interrogatorio por videoconferencia

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Centro Universitári o Ritter dos Reis TRABALHO DE CONCLUSÃO DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA TÍTULO DO PROJETO O INTERROGATÓRIO POR VIDEOCONFERÊNCIA DE RÉU PRESO E AS GARANTIAS DO PROCESSO PENAL ANO 2007/02 ORIENTADOR Prof. Ms. José Francisco de Fyschinger PROGRAMA Trabalho de Conclusão – Faculdade de Direito do Centro Universitário Ritter dos Reis LINHA DE PESQUISA Análise do interrogatório por videoconferência de réu preso frente as garantias processuais penais. CENTRO DE ENSINO Faculdade de Direito do Centro Universitário Ritter dos Reis ÁREAS DE CONHECIMENTO E APLICAÇÃO Direito Processual Penal SEDE DO PROJETO Faculdade de Direito do Centro Universitário Ritter dos Reis – Campus Porto Alegre ÓRGÃOS DE ORIGEM DA PROPOSTA DO TRABALHO Faculdade de Direito INÍCIO DO TRABALHO 2007/2 SEMESTRE ESTIMADO DE APRESENTAÇÃO DO TRABALHO 2008/1 EQUIPE

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Centro Universitrio Ritter dos ReisTRABALHO DE CONCLUSO

DADOS DE IDENTIFICAO DO PROJETO DE PESQUISA

TTULO DO PROJETO

O INTERROGATRIO POR VIDEOCONFERNCIA DE RU PRESO E AS GARANTIAS DO PROCESSO PENALANO

2007/02

ORIENTADOR

Prof. Ms. Jos Francisco de Fyschinger

PROGRAMA

Trabalho de Concluso Faculdade de Direito do Centro Universitrio Ritter dos Reis

LINHA DE PESQUISA

Anlise do interrogatrio por videoconferncia de ru preso frente as garantias processuais penais.

CENTRO DE ENSINO

Faculdade de Direito do Centro Universitrio Ritter dos Reis

REAS DE CONHECIMENTO E APLICAO

Direito Processual Penal

SEDE DO PROJETO

Faculdade de Direito do Centro Universitrio Ritter dos Reis Campus Porto Alegre

RGOS DE ORIGEM DA PROPOSTA DO TRABALHO

Faculdade de Direito

INCIO DO TRABALHO

2007/2SEMESTRE ESTIMADO DE APRESENTAO DO TRABALHO

2008/1

EQUIPE

TIT.NOMEINSTITUIOFUNO NO TRABALHOASSINATURA

01 Prof. Ms. Jos Francisco de FyschingerUniRitterorientador

02Paula Marchioretto PachecoUniRitterorientando

TEMA E SUA DELIMITAO NO ESPAO E NO TEMPO

A adoo de sistemas informatizados para o armazenamento de informaes e a prestao de servios pelo judicirio est em crescimento constante, trazendo diversos assuntos em voga quanto ao processo eletrnico, como a utilizao de assinatura digital, protocolos virtuais e peticionamento eletrnico.

Contudo, pela anlise da jurisprudncia e da doutrina, se percebe forte resistncia implementao de sistemas audiovisuais de coleta probatria a distncia, especialmente no curso de procedimentos criminais.

O interrogatrio a oportunidade do acusado oferecer a sua verso ao juiz quanto aos fatos que lhe foram imputados pelo acusador, e do Magistrado de conhecer pessoalmente aquele que ser julgado; representa, ainda, a autodefesa (ampla defesa) que se completa com a defesa tcnica produzida por seu procurador.

importante considerar, ao mesmo tempo que o interrogatrio possui um carter hbrido, pois classificado pelo Cdigo de Processo Penal como meio de prova e pela doutrina tambm como meio de defesa (autodefesa).

O interrogatrio passou a tomar novos rumos no sistema processual penal com o advento da Lei n 10.792/03, a qual alterou a Lei n 7.210/84 (Lei de Execuo Penal) e o Cdigo de Processo Penal, dando nova redao ao art. 185 do CPP que restou omissa em relao a essa questo.

Portanto, em nosso Pas no h lei que regulamente o interrogatrio on-line, muito embora alguns projetos de lei visando esta medida estejam em tramitao na Cmara de Deputados e no Senado, como o PL n 1.233/99, o PL n 2.504/00, e o PL n 7.227/06.. Assim como, em 2002, foi editada Medida Provisrio autorizando o estabelecimento penitencirio ou prisional a ter instalaes e equipamentos que permitam o interrogatrio e a inquirio de presidirios pela autoridade judiciria, bem como a prtica de outros atos processuais, de modo a dispensar o transporte dos presos para fora do local de cumprimento de pena.

