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Elaboração: Prof. João Paulo Valle Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização prévia por escrito
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Interpretação de textos
Índice Parte I – Elementos da comunicação e funções da linguagem ................................................... 2
Parte II -‐ Padrões de linguagem e variação linguística ................................................................ 6
Parte III -‐ Tipologia textual .................................................................................................................... 9 Parte IV – Intertextualidade ................................................................................................................ 15
Parte V – Estilística ................................................................................................................................. 18 Parte VI -‐ Vícios de linguagem ............................................................................................................ 22
Parte VII – Tipos de discurso ............................................................................................................... 23
Parte VIII -‐ Questões de interpretação de textos .................................................................................. 25
Professor João Paulo Valle
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Parte I – Elementos da comunicação e funções da linguagem 1. Elementos da comunicação O processo comunicativo envolve alguns elementos: • Emissor: quem produz a mensagem; • Receptor: aquele a que a mensagem é destinada; • Referente: elemento do mundo extralinguístico sobre o qual versa a mensagem (objeto, pessoa, fato real, fato fictício etc.);
• Código: meio pelo qual é organizada a mensagem (conjunto de signos: linguagem verbal, seja oral ou escrita, imagens, código morse, gestos etc.);
• Mensagem: conteúdo da comunicação, objeto da comunicação; • Canal: meio pelo qual a mensagem circula. Exemplos: Em uma situação em que Maria descreva, falando em português, para José uma cadeira: • Maria é o emissor; • José é o receptor; • A cadeira é o referente; • A língua portuguesa é o código; • A descrição da cadeira é a mensagem; • As ondas sonoras são o canal. 2. Funções da linguagem As funções da linguagem estão ligadas à intenção do emissor ao produzir um texto. Há seis funções da linguagem, e cada uma delas destaca um dos elementos da comunicação. 2.1. Função emotiva ou expressiva Dá destaque ao emissor. É mais importante o que o emissor pensa ou sente a respeito de um assunto do que o próprio assunto. A mensagem em que predomine a função emotiva da linguagem busca expressar, então, a opinião do emissor, e o faz por meio de algumas estratégias: • Uso de 1ª pessoa nas formas verbais e pronominais; • Uso de adjetivos e certos advérbios que permitam a expressão de opiniões; • Uso de interjeições; • Uso de exclamações e reticências; • Julgamentos subjetivos. Exemplo:
(Fumarc -‐ BDMG -‐ superior -‐ 2011) Fico impressionada com os comentários maldosos contra o cartunista João Montanaro. Ao ver a charge, não a li como uma sátira. Meus olhos apenas a receberam como uma realidade. Quem imaginaria que a xilogravura do artista Hokusai serviria de base para reforçar uma tragédia que ocorreu no Japão? Que me conste, estamos no ano 2011 e a liberdade de expressão é direito de qualquer ser humano. João Montanaro apenas retratou o que acontece hoje no mundo em
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que vivemos, e nós, habitantes deste planeta, somos os responsáveis pelas tragédias que ocorrem e ocorrerão.
(Maria Rita Marinho, gerente da Secretaria Geral de Fundação Bienal, São Paulo, SP)
2.2. Função apelativa ou conativa Dá destaque ao receptor. A mensagem tem a intenção de influenciar a esfera de ação do receptor, persuadi-‐lo a agir de determinada maneira ou chamar a atenção dele para algo. São recursos utilizados para tanto:
• Uso da 2a pessoa do discurso (tu/vós/você/vocês); • Uso de imperativo ou formas verbais equivalentes; • Criação da ideia de que determinada ação resultaria em um benefício, ainda que abstrato ou “espiritual” (como ocorre em campanhas publicitárias).
2.3. Função informativa ou referencial Destaca o referente. Um texto em que haja a predominância da função referencial tem a intenção de transmitir a informação de maneira mais neutra, como ocorre em livros didáticos e notícias de jornal. São características desse tipo de mensagem: • Uso, no geral, da 3a pessoa; • Linguagem objetiva e precisa; • Neutralidade do emissor; • Conteúdo informativo. Exemplo:
(Consulplan -‐ DMAE -‐ Porto Alegre -‐ 2011) A Organização das Nações Unidas (ONU), através de uma publicação no ano de 2010, avaliou, após
dez anos da Declaração do Milênio, os avanços da América Latina e do Caribe com relação aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. No documento oficial, Porto Alegre é citada como exemplo de capital que, com planejamento e participação social, vai conseguir ultrapassar as metas propostas para 2015.
A publicação intitulada Objetivos do Desenvolvimento do Milênio – Avanços na Sustentabilidade Ambiental do Desenvolvimento na América Latina e no Caribe, desenvolvida pela Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), tem como principal objetivo apresentar os avanços realizados e os desafios que a América Latina e o Caribe enfrentam para atender às metas do sétimo objetivo (reduzir pela metade, até 2015, a proporção de pessoas sem acesso sustentável à água potável e saneamento básico), além de fornecer ferramentas para orientar políticas e ações para garantir o desenvolvimento ambientalmente sustentável.
Um gráfico publicado no documento mostra o planejamento do Departamento Municipal de Água e Esgotos, que tem como meta alcançar a universalização dos serviços em 2030, com o tratamento de esgotos chegando a 83% em 2014.
(Revista Ecos nº. 31, ano 17, setembro 2011, com adaptações)
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2.4. Função metalinguística Enfatiza o código ou a própria linguagem de modo geral. Metalinguagem signific “linguagem sobre a linguagem”. Está presente em dicionários, gramáticas, filmes que falem sobre filmes, programas de TV que falem sobre televisão (como o Videoshow, da Rede Globo), entre outros. Veja este exemplo de poema que versa sobre o trabalho de um poeta (nele, convivem as funções poética e metalinguística):
(…) Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.
Imito-‐o. E, pois, nem de Carrara A pedra firo:
O alvo cristal, a pedra rara, O ônix prefiro.
Por isso, corre, por servir-‐me,
Sobre o papel A pena, como em prata firme
Corre o cinzel.
Corre; desenha, enfeita a imagem, A ideia veste:
Cinge-‐lhe ao corpo a ampla roupagem Azul-‐celeste.
Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim, No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim. (…)
(Trecho de Profissão de fé, de Olavo Bilac)
Outro exemplo de texto metalinguístico: Definição de “idioma” retirada do dicionário Houaiss on-‐line Acepções ■ substantivo masculino 1 a língua própria de um povo, de uma nação, com o léxico e as formas gramaticais e fonológicas que lhe são peculiares Ex.: o belo i. dos filósofos gregos 2 Derivação: por extensão de sentido. Estilo ou forma de expressão artística que caracteriza um indivíduo, um período, um movimento etc. ou que é próprio de um domínio específico das artes Ex.: o i. dos impressionistas, da música, da pintura 3 Uso: sentido absoluto. Para os falantes de uma língua nacional, sua própria língua; vernáculo Ex.: lutar pela pureza do i.
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2.5. Função poética Enfatiza a mensagem. A forma é mais importante do que o conteúdo. É uma função muito presente em poesias, mas não é exclusiva delas. Textos em prosa também podem contar com a função poética, como fica claro em contos, novelas e romances. São recursos utilizados em textos em que predomina a função poética da linguagem: • Seleção do léxico (vocabulário); • Uso de metáforas e outras figuras de linguagem; • Formatação/diagramação especial (preocupação com a disposição do texto no papel); • Rimas e outras estratégias para conferir sonoridade e ritmo aos textos. Exemplo:
Serenata sintética (Cassino Ricardo)
Rua torta.
Lua morta.
Tua porta.
