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www.tiberiogeo.com.br – A Geografia Levada a Sério Página 1 Universidade Estadual Vale do Acaraú UVA Disciplina: Geografia Ambiental Professor: Tibério Mendonça INTRODUÇÃO À GEOGRAFIA AMBIENTAL Geografia ambiental é o estudo dos efeitos das ações do homem sobre o ambiente terrestre. Ela estuda mudanças climáticas globais, aumento do nível dos oceanos, desmatamento, processos de desertificação, poluição dos rios, lagos e mananciais de água, dentre outros efeitos no ambiente. O meio ambiente, comumente chamado apenas de ambiente, envolve todas as coisas vivas e não-vivas ocorrendo na Terra, ou em alguma região dela, que afetam os ecossistemas e a vida dos humanos. É o conjunto de condições, leis, influências e infraestrutura de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Fazem parte do meio ambiente o solo, as habitações, o clima, as estradas, etc. Percebemos então que alguns dos elementos formadores do meio ambiente, como vegetação, os rios, os solos, etc., são produzidos diretamente pela natureza. Outros são resultados da ativi dade humana – os edifícios, as ruas, a agricultura, as pontes e barragens, etc. Podemos então dividir o meio ambiente humano em meio natural e meio social. O meio natural de uma área consiste nos elementos da natureza que interagem naquele lugar são, portanto, interdependentes e interessam aos seres humanos, porque ocupar esse espaço significa se relacionar com eles. Afirma-se comumente que a maneira como o ser humano ocidental vê seu meio ambiente deriva em parte da ideia judaico-cristã, segundo a qual, diferentemente das outras criaturas, o ser humano foi feito à margem de Deus, tendo, portanto, o direito de dominar o mundo. A noção de um mundo destinado ao benefício da humanidade foi igualmente enunciada pelos gregos da Antiguidade: “As plantas foram criadas por causa dos animais e os animais por causa dos homens”, afirmou Aristóteles no século IV a.C. É discutível se este pensamento ocidental tornou-se possível ou ajudou a desenvolver a moderna tecnologia industrial e agrícola, que aumentou imensamente as ilusões humanas de domínio completo sobre a natureza, mas a verdade é que essas invenções foram quase inteiramente obras da civilização ocidental. A teoria segundo a qual as condições naturais governam o comportamento humano chama-se determinismo ou causalidade. Para que esse determinismo fosse válido, a localização de uma fábrica, por exemplo, seria determinada pela localização de matérias-primas e energia, algo que contraria os fatos, pois no mundo inteiro a localização das indústrias, desde a automobilística até as mais avançadas como a microeletrônica, tem como regra geral uma localização correspondente a fatores como mercado ou mão de obra qualificada, ficando os elementos naturais confinados tão somente aos caprichos de um lugar agradável para a moradia de uma sociedade.

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Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA – Disciplina: Geografia Ambiental – Professor: Tibério Mendonça

INTRODUÇÃO À GEOGRAFIA AMBIENTAL

Geografia ambiental é o estudo dos efeitos das ações do homem sobre o ambiente terrestre. Ela estuda mudanças climáticas globais, aumento do nível dos oceanos, desmatamento, processos de desertificação, poluição dos rios, lagos e mananciais de água, dentre outros efeitos no ambiente.

O meio ambiente, comumente chamado apenas de ambiente, envolve todas as coisas vivas e não-vivas ocorrendo na Terra, ou em alguma região dela, que afetam os ecossistemas e a vida dos humanos. É o conjunto de condições, leis, influências e infraestrutura de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Fazem parte do meio ambiente o solo, as habitações, o clima, as estradas, etc.

Percebemos então que alguns dos elementos formadores do meio ambiente, como vegetação, os rios, os solos, etc., são produzidos diretamente pela natureza. Outros são resultados da atividade humana – os edifícios, as ruas, a agricultura, as pontes e barragens, etc. Podemos então dividir o meio ambiente humano em meio natural e meio social.

O meio natural de uma área consiste nos elementos da natureza que interagem naquele lugar são, portanto, interdependentes e interessam aos seres humanos, porque ocupar esse espaço significa se relacionar com eles.

Afirma-se comumente que a maneira como o ser humano ocidental vê seu meio ambiente deriva em parte da ideia judaico-cristã, segundo a qual, diferentemente das outras criaturas, o ser humano foi feito à margem de Deus, tendo, portanto, o direito de dominar o mundo. A noção de um mundo destinado ao benefício da humanidade foi igualmente enunciada pelos gregos da Antiguidade: “As plantas foram criadas por causa dos animais e os animais por causa dos homens”, afirmou Aristóteles no século IV a.C. É discutível se este pensamento ocidental tornou-se possível ou ajudou a desenvolver a moderna tecnologia industrial e agrícola, que aumentou imensamente as ilusões humanas de domínio completo sobre a natureza, mas a verdade é que essas invenções foram quase inteiramente obras da civilização ocidental.

