instituto de educaÇÃo superior de brasÍlia...
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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE BRASÍLIA
CENTRO UNIVERSITÁRIO
Curso de Jornalismo Digital e Produção Multimídia
Trabalho de Conclusão de Curso
ANA JODELMA SENA NERY DA SILVA
O JORNALISMO CIDADÃO ALIADO ÀS REDES SOCIAIS:
UMA ANÁLISE DO CASO “DIÁRIO DA CEILÂNDIA”
Brasília,
2016
ANA JODELMA SENA NERY DA SILVA
O JORNALISMO CIDADÃO ALIADO ÀS REDES SOCIAIS:
UMA ANÁLISE DO CASO “DIÁRIO DA CEILÂNDIA”
Monografia apresentada ao Instituto de Educação
Superior de Brasília - Centro Universitário, como
exigência para obtenção de especialização em
Jornalismo Digital e Produção de Multimídia.
Orientador: Me. Davi de Castro de Magalhães
Brasília,
2016
Dados Internacionais de Catalogação
pela Bibliotecária, Maria Lúcia Silva CRB1 -1417
C586c
Silva, Ana Jodelma Sena Nery da
Cidadania comunicativa nas redes sociais: uma análise do caso “Diário da
Ceilândia”. – / Ana Jodelma Sena Nery da Silva. - 2016.
67 f. il. ; 21cm x 29,7 cm.
Monografia (Especialização em Jornalismo Digital e Produção de
Multimídia) Instituto de Educação Superior de Brasília - Centro
Universitário.
Orientador: Prof. Me. Davi de Castro.
1.Rede social. 2. Jornalismo na web. 3. Informação. 4. Internet. 5. Jornalismo
Cidadão.
CDU 070:004.7(817.4)
RESUMO
As redes sociais se tornaram ferramentas poderosas para a divulgação instantânea de notícias
e também para que a sociedade entre em contato com o jornalista de forma prática e simples,
enviando imagens, textos e áudios dos fatos que cercam seu dia a dia. O jornalismo cidadão
ganha destaque com a participação da comunidade ao enviar informações para os canais de
notícia ou ao criar páginas online para informar aqueles que vivem em determinada região. A
partir da análise das redes sociais do perfil Diário da Ceilândia, busca-se entender como é
feita a coleta de informações e a participação do cidadão empoderado que interage
diretamente com o canal.
Palavras – chave: Rede social. Jornalismo na web. Informação. Internet. Jornalismo Cidadão.
ABSTRACT
Social networks have become powerful tools for instant dissemination of news and also for
society contact journalist practical and simple way, sending images, texts and audios of the
facts surrounding their day to day. Citizen journalism is highlighted with community
participation to send information to the news channels or to create online pages to inform
those living in a particular region . From the analysis of social networks profile Diário da
Ceilândia, seeks to understand how the collection of information and the participation of
unconsidered citizen who interacts directly with the channel is made.
Key-words: Social network. Journalism on the Web. Information; Internet. Citizen
Journalism.
SUMÁRIO
1………INTRODUÇÃO........................................................................................................... 5
2............OBJETIVOS ............................................................................................................... 7
2.1.........Objetivo geral ............................................................................................................... 7
2.2.........Objetivos específicos .................................................................................................... 7
3............JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 8
4............METODOLOGIA DE PESQUISA ........................................................................... 9
5............FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................... 13
5.1.........Internet e a Sociedade ................................................................................................. 13
5.1.1......WEB2.0............................................................................. ..................... ....................14
5.1.2......As mídias sociais .......................................................... .................... .........................16
5.1.2.1...BLOG............................................................................ ............................ .................18
5.1.2.2...Twitter ............................................................................ ............................ ................22
5.1.2.3...Facebook ........................................................................ ............................. ...............25
5.1.2.4...WhatsApp...................................................................... ............................ .................28
5.1.3......Jornalismo e as Mídias ........................................................................ .......................30
5.2.........A influência do Jornalismo Digital ............................................................................. 28
5.2.1......Credibilidade Informativa ........................................... ................... ............................41
5.2.2......Todo mundo é notícia (Jornalismo Cidadão) .......... .................... ...............................42
5.2.3......Estratégia de conteúdo ................................................. ..................... .........................43
5.3.........Diário da Ceilândia32.......................................................................
.............................50
5.3.1......Conteúdo ........................................................................................... . ........................51
5.3.2......Relacionamento, interação e engajamento .................................... ...........................58
5.3.3......Considerações .............................................................................................................62
6............CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 63
.......REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 66
.......APÊNDICE - Entrevista com Douglas Protázio ........................................................ 74
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1 INTRODUÇÃO
É notório o crescimento de perfis regionais para noticiar informações sobre o dia a dia
das comunidades. Joel Comn (2012) define as redes sociais como “o conteúdo que foi criado
pelo público”. Essas plataformas não são utilizadas apenas pelo cidadão jovem, também tem
grande audiência entre profissionais da informação. Para distribuição de informações e
notícias, por exemplo, o Twitter e o Facebook tem o poder imediato do retorno. Um exemplo
clássico, citado no livro O Poder do Twitter (2009), é o do pastor Carlos Whittaker, o diretor
de Programação de Serviços da Igreja Buckhead em Atlanta, que ficou retido no aeroporto de
Dallas e foi informado que deveria esperar seis horas para o próximo voo. Exausto, o pastor
tweetou sua dificuldade. Em menos de dois minutos, ele recebeu sete e-mails, três
telefonemas e um enorme número de tweets. E surpreendentemente, Trevor DeVage, que faz
parte do grupo de caridade Remedy4ThisHeart, apareceu e ofereceu- lhe uma chave para o
quarto do hotel Hyatt, próximo ao aeroporto. Esse é um dos muitos exemplos de retorno da
rede social.
Neste estudo, iremos refletir o papel do jovem como sujeito mobilizador, capaz de
articular e dar visibilidade à sua comunidade por meio das mídias digitais. Para tanto, a
proposta desta monografia é analisar quais as estratégias utilizadas no site e nas redes sociais
do Diário da Ceilândia (@diariodaceilandia) para adquirir conteúdo e transmitir, através do
Facebook e Twitter, para população da referida região os acontecimentos diários da
comunidade. Além da influência do jornalismo cidadão prestado pela comunidade e a
relevância dada as informações enviadas pelos seguidores do DC. O trabalho fundamenta-se
na análise dos conteúdos publicados nas redes sociais e na pesquisa exploratória feita através
da entrevista com o criador, Douglas Protázio. Por fim, uma sondagem bibliográfica
selecionada a fim de aprofundar a temática com os métodos utilizados para conclusão desta
pesquisa.
À medida que o acesso democrático à rede é ampliado por meio de políticas
públicas, com a implementação de praças, bairros e cidades digitais, os grupos
sociais que antes não tinham voz, nem vez, nos meios de comunicação tradicionais,
tem ao seu alcance meios e espaços que permitem a produção, a comparação, a troca
e avaliação de conteúdo. (Nascimento e Rosa, 2012, p. 4)
No primeiro capítulo percorreremos o campo das redes sociais, especificamente o,
Facebook, Twitter, WhatsApp e os blogs, e analisaremos como elas possibilitam a interação
com o cidadão, bem como elas passaram a influenciar o cotidiano dos indivíduos. O segundo
capitulo mostrará como o panorama social se modificou após a chegada da internet e como a
mídia passou a usar o relacionamento permitido pelos canais online para se aproximar e usar o
6
cidadão como parceiro, neste se encontratendo como âncora o Jornalismo Cidadão. O terceiro
capítulo aponta uma discussão prática a partir do referencial teórico proposto, apresenta-se as
técnicas usadas para a análise das páginas do Diário da Ceilândia. Por fim, visando encerrar o
trabalho expõe-se o tema do trabalho, as estratégias de conteúdo do DC, trabalho autônomo de
Douglas Protázio, como exemplo de Jornalismo Cidadão que permite que o indivíduo torne-se
sujeito do processo comunicacional, como uma possibilidade para articulação e
autorrepresentação das comunidades.
O propósito deste estudo consiste em identificar as principais estratégias de contato
com o cidadão e a efetiva interação possibilitada por essa forma de relacionamento virtual
para obter conteúdo informativo. Dentre estas análises, encontra-se o poder do cidadão em
produzir e participar de um canal que gera conteúdo cidadão.
Com isso, visamos responder as seguintes perguntas: Quais as estratégias usadas para
produção de conteúdo do Diário da Ceilândia e de que maneira as redes sociais funcionam
como ferramenta para participação ativa do público? Para atingir este objetivo estudaremos
quais os principais temas abordados, a linguagem utilizada nas redes sociais, á comunicação
com os seguidores e as estratégias usadas nas mídias sociais, para por fim, compreendermos
como o jornalismo cidadão é aplicado no Diário da Ceilândia.
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Analisar as principais estratégias de utilização das redes sociais adotada pelo
microblog noticioso Diário da Ceilândia para informar a população da região, sobre os
acontecimentos diários da comunidade. Sejam elas por links encaminhados para os contatos
do perfil, pequenos textos com rápidas informações ou retweets e compartilhamentos de
informações postadas por seguidores que estão acompanhando o acontecimento divulgado e
enriquecem a página.
2.2 Objetivos específicos
Os objetivos específicos são:
a) identificar motivações para o uso das redes sociais como meio de interagir com a
sociedade;
7
b) entender como são implementados os critérios de noticiabilidade;
c) identificar rotinas de planejamento que resultem em ações interativas de sucesso;
d) entender de que maneira a expressão sócio cultural pode influenciar nestas
informações;
e) externar a forma que é feita a triagem das informações que são disponibilizadas
para o seguidor da rede e são encaminhados para os sites;
f) constatar os benefícios da utilização das redes sociais para o Diário da Ceilândia,
que teve início como site político e agora usa as redes para divulgar informações
exclusivamente da região.
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3 JUSTIFICATIVA
Desde que me formei trabalho na área de redes sociais, tanto no campo jornalístico
com a divulgação de notícias, quanto em marketing, com a propaganda de alguns
estabelecimentos. O campo digital sempre me atraiu, desde o início do bacharelado em
jornalismo. Nele, é possível ter maior contanto com o leitor, com a fonte e com seu lado
interessado na informação que está sendo publicada. Passei a compreender que o jornalismo
não é mais aquele velho senhor sentado na redação e sim, o jovem que vai para o mundo e
divulga um novo restaurante, posta as fotos do evento que está participando e compartilha
com o próximo que está acontecendo naquele exato momento. Percebi que a maioria dos
perfis que sigo, trazem informações do meio que vivo, me indicam como vai ser o tempo, o
que vai acontecer próximo de onde moro, etc. Em observação amadora vi que os números
dessas páginas estavam crescendo e constatei que a quantidade de pessoas interessadas em
saber de notícias pelas redes socais estavam sempre crescendo. Porém, ainda me surgiu a
dúvida do potencial que esses perfis têm e como eles podem ser explorados, para alcançar
ainda mais pessoas e deixar aqueles cidadãos sempre informados.
O intuito da pesquisa é compreender como as redes sociais podem ajudar com a
divulgação de notícias e interação da sociedade de determinada região. Como o processo da
informação rápida e transparente pode ajudar no dia a dia dos cidadãos.
A escolha da temática surgiu a partir da observação do aumento de perfis criados nas
redes sociais para divulgar trânsito, dicas de turismo, ong’s, eventos, boletins policias e tudo
que envolve certa comunidade. Eles coletam informações com a sociedade ou republicam
dentro de sua própria rede de seguidores.
As redes sociais se tornaram grandes aliadas do jornalismo atual. Elas circulam
informações e são capazes de gerar mobilizações e discursões que podem virar futuras pautas,
pois refletem os anseios de determinados grupos sociais. Além disso, ajudam na filtragem
para garantir a veracidade das informações obtidas. G.O. Zago, citou em Suporte para
Produção e Difusão de Conteúdos Jornalísticos (2008), o Twitter como uma das redes para
disseminar conteúdos, demostrando que as republicações de informações na ferramenta
também têm caráter relevante. A partir desta, vê-se o valor social construído pela difusão de
notícias na ferramenta.
O tema escolhido é certamente um potencializador para veículos tradicionais de
jornalismo e sem dúvidas, o meio de comunicação que alcança a sociedade como um todo,
ajudando e influenciando em suas rotinas diárias. Lusvarghi (2009), observou ainda que as
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redes ampliam as possibilidades do jornalismo regional, que agora disputam espaço com os
veículos nacionais, em suas regiões com qualidade de informação e layout de padrão
internacional.
O assunto pode ainda ser enxergado pelo viés social. Através do jornalismo digital e
das redes sociais é possível ser uma ponte entre as necessidades dos cidadãos e o que elas
precisam saber sobre seus direitos, a partir de um diálogo simples, acessível e eficiente pelos
chats ou na própria linha do tempo.
Assim, busca-se conhecer algumas estratégias utilizadas pelo perfil criado para
auxiliar a comunidade com informações diárias, o Diário da Ceilândia (@diarioceilandia), da
região administrativa do Distrito Federal e o relacionamento do mesmo com o cidadão
conectado as redes sociais, estabelecendo uma relação efetiva dentro dos padrões
comunicacionais.
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4 METODOLOGIA DE PESQUISA
Para a proposta desta pesquisa, de investigar o formato e estratégias utilizadas pelo
jornalismo online em sintonia com as redes sociais, vamos utilizar a análise de conteúdo.
Claudinei José Gomes Campos (2004) comenta que a análise de conteúdo foi sistematizada na
primeira metade do século XX e se tornou uma importante ferramenta na busca dos sentidos
dos artigos e propagandas da imprensa escrita nos Estados Unidos.
O presente trabalho desenvolveu-se inicialmente através da observação e
monitoramento das notícias divulgadas no Facebook, Twitter e no site do Diário da Ceilândia
(DC). Em seguida, foi feito o contato com os produtores de conteúdo das redes e do site a fim
de se obter informações do histórico da página e da forma com que é feita a produção de
conteúdo da mesma.
Para o desenvolvimento desta pesquisa, foi feito um estudo e aprofundamento teórico
por meio do qual foi possível desenvolver discussões que nos fizeram perceber a importância
do potencial das dinâmicas comunicativas usadas no perfil de comunicação na área virtual e
como isso tem sido vital para o jornalismo cidadão.
Com o entendimento dos diversos conceitos delineados nos capítulos teóricos foi dado
início à investigação do procedimento para criação de conteúdo aplicado nas redes sociais do
nosso objeto empírico, o Diário da Ceilândia.
