inteligencia coletiva fator de excelência e de longevidade empresarial

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ARTIGO 3 - INTELIGENCIA COLETIVA: FATOR DE EXCELÊNCIA E DE LONGEVIDADE EMPRESARIAL Ruy de Alencar Matos Psicólogo Organizacional Diretor da EMCO-Empresa de Consultoria Organizacional Gestão do Conhecimento, Aprendizagem Organizacional, Organizações que Aprendem, Comunidades de Aprendizagem etc. etc., são conceitos que têm ocupado muito espaço editorial nos últimos anos. Alguns críticos consideram que estamos, apenas, sendo distraídos por mais um modismo, germinado no laboratório de marketing dos Estados Unidos para vender livros, conferências e consultorias, mundo afora. Mas, o fato é que estamos diante de uma "nova" fronteira do conhecimento humano: o próprio conhecimento humano: o que é, como opera, como é criado, como é disseminado, como estocá-lo, como multiplicá-lo, que valor agrega ao desempenho empresarial e social, são questões ainda sem respostas convincentes. Estas indagações, entretanto, são muito antigas. Remontam a Sócrates, a Heráclito, a Parmênides que, em suas buscas incessantes sobre o significado da vida e sobre as idiossincrasias do engenho humano, nos deixaram algumas pistas. E é na Grécia Clássica que vamos encontrar a expressão mais viva de uma cultura voltada totalmente para a criação e a disseminação do conhecimento: a PAIDÉIA, conceito que se refere ao processo permanente de construção do Homem grego. Paidéia é transformar qualquer espaço e tempo em oportunidade para aprender com o outro. Seja nas praças, nos templos, nas termas, nas ruas, em casa, de dia ou de noite. É socializar-se e aprender, ao mesmo tempo, numa atitude de criação permanente, buscando-se a transcendência dos limites individuais por meio de relações sociais significativas, transformadoras do Homem em sua expressão coletiva maior - a Cidade. O conceito grego de cidadania, significa aprender coletivamente a transformar a cidade em algo melhor para se viver. Ao fazer isto, o homem assume seu papel político, isto é, passa a cuidar de sua Pólis (cidade), a construir-se enquanto ser coletivo, ser político, em sua verdadeira essência. Transferindo este fenômeno para o ambiente organizacional, empresarial, onde ocorre a maioria das relações simbólicas e produtivas da moderna sociedade humana, podemos extrair diversas conclusões a respeito do que podemos considerar uma espécie de "cidadania organizacional". É neste contexto que o conceito da Inteligência Coletiva adquire seu maior significado. Há seres individuais e há seres coletivos. Os primeiros são dotados de uma identidade anatômica, de uma inteligência cerebral e de uma vida biológica limitada no tempo, que se transcende pela reprodução, quando o indivíduo tenta manter-se vivo, por meio de seus descendentes. Por outro lado, o ser coletivo tem uma identidade relacional e simbólica, uma inteligência operacional e uma vida político-social potencialmente infinita, desde que se reorganize permanentemente, renovando seus elementos constituintes e mantendo sua essência vital intacta. A Empresa, como qualquer Organização Social, é um ser potencialmente eterno. Pode atravessar séculos e milênios sem perder sua identidade, graças à perenidade de seus objetivos, de sua missão e à sinergia de suas relações simbólicas. Quando uma empresa consegue manter-se viva por muito tempo, transforma-se em Instituição. Exemplos eloqüentes desta longevidade são as Igrejas, os Exércitos, as Nações. Um exemplo curioso de eternidade são os templos xintoístas do Japão. São edifícios construídos em madeira, que permanecem vivos através de milênios. Periodicamente são trocadas suas madeiras envelhecidas, por madeiras novas, sem que as formas do templo sofram qualquer alteração. É a permanência do símbolo sendo mantida pela constante mudança de seus elementos constituintes. Um time de futebol, uma orquestra, uma escola de samba, enquanto seres coletivos, são também, potencialmente eternos.