A teoria segundo a qual as condições naturais governam o comportamento humano chama-se determinismo ou causalidade. Para que esse determinismo fosse válido, a localização de uma fábrica, por exemplo, seria determinada pela localização de matérias-primas e energia, algo que contraria os fatos, pois no mundo inteiro a localização das indústrias, desde a automobilística até as mais avançadas como a microeletrônica, tem como regra geral uma localização correspondente a fatores como mercado ou mão de obra qualificada, ficando os elementos naturais confinados tão somente aos caprichos de um lugar agradável para a moradia de uma sociedade.

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No entanto, o oposto a esse determinismo, ou seja, a ideia de um controle total da humanidade sobre a natureza, também é incorreto. Torna-se evidente que a espécie humana ainda está sujeita à natureza, como o demonstram vários exemplos do nosso dia a dia.

Dessa forma, chegou-se à ideia de um meio-termo: o ser humano modifica a natureza com sua tecnologia, mas essas modificações são mais eficazes quando não contrariam a “natureza das coisas”, isto é, quando não ocasionam danos ambientais, que vão prejudicar os próprios seres humanos. As aplicações dessa tecnologia, assim, têm de ser estudadas com maior cuidado para evitar que as mudanças no meio ambiente não tragam mais prejuízos que benefícios à população.

Uma das características importantes do nosso planeta é a interdependência das suas partes. Todas as paisagens ou aspectos da Terra formam um conjunto, um sistema gigantesco. Os movimentos ou mudanças que aí ocorrem, como não podiam deixar de acontecer, dependem de energia. A energia que move esse sistema planetário provém de várias fontes: do interior da Terra, da gravidade, dos movimentos do planeta e, principalmente, do Sol, da radiação solar. É a energia do Sol que dá origem às formas do relevo, aos climas e à vida. Sem a radiação solar a Terra ficaria morta, escura e quase imutável. A energia solar alcança a Terra via atmosfera, distribui-se de forma desigual pelo planeta e depois volta ao espaço. Entre a entrada e a saída, a energia flui por diversos canais e se acumula por longos períodos de tempo (no carvão ou no petróleo) ou por pequenos períodos de tempo (nos animais, nos solos, nas árvores).

Os seres humanos são depositários de uma fração infinitesimal dessa corrente de energia. A intervenção humana no sistema Terra modifica a direção dessas correntes de energia (por exemplo, pela colheita de plantações, evitando que as plantas murchem e devolvam sua energia acumulada ao solo), altera a magnitude das correntes de energia (mineração do carvão, por exemplo). Dessa forma, é evidente que as ações humanas não podem ser confinadas e que elas acarretarão consequências em muitas partes do meio físico, além do local da intervenção.

Uma sociedade humana pode ser definida como um grupo de pessoas unidas por um conjunto de traços semelhantes, como por exemplo, traços culturais e étnicos. Ou seja, cada sociedade possui suas tradições, costumes e diversos outros fatores que a caracterizam e determinam.

Para falar de sociedade temos que falar de seu criador e responsável, o Homem. Além das necessidades biológicas imprescindíveis à sobrevivência de todo ser vivo, como alimentação e adaptação ao meio em que vive, o Homem se diferencia das outras espécies por seu “interesse motivador”, o qual, além de contribuir para a evolução da sociedade, ainda a sustenta. Esse interesse, que varia de pessoa para pessoa ou de sociedade para sociedade, pode ser exemplificado como o de buscar sempre novas experiências, de ser aceito no seu grupo social e de ser reconhecido e respeitado no seu ambiente.

O meio natural representa um dos grandes bens da humanidade, pois sobre ele o homem desencadeia suas ações e se apropria de acordo com suas concepções sociais, econômicas e culturais, existindo uma inter-relação entre o meio natural e a forma de utilização desse meio.

A paisagem natural da área estudada reflete a situação biofísica dos ambientes que a compõem e foram registradas utilizando-se o conceito de regiões ambientais e unidades de paisagem.

Nos espaços onde os componentes naturais não registram mais suas características naturais, pelo processo de apropriação da paisagem, as unidades de paisagem transformaram-se em unidades antropogênicas, algumas das quais não preservam mais todas as suas formas e processos naturais.

