interpretação de textos - teoria e 800 questões comentadas - renato aquino (1)
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PARTE I
GENERALIDADECAPTULO 1
EXPLICAES PRELIMINARES
I) Para interpretar bem
Todos tm dificuldades com interpretao de textos. Encare
isso como algo normal, inevitvel. Importante enfrentar o problema e,
com segurana, progredir. Alis, progredir muito. Leia com ateno os
itens abaixo.
1) Desenvolva o gosto pela leitura. Leia de tudo: jornais, revistas,
livros, textos publicitrios, listas telefnicas, bulas de remdios etc.
Enfim, tudo o que estiver ao seu alcance. Mas leia com ateno,
tentando, pacientemente, apreender o sentido. O mal ler por
ler, para se livrar.
2) Aumente o seu vocabulrio. Os dicionrios so amigos que
precisamos consultar. Faa exerccios de sinnimos e antnimos.
(Consulte o nosso Redao para Concursos, que tem uma seo
dedicada a isso.)
3) No se deixe levar pela primeira impresso. H textos que metem
medo. Na realidade, eles nos oferecem um mundo de informaes
que nos fornecero grande prazer interior. Abra sua mente e seu
corao para o que o texto lhe transmite, na qualidade de um amigo
silencioso.
4) Ao fazer uma prova qualquer, leia o texto duas ou trs vezes,
atentamente, antes de tentar responder a qualquer pergunta.
Primeiro, preciso captar sua mensagem, entend-lo como um
todo, e isso no pode ser alcanado com uma simples leitura. Dessa
forma, leia-o algumas vezes. A cada leitura, novas idias sero
assimiladas. Tenha a pacincia necessria para agir assim. S
depois tente resolver as questes propostas.
5) As questes de interpretao podem ser localizadas (por exemplo,
voltadas s para um determinado trecho) ou referir-se ao conjunto,
s idias gerais do texto. No primeiro caso, leia no apenas o trecho
(s vezes uma linha) referido, mas todo o pargrafo em que ele se
INTERPRETAO DE TEXTOS
situa. Lembre-se: quanto mais voc ler, mais entender o texto.
Tudo uma questo de costume, e voc vai acostumar-se a agir
dessa forma. Ento - acredite nisso - alcanar seu objetivo.
6) H questes que pedem conhecimento fora do texto. Por exemplo,
ele pode aludir a uma determinada personalidade da histria ou
da atualidade, e ser cobrado do aluno ou candidato o nome dessa
pessoa ou algo que ela tenha feito. Por isso, importante
desenvolver o hbito da leitura, como j foi dito. Procure estar
atualizado, lendo jornais e revistas especializadas.
II) Parfrase
Chama-se parfrase a reescritura de um texto sem alterao
de sentido. Questes de interpretao com freqncia se baseiam nesse
conhecimento, nessa tcnica. Vrios recursos podem ser utilizados para
parafrasear um texto.
1) Emprego de sinnimos.
Ex.: Embora voltasse cedo, deixava os pais preocupados.
Conquanto retornasse cedo, deixava os genitores
preocupados.
2) Emprego de antnimos, com apoio de uma palavra negativa.
Ex.: Ele era fraco.
Ele no era forte.
3) Utilizao de termos anafricos, isto , que remetem a outros j
citados no texto.
Ex.: Paulo e Antnio j saram. Paulo foi ao colgio; Antnio, ao
cinema.
Paulo e Antnio j saram. Aquele foi ao colgio; este, ao
cinema.
Aquele = Paulo
este = Antnio
4) Troca de termo verbal por nominal, e vice-versa.
Ex.: necessrio que todos colaborem.
necessria a colaborao de todos.
Quero o respeito do grupo.
Quero que o grupo me respeite.
RENATO AQUINO
5) Omisso de termos facilmente subentendidos.
Ex.: Ns desejvamos uma misso mais delicada, mais
importante.
Desejvamos misso mais delicada e importante.
6) Mudana de ordem dos termos no perodo.
Ex.: Lendo o jornal, cheguei concluso de que tudo aquilo seria
esquecido aps trs ou quatro meses de investigao.
Cheguei concluso, lendo o jornal, de que tudo aquilo, aps
trs ou quatro meses de pesquisa, seria esquecido.
7) Mudana de voz verbal
Ex.: A mulher plantou uma roseira em seu jardim. (voz ativa)
Uma roseira foi plantada pela mulher em seu jardim. (voz passiva analtica)
Obs.: Se o sujeito for indeterminado (verbo na 3 pessoa do plural sem o
sujeito expresso na frase), haver duas mudanas possveis.
Ex.: Plantaram uma roseira. (voz ativa)
Uma roseira foi plantada. (voz passiva analtica)
Plantou-se uma roseira. (voz passiva sinttica)
8) Troca de discurso
Ex.: Naquela tarde, Pedro dirigiu-se ao pai dizendo: - Cortarei a
grama sozinho. (discurso direto)
Naquela tarde, Pedro dirigiu-se ao pai dizendo que cortaria a
grama sozinho. (discurso indireto)
9) Troca de palavras por expresses perifrsticas (vide perfrase, no
captulo seguinte) e vice-versa
Ex.: Castro Alves visitou Paris naquele ano.
O poeta dos escravos visitou a cidade luz naquele ano.
10) Troca de locues por palavras e vice-versa:
Ex.: O homem da cidade no conhece a linguagem do cu.
O homem urbano no conhece a linguagem celeste.
Da cidade e do cu so locues adjetivas e correspondem
aos adjetivos urbano e celeste. importante conhecer um
bom nmero de locues adjetivas. Consulte o assunto em
nosso livro Redao para Concursos.
INTERPRETAO DE TEXTOS
Numa parfrase, vrios desses recursos podem ser utilizados
concomitantemente, alm de outros que no foram aqui referidos, mas
que a prtica nos apresenta. O importante ler com extrema ateno o
trecho e suas possveis parfrases. Se perceber mudana de sentido, a
reescritura no pode ser considerada uma parfrase. H muitas questes
de provas baseadas nisso.
Vamos ento fazer um exerccio. Leia com ateno o trecho
abaixo e anote a alternativa em que no ocorre uma parfrase.
O homem caminha pela vida muitas vezes desnorteado, por
no reconhecer no seu ntimo a importncia de todos os instantes, de
todas as coisas, simples ou grandiosas.
a) Freqentemente sem rumo, segue o homem pela vida, por no
reconhecer no seu ntimo o valor de todos os instantes, de todas as
coisas, sejam simples ou grandiosas.
b) No reconhecendo em seu mago a importncia de todos os
momentos, de todas as coisas, simples ou grandiosas, o homem
caminha pela vida muitas vezes desnorteado.
c) Como no reconhece no seu ntimo o valor de todos os momentos,
de todas as coisas, sejam elas simples ou no, o homem vai pela vida
freqentemente desnorteado.
d) O ser humano segue, com freqncia, vida afora, sem rumo,
porquanto no reconhece, em seu interior, a importncia de todos os
instantes, de todas as coisas, simples ou grandiosas.
e) O homem caminha pela vida sempre desnorteado, por no
reconhecer, em seu mundo ntimo, o valor de cada momento, de cada
coisa, seja ela simples ou grandiosa.
O trecho foi reescrito cinco vezes. Utilizaram-se vrios
recursos. Em quatro opes, o sentido rigorosamente o mesmo. Tal fato
no se d, porm, na letra e, que seria o gabarito. O texto original diz que
o homem caminha pela vida muitas vezes desnorteado..., contudo a
reescritura nos diz sempre desnorteado. Ora, muitas vezes uma coisa,
sempre outra, bem diferente.
RENATO AQUINO
Observaes
a) Tenha cuidado com a mudana de posio dos termos dentro
da frase. Palavras ou expresses podem alterar profundamente
o sentido de um texto.
Ex.: Encontrei determinadas pessoas naquela cidade.
Encontrei pessoas determinadas naquela cidade.
Na primeira frase, determinadas um pronome indefinido,
equivalente a certas, umas, algumas; na segunda, um
adjetivo e significa decididas.
b) Cuidado tambm com a pontuao, que costuma passar
despercebida.
Ex.: A criana agitada corria pelo quintal.
A criana, agitada, corria pelo quintal.
Na primeira frase, o adjetivo agitada indica uma
caracterstica da criana, algo inerente a ela, isto , trata-se de uma
pessoa sempre agitada. Na segunda, as vrgulas indicam que a
criana est agitada naquele momento, sem que necessariamente
ela o seja no seu dia-a-dia.
INTERPRETAO DE TEXTOS
CAPTULO 2
DENOTAO E CONOTAO. FIGURAS
I) Denotao
Consultando o dicionrio Houaiss, encontramos para a palavra
jia as seguintes definies:
1 objeto de metal precioso finamente trabalhado, em que
muitas vezes se engastam pedras preciosas, prolas etc. ou a que aplicado
esmalte, us. como acessrio de vesturio, adorno de cabea, pescoo,
orelhas, braos, dedos etc.
2 Pedra preciosa de grande valor.
3 p. ext. qualquer objeto caro e trabalhado com arte (estatueta,
relgio, cofre, vaso etc).
As definies so claras, precisas. Todas giram em torno de
um objeto de valor. A partir dessas definies, podemos criar frases com
muita segurana.
Ex.: Essa jia em seu pescoo est h vrias geraes em nossa
famlia.
O rubi uma jia que encanta meus olhos.
Aquele vaso, provavelmente chins, uma jia de raro
acabamento.
A palavra jia, presente nas trs frases citadas, foi empregada
em seus sentidos reais, primitivos. A isso se d o nome de denotao.
II) Conotao
Voltando ao dicionrio citado, encontramos na seqncia da
leitura o seguinte:
4 fig. pessoa ou coisa muito boa e querida (sua sobrinha uma jia.
O prprio dicionarista nos d um exemplo. Vejamos outras
frases abaixo.
RENATO AQUINO
Ela uma jia de menina.
Que jia esse cachorrinho!
Minha irm se tornou uma jia muito especial.
Observe que, em todas as frases, a palavra jia extrapolou o
sentido original de objeto caro. Ela est se referindo a pessoas e animais,
que, na realidade, no podem ser jias, se levarmos em conta o sentido
denotativo do termo. H uma comparao implcita em cada frase: bonito
ou bonita como uma jia. Dizemos ento que se trata de conotao.
Vamos comparar as duas frases abaixo:
Comi uma fruta deliciosa.
Ela escreveu uma frase deliciosa.
Na primeira, o adjetivo deliciosa est empregado
denotativamente, pois indica o gosto agradvel da fruta; trata-se do
sentido real do termo. Na segunda, o adjetivo no pode ser entendido ao
p da letra, uma vez que frase no tem gosto, no tem sabor. um emprego
especial, estilstico da palavra deliciosa. Assim, ela est usada
conotativamente.
Muitas vezes, as perguntas de interpretao se voltam para o
emprego denotativo ou conotativo dos vocbulos. E mais: o entendimento
global do texto pode depender disso. Leia-o, pois, com ateno. A leitura
atenta tudo.
