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INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
GASPAR GIACOMI�I
A Influência da Identificação do Fã de Futebol com a Modalidade Esportiva, com o Time
Esportivo e com as Celebridades do Esporte no Consumo de Eventos Esportivos
Rio de Janeiro
2011
Giacomini, Gaspar.
A Influência da Identificação do Fã de Futebol com a Modalidade Esportiva, com o Time Esportivo e com as Celebridades do Esporte no Consumo de Eventos Esportivos / Gaspar Giacomini. – 2011
376.: il. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Instituto Coppead de Administração, Rio de Janeiro, 2011. Orientador: Victor Manoel Cunha de Almeida 1. Marketing. 2. Administração – Teses. I. Almeida, Victor Manoel
Cunha de (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de janeiro. Instituto COPPEAD de Administração. III. Título.
GASPAR GIACOMINI
A Influência da Identificação do Fã de Futebol com a Modalidade Esportiva, com o
Time Esportivo e com as Celebridades do Esporte no Consumo de Eventos Esportivos
Projeto de Dissertação de Mestrado apresentado ao
Programa de Pós-Graduação em Administração,
Instituto COPPEAD de Administração, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Mestre em
Administração
Aprovada em ____________________________.
________________________________________________ Prof. Victor Manoel Cunha de Almeida, D.Sc. - Orientador
(COPPEAD/UFRJ)
_____________________________________________ Prof. Walter Meucci Nique, D.Sc.
(EA/UFRGS)
_____________________________________________ Prof. Alexandre Medeiros Rodrigues, Ph.D.
(COPPEAD/UFRJ)
Rio de Janeiro
2011
Dedico o presente trabalho a meus pais,
por todo o apoio recebido ao longo de tantos anos.
AGRADECIME�TOS
Gostaria de agradecer em primeiro lugar ao meu orientador, prof. Victor Almeida. Os
conselhos e contribuições, associados à dedicação ímpar e ao rigor acadêmico, foram
essenciais para que fosse possível concluir uma pesquisa como esta. Além disso, sou grato
pela forma como o processo foi conduzido, pelo investimento de tempo e esforço no meu
desenvolvimento como aluno e como pessoa. Tudo isso fez com que o projeto de pesquisa se
transformasse em uma experiência valiosa e enriquecedora.
Gostaria de agradecer aos professores participantes da banca, prof. Walter Nique e prof.
Alexandre Rodrigues, pelas críticas e contribuições ao estudo realizado, e também ao prof.
Otávio Figueiredo, pelas sugestões oferecidas nas diversas discussões ao longo da realização
da pesquisa. Gostaria de agradecer à Simone Piletti Viscarra, doutoranda em Ciências
Políticas pela UFRGS, pela sua atuação como coordenadora geral da equipe de coleta de
dados. Sua dedicação foi essencial para superar os desafios associados à coleta presencial de
questionários, incluindo o treinamento de entrevistadores e o controle de qualidade.
Gostaria de agradece, com amor, à Raquel, pela paciência e suporte não apenas durante o
período da dissertação, mas durante todo o curso de mestrado.
