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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE BRASÍLIA LAÍS BARBOSA DE SOUZA YOUTUBER’S DE MODA E BELEZA O poder da influência na decisão de uma compra BRASÍLIA - DF 2016

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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE BRASÍLIA

LAÍS BARBOSA DE SOUZA

YOUTUBER’S DE MODA E BELEZA

O poder da influência na decisão de uma compra

BRASÍLIA - DF

2016

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2

Laís Barbosa de Souza

YOUTUBER’S DE MODA E BELEZA

O poder da influência na decisão de uma compra

Monografia apresentada ao Instituto de

Educação Superior de Brasília, como parte

das exigências do Curso de Pós-

Graduação Lato Sensu em Jornalismo

Digital e Produção Multimídia para a

obtenção do título de Especialista em

Jornalismo Digital.

Orientador: Prof. M.e. Davi de Castro de

Magalhães

BRASÍLIA - DF

2016

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3

Em primeiro lugar а Deus, foi Ele

quem me deu força е coragem

durante toda esta longa caminhada.

À minha mãe e irmã que sempre

estiveram ao meu lado nos

momentos difíceis, e em especial ao

meu pai, que está assistindo do céu a

esta conquista. Aos amigos pela

força e companheirismo.

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Resumo

Este trabalho tem o objetivo de analisar se as pessoas que acompanham vídeos sobre moda e beleza no YouTube são influenciadas pelos produtores de conteúdo. Para isso, aplicamos um questionário em grupos específicos para saber se eles compram o produto indicado em vídeo. Analisamos também o conteúdo de um desses canais para identificar como essa possível influência é feita e entender se existe uma preocupação por parte do youtuber em mostrar os cosméticos. Os denominados influenciadores digitais são capazes de movimentar e inspirar um número grande de pessoas com atitudes expostas diariamente. Para isso, escolhemos estudar o perfil das pessoas que são influenciadas digitalmente para responder o nosso problema de pesquisa, descobrir se o desejo de comprar produtos de beleza aumenta porque influenciadores digitais apresentam a mercadoria e dizem que o resultado e a funcionalidade são positivos.

Palavras-chave: YouTuber’s; Moda e Beleza; Influenciadores Digital; Líderes de Opinião na Internet; YouTube.

ABSTRACT

This study aims to analyze if the videos content producers influence people who follows videos about fashion and beauty on YouTube. For that, we applied a quiz in specific groups to see if they buy the product shown in the video. We also analyzed the content of those channels to identify how that influence can happen and to understand if there is a concern by the youtuber to show the cosmetics. The so-called digital influencers are able to move and inspire a large number of people exposing their daily behavior. For that, to answer our research problem, we chose to study the profile of people who are digitally influenced, and to find out if the desire to buy beauty products increases because digital influencers have the goods and say the outcome and functionality are positive.

Key words: YouTubers; Fashion and beauty; Digital Influencers; Opinion leaders in the Internet; YouTube.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Evoluções da Web 1.0 para a Web 2.0................................ 18

Figura 2 – Mame map Web 2.0 …………………………………............ 19

Figura 3 – Rede de relacionamento entre blogs, leitores e empresas

parceiras .............................................................................................

28

Figura 4 – Comentário de leitora .......................................................... 31

Figura 5 – Postagem sobre Projeto What? .......................................... 32

Figura 6 – home do YouTube em 2016 ................................................ 39

Figura 7 – Barra de navegação vertical da home ............................... 40

Figura 8 – Modelo two-step flow of communications …………………... 50

Figura 9 – Meio de comunicação Folk .................................................. 52

Figura 10 – Tipos de influenciadores ................................................... 55

Figura 11 – Vídeo “do lixo ao luxo em alguns minutos” ........................ 72

Figura 12 – Pergunta e resposta do questionário ................................. 72

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Porcentagem de visualizações do canal Vício Feminino

em janeiro ...........................................................................................

64

Gráfico 2 – Porcentagem de visualizações em fevereiro ..................... 65

Gráfico 3 – Porcentagem de visualizações em março ....................... 66

Gráfico 4 – Idade do público ............................................................... 69

Gráfico 5 – Influência por faixa etária ................................................. 71

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ......................................................................... 8

2. OBJETIVOS ............................................................................. 10

2.1 Objetivo geral ................................................................... 10

2.2 Objetivo específico ........................................................... 10

3. JUSTIFICATIVA ....................................................................... 11

4. PERCURSO TEÓRICO-METODOLÓGICO 13

5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................... 15

5.1. A história da Internet ........................................................ 15

5.1.1 Web como plataforma ............................................... 16

5.1.2 Fundamentos da Web 2.0 ......................................... 24

5.1.3 Web 3.0 ..................................................................... 26

5.1.4 Blog, o início de tudo ................................................. 27

5.1.5 Mídias Sociais ........................................................... 32

5.1.6 Características da mídia social .................................. 36

5.1.7 YouTube – o site de compartilhamento de vídeos ... 37

5.2 O surgimento dos líderes de opinião ................................. 41

5.2.1 O contexto social e os efeitos dos meios de

comunicação de massa .......................................................................

49

5.2.2 Influenciador na era digital ......................................... 53

5.3 Conhecendo a influência que existe pelos youtubers de

moda e beleza ....................................................................................

62

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................... 74

7. REFÊRENCIAS BIBLIOGRAFICAS ........................................ 77

8. APÊNDICE ............................................................................... 82

8.1 Entrevista – Youtuber de Moda e Beleza .......................... 82

9. ANEXO 84

9.1 Questionário – Canal de Youtube Moda e Beleza ............ 84

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1 INTRODUÇÃO

Atualmente estar conectado à web passou a ser uma necessidade de

extrema importância e, com isso, muitas pessoas acabam consumindo opiniões

e informações de outros indivíduos que estão se expondo na Internet. Os

formadores de opinião postam vídeos falando o seu ponto de vista sobre algum

assunto específico e os seguidores que os acompanham acabam tendo uma

percepção parecida e assim uma multidão de consumidores trocam opiniões

com pessoas diversas sobre produtos e serviços.

Segundo a pesquisa da Netpop Research (2010 apud Tiinside, 2010,

apud Ciribeli; Paiva, 2011), a pedido do Google Brasil, os usuários estão cada

vez mais informados das vantagens que uma rede social pode oferecer em

relação a um produto, como ter descontos e participação em promoções. Esse

é um dos pontos de explicação sobre o grande aumento do uso das mídias

digitais como princípio de pesquisa antes de finalizar uma compra.

A exposição que a moda tem em lançamentos e divulgações na Internet

faz com que ela ganhe maior visibilidade, principalmente com os canais de

Youtube de moda e beleza que estão constantemente antenados nesse assunto

para passar aos seguidores.

Moda, aliás, tem tudo a ver com esse universo hiperconectado e

descolado das mídias sociais. A palavra vem do latim modus e significa "modo",

"maneira" e "comportamento", e do francês mode, que significa uso, hábito ou

estilo que podem ser definidos pelo gosto, ideia, capricho e interinfluencias do

meio em que o indivíduo vive (Amaral; Ferreira; Vieira, 2006 apud Cunha; Cunha;

Monte, 2015). A moda pode ser também a forma que uma pessoa deseja se

expressar.

(...) a moda reafirma a liberdade do homem de recriar a própria pele, não a primeira, dada biologicamente, mas a segunda, gerada por sua imaginação e fantasia e tornada real por sua engenhosidade técnica. A roupa é uma segunda pele que, recobrindo a primeira, compõe com ela a aparência final do sujeito. (BAITELLO, 2005 apud CASTILHO; MARTINS, 2005, p. 31 apud Cunha; Cunha; Monte, 2015, p.30).

A moda permite que o consumidor tenha uma liberdade de poder se

vestir da maneira que deseja, reproduzir identidade e atrair olhares de outras

pessoas. Segundo Bergamo (1998 apud Cunha; Cunha; Monte, 2015) o espírito

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da moda está nos conhecimentos, nas apresentações e naquilo que orienta a

relação das pessoas com as roupas, aprovando e desaprovando, expondo juízos

de valor.

Esse assunto foi escolhido pela afinidade que temos com o tema e por

querer conhecer o público que assiste vídeos do segmento moda e beleza, como

faixa etária e motivações, além de saber se as pessoas já compraram algum

produto indicado por um influenciador digital.

Com isso, este trabalho busca analisar como os internautas agem

quando assistem vídeos onde o youtuber de moda e beleza indica produtos em

vídeos e redes sociais, se eles compram por confiar na recomendação dada ou

isso é irrelevante. Também é propósito de estudo desta monografia saber como

se dá essa influência nos conteúdos dos canais e como esses influenciadores

digitais se sentem em saber que a propaganda que eles fazem de um produto

poderá influenciar uma pessoa que está do outro lado da tela do computador.

Para isso vamos iniciar este estudo conhecendo um pouco da história

da Internet e como ela evolui até os dias de hoje, como as mídias sociais se

tornaram tão presente na vida das pessoas e se tornou profissão para algumas

outras. Já no segundo capítulo abordaremos sobre o líder de opinião, como ele

se comporta e saberemos como esses líderes se posicionam na web para poder

influenciar as pessoas. No terceiro e último capítulo iremos conhecer um pouco

do público que acompanha youtubers de moda e beleza e tentar responder o

nosso problema de pesquisa: as pessoas compram produtos apenas por que um

influenciador digital disse que tinha uma boa funcionalidade e o resultado era

vantajoso?

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Analisar se os internautas são influenciados pelos produtores de vídeo

do YouTube do segmento de moda e beleza.

2.2 Objetivos específicos

Identificar o novo líder de opinião e como este se configura no novo

cenário midiático;

Identificar o perfil dos espectadores dos canais de moda e beleza do

YouTube e saber se e por que compram produtos indicados por

blogueiros;

Entender como as redes sociais podem ser aliadas do influenciador digital

e analisar como se dá sua influência a partir dos canais de moda e beleza

no YouTube.

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3 JUSTIFICATIVA

O número de acessos no site YouTube tem crescido pelo menos 50% a

cada ano por três anos consecutivos1, o que, associado com o aumento de

canais criados e internautas, tem gerado uma demanda maior de conteúdo. As

publicações feitas na rede são referências de vídeos sejam para música,

entretenimento, jogos, blogs ou esporte e, por esse motivo, estão ganhando cada

vez mais espaço.

As pessoas assistem a milhões de horas de vídeos no YouTube e

acabam gerando bilhões de visualizações por dia. Segundo o próprio site, a rede

tem mais de um bilhão de usuários, que atingem adultos de 18 a 49 anos e o

número de pessoas que assistem ao YouTube por dia cresceu 40% ao ano,

desde março de 2014.

Observando o público que acessa o site, a expansão do número de

vídeos publicados e os acessos em vídeos relacionados ao universo feminino foi

notado como a opinião dessas pessoas que produzem conteúdo para o YouTube

pode ser relevante e pertinente para os seguidores dos canais, que muitas vezes

compram produtos por indicação dos youtubers.

Vemos, então, que é crescente a busca por vídeos de diversos assuntos,

já que 80% das visualizações do YouTube são de fora dos EUA e os brasileiros2

formam o segundo mercado consumidor de vídeos na internet, o que mostra um

fortalecimento do mercado online no país.

A influência existe, principalmente, em assuntos de interesse em

produtos de beleza e cosméticos, fazendo com que a economia tenha uma maior

movimentação por despertar desejo de compra em outras pessoas e cuidados

com a aparência. Essa atitude acaba sendo um aliado para que várias empresas

trabalharem o marketing na Internet e terem mais visibilidade por diferentes

públicos, usando o blogueiro como porta-voz da marca.

1 https://www.youtube.com/yt/press/pt-BR/statistics.html 2 http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/youtube-afirma-que-brasileiros-sao-maiores-consumidores-de-videos-no-portal

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Assim, este trabalho pretende fazer um estudo de caso sobre a influência

que os produtores de conteúdo de moda e beleza tem, a partir de questionário

para os internautas e análise de conteúdo do canal criado pela blogueira Camilla

Cabral, do blog Vício Feminino, que ocupa a 8ª colocação no ranking dos 10

maiores canais brasileiros de beleza3.

3 http://diaestudio.com/noticias/10-maiores-canais-beleza/

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4 PERCURSO TEÓRICO-METODOLÓGICO

A análise bibliográfica foi elaborada a partir de uma escolha de autores

após a definição do tema, auxiliando na escolha dos métodos apropriados para

sua abordagem. Como trajeto para alcançar o resultado deste estudo, foi

escolhida a pesquisa exploratória nos dois primeiros capítulos para embasar o

conceito teórico sobre a Internet e o líder de opinião, que, segundo Gil (2008),

tem como propósito fundamental desenvolver, esclarecer e modificar conceitos

e ideias de temas comuns. Os assuntos envolvem um levantamento bibliográfico

para fundamentar todo o estudo que será feito.

Nos primeiros capítulos explicamos desde o surgimento da Internet até

a criação das mídias sociais e as profissões que surgiram junto dela. Sendo

aplicada a pesquisa exploratória com a finalidade de permitir uma visão geral,

explicando uma situação do ambiente que nos dedicamos e definições

pertinentes na afinidade do nosso objeto de estudo, como Internet, blogs, mídias

sociais, líder de opinião e influenciadores digitais.

As pesquisas exploratórias são utilizadas quando o assunto é pouco

conhecido, segundo Forte (2004), as conclusões geram suposições antecipadas

para pesquisas futuras. Assim sendo, desenvolvemos os principais conceitos

para apoiar a compreensão nos conteúdos trabalhados para a realização de um

estudo de caso de caráter empírico. De acordo com Yin (2005 apud Gil, 2008,

p.58), o estudo de caso é um estudo empírico que tem o intuito de pesquisar um

acontecimento atual dentro de seu contexto de realidade, no momento em que

as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não estão claramente estabelecidas.

Desta forma, o nosso estudo teve o objetivo de conhecer o público que

acompanha vídeos no YouTube no segmento de moda e beleza, analisar a

linguagem que os produtores de vídeos usam e como a influência pode ser

realizada neste meio da Internet. Para isso foi feita uma pesquisa quantitativa e

qualitativa para analisar idade, região e nível de influência entre essas pessoas,

além de analisar o conteúdo postados durante os três primeiros meses de 2016

de um dos 10 canais de moda e beleza mais acessados no Youtube pelos

brasileiros.

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Nas pesquisas quantitativas prevalecem os métodos estatísticos, em

termos numéricos (Gil, 2008), esse tipo de pesquisa é bastante aceito por ter

uma característica satisfatória no grau de precisão. Para nos ajudar a chegar a

uma resposta aplicamos um questionário quantitativo e qualitativo para grupos

no Facebook que se interessam por esse assunto e divulgamos nas páginas de

algumas blogueiras para as seguidoras dessa rede social.

A pesquisa qualitativa tem o poder de fazer análises mais dissertativas,

que foi utilizado no questionário realizado em perguntas abertas. A partir desta

análise foi possível pensar, identificar e classificar as informações coletadas com

intenção de qualificar o papel do influenciador digital observado neste contexto.

Foi feita também uma análise de conteúdo no canal Vício Feminino por

Camilla Cabral, num período de janeiro a março de 2016, por serem meses

festivos, com probabilidade de o assunto de beleza ter maior evidência e de

férias, onde o número de visualizações pode aumentar.

Foi realizada uma entrevista informal via e-mail com a dona do canal,

onde pretendíamos ter uma visão mais ampla do problema pesquisado e

conhecer melhor sobre a personalidade da Camilla. De acordo com Gil (2008,

p.111) esse tipo de estudo pode ser feito a especialistas no tema, líderes formais

ou informações, personalidades destacadas etc. Decidimos entrevista-la para

conhecer o modo de pensar de quem está produzindo este tipo de vídeos.

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5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

5.1 A história da internet

De acordo com Castells (2001), a Internet surgiu no final dos anos 1960

a partir de pesquisas militares no auge da Guerra Fria. Essa foi uma maneira das

forças armadas norte-americanas de manter a comunicação caso as bases

militares russas destruíssem os meios de comunicação da época, podendo

trazer a público informações sigilosas, tornando os Estados Unidos vulneráveis.

Assim então foi criada a ARPANet, Advanced Research Projects Agency

Network, do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Professores

universitários, estudantes, empresas de tecnologia e alguns políticos norte-

americanos também utilizaram como um importante meio de comunicação.

A ARPAnet foi criada como uma maneira de permitir diversos centros de

computadores e grupos de pesquisa, que trabalhavam para a agência,

compartilhar on-line tempo de computação. Apesar de a ARPAnet ter sido uma

rede experimental construída para ser utilizada no desenvolvimento e teste de

tecnologias, as associações que faziam parte do desenvolvimento começaram a

utilizá-la para as necessidades diárias de troca de mensagens de correio

eletrônico e de transferência de ficheiros, segundo Castells (2001). Tempos

depois a ARPAnet se tornou ARPA-INTERNET, onde acabou ficando dedicada

a pesquisas, e, em 1990, foi retirada de exercício; a partir daí a Internet passou

a ser liberada no ambiente militar. O governo dos EUA confiou a administração

à National Science Foundation Network (NSFNET), o que tratou logo de

encaminhar a privatização e a comercialização da rede. A maioria dos

computadores nos Estados Unidos poderia entrar em rede, o que causou a base

para as interconexões de rede. Depois que a NSF estabeleceu a entrada da

NSFNET para redes estrangeiras no período que a Internet foi privatizada entre

1990 a 1995, a dimensão de redes não americanas ligadas à Internet dobrou,

passando de 20 a 40% de todas as redes conectadas.

