intervenção do estado na propriedade

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Reta Final - AGU Disciplina: Direito Administrativo Tema: Aula 04 Profª.: Raquel Carvalho Data: 16/12/2008 - 1 – MATERIAL APOIO PROFESSORA Intervenção do Estado na Propriedade Propriedade : conjunto de poderes de usar (empregar a coisa em seu proveito, afetando-a a uma finalidade específica), gozar (atividades tendentes a extrair os rendimentos regulares, auferindo frutos, produtos e rendimentos, sejam de que natureza forem) e dispor (poder oferecer o destino que melhor aprouver) dos bens, como melhor lhe aprouver, de modo absoluto, exclusivo e perpétuo. Conceito de Direito de Propriedade : Perfil emprestado à propriedade pelo Direito Positivo - parcela da propriedade privada aceita, delineada e amparada em cada sistema jurídico específico. Função social: não surge como mero limite ao exercício do direito de propriedade, mas como princípio básico incidente no conteúdo do direito, fazendo parte de sua estrutura. Segundo José Afonso da Silva, “a função social se manifesta na própria configuração estrutural do direito de propriedade, pondo-se concretamente como elemento qualificante na predeterminação dos modos de aquisição, gozo e utilização dos bens.” Marçal Justen Filho: A propriedade deve ser exercida segundo sua função social, impedindo-se que o proprietário exercite as faculdades do domínio de modo abusivo, o que se verifica: a) quando o uso e a fruição são inadequados, excessivos ou inúteis e b) produzem lesão a interesse protegido juridicamente. Limites : gênero, do qual seriam espécies as limitações administrativas (limites com caráter geral, abstrato e impessoal) e os sacrifícios de direitos (constrição individualizada, particularizada - desapropriação, servidão administrativa e o tombamento). Modalidades de Intervenção : a) Restritiva: aquela em que o Estado impõe restrições e condicionamentos ao uso da propriedade, sem, no entanto, retirá-la do seu dono. b) Supressiva: aquela em que o Estado, valendo-se da supremacia que possui em relação aos indivíduos, transfere coercitivamente para si a propriedade de terceiro, em virtude de algum interesse público previsto na lei. Limitações Administrativas Conceito : medida geral, gratuita e unilateral, impostas com fundamento no poder de polícia do Estado, com o fim de condicionar do exercício de direitos ou de atividades particulares as exigências do bem- estar social. Veículo instituidor : lei (princípio da reserva legal) (Hely – minoria: admite regulamento – ignorar posição minoritária na prova da AGU) Características : generalidade; unilateralidade; imperatividade; não confiscatoriedade. Em relação às obrigações positivas decorrentes de limitação administrativa fundada na preservação ambiental, certo é a maior amplitude que lhe vem atribuindo a jurisprudência moderna: “2. Em matéria de dano ambiental a responsabilidade é objetiva. O adquirente das terras rurais é responsável pela recomposição das matas nativas . (...) A lei 8.171/91 vigora para todos os proprietários rurais , ainda que não sejam eles os responsáveis por eventuais desmatamentos anteriores .” (Embargos Declaratórios no REsp nº 255.170-SP, rel. Min. Luiz Fux, 1ª Turma do STJ, DJU de 22.04.2003, p. 197)

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Reta Final - AGU Disciplina: Direito Administrativo Tema: Aula 04 Profª.: Raquel Carvalho Data: 16/12/2008

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MATERIAL APOIO PROFESSORA Intervenção do Estado na Propriedade Propriedade: conjunto de poderes de usar (empregar a coisa em seu proveito, afetando-a a uma finalidade específica), gozar (atividades tendentes a extrair os rendimentos regulares, auferindo frutos, produtos e rendimentos, sejam de que natureza forem) e dispor (poder oferecer o destino que melhor aprouver) dos bens, como melhor lhe aprouver, de modo absoluto, exclusivo e perpétuo. Conceito de Direito de Propriedade: Perfil emprestado à propriedade pelo Direito Positivo - parcela da propriedade privada aceita, delineada e amparada em cada sistema jurídico específico. Função social: não surge como mero limite ao exercício do direito de propriedade, mas como princípio básico incidente no conteúdo do direito, fazendo parte de sua estrutura. Segundo José Afonso da Silva, “a função social se manifesta na própria configuração estrutural do direito de propriedade, pondo-se concretamente como elemento qualificante na predeterminação dos modos de aquisição, gozo e utilização dos bens.” Marçal Justen Filho: A propriedade deve ser exercida segundo sua função social, impedindo-se que o proprietário exercite as faculdades do domínio de modo abusivo, o que se verifica: a) quando o uso e a fruição são inadequados, excessivos ou inúteis e b) produzem lesão a interesse protegido juridicamente. Limites: gênero, do qual seriam espécies as limitações administrativas (limites com caráter geral, abstrato e impessoal) e os sacrifícios de direitos (constrição individualizada, particularizada - desapropriação, servidão administrativa e o tombamento). Modalidades de Intervenção: a) Restritiva: aquela em que o Estado impõe restrições e condicionamentos ao uso da propriedade, sem, no entanto, retirá-la do seu dono. b) Supressiva: aquela em que o Estado, valendo-se da supremacia que possui em relação aos indivíduos, transfere coercitivamente para si a propriedade de terceiro, em virtude de algum interesse público previsto na lei. Limitações Administrativas Conceito: medida geral, gratuita e unilateral, impostas com fundamento no poder de polícia do Estado, com o fim de condicionar do exercício de direitos ou de atividades particulares as exigências do bem-estar social. Veículo instituidor: lei (princípio da reserva legal) (Hely – minoria: admite regulamento – ignorar posição minoritária na prova da AGU) Características: generalidade; unilateralidade; imperatividade; não confiscatoriedade. Em relação às obrigações positivas decorrentes de limitação administrativa fundada na preservação ambiental, certo é a maior amplitude que lhe vem atribuindo a jurisprudência moderna: “2. Em matéria de dano ambiental a responsabilidade é objetiva. O adquirente das terras rurais é responsável pela recomposição das matas nativas. (...) A lei 8.171/91 vigora para todos os proprietários rurais, ainda que não sejam eles os responsáveis por eventuais desmatamentos anteriores.” (Embargos Declaratórios no REsp nº 255.170-SP, rel. Min. Luiz Fux, 1ª Turma do STJ, DJU de 22.04.2003, p. 197)

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Indenização: gratuidade (não há dever de indenizar - RE nº 121.140-RJ, rel. Min. Maurício Corrêa, Informativo do STF nº 278) Se se desqualifica como limitação e se enquadra como desapropriação indireta – dever de indenizar: REsp nº 416.511-SP, rel. Min. Eliana Calmon, 2ª Turma do STJ, DJU de 06.10.2003, p. 248 Decisão recente e relevante: o STJ excluiu o enquadramento da intervenção como desapropriação indireta e afirmou que mesmo a limitação administrativa e o tombamento podem impor prejuízos aos proprietários, sendo juridicamente possível o pedido de indenização, nesses casos: REsp n. 922.786-SC, rel. Min. Francisco Falcão, 1. Turma do STJ, DJe de 18.08.08 (ignorar na prova fechada da AGU – atenção na prova aberta) Ocupação Temporária: utilização transitória, remunerada ou gratuita, de “imóveis” particulares pelo Poder Público, durante período ou tempo limitado, para a execução de obras, serviços ou atividades públicas ou de interesse público. Hipóteses: 1) Lei de desapropriação (decreto-lei n.º 3.365/41): - artigo 36, “a ocupação temporária, que será indenizada, afinal, por ação própria, de terrenos não edificados, vizinhos às obras e necessários à sua realização. O expropriante prestará caução, quando exigida”. Trata-se, portanto, de ocupação temporária e coativa de terrenos não edificados mediante remuneração. (Hely). 2) Outros casos: - ocupação temporária permite escavações e pesquisas, no interesse da arqueologia e da pré-história, em terrenos de propriedade particular, com exceção de áreas muradas que envolvem construções domiciliares. - ocupação provisória de imóveis necessários à pesquisa e lavra de petróleo e de minérios nucleares. - uso de escolas, clubes e outros estabelecimentos privados por ocasião das eleições. Odete Medauar e Hely Lopes: arts. 58, V, e 80, II da Lei 8.666 Instituição: duas modalidades: a) se se trata de ocupação vinculada à desapropriação: é de entender-se indispensável ato formal de instituição. b) se se trata de ocupação temporária desvinculada da desapropriação: a atividade é auto-executória e dispensa ato formal. (José dos Santos) Indenização: a) em se tratando de ocupação temporária para obras públicas vinculadas ao processo de desapropriação (artigo 36 do Decreto-Lei nº 3.365/41): implica dever do Estado de indenizar o proprietário pelo uso do imóvel. b) em se tratando de ocupação temporária para as demais obras e para os serviços públicos em geral, sem qualquer vínculo com desapropriação executada pelo Estado: em princípio não haverá indenização (mas o ressarcimento será devido se o uso acarretar comprovado prejuízo ao proprietário). Requisição Administrativa: ato administrativo unilateral, auto-executório, oneroso, consistente, na utilização de bens ou de serviços particulares pela Administração, para atender a necessidades coletivas em tempo de guerra ou em caso de perigo público iminente, mediante indenização ulterior. Constituição: prevê a competência da União para legislar sobre requisição civil e militar, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra (artigo 22, III). Assim, somente lei federal pode regular a requisição. - artigo 5º XXV que “no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano”.