De maneira mais detalhada, a primeira ação foi o monitoramento e seleção de
conteúdos diversos publicados no Facebook, Twitter e site do Diário da Ceilândia entre 24 de
julho e 6 de agosto. O material colhido foi averiguado e subdividido para analisarmos a
linguagem usada em cada rede social, o relacionamento entre seguidor e perfil, a interação
entre eles e se existia uma proposta de engajamento para manter e aumentar o público.
A primeira ação, antes de analisar o conteúdo do perfil, teve como método de pesquisa
uma entrevista semiestruturada , tão livre quanto uma informal, contudo, focada no tema
específico comr o produtor do Diário da Ceilândia pelo aplicativo WhatsApp, para, através
deste contato, descobrir o filtro utilizado na escolha de material para divulgação das
informações que são postadas, saber qual avaliação é feita para definir se aquela informação é
relevante ou não.
Esta pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o
problema, visando trazer respostas sobre como as ferramentas do jornalismo online propiciam
o desenvolvimento do jornalismo cidadão. Duarte (2012) explica que “por ser uma pesquisa
bastante específica, podemos afirmar que ela assume a forma de um estudo de caso, sempre
11
em consonância com outras fontes que darão base ao assunto abordado.” Como neste caso, a
pesquisa bibliográfica e a entrevista com o criador do Diário da Ceilândia compõem os
auxílios ao problema pesquisado.
O objetivo foi obter um panorama sobre utilização dessas mídias como estratégia para
alcançar um conteúdo relevante para sociedade.
Os comentários e compartilhamentos foram analisados a partir da frequência com que
eram realizados pelos seguidores nas redes sociais do Diário da Ceilândia. Avaliou-se
principalmente a fonte das notícias veiculadas, comentadas e compartilhadas nas redes.
Com a seleção das informações a serem analisadas, foi possível definir quais as
principais estratégias utilizadas pelo DC. Algumas das temáticas utilizadas que se destacam,
no Twitter, são a ferramenta de compartilhamento (retweet) e espaço para comentários nas
notícias produzidas pelos mesmos e divulgadas no site da comunidade e na página do
Facebook.
Através da pesquisa exploratória de observação, foi possível familiarizar-se com o
conteúdo que estava sendo monitorado de modo que podemos analisá-lo com maior
compreensão e precisão. Optamos pela seleção de 30 postagens feitas pelo DC dentro dos 14
dias escolhidos e, com isso, foi possível constatar quais pontos necessitam de mudanças para
deslanchar o crescimento das redes sociais e site, além de analisar como se dá o uso do
jornalismo cidadão pelo perfil.
Para o desenvolvimento do estudo de caso proposto e aplicação de tais conceitos,
optou-se pela análise de conteúdo produzida e divulgada nas redes sociais e no site do Diário
da Ceilândia, o que, por se tratar de espaços de sociabilidade, envolvem também a análise das
ferramentas de interação com o público.
O método de análise de conteúdo constitui-se em um conjunto de técnicas utilizadas na
análise de dados qualitativos. Assim sendo, é uma importante ferramenta para pesquisas que
envolvam a mensagem e o conteúdo publicado. Segundo Bardin (1979) o método pode ser
defino como “[...] a manipulação de mensagens (conteúdo e expressão desse conteúdo), para
evidenciar os indicadores que permitam inferir sobre uma outra realidade que não a da
mensagem”. Desta forma Bardin configura a análise de conteúdo como um conjunto de
técnicas sistemáticas com o objetivo de descrição do conteúdo das mensagens.
Porém, este conceito não é suficiente para definir a especificidade da técnica. Campos
(2004) acrescenta que a intenção da mesma é chegar à conclusão de conhecimentos relativos
às condições de produção, inferência esta que ocorre a indicadores quantitativos ou não.
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Desta forma, a técnica de análise de conteúdo refere-se ao estudo tanto das dimensões
da linguagem: a semântica e a sintática. A compreensão dessas duas dimensões, que geram,
por sua vez, as unidades de análise: os elementos textuais capazes de fazer com que o
pesquisador consiga inferir mais do que a realidade do próprio texto (CARVALHO, 2012).
Ainda frisa a importância das novas abordagens conceituais e utilização do método a seguir:
Pode-se por assim dizer que o método de análise de conteúdo é balizado por duas
fronteiras: de um lado a fronteira da linguística tradicional e do outro o território da
interpretação do sentido das palavras (hermenêutica). (CAMPOS, 2004, p.2).
Nessa análise de conteúdo, as mídias sociais identificadas foram analisadas uma a
uma, verificando-se a forma que viabilizam a participação do cidadão. Analisou-se ainda as
notícias de cunho cultural disponíveis no site e com links direcionados para as redes. O
Facebook, o Twitter e o site foram estudados de forma individual. Os critérios utilizados
foram:
a) os temas abordados que se aproximam mais do cotidiano do cidadão;
b) a linguagem utilizada na produção de informações do site e das redes sociais
(Facebook e Twitter);
c) o diálogo entre o DC e o cidadão;
d) o incentivo para participação dos seguidores;
e) as estratégias na utilização de mídias sociais.
O estudo tem o objetivo de identificar as principais estratégias de produção de conteúdo
do Diário da Ceilândia e avaliar as potencialidades que a interação com o cidadão podem
trazer para o jornalismo online e local.
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5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
5.1 INTERNET E A SOCIEDADE
Nos anos 90 a internet no Brasil foi iniciada para fins acadêmicos e científicos, com
acesso restrito a professores e funcionários de universidades e instituições de pesquisa.
Somente em maio de 1995, deixou de ser privilégio das universidades e chegou às mãos da
população brasileira. Desde então o número de provedores que oferecem o serviço e o número
de usuários que utilizam este recurso aumentam a cada ano.
De acordo com relatório divulgado pela União Internacional de Telecomunicações
(ITU), em novembro de 2014, o número de usuários da internet no mundo cresceu 6,6% em
2014, de 2,7 bilhões para quase 3 bilhões. Até o final desta década, a ITU garante que irá
trazer mais 1,5 bilhão de pessoas para o mundo web.
Nesta mesma data, o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) divulgou que 81,5
milhões da população local têm acesso à internet pelo celular, este número representa 47% da
população. Em 19% dos casos, o aparelho é o único meio de acesso à rede.
Gráfico 1 – Porcentual de usuários da internet por equipamento. (2014) (Em %)
Fonte: TIC Kids On-line (2014)
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Entre as atividades realizadas pelos internautas, o envio de mensagens instantâneas por
redes sociais ou aplicativos chega a 83%. A participação de redes sociais é razão do acesso de
76% dos usuários. E 58% dos internautas usam a rede para assistir vídeos ou filmes (Agência
Brasil, EBC. 2015).
A forma de se relacionar da sociedade tem se modificado graças às diversas maneiras
de interação entre cidadãos, empresas corporativas, instituições governamentais e outros
setores da sociedade. Essa forma de relação, criou a “Sociedade da Informação”, que:
com o advento das novas tecnologias de informação e comunicação, e de um modo
especial, da Internet e da Comunicação Mediada pelo Computador, desenhou-se
também um novo espaço informativo a sociedade, não mais inteiramente dominado
pelos chamados meios de comunicação de massa, mas igualmente, pelos fluxos
gerados por essas tecnologias. (RECUERO, Raquel. 2011, p. 4).
É fundamental exaltar que o homem é um ser social. Desde os primórdios ele explora
as relações em todas as possibilidades e tem o benefício da visibilidade social quando age e
fala. Levando em consideração a história, o ambiente interativo que a internet disponibiliza,
proporcionou ao indivíduo a possibilidade do discurso aberto, permitiu que possa comunicar
aquilo que é inerente às suas convicções, à sua realidade, ao seu cotidiano.
Dessa forma, a internet possibilitou mudanças significativas nas estruturas sociais e na
maneira de se comunicar. Neste capítulo entenderemos sua essência: ás conexões em rede,
plataformas de redes e a expansão da Web 2.0, surgindo com elas ás possibilidades de
conversação e colaboração aberta, que foram rapidamente adotadas pelos que utilizam a
internet. Para Manuel Castells (2009), o surgimento destes novos sistemas está mudando e
mudará para sempre nossa cultura.
5.1.1 Web 2.0
Utilizamos o termo Web 2.0 quando falamos de uma segunda geração de comunidades
e serviços oferecidos na internet, são elas as redes sociais (Facebook, Twitter, entre outras).
Segundo Teixeira (2012), em “Da comunicação humana a comunicação em rede: uma
pluralidade de convergências”, a empresa americana “O’Reilly Media” foi a responsável pela
origem do marco online em 2004, quando utilizou para designar um conjunto de ferramentas
que inovaria o mundo da informática. Não se tratava de atualizações técnicas, e sim da
mudança na forma como são utilizadas pelos usuários e desenvolvedores, entre elas podemos
citar: as interações, a participação dos usuários e as novas linguagens que surgiram nesse
campo.
15
Porém, mais do que o aperfeiçoamento da “usabilidade”, o autor enfatiza o
desenvolvimento do que chama de “arquitetura de participação”: o sistema
informático incorpora recursos de interconexão e compartilhamento. Por exemplo,
nas redes peer-to-peer (P2P), voltadas para a troca de arquivos digitais, cada
computador conectado à rede torna-se tanto “cliente” (que pode fazer download de
arquivos disponíveis na rede) quanto um “servidor” (oferta seus próprios arquivos
para que outros possam “baixá-lo”). Dessa forma, quanto mais pessoas na rede, mais
arquivos se tornam disponíveis. Isso demonstra, segundo O’Reilly, um princípio
chave da Web 2.0: os serviços tornam-se melhores quanto mais pessoas o usarem.
(PRIMO, 2007, p. 2)
A frequência do uso da Web 2.0 foi responsável por um aumento significativo no
conteúdo existente na Internet e, com isso, a velocidade e a facilidade em encontrar diversos
aplicativos e conteúdos na rede foram expandidas. Segundo Araújo [20--?], isso ocorreu por
conta da frequência de visitações, estas páginas alteraram inclusive esses conceitos. “A
interação social é caracterizada não apenas pelas mensagens trocadas e pelos interagentes que
se encontram em um dado contexto (geográfico, social, político, temporal), mas também pelo
relacionamento que existe entre eles.” (PRIMO, 2007, p. 4).
Com as atualizações o ambiente online se tornou mais dinâmico e a Web 2.0 permitiu
que os usuários colaborassem para a organização de conteúdo, ou seja, eles deixaram de ser
espectadores e ganharam o poder de interagir, criar conteúdo e divulgar sua opinião sobre os
assuntos apresentados nas redes. A única limitação imposta é a necessidade de fazer um
cadastro nas ferramentas de Web 2.0, onde você cria um perfil com suas informações pessoais
e recebe o acesso para publicar seu conteúdo.
A força da presença dos usuários na Web 2.0 pode ser citada em diversas ocasiões, por
exemplo os resultados da união de usuários insatisfeitos com os políticos e que, por isso,
marcam manifestos com milhares de simpatizantes da causa e organizam piquetes, barricadas
pelas ruas e passeatas. Primo (2007) expõe essas interações como uma construção coletiva,
inventada pelos interagentes durante determinado processo e que os resultados não podem ser
manipulados unilateralmente, nem previamente. Segundo o autor, mesmo que os participantes
da rede não se conheçam e uma conversação física não seja possível, os recursos e bens
produzidos dessa interação são públicos:
[...] a coletividade não é apenas um mecanismo tecnológico e um estoque digital. O
conteúdo oferecido pela coletividade é em sua maior parte produzido por eu, vós e
eles, e por outros sujeitos que eu nunca interagiu. Quando eu escreve em um verbete
na Wikipédia, ele está a princípio interagindo com a coletividade. Ele passa a
participar de um texto coletivo escrito pela coletividade. (PRIMO, 2007, p. 13).
Esta liberdade de compartilhar conteúdo, citada por Primo, é exaltada como a voz que
possibilita que o indivíduo torne-se sujeito do processo comunicacional. Segundo Nascimento
e Rosa (2012), a sociedade encontra na Web 2.0 o canal para a transformação que necessita.
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“Pensar nas mudanças da web também é refletir sobre as ferramentas que permitem o sujeito
se autorrepresentar e de articular sua comunidade no ciberespaço.”.
Segundo Muniz Sodré (2005 apud NASCIMENTO; ROSA, 2012, p. 7) a possibilidade
de ter voz ativa e intervir nas instâncias decisórias do governo, sendo assim, a “ruptura dos
polos de emissão e de recepção” é um dos benefícios de destaque na geração online, assim
como:
Vale destacar que as minorias que antes não tinham formas de obter visibilidade na
mídia hegemônica, rompem com esse paradigma no cenário da Web 2.0, pois muitos
têm ao seu alcance meios para a gestão da comunicação da própria comunidade. Por
meio de mídias alternativas como redes sociais digitais. (NASCIMENTO E ROSA,
2012, p. 6).
5.1.2 As mídias sociais
No universo da web 2.0, as mídias sociais são grandes aliadas dos usuários para a
produção e difusão de conteúdo. Comn (2009) as define como “conteúdo que foi criado pelo
seu público”. Elas não criam notícias e não fazem a publicação de filmes ou imagens que os
clientes querem ver, apenas permitem que os usuários façam tudo isso por seu próprio
interesse. As diversas alternativas do novo modo de serviço de comunicação e entretenimento
vão além dos tradicionais blogs, microblogs (Twitter), redes sociais e sites de
compartilhamento de conteúdo multimídia. A sociedade gasta cada vez mais tempo
interagindo com outras pessoas através delas.
Antes de chegarmos a essas atuais mídias, é importante relatar os primeiros serviços
online que possuíam características de comunicação digital. O CompuServe foi o primeiro
serviço comercial de conexão à internet muito propagado nos EUA, em 1969. O envio dos e-
mails foi considerado o segundo passo, sendo seguido do Bulletin Board System (BBS), um
sistema criado por dois entusiastas de Chicago para convidar seus amigos para eventos e
realizar anúncios pessoais.
Em 1985, a America Online (AOL), marcou a história das mídias sociais quando
passou a fornecer ferramentas para que as pessoas criassem perfis virtuais nos quais podiam
descrever a si mesmas e criar comunidades para troca de informações e discussões sobre os
mais variados assuntos, e, em 1997, foi implementado o famoso bate-papo de mensagens
instantâneas, o pioneiro entre os chats.