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No ambiente geográfico de nosso planeta, em algumas regiões, podemos notar uma diferença do ser humano para os outros animais: o homem, uma vez adaptado ao ambiente, consegue agir sobre ele; enquanto os animais precisam ajustar-se à geografia local. Isso não significa que o homem tenha poder sobre a natureza. Ele não pode evitar, por exemplo, que fenômenos naturais ocorram, embora possa prevenir-se de alguma forma.

Podemos observar que esses fatores naturais, de uma forma ou de outra, estão ligados à vida humana em sociedade, uma vez que, como consequência do que a natureza lhe ofereceu e graças a sua capacidade de adaptação, o homem pode evoluir através dos tempos. Daí a ligação entre meio ambiente e sociedade.

O atual modelo social surgiu a partir do desenvolvimento das atividades econômicas decorrentes do comércio. Este, por sua vez, propiciou o surgimento de uma nova estrutura geográfica das sociedades, que passaram a ser caracterizadas pelo binômio Centro/ Periferia.

A contradição nas relações Homem-Natureza consiste principalmente nos problemas dos processos industriais criados pelo Homem. Esse processo é visto como gerador de desenvolvimento, empregos, conhecimento e maior expectativa de vida. Porém, o homem se afastou do mundo natural, como se não fizesse parte dele. Com todo esse processo industrial e com a era tecnológica, a humanidade conseguiu contaminar o próprio ar que respira, a água que bebe, o solo que provém os alimentos, os rios, destruir florestas e os habitats animais. Todas essas destruições colocam em risco a sobrevivência da Terra e dos próprios seres humanos.

O elevado índice de consumo e a consequente industrialização esgotam ao longo do tempo os recursos da Terra, que levaram milhões de anos para se compor. Muitos desastres naturais são causados pela ação do homem no meio ambiente. Ao contrário de muitos que pensam que a natureza é violenta, pode ser, mas seu maior agressor é o homem, que não se deu conta de que deve sua existência a ela.

Todos esses processos industriais transformam o meio ambiente, poluindo o ar, a água, o solo, destruindo florestas, fazendo com que muitas pessoas se afastem e não tenham contato com o mundo natural, ou seja, interagindo em equilíbrio com todos os seres do planeta. Os sentidos básicos do homem como o instinto, a emoção e a espiritualidade se perdem sem essa interação com a natureza.

Mesmo que o homem tenha hoje uma maior consciência sobre sua intervenção no mundo natural, o que podemos até considerar um avanço, mediante as grandes degradações que já ocorreram até agora, ainda não há coerência suficiente. Ou seja, muitas ações deveriam ser colocadas em prática para a preservação do meio ambiente como um todo. O que vemos atualmente é que os índices de degradação aumentaram, enquanto de um lado existem muitos lutando por um mundo melhor para todos, de outro lado, a grande maioria busca seu próprio crescimento econômico, com o objetivo de consumir cada vez mais, e como consequência, consumir mais recursos naturais, ocasionando a degradação, sem se preocupar e muitas vezes sem saber, que esses recursos muitos são renováveis e não são infinitos.

Os problemas ambientais já vêm de longa data, desde a época em que o sistema industrial se desenvolveu na Europa e depois se transferiu para a América do Norte, aumentando cada vez mais a pressão sob o planeta. Recentemente, os problemas ambientais se agravaram, devido ao crescimento populacional desenfreado e suas vontades de viver num mundo industrial e tecnológico. O maior problema do planeta hoje, é entender e resolver as relações Homem-Terra, para que se consiga viver em harmonia e em equilíbrio com o Planeta. O meio ambiente vem se constituindo em uma das mais importantes dimensões da vida humana e é objeto de análise de diferentes grupos e classes que compõem a sociedade contemporânea. Sociedade esta que se baseia na produção e no consumo, gerando incertezas

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quanto à possibilidade de evitar ou recompensar os problemas causados pela modernização industrial.

Na atualidade, a abordagem da questão ambiental está a exigir de cada um de nós em particular e, acima de tudo, da sociedade como ser social (nós somos componentes desse ser coletivo) uma tomada de posição mais imperativa. Somos cônscios que esta, por si só, não é capaz de pôr um ponto final nas profundas mazelas que vêm sendo cometidas contra o patrimônio natural/social, cujos efeitos nocivos incidem direta e indiretamente sobre todos os seres vivos. Entretanto, é possível paralisar e mesmo retroceder o processo de destruição apesar de estarmos convictos de que a eliminação definitiva do perigo ecológico-ambiental passa, necessariamente, pela liquidação das relações de propriedade privada e de antagonismos de classes. Essa tomada de ação consciente, podemos assim dizer, tende a crescer em nossos dias em direção a uma crescente uniformização de entendimentos das causas reais geradoras da nefasta desestabilização do ambiente natural.

