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INTRODUÇÃO A ENGENHARIA TÊXTIL Por Prof. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA. Professor Associado I, Centro de Tecnologia, UFRN, Natal-RN, Brasil. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA TÊXTIL CURSO DE ENGENHARIA TÊXTIL Natal, RN - Brasil. 2002. REVISADO E AMPLIADO 2006. NaO 3 S NH 2 OH SO 3 Na OMe OMe N=N N=N SO 3 Na SO 3 Na OH NH 2

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INTRODUÇÃO A ENGENHARIA TÊXTIL Por

Prof. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA. Professor Associado I, Centro de Tecnologia, UFRN, Natal-RN, Brasil.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA TÊXTIL CURSO DE ENGENHARIA TÊXTIL Natal, RN - Brasil. 2002. REVISADO E AMPLIADO 2006.

NaO3S

NH2 OH

SO3NaOMe

OMe

N=NN=N SO3Na

SO3Na

OH NH2

INTRODUÇÃO A ENGENHARIA TÊXTIL

Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA

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Ficha catalográfica.

PREFÁCIO

A engenharia é uma aplicação de ciência e matemática pelos quais as propriedades da matéria e as fontes de energia na natureza são aproveitadas pelo homem nas estruturas, sistemas e processos (dicionário webster).

O têxtil definido como sendo um tecido, especialmente produzido através dos processos de tecedura ou malharia e a fibra, filamento, ou fio usados na fabricação do tecido. Todavia, a publicação do Instituto Têxtil , “Textile Terms and Definitions”, amplia ainda mais esta definição, indicando que , os termos agora também são aplicados às fibras, filamentos, e fios, naturais ou manufaturados, e a maioria dos produtos quais são principais matérias-primas. Esta definição inclui, por exemplo, linhas, cordas, cordões, bordados, tecidos, malhas, nãotecidos, e ainda outras variedades de estruturas fibrosas.

Ainda outras interpretações de têxtil para engenharia poderiam ser o desenho e fabricação de

tecidos para vários usos industriais, como, transporte, filtro, para arquitetura, e para construções em geral. A variação no sentido pode ser ampliada ainda mais para englobar engenharia e têxtil, em têxtil, para têxtil, via têxtil, com têxtil, através de têxtil, isto no sentido de qualquer processo ou produto que tenha em sua composição qualquer tipo de material têxtil.

A presente apostila mostra uma introdução dos aspectos da história da área têxtil,

comparação e correlação com as outras engenharias, os diferentes setores têxteis, matérias primas, maquinaria, fluxograma dos processos e produtos.

Este trabalho faz parte da série de apostilas preparadas pelo Prof. Dr. Rasiah

Ladchumananandasivam como apoio às aulas ministradas no Curso de Engenharia Têxtil da Universidade Federal do Rio Grande do norte.

Ladchumananandasivam, Rasiah, 2002 Introdução a Engenharia Têxtil

Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA

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CONTEÚDO

1.0 Têxteis para Engenharia 1

1.1 Engenharia versus Disciplinas Tecnológicas 1 Industrias Associadas a Indústria Têxtil 2

1.2 As Conquistas de Engenharia na Indústria de Fibra/Têxtil 21.3 Engenharia dos Materiais e Engenharia Têxtil 31.4 Engenharias Industrial, de Manufatura e de Sistemas 4

2.0 Tecnologia do Futuro 42.1 Como Será o Acabamento Têxtil no Terceiro Milênio? 42.2 Tingimento sem Água 52.3 Potencial do Plasma 52.4 Biotecnologia 72.5 O Alvorecer da Era do Jato 8

3.0 A Industria Têxtil – O Desenvolvimento, o auge da Indústria de Algodão Inglesa e a sua Falência

9

3.1 Histórico da Indústria Têxtil 173.2 A Revolução Industrial 183.3 Do Século XIX ao Presente 183.4 Aplicação dos Métodos Científicos 193.5 A Indústria Moderna 193.6 Histórico da Indústria Têxtil no Brasil 21

3.6.1 As Verdadeiras Causas 263.7 Histórico da Indústria Têxtil no Rio Grande do Norte 26

4.0 Algodão – A sua Posição e Progresso no mercado Mundial 304.1 Fatores Econômicas e Estéticos 314.2 Fatores que Governam a Produção da Fibra 314.3 Produção, Consumo, Estoque e Preços de Algodão 334.4 Produção, Consumo, Estoque e Preços da Lã 33

5.0 Classificação 345.1 Plantio e Colheita 34

5.1.1 Tipos de Colheitas, Vantagens e Desvantagens 365.2 Tipos Comerciais 365.3 Classificação do Algodão no Brasil 37

6.0 Fluxograma dos Processos Industrias Têxteis 396.1 Produção do Fio Retorcido Penteado 396.2 Produção do Fio Cardado-Penteado 406.3 Produção de Fibras Mistas –- Poliéster - Algodão - Sistema Cardado 416.4 Produção de Fibras Mistas –– Poliéster – Algodão - Sistema Penteado 426.5 Produção de Fibras Mistas –- Poliéster – Algodão - Sistema Cardado – Mistura

no Passador 43

6.6 Produção de Fibras Mistas –- Poliéster – Raion Viscose - Sistema Cardado – Mistura no Passador

44

6.7 Fiação Open-End na Produção do Fio 456.8 Produção do Fio Retorcido Cardado 466.9 Diversos Tipos de Fio 47

6.10 Seqüências dos Processos da Preparação do Fio com Relação ao Uso Específico

48

6.11 Fluxograma de Beneficiamento de Tecidos de 100% Poliéster 496.12 Fluxograma de Beneficiamento de Tecidos Puros e Mistos se Algodão e

Poliéster 50

6.13 Beneficiamento das Malhas 100% Algodão 516.14 Beneficiamento – Malha 526.15 Classificação das Fibras Têxteis 53

7.0 Cotonicultura Brasileira – Problemas e Soluções 547.1 Indústria Têxtil Nacional 547.2 A Produção Nacional de Algodão 547.3 Produção e Consumo das Grandes Potenciais Têxteis Mundiais 54

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7.4 A Perda de Competitividade e as suas Conseqüências 557.5 A Importação, Exportação e Tarifa do Algodão 567.6 Produtividade Média Mundial 567.7 O Custo de Produção pode ser Reduzido com o uso Adequação de Tecnologia 567.8 Lavouras Modernas e Eficientes do Centro –Oeste 577.9 Comparação da Lucratividade de Algodão das Lavouras Modernas do Centro-

Oeste com Soja. 57

7.10 Empresas Brasileiras com boas Técnicas e Baixo Custo de Produção de Algodão.

57

8.0 Dimensões do Fio 598.1 Densidade Linear, Título ou Número do Fio 598.2 Sistema Direto e Indireto de Numeração do Fio 60

8.2.1 Sistema Direto 608.2.2 Sistema Indireto 608.2.3 Sistemas de Título 618.2.4 Conversões 63

Bibliografia 669.0 Perfil da indústria têxtil do Brasil 67

9.1 Introdução 679.2 Reflexões sobre um novo modelo industrial 699.3 Como nos posicionamos na era das parcerias? Onde começar nossa busca 719.4 O complexo têxtil brasileiro 73

9.4.1 Importância do setor na economia brasileira 739.4.2 Dimensões do mercado mundial de artigos têxteis 749.4.3 Participação do Brasil no mercado mundial de têxteis 75

9.5 Dimensões e evolução do setor no Brasil 799.5.1 Análise comparativa das etapas de produção 799.5.2 Unidades de produção por segmento 799.5.3 Principais regiões produtoras de têxteis no país 859.5.4 Dimensões do mercado e consumo per capita de têxteis no Brasil 86

9.6 A identificação dos principais problemas que o setor enfrenta no comércio mundial para alcançar a competitividade desejada

87

9.6.1 Os gargalos 879.7 Conclusões 919.8 Referências 92

10 Análise conjuntural da indústria confeccionista brasileira 9510.1 Introdução 9510.2 Perfil do setor 9510.3 Aspectos Tecnológicos 96

ANEXO 10.1 98

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1.0 TÊXTEIS PARA ENGENHARIA

De acordo como dicionário Webster, engenharia é uma aplicação de ciência e matemática pelas quais as propriedades da matéria e as fontes de energia na natureza são aproveitadas pelo homem nas estruturas, sistemas e processos.

O dicionário Webster, define têxtil como sendo um tecido., especialmente

produzido através dos processos de tecedura ou malharia e a fibra, filamento, ou fio usados na fabricação do tecido. |Todavia, a publicação do Instituto Têxtil, “Textile Terms and Definitions”, amplia ainda mais esta definição, indicando que, o termo agora também é aplicado às fibras, filamentos, e fios, naturais ou manufaturado, e à maioria dos produtos dos quais são principais matérias-primas. Esta definição inclui, por exemplo, linhas, cordas, cordões, bordados, tecidos, malhas e nãotecidos, e ainda outras variedades de estruturas fibrosas.

Com relação ao título acima, consideramos engenharia como um termo

descritivo, que caracteriza a classe dos materiais têxteis usados nas aplicações de engenharia, por exemplo, lona para pneus, cabos grossos para amarrar navios, geotêxteis, cordas para satélite, lonas para discos de freios, linhas de suspensão para pára-quedas e compósitos usando tecidos ou outras materiais têxteis.

A engenharia Têxtil é reconhecida como uma disciplina tecnológica. Que pode

ser estudada nas universidades do mundo todo. Deve-se anotar o uso do termo disciplina tecnológica em lugar de disciplina de engenharia. Qual é a diferença entre estas duas designações?

1.1 Engenharia versus Disciplinas Tecnológicas

A lista de disciplinas de engenharia de acordo com a Academia Nacional de

Engenharia dos Estados Unidos (USA National Academy of Engineering - NAE) como: engenharia aeroespacial, bioengenharia, engenharia química, engenharia civil, engenharia e ciência da computação, engenharia de sistemas de energia e potência, engenharia eletrônica, engenharia de sistemas operacionais, e manufatura industrial, petróleo, mineração e engenharia geológica. Áreas especiais e engenharias interdisciplinares também listadas.

Como a disciplina de engenharia têxtil relaciona as disciplinas formais da engenharia relacionadas acima? Para oferecer uma explicação a esta pergunta, precisamos analisar a extensão tecnologia têxtil na Figura 1.1. Aqui uma pessoa pode facilmente identificar as localidades que sinaliza a presença da engenharia mecânica, por exemplo, fabricantes da maquiaria têxtil, fabricantes de instrumentos, companhias de máquinas de confecção. As operações convencionais têxteis de abertura, cardagem, fiação, tecelagem, malharia, rendas, bordados são feitas na máquina normalmente desenhada por engenheiros mecânicos ou engenheiros têxteis ou pelo grupo de engenheiros mecânicos e têxteis. Qual é a diferença entre o fundo e a abordagem destes dois engenheiros?

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Figura 1.1 Indústrias Associadas à Indústria Têxtil

1.2 As Conquistas de Engenharia na Indústria de Fibra/Têxtil A indústria de fibras manufaturadas (fibras feitas pelo homem) engloba uma variedade de operações, iniciando-se com a extrusão de polímero fundido através de um orifício, que em seguida esfriado e estirado para estabelecer a estrutura molecular do filamento. Aqui encontram-se as disciplinas como processo dinâmico, aerodinâmica, transferência de calor, e física do polímero, necessárias a formação de engenheiros mecânicos ou engenheiros químicos e engenheiros de polímero – materiais. A produção de fibras manufaturadas inclui dois elementos adicionais, de natureza puramente mecânica (i) o processo de enrolamento, capaz de enrolar a estrutura do fio que foi esfriado, estirado e orientado, em uma embalagem estável, a 5.000 m/min, e forma um fio que pode ser, subseqüentemente, desenrolado, e (ii) é importante notar o desenvolvimento de um sistema de jato de ar por um engenheiro mecânico, para o processo de entrelaçamento dos filamentos a fim de formar um pacote estável, coerente e capaz de sustentar os processos têxteis subseqüentes. O processo de entrelaçamento ajuda a eliminar o processo tradicional de torção, como também os espaços previamente destinados a torção. É importante mencionar que o desenvolvimento da coesão do pacote do fio, pelos métodos convencionais de torção, era um gargalo na produção de fibras manufaturadas, e que com a

Indústria de fibras naturais

Maquinaria têxtil

Indústria de fibras

sintéticas

INDÚSTRIA TÊXTILAbertura

CardagemFiação

TecelagemMalhariaBordados

Acabamento

Fabricantes de produtos

químicos

Fabricantes de

instrumentos

Indústria de papel

FibrasFiosTows

Não-tecidos

Algodãolâ

SedaLinho

INDÚSTRIA DE

VESTUÁRIOMarcação

CorteCostura

Prensagem Embalagem

Fabricantes dos produtos

industriais

Revestidores e laminadores

Fabricantes de pneu

Fabricantes de aviões

Fabricantes de automóveis

Fabricantes de moveis

Têxtil para medicina e

higiene pessoal

Fabricantes de máquinas de confecção

Tecidos

Não-tecido

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introdução do processo de entrelaçamento de jato de ar, tomou-se possível o aumento na grandeza das velocidades de produção. Outro processo mecânico importante que foi desenvolvido na indústria de fibras incluiu os filamentos contínuos volumosos (bulk), as estruturas de nãotecidos pela ligação da fiação, e o nãotecido feito por agulha hidráulica, que aqui são mencionados, simplesmente, para mostrar que engenheiros mecânicos e têxteis têm uma função importante na indústria de fibra química. Pode-se notar num outro local na Figura 1.1, que os fabricantes de pneus desenvolveram a mecânica estrutural dos cordões de reforço num tórulo de borracha inflada de pneus automotivos que podem durar 75.000 milhas (1,6 km = 1 milha).

1.3 Engenharia dos Materiais e Engenharia Têxtil

Voltando à lista das disciplinas de engenharia, pode-se notar que a categoria de engenharia de materiais, quando focaliza, nos materiais fibrosos, o tópico de engenharia têxtil parece encaixar-se bem. O NAE define o engenheiro de materiais como aquele que trata da produção e processamento, relacionamento entre a estrutura e a propriedade e a performance do ciclo da vida dos materiais que são importantes para a engenharia.

Pode se notar que 20-25% dos materiais têxteis são produzidos para o

mercado industrial, e podemos facilmente comprovar que, 20-25% de todo material têxtil é importante para a engenharia, como as cordas para pneus, tecidos compósitos, cabo para amarrar navios, geotêxteis, cordas para satélite, linhas de suspensão para pára-quedas, pára-quedas de freio, etc.

Mas, como podemos considerar os 75% restante da produção têxtil, se não

podem ser considerados como produção de materiais importantes para a engenharia? O fato é que a produção, processamento, a relação estrutura-propriedade e performance do ciclo de vida dos materiais fibrosos que “não são importantes para a engenharia” ainda necessitam de métodos sofisticados de engenharia para a sua produção e processamento. Algumas ilustrações serão suficientes para demonstrar isto. Primeiro, a extrusão pelo orifício, estiragem, entrelaçamento, e enrolamento dos fios de multi-filamentos dos altos polímeros, com velocidades até 5.000 m/min. Segundo, a propulsão repetitiva de jato de ar de fios sucessivos, através de uma estrutura de tecido com 190cm de largura, com velocidade de 1.700 tramas por minuto (ou até 2.500 tramas/min. Num tear de jato de ar de multi-fase). Terceiro, a torção a frio, torção a quente, esfriamento, e então distorção a frio dos fios de filamentos de índice de rotação de 1-2 x 106 r.p.m e velocidades de translação de 1.000 m/min, com entrelaçamento dos filamentos antes de enrolamento, com sensores on-line para detectar distúrbios no processo, que pode impor alterações estocásticas nas estruturas dos tecidos subseqüentes. Estes três exemplos podem ser identificados facilmente, através do mapeamento estrutural da fibra/têxtil/indústria de confecção como mostrado na

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Figura 1.1, e daí entende-se que a área de engenharia têxtil tem muitas ramificações que oferecem uma ampla base para a discussão deste assunto.

1.4 Engenharias Industrial, de Manufatura e de Sistemas Os engenheiros têxteis que alcançam uma posição de liderança na indústria de fibra/têxtil/confecção podem ser identificados em outra categoria dentro do NAE, que corresponde as engenharia industrial, de manufatura e de sistemas operacional. Neste caso, um é responsável pelo gerenciamento, organização, planejamento, controle, e operação dos sist4emas, pessoal, equipamento para processamento dos materiais, ferramentas, e infra-estrutura para a produção de produtos ou serviços. Dentro deste setor industrial do NAE podemos notar uma lista de categorias especiais de engenharia que inclui designação de fibras e produtos têxteis. Portanto, devemos acrescentar que a lista de categorias especiais de engenharia para o setor de engenharia mecânica inclui a designação da engenharia têxtil e engenharia de confecção. Dentro da engenharia de materiais podemos encontrar categorias especiais de fibras, polímeros e compósitos. Então parece-nos que, a engenharia têxtil, embora seja uma disciplina tecnológica, sobrepõe-se ou compartilha disciplina com pelo menos três áreas clássicas de engenharia, que são as de mecânica, materiais e finalmente industrial e engenharia de sistemas de manufatura. 2. TECNOLOGIA DO FUTURO

2.1 Como Será o Acabamento Têxtil no Terceiro Milênio?

Têxtil e tecnologia são, e tem sido sempre, inseparáveis, tendo a produção têxtil sido o alicerce para a industrialização em um grande número de países. Entretanto, para aqueles que estão fora da área têxtil, talvez devido a sua longa história é sempre vista como uma indústria de “baixa tecnologia”. Nada poderia estar mais longe da verdade. Os inúmeros institutos de pesquisa do mundo, a natureza da sofisticação crescente dos equipamentos de produção - das fibras sintéticas à confecção de roupas - e inúmeros produtos produzidos em períodos de tempo cada vez mais curto testemunham essa realidade.

A tecnologia mais recente de tingimento e acabamento têm sido impulsionados por duas forças primárias - a economia e a ecologia. O desejo de todos aqueles que trabalham no setor de acabamento tem sido uma produção mais eficiente, com o uso de uma menor quantidade de água e menos poluição. De um modo geral isto foi alcançado através de uma tecnologia de evolução antes que uma tecnologia revolucionária. Todavia, há um número de tecnologias disponíveis que têm o potencial de virar o processo a úmido tradicional de cabeça para baixo.

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2.2 Tingimento Sem Água

O uso de água é fundamental para os atuais processos de tingimento e acabamento. Todavia, no futuro poderá ser bastante diferente.

Atualmente a água é usada como solvente para dispersão e dissolução de

corantes que são usados em tingimentos. Outros solventes, tais como hidrocarbonetos clorados foram usados para esse fim, mas têm ido de encontro aos empecilhos ecológicos.

Mais recentemente o uso de líquidos supercríticos - particularmente dióxido

de carbono líquido - também foi tentado e foi considerado superior à água no que diz respeito à habilidade de transferência dos corantes ás fibras. Parte da atração desta técnica deu-se ao fato dela possibilitar que o corante disperso seja dissolvido, o que não é possível nos processos normais usando água.