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Instituição: verificada a situação de perigo público iminente, a requisição pode ser imediatamente decretada. “Significa, pois, que o ato administrativo que a formaliza é auto-executório e não depende, em conseqüência, de qualquer decisão do Judiciário.” (José dos Santos Carvalho Filho) Objeto: amplo, abrangendo bens móveis, imóveis e serviços particulares Cabimento sobre bens públicos – divergência no STF – MS n. 25.295-DF, rel. Min. Joaquim Barbosa, Pleno do STF, julgado em 20.04.2005, Informativo do STF, nº 384 (divergência não resolvida pelo Pleno – adotar, na prova fechada da AGU, a posição doutrinária majoritária que não admite requisição de bens públicos) Indenização: indenização devida sempre “a posteriori”, na hipótese de prejuízo Tombamento: procedimento administrativo pelo qual o Poder Público reconhece o valor histórico, artístico, paisagístico, turístico, cultural ou científico de coisas ou locais que devam ser preservados, de acordo com a inscrição em livro próprio. Objetivos: conservação da coisa com sua fisionomia característica e fruição cultural do bem Classificação: 1) Quanto à constituição ou procedimento: a) de ofício: incide sobre bens públicos b) voluntário ou compulsório: atinge bens particulares - pessoa privada (física ou jurídica). Tombamento voluntário: - é aquele em que o proprietário consente no tombamento, seja através de pedido que ele mesmo formula ao Poder Público, seja quando concorda com a notificação que lhe é dirigida no sentido da inscrição do bem (artigo 7º do Dec.-lei nº 25/37). Tombamento compulsório: é feito por iniciativa do poder público mesmo contra a vontade do proprietário. 2) Quanto a eficácia: o tombamento pode ser provisório ou definitivo. Tombamento provisório: ocorre tão somente com a notificação do proprietário privado ou público. Tombamento definitivo: já concluído pela inscrição dos referidos bens no competente Livro do Tombo. Observação - Tombamento por lei: Decisão recente do STF inadmitindo: “O tombamento é constituído mediante ato do Poder Executivo que estabelece o alcance da limitação ao direito de propriedade. Incompetência do Poder Legislativo no que toca a essas restrições, pena de violação ao disposto no artigo 2º da Constituição do Brasil.” (ADI n. 1.706-4-DF, rel. Min. Eros Grau, Pleno do STF, DJe de 11.09.08) Efeitos 1) para o proprietário: - obrigações positivas (de fazer): a) fazer as obras necessárias à preservação do bem ou, se não tiver meios, comunicar a sua ne-cessidade ao órgão competente, sob pena de incorrer em multa prevista em lei (artigo 19 do Decreto-lei 25). b) em caso de alienação onerosa do bem, deverá o proprietário assegurar o direito de preferência da União, Estados e Municípios, nessa ordem sob pena de nulidade do ato, seqüestro do bem por qualquer dos titulares do direito de preferência a multa de 20% sobre o valor do bem a que ficam sujeitos e transmitente e o adquirente as punições serão determinadas pelo poder Judiciário (artigo 22 do Decreto-lei 25). - obrigações negativas (não fazer): a) vedação à destruição, demolição ou mutilamento das coisas tombadas (artigo 17 do Decreto-lei 25).

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b) a reparação, pintura e restauração dependem de prévia autorização do IPHAN, sob pena de multa de 50% do dano causado – Imodificabilidade da coisa tombada. c) em se tratando de bens móveis, é vedado que se os retire do país, senão por curto prazo, para fins de intercâmbio cultural, a juízo do Conselho Consultivo do IPHAN. Tentada sua exportação, a coisa fica sujeita a seqüestro e o seu proprietário, às penas cominadas para o crime de contrabando e multa (artigos 14 e 15 do Decreto-lei 25). - obrigações de suportar (deixar de fazer): sujeição à fiscalização do bem pelo órgão técnico competente, sob pena de multa em caso de opor obstáculos indevidos à vigilância. 2) para o proprietário de imóveis vizinhos: O artigo 18 do Decreto-lei nº 28 preocupou-se em proteger a visibilidade da coisa tombada, seja monumento histórico, artístico ou natural. Não só o impedimento total da visibilidade está vedado, como a dificuldade ou impedimento parcial de se enxergar o bem protegido (natureza jurídica: servidão administrativa). A esse encargo não corresponde qualquer indenização. 3) para o Poder Público: Obrigações positivas: a) mandar executar as obras de conservação do bem, quando o proprietário não puder fazê-lo ou providenciar para que seja feita a desapropriação da coisa; não adotadas essas providências, o proprietário pode requerer que seja cancelado o tombamento; b) exercer permanente vigilância sobre as coisas tombadas, inspecionando-as sempre que julgar conveniente; c) providenciar, em se tratado de bens particulares, a transcrição do tombamento no Registro de Imóveis e o averbação ao lado da transcrição do domínio, sob pena de perda do direito de preferência. Indenização: posição majoritária: em princípio não acarreta indenização. Hipótese excepcional - deve haver indenização, se chegar-se ao esvaziamento econômico da propriedade, hipótese em deveria ter havido desapropriação do bem. STF: “Direito de Propriedade – Tombamento – Indenização. O tombamento, quando importar esvaziamento do valor econômico da propriedade, impõe ao Estado o dever de indenizar.” (AI nº 127.174, rel. Min. Celso de Mello, RDA, v. 200, p. 158). STJ: (REsp nº 47.865-SP, rel. Min. Demócrito Reinaldo, 1ª Turma do STJ, DJU de 05.09.94, p. 23.044). Servidão Administrativa: direito real de gozo, de natureza pública, instituído sobre imóvel de propriedade alheia, com base na lei por entidade pública ou por seus delegados, em favor de um serviço público ou de um bem afetado a fim de utilidade pública. (ex: instalação de redes elétricas, passagem de aquedutos) Coisa dominante/coisa serviente: A coisa serviente na servidão administrativa seria o bem imóvel de propriedade alheia. A coisa dominante é a própria utilidade pública ou seja, é o serviço público ou o bem público que se beneficia com a instituição do direito real. Objeto: maioria - Bens imóveis privados e públicos. Quanto aos bens públicos: - não pode um Município instituir servidão sobre imóveis estaduais ou federais, nem pode o Estado fazê-lo em relação aos bens da União; - a União pode instituir servidão sobre imóveis estaduais ou municipais e o Estado em relação a bens do Municípios: deve haver autorização legislativa. Questão da AGU: “A servidão administrativa tem por fundamento a supremacia do interesse público e pode incidir sobre bens públicos e privados.” (certo – gabarito)