RESUMO
O presente estudo investigou a influência da Identificação do Fã do Esporte com a
Modalidade Esportiva, o Time Esportivo e a Celebridade Esportiva no Consumo do Evento
Esportivo. Utilizou-se principalmente a Social Identity Theory (TAJFEL e TURNER, 1979;
TAJFEL e TURNER, 1985) como referencial teórico. Foram formuladas seis questões de
pesquisa, desdobradas em nove hipóteses substantivas. Para operacionalizar as variáveis
foram utilizadas seis escalas identificadas na literatura, que foram traduzidas para o Português
por meio da técnica de tradução reversa. A amostra do estudo foi não-probabilística, composta
por torcedores de futebol, mediante quotas de time e gênero. Ao total, foram realizadas 1249
entrevistas, sendo 1180 observações válidas (94,5%). A análise de dados foi realizada
utilizando-se a técnica de Análise Fatorial Exploratória (AFE) e Análise Fatorial
Confirmatória (AFC), tendo sido verificadas a confiabilidade, validade convergente,
discriminante e nomológica dos construtos. Para testar as hipóteses substantivas do estudo,
utilizou-se a Modelagem de Equações Estruturais (SEM), com uso da técnica ADF. A Análise
Multigrupo foi usada para verificar o efeito moderador do gênero e da faixa etária,
considerando o time como variável de controle. Como resultado, foi possível suportar sete das
nove hipóteses substantivas. As duas hipóteses restantes foram parcialmente suportadas. Os
resultados sugerem que a Identificação do fã do esporte exerce influência significativa no
consumo do evento esportivo. Constatou-se também que o desempenho do time influencia o
comportamento de consumo do evento esportivo, porém somente para os fãs com baixa
identificação com o time. O efeito moderador do gênero e da faixa etária foram suportados
empiricamente. Além disso, identificou-se evidências que contribuem para a concepção de um
modelo reflexivo associando as “motivações” dos fãs à identificação com a modalidade
esportiva, com o time esportivo e com a celebridade do esporte. Por fim, o presente estudo
investigou de maneira exploratória a possível existência de uma relação circular entre
identificação, atitude e comportamento de consumo dos fãs do esporte. Nas conclusões, são
discutidas as implicações teóricas e gerenciais do presente estudo e apresentadas sugestões
para novos estudos.
ABSTRACT
This study was designed to investigate the influence of sports fan identification on the sports
event attendance in Brazil. Three points of attachment were considered: fan identification
with the team, with the sport celebrities and with soccer. The theoretical background used was
mainly based on the Social Identity Theory (TAJFEL e TURNER, 1979; TAJFEL e
TURNER, 1985). Six research questions and nine substantive hypotheses were formulated
considering the Sports Marketing literature and translated into a conceptual model. A
questionnaire was designed to gather information about the sports fans, using six scales
selected from previous studies, which were translated to the Brazilian Portuguese using the
Reverse Translation technique. A stratified sample considering gender and age was taken,
summing up a total of 1249 sports fans interviewed and 1180 valid cases (94,5%). Data
analysis included several Exploratory Factor Analysis (EFA) and Confirmatory Factor
Analysis (CFA) procedures. Measures of reliability and validity were assessed to validate the
scales, including the analysis of constructs’ convergent, discriminant and nomological
validity. The measurement models were evaluated. Then the substantive hypotheses were
tested using Structural Equations Modeling (SEM) and ADF. The moderator effect of gender
and age was tested using the Multigroup method, considering sports team as a control
variable. Seven out of the nine hypothesis were fully supported, and the two remaining
hypothesis were partially supported. The findings suggest the fan identification substantially
influences sports event consumption. Team performance was also found to influence fan
attendance, however only among low identification sports fans. The moderator effect of
gender and age was supported. In addition, evidences were found for a reflexive model
conceptualization associating fan motivations and fan identification with several points of
attachment. Finally, the recursive nature of the relationship among fan identification, fan
attitude towards the stadium and attendance was assessed. The findings were promising.
