toda empresa possui uma representao do seu futuro

    que pode assumir a forma de um planejamento

    estratgico ou pura intuio. As especificaes nestecampo devem indicar qual o futuro deste produto dentro

    da companhia.

    - Todos os aspectos importantes que estabelecem a

    relao e identidade dos produtos com os demais

    produtos da companhia devem ser salientados.

    - Ainda deve-se especificar os recursos advindos da

    companhia em termos de pessoal e sua qualificao,

    equipamentos e testes avaliando a sua adequao.

    23. Restriesde mercado

    As respostasvindas do

    mercado

    indicam a

    pouca

    aceitabilidade

    de

    componentes.

    Condies

    relacionadas

    com o mercado

    externo.

    O nvel

    tecnolgico

    esta adequado

    ou no?

    O mercado est

    pronto para umsalto

    tecnolgico.

    - Assim como nas restries anteriores (22), as demercado permeiam praticamente todas as demais.

    - No entanto preciso frisar aqueles aspectos

    diferenciadores que podem atingir um ou outro produto.

    sabido, por exemplo, que o mercado argentino no aceita

    bem eletrodomsticos no metlicos, particularmente as

    mquinas de lavar.

    - As especificaes de mercado podem ainda incorporar

    informaes relativas ao tipo de distribuio,

    consumidores, hbitos de compra, freqncia, produtos

    similares...

    - Ainda, indicar as tendncias tecnolgicas e a dinmica

    com que estas esto sendo introduzidas.

    - importante considerar neste campo o possvel

    surgimento de produtos substitutivos, advindos de outras

    reas de aplicao.

    24. Patentes Alguma patente

    valida no

    campo

    especfico do

    projeto?

    necessria

    - As especificaes com relao propriedade industrial

    servem como indicao das tendncias tecnolgicas no

    campo do produto.

    - Em muitos casos as restries apresentam-se para os

    projetistas como caminhos que devam ser criados para

    contornar patentes existentes.

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    uma busca de

    patente?

    - Alm destes aspectos, a documentao de patentes

    possui um carter tcnico e deve ser desenvolvida pelos

    projetistas.

    25. Tempo Quanto tempotem para fazer

    o projeto como

    um todo, em

    partes ou

    fases?

    - Todo projeto tem restries temporais. Dependendo dotipo de projeto eles podero ocorrer de uma forma mais

    ou menos estruturada.

    - Dentro do PDS o tempo deve ser especificado para cada

    uma das atividades e etapas de projeto, sendo visto como

    uma orientao tomada de deciso.

    - No contexto da engenharia simultnea, o tempo de

    projeto est associado ao desencadeamento dos demais

    eventos que concorrem para a produo do produto.

    - Nestes casos, a dependncia em relao s demaisatividades envolvidas com o produto torna-se um fator de

    inflexibilidade na dinmica do projeto.

    - Tendncia de concentrar tempo e tomada de deciso

    nas fases precoces do projeto (antes do desenho

    conceitual) indicam a possibilidade de estabelecer um

    patamar estvel para as fases posteriores.

    26. Implicaes

    Polticas e

    Sociais

    O efeito do e no

    produto da

    estrutura

    poltica e social

    do mercado ou

    pas para o

    qual

    projetado e

    manufaturado?

    - As especificaes de carter poltico-social devem ser

    entendidas tanto no sentido de compreender o contexto

    no qual o produto ser inserido, quanto das restries

    derivadas do mesmo.

    - Fatores como o movimento de consumidores,

    estabilidade do mercado deve ser considerada. Deve-se

    evitar que os produtos possam causar transtorno ou mal

    estar social. (234-5678).

    27. Aspectos

    Legais

    Defeitos de

    especificao,projeto e

    manufatura.

    - Para qualquer produto, seja um edifcio ou uma tomada,

    incorrero implicaes legais caso o produto apresentedefeito em seu funcionamento.

    - O cumprimento das normas tcnicas nem sempre

    condio suficiente para atender s questes legais.

    28. Instalao Interface com

    outros

    produtos.

    - Em inmeros casos a instalao do produto constitui-se

    numa das etapas do processo de produo. Nestes o

    produto s estar acabado quando integrado dentro dos

    sistemas tcnicos mais amplos.

    - Em outros casos a instalao constitui-se em servio de

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    terceiros ou do prprio usurio. Neste a especificao

    envolve a forma e o contedo das recomendaes a

    serem transmitidas aos instaladores.

    29. Descarte Qual o efeito doproduto sobre o

    meio ambiente

    no momento do

    descarte?

    - O planejamento do descarte constitui-se cada vez maisnuma tarefa bsica de projeto.

    - Algumas legislaes j discutem o princpio de que os

    produtores devam ser responsveis pelo recolhimento de

    embalagens ou produtos no momento do descarte.

    30.