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Instituição: Hely Lopes: se faz um acordo administrativo por sentença judicial, precedida sempre de ato de declaratório da servidão, à semelhança do decreto de utilidade pública para desapropriação. (inadmissibilidade da servidão administrativa por lei – posição majoritária) Procedimento: início – Declaração de utilidade pública Após o ato de declaração: pode ou não haver oposição do proprietário, especialmente quanto ao valor da indenização. - Não havendo oposição: está selado o acordo. As partes devem celebrar acordo formal por escritura pública, para fins de subseqüente registro do direito real. - Havendo oposição ao proprietário: deve a administração recorrer ao Poder Judiciário, pois a imposição de servidão administrativa não é auto-executória. Neste caso, o Poder Público promove ação contra o proprietário, demonstrando ao juiz a existência do decreto específico, indicativo da declaração de utilidade pública. Indenização – é devida no caso de servidão que decorre de contrato ou de decisão judicial, incidindo sobre imóveis determinados (sempre que comprovado que o proprietário sofre prejuízo em beneficio da coletividade, a indenização faz-se em correspondência com o dano causado à coisa serviente) Para a minoria que admite a servidão decorrente diretamente da lei: não cabe direito à indenização porque o sacrifício é imposto a toda uma coletividade de imóveis que se encontram em uma mesma situação (Maria Sylvia) Parcelas da indenização: além dos acréscimos legais (juros moratórios, correção monetária, honorários advogado, do perito oficial, do assistente técnico e custas) a indenização, na servidão administrativa, inclui juros compensatórios, à semelhança da desapropriação. Extinção: característica típica das servidões (públicas e privadas) é a perpetuidade. Perduram enquanto subsiste a necessidade do poder público e a utilidade do prédio serviente. Cessada esta ou aquela, extingue-se a servidão. - ainda podem ser indicadas como causas extintivas da servidão: a) a perda da coisa gravada; b) a desafetação ou afetação da coisa dominante a fim diverso para o qual não seja necessária a servidão; c) a incorporação de imóvel serviente ao patrimônio público; d) a transformação da coisa por fato que a torne incompatível com seu destino; e) lei de maneira própria e direta, quando se trate de servidões instituídas por lei. Desapropriação: Procedimento administrativo por meio do qual o Poder Público, fundado em interesse público, despoja compulsoriamente alguém de um bem e o adquire para si, de forma originária e mediante indenização, ressalvada a exceção constitucional (artigo 243 da CF). Competência para legislar: privativa da União, com base no art. 22, II, da Constituição Federal. Modalidades: a) desapropriação prevista no artigo 5º, XXIV da CF, com regime indenizatório corrente, normal: indenização prévia, justa em dinheiro. Legislação infraconstitucional: - Decreto-lei nº 3.365/41 (utilidade pública – hipóteses exaustivas: art. 5º, “p”) - Lei nº 4.132/62 (interesse social) Observação: Decreto-Lei nº 1.075/70 (regula a imissão de posse “initio litis” em imóveis residenciais urbanos habitados pelo proprietário ou por compromissário-comprador que tenha compromisso registrado).

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Competência declaratória: consubstancia-se na aptidão para declarar a utilidade pública ou o interesse social, nos termos do artigo 2º “caput”, da Lei Geral das Desapropriações. - é concorrente da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal (artigo 2º do Decreto-lei nº 3.365/41). DNIT (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes): Artigo 82 da Lei 10.233 - “São atribuições do DNIT, em sua esfera de atuação: IX – declarar a utilidade pública de bens e propriedades a serem desapropriados para implantação do Sistema Federal de Viação” ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica): Lei nº 9.648, de 27/05/98, que alterou o artigo 10 da Lei nº 9.074, de 07/07/95, conferiu à ANEEL –, autarquia federal, competência declaratória no que toca à desapropriação para instalações de concessionário e permissionários de energia elétrica. Competência executória: capacidade para promover a desapropriação reconhecida todas as pessoas jurídicas que detém capacidade declaratória (União, Estados, Municípios e Distrito Federal); bem como as entidades da Administração Indireta, os concessionários e permissionários de serviço público (mediante delegação). b) desapropriação em que a indenização se efetua através de pagamento em títulos especiais da dívida b.1) desapropriação efetuável em nome da política urbana, conforme art. 182, § 4º, III da Lei Magna Legislação infraconstitucional: - Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/01) - Diploma municipal (Plano Diretor obrigatório para cidades com mais de 20.000 habitantes) Competência: apenas do Município Indenização: dar-se-á em títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até 10 anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, garantido, no entanto, o seu valor real e os juros legais. O estatuto da cidade determina que o valor real da indenização refletirá o valor de base de cálculo do IPTU, descontado o valor de eventuais incorporações por obras realizadas pelo Poder Público após a notificação feita ao proprietário, e não computará expectativas de ganho, lucros cessantes e juros compensatórios. b.2) desapropriação realizável para fins de reforma agrária, nos termos do art. 184 e atendidas as disposições dos artigos 185 e 186. Legislação infraconstitucional: - Lei nº 8.629, de 25/2/93 (com alterações introduzidas pela MP 2.183-56, de 24.08.2001) - Lei Complementar nº 76, de 06.07.93 (alterada pela Lei Complementar 88, de 21.12.96) (procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo de desapropriação de imóvel rural por interesse social para fins de reforma agrária) Competência: somente a União é competente para realizá-la. Indenização: se processará através de títulos da dívida agrária, resgatáveis em prazo de até 20 anos, a partir do segundo ano de sua emissão, excetuando-se, apenas, as benfeitorias úteis e necessárias, cuja indenização se verificará em dinheiro (artigo 184, § 1º da CF). (entendimento majoritário quando à indenização em dinheiro das benfeitorias necessárias e úteis – precatório)

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c) Desapropriação Confisco (Artigo 243 da CF): glebas objeto de culturas ilegais de plantas psicotrópicas – não indenização. Legislação infraconstitucional: Lei nº 8.257, de 26.11.91 (evidencia a competência da União para realizá-la). Natureza jurídica da desapropriação: forma originária de aquisição da propriedade, porquanto não se vincula a nenhum título anterior. É causa autônoma bastante para gerar o título constitutivo da propriedade. Daí decorre que: 1) a ação judicial de desapropriação pode prosseguir independentemente de saber a Administração seja o proprietário ou onde possa ser encontrado; não se aplicam, nas desapropriações, os efeitos da revelia previstos no artigo 319 do CPC 2) se a indenização for paga a terceiro, que não o proprietário, não se invalida a desapropriação (art. 35 do Decreto-Lei nº 3.365/41) 3) todos os ônus ou direitos que recaiam sobre o bem expropriado extinguem-se ou ficam subrogados no preço (art. 31 do Decreto-Lei nº 3. 365/41) (direitos reais); 4) a transcrição da desapropriação no Registro de Imóveis independe da verificação da continuidade em relação às transcrições anteriores (imóvel não fica sujeito à evicção). Objeto: todo bem apropriável, com conteúdo econômico. Não são desapropriáveis: a) impossibilidades materiais: - direitos personalíssimos - dinheiro (exceção: moedas raras) - pessoa b) impossibilidades jurídicas: - bens que a própria lei considera insuscetíveis de determinado tipo de desapropriação (ex: art. 185, II da CF; bens públicos federais). c) bens que são encontráveis no mercado e que podem ser adquiridos normalmente (sob pena de ensejar fraude à licitação) d) Bens passíveis de encampação – concessão (Marçal) Desapropriação de bens públicos: A entidade pública maior ou central pode expropriar bens da entidade política menor ou local, mas o inverso não é possível. Entendimento que se estende aos bens de entidades da Administração Indireta. STJ e STF: já decidiram pela ilegitimidade da desapropriação do Estado de bens de SEM federal (ROMS nº 1.167, rel, Min. Pedro Acioli, STJ e RE nº 172.816, rel. Min. Paulo Brossard, RDA v. 195, p. 197 e RT, v. 707, p. 221). (não adotar para prova fechada da AGU posição doutrinária crítica sobre a matéria) STJ – desapropriáveis somente os bens dominiais: “Somente os bens públicos dominiais são passíveis de alienação e, portanto, de desapropriação” (REsp nº 518.714-RN, rel. Min. Luiz Fux, 1ª Turma do STJ, DJU de 25.02.2004, p. 108). Procedimento: Fase declaratória: - declaração de utilidade pública ou de interesse social do bem (item 6.2.). Autorização orçamentária: (art. 167, I e II da CF e art. 16 da LC 101/2000). Fase executória: providências concretas para efetivar as medidas necessárias à integração do bem no patrimônio público. - pode ser administrativa ou judicial:

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Reta Final - AGU Disciplina: Direito Administrativo Tema: Aula 04 Profª.: Raquel Carvalho Data: 16/12/2008

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Administrativa: quando houver acordo entre expropriante e expropriado a respeito da indenização: escritura pública transcrita no registro imobiliário. Judicial: quando não há acordo, o expropriante ingressa em juízo, com a propositura da ação desapropriatória. - a manifestação judicial poderá ser de 2 tipos: a) homologatória; b) contenciosa (quando o proprietário e o expropriante não acordam em relação ao preço, que será fixado pelo juiz). Declaração de utilidade pública: ato através do qual o Poder Público manifesta sua intenção de adquirir compulsoriamente um bem determinado e o submete ao jugo de sua força expropriatória. Veículo: - lei ou decreto. Conteúdo: a) identificação do bem a ser expropriado completa (fixando-lhe o estado do bem); b) manifestação pública da vontade de submeter o bem à força expropriatória; c) destinação específica a ser dada ao bem; Efeitos: - precede a efetivação de transferência do bem para o domínio do expropriante, mas não implica perda do bem, não impede a sua utilização ou a sua disponibilidade. - produz os seguintes efeitos: - fixa o estado do bem, isto é, suas condições, melhoramentos, benfeitorias existentes; - confere ao Poder Público o direito de penetrar no imóvel, a fim de fazer verificações e medições, desde que as autoridades administrativas atuem com moderação e sem excesso de poder: tal direito de penetrar no imóvel não se confunde com a posse. - dá início ao prazo de caducidade da declaração que é a perda de validade do ato declaratório, pelo decurso de tempo, sem que o Poder Público promova os atos concretos destinados efetivá-la. Prazo de Caducidade (da

declaração) Prazo para que sejam tomadas medidas concretas para o adequado aproveitamento

Utilidade Pública

Art. 10 do Dec.-Lei 3.365/41: 5 anos contados da data da expedição do decreto de utilidade pública.