III) Figuras de linguagem
As figuras constituem um recurso especial de construo,
valorizando e embelezando o texto. H questes de provas, inclusive em
concursos pblicos, que cobram, direta ou indiretamente, o emprego
adequado da linguagem figurada. Vejamos as mais importantes, que voc
no pode desconhecer. Elas no sero, aqui, agrupadas de acordo com
sua natureza: de palavras, de pensamento e de sintaxe. No h
importncia nessa distino, para interpretarmos um texto.
1) Comparao ou simile
Consiste, como o prprio nome indica, em comparar dois
seres, fazendo uso de conectivos apropriados.
Ex.: Esse liqido azedo como limo.
A jovem estava branca qual uma vela.
INTERPRETAO DE TEXTOS
2) Metfora
Tipo de comparao em que no aparecem o conectivo nem o
elemento comum aos seres comparados.
Ex.: Minha vida era um palco iluminado...
(Minha vida era alegre, bonita etc. como um palco iluminado.)
Tuas mos so de veludo.
(Entenda-se: mos macias como o veludo)
A vida, manso lago azul... (Jlio Salusse)
(Neste exemplo, nem o verbo aparece, mas clara a idia da
comparao: a vida suave, calma como um manso lago azul.)
3) Metonmia
Troca de uma palavra por outra, havendo entre elas uma relao
real, concreta, objetiva. H vrios tipos de metonmia.
Ex.: Sempre li rico Verssimo, (o autor pela obra)
Ele nunca teve o seu prprio teto. (a parte pelo todo)
Cuidemos da infncia. (o abstrato pelo concreto: infncia / crianas)
Comerei mais um prato. (o continente pelo contedo)
Ganho a vida com meu suor. (o efeito pela causa)
4) Hiprbole
Consiste em exagerar as coisas, extrapolando a realidade.
Ex.: Tenho milhares de coisas para fazer.
Estava quase estourando de tanto rir.
Vive inundado de lgrimas.
5) Eufemismo
a suavizao de uma idia desagradvel. Chamado de
linguagem diplomtica.
Ex.: Minha avozinha descansou. (morreu)
Ele tem aquela doena. (cncer)
Voc no foi feliz com suas palavras. (foi estpido, grosseiro)
6) Prosopopia ou personificao
Consiste em se atribuir a um ser inanimado ou a um animal
aes prprias dos seres humanos.
Ex. A areia chorava por causa do calor.
As flores sorriam para ela.
RENATO AQUINO
7) Pleonasmo
Repetio enftica de um termo ou de uma idia.
Ex.: O ptio, ningum pensou em lav-lo. (lo = O ptio)
Vi o acidente com olhos bem atentos. (Ver s pode ser com os olhos.)
8) Anacoluto
a quebra da estruturao sinttica, de que resulta ficar um
termo sem funo sinttica no perodo. parecido com um dos tipos de
pleonasmo.
Ex.: O jovem, algum precisa falar com ele.
Observe que o termo O jovem pode ser retirado do texto. Ele
no se encaixa sintaticamente no perodo. Caso dissssemos
Com o jovem, teramos um pleonasmo: com o jovem = com ele.
9) Anttese
Emprego de palavras ou expresses de sentido oposto.
Ex.: Era cedo para alguns e tarde para outros.
No s bom, nem s mau: s triste e humano. (Olavo Bilac)
10) Sinestesia
Consiste numa fuso de sentidos.
Ex.: Despertou-me um som colorido. (audio e viso)
Era uma beleza fria. (viso e tato)
11) Catacrese
a extenso de sentido que sofrem determinadas palavras na
falta ou desconhecimento do termo apropriado. Essa extenso ocorre com
base na analogia. Por isso, ela uma variao da metfora.
Ex.: Leito do rio. Dente de alho. Barriga da perna. Cu da boca.
Curiosas so as catacreses constitudas por verbos: embarcar
num trem, enterrar uma agulha no dedo etc. Embarcar entrar
no barco, no no trem; enterrar entrar na terra, no no dedo.
12) Hiplage
Adjetivao de um termo em vez de outro.
Ex.: O nado branco dos cisnes o fascinou, (brancos so os cisnes)
Acompanhava o vo negro dos urubus, (negros so os urubus)
INTERPRETAO DE TEXTOS
13) Quiasmo
Ao mesmo tempo repetio e inverso de termos, podendo
haver algumas alteraes.
Ex.: No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho (C. D. Andrade)
Vinhas fatigada
e triste, e triste e fatigado eu vinha. (Olavo Bilac)
14) Silepse
Concordncia anormal feita com a idia que se faz do termo e
no com o prprio termo. Pode ser:
a) de gnero
Ex.: V Sa bondoso.
A concordncia normal seria bondosa, j que V. Sa do gnero
feminino. Fez-se a concordncia com a idia que se possui, ou
seja, trata-se de um homem.
b) de nmero
Ex.: O grupo chegou apressado e conversavam em voz alta.
O segundo verbo do perodo deveria concordar com grupo.
Mas a idia de plural contida no coletivo leva o falante a botar
o verbo no plural: conversavam. Tal concordncia anormal
no deve ser feita com o primeiro verbo.
de pessoa
Ex.: Os brasileiros somos otimistas.
Em princpio, dir-se-ia so, pois o sujeito de terceira pessoa
do plural. Mas, por estar includo entre os brasileiros,
possvel colocar o verbo na primeira pessoa: somos.
15) Perfrase
Emprego de vrias palavras no lugar de poucas ou de uma s.
Ex.: Se l no assento etreo onde subiste... (Cames)
assento etreo = cu.
Morei na Veneza brasileira.
Veneza brasileira = Recife
No provoque o rei dos animais.
rei dos animais = leo.
Obs.: Questes que envolvem perfrase pedem, freqentemente,
conhecimento independente do texto.
RENATO AQUINO
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16) Assndeto
Ausncia de conectivo. um tipo especial de elipse, que a
omisso de qualquer termo.
Ex.: Entrei, peguei o livro, fui para a rede.
Ligando as duas ltimas oraes, deveria aparecer a
conjuno e.
17) Polissndeto
Repetio da conjuno, geralmente e.
Ex.: Trejeita, e canta, e ri nervosamente. (Padre Antnio Toms)
E treme, e cresce, e brilha, e afia o ouvido, e escuta. (Olavo Bilac)
18) Zeugma
Omisso de um termo, geralmente verbo, empregado
anteriormente. Variao da elipse.
Ex.: A moral legisla para o homem; o direito, para o cidado.
(Toms Ribeiro)
So estas as tradies das nossas linhagens; estes os
exemplos de nossos avs. (Herculano)
Obs.:Na primeira frase, est subentendida a forma verbal legisla; na
segunda, so.
19) Apstrofe
Chamamento, invocao de algum ou algo, presente ou
ausente. Corresponde ao vocativo da anlise sinttica.
Ex.: Deus! Deus! onde ests que no respondes?! (Castro Alves)
Erguei-vos, menestris, das prpuras do leito! (Guerra Junqueiro)
20) Ironia
Consiste em dizer-se o contrrio do que se quer. figura muito
importante para a interpretao de textos.
Ex.: Moa linda bem tratada,
trs sculos de famlia,
burra como uma porta,
um amor. (Mrio de Andrade)
Observe que, aps chamar a moa de burra, o poeta encerra a
estrofe com um aparente elogio: um amor.
INTERPRETAO DE TEXTOS
21) Hiprbato
a inverso da ordem dos termos na orao ou das oraes
no perodo.
Ex.: Aberta em par estava a porta. (Almeida Garrett)
Essas que ao vento vm
Belas chuvas de junho! (Joaquim Cardozo)
22) Anstrofe
Variante do hiprbato. Consiste em se inverter a ordem natural
existente entre o termo determinado (principal) e o determinante
(acessrio).
Ex.: Sentimos do vento a carcia.
Determinado: a carcia
Determinante: do vento
Obs.: Nem sempre simples a distino entre hiprbato e anstrofe. H
certa discordncia entre os especialistas do assunto.
23) Onomatopia
Palavra que imita sons da natureza.
Ex.: O ribombar dos canhes nos assustava.
No agentava mais aquele tique-taque insistente.
No se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. (Machado de Assis)
24) Aliterao
Repetio de fonemas consonantais.
Ex.: Nem toda tarefa to tranqila.
Ruem por terra as emperradas portas. (Bocage)
Os teus grilhes estrdulos estalam. (Raimundo Correia)
Obs.: Nos dois ltimos exemplos, as aliteraes procuram reproduzir,
sons naturais, constituindo-se tambm em onomatopias.
25) Enlage
Troca de tempos verbais.
Ex.: Se voc viesse, ganhava minha vida mais entusiasmo,
Agora que murcharam teus loureiros
Fora doce em teu seio amar de novo. (lvares de Azevedo)
Obs.: Na primeira frase, ganhava est no lugar de ganharia; na segunda,
fora substitui seria.
RENATO AQUINO 12
CAPTULO 3
COESO E COERNCIA. CONECTORES
I) Coeso e coerncia
O texto um conjunto harmnico de elementos, associados
entre si por processos de coordenao ou subordinao. Os fonemas (sons
da fala), representados graficamente pelas letras, se unem constituindo
as palavras. Estas, por sua vez, ligam-se para formar as oraes, que
passam a se agrupar constituindo os perodos. A reunio de perodos d
origem aos pargrafos. Estes tambm se unem, e temos ento o conjunto
final, que o texto.
No meio de tudo isso, h certos elementos que permitem que
o texto seja inteligvel, com suas partes devidamente relacionadas. Se a
ligao entre as partes do texto no for bem feita, o sentido lgico ser
prejudicado. Observe atentamente o trecho seguinte.
Levantamos muito cedo. Fazia frio e a gua havia congelado nas
torneiras. At os animais, acostumados com baixas temperaturas, permaneciam,
preguiosamente, em suas tocas. Apesar disso, deixamos de fazer nossa caminhada
matinal com as crianas.
O trecho composto por vrios perodos, agrupados em dois
segmentos distintos. No primeiro, fala-se do frio intenso e suas
conseqncias; no segundo, a deciso de no fazer a caminhada matinal. O
que aparece para fazer a ligao entre esses dois segmentos? A locuo
apesar disso. Ora, esse termo tem valor concessivo, liga duas coisas
contraditrias, opostas; mas o que segue a ele uma conseqncia do frio
que fazia naquela manh. Dessa forma, no lugar de apesar disso,
deveramos usar por isso, por causa disso, em virtude disso etc.
Conclui-se o seguinte: as partes do texto no estavam
devidamente ligadas. Diz-se ento que faltou coeso textual.
Conseqentemente, o trecho ficou sem coerncia, isto , sem sentido lgico.
Resumindo, podemos dizer que a coeso a ligao, a unio
entre partes de um texto; coerncia o sentido lgico, o nexo.
INTERPRETAO DE TEXTOS
II) Elementos conectores
extremamente importante, para que se penetre no texto, uma
noo segura dos recursos de que a lngua dispe para estabelecer a
coeso textual. Alis, esse termo ainda mais amplo: qualquer vnculo
estabelecido entre as palavras, as oraes, os perodos ou os pargrafos
podemos chamar de coeso. Toda palavra ou expresso que se refere a
coisas passadas no texto, ou mesmo s que ainda viro, so elementos
conectores. Os termos a que eles se referem podem ser chamados de
referentes. Muita ateno, pois, com os conectores. Eis os mais
importantes:
1) Pronomes pessoais, retos ou oblquos
Ex.: Meu filho est na escola. Ele tem uma prova hoje.
