redalyc.relacionamentos interorganizacionais e … · pesquisas e os ssforcos na busca do...

24
Revista de Administração FACES Journal ISSN: 1517-8900 [email protected] Universidade FUMEC Brasil Botelho Schneider Venson, Aline; Lopes Carneiro, Marcelo; Andrade de Lima, Marcus Vinicius; Venson, Dioggo; Wherle, Alex Fabiano RELACIONAMENTOS INTERORGANIZACIONAIS E DESEMPENHO: UMA APLICAÇÃO PRÁTICA NA REDE DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO BALNEÁRIO AÇORES Revista de Administração FACES Journal, vol. 10, núm. 1, enero-marzo, 2011, pp. 115-136 Universidade FUMEC Minas Gerais, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=194019752007 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

Upload: ngocong

Post on 10-Dec-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Revista de Administração FACES Journal

ISSN: 1517-8900

[email protected]

Universidade FUMEC

Brasil

Botelho Schneider Venson, Aline; Lopes Carneiro, Marcelo; Andrade de Lima, Marcus Vinicius;

Venson, Dioggo; Wherle, Alex Fabiano

RELACIONAMENTOS INTERORGANIZACIONAIS E DESEMPENHO: UMA APLICAÇÃO PRÁTICA

NA REDE DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO BALNEÁRIO AÇORES

Revista de Administração FACES Journal, vol. 10, núm. 1, enero-marzo, 2011, pp. 115-136

Universidade FUMEC

Minas Gerais, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=194019752007

Como citar este artigo

Número completo

Mais artigos

Home da revista no Redalyc

Sistema de Informação Científica

Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal

Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL

RELACIONAMENTOS INTERORGANIZACIONAISE DESEMPENHO: UMA APLlCACAo PRÁTICA NA•

REDE DA CONSTRUcAo CIVIL NO BALNEÁRIO ACORES• •

INTERORGANIZATIONAL RELATIONSHIPS AND PERFORMANCE: A PRACTICALAPPLlCATION IN THE NETWORK BUILDING IN A<;:ORES BALNEÁRIO

•••

Alíne Botelho Schneíder VensonUnisul - Faculdades Barddal

Mestre Admínístracao PPGA/UNiSULalinebotel [email protected]

Marcelo Lopes CarneíroUnisul - Universidade do Sul deSanta Catarina I Faculdades Barddal

Mestre emAdmínístracao pela [email protected]

Marcus Vínícíus Andrade de LimaUnisul - Universidade do Sul de Santa Catarina

••

Díoggo VensonUnisul - Faculdades Barddal

Sistemasde lnformacáo

Alex FabíanoWherleInstituto de Ensino Superior daGrande Florianópolis - lES

Mestre emAdministracáo PPGA/UNIVALI ]adm_condomin [email protected]

Doutor em Engenharia de Producáo pela UFSCmarcus.1 [email protected]

Data de submissi.o: 07 abr. 2009 . Data de aprovasi.o:

1I dez. 20 IO • Sistema de avaliasao: Double blind review.

• Universidade FUMEC / FACE • Prof. Dr. Cid Goncalves Fi lho

• Prof. Dr. Luiz CláudioVieirade OIiveira. Prof. Dr.JoséMarcosCarval ho de Mesquita.

RESUMO

Os relacionamentos interorganizacionais térn sido tema de diversos estudos ehipóteses que dáo conta da sua importancia para o sucesso das orqanizacñes .Um modo de c1assificar a forma dos relacionamentos entre orqanizacóes éa proposta por Uzzi (1997) , que c1assifica os relacionamentos em imersossocialmente ou de mercado. Estes relacionamentos interorganizacionaisafetam a vida das orqanizacóes e sao de vital importancia para oentendimento do mercado em que as orqanizacóes estáo inseridas. Nestesentido essa pesquisa teve como perguntas centrais: Qual o desempenhodas orqanizacóes socialmente imersas? Seu desempenho é maior porconta desse relaciona mento? Existe relacáo entre o desempenho e o tipode relaciona mento? Para atingir tal objetivo propomos um modelo dernedicáo de desempenho das orqanizacóes envolvidas baseado no MCDA-C,

RELACIONA.MENTOS INTERORGA.NIZACIONA.IS E DESEM PENH O: UM.A. A PLlCAC;Ao PRÁTICA NA. REDE DA CONSTRUC;Ao CIVIL NO BA LNEÁRIO AC;ORES

metodologia de apóio a decisáo construtivista, aplicado a um conjuntode orqanizacóes da construcáo civil do Balneário Acores, localizado emFlorianópolis, Santa Catarina. Esse grupo de orqanizacóes foi escolhido porbase estudo da irnersáo social, anterior a essa pesquisa, desenvolvido porWehrle (2008). Como resultado foi possível verificar que os relacionamentosimersos afetam o desempenho das organiza¡;:5es, sendo benéficos paraas orqanizacóes apenas quando essas conseguem gerenciá-Ios. Portantoter muitos relacionamentos imersos pode prejudicar o desempenho dasorganiza¡;:5es.

PALAVRAS-CHAVES

Relacionamentos interorganizacionais. Imersáo social. Desempenho.

Metodologia Construtivista de Apoio aDecisáo. MCDA-C.

ABSTRACT

Interorganizational relationships have been subject of many studies andhypotheses which describe its importance to the success of organizations.One way to classify the form of relationships between organizations isthe proposal by Uzzi (1997), which classifies the relationships in socialembedded or market. These interorganizational relationships affect the livesof organizations and are of vital importance for the understanding of themarket in which organizations are embedded. In this sense this researchwas to central questions: What is the performance of socially immersedorganizations? Its performance is higher on account of that relationship? Arelationship exists between performance and type ofrelationship? To achieve

this goal we propase a model for measuring performance of organizationsbased on MCDAC, method of decision support constructivist, applied toa number of organizations, the construction of the Acores, located inFlorianopolis, Santa Catarina. This group oforganizations was chosen basedon study of social immersion, prior to the survey, developed by Wehrle(2008). As a result it was possible to verify that the relationships affect the

performance of organizations, and beneficial to the organizations wherethey can only manage them. So many relationships have immersed mayimpair the performance of organizations.

KEYWORDS

Interorganizational relationships. Social immersion. Performance.Constructivist approach to decision support. MCDA-e.

_ R.Ad m. FA CES[ou rnal Eelo Horizonte v.IO n. 1, p. 1l5- l36 janJmar. l011. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa)

AUNEEOTELHO SCHNEIDER . Iv1ARCELO LOPES CARNEI RO Iv1ARCUS VINICIUSANDRAD EDE UIv1A . DIOGGOVENSON . ALEX FAEIANO WEHRLE

INTRODUc;AO

Na atual conjuntura, as orqanizacóesbuscam identificar conceitos que aspermita tomar decisóes estratégicas, deforma clara e oportuna, sem que se percaa eficácia destas medidas. Raros sao osmomentos em que os dirigentes podemanalisar e decidir, sem que Ihe seja cobradoeficiencia, visibilidade e oportunidade.Nas últimas décadas, os mercados vérnsofrendo fortes rnutacñes provocadaspor alteracóes na lógica da cornpetícáo.A rnassiñcacáo da producáo, o aumentodo comércio mundial, as pressóes depreces, as mudancas legais ampliandoa responsabilidade das empresas diantedos consumidores, a ocupacáo de nichosvia custornizacáo de produtos sao, dentremuitos exemplos possíveis, componentesrecentes no jogo competitivo.

Neste cenário, as orq aniz acñe sbuscam alternativas para resguardarsuas opsracóes:

inovacáo, adsquacáo de custos ebusca de novos mercados sao alguns doscaminhos passíveis de serem trilhados,do ponto de vista da empresa isolada.Outra opcáo advém da possibilidade deconstituírem aliancas que neutralizemou ao menos minimizem os efeitos danova cornp eticáo. Este vem sendo ocaminho seguido por amplos segmentosempresariais. Segundo Yoshino e Rangan(1996), isso se deve anecessidade cadavez maior de serem constituídas aliancasestratégicas como resposta aos desafiosimpostos pelo mercado. Este fato tambémé referido por Pereira e Pedrozo (2003),segundo os quais os relacionamentosinterorganizacionais tem-se tornadouma importante forma de cornpeticáoempresarial, visto que muitas empresas,

atuando de forma isolada, nao teriamcondicóes de obter as devidas condicóesde sobrevivéncia e desenvolvimento.

