instituto nacional de pesquisas da amazÔnia...

137
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA, CONSERVAÇÃO E BIOLOGIA EVOLUTIVA Citogenética comparativa das variedades selvagens de acará-disco (Symphysodon spp., Cichlidae, Perciformes) endêmicos da Amazônia: uma abordagem clássica e molecular dos cromossomos mitóticos e meióticos MARIA CLAUDIA GROSS MANAUS-AM 2009

Upload: dinhanh

Post on 24-Jan-2019

230 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA, CONSERVAÇÃO E

BIOLOGIA EVOLUTIVA

Citogenética comparativa das variedades selvagens de acará-disco (Symphysodon

spp., Cichlidae, Perciformes) endêmicos da Amazônia: uma abordagem clássica e molecular dos cromossomos mitóticos e meióticos

MARIA CLAUDIA GROSS

MANAUS-AM

2009

Page 2: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

ii

MARIA CLAUDIA GROSS

Citogenética comparativa das variedades selvagens de acará-disco (Symphysodon

spp., Cichlidae, Perciformes) endêmicos da Amazônia: uma abordagem clássica e molecular dos cromossomos mitóticos e meióticos

ORIENTADOR (A): Dra Eliana Feldberg

CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins

Tese apresentada ao Programa de Pós-

graduação do INPA como parte dos

requisitos para obtenção do título de

Doutor em Genética, Conservação e

Biologia Evolutiva.

MANAUS-AM

2009

Page 3: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

iii

FICHA CATALOGRÁFICA

Sinopse:

As três espécies do peixe ornamental acará-disco (Symphysodon aequifasciatus, S. discus e S. haraldi), endêmicas da bacia amazônica, foram estudadas mediante análise de citogenética clássica (coloração convencional, detecção da heterocromatina e regiões organizadoras de nucléolo) e molecular (hibridização fluorescente in situ com sondas de DNAr 5S, DNAr 18S e retrotransposon Rex3) e análise do complexo sinaptonêmico. As análises evidenciam a ocorrência de rearranjos cromossômicos na evolução das espécies, bem como mostram que elementos transponíveis podem estar envolvidos com a formação da cadeia cromossômica meiótica. Palavras-chave: Symphysodon aequifasciatus, Symphysodon discus, Symphysodon haraldi, FISH, complexo sinaptonêmico

Gross, Maria Claudia

Citogenética comparativa das variedades selvagens de acará-disco (Symphysodon spp., Cichlidae, Perciformes) endêmicos da Amazônia: uma abordagem clássica e molecular dos cromossomos mitóticos e meióticos.--- Manaus : [s.n.], 2009.XX, 137 f. : il.

Tese (doutorado) --- INPA/UFAM, Manaus, 2009 Orientador : Eliana Feldberg Co-orientador: Cesar Martins Área de concentração: Genética, Conservação e Biologia Evolutiva

Page 4: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

iv

Dedico esta tese aos meus pais

Lineu e Marilda, ao meu irmão

João Henrique e especialmente

ao meu esposo Carlos Henrique

Schneider.

Page 5: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

v

“O homem que deseja ser cientista e à

ciência dedicar seu tempo e amor tem

pelo menos três certezas: a de que

morrerá um dia (como todo mundo), a de

que não ficará rico (como quase todo

mundo) e a de que se divertirá muito

(como pouca gente).”

Prof. Newton Freire-Maia

“Se fosse fácil achar o caminho das

pedras, tantas pedras no caminho não

seria ruim.”

Humberto Gessinger

Page 6: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

vi

A realização deste projeto foi possível devido: Ao Programa de Pós-graduação em Genética, Conservação e Biologia

Evolutiva, do INPA.

Ao laboratório de Genética Animal do INPA, coordenação de Pesquisas

em Biologia Aquática (CPBA), onde a maior parte deste trabalho foi

desenvolvido, com financiamento proporcionado pelos Projetos de Pesquisas

Institucionais (PPIs), Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas

(PIPT/FAPEAM Nº 1749/08) e convênios entre estas agências e o Ministério de

Ciências e Tecnologia/Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (INCT ADAPTA, FAPEAM/CNPq Proc. Nº 573976/2008-2 e

MCT/CNPq/CT-Amazônia/CT-Energ 554057/2006-9).

Aos laboratórios de Genômica Integrativa de Microscopia Eltetrônica,

ambos sediados na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” -

Botucatu, onde análises da FISH e do do complexo sinaptonêmico foram

realizadas, com financiamento proporcionado pela Fundação de Amparo à

Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP 04/14766-6), Conselho Nacional

de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq 501119/2005-1) e

Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES,

PROEQUI 1752/2008).

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPq) pela concessão da bolsa de estudo e a taxa de bancada (processo.

141868/2006-6) durante a realização deste trabalho.

Page 7: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

vii

Agradecimentos Agradeço a todas as pessoas, colegas e amigos que, direta ou

indiretamente possibilitaram a realização deste trabalho.

À minha eterna orientadora Dra. Eliana Feldberg, pelo exemplo de como

age uma excelente profissional. Além de conhecer como ninguém os ciclídeos

neotropicais e querer compartilhar este conhecimento, ela acolhe a todos de

braços abertos. Muito obrigada pelos inúmeros ensinamentos, apoio,

conselhos, atenção, críticas, sugestões, incentivo e amizade. Obrigada também

por me ensinar como se comporta um orientador, sempre pronta a sanar

dúvidas, ensinar, ler e reler rapidamente tudo que é necesssário para o bom

andamento do trabalho, sabendo dosar bom-humor e pulso-firme. Sem dúvida,

muito do meu crescimento profissional e pessoal devo à minha “mãe científica”.

Ao meu co-orientador Dr. Cesar Martins, que me proporcionou todo o

ensinamento acerca da FISH, pela amizade, discussões, críticas, sugestões e

também pelos momentos de descontração.

Ao Dr. Jorge Ivan Rebelo Porto por sua amizade, conselhos e incentivo,

mas principalmente por seus questionamentos incessantes, que me fizeram

buscar respostas a perguntas que eu nem imaginava que existissem!

Aos amigos do Laboratório de Genética Animal do INPA: Brenda, Cacá,

Carlos, Eduardo, Érica, Fernanda, Heidi, Leandra, Leila, Luciana, Natália,

Rodrigo, Valentim e todos os outros que já passaram por lá. Obrigada pelo

bate-papo (científico ou não), pelas críticas e sugestões, bem como pelo

convívio diário e festas. Vocês “confirmaram a hipótese” de que um ambiente

de trabalho produtivo nada tem a ver com a competitividade interna. Sem

dúvida, vocês sempre farão muita falta. Um obrigado especial aos amigos

Leandra, Carlos, Edu e Leilinha, que apesar de não serem admiradores natos

da meiose, sempre me ajudaram na interpretação de resultados e leitura de

manuscritos. Polacada, vocês são muito especiais.

Aos amigos do Laboratório de Genômica Integrativa, da UNESP-

Botucatu, especialmente ao Guilherme Targino Valente. Obrigada pelo

acolhimento e por todos os ensinamentos.

Aos meus amigos Leandra e Igor; Eduardo, Tahisa, Isabelle e Otto

simplesmente por fazerem parte da minha vida e tornarem o meu dia-a-dia

muito mais alegre. Resumindo, vocês fazem parte da minha família. Um

Page 8: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

viii

obrigado especial à polaca (Leandra), que além de amiga e “cumadre”,

compartilhou todos os meus fracassos e conquistas científicas desde a época

da UEPG (2000), sabendo a hora de rir ou chorar junto e sempre buscando a

parte boa das situações até nas horas ruins.

Ao único membro da equipe Café com Leite (BADPI- mestrado 2004-

2006) que permaneceu em Manaus. Rodrigo, meu amigo, obrigada por não ter

abandonado o barco.

À Hercilia, Alessandra e Elci, secretárias da pós-graduação e do

GCBEV. Sem vocês a nossa vida seria muito mais difícil. Agradeço também

aos meus novos colegas da UFAM, do Instituto de Ciências Biológicas,

Departamento de Biologia, onde pretendo permanecer por uma longa data.

À minha sogra Edite Schneider e minhas cunhadas Silvia e Marielle. Um

obrigado especial à Marielle por ter me ensinado a dar os meus primeiros

passos no mundo da meiose.

Ao meu avô, tios, tias, primos e cunhada. Especialmente à tia Leila

(minha segunda mãe), que apesar de achar que “um dia” eu deveria voltar para

o Paraná, sempre apoiou e incentivou as minhas decisões, além de fornecer

muitas milhas da Varig e Tam para eu rever a família. Adoro vocês.

Ao MSc. Carlos Henrique Schneider, pelo exemplo profissional, por ser

extremamente crítico na revisão dos meus trabalhos, pela ajuda, apoio e

sugestões. E ao meu esposo Carlinho, obrigada por conseguir conviver

pacificamente com este clima de laboratório-casa, por acordar bem humorado

de madrugada para discutir dados que eu acho que vou esquecer até

amanhecer, por aguentar meus períodos de estresse (que não são poucos),

pelo companheirismo, amizade e amor incondicional. Você é imprescindível na

minha vida.

Aos meus pais Lineu e Marilda Delfrate Gross e ao meu irmão João

Henrique, que são meus exemplos de vida e me fizeram entender desde cedo

o sentido da palavra Família. Passei os melhores dias da minha vida com

vocês e, depois que vim “morar longe de casa”, valorizo muito mais cada

momento que passamos juntos. Pai, Mãe e Ike, sem o apoio e incentivo de

vocês eu não teria crescido pessoal e profissionalmente. Por isso esta

conquista é nossa! Amo vocês!

Page 9: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

ix

A Deus, por só ter motivos para agradecer! Tudo valeu a pena! Como

disse o cientista Louis Pasteur: "Um pouco de ciência nos afasta de Deus.

Muito, nos aproxima".

Page 10: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

x

RESUMO O gênero Symphysodon compreende três espécies endêmicas da bacia

amazônica, conhecidas popularmente como acarás-disco e muito apreciadas

na aquariofilia. Dentro da família Cichlidae, essas espécies apresentam o maior

número diploide já descrito, e para compreender os aspectos carioevolutivos

das mesmas, análises citogenéticas clássica e molecular (utilizando sondas de

DNAr 5S, DNAr 18S e retrotransposon Rex3) foram realizadas, assim como

análise do complexo sinaptonêmico. Foram utilizados 22 S. aequifasciatus (14

♂, oito ♀), 37 S. discus (15 ♂, 22 ♀) e 49 S. haraldi (21 ♂, 28 ♀).

Symphysodon aequifasciatus apresentou 50m-sm+6st-a+4mi, S. discus 50m-

sm+10st-a e S. haraldi 52m-sm+4st-a+4mi. Uma cadeia cromossômica

multivalente, com número variável de elementos e até 20 bivalentes, foi

observada no diplóteno/diacinese de espermatócitos e oócitos de S.

aequifasciatus e S. haraldi. Em S. discus, 30 bivalentes foram detectados.

Análise do complexo sinaptonêmico sugere homologia entre elementos

formadores da cadeia, sendo verificada a presença de quiasmas ao longo de

sua extensão. As três espécies possuem região organizadora de nucléolo

múltipla, que variaram inter e intraespecíficamente, porém nunca mais que

duas marcações foram evidenciadas por célula metafásica. Variabilidade, intra

e interespecífica, também foi evidenciada nos sítios de DNAr 18S, sendo

observados de 2 a 5 por metáfase: Symphysodon aequifasciatus apresentou

dois padrões de distribuição, enquanto S. discus e S. haraldi mostraram quatro

padrões. Sítios de DNAr 18S também estiveram presentes, algumas vezes, na

cadeia meiótica das duas espécies portadoras. O DNAr 5S foi identificado no

par 10 de S. aequifasciatus, enquanto em S. discus e S. haraldi este sítio foi

evidenciado no par 18. Nos cromossomos meióticos das três espécies, os

sítios de DNAr 5S foram localizados em bivalentes típicos. Com relação à

localização do elemento Rex3, as três espécies apresentaram um padrão de

distribuição compartimentalizada em alguns cromossomos e com sinais tênues

de hibridização na região centromérica da maioria dos cromossomos. Tais

sinais foram coincidentes com a heterocromatina na maioria das vezes. A

somatória destes dados indica a ocorrência de inúmeros rearranjos

cromossômicos, acúmulo e movimentação de elementos repetitivos, bem como

heterocromatinização na carioevolução do gênero Symphysodon. A

Page 11: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

xi

variabilidade dos sítios de DNAr 18S pode refletir a existência de translocações

envolvendo regiões heterocromáticas ricas em elementos transponíveis, que

teriam ocorrido independentemente em populações/espécies ancestrais de

Symphysodon. Em um dado momento estas populações/espécies teriam

formado híbridos, que formaram a cadeia cromossômica meiótica para que o

ajustamento sináptico entre os segmentos cromossômicos homólogos das

espécies parentais ocorresse. Estes híbridos seriam o que hoje reconhecemos

como S. aequifasciatus e S. haraldi, enquanto S. discus seria uma espécie

pura.

Page 12: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

xii

ABSTRACT The genus Symphysodon comprises three endemic species of the Amazon

basin, commonly known as discus and highly prized by the aquarium trade.

Within the family Cichlidae, these species have the highest diploid number

described thus far. To understand the karyoevolutionary aspects of these

species, classic and molecular (5S rDNA, 18S rDNA and retrotransposon Rex3)

cytogenetic analyses were carried out, along with an analysis of the

synaptonemal complex. Sixteen specimens of S. aequifasciatus (eight ♂, eight

♀), 37 specimens of S. discus (15 ♂, 22 ♀) and 43 specimens of S. haraldi (15

♂, 28 ♀) were analyzed. Symphysodon aequifasciatus had 50m-sm+6st-a+4mi,

S. discus 50m-sm+10st-a and S. haraldi 52m-sm+4st-a+4mi. A multivalent

chromosomal chain with a variable number of elements and up to 10 bivalents

was found in the diplotene/diakinesis of sperm and oocyte cells in S.

aequifasciatus and S. haraldi. Analysis of synaptonemal complex suggests

homology among the elements that make up the chain, with the presence of

chiasms throughout its length. In S. discus thirty bivalents were detected in the

diplotene/diakinesis of sperm and oocyte cells. The three species have multiple

nucleolus organizer regions that vary in both inter-species and intra-species

terms. However, no more than two NOR sites were found per metaphasic cell.

Inter-species and intra-species variability was also found for the 18S rDNA

sites, with two to five sites per metaphase: Symphysodon aequifasciatus

exhibited two distribution patterns, whereas S. discus and S. haraldi exhibited

four patterns. 18S rDNA sites were also sometimes found in the meiotic chain of

the two species. 5S rDNA was identified in pair 10 in S. aequifasciatus, whereas

this site was identified in pair 18 in S. discus and S. haraldi. In the meiotic

chromosomes of the three species, 5S rDNA sites were located in typical

bivalents. Regarding the localization of Rex3, the three species exhibited a

compartmentalized distribution pattern in some chromosomes and tenuous sites

of hybridization in the centromeric region of the majority of chromosomes. Such

sites most often coincided with the heterochromatin. These data indicates the

occurrence of innumerous chromosome rearrangements, the accumulation and

displacement of repetitive elements and heterochromatinization in the karyo-

evolution of the genus Symphysodon. The variability in 18S rDNA sites may

reflect the existence of translocations involving heterochromatin regions rich in

Page 13: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

xiii

transposable elements, which may have occurred independently in ancestral

populations/species of Symphysodon. At some point, these populations/species

may have formed hybrids, which formed a meiotic chromosome chain so that

synaptic adjustment could occur between the homologous chromosome

segments of the parent species. These hybrids may be what we recognize

today as S. aequifasciatus and S. haraldi, whereas S. discus may be a pure

species.

Page 14: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

xiv

Sumário

I. Introdução Geral ............................................................................................ 1

I.1 Considerações sobre os acarás-disco ....................................................... 1

I.2 Aspectos citogenéticos dos acarás-disco .................................................. 5

I.3 Complexo sinaptonêmico em peixes neotropicais ..................................... 8

I.4 Citogenética molecular .............................................................................. 9

I.5 Objetivos .................................................................................................. 12

I.5.1 Geral ................................................................................................. 12

I.5.2 Específicos ........................................................................................ 12

II. Material e métodos ..................................................................................... 13

II.1 Material ................................................................................................... 13

II.2 Métodos .................................................................................................. 13

II.2.1 Indução de mitoses .......................................................................... 13

II.2.2 Obtenção de cromossomos mitóticos .............................................. 14

II.2.3 Preparação das lâminas com cromossomos mitóticos ..................... 15

II.2.4 Obtenção de cromossomos meióticos ............................................. 15

II.2.5 Detecção das regiões organizadoras de nucléolos nos cromossomos

mitóticos e meióticos ................................................................................. 16

II.2.6 Detecção da heterocromatina constitutiva nos cromossomos

mitóticos e meióticos ................................................................................. 16

II.2.7 Hibridização fluorescente in situ (FISH) ........................................... 17

II.2.8 Microespalhamento para visualização do complexo sinaptonêmico 23

II.2.9 Análises cromossômicas .................................................................. 25

III. Resultados e discussão ............................................................................ 27

III.1.Artigo 1: Intrigante evidência de translocações em acarás-disco

(Symphysodon, Cichlidae) e relato da maior cadeia cromossômica meiótica

em vertebrados ............................................................................................. 28

III.1.1. Introdução ...................................................................................... 30

III.1.2. Material e métodos ......................................................................... 31

III.1.3. Resultados ..................................................................................... 33

Page 15: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

xv

III.1.4. Discussão ....................................................................................... 40

III.2.Artigo 2: Análise citogenética comparativa das espécies do gênero

Symphysodon (Cichlidae): características cromossômicas de

retrotransposons e subunidade menor do DNA ribossomal .......................... 46

III.2.1. Introdução ...................................................................................... 47

III. 2.2. Material e métodos ........................................................................ 48

III.2.3. Resultados ..................................................................................... 51

III.2.4. Discussão ....................................................................................... 59

III.3.Capítulo 3: Variabilidade intra e interespecífica do locus do DNAr 18S

entre acarás-disco Symphysodon: rearranjos cromossômicos ..................... 67

III.3.1. Introdução ...................................................................................... 68

III.3.2. Material e métodos ......................................................................... 69

III.3.3. Resultados ..................................................................................... 72

III.3.4. Discussão ....................................................................................... 79

III.4.Capítulo 4: Complexo sinaptonêmico em acarás-disco: cadeia

cromossômica meiótica ................................................................................ 84

III.4.1 Introdução ....................................................................................... 85

III.4.2. Material e Métodos ......................................................................... 86

III.4.3. Resultados ..................................................................................... 86

III.4.4. Discussão ....................................................................................... 90

IV. Conclusões Gerais ................................................................................... 94

V. Perspectivas futuras .................................................................................. 96

VI. Referência bibliográfica ........................................................................... 97

Page 16: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

xvi

Lista de figuras

Introdução Figura 1: Classificações taxonômicas atualmente propostas para o gênero

Symphysodon. Note que a única espécie onde existe consenso na

nomenclatura é Symphysodon discus, conhecido na aquarifilia como disco

Heckel. ............................................................................................................................. 3

Figura 2: Mapa de distribuição dos acarás-disco na Amazônia. As cores no

mapa referem-se à coloração dos discos (marrom, azul e verde), com exceção

do vermelho, que se trata do disco heckel. O triângulo em preto representa a

cidade de Manaus, Amazonas (Modificado de Bleher, 2006). ............................... 4

Capítulo 1 Figura 1 – Espécies selvagens de Symphysodon analisadas, suas distribuições

geográficas na bacia Amazônica (modificado de Bleher, 2006) e os paleoarcos

de Caravari e Purus. a) Symphysodon aequifasciatus; b) S. discus; c) S.

haraldi; d) Mapa geográfico mostrando os locais de amostragem dos discos: a,

Tefé; b, Novo Airão; c, Manacapuru. ........................................................................ 32

Figura 2 – Células testiculares meióticas de Symphysodon aequifasciatus (a, d,

g, j, m), S. haraldi (b, e, h, k, n) e S. discus (c, f, i, l, o) submetidas à coloração

convencional. (a-c) Leptóteno/Zigóteno. (d, e) Diplóteno mostrando uma cadeia

cromossômica em anel (cabeça de seta) e 20 bivalentes. A maioria dos

bivalentes apresenta dois quiasmas terminais (setas). (f) Diplóteno com 30

bivalentes, a maioria exibindo quiasmas terminais (seta). (g, h) Diacinese

mostrando uma cadeia cromossômica linear (cabeça de seta) e vários

bivalentes e univalentes. (i) Diacinese mostrando a separação precoce de

elementos de um bivalente (seta). (j, k) Metáfase I revelando a orientação em

zigzag dos cromossomos dentro da cadeia (cabeça de seta). (l) Metáfase I com

bivalentes alinhados na placa equatorial. (m-o) Metáfase II com n=30

cromossomos (barra: 10 μm). .................................................................................... 36

Figura 3 – Frequência das fórmulas meióticas nas células em diplóteno e

diacinese analisadas em Symphysodon aequifasciatus e S. haraldi, mostrando

Page 17: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

xvii

a barra de desvio padrão e números variáveis de bivalentes, elementos

formadores da cadeia e univalentes, provavelmente devido a uma

terminalização precoce de quiasmas. II = bivalente; C XX = cadeia

cromossômica com 20 elementos; C XIX = cadeia cromossômica com 19

elementos; C XVIII = cadeia cromossômica com 18 elementos; C XVII = cadeia

cromossômica com 17 elementos; C XVI = cadeia cromossômica com 16

elementos; C XV = cadeia cromossômica com 15 elementos; U = univalentes.

........................................................................................................................................ 37

Figura 4 - Células testiculares meióticas de Symphysodon aequifasciatus (a, d,

g), S. haraldi (b, e, h) e S. discus (c, f, i) após bandamento C (a-c) e

impregnação por íon prata. (a-b) Diplóteno mostrando blocos heterocromáticos

(cabeça de seta) nos elementos cromossômicos formadores da cadeia e em

quase todos os bivalentes (seta). (c) Diplóteno com banda C positiva (seta) na

maioria dos bivalentes. (d-f) Núcleos interfásicos, revelando cinco, seis e quatro

nucléolos (cabeça de seta), respectivamente. (g) Diacinese com uma RON em

um grande bivalente. (h) Diacinese mostrando RONs (cabeças de seta) em um

elemento da cadeia cromossômica e em um bivalente de tamanho mediano

(seta). (i) Diacinese com uma RON em um bivalente de tamanho pequeno

(barra: 10 μm). .............................................................................................................. 38

Figura 5 - Representação esquemática da possível origem da cadeia

cromossômica das células meióticas de Symphysodon aequifasciatus e S.

haraldi (n representa os outros pares cromossômicos envolvidos na meiose

múltipla). (a) Translocações simples e heterozigotas envolvendo pequenos

segmentos de alguns pares cromossômicos. (b) Elementos cromossômicos

derivados de translocações. (c) Configuração meiótica da cadeia

cromossômica, causada por translocações múltiplas e seriadas. ....................... 39

Capítulo 2 Figura 1 – Eletroforese em gel de agarose 1,5%, corado com Sybr Safe

(1:10.000), evidenciando produtos de PCR amplificados com os primers Rex3

(a) e DNAr 5S (b) para as três espécies de Symphysodon (1 – S.

aequifasciatus; 2 – S. discus; 3 – S. haraldi). ......................................................... 53

Page 18: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

xviii

Figura 2 – Cariótipos de Symphysodon aequifasciatus (a), S. discus (b) e S.

haraldi (c) submetidos a bandeamento C (barra de escala: 10 μm). .................. 54

Figura 3 – Localização física cromossômica do retrotransposon Rex3 (sítios

amarelos) nos cariótipos e células meióticas testiculares de Symphysodon

aequifasciatus (a, d, e), S. discus (b, f) e S. haraldi (c, g). a-c) Cariótipos. d)

Metáfase espermatogonial revelando marcações pericentroméricas de Rex3

em todos os cromossomos (seta); e-g) Diplóteno revelando sequências de

Rex3 na cadeia cromossômica (seta) e em bivalentes (cabeça de seta) (barra

10 μm)............................................................................................................................ 56

Figura 4 – Localização física cromossômica do DNAr 5S (sírios amarelos) nos

cariótipos e células testiculares meióticas de Symphysodon aequifasciatus (a,

d, g), S. discus (b, e) e S. haraldi (c, f). a-c) Cariótipos. d-f) Diplóteno revelando

sítios de DNAr 5S em bivalentes (seta). g) Metáfase de Symphysodon

aequifasciatus mostrando as sequências de Rex3 (sítios róseos) flanqueando

os genes RNAr 5S (sítios verdes). O mesmo padrão foi encontrado em S.

discus e S. haraldi (barra: 10 μm). ............................................................................ 58

Figura 5 – Idiograma comparativo de Symphysodon aequifasciatus (a), S.

discus (b), S. haraldi (c); em preto a heterocromatina

centromérica/pericentromérica com tênues marcações fluorescentes de Rex3,

claramente visualizada na maioria dos cromossomos; em amarelo, marcações

conspícuas mais acentuadas de Rex 3; em vermelho, os genes RNAr 5S co-

localizados com heterocromatina; em rosa, sequências desconhecidas de

heterocromatina. .......................................................................................................... 63

Capítulo 3 Figura 1 –Eletroforese em gel de agarose 1,5%, corado com Sybr Safe

(1:10.000), evidenciando produtos de PCR amplificados com os primers DNAr

18S para as três espécies de Symphysodon (1 – S. aequifasciatus; 2 – S.

discus; 3 – S. haraldi). ................................................................................................. 73

Page 19: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

xix

Figura 2 – Cariótipos em coloração convencional (a, b, c) e regiões

organizadoras de nucléolo reveladas por impregnação com nitrato de prata,

indicando todos os pares envolvidos (d, e, f) nas espécies Symphysodon

aequifasciatus (a, d), Symphysodon discus (b, e) and Symphysodon haraldi (c,

f). Somente um dos homólogos está representado porque todas as

combinações de Ag-RON envolvendo estes pares cromossômicos foram

encontradas (barra = 10 μm). .................................................................................... 75

Figura 3 – Padrões de distribuição dos sítios de DNAr 18S (sinais amarelos)

em cromossomos mitóticos de Symphysodon aequifasciatus (a-c); S. discus (d-

g); S. haraldi (h-k). Cariótipos (a, d, h) e em destaque (b, c, e, f, g, i, j, k) os

padrões variantes dos sítios ribossomais DNAr 18S para cada espécie (barra =

10 μm)............................................................................................................................ 77

Capítulo 4 Figura 1: Prófase I obtida por processo de microespalhamento de S.

aequifasciatus impregnada com nitrato de prata, em microscopia óptica. a)

Célula paquitênica tardia; b) seu esquema evidenciando a cadeia

cromossômica multivalente (seta e esquema em vermelho), 16 bivalentes em

emparelhamento completo (esquema em azul), 1 bivalente com assinapse na

região terminal (cabeça de seta e esquema em roxo) e bivalentes em

associação centromérica temporária (estrela e esquema em verde); c)

Diplóteno incompleto, evidenciando quiasmas na cadeia cromossômica em

anel (seta). Note que apesar do complexo sinaptonêmico estar se

desintegrando, os elementos laterais também podem ser evidenciados em

algumas porções (cabeça de seta). Para S. haraldi as mesmas configurações

meióticas foram encontradas (barra: 10 μm). ......................................................... 88

Figura 2: Prófase I obtida por processo de microespalhamento de S. haraldi

impregnada com nitrato de prata, em microscopia eletrônica de transmissão. a)

Paquíteno (1000x de aumento) com número de bivalentes e elementos

formadores da cadeia cromossômica não determinado. Os cinetocoros (cabeça

de seta) e regiões eletrodensas, provavelmente regiões de ancoragem na

membrana nuclear (seta), preservados em bivalentes típicos, com complexo

Page 20: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

xx

sinaptonêmico distribuído ao longo de todo o comprimento. A região nucleolar

está evidenciada (nu). Note que ao longo de alguns elementos cromossômicos

o complexo sinaptonêmico apresenta coloração mais conspícua e podem estar

indicando regiões de heterocromatina diferenciada; b) Detalhe dos elementos

laterais do complexo sinaptonêmico e nódulos de recombinação (seta) ao longo

da cadeia cromossômica (5750 x de aumento). Para S. aequifasciatus as

mesmas configurações meióticas foram encontradas. ......................................... 89 

Page 21: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

xxi

Lista de tabelas

Introdução Tabela 1- Variação cariotípica descrita para as espécies de Symphysodon. ..... 6

Artigo 2 Tabela 1 – Padrão de dispersão cromossômica dos elementos Rex3 em

diferentes espécies de peixes. ......................................................................... 62

Tabela 2: Parâmetros físico-químicos medidos nos hábitats dos acarás-disco, a

1,5m de profundidade (Bleher, 2006). .............................................................. 62

Artigo 3 Tabela 1 – Pares cromossômicos de Symphysodon aequifasciatus, S. discus e

S. haraldi mostrando os diferentes padrões (coluna) de distribuição do DNAr

18S (A, B – homólogos) e a frequência de cada padrão por espécie. ............. 78

Page 22: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

xxii

Lista de abreviaturas

2n Número diploide

Ag-RON Região organizadora de nucléolo argenteofílica

AoRex3 Retroelemento da família Rex3 isolado de Astronotus ocellatus

Banda C Técnica de detecção da heterocromatina constitutiva

BLAST Ferramenta de busca e alinhamento de sequências (basic local

alignment research tool)

C Cadeia cromossômica meiótica

CS Complexo sinaptonêmico

DNA Ácido desoxirribonucléico

dNTP Desoxirribonucleotídeo

EDTA Ácido etilenodiaminotetracético

FISH Hibridização fluorescente in situ

FITC Fluoresceina isotiocianato (fluorescein isothiocyanate)

II Bivalente

mi Microcromossomo

m-sm Cromossomo meta-submetacêntrico

n Número haplóide

NCBI National Centre for Biotechnology Information

NTS Espaçador não transcrito (non-transcribed spacer)

PBD Tampão fosfato dextrano (phosphate-buffered dextran)

PCR Reação em cadeia da polimerase (polymerase chain reaction)

DNAr DNA ribossomal

pb Pares de bases

Page 23: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

xxiii

Rex Retroelemento isolado primariamente de Xiphophorus

RNA Ácido ribonucléico

RNAr RNA ribossomal

RON Região organizadora de nucléolo

SDS Dodecil sulfato de sódio

SSC Solução salina de citrato padrão

st-a Cromossomo subtelo-acrocêntrico

Tampão C Tampão de acoplamento (coupling)

U Univalente

Page 24: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

1

I. Introdução Geral

I.1 Considerações sobre os acarás-disco

A bacia amazônica é considerada a maior bacia hidrográfica do mundo e

abriga uma das maiores ictiofaunas continentais, sendo estimada a presença

de aproximadamente 3.000 espécies de peixes, dentre as quais muitas são

comercializadas como peixes ornamentais (Chao, 1993; Santos & Ferreira,

1999; Chao, 2001).

