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Aula 01 INTRODUÇÃO AO DIREITO Profa. Zélia Prates

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Aula 01

INTRODUÇÃO AO DIREITO

Profa. Zélia Prates

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Introdução ao Direito

O termo direito deriva do latim directum e significa:

Aquilo que é reto de acordo com a Lei

Profa. Zélia Prates

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Qual é a função do Direito?

Profa. Zélia Prates

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Qual é a função do Direito?Regular as relações humanas e dirime os conflitos de interesse determinando regras que permitam, aos homens a vida em

“ A ordem jurídica, tem, assim, como premissa o estabelecimento dessas restrições, a determinação desses limites aos indivíduos, aos quais todos indistintamente devem se submeter, para que se torne

possível a coexistência social.”Carlos Roberto Gonçalves, cit. Washington de Barros Monteiro, Curso

de Direito Civil, v.1. p. 2.

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Qual é o objetivo do Direito?

Profa. Zélia Prates

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Qual o objetivo do Direito?

Realizar a justiça

“ A justiça é a perpétua vontade de dar a cada um o que é seu, segundo uma igualdade.”

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O DIREITO É A CIÊNCIA DO DEVER SER

Ser: Mundo da natureza

Fenômenos da natureza são imutáveis

Dever ser: Mundo jurídico

Caracteriza-se pela liberdade na escolha da conduta

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DIREITO E MORAL

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Direito Moral

Constituem regras de comportamento.

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DIREITO MORALMoral

• Sanção: imposta pela consciência humana.

• Campo de atuação: mais amplo. Envolve a relação da pessoa com

ela mesmo, Deus e demais indivíduos.

• Princípio moral

Direito

• Sanção: imposta pelo Estado.

• Campo de atuação: restrito às relações das pessoas com os demais

indivíduos.

• Normas jurídicas/ Princípios de direito.

“Geralmente a ação juridicamente condenável o é também pela moral. Mas a coincidência não é absoluta.” Caio Mário da Silva Pereira,

Instituições, cit., v.1, p.8.

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DIREITOMORAL

Força coercitiva do EstadoForo exterior

Não há força coercitiva do EstadoForo íntimoReprovação da consciência

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DIREITO POSITIVO

DIREITO NATURAL

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Direito Positivo e o Direito NaturalDireito Positivo É o direito posto (jus in civitatepositum)Ordenamento jurídico em vigor em determinado país e numa determinada época.Conjunto de princípios que pautam a vida determinado povo em determinada época. Não importando que seja escrito ou não escrito, de elaboração sistemática ou de forma jurisprudencial.O Positivismo teve como idealizadores Augusto Comte e John Stuart Mill. Esta escola filosófica ganhou força na Europa na segunda metade do século XIX e começo do XX.

Direito NaturalTraduz a ideia abstrata do direito, doordenamento ideal, correspondentea uma justiça superior e suprema.“Expressão de princípios superioresligados à natureza racional e socialdo homem”.

O jusnaturalismo foi defendido porSanto Agostinho e São Tomas deAquino bem como por doutores daIgreja e pensadores do século XVII eXVIII.

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Direito Positivo e o Direito Natural

Contraposição???

“Não se pode falar em contraposição entre ambos, pois que, “se um é a fonte de inspiração do outro, não

exprimem ideias antagônicas, mas ao revés, tendem a uma convergência ideológica, ou ao menos, devem procurá-la, o direito positivo amparando-se na sujeição ao direito natural

para que a regra realize o ideal, e o direito natural inspirando o direito positivo para que este se aproxime da

perfeição”.”

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. p. 23

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Direito Objetivo e Direito SubjetivoDireito Objetivo• Conjunto de normas

impostas pelo Estado• Possui caráter geral: a todos

se dirige e a todos vincula• O indivíduo deve obedecer

mediante coerção• Designa o direito enquanto

regra (jus est norma agendi)

Direito subjetivo• Faculdade de satisfazer

determinadas pretensões e de praticar os atos destinados a alcançar tais objetivos (jus est facultas agendi)

• Faculdade individual de agir de acordo com o direito objetivo, de invocar sua proteção.

• O poder que a ordem jurídica confere a alguém de agir e de exigir de outrem determinado comportamento.

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Direito objetivo:

“O direito impõe a todos o respeito à propriedade”.

Direito subjetivo:

“O proprietário tem o direito de repelir a agressão à coisa que lhe pertence”.

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Para Washington de Barros Monteiro

“o direito objetivo é o conjunto das regras jurídicas; o direito subjetivo é o meio de

satisfazer interesses humanos. O segundo deriva do primeiro”

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Direito objetivo: Expressão da vontade geral

Direito subjetivo: Expressão da vontade individual.

“Trata-se de um poder atribuído à vontade do indivíduo, para satisfação dos seus próprios interesses protegidos pela lei, ou seja, pelo

direito objetivo.”

