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UNIVERSIDADE VALE DO ACARAÚ - UVA UNIVERSIDADE ABERTA VIDA - UNAVIDA CURSO: CURSO: PEDAGOGIA DISCIPLINA: ENSINO DE CIÊNCIAS OS BIOMAS

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UNIVERSIDADE VALE DO ACARAÚ - UVA

UNIVERSIDADE ABERTA VIDA - UNAVIDA

CURSO: CURSO: PEDAGOGIA

DISCIPLINA:

ENSINO DE CIÊNCIAS

OS BIOMAS

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Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA – Disciplina: Ensino de Ciência – Pedagogia – Professor: Tibério Mendonça

OS BIOMAS

A variedade e a variabilidade existente entre os organismos vivos e a trama

ecológica na qual estes organismos ocorrem, representa o que chamamos de biodiversidade, constituindo-se em um dos elementos chave para estruturar a compreensão biogeográfica acerca das variações e potenciais paisagísticos na superfície da Terra.

O termo Paisagem é um conceito chave na ciência geográfica. Essa expressão, em resumo, faz referência a tudo aquilo que o indivíduo abstrai do espaço a partir dos seus sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar), o que torna esse termo uma relação entre o ser humano e a sua formação de apropriação material e intelectual sobre o meio.

A expressão paisagem natural, nesse contexto, insere-se como uma tipificação criada em oposição à paisagem cultural ou geográfica, que é aquela produzida ou transformada pelas atividades antrópicas. Portanto, entende-se por paisagens naturais aqueles espaços que ainda não foram humanizados ou que pouco receberam a interferência das atividades baseadas no emprego das técnicas, principais elementos produtores e transformadores do espaço geográfico.

A compreensão dos elementos da natureza, bem como a sua localização e distribuição espacial pelos diferentes lugares, é importante no sentido de auxiliar no esclarecimento de seus efeitos sobre a sociedade e suas práticas. Nesse sentido, torna-se importante avaliar não tão somente as paisagens e os lugares em si, mas também as relações e as técnicas necessárias para a sua utilização e preservação.

Um dos conceitos mais fortemente utilizados em Ciências, é o conceito de Bioma. O termo Bioma (do grego Bio = vida + Oma = grupo) foi proposto por Clements e Shelford em 1939, para designar um certo tipo de formação vegetal em associação com a sua fauna própria, e subordinado a uma determinada condição climática. A amplitude do conceito nos permite compreender que o mesmo obedece especialmente aos critérios fisionômicos de classificação dos seres vivos, já que dentro de um mesmo Bioma se integram um mesmo tipo de vegetação (formação vegetal) e uma mesma zoocenose, ainda que formados por um conjunto bastante diversificado de espécies em cada local onde este Bioma se revela. Para uma melhor compreensão do que se está chamando de “tipo de vegetação”, Pereira (1984) nos lembra que “(...) por formação vegetal entende-se um agrupamento de vegetais que apresenta uma fisionomia própria, com as características bem definidas, com a dominância das mesmas formas biológicas e uma estratificação que lhe é peculiar”.

O Bioma constitui, portanto, um conceito que incorpora o conjunto característico de animais de uma dada zona climática ao conceito de formação vegetal, embora este último continue a ser prevalente sobre àquele no processo de delimitação dos Biomas, pois, como afirma Odum (1972), “considerando que a forma de vida da vegetação reflete, por uma parte, os traços principais do clima e determina, por outra parte, o caráter

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estrutural do habitat para animais, ela forma uma base segura para a classificação ecológica”.

Para o IBGE, Bioma é um conjunto de vida (vegetal e animal) constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, o que resulta em uma diversidade biológica própria.

Os ambientes naturais são produtos de uma complexa combinação de fatores como a latitude, o relevo, os solos, a estrutura geológica, etc. O clima e a vegetação são os elementos mais perceptíveis em uma paisagem natural. Esses dois elementos permitem definir e individualizar as diversas paisagens climato-botânicas do globo terrestre, que iremos enumerar e descrever.