Um dos peixes de maior destaque na aquariofilia é o acará-disco,

facilmente reconhecido por sua forma discóide e por seu corpo comprimido

lateralmente, que apresenta um padrão de barras verticais distribuídas ao

longo do mesmo, sendo estes peixes endêmicos da bacia amazônica (Axelrod,

1978; Silva & Kotlar, 1980; Kullander, 1996). Além disso, os indivíduos

possuem apenas um orifício nasal de cada lado do focinho, boca protátil, lábios

grossos, raios anteriores das nadadeiras dorsal e anal e os primeiros raios da

ventral transformados em espinhos e linha lateral interrompida, características

morfológicas peculiares da família Cichlidae à qual pertence (Paxton &

Eschmeyer, 1995).

Os discos são peixes onívoros, que consomem preferencialmente

perifiton, detritos orgânicos, material vegetal e invertebrados aquáticos

pequenos. Estes peixes habitam preferencialmente lagos, florestas alagadas e

igarapés de águas calmas, repletos de galhos, troncos e raízes submersas.

Apresentam em média, na idade adulta, 20 cm de comprimento e não possuem

dimorfismo sexual evidente. Na natureza podem viver por aproximadamente

três anos e alcançam a maturidade reprodutiva em um ano. Os discos são

monogâmicos e despendem grande cuidado parental com ovos e alevinos,

sendo estes alimentados por uma secreção mucosa da pele dos pais. Além

disso, são os únicos ciclídeos neotropicais que formam agregações sociais de

mais de cem (100) indivíduos durante os períodos de águas baixas, o que pode

amenizar a predação, porém facilita o aumento da transmissão de doenças e

Page 25: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

2

parasitas (Ferreira et al., 1998; Bleher, 2006; Ready et al., 2006; Bleher et al.,

2007; Crampton, 2008).

Os acarás-discos pertencem ao gênero Symphysodon (Cichlidae,

Perciformes), porém divergências quanto à taxonomia são comuns para este

grupo. Este táxon já foi considerado monoespecífico com subespécies,

diespecífico com subespécies e atualmente compreende três espécies, mas

não existe consenso com relação à nomenclatura dos grupos – Figura 1 (Silva

& Kotlar, 1980; Burgess, 1991; Mazerolli & Weiss, 1995; Kullander, 1996; 2003;

Ready et al., 2006; Bleher et al., 2007). Ready et al. (2006) propuseram S.

discus para os indivíduos conhecidos como Heckel na aquariofilia, S.

aequifasciatus para os discos com coloração azul ou marrom e S. tarzoo para

os indivíduos verdes e provenientes da região oeste da Amazônia. Em

contrapartida, Bleher et al. (2007) propuseram que os indivíduos verdes com

pontos avermelhados pelo corpo, os quais são encontrados a oeste do arco do

Purus, sejam chamados de S. aequifasciatus; os azuis e marrons, distribuídos

da foz do Amazonas até o baixo rio Iça, de S. haraldi; e os discos Heckel,

encontrados nos rios Negro e Abacaxis, continuam sendo denominados de S.

discus (Figura 1). Apesar da nomenclatura divergente, a distinção entre as três

espécies sempre se baseia na coloração, no padrão de barras verticais e

pontos vermelhos ao longo do corpo, na distruição geográfica (Figura 2) e em

estudos moleculares envolvendo sequências de DNA mitocondrial e nucleares

(Ready et al., 2006; Bleher et al., 2007).

Na aquariofilia, cruzamentos entre diferentes espécies/colorações são

utilizados para obtenção de diferentes padrões de tonalidades, cores, padrão

de listras e manchas ao longo do corpo. Estes indivíduos híbridos alcançam

valores exorbitantes na aquariofilia e, quando possível, alguns continuam

sendo utilizados como matrizes para a obtenção de novos variantes (Bleher,

2006). Contudo, a reprodução dos acarás-disco em cativeiro é obtida com base

em tentativas-erros, não considerando informações genéticas como

ferramentas para seleção dos indivíduos.

Page 26: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

3

Heckel Azul Marrom

S. haraldi S. aequifasciatus

S. aequifasciatus S. tarzoo

S. discus

Bleher et al., 2007

Ready et al., 2006

Verde

Figura 1: Classificações taxonômicas atualmente propostas para o gênero Symphysodon. Note que a única espécie onde existe

consenso na nomenclatura é Symphysodon discus, conhecido na aquarifilia como disco Heckel.

Page 27: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

4

Figura 2: Mapa de distribuição dos acarás-disco na Amazônia. As cores no mapa referem-se à coloração dos discos (marrom, azul

e verde), com exceção do vermelho, que se trata do disco heckel. O triângulo em preto representa a cidade de Manaus, Amazonas

(Modificado de Bleher, 2006).

Page 28: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

5

I.2 Aspectos citogenéticos dos acarás-disco

Além de serem bastante apreciadas por aquaristas, as espécies do

gênero Symphysodon também despertam o interesse de citogeneticistas, uma

vez que as mesmas apresentam número diploide igual a 60 cromossomos

(maior número diploide já encontrado para a família Cichlidae), sendo a maioria

deles do tipo meta-submetacêntricos. Estas características corroboram a

posição derivada de Symphysodon nas árvores filogenéticas propostas até o

momento (Kullander, 1998; Farias et al., 2001; Smith et al., 2008). São

consideradas características citogenéticas basais para Cichlidae, e também

para a ordem Perciformes, a presença de 2n=48 cromossomos acrocêntricos,

regiões organizadoras de nucléolo (RON) simples e presentes nos maiores

pares cromossômicos e blocos de heterocromatina (banda C) evidenciados na

região pericentromérica de todos os cromossomos (Thompson, 1979; Kornfield,

1984; Feldberg & Bertollo, 1985; Brum & Galetti Jr., 1997; Feldberg et al.,

2003).

Diferentes fórmulas cariotípicas já foram descritas para as espécies de

Symphysodon (tabela 1), sendo grande parte desta variabilidade cromossômica

intraespecífica creditada a divergências conceituais em relação a

microcromossomos, subjetividade na medida cromossômica, padrões

diferenciados de condensação de cromossomos e braços cromossômicos com

constrições secundárias que não se coravam com Giemsa em algumas

metáfases mitóticas (Gross, 2006). Quanto às regiões organizadoras de

nucléolo, variação intra e interespecífica é encontrada em Symphysodon.

Nascimento (2005) descreveu que S. haraldi (originalmente descrita na

publicação como S. aequifasciatus, considerando nomenclatura vigente da

época) do igarapé Croata (PA) apresentava RON simples, mas não mostrou

quais eram os pares portadores desta região. Regiões organizadoras de

nucléolo múltiplas foram evidenciadas em S. haraldi (pares 3, 5, 10, 11, 21 e

22) do rio Manacapuru (AM), S. discus (pares 18 e 24) da região de Barcelos

(AM) e S. aequifasciatus (pares 5, 10, 11, 15, 21, 22) do lago Bauna,

proximidades de Tefé (Amazonas) (Mesquita et al., 2008).

Page 29: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

6

Tabela 1- Variação cariotípica descrita para as espécies de Symphysodon.

Espécies Fórmula cariotípica Local de coleta Referência

S. aequifasciatus 48m-sm + 8st-a + 4mi Tefé, Amazonas, Brasil Mesquita et al. (2008)

S. aequifasciatus 50m-sm + 6st-a + 4mi Tefé, Amazonas, Brasil Mesquita et al. (2008)

S. aequifasciatus 44m-sm + 16st-a ------- Ohno & Atkin (1966)

S. aequifasciatus 58m-sm + 2st-a Aquarista Thompson (1979)

S. aequifasciatus1 52m-sm + 8st-a Aquarista Takai et al. (2002)

S. discus 54m-sm + 6st-a Barcelos, Amazonas, Brasil Mesquita et al. (2008)

S. discus 50m-sm + 10st-a Barcelos, Amazonas, Brasil Mesquita et al. (2008)

S. haraldi 2 56m-sm + 4st-a Igarapé Croata, Pará, Brasil Nascimento (2005)

S. haraldi 52m-sm + 4st-a + 4mi Manacapuru, Amazonas, Brasil Mesquita et al. (2008)

Abreviaturas: a, acrocêntrico; m, metacêntrico; mi, microcromossomo; sm, submetacêntrico; st, subtelocêntrico.

Classificação das espécies de acordo com Bleher et al. (2007). 1Espécie descrita originalmente como

Symphysodon aequifasciata axelrodi; 2espécie descrita originalmente como S. aequifasciatus.

Page 30: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

7

Com relação à heterocromatina, esta sempre foi observada na região

pericentromérica de quase todos os cromossomos mitóticos das três espécies

de Symphysodon, além de blocos heterocromáticos nas regiões proximais de

ambos os braços, ou mesmo ocupando braços cromossômicos inteiros, e

muitas vezes intercalando as RONs, o que sugere um processo de

heterocromatinização e/ou acúmulo de heterocromatina gradual no gênero

(Takai et al., 2002; Nascimento, 2005; Gross, 2006; Mesquita et al., 2008).

Numa análise meiótica efetuada nas espécies Symphysodon discus e

Symphysodon haraldi (originalmente descrita na publicação como S.

aequifasciatus, devido à nomenclatura vigente), Gross (2006) encontrou

durante a prófase I, a existência de uma cadeia cromossômica multivalente

apenas em S. haraldi, enquanto S. discus não apresentou a cadeia

cromossômica, estando seus cromossomos organizados em 30 bivalentes.

Cadeia cromossômica, tal como a observada nas células profásicas I de

S. haraldi, é um fato inusitado para peixes, principalmente os neotropicais,

sendo descrita apenas em algumas espécies de plantas, de invertebrados,

como Heteropternis obscurella e de outros vertebrados, como anuros e

ornitorincos. Várias explicações tem sido propostas para esclarecer a origem

desta configuração meiótica multivalente, de acordo com o observado para

cada organismo. Em Heteropternis obscurella parece ocorrer uma associação

terminal de cromossomos não homólogos na meiose I por meio de interações

entre grandes regiões terminais banda-C positivas (John & King, 1982). No

mamífero ornitorrinco as cadeias cromossômicas foram evidenciadas apenas

em machos, sendo formadas, provavelmente, por meio de rearranjos entre

cromossomos sexuais ancestrais e autossomos (Carrel, 2004). Já nos anuros

Physalaemus petersi e Eleutherodactylus binotatus, a configuração multivalente

observada durante a meiose I foi resultante de heterozigosidade para múltiplas

translocações recíprocas (Lourenço et al., 2000; Siqueira-Jr et al., 2004). A

origem da cadeia cromossômica meiótica de S. haraldi não foi totalmente

elucidada, requerendo uma análise mais detalhada do comportamento

cromossômico meiótico de todas as espécies de Symphysodon, incluindo S.

aequifasciatus cujos dados meióticos ainda não foram descritos.

Page 31: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

8

I.3 Complexo sinaptonêmico em peixes neotropicais

Análises meióticas mais refinadas, como a análise do complexo

sinaptonêmico, também podem ajudar a compreender a diversidade dos

organismos. O complexo sinaptonêmico é uma estrutura especializada e

responsável pela sinapse ou emparelhamento dos cromossomos homólogos

durante a meiose, e ocorre na maioria dos organismos diploides durante o

processo de formação dos gametas. Esta estrutura auxilia na compreensão dos

eventos evolutivos que ocorreram na especiação dos táxons, como

identificação de níveis de ploidia observados pela formação de bivalente,

trivalente, tetravalente, etc.; fusões cêntricas e translocações com a formação

de figuras meióticas múltiplas; inversões e duplicações com a visualização de

alças de inversão nas fases mais iniciais da prófase I (Moses et al., 1982;

Zhang et al., 1992; Siqueira Jr et al., 2004).

Em peixes neotropicais, o complexo sinaptonêmico tem sido utilizado na

análise de cromossomos sexuais, do comportamento de cromossomos

supernumerários na meiose e na piscicultura, para se verificar os efeitos

meióticos da formação de híbridos. Os primeiros resultados utilizando esta

técnica foram os de Dias (1995) e Dias et al. (1998), que analisando Astyanax

scabripinnis e Prochilodus lineatus (ambos Characiformes), constataram que o

único cromossomo supranumerário de Astyanax scabripinnis comportava-se

como um univalente na meiose, enquanto os supernumerários (zero a sete

cromossomos) de Prochilodus lineatus associavam-se como bivalentes,

trivalentes e tetravalentes, evidenciando uma possível homologia entre eles.

Para compreender o comportamento cromossômico de Hoplias

malabaricus, que apresenta sistema sexual múltiplo (2n=36+X1X1X2X2 em

fêmeas e 2n=36+X1X2Y em machos), Bertollo & Mestriner (1998) analisaram a

meiose e o complexo sinaptonêmico dessa espécie. Por meio destas análises,

confirmou-se que nos machos os autossomos emparelhavam-se perfeitamente

e que os cromossomos sexuais formavam um trivalente na meiose I e tinham

uma segregação regular na anáfase I e anáfase II.

O comportamento de cromossomos supernumerários em meiose

também foi estudado por Portela-Castro et al. (2001). Estes autores

Page 32: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

9

encontraram de um a dois supernumerários em células somáticas de machos

de Moenkhausia sanctaefilomenae (Characidae), os quais nunca foram

observados nas fêmeas. Ao analisar o complexo sinaptonêmico, verificou-se

que durante a prófase I estes cromossomos apresentavam-se, na maioria das

vezes, como pequenos bivalentes, o que poderia favorecer a sua transmissão e

manutenção durante a evolução cromossômica da espécie.

Além disso, a análise do complexo sinaptonêmico apresentou-se como

uma boa ferramenta na piscicultura neotropical. Santos et al. (2002) utilizaram

esta técnica para demonstrar que o peixe tambacu, híbrido artificial de pacu

(Piaractus mesopotamicus - macho) com tambaqui (Colossoma macropomum -

fêmea) (Characiformes), possui uma meiose atípica, o que garante que a

produção artificial destes híbridos não ocasione um processo de introgressão

em relação às espécies parentais, não havendo assim o risco de extinção

dessas espécies.

I.4 Citogenética molecular

A análise dos cromossomos mitóticos e meióticos, condensados ou

distendidos é fundamental para a avaliação da diversidade genética e evolução

cariotípica de um grupo, porém alguns rearranjos podem passar despercebidos

quando empregadas apenas técnicas clássicas. Para sanar este problema, a

citogenética molecular surgiu para complementar os estudos por meio da

identificação de sequências de DNA específicas no cromossomo, consistindo

basicamente no pareamento de determinado segmento de DNA ou RNA com

uma seqüência de nucleotídeos complementar, situado na célula alvo (Artoni et

al., 2000; Guerra, 2004).

Na citogenética de peixes, a hibridização fluorescente in situ (FISH) tem

se revelado como importante ferramenta por permitir novas interpretações da

diversidade cariotípica, em particular sobre a origem de cromossomos sexuais

e de supranumerários, bem como sobre a organização genômica de

segmentos cromossômicos (Galetti Jr. & Martins, 2004).

Com relação à organização genômica, tem sido constatado que genes

de cópia única ou de poucas cópias correspondem a uma pequena parte do

genoma dos vertebrados (2-10%), quando comparado às regiões repetitivas

Page 33: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

10

(Horvath et al., 2001). Eucariotos tem dois tipos de DNA altamente repetitivos:

sequências de DNA repetitivo dispersas e sequências de DNA repetidas em

tandem. As sequências de DNA repetidas em tandem incluem os DNAs

satélites e os DNAs ribossomais, enquanto as sequências repetitivas dispersas

englobam os elementos transponíveis (Phillips & Reed, 1996; Martins, 2007).

Estudos recentes em peixes neotropicais, como em Leporinus spp.,

Pimelodus spp., Serrasalmus spp., Triportheus spp. entre outros, tem utilizado

a técnica da hibridização fluorescente in situ (FISH) com sondas de DNA

ribossômico 18S para compreender a organização das regiões organizadoras

de nucléolo (Martins & Galetti Jr., 1999; Garcia & Moreira-Filho, 2008;

Nakayama et al., 2008; Diniz et al., 2009). Este método é considerado mais

sensível que a impregnação por nitrato de prata e que a Cromomicina A3

porque localiza as sequências de DNA ribossômico nos cromossomos, ao

invés de marcar as proteínas nucleolares envolvidas com a atividade

transcricional dos genes ribossomais como ocorre com a impregnação com

nitrato de prata (Miller et al., 1976; Pendás et al., 1993a,b; Phillips & Reed,

1996). Análise da localização física cromossômica do DNAr 5S também tem

sido utilizada em estudos evolutivos de peixes (Martins & Galetti Jr., 1999;

2000; Martins, 2007).

Outra classe importante de elementos repetitivos são os elementos

transponíveis, que são sequências capazes de se integrar em novas

localizações do genoma e mobilizar sequências não-autônomas, sendo que

todos os tipos conhecidos destes elementos são encontrados nos genomas

dos peixes (Volff et al., 2003; Ozouf-Costaz et al, 2004). Apesar de existirem

poucos estudos, envolvendo a distribuição de elementos transponíveis em

cariótipos de peixes neotropicais até o momento, a utilização destas

sequências no mapeamento físico cromossômico pode proporcionar maior

esclarecimento acerca do genoma das espécies, de como este genoma está

organizado e como ocorreu a sua evolução. Além disso, este conjunto de

informações pode ser empregado em estudos de genética aplicada (Martins,

2007).

Page 34: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

11

Análises citogenéticas sequenciais já efetuadas em Symphysodon

(coloração convencional com Giemsa, bandamento C e impregnação com

nitrato de prata), tanto para cromossomos mitóticos quanto meióticos, vêm

mostrando uma grande variabilidade intra e interespecífica tanto em relação à

estrutura cromossômica como em relação aos marcadores RONs e banda C

(Mesquita, 2002; Gross, 2006; Mesquita et al., 2008). Ainda, Gross (2006)

verificou em células profásicas I de S. haraldi uma cadeia cromossômica em

anel, que não havia sido descrita para peixes, especialmente os neotropicais.

Desse modo, o emprego de técnicas de citogenética molecular como

FISH, utilizando sondas de DNA ribossômico 5S e 18S e elementos

retrotransponíveis Rex3, são úteis para auxiliar na compreenção da complexa

organização dos cromossomos nas espécies de Symphysodon. Além disso,

análises meióticas, principalmente envolvendo complexo sinaptonêmico,

podem trazer informações adicionais sobre os eventos que propiciaram a

formação desta cadeia e como os cromossomos estão se emparelhando

durante a meiose.

Page 35: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

12

I.5 Objetivos

I.5.1 Geral

Analisar os cromossomos mitóticos e compreender o comportamento

cromossômico meiótico de Symphysodon aequifasciatus, Symphysodon discus

e Symphysodon haraldi selvagens, procurando verificar a existência de

diferenças citogenéticas entre os indivíduos das colorações selvagens, ou seja,

disco verde, disco azul/marrom e disco heckel, encontrados na bacia

amazônica e inferir sobre eventos que propiciaram a formação da cadeia

cromossômica encontrada em S. aequifasciatus e S. haraldi e não em S.

discus.

I.5.2 Específicos

a) Determinar o cariótipo dos acarás-disco selvagens, de colorações

verde, azul/marrom e heckel, para verificar se existem diferenças citogenéticas

entre eles.

b) Caracterizar o comportamento dos cromossomos nos diversos

estágios da meiose de machos e fêmeas destas espécies, para cada padrão de

coloração.

c) Estabelecer o padrão de distribuição da heterocromatina constitutiva e

das regiões organizadoras de nucléolo (com a impregnação por prata e FISH)

nos cromossomos mitóticos e meióticos.

d) Identificar o complexo sinaptonêmico dos cromossomos formadores

da cadeia cromossômica de S. aequifasciatus e S. haraldi.

Page 36: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

13

II. Material e métodos

II.1 Material

Foram estudados, citogeneticamente, 22 exemplares de acarás-disco

verde (Symphysodon aequifasciatus - 14 machos e oito fêmeas), 37 discos

heckel (S. discus- 15 machos e 22 fêmeas) e 49 marrom/azuis (S. haraldi - 21

machos e 28 fêmeas), adotando o mais recente esquema de classificação

proposto por Bleher et al. (2007).

Estes peixes foram mantidos vivos no Laboratório de Genética Animal

do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia – INPA, Coordenação de

Pesquisas em Biologia Aquática, onde foram realizadas as análises.

Para a obtenção de preparações cromossômicas foi extraído o órgão

hematopoiético de todos os indivíduos e as gônadas dos machos e fêmeas

imaturas, sendo estes exemplares numerados, registrados, fixados em formol

10% durante 24h e acondicionados posteriormente em recipientes contendo

álcool 70%. Dez espécimes de cada espécie foram depositados na coleção de

peixes do INPA (INPA 28582, INPA 28583, INPA 28584) e os outros indivíduos

estão depositados na coleção de peixes do Laboratório de Genética Animal do

INPA. Todo este estudo foi efetuado com permissão do IBAMA (Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis, licença

011/2005 e licença permanente de Eliana Feldberg).

II.2 Métodos

II.2.1 Indução de mitoses

Para se obter um maior número de células em metáfase foi utilizada a

técnica para indução de mitoses descrita por Molina (2001), na qual o

composto farmaceutico Munolan (Allergan Frumtost) foi dissolvido em água (1

comprimido por mL de água destilada), sendo esta solução posteriormente

injetada intraperitonialmente na região dorso-lateral do peixe, na proporção de

1mL para cada 100g de peso do animal. Os peixes submetidos ao tratamento

foram colocados em aquários bem aerados por 24 horas.

Page 37: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

14

II.2.2 Obtenção de cromossomos mitóticos

Para a obtenção das preparações cromossômicas mitóticas foi utilizada

a porção anterior e/ou posterior do rim, que é o órgão hematopoiético dos

peixes, segundo a técnica alternativa para peixes descrita por Moreira-Filho &

Bertollo (1990).

Os acarás-disco foram anestesiados em água contendo gelo e

sacrificados em seguida. O rim foi retirado e lavado em pequenos recipientes

de vidro contendo solução hipotônica de KCl a 0,075M, sendo transferido

imediatamente para outro recipiente de vidro com cerca de 10mL da solução

hipotônica, onde foi dissociado com pinças de dissecção e seringa desprovida

de agulha, que serviu para aspirar e expirar suavemente a suspensão para

divulcionamento do tecido renal e consequente separação das celulas. Uma

solução aquosa de colchicina a 0,0125% foi adicionada in vitro, na proporção

de 0,5mL para 15mL de KCl. A suspensão celular obtida foi mantida em estufa

a 37 °C por 30 minutos. Após este tempo, o material foi ressuspendido

cuidadosamente com o auxílio de uma seringa sem agulha e transferido para

um tubo de centrífuga, utilizando-se uma pipeta Pasteur. O fixador Carnoy foi

preparado na proporção 3:1 (metanol: ácido acético) e 0,3mL foram

adicionados à suspensão celular, que foi centrifugada durante 10 minutos a

900 rpm, sendo posteriormente descartado o sobrenadante. Novamente o

material foi ressuspendido com o auxílio de uma pipeta Pasteur, 8mL de fixador

Carnoy foram adicionados e a suspensão foi novamente centrifugada durante

10 minutos a 900 rpm, sendo este procedimento repetido por mais duas vezes.

Após a última centrifugação e a eliminação do sobrenadante, 1,5mL de fixador

foram adicionados e o material ressuspendido com cuidado. Essa suspensão

celular foi estocada em tubo de 1,5 ml e mantida em freezer para posterior

utilização.

Page 38: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

15

II.2.3 Preparação das lâminas com cromossomos mitóticos

Para a preparação das lâminas com cromossomos mitóticos, as

mesmas foram lavadas, secas ao ar e posteriormente imersas em água

destilada a 50 ºC, em banho-maria. Após cinco minutos, as lâminas foram

retiradas da água de forma a manter uma película de água sobre a sua

superfície, na qual foi gotejada a suspensão celular em diferentes regiões.

II.2.4 Obtenção de cromossomos meióticos

Para a obtenção das preparações cromossômicas meióticas foram

utilizadas gônadas masculinas e femininas (imaturas), empregando-se a

técnica descrita por Bertollo et al. (1978), com algumas modificações propostas

por Gross (2006).

Para caracterização das diferentes fases meióticas, as gônadas não

foram tratadas com solução de colchicina. Após o sacrifício do peixe, os

testículos e ovários imaturos foram seccionados em fragmentos bem pequenos

e colocados em solução hipotônica de KCl a 0,075M por 30 minutos. Logo

após, o material foi transferido para uma cubeta contendo fixador Carnoy (3

partes de metanol: 1 parte de ácido acético) recém-preparado, por 20 minutos.

Após este período, o fixador foi descartado, sendo este processo de fixação

repetido por mais duas vezes. Em seguida, o material foi guardado em

refrigerador a 4 ºC, em tubos de 1,5 ml com fixador Carnoy para ser

processado posteriormente, ou então fragmentos foram retirados do fixador e

secos em papel de filtro para a continuação da técnica. Após o fragmento

gonadal estar seco, este foi colocado sobre uma lâmina limpa e macerado em

1mL de ácido acético 50%, com o auxílio de um bastão de vidro. O material foi

seco sobre a lâmina em uma placa aquecedora a 40 ºC, sendo posteriormente

corado com Giemsa 5% em tampão fosfato 0,06M e pH 6,8 por 10 minutos e

lavado em água de torneira e a lâmina seca diretamente ao ar.

Page 39: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

16

II.2.5 Detecção das regiões organizadoras de nucléolos nos cromossomos mitóticos e meióticos

Para a caracterização das regiões organizadoras de nucléolos (RON) foi

utilizada a técnica descrita por Howell & Black (1980), que consistiu em pingar

sobre a preparação cromossômica 1mL de uma solução coloidal, obtida com

1g de gelatina comercial sem sabor dissolvida em 50mL de água destilada e

acrescida de 0,5mL de ácido fórmico. Em seguida, foram adicionados sobre a

solução coloidal 2mL de solução aquosa de AgNO3 (nitrato de prata) a 50%,

agitando levemente a lâmina, que foi coberta com uma lamínula. A lâmina foi

colocada em câmara úmida, em banho-maria a 60 ºC, por um período variável

de 3 a 8 minutos, até atingir uma coloração marrom dourada, sendo então

lavada em água destilada, permitindo que a lamínula fosse retirada

naturalmente pela própria água. As lâminas secaram diretamente ao ar, sendo

posteriormente coradas com Giemsa 5% em tampão fosfato 0,06M e pH 6,8

por 1 minuto, lavadas em água de torneira e secas novamente ao ar.

II.2.6 Detecção da heterocromatina constitutiva nos cromossomos mitóticos e meióticos

Para a caracterização da heterocromatina constitutiva foi utilizada a

técnica de banda C descrita por Sumner (1972), com algumas modificações.

