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INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DE LONDRINA KEREN CAROLINE CARNEIRO DE LIMA TATIANE APARECIDA LUIZ PRINCIPAIS DIFICULDADES ENCONTRADAS POR ENFERMEIROS AO RECEPCIONAR EM POI RECÉM- NASCIDOS PÓS CORREÇÃO CIRURGICA DE CARDIOPATIA CONGÊNITA: EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DE UM HOSPITAL FILANTRÓPICO DE LONDRINA - PR Londrina 2014

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INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DE

LONDRINA

KEREN CAROLINE CARNEIRO DE LIMA TATIANE APARECIDA LUIZ

PRINCIPAIS DIFICULDADES ENCONTRADAS POR ENFERMEIROS AO RECEPCIONAR EM POI RECÉM-

NASCIDOS PÓS CORREÇÃO CIRURGICA DE CARDIOPATIA CONGÊNITA: EM UMA UNIDADE DE

TERAPIA INTENSIVA DE UM HOSPITAL FILANTRÓPICO DE LONDRINA - PR

Londrina 2014

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KEREN CAROLINE CARNEIRO DE LIMA TATIANE APARECIDA LUIZ

PRINCIPAIS DIFICULDADES ENCONTRADAS POR ENFERMEIROS AO RECEPCIONAR EM POI RECÉM-

NASCIDOS PÓS CORREÇÃO CIRURGICA DE CARDIOPATIA CONGÊNITA: EM UMA UNIDADE DE

TERAPIA INTENSIVA DE UM HOSPITAL FILANTRÓPICO DE LONDRINA - PR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Enfermagem como requisito básico para obtenção do Diploma de Bacharel em Enfermagem. Orientadora: Prof. Marília Barbosa do

Vale

Londrina 2014

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KEREN CAROLINE CARNEIRO DE LIMA TATIANE APARECIDA LUIZ

PRINCIPAIS DIFICULDADES ENCONTRADAS POR ENFERMEIROS AO RECEPCIONAR EM POI RECÉM-NASCIDOS PÓS CORREÇÃO

CIRURGICA DE CARDIOPATIA CONGÊNITA: EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DE UM HOSPITAL FILANTRÓPICO DE

LONDRINA - PR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Enfermagem como requisito básico para obtenção do Diploma de Bacharel em Enfermagem.

BANCA EXAMINADORA

INESUL – Londrina – PR

INESUL – Londrina – PR

INESUL – Londrina – PR

Londrina,_____de fevereiro de______.

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AGRADECIMENTOS

Eu, Tatiane, agradeço a Deus pelos dons que me concedeu para a

realização deste trabalho, que sela o fim de uma jornada iniciada anos atrás, da qual

eu por várias vezes quis desistir.

Agradeço a minha família e aos meus amigos que estiveram do meu lado no

decorrer desse período, me apoiando com atitudes e palavras, principalmente

naqueles momentos em que precisava daquela dose de ânimo e motivação e que

fizeram de tudo para que eu continuasse no caminho rumo à realização deste

sonho. Em especial meus pais: Marino Luiz e Edna Luiz, meus irmãos Leonardo e

Everson Luiz, meu namorado Hebert Pelincer e minha irmã do coração Vanessa

Lupion. Vocês foram essenciais para a realização desta conquista! Não há como

expressar em palavras meus agradecimentos.

Agradeço a nossa orientadora Marília do Vale, que aceitou prontamente o

convite e se dispôs a nos ajudar e orientar na conclusão deste trabalho. E aos

nossos professores que ao longo do curso nos incentivaram positivamente, sempre

passando seus conhecimentos e vivências profissionais, de maneira especial as

Professoras Marilinda, Elzira, Mariana, José Ferreira, Sandra e a professora e

coordenadora do curso de Enfermagem Ednalva Guizi. Obrigada pela dedicação e

pelo exemplo de amor a profissão!

Agradeço a minha companheira de Trabalho de Conclusão de Curso, Keren,

que mais do que todos, teve paciência e compreensão nos momentos difíceis e que

juntas mesmo as vezes perdidas, soubemos trabalhar e desenvolver este trabalho

respeitando e ajudando uma a outra nas adversidades. Amiga, obrigada pela

motivação de sempre! Sem você eu não conseguiria.

E agradeço especialmente ao amigo Jean Paulo Antunes, pela ajuda na

conclusão deste trabalho.

Um agradecimento especial a Irmandade da Santa Casa de Londrina, que

abriu suas portas e acolheu nosso projeto. Meu muito obrigada, também, a Carlos

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Alberto de Assis, Gerente Operacional do Hospital Infantil Sagrada Família; a

Cristina, Coordenadora de Enfermagem e às enfermeiras da UTI Neonatal, que

aceitaram participar da nossa pesquisa, compartilhando suas experiências e

conhecimentos científicos e práticos.

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AGRADECIMENTOS

Eu, Keren Caroline, agradeço a Deus por ter me dado paciência, e sabedoria

para realização desse trabalho.

Agradeço a minha mãe Roseli, que sempre me apoiou durante toda a minha

jornada.

Agradeço a nossa orientadora Marília do Vale, que aceitou a nos orientar na

realização do trabalho.

Agradeço a minha amiga e companheira de trabalho, Tatiane, que sempre

esteve ao meu lado me ajudando e me incentivando.

Agradeço também a Izaura do Comitê de Bioética da ISCAL, que sempre se

dispôs a esclarecer as dúvidas que surgiam durante o processo de aprovação do

trabalho.

E a todas as pessoas que mesmo que indiretamente, contribuiram de

alguma forma na realização e conclusão desse trabalho.

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“... É dia de sol, mas o tempo pode fechar

A chuva só vem quando tem que molhar

Na vida é preciso aprender

Se colhe o bem que plantar

É Deus quem aponta a estrela que tem que brilhar... “

(Tá Escrito - Xande de Pilares, Gilson Bernini, Carlinhos Madureira)

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RESUMO

As cardiopatias congênitas ocorrem em aproximadamente 8-10 por 1000 nascidos vivos. Abrangem 25% de todas as malformações congênitas, 50% das causas por óbito por malformações congênitas e 15% dos óbitos infantis. Seu reconhecimento é extremamente importante, dada a rápida deterioração clínica e a alta mortalidade, onde cerca de 20-30% das crianças morrem no primeiro mês de vida por insuficiência cardíaca ou crises de hipóxia. Desta forma esse trabalho visa destacar as principais dificuldades encontradas por enfermeiros ao recepcionar recém-nascidos em Pós Operatório Imediato de cardiopatia congênita, e os fatores que contribuem positivamente e negativamente para uma assistência de enfermagem de qualidade. Os elementos envolvidos foram investigados e obtidos através de uma pesquisa quantitativa e descritiva realizada em um Hospital Filantrópico de Londrina Paraná, através de um questionário destinado aos enfermeiros da Unidade Intensiva Neonatal contendo 10 questões objetivas de múltipla escolha. Evidenciando o plano de cuidados realizados pelo enfermeiro juntamente com sua equipe na realização da assistência ao paciente, e medidas de prevenção em relação as possíveis complicações que pode ocorrer no Pós Operatório Imediato. Palavras–chave: Cardiopatia congênita. UTI neonatal. Assistência de enfermagem.

Recém-natos.

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ABSTRACT

Congenital heart defects occur in about 8-10 per 1000 live births. They cover 25% of all congenital malformations, 50% of the causes of death from congenital malformations and 15% of infant deaths. Your recognition is extremely important, given the rapid clinical deterioration and high mortality, where about 20-30% of children die in their first month of life for heart failure or hypoxia crises. Thus this work aims to highlight the main difficulties encountered by nurses to newborns recpcionar in postoperative congenital heart disease immediately, and the factors that contribute positively and negatively for quality nursing care. The elements involved were investigated and obtained through a quantitative and descriptive survey in a Londrina Parana Charitable Hospital, through a questionnaire for nurses in the Neonatal Intensive Care Unit containing 10 objective multiple-choice questions. Showing the plan of care performed by nurses and their team in the realization of patient care, and preventive measures regarding the possible complications that can occur in the immediate post operative. Keywords: Congenital heart disease. Neonatal intensive care unit. Nursing care.

newborns.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Dados de Identificação: Média de idade dos entrevistados ................ 40

Tabela 2 – Dados de Identificação: Sexo ............................................................... 40

Tabela 3 – Tempo de atuação como Enfermeiro ................................................... 40

Tabela 4 – Foi questionado aos Enfermeiros como o tempo de experiência

e atuação pode contribuir para uma melhor assistência

intensiva. Dispondo das seguintes possibilidades: .............................. 41

Tabela 5 – Ação da equipe multiprofissional em relação à ansiedade dos

pais ....................................................................................................... 42

Tabela 6 – Planejamento de Enfermagem a fim de recepcionar um Recém-

nato em POI de Correção Cirúrgica de Cardiopatia Congênita ............ 43

Tabela 7 – Ações realizadas que contribuem positivamente para a

continuidade da assistência de qualidade prestada ............................. 44

Tabela 8 – Elementos que contribuem negativamente para a assistência

de qualidade prestada .......................................................................... 45

Tabela 9 – Condutas realizadas para prevenção do mau funcionamento de

equipamentos ....................................................................................... 46

Tabela 10 – Complicações frequentemente encontradas pelos

Enfermeiros da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal ...................... 46

Tabela 11 – Fármacos frequentemente utilizados no controle da dor ...................... 48

Tabela 12 – Intervenção realizada para prevenção da principal complicação

em POI de Correção Cirúrgica de Cardiopatia Congênita, a

hipotermia ............................................................................................ 49

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AE Átrio Esquerdo

AD Átrio Direito

ATP Trifosfato de Adenosina

CIV Comunicação Interventricular

CO2 Gás Carbônico

CP Fosfato de Creatinina

DC Débito Cardíaco

ICC Insuficiência Cardíaca Congestiva

MMhg Milímetros de Mercúrio

O2 Oxigênio

PA Pressão Arterial

PAE Pressão do Átrio Esquerdo

PAI Pressão Arterial Invasiva

PaO2 Troca de Oxigênio entre os alvéolos e capilares pulmonares

PCA Persistência do Canal Arterial

PAP Pressão Arterial Pulmonar

POI Pós-operatório Imediato

PVC Pressão Venosa Central

RN Recém-Nascido

RX Raios-X

SNG Sonda Nasogástrica

UTI Unidade de Terapia Intensiva

VD Ventrículo Direito

VE Ventrículo Esquerdo

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 13

2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 17

3 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 18

3.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................................. 18

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................. 18

4 METODOLOGIA DA PESQUISA ..................................................................................... 19

5 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO CORAÇÃO: FISIOLOGIA E

ANATOMIA ........................................................................................................... 20

5.1 CIRCULAÇÃO ................................................................................................................... 24

5.1.1 Circulação Fetal ............................................................................................... 24

5.1.2 Circulação transicional ..................................................................................... 25

5.1.3 Circulação definitiva ......................................................................................... 26

6 PRINCIPAIS CARDIOPATIAS CONGÊNITAS ENCONTRADAS NO RECÉM-NASCIDO ............................................................................................... 28

6.1 TRANSPOSIÇÃO COMPLETA DAS GRANDES ARTÉRIAS ............................................... 28

6.1.1 Tetralogia de fallot ............................................................................................ 29

6.1.2 Coarctação da aorta ......................................................................................... 30

6.1.3 Comunicação interventricular ........................................................................... 32

6.1.4 Síndrome do coração esquerdo hipoplásico .................................................... 34

6.1.5 Persistência do canal arterial ........................................................................... 35

7 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO POI DE CIRURGIA CORRETIVA DE

CARDIOPATIA CONGÊNITA EM RECÉM-NATOS ........................................................ 37

8 DISCUSSÃO .................................................................................................................... 60

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 52

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REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 54

APÊNDICES ............................................................................................................. 59

Apêndice A – Questionário destinado aos Enfermeiros que atuam na

Unidade de Terapia Intensiva Neonatal de um Hospital

Filantrópico de Londrina – PR .......................................................... 60

Apêndice B – Termo de consentimento livre esclarecido .......................................... 64

ANEXOS ............................................................................................................................. 67

ARTIGO ............................................................................................................................... 68

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1 INTRODUÇÃO

O coração é uma bomba muscular composta por quatro câmaras cardíacas,

além de quatro valvas que separam átrios de ventrículos e ajudam a controlar a

passagem de sangue de uma porção do coração a outra. O coração encontra-se

situado na cavidade torácica, atrás do osso esterno e acima do músculo diafragma,

sobre o qual repousa, no espaço compreendido entre os dois sacos pleurais

(MARQUES; GUIMARÃES, 2009).

A principal função do órgão é bombear o sangue oxigenado proveniente dos

pulmões para todo o corpo e direcionar o sangue desoxigenado até os pulmões

aonde dever ser oxigenado novamente.

Os eventos cardíacos que acontecem do início do primeiro batimento até o

começo do seguinte formam o ciclo cardíaco. Este ciclo é regulado pelo estímulo de

ação gerado espontaneamente e de forma rítmica pelo nodo sinusal (GUERRA,

2008).

O ciclo cardíaco divide-se em dois momentos: um período de relaxamento,

ou diástole, quando ocorre um influxo de sangue no coração; e outro de contração,

ou sístole, no qual ocorre o efluxo de sangue do coração (GUERRA, 2008).

As anormalidades do coração e de grandes vasos, quando presentes no

nascimento, é denominada geneticamente como cardiopatia congênita. A maior

parte dessas alterações surge em decorrência do desenvolvimento embriológico

defeituoso durante o período gestacional que se estende da terceira até a oitava

semana, no qual estão se desenvolvendo as principais estruturas cardiovasculares

(SANTANA, 2005).

As características das anomalias cardiopatas vão de alterações isoladas até

lesões mais complexas, que podem estar associadas ou não com algumas

alterações sistêmicas (MEE; DRUMMOND, 2002)

Algumas anomalias quando mais graves, podem causar a morte intra-uterina

do feto; entretanto, a maioria das cardiopatias está associada a nascimentos vivos.

Existem casos em que as manifestações ocorrem logo após o nascimento,

acompanhando quase sempre a mudança dos padrões circulatórios fetais para o

padrão pós-natal. Não obstante, outras abnormidades não se tornam

necessariamente visíveis até a idade adulta (SANTANA, 2005).

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Entre os lactantes com cardiopatias congênitas, cerca de 99% manifestam

os sintomas característicos de defeitos cardíacos ainda no primeiro ano de vida. Em

40% dos portadores das cardiopatias congênitas, o diagnóstico é estabelecido em

até uma semana de idade e 50%, em até um mês de idade (BERNSTEIN, 2002).

Os defeitos cardíacos congênitos estão divididos em dois grupos, definidas

pela característica física em anomalias cianóticas e acianóticas, que vem sendo

desenvolvidas a partir da ecocardiografia, sugerindo agregação com a classificação

baseada em variações hemodinâmicas (WHALEY; WONG, 1999).

As cardiopatias congênitas cianóticas acontecem quando o sangue do lado

direito do coração penetra no lado esquerdo, fazendo com que haja a cianose –

coloração azulada da pele e das mucosas que, aflui devido à diminuição do fluxo

sanguíneo pulmonar à direita e de sangue pouco oxigenado na circulação sistêmica.

Discrepante a isso, as derivações da esquerda para a direita aumentam o fluxo

sanguíneo pulmonar e, inicialmente, não estão associadas à cianose. Evidenciam a

circulação pulmonar pós-natal em geral de baixa pressão e de baixa resistência a

um aumento da pressão ou volume (ou ambos), podendo converter-se em

hipertensão pulmonar, seguida de hipertrofia ventricular direita e, potencialmente,

falência (SANTANA, 2005).

Algumas anormalidades de desenvolvimento do coração produzem

obstruções do fluxo, causadas por estreitamentos defeituosos das câmaras

cardíacas, das válvulas ou dos vasos sanguíneos. Dentre os exemplos, destacam-se

estenoses valvares ou atresias, intituladas cardiopatias congênitas obstrutivas.

(WHALEY; WONG, 1999).