Se no passado não muito distante a palavra de ordem traduzia-se em postura mais contemplativa, em conservacionismo puro, etc., hoje, o impacto da destruição atinge-nos muito mais concretamente em virtude de ter-se ampliado de forma considerável o quadro das violações, premeditadas ou não, em razão do maior desenvolvimento anarquista das forças produtivas que estruturam o modo de produção capitalista. A nova palavra de ordem passa a ser cada vez mais impositiva, em razão de a perspectiva de salvar gerações futuras de vivências degradadas incorpora-se como atributo de valor maior na consciência social de significativos segmentos de nossa sociedade.

O desenvolvimento harmônico de uma sociedade depende, basicamente, de uma biosfera sadia como sistema integrado e auto-regulado suficiente para dar continuidade a sua reprodução nova se, o homem no processo de sua produção material respeitar as suas leis de funcionamento e evolução. Para tanto, há que se pautar por uma conduta superior orientada no sentido de tornar consciente e planificada a relação interdependente Homem-Natureza, a fim de que se possa criar um meio propício — nos parâmetros naturais e sociais — à vivência dos seres vivos.

Esta organização harmoniosa, denominada pelos ecologistas de "ecodesenvolvimento", consiste na transformação racional do meio ambiente em benefício do ser humano e do próprio meio, tendo em vista que a simples conservação é insuficiente para manter o equilíbrio natural dos processos da biosfera.

É necessário questionar que não basta, simplesmente, conhecer as causas determinantes da profunda desestabilização do binômio Homem-Natureza; não é suficiente apelar, pelas leis científicas que regem os fenômenos naturais e os sociais; pelos princípios éticos, humanísticos, religiosos, estéticos, etc., como também para a consciência do ser humano no sentido de que assuma uma conduta de respeito à natureza e à sociedade; que não é suficiente invocar a vontade, a bondade, a compreensão, a fraternidade, o bom senso, enfim, por toda e qualquer "postura de pedinte", para pôr fim ao contínuo processo de violação e destruição do binômio Natureza-Homem.

O surgimento do homem na Terra, necessitado de uma perfeita interação com a mesma e seus elementos constituintes, e esta interação, principalmente como meio de sobrevivência, tornou-se cada vez mais conflitantes, associado ao desenvolvimento humano e ao crescimento social permitiu sua ampliação ao domínio dos elementos da natureza e consequentemente a intensidade e extensão dos impactos ambientais.

Convive-se então com um cenário de crise econômica com baixa capacidade de geração de emprego, e uma crise ambiental sem precedentes, que não se sabe onde esta, e nem onde vai

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chegar, sabe-se apenas que é uma questão real, e que tem reunido pessoas, e organizações de todo mundo. As sociedades sustentáveis combatem o desperdício, privilegiam o coletivo e o bem comum, não viola os direitos humanos, ou seja, defende a biodiversidade sócio-cultural.

A palavra desenvolver, na sua origem, tem o sentido de “desembrulhar”, “desenrolar”, “libertar” ou “expandir uma coisa que estava embrulhada ou envolvida”.

Com essa definição percebe-se que o desenvolvimento é fundamentalmente caracterizado por hábitos, costumes e pensamentos de um povo que se desenvolve com o passar do tempo mais que apresenta para a sua nação um crescimento. Nenhum desenvolvimento pode vir de fora para dentro, principalmente, de forma imposta eliminando a particularidade e característica de cada um. O que se tem mais observado na sociedade moderna é uma imposição de desenvolvimento dos países desenvolvidos em relação aos países em desenvolvimento. Será esse o sentido real de desenvolvimento? Será que esse tipo de desenvolvimento traz maior dignidade ao ser humano? Será essa a única ou a melhor maneira de contribuir para a melhoria das condições de vida dignas para o ser humano?

A importação de modelos desenvolvimentistas tem resultado em enorme fracasso para a maioria da população mundial. É a partir da Segunda Guerra Mundial, que cresce o interesse sobre os modelos de crescimento econômico. As necessidades, metas e participação do ser humano foram marginalizados em benefícios dos objetivos macroeconômicos. A expansão acelerada e ininterrupta da internacionalização da economia capitalista, o crescimento do comércio, configurou-se um processo de integração seletiva de alguns países periféricos da economia mundial, incorporados aos planos de expansão do capital mediante uma nova divisão internacional do trabalho. Este processo é marcado também pela perca sem precedentes da capacidade do poder do Estado. As decisões internas de cada país dependem e em grande escala das decisões internacionais, cada vez mais, é maior a dependência, dos países em desenvolvimento, em relação às grandes corporações e ao capital estrangeiro. Uma das alternativas é a formação de blocos econômicos – UE, Mercosul, etc., mais esses blocos tendem a diminuir o poder, fronteiras ou barreiras de cada Estado, que são obrigados a cumprir uma série de exigência para enquadrar neste novo contexto.