Ele = meu filho (referente)
Carlos trouxe o memorando e o entregou ao chefe.
O = memorando (referente)
2) Pronomes possessivos
Ex.: Pedro, chegou a sua maior oportunidade.
Sua = Pedro (de Pedro)
3) Pronomes demonstrativos
Os demonstrativos esto entre os mais importantes conectores
da lngua portuguesa. Freqentemente se criam questes de interpretao
ou compreenso com base em seu emprego. Veja os casos seguintes.
a) O filho est demorando, e isso preocupa a me.
Isso = O filho est demorando.
b) Isto preocupa a me: o filho est demorando.
Isto = o filho est demorando.
Parecidos, no mesmo? A diferena que isso (esse, esses,
essa, essas) usado para fazer referncia a coisas ou fatos passados no
texto. Isto (este, estes, esta, estas) refere-se a coisas ou fatos que ainda
aparecero. Embora se faa uma certa confuso hoje em dia, o seu
emprego adequado exatamente o que acabamos de expor.
c) O homem e a mulher estavam sorrindo. Aquele porque foi
promovido; esta por ter recebido um presente.
Aquele = homem
esta = mulher
RENATO AQUINO
Temos aqui uma situao especial de coeso: evitar a repetio
de termos por meio do emprego de este (estes, esta, estas) e aquele
(aqueles, aquela, aquelas). No se usa, aqui, o pronome esse (esses, essa,
essas). Com relao ao exemplo, a palavra aquele refere-se ao termo mais
afastado (homem), enquanto esta, ao mais prximo (mulher). Semelhante
correlao tambm pode ser feita com numerais (primeiro e segundo) ou
com pronomes indefinidos (um e outro).
4) Pronomes indefinidos
Ex.: Naquela poca, os homens, as mulheres, as crianas, todos
acreditavam na vitria.
todos = homens, mulheres, crianas
5) Pronomes relativos
Ex.: Havia ali pessoas que me ajudavam.
que = pessoas
No caso do pronome relativo, o seu referente costuma ser
chamado de antecedente.
6) Pronomes interrogativos
Ex.: Quem ser responsabilizado? O rapaz do almoxarifado, por
no ter conferido os materiais.
Quem = rapaz do almoxarifado
7) Substantivos
Ex.: Jos e Helena chegaram de frias. Crianas ainda, no
entendem o que aconteceu com o professor.
Crianas = Jos e Helena
8) Advrbios
Ex.: A faculdade ensinou-o a viver. L se tornou um homem.
L = faculdade
9) Preposies
As preposies ligam palavras dentro de uma mesma orao.
Em casos excepcionais, ligam duas oraes. Elas no possuem referentes
no texto, simplesmente estabelecem vnculos.
Ex.: Preciso de ajuda.
Morreu de frio.
INTERPRETAO DE TEXTOS
Nas duas frases, a preposio liga um verbo a um substantivo.
Na primeira, em que introduz um objeto indireto (complemento verbal
com preposio exigida pelo verbo), ela destituda de significado. Diz-se
que tem apenas valor relacional. Na segunda, em que introduz um adjunto
adverbial, ela possui valor semntico ou nocional, uma vez que a expresso
que ela inicia tem um valor de causa. Veja, a seguir, os principais valores
semnticos das preposies.
De causa
Ex.: Perdemos tudo com a seca.
De matria
Ex.: Trouxe copos de papel.
De assunto
Ex.: Falavam de poltica.
De fim ou finalidade
Ex.: Vivia para o estudo.
De meio
Ex.: Falaram por telefone.
De instrumento
Ex.: Feriu-se com a tesoura.
De condio
Ex.: Ele no vive sem feijo.
De posse
Ex.: Achei o livro de Andr.
De modo
Ex.: Agiu com tranqilidade.
De tempo
Ex.: Retornaram de manh.
De companhia
Ex.: Passeou com a irm.
De afirmao
Ex.: Irei com certeza.
De lugar
Ex.: Ele veio de casa.
RENATO AQUINO 17
10) Conjunes e locues conjuntivas
Conjuno a palavra que liga duas oraes ou, em poucos
casos, dois elementos de mesma natureza. Pode-se entender tambm
como a palavra que introduz uma orao, que pode ser coordenada ou
subordinada. No vai nos interessar aqui essa distino. Se desejar,
consulte o nosso livro Portugus para Concursos.
sumamente importante para a interpretao e a compreenso
de textos o conhecimento das conjunes e locues correspondentes.
Chamaremos a todas, simplesmente, conjunes.
Da mesma forma que as preposies, as conjunes no tm
referentes propriamente ditos. Cumpre reconhecer o valor de cada uma,
para que se entenda o sentido das oraes em portugus e,
conseqentemente, do texto em que elas aparecem.
Conjunes coordenativas
So as que iniciam oraes coordenadas. Podem ser:
1) Aditivas: estabelecem uma adio, somam coisas ou oraes de
mesmo valor.
Principais conjunes: e, nem, mas tambm, como tambm,
seno tambm, como, bem como, quanto.
Ex.: Fechou a porta e foi tomar caf.
No trabalha nem estuda.
Tanto l como escreve.
No s pintava, mas tambm fazia versos.
No somente lavou, como tambm escovou os ces.
2) Adversativas: estabelecem idias opostas, contrastantes.
Principais conjunes: mas, porm, contudo, todavia,
entretanto, no entanto, no obstante, seno, que.
Ex.: Correu muito, mas no se cansou.
As rvores cresceram, porm no esto bonitas.
Falou alto, todavia ningum escutou.
Chegamos com os alimentos, no entanto no estavam com fome.
No o culpo, seno a voc.
Pea isso a outra pessoa, que no a mim.
INTERPRETAO DE TEXTOS
Observaes
a) Em todas as frases h idia de oposio. Se a pessoa corre muito,
deve ficar cansada. A palavra mas introduz uma orao que
contraria isso. O mesmo ocorre com as outras conjunes e suas
respectivas oraes.
b) s vezes, a palavra e, normalmente aditiva, assume valor
adversativo.
Ex.: Fiz muito esforo e nada consegui. (mas nada consegui)
3) Conclusivas: estabelecem concluses a partir do que foi dito
inicialmente.
Principais conjunes: logo, portanto, por conseguinte, pois
(colocada depois do verbo), por isso, ento, assim, em vista disso.
Ex.: Chegou muito cedo, logo no perdeu o incio do espetculo.
Todos foram avisados, portanto no procedem as
reclamaes.
bastante cuidadoso; consegue, pois, bons resultados.
Estava desanimado, por conseguinte deixou a empresa.
trabalhador, ento s pode ser honesto.
4) Alternativas: ligam idias que se alternam ou mesmo se excluem.
Principais conjunes: ou, ou...ou, ora...ora, j...j, quer...quer.
Ex.: Faa sua parte, ou procure outro emprego.
Ora narrava, ora comentava.
J atravessa as florestas, j chega aos campos do Ipu. (Jos
de Alencar)
5) Explicativas: explicam ou justificam o que se diz na primeira orao.
Principais conjunes: porque, pois, que, porquanto.
Ex.: Chorou muito, porque os olhos esto inchados.
Choveu durante a madrugada, pois o cho est alagado.
Volte logo, que vai chover.
Era uma criana estudiosa, porquanto sempre tirava boas notas.
RENATO AQUINO
Observaes
a) Essas conjunes tambm podem iniciar oraes subordinadas
causais, como veremos adiante.
b) Depois de imperativo, elas s podem ser coordenativas
explicativas, como no terceiro exemplo.
Conjunes subordinativas
So as que iniciam as oraes subordinadas. Podem ser:
1) Causais: iniciam oraes que indicam a causa do que est expresso
na orao principal.
Principais conjunes: porque, pois, que, porquanto, j que,
uma vez que, como, visto que, visto como.
Ex.: O gato miou porque pisei seu rabo.
Estava feliz pois encontrou a bola.
Triste que estava, no quis passear.
J que me pediram, vou continuar.
Visto que vai chover, sairemos agora mesmo.
Como fazia frio, pegou o agasalho.
2) Condicionais: introduzem oraes que estabelecem uma condio
para que ocorra o que est expresso na orao principal.
Principais conjunes: se, caso, desde que, a menos que, salvo
se, sem que, contanto que, dado que, uma vez que.
Ex.: Explicarei a situao, se isso for importante para todos.
Caso me solicitem, escreverei uma nova carta.
Voc ser aprovado, desde que se esforce mais.
Sem que digas a verdade, no poderemos prosseguir.
Contanto que todos participem da reunio, os projetos sero
apresentados.
Uma vez que ele tente, poder alcanar o objetivo.
3) Concessivas: comeam oraes com valor de concesso, isto , idia
contrria da orao principal. Cuidado especial com essas
conjunes! Elas so bastante cobradas em questes de provas.
Principais conjunes: embora, ainda que, mesmo que,
conquanto, posto que, se bem que, por mais que, por menos que, suposto
que, apesar de que, sem que, que, nem que.
INTERPRETAO DE TEXTOS
Ex.: Embora gritasse, no foi atendido.
Perderia a conduo mesmo que acordasse cedo.
Conquanto estivesse com dores, esperou pacientemente.
Posto que me tenham convidado com insistncia, no quis
participar.
Por mais que tentem explicar, o caso continua confuso.
Sem que tenha grandes virtudes, adorado por todos.
Doente que estivesse, participaria da maratona.
Fale, nem que seja por um minuto apenas.
4) Comparativas: introduzem oraes com valor de comparao.
Principais conjunes: como, (do) que, qual, quanto, feito, que
nem.
Ex.: Ele sempre foi gil como o pai.
Maria estuda mais que a irm. (ou do que)
Nada o entristecia tanto quanto o sofrimento de seu povo.
Estava parado feito uma esttua.
Rastejvamos que nem serpentes.
Ele agiu tal qual eu lhe pedira.
Observaes
a) Geralmente o verbo da orao comparativa o mesmo da
principal e fica subentendido. o que ocorre nos cinco primeiros
exemplos.
b) As conjunes feito e que nem so de emprego coloquial.
5) Conformativas: principiam oraes com valor de acordo em relao
principal.
Principais conjunes: conforme, segundo, consoante, como.
Ex.: Fiz tudo conforme me solicitaram.
Segundo nos contaram, o jogo foi anulado.
Pedro tomou uma deciso consoante determinava a sua
conscincia.
Carlos inteligente como os pais sempre afirmaram.
RENATO AQUINO
6) Consecutivas: iniciam oraes com valor de conseqncia.
Principais conjunes: que (depois de to, tal, tanto, tamanho,
(claros ou ocultos), de sorte que, de maneira que, de modo que, de forma
que.
Ex.: Falou to alto que acordou o vizinho.
Gritava que era uma barbaridade. (Gritava tanto...)
Eu lhe expliquei tudo, de modo que no h motivos para
discusso.
7) Proporcionais: comeam oraes que estabelecem uma proporo.