O conceito usa o comportamento do sistema fluído corante em relação à densidade do fluído - controlado pela pressão e temperatura. A solubilidade dos corantes no dióxido de carbono supercrítico aumenta com o aumento crescente da densidade do fluído. O aumento da temperatura reduz a densidade do fluído e o aumento do corante na solução, promovendo sua difusão na fibra. Os parâmetros de controle do sistema podem ser ajustados muito mais repetidamente do que num processo convencional usando água.

A desvantagem do conceito é a pressão de trabalho(funcionamento) de até 200 bar(20 mpa) e os custos de engenharia que o acompanham. A despeito disto, as vantagens básicas de uma enorme redução no tempo de tingimento e eliminação do estágio de secagem levam a continuação das pesquisas na Alemanha, Itália, Inglaterra e Estados Unidos.

O tingimento com fluido supercrítico já foi usado experimentalmente em

têxteis comerciais. Amann & Soxhne Gmloh, Alemanha, usaram esse método para tingir linha de costura de poliéster numa indústria projetada e construída por José Jasper GmbH.

A exaustão do corante é de cerca de 98% e o dióxido de carbono perde cerca

de 2 - 5%. O corante residual é desprezado como um pó e pode ser reaproveitado. Em comparação com o tingimento comercial de poliéster, que normalmente se processa num período de 3 a 4 horas, estas técnicas levam de 1 a 2 horas. Além disso, eliminam um volume considerável de água usada (efluentes), corante perdido e produtos químicos auxiliares. O processo também oferece uma economia de energia de cerca de 80% e elimina o processo a seco. Estas vantagens têm que ser comparadas com o custo do equipamento.

2.3 Potencial do Plasma

A técnica do uso de plasma baseia-se no uso de gases ionizados produzidos

por descargas elétricas. Diferentes gases podem ser usados para alcançar

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modificações químicas específicas na superfície de um produto têxtil, ex.: branqueamento. As vantagens dos processos são a limpeza (é um processo limpo), eficiência energética e uniformidade de tratamento que são muito altos. A principal desvantagem é o alto custo das máquinas. Todavia, estudos realizados indicam que apesar do alto custo do equipamento, a economia de energia, água, produtos químicos e mão-de-obra podem tornar a tecnologia do plasma uma proposta economicamente viável. A questão é quando (com que brevidade).

A maior parte do trabalho pioneiro sobre o tratamento com plasma em

produtos têxteis foi realizada no Russian Niekkmi Institute. Os resultados desta pesquisas foram aplicados em fábricas têxteis na Rússia, e mais recentemente numa fábrica da Itália.

Dois sistemas diferentes da técnica de plasma de “baixa temperatura” são

aplicáveis aos têxteis: “Descarga CORONA” e “Descarga de brilho” (glow). As máquinas

desenvolvidas pelo Niekmi Institute usam uma técnica de Descarga “glow”.

O tratamento modifica apenas uma camada muito fina - menos de 1mm - do substrato, removendo, gradualmente as camadas da superfície. A morfologia da superfície é mudada, tão bem como uma proporção das fases amorfa e cristalina na camada superficial do polímero.

Teoricamente, a técnica pode ser usada em vários substratos têxteis. No

setor de algodão, por exemplo, pode ser usada para ajudar ou substituir vários processos de pré-tratamento. No setor de lã, pode substituir alguns tratamentos úmidos à base de cloro e melhorar os processos de tingimento e estamparia.

Também é possível usar a técnica para dar propriedades específicas e

permanentes tais como permeabilidade(à prova de água), ou para melhorar a ligação de revestimentos, etc.

Embora a tecnologia seja muito promissora, os produtos têxteis apresentam um número de novas dificuldades não encontradas um outras industriais onde o plasma tem sido empregado.

Os substratos têxteis contem, geralmente, uma quantidade significativa de

umidade que se perde durante o tratamento, alterando a composição do plasma próximo à superfície têxtil - um problema especial se o tratamento com plasma for combinado com processos convencionais - e neste caso pode ser necessário a pré-secagem ou extração à vácuo antes do tratamento com plasma.

A grande área superficial específica significa que para alcançar produção, a

máquina deve ser capaz de tratar uma área grande num período de tempo muito curto. Por exemplo: 1m2 de 300 g/m2 de um tecido de lã tem uma área superficial especifica de cerca de 450m2. Para um tecido com 16m de largura significa o tratamento de uma área de 600m2/s para se alcançar uma produção de 50m/min.

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A tecnologia do plasma tem ido usada para processos têxteis em escala industrial. Uma indústria na Rússia tem usado tratamento com plasma em tecidos de lã como uma alternativa a cloração antes da estampagem.

Durante o tratamento as camadas hidrofóbicas superiores da cutícula da lã,

que atuam como uma barreira para a penetração do corante, são destruídas. Como resultado, a difusão do corante no interior da fibra é aumentada consideravelmente.

2.4 BIOTECNOLOGIA

A biotecnologia tem tido um impacto significativo nas indústrias de tingimento têxtil e acabamento.

As enzimas são os bioagentes mais conhecidos empregados pela indústria

têxtil, tendo sido usadas em processos de desengomagem por muitos anos. Todavia, mais recentemente, as enzimas estão sendo usadas no acabamento.

Provavelmente, o maior sucesso da enzima é na substituição de pedras

calcárias na lavagem (stone-washing de tecido jeans). Neste processo usa-se enzima de celulase para remover a camada superficial do índigo a fim de obter uma aparência de tecido lavado/usado, mas sem abrasão. As vantagens são uma maior produtividade devido ao aumento da carga de tecido na maquina, e também evita a tarefa de remoção das pedras e poeira das peças, e a sujeira das pedras nos efluentes.

Uma técnica semelhante é a chamada processo de biopolimento. Este

processo remove “FUZZ” das superfícies das fibras celulósicas e funciona pelo enfraquecimento de qualquer fibra protuberante, por menor que seja, na superfície do fio, que pode então ser removida por ação mecânica subseqüente.

A técnica não resulta em perda de peso e redução da resistência do tecido,

mas pode ser otimizada parando o processo após um período de tempo apropriado. O processo de biopolimento pode ser usado em qualquer estágio do

pro9cesso úmido, embora imediatamente após o branqueamento seja favorecido de incubação necessário para a ação da enzima. O processamento em lotes.

Um outro progresso na biotecnologia é a remoção de peróxido de hidrogênio

de um processo de acabamento, por exemplo, após o pré-branqueamento de algodão que vai ser tingido com matiz claro ou médio, mas antes da adição do corante - muitos corantes, especialmente os reativos, são muito sensíveis ao peróxido.

A solução tradicional para este problema tem sido uma lavagem completa

e/ou a adição de agentes redutores. Agora, todavia, uma enzima catalítica pode ser usada como uma alternativa.

Uma pequena quantidade de uma preparação de uma enzima apropriada pode permitir que o tingimento aconteça no banho de tratamento original.

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Outras possibilidades incluem o uso de enzimas para remover pectinas, ceras

e materiais corantes da superfície das fibras de algodão, substituindo os tratamentos tradicionais de limpeza à úmido e branqueamento. Todavia, este uso ainda esta num estágio de desenvolvimento muito primário (inicial).

A biotecnologia ocupará, também, um papel muito importante na limpeza do

setor de refugo têxtil. É provável que o tratamento biológico seja muito importante na remoção de cor dos efluentes.

2.5 O alvorecer da Era do Jato

A estampagem a jato e amostras têxteis têm sido usadas por muitos anos, mas a tecnologia ainda tem que dar um salto na produção principal.

Até agora, não há nenhum sistema para substituir o processo de estamparia

em rolo e é improvável que tal sistema seja criado nos próximos dez ou vinte anos, se é que vai ser criado - pelo menos esta é a opinião do Sr. R.J.M. Kool, diretor de pesquisa de mercado e desenvolvimento da Stork Brabant na última ITMA.

A opinião geral é que num futuro previsível a estamparia a jato será confinada

ao seu papel estabelecido na amostragem e será usada para trabalhos especializados de pequena duração - uma nova tecnologia de micro em lugar de uma substituição dos métodos convencionais.

Todavia, permanece a fascinação da tecnologia pela produção. A atração

principal da estamparia a jato é que oferece um meio de transferir um desenho diretamente do CAD para o produto têxtil. Isto significa uma resposta muito rápida do cliente quando for necessária a estampagem em massa e amostragem.

Outras vantagens incluem um número virtualmente ilimitado de cores, efeitos

de tonalidade de alta qualidade uma rápida comutação com um mínimo de perda de tecido, nenhum retorno da pasta, e o tamanho do padrão limitado apenas pela capacidade da memória do equipamento eletrônico.

Essencialmente, todos os sistemas de estamparia a jato colocam a cor no

substrato da mesma maneira - pequenas gotas de corante são borrifadas no tecido. Todavia, o modo de gerar essas gotas e de levá-las até o tecido pode variar. Uma classificação simples é a que determina que as gotas sejam dispensadas de acordo com a demanda ou em jato contínuo.

Esses dois sistemas geralmente operam com cores básicas constantes que

são misturadas no substrato. Usando as mesmas cores básicas o tempo todo significa que não há necessidade de cozinha de cores.

A estamparia a jato é capaz de produzir uma resolução mais alt6a do que a

estamparia em rolo. Todavia, há uma permuta entre a resolução e a velocidade. O jato de bolhas de Canon, por exemplo, tem uma resolução de 360 dpi, mas uma

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velocidade de apenas 1m/min num tecido com 1200mm de largura (ou a metade dessa velocidade com um tecido de 1650mm de largura).

Todavia, a velocidade não é tão pequena como parece. Na estamparia

convencional há uma alta proporção de tempo não produtivo durante o período de preparação e mudanças do design - uma carga que não existe na estamparia a jato.

Mudanças rápidas e a necessidade mínima de intervenção manual significam

que uma máquina a jato pode funcionar, virtualmente, 24 horas por dia. Stork calculou que nessas condições uma máquina de estamparia a jato que tem uma produção de 6m/min poderia produzir tanto quanto uma máquina média de estamparia em rolo na Energia Ocidental - onde as produções de estamparia em rolo são bem menores do que em qualquer outra parte do mundo.

Como e onde essas tecnologias, ou outras que ainda serão descobertas,

terão impacto no desenvolvimento do setor de acabamento têxtil, só o tempo dirá. Certamente, todas as novas tecnologias terão que atender os requisitos necessários a uma produção limpa e eficiente. O teste crucial é se elas poderão preencher as importantes considerações econômicas também. 3. A INDÚSTRIA TÊXTIL – O DESENVOLVIMENTO, O AUGE DA

INDÚSTRIA DE ALGODÃO INGLESA E A SUA FALÊNCIA. A descoberta de fragmentos de tecido de algodão de corda durante a escavação no Mohenjo-daro em Sind, corroborou a quase certeza de que o algodão era conhecido e explorado na Índia, para usos têxteis, pelo menos desde o Século 2.700 A.C., e também é possível que ele tenha sido usado no Peru na mesma época. Apesar disso, na abertura da era industrial, ele era comparativamente um material novo, onde a lã e o linho eram utilizados anteriormente, exclusivamente para usos têxteis. Só no final de século XVII o algodão foi importado para fins de manufatura de vestuários. Apesar disso, a maioria das invenções relacionadas a maquinaria surgiram da necessidade de processar o algodão e depois foram adaptadas para a lã e o linho e outras industrias, de acordo com a natureza das diferentes matérias-primas. Até 1880 todos os processos envolvidos na produção de têxteis já estavam implantados. O que aconteceu nos próximos 100 anos foi o aperfeiçoamento das idéias básicas, principalmente daquelas relativas à tecelagem. Os últimos anos do século XVIII viram a introdução da maquinaria de vapor rotativo do James Waat e a roda d’água como as principais fontes de energia. A introdução da maquina de serra para beneficiamento do algodão de Eli Whitney nos Estados Unidos, expandiu as plantações de algodão nos estados do sul do país. O aumento da produtividade baixou o preço do algodão por volta de 1898. A mecanização baixou o custo do fio e dos produtos manufaturados, mesmo antes dos benefícios da máquina de beneficiamento. Por volta de 1843, a Índia era o maior cliente do algodão de Lancashire, na Inglaterra.

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O mercado do algodão foi criado pelos homens bem sucedidos durante o período de 1770 a 1840; e continuou a se expandir e atingiu o pico em 1912 quando foram produzidos 8.000 milhões de jardas (7.300 milhões de metros). Por volta de 1803, o algodão tornou-se o principal produto de exportação da Inglaterra, ultrapassando a lã. Esta posição se manteve até 1938, quando a maquinaria ocupou o primeiro lugar. A venda do fio do algodão e os produtos em 1830, foram responsáveis, apenas, pela metade do total das vendas ao comércio exterior. Posteriormente este valor caiu para um terço em 1880 e um quarto até a 1a Guerra Mundial. Era inevitável que o comércio que importou toda matéria-prima, mais cedo ou mais tarde iria ser prejudicado pelos eventos que ele não tinha força para prevenir. O período de depressão, causando fome e desemprego dos que dependiam do algodão, causadas pela guerra civil dos EUA entre 1861-1864, tornou o problema ainda mias sério. Até este momento, outros países já haviam instalado as suas indústrias. Lancashire tinha pouco para se preocupar com a Europa, mas quando os países que plantaram o algodão e com mão-de-obra barata, tornaram-se fabricantes, começaram a perder a sua fatia no mercado. A restrição às exportações das máquinas foi retirada em 1843, e dentro de 10 anos a Índia teve as suas indústrias de algodão. No Brasil elas sugiram em 1860 e no Japão em 1870. Até 1880, metade do consumo do algodão estava nas áreas novas. A Ásia comprou menos fio da Inglaterra e então menos tecidos. Em 1933, o Japão introduziu o trabalho de 24 horas por dia, 30 anos antes de Lancashire fazê-lo, tornou-se o maior exportador de produtos de algodão. Enquanto Lancashire mantinha as fiações de Mule, os competidores instalavam a fiação a anel que era mais rápida. Eles também evitaram especializações que na Inglaterra., havia colocado, a fiação, tecelagem e acabamento em mãos diferentes. Complacência e relutância em mudar os métodos antigos contribuíram para o declínio do algodão. Em 1930, o comércio mantinha 16% da exportação. Por volta dos anos 50, a contribuição diminuiu bastante e em 1958 a Inglaterra passou a importar produtos de algodão pela primeira vez desde o século XVIII. No ano seguinte, o Parlamento aprovou a lei da indústria algodoeira que oferecia compensação aos empregadores que se desfizessem da maquinaria antiga. Mais de 12.000.000 fusos e aproximadamente 106.000 teares foram substituídos e a força do trabalho sofreu uma redução de 30% em dois anos. A importação dos produtos mais baratos forçou o fechamento de mais industrias, o que dava uma média de uma por semana durante os anos de 60 e 70.

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Figura 3.1 As indústrias Têxteis de Manchester e as casas dos trabalhadores em 1815

Figura 3.2 Método antigo de separação e limpeza de algodão após a retirada dos fardos. Batendo com paus. O algodão é colocado nas redes feitas de cordas.

Figura 3.4 Carda, 1775 Figura 3.4 B Sistema de cardagem, 1775

Figura 3.3 Limpeza de algodão depois de retirada dos fardos. O cilindro rotativo coberto de pinos por dentro que separa o algodão. As impurezas, trash e cascas etc, são retiradas pelos dutos.

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Figura 3.5 Sala de carda em 1830. Figura 3.6 Sala de carda moderna

Figura 3.7 Roda de fiação antiga.

Figura 3.8 O “Spinning Jenny” de James Hargreaves,

1764.

Figura 3.9 Melhoramente do Spinning Jenny de Hargreves, com a roda horizontal

que gira.

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Figura 3.10 Filatório com 96 fusos, dirigido por roda d’água

Figura 3.11 Mule construída em 1790.

Figura 3.12 Fábrica de Mule que necessita Figura 3.12 B Mule automático

de mão-de-obra para

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Figura 3.13 Sistema de fiação a anel. Figura 3.13 B - Filatório com 416 fusos e entre

12.000 – 13.000 rpm.

Os filatórios a anel substituíram os Mules em 1950.

EM 1960 FOI INTRODUZIDO O FIAÇÃO “OPEN END”.

Figura 3.15 Tear manual construído por John Kay em 1733.

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Figura 3.16 Tear automático dirigido por vapor, 1785. Figure 3.17 Tear

automático,1850

Figura 3.19 Fio é cozido em cloro para ser usado como linha de costura ou

para tingimento antes de ser usados na tecelagem nos tecidos

coloridos, 1844.

Figura 3.18 Tecido de algodão são estiradas no sol depois de tratados com cloro para alvejamento, 1844 em Glasgow.

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Figura 3.21 Estamparia de cilindros, 1785. Figura 3.22 Estamparia por blocos.

Figure 3.23 Emprego de crianças nas indústrias têxteis, 1832.

Figura 3.20 Tingimento do tecido, 1855. As casas de tingimento normalmente trabalhavam por 15-16 horas por dia. Às vezes continuam por varias dias.

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Figure 3.24 Vitimas do fechamento das indústrias têxteis durante a guerra

civil dos EUA, e filam para receber alimentos.

3.1 Histórico da Indústria têxtil

O termo têxtil, derivado de Latim texere (“para tecer”), inicialmente aplicado para tecidos, hoje é um termo geral usado para fibras, fios, e outras materiais que podem ser transformados em tecidos, linhas, cordas, cordões, passamanaria, rendas, redes, assim como tecidos produzidos pelos métodos de tecelagem, malharia, colagem, feltragem.

As estruturas têxteis são derivadas de duas fontes: os artesanatos antigos e

as modernas invenções científicas. O artesanato antigo inclui redes feitas com um único fio e cestaria, produzida pelo entrelaçamento de materiais flexíveis, tais como junco ou plantas semelhantes. Todavia, exemplos de produtos têxteis pré-históricos são muito raros devido à natureza perecível desses materiais. De acordo com fontes históricas a tecelagem antecedeu a fiação e a origem dos tecidos feitos pelo método de tecelagem é a cestaria da cultura neolítica de 5000 AC. Além disso, as fibras de algodão, seda, lã e linho foram usadas como material têxtil no Egito antigo; o algodão foi usado na Índia em 3000AC, e a produção de seda é mencionada em crônicas chinesas dessa mesma época, ENYCLOPAEDIA BRITANNICA, 1979.

Nos primórdios da Idade Média algumas tribos turcas especializavam-se na

manufatura de tapetes, roupas de feltros e toalhas. Entre os Séculos XVI e XVIII a Índia produzia “muslins” que algumas vezes eram pintados ou estampados.

Na Sicília, após a conquista árabe, foram produzidos belos tecidos

entrelaçados com ouro. Após a conquista da Sicília pela França os tecelões instalaram-se em Lucca que se tornou bastante conhecida pelas sedas com desenhos florais criativos. Em 1315 os tecelões sicilianos foram levados para Florença que se tornou um centro produtor de lãs finas e acredita-se que passou a produzir o veludo.