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Page 1: Inteligencia Coletiva Fator de Excelência e de Longevidade Empresarial

ARTIGO 3 - INTELIGENCIA COLETIVA: FATOR DE EXCELÊNCIA E DE LONGEVIDADE

EMPRESARIAL

Ruy de Alencar Matos

Psicólogo Organizacional

Diretor da EMCO-Empresa de Consultoria Organizacional

Gestão do Conhecimento, Aprendizagem Organizacional, Organizações que Aprendem, Comunidades de Aprendizagem etc. etc., são conceitos que têm ocupado muito espaço editorial nos últimos anos. Alguns críticos consideram que estamos, apenas, sendo distraídos por mais um modismo, germinado no laboratório de marketing dos Estados Unidos para vender livros, conferências e consultorias, mundo afora.

Mas, o fato é que estamos diante de uma "nova" fronteira do conhecimento humano: o próprio conhecimento humano: o que é,

como opera, como é criado, como é disseminado, como estocá-lo, como multiplicá-lo, que valor agrega ao desempenho

empresarial e social, são questões ainda sem respostas convincentes.

Estas indagações, entretanto, são muito antigas. Remontam a Sócrates, a Heráclito, a Parmênides que, em suas buscas

incessantes sobre o significado da vida e sobre as idiossincrasias do engenho humano, nos deixaram algumas pistas. E é na

Grécia Clássica que vamos encontrar a expressão mais viva de uma cultura voltada totalmente para a criação e a disseminação

do conhecimento: a PAIDÉIA, conceito que se refere ao processo permanente de construção do Homem grego.

Paidéia é transformar qualquer espaço e tempo em oportunidade para aprender com o outro. Seja nas praças, nos templos, nas

termas, nas ruas, em casa, de dia ou de noite. É socializar-se e aprender, ao mesmo tempo, numa atitude de criação

permanente, buscando-se a transcendência dos limites individuais por meio de relações sociais significativas, transformadoras

do Homem em sua expressão coletiva maior - a Cidade. O conceito grego de cidadania, significa aprender coletivamente a

transformar a cidade em algo melhor para se viver. Ao fazer isto, o homem assume seu papel político, isto é, passa a cuidar de

sua Pólis (cidade), a construir-se enquanto ser coletivo, ser político, em sua verdadeira essência.

Transferindo este fenômeno para o ambiente organizacional, empresarial, onde ocorre a maioria das relações simbólicas e

produtivas da moderna sociedade humana, podemos extrair diversas conclusões a respeito do que podemos considerar uma

espécie de "cidadania organizacional".

É neste contexto que o conceito da Inteligência Coletiva adquire seu maior significado.

Há seres individuais e há seres coletivos. Os primeiros são dotados de uma identidade anatômica, de uma inteligência cerebral e

de uma vida biológica limitada no tempo, que se transcende pela reprodução, quando o indivíduo tenta manter-se vivo, por

meio de seus descendentes.

Por outro lado, o ser coletivo tem uma identidade relacional e simbólica, uma inteligência operacional e uma vida político-social

potencialmente infinita, desde que se reorganize permanentemente, renovando seus elementos constituintes e mantendo sua

essência vital intacta.

A Empresa, como qualquer Organização Social, é um ser potencialmente eterno. Pode atravessar séculos e milênios sem perder

sua identidade, graças à perenidade de seus objetivos, de sua missão e à sinergia de suas relações simbólicas. Quando uma

empresa consegue manter-se viva por muito tempo, transforma-se em Instituição.

Exemplos eloqüentes desta longevidade são as Igrejas, os Exércitos, as Nações. Um exemplo curioso de eternidade são os

templos xintoístas do Japão. São edifícios construídos em madeira, que permanecem vivos através de milênios. Periodicamente

são trocadas suas madeiras envelhecidas, por madeiras novas, sem que as formas do templo sofram qualquer alteração. É a

permanência do símbolo sendo mantida pela constante mudança de seus elementos constituintes.

Um time de futebol, uma orquestra, uma escola de samba, enquanto seres coletivos, são também, potencialmente eternos.

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A característica mais significativa de um ser coletivo é a capacidade de renovar-se, de mudar para permanecer sendo o mesmo,

em sua essência. Esta espécie de memória relacional é viabilizada pela Inteligência Coletiva.