Conclusions include a discussion of several theoretical and managerial implications resulting
from this study. Limitations and suggestions for future research are also presented.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Tipologia dualística de Fãs de esporte: espectador versus Fã ................................ 26
Tabela 2 – Tipologia dualística de Fãs de esporte: tipo versus contra-tipo .............................. 28
Tabela 3 – Tipologias da Abordagem em Níveis ..................................................................... 31
Tabela 4 – Os 5 tipos de Fã de Hunt, Bristow e Bashaw ......................................................... 33
Tabela 5 - Os 5 tipos de Fã de Smith e Stewart ........................................................................ 35
Tabela 6 – Os 3 Processos de Assimilação da Influência Social: Conformidade, Identificação e Internalização ...................................................................................................... 41
Tabela 7 - Escalas de Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva ................................. 49
Tabela 8 - Escalas de Identificação com o Time ...................................................................... 54
Tabela 9 - Escalas de Identificação do Fã com as celebridades do esporte .............................. 59
Tabela 10 - Escalas de Identificação do Fã com o esporte ....................................................... 67
Tabela 11 - Escalas de Consumo Esportivo ............................................................................. 80
Tabela 12 – Resumo das Lacunas identificadas na literatura e diferencial do presente estudo 92
Tabela 13 – Distribuição de Fãs Esportivos entre Fãs do Grêmio e do Internacional ........... 115
Tabela 14 – Desempenho dos Times durante a coleta de dados ............................................ 123
Tabela 15 – Característica da Amostra: distribuição entre grupos ......................................... 134
Tabela 16 – Local da coleta de dados ..................................................................................... 134
Tabela 17 – Diferença de média entre grupos: Gênero e Faixa Etária ................................... 137
Tabela 18 – Diferença de média entre grupos: Tipo de Fã e Time ........................................ 139
Tabela 19 – Escalas de Consumo do Evento Esportivo: Estrutura Fatorial das escalas ........ 143
Tabela 20 – Escalas de Consumo do Evento Esportivo: Teste da Estabilidade da Estrutura Fatorial das escalas .............................................................................................. 145
Tabela 21 – Escalas de Consumo do Evento Esportivo: Matriz de Correlação ..................... 147
Tabela 22 – Indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração da Atitude em relação ao Consumo do Evento Esportivo ............................................................................ 150
Tabela 23 – Indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração do Consumo do Evento Esportivo .............................................................................................................. 153
Tabela 24 – Escalas Gerais de Identificação: Estrutura Fatorial das Escalas ......................... 156
Tabela 25 – Escalas Gerais de Identificação: teste da estabilidade da Estrutura Fatorial ...... 158
Tabela 26 – Escalas Gerais de Identificação: Matriz de Correlação ...................................... 160
Tabela 27 – Escalas gerais Identificação: Estrutura Fatorial extraída pelo critério de pré-especificação do número de fatores ..................................................................... 162
Tabela 28 – Escalas gerais de Identificação: teste da estabilidade da Estrutura Fatorial pelo critério de pré-especificação do número de fatores ............................................. 163
Tabela 29 – Indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração das Escalas gerais de Identificação com o Esporte ................................................................................ 167
Tabela 30 – Indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo ............................................... 170
Tabela 31 – Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante do Modelo da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento .................... 172
Tabela 32 – Caminhos do Modelo da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo ............................................................................................ 174
Tabela 33 – Número de Jogos Assistidos no Estádio: comparativo entre Fãs do Grêmio e do Internacional ........................................................................................................ 178
Tabela 34 – Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante do Modelo da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Internacional)...................................................................................................... 182
Tabela 35 – Caminhos do Modelo da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Internacional) .................................................................... 184
Tabela 36 – Teste de Equivalência da Estrutura Fatorial para o Gênero (Internacional) ....... 185
Tabela 37 – Efeito Moderador do Gênero na Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Internacional) ................................................... 186