Principais conjunes: proporo que, medida que, ao
passo que, quanto (em correlaes do tipo quanto mais...mais, quanto
menos...menos, quanto mais...menos, quanto menos...mais, quanto
maior...maior, quanto menor...menor).
Ex.: Seremos todos felizes proporo que amarmos.
medida que o tempo passava, crescia a nossa expectativa.
O ar se tornava rarefeito ao passo que subamos a montanha.
Quanto mais nos preocuparmos, mais ficaremos nervosos.
Quanto menos estudamos, menos progredimos.
Quanto maior for o preparo, maior ser a oportunidade.
8) Finais: introduzem oraes com valor de finalidade.
Principais conjunes: para que, a fim de que, que, porque.
Ex.: Fechou a porta para que os animais no entrassem.
Trarei minhas anotaes a fim de que voc me ajude.
Fao votos que sejas feliz. (= para que)
Esforcei-me porque tudo desse certo. (= para que)
9) Temporais: introduzem oraes com valor de tempo.
Principais conjunes: quando, assim que, logo que, antes que,
depois que, mal, apenas, que, desde que, enquanto.
Ex.: Cheguei quando eles estavam saindo.
Assim que anoiteceu, fomos para casa.
Sentiu-se aliviado depois que tomou o remdio.
Mal a casa foi reformada, a famlia se mudou.
Hoje, que no tenho tempo, chegaram as propostas.
Estvamos l desde que ele comeou a lecionar.
Enquanto o filho estudava, a me fazia comida.
INTERPRETAO DE TEXTOS
10) Integrantes: so as nicas desprovidas de valor semntico; iniciam
oraes que completam o sentido da outra; tais oraes so
chamadas de subordinadas substantivas.
So apenas duas: que e se
Ex.: bom que o problema seja logo resolvido.Veja se ele j chegou.
Obs.:As palavras que e se, nos exemplos acima, iniciam oraes que
funcionam, respectivamente, como sujeito e objeto direto da orao
principal.
Observaes finais
a) Apesar de e em que pese a so locues prepositivas com valor
de concesso. Ligam palavras dentro de uma mesma orao ou
introduzem oraes reduzidas de infinitivo.
Ex.: Apesar do aviso de perigo, ele resolveu escalar a montanha.
Apesar de ventar muito, fomos para a pracinha.
Em que pese a vrios pedidos do gerente, o caixa no fez sero.
Em que pese a ter treinado bem, foi colocado na reserva.
b) Algumas conjunes coordenativas s vezes ligam palavras
dentro de uma mesma orao.
Ex. Carlos e Rodrigo so irmos.
No encontrei Srgio nem Regina.
Comprarei uma casa ou um apartamento.
Casos especiais
Voc deve ter percebido que algumas conjunes tm valores
semnticos diversos. Vamos destacar algumas abaixo. A classificao de
suas oraes depende disso, porm o mais importante o sentido da
frase.
Mas
a) Coordenativa adversativa
Ex.: Pediu, mas ningum atendeu.
b) Coordenativa aditiva (seguida de tambm; eqivale a como)
Ex.: No s d aulas, mas tambm escreve. (= D aulas e escreve)
RENATO AQUINO
e
a) Coordenativa aditiva
Ex.: Voltou e brincou com o cachorro.
b) Coordenativa adversativa
Ex.: Leu o livro, e no entendeu nada. (= mas)
Pois
a) Coordenativa conclusiva
Ex.: Trabalhou a tarde inteira; estava, pois, esgotado. (= portanto)
b) Coordenativa explicativa
Ex.: Traga o jornal, pois eu quero ler.
c) Subordinativa causal
Ex.: A planta secou pois no foi regada.
Como
a) Coordenativa aditiva
Ex.: Tanto ria como chorava. (= Ria e chorava)
b) Subordinativa causal
Ex.: Como passou mal, desistiu do passeio. (= Porque)
c) Subordinativa comparativa
Ex.: Era alto como um poste. (= que nem)
d) Subordinativa conformativa
Ex.: Alterei a programao, como o chefe determinara. (= conforme)
Porque
a) Coordenativa explicativa
Ex.: No faa perguntas, porque ele ficar zangado.
b) Subordinativa causal
Ex.: As frutas caram porque estavam maduras.
c) Subordinativa final
Ex.: Porque meu filho fosse feliz, fui para outra cidade. (= para que)
INTERPRETAO DE TEXTOS
Uma vez que
a) Subordinativa causal
Ex.: Fiz aquela declarao uma vez que estava sendo pressionado. (= porque)
b) Subordinativa condicional
Ex.: Uma vez que mude de hbitos, poder ser aceito no grupo. (= Se mudar de hbitos)
Se
a) Subordinativa condicional
Ex.: Se forem discretos, agradaro a todos. (= Caso sejam discretos)
b) Subordinativa integrante
Ex.: Diga-me se est na hora.
Desde que
a) Subordinativa condicional
Ex.: Desde que digam a verdade, no haver problemas.
b) Subordinativa temporal
Ex.: Conheo aquela jovem desde que ela era um beb.
Sem que
a) Subordinativa condicional
Ex.: No ser possvel o acordo, sem que haja um debate
equilibrado. (= se no houver...)
b) Subordinativa concessiva
Ex.: Sem que fizesse muito esforo, foi aprovado no concurso. (= Embora no fizesse...)
Porquanto
a) Coordenativa explicativa
Ex.: Ele deve ter chorado, porquanto seus olhos esto vermelhos.
b) Subordinativa causal
Ex.: Ficamos animados porquanto houve progresso no
tratamento.
RENATO AQUINO
25
Quanto
a) Coordenativa aditiva
Ex.: Eles tanto criticam quanto incentivam. (= Eles criticam e incentivam)
b) Subordinativa comparativa
Ex.: Ele se preocupa tanto quanto o mdico.
Que
a) Coordenativa adversativa
Ex.: Diga tal coisa a outro, que no a ele. (= mas no a ele)
b) Coordenativa explicativa
Ex.: Faa as anotaes, que voc estudar melhor.
c) Subordinativa causal
Ex.: Nervoso que se encontrava, no conseguiu assinar o
documento.
d) Subordinativa concessiva
Ex.: Sujo que estivesse, deitaria na poltrona. (= embora)
e) Subordinativa comparativa
Ex.: mais trabalhador que o tio.
f) Subordinativa consecutiva
Ex.: Era tal seu medo que fugiu.
g) Subordinativa final
Ex.: Ele me fez um sinal que eu no dissesse nada. (= para que)
h) Subordinativa temporal
Ex.: Agora, que j tomaste o remdio, sairemos. (= quando)
I) Subordinativa integrante
Ex.: Queria que todos fossem felizes.
INTERPRETAO DE TEXTOS
CAPTULO 4
TIPOLOGIA TEXTUAL
Veremos neste captulo apenas o essencial da tipologia, aquilo
que, de uma forma ou de outra, costuma ser cobrado em questes de
interpretao ou compreenso de textos. So, portanto, noes que podem
ajud-lo a acertar determinados tipos de testes.
I) Descrio
Um texto se diz descritivo quando tem por base o objeto, a
coisa, a pessoa. Mostra detalhes, que podem ser fsicos, morais,
emocionais, espirituais. Nota-se que a inteno realmente descrever,
da a palavra descrio. Veja o exemplo abaixo:
Diante dela e todo a contempl-la, est um guerreiro estranho, se
guerreiro e no algum mau esprito da floresta. Tem nas faces o branco
das areias que bordam o mar, nos olhos o azul triste das guas
profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo. (Jos
de Alencar, Iracema)
Uma caracterstica marcante da descrio a forte adjetivao
que leva o leitor a visualizar o ser descrito. No trecho em estudo, o homem
visto por Iracema branco, tem olhos tristes (veja que bela hiplage criou
o autor: azul triste em vez de olhos tristes); as guas so profundas, e os
tecidos e armas, ignotos, ou seja, desconhecidos. Observe como a palavra
todo revela a perplexidade do guerreiro, exttico a observar a jovem ndia
sua frente.
Veja, agora, outro exemplo de trecho descritivo, na realidade
uma autodescrio.
Meus cabelos eram muito bonitos, dum negro quente, acastanhado
nos reflexos. Caam pelos meus ombros em cachos gordos, com ritmos
pesados de molas de espiral. (Mrio de Andrade, Tempo da
Camisolinha)
RENATO AQUINO
27
II) Narrao
Quando o texto est centrado no fato, no acontecimento,
diz-se que se trata de uma narrao. Palavra derivada do verbo narrar,
narrao o ato de contar alguma coisa. Novelas, romances, contos so
textos basicamente narrativos.
So os seguintes os elementos de uma narrao:
1) Narrador
aquele que narra, conta o que se passa supostamente aos
seus olhos. Quando participa da histria, chamado de narradorpersonagem.
Ento a narrativa fica, normalmente, em 1 pessoa.
2) Personagens
So os elementos, usualmente pessoas, que participam da
histria. Mas os personagens podem ser coisas ou animais, como no
romance O Trigo e o Joio, de Fernando Namora, em que o personagem
principal, isto , protagonista, uma burra.
3) Enredo
a histria propriamente dita, a trama desenvolvida em torno
dos personagens.
4) Tempo
O momento em que a histria se passa. Pode ser presente,
passado ou futuro.
5) Ambiente
O lugar em que a trama se desenvolve. Pode, naturalmente,
variar muito, no desenrolar da narrativa.
Eis, a seguir, um bom exemplo de texto narrativo, em que todos
os elementos se fazem presentes.
Muitos anos mais tarde, Ana Terra costumava sentar-se na frente de
sua casa para pensar no passado. E no seu pensamento como que
ouvia o vento de outros tempos e sentia o tempo passar, escutava
vozes, via caras e lembrava-se de coisas... O ano de 81 trouxera um
acontecimento triste para o velho Maneco: Horcio deixara a fazenda,
a contragosto do pai, e fora para o Rio Pardo, onde se casara com a
filha dum tanoeiro e se estabelecera com uma pequena venda. (rico
Verssimo, O Tempo e o Vento)
INTERPRETAO DE TEXTOS
O trecho do grande romance de rico Verssimo est situado
no tempo (81), faz meno a lugares onde a trama se desenvolve e
apresenta personagens, como Ana Terra e Seu Maneco. E, claro, algum
est contando: o narrador da histria.
Veja mais um exemplo de narrao, agora com o narradorpersonagem.
Hoje estive na loja de Seu Chamun, uma tristeza. Poeira e cisco por
toda parte, qualquer dia vira monturo. Os dois empregados do meu
tempo foram embora, no sei se dispensados, e o dono no tem
disposio para limpar. (Jos J. Veiga, Sombras de Reis Barbudos)
Discurso
Os personagens que participam da histria evidentemente
falam. o que se conhece como discurso, que pode ser:
1) Direto
O narrador apresenta a fala do personagem, integral, palavra
por palavra. Geralmente se usam dois pontos e travesso.
Ex.: O funcionrio disse ao patro: - Espero voltar no final do
expediente.
Rui perguntou ao amigo: - Posso chegar mais tarde?
2) Indireto
O narrador incorpora sua fala a fala do personagem. O sentido
o mesmo do discurso direto, porm utilizada uma conjuno integrante
(que ou se) para fazer a ligao.