Uma empresa de "Baixo QIC"(Quociente de Inteligência Coletiva) esta fadada a morrer cedo, mantendo-se viva, no máximo, até

o limite da vida de seu dono ou fundador. Sua saúde e seu tempo de vida estão intimamente ligados àquele que a criou.

O cérebro biológico do fundador é o limite para a inteligência da empresa.

Isto mesmo. Nestas empresas não são permitidas pessoas mais inteligentes do que o dono. O patrão é também o padrão de

inteligência. Quando alguém mais afoito tenta sobressair é convidado a manter-se "em seu lugar" ou a procurar a porta da rua.

Esta empresa, ao invés de alta sinergia, caracteriza-se pela alta entropia de suas relações internas e externas.

Por outro lado, uma empresa de "Alto QIC" caracteriza-se pelo dinamismo, pelo elevado nível de participação de todos na

construção da excelência empresarial, na busca da superação permanente. Valores tais como inovação, criatividade,

transparência das relações, informalidade, participação, coragem de empreender e assumir riscos, aprender, aprender e

aprender, são vividos no dia-a-dia por todos, criando uma espécie de dínamo coletivo que vitaliza a empresa e garante sua

juventude eterna.

A Inteligência Coletiva é, portanto, o elixir da vida eterna. Já que não podemos, biologicamente, manter-nos jovens para

sempre, enquanto pessoas físicas, podemos fazê-lo coletivamente, enquanto pessoas jurídicas. As gerações passarão, mas

nossa marca, nossa existência coletiva poderá ser eterna se soubermos gerenciar, criar, desenvolver e disseminar nossa

Inteligência Coletiva.

Para facilitar o processo de gestão do QIC, enumeramos 10 indicadores de Inteligência Coletiva, que quanto mais estiverem

presentes nas equipes, times, famílias, organizações, nações, enfim, nos seres coletivos, mais significam que estamos diante de

seres saudáveis, criativos, produtivos e longevos.

1. Sintonia de propósito

2. Simpatia

3. Comprometimento

4. Aprendizagem coletiva

5. Assertividade

6. Simetria

7. Criatividade

8. Júbilo

9. Parceria

10. Informalidade

1. Sintonia de propósito

A Sintonia de propósito é o fator agregador dos esforços e dos objetivos dos indivíduos que compõem o ser coletivo. No caso de

uma empresa, é responsável pela construção do próprio futuro empresarial, ao criar impulso orientado e convergente rumo a

um "norte" definido. Os obstáculos, os riscos e as ameaças que se interpõem à frente da empresa são mais facilmente

superados quando todos estão sintonizados em suas decisões e ações.

2. Simpatia

A simpatia, que literalmente significa ser solidário ao que alguém está sentindo, é o fenômeno relacional responsável pela

criação do clima psicológico de confiança entre os participantes da Organização. Uma empresa cuja simpatia seja administrada e

incrementada, certamente multiplicará as oportunidades de criação e disseminação de conhecimentos relevantes, isto por que,

sem um nível mínimo de confiança, ninguém se arrisca a externar suas dúvidas, a revelar suas idéias, a falar de seus sonhos. A

criatividade é uma plantinha muito frágil, que precisa de ambiente nutritivo para brotar e enraizar-se forte, transformando-se

em novos conhecimentos e habilidades.

3. Comprometimento

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O comprometimento é o fator responsável pelo sentimento de autoria na realização do trabalho coletivo. Ao comprometer-se, a

pessoa assume a responsabilidade pelos resultados obtidos, pelo êxito ou fracasso. É o comprometimento que nos alerta para o

fato de que não basta fazer, é preciso que o sentimento de posse com o que se faz esteja presente, de modo a transferir, para o

objeto ou serviço produzido, o sentimento de autoria. Uma empresa que gerencie o comprometimento como um valor a ser

respeitado e fortalecido terá muito mais inteligência aplicada na realização de suas atividades, pois terá mais autores do que

atores ou espectadores de obras alheias.