Tabela 38 – Teste de Equivalência da Estrutura Fatorial para Faixa Etária (Internacional) .. 188
Tabela 39 – Efeito Moderador da Faixa Etária na Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Internacional) .............................................. 189
Tabela 40 – Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Grêmio) ......... 194
Tabela 41 – Caminhos do Modelo da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Grêmio)............................................................................. 196
Tabela 42 – Teste da Equivalência da Estrutura Fatorial para o Gênero (Grêmio)................ 197
Tabela 43 – Efeito Moderador do Gênero na Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Grêmio) ............................................................ 198
Tabela 44 – Teste de Equivalência da Estrutura Fatorial para Faixa Etária (Grêmio) ........... 200
Tabela 45 – Efeito Moderador da Faixa Etária na Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Grêmio) ....................................................... 201
Tabela 46 – Identificação com a Modalidade Esportiva: Estrutura Fatorial das escalas ....... 206
Tabela 47 – Identificação com a Modalidade Esportiva: teste da Estabilidade da Estrutura Fatorial das escalas de Drama, Beleza e Escapismo............................................ 208
Tabela 48 – Matriz de Correlação das escalas de Identificação com a Modalidade Esportiva – Beleza, Drama e Escapismo ................................................................................ 211
Tabela 49 – Indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração das escalas de Identificação com a Modalidade Esportiva: Beleza, Drama e Escapismo ........................................ 214
Tabela 50 – Caminhos do Modelo de Mensuração da escala de Identificação com a Modalidade Esportiva como uma variável latente de 2a ordem mensurada a partir da Beleza, Drama e Escapismo ............................................................................ 218
Tabela 51 – Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante das escalas de Identificação com a Modalidade Esportiva: Beleza, Drama e Escapismo .......... 219
Tabela 52 – Caminhos do Modelo de Mensuração da escala de Identificação com a Modalidade Esportiva como uma variável latente de 2a ordem mensurada a partir da Beleza, Drama e Escapismo - Internacional ................................................... 220
Tabela 53 – Caminhos do Modelo de Mensuração da escala de Identificação com a Modalidade Esportiva como uma variável latente de 2a ordem mensurada a partir da Beleza, Drama e Escapismo – Grêmio ........................................................... 220
Tabela 54 – Correlação entre a Escala de Identificação com a Modalidade Esportiva mensurada como uma variável latente de 2a ordem a partir da Beleza, Drama e e Escapismo com a Escala Geral de Identificação ................................................. 223
Tabela 55 –Estrutura Fatorial das escalas de Identificação com o Time Esportivo: de Vitória, Socialização e Informações ................................................................................. 226
Tabela 56 – Teste da Estabilidade da Estrutura Fatorial das Escalas de Identificação com o Time: Vitória, Socialização e Informações ......................................................... 228
Tabela 57 – Matriz de Correlação das escalas de Identificação com o Time: Vitória, Socialização e Informações ................................................................................. 231
Tabela 58 – Estrutura Fatorial das escalas de Identificação com o Time: Vitória, Socialização e Informações – pré-especificação no número de fatores .................................... 232
Tabela 59 – Teste da Estabilidade da Estrutura Fatorial das escalas de Identificação com o Time: Vitória, Socialização e Informações – pré-especificação do número de fatores .................................................................................................................. 233
Tabela 60 – Indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração das escalas de Identificação do Fã com o Time: Vitória, Socialização e Informações .......................................... 236
Tabela 61 – Teste de Dimensionalidade das escalas de Identificação com o Time: Vitória, Socialização e Informações ................................................................................. 238
Tabela 62 – Caminhos da escala de Identificação com o Time concebida como um construto de 2a Ordem mensurado a partir da Vitória, Socialização e Informações ........... 240
Tabela 63 – Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante das escalas de Identificação com o Time: Vitória, Socialização e Informações ......................... 241
Tabela 64 – Caminhos da escala de Identificação com o Time concebida como um construto de 2a Ordem mensurado a partir da Vitória, Socialização e Informações (Internacional)...................................................................................................... 242
Tabela 65 – Caminhos da escala de Identificação com o Time concebida como um construto de 2a Ordem mensurado a partir da Vitória, Socialização e Informações (Grêmio ) ............................................................................................................................. 242
Tabela 66 – Estabilidade da Correlação entre a escala de Identificação com o Time concebida como variável latente de 2a ordem com a Escala geral de Identificação com o Time Esportivo .................................................................................................... 245