2.6. Função fática ou de contato Dá destaque ao canal ou suporte. A intenção do emissor aqui é estabelecer a comunicação com o receptor. É testar a eficácia do canal. Incluem-‐se aqui expressões próprias da comunicação oral, como alô, né? e cumprimentos, bem como títulos, subtítulos, olho da entrevista, manchetes de jornal etc.
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Parte II -‐ Padrões de linguagem e variação linguística 1. Linguagem formal e informal Há dois padrões de linguagem: o formal e o informal. O formal, mais ligado à língua escrita, porém não exclusivo dela, predomina quando há uma preocupação, devido à situação comunicativa, com o respeito das normas da gramática tradicional. O informal, que prevalece na língua falada, encontra espaço em situações comunicativas em que não é necessária a preocupação excessiva com as prescrições da gramática, como uma conversa entre amigos ou em família. O texto se aproximará mais do padrão formal ou do informal de acordo com as escolhas do falante. Configuram exemplos de uso informal da língua: Isso é pra você aprender! (no lugar de para) A gente vai sair mais cedo. (no lugar de nós) Você vai comparecer na reunião? (no lugar de a, exigida pela regência de “comparecer”) Me ajuda, por favor? (no lugar de ajuda-‐me) A água está geladinha. (no lugar de bem gelada) Ele faz tudo pelos cocos. (no lugar de sem o devido cuidado) 2. Variação linguística A língua não se limita ao seu registro formal. A norma-‐padrão, na verdade, é uma das variantes linguísticas existentes -‐ a que goza de mais prestígio, certamente. O domínio da norma culta é, no geral, associado às classes mais influentes da sociedade, que, em tese, tiveram acesso à educação formal. O domínio do português padrão, então, reflete a ocupação de uma posição mais alta na “hierarquia” social. Mas, independentemente do inegável prestígio de que desfruta a norma-‐padrão, não se pode negar que a língua portuguesa seja formada por muito mais do que apenas o conjunto de regras gramaticais que constitui a “norma culta”. Podemos agrupar as variantes linguísticas de acordo com a sua motivação: • Variações históricas A língua sofre alterações ao longo do tempo. Palavras sofrem alterações em sua grafia (p. ex. pharmácia virou farmácia) ou deixam de ser usadas e expressões são substituídas. Palavras como cousa e dous já existiram, mas hoje são escritos como coisa e dois. Neste trecho de autoria de Carlos Drummond de Andrade a variação histórica está bem representada: “Antigamente, as moças chamavam-‐se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-‐lhes pé-‐de-‐alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio."
• Variações regionais ou geográficas São usos da linguagem próprios de uma determinada região, que podem se manifestar no vocabulário, na prosódia (forma de pronúncia) e nas construções sintáticas. Um exemplo clássico de variação regional é o chamado R retroflexo (aquele cuja pronúncia se parece com a do inglês, como em star). No vocabulário, podemos comparar a diferença entre algumas palavras no português do Brasil e no de Portugal:
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Brasil Portugal
Celular Telemóvel
Sanduíche Sandes
Ônibus Autocarro
Carteira de identidade
Bilhete de identidade
Fila Bicha
Faixa de pedestres Passadeira
• Variações sociais ou culturais São variações ligadas a fatores sociais, como formação acadêmica, condição financeira, área de atuação profissional ou de grupos sociais como rappers, surfistas, funkeiros etc. Neste grupo de variações incluem-‐se as gírias e os jargões profissionais. Exemplos de gírias: Aff ou afe (que saco!), bagulho (maconha), bolado (chateado, preocupado), pagar mico (passar vergonha) etc. Entre os jargões, estão aqueles de uso dos profissionais do direito (“juridiquês”) e da economia (“economês”). • Atenção Como cada indivíduo faz uso próprio da linguagem, existe também a variação idiossincrática da linguagem. Ela diz respeito às particularidades individuais no uso do idioma, como a aplicação de metáforas ou a existência de cacoetes e vícios. 3. Significação das palavras As palavras e expressões podem apresentar: Sentido denotativo: é o sentido literal, próprio da palavra ou expressão, o significado que ela possui fora de um contexto específico. Sentido conotativo: é o significado que uma palavra ou expressão pode assumir dependendo do uso que se faz dela. No geral, quando as provas perguntam se a palavra foi utilizada na acepção conotativa, querem que o candidato observe se há algo que a tire de sua significação normal, “do dicionário”. Veja um exemplo: Passamos horas destrinchando aquele texto. A palavra em destaque foi utilizada no sentido conotativo, pois destrinchar, de fato, significa “separar as fibras” de algo, como de um tecido. No exemplo, foi usado no sentido de “observação minuciosa, análise cuidadosa”.
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Outro exemplo de linguagem conotativa: Esperei durante horas até ser atendido! Tomei um verdadeiro chá de cadeira! 4. Polissemia ou plurissignificação A polissemia ocorre quando uma só palavra apresenta mais de um possível significado, que varia de acordo com o uso. Para que haja polissemia, todos os significados devem se relacionar de algum modo. Veja exemplos: Gostei do verde da sua mochila. Em tempos de preservação ambiental, é preciso pensar verde. Joguei verde para colher maduro, mas não obtive informação alguma. Nos três casos acima, foi utilizada a palavra “verde”. No primeiro, o sentido é denotativo: a cor verde. No segundo, relaciona-‐se ao verde das matas e adquire o sentido de “pensar ecologicamente” foi usada no sentido conotativo). No terceiro, também conotativo, relaciona-‐se à cor dos frutos quando ainda não amadureceram.
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Parte III -‐ Tipologia textual 1. O que significa “texto”? “Texto” é uma unidade significativa, um conjunto de elementos estruturado de maneira a permitir a comunicação entre quem o produz e o seu destinatário. Daí podemos concluir que o texto não é necessariamente formado por palavras (escritas ou faladas) e que nem todo conjunto de palavras constitui um texto. Fotografias, esculturas e desenhos, por exemplo, são considerados “texto”, assim como cartas, artigos acadêmicos, crônicas, contos etc. Todavia, um conjunto de palavras somente será um texto caso se preste à transmissão de uma mensagem, ao estabelecimento de uma comunicação. Um texto, então, pode ser composto por diversos signos diferentes. Signos são as unidades representativas que utilizamos para transmitir nossas mensagens. Ou seja, os signos representam aquilo que queremos dizer. São exemplos de signos: letras, imagens, sons, gestos, códigos etc. 2. Tipologias textuais O tipo (ou tipologia) textual, que é escolhido pelo autor de acordo com a sua intenção comunicativa, corresponde à forma de organização do discurso, sempre motivada pelo objetivo do emissor. São, basicamente, três as tipologias textuais: descrição, narração e dissertação. 2.1. Descrição O texto descritivo tem como intenção central criar uma “retrato” do seu objeto, que pode ser uma pessoa, um animal, um objeto, um lugar etc. Pode-‐se dizer que o texto descritivo é uma fotografia feita por meio de palavras. É possível que um texto seja totalmente descritivo, mas, no geral, textos de outras tipologias, especialmente os narrativos, possuem trechos descritivos. Veja um exemplo: Calisto Elói, naquele tempo, orçava por quarenta e quatro anos. Não era desajeitado de sua pessoa. Tinha poucas carnes e compleição, como dizem, afidalgada. A sensível e dissimétrica saliência do abdómen devia-‐se ao uso destemperado da carne de porcos e outros alimentos intumescentes. Pés e mãos justificavam a raça que as gerações vieram adelgaçando de carnes. Tinha o nariz algum tanto estragado das invasões do rapé e torceduras do lenço de algodão vermelho. A dilatação das ventas e o escarlate das cartilagens não eram assim mesmo coisa de repulsão.