A lei não fixa.

Interesse Social Art. 3º da Lei 4.132/62: 2 anos, a partir da decretação da desapropriação por interesse social.

Art. 3º da Lei Federal nº 4.132/62: 2 anos, a partir da decretação da desapropriação por interesse social.

Reforma Agrária Art. 3º da Lei Complementar 76/93: 2 anos, contados da publicação do decreto declaratório

Art. 16 da Lei Federal nº 8.629/93: 3 anos, contados da data do registro do título translativo de domínio.

Reforma Urbana Não há prazo de caducidade (procedimento diverso no Estatuto da Cidade/CR)

Art. 8º, § 4º da Lei Federal nº 10.257/01: 5 anos, contados da incorporação do bem ao patrimônio público

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Reta Final - AGU Disciplina: Direito Administrativo Tema: Aula 04 Profª.: Raquel Carvalho Data: 16/12/2008

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Desapropriação- Confisco

Não há prazo de caducidade (procedimento específico da Lei Federal nº 8.257/91)

Art. 15 da Lei Federal nº 8.257/91: 120 dias após o trânsito em julgado. Se impossível: o bem fica incorporado ao patrimônio da União, reservado, até que surjam as condições necessárias ao uso

Imissão provisória na posse: transferência da posse do bem objeto da expropriação para o expropriante, já no início da lide, concedida pelo juiz se o Poder Público declarar urgência e depositar em juízo, em favor do proprietário, importância fixada segundo critério previsto em lei. Legislação: - se se tratar de imissão provisória na posse de prédio residencial urbano aplica-se o Decreto-lei nº 1.075/70 - se se tratar de imóvel residencial em zona rural ou de prédio urbano não residencial, a imissão se regulará pelo art. 15 do Decreto-lei nº 3.365/41. Pressupostos: a) que o poder expropriante alegue urgência. b) requerimento, no prazo de 120 dias, a partir da alegação da urgência, para que o expropriante requeira ao juiz a imissão na posse (art. 15, § 2º do Decreto-Lei nº 3.365/41), sob pena de caducidade definitiva, pois a alegação de urgência não pode ser renovada (art. 15, § 2º) e a imissão não pode ser concedida (§ 3º). c) que o poder expropriante faça o depósito da quantia fixada segundo critério previsto em lei. Artigo 15, § 1º do Decreto-Lei nº 3.365: estabelece quatro critérios a serem utilizados cada um na falta do anterior, para o depósito inicial exigido, a fim de que se obtenha a imissão provisória no imóvel. Constitucionalidade do dispositivo reconhecida pelo STF: “Ação de desapropriação. Imissão na posse. A imissão na posse, quando há desapropriação, é sempre provisória. Assim, o § 1º e suas alíneas do art. 15 do Decreto-Lei 3.365/41 é compatível com o princípio da justa e prévia indenização em dinheiro previsto no art. 5º, XXIV, da atual Constituição” (RE 178.215-3, rel. Min. Moreira Alves, Tribunal Pleno, julgado em 04.05.99, DJU de 26.02.99, Inf. do STF nº 148). Levantamento das importâncias depositadas: de acordo com o art. 33, §2º do Decreto-lei nº 3.365/41, o expropriado poderá levantar até 80% do valor depositado nos termos do art. 15, §1 do mesmo Decreto desde que apresente também a prova de domínio e a prova de quitação dos débitos fiscais sobre o imóvel. Contestação/Limites da defesa: - o artigo 20 do Decreto-Lei nº 3.365 determina que, no curso do processo judicial, só podem ser discutidas na contestação questões relativas ao preço ou a vício processual, devendo qualquer outra questão ser decidida por ação direta. - o artigo 9º do mesmo diploma veda ao Judiciário na desapropriação, decidir se se verificam, ou não, os casos de utilidade pública; essa norma aplica-se também à desapropriação por interesse social prevista na Lei nº 4.132 (art.5º). Atenção (possibilidade prova fechada da AGU) – entendimento do STJ (compatível com doutrina crítica dos dispositivos acima): “DESAPROPRIAÇÃO. UTILIDADE PÚBLICA. (...) O Min. Relator entendeu que se submete ao conhecimento do Poder Judiciário a verificação da validade da utilidade pública, da desapropriação e seu enquadramento nas hipóteses previstas no citado DL. A vedação que encontra está no juízo valorativo da utilidade pública, e a mera verificação de legalidade é atinente ao controle jurisdicional dos atos administrativos, cuja discricionariedade, nos casos de desapropriação, não ultrapassa as

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hipóteses legais regulamentadoras do ato. Com esse entendimento, a Turma não conheceu do recurso.” (REsp 97.748-RJ, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 5/4/2005. 2ª Turma do STJ, Informativo 241 do STJ) Referência de artigo doutrinário sobre a matéria: http://www.comcentrodeestudos.com.br/interna.asp?cat=55&id=166 (acesso alternativo: www.cejur.com.br – clicar em Artigos e, em seguida, em Direito Administrativo – Buscar o artigo “A defesa na ação de desapropriação: os artigos 9 e 20 do Decreto-Lei n. 3.365/41”) Intervenção do MP – obrigatória apenas nos casos de desapropriação para fins de reforma agrária (artigo 18, § 2º da Lei Complementar 76) Indenização: parcelas integrantes - o valor do bem expropriado, com todas as benfeitorias que já existiam no imóvel antes do ato declaratório, acrescendo-se as benfeitorias posteriores se necessárias, bem como as úteis, se autorizadas. - danos emergentes - lucros cessantes ou juros compensatórios (criação pretoriana para compensar a perda antecipada da posse) Forma de cálculo atual dos juros compensatórios

Base de cálculo Percentual Termo “a quo”

Após superadas alterações da MP 2183 e decorrentes da liminar deferida na ADI 2332)

Diferença apurada entre 80% do preço ofertado em juízo e o valor indenizatório fixado na sentença

12% (Súmula 618) Imissão provisória na posse

- juros moratórios: devidos pelo Poder Público ao expropriado pela demora no pagamento do valor da indenização. Forma de cálculo atual dos juros moratórios

Base de cálculo Percentual Termo “a quo”

Após alteração da MP 2.183/01

Idem: Valor da indenização corrigido (Súm. 114 do STJ)

Até 6% (artigo 15-B)

Atinge pessoas públicas: a partir de 01 de jan. do exercício seguinte em que o pagamento deveria ser feito

- honorários advocatícios devidos quando a Fazenda é condenada a pagar valor superior ao oferecido (Súmula 378 do STF). a) Base de cálculo - Súmula 141 do STJ: Os honorários de advogado em desapropriação direta são calculados sobre a diferença entre a indenização e a oferta, corrigidas monetariamente. Súmula 131 do STJ: Nas ações de desapropriação incluem-se no cálculo da verba advocatícia as parcelas relativas aos juros compensatórios e moratórios, devidamente corrigidos. b) Percentual: MP nº 2.183-56/01: honorários do advogado fixados entre meio e 5% do valor da diferença (teto de R$ 151.000,00 excluído pelo STF: por maioria, deferiu a liminar para suspender cautelarmente, na ADI 2.332-2, o referido limite) - correção monetária:

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Súmula 67 do STJ: Na desapropriação cabe atualização monetária, ainda que por mais de uma vez, independente do decurso de prazo superior a um ano entre o cálculo e o efetivo pagamento da indenização. Súmula 561 do STF determina “que em desapropriação, é devida correção monetária até a data do efetivo pagamento da indenização, devendo proceder-se à atualização do cálculo ainda que por mais de uma vez”. Jurisprudência recente – STJ – “DESAPROPRIAÇÃO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. A Turma entendeu que, embora os valores referentes ao pagamento da indenização tenham sido depositados, não se pode liberá-los enquanto tramitar ação civil pública na qual se discute o domínio do imóvel. Enquanto existir dúvida sobre o domínio, o pagamento dos honorários deve ficar suspenso.” (REsp n. 654.517-PR, rel. p/ acórdão Min. Francisco Falcão, 1. Turma do STJ, julgamento em 18.11.08, Informativo 377 do STJ) - despesa com desmonte e transporte de “maquinismos” instalados e em funcionamento (artigo 15, parágrafo único do Decreto-lei nº 3.365). Com o fim da desapropriação e pagamento da indenização: em regra, a Administração utiliza o bem na finalidade pública afirmada. Caso contrário - adestinação: Hipótese em que não há uso do bem em qualquer finalidade, não há outra utilização (o expropriante simplesmente se omite, não toma providências, em largo espaço de tempo, para concretizar a finalidade da desapropriação) (Edmir Netto) Pode ocorrer, ainda: Desvio de finalidade: ocorre na desapropriação quando o bem expropriado para um fim é empregado noutra finalidade. - Se a tredestinação é lícita (ocorre quando, persistindo o interesse público, o expropriante dispensa ao bem desapropriado destino diverso do que planejara no início, mas que se enquadra nas hipóteses arroladas na lei geral ou específica): nenhuma conseqüência invalidatória da desapropriação há nesta hipótese. - Se a tredestinação é ilícita: incide a retrocessão. Prova da AGU: entender retrocessão como direito real, ou seja, como direito à reivindicação do imóvel expropriado. STJ: “A natureza jurídica da ação de desapropriação é de direito real, porque fundada sobre o direito de propriedade.” (RESp nº 404.093-PR, rel. Min. Eliana Calmon, 2ª Turma do STJ, DJU de 21.06.2004, p. 191). Questão da AGU: “Apesar da grande discussão doutrinária acerca da natureza jurídica da retrocessão, os tribunais superiores brasileiros a têm considerado como um direito de natureza pessoal.” (errado – gabarito) No caso de retrocessão, o particular poderá, no prazo de 10 anos, reivindicar o bem, pagando o preço atual da coisa. Artigo 519 do novo CC (art. 1.150 do CC/1916): Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa. Celso Antônio: não há que se falar em direito de natureza mista: “Retrocessão é retrocessão: direito real – o de reaver o bem. “Direito de preferência é direito de preferência: direito pessoal – o de que lhe seja oferecido o bem para readquiri-lo, pena de perdas e danos. São simplesmente dois direitos perfeitamente distintos e que podem alternativamente (e excludentemente) utilizados.”

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Cautela – Não considerar sempre obrigatória a retrocessão (mesmo quem a entende como direito real) – Admissibilidade de perdas e danos como alternativa legítima quando se desconhece o atual estado do bem expropriado: (REsp nº 570.483-MG, rel. Min. Franciulli Netto, 2ª Turma do STJ, DJU de 30.06.2004, p. 316) Questão da AGU: “ O direito de o particular pleitear as conseqüências pelo fato de seu imóvel desapropriado não ter sido utilizado para os fins declarados na desapropriação pode ser resolvido em perdas e danos.” (certo – gabarito) Se o expropriado optar por ser indenizado, deverá requerer no prazo de 5 anos e as perdas e danos, segundo o STF, serão: RE 61.417-SP – “No caso de alienação de imóvel expropriado, a indenização devida pelo expropriante é limitada à diferença entre seu valor por ocasião da execução da sentença e o que recebeu por força da expropriação, excluídos lucros cessantes” Tredestinação posterior à aplicação a uma finalidade pública: se o bem foi aplicado a uma finalidade pública mas, ulteriormente, foi dela desligado, não persiste o direito do ex-proprietário adquiri-lo. Se a desapropriação foi útil, se cumpriu a finalidade que lhe era reconhecida como legítima, não há por que desfazer-lhe os efeitos (Celso Antônio) Hipóteses legais em que é vedada a tredestinação: art. 5º, § 3º do Decreto-Lei nº 3.365/41 introduzido pela Lei nº 9.785, de 29.1.99 (se o imóvel for desapropriado para implantação de parcelamento popular, destinado a classes de menor renda, não poderá haver outra utilização, nem haverá retrocessão). Questão da AGU: “A retrocessão decorre do desinteresse superveniente do poder público pelo bem desapropriado e tem cabimento em todos os tipos de desapropriação, salvo nas desapropriações por interesse social.” (errado –gabarito) Desapropriação Indireta: Modo antijurídico de o Poder Público imitir-se na posse de um bem do domínio privado, tratando-se de desapropriação viciada por defeito de forma imperativamente prescrita em lei (Carlos Ayres Britto, Rev. Dir. Constitucional, n. 3, p. 70-71). Os estudiosos a têm considerado verdadeiro esbulho possessório em que o Estado age realmente “manu militari” (José dos Santos Carvalho Filho). Incorporação: - antes de ocorrida, cabe ao prejudicado a proteção possessória seja através da ação de manutenção de posse, em caso de turbação; da ação de reintegração de posse, no esbulho consumado; ou, ainda, do interdito proibitório, na hipótese de justo receio de ser possuidor direto ou indireto molestado na posse, a fim de impedir a turbação ou esbulho iminente. - depois de ocorrida, provoca o efeito de somente permitir ao expropriado postular perdas e danos. Para José dos Santos Carvalho Filho, tais perdas e danos serão postuladas em demanda que se caracteriza como ação pessoal, cuja sentença terá caráter condenatório. O STJ já decidiu tratar-se de ação real (REsp nº 64.177, 1ª Turma, rel. Min. Gomes de Barros, DJU de 25.09.95). Legitimidade para a ação: a legitimidade ativa e passiva nesse tipo de ação é inversa à ação de desapropriação. - o autor é sempre o prejudicado, o ex-proprietário. Cabe a ele provar o domínio, sob pena de não ser parte legítima (REsp 235.773-RJ, rel. Min. José Delgado, 1ª T. do STJ, Informativo 44). - a ré é sempre a pessoa de direito público responsável pela incorporação do bem a seu patrimônio.

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Prazo de prescrição (aquisitiva) – prazo da usucapião do artigo 1.238 do Novo Código Civil (regra – 15 anos; se o possuidor tiver realizado no bem obras e serviços de caráter produtivo – 10 anos) Súmula 119 do STJ: consagrara o entendimento de que o prazo prescricional era de 20 anos para aquisição do domínio por usucapião (mudança de entendimento em razão do Código Civil de 2002, posterior à súmula) Indenização: - inclui as mesmas parcelas mencionadas para a desapropriação legal, inclusive os juros compensatórios e moratórios. Juros moratórios: - percentual: de até 6% ao ano (não mais o fixo de 6%) – válido para desapropriação direta e indireta - base de cálculo: não modificada – sobre o valor da indenização fixado na sentença condenatória. - termo inicial: 1º de janeiro do ano seguinte àquele em que o pagamento deveria ser efetuado (antes era a partir do trânsito em julgado da sentença); Juros compensatórios: - percentual: - nos termos da MP 2.183/01 seria “de até 6% ao ano”. Em razão do julgamento na ADI 2.332-2, retorna-se ao entendimento anterior de que os juros compensatórios são de 12% ao ano; nos termos da Súmula 618 do STF. - base de cálculo: valor da indenização corrigido monetariamente (Súmula 114 do STJ). - termo inicial: a partir da efetiva ocupação do imóvel pelo expropriante (momento da transferência do imóvel suscetível de ser compensada pelos juros). Se não é possível fixar a data da ocupação o imóvel, juros compensatórios incidem a partir da citação na ação desapropriatória; (posição minoritária – termo inicial a partir da data do decreto expropriatório – questão anulada em prova fechada da AGU anterior que adotara tal posição). Honorários Advocatícios: fixados nos termos do CPC e não com base no art. 27, § 1º do Decreto-Lei nº 3.365/41. (REsp nº 397.610-SC, rel. Min. Luiz Fux, 1ª T. do STJ, DJU de 27.05.02, p. 136). Desistência na desapropriação: possível até o momento em que se tem transferida à propriedade ao poder expropriante, o que ocorre pagamento da indenização. Logo, até que esse pagamento se verifique, pode ocorrer, pelo expropriante, a desistência da desapropriação. (RE nº 141.398-1-SP, rel. Min. Moreira Alves, BDA, outubro de 1998, p. 661) Requisitos: - que a desistência seja definida pelo expropriante antes de ultimada a desapropriação; - ressarcimento pelo expropriante dos danos sofridos causados ao expropriado - ressarcimento das despesas processuais, incluindo-se honorários advocatícios; - devolução do mesmo bem (o bem a ser devolvido é o mesmo bem objeto da expropriação). Direito de extensão: é o que assiste ao proprietário de exigir que na desapropriação se inclua a parte restante do bem expropriado, que se tornou inútil ou de difícil utilização. Tal direito está expressamente reconhecido no art. 12 do Dec. federal 4.956/1903. A legislação posterior não se referiu a ele, mas, como tal disposição não contraria em nada o Dec.-lei 3.365 e leis subseqüentes entende-se que o preceito está em vigência. STJ - (REsp nº 617.513-RS, rel. Min. Luiz Fux, 1ª Turma do STJ, DJU de 14.06.2004, p. 183).

