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v.7, n.1 – Abril / Junho 2014 ISSN 1983-3687 Distribuição Gratuita INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS - MG DIRETORIA DE PESQUISA E PROTEÇÃO À BIODIVERSIDADE GERÊNCIA DE PROJETOS E PESQUISAS Regeneração natural de Floresta Estacional Decidual Regeneração natural pós fogo em Cerrado Recuperação de áreas fortemente degradadas no Cerrado Regeneração natural de Floresta Estacional Decidual Regeneração natural pós fogo em Cerrado Recuperação de áreas fortemente degradadas no Cerrado Regeneração natural de Floresta Estacional Decidual Regeneração natural pós fogo em Cerrado Recuperação de áreas fortemente degradadas no Cerrado Regeneração natural de Floresta Estacional Decidual Regeneração natural pós fogo em Cerrado Recuperação de áreas fortemente degradadas no Cerrado

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v.7, n.1 – Abril / Junho 2014ISSN 1983-3687Distribuição Gratuita

INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS - MG

DIRETORIA DE PESQUISA E PROTEÇÃO À BIODIVERSIDADEGERÊNCIA DE PROJETOS E PESQUISAS

Regeneração natural de Floresta Estacional Decidual

Regeneração natural pós fogo em Cerrado

Recuperação de áreas fortemente degradadas no Cerrado

Regeneração natural de Floresta Estacional Decidual

Regeneração natural pós fogo em Cerrado

Recuperação de áreas fortemente degradadas no Cerrado

Regeneração natural de Floresta Estacional Decidual

Regeneração natural pós fogo em Cerrado

Recuperação de áreas fortemente degradadas no Cerrado

Regeneração natural de Floresta Estacional Decidual

Regeneração natural pós fogo em Cerrado

Recuperação de áreas fortemente degradadas no Cerrado

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MG.BIOTA

Boletim de divulgação científica da /IEF que publicatrimestralmente trabalhos originais de contribuição científica para divulgar o conhecimento da biotamineira e áreas afins. O Boletim tem como política editorial manter a conduta ética em relação a seuscolaboradores.

Diretoria de Pesquisa e Proteção à Biodiversidade

Equipe

Colaboradores deste número

Denize Fontes Nogueira

Fabrício Thomaz de Oliveira Kerr

Janaína A. Batista Aguiar

Maria Margaret de Moura Caldeira (Coordenação)

Pâmella Guirlanda Cassemiro (Estagiária)

Priscila Moreira Andrade

Sandra Mara Esteves de Oliveira (Coordenação)

Valéria Mussi Dias (Coordenação)

Sandra Mara Esteves de Oliveira

PUBLICAÇÃO TÉCNICAINFORMATIVAMG.BIOTA

EdiçãoTiragemDiagramação

Normalização

Corpo Editorial e Revisão

Arte da CapaFotos

ImagemFoto Contra-capaImagem

Impressão

: Trimestral: 5.000 exemplares

:Raquel M.Mariani / Imprensa Oficial

:SilvanadeAlmeida–Biblioteca–SISEMA

:

:: A.R.T. Nascimento, P.P.F. Silva, Israel Marinho

Pereira.

: Parque Estadual do Pau Furado: Evandro Rodney

: Parque Estadual do Biribiri

:

Gilson dos S. Costa / Imprensa Oficial

: Pedro Paulo Ferreira Silva.Foto Capa.

Denize Fontes Nogueira, Fabrício Thomaz de OliveiraKerr, Janaína A. Batista Aguiar, Maria Margaret deMoura Caldeira, Priscila Moreira Andrade,

Valéria Mussi Dias.Sandra

Mara Esteves de Oliveira,

Endereço:Rodovia Prefeito Américo Gianeti, s/nº Prédio Minas Bairro Serra Verde – Belo Horizonte – Minas Gerais

Brasil – CEP: 31.630-900E-mail: [email protected]

Site: www.ief.mg.gov.br

FICHA CATALOGRÁFICA

MG.Biota: Boletim Técnico Científico da Diretoria de Pesquisa e Proteçãoà Biodiversidade do IEF – MG. v.1, n.1 (2008) – Belo Horizonte: InstitutoEstadual de Florestas, 2008-

v.; il.Edição trimestral a partir do v.6, n.1. 2013.ISSN: 1983-3687

1. Biosfera – Estudo – Periódico. 2. Biosfera – Conservação. I. InstitutoEstadual de Florestas. Diretoria de Pesquisa e Proteção à Biodiversidade

CDU: 502

EXPEDIENTE

Catalogação na Publicação – Silvana de Almeida CRB. 1018-6

MG. BIOTA, Belo Horizonte, v.7, n.1, Abr./Jun. 2014

Endereço para remessa:Instituto Estadual de Florestas - IEF

Gerência de Projetos e Pesquisas – GPROP

Boletim MG.Biota

Cidade Administrativa PresidenteTancredo Neves

Edifício Minas - 1º andar – Estações de trabalho: 01-232, 01-234 e 01-236

Rodovia Prefeito Américo Gianetti, s/nº

Bairro: Serra Verde

Belo Horizonte - MG

CEP: 31.630-900

email: [email protected]

Telefones: (31) 3915-1324 e (31) 3916-9287.

Os pesquisadores/autores devem preparar os originais deseus trabalhos, conforme as orientações que se seguem:NBR 6022 (ABNT, 2003).

1. Os textos deverão ser inéditos e redigidos em línguaportuguesa;

2. Os artigos terão, no máximo, 25 laudas em formato A4(210x297mm), impresso em uma só face, semrasuras, fonte Arial, tamanho 12, espaço entre linhasde 1,5 e espaço duplo entre as seções do texto, assimcomo entre o texto e as citações longas, as ilustrações,as tabelas e os gráficos;

3. Os originais deverão ser entregues em duas viasimpressas e uma via em CD-ROM (digitados em Wordfor Windows), com a seguinte formatação:

a) Título centralizado, em negrito e apenas a primeira letramaiúscula;

b) Nome completo do(s) autor(es), seguido do nome dainstituição e titulação na nota de rodapé;

c) Resumo bilíngüe em português e inglês com, nomáximo, 120 palavras cada;

d) Introdução, desenvolvimento (material e métodos,resultados e discussão), considerações finais ouconclusões;

e) As ilustrações (figuras, tabelas, desenhos, gráficos,mapas, fotografias, etc.) devem ser enviadas noformato TIFF ou EPS, com resolução mínima de 300DPIs, em arquivo separado. Deve-se indicar adisposição preferencial de inserção das ilustrações notexto, utilizando para isso, no local desejado, aindicação da figura e o seu número, porém a comissãoeditorial se reserva do direito de uma recolocação parapermitir uma melhor diagramação;

f) Uso de itálico para termos estrangeiros;g) As citações no texto e as informações recolhidas de

outros autores devem se apresentar segundo a norma:NBR 10520(ABNT, 2002);

Citações textuais curtas, com 3 linhas ou menos,

devem ser apresentadas no corpo do texto entreaspas e sem itálico;

Citações textuais longas, com mais de 3 linhas,

devem ser apresentadas em fonte Arial, tamanho10 e devem constituir um parágrafo próprio,recuado, sem necessidade de utilização de aspas;

Notas explicativas devem ser apresentadas em

rodapé, em fonteArial, tamanho 10, enumeradas.h) As referências bibliográficas deverão ser apresentadas

no fim do texto, devendo conter as obras citadas, emordem alfabética, sem numeração, seguindo a norma:NBR 6023(ABNT, 2002);

i) Os autores devem se responsabilizar pela correçãoortográfica e gramatical, bem como pela digitação dotexto, que será publicado exatamente conformeenviado.

Corpo Editorial MG.Biota

·

·

·

Instruções para colaboradores MG.Biota

Os autores deverão enviar os seus artigos à Gerência de Projetos e Pesquisas (GPROP), conforme normas técnicas

para colaboradores e acompanhada de uma declaração de seu autor ou responsável, nos seguintes termos:

Adeclaração deverá conter: Local e data, nome e endereço completos, CPF e documento de identidade.

Normas técnicas para os colaboradores:

“Transfiroparao Instituto Estadual de Florestas por meio da Diretoria de Pesquisa e Proteçãoà Biodiversidade,

todos os direitos sobre a contribuição (citarTítulo), caso seja aceita para publicação no MG-Biota, publicado pela

Gerência de Projetos e Pesquisas. Declaro que esta contribuição é original e de minha responsabilidade, que não

está sendo submetida ao utro editor para publicação e que os direitos autoraissobre ela não foram anteriormente

cedidos à outra pessoa física ou jurídica”.

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INS TI TU TO ESTA DUAL DE FLO RES TAS — MGDIRETORIA DE PESQUISA E PROTEÇÃO À BIODIVERSIDADE

GERÊN CIA DE PRO JE TOS E PES QUI SAS

MG.BIOTA Belo Horizonte v.7, n.1 abr./jun 2014

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SUMÁ RIO

Editorial ....................................................................................................................................................

Regeneração natural da comunidade arbórea em um remanescente de Floresta Estacional Decidual, Uberlândia - MG

Lorena Cunha Silva, Lucas Henrique Clemente, Mariana da Costa Vieira, André R. Terra Nascimento......................................................................................................................................................................

Regeneração natural pós fogo em dois ambientes de Cerrado no Parque Estadual doBiribiri em Diamantina, MG

Israel Marinho Pereira, Anne Priscila D. Gonzaga, Thiago José O. Otoni, Pedro S. Silva de P. Ribeiro eDaniel A.Chaves...........................................................................................................................................

Em Destaque

Recuperação de áreas fortemente degradadas no bioma cerrado: desafios eperspectivas

Israel Marinho Pereira, João Carlos Costa Guimarães ...............................................................................

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3MG.BIOTA, Belo Horizonte, v.7, n.1, abr./jun. 2014

EDITORIAL

Nesta edição, o MG.Biota apresenta artigos resultantes de pesquisas sobre

regeneração natural no bioma cerrado e os desafios para sua recuperação.

O primeiro artigo aborda um estudo feito em um remanescente de Floresta Estacional

Decidual, conduzido no Parque Estadual do Pau Furado, localizado nos municípios de

Uberlândia e Araguari, MG, com o objetivo de investigar padrões florísticos e estruturais da

regeneração natural. Como resultados do estudo foram apurados no fragmento um total

de 1142 indivíduos, pertencentes a 53 espécies, o que demonstrou regeneração

expressiva de algumas espécies arbóreas e, portanto, um bom potencial de regeneração.

No segundo artigo, foi feito um estudo para avaliar os impactos causados pelo fogo e

suas implicações na regeneração natural em uma área de campo cerrado do Parque

Estadual do Biribiri, localizado no município de Diamantina, MG. O estudo foi realizado

cinco meses após a ocorrência do fogo, considerado um período curto. Entretanto, a

recomposição foi expressiva, o que demonstrou uma grande capacidade das áreas do

Cerrado em se recuperar, com números de indivíduos variando de acordo com os

ambientes estudados.