4. Aprendizagem coletiva

A aprendizagem coletiva é o verdadeiro motor da inteligência coletiva. Como dissemos anteriormente, a inteligência dos seres

coletivos é de natureza operacional. Não existe estocada no cérebro de alguém. É um processo relacional, portanto não está em

mim ou em ti, mas em nós. Nos nós das Redes de Aprendizagem que tecemos ao longo de toda a Organização e nas

Comunidades de Aprendizagem que construímos nas Unidades Organizacionais onde trabalhamos. Só existe na ação coletiva. E

esta existência é garantida pelo incessante intercâmbio de conhecimentos e experiências entre os indivíduos.

À semelhança das religiões, que criam seus rituais simbólicos para reforçar a fé de seus fiéis, a empresa precisa criar rituais de

aprendizagem coletiva, momentos de comunhão intelectual, onde aqueles que sabem mais ensinam àqueles que sabem menos,

onde àqueles que não sabem, encontram, juntos, as respostas para suas dúvidas, por meio de processos andragógicos de

produção de conhecimentos. Quanto mais oportunidades de aprender coletivamente tenha uma empresa, mais alto será seu

QIC.

5. Assertividade

A assertividade é um componente do diálogo, que duas ou mais pessoas estabelecem entre si. É um fenômeno que combina

maturidade emocional com auto-estima elevada e objetividade dos interlocutores, criando um clima de transparência afetiva e

de respeito mútuo que potencializa o conteúdo das mensagens, pela clareza que estabelece no canal de comunicação.

A assertividade está para a inteligência coletiva, como o equilíbrio emocional está para o indivíduo inteligente. A ausência de

assertividade numa empresa é responsável pelos inúmeros conflitos que ocorrem entre pessoas, setores e com os clientes. São

comuns os casos de pessoas, bem intencionadas e bem informadas, que não conseguem êxito na comunicação com seus

interlocutores, principalmente quando estes são percebidos como superiores a ele. Nestas situações o indivíduo engasga,

balbucia, gagueja e sua fala fica incompreensível ao interlocutor - é o comportamento de timidez se manifestando. O inverso

também é muito encontrado, quando a pessoa, do alto de seu pedestal hierárquico ou de seu inflado ego, agride, desrespeita,

grita com o seu interlocutor, tentando comunicar-lhe algo. O que obtém é a repulsa, o medo, a submissão ou a indiferença do

outro. Nunca a mútua compreensão.

A empresa que cultiva a assertividade como valor a ser respeitado e fortalecido por todos, desfruta de processo de comunicação

claro e ágil, criando benefícios diretos na implementação das decisões e na prestação dos serviços aos clientes.

6. Simetria

A Simetria é um fenômeno micro-político que ocorre nas relações entre as pessoas, indicando a intensidade de influência que

uma exerce sobre a outra. Quanto maior a simetria, maior será o equilíbrio de forças entre os interlocutores, portanto maior

será a igualdade entre ambos.

Ao criar um estado de equidade entre as pessoas, as relações mais simétricas facilitam a comunicação e a aprendizagem

coletiva, uma vez que tornam ambos os interlocutores mais receptivos, um ao outro, promovendo a correção mútua dos desvios

e o apoio mútuo nos acertos. Por outro lado, a simetria relacional é o átomo político dos regimes democráticos, facilitando a

construção de relações cooperativas entre as pessoas na realização de seus objetivos coletivos.

No âmbito empresarial, a simetria, ao ser cultivada, cria uma cultura de parceria entre fornecedores e clientes internos e

externos, na busca das melhores soluções para o enfrentamento de problemas e no melhor aproveitamento de oportunidades.

As reuniões de trabalhos passam a caracterizar-se como momentos de aprendizagem coletiva, ao invés de cansativas

Page 4: Inteligencia Coletiva Fator de Excelência e de Longevidade Empresarial

exortações ou admoestações em público.

7. Criatividade

Este é o indicador mais festejado da inteligência coletiva de uma empresa, por manifestar-se na melhoria contínua da qualidade

dos produtos e dos serviços, resultando na conquista de novos clientes e no sentimento de vitalidade empresarial.

Um grupo criativo gera um efeito estimulante sobre todos, potencializando o processo criativo de seus participantes por meio da

combinação sinergética de suas idéias, experiências, emoções e valores.