As lâminas contendo as preparações cromossômicas foram tratadas

durante 2 minutos com HCl 0,2N a 46 ºC, lavadas em água destilada à

temperatura ambiente e secas ao ar. Em seguida, as preparações

cromossômicas mitóticas foram incubadas a 46 ºC, em solução de hidróxido de

bário a 5%, filtrada e recém preparada, por 1minuto e 30 seguntos e as

meióticas por 4 minutos e 30 segundos. A ação do hidróxido de bário foi

interrompida imergindo-se rapidamente a lâmina em solução de HCl 0,2N (46

ºC), sendo posteriormente lavada em água destilada. Após secas, as lâminas

foram incubadas em solução 2xSSC (cloreto de sódio 0,3M e citrato trisódico

0,03M, pH 6,8), em banho-maria a 60 ºC, por um período de 15 minutos, sendo

posteriormente secas ao ar, coradas com Giemsa 5% em tampão fosfato

0,06M e pH 6,8 por 20 minutos, lavadas em água de torneira e secas

novamente ao ar.

Page 40: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

17

II.2.7 Hibridização fluorescente in situ (FISH)

II.2.7.1. Extração do DNA

Para extração do DNA foi utilizado tecido muscular de Symphysodon

aequifasciatus, S. discus e S. haraldi, seguindo o protocolo de Sambrook &

Russell (2001), com algumas modificações. Para tanto, foi utilizado o tampão

de lise (Tris-HCl 10 mM em pH 8,0 , NaCl 0,3 M, EDTA 10 mM, Urea 4 M, SDS

1%) de Estoup et al. (1993) e Asahida et al. (1996). Posteriormente foram

acrescentados: 15 μL de proteinase K (10 mg/mL) e 6 μL de RNAse (10

mg/mL). As amostras foram incubadas para que o tecido fosse totalmente

digerido. A seguir foram feitas lavagens sucessivas com fenol, fenol e

clorofórmio, álcool isoamílico e clorofórmio hidratado (500 μL de cada um

destes reagentes). Após a lise, o DNA foi separado das proteínas por

precipitação salina juntamente com centrifugação a 14.000 rpm. A fase aquosa

(sobrenadante) que contém o DNA foi separada em um novo tubo e o DNA

precipitado com volume de isopropanol 100% igual ao volume da fase aquosa

obtida. Em seguida a amostra foi submetida a centrifugação, o sobrenandante

descartado e o tubo contendo pellet de DNA colocado para secar. Ao final, o

DNA foi hidratado com aproximadamente 100 μL de água milli-Q, dependendo

da quantidade do pellet de DNA formado. Para possibilitar a análise da

quantidade e integridade do material, o DNA extraído foi quantificado por

comparação com marcador de concentração conhecida, em eletroforese

padrão (com tampão Tris-Borato-EDTA 0,5X e corrida a 70 V por 40 minutos)

em gel de agarose 1,5% e corado com Sybr Safe (1:10.000). A visualização e

análise do DNA no gel foram feitas no fotodocumentador Easy Doc 100

(BioAgency), o qual possui acoplado um transluminador de luz ultravioleta (260

nM).

II.2.7.2. Obtenção das sondas via PCR e marcação por kit nick translation

(Bionick labeling system-Invitrogen)

Para a obtenção das sondas do elemento retrotransponível Rex 3 e de

DNAr 5S e DNAr 18S foi utilizado o DNA genômico extraído do músculo de

Page 41: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

18

Symphysodon spp. A sondas foram obtidas por amplificação por Reação em

Cadeia da Polimerase (PCR - Saiki et al., 1988) utilizando os primers:

- Rex3 (RTX3-F3 5` CGG TGA YAA AGG GCA GCC CTG e RTX3-R3 5` TGG

CAG ACN GGG GTG GTG GT) (Volff et al., 1999; 2001);

- DNAr 5S (A 5’-TACGCCCGATCTCGTCCGATC-3‘ e B 5’-

CAGGCTGGTATGGCCGTAAGC-3’) (Komiya & Takemura, 1979);

- DNAr 18S (IpF 5’CCGCTTTGGTGACTCTTGAT e IpR

5’CCGAGGACCTCACTAAACCA) desenhados a partir da sequência completa

do gene RNAr 18S de Ictalurus punctatus disponível nos bancos de dados do

NCBI (National Center for Biotechnology Information http://www.ncbi.nlm.nih.gov)

(código identificador da sequência AF021880).

Os ciclos de amplificação seguiram as seguintes etapas:

a) Rex3: 2 minutos a 95 ºC (desnaturação); 35 ciclos de um minuto a 95

ºC, 40 segundos a 55 ºC, 2 minutos a 72 ºC (amplificação); 5 minutos a 72 ºC

(extensão);

b) 5S: 5 minutos a 94 ºC (desnaturação); 2 ciclos de 1 minuto a 95 ºC, 30

segundos a 61 ºC e 45 segundos a 72 ºC; 2 ciclos de 1 minuto a 95 ºC, 30

segundos a 59 ºC e 45 segundos a 72 ºC; 2 ciclos de 1 minuto a 95 ºC, 30

segundos a 57 ºC e 45 segundos a 72 ºC; 25 ciclos de 1 minuto a 95 ºC, 30

segundos a 61 ºC e 45 segundos a 72 ºC (amplificação); 7 minutos a 72 ºC

(extensão);

c) 18S: 2 minutos a 94 ºC (desnaturação); 35 ciclos de 1 minuto a 95 ºC,

30 segundos a 55 ºC, 1 minuto e 40 segundos a 72 ºC (amplificação); 7 minutos a

72 ºC (extensão).

As reações de PCR foram feitas em um termociclador Eppendorf -

Mastercycler Gradient, para volume final de 25 μL (1 μL de DNA genômico; 2,5

μL de Tampão 10X com cloreto de magnésio; 0,25 μL de Taq DNA Polimerase;

1,5 μL de dNTP (1 mM); 1,5 μL de cada primer (5 mM); água milli-Q para

completar o volume).

As sondas foram marcadas por biotina 14-dATP por nick translation,

seguindo protocolo do fabricante (Bionick labeling system-Invitrogen). Para tanto,

em um tubo de eppendorf de 1,5 mL, mantido no gelo, foi preparado uma solução

Page 42: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

19

contendo 1 μL de Mix dNTP 10x; 1 μL de sonda de DNA (200 ng/ μL); 1 μL de

Mix de enzima 10x; 6 μL de água milli-Q, totalizando 9 μL, para cada lâmina a

ser hibridizada. Esta solução foi homogeneizada, centrifugada brevemente e

incubada a 16 ºC por 45 minutos no termociclador. Em seguida, para

interromper a reação, foi adicionado 1 μL de stop buffer contendo 1 μL de

acetato de sódio 3M. Para a precipitação da sonda marcada foram adicionados

22 μL de etanol 100% gelado e deixado precipitar em freezer -70 ºC por duas

horas. Decorrido este tempo, a sonda foi centrifugada por 15 minutos a 15.000

rpm a 4 ºC, o sobrenadante foi descartado com cuidado e o tubo contendo a

sonda seco a temperatura ambiente. Após seca, a sonda foi ressuspendida

com 6 μL de água milli-Q. Adicionalmente, as sondas de Rex3 foram marcadas

por nick translation usando digoxigenina (Roche) e usadas em hibridizações

duplas com o DNAr 5S, sendo os cromossomos contra-corados com DAPI.

II.2.7.3. Hibridização cromossômica mitótica e meiótica

II.2.7.3.1. Desnaturação dos cromossomos e tratamento com RNAse

Lâminas recém-preparadas com cromossomos foram desidratadas em

álcool 70, 85 e 100% gelado, por cinco minutos cada. O DNA cromossômico das

preparações mitóticas foi desnaturado por 10 segundos em formamida 70% (70

mL de formamida e 30 mL de 2xSSC), pH 7,0 a 67 ºC e o das preparações

meióticas por 15 segundos. Após a desnaturação, as lâminas foram novamente

desidratadas em série alcoólica gelada (70, 80 e 100%, cinco minutos cada). Em

seguida, as lâminas foram lavadas em tampão PBS 1x (7,58 g de cloreto de

sódio 1,36M; 0,993 de fosfato de sódio dibásico – Na2HPO4; 0,414g de fosfato

de sódio monobásico- NaH2PO4; completar para volume de 1000 mL com água

milli-Q) durante cinco minutos, em temperatura ambiente. Em seguida as

lâminas foram desidratadas em série alcoólica gelada (70, 80 e 100%, cinco

minutos cada) e incubadas em 90µg de RNase (3,2 μL de Rnase 10 mg/mL e

796,8 μL de 2xSSC), sob lamínula, a 37 ºC por 1 hora em câmara úmida. Para

interromper a degradação do RNA as lâminas foram lavadas três vezes por

Page 43: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

20

cinco minutos cada com 2xSSC (removendo as lamínulas antes da primeira

lavagem) e uma vez em PBS 1x durante 5 minutos.

II.2.7.3.2. Desnaturação da sonda e hibridização

Para cada lâmina a ser hibridizada foi adicionado, em um tubo eppendorf,

6 μL da sonda, 15 μL de formamida (concentração final de 50%), 6 μL de

sulfato de dextrano 50% (concentração final de 10%) e 3 μL (1/10) de 20xSSC

(concentração final de 2xSSC), totalizando um volume de 30 μL. A sonda foi

desnaturada a 95 ºC por cinco minutos em termociclador e em seguida

colocada imediatamente no gelo.

A solução de hibridização foi colocada sobre uma lâminula e a lâmina

desnaturada invertida foi colocada sobre a lamínula. Para a hibridização as

lâminas permaneceram com o material voltado para baixo em câmara úmida

(2xSSC), a 37 ºC, por cerca de 12 horas. Decorrido este tempo, a lamínula foi

removida e a lavagem pós-hibridização ocorreu a 72 ºC em 2xSSC, pH 7,0 por 5

minutos. Em seguida as lâminas foram imersas em tampão PBD, pH 7,0 (20 mL

de 20xSSC; 1mL Triton 100, 1g de leite em pó desnatado; água destilada). Para a

detecção das sondas foi aplicado em uma lamínula 4 μL de FITC-Avidina

conjugada 0,07% (Sigma) e 26 μL de Tampão C (0,1M de bicarbonato de sódio

pH 8,5 e 0,15M cloreto de sódio), sendo a lâmina colocada invertida sobre a

lamínula e incubada durante 30 minutos em câmara úmida a 37 ºC. Após isso a

lamínula foi removida e as lâminas lavadas três vezes em tampão PBD a 45 ºC,

por dois minutos cada. Em seguida, duas séries de amplificação de sinal foram

efetuadas usando antiavidina-biotina conjugada em tampão PBD (1 μl de anti-

avidina estoque em 19 μl 1xPBD por lâmina), sendo as lâminas incubadas 10

minutos em câmara úmida a 37 ºC. Cada tratamento com antiavidina-biotina

conjugada foi seguido por um tratamento com FITC-Avidina 0,07% em Tampão C

(4 μL FITC-Avidina 0,07% e 26 μL de Tampão C), com incubação por 10 minutos

em câmara úmida a 37 ºC. Depois de cada passo de amplificação, as lâminas

foram lavadas três vezes em tampão 1xPBD a 45 ºC por 2 minutos cada. Os

cromossomos foram contracorados com iodeto de propídeo 0,2% diluído em

Page 44: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

21

antifade Vector (20 μL de antifade e 0,7 μL de iodeto de propídeo 50 μg/mL) e

cobertos com lamínula para proceder a análise imediata.

As análises foram efetuadas em Microscópio Olympus Bx-51 e as

metáfases capturadas através do Programa Image –PRO MC60.

II.2.7.4. Caracterização das sondas de DNA

II.2.7.4.1. Construção de vetores plasmidiais recombinantes contendo

fragmentos de DNA obtidos por PCR

A construção de vetores plasmidiais recombinatnes contendo

fragmentos de DNA (produtos de PCR) foi realizada para a caracterização

destes segmentos de DNA, no Laboratório Temático de Biologia Molecular-

INPA. O kit de ligação pGEM-T Easy Vector System I (Promega) foi utilizado

para ligação dos fragmentos de interesse ao plasmídeo pGEM-T, seguindo as

especificações do fabricante. Para tanto, para cada amostra foi adicionado em

um eppendorf de 1,5 mL: 1,5 μL de água milli-Q, 5 μL de Tampão, 1 μL de

plasmídeo, 1,5 μL de produto de amplificação, 1 μL de T4 DNA ligase, sendo

esta solução incubada a 4 ºC overnight (cerca de 12 horas).

II.2.7.4.2. Transformação

As construções recombinantes obtidas foram utilizadas para a

transformação de células competentes de Escherichia coli DH5α (cedidas pelo

Dr. Spartaco Astolfi Filho - UFAM).

As células competentes foram retiradas do freezer -70 oC e colocadas

em recipiente com gelo mantido dentro do fluxo laminar para descongelar. Em

um tubo de 1,5 ml contendo 50 μL de bactérias competentes foram adicionados

5 μL de plasmídios recombinantes, seguido de leve agitaçao. A mistura foi

deixada no gelo por 30 minutos. Transcorrido este tempo, a amostra de

transformação foi colocada em banho-maria a 37 ºC por um minuto e, em

seguida, voltou ao gelo por dois minutos o que possibilitou o choque térmico e

permitiu que os poros da membrana se abrissem mais e internalizassem o DNA

plasmidial. Posteriormente foram adicionados e misturados com muito cuidado

Page 45: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

22

950 μL de meio líquido LB (peptona 1%; cloreto de sódio 0,17M; extrato de

levedura 0,5%, pH 7,5), sendo a mistura incubada em um agitador (shaker) 225

rpm por uma hora para que as bactérias começassem a recupar a parede

celular. Faltando 15 minutos para acabar a incubação, as placas com meio LB

sólido (peptona 1%; cloreto de sódio 0,17M; extrato de levedura 0,5%, ágar

1,5%, pH 7,5) contendo 2 μL de amplicilina foram retiradas da geladeira e foi

adicionado 35 μL de X-Gal, deixando-as semi-abertas. Ao término da

incubação os tubos foram centrifugados por 10 minutos a 10.000 rpm e o

sobrenadante foi descartado por inversão do tubo. O meio de cultura líquido

restante no tubo foi utilizado para ressuspender as bactérias recombinantes

com cuidado que foram posteriormente adicionadas à placa e espalhadas com

alça de vidro flambada e frio. Após secas, as placas foram incubadas viradas

para baixo em uma estufa a 37 ºC overnight (cerca de 12 horas), até haver o

crescimento das colônias. As colônias recombinantes apresentaram coloração

branca e foram selecionadas. Cada colônia foi retirada com uma ponteira e

colocada em uma solução de PCR padrão (11,7 μL de água, 5 μL de dNTP, 1

μL de cada primer, 2,5 μL de tampão, 0,19 μL de Taq), utilizando os primers

universais M13 (F 5’-AGCGGATAACAATTTCACACAGG-3’; R 5’-

CCCAGTCACGACGTTGTAAAACG-3'). Os clones recombinantes resultantes

foram estocados em glicerol 70% e armazenados em freezer a -80 ºC.

II.2.7.4.3. Sequenciamento das sondas de DNA

Para verificar se o fragmento amplificado por PCR correspondia às

regiões de interesse, o sequenciamento do DNA foi realizado pelo método de

Sanger et al. (1977), com terminadores marcados com fluorescência. Para a

realização das reações de sequenciamento foi utilizado o kit DYEnamic ET

Terminator Cycle Sequencing (GE HealthCare), no qual cada

dideoxinucleotídeo (terminador) é marcado com fluoresceína (responsável pela

ativação do segundo elemento) e um dos quatro tipos de rodamina, cuja

fluorescência é captada pelo sequenciador automático de DNA.

As reações de sequenciamento foram realizadas em placas de 96

poços, utilizando-se entre 150 e 300 ng do produto de PCR purificado; 5 pmol

Page 46: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

23

de cada primer em reações separadas; 4 μL do premix (kit) e água mili-Q para

completar o volume de 10 μL. Essas reações foram feitas em um termociclador

Eppendorf - Mastercycler Gradient, em 30 ciclos sendo: desnaturação a 95 ºC

por 20 segundos, anelamento a 50 ºC por 15 segundos e extensão a 72 ºC por

1 minuto e 30 segundos. Os primers utilizados no sequenciamento foram os

mesmos utilizados para o PCR. Depois de sequenciado, os fragmentos foram

submetidos a um tratamento de precipitação para a eliminação de produto não

incorporado durante a reação de sequenciamento. Logo após foi realizada a

leitura automática do fragmento no sequenciador automático de DNA

MegaBACE 1000 (GE HealthCare), nas condições de injeção e corrida

recomendadas pelo fabricante.

As amostras sequenciadas foram salvas (formato abd) e transferidas do

sequenciador para outro computador. As sequências geradas foram

comparadas com sequências depositadas no banco de dados público na

Internet, GenBank (http://www.ncbi.nlm.nih.gov), por uma procura realizada

com o programa BLAST. Este procedimento foi realizado para determinar se o

fragmento sequenciado realmente correspondia ao gene de interesse. Depois

de conferidas, todas as sequências foram alinhadas utilizando-se o programa

de alinhamento múltiplo Clustal W (Thompson et al., 1994), que está incluso no

BioEdit v. 5,0,6 (Hall, 1999). O alinhamento gerado foi manualmente conferido

e editado no mesmo programa.

II.2.8 Microespalhamento para visualização do complexo sinaptonêmico

Para obtenção do complexo sinaptonêmico a partir de gônadas

masculinas foi utilizada a técnica descrita por Moses (1977), Dresser & Moses

(1980), coloração por Howell & Black (1980), com algumas modificações.

Para tanto, as gônadas masculinas foram retiradas e lavadas em

solução de Hanks, sendo posteriormente colocadas numa placa escavada

contendo a mesma solução. Com o auxílio de duas pinças, o material foi

divulsionado, sendo os pedaços maiores descartados. Em seguida, o material

foi macerado em uma placa escavada e ressuspedido várias vezes com o

Page 47: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

24

auxílio de uma seringa sem agulha, sendo então transferido para um tubo de

centrífuga, onde foram adicionados 6 mL de solução de Hanks. Com o auxílio

de uma pipeta Pasteur o material foi ressuspendido e, logo após, centrifugado

por 4-5 minutos a 800 rpm. A maior parte do sobrenadante foi descartada,

deixando-se cerca de 1-1,5 vezes o volume do pellet celular . O pellet foi

ressuspendido com o que restou do sobrenadante, sendo esta suspensão

mantida em gelo durante o preparo das lâminas. Em um suporte côncavo com

parafilme aderido à superfície, foi colocado 1,5 mL de solução de NaCl 0,5%

formando uma gota arredondada, onde foi colocada 0,3 mL da suspensão

celular, com o auxílio de uma pipeta Pasteur de ponta bem fina, cuidando para

que esta não afundasse. Em seguida, uma lâmina plastificada preparada

anteriormente (utilizando solução de plástico a 0,6% (peso/volume) diluída em

clorofórmio) foi encostada sobre a superfície da gota de NaCl 0,5% contendo a

suspensão celular, sendo esta levantada paralelamente à gota. A lâmina foi

então imersa numa solução fixadora de paraformaldeído 4% acrescida de 1,5

mL de dodecilsulfato de sódio (SDS) 0,3%, por 5 minutos em temperatura

ambiente. Em seguida a lâmina foi transferida para numa solução fixadora de

paraformaldeído 4%, pH 8,2, por 5 minutos em temperatura ambiente. Após

seca, a lâmina foi imersa na solução de photo-floo (Kodak) 0,4%, pH 9,0, por

15 segundos em temperatura ambiente. Por último, a lâmina foi retirada da

solução de photo-floo, teve sua parte de trás limpa com lenço de papel e

deixada secar naturalmente, em ambiente livre de poeira. Após secarem, as

lâminas foram impregnadas com nitrato de prata. Para tanto, foi colocada sobre

a lâmina 1 mL de uma solução coloidal reveladora (1g de gelatina em 50 mL de

água destilada com 0,5 mL de ácido fórmico) e 2 mL de solução de nitrato de

prata (AgNO3) a 50%, sendo a lâmina coberta com lamínula e incubada em

câmara úmida, a 60 ºC, até atingir coloração marrom-dourada (geralmente 2-3

minutos), quando foi lavada em água destilada, permitindo que a lamínula

fosse retirada naturalmente pela própria água. As lâminas secaram diretamente

ao ar. Normalmente duas lâminas por indivíduo foram feitas, sendo uma

destinada para análise em microscopia óptica, objetiva de 100x e outra para a

microscopia eletrônica. Para a observação em microscopia eletrônica, o

Page 48: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

25

plástico que recobria as lâminas foi cortado com um estilete e a lâmina

mergulhada lentamente numa coluna de água, com uma inclinação de 60º,

para o descolamento do plástico, o qual permanecia na superfície. Com uma

pinça delicada, as telinhas metálicas (grids) “Mash 50” foram colocadas sobre o

plástico flutuante. Em seguida este plástico com as telas foi capturado com um

retângulo de parafilme, o qual secou naturalmente. As telinhas contendo o

material a ser analisado foram guardadas em caixinhasas próprias, para

posterior análise em microscópio eletrônico, a qual foi feita no microscópio

eletrônico Philips, do departamento de microscopia da Universidade Estadual

Paulista, UNESP-Botucatu.

II.2.9 Análises cromossômicas

As preparações mitóticas e meióticas (análises convencionais e FISH)

foram analisadas em microscópio óptico e/ou fotomicroscópio de

epifluorescência Olympus Bx-51 do Laboratório de Genética Animal-CPBA,

INPA e Olympus Bx-61 do Laboratório de Genômica Integrativa – UNESP-

Botucatu, em objetiva de imersão. As melhores preparações cromossômicas

foram selecionadas e tiveram sua imagem capturada. A montagem dos

cariótipos foi feita a partir de cromossomos metafásicos mitóticos, os quais

foram recortados, tentativamente emparelhados, medidos e colocados em

ordem decrescente de tamanho. A relação de braços dos cromossomos

mitóticos foi determinada de acordo com a proposta de Levan et al. (1964).

Devido à dificuldade de emparelhamento cromossômico, o qual é peculiar nos

ciclídeos, uma vez que estes apresentam tamanhos e morfologia

cromossômica similar, os cromossomos foram agrupados segundo Thompson

(1979) e Mesquita et al. (2008), sendo consideradas três categorias: meta-

submetacêntricos, subtelo-acrocêntricos e microcromossomos. Foram

considerados microcromossomos os cromossomos com tamanho pequeno (de

0,5 a 1,5 μm) e que aparecem na maioria das metáfases como pontos. Como

os centrômeros destes cromossomos não são evidentes na maioria das

metáfases é difícil estabelecer a morfologia cromossômica (para revisão sobre

microcromossomos ver Mesquita et al., 2008). Para interpretação da meiose

Page 49: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

26

foram consideradas as seguintes fases: leptóteno/zigóteno, paquíteno,

diplóteno, diacinese, metáfase I e metáfase II, dando maior ênfase ao

diplóteno, diacinese, metáfase I e metáfase II.

Para a análise do complexo sinaptonêmico as células paquitênicas e

diplotênicas que apresentaram boas condições de extensão do segmento

emparelhado tiveram sua imagem capturada em fotomicroscópio de

epifluorescência Olympus Bx-51 do Laboratório de Genética Animal-CPBA,

INPA ou foram fotografadas no microscópio eletrônico Philips (Centro de

Microscopia Eletrônica- UNESP-Botucatu, SP), em filme 35mm, com exposição

de 2,04 segundos. Os negativos foram revelados em revelador Dektol (Kodak)

diluído em água, na proporção de 4:1, em temperatura ambiente, por 7

minutos, e fixação em fixador Kodak durante 13 minutos. As imagens foram

ampliadas e reveladas em papel Kodabrome Print RC F3 (Kodak).

Page 50: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

27

III. Resultados e discussão Os resultados obtidos com a análise citogenética das três espécies do

gênero Symphysodon e a discussão destes dados são apresentados na forma

de quatro artigos científicos, mencionado a seguir:

III.1.Artigo 1 - Intrigante evidência de translocações em acarás-disco

(Symphysodon, Cichlidae) e relato da maior cadeia cromossômica meiótica em

vertebrados. Publicado no periódico Heredity 102: 435-441.

III.2.Artigo 2: Análise citogenética comparativa das espécies do gênero

Symphysodon (Cichlidae): características cromossômicas de retrotransposons

e subunidade menor do DNA ribossomal. Enviado para publicação no periódico

Cytogenetic and Genome Research, em 13/07/2009. Aceito para publicação

em 24/08/09. Primeira revisão efetuada em 25/08/09.

III.3.Artigo 3: Variabilidade intra e interespecífica do locus do DNAr 18S entre

acarás-disco Symphysodon: rearranjos cromossômicos. Enviado para

publicação no periódico Journal Fish Biology, em 09/06/2009. Aceito para

publicação em 10/08/2009. Primeira revisão efetuada em 20/08/2009.

III.4.Capítulo 4: Complexo sinaptonêmico em acarás-disco: cadeia

cromossômica meiótica. A ser enviado para publicação no periódico Micron.

Page 51: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

28

III.1.Artigo 1: Intrigante evidência de translocações em acarás-disco (Symphysodon, Cichlidae) e relato da maior cadeia cromossômica meiótica em vertebrados

Page 52: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

29

Page 53: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

30

III.1.1. Introdução

Os acarás-disco, gênero Symphysodon Heckel, 1840, formam o grupo

mais intrigante e distinto entre os ciclídeos sulamericanos devido à morfologia

de seu corpo, aos padrões de coloração e características cromossômicas

(Kullander, 1996; Feldberg et al., 2003; Ready et al., 2006). Nos últimos

quarenta anos algumas publicações tem indicado que Symphysodon tem o

maior número diploide de todos os ciclídeos, sendo a maioria das informações

referentes à Symphysodon aequifasciatus (Ohno & Atkin, 1966; Thompson,

1979; Takai et al., 2002).

Recentemente, Mesquita et al. (2008) demonstraram que S. discus e S.

haraldi também apresentam um cariótipo derivado. Todas as espécies do

gênero Symphysodon possuem um elevado número diploide (2n=60), com

predominância de cromossomos meta-submetacêntricos, variação morfológica

inter e intraespecífica e microcromossomos (ver Tabela 1 – Introdução Geral,

página 20). O alto número diploide detectado em Symphysodon já foi explicado

de duas formas: como uma consequência de poliploidização (Thompson, 1976)

e por meio de rearranjos cromossômicos, como inversões pericêntricas,

translocações e fissões/fusões (Mesquita et al., 2008). As diferentes fórmulas

cariotípicas descritas para as diferentes espécies de acarás-disco podem ter

sido ocasionadas por enganos na classificação dos cromossomos, uma vez

que o nível de condensação dos cromossomos pode interferir nas análises e a

maioria dos autores não empregou a terminologia microcromossomo. Além

disso, a falta de consenso na classificação taxonômica das espécies pode

também ter gerado erros.

O cariótipo das três espécies apresenta blocos heterocromáticos

localizados principalmente na região pericentromérica de todos os

cromossomos e na região proximal de braços curtos e longos de alguns pares

(Takai et al., 2002; Mesquita et al., 2008). Com relação à região organizadora

de nucléolo (RON), Takai et al. (2002) detectaram um sistema de RON simples

em S. aequifasciatus, usando impregnação por nitrato de prata. Entretanto,

Mesquita et al. (2008) descreveram um sistema de RONs múltiplas em S.

Page 54: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

31

aequifasciatus (cromossomos dos pares 5, 10, 11, 15, 21 e 22), S. discus (18

e 24) e S. haraldi (3, 5, 10, 11, 21 e 22).

A análise de configurações meióticas tem sido utilizada para confirmar a

ocorrência de poliploidização, eventos de duplicação e rearranjos

cromossômicos que ocorreram durante a evolução de mamíferos e outros

grupos de vertebrados (Villena & Sapienza, 2001; Dumas & Britton-Davidian,

2002; Siqueira-Jr et al., 2004; Gallardo et al., 2006). Se poliploidização ou

rearranjos cromossômicos tiverem ocorrido, o pareamento cromossômico

meiótico pode ser complexo e resultar em gametas balanceados ou

desbalanceados (Sharp & Rowell, 2007).

Assim como em outros teleósteos, o estudo de cromossomos meióticos

em ciclídeos neotropicais tem sido negligenciado. Os poucos relatos

encontrados na literatura descrevem características notáveis, como

discordância entre número cromossômico de células somáticas e gonadais em

Gymnogeophagus balzanii (Feldberg & Bertollo, 1984).

Neste estudo foram investigados os cromossomos meióticos de

espécies selvagens de Symphysodon, enfatizando a configuração da complexa

cadeia cromossômica meiótica que nunca havia sido encontrada em peixes.

Esta informação poderá contribuir para o entendimento dos rearranjos

cromossômicos envolvidos na carioevolução deste grupo de peixe.

III.1.2. Material e métodos

Os acarás-disco foram coletados em seus habitats naturais na bacia

Amazônica, estado do Amazonas, Brasil. Os peixes foram identificados de

acordo com a taxonomia de Bleher et al. (2007), isto é, S. aequifasciatus (disco

verde), S. discus (discos Heckel) e S. haraldi (disco azul/marrom).