Por meio da área de SociologiaEc o n ó mi ca , significativas sao aspesquisas e os ssforcos na busca doentendimento das complexas relacóesentre as orqanizacóes que convivem nomesmo ambiente (PEREIRA; VENTURINI;VISENTINI, 2006). Swedberg (2004)complementa dizendo que a sociologiaeconómica descreve o modo pelo qual asacóes económicas sao estruturadas pormeio de redes sociais. O termo 'irnersáosocial' (social embeddedness), do autorGranovetter (1985), reivindica o papelda sociologia económica na descricáodo modo pelo qual as acóes económicas

sao estruturadas por meio de redessociais. De acordo com Uzzi (1997),para se analisar as relacñes de efeito daorqanizacáo e da estrutura da rede naa~ao económica, é necessário identificarcomo a orqanizacáo está ligada a suarede interorganizacional. Granovetter(1985) complementa afirmando que, parase entender como as orqanizacóes estáono estado atual, é necessário um estudoanalisador aprofundado da estruturasocial. Steinner (2006) explica que émuito importante o entendimento sobre asrelacóes de mercado, esclarecendo, assim,como as relacóes sociais contribuem demaneira determinante para a criacáo e aevolucáo das instituicóes e das relacñesde mercado.

Do final do século XIX até os diasde hoje foi concebida uma significativaquantidade de sistemas de rnedicáode desempenho organizacional, cadaum deles visando atender a demandasespecíficas ou englobando novasperspectivas a aspectos já desenvolvidos

R. Adm. FACES [ournal Eelo Horizonte v.IO n.1 p. 115-136 janJmar.l0 lL ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) _

RELACIONAMENTOS INTERORGANIZACIONAIS ED ESEM PENHO: UMA A PLlCA c;Ao PRÁTICA NA.. REDEDA CONSTRUc;Ao CIVIL NO BALNEARIO AC;ORES

em pesquisas anteriores, desde a simplesrnensuracáo da producáo alcancada até

métodos mais sólidos e holísticos comoos critérios do FNQ - Fundacáo Nacionalda Qualidade, BSC - Balance Scorecard,EVA, entre outros.

Porém a grande variedade de modelosde qestáo oferecida no mercado deixaassustados muitos gerentes e consultores(HAVE et al., 2003). Os modelostradicionais de avali acáo parecemnao contemplar todos os fatores edirnensóes requeridas, onde a principallirnitacáo é a nao incorporacáo de fatores

qualitativos e subjetivos no processo deavaliacáo. Mesmo com o aprimoramentode alguns modelos em contemplar estasvariáveis, ainda assim, a dificuldadede operacionalizá-Ias de forma práticaparece uma tendencia permanente.Principalmente no que diz respeito aagrega~ao dessas variáveis heteroqéneasnecessárias para que se tenha umaavaliacáo global da empresa. Para isso,propóe-se a incorporacáo da MetodologiaMulticritério de Apoio a Decisáo - MCDA-C(ROY, 1993) na análise do desempenhode empresas, a fim de melhor refletir odesempenho das empresas analisadas.Aplicacñes de MCDA-C na avaliacáo de

desempenho de empresas podem serencontradas em Dutra et al, (2005),Rangel et al, (2003), Lima (2003),Banville (2000).

De acordo com Balestro et al (2004)e Amato Neto (2000) a co operacáointerorganizacional é parte do cotidianodas empresas, sejam elas grandesou pequenas, sendo adotadas entreempresas sob várias confiquracñes, eminúmeros setores e em todas as escalasde producáo. Ottoboni e Pamplona (2001)registram que a estrutura organizacional

e o modo de gerenciamento das microe pequenas empresas as deixam muitovulneráveis as mudancas do ambiente.Diante dessa realidade, também elassentem a necessidade de buscar abrigoem aliancas que Ihes oportunizem atingirníveis mais elevados de competitividade,que isoladas nao alcancariarn. Nessabusca, uma das tipologias que mais seexpandiu nos últimos anos sao as redesde empresas formadas por pequenosempreendimentos, cujo mercado, porvezes, se restringe a um bairro.

A partir deste contexto, este artigobusca responder a seguinte pergunta depesquisa: Como a irnersáo social podeafetar o desempenho das orqanizacóes?Para isto, decidiu-se aplicar esta pesquisanas empresas que cornpñem a redeinterorganizacional do ramo da ConstrucáoCivil do balneário Acores, em Florianópolisse. Haja vista que, no Brasil, nos últimostres anos, pudemos observar uma forteexpansáo desse setor e obtendo umimpacto positivo na economia brasileira,servindo como base para o aumentodo PIB e a cria~ao de novos postos detrabalho (MEIRELLES, 2007). A escolhada reqiáo se deve, principalmente, peloalto grau de desenvolvimento, nos últimosdez anos, do número de empresas nessesetor. O entendimento do mercado daconstrucáo civil do Balneário Acores ajudaa compreender as difsrencas em relacáo aoutros mercados. Para o mercado local, oentendimento dos relacionamentos podeauxiliar na proximidade e/ou na interacáodos atores, para um desenvolvimentomútuo da indústria. Outro fator se deveao fato de ser principalmente um mercado'fechado', isto é, as orqanizacóes do ramoda construcáo civil que estáo situadas

nesse espaco geográfico atuam quase

_ R.Ad m. FA CES [ournal Belo Horizonte v.IO n. 1, p. I lS - l36 janJmar.l011. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa)

ALI N E EOTELHO SCHN EID ER. MARC ELO LOPES CARN EIRO . MAR CUS VINICI USANDRPD E DE LIMA . D IOGGO VENSON . AL EX FAE IAN O W EHRLE

que exclusivamente nesse mercado, oque possibilita uma melhor definicáo eanálise das orqanizacóes atuantes nessaárea, além de facilitar a acessibilidade deinfo rma ~oes.

Sendo assim, o presente trabalho temcomo objetivo geral verificar o quanto ecomo os relacionamentos imersos afetamo desempenho das orqanizacóes. Para isto,procurará: (i) identificar o desempenhodas empresas num determinado períodode tempo através da metodologiaMCDA-C; (ii) verificar se existe relacáoente a irnersáo social e o desempenhodas orqanizacñes: (iii) verificar se existeuma relacáo quantitativa entre o nível deirnersáo e o desempenho (mais imersoigual a mais desempenho ou o inversodisso) e (iv) verificar se a quantidade derelacionamentos imersos também é fatordeterminante no desempenho.

Sua estrutura está composta daseguinte forma: (i) introducáo ; (ii)referencial teórico - onde seráo abordadosos temas redes interorganizacionais eirnersáo social e Metodologia Multicritériode Apoio a De ci sáo para avallacáode desempenho organizacional; (iii)metodologia proposta - onde serádetalhada toda a construcáo do modeloMCDA-C de avaliacáo de desempenhopara as orqanizacóes pesquisadas; (iv)consideracóe s finais - onde estaráoexpostas as consideracóes finais inferidascom esta pesquisa.

REDES INTEORGANIZACIONAIS E IMERSÁOSOCIAL

As orqanizacóes podem ser consideradascomo elementos de um complexo sistema,interagindo permanentemente com umgrande conjunto de variáveis e sítuacóes

específicas. Podemos afirmar que osestudos desenvolvidos por Roethlisberger& Dickson (1937) sao precursores noenfoque a importancia e necessidadedos conceitos da teoria de sistemas aodescreverem e enfatizarem a importanciasdas redes informais e, das relacóes intere intraorganizacionais.

O conceito de Redes advém de diversasáreas de conhecimento, principalmenteda Antropologia e das Ciencias Sociais(CANDIDO; ABREU, 2000). O conceitode rede que será articulado na referentepesquisa é de redes interorganizacionais,que sao aquelas as quais participamde orqanizacóes de um mesmo setor.Na literatura especializada sobre redessociais, coloca-se que mecanismos ligadosaestrutura de relacionamentos interferemno processo de lnstltuctonaltzacáodas acóe s sociais, o que ocasiona ainterferencia das redes sociais nosresultados económicos das instituicóesnas quais os atores estáo inseridos(MACHADO-DA-SILVA, ROSSONI, 2007).

A u niáo dos aspectos sociais ee c o n ó mi c o s teve seus primeirosestudos na sociologia económica, comos autores Weber, Durkheim, Marx eSimmel (MARTES et al., 2007). Na visáode Durkheim, por meio da sociologiaeconómica desenvolvem-se estudos comos fatos económicos, considerando-oscomo fatos sociais, além de sugerir umaaproxirnacso das teorias económicas esociais para melhor explicar os aspectoseconómicos (STEINNER, 2006).

Em meados de 1985, surgiu a 'novasociologia económica', termo que foicunhado por Mark Granovetter numaconferencia pronunciada na AssociacáoNorte-Americana de Sociologia, emWashington D.C. O autor também

R. Ad m. FA CES[ournal Eelo Hor izonte v.IO n.1 p. 115- 136 janJmar.l0 lL ISSN 1984-6975 (onli ne). ISSN 1517-8900 (Impressa) _

RELACIONAMENTOS INT ERORGANIZACIONAIS E DESEMPENHO: UMAAPLlCAc;AO PRÁTICANA REDE DA CüNSTRUC;AO CIVIL NO BALNEARIO A C;ORES

produziu O artigo: 'Economic action andsocial structure' e nele atribuiu o termo'irnersáo social' (social embeddedness)ao autor Karl Polanyi e reivindicou queo papel da sociologia económica seriadescrever o modo pelo qual as acóeseconómicas sao estruturadas por meiode redes sociais (relacionamento), o quevem sendo sustentada por ele desdeentáo (SWEDBERG, 2004).