    Documentao

    Todo projeto

    deve ser

    documentado.

    - A documentao do projeto constitui-se uma das

    atividades dos projetistas.

    - A formalizao constitui-se em fonte para troca de

    informaes entre os envolvidos no projeto bem como

    tem relevncia legal.- A documentao possibilita revises no produto e no

    processo de projeto. Ela registra a evoluo do produto.

    Quadro 3.1: Elementos do Product Design Specifications

    O quadro apresentado nos posiciona dentro da complexidade que envolve o desenvolvimento

    de um novo produto. Responder s questes levantadas significa estabelecer um conjunto de

    indicadores que iro nortear o processo de projeto. importante frisar que o documento de

    especificao deve evoluir ao longo do projeto incorporando as decises tomadas

    encaminhando no sentido de restringir o escopo do projeto. Guia para a preparao do PDS.

    a) Lembre-se que o PDS um documento de controle. Ele representa a especificao

    que voc deseja alcanar, e no aquilo j alcanado.

    b) Lembre-se que ele um documento de uso (por voc e para outros dentro das

    situaes industriais). Ele deve ser escrito sucintamente e claro.

    c) Nunca escreva um PDS na forma de ensaio. Use esquemas como o da figura 3. Ele

    dever ser amigvel ao usurio.

    d) Desde o incio tente quantificar parmetros em cada rea.e) Desde que o PDS nico para cada projeto, voc no precisa apresent-lo sempre

    da mesma forma.

    f) Sempre apresente a data que o documento foi modificado e numere a edio.

    g) Deixe claras as modificaes no documento.

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    4. Fontes de Informao para a construo do PDS

    Todo processo de projeto tem origem em uma demanda ou uma necessidade a ser atendida.

    Independente da origem desta demanda o processo de projeto ir promover uma estruturao

    do problema de projeto, a qual materializa-se num Product design specification (PDS). Via de

    regra o processo de projeto ir responder a uma demanda originria de outras reas quando

    no interior de uma organizao produtiva, dos clientes ou mesmo de um sujeito que visualizou

    uma possibilidade de introduo de melhorias ou inovao num dado campo de necessidades

    humanas. A tarefa dos projetistas ou de qualquer envolvido num processo de projeto

    de esclarecer a demanda.

    A Figura 3.2. extrada de Pugh (1990) orienta o processo de construo do Product DesignSpecification (PDS). A demanda expressa inicialmente em um briefcujo contedo genrico

    e pouco delimitado, cabendo aos projetistas ou grupo de projeto elucid-lo e detalh-lo.

    Figura 3.2. reas de pesquisa e busca de informaes para a construo do PDS.

    essencial o conhecimento da legislao que afeta o produto. Aspectos de segurana e meio

    ambiente so regulamentados assim como as questes de propriedade industrial. Referencias

    Bibliogrficas e Catlogos de concorrentes constituem fontes de informao relevante para a

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    elucidao da demanda. Dados Estatsticos e Publicaes Setoriais so fontes importantes

    para a identificao de mercados e tendncias. As informaes coletadas devero ser tratadas

    e analisadas.

    4.1. Anlise Paramtrica

    A Anlise Paramtrica uma tcnica bastante simples, porm eficiente. Os paos para a sua

    execuo envolvem:

    a) Rena tantas informaes quanto possveis acerca do seu produto e dos produtos

    concorrentes;

    b) Coloque em grficos com os dados disponveis e procure por relacionamentos entre

    parmetros;c) Inicie com relacionamentos lgicos e v aprofundando as anlises em busca de

    relacionamentos mais consistentes;

    d) Se relacionamentos foram identificados, procure explicar as suas causas;

    e) Estabelea correlaes entre os dados encontrados e pesquisas tradicionais de

    mercado.

    Para ilustrar a tcnica iremos utilizar um

    exemplo baseado em um caso real. Trata-se

    de investigar as oportunidades de mercado

    para Avies Comerciais Regionais frente ao

    crescimento deste mercado.

    A Figura 3.2. apresenta o crescimento deste

    mercado no perodo de 1995 a 2003. No

    perodo a aviao regional no mercado

    americano evoluiu de 76 para 1874 rotas.

    Figura 3.3.Correlacionando o Percentual de Partidas e o

    Nmero de Passageiros por Partida

    evidencia-se que 27 % dos vos partem com

    carga apropriada para aeronaves entre 70 e

    80 lugares; e que, 34 % dos vos partem com

    carga apropriada para aeronaves entre 100e

    110 lugares.

    Figura 3.4.

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    38

    Considerando o nmero de

    aeronaves em uso na faixa

    de 61 a 120 passageiros

    identifica-se que 689

    aeronaves possuem mais

    do que 20 anos em

    utilizao representando

    34% das aeronaves em

    uso.

    Figura 3.5.