Foi em 1994 que o mundo conheceu os pioneiros em redes sociais. O The Globe, que
permitia que seus usuários personalizassem as suas experiências online publicando conteúdos
pessoais e interagindo com pessoas que tivessem interesses em comum. E o Classmates, que
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visava disponibilizar mecanismos com os quais os seus usuários pudessem reunir grupos de
antigos colegas de escola e faculdade, viabilizando troca de novos conhecimentos e o simples
ato de marcar reencontros.
A definição de mídia social é um tanto vaga. Em visão mais ampla, descreve uma forma
de publicação em que as histórias são trocadas em vez de publicadas:
A troca de conteúdo ocorre dentro da comunidade, como um bate-papo em um
restaurante [...]. Qualquer que seja a definição, porém, a mídia social tem se
mostrado incrivelmente popular. (COMN, 2009, p. 3).
O ano de 2002 foi marcado pela estreia do Fotolog, que consistia em publicações de
fotografias acompanhadas de pequenos textos onde o usuário expressava seus pensamentos,
sentimentos etc. Ele também permitia que você acompanhasse as publicações de conhecidos e
as comentasse. Em seguida, foram lançados perfis voltados para contatos profissionais:
LinkedIn e o MySpace, que permitiam comunicação online através de uma rede interativa de
fotos, blogs e perfis de usuário. Ambos permanecem no ar.
Já 2004 foi considerado o ano das redes sociais, pois foram lançados o Flickr, o Orkut
e o Facebook, o qual apesar de ser atualmente a rede de maior uso entre os internautas, só
chegou à grande massa de usuários em 2006, ano em que foi lançado o Twitter, o microblog
que continua popular nos dias atuais.
Segundo a pesquisa da GlobalWebIndex 1 , do 4º quadrimestre de 2014, 47% dos
brasileiros possuem conta em redes sociais. Em ordem crescente, as mais usadas são: O
Badoo, rede social voltada para relacionamentos e conhecer pessoas; O Pinterest, criado para
o compartilhamento de fotos através de quadros; O LinkedIn, rede social onde os usuários
descrevem seu currículo e qualidades profissionais; O Instagram, para compartilhar fotos e
vídeos sociais; O Twitter, microblogging para postagem de pequenas mensagens; O Google+,
mais utilizado por empresas para coletar maior número de informações possíveis sobre
determinado assunto; Facebook Messenger, o chat direto ou para grupos fornecido para
usuários do Facebook, e a mais utilizada no Brasil, o Facebook. De acordo com a
GlobalWebIndex, ele está presente em 76% dos smartphones do país e 25% dos brasileiros
fazem uso desta rede social.
1http://analise.digital/blog/informacao/quais-sao-as-redes-sociais-mais-usadas-no-brasil/
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5.1.2.1 Blog
Atualmente, a sociedade tem grande disponibilidade de meios de comunicação,
permitindo que o homem interaja por meio das chamadas Tecnologias da Informação e
Comunicação (TIC’s). Uma delas é o blog, definido por Recuero (2008) como websites
frequentemente atualizados com textos organizados por ordem cronológica e datados.
Contudo, estudiosos como Blood (2002) questionam o quanto um site deve ser atualizado para
que seja um weblog.
As interpretações variam, uma delas é feita por Barbosa (2003 apud RECUERO,2008,
p. 6), o qual define o blog como “uma ferramenta que facilita a publicação pessoal, anexando
à estrutura o caráter da pessoalidade”. Contudo, Marlow (2004) considera os weblogs como
uma mídia que difere das demais pelo seu caráter social, onde milhões de autores escrevem
para a sua própria audiência. O similar entre os autores é a percepção do blog como uma
ferramenta capaz de gerar comunicação através do computador, conforme:
Seu uso passou a crescer progressivamente, e hoje é uma ferramenta com múltiplas
finalidades, sendo estas muito utilizadas em empresas, em bibliotecas, e no meio
universitário. Constantemente usado como forma de propagação de informações
entre os usuários da comunidade acadêmica (próprios graduandos como também
professores), tornou-se principalmente um novo sistema de compartilhamento de
informações. (OLIVEIRA, A.; SANTOS, E. 2011, p. 2.).
Vale lembrar que Jorn Barger foi o autor do primeiro FAQ – Frequently Asked
Questions. Lançado em dezembro de 1997, a versão pioneira se tratava de um sistema onde o
usuário relatava tudo o que considerasse relevante na internet. A novidade tão logo ganhou o
termo “weblog” como definição. Peter Merholz foi o responsável pelo nome que conhecemos
atualmente, ele desmembrou a palavra weblog para formar a frase “we blog” na barra lateral
de seu blog e o termo foi disseminado rapidamente pela web. O blog mais antigo ainda na
ativa é o Scripting News, no ar desde abril de 1997, de Dave Winer, contudo Winer considera
como o primeiro blog o primeiro site que surgiu na web, o http://info.cern.ch/ , criado por Tim
Berners-Lee, na Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (WINER, 2002).
As publicações que, inicialmente, só podiam ser encontradas através da navegação
cronológica ganharam, no ano 2000, seu destaque. O Blogger.com, uma plataforma gratuita
de blogs que pertence ao Google desde 2003, lançou o permalink, que segundo Comunello
(2015), é o link permanente que indica qual é o conteúdo da página e usa palavras-chave para
alcançar melhores posições nos resultados das buscas. Com ele, cada postagem feita no blog
passou a receber sua própria URL, facilitando para que os visitantes encontrassem, com mais
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facilidade, o que procuravam, e os blogueiros fizessem uma publicação específica em
qualquer blog, por exemplo: www.seublog.com.br/historia_do_blog.html. Como:
A simplicidade com que se pode publicar textos em um blog fez com que a
ferramenta alcançasse uma relativa popularidade no mundo todo. Atualmente, mais
de dez anos depois em que o termo blog foi cunhado, existem 112,8 milhões de
blogs indexados pelo Technorati, sendo que 120 mil novos blogs surgem a cada dia.
(ZAGO, 2008, p. 2).
Segundo Recuero (2008), o uso dos blogs como diários pessoais foi uma das primeiras
reações dos usuários. Passou-se a utilizar o espaço online para publicar expressões pessoais,
experiências diárias, pensamentos e o que mais o autor julgasse relevante.
Esses diários virtuais contribuíram para que surgisse a blogosfera, onde os usuários
passaram a citar uns aos outros através da inclusão de links em suas postagens, criando uma
rede de referências entre blogs. Cipriano (2008) diz que ''com tantas pessoas em busca de
ideias e boa conversação na blogosfera pode-se concluir que a vontade presente em cada leitor
ou escritor de blogs é interagir, conversar, expor pensamentos e receber reconhecimento de
seus companheiros virtuais''. A partir desta percepção, os blogueiros conquistaram
notoriedade e começaram a ser vistos pelas empresas de comunicação como uma
oportunidade de se aproximar dos seus leitores (SOUZA e CASTRO, 2013). Porém, ainda
eram escassos os materiais para imergir na nova forma de semear notícia, então blogueiros
independentes passaram a se especializar em determinados assuntos e ganhar relevância na
web.
Gráfico 2 – Atividades realizadas online por empresas com maior presença
nas redes sociais (2011). (Em %)
Fonte: Mídias Sociais.net (2011).
Algumas empresas investiram nos blogs como fonte de renda. Isso passou a ocorrer
através da automatização. Esses investidores disponibilizavam um template, modelos de sites
prontos que permitem o usuário se basear para construir seu site, e um backoffice, sistema que
coordena e gerencia atividades do sistema web, onde uma pessoa leiga no assunto poderia
20
desenvolver seu blog. Este backoffice era uma ferramenta de texto comum que ao digitar uma
publicação o sistema transformaria tudo em código Html, linguagem de marcação utilizada
para produzir páginas na Web, automaticamente. De acordo com Zago (2008), os blogs
podem ser considerados publicações vinculadas ou não a uma ferramenta específica,
caracterizados pela presença ou ausência de um conjunto típico de elementos.
Uma das pioneiras a desenvolver um sistema para automatizar a publicação de blogs
foi a empresa Blogger, uma empresa que soube como facilitar a publicação de
artigos com uma interface muito simples que qualquer leigo poderia muito bem
aprender e desvendar em 20 ou 30 minutos todas as suas ferramentas, sendo assim,
muitas pessoas com idade acima de 12 anos já conseguiam facilmente criar o seu
próprio blog, e como o custo de criação, edição e atualização era zero, o sistema de
blogs se popularizou rapidamente. (NOVAES, 2008).
A ferramenta que permite que você “assine” um blog é conhecido como feed e foi
lançada em meados de 2004. Ela tornou possível visualizar qualquer blog utilizando um
programa ou um leitor de feed. A partir de então, você pode ler resumos das postagens de
quantos blogs quiser, basta adicionar na lista e automaticamente aparecerá as atualizações sem
necessidade de visitar todos os endereços.
As trocas de comentários e links são classificados por Mishne e Glance (2006) como
ferramentas de publicação que possuem impacto social e auxiliam na construção de estruturas
sociais. Esta interação dos seguidores é valorizada pelos blogueiros, sendo considerada
fundamental para que se continuem com as publicações. “Esses apontamentos podem mostrar
que os comentários são elementos significativos da cultura dos blogs, e que, se não essenciais,
muito importantes como elementos de motivação para os blogueiros e fundamentais como
ferramentas de interação social.” (RECUERO, 2008).
Na blogosfera, o jornalismo se encaixa como “Diário Informativo”, eles tratam de
assuntos gerais ou em alguns casos de um tema específico, como uma região administrativa,
agenda cultural, entre outros. Este tipo de blog pode ser abastecido de forma individual ou em
grupo, além ter a possibilidade de contar com a participação dos visitantes, enviando pautas e
informações por meio de comentários. “Outro aspecto decorrente da apropriação dos blogs
enquanto ferramenta de comunicação é a constituição de estruturas sociais. Compreendendo
os blogs como ferramentas de comunicação” (RECUERO, 2008, p. 10)
Os blogs, de certa forma, revitalizaram a Internet em vários campos, sobretudo no
jornalístico. Da simples transposição do conteúdo produzido nos jornais impressos
como ocorreu num primeiro momento na rede mundial de computadores, o
jornalismo digital vive hoje o período de evolução, onde já é possível observar
características próprias de um meio ainda em construção. (QUADROS; ROSA;
VIEIRA, 2005, p. 14).
21
A pesquisadora Raquel Recuero (2003) destaca a importância das informações
publicadas nos blogs em ocasiões de cobertura escassa para imprensa, como nas guerras do
Iraque e no Afeganistão:
[...] em 2005 foi publicado Baghdad Burning: Girl Blog From Iraq, de autoria de
Riverbend. O livro consiste no testemunho de uma jovem na zona de guerra do
Iraque durante sua ocupação pelos Estados Unidos e ganhou um importante prêmio
de Jornalismo Literário (Lettre Ulisses Award). [...] Especificamente sobre a Guerra
do Afeganistão, é lançado em 2007, Captains Blog - The Chronicles of My Afghan
Vacation, por Mark Bromwich. O livro traz as postagens feitas por um soldado no
Afeganistão em um blog, ainda que não tenha sido feita por um jornalista, tem a
função de informar sobre o mundo desta guerra. (RECUERO, 2008, p. 7).
5.1.2.2 Twitter
Conhecido como um microblog o Twitter ganhou a atenção do público online por
servir como um espaço para divulgar sua opinião e passar informações diárias a seus
seguidores, assim como os bloggers. A palavra é derivada de Tweeter, que significa,
literalmente, alto-falante. Foi idealizada em 1992, porém, só passou a existir em 2006. Seu
criador é o americano Jack Dorsey, que na época tinha 32 anos e era um desconhecido
programador de softwares para rastrear táxis. A ideia surgiu durante uma reunião de discussão
de propostas, ele falava sobre um serviço de troca de status, indicando a posição em que o
usuário está, como em uma mensagem de celular. Para viabilizar a rede, Dorsey convenceu o
criador do Blogger, Evan Willians, a apostar na sua ideia.
Inicialmente, o texto curto de até 140 caracteres, conhecidos como "tweets", foi
pensado para facilitar o uso pelo celular. O objetivo é que cada usuário respondesse a
pergunta “o que você está fazendo agora?” e que isso fosse acompanhado por quem se
interessasse.
A mídia social divulgou2 que o número de pessoas conectadas ao microblog chega a
320 milhões de usuários ativos mensais, sendo 500 milhões de tuítes enviados por dia. O
Brasil é um dos cinco principais mercados do mundo para o Twitter: 68% dos usuários
brasileiros visitam a plataforma diariamente e a maioria é feita por celular. As visitas se
dividem em 58% visando compras, 69% assistindo a programas de TV e 81% para seguir
2 Guilherme Ribenboim, VP do Twitter para a América Latina, 19 de abril de 2016, online.
http://projetodraft.com/o-twitter-esta-sendo-uma-plataforma-fundamental-nesse-momento-atual-do-brasil/
22
marcas e empresas. O Twitter é o quarto site mais visitado no Brasil entre as mídias, com
estimativa de que 64% dos usuários têm entre 25 e 54 anos.
O diferencial dessa mídia de relacionamento para outras é definido por seu criador
como um espaço para notícias, onde cada um atualiza em texto sua vida. Quem quiser, segue.
Ou seja, você pode ser seguido por um usuário sem ser um seguidor dele, não existe a
necessidade do vínculo de amizade. Recuero (2011) concorda ao afirmar que no Twitter as
conexões são construídas a partir da associação entre os atores e não necessariamente a
interação.
Conforme sua presença cresça no Twitter, pessoas que você não conhece vão
começar a seguí-lo. Esses são os tipos de indivíduos semelhantes aos que leem seu
blog ou visitam seu site. O número de pessoas que você segue será
significativamente menor, pois há mais mensagens do que você possa ler, assim
como há um número infinito de blogs que você possa ler ou de páginas da Web que
possa visitar. (LON e BRAKE, 2009, p. 15).
Com a movimentação de informações instantâneas nas mídias sociais, os veículos de
comunicação rapidamente se deram conta que estavam perdendo espaço e aderiram à nova
forma de mercado, criando produtos específicos para um público segmentado. Também,
através do Twitter, foi ampliada a possibilidade do jornalismo regional, agora blogs disputam
espaço com veículos nacionais. “O que causa a notícia fast food, servida com o mesmo
conceito dos hamburgueres de lanchonete: não é original, está longe de ser o melhor, mas é
uma garantia de prestação de serviços em tempo recorde” (LUSVARGHI, 2004).