Para Granovetter (1985), o individuonao é um átomo. O entendimento dasrelacóes de mercado, nas quais estáoinseridas as relacñes organizacionais,sao constituídas por atores e estes estáoimersos socialmente, entáo esta relacáoé vital para o entendimento do mercado(STEINNER, 2006). Balestro et al (2004)complementa que as relacóes de mercadoenvolvem diversas orqanizacñes, quepossuem dependencia direta ou indireta eque se modificam através das estruturasdas redes nas quais estáo inseridas.Dessa forma, essas estruturas sao vitaispara se entender o comporta mento dasorqanizacóes.

A pesquisa sobre irnersáo social é umaárea importante na sociologia e economia,pois ajudou a revigorar os debatessobre os efeitos positivos e negativosdas relacóes sociais no comporta mentoeco nórnico , Isto porque a ime r sáoentre as o r qanizacó es proporcionaoportunidades económicas que naopodem ser reproduzidas por relacñes demercado, contratuais ou de inteqracáovertical (UZZI, 1997).

Os relacionamentos estáo c1assificadosem imersos e de mercado, seus efeitossobre o processo e co n ó rni co saodeterminantes por sua característicasocialmente construída. Ainda de acordocom o autor, as relacñes socialmente

imersas sao menos freqüentes, já asrelacóes de mercado sao mais freqüentes.Relacionamentos de mercado sao aquelesque o interesse motiva a acáo, a buscado lucro prevalece, evitam situacóes debarganha porque as inforrnacóes limitam­se aquestáo preco. Já os Relacionamentossocialmente imersos sao aqueles quese caracterizam pela confianca e porvínculos pessoais, defendem o sucessoempresarial das redes de negócios ecriam oportunidades económicas difíceisde produzir via mercados, contratos ouinteracáo vertical (UZZI,1997).

Para Uzzi (1997) existem trescaracterísticas dos relacionamentossocialmente imersos, as quais sedesenvolvem a partir de redes dereferencia de terceiros e relacóes pessoaisanteriores. Esse desenvolvimento possuium intermediário que transfere asexpectativas e oportunidades de umaestrutura social incorporada, fornecendono primeiro momento confianca, Depoisde estabelecida a confianca, surgem asprimeiras trocas recíprocas de informacóesdetalhadas e, por firn, estabelecem aresolucáo de problemas conjuntos. Oestudo desenvolvido por Uzzi (1997)aponta ainda que o desenvolvimento dairnersáo social nas relacóes organizacionaisafeta os resultados organizacionais eeconómicos, utilizando assim uma lógicade troca, nas quais as orqanizacóe spromovem economias de tempo, acordosde inteqracáo, melhorias de Pareto emeficiencia de distribuicáo e adaptacáocomplexa.

Granovetter (1985), Polanyi (1944)e Uzzi (1997) afirmam que os fatoreseconómicos e tecnológicos estáo imersosem relacñes sociais, sendo moldadospor ela. Ou seja, o desempenho de uma

_ R.Ad m. FA CES[ou rnal Belo Horizonte v.IO n. 1, p. I lS-l36 janJmar.l011. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa)

AUNEEOTELH O SCHN EI DER. I'v1ARCELü LOPES CARNEI RO . I'v1ARCLlS VINICILlS ANDRADEDE UI'v1A . DIOGGO VENSON . ALEX FAEIANO WEHRLE

o rq anizacáo pode ser afetado pelasrelacñes sociais nas quais ela se encontraimersa. Contudo, Hakanson (1989)ressalta que mesmo existindo relacóes decooperacáo, nao se elimina m os conflitose a cornpeticáo, ou seja a prática da co­opeticáo existente.

Granovetter (1985) afirma que,para se entender como as orqanizacóesestáo no estado atual, é necessária umaanálise aprofundada da estrutura social.A estrutura social molda as relacoe ssociais através da convivencia em grupo,estabelecendo redes que influenciam asdecisóes do atoro Entre orqanizacñes,esse processo também acontece dentrodos relacionamentos entre gestores, oque pode beneficiar as orqanizacóes dasquais esses indivíduos fazem parte. Essaafirrnacáo é embasada por Granovetter(1985), que afirma que o indivíduonao é um átomo. O entendimento dasrelacóes de mercado, nas quais estáoinseridas as relacñes organizacionais,sao constituídas por atores e estes estáoimersos socialmente. Esta relacáo évital para o entendimento do mercado(STEINNER, 2006).

Uzzi (1997) afirma que osRelacionamentos Socialmente Imersossao aqueles que se caracterizam pelaconfianca e por vínculos pessoais, quedefendem o sucesso empresarial dasredes de negócios e criam oportunidadeseconórnicas difíceis de produzir viamercados, contratos ou interacáo vertical.Mas como e quanto a irnersáo socialexistente em alguns relacionamentosinterorganizacionais afeta as empresasenvolvidas? Uma forma de se avaliar estasquestóes é por meio da metodologia MCDA,a qual pode identificar o desempenhoorganizacional das orqanizacóes imersas

socialmente, buscando explicacóes acercadas vantagens económicas existentes.

MCDA-C COMO METODOLOGIA DEAVALlAc;AO DE DESEMPENHO

Desde o desenvolvimento daso r q an iz a c ó es , em busca de umamaior eficiencia, se buscam métodosde aferir se as o rqanizacñe s estáoalcancando os objetivos propostos, e seé possível aumentar ainda mais o seudesempenho. É preocupacáo recorrente

de administradores de diversos tiposde orqanizacóes e de setores conhecero desempenho das orqanizacóes quedirigem. A rnedicáo do processo produtivonao é um tema novo, já sendo evidenciadadesde os séculos XIV e XV (NETTO, 2007).A literatura identifica métodos tradicionaise importantes na área de avaliacáo deempresa, como por exemplo, ModeloBaseado na Forrnacáo de Preces de AtivosFinanceiros (ROSS, 1995) e o Modelo dosFluxos de Caixa Descontados (COPELAND,KOLLER, MURRIN, 2000).

A maior parte das metodologiastradicionais de análise de desempenhoe selecáo de projetos tem por objetivo

indicar a melhor alternativa ou alternativaótima. Diferentemente, as metodologiasmulticritério de apoio a de cisáo , ao

invés de adotar uma abordagemmeramente racional e prescritiva, térncomo propósito gerar recornendacóes.possibilitando o aperfe ícoarnento dos

sistemas organizacionais, gerando novase melhores alternativas de acáo, definindo

áreas de potencialidades e identificandosituacóes que sejam percebidas como asmelhores (ENSSLIN et al, 2001). De formapróxima, o processo de apoio a decisáotambém pode auxiliar na identiñcacáo

R. Adm. FACES [ournal Eelo Horizonte v.IO n.1 p. 115-136 janJmar.l0 lL ISSN 1984-6975 (onli ne) . ISSN 1517-8900 (Impressa) _

RELACIONA..MENTOS INTERORGANIZACIONA..IS E DESEMPENHO: UMAAPLlCAC;AO PRÁTICA NA REDEDA CONST RUy\O CIVIL N O BALNEAR IO A C;O RES

e ordenacáo por ordem decrescentede preferencia (ranking), com base emum conjunto de objetivos e critérios dejulgamento (CA5AROTTO e KOPITTKE,1994).

A abordagem multicritério,freqüentemente chamada de MCDA(Multiple criteria decision aid), é umconjunto de métodos o qual permiteagregar vários critérios de avaliacso emordem de escolha, ordenacáo, categoriasou descrever um conjunto de alternativas.Tem como principal objetivo fornecer aodecisor uma ferramenta capaz de ajudá­lo a resolver problemas de decisáo, ondevários critérios, geralmente conflitantes,devam ser levados em consideracáo. Fazparte também do estudo de uma atividadede apoio a decisáo a identificacáo clara

do decisor (isto é, um indivíduo, umacomunidade, uma orqanlzacáo) . Naseqüéncia, pode-se resumir as principais

características do MCDA: reconhecimentoda presenca e necessidade de inteqracáo,tanto dos elementos de naturezaobjetiva com os de natureza subjetiva;busca construir ou criar algo (atorese facilitadores em conjunto) que, pordeñnicáo, nao pré-exista completamente;busca entender um axioma (verdade pré­existente) particular, no sentido de saberqual o seu significado e o seu papel naelaboracáo de 'recornendacóes': procuradesenvolver a cornpreensáo do problemae através deste entendimento, gerasolucóes que aperfeicoarn os valores dodecisor (ROY; 1993,1996).

Para tanto, o que distingue umaabordagem que visa ao apoio a decisáoé o paradiga científico em que ela estábaseada. Neste trabalho, será adotado oparadigma construtivista, utilizando umaabordagem de critério único de síntese,

uma vez que esta ferramenta poderá ser a'chave' capaz de operacionalizar o modeloproposto para avaliar o desempenho deempresas.