    Correlacionando as variveis que indicam o crescimento do mercado regional, o nmero de

    embarques a taxa de ocupao dos mesmos, as aeronaves em utilizao e a vida em uso das

    mesmas, identificou-se uma oportunidade para um novo produto para atender ao mercado de

    curtas distncias, com capacidade entre 70 e 120 passageiros.

    Figura 3.6.

    A identificao, o cruzamento e a anlise dos diferentes parmetros possibilitaram a

    identificao de espao no mercado para uma nova aeronave designada E-Jet Model. A letra E

    que antecede a designao do produto incorpora outras caractersticas no tratadas pela

    anlise paramtrica. Para fechar o exemplo apresentam-se estas caractersticas cujos mtodos

    de obteno sero abordados nos itens seqentes.

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    Economia.

    Para atender as necessidades de rentabilidade da

    operao a Famlia foi formatada com 4 modelos:

    Modelo 1: Com 78 lugares e ponto de equilbrio para

    embarque de 40 passageiros;

    Modelo 2: Com 86 lugares e ponto de equilbrio para

    embarque de 44 passageiros;

    Modelo 3: Com 108 lugares e ponto de equilbriopara embarque de 57 passageiros;

    Modelo 4: Com 118 lugares e ponto de equilbrio

    para embarque de 62 passageiros.

    Ergonomia:

    Na Primeira Classe com assentos individuais

    confortveis, servio de alimentao, espao para

    bagagem,lavatrio exclusivo isolamento da classe

    econmica.

    Na Classe Econmica eliminando elementos de

    desconforto como o assento intermedirio,

    ampliando espao do assento, da bagagem, dos

    corredores e conseqentemente para refeies e

    evitando a sensao de confinamento.

    Eficincia:

    Ter alcance de vo compatvel com as dimenses

    do mercado americano.

    Operar em aeroportos de porte pequeno, com

    flexibilidade de manobras e reduzido tempos de

    subida e descida e taxiamento.

    Figuras 3.7., 3.8. e 3.9.

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    Numa situao real de Anlise Paramtrica dezenas de grficos sero geradas e alguns

    poucos iro produzir relacionamentos significativos para o produto em questo. Pontos fora das

    tendncias gerais devem ser cuidadosamente analisados. Tambm a formao de grupos

    indicativa importante para a caracterizao das oportunidades bem como a correlao linear

    entre parmetros.

    4.2. Matriz de Atributos

    Uma Matriz de Atributos consiste da tabulao do conjunto de atributos dos competidores na

    vertical e os modelos na horizontal. A matriz preenchida para mostrar quais modelos

    incorporam ou no quais caractersticas. Do lado direito da matriz uma representao grfica

    da porcentagem e a porcentagem de modelos que possuem tal atributo so apresentadas.

    Figura 3.10: Microscpio Oftalmolgico.

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    A matriz cumpre o papel de aprofundar o conhecimento acerca dos produtos existentes. Os

    catlogos de fabricantes constituem fonte primordial para a realizao da anlise. Os

    conhecimentos advindos de tais atributos sero teis para a interao com consumidores e

    para o estabelecimento da sua importncia ou no. A Figura 3.10 ilustra a tcnica.

    4.3. Interaes com Consumidores

    Existem diferentes formas de interao que podem ser classificadas nas dimenses Nvel de

    Interao e Ambiente de Uso como expresso na Figura 3.15. (SHIBA et al, 1993).

    ~

    Figura 3.11.

    Pesquisa Aberta: So entrevistas nas quais se fazem perguntas abertas aos usurios ou

    clientes, envolvendo grande interao com os clientes e podem ser realizadas perto ou longe

    do ambiente de utilizao.

    Observao de Processo: Envolve uma interao onde o usurio monitorado em seuambiente e, ocasionalmente, o analista ou projetista paz perguntas ou pede esclarecimentos

    para facilitar a compreenso.

    Observao Participante: Envolve uma interao explcita muito pequena com o usurio.

    Pode ser feita em laboratrio, onde o produto real, mas o ambiente no, em um ambiente de

    consumo onde os analistas observam o comportamento do consumidor na hora da compra, ou

    pela observao dos consumidores no ambiente de uso do produto.

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    Cada um dos mtodos de interao com os clientes tm suas vantagens e desvantagens, mas

    os mais efetivos so a Observao de Processo e a Observao Participante. A Observao

    Participante em seu extremo implica numa pesquisa etnogrfica onde o pesquisador insere-se

    no ambiente do pesquisado e passa a conviver naquele meio incorporando-se comunidade.

    Este tipo de pesquisa requer tempo e exige do pesquisador uma empatia com o objeto em

    estudo.

    Por outro lado, em pesquisas descontextualizadas fica difcil de perceber as questes ocultas

    ou podem mudar o significado do que realmente o usurio expressou em sua fala original.

