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INTEGRAÇÃO DE PROGRAMAS E PROJETOS DE PESQUISA E EXTENSÃO NA

FORMAÇÃO DE PROFESSORES: UM RELATO DO CASO LIFE, OBEDUC E

NOVOS TALENTOS

Diene Eire de Mello (UEL) [email protected]

Dirce Aparecida Foletto de Moraes (UEL) [email protected]

Sandra Aparecida Pires Franco

[email protected]

RESUMO

O papel da Universidade é trabalhar com o tripé: ensino, pesquisa e extensão. Entretanto, a

tarefa em integrar programas e projetos não é tarefa fácil na vida do docente e do aluno da

universidade, dadas às demandas acadêmicas de ambos. A extensão tem se tornado um

terreno abandonado, por exigir tempo e energia sem ter o mesmo peso e status da pesquisa

nas universidades. Entretanto, é preciso retomar o papel da universidade para além dos

muros da instituição e integrar pesquisas as ações reais dos grupos envolvidos. Com base

neste pressuposto, o presente texto tem o objetivo de relatar as experiência de integração

ocorrida nos anos de 2013 e 2014 de 3 programas governamentais financiados pelo MEC

(Ministério da Educação e Cultura), LIFE (Laboratório Interdisciplinar de Formação de

Educadores), Obeduc (Observatório Educacional) e Novos Talentos, enfatizando a

necessidade de integrar ensino, pesquisa e extensão. Os programas com objetivos distintos

foram integrados e organizados de maneira a unir esforços e ações que pudessem contribuir

para a melhoria do aprendizado mais efetivo dos graduandos, e ações reais, formação de

professores de escolas púbicas e acões pontuais e acompanhadas em escolas participantes

dos projetos.

Palavras-chave: integração de projetos, pesquisa, extensão, trabalho universitário

Introdução

O papel da universidade para além da formação de profissionais para o

mundo do trabalho, tem um também a preocupação com a pesquisa e com a

extensão. As atividades de pesquisa são indispensáveis aos professores

universitários, não somente como formação contínua, mas também para a produção

de conhecimento. A extensão deve ser entendida como extensão de pesquisa e

ensino, não como prestação de serviço a comunidade para manutenção da mesma.

Ensino, pesquisa e extensão são atividades constitutivas do ensino superior e

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devem ser comtempladas nos Projetos Político Pedagógicos dos cursos,

norteadores dos trabalhos coletivos de formação (Martins, 2011).

O presente texto tem o objetivo de relatar as experiência de integração

ocorrida nos anos de 2013 e 2014 de 3 programas governamentais financiados pelo

MEC (Ministério da Educação e Cultura), LIFE (Laboratório Interdisciplinar de

Formação de Educadores), Obeduc (Observatório Educacional) e Novos Talentos

enfatizando a necessidade de integrar ensino, pesquisa e extensão

O LIFE (Laboratório Interdisciplinar de Formação de Educadores) iniciou suas

atividades na UEL no ano de 2013 a partir de aprovação por meio de edital CAPES

em 2012. Por meio do recurso financeiro, foram adquiridos equipamentos

(notebooks, tablets, lousa digital, aparelho de videoconferência, microscópio de alta

captura, filmadoras e máquinas fotográficas digitais, entre outros). Criou-se um

espaço de formação de professores e também de experimentações para o uso

pedagógico das TIC no interior do Colégio de Aplicação da Universidade.

O Obeduc (Observatório Educaional) teve início em 2012 na UEL e não fora a

priori planejado para trabalhar com ações no campo da formação de professores

para o uso das TIC. O diálogo e integração do dois projetos surgiu da necessidade

de atuar em conjunto com ações de formação, intervenção e pesquisa junto às

escolas básicas. No caso específico do OBEDUC cujo tema é: “Da avaliação à

regulação do ensino e à autorregulação da aprendizagem: concretizando

possibilidades”, tem por objetivos, identificar, por meio da compreensão dos

indicadores do IDEB, os problemas e dificuldades das escolas vinculadas, a fim de

delinear estratégias e implementar ações, bem como consolidar a integração teoria-

prática no cotidiano escolar através da inserção social dos sujeitos das instituições

envolvidas. As 05 (cinco) escolas envolvidas no projeto possuíam Ideb (Índice de

Desenvolvimento Educacional), abaixo de 3,0. O Ideb é calculado com base no

aprendizado dos alunos em português e matemática (Prova Brasil) e no fluxo escolar

(taxa de aprovação). O índice 3,0 corresponde a um baixo desempenho da escola. A

integração de ambos os projetos, consistiu num passo importantíssimo para o

impacto positivo das ações.

O Programa Novos Talentos tem como objetivo apoiar propostas para

realização de atividades extracurriculares para professores e alunos da educação

básica, tais como cursos e oficinas, visando à disseminação do conhecimento

científico, ao aprimoramento e à atualização do público-alvo e à melhoria do ensino

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de ciências nas escolas públicas do país (MEC, 2014). No caso do departamento de

educação e letras Vernáculas da Uel, o foco foi no uso das tecnologias e suas

linguagens, buscando articular ações e proposições junto a professores e estudantes

da escola básica.

Desenvolvimento

A integração das ações dos programas surgiu da necessidade de intensificar

esforços no campo da extensão e da pesquisa. As principais ações foram: reuniões

co professores da escola básica em conjunto com a universidade, diagnóstico dos

principais problemas em relação ao aprendizado dos alunos com base nos dados

Ideb, organização de oficinas de trabalho junto aos professores da escola básica,

com os graduandos de Pedagogia, Letras e Química, grupos de estudos para

compreender teoricamente os problemas identificados no diagnóstico e planejar

ações, seminários teóricos com especialistas aos sábados, intervenção junto ao

docente dos estagiários nas escolas e produção de material didático.