Diante de tal reconhecimento, estametodologia enfatiza uma diferenca básicade atitude: enquanto as abordagenstradicionais tentam dar uma solucáo aoproblema, MCDA-C enfatiza a idéia daconstrucáo do problema, ou seja, enfocaa modelacáo do contexto decisional,através da consideracáo das conviccóes e

valores dos atores envolvidos no processodecisório. Esta rnod elacáo virá porpermitir a construcáo de um modelo deavaliacáo, com base no qual acredita-seque as decisóes tomadas sejam as maisadequadas para o contexto em questáo(Roy, 1990; 1993). O construtivismopressupoe a no~ao de produ~ao deconhecimento a partir da participacáodos atores no processo. Neste sentido,nao há uma verdade a ser descoberta,mas o conhecimento é construído apartir dos sistemas de valor, conviccóes

e objetivos dos envolvidos. De acordocom Roy (1993), seguir o caminho doconstrutivismo consiste em admitir que"nao existe apenas um conjunto deferramentas adequado para esclareceruma de cisáo nem existe uma únicamelhor maneira de fazer uso delas".Conseqüentemente, o conhecimentoneste paradigma consiste na buscapor hipóteses de trabalho para fazerrecomendacóes a partir do aprendizadosobre o problema.

A atividade de apoio a decisáo naoreproduz uma realidade natural, físicaou exata, como também pré-existente,mas incorpora-se no processo decisórioonde se inicia, primeiramente, com aconstrucáo de uma estrutura partilhada

_ R. Ad m. FA CES[ou rnal Belo Horizonte v.IO n. 1, p. I lS-l36 janJma r. l011. ISSN 1984- 6975 (online). ISSN 15 17-8900 (Impressa)

ALlN EBOTELHO SCHNEIDER . MARCELO LOPES CARNEI RO . MARCllS VINICIUSANDRAD EDELIMA. DIOGGO VENSON . ALEX FABIANO WEHRLE

pelos intervenientes, para posteriormenteelaborar um modelo de avaliacáo, com basenuma abordagem também construtivistae de aprendizagem, e finalmente procederas devidas r eco me nda cóes . Com o

intuito de exemplificar estruturalmenteestas questóes, apresenta-se a Figura 1,destacando-se as principais fases de umprocesso decisório sob a ótica multicritériode apoio a decisáo construtivista.

Fase dea v alia I:iio

Fase deestru tu ral:iio

e

..A b o rd a g e m sott paraaI e stru tu ra c o I

IÁrvore de Pontos de

1 .. •Vista

c o n stru cáo dos .. •D escritores

c o n stru cñ o do modelo

~Constru~¡¡o da escala .. •de p r e fe ré n cla l o c a l ;~Determinac;ao dastaxas de c o rn p e n s a c é o

.Identlflca~ao do perfilde lrn pacto das a~líes; .. •'Avalla~ao Global

lA nálise dos Resultadosl .. •-IElabora ao das recom en da líes

Figura 1 - Fases do processo de apoio adecisáo

Fonte: DUTRA, 1998.

De acordo com a Figura 1 pode-seobservar que a atividade de apoio adecisáo se faz fundamentalmente nasvárias etapas do processo decisório. OMCDA-C divide este processo tres fases:fase de estruturacáo, fase de avaliacáo

e fase de recornendacoes. Na fase deestruturacáo. essa atividade se insereno processo com o objetivo de construiruma estrutura consensualmente aceitapelos atores, nao de rnod e la cáo deuma realidade pré-existente, mas de

R. Adm. FACES [ournal Belo Horizonte v. 10 n. 1 p. 115-136 janJmar.1011. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) _

RELACIONA..MENTOS INTERORGANIZACIONAIS EDESEMPENHO: UMAAPLlCAc;AO PRÁTICA NA REDEDA CüNSTRUy\O CIVIL NO BA LNEARIO A c;ORES

qeracáo e construcáo de conhecimentos.Na fase de avaliacáo, o processo deapoio a decisáo segue uma conduta deinteracáo, construcáo e aprendizagemcom o desenvolvimento de um modelopara avaliacso das acóes, segundo osjuízos de valor dos atores. Essa atividadenao segue um caminho normativo e nembusca uma "solucáo ótima' mas uma'solucáo de melhor compromisso'. E,finalmente, na fase de recornendacáo,esta atividade procura fornecer subsídiosaos decisores, através de ferramentas(conceitos, modelos e procedimentos),para que esses tenham condicóes deanalisar e escolher qual a estratégia maisadequada a ser adotada em cada cenárioem estudo.

APLlCAc;AO DO MODELO MCDA-C PARAAVALlAR EMPRESAS DO RAMO DACONSTRUc;AO CIVIL

Nesta secáo, mostra-se a aplicacáo domodelo de apoio a decisáo na avaliacsode empresas do ramo da construcáocivil através de uma aplicacáo práticarealizada com as empresas que formama rede do ramo da construcáo civil doBalneário Acores, localizado no Sul daIlha de Florianópolis, SC. Esta rede écomposta por oito empresas, sendo cincoconstrutoras, duas imobiliárias e umaengenharia. A construcáo da rede, bemcomo a identifícacáo dos relacionamentosimersos e de mercado existentes dentrodesta rede advérn do trabalho de Wehrle(2008).

A proposta metodológica permite quese incorporem de forma conjunta tanto osdados quantitativos como os qualitativose subjetivos, no momento da avaliacáo.como também possibilita que estes

dados possam ser agregados de modo aobter uma avaliacso global da empresa.Articula-se, assim, uma situacáo da vidareal com a metodologia Multicritério deApoio a Decisáo Construtivista, atravésda construcáo de um modelo apropriado.Através da incorporacáo da metodologiaMCDA-C, é possível diminuir uma dasprincipais deficiencias dos modelostradicionais de avaliacáo, qual seja: adificuldade de incorporacáo de dadossubjetivos ao modelo, fornecendo umaavaliacso mais realista e adequada as'necessidades' do decisor.

Divide-se o processo de tomadade decisáo em etapas, conforme FIG.2. Estas etapas sao: (1) Identificar eorganizar os objetivos e preocupacñesdo decisor a respeito do negócio.Nesta etapa, deveráo ser identificados,explicitados e organizados, através de umarepresentacáo gráfica, aqueles objetivos,interesses e preocupacóes percebidase interpretadas como relevantes pelodecisor a respeito do negócio; (2)Definir e estruturar os fatores-chaveque dáo sustentacáo aos objetivos epreocupacóes do decisor. Aqui seráodefinidos e estruturados, através de umarepresentacáo gráfica, aqueles fatores­chave considerados fundamentais para odecisor no processo de avaliacáo, sejamquantitativos, qualitativos ou subjetivos;(3) Expressar de forma numérica osfatores-chave considerados pelo decisor.Nesta etapa, deverá ser construído umcritério que permita avaliar e quantificaro desempenho da empresa em cada fator­chave segundo os valores do decisor. Umavez avaliado e quantificado localmente odesempenho da empresa, a inforrnacáolocal deverá ser agregada de modo a

_ R.Ad m. FA CES[ou rnal Belo Horizonte v.IO n. 1, p. I lS-l36 janJmar.l011. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa)

ALlNEEOTELH O SCHNEIDER . MARCELO LOPES CARNEI RO . MARCUS VINICIUSAND RADEDELIMA. DIOGGO VENSON . ALEX FAEIANO WEHRL E

obter uma avallacáo global da empresa;(4) Avaliar os resultados e comparar comas demais empresas da rede. Com basenos parámetros definidos pelo modelo,será possível avaliar o desempenhoglobal de cada empresa comparando-a aparámetros das demais. Além dlsso, pode­se propor acóes de aperfeícoarnentos para

o sistema. Salienta-se que o processode Coleta dos dados se dá durante todoo processo e permite que se retorne aqualquer etapa do processo sempre quese faca necessário. Essa recursividadeproduz qeracáo de novas lnforrnacñes aodecisor aprimorando todo o processo deavallacáo da empresa.

1- Identificar e organizar os objetivos epreocupat;;óes do decisor a respeito do negocio.

2· Definir e estrulurar os fatores<have que daosustentat;¡Ao aos objetivos e preocupat;¡Óesdo

declsor.

3- Expressar de lorma numérica os fatores-ehaveconsiderados pelo declsor.

•4· Avallar os resultados e comprar com as

demals empresas da rede.

ri PRINCIPAIS ETAPAS

le OPERACIONAIS

I 'Mapa de relat;;óes melo-flns I

I~

'Árvore de pontos de vistafundamentais

*Descritores*Fun~oes de valor

*Taxas de compensa~o

'Avalia~o global'Anállse de senslbllldade

*Identificar as Iimita~Oes eat;;lles de aperlelt;;oamento.....

Figura 2 - Proposta metodológica operacional para avaliar empresas de pequeno porte.

Fonte: elaborado pelos autores, 2008.

