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INTRODUÇÃO

Conforme é do conhecimento de todos, entre as fronteiras estabelecidas pela

Ciência para o século XXI encontra-se aquela relacionada à questão ambiental.

Nesse contexto, estudos vêm sendo realizados em todo o mundo objetivando a

preservação ecológica do planeta, com destaque para o desenvolvimento de

processos de reciclagem que proporcionam significativa economia em nível

ambiental e econômico em relação à fabricação de novos produtos.

Por outro lado, sabe-se que a principal missão das Escolas é contribuir para o

desenvolvimento da sociedade através da formação cidadã de sujeitos que atuam

nos variados segmentos sociais, particularmente naqueles vinculados à

sustentabilidade, o que implica educar para o meio ambiente. Espera-se, assim a

promoção da educação ambiental como um processo de permanente aprendizagem

que valorize as diversas formas de conhecimento e forme cidadãos com consciência

local e planetária.

Considerando-se o problema ambiental causado pelos resíduos gerenciados de

forma inadequada e visando atender o disposto nas Diretrizes Curriculares do

Estado do Paraná, vimos desenvolver esta unidade temática, que prioriza uma

reflexão sobre Educação Ambiental, visando subsidiar teoricamente, a

implementação do projeto pedagógico intitulado “Transformando o velho em novo:

uma experiência com a reciclagem de papel nas aulas de Ciências”.

O referido projeto, que será implementado no segundo semestre do corrente ano,

propõe a produção de material didático com o lixo de papel produzido pela escola,

para serem utilizados na própria escola, estabelecendo, assim, um elo entre o

conhecimento, a realidade sócio ambiental e o aluno, tendo por objetivo contribuir

para uma aprendizagem significativa no ensino de Ciências.

Nessa perspectiva esta unidade temática busca uma reflexão sobre os

problemas ambientais em nossa sociedade, em especial, sobre o lixo, seu destino e

possíveis formas de reaproveitamento. Aborda também sobre a necessidade da

prática educacional voltada para a compreensão da realidade social e dos direitos e

responsabilidades em relação à vida pessoal, coletiva e ambiental da sociedade.

Temos como principais objetivos, aprender como trabalhar interdisciplinarmente com

alunos do Ensino Fundamental sobre a Educação Ambiental, em especial utilizando

a reciclagem do lixo, além de realizar estudos sobre os problemas ambientais,

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conscientizando os alunos sobre os benefícios da reciclagem do lixo e a

preservação do meio ambiente. A realização desse trabalho se pauta em estudos

bibliográficos e qualitativos sobre reciclagem e educação ambiental, fator capaz de

estimular os estudantes a uma melhor compreensão de seu significado.

2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E RECICLAGEM: CONSTRUINDO REFERENCIAIS

A questão ambiental se torna cada vez mais urgente para a sociedade, pois o

futuro da humanidade depende do equilíbrio do meio ambiente. Com o crescimento

populacional, a quantidade de lixo e poluição também cresce sem controle, por essa

razão se torna cada vez mais importante a realização de trabalhos educacionais em

favor do meio ambiente. Nesse sentido um projeto envolvendo a educação

ambiental é útil no sentido de esclarecer ao aluno sobre os benefícios da reciclagem

e a conscientização da preservação do meio ambiente.

A principal função do trabalho com o tema Meio Ambiente é contribuir para a

formação de cidadãos conscientes, aptos para decidirem e atuarem na sociedade

sócio ambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada

um e da sociedade. É necessário também que a escola trabalhe com formações de

valores, com atitudes, com o ensino e aprendizagem de habilidades e

procedimentos. Por isso é importante o trabalho interdisciplinar com alunos do

ensino fundamental, sobre a educação ambiental, em especial, utilizando a

reciclagem. Para tanto, se apresenta a necessidade da realização de estudos sobre

os problemas ambientais, conscientizando os alunos sobre os benefícios da

reciclagem, além de estudos sobre a importância da inclusão de questões

ambientais e sociais no currículo escolar tendo em vista entender a importância de

ações baseadas nos conceitos de sustentabilidade para a preservação do planeta.

Compreende-se, assim, a importância de uma política que promova a

educação ambiental voltada principalmente para a sustentabilidade nas escolas

primárias, tendo em vista promover uma mentalidade conservacionista, tendo em

vista contribuir para a implementação de ações que visem à utilização sustentável

dos recursos planetários.