O resultado é uma inevitável uniformalização dos padrões, gostos, costumes e valores culturais, levando a uma hegemonia cultural, ou massificação de algumas culturas.

Este processo leva a acreditar em um desenvolvimento não como redução gradativa das desigualdades socioeconômicas, mas como eliminação da pobreza; Mas na prática, segue em uma outra direção, é um desenvolvimento social acompanhado de um real processo de democratização do poder.

Hoje, predomina a crença de que o problema da fome, do desemprego, das favelas, da violência parece solucionar por meio de três pilares: Internacionalizar, promover abertura e privatizar.

Nesta concepção de desenvolvimento não faz referência as prioridades sociais, fortalece e amplia a competitividade, a eficiência com a redução dos salários, a expulsão e o desligamento de trabalhadores da economia formal.

Neste processo, países ricos e poderosos tornam-se mais poderosos, e os pobres, mais miseráveis; e a capacidade financeira do Estado para atender as demandas urgentes das massas leva ao desemprego, custo e baixa qualidade da educação, falta de segurança e deteriorização generalizada da qualidade de vida. Vive-se num mundo em que a indeterminação atinge o ser. O novo traz uma incerteza insuperável de organização e de desintegração, não fornece nenhum caminho certo para o futuro; tudo está em constante transformação e isso acarreta mudança no mundo dos conceitos.

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Esta crise desenvolvimentista é sempre uma crise global que causa impacto não somente na economia, mas também na política, na educação, na cultura, etc.

O desenvolvimento sustentável pregado pelo mercado se interpreta como a necessidade de organizar as atividades produtivas através do estímulo, da iniciativa e da criatividade privada, que em si não resolve o problema das pessoas em desfrutar de um acesso equitativo das oportunidades. Crescimento populacional e as ações sobre o meio ambiente

A taxa de crescimento da população mundial diminui, mas ainda assim aumenta rapidamente. Calcula-se que no ano 1 da Era Cristã, o número de habitantes de nosso planeta era de aproximadamente 250 milhões. Em 1650, atingimos a marca de 500 milhões de habitantes; de 1 bilhão, em 1800; de 3 bilhões, em 1960 e em 2011, são cerca de 7 bilhões de habitantes.

Como se observa, o crescimento populacional ao longo dos anos se deu em um ritmo

diferente. Antes da Revolução Industrial tínhamos um crescimento relativamente lento, ao passo que o pós-Revolução Industrial, esse crescimento se intensificou provocando um impacto nas relações do homem com o meio ambiente. Esse impacto pode ser entendido como esgotamento de recursos.

Prevê-se que a população humana aumentará de 7 bilhões a 8 - 10 bilhões ou mais entre 2011 e 2050, com um crescimento particularmente rápido nos países como a China e Índia. Esse fato levanta uma questão importante: O mundo pode fornecer um padrão de vida adequado para 2 bilhões de pessoas a mais sem que haja um vasto dano ambiental?

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Evolução do crescimento da população mundial

A Terra está superpovoada? Se estiver, quais medidas devem ser tomadas para diminuir o

crescimento populacional? Alguns argumentos que o planeta já está lotado, e em especial os países desenvolvidos, como os Estados Unidos, onde altas taxas de consumo de recursos ampliam o impacto ambiental de cada pessoa. Outros encorajam o crescimento populacional como forma de estimular o crescimento econômico.

Aqueles que não acreditam que a Terra está superpovoada apontam que a expectativa de vida média de 7 bilhões de pessoas é maior hoje que já foi em qualquer época do passado, e está previsto que aumentará ainda mais. De acordo com essas pessoas, o mundo pode suportar mais alguns bilhões de habitantes. Também acreditam que o crescimento populacional representa o recurso mais valioso do mundo para solucionar problemas ambientais e outros, e para estimular o crescimento econômico em razão do aumento de consumidores.

Alguns consideram qualquer forma de regular a população uma violação de credos religiosos. Outros vêem isso como uma invasão da privacidade e liberdade pessoal para se ter o número de filhos que quiser. Determinados países em desenvolvimento e alguns membros das minorias de países desenvolvidos consideram o controle populacional uma forma de genocídio, cujo intuito é impedir que sua economia e suas forças políticas cresçam.

Já os que propõem a diminuição e uma possível interrupção do crescimento populacional têm uma visão diferente. Elas apontam que falhamos ao suprir as necessidades básicas de cerca de um em cada cinco indivíduos.