Segundo Castells (2001) no início dos anos 1990 muitos fornecedores

de rede montaram sua própria conexão e firmaram bases comerciais e

rapidamente a Internet cresceu como uma rede global de computadores. O

modelo que existe é o resultado de um hábito de formação de redes de

computadores. Um elemento dessa tradição foi o bulletin board systems (BBS),

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um sinal que derivou da interconexão de computadores pessoais no fim da

década de 1970. Nos anos 2000 a FIDONet era a conexão de rede de

computadores mais barata e acessível mundialmente, tendo como base

computadores e ligações por linhas telefônicas tradicionais.

A primeira fase da internet também é chamada de Web 1.0, na qual os

sites de conteúdo eram estáticos e com pouca interatividade dos internautas,

sendo do tipo read-only-web, onde as operações de download eram a imagem

de marca da utilização estando ao alcance da ponta dos dedos.

A expansão e a valorização do conceito de liberdade individual são

alguns aspectos que fazem parte da natureza da Internet. Esses e outros

aspectos podem ser encontrados em três de quatro estratos culturais que,

segundo Castells (2001, apud Mota, 2009), produziram e moldaram a Internet:

1. Cultura tecnomeritocrática: envolve as descobertas científicas

voltadas para a tecnologia e para a Internet;

2. Cultura hacker: a cultura hacker tem como base três

sustentações: colaboração, conhecimento e liberdade. No código

de ética, existem alguns princípios que devem ser seguidos, como

não apagar intencionalmente ou danificar um arquivo em um

computador invadido, notificar os administradores de sistemas

sobre qualquer brecha encontrada, não invadir para roubar

dinheiro ou informações, sempre estar disposto a compartilhar

seu conhecimento, métodos, dentre outros;

3. Comunidade virtual: um espaço virtual que permite a interação

e troca de informação entre pessoas fisicamente distantes ou não,

baseando-se na aglomeração de indivíduos com interesses

comuns.

5.1.1 Web como plataforma

Conhecendo um pouco a história da Internet vamos ver agora como ela

se desenvolveu desde seu surgimento, em 1960. A Internet foi se aprimorando

e suas características foram sendo formadas, como por exemplo, as fases da

web, denominadas de Web 1.0, Web 2.0 e Web 3.0.

A definição de “Web 2.0” surgiu durante uma conferência de

brainstorming entre as empresas O’Reilly Media e MediaLive International, duas

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produtoras de eventos, conferências e conteúdos voltados para tecnologias da

informação. A expressão Web 2.0 foi adotada por Tim O’Reilly em 2004 nos

Estados Unidos em uma conferência de ideias para discutir como a World Wide

Web estava gerando sistemas. A primeira explicação que O’Reilly deu ao termo

era que havia pouca exatidão: “um conjunto de princípios e práticas que agregam

um verdadeiro ‘sistema solar’ de sites, todos contendo alguma forma de ação

participativa” (Saad, 2003, p.148 apud O’Reilly).

O’Reilly destacava as ideias que a Web 2.0 exerce em um “conjunto de

princípios e práticas” e “ação participativa”:

- O princípio do posicionamento estratégico: a web como plataforma

social;

- O princípio do posicionamento do usuário: “você controla seus

dados”;

- O princípio da rede como geradora de competências centrais: a

oferta de serviços e não de pacotes de software; a arquitetura de

participação; e o meio de recurso da inteligência coletiva.

(SAAD, 2003, p.149)

Conforme Bressan (2008), o chefe executivo da O’Reilly Media e

precursor do termo Tim O’Reilly a Web 2.0 é a segunda geração de serviços e

aplicativos da rede que permitem aos usuários maior interatividade e

contribuição na utilização da internet. O objetivo principal da Web 2.0 é tornar a

rede mundial de computadores um espaço social e acessível a todos, um

ambiente onde os usuários selecionam e controlam informações conforme as

necessidades e interesses.

De acordo com O’Reilly, a Web 2.0 está dividida em pontos-chave: web

como plataforma; controle de dados pelos próprios usuários; serviços

independentes de pacotes de softwares; arquitetura participativa; custo-

benefício em termos de escala; flexibilidade de dados, inclusive das fontes;

software acima do nível de dispositivo único; incentivo à inteligência coletiva. O

conceito de Web 2.0 surgiu após mudanças catalogadas na figura 1, que

veremos à frente, onde O’Reilly separa algumas ações, sites e termos que são

considerados parte da Web 2.0 em contraposição à Web 1.0 (O’Reilly Media,

Inc, 2006).

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Segundo Mota (2009), Tim Berners-Lee deu uma entrevista a Scott

Laningham, para os developerWorks podcast da IBM sobre a perspectiva que a

Web 1.0 tinha a ver com a ligação entre computadores e com a disponibilização

da informação, enquanto a Web 2.0 tem essa ligação entre as pessoas e a

facilidade de novas colaborações.

A Web 1.0 era sobre conectar pessoas. Era um espaço interativo, e acho que a Web 2.0 é, naturalmente, um pedaço de jargão, ninguém sequer sabe o que significa. Se a Web 2.0 para você é blogs e wikis, então isso são as pessoas para as pessoas. Mas isso era o que a Web era suposto ser o tempo todo. E, na verdade, você sabe, este "Web 2.0", que significa usando as normas que tenham sido produzidos por todas essas pessoas que trabalham na Web 1.0. (Laningham, 2006: Podcast, apud Mota, 2009, tradução livre)4

Browser, portais, sites, homepages, linguagem HTML, e-mails, livros de

visita, fóruns, chats, álbuns de fotos, os primeiros sistemas de busca e etc, são

caracterizados como a primeira fase da web. A segunda fase inclui componente

como a colaboração com redes de relacionamento, blogs, marketing viral,

folksonomia, webjornalismo participativo, escrita coletiva, velocidade e

convergência.

Para Berners-Lee (apud Mota, 2009), o sucesso de wikis e blogs são

seguidos do entusiasmo com que os usuários os adaptaram, refletindo a

necessidade das pessoas de serem criativas e de participarem no diálogo global.

Os principais pontos do discurso de Berners-Lee são a interação e a

comunicação entre as pessoas na colaboração, criatividade e produção de

conteúdo.

Eu sempre imaginei o espaço de informação como algo a que todos têm acesso imediato e intuitivo, e não apenas para navegar, mas para criar. (apud Paul Anderson, 2007: 14, apud Mota, 2009, tradução livre)5

O’Reilly (2006) busca esclarecer o que entende sobre o conceito de Web

2.0, para isso apresentou um quadro em que estabelece as diferenças entre a

“velha web” e a “nova web”.

Figura 1: Evoluções da Web 1.0 para a Web 2.0

4 Web 1.0 was all about connecting people. It was an interactive space, and I think Web 2.0 is of course a piece of jargon, nobody even knows what it means. If Web 2.0 for you is blogs and wikis, then that is people to people. But that was what the Web was supposed to be all along. And in fact, you know, this 'Web 2.0', it means using the standards which have been produced by all these people working on Web 1.0. (Laningham, 2006: Podcast). 5 I have always imagined the information space as something to which everyone has immediate and intuitive access, and not just to browse, but to create. (apud Paul Anderson, 2007: 14)

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Fonte: (O’Reilly Media, Inc, 2005)

O’Reilly tentou criar em outubro de 2005 uma melhor definição para Web

2.0:

Web 2.0 é a rede como plataforma, abarcando todos os dispositivos conectados. As aplicações Web 2.0 são aquelas que produzem a maioria das vantagens intrínsecas de tal plataforma: distribuem o software como um serviço de atualização contínuo que se torna melhor quanto mais pessoas o utilizam, consomem e transformam os dados de múltiplas fontes - inclusive de usuários individuais - enquanto fornecem seus próprios dados e serviços, de maneira a permitir modificações por outros usuários, criando efeitos de rede através de uma ‘arquitetura participativa’ e superando a metáfora de página da Web 1.0 para proporcionar ricas experiências aos usuários (BRESSAN, 2007, apud O’REILLY, 2005).

A Web 2.0 poderia ser entendida como uma mudança dos aspectos mais

técnicos. São distribuídos serviços orientados para o utilizador em mudança

constante, com características novas que incluem alguns elementos como maior

controle por parte do utilizador, personalização dos conteúdos e serviços,

participação, inteligência coletiva, modularidade da informação etc.

O’Reilly criou um “Meme map” para representar as principais ideias que

conduzem o termo Web 2.0:

Figura 2: Meme map Web 2.0

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Fonte: (O’Rilley Media, Inc, 2005)

O fator essencial de sucesso parece ser a capacidade de mobilizar a

inteligência coletiva, potenciada pelo poder da rede. Segundo Lévy (2007), a

inteligência coletiva é “[...] uma inteligência distribuída por toda parte,

incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta uma

mobilização efetiva das competências”.

O conceito desenvolvido por O’Reilly ajuda a compreender sobre outras

questões relacionadas à evolução da Web, apesar de muitos não concordarem

com o termo Web 2.0. Mas de acordo com o pesquisador Alex Primo:

A segunda geração de serviços on-line caracteriza-se por potencializar as formas de publicação, compartilhamento e organização de informações, além de ampliar os espaços para a interação entre os participantes do processo. A Web 2.0 refere-se não apenas a uma combinação de técnicas informáticas (serviço web, linguagem Ajax, web syndication etc.) mas também a um determinado período tecnológico, a um conjunto de novas estratégias mercadológicas e a

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processos de comunicação mediados pelo computador. (PRIMO, 2006, s/p)

Em 2006 o empresário e editor-chefe do “Web 2.0 journal”, Dion

Hinchcliffe, escreveu em um artigo afirmando que a Web 2.0 é um termo que

chama atenção por “amar odiar” ou “odiar amar”, por não ser uma tecnologia,

mas sim uma maneira de arquitetar negócios e software. Hinchcliffe concorda

que a expressão “Web 2.0 é feita de pessoas”, mas cita alguns aspectos-chave:

- A Web e todos os dispositivos conectados como uma plataforma global de serviços e dados reutilizáveis; - Consumo e remixagem de dados de todas as fontes, especialmente dados gerados por usuários; - Atualização contínua e sem emenda de software e dado, frequentemente muito rápido; - Interfaces ricas e interativas; - Arquitetura participativa que encoraja a contribuição do usuário5.

(HINCHCLIFFE, 2006 apud BRESSAN, 2007)

Os blogs foram o aspecto mais comentado à volta da Web 2.0. No início,

apenas webdesigners e webmasters sabiam como publicar, havia uma infinidade

de códigos impossibilitando os leigos, até mesmo jornalistas. E apesar do

conteúdo ser a essência da internet, as publicações ficavam restritas. A

participação do usuário comum gerando conteúdo surgiu com ferramentas mais

fáceis de publicação e distribuição, como a dos blogs.

Para Rich Skrenta (apud Jones, 2009), programador e criador do motor

de busca “Blekko”, a organização cronológica de um blog é simples, mas a

maneira que o conteúdo é tratado por cada pessoa encaminha para uma cadeia

diferente de distribuição, de publicidade e de valor. No mesmo tempo em que a

Web 2.0 tira proveito da inteligência coletiva, a blogosfera se equipara a um

constante bate-papo.

A Web 2.0 é uma coleção de novidades no hardware6, que facilita a troca

de informação e combinação de conteúdos na Internet, potencializando a ação

do usufrutuário da Web compartilhar com outros usuários qualquer forma de

comunicação interpessoal. No mundo 2.0 são acrescentados:

- Ruptura do predomínio do polo de emissão;

6 Hardware são as partes concretas de uma máquina, como o gabinete, o teclado, o mouse, a se, entre outros itens utilizados na fabricação de um computador ou equipamentos eletrônicos. (Fonte: Google)

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- Ruptura de canais de informação e conversação independentes das

fontes formais;

- Alto grau de envolvimento e personalização por parte dos usuários;

- Alto grau de articulação coletiva;

- Facilidade de comunicação e expressão pela concentração, no

mesmo ambiente digital, de ferramentas de produção de conteúdo e

de participação e dialogo.

(SAAD, 2003, p. 250)

Alguns autores, tais como Sá e Bertocchi (2007, apud Oliveira;

Glanzann, 2010), afirmam que diversos aplicativos, tais como WhatsApp, Skype,

Facebook, dentre outros, e serviços que desfrutam da Web 2.0 ganharam

importância, sendo reconhecidos como softwares sociais. Os sistemas

operacionais permitiram baixar o nível de exigência nas habilidades técnicas

para quem quisesse usufruir as tecnologias de informática como os blogs, os

programas de mensagem instantânea, os wikis e as demais ferramentas

colaborativas. Mas essa transformação só foi permitida por causa do aumento

do aproveitamento da Internet e crescimento dos usuários com Internet banda

larga. As ferramentas que estão disponíveis na web que usam o novo modelo da

Web 2.0 são infinitas e segundo Bottenttuit Junior e Coutinho (2008) é possível

apontar alguns exemplos:

• Software que permitem a criação de rede social (social networking)

- blogs, Hi5, Orkut, Messenger;

• Ferramenta de Escrita Colaborativa - blogs, wikis, podcast, Google

DOCs & Spreadsheets;

• Ferramenta de comunicação Online - Skype, Messenger, Voip,

Google Talk;

• Ferramenta de acesso à vídeos - YouTube, GoogleVídeos,

YahooVideos;

• Ferramenta de Social Bookmarking - Del.icio.us.

É possível perceber que um site ou produto que depende de publicidade

para se tornar conhecido não é Web 2.0. O poder da interatividade faz dos

usuários formadores de opinião ativos e, assim, criando uma propaganda

gratuita de “boca a boca” de acordo com Terra (2012), onde os internautas

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relatam a experiência pessoal sobre determinado produto ou empresa. Uma das

características desse momento é o surgimento de micro público que começa a

acompanhar essas experiências.

Desde o surgimento da Web 2.0 a utilização de tags tem se tornado

comum. O tagueamento possibilita o internauta a incluir palavras-chave em

websites, páginas, imagens, músicas e etc. As tags são personalizadas, não se

fazendo necessária a utilização de uma palavra ou rótulo definido. Por isso o

conceito de folksonomia7 se faz presente, em contraste com a taxonomia8. “Por

meio de movimentos como repetições de tags, os grupos se identificam e

constroem vocabulários com sutileza e precisão impossíveis de serem obtidas

em taxonomias generalistas”. (PRADO, 2008)

A Web 2.0, que pode ser chamada também de Web Social, teve uma

mudança enérgica na forma em que os internautas começaram a lidar com as

novas ferramentas digitais que eram disponibilizadas, surgia um novo conceito,

o conceito da partilha. Um bom exemplo para esclarecer melhor essa 2ª geração

da web são os blogs e as redes sociais digitais que começaram a surgir.

A conquista dessa rede social digital é potencializar e incentivar a

partilha de dados e de informações, mas as relações sócio-afetivas são as que

se destacam. Os blogs e o Twitter9 se evidenciam por promover debates e

discussões com diversas temáticas, podendo ainda serem referenciados por

outras ferramentas digitais que promovem o conjunto e partilha dos internautas,

um exemplo dessa partilha é o YouTube, que, em um curto espaço de tempo,

consegue acumular um grande número de visualizações em vídeos publicados

na página. Segundo Castelo Branco (2014) as relações sócio-afetivas e virtuais

7 “O termo folksonomia foi criado por Thomas Vander Wal, um designer da informação, e expressa um tipo de organização criada por pessoas. Assim, os sistemas de tagueamento são ferramentas com alto poder que estimulam conversações em comunidades ou grupos com interesses semelhantes, sendo simultaneamente flexíveis e adaptáveis aos fluxos dos discursos. Através de movimentos como repetições de tags, os grupos se identificam e constroem vocabulários com sutileza e precisão impossíveis de serem obtidas em taxonomias generalistas”. (LEÃO; PRADO, 2008, apud ALVES, 2008, p. 45, apud Moreira; Oliveira, 2010). 8 Taxonomia é o que define os grupos de organismos biológicos, com base em características comuns e dá nomes a esses grupos. 9 É uma rede social e servidor para microblogging, que permite aos usuários enviar e receber atualizações pessoais de outros contatos, em textos de até 140 caracteres.

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têm vindo para se inserir e serem o motivo dessas ferramentas digitais serem

válidas. A Web 2.0 veio para tornar a web mais interativa, conectada e presente

no dia a dia.

Os blogs e a Wikipédia10 estimulam a inteligência coletiva como um tipo

de filtro. Por meio desses meios de publicação e comunicação (blogs, wikis),

bookmarking social (Pinterest), da distribuição de imagens e vídeos (Flickr,

YouTube) podemos ver um fluxo de informações que sai na rede, de pessoas

para pessoas, que tem um ganho de conhecimento disponível e partilháveis por

todos.

A capacidade das empresas e serviços de reunir e gerenciar os dados

disponíveis são um dos fatores bases da Web 2.0. A maioria desses dados são

efeito secundário, que são resultado do aproveitamento de vários serviços

disponíveis na Internet (Amazon, Google, eBay) que colhem e incluem os hábitos

dos usuários para depois desenvolver serviços personalizados e otimizar

aspectos, como publicidade.

5.1.2 Fundamentos da Web 2.0

Tim O’Reilly (apud OLIVEIRA; GLANZMANN, 2010, p.103) cita sete

fundamentos que consistem em aplicações da Web 2.0:

• A World Wide Web como plataforma: a ideia de plataforma sustenta

a noção sem fronteiras da Web 2.0. Em vez de barreiras rígidas, existiria um

centro gravitacional, um conjunto de princípios e práticas interligados a um

modelo que seria um sistema solar de sites. Esses sites demonstrariam alguns

(ou todos) princípios, estando às distâncias variadas do centro, viabilizando

funções online que, anteriormente, só seriam conduzidas por programas

instalados em um computador.