As cardiopatias congênitas ocorrem em aproximadamente 8-10 por 1000

nascidos vivos. Abrangem 25% de todas as malformações congênitas, 50% das

causas por óbito por malformações congênitas e 15% dos óbitos infantis. Seu

reconhecimento é extremamente importante, dada a rápida deterioração clínica e a

alta mortalidade, onde cerca de 20-30% das crianças morrem no primeiro mês de

vida por insuficiência cardíaca ou crises de hipóxia (TAMEZ; SILVA, 2006).

No Brasil estima-se que nasçam cerca de 20 a 30 mil crianças portadoras de

cardiopatias congênitas por ano. (MESQUITA; IKARI; EBAID, 2000).

Na cardiopatia congênita, a hemodinâmica alterada geralmente provoca

dilatação ou hipertrofia cardíaca (ou ambas). Em contraste, a redução no volume e

na massa muscular de uma câmara cardíaca é denominada hipoplasia, quando

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ocorre antes do nascimento, e atrofia quando se desenvolve após o nascimento

(SANTANA, 2005).

Segundo Wong (1999), o nascimento de um bebê com cardiopatia pode ser

uma grave situação para os pais, tanto pela situação clínica, quanto pela “morte” da

criança sadia que, simbolicamente, existia antes do diagnóstico. A enfermagem

pode ajudar pais e familiares na prevenção da enfermidade, o alívio ao sofrimento,

assim como a proteção, a promoção, o restabelecimento da saúde. No caso de

crianças cardiopatas, a enfermeira promove, juntamente com os familiares, as

condições de saúde mais satisfatórias, além do melhor ambiente possível para seu

crescimento e desenvolvimento. Tais intervenções podem ser terapêuticas de apoio

e aconselhamento, ou ainda de educação em saúde.

A equipe de enfermagem tem um papel fundamental no diagnóstico precoce

da cardiopatia, ao realizar uma anamnese adequada, exame físico acurado,

complementando com uma radiografia de tórax e eletrocardiograma, podendo mudar

a história natural da criança, permitindo um tratamento efetivo e, por vezes cura

definitiva em fase precoce da vida (PORTO, 1998 apud SOUZA et al., 2008).

O tratamento geralmente depende de cada situação, existindo diversas

possibilidades, desde conduta expectante até o melhor momento cirúrgico que pode

ser paliativo ou definitivo, medicamentoso e cateterismo. Sendo que o tratamento

farmacológico visa melhorar a qualidade de vida, prolongá-la e preparar melhor o

paciente para a correção cirúrgica, interferindo, favoravelmente, nos resultados

imediatos e tardios, além de propiciar balanceamento hemodinâmico mais

adequado, sistêmico e pulmonar, logo após correção. Deve basear-se em devolver

ou oferecer a criança, adequada qualidade de vida, reduzindo ou eliminado os

sintomas, bem como proporcionar melhor perspectiva de sobrevivência. Sendo de

suma importância a presença da família, pois contribui para apoio emocional e

recuperação da saúde, ocasionando na criança sensação de proteção e carinho

(EBAIP, 2000).

A derivação cardiopulmonar (DCP) na cirurgia cardíaca congênita, é bem

diferente das utilizadas em uma cirurgia cardíaca no adulto, uma vez que as

propriedades metabólicas miocárdicas nos recém-natos são bem diferente daquelas

das crianças mais velhas e dos adultos. Nos neonatais, devido à grande

vulnerabilidade dos sistemas orgânicos, ainda imaturos já impostos pelo estresse da

lesão cardíaca, associados a agressão do fluxo não fisiológico e resposta

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inflamatória da DCP, fazem com que haja a necessidade de perfusão e tratamento

pós operatório bastante específicas de acordo com as necessidades individuais

(MEE; DRUMMOND, 2002).

O enfermeiro possui um papel essencial no POI de cardiopatia congênita,

pois além de coordenar a atuação dos membros da equipe de enfermagem, presta

assistência direta ao paciente. Os avanços relativos ao tratamento cirúrgico de

cardiopatias congênitas exigem uma contínua capacitação por parte do enfermeiro,

pois ao assistir o paciente em POI, necessita de domínio de conhecimentos

específicos como, por exemplo, monitorização com aparelhos de tecnologia

avançada e avaliação hemodinâmica (SANTANA, 2005).

A assistência de enfermagem deve ser baseada no conhecimento da

evolução da criança, pois dessa forma contribui para intervenções direcionadas por

decisão diagnostica possibilitando a sistematização da assistência resultando em

escolhas de ações adequadas e consequentemente um melhor prognostico. (LEITE

et al, 2006).

O Enfermeiro necessita ter um plano assistencial bem elaborado, para que

isso ocorra é essencial que se tenha um cuidadoso levantamento de informações,

direcionado principalmente para a avaliação da função cardíaca e detecção de sinais

e sintomas específicos de complicações da cardiopatia de base.

Contudo, visto que o tratamento e acompanhamento nas fases pré, trans, e

pós-operatório, e até mesmo tratamento cirúrgico, estão diretamente relacionados à

qualificação da assistência de enfermagem, se torna necessário à busca por

aperfeiçoamento para melhoria da qualidade da assistência (LEITE et al, 2006).

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2 JUSTIFICATIVA

Devido ao grande número de crianças diagnosticadas com cardiopatia

congênita é possível identificar uma maior procura por informações dos prováveis

fatores causadores, prevenção e tratamento dessas alterações. Bem como verificar

junto aos profissionais Enfermeiros, prestadores dos cuidados pós-operatórios, as

principais dificuldades e enfrentamentos na Assistência de Enfermagem a esses

pacientes. Levando ao conhecimento mais amplo do tema, o que possibilitara uma

assistência de melhor qualidade ao portador de Cardiopatia Congênita e aos

familiares, no que diz respeito aos cuidados com recém-nato.

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3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Identificar através de um questionário aplicado aos Enfermeiros de um

Hospital Filantrópico de Londrina, referenciado em cirurgia cardíaca infantil, quais

são as principais dificuldades que o Enfermeiro encontra ao prestar Assistência de

Enfermagem aos recém-nascidos submetidos a cirurgias cardíacas como forma de

corrigir e/ou tratar problemas cardíacos congênitos. Ressaltando a importância de se

ter um plano assistencial bem elaborado de acordo com as particularidades de cada

um desses pacientes, trazendo à luz a discussão do papel do Enfermeiro na

assistência do cliente cardiopata e da família.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Apontar as principais dificuldades que os Enfermeiros podem

encontrar, em relação à assistência, ao recepcionar um recém-

nascido no pós-operatório imediato de cirurgia corretiva de

cardiopatia congênita;

• Identificar os fatores que contribuem e os que não contribuem

para uma assistência de enfermagem de qualidade e que atenda

às necessidades do paciente e da família;

• Descrever o plano de cuidados realizados pelo Enfermeiro na

realização da assistência de enfermagem no POI de correção

cirúrgica de Cardiopatia Congênita.

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4 METODOLOGIA DA PESQUISA

Foi realizado um estudo de natureza quantitativa, descritiva, de caráter

observacional no período de novembro a dezembro de 2014, tendo como sujeitos 14

Enfermeiras que atuam na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI Neonatal) de

uma instituição hospitalar de atendimento terciário, referenciado no atendimento de

Cirurgias Cardíacas em crianças vítimas de Cardiopatia Congênita, localizada na

cidade de Londrina, Paraná, Brasil.

Para a coleta de dados foi utilizado um questionário semiestruturado,

composto por 10 questões objetivas, contendo cada uma 4 alternativas, sendo

aplicado as Enfermeiras da UTI Neonatal.

O projeto passou pela aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa

Envolvendo Seres Humanos da Faculdade INESUL – Instituto de Ensino Superior de

Londrina do qual foi aprovado com o número 201359 obedecendo a resolução

196/96 do Conselho Nacional de Saúde/MS e Resoluções Complementares.

Posteriormente, passou pela apreciação do BIOISCAL – Comitê de Ética e Bioética

em Pesquisa da Irmandade da Santa Casa de Londrina e teve o parecer como

aprovado de acordo com orientações da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de

Saúde/MS e Complementares.

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5 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO CORAÇÃO: FISIOLOGIA E ANATOMIA

O coração é um órgão situado na cavidade torácica, atrás do osso esterno e

acima do músculo diafragma, sobre o qual repousa, no espaço compreendido entre

os dois sacos pleurais (MARQUES; GUIMARÃES, 2009).

As cavidades cardíacas são separadas por septos, dividindo o coração em

quarto câmaras, duas em porção superior (átrios direito e esquerdo, AD e AE) e

duas em porção inferior (ventrículos direito e esquerdo, VD e VE) (MARQUES;

GUIMARÃES, 2009).

Existem, ainda, alguns vasos pelos quais o sangue entra ou sai do coração,

sendo eles, as veias cava superior e inferior, que se localizam na porção superior a

direita e, desembocam no átrio direito; ainda na porção superior, porém do lado

esquerdo, ou seja no átrio esquerdo, situam-se as veias pulmonares no total de

quatro, sendo duas para o pulmão direito e duas para o pulmão esquerdo (JULIAN;

COWAN; CAMPBELL, 1996).

No ventrículo direito localiza-se a origem do tronco pulmonar, que se divide

em dois ramos e forma as artérias pulmonares direita e esquerda para os

respectivos pulmões. A artéria aorta origina-se no ventrículo esquerdo, dando

origem ao arco aórtico que se posiciona acima e a esquerda. No tronco pulmonar

encontra-se a valva pulmonar e na artéria aorta, a válvula aórtica, ambas com a

função de evitar o retorno de sangue após cada ejeção durante o ciclo cardíaco

(SMELTZER; BARE, 2005).

Para ocorrer a sístole, seja ela atrial ou ventricular, se faz necessário a

presença de íons de cálcio no meio intracelular, o que irá ativar as células

musculares que dispõem de sarcômero em sua estrutura (conjuntos de filamentos

paralelos de actina e miosina). Os filamentos de actina arqueam-se sobre os

filamentos e a substância de miosina, fazendo com que seja possível a contração

muscular (VAUGHAN; MCKAY, 1977).

Para o funcionamento de um órgão, são envolvidos diversos fatores, no caso

o coração, se faz necessário também uma fonte de energia que é derivada do

processo de fosforilação oxidativa e da transformação de substratos como glicose,

lactato e ácidos graxos, gerando, assim, a adenosina trifosfato (ATP) e o fosfato de

creatina (CP). No entanto em condições normais, os ácidos graxos são as principais

fontes para que se tenha a produção de energia (VAUGHAN; MCKAY, 1977).

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A contração cardíaca do coração se dá por meio do estimulo que a atividade

elétrica desencadeia. Em estado de repouso, acontece um desequilíbrio iônico entre

a célula e seu ambiente, onde uma célula apresenta altos níveis de íons no meio

intracelular e níveis relativamente altos de íons sódio no meio extracelular. A

manutenção desse desequilíbrio iônico se dá por meio de uma bomba, que

providencia a troca de sódio e potássio durante o potencial de ação que é a

chamada bomba de sódio e bomba de potássio (SMELTZER; BARE, 2005).

A capacidade de ação do coração provém de uma série de modificações em

relação á permeabilidade da membrana celular. Durante o estado de repouso, a

membrana celular torna-se impermeável aos íons sódio; entretanto quando em

presença de um estimulo, ela fica permeável, possibilitando a passagem de íons

sódio para o meio intracelular e de íons potássio para o meio extracelular. Sendo

caracterizado e denominado este processo de despolarização ou sístole

(SMELTZER; BARE, 2005).

A repolarização ou diástole frente ao potencial de repouso sucede-se de

forma gradativa á volta da permeabilidade de potássio para o meio intracelular.

O ciclo cardíaco é definido como o conjunto de movimentos ligados entre si

que ocorrem no coração a começar do momento em que é iniciada a atividade atrial

até o começo da sístole atrial do batimento subsequente. É composto por três

períodos, no processo de sua produção, sendo o primeiro a sístole atrial ou pré-

sístole, seguido pela sístole ventricular e por fim diástole ventricular (CARVALHO,

2006).

Junto á parede do átrio direito existe um ponto próximo á desembocadura da

veia cava superior responsável por gerar estímulo ao músculo cardíaco, causando,

assim, uma resposta, que é a contração muscular. Esse ponto denomina-se nó

sinoatrial ou simplesmente nó sinusal, e apresenta cuitomatismo próprio

(CARVALHO, 2006).

A sístole atrial, ou contração atrial ocorre quando os estímulos elétricos

seguem em direção por toda musculatura cardíaca da porção superior, tendo início

no AD e após AE. Após percorrer a porção inferior do átrio direito, esses impulsos

elétricos se deparam com o nó atrioventricular ou no juncional, espalhando-se pelo

septo e paredes musculares, percorrendo primeiro pelo VE, após VD e, por fim , em

ambas as bases ventriculares, produzindo assim, nesse conjunto ordenado de

atividades, a contração ventricular ou sístole ventricular (SANTOS, 2004).

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Para que haja a contração dos ventrículos é preciso que os estímulos

elétricos se propagem por um feixe especificado com ramos em direção á direita e a

esquerda na lateral de cada ventrículo, classificado de fascículo atrioventricular ou

feixe de His. Esse processo de emissão de impulsos elétricos pelos ventrículos

direito e esquerdo é executado por um sistema especializado conhecido como fibras

de Purkinje (SANTOS, 2004).

A sístole atrial e a sístole ventricular são compreendidas então como, a

contração do músculo cardíaco dos átrios e dos ventrículos direito e esquerdo. A

sístole atrial tem a atribuição de propelir o volume sanguíneo do átrio para o

ventrículo, percorrendo a valva atrioventricular sendo, tricúspide á direita e mitral á

esquerda. Tendo a sístole ventricular direita a incumbência de impulsionar o sangue

recebido pelo ventrículo direito até o tronco pulmonar, e a sístole ventricular

esquerda proporciona a lançamento do volume sanguíneo no ventrículo esquerdo

para a artéria Aorta (SANTOS, 2004).

O relaxamento do músculo cardíaco atrial e ventricular posterior suas

respectivas sístoles, é denominado como diástole atrial e diástole ventricular. Tendo

como função o relaxamento da musculatura dos átrios e ventrículos, preparando-os

para receber volume sanguíneo. Sendo esse ciclo de sístoles e diástoles

classificado como trabalho cardíaco ou débito cardíaco (JULIAN; COWAN;

CAMPBELL, 1996).

O débito cardíaco (DC), ou volume sistólico, é caracterizado pelo volume de

sangue ejetado pelo coração no período de um minute, e depende do retorno

venoso, do ritmo cardíaco e da força de contração cardíaca.

O sangue é bombeado do coração para dois trajetos, o pulmonar,

denominado de pequena circulação, e o sistêmico, conhecido como grande

circulação. Os dois tipos de trajetos têm inicio e término no coração (SILVA;

SHIRATORI; FIGUEIREDO, 2003).

Denominada como pequena circulação ou circulação pulmonar origina-se no

ventrículo direito, dirige-se aos pulmões a fim de proporcionar a hematose (troca de

gases CO2 por O2) retornando ao coração pelo átrio esquerdo (SILVA; SHIRATORI;

FIGUEIREDO, 2003).

O tronco pulmonar que se origina da superfície superior do ventrículo direito,

passa diagonalmente para cima e para a esquerda, cruzando a rota da Aorta,

dividindo-se em dois ramos, as artérias pulmonares direitas e esquerdas, que

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adentram nos pulmões e se subdivide, emergindo por fim como capilares. Sendo o

único trajeto no qual o sangue não oxigenado circula por artéria (LEITE;

FIGUEIREDO; ERDMANN, 2010).

Os capilares envolvem os alvéolos, retirando o oxigênio e soltando o gás

carbônico. Gradativamente, as unidades adotam as características das veias. As

veias agrupam-se para formar as veias pulmonares, com a função de levar o sangue

oxigenado dos pulmões para o átrio esquerdo. Sendo o único momento em que a

veia encontra-se carregada de sangue oxigenado (LEITE; FIGUEIREDO;

ERDMANN, 2010).

Na grande circulação ou circulação sistêmica, o sangue é ejetado para a

aorta pela contração do ventrículo esquerdo, transportando oxigênio, nutrientes e

metabolitos para o corpo inteiro, incluindo a árvore brônquica que é a porção não

respiratória dos pulmões. Todas as artérias sistêmicas derivam da aorta, que

emerge da superfície superior do VE, transita pela artéria pulmonar, pela aorta

ascendente e dá uma volta para a esquerda, no arco aórtico, deslocando-se para

baixo, na aorta descendente (GARDNER, 1988).