Aqueles que propõem a diminuição no crescimento populacional advertem que há duas sérias consequências caso as taxas de natalidade não declinem de forma drásticas. Primeira, em algumas áreas, a taxa de mortalidade pode aumentar em razão do declínio das condições de saúde e ambientais (algo que acontece hoje em determinadas regiões da África). Segunda, o uso de recursos de recursos e os danos ambientais podem se intensificar conforme mais consumidores aumentam suas já grandes pegadas ecológicas (é a quantidade de água e terra biologicamente produtiva necessária para fornecer a cada pessoa os recursos que ela usa e para absorver os resíduos gerados com o uso desses recursos) em países desenvolvidos e em alguns

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países em desenvolvimento, como China e Índia, que estão passando por um rápido crescimento econômico.

As pegadas ecológicas

As pegadas ecológicas da humanidade ultrapassam a capacidade ecológica da Terra de

repor seus recursos renováveis e de absorver em cerca de 21%. Se as estimativas estiverem corretas, estamos usando os recursos renováveis 21% mais rápido do que a Terra leva para renová-los. Em outras palavras, seriam necessários os recursos de 1,21 planetas Terra para sustentar indefinidamente nossa produção e consumo atuais de recursos renováveis.

O aumento da população e consequente crescimento do consumo podem elevar os estresses ambientais, como doenças infecciosas, danos na biodiversidade, desmatamento de florestas tropicais, redução da pesca, escassez de água, poluição dos mares e mudanças climáticas.

Os que defendem este ponto de vista reconhecem que o crescimento populacional não é a única causa desses problemas. No entanto, eles argumentam que a adição de centenas de milhões de pessoas em países desenvolvidos e bilhões de pessoas em países em desenvolvimento só podem intensificar os problemas ambientais e sociais existentes.

Estes analistas acreditam que as pessoas devem ter liberdade de gerar quantos filhos quiserem, mas somente se isso não reduzir a qualidade de vida das pessoas agora e no futuro, seja pelo enfraquecimento da capacidade da Terra de sustentar a vida, seja por rupturas sociais. Existe, então, esta perspectiva que reconhece o problema ambiental, mas atribui ao fator demográfico um papel secundário, procurando situar a questão em termos de instituições socioeconômicas, padrões de acesso à terra e desigualdades sociais. Neste veio também existem algumas tentativas de inverter os termos da equação, atribuindo à pressão sobre os recursos o papel positivo de promover o progresso técnico.

A relação entre população e meio ambiente vem sendo interpretada predominantemente através da abordagem neomalthusiana, segundo a qual o equilíbrio ambiental apresenta-se como produto do tamanho e crescimento da população, havendo assim, uma relação direta entre crescimento demográfico e pressão sobre recursos naturais. Disso resulta a conclusão imediata da necessidade do controle populacional.

Essa visão simplista, no entanto, não relaciona a questão ambiental aos aspectos ligados ao desenvolvimento e ao crescimento econômico, ou seja, não incorpora que os padrões de produção e consumo, até então conhecidos, são extremamente devastadores e poluidores.

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Assim, para a linha de pensamento neomalthusiana, apenas a dimensão demográfica é considerada, colocando-se na esfera do crescimento populacional o centro dos problemas econômicos, sociais e ambientais. A redução do crescimento da população dos países subdesenvolvidos bastaria para eliminar os problemas ambientais, além de contribuir para uma diminuição da população pobre.

Assim, os problemas ambientais globais, exceto no caso da perda de biodiversidade, seriam resultado, majoritariamente, do padrão de consumo dos países mais industrializados. Enquanto isso, os países menos industrializados estariam envolvidos em problemas como a desertificação, o desmatamento, enchentes, esgotamento de recursos naturais, além de problemas emergentes como poluição do ar e chuva ácida.

A contribuição relativa dos diferentes países para os diversos problemas ambientais apresenta-se de forma diferenciada. Atualmente, pode-se concluir que os países de industrialização mais avançada possuem a maior parcela de responsabilidade, provocando a maioria dos problemas ambientais mais sérios, como o efeito estufa, a diminuição da camada de ozônio e o acúmulo de lixo tóxico.

Portanto, não se pode atribuir o atual grau de degradação ambiental global apenas ao crescimento da população, mas principalmente aos padrões de produção e consumo que vêm caracterizando a industrialização e o consumo. Desse modo, a trajetória futura da problemática ambiental mundial dependerá basicamente da evolução de dois fatores: a) do grau de incorporação de países atualmente subdesenvolvidos aos padrões de produção e consumo que prevalecem nas sociedades industrializadas; b) do ritmo de desenvolvimento e adoção de tecnologias que permitam padrões de produção e consumo mais condizentes com o bem-estar ambiental, tanto nos países atualmente desenvolvidos, como naqueles que deverão se desenvolver durante o intervalo.

