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Elaboração: Prof. João Paulo Valle Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito 1 Interpretação de textos Índice Parte I – Elementos da comunicação e funções da linguagem ................................................... 2 Parte II Padrões de linguagem e variação linguística ................................................................ 6 Parte III Tipologia textual .................................................................................................................... 9 Parte IV – Intertextualidade ................................................................................................................ 15 Parte V – Estilística ................................................................................................................................. 18 Parte VI Vícios de linguagem ............................................................................................................ 22 Parte VII – Tipos de discurso ............................................................................................................... 23 Parte VIII Questões de interpretação de textos .................................................................................. 25

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Interpretação  de  textos  

Índice  Parte  I  –  Elementos  da  comunicação  e  funções  da  linguagem  ...................................................  2  

Parte  II  -­‐  Padrões  de  linguagem  e  variação  linguística  ................................................................  6  

Parte  III  -­‐  Tipologia  textual  ....................................................................................................................  9  Parte  IV  –  Intertextualidade  ................................................................................................................  15  

Parte  V  –  Estilística  .................................................................................................................................  18  Parte  VI  -­‐  Vícios  de  linguagem  ............................................................................................................  22  

Parte  VII  –  Tipos  de  discurso  ...............................................................................................................  23  

Parte  VIII  -­‐  Questões  de  interpretação  de  textos  ..................................................................................  25  

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Parte  I  –  Elementos  da  comunicação  e  funções  da  linguagem    1. Elementos  da  comunicação       O  processo  comunicativo  envolve  alguns  elementos:    • Emissor:  quem  produz  a  mensagem;  • Receptor:  aquele  a  que  a  mensagem  é  destinada;  • Referente:   elemento   do   mundo   extralinguístico   sobre   o   qual   versa   a   mensagem   (objeto,  pessoa,  fato  real,  fato  fictício  etc.);  

• Código:  meio   pelo   qual   é   organizada   a  mensagem   (conjunto   de   signos:   linguagem   verbal,  seja  oral  ou  escrita,  imagens,  código  morse,  gestos  etc.);  

• Mensagem:  conteúdo  da  comunicação,  objeto  da  comunicação;  • Canal:  meio  pelo  qual  a  mensagem  circula.       Exemplos:  Em  uma  situação  em  que  Maria  descreva,   falando  em  português,  para  José  uma  cadeira:    • Maria  é  o  emissor;  • José  é  o  receptor;  • A  cadeira  é  o  referente;  • A  língua  portuguesa  é  o  código;  • A  descrição  da  cadeira  é  a  mensagem;  • As  ondas  sonoras  são  o  canal.    2. Funções  da  linguagem       As  funções  da  linguagem  estão  ligadas  à  intenção  do  emissor  ao  produzir  um  texto.  Há  seis  funções  da  linguagem,  e  cada  uma  delas  destaca  um  dos  elementos  da  comunicação.    2.1.  Função  emotiva  ou  expressiva     Dá  destaque  ao  emissor.  É  mais  importante  o  que  o  emissor  pensa  ou  sente  a  respeito  de  um  assunto  do  que  o  próprio  assunto.     A   mensagem   em   que   predomine   a   função   emotiva   da   linguagem   busca   expressar,  então,  a  opinião  do  emissor,  e  o  faz  por  meio  de  algumas  estratégias:    • Uso  de  1ª  pessoa  nas  formas  verbais  e  pronominais;  • Uso  de  adjetivos  e  certos  advérbios  que  permitam  a  expressão  de  opiniões;  • Uso  de  interjeições;  • Uso  de  exclamações  e  reticências;  • Julgamentos  subjetivos.    Exemplo:      

(Fumarc  -­‐  BDMG  -­‐  superior  -­‐  2011)  Fico   impressionada   com   os   comentários   maldosos   contra   o   cartunista   João   Montanaro.   Ao   ver   a  charge,   não   a   li  como  uma  sátira.  Meus  olhos  apenas  a  receberam  como  uma  realidade.  Quem   imaginaria   que   a   xilogravura   do   artista   Hokusai   serviria   de   base   para   reforçar   uma  tragédia   que   ocorreu  no   Japão?   Que   me   conste,   estamos   no   ano   2011   e   a  liberdade  de  expressão  é  direito  de  qualquer  ser  humano.   João  Montanaro   apenas   retratou   o   que   acontece   hoje   no  mundo   em  

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que  vivemos,   e  nós,   habitantes  deste  planeta,   somos   os   responsáveis   pelas   tragédias   que   ocorrem   e  ocorrerão.  

(Maria  Rita  Marinho,  gerente  da  Secretaria  Geral  de  Fundação  Bienal,  São  Paulo,  SP)      

 2.2.  Função  apelativa  ou  conativa     Dá  destaque  ao  receptor.  A  mensagem  tem  a  intenção  de  influenciar  a  esfera  de  ação  do  receptor,  persuadi-­‐lo  a  agir  de  determinada  maneira  ou  chamar  a  atenção  dele  para  algo.  São  recursos  utilizados  para  tanto:    

• Uso  da  2a  pessoa  do  discurso  (tu/vós/você/vocês);  • Uso  de  imperativo  ou  formas  verbais  equivalentes;  • Criação  da   ideia  de  que  determinada  ação   resultaria   em  um  benefício,  ainda  que  abstrato  ou  “espiritual”  (como  ocorre  em  campanhas  publicitárias).  

             

   

2.3.  Função  informativa  ou  referencial     Destaca  o  referente.  Um  texto  em  que  haja  a  predominância  da  função  referencial  tem  a   intenção   de   transmitir   a   informação   de   maneira   mais   neutra,   como   ocorre   em   livros  didáticos  e  notícias  de  jornal.  São  características  desse  tipo  de  mensagem:    • Uso,  no  geral,  da  3a  pessoa;  • Linguagem  objetiva  e  precisa;  • Neutralidade  do  emissor;  • Conteúdo  informativo.       Exemplo:    

(Consulplan  -­‐  DMAE  -­‐  Porto  Alegre  -­‐  2011)  A  Organização  das  Nações  Unidas  (ONU),  através  de  uma  publicação  no  ano  de  2010,  avaliou,  após  

dez  anos  da  Declaração  do  Milênio,  os  avanços  da  América  Latina  e  do  Caribe  com  relação  aos  Objetivos  de  Desenvolvimento  do  Milênio.  No  documento  oficial,  Porto  Alegre  é  citada  como  exemplo  de  capital  que,  com  planejamento  e  participação  social,  vai  conseguir  ultrapassar  as  metas  propostas  para  2015.  

A   publicação   intitulada   Objetivos   do   Desenvolvimento   do   Milênio   –   Avanços   na   Sustentabilidade  Ambiental  do  Desenvolvimento  na  América  Latina   e  no  Caribe,   desenvolvida  pela  Comissão  Econômica  para  a  América  Latina  e  Caribe  (Cepal),  tem  como  principal  objetivo  apresentar  os  avanços  realizados  e  os  desafios  que  a  América  Latina  e  o  Caribe  enfrentam  para  atender  às  metas  do  sétimo  objetivo  (reduzir  pela   metade,   até   2015,   a   proporção   de   pessoas   sem   acesso   sustentável   à   água   potável   e   saneamento  básico),  além  de   fornecer   ferramentas  para  orientar  políticas  e  ações  para  garantir  o  desenvolvimento  ambientalmente  sustentável.  

Um  gráfico  publicado  no  documento  mostra  o  planejamento  do  Departamento  Municipal  de  Água  e  Esgotos,   que   tem   como  meta   alcançar   a   universalização   dos   serviços   em   2030,   com   o   tratamento   de  esgotos  chegando  a  83%  em  2014.  

(Revista  Ecos  nº.  31,  ano  17,  setembro  2011,  com  adaptações)    

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 2.4.  Função  metalinguística       Enfatiza   o   código   ou   a   própria   linguagem   de   modo   geral.   Metalinguagem   signific  “linguagem   sobre   a   linguagem”.   Está   presente   em  dicionários,   gramáticas,   filmes   que   falem  sobre  filmes,  programas  de  TV  que  falem  sobre  televisão  (como  o  Videoshow,  da  Rede  Globo),  entre   outros.   Veja   este   exemplo   de   poema   que   versa   sobre   o   trabalho   de   um   poeta   (nele,  convivem  as  funções  poética  e  metalinguística):    

(…)  Invejo  o  ourives  quando  escrevo:  

Imito  o  amor  Com  que  ele,  em  ouro,  o  alto  relevo  

Faz  de  uma  flor.    

Imito-­‐o.  E,  pois,  nem  de  Carrara  A  pedra  firo:  

O  alvo  cristal,  a  pedra  rara,  O  ônix  prefiro.  

 Por  isso,  corre,  por  servir-­‐me,  

Sobre  o  papel  A  pena,  como  em  prata  firme  

Corre  o  cinzel.    

Corre;  desenha,  enfeita  a  imagem,  A  ideia  veste:  

Cinge-­‐lhe  ao  corpo  a  ampla  roupagem  Azul-­‐celeste.  

 Torce,  aprimora,  alteia,  lima  

A  frase;  e,  enfim,  No  verso  de  ouro  engasta  a  rima,  

Como  um  rubim.  (…)    

(Trecho  de  Profissão  de  fé,  de  Olavo  Bilac)    

  Outro  exemplo  de  texto  metalinguístico:      Definição  de  “idioma”  retirada  do  dicionário  Houaiss  on-­‐line    Acepções  ■  substantivo  masculino    1        a  língua  própria  de  um  povo,  de  uma  nação,  com  o  léxico  e  as  formas  gramaticais  e  fonológicas  que  lhe  são  peculiares    Ex.:  o  belo  i.  dos  filósofos  gregos    2        Derivação:  por  extensão  de  sentido.            Estilo  ou  forma  de  expressão  artística  que  caracteriza  um  indivíduo,  um  período,  um  movimento  etc.  ou  que  é  próprio  de  um  domínio  específico  das  artes    Ex.:  o  i.  dos  impressionistas,  da  música,  da  pintura    3        Uso:  sentido  absoluto.              Para  os  falantes  de  uma  língua  nacional,  sua  própria  língua;  vernáculo    Ex.:  lutar  pela  pureza  do  i.      

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2.5.  Função  poética     Enfatiza  a  mensagem.  A   forma  é  mais   importante  do  que  o   conteúdo.  É  uma   função  muito   presente   em   poesias,   mas   não   é   exclusiva   delas.   Textos   em   prosa   também   podem  contar  com  a  função  poética,  como  fica  claro  em  contos,  novelas  e  romances.     São  recursos  utilizados  em  textos  em  que  predomina  a  função  poética  da  linguagem:    • Seleção  do  léxico  (vocabulário);  • Uso  de  metáforas  e  outras  figuras  de  linguagem;  • Formatação/diagramação  especial  (preocupação  com  a  disposição  do  texto  no  papel);  • Rimas  e  outras  estratégias  para  conferir  sonoridade  e  ritmo  aos  textos.       Exemplo:    

Serenata  sintética  (Cassino  Ricardo)  

 Rua    torta.    