• Empregando a inteligência coletiva: inteligência coletiva é um

conceito surgido a partir de debates sobre as tecnologias da inteligência,

caracterizado por uma nova maneira de pensamento sustentado por conexões

sociais, viáveis através da utilização das redes abertas de computação da

Internet. Os saberes globais são construídos e disseminados com base no

10 É um projeto de enciclopédia multilíngue de licença livre, baseado na web, sob o princípio wiki escrito de maneira colaborativa.

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acesso à informação democratizada e sua atualização constante. Dessa forma,

as produções intelectuais não são propriedades exclusivas de nenhum indivíduo,

mas dos crescentes coletivos que têm acesso à rede.

• O beta perpétuo – o fim do ciclo de atualizações e versões de

softwares: no desenvolvimento de software, uma versão beta de um produto é

aquela que ainda está sujeita a desenvolvimento, mas que é lançada com o

motivo de testes. “Uma das características da Web 2.0 é que um software passa

a ser apresentado como um serviço, não como um produto”. (O’REILLY, 2006,

p.19). O beta perpétuo seria decorrente do processo de Web como plataforma.

Em função disso, O’Reilly (2006) frisa o quão importante são os usuários atuais.

O autor afirma veementemente que os prosumers devem ser tratados como co-

desenvolvedores, em referência às práticas de desenvolvimento do código

aberto (mesmo se for pouco provável que o software em questão seja lançado

sob uma licença de código aberto).

• Dados em escala massiva: Sá e Bertocchi (2007) afirmam que as

empresas Web 2.0 desenvolveram a capacidade de captar e gerir os dados

produzidos na “Era da Informação” em quantidades siderais. E elas se

aproveitam desses dados para obter sucesso. Várias empresas de renome,

como Google e Amazon, desenvolveram serviços inteligentes que evoluem com

as utilizações diárias, combinando-as com milhões de outras opções

protagonizadas por outros tantos utilizadores, produzindo, no final,

recomendações sustentadas sobre produtos.

• Modelos leves de programação: fazer programas e/ou aplicativos

com uma estrutura simples, que permita a manipulação do código sem muito

esforço é uma das formas mais fáceis de chegar à evolução dele, pois diversos

usuários com um nível de conhecimento mais elaborado conseguem aprimorar

seus programas ou montar novos aplicativos, agrupando as especificidades de

múltiplos.

• Software em mais de um dispositivo: o maior desafio da Web 2.0

como plataforma seria compreender que não se deve ficar limitado às soluções

apenas focando computadores. A visão aqui tem de ser muito mais abrangente,

pois a Web 2.0 permite o desenvolvimento de produtos e estratégias para mais

de um dispositivo. Portanto, O’Reilly (2006) sugere que qualquer desenvolvedor

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projete seus aplicativos desde o início para integrar serviços entre dispositivos

portáteis, PCs e servidores de Internet.

• Experiência rica do usuário: a experiência rica do usuário (ou Rich

Internet Application - RIA) refere-se ao modo de interação com que os sites e

aplicativos desenvolvidos para Web se relacionam com os usuários. Em função

da nova maneira de se produzir softwares, foi necessária a união de várias

tecnologias que tornassem a experiência do usuário mais rica, com interfaces

rápidas e muito fáceis de usar. Além de possibilitar maior interação com o

usuário, essas ferramentas tendem a ser muito dinâmicas, respondendo quase

imediatamente aos estímulos dos usuários, bem como um aplicativo instalado

no desktop faria. Esses aplicativos também podem ser integrados em qualquer

tipo de ambiente online, sendo que todo conteúdo produzido pelo prosumer pode

ser facilmente manipulado por ele.

Existem também outras duas ideias essenciais deste conceito que são

a colaboração entre as pessoas na rede e os conteúdos produzidos pelos

utilizadores, mas o fato dos serviços serem delineados para facilitar e fortalecer

o uso em massa pelas pessoas também é um importante elemento.

5.1.3 Web 3.0

De acordo com Madeira e Gallucci (2009) a nova fase da internet está

sendo chamada de 3.0 por proporcionar a interação dos usuários em tempo real.

Além de ambientes virtuais e jogos interativos online, a possibilidade de gerar

informação com mobilidade aumentou, como por exemplo, postar uma

mensagem por meio de um celular. A Web 3.0 é uma comunicação conjunta e o

conhecimento estabelece a forma de estar dos usuários, com um espaço e

contexto de distribuição.

Segundo Haynes (2009 apud Madeira, Gallucci, 2009), é possível definir

as três fases da Web como:

• Web 1.0: sistema unidirecional e baseado no conceito de push, isto

é, informar os usuários sem a preocupação de fornecer meios de resposta. Neste

caso o usuário não passa de um telespectador;

• Web 2.0: sistema bidirecional, baseado na interação entre os

usuários. A palavra chave pare este período é share, ou seja, compartilhar. Uma

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vez que o conteúdo é publicado, seja em forma de fotos, textos e vídeos, passa

a ficar disponível para todos que estão conectados;

• Web 3.0: Trata-se de uma rede colaborativa personalizada que

acontece em tempo real, podendo ser adaptada ao comportamento de cada

usuário (pessoas físicas ou empresas).

5.1.4 Blog, o início de tudo

Na interpretação de Ferreira e Vieira (2007, apud Silva; Luft; Almeida;

Olave, 2016) o blog surgiu na Internet em 1997 como um local para que as

pessoas narrassem a própria vida, sendo inicialmente uma ferramenta de dicas

e comentários, mas gradualmente esse espaço se tornou um sistema de

publicação onde qualquer pessoa poderia escrever sobre assuntos pessoais ou

profissionais. Filiar-se a um domínio de serviço gratuito sem que o dono do

espaço precisasse dominar a Linguagem de Marcação de Hipertexto (HTML)

para ter uma página pessoal fez com o que o blog se popularizasse.

Os blogs e os wikis11 são mecanismos da Web 2.0 mais públicos e

usados em ambientes educacionais. De acordo com Gomes (2005, p.311, apud

Bottentuir Junior e Coutinho, 2008) o blog ou weblog “é uma página na web que

se pressupõe ser atualizada com grande frequência através da colocação de

mensagens constituídas por imagens e/ou textos apresentadas de forma

cronológica”. Os blogs são o melhor método para debates e troca de ideias na

internet, para a formação de comunidades do mesmo interesse em vários

assuntos.

Esse meio de publicação se tornou popular para os usuários da web em

massa poderem se expressar, comunicar, compartilhar, colaborar, defender e

refletir (AGARWAL et al., 2008, apud SILVA, LUFT, ALMEIDA E OLAVE, 2015).

Um dos motivos que possibilitou o crescimento foi a liberdade de expressão

através de sites como o Blogger e o Wordpress, que permitiram o

compartilhamento de informações, opiniões e experiências pessoais que

colaboram para a criação da blogosfera.

11 Wiki é um conjunto de páginas que se interligam e cada uma delas pode ser visitada e

editada por qualquer pessoa.

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Segundo Torres (2009) os blogs são mídias sociais onde uma ou mais

pessoas fazem publicações assuntos e várias outras leem e comentam. Os

artigos publicados em um blog são chamados de posts, os comentários são os

textos deixados pelos leitores, normalmente seguido do post.

A blogosfera é o universo virtual que abrange todos os blogs, ela

concede uma plataforma vantajosa para criar comunidades virtuais de interesses

em comum e é um dos maiores meios de comunicação. Num estudo feito por Di

Luccio e Nicolaci-Da-Costa (2010 apud SILVA, LUFT, ALMEIDA E OLAVE,

2015) os blogs podem ser caracterizados em relação aos principais recursos

como as postagens, alteração de texto, textos apagados e atualizados de acordo

com a vontade do autor. Os posts podem ter links externos para outras páginas

da Internet ou blogs. Uma outra maneira bastante presente nos blogs é a caixa

de diálogos, a qual permite os leitores enviarem comentários para o escritor.

Os blogs, conhecidos também como página pessoal, são ferramentas de

publicação na rede baseadas em meios fáceis e rápidos de atualização e

publicações recentes. Com a revolução digital, a produção e divulgação do

conteúdo e das notícias deixam de ser específica de grandes empresas de

comunicação. Com apenas um computador e acesso à internet é possível criar

textos, postar fotos e vídeos caseiros, dentre outras. O blog, além de ser um

meio de comunicação, se tornou uma ferramenta mercadológica, por ser uma

forma mais barata de publicidade.

Nesse mundo da blogosfera o mais comum é encontrar os contratos

informais entre blogueiros e empresas. As parcerias têm como objetivo as

divulgações dos novos produtos, as empresas enviam os lançamentos à

blogueira para testes e amostras para adquirir publicidade de baixo custo com

confiança. A figura abaixo mostra a relação entre blogs, leitores e empresas

parceiras.

Figura 3: Rede de relacionamento entre blogs, leitores e empresas

parceiras.

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Fonte: Castro e Santos (2013, apud Silva, Luft, Almeida e Olave, 2015)

Os blogueiros se relacionam com as empresas pela troca de produtos

de divulgação por publicidade barata; com os leitores, pelo fornecimento de

informação e recebimento de acessos à página; e com outros blogs, pela

participação e recomendação de links, que acontece quando um blog percebe

outro como legítimo para ser recomendado aos leitores.

De acordo com Torres (2009) o que se deve levar em consideração no

comportamento do consumidor é que ele é o centro da Internet e que seus

costumes, finalidade, vontade e deveres devem ser estudados. As pessoas

estão presentes na Internet para interagir em quatro atividades:

Relacionamento

Informação

Comunicação

Diversão (Torres, 2009, p.66)

Segundo Tavernari e Murakami (2012) no início dos anos 2000, a

Internet e a evolução do blog fizeram com que qualquer pessoa pudesse

compartilhar suas ideias e essa clareza com as informações online é uma das

importantes razões do grande crescimento da originalidade pelas blogueiras de

moda. Nas semanas de moda, podendo ser em diferentes cidades como Paris,

Milão, São Paulo ou Nova Iorque, as blogueiras têm presença frequente junto

aos jornalistas e as celebridades.

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A velocidade das notícias é uma das grandes vantagens dos blogs, as

blogueiras podem publicar informações, fotografias sobre os lançamentos e

tendências no mesmo dia. Ser “blogueira” se tornou uma profissão desejada e

lucrativa, essa nova profissão se tornou tão fascinante e atraente quanto à de

celebridade. De acordo com o relatório “State of Blogosphere” do Technorati12

de 2013, os influenciadores, pessoas que são considerados influentes nos

rankings dos resultados de pesquisa, são mais presentes em blogs com 86% e

quase dois terços dos influenciadores dizem ganhar dinheiro com a página

virtual, 80% dizem ganhar menos de U$10.000 por ano e 11% relatam ganhar

mais de U$30.000 por ano.

Cada vez mais as grandes marcas de roupas, acessórios e cosméticos

visam parte da publicidade para os anunciantes - principal fonte de renda dos

blogueiros profissionais. Segundo o relatório “State of Blogosphere” do

Technorati, a maioria dos formadores de opinião (70%) recebe pouco menos de

19 oportunidades de trabalho com marcas por semana. Um dos principais

motivos dos influenciadores trabalharem com uma marca é porque eles têm

acesso a uma audiência a qual a marca gostaria de alcançar (61%).

Como vimos, o blog é estabelecido como um diário online que dispõe de

postagens publicadas instantaneamente na web e organizadas

cronologicamente, podem ser classificados como blogs individuais e blogs

coletivos, conhecidos por post assinados por mais de um autor, que podem ser

chamados de blogueiro ou blogger. Assim como os blogs íntimos, os Fashion

Blogs estão basicamente conduzidos à “manifestação de opiniões e reflexões

pessoais sobre si, sobre outros e sobre sua vida cotidiana” (Primo, 2009, apud

Tavernari e Murakami, 2012). O conteúdo dos Fashion Blogs é sobre a vida

cotidiana numa narrativa em primeira pessoa, que estabelece uma maior

proximidade entre o leitor e o autor.

Os blogs tinham no início a função de diários virtuais, como se as autoras

das páginas compartilhassem com amigas ideias sobre moda e beleza,

experiências de compras, indicações de lojas e produtos, mas há um tempo

surgiu uma nova estratégia de produção de conteúdo para as blogueiras, onde

as donas da página virtual podem ter uma aproximação maior com os leitores

12 http://technorati.com/report/

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com uma mídia social específica para hospedar esse novo produto, que são eles

o YouTube e o Vimeo. Os vídeos produzidos pelas blogueiras, na maioria das

vezes com poucos recursos e de maneira pouco profissional com apenas uma

mini câmera, um programa de edição de vídeo e um site para hospedar os

conteúdos audiovisuais.

Os blogs também passaram a ter vídeos sobre criação de tutoriais (onde

as blogueiras ensinam o passo a passo de maquiagens e penteados) DIY, do

inglês “Do It Yourself” que significa Faça Você Mesma (as blogueiras ensinam a

customizar ou criar itens de decoração) e resenhas de produtos (as blogueiras

falam da experiência com o produto e o que acharam). O cenário dos vídeos na

maioria das vezes é no quarto da blogueira, com pouca iluminação e som

ambiente perceptível.

Nos blogs de moda podem ser encontradas algumas estratégias

discursivas em primeira pessoa que ajudam no “eu-origem real”, onde existe uma

representação da blogueira como “menina comum”, “gente como a gente”, que

não se diferencia em nada da leitora que está do outro lado da tela do

computador. A linguagem em primeira pessoa, o tom informal e íntimo da

linguagem, as gírias e os erros de língua portuguesa são características que

possibilitam realizar uma maior aproximação dos blogs de moda aos leitores.

A presença constante das blogueiras nos posts publicados, dividindo as

reflexões de estilo, fotografando “looks do dia”, expressando a opinião sobre

cosméticos testados por elas, faz com o que sejam vistas como garotas comuns

e consumidoras dos mesmos produtos, diferente dos jornalistas especializados

e dos profissionais do ramo da moda e beleza.

A naturalidade dos blogs de moda e beleza estabelece um discurso de

representação da figura blogueira com forte percepção junto às leitoras, que, via

comentários, enquetes e redes sociais (Facebook, Twitter, Instagram etc) podem

responder as publicações. A interatividade com o público é essencial para

manter o convívio e a intimidade com as “leitoras-amigas”. Abaixo podemos ver

o tratamento que existe entre leitor e blogueira, uma relação de afeto e

consideração, onde trocam dicas e experiências.

Figura 4: Comentário de leitora

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(Comentário de leitora no www.jurovalendo.com.br, na postagem Coisas que quero te contar sobre o blog)

Figura 5: Postagem sobre Projeto What?

(Postagem “Projeto What?” de Anna Luiza no www.comosoubrega.com)

Os blogs de moda e beleza, que levantam opiniões e abordam

experiências das blogueiras em relação a diferentes assuntos do universo

feminino, têm se espalhado na blogosfera e são considerados um novo tipo de

comunidade online, se tornando populares não só pelos consumidores como,

também, entre especialistas de marketing.

5.1.5 Mídias Sociais

As pessoas estão presentes na sociedade por meio das relações que

desenvolvem durante toda sua vida, primeiro no ambiente familiar, em seguida

na escola, na comunidade em que vivem e no trabalho. As relações que os

indivíduos desenvolvem e mantêm é o que fortalecem o meio social. A própria

natureza humana nos liga a outras pessoas e estrutura a sociedade, inclusive

em rede – por meio as chamadas redes sociais.

Para Torres (2009) as mídias sociais são sites na Internet construídos

para permitir a criação colaborativa de conteúdo, interação social e o

compartilhamento de informações em diferentes modelos, onde o consumidor é

ao mesmo tempo produtor e consumidor da informação. Ainda no estudo

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realizado pelo autor (2009), os blogs, as redes sociais, os sites de conteúdo

colaborativo e diversos outros modelos de sites que englobam comunicação,

relacionamento, colaboração, multimídia e entretenimento fazem parte dessas

categorias.

Torres (2009) ainda explica o porquê de as mídias sociais receberem

esse nome, ele conta que elas são livres e abertas à colaboração e interação de

todos, por esse motivo recebe o nome “social” e “mídias” porque são meios de

transmissão de informação e conteúdo.

Emergidas da Web 2.0 as mídias sociais têm como particularidade a

interação entre os usuários, os quais podem dividir informações, opiniões, fotos,

vídeos e arquivos. Segundo Tunes, Silva, Rey e Antonieto, (2010) as redes

sociais são um exemplo de mídias sociais, que tem diversos aspectos que as

diferenciam fundamentalmente das mídias tradicionais. Mídias sociais tratam a

comunicação de todos para todos. Há alguns anos, o modelo da comunicação

de massa era de um para todos. Segundo Fountoura (2007, apud Madeira;

Gallucci, 2009) “mídias sociais são tecnologias e práticas on-line, usadas por

pessoas (isso inclui empresas) para disseminar conteúdo, provocando o

compartilhamento de opiniões, ideias, experiências e perspectivas”.

“Mídias” são os meios e “sociais” são os relacionamentos. Mídias sociais

são “tecnologias e práticas que as pessoas usam para partilhar conteúdo,

opiniões, insights, experiências, perspectivas e multimídia. Ou seja, em outras

palavras, Social Media consiste nos conteúdos gerados por redes sociais”

(Gabriel, 2009 apud Tunes; Silva; Rey; Antonieto, 2010). No encadeamento do

marketing de internet, mídias sociais se referem a grupos com distintas

características, sempre formados e alimentados pelos usuários, como fóruns,

blogs, sites de compartilhamento de vídeo e sites de relacionamento.