A aorta descendente está dividia em segmento torácico (acima do

diafragma) e segmento abdominal (abaixo do diafragma). As veias emergem dos

capilares. Todas as veias da circulação sistêmica fluem na veia cava superior ou na

veia cava inferior, a qual, por sua vez, desemboca no átrio direito, a fim de reiniciar o

processo da pequena circulação (GARDNER, 1988).

Dessa forma é fundamental que o Enfermeiro, como profissional que atua

em equipes multidisciplinares e assiste o cliente em estado grave, tenha

conhecimento apropriado dos princípios fisiológicos básicos que regem o

funcionamento do sistema cardiovascular. A detenção desse conhecimento é de

extrema importância, uma vez que o enfermeiro possui contato direto com o cliente,

avalia seu estado físico, obtêm seus sinais vitais e outros parâmetros resultantes da

monitorização hemodinâmica incluindo também o manuseio de equipamentos de

assistência circulatória mecânica (MARQUES; GUIMARÃES, 2009).

Sendo assim o Enfermeiro que atua não só na área cardiovascular, mas em

qualquer campo, deve sempre ter em mente que, para uma adequada assistência

ao cliente, muito mais essencial que a precisa e correta obtenção de sinais físicos e

parâmetros hemodinâmicos, é primordial saber interpretar corretamente as

informações obtidas (MARQUES; GUIMARÃES, 2009).

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5.1 CIRCULAÇÃO

5.1.1 Circulação fetal

A única comunicação entre o feto e o meio externo é a placenta. É através

dela que são desempenhadas as funções de supressão da nutrição, remoção dos

produtos de degradação e as trocas gasosas (MATTOS, 1997).

Os diferentes comportamentos causados pelas alterações do sistema

cardiovascular fetal só são entendíveis com um prévio conhecimento sobre a

fisiologia da circulação fetal. Além disso, com tal conhecimento, é possível substituir

as cardiopatias em ativas e passivas (NOMURA et al, 2001).

No grupo das cardiopatias passivas estão todas as malformações do

sistema cardiovascular fetal que não acarretam repercussão hemodinâmica

intraútero, notoriamente estão caracterizadas as cardiopatias estruturais, sem

regurgitação valvar. As cardiopatias canal dependentes, também estão neste grupo,

pois suas alterações clínicas só são manifestas no período neonatal, depois que há

o fechamento do canal arterial (MATTOS, 1997).

O outro grupo, o das Cardiopatias Ativas, é representado por todas as

alterações do sistema cardiovascular fetal que provocam repercussão

hemodinâmica intrauterina. As miocardiopatias e miocardites, bem como as

cardiopatias estruturais com regurgitação valvar importante e as demais alterações

funcionais do coração fetal com reação as condições adversas, podem evoluir para

insuficiência cardíaca fetal (MATTOS, 1997).

Dentre os principais fatores causadores estão a hidropisia não imune, o

diabetes mellitus e hipertensão arterial materna, e o crescimento intrauterino

retardado. Além disso, o uso de drogas e a anemia fetal também estão associados

(NOMURA et al, 2001).

O principal fator de descompensação cardiovascular comum em os grupos

de cardiopatia é a hipóxia. Essa condição, independente de seu mecanismo

causador, faz com que haja uma nova distribuição do fluxo do sangue fetal, que é

caracterizado pelo aumento do fluxo cerebral e adrenal, diminuído o fluxo sistêmico

e consequentemente o aumentando a resistência vascular sistêmica e a proporção

do sangue venoso umbilical que passa através do ducto venoso, o que por sua vez

aumenta o fluxo para o lado esquerdo do coração (BINOTTO, 2007).

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Funcionalmente, o aparecimento de efusão pericárdica e a perda da função

contrátil são as principais respostas do sistema cardiovascular fetal as situações

adversas. A cardiomegalia com derrame pericárdico ou não, é um importante sinal

de distúrbio cardíaco fetal (MATTOS, 1997).

Hemodinamicamente, o período de dominância da contração atrial pode ser

prolongado pelas alterações de pré-carga ou intrínsecas do miocárdio ventricular,

modificando o enchimento ventricular até o período de pós-parto. Essa condição é

observada principalmente nos fetos de mães diabéticas (NOMURA et al, 2001).

5.1.2 Circulação transicional

Após o nascimento, o corpo rapidamente precisa se adaptar as novas

condições que o meio ambiente lhe impõe, por esse motivo, uma série de mudanças

cardiopulmonares vitais a sobrevivência acontecem. Com o início da respiração há

um aumento do fluxo efetivo pulmonar e consequentemente a diminuição

progressiva da resistência vascular. Ocorre então a oclusão do ductus arteriosus e

do forâmen oval, que se inicia de 24 a 48 horas após o nascimento. A concentração

mais elevada de oxigênio que o organismo passa a ter facilita o processo de

fechamento do ductus arteriosus (CARVALHO, 2006).

Com a remoção da placenta consequentemente há o aumento do retorno

venoso pulmonar e diminuição do retorno sanguíneo da cava inferior, tornando a

pressão no átrio esquerdo maior do que a do átrio direito, o que causara o

fechamento do forâmen oval. Nas primeiras horas de vida, costumeiramente as

pressões da aorta e pulmonar são semelhantes, porém após três ou quatro horas de

vida, há uma queda progressiva da pulmonar (CARVALHO, 2006).

Crianças com o clampeamento imediato do cordão umbilical têm a pressão

média na pulmonar cerca de 50% da pressão aórtica após quatro horas de vida, ao

mesmo tempo que crianças nas quais o clampeamento é tardio, 90% das vezes, as

pressões pulmonares permanecem semelhantes às de aorta com mais de quatro

horas de vida (CARVALHO, 2006).

A pressão sistólica pulmonar que é de 15 mmHg só é alcançada em torno de

10 dias de vida, portanto dentro das primeiras 48 horas a pressão sistólica pulmonar

está em 30 a 40mmHg. A queda da resistência vascular pulmonar é frequente em

prematuros, uma vez que devido à presença de hemoglobina F a curva de

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dissociação está desviada a esquerda, o que demonstram valores alusivamente

baixos de PaO2 com saturação normal e tornam o recém nato sujeito a um maior

fluxo pulmonar em situações de persistência do canal arterial (CARVALHO, 2006).

5.1.3 Circulação definitiva

No período após o nascimento, por não perdurarem os canais de

comunicação entre o circulo arterial e o pulmonar que se encerra com o fechamento

do forâmen oval e do ductus arteriosus, a circulação em paralelo do feto passa a ser

substituída pela circulação em série do recém-nascido. É nesse momento que

cardiopatias graves que se mantinham estáveis na vida fetal passam a ser

evidenciadas clinicamente, com consequentes distúrbios hemodinâmicos. Isso

ocorre porque no coração do recém-nascido já não existem mais os mecanismos

compensatórios entre uma circulação e outra (CARVALHO, 2006).

Todavia, mesmo com a circulação definitiva, a regulação do débito cardíaco

no recém-nascido prematuro ou termo nos primeiros meses de vida não é normal.

Há vários fatores para isso. Nesse período da vida, o coração trabalha normalmente

com uma pressão diastólica maior e consequentemente com uma reserva diastólica

menor. Nessas condições, uma sobrecarga volumétrica eleva rapidamente a

pressão de enchimento ventricular causando congestão venosa pulmonar ou

sistêmica (BINOTTO, 2007).

A criança pequena conta apenas com as variações da frequência cardíaca

para ajustes hemodinâmicos rápidos e efetivos em condições do dia-a-dia, que

habitualmente regulam o débito cardíaco. Isso se deve ao fato da inervação

simpática cardíaca ainda estar incompleta e os estoques miocárdicos de

catecolaminas serem baixos, o que torna a necessidade da realização de ajustes via

aumento de contratilidade, mais difíceis de acontecer (CARVALHO, 2006).

A frequência cardíaca, a contratilidade, assim como a pré-carga e a pós-

carga é que vão determinar o consumo de oxigênio miocárdico. O aumento de um

desses mecanismos reguladores leva a um maior gasto energético e

preestabelecem descompensações (BINOTTO, 2007).

O coração está mais propenso à descompensações na mudança da

circulação transicional para a definitiva, pois o sistema circulatório pode necessitar

de uma maior utilização dos mecanismos de reserva miocárdica. Isso ajuda a

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entender o porquê neste período da vida existe uma maior sensibilidade cardíaca à

hipoglicemia, anemia, acidose e hipocalemia, com o desenvolvimento da

Insuficiência Cardíaca Congestiva – ICC, até mesmo em crianças que possuem

corações anatomicamente normais; ou porque crianças compensadas desenvolvem

baixo débito cardíaco e grave ICC (CARVALHO, 2006).

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6 PRINCIPAIS CARDIOPATIAS CONGÊNITAS ENCONTRADAS NO RECÉM-NASCIDO

6.1 TRANSPOSIÇÃO COMPLETA DAS GRANDES ARTÉRIAS

Neste tipo de anomalia cardíaca congênita, o paciente apresenta a posição

das artérias Pulmonar e Aorta invertidas. Ou seja, a Aorta surge anteriormente, no

ventrículo direito e a artéria Pulmonar posteriormente, no ventrículo esquerdo

(TAEUSCH; AVERY, 2003).

O resultado é uma circulação paralela, ao invés de em série, na qual o

retorno do sangue venoso pulmonar vai para a circulação pulmonar e o retorno de

sangue venoso sistêmico para a circulação sistêmica (ZANETTA et al, 2005). Desse

modo, o sangue drenado do corpo passa pelas câmaras direitas do coração,

deixando de ser oxigenado pelos pulmões, e retorna para o corpo. Por sua vez, o

sangue venoso pulmonar atravessa o coração pelo lado esquerdo e retorna aos

pulmões, permanecendo na circulação pulmonar (TAEUSCH; AVERY, 2003).

A sobrevida do RN depende completamente da mistura resultante desta

circulação, que é feita através do Canal Arterial e do Forame Oval remanescentes.

Inicialmente essas vias fetais são suficientes, porém com o fechamento do Canal

Arterial que se dá após 12 a 15 horas de vida, resta apenas o Forame Oval, que

fisiologicamente se fecha no 3º mês de vida (TAEUSCH; AVERY, 2003).

De acordo com Brasil 2011, embora este tipo de defeito cardíaco congênito

não seja considerado uma cardiopatia canal dependente, a manutenção do Forame

Oval é de suma importância, pois passa a ser o único local que possibilita a mistura

sanguínea fundamental à vida do recém-nato portador da doença. Em muitos

centros, o Forame Oval é aumentado através de cateterismo cardíaco.

Taeusch e Avery 2003, observam que a incidência da Transposição

Completa das Grandes Artérias se acentua no sexo masculino no qual ocorre em 2:1

em relação ao feminino. E está presente em pouco mais de 1 para cada 4.500

nascidos vivos. Além de não raramente estarem associadas à ela outras

malformações como defeitos do septo arterial ou ventricular e anomalias nas

válvulas cardíacas.

A manifestação clínica mais comum é a cianose intensa, que pode ou não

estar acompanhada de desconforto respiratório progressivo e ocorre nas primeiras

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horas de vida (ZANETTA et al, 2005). Ao exame físico pode-se detectar a

hiperfonese da 2ª bulha cardíaca no foco pulmonar. Exames de raios-x podem

evidenciar uma área cardíaca normal ou um pouco aumentada e/ou trama vascular

aumentada (BRASIL, 2011).

De acordo com Taeusch e Avery 2003, quando não tratada, a Transposição

das Grandes Artérias está associada a um diagnóstico perigoso, no qual 30% dos

portadores morrem na primeira semana e 50% nos primeiros meses de vida.

6.1.1 Tetralogia de Fallot

A Tetralogia de Fallot é descrita como a associação de uma série de defeitos

cardíacos congênitos: Hipertrofia ventricular direita, apresentação da Aorta sobre o

septo ventricular, comunicação intraventricular subaórtica e obstrução entre

ventrículo direito e artéria pulmonar (TAMEZ; SILVA, 2006).

Um pouco menos frequente que as transposições, a Tetralogia de Fallot

ocorre em 1 para cada 5.000 nascidos vivos, destes cerca de 9% apresentam sinais

na primeira semana de vida (TAEUSCH; AVERY, 2003).

Segundo Brasil 2011, a criança geralmente apresenta-se saudável no

nascimento e somente após algumas horas de vida manifesta taquidispeneia

progressiva, sinal característico de baixo débito cardíaco e congestão venosa

pulmonar, que resultam em sinais de choque.

Neste tipo de circulação intracardíaca há shunt direita-esquerda aliada à

redução do fluxo pulmonar, dependente da permeabiliadade do canal arterial

(BRASIL, 2011).

O sangue entra pela Cava, vai para o Átrio direito, passa pela válvula

tricúspide e, ao entrar no Ventrículo direito, encontra o estreitamento anormal da

Válvula Semilunar Pulmonar ou abaixo dela, e consequentemente do Tronco

Pulmonar e das Artérias Pulmonares; Há também a apresentação da Válvula Aórtica

com conexão biventricular e que se sobrepõe ao defeito no septo ventricular, ou

seja, ela se encontra situada entre os dois átrios e sobre o defeito septal; E a

presença de um defeito entre os dois ventrículos, um buraco no septo ventricular

responsável por uma pressão igual entre os Átrios direito e esquerdo; Além de um

Ventrículo direito hipertrófico, caracterizado pelo engrossamento demasiado das

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paredes, como consequência da crescente obstrução de fluxo da câmara direita

(WECHSLER; WERNOVSKY, 2005).

Em decorrência das malformações, na Tetralogia de Fallot, o paciente

apresenta cianose, pois, com a presença de uma passagem entre os dois

ventrículos, o sangue oxigenado se mistura ao sangue com baixo oxigênio e saí pela

Aorta ao mesmo tempo em que sai pela Artéria Pulmonar, que irriga os demais

órgãos, sistemas, o próprio coração e leva o sangue aos pulmões para favorecer a

troca gasosa. Tais fatores acabam por potencializar a taquipneia e o baixo débito

sistêmico. Na ausculta cardíaca pode-se detectar hiperfonese da 2ª bulha no foco

pulmonar, sem sopros significativos (BRASIL, 2011).

Quanto maior o grau de estenose pulmonar, maior será a severidade da

cianose apresentada pelo paciente nos primeiros dias de vida. Em contraponto a

isso, os pacientes com menor grau de obstrução apresentam um leve grau de

cianose, e podem apresentar um sopro de ejeção sistólica por toda a extensão da

borda esternal esquerda, ainda na sala de parto ou no berçário (TAEUSCH; AVERY,

2003).

Um Recém-nascido portador de Tetralogia de Fallot ao exame físico,

geralmente, apresenta-se cianótico com baixo fluxo pulmonar, radiografia de tórax

com área cardíaca dentro dos parâmetros considerados normais, desvio de eixo

para a direita, hipertrofia do ventrículo direito constatadas no eletrocardiograma e a

presença de sopro cardíaco sistólico de ejeção. No entanto, existem alguns casos

de Tetralogia de Fallot aonde o sopro sistólico é identificado, mas não há a presença

de cianose e o paciente pode ser confundido como sendo portador de Estenose da

Válvula Pulmonar ou com aqueles com Comunicação Interventricular (FLORIO,

2001).

Taeusch e Avery 2003, destacam que recentemente estudos decorrentes de

um acompanhamento feito com pacientes portadores de Tetralogia de Fallot durante

30 anos, demonstraram uma sobrevida em cerca de 86% dos casos aos 30 anos

para os pacientes que foram submetidos a correção cirúrgica durante a infância.

6.1.2 Coarctação da aorta

Tendo uma incidência de 1 em cada 7.000 nascidos vivos, a Coarctação da

Aorta é definida como o estreitamento anatômico no canal Aórtico descendente,

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normalmente no canal de inserção do canal arterial. Em 80% dos casos está

associada à ela, a Válvula Aórtica Bicúspide e em 40% dos pacientes a

Comunicação Atrioventricular (TAEUSCH; AVERY, 2003 e WECHSLER;

WERNOVSKY, 2005).