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2.1 Sustentabilidade e Desenvolvimento sustentável

Etimologicamente sustentabilidade é uma palavra de origem latina. “Originada

de sustentare, significa suster, suportar, defender, proteger, favorecer, auxiliar,

manter, conservar em bom estado, fazer frente a, resistir.” (BACKES, 2002). Num

sentido amplo entende-se por sustentabilidade as ações humanas que têm em vista

o desenvolvimento sustentável1 do planeta, sem comprometer a capacidade das

gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades.

Por se caracterizar como um “princípio em evolução” segundo Backes (2002)

sustentabilidade é um conceito sistêmico, unido com a continuidade dos aspectos

econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana. Sendo assim, o

termo sustentabilidade abrange vários níveis de organização, desde a vizinhança

local a cidade até o planeta inteiro. Portanto, ao falar em sustentabilidade envolvem-

se vários seguimentos desde saneamento básico, consumismo, utilização de

energias renováveis uso consciente da água, efeito estufa, gerenciamento dos

resíduos sólidos e reciclagem, foco de nosso trabalho.

Na tentativa de definir sustentabilidade, Dobson (1999 (apud REIGOTA (2007,

p. 12) afirma que a aplicabilidade da sustentabilidade "pressupõe a mudança do

sistema econômico em seus fundamentos capitalistas."

De acordo com Reigota (2007) a noção de sustentabilidade implica uma

dimensão política, social, cultural e biológica e que exige uma extensiva produção e

difusão de conhecimentos e de princípios ético-políticos nos espaços das práticas

sociais cotidianas. Dessa forma, é na produção de conhecimentos interdisciplinares

sobre a sustentabilidade que se dá o primeiro embate para a sua concretização.

Nessa perspectiva insere-se a educação ambiental, concebida como um

processo no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do meio

ambiente e adquirem os conhecimentos, os valores, as experiências e a

determinação que os tomam aptos a agir individual e coletivamente para resolver

problemas ambientais.

1 Entende-se por desenvolvimento sustentável um modelo econômico, político, social, cultural e ambiental

equilibrado, que satisfaça as necessidades das gerações atuais, sem comprometer a capacidade das gerações

futuras de satisfazer suas próprias necessidades.

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Esta problemática coloca em destaque um dos principais objetivos da

educação sustentável: proporcionar a toda a sociedade a consciência de se adotar

comportamentos e atitudes ambientalmente adequadas, possibilitando o

desenvolvimento de estratégias voltadas ao estabelecimento de padrões de

comportamento que proporcione uma melhor qualidade de vida.

2.2 Os Resíduos Sólidos e os Problemas Ambientais

Consideram-se resíduos sólidos, diferentes materiais resultantes das

atividades humanas e da natureza, os quais podem ser reutilizados, gerando, entre

outros aspectos, proteção à saúde pública e economia de recursos naturais

(GUIMARÃES, 2005).

Se até o começo da Revolução Industrial o lixo era composto basicamente de

restos e sobras de alimentos, a partir dessa era passou a ser identificado, também,

por todo e qualquer material descartado e rejeitado pela sociedade. O

desenvolvimento para conforto e bem estar humano produzido a partir da Revolução

Industrial levou à intensificação do material descartado, ocasionando um aumento

da quantidade de resíduos gerados e não utilizados pelo homem, muitos deles

provocando a contaminação do meio ambiente e trazendo riscos à saúde humana e

deterioração da qualidade de vida (TEIXEIRA, 2004).

Só no Brasil, são produzidos 240 mil toneladas de lixo diariamente. Também

no Brasil o papel é o segundo material mais descartado.

O resíduo sólido hoje se apresenta como um problema para a população, o

excesso de lixo causa a falta de lugar onde depositá-los. Entre as soluções para o

problema destaca-se a que prevê a máxima redução da quantidade na fonte

geradora. Se esses resíduos não podem ser evitados, deverão ser reciclados,

reutilizados ou recuperados, de tal modo que seja o mínimo possível o que tenha

como destino final os aterros sanitários (GONÇALVES. 2002).

O gasto com água e energia elétrica cai pela metade quando se faz a

reciclagem, comparado com o que é gasto ao produzir papel com matéria prima

virgem.

No contexto desse trabalho importa o processo de reciclagem, que é tido

como o retorno da matéria-prima ao ciclo de produção do qual foi descartado. Fazer

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passar por novo ciclo e reaproveitar (material já utilizado, como papel, vidro, metal,

lixo) na obtenção de fabricação de novos produtos (FERREIRA, 2001).

Segundo Ferreira (2001) a reciclagem configura-se como uma maneira de

reintroduzir no sistema uma parte da matéria (e da energia), que se tornaria lixo.

Assim desviados, os resíduos são coletados, separados e processados para serem

usados como matéria-prima na manufatura de bens, os quais eram feitos

anteriormente com matéria prima virgem. Dessa forma, os recursos naturais ficam

menos comprometidos.