    Lua    morta.  

   

Tua    porta.    

 2.6.  Função  fática  ou  de  contato      Dá  destaque  ao  canal  ou  suporte.  A  intenção  do  emissor  aqui  é  estabelecer  a  comunicação  com  o  receptor.  É  testar  a  eficácia  do  canal.   Incluem-­‐se   aqui   expressões   próprias   da   comunicação  oral,   como   alô,   né?   e   cumprimentos,   bem   como   títulos,  subtítulos,  olho  da  entrevista,  manchetes  de  jornal  etc.                    

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Parte  II  -­‐  Padrões  de  linguagem  e  variação  linguística    1.  Linguagem  formal  e  informal       Há  dois  padrões  de  linguagem:  o  formal  e  o  informal.       O  formal,  mais  ligado  à  língua  escrita,  porém  não  exclusivo  dela,  predomina  quando  há  uma  preocupação,  devido  à  situação  comunicativa,  com  o  respeito  das  normas  da  gramática  tradicional.     O   informal,   que   prevalece   na   língua   falada,   encontra   espaço   em   situações  comunicativas   em   que   não   é   necessária   a   preocupação   excessiva   com   as   prescrições   da  gramática,  como  uma  conversa  entre  amigos  ou  em  família.     O   texto   se   aproximará   mais   do   padrão   formal   ou   do   informal   de   acordo   com   as  escolhas  do  falante.  Configuram  exemplos  de  uso  informal  da  língua:    Isso  é  pra  você  aprender!  (no  lugar  de  para)  A  gente  vai  sair  mais  cedo.  (no  lugar  de  nós)  Você  vai  comparecer  na  reunião?  (no  lugar  de  a,  exigida  pela  regência  de  “comparecer”)  Me  ajuda,  por  favor?  (no  lugar  de  ajuda-­‐me)  A  água  está  geladinha.  (no  lugar  de  bem  gelada)  Ele  faz  tudo  pelos  cocos.  (no  lugar  de  sem  o  devido  cuidado)    2.  Variação  linguística       A  língua  não  se  limita  ao  seu  registro  formal.  A  norma-­‐padrão,  na  verdade,  é  uma  das  variantes   linguísticas   existentes   -­‐   a   que   goza   de   mais   prestígio,   certamente.   O   domínio   da  norma   culta   é,   no   geral,   associado   às   classes   mais   influentes   da   sociedade,   que,   em   tese,  tiveram  acesso  à  educação  formal.  O  domínio  do  português  padrão,  então,  reflete  a  ocupação  de  uma  posição  mais  alta  na  “hierarquia”  social.     Mas,  independentemente  do  inegável  prestígio  de  que  desfruta  a  norma-­‐padrão,  não  se  pode  negar  que  a  língua  portuguesa  seja  formada  por  muito  mais  do  que  apenas  o  conjunto  de  regras  gramaticais  que  constitui  a  “norma  culta”.       Podemos  agrupar  as  variantes  linguísticas  de  acordo  com  a  sua  motivação:    • Variações  históricas     A  língua  sofre  alterações  ao  longo  do  tempo.  Palavras  sofrem  alterações  em  sua  grafia  (p.   ex.   pharmácia   virou   farmácia)   ou   deixam   de   ser   usadas   e   expressões   são   substituídas.  Palavras  como  cousa  e  dous  já  existiram,  mas  hoje  são  escritos  como  coisa  e  dois.       Neste  trecho  de  autoria  de  Carlos  Drummond  de  Andrade  a  variação  histórica  está  bem  representada:    “Antigamente,   as   moças   chamavam-­‐se   mademoiselles   e   eram   todas   mimosas   e   muito   prendadas.   Não  faziam  anos:  completavam  primaveras,  em  geral  dezoito.  Os  janotas,  mesmo  sendo  rapagões,  faziam-­‐lhes  pé-­‐de-­‐alferes,  arrastando  a  asa,  mas  ficavam  longos  meses  debaixo  do  balaio."  

• Variações  regionais  ou  geográficas     São  usos  da  linguagem  próprios  de  uma  determinada  região,  que  podem  se  manifestar  no  vocabulário,  na  prosódia  (forma  de  pronúncia)  e  nas  construções  sintáticas.     Um   exemplo   clássico   de   variação   regional   é   o   chamado   R   retroflexo   (aquele   cuja  pronúncia  se  parece  com  a  do  inglês,  como  em  star).       No  vocabulário,  podemos  comparar  a  diferença  entre  algumas  palavras  no  português  do  Brasil  e  no  de  Portugal:  

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Brasil   Portugal  

Celular   Telemóvel  

Sanduíche   Sandes  

Ônibus     Autocarro  

Carteira  de  identidade  

Bilhete  de  identidade  

Fila     Bicha  

Faixa  de  pedestres   Passadeira  

   • Variações  sociais  ou  culturais     São  variações  ligadas  a  fatores  sociais,  como  formação  acadêmica,  condição  financeira,  área  de  atuação  profissional  ou  de  grupos  sociais  como  rappers,  surfistas,  funkeiros  etc.     Neste  grupo  de  variações  incluem-­‐se  as  gírias  e  os  jargões  profissionais.     Exemplos  de  gírias:     Aff  ou  afe  (que  saco!),  bagulho  (maconha),  bolado  (chateado,  preocupado),  pagar  mico  (passar  vergonha)  etc.     Entre  os   jargões,  estão  aqueles  de  uso  dos  profissionais  do  direito  (“juridiquês”)  e  da  economia  (“economês”).    • Atenção     Como   cada   indivíduo   faz   uso   próprio   da   linguagem,   existe   também   a   variação  idiossincrática   da   linguagem.   Ela   diz   respeito   às   particularidades   individuais   no   uso   do  idioma,  como  a  aplicação  de  metáforas  ou  a  existência  de  cacoetes  e  vícios.    3.  Significação  das  palavras       As  palavras  e  expressões  podem  apresentar:    Sentido  denotativo:  é  o  sentido  literal,  próprio  da  palavra  ou  expressão,  o  significado  que  ela  possui  fora  de  um  contexto  específico.    Sentido  conotativo:  é  o  significado  que  uma  palavra  ou  expressão  pode  assumir  dependendo  do  uso  que  se  faz  dela.       No  geral,  quando  as  provas  perguntam  se  a  palavra  foi  utilizada  na  acepção  conotativa,  querem   que   o   candidato   observe   se   há   algo   que   a   tire   de   sua   significação   normal,   “do  dicionário”.  Veja  um  exemplo:       Passamos  horas  destrinchando  aquele  texto.       A   palavra   em   destaque   foi   utilizada   no   sentido   conotativo,   pois   destrinchar,   de   fato,  significa  “separar  as  fibras”  de  algo,  como  de  um  tecido.  No  exemplo,  foi  usado  no  sentido  de  “observação  minuciosa,  análise  cuidadosa”.    

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  Outro  exemplo  de  linguagem  conotativa:       Esperei  durante  horas  até  ser  atendido!  Tomei  um  verdadeiro  chá  de  cadeira!    4.  Polissemia  ou  plurissignificação       A  polissemia  ocorre  quando  uma  só  palavra  apresenta  mais  de  um  possível  significado,  que   varia   de   acordo   com   o   uso.   Para   que   haja   polissemia,   todos   os   significados   devem   se  relacionar  de  algum  modo.  Veja  exemplos:    Gostei  do  verde  da  sua  mochila.  Em  tempos  de  preservação  ambiental,  é  preciso  pensar  verde.  Joguei  verde  para  colher  maduro,  mas  não  obtive  informação  alguma.       Nos   três   casos   acima,   foi   utilizada   a   palavra   “verde”.   No   primeiro,   o   sentido   é  denotativo:  a  cor  verde.  No  segundo,  relaciona-­‐se  ao  verde  das  matas  e  adquire  o  sentido  de  “pensar   ecologicamente”   foi   usada   no   sentido   conotativo).   No   terceiro,   também   conotativo,  relaciona-­‐se  à  cor  dos  frutos  quando  ainda  não  amadureceram.  

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Parte  III  -­‐  Tipologia  textual      1. O  que  significa  “texto”?         “Texto”  é  uma  unidade  significativa,  um  conjunto  de  elementos  estruturado  de  maneira  a  permitir  a  comunicação  entre  quem  o  produz  e  o  seu  destinatário.       Daí   podemos   concluir   que   o   texto   não   é   necessariamente   formado   por   palavras  (escritas   ou   faladas)   e   que   nem   todo   conjunto   de   palavras   constitui   um   texto.   Fotografias,  esculturas   e   desenhos,   por   exemplo,   são   considerados   “texto”,   assim   como   cartas,   artigos  acadêmicos,  crônicas,  contos  etc.       Todavia,  um  conjunto  de  palavras  somente  será  um  texto  caso  se  preste  à  transmissão  de  uma  mensagem,  ao  estabelecimento  de  uma  comunicação.       Um  texto,  então,  pode  ser  composto  por  diversos  signos  diferentes.    Signos  são  as  unidades  representativas  que  utilizamos  para  transmitir  nossas  mensagens.  Ou  seja,   os   signos   representam   aquilo   que   queremos   dizer.   São   exemplos   de   signos:   letras,  imagens,  sons,  gestos,  códigos  etc.      2. Tipologias  textuais       O  tipo  (ou  tipologia)  textual,  que  é  escolhido  pelo  autor  de  acordo  com  a  sua  intenção  comunicativa,   corresponde   à   forma   de   organização   do   discurso,   sempre   motivada   pelo  objetivo   do   emissor.   São,   basicamente,   três   as   tipologias   textuais:   descrição,   narração   e  dissertação.      2.1.  Descrição       O   texto   descritivo   tem   como   intenção   central   criar   uma   “retrato”   do   seu   objeto,   que  pode  ser  uma  pessoa,  um  animal,  um  objeto,  um  lugar  etc.  Pode-­‐se  dizer  que  o  texto  descritivo  é  uma  fotografia  feita  por  meio  de  palavras.     É   possível   que   um   texto   seja   totalmente   descritivo,   mas,   no   geral,   textos   de   outras  tipologias,  especialmente  os  narrativos,  possuem  trechos  descritivos.     Veja  um  exemplo:    Calisto  Elói,  naquele  tempo,  orçava  por  quarenta  e  quatro  anos.  Não  era  desajeitado  de  sua  pessoa.  Tinha  poucas   carnes   e   compleição,   como   dizem,   afidalgada.   A   sensível   e   dissimétrica   saliência   do   abdómen  devia-­‐se   ao   uso   destemperado   da   carne   de   porcos   e   outros   alimentos   intumescentes.   Pés   e   mãos  justificavam  a  raça  que  as  gerações  vieram  adelgaçando  de  carnes.  Tinha  o  nariz  algum  tanto  estragado  das  invasões  do  rapé  e  torceduras  do  lenço  de  algodão  vermelho.  A  dilatação  das  ventas  e  o  escarlate  das  cartilagens  não  eram  assim  mesmo  coisa  de  repulsão.  