Trinta e cinco machos e nove fêmeas de Symphysodon spp. foram

analisados neste estudo, com licença do IBAMA (11/2005): oito machos e três

fêmeas de S. aequifasciatus do rio Tefé; 15 machos e três fêmeas de S. discus

do rio Negro (proximidades de Novo Airão) e 15 machos e três fêmeas de S.

haraldi do rio Manacapuru (Figura 1). Espécimes testemunhos foram

depositados na Coleção de Peixes do Instituto Nacional de Pesquisas da

Page 55: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

32

Amazônia (INPA), Manaus, Amazonas, Brasil (INPA 28582, INPA 28583, INPA

25498).

Figura 1 – Espécies selvagens de Symphysodon analisadas, suas distribuições

geográficas na bacia Amazônica (modificado de Bleher, 2006) e os paleoarcos

de Caravari e Purus. a) Symphysodon aequifasciatus; b) S. discus; c) S.

haraldi; d) Mapa geográfico mostrando os locais de amostragem dos discos: a,

Tefé; b, Novo Airão; c, Manacapuru.

Page 56: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

33

Preparações cromossômicas meióticas foram obtidas utilizando células

gonadais, segundo protocolo descrito por Bertollo et al. (1978), com

modificações. Testículos e ovários imaturos de indivíduos não submetidos à

colchicinização foram colocados em solução hipotônica (KCl 0,075M) por 30

minutos e fixados em Carnoy (3 metanol : 1 ácido acético) por 20 minutos; este

último tratamento foi repetido por três vezes. A seguir, as gônadas foram

maceradas em ácido acético 50% sobre uma lâmina e secas sobre uma placa

de metal aquecida à temperatura de 45 ºC. Todas as preparações

cromossômicas foram coradas com solução de Giemsa 5% por 10 minutos. A

heterocromatina constitutiva foi detectada pela técnica de Sumner (1972) e as

regiões organizadoras de nucléolo foram impregnadas pelo íon prata de acordo

com a técnica de Howell & Black (1980).

III.1.3. Resultados

Poucas fêmeas foram analisadas devido à presença de grande

quantidade de vitelo nas fêmeas maduras, sendo que este fator interfere na

técnica utilizada, tornando-a impraticável. As células gonadais em intérfase e

prófase I de machos e fêmeas de S. aequifasciatus, S. discus e S. haraldi não

apresentaram regiões heteropicnóticas positivas que indicassem a presença de

cromatina sexual (Figura 2 a, b, c). O comportamento cromossômico de

algumas fases meióticas de S. aequifasciatus e S. haraldi foi similar, mas

diferenças foram detectadas em S. aequifasciatus/S. haraldi e S. discus. Uma

cadeia cromossômica multivalente e 20 bivalentes foram observados no

diplóteno de espermatócitos e oócitos de S. aequifasciatus e S. haraldi (Figura

2 d, e) e 30 bivalentes foram detectados em S. discus (Figura 2 f). Nas três

espécies, a maioria dos bivalentes apresentou dois quiasmas terminais. A

cadeia cromossômica (C) observada em células diplotênicas de S.

aequifasciatus e S. haraldi provavelmente é composta por 20 elementos,

porque até 20 bivalentes (II) foram encontrados nesta fase. Embora

2n=20II+CXX (onde CXX significa cadeia cromossômica meiótica composta de

20 elementos) represente o maior grau de pareamento cromossômico

observado em diplótenos de S. aequifasciatus e S. haraldi, somente 2% das

Page 57: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

34

células analisadas apresentaram esta configuração. Nas duas espécies, a

configuração mais frequente foi uma cadeia cromossômica linear com número

variável de elementos, assim como o número de bivalentes e univalentes

(Figura 3). Esta variação pode ser explicada pela dinâmica do ciclo de divisão

celular (diplóteno precoce, intermediário e tardio). Assim, quando o número de

elementos da cadeia e/ou bivalentes diminui, o número de univalentes aumenta

e uma cadeia cromossômica linear pode ser detectada. Desta forma, durante a

diacinese de S. aequifasciatus e S. haraldi uma cadeia cromossômica em anel

e um número variável de bi- e univalentes foram visíveis (Figura 2 g, h). Em S.

discus esta fase foi caracterizada pela ocorrência de 30 bivalentes, alguns dos

quais exibem uma separação precoce dos cromossomos (Figura 2 i). Células

em metáfase I de S. aequifasciatus e S. haraldi apresentaram a cadeia

cromossômica com disposição em zigzag, indicando uma orientação alternada

dos centrômeros dos cromossomos homólogos (Figura 2 j, k). Células em

metáfase I de S. discus mostraram bivalentes típicos alinhados na placa

equatorial (Figura 2 l). Células em metáfase II das três espécies apresentaram

n=30 cromossomos, confirmando que a segregação dos cromossomos ocorreu

corretamente na anáfase I precedente (Figura 2 m, n, o).

Células diplotênicas de S. aequifasciatus e S. haraldi, submetidas à

técnica de banda C, mostraram a maioria dos bivalentes com dois blocos

heterocromáticos conspícuos, indicando que, provavelmente, estejam

localizados na região pericentromérica, enquanto que a cadeia cromossômica

apresentou um número variável de marcações heterocromáticas (Figuras 4 a,

b). Banda C positiva foi detectada em quase todos os bivalentes diplotênicos

de S. discus machos e fêmeas, sendo o padrão similar ao encontrado em

bivalentes de S. aequifasciatus e S. haraldi (Figura 4 c).

Os núcleos interfásicos de células gonadais masculinas e femininas das

três espécies de Symphysodon, assim como células da prófase I, foram

impregnados com íon prata. O núcleo interfásico, nas três espécies,

apresentou um número variável de nucléolos marcados com nitrato de prata,

sendo encontradas até seis marcas em S. aequifasciatus e S. haraldi, e até

quatro em S. discus (Figura 4 d, e, f). Em S. aequifasciatus e S. haraldi até

Page 58: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

35

duas RONs foram observadas em diplóteno e diacinese. Em S. aequifasciatus

os sítios estavam em bivalentes (Figura 4 g) e em S. haraldi, um estava em um

bivalente e outro na cadeia cromossômica (Figura 4 h). Células da prófase I

tardia de S. discus apresentaram um ou dois bivalentes portando a RON

(Figura 4 i).

Page 59: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

36

Figura 2 – Células testiculares meióticas de Symphysodon aequifasciatus (a, d, g, j, m), S. haraldi (b, e, h, k, n) e S. discus (c, f, i, l, o) submetidas à coloração convencional. (a-c) Leptóteno/Zigóteno. (d, e) Diplóteno mostrando uma cadeia cromossômica em anel (cabeça de seta) e 20 bivalentes. A maioria dos bivalentes apresenta dois quiasmas terminais (setas). (f) Diplóteno com 30 bivalentes, a maioria exibindo quiasmas terminais (seta). (g, h) Diacinese mostrando uma cadeia cromossômica linear (cabeça de seta) e vários bivalentes e univalentes. (i) Diacinese mostrando a separação precoce de elementos de um bivalente (seta). (j, k) Metáfase I revelando a orientação em zigzag dos cromossomos dentro da cadeia (cabeça de seta). (l) Metáfase I com bivalentes alinhados na placa equatorial. (m-o) Metáfase II com n=30 cromossomos (barra: 10 μm).

Page 60: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

37

Figura 3 – Frequência das fórmulas meióticas nas células em diplóteno e

diacinese analisadas em Symphysodon aequifasciatus e S. haraldi, mostrando

a barra de desvio padrão e números variáveis de bivalentes, elementos

formadores da cadeia e univalentes, provavelmente devido a uma

terminalização precoce de quiasmas. II = bivalente; C XX = cadeia

cromossômica com 20 elementos; C XIX = cadeia cromossômica com 19

elementos; C XVIII = cadeia cromossômica com 18 elementos; C XVII = cadeia

cromossômica com 17 elementos; C XVI = cadeia cromossômica com 16

elementos; C XV = cadeia cromossômica com 15 elementos; U = univalentes.

Page 61: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

38

Figura 4 - Células testiculares meióticas de Symphysodon aequifasciatus (a, d,

g), S. haraldi (b, e, h) e S. discus (c, f, i) após bandamento C (a-c) e

impregnação por íon prata. (a-b) Diplóteno mostrando blocos heterocromáticos

(cabeça de seta) nos elementos cromossômicos formadores da cadeia e em

quase todos os bivalentes (seta). (c) Diplóteno com banda C positiva (seta) na

maioria dos bivalentes. (d-f) Núcleos interfásicos, revelando cinco, seis e quatro

nucléolos (cabeça de seta), respectivamente. (g) Diacinese com uma RON em

um grande bivalente. (h) Diacinese mostrando RONs (cabeças de seta) em um

elemento da cadeia cromossômica e em um bivalente de tamanho mediano

(seta). (i) Diacinese com uma RON em um bivalente de tamanho pequeno

(barra: 10 μm).

Page 62: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

39

Figura 5 - Representação esquemática da possível origem da cadeia

cromossômica das células meióticas de Symphysodon aequifasciatus e S.

haraldi (n representa os outros pares cromossômicos envolvidos na meiose

múltipla). (a) Translocações simples e heterozigotas envolvendo pequenos

segmentos de alguns pares cromossômicos. (b) Elementos cromossômicos

derivados de translocações. (c) Configuração meiótica da cadeia

cromossômica, causada por translocações múltiplas e seriadas.

Page 63: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

40

III.1.4. Discussão

Apesar da falta de consenso na nomenclatura taxonômica, atualmente

aceita-se a presença de três espécies distintas de Symphysodon, baseando-se

na coloração, morfologia, características moleculares e padrões de distribuição

geográfica pela bacia Amazônica (Ready et al., 2006; Bleher et al., 2007).

Estudos citogenéticos tem indicado que o número diploide igual a 60

cromossomos é encontrado, invariavelmente, em S. aequifasciatus, S. discus e

S. haraldi. Entretanto, distintas fórmulas cariotípicas, número de RONs e

localização da heterocromatina constitutiva sugerem que os cariótipos são

espécie-específicos e refletem a existência de três espécies (Mesquita et al.,

2008).

Tanto Ready et al. (2006) quanto Bleher et al. (2007), analisando

sequências mitocondriais do Citocromo B e D-loop, respectivamente, sugerem

que discos heckel e os discos marrons/azuis não são geneticamente distintos,

provavelmente devido a eventos de introgressão, mas ambas as espécies são

diferentes dos discos verdes. Em contraste, Koh et al. (1999) demonstraram

que há uma clara diferenciação genética entre todas as espécies, baseados em

análises de RAPD (polimorfismo de DNA amplificado ao acaso) e que S. discus

é a mais divergente das espécies de acarás-disco. Em um trabalho mais

recente Farias & Hrbek (2008), analisando molecularmente a região controle do

DNA mitocondrial e o gene nuclear RAG1, sugerem a existência de quatro

grupos de discos na região amazônica, sendo que as colorações fenotípicas

dos animais representam unidades geográficas, onde os discos verdes

ocorreriam acima da cidade de Coari (AM), os discos azuis de Coari até o

encontro das águas dos rios Negro e Solimões (próximo à cidade de Manaus) e

o grupo marrom nas águas do rio Amazonas (após a junção do rio Negro com o

Solimões). Adicionalmente, um quarto grupo foi evidenciado na região do rio

Xingu.

A análise do comportamento cromossômico meiótico das espécies de

discos corroborou os dados mitóticos com relação ao número de espécies,

assim como número diploide, distribuição da heterocromatina e RONs, mas

revelou uma surpreendente característica meiótica. Em S. aequifasciatus e S.

Page 64: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

41

haraldi 20 bivalentes e uma grande cadeia cromossômica (composta de até 20

elementos) foram observados, enquanto que em S. discus 30 bivalentes típicos

foram evidenciados. Não foi posssível afirmar quais cromossomos formam a

cadeia cromossômica usando apenas métodos citogenéticos clássicos.

Certamente a cadeia cromossômica não é composta apenas pelos

microcromossomos, uma vez que apenas dois pares foram detectados nas

análises mitóticas. Além disso, um sítio ribossomal esteve presente na cadeia

cromossômica de S. haraldi e em cromossomos mitóticos desta espécie os

pares cromossômicos portadores de Ag-RONs foram 3, 5, 10, 11, 21 e 22 e,

nenhum destes foi considerado microcromossomo (Figura 4 h).

Figuras meióticas múltiplas envolvendo mais de quatro cromossomos

são raras e a maioria dos casos está confinada a plantas e invertebrados, não

tendo ainda sido descrita para peixes (para revisão ver Grützner et al., 2006).

Até este estudo, a maior cadeia cromossômica detectada em vertebrados havia

sido encontrada em machos de ornitorrinco (Ornithorhynchus anatinus), os

quais apresentam cinco cromossomos X e cinco Y. Estes 10 cromossomos

formam uma cadeia meiótica multivalente complexa na meiose destes

indivíduos (Grützner et al., 2004). Ao contrário do que foi visto em ornitorrinco,

a cadeia cromossômica encontrada nas espécies de acará-disco, S.

aequifasciatus e S. haraldi, não é formada por cromossomos sexuais, uma vez

que é encontrada tanto em machos quanto em fêmeas.

Entre os peixes, multivalentes meióticos não envolvendo cromossomos

sexuais foram evidenciados em poucas espécies, os salmonídeos Salvelinus

namaycush e Salvelinus fontinalis (Lee & Wright, 1981; Disney & Wright-Jr,

1990), e o gobídeo Gobius fallax (Thode et al., 1988). A origem do

emparelhamento múltiplo para estas espécies foi relacionada à hibridização

entre as mesmas e rearranjos Robertsonianos, respectivamente. Em S.

aequifasciatus e S. haraldi, a cadeia cromossômica meiótica provavelmente

seja resultado de múltiplas translocações de pequenos segmentos de pares

cromossômicos (Figura 5). Mecanismo similar foi proposto para explicar a

configuração multivalente de células meióticas dos anfíbios anuros

Page 65: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

42

Physalaemus petersi e Eleutherodactylus binotatus (Lourenço et al., 2000;

Siqueira-Jr et al., 2004).

Em geral, a hibridização e a presença de translocações heterozigotas

reduzem a adaptabilidade devido à formação de gametas desbalanceados.

Entretanto, alguns relatos tem mostrado translocações, as quais podem ser

conservadas em populações que apresentam mecanismos que favorecem uma

orientação alternada nos cromossomos durante a metáfase I, levando à

segregação dos cromossomos translocados para o mesmo pólo celular

(Eichenlaub-Ritter & Winking, 1990; Mirol & Bidau, 1994). Como a cadeia

cromossômica meiótica está presente em ambos os sexos de S. aequifasciatus

e S. haraldi, a translocação autossômica pode estar fixada nas populações de

Tefé e Manacapuru, analisadas no presente trabalho. A orientação em zigzag

da cadeia cromossômica durante a metáfase I em S. aequifasciatus e S. haraldi

pode ser característica de um processo que tenha favorecido a formação de

gametas balanceados e a fixação destes rearranjos dentro da população.

Outros animais, como ovelhas e aranhas, apresentam zonas de hibridação

entre raças. Estas raças apresentam homologia monobranquial e quando se

intercruzam carregam rearranjos Robertsonianos múltiplos, envolvendo

cromossomos homeólogos, o que resulta em cadeias multivalentes e indivíduos

totalmente férteis (Rowell, 1990; Narain & Fredga, 1997; Sharp & Rowell,

2007).

Entretanto, o envolvimento de regiões heterocromáticas terminais na

cadeia cromossômica de S. aequifasciatus e S. haraldi deve ser considerada. A

associação heterocromática de cromossomos não homólogos já foi verificada

por John & King (1982) no gafanhoto Heteropternis obscurella (Orthoptera).

Embora não tenhamos encontrado nenhuma evidência de variação

heterocromática intraespecífica em S. aequifasciatus e S. haraldi, blocos de

banda C terminais podem afetar os quiasmas terminais. Isto poderia levar à

variação no número de univalentes e bivalentes nas diferentes subfases do

diplóteno e diacinese, como mostrado na figura 3. Porém, como apenas 12

braços totalmente heterocromáticos estão presentes nos cariótipo destas

espécies, a associação entre blocos de heterocromatina somente poderia

Page 66: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

43

resultar numa cadeia com 12 elementos. Esta evidência sugere que este tipo

de associação não é o único mecanismo responsável pela formação da cadeia

cromossômica, sendo necessária a existência de múltiplas translocações para

originar a figura meiótica verificada nas duas espécies.

Heterocromatina, em peixes, é rica em sequências repetitivas, sendo a

maioria destas, elementos transponíveis (para revisão ver Martins, 2007;

Ferreira & Martins, 2008). Os elementos transponíveis são considerados os

maiores promotores da diversidade genômica e biológica dos vertebrados,

possivelmente desempenham um papel importante na especiação e grandes

mudanças evolutivas (Bohne et al., 2008). A carioevolução de Symphysodon

provavelmente não tenha ocorrido somente por poliploidia ou rearranjos

cromossômicos, como previamente sugerido por Thompson (1976) e Mesquita

et al. (2008), respectivamente, mas também pode ter sido mediada pelo

acúmulo de elementos transponíveis em heterocromatinas terminais e

translocações envolvendo estas regiões. O movimento destes elementos

móveis pode ter ocorrido após hibridação entre espécies de acarás-disco sem

cadeia cromossômica (por exemplo S. discus e um ancestral de S.

aequifasciatus e S. haraldi) e resultou em indivíduos com cadeia cromossômica

meiótica em machos e fêmeas.

Desde a década de 1960, acarás-disco selvagens tem sido exportados

para o Japão, Alemanha e Estados Unidos com o objetivo de criar novas

variedades e para suprir o mercado do peixe ornamental. Programas de

reprodução do tipo tentativa e erro, utilizando diferentes populações selvagens

tem produzido discos com novas características, existindo mais de 600

diferentes variantes, sendo que pelo menos 1,5 milhões de discos são criados

por mês no mundo inteiro (Chan, 1991; Bleher, 2006).

Além disso, processos de seleção artificial de acarás-disco também tem

sido empregados nos últimos 50 anos para a reprodução, sendo que a seleção

de cores fortes, da forma corporal e da coloração das nadadeiras resultou em

várias formas cultivadas que não existem na natureza (Bleher & Göbel, 1992).

Segundo os criadores, a maioria das cores variantes é resultado de endogamia

e cruzamentos entre as espécies S. aequifasciatus e S. haraldi. Os dados

Page 67: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

44

genéticos revelados por marcadores RAPD para os acarás-discos selvagens e

cultivados corroboram estes dados (Koh et al., 1999). Symphysodon discus

normalmente não é usado em reproduções cruzadas e isto provavelmente

ocorre porque o cruzamento entre variedades de discos que apresentam

cadeia cromossômica (originados de S. aequifasciatus e S. haraldi) com as que

não apresentam cadeia (descendentes de S. discus) resultem em inviabilidade

dos híbridos ou prole infértil.

Do ponto de vista evolutivo, a cadeia cromossômica observada em S.

aequifasciatus e S. haraldi parece ser uma característica derivada, e a

presença desta cadeia em ambas as espécies indica que elas provavelmente

sejam espécies irmãs, tendo S. discus como grupo irmão deste clado ou como

parental. Entretanto, a partir de análises moleculares baseadas na sequência

parcial do D-loop e Citocromo C não foi possível afirmar se S. discus é basal

dentro de Symphysodon (Ready et al., 2006; Bleher et al., 2007). As diferenças

cromossômicas meióticas entre estas espécies relacionadas sugerem que

estas características podem estar relacionadas com a especiação das

mesmas.

As tribos Heroine, que inclui os acarás-discos, e Cichlasomine são as

linhagens mais recentes da radiação Neotropical e a idade estimada para o

surgimento destes grupos é de 12 milhões de anos, com base na análise de

sequências do gene mitocondrial 16S. A subsequente diversificação dos

heroíneos é estimada como ocorrida em 5,5 milhões de anos, no Mioceno

tardio (Farias et al., 1998). É provável que neste tempo, um ancestral dos

discos tenha sofrido um aumento no número diploide (de 48 para 60), que pode

ter ocorrido por poliploidia (Thompson, 1976) ou por rearranjos cromossômicos

(Mesquita et al., 2008). Contrariando a hipótese de Ready et al. (2006),

acreditamos que Symphysodon discus (discos heckel) seria a espécie mais

antiga na bacia amazônica. S. discus poderi ter hibridizado com um ancestral

das outras espécies de discos, o qual já estaria extinto ou ainda não foi

amostrado, e isto teria ocasionado a movimentação de elementos

transponíveis, causando rearranjos cromossômicos múltiplos (como as

translocações) que levaram à origem da cadeia cromossômica meiótica em

Page 68: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

45

indivíduos de uma população que seria ancestral de S. aequifasciatus e S.

haraldi. A diversificação de S. aequifascistus e S. haraldi pode ter ocorrido a 5

ou 3 milhões de anos, quando os arcos do Caravari e Purus se formaram,

respectivamente (Lundberg et al., 1998; Hoorn et al., 1995; Irion et al., 1995)

(Figura 1). Os arcos (Purus ou Caravari), que atualmente encontram-se

subterrâneos, podem ter atuado temporariamente como uma barreira para as

populações ancestrais de indivíduos portadores de cadeia cromossômica

meiótica, o que poderia ter levado a uma diferenciação das espécies, seguida

por uma fragmentação da sua zona de distribuição. Então, posteriormente, S.

aequifasciatus e S. haraldi poderiam ter entrado em contato secundário. A

seleção pode ter favorecido indivíduos que apresentavam a capacidade de

segregar balanceadamente os cromossomos múltiplos, resultando em formas

cariotípicas estáveis.

Os mecanismos que tem atuado durante a evolução cromossômica de

Symphysodon parecem ser complexos e novos estudos, incluindo mapeamento

cromossômico de sequências repetitivas, análises do complexo sinaptonêmico

e amostragem de novas populações são necessárias. Estas informações

poderão contribuir para um melhor entendimento dos mecanismos

cromossômicos envolvidos no processo de especiação, bem como poderão ser

aplicados em programas de reprodução destes animais com interesse

comercial.

Page 69: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

46

III.2.Artigo 2: Análise citogenética comparativa das espécies do gênero Symphysodon (Cichlidae): características cromossômicas de retrotransposons e subunidade menor do DNA ribossomal

Comparative cytogenetic analysis of the genus Symphysodon (discus fishes,

Cichlidae): chromosomal characteristics of retrotransposons and minor

ribosomal DNA. Cytogenetic and Genome Research.

Enviado em 13/07/2009. Aceito para publicação em 24/08/09. Primeira revisão

efetuada em 25/08/09.

Page 70: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

47

III.2.1. Introdução

A heterocromatina em peixes é rica em sequências repetitivas e estas

tem merecido atenção especial em estudos relativos à estrutura centromérica e

telomérica (Lanfredi et al., 2001; Vicente et al., 2001), origem e evolução de

cromossomos sexuais (Devlin et al., 1998; Stein et al.; 2001; Venere et al.,

2004), cromossomos supranumerários (Mestriner et al., 2000; Jesus et al.,

2003) e evolução dos genomas (Dasilva et al., 2002). Dentre as sequências

repetitivas destacam-se os elementos transponíveis e genes ribossomais. Os

elementos transponíveis são sequências capazes de se integrar em novas

localizações do genoma e mobilizar sequências não-autônomas, sendo que

todos os tipos de transposons e retrotransposons conhecidos são encontrados

em genomas de peixes (Volff et al., 2003; Ozouf-Costaz et al., 2004). Em

contraste com o genoma dos mamíferos, o genoma dos peixes teleósteos

contém múltiplas famílias ativas de elementos móveis, os quais tem atuado na

especiação e viabilidade dos indivíduos (Volff, 2005; Feschotte & Prithman,

2007). De todos os elementos retrotransponíves, Rex abriga várias famílias

abundantes em teleósteos, sendo que o elemento Rex3 tem a maior

distribuição neste grupo, com diferentes padrões de organização no genoma de

cada espécie (Tabela 1). Neste grupo, algumas cópias de Rex3 estão

associadas com regiões codificantes, o que poderia ser um importante fator

para a evolução (Volff et al., 1999; 2001). Outras sequências repetitivas

importantes são os DNAs codificadores de RNAs ribossomais, que podem ser

divididos em duas famílias multigênicas, repetidas em tandem: a primeira

classe, representada pelo DNAr 45S, que compreende as regiões que

transcrevem os genes RNAs 28S, 18S e 5,8S, além de espaçadores

intergênicos; e a segunda classe, DNAr 5S, consiste de uma sequência

altamente conservada de 120 pares de base e espaçadores não transcritos

(NTS) de tamanho variável (Martins, 2007).

Estudos que identificam regiões repetitivas vêm sendo realizados em

ciclídeos africanos, principalmente com diferentes espécies de tilápia (Oliveira

& Wright, 1998; Martins & Wasko, 2004; Ferreira & Martins, 2008). Para os

Page 71: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

48

ciclídeos neotropicais este tipo de estudo está apenas começando

(Mazzuchelli & Martins, 2009), frente à grande riqueza de espécies desta

família.

Os acarás-disco constituem um excelente modelo para a realização de

estudos evolutivos. Endêmicas da bacia amazônica, as três espécies

atualmente reconhecidas do gênero Symphysodon (S. aequifasciatus, S. discus

e S. haraldi, Cichlidae, Perciformes) apresentam alto nível de variabilidade

genética associada a diferentes tipos de biótopos, sendo há muito tempo tema

de estudos taxonômicos e filogenéticos, tanto em nível morfológico quanto

molecular, principalmente por tratar-se de espécies amplamente exploradas

como peixes ornamentais (Kullander, 1996; Ready et al., 2006; Bleher et al.,

2007; Amado et al., 2008; Farias & Hrbek, 2008; Silva et al., 2008). Análises

citogenéticas clássicas revelaram que as três espécies de Symphysodon

apresentam o maior número diploide encontrado na família (2n=60), com a

maioria dos cromossomos do tipo meta-submetacêntricos, ausência de

cromossomos sexuais diferenciados e presença de grandes blocos de

heterocromatina constitutiva (Ohno & Atkin, 1966; Thompson, 1979; Takai et

al., 2002; Mesquita et al., 2008). Todas estas características são consideradas

derivadas para a família Cichlidae (Feldberg et al., 2003). Além disso, S.

aequifasciatus e S. haraldi apresentam a maior cadeia cromossômica meiótica

descrita para vertebrados, a qual compreende até 20 elementos, em machos e

fêmeas, cuja origem pode estar baseada em uma série de translocações que

envolveram regiões heterocromáticas (Gross et al., 2009).

Visando um melhor entendimento da organização cromossômica e

carioevolução, o presente estudo apresenta o mapeamento físico

cromossômico das sequências repetitivas do retrotransoposon Rex3 e do DNAr

5S nas três espécies selvagens do gênero Symphysodon.

III. 2.2. Material e métodos

Os indivíduos de acarás-disco foram coletados no estado do Amazonas,

Brasil, sob licença do IBAMA (011/2005) e identificados de acordo com as

características propostas mais recentemente para o gênero (Bleher et al.,

Page 72: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

49

2007). Foram coletados oito machos e três fêmeas de disco verde (S.

aequifasciatus) provenientes do rio Tefé; 15 machos e três fêmeas de disco

heckel (S. discus) do rio Negro (proximidades de Novo Airão) e 15 machos e

três fêmeas de disco azul/marrom (S. haraldi) do rio Manacapuru. Espécimes

testemunhos foram depositados na coleção de peixes do INPA (INPA 28582,

INPA 28583, INPA 28584) e outros indivíduos estão depositados na coleção de

peixes do Laboratório de Genética Animal do INPA.

Cromossomos mitóticos e meióticos foram obtidos de células renais e

gonadais de machos e fêmeas de S. aequifasciatus, S. discus e S. haraldi,

seguindo os protocolos descritos por Moreira-Filho & Bertollo (1990) e Gross et

al. (2009), respectivamente. O composto farmacêutico Munolan (Allergan

Frumtost) foi usado para estimular a divisão celular mitótica (Molina, 2001). A

heterocromatina foi detectada utilizando o protocolo descrito por Sumner

(1972).

O DNA genômico total foi extraído do músculo de Symphsysodon

aequifasciatus (disco verde), Symphysodon discus (disco heckel) e Symphysodon

haraldi (discos azul/marrom) seguindo o protocolo de fenol-clorofórmio detalhado

em Sambrook & Russell (2001). Para a amplificação por PCR (Polymerase Chain

Reaction) do retrotransposon Rex3 foram utilizados os primers RTX3-F3 (5’-CGG

TGA YAA AGG GCA GCC CTG) e RTX3-R3 (5’-TGG CAG ACN GGG GTG

GTG GT) (Volff et al. 1999, 2001). Para obter unidades repetitivas do DNAr 5S

por PCR foi utilizado o conjunto de primers 5Sa (5’-TAC GCC CGA TCT CGT

CCG ATC) e 5Sb (5’-CAG GCT GGT ATG GCC GTA AGC) (Komiya &

Takemura, 1979). As reações de PCR foram feitas para volume final de 25 μL

(1 μL de DNA genômico -100 ng); 2,5 μL de Tampão 10X com cloreto de

magnésio 1,5 mM; 0,25 μL de Taq DNA Polimerase (5 U/μL); 1,5 μL de dNTP

(1 mM); 1,5 μL de cada primer (5 mM); água milli-Q para completar o volume).