Observa-se na Figura 2 que a lnclusáoda metodologia Multicritério de Apoio a

Declsáo Construtivista no processodecisório se dá através da construcáodo mapa de relacñes meios e fins, dasárvores de pontos de vista fundamentais,da obtencáo dos descrito res, funcóas devalor e taxas de cornpensacáo conduzindo

a uma avallacáo global do desempenho dosistema. Com a lnclusáo destas etapas épermitida a reallzacáo de uma análise desensibilidade e a ldentlñcacáo de llrnltacóes

e pro postas de aperfelcoarnento.

Com base no mapa de relacñes meiose fins é possível identificar e organizar osobjetivos e preocupacñes do investidor a

R. Adm. FACES [ournal Eelo Horizonte v. 10 n. 1 p. 115-136 janJmar. 1011. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) _

RELACIONA..MENTOS INTERORGANIZACIONAIS EDESEMPENH O: UMAAPLlCAy\O PRÁTICA NA REDEDA CüNST RUy\O CIVIL N O BALNEARIO AC;ORES

respeito do negócio. A árvore de pontosde vista fundamentais permite que sedefi n a e estrutu re os fato res- chaveque daráo sustentacáo aos objetivos epreocupacóes do investidor. Através dosdescritores, das funcóes de valor e dastaxas de cornpensacáo pode-se expressarde forma numérica os fatores-chaveconsiderados pelo investidor. Finalmente,ao fazer uso da avaliacso global e daanálise de sensibilidade os resultadospodem ser avaliados e comparados compar ámetros de mercado permitindoidentificar lirnitacóes e possíveis acóes deaperfeiccarnentos.

(1) Identificar e organizar os objetivos epreocupacóes do decisor a respeito donegócio.

Para e laboracáo da metodologiaelegeu-se como decisor o representante(um dos

sócios) de uma das empresas quecompóern a rede, a Imobiliária 1. Estaescolha deve-se ao fato desta orqanizacáo

ser a empresa com o ma ior número derelacionamentos imersos.

Foram envolvidos no processo decisório(atores) , o executivo representanteda Imobiliária 1 (decisor) , um dosautores deste trabalho (facilitador), e osproprietários e dirigente das empresas quecompóern a rede e os seus colaboradores(agidos). O facilitador ouvindo o decisorprocurou definir um nome (rótulo doproblema) que inicialment e descreva oproblema a ser resolvido, ou seja: avaliarempresas da rede interorganizacional doramo da construcáo civil do BalneárioAcores segundo a visáo do decisor. Naetapa seguinte o decisor foi estimulado,em diversas reuniñes, a expressar quais

elementos (elementos primários deavaliacáo - EPA) ele gostaria de considerarem seu problema. Foram ident ifi cadosinicialmente diversos EPA's, a partir dosquais foram construídos conceitos. Umavez construídos os conceitos, estes foramhierarquizados em direcáo aos meios eaos fins do problema, obtendo-se destaforma uma estrutura hierarquizada aqual foi chamada de Mapa de RelacóasMeios e Fins. O mapa tem como objetivorepresentar o problema do decisor, istoé, fará com que o decisor explicite seusvalores relacionados com o problemaem questáo, assim como, fornecerá umasérie de meios visando atingir os finsalmejados.

(2) Definir e estruturar os fatores-chaveque dáo su ste n ta cáo aos objetivos epreocupacóes do decisor.

Uma vez construído o mapa de relacóes

meios e fins, o mesmo foi utilizado pelo

facilitador para estruturar o modelomulticritério. A preocupacáo in icial daestruturacáo de um modelo multicritériofoi definir quais sao os aspectos, dentrodo contexto decisório, que o decisorconsiderou essencial e desejável paraserem levados em conta no processo deavaliacáo das empresas . Tais aspectosconstituem os eixos essenciais paraavaliacso do problema. A identificacáodos eixos é chamada de transicáo de ummapa de relacóes meios e fins para ummodelo multicritério. Para possibilitar taltransicáo, foi necessário utilizar uma sériede análises que permitiram extrair pontosde vista considerados fundamentais (PVF)pelo decisor, e que seráo levados emconta no modelo multicritério. A Figura3 apresenta a versáo final da árvore depontos de vista fundamentais (PVF's) .

.. R. Ad m. FA CES [ournal Belo Horizonte v. IO n. 1, p. I lS - l36 janJmar. l011. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 15 17-8900 (Impressa)

AUN EEOTELHO SCHNEIDER I'Y1ARC ELü LOPES CARNEIRO . I'Y1ARCLlS VINICIUS ANDRAD EDE UI'Y1A. D IOGGO VENSON . ALEXFAEIANO WEHRLE

AVALIAr;AoDE

DESEMPENHODAS

EMPRESASDA

REDEDE

CONSTRUCAoCML

PVF1 - LUCRO LIQUIDO

pv2- N° EMPREGADOS QUALlFICADOS

PVF3 - ROTATIVIDADE

PVF4 - PRODUCAo

PVFS - PARTICIPACAO NO MERCADO

PVF6 - POTENCIAL DE MERCADO

PVF7 - VELOCIDADE DE VENDAS

PVF8 - VARlEDADE DE OFERTA DEPRODUTOS

PVF9 - QUALIDADE

PVF10 - MERCADO QUE ATUA

PVF11 -INFRA-ESTRUTURA

PVF12 - ALIANCAS ESTRATÉGICAS

PVE11.1-SITE

PVE 11.2 -INSTALACOES

PVE 11.3 - LOCALIZACAo

Figura 3 - Versao final da árvore de pontos de vista fundamentais.

Fonte: elaborado pelos autores, 2008.

(3) Expressar de forma numérica os fato res­

chave considerados pelo decisor.

Definida a árvore de pontos de vistafundamentais, pode-se iniciar a construcáodo modelo multicritério para avallacáo dasacñes potenciais (empresas) segundotais eixos de aval íacáo. Para tanto, foinecessário construir um critério (basepara cornparacáo) que permita mensuraro desempenho da a~ao avaliada em

cada ponto de vista. Na co nstru cá ode um critério, duas ferramentas saonecessárias: um descritor e uma funcáode valor associada a tal descritor. Osdescritores sao um conjunto de níveisde impacto que servem para descrevero desempenho das acñes potenciais emcada ponto de vista fundamental. A títulode llustracáo, a Figura 4, apresenta odescritor do ponto de vista 2 - Númerode empregados qualificados.

R. Adm. FACES [ournal Eelo Horizonte v. 10 n. 1 p. 115-136 janJmar. 1011. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) _

RElACIONAMENTOS INTERORGANIZACIONA..IS EDESEMPENHO: UMAAPLlCAy\O PRÁTICANA REDEDA CONSTRUc;Ao CIVIL NO BALNEARIO Ac;ORES

[:::;:] DESCRICAo

NCIA

METEDOR

ADO

N581% a 100% do tolal de I 200empregadas

81% a 100% do tolal de I EXCEL~

N4 empregadas 150

¡-N3-81% a 100% do tolal de

í~ B. r- 100empregadas

N281% a 100% do tolal de í 50 MERCempregadas

N1 81% a 100% do tolal de 1N Oempregadas

COMPRO

Figura 4 - Descritor do PVF 2 - Número de empregados qualificados.

Fonte: elaborado pelos autores, 2008.

Uma vez descrito o desempenho daempresa (Figura 4) em cinco níveis (N5até Ni), no sentido de melhor para opior, é aconselhável definir a posicáo (P)do nível bom (B) e do nível neutro (N).Estes dois níveis de referencia podemser utilizados para reconhecer a empresacom desempenho em nível de excelencia(acima do BOM), com nível competitivo(entre o BOM e o NEUTRO) e a empresacom desempenho comprometedor (abaixodo NEUTRO), segundo a percepcáo e juízosde valor do decisor. A título de simbologia(S) foi representada uma escala, emcada nível do descritor, para visualizar odesempenho que se encontra a empresaem cada ponto de vista fundamental.

A próxima etapa foi a construcáoda funcáo de valor (FV) em cada níveldo descritor. A funcáo de valor é uminstrumento que auxilia o investidor

(decisor) a expressar de forma numéricaa intensidad e de suas preferencias. Aliteratura apresenta vários métodos paraconstrucáo de valor. Neste trabalho foiusado o método MACBETH (MeasuringAttractiveness by a Categorical BasedEvaluation Tecnique), desenvolvidopor Bana e Costa e Vansnick (1995) eimplementado em software. A figura 4também apresenta a funcáo de valorassociada ao descritor PVF2- Número deempregados qualificados obtida atravésdo software MACBETH.