(Camilo Castelo Branco. A queda dum anjo)
2.2. Narração O texto narrativo é aquele que conta uma história. Apresenta os seguintes elementos: • Narrador: entidade que conta a história contida em uma narrativa. Há os seguintes focos narrativos: • 1ª pessoa (narrador-‐personagem): o narrador participa da história e narra acontecimentos que vivência (uso de “eu” e “nós”);
• 3a pessoa: neste caso, o narrador pode ser
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• Observador: o narrador tem um grau de conhecimentos das personagens e de suas histórias mais limitado.
• Onisciente: o narrador conhece tudo o que se relaciona à história e às personagens, como os pensamentos destas.
• Tempo • Personagens • Espaço • Enredo: formado pela atuação das personagens, que se prolonga no tempo, em determinados espaços e contada pelo narrador.
Exemplos de textos narrativos:
Tudo bem filho, todo mundo faz isso
(Cespe -‐ SAD/PE -‐ Especialista em TI -‐ 2010)
Johnny tinha seis anos de idade e estava em companhia do pai quando este foi flagrado ao dirigir em excesso de velocidade. O pai entregou ao guarda, junto à sua carteira de motorista, uma nota de vinte dólares. “Está tudo bem, filho”, disse ele quando voltaram à estrada. “Todo mundo faz isso!”
Quando Johnny tinha oito anos, deixaram que assistisse a uma reunião de família, dirigida pelo tio George, a respeito das maneiras mais seguras de sonegar o imposto de renda. “Está tudo bem, garoto”, disse o tio. “Todo mundo faz isso!”
Aos nove anos, a mãe levou-‐o, pela primeira vez, ao teatro. O bilheteiro não conseguia arranjar lugares até que a mãe de Johnny lhe deu, por fora, cinco dólares. “Tudo bem, filho”, disse ela. “Todo mundo faz isso!”
Aos dezesseis anos, Johnny arranjou seu primeiro emprego. Nas férias de verão, trabalhou em um supermercado. Seu trabalho: pôr os morangos maduros demais no fundo das caixas e os bons em cima, para ludibriar o freguês. “Tudo bem, garoto”, disse o gerente. “Todo mundo faz isso!”
Quando Johnny tinha 19 anos, um dos colegas mais adiantados lhe ofereceu, por cinquenta dólares, as questões que iam cair na prova. “ Tudo bem garoto”, disse ele. “Todo mundo faz isso!”
Flagrado colando, Johnny foi expulso da sala e voltou para casa com o rabo entre as pernas. “Como você pôde fazer isso com sua mãe e comigo?”, disse o pai. “Você nunca aprendeu estas coisas em casa!”. Se há uma coisa que o mundo adulto não pode tolerar é um garoto que cola nos exames...
Kenneth Blanchard e Norman Vincent Peale. O poder da administração ética. Rio de Janeiro: Record, 1988 (com adaptações).
O coveiro
Ele foi cavando, cavando, cavando, pois sua profissão -‐ coveiro -‐ era cavar. Mas, de repente, na distração do ofício que amava, percebeu que cavara demais. Tentou sair da cova e não conseguiu. Levantou o olhar para cima e viu que sozinho não conseguiria sair. Gritou. Ninguém atendeu. Gritou mais forte. Ninguém veio. Enrouqueceu de gritar, cansou de esbravejar, desistiu com a noite. Sentou-‐se no fundo da cova, desesperado. A noite chegou, subiu, fez-‐se o silêncio das horas tardias. Bateu o frio da madrugada e, na noite escura, não se ouviu um som humano, embora o cemitério estivesse cheio de pipilos e coaxares naturais dos matos. Só pouco depois da meia-‐noite é que vieram uns passos. Deitado no fundo da cova o coveiro gritou. Os passos se aproximaram. Uma cabeça ébria apareceu lá em cima, perguntou o que havia: O que é que há? O coveiro então gritou, desesperado: Tire-‐me daqui, por favor. Estou com um frio terrível!
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Mas, coitado! -‐ condoeu-‐se o bêbado -‐ Tem toda razão de estar com frio. Alguém tirou a terra de cima de você, meu pobre mortinho! E, pegando a pá, encheu-‐a e pôs-‐se a cobri-‐lo cuidadosamente.
(Millôr Fernandes)
“Uma noite dessas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei no trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-‐me, sentou-‐se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-‐me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que como estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.”
(Machado de Assis. Dom Casmurro)
Exemplo de texto misto: narrativo e descritivo:
Rio Grande do Norte: a esquina do continente (FCC -‐ TRT/RN -‐ Técnico -‐ 2011)
Os portugueses tentaram iniciar a colonização em 1535, mas os índios potiguares resistiram e os franceses invadiram. A ocupação portuguesa só se efetivou no final do século, com a fundação do Forte dos Reis Magos e da Vila de Natal. O clima pouco favorável ao cultivo da cana levou a atividade econômica para a pecuária. O Estado tornou-‐se centro de criação de gado para abastecer os Estados vizinhos e começou a ganhar importância a extração do sal – hoje, o Rio Grande do Norte responde por 95% de todo o sal extraído no país. O petróleo é outra fonte de recursos: é o maior produtor nacional de petróleo em terra e o segundo no mar. Os 410 quilômetros de praias garantem um lugar especial para o turismo na economia estadual. [O parágrafo acima é predominantemente narrativo – apresenta encadeamento de fatos. Os parágrafos seguintes, pertencentes aos mesmo texto, são primordialmente descritivos – visam a transmitir imagens ao leitor.] O litoral oriental compõe o Polo Costa das Dunas -‐ com belas praias, falésias, dunas e o maior cajueiro do mundo –, do qual faz parte a capital, Natal. O Polo Costa Branca, no oeste do Estado, é caracterizado pelo contraste: de um lado, a caatinga; do outro, o mar, com dunas, falésias e quilômetros de praias praticamente desertas. A região é grande produtora de sal, petróleo e frutas; abriga sítios arqueológicos e até um vulcão extinto, o Pico do Cabugi, em Angicos. Mossoró é a segunda cidade mais importante. Além da rica história, é conhecida por suas águas termais, pelo artesanato reunido no mercado São João e pelas salinas. Caicó, Currais Novos e Açari compõem o chamado Polo do Seridó, dominado pela caatinga e com sítios arqueológicos importantes, serras majestosas e cavernas misteriosas. Em Caicó há vários açudes e formações rochosas naturais que desafiam a imaginação do homem. O turismo de aventura encontra seu espaço no Polo Serrano, cujo clima ameno e geografia formada por montanhas e grutas atraem os adeptos do ecoturismo. Outro polo atraente é Agreste/Trairi, com sua sucessão de serras, rochas e lajedos nos 13 municípios que compõem a região. Em Santa Cruz, a subida ao Monte Carmelo desvenda toda a beleza do sertão potiguar – em breve, o local vai abrigar um complexo voltado principalmente para o turismo religioso. A vaquejada e o Arraiá do Lampião são as grandes atrações de Tangará, que oferece ainda um belíssimo panorama no Açude do Trairi.
(Nordeste. 30/10/2010, Encarte no jornal O Estado de S. Paulo).