As ações contaram a participação de 08 professores da Universidade, 11

graduandos estagiárias dos projetos (bolsistas e não bolsistas), 14 professores da

escola básica de cinco escolas públicas envolvidas. As atividades aconteceram

quinzenalmente às terças feiras num período de 04 horas e alguns seminários

teóricos aos sábados.

Os pressupostos pedagógicos considerados no campo da formação foram

ancorados na Teoria Histórico Cultural que tem em Vigotsky seu maior

representante. O enfoque considera o caráter interativo do desenvolvimento

psíquico, fazendo interrelacão entre os fatores biológicos e sociais, considerando os

fatores sociais de suma importância para o desenvolvimento dos indivíduos.

Entretanto, o maior desafio do grupo gestor dos programas era manter foco

na formação dos docentes da escola básica como mero curso instrucionista. A

grande preocupação era criar um espaço de estudo, reflexão e partilha para a busca

de novos conhecimentos e alternativas pedagógicas para a melhoria do aprendizado

do alunos. Apesar de todo esforço, o grupo gestor em inúmeras reuniões

levantávamos os questionamentos: em que medida estes programas estão

contribuindo para melhor compreensão do seu trabalho e alteração de sua prática

pedagógica. Consideramos que esta seja a maior preocupação de programas desta

natureza. No campo específico dos usos das tecnologias sabemos que os

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professores possuem grande dificuldade em utilizar os recursos e ferramentas para

uso pedagógico. Os currículos de formação de professores, ainda não possuem

estudos acerca da TIC (Tecnologias da informação e comunicação) como

componente curricular. Saberes relacionados a tecnologias no ensino estão

praticamente ausentes nos currículos de formação de professores (Gatti, 2010).

Formar professores por meio de ações de extensão e programas não é tarefa

simplista. Requer grande esforço para compreender as necessidade, dificuldades,

limitações e significados que estes atribuem ao seu papel enquanto professor. Para

Nóvoa (1992), a formação deve estimular uma perspectiva crítico-reflexiva, que

forneça aos professores os meios de um pensamento autónomo e que facilite as

dinâmicas de auto-formação participada.

A formação não se constrói por acumulação (de cursos, de conhecimentos ou de técnicas), mas sim através de um trabalho de reflexividade crítica sobre as práticas e de (re)construção permanente de uma identidade pessoal. Por isso é tão importante investir a pessoa e dar um estatuto ao saber da experiência. O processo de formação está dependente de percursos (NÓVOA, 1992, p.14).

Compreender a dinâmica das escolas participantes, sua estrutura física,

docentes e equipe pedagógicas foi fundamental para as ações dos programas, pois

permitiu compreender melhor a realidade das escolas. Desta forma, a extensão é

primordial para adentrar no espaço da escola e intervir no mesmo. A escola não

deve ser utilizada apenas como espaço de coleta de dados que na maioria das

vezes não retornam para a própria instituição. Tomamos as palavras de Moita e

Andrade como cruciais para o trabalho da universidade:

[...] insistimos que a extensão não seja tratada como uma tarefa compulsória, mas antes, à semelhança do que ocorre com a pesquisa, uma atividade que decorre naturalmente desse compromisso social de uma instituição orientada pela superação das distâncias entre os saberes científico e popular.

Apoiando-nos nas ideias dos autores acima, concordamos que a extensão

não pode ser considerada como trabalho de menor valor na universidade, mas estar

integrada ás ações de ensino e pesquisa.

Considerações finais

O propósito deste texto foi relatar a experiência de integração de programas

enfatizando a necessidade de integrar ensino, pesquisa e extensão. Consideramos

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que mudanças nas escolas envolvidas ainda não são perceptíveis claramente se

olharmos penas os dados das avaliações dos estudantes. Entretanto, a integração

dos programas permitiu tanto à equipe gestora, quanto aos docentes da escolas

básica e estudantes de graduação permitiu-nos compreender melhor a problemática

das escolas, por meio tanto da literatura estudada, das reuniões e diálogos

produzidos e dados coletados e analisados em conjunto.

Diferentemente da visão restrita em que a pesquisa tem papel superior ao

ensino e extensão, salientamos que muitos avanços só foram possíveis que a

integração dos programas, envolvendo comunidade universitária e docentes e

gestores da escola básica. É na realidade das escolas que devemos nos apoiar para

partir desta buscarmos os conhecimentos científicos para sua compreensão. é

nossos movimento do real, que a ciência da educação deve-se apoiar para

desenvolver suas pesquisas.

Referências:

MARTINS, Ligia. Ensino, pesquisa e extensão como fundamento metodológico na construção do conhecimento universitário. Disponível em: http://www.umcpos.com.br/centraldoaluno/arquivos/07_03_2014_218/2_-ensino_pesquisa_extensao.pdf. Acesso em julho de 2015.

GATTI, Bernadete. FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO BRASIL: CARACTERÍSTICAS E PROBLEMA. Educ. Soc., Campinas, v. 31, n. 113, p. 1355-1379, out.-dez. 2010. Disponível em:http://www.scielo.br/pdf/es/v31n113/16.pdf. Acesso em julho de 2015.

MOITA, Filomena M. G. S. C. e ANDRADE, F. C. B. Ensino-pesquisa-extensão: um exercício de indissociabilidade na pós-graduação. Revista Brasileira de Educação v. 14 n. 41 maio/ago. 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v14n41/v14n41a06.pdf. Acesso em: julho de 2015.