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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA - AJES ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA COM ÊNFASE EM EDUCAÇÃO INFANTIL 9.0 AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM RELACIONADAS À LEITURA E A ESCRITA. Adriana Aparecida da Silveira [email protected] Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo ALTA FLORESTA/2012

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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA - AJES

ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA COM ÊNFASE EM EDUCAÇÃO

INFANTIL

9.0

AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM RELACIONADAS À LEITURA E A

ESCRITA.

Adriana Aparecida da Silveira

[email protected]

Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo

ALTA FLORESTA/2012

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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA -

AJES

ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA COM ÊNFASE EM EDUCAÇÃO

INFANTIL

AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM RELACIONADAS À LEITURA E A

ESCRITA.

Adriana Aparecida da Silveira

Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo

“Monografia apresentada como exigência parcial para obtenção do título de Especialização em Psicopedagogia com Ênfase em Educação Infantil.”

ALTA FLORESTA/2012

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Dedico à minha família pelo apoio e compreensão nos momentos em que

estive ausente e pela paciência dedicada no decorrer deste trabalho.

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AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a Deus, pela graça concedida, a minha família pela

compreensão e incentivo, aos professores que me proporcionaram meios e métodos

no avanço dos meus conhecimentos e aos alunos da Escola 19 de Maio, sem os

quais minha pesquisa não teria razão e nem como acontecer.

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“Educar não é só ensinar, é aprender como tudo na vida aprendemos. Aprender com outras pessoas, com nós mesmos, com nossos erros e oportunidades perdidas.”

Gabriellly P. Carrão.

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RESUMO

A presente pesquisa consiste em verificar as dificuldades de aprendizagem

na leitura. O objetivo da pesquisa foi detectar os principais aspectos que interferem

no processo de aprendizagem na leitura dos alunos. Os motivos da pesquisa são

analisar as dificuldades de aprendizagem na leitura, dificuldades de leitura em geral,

e da dislexia, não é um indicativo de futuras dificuldades acadêmicas e profissionais.

A leitura é importante no sentido de oferecer ao homem a compreensão do mundo e

através dessa relação é possível à descoberta da realidade sobre a vida. O método

de abordagem utilizado será o hipotético-dedutivo, conforme o qual formulam-se

hipóteses a priori para então testar a mesmas pelo processo de inferência dedutiva

a partir dos dados analisados..O método de procedimento será monográfico visto

que este é o que propiciam a investigação de uma determinada amostragem com

finalidade de obter-se generalizações. Conclui-se que o uso de estratégias para a

leitura e escrita é um dos principais problemas reconhecidos em crianças disléxicas,

principalmente ao que se refere ao processamento de novas palavras. Muitos

estudos sobre crianças que manifestam características precoces de risco de dislexia

ainda precisam ser complementados e desenvolvidos, em virtude disso, a discussão

do assunto exige cautela e um maior aprofundamento, porém as habilidades de

processamento fonológico em crianças continuam sendo importantes quesitos na

identificação de um diagnóstico inicial.

Palavras chave: Dificuldades de Aprendizagem; leitura; Educação Infantil·.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................07

1. LEITURA NA ATUALIDADE.................................................................................09

2. DIFICULDADES NA APRENDIZAGEM................................................................16

3. COMO TRABALHAR ALUNOS COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM...38

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................46

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INTRODUÇÃO

As dificuldades de aprendizagem na leitura e a deficiência que pode

apresentar como a dislexia e a própria ansiedade. O estudo aqui apresentado, além

de focalizar tal questão, também utilizou a dislexia como sendo um tipo de

deficiência que as crianças tem com leitura. Assim, os objetivos deste trabalho serão

analisar quais as dificuldades de aprendizagem com suas concepções, as

dificuldades e a ansiedade, como a escola compreende o conceito de ansiedade.

A criança com dificuldade de aprendizagem é aquela que apresenta

bloqueios na aquisição do conhecimento, na audição, na fala, leitura, raciocínio ou

habilidades matemáticas. Estas desordens são intrínsecas ao sujeito,

presumidamente, devido a uma disfunção do sistema nervoso central, podendo

ocorrer apenas por um período na vida.

Reconhecendo a importância de se discutir acerca das dificuldades de

aprendizagem referentes à leitura objetiva-se através deste, apresentar alguns

direcionamentos significativos voltados ao estímulo, da capacidade do aluno

desenvolver a prática da leitura como um dos pontos preponderantes ao caminho

da aprendizagem, até porque o aluno encontra-se inserido no contexto que exige

uma interpretação sistemática advinda do hábito de ler.

A capacidade de ler depende da compreensão de como funciona a estrutura

da língua e o modo como é usada no meio social. Para isso, é de fundamental

importância o papel do professores é encontrarem soluções para os problemas

relativos à aprendizagem da leitura pelas crianças.

No entanto acredita-se que para acontecer o avanço na prática da leitura é

preciso que os professores compreendam que o processo de leitura inicia muito

antes da criança entrar em contato com o mundo adulto, recebendo estímulo para

depois chegar a escrita convencional. E que a escola deve priorizar no contexto de

sua atuação o aprendizado da leitura do aluno, de acordo com a realidade que

vivencia, e essa reflexão pode ser benéfica no sentido de elevar o nível sócio-

cultural dos sujeitos na sociedade.

O presente trabalho está estruturado em três capítulos. No primeiro capítulo

fazemos referência à importância da leitura na atualidade e o aluno leitor,

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ressaltando as inúmeras possibilidades que a leitura traz para o indivíduo,

Questiona-se ainda o papel da escola na formação de leitores. Por fim, aponta-se a

leitura com um caminho que leva à cidadania. No segundo capítulo fala-se sobre as

dificuldades de aprendizagem, casos de fracasso escolar e os distúrbios de

aprendizagem. No capítulo três será apresentado como trabalhar com alunos com

dificuldades de aprendizagem.

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CAPÍTULO I: A LEITURA NA ATUALIDADE

O conceito de leitura se apresenta como sendo algo amplo, sem ser apenas

uma decifração dos signos do alfabeto. A amplitude do conceito, segundo GARCIA

(1998), está ligada não somente à decifração dos signos impressos da qual a

pedagogia se ocupa de estudar, mas também da leitura que produz sentido, ou seja,

aquela que advém da vivência pessoal de cada indivíduo, e é posta em prática no

entendimento sobre o mundo no qual ele está inserido. A aprendizagem da leitura

está intimamente relacionada ao processo de formação geral de um indivíduo e à

sua capacitação para as práticas sociais, tais como: a atuação política, econômica e

cultural, além do convívio em sociedade, seja na família, nas relações de trabalho

dentre outros espaços ligados à vida do cidadão.

Utilizamos a leitura em vários locais e com diversas finalidades em nossas

vidas: no trabalho, na escola, no lazer ou em casa. A leitura em casa está ligada ao

lazer enquanto em outros ambientes formais e estruturalmente rígidos, ela é

utilizada como meio de acesso à informação e formação de uma nova visão de

mundo.

A formação do leitor inicia-se no âmbito familiar e se processa em longo

prazo, tendo mediadores como: bibliotecários, professores, e no caso especifico

retratado: a família, pois é através da leitura que encontramos a possibilidade de nos

instruir, educar e também divertir. Esse leitor deve ser compreendido como sendo

aquele que estabelece uma relação aprofundada com a linguagem e as

significações.

É importante ensinar a leitura como uma forma de desprendimento, ação

prazerosa que aguça a imaginação. Além de ser útil para a alfabetização, o ato da

leitura deve proporcionar momentos de lazer. Encarando a leitura como prática

prazerosa e produtiva

A grande dificuldade apresentada pelo leitor iniciante, segundo VYGOTSKY

(1991), será a de gradativamente atribuir significado ao texto lido, seguido da

capacidade de compreender o que lê e aperfeiçoar aos poucos o hábito da leitura.

tarefa que exige planejamento cuidadoso permeado pelo desenvolvimento de

atividades próprias de leitura que viabilizem a superação das dificuldades

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enfrentadas pelos(as) alunos(as) para entender e compreender o assunto abordado

no texto, nos anos finais do Ensino Fundamental.

Porém, no decorrer da leitura o professor só pode intervir se for necessário,

podendo acrescentar informações para uma melhor compreensão, e que se esforce

a compreender melhor a leitura. De maneira que a construção da leitura e atuação

do aluno mediante ao ensino fundamental é basicamente de interlocução

compartilhando.

Os alunos de hoje, por vários motivos, não têm contato sistemático com a

leitura de qualidade e com adultos leitores. A escola torna-se então o único veículo

de interação desses alunos com textos, cabendo a ela oferecer leituras de bom

nível, diversidade de textos, modelos de leitores e práticas de leituras eficazes e,

conseqüentemente, formar leitores competentes.

Um leitor competente, segundo VYGOTSKY (1991), é aquele que, por

iniciativa própria, seleciona, de acordo com as suas necessidades e interesses, o

que ler entre os vários tipos de textos que circulam socialmente.

Para que isto se efetue, a escola deve promover uma prática constante de

leitura organizada em torno de uma diversidade de textos. O ideal é que o professor

seja um bom leitor e que esteja sempre atualizado em relação a novas publicações e

crie com seus alunos uma interação capaz de estimulá-los a falar sobre o assunto.

Cabe também ao professor proporcionar-lhes um convívio estimulante com a leitura,

assim como permitir que ela cumpra o seu papel, ou seja, o de ampliar, pela leitura

da palavra, a leitura do mundo. A leitura não deve limitar-se apenas à maneira de ler

contemporaneamente, ela deve, sobretudo, reencontrar os gestos esquecidos, os

hábitos que desapareceram e, além de manter o homem intelectualizado, deve

também servir de deleite e prazer para o homem moderno.

Desde os primórdios da civilização, segundo VYGOTSKY (1991), o homem

busca habilidades que lhe tornem mais útil a vida em sociedade e que lhe possam

tornar mais feliz. A criação de mecanismos que possibilitassem a disseminação de

seu conhecimento tornava-se um imperativo de saber/poder, que ensejava respeito

e admiração pelos companheiros de tribo.

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Daí o surgimento das inscrições rupestres, simbologia, posteriormente e

num estágio mais avançado das civilizações, os hieróglifos e as esculturas que

denotavam sua própria e mais nobre conquista: a conquista de ser.

Nesse contexto surge a escrita e a leitura como imanentes à própria história

da civilização.

Com o desenvolvimento da linguagem, a força das mensagens humanas

aperfeiçou-se a tal ponto ser imprescindível à sua própria existência. A busca do

conhecimento tornou-se imperativa para novas conquistas e para o estabelecimento

do homem como ser social, como centro de convergência de todos os outros

interesses.

Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É, a partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que seu autor. (GERALDI, 1996, p.91).