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A França e Alemanha também foram importantes centros têxteis, produzindo tapeçaria, sedas e veludos. Já no século XVIII a produção de damascos de linho de alta qualidade ficou muito famosa. Na Alemanha, Colônia tornou-se um importante centro de confecções, principalmente os tecidos ricamente bordados em ouro com inscrições e imagens de santos.

Os produtos têxteis ingleses dos séculos XIII e XIV eram principalmente de

linho e lã, porem os tecidos de seda foram produzidos no século XV. Nas Américas os processos de tecelagem e tingimento já existiam antes da

chegada dos europeus. Há registros que confirmam que a tecelagem encontrava-se nos estágios mais avançados nas Américas de Norte e Sul nos tempos pré-históricos. Os mexicanos e peruanos já produziam tecidos finos. Os tecidos de algodão e lã dos Incas eram conhecidos por suas cores brilhantes. Os índios Navajos do Arizona, no Novo México, produziam cobertores com textura fechada e cores brilhantes.

No século XVII os colonizadores ingleses abriram uma fábrica em

Massachusetts, em 1638, onde produziam fustões grossos de algodão, “jeans” de sarja de algodão, um tecido grosso feito da mistura de linho e lã. Em 1654 as fábricas de Massachusetts fizeram com que a comunidade deixasse de depender do linho e da lã cardada da Inglaterra. A indústria desenvolveu-se progressivamente e recebeu um maior ímpeto com a invenção da descaroçadeira por Eli Whitney em 1793.

3.2 A Revolução Industrial

A indústria têxtil embora altamente desenvolvida como um ofício, permaneceu como uma indústria essencialmente doméstica até o século XVIII. Muito cedo os trabalhadores perceberam a necessidade e vantagens de trabalhar em conjunto, o que pode ter sido o início do que é hoje o sistema de cooperativas. Deste modo um grupo foi criado em Zurique em 1568, e um outro em Derby, Inglaterra, em 1717. A organização fabril prosperou mais no Norte da Inglaterra, e a Revolução Industrial, que atingiu seu auge entre 1760 e1815, acelerou enormemente o crescimento do sistema fabril.

A lançadeira de John Kay, inventada em 1733, aumentou a velocidade da

operação de tecelagem e seu sucesso exigiu um processo de fiação mais rápido para a produção de uma quantidade suficiente de fios para atender à demanda da tecelagem da época.. Os fiadores mecânicos produzidos em 1769 e 1779 por Sir Richard Arkwright e Samuel Crompton encorajaram o desenvolvimento dos processos mecânicos de cardagem e penteagem da lã. Logo após o início do século o primeiro tear mecânico (power loom) foi desenvolvido. A substituição da água pelo vapor aumentou a velocidade das máquinas e o sistema fabril estabeleceu-se firmemente, primeiro na Inglaterra, depois na Europa e então nos Estados Unidos.

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3.3 Do século XIX ao presente

No século XIX surgiram muitos melhoramentos no maquinário têxtil, tendo como conseqüência o aumento de produção e diminuição de custos dos produtos têxteis. Essa tendência continuou no século XX, com ênfase na automação total das indústrias têxteis.

3.4 Aplicação de métodos científicos

O desenvolvimento mecânico na produção têxtil associado à Revolução Industrial resultaram da aplicação de métodos de engenharia comparativamente simples e dos princípios físicos empregados. O progresso alcançado exigiu uma compreensão clara dos princípios científicos do processamento têxtil. Todavia, a falta de informação básica sobre a estrutura e propriedades das fibras limitava essa compreensão, retardando a abordagem científica dos processos têxteis. No final do século XIX o crescente conhecimento adquirido sobre as propriedades físicas e químicas das fibras levou à aplicação dos métodos científicos. A química atraiu uma maior atenção dos pesquisadores, como resultado da produção de novos compostos e o entendimento de que as fibras poderiam ser o resultado de uma atividade química. No século XX, com o advento da eletrônica e dos computadores, novos conceitos de química e engenharia estão sendo empregados na pesquisa e desenvolvimento têxteis. Entretanto, uma importante etapa do desenvolvimento científico na indústria têxtil foi a introdução das fibras sintéticas, ou fibras feitas pelo homem, que oferecem a oportunidade de criação de novos materiais que atendam às necessidades do usuário, dentro de uma gama de especialização cada vez mais aperfeiçoada. Também surgiram novos processos que são aplicados às fibras tradicionais, visando um processamento mais rápido, tendo como resultados produtos de alta qualidade, e introduzindo uma vasta gama de novas técnicas.

A indústria de fibras sintéticas empregou, originalmente, os conhecimentos

adquiridos através de anos de experiência com as fibras naturais, mas os excelentes resultados obtidos pelo enfoque científico encorajou o emprego da ciência aplicada e logo foi possível coletar informações sobre o comportamento das fibras em várias condições.

3.5 A Indústria Moderna Tanto os países industrializados como os países em desenvolvimento

possuem, agora, modernas fábricas capazes de alcançar alta produtividade com qualidade e eficiência. Além dos melhoramentos mecânicos e automação dessas indústrias para fabricação de fios e tecidos, tem havido um rápido avanço no desenvolvimento de novas fibras, processos para melhoramento das características têxteis e testes e métodos que permitem um maior e melhor controle de qualidade.

Embora a indústria têxtil moderna ainda tenha como foco a indústria do

vestuário, a produção de tecidos para uso industrial tem crescido muito, o que leva a necessidade e se formar profissionais com alto grau de especialização. Nas comunidades tecnicamente mais avançadas a indústria emprega técnicos,

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engenheiros e artistas, e a demanda do mercado dita as regras das operações de marketing.

Algumas operações de manufatura orientadas para o mercado especializado e dependendo de um número limitado de empresas para o consumo dos produtos ainda usam operações manuais. Do mesmo modo, há ainda um grande número de fábricas em países em desenvolvimento que empregam métodos e técnicas tradicionais, tanto pela falta de capital para modernização dessas fábricas, como pela carência de mão-de-obra especializada. Esta situação dificulta o processo de competitividade entre as indústrias, devido à qualidade dos produtos e tempo de produção. Isto não significa que as indústrias não totalmente automatizadas não coloquem no mercado produtos de excelente qualidade, porém as que o fazem representam a minoria.

Apesar do atual desenvolvimento da indústria têxtil no que concerne à

produção de fibras sintéticas, o algodão continua sendo uma das fibras mais usadas em todo o mundo. Na figura 2.1, pode-se observar a produção e consumo de algodão das grandes potências têxteis mundiais. O Brasil já ocupou posição de destaque neste clube há algumas décadas atrás, porém devido a inúmeros problemas, passou de exportador para importador.

Figura 3.25 Produção e consumo das grandes potências têxteis mundiais,

ABIT, março de 1997.

P r odu ç ão e c on s u m o das g r an de s potê n c i as tê xte i s m u n di a i s (m i l ton e l adas / an o)

2 7 0

8 5 8

8 0 0

1 5 7 5

2 2 4 3

2 4 3 7

4 2 4 0

2 5 4

3 0 0

6 2 8

1 4 7 9

2 3 8 0

4 2 8 1

4 3 4 1

E git o

B r a sil

T ur quia

P a quist ã o

Í n dia

U SA

C h in a

P ro d u ç ã oC o n s u m o

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3.6 Histórico da Indústria Têxtil no Brasil

A história da indústria têxtil no Brasil está intimamente ligada à cultura e emprego do algodão para diversos fins, desde antes da época da colonização até o presente, tendo importância fundamental para a economia do País. Na década de 30 a produção de algodão salvou o Estado de São Paulo da crise que se instalava com o colapso do café, devido a queda de preços deste produto. No Nordeste, ao lado das culturas de subsistência de milho e feijão, e a pecuária, foi responsável pelo povoamento da faixa semi-árida da região.

Na verdade, o algodão já era cultivado no Brasil pelos índios, o que pode ser

provado pela existência de formas selvagens ou asselvajadas de algodoeiro em solo brasileiro, e de acordo com relato recente de NEVES e colaboradores, além de outros mais antigos dos séculos XVIII e XIX .

Os índios Carirís, os Parecis e os Tupis fiavam e teciam, rudimentarmente, a

fibra do algodão que era utilizada para vários fins, incluindo a fabricação de rede de dormir. Os Carijós e os Guiacurus usavam o tecido de algodão para vestimenta. Entretanto, a fibra de algodão era usada também para a fabricação de cordas, cintos, tiras, fitas, cordas de arcos, etc. MOREIRA, 1994.

As primeiras notícias dadas a Portugal pelos primeiros europeus chegados ao

território brasileiro comprovaram a existência e utilização do algodão pelos índios, e também, a seguir , pelos primeiros colonos europeus fixados na nova terra, SOARES e FERRÃO, 1988.

Na época da colonização o padre Manuel da Nóbrega pediu a vinda de tecelões

para fiar e tecer o algodão e fazer roupas para os índios convertidos. Na primeira metade do século XVI, com a chegada dos escravos africanos, começou a desenvolver-se a cultura do algodoeiro que objetivava a fabricação de panos grossos para vestir os escravos. A fiação e a tecelagem eram feitas com o auxílio de instrumentos rústicos, como as rocas e os fusos primitivos, em ambiente doméstico.

No século XVII o algodoeiro era cultivado na maioria das capitanias, inicialmente

na faixa litorânea e depois expandiu-se por toda parte, onde era fiado e tecido e usados para os mais diversos fins. Entretanto, a descoberta de ouro em Minas Gerais fez com que a demanda por mão-de-obra para a nova atividade levasse a uma diminuição da atividade agrícola, chegando a ser proibida a sua cultura no Maranhão.

Por outro lado, a necessidade de produção de tecidos para o consumo interno da

população que crescia rapidamente, incrementou a indústria caseira que passou a ser mais lucrativa. Em Minas Gerais o número de teares foi multiplicado e a produção diversificada, SOARES e FERRÃO, 1988.

Porém, até a primeira metade do século XVIII, o algodão brasileiro só era usado

no mercado interno, não sendo ainda uma matéria-prima capaz de despertar os

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interesses das grandes companhias responsáveis pelo comércio metropolitano. MOREIRA, et. al., 1994.

Uma das causas do incremento da cultura algodoeira no Brasil foi a necessidade

que o governo português sentiu de estimular essa cultura, a fim de poder abastecer as fábricas instaladas no Reino, reduzindo a importação dos tecidos ingleses, o que se deu no governo do Marquês de Pombal, em 1750.

Com o advento da Revolução Industrial, na segunda metade do século XVIII, o

algodão brasileiro passou a fazer parte do mercado internacional, sendo exportado para a Inglaterra, Estados Unidos e outros países. A necessidade de abastecer o mercado mundial fez com que a cultura do algodão tomasse novos rumos, deixando de ser uma agricultura de fundo de quintal, que visava, apenas, o mercado interno, voltado para a subsistência, e fosse substituída pelos cultivos comerciais com a produção destinada ao mercado exterior.

O plantio do algodoeiro se expandiu pelas áreas novas, como Maranhão,

Pernambuco, Ceará, Paraíba, Minas e Bahia, MOREIRA, et. al., 1994. As lavouras não se limitavam somente a estas regiões, mas praticamente dispersavam-se pela Brasil todo, desde o Pará até o Rio Grande do Sul.

No século XIX (1839-40) houve um declínio da cultura algodoeira no Brasil como

conseqüência da queda de preços do algodão. A lavoura não pôde suportar o aumento dos custos de transporte, a elevação dos preços de escravos e o decréscimo da produtividade do solo, decorrente dos processos predatórios em uso na sua exploração. A partir de 1860 a cotonicultura voltaria a se recuperar, em parte devido à suspensão das remessas de algodão, pelos Estados Unidos, para a Inglaterra, por conta da Guerra da Secessão (norte-americana) de 1861-65, MOREIRA, 1994.

A Primeira Guerra Mundial teve dois importantes efeitos para o desenvolvimento

da cotonicultura no Brasil. O primeiro foi o de re-aquecer as exportações do algodão para o mercado externo, e o segundo, o de aumentar a demanda interna do produto para o abastecimento da indústria têxtil nacional. A Guerra também causou a queda nas importações de tecidos que resultou num aumento da produção nacional, determinando um aumento na demanda interna de algodão. Esta vantagem, aliada à pressão na demanda externa, trouxe novo alento à cotonicultura no Brasil, principalmente em São Paulo.

O algodão, no Nordeste, participou efetivamente deste surto de crescimento, não

só atendendo às necessidades de algodão exigidas pela indústria têxtil do Sudeste, a que ficara subordinada depois de 1870, como também participando nas exportações para o mercado externo, face às necessidades de algodão determinadas pela Guerra.

O algodão do Brasil passa, então, a despertar as atenções da Inglaterra, como

provável substituto do norte-americano, de cujas remessas estavam se ressentindo os ingleses por conta, principalmente, da praga do bicudo. MOREIRA,1994.

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Ainda no século XVIII as fábricas brasileiras sofreram um processo de regressão devido ao Alvará de 5 de janeiro de 1785, firmado pela Rainha D. Maria I, que determinava a extinção de todas as fábricas têxteis no Brasil. A destruição dos teares no Brasil levou algum tempo para ser realizada, porém todos os teares apreendidos foram remetidos para Lisboa. Todavia, em algumas partes do Brasil a proibição de funcionamento das atividades têxteis não foram observadas.

Em 1 de abril de1808, no início do século XIX, um novo alvará abolia e revogava

o Alvará de 5 de janeiro de 1785. Deste modo, surgiram no Rio de Janeiro fábricas de tecidos de algodão e seda e a famosa fábrica de estampagem de tecidos de algodão, assim como fábricas de fiar e tecer algodão.

À partir de 1840 surgem no Brasil fábricas que usavam máquinas mais

aperfeiçoadas, com motor hidráulico ou a vapor e, tendo os trabalhos dirigidos por mestres e contramestres vindos da Europa, SOARES e FERRÃO, 1988.

No século XIX, a cadeia têxtil tornou-se o maior empregador industrial do país, com cerca de 3 milhões de trabalhadores, ABITT,1997. No século XX, a produção têxtil nacional atinge US$17 bilhões, ou seja 2% do PIB ou 6% do PIB industrial. As exportações deste setor geram US$1,5 bilhões por ano. De 1990 até 1995 o Brasil investiu cerca de US$ 5 bilhões e tem previsão de investir mais US$12 bilhões nos anos de 1996 até 2005.

A grande preocupação do setor é a grave ameaça à sua competitividade

causada pela redução da produção doméstica de algodão, figura 3.26. Nas figuras 2.2, 2.3 e 2.4, a produção e consumo de algodão podem ser

verificados claramente. Pode-se observar que desde a década de 80 até o presente momento o consumo interno do algodão superou a produção nacional e criou uma lacuna que facilitou a importação do mesmo. A situação piorou desde 1992, figura 2.2

No ano de 1997 foi previsto um déficit de 600 mil toneladas de algodão com valor

de US$1 bilhão. No mesmo ano o consumo foi de 900 mil toneladas, US$ 1,5 bilhão com uma produção de 300 mil toneladas, US$ 0,5 bilhão. No ano 2005, o consumo estimado de algodão no Brasil seria de 1.500 toneladas ou US$ 2,5 bilhões.

As condições naturais do Brasil são extremamente favoráveis ao cultivo

competitivo do algodão, figura 3.26.

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Figura 3.27 A produção, importação e tarifa de algodão nas décadas de 80 e

90, ABIT,1997.

Figura 3.28 Produtividade média por hectares no Brasil com relação aos grandes

produtores mundiais, ABIT, 1997.

Brasil - suprimento de algodão em pluma

0100200300400500600700800900

1000

80 82 84 86 88 90 92 94 96

Mil

tone

lada

s

ProduçãoConsumo

Brasil: produção, importação e tarifa do algodão

0

200

400

600

800

1000

80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 960

30

60Tarifa (%)

Mil

tone

lada

s

ProduçãoImportaçãoTarifa (%)

P r o d u tiv id a d e m é d ia e m 1 9 9 5 (k g /h a )

1 2 0 0

9 5 0

6 4 6

3 7 8

7 9 4

5 8 2

7 8 6

B ra s il (no va s va r ie d a d e s )

B ra s il (c e n tro -le s te )

B ra s il (c e n tro -su l)

B ra s il (m é d ia )

C h ina

U S A

M u nd ia l

Figura 3.26 A relação entre a produção e consumo de algodão no Brasil, BNDES (A01/GESET2) BMF, CONAB, Dez/95.

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3.6.1 As verdadeiras causas, ABIT, 1997. As causas citadas da queda de produção do algodão são: Alto custo de produção Baixa produtividade Insuficiência de financiamento Qualidade irregular do produto nacional Ausência de garantia de preço mínimo ao produtor

Incidência de tributos sobre a exportação de algodão, no passado, figura 3.27.

A falta do algodão resultou na importação, mas a importação não causou diretamente a queda da produção nacional. Apesar disso, a importação de algodão não cresceu com a redução da tarifa, mas apenas três anos depois, em decorrência da queda da produção nacional, figura 3.27. A economia algodoeira do Brasil passa por graves problemas, com a redução drástica do volume de produção e nenhuma perspectiva de recuperação. Atualmente, a cultura do algodão não é viável economicamente devido à falta de tecnologia adequada que permita reduzir seus custos de produção. A falta de algodão nacional prejudica sensivelmente a competitividade da indústria têxtil brasileira e impacta significativamente na balança comercial do país. Entretanto, a cotonicultura brasileira pode ser um bom negócio com o emprego de técnicas modernas, que resultaria numa geração potencial de 400 mil empregos qualificados. O potencial de ganho de produtividade representa uma boa oportunidade para redução de custo, figura 3.28. 3.7 Histórico da Indústria Têxtil no Estado do Rio Grande do Norte

De todos os produtos agrícolas cultivados no Rio Grande do Norte o algodão foi o que mais se beneficiou de uma série de aspectos conjunturais, uma vez que nenhum outro produto agrícola dispôs de uma política tão abrangente quanto o algodão.

Durante os anos correspondentes à Primeira Guerra Mundial o cultivo de algodão

no Estado foi bastante lucrativo, tendo como conseqüência suma expansão cada vez maior desta atividade, o que obrigou os dirigentes do Estado a tomar decisões a fim de evitar que crises circunstanciais atingissem os produtores e desorganizassem a economia algodoeira.

A indústria têxtil no Estado do Rio Grande do Norte teve seu início no dia 24 de

maio de 1886, quando o Sr. Juvino Barreto lançou a primeira pedra de sua fábrica, em cerimônia presidida pelo então presidente da província, José Moreira Alves da Silva. Essa fábrica, “Fábrica de Fiação e Tecidos Natal” foi inaugurada no dia 21 de julho de 1888, (um ano antes da proclamação da República), com a presença do presidente provincial, Antônio Francisco Pereira de Carvalho.