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Veja questão referente ao texto acima: (FCC -‐ TRT/RN -‐ Técnico -‐ 2011) O texto se estrutura notadamente a) sob forma narrativa, de início, e descritiva, a seguir, visando a despertar interesse turístico para as atrações que o Estado oferece. b) de forma instrucional, como orientação a eventuais viajantes que se disponham a conhecer a região, apresentando-‐lhes uma ordem preferencial de visitação. c) com o objetivo de esclarecer alguns aspectos cronológicos do processo histórico de formação do Estado e de suas bases econômicas, desde a época da colonização. d) como uma crônica baseada em aspectos históricos, em que se apresentam tópicos que salientam as formações geográficas do Estado. e) de maneira dissertativa, em que se discutem as várias divisões regionais do Estado com a finalidade de comprovar qual delas se apresenta como a mais bela RESPOSTA: letra A 2.3. Dissertação O texto dissertativo visa a expor ideias, criar uma tese e defendê-‐la com argumentos. A dissertação caracteriza-‐se por apresentar linguagem clara e objetiva, com predominância do uso da norma-‐padrão. A dissertação pode ser expositiva ou argumentativa. Dissertação expositiva Tem a intenção de conceituar ou de explicar algo. Dissertação argumentativa Apresenta uma tese e argumentos para defendê-‐la. Tem a intenção de convencer o leitor de que a tese é plausível. Um texto dissertativo pode ser expositivo-‐argumentativo, como se vê pelo exemplo abaixo:
Da memória e da reminiscência (Cespe -‐ Correios -‐ Analista -‐ 2011)
A fenomenologia da memória aqui proposta estrutura-‐se em torno de duas perguntas: De que há lembrança? De quem é a memória? Essas duas perguntas são formuladas dentro do espírito da fenomenologia husserliana. Privilegiou-‐se, nessa herança, a indagação colocada sob o adágio bem conhecido segundo o qual toda consciência é consciência de alguma coisa.1 Essa abordagem “objetal” levanta um problema específico no plano da memória. Não seria ela fundamentalmente reflexiva, como nos inclina a pensar a prevalência da forma pronominal: lembrar-‐se de alguma coisa é, de imediato, lembrar-‐se de si? Entretanto, insistimos em 1 Até esse ponto o texto é eminentemente expositivo. Perceba que ele apresenta informações sem estabelecer ponto de vista em relação a elas. A partir de então, surgem posições: a primeira alerta para um “problema” gerado pela “abordagem objetal” da fenomenologia da memória. Mais adiante, outro ponto de vista: o autor culpa “a primazia concedida à questão ‘quem?’” por um efeito negativo na análise dos fenômenos mnemônicos.
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colocar a pergunta “o quê?” antes da pergunta “quem?”, a despeito da tradição filosófica, cuja tendência foi fazer prevalecer o lado egológico da experiência mnemônica. A primazia concedida por muito tempo à questão “quem?” teve o efeito negativo de conduzir a análise dos fenômenos mnemônicos a um impasse, uma vez que foi necessário levar em conta a noção de memória coletiva. Se nos apressarmos a dizer que o sujeito da memória é o eu, na primeira pessoa do singular, a noção de memória coletiva poderá apenas desempenhar o papel analógico, ou até mesmo de corpo estranho na fenomenologia da memória. Se não quisermos nos deixar confinar numa aporia inútil, será preciso manter em suspenso a questão da atribuição a alguém e, portanto, a todas as pessoas gramaticais do ato de lembrar-‐se, e começar pela pergunta “o quê?”. Paul Ricouer. A memória, a história, o esquecimento. Campinas: Editora da Unicamp, 2007, p. 23 (com adaptações). O texto abaixo é dissertativo. Predomina a natureza expositiva, mas há sequências argumentativas:
O jeitinho (FGV -‐ BADESC -‐ Analista -‐ 2010)
O jeitinho não se relaciona com um sentimento revolucionário, pois aqui não há o ânimo de se mudar o status quo. O que se busca é obter um rápido favor para si, às escondidas e sem chamar a atenção; por isso, o jeitinho pode ser também definido como "molejo", "jogo de cintura", habilidade de se "dar bem" em uma situação "apertada".
[O parágrafo acima conta com sequências argumentativas. O autor começa, claramente, trazendo uma opinião acerca do que ele considera “jeitinho”. Ele lança mão, aqui, de definições, criadas por si próprio, para estabelecer um “acordo” com o leitor a respeito do tema do texto.]
Em sua obra O Que Faz o Brasil, Brasil?, o antropólogo Roberto DaMatta compara a postura dos norte-‐americanos e a dos brasileiros em relação às leis. Explica que a atitude formalista, respeitadora e zelosa dos norte-‐americanos causa admiração e espanto aos brasileiros, acostumados a violar e a ver violadas as próprias instituições; no entanto, afirma que é ingênuo creditar a postura brasileira apenas à ausência de educação adequada.
O antropólogo prossegue explicando que, diferente das norte-‐americanas, as instituições brasileiras foram desenhadas para coagir e desarticular o indivíduo. A natureza do Estado é naturalmente coercitiva; porém, no caso brasileiro, é inadequada à realidade individual. Um curioso termo – Belíndia – define precisamente esta situação: leis e impostos da Bélgica, realidade social da Índia.
Ora, incapacitado pelas leis, descaracterizado por uma realidade opressora, o brasileiro buscará utilizar recursos que vençam a dureza da formalidade se quiser obter o que muitas vezes será necessário à sua sobrevivência. Diante de uma autoridade, utilizará termos emocionais, tentará descobrir alguma coisa que possuam em comum -‐ um conhecido, uma cidade da qual gostam, a “terrinha” natal onde passaram a infância -‐ e apelará para um discurso emocional, com a certeza de que a autoridade, sendo exercida por um brasileiro, poderá muito bem se sentir tocada por esse discurso. E muitas vezes conseguirá o que precisa.
[O trecho em negrito é argumentativo: busca estabelecer causas que levam o brasileiro a apelar para o “jeitinho”.]
Nos Estados Unidos da América, as leis não admitem permissividade alguma e possuem franca influência na esfera 35 dos costumes e da vida privada. Em termos mais populares, diz-‐ se que, lá, ou “pode” ou “não pode”. No Brasil, descobre-‐se que é possível um “pode-‐e-‐não-‐pode”. É uma contradição simples: acredita-‐
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se que a exceção a ser aberta em nome da cordialidade não constituiria pretexto para outras exceções. Portanto, o jeitinho jamais gera formalidade, e essa jamais sairá ferida após o uso desse atalho.
Ainda de acordo com DaMatta, a informalidade é também exercida por esferas de influência superiores. Quando uma autoridade "maior" vê-‐se coagida por uma "menor", imediatamente ameaça fazer uso de sua influência; dessa forma, buscará dissuadir a autoridade "menor" de aplicar-‐lhe uma sanção.
A fórmula típica de tal atitude está contida no golpe conhecido por "carteirada", que se vale da célebre frase "você sabe com quem está falando?". Num exemplo clássico, um promotor público que vê seu carro sendo multado por uma autoridade de trânsito imediatamente fará uso (no caso, abusivo) de sua autoridade: "Você sabe com quem está falando? Eu sou o promotor público!". No entendimento de Roberto DaMatta, de qualquer forma, um "jeitinho" foi dado.
[Argumento usado acima: exemplificação/ilustração.]
(In: www.wikipedia.org -‐ com adaptações.)
Veja a questão relativa à tipologia do texto acima:
(FGV – BADESC – Tec. De Fomento/2010) Assinale a alternativa que identifique a composição tipológica do texto “Jeitinho”. (A) Descritivo, com sequências narrativas. (B) Expositivo, com sequências argumentativas. (C) Injuntivo, com sequências argumentativas. (D) Narrativo, com sequências descritivas. (E) Argumentativo, com sequências injuntivas. RESPOSTA: letra B
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Parte IV – Intertextualidade A intertextualidade é uma estratégia de produção textual baseada em uma espécie de diálogo entre textos: um primeiro, anterior, que serve de base para a produção de um segundo, considerado intertextual. Esse procedimento é muito explorado em provas de concursos. Os dois principais procedimentos de intertextualidade são a paráfrase e a paródia. 3.1. Paráfrase Muitas vezes definida como “reescrever um texto, mantendo o sentido, mas com palavras diferentes”, a paráfrase implica a produção de um novo texto com a manutenção da intenção presente no texto-‐base. A letra do Hino Nacional Brasileiro, escrita por Joaquim Osório Duque Estrada, é uma paráfrase da Canção do Exílio, de Gonçalves Dias. Texto-‐base (Canção do exílio)
Canção do exílio Gonçalves Dias
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.
