interface da psicopedagogiaaulas.verbojuridico3.com/...da_psicopedagogia_aula1_26ee_solange_… ·...

186
Interface da Psicopedagogia Profa. Solange Bruno Ruiz 1

Upload: duongdieu

Post on 04-Apr-2018

220 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

Interface da Psicopedagogia

Profa. Solange Bruno Ruiz

1

2

O Passado e o Presente da Psicopedagogia

Bem-vindos à Psicopedagogia. Sabemos quealguns de vocês já possuem uma ideia do queseja Psicopedagogia, no entanto, sabemostambém que a perfeita compreensão do queseja essa ciência não é de conhecimento geral.Por esse motivo, optamos por fazer umaapresentação mais ampla procurandoambientá-los nessa área do conhecimento

Para entendermos o objeto daPsicopedagogia, devemos, antes, rever opróprio desenvolvimento do processoeducacional. Começaremos por trilhar ocaminho da historia, no qual veremos que aeducação escolar que hoje temos sóapareceu na época moderna.

3

Os caminhos da educação

Na Antiguidade, a educação acontecia nocotidiano de cada indivíduo. Porintermédio da convivência com osmembros mais velhos da comunidade, osamigos e os vizinhos, as pessoasinteriorizavam os valores e as normassociais do ambiente em que viviam.

4

Também a educação para o trabalho era assimexecutada. Os jovens, a partir do momentoem que adquiriam condições para trabalhar,eram colocados como aprendizes de ofício,trabalhando junto com os adultos paraaprenderem uma profissão.

5

Na Idade Média, toda a produção eracoletiva e as sociedades eram organizadasde acordo com as atividades exercidas parasua subsistência. Podemos perceber que,até essa época, a Educação não erasistemática e não havia sido, ainda,institucionalizada. A transmissão do sabernão era uma atividade especializada, mas,fruto do saber cotidiano

6

Com o início da Idade Moderna, a grandeciência do conhecimento se fragmenta emdiversas aéreas. 0 homem já não conseguiadeter todo o conhecimento existente. Essasituação trouxe consigo a necessidade dereformular toda a estrutura social. Era oinício da Modernidade.

7

O termo Modernidade, pela própriaetimologia da palavra, evoca conceitosmuitas vezes equívocos, ambíguos,polissêmicos e escorregadios, normalmenteligados à ideia de “progresso”. Uma ideiaassociada à valorização positiva da novidadeque se manifesta na indústria, nas técnicas,na Ciência e nas mudanças sociopolíticas eculturais a elas correspondentes.

8

Norberto Bobbio (1986, p. 768), em seuDicionário de Política, define Modernidadecomo um conjunto de mudanças operadasnas esferas política, econômica e social quetem caracterizado os dois últimos séculos.

9

Praticamente, a data do início do processo deModernização poderia ser colocada naRevolução Francesa de 1789 e na quasecontemporânea Revolução Industrial Inglesa,que provocaram uma série de mudanças degrande alcance, nomeadamente na esferapolítica e econômica, mudanças que estãointimamente inter-relacionadas.

10

Naturalmente, o fermento dessas duasgrandes transformações há de ser buscadonas condições e nos processos que vinhamse desenvolvendo havia algumas décadas eque culminaram nas duas revoluções.

Bobbio (1986, p. 776) acrescenta que esse éum fenômeno abrangente, complexo e queocorre em todos os setores do sistema social.

11

Segundo o mesmo autor, é necessário quefiquemos atentos a dois aspectos queaparecem quando buscamos entender osprocessos da Modernização: a tentativaincessante do homem para controlar anatureza e submetê-la às suas necessidadese a busca permanente de ampliar o campodas alternativas sociais e políticas para ummaior número de pessoas.

12

O surgimento da Modernidade levou ahumanidade a uma revolução social quemodificou todos os limites geográficos esociais até então existentes.

Segundo nos diz Habermas (2000, p. 88):

13

O projeto da Modernidade formulado noséculo XVIII pelos filósofos do Iluminismoconsistiu em esforços que visavam desenvolvertanto a ciência objetiva, a moralidade universale a lei, quanto a arte autônoma, conforme sualógica interna.

14

Esse projeto pretendia ao mesmo tempoliberar o potencial cognitivo de cada umdesses domínios no intuito de livrá-los desuas formas esotéricas. Os filósofosiluministas almejavam valer-se desseacúmulo de cultura especializada paraenriquecer a vida cotidiana, ou seja, paraorganizar racionalmente o cotidiano da vidasocial.

15

Como sabemos, até o século XVII, a burguesiacontrolava a produção e a economia dosEstados-Nacionais surgidos com o fim doFeudalismo, a partir dos séculos XV e XVI.

Os movimentos sociais ocorridos na Europa noséculo XVIII, particularmente a RevoluçãoFrancesa e a Revolução Industrial, vieramcontrapor-se a essa situação, ou seja, tiveramcomo base uma revolução antiburguesa,gerando uma transformação social semprecedentes na história. 16

O modernismo modificou todos os conceitosexistentes à época, alterando as estruturassociais, a religião e a ideologia apropriada econsolidada através dos séculos. Esse períodoteve como uma de suas principaiscaracterísticas o aparecimento de grandesdescobertas científicas, a industrialização e aaceleração do ritmo de vida.

17

Todos esses fatos foram causados,principalmente, pelas novas formas de podere pela explosão demográfica que modificarama visão do homem em relação ao universo e,consequentemente, seu lugar nele.

18

A sociedade experimentou uma tomada deconsciência de si própria e passou a buscar arenovação em todos os contextos sociais.

Na área científica, manifestações da Modernidadeconstituíram a consolidação da moderna ciência danatureza, cujo fundamento do saber está naMatemática e trata seus resultados com apoio daexperimentação, o que, por certo, resultou emprofundas transformações nos processoseducacionais.

19

Embora as pessoas continuassem arraigadasàs suas antigas convicções, estas não maisrepresentavam marcas orientadoras deconduta. Consequentemente, a experiênciados tempos modernos traz no seu bojo asimagens da desordem e da instabilidade, dainsegurança e da fragmentação do mundoreal conhecido.

20

Os estilos de vida, até então estabelecidos,perderam sua razão de ser, em virtudedesse processo que destruiu as certezas ecrenças construídas ao longo dos tempos.Os parâmetros segundo os quais secostumava distinguir o bem do mal, o justodo injusto, o desejável do indesejável, ocerto do errado foram alterados;modificaram-se as categorias conhecidasde classificação e hierarquização sociais.

21

Com a chegada da era industrial, chegoutambém a preocupação com a produtividadee com tudo o que atrapalhava a possibilidadede produzir.

Dentro desse contexto histórico, surge aEducação Sistematizada. Pela primeira vez osjovens são afastados de suas famílias paraaprenderem com outros adultos, seguindometodologias e currículos comuns.

22

Todos os estudantes passaram a estudar e aabsorver conhecimentos estandardizados e“necessários” a uma formação profissional.

Esse novo método de ensino trouxe consigouma nova situação. Ao estarem os alunosjuntos com os mesmos professores eaprendendo as mesmas coisas, percebe-seque nem todos aprendem com a mesmafacilidade, nem com a mesma rapidez.