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Juvino César Paes Barreto trouxe para Natal a primeira máquina “Lowell” para

uma fábrica situada no começo da ladeira da rua da Cruz, hoje Junqueira Aires, que contava com uma área de 8000 m2. Juvino Barreto trouxe da Inglaterra a tecnologia e as máquinas mais modernas da época. O parque industrial de fabricação contava com 48 teares, 1600 fusos e 9 cardas, com motor de 60 HP. As atividades desenvolvidas nessa fábrica eram o beneficiamento de algodão, que era trazido do interior da Província no lombo de animais, a fabricação de 4 tipos de tecidos grosseiros para consumo local.

Após o falecimento de Juvino Barreto, no dia 09 de abril de 1901, a fábrica foi

vendida a um empresário pernambucano, o Sr. Julius Von Sohsten que era descendente de holandeses. Durante a Guerra da Secessão, o Brasil passou a ser grande exportador de algodão para os Estados Unidos e Inglaterra, e isto fez com que faltasse matéria-prima para a fábrica aqui em Natal. Este foi um dos motivos para o seu fechamento. A partir daí, o Estado do Rio Grande do Norte ficou sem indústria têxtil durante uma década, uma vez que passou a exportar seu algodão para as fábricas da região sudeste, mais precisamente as do estado de São Paulo. O Estado também passou a exportar algodão para a Europa, (Alemanha, Inglaterra, Suíça e Itália), e também para outras partes do mundo como os Estados Unidos e Japão.

O Rio Grande do Norte produzia algodão de boa qualidade, sendo 70% da sua

produção de fibra longa de 34-36 mm, que por esta razão era muito bem aceito no mercado mundial. Isto fez com que os ingleses (COATS) se instalassem no Rio Grande do Norte, através da compra da fazenda São Miguel, no município de Angicos-RN, que hoje é o município de Fernando Pedroza. O grupo instalou uma usina de beneficiamento de algodão, além de cultivar algodão de fibra selecionada, fornecer sementes selecionadas aos produtores da região, e comprar o algodão pelo preço melhor que o do mercado.

Nas décadas de cinqüenta e sessenta a indústria têxtil estadual, com ênfase na

indústria de confecção, tomou um novo alento com a instalação de fábricas financiadas pela SUDENE, tendo como objetivo o desenvolvimento regional e aproveitamento da mão-de-obra local.

Entretanto, na década de oitenta houve um declínio neste setor devido ao alto

custo do algodão, falta de investimento e políticas de comércio externo praticadas na década de 70. A herança deixada para a década de oitenta inclui modificações profundas na estrutura tarifária brasileira, resultando na redução de impostos de exportação para o algodão, cuja alíquota de 55%, em 86, cai para 10% em 1988, e zero a partir de 1990, seguindo o rastro de outros produtos primários têxteis, como a lã bruta, a seda, o rami, o linho a juta e o sisal, PESSOA, e outros, 1997.

Porém, devido a sua tradição na área têxtil, o Rio Grande do Norte ressurge no

final da década de noventa como um dos principais pólos têxteis do Nordeste, em conseqüência da profunda reestruturação que o setor sofre no país. Algumas indústrias locais que se encontravam paralisadas foram reativadas e ampliadas, e várias

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indústrias nacionais instalaram suas fábricas no Estado. Essas indústrias foram atraídas pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Industrial –PROADI, que garante incentivos fiscais para as empresas que se instalarem no Rio Grande do Norte. Um outro atrativo para a instalação dessas indústrias é a presença de gás natural abundante e barato no Estado. As indústrias instaladas e em instalação são do setor de tecelagem, tinturaria de malhas, confecções, zíppers, fiação e roupas industriais, INVESTIRN, 1997.

Ainda como parte do panorama têxtil do RN, pode ser citada a existência de

micro, pequenas e médias empresas, muitas das quais trabalham em regime de terceirização. Na maioria são empresas de confecção informais.

Assim desenvolveu-se o processo de industrialização do setor têxtil do Estado do

Rio Grande do Norte, que hoje conta com uma das fábricas mais modernas da América Latina. A indústria têxtil do RN também tornou-se um dos maiores empregadores do Estado.

Devido a sua tradição e importância para a economia do Estado, surgiu a

necessidade de realizar um estudo mais detalhado sobre este ramo de atividade industrial com o objetivo de investigar e sistematizar um conjunto de informações que permita melhor compreendê-lo. Na realidade, este é um dos setores de atividade econômica mais importantes do Estado e que criou uma tradição e referência regional e nacional no cenário industrial do Brasil.

O estudo acima referido pretende, também, apresentar um quadro de

informações e análises úteis tanto à compreensão de determinado setor industrial para fins de pesquisa, quanto para formulação de políticas industriais ou tomada de decisão de investimentos privados.

A importância econômica da indústria têxtil remonta à meados do século XIX e deriva da combinação da existência de demanda interna por seus produtos e do sucesso das inovações introduzidas no processo produtivo, que levaram à mecanização da produção e à conseqüente elevação da produtividade. As mudanças ocorridas na indústria têxtil nos últimos cinco anos podem ser consideradas como evoluções em lugar de revoluções, como foi na época da Revolução Industrial. Novas tecnologias estão sendo empregadas que visam melhorar os padrões de qualidade e produtividade para atender as demandas do mercado.

As indústrias têxteis estão presentes em todas as nações do mundo, seja qual

for o seu estado de industrialização, assumindo importância estratégica nas economias em desenvolvimento, pois, ao mesmo tempo que apresentam grande capacidade de absorção de mão-de-obra, não exigem investimentos fixos tão vultuosos quanto os da indústria de tecnologia de Ponta, adaptando-se assim às disposições dos fatores dessas economias, ou seja, trabalho abundante e capital escasso. Além disso, propiciam o aproveitamento das matérias-primas nacionais, RIBEIRO, 1984.

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Dentre as industrias de peso na economia brasileira, a indústria têxtil ocupa um lugar privilegiado, sendo um dos grandes empregadores. A indústria têxtil, sempre teve nos mercados externos importante fonte de demanda para sua produção. As matérias primas usadas eram, basicamente, fibras naturais, como algodão, linho, lã, etc. O algodão predominou na produção mundial, e mantém essa posição até os dias atuais. Entretanto das últimas décadas tem crescido a produção e utilização das fibras manufaturadas, como poliéster, náilon, acrílico, elastano, e outras. As técnicas básicas de fabricação de fio e tecido têm sido, praticamente, as mesmas desde o início da Revolução Industrial.

[Obs.: de 3.1 até o final deste capítulo foi retirado da Dissertação de Mestrado do Nicodemos Fernandes de Araújo, que foi orientando do autor desta apostila. Para maiores informações, consultar a citada dissertação.]

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4.0 ALGODÃO – A SUA POSIÇÃO E PROGRESSO NO MERCADO MUNDIAL

Como a principal matéria prima parra a industria têxtil, a situação atual do algodão e as perspectivas futuras estão intimamente ligadas às tendências de oferta e demanda na Europa e no mundo inteiro. Os assuntos complexos que deveriam ser interpretados, entendidos, e tratados com relação à sobrevivência da indústria têxtil num mundo altamente dinâmico e competitivo são decisivos não só para o futuro do fabricante têxtil mas também para o algodão. O algodão que tem sido como uma fibra têxtil por mais de 5000 anos, há cinqüenta correspondia a 85% do consumo mundial das principais fibras. Mas, nas duas décadas após a 2a guerra mundial, a posição de monopólio do algodão foi quebrado pelo desenvolvimento e introdução subseqüente no mercado, de uma série de fibras manufaturadas, principalmente sintéticas. Nos meadas de 1960, a participação do principalmente fibras sintéticas. Nos meados de 1960, a participação do algodão no consumo das fibras pelas industrias caiu para 60%. A participação da lã baixou para 8%. Enquanto as fibras manufaturadas, capturou 30% do consumo total de fibras. Para entender a performance do algodão no mercado de hoje, e seu potencial no futuro vem, é necessário observar os progressos alcançados desde 1967. Um estudo de pesquisa do mercado para determinar a imagem do algodão foi realizado. Os consumidores estão conscientes em relação às propriedades da fibra que incluem um alto grau de absorção, não causa irritabilidade na pele, é atóxico, de fácil lavagem, assegura a manutenção de cores vivas, quando tingido, e alta versatilidade. Mas, estas propriedades não são suficientes para que os consumidores se convencem a dar preferência a compra de produtos de algodão. Ao fazerem uma comparação entre os tecidos de algodão e os sintéticos os seguintes aspectos são observados: o algodão precisa ser passado a passar ferro, necessita de muito tempo para secar, amarrota-se mais facilmente, possui pouco lustre e, ultimamente, não tem sido um tecido da moda. Mas as pesquisas de mercado apontam para uma mudança positiva da opinião dos consumidores sobre as atitudes com relação ao algodão e os seus produtos. Os consumidores na Europa e Japão passaram a descrever o algodão como um material confortável e moderno e apropriado para a vida moderna; além de muito bom para liderar as tendências da moda. Tal mudança de atitude ajudou enormemente a aceitação destes produtos e as vendas dos produtos de 100% algodão.

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4.1 Fatores Econômicos e Estéticos

1. Fatores de aparência 2. Fatores de durabilidade 3. Fatores de conforto 4. Fatores econômicos.

4.2 Fatores que Governam a Produção da Fibra

Aparência Algodão Fibras sintéticas F Ñ I F Ñ I

Mudança da cor X X Retenção das dobras X X

Caimento X X Toque X X Lustre X X Pilling X X

Versatilidade X X Resistência ao amarrotamento X X

X F – Favorável; Ñ – não favorável; I - irrelevante

O Mercado (influenciando o consumidor)

Pesquisa do meercado

Pesquisa técnica e desenvolvimento

Novos produtos e processos Desenvolvimento do mercado:

- produção - serviços comerciais - relações públicas

Melhorando o perfil da imagem do algodão e introdução de produtos novos de moda

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Durabilidade Algodão Fibras sintéticas F Ñ I F Ñ I

Resistência a abrasão X X Ataque biológico X X

Degradação por cloro X X Degradação por chama X X ou X

Passar ferro X X Degradação – lavagem X X

Degradação – luz X X Degradação – perspiração X X

Resistência ao rasgo X X Resistência tensil X

F – Favorável; Ñ – não favorável; I - irrelevante

Conforto Algodão Fibras sintéticas F Ñ I F Ñ I

Permeabilidade do ar X X Cobertura X X

Elasticidade X X Propensão eletrostática X X Absorção da umidade X X

Irritação da pele X X Transmissão térmica X X

Espessura X X Transmissão do vapor da água X X

Peso X X F – Favorável; Ñ – não favorável; I - irrelevante

Durabilidade Algodão Fibras sintéticas F Ñ I F Ñ I

Melhoramento da propaganda X X Pesquisa agricultura X X

Automação X X Mudanças climáticas X ou X X

Demanda do consumidor X X Alto custo de mão-de-obra X X

Diminuição dos recursos naturais X X X X Novos métodos de produção da fibra X X Novas industrias sintéticas nacionais X X

Novos recursos de óleo X X Novas tecnologias X X X

Aumento do peso do óleo X Manipulação política X X

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Aumento da população X X Aumento do custo de transporte X X

Armazenagem X X Guerra X X X

F – Favorável; Ñ – não favorável; I - irrelevante

4.3 Produção, Consumo, Estoque e Preços de Algodão.

Ano1 1994/1995 1995/1996 1996/1997 1997/1998 1998/1999 PRODUÇÃO (milhões de toneladas)

Mundial 18,7 20,2 19,5 19,7 18,5 China EUA Índia Paquistão

4,3 4,3 2,4 1,5

4,8 3,9 2,7 1,9

4,2 4,1 3,0 1,5

4,3 4,1 2,7 1,5

4,2 3,8 2,7 1,5

CONSUMO Mundial China Índia EUA Paquistão

4,3 2,3 2,4 1,5

4,3 2,5 2,3 1,6

4,6 2,8 2,4 1,5

4,7 2,8 2,5 1,5

4,7 2,9 2,5 1,5

ESTOQUE2 7,6 9,2 9,7 10,4 10,1 PREÇOS3 92,8 85,6 78,6 72,0 75,0

Nota: 1. Estação 1 de agosto – 31 de julho 2. Final da estação 3. Índice Cotlook, centavos de US$/lb.

4.4 Produção, Consumo, Estoque e Preços da Lã.

Ano1 1994/1995 1995/1996 1996/1997 1997/1998 1998/1999

PRODUÇÃO (mil toneladas)

Mundial 1.556 1.484 1.456 1.467 1.482 Austrália Nova Zelândia China ESSR

473 213 128 157

452 199 139 124

442 200 152 100

442 200 152 100

460 202 155 100

CONSUMO Mundial China Comunidade Européia

439 418

409 395

410 400

420 402

420 405

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Japão EUA

90 65

71 57

75 55

73 60

70 60

ESTOQUE2 342 258 185 125 75 PREÇOS3 788 619 614 660 680

Nota: 1. Estação 1 de agosto – 31 de julho

4. Final da estação 5. Índice Cotlook, centavos de US$/lb.

5.0 CLASSIFICAÇÃO

A maioria dos vegetais existente no universo tem sido classificados em grupos naturais. O reino vegetal, em geral, está classificado em divisões. As divisões em classes, as classes em ordens, as ordens em famílias e as famílias em gêneros, os gêneros em espécies e com frequência as espécies em sub-espécies, variedades botânicas ou raças. Algumas vezes estas categorias poderão ser novamente classificadas, originando as tribos [PASSOS, p. 372 - 373, 1977].

Primitivamente, [Linneo, A.:1753], estudou o algodoeiro, usando plantas

cultivadas e a ele é atribuída a identificação e descrição de 5 a 6 espécies. Em seguida vários outros estudiosos se dedicaram à classificação do algodão, daí o tipo de algodão do gênero Gossypium L., sendo este “L” é usado para designar o autor da identificação, no caso, [ Linneo, A:.1753]. 5.1 PLANTIO E COLHEITA Os diversos tipos de algodão vão perdendo suas propriedades quando são plantadas repetidas vezes. Por isso é necessário nova escolha e cruzamento de tipos sempre renovados [PASSOS, p. 334 - 337, 1977]. O algodão cresce, principalmente, em zonas costeiras das regiões tropicais. Para o plantio, que pode ser feito em grandes extensões, é apropriado solo argiloso e arenoso. A época da semeadura depende do clima da zona onde se fará o plantio. No Brasil, começa em dezembro e termina em março.

Na semeadura, principalmente à base de máquinas, os grãos são depositados a uma profundidade de 5 a 10 cm do solo. Quando se utiliza o sistema de irrigação artificial, ou quando há maiores precipitações pluviométricas, abrem-se sulcos no solo e as sementes são lançadas nas paredes dos sulcos. Dependendo da zona, os brotos devem ser protegidos contra o vento e neste caso a semeadura é feita no fundo dos sulcos, [PASSOS, 204 – 211, 1977].

Aproximadamente 40 dias depois do arbusto atingir sua altura máxima (cerca de 1,20 m), desenvolve-se, então, flores com cores diferentes, desde o amarelo-claro até a

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cor de rosa. A floração ocorre num período de 100 a 140 dias. Após a floração o ovário da planta se transforma numa cápsula que com a maturação rebenta e as fibras saem brotando, chegando então o momento da colheita[PASSOS, p. 372 - 381, 1977].

O algodão pode ser colhido manualmente (dividindo-se em etapas de pré-colheita, colheita principal e pós-colheita), ou mecanicamente, através de máquinas, chamadas colheitadeiras, [GRID-PAPP...(et al), p. 105 –112, 1992].

Após a colheita, as plantas deverão ser destruídas pelo arado, embora os arbustos tenham duração de vários anos, pois nova semeadura a cada ano garante resultados melhores. Além disso é mais fácil fazer a colheita em arbustos pequenos de um ano e de altura uniforme.

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5.1.1 TIPOS DE COLHEITAS, VANTAGENS e DESVANTAGENS [PASSOS,

1997]

Tipo de Colheita

Execução Vantagens Desvantagens

MANUAL

Deve ser feita várias vezes devido à diferença de maturação dos capulhos.

Qualidade, uniforme, alto grau de pureza das fibras.

Exige maior número de empregados (mão-de-obra).

Emprego de colheitadeira de fusos com ancinhos ou colheitadeira à vácuo com aspiração.

Economia de mão-de-obra.

As fibras ficam sujas por pedaços de folhas e capulhos.

MECÂNICA

Colheitadeiras de fuso: A colheita é feita num único processo no momento em que as maiores parte dos capulhos estão maduros.

Possibilidade de se construir uma máquina eficiente.

Única colheita, permitindo que se apanhem fibras que se encontram em diferentes fases de amadurecimento.

Colheitadeira à vácuo: Colheita feita na época do amadurecimento.

Possibilita a colheita de fibras que estão maduras naquela ocasião.

Dificuldades para construir uma máquina perfeita.

5.2 TIPOS COMERCIAIS

A classificação do algodão nos tipos comerciais é feita conforme a cor, características físicas (resistência, finura, maturidade, etc.), grau de limpeza e comprimento das fibras. O tipo é determinado, principalmente, pala quantidade de folhas e outras impurezas vegetais existentes nas fibras [GRID-PAPP.(et al), 1992]. Elas influenciam a quantidade de resíduos durante o processamento, tabela 5.1.

Tabela 5.1 - Produção de Algodão por Região no Brasil, [CONAB-BM&F,

1996]

Brasil: Produção de algodão em pluma por região (em 1000 ton.) Anos Centro-sul (meridional) Norte-Nordeste (setentrional) Brasil Total

Toneladas % Toneladas %

1930 8 8 87 92 095 1940 327 70 142 30 469 1950 325 60 158 40 393 1950 268 59 184 41 452 1960 505 87 75 13 580

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36

1080 450 79 122 21 572 1990 621 93 45 7 666 1995 482 85 83 15 565

O algodão é negociado na Bolsa de Mercadoria, ou seja, em centro onde os

negociantes se encontram, em determinados períodos, para negociar o algodão ou outros produtos, de acordo com regras preestabelecidas [GRID-PAPP...(et al), 1992].

O algodão é apresentado apenas em amostras, pois a sua qualidade está

padronizada. Existem Bolsas de Algodão principalmente nos grandes portos de exportação e importação de algodão, como Nova Iorque (EUA), centro do comércio de algodão em Nova Orleans (EUA), Londres (Inglaterra), Havre (França), Bremen (Alemanha), Trieste (Itália), Alexandria (Egito), Osaka (Japão). Países exportadores de algodão em tempos de globalização da economia são, EUA, Rússia, Índia, Paquistão e Argentina, [GRID-PAPP...(et al), 1992].