(Camilo  Castelo  Branco.  A  queda  dum  anjo)    

2.2.  Narração     O  texto  narrativo  é  aquele  que  conta  uma  história.  Apresenta  os  seguintes  elementos:      • Narrador:   entidade  que   conta   a  história   contida   em  uma  narrativa.  Há  os   seguintes   focos  narrativos:    • 1ª   pessoa   (narrador-­‐personagem):   o   narrador   participa   da   história   e   narra  acontecimentos  que  vivência  (uso  de  “eu”  e  “nós”);  

• 3a  pessoa:  neste  caso,  o  narrador  pode  ser  

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• Observador:  o  narrador   tem  um  grau  de  conhecimentos  das  personagens  e  de  suas  histórias  mais  limitado.    

• Onisciente:  o  narrador  conhece  tudo  o  que  se  relaciona  à  história  e  às  personagens,  como  os  pensamentos  destas.  

 • Tempo  • Personagens  • Espaço  • Enredo:   formado   pela   atuação   das   personagens,   que   se   prolonga   no   tempo,   em  determinados  espaços  e  contada  pelo  narrador.  

    Exemplos  de  textos  narrativos:    

Tudo  bem  filho,  todo  mundo  faz  isso  

(Cespe  -­‐  SAD/PE  -­‐  Especialista  em  TI  -­‐  2010)  

Johnny   tinha   seis   anos   de   idade   e   estava   em   companhia  do  pai   quando   este   foi   flagrado  ao  dirigir   em  excesso  de  velocidade.  O  pai  entregou  ao  guarda,   junto  à   sua  carteira  de  motorista,  uma  nota  de  vinte  dólares.  “Está  tudo  bem,  filho”,  disse  ele  quando  voltaram  à  estrada.  “Todo  mundo  faz  isso!”  

Quando   Johnny   tinha   oito   anos,   deixaram   que   assistisse   a   uma   reunião   de   família,   dirigida   pelo   tio  George,  a  respeito  das  maneiras  mais  seguras  de  sonegar  o   imposto  de  renda.  “Está  tudo  bem,  garoto”,  disse  o  tio.  “Todo  mundo  faz  isso!”  

Aos  nove  anos,  a  mãe  levou-­‐o,  pela  primeira  vez,  ao  teatro.  O  bilheteiro  não  conseguia  arranjar  lugares  até  que  a  mãe  de   Johnny   lhe  deu,  por   fora,  cinco  dólares.   “Tudo  bem,   filho”,  disse  ela.   “Todo  mundo   faz  isso!”  

Aos   dezesseis   anos,   Johnny   arranjou   seu   primeiro   emprego.   Nas   férias   de   verão,   trabalhou   em   um  supermercado.  Seu  trabalho:  pôr  os  morangos  maduros  demais  no  fundo  das  caixas  e  os  bons  em  cima,  para  ludibriar  o  freguês.  “Tudo  bem,  garoto”,  disse  o  gerente.  “Todo  mundo  faz  isso!”  

Quando   Johnny   tinha  19  anos,  um  dos   colegas  mais  adiantados   lhe  ofereceu,  por   cinquenta  dólares,   as  questões  que  iam  cair  na  prova.  “  Tudo  bem  garoto”,  disse  ele.  “Todo  mundo  faz  isso!”  

Flagrado  colando,  Johnny  foi  expulso  da  sala  e  voltou  para  casa  com  o  rabo  entre  as  pernas.  “Como  você  pôde  fazer  isso  com  sua  mãe  e  comigo?”,  disse  o  pai.  “Você  nunca  aprendeu  estas  coisas  em  casa!”.  Se  há  uma  coisa  que  o  mundo  adulto  não  pode  tolerar  é  um  garoto  que  cola  nos  exames...  

Kenneth  Blanchard  e  Norman  Vincent  Peale.  O  poder  da  administração  ética.  Rio  de  Janeiro:  Record,  1988  (com  adaptações).  

 O  coveiro  

 Ele  foi  cavando,  cavando,  cavando,  pois  sua  profissão  -­‐  coveiro  -­‐  era  cavar.  Mas,  de  repente,  na  distração  do  ofício  que  amava,  percebeu  que  cavara  demais.  Tentou  sair  da  cova  e  não  conseguiu.  Levantou  o  olhar  para  cima  e  viu  que  sozinho  não  conseguiria  sair.  Gritou.  Ninguém  atendeu.  Gritou  mais  forte.  Ninguém  veio.   Enrouqueceu   de   gritar,   cansou   de   esbravejar,   desistiu   com   a   noite.   Sentou-­‐se   no   fundo   da   cova,  desesperado.  A  noite  chegou,  subiu,  fez-­‐se  o  silêncio  das  horas  tardias.  Bateu  o  frio  da  madrugada  e,  na  noite   escura,   não   se   ouviu   um   som   humano,   embora   o   cemitério   estivesse   cheio   de   pipilos   e   coaxares  naturais  dos  matos.  Só  pouco  depois  da  meia-­‐noite  é  que  vieram  uns  passos.  Deitado  no  fundo  da  cova  o  coveiro   gritou.   Os   passos   se   aproximaram.   Uma   cabeça   ébria   apareceu   lá   em   cima,   perguntou   o   que  havia:  O  que  é  que  há?  O  coveiro  então  gritou,  desesperado:  Tire-­‐me  daqui,  por  favor.  Estou  com  um  frio  terrível!    

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Mas,  coitado!  -­‐  condoeu-­‐se  o  bêbado  -­‐  Tem  toda  razão  de  estar  com  frio.  Alguém  tirou  a  terra  de  cima  de  você,  meu  pobre  mortinho!  E,  pegando  a  pá,  encheu-­‐a  e  pôs-­‐se  a  cobri-­‐lo  cuidadosamente.  

(Millôr  Fernandes)    

 “Uma  noite  dessas,  vindo  da  cidade  para  o  Engenho  Novo,  encontrei  no  trem  da  Central  um  rapaz  aqui  do  bairro,  que  eu  conheço  de  vista  e  de  chapéu.  Cumprimentou-­‐me,  sentou-­‐se  ao  pé  de  mim,  falou  da  lua  e  dos  ministros,   e   acabou   recitando-­‐me   versos.   A   viagem  era   curta,   e   os   versos   pode   ser   que  não   fossem  inteiramente  maus.  Sucedeu,  porém,  que  como  estava  cansado,  fechei  os  olhos  três  ou  quatro  vezes;  tanto  bastou  para  que  ele  interrompesse  a  leitura  e  metesse  os  versos  no  bolso.”  

(Machado  de  Assis.  Dom  Casmurro)    

 Exemplo  de  texto  misto:  narrativo  e  descritivo:    

Rio  Grande  do  Norte:  a  esquina  do  continente    (FCC  -­‐  TRT/RN  -­‐  Técnico  -­‐  2011)  

 Os   portugueses   tentaram   iniciar   a   colonização   em   1535,   mas   os   índios   potiguares   resistiram   e   os  franceses  invadiram.  A  ocupação  portuguesa  só  se  efetivou  no  final  do  século,  com  a  fundação  do  Forte  dos   Reis   Magos   e   da   Vila   de   Natal.   O   clima   pouco   favorável   ao   cultivo   da   cana   levou   a   atividade  econômica  para  a  pecuária.  O  Estado  tornou-­‐se  centro  de  criação  de  gado  para  abastecer  os  Estados  vizinhos  e  começou  a  ganhar  importância  a  extração  do  sal  –  hoje,  o  Rio  Grande  do  Norte  responde  por  95%  de  todo  o  sal  extraído  no  país.  O  petróleo  é  outra  fonte  de  recursos:  é  o  maior  produtor  nacional  de  petróleo  em  terra  e  o  segundo  no  mar.  Os  410  quilômetros  de  praias  garantem  um  lugar  especial  para  o  turismo  na  economia  estadual.      [O  parágrafo  acima  é  predominantemente  narrativo  –  apresenta  encadeamento  de   fatos.  Os  parágrafos   seguintes,   pertencentes   aos   mesmo   texto,   são   primordialmente   descritivos   –  visam  a  transmitir  imagens  ao  leitor.]    O  litoral  oriental  compõe  o  Polo  Costa  das  Dunas  -­‐  com  belas  praias,  falésias,  dunas  e  o  maior  cajueiro  do  mundo  –,  do  qual  faz  parte  a  capital,  Natal.  O  Polo  Costa  Branca,  no  oeste  do  Estado,  é  caracterizado  pelo   contraste:   de  um   lado,   a   caatinga;  do  outro,   o  mar,   com  dunas,   falésias   e  quilômetros  de  praias  praticamente   desertas.   A   região   é   grande   produtora   de   sal,   petróleo   e   frutas;   abriga   sítios  arqueológicos  e  até  um  vulcão  extinto,  o  Pico  do  Cabugi,  em  Angicos.    Mossoró  é  a  segunda  cidade  mais  importante.   Além   da   rica   história,   é   conhecida   por   suas   águas   termais,   pelo     artesanato   reunido   no  mercado  São  João  e  pelas  salinas.      Caicó,  Currais  Novos  e  Açari  compõem  o  chamado  Polo  do  Seridó,  dominado  pela  caatinga  e  com  sítios  arqueológicos   importantes,   serras   majestosas   e   cavernas   misteriosas.   Em   Caicó   há   vários   açudes   e  formações  rochosas    naturais  que  desafiam  a  imaginação  do  homem.  O  turismo  de  aventura  encontra  seu  espaço  no  Polo  Serrano,  cujo  clima    ameno  e  geografia  formada  por  montanhas  e  grutas  atraem  os  adeptos  do  ecoturismo.      Outro  polo  atraente  é  Agreste/Trairi,   com  sua  sucessão  de  serras,   rochas  e   lajedos  nos  13  municípios  que  compõem  a  região.  Em  Santa  Cruz,  a  subida  ao  Monte  Carmelo  desvenda  toda  a  beleza  do  sertão  potiguar  –  em  breve,  o  local  vai  abrigar  um  complexo  voltado  principalmente  para  o  turismo  religioso.  A   vaquejada   e   o   Arraiá   do   Lampião   são   as   grandes   atrações   de   Tangará,   que   oferece   ainda   um  belíssimo  panorama  no  Açude  do  Trairi.    

(Nordeste.  30/10/2010,  Encarte  no  jornal  O  Estado  de  S.  Paulo).                

