introdução à sociolingüística

61
8/10/2019 Introdução à Sociolingüística http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 1/61  I Maria Cecilia Mollica Maria Luiza raga orgs.) Introdução Sociolingüística O Tratamento d Variação

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Page 1: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 1/61

 

I

Maria Cecilia Mollica

Maria Luiza raga orgs.)

Introdução Sociolingüística

O Tratamento

d

Variação

Page 2: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 2/61

Copyrig ht <U 2004 dos autorr '

Ut.Tistlu: Dil'gn Rodcguero

Vitl). rtlllltiÇitO:

Prvi<'l< 

,.

llltntlagcm rlc mpa

l.u-i .111a Coan \\'a \n<·r

Shlm

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Antonio

Kehl

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lntt"rn.tdun.ti _ l . t l . t l o t ~ · ' ' - · ' o n.l Puhlic.h;.w 'II'J

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o lr,no.tututto ll.t v.tri:.c.ul I \l.1r:.t

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f n ~ · d . .to P.tulo · t:c.mh:x lo,

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h l l ~ l l ou p.lrci.tl.

<h r . t l w - . : : - . : - . ~ r J . o p n 1 ú ' ~ : : , ; l d o ~ n.t for111o1d;J

2004

lodo ' ' direit<)' dcs l,t (d i\.tO reservados à

rt

omm.l C < > ' i ~ \ 1 ' ' lh litora Pinsk) I tda.)

Diretor cdi

lor

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tl joit/1<' l'in.<k)'

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d.t Ltpa

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I 3H.l2 5R3R

nx: I l ) .31 32 I 04.1

..:onl< xto@ o r ; t ( o m c x t o

. :om. br

'

w.cd

ilt>

ran>nh:xto.C<)nt.hr

Sumário

Apresentação ........................................ ................ ... ...... ................... 7

1. Fundamentação teórica: conceituação e de li mitação ........ .................... .9

Maria Cecilia Mollica

2. Modelos quantitativos e tratamento estatíst ico ................................

15

Anthony Julius Naro

3. Relevância das variáveis não lingüísticas ............................ ... ......... 27

Maria Cecilia Mollica

4. A variá

vel gênero/sexo ............ .........

..

.... ....................................... 33

Maria

da Conceiçâo de

Paiva

5. O

dinamismo das línguas

Anthony Julius Naro

43

6. Relevftncia da vmiável escolaridade ................................. .............. ...51

Sebasticio

.Iosué Vou

·e

7. Linguagem

c

contexto ....... .. .......... ........ ........................................... .59

Alzira

Vertlll'in Tln

•ares de Macedo

g, Relevilncia tias variáveis lingüísticas .. ......... .... ........ .......... .... ..........67

Vera Lúnu

l 'arcdl's da Silva

9.

Vari

áVl'

IS

l tuml

6g icas

..............................

.......... . ........ ........... ... .... .....

73

Christino ,\ /lrc·/1 Unmes

Cláudia

Nll'tlt

Noncomti de Souz.a

IO. Varim 1 1., IIHlll i>ssllltatkas .................................. .............................. 81

N( /i-:.e Put '

dt· ( llllt 'lltt

1tfurio

1  tll:t

•lf

to ' ' ' ' ''gltll

I f l f l l l t•

Page 3: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 3/61

 ,

Iiii H • Iii<  < K I .güístlco

11. I\ intc 1 

' ' '

1, das variáveis semânticas ..................... ...................... 89

f / f ' e /1(/ ( I l lo I

Nt' i -:: e

Pi . ,,,

'mena

12.

Variá\ 1

.. '

' ·

11rsivus

sob

a

perspectiva daTeoria da Variação .... .......

1O1

Mario Ll ,,

l:t.r:a

13. Colet ,1

·

d ~ t l v s .............................................................................. 117

( iise/le N '' ltllltt de Oliveira e Sill'a

14. Trans• llt,ao

1h

dados lingUísticos .................................................... 135

Maria

di (

·

,,,1

nçüo

de Pail'a

15. A n á l i ~ ·qu:ulltlativae tópicos de intcrpn.:taçüo

do

~ u · b r u l ................ 147

Maria M trio l  r·reira Scherre

,\11tlwny lulius Naro

16.

Muda

~ ~ a I

ng.iiística: observaçües

no

tempo real ............ .............

.. ..

.

179

iV aria

d1

Conceição

de

Paiva

Maria

E1 ~ ê n i Larnog ia

Duarte

Bibliogn. fia .............. ...................................................................... l9 l

presentação

Maria Cecilia Mollica Maria

Lui ::.o

Nrrt::rr

Os capítulos que integram este livro estão distribuídos de forma a condutir

11a1uralmente

o leitor no processo de apropriação

do

saber em Sociolingüíslica

V < ~ r i a c i o n i s t a . Inicialmente, conceitua-se e delineia-se a Ctrea e apresenta-se u

111odelo

quantitativo que a sustenta. Centra-se nos pressupostos conceituais

lunuamentais. oferecendo sumariamente o arcabouço teórico-metodológjco da

'

1\.-oria

da Variação, sem o qual não

é

possível ao leitor

ou

a um pesquisador

tii L'rcssado na linha de investigação aqui adotada compreender e manusear com

de.,

reza os instrumentos de análise.

O

primeiro capítulo situa a Sociolingüística

e

a Teoria

da

Variação.

larniliarizando o leitor com os conceitos e termos técnicos, suas definições, e as

d 1 ~ t i n ç õ e s

e classificaçües necessárias e indispensáveis. O segundo capítulo busca

: llll'scntar a dimensão quantitativada Sociol ingüística.

exp1

i

c

ando aspectosrelativos

.1

lnramenta estatística de análise. Os principais modelos matemáticos utilizados

lll.,lmicamcnte são descritos e discutidos do ponto de vista técnico.

da

mesma

lnnna em que se discutem sua utilização e seu alcance numa análise lingüística.

Oc; capítulos seguintes

têm

como

objetivo

apresentar as

diferentes

lllllliv;tçõesda variação lingUística. Eles são agmpados em duas partes:

as

variáveis

<'\ lernas ao sistema, de 3 a 7, e as vmiáveis intemas, de 8 a 12. Cada capítulo

' upa se especificamente em mostrar a relevância da correlação

de

um tipo de

'.1

11avd

c evidenciar. através de resultados de estudos sobre o português e outras

lllll'llm;. a importância de pesquisas realizadas sobre os empregos lingüísticos

'.

u1:1111Cs. Na medida do possível. reflete oportunamente sobre os pontos teóricos

l11111l:um:ntais.

Dada

a complexidade de cada um dos aspectos abordados, muitas

'I"'

são mantidas em aberto, o que mostra a potencialidade em cada um dos

l'· ' ndros que contextualizam os fenômenos lingüísticos sujeitos

à

variação.

lllll i:tllllcnte, então,consideram-se algumas variáveis não

I

ngüísticas (sexo/gênero,

11l:11

h·. l·scol

a.ridade,

contexto) e, posteriormente, detenninaclas variáveis lingüísticas

ti1

11WI1

co fonológicas, morfossintáticas, semânticas, discursivas).

< > ~ c a p í t u l o s

13 ,14

e 15 têm caráter eminentemente prático. Ao preocupar

'>

1

111 L"';por os passos a serem seguidos numa análise varLacionista, tecem-se

' r 1 1 1 : . 1 d n ; H ; i c ~

tc6rico-metodológicas sobre a abordagem de pesquisa

de

campo.

'>.

1n

'

c a p i l voltados para

os

aspectos metodológicos (colcta de dados ,

11

.

111'•<

t

~ , _ · . 1 l .

··ndi

qua111

i

i :açiln

dados

c

interpretação de resultados). A

1'1< '<11

111''"·

111 1' 111

1111

··11.11

"" 1

. lf l:l..,

.1 s

l'l"l'lll

p

t'

l

l"oJTida-;

of'en.·cc ao leitor

um

guia

' 'I

I I I•

n ' l l l t< \

h.l '•l•

t ~ \ l l l < l f

JWII'.

1\1 1 p:11.1 IJ l l ' '  l l l i

'i;

l ' l l l l ' \ l "

' l l l

l' l d

i ' '•

< I I \ I IJ\1 I

Page 4: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 4/61

B

Ir

1roduçaa à Soclolingüística

Jl.t tk se alertar, entretanto.

que

qualquer orientação dos caminhos a trilhar deve

: c

dt11

no processo

de

feitura da pesquisa.

Finalmente, o último capítulo enfoca as relações entre variação e mudança,

pruhlcmatizando as principais questões envolvidas.

Os

pontos teóricos importantes

us procedimento > norma lmen te adotados

para

a análise da mudança lingüística

sao levantados,

embora

nem se

mpre

de forma conclusiva.

A bibliografia geral deste livro inclui obras publicadas

nos

últimos

ano

s.

I

rata-

se

de

literatura clássica

s ica

acr

es

cida

de

um leque

de

estudos específicos

st

1hr

e fenômenos variáveis

dif

erentes.

Em muitos cap(tulos, são oferecidas sugestões didáticasde modo a demonstrax

c<lii\Oexercitar e solidific<u- os conhecimentos

do

aprendi? no que tange a conceitos e

a procedimentos

de pe

squisa. O reinvestimento na proposta pedagógica

do

livro

se

p1 s

tilka

, dada a crescente demanda

de

profissionais

qua

lificados no

campo

da

St l<:tolingüística. A conseqüentenecessidade

de

divulgação ampl ae continuada coloca

Sl' como exigência natural

ela

formação

de

pessoal no Brasil, a ftm

de se

atender a

11111a

agenda que

ndu

só ida base lingüística e prosseguimento regular

de

investigações

que comprovem hipóteses e respondam a perguntas científicas nucleares.

l

Fundamentação teórica:

co

nceituação e deli  t  ção

r

ia Cecilia Moi/i, ·,,

Lingüí

stica e Soc iolingü  tica

A Socioling   ística é uma das subáreas da Lingüística c estuda a língua

cm

uso

no

seio das

com

unidades de

rala,

volLando a ntcnção para um tipo

de

investigação

qu

e

c ~ r e l c i o n

aspectos

li

ngüí

st

icos e sociais. Esta

ci

ência se faz presente num

~ s p ç o interdisciplinar. na fronteira entre língua e sociedade localizando precipuamente

os empregos

li

ngüísticos

co

ncretos,

em

especial os de caráter heterogêneo.

-

-

A heterogenei

dade como

foco

Todas as línguas apresentam um chnamismo inerente, o que s ignifica cli7er

que el

as são heterogêneas.Enconrram-se

assim

formas distintas gue,

em

princípio.

se eq

ui

valem semanti

camen

te no nível

do

vocabulálio.

da

sintaxe c rnorfossintaxc.

do

su b

sistemu

fonét i

co-fonológico

c

no domínio pragmático-discursivo.

O

português falado no Brasil está repleto

de

exemplos.

No

sul

elo

país, o pronome "tu" é o tratamento p

re

fe

rido

quando o falante

i n l \ . : ~ a g e com

o

ouvin

te, en

co

ntrando-

se

cm

m

enor

escala

cm

outras regiões c

evidenciando uma diferenciação geográfica.

em

que

os

pronomes

de

tratamento

distribuem-se em sistemas

variacionais d il'ercmes. A

prese

n

ça de

maxcas de

t'<IIH.:

ordânc ia nominal e verbal

como em

os

estudos sociolingüísticos' ' e "eles

estudam

Soc

iolingüística' ' em geral alterna-se

com

a possibilidade

de

ocorrência

de

l I

IUnciados em que tais marcas

es

tão ausentes: ·'os

estudo0

soc i

olingüístico0 ,

l'll"'- cs lll

cl

a Sociolingü ística". A realização de

f

ramcngo'', ''andano", 0tá'',

lalaO

' , '"paia . é encontrada no português

do

Brasil coexistindo com " flamengo'',

·.lltdando . "está' '.

f

alar

  , p

al

ha

' .

Co

nstruções sintáticas corno eu vi ele ontem",

11os i'ontos

no

Maracanã'',

·'é

o ti

po

ele

ma

t

éria que

eu não

gosto dela , a

I t ~ l l l ' a , ·la

é

111u

ito d

if

ícil . estão present

es

no

po

rtuguês

do

Brasil (PB),alternando

1tt lll ns vq

11i

va lentcs semântico-; ''eu

o

vi ontem", ··nós fomos

ao

Maracanã"' ,

' é

o

''I '

dt· lll:th'IÍa dl qtll'l"llllau gosto'' "n I ingiiística

l;

lllllito difícil''.

l·s.,·s

\ t o ;JI)'llll'-   ' ~ ' 1 1 1 p l o • ljllt' tl11'11.1111 1 :niahilidadc lingiiíslil·a. pt\'\l"lllt '

t' lill"d.t•, :t

•,

ltll

t'll:l'o l:illll:tÍ litl ltl.l lll \ '\t•t Htllll)'i'll'.l

l\

a t'ttW:ult•

1:1

\'lllt'Sjll't ' l:

tl

Page 5: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 5/61

jll

1

1iodução à

Sociolingüístico

1'11

1111 nhjcto de estudo exatamente a vatiação, entendendo-a como um princípio

"'·ral

un

iversal,

p a s s í v ~

le ser descrita e analisada c ientificamente. Ela parte

du p 1 ~ s : - . p o s t o

de que alternâncias de uso são influenciadas por fatores

,·strutura is c sociais.

Ta

is fatores são também referidos como variáveis indepen

'klllcs. no sentido que os usos de estruturas lingüísticas são motivados e as

.illl'rni'inc

ias

configuram-<;e por

is

so sistemáticas c estatisticamente previsíveis.

/\reas de interesse da Sociolingüística

São muitas as áreas

de

intcresse daSociolin oüística: conta o entre as lín•ruas

l ; b . '

lJIIL'stões

relativas

ao

surgimento e extinção Iingüística,

m u T t i l i n g ü i s r n ~ ) ,

vadação

v

mudança constituem temas de investigação na área.

O

fenômeno

da

diversidade lingi.iística em cada sistema é diferente do que

• IIIL'ndemos por multilingüismo. Um país pode convivercom mais de uma língua,

11111lo

é o caso do Brasil: somos plurilingües, pois, além do p01tuguês,

em

' ' ~

territ6rio cerca de

180

I nguas indígenas. de comunidades étnico-

1 1

1111

ralmcntcdifcrenciadas, afora as populações bilíngües que dominam igualmente

''

fl'' rluguês e

í n g u a uo

grupo românico, anglo-germânico e eslavo-miental.

wmo

•'111wmunidades multiling

i.i

es português/italiano . português/espanhol, português/

.

tlt

·lnão. português/japonês. A lingUística

vo

lta-se para todas

a<;

comunidades com

• 1 1 c ~ interesse científ'ico c a Sociolingüística considera a importância social

d:1

u a g e m

dos peq ueno > grupos sócio-culturais a comunidades maiores. Se

111

1

J. rupo

apresentasse comportamento lingi.iístico idêntico, não haveria razão

1;11 ;I Sl' ler um olhar sociolingüístico da sociedade.

O papel da mudançalingüística 6 fundamental para os estudos sociolingüís-

1".

,.

-.. Cs problemas teóricos envolvidos referem-se aos processos de encaixamento.

·

.tlia,·iin c implementação. Antes de tudo, o lingüista deve compreender como

'

t';tracteriza uma determinada variação de acordo com as propriedades da

J..'IIa. verificar seu status social positivo ou negativo, entender o grau de

1 u11tpnll11t:timenlo

do fenômeno variáv

el

no sistema e determinar se as variantes

1

  ' t:un1pL·tiçüo acham-se em processo de mudança, seja no sentido de avanço,

'

1

·'

1111

de recuo da inovação.

Em

última análise. deve definir se o caso é de

\ .llloil,

.ln

t'stável

nu

de mudança em progresso, conceitos explicitados e ilustrados

''

  '

·"

 '1

111s capítulos deste livro.

V<

Hinnlcs o variáveis

1\

\

iaç:tll

I

1

s

I

1':t

t'llllsl

i

I

1

i

kllillliL'IIO

llll

l'J'o.;al

t

f11\

'>Slljltll

'

:

x

f

l l l

i

1

"l ' llltll t.l.

llll

)'ill \

lll

'.t•. :tlh' IIJ

.I

II\:1\

"1'1111111111;111:1 ..

\:lli:tllll

''

l •lflt lld llltl'

I

ltl

tlll

I"''

Fundamentação teórica: conceltuac;ao • • • ·III

•• .

, •

li

variantes as diversas formas alternativas que configuram um fcnômt'llo \

·'

''

·

'\,

I

tecnicamente chamado de vmiável dependente. A concordância entn · u \ ,·d" 1 .

o sujeito, por exemplo, é uma variável

li

ngüística (ou

um

fenômeno van;h

LI

I.

(11'' '·

se realiza através

<.le

duas variantes. duas alternativas possíveis e semant i

calll\'1111

'

eq

ui

valentes: a marca de concordância

no

verbo ou a ausência da marta

d1·

concordância.

Uma variável é concebida como dependente no sentido que o emprego das

variantes não é aleatório, mas influenciado por grupos de fatores (ou variáveis

independentes) de nahlreza social ou escrutural. ~ s i m as variáveis independentes

ou grupos de fatores podem ser de natureza interna ou externa

à

língua c podem

exercer pressão sobre os usos, aumentando ou diminuindo sua frcqüência

tk

ocorrência.

Va

le frisar 4ue o termo "variável" pode significar fenômeno cm variacão e

grupo de fa tores. Estes consistem nos parâmetros reguladores <.los fenôrr;enos

vruiáveis, condicionando positiva

ou

negativamente o emprego de

rormas

varümtes.

As variantes podem permanecer estáveis nos sistemas (as mesmas formas

continuam se alternando) durante um período curto de tempo ou até por séculos.

ou podem sofrer mudança. quando uma das formas desaparece. Neste caso.

as

formas substituem outras que deixam de ser usadas, momento em que se configura

um fenômeno de mudança em progresso.

Cabe

à

Sociolingüíslica investigar o grau de estabilidadeou de mutabi

li

dade

da va riação, dia&rnosticru· as variáveis que tâm efeito pos

iti

vo ou negativo sobre a

l' mcrgência dos usos lingi.iísticos alternativos c prever

seu

comportamento regular

l sistemático. Assim, compreende-se que a variação c a mudança são contex

tualizadas, (;Onstittúndo o wnjunlo de parâmetros

um

complexo es truturado de

migcns e níveis diversos.

Vale

dizer. os condicionamentos que concorrem para o

t·mprego de formas varümtcs são em grande número, agem simultaneamente e

t' ll1c'rgem

de dentro ou de fora dos sistemas lingüísticos.

A partir de um esquema geral. uma dassi ficação da natlll'eza dos fatores

l 1 1 a n l

na variação configura-se como se segue.No conjunto de variáveis

interna >.

1

lll'O

ntram-sc os fatores de natureza fono-mo1fo-sintáticos, os semânticos. os

discuro.;ivos

e os lexicais. Eles dizem respeito a características

da líng-ua

em v{trias

diillt'llo.,ões.

levando-se em conta o nível do sign ificante e do sig;ificado, bem

tl llllll ns diversos subsistemas de uma língua.

No

conjunto de variáveis externas

·'

ltngua, reúnem-se os fatores inerentes

ao

indivíduo (como ctnia e sexo). os

I

1pna1

ncntc sociais (como

s c o l a r i z a ~ ã o ,

nível de renda, profissão c classe social)

1

tls ,·nl

11l'xtuais (como grau de formalidade e tensão discursiva). Os do primeiro

I

I

1t, ll-l't·n·m-

sc

a traços próprios aos

f'ahmtcs,

enquanto os demais a caractcrístkas

' '

11'\l:llll'iais

\fiiL

or:

1L

Ilvnl\'t'll1 o

l';daniL' or:1

o

l'Vl'lllo de ':da.

Nt···l'' llwn :tpmlllltd:llll

s1· :1s

l ' ~ . l o l

rl'lnll\<1\

.10 l'OII1(10ii:ltlll'llln ''

"

j'lllflll

d1·

l.tlllfl"

\11111

l l

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I I I

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'llll'. \ ,

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IIII

1'111

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I

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1111

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•• lfllilll

ll· l1 illlóllll '.l',l "\l,tllt,lldllf.tll\ ,lllltllil

'll

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llllllhll

l• I

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t

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,l'

Page 6: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 6/61

1/

Introdução à Soc lolingüísti

ca

(l

as

vmiáveis ind

epe

ndentes possíveis que contextuai izam

os

fenômenos variáveis.

Nu entanto, a complexidade dos condicionamentos

da

variação não

permite

a

previsão

de

todos os tipos de agentes correlacionados às variantes lingilísLicas. A

n plicação didática

do

efei to das var iáveis independentes

(ou

g

rup

o

de

fatores) é

um artifício aqui utilizado

que

não reflete evidentemente a atuação simul

tânea

da

rede

de fator

es que interage na variação lingüística.

A contraparte fixa

da lín

gua, heterogenei

dade

e

unidade

~ s t e m a J i n g ü í s t i c ~ n c o n t r a - s c p e r m n e n t ~ n c l } e

sujeito

à

pressão

•k duas forças

que

atuarn no sentido da variedade e

da

unidade. Esse princípil)

c IK'ra por

meio

da intcração c

da

t

ensão de

impulsos

contduios, de

ta l modo que

;1s línguas_ xibem inovações mantendo-se, contud

o,

coesao;:

de

um

lado, o impulso

;1

ariação

e possivelmente à mudança;

de

outro, o impulso à convergência, base

p:t

ra a noção de

comunidade

lingüística. caracterizada

por padrões

estruturais e

L'o.,tilísticos.

Assim

,

as

línguas apresentam as contrapartes fixa e heterogênea de

Iclima a exibir unidade em meio

à c r o g c n c d ~ .

Note-se que is

so

é

possível

IH

1

1quc

a

dinamicidade

[i

ngüístÍI.:a é

inerente

e

motivada

.

Prova-se

coml> é

··quivocado o conceito estruturalista

de

variantes livres.

ao ser

demonstrado

qne

:1

;t

riação

é estmturada de

acordo

com as

propriedades sistémicas

das

línguas e

'•l 11 nplcmenta porque é contextualizada com regularidade.

Por isso, a va

da

ção lingüística pode

ocor

rer

nos

eixos diatópico e diastrático.

N,,

primeiro.

as

alternâncias

se expressam

regionalmente, considerando-se

os

l111 i1cs l'ísico-geográfkos: no segundo. elas se- manisfestam

ue acordo

com

os

dJktentcs

estratos soc

iais, levando-:-.e

cm coma fronteira

: .

soc

i

ais /:'Ass

i

m,

11.u lil'innalmente, concehe-se urna ecologia lingüística do ponto de vista horiLOntal,

• 1111 1

;1 constituição de comunidades geográf

icas

com base em marcadores

"TIIlttais; c

do

ponto

de

vista vertical,

com

a geração

de padrões

por

meio Je

lltdlt adml's

soc

iais.

A

recorrência

da atuação de

parâmetros

condicionadores

,ttll;t

a sislcmaticidadc da

variação

de

tal modo

que se

originam

padrõe

s

l'l''c lit ivos tnl'nsurüveis probabil isticamente.

t

11 a d i ~

dialctológica discrelizou considerave

l

mente os

padrões

  l' llllllt)'tilo.,lims, dis ting uindo de

forma

rígida variedades

como

"

padrão

culto .

p.11h :11' pujHdnr"

e " "alar regional ''. Note-se que. além

de

traços descontínuos.

1111

111tl1,

·

,uloo.,

nus pcílos rural c

urbano. devem ~ c r

levados em conta recursos

1 llll ll ttWall\'os l>wprios dl' discursos monitorados e não monitorados. O grau de

• , d.tlltt ttl" "V"I'I":tlin> 1 :.ocialnllll'OITC parn a

gama

de

trac,:os

lJUL· tkritl<'

ttl unw

l' , ll

:lltlll

Ol\ III di'';L'II IIIIIIII:I ~ h \ Í I I l l 'OII\Il

:tS

r d a c ; C > ~ · s

soviais as r:t

1:11

il'll

'•l

l

l'ao.,

dtl

I '11\-

'olll

I

11

I

11 )

1.111

tlt·

11'11\;11•

tht

l.d,111f1 ; t i l llil ' Í\1 '\;111 I III \

1d11 Lllll

'

Fundament

ação

teórico: conccll

ll<l<

,. 11 '" ,1

1 1

também

os

estilos formaís e infonna is na rala e na escrita em conh 1111 lll 1.t.

"III

o con tro

le

e o monitoramento

da

produção lingUística. além do pla no tl;ll tlllth

t

.1• '

c de

cons

iderar-

se

o grau di

fe

renciado

de

envolvimento dos falantes

tiU', dt\

11

1 1 ,

gêneros

discursivo-textuais. Desse modo. incorporam-se questões COIIH, ; , , ".1 IIli.)

do

estilo

que se impõe ao

fa lante p

ar

a acomo

da

r-se

ao

seu interlocutor. o

l'' 'll'

contextuai na produção dos enunciados, o grau

de

complexidade o g n i t i v a ~ : t)'ld.l

no

tema

c a familiaridade

do

falante

com

a tarefa comunicativa realizada.

Qua

lqu

er que

~ c j a

o eixo, diatópico/geográfico, diastrático/social. uu

d1

·

outra ordem, a v ~ i a ç ã o é contínua

e,

em nenhuma hipótese, é possível demarcan•ttt

se

nitidamente as fronteiras

cm

que

ela

ocorre.

É

preferível falar

em

tendência

-.

a empregos

de

formas alternantes motivadas si mult<mc<m1cnte por condicionamentos

diversos .

Sstematic idade, legitimi

dade

e esti

gmat

ização

Num

a perspectiva c ientílica, cabe assinalar que todas as manifestações

lingüísticas são legítimas e previsíveis, a

in

da que exista flutuação

estatística.

E

mbora

os

julgamentos de

valor não se

ap

liquem.

os

padrões lingüísti

cos

estão

sujeitos

à

aval iação social

pos

itiva c

negat

i

va e,

nessa medida,

po

dem determinar

o tipo de inserção

do

falante na

escala

socitü.

Estigmati zação lingüística e mobilidade social

co

nstituem temas de interesse

aos sociolingüistas. Em princípio, estruturas de maiorvalor de

me

rcado que recebem

aval

iação positiva

pa

ramet

ri

zam-se com

grau alto

de mo n

il

oramcnto

e

de

ll'tra

men

to. Maior sensibilidade, percepção e planejamcnto Jingüí;;tico são, via

de

r · ~ ~ r a .

pré-condição à produção das formas

de

prestígio e disposição adequada

para

.e

liminarem-se estigmas sociolingüísticos

na

fala ou na escrita.

Os sociolingüistas têm-se voltado para

a análi

se dessas relações

, e o

l

ll

t

"co

nccito lingüístico

tem

si

do

um

ponto

muito debatido

na

área.

pois

ainda

p11·d1

1111inam

as

p r á t i c a ~

pedagógicas assentadas

cm

diretriLes maniqueísta:,

Jo

ltpo certo/errado, tomando-se

como

referência o

padrão

culto.

As

línguas.

em

n:d. ;qxcscnta.rn

uma

diversidade que se distribui

cm

conti ww n,

da

qual o

1.11.111k adq ui

re

prime

iro as

variantes informais

e. num

proeesso sistemático e

I'·"d.tltno. pode vir a apropriar-se de estilos e gêneros

mais

formais. aproximaudo

'•1 

d.ts variedades cultas c

da

tradição literária.

'l'mla

llngua

portamo apresenta variantes mais prestigiadas

do que

outras.

h

",itldns soc iolingiiísticos oferecem v a l i o ~ a

co

ntribuição no se

ntido de

destruir

ptn1111

n· i1n

s

l i n ~ i i í s t i c o s

l'

ck·

rclaliv t

za

r a noção de

eJTo,

ao

buscar descrever

o

t' · '' ·  '

lt

·.

d qltl' a l'\\'Lll:i.

j111lT\l'IIIJllll

.

pnwttra

dl·sqlt:tl i ic;uT haui1

como

ex prcss:iu

IIII •111 \ 111 :1 11.11111

l i ' II 'P IIIIII

 I

Page 7: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 7/61

I 1 Ir oi•

"

h

o

11

o

io

)

lo )lillL)UI

Sfit..U

Adotando uma metodologia

Como toda área de conhecimento, a Socio lingüíst i

ca

ófcrecc di ferentes

modelos

teó rico-metodológicos

para

a anúlise da variação e da

mudança. Este

livro apresenta a maneira < :o mo a abordagem d Teoriad Variação instrumentaliza

a análise sociol ingüística, cujo precursor é o lingüista William Labov. Esta

é

a

linha adotada cm função de ser

cons

ide

ra

da teoricamente coerente e

metodologi-

camente eficaz para a descrição

da

língua em uso

numa

perspectiva soc iolin-

güística. Não se exclui.

porém

a

relevância

c a

contrib

u

ição

importante de outros

diferenciais de análise.

Portanto. todos os capítulos que compõem a presente publit:ação orientam

paulatina c gradualmente o le

itor

no treinamento

em

direção

ü

prática da análise

correlacionai de base quantitativa.

tipicamente

labovia.na. Aqui estão expostos os

postulados

conceituais necessários. tabelas. gráficos

e

figuras

que são

im

po

rtantes

para

orientar o trabalho no âmbito teórico-metodológico adotado.

além

de diretrizes

para a adequada interpretação

de

re)>ultados.

Page 8: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 8/61

3 elevânci das variáveis não lingüísticas

Maria eci lia A/nl/t

Efe

ito

de

agentes externos

Como já sabemos. a variação lingüística é uma das característicm; un ivc 1

das línguas naturais que convive com forças de estabilidade. Aparentemen te caol 1 .1

e aleatória, a face hcterogênea imanente da línguaé regul

ar,

sistemática epre\ is I\ l I

porque os usos são controlados por variáveis estruturais e sociais. Eles pode1rr Sl l

agentes intemos e externos ao sistema lingüíslico.

Das variª-.veis ou ~ a s registram-se qs man.:

adu11

..,

regionais predominantes em comunidades facilmente identific

adas

geogra1kallll 111 1

simultaneidade a indicadores de

t r a t i  

e s t i T í s t l . c o ~ o c i a l ,

de ron wrqr11

a variação projeta-se num contínuo em que se podem descrev

er

tendências dl· 1

lingüísüco de comunidades de fala caracterizadas dil'erentemente quanto ao

jll

'llll

sociolingUístico. As variáveis, tanto lingüísticas quanto não-lingüística . nãu

" 'i'll

1

isoladamente,

ma

s operam num

conjw1

to complexo de correlações que inihl lllllll

favorecem o emprego de formas variaptes semanticamente equivalentes P111

exemplo, agentes como escolarização alta, contato com a escrita, com

os lltl ' lu

. .

de comunicação ele massa, nível socioeconômico alto e origem social a

lt

a <.:onco1

rem para o aumento na fala e na escrita das variedades prestigiadas, ad mil

i11

dP

se que existam pelo menos o padrão popular c o culto.

Questões e debates

São

bastante avançados os estudos que correlacionam as variáveis

v o

gênero, idade, escolaridade e classe social, dentre outras, a fenômenos tk uso

11 .1

l ala e na escrita. Mesmo assim, não nos pare

ce

ainda po ssível dar como cc•nclu

11la

11

discussão acerca de um efeito padronizado dessas variáveis sociais conl vr

s1:

1

.

a responder a algumas questões, a saberl.:l) o grau alto de escolarização l <lll l ' l l

l

t

para um comportamento lingüístico ajustado ao padrão cu lto? h) o gênero ll.·111inillo

t'

111ais conservador do ponto de vista da norma? c) há uma relaçüo entre l'SI

Í)'rtlot

11 /:t\ i ío sociolingi.iística. status e mobilidade social?

d)

qual

o

impa<.:Lo

da

11rrtlra

.

obre:\ Var iação s t i c a ' ? ; f ' ~ S S t . S

l

llti (J'(lS rontOS SÜO prohknlaiÍ/illlus

qll:tlldo

l'tHidaeiunal llOS vari<Íveis u;ín 1111)'111   .lll

:1 -. :t

i' l 'IHllllLnos lk v a r i : t ~ , ; n o

Nl''ok

11\ '

.tjll II:IS :tlgll llS S:l(l I'

Ol i t i i i :Hhl

\

Page 9: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 9/61

:•i

li•li

" '

hll

1111

I

:

  u ht lli'llW.II•"

. . . . c 1970 Labov (1972) investigou o el'eito

.la

nus

tdos dos .mos

I

e b' do inu\ês padrão e não padrao,

. , . . dessa natureza so re traços

o

d

v ~ r - . o s

Iatorcs soctms . . trar ue o B\ack English vemacular, varleda e

t k d ~ ~ : a n d o - s e s o b r e m a n e t r a a d e m o n q .t '

tn

razão de pressões étnicas,

t

. att'zada sofre preconcet o

e ' .

ntn:mamente

es tgm . ' . Cederoren ( 1978) demonstraram

. -

1

 sse soc

1

al Sankoff, Kemp & o . . al

,·-.n)lanzaçao e c a .

d

d

1  .

as discursivas e status proftssJon

1 • - alo

r

de merca o

c

01 m · · · _

lJIIt.: ~ . ; s c o l a n z a ~ o v . . rau neoativo ou positivo de marcaçao

..,- - 1 .antes par'\ determmai o g

o '

d

dns talantes saore ev · ' .

f

1

1

.

cotn rna

10

r cotação

no

merca o

· f

" ' · t

S

'

'I

an

CS

-

,

0

cial das alternativas mgu:s Jca. · • . de maior prestígio. As contribuições

, . d .

lançar mao de estrutmas

979

tllgütsttc<:_:ten

em a . (

1979

) e os trabalhos de Kemp

(I

Laberge (1977), Clennont & Cede.rgtend·

t

·e de que empregos lingüístiws

l'

1981) consolidaram

r e s u l t a d ~ s

a favor '1. e d ~ v i ' d u o s con' prestíuio social alto.

f .

almente em m t • ' ·

o

prl sügiados acham-se pre e r ~ n c d . I· mente para ::;e verificar o seu grau

AA s ~ o l a r i z a ~

t e ~ 1

s t ~ o ~ : ~ o ~ : : ~ ; : i a ç ã o da norma de prestígio. Num

tk

influencta sobre os

fal<tnte

. q s·J . & S ·herre (1996), três tendências foram

painel bem amplo a p r e s e ~ t a d d o em . ; . v ~ . sobre as formas padrão, próprias a

observadas quanto ao efeJtO a esco anza ,

eslilos e gêneros mais rormais.

. l'ahntes

entram

na

escola

oscilamlo ent

re um

a) Podem ocorrer casos cm qu e ~ l s ' . .- . . . . la "poda" a criança qut: não

, .

da

v·lrtantc pad1ao, a

esco

.

grande c um peqw.:no u

so

. ' N

~ c s

c·tsos trata-se

de

variant

es

esltg:tna-

.

olda

ao s

istema

de cnsmo. ( ..) cs. . , . . . . .

~ ~ = : s

pela escola, que

chegam

a "er sistematicamente o r n g l d a ~ .

. . .. · 'o<

ralantc::.

entra na escola sem usar a variante

E

t

. . ~ o s t:lll que a m,uo11a u ' , .

1

b) mou 1os ·

1

:

.

-ao

sem que desapareça, porc:rn.,

, J · ·

0

.

1

durante s ua csco a11Zc1Ç · d

padrão, esta e a C(Uill ' · . . ·colarsó há n d i v í d u o ~ que tcn cm

- d -

Encluanto no pn metro ano

cs

, .

variante nau pa rao. . , . ·o ares

h·í

falantes

qu

e tendem a

. - ) ldr'ío nos últ1mos anos eS\: · '

a u ~ a r a v

an

ame nao-1 ' · · · .. .

1

'io-p·tdr'io não chegam

a

ser

usar ambas as v a r i a n t e ~ .

( .. )

Algumas

vall.m t S

n,

- ' ,

·

1

. . se

ndo objeto

de

corrcçao.

estigmatizadas

pda

esco a, n.to .

. . .d· d • ocorre uando falantes entram na escola

c)

finalm

ente,

um

a terceira

o d c ~ l

'

1

c_

1

.';

0

m a ~

p·tuhlinamcnte, substituem

apenas com a variante que c o n ~ t d c ~ · a nao pac ' a • . . ' ,

essa

variante pclu

co

nsiderada padrao. •

E

19

ll6

346 i48-349)

(S

ILV

A

&

SCllERR

·.

7 •

P· •-

. , . d . a ·ão decisiva que ati v dades de letramento

Bortont tambcmtem observa

o :

rticas de base inteiramente intuitiva

podem ter sobre os alunos, mesmo que < ~ m pra ,

por parte dos professores.

.- . .

..

de cótl.ioo e de intcnrcnções d o ~ professores

es

l

fto

(

..

)

s

p a d r o c ~

~ l ú ? · i l l ~ ~ . te

~ t c s

dt:sctwolvcram

com

basecm

seu

Sis

tema

.

associados acslratcgtas ln tuJllvasql d l e s t i " t L c ~ g intuitiv<ls usadas plll

1 t

Entcn c

mos que < · • ·

de crenças sob

r

e<> m e n

o.

_o.

de tllll'l pedaoo iaculluralmcnte sensível

t :b

'rpanaimplementaça '

e l e ~

podem

con l i UI ' • ' . , • • • d· s

que

,e lhes proporcione

c c s ~ o

e para que isso se to rne_mats e ~ ~ ~ ~ amo

a

infonnaçõc

s sistemáticasde Socwhnotnsllca. (BORTONI,

1994.

p.

92)

h

1

t •lt V• IIII 1t 1 1l1 l o \/I III< VI I h I I I

III

<

lll

',hl I I / J

Sobre u ponuguês brasileiro, os n:sultudos até cnlilo obscrvadus I'"'·'\ • rl11

"'

se a pertinência da relação entre estigmatização lingüística prcsltgro S

Dl

'lal .rpnnt.llll ,

de maneira diferenciada, a importância da cotação de mercado da

form

a l l l t l ' l l l r

De acordo com Bourdieu (1977),

as

manifestações lingüísticas recebcntlllll 'aln1

dn

que ele denom inou "mercado lingü(stico". aliado a renda. sexo, faixa

L'lúria

1· 11

escolar do falante. O efeito da

mídi

a sobre as variantes de prestígio

tem dL'SI'l

't

.11

J •

interesse e tem sido objeto de estudo para verificar-se até que ponto há

n f i U L t l l l < ~

1

h

·

meios de comunicação nos comportamentos lingUísticos (cf. Nm·o & Schenr.

III

1

As evidências estatísticas

na

referida coletânca sugerem que

rc11da

,

' ·" ' ' '

de mercado, midia e sensibilidade lingüística, conjuntamente com outro-. p ;11 , 1

metros, podem ser bons indicadores sociais. Alguns resultados servem

de

l'OIIlJll n

vação

de

que a variável mercado se mostra relevante, pois demonstram qw

quanto maior a cotação na escala do mercado ocupacional, maior a

cha11n

d,·

haver ajuste

à

norma padrão com relação

à

concordância nominaL por C\l'llt[ll••

fenômeno inegavelmente marcado socialmente.

A questão, em princípio, goderia ser simples se todas as

e v i d L I I l t . l ~

revelassem uma correlação constante e regular entre estruturas linglíi, lh

.1

standard prestigiadas,

<..le

alto valor no mercado lingüístico, diretamente prop< 1n

·iout.ll

a

grau alto de consciência lingüística,

em

indivíduos mais velhos e cscolarí;a dt 1

de classe sócio-econômico-cultural alta. Isso posto como verdade absoluta.

L'"lwt.ll

se-

ia

o emprego de estrutura<> padrão dos grupos mais escolarizados e ma1s s ~ I I S I \ 1 1

ü

diversidade lingüísti

ca

em relação à necessidade de adequação

"" ""

alternativos em estilos e gêneros de grau diferenciado de f'orma lidacle lanlo n:t l.il .t

quanto na escrita.

A

realidade é, contudo.muilo.mais complexa.

O u::;o da forma seu  alternando-se com a fonna dele  para indicar o possuidor na

tcn.:dra pessoa, acha-se em extinção

na

fala do PB, no entanto

é

standard,

de

l r a d r

;111

li

tcrúriaealtamente presti6riado, como bem demonstrou Silva (1982), num trabalho

'I''

'

l'\amina as atitudes lingüísticas em diversas classes socioculturais. Em rclaçüo

.10

" ' · ' '

1 ~ : .

1

t1antcs

classificados como mais conscientes e de renda mais alta aprescnt<llll

111;1111

1

tuítncro de empregos

da

fonna prestigiada. Contraditoriamente. a<; variávei-. tlluiJ;I ,.

llll'n:ado ocupacional não exercem inllnência sobre o

uso

da forma seu.

Por razões funcionais, a forma dele (desambiguadora) vem se sohtt•pnthl"

.unplamcnte à orma s u entre os falan tes de maior nível social e cultural c s l o ~

-.1

11d1 •

tudusive veic

ul

ada

na

rrúdia, ainda que contrarie os ditames do padrão cullll. l.u

.1

p.utL'

do imaginário dos falantes como a forma recomendada e seja lrahalltada 11.1

t".rolu. Esse exemplo

é

extremamenteútil para anossa reflexão.fomeccndo dL'tlll 'lilt ''

1

1fliTl'

lOI\ para a constatação ainda mais contundente da complexidade do cktlu olo 

lltdil·adorcs sociais sobre o perfil sociolingüístico dos falantes.

Numa sociedade tão complexa como a constituída pelos ralantes

d( 1

PB. plldctlt•

I" 11

-.:u

l'lll inúm eros ind icadores sociais.sl'ja de exclusão c indusüo. sl· ja<k u l l d o ~ d .

• lltohllrdadc o;uciaL

Ori

ge m "'" wl wtula.

íllTSso

a IK·ns lllall'llaís

L'

L'llhiii.Jt•,

,,

1

11

ll l

•lill

"1kk-.. a-.o.;Íill

l'\llllOI

lj>O I J- III ll(l;tl .111 'l oltl

III

SI' JI

,': U

\ III ll

'

dl '

"i Sill I:W, 1

Jllllt l i

'

Page 10: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 10/61

,li I 11 ' " •<

III•

'I• •• I

•I 1\ •IIII Jl

:.111

' I

t

l 1 a t n h ~ : r s

(I

1

)l)5)

julga que c l s ~ e socia

l

é

o

aspecto mais marcado

IIII '"'"''L.IIIlentc na s nações intensamente industrializadas e a estratif1cação social

ptldt· sl. l ohservaJa com base em indicadores ocupacionais, educacionais

e

tTI

111o11licos. Para o autor, nos círculos sociais mais fechados e localizados. temos

a o.

l l ' lb

sociais da família,

da

vizinhança, do clube e de outros locais de identidade.

Il t r11di

ccs mais

ob

jetivos de classe social. outr

os de

carát

er

bem subjetivo.

Em

Sl '

IIS estudos, T_ :uqgill (I 974) oferec e índices detalhados para demarcar classe

snt"ial, tal como localidade, tipo de casa etc. Note-se ainda que mobilidade social

pode licar ao sabor

da

avaliação das pessoas e s

ubm

eter-se

ü

cons

tituição

de

~ · . t e r c ó t o s , como a categoria de nouveau riche  

Nem

sempre variedades

de

prestígio,

com

alta cotação de mercado. são

m·c.:cssariamente assimiladas pelos falantes. Há casos que, por raLões outras.

nlllstituem mudança

em

curso e,

por

isso. os padrões lingUísticos devem

ser

compreendidos também pela sua natureza ilinâmica. Esse é um dos motivos pelos

quais não necessariamente os movimentos dos indivíduos na dircção de ascenção

soda) redundam na apropriação

de

recursos lingüístico-discursivos monitorados.

Estudos pioneiros no Brasil no âmbito do

PEUL

(Programa de Estudos

sobre

os Usos

da

Língua), citados e sucintamente mencionados em Paiva &

Scherre (1999), procuraram correlacionar a utilização de construções prestigiadas

e

Hão

prestigiadas com variáveis como bens materiais, bens culturais, origem

social. Os resultados não foram tão surpreendentes quanto

se

esperava, o que

pode significar que essas categorias não são mensuráveis por critérios lingüísticos

ou são subcategorias que representam pré-condições a uma trajetória mais custosa

e/l)u mais longa que o indivíduot

em

que pen.:orrer no eixo vert ical da estratificação

social, durante a qual a língua é uma das propriedades no conjunto de propriedades

que compõe

finalmente o patrimônio social

de uma

pessoa.

A husca de vtu·iávei.s sociais não convencionais

p a r r ~

o e

nt

endimento da vmiação

lingliística numa o c i c d a d c tão complexa como a brasileira. cm que a categorização

por clas'\e sot.:ial segundo parâmt.:tros como renda, locaJ de moradia, escolarização

c profissão não é claramente delimitada. tem motivado o contro le de a s p e c t o ~

mais su tis da ambientação material c cultural dos indivíduos e do seu grau de

intt:gração aos valores

veiculados pelos

meios de comun icação de massa.

Concebidas na forma

de

escalas que cont rolam a relaçã o quantitativa e qualitativa

dos

f a l a n t e ~

com os produtos culturais (como mídia televisiva c escrita, cinema,

teatro e outros) sua posse Je bens materiais disponíveis no mundo moderno

a p a r t a m e n t o ~ .

carros,

t e l e f o n e ~ .

viagens etc.) c suas expectativas em relação ao

fu turo, variáveis corno bens materiai

s,

bens culturais e motivação vêm insinuando

uma outra forma de exame de variw,:ão ~ o c i o l i n g ü f s t . : a ( ..)Conjugadas com as

variáveis mais convencionais, como idade. sexo e escolarização. essas vm·iúveis

mais refinadas permitem detectar lcndênc

ia

s divergentes no interior da mesma

comunidade de fala.(

.

. Revela-se, portanto. estreita correlação entre a complexidade

~ o c i a l

e os processos

de

variação.