Em destaque, “Recuperação de áreas fortemente degradadas no bioma cerrado:

desafios e perspectivas”, que discorre sobre os impactos decorrentes da exploração

inadequada dos recursos naturais, com destaque para agropecuária e a mineração.

Estudos e pesquisas para essa recuperação são de fundamental importância como fonte

para o estabelecimento de práticas de intervenção na recomposição de áreas e

mecanismos de controle para preservação do Cerrado e o restabelecimento do

ecossistema, com a finalidade de recuperar parte da biodiversidade perdida.

Janaína Aparecida Batista Aguiar

Gerente de Projetos e Pesquisas - IEF

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Regeneração natural da comunidade arbórea em um remanescente de Floresta Estacional Decidual, Uberlândia - MG

Lorena Cunha Silva1, Lucas Henrique Clemente1, Mariana da Costa Vieira2, André R. TerraNascimento3

Resumo

Este trabalho objetivou investigar padrões florísticos e estruturais da regeneração natural em umremanescente de Floresta Estacional Decidual. O estudo foi conduzido no Parque Estadual do Pau Furado,localizado entre os municípios de Uberlândia e Araguari (MG). A amostragem da regeneração foiestratificada em duas classes de tamanho de parcelas (4m² e 100m²). Nas duas classes de regeneraçãoforam encontradas 53 espécies arbóreas, distribuídas em 44 gêneros e 22 famílias botânicas. As espéciescom as maiores estimativas de regeneração foram Campomanesia velutina (Cambess.) O. Berg,Myracrodruon urundeuva Allemão, Celtis iguanaea (Jacq.) Sarg., Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan eAloysia virgata (Ruiz &Pav.) Juss., que juntas somaram 41% do total nas parcelas.Os resultados evidenciambom potencial de regeneração natural com uma comunidade heterogênea e composta por espéciescaracterísticas de Florestas Estacionais Deciduais (FEDs).

Palavras chave: Heterogeneidade florística, espécies arbóreas, padrões ecológicos.

Abstract

This study aimed to investigate structural and floristic patterns of natural regeneration in a remnantDeciduous Forest. The study was conducted in Parque Estadual do Pau Furado, located between Uberlândiaand Araguari (MG), Brazil. The sample was stratified into two classes sized 4m ² and 100m². In both classesof regeneration were found 53 tree species, distributed in 44 genera and 22 botanical families. The specieswith the highest regeneration estimates were Campomanesia velutina (Cambess.) O. Berg, Myracrodruonurundeuva Allemão, Celtis iguanaea (Jacq.) Sarg., Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan and Aloysiavirgata (Ruiz &Pav.) Juss, reaching 41% of total in plots. The results show good natural regeneration potentialwith a heterogeneous community and composed by specific species from seasonal deciduous forests.

Keywords: Floristic heterogeneity, tree species, ecological patterns.

1 Curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Instituto de Biologia, Laboratório de Ecologia. CEP: 38400-902 Uberlândia - MG, Brasil, e-mail: [email protected]

2 Engª Florestal, Consultora Ambiental, Autônoma, Araguari- MG.3 Prof. Adjunto IV, Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Instituto de Biologia, Laboratório de Ecologia. CEP:

38400-902 Uberlândia - MG, Brasil, e-mail: [email protected]

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Introdução

As Florestas Estacionais Deciduais

(FEDs) compreendem formações florestais

no bioma Cerrado que não se associam com

cursos de água e são caracterizadas por

diversos níveis de caducifólia durante a

estação seca (RIBEIRO & WALTER, 2008).

Estas florestas apresentam uma

estratificação desenvolvida (FIG. 1) e

espécies arbóreas de maiores dimensões

(altura total e forma do fuste) que a vegetação

de cerrado nas suas fitofisionomias savânicas

(NASCIMENTO et al., 2004) além de

possuírem uma composição florística própria

(PEDRALLI, 1997).

Durante a estação seca (FIG. 2), as

folhas das plantas secam e caem sobre o

solo contribuindo para a produção de

matéria orgânica, essencial à fixação das

plantas nos solos rasos e rochosos

(FELFILI, 2003). Embora, a precipitação

altamente variável e freqüentes veranicos

causem alta mortalidade de sementes e

plântulas, as florestas secas são

caracterizadas por um número

relativamente alto de espécies arbóreas

com sementes anemocóricas, sendo estas

típicas colonizadoras de áreas degradadas,

as quais se dispõem no solo no inicio da

estação chuvosa maximizando o seu tempo

de crescimento (VIEIRA, 2006).

A dinâmica das florestas estacionais

está estreitamente ligada a

estacionalidade climática e a regeneração

natural arbórea é dependente da dinâmica

do estrato arbustivo/herbáceo (FELFILI,

2003). Na época das chuvas (FIG. 1) este

estrato se torna predominantemente

perenifólio, com plantas anuais e

arbóreas que produzem grande

quantidade de serrapilheira (IBGE, 2012).

A conservação e a restauração dos

remanescentes de FED é uma alta

prioridade, não somente por causa de sua

rápida taxa de perda de cobertura, mas

também porque estes locais contêm muitas

espécies endêmicas e de importância

econômica (FAJARDO et al., 2013). Dentre

os processos de restabelecimento da

vegetação, a regeneração natural mantém

a base do equilíbrio e da demografia das

populações vegetais, uma vez que garante

a renovação dos indivíduos e a

manutenção das espécies na comunidade

(PUIG, 2008). Quando um ecossistema

florestal sofre alguma intervenção antrópica

e é abandonado, a regeneração natural se

desenvolve como produto da sucessão

ecológica, a qual difere de acordo com o

tipo de floresta (MADEIRA et al., 2008).

Desse modo, existindo disponibilidade de

indivíduos jovens remanescentes, banco

de sementes e/ou rebrota de plantas por

raízes, o processo de recuperação dos

fragmentos ocorrerá de forma mais rápida

(CURY & CARVALHO JUNIOR, 2011).

O estudo da regeneração é, portanto,

um tema essencial para ecólogos e

silvicultores, tendo em vista o

conhecimento acerca dos mecanismos e

da dinâmica florestal, a fim de se obter uma

exploração sustentável dos ecossistemas

(PUIG, 2008). As diversas particularidades

apresentadas pela regeneração das

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florestas secas devem ser mais bem

compreendidas, pois as suas características

são limitantes em determinadas situações

(VIEIRA & SCARIOT, 2006; PARE et al.,2009; DIRZO et al., 2011).

Na região do Triângulo Mineiro este tipo

de vegetação insere-se na ecorregião do

Alto Paranaíba, a qual representa cerca de

9,18% do bioma Cerrado, compreendendo

superfícies tabulares estruturais

submetidas a processos de pedimentação

e bastante dissecados. Floristicamente,

esta ecorregião, é caracterizada por

espécies vegetais com uma distribuição

A

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FIGURA 1 – Aspectos da heterogeneidade da regeneração natural no remanescente de FED durantea estação chuvosa:A) notar as áreas com maior biomassa e riqueza de espécies eB) áreas mais abertas e com menor densidade de espécies arbóreas.

Foto

s: A

. R

. T.

Nasc

imento

B

ampla no bioma e com várias espécies de

táxons indicadores com distribuição

regional e evidenciando afinidade com o

bioma Caatinga (ARRUDA et al., 2008).

Neste sentido, o objetivo do presente

estudo foi investigar padrões florísticos e

estruturais da regeneração natural da

comunidade arbórea em um remanescente

de Floresta Estacional Decidual, no Parque

Estadual do Pau Furado, Uberlândia - MG.

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Foto

s: A

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. T.

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& P

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FIGURA 2 – Parque Estadual do Pau Furado, Uberlândia/MG:A) Dossel durante e estação seca eB) Deciduidade dos elementos arbóreos evidenciando a maior entrada de luz na estrutura da floresta.

B

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Metodologia

Local de estudo: O presente estudo foi

desenvolvido em um remanescente de

Floresta Estacional Decidual (FED),

localizado no Parque Estadual do Pau

Furado (18º 49’43.10” S e 48º 10’02,95” O),

nos município de Araguari e Uberlândia,

Triângulo Mineiro (FIG. 3).

O regime pluviométrico em Uberlândia

é caracterizado por chuvas (em média 120

dias) que se concentram de outubro a

março, representando 86,7% do total da

precipitação anual sendo que as maiores

médias são encontradas nos meses de

dezembro (318,9 mm) e janeiro (311,6 mm)

e as menores em junho e agosto (SILVA &

ASSUNÇÃO, 2004).

A área compreende um remanescente

florestal em estágio de sucessão

secundária dentro do limite do parque

(FIG.1 e 2), e está circundado por áreas em

regeneração e pastagens. O Parque

Estadual do Pau Furado possui uma área

de 2,2 mil hectares sendo a primeira

unidade de conservação desta categoria

localizada no Triângulo Mineiro (IEF, 2012).

Dos 2,2 mil hectares existentes no parque

aproximadamente 441,77 ha são de áreas

degradadas e 10,0 ha estão em processo

inicial de recuperação (ALVES, 2010).

FIGURA 3 – Localização do remanescente estudado no Estado de Minas Gerais - Brasil e do Parque Estadual do Pau Furado (em amarelo) nos município de Uberlândia e Araguari, MG.

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Coleta e análise dos dados: o presente

estudo foi realizado entre os meses de

fevereiro e novembro de 2012. Para a

amostragem da regeneração natural da

comunidade arbórea foram demarcadas

vinte parcelas quadradas estratificadas em

duas dimensões, segundo Silva (2011). Na

primeira Classe (Classe I) foram utilizadas

vinte parcelas de 10x10m (100m²), onde

foram amostrados indivíduos de espécies

arbóreas com altura acima de 1m e até

5cm de diâmetro. Na segunda Classe

(Classe II) foram utilizadas vinte sub -

parcelas de 2x2m (4m²) alocadas no

interior das parcelas maiores, onde foram

amostrados indivíduos de espécies

arbóreas com altura entre 15cm e 1m

(plântulas e juvenis).

As parcelas foram distribuídas de

forma aleatória ao longo de 10 transectos

eqüidistantes, com comprimento

determinado pelas condições ambientais

(neste caso a declividade do terreno), com

um intervalo de 100m (FELFILI et al.,2005) entre si (FIG. 4). Foram utilizadas

estacas de ferro e corda para demarcar as

parcelas, uma bússola para anotar o

azimute e manter os transectos paralelos

entre eles, e uma trena para medir as

distâncias entre as parcelas.

Em cada parcela foram contados e

identificados todos os indivíduos das

espécies arbóreas, sendo estas

identificadas no campo sempre que

possível, ou coletado material botânico

para posterior identificação. Para as

espécies ainda não identificadas, o material

botânico foi encaminhado para

especialistas. Adotou-se o sistema de

classificação APG III, segundo Chase &

Reveal (2009). A grafia correta dos nomes

científicos das espécies foi verificada nos

sites Flora do Brasil4 e Missouri Botanical

Garden5.