2.7 CLASSIFICAÇÃO DO ALGODÃO NO BRASIL A classificação comercial do algodão no Brasil segue normas estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, através de Leis e Decretos específicos O padrão atual é estabelecido conforme a Lei 6.305, de 15 de dezembro de 1975, e pelo Decreto n0 82.110, de 14 de agosto de 1978. Segundo as mesmas, o algodão compreende (duas) divisões, denominadas como vemos a seguir: a primeira compreende os algodões “Mocó” e “Seridó”, e a segunda compreende “outras espécies e variedades comerciais”, cada uma com 5 (cinco) tipos de algodão em caroço, (1-3-5-7 e 9) e 9 (nove) tipos de algodão em pluma (1 a 9), sendo admitidos para a região Centro-Sul os tipos intermediários 4/5; 5/6; 6/7 e 7/8. Isso permitiu não apenas uma melhor classificação e comercialização do produto, inclusive para utilização nas operações de financiamento (preços mínimos), como também para controle da fiscalização cambial[GRID-PAPP...(et al), 1992].

Permitiu, também, com as ressalvas naturais decorrentes das operações de descaroçamento, que se formulassem equivalências bastante aproximadas entre o algodão em caroço e o algodão em pluma, conforme mostrado na tabela 5.2:

Tabela 5.2 - Classificação do Algodão Brasileiro:

Tipo em caroço Tipo em pluma 1

1 ou superior 2 3

3 ou bom 4 4/5

5 ou regular 5 5/6

7 ou sofrível 6

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6/7 7

9 ou inferior 8 9

Como não existem cotações senão aquelas estabelecidas para os

financiamentos garantidos pela legislação dos preços mínimos para o algodão em caroço, essa equivalência é bem aceita pelas partes, lavradores e maquinistas, e pelas cooperativas, na fixação de pontos para recebimento e prestação de contas.

[Obs.: Este capítulo foi retirado da Dissertação de Mestrado do Moisés Vieira de Melo, que foi orientando do autor desta apostila. Para maiores informações, consultar a citada dissertação.]

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6.0 FLUXOGRAMAS DOS PROCESSOS INDÚSTRIAIS TÊXTEIS 6.1 Produção do Fio Retorcido Penteado

ENROLADEIRA

FILATÓRIO A ANEL

SALA DE ABERTURA

CARDA

PASSADOR 1a PASSAGEM

PASSADOR 2a PASSAGEM

MAÇAROQUEIRA

BINADEIRA

RETORCEDEIRA

FIO RETORCIDO PENTEADO

PENTEADEIRA

LAMINADEIRA

REUNIDEIRA

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6.2 PRODUÇÃO DO FIO CARDADO-PENTEADO

FIAÇÃO - FIO CARDADO E FIO PENTEADO

FIO CARDADO

SALA DE ABERTURA

CARDA

PASSADOR1a PASSAGEM

PASSADOR2a PASSAGEM

MAÇAROQUEIRA

FILATÓRIO A ANEL

PENTEADEIRA

LAMINADEIRA

REUNIDEIRA

FIO PENTEADO

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40

6.3 PRODUÇÃO DE FIBRAS MISTAS POLIÉSTER-ALGODÃO - SISTEMA CARDADO

FIAÇÃO MISTURA DE FIBRAS

O sistema cardado é mais comumente usado para fios finos abaixo de 30Ne.

POLIÉSTER

MAÇAROQUEIRA

FILATÓRIO A ANEL

SALA DE ABERTURA

CARDA

PASSADOR 1a PASSAGEM

PASSADOR2a PASSAGEM

CARDA

SALA DE ABERTURA

ALGODÃO

SISTEMA CARDADO

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41

6.4 PRODUÇÃO DE FIBRAS MISTAS POLIÉSTER-ALGODÃO –

SISTEMA PENTEADO

FIAÇÃO MISTURA DE FIBRAS

O sistema penteado é mais comumente usado para fios finos acima de 30Ne.

POLIÉSTER

MAÇAROQUEIRA

FILATÓRIO A ANEL

SALA DE ABERTURA

CARDA

PASSADOR 1a PASSAGEM

PASSADOR2a PASSAGEM

CARDA

SALA DE ABERTURA

ALGODÃO

SISTEMA PENTEADO

PENTEAGEM

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6.5 PRODUÇÃO DE FIBRAS MISTAS POLIÉSTER - RAION VISCOSE –

SISTEMA CARDADO - MISTURA NO PASSADOR

POLIÉSTER

MAÇAROQUEIRA

FILATÓRIO A ANEL

SALA DE ABERTURA

CARDA

PASSADOR 1a PASSAGEM

CARDA

SALA DE ABERTURA

RÁION VISCOSE

PASSADOR 2a PASSAGEM

PASSADOR 3a PASSAGEM

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43

6.6 PRODUÇÃO DE FIBRAS MISTAS POLIÉSTER - RÁION VISCOSE – SISTEMA CARDADO - MISTURA NO PASSADOR

POLIÉSTER

MAÇAROQUEIRA

FILATÓRIO A ANEL

SALA DE ABERTURA

CARDA

PASSADOR 1a PASSAGEM

CARDA

SALA DE ABERTURA

RÁION VISCOSE

PASSADOR 2a PASSAGEM

PASSADOR 3a PASSAGEM

PASSADOR

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6.7 FIAÇÃO OPEN-END NA PRODUÇÃO DO FIO

SALA DE ABERTURA

CARDA

PASSADOR 1a PASSAGEM

PASSADOR2a PASSAGEM

OPEN-END

FIAÇÃO OPEN-END

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6.8 PRODUÇÃO DO FIO RETORCIDO CARDADO.

ENROLADEIRA

FILATÓRIO A ANEL

SALA DE ABERTURA

CARDA

PASSADOR 1a PASSAGEM

PASSADOR 2a PASSAGEM

MAÇAROQUEIRA

ENROLADEIRA

RETORCEDEIRA

FIO RETORCIDO CARDADO

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6.9 DIVERSOS TIPOS DE FIO

ENROLADEIRA

FILATÓRIO A ANEL

FIO

FILAMENTO CONTÍNUO

BINADEIRA

RETORCEDEIRA

FIO DIVERSOS

FIO CARDADO

FIBRAS CURTAS(DESCONTÍNUAS)

FIO PENTEADO

FIO SINGELO FIO RETORCIDO

FIO REGULAR FIO ESPECIALALTO VOLUME("HIGH BULK")

FIO FANTASIA

FIO RETORCIDO

FIO MULTIFILAMENTO

FIO MONOFILAMENTO

FIO FANTASIA FIO TEXTURIZADO

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47

6.10

FUSO

CONE OU QUEIJO

CONICALEIRA

EMBALAGEM DO FIAÇÃO A ROTOR OU FRICÇÃO ETC.

BOBINA DE FILAMENTO CONTÍNUO

ESPULAGEM(TEAR COM

LANÇADEIRA)

TEAR SEM LANÇADEIRA

TRAMA

URDISAGEM

MALHA DE URDUME E

LIGAÇÃO POR COSTURA"STITCH BONDING"

URDISAGEM

REMETEÇÃO

URDUME

REMETEÇÃO

MALHA DE TRAMATECELAGEM

SEQUÊNCIAS DOS PROCESSOS DA PREPARAÇÃO DO FIO COM RELAÇÃO AO USO ESPECÍFICO

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48

6.11

FLUXOGRAMA DE BENEFICIAMENTO DE TECIDOS DE 100% POLIÉSTER

TECIDO CRU DESENGOMAGEM

FIXAÇÃO

SECAGEM

TINGIMENTO ALVEJAMENTO

SECAGEM

CHAMUSCAGEM

POLIMERIZAÇÃO

LAVAGEMSECAGEM

RESINAGEM

ESTAMPAGEM

CALANDRAGEM

TECIDO ACABADO

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49

6.12

FLUXOGRAMA DE BENEFICIAMENTO DE TECIDOS PUROS E MISTOS DE ALGODÃO E POLIÉSTER

TECIDO CRU NAVALHAGEM

CHAMUSCAGEM

ALVEJAMENTODESENGOMAGEMMERCERIZAÇÃO

TINGIMENTO RESINAGEMALVEJAMENTO

ESTAMPAGEM

SECAGEMEXTRAÇÃO DE ÁGUA

SECAGEM

SECAGEM

POLIMERIZAÇÃO

LAVAGEMSECAGEM

TECIDO ACABADO

SANFORIZAÇÃO CALANDRAGEM

FLUXOGRAMA DE BENEFICIAMENTO DE TECIDOS DE 100% ALGODÃO

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50

6.13

MALHA CRUA

BENEFICIAMENTO DAS MALHAS 100% ALGODÃO

COZINHAMENTO

ABERTURA

EXTRAÇÃO DE ÁGUA

SECAGEM

CALANDRAGEM

MALHA ACABADA

DESENGOMAGEM ALVEJAMENTO

TINGIMENTO

AMACIAMENTO

CORTE E ABERTURA

RESINAGEM

DECATIZAGEM

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51

6.14 BENEFICIAMENTO - MALHA

MALHA CRUA ABERTURA FIXAÇÃO PRÉ-FIXAÇÃO

DESENGOMAGEM

ALVEJAMENTO TINGIMENTO ALVEJAMENTO TINGIMENTO

EXTRAÇÃO DE ÁGUA

EXTRAÇÃO DE ÁGUA

SECAGEMSECAGEM

ACABAMENTOCORTE E

ABERTURA

ACABAMENTO E TEERMOFIXAÇÃO

CALANDRAGEM

MALHA ACABADA

DECATIZAGEM

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6.15 CLASSIFICAÇÃO DAS FIBRAS TÊXTEIS

Classificação das Fibras Têxteis

NaturalManufaturados

animal vegetal mineral(amianto)

semente

algodãokapokcoco

folhacaule

l inhohempjutakenaframieetc.

abaca ou manilahenequenphormium tenaxsisaletc.

seda lã(carneiro)

polímero sintético

peloalpaca, camelo, vaca, bode (mohaircashmere), cavalo, coelho (ângora),vicuña, etc.

borracha(FTC)(elastodieno)

outros(carbobno, vidro, metal, cerâmica)

polímero natural

animal(caseína)

vegetal(arachin, zein)

alginato

éster de celulose

celuloseregenerada(ráion(FTC))

proteína regnerada(azlon(FTC))

cupro(cupra(FTC)

acetato deacetilado

viscose modal

ureia de polimetileno

(policarbamida)

poliolefina(olefina(FTC) derivados de

polivinilopoliuretano poliamida ounáilon aramid poliéster poliisopreno

sintético

polietileno polipropileno

poliuretano não segmentado

poliuretano segmentado (elastano, spandex (FTC), lycra)

lastrile(FTC) vinilal poli (alcool vinilo), vinalacríl iconovoloid(FTC)

trivinilofluorofibraanidex(FTC) modacríl ico nytril clorofibra

poliestireno

poli(cloreto de vinilideno)(saran(FTC))

poli(cloreto de vinilo)(vinyon (FTC))

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7. COTONICULTURA BRASILEIRA – PROBLEMAS E SOLUÇÕES

(TRABALHO APRESENTADO PELA ABIT EM MARÇO DE 1997) 1. Os graves problemas do setor:

i. Drástica redução da produção brasileira de algodão nos últimos anos; ii. Impacto negativo na competitividade da indústria têxtil nacional iii. Impacto negativo na balança comercial do país.

2. Identificação das verdadeiras causas da queda da produção de algodão:

i. Custo; ii. Produtividade

3. Comprovação de que a produção de algodão no Brasil pode ser um bom

negócio:

i. Grande potencial de ganho de produtividade; ii. Redução de custo com uso de tecnologia; iii. Crescimento de lavouras modernas na região Centro - Oeste.

4. Proposta de uma solução eficaz para o algodão brasileiro:

i. Transformação do algodão em um bom negócio; ii. Produção e comercialização sob responsabilidade da iniciativa privada; iii. Incentivo inicial do Governo para quebrar a tendência de queda da

produção. 7.1 INDÚSTRIA TÊXTIL NACIONAL:

i. 80% das fibras utilizadas nas fiações brasileiras; ii. 65% dos fios utilizadas nas tecelagens brasileiras; iii. 70% consumo brasileiro de fibras têxteis. iv.

7.2 A PRODUÇÃO NACIONAL DE ALGODÃO

Ver Figura 3.26 7.3 PRODUÇÃO E CONSUMO DAS GRANDES POTÊNCIAIS TÊXTEIS MUNDIAIS

DE ALGODÃO

País Produção (toneladas) Consumo (toneladas) China 4,341 4,240

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Estados Unidos 4,281 2,437 Índia 2,380 2,243

Paquistão 1,479 1,575 Turquia 628 800 Brasil 300 858 Egito 254 270

7.4 A PERDA DE COMPETITIVIDADE E AS SUAS CONSEQUÊNCIAS:

I. A cadeia têxtil é o maior empregador industrial do país – 3 milhões de trabalhadores;

II. A produção têxtil nacional atinge US$17 bilhões – 2% do PIB ou 6% do PIB industrial;

III. As exportações do setor geram US$ 1,5 bilhões por ano; IV. Grandes investimentos do modernização e ampliação do parque industrial

têm sido feitos;

i. US$ 5 bilhões entre 1990 e 1995; ii. US$ 12 bilhões poderão ser investidos entre 1996 e 2005.

RESULTADOS NEGATIVOS:

1. Déficit para 1997 é de 600 mil toneladas de algodão, ou US$ 1,0 bilhão; 2. Em 1997, consumo de 900 mil toneladas, ou US$ 1,5 bilhão; 3. Produção de 300 mil toneladas, ou US$ 0,5 bilhão 4. Estimado para 2005, consumo de 1.500 toneladas ou US$ 2,5 bilhões.

CONDIÇÕES FAVORÁVEIS:

1. Condições naturais do Brasil são extremamente favoráveis ao cultivo competitivo do algodão;

2. Geração potencial de 400 mil empregos qualificados (base de 0,32 trabalhadores por hectare)

AS VERDADEIRAS CAUSAS DO PROBLEMA:

1. As causas da queda de produção são:

i. Alto custo de produção; ii. Baixa produtividade; iii. Insuficiência de financiamento; iv. Qualidade irregular do produto nacional; v. Ausência de garantia de preço mínimo ao produtor; vi. Incidência de tributos sobre a exportação de algodão, no passado;

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CONSEQUÊNCIAS:

1. A falta do algodão resultou na importação; 2. A importação não causou diretamente a queda da produção

7.5 A IMPORTAÇÃO EXPORTAÇÃO E TARÍFA DO ALGODÃO:

Ver Figura 3.27 página 25 7.6 PRODUTIVIDADE MÉDIA MUNDIAL (KG/HA) Ver Figura 3.28 página 25 7.7. O CUSTO DE PRODUÇÃO PODE SER REDUZIDO COM O USO

ADEQUAÇÃO DE TECNOLOGIA Preço de mercado – R$ 0,73 Alta Tecnologia 1.000 kg

fibra/ha, colheita mecanizada R$/lb

Baixa Tecnologia, 400kg fibra/há, colheita manual

R$/lb Insumos 0,11 0,12 Herbicidas 0,007 0,011 Inseticidas 0,04 0,05 Regulador de crescimento 0,02 0,04 Preparador de Solo e Plantio 0,06 0,19 Tratos culturais 0,08 0,25 Colheita 0,05 0,02 Outros custos 0,06 0,04 Despesas Administrativas 0,01 0,02 Funrural 0,437 0,741 Fonte: Fundação Mato Grosso, Coceal.

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7.8 LAVOURAS MODERNAS E EFICIENTES DO CENTRO – OESTE

PARANA (PR) MATOGROSSO DO SUL (MS) SÃO PAULO (SP) MINAS GERAIS (MG) GOIAIS (GO) MATOGROSSO (MT)

7.10 COMPARAÇÃO DA LUCRATIVIDADE DE ALGODÃO DAS LAVORAS MODERNAS DO CENTRO – OSETE COM SOJA

Maior rentabilidade da cultura eficiente do algodão em relação à soja (R$/HÁ) Algodão Soja Receita bruta 1.710 570 Custos totais 1.000 380 Lucro 710 190 Fonte: Fundação Mato Grosso

7.11 EMPRESAS BRASILEIRAS COM BOAS TÉCNICAS E BAIXO CUSTO DE

PRODUÇÃO DE ALGODÃO:

1. Grupo Maeda (São Paulo e Goiás) 2. Grupo Tadashi (São Paulo e Mato Grosso) 3. Grupo Maggi (Mato Grosso) 4. Grupo Sachetti (Mato Grosso) 5. Outros

PROPOSTAS DE MELHORIA DA INDÚSTRIA TÊXTIL - INTRODUÇÃO DE TECNOLOGIA INTERNACIONAL COM INVESTIMENTO DO ESTADO E DO SETOR PRIVADO, NO DESENVOLVIMENTO DE SEMENTES NACIONAIS:

1. Importação de tecnologia e “know - how”, do mundo algodoeiro com

convênios internacionais e sementes híbridas; i. Resolve o problema brasileiro de defasagem genética, e serve de

indutor para o desenvolvimento de novas variedades nacionais; ii. Expande a oferta de sementes geneticamente avançadas para

todos os produtores nacionais; iii. Elimina o risco fitossanitário de importações ilegais.

2. Fundo privado de financiamento para pesquisa de sementes e tecnologia;

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i. Proposta de pagamento de tarifas de US$0,50 por fardo de algodão importado e US$ 0,30 por fardo de algodão nacional, pelas indústrias;

ii. Contribuição seria cobrada pela ABIT, baseada em dados publicados.

3. Fundo privado de financiamento para pesquisa de sementes e tecnologia:

i. O fundo seria gerado pela indústria têxtil e aplicado em instituições

de pesquisa: IAC; EMBRAPA; IAPAR; FUNDAÇÃO MATO GROSSO; COODETEC; ETC.

Premiando a qualidade, e eficiência das instituições pela produção

de qualidade, alta produção, sementes resistentes às praga e doenças, redução do uso de químicos –tóxicos e meios de preservação do meio ambiente

4. Linhas especiais de crédito para financiamento com inclusão de despesas

de impostos, transportes, instalação do equipamento na propriedade do agricultor:

i. Linha especial de financiamento do BNDES, para

Aquisição de colheitadeiras descaroçadeiras outras máquinas agrícolas para produtor e beneficiador.

ii. garantia das empresas têxteis, que avalizariam a compra dos equipamentos contra entrega futura de algodão pelos produtores.

iii. Maior flexibilidade do Banco do Brasil para emissão do CPR pelo produtor e redução do custo do aval;

iv. Desoneração dos impostos pelo prazo de 5 anos: INSS (ex – Funrural), PIS e CONFINS, também para vendas nacionais;

v. Elevação do limite de crédito para R$30.000,00 para produtor de algodão – PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar)

vi. Criação de um mercado futuro de algodão no Mercosul pela BM&F, coordenando as demais de bolsas, instituindo cláusulas possibilitando a liquidação física das mercadorias.