Os ciclos de amplificação seguiram as seguintes etapas: a) Rex3: 2 minutos a 95

ºC (desnaturação); 35 ciclos de um minuto a 95 ºC, 40 segundos a 55 ºC

(anelamento), 2 minutos a 72 ºC (extensão); 5 minutos a 72 ºC (extensão final).

b) DNAr 5S: 5 minutos a 94 ºC (desnaturação); 2 ciclos de 1 minuto a 95 ºC, 30

segundos a 61 ºC e 45 segundos a 72 ºC; 2 ciclos de 1 minuto a 95 ºC, 30

Page 73: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

50

segundos a 59 ºC e 45 segundos a 72 ºC; 2 ciclos de 1 minuto a 95 ºC , 30

segundos a 57 ºC e 45 segundos a 72 ºC; 25 ciclos de 1 minuto a 95 ºC, 30

segundos a 61 ºC e 45 segundos a 72 ºC (extensão); 7 minutos a 72 ºC

(extensão final).

Os produtos da PCR foram clonados no plasmídeo pGEM-T e células

competentes de Escherichia coli DH5α foram utilizadas para a transformação.

Dezesseis clones de Rex3 e oito de DNAr 5S foram sequenciados no

sequenciador automático MegaBace 1000 seguindo as instruções do fabricante.

Para as reações de sequenciamento foi utilizado o kit DYEnamic ET Terminator

Cycle Sequencing (GE HealthCare). As sequências geradas foram comparadas

com sequências depositadas nos bancos de dados disponíveis na Internet

através do NCBI (National Center for Biotechnology Information

(http://www.ncbi.nlm.nih.gov). Depois de conferidas, todas as sequências foram

alinhadas utilizando-se o programa de alinhamento múltiplo Clustal W (Thompson

et al., 1994), que está incluso no BioEdit 7.0 (Hall 1999). O alinhamento gerado

foi manualmente conferido e editado no mesmo programa.

As sondas de Rex3 e do DNAr 5S, obtidas por PCR, foram marcadas com

biotina 14-dATP por nick translation (Bionick labeling system-Invitrogen) e as

hibridizações fluorescente in situ homólogas e heterólogas foram realizadas de

acordo com o protocolo descrito por Pinkel et al. (1986) e Martins & Galetti Jr.

(2001), com modificações. O DNA cromossômico mitótico foi desnaturado por 10

segundos em formamida 70% em 2xSSC a 67 ºC e o meiótico por 15 segundos.

A solução de hibridização (100 ng de sonda desnaturada, 10 mg/mL de sulfato de

dextrano, 2xSSC e formamida 50% em um volume final de 30 μl) foi colocada

sobre a lâmina e a hibridização ocorreu a 37 ºC, overnight (cerca de 12 horas),

em câmara úmida (2xSSC). A lavagem pós-hibridização ocorreu a 72 ºC em

2xSSC, pH 7,0 por 5 minutos. Em seguida as lâminas foram imersas em tampão

PBD (20 mL de 20xSSC; 1mL Triton 100, 1g de leite em pó desnatado; água

destilada, volume final 100 mL, pH 7,0). A detecção das sondas foi feita por meio

de FITC-Avidina conjugada (Sigma) em tampão C (0,1M bicarbonato de sódio,

0,15M de cloreto de sódio) por 30 minutos. As lâminas foram lavadas 3 vezes em

tampão PBD a 45 ºC, por 2 minutos cada. Em seguida, duas séries de

Page 74: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

51

amplificação de sinal foram efetuadas usando antiavidina-biotina conjugada em

tampão PBD (2 μl de anti-avidina em 38 μl de PBD), sendo as lâminas incubadas

por 5 minutos em câmara úmida a 37 oC. Cada tratamento com antiavidina-

biotina conjugada foi seguido por um tratamento com FITC-Avidina 0,07% em

Tampão C, com incubação por 8 minutos em câmara úmida a 37 ºC. Depois de

cada passo de amplificação, as lâminas foram lavadas três vezes em tampão

PBD a 45 oC por 2 minutos. Os cromossomos foram contracorados com iodeto de

propídeo 0,2% diluído em antifade (Vector). Adicionalmente, as sondas de Rex3

foram marcadas por nick translation usando digoxigenina (Roche) e usadas em

hibridizações duplas com o DNAr 5S, sendo os cromossomos contra-corados

com DAPI. Cromossomos hibridizadors foram analisados usando microscópio

Olympus BX61 e as imagens foram capturadas com câmera digital Olymphys

DP71, com o programa Image-Pro MC 6.0. As metáfases mitóticas foram

processadas no programa Adobe Photoshop CS3, sendo os cromossomos

medidos no programa livre Image J. A montagem dos cariótipos foi feita de

acordo com Thompson (1979) e Mesquita et al. (2008).

III.2.3. Resultados

A amplificação com os primers para Rex3 resultou em um fragmento de

aproximadamente 460 pb que foi clonado e sequenciado para as três espécies

de Symphysodon (Figura 1a). As sequências foram comparadas com outras

disponíveis nos bancos de dados do NCBI e apresentaram alta similaridade

com elementos Rex3 identificados em outras espécies de peixes, incluindo

algumas espécies de ciclídeos como Cichlasoma labridens (95%) e

Oreochromis niloticus (87%), e com peixes considerados modelos genéticos

como, Danio rerio (78%).

Já a amplificação com os primers para DNAr 5S resultou em um

fragmento de 700 pb, incluindo NTS, para as três espécies de Symphysodon

(Figura 1b), as quais apresentaram 100% de similaridade a segmentos

correspontes à região codificante do RNAr 5S de Leporinus spp.

Page 75: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

52

A análise cariotípica das três espécies de Symphysodon revelou a

presença de 2n=60 cromossomos, ausência de cromossomos sexuais

diferenciados e de polimorfismo cromossômico populacional, sendo que S.

aequifasciatus apresentou fórmula cariotípica igual a 50m-sm+6st-a+4mi, S.

discus 50m-sm+10st-a e S. haraldi 52m-sm+4st-a+4mi (Figura 2).

A heterocromatina foi evidenciada na região pericentromérica da maioria

dos cromossomos mitóticos das três espécies (Figura 2). Porém, em alguns

pares, a heterocromatina constitutiva ocupou braços cromossômicos inteiros,

tais como, braço curto dos cromossomos dos pares 5, 6, 7, 9, 10, 12, 14, 16,

17, 18 em S. aequifasciatus (Figura 2a); 4, 8, 9, 10, 12 a 15, 18, 20, 22 e 23 de

S. discus (Figura 2b); 11, 15 a 20 de S. haraldi (Figura 2c). Ainda, em S.

aequifasciatus foi evidenciada, em um dos homólogos do primeiro par

cromossômico, uma marcação heterocromática instersticial no braço longo

(Figura 2a) e em S. haraldi os pares 23 e 29 são totalmente heterocromáticos

(Figura 2c).

Page 76: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

53

Figura 1 – Eletroforese em gel de agarose 1,5%, corado com Sybr Safe

(1:10.000), evidenciando produtos de PCR amplificados com os primers Rex3

(a) e DNAr 5S (b) para as três espécies de Symphysodon (1 – S.

aequifasciatus; 2 – S. discus; 3 – S. haraldi).

Page 77: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

54

Figura 2 – Cariótipos de Symphysodon aequifasciatus (a), S. discus (b) e S.

haraldi (c) submetidos a bandeamento C (barra de escala: 10 μm).

Page 78: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

55

As hibridizações homólogas (sondas de DNA da mesma espécie) e

heterólogas (sonda de uma espécie hibridizada em cromossomo de outra)

apresentaram resultados similares, tanto para Rex3 quanto para 5S. Com

relação à localização do elemento Rex3, as três espécies apresentaram um

padrão de distribuição compartimentalizado em alguns cromossomos, com

sinais de hibridização fracos na região centromérica da maioria dos

cromossomos (Figura 3), tanto em machos como em fêmeas, mas que são

bem visíveis nas metáfases espermatogoniais (Figura 3d). Na análise dos

cromossomos mitóticos estas marcações mais conspícuas foram evidenciadas

em regiões pericentroméricas e invadindo braços curtos dos pares

cromossômicos, sendo que S. aequifasciatus apresentou 12 marcas

moderadamente acentuadas (região pericentromérica invadindo os braços

curtos dos cromossomos dos pares 7, 9, 10, 13, 15 e 16) (Figura 3a), 18 sinais

bem evidentes em S. discus (região pericentromérica dos pares 19, 21 e 25, e

invadindo braços curtos dos pares 14, 18, 20, 23, 26 e 27) (Figura 3b) e 24

sítios tênues em S. haraldi (região centromérica dos cromossomos 5, 8, 14, 16,

17 e invadindo braços curtos dos cromossomos 6, 9, 10, 18, 19, 22, 29) (Figura

3c). Em células diplotênicas e em diacinese das três espécies, a maioria dos

bivalentes apresentou duas marcações conspícuas, as quais provavelmente

estão localizadas em regiões pericentroméricas (Figura 3f). Entretanto, em S.

aequifasciatus (Figura 3e) e S. haraldi (Figura 3g), um número variável de sítios

fluorescentes foram evidenciados na cadeia cromossômica.

Page 79: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

56

Figura 3 – Localização física cromossômica do retrotransposon Rex3 (sítios amarelos) nos cariótipos e células meióticas testiculares de Symphysodon aequifasciatus (a, d, e), S. discus (b, f) e S. haraldi (c, g). a-c) Cariótipos. d) Metáfase espermatogonial revelando marcações pericentroméricas de Rex3 em todos os cromossomos (seta); e-g) Diplóteno revelando sequências de Rex3 na cadeia cromossômica (seta) e em bivalentes (cabeça de seta) (barra 10 μm).

Page 80: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

57

Com relação à localização física cromossômica do DNAr 5S, apenas

um par de cromossomos marcados foi evidenciado nas três espécies. Nos

cromossomos mitóticos o DNAr 5S foi identificado na região sub-terminal dos

braços curtos dos cromossomos do par 10 em S. aequifasciatus (Figura 4a),

enquanto que em S. discus (Figura 4b) e S. haraldi (Figura 4c) este sítio foi

evidenciado na região sub-terminal do braço curto dos cromossomos do par 18.

Nos cromossomos meióticos das três espécies os sítios de DNAr 5S foram

localizados em bivalentes típicos e não estão envolvidos com a cadeia

cromossômica (Figura 4d, e, f). A FISH dupla revelou que os elementos Rex3

estão flanqueando os genes RNAr 5S nas três espécies (Figura 4g).

Page 81: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

58

Figura 4 – Localização física cromossômica do DNAr 5S (sírios amarelos) nos cariótipos e células testiculares meióticas de Symphysodon aequifasciatus (a, d, g), S. discus (b, e) e S. haraldi (c, f). a-c) Cariótipos. d-f) Diplóteno revelando sítios de DNAr 5S em bivalentes (seta). g) Metáfase de Symphysodon aequifasciatus mostrando as sequências de Rex3 (sítios róseos) flanqueando os genes RNAr 5S (sítios verdes). O mesmo padrão foi encontrado em S. discus e S. haraldi (barra: 10 μm).

Page 82: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

59

III.2.4. Discussão

Os elementos Rex3 podem ter apresentado um papel importante durante

a evolução dos ciclídeos neotropicais, incluindo as espécies de Symphysodon.

De acordo com árvores filogenéticas (Kullander, 1998; Farias et al., 2001;

Smith et al., 2008), Astronotus ocellatus é uma das espécies consideradas

basais para os ciclídeos neotropicais e esta apresenta pequenos blocos de

heterocromatina constitutiva restritos às regiões pericentroméricas de todos os

cromossomos, sendo que os elementos repetitivos AoRex3 (retroelemento da

família Rex3 isolado com enzimas de restrição de Astronotus ocellatus) estão,

preferencialmente, localizados nestas regiões (Mazzuchelli & Martins, 2009).

Symphysodon é um gênero considerado derivado dentre os ciclídeos e as suas

espécies apresentam grande quantidade de heterocromatina constitutiva nas

regiões pericentroméricas de quase todos os cromossomos, sendo que em

alguns pares os blocos heterocromáticos invadem a região proximal dos braços

curtos e longos (Takai et al., 2002; Mesquita et al. 2008; presente trabalho).

Todas as hibridizações in situ usando sondas específicas de Rex3 resultaram

em sinais fluorescentes co-localizados com heterocromatina (Figura 5a, b, c),

entretanto S. haraldi apresentou sinais tênues quando comparado com as

outras espécies do gênero. Análises da distribuição do Rex3 em cromossomos

meióticos nas espécies de Symphysodon corroboram os dados mitóticos com

relação à localização preferencial destas sequências na heterocromatina,

porém os sinais são mais evidentes em células testiculares. Banda C em

células diplotênicas de S. aequifasciatus e S. haraldi indicaram que a maioria

dos bivalentes apresenta dois blocos heterocromáticos, os quais

provavelmente estão localizados em regiões pericentroméricas, e um número

variável de blocos heterocromáticos na figura meiótica multivalente (Gross et

al., 2009). Um padrão similar foi encontrado na FISH utilizando as sondas de

Rex3, o que sugere o envolvimento destas sequências nos rearranjos

cromossômicos que originaram esta figura meiótica. Interessantemente,

estudos envolvendo localização física cromossômica dos elementos

retrotransponíveis Rex3 tem revelado diferentes padrões de distribuição para

as espécies das ordens Perciformes e Tetraodontiformes (Tabela 1), sendo que

Page 83: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

60

a maioria delas tem apresentado o Rex3 disperso uniformemente pelo

genoma e não relacionados à heterocromatina. Integração preferencial em

região heterocromática foi observada em Notothenia coriiceps, que apresenta o

cariótipo mais derivado dentre os Perciformes marinhos já analisados, cuja

distribuição é mais compartimentalizada, com acúmulo nas regiões

pericentroméricas, sugerindo uma correlação entre rearranjos cariotípicos e

atividade deste retrotransposon (Ozouf-Costaz et al., 2004).

Entretanto, em Symphysodon muitas regiões heterocromáticas não

apresentaram sinais de hibridização da sonda Rex3, como a marcação

instersticial heterocromática presente em apenas um dos homólogos do

primeiro par de S. aequifasciatus, os cromossomos heterocromáticos (par 23)

de S. haraldi e muitos braços curtos das três espécies, mostrando que as

espécies de Symphysodon permanecem com muitas sequências

heterocromáticas não conhecidas.

A heterocromatina é atualmente reconhecida como uma parte importante

do genoma dos eucariotos, cujas funções incluem segregação cromossômica,

organização nuclear e regulação da expressão gênica, e também pode afetar o

processo de recombinação gênica (Grewal & Jia, 2007; Skipper, 2007; Bühler,

2009). Entretanto, evidências mostram que esta região pode ter funções

adicionais, incluindo a regulação da mitose, progressão do ciclo celular e

proliferação das células, assim como pode estar associada com respostas a

muitas formas de estresses exógenos, como trocas de temperatura, choques

térmicos e hipóxia (Burt & Trivers, 2006; Varriale et al., 2008). Desta forma, as

diferenças encontradas no padrão heterocromático e na

quantidade/intensidade de sinais de Rex3 nos cariótipos das espécies

selvagens de Symphysodon podem estar correlacionadas e/ou refletindo uma

adaptação ao ambiente em que vivem? Esta é uma questão que merece uma

atenção especial, uma vez que os rios amazônicos apresentam grande

heterogeneidade quanto aos padrões físico-químicos desde a origem da bacia

amazônica, sendo isto reconhecido facilmente pelas diferentes colorações de

água (Tabela 2). Os rios amazônicos são classificados em rios de águas

brancas, com coloração barrenta, que possuem grande quantidade de

Page 84: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

61

sedimentos em suspensão; rios de águas claras com pouco material em

suspensão; e rios de águas pretas, coloração esta originada da decomposição

parcial de material orgânico proveniente da floresta (Sioli, 1990; Santos &

Ferreira, 1999). Estas características geológicas e os parâmetros físico-

químicos das águas afetam diretamente a distribuição dos acarás-disco na

bacia amazônica (Bleher, 2006, Ready et al., 2007, Bleher et al., 2007, Farias &

Hrbek, 2008). Os discos marrom/azul (S. haraldi) apresentam maior distribuição

na bacia amazônica, sendo encontrados em tributários ao longo do eixo

Amazonas-Solimões (Bleher, 2006, Bleher et al., 2007). Os discos verdes e

heckel apresentam distribuição mais restrita, sendo os verdes encontrados na

porção mais a oeste da bacia amazônica (região de Tefé, Juruá e Jutaí) e os

heckel nos rios Negro, Abacaxis e Nhamundá (Ready et al., 2006; Bleher et al.,

2007). Como cada uma das espécies de disco está relacionada a um ambiente

amazônico e diferentes números de sinais conspícuos de Rex3 são

encontrados nas espécies de Symphysodon, acreditamos que processos

fisiológicos (incluindo a expressão de genes) podem estar envolvidos com a

distribuição dos elementos móveis, uma vez que os transposons e

retrotransposons podem controlar genes epigeneticamente, quando inseridos

nos genes ou próximos a eles, causando silenciamento gênico pela indução da

metilação do DNA (Volff, 2005). Talvez este seja um dos motivos da existência

de diferentes padrões de heterocromatina constitutiva e níveis de intensidade

de sinais de Rex3, os quais são encontrados atualmente nas três espécies de

Symphysodon.

Page 85: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

62

Tabela 1 – Padrão de dispersão cromossômica dos elementos Rex3 em diferentes espécies de

peixes.

Espécie (Ordem) Padrão de dispersão Referência

Artedidraco shackletoni (Perciformes) Uniforme Ozouf-Costaz et al., 2004 Astronotus ocellatus* (Perciformes) Compartimentalizado Mazzuchelli & Martins, 2009Bovichtus angustifrons (Perciformes) Uniforme Ozouf-Costaz et al., 2004 Chionodraco hamatus (Perciformes) Compartimentalizado Ozouf-Costaz et al., 2004 Dissostichus mawsoni (Perciformes) Uniforme Ozouf-Costaz et al., 2004 Gymnodraco acuticeps (Perciformes) Uniforme Ozouf-Costaz et al., 2004 Gymnodraco victori (Perciformes) Uniforme Ozouf-Costaz et al., 2004 Neopagetopsis ionah (Perciformes) Uniforme Ozouf-Costaz et al. 2004 Notothenia coriiceps (Perciformes) Compartimentalizado Ozouf-Costaz et al., 2004 Patagonotothen tesselata (Perciformes) Uniforme Ozouf-Costaz et al., 2004 Symphysodon aequifascistus (Perciformes) Compartimentalizado Presente trabalho Symphysodon discus (Perciformes) Compartimentalizado Presente trabalho Symphysodon haraldi (Perciformes) Compartimentalizado Presente trabalho Tetraodon nigroviridis (Tetraodontiformes) Compartimentalizado Fisher et al., 2004 Trematomus hansoni (Perciformes) Uniforme Ozouf-Costaz et al., 2004 Trematomus newnesi (Perciformes) Uniforme Ozouf-Costaz et al., 2004 Trematomus bernacchii (Perciformes) Uniforme Ozouf-Costaz et al., 2004 Trematomus pennellii (Perciformes) Uniforme Ozouf-Costaz et al., 2004

* sonda utilizada para hibridização foi AoRex3

Tabela 2: Parâmetros físico-químicos medidos nos hábitats dos acarás-disco, a 1,5m de profundidade (Bleher, 2006).

Disco heckel Disco verde Disco marrom/azul Coloração da água Preta Preta Clara ou misturada Temperatura média da água 28,6 28,2 28,8 pH médio 4,78 5,42 6,14 Condutividade elétrica média 9,2 μS/cm 10,5 μS/cm 31,4 μS/cm

Page 86: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

63

Figura 5 – Idiograma comparativo de Symphysodon aequifasciatus (a), S. discus (b), S. haraldi (c); em preto a heterocromatina

centromérica/pericentromérica com tênues marcações fluorescentes de Rex3, claramente visualizada na maioria dos

cromossomos; em amarelo, marcações conspícuas mais acentuadas de Rex 3; em vermelho, os genes RNAr 5S co-localizados

com heterocromatina; em rosa, sequências desconhecidas de heterocromatina.

Page 87: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

64

A presença de elementos transponíveis também pode estar atuando na

variabilidade genética, verificada tanto em nível molecular (Ready et al., 2006,

Bleher et al., 2007, Farias & Hrbek, 2008) quanto citogenético (Mesquita et al.,

2008), assim como na variabilidade fenotípica visualizada tanto em ambiente

natural quanto em indivíduos reproduzidos em cativeiro (Bleher & Göbel, 1992).

Além disso, a presença de grandes sinais de elementos repetitivos também

explica o aumento do genoma dos Symphysodon quando comparado a outros

ciclídeos neotropicais, aumento este que havia sido explicado por Thompson

(1976) como sendo resultado de uma poliploidização. Outro fato que reforça a

evidência da participação de Rex3 na carioevolução dos acarás-disco é a sua

presença na cadeia cromossômica meiótica de S. aequifasciatus e de S.

haraldi. Isto corrobora a hipótese de Gross et al. (2009), que sugere o

envolvimento de elementos transponíveis na origem da cadeia cromossômica.

Com relação à localização física cromossômica do gene de RNAr 5S, o

mapeamento destas sequências em diversas espécies de peixes tem

evidenciado esses sítios comumente localizados nos segmentos intersticiais

dos cromossomos (revisado por Martins & Wasko, 2004; Ferreira et al., 2007;

Nakayama et al., 2008) e esse mesmo padrão também foi observado para

mamíferos (Frederiksen et al., 1997) e anfíbios (Schmid et al., 1987; Lucchini et

al., 1993). Tal padrão de localização cromossômica parece corresponder a uma

condição ancestral, especialmente para peixes, sendo que esta posição

resultaria em uma proteção destas sequências contra transposições e eventos

de permuta (Martins & Galetti Jr., 1999). Translocações e permutas envolvendo

regiões terminais são mais comuns em espécies que apresentam a

configuração Rabl durante a divisão celular, quando os cromossomos

permanecem próximos uns dos outros no núcleo durante a intérfase, com os

centrômeros direcionados para um pólo e os telômeros para o outro (Schweizer

& Loidl, 1987; Sumner, 2003). Este é o caso das três espécies de

Symphysodon. Embora eles tenham somente um par cromossômico marcado

com a sonda DNAr 5S na região terminal do braço curto, os pares marcados

não são os mesmos. Sítios de DNAr 5S em S. aequifasciatus são encontrados

nos cromossomos do par 10, enquanto em S. discus e S. haraldi estão

Page 88: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

65

localizados nos cromossomos do par 18, onde o gene RNAr 5S é co-

localizado com heterocromatina e flanqueado por elementos Rex3 nas três

espécies (Figura 5 a, b, c). Como elementos transponíveis podem servir como

substrato para recombinação de DNA devido sua natureza repetitiva,

especialmente durante a configuração Rabl (Kidwell & Lisch, 1997; Kazazian &

Moran, 1998; Rouzic & Capy, 2005), isto pode ter facilitado os rearranjos

cromossômicos que causaram diferenças na posição do DNAr 5S entre S.

aequifasciatus e S. discus/S. haraldi. Em plantas, a associação de locus de

DNAr com regiões de heterocromatina tem sido extensivamente documentada

(Siljak et al., 2002) e os elementos transponíveis detectados na

heterocromatina centromérica e nas regiões organizadoras nucleolares

parecem afetar a mobilidade, evolução e expressão dos genes ribossomais,

como sugerido para arroz e tabaco (Dong et al., 1998; Franz et al., 2000).

Apesar da evidência de translocações envolvendo os cromossomos

portadores dos sítios DNAr 5S, os dados obtidos com estas sondas de DNAr

sugerem que os cromossomos dos pares 10 e 18 não estão envolvidos na

formação da figura meiótica multivalente de S. aequifasciatus e S. haraldi,

respectivamente. Porém, existe uma possível correlação entre aumento da

heterocromatina, rearranjos cariotípicos e atividade dos retrotransposons Rex3,

onde o acúmulo e atividade dos elementos móveis estariam facilitando as

translocações múltiplas e seriadas que originaram esta cadeia cromossômica

meiótica.

Embora os elementos repetitivos de DNA tenham sido considerados, por

muitas décadas, “DNA lixo” por não se saber ao certo a sua função (Doolittle &

Sapienza, 1980; Orgel & Crick, 1980), ao longo dos últimos anos esta opinião

mudou devido aos dados acumulados sobre origem e divergência taxonômica

dos eucariotos (Bonaccorsi & Lohe, 1991; Dong et al., 1998; Feschotte &

Prithman, 2007). Dados recentes tem apoiado um papel importante do DNA

repetitivo na evolução estrutural e funcional de genes e genomas em uma

variedade de organismos (Biémont & Vieira, 2006). Embora mecanismos

evolutivos tenham impedido grandes mudanças cariotípicas nas diferentes

espécies e populações de Symphysodon, seus genomas estão em evolução

Page 89: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

66

contínua, demonstrado aqui pelas variações cromossômicas observadas. A

fração repetitiva do genoma (exemplificada pelo DNAr 5S e Rex 3) pode

escapar da pressão seletiva que atua no segmento não-repetitivo,

representando assim bons marcadores para detectar acontecimentos

evolutivos. Além disso, o acúmulo de sequências repetitivas em áreas

específicas no genoma pode causar rearranjos cromossômicos por meio de

quebra, deleções, inversões e duplicações (Lim & Simmons, 1994; Dimitri et al.,

1997). Considerando o acúmulo de heterocromatina e sequências de DNA

repetitivo em Symphysodon, quando comparado com outros ciclídeos, o gênero

representa um interessante modelo para investigar o papel do DNA repetitivo

na evolução cromossômica. Desta forma, a análise de outras famílias de DNA

repetitivo e o número de cópias destas sequências no genoma dos acarás-

disco, e também de outras espécies amazônicas, irá contribuir grandemente

para a compreensão dos mecanismos evolutivos envolvidos na geração da

complexa estrutura genômica destes organismos, além de melhor elucidar a

hipótese da correlação entre acúmulo diferencial de elementos repetitivos e

adaptação dos peixes aos diferentes ambientes aquáticos amazônicos.

Page 90: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

67

III.3.Capítulo 3: Variabilidade intra e interespecífica do locus do DNAr 18S entre acarás-disco Symphysodon: rearranjos cromossômicos

Variability inter and intraspecific of 18S rDNA locus among Symphysodon

fishes: chromosomal rearrangements. Journal Fish Biology.

Enviado 09/06/2009. Aceito para publicação em 10/08/2009. Primeira revisão

efetuada em 20/08/2009.

Page 91: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

68

III.3.1. Introdução

O RNA ribossomal (rRNA) é o mais abundante na célula e constitui

aproximadamente 80% do RNA total de células em divisão. As moléculas de

RNA são componentes estruturais dos ribossomos e estão envolvidas em

atividades catalíticas, organizacionais e de regulação de síntese protéica em

todas as células (Doudna & Rath, 2002). Estes genes são divididos em duas

famílias multigênicas repetidas em tandem, as quais estão situadas em

arranjos independentes e, em peixes, normalmente localizam-se em ambientes

cromossômicos distintos (Galetti Jr. & Martins, 2004; Martins, 2007). A primeira

classe é formada pelo DNAr 5S, que codifica o RNAr 5S, sintetizado pela RNA

Polimerase III (Doudna & Rath, 2002; Hernandez-Verdun et al., 2002). A

segunda classe é representada pelo DNAr 45S, que codifica os RNAs

ribossomais ribossomais 18S, 5.8S e 28S, sintetizados pela RNA Polimerase I,

e um espaçador intergênico não transcrito (IGS) (Doudna & Rath, 2002;

Hernandez-Verdun et al., 2002; Boisvert et al., 2007). Múltiplas cópias desta

segunda classe (DNAr 45S) correspondem às regiões organizadoras de

nucléolo (RONs), as quais são positivas para impregnação com íon prata,

quando ativas (Howell & Black, 1980; Boisvert et al., 2007).