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    Veja  questão  referente  ao  texto  acima:    (FCC  -­‐  TRT/RN  -­‐  Técnico  -­‐  2011)  O  texto  se  estrutura  notadamente    a)  sob  forma  narrativa,  de  início,  e  descritiva,  a  seguir,  visando  a  despertar  interesse  turístico  para  as  atrações  que  o  Estado  oferece.  b)  de  forma  instrucional,  como  orientação  a  eventuais  viajantes  que  se  disponham  a  conhecer  a  região,  apresentando-­‐lhes  uma  ordem  preferencial  de  visitação.  c)   com   o   objetivo   de   esclarecer   alguns   aspectos   cronológicos   do   processo   histórico   de  formação  do  Estado  e  de  suas  bases  econômicas,  desde  a  época  da  colonização.  d)   como   uma   crônica   baseada   em   aspectos   históricos,   em   que   se   apresentam   tópicos   que  salientam  as  formações  geográficas  do  Estado.  e)  de  maneira  dissertativa,  em  que  se  discutem  as  várias  divisões  regionais  do  Estado  com  a  finalidade  de  comprovar  qual  delas  se  apresenta  como  a  mais  bela      RESPOSTA:  letra  A    2.3.  Dissertação       O  texto  dissertativo  visa  a  expor  ideias,  criar  uma  tese  e  defendê-­‐la  com  argumentos.     A   dissertação   caracteriza-­‐se   por   apresentar   linguagem   clara   e   objetiva,   com  predominância  do  uso  da  norma-­‐padrão.     A  dissertação  pode  ser  expositiva  ou  argumentativa.    Dissertação  expositiva     Tem  a  intenção  de  conceituar  ou  de  explicar  algo.    Dissertação  argumentativa     Apresenta   uma   tese   e   argumentos   para   defendê-­‐la.   Tem   a   intenção   de   convencer   o  leitor  de  que  a  tese  é  plausível.         Um   texto   dissertativo   pode   ser   expositivo-­‐argumentativo,   como   se   vê   pelo   exemplo  abaixo:    

Da  memória  e  da  reminiscência  (Cespe  -­‐  Correios  -­‐  Analista  -­‐  2011)  

A  fenomenologia  da  memória  aqui  proposta  estrutura-­‐se  em  torno  de  duas  perguntas:    De  que  há  lembrança?  De  quem  é  a  memória?    Essas   duas   perguntas   são   formuladas   dentro   do   espírito   da   fenomenologia   husserliana.   Privilegiou-­‐se,  nessa   herança,   a   indagação   colocada   sob   o   adágio   bem   conhecido   segundo   o   qual   toda   consciência   é  consciência   de   alguma   coisa.1   Essa   abordagem   “objetal”   levanta   um   problema   específico   no   plano   da  memória.  Não  seria  ela  fundamentalmente  reflexiva,  como  nos  inclina  a  pensar  a  prevalência  da  forma  pronominal:   lembrar-­‐se   de   alguma   coisa   é,   de   imediato,   lembrar-­‐se   de   si?   Entretanto,   insistimos   em                                                                                                                            1  Até  esse  ponto  o  texto  é  eminentemente  expositivo.  Perceba  que  ele  apresenta  informações  sem  estabelecer  ponto  de  vista  em  relação  a  elas.  A  partir  de  então,  surgem  posições:  a  primeira  alerta  para   um   “problema”   gerado   pela   “abordagem   objetal”   da   fenomenologia   da   memória.   Mais  adiante,   outro  ponto  de   vista:   o   autor   culpa   “a  primazia   concedida   à  questão   ‘quem?’”  por  um  efeito  negativo  na  análise  dos  fenômenos  mnemônicos.  

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colocar  a  pergunta  “o  quê?”  antes  da  pergunta  “quem?”,  a  despeito  da  tradição  filosófica,  cuja  tendência  foi  fazer  prevalecer  o  lado  egológico  da  experiência  mnemônica.  A  primazia  concedida  por  muito  tempo  à  questão  “quem?”  teve  o  efeito  negativo  de  conduzir  a  análise  dos  fenômenos  mnemônicos  a  um  impasse,  uma  vez  que  foi  necessário  levar  em  conta  a  noção  de  memória  coletiva.  Se  nos  apressarmos  a  dizer  que  o  sujeito  da  memória  é  o  eu,  na  primeira  pessoa  do  singular,  a  noção  de  memória  coletiva  poderá  apenas  desempenhar  o  papel  analógico,  ou  até  mesmo  de  corpo  estranho  na  fenomenologia  da  memória.  Se  não  quisermos   nos   deixar   confinar   numa   aporia   inútil,   será   preciso   manter   em   suspenso   a   questão   da  atribuição  a  alguém  e,   portanto,   a   todas  as   pessoas  gramaticais   do  ato  de   lembrar-­‐se,   e   começar  pela  pergunta  “o  quê?”.    Paul  Ricouer.  A  memória,  a  história,  o  esquecimento.  Campinas:  Editora  da  Unicamp,  2007,  p.  23  (com  adaptações).       O   texto   abaixo   é   dissertativo.   Predomina   a   natureza   expositiva,   mas   há   sequências  argumentativas:          

O  jeitinho  (FGV  -­‐  BADESC  -­‐  Analista  -­‐  2010)  

 O   jeitinho  não   se   relaciona  com  um  sentimento   revolucionário,  pois  aqui  não  há  o  ânimo  de   se  mudar  o  status  quo.  O  que  se  busca  é  obter  um  rápido  favor  para  si,  às  escondidas  e  sem  chamar  a   atenção;   por   isso,   o   jeitinho   pode   ser   também   definido   como   "molejo",   "jogo   de   cintura",  habilidade  de  se  "dar  bem"  em  uma  situação  "apertada".  

[O   parágrafo   acima   conta   com   sequências   argumentativas.   O   autor   começa,   claramente,  trazendo  uma  opinião  acerca  do  que  ele  considera  “jeitinho”.  Ele  lança  mão,  aqui,  de  definições,  criadas  por  si  próprio,  para  estabelecer  um  “acordo”  com  o  leitor  a  respeito  do  tema  do  texto.]    

Em  sua  obra  O  Que  Faz  o  Brasil,  Brasil?,  o  antropólogo  Roberto  DaMatta  compara  a  postura  dos  norte-­‐americanos  e  a  dos  brasileiros  em  relação  às  leis.  Explica  que  a  atitude  formalista,  respeitadora  e  zelosa  dos  norte-­‐americanos  causa  admiração  e  espanto  aos  brasileiros,  acostumados  a  violar  e  a  ver  violadas  as  próprias  instituições;  no  entanto,  afirma  que  é  ingênuo  creditar  a  postura  brasileira  apenas  à  ausência  de  educação  adequada.  

O   antropólogo   prossegue   explicando   que,   diferente   das   norte-­‐americanas,   as   instituições   brasileiras  foram   desenhadas   para   coagir   e   desarticular   o   indivíduo.   A   natureza   do   Estado   é   naturalmente  coercitiva;  porém,  no  caso  brasileiro,  é  inadequada  à  realidade  individual.  Um  curioso  termo  –  Belíndia  –  define  precisamente  esta  situação:  leis  e  impostos  da  Bélgica,  realidade  social  da  Índia.  

Ora,  incapacitado  pelas  leis,  descaracterizado  por  uma  realidade  opressora,  o  brasileiro  buscará  utilizar   recursos  que  vençam  a  dureza  da   formalidade   se  quiser  obter  o  que  muitas   vezes   será  necessário   à   sua   sobrevivência.   Diante   de   uma   autoridade,   utilizará   termos   emocionais,   tentará  descobrir   alguma   coisa   que   possuam   em   comum   -­‐   um   conhecido,   uma   cidade   da   qual   gostam,   a  “terrinha”  natal  onde  passaram  a  infância  -­‐  e  apelará  para  um  discurso  emocional,  com  a  certeza  de  que  a  autoridade,  sendo  exercida  por  um  brasileiro,  poderá  muito  bem  se  sentir  tocada  por  esse  discurso.  E  muitas  vezes  conseguirá  o  que  precisa.  

[O  trecho  em  negrito  é  argumentativo:  busca  estabelecer  causas  que  levam  o  brasileiro  a  apelar  para  o  “jeitinho”.]  

Nos  Estados  Unidos  da  América,  as  leis  não  admitem  permissividade  alguma  e  possuem  franca  influência  na  esfera  35  dos  costumes  e  da  vida  privada.  Em  termos  mais  populares,  diz-­‐  se  que,  lá,  ou  “pode”  ou  “não  pode”.  No  Brasil,  descobre-­‐se  que  é  possível  um  “pode-­‐e-­‐não-­‐pode”.  É  uma  contradição  simples:  acredita-­‐

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se  que  a  exceção  a  ser  aberta  em  nome  da  cordialidade  não  constituiria  pretexto  para  outras  exceções.  Portanto,  o  jeitinho  jamais  gera  formalidade,  e  essa  jamais  sairá  ferida  após  o  uso  desse  atalho.  

Ainda  de  acordo  com  DaMatta,  a  informalidade  é  também  exercida  por  esferas  de  influência  superiores.  Quando  uma  autoridade   "maior"  vê-­‐se   coagida  por  uma  "menor",   imediatamente  ameaça   fazer  uso  de  sua  influência;  dessa  forma,  buscará  dissuadir  a  autoridade  "menor"  de  aplicar-­‐lhe  uma  sanção.  

A  fórmula  típica  de  tal  atitude  está  contida  no  golpe  conhecido  por  "carteirada",  que  se  vale  da  célebre   frase   "você  sabe  com  quem  está   falando?".  Num  exemplo  clássico,  um  promotor  público  que  vê  seu  carro  sendo  multado  por  uma  autoridade  de  trânsito  imediatamente  fará  uso  (no  caso,  abusivo)  de  sua  autoridade:  "Você  sabe  com  quem  está  falando?  Eu  sou  o  promotor  público!".  No  entendimento  de  Roberto  DaMatta,  de  qualquer  forma,  um  "jeitinho"  foi  dado.    

[Argumento  usado  acima:  exemplificação/ilustração.]  

(In:  www.wikipedia.org  -­‐  com  adaptações.)    