O ambiente terrestre é divido em grandes comunidades, apresentando características distintas entre si, e essa classificação dos biomas é baseada em ligações dos aspectos biológicos e físicos (clima, relevo, vegetação) de uma determinada formação. No entanto, os sistemas ambientais utilizam-se da classificação de vegetação para melhor evidenciar as diversas paisagens naturais (biomas).

A interação do clima, representado principalmente pela temperatura, umidade do ar e pluviosidade, com as fatores edáficos produz ampla variedade de condições ecológicas, que vão determinar os principais tipos de ecossistemas terrestres.

Os principais biomas são: a Tundra; a Floresta Boreal; a Floresta Temperada Sazonal; a Floresta Temperada Pluvial; a Floresta Tropical Pluvial; a Savana; o Chaparral; os Campos Temperados e os Desertos.

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Fatores condicionantes da vida na biosfera A natureza é uma totalidade onde todos dependem de todos. Essa totalidade resulta de certas combinações e das condições necessárias para as espécies obtenham energia e participem das interações biológicas em seu nicho. O conceito de nicho é considerado em duas dimensões: o nicho fundamental, que é a área total onde se encontram as condições do meio físico necessárias para a existência da espécie, e o nicho realizado, que é a parte do nicho fundamental ocupada realmente pela espécie, que ali fica de certa forma confinada devido a interações competitivas ou para livrar-se da predação por outras espécies. As espécies têm seu nicho definido por um complexo conjunto de fatores físicos e biológicos. As necessidades de água, calor, nutrientes e solo parecem limitar a distribuição de muitas espécies. A existência de certos tipos de insetos polinizadores ou aves e morcegos como dispersores de sementes também influi na distribuição. Não é intenção discutir aqui todos os fatores que influem na atual organização da biosfera, mas mostrar os aspectos fundamentais de algumas de suas interações. Os organismos estão programados geneticamente para sobreviver num conjunto de condições ambientais que têm certos limites de tolerância. A maior parte do conhecimento dos limites de cada espécie foi obtida por meio de experimentos de laboratório feitos, principalmente, com espécies de valor econômico na agricultura, na pecuária, na pesca etc. A maior parte das plantas utilizadas na agricultura foi hibridizada para obter formas que se adaptem às diferentes condições climáticas do planeta. Quando isto não é possível, o sistema agrícola maneja as condições naturais, criando situações artificiais que simulem as características do meio ótimo para uma determinada planta ou animal. Assim, a agricultura irrigada, a calagem, a adubação, as estufas nada mais são que alterações do meio para se chegar às condições que estejam dentro do intervalo de tolerância da espécie e, se possível, nas condições ótimas para o seu melhor desempenho. Os organismos podem apresentar um intervalo de tolerância variável para diferentes fatores, como, por exemplo, água e temperatura. Numa determinada condição, um organismo pode suportar melhor a escassez de água, mas ser pouco tolerante a mudanças térmicas. Um animal de deserto, por exemplo. Há espécies com limites de tolerância amplos que ocorrem em várias regiões do globo, como, por exemplo, os pardais, que foram introduzidos em diversas regiões do mundo. Essas espécies, provavelmente, têm largas faixas de tolerância para diversos fatores, como luz, água, solos, temperatura, etc. Outro aspecto curioso da ação sempre combinada dos fatores é a influência recíproca entre os fatores. A água, por exemplo, é um fator que está relacionado com nutrientes solúveis; portanto, se as condições hídricas não ferem favoráveis, isso irá influir também nos nutrientes solúveis.