Ex.: O funcionrio disse ao patro que esperava voltar no final do
expediente.
Rui perguntou ao amigo se poderia chegar mais tarde.
Obs.: O conhecimento desse assunto muito importante para as questes
que envolvem as parfrases. Cuidado, pois, com o sentido. Procure
ver se est sendo respeitada a correlao entre os tempos verbais e entre determinados pronomes. Abaixo, outro exemplo, bem elucidativo.
Minha colega me afirmou: - Estarei aqui, se voc precisar de
mim.
Minha colega me afirmou que estaria l se eu precisasse dela.
O sentido , rigorosamente, o mesmo. Foi necessrio fazer
inmeras adaptaes.
RENATO AQUINO
3) Indireto livre
praticamente uma fuso dos dois anteriores. Percebe-se a
fala do personagem, porm sem os recursos do discurso direto (dois
pontos e travesso) nem do discurso indireto (conjunes que ou se).
Ex.: Ele caminhava preocupado pela avenida deserta. Ser que vai
chover, logo hoje, com todos esses compromissos!?
4) Dissertao
Um texto dissertativo quando tem como centro a idia. ,
pois, argumentativo, opinativo. Geralmente o que se cobra em concursos
pblicos, tanto em interpretao de textos quanto na elaborao de
redaes. Divide-se em:
1) Introduo
Perodo de pouca extenso em que se apresenta uma idia,
uma afirmao que ser desenvolvida nos pargrafos seguintes. nele
que se localiza o chamado tpico frasal, aquele perodo-chave em que se
baseia todo o texto.
2) Desenvolvimento
Um ou mais pargrafos de extenso variada, de acordo com a
necessidade da composio. nele que se argumenta, discute, opina,
rebate. o corpo da redao.
3) Concluso
Pargrafo curto com que se encerra a descrio. tambm
chamado de fecho. H vrias modalidades de concluso: resumo da
redao, citao de algum famoso, opinio final contundente etc.
Veja exemplo de trechos dissertativos.
De muitas maneiras, o emprego de alto funcionrio pblico um
sacerdcio, porm pior, pois exercido sob os olhares atentos da
imprensa. O cidado comum, tornado autoridade, transforma-se, do
dia para a noite, numa espcie de ncora de noticirio. No deve
gaguejar, improvisar nem correr riscos em temas polmicos. (Gustavo
Franco, na Veja 1782)
Entende-se por juzo um pensamento por meio do qual se afirma ou
nega alguma coisa, se enuncia algo; serve para estabelecer relao
entre duas idias. Emitir um juzo o mesmo que julgar. A inteligncia
INTERPRETAO DE TEXTOS
opera por meio de juzos; raciocinar consiste em encadear juzos para
tirar uma concluso. (Carlos Toledo Rizzini, Evoluo para o Terceiro
Milnio)
Insistamos sobre esta verdade: a guerra de Canudos foi um refluxo
em nossa histria. Tivemos, inopinadamente, ressurreta e em armas
em nossa frente, uma sociedade velha, uma sociedade morta,
galvanizada por um doido. (Euclides da Cunha, Os Sertes)
Observaes
a) Um texto, s vezes, apresenta tipologia mista. Uma narrao, por
exemplo, pode conter traos dissertativos ou descritivos. Alis, isso
freqente. No h rigor absoluto.
b) Se destacamos apenas um trecho de uma determinada obra,
compreensivelmente todos os elementos que caracterizam sua
tipologia podem no estar presentes. Por exemplo, os trs trechos
dissertativos apresentados, sendo pargrafos isolados, no
contm introduo, desenvolvimento e concluso, o que no
impede que os classifiquemos daquela forma.
c) O tema costuma sugerir uma determinada tipologia, mas tambm
aqui no h nada de absoluto. Digamos que se queira escrever
sobre um passeio. A princpio, pensa-se numa narrao. Porm, o
autor pode prender-se a detalhes do lugar, das pessoas, do
transporte utilizado etc. Teramos ento uma descrio. Por outro
lado, ele pode falar da importncia do lazer na vida das pessoas,
para a sua sade fsica ou mental etc. Dessa forma, desenvolvendo
idias, cairamos em uma dissertao.
RENATO AQUINO
CAPTULO 5
SIGNIFICAO DAS PALAVRAS
Veremos, neste captulo, coisas importantes sobre a
significao de palavras e expresses, que podem influir, direta ou
indiretamente, na interpretao de um texto. Trata-se, em verdade, da
semntica, qual podemos somar a denotao e a conotao, vistas em
outra parte da obra.
I) Campos semnticos
As palavras podem associar-se de vrias maneiras. Quando
se relacionam pelo sentido, temos um campo semntico. No se trata de
sinnimos ou antnimos, mas de aproximao de sentido num dado
contexto.
Ex.: perna, brao, cabea, olhos, cabelos, nariz -> partes do corpo
humano
azul, verde, amarelo, cinza, marrom, lils -> cores
martelo, serrote, alicate, torno, enxada -> ferramentas
batata, abbora, aipim, berinjela, beterraba -> legumes
Observaes
a) Tambm constituem campos semnticos palavras como flor,
jardim, perfume, terra, espinho, embora no pertenam a um
grupo delimitado; mas a associao entre elas evidente.
b) As palavras podem pertencer a campos semnticos diferentes.
Veja o caso de abbora, citada h pouco. Ela tambm serve
para indicar cor, o que a colocaria no segundo grupo de palavras.
II) Polissemia
a capacidade que as palavras tm de assumir significados
variados de acordo com o contexto. No se trata de homonmia, que
estudaremos adiante.
INTERPRETAO DE TEXTOS
Ex.: Ele anda muito. Mrio anda doente. Aquele executivo s anda
de avio. Meu relgio no anda mais.
O verbo andar tem origem no latim ambulare. Possui inmeros
significados em portugus, dos quais destacamos apenas quatro. Trata-se,
pois, de uma mesma palavra, de uso diverso na lngua. Nas frases do
exemplo, significa, respectivamente, caminhar, estar, viajar e funcionar.
III) Sinonmia
Outro item de suma importncia para a interpretao de textos.
H sinonmia quando duas ou mais palavras tm o mesmo significado
em determinado contexto. Diz-se, ento, que so sinnimos.
Ex.: O comprimento da sala de oito metros.
A extenso da sala de oito metros.
A substituio de comprimento por extenso no altera o
sentido da frase, pois os termos so sinnimos.
Em verdade, as palavras so sinnimas em certas situaes,
mas podem no ser em outras. a riqueza da lngua portuguesa falando
mais alto. Pode-se dizer, em princpio, que face e rosto so dois sinnimos:
ela tem um belo rosto, ela tem uma bela face. Mas no se consegue fazer
a troca de face por rosto numa frase do tipo: em face do exposto, aceitarei.
IV) Antonmia
Requer os mesmos cuidados da sinonmia. Na realidade, tudo
uma questo de bom vocabulrio. Antonmia o emprego de palavras
de sentido contrrio, oposto.
Ex.: um menino corajoso.
um menino medroso.
V) Homonmia
Diz-se que h homonmia quando duas ou mais palavras
possuem identidade de pronncia (homnimos homfonos) ou de grafia
(homnimos homgrafos). Em alguns casos, as palavras possuem iguais
a pronncia e a grafia (homnimos perfeitos). A classificao em si no
importante, mas sim o significado das palavras.
RENATO AQUINO
Ex.: ceda - seda -> homnimos homfonos
peso () -> peso () -> homnimos homgrafos
pena - pena -> homnimos perfeitos (ou homfonos e
homgrafos)
Homnimos homfonos mais importantes
acender - pr fogo a ascender - elevar-se
acento - inflexo da voz assento - objeto onde se senta
asado - com asas azado - oportuno
caar - perseguir cassar - anular
cegar - tirar a viso segar - ceifar, cortar
cela - cmodo pequeno sela - arreio
censo - recenseamento senso - juzo
cerrao - nevoeiro serrao - ato de serrar
cheque - ordem de pagamento xeque - lance do jogo de xadrez
cidra - certa fruta sidra - um tipo de bebida
conserto - reparo concerto - harmonia
esttico - firme, parado exttico - em xtase
espiar - olhar expiar - sofrer
estrato - camada; tipo de nuvem extrato - que se extraiu
incerto - duvidoso inserto - inserido
incipiente - que est no incio insipiente - que no sabe
lasso - cansado lao - tipo de n
passo - marcha pao - palcio imperial
remisso - perdo remio - resgate
seda - tipo de tecido ceda - flexo do verbo ceder
taxa - imposto tacha - tipo de prego
viagem - jornada viajem - flexo do verbo viajar
VI) Paronmia
Emprego de parnimos, palavras muito parecidas e que
confundem as pessoas.
Ex.: O trfego era intenso naquela estrada.
O trfico de escravos uma ndoa em nossa histria.
As palavras trfego e trfico so parecidas, mas no se trata de
homnimos, pois a pronncia e a grafia so diferentes. Trfego
movimento de veculo; trfico, comrcio.
INTERPRETAO DE TEXTOS
Parnimos mais importantes
amoral - sem o senso da moral imoral - contrrio moral
apstrofe - chamamento apstrofo - tipo de sinal grfico
arrear - pr arreios arriar - abaixar
astral - dos astros austral - que fica no sul
cavaleiro - que anda a cavalo cavalheiro - gentil
comprimento - extenso cumprimento - saudao
conjetura - hiptese conjuntura - situao
delatar - denunciar dilatar - alargar
descrio - ato de descrever discrio - qualidade de discreto
descriminar - inocentar discriminar - separar
despercebido - sem ser notado desapercebido - desprevenido
destratar - insultar distratar - desfazer
docente - professor discente - estudante
emergir - vir tona, sair imergir - mergulhar
emigrar - sair de um pas imigrar - entrar em um pas
eminente - importante iminente - que est para ocorrer
esbaforido - ofegante espavorido - apavorado
estada - permanncia de algum estadia - permanncia de veculo
facundo - eloqente fecundo - frtil; criador
flagrante - evidente fragrante - aromtico
fluir - correr; manar fruir -desfrutar
inerme - desarmado inerte - parado
inflao - desvalorizao infrao - transgresso
infligir - aplicar pena infringir - transgredir
intemerato - puro intimorato - corajoso
lactante - que amamenta lactente - que mama
lista - relao listra - linha, risco
locador - proprietrio locatrio - inquilino
lustre - candelabro lustro - cinco anos; brilho
mandado - ordem judicial mandato - procurao
pleito - disputa preito - homenagem
preeminente - nobre, distinto proeminente - saliente
prescrever - receitar; expirar (prazo) proscrever - afastar, desterrar
ratificar - confirmar retificar - corrigir
sortir - abastecer surtir - resultar
sustar - suspender suster - sustentartrfego - movimento de veculo trfico - comrcio
usurio - aquele que usa usurrio - avarento; agiota
vultoso - grande vultuoso - vermelho e inchado
RENATO AQUINO
7) Palavras e expresses latinas
Em portugus, freqentemente aparecem termos
emprestados do latim, e isso pode dificultar o entendimento do texto.