(...)
Texto intertextual (Hino Nacional)
(…) Deitado eternamente em berço esplêndido, Ao som do mar e à luz do céu profundo, Fulguras, ó Brasil, florão da América, Iluminado ao sol do Novo Mundo! Do que a terra, mais garrida,
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; "Nossos bosques têm mais vida",
"Nossa vida" no teu seio "mais amores." (…)
A paráfrase também pode ocorrer por procedimentos bem simples, como a a troca de conectores por outros equivalentes ou a substituição de vocábulos por outros que mantenham o mesmo sentido:
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1. Saímos de casa para ir ao cinema, mas desistimos da ideia, pois só havia filmes ruins em cartaz.
2. Saímos de casa para ir ao cinema, entretanto, desistimos da ideia, porque só havia filmes ruins em cartaz.
1. O professor se atrasou por causa do engarrafamento. 2. Como houve um engarrafamento, o professor não conseguiu chegar a tempo para a aula. 3.2. Paródia A paródia, assim como a paráfrase, acontece quando um texto retoma outro já existente. A diferença é a seguinte: neste caso, o novo texto rompe com a intenção e com o sentido do texto original. A charge abaixo é uma paródia do conto de fadas Branca de Neve. (Fumarc -‐ TJ/MG -‐ superior -‐ 2012)
Fonte: http://ver.blog.br/tag/ficha-‐limpa Abaixo, outro exemplo de paródia: Millôr Fernandes a escreveu com base na famosa fábula “A cigarra e a formiga”.
A cigarra e a formiga
Cantava a Cigarra Em dós sustenidos
Quando ouviu os gemidos Da Formiga,
Que, bufando e suando, Ali, num atalho,
Com gestos precisos Empurrava o trabalho:
Folhas mortas, insetos vivos. Ao ver a Cigarra Assim, festiva,
A Formiga perdeu a esportiva: "Canta, canta, salafrária,
E não cuida da espiral inflacionária! No inverno,
Quando aumentar a recessão maldita, Você, faminta e aflita,
Cansada, suja, humilde, morta, Virá pechinchar à minha porta. E, na hora em que subirem
As tarifas energéticas, Verá que minhas palavras eram proféticas.
Aí, acabado o verão, Lá em cima o preço do feijão, Você apelará pra formiguinha.
Mas eu estarei na minha E não te darei sequer
Uma tragada de fumaça!" Ouvindo a ameaça,
A Cigarra riu, superior, E disse com seu ar provocador:
"Você está por fora, Ultrapassada sofredora.
Hoje eu sou em videocassete Uma reprodutora! Chegado o inverno, Continuarei cantando
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– sem ir lá – No Rio, São Paulo Ou Ceará. Rica!
E você continuará aqui Comendo bolo de titica.
O que você ganha num ano
Eu ganho num instante Cantando a Coca, O sabãozão gigante, O edifício novo E o desodorante.
E posso viver com calma Pois canto só pra multinacionalma".
3.3. Outros procedimentos de intertextualidade A intertextualidade também pode se manifestar: • Por citação, direta ou indireta: A citação é a inserção, em um texto, de texto de autoria de outra pessoa. É direta se for a cópia exata do texto alheio, tal qual como foi proferido, geralmente marcado por aspas; é indireta se for escrita com as palavras do autor no novo texto, mantendo-‐se o conteúdo original. De qualquer modo, é importante que a pessoa que faça uso de uma citação sempre dê crédito ao autor original, do contrário cometerá plágio. Os textos utilizados como exemplo neste material configuram casos de citação. • Por alusão A alusão é a referência mais leve a alguma personagem, real ou fictícia, ou a outro texto que já exista. Pode ser de fácil ou difícil percepção, mas só funcionará se o interlocutor conhecer o elemento objeto da alusão. Neste trecho de Os Lusíadas, Camões fez alusão a Ulisses e Eneias, respectivamente:
“Cessem do sábio Grego e Troiano As navegações grandes que fizeram”
• Por epígrafe Trata-‐se da citação de um texto antes do início de uma obra. A Canção do exílio apresenta, como epígrafe, versos de Goethe:
Canção do exílio (Gonçalves Dias)
“Conheces o país onde florescem as laranjeiras? Ardem na escura fronde os frutos de ouro… Conhecê-‐lo? Para lá, para lá quisera eu ir!”
Goethe
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá. As aves que aqui gorjeiam Não gorjeiam como lá.
(…)
• Traduções, resumos e referências bibliográficas também são procedimentos de intertextualidade.
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Parte V – Estilística 1. Figuras de linguagem As figuras de linguagem são recursos utilizados por quem escreve para tornar a mensagem mais interessante, bela e surpreendente para o leitor. Dividem-‐se em três grupos: 1.1. Figuras de palavras I. Metáfora: é a transposição do sentido de uma palavra do denotativo para o
conotativo. Tal transposição ocorre com base em uma comparação que o indivíduo faz, mentalmente, entre dois elementos.
Jamais resolverei este problema se não encontrar o fio da meada. (O “fio da meada”, no sentido literal, é a ponta que precisamos encontrar para desfazer o novelo de lã. Faz-‐se uma comparação entre essa ponta e a solução do problema, que precisa ser encontrada para a situação se resolver.) Ela é uma flor. A noite é mais agitada no coração da cidade. II. Comparação: trata-‐se, literalmente, da comparação entre dois elementos. Difere-‐se da metáfora porque, neste caso, o elemento comparativo fica explícito (como, tal qual, assim como etc.)
As crianças são como pássaros que acabaram de sair do ninho. O amor pode ser tal qual um terremoto. III. Metonímia: é a substituição de um termo por outro relacionado. Manifesta-‐se de diversas formas. Alguns exemplos:
-‐ O autor pela obra: leio muito Machado de Assis. (= a obra de Machado) -‐ O continente pelo conteúdo: ele comeu o prato todo. (= a comida do prato) -‐ A parte pelo todo: os sem-‐teto protestaram ontem. (teto = casa, abrigo, moradia) -‐ A matéria pelo objeto: todos brindavam e o que se ouvia era o barulho dos cristais batendo uns nos outros. (cristais = copos) IV. Perífrase: forma de designar seres por meio de algo que os deixou conhecidos, que os tornou notáveis. Rei dos animais: leão Homem do Baú: Sílvio Santos Terra da garoa: São Paulo V. Sinestesia: mistura de sentidos (olfato, audição, paladar, visão, tato). Aquela cantora tem a voz muito áspera.
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(voz: audição; áspera: tato) Não me lance esse olhar gelado! (olhar: visão; gelado: tato) 1.2. Figuras de construção I. Elipse: omissão de palavra, expressão ou oração que podem ser subentendidas por causa do contexto.