O baixo fluxo através do Istmo Aórtico e a presença de um grande Canal

Arterial fazem com que o desenvolvimento e o crescimento do feto seja normal, já

que há um amplo espaço por onde o sangue pode desviar do estreitamento

(TAEUSCH; AVERY, 2003).

Os pacientes com Coarctação da Aorta concomitantes com a Persistência

do Canal Arterial apresentam sinais logo nos primeiros instantes de vida, muitos

desses pacientes não sobrevivem sem intervenção cirúrgica. Nestes casos,

especificamente, a cianose produzida pela liberação de sangue não saturado pelo

Canal Arterial faz com que a cianose esteja localizada na metade inferior do corpo

(LACiC, 2012).

Taeusch e Avery 2003, discorrem que os sinais e sintomas que o Recém-

nascido apresenta são os característicos de Insuficiência Cardíaca Congestiva:

dispneia, taquicardia, taquipnéia, sucção débil, hepatomegalia e sudorese.

Porém, segundo Brasil 2011, os principais sinais em sintomas que o Recém-

nascido apresenta devido a uma cardiopatia com fluxo dependente do canal arterial,

como é o caso da Croarctação da Aorta, é a apresentação de uma discreta cianose,

normalmente o paciente satura acima de 90%; Hiperfonese acentuada na 2ªbulha

cardíaca no foco pulmonar, causada por uma hipertensão pulmonar evidenciada,

porém sem sopros; Taquidispnéia avançada, que resulta em sinais de choque; No

exame de raio-x evidencia-se geralmente área cardíaca e trama vascular bastante

aumentadas.

Afiune e Ebaid 1998, evidenciam que há dificuldade por parte dos médicos

pediatras no reconhecimento clínico da condição anômala cardíaca do paciente,

estritamente neste caso. No entanto, esse reconhecimento pode se dar de maneira

simples, uma vez que uma forte evidência é a ausência ou atenuação da

abrangência dos pulsos arteriais nos membros inferiores, agregado a presença de

pulso magno e hipertenção arterial nos membros inferiores.

A realização da aferição da Pressão Arterial nos membros inferiores e

superiores, bem como a palpação dos pulsos radial e pediosos ou femorais,

possibilita que o paciente tenha um diagnostico presuntivo de Croarctação da Aorta

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e os exames posteriormente solicitados servirão apenas para a confirmação ou não

do mesmo (EBAID; AFIUNE, 1998).

6.1.3 Comunicação interventricular

A Comunicação Interventricular ou CIV é caracterizada pela presença de

uma abertura anormal no septo ventricular, permitindo que haja uma

intercomunicação entre os ventrículos, ou seja, o sangue rico em oxigênio acaba se

misturando com o sangue não oxigenado que está no átrio direito (TAMEZ; SILVA,

2006).

A CIV esta entre as causas mais comuns de insuficiência cardíaca

congestiva após o período neonatal, ocorrendo isoladamente ou acompanhada de

outras anomalias, principalmente a Tetralogia de Fallot e a Coarctação da Aorta.

Ocorrem em 1 para cada 3.000 nascidos vivos (TAEUSCH; AVERY, 2003).

Essas disformidades podem costumeiramente se situar na porção

membranosa do septo ventricular, atipicamente estão localizadas nas áreas acima

da crista subraventricular, na parte muscular do septo abaixo da válvula tricúspide

ou próximo ao ápice do ventrículo esquerdo e podem variar o tamanho (TAEUSCH;

AVERY, 2003).

As principais manifestações clínicas se caracterizam pela taquidispnéia e a

insuficiência cardíaca, resultantes da comunicação anômala entre os ventrículos e

do hiperfluxo pulmonar. Não há a presença de cianose e a saturação periférica é

normal, em torno de 95%, no entanto, ao exame físico é notória a presença de sopro

cardíaco e hiperfonese na 2ª bulha no foco pulmonar. O raio-x de tórax mostrando

área cardíaca e trama vascular pulmonar aumentadas (BRASIL, 2011).

O tamanho da má-formação é que determina a hemodinâmica do paciente

após o nascimento e elas podem variar bastante, como sendo muito pequenas ou

grandes o suficiente para tornar o septo quase que inexistente. Defeitos grandes não

mostram resistência ao fluxo cardíaco, pois, nesses casos, as pressões ventriculares

são praticamente as mesmas. Já nas de pequeno porte, a resistência ao fluxo é

maior e a pressão nos dois ventrículos é diferente (TAEUSCH; AVERY, 2003).

Como nas primeiras horas de vida a resistência pulmonar nos recém-

nascidos é quase que a mesma intraútero, ocorre pouco shunt cardíaco, e não há a

manifestação de sinais e/ou sintomas de insuficiência cardíaca congestiva. Com o

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passar das horas, dias e semanas, a resistência pulmonar cai, fazendo com que o

volume ejetado de sangue pelo ventrículo esquerdo e que passa através da

comunicação seja muito grande ao ponto do ventrículo não suportar mais a

demanda da carga de volume, desenvolvendo então sinias de insuficiência

(FLORIO, 2001).

Segundo Taeusch e Avery, 2003, o eletrocardiograma, embora muito

utilizado no auxílio da confirmação de diagnósticos de diversas cardiopatias, não é

um exame recomendado para a obtenção do diagnóstico de recém-nascidos e

lactantes portadores de Comunicação Interventricular, uma vez que o padrão normal

de predominância ventricular direita acaba por ocultar as alterações específicas da

doença.

Todavia, a radiografia de tórax se mostra uma ferramenta melhor adequada no

reconhecimento da patologia, em razão de expor de forma clara as principais

alterações, isto é, o contorno cardíaco está aumentado e há congestão pulmonar na

trama vascular pulmonar, devido a constância de grandes shuts esquerda-direita.

Grande parte das CIV’s, cerca de 50% se fecha de maneira espontânea

nos primeiros meses de vida, devido a isso, vários reparos cirúrgicos são adiados e

realizados fora do período neonatal. Nesses casos é feito tratamento clínico dos

sintomas da insuficiência cardíaca congestiva com digoxina, diuréticos e

suplementação calórica, já que a insuficiência afeta o crescimento ponderal da

criança (WECHSLER; WERNOVSKY, 2005).

De acordo com Taeusch e Avery, 2003, aproximadamente 20% das grandes

comunicações se tornam menores ou fecham. Nos casos em que a criança possui

uma grande comunicação interatrial e somente o tratamento clínico não é o

suficiente para combater a insuficiência cardíaca congestiva, é necessária a

intervenção cirúrgica. Um dos principais sinais que o paciente apresenta além dos

sinais da insuficiência cardíaca é o baixo ganho ponderal.

A probabilidade de sucesso nos casos cirúrgico é muito grande e o risco para o

paciente é baixo, menor que 5%.

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6.1.4 Síndrome do coração esquerdo hipoplásico

A incidência de casos de recém-nascidos com Síndrome do Coração

Esquerdo Hipoplásico é de 1 para cada 6.000 nascidos vivos (TAEUSCH; AVERY,

2003).

Os defeitos cardíacos são semelhantes ao das demais cardiopatias: grave

hipoplasia do ventrículo esquerdo e da Aorta ascendente, em alguns casos o

ventrículo praticamente não existe, e dilatação do ventrículo direito e da Artéria

Pulmonar (TAEUSCH; AVERY, 2003).

A circulação sistêmica conduzida pelo curso sanguíneo do lado direito para o

esquerdo do coração através da persistência do canal arterial, devido ao fato do

haver um retorno de sangue pulmonar ao átrio esquerdo, que por sua vez acabar

passando pelo septo atrial e indo para o átrio direito (TAMEZ; SILVA, 2006).

Os primeiros indícios e manifestações clínicas se dão após algumas horas

de vida. Na maioria das vezes, a criança nasce normal e apresenta taquidispneia

progressiva e evolui com sinais característicos de choque, causados pela constrição

do canal arterial e do aumento do fluxo pulmonar como consequência do desvio de

fluxo sistêmico para a área pulmonar, ocasionados pela diminuição da resistência

vascular no período neonatal (BRASIL, 2011).

À medida que o canal arterial se fecha, há a degeneração súbita com

insuficiência cardíaca congestiva de rápida evolução e choque. Os pulsos periféricos

não são palpáveis, pois podem estar fracos ou ausentes. A perfusão renal, hepática,

coronariana e do sistema nervoso central pode estar comprometida, como

consequência de uma provável necrose tubular aguda, infarto agudo do miocárdio,

enterocolite necrosante ou hemorragia cerebral (WECHSLER; WERNOVSKY, 2005).

A Síndrome do Coração Esquerdo Hipoplásico é fatal. No passado, o

tratamento era interrompido ao chegar-se ao diagnóstico definitivo, e tentava-se na

medida do possível proporcionar conforto ao paciente e para a família. No entanto,

hoje alguns centros preferem uma abordagem mais agressiva, abordagem essa que

se dá pelo reparo cirúrgico estagiado ou indicação de transplante cardíaco

(TAEUSCH; AVERY, 2003).

Nos casos em que a equipe médica opta pelo reparo cirúrgico estagiado, o

mesmo é feito em dois estágios: o de transformação do defeito em um ventrículo

único e posteriormente a divisão do shunt aortopulmonar e a conexão direta à artéria

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Pulmonar. Já nos casos em que a conduta tomada é o transplante, a possibilidade

de se conseguir um coração é muito pequena, ainda mais se tratando de neonatos,

e aproximadamente 25% das crianças acabam morrendo na fila de espera por um

coração (FLORIO, 2001).

De acordo com Taeusch e Avery, 2003, a mortalidade inicial que é de 25% a

35% englobam os pacientes submetidos a cirurgia corretiva e aos que realizaram o

transplante, assim como aqueles que morreram na lista de espera.

Quando há êxito nos casos de transplante, a sobrevida até os oito anos é de 65%

dos casos.

6.1.5 Persistência do canal arterial

A Persistência do Canal Arterial ou PCA, não muito comum em Recém-

nascidos a termo, se caracteriza pela persistência do canal arterial responsável pela

comunicação entre a Aorta e o sistema arterial pulmonar, indispensável ao feto.

Normalmente se apresenta de maneira isolada das demais cardiopatias em cerca de

90% dos casos. No entanto em sua minoria, pode ocorrer associado à Derivação

Supra Ventricular, Estenose Pulmonar ou Aórtica e na Coarctação da Aorta.

Variando redundantemente o tamanho e extensão do canal (LACiC, 2012).

Segundo Tamez e Silva 2006, o canal arterial desempenha papel importante

durante a circulação fetal, é através dele que o sangue do ventrículo direito e da

artéria pulmonar desembocam na Aorta ascendente para então ser conduzido à

placenta. Mas, essa conexão deve se interromper após o nascimento, dentro de

poucos dias ou horas não ocorrendo, faz com que o sangue da Aorta se desvie para

a artéria pulmonar o que por sua vez leva à congestão pulmonar agravando a

síndrome da angústia respiratória.

O sinal tipicamente apresentados pelo RN com PCA é um sopro sistólico

áspero auscultado em todo o precórdio, mais audível na borda esternal superior

esquerda e nas áreas infraclaviculares esquerdas. A medida que a resistência

vascular aumenta, os sinais se evidenciam ainda mais, o sopro aumenta em sua

intensidade e posteriormente torna-se contínuo. Além da taquidispneia e

insuficiência cardíaca (WECHSLER; WERNOVSKY, 2005).

Outros sinais presentes é o aumento da amplitude dos pulsos periféricos,

também chamados pulsos célebres, taquipnéia e apnéia, evidenciando a

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deterioração da função respiratória, fazendo com que o paciente seja dependente da

ventilação mecânica de maneira constante.

Os exames de imagem evidenciam área cardíaca aumentada e os pulmões

tendem a aparecer mais raiopacos. (WECHSLER; WERNOVSKY, 2005).

De acordo com Wechsler e Wernoysky 2005, inicialmente o tratamento

clínico inclui suporte ventilatório aumentado, restrição hídrica e diuréticos. A

indicação cirúrgica varia de uma instituição para outra. Normalmente nos prematuros

com menos de 1.000 g, sob ventilação mecânica é feita a abordagem cirúrgica

assim que o canal arterial fica aparente pela primeira vez, mesmo o paciente sendo

assintomático. Já os recém-nascidos com mais de 1.000 g recomenda-se o

tratamento com indometacina, não respondendo ao primeiro ciclo do tratamento

medicamentoso, podem responder ao segundo ciclo. Os paciente assintomáticos

que não respondem ao segundo ciclo de indometacina, devem ser submetidos à

ligadura cirúrgica após a documentação da PCA, feita através da ecocardiografia.

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7 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO POI DE CIRURGIA CORRETIVA DE CARDIOPATIA CONGÊNITA EM RECÉM-NATOS

Para propiciar uma Assistência de Enfermagem planejada e graduada, se

faz necessário uma integração entre as equipes no pré, trans e pós-operatório

(SILVA et al, 2009).

A atuação da equipe de enfermagem desempenha um papel fundamental

nesse momento ao prevenir e realizar diagnóstico precoce das complicações e

favorecer a manutenção do conforto ao paciente, com uma análise rigorosa,

detalhada e sistematizada do mesmo. Proporcionando a sistematização da

assistência, e, resultando assim em um melhor prognóstico ao paciente (WHALEY;

WONG, 1999).

Denominam-se como cuidados pós-operatórios imediato de enfermagem,

aqueles ministrados de forma individualizada e qualificada pela equipe de

enfermagem nas primeiras 24 horas pós-cirurgia cardíaca (PORTO et al, 2010).

Terminada a cirurgia cardíaca, o cliente deverá ser levado imediatamente

para a UTI, onde será prestada toda assistência necessária para sua estabilização

de forma individualizada (GUINSBURG, 2006).

Do centro cirúrgico são conduzidas as informações a respeito do ocorrido

com o recém-nato, como o tipo de tratamento executado com relato da anatomia

encontrada, níveis pressórios do pré e transoperatório, tempo de circulação

extracopórea de hipotermia assim como os níveis ideais ou limites a serem tolerados

na UTI, diurese e balanço hídrico e volêmico perioperatório, uso de solução

cardioplegia, posição dos drenos, cateteres atriais, fios de marca passo e calibre da

cânula endotraqueal. Sendo comunicado também complicações, como

sangramento, discrasias sanguíneas, arritmias ou alguma outra anormalidade

(SILVA et al, 2009).

O transporte do cliente é, realizado de maneira rápida e segura,

condicionando o recém-nato aquecido, ventilado manualmente pelo anestesista,

assistido pelo cirurgião, juntamente com o enfermeiro e auxiliar e/ou técnico do

centro cirúrgico (GUINSBURG, 2006).

A UTI deverá estar adequadamente preparada para recepcionar o cliente.

Em relação aos monitores, respirador testado previamente, sistema de aspiração

funcionando, coletor de urina montado e carro de emergência completo contendo

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desfibrilador, laringoscópio, cânulas, sondas, drogas usuais, soro, marca passo, e

material de drenagem torácica (WHALEY; WONG, 1999).

Cabe ao Enfermeiro a realização de uma inspeção minuciosa dos

equipamentos tecnológicos e aparatos específicos essenciais para a recepção do

recém-nato na UTI (PORTO et al, 2010).

O recém-nato é recepcionado pelo pediatra intensivista de plantão da

unidade, pediatra residente, pela enfermeira responsável do setor e pelo técnico ou

auxiliar de enfermagem, sendo situado no boxe de atendimento onde irá ser

assistido na evolução do turno (PIVA; CARVALHO; GARCIA, 1992).

O pediatra intensivista responsável pelo plantão, após receber os dados

gerais do centro cirúrgico, avaliará as condições gerais do paciente, estado de

hidratação, nível de consciência, tipo de assistência respiratória a ser determinado,

níveis tensionais arteriais e venosos a serem monitorizados de acordo com a

instalação de cateteres no centro cirúrgico (PA- PVC- PAP- PAE), verificação da

entubação adequada e fixação da cânula, drenos funcionantes, posicionamento da

sonda nasogástrica, sonda vesical, avaliação da 1 amostra sanguínea e análise

imediata do RX de tórax, quanto a expansão pulmonar, área cardíaca, localização

dos cateteres, dos drenos e da SNG (PIVA; CARVALHO; GARCIA, 1992).