23

As dificuldades de aprendizagem passaram aser foco de atenção, e a Medicina começou aestudar a causa dos problemas e suaspossíveis correções. A Primeira GuerraMundial ofereceu a oportunidade de sedescobrir, no cérebro dos soldados feridos, arelação das áreas cerebrais danificadas comas funções que apareciam prejudicadas.

24

A Oftalmologia, a Neurologia, a Psiquiatriaeram algumas das áreas da Medicina que seocupavam com esses estudos.

No final do século XIX, educadores,psiquiatras e neuropsiquiatras começaram ase preocupar com os aspectos queinterferiam na aprendizagem e a organizarmétodos para a Educação Infantil.

25

Dessa época, temos a colaboração deSeguin, Esquirol, Montessori e Decroly, entreoutros. Abrem-se, assim, as portas para osurgimento da Psicopedagogia.

26

Caracterização da Psicopedagogia

Falar sobre Psicopedagogia é, hoje em dia,uma tarefa difícil, pois, por ser ela umaciência muito nova e ter sua área deatuação inserida na confluência daPsicologia e da Pedagogia, apresentamúltiplas facetas, não possuindo, ainda,

27

paradigmas operacionais totalmenteestabelecidos, estando na busca de suaprópria identidade enquanto áreadiferenciada de conhecimento, linha depesquisa em Educação e em Psicologia, bemcomo atividades terapêuticas e/oupreventivas.

28

Por essas razões é comum observarmospsicopedagogos que atuam em instituiçõeseducacionais ficarem em dúvida de como conduzirsuas atividades no contato com a comunidadeescolar, priorizando, muitas vezes, a adoção de umaprática quase exclusivamente terapêuticaindividualizada com alunos que apresentam visíveisproblemas de aprendizagem já instalados, emdetrimento da utilização de uma prática preventivainstitucional, visando evitar o aparecimento denovos distúrbios de aprendizagem.

29

Ao buscar-se a melhor metodologia a ser utilizadapelo psicopedagogo em sua atuação fica-nos,também, a dúvida de como agir com “problemas oudistúrbios de aprendizagem”, pois face àcomplexidade do ser humano, uma determinadapatologia pode ter múltiplas causas e estas, emvirtude da pulverização do conhecimentoprofissional em múltiplas especialidades, sópoderiam ser “tratadas” sob a ótica dainterdisciplinaridade, ou seja, com a atuaçãoconjunta de diversos profissionais de áreasdiferentes.

30

Mas, poderíamos nos perguntar, em umarealidade escolar como a nossa, isto seriafactível?

A Psicopedagogia tem se desenvolvidocomo uma forma de vinculação entre aPedagogia e a Psicologia, e pode serentendida a partir de pressupostos teóricoselaborados em países de língua francesa.

31

Nesses países, usa-se o termoPsicopedagogia em lugar de Psicologia daEducação, no sentido de que, nesse caso, aPsicologia liga-se à Educação como umaciência auxiliar na compreensão doprocesso pedagógico.

32

A afirmação de que a Psicopedagogia,historicamente, surgiu na fronteira entre aPsicologia e a Pedagogia merece maioratenção. Kiguel (1987) aventa outrapossibilidade quanto ao surgimento daPsicopedagogia ao mencionar as tentativasde explicação para o fracasso escolar poroutras vias que não a pedagógica e apsicológica.

33

Afirma que "os fatores etiológicos utilizadospara explicar índices alarmantes do fracassoescolar envolviam quase que exclusivamentefatores individuais como desnutrição,problemas neurológicos, psicológicos etc.",acrescentando que “no Brasil, particularmentedurante a década de 70, foi amplamentedifundido o rótulo de Disfunção CerebralMínima para as crianças que apresentavam,como sintoma proeminente, distúrbios naescolaridade” (BOSSA, 1994, p. 7).

34

Estudando o indivíduo que aprende no seuaspecto normal e patológica, aPsicopedagogia é a área que dá umaconsideração especial ao aspectopsicológico desse indivíduo, mas sendo umaárea aplicada, deverá ir além da práxis,desenvolvendo pesquisas de base e criandoum campo de conhecimento próprio.

35

Atualmente, volta-se para uma realidadetipicamente educacional, que são certosfenômenos - relativos à não aprendizagem -que ocorrem dentro do âmbito familiar,escolar e comunitário, que podem serremediáveis e prevenidos. Acreditamos que,para o desenvolvimento dessa ação tantopreventiva quanto terapêutica, seránecessária a sistematização de uma série depressupostos teóricos próprios.

36

“Penso que a Psicopedagogia, como áreade aplicação, antecede o status de área deestudos, a qual tem procurado sistematizarum corpo teórico próprio, definir o seuobjeto de estudo, delimitar seu campo deatuação” (BOSSA, 1994, p. 6).

37

Entretanto, justifica-se que a Psicopedagogianão tenha, ainda, desenvolvido o seu corpoteórico específico, de vez que é uma áreanova em todo o mundo e que seuflorescimento ainda está na dependência dodesenvolvimento não só da Psicologia e daPedagogia, mas também de áreas maisespecíficas de conhecimento, como aNeuropsicologia e a Psicolinguística, entreoutras.

38

Apesar de todas as dificuldades, parece-nosque podemos definir a Psicopedagogiautilizando-nos de dois autores brasileiros.

39

Para Rubinstein (1987, p. 103),[...] num primeiro momento aPsicopedagogia esteve voltada para abusca e o desenvolvimento demetodologias que melhor atendessemaos portadores de dificuldades, tendocomo objetivo fazer a reeducação ou aremediação e desta forma promover odesaparecimento do sintoma.

40

E, ainda, a partir do momento em que o foco deatenção passa a ser a compreensão do processo deaprendizagem e a relação que o aprendiz estabelececom a mesma, o objeto da psicopedagogia passa aser mais abrangente: a metodologia é apenas umaspecto no processo terapêutico, e o principalobjetivo é a investigação de etiologia da dificuldadede aprendizagem, bem como a compreensão doprocessamento da aprendizagem, considerandotodas as variáveis que intervém nesse processo.

41

Do ponto de vista de Weiss (1991, p. 6), “aPsicopedagogia busca a melhoria dasrelações com a aprendizagem, assim comoa melhor qualidade na construção daprópria aprendizagem de alunos eeducadores”.

42

As afirmações de Rubinstein e Weiss emrelação ao objeto de estudo daPsicopedagogia sugerem que há um certoconsenso quanto ao fato de que ela deveocupar-se em estudar a aprendizagemhumana; porém, é uma ilusão pensar que talconsenso nos conduza a um único caminho.

43

O tema de aprendizagem apresentatamanha complexidade que tem adimensão da própria natureza humana eprecisaríamos de um outro curso só paraconseguir tratá-lo. É importante, noentanto, ressaltar que a concepção deaprendizagem é resultado de uma visão dehomem, e é em razão desta que seestabelece toda a teoria e a práticapsicopedagógica.

44

Segundo nos diz Visca (1987), aPsicopedagogia, que inicialmente foi umaação subsidiária da Medicina e daPsicologia, perfilou-se como umconhecimento independente ecomplementar, possuída de um objeto deestudo - o processo de aprendizagem - ede recursos diagnósticos, corretores epreventivos próprios.