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Na natureza as espécies muitas vezes estão vivendo numa área onde as condições não são ótimas, mas estão sempre dentro de seu intervalo de tolerância. É possível encontrar para uma mesma espécie diferentes biótipos. Há também, limites de tolerância diferentes para uma mesma espécie, conforme seu estágio de desenvolvimento. Sementes, ovos, embriões, plântulas e larvas, em geral, possuem tolerância mais estreita do que as formas adultas correspondentes em fase não reprodutiva. Os intervalos de tolerância compreendem uma faixa de condições que inclui o estado ótimo e uma série de situações intermediárias até o limite. As condições real de sobrevivência de uma população nem sempre está no intervalo ótimo. Quando nos propomos manejar um ambiente e suas comunidades biológicas, é preciso estar atentos para não ultrapassar os limites que inviabilizam a sobrevivência dessas comunidades no ecossistema. Aspectos gerais da vegetação A notoriedade classificativa de um determinado vegetal perpassa por uma análise sistemática dos atributos superficiais dos corpos destas estruturas. A seguir, visualizaremos um modelo de classificação de cunho didático. Podemos realizar uma classificação a partir dos seguintes critérios: Quanto à Folhagem

Vegetação Latifoliada: caracteriza-se por apresentar folhas grandes e largas. Predomina nos ambientes de clima quente e chuvoso. Possuem maior facilidade para funções fotossintéticas e de transpiração;

Vegetação Aciculifoliada: é identificada por apresentar folhas pontiagudas, em

forma de agulha. Torna-se menor, neste caso, a superfície de transpiração. Este tipo de vegetação é muito comum nas vegetações de coníferas, como o pinheiro.

Quanto à Umidade

Vegetação Hidrófila: vive na água por pelo menos parte do ano;

Vegetação Higrófila: aparece nas regiões de muita umidade, como é o caso da Amazônia;

Vegetação Tropófila: domina nos ambientes de média umidade, onde normalmente esxiste uma estação chuvosa e outra seca;

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Vegetação Xerófila: é própria dos ambientes com pouca umidade, a exemplo da Caatinga e dos desertos. Possui pequena superfície de transpiração.

Quanto ao Porte

Vegetação Arbórea: apresenta grande tamanho, como é o exemplo das florestas;

Vegetação Arbustiva: possui médio porte, caracterizado muito nas savanas;

Vegetação Herbácea: muito encontrada na área de climas temperados, é identificada por ausência de vegetação arbórea. Uma vegetação rasteira.

Quanto ao Aspecto

Vegetação Fechada: mantêm-se com vegetais muito próximos uns dos outros, apresentando uma feição densa;

Vegetação Aberta: é aquela cujos vegetais aparecem dispersos, afastados uns dos

outros. Quanto à Variedade dos Vegetais

Vegetação Homogênea: caracteriza-se por apresentar pouca variedade de espécies;

Vegetação Heterogênea: é rica em espécies de vegetais.

Quanto ao Clima

Vegetação Microtérmica: aparece em áreas de clima frio;

Vegetação Mesotérmica: domina nos ambientes de clima temperado;

Vegetação Megatérmica: surge nas regiões de climas equatoriais outropicais.

Quanto ao Tipo de Madeira

Vegetação de Madeira Mole: é muito utilizada na fabricação de papel, cuja matéria prima é a celulose;

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Vegetação de Madeira de Lei: bastante utilizada na produção de móveis, possuindo grande valor econômico;

Vegetação de Madeira Lenhosa: muito comum na produção de compensados, tábuas e carvão.

Quanto ao Tipo de Solo

Vegetação Halófila: surge e desenvolve-se em ambientes de solos salinos, como é o caso dos manguezais;

Vegetação Calcícola: predomina nos solos ricos em calcário;

Vegetação Silícola: domina nos solos arenosos.

Os Biomas Brasileiros

O Brasil é formado por seis biomas de características distintas: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal. Cada um desses ambientes abriga diferentes tipos de vegetação e de fauna.

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Como a vegetação é um dos componentes mais importantes da biota, seu estado de conservação e de continuidade definem a existência ou não de hábitats para as espécies, a manutenção de serviços ambientais e o fornecimento de bens essenciais à sobrevivência de populações humanas.