De acordo com Raquel Recuero (2008) mídias sociais são uma

ferramenta de comunicação que permite a necessidade das redes sociais. Mídia

social é social porque permite adequação para a civilidade, a partir da criação do

espaço social e da interação dos usuários. Essas ferramentas são meios para

as pessoas compartilharem assuntos que lhe interessam, mas não são apenas

pessoas que expressam opinião nessas redes, empresas de vários setores

estão usando cada vez mais, por ser uma maneira simples e barata para

conhecer a opinião do consumidor.

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As mídias sociais também são conhecidas de "new mídia" (novas

mídias), que nada mais são que ferramentas online que são usadas para divulgar

algum conteúdo que permitem interação com outras pessoas. Dessa forma

funcionam também os blogs, que da mesma forma é uma mídia social, já que

eles permitem divulgar conteúdo e abrem espaço para os leitores interagirem.

Enquanto rede social é um espaço de relacionamento entre pessoas que

não pode ser definido como um grupo bem- esclarecido e limitado, de acordo

com Lomnitz (2009), senão uma concepção científica que é usada para facilitar

a definição de um grupo em um espaço social.

“Rede social é gente, é interação, é troca social. É um grupo de pessoas compreendido através de uma metáfora de estrutura da rede. Os nós da rede representam cada indivíduo e duas conexões, os laços sociais que compõem os grupos. Esses laços são ampliados, complexificados e orifícios a cada nova pessoa que conhecemos e interagimos”. (Madeira; Gallucci, 2009, apud Recuero, 2009, p.29).

Na Internet as redes sociais são representadas por atores sociais e

conexões. Os encadeamentos são os aspectos que vão criar a estrutura que

formam as redes sociais. Essas conexões podem ser de diferentes modelos,

construídas pelos atores através da interação, mas alimentado pelos sistemas

on-line. Com a mediação específica é possível ter milhares de conexões que são

mantidas com a ajuda das ferramentas técnicas. Desse modo, as redes sociais

na Internet podem ser maiores e mais amplas do que as redes off-line.

As redes sociais são sites onde as pessoas se cadastram, registram

seus dados pessoais, que são chamados de perfis, e podem se relacionar com

outras pessoas, publicando fotos, enviando mensagens e criando listas de

amigos. As redes sociais, de acordo com Marteleto (2001, p. 72, apud Tomaél;

Alcará; Di Chiara, 2005) caracteriza “[...] um conjunto de participantes

autônomos, unindo ideias e recursos em torno de valores e interesses

compartilhados”. Enquanto para Gabriel (2010, apud Cunha, Cunha, Monte,

2015) a rede social é um suporte formada por indivíduos e empresas, conectada

por um ou mais tipos de reciprocidade como amizade, parentesco, afinidade,

crenças, dentre outros.

Para Tomaél, Alcará e Di Chiara (2005) a Internet, que é uma estrutura

não-linear, descentralizada, flexível, dinâmica, sem limites definidos e auto

organizável, estabelece-se por relações horizontais de cooperação. Na opinião

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de Costa et al. (2003, p. 73, apud Tomaél; Alcará; Di Chiara, 2005) garante que

a rede “é uma forma de organização caracterizada fundamentalmente pela sua

horizontalidade, isto é, pelo modo de inter-relacionar os elementos sem

hierarquia”.

As redes sociais são diferentes dos sites que as suportam. Os sites que

hospedam essas redes são denominador de “sites de redes sociais”, esses

sistemas permitem a publicização da rede social como característica diferencial.

Para Boyd (2007 apud Recuero) o conceito se refere a “ambientes onde as

pessoas podem reunir-se publicamente através da mediação da tecnologia”,

para ela esses “espaços públicos mediados” têm características especiais, as

quais:

Persistência: refere-se ao fato de aquilo que foi dito permanece no ciberespaço13. Ou seja, as informações, uma vez publicadas, ficam no ciberespaço;

Capacidade de busca (searchability): refere-se à capacidade que esses espaços têm de permitir a busca e autorizar que os autores sociais sejam rastreados, assim como outras informações;

Replicabilidade: aquilo que é publicado no espaço digital pode ser replicado a qualquer momento, por qualquer indivíduo. Isso implica também no fato de que essas informações são difíceis de ter autoria determinada;

Audiências invisíveis: nos públicos mediados, há a presença de audiência nem sempre visíveis através da participação. Há audiências que, inclusive, poderão aparecer após a publicação das conversações nesses grupos, por conta das características anteriores, que permitem que esses grupos deixem rastros que poderão ser encontrados depois.

(Recuero, 2012, p.39 e 40)

Essas são as características que fazem com que as redes sociais

apareçam nesses espaços e acabem se tornando tão importantes. Essas redes

vão selecionar e transferir as informações que são relevantes para seus grupos

sociais.

Existem algumas características para esclarecer melhor as mídias

sociais, elas podem ser divididas em quatro grupos para observações mais

fundamentadas.

• Ferramentas de comunicação: locais onde os usuários podem escrever informações, opiniões e ideias, como blogs e microblogs.

13 É um espaço existente na comunicação em que não é necessária a presença física do homem para constituir a comunicação como fonte de relacionamento.

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• Ferramentas de colaboração: estão presentes os wikis, social bookmaking, social news e sites de opinião.

• Ferramentas de multimídia: compartilhamento de fotos, vídeos, transmissão ao vivo e ferramentas que compartilham música/áudio.

• Ferramentas de entretenimento: são os chamados mundos virtuais e jogos on-line.

(Tunes; Silva; Rey; Antonieto, 2010, p.18)

O número de pessoas conectadas à internet aumenta a cada dia e

consequentemente, o tráfego de informações também. As mídias sociais são um

meio extremamente segmentado e a possibilidade de fornecer conteúdos muito

específicos para cada nicho de mercado é algo de extrema importância nos dias

atuais.

Com isso, as mídias sociais vêm se tornando uma importante opção

entre as empresas e o seu público-alvo, pelo fato de aliar benefícios. Eficiência,

alcance, interatividade, custos relativamente menores em relação às mídias

tradicionais e o uso de linguagem tecnológica de domínio e preferência de seus

consumidores estão entre eles (Madeira; Gallucci, 2009).

5.1.6 Características da mídia social

Segundo Recuero (2008), a mídia social possui alguns princípios

especiais, que se diferenciam de outras ferramentas de comunicação, são eles:

• Apropriação criativa: é a parte criativa da mídia, onde buscam se

diferenciar do propósito original, esse é um grande fator de construção cultural e

cria uma identidade para diferentes comunidades;

• Conversação: a mídia social permite aos usuários que conversem

entre si, ela acaba sendo relacionada ao buzz nas redes, por proporcionar a

possibilidade de uma conversação síncrona e/ou assíncrona;

• Diversidade de fluxos de informações: vários fluxos de informação

circulam na mesma estrutura social estabelecida. Os fluxos podem ser opostos,

gerando uma mobilização social, capital social e discussão. A diversidade de

fluxos pode ser caracterizada por esse tipo de mídia, uma consequência direta

da Sociedade da Informação e da interação entre os usuários;

• Emergência de redes sociais: por meio da conversação da mídia

social, os rastros de interação ficam à mostra, permitindo que a interação entre

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os usuários permaneça por mais tempo. A mídia social também permite novas

emergências de grupos, que a partir do interesse coletivo, criam comunidades

virtuais;

• Emergência de capital social mediado: é permitida a criação de

novas formas de capital social, valores individuais e coletivos ficam facilmente

acessíveis pelos usufrutuários. A apropriação de conteúdo pode ser modificada

e reconstruída de acordo com os valores de cada grupo. A vantagem deste

capital é a sua interação indireta, onde o usuário pode acessá-la independente

de fazer parte do grupo ou não.

A mídia social é um diferente meio de comunicação, pois é

fundamentalmente social, que atua na informação que é fruto de uma produção

cultural que não possui as funções e nem características do discurso da mídia

tradicional.

5.1.7 YouTube – o site de compartilhamento de vídeos

Dentre inúmeras mídias sociais existente nos dias atuais, o YouTube é

uma das mais expressivas, sendo também nosso objeto de estudo nessa

pesquisa. O site é um serviço de publicação de vídeos que proporciona aos

usuários e visitantes a chance de compartilhar e comentar os conteúdos

publicados. A página na web foi fundada em fevereiro de 2005 e em maio foi

feita uma demonstração pública, mas só foi ao ar em dezembro do mesmo ano.

O site de compartilhamento de vídeos é a segunda maior rede social da web e,

em novembro de 2006, o YouTube foi vendido para o Google para, de acordo

com seus criadores, complementa a missão da empresa, de organizar as

informações do mundo e tornar acessível e útil para a população. O YouTube é

atualmente a principal plataforma de compartilhamento de vídeos, este espaço

de compartilhamento tem uma grande quantidade de imagens audiovisuais que

são produzidas e postadas em circulação na atualidade.

Assim como no surgimento dos blogs, o YouTube criou a oportunidade

de o consumidor falar sobre um assunto, ou tema, mas não em texto e sim em

vídeos. Torres (2009) defende que o ser humano é principalmente um ser visual,

o YouTube provocou um forte impacto nas pessoas, e milhares, e aos poucos,

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milhões de pessoas começaram a usar os serviços do YouTube para enviar todo

tipo de vídeo.

Para assistir aos vídeos é necessário ter acesso ao endereço on-line,

chamado URL. Para publicar vídeos é preciso ter um cadastro no site que é feito

gratuitamente, mas antes de serem publicados os conteúdos é indispensável

concordar com os termos de uso, que incluem o respeito às leis de direito autoral

e a não publicação de conteúdo violento, abusivo ou pornográfico. O site tem

alguns recursos disponíveis que são classificados como: funcionais (que

estruturam e facilitam a operabilidade) e internacionais (relacionados aos modos

de comunicação).

Os vídeos obedecem a uma organização e espacialização, uma

disposição que divulga e sugere para usuários os vídeos relacionados com o

assunto que mais costumam assistir no site. A possibilidade de inserir

comentários e respostas aos conteúdos já publicados caracteriza uma troca de

informações recíproca e horizontal, na qual pessoas do mundo inteiro podem

assistir qualquer vídeo publicado e comentá-lo.

Assim como outras mídias sociais, o YouTube tem a peculiaridade de

comunicação onde a única exigência é ter acesso à internet. O website exige

que os vídeos sejam categorizados pelo usuário na hora da publicação, além de

solicitar palavras-chave para ajudar a busca no sistema de pesquisa, chamada

também de folksonomia, que tem como principal característica a criação de tags

a partir da linguagem que as pessoas utilizam, como citamos anteriormente. As

categorias disponíveis no sítio eletrônico são:

• Animais

• Ciência e tecnologia

• Educação

• Entretenimento

• Esportes

• Filmes e desenhos

• Humor

• Instruções e estilo

• Música

• Notícias e política

• Pessoas e blogs

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• Veículos

• Viagens e eventos

Essa divisão foi oferecida ao público de acordo com a correspondência

da especialidade a que o vídeo possui, determinando a qual pertence. Ela serve

para que os usuários possam ir diretamente no assunto de seu interesse, além

de permitir a busca por conteúdos relacionados. Atualmente é fácil encontrar

pessoas que acompanham algum canal do YouTube, especificamente mulheres

em canais de moda e beleza.

O nome “canal” é uma referência metafórica relacionada ao que

conhecemos por canais de televisão e que tem um novo significado, ainda que

não sejam nominados da mesma forma. Isso acontece devido às relações que

envolvem o canal e usuário, que, na TV, acontecem de uma forma diferente,

reforçando na Internet, assim, um controle de qualquer internauta sobre a

produção e a publicação. O usuário é o dono do canal, onde ele pode postar

vídeos gratuitamente apenas fazendo o cadastro.

A interface do YouTube vem se atualizando de tempos em tempos. A

atual área de compartilhamento do site vem sendo construída desde 2014, tem

naturalizado uma sucessão de sentidos cuidadosamente construídos nas

interfaces precedentes e iniciou novos significados visíveis, especialmente na

barra de navegação do usuário.

Figura 6: home do YouTube em 2016

Fonte: YouTube, 2016.

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No canto direito superior estão os botões para fazer o login ou o cadastro

no site, caso não tenha entrado com o e-mail o YouTube sugere vídeos que

estão sendo mais vistos, a partir da sua localização.

Figura 7: Barra de navegação vertical da home

Fonte: Youtube, 2016.

Após ter feito o login é possível encontrar a barra de navegação na

primeira página, onde indicam os links: “meu canal” (no qual o usuário pode ver

os vídeos que ele postou), “em alta” (vídeos mais vistos a partir da localização),

“inscrições” (canais que o usuário assinou para acompanhar com mais

frequência), “histórico” (listas dos últimos vídeos assistidos), “assistir mais tarde”

(vídeos selecionados para assistir em outro momento), “biblioteca” com vídeos

que o internauta clicou no ícone ‘gostei’ e a lista mais detalhada das inscrições

feitas.

Com 11 anos de existência, o site foi construindo diferentes sentidos de

identidade para si e para o usuário. De “repositório de vídeos”, como se definia

anteriormente, a um canal extraoficial para grandes artistas, grupos de

comunicação e amadores, todos com direito a ter um “canal” na plataforma.

Com o surgimento da Internet algumas profissões nasceram e uma delas

é esse profissional que trabalha com o YouTube, que pode ser chamado de

youtuber, ou seja, pessoas que atuam de forma profissional e com qualidade na

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plataforma. Essa mídia social é uma tecnologia prática on-line que partilha

conteúdo e tem movimentado a Internet em diferentes assuntos, como games,

humor, moda e beleza, música, dentro outros.

Esse meio de comunicação é uma das formas que mais envolve

internauta e blogueira, por passar de forma rápida sua opinião, indicações,

experiência e dicas em forma de vídeos em formato digital e ter o retorno do

público instantaneamente. Dessa forma esse capítulo nos aproxima do nosso

problema de pesquisa, desejamos descobrir e entender como a Internet ajuda o

internauta e o youtuber na influência de produtos de moda e beleza e como a força

da Internet consegue inspirar outras pessoas. Será que a Internet ajudou nesse

meio ou isso já existia antes da existência da web? Esse questionamento vamos

conseguir responder no próximo capítulo.

5.2 O surgimento dos líderes de opinião

Neste capítulo vamos falar brevemente sobre o surgimento do campo

comunicacional a partir das chamadas teorias da comunicação, e abordaremos,

especificamente, como a teoria empírica ou de efeito limitados desencadeou o

estudo sobre os líderes de opinião e como esse conceito pode ser apropriado no

cenário digital, se vai ao encontro ou não dos ditos influenciadores digitais.

Vamos discorrer, deste modo, sobre a teoria empírica e se essa teoria

desenvolvida por Lazarsfeld ainda atua nos dias atuais e como ela ajuda a

chegar a uma resposta para o nosso problema de pesquisa, que é saber se os

produtores de conteúdo de moda e beleza para o YouTube podem ser

considerados líderes de opinião e se influenciam o público apenas por

recomendar determinado produto ou serviço, com os quais os donos dos canais

de moda e beleza fazem parceira.

Desde que passaram a permear o meio social, fazendo cada vez mais

parte da vida das pessoas, estudiosos se intrigaram em saber que efeitos teriam

os meios de comunicação na sociedade. É sobre essa incerteza que surgem os

primeiros estudos em Comunicação, os quais aparecem no caminho das

reflexões sobre a sociedade de massa, na qual os meios de comunicação

começavam a ter um papel relevante para a inclusão social. Esse percurso inicial

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dos estudos em Comunicação entra na formação das Ciências Sociais e segue

o quadro descrito por Luiz C. Martino quando afirma que:

A constituição do campo comunicacional está associado ao surgimento dos modernos meios de comunicação, aproximadamente em meados do século XVIII. Na verdade, trata-se de uma trajetória que vai da invenção dos tipos móveis em metal (ou mesmo da industrialização da imprensa, já que esse procedimento, com exceção do uso do metal, já era bem conhecido no Oriente desde o início da era cristã) até seu emprego regular e sistemático com os periódicos cotidianos do final do século XIX. [...] Mas o verdadeiro debate se instaura junto mesmo com a consolidação da imprensa ainda na primeira metade do século XIX, quando é cunhada a expressão “quarto poder”. [...] Nesse período, o campo comunicacional se confunde com a discussão da própria atualidade, não havendo ainda um recuo teórico, necessário à elaboração de um conhecimento específico. Essa etapa é marcada pela liberação do objeto de estudo, ou seja, a formação histórica de um processo comunicacional singular, isto é, a própria atualidade como produto da atividade dos meios de comunicação (2006, p.41, apud Carvalho, 2012).

As Teorias da Comunicação são, portanto, um encadeamento de uma

série de estudos sobre a Comunicação iniciados no século XX nos Estados

Unidos, Canadá, França, dentre outros, mas o berço das escolas de

comunicação aconteceu nos Estados Unidos da América. As pesquisas sobre a

comunicação englobam filosofia, sociologia e psicologia, dependendo do tipo de

abordagem que será usada e qual será estudada. Bryant e Miron (2004, apud

Martino 2008) acreditam que uma parte das teorias da comunicação aplicadas

são consequências da psicologia e da sociologia, com importantes contribuições

do direito e da política. O estudo que vamos abordar será referente às pesquisas

iniciadas a partir da década de 1930 nos EUA sobre as pesquisas voltadas aos

meios de comunicação de massa, especialmente acerca de seus efeitos e

funções.

Essas teorias estudam o desenvolvimento e a aplicação em todos os

seus aspectos políticos, sociais, econômicos e tecnológicos. Na primeira fase,

segundo Mateus (2013), surgiram as teorias Hipodérmica, de Persuasão,

Empírica de Campo (também chamada de Teoria dos Efeitos Limitados), Teoria

Funcionalista, Crítica e Culturológica, que centralizam as mensagens da mídia e

o efeito sobre os indivíduos; na segunda fase, são evidenciados os processos

de seleção, produção e divulgação das informações através da mídia.