Veja os mais importantes.
ab initio - desde o princpio
ad hoc - para isso
ad referendum - sujeito aprovao
ad usum - segundo o costume
a priori - antes de qualquer argumento
a posteriori - aps argumentao
apud - junto de
curriculum vitae - correr de vida, conjunto de informaes pessoais
data venia - com a devida permisso
errata - especificao dos erros de impresso
et alii - e outros
ex abrupto - de sbito
ex cathedra - em virtude de autoridade decorrente do ttulo
ex consensu - com o consentimento
ex jure - segundo o direito, por justia
ex officio - por obrigao de lei, por dever do cargo
exempli gratia - por exemplo
ex lege - de acordo com a lei
fac-simile - cpia
habeas-corpus - liberdade de locomoo
hic et nunc - aqui e agora
honoris causa - por motivo de honra
ibidem - no mesmo lugar
idem - igualmente, tambm
INTERPRETAO DE TEXTOS
in limine - preliminarmente
in loco - no lugar
in totum - totalmente
ipsis litteris - pelas mesmas letras, textualmenteipsis verbis - pelas mesmas palavras, textualmente
ipso facto - por isso mesmo, pelo prprio fato
ipso jure - de acordo com o direito
lato sensu - em sentido amplo
mutatis mutandis - mudando o que deve ser mudado
opus - obra musical classificada e numerada
pari passu - simultaneamente
passim - aqui e ali, em toda parte
prima facie - primeira vista, sem maior exame
pro labore - pagamento por servio prestado
sic - assim mesmo, escrito desta maneira
sine die - sem data fixa
sine jure - sem direito
sine qua non - indispensvel
sub judice - sob apreciao judicial
sui generis - peculiar, sem igual
stricto sensu - em sentido restrito
urb et orbi - em toda a parte
verbi gratia - por exemplo
verbo ad verbum - palavra por palavraVoltarRENATO AQUINO
CAPTULO 6
A PRTICA
Neste captulo, vamos treinar um pouco, mostrando variados
tipos de questes de interpretao e compreenso de texto.
Texto I
Salustiano era um bom garfo. Mas o jantar que lhe haviam
oferecido nada teve de abundante.
- Quando voltar a jantar conosco? - perguntou-lhe a dona
da casa.
- Agora mesmo, se quiser.
(Baro de Itarar, in Mximas e Mnimas do Baro de Itarar)
1) A figura de linguagem presente no primeiro perodo do texto :
a) hiprbole d) metonmia
b) eufemismo e) anttese
c) prosopopia
2) Deduz-se do texto que Salustiano:
a) come pouco.
b) uma pessoa educada.
c) no ficou satisfeito com o jantar.
d) um grande amigo da dona da casa.
e) decidiu que no mais comeria naquela casa.
O Q INTERPRETAO DE TEXTOS
3) O adjetivo que no substitui sem alterao de sentido a palavra
abundante :
a) copiosa d) lauta
b) frugal e) abundosa c) oppara
Respostas
1) O gabarito a letra d. Temos aqui um tipo de metonmia. H uma
troca: ser um bom garfo / comer bem. H muitas questes hoje em
dia envolvendo as figuras de linguagem. Estude bem o segundo
.: captulo, onde elas aparecem. Note que este tipo de metonmia no
fcil, porm, conhecendo bem as outras figuras, d para fazer por
eliminao.
2) A resposta a letra c. A letra a eliminada, pois ser um bom garfo
comer muito. A letra b errada, pois, se ele fosse realmente educado,
no teria dado aquela resposta no final do texto, evidenciando a sua
insatisfao. Nada no texto sugere que ele seja um grande amigo da
dona da casa, o que descarta a alternativa d. A opo e pode ser
desconsiderada, uma vez que, embora insatisfeito, ele no diz que
jamais comer naquela casa; alis, chega mesmo a aceitar o novo
convite. O gabarito s pode ser a letra c, pois ele era um bom garfo e
a comida era pouca, o que o levou a querer repeti-la, aceitando o
convite.
3) Questo de sinonmia. A palavra frugal o oposto de abundante. As
outras quatro so sinnimas de abundante. Da o gabarito ser a letra b.
RENATO AQUINO
Texto II
A mulher foi passear na capital. Dias depois o marido dela
recebeu um telegrama:
Envie quinhentos cruzeiros. Preciso comprar uma capa de
chuva. Aqui est chovendo sem parar.
E ele respondeu:
Regresse. Aqui chove mais barato.
(Ziraldo, in As Anedotas do Pasquim)
1) A resposta do homem se deu por razes:
a) econmicas d) de segurana
b) sentimentais e) de machismo
c) ldicas
2) Com relao tipologia textual, pode-se afirmar que:
a) se trata de uma dissertao.
b) se trata de uma descrio com alguns traos narrativos.
c) o autor preferiu o discurso direto.
d) o segundo perodo exemplo de discurso indireto livre.
e) no se detecta a presena de personagens.
3) Com relao aos elementos conectores do texto, no se pode dizer
que:
a) dela tem como referente mulher.
b) o referente do pronome ele marido.
c) a preposio de tem valor semntico de finalidade.
d) A orao Aqui est chovendo sem parar poderia ligar-se
anterior, sem alterao de sentido, pela conjuno conquanto.
e) O advrbio aqui, em seus dois empregos, no possui os mesmos
referentes.
A Q INTERPRETAO DE TEXTOS
Respostas
1) Letra a. Ao pedir mulher que regresse logo, ele pensava que no
precisaria comprar uma capa de chuva porque eles j possuem uma,
ou que gastaria menos, j que em sua cidade a capa mais barata. O
risco da questo a presena do adjetivo ldicas, menos conhecido.
necessrio melhorar o vocabulrio. Ldicas quer dizer relativas a
jogos, brinquedos, divertimentos.
2) A resposta s pode ser a letra c. As duas primeiras esto eliminadas,
pois o texto narrativo. Tanto a fala da mulher quanto a do marido
so integrais, ou seja, exemplificam o que se conhece como discurso
direto. O autor no usou o travesso, mais comum, preferindo as
aspas. A letra d no tem cabimento, para quem conhece o discurso
indireto livre. No poderia ser a opo e, uma vez que o homem e a
mulher so as personagens do texto.
3) Gabarito: letra d. As duas primeiras alternativas so evidentes,
dispensam comentrios. A letra c est perfeita, pois se trata de uma
capa para chuva, ou seja, com a finalidade de proteger a pessoa da
chuva. A ltima alternativa tambm est correta, pois o primeiro
aqui refere-se capital, onde ela est passeando, e o segundo
cidade do interior, onde se encontra o marido. A resposta s pode ser
a letra d porque o relacionamento entre as duas oraes de causa e
efeito, pedindo conjunes como pois, porque, porquanto etc.
Conquanto significa embora, tem valor concessivo, de oposio. Alm
disso, seu emprego acarretaria erro de flexo verbal, pois o verbo
deveria estar no subjuntivo (esteja), o que no ocorre no texto original.
**
RENATO AQUINO
Texto III
Uma nao j no brbara quando tem historiadores.
(Marqus de Maric, in Mximas)
1) O texto :
a) uma apologia barbrie
b) um tributo ao desenvolvimento das naes
c) uma valorizao dos historiadores
d) uma reprovao da selvageria
e) um canto de louvor liberdade
2) S no constitui parfrase do texto:
a) Um pas j no brbaro, desde que nele existem historiadores.
b) Quando tem historiadores, uma nao j civilizada.
c) Uma nao deixa de ser brbara quando h nela historiadores.
d) Quando possui historiadores, uma nao no mais pode ser
considerada brbara.
e) Desde que tenha historiadores, uma nao j no mais brbara.
Respostas
1) O gabarito a letra c. A opo a absurda por si mesma. A letra b no
cabe, pois o texto no fala de homenagem nao. No pode ser a
letra d, porque nada no texto reprova a barbrie (o leitor precisa aterse
ao texto). A ltima opo totalmente sem propsito. Na realidade,
o autor valoriza os historiadores, uma vez que a sua presena que
garante estar a nao livre da barbrie.
2) Letra e. O que responde questo o valor dos conectivos. A palavra
quando introduz uma orao temporal. O mesmo ocorre com o desde
que da letra a. (observe que o verbo se encontra no modo indicativo:
existem.) Na letra e, a conjuno desde que (o verbo da orao est
no subjuntivo: tenha) inicia orao com valor de condio, havendo,
pois, alterao de sentido.
A O INTERPRETAO DE TEXTOS
Texto IV
A maior alegria do brasileiro hospedar algum, mesmo um
desconhecido que lhe pea pouso, numa noite de chuva.
(Cassiano Ricardo, in O Homem Cordial)
1) Segundo as idias contidas no texto, o brasileiro:
a) pe a hospitalidade acima da prudncia.
b) hospeda qualquer um, mas somente em noites chuvosas.
c) d preferncia a hospedar pessoas desconhecidas.
d) no tem outra alegria seno a de hospedar pessoas, conhecidas
ou no.
e) no prudente, por aceitar hspedes no perodo da noite.
2) A palavra mesmo pode ser trocada no texto, sem alterao de sentido,
por:
a) certamente d) como
b) at e) no
c) talvez
3) A expresso A maior alegria do brasileiro pode ser entendida como:
a) uma personificao d) uma hiprbole
b) uma ironia e) uma catacrese
c) uma metfora
4) O trecho que poderia dar seqncia lgica e coesa ao texto :
a) No obstante isso, ele uma pessoa gentil.
b) Dessa forma, qualquer um que o procurar ser atendido.
c) A solidariedade, pois, ainda precisa ser conquistada.
d) E o brasileiro ganhou fama de intolerante.
e) Por conseguinte, se chover, ele dar hospedagem aos
desconhecidos.
RENATO AQUINO A Q
Respostas
1) Letra a. Na nsia de ser hospitaleiro, o brasileiro hospeda,
imprudentemente, em sua casa, pessoas desconhecidas. A letra b
condiciona a hospedagem s noites chuvosas. A opo c no tem
nenhum apoio no texto, que no fala em preferncias. A letra d no
cabe como resposta, pois o texto nos fala de maior alegria, ou seja,
h outras, menores. A letra e poderia realmente confundir. Na verdade
a falta de prudncia no existe por aceitar hspedes durante a noite,
mas aceit-los sendo eles desconhecidos.
2) A resposta a letra b. Mesmo palavra denotativa de incluso, da
mesma forma que at.
3) O gabarito a letra d. Trata-se de um evidente exagero do autor. A
figura do exagero chama-se hiprbole.
4) Letra b. Na opo a, no obstante isso tem valor concessivo. Deveria
ser por isso ou semelhantes. Na letra c, a conjuno pois conclusiva,
no pode estar seguida de ainda precisa, pois o texto diz que o
brasileiro j conquistou a solidariedade. A alternativa d contraria
inteiramente o texto. A letra e no d seqncia ao texto, pois este no
condiciona a hospedagem chuva.
A A INTERPRETAO DE TEXTOS
TEXTO I
No existe essa coisa de um ano sem Senna, dois anos sem
Senna...No h calendrio para a saudade.
(Adriane Galisteu, no Jornal do Brasil)
1) Segundo o texto, a saudade:
a) aumenta a cada ano.
b) maior no primeiro ano.
c) maior na data do falecimento.
d) constante.
e) incomoda muito.