Assim, ler é produzir sentido, é estar contextualizado no texto, interpretando-

o e atribuindo-lhe algum significado. Portanto, torna-se importante a criação de

situações para que o exercício da leitura e escrita produzam reações, interação, e

construção de subjetividade e conhecimento, não servindo apenas como uma

atividade meramente de cópia ou de decodificação dos sinais gráficos, alienando os

Um bom processo de formação de leitores, segundo GARCIA, (1998), é aquele em

que a criança já é estimulada desde pequena a ouvir e ler as palavras. A leitura deve

ser uma nova tomada de visão. A criança precisa ler e compreender o que se está

lendo. E compreender um texto requer uma releitura do mundo em que o sujeito

possa fazer relações entre o texto e o contexto. Ou seja, entre o que está sendo lido

e o mundo. O acesso à leitura transformou-se em acesso à escola, pois ela fornece

as bases para a escrita. Assim, o ato de ler e escrever subordinou-se aos objetivos

da escola. Porém, sabendo que a escola não é desarticulada do contexto social,

essas imposições são de âmbito maior - das políticas educacionais para o país.

Para que os alunos aprendam a ler é necessário que os professores utilizem

textos que abordem a linguagem das crianças tais como: histórias em quadrinhos,

instruções de trabalho, encarte de jornais, reportagens simples, catálogos de

propaganda e textos produzidos por elas mesmas, de modo que possam ser

devidamente trabalhados com a criança. Desse modo os mesmos estarão

proporcionando às crianças o contato diário com os livros, para que possam

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manuseá-los e explorados, despertando a vontade e o gosto de ler, aproximando-os

do mundo da leitura.

O ato de ler é importante, pois demonstra uma maneira particular de ler o mundo. A maneira como enxergamos o mundo se modifica quando adquirimos o hábito da leitura, pois a leitura verdadeira é a que relê a realidade, ou seja, revela uma visão crítica sobre o mundo. A leitura do mundo não surge com a prática de leitura de textos, a leitura do mundo como dizia Paulo Freire (1981) antecede a leitura da palavra. Assim, antes mesmo de alguém ler uma palavra, já existe uma leitura de mundo que irá basear a leitura da palavra. (FREIRE, 1988, p. 11).

Um bom processo de formação de leitores é aquele em que a criança já é

estimulada desde pequena a ouvir e ler as palavras. A leitura deve ser uma nova

tomada de visão. A criança precisa ler e compreender o que se está lendo. E

compreender um texto requer uma releitura do mundo em que o sujeito possa fazer

relações entre o texto e o contexto. Ou seja, entre o que está sendo lido e o mundo.

Um processo de formação de leitor começa com um qualificado processo de

alfabetização. E acreditamos que o mais adequado é aquele que trabalha com a

realidade dos alunos

... a leitura é o momento crítico da constituição do texto, pois é o momento privilegiado do processo da interação verbal: aquele em que os interlocutores, ao se identificarem como interlocutores, desencadeiam o processo de significação. Assim, o texto não resulta da soma de frases, nem da soma de interlocutores:o(s) sentido(s) de um texto resulta(m) de uma situação discursiva, margem de enunciados efetivamente realizados. (ORLANDI, 1996, p.193-194).

A leitura, segundo GARCIA (1998), deve promover uma rede de significados

e significações para que o leitor possa ser capaz de produzir, criar e inventar outros

significados. A literatura é um bom caminho para esse processo, pois é fator

indispensável de humanização e confirma o homem na sua humanidade. Mas, do

que dizer de outras formas de leituras da contemporaneidade. Esta instaura várias

formas de leituras, porém a mais importante delas são as leituras das imagens. O

leitor contemporâneo está cercado de formas de leituras que vão além dos livros

A leitura não deve ser memorização ou reprodução, menos ainda somente

informação. O que o processo de globalização traz são leituras que giram em torno

de informações que não estimulam a criação e a crítica dos leitores. A leitura deve

ser um processo de liberdade do leitor. Ele deve ser capaz de não apenas

interpretar e compreender um texto, contudo de transformar a realidade na qual ele

está inserido.

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“Refiro-me a que a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a

leitura desta implicam a continuidade da leitura daquele”. (FREIRE, 1988, p. 20).

Ensinar a ler é uma tarefa de todo professor, não sendo exclusividade do de

Língua Portuguesa, quase sempre responsabilizado pela dificuldade do aluno de

interpretar questões de outras disciplinas. O desconhecimento do que seja leitura e

dos processos sócio-cognitivos nela envolvidos, segundo FREIRE (1988), leva as

pessoas a construírem um conceito limitado desta ação de linguagem. A noção

textual usualmente presente na escola empobrece o trabalho com a leitura/escrita,

pelo fato de tratar de maneira idêntica qualquer texto, desconsiderando suas

especificidades e intenções.

No ambiente escolar, segundo BRITTO, (2003) o texto é abordado como um

produto, ignorando-se, assim, a dinamicidade de seu processo de significação, que

inclui a consideração de estruturas, de conhecimentos prévios partilhados, de

múltiplos recursos semióticos, como a imagem e, ainda, as condições de produção:

o contexto, os sujeitos envolvidos nessa ação de linguagem, as intenções

comunicativas, o meio de circulação do texto.

Apesar do surgimento das novas teorias que sustentam a produção textual,

a partir dos anos 80, para SANTOS e MARTURANO (1999), a qualidade das

redações dos alunos pouco alterou. Os textos continuam artificiais, padronizados,

mal seqüenciados, intraduzíveis e fora de seu contexto de produção.

Para que haja mudança no quadro, é necessário que o professor passe a

olhar a produção escrita do aluno não atrás de erros, atentando apenas para a

linearidade do texto, mas buscando ver o significado e as formas de construção

desse significado.

A escola é tomada como um autêntico lugar de comunicação e as situações

escolares como ocasiões de produção/recepção de textos. Portanto, no ambiente

escolar, a produção de textos deve inserir-se num processo de interlocução, o que

implica a realização de uma série de atividades mentais de planejamento e de

execução que não são lineares nem estanques, mas recursivas e interdependentes.

... ensinar já não significa transferir pacotes sucateados, nem mesmo significa meramente repassar o saber. Seu conteúdo correto é motivar o processo emancipatório com base em saber crítico, criativo, atualizado, competente. Trata-se, não de cercear, temer, controlar a competência de quem aprende, mas de abri-lhe a chance na dimensão maior possível. Não

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interessa o discípulo, mas o novo mestre. Entre o professor e o aluno não se estabelece apenas hierarquização verticalizada, que divide papéis pela forma do autoritarismo, mas sobretudo confronto dialético. Este se alimenta da realidade histórica formada por entidades concretas que se relacionam de modo autônomo, como sujeitos sociais plenos. (FERREIRO, 1987, p. 153).

O aprendizado da leitura e da escrita condiciona toda a trajetória das

crianças na escola. Na verdade, para a aquisição desses conhecimentos,

costumava-se reservar os dois primeiros anos do primeiro grau: um para a iniciação

à língua escrita e outro para sua consolidação; na atualidade, todos os períodos da

educação infantil estão voltados para a alfabetização. No entanto, não basta saber

ler: é preciso também que o pequeno compreenda e assimile o conteúdo do que

estiver lendo.

A escola, espaço que convencionamos como sendo específico e privilegiado

do saber, no que concerne à leitura, precisa rever suas práticas, mormente diante de

leituras impostas em salas de aulas onde faz imperar um dualismo: de um lado

algumas escolas que, ao pretenderem uma rápida atualização com o presente,

assimila o novo sem a devida reflexão utilizando inadequadamente instrumentos

modernos de ensino e tornando seus leitores passivos diante de imagens efêmeras.

Em contraposição, outras escolas utilizam textos fragmentados de manuais didáticos

como único meio auxiliar para a leitura, objetivando o trabalho de unidades

curriculares como mera fixação e memorização de conteúdos, quase sempre

aleatórias à realidade dos alunos.

De acordo com BRITTO, (2003, p. 59)

Há atividades da vida prática que são vitais para a sobrevivência do sujeito na sociedade urbano industrial e que não são adquiridas em função da escolarização nem são tidas como de maior valor e, por isso mesmo, são realizadas com relativa familiaridade por pessoas pouco escolarizadas.

Diante deste contexto as escolas devem de uma forma geral sempre

trabalhar com diferentes práticas de leitura. Pela sua própria função e

especificidade, essas práticas diferem de outras práticas de leitura no campo social,

visto que, mais do que uma necessidade social, tem como objetivo explícito a

formação de leitores.

Quando uma criança ingressa na escola, sua primeira tarefa explícita é

aprender a ler e escrever. Embora se espere que a criança aprenda muitas outras

coisas em seu primeiro ano de escola, a alfabetização é, sem dúvida alguma, o

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centro das expectativas de pais e professores. Os pais e a própria criança não têm,

em geral, razão para duvidar do sucesso da criança nessa aprendizagem. Uma

criança sadia, ao ingressar na escola, já sabe falar, compreende explicações,

reconhece objetos e formas desenhadas e é capaz de obedecer a ordens

complexas. Não há razão para que ela não aprenda também a ler. No entanto, o que

muitas vezes os pais e professores não consideram, é que a leitura e a escrita são

habilidades que exigem da criança a atenção a aspectos da linguagem aos quais ela

não precisa dar importância, até o momento em que começa a aprender a ler.

Por isso, toda criança encontra alguma dificuldade na aprendizagem da

leitura e da escrita. A leitura e escrita exigem dela novas habilidades, que não

faziam parte de sua vida diária até aquele momento. Uma criança que

constantemente fracassa na leitura, segundo RODRIGUES, (2008), pode apresentar

uma incapacidade de aprendizagem por duas razões: ou ela é forçada a fracassar

nas matérias onde a leitura é imprescindível; ou as dificuldades emocionais

secundárias podem aparecer na criança que não consegue satisfazer as

expectativas dos pais e dos professores.

A leitura faz parte de um complexo lingüístico de desenvolvimento. Este

processo tem etapas bem definidas, que vão avançando gradativamente. A leitura e

a escrita representam as etapas superiores. Os primeiro estímulos da linguagem que

a criança recebe, segundo ZONTA (2008), são auditivos, visuais, táteis, olfativos e

gustativo, portanto, estímulos sensoriais. Estes estímulos se associam e formam a

linguagem interna do indivíduo.

Por esse motivo é que podemos dizer que as aprendizagens da leitura e da

escrita não são atividades isoladas, fazem parte de um processo de

desenvolvimento da linguagem e suas dificuldades se devem a uma deficiência

qualquer na estruturação e organização da linguagem como um todo.

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CAPÍTULO II: DIFICULDADES NA APRENDIZAGEM,

O termo 'dificuldade de aprendizagem, segundo BRITTO (2003), começou a

ser usado na década de 60 e até hoje - na maioria das vezes - é confundido por pais

e professores como uma simples desatenção em sala de aula ou 'espírito

bagunceiro' das crianças. Mas a dificuldade de aprendizagem refere-se a um

distúrbio - que pode ser gerado por uma série de problemas cognitivos ou

emocionais - que pode afetar qualquer área do desempenho escolar. Na maioria dos

casos é o professor o primeiro a identificar que a criança está com alguma

dificuldade, mas os pais e demais membros da família devem ficar atentos ao

desenvolvimento e ao comportamento da criança.