45

Alguns ramos de estudo, como você jádeve ter notado, desenvolvem-se emoutros países e, até, por vezes, demoramum pouco a chegar ao Brasil. Hoje, porém,com a rapidez dos processos decomunicação, a disseminação deinformações é mais rápida e aPsicopedagogia no Brasil tem sedesenvolvido bem nos últimos anos.

46

A Psicopedagogia no Brasil

A Psicopedagogia no Brasil hoje é uma áreaque estuda e lida com o processo deaprendizagem e suas dificuldades, e que, emsua ação prisional, deve englobar várioscampos do conhecimento, integrando-os esintetizando-os. O modelo teórico e práticoresultante dessa visão é fortementeinfluenciado pelos modelos europeu eargentino.

47

Segundo nos diz Mery (1985), os CentrosPsicopedagógicos, primeira forma deatuação da Psicopedagogia, foram fundadosna Europa a partir da segunda metade doséculo XX, e objetivavam, como já vimos,atender pessoas que apresentavamdificuldades de aprendizagem, apesar deserem inteligentes, por meio da integraçãode conhecimentos pedagógicos epsicanalíticos.

48

Nos Estados Unidos, o mesmo movimentoacontecia, enfatizando mais osconhecimentos médicos e dando um carátermais organicista a essa preocupação com asdificuldades de aprendizagem.

49

O movimento europeu acabou por originar aPsicopedagogia, enquanto o movimentoamericano proliferou a crença de que osproblemas de aprendizagem possuíamcausas orgânicas e precisavam deatendimento especializado, influenciandoparte do movimento da Psicologia Escolarque, até bem pouco tempo, segundo Bossa(1994), determinou a forma de tratamentodada ao fracasso escolar.

50

A corrente europeia influenciou a Argentina,que passou a cuidar de pessoas comdificuldade de aprendizagem, realizando umtrabalho de reeducação. Mais tarde, esteacabou sendo o objeto de estudo que contavacom os conhecimentos da Psicanálise e daPsicologia Genética, além de todo oconhecimento, particularmente os delinguagem e de psicomotricidade, que eramutilizados para melhorar a compreensão dasreferidas dificuldades.

51

O Brasil recebeu, via Argentina, influênciastanto americanas quanto europeias naformação da identidade de nossapsicopedagogia. Os conhecimentostransmitidos por diversos profissionaisargentinos, por meio de cursos realizadosparticularmente no sul do país, muitocontribuíram para a construção do nossoconhecimento psicopedagógico.

52

A formação de nossos psicopedagogos éfeita por meio de cursos de pós-graduação lato sensu, diferentemente doque ocorre na Argentina, onde essaformação é realizada por curso degraduação com duração de cinco anos.

53

Essa questão da formação, da maneira como sedá no nosso país, suscita uma discussão em quevantagens e desvantagens são levantadas. Deum lado, o fato de a nossa formação emPsicopedagogia envolver diversificadosprofissionais que atuam na área educacionalacentua o caráter interdisciplinar dessa área deestudo. De outro, em razão da presença deprofissionais diversos, o psicopedagogo enfrentadificuldades em construir uma identidadeprópria.

54

Ao avaliarmos as dificuldades impostas pelacomplexidade do próprio objeto de estudo daPsicopedagogia, a sua recente existênciaenquanto área de estudos, as suas origens-teóricas e a questão da formação no Brasil,constatamos que a busca de uma identidadeimplica, por esse aspecto, um processo árduo.Por outra parte, entretanto, os profissionaisbrasileiros envolvidos nessa busca estãomobilizados por um grande desejo de contribuirpara tal processo permanente de construção.

55

Apesar da diferença de formação, devemosconsiderar o fato de que as práticas, emambos, Brasil e Argentina, assemelham-seem muitos pontos, visto que o referencialteórico adotado pelos brasileiros, comovimos, está fortemente marcado porinfluências argentinas.

56

Os aspectos em que a nossa forma de atuaçãodifere daquela dos argentinos são decorrentes,principalmente, das condições de formação.No Brasil, é preciso repetir: Psicopedagogia éespecialização, curso de aperfeiçoamento. Já aformação em nível de graduação, como ocorrena Argentina, proporciona evidentemente umconhecimento bem mais sólido da matéria, dosaber psicopedagógico e, consequentemente,uma prática mais consistente.

57

Não devemos esquecer, no entanto, que sãoinúmeras as variáveis em jogo quando se falana questão da formação e, para a realidadebrasileira, nossa modalidade de formaçãopsicopedagógica possibilita uma maiorinteratividade entre os diversos profissionaisenvolvidos na prática educacional, nãoabrindo espaço para discussões que selimitam a dividir

58

desempenhos de educadores e outrosespecialistas, de forma que a uns sejaatribuído o direito de lidar com o afetivo ecom a dinâmica da personalidade, e aoutros a tarefa de trabalhar com osaspectos pedagógicos, considerando-osapenas como procedimentos didáticos parao desenvolvimento cognitivo

59

A atuação do psicopedagogo

O que nos parece importante refletir ao finalde nossa aula é que todos - psicopedagogosou educadores - saibam perceber ofenômeno “aprendizagem" de forma maisampla e que sejam sensíveis para captar econsiderar as relações significativas que oaluno busca no meio (suas necessidades)para a sua autorealização.

60

Dessa forma, consideramos o trabalhopsicopedagógico com característicasterapêuticas quando leva o individuo aconstruir e reorganizar a sua própriapersonalidade, o seu “ser no mundo”.

Mas, não podemos deixar de acrescentarque a atuação do psicopedagogo tem suasfronteiras, diferenciando-se de uma“psicoterapia”,

61

quando delimita seu espaço com apreocupação pedagógica de propiciar aoaluno a melhor utilização da linguagem e aelaboração cognitiva das informaçõesespecíficas, com a finalidade de que esseindivíduo possa concretizar e satisfazer assuas necessidades, atuando no mundo emque vive.

62

Existe, ainda, um longo caminho a percorrerpara fazermos a história da Psicopedagogia.Como deve ter ficado claro para você, essaciência está dando seus passos iniciais, masao utilizar-se dos fundamentos jáestabelecidos por outras ciências como basepara sua formulação teórico-prática, essespassos apresentam-se fortes e resolutos,com o propósito de firmar-se no campocientífico e profissional como uma atividadeque congrega os fenômenos da Educação.

63

A profissionalização do psicopedagogo

Em nossas aulas iniciais vimos um pouco dahistória da Psicopedagogia e a inserção dopsicopedagogo nas instituições e você podeestar se perguntando: Que tipo de profissionalé o psicopedagogo? Onde e como ele atua? Asrespostas a essas perguntas não são simples,mas tentaremos auxiliá-los na elucidação dealgumas dessas questões.

64

O psicopedagogo como profissional

O psicopedagogo pode atuar de uma formapreventiva ou em uma abordagemterapêutica, clínica. O seu trabalho podevincular-se a uma instituição (escola,hospital, centro comunitário, por exemplo)ou ser estritamente individual (em seupróprio consultório).

65

Mas, em qualquer dos casos, opsicopedagogo não deve prescindir dodiálogo interdisciplinar dada acomplexidade do ato de aprender e acomplexidade existencial daquele queaprende, em sua totalidade constitutiva ede manifestação.