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Harold Lasswell é um autor regularmente citado pelo campo da

Comunicação como um dos pioneiros, pelo seu estudo da propaganda no início

do século XX e também em relação ao desenvolvimento do campo

comunicacional, com a criação do famoso modelo que leva seu nome.

Segundo Lopes (2004 apud NOVOS rumos na teoria da comunicação)

sob a influência de Mikhail Bakhtin o conceito de comunicação é entendido como

uma prática social que produz sentidos, percebendo-se que a linguagem é uma

área de combates sociais. Wolf (1996) afirma como base analítica a suposição

de que o modelo lasswelliano, proposto em 1948, explica que uma forma

adequada para escrever uma prática de comunicação é responder as seguintes

dúvidas:

Quem?

Diz o que?

Através de qual o canal?

A quem?

Com que efeito?

A análise do processo comunicativo se concentra em alguns desses

pontos interrogativos. Cada uma destes questionamentos indica e organiza uma

área específica de pesquisa: a primeira se dedica ao controle sobre o que é

transmitido pelo emissor. A segunda estuda o conteúdo produzido das

mensagens, enquanto os terceiros analisavam os elementos na mídia.

Wolf (2008) argumenta que a teoria hipodérmica se caracteriza, por um

lado, precisamente à novidade de ser o fenômeno das comunicações de massa,

do outro, à ligação do acontecimento com as trágicas experiências desse período

importante. Compreendidas essas duas informações, a teoria hipodérmica é

uma aproximação global da mídia, indiferente à diferença entre os muitos meios,

e que responde principalmente à pergunta: qual efeito tem a mídia numa

sociedade de massa?

O princípio primordial da teoria de Lasswell é, com certeza, a presença

evidente de uma "teoria" da sociedade de massa, enquanto no sentido "de

comunicação" atua de forma complementar, uma teoria psicológica da ação. O

modelo de Lasswell pode ser descrito como uma teoria da propaganda e sobre

ela: com efeito, este é o tema indispensável referente ao universo da mídia.

“Especialmente nos anos 20 e 30, surgiram estantes inteiras de livros que

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chamavam a atenção para os fatores retóricos e psicológicos usados pelos

propagandistas. Dentre os quais, alguns títulos como: Public Opinion, de

Lippmann, The Rape of the Masses, de Chakhotin, Psychology of Propaganda,

de Doobs, Psychology of Social Movements, de Cantril, Propaganda Technique

in the World War, de Lasswell e Propaganda in the Next War, de Rogerson”

(Smith, 1946, p. 32 apud Wolf, 2008, p. 5).

De acordo com Aires Neto (2008) o modelo da "agulha" hipodérmica,

também conhecida como Teoria Hipodérmica, é considerado por muitos autores

a primeira teoria sobre comunicação, este estudo recomendava que o conteúdo

transmitido pelos meios de comunicação de massa era "inoculado", ou seja,

introduzido na audiência e que os indivíduos estavam vulneráveis em relação

aos meios.

E – Emissor (Meios de Comunicação)

M – Mensagem

R – Receptor (Indivíduos)

Existem outros teóricos, como o filósofo e sociólogo alemão Jürgen

Habermas, que conceituaram comunicação como um processo dialógico do qual

os sujeitos, capazes de linguagem e ação, interagem com fins de obter

entendimento, a chamada Teoria da Ação Comunicativa.

De acordo com McQuail (2013, apud NOVOS Rumos da Teoria da

Comunicação) os efeitos poderiam ser descobertos por inferências e a partir de

“mensagem” contida no conteúdo. A linguagem foi o foco de pensamentos de

muitos filósofos desde a Grécia antiga e essa seria uma forma de investigar o

conteúdo de origem da mídia.

Dentre as teorias dos meios de comunicação de massa alocadas na

tradição de pensamento norte-americano do início do século XX, tem-se a Teoria

Empírica de Campo, que segue uma orientação sociológica onde seu

desenvolvimento foi lançado com as elaborações contemporâneas da pesquisa

experimental. Essa fase dos estudos da mídia marcou a história da Escola

Americana Mass Communication Research, do qual o esquema de análise

funcional conduz a pesquisa para medidas quantitativas, mais compatível a

E M R

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responder à exigência proveniente dos administradores da mídia. A

compreensão que caracteriza o início dessa pesquisa sobre as comunicações

de massa diz respeito a toda mídia, a atenção é voltada para a capacidade

diferenciada da influência de cada meio de comunicação.

Wolf e Figueiredo (1987) explicam que o esquema de Lasswell organizou

a Communication Research, que começava a aparecer, ao redor de dois dos

temas centrais e de maior duração - a análise dos efeitos e a análise dos

conteúdos – e, também, individualizou os outros setores de desenvolvimento da

matéria, sobretudo a control analysis.

A escola do Mass Communication Research tem como objetivo principal

a avaliação dos efeitos com objetivos práticos, é entendida normalmente a partir

de dois grupos, o dos estudos empíricos de campo e da abordagem da

persuasão. Ao recordar os estudos das teorias da comunicação é comum

encontrar outros tratamentos, embora a divisão entre esses grupos seja mais

presente.

Wolf (2008) declara que a influência das comunicações de massa é

conduzida pelas dificuldades que os destinatários ativam de várias formas.

Apesar disso, o esquema lasswelliano da comunicação conseguiu oferecer o

modelo ao final do período de maior resultado da teoria hipodérmica, quando já

se manifestavam os motivos que deviam guiar à sua superação.

A comunicação de massa se correlaciona entre os elementos essenciais

da sustentação social, sem a estrutura que a sociedade contemporânea não

poderia seguir adiante (Bulegon e Mortari, 2009). A mídia e o processo da

comunicação de massa são ações padronizadas e frequentes, que não só

afetam as atividades diárias da sociedade, como também influenciam na

maneira pela qual os indivíduos utilizam o aparato midiático em seu dia a dia.

A teoria hipodérmica, chamada também de bullet theory, pode ser

considerada uma das primeiras teorias, já que não existe um período mais

obscuro e submerso que compreende essa teoria. Classificada de ingênua e

simples, contudo, a teoria hipodérmica desenvolve um papel importante na

história do campo quando nos referirmos à Mass Communication Research (Cf.

BERELSON, 1986; DEFLEUR & BALL-ROCKEACH, 1993; KATZ &

LAZARSFELD, 2005; WOLF, 2002, por exemplo apud Carvalho, 2012). A teoria

criada por Lasswell tem um efeito direto nas pessoas, causando audiência.

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A Teoria Empírica de Campo, também chamada de Teoria de Efeitos

Limitados, apesar de fundada pela Teoria da Persuasão, é baseada em aspectos

sociológicos, e entende que a mídia tem influência limitada na sociedade por ser

apenas um método de persuasão, uma vez que a mídia é apenas parte da vida

social.

Conforme Oliveira e Moraes (2015) apontam em seu estudo, o símbolo

do líder de opinião recebeu destaque, especialmente, nos anos 1940, quando se

considerou que os influenciadores se comportavam como moderadores das

informações repassadas pelos meios de comunicação. Assim, criava-se o

fundamento empírico de campo, ou efeitos limitados.

Littlejohn (1988, p.329 apud Oliveira e Moraes, 2015), considerava que

existia uma mediação interpessoal na relação entre o público e os meios de

comunicação de massa, ou seja, tais meios já não atuam diretamente sobre a

audiência. Desta maneira, se criava a abordagem empírica de campo ou efeitos

limitados, na qual, segundo Wolf (1999, p.18 apud Oliveira e Moraes, 2015),

existe um canal de influência que avança nas relações comunitárias e diminui a

relevância dada às comunicações de massa.

Essa teoria tem a percepção que a mídia pratica influência social

limitada, assim como igreja, política, escola, etc., ou seja, a mensagem midiática

passa por diferentes filtros individuais de caráter social do cidadão antes de ser

absorto pelo mesmo. Proveniente à intensidade do efeito da mensagem no

indivíduo, a Teoria Empírica de Campo constata que os filtros individuais são de

caráter sociológico e não psicológico, como a Teoria da Persuasão.

O paradigma dos “efeitos limitados” propõe uma configuração própria

quantitativamente diferente, essa teoria fala de influência geral, que transcorre

nos relacionamentos comunitários, onde a influência das comunicações de

massa é apenas um elemento. Segundo Wolf (2005) os trabalhos mais

relevantes estudam a dinâmica dos processos de formação das opiniões

políticas. A alma da teoria da mídia representa conectar os processos de

comunicação de massa às características do contexto social em que eles se

desempenham, a partir daí conclui a revisão crítica da teoria hipodérmica.

Paul Felix Lazarsfeld também foi um dos grandes autores que ajudou no

campo dos estudos de opinião pública, marketing político e mídia de massa. Uma

das suas principais obras está relacionada aos estudos sobre comunicação de

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massa, onde explora e pesquisa como esse tipo de comunicação é capaz de

influenciar. Lazarsfeld exemplificou como era possível estimular a pesquisa

empírica:

“Se se estudam os efeitos da comunicação, por mais elaborados que sejam os métodos utilizados, está-se apto a estudar apenas os efeitos dos materiais, radiofónicos ou impressos, atualmente difundidos. A pesquisa crítica estará interessada sobretudo naquele material que, pelo contrário, não tem acesso aos canais de comunicação de massa: quais as ideias e formas expressivas que são eliminadas antes de alcançarem o grande público, por não parecerem suficientemente interessantes para a audiência mais vasta, por não garantirem um rendimento suficiente em relação ao capital investido ou pôr as tradicionais formas de apresentação não serem adequadas a elas? ” (LAZARSFELD, 1941, 14 apud Wolf, 1987).

O conceito da teoria empírica, cunhado por Lazarsfeld, tem duas

importantes vertentes, uma é sobre o estudo da composição diferente dos

públicos e dos modelos de consumo de comunicação de massa. A segunda é

mais indispensável, por compreender as pesquisas a respeito da mediação

social que descreve esse consumo.

Um estudo feito por Lazarsfeld em 1940 analisa o papel desenvolvido

pelo rádio em comparação a outros tipos de público e apresenta um empenho

permanente de estabelecer as características dos ouvintes com as dos outros

programas prediletos pelo público e com análise dos motivos pelos quais a

atenção é nesse programa em vez de outros. Existem três formas de saber o

que um programa representa para o público:

1. Análise de conteúdo: entendimento sobre aquilo que os ouvintes extraem do conteúdo; 2. Características dos ouvintes: análise diferencial dos vários grupos de ouvintes, descobrindo muito sobre as diferenças. Se um programa é ouvido mais por um grupo social do que por outros, é possível compreender a natureza do seu apelo. 3. Estudo sobre as gratificações: pode-se perguntar diretamente às pessoas o que o programa significa para elas, e suas respostas podem constituir um ponto de partida para pesquisas ulteriores. O primeiro nível da simples descrição da experiência de audição pode conduzir ao nível de conceituação [...] A posição metodológica da análise das gratificações é ser uma das três abordagens complementares ao problema do que um programa significa para o próprio público [...] Os três modos de estudar o apelo dos programas encontram-se estreitamente inter-relacionados. Uma análise do conteúdo sem dúvida fornecerá indicações sobre o que o programa pode significar

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para o ouvinte. Mas, se isso realmente ocorrer, deverá ser descoberto por meio de uma pesquisa voltada aos próprios ouvintes.

(LAZARSFELD, 1940, p. 55-93, apud Wolf 2005, p. 34-35)

Lazarsfeld (1940, apud Wolf 2005) apresentou também os efeitos pré-

seletivos e efeitos sucessivos: o primordial é que o rádio seleciona o próprio

público e só depois desempenha alguma influência sobre ele, assim como é, em

parte, na web nos dias atuais. A análise das razões que explicam as preferências

de consumo para certo meio ou para um gênero específico se junta fortemente

à análise da estratificação dos grupos sociais que demonstram esses hábitos de

consumo. Outra particularidade é o estabelecimento no público de modelos de

expectativas, preferências, avaliações e comportamentos para cada gênero

específico dentro de um meio de comunicação, em relação às atribuições

socioculturais que sustentam a audiência.

Paul Felix Lazarsfeld dizia haver no processo da comunicação coletiva

duas etapas significativas, sendo elas: a do comunicador ao líder de opinião e a

do líder de opinião ao receptor comum. Os líderes de opinião levam

compreensão de certos assuntos que precisam ser esclarecidos dentro daquele

espaço específico.

Liderança de opinião é um estágio em que um indivíduo é capaz de, informalmente, influenciar a atitude e o comportamento de outros indivíduos com relativa frequência. É um tipo de ascendência informal, que não depende da posição social ou status dentro do sistema, mas é conquistada e mantida pela competência técnica, pela acessibilidade social e pela conformidade com as regras do sistema. (ROGERES, 1971, p. 35 apud Aires Neto, 2008, p. 4)

Lévy (1996:17, apud Coelho 2001) descreve a modernidade como um

momento de alteração do procedimento da característica da espécie humana em

relação às espécies ancestrais, sendo a evolução da linguagem, uma

particularidade essencial deste método.

A comunicação virtual e suas linguagens são um componente de um

sistema que engloba toda a vida social.

“Um movimento geral de virtualização afeta hoje não apenas a informação e a comunicação, mas também os corpos, o funcionamento econômico, os quadros coletivos da sensibilidade ou o exercício da inteligência. A virtualização atinge mesmo as modalidades do estar junto, a constituição do “nós”: comunidades virtuais, empresas virtuais, democracia virtual... Embora a digitalização das mensagens e a extensão do ciberespaço

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desempenhem um papel capital na mutação em curso, trata-se de uma onda de fundo que ultrapassa amplamente a informatização. ” (Lévy, 1996:11, apud Coelho, 2001)

Uma vez englobada toda a vida social pelo digital, como podemos,

então, fazer a leitura dos chamados líderes de opinião nesse ambiente? Essa é

a proposta que discutiremos nesse capítulo. Para isso, contudo, os conceitos

tratados até o momento têm um importante papel de reconhecimento da

comunicação interpessoal no cotidiano das pessoas e de entender como a

sociedade apresenta seus líderes de opinião. Nos próximos tópicos tentaremos

interpretar como o conceito foi reformulado e como está sendo apresentado na

era digital.

5.2.1 O contexto social e os efeitos dos meios de comunicação de massa

O êxito dos meios de comunicação de massa pode ser considerado

através do contexto social em que exerce a atuação de parte das características

do sistema social. A teoria dos efeitos limitados passa a ser um processo mediato

de influência, em que as atividades sociais se cruzam com os processos de

comunicação.

Os efeitos causados pelos meios de comunicação de massa “dependem

das forças sociais que prevalecem num determinado período” (Lazarsfeld, 1940,

p. 330 apud Wolf, 2008, p.37): a teoria dos efeitos limitados traz,

consequentemente, o destaque de um nexo causal direto entre propaganda de

massa e manipulação da audiência para um processo mediato de influência,

onde as dinâmicas sociais se encontram com os processos de comunicação.

Wolf (2008) aponta três entendimentos que podem ser encontrados

nessa dinâmica de formação de opinião: efeito de ativação (transforma ação

oculta em comportamento real), efeito de reforço (preserva medidas tomadas,

evitando mudanças de opiniões) e efeito de conversão (possuem opiniões claras

e respeitadas).

Segundo Toussaint (1992), líderes de opinião são pessoas que têm

acesso à informação em primeira mão, como descreve abaixo:

Os indivíduos que recebem em primeira mão as informações dos meios para transmiti-las depois a pessoas desvinculadas disso, mas incluindo a sua própria interpretação da informação recebida. São pessoas que não se desviam de seus grupos; andam pelo mesmo

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caminho que os outros, mas adiante. (TOUSSAINT, 1992, p. 32, apud Corniani, 2005).

A sequência da comunicação é determinada em dois níveis (two-step

flow of communication), para que os porta-vozes façam intermédios entre a mídia

e outras pessoas. Para Wolf (2008) a oposição entre a teoria hipodérmica e o

modelo two-step flow (também chamada de teoria do fluxo binário ou fluxo de

comunicação em dois tempos) pode ser configurado da seguinte maneira:

Figura 8: Modelo two-step flow of communications

(Citado por Katz-Lazarsfeld, 1955 apud Wolf, 2008, p. 39)

Existe também o modo de emersão, que forma opiniões no modelo two-

step flow.

Existem as interações recíprocas dos componentes do grupo, que reforçam as opiniões ainda indeterminadas de cada pessoa. Na base dessas interações, cristaliza-se a distribuição de opinião e pontos de vista articulado.

(LAZARSFELD-BERELSON-GAUDET, 1944, XXXV, apud Wolf, 2005)

É possível notar que na figura acima, o lado esquerdo ilustra da teoria

hipodérmica, na qual o fluxo de comunicação parte dos meios de comunicação

de massa direto para a audiência. Enquanto no esquema de Lazarsfeld, do lado

direito, a mensagem passa por um intermediário antes de chegar até sua

audiência final. Este intermediário é o líder de opinião.

Nessa teoria a influência dos mass media é entendida em duas fases,

na primeira situa-se os líderes de opinião (pessoas bem informadas, com maior

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contato com os meios de comunicação, mais conscientes) que recebem a

mensagem da mídia. Enquanto na segunda fase, esses personagens repassam

as referências para o público que tem menos acesso à mídia e, por isso, ficariam

dependente de outros seres para receber uma informação.

Uma fonte transmite uma mensagem através de um canal, que no

processo é representado pelos meios de comunicação de massa, chegando até

uma audiência, onde estão contidos os líderes de opinião.