Tabela 67 – Estrutura Fatorial das escalas de Identificação com as Celebridades Esportivas: Confiabilidade, Expertise e Atratitvidade............................................................ 248
Tabela 68 – Teste da Estabilidade da Estrutura Fatorial das escalas de Identificação com a Celebridades Esportivas: Confiabilidade, Expertise e Atratividade .................... 250
Tabela 69 – Matriz de Correlação das escalas de Identificação com a Celebridade Esportiva: Confiabilidade, Expertise e Atratividade ............................................................. 252
Tabela 70 – Indicadores de Ajuste do Modelo de Mensuração da Escala de Identificação com a Celebridade Esportiva: Confiabilidade, Expertise e Atratividade .................... 255
Tabela 71 – Teste de Dimensionalidade das escalas da Identificação com a Celebridade Esportiva: Confiabilidade, Expertise e Atratividade ........................................... 257
Tabela 72 – Caminhos do Modelo da Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva: Confiabilidade, Expertise e Atratividade ............................................................. 260
Tabela 73 – Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante das escalas de Celebridade Esportiva: Confiabilidade, Expertise e Atratividade ....................... 261
Tabela 74 – Caminhos do Modelo da Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva: Confiabilidade, Expertise e Atratividade - Internacional .................................... 262
Tabela 75 – Caminhos do Modelo da Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva: Confiabilidade, Expertise e Atratividade – Grêmio ............................................ 262
Tabela 76 – Estabilidade da correlação entre a Escala de Identificação da Celebridade Esportiva concebida como uma variável de 2a ordem e a Escala Geral de Identificação com a Celebridade Esportiva ......................................................... 265
Tabela 77 – Indicadores de ajuste do Modelo Alternativo 1 .................................................. 268
Tabela 78 – Caminhos do Modelo Alternativo 1 – Amostra Total ........................................ 269
Tabela 79 – Caminhos do Modelo Alternativo 1 – Feminino ................................................ 270
Tabela 80 – Caminhos do Modelo Alternativo 1 – Masculino .............................................. 270
Tabela 81 – Indicadores de ajuste do Modelo Alternativo 2 .................................................. 273
Tabela 82 – Caminhos do Modelo Alternativo 1 – Amostra Total ........................................ 274
Tabela 83 – Caminhos do Modelo Alternativo 1 – Feminino ................................................ 275
Tabela 84 – Caminhos do Modelo Alternativo 1 – Masculino .............................................. 276
Tabela 85 – Resumo dos Resultados das Hipóteses 1, 2, 3 e 4 .............................................. 279
Tabela 86 – Resumo dos Resultados das Hipóteses 5 e 6 – Internacional ............................. 280
Tabela 87 – Resumo dos Resultados das Hipóteses 5 e 6 – Grêmio ...................................... 281
Tabela 88 – Resumo dos Resultados das Hipóteses 7 e 8 e 9 ................................................ 282
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Modelo Psychological Continuum Model (PCM) ................................................. 37
Figura 2 – Relação circular entre Identificação, Atitude e Comportamento ............................ 65
Figura 3 – Tipos de Consumo Esportivo .................................................................................. 77
Figura 4 – Lacuna n°1: consideração de um único elo de ligação do Fã do esporte ................ 87
Figura 5 - Lacuna n°2: não consideração do efeito mediador da Atitude ............................... 88
Figura 6 – Lacuna n°3: não consideração do efeito Moderador do Gênero e da Faixa Etária . 89
Figura 7 – Lacuna n°4: predominância de Modelos Formativos em detrimento de Modelos Reflexivos .............................................................................................................. 90
Figura 8 – Lacuna n°5: não consideração da relação circular entre Identificação, Atitude e Comportamento ..................................................................................................... 91
Figura 9 – Modelo Conceitual e Hipóteses de Pesquisa ........................................................... 95
Figura 10 – “Herança” teórico-empírica das escalas utilizadas no presente estudo ............... 110
Figura 11 – Distribuição da Amostra por Faixa Etária ........................................................... 134
Figura 12 – Modelo de Mensuração da escala de Atitude com Estádio ................................. 148
Figura 13 – Modelo de Mensuração Reespecificado da escala de Atitude Favorável ao Comparecimento ao Estádio (CEE) com 2 dimensões ........................................ 150
Figura 14 – Modelo de Mensuração da escala de Comparecimento ao Estádio (MCE) ........ 151
Figura 15 – Modelo de Mensuração do Consumo do Evento Esportivo com Atitude e Comportamento ................................................................................................... 152
Figura 16 – Modelo de Mensuração da escala de Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva (IEG) .................................................................................................... 164