Tendo definido os critérios domodelo, foi possível avaliar localmenteo desempenho das acóe s potenciais(empresas). O decisor desejou agoraagregar estas inforrnacñe s locais demodo a obter uma avaliacáo global.Para que fosse possível esta aqreqacáo,fazendo uso do modelo multicritério, foi

111 R.Adm. FA CES [ournal Belo Horizonte v.IO n.1 p.115-l36 janJmar.l011. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa)

ALlNEEOTELH O SCHNEI DER. MARC ELO LOPES CARNEIRO . MARCUS VINICIUSANDRAD EDELIMA. OIOGGO VENSON . ALEX FAEIANO WEHRLE

necessário um conjunto de parámetrosassociados a estes critérios, os quaisdenominou-se de taxas de cornpensacáo(vulgarmente chamado de pesos).Taxa de cornpansacáo sao para metrosque os decisores julgam adequadospara agregar, de forma compensatória,desempenhos locais (critérios) em umdesempenho global. Com o uso dosoftware MACBETH foi gerado uma escalacardinal que através do procedimento detransforrnacáo linear veio determinar as

taxas de cornpensacáo entre os PVFs. Paramelhor visualizacáo seráo utilizadas naárvore de valor as taxas de compensacáo,referentes a todos os pontos de vistasfundamentais , conforme apresenta aFigura 5. Ela mostra que o PVF2 - Númerode empregados qualificados obteve umataxa de compensacáo de 25%, enquantoque o PVF3 - rotatividade alcancou umataxa de cornpensacáo de 75%, indicandoque o decisor valora mais fortemente arotatividade.

PV2 - N° EMPREGADOS QUALIFICADOS 25%

PVF3 - ROTATMDADE 75%

PVF4 • PRODUr;AO 23,07%

PVFS - PAR11CIPAr;AO NO MERCADO 27,47%

PVF6 - POTENCIAL DE MERCADO 14,29%

PVF1 - VELOCIDADE DE VENDAS 1,10%

PVF8 - VARIEDADEDE OFERTA DE18,68%

PRODUTOS

PVF9 - QUALlDADE 5,50%

PVF1D - MERCADO QUE ATUA PVE 11.1-SITE

PVF11 -INFRA-ESTRUTURA PVE 11.2 - INSTALA(:OES

PVF12 - AUAN(:AS ESTRAT~GICAS 80% PVE 11.3 - LOCALIZAr;AO

AVALIACAODE

DESEMPENHODAS

EMPRESASDA

REDEDE

CONSTRUCAoCML

PVF1 - LUCRO LIQUIDO 100%

Figura 5 - laxas de compensacáo na árvore de valor.

Fonte: elaborado pelos autores, 2008.

(4) Avaliar os resultados e comparar com asdemais empresas da rede.

Com base no modelo de avaliacáo jáestruturado, foi possível utilizá-Io paraavaliar o desempenho das empresas queformam a rede do ramo da construcáo civil

do Balneário Acores (acóes potenciais)e, se necessário, identificar limites eoportunidades de aperfeicoamentos. Alia­se a isso, a fórmula de aqreqacáo aditiva,dada pela Equacáo 1, que permite reunirem uma avaliacáo global os desempenhos

R. Adm. FACES [ournal Eelo Horizonte v. 10 n. 1 p. 115-136 janJmar. 1011. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) _

locais da empresa, em cada um doscritérios do modelo. O objetivo destafór mula fci agregar o desempenho decada empresa em seu s múltiplos critériosem um desempenho único, rsto é, ter umaevehecao global das empresa (K EENEY,1996 ).

(1)

V(a) - vale>'" glebal da ao;ao a

v'-';a) - valC<" paecial da ao;ao a m s n critérios

wn - taxas de 5l1Jsbill ir;ao dos n critérios

n - .-.1 meros de critérios cb modelo

Aequacáo fomecea soma ponderadados valores parciais obtidos porurna detErminada acáo nos diversoscritérios, senda que a ponderacáo éfeita pelas taxas de substítutcáo decada crttérto. Para que se possa usarurna fórmula de aqreqacáo aditivaé indispensável que os crttértos domodelo sejam preferencialmenteindependentes. A Figura 6 mostra odesempenho de cada ponto de vistafundamental (PVFs) nas empresas sobavauacáo.

.' ,/.;

A800 11

600 A \ - 12

I \ C l400

\ - C 2

l2oo"I-c

~ ~C3" -

~- C4

C7tooo '-J - E l

4

Figura 6 - Desempenho das empresas da rede.

Fonte: elaborado pelos autore" 2008

Observa-se que alguns F\IFs tive ra mum desempenho em nivel de excelencia

(acima do nivel Bom - 100 ) e alguns umdesempenho em nivel comprometed cr

1M • . _ FACES )ow"~ ",IoHo,"_ , .0) • . 1 p ."~I" p./. ",.;l)".r;sN~8"_W7S p.¡; "I.r;sN"'_8!IDI""""" ~

,,

~

-!'

ieo•

:::1''''"o <_

5 ~ ~,,~,;

~­D_o"00- ,

¡

I!!I¡

¡1

i!,¡¡s

!,,I

<-_ o

O"- "~ 3 ~3 Q! xD __

~ ~ o--- ­0- _-. -- <

o __o _

~ C;; z[J, roo ro ~-­o ­o

oo"--

0-0-'"'"0roili"o"oc- e a c ;¡¡¡ ~ ~ eo ro"~::lro,"'" rt::l~CL J:l '" rto LO ' ~ <_ ro::l::l ro

¡O, o- , ª'3 ~ ~ "'" ro ~ ~~ 3 o eoOí "O ::l ro

~ ~ '" '", ::¡- 3 eo~ o ro rofli o- ~ 30,,"0"0::l ro eo ,

"- -3 ~ 3 ~ro " ro eo" ¡u 01 J:lo o- o Ceo o eo ro

••o~

O'--, ~ "O-- "- --H". -

3 "-" -'" , ;,0-_CO m(DLL"j(D~:::J(De s e s so-_o'""' '"_ o o

"ª~§~~'COCO--'"(D ,,:::DCD~O'~¡;;(D-:::J - rt ' ::Jrt~(D (D[rncooc>'" ¡¡j (D "' ffi_ o _

1il TI rt -O ~­¡¡;- ~m&:o

TI " eL :;::

~ g '" n_co,o:t>q- (D :t> TI",c@-,o.~ " neo,"~'::J"o,"

• o "CU-¡¡¡,CD

'"" ~"''"::J eL <:l '" (J¡¡¡, o cu < o

"''''~'O'-'"a e e s e'5 ili " (u,:i' (D __ (U, o

3 ~_g Ll CL

0-0'"0.'"81:<>;:80:30-(D ~o(D~m co ," 3 0~~"'3,;g-<::<oomog-~CL~'9~ (o,"co,"

•~,

e-

"

••

o"

m•

,O

~

¡ ,.¡ ~, ,,,i

Ul"' .... N n ';-, 3(D"D~~ "" g_:::J(Dnn~ U1CL:::J .... IY"'''' Oo"'~~ YQV1

V1 ro (1"-' e __-e C () c3g ~8v s ~ ro g¡."'::JO'rt 3-c N--, ~--, '" R '"~"'f:i-:::J~n()e c a s N gQ.o~ .... w~g :::J ~~ V1

"''-Jmn'''q­"'3~0~()C3(Dn~ ~ g rtro:::J '-Jo () V1 ~;;'8~g gq'"0_"'8 V1 g¡.~w=;3~¿c~~::o "'c rtrt", nro --, ro () ~ wUJ83~", ....~0_

- e~iil"'c3",

;::::0':::1:3 ~ a z~ (D,--,V1()CD

'" ~ O ~~o::;:::1'~ ¡¡;-", '" O '. '2ro Q. z. Q. '"- N --,' gUlO",,,,,,,:::J ::;, :::J '8 :3 '-J

¡¡j3~3V1C~qroiD

ro""",,'" :::J :::J Q!V18CL8ifi...,q

''''=1'",'''- "o'!-PqCL()¡¡;-O'" -'(D ro O nV1Q3"'3~o3S oo"'it-:::J':""' <;;C:i':::J"'V1~~º,~g~~:::J _.C) O ():::J rt

'" '" '" rt rog .... 0"'30'"

"

"--,

;¡¡¡

f

,r¡!

IÍ!-i1,

de C3 com Il, diferente dos demais,apresenta apenas um dos tres itenscaracterísticos de um relacionam entoimerso. C4 e 12 apresentam apenasrelacionamentos de mercado.

Pa'"a elabe>'"a'" esta rede, W3hrle(2 C03)fez uso de l.I1l estLrlJ descriti vo, DP:a'l dope>'" um estL.do de caso. A técnica decoleta de dados Ltilizad a fol ertrev istasemi-estrLturada com 05 P'" DP"ietá"iosdas e>'"Qa'l izao;6es do rcm o da crnstrui;aocivil ,,-,e ctuam no mercado do Balneá"ioAi; e>'"es, Ltilizcn:b a a'lálise do crnteúdocctege>'"ial pa'"a elabora'" a a'lálise dosdados coletados.

De acordo com Uzzi ( 1997), acom P'"eensao de com o a estrLtLra socialafeta a vida econ6mica é um temade pesquisa que despetta interessede vários pesquisadores da á"ea dasociolo r;ia 8C cnXnica. Esse debcte ertreos t eá"icos s erre o tema indica a re aln8Cessidade de pes,,-,isa e de qE fe>'"ma aestrutura soci al facil ita ru impede a ao;ao8CcnXnica. SEIldoassim, erterrl da a redee os relacioncm ertos existertes entre asem ¡:resas a'laiisadas, pode-se compa'"á-Iacom o desempemo encrntrado p e>'" m 810da metoojj oo;:ia MCDA-C, como mostra atabela l.