Para a perpetuação da vida nos biomas, é necessário o estabelecimento de políticas públicas ambientais, a identificação de oportunidades para a conservação, uso sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade. Amazônia

A Amazônia é quase mítica: um verde e vasto mundo de águas e florestas, onde as copas de árvores imensas escondem o úmido nascimento, reprodução e morte de mais de um-terço das espécies que vivem sobre a Terra.

Os números são igualmente monumentais. A Amazônia é o maior bioma do Brasil: num território de 4.196.943 milhões de km2, crescem 2.500 espécies de árvores (ou um-terço de toda a madeira tropical do mundo) e 30 mil espécies de plantas (das 100 mil da América do Sul).

A bacia amazônica é a maior bacia hidrográfica do mundo: cobre cerca de 6 milhões de km2 e tem 1.100 afluentes. Seu principal rio, o Amazonas, corta a região para desaguar no Oceano Atlântico, lançando ao mar cerca de 175 milhões de litros d’água a cada segundo.

As estimativas situam a região como a maior reserva de madeira tropical do mundo. Seus recursos naturais – que, além da madeira, incluem enormes estoques de borracha, castanha, peixe e minérios, por exemplo – representam uma abundante fonte de riqueza natural. A região abriga também grande riqueza cultural, incluindo o conhecimento tradicional sobre os usos e a forma de explorar esses recursos naturais sem esgotá-los nem destruir o habitat natural.

Toda essa grandeza não esconde a fragilidade do ecossistema local, porém. A floresta vive a partir de seu próprio material orgânico, e seu delicado equilíbrio é extremamente sensível a quaisquer interferências. Os danos causados pela ação antrópica são muitas vezes irreversíveis.

Ademais, a riqueza natural da Amazônia se contrapõe dramaticamente aos baixos índices socioeconômicos da região, de baixa densidade demográfica e crescente urbanização. Desta forma, o uso dos recursos florestais é estratégico para o desenvolvimento da região.

Também conhecida como Hileia, essa imensa floresta latifoliada equatorial ocupa uma área total na América do Sul da ordem de 6,5 milhões de km², estendendo-se também por terras da Guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia. Desse total, 4,2 milhões estão em território brasileiro, correspondendo a aproximadamente 60% das terras brasileiras. Dessa forma, a Floresta

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Amazônica ocupa a quase totalidade da região Norte, a porção setentrional do Mato Grosso e a porção ocidental do Maranhão.

Na Floresta Amazônica, extremamente heterogênea e densa, predomina o clima equatorial úmido. Somadas - densidade e heterogeneidade das espécies vegetais e clima -, essas características tornam muito difícil a circulação de pessoas no seu interior. Calcula-se que essa floresta concentre mais de um terço de todas as espécies vegetais e animais de nosso planeta, com mais de 2.500 espécies de árvores.

Como a topografia da Amazônia apresenta-se em três níveis, a floresta também se divide em três estratos, que são:

Mata de igapó: corresponde ê porção da floresta que se assenta sobre o nível inferior da topografia - denominada verdadeira planície, ou planície de inundação -, onde solo está permanentemente inundado. É o trecho mais intrincado da mata, com árvores baixas e um grande número de lianas e cipós, entre outros, que lhe dão um aspecto de impenetrabilidade.

Mata de várzea: ocupa a porção do relevo denominada teso ou terraço fluvial, onde as inundações são periódicas. Como o solo dos terraços: não fica permanentemente inundado, as árvores: atingem uma altura maior, cerca de 40m. É uma formação intermediária entre as matas de igapó e as de terra firme.

Mata de terra firme: corresponde ao trecho da floresta localizada na porção mais elevada do relevo – os baixos planaltos ou baixos platôs –, sendo por isso mais desenvolvida e exuberante. Como o solo está livre das inundações, as árvores são as mais altas da floresta, tendo entre 40 e 60m de altura. O entrelaçamento das copas quase impede a passagem da luz.