Sendo função do enfermeiro á instalação dos monitores, dos manômetros

arterial e venoso (átrios D e E), bombas de infusão, instalar o PAI e a PVC averiguar

a permeabilidade de todos os cateteres, sondas, drenos, instalação dos termômetros

interno e externo, e fios de marca passo e aquecimento externo, colher sangue e

encaminhar ao laboratório, e traça o ECG (AVENA; PEDREIRA, 2006).

O enfermeiro deve ainda realizar ausculta pulmonar para certificar-se da

localização do tubo endotraqueal, detectando possível pneumotórax e secreções, e

conhecer o tipo de cirurgia, para poder proporcionar um posicionamento adequado

do recém-nato no leito (TAMEZ; SILVA, 2006).

Para uma melhor avaliação do estado do recém-nato, se faz necessário o

controle rigoroso de volumes de infusão parenteral, e por sonda nasogástrica,sendo

registrado a cada hora, bem como perda hídrica e colóide. É necessário também

que seja registrado e medido o débito dos drenos a cada hora, a permeabilidade

deve ser mantida com ordenha, juntamente com a inspeção do curativo, devendo

ser trocado conforme protocolo (PIVA; CARVALHO; GARCIA, 1992).

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Fazendo ainda parte da função do Enfermeiro a orientação ao técnico ou

auxiliar de enfermagem no cumprimento da prescrição médica, conferindo

atenciosamente as soluções prescritas, as drogas, hidratação, sedativos,

analgésicos, diuréticos, digital, antibiótico, e hemoderivados (PATRICIO, 2005).

Após todos esses procedimentos realizados pela equipe de enfermagem, é

função do enfermeiro realizar uma checagem completa do estado do recém-nato, e

do funcionamento dos dispositivos que estão instalados no mesmo (PATRICIO,

2005).

Somando-se a isso, o enfermeiro desempenha importante papel no apoio

aos pais, ao fornecer informações quanto aos procedimentos executados, possíveis

complicações esperadas, e evolução do recém-nato na UTI (AVENA; PEDREIRA,

2006).

Assim para que se tenha um bom desempenho da equipe de enfermagem,

juntamente com a equipe médica é necessário aos membros da equipe domínio das

técnicas realizadas e busca constante de conhecimento, o que conduzirá um melhor

prognóstico do paciente (TAMEZ; SILVA, 2006).

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8 DISCUSSÃO

Tabela 1 – Dados de Identificação: Média de idade dos entrevistados.

Idade N %

21 – 29 7 50

30 – 39 5 35

40 – 49 2 15

50 ou mais 0 0

Total 14 100

A tabela 1 indica que dos Enfermeiros participantes sete (50%) apresentam

idade entre 21 a 29 anos, seguido por cinco (35%) com idade de 30 a 39 anos e dois

(15%) com idade entre 40 e 49 anos.

Tabela 2 – Dados de Identificação: Sexo.

Sexo N %

Feminino 14 100

Masculino 0 0

Total 14 100

A tabela 2 mostra que quatorze (100%) dos Enfermeiros questionados

pertence ao sexo feminino. Indicando um predomínio do sexo feminino em relação

ao sexo masculino, que trabalham na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal deste

Hospital.

Tabela 3 – Tempo de atuação como Enfermeiro.

Anos N %

Menos de 1 ano 3 21

De 1 a 4 anos 7 50

De 4 a 7 anos 2 14,5

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Mais de 7 anos 2 14,5

Total 14 100

A tabela 3 demonstra que sete (50%) dos Enfermeiros participantes

possuem de 1 a 4 anos de atuação como Enfermeiro, sendo três (21%) com menos

de um ano de atuação, acompanhado de dois (14,5%) de 4 a 7 anos e dois (14,5%)

com mais de 7 anos.

Evidenciando que nesta UTI Neonatal, os Enfermeiros atuantes possuem um

tempo mediano de atuação.

Tabela 4 – Foi questionado aos Enfermeiros como o tempo de experiência e atuação pode contribuir para uma melhor assistência intensiva. Dispondo das seguintes possibilidades:

Opinião tempo atuação N %

Resolução dos problemas de forma mais eficaz 4 28,6

Segurança ao funcionário na realização de procedimentos 0 0

Maior confiança, respeito e comprometimento com a assistência 10 71,4

O tempo de atuação não contribui e não influencia na assistência 0 0

Total 14 100

Na tabela 4 cerca de 71,4% da população estudada, ou seja, 10 dos 14

Enfermeiros entrevistados reconhecem que um maior tempo de atuação na área faz

com que a Equipe esteja mais confiante e comprometida com a prestação de uma

assistência de qualidade ao cliente. Enquanto que 28,6 %, ou 4 desses Enfermeiros

defendem opinião de que o tempo de experiência na área faz com que o Enfermeiro

tenha uma visão apurada da situação e consiga resolver com maior facilidade os

problemas cotidianamente encontrados.

O Enfermeiro que atua em uma Unidade de Terapia Intensiva, requer uma

capacidade de lidar com situações cruciais com uma velocidade e precisão

geralmente não necessárias em outras unidades assistênciais, além de ter que

saber lidar com os aparatos tecnólogicos e constantes complicações acometidas aos

clientes (NASCIMENTO; TRENTINI, 2004).

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Portanto, o tempo de experiência e atuação do enfermeiro no ambiente

hospitalar é um fator relevante para uma assistência de qualidade. Uma vez que um

enfermeiro que detém de uma certa experiência, pode com certeza tomar atitudes e

enfrentar possíveis problemas cotidianos de forma mais contundente e segura,

fazendo com que sua equipe tenha confiança e respeito no mesmo, e resultando

assim em um compromisso da equipe com a assistência prestada aos pacientes

(NASCIMENTO; TRENTINI, 2004).

Tabela 5 – Ação da equipe multiprofissional em relação à ansiedade dos pais.

Ansiedade dos Pais N %

Visita supervisionada pela Enfermagem e Psicóloga no período pré e

pós-operatório.

1 7,2

Abordagem das possíveis complicações esperadas. 1 7,2

Orientação de rotinas do Hospital e setor. 3 21,4

Todas as alternativas. 9 64,2

Total 14 100

A tabela 5 aponta que nove (64,2%) dos Enfermeiros que atuam na Unidade

de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital consideram que o diálogo que a equipe,

principalmente o Enfermeiro do setor, realiza com os familiares através de visitas

supervisionadas, abordagem das possíveis complicações da cirurgia e

esclarecimento sobre as rotinas do Hospital e do setor, contribuem para amenizar a

ansiedade dos pais. Porém, três (21,4%) defenderam que apenas orientação sobre

as rotinas do Hospital e do setor são suficientes. À medida que um (7,2%) alega que

somente a visita supervisionada pela Enfermagem e Psicóloga no pré e pós-

operatório é satisfatória para lidar com essa ansiedade. Sendo que um (7,2%)

considera que só uma abordagem feita pela equipe multidisciplinar a respeito das

possíveis complicações esperadas é o suficiente.

De acordo com Whaley e Wong 1999, o incentivo aos pais é essencial para

uma recuperação adequada do recém-nascido, tendo o Enfermeiro um papel

primordial concedendo informações e explicações a respeito dos procedimentos

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realizados e prováveis complicações esperadas. Sendo os primeiros dias de pós-

operatório os mais dificeis para os pais, pois é quando percebem os possiveis riscos.

Defendem ainda que no ambiente hospitalar o enfermeiro, além de cuidar, é

o profissional que contem uma maior proximidade das angustias vividas pela família,

podendo detectar a necessidade de intervenção de outros profissionais de saude

para ajudar na compreensão e cooperação dos pais. Sendo a UTI um ambiente que

reune a equipe interdisciplinar com divisão de trabalho diversificado, com a notável

função de suprir as necessidades emocionais da família.

Tabela 6 – Planejamento de Enfermagem a fim de recepcionar um Recém-nato em POI de Correção Cirúrgica de Cardiopatia Congênita.

Planejamento da Assistência de Enfermagem N %

Dimensionamento prévio de pessoal. 0 0

O planejamento não é realizado, todos auxiliam no plano de cuidados. 0 0

É realizado o dimensionamento no momento que o cliente chega. 1 7

Dimensionamento de pessoal prévio, prescrição de plano de cuidados

básicos para o POI, orientando o funcionário sobre as ações prioritárias na

assistência.

13 93

Total 14 100

A tabela 6 apresenta que treze (93%) dos Enfermeiros optam por fazer o

dimensionamento prévio do pessoal, a prescrição de plano de cuidados básicos de

Enfermagem para o POI e orientação ao funcionário a respeito das ações de

prioridade na assistência ao cliente. Seguido de realização apenas do

dimensionamento no momento em que o paciente chega que aparece em um (7%)

dos entrevistados.

De acordo com Oliveira e Rodrigues 2005, para realizar uma assistencia de

enfermagem de forma eficiente, segura e acima de tudo qualificada, é essencial que

se faça o planejamento da mesma.

Dessa forma, a realização do dimensionamento prévio de pessoal que é

realizado pelo enfermeiro, juntamente com o planejamento de como será prestado a

assistência, é fundamental para uma boa recepção, e estabilização do recém-nato

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na UTI, contribuindo assim na prevenção de possíveis complicações que podem

acarreta-lo nesse processo (SILVA; MAGALHÃES; ESPÍNDULA, 2009).

Tabela 7 – Ações realizadas que contribuem positivamente para a continuidade da assistência de qualidade prestada.

Fatores positivos para assistência de qualidade N %

Educação permanente. 2 14,5

Maior supervisão do Enfermeiro na realização das técnicas. 1 7

Reuniões semanais expondo pontos para melhora. 1 7

Demonstrar espírito de equipe focando um mesmo objetivo, que é o

paciente.

10 71,4

Total 14 100

A tabela 7 representa que dez (71,4%) dos Enfermeiros consideram que

demonstrar espírito de equipe elucidando a importância de todas as funções de

maneira que a equipe tenha o mesmo foco, o paciente. Enquanto que dois (14,5%)

defendem que a educação permanente é suficiente para que se tenha a

continuidade da assistência de melhor qualidade e excelência. Para um (7%) dos

questionados, uma maior supervisão por parte do Enfermeiro, em relação as técnica

executadas pelo Técnico de Enfermagem e/ou pelo Enfermeiro Assistencial, é o

bastante para que se conserve uma assistencia de qualidade. E um (7%) indica que

apenas as reuniões semanais expondo pontos para melhoras se faz suficiente.

Balsanelli, Cunha e Whitaker 2009, defendem que o enfermeiro como líder

de equipe, deve sempre dar exemplo como profissional, ao se portar com ética e

postura adequada dentro do ambiente hospitalar. Dessa forma espera-se que os

membros de sua equipe trabalhem de forma correta, visando sempre a excelência

na assitência prestada ao cliente.

Corroborando a isso Paschoal, Mantovani e Lacerda, 2006, alegam que

quando o enfermeiro tem uma relação cordial com sua equipe, dando a eles a

oportunidade de expor sua deficiências, e ao mesmo tempo oferecer sugestoes para

melhoras através da educação permanente, se estabelece um conjunto de ações

visando a qualidade da assistencia prestada e ao mesmo tempo o

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comprometimento de todos os menbros da equipe, focando todos em um mesmo

objetivo, que é a recuperação do paciente.

Tabela 8 – Elementos que contribuem negativamente para a assistência de qualidade prestada.

Fatores negativos para assistência de qualidade N %

Déficit de profissionais qualificados. 5 36

Equipamentos ultrapassados com mau funcionamento e estrutura física

prejudicada.

1 7

Equipe desmotivada e com sobrecarga de trabalho. 6 43

Sobrecarga de função administrativa do Enfermeiro. 2 14

Total 14 100

A tabela 8 especifica que seis (43%) dos Enfermeiros considera que a

desmotivação da equipe e a sobrecarga de trabalho são os principais fatores que

contribuem de maneira negativa na realização de uma Assistencia de Enfermagem

de qualidade. Sendo que cinco (36%) afirmam que o déficit de profissionais

qualificados é o que mais influi desfavoravelmente na assistencia final prestada.

Seguido de dois (14%) que elegem como alternativa a sobrecarga de função

administrativa do Enfermeiro, que faz com que se adie a educação permanente da

equipe. A medida que um (7%) disse que os equipamentos ultrassados com mau

funcionamento e a estutura física prejudicada é o que mais tem influencia de

maneira desvantajosa.

Segundo Silva (2000), a assistência de enfermagem muitas vezes é

prejudicada, devido alguns fatores que contribuem negativamente para a qualidade

e eficácia da mesma.

Dentre esses fatores podem-se citar, uma equipe desmotivada devido a

sobrecarga de trabalho, a baixa remuneração salarial, a falta de reconhecimento

profissional, e a falta de ética entre os colegas de trabalho.

Todos esses fatores influenciam diretamente na assistência prestada ao

paciente, podendo resultar em ações e procedimentos mal realizados e ineficazes,

resultando assim em uma assitência deficiente que pode prejudicar a evolução do

cliente (SILVA, 2000).

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Tabela 9 – Condutas realizadas para prevenção do mau funcionamento de equipamentos.

Ações preventivas dos equipamentos N %

Verifica todos os equipamentos antes de receber o RN. 4 28,6

Providencia equipamentos de reserva com antecedência. 0 0

Manutenção periódica dos equipamentos. 1 7,1

Todas as alternativas. 9 64,3

Total 14 100

A tabela 9 mostra que nove (64,3%) dos entrevistados assinalam a

verificação de todos os esquipamentos antes de receber o recém-nato, o

providenciamento de equipamentos de reserva com antecedencia e a manutenção

periódica dos equipamento consiste na maneira ideal para previnir o mau

funcionamento de algum destes equipamentos. Enquanto que quatro (28,6%) diz

verificar todos os equipamentos antes de receber o RN em POI e um (7,1%) prefere

fazer somente a manutenção periódica dos equipamentos.

O controle rígido pelo enfermeiro e um programa de manutenção preventiva

são fundamentais para a prevenção do mau funcionamento dos equipamentos.

Constituindo em um conjunto de procedimentos e testes períodicos realizados nos

equipamentos para diminuir a probabilidade de falhas, evitando que funcionem em

más condições ou desfalquem o setor por longo periodo de tempo em função da

espera por concerto (SILVA; SILVA; FRANCISCO, 2006).

Os riscos envolvidos na utilização de equipamentos que não recebem

manutenção preventiva são muito grandes, podendo certamente interferir nos

cuidados e na assistência de enfermagem, influenciando de maneira decisiva a

recuperação do cliente dependente dessa tecnologia (SILVA; SILVA; FRANCISCO,

2006).

Tabela 10 – Complicações frequentemente encontradas pelos Enfermeiros da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.

Principal complicação encontrada N %

Hipotermia. 6 43

Instabilidade do nível pressórico. 0 0

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Instabilidade ventilatória. 0 0

Todas as alternativas. 8 57

Total 14 100

A tabela 10 ilustra que dos Enfermeiros entrevistados oito (57%) se depara

frequentemente com a hipotermia, seguida pela instabiliade do nível pressórico e

instabilidade ventilatória como sendo as principais complicações encontradas

diariamente em Pós Operatório Imediato de Correção Cirúrgica de Cardiopatia

Congênita. Apenas seis (43%) declaram que a hipotermia é a complicação de maior

incidencia.

Conforme Regenga (2000) é definido como complicações pós-operatórias

como quaisquer alterações de função fisilógica relacionadas direta ou indiretamente

ao procediemento cirurgíco realizado.

João e Junior 2003 apontam ainda que, as principais complicações que

podem ocorrer no POI de cardiopatia congenita, estão as de instabilidade do nível

pressórico que envolve a hipertensão arterial, alterações da frequência e ritmos

cardíacos, e alterações da contratilidade da pré-carga e pós-carga.

Enquanto que na instabilidade ventilatória, destacam-se duas complicações

pulmonares, a atelectasia pulmonar e a pneumonia.

A atelectasia é definida como o colapso do alvéolo, ocasionado pela redução

da ventilação pulmonar. Acarreta entre outras coisas, a retenção de secreções

mucosas nas vias áereas, resultando em um importante comprometimento na

hematose, podendo conduzir a uma grave hipoxemia (FELCAR et al, 2008).