Assim, o momento impele uma profunda apreciao da situao ftica, objetivando apurar se a utilizao de meio eletrnicos, que tornam a prestao jurisdio mais celere, prejudica os direitos e garantias do preso.

JUSTIFICATIVA

Os avanos tecnolgicos das ltimas dcadas trouxeram inmeros benefcios para a sociedade no campo da comunicao e da transmisso de dados e documentos. Sendo alguns desses benefcios empregados no mbito forense visando uma maior agilidade e desburocratizao da prestao jurisdicional, alem da reduo de custos operacionais e logsticos para o Estado.

Dentre estas mudanas, em meados de 1986, foi realizado o primeiro interrogatrio por videoconferncia em Campinas, So Paulo. A partir de ento, mesmo sem previso legal, esta prtica vem sendo utilizado em alguns estados, por exemplo, Paran, So Paulo, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Braslia.

A esperana de previso legal veio com a Lei n 10.792/03, a qual alterou a Lei n 7.210/84 (Lei de Execuo Penal) e o Cdigo de Processo Penal na parte em que prev o interrogatrio, contudo, apesar de diversas modificaes quanto a forma do interrogatrio nada determinou quanto a sua realizao distncia.

Atualmente diversos projetos de lei visando esta medida tramitam na Cmara de Deputados e no Senado e em julgamento recentssimo, do Habeas Corpus XXX, o Supremo Tribunal Federal se manifestou pela inconstitucionalidade desta formal de interrogar o ru preso.

Diante disto, faz-se necessria uma profunda avaliao das conseqncias para o ru preso no caso de seu interrogatrio ser feito por videoconferncia, visando detectar se h alguma violao aos seus direitos garantidos pelo ordenamento jurdico.

OBJETIVOS

Gerais:

Analisar se o interrogatrio por videoconferncia observa as garantias previstas pelo processo penal.

Especfico:

Expor as peculiaridades do interrogatrio por videoconferncia e as garantias que o direito processual penal oferece, buscando verificar se a implementao deste sistema de coleta probatria representa violao as garantias do acusado.

Analisar a deciso proferida pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do Habeas Corpus n 88914/SP.

Ressaltar e comentar a opinio dos magistrados e sobre o uso da videoconferncia para o interrogatrio de ru preso.

PROBLEMA

O interrogatrio sem dvida um dos atos processuais penais mais importantes, pois o momento da instruo probatria no qual o acusado tem a oportunidade de oferecer a sua verso ao julgador dos fatos alegados pelo acusador, ou seja, representa sua oportunidade de autodefesa, a qual posteriormente ser complementada com a defesa tcnica produzida por seu procurador. Ao julgador, representa a oportunidade de formar sua convico quanto ao acusado, pois a nica audincia que obrigatoriamente tm juntos. Diante desse contexto, o interrogatrio por videoconferncia observa as garantias que o processo garante ao acusado?

HIPTESES

1 Hiptese) O mtodo de interrogatrio distncia de ru preso prejudicial ao acusado, pois fere princpios e garantias constitucionais, tais como do devido processo legal e da ampla defesa, da dignidade, do contraditrio e a legalidade.

2 Hiptese) A adoo do sistema de videoconferncia para a coleta probatria de ru preso na esfera criminal gera reduo de custos, segurana no transporte de presos e acelerao da prestao jurisdicional, sem acarretar qualquer prejuzo ao acusado.

MARCO REFERENCIAL TERICO

A constante modificao do direito processual penal impulsionou a criao da Lei n 10.792/03, a qual reformou parcialmente o captulo sobre interrogatrio do ru no Cdigo de Processo Penal, no se manifestando expressamente quanto a sua realizao distncia.

Sem previso legal, o interrogatrio pelo sistema de videoconferncia est sendo utilizado em alguns estados, por exemplo, Paran, So Paulo, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Braslia.

Contudo, em recentssima deciso, no julgamento do Habeas Corpus n 88914/SP, que teve como relator o Ministro Cezar Peluso, por unanimidade, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal considerou que o interrogatrio realizado por meio de videoconferncia viola os princpios constitucionais do devido processo legal e da ampla defesa.

Segundo o relator, a videoconferncia ofende garantias constitucionais leva perda de substncia do prprio fundamento do processo penal e torna a atividade judiciria mecnica e insensvel.

Na doutrina, a matria controvertida, com a existncia de duas correntes, onde uma favorvel e outra contrria a realizao da utilizao dos meios eletrnicos para a realizao do interrogatrio.