2) A segunda orao do texto tem um claro valor:
a) concessivo d) condicional
b) temporal e) proporcional
c) causal
3) A repetio da palavra no exprime:
a) dvida d) confiana
b) convico e) esperana
c) tristeza
4) A figura que consiste na repetio de uma palavra no incio de cada
membro da frase, como no caso da palavra no, chama-se:
a) anfora d) pleonasmo
b) silepse e) metonmia
c) sinestesia
A INTERPRETAO DE TEXTOS
TEXTO II
Passei a vida atrs de eleitores e agora busco os leitores.
* (Jos Sarney, na Veja, dez/97)
(5) Deduz-se pelo texto uma mudana na vida:
a) esportiva d) sentimental
b) intelectual e) religiosa
c) profissional
6) O autor do texto sugere estar passando de:
a) escritor a poltico
b) poltico a jornalista
c) poltico a romancista
d) senador a escritor
e) poltico a escritor
7) Infere-se do texto que a atividade inicial do autor foi:
a) agradvel d) honesta
b) duradoura e) coerente
c) simples
8) O trecho que justifica a resposta ao item anterior :
a) e agora d) atrs de eleitores
b) os leitores e) busco
c) passei a vida
9) A palavra ou expresso que no pode substituir o termo agora :
a) no momento d) neste instante
b) ora e) recentemente
c) presentemente
RENATO AQUINO A 7
TEXTO III
Os animais que eu treino no so obrigados a fazer o que vai
contra a natureza deles.
(Gilberto Miranda, na Folha de So Paulo, 23/2/96)
10) O sentimento que melhor define a posio do autor perante os
animais :
a) f d) amor
b) respeito e) tolerncia
c) solidariedade
11) O autor do texto :
a) um treinador atento
b) um adestrador frio
c) um treinador qualificado
d) um adestrador consciente
e) um adestrador filantropo
12) Segundo o texto, os animais:
a) so obrigados a todo tipo de treinamento.
b) fazem o que no lhes permite a natureza.
c) no fazem o que lhes permite a natureza.
d) no so objeto de qualquer preocupao para o autor.
e) so treinados dentro de determinados limites.
A Q INTERPRETAO DE TEXTOS
TEXTO IV
Estou com saudade de ficar bom. Escrever conseqncia
natural.
(Jorge Amado, na Folha de So Paulo, 22/10/96)
13) Segundo o texto:
a) o autor esteve doente e voltou a escrever.
b) o autor est doente e continua escrevendo.
c) O autor no escreve porque est doente.
d) o autor est doente porque no escreve.
e) o autor ficou bom, mas no voltou a escrever.
14) O autor na verdade tem saudade:
a) de trabalhar d) de escrever
b) da sade e) da doena
c) de conversar
15) Escrever conseqncia natural. Conseqncia de:
a) voltar a trabalhar.
b) recuperar a sade.
c) ter ficado muito tempo doente.
d) estar enfermo.
e) ter sade.
RENATO AQUINO A Q
TEXTO V
A mente de Deus como a Internet: ela pode ser acessada por
qualquer um, no mundo todo.
(Amrico Barbosa, na Folha de So Paulo)
16) No texto, o autor compara:
a) Deus e internet d) mente e internet
b) Deus e mundo todo e) mente e qualquer um
c) internet e qualquer um
17) O que justifica a comparao do texto :
a) a modernidade da informtica
b) a bondade de Deus
c) a acessibilidade da mente de Deus e da internet
d) a globalizao das comunicaes
e) O desejo que todos tm de se comunicar com o mundo.
18) O conectivo comparativo presente no texto s no pode ser
substitudo por:
a) tal qual d) para
b) que nem e) feito
c) qual
19) S no constitui parfrase do texto:
a) A mente de Deus, bem como a internet, pode ser acessada por
qualquer um, no mundo todo.
b) No mundo todo, qualquer um pode acessar a mente de Deus e a
internet.
c) A mente de Deus pode ser acessada, no mundo todo, por qualquer
um, da mesma forma que a internet.
d) Tanto a internet quanto a mente de Deus podem ser acessadas, no
mundo todo, por qualquer um.
e) A mente de Deus pode acessar, como qualquer um, no mundo
todo, a internet.
K Q INTERPRETAO DE TEXTOS
TEXTO VI
Marx disse que Deus o pio do povo. J sabemos que no
entendia nem de Deus nem de pio. Deus uma experincia de f.
Impossvel defini-lo.
(Paulo Coelho, em O Globo, 25/2/96
20) Segundo o perodo inicial do texto, para Marx Deus:
a) traz imensa alegria ao povo.
b) esclarece o povo.
c) deixa o povo frustrado.
d) conduz com segurana o povo.
e) tira do povo a condio de raciocinar.
21) Segundo o autor, Marx:
a) mentiu deliberadamente.
b) foi feliz com suas palavras.
c) falou sobre o que no sabia.
d) equivocou-se em parte.
e) estava coberto de razo, mas no foi compreendido.
22) O sentimento que Marx teria demonstrado e que justifica a resposta
ao item anterior :
a) leviandade
b) orgulho
c) maldade
d) ganncia
e) egosmo
RENATO AQUINO K 1
23) Infere-se do texto que Deus deve ser:
a) amado
b) conceituado
c) admirado
d) sentido
e) estudado
24) A palavra que justifica o item anterior :
a) pio
b) lo
c) f
d) povo
e) experincia
25) A figura de linguagem presente no primeiro perodo :
a) metfora
b) metonmia
c) prosopopia
d) pleonasmo
e) hiprbole
26) A palavra que poderia ter sido grafada com letra maiscula :
a) pio
b) povo
c) experincia
d) f
e)lo
INTERPRETAO DE TEXTOS
TEXTO VII
Quando vim da minha terra,
no vim, perdi-me no espao,
na iluso de ter sado.
Ai de mim, nunca sa.
(Carlos D. de Andrade, no poema A Iluso do Migrante)
27) O sentimento predominante no texto :
a) orgulho d) esperana
b) saudade e) ansiedade
c) f
28) Infere-se do texto que o autor:
a) no saiu de sua terra.
b) no queria sair de sua terra, mas foi obrigado.
c) logo esqueceu sua terra.
d) saiu de sua terra apenas fisicamente.
e) pretende voltar logo para sua terra.
29) Por perdi-me no espao pode-se entender que o autor:
a) ficou perdido na nova terra.
b) ficou confuso.
c) no gostou da nova terra.
d) perdeu, momentaneamente, o sentimento por sua terra natal.
e) aborreceu-se com a nova situao.
30) Pelo ltimo perodo do texto, deduz-se que:
a) ele continuou ligado sua terra.
b) ele vai voltar sua terra.
c) ele gostaria de deixar sua cidade, mas nunca conseguiu.
d) ele se alegra por no ter sado.
e) ele nunca saiu da terra onde vive atualmente.
31) A expresso ai de mim s no sugere, no poema:
a) amargura d) vergonha
b) decepo e) nostalgia
c) tristeza
RENATO AQUINO C O
TEXTO VIII
Enquanto o Titanic ainda flutua, tentemos o impossvel para
mudar o seu curso. Afinal, quem faz a histria so as pessoas e no o
contrrio.
(Herbert de Souza, na Folha de So Paulo, 17/11/96)
32) Infere-se do texto que o Titanic:
a) um navio real.
b) simboliza algo que vai mal.
c) um navio imaginrio.
d) simboliza esperana de salvao.
e) sintetiza todas as tragdias humanas.
33) Pelo visto, o autor no acredita em:
a) transformao d) favorecimento
b) elogio e) determinismo
c) desgraa
34) A palavra afinal pode ser substituda, sem alterao de sentido, por:
a) conquanto d) enquanto
b) porquanto e) apenas
c) malgrado
35) Infere-se do texto que:
a) h coisas que no podem ser mudadas.
b) se tentarmos, conseguiremos.
c) o que parece impossvel sempre o .
d) jamais podemos desistir.
e) alguns tm a capacidade de modificar as coisas, outros no.
36) Para o autor, as pessoas no devem:
a) exagerar d) lamentar-se
b) falhar e) fugir
c) desanimar
INTERPRETAO DE TEXTOS
TEXTO IX
A funo do artista esta, meter a mo nessa coisa essencial
do ser humano, que o sonho e a esperana. Preciso ter essa iluso: a de
que estou resgatando esses valores.
(Marieta Severo, na Folha de So Paulo)
37) Segundo o texto, o artista:
a) leva alegria s pessoas.
b) valoriza o sonho das pessoas pobres.
c) desperta as pessoas para a realidade da vida.
d) no tem qualquer influncia na vida das pessoas.
e) trabalha o ntimo das pessoas.
38) Segundo o texto:
a) o sonho vale mais que a esperana.
b) o sonho vale menos que a esperana.
c) sonho e esperana tm relativa importncia para as pessoas.
d) no se vive sem sonho e esperana.
e) tm importncia capital para as pessoas tanto o sonho quanto a
esperana.
39) A palavra ou expresso que justifica a resposta do item anterior :
a) iluso d) ser humano
b) meter a mo e) valores
c) essencial
40) A expresso meter a mo:
a) pertence ao linguajar culto.
b) pode ser substituda, sem alterao de sentido, por intrometer-se.
c) tem valor pejorativo.
d) coloquial e significa, no texto, tocar.
e) um erro que deveria ter sido evitado.
41) S no se encontra no texto:
a) a influncia dos artistas
b) a necessidade da autora
c) a recuperao de coisas importantes
d) a conquista da paz
e) a carncia de sentimentos das pessoas
42) A palavra esses poderia ser substituda, sem alterao de sentido, por:
a) bons d) outros
b) certos e) muitos
c) tais
RENATO AQUINO
55
TEXTO X
Um prmio chamado Sharp, ou Shell, Deus me livre! No
quero. Acho esses nomes feios. No recebo prmios de empresas ligadas
a grupos multinacionais. No sou traidor do meu povo nem estou venda.
(Ariano Suassuna, na Veja, 3/7/96)
43) A palavra que melhor define o autor do texto :
a) megalomanaco d) nacionalista
b) revoltado e) decepcionado
c) narcisista
44) Se aceitasse algum tipo de prmio de empresas multinacionais, o
autor, alm de traidor, se sentiria:
a) infiel d) ingrato
b) venal e) mprobo
c) pusilnime
45) O autor no recebe prmios de empresas multinacionais porque:
a) seus nomes so feios.
b) estaria prestando um desservio ao Brasil.
c) detesta qualquer empresa que no seja brasileira
d) esses prmios no tm valor algum.
e) no quer ficar devendo favores a esse tipo de empresa.
46) O ltimo perodo do texto tem claro valor:
a) causal d) comparativo
b) temporal e) proporcional
c) condicional
47) A expresso Deus me livre! demonstra, antes de tudo:
a) revolta d) certeza
b) desprezo e) ira
c) ironia
INTERPRETAO DE TEXTOS
TEXTO XI
Inserto entre o 16 e o 18, o sculo XVII permanece em meialuz,
quase apagada, nos fastos do Rio de Janeiro, sem que sobre esse
perodo se detenha a ateno dos historiadores, sem que o distingam os
que se deixam fascinar pelos aspectos brilhantes da histria.