Foram empregados para análise da

regeneração natural os parâmetros

frequência e densidade (absolutos e

relativos) para cada classe de tamanho

(ALENCAR et al., 2011). A regeneração foi

avaliada usando as estimativas de

regeneração natural total (RNT) e

regeneração natural por classe de altura

(RNC1 e RNC2) para cada espécie da

comunidade usando os parâmetros de

densidade e frequências relativas

segundo metodologia empregada por

Silva et al. (2007).

A similaridade de espécies arbóreas

da regeneração foi também investigada

usando Análise de Agrupamento – Clusteranalysis (HAIR et al., 2005) e aplicando o

índice de similaridade de Jaccard. Foi

utilizada a distância média do grupo

(UPGMA) como método de ligação e

considerado um nível de corte de 0,5 ou

50% de similaridade no dendrograma

(KENT & COKER, 1992). Este

procedimento foi realizado no softwarePC-ORD for windows (MCCUNE &

MEFFORD, 2006).

4 http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/index5 http://www.tropicos.org

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FIGURA 4 – Esquema da amostragem da regeneração natural para as parcelas nas duas classes de tamanho. A Classe I estárepresentada por parcelas de 10 x 10m (100m²) e a Classe II por sub-parcelas de 2 x 2m (4m²). O pontilhado indica queexistem mais 6 linhas eqüidistantes (formando as 20 parcelas).

Resultados

No levantamento da comunidade

arbórea em regeneração natural no

remanescente foram encontrados um total

de 1142,0 indivíduos (5.710,0 ind./ha),

pertencentes a 53 espécies arbóreas (TAB.

1) distribuídas em 44 gêneros e 22 famílias

botânicas nas duas classes de tamanho. Na

primeira classe (100 m²) foram registradas

51 espécies e, na segunda classe (4m²) 25

espécies arbóreas, sendo que 23 espécies

se repetiram nas duas classes (TAB. 1).

Dentre as famílias amostradas (N=22)

destacam-se pela diversidade ao nível de

gênero: Fabaceae (10 gêneros), Rubiaceae

(5 gêneros), Bignoniaceae (3 gêneros),

Sapindaceae (3 gêneros), sendo a família

Fabaceae a mais importante com relação

ao número de indivíduos (312 indivíduos).

Das 22 famílias encontradas 12 foram

representadas por somente uma única

espécie (GRÁF. 1).

Os gêneros que apresentaram maior

número de indivíduos nas duas classes de

tamanho foram Campomanesia, Celtis,Anadenanthera, Machaerium e

Myracrodruon somando em conjunto

51,57% (589,0) do total (1142,0)

amostrados na comunidade. Outra

característica desta vegetação é o elevado

número de indivíduos por hectare, mesmo

estando no limite inferior encontrado das

áreas de FEDs. Este parece ser um padrão

na regeneração em FED, onde podem ser

encontradas elevadas estimativas de

densidade e valores medianos para a

diversidade de espécies (TAB. 2).

O índice de diversidade de Shannon

(H´) encontrado na Classe I foi de 3,13 e na

Classe II 2,67 e está situado dentro das

estimativas encontradas em FEDs (TAB. 3).

A análise de agrupamento da regeneração

natural das parcelas realizadas no estudo

(FIG. 5) evidenciou uma comunidade

heterogênea com 3 grupos florísticos

formados pela análise. Entre as amostras

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(N=20) foi observada uma baixa similaridade

entre as mesmas, sugerindo uma

comunidade com diversidade expressiva e

grupos formados por espécies características

de FED na região. Na regeneração foram

observadas áreas com menor potencial de

regeneração e áreas com grande número de

indivíduos e elevada cobertura do solo (FIG. 1

A e B). Estes locais com diferentes estruturas

e composição de espécies podem aumentar

a heterogeneidade da regeneração e

contribuir para a diversidade da comunidade

arbórea em FED.

As espécies que apresentaram as

maiores estimativas de regeneração

natural (TAB. 2) foram Campomanesiavelutina (Camb.) O. Berg, Myracrodruonurundeuva Allemão, Anadenantheracolubrina (Vell.) Brenan, Celtis iguanaea(Jacq.) Sarg. e Aloysia virgata (Ruiz &Pav.)

Juss. A representação de M. urundeuva e

A. colubrina - espécies madeiráveis - com

valores expressivos de densidade nas duas

classes de tamanho evidencia o potencial

silvicultural deste remanescente.

GRÁFICO 1 – Número de espécies (53 no total) e famílias botânicas (22) em um remanescente de Floresta Estacional Decidual (FED), Parque Estadual do Pau Furado, Uberlândia, Minas Gerais.

FIGURA 5 – Análise de agrupamento da comunidade arbórea em regeneração natural usando UPGMA e o índice de Jaccard, FlorestaEstacional Decidual (FED), Parque Estadual do Pau Furado, Uberlândia, Minas Gerais, Brasil.

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Trichilia catigua A. Juss. Trichilia elegans A. Juss. Zanthoxylum riedelianum Engl.

15

TABELA 1

Espécies arbóreas amostradas na regeneração natural em um remanescente de Floresta Estacional Decidual, Parque Estadual do Pau furado, Uberlândia, Minas Gerais.

(Continua...)

Espécie Família Classe Allophylus sericeus Radlk. Sapindaceae I II Aloysia virgata (Ruiz &Pav.) Juss. Verbenaceae I II Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Fabaceae I II Annona sylvatica A. St.-Hil Annonaceae I Aspidosperma parvifolium A. DC. Apocynaceae I Aspidosperma subincanum Mart. ex A. DC. Apocynaceae I Astronium fraxinifolium Schott ex. Spreng. Anacardiaceae I Attalea phalerata Mart. ex Spreng. Arecaceae I II Bauhinia rufa (Bong.) Steud. Fabaceae I Bauhinia ungulata L. Fabaceae I II Campomanesia velutina (Cambess. ) O. Berg Myrtaceae I II Cardiopetalum calophyllum Schltdl. Annonaceae I II Casearia gossypiosperma Briq. Salicaceae I II Casearia rupestris Eichler Salicaceae I II Casearia sylvestris Sw. Salicaceae I II Celtis iguanaea (Jacq.) Sarg. Cannabaceae I II Chomelia pohliana Müll. Arg. Rubiaceae I Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. ex Steud. Boraginaceae I II Cordiera sessilis (Vell.) Kuntze Rubiaceae I Cordieria sp. Rubiaceae I Cupania vernalis Cambess. Sapindaceae I Dasyphyllum sp. Asteraceae I II Dilodendron bipinnatum Radlk. Sapindaceae I Diospyros hispida A. DC. Ebenaceae I Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong Fabaceae I II Genipa americana L. Rubiaceae I Guazuma ulmifolia Lam. Malvaceae I II Guettarda viburnoides Cham. & Schltdl. Rubiaceae I II Handroanthus chrysotrichus (Mart. ex DC.) Mattos Bignoniaceae I Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.) Mattos. Bignoniaceae I Handroanthus serratifolius (Vahl) S. O. Grose Bignoniaceae I Inga sessilis (Vell.) Mart. Fabaceae I Jacaranda cuspidifolia Mart. ex A. DC. Bignoniaceae I Lonchocarpus cultratus (Vell.) A.M.G. Azevedo & H.C. Lima Fabaceae I II Luehea grandiflora Mart. Malvaceae I Machaerium angustifolium Mart. ex Benth Fabaceae I II Machaerium brasiliense Vogel Fabaceae I Maclura tinctoria (L.) D. Don ex Steud. Moraceae . I Myracrodruon urundeuva Allemão Anacardiaceae I II Myrcia splendens (Sw.) DC. Myrtaceae II Piptadenia gonoacantha (Mart.) J. F. Macbr. Fabaceae I Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand Burseraceae I Rhamnidium elaeocarpum Reissek Rhamnaceae I II Senegalia polyphylla (DC.) Britton Fabaceae I II Senna sp. Fabaceae II Sorocea bonplandii Burger, Lanj. & Wess. Boer Moraceae I Sweetia fruticosa Spreng. Fabaceae I Tabebuia roseoalba (Ridl.) Sandwith Bignoniaceae I II Terminalia glabrescens Mart. Combretaceae I Tocoyena formosa (Cham. &Schltdl.) K. Schum. Rubiaceae I

Meliaceae Meliaceae Rutaceae

I I II I

Espécies arbóreas amostradas na regeneração natural em um remanescente de Floresta EstacionalDecidual, Parque Estadual do Pau furado, Uberlândia, Minas Gerais.

(Continua...)

Rutaceae

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Classe I Classe II Total Nome Científico DR* (%) FR (%) RNC (%) DR (%) FR (%) RNC (%) RNT