O Natal foi ótimo; o carnaval, sofrível. (omissão de foi) Minha tia vem visitar em julho, minha avó em dezembro. (omissão de vem visitar) Marquinho, quando menino, aprontava muito. (omissão de era) Eu desejo tenha tudo corrido bem. (omissão de que) Observação: quando se omite, nas orações seguintes, um termo já mencionado na primeira oração, ocorre zeugma. À elipse dos dois primeiros exemplos, então, pode-‐se dar o nome de zeugma. II. Pleonasmo: emprego de redundância (palavras repetidas ou com sentidos repetidos) para aumentar a expressividade de um trecho. Vi com estes olhos que a terra há de comer. Aquele brinquedo, o menino o desejava profundamente. III. Polissíndeto: repetição da conjunção (normalmente, a conjunção e). Nunca recebia visitas. Assim que correu a notícia de que ganhara na loteria, vieram amigos, e parentes, e colegas de trabalho… IV. Inversão (hipérbato): alteração da ordem direta da oração para dar
destaque a um termo. Carros, não compro! No Brasil eles custam tão caro… Inteligente ele é, mas às vezes diz asneiras. V. Anacoluto: rompimento da sequência da frase de modo que um termo fique solto, sem função sintática.
Esses adolescentes de hoje em dia, não se pode dar muita liberdade a eles. Amores não os busco mais. VI. Silepse: é a concordância ideológica. Ocorre quando um termo concorda com
algo que não está escrito, mas está fora do texto (em nossa mente, por isso “ideológica”).
-‐ De gênero: Vossa Excelência me parece muito cansado. -‐ De número: havia uma plateia imensa no teatro, e chamavam pelo artista, que se atrasara.
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-‐ De pessoa: Todos estamos tão tristes com o acontecido! VII. Repetição (reiteração): é a repetição de palavras com a intenção de reforçar uma ideia. Pode sugerir insistência. Nada, nada que eu fazia parecia bastar. VIII. Anáfora: consiste em começar, de maneira idêntica, verso, frase ou período. “Vi uma estrela tão alta, Vi uma estrela tão fria! Vi uma estrela luzindo Na minha vida vazia.” (Manuel Bandeira) 1.3. Figuras de pensamento I. Antítese: aproximação de palavras ou expressões de sentido contrário. Nos altos e baixos da vida, aprendeu muito. No cenário o que sobrou da vida misturava-‐se à morte. II. Paradoxo (oxímoro): uso intencional de um contrassenso, de uma contradição.
E, no silêncio barulhento de seu quarto, ela, atormentada, sofria. III. Gradação: ideias ascendentes (clímax) ou descendentes (anticlímax) em sequência. Um animal, um rato, um verme, um nada! Isso é o que posso dizer daquela pessoa! IV. Hipérbole: exagero intencional para enfatizar uma ideia. Estou atrasado! Vou voando para o trabalho. Chore agora um rio de lágrimas! Arrependa-‐se! Nossa, que bagunça! Há toneladas de papel sobre sua mesa. V. Ironia: forma de dizer o contrário do que se pensa, geralmente com sarcasmo. Nossos políticos são excelentes! (Em um contexto em que se pode entender que os políticos são péssimos) VI. Eufemismo: forma de suavizar uma expressão que se evita na língua. A intenção é tornar a mensagem mais leve, mais fácil de ser recebida. Dizem que ela é mulher de vida fácil. (= prostituta) Há muita violência em alguns aglomerados. (= favelas)
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VII. Personificação (prosopopeia/animização): atribuição, a seres inanimados ou irracionais, de características de seres humanos.
As matas agonizam enquanto as secas lhes tiram toda a vida. 1.4. Figuras de com I. Onomatopeia: imitação de sons por meio de palavras. “Em cima do meu telhado Pirulin lulin lulin Um anjo todo molhado Soluça no seu flautim.” (Mário Quintana) II. Aliteração: repetição de sons consonantais. “Vozes veladas, veludosas vozes, Volúpias dos violões, vozes veladas, Vagam nos velhos vórtices velozes Dos ventos, vivas, vãs vulcanizadas.” (Cruz e Souza) III. Assonância: repetição de sons vocálicos. “Ó formas alvas, brancas, Formas claras.” (Cruz e Souza)
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Parte VI -‐ Vícios de linguagem Os principais vícios de linguagem são: 1. Barbarismo: emprego equivocado de palavras (pronúncia, forma, significado) Intervi, em vez de intervim; cançado, em vez de cansado. 2. Estrangeirismo: uso de termos ou construções próprias de outras línguas. Performance (inglês -‐ anglicismo), no lugar de desempenho; chofer (francês -‐ galicismo), no lugar de motorista. 3. Cacofonia (cacófato): sequência de palavras que criam um som desagradável ou que se unem de modo a formar outro vocábulo de sentido ridículo. Beijou a boca dela; Pagará uma taxa de vinte reais por cada mil reais que sacar. 4. Eco: ocorrência de rimas em textos escritos em prosa: O amor do ator causou-‐lhe dor. 5. Pleonasmo vicioso: não se confunde com a figura de linguagem. Aqui, trata-‐se de uso desnecessário da redundância. Você fará um pagamento quinzenal a cada quinze dias. Aquilo foi uma inovação nunca antes vista! 6. Solecismo: erros relacionados à sintaxe. Onde eles foi? Ele vai tentar lhe convencer a ajudá-‐lo. 7. Ambiguidade: duplo sentido. Nesta parte da cidade, sempre encontram-‐se pessoas de má índole! (pessoas de má índole encontram-‐se umas com as outras ou são encontradas por transeuntes?) 8. Preciosismo: uso de linguagem excessivamente rebuscada, artificial. Geralmente, indica pedantismo.
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Parte VII – Tipos de discurso Há três tipos de discurso: direto, indireto e direto livre. A diferenciação dos tipos de discurso importa mais, em geral, em textos da tipologia narrativa.
• Discurso direto: é a estratégia usada para dar voz às personagens em diálogos ou monólogos. É importante que se reproduza a fala exatamente da forma como a personagem falaria (reprodução fiel). Marca-‐se o discurso direto pelo uso do travessão e das aspas.
Antes que a filha saísse, Maria fez-‐lhe um pedido:
-‐-‐ Chegue cedo hoje, menina! É aniversário de seu pai! -‐-‐ Pode deixar, mamãe! • Discurso indireto: ocorre quando o narrador enuncia a fala da
personagem com suas próprias palavras. Antes que a filha saísse, Maria pediu-‐lhe que chegasse cedo aquele dia, pois era aniversário do pai da menina.
• Discurso indireto livre: ocorre quando o texto, escrito em terceira pessoa, mescla a narração com a fala da personagem como se esta representasse discurso direto, mas sem nenhuma marcação gráfica que a separe da narrativa (há fusão das vozes do narrador e da personagem).
“A mãe, coitada, com a pia cheia de louça, perguntou que história é essa de ser todas as moças que ela pudesse ser, como assim a partir dos nomes que ela mesma escolhesse, que ideia é essa, minha filha. “ (Rezende, Stella Maris. A mocinha do Mercado Central) TRANSPOSIÇÃO DO DISCURSO (DIRETO PARA INDIRETO) A transposição do discurso direto para o indireto costuma ser objeto de algumas questões de prova, a exemplo de diversas já elaboradas pela Fundação Carlos Chagas. Há algumas técnicas que podem auxiliar o candidato nesse tipo de situação. Discurso direto Discurso indireto 1a pessoa 3a pessoa Verbo no presente Verbo no pretérito imperfeito Verbo no pretérito perfeito Verbo no pretérito mais-‐que-‐
perfeito Verbo no futuro do presente Verbo no futuro do pretérito Verbo no imperativo Verbo no subjuntivo Enunciado justaposto Enunciado introduzido por
conjunção (subordinado) Interrogação direta Interrogação indireta Este, esta, isto/ esse, essa, isso Aquela, aquela, aquilo
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Advérbio AQUI Advérbios ALI ou LÁ
Exemplos:
Discurso direto Discurso indireto -‐-‐ Eu não sei o que fazer, disse José. José disse que (ele) não sabia o que
fazer. -‐-‐ Aquele lugar é maravilhoso, sem dúvida!