    Consumidores nunca iro dizer tudo aquilo que desejam. Algumas coisas so tidas como

    certas. Por exemplo, se perguntamos acerca de viagens areas, muitos iro falar sobre

    comida, check-in, recuperao de bagagens... Eles podem no especificar o percurso que

    voam, o que uma necessidade implcita. Assim como est implcito que eles desejam chegarsalvos e no horrio ao seu destino.Tambm, consumidores no iro usualmente verbalizar

    necessidades latentes de uma forma direta. A percepo destas necessidades exige um

    cuidadoso processo de questionamento. O que faz o consumidor desejar alguma cosia? Como

    isto ser utilizado? O entendimento dos usos que o consumidor faz do produto e as

    possibilidades tecnolgicas dos mesmos podem cobrir as necessidades latentes.

    Independente do mtodo de pesquisa, o objetivo da interao com o cliente ou usurio

    estabelecer as imagens dos consumidores acera do produto e suas necessidades invisveis. O

    tratamento dos dados coletados deve construir pontes entre as necessidade invisveis e os

    produtos bem como clarear os caminhos que ligam as necessidades expressas com os

    atributos do produto. (Figura 3.16).

    Figura 3.12.

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    Outra questo fundamental da interao com os clientes ou usurios a definio do grupo

    com quem ser realizada a pesquisa. Inicialmente ns temos de tomar decises importantes

    acerca do tipo de usurio: aqueles que so os primeiros a consumir uma categoria de produtos,

    consumidores satisfeitos; consumidores insatisfeitos; consumidores que so formadores de

    opinio; ou consumidores que nunca compraram os produtos.Tambm consumidores e

    usurios tem necessidades diferentes. Para muitos produtos de consumos usurios e

    consumidores so as mesmas pessoas. Por outro lado, para outros produtos ns devemos

    interagir com grupos separados de usurios e compradores. Isto inclui compradores em todos

    os nveis. O produto pode ser vendido para um montador, que revende para um distribuidor, o

    qual revende para um revendedor. Existem pelo menos trs dimenses a serem consideradas

    (Figura 3.17):

    Figura 3.13.

    Segmentos de Mercado: Um mesmo produto pode ser consumido ou utilizado em diferentes

    classes socioeconmicas (A, B, C e D). Dentro destas classes certo que as necessidades a

    serem atendidas pelos produtos sero diferentes.

    Relao entre Companhias e Produtos: Existem clientes satisfeitos com os produtos,

    clientes satisfeitos com os produtos e clientes que j utilizaram e abandonaram o produto.

    certo que cada um deles ir expressar imagens diferentes acerca do mesmo.

    Relao s Tendncias: A percepo do usurio acerca do produto depende da sua

    experincia pessoal. Uma classe especial de usurio o Usurio Chave (quase profissional)

    caracterizada por estar na vanguarda em termos de necessidade e inovao. Este tipo de

    usurio antecipa as necessidades dos Usurios Correntes e Usurios Avanados.

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    Ainda, um conjunto completo de necessidades estabelecido por regulamentao. Normas

    governamentais ou no requerem que o produto incorpore determinadas caractersticas. O

    melhor representar tais necessidades como adicionais s dos consumidores. Elas

    representam necessidades dos consumidores que so percebidas e regulamentadas pela

    sociedade e podem ser codificadas como requisitos sociais.

    Tipicamente, o conjunto de exigncias apresentado no obtido em uma interao com

    consumidores. Portanto, devem ser planejados um conjunto de interaes para obter todos os

    tipos de informaes. A equipe deve ter isto em mente e fazer tais consideraes quando

    planeja as interaes. Questionrios e guias para as entrevistas devem ser elaborados. A

    equipe pratica usando-os para ganhar habilidade e confiana. Ento a equipe est pronta para

    interagir com os consumidores.

    4.3.1. Estudo de Caso Patinete

    Fase I: Anlise da Demanda

    1. Introduo

    Este relatrio apresenta os resultados da anlise da demanda para a atividade de distribuio

    domiciliar com a utilizao do equipamento patinete, em teste na cidade de Paulnea-SP.

    Objetiva-se:

    1. estabelecer as demandas no campo da ergonomia;

    2. planejar as avaliaes a serem realizadas na segunda gerao de prottipos.

    Considerando que a avaliao se dar sobre a primeira gerao do equipamento e que um lote

    de 80 patinetes da Segunda gerao ser testado na regional SP, a partir da segunda

    quinzena de maio, nos ateremos as aspectos centrais do equipamento, os quais permaneceropresentes na situao futura.

    2. Metodologia

    O mtodo utilizado para a anlise da demanda foi a realizao de entrevistas semi estruturadas

    com tcnicos da fbrica, corpo tcnico da ECT envolvido no projeto, encarregados e carteiros