(%) Allophylus sericeus 8,95 6,40 7,67 2,86 5,83 4,35 6,01 Aloysia virgata 5,08 4,80 4,94 6,98 10,00 8,49 6,72 Anadenanthera colubrina 8,95 6,40 7,67 7,62 5,83 6,73 7,20 Annona sylvatica 0,12 0,40 0,26 0,00 0,00 0,00 0,13 Aspidosperma parvifolium 0,12 0,40 0,26 0,00 0,00 0,00 0,13 Aspidosperma subincanum 0,73 1,20 0,96 0,00 0,00 0,00 0,48 Astronium fraxinifolium 0,85 1,20 1,02 0,00 0,00 0,00 0,51 Attalea phalerata 4,59 3,20 3,90 1,90 4,17 3,04 3,47 Bauhinia rufa 0,73 0,40 0,56 0,00 0,00 0,00 0,28 Bauhinia ungulata 5,80 3,20 4,50 3,17 3,33 3,25 3,88 Campomanesia velutina 6,05 6,40 6,22 23,81 13,33 18,57 12,40 Cardiopetalum calophyllum 0,85 2,40 1,62 1,90 2,50 2,20 1,91 Casearia gossypiosperma 0,12 0,40 0,26 0,32 0,83 0,58 0,42 Casearia rupestris 4,35 4,80 4,58 2,22 4,17 3,19 3,89 Casearia sylvestris 0,85 1,20 1,02 0,32 0,83 0,58 0,80 Celtis iguanaea 9,19 5,20 7,19 7,94 5,83 6,88 7,04 Chomelia pohliana 0,12 0,40 0,26 0,00 0,00 0,00 0,13 Cordia trichotoma 0,85 1,60 1,22 9,84 7,50 8,67 4,95 Cordiera sessilis 0,24 0,40 0,32 0,00 0,00 0,00 0,16 Cordiera sp. 0,12 0,40 0,26 0,00 0,00 0,00 0,13 Cupania vernalis 0,12 0,40 0,26 0,00 0,00 0,00 0,13 Dasyphyllum sp. 3,75 4,40 4,07 5,40 5,00 5,20 4,64 Dilodendron bipinnatum 0,85 0,80 0,82 0,00 0,00 0,00 0,41 Diospyros hispida 0,12 0,40 0,26 0,00 0,00 0,00 0,13 Enterolobium contortisiliquum 0,36 0,40 0,38 0,63 0,83 0,73 0,56 Genipa americana 0,85 2,00 1,42 0,00 0,00 0,00 0,71 Guazuma ulmifolia 2,18 3,20 2,69 1,27 1,67 1,47 2,08 Guettarda viburnoides 1,69 0,80 1,25 1,90 0,83 1,37 1,31 Handroanthus chrysotrichus 0,12 0,40 0,26 0,00 0,00 0,00 0,13 Handroanthus impetiginosus 0,24 0,80 0,52 0,00 0,00 0,00 0,26 Handroanthus serratifolius 0,12 0,40 0,26 0,00 0,00 0,00 0,13 Inga sessilis 0,12 0,40 0,26 0,00 0,00 0,00 0,13 Jacaranda cuspidifolia 0,12 0,40 0,26 0,00 0,00 0,00 0,13 Lonchocarpus cultratus 0,12 0,40 0,26 0,32 0,83 0,58 0,42 Luehea grandiflora 0,24 0,40 0,32 0,00 0,00 0,00 0,16 Machaerium angustifolium 9,19 5,60 7,39 6,03 4,17 5,10 6,25 Machaerium brasiliense 0,12 0,40 0,26 0,00 0,00 0,00 0,13 Maclura tinctoria 0,60 0,80 0,70 0,00 0,00 0,00 0,35 Myracrodruon urundeuva 7,38 6,80 7,09 7,94 8,33 8,13 7,61 Myrcia splendens 0,00 0,00 0,00 0,63 0,83 0,73 0,37 Piptadenia gonoacantha 0,48 0,80 0,64 0,00 0,00 0,00 0,32 Protium heptaphyllum 0,12 0,40 0,26 0,00 0,00 0,00 0,13 Rhamnidium elaeocarpum 3,02 3,60 3,31 0,95 2,50 1,73 2,52 Senegalia polyphylla 3,75 3,60 3,67 1,59 1,67 1,63 2,65 Senna sp. 0,00 0,00 0,00 1,59 3,33 2,46 1,23 Sorocea bonplandii 0,12 0,40 0,26 0,00 0,00 0,00 0,13 Sweetia fruticosa 0,12 0,40 0,26 0,00 0,00 0,00 0,13 Tabebuia roseoalba 3,14 4,80 3,97 1,59 3,33 2,46 3,22

TABELA 2

Parâmetros da Regeneração Natural (por Classe e Total) da comunidade arbórea em um remanescente deFED, Parque Estadual do Pau Furado, Uberlândia, MG

(Continua...)

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( )Classe I Classe II Total

Nome Científico DR* (%) FR (%) RNC (%) DR (%) FR (%) RNC (%) RNT (%)

Terminalia glabrescens 0,24 0,80 0,52 0,00 0,00 0,00 0,26 Tocoyena formosa 0,12 0,40 0,26 0,00 0,00 0,00 0,13 Trichilia catigua 0,24 0,80 0,52 0,00 0,00 0,00 0,26 Trichilia elegans 0,36 0,40 0,38 1,27 2,50 1,88 1,13 Zanthoxylum riedelianum 1,09 2,80 1,94 0,00 0,00 0,00 0,97 Total 100 100 100 100 100 100 100

Nota: *DR= Densidade Relativa, FR= Frequência relativa, RNC 1= Regeneração natural da Classe I; RNC 2= Regeneração natural da Classe II, RNT= Regeneração natural total por espécie.

Discussão

A regeneração da vegetação arbórea

estudada foi representada por um total de

53 espécies (44 gêneros e 22 famílias)

mostrando uma riqueza semelhante aos

trabalhos de Silva (2011) e Gonzaga

(2008) e superior ao trabalho de Vaccaro

(1999). As estimativas de riqueza e

diversidade da regeneração estão

situadas dentro das estimativas

encontradas em florestas estacionais

deciduais no Brasil Central (TAB. 3).

Pode-se notar que as famílias

Fabaceae, Rubiaceae e Bignoniaceae

evidenciam potencial de regeneração em

condições de FED do parque. Dentre estas,

a família Fabaceae foi amostrada nas duas

classes de tamanho da regeneração com

elevado número de indivíduos. Estes

resultados concordam com Silva (2011) ao

analisar a regeneração natural em outro

remanescente no PEPF e usando a mesma

metodologia, observou que as famílias com

maior riqueza foram Fabaceae,

Bignoniaceae e Rubiaceae.

As espécies de maior valor comercial,

Myracrodruon urundeuva, Anadenantheracolubrina, Tabebuia roseoalba, Astronium

fraxinifolium, encontradas no remanescente

podem estar relacionadas com uma maior

plasticidade ambiental, pois apesar da sua

utilização comercial (madeira e sub-

produtos), elas apresentaram altas taxas de

regeneração e uma elevada densidade -

parâmetros interessantes, do ponto de vista

silvicultural e de manejo de vegetação.

Embora a flora encontrada em estudos

de florestas estacionais deciduais seja

composta por algumas famílias comumente

observadas em florestas úmidas,

especialmente Fabaceae e Bignoniaceae

(GENTRY 1995; SIQUEIRA et al., 2009), as

florestas deciduais possuem composição

florística distinta, até mesmo de matas

secas de outras regiões (GENTRY, 1995;

PENNIGTON et al., 2000; PRADO, 2003;

RIBEIRO & WALTER, 2008). Isso ocorre

uma vez que a estrutura das florestas

tropicais varia muito de acordo com as

condições de solo, água e luz, bem como

entre estádios de regeneração (BOTREL etal., 2002). No entanto, as taxas de

desmatamento e o verdadeiro estado de

perturbação dos fragmentos de FEDs

remanescentes são pouco conhecidas,

tanto no país, quanto em outras partes do

mundo, principalmente quando comparadas

2= Regeneração natural da Classe II, RNT= Regeneração natural total por espécie.

(Conclusão)

Nota:

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as de florestas tropicais úmidas. Isto se

deve ao fato das FEDs muitas vezes serem

negligenciadas em termos de pesquisa e

medidas de conservação (ESPÍRITO-

SANTO et al., 2008).

Para muitos autores, considera-se como

regeneração natural todos os descendentes

de plantas arbóreas que se encontram entre

0,1m e 10cm de DAP ou até o limite de

diâmetro estabelecido no levantamento

estrutural da vegetação madura (neste caso

5 cm de DAP),e constitui o apoio ecológico

da sobrevivência do ecossistema florestal,

sendo fundamental na preparação de

projetos de manejo florestal (HOSOKAWA

et al., 1998). Neste sentido, além da

composição das espécies é necessário o

conhecimento acerca dos aspectos

estruturais (densidade, frequência e

regeneração por espécie) visando a

manutenção das espécies na comunidade e

a garantia de sustentabilidade do sistema,

quando o estoque (florístico e estrutural) e

as populações mais numerosas se mantêm.

Um aspecto relevante encontrado na

comunidade é o potencial de regeneração

associado aos elevados valores de

densidade por hectare (TAB. 3). Em

formações secundárias – como o presente

remanescente – as estimativas de

densidade tendem a serem elevadas e de

diversidade baixas a medianas (BROWN &

LUGO, 1990). Por outro lado, as taxas de

regeneração e as elevadas estimativas de

densidade observadas, mostram que existe

um estoque notável de espécies em

regeneração.

A diferença de espécies entre as

classes de estratificação pode nos indicar

que está ocorrendo um gradiente de

substituição de espécies, de acordo com

a tolerância às modificações ambientais e

estruturais na comunidade (LEYSER etal., 2012). A representação das espécies

em distintas classes de tamanho pode

estar relacionada com a presença de

espécies do sub-bosque e indivíduos

regenerantes do dossel (KILKA &

LONGHI, 2011) que podem aumentar a

variabilidade na regeneração natural de

florestas deciduais. Neste sentido, a

estratificação em classes de tamanho

pode ser um procedimento adequado

visando amostrar este componente e

diminuir os custos do levantamento dos

dados.TABELA 3

Estimativas dos parâmetros utilizados para a caracterização da regeneração natural em remanescentes de

FED

S H´ Dens. Parcela (m²) Fonte 53 3,13 1.142,0 (5.710,0) 100m² e 4m² (1) Este estudo 63 3,30 450,0 (13.846,0) 25m² GONZAGA et al. (2007) 56 3,14 487,0 (11.238,0) 25m² GONZAGA (2008) 64 -- 1.649,0 (8.245,0) 100m² LEYSER et al. (2012) 44 -- 3.330,0(16.650,0) 100m² e 10m² MIGUEL (2011) 36 1,22 761,9 (4.354,0) 25m² SCCOTI (2009) 53 3,22 1.811,0 (4.527,0) 100m² e 4m² (1) SILVA (2011)

TABELA 3

Estimativas dos parâmetros utilizados para a caracterização da regeneração natural em remanescentes de FED

Legenda: S= riqueza de espécies, H’= índice de diversidade de Shannon e Weiver; Dens.= densidade absoluta e entre parênteses estão

as estimativas da densidade de indivíduos por hectare. (1) mesma metodologia usada nos dois trabalhos.

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Na região estudada as áreas

degradadas cobertas por pastagens (com

diferentes níveis de regeneração) são um

evento comum. Uma das possibilidades

para a recuperação dessas áreas é a

introdução de sistemas silvipastoris, uma

vez que, estes sistemas podem aumentar a

eficiência econômica e agronômica, a

diversidade biológica, promover a

conservação dos nutrientes e da água

nestas áreas (DIAS-FILHO, 2006). Para

que haja retornos satisfatórios é preciso

selecionar espécies que cumpram as

exigências silviculturais e ecológicas da

região (MELOTTO et al., 2009).

A espécie Guazuma ulmifolia(mutambo), por exemplo, pode ser dispersa

por cervídeos e também pelo gado

(POWERS et al., 2009) e segundo Silva etal. (2012) possui grande potencial em

programas de recuperação de áreas

degradadas. Neste caso poderia ser usada

em plantios heterogêneos destinados à

recomposição de áreas de preservação

permanente. Esta espécie arbórea – assim

como é feito com M. urundeuva e A.colubrina na região – podem ser usadas em

sistemas silvipastoris rudimentares em

detrimento ao uso de espécies exóticas.

Conclusão

O remanescente de vegetação

representa um fragmento em estádio de

sucessão secundária, com regeneração

expressiva de espécies arbóreas

características de FEDs como

Campomanesia velutina (Guabiroba),

Myracrodruon urundeuva (Aroeira),

Anadenanthera colubrina (Angico branco),

Celtis iguanaea (Taleira), Aloysia virgata(Cambará). As estimativas de riqueza e

diversidade encontradas para a

comunidade arbórea estão situadas dentro

dos valores mencionados em florestas

estacionais deciduais no Brasil Central.