Falou que aquele lugar era maravilhoso.
-‐-‐ Papai chegou!, disse o rapazinho. O rapazinho disse que o pai dele tinha chegado ( ou chegara).
-‐-‐ Viajarei amanhã, avisou o advogado.
O advogado avisou que viajaria no dia seguinte.
-‐-‐ Ajude-‐me, por favor. Pediu-‐me, por favor, que a ajudasse. -‐-‐ Amanhã vai fazer frio! Falou que faria frio no dia seguinte. -‐-‐ É verdade que o rapaz está preso? Perguntou se era verdade que o rapaz
estava preso. (Frase interrogativa indireta)
-‐-‐ Este livro, eu o ganhei do próprio autor.
Disse que ganhara aquele livro do próprio autor.
-‐-‐ Venha logo e, quando chegar aqui, conversaremos.
Disse-‐me que fosse logo e que, quando eu chegasse lá, conversaríamos.
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Parte VIII -‐ Questões de interpretação de textos FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS 1. (FCC/TRF4/Analista/2010) Para transmitir mensagens, é fundamental que haja uma fonte e um destino, distintos no tempo e no espaço. A fonte é a geradora da mensagem e o destino é o fim para o qual a mensagem se encaminha. Nesse caminho de passagem, o que possibilita à mensagem caminhar é o canal. Na verdade, o que transita pelo canal são sinais físicos, concretos, codificados. (Samira Chalhub) No texto acima, 2. a) resumem-‐se os papéis desempenhados pelos principais componentes de um sistema de comunicação. b) demonstra-‐se como se estabelecem as diferentes funções da linguagem num discurso em prosa. c) afirma-‐se que a verdadeira comunicação ocorre quando o falante tem plena consciência dos procedimentos da fala. d) fica claro que o elemento essencial para qualquer ato de comunicação está no pleno domínio das formas cultas. e) argumenta-‐se que a efetividade da comunicação está condicionada pelo tipo de canal em que se decodificará a mensagem. 2. (FCC/SEFAZ-‐PB/Auditor/2006) Os números do relatório da CPI dedicada originalmente aos Correios são expressivos, dos milhares de páginas de texto e documentos aos mais de cem acusados. É o tempo do espanto. Um oceano nos separa, contudo, do resultado concreto, o das absolvições e o das punições. Os dois momentos do mar imenso entre relatório e resultado estão no julgamento final, cuja tendência é pessimista, a contar de exemplos recentes. Não deveria ser. Não deveria ser pela natureza mesma das comissões parlamentares de inquérito, cujo nome é raramente objeto de meditação até pelos operários do direito. "Comissão", além do significado mercantil (depreciativo, no caso do Parlamento), do dinheiro pago em remuneração de serviço, é também o do grupamento encarregado de realizar tarefa de interesse comum. Interesse comum? Não. De interesses conflituosos pela própria natureza política de seu trabalho, pois o vocábulo "parlamentares" as afirma integradas por componentes de uma das casas do Congresso ou mistas, funcionando segundo seus regimentos internos. (...) "As comissões são úteis ou necessárias?", perguntará o leitor. Sem a menor dúvida e vigorosamente, respondo sim. Há abusos. São lamentáveis, mas inerentes à vida parlamentar, no Brasil e em qualquer país onde haja comissões parlamentares. Se os legisladores devem ser a expressão média de seu povo, fica manifesto que os parlamentos sejam compostos por homens e mulheres de bem, dedicados e honestos, mas também por pilantras, patifes, cachaceiros, delinqüentes e assim por diante. (...) Seria ideal que o
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povo escolhesse melhor seus representantes, dizem as elites, mas sem razão. O povo vota sob influência do poder econômico, após seleção dos favoritos de chefes partidários, para exclusão dos que assumam linha independente da adotada pelas lideranças e assim por diante. Voltando à CPI dos Correios, cabe esclarecer por que há um oceano entre o relatório e o resultado. "Inquérito" é trabalho de apuração. Se bem feito, propicia bom material aos julgadores. Se malfeito, facilita a "pizza", essa maravilhosa invenção atribuída aos italianos em geral, mas que vem do sul da Itália. "Pizza" transformada em cambalacho e tapeação? Não necessariamente. Muitas vezes o defeito da distância entre a apuração e o julgamento está naquela, e não neste, principalmente se for judicial. O mal do julgamento político está em que não considera seu efeito paralelo do desprestígio para o Parlamento como um todo. No caso atual, porém, não se pode negar que já houve resultados apreciáveis. Para o relatório lido nesta semana cabe esperar pela travessia do oceano e torcer para que chegue a bom porto. (W. Ceneviva. Folha de S. Paulo. 01/04/2006, C2) Observando-‐se, no texto, a intenção do autor, verifica-‐se o uso da função da linguagem a) metalingüística, para criar um efeito de ambigüidade e ironia. b) referencial, para informar e criar ambigüidades. c) fática, para criar ironia e transmitir informações. d) poética, para transmitir informações ao leitor, por meio de ambigüidades. e) emotiva, para criar ironia e construir a adesão do leitor. 3. (FCC/TRT12/Analista Jud./2013) Em seu íntimo ignorado, Há uma estranha prisioneira, Cujos gritos estremecem A metálica estrutura […] Uma redação alternativa, em prosa, para os versos acima, em que se mantêm a correção e a lógica, está em: a) Os gritos, de uma estranha prisioneira, fazem estremecerem, em seu íntimo ignorado a estrutura metálica. b) No íntimo ignorado, onde habita os gritos de uma estranha prisioneira, estremecem a estrutura metálica. c) Estremecem a estrutura metálica, no seu íntimo ignorado, onde se encontra os gritos de uma estranha prisioneira. d) Os gritos de uma estranha prisioneira, estremecem no seu íntimo ignorado, a estrutura metálica. e) Os gritos de uma estranha prisioneira, em seu íntimo ignorado, fazem estremecer a estrutura metálica.
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4. (FCC/TRT12/Técnico./2013) O que se denomina estilo de uma época resulta de uma combinação de estilos individuais, uma combinação dominada pelos métodos dos compositores que exerceram influência preponderante em seu tempo. Uma redação alternativa para a frase acima, em que se mantêm a correção e a clareza, está em: a) Ao resultado de uma combinação de estilos individuais, na qual prevalecem os métodos dos compositores que exerceram maior influência em seu tempo, chama-‐se estilo de uma época. b) Uma combinação dos métodos dos compositores que exerceram a maior influência em seu tempo geram estilos individuais que são designados estilo de época. c) A soma de estilos individuais resultam no que se chama estilo de uma época, porém, devem prevalecer os métodos dos compositores que exerceram mais influência em seu tempo. d) O que resulta dos estilos individuais combinados é o que chamamos estilo de uma época, todavia, prevalecem os métodos dos compositores cuja influência tinha-‐se conhecimento. e) Estilo de uma época é o que designa uma combinação de estilos individuais, aonde os métodos dos compositores definem uma maior influência em seu tempo. 5. (FCC/TRT9/Analista. Exec. Mand./2013) Incapaz de satisfazer plenamente as exigências do mercado, o Cinema Novo deu os seus últimos suspiros em fins da década de 1970 -‐ período que marcou o auge das potencialidades comerciais do cinema feito no Brasil. Uma redação alternativa para a frase acima, em que se mantêm a correção, a lógica e, em linhas gerais, o sentido original, é: a) Como não fosse capaz de satisfazer plenamente as exigências do mercado, o Cinema Novo acabou no final da década de 1970: período que se destaca, as potencialidades comerciais, do cinema feito no Brasil. b) Conquanto não pudesse satisfazer plenamente as exigências do mercado, o Cinema Novo terminou no final da década de 1970, período que, marcou o auge das potencialidades comerciais do cinema feito no Brasil. c) Como não pôde satisfazer plenamente as exigências do mercado, o Cinema Novo acabou em fins da década de 1970, período em que as potencialidades comerciais do cinema feito no Brasil atingiram o seu apogeu. d) O Cinema Novo, incapaz de satisfazer plenamente as exigências do mercado não resistiu e terminou no final da década de 1970, onde as potencialidades comerciais do cinema feito no Brasil atingiria o seu apogeu. e) O cinema feito no Brasil, atinge o seu potencial comercial máximo no final da década de 1970, quando, não podendo satisfazer plenamente as exigências do mercado terminava o Cinema Novo.