As dificuldades de aprendizagem causadas pelos distúrbios, segundo

ZONTA (2008), estão mais vinculadas ao aluno, na medida em que sugere a

existência de comprometimento neurológico em funções corticais específicas.

Portanto, professor e escola deverão estar atentos às manifestações no decorrer da

história acadêmica destes alunos, uma vez que se tratando de aspectos

neurológicos funcionais, a defasagem poderá vir a se apresentar em uma área

especifica da aprendizagem formal.

SANTOS (1999, p.321), considera que as dificuldades de aprendizagem

não se referem a quadros comprometedores de sintomas neurológicos, de

deficiências motoras e sensoriais e de distúrbios emocionais, mas caracterizam-se

por um baixo rendimento escolar, uma aprendizagem mais vagarosa e dificuldades

na compreensão de conteúdos novos..

A aprendizagem de qualquer habilidade nova, segundo GARCIA (1998), está

diretamente relacionada com a capacidade de atenção por parte do aluno. O

processo da atenção é fundamental para selecionar as informações contidas no

meio ambiente e armazená-las na memória de longa duração. Durante os momentos

de aprendizagem, as crianças são constantemente expostas a inúmeros estímulos,

irrelevantes às tarefas que estão sendo ensinadas, servindo como fatores de

distração, atrapalhando a aprendizagem. O aluno é um ser social com cultura,

linguagem e valores específicos. Quando apresenta dificuldades de aprendizagem

deve ser levada em conta sua individualidade, particularidade, ou seja, o professor

precisa trabalhar com a diferença, descobrir as potencialidades de cada aluno para

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então partir em busca do desenvolvimento de sua aprendizagem, transformando-o

em sujeitos preparados para enfrentar o mundo.

Dificuldade de Aprendizagem é um termo geral que se refere a um grupo heterogêneo de transtornos que se manifestam por dificuldades significativas na aquisição e uso da escuta, fala, leitura, raciocínio ou habilidades matemáticas. Esses transtornos são intrínsecos ao indivíduo, supondo-se devido à disfunção do sistema nervoso central, e podem ocorrer ao longo do ciclo vital. Podem existir, junto com as dificuldades de aprendizagem, problemas nas condutas de auto-regulação, percepção social e interação social. Mas não constituem, por si próprias uma dificuldade de aprendizagem. Ainda que as dificuldades de aprendizagem possam ocorrer concomitantemente com outras condições incapacitantes, com influências extrínsecas, não são o resultado dessas condições ou influências. (GARCIA, 1998, p. 13).

Assim, a importância de compreender o processo pelo qual a criança utiliza

para construir o conhecimento sobre a leitura e escrita, tem a ver com a necessidade

de mudança de postura do professor em relação à concepção de aprendizagem, no

que diz respeito às hipóteses elaboradas por elas para se apropriar da língua escrita

e falada como um processo que é construído progressivamente, tomando como

ponto a interação e o pressuposto de que a interação social é fator primordial para o

sucesso da criança na escola; já que , é nessa relação mútua entre os sujeitos que

lhe é dada a oportunidade de expressar seu pensamento e de cooperar com o

colega, tornando-a um ser ativo no processo de aprendizagem.

Partindo da realidade plenamente constatada que todos os alunos são

diferentes, tanto em suas capacidades, quanto em suas motivações, interesses,

ritmos evolutivos, estilos de aprendizagem, situações ambientais, etc., e entendendo

que todas as dificuldades de aprendizagem são em si mesmas contextuais e

relativas, é necessário colocar o acento no próprio processo de interação

ensino/aprendizagem.

As crianças com dificuldades de aprendizagem que estejam com problemas

emocionais apresentam, na opinião de FONSECA (1995), sinais de regressões,

oposições, narcisismos e negativismos. Esse fato acaba por produzir baixa auto-

estima e fragilidade no autoconceito. Outras características encontradas são

impulsividade e perseveração, falta de controle, de avaliação crítica, de

discernimento, de percepção social, de cooperação, de aceitação e de prudência.

De forma geral, pode-se dizer que instabilidade emocional e dependência, tensão

nervosa, dificuldade em manter a atenção, inquietude e desobediência, reações

comportamentais bruscas e desconcertantes, falta de controle sobre si mesmo,

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dificuldade de ajustamento à realidade, problemas de comunicação e autoconceito e

auto-estima baixos, com reduzida tolerância à frustração, acabam por ser os

problemas emocionais mais contundentes em relação a esse grupo de crianças.

A dificuldades de aprendizagem relacionadas com a linguagem (leitura, escrita e ortografia)”, pode ser inicial e informalmente (um diagnóstico mais preciso deve ser feito e confirmado por neurolinguista ) diagnosticado pelo professor de língua materna, com formação na área de letras em habilitação em Pedagogia, que pode vir a realizar uma medição da velocidade da leitura da criança, utilizando, para tanto, a seguinte ficha de observação, com as seguintes questões a serem prontamente respondidas: A criança movimenta os lábios ou murmura ao ler? A criança movimenta a cabeça ao longo da linha? Sua leitura silenciosa é mais rápida que a oral ou mantém o mesmo ritmo de velocidade? A criança segue a linha com o dedo? A criança faz excessivas fixações do olho ao longo da linha impressa? A criança demonstra excessiva tensão ao ler? A criança efetua excessivos retrocessos da vista ao ler? Dislexia de desenvolvimento é o primeiro distúrbio específico de linguagem a ser considerado, porque o mais comum e melhor compreendido distúrbio de aprendizagem da infância, assim fornece um modelo do que gostaríamos de saber sobre todos estes distúrbios de aprendizagem. (PENNINGTON, 1997, p. 47).

Sabemos que este é um processo complexo em que estão incluídas

inúmeras variáveis: aluno, professor, concepção e organização curricular,

metodologias, estratégias, recursos. Mas, a aprendizagem do aluno não depende

somente dele, e sim do grau em que a ajuda do professor esteja ajustada ao nível

que o aluno apresenta em cada tarefa de aprendizagem. Se o ajuste entre professor

e aprendizagem do aluno for apropriado, o aluno aprenderá e apresentará

progressos, qualquer que seja o seu nível.

É óbvia a grande dificuldade que os professores sentem quando se deparam

com alunos que se lhes apresenta como com “dificuldades de aprendizagem”. Nessa

altura do artigo, coloco “dificuldades de aprendizagem” entre aspas, pois, muitas

vezes me pergunto, se estas dificuldades são de ensino ou de aprendizagem.

Ambas estão juntas, é difícil dizer qual das duas tem mais peso.

São quatro, segundo ZONTA (2008), as habilidades da linguagem verbal: a

leitura, a escrita, a fala e a escuta. Destas, a leitura é a habilidade lingüística mais

difícil e complexa. A leitura é um dos processos de aquisição da lectoescrita e, como

tal, compreende duas operações fundamentais: a decodificação e a compreensão.

Decodificação: é a capacidade que temos como escritores, leitores de uma

língua para identificarmos um signo gráfico por um nome ou por um som. Esta

capacidade ou competência lingüística, segundo GARCIA (1998), consiste no

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reconhecimento das letras gráficas e na tradução dos mesmos para a linguagem

oral ou para outro sistema de signo.

A aprendizagem da decodificação se consegue através do conhecimento do

alfabeto e da leitura oral ou transcrição de um texto. Compreensão: é a captação do

sentido ou conteúdo das mensagens escritas.

A fala, a leitura e a escrita, segundo ZONTA (2008), não podem ser

consideradas como funções autônomas e isoladas, mas sim como manifestações de

um mesmo sistema, que é o sistema funcional de linguagem. A fala, a leitura e a

escrita resultam da harmonia, do desenvolvimento e da integração das várias

funções que servem de base ao sistema funcional da linguagem desde o início de

sua organização.

O ser humano apresenta basicamente, segundo GARCIA (1998), três

sistemas verbais: auditiva (palavra falada), visual (palavra lida) e escrita. O primeiro

que ele adquiriu foi o auditivo, porque é o mais fácil de aprender e também o que

exige menos maturidade a aprendizagem da fala necessita de uma palavra

equivalente, antes que o vocábulo possa ser usado como semelhante. Para que

uma palavra tenha significação, ela indicar com exatidão ser a imagem de uma

determinada coesão de conhecimento prático adquirido ao longo da vida.

Para aprender a falar, o ser humano precisa ter perfeitos órgãos sensoriais, motores e de articulação, além de um processo normal de evolução do sistema nervoso.a compreensão da linguagem parece preceder a compreensão da fala, pois a criança comunica-se através de gestos, olhares e mímica antes de poder se expressar oralmente. Ela também compreende muitas palavras num estágio bem anterior à que lêem que adquire capacidade para articulá-las.É a partir desses elementos que ele desenvolve uma linguagem correta, clara e lógica, imprescindível à sua integração social. (JOSÉ, e COELHO, (1997, p.35,37).

As crianças com Dificuldades de Aprendizagem devem receber

interferências pedagógicas adaptadas e ricas quanto ao método do ensino -

aprendizagem. Passar a ter instrução para que desbloqueiem suas dificuldades,

podendo mudar a forma de sua capacidade, dinâmica de aprendizagem. Aqui

podem focalizar também os educando com história de repetências e privação

sociocultural e as crianças com Dificuldades de Aprendizagem.

A definição da criança com Dificuldades de Aprendizagem exige que todos esses componentes sejam considerado de forma sistemático, só podendo ser abordada com essa observância e abrangência. Deve considerar os seguintes parâmetros: adequada oportunidade de aprendizagem; discrepância entre o potencial de Aprendizagem e os resultados escolares;

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e fatores de exclusão. A adequada oportunidade de Aprendizagem engloba uma avaliação da criança, do envolvimento e das interações dialéticas que materializam as relações individuo - meio. As Dificuldades de Aprendizagem pode ser uma repercussão da falta ou carência de oportunidades, enquanto as desordens de aprendizagem equivalem a problemas mais severos, como as incapacidades de aprendizagem, nas desordens ou incapacidades de aprendizagem, a identificação de disfunções é clinicamente constatada, porque existem anomalias neurológicas expressivas ou lesões cerebrais facilmente detectadas pelos processos convencionais. Nas Dificuldades de Aprendizagens não surgem sinais disfuncionais severos, apenas sinais disfuncionais ligeiros com mais implicações exógenas que endógenas. (NUNES, 1997, p. 98).

Para RODRIGUES (2008), o problema de Aprendizagem, por conseguinte,

não são sinônimos de Dificuldades de Aprendizagem; eles tornarem-se desordem

essencial no método de aprendizagem que obstruir muitas crianças e jovens de

chegar um rendimento escolar satisfatório. A criança ou jovem com dificuldades de

aprendizagem mostrar-se discrepância mental e o desempenho, desviando em

efeito escolar insatisfatórios.