Wolf (2008) destaca que o líder de opinião e o fluxo de comunicação em

dois níveis são variedades de um acontecimento de ordem geral, na dinâmica

que produz a formação da opinião. Os efeitos da mídia desempenham um

processo mais complicado, que é o da influência pessoal que se desenvolve nas

relações intersubjetivas. A comunicação de massa encontra impreterivelmente a

obstrução da exposição e da percepção seletiva, a comunicação interpessoal

exibe uma categoria maior de agilidade diante das persistências do receptor

(Wolf, 2008). A influência que provém das relações pessoais pode ser menos

conexa a aplicações específicas de persuasão.

Foi confirmado que, na época do estudo em 1940, os influenciadores

faziam parte do convívio familiar, trabalho ou dirigentes de clubes dos quais tanto

o líder de opinião, quanto o indivíduo eram associados (Lazarsfeld; Katz, 2009,

p. 32 apud Oliveira; Moraes, 2015). Dessa maneira, foi possível perceber que a

imagem do líder de opinião não era imóvel e instável conforme a situação.

Como afirma Katz (apud Aires, 2008, p.50) a representação desse líder

era destacada pela importância dada à comunicação entre duas ou mais

pessoas que trocam informações em desvantagem dos meios de comunicação

e poderia ser entendida por meio de três princípios.

O primeiro princípio a ser ressaltado era a facilidade que o líder de

opinião tinha de alterar o conteúdo conforme ele se comunicava com a pessoa.

Com apoio no comportamento do receptor, o líder construía uma consideração

e decidia qual o atalho para conseguir influenciar (Katz apud Aires, 2008, p.50,

apud Oliveira; Moraes, 2015).

Já no segundo princípio que consolidava a influência da comunicação

interpessoal, estava a confiança da fonte. Como mencionado acima, o líder de

opinião era sempre uma pessoa próxima da sociedade e com visibilidade e bem

instruído, o que interferia na segurança dada ao influenciador (Katz apud Aires,

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2008, p.50). Nos meios de comunicação, é possível enxergar que a proximidade

era difícil e, por isso, o receptor tinha dificuldades para atribuir confiança aos

meios.

Na maioria dos lugares em que as pessoas precisavam tomar decisões,

acabavam recorrendo a opiniões de outros indivíduos considerados confiáveis,

mas só se tornavam influentes quando o assunto era de interesse de todos os

integrantes do grupo. A escolha desse líder de opinião nem sempre estava ligada

à situação financeira ou a categoria ocupada em uma hierarquia.

Na opinião de Katz e Lazarsfeld (apud Defleur, 1993, p. 2012 apud

Oliveira; Moraes, 2015), o estilo de vida se tornava considerável na escolha de

quem influenciaria e em que área ele faria isso.

Por exemplo, jovens trabalhadoras, em contato mais próximo graças às fontes da mídia com o mundo da moda, estilos de penteado e cosméticos eram procuradas como líderes por donas de casa em tempo integral menos “por dentro” em tais assuntos. Mulheres casadas com famílias grandes pelo contrário, eram buscadas para aconselhar sobre produtos domésticos, mercadologia, pechinchas do supermercado e assim sucessivamente (Defleur; Rokeach, 1993, p. 214, apud Oliveira; Moraes, 2015, p. 4-5).

Em um processo comunicacional padrão (fonte-mensagem-canal-

receptor) o fluxo seria este, mas no processo folkcomunicacional, neste ponto

inicia-se um novo ciclo no fluxo da mensagem. Os líderes se tornam

comunicadores e transmitem uma mensagem através de um canal folk.

Folkcomunicação é, assim, o processo de intercâmbio de informações e

manifestação de opiniões, ideias e atitudes da massa, através de agentes e

meios ligados direta ou indiretamente ao conhecimento do povo. Como podemos

analisar na figura abaixo:

Figura 9: Meio de comunicação Folk

MCM – Meios de comunicação de massa MCF – Meios de comunicação Folk

Fonte

Comunicador

M Canal Audiência

Líderes

M Canal Audiência

Folk

MCM MCF

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Fonte: (Corniani, 2005, p.3)

De acordo com Wolf (2005) existe uma diferença entre líder de opinião

local e cosmopolita, que são particularidades na estrutura das relações sociais,

no caminho seguido para chegar à função de influentes, no tipo de consumo da

comunicação de massa. Mas o líder de opinião de tipo local desempenha a sua

influência em diferentes áreas temáticas, se baseia em grande parte na

influência do acontecimento de ser um pouco conhecido por todos na

comunidade. Uma habilidade diferente caracteriza o líder cosmopolita. O líder

cosmopolita é beneficiado com competências especificas, como exercer em

áreas tematicamente particulares.

Até aqui podemos ver como um líder de opinião atua no meio da

sociedade, um formador de opinião é uma pessoa que tem a capacidade de

influenciar e modificar a opinião de outras pessoas em diversos assuntos. Além

de ser uma pessoa que era próxima da sociedade, era visto como uma pessoa

com conhecimento. Atualmente a imagem de líder de opinião vem se renovando

nos meios digitais, fazendo com o que ele se torne presente em novos meios,

como o mundo virtual, tal como em mídias sociais, cujas fronteiras tempo-espaço

são completamente diluídas. No próximo tópico tentaremos aproximar esse

entendimento com a realidade das conexões em rede vividas no século XXI.

5.2.2 Influenciador na era digital

Os influenciadores digitais são pessoas que se destacam nas redes

sociais pela grande visibilidade que possuem no meio. Como observamos no

tópico acima, um líder de opinião é uma pessoa próxima do público com quem

ele fala, é, também, um indivíduo que se destaca no ambiente onde vive. No

mundo digital, onde a conectividade é bastante abrangente pelas mídias sociais,

é possível observar também a necessidade que os líderes ou formadores de

opinião têm de evoluir com o passar do tempo. Neste item vamos discutir e

compreender se um influenciador digital pode ser considerado um líder de

opinião, já que ele pode construir sua comunidade na web, e tentaremos

entender também como acontece o retorno do público nesse meio digital, para

que possa ser criado um bom envolvimento com ele.

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De acordo com Montelatto (2015 apud Lopes; Brandt, 2016), um

influenciador é uma pessoa usuária de redes sociais digitais que movimenta e

influencia uma grande quantidade de pessoas através da sua reputação em

sites, blogs e redes sociais, para alavancar produtos, serviços e eventos. Para

Araujo (2009, n.p.) formadores de opinião são:

Pessoas que influenciam contingentes de pessoas, que levam as massas a concordar com uma dada opinião ou a consumir determinado produto, assistir determinado espetáculo, ler determinada revista ou jornal, daí que determinadas celebridades cobram caro para associar seu nome, sua voz, seu rosto a um determinado banco, a uma mineradora, a uma fábrica de automóveis ou a uma marca de roupa.

Existe uma ferramenta que se chama Traackr14 que explica que existem

pelo menos dez tipos de influenciadores no mundo digital. São eles:

1. A celebridade, uma pessoa bastante conhecida pela sociedade;

2. A autoridade, podendo ser um gênero ou uma simples fonte de

poder;

3. O conector, pessoa bem relacionada;

4. Aquele cujo nome é uma espécie de marca, é a essência, as

características que fazem com que cada indivíduo seja único;

5. A analista, pessoa que realiza análises a partir de um ponto de

partida e divide em partes, até chegar à conclusão de um todo;

6. O ativista, pessoa que vê a necessidade de mudar e dedica seu

tempo fazendo algo a respeito;

7. O especialista, pessoa que se ocupa exclusivamente de um

ramo particular de uma ciência, de uma art etc.;

8. O informante, cidadão que fornece informações privilegiadas

sobre grupo ou organização a uma pessoa que está fora do ciclo;

9. O disruptivo, aquele que interrompe a continuação normal de um

processo criando novos debates;

10. O jornalista, pessoa que trabalha com notícias.

14 Aplicativo de métrica de influência social. Disponível em: <http://www.agenciaboxx.com.br/voce-sabe-quem-sao-os-influenciadores-digitais/. Acesso em: 21 de julho 2016

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Os influenciadores que mais se destacam nesse meio são os produtores

de conteúdo digitais e os blogueiros, ou seja, pessoas que fornecem conteúdos

em websites, os chamados blogs.

Figura 10: Tipos de influenciadores

Fonte: Traack

Os influenciadores digitais não usam apenas os blogs para publicar e

compartilhar ideias e experiências, eles se apoderam de redes sociais como

Facebook, Twitter, Instagram, Youtube e Snapchat, entre outras, para dividir os

conteúdos, alcançar seu público e também aumentar o alcance de suas

publicações.

Para gerar um marketing boca a boca, várias empresas estão

investindo em trabalho de defensores da marca ou influenciadores. O marketing

de referência procura incentivar indivíduos e a sociedade a repassar uma

mensagem para outros, aumentando o alcance e servindo como influenciador, o

que acontece também no conceito de líder de opinião cunhado por Lazarsfeld,

podendo movimentar, assim, o meio social onde vivem, já que o líder de opinião

parece ser mais ativo e interessado no universo que pretende influenciar.

Diferente do que acontece com a mídia tradicional, na internet o

consumidor é quem tem o controle, ou seja, mesmo que a marca seja dinâmica

na web, os clientes vão falar sobre ela e fazer comparações com as empresas

concorrentes (TORRES, 2009). Então, pressupõe-se que um influenciador digital

possui uma quantidade maior de audiência do que uma marca, além de um

pressuposto de confiança e proximidade com o público, por isso quando a

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estratégia de Marketing de Influência é executada da forma certa, o alcance da

marca aumenta consideravelmente.

Percebe-se assim, a grande importância dos influenciadores dentro do

Marketing de Influência, o qual segundo Enge (2012 apud Santos, Silva, Santos,

2016) “é o nome que damos ao processo de desenvolvimento de relacionamento

com pessoas influentes, que podem ajudar você na criação de visibilidade para

seu produto ou serviço. ” (n.p.)

Torres (2009, p. 111) reforça que "as mídias sociais têm um enorme

poder formador de opinião e podem ajudar a construir ou destruir uma marca,

um produto ou uma campanha publicitária", e confirma que "uma marca não se

constrói mais em uma única mídia, seu esforço de marketing e vendas é

constantemente testado por seus clientes pela Internet". Assim sendo, é possível

certificar a importância de toda e qualquer empresa estarem presentes no

ciberespaço. Em outras palavras, marcas que ficam afastadas das redes sociais,

facilmente os seus produtos ou serviços permanecem à deriva na internet,

dependentes somente da opinião dos usuários, sem que as empresas lidem e

saibam sobre o que está sendo falado sobre elas no meio digital.

As redes sociais se tornam mais significativas, os compradores se

sentem mais à vontade em publicar opiniões e experiências e, desta forma,

podem acabar influenciando outros consumidores com as informações

relatadas.

Os blogs, que antigamente eram usados como diários pessoais, hoje são

identificados como canais de transmissão, entendidos que sua credibilidade e

audiência crescem progressivamente. A ideia também é válida para

influenciadores digitais que usam outras redes sociais, como o Youtube, para

propagar a informação. Uma vez que os blogs e as redes sociais destes

produtores de conteúdo são classificados como mídia, é proveniente que eles

utilizem os meios para a veiculação de mensagens publicitárias.

Um influenciador é alguém que, através de sua marca pessoal, tem um

grande número de seguidores ou audiência em seu blog e nas redes sociais,

como Facebook, Twitter, Youtube e Instagram. Podem ser artistas, atletas,

jornalistas, blogueiros, webcelebridades15 etc.

15 Usado para se referir a pessoas que se tornaram famosas por meio da internet.

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Influenciadores são definidos principalmente pelo tamanho de sua

audiência. É um número absoluto. Quanto maior seu público, mais pessoas

serão impactadas pela mensagem. Outro fator importante e muitas vezes não

considerado é o engajamento da audiência e o conhecimento e relevância que

o influenciador tem dentro do setor da marca anunciante. Como Oliveira e

Moraes (2015) apontam em seu estudo, esses novos líderes até então

apresentam características do modelo de Lazarsfeld, como o dever de se

relacionar, pertencer a comunidades e buscar exercer influências. Essas são

algumas características que aproximam o influenciador do líder de opinião, já

que ambos exercem liderança e contam com exclusividade de informações que

a sociedade não teria, a priori.

As blogueiras de moda e beleza destacam as qualidades, os desejos e

mostram uma vida perfeita através de blogs e mídias sociais, escondendo os

defeitos dos holofotes midiáticos, ao passo que estabelecem uma relação de

maior proximidade com o público em virtude da presença massiva nas redes

sociais, nos vídeos produzidos por essas pessoas mostrando o dia a dia delas

reflete que elas são pessoas comuns, “gente como a gente” e com isso

aumentando o poder de persuasão que elas exercem. O maior propósito dessas

atitudes é alcançar a tão almejada fama, uma vez que elas sabem que correm o

risco de não conseguirem se apresentarem o menor dos defeitos, já que a mídia

é severa e exigente. Por isso, quando iniciantes, elas utilizam método e

procedimentos para se tornarem influenciadoras digitais, processo que é

chamado de Celebretização, um conceito além de celebrização, o saber ser

célebre.

Celebritizar, segundo Figueiredo e Tuzzo (2011, apud Soares, 2013)

significa tornar célebre (ideal, diferente, inacessível) um anônimo, que é

verdadeiro, popular e pertence ao mesmo contexto dos que o fascinam, pelo que

ele é ou pelas suas atitudes na sociedade. Ultimamente boa parte do mundo tem

acesso a algum tipo de informação, a qualquer momento na internet, como

afirma Bianco (2011. p.9 apud Soares 2013):

[...] existe autonomia e liberdade para agir na rede de forma individualizada e, ao mesmo tempo, de forma massiva, porque uma pessoa por meio de um blog, por exemplo, pode compartilhar conteúdo e eventualmente chegar a um nível global.

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A opinião pública é uma das razões fundamentais de enaltecimento de

uma celebridade, e nem todas conseguem alcançar de fato o gosto do público.

A mídia tem o poder de constituir, estabelecer e destruir celebridades (Figueiredo

e Tuzzo, 2011, apud Soares 2013).

Na época atual é muito habitual ver garotas se tornando célebres

rapidamente, conquistando milhões de seguidoras pelas suas qualidades e,

seguidamente, serem bombardeadas por terem um pequeno descuido e

acabarem pisando em falso com críticas pesadas de suas fãs, que conseguem

ter contato direto com as celebridades digitais através de seus blogs e mídias

sociais, fazendo com o que esse sucesso despenque do dia para a noite.

Seja qual for a pessoa que deseja ser conhecida, pode utilizar técnicas

de conteúdo para o blog, investir em mídia patrocinada16, criar um personagem

respeitável e encantador, exibir objetos de desejo para a sociedade e conquistar

seguidores, uma vez que estará seguindo o modelo ideal determinado pela

mídia. Conforme Tuzzo (2005, p.121, apud Soares 2013) expôs:

Quando a mídia cria heróis e celebridades, na verdade, ela está disponibilizando para o púbico os ingredientes fundamentais para o desenvolvimento do imaginário coletivo. A mídia tem consciência de que a fabricação dos seus produtos depende dos anseios do público a fim de que o consumo seja facilitado.

Com o propósito de desfrutar das ferramentas que a internet oferece

para divulgar os produtos e a marca, as empresas também utilizam dos principais

formatos de peças publicitárias online para sites, como banners, pou-ups, botão

para exibição da logomarca do anunciante, patrocínios de conteúdo, links

patrocinados, classificados, propaganda interativa, anúncios flutuantes e, por

fim, o uso do e-mail marketing.

Esses modelos de publicidade digital se transformaram em curto espaço

de tempo, seguindo as modificações dinâmica da internet. Como a chegada das

redes e mídias sociais: Facebook, Twitter, YouTube, Linkedin e, atualmente, o

Snapchat, a nova forma de divulgar no ciberespaço foi alterado rapidamente. As

redes sociais começaram a disponibilizar espaço e serviços personalizados para

16 Significa anunciar, isto é, em pagar pela exposição da marca a fim de aumentar o seu alcance e conquistar os resultados inicialmente pensados para ela. Trata-se de um investimento que visa, no caso das mídias sociais, colocar a empresa mais em evidência. Através desse pagamento, anúncios divulgando o perfil da blogueira são apresentados para outras pessoas, que podem conhecê-lo dessa forma e, assim, ela tem a chance de conseguir que essas pessoas se tornem leitoras e, futuramente, fãs.

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veiculação de publicidade online. São produzidos e veiculados posts

patrocinados para sobressaírem a outros posts presentes na timeline do

consumidor-alvo, divulgando produtos, serviços, campanhas e ações

empresariais.

Qualquer celebridade tem obrigações perante a sociedade e deve andar

de acordo com o comportamento adequado, não podendo expressar

irresponsabilidade seja ela qual for, conforme Figueiredo e Tuzzo (2011, apud

Soares 2013):

[...] um maior cuidado com a imagem pública se torna imprescindível quando existe exposição midiática, visto que o comportamento [...] passa a servir de molde para a sociedade envolvida e seus nomes, muitas vezes transformados em marcas.

O fundador da empresa Klout17, Joe Fernandez, diz que a ideia inicial da

empresa em lidar com algoritmos de 0 a 100 é que a influência é a capacidade

de dirigir a ação. O influenciador é influente porque tem grande audiência que

envolve e interage com o conteúdo. O resultado final do Índice Klout é alcançado

por três fatores:

1) Alcance Real (True Reach): Ela representa o número de pessoas sobre as quais é exercido a influência. Ele responde à pergunta "quantas pessoas você influencia?". Para fazer analisar como as pessoas com quem o usuário está conectado interage com ele e seu conteúdo.