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Mata Atlântica

No Brasil, grande parte das florestas tropicais consistiam a Mata Atlântica, assim batizada durante o século XVI, quando da chegada dos portugueses à América. Por caracterizar-se como uma floresta tropical, a Mata Atlântica assemelha-se bastante à Floresta Amazônica: é exuberante, heterogênea, intrincada, latifoliada e perenifólia. Originalmente era encontrada ao longo do litoral, desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul, porém foi intensamente devastada. Característica de uma região cujas temperaturas são elevadas e o teor de umidade, alto, o que resta dessa floresta é, hoje, protegido por uma legislação específica com fins de conservação. Assim, temos em sua área diversas Unidades de Conservação nas quais medidas restritivas procuram evitar maior desmatamento e preservar a fauna e a flora.

Nas porções interiores do sudeste brasileiro, a floresta tropical aparecia em quase todas as terras drenadas pelos rios da Bacia do Paraná, o que lhe confere uma outra denominação: Mata da Bacia do Paraná. Nos litorais das regiões Sudeste e Sul, a Serra do Mar dificultou a ocupação humana e a exploração florestal. Consequentemente, houve uma certa preservação da mata nessas regiões. Entretanto, mesmo nessa área a floresta está sendo devastada pela ação dos madeireiros e pela abertura de estradas, entre outros fatores.

Por localizar-se em regiões de maiores altitudes, a Mata Atlântica corresponde aos climas tropical úmido, tropical de altitude e subtropical úmido. A maior amplitude térmica desses climas favorece a presença de uma grande biodiversidade. Na verdade, para alguns autores, a Mata Atlântica é o bioma com a maior biodiversidade do país.

Em relação à fauna, os levantamentos já realizados indicam que a Mata Atlântica abriga 849 espécies de aves, 370 espécies de anfíbios, 200 espécies de répteis, 270 de mamíferos e cerca de 350 espécies de peixes.

Além de ser uma das regiões mais ricas do mundo em biodiversidade, tem importância vital para aproximadamente 120 milhões de brasileiros que vivem em seu domínio, onde são gerados aproximadamente 70% do PIB brasileiro, prestando importantíssimos serviços ambientais. Regula o fluxo dos mananciais hídricos, assegura a fertilidade do solo, suas paisagens oferecem belezas cênicas, controla o equilíbrio climático e protege escarpas e encostas das serras, além de preservar um patrimônio histórico e cultural imenso.

Dentro deste bioma encontramos a Mata de Araucária, essa formação, que se estendia originalmente do sul de São Paulo ao norte do Rio Grande do Sul, constitui uma variação da floresta boreal do Hemisfério Norte. Portanto, é uma floresta aciculifoliada subtropical adaptada ao clima subtropical úmido predominante do sul do Brasil, menos quente e úmido que o equatorial e o tropical e menos frio que os climas predominantes nas regiões das coníferas.

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Trata-se de uma vegetação relativamente homogênea, que apresenta poucas variedades. Sua espécie dominante é a Araucária angustifólia, ou pinheiro-do-paraná, árvore cujo tronco atinge de 25 a 30 m de altura e que apresenta ramificações apenas no seu topo. É uma formação aberta, ou seja, pouco densa, não oferecendo grandes obstáculos à circulação no seu interior, fato que facilitou sua intensa exploração e devastação.

Em virtude da numerosa presença de pinheiros, o extrativismo vegetal predominou de tal forma que a Mata de Araucárias tornou-se a principal fonte produtora de madeira do país.

O produto principal é o pinho, que, embora não seja uma madeira-de-lei, tem inúmeras aplicações econômicas, seja na indústria de móveis e na construção civil, seja na indústria de papel e celulose.

Caatinga

A caatinga ocupa uma área de cerca de 844.453 quilômetros quadrados, o equivalente a 11% do território nacional. Seu nome deriva do tupi-guarani, que significa "mata", e tinga, "branca", por causa de seu aspecto esbranquiçado.