A vegetação estudada apresenta um

bom potencial de regeneração

representada por espécies arbóreas com

grande plasticidade ambiental e que

toleram áreas mais abertas ou algum tipo

de distúrbio. Este potencial e a presença de

espécies adaptadas as marcantes

variações sazonais de abertura do dossel

(seca e chuvosa) devem ser considerados

em programas de restauração ecológica

neste tipo de ambiente.

Referências

ALENCAR, A. L. et al. Regeneração naturalavançada de espécies arbóreas nativas no sub-bosque de povoamento de Eucalyptus salignaSmith., na zona da mata sul de Pernambuco.Ciência Florestal, Santa Maria, v. 21, n. 2, p.183-192, abr./jun. 2011. Disponível em:h t t p : / / c a s c a v e l . u f s m . b r / r e v i s t a s / o j s -2.2.2/index.php/cienciaflorestal/article/view/3218Acesso em: 08 de nov. 2012.

ALVES, B. R. Verificação do êxito de revegetaçãoem áreas do Parque Estadual do Pau Furado –Minas Gerais. 2010. 105f. Monografia (Bachareladoem Geografia) - Instituto de Geografia, UniversidadeFederal de Uberlândia, Uberlândia, 2010. Disponívele m :http://www.geografiaememoria.ig.ufu.br/downloads/Bruno_rosa_alves.pdf Acesso em: 25 de set. 2012.

ARRUDA, M. B. et al. Ecorregiões, unidades deconservação e representatividade ecológica do BiomaCerrado. In: SANO S. M; ALMEIDA S. P; RIBEIRO J.F. (eds) Cerrado Ecologia e Flora. Brasília: EmbrapaInformação Tecnológica, 2008. p. 229-272.

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Agradecimentos

Os autores agradecem à Universidade

Federal de Uberlândia (UFU) e à Pró-

Reitoria de Graduação (PROGRAD) pela

bolsa concedida ao primeiro autor. Ao Prof.

Ivan Schiavini (INBIO - UFU) pelo auxílio de

identificação de material botânico e Prof.

Glein Monteiro de Araújo (INBIO - UFU) pelo

auxílio na determinação de material

botânico e sugestão ao texto. Ao Instituto

Estadual de Florestas (IEF) de Minas Gerais

pelo auxílio e permissão de trabalhar no

Parque Estadual do Pau Furado.

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Regeneração natural pós fogo em dois ambientes de Cerrado noParque Estadual do Biribiri em Diamantina, MG

Israel Marinho Pereira1, Anne Priscila Dias Gonzaga2, Thiago José Ornelas Otoni3, PedroSousa Silva de Paula Ribeiro4 e Daniel Augusto Chaves5

Resumo

Avaliou-se a regeneração natural pós fogo em dois ambientes de cerrado no Parque Estadual do Biribiri emDiamantina, MG. Plotou-se em cada ambiente, um transecto de 10×50 m subdividido em 20 parcelas de 5×5m, onde foram mensurados os indivíduos vivos com altura ≥0,10 m e diâmetro à altura do solo (DAS) ≤ 5 cm.Avaliou-se neste estudo, a riqueza, diversidade e estrutura da comunidade regenerante. Registrou-se emambiente 1, 29 espécies e 22 famílias e em ambiente 2, 24 espécies e 16 famílias. A maior proporção deindivíduos foi registrado na classe 2 (AI = 54% e AII = 55%). Os valores de H’ foram de 2,413 para ambiente1 e 2,228 para ambiente 2. Verificou-se que o ambiente 1, apresentou maior densidade, riqueza ediversidade de espécies.

Palavras chave: resiliência, composição florística e unidade de conservação.

Abstract

The aim of the present study was to assess post-fire natural regeneration of plant species in two areas of thecerrado ecoregion in Biribiri State Park, Diamantina, Brazil. For each of the two areas studied, a 10x50-metertransect was plotted and divided into 20 parcels measuring 5x5 meters apiece. Individual living plants with aheight of ≥0.10 meters and a soil height diameter of ≤ 5 cm were measured. The richness, diversity andstructure of the regenerated plant community were evaluated. Twenty-nine species and 22 families wereregistered in A1, while A2 contained 24 species and 16 families. The greatest number of individuals wereregistered in Class 2 (AI = 54% and AII = 55%).The H´ values were 2,413 for A1 and 2,228 for A2. The findingsshow that A1 demonstrated the greatest density, richness and diversity of species.

Keywords: resilience, floristic composition and conservation unit.

1 Engenheiro Florestal, Doutor em Engenharia Florestal, Professor do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federaldos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, Minas Gerais Brasil.

2 Bióloga, Doutora em Ciências florestais, Professora da Faculdade Interdisciplinar da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonhae Mucuri, Diamantina, Minas Gerais Brasil.

3 Engenheiro Florestal, Mestre em Ciência Florestal, Técnico do Herbário Dendrológico Jeanine Felfili (HDJF) da Universidade Federaldos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, Minas Gerais, Brasil.

4 Engenheiro Florestal, Diretor de Meio Ambiente, Cultura e Turismo na Prefeitura Municipal de Paraisópolis - MG, Minas Gerais, Brasil.5 Engenheiro Florestal, Bolsista Embrapa Cerrado.

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Introdução

A utilização do fogo pelo homem

remonta os primórdios da civilização. As

queimadas constituem, até o presente

momento, o principal método utilizado

preliminarmente na exploração dos recursos

naturais ou no processo de ocupação

humana. E na maioria das vezes, são

efetuadas de forma inadequada, resultando

em transformações na composição e

estruturas das florestas, dentre outras

consequências ao clima e ao solo.

Dentre os vários distúrbios naturais e

antrópicos que podem desencadear o

processo de alteração da paisagem, os

incêndios merecem destaque, pois são

capazes de influenciar a sucessão vegetal,

a dinâmica da floresta, o acúmulo de

serapilheira, a ciclagem de nutrientes, a

população de insetos, o banco de

sementes no solo e a rebrota de espécies

arbustivo-arbórea (KAUFFMAN, 1991;

MUTCH & COOK, 1996; COCHRANE &

SCHULZE, 1999). No entanto, ainda são

muito questionados os efeitos do fogo na

vegetação e suas consequências na

riqueza das espécies e no estabelecimento

das plântulas, bem como, sua resiliência,

tolerância, resistência, dependência ou

sensibilidade em relação à suas variações

de sítios e intensidade.

A sobrevivência e desenvolvimento dos

indivíduos da regeneração dependem de

fatores fenológicos, genéticos e ambientais

(FELFILI, 2003) e de distúrbios ocasionais,

como fogo (HOFFMANN, 1998).

Como ocorrência natural, o fogo pode

estar associado a raios e segundo Oliveira-

Filho & Ratter (2002), podem agir como

elemento regulador de algumas espécies

de plantas, sendo um dos principais fatores

ambientais que determinam formações

savânicas como o cerrado. Vicentini (1993)

indicou a existência de fogo no Cerrado há

aproximadamente de 32 mil anos, o que

comprova a ocorrência remota das

queimadas neste ambiente, embora não

existam informações que indiquem qual a

vegetação daquela época.

Entre as fitofisionomias de cerrado, os

campos, apresentam o maior risco de

combustão (MIRANDA et al., 1996; CASTRO

& KAUFFMAN, 1998). Segundo a EMBRAPA

(2004), isso ocorre devido à composição

básica da vegetação ser formada

principalmente por gramíneas, pois elas não

estão em contato direto com a superfície

úmida e se arranjam numa arquitetura sujeita

à exposição ao vento e à radiação solar,

favorecendo a secagem rápida e o maior

consumo do combustível. Coutinho (1990),

afirmou que o fogo é um dos determinantes

na composição florística destes ambientes,

juntamente com a sazonalidade das chuvas

e o solo pobre em nutrientes.

Na vegetação lenhosa, grande parte da

informação sobre a resposta ao fogo da

vegetação lenhosa das savanas está

relacionada às taxas de mortalidades e

regeneração natural, sexuada ou

vegetativa (FROST & ROBERTSON,

1987). Desta forma, o conhecimento do

processo de regeneração paralelamente

aos estudos florísticos e fitossociológicos

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de longa duração no Cerrado, podem

possibilitar o entendimento sobre a

manutenção da diversidade (FELFILI, 1997).

Diante dos impactos causados pelo

fogo no bioma Cerrado e suas implicações

na vegetação do mesmo, este trabalho

procurou avaliar a influência do fogo na

regeneração natural em uma área de

campo cerrado no Parque Estadual do

Biribiri em Minas Gerais. Desta forma, o

presente estudo teve como objetivo,

conhecer a riqueza, estrutura e diversidade

das espécies arbustivo-arbórea em dois

ambientes cinco meses após a ocorrência

de um incêndio em um trecho de Cerrado.

Material e métodos

Localização e caracterização da área de estudo

O estudo foi realizado em um trecho

com ocorrência de incêndio em setembro

de 2007, no Parque Estadual do Biribiri

(PEB), sob as coordenadas 18° 12’ 18’’-18°

12’ 17’’ S e 43° 34’ 55’’ – 43° 35’ 05’’ W e

com altitude de 1395 m. O PEB situa-se na

região do Alto Rio Jequitinhonha, complexo

do Espinhaço, na porção sudeste do

município de Diamantina, MG.

Predominam na Unidade as formações

campestres representados pelo Campo

Limpo, Campo Cerrado e Campo Rupestre,

seguidos pelas savanas como o Cerrado

Típico, Cerrado Rupestre e Cerrado Ralo.

Dentre as formações florestais, ocorrem

alguns fragmentos de Cerradão ao norte e

áreas com Floresta Estacional Semidecidual,

principalmente nas vertentes de córregos e

rios (STCP Engenharia de Projetos, 2004).

Segundo Neves et al. (2005) o regime

climático da região é tipicamente tropical,

Cwb na classificação de Köppen. Ainda

segundo estes autores com a precipitação

média anual variando de 1250 a 1550 mm,

sendo a estação chuvosa observada de

novembro a março e a seca de junho a

agosto. Além disso, apresenta temperaturas

médias entre 18°C e 20°C.

O Parque Estadual do Biribiri possui

alta suscetibilidade aos incêndios em

função dos fatores climáticos existentes na

região, que possui longo período de

estiagem; a vegetação de Campo e

Cerrado, ao emprego do fogo como forma

de manejo de solo e a proximidade da BR-

367. Desta forma, em determinado período

do ano, geralmente de julho a dezembro,

existe a necessidade de intensificar os

esforços de controle e fiscalização (STCP

Engenharia de Projetos, 2004).