Do exposto se deduz que a reciclagem é uma forma racional de se eliminar os

resíduos produzidos pela atividade humana, pois todo o material usado retorna para o

ciclo de produção, ou então, reutilização. Reciclar e reaproveitar os resíduos, nesse

sentido, além de limitar a quantidade de lixo descartado, também recupera produtos já

fabricados, economiza matéria-prima e energia, cria nas pessoas uma cultura

conservacionista, além de diminuir a degradação do ambiente.

Se todos os materiais ou matérias encontradas na natureza pudessem ser

reciclados, acarretaria grandes benefícios ao ambiente, mas como não se podem

reciclar todos os materiais oferecidos à sociedade, deve-se haver consciência,

reciclando e reaproveitando ao máximo e o que se considera lixo, os materiais que

não sevem mais, e reduzir a quantidade de lixo, consumindo menos de maneira

mais eficiente (GUIMARÃES, 2005).

Nesse entendimento a questão da reciclagem, no contexto escolar, exige

antes de tudo, o comprometimento de toda a comunidade. Não se trata de assunto

isolado, pois permeia todo o modo de vida de uma população, já que os problemas

ambientais não só preocupam, mas atingem a todos, sem distinção.

A reciclagem pode assim ser considerada uma ação que contribui para a

educação ambiental, visto que, além de favorecer a limpeza do ambiente, contribui

para a aquisição do hábito de separar o lixo, oportuniza aos cidadãos preservarem a

natureza de uma forma concreta, ao fazerem as pessoas sentirem-se mais

responsáveis pelo lixo que geram (ANDRADE, 2007).

Assim, visando à minimização dos problemas ambientais causados pelos

resíduos sólidos, em 2010, o Governo Federal, sancionou e regulamentou a PNRS,

Política Nacional de Recursos Sólidos e este é o seu primeiro ano de implantação.

Esta Lei diferencia Resíduo, que é o lixo que pode ser reutilizado ou reciclado, de

Rejeito que é o lixo que não pode ser reaproveitado e, portanto carece de ser levado

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para o aterro sanitário e para criar estes aterros, o Governo Federal, fará a liberação

de recursos financeiros. Entre os objetivos mais importantes do PNRS, estão a

redução, reutilização e o tratamento dos resíduos sólidos com o destino adequado

aos rejeitos, além da diminuição do uso dos recursos naturais (água e energia) no

processo de produção e industrialização, não se esquecendo da inclusão social,

educação ambiental e reciclagem.

2.3 Educação Ambiental

A Educação Ambiental (EA) decorre de uma percepção renovada de mundo;

uma forma integral de ler a realidade e de atuar sobre ela. Nesse novo paradigma, a

proposta educativa envolve a visão de mundo como um todo e não pode ser

reduzida a apenas um departamento, uma disciplina ou programa específico. Deve

estar inserida na vida e no cotidiano de todos os indivíduos.

Nesse entendimento a EA se configura uma proposta de filosofia de vida que

resgata valores éticos, estéticos, democráticos e humanistas, cujo objetivo é

assegurar uma maneira de viver mais coerente com os ideais de uma sociedade

sustentável e democrática. Conduz a repensar velhas fórmulas e a propor ações

concretas para transformar a casa, a rua, o bairro, as comunidades. Parte de um

princípio de respeito à diversidade natural e cultural, que inclui a especificidade de

classe, de etnia e de gênero (ARDOINO, 1998).

A preocupação com o tema da Educação Ambiental se justifica tendo em vista

que o desenvolvimento sustentável introduz não apenas os aspectos relacionados

com as ações destinadas a reduzir o impacto dos agravos no cotidiano urbano, mas

também a necessidade incrementar a oferta de conteúdos informativos e educativos,

capazes de potencializar e ampliar as possibilidades da população de participar mais

intensamente de práticas sociais que fortaleçam a co-responsabilização na

fiscalização e controle dos agentes responsáveis pela crescente degradação

socioambiental.

Internacionalmente a educação ambiental tem como objetivos:

a) ajudar a fazer compreender claramente a existência e a importância da

interdependência econômica, social, política e ecológica nas zonas urbanas e rurais;

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b) proporcionar, a todas as pessoas, a possibilidade de adquirir os

conhecimentos, o sentido dos valores, as atitudes, o interesse ativo e as aptidões

necessárias para proteger e melhorar o meio ambiente;

c) inculcar novas pautas de conduta nos indivíduos, os grupos sociais e a

sociedade em seu conjunto, com respeito ao meio ambiente.