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6. (FCC/TRT12/Analista Jud./2013)
Maquinomem
O homem esposou a máquina e gerou um híbrido estranho: um cronômetro no peito e um dínamo no crânio.
As hemácias de seu sangue são redondos algarismos.
Crescem cactos estatísticos em seus abstratos jardins.
Exato planejamento,
a vida do maquinomem.
Trepidam as engrenagens no esforço das realizações.
Em seu íntimo ignorado,
há uma estranha prisioneira, cujos gritos estremecem a metálica estrutura; há reflexos flamejantes de uma luz imponderável que perturbam a frieza
do blindado maquinomem. Helena Kolody
Considerando-‐se o contexto, traduz-‐se adequadamente o sentido de um segmento em: a) Trepidam as engrenagens = Ajustam-‐se as peças b) luz imponderável = chama impetuosa c) um híbrido estranho = um mestiço inolvidável d) perturbam a frieza = abalam a impassibilidade e) reflexos flamejantes = imagens enérgicas 7. (FCC/INFRAERO/Técnico em Contabilidade/2009) Toda profissão lida com relações entre pessoas. As emoções podem trazer alternativas para a solução de problemas. Problemas surgem no trabalho. Profissionais devem mostrar suas emoções. As frases acima estão organizadas em um único período, com correção, clareza e lógica, em: a) As emoções trazem alternativas para a solução de problemas quando surgem no trabalho, de que os profissionais devem mostrar suas emoções, porque toda profissão lida com relações entre pessoas. b) Para os problemas surgidos no trabalho, os profissionais devem mostrar suas emoções em que toda profissão lida com relações entre pessoas, podendo trazer alternativas para a solução de problemas. c) Como toda profissão lida com relações entre pessoas, os profissionais devem mostrar suas emoções, pois elas podem trazer alternativas para a solução de problemas que surgem no trabalho. d) Quando problemas surgem no trabalho, os profissionais devem mostrar suas emoções na relação profissional entre pessoas, onde as emoções podem trazer alternativas para a solução desses problemas. e) Os profissionais devem mostrar suas emoções, por que toda profissão, lida com relações entre pessoas e elas trazem alternativas para a solução de problemas surgidos no trabalho.
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8. (FCC/ALESP/Ag. Tec.-‐legislativo/2010) O velho e divertido Barão de Itararé já reivindicava (...): "Restaure-‐se a moralidade, ou então nos locupletemos todos!". Transpondo-‐se adequadamente o trecho acima para o discurso indireto, ele ficará: O velho e divertido Barão de Itararé já reivindicava que a) ou bem se restaurasse a moralidade, senão nos locupletaríamos todos. b) fosse restaurada a moralidade, ou então que nos locupletássemos todos. c) seja restaurada a moralidade, ou todos nos locupletávamos. d) seria restaurada a moralidade, caso contrário nos locupletássemos. e) a moralidade seja restaurada, quando não venhamos a nos locupletar. 9. (FCC/INFRAERO/Técnico em Contabilidade/2009) Ou porque não lho permitem os que efetivamente governam, as empresas multinacionais e pluricontinentais cujo poder, absolutamente não democrático, reduziu a uma casca sem conteúdo o que ainda restava de ideal de democracia. (3o parágrafo) O segmento grifado acima denota, no contexto, a) desejo a ser realizado. b) constatação baseada em dados. c) opinião pessoal. d) hipótese a ser comprovada. e) argumento dispensável. 10. (FCC/TRE-‐RN/Técnico Judiciário/2010) Rio Grande do Norte: a esquina do continente Os portugueses tentaram iniciar a colonização em 1535, mas os índios potiguares resistiram e os franceses invadiram. A ocupação portuguesa só se efetivou no final do século, com a fundação do Forte dos Reis Magos e da Vila de Natal. O clima pouco favorável ao cultivo da cana levou a atividade econômica para a pecuária. O Estado tornou-‐se centro de criação de gado para abastecer os Estados vizinhos e começou a ganhar importância a extração do sal – hoje, o Rio Grande do Norte responde por 95% de todo o sal extraído no país. O petróleo é outra fonte de recursos: é o maior produtor nacional de petróleo em terra e o segundo no mar. Os 410 quilômetros de praias garantem um lugar especial para o turismo na economia estadual. O litoral oriental compõe o Polo Costa das Dunas -‐ com belas praias, falésias, dunas e o maior cajueiro do mun-‐ do –, do qual faz parte a capital, Natal. O Polo Costa Branca, no oeste do Estado, é caracterizado pelo contraste: de um ado, a caatinga; do outro, o mar, com dunas, falésias e quilômetros de praias praticamente desertas. A região é grande produtora de sal, petróleo e frutas; abriga sítios arqueológicos e até um vulcão extinto, o Pico do Cabugi, em Angicos. Mossoró é a segunda cidade mais importante. Além da rica história, é conhecida por suas águas termais, pelo artesanato reunido no mercado São João e pelas salinas. Caicó, Currais Novos e Açari compõem o chamado Polo do Seridó, dominado pela caatinga e com sítios arqueológicos importantes, serras majestosas e cavernas misteriosas. Em Caicó há vários açudes e formações rochosas naturais que desafiam a imaginação do homem. O turismo de aventura encontra seu espaço no Polo Serrano, cujo clima ameno e geografia formada por montanhas e grutas atraem os adeptos do ecoturismo. Outro polo atraente é Agreste/Trairi, com sua sucessão de serras, rochas e lajedos nos 13 municípios que compõem a região. Em Santa Cruz, a subida ao Monte Carmelo desvenda toda a beleza do sertão potiguar – em breve, o local vai abrigar um complexo voltado principalmente para o turismo religioso. A vaquejada e o
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Arraiá do Lampião são as grandes atrações de Tangará, que oferece ainda um belíssimo panorama no Açude do Trairi. (Nordeste. 30/10/2010, Encarte no jornal O Estado de S. Paulo). O texto se estrutura notadamente a) sob forma narrativa, de início, e descritiva, a seguir, visando a despertar interesse turístico para as atrações que o Estado oferece. b) de forma instrucional, como orientação a eventuais viajantes que se disponham a conhecer a região, apresentando-‐lhes uma ordem preferencial de visitação. c) com o objetivo de esclarecer alguns aspectos cronológicos do processo histórico de formação do Estado e de suas bases econômicas, desde a época da colonização. d) como uma crônica baseada em aspectos históricos, em que se apresentam tópicos que salientam as formações geográficas do Estado. e) de maneira dissertativa, em que se discutem as várias divisões regionais do Estado com a finalidade de comprovar qual delas se apresenta como a mais bela. GABARITO 1. A 2. A 3. E 4. A 5. C 6. D 7.C 8.B 9.C 10. A
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REFERÊNCIAS
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 48 ed. rev. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008. 693 . EMEDIATO, Wander. A fórmula do texto: redação, argumentação e leitura. 5 ed. São Paulo: Geração editorial, 2010.