Para o estudo fitossociológico das

espécies regenerantes, foram selecionados

dentro do Parque, dois ambientes, assim

caracterizados: 1) ambiente 1 (AI): local

perturbado pela queima, onde as parcelas

foram alocadas de forma a representar a área

atingida pelo fogo (FIG. 1A). Este ambiente

encontra-se situado a cerca de 20 metros de

um pequeno fragmento florestal e cerca de 20

metros da estrada de acesso ao Parque e a

10 metros do caminho dos Escravos (ponto

turístico da Unidade). Neste ambiente,

verificou-se também a presença de algumas

árvores remanescentes e 2) ambiente 2 (AII):

local perturbado pela queima, também

alocado de forma que representasse a área

atingida pelo fogo e distanciada cerca de 20

metros da estrada e 50 metros do fragmento

mais próximo (FIG. 1B).

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Foto

s: I

srael M

arinho P

ere

ira

Amostragem da vegetação regenerantepós-fogo

A amostragem da vegetação

regenerante pós-incêndio foi realizada

cerca de cinco meses após a ocorrência do

fogo (janeiro a fevereiro de 2008). Para

amostragem da vegetação arbustivo-

arbórea foram instalados, com auxílio de

uma cruzeta, dois transectos de 10×50 m

(500 m²) em cada ambiente, estes foram

subdivididos em 20 parcelas de 5×5 m (25

m²). Os vértices de cada subparcela foram

fixados com estacas de madeira e

delimitados com barbante.

Todos os indivíduos com altura ≥0,10 m e

diâmetro à altura do solo (DAS) ≤5,0 cm

entrados nas parcelas foram amostrados,

sendo estes classificados em três classes de

tamanho de regeneração natural segundo

metodologia recomendada por Finol (1971) e

adaptada para este trabalho. As classes de

tamanho adotadas foram: Classe I (C1):

indivíduos com altura entre 0,1 m e 0,3 m;

Classe II (C2): indivíduos com altura entre

0,31 m e 1,51 m e; Classe III (C3): indivíduos

com altura superior a 1,51 m.

Foram coletados representantes de

todas as espécies amostradas no período de

B

A

FIGURA 1 – Visão geral de dois ambientes de cerrado pós fogo situados no Parque Estadual do Biribiri emDiamantina, MG. Em que:A) Ambiente I eB) Ambiente II

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janeiro a junho de 2008. O material botânico

testemunho foi herborizado e depositado no

Herbário Dendrológico Jeanine Felfili (HDJF)

da Universidade Federal dos Vales do

Jequitinhonha e Mucuri. As identificações

foram feitas com base na literatura

especializada e consultas a especialistas. As

espécies foram classificadas nas famílias

reconhecidas pelo sistema do Angiosperm

Phylogeny Group III (APG, 2009).

Os parâmetros utilizados para análise

da estrutura da regeneração natural foram

densidade, frequência, classe de tamanho

em valores absolutos e relativos, e índice de

regeneração natural (CALEGARIO, 1993;

SCOLFORO, 1997), que é um índice

calculado com base nos dados relativos de

densidade, frequência e classe de tamanho.

A diversidade dos ambientes foi avaliada

por meio do índice de diversidade de

Shannon (H') e a Equabilidade de Pielou (J')

(ZAR, 2009). Esses índices são ferramentas

que, de forma simplificada, combinam o

número de espécies que ocorrem na

amostra, ou riqueza, com a distribuição de

suas respectivas abundâncias ou

equabilidade (GASTON, 1996). O índice de

diversidade de Shannon (H’) é um índice

não-paramétrico que mede a diversidade

das espécies e é baseado na abundância

proporcional das mesmas. O Shannon

atribui maior valor às espécies raras e, por

essa razão, é um dos melhores índices para

ser usado em comparações, quando não há

interesse em separar abundância de

raridade (FELFILI et al., 2003). Desta forma,

quanto maior o valor de H’ maior a

diversidade florística da população. Já os

valores de J’ variam de 0 a 1, onde valores

próximos a zero indicam a ocorrência de

dominância ecológica mais pronunciada de

algumas espécies no ambiente.

A forma de distribuição das espécies

nos ambientes foi avaliada por meio do

índice de agregação de McGuinnes (IGA)

(McGUINNES,1934).

A constatação e identificação das

espécies, que se estabeleceram com base na

rebrota de cepas, foram realizadas

examinando-se, em cada indivíduo, a inserção

das brotações na base do caule. Já para as

espécies com rebrota de raízes gemíferas,

foram realizadas escavações e exposição do

sistema radicular partindo da base do caule

dos brotos emitidos, a fim de confirmar suas

ligações com os troncos dos indivíduos adultos

que foram atingidos pelo fogo (PENHA, 1998).

Resultados e discussões

Nos dois ambientes estudados foram

registrados 1564 indivíduos arbustivo-

arbóreo, representados por 22 famílias, 33

gêneros e 53 espécies. Nos ambientes AI e

AII, foram amostrados 436 e 386 indivíduos e

29 e 24 espécies respectivamente (TAB.1).

TABELA 1

Parâmetros fitossociológicos relativos para a comunidade regenerante em dois ambientes de cerrado pós de fogo no Parque Estadual do Biribiri, Diamantina, MG

(Continua...)

NI FR DR RN Espécie/família TRN A1 A2 A1 A2 A1 A2 A1 A2

ANNONACEAE Annona sp. BR - 2 0,9 0,5 0 0,73

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p , , ,AQUIFOLIACEAE

Ilex cerasifolia Reissek BR - 2 0 1,9 0 0,5 0 1,2 Ilex affinis Gardner BR 1 1 0,8 0,9 0,2 0,3 0,52 0,6

ASTERACEAE Asteraceae 1 BR - 14 7,6 0 5,59 Baccharis sp. 4 2 3,3 0,9 0,9 0,3 2,1 0,6 Eremanthus glomerulatus Less. BR 1 - 0,8 0 0,2 0 0,52 0 Eremanthus incanus (Less.) Less. 1 - 0,8 2,8 0,2 6 0,52 4,39 Gochnatia pulchra Cabrera - 1 0 0,9 0 0,3 0 0,6

BIGNONIACEAE Jacaranda caroba (Vell.) A.DC. Cham. BR 4 28 1,6 7,6 0,9 7,3 1,28 7,4 Handroanthus ochraceus (Cham.) Standl. BR 79 - 11 0 18 0 14,8 0 Zeyheria montana Mart. BR 1 - 0,8 0 0,2 0 0,52 0

CHRYSOBALANACEAE Couepia grandiflora (Mart. & Zucc.) Benth.

ex Hook. f. 5 - 1,6 0 1,2 0 1,39 0

CLUSIACEAE Kielmeyera lathrophyton Saddi BR - 1 0 0,9 0 0,3 0 0,6

ERYTHROXYLACEAE Erythroxylum suberosum A.St.-Hil. BR - 27 0 11 0 7 0 9,16 Erythroxylum tortuosum Mart. BR - 23 0 4,25

EUPHORBIACEAE Sapium glandulosum (L.) Morong BR - 4 0 3,15

FABACEAE Senna silvestris (Vell.) H.S.Irwin & Barneby BR 7 - 3,3 0 1,6 0 2,44 0 Clitoria guianensis (Aubl.) Benth. BR 2 - 1,6 0 0,5 0 1,05 0 Crotalaria sp. BR 2 - 1,6 0 0,5 0 1,05 0 Dalbergia miscolobium Benth. BR 22 10 11 5,7 5,1 2,6 8,26 4,13

MALPIGHIACEAE Banisteriopsis campestris A. Jun. BR 92 11 16 5,7 21 2,9 18,38 4,26 Byrsonima coccolobifolia Kunth. BR 30 2 5,7 1,9 6,7 0,5 6,31 1,2 Byrsonima guilleminiana A. Juss. BR 1 - 0,8 0 0,2 0,52 0

MELIACEAE Cabralea canjerana (Vell.) Mart. BR 1 - 0,8 0 0,2 0 0,52 0

MYRSINACEAE Myrsine guianensis (Aubl.) Kuntze. BR 78 112 6,6 7,6 18 29 12,22 18,28

MYRTACEAE Campomanesia adamantium (Cambess.)

O.Berg BR - 5 0 1,9 0 1,3 0 1,59

Eugenia bimarginata D.C. BR 1 1 0,8 0,9 0,5 0,3 0,64 0,6 Eugenia observa O. Berg 2 - 0 19 0 28 0 23,42 Eugenia punicifolia (Kunth) DC. BR 20 108 4,1 0 4,6 0 4,34 0 Gomidesia sp. 3 - 1,6 0 0,7 0 1,16 0 Psidium guineense Sw. 10 - 3,3 0 2,3 0 2,79 0 Psidium cinereum Mart. ex DC. BR 3 2 1,6 1,9 0,7 0,5 1,16 1,2

OCHNACEAE Ouratea floribunda Engl. BR - 1 0 1,96

POLYGONACEAE Coccoloba brasiliensis Nees & Mart. BR 2 1 0,8 0,9 0,5 0,3 0,64 0,6

RUBIACEAE Palicourea rigida Kunth. BR 1 3 0,8 1,9 0,2 0,8 0,52 1,33

SALICACEAE Casearia rupestris Eichler. 1 - 0,8 0 0,2 0 0,52 0 Casearia sylvestris Sw. BR 29 21 6,6 7,6 6,7 5,4 6,66 6,49

SAPINDACEAE Cupania vernalis Cambess. BR 28 5 7,4 4,7 6,4 1,3 6,9 3,01

SOLANACEAE Solanum grandiflorum Desf. BS 5 - 2,5 3,8 1,2 1 1,8 0

Total - 436 387 100 100 100 100 100 100

(Conclusão) NI FR DR RN Espécie/família TR

N A1 A2 A1 A2 A1 A2 A1 A2

Legenda: TRN = tipo de regeneração; BR = brotação; S = semente; NI = número de indivíduos; FR = frequência relativa (%); DR = densidade relativa (%) e RN = índice de regeneração (%).

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Verifica-se na curva espécie x área

(GRÁF. 1) uma progressão do número

cumulativo de espécies com o aumento do

número de parcelas amostradas para os

dois ambientes. Por meio desta curva,

percebe-se uma tendência à estabilidade

para os ambientes avaliados, evidenciando

que o número de parcelas alocadas foi

suficiente para amostrar toda ou boa parte

da riqueza dos ambientes estudados.

GRÁFICO 1 – Progressão do número cumulativo médio de espécies em relação ao aumento da área amostral para três ambientes decerrado pós fogo no Parque Estadual do Biribiri, Diamantina, MG.

De modo geral, verifica-se que as

famílias que apresentaram a maior

riqueza foram Myrtaceae (12),

Asteraceae (6), Erythroxylaceae (4) e

Malpighiaceae (4), que juntas

contribuíram com 49% do total

amostrado. De acordo com Heiden et al.