A corrente favorvel sustenta que o interrogatrio on line traz para o processo penal dinamismo, a diminuio de custos e maior segurana, sem infringir qualquer direito do ru. Nesse sentido, o Doutor em direito penal, co-fundador e primeiro presidente do IBCCRIM, Luiz Flvio Gomes, em seu artigo O Uso da videoconferncia na Justia, afirma que:

No vejo sinceramente nenhum mal na utilizao de toda essa inovao tecnolgica no mbito da Justia, ao contrrio, isso constitui considervel avano, que at pode combater a sua clssica morosidade[...].[...]Os interrogatrios em juzo so cada vez mais demorados. O custo do transporte dos presos no irrisrio. A insegurana que traz patente. Incontveis resgates acontecem justamente quando esto sendo transportados. Uma precatria para ouvi uma testemunha demora meses. A rogatria anos. At quando a Justia ficar excluda da modernidade comunicacional?[...]A difuso da videoconferncia na Justia est fadada a evitar o envio de milhes de ofcios, de requisies, de precatrias, dizer, economiza-se tempo, papel, servio, dinheiro etc. Pode-se ouvir uma pessoa em qualquer ponto do pas ou do planeta, sem necessidade do seu deslocamento. Elimina-se riscos, seja para o preso( que pode ser atacado ou resgatado quando est sendo transportado), seja para a sociedade..

A corrente contrria sustenta que o interrogatrio on line retira do preso ou acusado o fundamental contato fsico; que a medida no pode ser aplicado por falta de lei e por ferir princpios e garantias constitucionais, tais como o devido processo legal, a dignidade, a ampla defesa, o contraditrio e a legalidade.

Assim se manifestou o advogado criminalista, Luiz Flvio Borges DUrso, em seu artigo O interrogatrio por teleconferncia: uma desagradvel Justia virtual:

revela-se perversa e desumana, afastando o acusado da nica oportunidade que tem para falar ao seu julgador, trazendo frieza e impessoalidade a um interrogatrio.[...]O interrogatrio a grande oportunidade que tem o juiz para formar juzo a respeito do acusado, de sua personalidade, da sinceridade, de suas desculpas ou de sua confisso.[...]Alm disso, pensamos que a tese no resiste h uma anlise de constitucionalidade, porquanto nossa Carta Magna consagra a ampla defesa(art. 5, LV, CF), bem como o Brasil subscreveu pactos internacionais, nos quais, entende-se que no h devido processo legal, se no houver apresentao do acusado ao juiz (Conveno Americana sobre Direitos Humanos).

Desta forma, entendemos a importncia de discutirmos o tema a partir da mencionada divergncia na doutrina e na jurisprudncia.

NATUREZA DA PESQUISA

A busca da analise de cada uma das hipteses de soluo para o problema enfrentado se formular atravs de consulta ao Cdigo de Processo Penal, Constituio Federal e outras obras que abordam o mesmo tema.

Tambm ser utilizado como fonte de anlise uma pesquisa jurisprudencial junto rgos do Poder Judicirio: Tribunais de Justia, Tribunais Federais, Superior Tribunal de Justia e Supremo Tribunal Federal.

BIBLIOGRAFIA

1 - CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal.So Paulo: Saraiva, 2005.

2- BEZERRA, Ana Claudia da Silva. Interrogatrio on line e a Ampla Defesa. Disponvel em: http://www.advogado.adv.br/artigos/2005/anaclaudiadasilvabezerra/interrogatorioonline.htm. Acesso em: 05/10/2007.

3- MOREIRA. Rmulo de Andrade. O Supremo Tribunal Federal e o interrogatrio por videoconferncia. Disponvel em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=10334. Acesso em: 05/10/2007.

4- TOURINHO FILHO. Fernando da Costa. Processo Penal. 20. ed., So Paulo: Saraiva, vol. 3, 1998.

5- GIORGIS. Jos Carlos Teixeira. O interrogatrio por videoconferncia. Disponvel em: http://www.espacovital.com.br/noticia_ler.php?idnoticia=9092 . Acesso em 09/10/2007.

6- DURSO, Luiz Flvio Borges. O interrogatrio por teleconferncia: uma desagradvel Justia virtual.Jus Navegandi, Terezina, 7, n. 60, nov. 2002. Disponvel em: http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=3471 . Acesso em: 30/09/2007.

7- GOMES, Luiz Flvio. O Uso da Videoconferncia na Justia. Artigos Clssicos. p. 1 2. Disponvel em: http://www.justicavirtual.com.br/artigos/art120.htm . Acesso em: 30/09/2007.

8- MIRABETE, Julio Fabrine.Processo Penal. So Paulo: Atlas, 1997.

9- MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. So Paulo: Atlas, 2002.

10- FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razo: teoria do garantismo penal. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.

11-NORONHA, Edgard Magalhaes. Curso de direito processual penal. 8.ed. So Paulo: Saraiva, 1976.

CRONOGRAMA

Agosto - outubro: incio do trabalho, levantamento de bibliografia, identificao do tema; desenvolvimento e entrega do projeto de pesquisa;

Outubro - novembro: elaborao e entrega do plano do trabalho.