O problema de aprendizagem, segundo FERREIRO (1987), é considerado

como o sintoma que expressa algo e possui uma mensagem. Assim, o “não

aprender” tem uma função tão integradora quanto o aprender. A aprendizagem é um

processo dialético que se desenvolve dentro de um campo de relações e se algo

neste campo não está sendo produtivo ou impede o crescimento deve-se rever o

processo, identificando falhas que possam estar impedindo a integração da

ação/experiência com o sentimento/emoção na construção do conhecimento.

Os processos de desenvolvimento e de aprendizagem, segundo ZONTA

(2008) são descontínuos, podendo o aluno apresentar uma flutuação em seu

rendimento e adaptação escolar. Este fato está relacionado com o próprio

desenvolvimento da personalidade, a qual necessita muitas vezes, regredir a etapas

anteriores, para posteriormente atingir níveis mais elevados de desenvolvimento.

As dificuldades de aprendizagem que ocorrem por motivos específicos,

segundo FERREIRO (1987), são, geralmente, transitórias e ocorrem

simultaneamente com as crises normativas do desenvolvimento como, por exemplo,

a crise da adolescência. Há outra situação que deve ser considerada quando

pensamos nos distúrbios de aprendizagem; são distúrbios reativos, aqueles que

surgem no decorrer de crises situacionais como o nascimento de um irmão, perda

de um ente querido, separação dos pais, troca de uma professora, mudança de

cidade ou de escola, etc. Tais crises, freqüentemente mobilizam ansiedades

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depressivas em muitas crianças e adolescente o que dificulta a adaptação a

situações novas.

As problemáticas mencionadas necessitam de atenção a nível preventivo,

seja através de psicoterapia, intervenção da família ou da escola, uma vez que, mal

manejadas podem manifestar-se através dos problemas de aprendizagem ou

mesmo gerar uma carreira de fracasso escolar além de sérios danos a nível

emocional e de formação da personalidade.

O alto nível de exigência e competitividade existente a nível social e familiar,

segundo GARCIA, (1998) pode levar a conduta e manejos educativos inadequados

diante destas flutuações escolares e comportamentais, podendo mobilizar condutas

regressivas e comprometer a adaptação e os relacionamentos até mesmo na vida

adulta.

Estas situações e momentos de vida que se ligam à dificuldades na escola

podem ser resolvidas através da orientação e conscientização de pais, professores e

até do próprio aluno, sendo que a compreensão desses momentos pode levar à

elaboração das ansiedades. A atuação do profissional da área psicopedagógica

nestes casos faz-se muitas vezes necessária, porém pode ter sua eficácia limitada

pelos níveis de neurose dos pais e professores.

Nos casos de fracasso escolar estabelecido e não apenas situacional,

segundo RODRIGUES (2008), os alunos poderão apresentar uma série de

manifestações psicológicas, tais como hiperatividade, falta de concentração,

dificuldades perceptuais, baixa tolerância à frustração baixa auto-estima, fuga ao

desafio, apatia, negativismo, onipotência e outros. O alto nível de ansiedade

predispõe estes alunos a desorganização de condutas, mostrando-se avessos às

regras da convivência social, o que interfere de forma cada vez mais intensa na

auto-estima e estrutura sentimentos de exclusão e diferenciação grupal, sentimentos

estes que são reforçados por uma atitude real de segregação por parte dos colegas.

Para FREIRE (1978: p.54), “ninguém educa ninguém como tampouco

ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados

pelo mundo.” Neste sentido podemos entender o caráter formador e crucial das

interações familiares e sociais na vida da criança, tendo estas um papel preventivo e

até curativo, mesmo nos distúrbios de aprendizagem.

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Todas essas percepções a respeito da interferência familiar na

aprendizagem nos levam a pensar que a prevenção dos distúrbios de aprendizagem

deveria começar no meio familiar, pois este meio pode ser um gerador de

ansiedades infantis e funciona como organizador de condutas e comportamentos da

criança.

Desenvolvimento cognitivo das crianças é, inicialmente determinado por processos biológicos e guiado, subseqüente por interações sociais com adultos”, que iniciam e são mediadoras das interações sociais e do desenvolvimento das habilidades cognitivas. (VYGOTSGY, 1991,p. 65).

Mas independentemente de outras condições de ordem física e mental,

segundo ZONTA (2008), a problemática emocional deve ser considerada fator

decisivo na adaptação e rendimento da criança na escola, e pode vir a trazer sérias

conseqüências ao desenvolvimento escolar. Neste sentido o papel da escola seria

oferecer condições de estabilidade emocional, através de diagnóstico precoce,

programação adequada das atividades escolares, preparação dos professores e

encaminhamentos adequados. A família no seu papel deve sempre rever suas

interações com a criança e as interações desta com o mundo buscando apoio

profissional se necessário visando sempre favorecer o desenvolvimento global da

criança, o que se refletirá certamente na sua realização pessoal na vida adulta e na

sua formação de pessoa humana.

O conceito de distúrbio não inclui nem engloba qualquer perturbação ou

deficiência de inteligência ou da personalidade, estando plenamente assegurado

todo o potencial de aprendizagem do indivíduo.

Dos distúrbios de aprendizagem conhecidos, os que afetam de modo mais

evidente o desempenho escolar são: Dislexia, Disgrafia, Disortografia, Discalculia.

Dislexia: um tipo de distúrbio de leitura que, segundo FERREIRO, (1987),

colocamos como causa porque provoca uma dificuldade específica na aprendizagem

da identificação dos símbolos gráficos, embora a criança apresente inteligência

normal, inteligência sensorial e receba estimulação e ensino adequados.

A palavra dislexia, segundo GARCIA (1998), é derivada de dis=distúrbio ou

disfunção e lexia que em grego quer dizer linguagem e em latim, leitura. Portanto,

dislexia é um distúrbio de linguagem e/ou de leitura.

Dislexia, segundo RODRIGUES (2008), é termo criado por um médico

oftalmologista alemão, o Dr. Rudolph Berlin, há mais de 100 anos, para nomear uma

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dificuldade em leitura apresentada por um de seus pacientes. Durante muitos anos

pesquisou sobre essas dificuldades relacionadas com a leitura, o que resultou na

elaboração de diferentes trabalhos e na publicação de muitos livros sobre o assunto.

Na continuidade da busca de respostas sobre o que é dislexia, passaram a ser

também pesquisadas dificuldades com as linguagens expressiva e receptiva, oral e

escrita, além dos problemas com leitura e soletração. E só muito mais tarde é que as

dificuldades com a Linguagem Matemática também foram incluídas nessas

pesquisadas. Vem-se tornando cada vez mais claro o entendimento do que é

dislexia, e o que esperamos é que também possa gerar um consenso na

denominação com que sejam reconhecidas essas específicas dificuldades de

aprendizado.

O termo dislexia, segundo ZONTA (2008), é preferencialmente usado entre

muitos profissionais, por disléxicos e seus familiares, pela diretividade e amplitude

de seu significado, não oportunizando, portanto, idéias subliminares de incapacidade

e de problemas de comportamento ao disléxico. "O prefixo dys, do grego, significa

imperfeito como disfunção, isto é, uma função anormal ou prejudicada; lexia,

também do grego, referente ao uso de palavras (não somente em leitura)”.

Estas palavras significam comunicação através da Linguagem; em leitura,

sim, mas também escrita, na fala, na linguagem receptiva.

A dislexia é uma desordem do desenvolvimento que deve ser explicada a partir de uma origem biológica que causa um déficit cognitivo, o qual, por sua vez, resulta em um padrão particular de comportamento em relação à leitura e escrita. A dificuldade observada na aprendizagem da leitura e da escrita e o fraco desempenho nos testes de leitura e de escrita pertencem ao nível do comportamento, enquanto as causas subjacentes a esse desempenho estão situadas no nível cognitivo - que também inclui fatores emocionais, e o nível biológico refere-se a observações e fatos relacionados ao cérebro. (PIAGET, 1974, p. 57).

Os disléxicos, segundo FERREIRO (1987), a literatura tem mostrado que a

[re] educação pode ajudar na obtenção de habilidades de leitura e de escrita

suficientes para o sucesso acadêmico, mas o déficit fonológico subjacente parece

persistir, pois, os disléxicos ainda mantêm certa dificuldade na leitura e escrita de

alguns fonemas. Já as outras crianças, embora tenham uma leitura fraca, têm

potencial normal para a aquisição da leitura e da escrita.

De acordo com os PCN”s (BRASIL, 1998), as dificuldades de aprendizagem

na leitura e a deficiência que pode apresentar como a dislexia e a própria ansiedade.

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Desse modo criança com dificuldade de aprendizagem é aquela que apresenta

bloqueios na aquisição do conhecimento, na audição, na fala, leitura, raciocínio ou

habilidades matemáticas. A capacidade de ler depende da compreensão de como

funciona a estrutura da língua e o modo como é usada no meio social. Para isso, é

de fundamental importância o papel do professores é encontrarem soluções para os

problemas relativos à aprendizagem da leitura pelas crianças.

No entanto acredita-se que para acontecer o avanço na prática da leitura é

preciso que os professores compreendam que o processo de leitura inicia muito

antes da criança entrar em contato com o mundo adulto, recebendo estímulo para

depois chegar a escrita convencional.

Em relação ao conceito de leitura os PCN”s (BRASIL, 1998), se apresenta

como sendo algo amplo, sem ser apenas uma decifração dos signos do alfabeto. A

aprendizagem da leitura está intimamente relacionada ao processo de formação

geral de um indivíduo e à sua capacitação para as práticas sociais, tais como: a

atuação política, econômica e cultural, além do convívio em sociedade, seja na

família, nas relações de trabalho dentre outros espaços ligados à vida do cidadão.

Utilizamos a leitura em vários locais e com diversas finalidades em nossas vidas: no

trabalho, na escola, no lazer ou em casa.

A formação do leitor inicia-se no âmbito familiar e se processa em longo prazo, tendo mediadores como: bibliotecários, professores, e no caso especifico retratado: a família, pois é através da leitura que encontramos a possibilidade de nos instruir, educar e também divertir. Esse leitor deve ser compreendido como sendo aquele que estabelece uma relação aprofundada com a linguagem e as significações. (FERREIRO, 1987, p.54)

Os PCN”s (BRASIL, 1998), relatam que a grande dificuldade apresentada

pelo leitor iniciante será a de gradativamente atribuir significado ao texto lido,

seguido da capacidade de compreender o que lê e aperfeiçoar aos poucos o hábito

da leitura. tarefa que exige planejamento cuidadoso permeado pelo desenvolvimento

de atividades próprias de leitura que viabilizem a superação das dificuldades

enfrentadas pelos(as) alunos(as) para entender e compreender o assunto abordado

no texto, nos anos finais do Ensino Fundamental. De maneira que a construção da

leitura e atuação do aluno mediante ao ensino fundamental é basicamente de

interlocução compartilhando.