 

 

Veja  a  questão  relativa  à  tipologia  do  texto  acima:  

(FGV   –   BADESC   –   Tec.   De   Fomento/2010)   Assinale   a   alternativa   que   identifique   a  composição  tipológica  do  texto  “Jeitinho”.  (A)  Descritivo,  com  sequências  narrativas.    (B)  Expositivo,  com  sequências  argumentativas.    (C)  Injuntivo,  com  sequências  argumentativas.    (D)  Narrativo,  com  sequências  descritivas.    (E)  Argumentativo,  com  sequências  injuntivas.    RESPOSTA:  letra  B  

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Parte  IV  –  Intertextualidade       A  intertextualidade  é  uma  estratégia  de  produção  textual  baseada  em  uma  espécie  de  diálogo   entre   textos:   um   primeiro,   anterior,   que   serve   de   base   para   a   produção   de   um  segundo,   considerado   intertextual.   Esse   procedimento   é   muito   explorado   em   provas   de  concursos.     Os  dois  principais  procedimentos  de  intertextualidade  são  a  paráfrase  e  a  paródia.    3.1.  Paráfrase     Muitas   vezes   definida   como   “reescrever   um   texto,   mantendo   o   sentido,   mas   com  palavras  diferentes”,  a  paráfrase  implica  a  produção  de  um  novo  texto  com  a  manutenção  da  intenção  presente  no  texto-­‐base.     A  letra  do  Hino  Nacional  Brasileiro,  escrita  por  Joaquim  Osório  Duque  Estrada,    é  uma  paráfrase  da  Canção  do  Exílio,  de  Gonçalves  Dias.    Texto-­‐base  (Canção  do  exílio)    

Canção  do  exílio  Gonçalves  Dias  

 Minha  terra  tem  palmeiras,    

Onde  canta  o  Sabiá;    As  aves,  que  aqui  gorjeiam,    Não  gorjeiam  como  lá.  

 Nosso  céu  tem  mais  estrelas,    Nossas  várzeas  têm  mais  flores,    Nossos  bosques  têm  mais  vida,    Nossa  vida  mais  amores.  

 Em    cismar,  sozinho,  à  noite,    Mais  prazer  eu  encontro  lá;    Minha  terra  tem  palmeiras,    Onde  canta  o  Sabiá.    

(...)    

Texto  intertextual  (Hino  Nacional)    

(…)  Deitado  eternamente  em  berço  esplêndido,  Ao  som  do  mar  e  à  luz  do  céu  profundo,  Fulguras,  ó  Brasil,  florão  da  América,  Iluminado  ao  sol  do  Novo  Mundo!  Do  que  a  terra,  mais  garrida,  

Teus  risonhos,  lindos  campos  têm  mais  flores;  "Nossos  bosques  têm  mais  vida",  

"Nossa  vida"  no  teu  seio  "mais  amores."  (…)    

  A  paráfrase  também  pode  ocorrer  por  procedimentos  bem  simples,  como  a  a  troca  de  conectores   por   outros   equivalentes   ou   a   substituição   de   vocábulos   por   outros   que  mantenham  o  mesmo  sentido:    

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1. Saímos  de  casa  para   ir  ao  cinema,  mas  desistimos  da   ideia,  pois  só  havia   filmes  ruins  em  cartaz.  

2. Saímos  de  casa  para  ir  ao  cinema,  entretanto,  desistimos  da  ideia,  porque  só  havia  filmes  ruins  em  cartaz.  

 1. O  professor  se  atrasou  por  causa  do  engarrafamento.  2. Como  houve  um  engarrafamento,  o  professor  não  conseguiu  chegar  a  tempo  para  a  aula.    3.2.  Paródia       A   paródia,   assim   como   a   paráfrase,   acontece   quando   um   texto   retoma   outro   já  existente.  A  diferença  é  a   seguinte:  neste  caso,  o  novo   texto   rompe  com  a   intenção  e   com  o  sentido  do  texto  original.       A  charge  abaixo  é  uma  paródia  do  conto  de  fadas  Branca  de  Neve.    (Fumarc  -­‐  TJ/MG  -­‐  superior  -­‐  2012)    

           Fonte:  http://ver.blog.br/tag/ficha-­‐limpa     Abaixo,  outro  exemplo  de  paródia:  Millôr  Fernandes  a  escreveu  com  base  na  famosa  fábula  “A  cigarra  e  a  formiga”.    

A  cigarra  e  a  formiga  

Cantava  a  Cigarra  Em  dós  sustenidos  

Quando  ouviu  os  gemidos  Da  Formiga,  

Que,  bufando  e  suando,  Ali,  num  atalho,  

Com  gestos  precisos  Empurrava  o  trabalho:  

Folhas  mortas,  insetos  vivos.  Ao  ver  a  Cigarra  Assim,  festiva,  

A  Formiga  perdeu  a  esportiva:  "Canta,  canta,  salafrária,  

E  não  cuida  da  espiral  inflacionária!  No  inverno,  

Quando  aumentar  a  recessão  maldita,  Você,  faminta  e  aflita,  

Cansada,  suja,  humilde,  morta,  Virá  pechinchar  à  minha  porta.  E,  na  hora  em  que  subirem  

As  tarifas  energéticas,  Verá  que  minhas  palavras  eram  proféticas.  

Aí,  acabado  o  verão,  Lá  em  cima  o  preço  do  feijão,  Você  apelará  pra  formiguinha.  

 

 

Mas  eu  estarei  na  minha  E  não  te  darei  sequer  

Uma  tragada  de  fumaça!"  Ouvindo  a  ameaça,  

A  Cigarra  riu,  superior,  E  disse  com  seu  ar  provocador:  

"Você  está  por  fora,  Ultrapassada  sofredora.  

Hoje  eu  sou  em  videocassete  Uma  reprodutora!  Chegado  o  inverno,  Continuarei  cantando  

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–  sem  ir  lá  –  No  Rio,  São  Paulo  Ou  Ceará.  Rica!  

E  você  continuará  aqui  Comendo  bolo  de  titica.  

O  que  você  ganha  num  ano  

Eu  ganho  num  instante  Cantando  a  Coca,  O  sabãozão  gigante,  O  edifício  novo  E  o  desodorante.  

E  posso  viver  com  calma  Pois  canto  só  pra  multinacionalma".  

3.3.  Outros  procedimentos  de  intertextualidade         A  intertextualidade  também  pode  se  manifestar:    • Por  citação,  direta  ou  indireta:       A  citação  é  a  inserção,  em  um  texto,  de  texto  de  autoria  de  outra  pessoa.  É  direta  se  for  a  cópia  exata  do  texto  alheio,  tal  qual  como  foi  proferido,  geralmente  marcado  por  aspas;  é   indireta  se   for  escrita  com  as  palavras  do  autor  no  novo  texto,  mantendo-­‐se  o  conteúdo  original.  De  qualquer  modo,  é   importante  que  a  pessoa  que   faça  uso  de  uma  citação  sempre  dê  crédito  ao  autor  original,  do  contrário  cometerá  plágio.       Os  textos  utilizados  como  exemplo  neste  material  configuram  casos  de  citação.    • Por  alusão         A   alusão   é   a   referência   mais   leve   a   alguma   personagem,   real   ou   fictícia,   ou   a  outro  texto  que   já  exista.  Pode  ser  de  fácil  ou  difícil  percepção,  mas  só   funcionará  se  o  interlocutor  conhecer  o  elemento  objeto  da  alusão.     Neste   trecho   de   Os   Lusíadas,   Camões   fez   alusão   a   Ulisses   e   Eneias,  respectivamente:    

“Cessem  do  sábio  Grego  e  Troiano  As  navegações  grandes  que  fizeram”  

 • Por  epígrafe       Trata-­‐se  da  citação  de  um  texto  antes  do  início  de  uma  obra.  A  Canção  do  exílio  apresenta,  como  epígrafe,  versos  de  Goethe:    

Canção  do  exílio  (Gonçalves  Dias)  

 “Conheces  o  país  onde  florescem  as  laranjeiras?  Ardem  na  escura  fronde  os  frutos  de  ouro…  Conhecê-­‐lo?  Para  lá,  para  lá  quisera  eu  ir!”  

 Goethe    

 Minha  terra  tem  palmeiras,  

Onde  canta  o  sabiá.  As  aves  que  aqui  gorjeiam  Não  gorjeiam  como  lá.  

(…)    

• Traduções,   resumos   e   referências   bibliográficas   também   são   procedimentos   de  intertextualidade.  

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Parte  V  –  Estilística    1. Figuras  de  linguagem       As   figuras   de   linguagem   são   recursos   utilizados   por   quem   escreve   para  tornar   a   mensagem   mais   interessante,   bela   e   surpreendente   para   o   leitor.  Dividem-­‐se  em  três  grupos:    1.1.  Figuras  de  palavras    I. Metáfora:  é  a  transposição  do  sentido  de  uma  palavra  do  denotativo  para  o  

conotativo.   Tal   transposição   ocorre   com   base   em   uma   comparação   que   o  indivíduo  faz,  mentalmente,  entre  dois  elementos.  

 Jamais  resolverei  este  problema  se  não  encontrar  o  fio  da  meada.    (O   “fio  da  meada”,  no   sentido   literal,   é   a  ponta  que  precisamos  encontrar  para  desfazer  o  novelo  de  lã.  Faz-­‐se  uma  comparação  entre  essa  ponta  e  a  solução  do  problema,  que  precisa  ser  encontrada  para  a  situação  se  resolver.)    Ela  é  uma  flor.  A  noite  é  mais  agitada  no  coração  da  cidade.    II. Comparação:   trata-­‐se,   literalmente,   da   comparação   entre   dois   elementos.  Difere-­‐se   da   metáfora   porque,   neste   caso,   o   elemento   comparativo   fica  explícito  (como,  tal  qual,  assim  como  etc.)  

 As  crianças  são  como  pássaros  que  acabaram  de  sair  do  ninho.  O  amor  pode  ser  tal  qual  um  terremoto.    III. Metonímia:  é  a  substituição  de  um  termo  por  outro  relacionado.  Manifesta-­‐se  de  diversas  formas.  Alguns  exemplos:  

 -­‐ O  autor  pela  obra:  leio  muito  Machado  de  Assis.  (=  a  obra  de  Machado)  -­‐ O  continente  pelo  conteúdo:  ele  comeu  o  prato  todo.  (=  a  comida  do  prato)    -­‐ A  parte  pelo  todo:  os  sem-­‐teto  protestaram  ontem.  (teto  =  casa,  abrigo,  moradia)  -­‐ A   matéria   pelo   objeto:   todos   brindavam   e   o   que   se   ouvia   era   o   barulho   dos  cristais  batendo  uns  nos  outros.  (cristais  =  copos)    IV.   Perífrase:   forma   de   designar   seres   por   meio   de   algo   que   os   deixou  conhecidos,  que  os  tornou  notáveis.    Rei  dos  animais:  leão  Homem  do  Baú:  Sílvio  Santos  Terra  da  garoa:  São  Paulo    V. Sinestesia:  mistura  de  sentidos  (olfato,  audição,  paladar,  visão,  tato).    Aquela  cantora  tem  a  voz  muito  áspera.    