Quanto aos princípios fundamentais formulados internacionalmente, que

constituem as direções para realizar o trabalho de educação ambiental, se

destacam:

- considerar o meio ambiente em sua totalidade, ou seja, em seus aspectos

naturais e criados pelo homem, tecnológicos e sociais (econômico, político, técnico,

histórico-cultural, moral e estético);

- constituir um processo contínuo e permanente, começando pelo grau pré-

escolar e continuando por todas as fases do ensino formal e não formal;

- aplicar um enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de

cada disciplina, de maneira que se adquira uma perspectiva global e equilibrada;

- examinar as principais questões ambientais desde os pontos de vista local,

nacional, regional e internacional, de maneira que os educandos se compenetrem

com as condições ambientais de outras regiões geográficas;

- considerar, de maneira explícita, os aspectos ambientais nos planos de

desenvolvimento e de crescimento;

- participação dos alunos na organização de suas experiências de

aprendizagem, e dar-lhes a oportunidade de tomar decisões e aceitar suas

conseqüências;

- estabelecer uma relação para os alunos de todas as idades, entre a

sensibilização pelo meio ambiente, a aquisição de conhecimentos, a aptidão para

resolver os problemas e a clarificação dos valores, dando especial finca-ênfase em

sensibilizar aos mais jovens nos problemas do meio ambiente que se propõem em

sua própria comunidade;

- ajudar os alunos a descobrir os sintomas e as causas reais dos problemas

ambientais;

- utilizar diversos ambientes educativos e uma ampla gama de métodos para

comunicar e adquirir conhecimentos sobre o meio ambiente, sublinhando

devidamente as atividades práticas e as experiências pessoais.

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O exposto evidencia a problemática da educação ambiental, que se acelerou

e tornou-se mais aguda nas últimas décadas, num contexto no qual a globalização

econômica impõe novas pautas para a produção e consumo de recursos.

Em tal contexto a educação é uma via útil e necessária para potenciar ao

máximo a formação e capacitação ambiental em diferentes âmbitos da sociedade,

desde quem tem em suas mãos a tomada de decisões importantes, até os cidadãos,

nos quais a atuação diária incide de forma direta sobre o meio.

Assim, Educação, capacitação e investigação constituem uma estratégia

orientada à formação de uma nova cultura ambiental que incida em preferências de

consumo e padrões de convivência.

Cimpreendendo, com Freire que:

Uma das tarefas precípuas da prática educativo-progressista é exatamente o desenvolvimento da curiosidade crítica, insatisfeita e indócil. Curiosidade com que podemos nos defender de "irracionalismos" decorrentes do ou produzidos por excesso de "racionalidade" de nosso tempo altamente tecnologizado (FREIRE, 1997, p. 35-36).

Sendo assim, a educação ambiental deve- se fundamentar na educação que

tenha caráter de diálogo e represente oposição falta de participação, o formalismo e

a apatia comuns em propostas educativas que priorizam os interesses individuais

em detrimento dos coletivos e que não valoriza a natureza, a cultura. No entanto a

natureza e cultura são à base da educação moderna e constitui-se em um dos

principais entraves para promoção de uma educação ambiental realmente eficaz.

O meio ambiente na perspectiva da educação objetiva é a disseminação do

conhecimento sobre o ambiente, a fim de contribuir à sua preservação e utilização

sustentável dos seus recursos. Na contemporaneidade, a Educação Ambiental

assume uma perspectiva abrangente, não restringindo seu olhar à proteção e uso

sustentável de recursos naturais, mas construindo e fortalecendo a proposta de

construção de sociedade sustentável ambiental representando, portanto, um

instrumento essencial para superar os atuais impasses da nossa sociedade.

Tendo assim, como principal mola propulsora da educação ambiental a

crítica e inovação, em dois níveis: formal e não - formal. Buscando uma perspectiva

de ações que relacione o homem, a natureza e o universo, tomando como referência

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que os recursos naturais se esgotam e que o principal responsável pela sua

degradação é o homem.

Dessa maneira, seu principal desafio Ambiental, através da Educação

Ambiental é fortalecer a importância de garantir padrões ambientais adequados e

estimular uma crescente consciência ambiental, centrada no exercício da cidadania

e na reformulação de valores éticos e morais, individuais e coletivos, numa

perspectiva orientada para o desenvolvimento da preservação da natureza e o

homem. Ou seja, sensibilizando os diversos segmentos da sociedade e seus atores

pra desenvolverem práticas de cuidado e proteção com o planeta terra.

Segundo Brandão (1995, p. 223).