Tallela 1Oesempenho e ",ladonarrentos das e"..,resas.

-_. --"'" PONTUAr'¡¡ o

'0" N° R neGERAL EMPR ESA IMERSOS MERCADO

'0 cr 137230 9 , 1~ C2 127776 99 , 1s- cr 64732 ,91 , 1

'" O 35045 15 , ,'0 " 15554 57 , J5" ce es , e ,'0 " 75413 J Je- o ,>; " e ,

Em l.I1l a al álise global, a emP'"esa comm.3e>'" rún er o de relacirncm ertos imEfSOS(RI) nao fc ru tao bem posici rnada, na

a'lálise de desem perllo f81ta px m810 dametoojjo r;ia MCDA, qualto aqLElas qLEapresertcm apenas um relaci rncmerto

ALlN EEOTELHO SCHN EID ER. MA RCELO LOPES CARNEIRO. MA RCUS VINICIUS ANDRAD E DE LIMA . DIOGGO VENSON. A LEX FAE IAN O WEHRLE

imerso. Com isso pode-se inferir quepossuir vários RI em uma mesma redepode nao ser tao vantajoso quanto possuirum número reduzido de RI. Nota-se queI1, a empresa com mais RI, ficou em7 0 lugar na análise de desempenho, aoponto que C3, C2 e Cl, que apresentamRI com ela, ocupam as melhores posicóesna análise. Ou seja, muitos RI podelevar a orqanizacáo a doar-se demais,sem obter o retorno proporcional destesre lacionamentos interorga nizacionais.

Cabe ressaltar que segundo Uzzi(1997) para que um relacionamentointerorganizacional seja considerado umrelacionamento imerso (RI) e nao apenasum relaciona mento de mercado (RM) alémde apresentar uma das 3 característicasbásicas (conñanca , troca detalhadade inforrnacóe s e resolucáo conjuntade problemas) elas necessitam serrecíprocas. Porém, a partir da análise dodesempenho destas orqanizacóes, pode­se notar que mesmo estas característicassendo recíprocas, já que existe RI entreelas, os benefícios obtidos nao estáoocorrendo em uma 'via de rnáo dupla'.Talvez se consiga extrair bem mais de umcompartilhamento menor de inforrnacóese problemas, do que gerenciar umagama muito grande de interacñe s .Aparentemente com todos esses RI a I1acaba fornecendo muito mais a sua rede,e nao conseguindo gerenciar muito bemesse retorno, ao ponto que as empresascom quem ela mantém os RI só tem delapara receber e retribuir, sendo muito maisfácil de administrar essas interacóes.Acredita-se que aqui entrem resquíciosdas teorias de Weber (2001), onde eleafirma que manter relacionamentos quenao sejam de mercado pode prejudicar aorqanizacáo, visto que elas ficam atreladas

a este compromisso, abrindo rnáo dealgumas vantagens que a concorrénciaIhe ofereceria para nao quebrar algumrelaciona mento interorganizacional.

Tanto pelo ranking geral (comparandoimobiliárias, construtoras e engenharias),

quanto pelo setorial (comparandoimobiliária com imobiliária, construtoracom construtora), obtido por meioda metodologia MCDA para avaliardesempenho organizacional, pode-seinferir que as empresas que possuemRI apresentam melhor desempenho doque as empresas que apenas mantémRM com as empresas de sua rede. Ouseja, manter-se apenas com uma posturaconcorrencial pode afetar negativamenteo desempenho da orqanizacao. Nota-seque nesta pesquisa, no ranking global, asempresas que nao apresentam RIocupamas piores posicñes, assim como no rankingsetorial, onde as empresas com RI ficamcom os melhores índices.

Os benefícios estratégicos e económicosentram como prime ira consideracáo na

forrnacáo e gerencia mento das redesinterorganizacionais (Lane; Beamish,1990); no entanto pesquisas térn mostradoque fatores socioculturais exercempapel significativo no desempenhodesses arranjos cooperativos (Ebers,1997; Gulati, 1998; Ring; Van de Ven,1994); e que os fatores económicos etecnológicos, por sua vez, estáo imersosem relacñes sociais, sendo moldados porelas (GRANOVETTER, 1985; POLANYI,1944; UZZI, 1997).

Fruto da análise de desempenho dasempresas, pode-se observar que:

As construtoras apresentam melhordesempenho nos aspectos relacionados aoMarketing. Isto pode ser atribuído ao fato

R. Ad m. FA CES[ournal Eelo Hor izonte v.IO n.1 p. 115-136 janJmar.l 0 lL ISSN 1984-6975 (onli ne). ISSN 1517-8900 (Impressa) _

REU\CIONAMENTOS INTERORGANIZACIONA..IS E DESEMPENHO: UMAAPLlCAC;Ao PRÁTICANA.. REDE DA CONSTRUy\O CIVIL NO EA LNEARIO AC;ORES

de sua atividade fim estar diretamenteligada a questóes relacionadas aproducáo

e mercado, além de estar ligado ao valordos seus negócios que é muito maior doque das imobiliárias e engenharias.

As imobiliárias apresentam melhordesempenho nos itens organizacionaise financeiros. No quesito organizacionalisto pode ser originado pelo fato desuas atividades estarem diretamenteem relacionadas com o cliente e o valoragregado proporcionado, o que é foco doitem Organizacional. Já o item financeiropode ser justificado pelo fato da rápidainteqralizacéo do lucro e do constantegiro de mercadorias existentes nestetipo de empresa, o que difere muitodas construtoras, por exemplo, queintegralizam lucro maiores, mas emprazos muito mais longos.

Já a engenharia fica com o melhordesempenho no quesito recursoshumanos, provavelmente por conta dotipo de negócio, apenas profissionaishabilitados fazem projetos e pelo perfilda empresa analisada, onde a maioriados funcionários sao dones, reduzindo oíndice de rotatividade.

CON5IDERAC;OE5 FINAI5

Cada vez mais, mensurar odesempenho das empresas tem setornado uma questáo fundamental para obom gerenciamento e sobrevivéncia dasorqanizacóes. Mais fundamental ainda,é que dessa medicáo se possa extrairquais acñes estáo agregando ou nao valor

ao negócio. Frente a isto, esta pesquisaobjetivou verificar como a irnersáo socialafeta o desempenho das empresas.

Uzzi (1997), Machado-da-Silva eRossoni (2007) salientam que a

cornpreensáo de como a estrutura socialafeta a vida económica é um tema depesquisa que desperta interesse devários pesquisadores, o que indica a realnecessidade de pesquisa que esclarecamcomo a estrutura social facilita ou impedea a~ao económica das orqanizacóes.

Por meio desta pesquisa pode-seinferir que as redes interorganizacionais,e mais

especifica mente, os relacionamentosimersos afetam o desempenho daso r q an iz a cñe s, o que corrobora asidéias de Steinner (2006), Uzzi (1997),Machado-da-Silva e Rossoni (2007),

Granovetter (1985) e Polanyi (1944).E que a intensidade com que essesrelacionamentos ocorrem é a chavepara definir se o relacionamento serápositivo ou nao. Podendo-se inferir que:(i) Empresas com RI apresentam melhordesempenho. (ii) Empresas apenascom RM apresentam pior desempenho;(iii) RI sao necessários até o ponto queforem controláveis; (iv) Muitos RI podematrapalhar, 'sugar' a orqanizacáo e (v)

RI devem ser melhor trabalhados paragerarem uma relacáo de ganho mútuo.

Uma hipótesejcrítica que pode serlevantada por um leitor é de que osdescritores ou a alocacáo dos neutros ebons tenha sido feita de forma errónea ou

inapropriada. E com isso a empresa com omaior número de RI tenha se posicionadoem penúltimo lugar na análise, e asconstrutoras predominado no ranking.Porém esta hipótese pode derrubada, umavez que a metodologia do MCDA-C por serconstrutivista, nao busca uma solucáouniversal e ótima, mas sim a melhorsolucáo possível, para aquele problema,naquele momento e circunstancias,

11II R.Ad m. FA CES[ournal Eelo Horizonte v.IO n. 1, p. I lS - l36 janJmar.l011. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa)- -_. . - -

ALlN EEOTELHO SCHNEIDER. MARCELO LOPES CARNEIRO . MARCLlS VINICIUS AND RADEDELIMA . DIOGGO VENSON . ALEX FAEIANOWEHRLE

segundo aqueles decisores. Tomandoassim como verdade, e melhor opcáo, os

critérios definidos pelo decisor. Decisor

este, que mesmo sendo um dos sócios da

11, empresa com maior número de RI, nao

foi beneficiado com suas escolhas, o que

torna claro que suas respostas nao foram

intencionais, nem procuraram beneficiar

uma empresa em específico.