(2007), a colonização eficiente das

espécies pertencentes a família

Asteraceae, se deve principalmente, a

dispersão anemocórica e zoocórica de

suas sementes, o que confere papel

importante na colonização de áreas

antropizadas.

Com relação ao padrão de agrupamento

constatou-se que em AI, aproximadamente,

55% das espécies e 91% dos indivíduos

apresentam padrão de distribuição do tipo

agrupado ou com tendência de

agrupamento e 45% das espécies e apenas

9% dos indivíduos apresentaram

distribuição uniforme (FIG. 2A). Para AII,

50% das espécies e 94% dos indivíduos

apresentaram padrão de distribuição do tipo

agrupado ou com tendência de

agrupamento e 50% das espécies e apenas

6% dos indivíduos apresentaram

distribuição uniforme (FIG. 2B).

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Dentre as espécies registradas no

ambiente 1, Banisteriopsis campestres

(21,1%), Handroanthus ochraceus

(18,12%), Myrsine guianensis (17,89%),

Byrsonima coccolobifolia (6,88%), Casearia

sylvestris (6,65%) e Cupania vernalis

(6,42%), foram as que apresentaram o

maior número de indivíduos, totalizando

juntas aproximadamente 77% do total de

plantas registradas neste ambiente (TAB. 1). Já

no ambiente 2, as seis espécies com maior

número de indivíduos foram: Myrsine

guianensis (29,02%); Eugenia punicifolia

(27,98%); Jacaranda caroba (7,25%);

Erythroxylum suberosum (6,99%); Eremanthus

incanus (5,96%) e Casearia sylvestris

A)

B)GRÁFICO 2 – Padrão de distribuição em dois ambientes de cerrado pós fogo situados no Parque Estadual do Biribiri em Diamantina,

MG:A) de espécieB) e indivíduos

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(5,44%), totalizando juntas 82% dos

indivíduos amostrados (TAB. 1).

Entre os dois ambientes, constatou-se

(TAB. 1) que AI, apresentou maior número

de espécies em relação à AII, o que pode

ser justificado devido ao fato de sua maior

proximidade a um fragmento bem

estruturado, onde possivelmente, a

chegada de propágulos pode ter sido

facilitada. Tal comportamento pode ser

comprovado pela ocorrência em grandes

proporções da espécie Handroanthusochraceus em AI, próximo das matrizes

situadas no fragmento e ausência em AII,

situado a uma maior distância do fragmento.

Vários autores têm enfatizado que a

distância da fonte de propágulos é uma das

principais dificuldades ou sucesso

enfrentados pelas espécies no processo de

colonização de uma área após o distúrbio

(AUBERT & OLIVEIRA-FILHO, 1994;

MARTINS et al., 2001; ANDRADE et al.,2002; PEREIRA et al., 2010).

Além disso, a presença de indivíduos

arbóreos adultos remanescentes também

pode contribuir para o início da regeneração

em áreas após a ocorrência de distúrbios.

Árvores isoladas mais altas ou que produzem

frutos carnosos podem atrair a fauna,

principalmente, aves e morcegos ou outros

dispersores, que utilizariam as mesmas, como

fonte de alimento, abrigo ou poleiro

(TONIATO, 1997). As sementes defecadas ou

regurgitadas por estes animais durante o

pouso encontram sob a copa das árvores

condições favoráveis à germinação e o

estabelecimento formando assim, núcleos ou

ilhas de regeneração (GUEVARA et al., 1986).

De modo geral pode-se inferir neste

estudo que o curto período de tempo (cinco

meses) após a ocorrência do incêndio já foi

possível recompor grande parte da riqueza e

diversidade da vegetação arbustivo-arbórea o

que evidencia a grande eficiência (resiliência)

das áreas de Cerrado em se recompor de

distúrbios. Principalmente, em decorrência da

grande capacidade de suas espécies se

propagarem por meio de gemas radiculares.

O que foi constatado no presente estudo

onde aproximadamente 72% e 92% das

espécies nos ambientes 1 e 2,

respectivamente, apresentaram brotação por

gemas radiculares ou rebrota (GRÁF. 3A). Já

com relação ao número de indivíduos,

aproximadamente, 93% e 99% apresentaram

regeneração por brotação (GRÁF. 3B).

Para a espécie Myrsine guianensisforam registrados a ocorrência de 78 e 112

indivíduos para AI e AII, respectivamente.

Destes, 190 indivíduos registrados para a

espécie nos dois ambientes 168 (88,42%)

se regeneraram por propagação vegetativa

(brotação na base do caule) e apenas

aproximadamente, 12%, não apresentavam

vestígio de brotação o que leva a crer que

foram regenerados por via sexuada

(sementes). Esses dados corroboram com a

ideia de que a Myrsine guianensis,apresenta certa facilidade de se regenerar

após o fogo, porém, o processo de

reprodução sexuada pode ser prejudicado.

Miyanishi & Kellman (1986) comprovaram o

impacto negativo na reprodução sexuada

de Myrsine guianensis no ano seguinte a

queima, como consequência dos danos

sofridos aos frutos.

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A)

B)

De acordo com Miranda et al. (2002),

muitas espécies do cerrado apresentam

forte suberização nos caules e ramos, o

que resulta no efetivo isolamento térmico

dos tecidos durante o fogo e permite que

mesmo árvores pequenas sobrevivam a

queimadas repetidas. A habilidade de

rebrota dos caules que são danificados ou

destruídos durante a queimada pode ser

considerado como uma característica

GRÁFICO 3 – Proporção por forma de regeneração em dois ambientes de cerrado pós fogo situados no Parque Estadual do Biribiri em Diamantina, MG:A) de espécies eB) de indivíduos.

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chave da historia de vida das espécies

arbóreas nas savanas (HIGGINS et al.,2000). Apesar da morte da parte aérea da

maioria das árvores (topkill) representar a

redução do tamanho das plantas e ter

consequências para o crescimento das

populações (HOFFMANN & SOLBRIG,

2003), as mudas das arvores podem

persistir como jovens suprimidas por vários

anos porque seus caules brotam

repetidamente após terem sido atingidas

por fogos anteriores (HIGGINS et al.,2000). Assim, o componente lenhoso do

cerrado só deve ser eliminado sob

queimadas anuais de alta intensidade

(GARDNER, 2006).

A resiliência do cerrado frente ao fogo

decorre da capacidade de muitas espécies

rebrotarem depois de queimadas e das

taxas de mortalidade serem altas apenas

para indivíduos pequenos (< 2 m de altura)

e baixas para indivíduos maiores

(HIGGINS et al., 2000, HOFFMANN &

SOLBRIG, 2003). Enquanto que

indivíduos de grande porte são menos

susceptíveis aos danos causados pelo

fogo. De acordo com Ribeiro et al. (2012),

a longevidade das árvores adultas do

cerrado e a persistência dos indivíduos

menores através do rebrotamento podem

determinar a manutenção da comunidade

lenhosa no cerrado, desde que os

intervalos entre as queimadas não sejam

menores que cinco anos.

A elevada capacidade de rebrota após

queima ou corte é o que confere ao

cerrado uma alta resiliência de recuperar

após a ocorrência de um distúrbio. Este

rebrotamento ocorre pela presença de

estruturas subterrâneas que não sofrem

efeito severo do fogo (MURAMAKI &

KLINK, 1996). A capacidade de uma área

se recuperar após um distúrbio depende,

dentre outros fatores, do tipo de

vegetação, do tipo e intensidade do

impacto sofrido (UHL et al., 1982, UHL etal., 1988), da existência de um sítio

adequado para o estabelecimento das

plantas, da viabilidade da regeneração por

brotamento de caules e raízes

remanescentes, da presença de um banco

de sementes no solo e da dispersão ou

chuva de sementes na área (UHL, 1987),

além das condições de fertilidade e níveis

de compactação do substrato (CONGDON

& HERBORN, 1993, GUARIGUATA &

DUPUY, 1997).

No ambiente 1, foi registrado a

presença de 8720 ind.ha-1 (TAB. 1). Já no

ambiente 2, obteve-se uma densidade de

7640 ind.ha-1 (TAB. 1). Neste ambiente, as

espécies que se destacaram em relação

aos valores dos parâmetros

fitossociológicos, resultando nos maiores

valores para o índice de regeneração

natural foram Banisteriopsis campestris,

Handroanthus ochraceus, Myrsineguianensis, Dalbergia miscolobium,

Cupania vernalis, Casearia sylvestris e

Byrsonima coccolobifolia, totalizando

juntas, aproximadamente, 65% da

frequência, 82% da densidade e 74% do

índice de regeneração (GRÁF. 4A).

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A)

B)

GRÁFICO 4 – Parâmetros fitossociológicos para as dez espécies de maior índice de regeneração natural em dois ambientes de cerradocom ocorrência de fogo no Parque Estadual do Biribiri, Diamantina, MG. Em que:A) Ambiente I eB) Ambiente II.

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No ambiente 2, obteve-se uma densidade

total de 8.720 ind.ha-1 (TAB. 1). As Eugeniaobserva, Myrsine guianensis, Erythroxylumsuberosum, Erythroxylum tortuosum,

Jacaranda caroba, Casearia sylvestris e

Asteraceae 1. Juntas essas espécies

totalizaram, aproximadamente, 60% da

frequência, 77% da densidade e 70,34 67%

do índice de regeneração (GRÁF. 4B).

Os valores de densidade registrado para

AI e AII (7.720 e 8.720 indivíduos.ha-1),

foram semelhantes aos obtidos por Medeiros

et al. (2007) para a regeneração natural em

uma área de cerrado sensu stricto (9.943

indivíduos.ha-1), com ocorrência de fogo em

anos consecutivos em áreas de Cerrado

Sensu stricto no Brasil central.

Com relação aos valores de densidade

para as classes de tamanho 1 e 2 (GRÁF.

5), constata-se que os dois ambientes,

foram bastante semelhantes. Juntas essas

classes representam mais de 95% do total

de indivíduos inventariados. Sendo

aproximadamente, 45% dos indivíduos

concentrados na classe 1, e 55% na classe

2. Em locais com ocorrência de queimadas

frequentes, os indivíduos arbóreos

regenerantes podem não sobreviver ou

podem ter a morte da copa ou da biomassa

aérea (WILLIAMS et al., 1999; HOFFMANN

et al., 2009; RIBEIRO et al., 2012) e

retrocederem para classes de tamanho

menores de forma irreversível

(COUTINHO, 1990).

GRÁFICO 5 – Número de indivíduos em porcentagem por classe de altura em dois ambientes de cerrado com ocorrência de fogo noParque Estadual do Biribiri, Diamantina, MG. Em que: C1 = classe de altura 1 (0,1 e 0,3 m); C2 = classe de altura 2 (0,31a 1,51 m) e C3 = classe de altura 3 (> 1,51 m).