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(voz:  audição;  áspera:  tato)    Não  me  lance  esse  olhar  gelado!  (olhar:  visão;  gelado:  tato)    1.2.  Figuras  de  construção    I. Elipse:  omissão  de  palavra,  expressão  ou  oração  que  podem  ser  subentendidas  por  causa  do  contexto.  

 O  Natal  foi  ótimo;  o  carnaval,  sofrível.  (omissão  de  foi)  Minha  tia  vem  visitar  em  julho,  minha  avó  em  dezembro.  (omissão  de  vem  visitar)  Marquinho,  quando  menino,  aprontava  muito.  (omissão  de  era)  Eu  desejo  tenha  tudo  corrido  bem.  (omissão  de  que)    Observação:  quando  se  omite,  nas  orações  seguintes,  um  termo  já  mencionado  na  primeira  oração,  ocorre  zeugma.  À  elipse  dos  dois  primeiros  exemplos,  então,  pode-­‐se  dar  o  nome  de  zeugma.    II.   Pleonasmo:   emprego   de   redundância   (palavras   repetidas   ou   com   sentidos  repetidos)  para  aumentar  a  expressividade  de  um  trecho.    Vi  com  estes  olhos  que  a  terra  há  de  comer.  Aquele  brinquedo,  o  menino  o  desejava  profundamente.    III. Polissíndeto:  repetição  da  conjunção  (normalmente,  a  conjunção  e).    Nunca   recebia   visitas.   Assim   que   correu   a   notícia   de   que   ganhara   na   loteria,  vieram  amigos,  e  parentes,  e  colegas  de  trabalho…    IV. Inversão   (hipérbato):   alteração   da   ordem   direta   da   oração   para   dar  

destaque  a  um  termo.    Carros,  não  compro!  No  Brasil  eles  custam  tão  caro…  Inteligente  ele  é,  mas  às  vezes  diz  asneiras.    V. Anacoluto:  rompimento  da  sequência  da  frase  de  modo  que  um  termo  fique  solto,  sem  função  sintática.    

 Esses  adolescentes  de  hoje  em  dia,  não  se  pode  dar  muita  liberdade  a  eles.  Amores  não  os  busco  mais.    VI. Silepse:  é  a  concordância  ideológica.  Ocorre  quando  um  termo  concorda  com  

algo  que  não  está  escrito,  mas  está   fora  do   texto   (em  nossa  mente,  por   isso  “ideológica”).  

 -­‐ De  gênero:  Vossa  Excelência  me  parece  muito  cansado.  -­‐ De  número:  havia  uma  plateia  imensa  no  teatro,  e  chamavam  pelo  artista,  que  se  atrasara.  

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-­‐ De  pessoa:  Todos  estamos  tão  tristes  com  o  acontecido!    VII. Repetição   (reiteração):   é   a   repetição   de   palavras   com   a   intenção   de  reforçar  uma  ideia.  Pode  sugerir  insistência.    Nada,  nada  que  eu  fazia  parecia  bastar.    VIII.  Anáfora:  consiste  em  começar,  de  maneira  idêntica,  verso,  frase  ou  período.    “Vi  uma  estrela  tão  alta,  Vi  uma  estrela  tão  fria!  Vi  uma  estrela  luzindo  Na  minha  vida  vazia.”  (Manuel  Bandeira)    1.3.  Figuras  de  pensamento    I.  Antítese:  aproximação  de  palavras  ou  expressões  de  sentido  contrário.    Nos  altos  e  baixos  da  vida,  aprendeu  muito.  No  cenário  o  que  sobrou  da  vida  misturava-­‐se  à  morte.    II. Paradoxo   (oxímoro):   uso   intencional   de   um   contrassenso,   de   uma  contradição.    

 E,  no  silêncio  barulhento  de  seu  quarto,  ela,  atormentada,  sofria.      III.   Gradação:   ideias   ascendentes   (clímax)   ou   descendentes   (anticlímax)   em  sequência.    Um  animal,  um  rato,  um  verme,  um  nada!  Isso  é  o  que  posso  dizer  daquela  pessoa!    IV. Hipérbole:  exagero  intencional  para  enfatizar  uma  ideia.    Estou  atrasado!  Vou  voando  para  o  trabalho.  Chore  agora  um  rio  de  lágrimas!  Arrependa-­‐se!  Nossa,  que  bagunça!  Há  toneladas  de  papel  sobre  sua  mesa.    V.  Ironia:  forma  de  dizer  o  contrário  do  que  se  pensa,  geralmente  com  sarcasmo.    Nossos  políticos  são  excelentes!  (Em  um  contexto  em  que  se  pode  entender  que  os  políticos  são  péssimos)    VI.   Eufemismo:   forma   de   suavizar   uma   expressão   que   se   evita   na   língua.   A  intenção  é  tornar  a  mensagem  mais  leve,  mais  fácil  de  ser  recebida.    Dizem  que  ela  é  mulher  de  vida  fácil.  (=  prostituta)  Há  muita  violência  em  alguns  aglomerados.  (=  favelas)    

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VII. Personificação  (prosopopeia/animização):  atribuição,  a  seres  inanimados  ou  irracionais,  de  características  de  seres  humanos.  

 As  matas  agonizam  enquanto  as  secas  lhes  tiram  toda  a  vida.    1.4.  Figuras  de  com    I.  Onomatopeia:  imitação  de  sons  por  meio  de  palavras.    “Em  cima  do  meu  telhado  Pirulin  lulin  lulin  Um  anjo  todo  molhado  Soluça  no  seu  flautim.”  (Mário  Quintana)    II.  Aliteração:  repetição  de  sons  consonantais.    “Vozes  veladas,  veludosas  vozes,  Volúpias  dos  violões,  vozes  veladas,  Vagam  nos  velhos  vórtices  velozes  Dos  ventos,  vivas,  vãs  vulcanizadas.”  (Cruz  e  Souza)    III.  Assonância:  repetição  de  sons  vocálicos.    “Ó  formas  alvas,  brancas,  Formas  claras.”  (Cruz  e  Souza)  

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Parte  VI  -­‐  Vícios  de  linguagem       Os  principais  vícios  de  linguagem  são:    1. Barbarismo:  emprego  equivocado  de  palavras  (pronúncia,  forma,  significado)  Intervi,  em  vez  de  intervim;  cançado,  em  vez  de  cansado.    2. Estrangeirismo:  uso  de  termos  ou  construções  próprias  de  outras  línguas.  Performance   (inglês   -­‐   anglicismo),   no   lugar   de   desempenho;   chofer   (francês   -­‐  galicismo),  no  lugar  de  motorista.    3.  Cacofonia  (cacófato):  sequência  de  palavras  que  criam  um  som  desagradável  ou  que  se  unem  de  modo  a  formar  outro  vocábulo  de  sentido  ridículo.  Beijou  a  boca  dela;  Pagará  uma  taxa  de  vinte  reais  por  cada  mil  reais  que  sacar.    4. Eco:  ocorrência  de  rimas  em  textos  escritos  em  prosa:  O  amor  do  ator  causou-­‐lhe  dor.    5.  Pleonasmo  vicioso:  não  se  confunde  com  a  figura  de  linguagem.  Aqui,  trata-­‐se  de  uso  desnecessário  da  redundância.  Você  fará  um  pagamento  quinzenal  a  cada  quinze  dias.  Aquilo  foi  uma  inovação  nunca  antes  vista!    6. Solecismo:  erros  relacionados  à  sintaxe.  Onde  eles  foi?  Ele  vai  tentar  lhe  convencer  a  ajudá-­‐lo.    7. Ambiguidade:  duplo  sentido.  Nesta  parte  da  cidade,  sempre  encontram-­‐se  pessoas  de  má  índole!  (pessoas  de  má  índole  encontram-­‐se  umas  com  as  outras  ou  são  encontradas  por  transeuntes?)    8.   Preciosismo:   uso   de   linguagem   excessivamente   rebuscada,   artificial.  Geralmente,  indica  pedantismo.    

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Parte  VII  –  Tipos  de  discurso         Há   três   tipos  de  discurso:  direto,   indireto   e  direto   livre.  A  diferenciação  dos  tipos  de  discurso  importa  mais,  em  geral,  em  textos  da  tipologia  narrativa.    

• Discurso   direto:   é   a   estratégia   usada   para   dar   voz   às   personagens   em  diálogos  ou  monólogos.  É  importante  que  se  reproduza  a  fala  exatamente  da   forma   como   a   personagem   falaria   (reprodução   fiel).   Marca-­‐se   o  discurso  direto  pelo  uso  do  travessão  e  das  aspas.  

 Antes  que  a  filha  saísse,  Maria  fez-­‐lhe  um  pedido:  

-­‐-­‐  Chegue  cedo  hoje,  menina!  É  aniversário  de  seu  pai!  -­‐-­‐  Pode  deixar,  mamãe!    • Discurso   indireto:   ocorre   quando   o   narrador   enuncia   a   fala   da  

personagem  com  suas  próprias  palavras.    Antes  que  a  filha  saísse,  Maria  pediu-­‐lhe  que  chegasse  cedo  aquele  dia,  pois  era  aniversário  do  pai  da  menina.    

• Discurso   indireto   livre:   ocorre   quando   o   texto,   escrito   em   terceira  pessoa,   mescla   a   narração   com   a   fala   da   personagem   como   se   esta  representasse  discurso  direto,  mas  sem  nenhuma  marcação  gráfica  que  a  separe  da  narrativa  (há  fusão  das  vozes  do  narrador  e  da  personagem).  

 “A  mãe,   coitada,   com   a   pia   cheia   de   louça,   perguntou   que   história   é   essa   de   ser  todas  as  moças  que  ela  pudesse  ser,  como  assim  a  partir  dos  nomes  que  ela  mesma  escolhesse,  que  ideia  é  essa,  minha  filha.  “  (Rezende,  Stella  Maris.  A  mocinha  do  Mercado  Central)    TRANSPOSIÇÃO  DO  DISCURSO  (DIRETO  PARA  INDIRETO)       A   transposição  do  discurso  direto  para  o   indireto  costuma  ser  objeto  de  algumas  questões  de  prova,  a  exemplo  de  diversas  já  elaboradas  pela  Fundação  Carlos  Chagas.  Há  algumas  técnicas  que  podem  auxiliar  o  candidato  nesse  tipo  de  situação.    Discurso  direto   Discurso  indireto  1a  pessoa   3a  pessoa    Verbo  no  presente   Verbo  no  pretérito  imperfeito  Verbo  no  pretérito  perfeito   Verbo   no   pretérito   mais-­‐que-­‐

perfeito  Verbo  no  futuro  do  presente   Verbo  no  futuro  do  pretérito  Verbo  no  imperativo   Verbo  no  subjuntivo  Enunciado  justaposto   Enunciado   introduzido   por  

conjunção  (subordinado)  Interrogação  direta   Interrogação  indireta  Este,  esta,  isto/  esse,  essa,  isso   Aquela,  aquela,  aquilo  

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Advérbio  AQUI   Advérbios  ALI  ou  LÁ        

Exemplos:    

Discurso  direto   Discurso  indireto  -­‐-­‐  Eu  não  sei  o  que  fazer,  disse  José.   José   disse   que   (ele)   não   sabia   o   que  

fazer.  -­‐-­‐   Aquele   lugar   é   maravilhoso,   sem  dúvida!  