Para que isto se efetue, a escola deve promover uma prática constante de leitura organizada em torno de uma diversidade de textos. O ideal é que o professor seja um bom leitor e que esteja sempre atualizado em relação a

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novas publicações e crie com seus alunos uma interação capaz de estimulá -los a falar sobre o assunto. Cabe também ao professor proporcionar-lhes um convívio estimulante com a leitura, assim como permitir que ela cumpra o seu papel, ou seja, o de ampliar, pela leitura da palavra, a leitura do mundo. A leitura não deve limitar-se apenas à maneira de ler contemporaneamente, ela deve, sobretudo, reencontrar os gestos esquecidos, os hábitos que desapareceram e, além de manter o homem intelectualizado, deve também servir de deleite e prazer para o homem moderno. (FERREIRO, 1987, p.54).

De acordo com FREIRE (1988), a leitura deve ser uma nova tomada de

visão. A criança precisa ler e compreender o que se está lendo. E compreender um

texto requer uma releitura do mundo em que o sujeito possa fazer relações entre o

texto e o contexto. O acesso à leitura transformou-se em acesso à escola, pois ela

fornece as bases para a escrita. Assim, o ato de ler e escrever subordinou-se aos

objetivos da escola. A leitura deve ser uma nova tomada de visão. A criança precisa

ler e compreender o que se está lendo. E compreender um texto requer uma

releitura do mundo em que o sujeito possa fazer relações entre o texto e o contexto.

Um processo de formação de leitor começa com um qualificado processo de

alfabetização

O ato de ler é importante, pois demonstra uma maneira particular de ler o mundo. A maneira como enxergamos o mundo se modifica quando adquirimos o hábito da leitura, pois a leitura verdadeira é a que relê a realidade, ou seja, revela uma visão crítica sobre o mundo. A leitura do mundo não surge com a prática de leitura de textos, a leitura do mundo como dizia Paulo Freire (1981) antecede a leitura da palavra. Assim, antes mesmo de alguém ler uma palavra, já existe uma leitura de mundo que irá basear a leitura da palavra. (FREIRE, 1988, p.11).

O desconhecimento do que seja leitura e dos processos sócio-cognitivos

nela envolvidos leva as pessoas a construírem um conceito limitado desta ação de

linguagem. A noção textual usualmente presente na escola empobrece o trabalho

com a leitura/escrita, pelo fato de tratar de maneira idêntica qualquer texto,

desconsiderando suas especificidades e intenções.

Os PCN”s (BRASIL, 1998), postulam que o ensino deve ser pautado sempre

na criação e na crítica da realidade. No Brasil, temos uma porcentagem muito

pequena de leitores assíduos e, muitas vezes, isso afeta o aprendizado e

desenvolvimento dos estudantes na escola. Por isso, a escola deve pautar os

processos de ensino-aprendizagem sempre na leitura. Assim, facilita o aprendizado

pela autonomia e crítica da realidade que a leitura proporciona e ajuda no incentivo à

leitura daqueles que ainda não possuem simpatia por ela. Acreditamos que somente

com a leitura, poderemos educar cidadãos autônomos, críticos e transformadores da

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realidade. A leitura pela memorização e pela reprodução forma somente leitores. A

leitura pela crítica da realidade forma leitores autônomos e transformadores do meio

que estão inseridos

De acordo com FREIRE (1988), quando uma criança ingressa na escola,

sua primeira tarefa explícita é aprender a ler e escrever. Os pais e a própria criança

não têm, em geral, razão para duvidar do sucesso da criança nessa aprendizagem.

A leitura e escrita exigem dela novas habilidades, que não faziam parte de sua vida

diária até aquele momento. Uma criança que constantemente fracassa na leitura

pode apresentar uma incapacidade de aprendizagem por duas razões: ou ela é

forçada a fracassar nas matérias onde a leitura é imprescindível; ou as dificuldades

emocionais secundárias podem aparecer na criança que não consegue satisfazer as

expectativas dos pais e dos professores.

A leitura e a escrita representam as etapas superiores. Os primeiros

estímulos da linguagem que a criança recebe são auditivos, visuais, táteis, olfativos

e gustativo, portanto, estímulos sensoriais. Por esse motivo é que podemos dizer

que as aprendizagens da leitura e da escrita não são atividades isoladas, fazem

parte de um processo de desenvolvimento da linguagem e suas dificuldades se

devem a uma deficiência qualquer na estruturação e organização da linguagem

como um todo.

De acordo com SANTOS (1999), as dificuldades de aprendizagem causadas

pelos distúrbios estão mais vinculadas ao aluno, na medida em que sugere a

existência de comprometimento neurológico em funções corticais específicas.

Portanto, professor e escola deverão estar atentos às manifestações no decorrer da

história acadêmica destes alunos, uma vez que se tratando de aspectos

neurológicos funcionais, a defasagem poderá vir a se apresentar em uma área

especifica da aprendizagem formal. Na maioria dos casos é o professor o primeiro a

identificar que a criança está com alguma dificuldade, mas os pais e demais

membros da família devem ficar atentos ao desenvolvimento e ao comportamento

da criança.

As dificuldades de aprendizagem não se referem a quadros comprometedores de sintomas neurológicos, de deficiências motoras e sensoriais e de distúrbios emocionais, mas caracterizam-se por um baixo rendimento escolar, uma aprendizagem mais vagarosa e dificuldades na compreensão de conteúdos novos.. (SANTOS, 1999, p.321)

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Segundo SANTOS (1999) quatro são as habilidades da linguagem verbal: a

leitura, a escrita, a fala e a escuta. A leitura é um dos processos de aquisição da

lectoescrita e, como tal, compreende duas operações fundamentais: a decodificação

e a compreensão. Esta capacidade ou competência lingüística consiste no

reconhecimento das letras gráficas e na tradução dos mesmos para a linguagem

oral ou para outro sistema de signo. A aprendizagem da decodificação se consegue

através do conhecimento do alfabeto e da leitura oral ou transcrição de um texto.

Ainda de acordo com SANTOS (1999), a compreensão: é a captação do

sentido ou conteúdo das mensagens escritas. A fala, a leitura e a escrita resultam da

harmonia, do desenvolvimento e da integração das várias funções que servem de

base ao sistema funcional da linguagem desde o início de sua organização.

A definição da criança com Dificuldades de Aprendizagem exige que todos esses componentes sejam considerado de forma sistemático, só podendo ser abordada com essa observância e abrangência. As Dificuldades de Aprendizagem pode ser uma repercussão da falta ou carência de oportunidades, enquanto as desordens de aprendizagem equivalem a problemas mais severos, como as incapacidades de aprendizagem, nas desordens ou incapacidades de aprendizagem, a identificação de disfunções é clinicamente constatada, porque existem anomalias neurológicas expressivas ou lesões cerebrais facilmente detectadas pelos processos convencionais. Nas Dificuldades de Aprendizagens não surgem sinais disfuncionais severos, apenas sinais disfuncionais ligeiros com mais implicações exógenas que endógenas (NUNES, 1997, p. 98).

Para FREIRE (1978, p.58), “ninguém educa ninguém como tampouco

ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados

pelo mundo”. Neste sentido podemos entender o caráter formador e crucial das

interações familiares e sociais na vida da criança, tendo estas um papel preventivo e

até curativo, mesmo nos distúrbios de aprendizagem.

A dislexia é uma desordem do desenvolvimento que deve ser explicada a partir de uma origem biológica que causa um déficit cognitivo, o qual, por sua vez, resulta em um padrão particular de comportamento em relação à leitura e escrita. A dificuldade observada na aprendizagem da leitura e da escrita e o fraco desempenho nos testes de leitura e de escrita pertencem ao nível do comportamento, enquanto as causas subjacentes a esse desempenho estão situadas no nível cognitivo - que também inclui fatores emocionais, e o nível biológico refere-se a observações e fatos relacionados ao cérebro (PIAGET, 1974, p. 57).

Para PIAGET (1974), a Dislexia um tipo de distúrbio de leitura que

colocamos como causa porque provoca uma dificuldade específica na aprendizagem

da identificação dos símbolos gráficos, embora a criança apresente inteligência

normal, inteligência sensorial e receba estimulação e ensino adequados.

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Segundo NUNES (1997), a palavra dislexia é derivada de dis=distúrbio ou

disfunção e lexia que em grego quer dizer linguagem e em latim, leitura. Portanto,

dislexia é um distúrbio de linguagem e/ou de leitura. Durante muitos anos pesquisou

sobre essas dificuldades relacionadas com a leitura, o que resultou na elaboração

de diferentes trabalhos e na publicação de muitos livros sobre o assunto. Na

continuidade da busca de respostas sobre o que é dislexia, passaram a ser também

pesquisadas dificuldades com as linguagens expressiva e receptiva, oral e escrita,

além dos problemas com leitura e soletração. Já as outras crianças, embora tenham

uma leitura fraca, têm potencial normal para a aquisição da leitura e da escrita.

O termo dislexia é preferencialmente usado entre muitos profissionais, por disléxicos e seus familiares, pela diretividade e amplitude de seu significado, não oportunizando, portanto, idéias subliminares de incapacidade e de problemas de comportamento ao disléxico. "O prefixo dys, do grego, significa imperfeito como disfunção, isto é, uma função anormal ou prejudicada; lexia, também do grego, referente ao uso de palavras (não somente em leitura). (NUNES, 1997, p. 98).

Para PIAGET (1974), a história pessoal de um disléxico, geralmente, traz

traços comuns como o atraso na aquisição da linguagem, atrasos na locomoção e

problemas de dominância lateral. Dislexia é uma específica dificuldade de

aprendizado da Linguagem: em Leitura, Soletração, Escrita, em Linguagem

Expressiva ou Receptiva, em Razão e Cálculo Matemáticos, como na Linguagem

Corporal e Social.

Ainda de acordo com PIAGET, a participação dos pais junto aos filhos é a

primeira associação possível entre o mundo da família e o da escola para que a

criança inicie sua escolarização. O ambiente familiar representa um papel importante

no desenvolvimento do ser humano, especialmente na formação de atitudes e

hábitos. a imitação desempenha aspecto relevante na formação da personalidade da

criança e o contato com o adulto possibilita o aprendizado em dimensões

significativas. Visto que vivemos numa sociedade letrada, onde se revela a

valorização da leitura e essa competência na criança pode ser aprendida no

ambiente familiar quando os pais são bons leitores.

Para PIAGET (1974), o aluno é um ser social com cultura, linguagem e

valores específicos. Quando apresenta dificuldades de aprendizagem deve ser

levado em conta sua individualidade, particularidade, ou seja o professor precisa

trabalhar com a diferença, descobrir as potencialidades de cada aluno para então

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partir em busca do desenvolvimento de sua aprendizagem, transformando-o em

sujeitos preparados para enfrentar o mundo.

O transtorno de desenvolvimento leitor manifesta-se através de uma leitura

oral lenta, com bloqueios, omissões, interrupções, distorções, correções e

substituições de palavras. A identificação da dislexia costuma acontecer na

observação de crianças em torno dos sete anos de idade, geralmente no primeiro

ciclo do ensino fundamental. A dificuldade se encontra na diversidade de realidades

e na lentidão do sistema de educação em acompanhar as mudanças sociais.