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Bem público

Domínio público: (sentido amplo) conjunto de bens móveis e imóveis destinados ao uso direto do Poder Público ou à utilização direta ou indireta da coletividade, regulamentados pela Administração e submetidos a regime de direito público. Hely: exterioriza-se em poderes de soberania que se exercem sobre todas as coisas de interesse público (sob a forma de domínio eminente) ou em direitos de propriedade que somente incidem sobre os bens pertencentes às entidades públicas (sob a forma de domínio patrimonial). Domínio eminente: - é o poder político pelo qual o Estado submete à sua vontade todas as coisas de seu território. É uma das manifestações da soberania interna. (Hely) Domínio Patrimonial: - é direito de propriedade pública sujeito a regime administrativo especial. “A esse regime subordinam-se todos os bens das pessoas administrativas, assim considerados bens públicos(...)” (Hely) - Bens Públicos: conceito Conceito Legal: - art. 98 do novo CC: são públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. - art. 99 do novo CC: São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; II – os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os das autarquias; III – os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado. Edmir: No art. 98 do Código Civil são incluídos os bens das respectivas autarquias e fundações públicas, eliminando-se as divergências quanto à qualificação dos bens das EP’s e SEM’s. Sobre o patrimônio das EP’s e SEM’s - divergência jurisprudencial (significativa): Decisão mais recente do STF: Mandado de Segurança nº 25.181-DF: “Ao Tribunal de Contas da União incumbe atuar relativamente à gestão de sociedades de economia mista. Nova inteligência conferida ao inciso II do artigo 71 da Constituição Federal, ficando superada a jurisprudência que veio a ser firmada com o julgamento dos Mandados de Segurança nºs 23.627-2/DF e 23.875-5/DF.” (MS nº 25.181-DF, rel. Min. Marco Aurélio, Pleno do STF, DJU de 16.06.06, p. 06). Ministro Carlos Ayres Britto: “não há mesmo a despublicização do capital do Estado quando da sua transferência para a empresa pública ou a sociedade mista economia.” (MS nº 25.181-DF, voto do Min. Carlos Britto, Pleno do STF, julgado em 10.11.05) Ministro Eros Grau: “São seguramente bens públicos os bens pertencentes às sociedades de economia mista”. Ministro Relator Marco Aurélio: “Há limites a serem observados, porquanto está em jogo a gestão de recursos também públicos. (...) O elemento essencial das referidas sociedades – a possibilidade de agirem como auxiliares do Estado na consecução dos objetivos públicos – não há de ser atropelado por

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um elemento acidental – a personalidade jurídica de direito privado.” (MS nº 25.181-DF, voto do Min. Marco Aurélio, Pleno do STF, julgado em 10.11.05) Considerando bens públicos (para fins de imunidade tributária – específico para ECT): “1. A prestação do serviço postal consubstancia serviço público [art. 175 da CB/88]. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é uma empresa pública, entidade da Administração Indireta da União, como tal tendo sido criada pelo decreto-lei nº 509, de 10 de março de 1969. 2. O Pleno do Supremo Tribunal Federal declarou, quando do julgamento do RE 220.906, Relator o Ministro MAURÍCIO CORRÊA, DJ 14.11.2002, à vista do disposto no artigo 6o do decreto-lei nº 509/69, que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é "pessoa jurídica equiparada à Fazenda Pública, que explora serviço de competência da União (CF, artigo 21, X)". 3. Impossibilidade de tributação de bens públicos federais por Estado-membro, em razão da garantia constitucional de imunidade recíproca. (ACO n. 765-RJ, rel. Min. Marco Aurélio, noticiado no Informativo 443, Informativo 527 do STF) Confira-se: RE nº 220.906-DF, rel. Min. Maurício Correa, Pleno do STF, Informativo 213 do STF, transcrições (impenhorabilidade dos bens das prestadoras de serviço público) MS nº 23.627-DF, Ministro Ilmar Galvão, Informativo nº 260 do STF (bens privados não sujeitos ao controle do TCU – posição já superada pelo acórdão prolatado no MS 25.181: confira-se supra). Outros Tribunais: observância do regime de direito privado, admitindo até mesmo a penhora de bens de empresas prestadoras de serviços públicos: (REsp nº 521.047-SP, rel. Min. Luiz Fux, 1ª Turma do STJ, DJU de 16.02.2004). O STJ chegou a admitir a penhora sobre faturamento de sociedade de economia mista estadual prestadora do serviço público de abastecimento de água e saneamento, por considerar presentes os requisitos necessários à constrição excepcional. (REsp nº 841.506-AL, rel. Ministro José Delgado, DJU 26.10.2006, p.248). Notícia do STJ – 09/12/08: Tribunal discute se patrimônio originário de bens públicos é suscetível de usucapião “A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) começou a discutir se imóvel originariamente pertencente à União Federal e posteriormente incorporado pela Rede Ferroviária S.A. estaria ou não sujeito ao usucapião. O julgamento foi interrompido pelo pedido de vista do desembargador federal convocado Carlos Mathias. Para o relator, ministro Luís Felipe Salomão, uma vez desativada a via férrea, e, conseqüentemente, afastado o bem de sua destinação de interesse público, o que ficou comprovado nos autos, o imóvel perdeu o caráter especial, motivo pelo qual passou a ter natureza de bem particular pertencente à sociedade de economia mista, portanto passível de usucapião. O caso trata de ação de usucapião proposta por Lercília Melin contra a Rede Ferroviária Federal S.A., sob a alegação de ser possuidora de imóvel localizado em Ilhota (SC), com área de 8.109,079 m², de forma mansa e pacífica, com ânimo de dono, sem interrupção, desde a arrecadação da Rede Ferroviária Federal, ou seja, há mais de 20 anos. (...) No STJ, a União alegou que, embora seja a empresa sociedade de economia mista, seu patrimônio fora constituído exclusivamente por bens concedidos pela União Federal, conforme o artigo 1º da Lei n. 6.428/77, o qual remete à aplicação do artigo 200 do Decreto-lei 9.760/46. Em razão disso, a União afirmou que os bens da empresa são públicos, motivo pelo qual o fato de a estrada de ferro estar desativada não torna o bem suscetível de usucapião. Além do desembargador federal convocado Carlos Mathias, ainda votarão os ministros Fernando Gonçalves, Aldir Passarinho Junior e João Otávio de Noronha.” Referência de artigo doutrinário sobre a matéria: http://www.comcentrodeestudos.com.br/interna.asp?cat=55&id=82 (acesso alternativo: www.cejur.com.br – clicar em Artigos e, em seguida, em Direito Administrativo – Buscar o artigo “A natureza jurídica do patrimônio das empresas públicas e sociedades de economia mista) - Classificação Quanto à destinação: O artigo 99 do CC (artigo 66 do CC 1916) faz uma divisão tripartite: bens de uso comum do povo, bens de uso especial, bens dominicais.