Assim, a mídia social, que inicialmente era utilizada apenas para que seus usuários se
comunicassem sobre situações corriqueiras do dia a dia, potencializou a distribuição de
informações diárias dos meios de comunicação, incluindo outras mídias, como links de blogs,
permitindo que a população pudesse interagir e se informar sobre os acontecimentos do seu
bairro, estado e até do outro lado do mundo rapidamente – sem necessariamente passar pelo
crivo jornalístico. Os relatos em tempo real foram um dos principais atrativos para que o
Twitter ganhasse importância junto à mídia. Como exemplifica:
Dependendo da importância do evento, você percebe que várias pessoas estão
tuitando ao mesmo tempo que você. E você é capaz de saber, em primeira mão, o
que elas estão achando daquele palestrante [...] Muitas vezes, encontra o próprio
palestrante dando sua opinião sobre o evento. Já vi casos em que o palestrante falava
e tuitava ao mesmo tempo. [...] não precisa comparecer ao Campus Party para saber
se o lugar está lotado, se as palestras estão dentro da expectativa, até mesmo se o
banheiro é decente. E você não precisa esperar nem mesmo uma hora para ver a
notícia na Internet. Você pode vê-la sobre milhões de ângulos diferentes a todo
instante. Depois, basta juntar as peças do quebra-cabeça. (DALL’AGNOL, 2011).
Jornalisticamente o Twitter também pode ser manipulado como fonte de pautas.
Utilizando a interação direta, é possível perguntar aos seguidores quais assuntos eles
23
gostariam de ver em seu blog. Ao publicar a notícia, divulgue que já está online e saberá que
existe um público exato para ele. Tanto jornais quanto blogs de pequeno porte podem
garimpar seus seguidores em busca de informações.
Mais importante ainda: ao pedir sugestões para uma multidão, você poderá manter
seu blog atual e descolado, o que é algo a se considerar sabendo que ele existe há
algum tempo e que você já cobriu todas as informações que julgava relevante [...]
várias vezes. (COMN, 2009, p. 10).
As ferramentas disponíveis na rede social são úteis para o cotidiano de um twitteiro.
Por exemplo, com o retweet ou RT, que consiste em replicar uma determinada mensagem
dando crédito ao seu autor original, é possível divulgar a continuação de um determinado
acontecimento que você não pode ir cobrir, como um show ou um acidente. Outro destaque é
a lista em tempo real das palavras mais postadas no Twitter, seja em determinada região ou no
mundo, ela é chamada de Trending Topics ou TTs. Seguindo esse “termômetro” você pode
atrair mais seguidores para seu perfil. Todo ano novidades são implementadas na rede social.
Em 23 de janeiro de 2015, o "enquanto você estava fora" passou a apresentar uma lista com as
principais notícias ou tweets de quem você segue, sendo adicionada à timeline dos usuários.
Com as novas exigências midiáticas surgiu o novo gatekeeping: o gatewatching. O
profissional que antes apenas definia o que tinha relevância para ser noticiado de acordo com
a linha editorial, do jornal, agora funciona com um analista de determinado assunto, podendo
aconselhar seus seguidores a darem atenção nesta ou naquela informação, publicando os links
para as notícias em seu perfil ou da redação que trabalha, confirmou que a novidade surgiu da
tendência dos americanos em usar cada vez mais as redes sociais para filtrar a informação que
lhes interessa a seguir:
Enquanto no primeiro caso a ação é dirigida directamente aos leitores, no segundo
caso o contacto é indirecto, pois são os gatewatcher que redistribuem a informação
para a sua comunidade. Estamos assim perante dois conceitos distintos:
“comunidade” e “audiência” (CANAVILHAS, 2012, p. 6).
Mesmo com a internet proporcionando a criação de conteúdos de forma coletiva, o
profissional terá a finalidade de selecionar e hierarquizar os acontecimentos de interesse
público, além de investigar a veracidade das informações divulgadas. Guilherme Ribenboim,
VP do Twitter para a América Latina, comenta em entrevista para o site DRAFT (2016) a
principal diferença do Twitter em relação a outras mídias sociais, o que deixa claro seu
destaque no campo noticioso. “É muito simples. O que você tem na cabeça quando abre o
Twitter é: vou ler conteúdos, informações que me interessam, de alguém que sigo.”
24
5.1.2.3 Facebook
Em 2003, o estudante de Ciência da Computação da Universidade de Harvard Mark
Zuckerberg criou a rede social “The Facebook”. Inicialmente com o intuito de oferecer um
serviço diferenciado onde os estudantes da universidade tinham uma ferramenta de
comunicação básica, destinada a acompanhar o que acontecia com seus colegas. No livro O
Efeito do Facebook (ano), Zuckerberg explica que o projeto foi uma maneira de ajudar as
pessoas a compartilhar coisas que aconteciam em Harvard. Para evitar problemas com autoria
de imagens, os usuários que se cadastrassem tinham de enviar uma foto e responder um
questionário simples sobre seus gostos.
A rede ganhou fama entre os estudantes e em pouco tempo foi expandida para outros
circuitos universitários, Stanford, Columbia e Yale foram ás próximas a aderir. Em 2004 o
site contava com mais de 5 milhões de membros ativos, e, em agosto, a rede se tornou
conhecida simplesmente como Facebook.
Em 2005, o site deixou de ser apenas para universitários e permitiu que alunos de
níveis secundários e trabalhadores de empresas tivessem acesso à rede. Em outono de 2006
abriu para qualquer pessoa com a seguinte regra: somente integrantes a partir de 13 anos
podem se inscrever no Facebook. Após confirmar a idade e fazer um cadastro simples, o
usuário têm a opção de se reunir com comunidades de colégios, empresas ou espaços
geográficos de seu interesse.
Se você usa a internet, tem a probabilidade cada vez maior de usar o Facebook. É o
segundo site mais visitado, depois do Google, e tem mais de 600 milhões de
usuários ativos (em novembro de 2010). Bem mais de 30% de 2 bilhões de pessoas
usam a internet em todo o mundo agora usam o Facebook regularmente
(KIRKPATRICK, 2011, p. 25).
Mesmo após ser aberta para o público, a meta de Zuckerberg para a rede social foi
preservada. “Para mim, tudo se resume em deixar as pessoas se expressarem; e que qualquer
que seja a forma que elas encontrarem de usar o site, acho que está legal”, afirmou em
entrevista para o jornal da faculdade, o Dartmount3. Seja compartilhando dados e imagens
entre as pessoas da forma simples, a intenção do Facebook é promover o entretenimento e,
assim, todos podem se relacionar socialmente.
Um dos principais exemplos de socialização promovida pelo Facebook foi criado pelo
engenheiro Oscar Morales, logo depois das festas de fim de ano de 2007, que, revoltado com
3 KIRKPATRICK, David. O Efeito do Facebook: Os bastidores da história da empresa que conecta o mundo.
2011, Editora Intrínseca
25
os acontecimentos na Colômbia, criou o grupo “Um Milon de Voces Contra Las FARCS”. À
meia-noite, ele convidou seus 100 amigos e no dia seguinte, às 9 da manhã, checou o grupo e
então se surpreendeu com as mil e quinhentas pessoas que já tinham aderido ao movimento,
que no final da tarde já havia chegado a 4 mil integrantes. Esse grupo foi responsável por
coordenar manifestações que percorreram o mundo, locais distantes da Colômbia se juntaram
à causa: Dubai, Sidney, Tóquio, entre outros.
Sendo uma forma de comunicação fundamentalmente nova, o Facebook também
produz efeitos interpessoais e sociais fundamentalmente novos. O Efeito Facebook
acontece quando a rede social põe as pessoas em contato umas com as outras, ás
vezes de forma inesperada, em torno de algo que tenham em comum: uma
experiência, um interesse, um problema, ou uma causa. Isso pode acontecer em
pequena ou grande escala. (KIRKPATRICK,2011, p. 15).
1,59 bilhão foi o número de usuários que o Facebook fechou 20154, dos quais cerca de
65% acessavam a rede social todos os dias. O crescimento permaneceu constante. No
primeiro trimestre de 2016 o Facebook atingiu a marca de 1 bilhão de acessos diários. Apenas
o bate-papo da rede social chega a contar com 900 milhões de usuários. A adesão das pessoas
aos aparelhos móveis é considerada o motivo do número de visitantes diários aumentar em
16%.
O Facebook, assim como as outras mídias citadas, teve início em uma plataforma de
interação social, porém, seu potencial como meio de propagação de informações e notícias foi
reconhecido por grandes e pequenas empresas de comunicação. Francisco (2010) exalta a
relevância da participação do público nos comentários, exemplificando com a interação
proporcionada nas publicações feitas na página do Jornal Nacional de Lisboa. “O Jornal está
constantemente a chamar o leitor/fã para participar e enviar fotografias ou comentários sobre
determinado assunto.” Com isso, o autor reconheceu a mídia como fonte para que o meio de
comunicação consiga atrair espectadores e futuras pautas. Ainda segundo Francisco (2010) os
leitores acabam, por vezes, a fazer uma espécie de prestação de serviços online.
As enquetes direcionadas para o público são a segunda maneira que o JN utiliza para
viralizar as matérias postadas em sua fan page5, através delas são propostos alguns debates ou
questionamentos, por exemplo: “Com o aumento do IVA em Portugal, vai fazer mais compras
em Espanha? Debata com a comunidade” e, utilizando as curtidas e comentários o jornalista
online ganha fontes e dados suficientes para uma futura pauta. Recuero (2012) afirma que esta
4http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2016/01/facebook-anuncia-crescimento-dos-lucros-e-do-numero-de-
usuarios-20160127211006500148.html 5Fanpage ou Página de fãs é uma página específica dentro do Facebook direcionada para empresas ou marcas.
26
é uma das dinâmicas das redes sociais direcionadas para o efeito conversacional, onde as
conversações se potencializam através das “apropriações”.
Assim como o Twitter, o Facebook pode ser considerado também uma nova
plataforma para o jornalismo encontrar fontes, produzir pautas e obter diversas informações
para valorizar a notícia. Tynes (2011) apresenta as seis melhores dicas, fornecidas pela IJNet
(Rede de Jornalistas Internacionais), onde nomeia o vínculo do cidadão com a rede social de
Facebook e o Jornalismo Social: 1. Separe sua vida pessoal da profissional. Abra uma fan
page apenas para seu site de notícias, onde você poderá divulgar, coletar e desenvolver as
informações recebidas ou procuradas. 2. Use e abuse da opção pesquisa no Facebook. Seja
através de temas ou hashtags6, você saberá o que pessoas estão falando em tempo real. 3. Use
o recurso de mensagem direta para entrar em contato com pessoas que possam ser uma fonte
para o artigo que você está escrevendo. Em casos de vítimas e seus familiares, o chat dá mais
liberdade para o usuário se sentir confortável. 4. Evite os feeds automatizados e atualize
manualmente sua página no Facebook. 5. Use Facebook Questions, como anteriormente
citado no exemplo do JN, para aumentar o engajamento através de perguntas facilmente
respondidas e por último, tenha seu próprio aplicativo dentro da rede social. O Facebook
oferece uma série de aplicativos gratuitos que podem aumentar sua proximidade com o leitor.
Um exemplo é o formulário de contato, que permite ao seguidor encaminhar sugestões com
mais rapidez a sua caixa de entrada, facilitando para o jornalista saber notícias de determinado
bairro ou cidade que a grande mídia não divulgou.
5.1.2.4 Whatsapp
Outro parceiro na produção de conteúdo informativo é o aplicativo que oferece
serviços de mensagens instantâneas: Whatsapp. O mesmo possibilita que seus usuários
enviem fotos, vídeos, áudios, criem grupos de conversa ou listas de distribuição, ambos para o
compartilhamento de arquivos. Suas funções não são limitadas às simples conversas entre
amigos e familiares. Os canais de informação brasileiros adotaram o aplicativo como forma de
obter conteúdo e sugestões de pautas de seus espectadores. Segundo Gomes (2014), os
6 Hashtag é uma expressão utilizada pelos usuários das redes sociais. Consiste em uma palavra-chave antecedida
pelo símbolo #, conhecido popularmente no Brasil por "jogo da velha", utilizada para categorizar os conteúdos
publicados.
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adeptos ao aplicativo não param de crescer “[...] com quatro anos de existência, o app possui
quase duas vezes mais usuários que o próprio Facebook tinha com a mesma idade”.
2015 foi o ano em que o jornalismo oficializou o uso do Whatsapp nas redações, como
forma de canal de interação com o público. Micth (2015) comenta a relevância do
acontecimento citando o repórter da Band News FM, Jonathan Ferreira, assim como:
Ele afirma que o uso do aplicativo tem sido fundamental para estreitar os canais de
comunicação e os consumidores do material jornalístico produzido. [...] o uso da
plataforma mudou a cobertura de factuais e agilizou ainda mais a produção das
notícias. “A maior vantagem é receber o conteúdo em tempo real de ouvintes, que,
trocam de lugar com os repórteres e fazem a cobertura voluntariamente “in loco”.
Além disso, é uma forma de estreitar os laços de carinho e cordialidade com os
ouvintes, conta (MITCH, 2015, online).
O aplicativo é uma das mudanças que fazem parte da “rede imaginária” criada pela
globalização. A urgência para divulgar notícias fez com que os canais de comunicação se
adaptassem e reconhecessem no Whatsapp um aliado. Entretanto, o papel investigativo do
jornalista não mudou por conta disso, é necessário apurar o material recebido antes de
divulgar. Ferreira (2015) afirma que a rotina de um emissor de informação é sempre checar
com outras fontes antes de veicular a informação recebida, isso é um dos pontos que elevam a
credibilidade de um canal online dentro da imensa rede de informações recebidas diariamente.
Outro ponto importante para os comunicadores que utilizam o aplicativo é manter o
relacionamento com o usuário, o WhatsApp não é um canal emissor, é preciso interagir para
manter o engajamento do mesmo. Jan Koum (2014), CEO do WhatsApp, comentou em
entrevista que o motivo do envolvimento extremamente elevado é exatamente a agilidade em
compartilhar os recursos disponibilizados de maneira simples, tornando-o um poderoso e
instantâneo meio de comunicação. Confirmando esta teoria, o Jornal Extra, divulgou pelo
Portal Imprensa, em 2014, seus dados registrados no WhatsApp, em apenas oito meses e
meio.
[...] o número (21 99644-1263) registrou cerca de 30 mil fotos, 400 áudios, 600 vídeos, em
mais de 400 mil mensagens enviadas por mais de 12 mil contatos. Mas, apesar do conteúdo
útil, o jornal já recebeu muitas piadas e imagens obscenas. "Mas não restringimos, porque
todos podem ser potenciais colaboradores", explica. Para filtrar e responder a tantos contatos, a
redação do jornal faz um rodízio, do qual participam repórteres, editores e chefia de
reportagem. (PORTAL I IMPRENSA, 2014, online).
