introdução

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USO DE MEDICAMENTOS EM CRIANÇAS ENTRE 0 E 6 ANOS MATRICULADAS EM CRECHES DE TUBARÃO, SANTA CATARINA. Área de conhecimento: Ciências da saúde. Diélly Cunha de Carvalho 1 ; Bruno Thizon Menegali²; Daisson José Trevisol³; Fabiana Schuelter Trevisol 3 . 1.Acadêmica do Curso Medicina da Unisul, Bolsista do Programa Unisul Iniciação Científica. 2.Profissional de Educação Física, Especialista em Fisiologia do Exercício. 3.Farmacêutico-Bioquímico, Especialista em Farmácia Clínica e Farmacoterapia, Mestre em Saúde Coletiva, Professor do Curso Medicina. 4.Farmacêutica-Bioquímica, Especialista em Farmácia Clínica e Farmacoterapia, Mestre em Saúde Coletiva, Professora do Curso Medicina da Unisul, Orientadora do Projeto aliado ao Programa Unisul Iniciação Científica. Introdução Avanços sobre a terapêutica dos processos mórbidos têm sido desenvolvidos, entretanto, em crianças, ainda é baseada em extrapolações de doses e/ou modificações de formulações para adultos, ignorando-se completamente as diferenças. Pacientes pediátricos são geralmente excluídos de ensaios clínicos para desenvolvimento de novos medicamentos por motivos legais, éticos e econômicos; contudo, particulariedades relacionadas ao aspecto fisiológico, farmacocinético e farmacodinâmico tornam as crianças mais susceptíveis aos efeitos nocivos dos medicamentos. O padrão de consumo de medicamentos no Brasil é fortemente influenciado pela falta de controle em toda a cadeia do medicamento, e, como conseqüência, verifica-se o crescimento de casos de intoxicação e envenenamento. A automedicação é um fenômeno potencialmente nocivo à saúde, pois nenhum medicamento é inócuo ao organismo. Várias são as maneiras de se praticar a automedicação: adquirir sem receita, compartilhar com outros membros do círculo social e utilizar sobras de prescrições, reutilizar antigas receitas e descumprir a prescrição profissional, prolongando ou interrompendo precocemente a dosagem e o período de tempo indicados na receita. Objetivos Identificar o padrão de utilização de medicamentos, nos últimos seis meses, em crianças entre 0 e 6 anos matriculadas em quatro creches municipais de Tubarão (SC), no ano de 2007. Metodologia Estudo epidemiológico com delineamento transversal envolvendo a totalidade de crianças matriculadas em quatro diferentes CEI’s da APROET. Aplicado um questionário semi-estruturado, elaborado pelos autores, sobre a utilização de medicamentos e outras informações de saúde das crianças. Análise estatística com auxílio do programa SPSS, versão 15.0. Variáveis categóricas descritas por meio de taxas, razões e proporções; e as numéricas, medidas de tendência central e dispersão. As diferenças nas proporções foram comparadas pelo teste qui- quadrado. O nível de significância estatística pré-estabelecido foi de 5% (p < 0,05). Trabalho aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unisul. Resultados Amostra constituída por 413 crianças, com média de 3,74 ± 1,34 anos, sendo 195 (47,2%) meninas e 218 (52,8%) meninos. A ocorrência de reações adversas ocorreu em 82 (19,9%) crianças, sendo a alergia a responsável pela grande maioria (45,0%). É importante frisar a agregação de diferentes reações numa mesma criança, o que ocorreu em 23 (28,0%) delas. Indagou-se a respeito da aquisição dos medicamentos nos últimos 6 meses, resultando em torno de 1,8 medicamentos em média por criança. Gráfico 2: Formas de aquisição de medicamentos diante das manifestações clínicas de crianças pré-escolares. 16,79% dos medicamentos foram adquiridos com prescrição médica atualizada (PMA), 16,06% com prescrição médica antiga (PMAn), 40,15% com indicação farmacêutica (IF), 18% com indicação pessoal/familiar (IP) e 8,0% na Unidade Básica de Saúde/Amostra grátis (UBS/AG). Conclusões No presente estudo, a prática da automedicação ocorreu em 59,0% dos casos. Pode representar o auto-cuidado, se as medicações forem utilizadas de forma correta e com orientação anterior dada pelo pediatra ou, pelas peculiaridades do paciente pediátrico, pode mascarar patologias graves, gerar quadros de reações adversas aos medicamentos utilizados, desenvolver resistência bacteriana, além de outras complicações. Este estudou identificou o uso de praticamente dois medicamentos, em média, por criança nos últimos seis meses e destaca a importância de gerar consciência crítica entre os profissionais da área da saúde, de modo que possam ser multiplicadores da informação sobre o uso correto e racional de medicamentos, salientando os riscos da automedicação. Referências 1.Carvalho PRA, Carvalho CG, Alievi PT, Martinbiancho J, Trotta EA. Identificação de medicamentos “não apropriados para crianças” em prescrições de unidade de tratamento intensivo pediátrica. J Pediatr 2003; 79(5):397-402. 2.Meiners MMMA, Mendes GB. Prescrição de medicamentos para crianças hospitalizadas: como avaliar a qualidade? Rev Assoc Med Bras 2001; 47(4):332-7. 3.Matos GC, Rozenfeld S, Bortoletto ME. Intoxicações medicamentosas em crianças menores de cinco anos. Rev bras saúde matern infant 2002; 2(2):167-76. 4.Sistema Nacional de Informação Toxico-Farmacológicas [homepage da internet]. Estatística anual de casos de intoxicação e envenenamento. Brasil: 2005. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz. 5.Loyola Filho AI, Uchoa E, Guerra HL, Firmo JOA, Lima-Costa MF. Prevalência e fatores associados à automedicação: resultados do projeto Bambuí. Rev saúde pública 2002; 36(1): 55-62. 6.Pereira FSVT, Bucaretchi F, Stephan C, Cordeiro R. Self-medication in children and adolescents. J Pediatr 2007; 83(5):453-458. 7.Santos DB, Coelho HLL. Reações adversas a medicamentos em pediatria: uma revisão sistemática de estudos prospectivos. Rev bras saúde matern infant 2004; 4(4):341-9.