66

Como sabemos, é bastante expressivo onúmero de alunos que apresentamdificuldades de ler, de escrever e mesmo depensar, exigindo uma atuação terapêutica.Essa situação, tão presente em nossasescolas, demonstra a importância da açãopreventiva do psicopedagogo, quandovoltada para evitar o aparecimento dedificuldades na aprendizagem.

67

Ocupando-se da integração do aluno nocotidiano escolar, quanto às possibilidades ecapacidades que ele detém e os interessesque manifesta, o psicopedagogo atuapreventivamente, colaborando para que oaprendiz estabeleça uma relação prazerosacom o ato de aprender e, mesmo,desafiadora.

68

O psicopedagogo precisa saber não sócomo o aluno constrói o seuconhecimento, mas também como eledetermina o instrumental que usa paraconstruir e reconstruir esseconhecimento.

69

Em outras palavras, o psicopedagogo precisasaber de que modo o aluno constrói seu atode conhecer e de aprender, na qual osaspectos afetivo, cognitivo e o conjunto dascircunstâncias que compõem o cotidianoescolar se entremeiam e além do professor(com suas peculiaridades pessoais edidáticas); os colegas do aprendente(igualmente vivenciando o desafio doaprender).

70

Somente assim o psicopedagogo terácondições de contribuir para odesaparecimento das possíveisdificuldades do aluno, em seu processo deconstrução do conhecimento.

71

Ao deparar-se com essas dificuldades, opsicopedagogo precisa, ainda, distinguirentre as dificuldades que se revelam como“sintomas" - aquelas que realmente sãoobjeto de um trabalho psicopedagógico(oriundas de um real problema deaprendizado) e as que se apresentam como“reativas” oriundas de alguma reaçãoemocional (objeto de interesse do psicólogoescolar).

72

A ação preventiva do psicopedagogo nocampo institucional escolar deve estender-se também ao corpo docente. Nessesentido, o psicopedagogo terá oportunidadede trabalhar junto aos professores,esclarecendo-os quanto ao processoevolutivo cognitivo do aluno, inter-relacionando-o aos aspectos afetivos eambientais capazes de influenciarem emfavorável ou desfavoravelmente o ato deaprender.

73

Com certeza, você agora já tem umanoção melhor do papel dopsicopedagogo: a complexidade de suaatuação, os conhecimentos que ele devemobilizar e alguns dos problemas quedeve resolver. Para complementar essavisão vejamos, agora, algumas formas desua atuação.

74

Formas de atuação do psicopedagogo.

A Psicopedagogia, como nos diz Bossa(1994) se ocupa da aprendizagem humana,que aparece de uma demanda bem clara -o problema de aprendizagem e evoluiudevido à existência de recursos, ainda queembrionários, utilizados para atender aessa demanda, constituindo-se, assim,numa prática.

75

Conforme vimos, a Psicopedagogia sepreocupa com o problema de aprendizagem,deve ocupar-se inicialmente em entender oprocesso de aprendizagem. Portanto, vemosque essa ciência estuda as características daaprendizagem humana: como se aprende,como essa aprendizagem variaevolutivamente e está condicionada porvários fatores, como se produzem asalterações na aprendizagem, comoreconhecê-las, tratá-las e preveni-las.

76

Esse objeto de estudo, que é um sujeito aser estudado por outro sujeito, adquirecaracterísticas específicas a depender dotrabalho clínico ou preventivo.

77

Bossa (1994) procura definir a diferençaentre uma e outra forma de atuaçãopsicopedagógica. Segundo ela, o trabalhoclínico se dá por meio da relação entre umsujeito com sua história pessoal e seumodo de aprender, buscando compreendera mensagem emitida por um outro sujeito,implícita no sintoma do “não aprender".

78

Nessa modalidade de trabalho, oprofissional deve procurar compreender oque o sujeito aprende, como aprende e porque aprende, além de perceber a dimensãoda relação entre ele, o psicopedagogo e osujeito aprendente, de forma a favorecer oprocesso de aprendizagem

79

No trabalho preventivo, as instituições,enquanto espaços físicos e psíquicos daaprendizagem, são objeto de estudo daPsicopedagogia. Nelas são avaliados osprocessos didático-metodológicos e adinâmica institucional que interferem noprocesso de aprendizagem.

80

Cabe recordar que, as instituições não sãoapenas as educacionais, mas todas aquelasem que se processam as aprendizagens.

Segundo nos conta Bossa (1994), a definiçãodo objeto de estudo da Psicopedagogia bemcomo os demais aspectos dessa área deestudo passaram por várias fases distintas

81

Houve época em que o trabalhopsicopedagógico tinha como prioridaderealizar a reeducação do sujeito e oprocesso de aprendizagem era avaliado emfunção das deficiências apresentadas peloaprendente.

82

A atuação psicopedagógica procurava,então, vencer tais defasagens. Nesta fase,o objeto de estudo era o indivíduo quenão conseguia aprender, concebendo-sea “não aprendizagem” como uma falta ouuma falha do sistema cognitivo doindivíduo.

83

Esse enfoque buscava, de acordo comcritérios científicos, estabelecersemelhanças no processo de aprendizagementre grandes grupos de sujeitos, as suasregularidades e o que era esperado paradeterminada faixa etária, visando reduziras diferenças e acentuar a uniformidade.

84

Posteriormente, segundo a mesma autora,a Psicopedagogia passou a ocupar-se danoção de “não aprendizagem” de umaoutra forma: o “não aprender” passa a serentendido como um sintoma carregado designificados, e que não se opõe aoaprender.

85

Essa nova fase da Psicopedagogia éfundamentada em conceitos oriundos daPsicanálise (Freud) e da PsicologiaGenética (Piaget) e leva em conta asingularidade e a diversidade dosindivíduos, buscando o significadoparticular emprestado às suascaracterísticas e às suas alterações,baseadas nas circunstâncias da suaprópria história e do seu meiosociocultural.

86

Nessa fase do processo evolutivo daPsicopedagogia, essa nova área de estudoprocurou estruturar-se entendendo que oobjeto de estudo é sempre o sujeito“aprendendo”, pois não há formasacabadas de aprendizagem.

A construção do saber é sempre umprocesso e, por isso, contínuo.

87

Na fase atual, a Psicopedagogia orienta-sesegundo a concepção de que existe umequipamento biológico com característicasafetivas e intelectuais próprias participandoativamente nesse processo deaprendizagem e que interferem na formacomo se dão as relações do sujeito com omeio, sendo que essas característicasinfluenciam e são influenciadas pelascondições socioculturais do sujeito e do seumeio.

88

Conforme vimos, a atuaçãopsicopedagógica pode se dar segundo umaorientação preventiva e/ou clínica.Entretanto, ela é também teórica namedida da necessidade de se refletir sobrea práxis.

89

Assim, vale repensar um pouco a prática,antes de abordar o teórico. A Psicopedagogiaprocura utilizar-se do processo de ação-reflexão-ação, no qual cada profissional agena busca de resultados profiláticos e/outerapêuticos e, em seguida, reflete sobre suaação para novamente voltar à prática.

Para Bossa (1994), o trabalho preventivopode ocorrer em diferentes níveis deprevenção.