Como recomendacáo para trabalhos

futuros recomenda-se pesquisas para

avaliar quantitativamente a influenciada lrnersáo social no desempenho das

orqanlzacñes, além de sugerir que se

pesquise outros ramos, com o intuito deverificar se a relacáo encontrada nesta

pesquisa também pode ser verificada em

outros seto res. e

REFERENCIAS _

AMATO NETO, J. Redes dec o o p e r a c á o produtivae c/usters regionais:oportunidades para aspequenas e médias empresas.Sao Paulo: Atlas, 2000.

BALESTRO, M. V. JÚNIOR, J. A.V. A. LOPES, M. C. PELLEGRIN,1. A Experiencia da RedePETRO-RS: uma Estratégiapara o Desenvolvimento dasCapacidades Dinámicas. RAC

- Revista de AdminlstracáoContemporanea, e d i cá oespecial 2004.

BANA e COSTA, C. A ;VANSNICK, J. C. Uma novaabordagem ao problema deconstrucáo de uma funcáode valor Cardinal: MACBETH.Investiga~iío Operacional,v.1S, junho, 1995.

BANVILLE, C. A StakeholderApproacho to MCDA. SystemsResearch and BehavioralScience. Volume lS, issue 1, p.lS-32, 2000.

CÁNDIDO, G. ABREU,A. Os Conceitos deRedes e as Re l a c é e sInterorganizacionais:

Um Conceito Exploratório.XXIV Encontro Nacional daAssociacáo Nacional de Pós-

Graduacáo e Pesquisa emAdrninistracáo - ENANPAD.Florianópolis, 2000.

CASAROTTo, N. F.; KOPITTKE, B.H. Análise de investimentos.Sao Paulo, Atlas, 1994.

COPELAND, T.; KOLLER T.;MURRIN, J. Avalia~iío deempresas: Calculando egerenciando o valor dasempresas. Sao Paulo: MakronBooks, 2000.

DUTRA, A.; ENSSLIN, S.R.Avalia~iío do Desempenhode Órgiíos Públicos: propostade um estudo de caso. XCongresso Internacional delCLAD sobre la Reforma delEstado y de la AdministraciónPública. Santiago, Chile, 200S.

DUTRA, A. Elabora~iío deum sistema de avaliacáo dedesempenho dos recursoshumanos da Secretaria doEstado da Admlnlstracño ­SEA a luz da MCDA. Fpolis,1998.

Di sser tacá o de Mestrado.PPGEPjUFSC.

EBERS, M. The formationof interorganizationalnetworks. Oxford, New York:Oxford University Press.

ENSSLIN, L; MONTIBELLERNETO, G.; NORONHA, S. Apoioadecisiío: Metodologias paraestruturacáo de problemase avaliacáo multicritério dealternativas. Florianópolis:Insular, 2001.

GRANOVETTER, M. Economicaction and social structure: theproblem of embeddedness.

American Journal ofSociology. v. 91, n. 3, p. 481­S10, 1985.

GULATI, R. Alliancesand networks. StrategicManagement Journal,Hoboken, NJ, v. 19, p. 293­317.1998.

HAVE, HAVE, STEVENS e ELST.Modelos de gestiío: o que saoe quando devem ser

usados. Sao Paulo, PearsonPrentice Hall, 2003.

KEENEY, R. L. Value-FocusedThinking: A path to creativedecision-making. Cambridge:Harvard University Press, 1996.

LANE, H.; BEAMISH, P. Cross­cultural cooperative behaviorin joint ventures in LDCs.

Management International.Gütersloh, Germany, v. 30, p.87-102.

R. Adrn. FACES [ournal Eelo Horizonte v. 10 n. 1 p. 115-136 janJmar.1011. ISSN 1984-6975 (online). ISSN 1517-8900 (Impressa) _

RELACIONAMENTOS INTERORG!'NI ZACIONAIS EDESEMPENHO: UMAAPLlCA<;).O PRÁTlCA NA REDE DA CONSTRU\ÁO CI\IIL NO BALNEARIO Ay ORES

LI MA, M.V.A. MetodologiaConstrutivista para AvaliarEmp resas de Peque,no Porteno Brasil sob a Otica doInvestidor. Tese de Doutorad o.PPGEP/UFSC, 2003 .

MAC HADO - DA- SI LVA, C.L. ROSSON I, L. Pers iste nc iae mu da nca d e t e m a s nae s t r u t u rac é o do camp ocie n tíf ico d a e st ra tég ia emorqanizac óes no Bras il. Rev.adm. contemp. [online]. Vol.11, no. 4 pp. 33-58, 2007.

MARTES, A. C. B.; LOREIRO, M.R.; ABRAMOVAY, R.; SERVA, M.;SERAFIM, M. S.

FÓRUM - SO CIO LO GIAECONÓMICA, RAE - Revista deAdministra~¡¡ode Empresas,v. 6, n. 1, Art. 4, ja n./j un. 2007.

MEIRE LLE S, H. O papel docrédi to imob iliário no Brasil.Revista Conjuntura daConstrucáo, ano. 4, dez. 2007.

NETTO, F.S. Medi~¡¡o deDesempenho Organizacional:um estudo das vantagense desvantagens dosprincipais sistemas sob asáticas te órtco-acad émlcee de práticas de mercado.XXXI Enco n tro Nacio na l daAssociac áo Naciona l de Pós­Graduac áo e Pe sq u isa emAdministra~ao - ENANPAD, Riode Jane iro, se t 2007.

OrrOBONI, c. PAMPLONA, Ede O. Proposta de Pesquisapara AvaHar a Necessidadede se Medir o DesempenhoFinanceiro das Micro ePequenas Empresas. XXIEncont ro Nac ional deEngenha ria de Produ c áo,Salvador-BA, Anais, 2001.PEREIRA, B. A. D.; PEDROZO,E. A. Modelo de análise docomportamento das redesinterorganizacionais sob

o prisma organízacional.XXVII Enco nt ro Nacionalda Assoc iac áo Nacionaldos Pro g ram as de Pó s­GraduacáóEm Adrninistracáo- ENANPAD. Sao Paulo, 2003.P ERE I RA , B . A . D.VE NTURINI, J. C. VISENTINI,M . S.. Estruturac;aode RelacionamentosHorizontais em Rede.XXX Encont ro Nacional daAssocíacáo Naciona l de Pós­Graduac áo e Pesqu isa emAdm inistracáo - ENANPAD.Salvador; Set, 2006.POLA NYI, K. The Greattransformatíon: the polítícaland economíc ori gíns ofour t ime. 1. ed. New York,Toronto : Farrar & Rinehart,INC. 1944.RAN GEL, L.A.D; GO M ES,L.F.A. M. ; LIN S, M.P.E.Aval iacáo dos Programasde Pós-Graduacáo em Engenha riada UFRJ Empregando umaVarian te Desenvo lvida doM ét o d o UTA . PesquisaOperacional, v. 23, n. 2, p.285-289, maio a agosto de2003.RING, P. S.; VAN DE VEN,A. H . D ev e l o p m e n t a lPro cesses of CooperatíveI n t e r o r g a n i z a t í o n a lRelationshlp s. Academy ofManagement Review, NewYork, v. 19, n. 1, p. 90- 118.1994.RO ETHLI SBERGER, F. J.,DICKSON,WJ., Managementand The Worker, Cambridge,MA, Harvard University Press,1937.ROSS, Stephen A. Uses,abuses, and alternativesto the net-presente-valueru le. Finacial Management,v.24, n.3, Autumn 1995.

ROY, B. Multí-criteriamethodology for decisíonaíding . Lamsade, UniversitéParís.Dauphine, cap. 4, 1996.

_~_. Decision scienceor decision-aid science?Eu r o p ea n Jou r na l o fOpe rat io na l Resea rch.Amsterdam, 1993.____ o The outrankingapproach and thefoundations of ELECTREmethods. In : Reading s inMultiple Criteria Deci sionAid, C. A. Bana e Costa (ed.),Springer-Verlag, pp.155-183,1990.STEINNER, P. A SociologiaEconómica. Sao Paulo:Atlas,2006.SWEDBERG, R; SociologiaEcon6mica: Hoj e e Amanh á,Tempo Social, Revista deSocloloqia da USP. SaoPaulo, v. 16 n. 02, nov.2004UZZI, B. Social struct ure andcompet it ion in in t erfirmnetworks. AdministrativeScience Quarterly. v.42, n.l,1997.YOSHINO, M. Y., RANGAN,U. Srin ívasa . Alíanc;asestratégicas : Urnaabordagem empresariala globafizac;iio. Sao Paulo:Makron Books, 1996.WEBER, M. Ética Protestantee o Espirito do Capita lismo.Sao Pau lo: Ma rt in Claret,2001.W EHR LE, A. Estruturade relacionamentosinterorganízacionaís: umestudo de caso no balneárioac o r e s. Fp o l i s, 20 0 8 .Oissertac áo de Mestrado.PPGEP/ UNIVALI.

_ R.Adm. FACES lcumal Belo Horizonte v.IO n.1 p. llS- l36 jan/ mar. 2011. ISSN 1984-6975 (online ). ISSN 15 17-8900 [lmpressa)