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USO DE MEDICAMENTOS EM CRIANÇAS ENTRE 0 E 6 ANOS MATRICULADAS EM CRECHES DE TUBARÃO, SANTA CATARINA. Área de conhecimento: Ciências da saúde. Diélly Cunha de Carvalho 1 ; Bruno Thizon Menegali²; Daisson José Trevisol³; Fabiana Schuelter Trevisol 3 . - PowerPoint PPT Presentation

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USO DE MEDICAMENTOS EM CRIANÇAS ENTRE 0 E 6 ANOS MATRICULADAS EM CRECHES DE TUBARÃO, SANTA CATARINA.

Área de conhecimento: Ciências da saúde.Diélly Cunha de Carvalho1; Bruno Thizon Menegali²; Daisson José Trevisol³; Fabiana Schuelter Trevisol3.1.Acadêmica do Curso Medicina da Unisul, Bolsista do Programa Unisul Iniciação Científica. 2.Profissional de Educação Física, Especialista em Fisiologia do Exercício.3.Farmacêutico-Bioquímico, Especialista em Farmácia Clínica e Farmacoterapia, Mestre em Saúde Coletiva, Professor do Curso Medicina.4.Farmacêutica-Bioquímica, Especialista em Farmácia Clínica e Farmacoterapia, Mestre em Saúde Coletiva, Professora do Curso Medicina da Unisul, Orientadora

do Projeto aliado ao Programa Unisul Iniciação Científica.

Introdução

Avanços sobre a terapêutica dos processos mórbidos têm sido desenvolvidos, entretanto, em crianças, ainda é baseada em extrapolações de doses e/ou modificações de formulações para adultos, ignorando-se completamente as diferenças.

Pacientes pediátricos são geralmente excluídos de ensaios clínicos para desenvolvimento de novos medicamentos por motivos legais, éticos e econômicos; contudo, particulariedades relacionadas ao aspecto fisiológico, farmacocinético e farmacodinâmico tornam as crianças mais susceptíveis aos efeitos nocivos dos medicamentos.

O padrão de consumo de medicamentos no Brasil é fortemente influenciado pela falta de controle em toda a cadeia do medicamento, e, como conseqüência, verifica-se o crescimento de casos de intoxicação e envenenamento.

A automedicação é um fenômeno potencialmente nocivo à saúde, pois nenhum medicamento é inócuo ao organismo. Várias são as maneiras de se praticar a automedicação: adquirir sem receita, compartilhar com outros membros do círculo social e utilizar sobras de prescrições, reutilizar antigas receitas e descumprir a prescrição profissional, prolongando ou interrompendo precocemente a dosagem e o período de tempo indicados na receita.

Objetivos

Identificar o padrão de utilização de medicamentos, nos últimos seis meses, em crianças entre 0 e 6 anos matriculadas em quatro creches municipais de Tubarão (SC), no ano de 2007.