Os ciclídeos tem despertado interesse científico devido sua rápida

radiação adaptativa, a qual tem levado a uma extensa diversidade ecológica, e

também graças à sua grande importância na aquicultura tropical e subtropical

(Kornfield et al., 1979; 1984; Stiassny, 1991; Feldberg et al., 2003; Kullander,

2003; Martins et al., 2004; Smith et al., 2008, entre outros). Apesar da

diversidade ecológica e morfológica dos ciclídeos, a maior parte das

informações genéticas/genômicas baseia-se em informações cariotípicas,

sendo evidente uma distribuição bimodal de números diploides relacionados à

distribuição geográfica das espécies, onde espécies africanas apresentam

2n=44 cromossomos, enquanto que número diploide modal igual a 48 é

encontrado nas espéces neotropicais (Feldberg et al., 2003). Com relação aos

ciclídeos neotropicais, os acarás-disco, gênero Symphysodon, são o grupo

mais intrigante e distinto devido à sua morfologia, padrões de coloração (Ready

Page 92: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

69

et al.¸ 2006) e características cromossômicas (Thompson, 1979; Feldberg et

al., 2003; Mesquita et al., 2008; Gross et al., 2009), sendo considerado o

gênero mais derivado dentre os ciclídeos (Kullander, 1998; Farias et al., 2001;

Smith et al., 2008). Dados acumulados nas últimas décadas indicam que as

espécies de Symphysodon apresentam o maior número diploide (2n=60

cromossomos) de todos os ciclídeos (Ohno & Atkin, 1966; Thompson, 1979;

Takai et al., 2002), sugerindo a ocorrência de rearranjos cromossômicos

durante sua história evolutiva (Mesquita et al., 2008; Gross et al., 2009).

Em várias espécies da família Cichlidae, sistemas simples de regiões

organizadoras de nucléolo e marcações presentes nos maiores cromossomos

do complemento são consideradas características plesiomórficas (Feldberg et

al., 2003). Para o peixe ornamental acará-disco impregnações do íon prata em

cromossomos mitóticos das espécies S. aequifasciatus, S. discus e S. haraldi

tem mostrado uma grande variabilidade no número de marcações de regiões

organizadoras de nucléolo, tanto intra quanto interespecificamente (Mesquita et

al., 2008). Além disso, estudos dos cromossomos meióticos de S. haraldi tem

evidenciado sítios ribossomais na cadeia cromossômica meiótica diplotênica,

sugerindo o envolvimento destas sequências em rearranjos cromossômicos

que originaram esta figura meiótica (Gross et al., 2009).

Considerando a variabilidade da Ag-RON nas três espécies do gênero

Symphysodon, o objetivo deste trabalho foi investigar a distribuição das

sequências de DNA ribossomal 18S, verificando se estas coincidem com as

marcações da Ag-RON nos cromossomos mitóticos das três espécies.

III.3.2. Material e métodos

Os indivíduos foram coletados no estado do Amazonas, Brasil, sob

licença do IBAMA (011/2005) e identificados de acordo com as características

propostas mais recentemente para o gênero (Bleher et al., 2007). Foram

analisados oito machos e oito fêmeas de disco verde (S. aequifasciatus)

provenientes do rio Tefé; 15 machos e 14 fêmeas de disco heckel (S. discus)

do rio Negro (proximidades de Novo Airão) e 15 machos e 15 fêmeas de disco

azul/marrom (S. haraldi) do rio Manacapuru. Espécimes testemunho foram

depositados na coleção de peixes do INPA (INPA 28582, INPA 28583, INPA

Page 93: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

70

28584) e outros indivíduos estão depositados na coleção de peixes do

Laboratório de Genética Animal do INPA.

O DNA genômico total foi extraído do músculo de Symphysodon

aequifasciatus (disco verde), Symphysodon discus (disco heckel) e Symphysodon

haraldi (discos azul/marrom) seguindo o protocolo de fenol-clorofórmio detalhado

em Sambrook & Russell (2001). Para a amplificação por PCR (Polymerase Chain

Reaction) do gene rRNA 18S foram utilizados os primers 18Sf (5’CCG CTT TGG

TGA CTC TTG AT) e 18Sr (5’CCG AGG ACC TCA CTA AAC CA) desenhados a

partir da sequência completa do gene RNAr 18S de Ictalurus punctatus

disponível nos bancos de dados do NCBI (National Center for Biotechnology

Information http://www.ncbi.nlm.nih.gov) (código identificador da sequência

AF021880). As reações de PCR foram feitas para volume final de 25 μL (1 μL

de DNA genômico -100 ng); 2,5 μL de Tampão 10X com cloreto de magnésio

1,5 mM; 0,25 μL de Taq DNA Polimerase (5 U/μL); 1,5 μL de dNTP (1 mM); 1,5

μL de cada primer (5 mM); água milli-Q para completar o volume. Os ciclos de

amplificação seguiram as seguintes etapas: 2 minutos a 95 oC; 35 ciclos de um

minuto a 95 oC (desnaturação), 30 segundos a 55 oC (anelamento), 1 minuto e

40 segundos a 72 oC (extensão); 7 minutos a 72 oC (extensão final).

III.3.2.2.2. Sequenciamento Os produtos da PCR foram sequenciados no sequenciador automático

MegaBace 1000 seguindo as instruções do fabricante. Para as reações de

sequenciamento foi utilizado o kit DYEnamic ET Terminator Cycle Sequencing

(GE HealthCare). As sequências geradas foram comparadas com sequências

depositadas nos bancos de dados do NCBI. Depois de conferidas, todas as

sequências foram alinhadas, utilizando o programa de alinhamento múltiplo

Clustal W (Thompson et al. 1994), que está incluso no BioEdit 7.0 (Hall 1999). O

alinhamento gerado foi conferido manualmente e editado no mesmo programa.

III.3.2.2.3. Obtenção de cromossomos e detecção da região organizadora de nucléolo

Page 94: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

71

Cromossomos mitóticos foram obtidos a partir de células renais de S.

aequifasciatus, S. discus e S. haraldi, seguindo protocolos descritos por

Moreira-Filho & Bertollo (1990). Para estimular a divisão celular mitótica foi

utilizado o composto farmacêutico Munolan (Allergan Frumtost), conforme

técnica descrita por Molina (2001). As preparações cromossômicas foram

coradas com solução de Giemsa 5% por 10 minutos. As regiões organizadoras

de nucléolo foram detectadas pela técnica de Howell & Black (1980).

III.3.2.2.4. Hibridização fluorescente in situ em cromossomos mitóticos Os produtos da PCR foram marcados por biotina 14-dATP por nick

translation (Bionick labeling system-Invitrogen) e as hibridizações fluorescente in

situ homólogas e heterólogas foram realizadas de acordo com o protocolo

descrito por Pinkel et al. (1986) e Martins & Galetti Jr. (2001), com modificações.

O DNA cromossômico mitótico foi desnaturado por 10 segundos em formamida

70% em 2xSSC (17,53 g de cloreto de sódio 0,29M, 8,82 g de citrato de sódio,

água destilada para volume final de 1000 mL, pH 7,0) a 67 oC. A solução de

hibridização (100 ng de sonda desnaturada, 10 mg/mL de sulfato de dextrano,

2xSSC e formamida 50% em um volume final de 30 μl) foi colocada sobre a

lâmina e a hibridização ocorreu a 37 oC, overnight (12 horas), em câmara úmida

(2xSSC). A lavagem pós-hibridização ocorreu a 72 oC em 2xSSC, pH 7,0 por 5

minutos. Em seguida as lâminas foram imersas em tampão PBD (20 mL de

20xSSC; 1mL Triton 100, 1g de leite em pó desnatado; água destilada, volume

final 100 mL, pH 7,0). A detecção das sondas foi feita por meio de FITC-Avidina

conjugada (Sigma) em tampão C (Coupling Buffer: 0,1M bicarbonato de sódio,

0,15M de cloreto de sódio) por 30 minutos. As lâminas foram lavadas três vezes

em tampão PBD a 45 oC , por 2 minutos cada. Em seguida, duas séries de

amplificação de sinal foram efetuadas usando antiavidina-biotina conjugada em

tampão PBD (2 μl de anti-avidina em 38 μl PBD), sendo as lâminas incubadas por

5 minutos em câmara úmida a 37 oC. Cada tratamento com antiavidina-biotina

conjugada foi seguido por um tratamento com FITC-Avidina 0,07% em Tampão

C, com incubação por 8 minutos em câmara úmida a 37 oC. Depois de cada

passo de amplificação, as lâminas foram lavadas três vezes em tampão PBD a

Page 95: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

72

45 oC por 2 minutos. Os cromossomos foram contracorados com iodeto de

propídeo 0,2% diluído em antifade (VectaShield-Vector).

Cromossomos hibridados foram analisados usando o microscópio

Olympus BX 61 e as imagens capturadas com câmera digital Olympus DP71,

com o programa Image-Pro MC 6.0.

As metáfases mitóticas foram processadas no programa Adobe Photoshop

CS3, sendo os cromossomos medidos no programa livre Image J. A montagem

dos cariótipos foi feita de acordo com Thompson (1979) e Mesquita et al. (2008).

III.3.3. Resultados

A amplificação da unidade ribossomal 18S (família 45S) resultou em um

fragmento de aproximadamente 1400 pb para as três espécies de

Symphysodon (Figura 1), cuja sequência apresentou alta similaridade com

DNAr 18S de outras espécies de peixes, incluindo o ciclídeo Oreochromis

esculentus (99%) e o peixe considerado modelo genético Oryzias latipes

(97%), as quais estão depositadas nos bancos de dados do NCBI.

Page 96: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

73

Figura 1 –Eletroforese em gel de agarose 1,5%, corado com Sybr Safe

(1:10.000), evidenciando produtos de PCR amplificados com os primers DNAr

18S para as três espécies de Symphysodon (1 – S. aequifasciatus; 2 – S.

discus; 3 – S. haraldi).

Page 97: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

74

As três espécies de Symphysodon apresentaram 2n=60 cromossomos

e ausência de cromossomos sexuais diferenciados, sendo que S.

aequifasciatus mostrou 50m-sm+6st-a+4mi (Figura 2a), S. discus 50m-

sm+10st-a (Figura 2b) e S. haraldi 52m-sm+4st-a+4mi (Figura 2c).

A análise de células mitóticas submetidas à impregnação pelo íon prata

evidenciou um sistema de RON múltipla nas três espécies de Symphysodon e

variação intraindividual, bem como intra e interespecífica. Em S. aequifasciatus

as RONs estiveram localizadas na região terminal dos braços longos dos

cromossomos do par 1 e ocupando todo o braço curto dos cromossomos dos

pares 3 e 8 (Figura 2d); em S. discus as RONs foram detectadas sobre a

região terminal do braço curto dos pares 17 e 23 (Figura 2e) e em S. haraldi

sobre o braço curto dos cromossomos 4, 6, 11 e 21 (Figura 2f). Todas as

combinações possíveis, envolvendo estes pares cromossômicos, foram

encontradas, estando as RONs ativas em cromossomos homólogos ou não,

porém nunca mais que duas marcações por célula metafásica foram

evidenciadas.

Page 98: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

75

Figura 2 – Cariótipos em coloração convencional (a, b, c) e regiões

organizadoras de nucléolo reveladas por impregnação com nitrato de prata,

indicando todos os pares envolvidos (d, e, f) nas espécies Symphysodon

aequifasciatus (a, d), Symphysodon discus (b, e) and Symphysodon haraldi (c,

f). Somente um dos homólogos está representado porque todas as

combinações de Ag-RON envolvendo estes pares cromossômicos foram

encontradas (barra = 10 μm).

Page 99: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

76

Com relação aos sítios ribossomais DNAr 18S, as três espécies de

Symphysodon apresentaram variabilidade intra e interespecífica quanto à

distribuição destas sequências nos cromossomos mitóticos, porém variação

intraindividual não foi observada. Em S. aequifasciatus foram evidenciados dois

a três sítios do gene RNAr 18S, os quais apresentaram três padrões de

distribuição cariotípica, envolvendo regiões terminais dos braços curtos de: (1)

ambos os homólogos do par 8 (2 sítios – Figura 3a), com heteromorfismo de

tamanho; (2) um dos homólogos dos pares 3 e 19 (2 sítios – Figura 3b); (3) um

dos homólogos dos pares 3, 8 e 19 (3 sítios – Figura 3c).

Em S. discus foram evidenciados de dois a cinco sítios do gene RNAr

18S, os quais apresentaram quatro padrões de distribuição cariotípica, sempre

envolvendo regiões terminais dos braços curtos de: (1) um dos homólogos do

par 6 e ambos os homólogos dos pares 17 e 23 (5 sítios – Figura 3d); (2)

ambos os homólogos dos pares 17 e 23 (4 sítios – Figura 3e); (3) um homólogo

do par 17 e ambos os homólogos do par 23 (3 sítios – Figura 3f); (4) um dos

homólogos do par 6 e 17 (2 sítios – Figura 3g).

Em S. haraldi foram evidenciados de dois a três sítios do gene RNAr

18S, os quais apresentaram quatro padrões de distribuição cariotípica,

envolvendo tanto marcas na região terminal dos pares cromossômicos 4 e 6

quanto intersticiais dos pares 1 e 28: (1) ambos os homólogos do par 4 (2 sítios

– Figura 3h); (2) um homólogo dos pares 4 e 6 (2 sítios – Figura 3i); (3) um

homólogo dos pares 4, 6 e 28 (3 sítios – Figura 3j); (4) um dos homólogo dos

pares 1, 4 e 6 (3 sítios – Figura 3k). A frequência dos diferentes padrões de

distribuição do sítio DNAr 18S foi similar dentro de cada espécie, mas em S.

aequifasciatus e S. haraldi um padrão preferencial foi encontrado (Tabela 1).

Page 100: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

77

Figura 3 – Padrões de distribuição dos sítios de DNAr 18S (sinais amarelos)

em cromossomos mitóticos de Symphysodon aequifasciatus (a-c); S. discus (d-

g); S. haraldi (h-k). Cariótipos (a, d, h) e em destaque (b, c, e, f, g, i, j, k) os

padrões variantes dos sítios ribossomais DNAr 18S para cada espécie (barra =

10 μm).

Page 101: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

78

Tabela 1 – Pares cromossômicos de Symphysodon aequifasciatus, S. discus e S. haraldi mostrando os diferentes padrões (coluna)

de distribuição do DNAr 18S (A, B – homólogos) e a frequência de cada padrão por espécie.

S. aequifasciatus S. discus S. haraldi Padrão Padrão Padrão

Pares cromossômicos 1 2 3 1 2 3 4 1 2 3 4

1A - - - - - - - - - - 3A - - - - - - - - - 4A - - - - - - - 4B - - - - - - - - - - 6A - - - - - - 8A - - - - - - - - - 8B - - - - - - - - - -

17A - - - - - - - - 17B - - - - - - - - 19A - - - - - - - - - 23A - - - - - - - - 23B - - - - - - - - 28A - - - - - - - - - -

Frequência do padrão 50,0% 33,0% 17,0% 20,0% 30,0% 30,0% 20,0% 40,0% 20,0% 20,0% 20,0%

Page 102: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

79

III.3.4. Discussão

Em peixes, a análise do número e localização das RONs é amplamente

efetuada por meio da impregação destas regiões com nitrato de prata (Galetti

Jr. & Martins, 2004). Porém, como a prata se associa a proteínas nucleolares

envolvidas com a atividade transcricional dos genes ribossomais da família 45S

(Miller et al., 1976; Howell & Black, 1980; Boisvert et al., 2007) e também pode

impregnar regiões heterocromáticas ricas em resíduos ácidos (Sumner, 1990),

grande parte da variação que tem sido detectada em peixes pode estar

associada à atividade desses cístrons ou à presença de blocos

heterocromáticos ácidos.

As três espécies de Symphysodon submetidas à impregnação com íon

prata no presente trabalho revelaram variabilidade intraindividual, bem como

inter e intraespecífica. Os dados de RON obtidos para S. discus corroboram os

dados prévios, porém em S. aequifasciatus e S. haraldi o número de

cromossomos envolvidos com a RON foi menor quando comparado ao padrão

descrito por Mesquita et al (2008), que mostraram o envolvimento de seis pares

cromossômicos na primeira espécie e cinco pares cromossômicos na segunda,

sendo até cinco marcações evidenciadas por célula. Parte da variabilidade

encontrada por Mesquita et al. (2008) em relação aos pares cromossômicos

envolvidos com a RON pode ser devido à impregnação de heterocromatina

constitutiva com íon prata, uma vez que em alguns indivíduos do presente

trabalho a prata impregnou tanto as RONs como regiões heterocromáticas não

portadoras de sítios ribossomais, como é o caso dos cromossomos do par 1

em S. aequifasciatus (Figura 2d e 3 a-c) e pares 11 e 21 em S. haraldi (Figuras

2f e 3 h-k).

Além disso, a presença de constrições secundárias que se estendem ao

longo de um braço cromossômico inteiro em S. aequifasciatus e S. haraldi

(Figura 2d, 2f) também poderiam explicar os diferentes citótipos descritos para

a mesma espécie por Mesquita et al. (2008). Quando ativo, o DNA ribossomal

presente nestes braços cromossômicos pode não estar suficientemente

compactado para ser visível em coloração convencional, o que ocasionaria a

Page 103: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

80

anfiplastia, que é a habilidade dos cromossomos nucleolares metafásicos

apresentarem-se sob diferentes formas relacionadas à atividade das RONs,

sendo este este um fenômeno epigenético (revisado por Pikaard, 2000). Assim,

a variação intraindividual da RON, evidenciada por nitrato de prata nas três

espécies de Symphysodon, pode ser considerada como resultado da atividade

dos cistrons ribossomais. Já, a variação intra e interespecífica não pode ser

creditada a efeitos epigenéticos, pois a detecção dos sítios DNAr 18S

evidenciou diferenças no número de loci (duas a cinco marcações, envolvendo

homólogos e não homólogos) e de tamanho, revelando um complexo padrão

de distribuição destas sequências nos cromossomos mitóticos de indivíduos de

uma mesma espécie (Figura 3; Tabela 1). Esta variabilidade detectada pela

sonda DNAr 18S também não pode ser explicada por falhas no processos de

hibridização, uma vez que as sondas foram hibridizadas em condições de alta

estringência, além de terem sido efetuadas hibridizações homólogas (sondas

de DNA da mesma espécie) e heterólogas (sonda de uma espécie hibridizada

em cromossomo de outra), as quais apresentaram os mesmos resultados.

Em Symphysodon os sinais de 18S, assim como as marcações com

nitrato de prata, estão principalmente localizados nos braços curtos, em regiões

terminais e intersticiais proximais (Figura 3), o que poderia ter facilitado a sua

transposição para outros pares de cromossomos por eventos de translocações.

Estes rearranjos também parecem ter provocado a mudança de posição do

DNAr 5S, o qual não é sintênico aos DNAr 18S nas três espécies de

Symphysodon, estando presente nos cromossomos dos pares 10 de S.

aequifasciatus e 18 em S. discus e S. haraldi (Gross et al., 2009; no prelo a). A

localização separada dos sítios DNAr 45S e DNAr 5S é a situação mais comum

entre os peixes, provavelmente porque a transcrição dos genes do RNAr 45S é

efetuada pela RNA polimerase I e o RNAr 5S pela polimerase III (revisado em

Martins & Galetti Jr., 2001; Martins, 2007).

Além da variação de número e posição dos sítios 18S, também pode ser

observado heteromorfismo de tamanho das marcas em cromossomos

homólogos nos acarás-disco, o que sugere duplicação destas sequências e/ou

crossing-over desigual, como já foi proposto para outros peixes e mamíferos

Page 104: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

81

(Ashley & Ward, 1993; Salvadori et al., 1995; Boron et al., 2006). Esta

suposição é reforçada pelo fato de que as três espécies de Symphysodon

apresentam tanto os cístrons de DNAr 5S como os DNAr 45S em regiões de

heterocromatina constitutiva, o que tem sido extensivamente documentado em

peixes (Pendás et al., 1993a, b; Fujiwara et al., 1998; Artoni et al., 2008;

Nakayama et al., 2008; entre outros). A heterocromatina é atualmente

reconhecida como uma importante parte do genoma dos eucariotos (Grewal &

Jia, 2007; Skipper, 2007; Bühler, 2009). Devido à natureza repetitiva dos DNAs

ribossomais e de outras sequências encontradas na heterocromatina

constitutiva, erros da DNA polimerase na adição de nucleotídeos durante a

duplicação do material genético e crossing-over desigual, podem ocasionar

acúmulo de DNAr (Pendás et al., 1993a). Além disso, a tendência da

associação na organização nucleolar também poderia facilitar translocações

não-recíprocas entre RONs (revisado em Wasko & Galetti Jr, 2000). Todos

estes fatores, aliados à presença de elementos transponíveis nas regiões

heterocromáticas nas três espécies de Symphysodon (Gross et al., no prelo)

podem ter ocasionado os polimorfismos estruturais dos sítios ribossomais

DNAr 45S encontrados nas mesmas.

Recentemente uma nova abordagem acerca da variabilidade do DNAr

tem surgido, a qual considera esta região genômica como instável e sendo um

dos sítios mais frágeis, que funcionaria como um sensor primário de danos

ocasionados por diversos fatores, inclusive ambientais (Kobayashi, 2006;

2008). Além disso, alguns elementos transponíveis apresentam inserção

preferencial em posições nucleotídicas particulares do genoma, como é o caso

do elemento LINE (long interspersed nuclear element) que se insere

especificamente nos genes de RNAr 28S em Drosophila melanogaster

tornando esta sequência não funcional (Eickbush, 2002). A manutenção do

número de cópias viáveis dos genes de RNAr sendo expressas é de extrema

importância para a célula e, portanto, duplicações das sequências ou

silenciamento destes genes podem ocorrer, o que explicaria a sua associação

com heterocromatina constitutiva, que promove um controle epigenético do

genoma por meio de metilação de histonas (Sullivan et al., 2001; Kobayashi,

Page 105: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

82

2006; 2008; Grewal & Jia, 2007). Assim, o número de cópias de DNAr sempre

flutuaria e por isso um grande número destas sequências seria encontrado no

genoma, garantindo assim a manutenção de cópias viáveis (Kobayashi, 2006;

2008). Esta hipótese é reforçada pelo fato de que os nucléolos parecem

coordenar as respostas dos organismos quando submetidos a estresses

(Olson, 2004).

Os nucléolos são estruturas nucleares organizadas em torno das RONs

ativas, que são as regiões cromossômicas portadoras das sequências

ribossomais DNAr 45S repetidas em tandem, que tem como função primária a

biogênese dos ribossomos (Hernandez-Verdun et al., 2002; Hernandez-

Verdun, 2004). Porém, evidências mostram que eles apresentam funções

adicionais, dentre elas a regulação da mitose, progressão do ciclo celular e

proliferação das células, estando também associados com respostas a muitas

formas de estresses exógenos, como alterações de temperatura, choque

térmico, hipóxia e outros (Visintin & Amon, 2000; Boisvert et al., 2007; Varriale

et al., 2008). Segundo Burt & Trivers (2006) isto ocorre porque os elementos

repetitivos, dentre eles o DNAr, estão envolvidos com uma sofisticada

maquinaria enzimática, como é o caso do envolvimento destes elementos na

evolução do sistema imune dos vertebrados.

A bacia amazônica, local de endemismo das espécies de Symphysodon,

além de apresentar rios com diferentes características físico-químicas (pH,

condutividade elétrica, temperatura) também apresenta pulsos de inundação

que provocam o alagamento de regiões de floresta durante a época da cheia

(Junk & Furch, 1993). Estas flutuações no nível da água expõem os peixes a

extremas diferenças na disponibilidade de alimentos e abrigos, densidade de

predadores e parasitas, e propriedades físico-químicas da água, como oxigênio

dissolvido, sendo que em áreas alagáveis há uma tendência para o

estabelecimento de condições hipóxicas permanentes ou transitórias (Junk,

1997). Estas pressões ambientais levaram os peixes desta região a

desenvolver uma grande plasticidade genotípica durante o processo evolutivo,

podendo ser observado uma série de ajustes etológicos, morfológicos,

fisiológicos, metabólicos e moleculares que lhes ajuda a manter a homeostase

Page 106: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

83

orgânica e lhes permite a sobrevivência durante estas mudanças sazonais

(Almeida-Val et al., 1993; Almeida-Val & Farias, 1996). Os acarás-disco

apresentam uma alta variabilidade genética molecular e cromossômica (Farias

& Hrbek, 2008; Mesquita et al., 2008) e também adaptações que lhes permite

sobreviver em condições de hipóxia moderada (Chippari-Gomes et al., 2003).

Como as três espécies habitam locais suceptíveis a estas variações

ambientais, é possível que ao longo da evolução das mesmas, estas condições

tenham favorecido a movimentação de elementos transponíveis, ocasionando

eventos de translocação que promoveram a variabilidade do DNAr 18S e da

RON, sugerindo que o genoma destas espécies pode ter sido continuamente

modificado pelas variações dos DNAs repetitivos. Assim, rearranjos

cromossômicos estruturais parecem estar atuando efetivamente na

carioevolução dos acarás-disco e o padrão de organização e compactação

cromossômica podem ter favorecido sua adaptabilidade a diferentes condições

ambientais.

Page 107: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

84

III.4.Capítulo 4: Complexo sinaptonêmico em acarás-disco: cadeia cromossômica meiótica

Complex synaptonemical analysis in Discus fish: the meiotic chromosomomal

chain.

Revista à ser enviado para publicação: Micron

Page 108: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

85

III.4.1 Introdução

Desde meados da década de 1960, estudos citogenéticos das espécies

selvagens de acará-disco (Symphysodon, Cichlidae, Perciformes) tem revelado

diferentes fórmulas cromossômicas, apesar do número diploide sempre ter sido

igual a 60 cromossomos (Ohno & Atkin, 1966; Thompson, 1979; Takai et al.,

2002; Mesquita et al., 2008). Bandeamentos cromossômicos e mapeamento

físico de sequências de DNA repetitivo em cromossomos das três espécies de

Symphysodon revelaram grandes blocos de heterocromatina constitutiva (que

abriga elementos transponíveis como o retrotransposon Rex3), polimorfismo

inter e intraespecífico das regiões organizadoras de nucléolo (RON) e dos

genes RNAr 18S, além de diferenças na localização física cromossômica do

sítio ribossomal 5S, o que indica a presença de grandes rearranjos

cromossômicos neste táxon (Gross et al., 2009; no prelo a; b). Análises

meióticas conduzidas nas três espécies revelaram que todos os indivíduos de

S. discus apresentam 30 bivalentes típicos durante a prófase I, porém em S.

aequifasciatus e S. haraldi um intrigante comportamento cromossômico

meiótico foi evidenciado, onde em ovócitos e espermatócitos uma cadeia

cromossômica de até 20 elementos foi encontrada em células em diplóteno,

diacinese e metáfases I (Gross et al., 2009). Esta cadeia cromossômica

provavelmente originou-se a partir de uma série de translocações

cromossômicas múltiplas, decorrentes de movimentação de elementos

transponíveis após hibridização de espécies/populações ancestrais (Gross et

al., 2009; no prelo a).

Métodos citogenéticos clássicos e moleculares, abordando

cromossomos já compactados de Symphysodon, sejam eles mitóticos ou

meióticos, ainda não foram suficientes para elucidar a evolução cariotípica

deste gênero. A observação do emparelhamento dos cromossomos em

prófases meióticas, onde os cromossomos estão parcialmente condensados,

pode auxiliar na estimativa do grau de homologia entre os cromossomos de

espécies relacionadas e na detecção de rearranjos cromossômicos por meio da

análise do complexo sinaptonêmico, que é uma estrutura proteica tripartida que

Page 109: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

86

se forma durante o zigóteno entre cromossomos homólogos ou entre regiões

de homologia de cromossomos não-homólogos (Smithies & Powers, 1986;

Carpenter, 1987; John, 1990; Jinks-Robertson et al.,1997; Traut & Clarke,

1997). Deste modo, a proposta deste trabalho foi a análise do complexo

sinaptonêmico, em paquíteno e diplóteno, das espécies S. aequifasciatus e S.

haraldi, portadoras da cadeia cromossômica multivalente, visando

compreender a carioevolução dos acarás-disco.

III.4.2. Material e Métodos

A análise de células meióticas profásicas de acarás-disco machos foram

efetuadas em seis exemplares de Symphysodon aequifasciatus e seis

exemplares de Symphysodon haraldi. Os peixes foram anestesiados em água

gelada, sendo posteriormente sacrificados por meio da secção da medula

espinhal. A técnica para análise do complexo sinaptonêmico seguiu os

protocolos descritos por Moses (1977) e Dresser & Moses (1980) e a

impregnação com nitrato de prata foi efetuada de acordo com protocolo

descrito por Howell & Black (1980). Aproximadamente 100 espermatócitos por

indivíduo foram analisados em S. aequifasciatus e S. haraldi. Para a análise do

complexo sinaptonêmico as células paquitênicas e diplotênicas que

apresentaram boas condições de extensão dos segmentos emparelhados,

tiveram sua imagem capturada em fotomicroscópio Olympus Bx-51 do

Laboratório de Genética Animal-CPBA (INPA) e as células profásicas,

colocadas sobre membrana plástica e telas metálicas, foram fotografadas em

microscópio eletrônico de transmissão Philips, no Centro de Microscopia-

UNESP-Botucatu, em filme 35mm, com exposição de 2,04 segundos, a 80Kv.