(Vivaldo Coaracy, in O Rio de Janeiro)
48) Segundo o texto, o sculo XVII:
a) chamou a ateno dos historiadores por ser meio apagado.
b) foi uma parte brilhante da histria do Rio de Janeiro.
c) assemelha-se aos sculos XVI e XVIII.
d) foi importante, culturalmente, para o Rio de Janeiro.
e) transcorreu sem brilho, para o Rio de Janeiro.
49) A palavra ou expresso que pode substituir sem prejuzo do sentido
a palavra fastos :
a) anais
b) crculos culturais
c) crculos polticos
d) administrao
e) imprensa
50) A expresso quase apagada:
a) retifica a palavra meia-luz.
b) complementa a palavra meia-luz.
c) refora a palavra meia-luz.
d) explica a palavra meia-luz.
e) amplia a palavra meia-luz.
51) Infere-se do texto que:
a) os historiadores detestaram o sculo XVII.
b) os mais belos momentos da histria encantam certas pessoas.
c) o sculo XVI foi to importante quanto o sculo XVIII.
d) a histria do Rio de Janeiro est repleta de coisas interessantes.
e) os historiadores se interessam menos pelos sculos XVI e XVIII do
que pelo sculo XVII.
RENATO AQUINO 57
TEXTO XII
Acho que foi uma premonio, uma vez que ele j tinha
declarado que A Fraternidade Vermelha seria seu ltimo filme. Foi o
cineasta contemporneo que conseguiu chegar mais perto do conceito
de Deus. Poderia ter feito muito mais filmes, mas foi vtima do
totalitarismo socialista.
(Leon Cakoff, no Jornal da Tarde, 14/13/96)
52) O totalitarismo socialista:
a) atrapalhou a carreira do cineasta.
b) manteve-se alheio carreira do cineasta.
c) interrompeu a carreira do cineasta.
d) incentivou a carreira do cineasta.
e) fiscalizou a carreira do cineasta.
53) A Fraternidade Vermelha:
a) foi um filme de repercusso nos meios religiosos.
b) foi o primeiro filme de sucesso do cineasta.
c) no abordava o assunto Deus.
d) foi o melhor filme do cineasta.
e) foi o ltimo filme do cineasta.
54) Provavelmente, o cineasta:
a) agradou, por ser materialista.
b) agradou por falar de Deus.
c) desagradou por falar de Deus.
d) desagradou por no falar de Deus.
e) no sabia nada sobre Deus.
INTERPRETAO DE TEXTOS
55) Levando-se em conta o carter materialista usualmente atribudo
aos socialistas, o ttulo do filme seria, em princpio:
a) uma redundncia
b) uma ambigidade
c) um paradoxo
d) uma qualificao
e) uma incoerncia
56) A palavra premonio se justifica porque:
a) seu filme foi um sucesso.
b) o cineasta falava de Deus.
c) o cineasta no quis fazer mais filmes.
d) a Fraternidade Vermelha foi seu ltimo filme.
e) o cineasta foi vtima do totalitarismo socialista.
57) A palavra Vermelha eqivale no texto a:
a) totalitria
b) comunista
c) socialista
d) materialista
e) espiritualista
58) O conectivo que no poderia substituir uma vez que no texto :
a) porque d) porquanto
b) pois e) se bem que
c) j que
RENATO AQUINO 59
TEXTO XIII
Nem todas as plantas hortcolas se do bem durante todo o
ano; por isso preciso fazer uma estruturao dos canteiros a fim de
manter-se o equilbrio das plantaes. Com o sistema indicado, no
faltaro verduras durante todo ano, sejam folhas, legumes ou tubrculos.
(Irineu Fabichak, in Horticultura ao Alcance de Todos)
59) Segundo o texto:
a) todas as plantas hortcolas no se do bem durante todo o ano.
b) todas as plantas hortcolas se do bem durante todo o ano.
c) todas as plantas hortcolas se do mal durante todo o ano.
d) algumas plantas hortcolas se do bem durante todo o ano.
e) nenhuma planta hortcola se d mal durante todo o ano.
60) Para manter o equilbrio das plantaes necessrio:
a) estruturar de maneira mais lgica e racional os canteiros.
b) fazer mais canteiros, mas ordenando-os de maneira lgica e
racional.
c) fazer o plantio em pocas diferentes.
d) construir canteiros emparelhados. -
e) manter sempre limpos os canteiros
61) A conjuno por isso s no pode ser substituda por:
a) portanto d) porque
b) logo e) assim
c) ento
62) Segundo o ltimo pargrafo do texto:
a) tubrculos no so verduras.
b) legumes so o mesmo que tubrculos.
c) folhas, legumes e tubrculos so a mesma coisa.
d) haver verduras o ano todo, inclusive folhas, legumes e tubrculos.
e) haver folhas, legumes e tubrculos o ano todo.
INTERPRETAO DE TEXTOS
TEXTO XIV
Aquisio vista. A Bauducco, maior fabricante de panetones
do pas, est negociando a compra de sua maior concorrente, a Visconti,
subsidiria brasileira da italiana Visagis. O negcio vem sendo mantido
sob sigilo pelas duas empresas em razo da proximidade do Natal. Seus
controladores temem que o anncio dessa unio - resultando numa
espcie de AmBev dos panetones - melindre os varejistas.
(Cludia Vassallo, na Exame, dez./99)
63) As duas empresas (/. 4) de que fala o texto so:
a) Bauducco e Visagis
b) Visconti e Visagis
c) AmBev e Bauducco
d) Bauducco e Visconti
e) Visagis e AmBev
64) A aproximao do Natal a causa:
a) da compra da Visconti
b) do sigilo do negcio
c) do negcio da Bauducco
d) do melindre dos varejistas
e) do anncio da unio
65) Uma outra causa para esse fato seria:
a) a primeira colocao da Bauducco na fabricao de panetones
b) o fato de a Visconti ser uma multinacional
c) o fato de a AmBev entrar no mercado de panetones
d) o possvel melindre dos varejistas
e) o fato de a Visconti ser concorrente da Bauducco
66) Por aquisio vista entende-se, no texto:
a) que a negociao provvel.
b) que a negociao est distante, mas vai acontecer.
c) que o pagamento da negociao ser feito em uma nica parcela.
d) que a negociao dificilmente ocorrer.
e) que a negociao est prxima.
RENATO AQUINO 61
TEXTO XV
Um anjo dorme aqui;
na aurora apenas,
disse adeus ao brilhar das aucenas
sem ter da vida alevantado o vu.
Rosa tocada do cruel granizo
Cedo finou-se e no infantil sorriso
passou do bero pra brincar no cu!
(Casimiro de Abreu, in Primaveras)
67) O tema do texto :
a) a inocncia de uma criana
b) o nascimento de uma criana
c) o sofrimento pela morte de uma criana
d) o apego do autor por uma certa criana
e) a morte de uma criana
68) O tema se desenvolve com base em uma figura de linguagem
conhecida como:
a) prosopopia d) metonmia
b) hiprbole e) eufemismo
c) pleonasmo
69) No mbito do poema, podemos dizer que pertencem ao mesmo
campo semntico as palavras:
a) aurora e vu
b) anjo e rosa
c) granizo e sorriso
d) bero e cu
e) cruel e infantil
INTERPRETAO DE TEXTOS
70) As palavras que respondem ao item anterior so:
a) uma anttese em relao vida
b) hiprboles referentes ao destino
c) personificaes alusivas morte
d) metforas relativas criana
e) pleonasmos com relao dor.
71) Por sem ter da vida alevantado o vu entende-se:
; a) sem ter nascido
b) sem ter morrido cedo
c) sem ter conhecido bem a vida
; d) sem viver misteriosamente
e) sem poder relacionar-se com as outras pessoas
72) Na aurora apenas o mesmo que:
a) somente pela manh
b) no limiar somente
c) apenas na alegria
d) s na tristezae) s no final
RENATO AQUINO ft *l
TEXTO XVI
Julgo que os homens que fazem a poltica externa do Brasil, no
Itamaraty, so excessivamente pragmticos. Tiveram sempre vida fcil,
vm da elite brasileira e nunca participaram, eles prprios, em combates
contra a ditadura, contra o colonialismo. Obviamente no tm a
sensibilidade de muitos outros pases ou diplomatas que conheo.
(Jos Ramos-Horta, na Folha de So Paulo, 21/10/96)
73) S no caracteriza os homens do Itamaraty:
a) o pragmatismo
b) a falta de sensibilidade
c) a luta contra a ditadura
d) a tranqilidade da vida
e) as razes na elite do Brasil
74) A palavra que no se liga semanticamente aos homens do Itamaraty
:
a) o segundo que (1)b) tiveram (/. 2)
c) vm (/. 3) --
d) eles (/. 3)
e) o terceiro que (/. 5)
75) Pelo visto, o autor gostaria de que os homens do Itamaraty tivessem
mais:
a) inteligncia d) coerncia
b patriotismo e) grandeza
c) vivncia
INTERPRETAO DE TEXTOS
76) A orao iniciada por obviamente tem um claro valor de:
a) conseqncia d) condio
b) causa e) tempo
c) comparao
; 77) A palavra que pode substituir, sem prejuzo do sentido, a palavra
obviamente l.(4), :
a) necessariamente d) evidentemente
b) realmente e) comprovadamente
c) justificadamente
78) S no pode ser inferido do texto:
a) nem todo diplomata excessivamente pragmtico.
b) ter lutado contra o colonialismo importante para a carreira de
diplomata.
c) Nem todo diplomata vem da elite brasileira.
d) ter vida fcil caracterstica comum a todo tipo de diplomata.
e) h diplomatas mais sensveis que outros.
RENATO AQUINO
TEXTO XVII
Se essa ainda a situao de Portugal e era, at bem pouco, a
do Brasil, havemos de convir em que no Brasil-colnia, essencialmente
rural, com a ojeriza que lhe notaram os nossos historiadores pela vida das
cidades - simples pontos de comrcio ou de festividades religiosas -, estas
no podiam exercer maior influncia sobre a evoluo da lngua falada,
que, sem nenhum controle normativo, por sculos voou com as suas
prprias asas.
(Celso Cunha, in A Lngua Portuguesa e a Realidade Brasileira)
79) Segundo o texto, os historiadores:
a) tinham ojeriza pelo Brasil-colnia.
b) consideram as cidades do Brasil-colnia como simples pontos de
comrcio ou de festividades religiosas.
c) consideram o Brasil-colnia essencialmente rural.
d) observaram a ojeriza que a vida nas cidades causava.
e) consideram o campo mais importante que as cidades.
80) Para o autor:
a) as festas religiosas tm importncia para a evoluo da lngua
falada.
b) No Brasil-colnia, havia a prevalncia da vida do campo sobre a
das cidades.
c) a evoluo da lngua falada dependia em parte dos pontos de
comrcio.
d) a evoluo da lngua falada independe da condio de Brasilcolnia.
e) a situao do Brasil na poca impedia a evoluo da lngua falada.
81) A palavra ojeriza (/. 3) significa, no texto:
a) medo d) dificuldade
b) admirao e) angstia
c) averso
INTERPRETAO