90

Segundo esta autora, no primeiro nível opsicopedagogo centra sua atenção nosprocessos educacionais com o objetivo deidentificar as dificuldades institucionais, eatua sobre elas antes que provoquem dano,pois visa diminuir a “frequência dosproblemas de aprendizagem”. Seu trabalhoincide nas questões didático-metodológicas,bem como na formação e orientação deprofessores, além de fazer aconselhamentoaos pais.

91

Em um segundo nível, o objetivo é diminuir etratar os problemas de aprendizagem jáinstalados. Com essa finalidade, realiza-seuma análise diagnóstica da realidadeinstitucional e elaboram-se planos deintervenção baseados nos resultados obtidosneste diagnóstico. Dentro desse processo,junto com os professores, procura-se avaliaros currículos e os métodos didático-pedagógicos utilizados, procurando soluçõespara que não se repitam tais transtornos.

92

No terceiro nível, segundo o que nos ensinaBossa (1994), o objetivo é eliminar ostranstornos já instalados num procedimentoclínico com todas as suas implicações. Ocaráter preventivo permanece aí, uma vezque, ao eliminarmos um transtorno, estamosprevenindo o aparecimento de outros.

Para melhor entendimento das atividadesapresentadas, vamos agora ver como Kiguel(1987) entende o trabalho psicopedagógico.

93

A função preventiva e a função terapêutica

Na função preventiva, segundo nos diz Kiguel(1987), cabe ao psicopedagogo atuar,principalmente, em escolas e em cursos deformação de professores, esclarecendo sobreo processo de desenvolvimento e maturaçãodas áreas ligadas à aprendizagem escolar

94

(perceptiva, motora, de linguagem,cognitiva e emocional), auxiliando naorganização de condições de aprendizagemde forma integrada e de acordo com ascapacidades dos alunos, atendendo suadiversidade e motivação.

95

Já o trabalho do psicopedagogo em nívelterapeutico, é dirigido às crianças eadolescentes com distúrbios deaprendizagem já instalados.

Em ambos os casos, para auxiliar nodiagnóstico (que é concluído em equipeinterdisciplinar) o psicopedagogodesenvolve os seguintes procedimentos:

96

anamnese e análise do material escolar desde a pré-escola;

contato com a escola (direto ou por meio dequestionário);

observação do desempenho em situação deaprendizagem;

aplicação de testes psicopedagógicosespecíficos;

solicitação de exames complementares(psicológico, neurológico, oftalmológico,audiométrico ou outros que se fizeremnecessários). 97

Integrando os resultados obtidos por meiodesses procedimentos, o psicopedagogobusca levantar hipóteses que expliquem ascondições de aprendizagem do pacienteidentificando áreas de competência e dedificuldades.

98

O entendimento dos fatores etiológicos dasdificuldades, bem como a significaçãoemocional do problema na família e na escola,levam o psicopedagogo, juntamente com osdemais profissionais que avaliaram o paciente,a determinar as prioridades de tratamento.

É interessante observar que, frequentemente,uma criança portadora de um distúrbio deaprendizagem tem associado a este tambémum distúrbio afetivo.

99

O atendimento à área emocional deve serindicado e pode ocorrer prévia, simultâneaou posteriormente ao tratamentopsicopedagógico.

A partir das indicações terapêuticas, opsicopedagogo apresenta os resultados aospais e à escola e com eles planeja oatendimento psicopedagógico.

100

O tratamento psicopedagógicopropriamente dito está sempre vinculado aoposicionamento teórico que a equipeinterdisciplinar tem no fenômeno daaprendizagem humana, em seus distúrbios enas causas que os motivaram.

101

O conhecimento da etiologia (estudo sobre acausa ou a origem de uma determinadadoença), é fundamental, não apenas para adeterminação de prioridades de tratamentoe escolha de metodologias específicas, mas,principalmente, para quando se trata deplanejar soluções preventivas e/ou curativasde caráter social mais amplo.

102

É importante relembrá-lo, que o principalsujeito no processo de aprendizagem é oaprendente e, desse modo, é defundamental importância para o êxito dotrabalho psicopedagógico o relacionamentointerpessoal entre ele e o psicopedagogo.

Como podemos facilmente perceber, arelação existente entre o psicopedagogo e oaprendente é dinâmica e, por isso,imprevisível.

103

Sendo um encontro de personalidadesdistintas e com motivações diversas, cadaum se aproxima do outro como sereshumanos que são, com seus acertos eerros, seus conflitos e emoções, suaparticular percepção valorativa dasexperiências vivenciadas, enfim, com opróprio EU e suas circunstânciasinteragentes.

104

Sempre que duas pessoas se encontram, emais fortemente em um processoterapêutico, cria-se uma tempestadeemocional. Se eles têm um contatosuficiente para estarem seguros um dooutro, ou mesmo se não estão seguros, umestado emocional se produz pela conjunçãodesses dois indivíduos, dessas duaspersonalidades.

105

Nesse processo interativo é importanteque o psicopedagogo se veja tambémcomo aprendente. Embora seguro dosuporte teórico que orienta sua atuação edo domínio das técnicas que utiliza, éprevisível que o encontro com o outro setome, quase sempre, um fator de angústiaque deve, pelo profissional, ser mantidosob controle.

106

Manter-se aberto aosacontecimentos de cada encontro,que nunca se repetem, é um modode lidar com o “novo”,frequentemente angustiante.

107

Princípios norteadores da ação dopsicopedagogo

O psicopedagogo procura, em sua ação,mobilizar o indivíduo, considerando que osprocessos cognitivos como os de atenção,percepção e memória são determinadospelas condições de maturação neuropsíquicaorientados pela emoção e pelo afeto, pois ossentimentos de prazer e sucesso sãodeterminantes da aprendizagem.

108

Considera-se essas características comopartes integrantes de um processo dedesenvolvimento único para cada indivíduo,embora influenciado pelo meio familiar,social e cultural.

109

Concordamos que o psicopedagogo norteiasua atividade profissional segundo princípiosque emanam do seu próprio processo deaprendizagem, mas, por outro lado, opsicopedagogo acredita que o aspectoimportante da atividade pedagógica é a suasignificação simbólica dentro do processogeral de aprendizagem do indivíduo e talatividade deve ser capacitante para aestruturação, crescimento e integridade dapersonalidade do aprendiz

110

Outro princípio básico que deve serbuscado pelo psicopedagogo é odesenvolvimento do processo deautoaprendizagem, no sentido de queensinar consiste em facilitar ou buscardesencadear um processo ativo que ocorreno indivíduo que aprende, de acordo comseu ritmo de desenvolvimento.

111

Também consideramos um princípionorteador o fato de que determinadasaprendizagens necessitam de uma açãoestimuladora do meio externo e que apessoa que ensina é um dos elementos maisincentivadores da aprendizagem.

112

O psicopedagogo norteia sua açãoconsciente de que a aprendizagem é,antes de tudo, uma relação com o mundoexterno e que o vínculo que se estabelececom o individuo será um fator relevante nasua mobilização para a busca do novo.

113

O psicopedagogo procura, então, mobilizaro seu próprio potencial afetivo para tornar-se um fator incentivador da aprendizagemdo indivíduo que, por vezes, muito jovem,já experimenta intensos sentimentos defracasso e desânimo.