(PAIVA SCliERRE, 1999, p. 220-21)

1\• h )\>1

11

I• h I •I· '• ln I II

11/IIJ

• J

1

I•

I

liii•J•

11 11• I

li

Algumas considerações

. Como podemos vincular as questões r , . . .

t l o r c e barreirasde exclusa-o e bili'd d.

l s t t c a s

suctnt

amenk

cxpost.J.,'

lll

tt

. . mo a e social? A

·.

.:- . .

eaulllizaçãoadequadade

.

1

.

..

.

a p r o p n a ç . t o d

< ~ u l l l u

; t l l I J . t d , t

recmsos mouísDcos são sufi . . .

que os indivíduos OCLtp"'·n na , al

.::o •

1 c ICtentes para I

ll

dJc;lltll'.'l'·'\'

c <u

esc a

s o c ~

e/ou

dete.

. .

t .,.

Se

há dú ·d· In:unar mO)I tdaJc

'"l'I:Jf''

. . . VI as quanto a alguns dos indicador . · .·

IdentifiCadores e deternu· d d . es

<Lq UJ

men c.:Jonatlns l'""" 1

na

ores e

status

soe

a

l

h

.

consenso absoluto e

queJ

·á sa-o d . , a outros sohrc os (jllõll'-

11.,

· e senso comum A fome ,

d'

-

no que se refere à habitaça:-o s· 'd d - . - , con Içoes suhlllltall.,.,

· · au e. c ucaçao sao

bru

· ·

co

nstituem impedimentos aos

l·nd·

'd ,

'd

. Tetras mtran

..

pnlll\ l' t•. '.

. · lVI

uos a c1 adanm plena

s

b .

convtve com esses agentes e

d' l

' . a emos lfliL'nlii:J·.II

· · ·m 1 erentes graus d d . .

nosso território. · a cpen

er

da local hei,· ,.,,,

Segundo o último Censo os indic·tdores . .

positivos. No entanto a c o n c e n t r ~ ão ' . soc tals apresentam .. l "'·"

tem concorrido

pru·a

g'ue un1 gr· dç . ~ o p u l a c w n a l nos grandes centros li I halllt

,m

e universo

de

pessoa . . t h .

miséria, embora os índices apontem melho. ·, . . s en a-se 1

:1

flnltii d.t

tativa de vida renda sau'de e es ··d d

rela

para os brastlerros quanlo a

l \ j l l

' ' · co

an

a e ontudo ·s · - · .

par·a

promoverdistribui·Ç,-lO · , · d . . ' I.

SO

nao tem

SidO

su l 1 11 III o•

· '

ma1s

JUSta

e

nqueza

no p· ,

d'

. . .

eamortal

idadeinfantil • lh . ars,para

Imtmllra,

.

url' ' ' '

, para

me

orar a qualtdade de nosso ensino.

Page 11: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 11/61

4

variável

gênero/sexo

Maria da o n c e i ~ · i i o

r

• /'1111'•1

O interesse d variável sexo

Homens e mu

lh

eres falam

dif

erentemente?

A

pergunta

pmk

pa11 '1

11

t ó r i c a

se considerarmos que qualqu

er

observação s

uperf

icial nos

Jll

' llllll•·

constatar que diferenças de timbre e al tura determ.inam especificiliadl's d:1 ' '

l'

c

min in

a e da voz masculina. Homens possuem voz mais grave e mais

h.tl

\. 1 

lllu

lhcres possuem voz mai s ag uda e uma oitava mais

a1ta

que a

vo:r nwsc

11l111.1

I

mbora essas diferenças possam ser interessantes

do

ponto de vista fisi,,Jn:• 11 ·

nao constituem o centro de interesse da Sociolingüíslica. Para essa

discipl111o1

. ,,

~ . : s t ã o a ser respondida é: em que limite c de que fom1a

fe

nômenos 1 1 1 .. .

variáveis estão con elacionados

ao

genêro/sexo do falante?

A 1

diferenças

mai

s evidentes entre a fala de homens e

mu lh

eres

st·

s

lll

l.tlll

nu plano lexica

l.

Parece natu

ra

l admitir que determinadas palavras se

si

tu:tlllll

ll

'

lll••

l

11:1

boca de um homem do que na boca de uma mulher. Nas sociedadl. s ocíd1'111 11

.

n

ex

istência de

um

vocabulário

fem

inino e

de um

vocabulário

ma

sculin(l

~ ~ •

nt l.

nos

acentuada e

te

nde, prog ressivamentc,

ao

desaparecimento. O que

nau

i

11pt·

tf, ·

l' lll

rctanto. que ainda possamos ouvi r e utilizar expressões como nao

lw:

1

H"I

II

para uma garota falar d

essa

forma .

A análise da dimensão social da variação e da mudança linglll \

ll

1 11. 111

pudl.

ig

no

rar, no entant

o.

que a maior ou menor ocorrência de ce11t

-.

' .,, . llll•

pr

in

cipalmente daquelas que envolvem o binómio forma padrão/fonna

n:H'

I•:uli

111

l ·

ll

processo de implementação de mudanças estejam associados ao

).'1'11•

l••"·

·w

do 'alante e à forma de construção social dos papéis feminino e masnil 11n

Alguns estudos

\

p

ri

meira referência

à

co

rr

elação entre variação ling

stica c o l':t1o1

·

ro

• 

' 1'\0 se l. ncontra em Fischer ( J

958)

em um estudo intitulado

ll lu  uc as

1111

' '

1111 .ICO  Iw de t•ariantes lingüísricas. Analisando a

va

riação na pro11 11

1h

1.1

-.

111 i

xo

inglês

-

in

g.

fonnador de gerúndio (

1ra/k

in

g, Io /kin g).

n

a111nr

\

'l'

l Iw.1 q1

11

pro

i

HÍn

c

ia

ve

lar e

ra

mais frcqi.icntc cnlrc mulhc

rc'>

.

No

ll'

s

qul'

t'\:o..t pH'lt

'

ll

11

1

1.1

nan,· 1'stlltado

de

uma escol

ha

akat

t'

ul .lt'

lll

n·dll:l' . pronuncia 

i.  l:

tlll ll'

lll

l' 1,,..,, 11 11.

du

O IIfl

\o

.

f\ dil'\- rL'Il\';1 l' llll l'

:1 (11•

•1111111

l;t

\1 '

1.11 III I

tklll;tJ dn

o llli

\lltll

fl

S('  lldt•

.1

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8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 12/61

 

,

1

dill'IL'Ilça de valorização social: forma prestigiada versus forma não pn.::-.

ti,.iada. rc:-.pectivamcntc. O que Fischer constata,

~ a n t o , é

que a forma

pn•:-.t íg >

1

ende a predominar na fala feminina. Podemos t ~ r p r ~ : a r . esS< c o r r e a _ ç ~ o

\ co

1110

utn indicador

de

que as mulheres

~ r e f e r e

as formas

hn

g

Ui

stlcas de prest1gto

jt

' -.ao mais sensíveis a uma nom1a de lrnguagem?

Diversos outros estudQ,s de orientação sócio-variacionista puderam corroborar

a t:onstatação

d ~ r

gênero/sexo pode ser um grupo fatores

  i t i c i v o

para processos variáveis de diferentes níveis (fonológtco, morfossmtáttco,

sL'mfi

ntico) e apresenta um padrão bastante regular em que as mu lheres demons

tram maior preterêneia pelas variantes lingüísticas mais prestigiadas soctalmente.

Mantendo-

nos

no nível fonológico, observemos os resultados encontrados para a

:-.upressão variável da vibrante nos grupos consonantais

] J r o ~ l ~ m a o b r ~ m a

1

m>prietário/propietârio) na variedade carioca, que,

d ~ ,

c o n ~ t v e m

u

111

a variante fottemente estigmatizada c uma vanante padrao (Molhca,

Pat.va

Pinto, 1989). Os resultados da tabela 1 mostram nitidamente que as mulheres

11

ti

li

1.am

ma

is a forma padrão (sem a supressão da vibrante) do que os homens.

Tabela 1 Influência da variável sexo sobre a supressão da vibrante nos

grupos consonantais

Gênero/sexo

Frcqüência

PR

Feminino

280/1137 =25%

.45

MascuUno

468

/1

411

=

33%

.57

Um exemplo ilustrativo da correlação entre gênero/sexo c urna variável

morfossintática é o da concordância entre os elementos do sintagma nominal. Na

aná lise real izada por Scherre

( 1996,

p. 254) foram encontrados para gênero/

sexo, segundo grupo de fatores selccionado pela análise estatística, os índices

111ostrados na tabela 2, adaptada da autora.

Tabela

2- Atuação de gênero/sexo na concordância nominal

Gênero/sexo

Freqiiência

PR

Masculino

1763/3953 = 45%

.42

Feminino

2556/4080 = 63%

.58

A variante mais prestigiada, presença de marca de p lu ral em todos os

l' k

111

cn os do SN, é mais recorrente entre falantes do sexo feminino e dim

in

ui

Sl' tlsivclmente entre falantes do sexo masculino.

, , Também no nível discursivo podem ser depreendidas correlações signi

t'i-

l'

:tll

vas entre variação lingüísticae gênero/sexo como, por exemplo, na alternância

\'lltn· as rormas de tratamento

tu

e

você.

A análise de Paredes e Silva (

1996),

\ V• IIIIIV< •I ' 11111• •/•,,

,\

L'Ottt lw;c 1 1 1 dados de inleração face a face entre fa lantes cariucas. nH> stt :l qt

11

a ocorrência do pronome de segunda pessoa tu sem concordância l:OIIl 11 \

1'1

1it lfl er iiiW cerve a? é mais freqüentc na fala de homens (peso rela ivo

dv

.'' 11

do que na fala de m ulheres (peso r

el

ativo de .43).

Diversos outros estudos sobre processos variáveis do português <tponf<tlll

i

Xu-<t o que poderíamos denominar uma maior consciência feminina do staftt.\ :-.lttt;

tl

c.Jas

formas lingUsticas. Mas essa tendência pode ser constatada . igualnK'liiL. l ,,,

outras línguas, como na queda variável das uclusivas ltl e [d l cm"'nnal dL stl:th.t

(walkedlwalke ,

no inglês fa lado em Detroit (Wolfran,

1969)

ou na van :H 

tt,

entre os pronomes 011 (equivalente a

a gente

e

nous

(nós) que estú na   l l l t

de alternâncias como Nous al/ons

u

cinema/On va

u

cinema, no l r:IIH I 

fa

lado

em

Montreal, Canadá (Laberge. 1977). No primeiro caso. a qul'd.t d.t

consoante final é mais recorrente entre falantes do sexo masculino. No CXl' lllplo

da variação entre 11 c 1zous a segunda forma, considerada padrão. L  1: 11

freqUente entre as mulheres do que entre os homens.

A análise da correlação entre gênero/sexo e a variação lingi.iística tL tll dt

·,

nccessa_:.

iamente, fazer referência não só ao prestígio atribuído pela conHitlld.tdl·

.1s

variantes lingüísticas ~ o também à forma de organização social lk llt1t.t

dada comunidade de fala. A consistênciado padrão que aponta o conscrv:tdm ts' ' '

lingliístico das mulheres emerge da análise de vadações cm comunidades d

l.

tl

.t

ncic.Jcntais,

que partilham diversos aspectos da organização sociocullural. ,...,.,,

pad

r

ão

pode ser rcvcttido, no entanto, quando se consideram dados de con 1111 idw j, ,

dL fa]a caracterizadas por outros valores culturais c outra forma de organi1;   , tP

\ocial. Um exemplo ilustrativo é o da variação entre oclusiva uvular. ,,

glotal eoclusi va velar em árabe. O estudo realizado por Haeri (1987) em dilt'll' lllt'',

l·umun idades muçulmanas mostra um outro padrão de distribuição das a n ; t t t

1 111 relação a gênero/sexo: a variante uvular,

fom1a

de prestígio baseada

no .lt .tlll

ltlcr{u·io. predomina entre os homens; as mulheres , por sua vez. estão a:-.sm

iitd.J

.to maior uso das formas não prestigiadas. Como discutiremos mais à

frcnl

l' .tllhl .t

que os padrões de correlação possam diferir, eles refletem mais do que di I'L·

n

11

\ .t ,

ltit

>kig

icas, diferenças no proces so

de

socialização e nos papéis que cada l'll t

111

ntdadc atribui a homens e mulheres.

Essas diferenças de socialização podem se refletir até mesmo cnt

l'S

itl,

,•,

II

IIL'racionais distintos. A am'íl ise de conversações espontâneas tem PL'IIIItltdu

tt

u1strar diferenças significativas na forma como homens e mulheres condll l l'llt "

tttll'ra<_:ão verbal. Enquanto os homens tendem a manifestar um cs lilu

11td1·pcndcnte c uma postura gue garanta seu prestígio, as mulheres

orknt :

1111 • ''

"

'

1

''

ns ação de uma forma mais solidária.que busca o envolvimento do

tnt

t·tlnl tth u

( l':tllllL

Il

, I

Y90: Coulthard. 199 l

).

Page 13: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 13/61

lfo hor<olh lc ti <I

:,.,,

ICJ lll ltjlll

:i

ll  11

Gênero/se

xo

e

mudança

lingüística

Uma

outra questão relevante para o sociolingüista

se

refere ao papel da

v:1riável gênero/sexo na mudança lingüística. Essa variável pode atuar como um

vch 1' ue propulsão ou retenção de processos que implementam uma nova variante

no

sistema? Quanto a esse aspecto, resultados obtidos a partir do

t u d o

de uma

vasta

gama

de fenômenos ainda não podem ser tomados como conclusivos, pois

111dicam

direções contraditórias. Não raro, as mulheres tendem a liderar processos

de

m u d ~ n ç a

1ingüfstica, estando. muitas vezes, uma geração

à

fren

te

dos homens.

Tal tendência delineia-se, por exemplo. no estudo de Labov ( l

966).

sobre o inglês

de Nova

York. O

autor constata que a pronúncia retroflexa do [r] pós-vocálico

(L'IIl

card,

por exemplo), fonna inovadora, tende a ocorrer mais freqüentemente

na fala das mulheres do que na fala dos homens.

No estudo da cotTelação entre gênero/sexo

e

mudança lingüística, w11 as_Qecto

a

considerar

é

o valor social da variante inovadora.

Um

processo de mudança pode

sera instalação de uma forma prestigiada

soc

ialmente ou de umaforma estigmatizada,

que infringe padrões lingüísticos vigentes. A distinção entre esses dois tipos de

mudança pennite definir com maior clareza o papel da variável gênero/sexo nos

processos de mudança. Quando se trata

de

implementar

na

língua uma forma

socialmenteprestigiada, como nocaso da pronúnciaret.roflexa em Nova

York

citado

acima.

as

mulheres tendem a assumir a liderançada mudança. Ao contrário,quando

se trata de implementar umafonna socialmentedesprestigiada, as mulheresassumem

uma

atitude conservadora e

os

homens tomam a liderança do processo.

É preciso notar, no entanto, que nem sempre essa equação se aplica de form a

inequívoca, visto que. em muitos processos de mudança, não está envolvida uma

polarização evidente entre uma variante de prestígio e uma variante

não

prestigiada.

É o que ocorre, por exemplo,

no

caso da alternância entre as formas

nós

e

a gente

para a expressão da primeira pessoa do pluraL Como mostra a tabela

3,

reproduzida

de Omena (

1996, p.

l

4 ,

o uso

do

pronome nós, variante mais conservadora, é mais

freqüente entre os homens. indicillldo que a implementação da variante inovadora

a

gente

está sendo liderada pelas mulheres.

É

difícil.

no

entanto, afirmar que

se

trata

de

um

processo

em

direção a uma forma padrão ou

não

padrão, dado que as duas

vmiantes não

se su

jeitam a uma avaliação social explícitaou à exclusão normativa.

abela

3-

Atuação da idade e sexo sobre o uso da f01ma

nós

Sexo

Masculino

Feminino

7 a 14 anos 22/288

=8%

.23 30/285 =

11

.30

15 a 25 anos

31/359

=9%

.24 70/392 = 16% 40

26

a 49 anos

85/385

=

23%

.53 158/359

=45%

.74

10

a 71 anos

175/320 =55%

.81 100/248 =

41%

.74

A

I I I }\ ·I

IJI

''

II I

/ • ' 1/

;\ s J l u a ~ , ; · : J o contraria.

t:Olll

os llonlens litk'r;uldn o jlHWl''-' " <h·

11111

I

l.llnlwm

pod:

~ e r

em:ontraua. É ocaso,

por exemrlo. da

suprL·ssao

dd

VJhJ ~ / , ~ , ~ ~ :I

\'III p < ~ r l u g u e s beberll>ehê0, amar amâ0) fenômcrJ<)

I • I· . . .

1

,

A

1

. . · t c t r g ~ L'\lc' JJ \ ,Jil ''

jll.l l l ~ l l c s )l'{tsdeJro. De acordo com o est

ud

o de or ,· ' l f t i U )

. . . . . · . _V<.:Ircl L .J \

1111dlll1•

•,

1 : ' ~ ~ t : J v a ~ n

o

segme

nto

Vlbnmte_signiticat:ivamentc mais

do que os hollll.'ll\. k\

i II lc•

.I

t < : I.

P< H1<t

nto,

que

o processo esta sendo impulsionado pelos flli'"ltes d<) , . .

I

o '

d '

UI

• St:\() lll.l \1 1 III• •

'. ., . e

e n ~ r a l _ ? a r , p c l o

momento,

é

a maior sensibilidad

l'

lc' JIIIJII IJI

0

P

1

c.sllgJo soctal atnbu1do pela comunidade

às

variantes 1in .. t' ·

.

l·onsidcrar n

l . . .

guts

lt:d'o

. ,

fll

l'

<

'  

, ' o en anto, que o efetto da variável gênero/sexo isoladamcniL' < lllllil

l i

~ ~ ~ ~ ~ J ' ~ ) ~ : - a s p e d c t o s e complexas interações que deve ser examinadas JJO t'  

l;Hh

> i:,

'.J II .tç,lo e a mudança.

Gênero/sexo e outras variáveis

O padrão de comportamento da variável gênero/sexo d ·t· .. l .

..

·11 1 • •• • d d es at:,llll 11.1 ..,, ,, 1 ,

; . ~ c II.Ot p r o ~ ~ c 'e uma generalização que não corresponde inteira

llh

' JII ;. ·'

.tl

ld<Kle. pois esta baseado

em

análises dessa variável isohdan1ent , I>

lllt'JHoetr

· í

1

A '

c. ll l i

ii

.J

I· . , .

0

.

e < ~

vam

ve

gencro/sexo com outras variáveis independcnt''" ' '

' '

'

' .J:o-sL: soctal, Idade, ou

wm

a vanável esti

lo

d f:tl· d .

. · I _ .. . ·

e<

ci,po emcmcrgJrp;Him ,•. dl

UliiC açao dllerencwdos que apomam a rclativid·,de das .

.-

I· . . .

l

, . ' · corre açoL

:-.

L llln·

1

.,.,

' t

v.utantes

ngUJs tt

cas c o gênero/sexo

do

falante.

I\ r intera?ão . n t r e gênero/sexo e'classe social faz sobressair() l: llt> " ' ' l jl

l l '

• <

I ctenças ltngUISlJcas entre homens c mulheres podem , . . .

i

ll'l'll

iUad· . [ : ,

SC

l' llldl\ Oll IIII

I I I I

. as em unç.to da classe socJaJ a (.llle eles pertencem. De l'onii 'J " I

· c n ç t ~

e.ntre

a

rata

de homens e mulheres são mais sa

li

entes nos gnq;,

1

••

.:

I : I I C I ' I l l ~ ~ t . a ~ · I O S r (norilJalmente classe média) do que nos grupos ex lll'

llllt

, (I r.

I'

,

I

1 c .d."ssc alta). E o que .se pode ver

ifi

car

na

figura abaixo. rcl

l.·

l\' ll t.' ;, ,

11

·'

IJit

,tliV.t l . e · d e ~ t a l ~ n o mglês

de

Detroit. que pode ser ou elidid:Jt'

J•

'

· ' '·

"  '

1

lllllO uma fncai1Va labw-dental (Wol/'ram. 196

9

:

92

).

NO

I

I

I \\

III

· ~ I i i

I

A

v III

I

I'

I I ,,. ·li• li I

p '

Page 14: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 14/61

Ir

i

h , ,

• I•

1

• •

•• h • 

ti

li• 1

<)

111

iiiH: iro a s p ~ c saliente na figura I é

a

consistência dos r c s u l ~ i l h ~

p;ua liulncn:-. c mulhcrc;:; nos quatro grupos sociais considerados' o ~ n a

t e n d : n c ~ a

111

ais geral

ressaltada: em todos eles, os homens apresentam mmor ocorrencm

das variantes não padrão (elisão ou fricativa t ~ l _ . n q t ~ a n t o as mulheres

: presentam índices mais altos da variante padrão (a l n c ~ t t t v a t c ~ d ~

sc. porém, que a diferença entre ralantes do s ~ x o . mas:ulmo e

t c n ~ n m o .

v ~ ~ a em

ruw.;ão da classe social considerada: elas são stgnifi.callvamente mawre:s na

l ~ s ~ c

trabalhadora alta e

tcnc..lem

a se reduzir nas duas classes extremas.(classc

mec..I

Ja

alta e classe trabalhadora baixa). Essa cstratiflcação difcrenctada pode

s _ ~ r

indicativa de que. mesmo no interior de uma mesma

o m u n i d a ~ ~

de fala. os papets

llasculino e feminino podem se organizar de forma distinta em diferentes u b ~ r r u p o s

das comunidades de fala. . _

Para ilustrar a relatividade do efeito da variável gênero/sexo em ~ n ç : o do

·-;tilo de fala retomemos

0

mencionado estudo Je Labov sobre a vanaçao de

~ r o n ú n c i a

d ;

r pós-vocálico em Nova

York

(Labov, 1972).

As

diferenç:s cntt

:e

homens e mulheres

110

uso da variante padrão, a pronúncia retroncxa, sao mms

acentuadas cm estilos de

rala

mais cuidados, ou seja, naquelas

s i t u a ~ õ e s em

que

o

falante dispensa mtúor atenção à sua própria

fala..

e são menos expresstvas.ou

e n d e t ~ l

]

. · ·u· lc)'. de fal·t

111.1I·s

t·n'ormais em que emerge de

1omm

mms

a se neutra tzal

em

es

.,

, ' .

l' · , . _ .

evidente a variante vemacular. O aumento do índice da van.ante padrao fala

feminina é proporcional ao aumento do n(vel de formalidade do i s c ~ r s o . Essa o r m a

de interação parece indicar que a sensibilidade e t ~ 1 i n i n a v ~ l o r soc.ta l d:1.s vanantcs

lingüísticas é. de certa forma. controlada pela propna sttuaçao de dtscw so.

o

efeito da variável gênero/sexo em função da idade do falante ~ o d e ser

demonstrado pelo processo variável de concordância entre os elementos do

~ n t a g m a

nominal. Como

mostramos na tabela 1, essa i ~ ç ã o é sensível à ~ t d l l e r ~ 1 ç a s

de aênero/sexo. Os resultados da tabela 4, reproduzida de Scherre ( l9Hí,

p.

- 51),

ap;ntam, no entanto, que

0

efeito dessa variável não é sistemático cm todas as

faixas etárias.

abela 4- J\tuação Ja idade e sexo no uso da concordância nominal

FAIXA

ETÁR IP

7-J.t

anos

15-

25 anos

26-49

n o ~

50+ anos ..

240/642 - 377

.+RJ/894

54'ii

5.f:l/ll.f8

47 'k

49711

?69

39 '7c

Homens

.39

.50

.4

1

.39

333/647 - 51 ll

561/1004

5ó7r

91

2/1220

75 '7c

750/1"09

62o/r

Mulheres

.52

.50

.70

.59

1

Nu

u r a

1

,

UM

eqlLivak: à

l a s ~ c média alta. LM

ú

cla,<c

média ba

i

x.a. 11W à

clas,e

traha

l

h;tLiom

alta e I.

W 11

.- "'". ltahalhadn

ra h

;t

ixa.

Na sl'gunda lai xa

ct

úria (

15 a

5 anos), os

JK'sos

rc l; l

tl

vn

..

p;ua lu•lllt"ll.,

illulhe

rcs

são idênticos, indicando uma neutralização Ul d i.. ilo da : 1 \ < ' 1 lh

  ·

,

gtupl> de l ~ t h . m l c s . Ao conlráJ.io, nas faixas etárias mais a . ~ ( >(1 a .JIJ a11• .. 1

a

t:i

ma de 50 anos), constata-se significativa diferença dos v

al

ores

~ · : - . t , I I J s l f •

associados a homens e mulheres, comas últimas apresentando uma tcndt'llll.ll\11111•.

maior de utili1.ação de todas as marcas de plural. A forteinteração cnlrL as 111.r\1 1

gênero/sexo e idade é ressaltada igualmente por Kemp (1979). a p<uiir da lt'all :il l 1

de diversos processos de variação no francês de Montreal. Ho mens

L lt

rlllh, '' .

111ais

jovens apresentam grande semelhança de comportamento

li

ngü(stico.l'llt 1

'·1111•'

homens e mulheres mais velhos tendem a apresentar diferenças mais

n o t a w 1 ~ .

Além das interaçõesjá ressaltadas,outros indícios de diferenças cntrl' ll1>111<

11

t' mulheres podem ser depreendidos através

do

controle

de

outra

;

vari

aw

:-. 1 IIII•.

111ercado ocupacional. influência da mídia ou grau de escolarização, como nH•sf 1.1111

0 1veira e Silva Paiva (

J

996). A variável mercado ocupacional e a ua de

1111

1"

nw

is

relevante entre os homens do que entre as mulheres. Já na faixa d ::í ria lh· I •

a 25 anos, pode-se verificar que os homens apresentam um processo dl :1(11

\11

slício-dialetal mais evidente, com aumento significativo de variantes con:-.idl'l ,111.1 .

padrão. Uma diferença que pode ser devida, pelo menos em parte, an I r lP '

qu

e, em nossa sociedade, os homens são. desde cedo, educados para nhtl'r stwc ... 1

profissional e assumir o sustento familiar.

De

forma diferente, constata-se que a variável

dia (cm

p:111W11 I.u .1

tl·kvisão) possui efeito mais notável enLre

os fa

lantes de sexo k11111111111

principalmente na quarta faixa etária (acima de 50 <U1os). Quanto ma ior ll h ll ' l l

dl' exposição

à

linguagem ve iculada pela mídia, maior a ocorrência de v:uldi llt ·•.

1ncstigiadasna linguagem elas mulheres. Uma interpretação possível d v . , ~ : l

11.1111

l·1daridade

é

a diferença, não apenas quantitativa (mulheres

passa111

tn:w 11'1111 •

il1ante

da

televisão) como também de atitude de homens e mulliL'll"

1111 • lll ,,

r v r ~ r c a esse meio de comunicação. Os homens tendem a man 1

1,·s1.11

, , , , ~ , . , ,

11·'-t:

t

Va

com relação à mídia televisiva do que as mulhere

s.

indicações ainda de que o processo de escolarização atuatk

I•

11111 .1

1ida sobre

as

mulheres do que sobre os homens (cf

.

Oliveira

c Si

h

aS

I' 11\.1

1

1

>

1

>6 .

A mulher

se

revela mais receptiva à atuação normativa

tl:

1l'-;'"1.' 111

11'·

pil'disposta à incorporação de modelos lingüísticos.

n e r o atitude, sensibilidade

i que se coloca

pru·a

o socioling

üi

sta é

a

de L'xplie:u os

l'ad1"1

11

·J•1d:rrcs depreendidos em diferentes pesquisas c a naturc;.a das po-.sl\l'l" dikl<'l" .1

lill"lil s

ll

l'

:t

s c

ntrL

' homens

L

mulht·n·s. IHTL'Ss::írio t·

uid

ado p:1

a :tn 111 111 .11

1

n11111

l.

il

ilS llldi l·;\l._'llL'S lj lll '

SO

Jllldl l

ll

So'l lllh l('il'i,II

I;I

S 110 pl:illll '-.11\lhll(llll () 1.1111 d1• ol

I III illiii JI

IIII,< I•

I I

. LI•

IIII

I fll\,111

( I

Page 15: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 15/61

11111llll'lcs se revelarem lingi.iisticamente mais conservadoras

ou

mais oricntauw;

rara variantes de prestígio em algumas comunidades de fala pode ser, em grande

parte, resultado de um processo diferenciado de socialização de homens e mulheres

c Ja dinâmica de mobilidade social que caracteriza cada comunidade de fala. Tanto

a

preferência feminina pelas formas lingUísticas socialmente prestigjadas, tendência

mais regular em comunidades

de

fala ocidentais, como a p redominância

de

variantes

socialmente estigmatizadas na fala feminina, como no

citado exemplo do árabe,

refletem a rigidez da separação entre os papéis sociais atribuídos a homens e

mulheres, a maior

ou

menor amplitude das redes sociais

de

que

eles participa m e as

restrições de mobilidade social impostas à mulher.

Para

explicar a regularidade da corr

ela

ção entre processos variáveis e a

variável gênero/sexo, Trudgill ( 1974) avança a hipótese de que os homens,

diferentemente das mulheres, atribuem um prestígio encoberto coverl prestige,

Labov, 1972) às formas lingUísticas. As variantes lingüísticas estigmatizadas

pela comunidade de fala possuem,

muitas

vezes, uma função de garantir a

identidade do indivíduo

com um

determinado grupo social ,

um sistema de

valor

es

definido. Isso é, são formas partilhadas no interior de um grupo e assinaladoras

de sua individualidade com re

lação

a

outros

grupos sociais. Se um indivíduo

deseja integrar o grupo, deve partilhar, além das suas atitudes e valores, a

linguagem característica desse grupo. Nesse caso, determinadas formas de

linguagem se investem de

um

status particular,

embora

sejan1

de

spro

vida

s

de

prestígio na comunidade lingüíslica em geral.

De

certa

forma,

pod

e-se dizer

que

os homens

es

tão

mai

s sujeitos à inlluência

do prestigio encoberto das fom1as lingüísticas do que

as

mulheres, dado que el

es

possuem mais mobilidade social e mai

or

oportunidade de participação em

grupo

s

sociais fechados. Diferentemente. as mulheres, cm muit

os

casos mais concentradas

em ati v idades domésticas, possuem menos oportunidades de experiências coletivas

que

exijam a coe

o do gmpo.

A maior consciência feminina ao status social das formas lingUísticas pode

ser atribuída também ao maior formalismo associado aos papéis femininos e ao

fato

de

a posição da mulher

na

sociedade estar

meno

s assegurada do que a do

homem. Tal formalismo, transferido

para

as situações in tcracionais vivenciadas

pela

mulhe

r,

se traduz

na necessidade de resguardar a face e

de

manirestar um

comportamento que garanta sua aceitação social.

Muitos dos papéis tradicionalme

nt

e atribuídos à mulher lhe exigem uma

conduta irrepreensível.

Um

exemplo emblemático é a sua responsabilidade

na

educação dos filho s. Tomando

para

si a carga de transmissão de normas

de

comportamento. dentre eles o lingU íst ico, a mulher

se vê na

contingência de apre

sentar-se como modelo. Labov ( 1972, p. 30 ) sugere,por exemplo, que "a inf1uênda

crucial da

mulher

nos primeiros estágios de

a q u i s i ~ ã o

da linguagem as equipa

com

uma

sensibilidade especial . O próprio autor assinala. no entanto, o fato de

A

V<

Jii 'lv••l •I• 11• I• , , • I III

q11e. no

c . . : ~ á g

atual das pesquisas, a maioria de

n o s s < ~ : - .

c..:xplk \'Cll'S

1

·

1

p,

11

,

1

 

c s p c ~ u c r a o porque os padrões de correlação não são ri

xo:-.

c

l l l l l

ll ;

1111

,

111

, .

L ou ststentes.

l q u . e ~

explicação das diferenças lingüísticas entre homens

e

11111

11

11 1

 ,

deve ser relatlvtzada em função

do grupo

social considerado A . . .

1

. ..

1

.

i

. • . l:O

<l l i . \

O

t .1 ,

~ a n a v e r s - ~ e ? e r o / s e ~ o _e classe soc1al é uma indicação possível de qu e, 11as , 1.1 ,,

..,

t ~ t e ~ m e d J ~ t a s a dtvtsão de

pap_éis

pode ser mais rígida

do

que ll<ts

1

1,,.,..,,

lr<tb,tlhadoras.

A

depender da soctedade considerada

e'

f'

··

. . , requente,

por

e\ l ' l l tp l "

que as mulheres, mutto mats do que os homens assumam a d' -

1

. · . , . trcçao :til

'"'

,

~ ~ n p h e n : sua ~ e d e de contatos sociais2. De forrna semelhante, a co-atu:t<\illl ' '  I

gcnero/sexoe rdade pode ser tomada como um indicadorda d'l · .;-

1

, • ,. • • 1

c

as lllll lt 11 ,.,

mttdas entr: papers femmmos c papéis masculinos nas faixas etárias mil is

1

 

,,

,

1

1.

da populaçao.

.

..

,

~ l é m

d i s ~ o a possibilidade de reversão da tendência feminina as

f

1

.,

11

,.,

.,

lmglllstrcas presttgradas,

por

exemplo nos estudos sob1·e

0

árabe f·--,ad

1

. • · · . ru o ent a 11111 1·

~ ~ d a ~ e s ~ mostra ~ u e

em s o c ~ e d a d e s

onde a

mulher

tem m

enor

part

11

;,,.,\

1

 :

11

'

1

v ~ d . a

p u b h c ~

a vartedade mrus prestigiada, no caso o árabe litcrall<l, ,. ""

dorm

mo

masculmo

3

Considerações finais

Evidentemente, qualquer explicação acerca do efie

1

to da ·-  

1

anavc ' l ' l ln , 1

~ ~ x o req uer .uma c ~ ~ . ~ a . u t e l a vistas as peculiaridades na organização s

1

tlt

c.lda comumdade, t n g ~ I ~ l l : a e as transformações sofridas por diversas sol'ictl.tdl .

no que_se refereAa deftruçao dos papéis feminino e masculino. A esse

rc..:sp

t·ll•• ,,

ç a ~

entre genero/sexo e a variável idade fornece alguns elementos de rd

1

,

· n _ o ~ Situamos contexto cultural das sociedades ocidentais, a predon1iu;ut1

1.r

de

~ a r : ~ t e s

padrao entre mulheres mais velhas reflete uma forma de . , , ••

111

mrus ngrda em que ao homem cabe desempenhar seu papel de homem ·1

nt

11ll11 ·

1seu papel

de

mulh er Dentr e as boas · •;tud '

us

. . · . · au . es que se espera de uma mulhl'l

vst;

1

1

·

0

de uma m g u a g e ~ 1 mars

cone

ta, cond1zente com a sua condição fcmi

11111

,

1

r a ~ s f o r m a ~ o e s na

organização so c

ial

podem

e

star

subjat:l'll lt , .

1

c u l r a l i ~ a ç a o do

efetto da variável gênero/sexo nas faixas mais jovens da poptll·t\ 1

\ aproxtmação

do

comportam t

' · d ' '

. en o mgws uco e falantes mais jovens pode

sc

1 ""

rei J e x ~ de que, nessa faixa etária, reconfigura-se a atuação do homem c da 111111111 '

na soctcdade. com diluição das fronteiras enu·e papéis femininos c nt;tst

"' '

  '

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8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 16/61

'Jr.thalhu. : r ; ~ · r . ati v dades <.loml stieas são compartilhados de uma forma que Je:,la/

os cstcrcotipos inerentes aos papéis masculino e feminino

na

sociedade. Essas

r11odificações, assim como se manifestam em outras práticas sociais, podem se

refletir no uso lingüístico, seja alterando os padrões de correlação estatística, seja

anulando o efeito da

va

riável.

Exercícios

l-No estudo de algumas variações fonológicas, as diferenças cons

tatadas na lingua

gem

de homens e mulheres foram muitas vezes

atribuídas a diferenças no aparelho vocal. Você concorda que d

if

e

renças lingüísticas entre os sexos possam ser devidas às diferenças

biológicas?

2-A maior sensibi

li

dade remjnina

ao

prestígio das formas lingUísticas

pode ser verificada através de testes

de

percepção e avaliação de

variantes lingüísticas. Seria in teressante tentar comprová-to através

de uma pequena pesquisa. Tome uma variável lingüística cujas va

riantes

se

distingam quanto

ao

valor soc i

al

(variante estigmatizada e

variante não esti

gma

ti zada). Submeta-as a falan tes do

sexo

ma

s

cu

li

no e

do sexo

femi nino. sol icitando- lhes sua avaliação. Você p

ode

fonnu lar questões como :

- há diferenças entre as duas (ou mais) formas de fa lar?

-você

acha que

uma

delas

é

me

lhor do qu

e

o

outra?

3-

So licite a um grupo

de

fa lantes de ambos os sexos

a

narração de

uma experiência de risco de vida. Compare as narrativas, observando

as diferenças entre homens e mulheres

na

est ruturação do texto.

5. O din mismo

d s

língu s

Amlumy .luliu  \·1111

Introdução

Todos sabemos que as línguas

mud<un com

o tempo. Basta

comp:rr ,

 

o p o r t u

g u ê ~

o latim, ou até com o próprio português da época medieval p.rr

notarmos drfere

nça

s

em

todos os níveis, desde a semântica até a sintaxe. p;r

s-..

 

.1

..

pela fonologia, pelo léxico, pela morfologia, etc.

. Es.ta

m u ~ a n ç a

a longo prazo, at ravés dos séculos, não se proL'l ' >\.r dt

~ n a ~ e

mstantane

_a

ou abrupta,

como

se numa determinada manhã a P D I H r l , ..

rn terra acordasse falando de maneira diferente da do dia anterior. Dt• 1

1

11, ,

1

d a n ç a s lingüísticas normalmente se processam

de

maneira gradual t'

lll

,

:111

1

tlunensões. Nos eixos sociais, por exemplo, os falantes mais velho' ~ · D s l l

e ~ e r v a r

~ i s

as

formas antigas. o q ue pode acontecer também

com;

lll'

  -

l•

.r

s

1m11.

s cscolar·Izadas, ou das camadas da pop ulação que gozam de maior

fll'l':, tr

:· ,

'>Octa

l, ou amda de grupos sociais que sofrem pressão social nonna luador.

1

.1

l : e ~ n p l o do ~ e x o feminino de maneira geral , ou das pessoas que

L \ t

1111

:rt

rv1dades socweconômicas que exigem

uma

boa apresentação para

0

piíhla

11

esmo uma (mica pessoa pode escolher uma forma mais c o n s e r v a d o r

1111rn

.1

-.ituação formal, preferindo outra forma mais atual em conversa inl'onnal.

Os eixos

da

própria estrutura lingüística não são diferentes : nulll d:rd..

lllomento do processo de mudança, certos itens lexicais ou determinadas estnll1

11

'

podem

ser

mai s propensos

a mudar

, a exem

plo

da espinmtização

c.Ja:

s ihil:rrrt

1

no Rio de

Ja

neiro, pratica mente limitada aos itens mesmo [mchm"] c gentl ~ · n l 1

o

m

ome

nto atual.

Concluímos, então, que

a

mudança lingüística não

é

absolutamente rllL

'l .

lll

1

(' reg

ul

ar a curto prazo. Em qualquer estado real da língua, costumam l'Ol'\1  >1

l

ur

mas J e diversos estágios de evo

lu

ção, apesar do fato de que a longo l

ll

:ll 

ll<

.ll'l nulmente no espaço de vá ri as gerações - a mudança quase sem pn· :ll'.rh.r

ak tando todos os itens lexicais e todas m; estruturas de um dctcrmin:rdP 1

1

  ,

l lma mudança pode ser limitada por

um

determinado contexto estnllural 1 '"'

(' \l'nrplo. as urdas se tornam sonoras entre vogais), mas neste co

 

tc\ to \'la,  

.ul111it

cm cxccções. Isto

é,

a famosa h ipótese dos ncogram;ÍI iro, .. li.-

 

·,

pnrtanln. um conflito apm'tntc o nrrtu c

o

lonp.o p r a ~ o

lidlt

"

ii i

  1

Ir 1

1

I

:,,

11 l

11lll lf

llll

:olll

I I

' I ' IIII•

111

li' I I " ' ' " I

III

jl ll I

Page 17: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 17/61

Idade e

mudança

lingüística

Nesta unidade, vamos exanúnar mais detalhadamente a questão da relação

da

mudança lingüística com a idade do falante. No português atual do Rio de

.Janeiro, podemos apontar vários fenômenos em que a idade atua fortemente:

- seu/del

e

Para

se

referir

ao possessivo

da terceira

pessoa

(exemplo:

o livro dele/o seu livro),

os jovens de 25 anos ou menos

estão usando pouquíssimo a forma seu para a terceira pessoa,

preferindo reservá-la

pa

ra a segunda pessoa;

- nós/a gente: Os jovens estão evitando a forma nós e usando mais

a

gente; . .

ir:

Os jovens estão evitando

as regência<; ira

e

ir para,

prefenndo

r e m .

No caso dos fenômenos listados, e muitos outros, os falantes adultos tendem

a preferir as fonnas antigas, criando uma situação estranha, pelo menos à P.rimeir.a

vista: existem pessoas que, apesar de estarem em interação constante (do llpo pai/

filho), costumamfalar de maneiradistinta. Entretanto, isso não chega a comprometer

a comunicação, já que ambos os lados são capazes de utilizar e n t ~ n d e r todas as

formas . Trata-se apenas de uma tendência

em

direção a outra forma. Com o

correr do tempo, é provável que a forma nova seja adotada por todos.

Até aqui consideramos a mudança lingüística - seja a curto ou a longo

r ~ o

_ em função

da

comunidade ou grupos componentes

da c o m u m ~ a d e .

Mas e o

indivíduo quem hüa - e quem muda ou deixa de mudar sua mane1ra de falar. No

estágio atual da ciência da linguagem, não sabemos ao cetto até que o n ~ o a lingua

falada pelo indivíduo pode realmente mudar no d e c ~ r r e r dos a n o ~ . ~ X l s t e r ~ ~ u m ;

posições teóricas, ambas sem evidência empírica convmcente. A. p11111e1ra pos1çao -

que podemos rotular

de

clássica ,

que é nom1almente aceita por uma grande

maioria de lingüistas, desde os geratívistas até os sociolingüistas - postula que o

processo

de

aquisição da linguagem se

enceiTa

maisoumenos nocomeço da puberdade

e que a partirdeste momento a língua do indivíduo fica s s e n c i a l m e ~ t e

~ s t á v ~ l .

Segundo

estaposição, a

h1fa1Ilática

do indivíduo não podesofrer mudanças

~ g n i f i _ : a t i v a s

porque

0

acesso

aos

dispositivos cognitivos que possibilitam a sua marupulaçao (a chamada

faculdade da

IinO'uagem)

l'ica bloqueado, uma hipótese que se apóia na psicologia

d e s e n v o v i l n n t i ~ t

Quaisquer eventuais mudança<5 seriam apenas esporádicas: troca

de uma palavra por outra, troca de pronúncia de uma palavra, etc.

Mudança em t ~ m p o aparente

Sob a hipótese clássica, o estado atual

da

língua

de um

falante adulto

e ~ e t e

o

cstado da I ngua atlqu i ida quando o falante tinha aproximadamente 15 anos de1dade.

As:..

i

11

sendo, a

1 l a

de uma pessoa corn 60 anos

hojl

n :prl St:llla a rng

11a

d,· CJ :I

'"'

1

l

cinco ;.mos atrás, enquanto outra pessoa com 40 anos hoje nos revela a ltll).

ll:t

d1·

lr

.t

<rpenas vinte e cinco anos. A escala em tempo aparente, obtida através do l S

llldP

d 1

l'alantes

úe idades

i f e r e n t e ~ a m a d a gradaÇão

etária . Ela

corres[)OIItk

.

\ l ll lprc

s' >b a hipótese clássica, a uma escala de mudança em tempo real

Podemos esquematizar essas escalas como se segue:

Idade atual

Estadoda língua

(em anos)

(anos atrás)

70

55

60

45

50

35

40

25

30

15

20

5

Por exemplo, em uma gravação feita em 1990, a fala de uma pcsso:1

111.111

com 70 anos de idade representaria o estado da língua adquirida em I

1

J3: 1.

Um estudo muito detalhado

us<mdo

o conceito de tempo aparente

rui

l

t·va

dn

a cabo em Mwtha's Vincyard, uma ilha relativamente isolada situada

J

K'

rh l

d,,

\:Osta do estado de Massachusetts, nos Estados Unidos

(L.Jl.bOv,

1972). O

kn

o

nll'r h,

l l l l

foco era a centralização do núcleo do ditongo /aw/ (como nas

paJa

vr

us

''

li

agora ; out, fora ; ruund, redondo''), que estava se deslocando

da

posi

\·:11

1 l.t 1

(o primeiro

a

em

casa),

padrão na Nova lngl

ateiTa,

para a posição do

I i ..

(mais próximo do segundo

a

de

casa ,

passando pelo

[A]

(do inglês

lml ,

1

1:

1s  l

Classificando os sons impressionisticamente, sem a ajuda de qttalq tll'r

aparelho eletrônico, Labov conseguiu distinguir quatro graus de centra

li

t:H;

:III

,

. denotados

aw -0

(a posição mais baixa, correspondendo a

[a]

até

(l 111

)

:

1.1

posição mais alta. correspondendo a shwa''). Na Figura I ,quatro páginas

ad

i.

111ll

'

estão representadas as três posições centrais clássicas do

ai

fabeto fo

twl

u ·

eurrespondentes à escala de quatro posições utilizada por Labov. A p:ul

ir

.1

11

.

dados classificados de acordo com o esquema de Labov, podemos construi I 11111

111dice de centralização para qualquer falante ou grupo de falantes: prect

s<

llll 

apenas calcular a média dos graus atribuídos às vogais produzidas e nHtlliplh .11

n resultado por cem. Assim, um índice perto de zero significa que o falanl('

t

1

 

grupo) quase não centraliza, e um índice perto de 300 representaria uma pr

odu\. 111

q11asc sempre centralizada no grau mais alto.