Falou   que   aquele   lugar   era  maravilhoso.  

-­‐-­‐  Papai  chegou!,  disse  o  rapazinho.   O  rapazinho  disse  que  o  pai  dele  tinha  chegado  (  ou  chegara).  

-­‐-­‐   Viajarei   amanhã,   avisou   o  advogado.  

O  advogado  avisou  que  viajaria  no  dia  seguinte.  

-­‐-­‐  Ajude-­‐me,  por  favor.   Pediu-­‐me,  por  favor,  que  a  ajudasse.  -­‐-­‐  Amanhã  vai  fazer  frio!   Falou  que  faria  frio  no  dia  seguinte.  -­‐-­‐  É  verdade  que  o  rapaz  está  preso?   Perguntou   se  era  verdade  que  o   rapaz  

estava   preso.   (Frase   interrogativa  indireta)  

-­‐-­‐   Este   livro,   eu   o   ganhei   do   próprio  autor.  

Disse   que   ganhara   aquele   livro   do  próprio  autor.  

-­‐-­‐   Venha   logo   e,   quando   chegar   aqui,  conversaremos.  

Disse-­‐me  que  fosse  logo  e  que,  quando  eu  chegasse  lá,  conversaríamos.  

 

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Parte  VIII  -­‐  Questões  de  interpretação  de  textos      FUNDAÇÃO  CARLOS  CHAGAS    1.   (FCC/TRF4/Analista/2010)   Para   transmitir   mensagens,   é   fundamental   que  haja  uma  fonte  e  um  destino,  distintos  no  tempo  e  no  espaço.  A  fonte  é  a  geradora  da  mensagem   e   o   destino   é   o   fim   para   o   qual   a  mensagem   se   encaminha.  Nesse  caminho   de   passagem,   o   que   possibilita   à   mensagem   caminhar   é   o   canal.   Na  verdade,   o   que   transita   pelo   canal   são   sinais   físicos,   concretos,   codificados.  (Samira  Chalhub)      No  texto  acima,    2. a)  resumem-­‐se  os  papéis  desempenhados  pelos  principais  componentes  de  um  sistema  de  comunicação.  b)  demonstra-­‐se  como  se  estabelecem  as  diferentes   funções  da   linguagem  num  discurso  em  prosa.  c)   afirma-­‐se  que   a   verdadeira   comunicação  ocorre  quando  o   falante   tem  plena  consciência  dos  procedimentos  da  fala.  d)  fica  claro  que  o  elemento  essencial  para  qualquer  ato  de  comunicação  está  no  pleno  domínio  das  formas  cultas.  e)  argumenta-­‐se  que  a  efetividade  da  comunicação  está   condicionada  pelo   tipo  de  canal  em  que  se  decodificará  a  mensagem.      2.  (FCC/SEFAZ-­‐PB/Auditor/2006)      Os   números   do   relatório   da   CPI   dedicada   originalmente  aos   Correios   são  expressivos,   dos  milhares   de   páginas   de   texto  e   documentos   aos  mais   de   cem  acusados.   É   o   tempo   do  espanto.   Um   oceano   nos   separa,   contudo,   do  resultado  concreto,  o  das  absolvições  e  o  das  punições.  Os  dois  momentos  do  mar  imenso   entre   relatório   e   resultado   estão   no  julgamento   final,   cuja   tendência   é  pessimista,  a  contar  de  exemplos  recentes.  Não  deveria  ser.      Não  deveria  ser  pela  natureza  mesma  das  comissões  parlamentares  de  inquérito,  cujo   nome   é   raramente   objeto   de  meditação   até   pelos   operários   do   direito.  "Comissão",  além  do  significado  mercantil  (depreciativo,  no  caso  do  Parlamento),  do  dinheiro   pago   em   remuneração   de   serviço,   é   também   o   do  grupamento  encarregado  de   realizar   tarefa   de   interesse   comum.  Interesse   comum?  Não.  De  interesses   conflituosos   pela   própria  natureza   política   de   seu   trabalho,   pois   o  vocábulo  "parlamentares"   as   afirma   integradas   por   componentes   de   uma  das  casas   do   Congresso   ou  mistas,   funcionando   segundo   seus  regimentos   internos.  (...)      "As   comissões   são   úteis   ou   necessárias?",   perguntará  o   leitor.   Sem   a   menor  dúvida   e   vigorosamente,   respondo   sim.  Há   abusos.   São   lamentáveis,   mas  inerentes   à   vida   parlamentar,  no   Brasil   e   em   qualquer   país   onde   haja  comissões  parlamentares.  Se  os  legisladores  devem  ser  a  expressão  média  de  seu  povo,   fica   manifesto   que   os   parlamentos   sejam  compostos   por   homens   e  mulheres   de   bem,   dedicados   e  honestos,   mas   também   por   pilantras,   patifes,  cachaceiros,  delinqüentes   e   assim   por   diante.   (...)   Seria   ideal   que   o  

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povo  escolhesse  melhor   seus   representantes,  dizem  as  elites,  mas  sem  razão.  O  povo   vota   sob   influência   do   poder   econômico,  após   seleção   dos   favoritos   de  chefes   partidários,   para   exclusão  dos   que   assumam   linha   independente   da  adotada  pelas  lideranças  e  assim  por  diante.      Voltando   à   CPI   dos   Correios,   cabe   esclarecer   por   que  há   um   oceano   entre   o  relatório  e  o  resultado.  "Inquérito"  é  trabalho  de  apuração.  Se  bem  feito,  propicia  bom   material   aos  julgadores.   Se   malfeito,   facilita   a   "pizza",   essa  maravilhosa  invenção   atribuída   aos   italianos   em   geral,  mas   que   vem   do   sul  da  Itália.   "Pizza"   transformada   em   cambalacho   e   tapeação?   Não  necessariamente.  Muitas  vezes  o  defeito  da  distância  entre  a  apuração  e  o  julgamento  está  naquela,  e  não  neste,  principalmente  se  for  judicial.  O  mal  do  julgamento  político  está  em  que  não   considera   seu  efeito  paralelo  do  desprestígio  para  o  Parlamento   como  um   todo.   No   caso   atual,   porém,   não   se   pode  negar   que   já   houve   resultados  apreciáveis.   Para   o   relatório   lido  nesta   semana   cabe   esperar   pela   travessia   do  oceano  e   torcer  para  que  chegue  a  bom  porto.    (W.  Ceneviva.  Folha  de  S.  Paulo.  01/04/2006,  C2)      Observando-­‐se,   no   texto,   a   intenção   do   autor,   verifica-­‐se   o   uso   da   função   da  linguagem    a)  metalingüística,  para  criar  um  efeito  de  ambigüidade  e  ironia.  b)  referencial,  para  informar  e  criar  ambigüidades.  c)  fática,  para  criar  ironia  e  transmitir  informações.  d)  poética,  para  transmitir  informações  ao  leitor,  por  meio  de  ambigüidades.  e)  emotiva,  para  criar  ironia  e  construir  a  adesão  do  leitor.      3.  (FCC/TRT12/Analista  Jud./2013)    Em  seu  íntimo  ignorado,  Há  uma  estranha  prisioneira,    Cujos  gritos  estremecem  A  metálica  estrutura  […]    Uma  redação  alternativa,  em  prosa,  para  os  versos  acima,  em  que  se  mantêm  a  correção  e  a  lógica,  está  em:      a)  Os   gritos,   de  uma  estranha  prisioneira,   fazem  estremecerem,   em   seu   íntimo  ignorado  a  estrutura  metálica.  b)   No   íntimo   ignorado,   onde   habita   os   gritos   de   uma   estranha   prisioneira,  estremecem  a  estrutura  metálica.  c)  Estremecem  a  estrutura  metálica,  no  seu  íntimo  ignorado,  onde  se  encontra  os  gritos  de  uma  estranha  prisioneira.  d)  Os  gritos  de  uma  estranha  prisioneira,  estremecem  no  seu  íntimo  ignorado,  a  estrutura  metálica.  e)   Os   gritos   de   uma   estranha   prisioneira,   em   seu   íntimo   ignorado,   fazem  estremecer  a  estrutura  metálica.    

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4.  (FCC/TRT12/Técnico./2013)  O   que   se   denomina   estilo   de   uma   época   resulta   de   uma   combinação   de   estilos  individuais,   uma   combinação   dominada   pelos   métodos   dos   compositores   que  exerceram  influência  preponderante  em  seu  tempo.      Uma  redação  alternativa  para  a   frase  acima,  em  que  se  mantêm  a  correção  e  a  clareza,  está  em:          a)  Ao  resultado  de  uma  combinação  de  estilos  individuais,  na  qual  prevalecem  os  métodos   dos   compositores   que   exerceram   maior   influência   em   seu   tempo,  chama-­‐se  estilo  de  uma  época.    b)   Uma   combinação   dos   métodos   dos   compositores   que   exerceram   a   maior  influência  em  seu  tempo  geram  estilos  individuais  que  são  designados  estilo  de  época.    c)  A  soma  de  estilos  individuais  resultam  no  que  se  chama  estilo  de  uma  época,  porém,   devem   prevalecer   os   métodos   dos   compositores   que   exerceram   mais  influência  em  seu  tempo.    d)  O  que  resulta  dos  estilos  individuais  combinados  é  o  que  chamamos  estilo  de  uma   época,   todavia,   prevalecem   os   métodos   dos   compositores   cuja   influência  tinha-­‐se  conhecimento.  e)  Estilo  de  uma  época  é  o  que  designa  uma  combinação  de  estilos   individuais,  aonde   os   métodos   dos   compositores   definem   uma   maior   influência   em   seu  tempo.    5.  (FCC/TRT9/Analista.  Exec.  Mand./2013)  Incapaz  de  satisfazer  plenamente  as  exigências  do  mercado,  o  Cinema  Novo  deu  os  seus  últimos  suspiros  em  fins  da  década  de  1970  -­‐  período  que  marcou  o  auge  das  potencialidades  comerciais  do  cinema  feito  no  Brasil.          Uma   redação   alternativa   para   a   frase   acima,   em   que   se  mantêm   a   correção,   a  lógica  e,  em  linhas  gerais,  o  sentido  original,  é:      a)  Como  não   fosse  capaz  de  satisfazer  plenamente  as  exigências  do  mercado,  o  Cinema   Novo   acabou   no   final   da   década   de   1970:   período   que   se   destaca,   as  potencialidades  comerciais,  do  cinema  feito  no  Brasil.  b)   Conquanto   não   pudesse   satisfazer   plenamente   as   exigências   do  mercado,   o  Cinema  Novo  terminou  no  final  da  década  de  1970,  período  que,  marcou  o  auge  das  potencialidades  comerciais  do  cinema  feito  no  Brasil.  c)   Como   não   pôde   satisfazer   plenamente   as   exigências   do   mercado,   o   Cinema  Novo   acabou   em   fins   da   década   de   1970,   período   em   que   as   potencialidades  comerciais  do  cinema  feito  no  Brasil  atingiram  o  seu  apogeu.  d)  O  Cinema  Novo,   incapaz  de   satisfazer  plenamente   as   exigências  do  mercado  não   resistiu   e   terminou   no   final   da   década   de   1970,   onde   as   potencialidades  comerciais  do  cinema  feito  no  Brasil  atingiria  o  seu  apogeu.  e)  O  cinema  feito  no  Brasil,  atinge  o  seu  potencial  comercial  máximo  no  final  da  década   de   1970,   quando,   não   podendo   satisfazer   plenamente   as   exigências   do  mercado  terminava  o  Cinema  Novo.      