A pneumonia é denominada como uma inflamação do parênquima pulmonar

(alveolus), geralmente causada por um processo infeccioso, de origem bacteriana,

podendo propagar-se em apenas um lobo pulmonar ou todo o pulmão (FELCAR et

al, 2008).

Contudo é de extrema importância a inserção da fisioterapia na equipe

multidisciplinar, pois contribiu significamente para um melhor prognóstico do

paciente, ao atuar na prevenção e tratamento de complicações pulmonares,

realizando técnicas especificas, tais como compressão, vibração, percussão,

posicionamento, estimulação da tosse, e exercícios respiratórios, resultando assim

em uma melhor recuperação do paciente (REGENGA, 2000).

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Outras possíveis complicações no POI de cardiopatia congenita incluem, os

distúrbios hemorrágicos, hemorragias gastrintestinais, sindrome da resposta

inflamatória sistêmica, e a hipotermia, que é uma das principais complicações que

acomete o recém-nato na UTI (BRAUNWALD, 1996).

Corraborando, Bissinger e Annibale 2010, diz que, a hipotermia é a principal

causa de morbidade e mortalidade entre os recém-nascidos.

Sendo assim, para detectar e intercerder nas complicações pós-operatórias,

a enfermagem deve sempre se basear nas informações do historico de enfermagem

pré-operatório e nas informações sobre o procedimento cirúrgico realizado, bem

como se certificar sobre episódios de possíveis complicações intra-operatórias

(SOUZA et al, 2008).

A Equipe de Enfermagem exerce importante papel na prevenção e no

reconhecimento precoce dessas complicações, além de colaborar para o seu

tratamento através da implementação de ações e cuidados de Enfermagem

resignados á recomposição do equílibrio das funções orgânicas fisiológicas

(JANSEN et al, 2000).

Tabela 11 – Fármacos frequentemente utilizados no controle da dor.

Fármaco mais prescrito no controle da dor N %

Morfina 12 86

Fentanila 1 7

Dipirona 1 7

Tramal 0 0

Total 14 100

A tabela 11 evidencia a Morfina como o fármaco mais utilizado no controle

da dor, apontado por doze (86%) dos Enfermeiros como o fármaco de primeira

escolha pela equipe médica. Seguido por um (7%) que optou pela Fentanila e um

(7%) que apontou a Dipirona como primeira escolha médica.

A dor é definida como um fenômeno complexo da percepção, subjetivo e de

variadas dimensões. É considerado o quinto sinal vital, sendo assim é imprescindível

que seja avaliada de maneira vital, assim como os demais sinais, ainda mais no que

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diz respeito aos Recém-nascidos. Por muito tempo acreditou-se que os RNs não

sentiam dor, a justificativa para isso era de que seu sistema nervoso ainda era

prematuro. No entanto, nos nossos dias é sábio dizer que a criança começa a

responder a estímulos dolorosos ainda intraútero, mais precisamente a partir da 24ª

semana de gestação (GAÍVA, 2002).

Segundo Gaíva 2002, os fármacos de primeira escolha no combate a dor em

RNs não os analgésicos não opióides, e o único medicamento de uso seguro para o

RN é o Paracetamol. Porém, a Morfina, Meperidina e o Fentanil também estão entro

os mais utilizados no combate a dor em RNs doentes.

Outro grupo de medicamentos que também é muito utilizado nas UTIs

Neonatais são os sedativos, usados para conter a agitação do RN, mas que não

possui efeito analgésico, dentre esses, os mais recomendados são Hidrato de

Cloral, Barbitúricos e Dizepínicos.

Em contraponto, Sakata 2010 enfatiza que os medicamentos anti-

inflamatórios, Paracetamol e Dipirona, por apresentarem uma grande capacidade de

ligação com as proteínas, potencializam os efeitos colaterais em pacientes com

hipoalbuminemia, como é o caso de alguns Recém-nascidos submetidos a correção

cirúrgica de cardiopatia congênita. Desta forma, o uso desses medicamentos

raramente é indicado para pacientes de UTI, pois podem precipitas insuficiência

renal.

Tabela 12 – Intervenção realizada para prevenção da principal complicação em POI de Correção Cirurgica de Cardiopatia Congênita, a hipotermia.

Prevenção da hipotermia N %

A hipotermia não tem influencia na estabilidade do RN. 0 0

Manter o ambiente pré-aquecido antes de recepcionar o recém-nato. 14 100

Reservar uma manta térmica, se necessário. 0 0

Não é realizada nenhuma medida prévia para a hipotermia. 0 0

Total 14 100

Na tabela 12 fica evidente que manter o ambiente pré-aquecido antes de

recepcionar o recém-nato é a principal conduta realizada pelos Enfermeiros da UTI

Neo, com 14 (100%) de escolha dentre os participantes da pesquisa.

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O Ministério da Saúde, BRASIL 2011, define como faixa de normalidade a

temperatura do RN de 36,5 a 37ºC e classifica a hipotermia conforme a gravidade

em: hipotermia leve que varia a temperatura entre 36,0 e 36,4 ºC, hipotermia

moderada de 32,0 e 35,9 ºC, e hipotermia grave com uma temperatura menor que

32,0 ºC.

A hipotermia induz á diminuição da produção de surfactante e aumento do

uso de oxigênio e promove depleção das reservas calóricas, colaborando para o

desenvolvimento ou agravamento de insuficiência respiratória. Dessa forma é de

suma importância que seja administrado medidas no sentido de prevenir a

hipotermia (ROLIM et al, 2010).

O cuidado térmico, englobando a prevenção da hipotermia neonatal é um

componente fundamental do cuidado realizado ao recém-nascido dentro do conjunto

de intervenções básicas recomendadas universalmente para todos os

neonatos.(BRASIL, 2011).

De acordo com Vieira et al 2007, uma ação adotada para a prevenção da

hipotermia é o cuidado ao longo do transporte hospitalar, no qual o recém-nascido

pode ficar sujeito a algumas complicações como a variação da temperatura

corporal, o aumento da frequência cardíaca, o aumento da frequência respiratória, o

maior consumo de oxigênio, dentre outras modificações.

Também é indicado no estudo de Vieira et al 2007, que a hipotermia é a

principal causa de desestabilização do RN durante o transporte.

Agregando a isso Bissinger, Annibale 2010, alegam que a utilização de saco

de polietileno é indicado como uma tecnologia eficaz para minimizar as perdas de

calor, pois eleva as temperaturas dos RNs durante a admissão.

Acrescenta ainda que o uso de colchão térmico, também é um importante

componente na estabilização do paciente, pois além de ser acessível, é altamente

indicado para manutenção da normotermia durante o transporte de RNs.

Tamez e Silva, 1999 apontam que medidas que diminuam as perdas de

calor após a cirurgia, agregando o suporte ventilatório adequado, quando

empregados corretamente, são responsáveis pela redução de doenças respiratórias.

Dessa forma, o uso do ar aquecido e umidificado no decorrer da admissão do

neonato que precisa de suporte ventilatório corresponde a mais um cuidado

essencial proporcionado ao RN.

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A hipotermia neonatal é uma complicação passível de prevenção. Portanto

através da busca constante de conhecimento, a equipe de enfermagem torna-se

instruída e capacitada para intervir e prevenir essa complicação (MARSHAL;

FANAROFF, 1995).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos resultados obtidos através do questionário aplicado aos

Enfermeiros da UTI Neonatal e baseando-se nas ideias de alguns autores, conclui-

se que a enfermagem representa primordial importância na recuperação e

estabilização do paciente por meio de ações direta ou indiretamente prestadas ao

mesmo.

O Enfermeiro como profissional atuante realiza o planejamento da

assistência a ser prestada ao paciente, orientando a equipe sobre as prioridades,

prescrevendo os cuidados básicos no pós operatório, fazendo a distribuição de

pessoal, de forma a organizar as condutas a serem tomadas.

É importante também que se haja a continuidade desta assistência prestada,

ela deve ser iniciada pelo Enfermeiro líder que se coloca diante de todos como

motivador, demonstrando espírito de equipe, elucidando a importância de cada

membro do grupo e fazendo com que todo o empenho tenha como foco o mesmo

objetivo, a excelência da assistência que chega ao cliente e a família.

Na maioria das vezes há a desmotivação da equipe por diversos fatores que

acabam por influenciar diretamente no atendimento prestado ao paciente, como por

exemplo, a sobrecarga de trabalho, equipamentos ultrapassados com mau

funcionamento, estrutura física prejudicada e o déficit de profissionais qualificados,

resultando na realização de procedimentos técnicos de forma errônea ou ineficaz,

prejudicando a recuperação da criança.

A educação permanente é um recurso que pode ser utilizado pelo

Enfermeiro com o objetivo de proporcionar aos seus funcionários uma abertura, para

que sejam expostas suas dúvidas e dificuldades, que são encontradas no cotidiano

hospitalar. Fazendo com que haja entre o Enfermeiro e a equipe um certo

entendimento, uma vez que todos se sintam valorizados profissionalmente e

dispostos a encontrar soluções para os problemas do dia-a-dia.

Observou-se que as complicações mais frequentes encontradas pelos

Enfermeiros da UTI Neonatal são as instabilidades dos níveis pressóricos,

instabilidades ventilatórias e a hipotermia, que é apontada por vários autores como

sendo a de maior incidência. Dentro das instabilidades de nível pressórico estão a

hipertenção arterial, alterações da frequência e ritmo cardíaco, baixo débito cardíaco

e alterações na contratilidade da pré-carga e pós-carga, descritas por alguns autores

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como sendo as mais frequentes. No que diz respeito a instabilidades ventilatórias

destacam-se duas complicações pulmonares, a atelectasia pulmonar e a

pneumonia.

A equipe multiprofissional deve atuar em conjunto, com cada um tendo a

consciência do espaço que ocupa e das obrigações que lhe competem, respeitando

o espaço individual de cada profissional dentro da equipe. Atendendo assim, as mais

diversas necessidades do paciente e de sua família, seja no sentido da doença, bem

como no aspecto psicossocial, econômico, nutricional ou ainda na reabilitação ou

prevenção de possíveis sequelas permanentes.

O Enfermeiro como profissional mais próximo da família, exerce o papel

intermediador, conseguindo identificar as necessidades do paciente e da família,

podendo assim intervir com auxilio dos demais profissionais.

Através da pesquisa podemos observar que o diálogo da equipe de

enfermagem com a família dos recém-nascidos internados na UTI Neonatal, é de

fundamental importância no que diz respeito a diminuição da ansiedade por parte

dos pais e familiares. Ações como o esclarecimento sobre procedimentos realizados

ou não, rotinas do hospital e do setor, visitas supervisionadas pela enfermagem e

psicóloga, fazem com que tenha um maior esclarecimento e cooperação por parte

da família, que é, segundo alguns estudos, indispensável na recuperação dos

recém-nascidos.

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WECHSLER, S. B; WERNOVSKY, G. Distúrbios Cardíacos. In: CLOHERTY, J. P; EICHENWALD, E. C; STARK, A. R. Manual de Neonatologia. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. p. 348 – 385.

WHALEY, L. F; WONG, D. L. Cuidado de Enfermagem Centrado na Família à Criança Doente ou Hospitalizada. In:______. Enfermagem Pediátrica: Elementos Essenciais à Intervenção Efetiva. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. p. 542-801.

WONG, D. L. A Criança com Disfunção Cardiovascular. In: WHALEY, L. F; WONG, D. L. Enfermagem Pediátrica: Elementos Essenciais à Intervenção Efetiva. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. p.784-785.

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APÊNDICES

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Apêndice A

Questionário destinado aos Enfermeiros que atuam na Unidade de Terapia Intensiva

Neonatal de um Hospital Filantrópico de Londrina – PR

Dados de identificação

Idade: (21 a 29) (30 a 39) (40 a 49) (50 ou mais)

Sexo: Feminino ( ) Masculino ( )

1. Qual o seu tempo de atuação como Enfermeiro?

( ) Menos de 1 ano

( ) De 1 a 4 anos

( ) De 4 a 7 anos

( ) Mais de 7 anos

2. A Unidade de Terapia Intensiva demanda que os profissionais que nela

atuam tenham determinadas características, no sentido de atender aos

requisitos do cuidado que se presta neste local, sendo um fator relevante o

tempo que este proficional atua na área. Em sua opinião como o tempo de

experiência e atuação do Enfermeiro pode contribuir para uma melhor

assistência?

( ) Um Enfermeiro que detem um maior tempo de atuação em UTI Neonatal, possui

uma visão apurada da situação, o que possibilita que ele resolva os problemas

cotidianos de uma forma diferente dos Enfermeiros iniciantes.

( ) Com um boa experiência na área o Enfermeiro demonstra segurança aos seus

funcionários fazendo com que eles façam todos os procedimentos necessários

para uma assistência de qualidade.

( ) O Enfermeiro como líder de equipe é continuamente visto como exemplo para a

mesma, um vasto conhecimento teórico e prático juntamente com a experiência

e vivência profissional, faz com que sua equipe além de ter confiança no

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mesmo, tenha respeito e comprometimento com a assistência prestada aos

clientes.

( ) O tempo de atuação na área não contribui e não influência em uma assistência

de qualidade.

3. Uma Cirurgia Cardíaca engloba uma Equipe Multidisciplinar, Médicos,

Enfermeiros, Psicólogos, Nutricionistas, Fisioterapeutas, entre outros

profissionais. Como essa equipe lida com a ansiedade dos pais?

( ) Visita supervisionada pela enfermagem e psicóloga no período pré e pós

operatório.

( ) Abordagem das possíveis complicações esperadas, após a cirurgia.

( ) Orientação a respeito de rotinas do hospital e setor.

( ) Todas as alternativas.

4. Recepcionar uma criança no POI de Cirurgia Cardíaca em uma Unidade de

Terapia Intensiva requer do Enfermeiro um planejamento estratégico. Neste

planejamento os cuidados imediatos a esse paciente são dimensionados, de

modo que a equipe consiga prestar toda assistência da melhor maneira

possível. Em sua vivência hospitalar, como é feito esse planejamento?

( ) Dimensionamento de pessoal prévio.

( ) Não realizo nenhum planejamento ao chegar um cliente em POI, todos auxiliam

no plano de cuidados.

( ) Realizo dimensionamento no momento que recebo meu cliente.

( ) Realizo dimensionamento de pessoal prévio, prescrevo o plano de cuidados

básicos de POI de Cirurgia Cardíaca, deixando o funcionário que assumir o

cliente ciente das ações que devem ser prioridade na assistência.

5. Na prática diária o Enfermeiro assume diversos papéis na sua equipe, além

da sua função de líder. Muitas vezes atua como educador, psicólogo,

nutricionista, entre outros, sempre objetivando prestar uma assistência de

melhor qualidade e excelência. Algumas ações podem ser realizadas para

que essa assistência de qualidade se transforme em rotina. Em sua opinião

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e vivência profissional, qual das citadas abaixo contribuem positivamente

para que sua equipe continue a prestar essa assistência?

( ) Educação permanente.

( ) Maior supervisão do Enfermeiro em relação as técnicas realizadas pelo

profissional de nível técnico e/ou Enfermeiro Assistencial.

( ) Reuniões semanais expondo pontos para melhoras.

( ) Demonstrar espírito de equipe em que todas as funções são importantes, e

devem ser focadas em um mesmo objetivo ‘’o paciente’’.

6. No cotidiano hospitalar muitas vezes os Enfermeiros são surpreendidos

por diversos fatores que influenciam negativamente na assistência que é

prestada ao cliente, deixando o planejamento de cuidados cada vez mais

restrito, focado sempre nas ações principais que devem ser prestados ao

paciente. Hoje o que mais influencia negativamente para que se tenha uma

assistência de qualidade?

( ) Déficit de profissionais qualificados.

( ) Equipamentos ultrapassados em mau estado físico e de funcionamento,

estrutura física prejudicada.

( ) Equipe desmotivada e com sobrecarga de trabalho.

( ) Sobrecarga de sua função como enfermeiro na parte administrativa deixando a

supervisão prática e educação permanente para segunda escolha.