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A presença de queimadas pode ter efeitos

adversos na vegetação danificando sua parte

aérea, o que causa perda da biomassa aérea,

evento chamado “topkill”. (HOFFMANN &

SOLBRIG, 2003). Este fenômeno ocorre

principalmente com a vegetação de menor

porte, contudo mesmo as plantas com

tamanho suficiente para suportar o fogo

podem sofrer murcha e desfolhar a copa

(FIELDER et al., 2004). Caso a queimada

seja frequente em uma área, os eventos de

“topkill” podem ser comuns, sendo esperado

que espécies com rápido rebrotamento se

perpetuem (HOFFMANN & SOLBRIG, 2003;

NEVES, 2010).

Diversidade dos ambientes

Quanto à diversidade, as análises

florísticas mostraram que AI, deteve a

maior diversidade de espécies com H’ de

2,38 nats.ind. Enquanto que em AII, o

valor de H’ obtido foi de H’= 2,12 nats.ind.-

1. Estes valores podem ser considerados

próximos aos obtidos por Fiedler et al.(2004) para uma área de cerrado sensu

stricto na fazenda água limpa no Distrito

Federal (H’ = 2,47). A ocorrência de

queimadas frequentes podem reduzir as

taxas de recrutamento, diminuir a

densidade de espécies lenhosas,

aumentar o perfilhamento e diminuir a

diversidade de espécies. Hoffmann (1999)

considera que a perda de espécies

sensíveis ao fogo representa um efeito

negativo à alta diversidade de plantas

lenhosas do cerrado.

Nos ambientes 1 e 2, verificou-se que a

maior parte dos indivíduos arbóreos

existentes neste ambiente foram

carbonizadas e logo após o início do período

chuvoso, parte destes regeneraram-se via

brotação de raízes e caules, mantendo

assim, um número considerável de espécies

nos dois ambientes.

De acordo com os índices de

equabilidade A1, apresentou maior

heterogeneidade (J’ = 0,716). Já o valor de

J’ encontrado para A2 (0,620), indica que

neste ambiente encontra-se uma maior

dominância ecológica, ou seja, o número

de espécies distribuídas entre o número de

indivíduos se mostra mais homogênea.

Conclusões

a) A maior influência do fogo nos

ambientes estudados foi verificada na

redução da densidade de plantas;

b) Dentre as demais espécies

amostradas Myrsine guianensis foi a que

apresentou maior capacidade de

regenerar-se via brotação de raízes após

ocorrência de fogo;

c) A proximidade de AI da fonte de

propágulos (fragmento) pode ter

influenciado o número de espécies e

proporção de indivíduos, quando

comparado com o ambiente 2;

d) Recomenda-se que as áreas do

Parque com ocorrência de incêndio, que se

encontram distantes de remanescentes

bem conservados, sejam restauradas com

uso de espécies autóctones (do local).

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Referências

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Em Destaque:

Recuperação de áreas fortemente degradadas no bioma cerrado:desafios e perspectivas

A degradação ambiental no Brasil e, em

especial no Cerrado, decorre da exploração

inadequada dos recursos naturais. Dentre

as atividades causadoras de degradação

ambiental no Cerrado, destaca-se a

agropecuária, em relação a sua extensão de

áreas, resultando em elevadas taxas de

desmatamento, compactação do solo,

erosão, assoreamento de rios e perda de

biodiversidade. Já a atividade de mineração,

gera uma degradação pontual, porém de

grande magnitude (KOBIYAMA et al., 2001;

KOBLITZ et al., 2011; BARROS et al., 2012).

Reconhecendo a magnitude dos

impactos decorrentes da mineração, desde

1988 a Constituição Federal exige que

estas áreas sejam recuperadas pelo

empreendedor (BRASIL, 1988). Porém, o

processo de recuperação muitas vezes é

difícil, pois, além da vegetação, há

degradação do solo e água (ARAÚJO et al.,2006; CARNEIRO et al., 2008; LONGO etal., 2011; GOULD, 2012).

Nas últimas décadas, tem-se constatado

uma intensa busca dos órgãos ambientais,

instituições de pesquisa e diversos

segmentos da sociedade por formas

alternativas e ecologicamente adequadas

para mitigar os impactos negativos

decorrentes de ações antrópicas (DUARTE

et al., 2011) e no aprimoramento de técnicas

de recuperação que propiciem menor tempo

e redução dos custos envolvidos. No

entanto, a recuperação de ecossistemas

degradados é muito complexa porque

depende, dentre outros fatores, da forma e

intensidade de degradação, dos

mecanismos de resiliência, devendo ser

avaliado caso a caso.

Um grande desafio na recuperação do

Cerrado recai no fato de muitas das

fitofisionomias que compõem este bioma

apresentarem estrutura composta

significativamente por um componente

herbáceo-arbustivo. O conhecimento

quanto à reprodução e manejo destas

espécies é ainda incipiente ou nulo, o que

pode ser comprovado pela produção dos

viveiros de mudas, restrita a espécies

arbóreas e representando, portanto, um

relevante entrave tecnológico para a plena

recuperação das fitofisionomias de Cerrado

(DURIGAN, 2013).

No entanto, a necessidade de

intervenção em áreas intensamente

degradadas resultou no desenvolvimento

de técnicas para o tratamento de substratos

expostos e na seleção de espécies aptas a

crescerem e a se desenvolverem sob as

condições extremas (CORRÊA, 2009).

Assim, faz-se necessário efetuar um

planejamento eficiente, em que os objetivos

estejam bem definidos. Ressalta-se que, no

planejamento das ações de recuperação de

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áreas fortemente degradadas, a variável

tempo é de fundamental importância. Neste

sentido, vale destacar dois pontos críticos

dentro de uma visão imediatista

amplamente difundida, ambos podendo

resultar em ações mal sucedidas na

recuperação de uma área fortemente

degradada. O primeiro diz respeito ao

pensamento de introduzir inicialmente nos

programas de recomposição da vegetação,

uma elevada diversidade de espécie. Esse

pensamento parece ser utópico, tendo em

vista a forte alteração das características

ambientais sofridas por estas áreas e as

condições restritivas encontradas na

maioria destas. O segundo ponto está

relacionado ao pensamento de se

estabelecer uma cobertura vegetal em um

intervalo muito curto, sem levar em

consideração a função e interação da(s)

espécie(s) com o ecossistema e seu

entorno. A justificativa mais corriqueira para

utilizar espécies de rápido crescimento

recai na urgência em se mitigar o impacto

visual decorrente da exposição das

camadas do subsolo (GUIMARÃES et al.,2012), equivocadamente interpretado como

sendo o principal impacto ambiental deste

tipo de empreendimento.

Quando se pensa apenas em

estabelecer a vegetação sem levar em

consideração os princípios ecológicos,

pode-se ter como resultado um rápido

recobrimento do terreno. Porém, há uma

estagnação no processo de sucessão,

pois muitas vezes, apenas a espécie

introduzida se estabelecerá e atuará como

um filtro biológico, impedindo que outras

espécies se estabeleçam, o que não é

interessante do ponto de vista da

sustentabilidade de ecossistemas naturais

(DURIGAN et al., 2010).

Muitas vezes, por exigência do órgão

ambiental, empreendedores e empresas de

revegetação são orientadas a

estabelecerem uma cobertura vegetal em

uma área degradada em um intervalo de

tempo demasiadamente curto, o que acaba

estimulando o uso intenso de espécies

agressivas e invasoras, como as gramíneas

africanas (braquiária e meloso). Esse

modelo imediatista, amplamente difundido

na revegetação de áreas fortemente

degradadas, tem causado sérios problemas

ambientais, tais como invasão biológica e

retardamento do processo de sucessão

(NAPPO et al., 2000; GUIMARÃES, 2008;

MARTINS et al., 2011), susceptibilidade a

ocorrência de incêndios, entre outros.

A recuperação de áreas degradadas

não pode ser vista de forma simplista,

levando-se em consideração apenas o

estabelecimento da vegetação na área,

devendo ser entendida como um conjunto

de técnicas e medidas adotadas que

engloba, desde o controle da erosão, até a

escolha das espécies que irão compor a

comunidade vegetal da área e o tratamento

das covas para o plantio (CORRÊA, 2009).

É importante também identificar as

condições locais, quanto ao tipo e

intensidade da degradação, se há

alterações nos atributos químicos, físicos

e/ou microbiológicos do solo do local.

Identificar as alterações na estrutura do

solo, tais como: presença de erosão; níveis

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de compactação e proporção de solo

exposto.

É muito comum a realização de plantios

em áreas degradadas sem o controle do

processo erosivo e o restabelecimento da

dinâmica da água no solo (drenagem) (FIG.

1A). No entanto, deve se evitar a realização

de plantios antes que as práticas de

conservação do solo sejam realizadas para

atenuar os processos de erosão da área.

Quando o plantio é realizado sem o

controle da erosão, com o passar do tempo

às mudas poderão ser perdidas pelo

carreamento pelas enxurradas (FIG. 1B).

FIGURA 1 – A) Detalhes de presença de erosão. B) Perda de mudas por erosão.

A)

B)

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ira

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De maneira geral, recomenda-se evitar

o aplainamento da superfície de áreas

mineradas, o que dificulta o controle de

processos erosivos. Para auxiliar o

disciplinamento de águas pluviais, o terreno

deve ser mantido com superfície irregular,

garantindo um aumento da superfície total

da área e do movimento vertical e

horizontal de água, sendo que os

sedimentos, resíduos orgânicos e colóides

liberados neste processo depositam-se nas

concavidades adjacentes (FIGUEREDO etal., 2007; KLEIN et al., 2009), sendo

mantidos na área objeto de recuperação.

Resulta também na formação diversificada

de nichos ecológicos, diminuição dos

extremos de temperatura, redução do

assoreamento dos cursos hídricos do

entorno (FIGUEREDO et al., 2007).

Portanto, a intervenção humana, se

bem planejada, pode acelerar o processo

de recuperação permitindo o controle do

processo de degradação, o

estabelecimento da vegetação e

estimulando a regeneração natural nestas

áreas, assim como possibilitando a

retomada da sucessão e de parte da

biodiversidade perdida.

Israel Marinho Pereira*

D.Sc. em Engenharia Florestal, professordo Programa de Pós Graduação emCiência Florestal da Universidade Federaldos Vales do Jequitinhonha e Mucuri(UFVJM). Diamantina, Minas Gerais, Brasil.E-mail: [email protected]

*Autor correspondente

João Carlos Costa Guimarães

Doutorando em Engenharia Florestal na

Universidade Federal de Lavras (UFLA).

Professor do curso de Engenharia

Ambiental da Universidade Federal de

Itajubá (UNIFEI), Campus de Itabira-MG.,

Brasil. E-mail:

[email protected]

Ângelo Antônio Fernandes Esperança

Mestrando em Ciência Florestal pela

Universidade Federal dos Vales do

Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).

Diamantina, Minas Gerais, Brasil. E-mail:

[email protected]

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