2) Amplificação: É medida tendo em conta a forma como as mensagens são retuitadas ou provoca a conversação. Responde à pergunta: "Quanto você influencia as pessoas sobre as quais você tem influência? ”. Ele indica o efeito que um usuário tem em seu público. Esses dados são extraídos dos retweets, menções, listas em que está incluída, comentários e "gostos" acumulados por suas publicações. Cada vez que um de seus seguidores executar uma dessas ações é considerado uma autoridade e sinal de qualidade desse conteúdo.

3) Impacto sobre a rede (Network Impact): Determina a influência que por sua vez tem seguidores que estão dentro do verdadeiro âmbito do utilizador avaliado. Mede, portanto, a "qualidade" de seus seguidores.

(Serrano-Puche, 2012, p.44, tradução livre)18

17 Klout é um site e aplicativo móvel que usa mídia social analytics para classificar os usuários de acordo com a influência social online através da "Klout Score", que é um valor numérico entre 1 e 100. 18 1) Alcance real (True Reach):Representa el número de personas sobre las que se ejerce influencia. Responde a la cuestión “¿a cuánta gente influyes?”. Para ello analizan cómo las personas con las que un usuario está conectado interactúan con él y con su contenido. 2) Amplificación (Amplification): Se mide tomando en cuenta cómo los mensajes son retuietados o provocan conversación. Responde a la cuestión: “¿Cuánto influyes en la gente sobre la que tienes influencia?”. Indica el efecto que un usuario tiene en su audiencia. Este dato se extrae a partir de los retuiteos, las menciones, las listas en las que está incluido, los comentarios, y los “me gusta” obtenidos

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Klout especifica-o que o usuário dentro de um estilo de liderança. É

levado em conta quatro parâmetros principais, imaginado como uma linha

continua entre dois polos:

a) Tendência do usuário entre compartilhar e criar conteúdo. b) A tendência do usuário a fazer um uso ocasional ou constante de redes sociais. c) A sua disponibilidade em vez de ouvir ou para participar na Rede. d) O conteúdo variado ou específico de suas mensagens digitais de caracteres.

(Serrano-Puche, 2012, p.44, tradução livre)19

O novo líder de opinião pode ser encontrado em diferentes esferas, pode

agir como meio ou estar inserido na comunidade (Oliveira; Moraes, 2015),

independentemente das influências da comunidade em que a pessoa vive. As

novas tecnologias possibilitam que os indivíduos possuam mais liberdade na

escolha das informações que podem ser consideradas pertinentes por eles.

Assim como Alsina (2008, p.20-21 apud Oliveira; Moraes, 2015)

descreve, a sociedade dos anos 1940 foi orientada exclusivamente por meios de

comunicação como os livros, jornais e o rádio, que ofereciam poucas

oportunidades para o processo de interação. Nesse sentido, o uso desses

recursos comunicacionais mais simples distancia o líder de opinião de Lazarsfeld

do atual líder de opinião, que além de dominar todos esses meios possui a

televisão e a inclusão do computador e da internet, que modificaram tanto a

comunicação interpessoal quanto a comunicação de massas.

Oliveira e Moraes (2015) consideram que com a descentralização das

informações midiáticas proporcionadas pela Internet, que popularizou o uso de

blogs, redes sociais, veículos independentes e iniciativas não convencionais de

comunicação, cada um se torna fornecedor e consumidor de conteúdo

(prosumer). Esse modelo de comunicação fez com que a figura do líder de

opinião se descentralizasse e horizontalizasse a interação, pois o produtor de

conteúdo passou a interagir diretamente com o público que deseja atingir, não

sendo preciso um mediador.

por sus publicaciones. Cada vez que uno de sus seguidores realiza una de estas acciones es considerada como una señal de autoridad y calidad del contenido de aquel. 3) Impacto en la Red (Network Impact): Determina la influencia que a su vez tienen los seguidores que están dentro del alcance real del usuario evaluado. Mide, por tanto, la “calidad” de sus followers. 19 a) la tendencia del usuario entre compartir y crear contenido. b) la tendencia del usuario a hacer un uso ocasional o constante de las redes sociales. c) su disposición más bien hacia escuchar o bien a participar en la Red. d) el carácter variado o específico del contenido de sus mensajes digitales.

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Assim como no modelo de Lazarsfeld, em que o influenciador não estava

diretamente ligado à situação econômica, nessa nova construção teórica de líder

pode-se constatar que as políticas de democratização do acesso à Internet

relacionada à classe econômica mais baixa não fazem com o que os cidadãos

deixem de exercer a função como líderes.

Com o progresso das tecnologias, principalmente, da internet, foi

possível descobrir que os indivíduos passaram a desfrutar de mais autonomia e

liberdade para escolher informações e publicar o que eles consideram

adequado. De acordo com Oliveira e Moraes (2015) esses novos líderes ainda

apresentam características do modelo de Lazarsfeld, como a necessidade de se

relacionar, pertencer a comunidades e buscar praticar influências.

Como podemos ver, o conceito de líder de opinião vem se atualizando e

acompanhando a evolução da internet. As facilidades oferecidas por essas redes

fazem com que cada indivíduo se torne um influenciador, podendo estar presente

em diferentes ferramentas. Um líder de opinião é uma pessoa alegre, inteligente

e seguro de si, as atitudes de influenciador são reconhecidas pelo público.

Assim, podemos perceber que um influenciador digital é um líder de

opinião, por ele ser capaz de criar uma comunidade e poder ter voz ativa dentro

dela. Um líder de opinião na internet mobiliza pessoas que gostam do mesmo

assunto através de redes sociais, sites e blogs, como acontecia antigamente e o

que difere os dois é o rompimento da fronteira espaço-tempo, podendo atingir

mais pessoas, com a Internet, em menos tempo. Com tudo isso, observamos

que os influenciadores digitais se configuram como formas de liderança dentro

de suas redes, o que nos permite associar os dois conceitos e entender o

influenciador digital como um novo tipo de líder de opinião.

A partir da discussão desenvolvida nesse capítulo, podemos

compreender e analisar a trajetória conceitual do líder de opinião até os dias

atuais, do nosso problema de pesquisa, para, então, responder a seguinte

pergunta: as pessoas compram produtos apenas por terem a influência de

alguém na Internet?

No capítulo seguinte, que tem caráter empírico, buscaremos responder

essa pergunta com a aplicação de um questionário feito ao público de um canal

do Youtube sobre moda e beleza, objeto do nosso estudo de caso.

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5.3 Conhecendo a influência que existe pelos youtubers de

moda e beleza

A indagação inicial do nosso problema de pesquisa é: as pessoas

compram produtos apenas por que um influenciador digital disse que era bom?

Nos capítulos anteriores foi possível observar como a Internet vem fazendo parte

da vida das pessoas e como elas têm utilizado isso para fazer um meio de vida,

de sustento e notoriedade.

As mídias sociais são ferramentas que aproximam o influenciador do seu

público-alvo, fazendo com que ele tenha um retorno do público mais rápido sobre

as coisas que posta e promove com publicidades. Com o grande crescimento da

Internet, se tornou habitual procurarmos opiniões de outras pessoas sobre algum

produto que estamos interessados em comprar, com isso surgiu o nosso

questionamento. Será que, especialmente, os youtubers de moda e beleza

influenciam seu público?

A moda sempre esteve no interesse na vida das pessoas, sendo exibida

por publicidade direcionada ou publicidade espontânea, como a feita pelos

influenciadores digitais. A maneira de se vestir tem um poder muito grande de

transmitir a identidade do consumidor e atrai olhares de outras pessoas, sendo

possível expressar o estilo que mais se identifica nas tendências.

A moda está em permanente transformação e é possível notar que é um

meio atraente e interessante aos consumidores que acompanha em todas as

tendências. Estar na moda é antes de mais nada proporcionar chances de se

diferenciar. As redes sociais possibilitam uma maior aproximação com os

consumidores, mais do que eles estavam acostumados a ter quando a web ainda

não existia. A internet promove maior autonomia em relação à mídia do rádio e

da televisão (Cunha; Cunha; Monte, 2015).

De acordo com o estudo feito por Cunha; Cunha e Monte (2015), as

marcas de moda e maquiagem estão usando do poder de influência na Internet

para reproduzir fotos e postagens, de pessoas famosas ou não, planejando

tornar esses produtos em objetos de desejo dos consumidores. As mídias sociais

são como produtores estimulantes para a multiplicação de conteúdo para as

empresas que sabem usar bem essa ferramenta, uma vez que são plataformas

que os consumidores estão conectados.

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A partir do conceito de representação social de Moscovici (2003 apud

Tavernari; Murakami, 2012) – como estruturas dinâmicas que carregam traços

culturais e viabilizam modos de criação e modelagem dos sentidos – reconhece-

se que a figura da blogueira está principalmente ligada a gênero feminino nas

representações tecnoculturais.

Sidney Eve Matrix (2006) mostrava esse ponto ao destacar o gênero nas

representações ciberculturais: “o ícone cyberpop feminino promove a expansão

de tecnologias de conectividade, interatividade e personalização e populariza os

discursos da intangibilidade e do tecnoerotismo” (Matrix, 2006, p.8 apud

Tavernari; Murakami, 2012).

Para esse fim, escolhemos estudar o canal Vício Feminino por Camilla

Cabral, que atualmente possui pouco mais de 1.560.415 de inscritos e ocupa a

8ª colocação no ranking dos 10 maiores canais brasileiros de beleza. O canal

tem como periodicidade três vídeos por semana, totalizando uma média de 13

vídeos por mês. O período que analisamos foi de janeiro, fevereiro e março de

2016, por serem meses festivos e com probabilidade de o assunto de beleza ter

maior evidência. Nesse período observamos que apenas um vídeo foi

patrocinado20 e alcançou a marca de 178.438 visualizações.

Em relação aos anúncios nas redes sociais, Hunt (2010 apud Cunha;

Cunha; Monte, 2015), entende que é essencial tomar alguns cuidados ao

anunciar os produtos. É indispensável que o planejamento das publicações de

mídia seja delimitado e testado com antecedência, é preciso checar se todos os

produtos estão realmente disponíveis ao consumidor e é com isso que Camilla

Cabral se preocupa, com a verdade que passa aos seus seguidores.

Em entrevista que realizamos com a youtuber, ela diz se colocar no lugar

das seguidoras quando mostra em seus vídeos algum produto, e, da mesma

forma que ela apresenta novos itens, gosta de acompanhar pessoas que

transmitem credibilidade. Para Cabral, passar verdade naquilo que fala é

fundamental para que se possa atrair um público de qualidade.

20 É um vídeo pago para apresentar a marca ao público a fim de aumentar o alcance e conquistar os resultados inicialmente pensados para empresa. Trata-se de um investimento que almeja colocar a empresa mais em evidência. Segundo o próprio site do YouTube, os vídeos patrocinados permitem que qualquer usuário que envie vídeos destaque o conteúdo no YouTube visando usuários interessados na visualização do conteúdo. https://support.google.com/youtube/answer/141808?hl=pt-BR

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Gosto de acompanhar pessoas que eu admiro, tenho um carinho e, principalmente, que me passem confiança. Eu procuro ser sempre transparente com as pessoas que me assistem e jamais teria coragem de indicar algo que eu não gosto por dinheiro nenhum (Cabral, 2016).

Por saber da força que sua voz tem na Internet e sendo possível

influenciar milhares de pessoas, a dona do canal Vício Feminino pesquisa, testa,

pensa e analisa o produto antes de indicar aos seguidores “Quando aceito fazer

uma publicidade [...] falo o que realmente penso e sempre temos um retorno

positivo das empresas que nos contratam” (Cabral, 2016).

Para a análise de conteúdo a que nos propomos e a fim de descobrir

quais os temas que possuem maior número de visualizações, dividimos os

vídeos publicados em sete grupos para avaliar o teor abordado: a) maquiagem,

que são vídeos sobre tutoriais, comparação de produtos e resenhas; b) dicas, as

quais são compostas por truques caseiros; c) vlogs, vídeos mostrando o dia -a -

dia; d) tag, categoria composta por desafios; e) receitas, onde a dona do canal

ensina a fazer receitas fáceis e rápidas; f) comprinhas/recebidos, são vídeos

relacionados a presentes e compras feitas; e por último, g) outros, que são todos

os vídeos que não se encaixam nessas categorias citadas acima.

Gráfico 1: Porcentagem de visualizações do canal Vício Feminino

em janeiro

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No mês de janeiro os dois vídeos com maior número de visualizações

foram a “paródia da música aquele 1%” 21com 984.928 visualizações, que

ocupou a categoria “outros” e “dividindo o rosto: caro x barato”22 com 588.590

visualizações, onde a dona do canal faz comparações dos produtos de

maquiagem de diferentes preços, o qual fez parte do grupo “maquiagem”.

Gráfico 2: Porcentagem de visualizações em fevereiro

21 AQUELE 1 % | PARÓDIA LARGA O CELULAR https://www.youtube.com/watch?v=pbgue9HI5SE 22 DIVIDINDO O ROSTO: BARATOS X CAROS https://www.youtube.com/watch?v=XrYpyon4WY4

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Enquanto no mês de fevereiro o vídeo “de faça você mesmo” de um

“batom de chiclete”23 atingiu a marca de 1.159.928 visualizações, o vídeo

compôs o grupo de “maquiagem”. Em segundo lugar foi uma receita de “bolo de

caneca fitness”24 com 570.302 visualizações, ocupando a categoria “receitas”.

Este mês foi o único que teve vídeo patrocinado: o “Aventuras de Férias | Volta

às Aulas”25 alcançou 178.438 visualizações e teve a publicidade da marca de

biscoito Richester, que pagou à youtuber para que ela apresentasse os produtos

aos seus seguidores.

Gráfico 3: Porcentagem de visualizações em março

23 DIY: BATOM DE CHICLETE!? https://www.youtube.com/watch?v=8LYSVgyAvLI 24 COMO FAZER BOLO DE CANECA GOSTOSO E FIT https://www.youtube.com/watch?v=nfMBmyES3Qk 25 AVENTURAS DE FÉRIAS | VOLTA ÀS AULAS https://www.youtube.com/watch?v=rySeHYKpAcE

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Por fim, em março, último mês da nossa análise, o vídeo com recorde

de visualizações foi “5 truques que todo mundo deveria saber”26, com a marca

de 1.133.123 visualizações, integrando a categoria “dicas”. O segundo vídeo foi

“comendo gafanhoto e outras coisas do Japão”27, onde a youtuber Camilla

Cabral, junto com o marido, experimentam doces exóticos do Japão. O vídeo

tem mais de 600 mil visualizações e faz parte do estilo “outros”.

Com os dados de acesso do referido canal no YouTube, foi possível

observar que a categoria “maquiagem” mantém um bom posicionamento durante

os três meses analisados, sendo assim o assunto com maior destaque do canal.

Para tentar responder o nosso problema de pesquisa, se as pessoas

compram produtos apenas pela influência de algum produtor de conteúdo do

YouTube na análise proposta utilizamos uma pesquisa de opinião quantitativa

26 5 TRUQUES SIMPLES QUE TODO MUNDO DEVERIA SABER https://www.youtube.com/watch?v=zY_hTl1VriQ 27 COMENDO GAFANHOTO E OUTRAS COISAS DO JAPÃO! https://www.youtube.com/watch?v=5ClZQPiDsCE

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em forma de questionário semiaberto para delimitar o perfil dos seguidores de

canais de moda e beleza no YouTube de uma forma geral e possíveis

consumidores dos produtos que eles indicam em vídeos, fazendo publicidade ou

não.

Segundo Gerhardt e Silveira (2009), a pesquisa de survey busca

informações claras de um grupo de pessoas a respeito de um assunto especifico.

A pesquisa pode ser exposta como o alcance de dados ou informações

desejadas, sobre as características ou opiniões do grupo abordado, utilizando

um questionário como instrumento de pesquisa. O método possibilita colher

informações em espaços reais, o custo para execução é baixo considerando a

quantidade de informação adquirida e podendo realizar entrevistas sem se

preocupar com fronteiras, não havendo barreiras geográficas.

Esse mecanismo foi escolhido para o estudo em virtude das barreiras

geográficas, já que esta monografia simboliza a influência que os youtubers de

moda e beleza têm sob seus seguidores, não se privando a um estado, cidade

ou capital particular. Segundo dados do SEBRAE28, o mercado de

Microempreendedores Individuais (MEI) do segmento de beleza cresce em cinco

anos, cerca de 570%. O consumo por produtos de beleza aumentou e com isso

surgiu a dúvida se seria por influenciadores digitais ou vaidade.

O questionário formulado contém 14 questões de múltipla escolha e seis

questões em aberto, as quais irão possibilitar delimitar o perfil dos seguidores

dos youtubers de moda e beleza por sexo, idade, estado, onde residem, se já

compraram produto por indicação, se tiveram arrependimento depois da compra,

o que os levaram a comprar tal produto, etc. Os resultados irão ajudar a descobrir

se as pessoas que assistem aos vídeos de moda e beleza são influenciadas

pelos donos dos canais e qual a faixa etária predominante.

Foi escolhido um grupo fechado do Facebook para divulgação do

questionário: “Dicas de Beleza, Maquiagem e Moda”29 (442 membros), além de

fanpage de youtubers com mais de 500 mil inscritos no canal do YouTube e mais

de 100 mil curtidas na página do Facebook, como Bruna Malheiros Makeup30,

28 Dados do Sebrae - https://www.abihpec.org.br/2015/04/meis-do-mercado-debeleza-crescem-567-em-5-anos/ 29 Dicas de BELEZA, MAQUIAGEM E MODA https://www.facebook.com/groups/vireiblogueira/ 30 Bruna Malheiros Makeup https://www.facebook.com/brunamalheirosmakeup/?fref=ts

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Fabi Santina31, Niina Secrets32, Vício Feminino33, Mari Maria Makeup34, Pausa

para Feminices por Bruna Tavares35, etc. Os grupos e as fanpages foram

escolhidos devido ao assunto de interesse dos participantes: moda.