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DIREITO PÚBLICO

DIREITO PRIVADO

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Direito Público e Direito Privado(distinção romana)

Direito Público

• Correspondente às coisas do Estado

• Destinado a disciplinar os interesses gerais da coletividade (publicum jus est quod ad statumrei romanae spectat)

Direito Privado

• Regulador das relações dos indivíduos entre si (privatum, quod ad singulorum utilitatem).

• Disciplina a relação do indivíduo versus indivíduo tendo em vista o interesse da ordem particular

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Problema: Não se pode afirmar com certeza se o interesse protegido é do Estado ou dos indivíduos.

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Doutrina dominante atual

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Direito Público• Regula as relações em que o

Estado é parte, regendo a organização da atividade do Estado.

• Estado considerado em si mesmo nas relações com outro Estado e nas relações com particulares.

• Atuação do Estado na tutela do bem coletivo.

Direito Privado• Disciplina a relação entre

particulares• Predomina, de modo

imediato, o interesse de ordem privada

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Ramos do direitoDireito Público

Interno:Direito constitucional;Direito administrativo;Direito tributário e financeiro;Direito processual;Direito penal; Direito ambiental; eDireito previdenciário.Externo:Direito internacional público e privado

Direito PrivadoDireito civil;Direito comercial;Direito agrário;Direito marítimo;Direito aeronáutico*;Direito do trabalho*; eDireito do consumidor*.*Conservam muitas normas de ordem pública, mas tratam das relações entre particulares em geral.

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Normas de ordem pública e Normas de ordem privadas

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Normas de ordem pública: tambémdenominadas cogentes e imperativas, sãoaquelas de aplicação obrigatória. Não podem seralteradas pela vontade das partes.

Normas de ordem privada:

Dispositivas: permitem que os sujeitosdisponham conforme seus interesses

Supletivas: se aplicam na falta deregulamentação privada preenchendo aslacunas.

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Introdução ao Direito CivilParte Geral

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• Conceito de Direito Civil:

Trata do conjunto de normas reguladoras e das relações jurídicas dos particulares.

O interesse de suas regras é eminentemente individual.

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ORIGEM HISTÓRICA DO DIREITO CIVIL

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• Período colonial – Ordenações Filipinas até aIndependência (1822).

• Constituição de 1824 – referiu-se àorganização de um CC.

• 1865 – elaboração confiada à Teixeira deFreitas (1858 Consolidação das leis civis).Projeto (Esboço do Código Civil – 5.000artigos) não foi acolhido, mas base do CCargentino.

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Várias tentativas foram feitas...

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• Projeto de Clóvis Beviláqua remetido aoCongresso em 1900 - Aprovado em janeiro de1916, entrando em vigor em 1º de janeiro de1917.

• Dinamismo das relações sociais determinaram acriação de microssistemas jurídicos.

• O Código Civil de 1916 chamava a atenção pelaclareza e precisão

• A obra foi sólida e resistiu a ação do tempopraticamente todo o século XX.

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Codificação do sistema civil

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• Importância dos Códigos:

• unificam o direito;

• contribuem para a unidade política da nação; trazem a estrutura fundamental do ordenamento jurídico;

• são um eficiente meio de padronização dos usos e costumes.

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EVOLUÇÃO DO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO

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• 1.807 artigos (CC 1916)

• Lei de Introdução ao Código Civil

• Parte Geral e;

• Parte Especial: Evolução social impôs elaboração de leis especiais

• 1988 - Constituição Federal inovou e publicizou o direito privado.

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Projeto de lei n. 634/75.

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• Lei 10.406, de 10.01.2002 • Entrou em vigor em 11 de janeiro de 2003. São

características do CC de 2002: Estrutura do CC de 1916

• 2.046 artigos• Unificação dos direitos das obrigações Inclusão

das contribuições das leis extravagantes e da jurisprudência

• Exclusão de matéria processual• Implementação do sistema de cláusulas gerais

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Características do Código Civil de 2002

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• Abandonar pressupostos individualistas e dotá-los de institutos novos exigidos pela vida social

• Adequação da linguagem

• Trouxe ao direito codificado a legislação pertinente às empresas

• Procura simplificar as formas e normas

• Linguagem de mais fácil compreensão

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Princípios básicos no CC 2002

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• Princípio da socialidade (privilegia os valores sociais sobre os individuais – antes, assim, no CC de 2016

• Princípio da eticidade (fundado no valor da pessoa humana como fonte de todos os demais valores)

• Princípio da operalidade (para facilitar a aplicação do Novo Código – 2002)

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Princípios de Direito Civil

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• O princípio da personalidade (essência valorativa do ser humano, todo ser humano é sujeito de direitos e obrigações)

• Autonomia da vontade (reconhecimento da capacidade jurídica e racional do ser humano)

• Liberdade de associação e estipulação negocial (liberdade de outorgar direitos e aceitar deveres)

• Propriedade individual (adquirir patrimônio)• Intangibilidade do poder familiar (família como expressão

imediata de seu ser pessoal)• Legitimidade da herança e do direito de testar (pessoa

pode transferir seus bens, total ou parcialmente, aos herdeiros)

• Solidariedade social ( conciliar as exigências da coletividade com os interesses particulares)