O aplicativo multiplataforma de mensagens instantâneas e chamadas de voz, vai muito
além de mensagens de texto, ele permite que o usuário envie, para seus contatos, imagens,
vídeos e até documentos em PDF. Em 2015, o WhatsApp passou a permitir ligações grátis por
meio de uma conexão com a internet. Os responsáveis pelo software que se adapta aos
28
sistemas Android, BlackBerry OS, iOS, Symbian, Windows Phone e Nokia é a empresa com
o mesmo nome e que foi fundada em 2009 por Brian Acton e Jan Koum, ambos veteranos do
Yahoo e está sediada em Santa Clara, Califórnia. Contudo, em outubro de 2014, o Facebook
comprou o aplicativo de mensagens por US$ 22 bilhões e desde então, Mark Zuckerberg é o
proprietário oficial do WhatsApp7.
5.1.3 Jornalismo e as Mídias
Como vimos, nos anos 90, com o surgimento da web foram abertas novas
possibilidades para a Internet, que passou a se infiltrar progressivamente nas redações
(LUSVARGHI, 2009). Na ocasião, muitos passaram a acreditar no fim do jornal de papel.
Flizikowski (2004) definiu o momento como uma crise, porém também acreditou se tratar de
uma nova oportunidade para o jornalismo.
O novo meio de distribuir informações levou nomes importantes a saírem das grandes
redações para trabalharem em sites que inovaram o mundo da informação. A partir deste
momento, revistas e jornais online foram lançados. “Primeira Leitura” foi á revista brasileira
pioneira, que teve seu lançamento online em 2000 e fechou em 2006. Seus criadores alegaram
falta de anunciantes em função da política editorial do projeto. Em seguida, os veículos de
imprensa lançaram sua plataforma online, o jornal O Estado de S.Paulo foi um dos últimos a
lançar o seu portal.
Na verdade, não é muito fácil sustentar um projeto jornalístico diário, e mesmo
mensal, sem um grande suporte financeiro e uma equipe competente. E se num
primeiro momento, a onda de webjornalismo parecia apenas mais um modismo,
trazendo dificuldades de venda de espaço – como mensurar os acessos -, logo se
revelou uma espécie de galinha dos ovos de ouro, potencializando os produtos
jornalísticos tradicionais através de um processo classificado pelo marketing como
cross-media ou multiplataforma. (LUSVARGHI, 2009, p. 2)
As novas tecnologias potencializam os veículos tradicionais de comunicação. Com as
redes sociais, o jornalismo regional ganhou espaço e, em alguns casos, concorrem com
veículos nacionais, isso por conta da proximidade com os seguidores que passam informações
diárias para os mesmos, diferente das grandes mídias que, em sua maioria, utiliza o repórter
indo a campo. Associar informação e entretenimento é uma das possibilidades digitais, essa
forma de divulgação é chamada de infotenimento. Alguns estudos alegam que essa é uma
7 http://g1.globo.com/economia/negocios/noticia/2014/10/preco-de-compra-do-whatsapp-pelo-facebook-sobe-us-
22-bilhoes.html
29
forma de minimizar o impacto do noticiário hardnews e também associam a
“McDonaldization”, termo empregado pelo sociólogo estadunidense George Ritzer no seu
livro McDonaldization of Society (1995) para a contemporaneidade, o qual se refere, no caso
da notícia, ao fato de ser fornecida da mesma maneira que os famosos hambúrgueres: não é
original, está longe de ser melhor, mas é garantia de prestação de serviço. Era predominante
no jornalismo impresso, com maior percepção no telejornalismo e agora alimentado pela
internet.
O novo modelo de jornalismo permite que a audiência faça parte do processo de
construção da notícia. Relatos, debates, pesquisas de opinião de quem antes apenas recebiam
as informações agora acrescentam e até indicam onde as pautas estão: o chamado Jornalismo
Cidadão tem como ponto forte os dispositivos tecnológicos que permitem de forma simples e
rápida a produção da notícia por indivíduos e a circulação para as mesmas alcançarem cada
vez mais grupos, independentes da maneira tradicional de divulgação (RECUERO, 2011).
Essa veiculação é feita através das redes sociais. Nelas o usuário estabelece laços
mantidos pelo site. Quanto mais laços mais acesso a informações um usuário tem. Porém, a
tecnologia auxilia no recebimento das informações, para que a circulação ocorra mais
igualitariamente.
As conexões geram maior velocidade na difusão da informação, elas ganham maior
amplitude e dão poder para os indivíduos. Os sites de redes sociais são ferramentas que
tinham o princípio básico de entretenimento, porém, por conta da grande quantidade de
informações despejadas todos os dias ganharam um novo valor: informativo.
A introdução do jornalismo nesses novos meios de comunicação foram formas de
adaptação. O jornal impresso sofreu uma queda com o surgimento do rádio, que por sua vez
recebeu o impacto da dominação do telejornalismo. Contudo, a era digital mostrou-se como
uma oportunidade para atrair um público ainda maior para cada um dos meios.
30
Alguns fatos levaram o jornalismo a aderir às redes sociais, são eles a instantaneidade,
a facilidade de manutenção, a possibilidade de estabelecer um diálogo com a audiência em
tempo real e a chance de medir o impacto de uma notícia. Nele é possível chamar a atenção
do público e direcioná-lo para a plataforma jornalística, seja ela um blog, site ou canal de
vídeo. Além de que qualquer usuário tem a possibilidade de produzir conteúdo e publicar
notícias (RECUERO, 2011). De acordo com:
Um dos efeitos da internet sobre o jornalismo foi á fragmentação. Se esperávamos
que o noticiário escrito chegasse diariamente à porta de casa, bem editado e
organizado, a web mudou isso. É da natureza do meio. Na web, é natural que o
critério do tempo se sobreponha ao da importância da notícia. A manchete do site é
algo que ocorreu recentemente, não o que foi mais importante no dia. Blogs,
reforçando a importância do que é mais recente, ampliaram esta percepção das
notícias que vêm numa corrente sem fim. O Twitter, resumindo em cento e tantos
toques o que há para ser dito, jogou a pá de cal. O modelo é sólido. (DORIA, 2013,
online).
O Estadão e a Terra foram alguns dos primeiros a contratarem seus editores de social
media para trabalharem especificamente com as redes sociais. Esses profissionais utilizam a
ferramenta tanto na produção, pesquisa de informações e colhendo resultados de pesquisa,
quanto na distribuição de notícias.
De acordo com Comn (2009), os jornalistas estão usando as redes sociais de diversas
formas, a principal delas ainda é a divulgação de notícias em primeira mão. Porém, é possível
encontrar fontes de informação e monitorar a repercussão e os desdobramentos de suas
matérias e de veículos concorrentes, através da quantidade de compartilhamentos ou
aplicativos desenvolvidos especialmente para essa função. “A rede é uma ferramenta que em
pouco tempo se tornou vital para a realização de reportagens e ainda - muito especialmente -
para promover a aproximação entre leitores e veículos” (COMM, 2009, 57p.).
No canal do YouTube de Ross Dawson 8, palestrante, consultor de estratégia e autor de
best-seller, um vídeo da ABC TV (2009) analisa o impacto do Twitter no jornalismo a partir
de cinco fundamentos. O primeiro é a sua função de plantão noticioso. O fator da
instantaneidade que amplia o alcance de nossas percepções. O que vemos, ouvimos e
pensamos pode ser publicado no mesmo momento para milhões de pessoas conectadas no
mundo. O segundo é que mesmo que nem toda informação possa ser considerada confiável, a
partir dela podem surgir dados iniciais para ser checados e levados à imprensa. Em terceiro
lugar, a velocidade de transmissão de informações ampliou a competição entre os meios de
comunicação pelas notícias em primeira mão, o ‘furo’.
8 https://www.youtube.com/user/rossdaht2
31
Quarto, agora não é mais a notícia em primeira mão e sim a decisão editorial, que guia
o equilíbrio e cria uma hierarquia de credibilidade dos meios de comunicação junto ao
público. Por fim, em quinto lugar ele considera a simbiose entre os dois universos. O Twitter
é uma das principais maneiras pela qual os jovens se atualizam do que é divulgado nos meios
de comunicação. Além de seu formato de Breaking News (notícia de última hora), bem como
sua dinâmica são potenciais histórias para os meios de comunicação.
Dito isso, compreende-se a relevância das novas mídias na atual forma de
comunicação: ágil, globalizada e orgânica. Para a compreensão futura do problema de
pesquisa é fundamental entender a atuação das mesmas como o fruto do desenvolvimento e
consolidação de uma nova maneira de interagir e se comunicar com a sociedade. Por isso, é
extremamente relevante entender, mesmo que simplificadamente, a trajetória desde a Web 2.0
até as novas mídias e suas funções que permitem a criação de teias que tornam cada vez mais
o usuário um importante emissor.
Essa mudança ocorreu com a chegada das novas ferramentas tecnológicas que
alteraram o antigo modelo de comunicação, deixando de ser conduzido apenas por
comunicadores, mas também por usuários comuns da sociedade e intelectuais, que estão no
meio online. Para Cunha (2011), agora o sujeito faz parte do ambiente social e o ambiente
social faz parte do sujeito, criando uma ideia paradoxal onde a parte pertence a um todo que é
a parte da parte.
Concluímos que uma das principais causas dessa mudança de interação se dá pelo fato
de o homem ser um ser social e ter a necessidade de se comunicar para se sentir parte do
meio. Segundo Cunha (2011, p.37) “se comunicar é uma intenção de romper um isolamento e
para isso é necessário que exista mais de um indivíduo, definidos enquanto emissor e
receptor” e é desta comunicação que nasce o relacionamento humano, em esferas diversas,
seja pessoal ou pública. E com os novos recursos digitais, o usuário encontrou recursos para
trabalhar problemas que sejam de seu interesse e da população, justamente pelo viés interativo
de abertura e diálogo, permitida pelas redes.
Dentro dessa perspectiva compreende-se a utilização das mídias sociais, pelo usuário
comum, como maneira de divulgar problemas, informações e interagir entre a sociedade,
meios oficiais e redações jornalísticas visando encontrar soluções por meio do processo
comunicativo e informativo de seus conteúdos online.
Partindo do entendimento das mídias sociais para a influência que têm nos meios de
comunicação, no próximo capítulo iremos compreender a participação na Web 2.0 desta
segunda geração de comunidades e serviços online, tendo como alicerce a importância da
32
participação do cidadão interativo nas plataformas de relacionamento, como as redes sociais,
blogs e sites. E, também, iremos nos aprofundar no entendimento de como se dá a
participação do jornalista profissional neste novo ambiente comunicacional, detalhando como
fica seu papel perante a comunidade e os novos campos que surgiram junto com a chegada da
era digital de informação.
5.2 A influência do jornalismo digital
Estamos sempre mudando. As responsáveis por parte desta afirmação são as novas
tecnologias, principalmente aquelas voltadas para a comunicação. A quantidade de conteúdo e
a possibilidade de prospectá-lo pelas redes sociais geram constantemente uma quantidade
imensurável de informação, e o jornalismo, desde sua essência, tem o papel de disseminá-las
para a sociedade.
As redações são responsáveis por entregar ao público notícias diárias feitas em cima de
investigações realizadas periodicamente e, em seguida, difundí-las nos meios de comunicação
de massas, sejam eles rádio, tv ou imprensa (online e impressa). Este papel deu ao
jornalismo, no universo da comunicação, a responsabilidade de transmitir uma mensagem
específica para um vasto número de receptores. A chegada das mídias digitais (redes sociais,
blogs etc.), segundo estudos de Moraes (2010), gerou a hiperconcorrência do mercado
midiático.
Souza (2009), explica que o papel de disseminar as informações do jornalismo é
essencialmente relevante numa democracia, onde o trabalho dos jornalistas seria
aquele de "informar os cidadãos, permitindo, simultaneamente, que nos meios ocorra
um verdadeiro debate público"(p.2), informações essas que necessitam ser
"verdadeiras", e que configuram, ao jornalismo, uma função testemunhal da
realidade. Nesse interim, explica Souza (2000, p.3), o jornalismo aspiraria a
constituir-se em um bem público. Enquanto "bem público" estaria configurado o
"valor" do jornalismo para a sociedade e para a democracia na contemporaneidade.
(RECUERO, 2011, p. 4).
O jornalismo online criou novas formas de publicação e produção de conteúdo. A
velocidade do alcance das notícias fez com que os profissionais precisassem se adaptar à
plataforma digital. Segundo Rodrigues (2013, online) O jornalismo online é dividido em
quatro fases: transpositiva, metáfora, webjornalismo e banco de dados.
O Webjornalismo é conhecido como a primeira fase, sua principal característica foi a
deslocação da versão impressa para a internet. Nesta fase, as notícias não recebiam adaptações
de linguagem, não era feita a exploração de ferramentas de navegação etc. No segundo
momento, foi dado início à exploração das ferramentas online e, com isso, foi construída uma
33
linguagem adequada ao meio digital, dando início à etapa transpositiva. Na penúltima fase, foi
reconhecida a importância de um planejamento empresarial e editorial voltado para internet, a
partir deste momento foi dado início aos investimentos em recursos de multimídia, como
vídeos, tornando o jornalismo hipermidiático. E por fim, fez-se uma industrialização dos
processos de produção, apuração, edição e veiculação das informações com a exploração de
banco de dados, a última etapa.
Em nosso estudo, perceberemos que o jornalismo online também recebe influência da
comunidade. Junto à fase de adequação ao meio digital, foi criado um potencializador do
jornalismo cidadão. As mídias digitais são mais do que um canal para comunicação entre
jornal e população, nela os profissionais encontram a fonte original, fazem questionários
quantitativos, recebem o feedback instantâneo, e o cidadão, por conta própria, pode se inserir
no meio ao interagir ou até criar seu próprio canal para informar seus pares ou até mesmo as
mídias, que diversas vezes não estão tão próximas daquela comunidade.
A partir desta nova forma de comunicação, o público deixou de ser apenas receptor e
passou a criar e divulgar informações do seu dia a dia online. Isso potencializou o “Jornalismo
Cidadão”, onde o usuário, sem formação jornalística, se torna fonte e produz notícia
diariamente, participando de forma ativa no processo de coleta, reportagem, análise ou
disseminação de notícias e informações. Segundo Colmery (2012), “o movimento de
tecnologia de fonte aberta permite que qualquer pessoa com um computador possa contribuir
ao código.”.