Para ter melhor aproveitamento do número de respostas, nos baseamos

na pesquisa divulgada pelo Scup (2014), a qual afirma que os dias com maior

interação no Facebook eram quinta e sexta. Os dias que antecedem o final de

semana não são mais os dias preferidos para interagir na maior rede social do

mundo. Agora terça e quarta passaram a ser encarregados, cada uma, com

15,9% do volume de menções, entre o horário das 21h às 22h com 808.451

posts.

A divulgação foi feita pelo Google Docs, plataforma gratuita do Google

que permite criar formulários, editar e compartilhar documentos de texto. O

questionário ficou disponível das 21h do dia 30 de agosto de 2016 às 22h do dia

14 de setembro de 2016, totalizando 15 dias de enquete. O período foi pensado

devido aos melhores dias e horário de divulgação, segundo o Scup, já que inicia

e termina na terça e quarta-feira, respectivamente, sendo o horário inicial e final

igual ao horário do post de divulgação no Facebook.

Ao final da análise obtivemos um total de 195 respostas, onde apenas

18 pessoas alegaram não acompanhar canais de moda e beleza. Foi possível

perceber que a grande maioria desse público são mulheres com idade entre 16

a 20 anos. Apesar do número do público ser menor, existe um número

significativo de pessoas com idade superior a 36 anos que também se

interessam pelo assunto. Os três estados que mais trazem visibilidade a canais

de moda e beleza são os três estados com maior renda per capita36, que são

eles: São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal.

Gráfico 4: Idade do público

31 Fabi Santina https://www.facebook.com/fabisantina/?fref=ts 32 Niina Secrets https://www.facebook.com/NiinaSecrets/?fref=ts 33 Vício Feminino https://www.facebook.com/viciofeminino/?fref=ts 34 Makeup Mari Maria https://www.facebook.com/makebymarimaria/?fref=ts 35 Pausa para Feminices por Bruna Tavares https://www.facebook.com/blogPausaparaFeminices/ 36 http://curiosando.com.br/estados-mais-ricos-do-brasil/

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Segundo os resultados obtidos com o questionário, a interação de

acessar os canais e assistir aos vídeos dos youtubers acontece com a grande

maioria, sendo 54% todos os dias, contra 25% em três vezes por semana e 21%

apenas aos finais de semana; 65,3% dos internautas que fizeram parte da

pesquisa dizem acompanhar mais de cinco canais desse segmento. Verificamos

também que 78,53% dos internautas já compraram algum produto indicado por

um youtuber, sendo maquiagens e produtos para o cabelo os exemplos mais

citados.

De todas as respostas obtidas, tivemos um feedback que 77,10% diz não

ter se arrependido de ter comprado alguma indicação que viu na Internet, 9,63%

nunca compraram nada, por falarem que a maioria dos produtos indicados são

caros. Apenas 13,25% das pessoas que comparam algum produto por indicação

se arrependeu e o motivo da maioria dos arrependimentos foi por não ter

funcionado para o tipo de pele ou a propaganda ter sido enganosa. Quando

perguntamos sobre os canais que acompanhavam, “Boca Rosa”, “Taciele

Alcolea”, “Niina Secrets”, “Vício Feminino”, “Pausa Para Feminices por Bruna

Tavares”, “Mariana Saad”, dentre outras, foram citadas como referências e um

dos principais motivos para acompanhá-las seria a identificação e as dicas que

elas dão.

Percebemos que a maioria das pessoas (77,10%) compram alguns

produtos por curiosidade de testar, a credibilidade que a youtuber passa durante

os vídeos, custo x benefício e resenhas. A faixa etária que mais compra produtos

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indicados são pessoas entre 16 e 20 anos (25%) e 21 a 25 anos (30,14%), como

podemos visualizar no gráfico abaixo.

Gráfico 5: Influência por faixa etária

A maneira que a blogueira transmite a informação para seus seguidores

é um dos principais meios que o seguidor sente a credibilidade e segurança para

poderem comprar o produto indicado, o youtuber precisa passar transparência

quando fala, essas também são algumas características que o líder de opinião

tinha antes do surgimento da Internet e assim conseguimos identificar como esse

líder age nos dias atuais.

Em análise no vídeo “do "lixo" ao luxo em alguns minutos”37, do canal

que escolhemos para nossa análise, Vício Feminino, conseguimos identificar o

discurso que Camilla Cabral faz em seus vídeos sobre os produtos de

maquiagem que usa durante um tutorial, onde ela indica o produto que está

usando e ensina o uso dele. Verificamos que no decorrer do vídeo, Cabral

37 DO "LIXO" AO LUXO EM ALGUNS MINUTOS https://www.youtube.com/watch?v=9qa2cgs27yI

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explica como usar o cosmético e fala brevemente sobre o efeito que ele promete,

durante o tutorial observamos também que a maioria dos cosméticos utilizados

são de alto valor, reforçando o motivo pelo qual 20,33% dos participantes da

nossa pesquisa disseram nunca terem comprado nada sugerido pelos youtubers

de moda.

Figura 11: Vídeo “do lixo ao luxo em alguns minutos”

Por fim, ao perguntarmos sobre a maior probabilidade da Internet

influenciar o usuário, obtivemos respostas surpreendentes. Abaixo podemos ver

algumas o retorno que tivemos no questionário aplicado.

Figura 12: Pergunta e resposta do questionário

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Com os resultados que atingimos foi possível notar que uma grande

parte do público pode sim ser influenciada pelos youtubers de moda e beleza,

especialmente quando se passa mais familiaridade e confiança para os

seguidores. Dessa forma podemos perceber, também, que essas pessoas são

como os líderes de opinião que vimos no capítulo anterior, mas agora sendo uma

influência digital, que acontece por meio da Internet.

A Internet pode sim motivar e até intervir em algumas decisões que os

internautas tomem, já que na maioria das vezes eles buscam referências online

e assim podemos afirmar que o poder de influência dos youtubers de moda e

beleza é bem alta e influenciam sim boa parte dos seguidores que se interessam

por esse assunto, já que as pessoas que nunca compraram (21,46%) algo

indicado pela web dizem que os produtos indicados têm um preço elevado, por

isso não fizeram nenhuma aquisição.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho abordou a análise da interlocução dos canais do YouTube

de moda e beleza e seus receptores finais que podem ser influenciados pelas

opiniões contidas nos vídeos. A influência nada mais é que a persuasão da vida

social na mídia, o meio seleciona o público e só posteriormente exerce a

influência sobre esse público. Lazarsfeld (1940, apud Seabra; Santos, 2014)

relaciona três efeitos da dinâmica de formação de opiniões: o efeito da ativação

que transforma gostos escondidos em opiniões palpáveis; efeito de reforço que

protege decisões assumidas, evitando mudanças de atitude; e efeito de

conversão que é mais restringido, porque os indivíduos mais expostos e atentos

já têm opiniões formadas, ao passo que os indivíduos que são mais indecisos,

estão menos expostos.

Esses efeitos acontecem quando um líder de opinião atua no meio da

sociedade, já que ele é capaz de influenciar outras pessoas em diferentes

assuntos. A partir deste conceito verificamos com a ajuda do questionário que o

influenciador que existe nos dias de hoje vem se atualizando, e a pesquisa que

realizamos buscou informações em determinado grupo de pessoas, fazendo

com que atingíssemos as informações desejadas.

Para isso, foi levada em consideração a relação da internet com o

cotidiano visto que a presença frequente da web na vida das pessoas tem

transformado a rotina da sociedade. Fizemos uma reflexão sobre a opinião que

os youtubers expressam nos vídeos de maquiagem, favoritos do mês e dicas,

dentre outros, onde os produtores de conteúdo da referida mídia social

apresentam aos seguidores uma série de produtos, manifestando seu ponto de

vista. Este estudo também levou em consideração o crescimento nas vendas

dos produtos de cosméticos e bem-estar nos últimos anos, contando a partir de

2010, para embasar o poder de persuasão dessas pessoas e o interesse das

marcas em .se aproximar delas.

Desta forma, conseguimos ter a base para a resposta do nosso problema

de pesquisa, se as pessoas compram produtos apenas por que um influenciador

digital disse que era útil e tinha uma boa funcionalidade, por meio de um

questionário quantitativo on-line, que ficou disponível por 15 dias para

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conhecermos o público que acompanha canais no YouTube de moda e beleza,

onde 77,10% das pessoas alegaram não terem se arrependido de terem

comprado algo pela indicação que viram na Internet e 9,63% disseram nunca

terem comprado algum produto por recomendação, comprovando assim que o

poder da voz do líder de opinião na Internet, é capaz de a influenciar a vida das

pessoas.

Como vimos nos capítulos iniciais, por meio da Internet a pessoa pode

transmitir sua opinião, ter uma voz ativa e formar comunidades que compartilham

do mesmo pensamento, ou até provocar reflexões parecidas com o que é dita

naquele canal de comunicação. Com as leituras e discussões empreendidas até

aqui, ancoradas no questionário aplicado com os interessados em conteúdos de

moda e beleza no Youtube e na análise de conteúdo do canal Vício Feminino,

foi possível notar que a influência de líderes sobre seus pares existe há muito

tempo e até mesmo nos dias atuais. Com todas as peculiaridades de um meio

como a internet, ela mantém sua importância.

Desta maneira reunimos as condições necessárias para responder o

nosso problema de pesquisa: as pessoas compram produtos apenas por que um

influenciador digital disse que tinha uma boa funcionalidade e o resultado era

vantajoso? Com os dados obtidos, tanto pelo questionário como pela análise de

conteúdo e entrevista, concluímos que sim, as pessoas antes de comprarem

algum produto pesquisam e analisam diversas opiniões, mas na maioria das

vezes em que é exposta uma opinião na rede, esse ponto de vista irá

provavelmente influenciar na decisão final da compra do internauta que

pesquisou. Os seguidores tendem a considerar mais quando o youtuber

expressa uma opinião/publicidade “espontânea”, com uma linguagem menos

formal e publicitária da internet, do que a veiculada, extremamente produzida,

dos mesmos produtos em outros meios, como TV e impresso. Como foi

analisado no vídeo “Do lixo ou luxo” no último capítulo, a blogueira indica

produtos e faz a apresentação deles de forma natural e autêntico, por mais que

o teor do vídeo não seja publicitário.

Ao fim deste trabalho podemos notar que a sociedade está cada vez

mais hiperconectada e os líderes de opinião estão sabendo atuar neste meio. O

poder da influência chega muito mais rápido e a um maior número de pessoas

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por conta da agilidade que a Internet possui, as empresas souberam utilizar isso

ao seu favor, usando os influenciadores digitais como parceiros para divulgar a

marca. Entendemos com isso que a opinião sincera do influenciador tem um

peso muito maior na decisão de compra do internauta, podendo até modifica-la.

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8 APÊNDICE

8.1 Entrevista – Youtuber de Moda e Beleza

A nossa entrevista foi feita com a blogueira e youtuber Camilla Cabral, que é

dona do blog Vício Feminino. Camilla é da Paraíba, mas mora em São Paulo há

dois anos com o marido e tem o YouTube como profissão, onde ingressou no

site em 2011. A entrevista foi realizada via e-mail e segue abaixo na íntegra o

conteúdo abordado.

1. Como surgiu o Vício Feminino?

"Do nada!" rs Por brincadeira mesmo.. e sempre com o 'empurrãozinho' do meu

marido, que sempre falou que eu iria gostar de escrever/gravar. O nome "Vício

Feminino" foi por conta do vício que eu estava em ver vídeos no YouTube,

principalmente sobre assuntos relacionados ao universo feminino. (:

2. Pelo o que vemos em seus vídeos, você passa muita confiança ao

seu público, isso é um dos motivos para o seu sucesso?

Eu sempre procuro me colocar no lugar de quem está do outro lado da tela do

computador/celular. Gosto de acompanhar pessoas que eu admiro, tenho um

carinho e, principalmente, que me passem confiança. Eu procuro ser sempre

transparente com as pessoas que me assistem e jamais teria coragem de indicar

algo que eu não gosto por dinheiro nenhum (quem trabalha comigo sabe o

quanto sou preocupada com isso). Eu acho sim que essa questão é fundamental

para que você atraia um público de qualidade.

3. Como o seu público reage aos vídeos de comprinhas ou recebidos

do mês?

As meninas amam! haha! Adoro gravar recebidos quando abro as caixas junto

com o público, acho que fica mais dinâmico, mais alegre, sabe? já que eu vejo

as novidades "em tempo real", junto com a galera! hehe Vídeo de comprinhas já

tem um tempinho que não faço, mas, é legal para conhecer o nosso gosto,

principalmente quando viajamos e encontramos os famosos "achados" (:

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4. Qual o vídeo com maior número de visualizações?

Há um tempo, era o vídeo da trança espinha de peixe. Hoje, é a paródia BANG

(a última vez que olhei, estava com 3 milhões e meio de views).

5. Como e quando foi o momento que você percebeu que o que você

falava nos seus vídeos suas seguidoras compravam o produto ou se

inspiravam nas suas maquiagens?

Quando elas me falam nos comentários ou até mesmo quando me encontram

na rua... Esses dias, uma mulher encontrou o meu marido em um restaurante e

disse que fez uma receita de bolo gelado de tapioca do meu canal, gostou tanto

que hoje ela vende e ganha dinheiro com isso... Eu fiquei tão feliz! =) É muito

gratificante ver que as pessoas gostam, confiam e voltam pra contar o que

acharam... Adoro esse feedback! Fico muito feliz!

6. Antes de youtuber, você também é consumidora dessa mídia social.

Você já comprou algum produto por alguém falar que era muito bom

e acabou se decepcionando? Como foi?

Já. Acredito que nem tudo que eu gosto e indico funcionará para todo mundo.

Acho que foi isso que aconteceu. Já comprei várias coisas que estavam "super

tendência" mas que pra mim, foi um desastre! hehe Acontece!

7. Você se considera uma influenciadora digital?

Sim. Muitas vezes eu não tenho noção do quanto posso influenciar as pessoas

com uma simples opinião, com os meus vídeos... Enfim, quando aceito fazer

uma publicidade, pesquiso muito sobre a marca, nego muita coisa, aceito outras,

dou sugestão no briefing, falo o que realmente penso e sempre temos um retorno

positivo das empresas que nos contratam (graças a Deus). (:

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9 ANEXO

9.1 Questionário - Canais de Youtube Moda e Beleza

Olá participante!

Esta pesquisa é referente ao trabalho de conclusão de pós-graduação

da aluna Laís Barbosa do curso de Jornalismo Digital e Produção Multimídia do

Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb).

O objetivo da pesquisa é demarcar o perfil social dos seguidores dos

youtubers, que os assistem e compram produtos que eles indicam.

A pesquisa é composta por 15 questões. O tempo estimado de resposta

é de 5 minutos e não existem respostas certas ou erradas.

A decisão de participar da pesquisa é voluntária, apenas para fins

acadêmicos, não há problema caso você não acompanhe nenhum canal de

moda e beleza e as respostas são anônimas. Tenha em mente que a sua

participação é de extrema importância para a finalização da pesquisa.

Para esclarecer dúvidas, comentar ou conhecer os resultados dessa

pesquisa, entre em contato pelo e-mail [email protected].

Obrigada pela colaboração!

1) Você acompanha canais no YouTube de moda e beleza?

( ) Sim

( ) Não

2) Qual seu sexo?

( ) Feminino

( ) Masculino

3) Qual sua idade?

( ) Menos de 15 anos

( ) De 15 a 20 anos

( ) De 20 a 25 anos

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( ) De 25 a 30 anos

( ) De 30 a 35 anos

( ) Mais de 35 anos

4) Em qual estado brasileiro você mora?

( ) Acre ( ) Maranhão ( ) Rio de Janeiro

( ) Alagoas ( ) Mato Grosso ( ) Rio Grande do Norte

( ) Amapá ( ) Mato Grosso do Sul ( ) Rio Grande do Sul

( ) Amazonas ( ) Minas Gerais ( ) Rondônia

( ) Bahia ( ) Pará ( ) Roraima

( ) Ceará ( ) Paraíba ( ) Santa Catarina

( ) Distrito Federal ( ) Paraná ( ) São Paulo

( ) Espírito Santo ( ) Pernambuco ( ) Sergipe

( ) Goiás ( ) Piauí ( ) Tocantins

5) Com que frequência você assiste vídeos de moda e beleza no

YouTube?

( ) Todos os dias

( ) Três vezes por semana

( ) Apenas aos fins de semana

6) Quantos canais de beleza você acompanha?

( ) Apenas um

( ) De dois a quatro

( ) Mais de cinco

7) Já comprou algum produto por indicação de YouTube?

( ) Sim

( ) Não

8) Qual canal você costuma acompanhar de maquiagem?

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(Resposta aberta)

9) Por que você acompanha esses canais?

(Resposta aberta)

10) Já se arrependeu de ter comprado algo por indicação na internet?

( ) Sim

( ) Não

11) Onde você compra seus produtos de beleza?

( ) Loja física

( ) Loja virtual, algumas blogueiras tem cupom de desconto

12) Nos últimos tempos está bastante habitual youtuber’s criarem

linhas de maquiagem, você já comprou algum?

( ) Sim

( ) Não

13) O que te leva a comprar um produto recomendado pela internet?

(Resposta aberta)