Metodologia

Estudo epidemiológico com delineamento transversal envolvendo a totalidade de crianças matriculadas em quatro diferentes CEI’s da APROET. Aplicado um questionário semi-estruturado, elaborado pelos autores, sobre a utilização de medicamentos e outras informações de saúde das crianças. Análise estatística com auxílio do programa SPSS, versão 15.0. Variáveis categóricas descritas por meio de taxas, razões e proporções; e as numéricas, medidas de tendência central e dispersão. As diferenças nas proporções foram comparadas pelo teste qui-quadrado. O nível de significância estatística pré-estabelecido foi de 5% (p < 0,05). Trabalho aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unisul.

Resultados

Amostra constituída por 413 crianças, com média de 3,74 ± 1,34 anos, sendo 195 (47,2%) meninas e 218 (52,8%) meninos.

Gráfico 1: Conduta dos responsáveis legais (pais ou outros) diante das manifestações clínicas das crianças pré-escolares. 47,0% dos responsáveis forneciam medicamentos que tinham em casa (AM), 32,2% levavam ao médico particular (MP), 13,3% ao posto de saúde (PSF), 3,6% a farmácia (FARM), 3,6% ao hospital (HOSP) e 0,2% administravam fitoterápicos (FIT).

Não houve associação estatística entre a atitude tomada e a ocorrência de reação adversa aos medicamentos utilizados (p = 0,093), renda (p = 0,262) ou escolaridade do responsável (p = 0,143).

A ocorrência de reações adversas ocorreu em 82 (19,9%) crianças, sendo a alergia a responsável pela grande maioria (45,0%). É importante frisar a agregação de diferentes reações numa mesma criança, o que ocorreu em 23 (28,0%) delas.

Indagou-se a respeito da aquisição dos medicamentos nos últimos 6 meses, resultando em torno de 1,8 medicamentos em média por criança.

Gráfico 2: Formas de aquisição de medicamentos diante das manifestações clínicas de crianças pré-escolares. 16,79% dos medicamentos foram adquiridos com prescrição médica atualizada (PMA), 16,06% com prescrição médica antiga (PMAn), 40,15% com indicação farmacêutica (IF), 18% com indicação pessoal/familiar (IP) e 8,0% na Unidade Básica de Saúde/Amostra grátis (UBS/AG).

Conclusões

No presente estudo, a prática da automedicação ocorreu em 59,0% dos casos. Pode representar o auto-cuidado, se as medicações forem utilizadas de forma correta e com orientação anterior dada pelo pediatra ou, pelas peculiaridades do paciente pediátrico, pode mascarar patologias graves, gerar quadros de reações adversas aos medicamentos utilizados, desenvolver resistência bacteriana, além de outras complicações.

Este estudou identificou o uso de praticamente dois medicamentos, em média, por criança nos últimos seis meses e destaca a importância de gerar consciência crítica entre os profissionais da área da saúde, de modo que possam ser multiplicadores da informação sobre o uso correto e racional de medicamentos, salientando os riscos da automedicação.

Referências

1.Carvalho PRA, Carvalho CG, Alievi PT, Martinbiancho J, Trotta EA. Identificação de medicamentos “não apropriados para crianças” em prescrições de unidade de tratamento intensivo pediátrica. J Pediatr 2003; 79(5):397-402.

2.Meiners MMMA, Mendes GB. Prescrição de medicamentos para crianças hospitalizadas: como avaliar a qualidade? Rev Assoc Med Bras 2001; 47(4):332-7.

3.Matos GC, Rozenfeld S, Bortoletto ME. Intoxicações medicamentosas em crianças menores de cinco anos. Rev bras saúde matern infant 2002; 2(2):167-76.

4.Sistema Nacional de Informação Toxico-Farmacológicas [homepage da internet]. Estatística anual de casos de intoxicação e envenenamento. Brasil: 2005. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz.

5.Loyola Filho AI, Uchoa E, Guerra HL, Firmo JOA, Lima-Costa MF. Prevalência e fatores associados à automedicação: resultados do projeto Bambuí. Rev saúde pública 2002; 36(1): 55-62.

6.Pereira FSVT, Bucaretchi F, Stephan C, Cordeiro R. Self-medication in children and adolescents. J Pediatr 2007; 83(5):453-458.

7.Santos DB, Coelho HLL. Reações adversas a medicamentos em pediatria: uma revisão sistemática de estudos prospectivos. Rev bras saúde matern infant 2004; 4(4):341-9.

8.Bricks LF, Leone C. Utilização de medicamentos por crianças atendidas em creches. Rev saúde pública 1996; 30(6):527-35.

9.Weiderpass E, Béria JU, Barros FC, Victora CG, Tomasi E, Halpern R. Epidemiologia do consumo de medicamentos no primeiro trimestre de vida em centro urbano do Sul do Brasil. Rev saúde pública 1998; 32(4): 335-44.

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