O conceito de combinação sinergética nos alerta para o fato de que a simples reunião (soma) de cinco pessoas muito criativas,

não resulta necessariamente num grupo criativo. Pode ocorrer, até mesmo, um efeito paradoxal que é a anulação das

criatividades individuais. Em lugar da combinação sinergética, estas pessoas fazem, entre si, uma combinação entrópica,

quando mutuamente desestimulam-se, inibem-se, sabotam-se umas às outros, resultando numa catástrofe coletiva.

A criatividade coletiva é uma conquista social baseada na construção de um ambiente de mútua estimulação, desafios comuns e

relações de apoio entre os componentes da equipe. Esta configuração coletiva possibilita a transgressão de rotinas limitadoras, a

superação de paradigmas, a ruptura de barreiras culturais, viabilizando a construção de novos produtos, processos e estruturas

organizacionais.

8. Júbilo

O júbilo é um fenômeno facilitador do crescimento coletivo, por introduzir, no ambiente social, o sentimento de satisfação pelo

sucesso de um colega, de um parceiro. Ele cria uma espécie de teia relacional de reforçamento mútuo entre as pessoas,

estimulando a superação dos limites individuais e favorecendo a construção da obra coletiva.

É o valor oposto à inveja, que tanto prejudica o sentimento de colaboração e maximiza a competição destrutiva entre

participantes de uma mesma empresa.

A Inteligência Coletiva nutre-se do júbilo por que resgata, em cada um de nós, o sentimento de altruísmo, a atitude de empatia

e o espírito de solidariedade, fatores essenciais na construção do Homem, enquanto ser coletivo.

A empresa, ao premiar este valor em suas relações de trabalho, investe na criação da cultura da vitória, fazendo de seus

participantes pessoas desenvolvidas em sua plenitude humana, portanto, melhores profissionais.

9. Parceria

A parceria é um fator operacional da Inteligência Coletiva.

Não basta ter a intenção de participar, a vontade de contribuir. É necessário participar efetivamente, isto é, tomar parte de, ser

parte com, partilhar dos esforços, vitórias e fracassos inerentes à construção da obra coletiva. A parceria transmuta o ser

solitário em ser solidário, fazendo dele uma pessoa em comunhão com o Holos empresarial, isto é, com a Totalidade da empresa

que, por sua natureza relacional e sinérgica transcende à soma de suas partes e de seus participantes.

As parcerias podem ser construídas entre profissionais, entre grupos ou entre empresas. Em quaisquer destas situações será

responsável pelo incremento da Inteligência Coletiva e, consequentemente, pela maior produtividade e melhor qualidade dos

trabalhos realizados.

10. Informalidade

A informalidade é prima da alegria, irmã da criatividade e da espontaneidade e mãe da afetividade. Esta família de valores é

fundamental para que a Qualidade de Vida deixe de ser um conceito e passe a ser uma realidade vivida no dia-a-dia

empresarial, combinada à realização dos trabalhos com qualidade.

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O espetáculo de nossas escolas de samba, frevos e trios-elétricos e de nosso futebol, traduzem um jeito-de-ser que outros

povos não conseguem imitar. Nós conseguimos fazer da alegria, da informalidade e da afetividade valores muito sérios e, com

eles, construímos obras coletivas das quais devemos nos orgulhar.

As empresas precisam aprender a lidar com este talento brasileiro, deixando de lado os preconceitos que tentam associar nossa

informalidade a comportamentos marginais.

Seriedade e responsabilidade não são sinônimos de formalismo nem, tampouco, são antagônicos à alegria, ao entusiasmo e à

informalidade. Muito pelo contrário. Não há nada mais sério e responsável do que uma criança brincando. E não há nada mais

ridículo do que um adulto sisudo, tentando esconder sua insegurança pessoal com a frivolidade com que trata as pessoas.

A aspereza e a frieza das relações formais, tão encontradas em Organizações Públicas e em grandes empresas, cristalizadas

pela burocracia, não contribuem, nem um pouco, para melhorar a qualidade de seus serviços. Pelo contrário, retira-lhes o

encanto de servir, o prazer de trabalhar e o entusiasmo de criar novos produtos e serviços.

As equipes e empresas que combinam criação, produção e prazer de trabalhar têm a informalidade como aliada e facilitadora das decisões, da solução de problemas e da conquista de novos clientes.