Segundo PIAGET (1974), os problemas de aprendizagem podem ocorrer

tanto no início como durante o período escolar. Qualquer problema de aprendizagem

implica um trabalho amplo, trabalho do professor junto a família da criança para

analisar situações e levantar características visando descobrir o que esta

representando dificuldade ou empecilho para que o aluno aprenda.

É necessário saber se a criança está bem alimentada, pois este se constitui

um dos problemas básicos na capacidade de aprendizagem, bem como as

condições de abrigo e conforto para o sono. Diante desse aspecto, sabemos que a

criança do nosso país tem na merenda escolar, muitas vezes, a única refeição do

dia, por este motivo tal programa assume uma importância vital para o

desenvolvimento escolar do aluno.

De acordo com GARCIA (1998) o educador que trabalha afetivamente com

um aluno disléxico consegue atuar melhor quando discute com o aluno formas de

planejar, registrar e avaliar o estudo, tanto em seu conteúdo quanto em sua forma.

Muitos professores, preocupados com o ensino das primeiras letras, e não sabendo como resolver as dificuldades apresentadas por seus alunos, várias vezes os encaminham para as diversas clínicas especializadas que os rotulam como ”doentes”, incapazes ou preguiçosos. Na realidade, muitas dessas dificuldades poderiam ser resolvidas dentro da própria escola. (VYGOTSKY, 1991, p. 9).

Para VYGOTSKY (1991), o cérebro dos disléxicos é normal, constituído

pelos neurônios que se comunicam entre si. A criança só aprende a ler quando

reconhece e processa fonemas, memorizando as letras e seus sons. O cérebro das

crianças disléxicas, devido às falhas nas conexões cerebrais, não funciona desta

forma. No processo de leitura os disléxicos só recorrem na área cerebral que

processa fonemas. Por isso, os disléxicos têm dificuldade em diferenciar fonemas de

sílabas, pois a região cerebral responsável pela análise de palavras permanece

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inativa. Suas ligações cerebrais não incluem a área responsável pela identificação

de palavras e, portanto, a criança disléxica não consegue reconhecer palavras que

já tenha lido ou estudado. Depois de detectada a Dislexia, cabe à escola, juntamente

com o professor, incluir este aluno na sala de aula, trabalhando de maneira “distinta”,

para fazer com que este consiga amenizar seu distúrbio de aprendizagem. Para

trabalhar com a criança disléxica, o professor necessita ser capacitado e ter

conhecimento à cerca da Dislexia.

De acordo com os PCN’s (BRASIL,1998), identificar as deficiências de

leitura é de suma importância, pois ao detectar o quanto antes fica mais fácil criar

métodos eficazes pata auxiliar as crianças que apresentam tais problemas.

Para VYGOTSKY (1991), solução destes tipos de transtornos depende da

gravidade, tendo em vista, que se for um caso leve, de identificação em primeira

fase, a intervenção é suficiente para a superação do problema, não restando

seqüelas na idade adulta. O uso de estratégias fonológicas para a leitura e escrita é

um dos principais problemas reconhecidos em crianças disléxicas, principalmente ao

que se refere ao processamento de novas palavras. Muitos estudos sobre crianças

que manifestam características precoces de risco de dislexia ainda precisam ser

complementados e desenvolvidos, em virtude disso, a discussão do assunto exige

cautela e um maior aprofundamento, porém as habilidades de processamento

fonológico em crianças continuam sendo importantes quesitos na identificação de

um diagnóstico inicial para os casos de dislexia. Identificar as deficiências de leitura

é de suma importância, pois ao detectar o quanto antes fica mais fácil criar métodos

eficazes pata auxiliar as crianças que apresentam tais problemas.

Ainda de acordo com. GARCIA (1998), as crianças das camadas populares,

que vêm à escola com menor conhecimento da norma padrão e com menos

oportunidades anteriores de se envolver em diversos usos da leitura e escrita, não

encontram na escola atividades que lhes possam proporcionar esse conhecimento.

Em conseqüência, fracassam em proporções muitas maiores na alfabetização do

que aquelas crianças que já dominam um dialeto mais próximo da norma padrão e

que tiveram oportunidades de encontrar na leitura e na escrita aprendizagem

significativa. O conceito de dislexia relaciona-se a diferenças individuais

independentes da escassez de oportunidades de aprendizagem, e das diferenças no

nível de conhecimento da língua, ao iniciar o processo de alfabetização.

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Desse modo a dislexia resulta de um processo de dificuldade aquisitiva de

leitura, incapacidade de compreensão do que se lê, nessas condições, a criança

consegue ler, contudo experimenta fadiga e sensações desagradáveis pela falta de

assimilação do texto, apresentando um déficit de reconhecimento do mesmo. É

importante a identificação precoce desta deficiência, pois quanto mais cedo

identificado o problema melhor a aplicação do tratamento.

PROBLEMAS COMPORTAMENTAIS E ESCOLARES:

Ansiedade, insegurança Auto-conceito baixo Aparecimento de condutas

típicas de etapas ou anos anteriores e perturbações psicossomáticas

comportamentos agressivos para com os colegas na tentativa de compensar o seu

problema ou fracasso escolar através da popularidade grande desinteresse pelo

estudo falta de motivação e de curiosidade dificuldades nas disciplinas de história

(problemas em captar as seqüências temporais), de geografia ( dificuldade no

estabelecimento de coordenadas) e Geometria (dificuldades nas relações espaciais)

Os pais, professores e educadores devem atentar-se a dois importantes

indicadores para o diagnóstico precoce da dislexia: a história pessoal do aluno e as

suas manifestações lingüísticas nas aulas de leitura e escrita. Quando os

professores se depararem com crianças inteligentes, saudáveis, mas com

dificuldade de ler e entender o que lê, devem investigar imediatamente se há

existência de casos de dislexia na família. A história pessoal de um disléxico,

geralmente, traz traços comuns como o atraso na aquisição da linguagem, atrasos

na locomoção e problemas de dominância lateral.

Dislexia é uma específica dificuldade de aprendizado da Linguagem: em

Leitura, Soletração, Escrita, em Linguagem Expressiva ou Receptiva, em Razão e

Cálculo Matemáticos, como na Linguagem Corporal e Social. Não tem como causa

falta de interesse, de motivação, de esforço ou de vontade, como nada tem a ver

com acuidade visual ou auditiva.

A dislexia é um distúrbio de aprendizagem que envolve áreas básicas da linguagem, podendo tornar árduo esse processo, porém, com acompanhamento adequado, a criança pode redescobrir suas

capacidades e o prazer de aprender. (NUNES, 1997, 25).

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A participação dos pais junto aos filhos é a primeira associação possível

entre o mundo da família e o da escola para que a criança inicie sua escolarização.

O ambiente familiar representa um papel importante no desenvolvimento do ser

humano, especialmente na formação de atitudes e hábitos. a imitação desempenha

aspecto relevante na formação da personalidade da criança e o contato com o

adulto possibilita o aprendizado em dimensões significativas. Visto que vivemos

numa sociedade letrada, onde se revela a valorização da leitura e essa competência

na criança pode ser aprendida no ambiente familiar quando os pais são bons

leitores. E o papel que a escola neste contexto na vida da criança é importante no

sentido de oportunizar o acesso ao conhecimento em bases sistematizadas, visto

que em nossa sociedade letrada é observado o valor dado a aquisição da leitura de

modo que o contexto escolar é o espaço favorável a apreensão do conhecimento.

A disgrafia (dificuldade motora na escrita). Alteração da escrita que afeta na

forma ou no significado, sendo do tipo funcional. Perturbação na componente motora

do ato de escrever, provocando compressão e cansaço muscular, que por sua vez

são responsáveis por uma caligrafia deficiente, com letras pouco diferenciadas, mal

elaboradas e mal proporcionadas. Disgráficas, segundo VYGOTSKY (1991), são

aquelas crianças que apresentam dificuldades no ato motor da escrita, tornando a

grafia praticamente indecifrável. Disgrafia é a perturbação da escrita no que diz

respeito ao traçado das letras e à disposição dos conjuntos gráficos no espaço

utilizado. Relacionais, portanto, a dificuldades motoras e espaciais. Porém, é preciso

entender que uma criança em processo de construção da escrita naturalmente

apresenta dificuldades no traçado das letras, até dominado corretamente. Durante

esse período, o professor deverá orientar os alunos a realizarem adequadamente a

escrita para evitar a permanência de traçados incorretos e, conseqüentemente, a

disgrafia. A criança disgráfica não é portadora de defeito visual nem motor, e

tampouco de qualquer comprometimento intelectual ou neurológico. No entanto, ela

não consegue idealizar no plano motor o que captou no plano visual.

SINAIS INDICADORES:

São, segundo VYGOTSKY (1991), sinais indicadores: Postura gráfica

incorreta. Forma incorreta de segurar o instrumento com que se escreve. Deficiência

da preensão e pressão. Ritmo de escrita muito lento ou excessivamente rápido.

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Letra excessivamente grande. Inclinação. Letras desligadas ou sobrepostas e

ilegíveis. Traços exageradamente grossos ou demasiadamente suaves Ligação

entre as letras distorcida

PROBLEMAS ASSOCIADOS:

São segundo FONSECA (1995), problemas associados:

Biológicos: Perturbação da lateralidade, do esquema corporal e das funções

perceptivo-motoras Perturbação de eficiência psicomotora (motricidade débil;

perturbações ligeiras do equilíbrio e da organização cinético-tónica; instabilidade)

Pedagógicos Orientação deficiente e inflexível Orientação inadequada da

mudança de letra de imprensa para letra manuscrita Ênfase excessiva na qualidade

ou na rapidez da escrita Prática da escrita como atividade isolada das exigências

gráficas e das restantes atividades discentes

Pessoais Imaturidades físicas, motora, inaptidão para a aprendizagem das

destrezas motoras, pouca habilidade para pegar no lápis, adoção de posturas

incorretas, défices em aspectos do esquema corporal e da lateralidade.

A disortografia (dificuldade na ortografia - escrita incorreta com erros e

trocas de grafemas); (dificuldade na ortografia - escrita incorreta com erros e trocas

de grafemas);

A disortografia, segundo GARCIA (1998), é caracterizada por problemas

com a Linguagem Escrita, que dificulta a comunicação de idéias e de conhecimentos

através desse específico canal de comunicação. Há disléxicos sem problemas de

coordenação psicomotora, com uma linguagem corporal harmônica e um traçado

livre e espontâneo em sua escrita, embora, até, possam ter dificuldades com Leitura

e/ou com a interpretação da Linguagem Escrita. Mas há disléxicos com graves

comprometimentos no traçado de letras e de números. Eles podem cometer erros

ortográficos graves, omitir, acrescentar ou inverter letras e sílabas. Sua dificuldade

espacial se revela na falta de domínio do traçado da letra, subindo e descendo a

linha demarcada para a escrita. Há disgráficos com letra mal grafada, mas inteligível,

porém outros cometem erros e borrões que quase não deixam possibilidade de

leitura para sua escrita cursiva, embora eles mesmos sejam capazes de ler o que

escreveram. É comum que disgráficos também tenham dificuldades em matemática.