7. Em POI de Cirurgia Cardíaca é de suma importância a monitorização do

cliente juntamente com uma assistência eficaz, sendo necessário o uso de

vários aparelhos como o Monitor Multiparamédico, Ventilador Mecânico,

Capnógrafo, Oxímetro de Pulso, Bombas de Infusão entre outros. Em

relação aos equipamentos citados e os demais utilizados, qual ação você

realiza para evitar um possível transtorno com o mau funcionamento dos

mesmos?

( ) Checo todos os equipamentos antes de receber o recém-nato.

( ) Providencio com antecedência equipamentos de reserva.

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( ) Manutenção periódica dos equipamentos.

( ) Todas as alternativas.

8. Algumas das complicações mais comuns em POI de Cirurgia Cardíaca são:

Alterações do Débito Cardíaco, Distúrbios Hemorrágicos, Alterações da

Frequência e Ritmo Cardíaco, Infecções, Insuficiência Renal entre outras.

Das alternativas abaixo, o que você encontra diariamente de complicação

ao recepcionar um recém-nascido em um POI de Correção Cirúrgica de

Cardiopatia Congênita?

( ) Hipotermia.

( ) Instabilidade de nível pressórico.

( ) Instabilidade ventilatória.

( ) Todas as alternativas.

9. As ações de Enfermagem no POI de Cardiopatia Congênita devem estar

relacionadas às reações e alterações hemodinâmicas que surgem

frequentemente nos indivíduos, exigindo maior atenção da equipe de

Enfermagem. Com relação ao controle da dor enumere de 1 a 4 os

fármacos mais prescritos.

( ) Morfina.

( ) Fentanila.

( ) Dipirona.

( ) Tramal.

10. Uma complicação frequente no POI de Cirurgia Cardíaca é a hipotermia.

Qual ação você realiza para prevenir essa complicação?

( ) A hipotermia não influencia na estabilidade do recém-nascido.

( ) Manter o ambiente pré-aquecido antes de recepcionar o recém-nato.

( ) Reservar uma manta térmica caso necessário.

( ) Não realizamos nenhuma medida prévia para a hipotermia.

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Apêndice B

COORDENADORIA DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

Termo de consentimento livre e esclarecido

Convidamos o (a) Sr (a) para participar da pesquisa: PRINCIPAIS DIFICULDADES

ENCONTRADAS POR ENFERMEIROS AO RECEPCIONAR EM POI RECÉM-

NASCIDOS PÓS CORREÇÃO CIRURGICA DE CARDIOPATIA CONGÊNITA: EM

UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DE UM HOSPITAL FILANTRÓPICO DE

LONDRINA – PR aprovada pelo CEP: 201360 sob a responsabilidade dos

pesquisadores Enfermeira e Professora Marília Barbosa do Vale e discentes Keren

Caroline Carneiro de Lima e Tatiane Aparecida Luiz, do Curso de Graduação em

Enfermagem da Faculdade INESUL. Que tem como objetivo identificar as principais

dificuldades que o Enfermeiro encontra ao recepcionar um recém-nascido em POI

de Cirurgia Corretiva de Cardiopatia Congênita, em um hospital que é referência em

atendimento e tratamento cirúrgico de anomalias cardíacas congênitas nesta cidade.

Procuramos através deste questionário, identificar quais os fatores contribuem e os

que não contribuem para que seja prestada uma Assistência de Enfermagem

adequada, de modo a suprir as necessidades do paciente e da família. Diante dos

dados obtidos, traremos a luz à discussão da importância do Enfermeiro na

elaboração de um plano de cuidados de Enfermagem que atenda as particularidades

de cada um desses pacientes. Contribuindo desta forma, no planejamento,

realização e execução de uma assistência de melhor qualidade. Os sujeitos desta

pesquisa serão profissionais de nível superior que tenham graduação em

Enfermagem e que atuem no setor de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital.

Sua participação é muito importante e se dará por meio do preenchimento de um

questionário objetivo impresso com 10 (dez) questões de múltipla escolha. Seus

dados pessoais não serão divulgados nos resultados da pesquisa.

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Esclarecemos que sua participação é totalmente voluntária, podendo o (a) senhor

(a): recusar-se a participar, ou mesmo desistir a qualquer momento, sem que isto

acarrete qualquer ônus ou prejuízo à sua pessoa. Esclarecemos, também, que suas

informações serão utilizadas somente para os fins desta pesquisa e serão tratadas

com o mais absoluto sigilo e confidencialidade, de modo a preservar a sua

identidade.

Se depois de consentir o Sr (a) desistir de continuar participando basta entrar

em contato com algum dos pesquisadores responsáveis e comunicar sua

desistência sem prejuízo algum para o Sr (a).

Caso possua alguma dúvida você poderá entrar em contato com o comitê de

ética em pesquisas envolvendo seres humanos do Instituto de Ensino Superior de

Londrina – INESUL, pelo telefone (43) 3379-2000 ou com os pesquisadores

responsáveis pelo projeto, respectivamente, Prof. Marília Barbosa do Vale e os

discentes Keren Caroline Carneiro de Lima e Tatiane Aparecida Luiz através dos e-

mails: [email protected], [email protected] ou

[email protected], pelos respectivos telefones: (43) 9638-9218/ (43) 9639-

6335/ (43) 9657-3455, ou ainda diretamente com o Comitê de Bioética e Ética em

Pesquisa da Irmandade da Santa Casa de Londrina – BIOISCAL pelo fone (43)

3373-1643.

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Consentimento pós-informação

Eu,_____________________________________________________________

_______Portador (a) do COREN ____________, declaro que recebi todas as

informações referentes a esta pesquisa e, por isso, estou de acordo em

participar do estudo a fim de contribuir para a melhoria da qualidade

assistencial aos meus clientes, ciente que não receberei qualquer tipo de

remuneração com esse ato e que poderei me desligar a qualquer momento se

achar necessário. Estou ciente também de que não será divulgado nenhum

dado pessoal ou profissional durante a minha participação. Ao fim, faço

presente esta declaração, validando-a com minha assinatura em 2 (duas) vias,

sendo a primeira do pesquisador e a segunda do entrevistado.

Londrina, _______/_______/_______

_______________________________________________________ Assinatura do participante

_______________________________________________________ Assinatura do pesquisador

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ANEXOS

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ARTIGO

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PRINCIPAIS DIFICULDADES ENCONTRADAS POR ENFERMEIROS AO

RECEPCIONAR EM POI RECÉM-NASCIDOS PÓS CORREÇÃO CIRURGICA DE

CARDIOPATIA CONGÊNITA: EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DE

UM HOSPITAL FILANTRÓPICO DE LONDRINA – PR

Keren Caroline Carneiro de Lima1, Tatiane Aparecida Luiz2, Marília Barbosa do Vale3.

RESUMO

Esse trabalho visa destacar as principais dificuldades encontradas por enfermeiros ao

recpcionar recém-nascidos em POI de cardiopatia congenita, e os fatores que contribuem

positivamente e negativamente para uma assistência de enfermagem de qualidade. Os

elementos envolvidos foram investigados e obtidos através de uma pesquisa quantitativa e

descritiva realizada em um Hospital Filantrópico de Londrina Paraná, através de um

questionário destinado aos enfermeiros da Unidade Intensiva Neonatal contendo 10 questões

objetivas de múltipla escolha. Evidenciando o plano de cuidados realizados pelo enfermeiro

juntamente com sua equipe na realização da assistência ao paciente, e medidas de prevenção

em relação as possiveis complicações que pode ocorrer no POI.

Palavras chave: Cardiopatia congênita. UTI neonatal. Assistência de enfermagem.

Recém-natos.

ABSTRACT

This work aims to highlight the main difficulties encountered by nurses to newborns

recpcionar in postoperative congenital heart disease immediately, and the factors that

contribute positively and negatively for quality nursing care. The elements involved were

investigated and obtained through a quantitative and descriptive survey in a Londrina Parana

Charitable Hospital, through a questionnaire for nurses in the Neonatal Intensive Care Unit

containing 10 objective multiple-choice questions. Showing the plan of care performed by

nurses and their team in the realization of patient care, and preventive measures regarding the

possible complications that can occur in the immediate postoperative

Key words: Congenital Heart Disease. Neonatal intensive care unit. Nursing Care. Newborns

Introdução

O coração é uma bomba muscular composta por quatro câmaras cardíacas, além de

quatro valvas que separam átrios de ventrículos e ajudam a controlar a passagem de sangue de

1 Graduando em Enfermagem pelo Instituto de Ensino Superior de Londrina – INESUL. Contato:

[email protected] 2 Graduando em Enfermagem pelo Instituto de Ensino Superior de Londrina – INESUL. Contato:

[email protected] 3 Orientadora, Enfermeira Especialista em Urgência e Emergência, Especialista em Fisiologia Humana, Membro

do Comitê de Aleitamento Materno de Londrina – PR e Docente do Centro Integrado de Ensino de Londrina

– CIE. Contato: [email protected]

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uma porção do coração a outra. O coração encontra-se situado na cavidade torácica, atrás do

osso esterno e acima do músculo diafragma, sobre o qual repousa, no espaço compreendido

entre os dois sacos pleurais (MARQUES; GUIMARÃES, 2009).

A principal função do órgão é bombear o sangue oxigenado proveniente dos pulmões

para todo o corpo e direcionar o sangue desoxigenado até os pulmões aonde dever ser

oxigenado novamente.

As anormalidades do coração e de grandes vasos, quando presentes no nascimento,

são denominadas geneticamente como Cardiopatia Congênita. A maior parte dessas alterações

surge em decorrência do desenvolvimento embriológico defeituoso durante o período

gestacional que se estende da terceira até a oitava semana, no qual estão se desenvolvendo as

principais estruturas cardiovasculares (SANTANA, 2005).

Os defeitos cardíacos congênitos estão divididos em dois grupos, definidas pela

característica física em anomalias cianóticas e acianóticas, que vem sendo desenvolvidas a

partir da ecocardiografia, sugerindo agregação com a classificação baseada em variações

hemodinâmicas (WHALEY; WONG, 1999).

As cardiopatias congênitas ocorrem em aproximadamente 8-10 por 1000 nascidos

vivos. Abrangem 25% de todas as malformações congênitas, 50% das causas por óbito por

malformações congênitas e 15% dos óbitos infantis. Seu reconhecimento é extremamente

importante, dada a rápida deterioração clínica e a alta mortalidade, onde cerca de 20-30% das

crianças morrem no primeiro mês de vida por insuficiência cardíaca ou crises de hipóxia

(TAMEZ; SILVA, 2006).

No Brasil estima-se que nasçam cerca de 20 a 30 mil crianças portadoras de cardiopatias

congênitas por ano. (MESQUITA; IKARI; EBAID, 2000).

Segundo Wong (1999), o nascimento de um bebê com cardiopatia pode ser uma

grave situação para os pais, tanto pela situação clínica, quanto pela “morte” da criança sadia

que, simbolicamente, existia antes do diagnóstico. A enfermagem pode ajudar pais e

familiares na prevenção da enfermidade, o alívio ao sofrimento, assim como a proteção, a

promoção, o restabelecimento da saúde. No caso de crianças cardiopatas, a enfermeira

promove, juntamente com os familiares, as condições de saúde mais satisfatórias, além do

melhor ambiente possível para seu crescimento e desenvolvimento. Tais intervenções podem

ser terapêuticas de apoio e aconselhamento, ou ainda de educação em saúde.

O Enfermeiro possui um papel essencial no POI de cardiopatia congênita, pois além

de coordenar a atuação dos membros da equipe de enfermagem, presta assistência direta ao

paciente. Os avanços relativos ao tratamento cirúrgico de cardiopatias congênitas exigem uma

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contínua capacitação por parte do enfermeiro, pois ao assistir o paciente em POI, necessita de

domínio de conhecimentos específicos como, por exemplo, monitorização com aparelhos de

tecnologia avançada e avaliação hemodinâmica (SANTANA, 2005).

A Assistência de Enfermagem deve ser baseada no conhecimento da evolução da

criança, pois dessa forma contribui para intervenções direcionadas por decisão diagnostica

possibilitando a sistematização da assistência resultando em escolhas de ações adequadas e

consequentemente um melhor prognostico. (LEITE et al; 2006).

Metodologia

Foi realizado um estudo de natureza quantitativa, descritiva, de caráter observacional

no período de novembro a dezembro de 2014, tendo como sujeitos 14 Enfermeiros que atuam

na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI Neonatal) de uma instituição hospitalar de

atendimento terciário, referenciado no atendimento de Cirurgias Cardíacas em crianças

vítimas de Cardiopatia Congênita, localizada na cidade de Londrina, Paraná, Brasil.

Para a coleta de dados foi utilizado um questionário semiestruturado, composto por

10 questões objetivas, contendo cada uma 5 alternativas, sendo aplicado as Enfermeiras da

UTI Neonatal.

O projeto passou pela aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres

Humanos da Faculdade INESUL – Instituto de Ensino Superior de Londrina do qual foi

aprovado com o número 201359 obedecendo a resolução 196/96 do Conselho Nacional de

Saúde/MS e Resoluções Complementares. Posteriormente, passou pela apreciação do

BIOISCAL – Comitê de Ética e Bioética em Pesquisa da Irmandade da Santa Casa de

Londrina e teve o parecer como aprovado de acordo com orientações da Resolução 466/12 do

Conselho Nacional de Saúde/MS e Complementares.

Resultados e discussão

Para a obtenção dos resultados foram elaboradas 10 questões e aplicadas em forma de

questionário a 14 Enfermeiros que atuam na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, do

Hospital Infantil Sagrada Família, localizado na cidade de Londrina, no estado do Paraná.

Através dos dados de identificação presentes no questionário, pudemos observar que

dos 14 Enfermeiros participantes, a maioria, cerca de 50%, tem idade entre 21 a 29 anos e há

uma predominância do sexo feminino, no na UTI Neonatal do referido Hospital, 100% dos

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Enfermeiros são do sexo feminino tendo a maioria, 50% deles, um tempo de atuação como

Enfermeiro entre 1 a 4 anos.

Tabela 5 – Ação da Equipe Multiprofissional em relação à ansiedade dos pais.

Ansiedade dos Pais N %

Visita supervisionada pela Enfermagem e Psicóloga no período pré e pós-

operatório.

1 7,2

Abordagem das possíveis complicações esperadas. 1 7,2

Orientação de rotinas do Hospital e setor. 3 21,4

Todas as alternativas. 9 64,2

Total 14 100

A tabela 5 aponta que nove (64,2%) dos Enfermeiros que atuam na Unidade de

Terapia Intensiva Neonatal do Hospital consideram que o diálogo que a equipe,

principalmente o Enfermeiro do setor, realiza com os familiares através de visitas

supervisionadas, abordagem das possíveis complicações da cirurgia e esclarecimento sobre as

rotinas do Hospital e do setor contribuem para amenizar a ansiedade dos pais. Porém, três

(21,4%) defenderam que apenas orientação sobre as rotinas do Hospital e do setor são

suficientes. À medida que um (7,2%) alega que somente a visita supervisionada pela

Enfermagem e Psicóloga no pré e pós-operatório é satisfatória para lidar com essa ansiedade.

Sendo que um (7,2%) considera que só uma abordagem feita pela equipe multidisciplinar a

respeito das possíveis complicações esperadas é o suficiente.

De acordo com Whaley, e Wong 1999, o incentivo aos pais é essencial para uma

recuperação adequada do recém-nascido, tendo o enfermeiro um papel primordial concedendo

informações e explicações a respeito dos procedimentos realizados e prováveis complicações

esperadas. Sendo os primeiros dias de pós-operatório os mais difíceis para os pais, pois é

quando percebem os possiveis riscos.

Defendem ainda que no ambiente hospitalar o enfermeiro, além de cuidar, é o

profissional que contem uma maior proximidade das angustias vividas pela famila , podendo

detectar a necessidade de intervenção de outros profissionais de saude para ajudar na

compreensão e cooperação dos pais. Sendo a UTI um ambiente que reune a equipe

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interdisciplinar com divisão de trabalho diversificado, com a notável função de suprir as

necessidades emocionais da família.

Tabela 6 – Planejamento de Enfermagem a fim de recepcionar um Recém-nato em POI de

Correção Cirúrgica de Cardiopatia Congênita.