A pesquisa em

Martba's Vineyard revelou que os velhos c:-tavant

flll' ' '

y;u rJo mais a forma original não-centralizada e os mais jovens estava111

ui i

taltd•

ve1. mais centralização, como se mostra na Tabela l:

li

til<

H i Ji, I H I I H r IIi i( Jfi ,( 

.

1

Page 18: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 18/61

H1hclu

1- Mudança de (aw) em tempo aparente através de duas gera

çOL::-.

1'111 Mar

tha

's Vineyard (LABOV, 1972,

p.

22)

Geração

Idade

Índice de (

aw)

I (pais)

75+

22

61

-75

37

I I (filhos)

46-60

44

31-45 88

A

tabela mostra uma tendência clara em termos de comunidade. A centra

lilação está se espalhando com força e rapidez. No espaço de

um

a única geração,

o grau médio de centralização já quadruplicou, passando de 22 a 88. A represen

tação gráfica dos dados da Tabela

l

na Figura

2,

três páginas adiante, mostra um

padrão quase

lin

ear

de

diminuição

de

centralização com a

id

ade.

O estudo dos indivíduos revela uma situação um pouco mais complexa

que

~ L \

médias da Tabela nivelam certas diferenças signifkativas. Os falantes mais

ve lhos (de 80 anos de idade ou mais na época da pesquisa) praticamente usavam

apenas o grau zero,o mais

abe1to

da escala, com uma ou outra ocorrência esporádica

Jo grau

um.

Já na faixa dos 60 anos de idade, os falant

es es

tavam concentrados

maciçamente no grau dois antes de consoante surda (ex. :

o

u/

,

"fora") e no grau

i .ero

ou

um

em outros contextos (ex

.: round,

"redondo":

JWW

"agora"). Na faixa

Je 30 anos de idade, o condicionamento

se tomava quase categórico: grau dois

ou

três antes de consoante surda: grau zero ou

um

nos demais contextos. Estes

dados em tempo aparente retratam com

im

pressionante detalhe o processo de

mudança lingüística em progresso, desde

o

começo (ocorrência esporádica de

variantes mais altas) até a instauração do condicionamento categórico tão enfatizado

pelos neogramáticos (variantes mais altas antes de consoante surda, variantes mais

haixas

nos

outros contextos)'.

O

que permite esta visão simultân

ea

elas

di

versas

etapas

do

processo dinâmico de mudança

é

o congelamento do sistema lingüístico

tln fa lante na época da puberdade. e é justamente este o postulado rundamental que

s

ubj

az

à

hipótese clássica

do

relacioname

nt

o entre mudança

li

ngüística c idade: o

processo da mudança se espelha na fala das sucessivas faixas etárias.

O primeiro estudo aproveitando

a

técnica de tempo aparente foi feito no

início do século passado por um jovem pesquisador (Gauchat, 1905) que visitou

uma a ldei a na Suíça e notou que nas palavras em que as pessoas mais velhas

1

(b

"n.:ugranuíli..:os··. ou ·'gramáticos jovens". constituíram um movimento na Alemanha ao

fi nal

do

"'<'tiln IIJ, a legando que a mudança foné tica é um processo absolutamente regular que não admite

IH'Illt11111:1 cxccçfio (u não ser as cxccçõcs o t i v d ~ por analogia). A vi,ão oposta, hoje conhecida como

'\ lil usüo lex i .:u l". alcgu que cada palavra tem sua própria hi stória c qu e é pcrl'citumentc possível que

d< ' ll'llninadt• \ iHll. em determin ado contexto. mude de maneira diferente, e>u

até

que deixe de mudar, cm

, ,

11

1

1

palaH:t l' lll

qut.•

llCOITt: E,

lc de

bate

continua atualmente. Na g

mnd

e maioria

do>

casos, a poo;ição

tl1s

ll•'"l' lan

1

a

ll<·uo,

p:t t<'<'<'

l' llltl 'l<t

para n

I<HlJ O p razo.

c

nquanLO

a difusão l

c\

ical

'c

verifica no o.:u

r1

n

p ra7.o .

f I I

IIi ti lli

l(',fl

t<

I I• 1

, lt

l tl (li• I

I/

us

avam a lateral palatal

[ÀI

(escrito /h em português). os mais jovl'us pH lt 'II.Jitl

lyl. enquanto os de meia-idade usavam ambos os son

s.

De maneira svrnl'llt;111ll',

onde os falantes

de

mais idade pronunciavam o som

[8]

(como

na

palavra

i11

gl.· ..1

think),

os mais novos usavam [hl, e os de meia-idade oscilavam entrc lllll.J, ' '

ante e outra. Estas escalas em tempo aparente levaram o pesquisador

a

p

oo,

lul.u

que os sons [ÀJ e [8] estavam em processo de extinção no diaJeto c quc 111111 1

mente seus substitutos seriam

[y]

e [hl. Vinte e cinco anos mais tarde esta p11, 1

são

foi

confim1ada, embora apenas parcialmente, por outro

pe

sq

ui

sador (

1

kiiii.JIIII

1929) que visitou a mesma aldeia. Hcrmann notou que

[À]

havia pratit

·:

u11

1

111

t

desaparecido da fala local

c <.:oncluiu que

o processo de mudança pr

e

v1s1o

po1

Gauchat

estava concluído: todos os fa lantes, independentemente da ul.ult·

usavam apenas l

y].

A variação entre

[yl

e ['h

],

entretanto, ainda

pos:-.tlla

plt'IJ II

vigor, indicando que a previsão inicial de mudança neste caso não

era co111 1.

1

Os falantes que eram jovens em 1905

e

preferiam [h . em 1929 estavam ,

.111.

1

 

do entre ly] e

[hJ.

Em outras palavras, a interpretação correta do stal

1

ts do

'"III

ly] era que se tratava de uma característica da fala de pessoas de fai\:1 l'LIII.I

superior. Aparentemente, na med

id

a em que os falantes iam chegandu

:1

1

.1.1

fase da vida, iam adotando a variante apropriada

à

sua idade,

contra11:uul

"

.1

hipótese clássica de estabilidade lingüística a partir da fase de puberd:uk

Embora sem dúvida muito interessante, a hipótese clássica esconde

: d

PIIIII:I .

dificuldades. Em primeiro lugar, como acabamos de

ver,

nem toda varia<;;lou:r l.d.t

representa mudança lingüística em progresso. Existem muitos outros

~ : a s o lt,.,ll

conhecidos de variação estável, como a'prO .lÚncia do morfema -ing em inph's 1,

IFalking,

a

ndando"), que pode ser realizada como velar

[ J

] ou den ta l 1111 1111d .

l'

onema

th,

que pode aparecer como contínua 18, Õj

.o

u oclusiva

[di

(l'\

111111/.

"pensar"; this, ''este"). Estas variações

estão atestadas há vários sl'n I

m

11.1

gramáticas da língua inglesa e continuam existindo hoje em

clia

cm p1n111.111H 11•

rodos os dialetos do inglês falados no mundo inteiro, sej a na velha lnrlalt 11

,

.,

1

1

·nos países de colonização inglesa desde a América até a Austrália.

N : ~ o

""'lloilll

qual

qu

er ev

id

ência

de

perda de v

it

alidad

e,

apesar

do

passar dos

séndo'

A

média do grau de realização de uma variação estável,

taJ

como"

11111d.nt\•1

cm progress

o,

pode depend

er

da faixa etária do falante. Entretanto, n ~ : l l ' l.t"" 11.11•

cos tuma a p a r e c e ~ : o padrão quase linear da Figura

2

mas wn padrão cmvdiut·.t, , 111

que os grupos extremos -

os

jovens

c

os

velhos-

apresentam o

mes111o co111pu1

r:unento, contrastando com a população de meia-idade. Por exemplo. un1 ...

rudP d.1

va

riá

vel ng) através do tempo aparenteem Norwicb,na Inglaterra, revelou

c<

'll.11 11l )I ,

&

Trudgill, 1980) o padrão da Figura 3,

três

pág

inas

adiante. Neste gr;llico. a , '" '

 

I

lingi.ifs

Li

ca ng) é representada através de uma média de :,TIIU de dcntalii'<l\';ro tllld t " '

IIIÍme

ro

s mais altos significam uma produção mais concentrada cm rL

:tl

i.r;u

1

ot ·o.,

d1' 

is. i'ts

cust

as da ve

lar

da lín

r

ua vtr111drml.

Os

dados

nos < ~ m 1

111

a

ultll'llh

l

dn11 ...

da vl'lar

\ lol/don

 n o

mollu

'nln d11 11llo

d : ~

d : ~ L'111 que d i111 iiiiK'III pn·o,sm·.., \ l i 1.11• d11

t ll 1

1d

o ill ll'dialu <1-

.11111/'hlt

d t l .

ult1h

' ' 't'lllt' l'

:1

111111 11 11111 os

L O

IIIaln

\

1ht td11·,

p

111

Page 19: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 19/61

lll'n'ssidad<:s profissionais ao entrar efetivamenle

no

mercado

de

trabalho. Nc.;sla

11ova dapa

da vida, os valores da sociedade começam a se impor e o círculo social se

.r

lmga com os novos contatos. Finalmente, ao se retirar do mercado de trabalho quan

do da aposentadoria, as pressões da sociedade e do mercado deixam de agir.

As conclusões a

que

chegamos através da análise da Figura 3, b

em

como

da variação entre [y] e [h) na Suíça, contradizem frontalmente a hipótese clássica:

acabamos de concluir que o falante muda a sua Língua no decorrer dos anos enquanto

" hipótese clássica pretende a estabilidade da língua depois

da

puberdade.

Tempo aparente versus tempo real

A questão que se

coloca naturalmente

é: qual é a posição

certa?

lllfclizmente, o problema é até mais complexo

do que

parece à primeira vista,

porque temos que levarem conta não apenas o indivíduo, mas também a comunidade

em

que se inser

e.

Em

relação ao sistema lingüístico, a visão clássica prevê a

<:slabil idade

do

falante (após a puberdade), mas a instabilidade da comunidade

com o correr do tempo.

Na

medida em

que

o falante vai mudando de faixa e

tár

ia,

muda a distribuição das variantes na comunidade. De acordo

com

esta visão de

~ o · s t a b i d d e

ao nível do indivíduo, daqui a vinte anos,

por

exemplo, os falantes de

70 anos de idade então estarão falando como os de

50

anos hoje, e não como os de

70 anos hoje.

A

outra possibílidade que estamos considerando admite que o sistema

liugüístico do indivíduo muda. mas não o

da

comunidade.

Em

nosso exemplo,

daqui a vinte anos. os falantes de 70 anos

de

idade terão o mesmo sistema que os

de 70 anos hoje, apesar de terem que mudar os seus padrões lingüísticos durante

o in tervalo de vinte anos entre os 50 e os 70 anos de idade.

Para estabelecer os fatos, seriam necessárias extensas pesquisas empíricas

-;

nhre o comportamento tanto

do

indivíduo como da comunidade durante várias

r a ç õ e s

De

fato, vários grupos de pesquisadores ao redor

do

mundo, inclusive

o\ grupos PEUL,

NURC

e outros

no

Brasil estão empenhados

em

obter dados

u b r c

a situação

de

diversas línguas neste momento. Ainda não temos muitas

respos tas; entretanto, os resultados obtidos até o momento apontam para uma

lcrceira possibilidade: o indivíduo muda com o correr do tempo, mas não atinge

pn·cisamente a mesma posição

em

que estão os falantes mais velhos hoje. Pelo

contrário, a tendência é exceder esta marca, indo na direção da deriva e assim

unplcmcntando a mudança lingüística.

I I dl l ,, tio I IIII

1\1

, .,

Iy

. ~ ~

1

u

o

a

i ~ u r ~

1- O lrapczóidé das vogais: a llccha indica a direção de mnvi

111

entu do

pnmc1ro elemento de

aw).

o

I<

e

u-

<

t:::

'

...l

C

00

I

f-

 

z

UJ

'

J

'

(;r\\")

'

r

' •

:

F i ~ u r a

'

IDADE

Índice de centralização por nível de idade

Geração

Idade

(aw)

la

+de 75

22

Ih

(l/ 7 5

- 1 _ __

lia

J , ( ()

-

-

 

III

11

-

XX

Page 20: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 20/61

  {I

111111

11 li 11 1

h

1

1 I

: 11>• h

l

{il

ll{lll'olh

l

(ng) im

li..;c

1110

xo

60

40

20

o

I

0-J ) 20-29 30-19

10-19

50-59 60-69

Jda1k

Figura 3- (

ng.)

cm Norwio.:h por idado.: c

CS cslilo a o u a l

FS

estilo formal

711

6 elevância d variável escolaridade

Sebasticio

.IO.\ 

ttt \  ofl

,.

In trodução

A

observação do dia-a-dia confirma que a escola gera mudanças

na Ltla

,.

na escrita das pessoas que as freqüentam e das comunidades discmsi'

a·.

Constata-se,

por

outro lado.

que

ela atua como preservadora de

f'orm.1

s

d,·

prestígio, face a tendências

de

mudança

em

cu

rs

o nessas comunidades. Yl'll'lil"

de fami

li

arização com a literatura nacional, a escola incute gostos. normas. ; l l i l • ~ <

estéticos e morais em face da conform

id

ade de dizer e

de

escrever. Compn···,,d,

se, nesse contexto,

a

influência da variável nível deescolarização, ou

escol;uul.11

h

como correlata aos mecanismos

de

promoção ou resistência

à muda1H;a.

Algumas distinções operaciona

is

Para uma análise criteriosa dos efeitos, ou das correlações eslnht

••

1d.1

··

entre

va

riação, continuidade c mudança lingüística, de um

lado. L

a '

111 .1\ ··I

escolaridade, de outro, faz-se mister estabelecer algumas distinçües 110 il

llt

'l lllt

. · ·

categorias presentes na dinfunica social em que interage a escola.

1\

(lllllh'll.l ,.

entre forma de prestígio social c forma relativamente neutra.

A ~ c g u r H l : t

i l l •

·" •

é

entre fenômeno socialmente estigmatizado e fe nômeno imune

ü

est

1 111:1

111·''·

111

A

terceira versa sobre os fenômenos que são objeto de ensino

escol.11 I

.upwl·

·'

que escapam

à

atenção normativa da escola. Cabe também

disLifl - llll

,.,,11, "

fenômenos si tuados no nível do discurso e os que se inserem

no

illillltll

olt

gramática. Na categoria tipos de ensino cabe identificar três

s u h c l < ~ s s t

t'll

.11111

produtivo, descritivo e prescritivo.

Por

fim, o ato comunicativo se

di

vitk l'lll ' '"

grandes modalidades: a fala e a escrita.

A primeira distinção focaliza o

status

econômico c o prestígio

sonll ti••

su

úrios das formas da língua. As formas de expressão socialmente presii)'J.

ui.J

das pessoas consideradas superiores na escala sociocconômica opm'lll

'I

• •

l:d

ai

éS dw;

pessoas que não desfmtam de prestígio social c económico; tH

.:

nllt'llt

l'lll

l'Onlcxtos mais formais, mas clitizatlos, entre interloclllorcs que

Sl' t '"'"ln1111

:

un

l'II I

IIIOdl.'

los e pontos de referênc

ia

Jo hcm

l'a

l

<u·

e escrever. As l'ornr:l\ s

111 1:tlnu

1111

pn·,Li);' iild<1s

sao seme

nt

e

l l'rul11 d;r l11

1

I 11 III :

I nlicial. q

UL

as

lmll

slntlll

.l

l'lll

1111

1

''

p.11lr

ao

  F . l l

a d a s t

  r m l l i H o ~ d a tl

.l'

t . l l n l l l l

l · i l -

l'ltlqlh

.11lq1111t

111

' .,

,

i• " h r

t•

t 1 : ,, h •II í t Jllt',l t

fb ·lo •V< i<•

I•

I<

f,

I '"

II

• IV 

f

11 ,,

• • III• I•o >

Page 21: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 21/61

11

L'Statulo Lk formas coJTetas, a serem ensinadas, aprendidas e internaliz.:.u.las

através tle longo processo escolar. Há consenso em que o professor de língua

materna é

0

profissional da linguagem encarregado de prescrever

e_

o n ~ r o o

domínio da nonna, nas ati v dades de produção de texto e r e ~ e x t u a l l z a ç a ? .. Ja a

definição do papel dos professores das demais disciplinas em lace do dommto da

forma prestigiada está longe de consen

so.

. _

A

segund a distinção elege estigma social. O modo

de

co

mu

mc_açao das

pessoas desprovidas de prestígio

e c o n ô ~ c o e_

s o c i a ~ _ende a ser

c o l c t r ~ a m e ~

avaliado como estigmatizado.

A

forma es

tt

gmauzada e mterpretada com?

mfer_10r,

em termos estéticos c informativos,

peJos

membros da comunidade dtscurstva.

Assim, criam-se consensos quanto ao carátcr estigmatizado dos u s ~ á r o s de

.f ramengo, pobrema

e

homi.

A forma

s t i g m ~ t i z a d , a

é ~ j e t o de c o m e n ~ á ~ · 1 o JOCOSO

ou

rejeição explícita

na

comunidade discurstva. E registrada como_ VlClO e1ro

nas gramáticas escolares e nos manuais de descrição. estudo e enstoo da hngua.

sobretudo nos níveis fundamental c médio.

A

escola move campanhas em

~ r o l

da

purezado idioma, na variante padrão, e atua constante na luta contra barbansmos,

so/ecismos

c estrangeirümos.

Quanto a esse último item, é

c?mum_

ver-se alwdo

0

político e o profissional da linguagem, num esforço em 1mpedtr que f ~ n n a s

es

trangeiras acabem instalando-se no âmago da gramática.

u p o s t ~ e n t c .

vernacu

Os usuários

c.las

formas sem prcstfgio, c sobretudo das formas estigmatizadas. sao

rotulados de descuidados e ignorantes das belezas da língua padrão. Os erros são

concebidos como males que devem ser extirpados da comunidade discursiva.

Quanto à listagem escolar dos barbarismos

a

serem evitados incluem-s_e .de

base fonética

(truxe

por trouxe, nósfltmo por

nós fomos),

os de base morfologtca

(o

cal por a cal, a

sabonete

por o sabonete), ou os f r a s e o . l ó g i ~ o s _ c:stou ao

par,

por estou a

par).

Sob

0

rótulo

solecismos

incluem-se os víctos c o s contra as

1101111

as de colocação (como a ênclise,

emfarei-te um grande .favor). c ? ~ t r a

as

regras de concordância (sumiu todos os meus discos) e contra os pnnctplos da

regência (gosto de

ir

na feira).

.

Parte apreciável do esforço dos organizadores de manua1s do bom portugues

consiste em codificar e exemplificar esses víclos de linguagem. Pugnam

professores de português para que os mesmos sejam evitados a qualquer custo, Ja

que são matéria corrente

nos

concursos vestibulares. A e:cola consome _rarcel_a

substancial de seu tempo justiJicando o esforço da comumdadc culta cm tmpcdir

a corrosão da língua.

Cabe nesse contexto, uma

rc

tlcxão sobre a relação entre freqüência de uso

,

. . - .

-

e sentimento de regularidade desse mesmo uso .O uso cnstaltZa, fixa, por

e p e t J ç a o .

as expressões preferidas pelos membros da c o m u ~ i d ~ d e . Os mecaAmsmos de

regularização criam novas associações na concordancta, novos p a r r u : n e t r ~ s na

regência e novos agrupamentos na ordenação vocabular. A regulanzaçao na

concorck'lncia

se manifesta em expressões como nove (horas) e pouca, em

vez

de

1101

.,.

horm ,. po

 

co

(tempo); meio-dia e meio,

em

vez de meio-dia e meia

(l1ora ): 1 /(( est

1111 Ío

cansada, em ve7 de

ela

estú 111cio <WI,·ot o : , ·uf• ' , , , 

1111 1/0.\

química,

em vez de

café com menos química.

A rcgul<U'Í/.;u,:ao na

ll

'l'l '

tll

,,,

se

maniü sta em expressões como entregar em domicílio, por en/regor dunu •

. ,,, •

assistir o jogo,

por

assistir ao jogo.

Há também as varian1es por rcgulan t;l

>

 

resultantes de reanálise das conjugações verbais, como em este_je calmo, L

llt 'I'"' ,

1

rarâmetro subentendido seria

um

verbo hipotético, este_jar, da primeira I H I I ' I l

c não

os diferentes radicais do verbo estar (est-, este}-, estiv-). É

tamhcn1

11 , " ' 11

de sejeforte, em

qu

e novamente um radicalhipotético, sejar, da primeira COlllliJ'.tl..,,, 1

atuari a, em

vez do verbo

ser,

com seus radicais

(se-,

so-,

e-,

fu,

sej

-

).

A terceira distinção tem como foco os fenômenos controlados pela

L'St

'IILI

contra aqueles que não são objeto da atenção disciplinadom e gramaticizadn•"

d.t

mesma. Por um lado,

a

escolacontrola, evitae pune, com veemência,

o

uso de I,

uct1

.t ..

com supressão e/ou troca de líquidas, como framengo c pobrema, e os fCllillll\ III I',

-;intáticos com resquícios dos casos latinos nos pronomes, corno dâ

para

i \ t/11

Por outro lado,

é

conivente com formas redundantes,

do

tipo há anos atms

A quarta distinção opõe fenômenos controlados por fatores granwtit ' .

incluídos no nível da oração e do período, contra fenômenos associadns

.1

lótlot•

discursivos. A gramática do sintagma e da oração tem sido beneficiada

co111

a

l l t t ~ 11,

quase exclusiva dos pesquisadores e dos profissionais do ensino da língua.

L

IIII ' t.llll• 1

o

1úvel

transfrásico,

do

texto. ainda engatinha

em

termos de atenção

que

dc

"l''

tl

.t

I por que a maioria dos fenômenos estudados apresenta alta coucl'nlr:t t. '

·

l'atores

estruturais e poucos acolhem varáveis discursivas

ou

funcionai s.

A gramática tende a ser denominada prcscritiva/normativa. ou v l l t ,c

L nquanto o seu ensino pode caracterit.ar-se por ser predominantemcnll'

I

1

11

11 ,,

d

l.'scritivo

ou produtivo. O

cnsi

no prescritivoestá di

vi

elido entre as tardas

dv . I' u • ' '

.11 .

da-; formas de prestígio e as tarefas de eJTadicação das fonnas

sem

pn·s tll''" , '

l'

IIÍ'asc

para as estigmatizadas. Contribui para o domínio da língua padc.111

111

,,,,

•k estratégias de familiarização com os novos comportamentos. vi:1 n·l"' l ·'"

.t ,

l1wmulas propostas. O ensino descritivo naturaliza como boas as forma s

,[,

I ''

.II

I'' ',

,.

as

descreve com detalhe e circunstância, deixando no limbo as c tt ;ll

1<

m i "

,·,trulurais das fonnas a serem evitadas. As regras de concordância non11nalt ', li•.d

1 os estudos de regência verbal ilustram bem a

ênfa<;e

que se dá ao padra111

11lt 1\11

Jllst

ific<.Lr e implantar na literatura e no uso das pessoas cultas as formas lm

.dt

/,h

.1

..

cle llsino contribui para provocar adesão dos alunos a essas formas, cm

no

tn;u ,

I ' , I

(lll'slígio social. O ensino produtivosupõea aquisição de novos hábitos li

tl(

1

1t ,

lll11

'

.1 i 1rorporação de novos modos de dizer e escrever, sempre com ê n f ~ I S l . no :-.

',

,

l''''sligwdosde comunicação.

Em

vista dos modelos queescolhe l , l l l l i l o ~ • ,

11

1

1lo aluno com o nível culto. este

tip

o de ensino contribui pma que os a

o

pn ''• 11.111

.llu•Hiados

pela

discirlina g.ramatiL·al SL'jllm

também

incorporados.

Por rim. distinguclll

'-

l a .

lltlld,duladL·s

ralada e csnita. Os

L'SIIIdll

.\ '' 11 .1 1

l l l l l l l l (

l';(lll

Sl'

llOS

il'llllllll I I I I'• d,t l.d.t < llqlt,ll llll

;(

L'\l'Ola

p11Vdl')',l;l

11

l 111.11 d.l

I . ,

111.1

A I I I : I I I I I Ía

do

s

,. . 11111111 '

1111

\

I

'•

•'

11

',1 ol .t .ttllhn .. l

'•

I olloll \ 111.1 11.1111• ........

•h

'V<

IIII III 'I• Vt ''

IV•

· ' •' '

J

III•

I· I· h'

I I

L O O

Page 22: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 22/61

··spl·L·Ilil·as

t.la

escrita, a

exemplo

das construções com verbo haver

impes

soal,

nllt

lo em ltouveram pessoas que reclamaram da comida. Por outro lado, a fala

nm lém co

nstruções com deslocamento para

a

esquerda, do tipo: O Brizola, ele

é

l'f'f'lllisto

mesmo.

Este item sequer

é

abordado nas aulas de português, dado que

a freqUência de seu aparecimento na escrita dos alunos é baixa.

As distinções acima se justificam, na medida em que o ens ino prescritivo e

tkscritivo inteiierem no dom(nio das formas

de

prestígio c no abandono parcial

uu

total das formas estigmatizadas. O ensino produtivo cumpre sua missão quando

11

aluno busca identificar-se com grupos detentores de formas de prestígio,

procurando apropriar-se dessas formas,

como

capital s

im

bólico. Esse processo

de apropriação

é

desencadeado pelo aluno. qnc o agiliza independentemente do

nível

de

pressão

da

escola. A homogeneização do comportamento social ocorre no

convívio com

membros

da comunic.lade discursiva. A consciência do valor do

cap

ital simbólico

se

desenvolve

na

interação com os pares.

Distr

ibuição dos fenômenos

Os

fenômenos estudados

cm que

se

avalia

o

efeito

do

fator escolaridade

cobrem diferentes segmentos da organização gramatical da língua, cm diferentes

túveis de codiftcação.

Entre

outros itens, recebem atenção a concordância nominal, a

regência do verbo

ir

de movimento, a supressão da semivogal em fom1as do tipo

J e i x e ~ f e x e ,

o uso de nós e de a gente, o uso de seu versus dele, defa, deles, delas,

bctn

comoo uso do artigo dcfi nido <mte.'; de pronomes possessivosc de nomes próprios.

O fenômeno

da

concordância nominal

é

tratado

pe

l

os

diferentes tipos

de

ensino.

Os

exercicios

de

concordância

se

verificam

em

todos

os

níveis

de

ensino,

com graus crescentes de exigência. à medida que os a.lunos avançam no processo de

escolarização. É natural , portanto,

que

o efeito do grau

de

escolarização se revele

pronunciado, regular e

constante. como

o

demonstram os informantes da amostra

da pesquisa aqui analisada. A aplicação

da

regra de conco rdância

é

parcialmente

controla da pe1o discurso

c está

sujeita a

dif

erentes graus

de

estigmmização.

O fenômeno da regência verbal, ilustrado aqui pelo estudo do verbo ir de

movimento, é

mais

tópico e mais limitado.

como um

problema típico de domínio

das regras de regência. É ensinado na escola de rorma assistemática. mas constante,

com lembretes do tipo: vou ao dentista, e não: vou no dentista; vou ao médico. e

não: zo médico. O

estudo

ilu

stra

o efeito

de

fatores

de

natu

reza

semântica,

no

sentido de que

tendência a usar ir em quando o alvo é local abet1o, do tipo: .fui

na praia. vou no shopping, mas fui ao médico.

A abordagem das condições de

uso

de a Rente em oposição a nós , e dele.

dela , deles. delas, cm oposição a seu, sua, seus, suas não

recebe

tratamento

s i . . na

escola.

em

nen

hum

nível

de

ensino.

Ao menos, é

o

que se

d

ed

u;

dll

exa me

dos manuais

de

ensino

da lín . . .

desc rição nem exe , . c1 f' gua, em que mextstcm scçocs di·

:lllil

lt•.,·

, rctcws e txaçao das forma<; supo ·t .

respectivamente n ó ~ e . s arnentc mats p n : s t l ~ t . l d . l

· ·' u sua, seus, suas.

Tende a

haver

reação mais decidida de re'ei

em que por

extensão

sem

t' , . , . çao contra

a gente.

tut-.. l

d'.l•·

·

, an tca

c

pt

agmauca

a form ,

T d

primeira pessoa do plunl co n . ' a e utJ tza a com ll 'l 't hl) tt.l

· ' •

1 o

em

a

gente

vamo

1

 J·ogar

o

gente

vamos é mero . . d . : · que

se

passa l't 1111

processo e cxtensao dos clettos dare 1 . -

que

a gente

é

reanalisado

co

. . 1 .

gu anzaçao

. llllld

I

se cm e t ~ r m i n · t d o c.ontexto,:do e 1 ~ 1

L i u v a

ente a

nós.

O uso

de nós

tende a lllõlllh'

' · ,, e a a

apesar

da

• · .-

na função de SUJ.eito em c l _ '

'compehçao

dcagente, sohn·JIId''

. . . ons ruçoe :>

no

passado As inve

sf

, - . I

l'letto nos dados do projeto

PEUL

a

ontam

, : . ,- . .

tga

yoes cv:ld.ls .I

uão estreita'; nem e s t á ~ c i s ent re

'lpt

' d para conclaçoes mtcressantcs. ClltiHit.l

, · • ' axa o

uso

de

nós· n·1 JOst

-

d · ·

11tvel

de

es

colaridade do u

.

á .

d

1

, · ' çao

c

Sllll'llu ,,

· '

su

no a

mgua.

·

O papel nonnatizador aparece nos textos 1 . .

normalmente produzid . . . para cttura e m terpret:tt,

'I

os

por

escntores

de renome 1 · . . .

interpretaçãoéque par·tcsse•· pod

i'

A . ' ocats ou nactomus. Nns· . l

• ' · · u c enomeno

em

que - h- .

na

esco

la outras agênc'tas s .· . . . · .

nao

atratamento sJstctJI.Illl'••

' • < OClatS, COmO

a

JOTeJl

O

c1

b 'd

l'spaços sociais de interação exercem papel h ~ m ~ d e , o parti o c dl'lll.ll  •

Q

d

oenetza ornada despre

11

wl

uanto

a

ele, dela, deles dehH em

0

·

.-

· ·

nao haveria proprtamente ' . .

postçao

a seu, sua,

St Us. ' ' ' '

' o

que presc

rev

er

-

h

t i c r m a t i z a d a

nosentt'do ·t ·r

. .

' po r nao avcr

uma

lotllt.l

o ' . es n o c Sill1 um prestí io ma· . d

Ik'xõcs

Oc o

rre m , o lor assocra o a -"''"

v

""" .

~ · a s o

que

o s o e ~ m o

qLf

e o u

so de

dele e suas flcx 

ões

seja prefcnvcl 11"

.

· · c seu avoreça a ambigüidade

como

1

dust

radoemtrocadilh

. d . • em excmp os dn l'l '

os e ane otas de cunho lmgüístico:

Fulano foi

passea

r com sua mulher

ou

o médico cuida

/J(,J/1

I

O .\

\1 III t

 \

O uso de artigo de finido antes de nome

6 . , .

lll

tllparti

lhamento as.

. d . .

pr pno

e senstvel

,III 'I III

'

socta

o

ao nome

própno

Pcrso

. I

ll'l'tHlhecidos soc i

alme t t,

d . . - . . nagens cutt

111

' '•

n e en em a ser 1denttl tcados ·pel· , .

.1 l'xcmplo de

0

L

1

B .

1

. a exprcssao

u/11 ,

, , , , ,

u a o

nzo

a a Benedzta Quando

se

t t I

I' 

hl

i

cas,

tende a

have

r variabilidad - . . , .

ra

a

t

e

j l l s ~ n : ,

.,

''

t cf..IOU

v s Pedro

chego

)

l_j, e nao

ststemat ca

no

uso do

<u·tigo

(fi

/',,/t,

' u ·

:1.a

crenças não testadas

d1-.tribuição geográfica

da

s t

dA

, u ' l

que apo111: 11 11 1':11.1

en enctas mas

regtoes

do

B .,

t

I

··ttl:lti;ar a presença do art'cr . · · _ rast l'IH l'tt.llll .1

1oo, enqu,mto outras nao.

c onsiderações finais

I I I pntjL'tos

dt•

jll'Sljl

ll

\

 1

ljlll' ptl \t lq•i:ll

ll a

líll"ll

'l

· I· .

1

11111'\

1

.

11 'ljl'll l'. ,

111

. . I t

'

.1 H .

1, llll

<,llll

:u

;:tn do

' I ll olj ll l l l. l\1 I I I I I I I I ll llld.l-.

a

- . ' i · I · . . .

lllllll,tli '. IIH• d:l )'1:1\:H;:tn 1111

111111111

•io'll•• '•I I lllltl.ttH•I::

:1:

l t i i ~ l

l \ . d l l

)'1:111 '

I I

11

I , I I '•11 .j

,11

ld,ufc

 r

1

 

1 K h (,.C I I c

:i

c

i

h J l l l

Page 23: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 23/61

011lros fator  s

interferem, como a presença de uma pessoa culta a entrevistar,

a

~ c . . · n ç a

tlo

gravador e o próprio tópico de conversa. O nível de escolaridade,

l'lllrctanto, continua a desempenhar um papel crítico na configuração geral do

domínio da língua padrão pelos infomumtes.

O domínio maior ou menor do registro culto da língua depende de muitas

variáveis. Entre essas destacam-se aqui o compartilhamento das experiências, a

consciênc

ia

do grau de prestígio atribuído a cada participante do processo interativo

c o esforço de cada interlocutor

em

dar conta das tarefas comunicativas de modo

a garantir êxito nos contextos em que quer figur

ar.

Cabe destacar e atribuir à escola um mérito nada desprezível: o de ser

responsável por uma parcela relevante da tarefa socializadora que o

uso

de uma

língua nacional, de prestígio, requer. A escola, sozinha, não faz a mudança, mas

mudança alguma se faz sem o concurso

da

escola. Se tal truísmo

se

aplica aos

processos revolucionários cm geral, aplica-se também nas situação de ensino e

aprendizagem da língua materna, no nível padrão.

Exercícios

a

Faça uma descrição sobre o tipo de efeito que a escola exerceu e

exerce em seu modo de falar e de escrever e sobre o estágio atual de

seu domínio da norma culta escrita.

b) Diga em que aspectos da estrutura da língua culta você tem mais

dificuldade em se expressar conetamente.

c) Apresente a relação que você vê entre tais aspectos e a pressão da

escola.

d) Destaque os aspectos que você domina mais completamente, numa

pequena redação

de

auto-avaliação.

e) Observe os contextos comunicativos, os interlocutores, o tópico

de conversa, e sobretudo o grau de formalismo da conversa, em que

aparecem expressões do tipo abaixo:

- Não seje bobo.

- Espero que amanhã você

esteje

lá.

f

Proponha uma interpretação para esse tipo de uso.

g) Proponha uma estratégia para a escola trabalhar a substituição

dessa variante.

h) Proponha uma explicação

para

o

uso

de

c o n c o r t l f t m i ; ~

exemplos abaixo:

- Hoje, estou

meia

boba.

No

verão, a gente usa menas roupa.

- Pretiro café

com

menas química.

i

Qual a interpretação que você oferece para

0

uso de:

- Saí de casa, hoje, às nove e pouca.

- Cheguei meio-dia e

meio.

j) Como se pode

ju

stificar a ausênciade concordância em

o n s t r u ç õ ~ : s

como:

- Sumiu todos os meus discos.

Houveram muitos casos de dengue.

k)

Corn.o

a escolapode. trabalhar, de modo eficiente, contra as pressões

r e g u l ~ z d o r s que aJudam os exemplos acima a se fixarem como

normats na fala de uma comunidade?

l).A escola não ~ n s i n a os usos

de

artigo antes de nome próprio e

tlt:

pronome possessivo. Qual o mecanismo de aprendizagem us(

1

s'

m) Explicite. os processos de regularização contextuais no dmnínio

das alternativas de uso de:

-

nós

vs a gente;

- seu sua.

s us

  suas v dele  dela deles  delas;

- artigo antes de pronome possessivo;

- artigo antes de nome próprio.

~ o s ~ c ~ o n e a s ~ o l a e comente seu papel no conjunto das pri ll t l

p;w.

mstttlllçoes soctms que contribuem

pru·a

o domínio das regras

h;1s il

da fa la culta.

Page 24: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

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7

Linguag

  m

e contexto

Alzira Verthein Tal'arcs de

lltll t' ''

Intr

odução

De que fom1as o tipo de contexto pode influenciar o modo como a lllt l'""

gcm

é

usada?

Inúmeros aspectos, tanto internos ao discurso, como relativos " t l t t : to

- -

ocial em que este se realiza, podem ser rotulados como contexto. Enkndt •,1 •I

si uação social a

fo

rma como du

as ou

mais pessoas relacionadas entre

si tlc 111 .1111

'' ,

panicular se comunicam sobre um determinado assunto, em um Jugar (kll'llllllt .tll••

Ne

sta unidade, referimo-nos ao lugar (mais ou menos formal),

à

intt•ra

,an 11]111 111

laia com quem) e ao assunto tratado no discurso.

O estudo

elo

uso da linguagem em relação aos contextos sociai:--; ll-nt••'lllll

n l ~ t

descobrir quais são as normas lingüísticas de uma comunidade. re\l'l,ul.t·

pelas variações estilísticas que forem observadas desde o ambiente mais lllhllltt.d

.th:

l) mais formal. Tudo indica que os falantes possuem

um

repcrtóri tl

lin

1.'111slr1"

que pode variar dependendo de onde se encontram e com quem fala. altthlt'lllt .

tttais descontraídos, entre pessoas com quem se tem maior intimidade 1111 qu.rr11J.•

n:1o

-informais. Esses mesmos falantes, em ambientes de maior

fonnaltd;11

k 1

rrl r1

pvs:--;oas que não conhecem, entre pessoas de posição hierárquica tlill·n·nl• ·, 111 1 11

·

'tuações em que est

ão

autoconscientes quanto à I

n

guagem. são cap:ttl''> 1 1 . 11 I.'I ·

ol

l;t

maneira de falar e usar com maior freqüência as variantes de Íll . :'lllldll

·' '• normas.

C

raus

de

formalidade

do

contexto

O Primeiro trabalho a comparar a fala dos indivíduos em

contexto..,

dr

I• r• III•

l

c11 a pcsquisa

de

Labov, realizada em 1966, sobre a presença

ou

ausênl'ia

dor l111

.tl

dt stliiha no ing lês de Nova York. As lojas podem ser consideradas r e p n : s ~ : r l l : t r t l t · s '

.

1111:u,:

o

c:-.

sociais distintas: a Sacks Fifth Aven ue seria a de nfvel mais alto,

lo

t.tlll.tol.t

1

11 q11:11 tt Ír:lo

chique,pr

óxi ma

a outros estabelecimentos de prestígio.

com

tnl'fl

.u h 1 1.1·

do Jlf l lls rnai : alto

s. \

Mac:y s. por s

ua vez.

pode ser con siderada l tHIHI dv

III\•

I

1111d11

1.

s

tl

u

:td:t na

s

pro

tlr tt l: td.·

s

],,

d

io.,IJÍ

io dl' l o l1

kl ÇCK·s

e dl'

lojao.,

di' 1'11'\11' 1

I'''

·.lt

) t  llltt•dio ... \ S ( ] ·nt lrn.dllti 'IIIL >l ll:ra dL IIll llm 111\ l 'l, Jllt

l\1111.1

.tos l l t l f lu \

III. i

•,

pohr l \

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ld:td

I

\lh llld<o

t

IIII l l l l l l • (II I t,

ll o p\ 10 li]li

ll'l

jlll \ :dl II

II

di

fi 1 

11

,1111111.1

l1cft11<

h

-C lll c

I

Cll l u l i l l ~ l ) l i h U

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8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 25/61

\

variamc de prestígio em inglês é a pronúncia

do

r retroflexo,

como cw;

jimrth. oujloor sendo

a pronúncia

zero a

variante desprestigiada.

Os dados foram

obtidos perguntando-se aos empregados da loja:

"4ue andar

é este?",

ou

ainda

·'

onde

fica a seção

X? , sempre procurando-se obter

a

resposta fourth .floor

("qumto

andar ),

cm

estilos casual e enfático.

Os empregados das três lojas

podem

ser considerados

como

pertencentes

à

mesma classe social,

já que

o nível

c

a

remuneração dos

empregados

deste

tipo

de

magazine é pressupostamente equivalente, segundo o catálogo de ocupações

em

Nova

York. No

entanto, eles usam

a

pronúncia de maior prestígio, com

a

preservação

do

r retroflexo nas lojas de nível mais alto, ou seja, nos contextos de

maior prestígio:

Pronúncia do r

retroflexo-

diferenças

entre

as

lojas:

Sacks: 62%

Macy's:

51%

S. Klein:

20%

Numa

mesma loja

,

como

a

Sacks, por sua

vez,

foram observadas as

pronúncias do

r

nos andares superiores, mais formais, espaçosos,

onde se

exibe a

moda

de

alta

costura, e

no

andm

térreo,

onde

as vendedoras

se

inclinm11

sobre os

balcões em

espaços

apertados.

com grande número

de mercadorias expostas,

obteve-se

o seguinte quadro:

presença

do r

todos

os

r

alguns

r

nenhum r

térreo

23%

23%

54%

andares altos

34%

40%

26%

Estes

resultados confirmam. pois, a int

erp

retação de

que

diferenças de

contextos formal e informal levariam

os

falantes a e

mpr

egar. respectivamente.

estilos também formais ou informais.

Nesse

mesmo

trabalho, Labov apresenta com maior detalhe como os graus

de

formalidade

afetam

a

variação fonológica

de

uma sé

rie de

pronúncias no

inglês.

Ciuco

lÍj>OS de contextos foram examinados: a entrevista com o

infonnan

te,

a leitura

de

texto, a leitura ele palavras, a leitura

de pares mínimos

e os trechos

de

conversa

informal fora da

entrevista.

Quanto

mais

casua

l

o

contexto.

mais

a

pronúncia se afastava

das

variantes de prestigio. Em situações de formalidade ,

como em

leitura

de palavras de

textos,

foram

usadas

as

variantes

mais

cuidadas,

de maior

prestígio.

Obter dados da

linguagem

do

dia-a-dia através

de

entrevistas n

ão é

tarefa

fácil

devido ao

chamado

"paradoxo

do

observador : o lingüista precisa

descrever

a linguugcm

cm

seu contexto natural de uso e depara-se cnm a

contmdi<,

·ãn

d<: tJIIC

ao f;v ê-

lo,

cria uma situação

cm

que os

falantes

s ~ : senk111 oh

sl't\':ldcl' 111 •1

: H ; i i ~ . : s em

entrevistas, em gravações, videoteipes e outros l l H ~ I o s dc ' l\. lllcl.,

d ~ : apresentar um comportamento totalmente natural.

Labov

sugere

lJIIl se·

lc

,

,,

ralanlc a

disconer sobre

s itu

ações de

perigo

que

vivenciou, pois L

qu.tlltill ..•

oh lém um estilo menos policiado ou autoconsciente,

que a

sua

atcn\<111 1 ,1.11.1

vnltada mais

para

o assunto palpitante

do que para

a própria linguagem.

Em português, o primeiro estudo da influência

do grau

de formalid.ul1· cl.,

cllntexto no uso da língua foi o trabalho

sobre

a

varia

ção

na

concordfLnL·ia v1·1 h d

(Naro

&

Lemle,

1977). (ex.:

eles bebem

x

ele bebe .

As amostras

u1il11

1d.1

l <lrUln entrevistas com alunos

de

cursos de alh1betizaçãoMobral no Rio de

l

<tlll 11c•

re

alizadas na casa do informante

,

em seu

l

ocal de trabalho

c na

c;p.,,l dcc

cntrevistados. Esses ambientes foram classificados quanto ao discurso. qtl.llll

ao contexto e quanto

à

situação, tendo-se obtido diferenças

que

mo str;1111 q11•

quando

em

locais

mais

descontraídos, os mobralenses

empregam

mesmo

a

111;11,

,

de terceira pessoa

do

plural

nos

verbos.

Presença da marca de concordância verbal de plural:

disc

u

rso formal

54/ 117

=

46%

.56

discurso informal

14/43

=

32,6% .45

discurso

não

-familiar

18/92

= 19

,6% .66

contexto familiar

12/76

=

15,8% .46

contexto

muito formal

5172/

=

6,9% .70

situação

meno

s formal

14/103

=

13,2%

.59

gravação secreta

l/36

=

2,8% .16

Sobre a

mesma amostra

Mobral, Scherre (1978) estudou a n•rH •••cl.111• 1,

ltclminal , tendo comparado as entrevistas

em que

os falantes tinharllt'llll l

n·, 11111 11

l•

·"" gravação (situação tensa)

com

aquelas

quando não

sabiam

que

L ..,l a\.1111 • 11

1,

Pra\

adas (situação distensa):

a)

aqueles lençóis

x

aqueles lençol

b)

os caminhões

passam x os caminhão

passa

A presença da

marca

de

plural

em sintagmas

nominais

como

cm

1a 1

111

d 1

1111 111a is rrcqüente em situação tensa do

que

em situação distensa.

Os ti:H

ln lc11 .11n

n

1np

:1rados

com uma subamostra

de falantes

de

classe méd ia no Rio

de

11111

ucc

< la st• llll'dia

(

l:1..,..,,. hal\.t

lJso da

ma r

ca

de

plural

S1

11:

11

,:ao lvu..,a

Situac.,·ão dist

cns.1

X'lXI•'• II I . ~ " i .\X

1/ ; ,.