III.4.3. Resultados

Uma proporção muito baixa de células paquitênicas foi observada em

Symphysodon aequifasciatus e Symphysodon haraldi, quando comparadas às

outras fases meióticas profásicas (1:45). Em todos os paquítenos, de ambas as

espécies, um pareamento atípico dos cromossomos foi observado (Figuras 1,

Page 110: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

87

2). Um número variável de bivalentes por célula (10-20) apresentou

pareamento sináptico na totalidade da sua extensão. Assinapse temporária

(falta de emparelhamento) de segmentos terminais foi evidenciada em alguns

bivalentes (Figura 1a). Elementos laterais descontínuos foram observados em

células de S. aequifasciatus e S. haraldi, os quais apareceram ligados a outros

elementos, formando a cadeia cromossômica que assumiu diversas

conformações, desde lineares (com as extremidades separadas) até em anel

(com as extremidades unidas) (Figura 1a, 1b). O estabelecimento do número

de cromossomos formadores da cadeia multivalente e dos bivalentes típicos

não foi alcançado, uma vez que devido às diferentes conformações da cadeia

multivalente, o emparelhamento dos segmentos homólogos parece ser variável

entre os indivíduos e, além disso, sempre ocorreu sobreposição dos

cromossomos, fato que também inviabilizou a reconstrução dos pareamentos,

tanto na microscopia óptica como na microscopia eletrônica de transmissão.

Em associação com os elementos de cada complexo sinaptonêmico

uma estrutura proeminente eletrodensa, identificada como cinetocoro, foi

observada (Figura 2a). Ambas as regiões terminais dos elementos laterais

também apareceram mais escuras que a maior parte do comprimento

cromossômico, as quais provavelmente referem-se às placas de ancoragem na

membrana nuclear (Figura 2b). Em células meióticas paquitênicas de ambas as

espécies de Symphysodon alguns centrômeros foram observados em

associação, formando aglomerados escuros (Figura 1a). Nódulos de

recombinação, em número variável, foram evidenciados em associação com o

complexo sinaptonêmico de bivalentes e da cadeia cromossômica, os quais

provavelmente finalizam em quiasmas (Figura 2b). Durante o diplóteno, apesar

do complexo sinaptonêmico iniciar sua desestruturação, quiasmas foram

visualizados tanto em bivalentes típicos quanto em elementos formadores da

cadeia cromossômica, porém o número de quiasmas também foi variável em

cada elemento e não pode ser estabelecido (Figura 1c).

Page 111: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

88

Figura 1: Prófase I obtida por processo de microespalhamento de S. aequifasciatus impregnada com nitrato de prata, em

microscopia óptica. a) Célula paquitênica tardia; b) seu esquema evidenciando a cadeia cromossômica multivalente (seta e

esquema em vermelho), 16 bivalentes em emparelhamento completo (esquema em azul), 1 bivalente com assinapse na região

terminal (cabeça de seta e esquema em roxo) e bivalentes em associação centromérica temporária (estrela e esquema em verde);

c) Diplóteno incompleto, evidenciando quiasmas na cadeia cromossômica em anel (seta). Note que apesar do complexo

sinaptonêmico estar se desintegrando, os elementos laterais também podem ser evidenciados em algumas porções (cabeça de

seta). Para S. haraldi as mesmas configurações meióticas foram encontradas (barra: 10 μm).

Page 112: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

89

Figura 2: Prófase I obtida por processo de microespalhamento de S. haraldi impregnada com nitrato de prata, em microscopia eletrônica de transmissão. a) Paquíteno (1000x de aumento) com número de bivalentes e elementos formadores da cadeia cromossômica não determinado. Os cinetocoros (cabeça de seta) e regiões eletrodensas, provavelmente regiões de ancoragem na membrana nuclear (seta), preservados em bivalentes típicos, com complexo sinaptonêmico distribuído ao longo de todo o comprimento. A região nucleolar está evidenciada (nu). Note que ao longo de alguns elementos cromossômicos o complexo sinaptonêmico apresenta coloração mais conspícua e podem estar indicando regiões de heterocromatina diferenciada; b) Detalhe dos elementos laterais do complexo sinaptonêmico e nódulos de recombinação (seta) ao longo da cadeia cromossômica (5750 x de aumento). Para S. aequifasciatus as mesmas configurações meióticas foram encontradas.

Page 113: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

90

III.4.4. Discussão

As prófases meióticas em espermatócitos de Symphysodon

aequifasciatus e S. haraldi não apresentaram características similares às

descritas para outras espécies de peixes tropicais, onde núcleos paquitênicos

apresentam os cromossomos autossômicos homólogos totalmente

emparelhados, sendo possível verificar a metade do número diploide em

bivalentes típicos (Dias, 1995; Rodionova et al., 1996; Bertollo & Mestriner,

1998; Portela-Castro et al.; 2001). Os paquítenos de Symphysodon

aequifasciatus e S. haraldi apresentaram número variável de bivalentes típicos

e uma cadeia cromossômica multivalente. Além disso, alguns centrômeros

foram vistos em associação e geralmente esta interação de centrômeros está

relacionada com a quantidade de heterocromatina constitutiva que flanqueia

esta região, ou seja, quando a região heterocromática centromérica é pequena,

esta somente suporta uma única interação de emparelhamento e quando esta

região é grande, a associação multivalente pode ocorrer (Stewart & Dawson,

2008). Apesar de S. aequifasciatus e S. haraldi apresentarem grandes blocos

de heterocromatina na região pericentromérica (Mesquita et al., 2008; Gross et

al., 2009), a associação de blocos heterocromáticos não é a causa da

formação da cadeia cromossômica meiótica, uma vez que nas duas espécies a

figura meiótica multivalente foi encontrada ao longo de toda a prófase I e

metáfase I. Segundo De Jong & Stam (1983) e Disney & Wright (1987)

associações centroméricas por heterocromatina desaparecem completamente

durante a diacinese/metáfase I em organismos que apresentam configurações

meióticas multivalentes em paquítenos, sendo visíveis, nesta fase, apenas

bivalentes típicos. Assim, a hipótese de associação centromérica pode ser

descartada para as espécies de Symphysodon.

Por outro lado, o padrão de emparelhamento dos cromossomos

paquitênicos em ambas as espécies de Symphysodon corroboram os dados

obtidos para indivíduos híbridos ou de origem poliplóide. Em híbridos, como

aqueles obtidos dos cruzamentos de Salvelinus alpinus x Salvelinus fontinalis e

Poecilia velifera x Poecilia reticulatus (Lee & Wright, 1981; Disney & Wright,

Page 114: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

91

1987; Rodionova et al., 1996), a configuração multivalente ocorre devido ao

emparelhamento de cromossomos homólogos e homeólogos das espécies com

diploidização incompleta. O número diploide encontrado para as espécies de

Symphysodon (2n=60 cromossomos) é o maior número diploide já encontrado

para família Cichlidae (para revisão Feldberg et al., 2003) e em 1976

Thompson sugeriu que Symphysodon haraldi (originalmente descrito na

publicação como S. aequifasciatus) poderia ser uma espécie poliplóide. Em

2008, Mesquita et al. analisando as três espécies do gênero sugeriram uma

outra hipótese para a carioevolução do gênero, a qual estaria baseada em

rearranjos cromossômicos. Mais recentemente, Gross et al. (2009; no prelo a)

sugeriram que o aumento do número diploide e os rearranjos cromossômicos

encontrados nas espécies de Symphysodon teriam sido mediados pelo

acúmulo de elementos transponíveis, como o Rex 3, uma vez que a origem da

figura meiótica multivalente encontrada em S. aequifasciatus e S. haraldi

parece estar baseada em uma série de translocações cromossômicas

múltiplas, que teriam ocorrido após a hibridização de espécies/populações

ancestrais deste gênero.

Esta última hipótese implica que grande parte da variabilidade

cromossômica do gênero Symphysodon seria encontrada apenas em espécies

portadoras da cadeia cromossômica, mas variabilidade intra e interespecífica

de RONs e sítios ribossomais 18S e 5S foi verificada para as três espécies do

gênero, inclusive em S. discus que não é portadora de cadeia cromossômica

meiótica (Gross et al., no prelo a,b). Estes fatos nos levaram a sugerir uma

outra hipótese, onde as espécies/populações ancestrais teriam sofrido

rearranjos cromossômicos independentes, já favorecendo a variabilidade

cromossômica e, após a hibridização, a cadeia cromossômica teria se

originado nos híbridos como uma forma de ajustamento sináptico (para que

houvesse o emparelhamento de segmentos homólogos devido à homologia

monobranquial dos cromossomos parentais) e promovesse a viabilidade dos

híbridos, que atualmente são reconhecidos como duas espécies distintas e

viáveis. Esta conformação meiótica pode ser preferencial, em detrimento da

formação de bivalentes típicos, como já sugerido para outras espécies de

Page 115: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

92

peixes híbridos (Lee & Wright, 1981; Disney & Wright, 1987) e por este motivo

ainda está sendo evidenciada nestas duas espécies de Symphysodon.

Em muitas espécies, a habilidade dos cromossomos homólogos ou de

segmentos homólogos em se reconhecerem na prófase meiótica I é

complicada quando ocorre a presença de sequências repetitivas similares nos

cromossomos (Moore, 2002). Como os elementos repetitivos estiveram

envolvidos com estes eventos de transposição que originaram a cadeia

cromossômica, várias formas de emparelhamento de segmentos homólogos

podem ser possíveis, o que explicaria as diversas conformações da figura

meiótica multivalente de S. aequifasciatus e S. haraldi.

Apesar da heterocromatina promover a associação de cromossomos

não homólogos em alguns organismos (John & King, 1982), este fato

certamente não pode ser considerado determinante na formação da cadeia

cromossômica meiótica de S. aequifasciatus e S. haraldi, uma vez que

quiasmas são visualizados dentro da cadeia cromossômica, o que sugere que

os seus segmentos formadores são homólogos para que haja a recombinação.

Esta conformação meiótica pode ser um fator determinante na

reprodução destas espécies e na garantia de sua viabilidade, uma vez que as

mesmas tem um complexo comportamento reprodutivo (Câmara, 2004;

Chellappa et al.,2005; Cardoso, 2008). Em um estudo efetuado em condições

naturais, Cardoso (2008) analisou ovócitos de fêmeas selvagens de

Symphysodon aequifasciatus em estádio de maturação avançada e verificou

que a espécie apresenta dois grupos modais pronunciadamente definidos,

sendo um de ovócitos de reserva (diâmetro de 0,4mm) e outro de ovócitos

prontos para serem liberados (diâmetro de 0,9mm). Porém, entre os dois

extremos, dois grupos modais pouco definidos foram encontrados. Acreditamos

que estes ovócitos intermediários devem estar relacionados a células

gaméticas que não conseguiram completar o seu processo de divisão celular

devido à não disjunção correta da cadeia cromossômica meiótica, sendo

portanto células inviáveis e que podem ser reabsorvidas pelo organismo. Já,

em Symphysodon discus ovócitos pertencentes a grupos modais pouco

definidos não foram encontrados (Câmara, 2004) e como esta espécie não é

Page 116: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

93

portadora de figura meiótica multivalente, a maioria dos gametas apresenta o

conteúdo genético esperado, não havendo a necessidade da reabsorção de

ovócitos mal formados. Contudo, estudos reprodutivos abordando a terceira

espécie, que também apresenta cadeia cromossômica meiótica, ainda não

foram efetuados para confirmar esta hipótese.

Estes dados reforçam a complexa evolução cromossômica de

Symphysodon e apesar da análise do complexo sinaptonêmico confirmar o

emparelhamento de regiões homólogas na cadeia cromossômica de

Symphysodon aequifasciatus e Symphysodon haraldi e indicar a origem híbrida

destas espécies, todas as técnicas citogenéticas clássicas e moleculares já

aplicadas não permitiram definir quais são os cromossomos formadores desta

figura multivalente, porém já indicam que o emparelhamento não é único, nem

mesmo no próprio indivíduo, devido às diversas conformações da cadeia e o

número variável de elementos na prófase meiótica.

Page 117: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

94

IV. Conclusões Gerais - As características citogenéticas das populações amostradas

corroboram a existência de três espécies, sendo elas S. aequifasciatus (disco

verde), S. discus (disco heckel) e S. haraldi (disco azul e marrom).

- Apesar das três espécies de Symphysodon apresentarem 2n=60

cromossomos, características cromossômicas distintas foram evidenciadas

para cada espécie.

As espécies S. aequifasciatus e S. haraldi provavelmente tiveram uma

origem híbrida, cujos parentais ainda não foram encontrados e estas

apresentaram uma cadeia cromossômica meiótica durante o diplóteno e que

não está relacionada a cromossomos sexuais

A figura meiótica multivalente deve ter se originado a partir de uma série

de translocações que envolveram regiões ricas em elementos móveis. Estas

translocações teriam ocorrido dentro de cada população/espécie ancestral

antes de acontecer a hibridização das espécies ou então os elementos

repetitivos teriam se movimentado ativamente após a hibridização entre os

ancestrais dos discos que não possuiam cadeia cromossômica

- A cadeia cromossômica de S. aequifasciatus e S. haraldi não é

formada apenas por microcromossomos, uma vez que ambas as espécies

apresentam apenas quatro destes, e também não ocorre devido a associações

heterocromáticas, pois esta figura meiótica multivalente se mantém durante

toda a prófase e metáfase I, sendo evidente a presença de quiasmas em

regiões homólogas. Entretanto, os blocos de heterocromatina podem estar

afetando o número de quiasmas.

- Os sítios de 5S não estão envolvidos com as translocações formadoras

da cadeia cromossômica meiótica, apesar de estarem colocalizados com

heterocromatina constitutiva. Variabilidade inter e intraespecífícia da região

organizadora de nucléolo foi evidenciada pela impregnação por nitrato de prata

e confirmada pela localização física do gene RNAr 18S em cromossomos

mitóticos, reforçando a hipótese do envolvimento do DNA repetitivo nos

rearranjos cromossômicos que ocorreram nos acarás-disco.

Page 118: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

95

- A carioevolução dos Symphysodon está baseada em uma possível

correlação entre acúmulo e movimentação de elementos repetitivos, ganho de

heterocromatina, heterocromatinização e rearranjos cromossômicos.

Page 119: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

96

V. Perspectivas futuras Avanços significativos foram alcançados no entendimento da evolução

cariotípica de Symphysodon, mas muitas contribuições a respeito da

organização genômica dos acarás-disco ainda podem ser obtidas. Para tanto, o

próximo passo é focar em três frentes:

- Mapeamento de outras sequências repetitivas como histonas,

elementos transponíveis (Rex1, Rex6, mariner, entre outros), assim como

outros repetitivos isolados por restrição enzimática ou Cot-DNA.

- Microdissecção da cadeia cromossômica meiótica das espécies S.

aequifasciatus e S. haraldi e a marcação destas com fluorescência para serem

utilizadas como sondas homólogas e heterólogas em cromossomos mitóticos.

Esta análise poderá esclarecer quais são os cromossomos formadores desta

figura multivalente, além de indicar se estes são homeólogos entre as

diferentes espécies.

- Análises de GISH poderão confirmar a origem híbrida das espécies

portadoras da cadeia cromossômica.

Page 120: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

97

VI. Referência bibliográfica Almeida-Val, V.M.F.; Val, A.L.; Hochachka, P.W. 1993. Hypoxia Tolerance. In:

Hochachka, P.W.; Lutz, P.L.; Sick, T.; Rosenthal, M.; van den Thillart, G.

(Org.). Surviving Hypoxia: Mechanisms for Control and Adaptation. CRC

Press, Boca Raton. p. 435-445.

Almeida-Val, V.M.F.; Farias, I.P. 1996. Metabolic adjustments to chronic

hypoxia. In: Val, A.L.; Almeida-Val, V.M.F.; Randall, D.J. (Org.). Physiology

and Biochemistry of the Fishes of the Amazon. Instituto Nacional de

Pesquisas da Amazônia, Manaus, Amazonas. p. 257-271.

Amado, M.V.; Hrbek, T.; Gravena, W.; Fantin, C.; Assunção, E.N.; Astolfi-Filho,

S.; Farias, I.P. 2008. Isolation and characterization of microsatellite markers

for the ornamental discus fish Symphysodon discus and cross-species

amplification in other Heroini cichlid species. Molecular Ecology Research,

8(6): 1451–1453.

Artoni, R.F.; Vicari, M.R.; Bertollo, L.A.C. 2000. Citogenética de peixes

neotropicais: métodos, resultados e perspectivas. Publicatio UEPG Biological

and Health Sciences 6(1): 43-60.

Artoni, R.F.; Gross, M.C.; Schneider, C.H.; Vicari, M.R.; Almeida, M.C.; Matoso,

D.A. 2008. Epifluorescence and light microscopy evidencing structural and

functional polymorphism of ribosomal DNA in fish (Teleostei: Astyanax

fasciatus). Micron, 39: 1156–1159.

Asahida, T.; Kobayashi, T.; Saitoh, K.; Nakayama, I. 1996. Tissue preservation

and total DNA extraction from fish stored at ambient temperature using

buffers containing high concentration of urea. Fisheries Science, 62(5): 727-

730.

Ashley, T.; Ward, D.C. 1993. A hot spot of recombination coincides with

interstitial telomeric sequence in the Armenian Amster. Cytogenetic and Cell

Genetics, 62: 169–171.

Axelrod, H.R. 1978. All about Discus. T.F.H. Publications, Neptune City, USA.

128 pp.

Page 121: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

98

Bertollo, L.A.C.; Mestriner, C.A. 1998. The X1X2Y sex chromosome system in

the fish Hoplias malabaricus. II. Meiotic analyses. Chromosome Research, 6:

141-147.

Bertollo, L.A.C.; Takahashi, C.S.; Moreira-Filho, O. 1978. Cytotaxonomic

considerations on Hoplias lacerdae (Pisces, Erytrinidae). Revista Brasileira

de Genética, 1: 103-120.

Biémont, C.; Vieira, C. 2006. Genetics - Junk DNA as an evolutionary force.

Nature, 443: 521-524.

Bleher, H. 2006. Bleher's Discus. Aquapress Publishers, Pavia, Itália. 671 pp.

Bleher, H.; Göbel, M. 1992. Discus: wild-caught and captive-bred forms.

Aquaprint Verlags, Neu Isemburg, Alemanha. 160 pp.

Bleher, H.; Stölting, K.N.; Salzburger, W.; Meyer, A. 2007. Revision of the

genus Symphysodon Heckel, 1840 (Teleostei: Perciformes: Cichlidae) based

on molecular and morphological characters. Aqua International Journal of

Ichthyology, 13: 133-174.

Bohne, A.; Brunet, F.; Galiana-Arnoux, D.; Schulthesis, C.; Volff, J.N. 2008.

Transposable elements as drivers of genomic and biological diversity in

vertebrates. Chromosome Research, 16: 203-215.

Boisvert, F.M.; Koningsbruggen, S.V.; Navascués, J.; Lamond, A.I. 2007. The

multifunctional nucleolus. Molecular Cell Biology, 8: 574-585.

Bonaccorsi, S.; Lohe, A. 1991. Fine mapping of satellite DNA sequences along

the Y chromosome of Drosophila melanogaster: relationships between the

satellite sequences and fertility factors. Genetics, 129: 177–189. Boron, A.; Ozouf-Costaz, C.; Coutanceau, J.P.; Woroniecka, K. 2006. Gene

mapping of 28S and 5S rDNA sites in the spined loach Cobitis taenia

(Pisces, Cobitidae) from a diploid population and a diploid–tetraploid

population. Genetica, 128: 71–79.

Brum, M.J.I.; Galetti Jr, P.M. 1997. Teleostei ground plan karyotype. Journal

Comparative Biology, 2: 91–102.

Bühler, M. 2009. RNA turnover and chromatin-dependent gene silencing.

Chromosoma, 118: 141–151.

Page 122: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

99

Burgess, W.E. 1991. The current status of discus systematics. Tropical Fish

Hobbyist, 39: 30-40.

Burt, A.; Trivers, R. 2006. Genes in conflict: the biology of selfish genetic

elements. Harvard University Press, Cambridge, p. 228-300.

Câmara, M.R. 2004. Biologia Reprodutiva do Ciclídeo Neotropical Ornamental

Acará-Disco, Symphysodon discus Heckel, 1840 (Osteichthyes:

Perciformes: Cichlidae). Tese de doutorado, Universidade Federal de São

Carlos, São Carlos, São Paulo. 135 pp.

Cardoso, F.R. 2008. Ecologia da pesca e biologia reprodutiva do acará-disco

(Symphysodon aequifasciatus, Pellegrin 1904) (Perciformes: Cichlidae) na

RDS Piagaçu-Purus, Amazônia Central: subsídios para o manejo sustentável

de um recurso natural. Dissertação de mestrado, Instituto Nacional de

Pesquisas da Amazônia/Universidade Federal do Amazonas, Manaus,

Amazonas. 115 pp.

Carrel, L. 2004. Chromosome chain makes a link. Nature, 432: 817-818.

Carpenter, T.C. 1987. Gene conversion, recombination nodules, and the

initiation of meiotic synapsis. Bio Essays, 6: 232- 236.

Chan, C. 1991. Dr. Clifford Chan’s Book of Singapore Discus. T.F.H.

Publications, Neptune. 155 pp.

Chao, N.L. 1993. Conservations of rio Negro ornamental fishes. Tropical Fish

Hobbyist, 41(5): 99-114.

Chao, N.L. 2001. The fishery, diversity and conservation of ornamental fishes in

the rio Negro Basin, Brazil- a review of Project Piaba (1989-99). In: Chao,

N.L.; Petry, P.; Prang, G.; Sonneschien, L.; Tlusty, M. (Eds). Conservation

and management of ornamental fish resources of the rio Negro Basin,

Amazonia, Brazil- Project Piaba. Editora da Universidade do Amazonas,

Manaus, Brasil. p. 161-204.

Chellappa, S.; Câmara, M.R.; Verani, J.R. 2005. Ovarian development in the

amazoniam red discus, Symphysodon discus, Heckel (Osteichthyes:

Cichlidae). Brazilian Journal of Biology, 65(4): 609-616.

Chippari-Gomes, A.R.; Lopes, N.P.; Paula-Silva, M.N.; Oliveira, A.R.; Almeida-

Val, V.M.F. 2003. Hypoxia tolerance and adaptations in fishes: the case of

Page 123: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

100

amazon ciclhids. In: Val, A.L.; Kapoor, B.G. (Eds) Fish adaptation. Science

Publishers, INC, EUA. p. 37-54.

Crampton, W.G.R. 2008. Ecology and life history of an Amazon floodplain

cichlid: the discus fish Symphysodon (Perciformes: Cichlidae). Neotropical

Ichthyology 6(4): 599-612.

Dasilva, C.; Hadji, H.; Ozouf-Costaz, C.; Nicaud, S.; Jaillon, O.; Weissenbach,

J.; Crollius, H.R. 2002. Remarkable compartmentalization of transposable

elements and pseudogenes in the heterochromatin of the Tetraodon

nigroviridis genome. Proceedings of the National Academy of Science USA,

99(21): 1636- 1641.

De Jong, J.H.; Stam, P. 1983. The association of centromeres of

nonhomologous chromosomes at meiotic prophase in Beta vulgaris L.

Canadian Journal of Genetic and Cytology, 27: 165-171.

Devlin, R.H.; Stone, G.W.; Smailus, D.E. 1998. Extensive direct-tandem

organization of a long repeat DNA sequence on the Y chromosome of

chinoock salmon (Oncorhynchus tshawytscha). Journal of Molecular

Evolution, 46: 277-287.

Dias, A.L. 1995. Estudo do complexo sinaptonêmico em peixes, “Prochilodus

lineatus” (Prochilodontidae) e “Astyanax scabripinnis” (Characidae): análise

da sinapse dos cromossomos supranumerários. Tese, Universidade Federal

de São Carlos, São Carlos, Brasil. 102 pp.

Dias, A.L.; Foresti, F.; Oliveira, C. 1998. Synapsis in supernumerary

chromosomes of Prochilodus lineatus (Teleostei: Prochilodontidae).

Caryologia, 51(2): 105-113.

Dimitri, P.; Arca, B.; Berghella, L.; Mei, E. 1997. High genetic instability of

heterochromatin after tranposition of the LINE-like I factor in Drosophila

melanogaster. Proceedings of the National Academy of Science USA, 94:

8052–8057.

Diniz, D.; Laudicina, A.; Bertollo, L.A.C. 2009. Chromosomal location of 18S

and 5S rDNA sites in Triportheus fish species (Characiformes, Characidae).

Genetics and Molecular Biology, 32(1): 37-41.

Page 124: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

101

Disney, J.E.; Wright, J.E. 1987. Cytogenetic analysis of a Salvelinus hybrid

reveal an evolutionary relationship between the parental species.

Cytogenetics and Cell Genetics, 45: 196-2005.

Disney, J.E.; Wright-Jr, J.E. 1990. Extensive multivalent pairing occurs in male

lake trout meiosis. Genome, 33: 219-224.

Dong, F.; Mille, J.T.; Jackson, S.A.; Wang, G.L.; Ronal, P.; Jiang, J. 1998. Rice

(Oryza sativa) centromeric regions consist of complex DNA. Proceedings of

the National Academy of Science USA, 95: 8135-8140.

Doolittle, W.F.; Sapienza, C. 1980. Selfish genes, the phenotype paradigm and

genome evolution. Nature, 284: 601-603.

Doudna, J.A.; Rath, V.L. 2002. Structure and Function of the Eukaryotic

Ribosome: The Next Frontier. Cell, 109: 153–156.

Dresser, M.E.; Moses, M.J. 1980. Synaptonemal complex karyotyping in

spermatocytes of the Chinese hamster (Cricetulus griseus). Chromosoma,

76: 1-22.

Dumas, D.; Britton-Davidian, J. 2002. Chromosomal rearrangements and

evolution of recombination: comparison of chiasma distribution patterns in

standard and robertsonian populations of the house mouse. Genetics, 162:

1355-1366.

Eichenlaub-Ritter, U.; Winking, H. 1990. Nondisjunction, disturbances in spindle

structure, and characteristics of chromosomes aligment in maturing oocytes

of mice heterozygous for Robertsonian translocations. Cytogenetics and Cell

Genetics, 54: 47-54.

Eickbush, T.H. 2002. R2 and related site-specific non-long terminal repeat

retrotransposons. In: Craig, N.L.; Craigie, R.; Gellert, M.; Lambowitz, A.M.

Mobile DNA II. ASM Press, Washington, DC, EUA. p. 1111-1144.

Estoup, A.; Presa, P.; Krieg, F.; Vaiman, D.; Guyomard, R. 1993. (CT)n and

(GT)n microsatellites: a new class of genetic markers for Salmo trutta L.

(brown trout). Heredity, 71: 488-496.

Farias, I.P.; Schneider, H.; Sampaio, I. 1998. Molecular phylogeny of

Neotropical cichlids: the relationships of cichlasomines and heroines. In:

Malabarba, L.R.; Reis, R.E.; Vari, R.P.; Lucena, Z.M.; Lucena, C.A.S. (Eds).

Page 125: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

102

Phylogeny and classification of Neotropical fishes. Edipucrs, Porto Alegre,

Brasil. p. 499-508.

Farias, I.P.; Ortí, G.; Sampaio, I.; Schneider, H.; Meyer, A. 2001. The

cytochrome b gene as a phylogenetic marker: the limits of resolution for

analyzing relationships among cichlid fishes. Journal of Molecular Evolution,

53: 89-103.

Farias, I.P.; Hrbek, T. 2008. Patterns of diversification in the discus fishes

(Symphysodon spp., Cichlidae) of the Amazon basin. Molecular

Phylogenetics and Evolution, 49: 32–43.

Feldberg, E.; Bertollo, L.A.C. 1984. Discordance in chromosome number

among somatic and gonadal tissue cells of Gymnogeonhagus balzani.

Revista Brasileira de Genética, 4: 639-645.

Feldberg, E.; Bertollo, L.A.C. 1985. Nucleolar organizing regions in some

species of Neotropical cichlids fishes (Pisces, Perciformes). Caryologia,

38(3-4): 319-324.

Feldberg, E.; Porto, J.I.R.; Bertollo, L.A.C. 2003. Chromosomal changes and

adaptation of cichlid fishes during evolution. In: Val, A.L.; Kapoor, B.G. (Eds).

Fish adaptation. Science Publishers, New Hampshire, EUA. p. 285-308.

Ferreira, E.J.G.; Zuanon, J.A.S.; Santos, G.M. 1998. Peixes comerciais do

médio Amazonas - região de Santarém, PA. IBAMA, Brasília, Brasil. 176 pp.

Ferreira, I.A.; Bertollo, L.A.C.; Martins, C. 2007. Comparative chromosome

mapping of 5S rDNA and 5S Hind III repetitive sequences in Erythrinidae

fishes (Characiformes) with emphasis on the Hoplias malabaricus ‘species

complex’. Cytogenetic and Genome Research, 118: 78–83.

Ferreira, I.A.; Martins, C. 2008. Physical chromosome mapping of repetitive

DNA sequences in Nile tilapia Oreochromis niloticus: evidences for a

differential distribution of repetitive elements in the sex chromosomes.

Micron, 39: 411-418.

Feschotte, C.; Prithman, E.J. 2007. DNA transposons and the evolution of

eukaryotic genomes. Annual Review of Genetics, 41: 331-68.