Em vez de definir o cidadão, devemos definir a plataforma ou mercado em que o
jornalismo existe. Vamos pensar nisso como um ecossistema de notícias e
informações, o que necessariamente inclui os cidadãos como componentes
fundamentais para a descoberta da verdade. Definir o jornalismo e o ecossistema
dessa maneira convida as pessoas e permite que elas se tornem atores que devem ser
incorporados no processo de notícias [...] Afinal, a verdade não pode vir apenas de
jornalistas e fontes habituais, mas de todas as fontes no ecossistema. (COLMERY,
2012, online).
Mais à frente, neste capitulo, você irá ver que o jornalismo cidadão ganhou destaque
devido à disponibilidade fornecida pela tecnologia. Frequentemente, os atores relatam notícias
de última hora em suas mídias sociais mais rapidamente do que os jornalistas de mídia
tradicional. E por conta desta nova forma de “fazer jornalismo” o profissional ganha a
capacidade de fazer parte do processo onde não necessariamente mais existe um comunicador
e a massa receptora de informação, este novo papel é aprofundado no primeiro capitulo
quando falamos do Gatewatching.
34
Um exemplo claro da relevância que o Jornalismo Cidadão vem recebendo das novas
mídias é a proposta do Twitter para as Olimpíadas do Rio de Janeiro.
De acordo com notícia divulgada no site EXAME.com (2016), o Twitter quer superar
a Copa do Mundo de 2014 e transformar a competição no evento mais tuitado da história. Mas
como eles pretendem fazer isso? Além de ter parceria com cerca de 90% das marcas
patrocinadoras, a empresa vai colocar para circular no Rio um ônibus com Wi-Fi gratuito.
Gráfico 3 – Engajamento no Twitter antes e durando a Copa do Mundo (2014) (Em%)
Fonte: comScore, relatório Brazil Digital Future in Focus 2014 (2014).
O automóvel foi batizado como Twitter Buzz, e com ele a empresa espera cativar as
pessoas a publicar conteúdos sobre o evento esportivo no microblog. Carlos Moreira Junior,
diretor executivo de mídia do Twitter para a América Latina, explica que o projeto será uma
unidade ambulante, com telas digitais em vez de janelas. Nelas serão exibidos os principais
tuítes sobre os Jogos Olímpicos. “Ele é um hotspot, você pode se conectar e fazer login com a
sua conta no Twitter para usar a internet", afirmou.
Para chamar mais atenção dos passantes, a ideia é que o ônibus se posicione em pontos
estratégicos nos locais e horários das principais competições para instigar a conversa com o
público sobre o evento esportivo. Além disso, também será utilizado os parceiros, como as
emissoras de TV. Neste caso, a proposta é criar o efeito da segunda tela, o que ocorre quando
as pessoas assistem a um programa de televisão e comentam sobre o que veem, o Twitter terá
um alerta audiovisual nos estúdios sobre os assuntos mais comentados em tempo real. Por
35
fim, a última medida é que os usuários com muitos seguidores ganhem recompensas ao
iniciarem conversas com o seu público sobre as competições.
O ESPN produziu uma matéria que exalta a relevância da produção de notícias feita
através do jornalismo cidadão nas Olimpíadas Rio-2016. Um tuíte específico ganhou destaque
no site, neste período. O internauta Rafael Oliveira, que estava no Parque Olímpico publicou,
em seu perfil pessoal, a prévia de um acidente. Ele ouviu voluntários informando o seguinte:
“Se você está na rampa de acesso, cuidado com a câmera”, então tirou uma foto da situação e
postou junto com a frase mencionada. O tuíte não ganhou destaque a tempo e veio logo em
seguida acompanhado da informação: "Estou no basquete e soube agora que a câmera
realmente caiu. Incrível que tenha ferido alguém tanto tempo depois do alerta.". Com a
informação, Oliveira, que também é jornalista, entrou em contato com a mídia, que verificou a
veracidade do fato, e fez publicações como “Quatro pessoas ficaram feridas com a queda da
câmera” ou “O Parque Olímpico sofre com ventos fortes, e a previsão é de rajadas ainda mais
pesadas, estimadas até 70km/h.”. No dia, nenhum outro acidente ocorreu.
Figura 1: Print do Tweet publicado pelo internauta Rafael Oliveira alertando acidente possível acidente no Parque Olímpico.
Fonte: Twitter, no dia 15/08/2016.
36
Figura 2: Print de notícia publicada no site ESPM citando o tweet do internauta Rafael Oliveira
Fonte: Site ESPM, no dia 15/08/2016.
37
5.2.1 Credibilidade informativa
Com o surgimento das redes sociais, “todos”, a priori, podem fazer notícia, ficam
dúvidas, então, de qual seria o papel do jornalista. A fronteira entre um e outro passou a ficar
mais nebulosa (RECUERO, 2011).
As redes sociais são ferramentas onde os vínculos estabelecidos dentro delas são
construídos através das combinações de relevância, permitindo que o indivíduo fortaleça estas
ligações de acordo com assimilações de interesse. Graças a essas interconexões é gerada com
mais velocidade a difusão de informações. Os perfis de informações compartilhados por ela
ganham maior amplitude e têm mais poder.
Contudo, os perfis de veículos de comunicação não são mais os únicos com o papel de
noticiar, mas permanecem responsáveis pela legitimação e o aprofundamento das
informações. Ou seja, apesar das redes sociais terem o potencial colaborativo de produção de
informação, continua sendo papel do jornalismo garantir a credibilidade e legitimação das
notícias.
As redes sociais são circuladoras de informações, através delas é possível mobilizar e
desenvolver conversas que gerem o interesse midiático, caso as mesmas reflitam anseios de
um grupo social. Contudo, a filtragem do que é real e relevante é papel do jornalista, processo
conhecido por gatekeeping, como vimos no capítulo anterior. O profissional nomeado é o
responsável por definir o que tem relevância para ser disseminado ao público de acordo com o
valor-notícia, linha editorial e outros critérios. No campo digital, este editor é o Gatewatching,
A utilização das mídias sociais como “mensageiras” é relevante para a conclusão de
credibilidade do jornalismo online. Pois através dos compartilhamentos são reconhecidos
justamente as fontes de uma determinada informação. Quando um usuário compartilha, ele
não está apenas publicando uma informação em sua linha do tempo, também está dando
crédito à fonte e tomando parte dessa credibilidade para si, pelo espalhamento da informação.
Mesmo com esse “identificador” não é possível impedir a propagação de boatos pelas redes.
Com a chamada "liberação do pólo da emissão" (Lemos, 2005), surgiram novas
formas de criar informações e repassá-las, muitas vezes criando novas formas de
produzir e circular notícias, como os chamados "Jornalismo ou Webjornalismo
Participativo" (Fonseca e Lindeman, 2007; Malini, 2008).
As informações publicadas são apenas legitimadas e confirmadas pelos usuários
quando divulgadas por um veículo jornalístico. Em diversos casos de repercussão, é
perceptível um grande número de interações questionando os fatos e por fim recorrendo ao
jornalismo para confirmá-las e repassá-las a seus seguidores.
38
Assim, a atuação jornalística nas redes sociais também funciona como filtragem das
informações relevantes. Na internet não existem limitações de espaço para o público divulgar
o que acredita ser correto e que merece destaque, cabe ao profissional pesquisar fontes e
confirmar a informação para selecionar o que é verdadeiro e distribuir para o público. Os
veículos têm o papel de se aprofundar nas notícias e ganhar o interesse do público, filtrando e
organizando o espaço.
Recuero (2011) conclui que, de um modo geral, o jornalismo tem uma nova série de
funções para se adaptar ao mundo digital e estes muito se assemelham à mídia de massa, são
eles: credibilidade, legitimação e a filtragem.
5.2.2 Todo Mundo é notícia (Jornalismo Cidadão)
O uso das mídias sociais amplificou o poder de comunicação e deu voz para a
sociedade. Quem antes apenas recebia as notícias ganhou, com as redes, espaço para criar e
divulgar informações participando de forma ativa no processo das reportagens.
Através de perfis públicos e blogs criados pelo cidadão comum, a comunidade passa a
ter um canal onde é divulgado o que acontece diariamente em sua cidade, seja um acidente ou
o trânsito. Mesmo não sendo jornalistas, os cidadãos podem produzir a notícia naquele
momento. A informação ganhou novos formas de visibilidade e o cidadão, um novo meio de
expor suas necessidades, apresentando aos jornalistas pautas que não ganhavam destaque na
grande mídia.
Exemplificado por Rosa e Nascimento (2012) em Cidadania Comunicativa na Era
Digital: O Caso do Jornal “Voz da Comunidade”, a participação ativa da produção de notícia
feita pelo público nas redes sociais tem ganhado destaque nas redações virtuais.
Além de facilitar o acesso à informação, elas provocam novas formas de
sociabilidade e possibilitam ao cidadão comum à produção de conteúdo de seu
interesse. Nesse contexto tecnocultural, os sujeitos desempenham simultaneamente
um duplo papel: produtor e receptor ativo. (ROSA E NASCIMENTO, 2012, p. 2).
O mesmo autor cita o ciberespaço como o ambiente perfeito para ampliar a
visibilidade pretendida sobre determinada informação, para comprovar isto usamos a fala de
Rene Silva, autor do Voz da Comunidade “Quando a informação é bastante relevante damos
mais ênfase ao assunto, divulgando mais nas redes sociais até chegar a grande mídia e eles
noticiarem.” (Rosa e Nascimento, 2012, p. 11).
39
Continuando este pensamento, Foschini e Taddei (2011) afirmam que o jornalismo
cidadão já entrou para nosso cotidiano e ele fica perceptível quando ocorre um fato de
repercussão internacional, como foram os atentados a bomba no metrô e em um ônibus em
Londres, onde os veículos utilizaram material produzido pelas testemunhas, pessoas que não
são jornalistas e produziram a notícia naquele momento. “De uma forma muito simplificada,
pode-se dizer que você se transforma em um cidadão jornalista quando toma a iniciativa de
divulgar uma informação.” (Foschini e Taddei, 2011, p. 10).
Um dos benefícios disponíveis nas redes sociais que aumentam o destaque do
Jornalismo Cidadão é o efeito cascata citado por Recuero (2011). “Quando essa informação
consegue impactar a decisão de diversos indivíduos e gerar um comportamento de massa na
sua difusão, há uma epidemia.” Ou seja, os indivíduos influenciam uns aos outros dentro da
rede. Esta reação pode ultrapassar a proposta inicial de apenas informar a um público
específico alcançando as redes de jornais online e, dependendo de sua relevância, se tornar
uma pauta de destaque.
Gráfico 4 – Exemplo de Redes de Citação
Fonte: A Rede é a Mensagem: Efeitos da Difusão de Informação nos Sites de Rede Social (2011)
40
Perfis para públicos que tratem de um tema específico, como no caso em estudo, o
Diário da Ceilândia, representam bem o jornalismo cidadão por tratarem, também, de temas
que a grande mídia provavelmente não irá abordar, além de serem alimentados também pela
própria produção dos cidadãos. Através da internet surgiu a oportunidade de distribuição de
todo tipo de informação, seja ao gravar uma entrevista ou palestra e depois compartilhar o
material por meio de um podcast. Os usuários ganham destaque e criam uma rede de
confiabilidade e comunicação entre a comunidade e destaque nas redações online.
O formato de perfil citado acima é visto por Corrêa e Madureira (2010) como uma
ação de um cidadão ou grupo de cidadãos que têm o objetivo de prover informações
independentes, confiáveis, precisas, abrangentes e relevantes, necessárias à trajetória e ao
equilíbrio da democracia.
As redes sociais, blogs e twitter etc., são as ferramentas utilizadas pelo jornalista
cidadão para divulgar o que ele entende como notícia. “Notícia é, basicamente, o relato ou
registro de um fato importante para uma pessoa ou um grupo com algum elemento de
novidade.” (Foschini e Taddei, 2011, p. 22). Através da internet, a sociedade ganhou o poder
de conversar com o mundo e com a ajuda das redes sociais exporem acontecimentos diários
da comunidade que eram deixados de lado pela grande mídia. Com isso, são criadas todos os
dias novas maneiras de fazer e receber notícias.
5.2.3 Estratégias de conteúdo
Diariamente são publicados incontáveis posts com notícias nas redes socais. A
concorrência é grande. É preciso criatividade e planejamento estratégico de longo prazo para
ganhar destaque no meio de deste amontoado de informações.
Um dos principais erros é o ato de fazer cadastro em todas as redes sociais e publicar
aos quatro cantos qualquer tipo de conteúdo. Para um veículo ganhar destaque nas redes é
importante avaliar as seguintes informações: O seu público-alvo está nele? O canal de
comunicação do site satisfaz suas necessidades? A partir do texto produzido, qual será a
linguagem utilizada para chamar atenção? E após responder todas estas dúvidas, ingresse na
rede social.
É fundamental ir fundo nesta análise, pois a partir dela será feita a escolha dos temas a
serem abordados e como eles podem influenciar no comportamento de seus seguidores.
41
Gráfico 5 – Gráfico do DAPP acompanhando o que se falava nas redes sociais de todo o Brasil
durante impeachment na Câmara, em 17 de abril de 2016. É possível, através deste aplicativo,
selecionar temas e desenvolver posts sobre o que seus seguidores têm interesse.
Axel BRUNS; Gatewatching, p. 23
Fonte: Gráficos revelam como estavam as redes sociais durante a votação do impeachment na
Câmara (2016).
Cada rede social disponibiliza ferramentas que permitem ao usuário aumentar o
alcance de visualizações da sua página através da interação com os usuários. A mais
reconhecida e em comum entre as redes são os recursos de vídeo e imagem, aperfeiçoando
este tipo de publicação é possível aumentar a atratividade e trazer um engajamento até 70%
maior para o perfil. Outra carta-coringa para o jornalismo são os recursos de áudio que
permitem ao perfil disponibilizar depoimentos inéditos e podcasts9 instantaneamente.
Responder seus seguidores e promover conversas são ações valiosas para um perfil de
comunicação. Uma ferramenta de destaque é a mensagem direta em grupo que facilita a
aproximação dos seguidores mais interativos e atrai novos.
Os usuários somente seguirão seus tweets se sentirem que você possui informações
que valem a pena serem lidas. Essa é uma boa razão para considerar responder
perguntas sobre seus temas em vez de sair respondendo qualquer questão que veja.
(COMN, Joel. 2009, p. 94).