O crescimento da população, aliado a um consumo excessivo e a uma economia globalizada, tem trazido grandes preocupações por parte de ambientalistas, sociólogos, ecologistas, dentre outros setores. O planeta está no seu limite de suporte e seu capital natural/humano acaba sofrendo profunda alteração, cujos impactos socioambientais vão desde fome, miséria, desigualdade, violência e desemprego à reações adversas da natureza que por sua vez vêm castigando varias regiões a nível global.

Tais fatores foram desencadeados por uma desordem econômica e social, devido a um modelo predatório que continua ocorrendo de forma heterogênea, tornando difícil qualificá-los.

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Entretanto, a falta de percepção por parte da humanidade, que por sua vez cria e recria seu espaço as custas da apropriação da natureza, impede de visualizar a complexa relação homem x meio ambiente. Tendo em vista que muitas cidades já se encontram com sua capacidade de suporte superado, configurando um quadro de degradação transnacional, é de se imaginar que precisaríamos de um planeta 30 % maior para acomodar o modelo social vigente. O capital natural da Terra vem sendo ameaçado a cada dia devido aos avanços de fronteira econômica, expansão agrícola, assentamentos humanos desordenados, desmatamentos e especulações imobiliárias que, por falta de projeto de prevenção, acabam remediando os danos depois de fragmentá-los. E o custo para inverter o problema é tão alto que fica impossível reconstruir os ecossistemas agredidos.

Nessa abordagem, o modo como nos inserimos no ambiente resulta em um conjunto de relações sociais que, por sua vez, constrói um tipo específico de relacionamento com a dimensão natural. Relação essa, que se encontra em total descompasso em virtude do padrão societário atual. Mas, o que fazer diante da complexidade que essa relação se encontra?

O exercício da cidadania participativa poderia ser o caminho para uma sociedade sustentável, pois, a maioria da população jamais participou de uma ação social que vise a promoção de uma melhor qualidade de vida, de uma ação que busque uma relação mais transparente entre a sociedade e o poder instituído. O que temos é uma sociedade que continua querendo dominar a natureza, ao invés de interagir com ela, apresentando uma ação predatória e potencialmente ameaçadora da vida na Terra. Tem-se, ainda, a falta de projetos que questione as desigualdades sociais e os princípios de uma justiça ambiental que são temas importantes da busca pela sustentabilidade. A natureza passa a ser objeto mercadológico engendrado num processo de privatização do uso do meio ambiente comum, especificamente do ar e da água, o qual a humanidade depende. E é o custo econômico e social desse comércio que torna preocupante, já que passa a ser inadequado no auxílio ao desenvolvimento. A sociedade em que vivemos pode e deve ser planejada com padrões de menor porte e com produção descentralizada em bases sólidas, em termos tecnológicos, disponíveis democraticamente e gerados a partir das necessidades da coletividade. Porém, muitos estudiosos na área questionam sobre o tempo disponível que se tem para uma sensibilização e conscientização da população em nível global. As catástrofes já ocorrem em escalas cada vez maiores. A própria meteorologia se tornou um tanto quanto imprevisível e o homem, vítima de si mesmo, continua insistindo em usar intensivamente - e de forma errônea - os recursos naturais. Por outro lado, não é preciso ser tão pessimista quanto ao assunto em questão. Tem-se caminhado - e muito! - em busca de soluções, mas, é preciso estar atento a banalização feita em muitos discursos à cerca dos termos meio ambiente, desenvolvimento sustentável, ecoturismo entre outros. Existe uma grande diferença entre fazer declarações politicamente corretas e se comportar de forma não condizente com a declaração. Portanto, na qualidade de membros do planeta Terra é preciso, urgentemente, perceber que a sustentabilidade deve existir tanto nos ecossistemas quanto na sociedade humana, bem como nas formas sociais de apropriação e uso desses recursos do ambiente. Uma sociedade do consumo

A industrialização atual resulta de um processo evolutivo iniciado com a Revolução

Industrial ocorrida na Europa e particularmente na Inglaterra a partir do século XVIII. Esse

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período industrial significou a passagem de uma sociedade rural e artesanal para uma sociedade urbana e industrial. Dessa forma, podemos dizer que como a produção, o consumo é um fator fundamental para a produção do modelo de acumulação capitalista.