" " IX 1

1

  '; .·l i

l111i

n d11 C, <IO

ti

10 lh I I I S I

1

  •

11l

,,

I '111 I ' I l

" I•

Page 26: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 26/61

( >utras construções afetadas pelo contexto formal e pela alta c o n s c i ê n c ~ a

sobre a própria linguagem são o queísmo, como no

ex:m

plo

(d)

em comparaçao

;

1

c)

c

0

dequeísmo, como em (e), estudados por Mollica (1 989):

c) eu estou com a impressão

de

qu o senhor é candidato . . (nor

ma

)

d) tenho ce

1

teza

que

entre m1m e o povo há mu ita coisa em comwn

(queísm

o)

e) eu poderia provar de que houve fraude nas e leições passadas

(dequeísmo, proscrito)

o uso do queísmo fo i comparado nas entrevistas da amostra Censo e da

amostra NURC (em diálogos em elocuções formais), mostrando-se que e_sta

constmcão é mais freqUente nos contextos mais info

rm

ais. reduzindo-se na

me

dida

em que,aumenta

0

grau de formalidade. No caso, a amostra

~ e n s o

seria a menos

formal

em

comparação à amostra DID do projeto NURC (diálogos). por sua vez

menos,fom1al do que as chamadas Elocuções Formais":

Censo

2 l8/27l 80%

NURC/DID

67/ 109 61%

NURC/EF

53/102

52%

Quanto

ao

uso de dequeísmo, corno cm

(c),

amostras

q ~ e

apresentaram

dequeísmo correspondem todas el

as

a situação de tensão e t d a d e , q u a n ~ ?

se

presta ainda mais atenção à própria maneira de falar, como em discursos_ pohhcos

e enu·evistas na televisão. Foi feita uma classificação do grau de formal tdade dos

itens lexicais usados em queísmo e em dequeísmo, com o seguinte resultado:

Itens fonnais cm qucísmo

+ formal 6/

18

33%

Itens formais em dequeísmo

+ rormal 23/ 188 12%

-formal

I05/15 ( 69%

- formal 14111

IO l%

Há indício de que o dequeísmo seja um fenômeno de hipercorreção: o_corre

quando se presta extrema atenção

à

própria fala,

com

a preocupação de se aJustar

ao padrão, e quando existe insegurança lingüística.

Contexto enquanto interação

Outro aspectoda situaçãosocialé aprópria

intcração

entre

falante

e nte_rlocutores.

0 f ~ t l a n t e também pode alterar o seu

es

tilo dependendo de com quem ele ala.

Trabalhos pioneiros sobre o emprego de

tu

e vous nas línguas européias

(rrancês, italiano e alemão) mostraram a importância de não apenas descrever

Sl :1 lin

guagL'Ill

usada pdn falante, mas também a

ne

cessidade de

se

ohservar a

d1dL , 11o é, a in tcração falante f ) - interloc

ut

or {J). Nestas IÍII ll:ts nll'.u dt·

'

l

l o l ls tlepende da relação de poder (por exemplo, diferença de id<ldt•

uu

1k 111 ' 1

I

hierárquico), ou de solidariedade entre os falantes (por exemplo,

o

J'l.lll d

t•

in timidade). Segundo os autores, o parâmetro poder dominava o uso 1k rv lllil ',

L's lá sofrendo mudança, com a prevalência do parâmetro solidaricJade.

Em Português, verificou-se

qu

e o sistema de uso

dos

pronomes de

tral.llllt

'nln

I Océ

c

o senhoria senhora

é regido, por um lado, pela diferença de idade l'llllt 11

fal

ante

e o ouvinte, ede ou

tro,

pelo

gra

ude freq üênciada interação

(grau

de

int

i 1 udad• 1

Quan

to à

idade,

um fa

lante dirigindo-se a um interlocutor mais velho l

l'llllt

1.1

a

us<u·

me

nos você e mais o senhor Dirigindo-se a alguém mais jovem,

Clllll'l

:llll•'

usará mais

você 

Probab ilidade de uso de você de F para I

I mais de 20 anos

I entre I0-20 anos a mais

I de mesma ida

de (

+ ou - IOanos)

I

de menos

IO

ou

20

anos

I menos 20

ou

+

.O

.16

.41

.64

.81

Quanto ao gr

au

de

freqUê

ncia na interação, em relação àposição 11il'r:

ll

q11

i1

"

dos interlocutores, as possibilidades são as seguintes. com o respecti vo

l'

IIIJH •

da

for

ma de tratamento encontrado no trabalho de O

li

veira e Silva:

superior

igual

inferior

-frcq

üente

inferior: insegurança

igual: você

superior: o senhor

+

freqüentc

você

você

você ou o senhor/a '>l'

lllu11.1

O trabalho sobre tu/vous inspirou uma série de estudos sobn: as lo1111.1\ '

pulidcz nas diversas

lín

guas. A polidezé vista como estratégia para mantc1 al1a1nh1

11

,,

11:1 -; in tcrações (Brown

&

Levinson, l978) c segue princípios que visa111 UJllt '' ' 1  '

.1

1n

agem "positiva" ou

a

imagem "negativa" dos interlocutores, isto

é. 11

d,

s1 I

d1

• tola um ser ao mesmo tempo apreciado e de manter a "liberdade úc mm iulvllln·.

Ta is princípios se a

tu

alizam com marcas que muitas vezes sã11 ah'" ' '

''

 •

pi'

a

própria gramática das línguas. comopartículas. tempos verbais

ou n p ,, .,.,

1,, ·

', . ,

hat

s tlc indiretividade, podendo ser observadas facilme

nte

nos atos dv la l.1 \ n11111

J'nlido

s,

oferecimentos, cumprimentos. etc. Dependendo

de

fatores co

nu1n

''t •

1"

dn JllllJ)I io alo. da r e l a ~ · ã o k podL·r L'nln: os interlocutores c uind<1

du

r l ' l a d1·

11111111idadl' L tllrc o:-. llll'S IIU  > st'l.llllllili ad :is for111:1

s

de pnlide/.

Mat 'L'dtH' Bril11( 1

1

lX"'J

11111

' '' ·" ·""1  11111111:11

111odl'lo

lunnonapat.l.ili

dlit

lt

'•,IJ.il

l)'IOIS

dc s pcdtdno.,' 111 I'"IIIIJ III

 t.,

l·111 11

C . ~ ~

d,· ' 'llalcladc d, p11dt 'l <HI 111 11

II I H I II I•

Jl

'I II • <OIII •Ioo

Page 27: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 27/61

ralantcs de poder superior para

pode

r inferior,

com

pedidos

de menor s f o r ~ o ,

ou

ainda em interações

co

m pessoas

de

muita intimidade, tem-se a preferência

por

formas mais diretas de pedir, como (f). Por outro lado, pedidos embaraçosos, ou de

alto custo, entre pessoas

de

posições hierárquicas diferentes, com menor grau de

intimidade, induz

em

o emprego

de

estratégias

mai

s indiretas,

co

mo

em (g) e (h).

f) Bota baunilha aqui p ra mim? (mulher para

amiga na

co zinha)

g) Você

pode

passar

meu

lápis,

por

favor?

(aluno para pessoa

desco-

nhecida

na

biblioteca)

h)

Professor,

naque

le dia

da

pro

va estava

cheio

de

problemas.

Eu

me

dei mal.

Será que daria para

o s

enhor me

dar um

trab

al

ho?

(aluno

para profess

or)

0

mesmo

modelo se

aplica às perguntas

e respostas,

como

se

pode

ver

nos

resultados de Pe re ira ( 1990),

qu

e

contou

as marcas

de

polidez nas perguntas da

amostra Censo. Neste

caso. mantêm-se constantes

os interlocutores

e o

qu

e

varia é

0

con

tex to discursivo. Mas entrevistas , mudança repentina de assunto.

insistência

em

abordar um

mesmo

assunto, ou ainda assuntos mais complexos

(como i)

ou

embar

a

çosos podem ser

considerados

como

situa

ções m e ç ~ o r a s

da

fa

ce" .

Têm-se, t ~ L o pergu

ntas mais elaboradas, com

uso de parttcula

s

atenuadoras, u

so de

vocativos.

emprego de tempos

verbais no

passado ou

no

condicional. Em perguntas pouco

comple

xas,

que

continuam o assunto

do

discurso

imediat

ame

nte precedente.

como m.

há menos

for

mas

de

polidez:

i) quer dizer

que

se

o

senhor

tivesse

de

dar

assim,

vamos dizer ~ ~ a

rece

ita para como

exercer

um

a lid

era

nça( . .

que que

o senhor dma

assim - Como se

faz

para

a

gente exercer uma

lid

erança

?

j)

E

já tem

muito

tempo,

Carlos?

A

variação no

emprego

dos marcadores discursivas

em

exemplos

com

o

(k), (I)

c

(m

) pode

se

r vista

como

exercendo, entre outras coisas, a função de

manter

a

harmonia na

interação:

k)

quando

a gen

te

diz para

toda

vida ,

né?

porque

muda

muito. tudo

muda

tanto

..

I) E- Esse prato é da

B

ahia

m

esmo?

F- Bom a

Bahianão conhece

angu

à

baiana. A Bahia não conhece ..

m) Ele não tem

assim

um

sotaque

,

não

tem

voz

carregada.

Part í

c

ula

s

como né' , bom, e assim

são mais freqüentes no discurso e m

tre

chos que abordam

assuntos subjctivos

bom, né, assim). a i ~

.com

ple

xos,

.o

u

ainda

quando

o locutor ou o interlocutor apresentam postura

cntlca

ou ncgatt va

L

lll

relação

ao

s assuntos tratados (hom, olha):

Subjctivo

Objetivo

Subjetivo

Objetivo

com

assim

31/80=39%

56/90=62%

Bom

22/33

63,67%

11 /33 33,33%

s

em

assim

49/8

0=6

1%

34/90=38%

po

stura crítica

postura positiva

enumeração

outros

l l l '

3()

9/556 '\),(1

1

;

24

7/55

6

I

I,X :

bom

16/28= 57 , 11 ·•

2/28= 7, 1

l'i•

6/

28= 2

1, ~ ~ ; ,

4/28 = l4J{I)f

A maior freqüência de

mar

cas atenuadoras n

es

tas s ituações, q

ue po

tlctll ..,.,

cnnsideradas também

como

ameaçadora

da

i

magem

dos interlocutorl'..,,

n lt u \·

'

o que

foi dito

acima

para

um

mode

lo explicativo

para

a

polidez na u l l n ~ , - . 1 d o ~

harmonia interacional.

Contexto semântico-pragmático

Um outro aspecto

do contexto

, que

poderíamos

ro tular de SL III : I I I Ih  

pragmático, pois

depende de

conh ecimento

do

mundo ou

de mac

roestnltut.l

 o

d .

tliscurso,

pode

ser

vis

to

na

variação entre indicativo e subjunti

vo

n

as

consttlh.

111

n

mdicionais em portugu

ês

, conforme

Gryner

(1990). O indicati

vo

é 111

a1s

w .1d11

t'

l l l

contexto

experienciado ,

ou seja

.

quando

a

condicion

al

eslahl'lt'll 11111,

pcneralização de

um

fato conhecido, como em (n) e (o), ao pas so

que

o sllhptllll\

,. preferi

do

em

co

ntexto não-cxperienciado'',

como

em (p):

n)

Se

no

caso de

homem aceita a mulher

co

mo

ela é, v

irgem 1111 tJ

,u.

eu acho

que

o problema é dos dois . (experienciado)

o)

E u

ac

ho

que

se (=

se

mpre que)

a pessoa tem uma

v

ida saudan I,

tem uma

vida

eq uilibrada, então eu acho que ela não vai ficar dt h nh ·

(experienciado)

p ) Se (= por

acaso)

algum dia

eu

gostar

de

um

cara,

achar qUL' 1 11

não devo casar e nem ele .., cu prefiro juntar, sinceramente . (nau

cxperienciado)

O

uso de modo nas condicionais

se

presta para ilustrar ainda nutrn tip"

tt tnk

xlo pragmático-discursivo.

As

condicionais ocorrem sempre

cm dtst.

lll ;

o o.

.11

ltlt'ttlalivos

tk

dois tipos:

il

ustra

ti

vo

(ex

.: q) ou não-i lnstrat ivo

(ex.:

J').

Na

.ll)'llttlt'll

l,ll,i l

ll JIIl'

c

iJalllillllO

S dt• ilttsl r;

l1Í V;

I.

11

ralantc

d;J

CXCIIIpJos l'

OI1CrCIOS

\'.

lll'SSt '\ 1 . l ' . tt ' . ,

(ll t i t Jt • ti l ld it·a( Í

\

0 \ 111 1 1 1 . 1 ~ · 1 1 1 (11•,( IJlli\ I:IS, CI HIICI

t'lll (q).

1\ t J ~ I I l l l nlllll t t l t i i .JI

III

,o.,t·•.t :lsoo.,

t• pt vn ·dul. l .i.J •'\fll• . ·"'1'''1 . .

, Jo

fl /1 /11 \ .\l l/'111" t

' "1 '

11

1111

ttlilt · '

lt .t ll t1 11.11 . 111\ . t j

l t l l l l l l l l t t l .u l • •

Lt 11 11 l l o t td t t ' ll h f

llll

l l \ l l

t l l l l1Pnl l ( t l .

 ){)

Ir

h ll.

,.t <

1 tI :it f I U I I I I \ J U I ~ I i c

.

l

Page 28: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 28/61

q)

No

meu caso, vamos supor que, tipo plano: tiro o mestrado, nao

consigo emprego, vem a calhar filho .. então, não

pra responder,

Maria,

sei l

á.

(il ustrativo)

r) ...

entre eu e ele mais tarde.

se

a gente se casar,

vai

haver união,

entendeu?

..

e

eu

gosto dele paca. (não-ilustrativo)

Outros tipos

de

contextos

Deli Hymes (1962) criou o tenno "etnografia da fala'' para mostrar que o

estudioso da linguagem

na

sociedade precisa descrever todos os c ~ tos de fa la''

reconhecidos em uma comunidade de fala. Ora, o conceito de eventos de fala é,

em última análise, precursor dos estudos sociolingüísticos de linguagem e contexto

na linha

la

boviana. Hy mes propõe sete parâmetros para adescrição desses eventos:

I

emissor. receptor, tópico, canal, código, forma da mensagem, registro e propósito.

Exemplos de eventos de fala seriam uma missa,

um

discurso polít

ico.

uma aula,

uma conversa de bar.

Os exemplos vistos até aqui ilustram renômenos variáveis da linguagem

que se alteram em contextos situacionais, interacionais e discursivas.

Um

tratamento

completo da questão do contexto, contudo, levaria a esferas mais amplas

do

que

as tradicionalmente tratadas

na

Sociolingüística (ver, por exemplo, Levinson, 1983).

Como se sabe, o estudo desta dependência

do

contexto para a interpretação

semântica dos enunciados const

it

ui a área de interesse da pragmática (ex.: os

dêiticos e os atos de fala).

Em

vista do exposto, pode-se concluir que a

Sociolingüística, por tratar igualmente da problemática do contexto, não deveria

ser desvinculada da pragmática.

Exercícios

I Procure gravar um professor em sala de

au1a

e, depois, em

conversa informal no baJ ou lanchonete de sua escola, junto a outros

alunos . Verifique

se

houve alterações de

sua

pronúncia em cada

situação. Observe, por exemplo. a pronúncia dos ditongos. dos

r

e

dos s finais.

2)

Observe a fala de locutores de noticiário na televisão ou rádio.

Compare com a fala de locutores de programas de música parajovens

em rádios em freqüência modulada.

Veja

, por exemplo, o grau de

formalidade dos itens lexicais, o uso de gírias, a pronúncia dos di

ton

gos c o alongamento das vogais tônicas.

8

Relevância das variáveis

lingüísticas

Vera Lúcia Paredc 1 d .\'tf1 ,,

Introdução

.

Ao

estudar a língua em uso

nu

ma comunidade, defrontamo-no:- t'nlll

.1

d a d e da variação. Os membros da comunidade são falantes homens c

1111

111w

11

..

llc tdades diferentes. pertencentes a estratos socioeconômicos d1si i

11

"

d e s e v o l ~ e ~ d o atividades variadas. e é natural que essas diferenças. idcntiltl.Hiol

como socHus ou externas. atuem na forma de cada

um

expressar-se.

. .. _c?letando seus dados em situações reais de comunicação, a Teoriada V:u11\ ,

11

1

~ g l l l s t t c a capta ~ x e m p a r ~ s da

.líng

ua em uso num contexto social c podL di

1

'

11

~ s t m •. foco de 1 1 t ~ r e s s e tmcdmto para esses condicionamentos externtls

1:

ele IIII

o.;c v e ~ c a nos pnmerros trabalhos de Labov sobre a centralização de

dit<>IH'I'

" 1

111

Mattha,s Vrneyard e sobre a pronúncia do /r/ em Nova York (Labov. Jl)71.)

. . E certo que, de início, os fenômenos escolhidos para

<málise

pelo

..

\ ·

  '

I O ~ l s t a s , e n v ~

v e n d o

principalmente diferençac:; de pronúncia, eram hclllnl.tn ,

11

1.

1

o ~ I a l n : e n ~ e

E

certo. n ~ a que, ao lado dos aspectos sociais, sempre sl'

III

V'.., ll .l 'lllt

". m f l _ u ~ n c t a .de vanave1s (ou grupos de fatores) internos, isto é. dl·

11

.ttlll1 ,

1

~ g U I S ~ (f?nológicos, morfofonológicos, sintáticos, semânticos, t'il

l

l\l.1 • .

1

~ ~ ~ ~ ~ t a

dos t ~ t ~ r e s

s . o c i a ~ s

tinha justificativa adicional:

assinal;

1

va

1 1 1 1 1

I'" .

1

1

1

,

1

l t.:  H oposta a 1deahzaçao gerat1

v1s

ta e mostrava o comportamento dl'

11111

l.

tl.lltl t 1

I V t n t ~ r e a l , numa comunidade lingüística longe de

e r h o m o g ê m ~ a

k

 -.t'

11 \

1

,1

1,

...

c,

a s s ~ m

uma

S o c i o i n g ü i s t i ~ a

p.recisa,

rigorosa: em s í n t e s e ~ cic

ntli

lt

':

1 .q iP tdc l t

nos

metodos de anáüse quantitativa introduzidos por Labov

c19(

1

t)

1

l' lt' t

111

1

cJ,

pur Cedergren e Sankoff

(1974).

. Os primeiros trabalhos varia.cionistas tratavam de fenômenos lllllllllitlllll

~ ~ ~ ~ c o s .

nos quais

a

premissa básica da variação - que as duas

ou

1

n.t

lo.;

1

1111111

.,

. t l k t e s ocorram no mesmo contexto. com o mesmo significado

I" ,d

11

>l t

llla

n

t•da

com certa confiabt'licl··d Alé d' " · A •

A • <L

e.

m tsso,aex tgenctadcum grandt·n

llllll

' lll

•k t>t.:lli

Tencms

para a aná

li

se era facilmente cumprida. Afinal, numa :11111 , -.tt.1 d1

l.d:t

encontram-se mais sons/fonemas do que qualquer outra entidade

llli

i'ÍII'.Iu 1

Natt.

lraJ

t < ~ m . b é m

nesse tipo de estudo, que entre os fatores

inll'lltO

 < . .h

lt.illlrl'la Innologtca prc\ alecessem N·t vcr·

1

·1de algt1n · ·

1

1

· . ' u, . s

ue

es nao lt .111.1111

Jlmpnnmen

lc

novidade. Ynil'il';lr a inl'ltl0ncia do segmento f(

) nil o

111

'l'lTd .111

11

I l I 11

'

11

l J I I l ' , l l l l () papl'l tl<i -.

tlah

:t illllll :1 na flllllta\

·;10 dl'

j)I'OillÍill'l:t cll•tllltfPilt lllt

1•

1

l ta 111\l'-;il l'<ll  <ll k\.ub " 1 .ilut

11

.1 ... tll:ll1S's t'"ln1tura ll \

l:1

s ( hlilo

 >

tllllllllo ,

l < ~ t , l l l l l l l l l l l d i i l t d l l l l l ' I 0

\ , 1 1 1 1 •

l l l l l

' o l . l ~

llllllltlld

t• \ l l l l . t l /c l t l /111 / ·

Jll 1

r

I I , I I -.1

I I I I

I

IIII

Ó/3 I i ro< h

<.,11

< U JoC illh

1gUI

Sik

u

/ P V < I I l < /ri dei V < I I I I I V < /iii•llil'.ll q • f

1

Page 29: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 29/61

produtivo em muitos trabalhos. A maior novidade, porém, consistia em quant 111l·ar

essas noções, aferindo com precisão o peso de cada tipo de condicionamento, uma

vez codificada<; todas as ocorrências e aplicado o modelo de cálculo es tatístico.

Segundo S iva-Corvalán (1986). o sucesso dos estudos de variação

fonológica de orientação laboviana motivou os sociolingüistas a aplicar os mesmos

métodos e técnicas à análise de casos de variação na sintaxe. Parecia, à primeira

vista, uma evolução natural na aplicação do modelo.

Se

se encontra variação

sistemática e quantificável no campo da fono logia, por que não estender sua

procura à sintaxe,

à

semântica e

até

ao discurso?

Logo a questão se revelou bem mais complexa, a começar pela dificuldade

na obtenção de

um

número significativo de dados para a análise: é consenso que há

menos variação

na sintaxe do que na fonologia,

no

sentido não só ~ n o s ocorrências

de

um

mesmo fenômeno, mas também de menor variedade de fenômenos. Além

disso, nes te campo, a questão das diferenças de estilo setoma mais

di ffcil

de controlar.

A questão

do

sign ificado

Um ponto demonstrou ser o mais polêmico na abordagem da variação em

fe

menos não fonológicos: a manutenção do significado nas fonna s alternantes.

Será possível cumprir essa exigência quando o que está em jogo são consttu ções

sintáticas, por exemplo?

Es ta discussão foi enriquecida pela troca de artigos entre Labov e sua ex

discípula BeatrizLavandera..Esta assume u

ma

atitude crítica quanto à possibilidade

de

variaçãofora do nível fonológico (Lavandcra.

1984).

Éque, saindo deste plano das

unidades mínimas não-significativas. vamos encontrar necessarian1ente

um

significado

a;;sociado

a

cada fonna. Segundo Lavandera, isso representaria

um

obstáculo

ao

cumprimento da exigência de forma') alternantes

de

dizer a mesma coisa.

Como ilustração, tomemos

um

par de construções tradicionalmente

relacionado nas gramáticas- a ativa e a passiva correspondente. Wciner e Labov

( 1983) declaram estar convencidos

de

que optar por uma ou outra é uma escolha

sintática. Admitem haver diferença de

f

oco ou ênfase"'. mas, em última instância.

j ulgan1 que ambas acabam por se referir a um mesmo estado de coisas. Embora

reconhecendo haver contextos em que as interpretações ; e m â n t c a s de ativa epassiva

se afastem, segundo os autores tais contextosdeverão representar apenas uma parcela

do total de usos, não invalidando a procura de restrições gerais para a escolha entre

as duas, isto

é,

de grupos de fatores capazes de influenciar essa escolha.

Ainda em tomo da questão. consideremos a ordem depalavras, em frases como:

1- O

trem chegou.

2- Chegou o trem.

J

.

~ L ~ ~ ~ ~ l l ' pon

to

se pode dit.er que a mudança na coloca\·ao

do

\ lljciln

11

1

,

a cta o slgl1lllcaúo das frases? Nova

t · · ·

. 1.

.

1

. ·

mene,senosrestnngu·mosaovalorll :lt•ll·ll,.l,d

u<Ls ( uas p roposiçoes (aqu· d · 1·

. . • 1 escontextua 1zadas), poderemos l'll t"lliiiJ

11

élJU tvalcncia: trata-se de um p (

h , ) · • ·

. ) M . . recesso c egar relaciOnado a me sma l'lllidad,· '

IICill · as que dizer da dt ferença de foco de inforn

1

ação?

Para Labov e Weiner na pass1"va ( i

l , · . · e em outros enomenos como :t

01

dnn

r o: p l o ), o que esta em JOgo é a manutenção do valor de verdade d<> . 1 ·1 1

rele ·e

al

d d h

S l l

lll

' "

r nCI' 'po en

°

aver, portanto,

um

tratamento variacionista dos féi; ÍlltH"

Itil

·

. n q u a n t ~

s u ~ o r e s

operam com uma noção de significado mais estt·ita, I av;llld, ' ·'·

10

r ~ o

Vai propor o enfraquecimento da condição de equivalênciaSl'lllall lll ·

1

s u b s t i t m n d ~ - a

pelo que chama

de

"comparabilidade funcional". Esta dikn.

11

, .

,1

.

~ ~ ~ n t o ~ de vtsta tem conseqüências na definição daquilo que se toma

como : ' ',

.,

t cpen ente a ser estud ada Na perspectiva de Lavandera. frases como:

3- Está frio aqui.

4- Como você consegue ficar sem casaco?

5- Por favor, feche a janela.

~ . p o d e m tt·aduzir a m e s m ~ intenção comunicativa, admitem ser tra1:111.1

..

, ..

'

v.:n,mtes

u ~ a . m e s m a

v a n á v ~ l .

Não na perspectiva deLabov,já

;,,., ll''"' '"

de mesmo S1gmf1cado referenc1al não estaria sendo cumprida.

. Por sua v ~ z , a análise v a r i a c i o n i ~ t a tem como lidar com essas dllnn

1 1

1 - . ~ o c m d a < ;

a

ti . .   A • • ' •

r

. . ma zes semanttcos ou

a

propnedades discursivo-pragmátkas ' '1,,

r

I l l t

•a-; que parecem ocorrer na passiva ou em alguns casos de ordenação de ék'lll<'

lll

liHno.os e x e m p l i f i c a d o ~ . Elas sempre podem ser controladas através < l u ~ L111111

1

1

< -.tulados como con-elaciOnadosao fenômeno. Assun, por e·vemplo pod 'n . . 1

1 ·- -

""

t:

lOSJliOl"l"l

" uma

c

a s s 1 h ~ a ç a o dos referentes como veiculadores de informação nova

011

w lll

1

, .

h·-.rar seus efeitos na mudança de ordem buscando a e x r · s t e · d

1

1 , ·, . . . • cm

a corre a\

ao

t

J

1

"Jitlu o 2, V a n a v e 1 ~ discursivas sob a perspectiva da Teoria da Varia ·ão·

1

 

Neste caso o

1m

rt t ' d" · · ·

. . . · , _ po an e e Istmgwr se, de lato, o traço scmüniKo 1111

:

l ~ ~ ~

~ 1 ~ ~

em questao se apresenta como uma das variáveis associadas

;,

van:u,

''

11

' l:.tusa ou nem chega a haver propriamente alte · .

. 1

. . , ·'. . . . rnancra. atu.tnuo .tq111 l.1

' •

11

> ~ c t c r s t t c a no ~ e n t l d o

de detemlinar uma escolha No últi . . .

.. l

.

J

•I

111

·

11

 

1

  . . _ ·

mo

c,\so •K.tl,,

P'll

<

1

' Ull<lltstnbUtçao complement·

-

aren easconstJuçoessupostamcntcalit'lllalllt

..

I

I Jllt'

nao se encontram em variação num mesmo contexto. Essa é, or

'xnn

)h

1

1

I '''· lllra a(lotaúa o ~ · Nm·o c Vott·e 1986) para a ordem Sujeito-Verb,)Vcrho s

1

 

t"ll•,

I

<

1

Jllll"dadc

s rdactonadas à distribuição do fluxo d·l

1"<>nn·• , - . .

1

r . ,

<

.çao .to c:uall"l n·111t.d

"

11

rw

11

l'nco t ~ é

um

rei crente para a naJTativa. determinam a C'ico h,

1

dc

11111 1

111111

"

111

dCI11l' 1111pedcm n tratamento variacionista c

lüs

sico. segundo os ...

/l l

li11i1 11 lll< I

h

I 1

I

'

ol

H

h

ii

i/l

i IUI ó

li<

I

I

· l

/1

•I• v1 11 1• '' 1 • I<'• v1 1 11 •v•

li1  • 1 11

·11•,

11

/ I

Page 30: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 30/61

A questão do contexto

As

co

locações acima tocam em outra questão

de

interesse

para a ~ e o r i a ,

tkt:mrcnteem

parte

da

ampliação

do

objeto

de

estudo

par

a além_ fo_nologta,

em

parte dos avanços da ciênda lingüística. Trata-se, agora, _da

e x 1 g ~ n c 1 a que

tt

1

rmas variantes ocorram num

mesmo

contexto.

No que dtzrcspctto

a fenomenos

sintáticos, autores de tendências

distintas (Bentivoglio,

1987;

K.lein-Anclreu ,

1983;

Kroch,

1983)

têm

assinalado

a

necessidade de estudá-los em

s e ~ ~ o n ~ e x t o

discursivo, c

não

apenas em

sentenças

isoladas.

No caso

dos

v a r t a c J ~ n ~ s t a ~ ,

entretanto,

não

se trata

de

uma simpl

es

recomendação, mas de uma_

x ~ ~ e n c 1 a

teórica.

Lembremos

de nosso postulado inicial: além da manutenção do

stgmf

tcado.

é

necessária a identidade

de

contextos para que duas ou mais variantes possam

se

r

atribuídas à mesma variável.

A

propósito, Bentivoglio

( 1987,

p. 14)

pergunta até

que

p o n ~ o se pode

permitir

que os

contextos difiram. Levaremos em

con

ta

p ~ ~ s

as. r ç o e ~ cm que

ocorre

0

fenômeno? Ou

também

as

precedentes

c

s

ub

seq u

entes?

E o

g e ~ e r o

de

discurso não importará?

Desse modo

, reconhece que, sintaxe_,

se

qutserm_os

encontrar contextos iguais tal

como

fazemos em fonologta,

devenamos

renunctar

antes

ele

começar . . , . .

Outro

ânoulo

da

questão, quando se trabalha

com uma vanavel

dtscurs1va.

e .

é estabelecer

0

conjunto

das

formas

variantes, isto

é, caractcnzar

o

que

se

convencionou

chamar

de

envelope

da

variação". Consideremos,

por x e m ~ l o ,

o

deslocamento

de um

SN para o início

da

frase. A que

vamos

contrapô-l

o?

A

sua

permanência

na or

d

em

não-marcada.

Mas

apenas

quando

explícito?

Ou

quando

ausente

também?

Vejamos ai

nda

os c

hamado

s marcadores discursivas

(do

tipo af assim

. b I etc). Uma vez identificados os contextos cm que cada

um

deles costuma

sa e.

d"f

aparecer será lícito

co

mputar as ausências?

Caberá

buscarmos

que 1

crenças

es

truturals

envolvem

essas

diferenças de intenções

com

unicativas'?

Essas questões

podem

tornar difícil a própria decisão do que tomar

como

a

variável dependente, isto

é,

o

conjunto

das variantes sob

aná

lise.

h •

Por

esse motivo, tem surgido entre

os

pesquisadores uma

nova

e n d ~ n ~ m : em

vez de tomar por base para a análise

um

fenômeno de contornos

g r ~ a t l c a t _ s b e ~

definidos (o p lural

no

verbo, por exemplo), tem-se

m p l i ~ o

o

~ m p o

de mvesugaçao

para domínios mais abrangentes.

Por

exemplo, procura-se

v ~ s t t g r

como mesmo

processo

se

manifesta através

_de

expressões d i s t i n t ~ s ,

m U J t a ~ ve:cs p e r t . m ~ ~ t e s

a

diferentes níveis lingüísticos. E o caso

do

estudo

da

mdctenmnaçao, processo

qu

e

faz uso de diversos mecanismos lingüisticos

para

1mmifestar-se. perpassando

por

diferentes níveis lingUísticos - a t1exão

do

verbo, o uso

do

pronome \ · e co_mo

indctemrinador,

0

recurso às formas

você

ou

a gente

e mesmo a

e x p r e s s a ~

leXIcal

com itens

comoas pessoas, o suJeito ocara.

Desse modo, é como se estabeleccssemos

nao

p c t ~ s

uma escolha entre duas

al

t

cmati

vas, mas urna escala tk

p u . . , ~ l l u i H I . i t h

para aqUiloque poderíamos

chamar

de um domínio fundonal. c aí cstuda

1

a, ,

1

,

caso, o ~ i g n i f i c a d o

re

ferencial seria preservado, mas

a

questüo do

l IIII. t,

t:x 1gma um cmdado especial, ao levar

em

conta a situação discursiva.

Considerações finais

Como se

vê, a questão

do

signifi

cado

e a questão

do

contex

to

e:-t

ao itllllll

cadas. Por sua vez, as análises variacionistas aplica

da

s a fenômenos sinlnlll 'tl ',

ou I s c ~ n · s i v o s

têm

imp

ulsionado

a

busca de so1 ções para

os

problemas

ap< H

li ;u t

)·,

~ ~ e ~ d ~ s s o

o

c ~ e s c e n t e

avanço

de

abordagens c

omo

as

da

linguística tcxt

 

.JI 1 11.1

Imglllstlca

funcwnal

tem pernútido refinar as va

ri

áveis

de

natureza d isn

 

,

1

1\

lgumas delas

status

informacional, contraste,

cone

xão discursiva

ctr J

1

di lo,

aplicadas

com

sucesso ao

est

udo de vários fenômenos (cf. capítulo t::?. ''V;tiLI\,

'

discursivas sob a perspectiva

da

Teor

ia da

Variação").

.

As q u e s t õ e ~

lingüísticas anteriormente apresentadas.

na

mcdtd:1 ,

111 '1"1

dcs_afiam

os

pesqUisadores a encontrar novas soluções,

acabam

por

atr;111

111

1

11•.,

lllats a atenção

dos

variacionistas para os fatores internos, ultrapassando o"'"

1

.,.,

1

pelos fatores sociais convencionais,

estabelecidos

e/ou

mais testado

...

Psi a

,.

aliás, uma critica feita

por

alguns autores aLabov, que,

em

benefício

dt,..,

" '

'

1

 

,

11ll

crnos, teria

havido

o sacrifício

do

COIJ ponente sociaL

Nossa

ótica, no

L'ttl;

111

tn

("outra: não

há perda do

social ,

ganho

com

fatores internos

mais

elahm:ulu

•,

.

Essa ~ ~ n ç de

perspectiva

se deveu também

à

cons

t

atação

, vai

a d o ~

1

tol

1111á tses

e m p ~ n c s

de

diferentes fenô

m

enos não fonológico

s, de que Jlt·., ..,, .,

knomenos

nao

se

encontram

co

m

a mesma

fac ilid

ade

as correlações l'ntn· "'·

l;ttor·es

soc

ia

is

e

as

va

riáveis investigadas.

Em

outras

pa

lavras, os

l'cn

o

llt

<'th•··

".no fonológicos têm-se mostrado menos sujeitos à influência

do

s fator

es cxtn

 

Isso não deve sugerir, enu·etanto, que abandonemos

a priori as

considl'la\

11

•••

1

k-

cu

nho soc1al. Elas devem continuar

sendo

investigadas em nossas analtsL' \ di'

knômenos não

fonológicos. Talvez nosso

maior cuidado deva ser

o de di

..

r

 

w

 

para um fenômeno

não

fonológico, o peso das influências provenientes

do

.. 11;

,

1,

>ll

llático. semântico e discursivo-pragmático, antes de atribuí-las a possl\

1

1

 

d1lcrenças socia is.

Finalmente, é preciso ressaltar

que

as dificuldades apontadas ao lonJ.',tlth".l•

1 npítulo não

impediram os

avanços

da

Teoria Variacionista.

Ao c . : o n t r ~

.111

1

nlocar no centro

do debate os

f

atores

internos, l

evaram

a um apro ru nd:tlltl' ll lu do ·

ljll i"Siocs

de

natu reza teórica, assim

enriquecidas

através

da

s di:-cuss"

1

·..,

dw

ll.thalhos e

mr

ír

icos. fsto

tem permit

ido

estende

r a

precisão

da llll' ltldlll"''';'

v

o

1 :1eion i

sta

a áreas

elo

conhecimento lingUísticos

inic.:ia

hncn tl' ll

<lo

itllot)'lltad.t ,

Page 31: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 31/61

Introdução

9 Variáveis fonológicas

Christina 1\hrcu (

l l l t t 1

Cláudia Nívia

Roncamti

dl Sou

''

A

identif

icação de fenômenos van aveis pressupõe que, para unta

úctenninada categoria lingüística, existam pelo menos duas possibilidades

<

l· n

III<

scntação superfici

al

disponíveis para os membros de uma mesma comunid;ttl,•

d,

fala, ou seja, aq ueles que compat1ilham as mesmas normas de avalia<,:ao l ·'

necessariamente de realização das fo rmas lingüísticas. lmplica ainda tlitl't

'I'" '

escolha entre as formas não se dá aleatória ou livremente, mas rclat'tPII.ult ·'

variáveis lingüísticas e extra-lingüísticas.

O

objetivo deste capítulo é apresentar dois aspectos importantes

do ' '"  · '"

temas fonológicos das línguas naturais a partir da ótica variacionista.

Pri

tlll' ll

.tnu

1111

pretendemos sal ientar que os fonemas podem ter diferentes

realizaçciL·s

lo

 

t< 1

q

ue

sea:rfemamno mesmo contexto lingüístico. Como partimos

doprinc.:lpil

lth

<

l'"

a escolha entre as formas que se alternam en tre si, as variantes, se dá a

pa1111 '

in

flu

ências internas e externas, num segundo momento pretendemos disc.:utu

(l

1

JH 1

de

i n f l u ~ i a

que um contexto fonétiço-fonológico pode ter em variáveis qul' ,1·

situam

tat1to

no nível fonológico como também em outros níveis do

siste111a.

A variação no espaço fônico

Conf01111e

foi mencionado neste livro, a visão de língua como

um

si,ll'lll

1

que possui uma heterogeneidade sistemática prioriza uma at1álise

g ü í s t i c : < ~

vollad.t

para explicar modos semat1ticamente equivalentes de se dizer a mesma roi' c

t c n d i m e n t o

dessa possibilidade, que parece ser parte da natureza

ua

lingwt)'l'lll

hu 1

mma,

definida em We inreich, Labov e Herzog (1968) e incorporada cm td lnnt .

d

estudiosos de outras correntes teóricas' , data dos teóricos estruturalis

ta

s

<JIIl

' " '

I 1  s k ~ n s . R v. Hout e W. Leo Wctzels. PortO Alegre: Let ras tle I lnje, 21l(lll.

v.

I i. u" I p I

til' til

todos l i n g ü í orientados mai s teorica mente parecem estar c i l n ~ de qu e a v;u1u;.111 luw111 11o '

I  11111:1

..-:

lr:K'Icrí,tk: l essencial da língua, tanto quanto um pré-requisito par:< a cvnllu;ao lu iJ U\111 ,,

.

1I' ·"

'

~ · ' oi< Mat i'a Porto dco Amara( dn texto original publicado cm Hin,

k.:m

• F. \<11\ IIPul, F .n11l \\ , ·1

o•l

, \\

rnl , )

vanalio

n. dwngc ;md

phonological thcory. i\mst

cn

lam/Philadt·lphia:

Jo l111

lk1q

.l lll

lll\ ,

I 'I 'JI

W Wll

' "l l

1\ Iknr

y ( IJ' X

: 15): No  a

vi

,a<•

de diak•to M

  t'

ll',

fllll I 'XI III(llo.

qll<' .1 .ll'nltl

.nlt· tl

.t

""r"

·'l" 111

I 11

ttU\il) ' ll

l,ldol p .u .t

. l u

OllltMI;u a IJ;IIIlô lll

;I ~ ~ ~ llllllll

ll lllado: ' " "

lllli

lol dlll'l lflll' ,, I.

o ttltl.ulo ol.l 1111

1 11

.11 III ti

111 ll tlro< luçuu

à

Sodolfnguistica

Page 32: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 32/61

n h ~ : c c r a m a'i

diversas realizações fonéticas de um fonema num mesmo contL:xlo

1 ngiiíst ic.;o, os alofones em variação

2

, como parte integrante da organização do subsis

lcma fonológi

co.

Dessa fomm,

é

de se esperar que existam diferen

tes

realizações

( m ~ t i c a s para uma mesma unidade fonológica num mesmo contexto dentro de uma

111csma

co munidade. Essa alternância pode ser observada nos exemplos a seguir, que

podem ocorrer, por exemplo,

no

dialeto cari

oca:

garag[eif-

garag/i] , p[ f

lástico

p/ rfástico, p[ l]xe - p[ jxe; fa la[L] - fa/a0; cantan[djo - cantan0o.

Estabelecer a variação como parte integrante do sistema, juntamente com

estruturas invariantes, e não como uma mera manifestação do uso lingüístico.

constitui também uma forma de melhor capturar a organização do sistema

lingüístico intemali:wdo pelos ralantes.

Po

r exemplo,observemos os a d o s ~ seguir

3

do Kuikuru, língua indígena da Família Karib, localizada no Parque Nacronal do

Xingu, Mato Grosso, Brasil:

(1)

[i lumpe]- [i lumbe]

[ ante]-

[ ande}

{ aflke/,....,

/ afjge]

f ui naTlfsu] - fui nafjdzu

I

(cinzas)

(aqui/hoje)

(maraca)

(minha irmã)

Os dados ilustram um caso de alofones em variação. Os falantes do Kuikuru

vão identificar, a partir da exposição a dados desse tipo, que

a

distinção de

sonoridade das consoantes oclusivas e da consoante africada não é distintiva, mas

se conftgura como variação quando ;mtecedida de consoante nasal c não háfronteira

de mmfema (cf. Franchetto, B. et al ii, 1993. p.79). Do mesmo modo,

 

de

alguns dialetos do português brasileiro também deverão identificar os contextos

em que a distinção de modo entre a<; consoantes [bJ e lv], traduzida no traço

[contínuo . é distintiva, como em [bfalal[v]ala

e

os contextos

cm

que é uma

opção variável, como

em

[bjassoura fv)assoura; asso[bjio asso[v]io.

podo:ria ter evoluído como cvt1luiu. como um

r c q u i ~ i t o

para o sistema paramétrico.

n ~ c c s s d ~ d c

de

acomodar a variw,:ão cm:ontrada na produção

da'

língua> naturnis.

( .. .

O que parece haver nao e

urna

" r n p l e ~

escolha cnu-e a gmm(ltica Jo indivíduo e a gr.mtática

da

comunidade: mais preci>amcnte, o que há é uma rclaç:1o

de interdependência enU'C a gramática intcma e a gramatica da c o u 1 u n d a d ~ . ( .. ), p<trâm-:lros existem >Omenlt

porque a v a r i a ~ i i o é nonna nas línguas m d u ~ · ã o

n o s ~ a ' .

("Ou r vicw of

i a l ~ t ~

s u g g e . \ 1 ~ . for cxample.

that thc lauguagc faculty is d e ~ i g n e d to accommodate a commumty r a n u m ~ lly thts

we

mean that l<ulguag:c

faculty could only havc cvolved ru: it

has.

wi th a t'Cqwremcnt for

a

parametnc

e m ,

bccausc nl the nced to

acconunodute language variation found within natural language productiun. (. . What we ~ c e m .'o have

JS 1101

simply a choicc betwecn an individual

gra

nunar

or

a connnunity grummar: ralhcr. wc ~ a v e

an. m l ~ r d ~ p c n d e n t

r e l a l . i o n ~ h i p bctwccn intcmal gmmmar and

lhe

communily grammar. ( ..

ln thc

case oi core

h n g w s ~ ~ c s , ~ 1 e r e

is

a

necd w recognizc thar paramdcr' cxist only becausc

Y<u-iatiun

is

a nonn

within human languages . Wtlson

W & Henry. A. (1998) Pm<llnCter Sctting within a socia ly r t a l i ~ t lingubtic. Language in Society '27. 1-'21

2. A

variação

para os

l r u t u r a l i ~ t J ~ era ''livre . Um outro tipo do: o ~ o r r ê n c i a

de

a o ; ~ n c t l c t e ~ t a J n

pe

los

estrutur

alistas são

os

alofones

em

distrib uição complcmenwr, isto. e. formao;

. r o n

c a ~ a'soct:\da'

a

um

mesmo roncma possuem co ntexto, foné lico-fo

nológtcos exclustvos

de ocorrcncta. É o ca'o

do\

llln<:>

[t'<l

c ltl no português carioca d i s t r i b u í d o ~ cm

função da

vogal

que

os

segue

na

sílaba: 11'1

'o m

:

dianll' dL· i '

lt

diante

da'

outras vogais.

1

I

l,ldll"'"i<'lildo"

t'

ll1 f't:uwhello cl

:

di

i

tI

991);

l'onética

.

Ponol11giu: Panon1111:1

rotH>Iógic

"

dt

· alguttw'

IIII

)' I: "

ti,

• lllllloho

I t< ttlol;ulo

d

I 1 1<·•

·./t

l i ){I

Un1 ou tro aspecto importante na identil'icação de uma variavclllll). lll:-.llt ,,, .

que

esta deve estar circunscrita a uma mesma comunidade de () J.

1

n

do

·

podermos identificar pronúncias diferentes de uma mesma palavra

l ' lll

d1w1

'>.1'.

regiões do Brasil não

é

evidência de que temos uma variável Jingiiíslil'a hto 1

identificar a pronúncia [tia

1

m São Paulo e [tsia]

no

Rio de Janeiro

é

sulil'lt'l t

ft

para tratarmos essas manifestações como uma variável lingüística. A 111ult ' dt

exempl ificação, consideremos a realização do

r

pós-vocálico em diverso'> dia

h

tt ,.,

do português do BrasiL Por exemplo, a vibrante na posição de travamento sil:il111 1,

como em carta,

parte, verde

pode ter uma articulação predominantemcn

tL' l

11ll1"

l'ricativa velar no dialeto carioca, como vibrante alveolar simples na c1dadt· ti•

São Paulo e a o n ú n ~ retronexa no dialcto rural de algumas regiões

do

inl1

' ' '

de Minas Gerais. E importante ressaltar que essas diferentes pron111h '·' '

<.:orrespondem a diferenças dialetais, recebendo o rótulo

de

variação. 111a\ 11.111

podem ser interpretadas como uma variável lingüística. Podemos dizer

qt1•·

. .,.,,.

caso constitui uma variável lingüística no dialeto carioca porque é

po

• •

1

,,

1

identificar outras possibilidades fonéticas além da {iicativa velar na mesma P• I '

1

. ,,, ,

rara os falantes desse dialeto. Já um dialeto que tenha somente a ptnlllllt• 1,

retroflexa não tem variação. Por outro lado, podemos ter variáveis ' l ' l l '" 11 w.

dentro de uma mesma comunidade de fala.