Analisando visões redutoras e utilitárias da questão e educação ambientais propõe, com simplicidade e sabedoria, uma compreensão onde o valor supremo é a vida, e pondera: "É porque somos parte da cadeia, do fluxo e dos elos da vida, que sempre existiu para todos nós uma "questão ambiental". Somos seres vivos antes de sermos pessoas racionais ou sujeitos sociais. Compartilhamos a vida com outros seres da vida, somos todos os todo e a parte de uma mesma dimensão de tudo que existe. E tudo que existe parece converge ou parece querer convergir para ela: a vida.

Com base nesse principio, é importante perceber a que o homem precisa ser

sensibilizado que para sua sobrevivência o cuidado com o meio ambiente e sua

preservação torna-se essencial para sua sobrevivência, precisa-se ter boas práticas

ambientais para ter boa a qualidade de vida.

A educação ambiental precisa de uma proposta pedagógica que deixe

entrever, por contraste ou exclusão, alguns pressupostos que se considera

importantes nessa construção da educação relacionada ao ambiente.

Preliminarmente, essa proposta conjuga elementos e prioridades defendidas por um

conjunto de educadores, direta ou indiretamente envolvidos com a temática em foco.

(GADOTTI, 1996; ARANHA & MARTINS 1986; BRUGGER, 1994).

Conforme esses autores a educação dirigida ao ambiente deve ser:

a) democrática - que respeita e se desenvolve segundo o interesse da

maioria dos cidadãos;

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b) participativa - que estimula a participação social dos cidadãos no

planejamento, execução e avaliação das respostas formuladas para atender aos

problemas vividos pela comunidade;

c) crítica - que exercita a capacidade de questionar e avaliar a realidade

socioambiental, desenvolvendo a autonomia para refletir e decidir os próprios rumos;

d) transformadora - que busca a politização e mudança das relações sociais,

dos valores e práticas contrárias ao bem-estar público;

e) dialógica - fundada no diálogo entre todos os participantes do processo

educativo e da sociedade circundante;

f) multidimensional - que pauta sua compreensão dos fatos na integração dos

diversos aspectos da realidade;

g) ética - que persiga o resgate ou construção de uma nova ética que priorize

a defesa da vida, da solidariedade e da sustentabilidade socioambiental.

Evidencia-se, assim, que para trabalhar uma proposta pedagógica

socioambiental e necessária reforçar o papel da educação sobre as inter-relações

entre justiça social, qualidade de vida e equilíbrio ambiental. O grande desafio que

se coloca é o de salientar a importância da qualidade de vida e da criação de uma

consciência ambiental além de reforçar o envolvimento da população local na defesa

da qualidade de vida. É preciso que as questões que abrangem desde os problemas

ambientais até os da saúde, como nessa proposta, também seja a bandeira de luta

das escolas e de seus educadores. E que a da sustentabilidade seja os valores e os

paradigmas da sociedade.

Entretanto, segundo Ulrich Beck (1994), isto representa a possibilidade de

uma leitura em torno dos elementos que reforçam o comprometimento da qualidade

de vida a partir da vivência de processos complexos onde se multiplicam as

possibilidades dos indivíduos vivenciarem riscos coletivos, não somente aqueles

restritos aos perigos decorrentes de catástrofes naturais, epidemias etc., mas

também aqueles decorrentes dos impactos do processo desorganizado de

urbanização e da lógica que preside o processo de industrialização.

Do exposto pode-se considerar a educação ambiental uma das principais

maneiras de atuação do processo dinâmico para o movimento ambiental que pode

obter resultados práticos e significativos. Esses resultados podem ser obtidos

através das Ciências Ambientais como forma de gerar conhecimentos ao homem

para que possa criar soluções para diminuir os impactos ambientais gerados pelo

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próprio homem. É necessário analisar que a questão ambiental está ligada

diretamente com o aspecto comportamental do homem, ou seja, com os princípios

educacionais, formativos de valores e práticas sociais voltados para o meio

ambiente.

Assim, tanto a educação quanto a questão ambiental, apesar das múltiplas

dimensões que envolvem, são em nosso entendimento, questões essencialmente

políticas que comportam visões de mundo e interesses diversificado.

Assim considerado, na contemporaneidade, a Educação Ambiental assume

uma perspectiva abrangente, não restringindo seu olhar à proteção e uso

sustentável de recursos naturais, mas construindo e fortalecendo a proposta de

construção de sociedade sustentável ambiental representando, portanto, um

instrumento essencial para superar os atuais impasses da nossa sociedade.

A Educação Ambiental (EA) se constitui uma forma abrangente de educação,

que se propõe atingir todos os cidadãos, através de um processo pedagógico,

participativo e permanente, trabalhando uma consciência crítica sobre a

problemática ambiental.