Fisher, C.; Bouneau, L.; Coutanceau, J.P.; Weissenbach, J.; Volff, J.N.; Ozouf-

Costaz, C. 2004. Global heterochromatic colocalization of transposable

Page 126: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

103

elements with minisatellites in the compact genome of the pufferfish Tetraodon

nigroviridis. Gene, 336: 175-184.

Franz, P.F.; Armstrong, S.; de Jong, J.H.; Parnell, L.D.; van Drunen, C.; Dean,

C.; Zabel, P.; Bisseling, T.; Jones, G.H. 2000. Integrated cytogenetic map of

chromosome arm 4S of A. thaliana: structural organization of

heterochromatic knob and centromere region. Cell, 100: 367–376.

Frederiksen, S.; Cao, H.; Lomholt, B.; Levan, G.; Hallemberg, C. 1997. The rat

5S rRNA bona fide gene repeat maps to chromosome 19q12→qter and the

pseudogene repeat maps to 12q12. Cytogenetics and Cell Genetics, 76: 101-

106.

Fujiwara, A.; Abe, S.; Yamaha, E.; Yamazaky, F.; Yoshida, M.C. 1998.

Chromosomal localization and heterochromatin association of ribosomal

RNA gene loci and silver-stained nucleolar organizer regions in salmonid

fishes. Chromosome Research, 6: 463–471.

Gallardo, M.H.; González, C.A.; Cebrián, I. 2006. Molecular cytogenetics and

allotetraploidy in the red vizcacha rat, Tympanoctomys barrerae (Rodentia,

Octodontidae). Genomics, 88: 214-221.

Galetti Jr., P.M.; Martins, C. 2004. Contribuição da hibridização in situ para

conhecimento dos cromossomos de peixes. In: Guerra, M. (Org) FISH:

Conceitos e aplicações na citogenética. Sociedade Brasileira de Genética,

Ribeirão Preto, Brasil. p. 61-88.

Garcia, C.; Moreira-Filho, O. 2008. Localization of ribosomal genes in three

Pimelodus species (Siluriformes, Pimelodidae) of the São Francisco River:

5S genes as species markers and conservation of the 18S rDNA sites.

Genetics and Molecular Biology, 31(1-suppl): 261-264.

Grewal, S.I.S.; Jia, S. 2007. Heterochromatin revised. Nature reviews, 8: 35-46.

Gross, M.C. 2006. Comportamento cromossômico meiótico e mitótico de

acarás-disco (Symphysodon aequifasciatus e Symphysodon discus,

Cichlidae, Perciformes) da Amazônia Central. Dissertação de mestrado,

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/Universidade Federal do

Amazonas, Manaus, Brasil. 67 pp.

Page 127: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

104

Gross, M.C.; Feldberg, E.; Cella, D.M.; Schneider, M.C.; Schneider, C.H.;

Porto, J.I.R.; Martins, C. 2009. Intriguing evidence of translocations in Discus

fish (Symphysodon, Cichlidae) and a report of the largest meiotic

chromosomal chain observed in vertebrates. Heredity, 102(5): 435-441.

Gross, M.C.; Schneider, C.H.; Valente, G.T.; Porto, J.I.R.; Martins, C.; Feldberg,

E. 2009a. Comparative cytogenetic analysis of ornamental Discus fish

species (Symphysodon, Cichlidae, Perciformes): retrotransposons and

ribosomal DNA. Cytogenetics and Genome Research, no prelo.

Gross, M.C.; Schneider, C.H.; Valente, G.T.; Martins, C.; Feldberg, E. 2009b.

Variability inter and intraspecific of 18S rDNA locus among Symphysodon

fishes: chromosomal rearrangements. Journal Fish of Biology, no prelo.

Grützner, F.; Rens, W.; Tsend-Ayush, E.; El-Mogharbel, N.; O’Brien, P.C.;

Jones, R.C.; Ferguson-Smith, M.A.; Graves, J.A.M. 2004. In the platypus a

meiotic chain of ten sex chromosomes shares genes with the bird Z and

mammal X chromosomes. Nature, 432: 913-917.

Grützner, F.; Ashley, T.; Rowell, D.; Graves, J.A.M. 2006. How did the platypus

get its sex chromosome chain? A comparison of meiotic multiples.

Chromosoma, 115: 75-88.

Guerra, M. 2004. Hibridização in situ: Princípios básicos. In: Guerra, M. (Ed)

FISH: Conceitos e Aplicações na Citogenética. Editora da Sociedade

Brasileira de Genética, Ribeirão Preto, Brasil. p. 1-32.

Hall, T.A. 1999. BioEdit: a user-friendly biological sequence alignment editor

and analysis program for Windows 95/96/NT. Nucleic Acids Symposium

Series, 41: 95-98.

Heckel, J. 1840. Johan Natterer’s neue Flussfische Brasilien’s nach den

Beobachtungen und Mittheilungen des Entdeckers beschrieben. Ann Wien

von Mus Naturg, 2: 327-470.

Hernandez-Verdun, D.; Roussel, P.; Gébrane-Younès, J. 2002. Emerging

concepts of nucleolar assembly. Journal of Cell Science, 115: 2265-2270.

Hernandez-Verdun, D. 2004. The nucleolus: functional organization and

assembly. Journal of Applied Biomedicine, 2: 57–69.

Page 128: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

105

Hoorn, C.; Guerrero, J.; Sarmiento, G.A.; Lorente, M.A. 1995. Andean

tectonics as a cause for changing drainage patterns in Miocene Northern

South America. Geology, 23: 237–240.

Horvath, J.E.; Bailey, J.A.; Locke, D.P.; Eichler, E.E. 2001. Lessons from the

human genome: transitions between euchromatin and heterochromatin.

Human Molecular Genetics, 10: 2215-2223.

Howell, W.M.; Black, D.A. 1980. Controlled silver-staining of nucleolus

organizer regions with a protective colloidal developer: a 1- step method.

Experientia, 36: 1014–1015.

Irion, G.; Müller, J.; Nunes de Mello, J.; Junk, W.J. 1995. Quaternary geology of

the Amazonian lowland. Geo-Mariner Letters, 15: 172–178.

Jesus, C.M.; Galetti Jr., P.M.; Valentini, S.R.; Moreira-Filho, O. 2003. Molecular

characterization and chromosomal location of two families of satellite DNA in

Prochilodus lineatus (Pisces, Prochilodontidae), a species with B

chromosomes. Genetica, 118: 25-32.

Jinks-Robertson, S.; Sayeed, S.; Murphy, T. 1997. Meiotic crossing over

between nonhomologous chromosomes affects chromosome segregation in

yeast. Genetics, 146: 69-78.

John, B. 1990. Meiosis. Cambridge University Press, Cambridge, USA. 396 pp.

John, B.; King, M. 1982. Meiotic effects of supernumerary heterochromatin in

Heteropternis obscurella. Chromosoma, 85: 39-65.

Junk, W.J.; Furch, K. 1993. A general review of tropical South American

floodplains. Wetlands Ecology and Management, 4: 231-238.

Junk, W.J. 1997. General aspects of floodplain ecology with special reference

to Amazonian floodplains. In: Junk, W.J. (Ed.). The Central Amazon

floodplain: ecology of a pulsing system. Springer-Verlag, Berlin, Alemanha. p.

3-20.

Kazazian, H.H.J.; Moran, J.V. 1998. The impact of L1 retrotransposons on the

humam genome. Nature Genetics, 22: 130.

Kidwell, M.G.; Lisch, D.R. 1997. Transposable elements, parasitic DNA, and

genome evolution. Evolution, 55: 1-24.

Page 129: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

106

Kobayashi, T. 2006. Strategies to maintain the stability of the ribosomal RNA

gene repeats – Collaboration of recombination, cohesion, and condensation.

Genes & Genetic Systems, 81: 155-161.

Kobayashi, T. 2008. A new role of the rDNA and nucleolus in the nucleus –

rDNA instability maintains genome integrity. Bioessays, 30: 267-272.

Koh, T.L.; Khoo, G.; Fan, L.Q.; Phang, V.P.E. 1999. Genetic diversity among

wild forms and cultivated varieties of discus (Symphysodon spp.) as revealed

by random amplified polymorphic DNA (RAPD) fingerprinting. Aquaculture,

173: 485-497.

Komiya, H.; Takemura, S. 1979. Nucleotide sequence of 5S ribosomal RNA

from rainbow trout (Salmo gairdnerii) liver. The Journal of Biochemistry, 86:

1067-1080.

Kornfield, I.L. 1984. Descriptive genetics of cichlid fishes. In: Turner, B.J. (Ed)

Evolutionay genetics of fishes. Plenun Press, New York, USA. p. 591-610.

Kornfield, I.L.; Rittle, U.; Richler, C.; Warhman, J. 1979. Biochemical and

cytological differentiation among cichlid fishes of the Sea of Galelee.

Evolution, 33: 1-14.

Kullander, S.O. 1996. Eine weitere übersicht der diskusfiche, gattung

Symphysodon Heckel. Datz Sonderheft, Diskus. p. 10-19.

Kullander, S.O. 1998. A phylogeny and classification of the South America

Cichlidae (Teleostei: Perciformes). In: Malabarba, L.R.; Reis, R.E.; Vari, R.P.;

Lucena, Z.M.S.; Lucena, C.A.S. (Eds). Phylogeny and classification of

neotropical fishes. Editora da Pontifícia Universidade Católica, Porto Alegre,

Brasil. p. 461-498.

Kullander, S.O. 2003. Family Cichlidae. In: Reis, R.E.; Kullander, S.O.; Ferraris,

C.J. (Eds). Check list of the freshwater fishes of South and Central America.

Editora da Pontifícia Universidade Católica, Porto Alegre, Brasil. p. 605-654.

Lanfredi, M.; Congiu, L.; Garrido-Ramos, M.A.; Herrán, L.D.; Leis, M.; Chicca,

M.; Rossi, R.; Tagliavini, J.; Rejón, C.R., Rejón, M.R.; Fontana, F. 2001.

Chromosomal location and evolution of a satellite DNA family in seven

sturgeon species. Chromosome Research, 9: 47-52.

Page 130: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

107

Lee, G.M.; Wright, J.E. 1981. Mitotic and meiotic analyses of brook trout,

Salvelinus fontinalis. Journal of Heredity, 72: 321-327.

Levan, A.; Fredga, K.; Sandberg, A.A. 1964. Nomenclature for centromeric

position on chromosomes. Hereditas, 52: 201-220.

Lim, J.K.; Simmons, M.J. 1994. Gross chromosome rearrangements mediated

by transposable elements in Drosophila melanogaster. Bioessays, 16: 269-

275.

Lourenço, L.B.; Recco-Pimentel, S.; Cardoso, A.J. 2000. A second case of

multivalent meiotic configurations in diploid species of Anura. Genetics and

Molecular Biology, 23: 131- 133.

Lucchini, S.; Nardi, I.; Barsacchi, G.; Batistoni, R.; Andronico, F. 1993.

Molecular cytogenetics of the ribosomal (18S + 28S and 5S) DNA loci in

primitive and advanced urodele amphibians. Genome, 36: 762-773.

Lundberg, J.G.; Marshall, L.G.; Guerrero, J.; Horton, B.; Malabarba, C.S.L.;

Wesselingh, F.P. 1998. The stage for Neotropical fish diversification: a

history of tropical South American rivers. In: Malabarba, L.R.; Reis, R.E.;

Vari, R.P.; Lucena, Z.M.S.; Lucena, C.A.S. (Eds). Phylogeny and

Classification of Neotropical Fishes. Editora da Pontifícia Universidade

Católica, Porto Alegre, Brasil. p. 13-48.

Martins, C.; Galetti Jr., P.M. 1999. Chromosomal localization of 5S rDNA genes

in Leporinus fish (Anostomidae, Characiformes). Chromosome Research, 7:

363-367.

Martins, C.; Galetti Jr., P.M. 2000. Conservative distribution of 5S rDNA loci in

Schizodon (Pisces, Anostomidae) chromosomes. Chromosome Research,

8(4): 353-355.

Martins, C.; Galetti Jr., P.M. 2001. Two 5S rDNA arrays in Neotropical fish

species: is it a general rule for fishes? Genetica, 111: 439-446.

Martins, C.; Wasko, A.P. 2004. Organization and evolution of 5S ribosomal

DNA in the fish genome. In: Williams, C.R. (Ed). Focus on Genome

Research. Nova Science Publishers, New Hampshire, EUA. p. 335-363.

Martins, C.; Oliveira, C.; Wasko, A.P.; Wrigth, J.M. 2004. Physical mapping of

the Nile tilapia (Oreochromis niloticus) genome by fluorescent in situ

Page 131: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

108

hybridization of repetitive DNAs to metaphase chromosomes—a review. Aquaculture, 231: 37-49.

Martins, C. 2007. Chromosomes and repetitive DNAs: a contribution to the

knowledge of fish genome. In: Pisano, E.; Ozouf-Costaz, C.; Foresti, F.;

Kapoor, B.G. (Eds) Fish Cytogenetics. Science Publisher, New Hampshire,

EUA. p. 421-453.

Mazerolli, A.I.; Weiss, M. 1995. The state of confusion in discus taxonomy. In:

Konings, A. (Ed.) Cichlids Yearbook. Vol. 5. Cichlid Press, Alemanha. p 77-

83.

Mazzuchelli, J.; Martins, C. 2009. Genomic organization of repetitive DNAs in

the cichlid fish Astronotus ocellatus. Genetica, 136: 461-469.

Mesquita, D.R. 2002. Análise da variabilidade cromossômica do peixe

ornamental acará-disco (Symphysodon discus Heckel, 1980; S.

aequifasciatus Pellegrin, 1904; Cichlidae) do Amazonas. Dissertação,

Universidade Federal de São Carlos/ Fundação Universidade do Amazonas,

Manaus, Brasil. 75 pp.

Mesquita, D.R.; Porto, J.I.R.; Feldberg, E. 2008. Chromosomal variability in the

wild ornamental species of Symphysodon (Perciformes, Cichlidae) from

Amazon. Neotropical Ichthyology, 6: 181–190.

Mestriner, C.A.; Galetti Jr., P.M.; Valentini, S.R.; Ruiz, I.R.G.; Abel, L.D.S.;

Moreira-Filho, O.; Camacho, J.P.M. 2000. Structural and functional evidence

that a B chromosome in the characid fish Astyanax scabripinnis is an

isochromosome. Heredity, 85: 1-9.

Miller, E.A.; Dev, V.G.; Tantravahi, R.; Miller, O.J. 1976. Supression of human

nucleolus organizer activity in mouse human somatic hybrid cells.

Experimental Cell Research, 101: 235-243.

Mirol, P.M.; Bidau, C.J. 1994. Non-random patterns of non-disjunctional

orientation in trivalents of multiple Robertsonian heterozigotes of Dichroplus

pratensis (Acrididae). Genetica, 92: 155-164.

Molina, W.F. 2001. An alternative method for mitotic stimulation in fish

cytogenetics. Chromosome Science, 5: 149-152.

Page 132: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

109

Moore, G. 2002. Meiosis in allopolyploids – the importance of Teflon

chromosomes. Trends in Genetics, 18(9): 456-463.

Moreira-Filho, O.; Bertollo, L.A.C. 1990. Astyanax scabripinnis (Pisces,

Characidae): A species complex. Revista Brasileira de Genética, 14: 331-

357.

Moses, M.J. 1977. Synaptonemal complex karyotyping in spermatocytes of the

Chinese hamster (Cricetulus griseus). I. Morphology of the autosomal

complement in spread preparations. Chromosoma, 60: 99-125.

Moses, M.J.; Poorman, P.A.; Roderick, T.H.; Davisson, M.T. 1982.

Synaptonemal complex analysis of mouse chromosomes rearrangements IV.

Synapsis and synaptic adjustment in two paracentric inversions.

Chromosoma, 84: 547-574.

Nakayama, C.M.; Feldberg, E.; Bertollo, L.A.C. 2008. Mapping of ribosomal

genes and chromosomal markers in three species of the genus Serrasalmus

(Characidae, Serrasalminae) from the Amazon basin. Genetics and

Molecular Biology, 31(4): 868-873. Narain, Y.; Fredga, K. 1997. Meiosis and fertility in common shrews, Sorex

araneus, from a chromosomal hybrid zone in central Sweden. Cytogenetics

and Cell Genetics, 78: 253-259.

Nascimento, A.L. 2005. Estudos citogenéticos em peixes das subfamílias

Astronotinae, Geophaginae e Cichlasomatinae (Perciformes, Cichlidae) do

Pará. Dissertação, Universidade Federal do Pará, Amazonas, Brasil. 75 pp.

Ohno, S.; Atkin, N.B. 1966. Comparative DNA values and chromosome

complements of eight species of fishes. Chromosoma, 18: 455-466.

Oliveira, C.; Wright, J.M. 1998. Molecular cytogenetic analysis of

heterochromatin in the chromosomes of tilapia, Oreochromis niloticus

(Teleostei: Cichlidae). Chromosome Research, 6: 205-211.

Olson, M.O.J. 2004. Sensing cellular stress: another new function for the

nucleolus? Science Signal Transduction Knowledge Environment, 224: 1-10.

Orgel, L.E.; Crick, F.H.C. 1980. Selfish DNA: the ultimate parasite. Nature, 284:

604–607.

Page 133: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

110

Ozouf-Costaz, C.; Brant, J.; Körting, C.; Pisano, E.; Bonillo, C.; Coutanceau,

J.P.;Volff, J.N. 2004. Genome dynamics and chromosomal localization of the

non-LTR retrotranposon Rex1 and Rex3 in Antarctic fish. Antarctic Science,

16(1): 51-57.

Paxton, J.R.; Eschmeyer, W.N. 1995. Encyclopedia of fishes. Academic Press,

San Diego, EUA. 206 pp.

Pendás, A.M.; Moran, P.; Garcia-Vasquez, E. 1993a. Ribosomal RNA genes

are interspersed throughout a heterochromatic chromosome arm in Atlantic

salmon. Cytogenetics and Cell Genetics, 63: 128–130.

Pendás, A.M.; Moran, P.; Garcia-Vasquez, E. 1993b. Multi-chromosomal

location of ribosomal RNA genes and heterochromatin association in brown

trout. Chromosome Research, 1: 63–67.

Phillips, R.B.; Reed, K.M. 1996. Application of fluorescence in situ hybridization

(FISH) techniques to fish genetics: a review. Aquaculture, 40: 197-216.

Pikaard, C.S. 2000. The epigenetics of nucleolar dominance. Trends in

Genetics, 16(11): 495-500.

Pinkel, D.; Straume, T.; Gray, J.W. 1986. Cytogenetic analysis using

quantitative, high-sensitivity, fluorescence hybridization. Proceedings of the

National Academy of Sciences of the United States of America, 83: 2934-

2938.

Portela-Castro, A.L.B.; Júlio-Júnior, H.F.; Nishiyama, P.B. 2001. New

occurrence of microchromosomes B in Moenkhausia sanctaefilomenae

(Pisces, Characidae) from the Paraná River of Brazil: analysis of the

synaptonemal complex. Genetica, 114: 277-283.

Ready, J.S.; Ferreira, E.J.G.; Kullander, S.O. 2006. Discus fishes: mitochondrial

DNA evidence for a phylogeographic barrier in the Amazonian genus

Symphysodon (Teleostei: Cichlidae). Journal of Fish Biology, 69: 200-211.

Rodionova, M.I.; Nikitin, S.V.; Borodin, P.M. 1996. Synaptonemal complex

analysis of interspecific hybrids of Poecilia (Teleostei, Poecilidae). Brazilian

Journal of Genetics, 19(2): 231-235.

Rouzic, A.L.; Capy, P. 2005. The first steps of transposable elements invasion:

parasitic strategy vs. genetic drift. Genetics, 169: 1033–1043.

Page 134: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

111

Rowell, D.M. 1990. Chromosomal fusion in Delena cancerides Walck

(Araneae: Sparassidae): an alternative to speciation by monobranchial

fusion. Genetica, 80: 139-157.

Saiki, R.K.; Gelfand, D.H.; Stoffel, S.; Scharf, S.J.; Higuchi, R.; Horn, G.T.;

Mullis, K. B.; Erlich, H.A. 1988. Primer-directed enzymatic amplification of

DNA with a thermostable DNA polymerase. Science, 239: 487-491.

Salvadori, S., Deiana, A.M.; Coluccia, E.; Floridia, G.; Rossi, E.; Zuffardi, O.

1995. Co-localization of (TTAGGG)n telomeric sequences and ribosomal

genes in Atlantic eels. Chromosome Research, 3: 54–58.

Sambrook, J.; Russell, D.W. 2001. Molecular cloning: a laboratory manual. Cold

Spring Harbor Laboratory Press, Cold Spring Harbor, New York, EUA. p.

633–664.

Sanger, F.; Nicklen, S.; Coulson, A.R. 1977. DNA Sequencing with chain

terminating inhibitors. Proceedings of National Academy of Science, 74:

5463-5467.

Santos, G.M.; Ferreira, E.J.G. 1999. Peixes da Bacia Amazônica. In: Lowe-

McConnel, R.H. (Ed). Estudos ecológicos de comunidades de peixes

tropicais. EDUSP, São Paulo, Brasil. p. 345-373.

Santos, V.H.; Foresti, F.; Oliveira, C.; Almeida-Toledo, L.F.; Toledo-Filho, S.A.;

Bernardino, G. 2002. Synaptonemal complex analysis in the fish species

Piaractus mesopotamicus and Colossoma macropomum, and in their

interspecific hybrid. Caryologia, 55(1): 73-79.

Schmid, M.; Vitelli, L.; Batistoni, R. 1987. Chromosome banding in Amphibia.

IV. Constitutive heterochromatin, nucleolus organizers, 18S+28S and 5S

ribosomal RNA genes in Ascaphidae, Pipidae, Discoglossidae and

Pelobatidae. Chromosoma, 95: 271-284.

Schweizer, D.; Loidl, J. 1987. A model for heterochromatin dispersion and the

evolution of C band patterns. Chromosome Today, 9: 61–74.

Sharp, H.E.; Rowell, D.M. 2007. Unprecedented chromosomal diversity and

behaviour modify linkage patterns and speciation potential: structural

heterozygosity in an Australian spider. Journal Evolutionary Biology, 20(6):

2427-2439.

Page 135: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

112

Siljak-Yakovlev, S.; Cerbah, M.; Coulaud, J.; Stoian, V.; Brown, S.C.; Zoldos,

V.; Jelenic, S.; Papes, D. 2002. Nuclear DNA content, base composition,

heterochromatin and rDNA in Picea omorika and Picea abies. Theoretical

and Applied Genetics, 104: 505–512.

Silva, T.; Kotlar, B. 1980. Discus. T.F.H. Publications Inc., Neptune City, EUA.

96 pp.

Silva, C.A.; Lima, R.C.A.; Teixeira, A.S. 2008. Isoenzyme electrophoretic

patterns in discus fish (Symphysodon aequifasciatus Pellegrin, 1904 and

Symphysodon discus Heckel, 1840) from the Central Amazon. Genetics and

Molecular Research, 7(3): 791-805.

Sioli, H. 1990. Amazônia: fundamentos da ecologia da maior região de florestas

tropicais. Editora Vozes, Petrópolis, Brasil. 72 pp.

Siqueira-Jr, S.; Ananias, F.; Recco-Pimentel, S. 2004. Cytogenetics of three

Brazilian species of Eleutherodactylus (Anura, Leptodactylidae) with 22

chromosomes and re-analysis of multiple translocations in E. binotatus.

Genetics and Molecular Biology, 27(3): 363-372.

Skipper, M. 2007. Mysteries of heterochromatic sequences unravelled. Nature

Reviews, 8: 567.

Smith, W.L.; Chakrabarty, P.; Sparks, J.S. 2008. Phylogeny, taxonomy, and

evolution of Neotropical cichlids (Teleostei: Cichlidae: Cichlinae). Cladistics,

24: 625–641.

Smithies, O.; Powers, P.A. 1986. Gene conversions and their relation to

homologous chromosome pairing. Philosophical Transactions of the Royal

Society of London, 312: 291-302.

Stein, J.; Phillips, R.B.; Devlin, R.H. 2001. Identification of the Y chromosome in

chinoock salmon (Oncorhynchus tshawytscha). Cytogenetics and Cell

Genetics, 92: 108-110.

Stewart, M.N.; Dawson, D.S. 2008. Changing partners: moving from

nonhomologous to homologous centromere pairing in meiosis. Trends in

Genetics, 24(11): 564-573.

Page 136: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

113

Stiassny, M.L.1991. Phylogenetic intrarelationships of the family Cichlidae: an

overview. In: Keenleyside, M.H.A. (Ed). Cichlid fishes: behaviour, ecology

and evolution. Chapman and Hall, London, UK. p. 1-35.

Sullivan, G.J.; Bridger, J.M.; Cuthbert, A.P.; Newbold, R.F.; Bickmore, W.A.;

McStay, B. 2001. Human acrocentric chromosomes with transcriptionally

silent nucleolar organizer regions associated with nucleoli. EMBO Journal,

20: 2867-2877.

Sumner, A.T. 1972. A simple technique for demonstrating centromeric

heterochromatin. Experimental Cell Research, 74: 304-306.

Sumner, A.T. 1990. Chromosome banding. Uniwin Hyman, London, UK. 434

pp.

Sumner, A.T. 2003. Chromosomes: organization and function. Blackwell

Publishing, New York, USA. 304 pp.

Takai, A.; Yoshikawa, T.; Ojima, Y. 2002. C-banded karyotype and nucleolus

organizer regions in a discus fish, Symphysodon aequifasciata axelrodi

(Cichlidae, Perciformes). Journal of Chromosome Science, 6: 53-55.

Thode, G.; Martinez, G.; Ruiz, J.L.; Lopéz, J.R. 1988. A complex chromosomal

polymorphism in Gobius fallax (Gobiidae, Perciformes). Genetica, 76: 65-71.

Thompson, J.D.; Higging, D.G.; Gibson, T.J. 1994. ClustalW: Improving the

sensitivity of progressive multiple sequence alignment through sequence

weighting, position specific gap penalties and matrix choice. Nucleic Acids

Research, 22: 4673-4680.

Thompson, K.W. 1976. Some aspects of chromosomal evolution of the

Cichlidae (Teleostei: Perciformes) with Emphasis on Neotropical forms.

Ph.D. Dissertation. University of Texas at Austin, USA. 132 pp.

Thompson, K.W. 1979. Cytotaxonomy of 41 species of Neotropical Cichlidae.

Copeia, 4: 679-691.

Traut, W.; Clarke, C.A. 1997. Karyotype evolution by chromosome fusion in the

moth genus Orgyia. Hereditas, 126: 77-84.

Varriale, A.; Torelli, G.; Bernardi, G. 2008. Compositional properties and

thermal adaptation of 18S rRNA in vertebrates. RNA, 14: 1492-1500.

Page 137: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA …bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/718/1/Tese_Gross.pdf · CO-ORIENTADOR: Dr Cesar Martins Tese apresentada ao Programa de Pós- ... abordagem

114

Venere, P.C.; Ferreira, I.A.; Martins, C.; Galetti Jr., P.M. 2004. A novel ZZ/ZW

sex chromosome system for the genus Leporinus (Pisces, Anostomidae,

Characiformes). Genetica, 121: 75-80.

Vicente, V.E.; Jesus, C.M.; Moreira-Filho, O. 2001. Chromosomal localization of

5S and 18S rRNA genes in three Parodon species (Pisces, Parodontidae).

Caryologia, 54: 365-369.

Villena, F.P.M.; Sapienza, C. 2001. Female meiosis drives karyotypic evolution

in mammals. Genetics, 159: 1179–1189.

Visintin, R.; Amon, A. 2000. The nucleolus: the magician’s hat for cell cycle

tricks. Current Opinion in Cell Biology, 12: 752.

Volff, J.N.; Korting, C.; Sweeney, K.; Schartl, M. 1999. The non-LTR

retrotransposon Rex3 from the fish Xiphophorus is widespread among

teleosts. Molecular Biology and Evolution, 16: 1427–1438.

Volff, J.N.; Korting, C.; Meyer, A.; Schartl, M. 2001. Evolution and discontinuous

distribution of Rex3 retrotransposons in fish. Molecular Biology and

Evolution, 18 (3): 427-431.

Volff, J.N.; Bouneau, L.; Ozouf-Costaz, C.; Fischer, C. 2003. Diversity of

retrotransposable elements in compact pufferfish genomes. Trends in

Genetics, 19: 674-678.

Volff, J.N. 2005. Genome evolution and biodiversity in teleost fish. Heredity, 94:

280–294.

Wasko, A.P.; Galetti Jr., P.M. 2000. Mapping 18S ribosomal genes in fish of the

genus Brycon (Characidae) by fluorescence in situ hybridization (FISH).

Genetics and Molecular Biology, 23(1): 135-138.

Zhang, F.; Takashi, O.; Takashima, F. 1992. Chromosome synapsis and

recombination during meiotic division in gynogenetic triploid ginbuna,

Carassius auratus langsdorfii. Japanese Journal of Ichthyology, 39(2): 151-

155.