A atuação das variáveis fonológicas

A ocorrência das variantes de uma variável fonológica pode estarco1n la

L ionada a pressões ou efeitos da mesma natureza. Para entendermos como d.t ,

deito das variáveis independentes fonológicas e fonéticas, tomemos como x ~ l l 1 p l 1 ,

do

is processos que afetam as líquidas

/li c /r/

em grupo consonantaL

no

diall'll,

t·arioca: a) variação na realização

da

líquida no grupo C/11

;

b) supressão t1.

1

, ,

hrante na realização do grupo

C/r/,

confonne os exemplos a seguir:

(2)

a)

[ /]-{r},

como em

bicic[l]eta-

bicic[r]eta

b)

I ]' ' 0,

corno em prôp[r]io

pr6p0io

A lateral e a vibrante compartilham uma série de propriedades l'olll'lila

A l ~ m dis so, ambas as consoantes constituem uma

clas

se natural (• J

I

:1(kl.oged, l996, p.l82) (evidentemente a classe engloba as outras : 1 ~ l ptw.

.tprl'sent<.un comportamento semelhantes em diversas línguas.

No p o 1 1 1 1 ~ t t l ' s

"a"

.1-. unicas consoantes possíveis na segunda posição de um grupo consotwn;:tl

l'

..

l.11

1

•ulllllCiidas conjuntamente a dili'rl'lllrs processos fonolôgi cos

(cflfom -

 1 /' ''

tr/ 1 /t•

hm

- ('(' I /ehm.

111

I

llllf

I''' r ulo).

110

processo de aq tu sir_·;u• s.111 ,, •

1tii111111S llli1L Ill

:Js

a 'o1'n·111 .llltJ IIIl uln•.pt l.t-. ni: lllt,'ólS (d

.

l .:unp tt'dtl , ll)'ll, I'

I I J

Vt tfi< Vt • :, h lfhllt•lll til

l

Page 33: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 33/61

1

.i

ainda ev idências históricas

de

que os processos

em

questão alltataut

l l l l outro momento, tendo como resultado da mudança lingüistica a substituição

de fi} por

fr/

como

em

igreja (ecclesia) e brando (blandus), e o apagamento

Jc [r/ como em rosto (rostru). A alternância [ l f r}, ou rotacis

mo

, é bastante

antiga, atestada no Appendix Probi (jlagellum

nonfrag

ellum), e,

em

determinado

momento, deixou

de

ser um processo

de

mudança e passou à condição

de

variação

estável, conforme registrado em textos do português arcaico e em gramáticos

como Fernão

de

Oliveira (197

5,

p.59-60 Ll536l) e Duarte Nunes de

Leão

(1983,

p.64 1

J

576]). Sincronicamente, pode-se afirmar

que

a variação

~ o r · _ r e em u a l q u e ~

dlaleto urbano

do

português brasiJelro (cf. Gomes 11986], Oh

ve

tra

ll98

3 1 e e

fortemente estigmatizada. Já o apagamento

de Ir/

parece não ser

o estigmatizado

quanto o rotacismo. Histor icamente, a substituição da lateral e o a ~ a g a m e ~ l t o da

vibrante situam-se

numa

matriz

de

mudanças dos sons consonantats

que

tmbarn

como resultado um som mais fraco ou o seu cancelamento (sonorização

de

consoantes surdas, redução

de

consoantes longas, oclusivas passando a fricativas,

queda de /d/ ,

/g/

c/// intervocálicos). O enfraquecimento consonantal, ou lenição.

ocorre quando

uma co

nsoante

é

produz ida

com

um grau relativamente mais

frac_o

de

esforço muscular c força respiratóri a (cf. Crystal 1988, p.

15

7). Alguns

grama

ticas também atribuem o apagamento da vibrante a um processo de dissimilação,

devido

à pr

esença

de

outra líquida

na

sílaba.

A análise dos dados de variação

do

dialeto carioca (Mollica c Paiva, 1991)

procurou investigar tanto a hipótese de dissimilação quanto a de e n f r a q u , e c i ~ 1 e n t o

através

do

estabelecimento dos grupos

de

fatores presença

de

outra llqmda

na

palavra e consoante do grupo em função da escala de força. A pesquisa foi reali

zada em um momento, anos 80, em que havia ainda f01te inf'luência

da

Fonologia

Gerativae da Fonologia Gerativa Natural·', portanto, a escala de força baseia-se na

proposta de Hooper (1976). Hooper (l976, p.206) propõe uma c l a s

i ~ i c

ç ã o

fonem

as

que se baseia num continuum de força. estabelecen

do

o segumte gradi

ente, do mais fraco para o mais forte:

(3)

glides

l

líqu idas

2

nasais

c o n t í n u a ~ r a ~

4

ob

struintcs sonoras

continuas

l L ~

obstruintes surdas

5

6

Segundo as autoras (cf. p.

185).

há evidências em diversas línguas que indican1

que a líquida lateral

é

mais forte que a líquida não-lateral (ou

vi

brante). A hipótese

levantada em 1-Jooper preconiza que há

um

plincípio da organização das sílabas

4 . A t

eor

ia fonológica gerativa inic ia-se com a

pr

oposta

de

Chomsky e Ha

ll

e

ap

r

cscnt:ua

cm

.19óR com

a publicaç5o t.le Tlte Suund Pattems

of

..nglish. N c s ~ c

modelo.

os

segmcm

os so

noros sao detlm.dos

c . ~ m o

um conjunto

de propriedades

fonét

i

cas

ou

tra{ O:i

distintivos,

como .

p

or

exe

mp lo,

a

s o n o n d a ~

· O

nível l'onolóoico

é

o nível

t.la

rep

rese

ntação abstraia

t.los

i

te

ns lex i

ca

is,

que

estabelece u

mformat,:an

nao

fl l <V isívd db tinti v

a.

O output deste componen te é a representação fonét ica

da

cadeia ahsln.lla. t(IH'

11

ulit:a L·omo a

pa

lavra

é

reH lizada.

Os

dois níveis estàll

o n a d o ~ a t r a

v ~ s de r.:gr · Ver 11Jal '

'u ltH

·

l t t l l l . l

lllllt>lúj k:J Cra ltva e nwt.lt.:lo< cm B i ~ o l .

L

( 199(\).

seg undo o qual

se

uma palavra ou s ílaba começa

co

m urna consoanh.:

ltlor

11·1 ,,

s1.·g

uida na sílaba

ou na

palavra

po

r

uma co

ns

oant

e que ocu

pe

posiçao

l lk IHI\

ftll

1t·

na escala

de

força.

As tabelas a seguir apresentam os resultados encontrados:

Tabela 1- Influência da presença de outra liquida

[li

-7

[r1

[r] -7

0

APL/TOT

Peso

APLITOT

Relativo

Presença de

113/444

25,45

.54

50/306

16,34

outra liquida

Ausência de

635/2014

31,53

.45

82/747

10.98

outra líquida

1

Jll'Sll

~ d a l h o

.(11

I

~ l )

Os resultados de peso relativo indicam que a presença de outra lítprid. r

palavra tende a favorecer a o c o r r ê e i a

de [r]

em

lugar de

[/] no grupo ( ///

,.

,

1

cancelamento

de [r]

no grupo C/r/

 

E importante entender

que

o efeilo dos lalnt ,

,

do grupo é expressoem termos de tendência, isto é. maior chance de ocorTl'lll ia

,,,.

u

ma das

variantes num determinado contexto.

Em

outras palavras, embora

11

11

.,

registro de ocorrências como brusa e .fi o(r) e prop0ietário e out0o. lt.t\•'t "

uma tendência

maior à

ocorrência

de

[r] e

0

respectivamente naqueh. s

ti l ' '

t

•t

11

que houver uma outra líquida na palavra.

Tabela

2- Cmzamento

do

modo de ruticulação e grau

de

sonorid: tdt·

fl] -7 lr]

APL/TOT

%

Peso

Relativo

Oclus.

7

06

/2330

31

.

79

Surda

Oclus.

39 /207

19

.58

Sonora

Fricat.

1174

1

.50

Surda

Fricat.

2/42

4

.14

Sonora

APLITOT

84/637

27/256

2 1/160

-

rrl

-7

c

l r

u

lO

-

,.,

..,,

f{t

' l.ill\

l

. '

'

1"

Os resu ltados da tahl'la

1

Jl'Vl' l:tnt o efe ito mais nítido da cscal:1 tf,· '  ' ' ' '

1

1

.tr:t a variw;ão

111 -111

. '' ruu;tlt•tll·lt'

lld

l'llcia de r

l': tli

zação d ;r vihrallfl' q l l t l l d ~ t

1

ro

nsnanll• do l'lltpn t llt1.t ltlll '·tl.t llfl · l• ltlfll ll lt;r 11111 desfavnn·,llttl'fllu d.

1

/11

III I • Kh <,1 lu t I "

lt

•llllt Jll

hfh

• I

a l a ~ a o brante quando a consoante ocu uma p o s i ~ ã mais ua

Vt lll•

t · l ~

lt •

l l•

,,, " '

'I '

Page 34: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 34/61

ua vi pa ltaca

esca la

< l

c força. Os resultados para a alternância

[r] --0

mostram o favore

cimento do cancelame

nt

o da vibrante quando a consoante do grupo é surda, o

que

ainda constitui evidência

do

efeito da escala de força,

uma vez que seg

mentos

surdos são mais for tes do que segmentos sonoros.

O fato de observarmos

que

muitos dos falant

es

do dial eto carioca usam

categoricamente a lateral no grupo consonantal poderia ser uma evidência contrária

à postulação de uma "gramática" da comunidade de fala. No entanto, podemos

levantar como hipótese

qu

e o alto grau

de

estigma associado à variante

lr]

funcione

como

uma espécie

de

bl

oq

ueio

no

uso dessa variante.

É

fato que pode haver valores

sociais atribuídos a determinadas variantes.

se

j

am

ou não elas variáveis depen

dentes fonológicas.

Contexto fonológico e t m lexical

Um

questão importante relacionada às mudanças que afctam as unidad

es

sonoras das línguas diz respeito

à

unidade

da

mudança: o som ou o item lexical.

Essa questão rotulada de controvérsia ncogramútica data

do

final do século XIX.

Os

neogramálicos defen

dia

m

que

as mudanças

so

noras ocorrem

de aco

rdo

com

regras (o termo empregado na época era " lei' ') que não

ad

mitem exceção, são

condicionadas foneticamente e

não po

r fatores sintáticos ou semânticos.

Poss

iveis

exceções, na verdade, eram consideradas aparentes. pois podiam ser expl icadas

via empréstimo lingüístico ou analogia. Em outras palavras. a visão neogramática

estaheleceu

que

a mudança sonora é foneticamente gradual, afetando todas as

unidades sonoras, e, portanto, lexicalmente abrupta.

Para os

oponentes dos neogramáticos, os dialctologistas,

cada palavra

t

em

sua própria história. Os dialetologistas observaram que nem sempre a mudança

lingUística atingia toda a

comunidade

dentro de uma mesma área lingUística.

Pas-

saram tamb

ém

a adotar a explicação

de

efeitos extrallngüíslicos,

como

aspectos

culturais. fronteiras naturais e arti ficiais como possíveis interferências na propa

gação de

um

a mudança. Além

disso

,

do

ponto de vista lingUístico, estabeleceram

que a freqüência de uso de uma palavra poderia atuar no processo de mudan

ça

sonora.

Segundo

Schuchadt, a mudança sonora afeta primeiro as palavras mais

freqüentes.

No final

elos

anos 60, essa questão adquiriu novamente relevância nos estudos

envol

ve

n

do

a

mudan

ça

so

nora e a posição dos dialetologistas ficou conhecida

como difusão lexical. O modelo difusionista propõe que as mudanças sonoras

sejam vistas como sendo lexicalmente graduais c foneticamente abruptas. Não é

nosso objetivo discutir

com

profundidade a oposição entre

os

dois

modelo

s. mas

observar que a questão é considerada central nos estudos sociolingüísticos.

Dt:ssu fom1a. tem sido

dada

importância ao papel

do

léx icu 1111s ptttl 1 .•.11,

lo11o lóg icos ao lado dos fatores estritamente estruturais. Obscrvt:tlltls os d.uh .t

seguir relativos ao alçamento da vogal média pretônica lo/ em portug.u0s dD l''-'' 1, 1

de Viegas ( 1987) sobre o dialeto urbano

de

Belo Horizon te:

(4)

a) cju]brir

b)

cfo]lina

ffu gueira

rfo tina

c[u]mida

cjo mício

b[ujnito

a')

mfo)delo

b ') m[uj eque

l[o]ção

pfu}mada

l[ o /teria

c[u]meço

Os

dadps e m a) e a') represe n

tam aqueles casos

que

se

l'II

Ctl\:1111

1111

wndicionamento da regra formulada por Viegas: presença de vogal alta

11:1

.

t1

.11t

seguinte favorece a realização de

lu' ,

enquanto a presença de vog;d nwdt 1 , ,

princípio

, bloqueia o

alçamento.

Os

dados

em

b)

e

b') contradt

,

'

..

condicionamento fonético de duas maneiras: há casos em que não há ~ · : 111 11

embora

haja vogal alta

na

sílaba tônica, e,

por

outro lado, pod e haver

alc

;:rtll•

11111

mesmo na ausênciade [i) na sílaba tônica. Portanto. a variação sincrônica

tkklt.ul.t

no dialeto

min

eiro de

Belo

Horizonte não pode

ser

explicada somente ~ l l t 111111,':" 1

de condic ionamento fonético. Há, ao lado deste, propagação do prorl'sso .t

determinados itens lexicais, independentemente elo condicionamento. Para Vil' '.t ,

(2001,

p.

41),

o alçamento

da

vogal

médiapretônicano

português

do

Brasiljllltl,·tt.t

ser considerado um processo de harmonização vocálica que sofre restriçõ

t.:s

k·,

,

, ,

(alguns it

ens

não alçam, mesmo apresentandoambi

ente

fonético para o ~ · a t l l t 1111,

flltrção - porção, ''quantidade" e porção, prato

de

cardápio

de

restaur:

1nl

t· l

Considerações finais

Vimos nesse

cap

ítulo que unidades abstratas, os fonemas, podem ll' r 11t:1-,

dl' uma rea lização fonética possível em

um mesmo

ambie

nt

e lingi.iís tko.

o li'

l'quivale a dizerque constituem uma variávellingüíslica. A realização da:-. va tlillllt'

 

d t : uma variável fonológica

está

correlacionadaà influência

do

umhic ntl' li Hl\'11\

11

No entanto , pode haver também a infl uência de condicionamentos dl' oul11h ttpu

UllliO características cspceí licas dos itens lexicais e ta mbém de condtciotl<lll ll III•

nao lingiiístico

s.

como podl' s,., vi  ll> nos capítulos que Iralam das vari :tH ' ts l.tl\.1

l'f,tri.r . sexo e L'Sl'lll:uul:11k

1\() h1ll< lt h

<

,

I

h

I

ti

: o\  I ll•lli iUIII:,)I \.( I

Page 35: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 35/61

Sugestões de leitura

diversos estudos sobre variávei_s fonológicas do p o r t u ~ ~ o ; ; ~ l

i z a d o s nos diferentes núc leos de pesqmsa (VARSUL, NURC, . b d d :

UFBA entre outros). Sugerimos, então, alguns trabalhos sobre ~ p l c o s a or os

n ~ s t c c ~ p f t u Algumas colctâneas sobre a variação no portugues

traz:m a r ~ ~ o s

• •. J

lóoicos diversos comotambém enfocam questoes teoncas

que analisam processos tono

o · · . _

d

. . . ti o de estudo· BISOL Lcda (org). A vanaçao no portugues o

pcr

tm

entes a esse P · '

18

199

1.

HORA

D

Da

Brasil. Organon, Instituto de Leu-asl_tJFR_?S. v.

n.

,. , , •a do

) D

. d de lingüístic-lno Brasil Joao Pessoa, deta, 1997. Sobre o p p

org. . 1versi a · ' . ' IRA E J Difusão Lexical e

~ x i c o e a controvérsia neogramátlca: MADURE . ve yne. . .

varia ·ão fonológica: o ratar semftntico. Revista de E s t u d o : ~ · da Lmguagem,_ Be:o

. ç

5 l 5 22 1997. OUVEIRA. Marco Antomo. AspectosdaDlfusao

llonzonte, n. , v. 'P· - ' · . 5 1 9-29 1992

Lexical. Revista de Estudos da Linguagem, Belo Honzonte, n. , v. , p. , .

O

ariáveis

morfossintáticas

Introdu

ção

Nelize Pires dl'

Oll l t '

l l t l

Maria Eugénia amogliu

>11111

Este capítulo enfoca fatores in ternos ou variáveis independentes de natu1o.1

morfossint.ática

que podem

influenciar o uso das formas lingüísticas

qu

.. .

~ : n c o r a m em variação. É difícil atribuir, de maneira precisa, um d e t e r m i n ~ d

fenômeno

i n g ü í s ~ i c o

a

um

dos níveis

da

gramática, dada a interrelação que clr•

111antêm entre si. Fatores simplesme

nt

e afetos à área da morfologia

aparcn

·tt,

influenciando o surgimento de uma ou outra manifestação da variável, assim co

1111•

acontece com os fatores

re

lacionados à sintaxe.

Mas é comum e n c o n t r

a r n ~

l cnômenos m01fológicos e sintáticos intimamente ligados.

Inicialmente, daremos

exe

mplos

da

atuação de fatores morfológicos sohn·

o uso de diferentes variáveis lingüísticas.

Em

seguida, enfocaremos a ação do ..

latores sintáticos. Os fenômenos comentados originam-se de diferentes trabalhos

1calizados

por

pesquisadores

da

área

da

Teoria

da

Variação. Todos os exemplo...

til' fala aqui apresentados foram extraídos dos textos citados.

Grupos de fatores morfológicos

Como exemplos da atuação de

l atores

morfológicos na realização de uma

.

1ri;ível, podemos citar inicialmente a análise de Scherrc (1988) sobre os grupus

k fa

Lores Iingüísticos atuantes na concordância

de

número entre

os

elementos

do

>

f

ltagma nominal.

A

autora observou que o grau do substantivo que conslitu

o

11l lco do SN e o tipo de p lu ralidade desse núcleo são relevantes para a ao

d.1 variáve

l.

No que diz respeito ao grau, a análise considerou de um lado os

1111-. tanLivos aumentativos e diminutivos e de outro aqueles no grau normal:

(I) .......

umas garotinha lá ....

.......meus amigão .....

.......uns quatrocentos bolinhos

de

...

.......dois

cmalos

l11ll lo

ll lht •l ll   l i , l

 

H IW I

It t i 

< s resultados mostraram que os diminutivos e aumentativos desfavoll'l t:llll

Y

UIIUV<

l i H

r r rhrfro ,

J•,

11 .1

Page 36: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 36/61

o uso da

marca de plural,

opo

ndo-se n

es

se particu

lar

aos s

ub

stantivos de grau

11orm al .

que o favoreciam.

Num

total de 7.0

53

dados, cons iderando

separad

am

en

te

os dados de adultos e crianças, os diminu tivos

/aum

entativos

com marcas

de plural

ocorreram 40% das vezes na fala de adultos,

apr

esentando

um

peso r elativo de

.40

(5.9 10 dados), e 15% na faladas crianças.

co

m peso relativo de .37 (1.143 dados).

Jü com

os substantivos de grau normal, os resultados para as marcas

de

plural

rnram, r

es

pectivame

nt

e, 56% e

.60

para adultos e 4

3%

e .63, para crianças.

Se

gundo

a autora,

esse

s r esultados ret1etem a influência da maior/menor fo rmalidade dos

itens lexicais, com os mais formais favorecendo as marcas de concordância.

Um outro f

at

or

mo

rfol

óg

i

co

qu

e,

seg

und

o a aná

li

se de Scherre (op. c it.),

alua

sobre

todo o

SN, le

vando (ou não) todos os it

ens

do sint

ag

ma a

rece

ber a

marca de

núm

ero foi o t i

po

de

pluralida

de

do nú

cleo

do

SN

. O grupo de fatores

que foi estabeleci

do co

mo mostra, a

seg

ui

r,

(2)

SNs

que

tend

em

a aparecer predominantemente

no

plu

ral - ......n

ossa

s

raízes ..

SNs que fazem referência a pares de órgãos do corpo-

..

.

os

seus olhos ..

SNs que não

se

referem necessariamente a mais ele uma un id

ade

..

.aqu elas loj inhas bem b

ara

tinh

as

..

apresentou, respectivame

nt

e, os seguintes resultados: 75%, 2 1% e 49%. As porcen

tagens d emonstram que a

co

ncordância se f

az

com

ma

is freqUência

qu

ando o

SN

aparece predominantemente no p

lLU'

al, diminuindo na referênc

ia

a partes

do

corpo que

se

apresentam aos pares, cuja

pl

uralidade tende a ser meu-cada apenas nos determinantes.

Ainda

no ca

m

po

mor

fo

lóg ico,

podemos citar a

forma ver

ba

l entre fatores

capazes de in

rt

uenciar a realização de

uma

variável. O trabalho de Duarte ( 1

989)

>

obre

as

rea

liz

a

ções

do objeto direto anafórico mo stra

qu

e uma das variantes, o

uso do ciíti

co

acusativo,

de

oco

rr

ência

mu

ito pouco expressiva na fala (4,

9%

),

;ri

nela r

esis

te

com

as

formas

verbais no infin itivo e nos te

mpos

s i

mple

s (pres

ent

e e

pretérito pert'eit

o) do

indicativo, corno ilustram os

exe

mplos abaixo:

(3) Eu comecei a

namorá /o

n um carnaval,

cm

março.

Em

ju

lho

, ele

falou que

ia casar co

migo.

(4)

Eu

co

nh

ec

i meu marido .. b

em,

eu

Q I'

pe la primeira v

ez

num

a q u e l e

passeios que havia no Rio.

..

De falo, das 97 ocorrênc ias de clítico na

amo

stra analisada,

55

(56,7%)

se

1'ncnn   rav

am

seguindo um infinitivo e

41 (4

2

.3%

) precediam

um

tem

po

simpl

es do

Indicativo: apenas uma

ocorr

ência

1 )

aparec

ia com

o gerúndio. C

om as

dcmai 

llll'lllas verbais, particularmente o imperativo. f

orma

s do subjuntivo e todos os tc ltlpos

nl mpo

shls,

apar

ecem outras form

as

variantes, c

omo

a anáfora zero (ou

~ j c t nu h,J

L 11 pw

n

om

e pess

oa

l

do

caso reto:

(5) Ela toi duas vezes lá

pm

explicar, e pra

empre

g  d ficor

colllll cmdo

(6) Ma<;

pode acontecer também

da

senhora precisar de um dinheirinhn

1

 ""

A

senhora tem esses quadros,

ve

nde

0

7) A ~ e g a d < ~ só

abriu a po

rt

a pra ela porque

ela

j á

tinh l  Ísln t l ,

Ela

Ja

tinha vmdo

co

nversar

com a

Tm1ã M.

L.

.É ~ s s í v e l

que fatores relativos ao processamento do

cl.í

ti

co com

essas

ronua ..

vcrbms

se

j am os responsáveis por sua exclusão em tais

cont

extos Ticst. .

1

- fi · . . t 1

~ c r c

e l t o ~

com

os falantec;

revelam qu

e um clítico

em

ta

io;

estrutura

..

,

LonsJderado mUito pedante c formal.

Grupos

de

fatores sintáticos

.

..

·•

~ ~ t r e

os

g r u p o

de

fator

es de natureza sintática que

pode

m influenciar ;

1

~ t l t z a ç a ~

de uma ~ l ,

~ o d e m o

citar a f unção

do

s termos na oração. Tarallo

(.

I s

} st

udo

u a

? c o r r ~

de um

pro

n

ome-cópia em estr

utu ras r

elativa

...

ll lcalna ndo

as

segumtes unções desempen

hada

s pe lo

pronome

relativo:

(8)

(9)

(lO)

(11 )

(12)

Sujeito

Vo

d i t a

q

ue

um dia l

eve uma

mul

her que

ela quer

ia que

a gente

entrevi

st

asse ela pelo inted'one?

Objeto direto

s s ~ r a ~ a

qu

e eu conheci ele, ele est

ava

Já na festa

também

.

Objeto mdrreto

ela tinha um primeiro

a d o ~

ela

go

stava dele pra

car

amba

Oblíquo

lembra, com aquela saco rúm ia na faculda

de

com ela.

Gemttvo

Tem uns

que eu

não

saio da

ca

sa deles.

. . Os

resu ltad

os

a que o

au

tor

ch e

ga mostram que a cópia é favo

re

cida no

1

'

1

'

1

1

11

1t

vo na função de

.?

bje to indir

eto

(.65).

Seguem

-se as funções de oblíquo

1

.U.J.

SUJeito.

(_.37) ,

e,

fma

l

mentc

,

de

obj

eto diret

o

(.18),

as

d uas

ultim

as

'   i . ~ vorccendo mtrdmnente a

ó p ~ a

Posteriormente,Mo Uca (

no

prelo), retornando

'

1 11

d.c 1977

s o b r ~

a

cópm

nas relati

va

s. testou igualmen te o

efe

ito da

p10nome

r e l a t ~

na cópia.

Seus

resultados confirmam

a

hierarquia

'1

11

1

11t

.rd ,r

Ta

rallo : gen1 trvo: .97,

ob

j

eto

indircto : .80, oblíquo: .64, sujeito:

.5

1

ll

h jl ' to

d rrcto: .24:

Nota S

l

<s

fu

n

ções

mais e ncai

xa

das, que c

11

;o lvcm

0

ll

lfl

\ lll tl ll lo de Ul l l stn lapnt.t Jll l'Jioswinn:rdo. s;

ío as

yuc favor

ece

m a t·opia.

., 1\

rnda l' llt rl'la

t,

·ao

:1 r 1 n ~

\

lll

l.t1r1·a .

:

1

prop

1

a r

111 11

;ao ljlll'

as \ananlt · ..

.lo

•I lllj

H

tl

lJ.t lll

11

;1 lll,lt,. l  l fl

111

h lltll llo h 1.11 1 11 '

II

I/ I< 1 1

I · • 1 \

• • • , • I

I ll llld

\ .111.1\( ' \:0.

1111

11'

1

hlil<t• I II

IIII 1 1

t•

•<

ll•iJIIIJLihJii

11

III> tt

sn dt:

os

ou

a gente

para referência

à

primeira pessoa

do

plural. Omt'

ll :l

Y

III• IV• ·I  , lll••ll•t.'.lillull

11'•

1/ ). 1 do dítico acusativ · ·

Page 37: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 37/61

t I

9X(>.

19

96),

com

base

num c 1

pus

de

3.299 dados, mostra que a ocorrência da

forma a gente, que vem desalojando a forma nós , é sensível à função sintática

que ocupa na oração, ocorrendo

de

forma decrescente

em

termos percentuais

c

om

as seguintes funções sintáticas:

Tabela 1 Uso de a gente vs nós, segundo a função sintática (cf. Omena 1996)

Função Api/T

%

Ad

junto Adverbial 57/68 84%

Sujeito 1979/2701

73

%

Complemento

199/277

72%

Adjunto Adnominal 35/253 14%

Total 2270/3299

69%

Da mesma

fom1a, a função simática do antecedente de um objeto direto

atua no uso

de

uma de suas formas vari antes de representação - o pronome

pessoal ou a an

áf

ora zero (objcto

nulo)-,

como mostram os resultados da análise

de Omena (1978), que não atestam o clítico acusativo

como

uma das

var

iantes.

Na amostra analisada, constituída de 1.375 dados da fala de adultos em fase de

alfabetização, o

an

tecedente

com

função

de

objeto (ou seja,

mesma

função

que

a

forma em análise). como mostra o exemplo (1 3), favorece a anáfora zero (86,5%

de ocorrências. com peso relativo de .65). Por outro lado, o antecedente com

função

de

sujeito,

como se vê no

exemplo ( 14), favor

ece

o uso do

pronome

pe

sso

al

(52% de ocorrência

e peso relativo

de

.39

para anáfora

zero). O

antecedente que exer

ce

outras funções na oração,

como no

exemplo (15), atua

de forma intermediária, f

av

orecendo li

ge

iramente o objeto nulo:

(J

3)

Es

creveram uma carta pra mim , que era pra

mim espera0

ela na Rodo

viária. Aí botei 0

na

casa

de uns

conhecido meu.

(14) O su jeito levantava, nós jogava ele pra cima.

(1

5)

Ele é u

ma

boa pessoa e dentro

da

matéria dele

eu

acho ele muito bom.

No cas o de (1 5) temos, no uso do pronome pessoal, a atuação mais forte de

um outro fator de nature

za

sintática:

a

transitividade do

ve

rbo "

achar  ,

que se

constrói

com

um predicativo

do objeto'.

De fato, a tr·ansitividade verbal tem

se

mostrado um fator bastante significativo no estudo de inúmeras variávei s. Ainda

a respeito

da

rea lização do objeto

dir

cto anafórico, Duarte (1989) mostra

que

o

L

Interagindo com a

Lra

nsilividade

ve

rbal temos o traço

m â n t i o

+animadoI do Com o

lrJÇO

l-an

im

adoI

teríamos, na mesma estrutura. o uso preferenc

ial

do objeto nulo ou anáfora zero. Isso mostra que a t o r e ~ ~ i n l : . ; o

c \Cillfinlicns l'rcqUcntcmcnteinteragem.

. I · . . . ' . . o, que, como VImos acu

na,

está rcslrilo a fo

1111

a). \l'lh,

 

-.

I ~ J J

~ > u alo Jn1

uuttvo, está concentrado em estruturas com verb

os lraJi

s

JI

I' .. -.

--

l s s

1mp

es,

como

se

vê em

(16):

( 16) Ele veio

do

Rio só

pra me

ver. Então

eu

fui

ao ae

roporto

lm.\ m

'' '

·

Das 97 ocorrências já mencionadas 82 (84 sm

, , 7o

se encontram

com n·

1h

ll

~ p ~ = ~ ~ ~ t a ~ e ~ ~ s

um

objeto dircro.

Se

o verbo apresentar, além do nh

1

 (

11

' d' .

0

m

_tre

to

, como em (17), um oblíquo oracional, como c 111 ( 1x

um

pr

e 1

ca

trvo do objeto

como

em (J 9) · d

L'

de

erce - ' '

ou

am a

se

se tratar

de

verbos causal I',,.

. . . . pçao

~ 0 - 2 1 ) ,

em qu

e o elemento que a norma representa

por

um L'lllll• '

; ~ u s ~ t J V ~ é o SUJeitO da_oração

in

lin.itiva, teremos índices insignificantes dl d í ;,

,,.,

.m _ugar

aparecerao

uma

anáfora zero (objeto nulo) ou um pronome

PL's

"

''

I

n t m u n a t r ~ o dependendo

do

traço semântico (+ou - animado)

do

anteced . I .

lalor que

ln t

erage

com

a transitividade do verbo: en L I IIII

( L7) Conta essa hist6r;a do seu avô

de

novo VioceA Ja' co t 0 1

18

. n ou P' a ,. ,. '

C ) E U m ~ parou ~ d e trabalhar) porque o marido dela está bem

dcn1a

1

 

ntao o m

ar

tdo proibiu ela de trabalhar.

19) Eu não tenho nada pra reclamar

dela

não Eu ch

1 I

(20) Ontem

ele

foi ao cardiologista sozinho

E.u

J'

a'

d

. _ 

ai

s:nsal'lllll:l

1 · • ·

e1 x e1

e e

1r

ao,

.utf

111

og

tsta sozmho

muito tempo. -

(2 1) Quando nós estávamos assim saindo da loja nós

vimos ele

.

parando o carro. ' · · - · 

ll

11

1

'

1

'

11

_C

om ;Ase_vê nos exemplos (20) e (21), com os verbos causativos e pL.:Il'l'l'

vos, a

ten encta ao uso do pronome pessoal nominativo é muito forte

" >IIII>

11

lllW>Irara

o trab·lli d 0 (

' '

·

..

· . . .

a_

0

e ~ e n a

197 8

).

De modo

geral, o

peso da

transiti vid;

11

\ l

' h

ai na

reahza

çao do Objeto drrcro anafórico tem sido confirmadoen

d ,. . .

I .

11

ahalhos realiz d , b . . 1 1 Cll ,

III

·.;'] .

d d' os com ~ s e em

corpora

representativos da fa la e da l . ~ l l l l . r

" I eJra e tierentes reg:wes (cf. entre outros Malvar 1992· Pará I9D7· I

I'IIJ7eAverbug 1998 2000)

N-

· ·

7

• •

1111

'

' . ao se pode detxar de concluir que a com

kxHhd

d.,

l'slrutura s intática determinada pelo

pr

edicador verbal , ·

p ' . '

111'\SC

processo

de

mudança.

e

um 1mportamc 1111

 

Outro fator de nature

za

sintática que se mostra extre

''l' l'

'

lll•

'n t·

tç-ao de fi

. mamente

atuantt·

ll.:t

'

"'

• • uma

orma vanante

é

0

t' d . -

0

>

  \'1 ( 19HR

1

)

D tpo e

OJ

açao. s estutlos

de Pan·dt "

1

• • denopreo e

uarte(l993

,

1995enoprelo),entre o

utros

most1

·

 

11

1

' ' ··v;ulcla c ~ s e fator na representação do sujeito pronominal por u;n >l .oJ;nJII:.

plr

·Ju>

L nr

dctnmento

de um

sujeito nulo/oculto. Vejam-se

os

rcs uhatlos l l ~ l · i ( J \

.

llllllll'lra pt:ssoa na tabela adaptada de Paredes Silva (no pre lo) . .' . , · .

lo

'

'

  '

t . •

1 ·u

.

que

.111.1

1

l l .h

' '" I

I

s

(a

comunr ade dl' lida l ;uiol'a, gravadas cm dois m m n e n t o ~ dJ slnllo

1/11

' o

/Jili

S X()

l' l' /11 2()

(}(): '

lf 1lr1 1< lt

I

<,

< O

1

I

..1 lt

h liii<JlWiflt

.(

I

abela

2-

Influência

do

tipo

de

oração

na

presença

de

pronoml'

lk pll l t l

' 11

a

Vt

III

< V< > • I

111

H •

1 1

1/11 , 1,

l i

Page 38: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 38/61

pessoa

2

(cf. Paredes Silva,

no

prelo)

Amostra

Anos

80 Amostra

2000

Tipo

de

Oração Apl

t r PR Aplff

PR

Adietiva

155/164 95 .87 131/133 98 .96

Principal posposta

138/1 57

88

.80 93/107 87 .71

S

ub

ordinada

247/284 87

.74

237/269 88 .74

Pr

incipal inicial

196/246

80

.61 254/317 80 .55

Independ

ente

786/1

163

68

.43 748/1044

72

.45

Coorde

nada

583/1161

50

.37 774/1 356 57 .38

Total

2

10

5/3175

66

2237/3226

69

Como mos

tra a tabela, a

realização fonética

do s

ujeito pronominal

é

fort

emente

favoreci

da

numa oração

su

bordinada

ac

Uetiva. A m

udança em

dir

eção

aos sujeitos

pree

nchidos parece ter

se iniciado

nas adjetivas,

seguindo-se as

principais

pospostas

,

as demais

s

ub

ordinadas e

as orações

principais iniciais.

Resistem mais

bravamente

à

implementação

da

mudança as

independentes e

coo

rdenadas.

que

apresentam os pesos relativos mais baixos

para

o preenchimento.

Ma

is

um

a

vez

, estrutura<>

ma

is encai

xadas

se m

os tra

m favorecedoras

à

variante

inovadora. O sujeito nulo, variante conservadora, é

mais

freqüente nos

contextos

cm que

não há elementos à

esq

u

erda do

sujeito

que po

ssam impedir o acesso ao

seu antecedente no discurso.

Como

dissemos no início deste

capít

ulo.

os

diferent

es

gru

po

s

de

fatores

lingüísticos

não

atuam isoladamente;

daí

a necessidade

de

u

ma

análise c

ui

dadosa

que

leve

em

cont

a a influência

de

cond

icionamentos

do

s diversos níveis so

br

e a

real ização da

var

i

ável em

estudo. Ao focalizar um fenômeno variável,

cabe ao

pesquisador descobrir os diferentes

fa t

ores

correlacionados ao

seu

uso.

As

ca

tegorias morfossintáticas constituem um vasto

ca

m

po

de invcstigação disponível

à

sua

intuição e observação.

Exercícios

I ) Apresentamos abai

xo

a tran

sc

rição

de

dois trechos de entrevistas

com

falantes

de

diferentes faixas etárias e níveis

de

escolaridade.

Leia-os com atenção e observe:

2. Na tabela, a autora

ar

ribui o rótulo de "coordenadas'' às cs

uut

uras coordenada' nã11 11lieiai'.

S11h 1> 11 1111 1< •

c o n t r a m '''orações

absolu

ta'

c as coordenada> in

ki a

i

s.

(a) c o n ~ o

se

apresenta a referência

ü

pri

me

i

ra

pessoa

do

plma

(b) qua1s os

pronomes

pessoais do caso obliquo

que ambos

utili;a

111

:

(c)

como

se realiza a concordância nominal·

(d)

como se

realiza o sujeito pronominal ( e ~ p r e s s o ou oculto).

P r o c relacio

na

r

os

resul tad os de s

ua

observação

ao

nível de

escolandade

e à faixa etária dos falantes. A

que

conclusões é possíwl

chegar?

TEXTO 1

Amos

tr

a CENSO (Entrev ista 25

(Idade: 30 anos;

Sexo:

masc.;

s

colaridade: 8°

r

e

D ~ U ~ N T D O R

E as esposas,

ir

mãs, primas, sei lá

IVâol

ass1st1r o JOgo?

L O ~ U T O R -

[Hum J não, agora que e la

não

vai mais não, mas

antt·:-.

ela

~ a .

Aonde a gente ia ( .. ) estava todo m undo atrás Tinha u

111

:

1

boa

no

sso t

im

e,

(' '

rapaz") agora não.

Agora

está todo

mundu

casado

Mas

tinha

uma

torcida boa, rapa

z

Onde

0

("butina")

ia

JOgar, todo u n d o

ia

a

tr

ás, rapaz Torcida boa mesmo

É uma

pelada

b?a.

meta

nove, a

gente

ficamos um ano e meio s

em perder

para

nmguem. Sem perder

para

n

ing

uém 

Qu a

lqu

er

time que vinha, a "Cil

l'

papava.

Aí o

tio

da 1

o tio da minha

esposa

, aspira, ele

j o g a ~

no

Bangu.

Bangu,

não . E le

jogava

no

Campo

Grande. ("Às vezes") do

Camp o Grande. E tinha intimi

dade com

esse pessoal aí,

no

Madureira,

ele levou o veterano do Madureira

para

jogar

com

a gente.

Po

r

todo ~ u n d o tarimbado,

os

vetenmo do

Madure

ira, não é? Não,

ma

s

~ ~ o a ~ a ~ t ? u

ass}m A gente fomos a um a zero a geme.

Não

teve ) Jeito. Aí eles pedmun

para ge

nte jogar de novo: "não, voc

ês

J.()ga

no

nosso

campo

agora-

jogar de novo

,

que

a gente-·· vamos

l

:_zer

tum

aj

-

n ~ a com

idinha para

gente

lá. ''Tudo

bem

, legal " Mas

deu op?rturud

ade da

gente

ir lá jogar com

ele. Aí tamhéll ,

<

llo

da

m1nha esposa saiu, - ele é

detetive. - Aí

ele

c o t m

a

faze:

um

montão

de

curso,

aí. E le

agora

é motorista.

Quando

0

p r c s 1 d ~ n t c

vem aqui, ele

é

segurança

do

presidente. Aí

não

deu para

/ l' ll fc Jogar

de novo Mas é se

mpre

bom A

gente (''não

jo

ga")

< ~ p o s t a d o ( Nego ) f"il'vou"'J

muito dinheiro na nossas

co:-.ta

.

IIII IIth t<lllu 111 n Soe l o i i i i \ J U I ~ ; I I < li

T XTO 2

Page 39: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 39/61

Amostra

NURC-RJ

(Recontato do Inquérito 233

(

Id

ade: 59 anos; Sexo:

ma

sc.;

Escolari

dade: curso universitário

LOCUTOR - Atravessado na rua. Um gol de um lado da rua e o outro

do outro lado da rua. E a garotada j ogava bola ali. Qmmdo passava um

cano quando passava um carro alguém gritava: Pára a bola Aí, parava

se a bola,

0

carro passava e o futebol depois começava novamente.

DOCUMENTADOR- Hoje

é

difícil não passar

um carro

ali ...

LOC _Hoje não dá nem

pra

atravessar, não é? E

nt

ão, eu. morava ali

na

pra .. ali

na

rua Visconde Silva

mesmo.

Botafogo. E aquele

negócio de antigamente, tinha turminha de rua. ( .. ) Fm la que

conheci

minha

mulher, e ela morava n

essa casa

que eu m

oro ate

hoje. E depois nos casamos, passamos uns :empos cleste.rra.dos,

ex ilados num apartamento em

Copaca

bana c afmal volta

mos.pta lá

.

E estamos lá esse tempo enorme, a nossa vida mudou mUlto. Eu

...quando eu casei, e u era muito p o b r ~ . Hoje cu t . ~ . n h o u

ma

.certa

foloa financeira, mas

por opção

conscie

nt

e, tranquila, emoc10nal.

afcdva e tudo. nós continuamos naquela vila. A casa foi toda refor

mada mas continuamos ali e somos fiéis ali,

não

pensamos

em

mudar.

Eu tenho impressão de

qua

ndo e u sair

da

li , vou

da r

: vão .dar alguns

passos pra mim e me enterram

no

cem it

ér

io que é ali perunho, é que

é

bem pertinho, é

bem pert

inho ..

DOC - ...é pertinho mesmo...

LOC _E é urna

casa mu

ito gostosa porque

é

ali em Botafogo, e entre

outras coisas tem um abacateiro que todo ano nos fomec.e .dezenas

de abacates. Nós dividimos com os vizinhos

porque

tem ~ z ~ h a n ç a

coisa

que não existe

ma

is no Rio de

J a n e ~ o

né. T e ~ vt.zmhança.

mas vizinhanças antigas. Todas as pessoas ali moram ha mm o tempo,

se

eu .. Provave

lmente

a

maimia mora há

mais tempo

do

que

e ~ .

Então são essas pessoas que que, eh, interessante, o filho, era pequem

ninho quando nós chegan1os.

Hoje

o filho

do

dono da

a ~ a

que alguns

já moneram

e tal, mas o filho

tem,

tem seus filhos,

,é o ~ t r a

geração. que brincam

com

os meus netos, entendeu? Então: e a s s ~

é uma , uma vila, hoje infelizmente tem

uma

grade porque hoJe prectsa

ter grade, né,

pro

portão. pra não entr.

ar s s a . l t a n t ~

etc. Mas te m:se

all uma tranqüilidade, mna vida assrm mutto. ~ t f e r e n ~ e : Tambem

naqueles dias onde.

ih ,

tá faltando ovo, vai pro vlZlnho, dtz1a:

Fu

lana,

quer me emprestar um ovo?

Introdução

11 A interferência das

variáveis

semânticas

elena Gn

1r

'

Nelize Pires de

Omr l l r l

Quando a Teoria da Variação se propôs a considerar as variantes rnorl'oss iu

í t i c a s pragmáticas e discw-sivas, além das tradicionais variantes fonéticas l'

fllll•

1

lógicas, introduziu-seautomaticamentewnanovadimensão na análise: asigni fiL

;''.

1,

Estando no fulcro da própria Teoria da Variação, é natural rnh ·

1111•

1

sobre a admissão de variantes significativas não tenha sido pacífica. 1\s

poste,

n,.,

de Labov e Lavandera, mencionadas anteriormente neste volume (Parl'dl -. l.ith"

1·ap. 8),

sin teti

zam

bem a situação. No entanto, tanto Lavandera, para tflll'ttt ,,.,

diferenças de significado contrariam os pressupostos básicos do rnotlelu,

tf' ' '''

l.:tbov, para

quem

o fato de existirem estas diferenças não interfere

IIL tll

eh ,

.

•nfcrferir

na

análise, convergem num aspecto central: para ambos a teoria ,

;111.1

1 1nnista não se detém nas questões semânticas .

No

enta

nto,

os est

udo s

das

var

iantes

ponadoras

de sign

ificado

l

d.t .

variáveis a elas coJTelacionadas atestam inequivocamente o oposto. Sabe-sL· qLu

t>

signifi

cado

lingüístico não

se

esgota no conteúdo lexical,

mas

deriva em g

r:uuh

·

parte dos contextos lingüísticos ou sltuacionais em que a forma ocorre. /\ssi1u , "

•nn fim1ação estatíst ica da relevância de grupos de fatores semânticos (c

pr ap111.t

1

u

o-discursivas) fornec e pistas confiáveis, ou mesmocruciais,para a identifi

ca,

,,,

•h, significado das variantes. Nos trabalhos relacionados a seguir. pode-se conslal.ll

,, regul aridade e consistência das relações

entre

variáveis (grupos de l aton·q

1

•l'lltânticas e formas

va

riant

es que

envolvem

qu

estões

de

significado.

No que se segue, trataremos de algumas variáveis semânticas. N:to uu .

dL•fl:rcmos em noções cujos conteúdos são codificados formalmente por c

atego1

t r:t llwticais (por exemplo , número, pessoa, tempo . modo, aspecto, mdt ·Jn ,

111oda li

<.lade

ou voz) por ultrapassarem os limites deste capítulo. Nosso 11.