Constitui-se, assim, um processo de aprendizado que busca formar uma

consciência sobre a postura do homem em relação ao meio ambiente. Tem como

objetivo informar e sensibilizar as pessoas sobre os problemas ambientais e suas

possíveis soluções, buscando transformar os indivíduos em participantes das

decisões de sua comunidade. Daí a importância de trabalhar desde cedo a

Educação Ambiental no ensino formal, sendo integrada ao currículo de forma a

promover uma melhor aprendizagem e despertar a sensibilização do alunado.

Ao se propor trabalhar esse tema na escola, deve-se buscar uma prática

pedagógica motivadora para despertar o interesse dos alunos, trazendo uma

interação bem maior no processo de ensino-aprendizagem. Assim, é interessante

trabalhar os conceitos ambientais de forma atrativa, por meio de atividades lúdicas

(COSTA & LOPES, 1992).

Negrine (1994), em estudos realizados sobre o processo ensino-

aprendizagem, afirma que quando o aluno chega à escola, traz consigo toda uma

pré-história, construída a partir de suas vivências, grande parte delas através da

atividade lúdica. Portanto, a Educação Ambiental é um instrumento de informação e

sensibilização, um componente fundamental para uma reflexão de um modelo de

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sociedade mais sustentável, indispensável para se exercer a plena cidadania em

união com a conservação do meio ambiente e qualidade de vida.

2.4 Meio Ambiente e o Ensino Fundamental

Muito se tem discutido e escrito sobre a importância do ensino de Ciências

em todos os níveis de escolaridade. A importância do ensino de Ciências é

reconhecida por pesquisadores da área em todo o mundo, havendo uma

concordância relativa à inclusão de temas relacionados à Ciência e à Tecnologia.

Apesar da convergência de opiniões e de sua incorporação pelas propostas

curriculares e planejamentos escolares, ainda impera a realidade de o aluno sair da

escola com conhecimentos científicos insuficientes para compreender o mundo que

a cerca.

Nas sociedades atuais o ser humano se afasta da natureza e age de forma

irresponsável sobre o ambiente, causando grandes desequilíbrios na natureza.

Sendo assim, para Guimarães (2005), a gravidade da situação ambiental em

todo o mundo, torna necessária a implantação da Educação Ambiental para as

novas gerações, que se encontram em idade de formação de valores e atitudes,

como também para a população em geral, pela emergência da situação em que nos

encontramos. É nesta perspectiva, que o autor afirma que:

A Educação Ambiental vem sendo considerada interdisciplinar, orientado para a resolução de problemas locais. É participativa, comunitária, criativa e valoriza a ação. É transformadora de valores e atitudes através da construção de novos hábitos e conhecimentos, conscientizadora para as relações integradas ser humano, sociedade, natureza objetivando o equilíbrio local e global, melhorando a qualidade de todos os níveis de vida (GUIMARÃES, 2005, p.17).

Por isso é preciso que, em Educação Ambiental o educador trabalhe a

integração entre ser humano e o ambiente e se conscientize de que o ser humano é

natureza e não apenas parte dela. Para a realização de uma educação para a

transformação da sociedade em um mundo mais equilibrado social e

ambientalmente, é necessário resgatar o planejamento como uma ação pedagógica

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necessária. Neste sentido, o trabalho com projetos, devido à abordagem

interdisciplinar, possibilita superar a fragmentação do conhecimento.

Tendo como premissa que cabem ao ensino de Ciências, com seus métodos,

linguagem e conteúdos próprios, promover a formação integral do cidadão, como ser

pensante e atuante, e como co-responsável pelos destinos da sociedade, “o

propósito mais geral do ensino das Ciências deverá ser incentivar a emergência de

uma cidadania esclarecida, capaz de usar os recursos intelectuais da Ciência para

criar um ambiente favorável ao desenvolvimento do Homem como ser humano”.

(HURD apud CARMO, 1991, p. 146).

No que se refere ao exercício da cidadania, Fumagali (1998) explicita que se

deve perceber o aluno como sujeito social de sua própria história.

Cada vez que escuto que as crianças pequenas não podem aprender ciências, entendo que essa afirmação comporta não somente a incompreensão das características psicológicas do pensamento infantil, mas também a desvalorização da criança como sujeito social. Nesse sentido, parece que é esquecido que as crianças não são somente „o futuro‟ e sim que são „hoje‟ sujeitos integrantes do corpo social e que, portanto, têm o mesmo direito que os adultos de apropriar-se da cultura elaborada pelo conjunto da sociedade para utilizá-la na explicação e na transformação do mundo que a cerca. E apropriar-se da cultura elaborada é apropriar-se também do conhecimento científico, já que este é uma parte constitutiva dessa cultura (FUMAGALI, 1998, p. 5).