5. O papel do Governo Federal: desempenhar papel de facilitador para gerar

o impulso inicial e criar a confiança necessária para a recuperação do setor;

i. Deve-se evitar aquisições diretas do governo; ii. Deve ser baseado nos preços do mercado internacional; iii. Deve financiar também os pequenos empreendedores;

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iv. Deve Ter tratamento especial para q Região Nordeste. 6. A garantia de um preço base ao agricultor teria custo inferior aos valores

de déficit na balança comercial e seria vista como investimento do Governo para gerar empregos e recuperaria a Sociedade Rural:

i. Garantia do preço base ao produtor – O Governo pagaria diferença

entre preço médio de mercado e preço base garantido, caso o primeiro seja inferior;

ii. Se aplicar diferença máxima de US$ 0,10 /lb. Que representa 13% do preço atual, consumiria inicialmente US$ 65 milhões anuais indo a um máximo de US$170 milhões;

iii. Esse investimento do Governo somente seria necessário em hipóteses remotas dos preços nacionais virem abaixo dos preços internacionais.

RESULTADOS ESPERADOS; 1. Brasil terá condições de produzir algodão competitivamente no cenário

mundial; 2. Aproveitando todo o potencial econômico da atividade, o país rapidamente

transformará de importador o forte exportador de algodão; 3. A recuperação da economia algodoeira fortalecerá não só a atividade rural

do país, mas também sua indústria têxtil e a balança comercial.

8. DIMENSÕES DO FIO

8.1 Densidade linear, Título ou Número do Fio

O “título” de um fio é uma expressão numérica que define sua finura. Quando um engenheiro tiver a necessidade de conhecer a finura de um arame - fio elétrico, (a finura destes aproximando-se razoavelmente da finura de um fio), ele consulta a tabela de valores padrão da bitola (gauges) do fio elétrico. Existem tabelas que fornecem indicações com relação ao número da bitola que corresponde ao diâmetro do fio. Alternativamente pela medição do diâmetro do fio com a ajuda do micrômetro, o valor correspondente a bitola pode ser encontrado na Tabela 8.1.

A medição do diâmetro de um fio apresenta um problema diferente. Os fios fiados são apenas ligeiramente circulares na seção transversal e a irregularidade na espessura é inevitável. Os fios de filamento que recebem apenas uma pequena torção são conhecidos como fios “achatados”, possivelmente porque achatam-se facilmente quando em contato com outros corpos mais sólidos. Desde que a maioria dos fios é relativamente macia e compressiva, o uso de micrômetro para medição de diâmetro está fora de cogitação. Os métodos visuais podem ser usados. A definição do título de um fio é dada pelo Instituto Têxtil: “Título – O número que indica a massa por comprimento unitário ou comprimento por massa unitária do fio”.

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Nota: Vários sistemas de títulos, usando unidades diferentes de massa e comprimentos são empregados e deste modo o sistema usado deve ser indicado. 8.2 SISTEMAS DIRETO E INDIRETO DE NUMERAÇÃO DO FIO: A definição acima contém as frases “massa por comprimento unitário” e “ comprimento por massa unitária”, indicando que dois princípios básicos são empregados. É preferível usar o termo “peso” em lugar de “massa”.

8.2.1 SISTEMA DIRETO: No sistema direto, o número do fio ou título é a massa de um comprimento unitário do fio. As unidades do peso e comprimento variam de comércio para comércio e de um lugar para outro. Podemos considerar uma fórmula geral para todos os sistemas diretos: Seja N = o número do fio ou título

W = o peso da amostra no regain oficial nas unidades do sistema. L = o comprimento da amostra e

l = o comprimento unitário do sistema

então LlWN ⋅

⋅=⋅

Ex.: Uma meada de 100 m do filamento de raion viscose pesa 1,67 g, calcule o

seu denier.

No sistema denier: l = 9.000 metros W = 1,67g

L = 100m

denierN ⋅⋅=⋅⋅×⋅

⋅=⋅ 3,150100

000.967,1

8.2.2 SISTEMA INDIRETO: No sistema indireto, o número do fio ou título é o número de “unidades de comprimento” por “peso unitário”. Aqui de novo, há várias unidades de comprimento e peso e inúmeros sistemas.

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Generalizando: Seja N = o número do fio ou título

W = o peso da amostra no regain oficial nas unidades do sistema. w = o peso unitário do sistema

L = o comprimento da amostra e l = o “comprimento unitário” do sistema

Então, WlwLN

⋅×⋅⋅×⋅

⋅=⋅

Ex: Uma lea (120 jardas) de fio de algodão pesa 25 grains, calcule o seu título no

sistema Ne.

Neste caso

l = o “comprimento unitário” é o hank, 840 jardas, w = o “peso unitário” é 1 lb.

Em 1 lb, tem 7000 gr. (grains). W = 25/7000 lb. L = 120 jardas

Então: sN 4025840

7000120700/25840

1120⋅=⋅

⋅×⋅⋅×⋅

⋅=⋅⋅×⋅

⋅×⋅⋅=⋅

a letra “ s ” é usada para expressar o título no sistema Ne (convenção)

8.2.3 SISTEMAS DE TÍTULO

Tabela 8.1 Sistema Direto ou Densidade Linear (Número de unidades de massa por comprimento unitário)

Sistema Símbolo Massa

Unitário Comprimento

Unitário Equivalente

Tex Tex (sistema SI) Tt 1 grama 1 quilômetro 1 Decitex dtex 1 grama 10 quilômetros 0,1 Denier Td 1 grama 9 quilômetros 0,1111 Linho (fiação à seco), Cânhamo, Juta

Tj 1 libra 14.440 jardas (1 spyndle)

34,45

Lã cardada (Aberdeen) Ta 1 libra 14.440 jardas 34,45 Lã cardada (grain americano)

1 grain 20 jardas 3,543

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Tabela 8.2 Sistema Indireto ou Comprimento Específico (Número de unidades

de comprimento por massa unitária)

Sistema Símbolo

Massa Unitário

Comprimento Unitário

Equivalente Tex

Asbestos (Americano)

NaA 100 jardas (1 corte) 1 libra 4.961

Asbestos (Inglês) NeA 50 jardas 1 libra 9.921

Algodão (Fio Bump) NB 1 jarda 1 onça 31.003

Algodão (Inglês) NeC 840 jardas (1 hank) 1 libra 590.5

Vidro (EUA, UK) NG 100 jardas 1 libra 4.961

Linho (fiado molhado ou seco)

NeL 300 jardas (1 lea) 1 libra 1.654

Metric Nm 1 quilômetro 1 quilograma 1.000

Seda fiada NS 840 jardas 1 libra 590.5

Typp Nt 1.000 jardas 1 libra 496,1

Lã (Alloa) Nal 11.520 jardas (1 Spyndle)

24 libras 1.033

Lã (American cut) Nac 300 jardas 1 libra 1.654

Lã (American run) Nar 100 jardas 1 onça 310

Lã (Dewsbury) Nd 1 jarda 1 onça 31.003

Lã (Galashiels) Ng 300 jardas (1 cut) 24 onças) 2.480

Lã (Harwick) Nh 300 jardas (1 cut) 26 onças 2.687

Lã (Irish) NiW 1 jarda 0,25 onças 7.751

Lã (West of England) Nwe 320 jardas (1 snap) 1 libra 1.550

Lã (Yorkshire) Ny 256 jardas (1 skein) 1 libra 1.938

Lã cardada NeW 560 jardas (1 hank) 1 libra 885.8

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8.2.3 Equivalentes usados ocasionalmente Título = número de hanks (meadas) de 840 jardas por libra. 54 polegadas ou uma revolução na aspa = 1½ jardas = 1 fio (thread) 80 fio (thread) = 120 jardas = 1 lea (meada) 7 leas = 840 jardas = 1 hank 18 hanks = 15.120 jardas = 1 spindle Sistema Símbolo Comprimento

Unitário Massa Unitário

Equivalente Tex

Algodão (Inglês) NeC 120 jardas (1 lea) 1.000 grains 590,5 Lã (Yorkshire) NY 1 jarda 1 dram 1.938 Lã penteada NeW 80 jardas (1 lea) 1.000 grains 885,8

8.2.4 Conversões

8.2.4.1 Sistema de Densidade Linear Para converter um valor de um outro sistema de densidade linear ao sistema tex, multiplique pelo equivalente apropriado em tex. Para converter de tex para um valor em um outro sistema de densidade linear, divida pelo equivalente em tex.

8.2.4.2 Comprimento Específico ou Sistema de Título Para converter um valor num comprimento específico ou sistema de título ao sistema tex, divida o tex equivalente apropriado pelo valor do título. Para converter de tex para um valor num sistema de comprimento específico ou título, divida o equivalente em tex pelo valor de tex.

Todas as outras conversões podem ser efetuadas primeiro convertendo à tex.

Conversões exatas podem ser baseadas nos seguintes equivalentes exatos, onde as unidades de massa estão no sistema avoirdupois:

1 jarda (yd) = 0,9144 m 1 libra (lb) = 0,453 592 37 kg 1 onça (oz) = 1/16 lb

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1 dram (dr) = 1/16 oz 1 grain (gr) = 1/7000 lb

8.2.4.3 Conversão para sistema Tex

Tex = 590,5/(número de algodão) = 1654/(número de linho) = 885,8/(número de lã penteada) = 1988/(número de lã cardada) = denier/9

8.2.4.4 Fios dobrados e cabos

No sistema Tex, o título do fio resultante é dado com o prefixo R. Então R40/2tex

é 20tes x 2. (ignorando contração resultante da torção)

No sistema direto de título o fio dobrado (duplo) é descrito numericamente como (Two-fold Twenties – fio duplo título 20) 2 / 20 ou 20 / 2. Os fios em corda são numerados (ex. Three-fold, Two-fold sixties – fio triplo, fio duplo título 60) 3/2/60. No sistema direto, o título resultante é sempre dado. Então, “Three-fold” 300 denier é designado como 900/3.

Nota 1. A bitola ou tamanho de alguns fios de mono-filamento é designado pelo diâmetro. Nota 2. Os fios feitos pelo corte de filme são freqüentemente designados pela largura.

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Unidades SI e os Fatores de Conversão para uso no Laboratório

Quantidade Unidades SI e seus múltiplos decimais apropriados

Unidade símbolo

Para converter a unidades SI, multiplique o valor na unidade dada pelo fator abaixo

Diâmetro micrômetro milímetro centímetro

µm mm cm

1/1000 polegadas 25,4 polegadas 25,4 polegadas 2,54

Fator de cobertura (tecidos)

no. de fios /cm x tex x 10-1

10)/( texcmfiosdeno ⋅⋅ Ne

polegadafiosdeno ⋅⋅⋅⋅ /.

0,957 Fator de cobertura (malhas de trama)

mmemlupadacomprimetotex

⋅⋅⋅⋅

mmemlupadacomprimetotex

⋅⋅⋅⋅

)(1

mmlupadaocompriment ⋅⋅⋅ 1,172

x New1

Fator de torção (ou multiplicador)

torções por metro x tex x 10-2

100)/( texmtorções ⋅⋅ Ne

polegadatorções ⋅⋅ / 9,57

Força de rompimento

Millinewton Newton Decanewton

mN N daN

gf 9,81 lbf 4,45kgf 0,98

Resistência ao rasgo

Newton N lbf 4,45

Tenacidade Millinewton por tex mN/tex gf/den 88,3

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Pressão de explosão

Kilonewton por m2 kN / m2 (kPa) lbf / pol.2 6,89

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Bibliografia:

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Heineman, 2nd ed., 1975.

Mário de Araújo e De melo e Castro, E.M., Manual de Engenharia Têxtil, v 1 e 2,

Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1984.

Advances in Fibre Science, ed. Mukhopadhyay, Textile Institute, Inglaterra, 1992.

Christopher Hall, Polymer Materials, 2ed. ,McMillan, 1989.

New ways to Produce Textiles, The Textile Institute, 1972

Cotton in a Copetitive World, The Textile Institute, 1979.

Cellulose Chemistry and its Application, Ed. Nevell and Zeronian, Ellis Horwood

Limited, 1985

Revistas: The Journal of the Textile Institute, Textile Institute, Manchester, Inglaterra. Textile Month, Textile Institute, Manchester, Inglaterra. Textile Horizon International, Textile Institute, Manchester, Inglaterra. Journal of the Society of Dyers and Colorists, Society of Dyers and Colorists, Bradford, Inglaterra. Textile Research journal, Princeton, EUA. Journal of the American Association of Textile Chemists and Colorists (AATCC), EUA. Textilia, São Paulo Revista Têxtil, São Paulo Textiles Pan-americanos, EUA (Edição espanhola)

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Palestra proferida pelo autor (11 de julho de 2006) em Jardim de Piranhas - RN:

I ENCONTRO DO APL DO ALGODÃO E TECELAGEM DA REGIÃO DO SERIDÓ

9. PERFIL DA INDÚSTRIA TÊXTIL DO BRASIL

Rasiah Ladchumananandasivam Departamento de Engenharia Têxtil

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Tecnologia – Natal – RN - Brasil.

e-mail: [email protected] ;

9.1. INTRODUÇÃO

O processo de industrialização no Brasil e no mundo tem sido um dos setores mais dinâmicos da economia desde a segunda Guerra Mundial, com um crescimento médio anual de aproximadamente 10% no período de 1947 a 1961; durante o mesmo período a taxa de emprego na indústria cresceu em termos de um quarto.

O desenvolvimento inicialmente acontecia, principalmente na forma de substituição de produtos importados, que foi encorajado por tarifas protecionistas, concessões de impostos e uma tarifa comercial múltipla que reduzia o custo do capital estrangeiro usado para aquisição de equipamentos.

Os anos 60 vivenciaram tendências flutuantes: o objetivo imediato para substituição dos importados foi exaurido, o alto índice de inflação desencorajou os investimentos na produção e o programa de austeridade de 1964 a 1966 reduziu o mercado interno. De 1962 a 1966 a produção dos setores de manufatura e mineração cresceu apenas 3% ao ano.

No final da década de 60 a demanda doméstica foi recuperada e a produção para exportação foi estimulada, levando a uma expansão industrial anual de cerca de 10%, e no início da década de 70 a indústria manufatureira tornou-se o ponto forte da economia, sendo estimada em cerca de 25% do produto interno bruto (excedendo a contribuição da agricultura, indústria madeireira e indústria de pesca). Apesar disso era uma fonte de emprego que continuava a oferecer empregos para apenas cerca de um sexto da força de trabalho.

De uma forma mais exagerada mostrava a desigualdades das características da economia brasileira. Mais de 90% da produção industrial do pais acontecia na área de São Paulo, que empregava apenas metade de força de trabalho industrial. Nos anos 60 quatro setores passaram por um rápido crescimento: ferro e aço; indústria automobilística, indústria naval e produtos oriundos de petróleo. As refinarias de petróleo se expandiram rapidamente com uma produção de 64milhões

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de barris em 1960 a 186 milhões de barris em 1970. Esta indústria não parou de crescer e hoje o pais é auto-suficiente na produção de petróleo.

Outro ramo industrial de grande significado foi o das indústrias têxteis, que correspondiam na época, aproximadamente, a um quinto dos empregos oferecidos na indústria de manufatura. Na realidade a indústria têxtil remonta à época anterior à chegado dos portugueses ao Brasil, pois já era praticada pelos índios, de forma rudimentar, aproveitando o algodão que cultivavam para fiar e tecer redes, assim como aproveitavam produtos naturais para produzir objetos artesanais tais como cestaria.

Com a chegada dos portugueses e a vinda dos missionários foram implantadas pequenas indústrias de fiação.

Na época da colonização o padre Manuel da Nóbrega pediu a vinda de tecelões para fiar e tecer o algodão e fazer roupas para os índios convertidos. Na primeira metade do século XVI, com a chegada dos escravos africanos, começou a desenvolver-se a cultura do algodoeiro que objetivava a fabricação de panos grossos para vestir os escravos. A fiação e a tecelagem eram feitas com o auxílio de instrumentos rústicos, como as rocas e os fusos primitivos, em ambiente doméstico.

No século XVII o algodoeiro era cultivado na maioria das Capitanias,

inicialmente na faixa litorânea e depois expandiu-se por toda parte, onde o algodão era fiado e tecido e usado para os mais diversos fins.

Por outro lado, a necessidade de produção de tecidos para o consumo interno da população que crescia rapidamente, incrementou a indústria doméstica que passou a ser mais lucrativa. Em Minas Gerais o número de teares foi multiplicado e a produção diversificada11.

Porém, até a primeira metade do século XVIII, o algodão brasileiro só era

usado no mercado interno, não sendo ainda uma matéria-prima capaz de despertar os interesses das grandes companhias responsáveis pelo comércio metropolitano12.

A Primeira Guerra Mundial teve dois importantes efeitos para o desenvolvimento da cotonicultura e indústria têxtil no Brasil. O primeiro foi o de re-aquecer as exportações do algodão para o mercado externo, e o segundo, o de aumentar a demanda interna do produto para o abastecimento da indústria têxtil nacional. A Guerra também causou a queda nas importações de tecidos, que resultou num aumento da produção nacional, determinando um aumento da demanda interna de algodão. Esta vantagem, aliada à pressão na demanda externa, trouxe novo alento à cotonicultura no Brasil, principalmente em São Paulo.

O algodão, no Nordeste, participou efetivamente deste surto de crescimento,

não só atendendo às necessidades de algodão exigidas pela indústria têxtil do Sudeste, a que ficara subordinada depois de 1870, como também participando nas exportações para o mercado externo, face às necessidades de algodão determinadas pela Guerra.

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O algodão do Brasil passa, então, a despertar as atenções da Inglaterra, como provável substituto do norte-americano, de cujas remessas estavam se ressentindo os ingleses por conta, principalmente, da praga do bicudo12.

Anos atrás a realidade em que vivíamos mostrava que para sermos

competitivos bastava produzir. Basicamente a indústria estava limitada a competir no mercado interno e conseqüentemente isto também fazia com que limitássemos nossa capacidade tecnológica.

Em função disto a comercialização do algodão também não exigia novas

tecnologias, havia poucas variedades de algodão e a exigência mercadológica abrangia apenas o mercado interno. A abertura para o mercado externo propiciou à indústria nacional o investimento em novas tecnologias, mas a concorrência também mudou.

Estes aspectos fizeram com que a indústria nacional encarasse o que

chamamos de “necessidades impostas pela globalização”, esta necessidade forçou a indústria a se tornar competitiva no mercado mundial e fez as empresas aumentarem sua produtividade através da otimização de seus processos e o conseqüente aumento da preocupação com a qualidade dos seus produtos, principalmente devido às exigências do mercado. (FBET) 9.2. REFLEXÕES SOBRE UM NOVO MODELO INDUSTRIAL5,6,7

Recentemente a indústria têxtil sofreu grandes mudanças no cenário mundial,

incluindo a demanda do mercado comprador por produtos de alta qualidade, durabilidade e a preços accessíveis. Isto significa uma mudança global nas características nos produtos têxteis, devido à mudança do perfil do consumidor, e à concorrência dentro de um mercado globalizado. Consequentemente é necessário a adequação das empresas à nova realidade tecnológica para que possam sobre-viver tanto no mercado interno quanto no mercado externo.

Usando como fonte a Fabricação Classe Universal de Richard Schonberger, pode-se descrever de maneira sucinta os preceitos do modelo industrial desde a década de 50 até o presente.