1pil

o

Sl

..

, ingc a conteúdos que dependem do conhecimento de mundo e/o u

de 1

t l l

lt

' ' ' ' paru sua interpretação: animacidade, indetermina

ção

e grau de

11 mportante ressai ~ 1 r qu < · o cmni

nho

que leva àdcfin ição desll's

pa ri'

l l l l

l l l lt 

11.111 L i l;í li vre de obst:k1tlos /\,, L onlrano. os limites entre as c tll'

Jlon:t..,

111 111

l t l lp l l \ ; l l l llllidns; l l lU

Í I ; ts \L/e'·

d1 11111\llt''

·

f'l'l <JlÍL'Illl III

L llll ;l l l lh l

' l l ; l \ , I

L II I

dt•

clotl

LI II ILI

de

d i k l l

' ll l. ·'   s1111 • ,. , • .,, ""L'flldi.t s ( )u l ro t 'tlltiJlftc;uhtl l' u latu tiL · tl ln .t

I}()

u

:

snw categoria semântica poder ser expressa em níveis distintos. /\sslltl, P

\

IIII•

• i• 'lt III I• I

' I• I

,, III• IV• l

 o

., ,

IIII

I

1.

V I

5- /\ variação entre presença (5a) ou ausência (5b)

tk

pmrH lllll'

cu

p

1

• •

Page 40: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 40/61

traço +indeterminado], por exemplo, pode ser codificado

por um

morfema,

uma

est rutura sintálica ou

um

item lexical. Em suma, tanto a postulação das variáveis

semânti cas quanto a s

ua

identificação constituem uma tarefa complexa.

Conseqüentemente, deve-se estar atento

às

freqüentes divergências de rótulos e

definição de termos entre os autores.

Muito embora, pelos motivos expostos acima, esta seja ainda hoje uma

área pouco explorada nos estudos da variação, os primeiros estudos s o b r ~ o

português falado realizados pela equipe do PEUL

incorporavam categ

on

as

semâ

nticas, apresentando resultados consistentes.

Na seção seguinte, arrolamos algumas dessas pesquisas, especificando as

variantes

cujo uso

se associa aos três campos semânticos mencionados.

Variáveis dependentes

I

as variantes

1- A

variação entre presença (la) e ausência (I b) de pronome cópia em

orações relativas (Mollica, 1977 e Tarallo, 1983):

(la) Tinha ttt rapaz que ele

ia

tocar.

I b)

O

livro

que eu comprei 0 é bom.

2- A variação entre anáfora pronominal (2a) e anáforazero 2b) na expressão

rormal do objeto djreto (Omena, 1978):

(2a) ... aí você sabe do macete, o negócio é imprens

ar

ele, e le morria

de medo da gente.

(2b) A gente tinha que provocar uma tensüo no público e a gente

tinha que sentir0 , porque .. pra gente conseguir ogara agressividade.

3-

A

variação entre nós (3a) e a gente (3b) na expressão de primeira pes

-;oa

plural (Omena, 1986):

(3a)

"Nós

estamos preso num hotel. Voc ê pode nos .. nos ajudar?

''

3b)

A gente

encosta ela nas pedras,

joga

o equipamento

de

mergulho

tudo, sem equipe.

4- A

vtu·iação entJe sujeito preenchido (4a) e anáfora zero (4b)

na

repr

e

sentação do sujeito pronominal (Paredes Silva, 1988 e 2002; Duarte.

19

95

e2002):

(4a) Ela ganha bem, mas cu acho que ela devia ganhar mais porqul

ela merece .

(4b) Aí ele foi na França. 0 Botou o bicho pra voar. 0 Fez lá o baliio

1

1

 

co

nstruções de tópico na função ele sujeito (Braga, 1986):

(5a) A D Ângela, de matemática, ela é muito ruim.

(5b) A primeira página 0 é um primor

de

singeleza.

6- A variação entre os possessivos seu (6a) e dele (6b) (O li

veiral'

S

1

h.

1

1986, 1991):

(6a) A televisão enguiçou e suas válvulas quebraram.

(6b)

O mecânico

trouxe as válvulas dele.

7- A variação entre presença (7a) e ausência (7b) da marca de plur;d t11

concordância em sintagmas nominais (Schcrre, 1988):

(7a) ...os meus três irmãos ..

(7b) ... essas carne 0 congelada0 .

8- A variação entre as

pr

eposições a (8a), para (8b) , em (8c) r e g i d < ~ : •

(,

verbo ir, de movimento (Mollica, 1986):

(8a) Eu tenho o maior desejo de ir

u

Bahia.

(8b) Eu ia aqui pro sítio do meu tio.

(8c) Meu pai que

ia

no açougue.

9-

A

variação entre futuro do subjuntivo (9a), presente do indil'<tll\o ,.

 

orações condicionais conectivas (9b) c em justapostas (9c) e gcrundi11 1 ld,

(Gryner, 1990. 1998):

(9a) ...

se

(conectjvo) a gen te não passar (fut subj) de

ano

;1

vamo apanhá ...

(9b)

Se (conectivo) vocêJá a (pres. ind.) 1que ganhou na loteria 1. lll' 'll

vai te assaltar, vai seqüestrar sua filha, vai- , tá entendendo' .

(9c) (Just) Você mora (pres. ind) cm apartamento. você não faz am11:1dl

(9d) Bom, a bebida não

faz

mal sabendo (ger.J beher. m:t : . 11.11

1

sabendo (ger.) beber,

fa

z mal.

Va   áveis independentes

Os traços semânticos mais freqüentcmente e s t u d d o ~ loran1

Hl rllp:tdu

,

•  ' 1rês

blocos: ·

I anirnacidade:

[±human

o] [± animado[

7

inuclcrminação: I± genérico[ I [±específicoI

I[ ±

detennin:allll 1l 1 dt·ll

nidll l I

rcl'cn.'nll'[ I I'

JliÍilll

'

ro de

i t c ~ r r n t e

I <I Í IIIdl.' l 'pi, l (• l ltll .1

1111

' 'I .I II de

1

\Tll 'la  :

I

prm ;1\'l'llpos\1\l'll

Nas scçôcs

que

seguem. examinamos o papel desses

traço:-.

eonH1

' upm

( lla) Mas, como eu conheço meu chefe, c principalme

nt

e

rtl rrt

h,

1

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8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

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de ratores nos estudos mencionados, definimos e exemplificamos

os ratorc -.

envolvidos e apresentamos os índices estatísticos que comprovama sua relevância

para o uso das variantes em cada caso.

Animacidade

3.1. \.

[± h

umano]

O primeiro estudo sobre a variação nas orações relativas do português

carioca,

realindo por

Mo i ica ( 1977). revelou que o uso

do

pronome cópia na

relativa conelaciona -se positivamente à presença de um antecedente [+humano]

(peso relativo .68).

Na

presença de antecedente [-humano

.

ao contrário, o pronome

cópia tende a não ocorrer (peso relativo .32), o

que

indica uma associação entre

este fator e a presen

ça

de orações não-copiadoras:

I Oa) Tinha um rapaz que ele ia tocar

(lüb)

Tinha uma

c s

do outro lado, né?,

que 0

vende toalha.

Os resultados

do

trabalho de Tarailo ( 1983), onde se anaJ isa a mesma variá

vel

em

um

cO  ] Us

distinto, coincidem coro os de Mol

li

ca: [+humano  (.66) vs

l-humano   (.34).

A análise da variação na concordância nominaL rea1 izada por Scherre

(1988), também teve essa variável selecionada, embora

com

taxas pouco pola

rizadas.

Na

amostra dos adu ltos, os índices estatísticos são: .55 para [+humanoJ

e .45 para [-humano ; na amostra das crianças, registram-se pesos relativos

semelhantes: .54 para +humano] e .46 para [-humano j.

3.1.2 [±animado

I

O traço

animado  é

um

dos mais

dif

undidos nos estudos de variáveis

portadoras de significado. Omena ( 1978) analisou a variação entre anáfora

pronominal -

ele a s -

c anáfora zero, isto

é,

entre as formas de expressar a

terceira pessoa, na funçãode objetodireto. Os resultados obtidos são bem marcados:

os sujeitos animados tendem a ser referidos pela anáfora pronominal. com peso

relativo .83,

em

oposição aos não-animados, com .17. (cf. exemplos

2a

e 2b).

análise da variação entre construções topicalizadas e não-topicalizadas

realizada

por

Braga ( 1986) tambémaponta a relevância desse contexto (c exemplos

'ia e 5b). Nas const

ruções

topicalizadas, novamente a variante copiadora é

fa

vorecida por SNs [+animados

J

(.65) e desfavorecida pelos SNs [-animados] (.34

).

Paredes Silva (1988), ao estudar a alternância entre

SN

pleno, pronome l

an:ífora e r o

cm

sujeitos de terceira pessoa na escrita informal, também constatou

a forte corre

la

ção entre o traço animado e a escolha da forma pronominal.

<h

n

·

fcrentes animados

(11

a) apresentaram peso relativo de .75 para uso do prono11w

op

ondo-se aos inanimados

(11

b).

com

peso de .25:

mãezinha, sei que

eles

iam me fuzilar pelo telefone 

(

ll b

) Ia me esquecendo, a B. e a

A. já

revelaram

al

gumas folns t

Ficaram legais.

Essa correlação foi confirmada na análise de dados de fala que

co

111

p.

 

1

amostras de duas épocas (Paredes Silva, 2002, no prelo)

. , Dua1te no prelo) analisou também as mudanças

na

r

epr

csl'

nt a,·.

 

,

va

na v

el

do SUJerto,

compara

nd

o amostras de 1980 e 2000. Os resultados indil.ttt t

q u e ~

.embora os

~ n d i c ~ s

atuais tendam a aproximar-se, mantém-se a corrcla,·an

pos1hva entre arumac1dadc e preenchimento do sujeito. (Cf.

l2a

e b):

(12a)

till1a

bateu com o Fial.

0

Desmanchou ali na Oswaldo

(

1111

.

(12b)

ele foi na França.

0

Botou o bicho pra voar.

0

Fe

z

o

haJ;

11

1

Os resultados pode m ser vistos na tabela 1, abaixo.

. .

Tabe a

~ - C o r r e l a ç ã o

entre animacidade

do

referente e preenchimen

to clm

s

u.JeJto

s em dors momentos

Amostra 80

Amostra 2000

Trªço

do referente

[+animadol

.

52

.57

[-animado]

.31

.48

Oliveira e Silva ( 1986), estudando a variação dos possessivos

(seuldl ll

l.

ronstatou que o traço [+humanoj fomentava o uso da forma seu. Posteriormenll'

a

p c s q , u i s ~ Um caso de definitude

(1991) discriminou quatro categorias relacin.

ll

<das a aruroactdade: animal ( 13a), humano (13b , conjunto

in

animado de human

1

I

k

e inanimados

(J

3d). Os resultados estatísticos constam da tabela 2:

(13a) A cadela cuidava de seus filhos.

( 13b) Roberto Carlos .. no seu tempo de tenor

.

.

(13c)

A nossa família sempre

se caracterizou pe lo espírito d

1

cooperação de todos os seus membros.

I

3d) Aluguei

um apartam

em

o

lá ..

Eu

acho que o maior dcfi.·ttn

dele é ter um papel de parede velhíssimo.

Tabela 2- Correlação entre animacidade e uso do possessivo seu

Po

ssuidor

Animal

.24

lluntano

.34

Conjunto inanimado dl t kn wulos humanos

.60

lt .t lll

l

ll

.tl lt)

o

'id

li

,.

,,

I•

I

I

I :o Jl ,,

II

,,

li

u:.ll<

'I

Observa-se yue o

que

mais favorece a forma

se

(.g())

é o

poss

r11dut

sl' r

i11a11imado. Na direção oposta, o que menos favorece o uso desta forma

é

precisa

A IIII• •i

lo i

'III .o I

1 •

1

  Vo III

• IV• 1 ·, '•'

''' '' Hii•

o''

Os

rcsullados da

tabela 3

indicam

que

antecedentes esrl'ctl1co.,

l' 11.t11

Page 42: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 42/61

mente o traço [+animado), partilhado pelos dois fatores

de

índices mais baixos:

animal

( .24)

e humano

(.34).

Em síntese: os resultados da análise dos vários fenômenos que envolvem

variação entre a presença de pronome pessoal, por um lado, e, por outro, a sua

ausência

ou

a presençade uma forma alternativa, permitem concluir: referentes

animados ou, mais especificamente, humanos co-ocorrem preferentemente com a

variante pronome pessoal. Inversamente, referentes não animados c não

humano

s

tendem a co-ocorrer

com

a variante alternativa.

Indeterminação

Vários rótulos estão associados

à

noção de

indetermi11açào do

SN. embora

nem sempre os autores os iclentit1quem explicitamente com essa categoria e m â r ~ t i c ~

Além ele

l±indeterminado]. são usados os traços l±genéricol.l±plurall. [±colel.lvo].

l±indefm.ido], [±abstratol. l±rererêncial'. entre outros.

3.2.1 {±espec fiw/ [±coletivoj

Mollica ( 1977) identificou dois contextos que interferem marcadamente no

uso do pronome cópia, ambos relacionados à referencial idadedo SN antecedente:

i- l±específicol

O antecedente (+específico I caracteriza-se pela detetminação: presença de

artigo definido, demonstrativo e posscssi vo; e o [-espec ífico 1. pela indetenninação:

presença

de

artigo indefinido,

pronome

indefinido. quantitativos c item lexical

indefinido (como: a J?ellfe a pessoa, c

oiw

. etc);

ii - [±colctivo I

O antecedente [+co letivo l abrange os SNs no singular que se referem a

conjuntos de elementos (nomes classificad

os

tradicionalmente como coletivos)

c

os SNs plurais.

O

[-coletivol diz respeito aos

SNs

no singul

ar que se

referem

a

indivíduos

(no

mes no singular classificados

como

não-coletivos).

Tabela

3-

Referência [±específica 

c l

±coletiva

I

do

SN c

o uso do pronome cópia

Referência

Pronome

cóp

ia Referência Pronome cópia

[+específico 

.65

[+

coletivo]

.35

r específicoJ

.35 [-coletivoj

.65

1. Adot

oU-\C

aqui u noção l ü s s i c < ~ de referência. A

r c ~ p

de uma vosão m<us reccmc n:fcr

cuuapo "'  '

11111

processo.

c o n s u LKO

CH.

J.V.

&

1\1ARCCSC l1 L A.

Pnxeo;so'

de

referenctaçao

na

p

rod

u,·ao

di\O:III'"·'

) E.LT.I\ . u"

Especial.

199X

, p.l67- l lJOI.

voldivos favorecem mais o uso do pronome cópia.

3.2.2 /±determinadoj e [±definido]

No trabalho sobre as preposições regidas por ir Mollica

(J

986) c o r n · ~ ~ •11 1

as

variantes a, para e em a

do

is grupos

de

fatores [±dcterminadoj c l±del'inid"i

a) [+determinado] é marcado pela presença de determinante

c

1-dl'IL'

' ' '

1ado]. pela sua ausência;

b)

+definido] é identificado pela presença

de

artigo definido, possL'ssi\Cil

demonstrativo e [-definido] pela presença de artigo ou pronome n d e f i n i d o fli'LI

ausência de qualquer determinante.

A

tabela

4

combina os fatores descritos em um único grupo. Os lll

t h

o·,

desc revem os usos das formas padrão:

abela 4 CorTelação entre r±cteterminado] e [±definido] c prCSl'lll,:

l

preposição a/para

+

determinado

+definido

.3]

+ determinado

-definido

.43

- determinado

+definido

.50

- detenninado

-defin

ido

.73

A

escala resu ltante revela que

as

variantes padrão (ir a/para) são

llt:th

l.t\orecidas

(.73)

pelo fator que enfeixa

os

dois traços

de

maior impn:ci >.;tc l

(j1ndeterminadoj findefinido1), e menos favorecidas pelo fator constituído pl'lo•

lt

.t,·us ( determinado]

[d

efinidoI), os mais precisos.

O

inverso ocorre com

a

vari:t

lllc

·

11

.1o-padrão (ir em).

3.2.3

[±determinado

e

/grupo ±J?rande]

Proposta semelhante é encontrada no estudo de Omena ( 1986), sohn· .t

• .utaçflo do pronome de prime ira pessoa plural. Para testar a permanênciadiacnlntl

:t

l ~ < t t : O

l+indeterminaçãoj na variante

a

gente.

que a le

xia

original

gcnle IL

111

"

ln

ente colctivo e indeterminado, a autora propôs dois grupos de falores:

a) a dimensão do

gmpo

referido, definida pelo número de inclivíduus:

h)

a

indeterminação

do

referente, definida pelo grau de imprecisao da

" 'ktc·nc

ia

às entidades do mundo extralingüístico. Exemplos:

( l4a) Nós falamos gíria, coisa que não tem nada a vt r com aqt11ln

que se há .

n

é?

(nós =

os

jovens, grupo grande.)

( 14

h Não

L  porqttL

o anivers<írio dele é dia vinte

e

Ullt

t f l l l

n l l lfo  

nao

vai f':ttl'l

11<111 I l ; ~ t no

outro

s<Í

hatlo.

(a , l'tll

l'

a

ltllllt:t

di'IL  gtllpc 1 lllil' lllh'dc ,u 1 > )

J11J1t

1

li

1• , I

I•

1 1

I

0

1 li

h

II

I\ J l l l I

I

(14c) Se briga, a gente sai no tapa. (a gente= ele e o innau. l l l f l

pequeno [até 4 elementos])

1\

Ir

Ih.,,, .,, '111

11

I I I  : Vt II I< lVI '1 .

r.

• t I lt

11

d

·

I I '

'  i

iii

- possuidor [+específico  (l7a) vs L espcdflcoj (17b):

Page 43: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 43/61

Estas categorias também foram combinadas em

um

único grupo de fatores

(cf. tabela 5):

Tabela 5- Con·elação entre determinação/dimensão do grupo e uso

de a gente

Indeterminado _& 'ande .72

Indeterminado pequeno/intermediário .55

Determinado grande

.50

Determinado pequeno/intermediário .26

Observa-se que o fator que combina os traços [indeterminado] e [grande] ,

os

mais imprecisos,

fa

vor

ece

mais o uso

de a gente, em

detrimento de

nós. Ao

contrário, o

fator que combina

os traços Ldeterminado] e [grupo

pequeno/

intermediário], os mais precisos, tende a desfavorecer o u

so

de

a

gente

em favor

do prono

me nós.

3.2.4

f±d

e.f

inid

o]

[±concreto] [±espec(fico] [±referencial

Em 1986, Ol iveira c Silva atesta pela primeira vez a corre lação entre o uso

do possessivo

seu vs dele

e a referência [± específicaj e l±definidal

do

SN

possuidor.

Em

est

udo

posterior

(1991 ), a

autora

aprofunda a

análise

d a

(in)determinaçclo, su b-categorizando-a em : especificidade

1

,

conrretude

,

referencia/idade

3

e dejlnitude•:

i-

po

ssuidor formalmente definido (15a) vs. formalmente indefinido (15b):

(l5a)

Tinha uma casa e a

ge

nte de

pinaça jogava pedra

e quebrava

o telhado dela.

(15b) O indivíduo vai procurar uma terapia, o super-ego dele está

levando o corpo dele para a terapia.

ii- possuidor concreto (I 6a)

v

abstrato( I6b

:

( I

6a) ...

asso

a

carne

com

aquele calorzinho dela.

(I 6b) Essa democracia .. ela tem mostrado seus efeitos positivos.

2. A autora. baseada .:m Dubois (

1980).

dislingue entre referente

l

+específico], cm que

"o

falante tem um objctn

espccílico em mente. mesmo que o ouvinte não seja c ~ p a z de identifica-lo"; c referente [-espec íftcnl

onde "é o conj un to que está na mente

do

falante".

3. De acordo com a conceimação c .: reiePúncia formulada por Searle ( 1969), Oliveira c Silv a ( 1991) distmguL '

ca>os cm que o '·o falante pode. se lhe for pedido, fomcccr uma descrição idcmiticaclora do objeto''. dos caso" 111

que, ao contrário, "o referente não é identificável".

4. A aut ora classifica como SN formalmente definido o nome precedido artigo dcfinit.lt> .

nullll't.d

pos sessivo c dl:moustrativo. o nome próprio e o pronome pessoal: e co

mo

SN

fomwlmclltt· lllllt /lutd"

" nome precedido

de

artigo

ou

pronome indefini

do

c n nome contável c pluml

11

ão prctT  Iulo p11t illl tr "

(17a) ... omeu pai, homem de trabalho, lutador para educ<u·o

: .

SL

tl

s III lo• .

(17b) A mulher foi feita pra casar, pra ter seus filho ..

iv-possuidor

com referência

(l8a) vs

sem referência (18b):

(1 8a) Roberto Carlos .. no seu tempo de tenor ..

(18b) E havia mesmo o período de que o indivíduo limitava a :-.

11

:1

alimentação, né?

Os resultados estatísticos (cf. tabela 6) apontam a relevância de ca

d.1

11111a

Jas

quatro categorias:

Tabela

6-

Correlação entre (in)determinaçclo e uso do possessivo .\

t

/1

T determinacão

Peso relativo

r

Fommlmentedefmido

.17

Formalmente indefinido

.83

I I

Concreto

.17

Abstrato

.83

JU

[+específico

.38

l-específico

.62

IV

com

referência .

28

sem referência

.72

Observa-se que,

em

todos os grupos de fatores, a variante s

eu

nHltt

'' "

'

1

,

elerentementecom o fator

indeterminado

( .e. : indefinido, abstrato,

1

 es

pcn iH ,1

,. sem referência). J:nversamentc, a variante dele tende a ocorrer

co

111

, ,

l.

iftll

,f,·t<'nninado (i.e.: definido, concreto, +específico] e com referênl'

ia

)

h l 

l t a d o

confirmam inequivocamente os resultados obtido

s

0111

:

11

1

,

, .

11

tt·ncionadas anteriormente.

.1.2.5 /±referencial e [±genérico]

O estudo

de

Gryner (1990) sobre a variação entre subjuntivo c

JJ

HIH .t l

l\ct

' 111

orações condicionais

5

também considerou a variável referência do

, \

p.111ir da combinação dos traços [±referencial] e l±genérico], propol'

Sl'

11111 .1

1

,,

ala do

que

poderíamos denominar

extensão do referente do SI4eito

(r

d n i IH  i,l

t ''

'· .., referência

particular>

referência zero :

I ) l f l t n I

I

Idt•

tlhll.

:

\'

i l l l .h II I I J d u k

lllflitf

d ,. de.· t ' l l l ' :IHHih   IU II;t l \ jltlh lh

1

111

, d  • ':1

p h lh I Jt)i iO) .lltl :

Ht

.tl .• d .t· ' l ll.t l ltt \

ll

l lllt. 1  0 ' . llhJI

I

II

I I \ U

· 1 \ t l l l l l l  l li \· I' I

IIII

I

lu lthlh .

til\

o

1 1

  1

t•

IH III\

.1

Jlll . t lll

t d 11

ti

d11 ( 1 pi 1 1

I i '

1

1

,

1

l l l l l t l tu

i-

 +referencia l] +genérico}

1\ 111 f• II

I

lo

'

III

I•

I<

1•1

 1

Vo ll l•

I

I

I

l o ,o

l

llolloh• 1 1·,

Vale ressaltar que, embora as

r i ~ õ e s

COITcnlc:-: nao

co

n

-..uk l

llll . 1

oposiçao entre pronomes indefinidos genéricos e indefinidos nao n:

kl t

'

IH

"I

.II'

Page 44: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 44/61

o

sujeito da oração condjcional tem referente genérico,

no

sentiJo

de

abran-

~ · c r wdo

ou

qualquer

indivíduo de um conjunto (cf. 19a)

6

: •

1:'

(l9a) Se você

fala (i

nd) [que ganhou na loteria]

...

nego vat

te

assaltm·,

vai seqüestrar sua filha, vai- . tá entendendo'?

ii-

[+referencial) l-genérico .

o

sujeito da condicional tem como referente um ou mms

i n d i v í d u ~ s

particulares. Incluem-se todos os referentes que não arrolados na categona

precedente

(cf.

19b?: . _

(

19b)

eles 1

ala

-] ele

rala

se a gente

L=

os

do1s 1tlhos] passar (fut. _sub;)

de ano

eles não

dão

(pres. ind.) um vidcogame pra gente, outra cmsa e

c

se a gente

não passar (lüt.

subj.)

de

ano a gente vmno

apanhá.

iii- (-referencial] . _ .

o

sujeito da conJiciona1 não tem referência, no sentldo de que nao se refere

a qualquer entidade identiricável (cf.

1 9 c )

(

19c)

Não quer [=querem] (in

d)

dar aumento, aí o pessoal faz greve.

Tabela

7-

Correlação entre referência do

su

jeito e uso do subjuntivo e do

indicativoem condicionais

Referência do sujeito

Futuro subjuntivo

Presente indicativo

l+rcferenciall +genérico

.39

.65

1

+referencial] [-genérico

1

.49

.50

[-refercnciall

.62

.36

A escala proposta mostrou-se relevan

te

para o subjuntivo e o i n ~ c a t i v o

Condicionais

com

sujeito genérico, cuja referência se estende ao conJunto de

indivíduos tendem a ~ o n · e r com a vatiantc que veicula conteúdo

real-

o indicativo.

C o n d i c i o n ~ i s

sem s

uj

eito referencial , que não se referem a nenhum indivíduo

identificável. coocon:em preferentemente com a variante que veicula t e ú d

não real _

0

subjuntivo. Condicionais com sujeito não genérico, que aplicam a

indivíduos particulares, ocorrem indiferentemente com ambas

as

vanantes.

6. É c a m c l ~ r i ? . a d o pelo us0 genér

i

co

de

a) pronomes pcsso;us (ditos

'

·indctinidos''):

a

genre. \'Od,

,'"_e e

u: c ti<

b)

S

\'s indefinidos:

11111

cara,

0

wjc itu, nego,

n

eg

uin/

1

,

1111111

pex.wa , 11

pe

sma (paratraseavcJS por

11111

indiwcliw qualquer) c peo uso ti

.:

colctivos:

0

pm·o, a wrma,

o

fJess: al r a f r a . ~ á v c l pm·.w _Jos M ~ ~ ~ ~ ~ I

7.

Ou

seja

.

SNs com referen

tes nflo

gené

ricos

(não co

le 1vos c

nao

e n n m , ~ d o s

pt1r

arllgos tndc 111idl"i

nomes.

pronom

es

p..:s

s<>

ais c

pronomes

adjclivos

nflt•

indefinido'

( p o s s e

c n b l r a l l , ) .

l. 0

sujeito pode ser:

a)

um

SN (não-genérico ) ind efin

ido

<lU b)

indete

rmJ

nado

:

u m : ~

nraçan:

ti l

1111

1

C

lnlc

xlo

i s c u r ~ i v o / u a c i o

e

c) zero (i.e.

a tmoção

co ndi

c

ion

al

não

ap r

cscn

w

l l o

l

onna

l

lJ Os

resultados para refcdnl'iado sujeito diz.:

m

espeito

às

variantes

mais

polantadas: ,uhp11111V I

''111

roll<','lll I

1• mdkat ,

o cm ju-tapo,t:". ana

lisadas

,cparadmnenk

(indeterminados) ,

a

escala proposta

não

constitui um constructo

ad

ho

c,

po  o lul.ldt1

para esta análise. Correlações semelhantes

"oram

atestadas por Mollica (

1 J

11

l

1

Lavandera (1984).

No

primeiro estudo, mencionado acima. a \ ar1a11l< '

determinada é bloqueada

na

presença de subjuntivo; no segundo. pronollh

 

pessoais genéricos associam-se preferentemente ao indicativo.

Atitude epistêmica (grau

de

certeza)

As variáveis descritas acima se relacionam

à

referência do SN. Tratarcrnm.

por último, de um outro tipo de variável semântit:a, relacionado ao conteúdo

d.1

mação. Citaremos apenas um caso, o das orações condicionais.

A tradição gramatical distingue três tipos de condicional

10

: real. poten

n.d,

1rrcal

11

• No estudo das condicionais potenciais. acima mencionado. (Grynt:r. 1<)<Jil

\' 1998), o uso das variantes subjuntivo e indicativo

foi

correlacionado à atltllll,·

cpistêmica

ou

grau de certeza. A condicional potencial pode apresentar dois 'I 111

·

dl' certeza, de acordo com a maior ou menor probabilidade que o falante

atnl1111

.1

tl'<ilização do fato enunciado: i-

 provável] - a

condicional

é

uma

e n e r a l i ; ; ~ t , : l t l

,. a oração é pm·afraseável por sempre

que

(20a); ou [possí1 •en - a cnnd ilt

on;d

l' uma eventualidade e a oração

é p a s s í v ~ l

de ocorrer com

por acaso (20hJ

(20a) ... se l= sempre que] tem (pres. lncl.) uma pessoa

ÚOl'

llll <li

vou lá, ministro o jurei ..

(20b)

se

ltJOr acaso] a

gente

passar

(subj.)

Je

ano

ek..,

dn11

(

1

H  ·

ind.)

um

videogame pra gente, ... se [por acoso j a gente 11.11 f ll ,,u

(subj.) de ano a gente vamo apanhá ..

Os resultados estatísticos obtidos confirmam a correlação entn·

l o/

•,,f•t J

deu/e

l S

possibilidade

e a escolha do modo verbal. As condicionais

IJJ 111•'" 1 

I

II "'' LIIH.lo u pcn•pectiva.

n

mesmo fenômeno tem

s

ido

de

scrito com

ba

se a) no

, a

o1

d1

· ~ o l . o o l · ,1,

1

0 , : ~ h)

nas

"at

itudes

cpistémicas"

OL1 "graus de ce

rte1u

·· do falam

c

em ~ · a o ,

""'' """

'l''"l''"dnnal) d1 oração

(cert

o,

poslii el

c

impnssf1

·

1' ) :c)

na

p r c s s u p o ~ i ç i l o (j(uua/. nt7ofam

1

i/

1

n•nlto/ollll,,

,

11" l'lllllll'Íauo

ou

anda d) no grau

de are.Hibilidade do

conteúdo

oracional

anna7ena

tlll

ua u

11

11

1

11

,

1

li

\ n ·a/ .<«J pr

essu

põe a afirmação

do

conteúdo

proposicional veiculado.

i.c.

afirma a

n·al11.,, .., "" 1 "

""'' luln F

panúnt..:

ávcl

por

jcí que: lern o

\eriJo

invariavelmen te no indicatho:

a irrm/

tbl p11-.'111'-' " "' ''·''· '"

1

  l.

ohl

I

IHIIICadn. nega ;,ua rea

li/ao;iin:

tem o

verbo

invariavelmente no imperlcitn

du

,UhJIIIII

I\o:

, .

1

,,,,

11

,

1

J/

ILI

11

llll

  ll

fl x;

a

alin11ação

ncnt :1

~ ' : t \ '

dn

fato

enunciado, i.e

. não

alinna a U: I

tcal

u ot

·;u•

tlt  

tl l

.1 '

 

·

11.1o

IIi

1o l

l apl\'"•111:1 0 VJ:rho lJIII

'I

IIII 111 < 1 111 1• (IIII

i

1é11

Clo)

Jo i n d i ~ ; I I Í lJLI

C no

JÜ IUIO elo ' ii

lo

plliii\U

l

oi

l

I 111:01

0. <

11

:il b

l l J I I kl O "'1'11

1111

1

11

1

l

llll

'

lo·o,·( I' cilld. ) 11111 SC

I 1111111:

1111

Clll<uo

\ 11

'1•

h

ll

l olllo l

oo olo

l.

d;U

tl l j l l l \

llt

 l- tJUI\1 1,

.t

.'

tloJ 'llcl'

lllo\

1/ll'lt/

h•q

/o>ll

('i

ll •tfi·I•Li ol

olllooool

•ololl'lllo'lflllllhll

hl

flllll)qll '

1

1111 11 ;h

.tl

loo o·Jo1ooii .IOII

• •

11l1

lt H

1

11

IIU

lt f i iU \

1 0{/11\\t

, {1,/t/ J

IIII

I I I I t I I h t

IJt lll

llit) )I iiir •r h < • III <I ollt ln lli i<llll'o h t I

I

. 1 ottanto de realização mais freoüente' , tendem a ocuiiL I l '

PII

'

g

L II

tra tl.l.tl as c, p , - · ·• . . . . . . . . .

· 1 

..

uvo (

65 para

indicativo

em cone

c

tiva

s e .58

para

md1cat1vo

em J

u

stL

tpost.ts

l 2

Variáveis

discursivas sob a perspectivo

Page 45: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 45/61

O 111( ICd · · -

aJ

d

vs .35 para subjuntivo). As condicionais [possíveis ~ r e a l i z a ç a o eve.ntu

.•

em

a correlacionar-se com

0

subjuntivo (.68

para

s

ubJUntiVO

~ s . 3 5 paramd:c attvo

conectivas e .42 para indicativo em justapostas)

13

, a partir da conelaçao

entre

os

fat

ores provável e possível e as nuances de significado e p e ~ d e n t e s contexto.

d

e interpre tam lincrüi

st

icarnente

os

resultados

es

tattsttcos obttdos.

A

quan

o s o . . . - .

an-

Como variáveis ting

üí

sticas internas a tnflUJr na v

an a

çao, os

tra

ços

sem,

ticos constituem um

campo

aberto

à

investigação. Po de-

se pensar

e ~ 1

~ o n t ~ x t o s

que

indicam

ambiente

aberto c

fechado; re:ercnte

c o ,

dupl

o,

1 ~ f ~

rência d i eta ou indireta; avaliação pejorattva, afet1va ou neutra.

Sao perspect

i

vas

várias a desafiar o pesquisador.

Exercícios

1) Selecionardois pe riódicos dirigidos a públicos socialmente distintos.

Escolher um dos exemplos de variação

me

ncionado no texto. Testar o

efeito de alguns dos gmpos de fatores semânticos p r e s e n t a d ~ s pelos

autores para confirmar ou não

a sua

relevância no uso das vanantes.

2 Observe

0

desempenho de falantes

o - e s c o

a r i z a ~ o s do portugu

ês

carioca. Na rala deles, algumas das variantes menciOnadas

no

texto

podem ser encontradas em contextos [+animado \ .

a)

Procure em

alg um corpus

de

falantes escol

ar

1zados

exemp

los

dessas

mesmas

variantes. . .

b) Até que ponto elas

ocorrem

no mesmo contexto? Procure mdtcar

outros contextos de oconência.

12 .Tanto em condicionais

c o n ~ . : c t

quan to

r n _ i ~ t a p o s t a s .

. _ . . .

9

l )·

13.

o

que nos perm itiria

p o ~ t u l u r

uma

~ c a l a ep1stêmtca

de

cmco

< ~ U s (d

. Gtyner.

I 9 ·

CONTEÚDO

EXEMPLOS

IN DI

CA

TIVO

SUBJU

NT

I

VO

REAL

Corre

I

o

PROVÁVEL

COII'

C>COl

TCf

.65

.35

POSSÍVEL

correr>corre

.35

.65

IMPROVÁVEL

corresse

o

1

ll\-1POSSfYEL

c o n c s

t

iv

esse corrido

o

da Teoria da ariação

Introdu

ção

A imp011ância teóric a e metodológi ca dos estudos sobre a língua cm u-.c' ,.

inegável.

Exposto

à

conve

rsação, o

hom em

ad

quir

e a

lin

guagem art i

cu

lada ,.,

r.;imu ltaneamente, as

formas

básicas de socialização.Por outro lado, é um tnus111n

lem brar que o sign ificado de enunc iados e de itens

lexicais

de verá k\<11' 1 lll

consi

deração

o contexto lingüíslico e situacional

em que são em

pregados.

Em face dessas considerações, poderia parecer surpreendente qth ~ ~ ~

recentemente os estudiosos da linguagem

art

icu l

ada

tenham e

sc

olhitl(l co t iH

material de investigação

fenôme

nos

de âmbito

e estrutura superiores d 1

sentenças,

que

recentemente

tenham lncorporado às suas anál i

ses

o p;qwl

desempenhado

pelo

contexto. Talvez não pudesse

ter

s i

do

diferente. Talv

e:1

t

i\( .,,,

.

o

ido necessário à ci ência lingUística construir gradual e lentamente o seu ohjt'fl t1 

metodologia de pesquisa.

Ta

mbém não

d

eve

mos subestimar as dificuldades iner entes a tal abo

rd

<t l'

tll

Se

é

inegável que o discurso possui uma estrutura, marcas e carac

ter

ísticas qut·

autorizam a

identif

i

cação de

produções di

sc

unüvas concretas,

perceptí

veis pelu

...entido, é igualmente verdade que a liberdade, a flexibilidade, a negociação tk

l''>qucmas e estruturas no nível discursivo

são mais

amplas.

Cons

egüenlemCIIIl'.

111aiorcs

as

dificuldades a serem enfrentadas pelos estudiosos q ue se avcntura111

pt:las vias do discurso.

Neste capítulo ,

co

nsideramos

como

certos aspectos di s

cur

siva s podem Sl 'l

:d1ordados e investigados sob a perspectiva da metodologia da Teoria la Va ri:u;:11 '·

Vale

l

emb

rar,

como

ressaltado previamente,

que

a inclusão dos aspectos discursivo

-.

.

l'llquanto variáveis in

depe

ndentes,

susc

ita

problemas

cruciais a esta metodo log ia

> 1 abalhos a

que

nos referimos a seguir

devem

pois ser

enc

arados

como

pas-.c...

p11 liminares

à procura de wn cam

in

ho ainda

n

ão

explorado.

Desafi

ad

os

pv lo

lt

111cionamcnto discursivo. seus autores se questionan1 sobre os limites d < ~ 11 11 .1

' :11

i í

vcl c correlações discursivas. Poderão os aspectos discursivos ser 1

aclm

1H 1 mna metodologia que pressupõe uma anál isc quantitati va s : t .,

An1cs

de

pas

sarm

os i1 L onsidc ra<.:iio do s trabalhos pL I 1 im· n1

l's

, d1 1

1

s

h

l

'l f

azem se

llL

TI'ss.l ll.t s

Jl l

'

lll

ll'tra rclm:i

1H1

a o c a

. . : e p ; : ~ o

til' d h l I I I SII

1 o1

sl'l'liiHia di

t rcspl' i

n ao

..,

"

IIIJ11' ' l . t l

d l•

t.:a

ral l'l'

di  >

\ 111

"' \ 1

Sl

' ll 111

kllcl11

•.

h

1111 11

h

h

,t I\

I I

I

:i<

11

h1

1111 )IIJ:.

I

< I I

l' a própria estrut ura do

aJt

igo. Discurso

é

usado aqui

in

tercambtavcl

lll

l:llll'

LOIII

texto'. referindo-se os dois termos ao produto de um ato comunicativo.

Vt iii I

V t% •ll:il

l i i : . I V C J ~

$1JlJ ti

Jll % ) 11 '1 hV

CI '   I l•·C•IItl <h

i

V< ll

h h ,,, I

I II

I

(

1

>.E: C a r ~ qu

an

ta

operação

E

nen

hum

a d

ela...,

você

k w

l'OIIIplll.u

  ·

" '

Page 46: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 46/61

Quanto

às

variáveis independentes de caráter textual, serão reportadas

aq

uelas

que fo ram mais sistematicamente examinadas: o stat s informacional de itens lexicais

(Braga, 1984; Berlinck. 1989) e de o

ra

ções (Paiva, 1991), a ser desenvolvido na

primeira parte deste artigo;

as

pectos da coesão textual (Omena, 1978; Paredes da

Silva. 1988), relacionados a fenômenos de nível moli'ossintático c oracional.

a

serem

abordados na segund a parte; e, por fim. relação semântica de contraste, em sua

aplicação

a

fenômenos da esfera morfossintática (Moll ica, 1984: Paredes da Silva.

1988): oracional (Oliveira c Braga, 1997) e discursiva (Gryner, 1990),

a

serem

considerados na terceira patte.

A

conclusão

é

apresentada na quarta parte.

Status

informacional

Nos últimos anos, autores diversos

têm

salientado como

a

aplicação de

certas regras lingUsticas depende do

status

informacio nal dos itens lexicais nelas

envolvidos.A título de exemplo, podemos citar o emprego dos artigos e a atribuição

de

acento primário a constituintes da oração. Usualment

e,

os fatores da variâvel

status informacional remelem às categmias de Prince ( 1981) - 110\ o, evocado

e i l(

(eríve

-

e

de Chafc

(I

987) -

dado, 1101 0

e

acessíl'ef

- ,

em

versões

adaptadas às preocupações teóricas e

às

necessidades do pesquisador. Embora

possa haver uma aparente superposição entre os conceitos propostos por Prince

e Chafe. vale lembrar que os mesmos partem de primitivos diferentes: a primeira

aliccn;a sua tipologia no texto, isto é, a identificação do status informacional dos

referentes leva em cons

id

eração sua menção

ou

não-menção na seqüência textual

an

te

ri

or ou sua presença

no

contexto situacion

al

2

;

o segundo adota uma ótica

cognitivista e considera a presença do referente no foco de consciência dos

interlocutores.

No Bras

il

, essa variável

tem

sido empregada, principa

lm

ente, nas análises

que buscam uma explicação para a ordem dos constituintes não oracionais (Braga,

1984 , 1988; Berlinck, 1989) e da ordem

elas

orações que constituem um

n ~ m c i a d o

complexo (Paiva,

J

99 1 . A seguir. nos referimos a alguns desses trabalhos.

Ao

estudar as construções de tópico, Braga (

1984, 1988)

mostra que

a: .

correlações entre posição mais à esquerdade um constituinte e status infonnaeional

de seu referente são importantes. Sob o rótulo de construções de tópico sãn

incluída-;, entre outras, aquelas semelhantes a ( I), a seguir:

I. O

me"1

10

va

le para

us

adjetivos: discursivo

c

textual.

: ./\

idcnlifiração do; chamado' ·

no

vos disponfveis'' e "inferfveis",

o r é m t r a n ~ ~ ~ m k

os

l1111

i t

c\ lnlnai, . l lur.r

an:

í

l i .: desta li]K>Iogia

é

aprc,cnlaoa

c111

Braga & Oliveira c S

ilvil

(199-0.

ass

1m

? Nao?

f :

N

ão

,

,'Taças

a Deus. Não. Tive não. Não tive não

E: t e ~ lemhmnça desagradável nenhuma em reiação a elas?

F: Nao: nao,

correu tudo bem.

né? Pós-opera tório, todo

1111111

tf

0

(Na36)"

/t II

I

,

o r a

d ~ t r i b u i u os SNs que ocorreram

na

posição mais à C :>qucn1;

1

1

c

1

.,

~ > p ~

em

tres subgrupos, consoante

o

referente dos mesmos fosse

1

11111

,f,,

11

 fenve1

ou

1101 0,

categorias que remetem àquelas propostas por

p

.· J>

. _ • ·

lllll:C

.

l l , \ ,1

l l t t : a p o e

co

ns

truções com objeto dire

lo na

posil(ão mais à

e s q u ~ : r d a

õitpwl

·,,

n<L

ordem nao marcada. com ohjcto dircto exj)rcsso po

1

 

t

11

n SN c · '

1

suh t t' ·

LIJO

nuc L o

t '

1111r

, .s.an 

Ivo.

Ela mostra que a maioria dos SNs que ocorrem em conslru\Ot '" d,·

ll>plco

.semelhantes a

( I )

envolvem referentes

inferít·ei.

1

 ou

evocados. A OCO iil'll•

1 1

de entidades novas nesta posição mais à q u e r d ·

c'

redu ·d·

, · f . '

L I a, como mn : .11.1 "

::\

1

a

1co

a

segUJr. no

qual

o:,

números

re

presentam percentagen

s:

·ll)

JS

Novo

li

Infer ível

Evocado

Gráfico

1-

Statu. infonnacional do referente do SN topit:alizndo.

1 1 1

v i s t ~ s

a explicar essa distribuição, a autora recorre a dois colhi

i

IIII \

I I ~ J o n n a c r o n a l _

do c r c n t e do

c o n ~ t i l u i n

à esquerda e ordcrn lll

til LI

d

11

.,

1

11

11'-l ltu

mtes na oraçao. salientan do a conoruência parcial entre " lcs 1)

1  1

_ o . .

l l'IH l' Jih

"r lldl' rn nao

marcada, no porturruês do Brasil tende

a

ser SVO 1

. , . . e- · ' • , ClJUl'ôlll\ l l l l l l , l l .\11

1111

'

. t l

1

oduZJda.

usualmente. pelo objeto direto. Ora. uma conslnu,:u

1 dl te 1Jll• , 1

c':'"

oh.

fcln

dl

rc

t

o_t

ransmitindo informação nova

L'Onstituiri;t

lllll

d l l p l t ~ d, .

,

, '' '

"' ., ,ln cl:1 tll'tk-111

nao

r n a r c : h l : ~

d,

.,,

io da

tcndC·ncia tk i n l ú r r n a ~ · : u 1

vL·

Ih.r

P" '' ,.

,fc,

a inlonnação nova. Daí a elevada ocoJTência de entidades i n f c r ~ v e i s c v m : a ~ b ~

L a

conseqüente rejeição de referentes novos

na

posição

de

objeto d1reto

ma1s a

tfll<

(clivadas propriamente ditas) ou após o verbo ser ( 'oco sl'r).

/\s

pnllllll.t'.

tt· ndcm a ser selecíonadas quando o falante deseja ressa ltm· um rclcn.:nll' L Vol .ult 1

Page 47: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 47/61

t.:squcrda, rejeição já assinalada por Pontes (1980). . .