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É um transtorno, segundo BRITTO, (2003) específico da escrita: a criança

apresenta um nível de escrita significativamente inferior ao esperado para sua idade

e série escolar, e isso influi negativamente em sua aprendizagem escolar. Os

problemas mais freqüentes que encontramos são: Inversão de sílabas Omissão de

letras Escrita de letras espelhadas Escrita contínua ou com separações incorretas

Está intimamente relacionado com a leitura. Este transtorno, exige da criança um

sobre esforço da atenção e muito poucos resultados favoráveis.

A disgrafia, uma das dificuldades usualmente apontadas pelos professores, também chamada de “letra feia”, ocorre em geral em decorrência da dificuldade de recordar a grafia correta para representar um determinado som ouvido ou elaborado mentalmente (o sujeito é capaz de ler e falar, mas não de escrever, tem dificuldades na cópia de letras e palavras), um problema de execução mais do que de planificação. (LOFIEGO, 1995, p. 65).

Disortografia, segundo FONSECA (1995), é a dificuldade do aprendizado e

de igual maneira do desenvolvimento da habilidade da linguagem escrita expressiva.

Esta dificuldade pode ocorrer associada ou não a dificuldade de leitura, isto é, a

dislexia.

Na Disortografia, segundo FERREIRO (1987), vamos encontrar erros

apenas na escrita, sem que se repitam na leitura. Disortografia como o conjunto de

erros da escrita que afetam a palavra, mas não o seu traçado ou grafia. A

Disortografia acarreta uma série de erros sistemáticos na escrita e na ortografia os

quais se podem dividir em diferentes categorias

SINAIS INDICADORES São, segundo JARDIM (2001), sinais indicadores: Substituição de letras

semelhantes. Omissões e adições, inversões e rotações. Uniões e separações

Omissão - adição de “h” Escrita de “n” em vez de “m” antes de “p” ou “b” Substituição

de “r” por “rr”

PROBLEMAS ASSOCIADOS:

São, segundo GARCIA (1998), problemas associados:

Perceptivos: Deficiência na percepção e na memória visual auditiva

Deficiência a nível espácio-temporal (correta orientação das letras, discriminação de

grafemas com traços semelhantes e adequado acompanhamento da seqüência e

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ritmo da cadeia falada. Lingüístico: Problemas de linguagem dificuldades na

articulação

Deficiente conhecimento e utilização do vocabulário Afectivo-emocional:

Baixo nível de motivação Pedagógico: método de ensino não adequado, (utiliza

frequentemente o ditado, não se ajusta à necessidades diferenciais e individuais dos

alunos, não respeitando o ritmo de aprendizagem do sujeito).

A discalculia (dificuldade de executar operações matemáticas). A

discalculia, segundo FERREIRO (1987), é um distúrbio neurológico que afeta a

habilidade com números. É um problema de aprendizado independente, mas pode

estar também associado à dislexia. Tal distúrbio faz com que a pessoa se confunda

em operações matemáticas, conceitos matemáticos, fórmulas, seqüência numéricas,

ao realizar contagens, sinais numéricos e até na utilização da matemática no dia-a-

dia. Discalculia de desenvolvimento é a dificuldade significativa no desenvolvimento

de habilidades relacionadas à matemática, desde que não sejam ocasionadas por

deficiência mental, auditiva ou visual, nem por falta ou precariedade de

escolarização.

Esta dificuldade, segundo SANTOS (1999), não se relaciona com a ausência

das habilidades básicas de contagem e, sim, com a capacidade da criança em

relacionar essas habilidades com o mundo. O problema se encontra nos

procedimentos de cálculos iniciais envolvendo estratégias de contagem para

resolução de problemas aritméticos de adição e subtração, e que por conseqüência

afetarão as operações de multiplicação e divisão. As crianças com essa desordem

podem cometer uma variedade de erros durante o desempenho da matemática,

centrando suas dificuldades nas áreas de compreensão dos números, habilidades

de contagem, habilidades computacionais e resolução de problemas verbais.

Estas dificuldades com números, segundo FERREIRO 1987), podem

aparecer de diferentes formas. Algumas crianças podem apresentar dificuldades nas

operações básicas de adição e subtração, outras podem apresentar dificuldades nas

operações básicas quando estas incluem a compreensão do enunciado do

problema. Há dificuldades diretamente relacionadas à confusão visual-espacial,

como outras que têm relação com a discriminação da seqüência e da ordem

precisas de fatos matemáticos e com a lembrança correta de adequação de

procedimentos matemáticos. Embora ocorrendo mais raramente, também podem

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existir dificuldades em avaliações comparativas: maior-menor, mais-menos. Nas

fases mais adiantadas da vida escolar, a discalculia também impede a compreensão

dos conceitos matemáticos e sua incorporação na vida cotidiana.

Pode ocorrer como resultado de distúrbios na memória auditiva, quando a

pessoa não consegue entender o que é falado e conseqüentemente não entende o

que é proposto a ser feito, distúrbio de leitura quando o problema está ligado à

dislexia e distúrbio de escrita quando a pessoa tem dificuldade em escrever o que é

pedido

A criança com discalculia pode ser capaz de entender conceitos

matemáticos de um modo bem concreto, uma vez que o pensamento lógico está

intacto, porém, segundo SANTOS (1999) tem extrema dificuldade em trabalhar com

números e símbolos matemáticos, fórmulas, e enunciados.

SINAIS INDICADORES: São, segundo RODRIGUES (2008), sinais indicadores: Dificuldades na

identificação de números (visual e auditiva). Incapacidade para estabelecer uma

correspondência recíproca (contar objetos e associar um numeral a cada um).

Escassa habilidade para contar. Dificuldade na compreensão de conjuntos.

Dificuldade na compreensão de quantidade. Dificuldade em entender o valor

segundo a ubiquação de um número. Dificuldades nos cálculos. Dificuldades na

compreensão do conceito de medida. Dificuldade para aprender a dizer a hora.

Dificuldade na compreensão do valor das moedas. Dificuldade de compreensão da

linguagem matemática e dos símbolos. Dificuldade em resolver problemas orais

PROBLEMAS ASSOCIADOS:

São segundo JARDIM (2001), problemas associados:

Deficiente organização visuo-espacial e integração não verbal: não

conseguem distinguir rapidamente as diferenças entre formas, tamanhos,

quantidades e comprimentos. Dificuldade em observar grupos de objetos e dizer

qual deles contém uma maior quantidade de elementos, em calcular distâncias e em

fazer julgamentos de organização visuo-espacial. Distúrbio ao nível da imagem

corporal. Distúrbios de integração visuo-motora. Desorientação: dificuldade na

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distinção esquerda-direita. Dificuldades na percepção social e na realização de

julgamentos: maturidade social reduzida. Desempenhos em testes de inteligência,

superiores nas funções verbais comparativamente às funções não verbais.

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CAPÍTULO III: COMO TRABALHAR COM ALUNOS COM DIFICULDADES DE

APRENDIZAGEM

O aluno é um ser social com cultura, linguagem e valores específicos.

Quando apresenta dificuldades de aprendizagem, segundo GARCIA, (1998), deve

ser levado em conta sua individualidade, particularidade, ou seja o professor precisa

trabalhar com a diferença, descobrir as potencialidades de cada aluno para então

partir em busca do desenvolvimento de sua aprendizagem, transformando-o em

sujeitos preparados para enfrentar o mundo.

O transtorno de desenvolvimento leitor, segundo JARDIM (2001), manifesta-

se através de uma leitura oral lenta, com bloqueios, omissões, interrupções,

distorções, correções e substituições de palavras. A identificação da dislexia

costuma acontecer na observação de crianças em torno dos sete anos de idade,

geralmente no primeiro ciclo do ensino fundamental. As crianças em que são

detectados os problemas entre os 5 ou 6 anos de idade compensa as faltas de

aprendizagem mais rapidamente, considerando que encontram-se em uma faixa

etária propicia para a aquisição de conhecimentos e que terão uma menor lacuna a

repor do que aquelas que as dificuldades só são observadas 4 ou 5 anos após o

processo leitor prejudicado.

A escola tem dificuldades em trabalhar com a diversidade de elementos que

a realidade produz em cada indivíduo. Pensando assim o fracasso escolar poderia

ser solucionado com intervenções pedagógicas adequadas para cada realidade. A

dificuldade se encontra na diversidade de realidades e na lentidão do sistema de

educação em acompanhar as mudanças sociais.

Os problemas de aprendizagem podem ocorrer tanto no início como durante

o período escolar. Surge em situações para cada aluno, o que requer uma

investigação no campo em que ele se manifesta. Qualquer problema de

aprendizagem implica, segundo GARCIA (1998), um trabalho amplo, trabalho do

professor junto a família da criança para analisar situações e levantar características

visando descobrir o que esta representando dificuldade ou empecilho para que o

aluno aprenda. Sob este aspecto é importante o professor estar atento aos seus

alunos, procurando interagir com eles na intenção de saber sobre seu lado familiar,

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como vivem e o seu dia - a – dia na comunidade. Adquirindo a confiança do aluno o

professor poderá desvendar possíveis dificuldades na sua aprendizagem.

É necessário saber se a criança está bem alimentada, pois este se constitui

um dos problemas básicos na capacidade de aprendizagem, bem como as

condições de abrigo e conforto para o sono. Diante desse aspecto, sabemos que a

criança do nosso país tem na merenda escolar, muitas vezes, a única refeição do

dia, por este motivo tal programa assume uma importância vital para o

desenvolvimento escolar do aluno.

O educador que trabalha afetivamente com um aluno disléxico, consegue

atuar melhor quando discute com o aluno formas de planejar, registrar e avaliar o

estudo, tanto em seu conteúdo quanto em sua forma. Este dialogo e a construção

desta parceria é fundamental para que possarmos ter um clima de transparência e

confiança entre aluno e educador. Este clima fortalece o processo de aprendizagem

nos momentos de devolutiva e discussão sobre como ambos se sentem e como o

progresso é sentido. Trabalhar a auto-estima do aluno mostrando que ele também é

capaz, de outra forma e em outro ritmo, segundo FREIRE (1978), é uma área que

deve ser planejada, refletida e sistematizada para que o aluno consiga ter uma nova

auto-imagem e dar se uma chance de aprender de forma desligada de experiências

anteriores com um ensino não apropriado a suas necessidades.

Um trabalho junto à família para que esta valorize o processo, os esforços e

reconheça os pequenos passos dados é também fundamental. Este educador deve

ser um pesquisador curioso que estude a dislexia e que registre o processo pelo

qual passa com este novo aluno, para que possa também organizar seus

pensamentos e agir de uma forma consciente e reflexiva.