A partir da segunda metade do século XX, os níveis de consumo cresceram rapidamente nos diversos países. A redução dos custos de transporte de mercadoria e a rápida apropriação das inovações tecnológicas provenientes da Terceira Revolução Industrial tornaram possível às empresas colocar no mercado, a preços relativamente acessíveis e em grande quantidade, novos tipos de bens de consumo, objetos que iriam mudar os hábitos da população e criar novas necessidades. Desde então, existe uma disputa acirrada entre as grandes corporações para “abocanhar” partes cada vez maiores de mercado consumidor dos países em que desenvolvem suas atividades.

O consumo hoje vem tornando-se um dos grandes problemas causadores da destruição do meio ambiente. Por quê? Simplesmente porque todo o material necessário para a fabricação de celulares, computadores, roupas, carros, asfalto, casas etc., vêm da natureza; e como, a cada dia que passa, o mundo tem mais gente, a necessidade das indústrias de retirarem matérias-primas do meio ambiente torna-se mais agressiva. E para onde vai todo o material que descartamos? Para os bueiros, rios, para o ar que respiramos.

Produtos que consomem uma enorme variedade de recursos extraídos da natureza, não são oferecidos como necessidades, e tornaram-se emblemáticos na sociedade de consumo que se traduz como democrática, pois teoricamente, todo esse poder está ao alcance dos ricos e dos pobres.

Este descaso já vem de longe, o meio ambiente está sofrendo profundas alterações, às vezes são rastro de destruição jamais recuperados, ou seja, perdidas, pondo em perigo a sua própria existência, pois através desta destruição é que pode estar algum tipo de cura jamais conhecidos.

O ritmo consumista está trazendo problemas seríssimos, insustentáveis, não se pode nem medir o valor da perda só assistindo o planeta responder de forma dramática.

Os cenários como shoppings, arranha-céus, indústrias, são considerados normais, os valores relacionados com a natureza não têm valor, na verdade é tratada como empecilho ao progresso.

Estas construções levam a várias complicações, pois muitas delas são feitas sem medir o impacto que podem causar. Ruas, quando chove, ficam inundadas. Carros parecem que têm mais que gente, um trânsito louco, poluição constante.

Os recursos ecológicos são elementos do meio ambiente necessários à vida, mas são tratados com desprezo e muito abuso. Os alimentos fornecidos pelas plantas e animais, água e ar são muito importantes à sobrevivência de qualquer ser vivo. Já o aço e petróleo, por que tanto apreço?

É frequente o prejuízo ambiental, por causa deste descaso, não havendo fronteiras que impeçam os poluentes de cruzarem, afetando todo tipo de vida. A natureza vem reclamando e respondendo as agressões sofridas, através de várias manifestações, ocasionado por causa da poluição que o homem produz.

Temos o costume de comprar coisa sem necessitarmos, sem verificarmos de onde veio aquele produto, e isso, ajuda bastante para a degradação de nossos recursos naturais. Não bastando este problema, o consumismo realizado da maneira que vem sendo feito, tem influência negativa na pobreza, aumentando as desigualdades sociais, danificando o meio ambiente e as condições de vida de pessoas mais pobres. Para termos uma ideia, nosso planeta possui aproximadamente 7 bilhões de pessoas, onde 1/3 tem acesso ao consumo. Se esta forma

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predatória de consumir fosse igual para todos os 7 bilhões de pessoas do nosso planeta, iríamos precisar de quase 3 planetas Terra para satisfazer nossas necessidades.

Então, o que queremos dizer é: o consumo precisa ser consciente. Precisamos ter a ideia de que não é simplesmente porque temos dinheiro que podemos comprar tudo o que vemos pela frente e ninguém estará saindo em desvantagem. É claro que nos sentimos bem quando compramos algo novo, mas o planeta Terra não está suportando mais a exploração do ser humano de seus recursos naturais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERRY, THOMAS. O Sonho da Terra. Petrópolis: Vozes, 1991. BRANCO, Samuel Murgel. O Meio Ambiente em Debate. São Paulo: Moderna, 2004. Consumo x Meio Ambiente. Disponível em: < http://www.webartigos.com > Acesso em 13 julho 2011. DREW, DAVID. Processos Interativos Homem-meio ambiente. São Paulo: Difel, 1996. HOGAN, DANIEL JOSEPH. Crescimento Demográfico e Meio Ambiente. Revista Brasileira de Estudos Populacionais, Campinas, v. 8, p. 61-69, dez. 1991. MILLER, G. TYLER. Ciência Ambiental. 11ª ed. São Paulo: Thomson Learning, 2007. População e Meio Ambiente. Disponível em: < http://www.portaldomeioambiente.org.br > Acesso em 13 julho 2011.