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6.  (FCC/TRT12/Analista  Jud./2013)    

Maquinomem    

O  homem  esposou  a  máquina      e  gerou  um  híbrido  estranho:      um  cronômetro  no  peito      e  um  dínamo  no  crânio.      

As  hemácias  de  seu  sangue      são  redondos  algarismos.      

 Crescem  cactos  estatísticos      em  seus  abstratos  jardins.      

 Exato  planejamento,      

a  vida  do  maquinomem.      

 Trepidam  as  engrenagens      no  esforço  das  realizações.      

 Em  seu  íntimo  ignorado,      

há  uma  estranha  prisioneira,      cujos  gritos  estremecem      a  metálica  estrutura;      há  reflexos  flamejantes      de  uma  luz  imponderável      que  perturbam  a  frieza      

do  blindado  maquinomem.      Helena  Kolody  

   Considerando-­‐se  o  contexto,  traduz-­‐se  adequadamente  o  sentido  de  um  segmento  em:      a)  Trepidam  as  engrenagens  =  Ajustam-­‐se  as  peças  b)  luz  imponderável  =  chama  impetuosa  c)  um  híbrido  estranho  =  um  mestiço  inolvidável  d)  perturbam  a  frieza  =  abalam  a  impassibilidade  e)  reflexos  flamejantes  =  imagens  enérgicas    7.  (FCC/INFRAERO/Técnico  em  Contabilidade/2009)  Toda  profissão  lida  com  relações  entre  pessoas.        As  emoções  podem  trazer  alternativas  para  a  solução  de  problemas.        Problemas  surgem  no  trabalho.        Profissionais  devem  mostrar  suas  emoções.          As  frases  acima  estão  organizadas  em  um  único  período,  com  correção,  clareza  e  lógica,  em:    a)  As  emoções  trazem  alternativas  para  a  solução  de  problemas  quando  surgem  no  trabalho,  de  que  os  profissionais  devem  mostrar  suas  emoções,  porque  toda  profissão  lida  com  relações  entre  pessoas.  b)  Para  os  problemas  surgidos  no  trabalho,  os  profissionais  devem  mostrar  suas  emoções  em  que   toda   profissão   lida   com   relações   entre   pessoas,   podendo   trazer   alternativas   para   a  solução  de  problemas.  c)  Como  toda  profissão  lida  com  relações  entre  pessoas,  os  profissionais  devem  mostrar  suas  emoções,   pois   elas   podem   trazer   alternativas   para   a   solução   de   problemas   que   surgem   no  trabalho.  d)  Quando  problemas  surgem  no  trabalho,  os  profissionais  devem  mostrar  suas  emoções  na  relação  profissional  entre  pessoas,  onde  as  emoções  podem  trazer  alternativas  para  a  solução  desses  problemas.  e)  Os  profissionais  devem  mostrar   suas  emoções,  por  que   toda  profissão,   lida   com  relações  entre  pessoas  e  elas  trazem  alternativas  para  a  solução  de  problemas  surgidos  no  trabalho.    

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8.  (FCC/ALESP/Ag.  Tec.-­‐legislativo/2010)  O  velho  e  divertido  Barão  de  Itararé  já  reivindicava  (...):  "Restaure-­‐se  a  moralidade,  ou  então  nos  locupletemos  todos!".        Transpondo-­‐se  adequadamente  o  trecho  acima  para  o  discurso  indireto,  ele  ficará:  O  velho  e  divertido  Barão  de  Itararé  já  reivindicava  que    a)  ou  bem  se  restaurasse  a  moralidade,  senão  nos  locupletaríamos  todos.  b)  fosse  restaurada  a  moralidade,  ou  então  que  nos  locupletássemos  todos.  c)  seja  restaurada  a  moralidade,  ou  todos  nos  locupletávamos.  d)  seria  restaurada  a  moralidade,  caso  contrário  nos  locupletássemos.  e)  a  moralidade  seja  restaurada,  quando  não  venhamos  a  nos  locupletar.    9.  (FCC/INFRAERO/Técnico  em  Contabilidade/2009)  Ou   porque   não   lho   permitem    os   que   efetivamente   governam,   as   empresas   multinacionais   e    pluricontinentais   cujo   poder,   absolutamente   não   democrático,    reduziu   a   uma   casca   sem  conteúdo  o  que  ainda  restava  de  ideal    de  democracia.  (3o  parágrafo)          O  segmento  grifado  acima  denota,  no  contexto,      a)  desejo  a  ser  realizado.  b)  constatação  baseada  em  dados.  c)  opinião  pessoal.  d)  hipótese  a  ser  comprovada.  e)  argumento  dispensável.    10.  (FCC/TRE-­‐RN/Técnico  Judiciário/2010)    Rio  Grande  do  Norte:  a  esquina  do  continente        Os  portugueses  tentaram  iniciar  a  colonização  em  1535,  mas  os  índios  potiguares  resistiram  e  os  franceses    invadiram.  A  ocupação  portuguesa  só  se  efetivou  no  final  do  século,  com  a  fundação  do  Forte  dos  Reis  Magos  e  da  Vila    de  Natal.  O  clima  pouco  favorável  ao  cultivo  da  cana  levou  a  atividade   econômica   para   a   pecuária.   O   Estado   tornou-­‐se    centro   de   criação   de   gado   para  abastecer  os  Estados  vizinhos  e  começou  a  ganhar  importância  a  extração  do  sal  –  hoje,    o  Rio  Grande  do  Norte  responde  por  95%  de  todo  o  sal  extraído  no  país.  O  petróleo  é  outra  fonte  de  recursos:   é   o   maior    produtor   nacional   de   petróleo   em   terra   e   o   segundo   no   mar.   Os   410  quilômetros   de   praias   garantem   um   lugar   especial    para   o   turismo   na   economia   estadual.    O  litoral   oriental   compõe   o   Polo   Costa   das   Dunas   -­‐   com   belas   praias,   falésias,   dunas   e   o  maior  cajueiro   do   mun-­‐  do   –,   do   qual   faz   parte   a   capital,   Natal.   O   Polo   Costa   Branca,   no   oeste   do  Estado,   é   caracterizado   pelo   contraste:   de   um    ado,   a   caatinga;   do   outro,   o  mar,   com   dunas,  falésias   e   quilômetros   de   praias   praticamente   desertas.   A   região   é   grande    produtora   de   sal,  petróleo   e   frutas;   abriga   sítios   arqueológicos   e   até   um   vulcão   extinto,   o   Pico   do   Cabugi,   em  Angicos.    Mossoró  é  a  segunda  cidade  mais   importante.  Além  da  rica  história,  é  conhecida  por  suas  águas  termais,  pelo    artesanato  reunido  no  mercado  São  João  e  pelas  salinas.    Caicó,  Currais  Novos   e   Açari   compõem   o   chamado   Polo   do   Seridó,   dominado   pela   caatinga   e   com   sítios    arqueológicos   importantes,   serras   majestosas   e   cavernas   misteriosas.   Em   Caicó   há   vários  açudes   e   formações   rochosas    naturais   que   desafiam   a   imaginação   do   homem.   O   turismo   de  aventura   encontra   seu   espaço   no   Polo   Serrano,   cujo   clima    ameno   e   geografia   formada   por  montanhas   e   grutas   atraem   os   adeptos   do   ecoturismo.    Outro   polo   atraente   é   Agreste/Trairi,  com   sua   sucessão   de   serras,   rochas   e   lajedos   nos   13  municípios   que    compõem   a   região.   Em  Santa  Cruz,  a  subida  ao  Monte  Carmelo  desvenda  toda  a  beleza  do  sertão  potiguar  –  em  breve,    o  local  vai  abrigar  um  complexo  voltado  principalmente  para  o  turismo  religioso.  A  vaquejada  e  o  

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Arraiá   do   Lampião   são    as   grandes   atrações   de   Tangará,   que   oferece   ainda   um   belíssimo  panorama  no  Açude  do  Trairi.        (Nordeste.  30/10/2010,  Encarte  no  jornal  O  Estado  de  S.  Paulo).        O  texto  se  estrutura  notadamente  a)  sob  forma  narrativa,  de  início,  e  descritiva,  a  seguir,  visando  a  despertar  interesse  turístico  para  as  atrações  que  o  Estado  oferece.  b)  de  forma  instrucional,  como  orientação  a  eventuais  viajantes  que  se  disponham  a  conhecer  a  região,  apresentando-­‐lhes  uma  ordem  preferencial  de  visitação.  c)   com   o   objetivo   de   esclarecer   alguns   aspectos   cronológicos   do   processo   histórico   de  formação  do  Estado  e  de  suas  bases  econômicas,  desde  a  época  da  colonização.  d)   como   uma   crônica   baseada   em   aspectos   históricos,   em   que   se   apresentam   tópicos   que  salientam  as  formações  geográficas  do  Estado.  e)  de  maneira  dissertativa,  em  que  se  discutem  as  várias  divisões  regionais  do  Estado  com  a  finalidade  de  comprovar  qual  delas  se  apresenta  como  a  mais  bela.    GABARITO    1.  A   2.  A   3.  E   4.  A   5.  C   6.  D   7.C   8.B   9.C   10.  A    

                                                               

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REFERÊNCIAS    

CEGALLA,   Domingos   Paschoal.   Novíssima   gramática   da   língua   portuguesa.   48   ed.   rev.   São  Paulo:  Companhia  Editora  Nacional,  2008.  693  .    EMEDIATO,  Wander.  A   fórmula   do   texto:   redação,   argumentação   e   leitura.    5   ed.   São  Paulo:  Geração  editorial,  2010.