Planejamento da Assistência de Enfermagem N %

Dimensionamento prévio de pessoal. 0 0

O planejamento não é realizado, todos auxiliam no plano de cuidados. 0 0

É realizado o dimensionamento no momento que o cliente chega. 1 7

Dimensionamento de pessoal prévio, prescrição de plano de cuidados básicos para o

POI, orientando o funcionário sobre as ações prioritárias na assistência.

13 93

Total 14 100

A tabela 6 apresenta que treze (93%) dos Enfermeiros optam por fazer o

dimensionamento prévio do pessoal, a prescrição de plano de cuidados básicos de

Enfermagem para o POI e orientação ao funcionário a respeito das ações de prioridade na

assistência ao cliente. Seguido de realização apenas do dimensionamento no momento em que

o paciente chega que aparece em um (7%) dos entrevistados.

De acordo com Oliveira e Rodrigues 2005, para realizar uma assistencia de

enfermagem de forma eficiente, segura e acima de tudo qualificada, é essencial que se faça o

planejamento da mesma.

Dessa forma, a realização do dimensionamento prévio de pessoal que é realizado

pelo enfermeiro, juntamente com o planejamento de como será prestado a assistência, é

fundamental para uma boa recepção, e estabilização do recém-nato na UTI, contribuindo

assim na prevenção de possíveis complicações que podem acarreta-lo nesse processo (SILVA;

MAGALHÃES; ESPÍNDULA, 2009).

Tabela 7 – Ações realizadas que contribuem positivamente para a continuidade da

assistência de qualidade prestada.

Fatores positivos para assistência de qualidade N %

Educação permanente. 2 14,5

Maior supervisão do Enfermeiro na realização das técnicas. 1 7

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Reuniões semanais expondo pontos para melhora. 1 7

Demonstrar espírito de equipe focando um mesmo objetivo, que é o paciente. 10 71,4

Total 14 100

A tabela 7 representa que dez (71,4%) dos Enfermeiros consideram que demonstrar

espírito de equipe elucidando a importância de todas as funções de maneira que a equipe

tenha o mesmo foco, o paciente. Enquanto que dois (14,5%) defendem que a educação

permanente é suficiente para que se tenha a continuidade da assistência de melhor qualidade e

excelência. Para um (7%) dos questionados, uma maior supervisão por parte do Enfermeiro,

em relação as técnica executadas pelo Técnico de Enfermagem e/ou pelo Enfermeiro

Assistencial, é o bastante para que se conserve uma assistencia de qualidade. E um (7%)

indica que apenas as reuniões semanais expondo pontos para melhoras se faz suficiente.

Balsanelli, Cunha e Whitaker, 2009 defendem que o enfermeiro como líder de

equipe, deve sempre dar exemplo como profissional, ao se portar com ética e postura

adequada dentro do ambiente hospitalar. Dessa forma espera-se que os membros de sua

equipe trabalhem de forma correta, visando sempre a excelência na assitência prestada ao

cliente.

Corroborando a isso Paschoal, Mantovani e Lacerda 2006, alegam que quando o

enfermeiro tem uma relação cordial com sua equipe, dando a eles a oportunidade de expor

suas deficiências, e ao mesmo tempo oferecer sugestoes para melhoras através da educação

permanente, se estabelece um conjunto de ações visando a qualidade da assistencia prestada e

ao mesmo tempo o comprometimento de todos os membros da equipe, focando todos em um

mesmo objetivo, que é a recuperação do paciente.

Tabela 8 – Elementos que contribuem negativamente para a assistência de qualidade

prestada.

Fatores negativos para assistência de qualidade N %

Déficit de profissionais qualificados. 5 36

Equipamentos ultrapassados com mau funcionamento e estrutura física

prejudicada.

1 7

Equipe desmotivada e com sobrecarga de trabalho. 6 43

Sobrecarga Administrativa do Enfermeiro 2 14

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80

Total 14 100

A tabela 8 especifica que seis (43%) dos Enfermeiros considera que a desmotivação

da equipe e a sobrecarga de trabalho são os principais fatores que contribuem de maneira

negativa na realização de uma Assistencia de Enfermagem de qualidade. Sendo que cinco

(36%) afirmam que o déficit de profissionais qualificados é o que mais influi

desfavoravelmente na assistencia final prestada. Seguido de dois (14%) que elegem como

alternativa a sobrecarga de função administrativa do Enfermeiro, que faz com que se adie a

educação permanente da equipe. A medida que um (7%) disse que os equipamentos

ultrassados com mau funcionamento e a estutura física prejudicada é o que mais tem

influencia de maneira desvantajosa.

Segundo Silva (2000) a Assistência de Enfermagem muitas vezes é prejudicada,

devido alguns fatores que contribuem negativamente para a qualidade e eficácia da mesma.

Dentre esses fatores podem-se citar, uma equipe desmotivada devido a sobrecarga de

trabalho, a baixa remuneração salarial, a falta de reconhecimento profissional, e a falta de

ética entre os colegas de trabalho.

Todos esses fatores influenciam diretamente na assistência prestada ao paciente,

podendo resultar em ações e procedimentos mal realizados e ineficazes, resultando assim em

uma assitência deficiente que pode prejudicar a evolução do cliente (SILVA, 2000).

Tabela 10 – Complicações frequentemente encontradas pelos Enfermeiros da Unidade de

Terapia Intensiva Neonatal.

Principal complicação encontrada N %

Hipotermia. 6 43

Instabilidade do nível pressórico. 0 0

Instabilidade ventilatória. 0 0

Todas as alternativas. 8 57

Total 14 100

A tabela 10 ilustra que dos Enfermeiros entrevistados oito (57%) se depara

frequentemente com a hipotermia, seguida pela instabiliade do nível pressórico e instabilidade

ventilatória como sendo as principais complicações encontradas diariamente em Pós

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Operatório Imediato de Correção Cirúrgica de Cardiopatia Congênita. Apenas seis (43%)

declaram que a hipotermia é a complicação de maior incidencia.

Conforme Regenga (2000) é definido como complicações pós-operatórias como

quaisquer alterações de função fisilógica relacionadas direta ou indiretamente ao

procediemento cirurgíco realizado.

João e Junior 2003 apontam ainda que, as principais complicações que podem

ocorrer no POI de cardiopatia congenita, estão as de instabilidade do nível pressórico que

envolve a hipertensão arterial, alterações da frequência e ritmos cardíacos, e alterações da

contratilidade da pré-carga e pós-carga. Enquanto que na instabilidade ventilatória, destacam-

se duas complicações pulmonares, a atelectasia pulmonar e a pneumonia.

Outras possíveis complicações no POI de cardiopatia congenita incluem, os

distúrbios hemorrágicos, hemorragias gastrintestinais, sindrome da resposta inflamatória

sistêmica, e a hipotermia, que é uma das principais complicações que acomete o recém-nato

na UTI (BRAUNWALD, 1996).

Corraborando, Bissinger e Annibale 2010, diz que, a hipotermia é a principal causa

de morbidade e mortalidade entre os recém-nascidos.

Sendo assim, para detectar e intercerder nas complicações pós-operatórias, a

enfermagem deve sempre se basear nas informações do historico de enfermagem pré-

operatório e nas informações sobre o procedimento cirúrgico realizado, bem como se

certificar sobre episódios de possíveis complicações intra-operatórias (SOUZA et al, 2008).

A equipe de enfemagem exerce importante papel na prevenção e no reconhecimento

precoce dessas complicações, além de colaborar para o seu tratamento através da

implementação de ações e cuidados de Enfermagem resignados á recomposição do equílibrio

das funções orgânicas fisiológicas (JANSEN et al, 2000).

Tabela 11 – Fármacos frequentemente utilizados no controle da dor.

Fármaco mais prescrito no controle da dor N %

Morfina 12 86

Fentanila 1 7

Dipirona 1 7

Tramal 0 0

Total 14 100

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A tabela 11 evidencia a Morfina como o fármaco mais utilizado no controle da dor,

apontado por doze (86%) dos Enfermeiros como o fármaco de primeira escolha pela equipe

médica. Seguido por um (7%) que optou pela Fentanila e um (7%) que apontou a Dipirona

como primeira escolha médica.

A dor é definida como um fenômeno complexo da percepção, subjetivo e de variadas

dimensões. É considerado o quinto sinal vital, sendo assim é imprescindível que seja avaliada

de maneira vital, assim como os demais sinais, ainda mais no que diz respeito aos Recém-

nascidos. Por muito tempo acreditou-se que os RNs não sentiam dor, a justificativa para isso

era de que seu sistema nervoso ainda era prematuro. No entanto, nos nossos dias é sábio dizer

que a criança começa a responder a estímulos dolorosos ainda intraútero, mais precisamente a

partir da 24ª semana de gestação (GAÍVA, 2002).

Segundo Gaíva (2002), os fármacos de primeira escolha no combate a dor em RNs

não os analgésicos não opióides, e o único medicamento de uso seguro para o RN é o

Paracetamol. Porém, a Morfina, Meperidina e o Fentanil também estão entro os mais

utilizados no combate a dor em RNs doentes.

Outro grupo de medicamentos que também é muito utilizado nas UTIs Neonatais é o de

sedativos, usados para conter a agitação do RN, mas que não possui efeito analgésico, dentre

esses, os mais recomendados são Hidrato de Cloral, Barbitúricos e Dizepínicos.

Em contraponto Sakata (2010) enfatiza que os medicamentos anti-inflamatórios,

Paracetamol e Dipirona, por apresentarem uma grande capacidade de ligação com as

proteínas, potencializam os efeitos colaterais em pacientes com hipoalbuminemia, como é o

caso de alguns Recém-nascidos submetidos a correção cirúrgica de cardiopatia congênita.

Desta forma, o uso desses medicamentos raramente é indicado para pacientes de UTI, pois

podem precipitas insuficiência renal.

Tabela 12 – Intervenção realizada para prevenção da principal complicação em POI de

Correção Cirurgica de Cardiopatia Congênita, a hipotermia.

Prevenção da hipotermia N %

A hipotermia não tem influencia na estabilidade do RN. 0 0

Manter o ambiente pré-aquecido antes de recepcionar o recém-nato. 14 100

Reservar uma manta térmica, se necessário. 0 0

Não é realizada nenhuma medida prévia para a hipotermia. 0 0

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Total 14 100

Na tabela 12 fica evidente que manter o ambiente pré-aquecido antes de recepcionar

o recém-nato é a principal conduta realizada pelos Enfermeiros da UTI Neo, com 14 (100%)

de escolha dentre os participantes da pesquisa.

O Ministério da Saúde, Brasil 2001, define como faixa de normalidade a temperatura

do RN de 36,5 a 37ºC e classifica a hipotermia conforme a gravidade em: hipotermia leve que

varia a temperatura entre 36,0 e 36,4 ºC, hipotermia moderada de 32,0 e 35,9 ºC, e hipotermia

grave com uma temperatura menor que 32,0 ºC.

A hipotermia induz á diminuição da produção de surfactante e aumento do uso de

oxigênio e promove depleção das reservas calóricas, colaborando para o desenvolvimento ou

agravamento de insuficiência respiratória. Dessa forma é de suma importância que seja

administrado medidas no sentido de prevenir a hipotermia (ROLIM et al, 2010).

O cuidado térmico, englobando a prevenção da hipotermia neonatal é um

componente fundamental do cuidado realizado ao recém-nascido dentro do conjunto de

intervenções básicas recomendadas universalmente para todos os neonatos (BRASIL, 2001).

De acordo com Vieira et al 2007, uma ação adotada para a prevenção da hipotermia é

o cuidado ao longo do transporte hospitalar, no qual o recém-nascido pode ficar sujeito a

algumas complicações como a variação da temperatura corporal, o aumento da frequência

cardíaca, o aumento da frequência respiratória, o maior consumo de oxigênio, dentre outras

modificações.

Também é indicado no estudo de Vieira et al 2007, que a hipotermia é a principal

causa de desestabilização do RN durante o transporte.

Agregando a isso Bissinger 2010, alega que a utilização de saco de polietileno é

indicado como uma tecnologia eficaz para minimizar as perdas de calor, elevando assim a

temperatura dos RNs durante a admissão e fazendo que a temperatura seja mantida.

Acrescenta ainda que o uso de colchão térmico, também é um importante componente na

estabilização do paciente, pois além de ser acessível, é altamente indicado para manutenção

da normotermia durante o transporte de RNs.

Tamez e Silva, 1999 apontam que medidas que diminuam as perdas de calor após a

cirurgia, agregando o suporte ventilatório adequado, quando empregados corretamente, são

responsáveis pela redução de doenças respiratórias. Dessa forma, o uso do ar aquecido e

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umidificado no decorrer da admissão do neonato que precisa de suporte ventilatório

corresponde a mais um cuidado essencial proporcionado ao RN.

A hipotermia neonatal é uma complicação passível de prevenção. Portanto através da

busca constante de conhecimento, a equipe de enfermagem torna-se instruída e capacitada

para intervir e prevenir essa complicação (MARSHAL; FANAROFF, 1995).

Considerações Finais

Diante dos resultados obtidos e baseando-se nas ideias de alguns autores, conclui-se

que a enfermagem representa primordial importância na recuperação e estabilização do

paciente por meio de ações direta ou indiretamente prestadas ao mesmo.

O Enfermeiro como profissional atuante realiza o planejamento da assistência a ser

prestada ao paciente, orientando a equipe sobre as prioridades, prescrevendo os cuidados

básicos no pós-operatório, fazendo a distribuição de pessoal, de forma a organizar as condutas

a serem tomadas.

É importante também que se haja a continuidade desta assistência prestada, ela deve

ser iniciada pelo Enfermeiro líder que se coloca diante de todos como motivador,

demonstrando espírito de equipe, elucidando a importância de cada membro do grupo e

fazendo com que todo o empenho tenha como foco o mesmo objetivo, a excelência da

assistência que chega ao cliente e a família.

Na maioria das vezes há a desmotivação da equipe por diversos fatores que acabam

por influenciar diretamente no atendimento prestado ao paciente, como por exemplo, a

sobrecarga de trabalho, equipamentos ultrapassados com mau funcionamento, estrutura física

prejudicada e o déficit de profissionais qualificados, resultando na realização de

procedimentos técnicos de forma errônea ou ineficaz, prejudicando a recuperação da criança.

A educação permanente é um recurso que pode ser utilizado pelo Enfermeiro com o

objetivo de proporcionar aos seus funcionários uma abertura, para que sejam expostas suas

dúvidas e dificuldades, que são encontradas no cotidiano hospitalar. Fazendo com que haja

entre o Enfermeiro e a equipe um certo entendimento, uma vez que todos se sintam

valorizados profissionalmente e dispostos a encontrar soluções para os problemas do dia-a-

dia.

Observou-se que as complicações mais frequentes encontradas pelos Enfermeiros da

UTI Neonatal são as instabilidades dos níveis pressóricos, instabilidades ventilatórias e a

hipotermia, que é apontada por vários autores como sendo a de maior incidência. Dentro das

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instabilidades de nível pressórico estão a hipertenção arterial, alterações da frequência e ritmo

cardíaco, baixo débito cardíaco e alterações na contratilidade da pré-carga e pós-carga,

descritas por alguns autores como sendo as mais frequentes. No que diz respeito a

instabilidades ventilatórias destacam-se duas complicações pulmonares, a atelectasia

pulmonar e a pneumonia.

A equipe multiprofissional deve atuar em conjunto, com cada um tendo a consciência

do espaço que ocupa e das obrigações que lhe competem, respeitando o espaço individual de

cada profissional dentro da equipe. Atendendo assim, as mais diversas necessidades do

paciente e de sua família, seja no sentido da doença, bem como no aspecto psicossocial,

econômico, nutricional ou ainda na reabilitação ou prevenção de possíveis sequelas

permanentes.

Através da pesquisa podemos observar que o diálogo da equipe de enfermagem com

a família dos recém-nascidos internados na UTI Neonatal, é de fundamental importância no

que diz respeito a diminuição da ansiedade por parte dos pais e familiares. Ações como o

esclarecimento sobre procedimentos realizados ou não, rotinas do hospital e do setor, visitas

supervisionadas pela enfermagem e psicóloga, fazem com que tenha um maior esclarecimento

e cooperação por parte da família, que é, segundo alguns estudos, indispensável na

recuperação dos recém-nascidos.

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