Afirma também que se deve valorizar a prática social presente nos alunos.

Argumenta que os alunos, “enquanto integrantes do corpo social atual, podem ser

hoje também responsáveis pelo cuidado do meio ambiente, podem agir hoje de

forma consciente e solidária em relação a temas vinculados ao bem-estar da

sociedade da qual fazem parte” (FUMAGALLI, 1998, p. 18). Valorizando o aluno

como sujeito social, conforme a autora se estará contribuindo para a sua ação como

adulto responsável e crítico na sociedade.

Quando tratamos da importância de trabalhar a questão ambiental, estamos

buscando mecanismos que ajudem a entender e combater a degradação sofrida

pelo planeta que afeta diretamente a qualidade de vida da humanidade e, portanto,

da sobrevivência da espécie humana. Acreditando que os indivíduos que se

encontram mais preparados para a plena realização de interesses pessoais e

coletivos, podem contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e um

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planeta mais saudável, é fundamental a assimilação de que o conceito de cidadania

relaciona-se diretamente às posturas sociais adotadas.

Tendo em vista que através da temática ambiental se pode provocar um

impacto significativo na sociedade, através da discussão, reflexão e ação, que tenha

significado sobre a importância do papel do cidadão para o meio ambiente. O

esforço coletivo a realização de atividades conjuntas, conforme proposto no projeto

em referência, pode resultar um trabalho enriquecedor no sentido de desenvolver

nos alunos a consciência ambiental, promover a educação ambiental na escola e,

consequentemente um aprendizado significativo da disciplina de Ciências.

Levando em consideração a problemática ambiental em virtude do

gerenciamento inadequado dos resíduos sólidos, e o postulado pelas Diretrizes

Curriculares do Estado do Paraná, é de fundamental importância o papel da escola e

do professor para a formação do sujeito crítico, socialmente atuante, consciente de

seu papel de co-responsável pela minimização dos problemas ambientais. Nesse

sentido a produção de material didático-pedagógico com o lixo de papel produzido

na escola se mostra um caminho promissor como experiência em educação

ambiental.

Pensa-se, assim, nas novas propostas curriculares e na real necessidade de

desenvolvermos a consciência de que a questão ambiental implica uma mudança de

atitude perante a vida, implica assimilar o caráter polissêmico presente na

caracterização do meio ambiente e dos problemas ambientais se relaciona à

maneira pela qual a educação ambiental geralmente é trabalhada nas escolas.

É nessa perspectiva que o projeto “Transformando o velho em novo: uma

experiência com a reciclagem de papel nas aulas de Ciências” foi idealizado, tendo

em vista que tecnologias inovadoras, relacionadas ao cotidiano do aluno podem

contribuir para o aprendizado do aluno numa perspectiva totalizante. Educador e

educando, estarão, através da implementação do projeto, desenvolvendo o processo

de conhecimento e adaptando-o à sua realidade, ou seja, relacionando os

conhecimentos construídos ao seu cotidiano.

Tem-se como pressuposto que as atividades experimentais práticas,

associadas com o necessário subsídio teórico, pode ampliar a predisposição para a

aprendizagem. Nesse sentido, o projeto em referência, tem como objetivo utilizar o

processo de reciclagem de papel, no caso transformar o lixo de papel produzido pela

própria escola em material didático criativo, a ser utilizado na instituição,

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estabelecendo, dessa forma, um elo entre o conhecimento, a realidade sócio

ambiental e o aluno.

Na perspectiva apresentada, o material didático se mostra um mediador no

processo de ensino e de aprendizagem em ciências, favorece a relação

professor/alunos e conhecimento, além de inovar na forma e no conteúdo. Pela

proposta metodológica que propõe possibilita que o aluno construa um

conhecimento mais significativo. Princípio educativo fundamental quando se pensa

em construir material didático no processo interacional entre professores e alunos no

contexto da sala de aula (GASPARIN, 2005).

2.5 Aspectos Metodológicos

Na perspectiva apresentada a implementação do projeto implica a utilização

de pesquisas e estudos teóricos através de bibliografia especializada e selecionada.

Os procedimentos metodológicos serão divididos em etapas:

Primeira etapa – Serão feitos questionamentos, sobre o que os alunos

sabem sobre ambiente, lixo e resíduos. A partir das respostas,

trabalharemos com a leitura dos temas do livro Desperdício Zero –

Programa da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, uma

parceria do Governo do Estado do Paraná, SEMA e ABIR – versão de

bolso.