Ao nascer, o ser humano apresenta algumas estruturas já prontas, definidas, como, por exemplo, a cor dos olhos, dos cabelos, o sexo. Outras ainda estão por desenvolver. Neste último caso encontra-se a parte do sistema nervoso, que precisa de condições favoráveis para o seu pleno funcionamento desenvolvimento”. Para entendermos o porquê desta dificuldade precisamos primeiro saber se este aluno processa o conhecimento na mesma área cerebral que um aluno não disléxico. (OLIVEIRA, 1997, p.17).

O cérebro dos disléxicos, segundo GARCIA (1998), é normal, constituído

pelos neurônios que se comunicam entre si. Divide-se em duas áreas: esquerdo e

direito. Nos indivíduos normais a área esquerda é responsável pela percepção e

linguagem; subdividida em subáreas distintas: uma processa fonemas, a outra

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analisa palavras e a última reconhece as palavras. Essas três subdivisões trabalham

em conjunto, permitindo que o ser humano aprenda a ler e escrever. A criança só

aprende a ler quando reconhece e processa fonemas, memorizando as letras e seus

sons. À medida que a criança aprende a ler, outra parte do cérebro começa a se

desenvolver com a função de constituir uma memória permanente que faz com que

a criança reconheça palavras com mais agilidade e sem grande esforço.

O cérebro das crianças disléxicas, devido às falhas nas conexões cerebrais,

segundo FONSECA, (1995) não funciona desta forma. No processo de leitura os

disléxicos só recorrem na área cerebral que processa fonemas. Por isso, os

disléxicos têm dificuldade em diferenciar fonemas de sílabas, pois a região cerebral

responsável pela análise de palavras permanece inativa. Suas ligações cerebrais

não incluem a área responsável pela identificação de palavras e, portanto, a criança

disléxica não consegue reconhecer palavras que já tenha lido ou estudado. A leitura

se torna um grande esforço para ela, pois toda palavra que ela lê aparenta ser nova

e desconhecida.

Depois de detectada a Dislexia, segundo FREIRE, (1978) cabe à escola,

juntamente com o professor, incluir este aluno na sala de aula, trabalhando de

maneira “distinta”, para fazer com que este consiga amenizar seu distúrbio de

aprendizagem. Mesmo com um trabalho diferenciado, a criança nunca deixará de

ser disléxica, mas poderá ter uma vida escolar quase “normal”, podendo aprender a

ler e escrever como os demais, apesar das dificuldades que possui.

Para trabalhar com a criança disléxica, o professor necessita ser capacitado

e ter conhecimento à cerca da Dislexia. Ele precisa saber o que é a dislexia, sua

causa, bem como saber diagnosticar a mesma. Com essas informações o professor

pode trabalhar com o aluno em sala de aula, não deixando que este se sinta

excluído e com auto-estima baixa.

Muitos professores, preocupados com o ensino das primeiras letras, e não sabendo como resolver as dificuldades apresentadas por seus alunos, várias vezes os encaminham para as diversas clínicas especializadas que os rotulam como ”doentes”, incapazes ou preguiçosos. Na realidade, muitas dessas dificuldades poderiam ser resolvidas dentro da própria escola. (OLIVEIRA, 1997, p. 9).

Este trabalho deve ser realizado em parceria com os pais do disléxico.

Primeiro passo, segundo FERREIRO (1987), é o diagnóstico real do problema

emitindo por um neurologista, após, professores juntos com os pais necessitam

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conversar e expor o problema para a criança portadora de Dislexia, buscando

restabelecer sua auto estima, confiança através da orientação e instrução

adequados para que o mesmo pouco a pouco vá superando o trauma da sua

incapacidade de aprender a ler e escrever corretamente

Desta forma, os pais e professores precisam trabalhar em conjunto, onde um

não pode contradizer o outro, buscando aumentar a sua motivação para restaurar a

sua autoconfiança em si mesmo, valorizando o que ele faz mesmo que não esteja

correto tendo o cuidado para não enfatizar os erros cometidos por ele. É necessário

valorizar todo o esforço e interesse demonstrado pelo mesmo, respeitando seu

ritmo, pois o disléxico necessita de mais tempo para pensar e entender o que é pra

ser feito, que um aluno normal, e para isso o professor necessita ter paciência e

força de vontade para ajudar este aluno, pois não existe um método específico para

alfabetizar os mesmos.

O professor, segundo SANTOS (1999), primeiro precisa conhecer o assunto

e buscar informações com pessoas conhecedoras do assunto para daí elaborar

atividades para esta criança, sendo que, nenhum disléxico é igual, todos tem alguma

peculiaridade a ser desvendado pelo professor.

Uma outra maneira de ajudar este aluno, segundo BRITTO (2003), é

explicando para ele que sua dificuldade na aprendizagem da leitura e escrita tem um

nome: Dislexia, sendo que, o professor quer ajudá-lo a superar este problema e

depende dele superá-lo, não desistindo no primeiro obstáculo, mas seguindo firme

buscando com coragem e persistência o conhecimento como os demais.

O professor precisa ter calma com este aluno, pois ele será mais lento que

os demais, necessita dar mais tempo para ele fazer a prova, copiar a matéria da

lousa, resolvê-la, além disso, é necessário usar de diferentes estratégias para com

este aluno para que ele entenda o conteúdo como: o uso de materiais estimulantes e

interessantes, os quais ele possa ver, sentir, ouvir, manusear, etc.: jogos, cartazes,

histórias em CD, material dourado, etc., buscando ensiná-lo da maneira como ele

entender melhor o conteúdo proposto mesmo que seja através de uma brincadeira

onde tudo seja realizado na oralidade.

No plano da linguagem, segundo FERREIRO (1987), os disléxicos fazem

confusão entre letras, sílabas ou palavras com diferenças sutis de grafia, como "a-o",

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"h-n" e "e-d". As crianças disléxicas escrevem com letra muito defeituosa, de

desenho irregular, o que denota perda de concentração e de fluidez no raciocínio.

A maioria das crianças que apresentam dislexia começa a falar tardiamente,

podem ser identificadas essas deficiências quando não conseguem ou sentem

dificuldades ao utilizar estratégias fonológicas para ler e escrever palavras

desconhecidas ou longas.

Os distúrbios de linguagem, segundo BRITTO (2003), envolvem fracasso na

leitura, problemas de sintaxe, deficiências fonológicas que prejudicam o

desenvolvimento escolar afetando até mesmo a motivação da criança.

Outro aspecto a ser observado é se ao ler o aluno respeita as pontuações,

se utilizar entonação em voz alta, também lembrando da importância da leitura

silenciosa ir tendo o contato com o texto e pode fazer inferências

As crianças disléxicas, segundo SANTOS (1999), confundem letras com

grafia similar, mas com diferente orientação no espaço, como "b-d", "d-p", "b-q", "d-

b", "d-q", "n-u" e "a-e". A dificuldade pode acontecer ainda com letras que possuem

um ponto de articulação comum e cujos sons são acusticamente próximos, como "d-

t" e "c-q". Identificar as deficiências de leitura é de suma importância, pois ao

detectar o quanto antes fica mais fácil criar métodos eficazes pata auxiliar as

crianças que apresentam tais problemas.

A solução destes tipos de transtornos depende da gravidade, tendo em vista,

que se for um caso leve, de identificação em primeira fase, a intervenção é suficiente

para a superação do problema, não restando seqüelas na idade adulta. Contudo, se

for um caso mais grave, sem rápida observação, é possível que ocorram

manifestações posteriores mesmo com aplicação de tratamento.

O uso de estratégias fonológicas para a leitura e escrita, segundo

RODRIGUES (2008), é um dos principais problemas reconhecidos em crianças

disléxicas, principalmente ao que se refere ao processamento de novas palavras.

Muitos estudos sobre crianças que manifestam características precoces de risco de

dislexia ainda precisam ser complementados e desenvolvidos, em virtude disso, a

discussão do assunto exige cautela e um maior aprofundamento, porém as

habilidades de processamento fonológico em crianças continuam sendo importantes

quesitos na identificação de um diagnóstico inicial para os casos de dislexia.

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Identificar as deficiências de leitura é de suma importância, pois ao detectar o

quanto antes fica mais fácil criar métodos eficazes pata auxiliar as crianças que

apresentam tais problemas.

Os professores podem avaliar ou identificar estes distúrbios, segundo

ZONTA (2008), utilizando tarefas com rimas para ver se os alunos conseguem

realizar analogias exercitando o som (pronúncia) e ortografia (escrita), a leitura por si

só já é um mecanismo de análise onde percebe-se fluidez, clareza, segurança ou

dificuldades, empecilhos...

Não existe um método de estudo universal: cada aluno deve, com a ajuda de

pais e professores, encontrar o seu próprio método de acordo com as suas

necessidades, aptidões e interesses. Assim, é necessário estabelecer critérios para

o trabalho, avaliando os progressos em comparação com ele mesmo a partir do seu

nível inicial.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabemos que o sistema escolar está hoje concebido de tal forma que se

pratica, implicitamente, a seletividade social. As crianças das camadas populares,

que vêm à escola com menor conhecimento da norma padrão e com menos

oportunidades anteriores de se envolver em diversos usos da leitura e escrita, não

encontram na escola atividades que lhes possam proporcionar esse conhecimento.

Em conseqüência, fracassam em proporções muitas maiores na alfabetização do

que aquelas crianças que já dominam um dialeto mais próximo da norma padrão e

que tiveram oportunidades de encontrar na leitura e na escrita aprendizagem

significativa. No entanto, salientamos que esse desconhecimento de alguns

aspectos da língua não pode, de forma alguma, ser interpretado como uma

dificuldade de aprendizagem.

O conceito de dislexia relaciona-se a diferenças individuais independentes

da escassez de oportunidades de aprendizagem, e das diferenças no nível de

conhecimento da língua, ao iniciar o processo de alfabetização.

Conclui-se que a dislexia resulta de um processo de dificuldade aquisitiva de

leitura, incapacidade de compreensão do que se lê, nessas condições, a criança

consegue ler, contudo experimenta fadiga e sensações desagradáveis pela falta de

assimilação do texto, apresentando um déficit de reconhecimento do mesmo. É

importante a identificação precoce desta deficiência, pois quanto mais cedo

identificado o problema melhor a aplicação do tratamento. A solução destes tipos de

transtornos depende da gravidade, tendo em vista, que se for um caso leve, de

identificação em primeira fase, a intervenção é suficiente para a superação do

problema, não restando seqüelas na idade adulta. Contudo, se for um caso mais

grave, sem rápida observação, é possível que ocorram manifestações posteriores

mesmo com aplicação de tratamento. O uso de estratégias fonológicas para a leitura

e escrita é um dos principais problemas reconhecidos em crianças disléxicas,

principalmente ao que se refere ao processamento de novas palavras. Muitos

estudos sobre crianças que manifestam características precoces de risco de dislexia

ainda precisam ser complementados e desenvolvidos, em virtude disso, a discussão

do assunto exige cautela e um maior aprofundamento, porém as habilidades de

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processamento fonológico em crianças continuam sendo importantes quesitos na

identificação de um diagnóstico inicial para os casos de dislexia.

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