Engloba os estados Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e o norte de Minas Gerais. Rico em biodiversidade, o bioma abriga 178 espécies de mamíferos, 591 de aves, 177 de répteis, 79 espécies de anfíbios, 241 de peixes e 221 abelhas. Cerca de 27 milhões de pessoas vivem na região, a maioria carente e dependente dos recursos do bioma para sobreviver. A caatinga tem um imenso potencial para a conservação de serviços ambientais, uso sustentável e bioprospecção que, se bem explorado, será decisivo para o desenvolvimento da região e do país. A biodiversidade da caatinga ampara diversas atividades econômicas voltadas para fins agrosilvopastoris e industriais, especialmente nos ramos farmacêutico, de cosméticos, químico e de alimentos.

Apesar da sua importância, o bioma tem sido desmatado de forma acelerada, principalmente nos últimos anos, devido principalmente ao consumo de lenha nativa, explorada de forma ilegal e insustentável, para fins domésticos e indústrias.

É típica do sertão nordestino, de clima semiárido, cuja umidade fica abaixo dos 700mm de precipitação anual. Por essa razão, a vegetação apresenta folhas por cerca de 3 ou 4 meses, durante a estação das chuvas. Essa formação, portanto, é caracterizada como caducifólia e xerófila: as plantas, para sobreviverem às secas, desenvolveram formas de adaptação diversas. Algumas, como as cactáceas, apresentam espinhos em suas folhas a fim de reduzir a transpiração; outras perdem as folhas a fim de não perder água. O solo, raso e pedregoso, contribui para a manutenção dessas características. A água das chuvas não é armazenada, pois se infiltra rapidamente.

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O Bioma Cerrado

O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, ocupando uma área de 2.036.448 km2, cerca de 22% do território nacional. A sua área contínua incide sobre os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, além dos encraves no Amapá, Roraima e Amazonas. Neste espaço territorial encontram-se as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata), o que resulta em um elevado potencial aquífero e favorece a sua biodiversidade. Considerado como um hotspots mundiais de biodiversidade, o Cerrado apresenta extrema abundância de espécies endêmicas e sofre uma excepcional perda de habitat. Do ponto de vista da diversidade biológica, o Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo, abrigando 11.627 espécies de plantas nativas já catalogadas. Existe uma grande diversidade de habitats, que determinam uma notável alternância de espécies entre diferentes fitofisionomias. Cerca de 199 espécies de mamíferos são conhecidas, e a rica avifauna compreende cerca de 837 espécies. Os números de peixes (1200 espécies), répteis (180 espécies) e anfíbios (150 espécies) são elevados. O número de peixes endêmicos não é conhecido, porém os valores são bastante altos para anfíbios e répteis: 28% e 17%, respectivamente. De acordo com estimativas recentes, o Cerrado é o refúgio de 13% das borboletas, 35% das abelhas e 23% dos cupins dos trópicos.

Contudo, inúmeras espécies de plantas e animais correm risco de extinção. Estima-se que 20% das espécies nativas e endêmicas já não ocorram em áreas protegidas e que pelo menos 137 espécies de animais que ocorrem no Cerrado estão ameaçadas de extinção. Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o bioma brasileiro que mais sofreu alterações com a ocupação humana. Com a crescente pressão para a abertura de novas áreas, visando incrementar a produção de carne e grãos para exportação, tem havido um progressivo esgotamento dos recursos naturais da região. Nas três últimas décadas, o Cerrado vem sendo degradado pela expansão da fronteira agrícola brasileira. Além disso, o bioma Cerrado é palco de uma exploração extremamente predatória de seu material lenhoso para produção de carvão.