114

O papel do psicopedagogo e de outrosprofissionais que atuam na área de Educação

A aprendizagem é um fenômeno complexo.Seu estudo requer a intervenção de diversoscampos do conhecimento. Na verdade, aanálise dos fenômenos relativos àaprendizagem requer a intervenção de umaequipe multidisciplinar, funcionandointegradamente.

115

Por outro lado, não se pode esquecer que acondição para uma equipe trabalharadequadamente é que cada participantetenha seu papel definido com o seu modoespecífico de ver o problema e trazer a suacontribuição.

116

O papel do psicopedagogo apresentavárias interfaces, podendo estar diluído,particularmente, entre o papel doorientador educacional, do psicólogoescolar, do fonoaudiólogo ou dosupervisor pedagógico.

Em relação a cada um destes, os limites deatuação são, por vezes, quase impossíveisde definir objetivamente.

117

A dificuldade parece advir não só dofuncionamento a nível técnico, mas tambémda natureza do ser humano - não é possíveldefinir os limites da linguagem e dopensamento, dos processos deaprendizagem e das características pessoais.

Tudo indica que o mais importante nacompreensão do individuo é justamente omodo único e peculiar como interagem asdiferentes variáveis.

118

O terreno das diferenciações é um terrenocheio de particularidades, não só científicas,mas também práticas e até legais. Temosque lembrar que não é só o campo daPsicopedagogia que não está bem-definido.

Apesar de estar consideravelmente melhordelimitado, o campo psicológico aindaadmite subdivisões e variações.

119

A diversidade funcional pode ocorrerdevido às diferentes formações dos técnicos- já que se tratam de áreas relativamentenovas – e devido às diferenças nos sistemasregionais de ensino.

Por fim, precisamos considerar que aEducação está em contínua mudança, o quealtera, constantemente, os papéis e asfunções das pessoas envolvidas nesseprocesso.

120

Mas, apesar das dificuldades, tentamoslevantar algumas peculiaridades em relaçãoaos papéis destes profissionais.

Em relação ao orientador educacional,parece-nos que tem uma atuação mais geralque o psicopedagogo, pois ajuda o indivíduoa encontrar uma melhor compreensão de simesmo e desenvolver sua capacidade detomar decisões.

121

Ele trabalha, também, em função dadinâmica inter-relacional da escola ouinstituição. Em alguns casos, fazaconselhamento vital e encaminha,quando necessário, o indivíduo para omédico, psicólogo, psicopedagogo oufonoaudiólogo.

122

Em relação ao fonoaudiólogo, encontramosalguma dificuldade para estabelecer nítidasdiferenciações. Sem dúvida, são campos nosquais podem ocorrer muitas interseções. Ofonoaudiólogo, ocupando-se com aprevenção e reabilitação de distúrbios naaquisição e desenvolvimento da linguagem,certamente se ocupa com indivíduos queapresentam dificuldades de aprendizagem.

123

O psicopedagogo, ao tratar com asdificuldades de aprendizagem volta-se paraos processos perceptivos, cognitivos econceituais que se evidenciam e sãoatingidos por intermédio da linguagem. Dáênfase aos aspectos psicológicos e sociaisdos problemas de aprendizagem doindivíduo.

124

Para estabelecer diferenciações entre opsicopedagogo e o psicólogo escolar, serianecessário que o papel deste estivessemelhor definido entre o modelo escolar e omodelo clínico.Parece que ainda não há um modelo únicoque explicite a atuação do psicólogo escolar.Dependendo de sua formação e da estruturaeducacional em que atua, há prevalência deuma orientação para a organização ou para oindivíduo.

125

De qualquer modo, ele trabalha com ossentimentos individuais ou grupais comvistas à resolução de problemas que secaracterizam mais pelo seu aspectoemocional do que educacional.

0 psicopedagogo trabalha com ossentimentos, conhecimentos e habilidadesindividuais ou grupais com vistas à açãopedagógica indicada.

126

Em relação ao psicólogo clínico, asdiferenciações parecem ser mais evidentes,pois ele dedica-se ao diagnóstico, tratamentoe prevenção dos problemas emocionais. Suapreocupação com os problemas deaprendizagem insere-se dentro de umaproblemática emocional, mesmo porquepsicoterapia é um processo de aprendizagemou reaprendizagem.

127

O psicopedagogo atribui um valor especialaos aspectos emocionais, na medida emque considera os mesmos como a fonteenergética da aprendizagem, mas seucampo de ação abrange apenas o campoeducacional.

128

Quanto ao supervisor pedagógico, adiferença básica parece estar em que,quando este se volta para a orientação emrelação aos problemas de aprendizagem,tem em vista, preferentemente, osdesempenhos previstos na organizaçãocurricular tendo sua atuação maisvinculada ao corpo docente do quediscente.

129

Finalizando

Com esta aula, esperamos que você tenha,agora, uma visão abrangente da história edos conceitos básicos da Psicopedagogia,particularmente no que tange ànecessidade funcional de seuaparecimento como ciência, como ela seinsere nas instituições e como vemcrescendo a profissionalização destesprofissionais da educação.

130

A Psicopedagogia legislada: o trabalhoético do psicopedagogo.

Vamos falar um pouco sobre a legislaçãoque rege a atividade psicopedagógica.

131

Como vimos, a Psicopedagogia é um campode atuação que abrange, prioritariamente,as áreas de Saúde e Educação e opsicopedagogo deve atuar, como todoprofissional, baseando todo seuprocedimento dentro de princípios éticos emorais.

132

Essas normas de atuação são estabelecidaspelo Código de Ética elaborado peloConselho Nacional da Associação Brasileirade Psicopedagogia e que tem por base asleis que regem a profissão.

Começaremos esta aula procurandorecordá-lo sobre o que significa Ética, esseconceito muito falado, mas poucoentendido.

133

Um pouco de ética

Como nos ensina Contrin (1997, p. 223),“Ética é a parte da Filosofia que buscarefletir sobre o comportamento humanosob o ponto de vista das noções de bem ede mal, de justo e de injusto. Tem duploobjetivo: a) elaborar princípios de vidacapazes de orientar o homem para umaação moralmente correta; b) refletir sobreos sistemas morais elaborados pelohomem". 134

Assim, vemos que a Ética baseia-se em umafilosofia de valores compatíveis com anatureza e o fim de todo ser humano, porisso, “o agir” da pessoa humana estácondicionado a duas premissas consideradasbásicas pela Ética: “o que é” o homem e“para que vive”, logo toda capacitaçãocientífica ou técnica precisa estar emconexão com os princípios essenciais daÉtica.

135

Parece, no entanto, ser uma tendência do serhumano a de defender, em primeiro lugar, seuspróprios interesses e, quando esses interesses sãode natureza pouco recomendável, ocorremseríssimos problemas.

Egresso de uma vida inculta, desorganizada,baseada apenas em instintos, o homem, sobre aTerra, foi-se organizando em busca de umaestabilidade vital. Foi cedendo parcelas do referidoindividualismo para se beneficiar da união, dadivisão do trabalho, da proteção da vida emcomum. 136

A organização social foi um progresso, e emfunção dela, estabeleceu-se uma definição,cada vez maior, das atividades dos cidadãos.Tal definição acentua gradativamente, porsua vez, o limite de ação das classes e decada indivíduo dentro de sua classe.