Em alguns casos curtir uma publicação significa reconhecer a qualidade da mensagem
publicada por seu seguidor. A melhor estratégia de relacionamento é sempre a interação.
9Podcasting ou podcast é uma forma de publicação de arquivos de mídia digital pela internet, através de um feed
RSS, que permite aos utilizadores acompanhar a sua atualização.
42
Gráfico 6 – Análise dos melhores e dos piores horários para fazer postagens
Fonte: SumAll.com (2015, online)
O que ressaltou a Voz na Comunidade 10 foi a estratégia de conteúdo usada pelo Rene
Silva dos Santos, criador do perfil no Twitter, morador do Morro do Adeus e na época
estudante, ao encontrar outros sujeitos na rede que se identificassem com a referida proposta
comunicacional e, os mesmos, passassem a replicar o conteúdo a outros sujeitos. Esta
estratégia de relacionamento e interação é usada por outros perfis cidadãos, tais como
@BrasiliaDF, @PoliticaEmBSB, @rioblogprog, entre outros, que destacam as mídias digitais
como possibilidade de uma plataforma para a participação e comunicação alternativa.
O Voz foi inicialmente produzido e divulgado em 50 cópias de um jornal físico que
atualmente alcança 5 mil exemplares distribuídos em diversos lugares do Complexo do
Alemão, no Rio de Janeiro. Com a “Guerra do Alemão” 11, em 2011, Rene viu no meio
on-line uma forma alternativa de divulgar a cobertura, a qual realizava sozinho para sua
comunidade através do perfil do Twitter @vozdacomunidade.
10 Voz da comunidade é um jornal para comunidade do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Ele foi criado
pelo o Rene Silva dos Santos, aos 11 anos de idade, quando estudava na Escola Municipal Alcide de Gasperi. O
autor afirma que acessou a internet pra procurar uma maneira de ajudar as pessoas da comunidade com bastante
informações. 11 Policiais e militares invadiram e ocuparam o Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, em 2010.
43
Os compartilhamentos e os comentários mostraram a forma de participação do público
com o conteúdo postado. Segundo observação de Nascimento (2013), a partir da análise das
427 postagens feitas entre 1° de março e 26 de abril de 2013, a quantidade de comentários
representa baixo engajamento dos seguidores nesse tipo de interação, se comparado ao
número de compartilhamentos e de curtidas. A seguir, são demonstradas as últimas oito
publicações feitas à época do estudo de Nascimento (2013):
Gráfico - Demonstração de compartilhamentos, comentários e curtidas
em março e abril de 2013
Gráfico -
Demonstração de
compartilhamentos,
comentários e
curtidas em março
e 25/março
47 Frase: Segundo moradores do Morro do Alemão, está
dando muito tiro no COMPLEXO DO ALEMÃO,
AGORA!
não
05/março 43 Fotografia: na foto aparece uma rua bastante alagada.
Legenda: “Olha a situação que está agora na Grota! Está
tudo alagado em varias partes do Complexo do Alemao.”
(Imagem em anexo)
sim
04/abril 40 Fotografia: Na foto aparece a mão do morador bastante ferida. (Imagem em anexo)
Legenda: Policial da UPP atira na mão de morador no
Complexo do Alemão e a esposa postou agora a pouco
fotos no Facebook.
sim
25/março 35 Frase: Ainda não temos muitas informações sobre o que
está acontecendo no Alemão, mais segundo alguns
moradores ouviram 2 barulhos de bomba perto da
Estação do Morro do Alemão.
não
06/abril 32 Fotografia: Na foto aparecem algumas viaturas e policiais ao fundo. (Imagem em anexo)
Legenda: Segundo moradores, um rapaz foi baleado pelo
os policias da UPP e ainda estava com um bebe no colo
no bar...
sim
05/abril 28 Fotolegenda: “Filme vai mostrar ocupação do
Complexo do Alemão: O rapper MC Smith fará um
traficante. Cauã Reymond faz um líder do tráfico e
Antonio Fagundes, um chefe da polícia. Para os papéis
de infiltrados foram escalados Caio Blat, Gabriel Braga
Nunes, Milhem Cortaz e Otávio Müller. O papel
feminino de destaque será de Mariana Nunes ("Febre do
Rato")”. (Imagem em anexo)
OBS: Foto mostra um homem armado.
não
44
06/abril 22 Fotografia: na imagem aparecem alguns policiais na rua. (Imagem em anexo)
Legenda: “URGENTE: Policiais da UPP atiraram agora
em direção à um bar na comunidade da grota. Muitos
moradores que chegaram do trabalho estavam na hora!”
sim
08/abril 21 Fotolegenda: “Filme vai mostrar ocupação do
Complexo do Alemão: O rapper MC Smith fará um
traficante. Cauã Reymond faz um líder do tráfico e
Antonio Fagundes, um chefe da polícia. Para os papéis
de infiltrados foram escalados Caio Blat, Gabriel Braga
Nunes, Milhem Cortaz e Otávio Müller. O papel
feminino de destaque será de Mariana Nunes ("Febre do
Rato").” (Imagem em anexo)
OBS: a fotografia é diferente da postagem do dia
05/abril, mas também mostra diversas pessoas armadas.
não
Fonte: Fonte Capital social, visibilidade e engajamento comunitário no Facebook: o caso do Jornal “Voz da
Comunidade”,Maurício Lavarda do Nascimento, 2013.
Apesar das notícias serem baseadas apenas na vivência do Rene, de acordo com o
gráfico de Nascimento (2013), pode-se identificar uma dinâmica de cooperação feita através
dos relatos de alguns moradores que também haviam ouvido tiros em sua região, porém,
segundo a pesquisa, não ocorreu nenhuma tensão na conversação nem entre os atores, nem
em relação à polícia, conforme:
Na análise das conversações realizadas, pode-se compreender que são poucas as
conversações dialógicas geradas por parte do Voz da Comunidade com aqueles que
publicam, mesmo quando fazem perguntas diretas a este veículo comunitário,
tornando a Fan Page apenas como um canal de produção de conteúdo e não de
interação. (NASCIMENTO, 2013, p. 43).
Ainda segundo Nascimento (2013), a maioria das postagens realizadas pelos jovens
são adequadas ao meio, “demonstrando que apesar de não terem qualificação formal na área,
tem competência técnica suficiente para dar visibilidade à sua comunidade.” A facilidade de
produção de conteúdo feita por moradores como Rene, indica uma das potencialidades dos
perfis públicos criados pelo cidadão comum para interagir e usar este meio de divulgação
popular e alternativo.
Partindo do entendimento da atual forma de participação do jornalismo nas mídias
digitais, com destaque para o Jornalismo Cidadão, e compreendendo a relevância dessas
plataformas para o profissional da notícia e para a comunidade, observamos que ambas se
auxiliam para criação de conteúdo e firmação de confiabilidade nas informações divulgadas
para os usuários. Dentro da relação jornal e cidadão, as mídias digitais se tornaram o meio de
comunicação em que não existe apenas um emissor e nele é possível encontrar diversos
receptores, no mesmo ambiente. Entendemos que as mídias digitais deram mais destaque ao
45
jornalismo cidadão, a comunidade encontrou nelas um recurso para alcançar seus objetivos
pessoais e comunitários, seja divulgando um evento social ou um problema que não era
visível pela grande mídia. As estratégias criadas para produção e divulgação de informação,
desde a nova linguagem até as produções multimídias vinculadas com a facilidade imposta
pela tecnologia aumentaram o interesse do seguidor de interagir e participar deste meio.
Enquanto profissional de comunicação, conhecemos o potencial do jornalismo cidadão
nas mídias digitais quando houve o “estouro” do trabalho do Rene com o perfil Voz da
Comunidade durante a invasão do Complexo do Alemão, em 2010. A partir daquela data
pesquisamos perfis em Brasília que lembrassem o trabalho feito nas redes sociais do Voz,
contudo, não obtivemos sucesso inicial. Apenas em 2013, foi lançado o Diário da Ceilândia,
um jornal online criado por Douglas Protázio, autônomo, que se inspirou no Voz da
Comunidade para informa diariamente a comunidade da Ceilândia.
Criando cada vez mais interesse pelo jornalismo feito pelos próprios cidadãos para
comunidade, desenvolvemos a curiosidade em entender de que forma é feita e capitaneada a
produção de conteúdo destes perfis, o interesse em descobrir quais são as estratégias usadas
pelos autores para encontrar as informações disseminadas nas redes sociais e, ainda,
compreender a penetração e participação da sociedade nelas.
Em seguida entenderemos na pratica o papel do jornalismo feito com a participação do
cidadão. Será feita uma análise da produção de conteúdo do Diário da Ceilândia, onde
investigaremos as questões propostas neste capitulo e nos anteriores. Aprofundaremos o
entendimento da participação do sujeito na produção de conteúdo informativo, ele agora tem a
possibilidade para articular e representar sua comunidade. Também visualizaremos como é
feito o processo comunicacional entre a mídia e o público online.
5.3 O DIÁRIO DA CEILÂNDIA
O Diário da Ceilândia nem sempre teve esse nome e também não servia a população.
Em 2010, o autônomo Douglas Protázio criou o Blog do Protázio, com objetivo totalmente
político, porém, meio sem direcionamento, segundo o próprio. Com o objetivo de verificar a
participação do público na produção do conteúdo online do Diário da Ceilândia (DC) ,
buscou-se, por meio da análise de conteúdo das redes sociais e do site do Diário da Ceilândia,
avaliar as estratégias usadas para elaboração desse tipo de conteúdo. Com o objetivo de
verificar a participação do público na produção do conteúdo online do Diário da Ceilândia
46
(DC), buscou-se, por meio da análise de conteúdo das redes sociais e do site do Diário da
Ceilândia, avaliar as estratégias usadas para elaboração desse tipo de conteúdo.
O Diário da Ceilândia é um jornal online que informa diariamente a comunidade da
Ceilândia, uma região administrativa do Distrito Federal, a cerca de 26 km de Brasília. O
jornal oferece aos seguidores, desde 2013, notícias com opções de lazer, trânsito, saúde,
criminalidade, entre outros.
A FanPage possui 48.333 curtidas e o Twitter, 4.225 seguidores. A análise foi
realizada com base nas publicações entre 24 de julho e 6 de agosto. Foram examinados os
conteúdos publicados, bem como a forma de relacionamento e interação estabelecidos com o
público, e o engajamento mantido com este.
5.3.1 Conteúdo
Com base na análise dos conteúdos publicados pelo Diário da Ceilândia em suas
mídias sociais, verificou-se que o mesmo mantém publicações diárias relacionadas a serviços
prestados na comunidade e notícias encaminhadas pelas redes sociais ou pelo aplicativo
whatsapp por moradores e autoridades locais, como por exemplo, policiais e bombeiros.
Figura 3: Print de notícia publicada no Diário da Ceilândia com informações oficiais da Polícia Civil.
Fonte: Diário da Ceilândia (2016) Data: 01 de agosto de 2016
47
O jornal mantém um site com notícias mais extensas sobre o que está acontecendo na
Ceilândia, em sua maioria trata sobre ações sociais, eventos e projetos em prol dos moradores.
Sempre que existem novas notícias, as redes sociais recebem pequenas chamadas com links
direcionando o usuário para a página oficial. Contudo, raramente os links são para outras
páginas ou blogs da internet. As redes sociais do DC encaminham seus seguidores apenas para
suas próprias redes sociais.
Figura 4: Print de notícias publicadas na FanPage do Diário da Ceilândia com links encaminhando o seguidor
para o site.
Fonte: Diário da Ceilândia (2016) Data: 01 de agosto e 30 de julho de 2016
48
Muitas postagens apresentam problemas informados pelos moradores, sejam através
de vídeos, fotos ou áudios encaminhados por eles.
Figura 5: Print de notícias publicadas no Twitter e FanPage do Diário da Ceilândia com informações
encaminhadas por moradores.
Fonte: Diário da Ceilândia (2016) Data: 29 de Julho de 2016
49
Durante a realização de eventos na região administrativa ou na capital, o Diário da
Ceilândia faz publicações incentivando o público a participar e estar ativo em todas as ações
que beneficiam os moradores e a cidade.
Figura 6: Print de notícias publicadas no Twitter, na FanPage e no site do Diário da Ceilândia com informações
em prol dos moradores.
Fonte: Diário da Ceilândia (2016) Data: 1 de agosto de 2016, 30 de Julho de 2016 e 1 de agosto de 2016
Em geral, observa-se que o conteúdo publicado possui sempre o mesmo estilo:
informações de serviços, eventos de lazer, postagem com imagens feitas por moradores e
links encaminhando para o site oficial onde o usuário irá receber mais informações sobre o
assunto postado.
Segundo o criador do Diário da Ceilândia, Douglas Protázio, o jornal busca encontrar
respostas e soluções para os problemas dos moradores através da divulgação das notícias nas
redes sociais e no site. Informações que envolvam o poder público são resolvidas de maneiras
básicas, como a divulgação do telefone de contato de um ministério, ou mesmo a verificação
em um determinado posto de saúde para saber como está o atendimento aos pacientes.
50
Segundo o mesmo, o DC não possui apoio governamental. Um dos motivos para a falta de
incentivo financeiro pode ser o fato de o perfil não ser um jornal profissional que conta com
uma equipe especializada, Protázio é o único responsável por produzir conteúdo e a monitorar
as redes diariamente contudo, tem o reconhecimento dos moradores e vem recebendo mais
visibilidade na mídia.
A maioria das notícias postadas são recebidas diariamente via WhatsApp, enviadas
diretamente dos moradores ou dos canais oficiais da região (jornais, bombeiros, trabalhadores
da área da saúde etc). Protázio explica que, além das mensagens diretas, faz parte de grupos
oficiais direcionados para a Ceilândia. Para o autônomo, o modo de apuração vem dando certo
e é muito bem recebido pelos moradores. “O jornal pertence à comunidade de Ceilândia, eu
apenas administro”, exalta.
A credibilidade informativa é sustentada nas imagens recebidas e por rápidas
pesquisas, segundo Protázio. “A maior parte das notícias enviadas pela comunidade vem junto
com imagens e quando geram questionamentos, entro em contato com telefones oficiais e
confirmo a credibilidade do assunto”, explica. Em todas as publicações feitas com
informações recebidas por morardores está incluso, *Moradora Via WhatsApp
51
Mesmo com a participação ativa dos seguidores pelo aplicativo Whatsapp, o Diário da
Ceilândia não conta com publicações, em nenhuma rede social ou site, com solicitação para
que os seus seguidores enviem notícias, o envolvimento surge espontaneamente. Para
Protázio, a população se sente segura em mandar as informações para o Diário da Ceilândia,
pois o considera um canal informal que através das redes e do site pressiona para solucionar
as necessidades da cidade-satélite.