1940 a 1950: era da produção, administrar falta de produtos para atender a um mercado amplamente comprador, proveniente do reflexo direto das dificuldades geradas pela Segunda Guerra Mundial.

1950 a 1965: era do marketing: uso irrestrito desta poderosa ferramenta para resolver problemas de capacidade produtiva nacional, em excesso pela continuação da filosofia da alta produtividade, que foi o conceito máximo da era da produção. Obs.: duas estratégias de planejamento de marketing podem ser identificadas:

1. Competição de acordo com a estrutura da empresa na qual a companhia antecipa o planejamento de uma maior eficiência para atender à demanda do mercado, comprando maquinário e materiais, recrutando mão-de-obra

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eficiente e estimulando o desenvolvimento apropriado dos seus produtos. Muitas pequenas e médias empresas têxteis e de confecções trabalham dentro deste padrão. 2. Reduzir ou controlar a competição do mercado - A companhia pode planejar no sentido de obter os preços, custos e respostas dos consumidores e produtores. Esta estratégia de planejamento lida com mercados competitivos inseguros em uma ou mais das quatro maneiras seguintes: Diversificação – desenvolvimento de produtos diversificados Substituição do mercado - integração vertical – controle do produtor ou consumidor para reduzir a incerteza não gerenciável. Controle do mercado – redução da dependência da ação daqueles a quem a empresa vende ou de quem compra. Supervisão do mercado – variação do período de tempo usando contratos entre os vendedores e produtores.

1965 a 1980: época da valorização extrema do fator financeiro, ou seja, dos

lucros obtidos em detrimento de planejamentos técnicos convencionais. Busca de alternativas imediatas e com pouca visão de futuro, para redução de custos. Neste período as empresas consolidadas ganharam mais em negócios de caráter financeiro do que por meio da produção.

1980 a 1990: era da qualidade: o choque nos modelos convencionais, em função da competição intercontinental. Início da globalização. Implantação a padronização (ISO) dos processos e produtos, ou seja, a obrigatoriedade da certificação das Séries ISO 9.000, ISO 14.000, a fim de obter um produto final que possa ser aceito no mercado global, atendendo não só o padrão de qualidade exigido como também a preservação do meio ambiente e uso de fontes renováveis.

De 1990 até o presente: era das parcerias, constatação mundial da existência de novos pólos produtores, com preços e custos diferenciados, usando conceito de parceria para resolver problemas de capacidade produtiva global em excesso. Busca de soluções para os problemas criados pelas concorrências nos diversos tipos de produtos para atender os mais diversos tipos de consumidores, dependendo de seu poder de compra.

Frequentemente novos conceitos são propostos no mundo dos negócios. Círculos de Qualidade, Controle Estatístico do Processo, defeitos medidos em partes por milhão têm sido objeto de muita discussão e experimentação, além do “just in time”.

-“Just in time”: termo usado para indicar que um processo é capaz de responder instantaneamente à demanda, sem necessidade de qualquer estoque adicional, seja na expectativa de demanda futura, seja como resultado de ineficiência no processo 9.

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A meta seria a total eliminação de estoque em todos os estágios do processo. O processo, em última análise, é representado por uma completa rede de eventos, incluindo tanto produtos quanto serviços, que resulta na resposta a uma dada necessidade. O processo começa com a produção inicial de matéria-prima e termina com a satisfação das necessidades do usuário final. Consequentemente “Just-in-time” oferece o produto que o consumidor deseja no local certo, na hora certa e com o preço certo. Depende da integração de todas as partes da cadeia têxtil e de confecção, incluindo produtores de fibras, fabricantes de tecidos e roupas, revendedores do produto final. É uma organização que atende totalmente a demanda do consumidor. Dentro do contexto de engenharia simultânea, o computador é a ferramenta usada para promover integração entre as fases de desenvolvimento do produto, gerenciamento de dados e custo do produto através da interface de comunicação de dados entre sistemas computacionais de engenharia CAD (“Computer Aided Design”) / PDM (“Product Data Management”), e sistemas de gestão ERP (“Enterprise Resource Planning”). A vantagem competitiva adquirida torna possível reduzir custos e proporcionar à equipe disciplinar de desenvolvimento o poder de comunicação em tempo real para desenvolver produtos personalizados em tempo recorde em relação a processos não integrados10.

Ao analisar os acontecimentos descritos, evidencia-se:

A necessidade de mudança radical (e forçada) do modelo industrial para cada era. Empresas que descobriram e adotaram mais rapidamente as mudanças tiveram maior possibilidade de serem vencedoras.

A empresa atual deve estar voltada para os anseios do cliente, ser enxuta em sua estrutura e principalmente estar atenta às modificações do cenário, tanto nacional quanto internacional, dentro do modelo industrial adotado nesta era.

9.3. COMO NOS POSICIONAMOS NA ERA DAS PARCERIAS? ONDE

COMEÇAR NOSSA BUSCA?

Podemos dizer que a resposta começa a se delinear, quando realmente

definimos, dentro do nosso mercado e em nosso segmento de atuação, onde realmente estamos situados.

Esta definição deverá estar apoiada em fatos concretos, ou seja, a solução é construída a partir de acontecimentos internos ou externos que, de alguma maneira interferem no nosso caminho.

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Um fato incontestável salta aos nossos olhos: o momento atual nos exige: confiabilidade, pontualidade, qualidade e produtividade, ou seja, ele nos exige parceria de atitudes.

Quando falamos de parcerias, temos que ter em mente que o termo é abrangente, isto é, parcerias são feitas entre empresas, entre profissionais, entre patrões e colaboradores e assim por diante1.

A cadeia produtiva têxtil – reunindo fiação, tecelagem, malharia, acabamento / beneficiamento e confecção – vêm passando por muitas transformações recentes, destacando-se especialmente aquelas relacionadas não apenas com as mudanças tecnológicas que permitiram expressivos incrementos de produtividade, mas também com a crescente importância do comércio intra-blocos, cabendo destacar: a) o Nafta; b) a União Européia e as regiões do Norte da África e Sul da Ásia, como Índia e Paquistão; c) o Sudeste da Ásia e o Extremo Oriente; e d) o Mercosul e a América Latina13.

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73

9.4. O COMPLEXO TÊXTIL BRASILEIRO

Figura 9.1 Estrutura da cadeia produtiva têxtil brasileira8

9.4.1 Importância do setor na economia brasileira8

A cadeia têxtil - confecção é importante pela capacidade de gerar

empregos e desenvolvimento regional, assim como pela significativa participação no mercado internacional; neste, aliás, apresenta potencial de ganhos de competitividade que devem ser considerados.

O valor da produção da cadeia têxtil em 2004 foi de US$ 25,0 bilhões, equivalente a 4,1% do PIB total brasileiro e 17,4% do PIB da indústria de transformação.

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74

Em termos de geração de empregos, sua importância não é menor, já que emprega cerca de 1,7% da população economicamente ativa, ou 16,9% do total dos trabalhadores alocados na indústria de transformação, o que bem demonstra que este é um setor de grande relevância para a economia do País e de forte impacto social:

Tabela 9.1 Quadro da economia no Brasil8.

9.4.2 Dimensões do mercado mundial de artigos têxteis

O mercado têxtil mundial vem registrando crescimento constante, tanto no que se refere aos volumes produzidos quanto a sua interação comercial entre nações. A partir de 2005, com o fim das cotas, o comércio mundial deverá apresentar uma expansão ainda maior. Outros fatores importantes, como novos processos de acabamento e o uso de fibras artificiais e sintéticas que, dentre outras vantagens, tem sua produção isenta de problemas de climas e safras, além de preços mais acessíveis para uma imensa parcela dos consumidores de todo o mundo, devem ser considerados como impulsionadores do processo de aumento da demanda global de têxteis. As tabelas e gráficos a seguir, mostram as informações divulgadas pela “Fiber Organon”, ITMF (“International Textile Manufacturers Federation”) e OMC (Organização Mundial do Comércio).

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75

Figura 9.2 Consumo mundial de fibras têxteis8

9.4.3 Participação do Brasil no mercado mundial de têxteis

O Brasil é visto como um importante produtor mundial de artigos têxteis, estando colocado em 7o lugar na produção de têxteis, e em 6o na produção de confeccionados, considerando-se as informações disponibilizadas pelos países membros do ITMF e combinadas com outras fontes pesquisadas pelo IEMI.

Todavia, em termos de comércio internacional, sua participação é ainda irrelevante, estando colocado em 41o lugar dentre os maiores exportadores e no 45o lugar dentre os maiores países importadores mundiais de têxteis e confeccionados.

Manufaturadas

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76

Tabela 9.2 Países produtores de têxteis e confecções (2003)8

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77

Tabela 9.3 Principais países exportadores de têxteis e confecções (2003)8

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78

Tabela 9.4 Principais países importadores de têxteis e confecções (2003)8

No passado recente, o Brasil detinha 1% de participação (este valor atingiu em 2004 cerca de US$ 2,1 bilhões com aumento de 25,5% sobre o resultado de 2003) no comércio mundial de têxteis e confecções. Caso essa participação tivesse sido mantida, o País deveria estar exportando cerca de US$ 4 bilhões / ano, aliás, essa é a meta do setor para 2008.

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9.5. DIMENSÕES E EVOLUÇÃO DO SETOR NO BRASIL 9.5.1 Análise comparativa das etapas de produção8 Consideradas apenas as etapas industriais e excluindo os produtores de fibras naturais (vegetais e animais), a cadeia têxtil pode ser dividida em três grandes segmentos industriais, cada um com níveis muito distintos de escala. São eles, o segmento fornecedor de fibras e filamentos manufaturados, o de produtos manufaturados (fios, tecidos e malhas) e o da confecção de bens acabados (vestuário, linha lar, etc.). Tal comparativo é de enorme relevância para a compreensão da estrutura operacional do setor. Tabela 9.5 Cadeia têxtil – segmentos de fibras e filamentos manufaturados; produtos têxteis manufaturados e confecções8.

Enquanto a produção de fibras e filamentos manufaturados, por questões de escala e competitividade, se concentra em um número restrito de grandes empresas, o final da cadeia é composto por um imenso número de pequenas e médias empresas, intensivas em mão-de-obra e, em sua grande maioria, de capital fechado de origem preponderantemente nacional. 9.5.2 Unidades de produção por segmento8.

Nas Figuras 9.3-9.7 a seguir, foram examinados os resultados apresentados pelos diversos segmentos que compõem a cadeia têxtil. Pode-se observar que nos setores produtores de manufaturas (fiações, tecelagens, malharias e beneficiamento), o número de indústrias e de empregos tem sido mantido estável desde 2000, ainda que tenha apresentado grandes reduções na década de 90.

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80

Unidades de Produção por Segmentos Têxteis

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

4.000

1990 1995 2000 2001 2002 2003 2004

Anos

Unid

ades

de

Prod

ução

Fiações Tecelagens Malharias Beneficiamento

Figura 9.3 Unidades de produção por segmentos têxteis8

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81

No segmento de confecções, ao contrário dos segmentos têxteis, desde 1990, não se tem observado mudanças estruturais mais significativas no que se refere ao número de unidades produtivas em operação, o que ressalta a quase ausência de barreiras à entrada de novos produtores no mercado.

Unidades de Produção por Segmentos Confeccionados

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

16.000

18.000

1990 1995 2000 2001 2002 2003 2004

Anos

Uni

dade

s de

Pro

duçã

o

Vestuários Meias e Acessórios Linha Lar Outros (1)

Figura 9.4 Unidades de produção por segmentos confeccionados

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82

Quanto ao número de empregados, verifica-se uma importante diminuição no período examinado, o que pode ser creditado ao processo de modernização.

Empregados por Segmentos Têxteis

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

1990 1995 2000 2001 2002 2003 2004

Anos

Núm

ero

de e

mpr

egad

os (e

m

milh

ares

)

Fiações Tecelagens Malharias Beneficiamento

Figura 9.5 Empregados por segmentos têxteis

Empregados por Segmentos Confeccionados

0,00

200,00

400,00

600,00

800,00

1.000,00

1.200,00

1.400,00

1.600,00

1990 1995 2000 2001 2002 2003 2004

Anos

Núm

eros

de

empr

egad

os (e

m

milh

ares

)

Vestuários Meias e Acessórios Linha Lar Outros (1)

Figura 9.6 Empregados por segmentos confeccionados

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Comparação entre Números de Empregados dos Segmentos Têxteis e Confeccionados

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

1990 1995 2000 2001 2002 2003 2004

Anos

Núm

eros

de

Empr

egad

os (e

m

milh

ares

)

Têxteis Confeccionados

Figura 9.7 Comparação entre Números de Empregados dos Segmentos Têxteis e Confeccionados.

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84

Somente os investimentos em máquinas efetuados pelas indústrias têxteis e confeccionistas brasileiras, consumiram recursos de cerca de US$ 10 bilhões entre 1990 e 2004. Desse total, US$ 2,9 bilhões foram aplicados no segmento de fiação, US$ 1,6 bilhão na tecelagem, US$ 1,6 bilhão na malharia, US$ 1,7 bilhão no beneficiamento e US$ 1,9 bilhão na confecção, ficando o restante para outros segmentos, tais como, fabricação de feltros, não tecidos, etc.

Figura 9.8 Investimento em máquinas têxteis (US$ milhões)8

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85

9.5.3 Principais regiões produtoras de têxteis no país 8. A produção de artigos têxteis e confecções se concentra principalmente nas regiões Sudeste e Sul do País, que somadas respondem por mais de 3/4 da produção total. Todavia, a região Sudeste vem perdendo parte da sua importância relativa, tanto pela transferência de indústrias dessa para outras regiões do País, quanto pela instalação de empresas em outras regiões que oferecem mais atrativos. Tabela 9.6 Evolução da participação percentual das regiões brasileiras na

produção de têxteis e confecções

Figura 9.9 Distribuição regional da produção (%)

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86

9.5.4 Dimensões do mercado e consumo per capita de têxteis no Brasil8

O consumo per capita de produtos têxteis que havia se reduzido em 2003, voltou a apresentar crescimento em 2004, atingindo 9,5 kg/habitante. Isto foi possível, tanto pelo aumento da produção nacional, quanto pelo aumento das importações de artigos têxteis em 2004. No período analisado, 1995 a 2004, a população brasileira aumentou em 12,8%, a renda média do brasileiro 142,8% (não descontada a inflação), enquanto que o consumo per capita cresceu 11,8%.

Figura 9.10 Renda e consumo de têxteis por habitante8.

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87

9.6. A IDENTIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS QUE O SETOR ENFRENTA NO COMÉRCIO MUNDIAL PARA ALCANÇAR A COMPETITIVIDADE DESEJADA3.

A cadeia têxtil - confecções é importante pela capacidade de gerar empregos e desenvolvimento regional, assim como pela significativa participação no mercado internacional; neste, aliás, apresenta potencial de ganhos de competitividade que devem ser considerados.

Desde o ano 2000, o BNDES participa ativamente do Fórum de Competitividade do Setor Têxtil do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, iniciativa que reúne representantes do Governo, das empresas e dos trabalhadores. Nesse Fórum, foram traçadas diversas metas de crescimento e desenvolvimento do complexo e apontadas as ações necessárias para alcançá-las.

O setor privado e o Governo vêm realizando diversos trabalhos para propiciar o aumento das vendas externas, e tem-se buscado desenvolver pólos regionais de produção, na busca pela qualidade, inclusive nas confecções.

Cabe concluir, portanto, que o complexo têxtil brasileiro tem feito grande esforço de investimento. Nos anos 80, realizou projetos de modernização e racionalização e, nos anos 90, passou por um processo de reestruturação para encarar a concorrência internacional. A qualidade do produto tem avançado, junto com melhores serviços e adequação ambiental.

Ademais, o Brasil apresenta custos competitivos, principalmente nos itens energia e mão-de-obra. A produção nacional de algodão também vem recuperando-se, em função dos programas desenvolvidos; estes reverteram a tendência de queda, e a safra chegou a 938,8 mil toneladas / ano em 2000-01, para um consumo de 865 mil toneladas e uma exportação de 147,3 mil. 9.6.1 Entretanto, alguns gargalos devem ser superados para que se possa atuar eficientemente numa economia aberta e num setor exportador como o têxtil: i) Na cadeia de produção têxtil - confecções, não é possível analisar o desempenho de fibras manufaturadas sem forte referência às fibras naturais, e vice-versa. A partir da fiação, as fibras são mescladas em proporções crescentes, na busca de tecidos com características especiais não só de uso, mas também de qualidade/custo. Isso implica desafios constantes para atingir padrões de qualidade e produtividade, em especial nas atividades de acabamento, que exigem novos conhecimentos e

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processos químicos específicos, aumentando assim a substitutividade / complementaridade entre as fibras naturais e as sintéticas. ii) No Brasil, existe sub-oferta de fibras químicas diferenciadas, o que afeta a competitividade nacional nas cadeias de produção e comercialização, principalmente diante dos asiáticos. A falta de coordenação da cadeia produtiva impede o país de participar nas estruturas de governance que vêm sendo montadas a partir do cliente final. iii) No segmento de fibras manufaturadas, é necessária a especialização em nichos mais lucrativos, de qualidade diferenciada, com o uso de novas fibras sintéticas (polímeros naturais e sintéticas) e novos processos produtivos. As outras áreas que vêm se desenvolvendo rapidamente são de têxteis técnicos, têxteis inteligentes e nanotecnologia. É importante que haja investimentos nestas áreas para concorrer e competir com as empresas internacionais que detêm o “know how”. A pesquisa aplicada consiste o melhor caminho para se alcançar estes objetivos. iv) A proximidade com os maiores mercados consumidores, aliada as técnicas para diminuir o tempo de concepção, produção e comercialização, permite que a produção seja “puxada” pelas voláteis demandas da moda que predominam no setor. A organização da indústria têxtil nos países desenvolvidos vem transformando-se e adequando-se a um regime de mercado comprador, cabendo ressalvar que essa estrutura é difícil de implantar. v) O mercado final está mais exigente em termos de qualidade e novidade, com a conseqüente redução de tempo dos ciclos de lançamento de produtos. Grandes empresas de tecidos e confecções, especialmente as integradas, movimentam-se rumo à ponta do mercado, tornando-se produtores com marca. As demais empresas de confecções estão gradualmente se reestruturando para qualificarem-se como fornecedoras. 9.6.2 Com relação à grande maioria das empresas, observa-se4: i) A ausência de parcerias/alianças estratégicas ou, num conceito mais abrangente, a ausência de redes integradas de empresas, tanto no varejo (com investimentos em pontos-de-venda, para melhor expor o produto) como nas parcerias com fornecedores (para desenvolvimento de novos produtos, aquisição de matérias-primas e estabelecimento de etapas conjuntas de produção, como, por exemplo, no acabamento).

ii) O baixo nível de informação e a ausência de sistemas de quick response, como EDI (Electronic Data Interchange) e ECR (Efficient Consumer Response).