137

Sabemos que entre a sociedade de hoje eaquela primitiva não existem mais níveisde comparação quanto à suacomplexidade. Devemos reconhecer,porém, que, nos núcleos menores, osentido de solidariedade é bem maisacentuado, assim como os rigores éticos.Poucas comunidades de maior dimensãopossuem, na atualidade, o espíritocomunitário; também, com dificuldades,enfrentam as questões classistas.

138

A vocação para o coletivo já não se encontra,nos dias atuais, com a mesma pujança nosgrandes centros.

Parece-nos cada vez menos entendido, porum número expressivo de pessoas, que existeum bem comum a defender e do qual elasdependem para o bem-estar próprio e o deseus semelhantes, havendo uma inequívocainteração que nem sempre é compreendidapelos que possuem espírito egoísta.

139

Este incremento do individualismo gerasempre o risco da transgressão ética e,assim, imperativa se faz a necessidade deuma tutela por intermédio doestabelecimento, por escrito, de normas quedisciplinem as condutas humanas, dizendose elas são ou não éticas.

140

É sabido que uma disciplina de condutaprotege a todos, evitando o aparecimento deuma situação de caos que pode imperarquando se outorga ao indivíduo o direito detudo fazer, ainda que prejudicando terceiros.

141

É preciso que cada um ceda alguma coisapara receber muitas outras e esse é umprincípio que sustenta e justifica a práticavirtuosa perante a comunidade. O homemnão deve construir seu bem às custas dedestruir o de outros, nem admitir que sóexiste a sua vida em todo o universo.

142

Ética profissional

Partindo do conceito básico de ética quevimos acima, podemos entender éticaprofissional como sendo um conjunto denormas de conduta que precisam ser postasem prática durante o exercício de qualqueratividade profissional.

143

Essa normatização tem como principalfinalidade regular o relacionamento doprofissional com sua clientela, visando àdignidade humana e à construção do bem-estar no contexto sociocultural em queexerce sua profissão.

144

Sendo a ética inerente à vida humana, suaimportância é bastante evidenciada na vidaprofissional, porque cada profissional temresponsabilidades individuais eresponsabilidades sociais, pois envolvempessoas que dela se beneficiam.

145

No caso específico do psicopedagogo, estaresponsabilidade cresce de importância selevarmos em conta que a maior parte desua atividade é desenvolvida com jovensem formação.

146

Os psicopedagogos devem seguir certosprincípios éticos que estão condensadosno Código de Ética, devidamenteaprovado em 19 de julho de 1996, naAssembleia Geral do III CongressoBrasileiro de Psicopedagogia daAssociação Brasileira de Psicopedagogia(ABPp), que, em seus vinte artigosregulamenta, entre outras, as seguintessituações:

147

os princípios da Psicopedagogia; as responsabilidades dos psicopedagogos; as relações com outras profissões; o sigilo; as publicações cientificas;

148

a publicidade profissional; os honorários; as relações com a Educação e Saúde; a observância e cumprimento do Código

de Ética; as disposições gerais.

149

Entre seus artigos, destacamos, por suarelevância, os seguintes:

Art. 2º

A Psicopedagogia é de naturezainterdisciplinar. Utiliza recursos das váriasáreas do conhecimento humano para acompreensão do ato de aprender, nosentido ontogenético e filogenético,valendo-se de métodos e técnicas próprios.

150

Como vemos nesse artigo, opsicopedagogo, apesar de poder valer-sede recursos advindos de outras áreas dosaber para a compreensão dos processosde aprendizagem deve, em sua prática,utilizar-se de métodos e técnicas própriasda Psicopedagogia.

151

Art. 4º

Estarão em condições de exercício daPsicopedagogia os profissionais graduadosem 3° grau, portadores de certificados decurso de Pós-Graduação de Psicopedagogia,ministrado em estabelecimento de ensinooficial e/ou reconhecido, ou mediantedireitos adquiridos, sendo indispensávelsubmeter-se à supervisão e aconselháveltrabalho de formação pessoal.

152

Esse artigo nos mostra, claramente, apreocupação que a ABPp tem no sentido deque os psicopedagogos tenham umaatuação técnico-profissional calcada emuma formação acadêmica bem estruturadae sob uma supervisão de outrosprofissionais qualificados.

153

Art. 6ºSão deveres fundamentais dos psicopedagogos:

a) Manter-se atualizado quanto aosconhecimentos científicos e técnicos que tratemo fenômeno da aprendizagem humana.b) Zelar pelo bom relacionamento comespecialistas de outras áreas, mantendo umaatitude crítica, de abertura e respeito em relaçãoàs diferentes visões do mundo.

154

c) Assumir somente as responsabilidadespara as quais esteja preparado dentro doslimites da competência psicopedagógica.d) Colaborar com o progresso daPsicopedagogia.e) Difundir seus conhecimentos e prestarserviços nas agremiações de classe sempreque possível.f) Responsabilizar-se pelas avaliaçõesfeitas, fornecendo ao cliente uma definiçãoclara do seu diagnóstico.

155

g) Preservar a identidade, parecer e/oudiagnóstico do cliente nos relatos ediscussões feitos a título de exemplos eestudos de casos.h) Responsabilizar-se por críticas feitas acolegas na ausência destes.i) Manter atitude de colaboração esolidariedade com colegas sem serconivente ou acumpliciar-se, de qualquerforma, com o ato ilícito ou calúnia.

156

O respeito e a dignidade na relaçãoprofissional são deveres fundamentais dopsicopedagogo, para a harmonia da classee manutenção do conceito público.

157

Por esse artigo vemos a preocupação emestabelecer e normatizar o procedimentoético do psicopedagogo, particularmenteem suas relações com seus clientes e comos profissionais de outras áreas, visandoevitar conflitos e/ou mal-entendidos quepossam prejudicar individual oucoletivamente a imagem daPsicopedagogia.

158

É interessante que você tomeconhecimento de todos os artigos desteCódigo de Ética assim que for possível.Ele está disponível na página da ABPp:<www.abpp.com.br/regulamentacao_etica.htm>.

159

O reconhecimento da profissão depsicopedagogo

Após termos visto o Código de Ética, vocêpode estar se perguntando: a criação deum código é suficiente para uma profissãose estabelecer? Esse código regulamentatudo o que precisamos para atuarprofissionalmente?

160

Podemos lhe responder que não. Emnosso pais, uma profissão que possuabases científicas e pretenda seroficialmente reconhecida, necessita passarpor uma série de fases que culmina com aelaboração e aprovação de uma LeiFederal para legitimar-se.