Berlinck (1989) também atesta

a

relevância

da

variável

status

mformac10nal

an

investigar um outro fenômeno relacionado à ordem das palavras: o ~ d ~ n ~ ç ã o

entre os constituintes verbo e sujeito. Ela utiliza quatro fatores- novo, mfenvel

dado em

sentença imediatamente anterior

e dado em

sentença não m e d i a t a m ~ n t e

anterior-e três corpora, correspondentes aos séculos XYlii, XlX e XX. B e r ~ c k

mostra que a ordem Verbo-Sujeito, bastante freqüente no século

XYlll,

se

tornando, gradativamentc, menosfreqüente c que a hierarquia dos grupos de tato.res

que se correlacionavam com tal ordenação altera-se ao longo dos anos. A s s n ~

no século XVIII, a variável

status

informacional constituía a correlação maJs

poderosa

da

ordenação SV: quanto maior a "novidade" do referente do SN, tanto

maiores

eram

as chances

de

e

le

aparecer posposto

ao

verbo.

No

decorrer

dos

anos

esta

variável

perde

primaz

ia

e a ordem

VS passa

a

se correlacionar

prioritariamente com a transitividade do verbo-predicador: v _ e ~ b o i n t r ~ n s i l i v o não

existencial, verbo

de

ligação, expressão rixa, verbo transitiVO md1reto, verbo

transitivo direto e verbo bitransitivo.

Por

meio

de

tabelas nas quais

são

cruzadas as percentagens

das

duas

variáveis - status informacional

do

referente

c

o tipo de verbo predicador -

Berlinck

evidencia que estas duas variáveis

atuavam conjuntamente no século

XVill na detemunação de

uma ou

outra ordem (SV

ou

VS). O que se altera

é o

peso relativo

de

cada uma. . . .

Outro fenômeno estudado so

b a perspect1va

mformacwna

l

foram as

sentenças c

1

v adas. Braga mostrague cinco tipos o r m a l m e ~ t e disti n

LOs

preli m nar

mente rotulados de sentenças clivadas. construções foco ser. construçoes e

que,

construções

que,

c

sentenças pseudo-clivadas,

são

de

us.o ~ r e q ü e n t e

na

variedade falada

do

R io de Janeiro. A seguir, ilustrare

mo

s os dms tipos que nos

interessam mais imediatamente:

Clivada propriamente dita

(2)

F: Estava cheio

de

polícia lá. Veio

um

médico .. Daí, acho que mandaram

dar injeção na moça pra moça morrer. Daí a

moç Daí

enterraram a

moça de novo. Foi isso que aconteceu. (Ro52)

Construções foco ser _

(3)

F: Eu acho que (o nordestino) tem mais é que usar branco, usar algodao,

né?

Usm-

coisas assim bem do lugar mesmo, usar aquela renda toda ..

Eu

acho que fica

bonito.

(He44)

As

sentenças clivadas propriamente

ditas

e

as

construçl5es

f o ~ · o

:''t•r

divergem, entre outros aspectos, quanto ao stattts infom1acional do consutuuHl'

fm:alií'ado. isto é. Jaquclc constituinte que ocorre entre o vcrho

ser

c ~ ~ p:dav1.1

tendem

a

ser evitadas quando o referente focalizado expressa

i n f o r m a ~ · a

lllt\,1

As seg undas, ao contrário, apresentam uma distribuição inversa àquela

dl IL l

t.ula

pm-a

as clivadas propriamenteditas: as construções foco ser são empregadas q

u:

111dc1

o falantequer salientar uma peça de informação nova e evitadas enquanto cstrall·;·•;,

de focalização de informação velha.

Para a autora, esses resultados podem ser explicados pela macrof'un,.ln

Jiscursiva das construções: as sentenças clivadas atuam

pr

eferencialmcnll' 1111

pl

ano da

estruturação

do

tópico/subtópi

co

discursivo, funcionando

como

coda

1111

enunciado avaliativo que retoma

a

informação previamente negociada

pl l<

,

.,

falantes; as construções ser atuam no plano das relações proposi<.:inn.t•s

focalizando,

contrastando constituintes pós-verbais,

local privilegiad11 d01

informação nova.

Por

fim, um outro fenômeno examinado sob a 6tica

em

pauta

foi

o

d.1

ordenação das orações que constituem os enunciados de causa, cxanlinadm. p•u

Paiva (1991). Estes

são

constituídos

pela

vinculação de

oração de ca11so

(aq111

incluídas as causas propriamente ditas, as razões, justificativas e explicac;ol''-

l ,

oraçiío efeito/conseqüência. As orações constitutivas do enunciado de causa p1 1d1

I I I

estar vinculadas entre

si por

meio

de

um conector (vinculação

por

cnnexaol ''

por melo

de

um

ze

ro (justaposição),

como

exemplificam

os

trechos seguinll's·

(4) F: Olha, eu conheci

uma

gente do Maranhão e do

Pará

que falava

11111

português perfeito.( .. ) era um grupo de pessoas e

que

falavam muil•t lu•11•

Eu

sou

meio suspeita pra falar porque

tudo

que 'em do Nordt \lt , , ,

adoro.

(He44)

(5) F:

Eu vi num filme, né? Quer

dizer.

Foi assim, né?

1itta11Átltllt•ll ,r J •

dele morreu.

né?

Então ele ficou sendo o rei.

(Gu 62)

A autora

le

vanta a hipótese de que a posição das orações de ,

111

1 ,,

rorrclaciona ao

tipo de informaçüo

que elas codifi

cam

e,

em

certa lllnlul.1 •'"

mntlo de articulação

(por conector vs

por

ju

staposição).

Para

testar

~ 1 . 1

lupul< .•'.

"" orações que integram o enunciado de causa, oração de causa e o r a ~ · : 1 o l l l l l ~ • ·

qul'·ncia/efeito foram codificadas seg undo a menção

ou

não menção no

di-.l 111

,, ,

precedente e segundo o modo como se articulavam entre si. Paiva l l w ~ · o l l ,,

qtwtro distribuições possíveis, que são apresentadas a seguir sob a l'lllnt.l

eh

11111 rnífico de banas.

lllf

1 h h1

o(

(11o ,1

11 I I : ; I I I •IIIIIJLU:ohl I I

V< uh

VI

'1:. 111:;,

ll

l:ólvn:;

:;o

t

> u Jl 151 Jl.ltVll li

<

lo

• " ' 1

1t

1 ..;, II I• I • I

•'

l l l

I

Alguns fenômenos relacionados à coesão textual

Page 48: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 48/61

0.7

IJ,h

0,5

ll,.l

0.\

u.:

11.1

11

 .

a u ~ : : t n i t ~

cncncitliKtd.L

Ll

ciw

1 1 l \ . 1 l ~ Í t . l l l ; \ d l l

( : l \ l ~ a

c\

h.:m.:i ll l

: u la

I ~ · i t o

n ~ o

1 1 1 C r . ~ Í t l 1 : 1 1 l l . _ ,

c ~ u a

I H,.'Ilt:ÍOIJalkl

I ito

111

C11d 11;Jlhl

C a t J : . - i . l l l ~ O

1 n ~ . . : i u n a J a

I

ldtn

ni\o

c n ~ n c i n

a d n

Grállco 2-

P o ~ i ç ã o

d:•s r a ~ , : õ c ~ de causa se

gundo"'

i i í v c i ~ 1 1 1 1 1 1 1 ~ inl'onnaóonal

c

modo de

conc.xf10.

Em se

tratando

de orações arlietcladas por l/leio de co11ectores o_ ~ a r

tilhamcnto do mes mo t

11

. · infonnacional pela oração de caus.a c oraçao

..

·

·

11

po

1

·t·tnte

QL

tcr as llu·1s

J Ú

ten ham

sido

mencwnadas.

qu

er na u

consequencm e

u . . . . _ . .

.

- .. ..

tenham sido mencionadas.

o

peso re lallv o

de

pospostçao d<t o t ~ ~ < t O . caus.r

·

de

5 Se

po

1

c'm

o

~ t a t u v

i

nforma

c ional das

orações

tor

diferente. a

ap

rox1ma-sc . . . , · · .

ctúusula

qu

e codifica in

formação

mencionada tende

a

preceder aquelaque a n s m l l

inl'ormaçfto não men

cionada

. , . . .

A ar ti

culação que

procede

por

jusroposiçiio apresenta 1 dtccs m ~ I ~ ?a txn'

de

posposição para a

oração de causa

em qualqu

er ~ a ~ ~ u a t r o

p o ~ . s t b J ~ t d a d

combinató rias. O bserve-se. porém,

que

a curva dJstnbucwnal pat os p e s ( ~

r

elativos

e

percen

tagens

é

seme

lhante;

também.

que

os

ralant

es

t

ende

1

1

a

segu11

0

con

tr a

to

velho-

novo: aqui também a oração de causa, quando n:

enc

tonada no

co-texto anterior. tende a se an tepor à oração de efe ito não c n c w n ~ c l

As

pesquisas

rela tadas mostra.m q u ~

a

c o ~ 1 p r . e c n ~ ã o

dos

~ e n < ~ : n e l ~ l l ~

lim üí

st

icos.

seja

no nível intra-scnt

cnc

tal. seJa no nrvelmtet-scntenctal. tt;quct .1

do

o - t ~ x t o

maior

em

que oconem e

do papel

por

es

te d e s c m p e n h < ~ d ~

A-.

pesquisas tam bém reve lam a possibilidade de

co

nferir tratamento estallsllco ;1

certos condicionamentos

discu

rsivas.

Um outro aspecto

do

funcionamento textual investigado

por

sociulin '.iri,t.r·.

c..Jc orientação variacionista relaciona-se a certos

mecanismos de

coesão. c o r H ' t · r

que foi proposto e caracterizado inicialmente por Halliday e Hasan ( I ) / ( ) ll1

aco

rdo com eles, pode-se

falar

cm

coesão quando

a

interpretação ele

algunr l'lt

mento

no

discurso é dependente da de outro;

um

pressupõe o outro, no '\l't1t idtl 1l1

que o

item em

questão não pode

ser

cfetivamcnte decodificado

a não

st·r 11 '

recurso ao outro. T r

ata-se

, po i

s, de

um conceito semântico que se reali1.1 por

in

strumen

tos lexicais e gramaticais.

Um

dos mecanismos

de

coesão é a rei

teração, vale dizer,

a rctollt: td.l

literal

ou

parafrástica, de nomes, verbos. adjetivos , advérbios, pal avras futKiott;ll'·

orações, períodos. Com respeito

a este

processo, vale

lemb

nu· que

a forma

rqwtrd.t

..:stará sendo usada em um con t

exto diverso do

da sua primeira mcnçãtl o qr11·

implicará uma alteração semântica. No nível

que

nos interessa. incxistcm alh:rtl;tt1h".

ltltalmcn

te equivalentes, daí as repetições

constituírem

um

desafio

pat

.t '

social ingiiistas variacionistas. As reiterações foram investigadas a partir tk pc '"' ' ''•

de vista

diferenciados

e aqui vão ser

considerados os

trabalhos de Ome na ( I

)

I K 1

" r

espeito

da

alternância

entre as

formas nós

I a gente c o

de Paredes t.la

Sr

h

1 ,

( ll)88), sobre a

expressão

var iáve l do sujeito.

Omena

(1978)

es tuda

as

ocorrências

de

nós

I

a gente

quant.lo

r ~ 1 l l l ' h

111

.1

r l 'crentes com traços

I

+primei r a pessoa gramatical , [+ 1 uralidade

1

l'lllllll

111o

stram

os

exempl

os

seguintes:

(6) F: Porque a ún ica coisa que não vai

bem

é o seguinte: que 1111.1 ll'IIH> i :111111

uma dificuldade muito grande de colocar a documentação do

h:u

t'lll d1.1

Então a gente tem condição

ele fazer

uma

documenta

ção cnla p•ll·l q t11

eles

não

tenham direito de interferir no nosso movimento. entL'tldt·tJ 1

\1

lt 11

Na

scqüência acima, a falante alterna entre o

uso

de

nós I a gmtl , IIII,,,,

1t IIIJJao.; remetendoao conjunto constituído pore la e pelomarido. Todavi

:t

lll'llt ,, r I 1

1, dua s formas compartilham todos os traços semânticos. A

variru1lt.: o

p,< llf• • l'"d··

til \

lu

ir uma indetern1inação que. usualmente, falta a nós A escolha tk

lllll:t t'111

1l1

lrtmcntn de outra pode estar,

en

tão, cotrelacionada a valores distintos. 1\ctl'\n 111t

,,.

u

1

:1o c..Jc as al

ud

idas formas poderem alternar

com

o sujeito 0 (1.ero

1.

,

..,tu

1

' 1oo.: dt: sujei to omitido com o verbo na terceira pessoa do singular ou na 111 ill

lt

11.1

d11 phmtl.

Interessa a Omena

compreender os

mecanismos que

levam

;, l'st·nlha tlt·

tlttt.t d o ~ s

nn

as cm d etrimento de outra passível de ocorrer no rncsmo ro11lntn

A aulura mo stnt lJUL\ c m se tratando da primeira nK·nçao

110

lnlt•

"

• 1t ~ , , u > dt• lllll<l \:lri:u

tl

co.;

1111.1 ou

11

gente

i n d ~ p c n d l .

da

illll lll'llt

ia

t1.1

i ( lh IH •

1 dt ..

\'11

1 ..

1\

" allll'l Hi n (11   .11 l l ' i : l l i VU rica l' lll tottHl dl' l. Nn l'lll.lllltt,

l l t l l l l \I / ij1ll'

1 111:1

d,t '\ .tl l

t'

Jil ,IJ II• ltll

.1

l1 • l t l i i ,JII:t

I ' ~ I ; J l ' S i i i J . 1 . 1 1 i t o l i : J

•.uht, 1111'.11

da

-; l'on

nas suhscqi.icntcs. Os resultados cstatístit:os indit:am

q u ~ , ;

"" d l : I I IL'l ' tlt

Sl' usar

o gente

são maiores quando o antecedente forma l for

a gente

a

v.

li h IVt ' 1

.

(

"'·

• 111 1 \1< 1, .,,

•I• .

I ' •151ll

,, I

V< I '

I• I•

lllll

I I• I • III< ''

· •

J

II I

 /

Grau 2

,

~ o r r e ~ p o n d ~

a um certo enfraquecimento da escala de concxao;

o

SIIJI 11

Page 49: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

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rde rência ror igual à anterior. As chances diminuem quando o falante muda a

rererência.

Ta

l princípio atua também sobre a scleção de

nós:

uma vez escolhida,

esta forma será preservada até que a referência seja alterada. O gráfico abaixo

apresenta os resultados para

ad

ultos e crianças:

t. '

(l,g

0.7

0.6

5

I

.J

fl.t.

o.

I

(I

l .ote

kt.. t

K I l

\ ; , ; . n l . . - ~ ' 1

u h n ~

I

cf ip1ul

Grálico 3- U

;o

de 111ÍI c a geme

O <rráfico acima mostra corno mecanismos estruturais c semânticos se

o

inter-relacionam, afetando a opção por

um

a ou outra alternante.

Paredes da Silva (1988), por seu turno. ao investigar a expressão variável do

sujeito, isto é. a expressão deste constituinte por via de

um SN ,

anáfora pronominal

e anáfora zero, na escrita·' informal, postul

ou

um grupo de fatores denominado

conexão discursiva. Trata-se de uma variável escalar que visa a aferir, em uma

seqüência textu

al

, como a expressão do sujeito se relaciona à menção prévia daquele

mesmo referente, tendoem conta o tipo de ma terial interferente entre as duas menções.

A

variável em pauta engloba seis graus que são especificados a segui

r:

rau}

Om-esponc.le

ao grau ótimo da escal

a. Apl

ica-se às

scq

üências

cu

j

as omçib

mantêm tanto o mesmo referente como sujeito quanto o tempo, aspecto e modo

verbai

s

(7) Bom. eu estudei alemão e 0 comecei a copiar o nosso trabalho. (ll1ll.

ham)

0

Telefonei procê,

0

continuei a copiar o nosso trabalho. 1

Fiquei de saco cheio.

0

parei de copiar c

0

fui juntar-me aos l l l t ' l l  

familiares na praia, onde 0 fiquei até duas horas

5

.

Parcd.:s da Silva (no prelo)

mt:>mn

fenômeno na fala.

()

d;tull que i f i ~ : a 11 grau de .:onexã<l em t:onsidemção p r c c ~

c

ncgrilo

c o

top1co

discursivo são preservados, mas pode haver mudança nas c

4

tL·go

1

:1

..,

a t s

tempo, aspecto e/ou modo do verbo, refletindo uma mudança de

planc1,1,,

dtscurso (figura fundo, real hipotético).

(8)

Sabe,

A,

ul timamente eu não tenho tido muitas novidades

p<mt

te w111 :11

porque

eu

estava vivendo em completa alienação, casa-faculdade, fan

1

 

dade-censo.

Grau 3

Corresponde a outro tipo de enfraquecimento da escala de conexão. Entrv 11

s

uj

eito em questão e sua menção prévia, ocorrem orações de curta x t e n s ~ l o e dl·

sujeito impessoal:

(9)

Hoje vou dormir cedo, pois

0 fiquei estudando

ontem até

3h.

Aind.1

são h. 0 Vou ficando por aqui com o meu coração cheio de amor plé.ttôn i('t1

Grau

~ b a os dados cm o referente do SN na posição de sujeito fora pr n, :t

mente menciOnado em outra função sintática:

(10) Desculpe-me pela reclamação infundada. Eu estava brincando.

GrauS

. Aqui c?nexão é mais afetada visto que entre o sujeito em queslao t •;

11a

ltuna mençao mtetfere um ou outro participante concorrente à função tk .,

1111

111 1

(11)

Embora nem sempre consiga, sempre

0

tento alegrar c s s n : t

,

111

,1 ' . t .

minhas e principalmente urna amiga tão especial.

Em

dezembm,

;

1111 11111  

da Embratel (que sai de ferias agora) voltará a seu cargo e então'

1

h·ufarl'i

fazer novas chamadas para você.

Grau 6

~ o r r e ~ p o n d e à

conexão mais fraca, em decorrênc ia da mudança tk lopwt 1

d1<:urstvo, amda que se possa ter o mesmo referente como sujeito:

12)

0

Preciso além de ler, lavar, passar, cozinhar .. eta vidinha de dona

dt

·

~ a s a . Campinas me ensinou a cozinhar, coisas que nunca

0

pensei lJIIL' 111 .1

J a z e ~

antes, às vezes

0 preciso

fazer

..

Talvez eu monte uma rcpuhliL"a

11

1,

f11 ÓX II1lo semeslre, o aluguel aqui está cruíssimo. o condomínio 11L Ill ..,1 · l.d.t

I I l llllrudtll 1 10 1 •;ot tuliii\JUI:.Itc .u

Paredes S

il

va mostra que a escala em questão constitui uma variawl

rd

l'\'

auiL

 

em sua análise de sujeitos de primeira, segunda e terceira e, usualmente,

é

a primeira

li

I

; J t " l l l

r g ~ n c i a

depausas

en tre

o sujeito e predicado

é

favorecidase o

pritlll

'

llll

( Jc

11

11 11111

l " l l l ~ t t l t l l r

um foco

de contraste, comprovada pel

os

pesos relativos L'

I I I . J

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8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 50/61

a ser selecionada pelo programa Varbrul. Os resultados estatísticos demonstram que,

quanto mais fraca a conexão, maiores são as chances ele explicitação do sujeito. A

autora defende também que uma variável que analise mais minuciosamente o

comportamento da seqüência de sujeitos(m<mutenção ou alteração do plano discursivo,

manutencão do mesmo referente na mesma função sintática, manutenção do mesmo

tópico

d i ~ c u r s i v o

manutenção

do

mesmo tempo, aspecto e modo verbais) apreende

diferenças

mai

s sutis. revelando melhor

os

aspectos do uso de pronomes.

Tendo exmninado alguns fenômenos relacionados

à

coesão, passemos

à

consideração de ruticulação de orações sob um enCoque variacionista.

Articulação

e

seqüências discursivas: contraste

Uma outra face da coesão, que também tem sido investigada sob a ética

variacionista, refere-se às relações semânticas que podem ser inferidas quando

duas (ou mais) orações/seqüências textuais estão conlfguas, inferência que inde

pende da presença do conector, como

foi

demonstrado a propósito da análise dos

en

unciados causais.

Uma das relações semânticas que pode emergir na presença de orações

contíguas (ou de porções discursivas com dimensão s u p e r i o r ~ ~ da oração) é o

contraste. Esta relação tem si

do

muito investigada e

é

fácil compreender as razões

que levam a essa preferência.

Por tun lado, ressalte-se que a leitura contrastiva

pode ser inferida

de

um amplo leque

de

opções (recursos fonológicos, lexicais,

morfossintáticos, slntáticos, textuais, contextuais); por outro lado, saliente-se que

os fenômenos lingUísticos explicados a partir da noção de contraste também são

numerosos (atribuição de acento, uso de pronomes, ordem de palavras, uso de

artigos, a título de exemplo). Aqui serão comentados os trabalhos de Mollica

( 1984) sobre a presença de pausas entre o sujeito e o predicado, o de Paredes da

Silva (

198 :{)

sobre a expressão variável do sujeito, o de O

i

veira e Braga ( 1997)

sobre as construções c

li

vadas e o de Gryner (1990) sobre as orações condicionais.

Segundo Mollica (1984), a ocorrência

var

iável de pausa entre sujeito c

predicado. ilustrada no trecho seguinte, pode ser explicada, entre outras, por uma

variável que leve em consideração a

no

ção de contraste:

(

13)

E:

Mas você não acha que lutar traz

as

suas

F: Não, eu não acho não. Pra mim  eu não posso falar pelas outras

pessoas. (Eve43)

O

contl aste é

identificado, independentemente, por marcas cntonacionais

acento de

i n t e n i d d e

consoante Cunha {1972) c

Be

chara (

196K)

.

i hip

ólcsc de

t[ll l'

c:-.tunadas pelo

programa Varbru l. Mo11ica defende entãoque.

ao

funciOJWI

l

lllllll

11111

corrdato do i f i c < ~ d o contras ti vo, a presença da pausa acaba por rcl(

1

n,·a

lo

.

Paredes ela Stlva (1988), ao investigar a realização variável du

..,

11111

 

t a m b ~ ~ 1

recorre ao parâmetro

contraste

que, em conjunto com

H: o

rro

.

11111

.,,

1

 

a vanavel denom1nada

êllfase.

As seqüências discursivas foram

. . - r i l uJ

1

,

como l+enfáticasJ quando apresentavam certas

ma

rc

as

formais exphl ll:t

:-..·

1

11

_tratando de

contraste 

a lítulo de exemplo, citem-se as seguintl:s: s

1

q

1

1

(l

diferentes para

um

mesmo

item

verbaL verbos de sentido oposto.

opo..,i

ça

11

1111

~ s p ç o

Oll no tempo, etc. Já marcas s

ina11Ladoras

de reforço correspolltli.llll

as palavras

ou

expressões que.

tle

algum modo, valorizam o papel do sujl'iln. 1

111

exemplo de contaste

é

oferecido em (14). a seguir: ·

(

14)

Ou vamos os do is, ou cu não vou. (RE3)

O

gráfico abai

xo

apresenta os resultados para esta variável:

27

Gráfico

4- Prcsenlfa tia ên

fa

se e realização de

pr

im eira e ~ s u a

. r c s u l t ~ t ~ o s es tatísticos oferecidos por Paredes

da

Silva d e m o n

1 1 1 1

qw

1

te

nl11a

çao :ujet

to

correlaciona-se intimamente ao traço ênfase:

um '>li.Íl'JIII

, ,

l1 ;u,·o I+cn1attcoI apenas ocasionalmente será realizado por uma aliai' ,,,

1 1

  11,

( l l l i p o r t a ~ e ~ l t o

oposto àquele apresentado pelos s

ujeito

s com o traço

IL'Ill

<

lh

'nl

()JJvctra e ~ r a g a . ~ l 9 9 7 ) mostram que as construções clivada:-. pud111J ,, 1

III\ ~ I J ) a d a s a partrr

de

diferentes pontos de vtsta: da organ

it.

ação

da c:-.lntiUJ

.1 IIIJII•

d1

L'IIIa de t r o ~ a

de turno

s. da <Jrl

iculação

de

oração. ele .

Su:1

an;

íli'>l'

41

p;

11

1

 

d

11

I

diiiiiO

ponto de

v1sta

rcwln

lJIW n.., n H l s ( r w

cliva

da

s prestam

l n ·

p u

1

11

,dn

111

,

'

111 :t l ' \ j l l " L ' \ ~ < J ( l

d

l' l Uitli.J

\

(l

llllhtlld

1

\

(õl 11010

S

il a

lÍlll l :

l

r l ' f a

1 1 1

l

iii;JJl(ll I

IJII

Jl

lldl' \1'1

lttll'Jid.J llCl'- VI>Jih

1

1

>

IIII' lji iJI , ,1 \ llh '

lli

 \J il;td;i\ l'

llll

\

llll l,'

lll

 \

.

11

11.,1\(1

\

P;u·tindo de uma concepção pragmático-contextmtl de contraste. que

11.

' 1111 mla

a ' fhgl icht ( 1984), os au

to

res distin

gue

m os

contrastes explícitos

dos

imJ Iícito

 1·

Aqueles englobam as ocorrências em que

ambos

os membros do par

de

opostos

Vr

JIIII

Vt l:, r l

 .r

V l : ,

l

[J ú r

H

I

• IIV

I

I I I

I

tf t

flf l

( IJ

V lllt

j t l , 1 '

( orroboração

( 14) [ganhar a

Copa] é

0

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8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

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que

co

nsti tuem a

re

lação contrastiva encontram-se no texto.

os ú l t i m o ~

apresentam

um

único me

mb

ro

do

supos lo par

de

opostos e sua

ident

ificação é

111ais de licada.

A

seguir é apresentado um exemplo para cada tipo de contraste.

Contraste explícito

(17) F:

Ah, eu não cozinJ1o não.

A

minha ti a é que cozinJ1a. (JolO)

Contraste implícito

(18) F: A gente fala quem tá bonita, pega batom, fica se passando,

quando

chega

na sala, Dona Manoclina dá um fora na gente e só quem

leva

a

culpa sou eu. (Ro52).

Os autores mostram que os contrastes implícitos tendem a predominar.

Mostram gualmente que, quanto à expressão

de

contraste, as diferentes construções

de foco dispõem-seem um continuamcom

as

extremidades ocupadas respectivamen l'

por

sentenças clivadas propriamente ditas

e

por construções

que/é

que .

As

primeiras atuam freqüentemente no plano da esti·uLuração tópica, mais raramentl'

funcionando como estratégia contrastiva: as últimas tendem a invertertal tendência

e parecem constituir

os

mecani

smos

privilegiados para a sinalização

de

contrasll'

Os autores defendem que o padrão acentual típico das construções clivadas

c ••

presença

do

verbo

ser

e/ou pronome relativo

que/quem

servem para res

sa

ltai.

focalizar um

cons

tituinte, daí advindo a interpretação contrastiva.

Gryner (1990) recorre à noção de conti·aste ao investigar o comportamentoti''"

períodos hipotéticos em português. Estes podem serealizaratravés de variantes

dislittl<l

'••

que são categ01izadas segundo o modo de conexão entre prótase e apódose o r a ~ •

adverbial e oração p1incipal, respectivamente, das abordagens gramaticais

tradici<lll

<tlsl

e segundo o tempo

e

modo verbais da prótase: futuro do subjuntivo, prescnt l' ,1,.

indicativo ou gerúndio. A autora sustenta que os períodos hipotéticos aparecem ( I I I

trechos do discurso nos quais se apresenta alguma questão polêmica que

i . J 1 1 p ú ~ . . ·

a••

locutor a escolha e, conseqüentemente, a sustentação de uma posição ou ponto til· \ 1 11

em princípio discutíve

l.

O enunciado hipotético pode corroborar, contraclizerou ser

ltl'lll

l••

em

face do

enunciado

que expressa o ponto de vista (posição) do locu tn1 \

corroboração da posição sustentada pelo locutor, através

do

período hipot l'th •

caracteriza-se pela reiteração, particularização ou generalização

de

aspcctll\ r '

constituem a posição. Já a contestução

à

posição

do

locutor é marcada pela pn

",(

,·'

de elementos como

mas,

agora,

ou

de outras expressões c o n t r a s t ~ m t c s , e/ou opo',l\•'''

lexical

a

algum elemento do enunciado que veicula a posição do locutor.

Po1

luu

neutralidade em relação à posição do locutor é explicitada pela

-;

cxpressôcs

rf, .,,,

,

,r/,

não sei,

m ~ f o r m e

não

imp011a. O enunciado hipotético neutro nao l l l l l no "'

contesta qualquer posição.

A

seguir, oferecemos exemplos destas trê.\ Jl>\sihtlu l.ld,•o,

ofendidos ele -

1,

. pessoal qu

erer ( .. )

Entâu,

.\ (

C'/c

·.

l filo

, s vao a, Joga e ganha.

(HG)

Conte

st

ação

(15)

F:

Eu procurei d

ar

a educação

me

lhor . I

errar, eu ficaria tranqüilo t

b ,

p cl e es [mas]

se

mais

larrl

l r•/u

nessa d ~ .

. am em. arq

ue

eu sei que não entreguei l l . i

Neutralidade

( 16)

Eu

não

sou contra a virgindade

E h

tudo bem, casa. e

não

fior t

d b. u_

ac

o

que se a pessoa

for

l ' i J ; ~ '

11

0

em.

0

rapaz gostou, casa.

A

autora mostra que a variante

com futur

d

.

b .

.

scmpre

encabeçada

por

um cone

f . . o o

su

I)Untrvo

na prótase, quas '

linha de

anmmentação

· tend c IVo, a p r e s ~ n t ~ c?rrelações mais nítidas co

nl

it

o ·

e a ocorrer

pnontana t .

contestam a

poslcão do

locut ' men e,

em

enunciados qtlt

or e, raramente em enun .· d -

ponto de vista· a varJant , cta os que confirmam seu

' e

com presente do ' r

. '

ruslaposta à

apódose aprescnt

d' 'b ~ z c . tcattvo na protase, usualmcnll'

• a uma Isln u

1

çã

·

à

va

riantes com futuro do sub ' r· , o mversa

observada

para

a

.\

1

vo

na prótase· pa .. d .

la ores mostrou-se irreJeva

t ,

I a as emals, este

grupo

tk·

n c.

Relações proposicionais

outras_

t - .

''lt'. - também começam a ser v e ~ t ' ~ ~ 1 p o , concessao, reJte:ação, seqüência.

Va

le

l

embrar

que no nível de co b' . ~ a d a s

sob

~ m a perspectiva variacionista.

' • . m maçao e oracoes

r b .

d '

u pesqutsador: ou ele/·t pn·v,·l .

1 - •

a le-se urna . upla VIa para

' eg1a

uma re

·

1

çao

{ ·

,I' IIS. COntextos de OCOrrêncJa e • , . ~ e m a n t J C a e

pl'OC

l l ra identifica r

'

a ~ ;

marcas ormrus atr , .

d .

111anllestar

ou ele/a privilegl·a li · av

cs

as qua1s ela pode

se

' uma marca ormal e ·d . .

" ' ocorrência e as relaço-es p . . . procura

I

entificar seus contextos

· roposJcwn<Hs

suscet'

· d

\ t''\colha de

uma

ou outra v· d d JVels e serem expressas por ela.

. Ia e estu o depende e .d .

' '' uller

csse

do/a estudios /· A b· . v enternente da onentação c

0

a. 111 as atestam porém ·b·l·d

l.

tlístico de certas correlaç- . d ' . , , a possJ ' I

ade

de tratamento

' oes ISC

UrSJVaS.

I

C

nC

I

USÕQ

Neste capítulo, consideramos algumas d - . .

l'"dt·H, ...erestudadassoba . . as correlaçoes discursiva•·; que

. perspecti va varmcJOrusta· I fl .

fi .

. I

H

tonados

a

coesão textual ' t .'

. '.

s a ts

m

ormacwnal, aspectos

. e con raste. Imc

1

alme

t

ti

.

l ' " ' ' " ' ~ tonal de referentes

de

c ·t'tu• . . n e

re

enmo-nos a stal/1.\

, ons

I

rntes nommms d . - . .

l

,d •.t

llu•-;deBraga(l98

4

1988

)

B .

1

.

k(

·. e

e o r a ç o e s , a

p a r t u d n ~

' · eJ me 1989)ePmva(1991) A., · .

I.   lltll•'> l'lllllll certos asr)cct<)S l

l•

l·t .

I , .

scg tll r,

· · · •nmw< os a cocsã

> t •

1

1 .

li ' " ':dendtl nus do -. t·stud 1  I O . < ex ua podc m ser 111\t s

. . s <I' lllt'lla ( 1(>7X)

l Parcdl's

d:t Silva ( I'IXXJ

I I II

li

III•

  i l •

I

III

I

I

:••

I(

I

tlil ll

llll',

ill • I

l'1 I 111

,

nos detivemos naquelas análises que utili.tam a noçüo de

<.:oui

a ~ L c

l : \ l l l to

llllla

variável independente capaz de explicar, em parte, as opções de uma variank

l'lll detrimento de outras, utilizando

os

estudos de Mollica (1984), Paredes

da

I:. De

repenL

1 ·

. e e c se toma

mau

e quer conquistar o 1  iV ' rso, qtt

l'

l'

o

que ele estava conseguindo

E

.

. . e estava consegullldo

cotH.I

U

.,t

·u

o

.

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8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 52/61

Silva ( 1988), Oliveira e Braga ( 1997) e Gryner (1990).

O conjunto de trabalhos referidos nessa seção mostra como os

n c í p i

da metodologia da Teoria da Variação, inicialmente propostos para o exame de

l'cn<:lmenos

do nível fonético-fonológico, também podem ser empregados no trata

mento de variáveis discursivas.

Sugestões de leitura

Ola leitor/a poderá encontrar maiores infonnações sobre os tópicos exami

nados neste capítulo nos seguintes Livros:

CHAFE, Wallace. Discourse, consciou:mess,

and

time. Chicago & London,

The University of Chicago Press, 1994. Abordagem mais detalhada dos

construtos que ele vem

posn1

lando e estudando. ao longo dos anos.

HALLIDAY, Michael Alexandcr.

Cohesion hz Eng/ish.

London, Longman.

1976. Análise seminal dos fenômenos

re

lacionados

à

coesão.

KOCH, Ingedore Villaça Koc

h.

A

coesão

textual. São Paulo, Editora

Contexto, 1989.

KOCH, lngcdore ViJiaça e TRAVAGLIA. Luiz Carlos. Texto e coerência.

São Paulo, Cortez Editora. 1989. Análise dos conceitos de coesão e

coerência e dos mecanismos que instauram a coesão e coerência textuais.

PRINCE, E.

F Towru·d

a taxonomy

of

given-new information. ln: COLE, P.

(ed.).

Radical pragmatics.

Ncw

York,

Academic Press.

J

981.

Exercícios

I)

Observe

as

sentenças sublinhadas dos trechos seguintes, produzidos

por

cr

ianças cariocas da mes ma faixa etária:

F: ... assim, começaram a bater nela, né? Aí aquele barulho assim,

assim começaram a dar banda nela, ela fez assim

(falante

mostra

o modo)

depois a gente tava o

lhand

o, né?

Af

eles subiram

no

corro e VUM subiram lá para uma ruo.

E: Sei. E

ninguém

ajudou a

mulher

ã o ~

F: Não. Só estava um homem lá. O cara. lá, ele

é

polícia, sabe?, mas

ele estava lá, ele

es

tava sem o revólver. (Vi60)

uruverso. Tanto que ele fez todo "computalizado"

um

mundo '

globo tenesLre computa

li

zado. ,

E: Nossa

... ~ r a o império dele. Af o filho dele mais uns amigos dele.

.lo ele:\

alt, eles c ~ n s e g u e m .formar lllll império desgraçado contm

o Datt. O Dar e o

nome

do cara do mal. (Gu62)

Em ambos os trechos,

uma construção de tópico em que um SN

l

retomado sob a forma pronominal (ele eles)

Algu . d . . _

lh

. . " • · ·

ma estas construço

cs

e

pruec.e mrus

natural  ?Você poderia propor algum grupo de

fat

.

que explicasse

a

ocorrência

do

pronome pessoal reta? ores

2) Leia os trechos seguintes, também

prcxluzidos

por falantes c . ..

prcstandoat - · A •

anoc.:as,

. . . . ~ ~ ç o

as

c o ~ n c i s dea{e ent{/o.Como você as classificaria'

Na sua

~ ~ r u ~ ~

elas podenam

;ser. estudada'> a t r a v é ~

dos mesmos grup

os

de fatores. Prua cstudm ocorrcncms semelhan

tes

àqueles , . ,

na lrechos prod 'd . .D . · · que aprueccm

. UZI os pol

a v cEn, que grupos de

fatort s você

proporia' 

~

~ l ~

tenho a

n í t i ~ a i m ~ r e s s ã o

que

J e ~

(os paulistas) pensam fque

]

..

que eu sat

do

tJaba]

..

que eu

vun

c.la

praia

fui

trabalh,

eu

vô pará d tr b lh , d , ' a. q

ue

, c a a

a,

to e bermuda e

voltá pra praia

qum

J

d< '·

entendeu?

[eles}

... eu acho que eles têm essa noção que eles Sclll prl'

pergm:tam ta sol, < uma co ..> eles têm muita curiosidade ;,:-;o

como e que ta o tempo aqui: ''Como

é

que

o tempo

aí?"

(Adr<l l

 .

E: Você vai operá

0

quê?

F: Eu vou

operá

o nariz, tenhocome no nariz,

na fctce ma

s

()

I}( r I .

boba ma v · fi · 1

J

' '

r

<

1

 

'_ . eu

JG

11 cuas l'eze.\· e nclo consegui operá por

C(

/liso t rt

p r e ~ s a o _ q u e sobe,:nedo, essas horas eu tenho medo, aí eu h c ~ o lo

a f'tessao sobe,

ac

manda pra casa, aí

w:ti

outro dia. (Dm ·) .

E: Mas você

acha que

o homem

acompanhando essa

mu d

anr·o

mulher? ' '

F·N-

·

Q

. ao nu.uto . . ue et: ouço l'ârias reclamações. Nüo muito . No

hora do

dmhemnho e muito bom, na

hora do

pagamento. Ma., 

quando lu chega em casa e vê tua casa suja,

TU/o

sei o que ( nil l l) ai

mmeça,

sabe? aí

v

ocê

tem

que

fica lembrando. "AI

, .

( I

. . . .

7. f/1 (/. \,

fi

O l /1

ra Ja lei o d(({ inteiro. rou cansada . (Ed)

Ji: passando, assim,

um sermão

(riso)

lá pelas t a n t u : ~ do

· ·

la e ela quietinha me ouvmdo

sermão,

eu

parez, o

1e1

para e

... ,

A Nique, ela, sabe? um .. uma coisa assim, que ela so escuta .

13 oleta

e

dados

Page 53: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 53/61

E Hum

·

F: Ela só .fica assim: "Ó. mãe, não, tanto a s s i ~ 1

_mãe.

aezm a,

-

.. M a ~

1

s O

máximo que ela dtz. Alia pelas tantas,

eu

nao. assun. ., . ,

parei, olhei para acarinha dela (Eve)

Giselle Machline de 0/ iwim c• Si l·u'

Experimentação ou observação

A linguagem é um objeto

de

estudo ingrato: pouco se presta

à

np•·••

mentação, já que só se manifesta

na

espécie humana, que é dificilmente manipuI; ., I

para fins de pesquisa. Assim, o lingüista que quiser estudar afasia não pcuh

1.1

provocá-la, terá que esperar

que

surj

am

sujeitos afásicos. Dificilmente

pod1

1.1

separar gêmeos para ver até que ponto essa separação causaria diferenças t' ll

lll '

suas linguagens. Estudiosos

de

outras áreas, mesmo

de

ciências humana:- s.t n

mais privilegiados: um psicólogo pode fazer experimentos sobre certos

l:Oill Hi

t

tamentos

em

animais de laboratório possuindo comportamentos parecidos . 1\ l.t

nós, lingUistas, lemos sempre

que

nos contentar apenas com a observação.

Observar, entretanto, não significa apenas uma ação passiva, um •v;u

ocasional. Há regras

que

conduzem e induzem a

uma boa

observação. Sao : - . ~ o ~ · .

regras que discutiremos aqui, primeiro teoricamente e, em seguida, m a i ~ pralll  :t

mente, por meio de uma pesquisa

realizada.

Conselhos prévios

Ao se tirar urna fotografia, pode-se escolher uma perspectiva mais longínqn.t

ou um

close.

Ao se estudar um ser vivo, pode-se tornar necessário obscrvm 11

organismo corno um todo, um órgão em especial, um tecido ou ainda uma c ~ l n l t

Não se pode considerar um método melhor do que o outro e a deci são dcpcnd,·•"

da necessidade. Assim também, ao escolher seu objeto de

ob

servação, o ~ u l Í 1 1

lingüista poderá deter-se

em

algumas famílias, ou

em

um

grupo de indivíd

uo:-.

1

111

relação mais ou menos estreita ou ainda em uma comunidade maior. Não se p11d1

dizer que uma dessas abordagens seja melhor

ou

pior do que as outras. O ídl':tl

ser iam estudos complementares, um extensivo e outro(s) intensivo(s).

Qualquer que seja a decisão tomada,

é

necessário penetrar-se na cnn1u nu lad,

para ohservarcorno esta usa a língua. Essa penetração é sempre uma arbitrari

,·•l:uh

I ()m·to itJ IItth.:c..:t 11 P k   'il 1\ loitt.t

M.11

l

:t i'

l' ll' ll:t Sdt<'rt(· pl'la lci 1111:1 uh ·ula Ch 1'1111 '

11'

1"11•111111

lll"llll:llll'l"l'fl" lll

'·   '

" '' llll llh.tl

' \•

111 .1\ .11 J'll

ll

. tl•tli.l.llll

I

lll

li' '

h

• "

<

t

:, <

ruh11<

1 1 1 1 ~ l r u

1

tllll

<tio Je

violência, que

tem

regras

dip

lomáticas

que

não pudem

-.;cr

inlrin  idns

sob

pena

de

mudar-se

a

qualidade

e/ou

a quantidade da fala

ob l

ida.

Ao

longo dos

est

udos soc iol ingüísticos. os pesquisadores jun taram um

bom

' '•I I

I

t

i•

t

hl

·

I

·,,

li y

Amostra

Page 54: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 54/61

número

de

conselhos

a

respeito de

como

agir J'r

ente

à

com

unidade.

L

abov

(1972)

recome

nda que o investigador

se

apresente

de mod

o simples

c pe

ça

ajuda

do

tipo "sou daqui m

esmo

ou

so

u de fo ra'" e

me

u trabalho consiste

em

encontrar as diferentes maneiras c

omo

as pessoas vivem

nos

diversos bairros··

(ou tribos, ou fam ílias. etc.). Ou a

inda so

u pai de adolescentes e gostaria de

sa

ber

como

vivem

os

j

ove

ns daqui".

Labov ainda recomenda que o investigador não

se

apresente

como

fazendo

parte

de uma

universidade, pois.

embora a

menção

de

univers idade faça-lhe abrir

mais as parlas de certas

co

mtmidad

es

onde ela forprestigiada, fará

com

que também

os

falantes

dêem demasiada

alen

ção

à própria fala. o que.

como ve

remos,

é

a

pior

praga do

sociolingüista.

Tampouco é recomendável

que

o investigador

ex

pli

cações em demasia,

como, por exemplo: '"sou lingU ista e est

udo

a queda

do

- r no infinitivo''. O

li

ngüista

que ca

lamiLO

samcntc assjm procedesse poderia

ter

cerleza

de

que todos

os

-r

estariam no seu devido lu

gar

. tornando então a pesqujs a desnecessária.

Na

maioria das vezes, não há necessidade de se esconder

o

gravador.

Os

socíolingüistas observam

uma

norma que diz respeito à é tica perante o entrevistador

c

que im p

ede que se

esconda o fato

de

que

o

entrevista

dor será

gravado.

Po

d

emos

apresemar simplesmente a aparelhagem como necessária para todos os

de

talhes

da

conversa (isto rerorçará a importância

qu

e o pesquisador

a essa

co

nversa). O

fato

de

mostrar o gravador não signi1ica gue ele deva ser posto debai

xo

do

nariz

do

falante. nem o rnicrofone dentro

de

sua boca. Ambos podem ser postos discretamente

fora do alcance

do

seu olhar

para

que ele fale e, tanto quanto possíveL

se

esqueça

desses objetos. Nesse sentido, recomenda-se o uso de microfone

de

lapela, ou de

pescoço, que fica longe dos olhos

ma

s sulicientemente p

e11o

da boca (este tipo

tem

a vantagem suplement

<U

de vibr

ar

menos

do

que

se es

tivesse nu

ma

mesa).

2

Para crianças, ou indivíduos

menos

acostumados

a

gravadores, o fato de

prometer que, após

a

conversa, poderiam ouvir

a

si mesmos costu

mava

surtir

bom

e leito. AtuaJmente, no entanto, qualquer criança, e até mesmopovoações longínquas,

es

t

ão

muito familiarizadas com os gravadores. Como.

en t

retanto, alguns lingUistas

estão usando

deos

em

suas pesquisas, este conselho pode lhes ser

útil.

Uma vez entrando

na com

unidade, o pesquisador

deverá

decidir quantos

indivíduos

dessa comunidade

dev

erão

ou poderão ser

con

tactados. Esse probl

ema

diz respeito à amostragem e será abordado a

seg

uir.

2. Algu mas raras

vezes

esconde-se o

gravaúor.rnas.

c ~ s c caso. no im.

f

a7

-sc

o falante ouvir g r a v ~ Ç Ü < l pe

t

 .

'c

li

cença a ele para us<i-Ja posteriormen te. Ou ainda poderá ser gravada sem c o n ~ e n t i m c n l o <:m coulát·IK I•I

h l i \ í d o ~ . t..:lcvisão. etc .