Reta Final - AGU Disciplina: Direito Administrativo Tema: Aula 04 Profª.: Raquel Carvalho Data: 16/12/2008

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Bens de uso comum do povo: - destinam-se, por natureza ou por lei, à utilização geral e indistinta por todos, como os mares, ruas, estradas, praças, logradouros públicos etc (destinação pública). - sendo destinados a fins públicos, sujeitam-se ao regime jurídico de direito público derrogatório e exorbitante do direito comum. - quanto ao uso, podem ser utilizados por todos em igualdades de condições, sem necessidade de consentimento individualizado por parte da Administração. Os usuários são anônimos, indeterminados, e os bens utilizados o são por todos os membros da coletividade – uti universi (Hely) Marçal: - A regra é que os bens de uso comum do povo sejam utilizáveis por todos do povo. Mas há bens de uso comum que, como visto, nem sequer podem ser utilizados ou fruídos, porque isso importaria sua destruição. Eros Roberto Grau: - a utilização dos bens de uso comum está sujeita a regulamentação e fiscalização da Administração. (RDP, v. 76, p. 53). Edmir: trata-se de bens fora do comércio e por isso não podem ser objeto de qualquer relação jurídica privada, por sua afetação “natural” ou legal (como contratos de compra e venda, doação, permuta etc) que lhes restrinja o uso comum. Bens de uso especial: - destinam-se, por lei ou por natureza, ao uso da Administração, para a consecução dos seus objetivos (destinação pública) (Maria Sylvia). Seus beneficiários “são, em princípio, os usuários do serviço e os servidores que trabalham nessa atividade.” (Odete Medauar) - podem ser bens móveis ou imóveis. Odete Medauar: Tais bens não comportam uso geral, comum, aberto a todos. Fica a critério da Administração possibilitar, conforme o caso, o uso comum, se este não conflitar com a destinação preponderante do bem. Também depende de consentimento da Administração o uso de parte desses bens por particulares, se for compatível com sua finalidade precípua. - sujeitam-se ao regime jurídico de direito público derrogatório e exorbitante do direito comum. Bens dominicais: - “a noção é residual, porque nessa categoria se situam todos os bens que não se caracterizem como de uso comum do povo ou de uso especial. Se o bem, portanto, serve ao uso público em geral, ou se presta à consecução das atividades administrativas, não será enquadrado como dominical”. Odete Medauar menciona dinheiro dos cofres públicos, títulos de crédito pertencentes ao poder público, terrenos da marinha. Marçal: - os bens dominicais são aqueles explorados economicamente para a obtenção de resultados econômicos, desvinculados do desempenho da função governativa ou da prestação de serviço público - embora integrando o domínio público como os demais, deles diferem pela possibilidade sempre presente de serem utilizados em qualquer fim ou, mesmo, alienados pelo Estado, se assim o desejar. (Hely) Podem ser aplicados pelo Poder Público, para obtenção de renda; é o caso das terras devolutas, dos terrenos de marinha, dos imóveis não utilizados pela Administração, dos bens móveis que se tornem inservíveis (MS). Edmir: - bens dominicais são os componentes do patrimônio disponível do Poder Público, não no sentido de que devam ser colocados à venda, cedidos, permutados alienados ou onerados, mas que podem ser objeto de relação patrimonial privada ou mesmo público, por não estarem afetados.

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Dominiais/Dominicais: - Celso Antônio: bens dominicais “também chamados de dominiais” (utiliza as expressões como sinônimos) - Cretella e José dos Santos: a) bens dominiais: expressão reservada como gênero indicativo dos bens do domínio do Estado em sentido amplo, sem levar em conta sua natureza ou destinação; b) bens dominicais: expressão que implica caráter residual, isto é, são todos os bens que constituem o patrimônio dos entes públicos, objeto de direito real ou pessoal, e que não estejam nas demais categorias de bens públicos. - Quanto à disponibilidade: “Outra classificação dos bens públicos é a que consta do Regulamento do Código de Contabilidade Pública da União, aprovado pelo Decreto nº 15.783, de 8-11-22, o qual, embora empregando, no artigo 803, a mesma terminologia utilizada no artigo 66 do Código Civil, faz melhor distinção no artigo 807, chamando de bens de uso especial de patrimoniais indisponíveis e, os dominicais, de patrimoniais disponíveis.” Bens indisponíveis: são aqueles que não ostentam caráter tipicamente patrimonial e que, por isso mesmo, as pessoas a que pertencem não podem deles dispor. Bens patrimoniais indisponíveis: bens que possuem caráter patrimonial, porque, mesmo sendo indisponíveis, admitem em tese uma correlação de valor, sendo, por isso, suscetíveis de avaliação pecuniária. Bens patrimoniais disponíveis: embora também tenham caráter patrimonial, podem ser alienados, obviamente nas condições em que a lei estabelecer. Não é, portanto, a possibilidade de livre alienação, que é coisa diversa; é, isto sim, a disponibilidade dentro das condições legalmente fixadas. (José dos Santos) - Afetação e Desafetação Afetação: - é a preposição de um bem a um dado destino categorial de uso comum ou especial (Celso Antônio); “A afetação é a destinação do bem público à satisfação das necessidades coletivas e estatais, do que deriva sua inalienabilidade, decorrente ou da própria natureza do bem ou de um ato estatal unilateral.” (Marçal) - ao uso comum: pode provir do destino natural do bem (mares, rios, estradas, praças), de lei ou de ato administrativo que determine a aplicação de um bem dominial ou de uso especial ao uso público (Celso Antônio); Marçal: - A aquisição da qualidade de bem público ou de bem de uso especial por meio de afetação, pode configurar-se por diversas vias: a) afetação intrínseca; b) afetação material e c) afetação formal. Odete Medauar: - a afetação pode ocorrer de modo explícito ou implícito. Desafetação: - é a retirada do bem de um destino categorial de uso comum ou especial (bens dominiais são bens não afetados a qualquer destino público) (Celso Antônio); Posição 1: - do uso comum: seu trepasse para o uso especial ou sua conversão em bens meramente dominiais, depende de lei ou de ato do Executivo praticado na conformidade dela. Cretella Júnior: “só o ato solene de desafetação é que vai subtrair o bem do regime jurídico de direito público para integrá-lo no regime jurídico de direito privado”.

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Posição 2: - José dos Santos Carvalho Filho: “Embora alguns autores entendam a necessidade de haver ato administrativo para consumar-se a afetação ou a desafetação, não é essa realmente a melhor doutrina em nosso entender. O fato administrativo tanto pode ocorrer mediante a prática de ato administrativo formal, como através de fato jurídico de natureza diversa.” Entende irrelevante a forma pela qual se processa a alteração da finalidade do bem quanto ao seu fim público ou não. Diógenes: “A desafetação pode acontecer por fato jurídico, ato administrativo ou lei.” Marçal: - Há bens de uso público e de uso especial que são, por natureza, insuscetíveis de desafetação. Outros bens, porém, não apresentam características similares e são desafetáveis. Cabe à lei disciplinar a formalização da desafetação. - Regime jurídico - Alienabilidade Condicionada Novo Código Civil: - Artigo 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. - Artigo 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei. Bens dominicais: - não estando afetados a finalidade pública específica, podem ser alienados por meio de institutos do direito privado (compra e venda, doação, permuta) ou do direito público (investidura, legitimação de posse e retrocessão) (Maria Sylvia) - A alienabilidade depende das condições prescritas na lei. A própria Lei 8.666 regula a alienação de bens públicos móveis e imóveis – aplicável a todos os entes da federação tratando-se de normas gerais (José dos Santos Carvalho Filho). - Impenhorabilidade: tem lastro constitucional, visto que decorre do artigo 100 da Constituição. Além das regras do artigo 100 e seguintes da CF, o CPC, no art. 649, I, prescreve que são absolutamente impenhoráveis os bens inalienáveis. José dos Santos Carvalho Filho: - admitir-se a penhora de bens públicos seria o mesmo que admitir sua alienabilidade, nos moldes do que ocorre com os bens particulares em geral. A impenhorabilidade tem intuito eminentemente protetivo, a saber, o escopo de salvaguardar os bens públicos desse processo de alienação. STJ: “A especialidade da execução por quantia certa contra a Fazenda Pública não é decorrente do fato de ser ela "por quantia certa", mas sim pela impossibilidade de penhora sobre bens públicos: essa é a única razão para a existência das regras dos artigos 730 e 731 do Código de Processo Civil, as quais não afastam as do artigo 604.”(REsp nº 369.945-MG, rel. Min. Franciulli Netto, 2ª Turma do STJ, DJU de 26.05.2003). - Imprescritibilidade: significa que os bens públicos – sejam de categoria forem – não são suscetíveis de usucapião. STF: - pela Súmula 340, consagrou o entendimento de que “desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião”.