52
Figura 7: Print do local onde fica disponível, nas redes sociais e no site, para os seguidores os contatos para se
comunicar com o Diário da Ceilândia.
53
Segundo Nascimento e Rosa (2012), os perfis criados por cidadãos comuns para
noticiar a comunidade são resultado da inclusão permitida pelas redes sociais. A possibilidade
de fazer pesquisas de material informativo e interagir sobre as mesmas com pessoas que
vivem em contexto semelhante ou diferente são exemplos que ilustram essa possibilidade. A
partir disto, encontra-se o papel do jovem como sujeito capaz de mobilizar e articular sua
comunidade para a produção jornalística.
Por fim, fica exaltada a falta de estímulo por parte da página para haver a participação
do público. O perfil, poderia potencializar suas publicações e visibilidade valorizando os
50.874 seguidores através da criação de uma nova estratégia de conteúdo para, além de atrair
mais colaboradores, criar um relacionamento com os novos.
5.3.2 Relacionamento, interação e engajamento
Segundo Martendal (2012, p.11), as redes socais podem ser consideradas um meio que
possibilita ao receptor participar, interagir e questionar o que lhes é passado e isto os
transformou em emissores ativos. Logo é importante para uma empresa ou perfil informativo,
realizar a comunicação e manter um relacionamento social que satisfaça seu público. Para Vaz
(2011), o seguidor deve ser o início e o fim das decisões e Sterne exemplifica a relevância do
jornalismo cidadão ao citar a seguinte ação: “O que as pessoas estão dizendo on-line sobre sua
página é, hoje em dia, mais importante que sua propaganda” (2011, p.20), isso porque através
da análise dos comentários é possível interagir com os seguidores e criar novos meios para
potencializar a distribuição de notícias. Porém, não é necessário que um perfil implore
participação com o público, é preciso estimular os seguidores a se sentir à vontade para
participar, é preciso engajar.
O engajamento é uma ação emocional, diferente de participar, que é uma ação
racional. A junção de oportunidade, criatividade, bom conteúdo e interação resultam
o engajamento entre empresas e consumidores. O relacionamento virá depois do
engajamento, se este for bom. Com o relacionamento ganha-se vínculos.
(MARTENDAL, 2014, p. 13).
A partir da análise de relacionamento, interação e engajamento, a forma que esta
participação influencia para o crescimento do DC nas redes sociais, constatou-se que por
conta do grande número de comentários e curtidas, a interação e o engajamento mantem-se
persistentes. Apesar de não termos observado, durante o período analisado, nenhuma resposta
do DC aos comentários de seus seguidores, as pessoas permanecem participando da página,
mesmo com pouco ou nulo estímulo oferecido pelo perfil.
54
O conteúdo raramente estimula a participação do público por meio de perguntas. A
movimentação nos comentários, curtidas e compartilhamentos ocorre por conta dos temas que
geram uma “discussão” entre os moradores. Este estilo de notícia é a responsável por
estimular o público a interagir e se relacionar com página, mesmo que seja um relacionamento
unilateral.
Figura 8: Print de notícia publicada na FanPage do Diário da Ceilândia mostrando a participação dos seguidores
nos posts publicados com o tema que gera debate.
Fonte: Diário da Ceilândia (2016) Data: 26 de julho de 2016
55
Nos casos de notícias indicadas pelo público, as informações são recebidas via
WhatsApp, Email ou Inbox. Protázio disponibiliza o número do celular no Facebook do DC e
seleciona as colaborações que considera de maior relevância. Elas são postadas da forma que
o usuário descreveu.
Figura 9: Print de notícia publicada na FanPage do Diário da Ceilândia mostrando a participação dos seguidores
nos posts publicados com o tema que gera debate.
Fonte: Diário da Ceilândia (2016) Data: 29 de julho de 2016 e 4 de agosto 2016
Estudando o conteúdo publicado nas redes sociais, fica perceptível a falta de produção
com linguagem especifica para cada uma. Por exemplo, em alguns casos, a notícia que é
produzida no site ganha apenas o link com o início do texto nas redes sociais (Facebook e
Twitter), e as que estão completas no Facebook sempre ganham apenas o link no perfil do
Twitter, atitude que pode ser vista como descaso para o seguidor. Caso o perfil investisse em
produzir material selecionado para cada uma, mesmo que se tratassem do mesmo assunto, iria
atrair maior atenção do público e, se for à intenção, encaminhar de modo esclarecido os
interessados para a outra rede ou site.
56
De modo geral, a página poderia investir mais na interação com o público nas redes
sociais. Assim, aumentaria o engajamento, criando um relacionamento maior e conquistando
cada vez mais a confiança dos seguidores, que por sua vez, enviariam mais notícias diárias
para página.
5.3.3 Considerações
Analisando os principais temas abordados no Diário da Ceilândia, concluiu-se que o
foco principal da página é tratar de conteúdos que beneficiem o cidadão. Todos às notícias
visam a melhoria diária da comunidade. De acordo com Douglas Protázio, as publicações que
mais atraem curtidas e comentários são de crimes e alertas de estabelecimento públicos, por
exemplo, se o posto de saúde estará aberto e com quantos funcionários conta.
Mesmo com a variedade de conteúdo publicada, a linguagem utilizada no site e nas
redes sociais (Facebook e Twitter) não recebem curadoria, ou seja, são publicadas em todos os
canais da mesma forma, sem nenhuma alteração de texto. É necessário adaptar-se a linguagem
de cada espaço de publicação.
Entre as publicações diárias não foram encontradas, nem nas redes sociais nem site,
incentivo à participação do público, nem mesmo por meio de questionários. Os canais apenas
disponibilizam o contato (Inbox do Facebook e Twitter, email ou aplicativo WhatsApp) para
que o interessado prontifique-se a dar informações e em seguida os publica.
Entre as principais estratégias utilizadas nas mídias sociais pelo Diário da Ceilândia a
primeira é a localidade: o canal está onde seu público procura, ou seja, nas redes sociais:
Facebook, Twitter, site e no WhatsApp. Segundo, é mantido consistência no conteúdo e
frequência das publicações, ou seja, as informações são relevantes, de qualidade e, sempre,
relacionadas à Ceilândia. E por fim, apesar de Protázio ser o único responsável pelo DC, ele
cuida com exclusividade das redes garantindo a frequência, qualidade do conteúdo, além de
responder as mensagens no WhatsApp, email e inbox enviadas pelos seguidores.
57
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo evidenciou a participação do jornalismo cidadão, aliado às ferramentas
digitais, como estratégia de produção de conteúdo usada pelo Diário da Ceilândia para exaltar
a voz da comunidade por meio de divulgação nas redes sociais. A partir do espaço online, o
autônomo Douglas Protázio tenta, com auxílio dos cidadãos, ultrapassar as barreiras
midiáticas locais, com publicações sobre a região administrativa da Ceilândia, visando
solucionar problemas da comunidade.
Sendo a participação dos moradores uma das principais fontes de conteúdo reafirma-se
o potencial do jornalismo cidadão como estratégia de produção de conteúdo informacional.
Isso se dá por conta do poder comunicacional resultado da liberdade ofertada na internet,
produzindo à emancipação informativa das comunidades excluídas. Foi possível então
desvendar as ferramentas que o jornalismo online propicia para o desenvolvimento do
jornalismo cidadão.
As redes sociais são poderosas ferramentas para captação de conteúdos e informações
jornalísticas. Para o público, anteriormente negligenciado, se tornou possível aumentar sua
voz, gerando benefícios tanto para comunidade quanto para os meios de comunicação, se
utilizada de forma correta.
Douglas Protázio, enfrentou o desafio de usar as redes sociais para exaltar os anseios
da comunidade por meio dos recursos disponíveis no meio digital, principalmente as redes
sociais. Conhecendo o público que visava ajudar, deixou de lado a clássica forma de apenas
publicar informações divulgadas pelos meios de comunicação e passou a permitir que a
comunidade se tornasse um canal emissor, publicando informações enviadas diretamente
pelos moradores.
Esse empoderamento comunicacional que resulta em capital social, voltado à
emancipação das comunidades excluídas, pode sinalizar para uma marca
contemporânea de resistência de sujeitos críticos e politizados que insurgem de
comunidades invisíveis à mídia hegemônica e comercial (NASCIMENTO e ROSA,
2012, p. 11).
Em relação aos pontos positivos, percebe-se a preocupação em manter o público
informado sobre os acontecimentos, atividades e eventos que ocorrem na comunidade. Em
casos de eventos, ações sociais e até concursos, sempre são feitas publicações com textos
explicativos visando que o público não fique com dúvidas e garanta a participação. Outro
ponto positivo é a valorização das informações passadas pelos moradores, sempre que uma
58
notícia é enviada via WhatsApp, Douglas apura e publica o texto como foi enviado, deixando
em destaque o nome do seguidor que o comunicou.
Já negativamente, verificou-se que a maioria das postagens feitas pelo DC não recebe
linguagem apropriada para cada rede social. Os perfis do Diário da Ceilândia costumam
receber apenas o link que direciona o seguidor para o canal onde está a informação, por
exemplo: o texto que está na íntegra no Facebook recebe apenas um link com o início do texto
no Twitter. Também é necessário avaliar a relevância de certos textos para as devidas redes
sociais, algumas postagens são extremamente extensas para o Facebook e, com isso, atraem
menos atenção, o DC poderia utilizar o site para publicar as mesmas e usar as redes apenas
para complementar o leitor sobre o conteúdo divulgado. Outro ponto a ser melhorado é a falta
de interação com os seguidores, seria interessante participar dos comentários postados e até
criar postagens com questionamentos, isto mostraria que DC se preocupa com a opinião de
seu público.
Sob a análise do objeto percebe-se que o Diário da Ceilândia utiliza a ótica do
Jornalismo Cidadão como principal meio de receber potenciais notícias, o que o diferencia
dos meios de comunicações regulares que optam por publicações de fontes oficiais.
Verificou-se que o mesmo tem se esforçado para propagar o maior número de informações
recebidas dos seguidores possibilitadas pelas plataformas de diálogo com o cidadão.
Segundo CORREIA, MORAIS e SOUSA (2011, p.5), a mídia tende cada vez mais a
se aproximar do jornalismo do cidadão, pois houve uma “reorientação do jornalismo público
no sentido de aproveitar a interatividade prometida pelo online para aprofundar dinâmicas
participativas”.
Avaliamos que produzir conteúdos originais, de qualidade e que sejam de interesse do
leitor é a melhor estratégia para atrair a atenção do público e conquistar mais seguidores. O
público sente-se confortável em relação à página para enviar informações e publicar sua
opinião. Contudo, a comunicação entre eles e o DC nas redes sociais deve ser mais
humanizada, talvez criando uma linguagem básica e mais próxima possível da realidade.
Ainda sem isto, os seguidores permanecem participativos. “Ser criativo, dar atenção e estar
atento às necessidades do público [...] são pontos necessários para se ter sucesso dentro e fora
da rede social”. (MARTENDAL, 2014, p.18).
Espera-se que este estudo possa contribuir com novas perspectivas para o jornalismo
cidadão produzido por usuários comuns através do uso das redes sociais e com isto, outros
internautas percebam o potencial em suas mãos para exercer a cidadania comunicativa, como
foi o caso estudado Diário da Ceilândia
59
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APÊNDICE A - Entrevista com Douglas Protázio
Observando o trabalho do perfil Voz da Comunidade, durante a invasão do
Complexo do Alemão, Douglas identificou a necessidade de um canal em que a
população tivesse participação, em Ceilândia. A partir disso, foi aperfeiçoando e
adaptando à nova ideia ao blog, e em 2013, estava com todas as mudanças postas em
prática e lançou o novo nome, o Diário de Ceilândia.
Atualmente, o Diário não tem nenhum viés político, nenhum vínculo com
político ou partido. O principal conteúdo das redes e do site são produzidos para atender
às demandas requisitadas pelos moradores.
Os crimes são os posts com mais curtidas, retweets e compartilhamentos. Porém,
assuntos como a quantidade de médicos disponíveis nos postos, se estão de plantão,
endereços de estabelecimentos, informações de escolas sobre aulas e professores,
solicitação de reparos na cidade, telefones da administração e tudo mais que for
solicitado pelos moradores se torna pauta.
Para Douglas, a população se sente segura em mandar as informações para o
Diário da Ceilândia, pois o considera um canal informal que através das redes e do site
pressiona para solucionar as necessidades da cidade. O objetivo é que o serviço
prestado cobre para que os problemas da região sejam resolvidos e ajudar os moradores.
As notícias postadas diariamente são recebidas via WhatsApp, enviadas
diretamente dos moradores ou dos canais oficiais da região. Ele explica que, além das
mensagens diretas, faz parte de grupos oficiais direcionados para a Ceilândia. Para o
autônomo, o modo de apuração vem dando certo e é muito bem recebido pelos
moradores. “O jornal pertence à comunidade de Ceilândia, eu apenas administro”,
exalta.
A credibilidade informativa é feita através das imagens recebidas e de rápidas
pesquisas. “A maior parte das notícias enviadas pela comunidade vem junto com
imagens e quando geram questionamentos, entro em contato com telefones oficiais e
confirmo a credibilidade do assunto”, explica. Em todas as publicações feitas com
informações recebidas por morardes está incluso *Moradora Via WhatsApp
Não são deixadas de lado as informações recebidas pela grande mídia. Nestes
casos, Douglas pesquisa mais informações com seus contatos e escreve uma nova
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notícia para o site, o link é publicado em todas as redes sociais do DC direcionando o
público para a página oficial.
Ao ser questionado sobre a possiblidade de responder todas os comentários na
FanPage do DC, Protázio esclarece que a quantidade de interações recebidas é grande
para que ele mantenha todas atualizadas “Entendo a importância de responder ao
público nas redes socais. Em um futuro próximo pretendo ter alguém para me ajudar
com esta parte”, comenta e deixa claro que no aplicativo WhatsApp, onde recebe as
notícias do público, todas as mensagens são respondidas o mais breve possível.
As redes sociais do Diário da Ceilândia são o Twitter, @diariodaceilandia, a
página no Facebook, https://www.facebook.com/diariodeceilandia/, o WhatsApp, o
email, [email protected] e o site http://www.diariodeceilandia.com.br/. Em
todos o cidadão pode interagir enviando suas dúvidas e sugerindo pautas.