Segunda etapa – Os alunos farão cartazes (reutilizando papéis) sobre

a reciclagem, informando sobre a coleta de material e estimulando o

envolvimento e a participação de todos, que serão fixados em lugares

estratégicos do colégio.

Terceira etapa - Em grupos os alunos pesquisarão na internet como é

feita a industrialização do papel e como é feita a reciclagem.

Quarta etapa - ampla divulgação do projeto, que será feita em grupos

de três alunos, que passarão em todas as salas de aula para

sensibilização, no sentido de mobilizar o público alvo para a coleta dos

materiais a serem reciclados.

Quinta etapa - interação teórica dos processos utilizados na fabricação

do papel e reconhecimento dos tipos de papéis e como pode ser

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transformados em cartazes, panfletos, cartilhas, pôsteres, tabuleiros

de jogos, etc.

Sesta etapa – O Grupo, em consenso fará a escolha das técnicas que

serão utilizadas para a reciclagem, de acordo com o tipo de papel

usado e o que se quer fabricar.

Sétima etapa - Montagem da oficina de reciclagem dentro do

laboratório de química do Colégio.

Finalização – Exposição dos materiais produzidos.

3. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

A necessidade de se introduzir a Educação Ambiental nos diversos graus de

ensino é de fundamental importância, pois, ela sensibiliza no sentido de formar os

cidadãos futuros. Assim, além de possibilitar conhecimentos e habilidades capazes

de promover a sustentabilidade e melhorar a qualidade de vida da comunidade,

desperta a necessidade de preservar o meio ambiente e conservar os recursos

naturais.

É importante ressaltar que é através da educação que as a escolas podem

desenvolver a construção da consciência ambiental aliada ao exercício diário de

uma prática é que se pode chegar à consciência ambiental num contexto coletivo e

provocando o poder público a implantação de políticas públicas ambientais

vinculadas com as escolas, contextualizando a questão ambiental com a questão

social.

Nesse sentido, o trabalho em sala de aula não se limita ao saber acumulado

e de alguma forma legitimado, mas aconselha e incentiva a coleta de informação

diretamente no meio ambiente com o qual professores e alunos passam a lidar

dentro e a partir da sala de aula, através de comportamentos participativos

especialmente para este fim.

As informações recolhidas são passíveis de serem analisadas através de

comparações com as informações acumuladas. As conclusões alcançadas a partir

daí poderão não ser definitivas, mas parciais, o que propicia a compreensão da

necessidade participativa de conhecimentos diversos e, portanto, de trabalho

conjunto para apreensão mais ampla dos problemas focalizados.

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Partindo desse principio a proposta escolar ambiental, conforme aqui

entendida, deve ser desenvolvida numa visão do que é socialmente justo e com

valores éticos, tendo em vista um modelo que se promova em harmonia com o meio

ambiente. Precisa-se cuidar do planeta, para que ele dê sustentação às reais

necessidades dos seres vivos. E também construir hábitos, atitudes e valores de

preservação e sustentabilidade ambiental.

Temos que modificar a nossa visão de mundo, porque a consciência

ambiental apresenta uma compreensão do meio ambiente e da atuação do homem

neste meio que avança em relação ao modo capitalista de compreensão, apontando

para uma forma mais satisfatória de resolver as questões da sobrevivência humana.

Deve-se mudar a maneira de realizar o trabalho escolar, que de informativo passe a

ser essencialmente formativo. Com isso desenvolve-se a capacidade de participar,

de se relacionar com o mundo de maneira organizada e com um objetivo específico.

No caso da vida escolar, este objetivo é conhecer melhor o mundo e aprender a

organizar o seu comportamento social para resolver problemas.

É preciso dar um passo transformador. Esse passo aponta na direção de se

orientar os trabalhos escolares por uma lógica ambiental, a fim de que passemos da

escola informativa para a escola formativa. É necessário e possível contribuir para a

formação de pessoas, capazes de criar e ampliar espaços de participação nas

tomadas de decisões de nossos problemas sócio-ambientais.

É nessa perspectiva que o projeto, objeto dessa produção, busca estudar os

principais problemas sócio-ambientais, vivenciados pela população humana

abordando temas como: a questão do lixo e o destino dos resíduos sólidos; poluição

dos recursos hídricos; destruição das matas; fome; violência; urbanização e

analfabetismo. Partindo de um pressuposto local, porém não deixando de

considerar o ambiente em seus múltiplos aspectos, atuando com visão ampla de

alcance regional e global.

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