Uma vez

esco

lhida

a comun

i

dade em u •

tlepara-se

com

o

fat

d . q e se desenvolvera a Pl'Stf lrr \ .1

0

e

que

sua população

é

t l d ·

para

ser

est

udada po.

· t · R

.'

vez,

e m a s ~ a c l a r n e n t L ·

J'l.llld,

I Jn eJro. ara é a comunJdad V

possível contactar todos os

s .

d ' 'd e

ao

pequena

a

ponto dv

.,, I

· eus m

IVJ

uos

como

·

f . .

se

lecionados alo-u

ns

falant

es

que . . - m armant

es

. Devem. pois ,, I

o constJtulfao

a

amostra O 1 d

reali

za

das serão enta-o relat· . . . s resu ta os

de wwlt \1   •

I vos a essa amostra.

Entretanto, não

se pode

p

er

d

er

de vista

c

u ,

sobre a

comunidade

e -

 

c se

pretende obter

uma

Pl''IJ

' '

'

nao

apenas sobre a an t r E

tomaráasmedidasnec

essá

ria

s arat . ,

lo

s a.

s e r ~

o

pe

sq uisad<

l qrr<

·

obtidos através dessa amostr· ~ ornar a

ge

neralização

do

s n

:o; ul

t

'

" '

p .

a.

o

qu

e a

estatJSllca chama

de inferênch

ara

esses

re

sultados serem bastante re , . . , • .

aplicados

a

toda

a

população (que

é .

'd· presentativos, d fim

de podci"L'III

><

1

. constll:t.lJ

a

porta das as

pe

ssoas d· .

a amo stra supõe certos requis itos E ,

..

. · · a comun1d.11h 1

. varws perguntas devem então

ser

respotltltd.t •

Quantos fal

an

t

es

deverá ter a amostra?

Pe

la lei

do

s grandes números, sab

e-se

que até c .

de

que

os

resultados

se

i·m

1

rct di

. , . ' erto

pont

o, a prohahllul.ul•

J L e gnos e dJretamente propo ·c· al

amo

stra. Isso

porque

o

po

sst'v

1 "' .

d .

r

ton ao tam;udu'

d.t

e eJ.ctto

o

uma v

anáv

el

num

· d '

'd

-

ao

de

outros individuos c

d· · .

m

J

Vt uo

sera so11

1rcl"

. • a a um

com

seu efeJto c·lsual d

I

comp

l

etam

en

telivre .Essese

fe't

t d

,,

'

oqua

nunca-;L

't:s t.u .l

1

os

en

em

a

se

anular mutua t ·-

casuais, agirão alguns numa

d'

.

7

al ·

men

e, Ja qul'. Sl

lldc,

, .

HeÇdo

e

guns

em

outra.

O

numero de

mdivíduos

da

amostra vai depender:

a) da homogeneidade da populaçüo. Fe]jzmente a líncr - . . .· ,

humana

relativamenteho

A

t:

ua

c uma

p1 op1

IL ;ul<

. - mogenea, entre outros motivos .

.. I . .

o m u m a ç a o , é imprescindível que todos tenham

a c e s ~ ~ r q u r

p.u.' l l.t\ l

amago

da

lín llla de sua

.d

· ·

pc

o

m.:

no

.\ ''

. - o_ . .

comum

ad

e.

Se

alg

um

excêntrico

e s o l v c s ~ c

l'l l'

ll

propna

s, seria dificilmente compreendido e .

..

. . . . .

s

enam

e intinada')

por se

le ã . . , . ' )(''

por

outro lado e' . . ç o natural. A lmgua falada por uma comunulad,

• su

Cientemente heterogê

ne

.

estudem diferen . a para t

ornar

dcs ej:ívd IJlll <; t

ças

entre sexos

classes soc

1

a· · , ·

qu

.'nto

se

E .. . . .

IS, J.aJXas

etanas

c

lanlas

Ol

lll

I'

" possam ssas

var

' · .- '

.

Ja

vers

sao as

c

ham

adas variáveis

soL·i:l

i

>

b)

do

número de variál eis

pe ·.

d

sqwsa as (veremos poste

ri

ormcniL' o porqlw l ,

c) do i llihncno. ( >utm

lacvta

da

homo(lcneidad J·

I '

homog0nea Jlill': l .tl ]' ll ll \ r. . . I o e (<I lll

gua

L' LJIW l'lil

l'

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' para

outro ... \

reallla<,.tn

t

I

li

til•

n

:;,

x

l

ll

liltCJt

u.lll

11

ror exemplo, não precisaria

de

amostra tão grande quanto o l u d o da.

realização do s , bem mais variável;

s \

jam d t ~ p ~ i m á r i o : essa realidade reflete o fato de que, na

poJHlla• ·au. s:

111

111

,

11

.,

raros os rndi

d 2° · · '

· •

Vl

uos com grau ou, mrus amda, com curso superior. l'ara iwl11

11

se

n e ~ s a

a m ~ s ~ a

assim selecionada, um número de falantes

do 2" ur: u •

.

Page 55: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 55/61

d)

o

método. Conforme a precisão da técnica estatística usada, pode-se

diminuir até certo ponto

a

amostra

se

forem usados métodos estatisticos

mais sofisticados;

e)

do orçamento e outras condiçlJes materiais.

Por fim, deve-se

levar em

conta que é necessário ser realista. E ntrevistas são bastante onerosas não

apenas pelas fitas gravadas, gravadores e transporte, mas principalmente

pelo número

de

horas gastas para

ir

ao

local e, mais ainda, para transcrição,

o que torna mais imp01tante a redução da amostra. Como há um limite,

abaixo

do

qual não há estatísti

ca

possível, talvez seja necessário reduzir o

número

de

variáveis que o pesquisador ambiciosamente planejou no inicio.

Veremos adiante o

lculo final de quantos falantes são necessários.

Como se lec ionar os falant

es?

O princípio mais rudimentar para permitir a inferência uos resultados

da

amostra

péua

a

população é

o

de que a seleção dos falantes seja aleatória. Levando

se em conta esse princípio. há vários modos de proceder:

1 - Método aleatório simples. Esse método cons istiria

cm co

locar num

recipiente uma identificação de cada indivíduo da

popula

ção e retirar cada

identificação uma a

uma

até completar o número desejado.

Isso

implica que

todos os indivíduos têm exatamente igual probabilidade

de

escolha. É o caso do

dado não viciado, cujas faces têm a mesma oportunidade de serem sorteadas.

Pode-se usar este método quando a amostra é muito grande e a população

é

muito homogênea.

Assim, se for estudada a diferença

de

comportamento lingüístico entre

homens e mulheres, será

bem

possível usar esse método

de

seleção

que:

a) o número de homens e

de

mulheres é aproximadamente o mesmo

numa

comunidade;

b) a diferença lingüística entre ambos não é supostamente muito grande.

Se

sortearmos, inteiramente

ao

acaso, 50 membros dessa comunidade,

teremos provável e aproximadamente25 mulheres e 25 homens. Entretanto, se for

desejável pesquisar a diferença de comportamento lingüístieo não mais pe lo sexo,

mas pelo grau de instrução, no Ri o,por exemplo, é recomendável a seleção de 50

indivíduos por este método totalmente aleatório e é bem provável que lodos d t·s

1

1 1 111

11

supeno

r suficiente

para

u ál · f'd

ct· ·

ma

an 1se 1 e tgna,

sena

necessário .. .

n o r n ~ ~ ~ ~ e n t e a amostra. Vê-se que esse método é vantajoso por incluir na aJtl l.. 11 .1 ,

s ~ f J c i e n t e ~ e n t e grand

e, um perfil paralelo à realidade; mus sw

1

d ~ s v _ a n t a g e m e q_ue, quand_o

_a

amosti:a não pode ser muito grande, é prov:íw l q

1

u

nao mclua um numero suficrente de Indivíduos

de

cada tipo.

, . P ~ a ~ r ~ c e d e ~ a um sorteio dos elementos da amostra, deve-se não

o

s e n ~

pnnc

tpro

da

1gualdade

de

chance

de

cada indivíduo da população pod

1

1

" '" '

escolhtdo.

..

a famosa pesquisa realizada em Montreal , no Canadá,

po n

 x

1

·tnplt '•

p e ~ a r a m

0

cat,Uogo

de

telefone e sortearam os falantes necessários c n11 c

assmantes. O

que

lá deu certo não daria

no

Rio: ficaria imediatamente corl:

ub d. t

amostra uma grande quantidade da população. Esse fato não seria tão d

es

:

1-.

Jtm11

se a falta de t e ~ e - f ~ n e

no_

Rio fosse apenas por contingência da comp:u

1

11 j,

1

d

1

telefone, nos

~ d 1 f t c 1 0 s

mms novos, por exemplo.

Não

é o caso.

uma

cnrn l:1 

1

,

b a ~ l a n l e e s t r e l t ~ entre falta de telefone e classe sociaP. Os morador

e-;

da 1.1\ I r

senam

a u t ~ m a u c a m e n t c conados da amostra (chama-se esse gênero ue

a

11111

11

,

1

com esse ttpo de correlação de

enviesado).

2 -

e a t ó r i a

estrat ficada.

Pelas razões acima expostas (de a amos

tra

1

.,

d,

·

ser d e ~ a ~ w d a m ~ ~ t e grande a fim de englobar todos os estratos da popula, ·'  '

costuma-se estratJ.ftcar a an1ostra. Paraprocedera esse método

i

·d _ I·

' I

1

. . ,

VI e se a popu ,11 ,1 ,

em ce ( c a s ~ s .'• 'estratos") compostas, cada uma,de indivíduos com as 11lL sr

11

,.

caractenshcas

SOCiaiS

, procedendo-se posteriormente,

pm·a

preench

er

cada ,

.

,

1 - al ' .

\

I

u m ~ -

se

ç a ~ _ ~ a t o n a .

Assim, se for escolhida como objeto

ele

pesquisa apc

11

a,

1

vanavel socwl sexo, pode-se ter, numa casa, 5 homens e, na outra, 5 mulheres ,. "

~ o s t r a ~ o d e r á

ser teoricamente de 10 indivíduos.

Se

acrescentarmos a v

ar

i:i'

1

r

s s _ e

s o ~ t a l ,

. p ~ r exempl?; d i v i d ~ r m o ~ _ c s s a variável em três fatores correspond

L

tlt '''

as classes alta, mtennecl1ana e batxa, Ja teremos de ter as seguintes casas:

5

homens

de

cla

sse

alta

5 muLheres de classe alta

5 homens de classe intermediária

5 mulheres de classe intermediária

5 homens

de

classe baixa

5 mulheres

de

classe baixa

:

" ':IIIÍ

ta du ll

'

, .

·'

'' ' ' ' · '" ' '

11

1

"" "

laml n l't \111 a ('\f'il tl" '" " ·'

it'k

lntu .o '" ' llo '

ti

" ' " I' ll l

j a

l l l ,

tl l

ll l o ' 111

11.

1

•' l11l.1 of ,• ut

d

t\ f

d

1111

·

1

l l l l l l l lli II

I

U III

1

1

1

1 .

llu

1\

t·.d

I l l l l l t·

d•

l f l t l lf tfll

' t

\ ~ 1

, o  1111

 1

t III I I ll lf.l

•l llt  • ll

I

i

L h11t<><ill< 'H >

'1

:,

ud u

hl< l l l ~ l l t ll

SG

ainda quisermos estudar

a

influência das zonas urbana

é

rmaL

P'

c

mplo, teremos

as

seguintes casas:

I

I

Se quisermos saber então o tamanho desejável para u amostra, l'S\t'

t t l l l lh ' l

será

mu

ltiplicado pelo n

úm

ero apropriado de falantes cm caua célula;

110 LI ' •

dn

numero ideal

5 (cf.

Labov,

1981). Leríamos

então

60.

Nota-se que

a consl'qll''' '·'

Page 56: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 56/61

5 homens de classe alta de zona rural

5

homens de classe alta de zo na urbana

5

mu lheres de c

la

sse alta de zona

rural

5 mul

heres de classe a

lt

a de zona urba

na

5

homens de classe intermediária de zona rural

5 homens de c

la

sse i

nt

er

medi{u

·ia de zo

na

urbana

5 mulheres da classe intermediária de zona rural

5 mulheres de

<.:lasse in

termediária de zona urbana

5

homens de classe baixa de

LO

na rural

5 homens de classe baixa de

:t.ona

urbana

5 mu lheres de classe baixa de zo na rural

5

mulheres de classe baixa de zona urbana

um

sistema s

im

ples

para

construir essas casas : codiricam-se

os_ fa

Lares

(atribuindo uma let

ra

para cada fator) e

faL-se

uma análise

c o m b m a ~ ó n a .

Para

sab

er

de antemão quantas casas teremos ao

fi

nal. multiplicam-se

os

fatores. No

. 1 . . A 1 B) x 2

zonas

(U

R) =

P

caso, te

mo

s 2

sex.os

HM) x

.1

c asses s

oc1aJS

. . . · . .

casas. A construção dessas casas pode ser melhor v1suahzada no esqu ema ab,uxo.

----

U-HAU

I

A ~

R-HAR

..-----

u

1ll

u

H

\

R-HIR

~ U H B U

B

----

R-HBR

M U

1\

R-M/\R

~ U M I U

M

\

R-MIR

M H U

13

R-MHR

úc

incluir mais uma variável que tenha, por exemplo, dois fatores scra dupltt

.11

,,

amostra; três fatores, triplicar a amostra e assim consecutivamentc.

O stu

'

lingU

ista não pode então se deixar levar pelo entusiasmo natural de pcsqu t

s:u

míni mos deta

lh

es.

Imaginemos que queiramos, por ex.emplo, fazer

um

estudo numa P''lli'L' ·'',

n

ão

homogêneasobre

a

atitude dos índios do AltoXingu perante a sua ai

ahl

l

l/ 11

,,,,

em português ao invés da alfabetização em sua própria língua. Digamos qttt'

1t

,

I

O tribos, cada uma com a população variável.

O

número de falantes csrollud

em cada tribo será proporcional ao número total

de

indivíduos daquela tnlt

Como a amostra

é

heterogênea,

é

desejável que não seja m

ui

to pl'll ' ·'

digamos que se comporá

de 6

indivíduos que se distribuir

ão

na mesma

i''''JHII• ,, ,

como se segue:

Tribo

N. de índios

Amostra

a

500

lO

b

200 4

c

300

6

d

150

3

c 250

5

f

50

1

o

o

30

h

soo

lO

500

1

J

480

lO

Total

2960 60

Se a população

fo

sse mais hornogênca, poderiam t

er

sido escolh

id

os aiK'II

30 indivíduos, subdividindo-se cada subconjunto em dois.

naturalmente necessidade de yue não se enviese essa

:.1mosLra.

r<l/t tld11

com que todos os

1

O ndivíduos da tribo sejam. por exemplo, homens vdfto.,

N,,,,

se saberia nesse caso se determinado resultado encontrado entre os

llo llt

l'll 

''

deveria ao fato de serem velhos ou da tribo

A.

' I t 11WIII q11r

IIIHI · J u h k n d ~ ,

1 ·11111

11111 l .1Lu11• · • •

1\ttiiH IIt

1111111

1110 11 I , • l tlllltl h l 

11

,, ,.,

1111

lll•'thllhl.ultt -

I

.?t

l

ll tlltll h

ll \

I 11 '• ' lr

t

ii i IIJI:, I

t rl

nde selecionar os indivíduos que comporão a

amostra?

. Como, cada vez mais,

se nota

a importância do estudo d:t conVl l:-.:u, .1n I

prec1so encarar a necessidade de registrar tais interações. Aconselhamo:-.

11

~ · l IIm

menores registrados em vídeos, já

que

os gestos, mímicas e exprcssóes talllhl' llt

Page 57: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 57/61

Uma vez que sabemos quantos e quais indivíduos comporão

cada cé

l

ula

por exemplo, homem, adolesce

nt

e, com primário), serão procurados os indivíduos

pela área detemúnada (Rio de Janeiro, por

exemp

lo). Mas a área determinada pode

não

se

r totalmente homogênea, de acordo

com sua

extensão e outros fatores como

tipo de bairro, com maior ou menor condensação de determinada classe social,

presença de inúgrantes etc. A amostra deverá levar esses fatos em consideração.

É

desejável entrar em contato com a prefeitura e/ou com o

IBGE

para

obter um perfil social recente da

com

unidade, estrutura de seus bairros, enfim,

um conhecimento sistemático

da

comunidade.

Nessa

etapa,

é

aco nselhável que

se conte com o apoio de um sociólogo ou de um antropólogo que conheça bem a

comunidade para se encarregar dessa tarefa.

Coleta de dados

6

Uma vez que se sabe quantos. como e onde procurar os falantes , inicia-se a

pesquisa, gue precisa estar bem definida, bem planejada. Mesmo

que

o

se

ja. sempre

haverá imprevistos, aspectos insuspeitos que surgirão

no

decorrer do trabalho,

dificuldades de toda sorte. É necessário

ter

um arcabouço ftm1ementc delineado.

mas,

ao

mesmo tempo, amplo

''

jogo de cintura''. Serão, pois, previstos, nos mínimos

detalhes, todos os passos subseqüentcs pm·a evitar hesitações frente ao falante.

Que típo de contato e quantos serão preci

sos?

Basicamente existem três tipos de

co

ntato: interações livres, entrevistas e

lestes. A primeira consiste na gravação de dois ou mais interlocutores interagindo.

Serve principalmente

para

análise

da

conversação, estudos

de

turno

de

fala e

de

pronomes de tratamento. Tem a vantagem de ser bastante real e espontânea, de

ter perguntas e respostas. etc.

Sua

grande desvant

agem

é, entretanto. a dificuldade

cm gravá-la nitidamente e a quantidade de superposições de fala (duas pessoas

ralando ao

mesmo

tempo), o

que

é muito habitual de nossa c

ultma

e toma a

transcrição dificílima.

(,, ( l

qu.: cxpnm

o> aqui como seqUência

linear

é,

na

realidade.

muito

mais

integrado.

Ao ohlcr

a

utl1 <l>lra. I

<i<'\,. s

abe

r qu

l'

lip••

ck

p

c,

quisa

,erá

rcali7ada.

são importantes.

Para estudos morro-fonológicos e/ou sintáticos, são mais habituais n l r ~

~ , ,

do pesquisador com o falante. Suas vantagens e desvantagens são o l w i ; ~ n l l ' l l l i

opostas às das interações: facilidade de gravação e transcrição, mas úificuldad1

cm registrar

e r g u n t a ~

e impessoalidade nos turnos de fala e pronomesde t.rat<.uneuto

Há ainda os testes, geralmente complementares de outro tipo de conlalt,

que permitem a elicitação de dados desejados . Assim, por exemplo, se o estudo 1 

sobre pronomes de tratamento, pode-se projetar um dispositivo para exemplo d1

um homem, velho, vestido de macacão e peclir ao falante que se dirija a essa ligw a

por exemplo, "pergunte a ele se

ele quer

pintar a sua casa" e gravar a pergunla

Existe um grande número

de

testes, mas o melhor é certamente aqul'l1·

que é criado

para

a pesquisa desejada. Basta um

pouco

de imaginação.

Da entrevista

fa

laremos mais detalhadamente,

por ser

o mais habitual

do ..

procedimentos sociolingüísticos: é o mai s vantajoso para a pesquisa da maior1.1

?os

fenômenos

lingUísticos. A

entrevista consiste

não na interação de dor·,

Informan tes entre si, mas na do pesquisador ou de seu ajudante (entrevi-.tadorl

com o in formante ou falante (entrevistado).

Essa

entrevista,

longe

de ser

qu

est

_ioná.rio;

d ~ v e s e constituir

de uma

conversa. a mais informal possível,

apl :-..tr

das C

ir

cunstancias adversas.

posto

que o que se

quer

é

a fala casual, habitual.

do

\

falantes. Col

oca-se

aqui o

fundamental

p r doxo do observ dor

de

Labm

(

1975), importante de ser mencionado, cem vezes se for preciso: "queremos ohsl'l

var a fala

do

fa lante quando ele não é observado". Isso significa:

I) que o fa lante deve falar;

2) que ele não eleve

se

sentir observado,

sob

pena de não falar naturalmenil'.

· Essas questões

de

registros do nível

da

fala empregada pelo informante s

at

1

extrema mente importantes. Édifícil imaginar o grau de sensibilidade

do

infom

J<rlrlt

·

~ u a ? t . o

a e ~ s e fator.

Ca

be citar um fato concreto para

exemp

lificar até que pon111

c bas1co nao se esquecer desse pormenor.

. . .

Em

L974

,

  n d o Mar ia Marta Pereira Scherre (comunicação particul:u l

1111Clava

suas atlvtdad

es

de pesquisa

como

auxiliar dos professores Miriam l .t•rnll

e Anthony Julius Naro, realizando entrevistas preliminares para uma IK' ll '  

encomendada

pe

lo Mobral, que resultou no

re

latório "Competências hasic:l'

. dn

português (Naro Le mle, 1977), ocorreu um fato não planejado. E

la t.:

ollvld .ll .r

11 informante-piloto semi-alfabetizado ~ r a ir à sua casa. Ant

es

ela

cs

tav:t :t\ '' I ,

a:-. entrevistas numa escola perto do morro Santa Marta. Após um t T r ~ o ll ii Jlll

dt.: nm vcr-;a cm

-;ua

ra-;a l' a avisou ao rapaz que a entrevista ll' llllllldl .r \

" l ' ~ l l i r . e l

e.., pas

sa

ra111

:1

d1

-., til l l l l l s prohle11tas dl'

mall llr:111

1a IJIIL n r:

q1.1

/

I

/(1

IIII

III•

I•

• • I :._ u I•

•III 11

11

 

,,

11

<I

lnara

para que Marta o ajudasse. Quando o rapaz foi embora.

Marta

petl'l'llL'll

qul

0

gravador fic

ara

ligado, sem, inclusive, o seu

conh

eci m

ento

.

Co

munico u

l iSI fato aos pesquisadores ori entadores qu e,

comparando

as duas partes da

'

.,

Logo tkpois do preenchimento

da ficha

social, pensa-se cnlao na l'll ill'\'l" l. l

quL' deve

se

r bem planejada. Há vários aspectos a serem considcrad

l>s.

É necessário ter ass untos suficientes para a conversa flu ir m elhor. Jk \

1'

'>l

Page 58: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 58/61

gravação, puderam constatar que a incidência de

concordânciade

número

diminuía

quan

do

o entrevista

do

r supunha

que

não estava sendo gravado .

Chega-se aqui à questão

de

quantas entrevistas serão necessárias . A resposta

depende

do

fenôme

no

estudado. Um fenômeno que se

manifesta freqüentemente,

digamos, justamente o plural elo

SN,

não precisa de tantas horas de gravação se

compara

do

a

um

probl

em

a

ma

is raro, di gam

os

à regênc ia de de termin

ado ve

rbo.

Vemos que, n

ovamen

t

e, não

é

possível

fornecer número

adequado

de

horas_ a

serem gravad<Ls:

o

pesquisador

deve tomar essa d

ec

isão. Qualquer que ela

sep.

deverá, entretanto,

ser

a

mesma

para todos os falantes :

se para um

usa

rmo

s

uma

hora e para outro, quatro, o scgunuo falante, após maior número de horas de

convívio, terá maior chance

de

ter um menor grau

de

formalismo.

Qu a

lquer que seja o ti

po de

contato escolhido.

é

impr

es

cindível,

num estudo

sociolingüístico. conhecer o fa lante o melhor po ssíve l. Não se quer dizer com isso

que ele

deva

ser conhecido ou

amigo

do entrevistador:

se

um o rosse, _todos os

e n t r e v i s t d o ~

deveriam sê-lo, o que é impossível, no mesmo grau de

a1111za

de.

O entrevistado deve-se tomar conhecido do pesquisador no início

da

pesquisa.

o melhor

se r

ia ter

um

longo contato com ele, mas, na prática, toma-

se

difícil ter

esse

lo

ngo contato prévio e igual para tod

os

os falantes ua amostra. Constrói-se,

pois, um questionário soc ia l montado de acordo com a pesquisa c a ~ o m u n i d a d e

pre tendi da. Se a comunidade

é

bi lingüe, por exemp lo, ou se t e s em

proporção significativa, deverão ser previstas perguntas sob re a prune1ra lmgua do

falante, a de seus pais, se e le ainda fala essa língua, em que ocasiões, etc.

Sempre haverá perguntas precisas sobre a idade e a in

strução;

imagina-se

que n

ão

sejam

necessária

s pe r

guntas para sa

b

er

o sexo do

entrev

i

stado.

As

pergu ntas sobre a renda devem ser muito bem cercadas.

que não é co mum a

pessoa dizer espontaneamente a sua situação eeonômico-financeir? (coneta).

Assim também haverá dilicu ldade de

se

estabelecer a classe

socJU

l (lembramos

que é bom contar

com

a ajuda

de

um sociólogo).

Se

o estudo for reali zado numa

pequenacomunidade,

o

pesquisador pode ter

a

so1tc de contar

com um

censo recente

ou

um

es tudo

socio

l

ógico

a

respeito.

numa grande com

unid

ade

,

digamos numa

cidade, embora tenha pro vavelmente

acesso

a resu ltados gerais do últ imo censo.

não

terá

as infom1ações desejadas sobre

cada

falante.

Vimos que o questionário t

em,

como principal objetivo, traçar o

perfil

social

do informante. Atribuímos outros

objctivos

a

essa

l'icha soc ia l:

ser

um pr imeiro

contato antes da ent rev ista propriamente dita é um papel relevante. Quebrará o

gelo do informante ,

familiarizando-o co

m o gravauor. Ou tra vantage

m,

aim h_t .

nesse co ntato prévio, nesse conhecimento do infom1ante, é

poder

e l h o ~ condu :nr

a n t r c v i ~ t propriamen te dita , já que se toma possível saher sobre seus

Jn

t

crcss

l'

p<tra IJtclhor dirigir a

conversa.

pois, prever um número muito maior de assuntos do que o

n e c e s s á r i o p1 11\lt'll.

l

vista. j á que muitos deles podem não provocar o efeito desejado e o falante Sl' il'll.l ll

também

a

necessidade de

se

elicitar

forma

s não muito usuai

 -. ll t v. , ·

gênero de discurso. Se não houver, por exemplo, elicitação de formas vt·1h t1

·,

diversas, é quase certo que praticamente

hav

erá

formas na primeira pessoa do

singular e no presente do ind icativo.

De

acordo com o i

nt

eresse da pesquisa. plt<t'l

.t•'

ser

elicitadas outras formas,

mas

t

ão suavement

e

que

essa

clicitação

n

ão

JL'\

L'

I

sentida

pe

lo informante .

Se

forem n e c c s ~ á r i a s é b

om

fazer- se um pl.tlln

estratégico

para cada

uma .

Além da provocação

de

ce1tas formas lingüísticas,

toma

-se cada vc; 111.11 .

necessário elicitar diferentes gê neros

do discu

r

so

. O

nero m a i ~ fre

qi.i

cn

tL'IIH ''

d ic itado é a narrativa. Mas há o utros tipos que também podem ser provcw;1d"··

por exemp

lo, o argumentativo, através

de

perguntas adequadas à

épnl

.1 , "

comunidade; receitas ( como faz .. ); discurso indireto

( o

que você di

s:-.L

a

d1

'"

1.

discurso indireto h ipotético ( o que você faria se . .'·), etc. Todas essas clil'l l.t ' '

·,

devem

es tar

bem

clm·as, não

só no

planejamen

to da

entrevis ta, mas. o

t}

lll' l' III. i -.

difícil , no seu decorrer, pru·a que sutilmente sejam computadas as

o m 1 a

j<í uh111l.1 .

c seja

po

ss íve l obter as outras dese

ja d

as .

Não

se

p

ode

esquecer também de de ixar o falante falar. Ess a propusi•.:a"

parece óbv ia, mas freq Uentemente o en trev istador é tentado a meter-se na con

wt

s.1

ele próprio

ca

i na cilada

que

e le mesmo armou, de tornar natural

a

~ a .

I 1

·

a torna de fato tão natural. que se esquece

que

se tr ata de uma en trevista. Isto

l

l:l l l

quer dizer que

o entrevistador

deve

se abster

de

abrir a boca.

Es

sa postura

l ;u ,1

com que o informante parasse

ue

falar. Para o fluxo da conversa, gestos . olh;11,

...

c breves

hum-hum não diga?

ou é?, não interrompem propriamente. m

a-;

l i m u

e não dificultam a transcrição. Outro perigo de i

mpedir

o falan

lL ,h

'alar é o de fomlUlar perguntas de ta l fom1a que ele seja induzido a rcspon

ÔL

r

.

 

ou ll(tO, como, por exemplo,

perguntar

'

'você

vai

ao cinema

sábado no ill'''"

' l

l'or

icamcnte, nen h

um

a pergunta que possa

ser

respondida

simlnüo d

eve '''

kita:

é pe

rda

de

te

mp

o.

A vontade de utilizar be m o tempo da en trevista pode s

er parad

m.alml'trll"

causa

de

in terrupções . Há entrevistadores rápidos de pensamento que llt·;

11 11

lll'

f VO

sos com a le ntidão do falante

c acaba

m a f

rase por

e le logo

na

sua p

rit1 11 11 1

hesita<;ão. É preciso ter sensibilidade (que se adquire

com

prática) para 11o1a1 l '1

lulan tc hesita porque não gosta do assunto

melhor mudar de assunto) '>l' c I''''

Sl

 l hl 'S

i tantc

Ul' modo

gl'ral (l'

l l l dho r

mudar de

ra

lantc),

ou por SC I IIII

ll'lll;l

IH1 III

ll l :r .,

delicado

(tki \L'

11

h

l'\1

1;11 J.

Su proponha

outr

o te

ma

:tpo

 -.

ve r

ljll l'

n·ai

i

iH IIi<

1

\l< 11

l

l'

l l

() <l

'\'>l1111ll.

Depois de tantos conselhos técnicos, será examinado rapidan1c11ll.: un1 ...:aso

pdtico de

uma

pesquisa realizada no Rio de Janeiro pelo PEUL, que procurou

seguir muitos

desses aspectos teóricos.

___..- primário

7-14

anos

.,....- ginás io

4

4

I

I

Page 59: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 59/61

Esse grupo iniciou suas pesquisas

com

um projeto intitulado

"Censo da

vm-iação lingüística no Estado do

Rio de

Janeiro , o Projeto Cen:_o.

u ~ ~ o

esse

grupo falou em primeiro lugar a respeito do Projeto Censo, propos realiza-I? em

seis cidades (três do litoral, três do interior; três do norte e três do sul). Porem, o

pesquisador

propõe

e

os órgãos

financiadores dispõem.

P ~ r

falta de_ recursos,.

as

var iáveis geográficas foram eliminadas, restando apenas a c1dadedo Rio de Janerro,

c

assim

mesmo, somente

a

região urbana.

De

512

informantes

planejados

i ~ i c i a l m e n t e a amostra reduziu-se a 64 (512:2 climinando norte-sul, 256:2 eliminando

interior e litoral, e 128:2 cortando a metade dos falantes

de

cada célula).

Após muitas discussões a respeito das variáveis sociais a ser s c o l h i d ~ s na

estratificação da amostra, decidiu-se pelo sexo (dividido nos fatores masculmo e

feminino), pela

idade (dividida em

quatro faixas: 7 a

14

anos - infância;

15

a

25

anos- juventude procurando trabalho; 26 a 49 anos - força da idade em pleno

trabalho; mais de

50

ano s - idade madura, retirando-se do

trabalho)

e pelos anos

de escoladzação

(

1

a

4, 5

a

8 c 9

a

II

).

Observa-se que não

foram

escolhidas as

faixas de não-alfabetizados e de universitários

por

já existirem projetes parecidos

que

cobrian1 essas faixas. .

Observe-se também

que

houve modificações na obtenção da amostra, po1s

0

produto

de

2 sexos, 4 faixas etárias e 3 graus

de

instrução (24),

multiplicado

pelo

número

de falantes

permitidopor

nossas

o n c l i ç õ ~ s f i n ~ c . e i r a s

(3

por

célula),

dada 72, e não 64. Essas modificações devem-se a aJUStes te1tos (como

se

falou

anteri

01

mente, é

necessáJ.io ter ~ o g o

de

cintura ). O principal motivo foi células

vaúas: no nosso caso a célula composta

por

crianças de

7

a

14

anos (escolhidas

por nossa vontade

no

ensino público) no primeiro grau.Também houve modificação

quanto ao

número de

falantes

do

segundo

grau.

m e s ~ o

_ a d ~ l t o s :

c ~ m o

a

população de modo geral

tem

menos falantes dessacategona,dJmmu1u-se o n u ~ e r .

de

falru1tes de segundo

grau da

amostra.

Em

compensação, para melhor dis t

n

buição das crianças, para rins didáticos, aumentou-se a submostra de crianças

para doi s falantes de

cada sér

ie escolar (um menino e uma menina). perfazendo

se um

total de 16 criança

de 7

a

14

anos.

As células ficaram, pois, conforme a distribuição abaixo:

ITomcns

Total

U

~ : T T a u

primário

V

15-25 anos ginásio

.

2'

1

grau

/

primário

26-49

a no s inásio

..___

2n grau

primário

d 50

~

.

e anos gmas1o

~ 2° grau

O mesmo procedimento foi repetido para as mulheres.

3

3

2

..

-

3

2

3

3

2

Sendo

forçoso

procurar os falantes em

algum

ponto do

municíp io

e

n;Hl

querendo introduzir uma variável geográfica

na

est ratificação da amo stra, optou

por

uma

distribuição aleatória neste particular. Para tal, utiliza

mos

as

"Un

idatk·-.

Espaciais de Planeja mcnto". criadas pe lo município após

um

levantamento th

·

-.cntimento de

ba

irro e de padrões

de

redes

de com

unicação

c

transportes . A

cad.1

unidade foi

atribuído aleatoriamente um conjunto

de

característica

s sociai.,

d.1

L'stratiricação (por exemplo: instrução primária, idade de I5-25 anos . SL' \ I l

r ~ : m i n i n o .

ou

seja.

uma

casa. A

amostra

assim obtida

se concentra de

modo nalma l

nas áreas de maior densidade geográfica. já que seu s bairros tendem a ser mC

IH

ll'l'

 >

l .

portanto. mais numero<>os.

Durante essa fase da pesqu

isa. e l

aborou-se

um

modelo

de

fi

ch

a

social"

,

11111 ''roteiro de en trevista  (ver anexos I c 2) ao mesmo tempo em que trei núvanu 1

.

11111a

equipe,

não

pa ra capacitá-la a

faze

r

entrevistas.

para 111a

1

1n

11n

iformização, ev itando que houvesse discrepância em demasiado c11 trL ,, .,

\ a

rias entrevistas obtidas.

Alguns

pesquisadores preconizam que um só entre

v

istado

at11c

L'll l lt u l. 1., a -.

I'IIII LVistas que seriam transcritas por outras pessoas.

certamente V

ii

l l l i i ) l   ll s

i l l

>sL· procedimento: l l l l l : t l 'l':llldl'

homogeneidade, o

que

é

dcscj úVL I SL Ol l l

l

ll

  \

t.11lnr ror nti1110. l ll(l t·t .l l l(l l tk  o\ :t lll:t

gL

Il S. 0 l  l l tn :v is tadnr

oL.

IHfO l ttl l l ll l ll

PII

u l h ~ . : r metade dos falantes será entrevistada

por

pessoas do mesmo s ~ . : x ~ > . 1.: a

outra,

por

pessoas de outro sexo, o

que também

poderia

u s ~ e t e r o g ~ n e t d a d e .

Embora

haja bons entrevistadores que

sejam ma

us

transcntores

e .v Ce-versa,

I

l l l l

h

I

r

I

,

 

,

 .

1.1

Ficha social

Para

co

he

informações a respeito d

as

caracteristi

c

as soei

ai

s

do

i

n

on

a

t

Page 60: Introdução à Sociolingüística

8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

http://slidepdf.com/reader/full/introducao-a-sociolingueistica 60/61

achamos prefe

1

vel

que

o transcritor sej a a

mesma pessoa

que entrevtstou (e

que

faça tran

sc r

i

çã

o lo go

em

segu

ida):

ele

se

lembrará h o r das causas das

interrupções das mímicas, dos risos e dos próprios

en

unctados. .

Durante

0

treinamento, elaborou-se t

ambém

um

fl

uxograma

do

conJu

nto

de

operações que

cad

a entrevi

sta de

mandava, para tornar

-se nít

ido todo o sistema.

FL

UXOGR

AMA

DA COLE

TA

DE

DADOS

seleçtío

Por sotteio do endereço: vai-se ao endereço e constata-se o sexo,

et

c.

1 ndivídu

o:

2« seleçüo

Serve?

Pré-ficha

Serve?

não

sim

não

sim

Pergunta-se

se

ele tem vontade

de

responder

ao

questionário social.

não

tem

sim

Agora marca-se

dia

e hora.

Aplica-se o questionário social e marca-se hora_ r u ~ a . a enll:evista; mais ?u

menos

15

dias depois do levantamento

do

questtonarto soc1al por entrevlS-

tador + pesquisador.

1

indivíduo:

"costura" do roteiro

da

entrevista

por entrevistador+

p

es

qui s

ador

entrevis

ta

preenchimento

da

ficha

de

entrevista

marca-

se

outra tecni

cament

e

boa

?

sim

sociolingüisticamentc suííciente?

transcrição

controle

de

qualidade

digitação

Ainda nessa fase

de

treinamento, foi feito um pequeno projeto piloto par;t

praticar a aplicação

desse

fluxograma

,

da ficha

social e da

entrev

ista.

suas atitudes lingüísticas e seus interesses culturais,

como

já foi dito. orgatli/UJJ

se

a

"ficha

social".

Embo

ra

se

soubesse pr

evia

mente

a

faixa etária,

o

sexn

1· 11

grau

de

instrução

do

informante a ser contactado, havia interesse

em <.kt

al

ll

at ""

características

de

i

dade

e instrução.

O

modelo

da

ticha, apresentado

no

anexo

1,

foi

l n ~ j d o

para ser prccrtrln•l• •

pelo entrevistador. Simultaneamente. no entanto. gravou-se essa

entr

ev ista prn ·

não só para possibilitar

a

correção

de falhas

eventuais, como também p a 1 a

familiari

zar

o infom1ante

com a

situação

de

gravação.

Nessa

ficha, as primeiras perguntas (pré-ficha) servem para selecion

;11

11

informante adequado e foram planejadas para serem feitas

ao

informante, low

1 :111

se estabelecer o primeiro contato.

Nota-se, da ficha social, a

ênfa<;e

dada tanto ao local

onde

viveu o infnntl<lllh

durante o período de aquisição

da

lingua quanto à

sua

língua ma terna. Sdh 11l

u

sou 6 gravações porque essas não

se restringem apenas à

pesq

ui

sa

sohn·

.1

concordância

de

núme

ro

do

SN.

Decidiu

-se

conservar

apena

s os cariocas criados no

Rio que

não tiw

s\'111

se ausentado

por

mais de dois anos durante s

ua

infância e

cuja prim

eira

11) 11.1

fosse o

po

rtuguês.

O

número à

direita elas perguntas refere-se ao número

da

próxima p c r ~ l l

l l . l

a

ser feita

(0

ind i

ca

eliminação

do

info

r

mante

por

não

cmTes

pon der

ao ljlh

queríamos). Isso foi necessário, já que a pergunta seguinte

não deve se

r levada \'lll

co

nta

em

alguns casos

por

não

dar

sentido

em

v

ii

t ude

da

resp

os

ta anterior. Sl'

11

informante respondeu, por exemplo,

que n lo tem

religião, a

pe rgu

nta scguintv

não pode ser

"você vai

todo dia à missa?".

É

claro

que a

aplicação

<k..,s1'

questionário foi objeto de muito treino prévio.

Uma

vez sorteado aleatoriamente o bairro e o tipo do i

nfo

rmante (1;1i ' · '

dária,

sexo e instrução), o entrevistador procurava contactar pessoas em prl'd im

mais antigos,

dando

preferência a l

ugar

es mai s centrais. para diminu ir a prohal•1

idade

de

contactar informant

es

recém-estabelecidos

no bairr

o. ConformL' FI

lo1

di

Lo,

descartou

-se

a utilização de métodos

de

es

c

olha

tota

lmen

te a l

eatú

ri

us

p

não exi stir nenhuma

maneira de

listar todos os habitantes

do

bairro.

Entrevista

A e nt rev ista a sl' r tc:di;:ula co m o informante se k l' i

nnado en1

cita

:llgtllli-o

tltas

apos

o

p

H'l 'J t t ·l llll•

' ll

lll

1' .1

'l:tV

t

c;:to da fil' ha snc i:

\

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Ao

pla iH' I·

l:t

, 11

\

l l l l

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I

SI.l

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1 lt tl

ll ('

\

1.1111l ll

ll '

l l l : I I I

Í

/.

tdo

1:12

du

< oo

u Sociolingulsi

iCO

Esse roteiro visava a obter maior homogeneidade dos discursos obtidos, j<í

que as entrevistas eram feitas porentrevistadores diferentes. Além disso, as questões

propostas no roteiro previam a elicitação de formas l i n g ~ í s t i c a s variadas._ o

I ,,,· I I ( I•' li h I

de ligar o gravador, até a repetição qu ase literalda entrevista (aJiás muiLD h o < ~ Jdt 11111

lado e outro da fita: o entrevistador, muito rápido e vivo, acabou seus assu111u· 1 111

meia-hora e repetiu todos

os

assuntos

do

outro ado

da

fita.

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8/10/2019 Introdução à Sociolingüística

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roteiro também consta

ram

assuntos que propiciassem nanat1vas e argumentaçoes,

assim

como

perguntas metalingüísticas

de

interesse

ge

ral

p a : ~

a

Soc

iolingü.ística.

Ao planejar a entrevista, portanto, o entrevistador, utth:-ando o r o t ~ ~ o e a

ficha social, preocupava-se em provocar o aparecimento de formas

hngmsheas

variadas,

em

elicit

ar

vários gêneros

de

discurso e em abordm· tópicos de interesse

do

falante, sondados previamente durante o preenchimento da ficha social.

Na

realização

da

entrevista, o entrevistador trabalhava assistido

por um

acomp<Lnhante que

podia

ser outro entrevistador, um pesquisador ou u m a _ p e s ~ o a

qualquer, mesmo estranha

à

pesquisa.

Ta

l decisão roi

tomada não

para

lactlJtar

0

acesso a certos lugares como também para encarregar o acompanhante de

observar as situações, gestos, intervenção de outras pessoas e de auxiliar a manejar

o equipamento. _

A organização

do

coi Us previa a gravação de 64 horas de fala. A duraçao

de

cada

entrevista foi, então, pl<Lnejada para

60

minutos. Na escolha entre fitas

de

60

1

ou 90', optou-se pela de

60'.

devido à sua melhor qualidade técnica.

0 entrevi<;tador foi orientado a conduzir a entrevista de maneira descontraída

e natural, usando estratégias que incentivassem a fala fluente, ainda que dirigida,

falando pouco e evitando interromper o falante. . .

As q uestões planejadas

com

o auxílio

do

roteiro da entrevista e v e n a ~

ser

colocadas oportunamente c da maneira mais natuml possível, com vocabulano e

sintaxe adequados a cada situação. As perguntas deveriam ser formuladas evitando

se

0

"gatilho '·, isto é, formas que se es tava querendo elicitar. Assim,

q u a n ~ o

se

queria provocar o aparecimento do pronome s impessoal,

P r

e x e n ~ p l o ?evlan:.

se evitar

perguntas do tipo como

s

faz

para

tirar

cartetra

de tdenttdade? .

Imaginava-se que essa formulação provocaria o aparecimento da forma, mesmo

se

ela não fosse usual nas emissões de

fa

la do entrevistado. Sugeria-se.

por

exemplo,

que a pergunta fosse formulada nos seguintes tem1os:

' 'cumé que

faz

para

tirar

carteira de identidade?".

Quanto às perguntas mctalingüíslicas, essas deveriam ser colocadas final

da

entrevista, evitando-se chamar a atenção do informante para a sua maneira de

falar. Abordavam-se também assuntos

que

poderiam emocionar o falante, a fim

de que sua fala se tornasse menos cuidada, como observa Labov (1975). .

Todas as entrevistas foram submetidas a dois rígidos control

es

de qualtdadc:

um técnico-acústico,

que

levava

em

conta a possibilidade da gravação ser bem

trm

1

scrita; outro sociolingüístico, que observava se o entrevistado tinha realmente

fa

lado

0

suficiente.

Embora

a eqtúpe fosse treinada e alertada para ev itar certos

erros, todos os

enos

previstos foram encontrados, na maioria devido à <mgús t

ia

dos

entrevistadores.Houve desde a fita totalmenteem branco, pelo simples csqucriml'lliP

Se a fita

não

pac;sasse no controle de qualidade, repetia-se novamcnll' h

o processo: não adianta ficar com

pena de

jogar fora

uma

entrevista c transt n

'1

,

uma fita com mediocres qualidades acústicas. O trabalho de regra\ ar '''' '

entrevista é menor do que o ele transcrever

uma

fita quase inaudfvel.

TallqHtll

t ' '

adi<LOta conservar alguns péssimos infom1antcs

que não falan1

nada. Pode

P'

,., ,

à primeira

vista

que

esta

eliminação contraria a equiprobabilidade da s l l t · ~ ..

Contrariaria

se

a pesquisa

f o s ~ c

a respeito

do

Jluxo

da

fala

por

minuto,

1111

. , , .

fosse uma pesqui sa psicolót,rica a respei to da timideL. O que não se pode ellllllll.ll

é um falante,

por

exemplo, que

não

pronuncie '·bem·· os /s/ finais. Mas

se

t'h 11.11,

pronunciou nenhum/':-./, nem alguns outros fonemas

por

não

ter

dentes ou

por 11·1

lábio leporino, deverá ser excluído: não estamos estucl<Lndo casos médicos.

O

que

prevalece

cm

todas as etapas

da

pesquisa é o

bom

senso.