Típico de áreas de clima tropical com duas estações bem marcadas - verão chuvoso e inverno seco. Caracterizado pelo predomínio de pequenas árvores e arbustos bastante retorcidos, com casca grossa, geralmente caducifólias e com raízes profundas, no cerrado também encontramos gramíneas e mesmo florestas, denominadas cerradão, cujas árvores podem superar os 15m de altura. Segundo especialistas, nessa formação a biodiversidade é comparável à da Floresta Amazônica: sabe-se que em seu interior coexistem mais de 400 espécies diferentes de árvores e arbustos esparsos.

A origem dos cerrados é ainda uma incógnita. Para alguns, é produto do clima, cuja estiagem estende-se por um período de 5 a 7 meses do ano. Para outros, sua origem está relacionada ao solo, extremamente ácido e pobre em nutrientes. O mais provável é que o

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cerrado resulte da ação de todos esses fatores ao mesmo tempo. O cerrado brasileiro vem sendo ocupado intensamente por atividades agrárias, em especial a plantação de soja, desde que se passou a fazer a correção da acidez do solo com adubos e outros corretivos químicos.

Apesar do reconhecimento de sua importância biológica, de todos os hotspots mundiais, o Cerrado é o que possui a menor porcentagem de áreas sobre proteção integral. O Bioma apresenta 8,21% de seu território legalmente protegido por unidades de conservação; desse total, 2,85% são unidades de conservação de proteção integral e 5,36% de unidades de conservação de uso sustentável, incluindo RPPNs (0,07%).

Pantanal

O bioma Pantanal é considerado uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta. Este bioma continental é considerado o de menor extensão territorial no Brasil, entretanto este dado em nada desmerece a exuberante riqueza que o referente bioma abriga. A sua área aproximada é 150.355 km², ocupando assim 1,76% da área total do território brasileiro. Em seu espaço territorial o bioma, que é uma planície aluvial, é influenciado por rios que drenam a bacia do Alto Paraguai.

Localizado nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além de terras do Paraguai e da Bolívia. Constituindo-se na maior área úmida continental do mundo, com altitudes que variam entre 100 e 200 metros.

O Pantanal sofre influência direta de três importantes biomas brasileiros: Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. Além disso sofre influência do bioma Chaco (nome dado ao Pantanal localizado no norte do Paraguai e leste da Bolívia). Uma característica interessante desse bioma é que muitas espécies ameaçadas em outras regiões do Brasil persistem em populações avantajadas na região, como é o caso do tuiuiú – ave símbolo do Pantanal. Estudos indicam que o bioma abriga os seguintes números de espécies catalogadas: 263 espécies de peixes, 41 espécies de anfíbios, 113 espécies de répteis, 463 espécies de aves e 132 espécies de mamíferos sendo 2 endêmicas. Segundo a Embrapa Pantanal, quase duas mil espécies de plantas já foram identificadas no bioma e classificadas de acordo com seu potencial, e algumas apresentam vigoroso potencial medicinal.

Apenas 4,6% do Pantanal encontram-se protegidos por unidades de conservação, dos quais 2,9% correspondem a UCs de proteção integral e 1,7% a UCs de uso sustentável (BRASIL, 2015).

A alternância das estações chuvosa e seca determina o ritmo da vida no Pantanal: durante a época das chuvas (novembro-abril), as águas cobrem cerca de dois terços da região, pois o fato de ela ser cercada por montanhas e as baixas altitudes dificultam o escoamento das chuvas.

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A partir de abril ou maio tem início o período mais seco do ano, o que se reflete na lenta redução do nível de água dos rios. Quando os terrenos secam, permanece sobre sua superfície uma fina camada de lama humífera, composta por uma mistura de areia, restos de animais e vegetais, sementes e humos, que fertiliza o solo e facilita o desenvolvimento da vegetação novamente.

Pampas

O Pampa está restrito ao estado do Rio Grande do Sul, onde ocupa uma área de 176.496 km². Isto corresponde a 63% do território estadual e a 2,07% do território brasileiro. As paisagens naturais do Pampa são variadas, de serras a planícies, de morros rupestres a coxilhas. O bioma exibe um imenso patrimônio cultural associado à biodiversidade. As paisagens naturais do Pampa se caracterizam pelo predomínio dos campos nativos, mas há também a presença de matas ciliares, matas de encosta, matas de pau-ferro, formações arbustivas, butiazais, banhados, afloramentos rochosos, etc.