161

A primeira dessas fases constitui-se nabusca de uma base científica que dêsustentação teórica à atuação profissional.Nessa fase, a Psicopedagogia buscou ereelaborou em diversas áreas científicasafins os conhecimentos necessários paraseu “fazer” profissional. Entre outras,poderíamos citar as seguintes:

162

da Psicanálise, utiliza-se dos conceitosde inconsciente e das representaçõesque operam na dinâmica psíquica e quese expressa por sintomas e símbolos.Esses conceitos permitem aopsicopedagogo resgatar em seu clienteo desejo de aprendizagem;

163

da Psicologia Social e da Sociologiabuscaram-se os conceitos queapresentam a formação social do homem,no qual o processo de aprendizagemestabelece-se por meio da interação nosgrupos sócio-históricos em que esseindivíduo está inserido;

164

da Psicologia Genética e da Epistemologiainteressa-se pelo processo dedesenvolvimento humano a análise e adescrição dos processos de construção doconhecimento;

165

da Neuropsicologia resgata-se osconhecimentos que explicam ofuncionamento do cérebro humano esua reação aos estímulos psicológicos.

166

Como podemos perceber, nenhuma dessasáreas, nem as outras utilizadas pelaPsicopedagogia em busca de seuembasamento teórico, tem como objetoespecífico de estudo os processos deaprendizagem; porém, fornecem subsídiospara que se possa estudar e entendercientificamente os mecanismos pelos quais aaprendizagem se processa. Isso nos mostra ocaráter interdisciplinar e a existência de umaárea bem caracterizada de atuação daPsicopedagogia. 167

Na segunda fase, realiza-se uma organizaçãodos profissionais que atuam na área,buscando integrar o conhecimento científicojá individualmente auferido e estabeleceruma prática coerente e sistematizada,delineando um perfil de atuação calcado emum embasamento teórico-metodológicopróprio.

168

Para fazer frente a essa fase os psicopedagogosos brasileiros criaram, em 1980, a AssociaçãoPaulista de Psicopedagogia, que deu início aosestudos e pesquisas na área.

Em 1984, sentindo a necessidade de ampliaressas discussões, foi criada a AssociaçãoBrasileira de Psicopedagogia, que hoje seencontra espalhada, por intermédio de suasseccionais, por quase todo o país.

169

Sob os auspícios dessa nova entidade, vêmsendo realizados periodicamente congressosnacionais e internacionais, buscando ampliar edivulgar os conhecimentos inerentes à profissão.

Uma terceira fase pode ser entendida comosendo a integração dos conhecimentos técnicose científicos ao poder público, possibilitandofomentar ações populares em benefício dasclasses mais carentes e disseminar a utilizaçãoda práxis no âmbito do sistema educacional.

170

Nesse particular, a ABPp vem, desde 1988, comonos diz Scoz (1998), trabalhando no sentido deconseguir regulamentar a profissão depsicopedagogo.

Contou nesse particular, segundo essa autora,com o auxílio de profissionais de outros países,particularmente da Argentina, além de orientaçãode políticos brasileiros na elaboração do projetode lei nacional que atendesse a todos osrequisitos teóricos e legais para ser submetido aoCongresso Nacional. 171

Após um longo e exaustivo trabalho,finalmente em 1996, durante o III CongressoBrasileiro de Psicopedagogia, essedocumento é apresentado para aprovaçãodos psicopedagogos sob o título ARegulamentação da Profissão Assegurando oReconhecimento do Psicopedagogo (o textocompleto encontra-se à disposição nos Anaisdo Congresso).

172

Depois de lido e aprovado com algumasemendas no plenário do evento, odocumento final foi entregue ao Sr. deputadofederal Barbosa Neto que o apresentouformalmente ao Congresso Nacional para asua tramitação legal.

Por que interessa ao psicopedagogo ter suaprofissão regulamentada?

173

Quem nos responde essas questões é aDra. Maristela Figueiredo (1998, p. 20):

A lei traz diferenças que nos importam,pois queremos valer a ética e referendar aformação do profissional psicopedagogo,garantindo-nos, também, o registro legal,contemplado o rigor da legislação, traz acomplementaridade de nossa área deconhecimento.

174

Queremos abrir horizontes, percorrer lugarese espaços não percorridos, não caminhados,socializando nossa intervenção. [...] queremoscolaborar na história da construção de nossopaís, enxergando que não vamos resolvertodos os problemas. Contribuir comopodemos, buscando em nosso cotidiano, emnossas convivências, dando sentido deautonomia cidadã aos nossos atos.

175

Mais adiante, prossegue (p. 21):[...] se o objeto de nosso debate é aregulamentação de uma profissão, seriainteressante lembrarmos o que é umaprofissão. Os dicionários dizem que profissãoé uma atividade ou uma ocupaçãoespecializada que requer certo preparo. [...]por que regulamentar profissões?

176

Estamos regulamentando uma série deprofissões. Acredito que todas elas têmrefletido uma necessidade da sociedadebrasileira, pelo menos uma diretriz, umrumo, que ela nos dá pararegulamentarmos tantas profissões.

Se essa é uma profissão, um ramo – etodos acreditamos que seja - então teriaque ser regulamentada.

177

Poderíamos completar a argumentação sobre anecessidade dessa regulamentação utilizando-nos das palavras do deputado federal SantosMabel citado no plenário da Câmara dosDeputados Federais em 6 de junho de 2000.

178

Segundo ele (p. 24), regulamentar umaprofissão implica, também, a determinaçãode deveres e a imposição de penalidadesàqueles que vierem a exercê-la de formaincompetente ou sem princípios relativos àética profissional, o exercício de qualidade,como assim se espera em favor da defesados direitos da sociedade e do cidadão.

179

Devem ser fiscalizados por órgãos quetenham a respectiva competência, razãopor que se tornaria imperiosa a criação deconselhos profissionais propostos noprojeto.O projeto de Lei que regulamenta aprofissão de psicopedagogo já passou comparecer favorável pelas Comissões deTrabalho, Administração e Serviço Público,Constituição e Justiça e Educação, Cultura eDesportos.

180

Você pode acompanhar o andamentodesse projeto de lei no CongressoNacional pelo site<www.abpp.com.br/regulamentacao__prof.htm>.

181

Concluindo

Nesta aula, vimos como é importante para umprofissional ter parâmetros pelos quais podese orientar no exercício de suas atividades. Opsicopedagogo, não alheio a essa importância,vem, desde cedo, buscando pautar com ética eacerto as atividades inerentes à sua profissão.

182

Esse esforço já tem obtido o reconhecimentode diversas entidades que buscam nesseprofissional o apoio necessário para auxiliá-las na melhoria do ensino em nosso país.Vários municípios brasileiros já possuemlegislação própria que ampara o trabalho dopsicopedagogo e vem abrindo, cada vez mais,espaço para seu trabalho.

183

Entre as mais importantes, podemos citar aLei 10.891, de 20 de setembro de 2001, daAssembleia Legislativa do Estado de SãoPaulo que autoriza o Poder Executivo aimplantar assistência psicológica epsicopedagógica em todos osestabelecimentos de ensino básico, públicos,com o objetivo de diagnosticar e prevenirproblemas de aprendizagem.

184

Essa lei, como podemos ver, mostra aimportância que vem sendo dada a essa novaprofissão no cenário educacional de nossopaís.

Como pudemos perceber, a regulamentaçãode uma profissão é essencial para seureconhecimento público e, para que issoaconteça, é necessário esforço e trabalho éticoe profissional de todos os envolvidos.

185

A Psicopedagogia em nosso país vemmostrando que é séria e está consciente desua utilidade na defesa de uma educação dequalidade e para todos.

186