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ECR é um movimento global, no qual empresas industriais e comerciais, juntamente com os demais integrantes da cadeia de abastecimento (operadores logísticos, bancos, fabricantes de equipamentos e veículos, empresas de informática, etc.) trabalham em conjunto na busca de padrões comuns e processos eficientes que permitam minimizar os custos e otimizar a produtividade em suas relações. iii) A pouca agilidade e dificuldade para produzir em lotes menores. iv) A comercialização ineficiente, com equipe de vendas pequena e inexperiência no mercado internacional (umas poucas empresas são responsáveis pela maior parte das exportações têxteis nacionais). v) O baixo investimento em desenvolvimento de produto e design.

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Tabela 9.7. Mostra a realidade atual da situação no País

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91

9.7. CONCLUSÕES

A balança comercial do setor têxtil brasileiro sofreu duro impacto com a abertura comercial e, se antes apresentava saldo positivo, embora decrescente, passou a ter déficit. Hoje, entretanto, o setor encontra-se em recuperação, depois de adotar medidas que deram início a um processo de reestruturação, com a modernização de seu parque de máquinas, aumento de produtividade e novas técnicas de gestão7.

As exportações brasileiras de produtos têxteis bateram novo recorde em 2004, chegando a quase US$ 2,1 bilhões, com aumento de 25,5% sobre o resultado de 2003 As importações atingiram US$ 1,4 bilhões, o que representa um aumento de 34% em relação ao valor de 2003. Com esses resultados, o saldo positivo da balança comercial da cadeia têxtil foi de US$ 657 milhões, o melhor saldo dos últimos 12 anos8.

Figura 9.11 Evolução dos saldos da balança comercial têxtil (US$ milhões)8

A participação do Brasil no comércio mundial é, ainda, cerca de 1%. Os países asiáticos, nossos maiores concorrentes, modernizaram-se rapidamente e, atualmente aparecem, junto com os Estados Unidos, entre os maiores produtores e exportadores de têxteis.

Algumas ações realizadas pelo Governo, além daquelas adotadas pelas próprias indústrias, já contribuíram com a melhoria da balança comercial do setor. O BNDES criou, em 1996, um programa exclusivo para financiamento às indústrias têxteis, respeitando suas características3.

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9.8. Referências: 1. Mario Romito, e-mail - [email protected]; 2. Maria Helena de Oliveira e Ana Paula de A. Ribeiro, Área de operações

industrias 1 – A01 - Gerência setorial de bens de consumo não duráveis , IEMI, BNDES, 19.06.1996, No.9.

3. Ana Paula Fontenelle Gorini e Sandra Helena Gomes de Siqueira, Complexo têxtil brasileiro, BNDES, 22/01/2002 3 AO1/GESET2.

4. Ana Paula Gorini, Panorama do setor têxtil no Brasil e no mundo: reestruturação e perspectivas Revista BNDES, Setorial n° 12

5. Dulce Corrêa Monteiro Filha e Ângela Medeiros,Revista Cadeia têxtil: Estruturas, e estratégias no comércio exterior BNDES Setorial n° 15.

6. CNI/SENAI/CETIQT. Programa de qualidade e produtividade, subprograma setorial cadeia têxtil, estratégias ações e projetos. Rio de Janeiro, out. 1991.

7. GORINI, A. P. F. Panorama do setor têxtil no Brasil e no mundo: reestruturação e perspectivas. BNDES Setorial, nº 12, p. 17-50. Rio de janeiro, set. 2001.

8. Brasil Têxtil 2005 - Relatório Setorial da Cadeia Têxtil Brasileira IEMI, São Paulo, Brasil. 2005.

9. David Hutchins, Just in Time, Editora Atlas S.A. São Paulo. 1993 (tradução-Sônia Maria Corrêa)

10. Neil de Oliveira Lima Filho e Rasiah Ladchumananandasivam. Engenharia simultânea: do desenvolvimento de produto ao gerenciamento de dados e custo do produto utilizando os sistemas CAD, PDM e ERP. II SIENTEX, Natal-RN, Brasil. 2004

11. Soares e Ferrão, 1988. 12. Moreira, et. al., 1994 13. BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 12, p. 17-50, set. 2000

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ANEXOS 9.1

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10 ANÁLISE CONJUNTURAL DA INDÚSTRIA CONFECCIONISTA BRASILEIRA

10.1. Introdução

A indústria de confecções apresenta uma grande heterogeneidade em seus produtos; segundo a divisão feita pela ABRAVEST, o setor teria 21 segmentos incluindo artigos de cama, mesa e banho, os mais variados tipos de roupa e acessórios, entre outros. Esta heterogeneidade é ainda agravada ao levarmos em conta a fragmentação do mercado consumidor por classe de renda, sexo, idade, etc.

Desta forma, existem segmentos bastante diferenciados no que diz respeito às matérias-primas e aos processos produtivos utilizados, bem como aos padrões de concorrência e às estratégias empresariais enfrentadas.

Esta diversidade de segmentos gera dificuldades na realização de uma análise conjuntural. Assim, este estudo focaliza prioritariamente o setor de vestuário, apresentando, quando relevantes, dados comportamentais de outros segmentos. 10.2. Perfil do Setor

A indústria de confecções é constituída por um grande número de empresas, sendo uma característica internacional do setor, fruto da sua grande atratividade. A atração é explicada pelas reduzidas barreiras tecnológicas existentes à entrada de novas firmas no mercado, já que o equipamento básico utilizado é a máquina de costura, e a técnica é amplamente divulgada. Também por isso, os investimentos exigidos ao ingresso de uma nova unidade na indústria não são proibitivos, evidentemente em se tratando de empresas de menor porte. Segundo o “US Department of Commerce”, o investimento necessário para geração de um emprego na indústria de confecção americana é de US$ 600. No Brasil, de acordo com dados do IEMI, em 1994 existiam 14.701 empresas no setor, com a seguinte configuração:

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96

Tabela 10.1 Tamanho das Empresas (2)

Porte Funcionários Nº de empresas % Pequeno até 60 10.278 70% Médio 61 a 300 3.977 27% Grande mais de 300 446 3% Total - 14.701 100%

Fonte:IEMI

Destaca-se, através da análise dos dados acima, a prevalência das unidades de pequeno porte. Esta característica se estende a todos os países. A sobrevivência deste tipo de empresa é viabilizada devido aos aspectos estruturais, como: a diversificação da demanda, que cria nichos de mercado antieconômicos para as maiores firmas, e a flexibilidade exigida pela indústria de vestuário, por estar submetida a executar um grande número de modelos durante todo ano devido ao lançamento das coleções. Isto favorece as pequenas empresas por terem uma maior capacidade de ajuste e simplicidade administrativa. Além disso, a existência de unidades de menor porte é funcional para as maiores, pois estas amortecem as pressões de demanda, sendo as primeiras a serem atingidas pelos choques.

As regiões sul e sudeste concentram grande parte da produção, respondendo por 87% dos confeccionados têxteis. Os estados de São Paulo e Santa Catarina são os que mais se destacam, todavia, outros estados começam a apresentar um crescimento significativo, dos quais o mais expressivo é o Ceará.

No Brasil, segundo dados do IEMI, este setor foi responsável pela geração de 1.390 mil postos de trabalho diretos em 1994, sendo de grande importância sob o ponto de vista social, visto que sua participação é relevante na oferta de empregos industriais.

A intensividade na utilização de mão-de-obra é importante na distribuição da oferta mundial, pois torna o custo salarial uma vantagem comparativa na localização dos investimentos. Isto explica a migração da referida indústria para países de industrialização atrasada, a exemplo da China. 10.3. Aspectos Tecnológicos

O ciclo de produção da indústria do vestuário é composto de diferentes etapas: design, confecção dos moldes, gradeamento, elaboração do encaixe, corte e costura.

Na fase anterior à costura, como não há necessidade de manusear o tecido, houve avanços tecnológicos com a utilização dos sistemas CAD/CAM (“Computer Aided Design / Computer Aided Manufacturing”) e de dispositivos de controle numérico. Os benefícios obtidos são a redução no tempo do processo produtivo e no desperdício de tecido, além de flexibilidade para alteração dos modelos.

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97

A costura é a principal etapa do processo, responsável por aproximadamente 80% do trabalho produtivo. Nesta fase são encontradas muitas dificuldades que vêm retardando os avanços tecnológicos no campo da automação industrial. Estas restrições estão ligadas às características do tecido, como sua maleabilidade, que dificulta o seu manuseio, e suas diferentes texturas. Outro empecilho é a necessidade de realizar alguns trabalhos em terceira dimensão.

Neste estágio o equipamento básico utilizado é a máquina de costura, que embora tenha sofrido alguns avanços, ainda realiza basicamente as mesmas tarefas. Apesar dos estudos incessantes no sentido de mudar este aspecto, a costura é ainda extremamente dependente da habilidade e do ritmo da mão-de-obra. No entanto, alguns avanços já foram obtidos, como por exemplo, a costura de bolsos e a confecção de golas, mas, por serem muito específicos não são tão relevantes, de forma que esta fase apresenta uma estabilidade tecnológica no que diz respeito aos bens de capital.

O mesmo não acontece em termos de tecnologia organizacional. Nesta área vêm sendo observados grandes progressos com a adoção de um conjunto de técnicas denominadas “just in time”, que buscam ganhos de produtividade, aumentando a capacidade de ajuste, ou seja, a flexibilidade da indústria de confecção.

Estas mudanças são complementadas pelo estreitamento das relações em toda a cadeia produtiva, principalmente, entre os fornecedores de matérias-primas, a confecção e o varejo, permitindo um melhor controle de qualidade, assim como, uma maior velocidade de resposta às exigências do mercado.

No que diz respeito à situação tecnológica das empresas brasileiras, mais uma vez nos deparamos com uma grande diversidade. Poucas firmas são atualizadas tecnológica e organizacionalmente, ocupando uma posição de liderança em termos de venda. Estas, normalmente, também se caracterizam por possuírem bons esquemas de comercialização, apresentando um coeficiente exportações / vendas totais acima da média. Por outro lado, há um grande número de empresas defasadas, que competem via custo de mão-de-obra ou via terceirização, um mecanismo geralmente usado em busca de ganhos de produtividade, mas, que no Brasil, vem se confundindo com redução de custos através da informalização. Um bom exemplo disso são os pólos industriais brasileiros; enquanto Americana-SP implanta unidades visando à modernização empresarial, Vilar dos Teles-RJ compete via preços e informalidade de suas firmas.

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98

ANEXOS 10.1 DADOS DE SETOR DE CONFECÇÃO

Região Nordeste ( Northeast Region)

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Anos (years)

Núm

ero

de fá

bric

as (N

umbe

r of

fa

ctor

ies)

Vestuário (Garments) Meias/Acessórios (Socks/Acess.)

Linha Lar (Home Products) Art. Técnicos (Technical Articles)

Região Sul (South Region)

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

4.000

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Anos (years)

Núm

ero

de fá

bric

as (N

umbe

r of

fact

orie

s)

Vestuário (Garments) Meias/Acessórios (Socks/Acess.)

Linha Lar (Home Products) Art. Técnicos (Technical Articles)

Brasil (Brazil)

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

16.000

18.000

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Anos (years)

Núm

ero

de fá

bric

as (N

umbe

r of

fa

ctor

ies)

Vestuário (Garments) Meias/Acessórios (Socks/Acess.)

Linha Lar (Home Products) Art. Técnicos (Technical Articles)

Região Norte ( North Region)

0

50

100

150

200

250

300

350

400

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Anos (years)

Núm

ero

de fá

bric

as (N

umbe

r of

fact

orie

s)

Vestuário (Garments) Meias/Acessórios (Socks/Acess.)

Linha Lar (Home Products) Art. Técnicos (Technical Articles)

Região Sudeste (Southeast Region)

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Anos (years)

Núm

ero

de fá

bric

as (N

umbe

r of

fact

orie

s)

Vestuário (Garments) Meias/Acessórios (Socks/Acess.)

Linha Lar (Home Products) Art. Técnicos (Technical Articles)

Regiões do Brasil (Regions of Brazil)

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Anos (years)

Núm

ero

de fá

bric

as (N

umbe

r of

fact

orie

s)

Norte (North) Nordeste (Northeast) Sudeste (Southeast)

Sul (South) C. Oeste (Centre West)

Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA

99

Fábricas Integradas ( Integrative Factories)

0

200

400

600

800

1.000

1.200

1.400

1.600

1.800

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Anos (years)

Núm

ero

de fá

bric

as (N

umbe

r of

fact

orie

s)

Vestuário (Garments) Meias/Acessórios (Socks/Acess.)

Linha Lar (Home Products) Art. Técnicos (Technical Articles)

Segmentos Fabris (Segments Industrial)

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

16.000

18.000

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Anos (years)

Núm

ero

de fá

bric

as (N

umbe

r of

fa

ctor

ies)

Exclusivas (Exclusive) Integradas (Integrative)

Regime de 8 às 12 hs (Shift over 8 to 12 hs)

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

7.000

8.000

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Anos (years)

Núm

ero

de fá

bric

as (N

umbe

r of

fa

ctor

ies)

Vestuário (Garments) Meias/Acessórios (Socks/Acess.)

Linha Lar (Home Products) Art. Técnicos (Technical Articles)

Fábricas Exclusivas ( Exclusive Factories)

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

16.000

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Anos (years)

Núm

ero

de fá

bric

as (N

umbe

r of

fact

orie

s)

Vestuário (Garments) Meias/Acessórios (Socks/Acess.)

Linha Lar (Home Products) Art. Técnicos (Technical Articles)

Total de Fábricas (Total Factories)

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

16.000

18.000

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Anos (years)

Núm

ero

de fá

bric

as (N

umbe

r of

fact

orie

s)

Vestuário (Garments) Meias/Acessórios (Socks/Acess.)

Linha Lar (Home Products) Art. Técnicos (Technical Articles)

Regime de até 8 hs (Shift up to 8 hs)

01.0002.0003.0004.0005.0006.0007.0008.0009.000

10.000

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Anos (years)

Núm

ero

de fá

bric

as (N

umbe

r of

fa

ctor

ies)

Vestuário (Garments) Meias/Acessórios (Socks/Acess.)

Linha Lar (Home Products) Art. Técnicos (Technical Articles)

Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA

100

Regime de 16 às 20 hs (Shift over 16 to 20 hs)

0

200

400

600

800

1.000

1.200

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Anos (years)

Núm

ero

de fá

bric

as (N

umbe

r of

fact

orie

s)

Vestuário (Garments) Meias/Acessórios (Socks/Acess.)

Linha Lar (Home Products) Art. Técnicos (Technical Articles)

Regime de Trabalho - horas/dia (Work Shifts - hours/day)

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Anos (years)

Núm

ero

de fá

bric

as

(Num

ber o

f fac

torie

s)

Até 8hs (Up to 8h) Mais de 8 à 12hs (over 8 to 12h)

Mais de 12 à 16hs (over 12 to 16h) Mais de 16 à 20hs (over 16 to 20h)

Mais de 20 à 24hs (over 20 to 24h)

Região Nordeste ( Northeast Region)

0

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

120.000

140.000

160.000

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Anos (years)

Núm

ero

de M

ão d

e ob

ra (N

umbe

r of

ope

rativ

es)

Vestuário (Garments) Meias/Acessórios (Socks/Acess.)

Linha Lar (Home Products) Art. Técnicos (Technical Articles)

Regime de 12 às 16 hs (Shift over 12 to 16 hs)

0

200

400

600

800

1.000

1.200

1.400

1.600

1.800

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Anos (years)

Núm

ero

de fá

bric

as (N

umbe

r of

fa

ctor

ies)

Vestuário (Garments) Meias/Acessórios (Socks/Acess.)

Linha Lar (Home Products) Art. Técnicos (Technical Articles)

Regime de 20 às 24 hs (Shift over 20 to 24 hs)

020406080

100120140160180

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Anos (years)

Núm

ero

de fá

bric

as (N

umbe

r of

fact

orie

s)

Vestuário (Garments) Meias/Acessórios (Socks/Acess.)

Linha Lar (Home Products) Art. Técnicos (Technical Articles)

Região Norte ( North Region)

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Anos (years)

Núm

ero

de M

ão d

e ob

ra (N

umbe

r of

ope

rativ

es)

Vestuário (Garments) Meias/Acessórios (Socks/Acess.)

Linha Lar (Home Products) Art. Técnicos (Technical Articles)

Introdução a Engenharia Têxtil Prof. Dr. Rasiah Ladchumananandasivam, PhD, CText FTI., FRSA

101

Região Sul (South Region)

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Anos (years)

Núm

ero

de M

ão d

e ob

ra (N

umbe

r of

ope

rativ

es)

Vestuário (Garments) Meias/Acessórios (Socks/Acess.)

Linha Lar (Home Products) Art. Técnicos (Technical Articles)

Brasil (Brazil)

0

200.000

400.000

600.000

800.000

1.000.000

1.200.000

1.400.000

1.600.00019

91

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Anos (years)

Núm

ero

de M

ão d

e ob

ra (N

umbe

r of

ope

rativ

es)

Vestuário (Garments) Meias/Acessórios (Socks/Acess.)

Linha Lar (Home Products) Art. Técnicos (Technical Articles)

Região Sudeste (Southeast Region)

0

200.000

400.000

600.000

800.000

1.000.000

1.200.000

1.400.000

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Anos (years)

Núm

ero

de M

ão d

e ob

ra (N

umbe

r of

ope

rativ

es)

Vestuário (Garments) Meias/Acessórios (Socks/Acess.)

Linha Lar (Home Products) Art. Técnicos (Technical Articles)

Regiões do Brasil (Regions of Brazil)

0

200.000

400.000

600.000

800.000

1.000.000

1.200.000

1.400.000

1.600.000

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Anos (years)

Núm

ero

de M

ão d

e ob

ra (N

umbe

r of

ope

rativ

es)

Norte (North) Nordeste (Northeast) Sudeste (Southeast)

Sul (South) C. Oeste (Centre West)

Produção do Segmento Vestuário ( Production Garments Segments)

0

500.000

1.000.000

1.500.000

2.000.000

2.500.000

3.000.000

3.500.000

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Anos (years)

Prod

ução

(Pro

duct

ion)

Roupa de Lazer (Casualw ear) Roupa Íntima (Underw ear)

Roupa Esportiva (Sportsw ear) Roupa Social (Socialw ear)

Roupa Profissional (Workw ear)

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102

Produção segundo segmento ( Production by Segments)

0

1.000.000

2.000.000

3.000.000

4.000.000

5.000.000

6.000.000

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Anos (years)

Prod

ução

(Pro

duct

ion)

Vestuário (Garments) Meias/Acessórios (Socks/Acess.)

Linha Lar (Home Products) Artigos Técnicos (Technical Art.)

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103

Os alunos devem lembrar que as apostilas são preparadas como um

complemento das aulas e matérias dadas durante o período desta disciplina. Além das apostilas deve-se consultar livros e outras matérias didáticas indicadas para aprofundar os conhecimentos.

Serão mostrados filmes dos vários processos nas indústrias têxteis, como a

fabricação das fibras manufaturadas e naturais. Além disso serão feitas visitas às indústrias têxteis locais.