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CF/88: - expressa em seu artigo 183, § 3º que os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião, reiterando tal norma no artigo 191, parágrafo único no tocante aos imóveis públicos rurais. Novo Código Civil: Artigo 102: Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. - Não Onerabilidade: impossibilidade de onerar um bem (onerar um bem significa deixar o bem como garantia para o credor no caso de inadimplemento da obrigação - ex. de direitos reais sobre coisa alheia: penhor, hipoteca e anticrese – art. 1.419 do CC, artigo 755 do CC de 1916) Regra geral: o credor do Poder Público não pode ajustar garantia real sobre bens públicos. “Se, por desvio jurídico, as partes assim ajustarem, a estipulação é nula e não pode ensejar os efeitos normalmente extraídos desse tipo de garantia. O credor terá que sujeitar-se ao regime previsto no mandamento do art. 100 da Carta em vigor, isto é, o regime de precatórios.” (José dos Santos Carvalho Filho) - Gestão de Bens Públicos

Uso: – os bens públicos podem ser utilizados pela pessoa jurídica de direito público que detém a sua titularidade (regra geral) ou por outros entes públicos aos quais sejam cedidos, ou, ainda, por particulares. Uso Comum e Uso Especial (Privativo)

Uso Comum: - é a utilização de um bem público pelos membros da coletividade, em igualdade de condições, ou seja, sem que haja discriminação entre os usuários, nem consentimento estatal específico para esse fim. Novo Código Civil: Artigo 103 - O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. - não são apenas os bens de uso comum do povo que possibilitam o uso comum. Os bens de uso especial também. Uso Especial: - posição majoritária: o uso especial decorre: do uso privativo por algum administrado. (uso privativo: a Administração Pública confere, mediante título jurídico individual, a pessoa ou grupo de pessoas determinadas, para que o exerçam, com exclusividade, sobre parcela de bem público.) - os bens de uso comum e os bens de uso especial podem estar sujeitos ao uso especial. - nos casos de uso especial, é indispensável: a) prévia manifestação administrativa concordante; ou b) prévia ciência à Administração de que se pretende fazer determinada utilização de um certo bem público, para que o Poder Público possa vetá-la se for o caso. (Celso Antônio. Características (uso privativo): - exclusividade na utilização da parcela dominial, para a finalidade consentida. - instrumentalidade formal: exigência de um título jurídico individual (público ou privado), pelo qual a Administração outorga o uso e estabelece as condições em que será exercido.

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- precariedade do uso. - submissão ao regime jurídico de direito público. Bens de uso comum e especial: para transferência de uso privativo para terceiros - instrumentos possíveis: autorização, permissão, concessão de uso Bens dominicais: Para uso privativo por particulares – instrumentos possíveis: institutos de direito público – autorização, permissão, concessão de uso – bem como por contratos regidos pelo Código Civil – locação, arrendamento, comodato, concessão de direito real de uso. Autorização de Uso: (conceito tradicional) é o ato administrativo unilateral e discricionário pelo qual o Poder Público consente que determinado indivíduo utilize, a título precário, bem público de modo privativo, atendendo primordialmente seu próprio interesse. Marçal: A autorização de uso consiste em ato administrativo unilateral e precário, pelo qual a Administração Pública atribui a um particular a faculdade de usar transitoriamente um bem público, de modo privativo ou exacerbado. Características: a) é ato unilateral; b) discricionariedade; c) precariedade, uma vez que pode ser revogada a qualquer tempo; d) pode ser gratuita ou onerosa e) a utilização não é conferida com vistas à utilidade pública, mas no interesse privado do utente. Permissão de Uso: é o ato administrativo unilateral, discricionário e precário pelo qual a Administração consente que certa pessoa utilize privativamente bem público, gratuita ou onerosamente, atendendo ao mesmo tempo aos interesses público e privado. Marçal: A permissão de uso consiste em ato administrativo unilateral e precário, pelo qual a Administração Pública atribui a um particular a faculdade de usar continuadamente um bem público, de modo privativo ou exacerbado. Características: a) ato unilateral, discricionário e precário (semelhanças com autorização de uso); b) é praticado “intuitu personae”; c) o uso pode ser gratuito ou oneroso, por tempo determinado (permissão ou autorização qualificada) ou indeterminado (permissão ou autorização simples). Maria Sylvia: “Ao outorgar permissão qualificada ou condicionada de uso, a Administração tem que ter em vista que a fixação de prazo reduz a precariedade do ato, constituindo, em conseqüência, uma autolimitação ao seu poder de revogá-lo, o que somente será possível quando a utilização se tornar incompatível com a afetação do bem ou se revelar contrária ao interesse coletivo, sujeitando, em qualquer hipótese, a Fazenda Pública a compensar pecuniariamente o permissionário pelo sacrifício de seu direito antes do termo estabelecido”. (MS) Concessão de Uso: é o contrato administrativo pelo qual o Poder Público confere a pessoa determinada o uso privativo de bem público, para que o explore segundo sua destinação específica, independentemente do maior ou menor interesse público da pessoa concedente. Características: a) trata-se de instituto empregado, preferencialmente em relação à permissão, nos casos em que a utilização do bem público objetiva o exercício de atividades de utilidade pública de maior vulto e, por isso mesmo, mais onerosas para o concessionário.

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b) o uso tem que ser feito de acordo com a destinação do bem; c) caráter contratual e estável da outorga do uso do bem público ao particular, para que o utilize com exclusividade e nas condições convencionadas com a Administração (Hely) d) é realizada “intuito personae”; e) pode ser remunerada ou gratuita, por tempo certo ou indeterminado (Hely) Distinções: Concessão de uso: Formalizada por contrato administrativo; Caracteriza-se pela bilateralidade; Não dispõe da precariedade X Autorização e Permissão de Uso: Formalizadas por atos administrativos; Caracteriza-se pela unilateralidade; A regra é a precariedade Concessão de direito real de uso: é o contrato administrativo pelo qual o Poder Público confere ao particular, remunerada ou gratuitamente, o direito real resolúvel de uso de terreno público ou sobre o espaço aéreo que o recobre para que seja utilizado com fins específicos por tempo certo ou por prazo determinado Essa forma de concessão é regulada expressamente pelo Decreto-lei nº 271, de 28.02.67 (artigos 7º e 8º) Concessão de Dir. Real de Uso: É outorgado ao concessionário de direito real; Os fins são previamente fixados na lei reguladora (destina-se à urbanização, à edificação, à industrialização, ao cultivo ou a qualquer outro que traduza interesse social) X Concessão de Uso: Instaura relação jurídica de caráter pessoal, tendo as partes relação meramente obrigacional; Nem sempre estarão presentes fins de urbanização, industrialização. Autorização de uso de natureza urbanística: a MP nº 2.220, de 04.09.01 criou novo tipo de autorização de uso de imóvel público em seu artigo 9º: dispõe ser facultado ao Poder Público competente dar, gratuitamente, autorização de uso àquele que, até 30.06.01, possuiu como seu, por cinco anos, de forma pacífica e ininterrupta, imóvel público, de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, em área urbana, utilizando-a para fins comerciais. Para completar o prazo legal, a lei admite que o possuidor acrescente sua posse à do antecessor, desde ambas sejam contínuas. Concessão de uso especial para fins de moradia: ato administrativo ou jurisdicional que outorga, como direito subjetivo, o uso de área pública urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados ou mais, respectivamente ao possuidor ou à população de baixa renda que até 30 de junho de 2001 detinham-na como sua, por cinco anos ininterruptos e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família. Concessão coletiva de uso especial para fins de moradia : o art. 2º da MP 2.220 admite a outorga de concessão coletiva para moradia quando, em imóvel público urbano com área superior a 250 m2, haja ocupação por população de baixa renda para sua moradia, por 5 anos, ininterruptamente e sem oposição, não sendo possível identificar os terrenos ocupados por possuidor (também aqui o possuidor não pode ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural); - a cada concessionário será atribuída igual fração ideal do terreno, sem levar em conta a dimensão do terreno que cada possuidor ocupe. A fração ideal outorgada a cada possuidor não poderá exceder a 250 m2. MP 2. 220 criou, assim, duas espécies de concessão de uso especial para fins de moradia: a) art. 1º - concessão individual de uso especial para fins de moradia (a palavra “aquele” significa uma pessoa certa e determinada);

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b) art. 2º - concessão coletiva de uso especial para fins de moradia (a locução “ocupados por população de baixa renda” significa possuidores que não se pode identificar, a quem se outorga uma fração ideal da área pública possuída por todos) Cessão de uso: o Poder Público consente o uso gratuito de bem público por órgãos da mesma pessoa ou de pessoa diversa, incumbida de desenvolver atividade que, de algum modo, traduza interesse para a coletividade, utilizando o bem nas condições estabelecidas no respectivo termo, por tempo certo ou indeterminado. Hely Lopes Meirelles e Lúcia Valle Figueiredo: limitam a cessão de uso às entidades públicas (primazia) Diógenes Gasparini: admite para entidades da Administração Indireta José Santos Carvalho Filho: o uso pode ser cedido, também, em certos casos especiais, a pessoas privadas, desde que desempenhem atividade não lucrativa que vise a beneficiar, geral ou parcialmente, a coletividade. Para o Ponto Bem Público, recomenda-se ao candidato ler “Bens Públicos em Espécie”, próximo à prova fechada da AGU, em manual de Direito Administrativo como, p. ex., o de autoria do professor José dos Santos Carvalho Filho. Contato para que dúvidas pertinentes à aula exibida em 17.12.08 possam ser sanadas: a) Site - www.cejur.com.br ou www.comcentrodeestudos.com.br b) email - [email protected]