internalização de tratados no ojb
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Internalização de Tratados No OJBTRANSCRIPT
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Internalizao dos tratados internacionais no ordenamento jurdico
brasileiro
Sabrina Aves Zamboni
Advogada. Mestre (a) em Direito Pblico pela PUC/ Minas. Professora
de Direito Constitucional da Faculdade Minas Gerais - Famig.
Resumo
Os tratados internacionais so acordos de vontades formais e escritos, celebrado entre
Estados ou Organizaes Internacionais, que buscam produzir efeitos numa ordem
jurdica de direito internacional. Para vigorar internamente em determinado ordenamento
jurdico carece de um processo de recepo, onde aps aprovao incorpora-se ao
ordenamento como norma jurdica.
Abstract
International treaties are formal and written agreement between states or international
organizations that aims to produce effects in a international legal order. The internally
application of international treaties requires an approval process, where after joins into the
internal legal order.
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Os tratados internacionais entram no ordenamento jurdico por um
processo de transformao denominado por internao, internalizao, incorporao ou
recepo dos tratados internacionais. um tipo de transformao para que o tratado
internacional vire uma norma interna, com todas as caractersticas que a norma possui.
Isto, porque no Brasil, quando se estuda tratados internacionais, adota-se tambm um
sistema chamado dualista no qual a norma internacional ou tratado, no aplicado
diretamente, necessitando passar por um processo para transform-lo em norma do
ordenamento jurdico interno. Ocorre, assim, uma equiparao do tratado internacional
a uma lei interna. Grande discusso surge; pois um tratado internacional obrigando o
Brasil pode deixar de ser cumprido se o Congresso legislar, posteriormente, em sentido
contrrio.
O processo de recepo pode ser dividido em 04 fases:
1 fase: Negociao
Neste momento, os termos do contedo do tratado internacional so discutidos
entre os signatrios. No Brasil funo tpica do Ministrio das Relaes Exteriores
desenvolver a agenda das relaes internacionais brasileiras. As misses diplomticas,
destinadas tarefa de preparar o texto do tratado internacional, so compostas por
diplomatas e especialistas sobre a matria a ser tratada, tambm no sendo rara a
presena de polticos nestas misses. Ainda, nesta fase que os tratados sofrem o
primeiro controle prvio de sua constitucionalidade.
2 fase: Assinatura
Aps a redao (texto) ser meticulosamente discutida e avaliada pela equipe
negociadora, o texto final deve ser assinado pelo Presidente da Repblica como consta
da Constituio Federal da CF:
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artigo 84, VI - Compete privativa- mente ao Presidente da Repblica celebrar
tratados, convenes e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso
Nacional.1
Lembra-se que o Brasil por ser uma Re- pblica Federativa que adota o
sistema presidencialista; o Presidente acumula as funes de Chefe de Estado e Chefe
de Governo. Assim, o Presidente no exerccio de sua funo de Chefe de Estado quem
est apto a assinar tratados internacionais.
Ocorre, no entanto, que nem sempre o Presidente da Repblica pode estar
presente no ato formal da assinatura, assim surge figura do plenipotencirio. (Aquele que
passa a ter plenos poderes para agir em nome do Chefe de Estado)
Atualmente, segue-se a orientao da Conveno de Viena sobre Direito dos
Tratados, de 1969, que em seu art. 1 define plenos poderes como sendo: (...) um
documento expedido pela autoridade competente de um Estado e pelo qual so
designadas uma ou vrias pessoas para representar um Estado para negociao, a
adoo ou autenticao do texto de um tratado, para exprimir o consentimento do Estado
em obrigar-se por um tratado ou para praticar qualquer outro ato relativo a um tratado.
Assim, a assinatura, seja pelo Presidente da Repblica ou seu representante,
completa um ciclo, o ciclo da negociao.
No direito brasileiro, a assinatura gera apenas responsabilidade com relao
aos demais signatrios. Obrigao esta de car- ter moral, no atingindo ainda a ordem
interna.
3 fase: Referendum
Aqui, inicia-se a recepo do tratado. E de acordo com o art. 49, I: de
competncia exclusiva do Congresso Nacional resolver definitivamente sobre tratados,
acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao
patrimnio nacional.
Assim, a deliberao do Parlamento resulta na aprovao do tratado,
instrumentalizado no texto de um Decreto Legislativo. Este Decreto dispensa a sano
1 Constituio da Repblica Federativa do Brasil. 42 edio. Saraiva. 2009. So Paulo.
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ou promulgao do Presidente da Repblica e contm duplo teor: a aprovao e,
simultaneamente, a autorizao para o Presidente da Repblica ratific-lo.
Este decreto promulgado pelo Presidente do Senado Federal e publicado em
Dirio Oficial.
4 fase: Ratificao e Promulgao
O Decreto Legislativo chega ao Presidente da Repblica para a ratificao e
promulgao, que ocorrem em um nico ato, pela edio do Decreto Executivo.
Aps a promulgao e posterior publicao do Decreto do Executivo pelo
Presidente da Repblica, este adquire vigncia no ordenamento jurdico interno
brasileiro com hierarquia de lei federal ordinria (ato normativo
infraconstitucional).
pacificado pela jurisprudncia que os tratados internacionais passam a ter
vigncia no ordenamento jurdico interno a par- tir da promulgao do Decreto pelo
Presidente da Repblica.
Contudo, identificamos na doutrina dois sistemas adotados para recepo dos
tratados no ordenamento jurdico interno:
1) sistema monista: aqui a aplicabilidade do tratado na ordem interna imediata,
ou seja, aps a assinatura do tratado internacional o mesmo ratificado pelo Presidente
Repblica passando legislao infraconstitucional.
2) sistema dualista: a aplicabilidade na ordem interna depende de um
procedimento, ou seja, aps assinatura o tratado ter que ser referendado pelo Congresso,
constituindo-se em Decreto Legislativo o qual ser encaminha ao Presidente da
Repblica para ratificao e promulgao (ter que passar pelas quatro fases
apresentadas acima).
O Estado brasileiro adota um sistema misto (h divergncia doutrinria), pois
para recepcionar os tratados internacionais que no versem sobre direitos humanos
estar submetido ao sistema dualista.
J, em relao recepo dos tratados internacionais de direitos humanos
poder usufruir do sistema monista (art. 5, 1 CF
As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais tm aplicao
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imediata).2
No obstante, digo; poder usufruir do sistema monista, haja vista alterao do
texto constitucional com a emenda n. 45, a qual incluiu o 3 do referido artigo 5,
dizendo: Os tratados e convenes internacionais so- bre direitos humanos que forem
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por trs quintos dos
votos dos respectivos membros, sero equivalentes s emendas constitucionais.3
Assim, verificamos que os tratados internacionais de direitos humanos devero
sofrer processo dualista para ser recepcionado em nosso ordenamento interno com fora
de norma constitucional. Logo, sero protegidos pelas clusulas ptreas (art. 60, 4,
IV).
Discusso acirrada quanto a esta nova ordem, vez que estaremos sujeitos s
soberanias externas que passaro a vigorar em nosso ordenamento como norma
constitucional, o que pode acarretar na revogao de norma originria constitucional,
ameaando e/ou questionando-se a soberania interna.
2 Constituio da Repblica Federativa do Brasil. 42 edio. Saraiva. 2009. So Paulo.
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