Por ser um conjunto de ecossistemas muito antigos, o Pampa apresenta flora e fauna próprias e grande biodiversidade, ainda não completamente descrita pela ciência. Estimativas indicam valores em torno de 3000 espécies de plantas, com notável diversidade de gramíneas, são mais de 450 espécies (campim-forquilha, grama-tapete, flechilhas, brabas-de-bode, cabelos-de-porco, dentre outras). Nas áreas de campo natural, também se destacam as espécies de compostas e de leguminosas (150 espécies) como a babosa-do-campo, o amendoim-nativo e o trevo-nativo. Nas áreas de afloramentos rochosos podem ser encontradas muitas espécies de cactáceas. Entre as várias espécies vegetais típicas do Pampa vale destacar o Algarrobo (Prosopis algorobilla) e o Nhandavaí (Acacia farnesiana) arbusto cujos remanescentes podem ser encontrados apenas no Parque Estadual do Espinilho, no município de Barra do Quaraí.

Na vegetação brasileira nativa os campos são formações herbáceas que geralmente aparecem em forma de manchas de pequena extensão, distribuídas descontinuamente pelo interior do país. Bastante diversificadas, essas formações relacionam-se à existência de topografia suave ou climas mais frios e secos. Se aparecem exclusivamente gramíneas, denominam-se campos limpos, e se as gramíneas estão misturadas a pequenos arbustos, denominam-se campos sujos. Entre as diversas áreas de formação campestre, merecem destaque: os Campos meridionais como a Campanha Gaúcha, no Rio Grande do Sul; os Campos da Hileia como as formações rasteiras encontradas em áreas inundáveis como a Ilha de Marajó; e os Campos de altitude encontradas acima de 100m de altitude como na Serra da Mantiqueira, no Sudeste.

Trata-se de um patrimônio natural, genético e cultural de importância nacional e global. Também é no Pampa que fica a maior parte do aquífero Guarani.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE, E.S. et al. A nova natureza do. Geosul, Florianópolis, v. 19, n. 38, p 141-158, jul./dez. 2004. As grandes formações vegetais. Disponíve em: <http://not1.xpg.uol.com.br/> Acesso em 04 abril 2016. Biomas Brasileiros. Disponíve em: <http://www.tiberiogeo.com.br/AssuntoController/buscaAssunto/14> Acesso em 04 abril 2016. FIGUEIRÓ, ADRIANO S. Introdução ao Estudo da Biogeografia. In: Biogeografia: dinâmicas e transformações da natureza. São Paulo: Oficinas de Textos, 2015. SILVA, DAKIR LARARA MACHADO DA. Apostila de biogeografia. Canoas: ULBRA, 2011. 20 f. Apostila.

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A MATA DE ONDE EU VIM - 2003 Guilherme Arantes

As mãos na terra são como raízes Sementes são regadas com suor

Nas veias corre a seiva da floresta Onde vão as trilhas de volta Pra mata de onde eu vim... A mata de onde eu vim...

Agora eu sei reconstruir em dobro

As coisas que eu mato pra viver Agora eu sinto não estar sozinho

Onde vão as trilhas de volta Pra mata de onde eu vim... A mata de onde eu vim...

Quero poder ensinar os filhos

E cultivar o jardim que há dentro de nós Como uma estrela lançar grãozinhos

Na criação do mundo.

É fácil estancar esse deserto Porque a morte é só uma ilusão

A vida é uma tendência, um rumo certo Onde vão as trilhas de volta Pra mata de onde eu vim... A mata de onde eu vim...

Quero poder aprender com os índios

E cultivar o jardim que há dentro de nós Como uma estrela espalhar grãozinhos

Na criação do mundo