Figura 17 – Modelo de Mensuração da escala de Identificação do Fã com o Time Esportivo (ITG) .................................................................................................................... 165
Figura 18 – Modelo de Mensuração da escala de Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva (ICG) ................................................................................................... 165
Figura 19 – Modelo de Mensuração completo das escalas gerais de Identificação do Fã com o Esporte ................................................................................................................. 166
Figura 20 – Modelo Estrutural da Influência da Identificação do Fã com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo ............................................................................ 169
Figura 38 – Sobreposição da Identificação com o Time ........................................................ 176
Figura 21 – Modelo Estrutural da Influência da Identificação do Fã com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Internacional) ................................................... 180
Figura 22 – Modelo Estrutural da Influência da Identificação do Fã com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Grêmio) ............................................................ 192
Figura 23 – Modelo de Mensuração da escala de Identificação com a Modalidade Esportiva: Beleza, Drama e Escapismo ................................................................................ 213
Figura 24 – Modelo de Mensuração Reespecificado da escala de Identificação com a Modalidade Esportiva: Beleza, Drama e Escapismo ........................................... 215
Figura 25 – Teste da Dimensionalidade da escala de Identificação com a Modalidade Esportiva: Beleza, Drama e Escapismo ............................................................... 216
Figura 26 – Modelo Estrutural da Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva como um Construto de 2a ordem. ........................................................................................ 217
Figura 27 – Comparação do Modelo Estrutural de 2a ordem da Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva com a Escala Geral de Identificação com a Modalidade 222
Figura 28 – Modelo de Mensuração da Escala Multidimensional de Identificação com o Time ............................................................................................................................. 235
Figura 29 – Teste de Dimensionalidade Fatorial da Escala de Identificação do Fã com o Time Esportivo .............................................................................................................. 237
Figura 30 – Modelo Estrutural da Identificação do Fã com o Time Esportivo como um Construto de 2a ordem ......................................................................................... 239
Figura 31 – Comparação da Escala Multidimensional de Identificação com o Time Esportivo com a Escala Geral de Identificação com o Time. .............................................. 244
Figura 33 – Modelo de Mensuração da escala de Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva .............................................................................................................. 254
Figura 32 – Modelo de Mensuração Reespecificado da escala de Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva .......................................................................................... 256
Figura 33 – Teste de Dimensionalidade Fatorial da Escala de Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva .......................................................................................... 258
Figura 34- Modelo Estrutural da Identificação do Fã com o Time como Construto de 2a ordem ............................................................................................................................. 259
Figura 35 – Comparação da Escala Multidimensional de Identificação do Fã com a Celebridade com a Escala Geral de Identificação com a Celebridade ................ 264
Figura 36 – Modelo Alternativo 1 .......................................................................................... 267
Figura 37 – Modelo Alternativo 2 .......................................................................................... 272
LISTA DE ABREVIATURAS
Abreviaturas de termos estatísticos
ADF Asymptotically Distribution Free
AFC Análise Fatorial Confirmatória
AFE Análise Fatorial Exploratória
CFI Comparative Fit Index
GFI General Fit Index
MLE Maximum Likelihood Estimation
RMSEA Root Mean Square Error of Approximation
Abreviaturas de escalas
IEG Identificação com o Esporte: Geral
IEB Identificação com Esporte: Beleza
IED Identificação com Esporte: Drama
IEE Identificação com Esporte: Escapismo
ITG Identificação com Time: Geral
ITI Identificação com Time: Informação Esportiva
ITV Identificação com Time: Vitória
ITS Identificação com Time: Social
ICG Identificação com a Celebridade Esportiva: Geral
ICC Identificação com Celebridade esportiva: Confiabilidade
ICE Identificação com Celebridade esportiva: Expertise
ICA Identificação com Celebridade esportiva: Atratividade.
CEE Consumo de Eventos esportivos através do comparecimento ao Estádio
CEM Consumo de Eventos esportivos através da audiência pela Mídia
MCE Métrica de Consumo Evento no Estádio
SIT Sobreposição da Identidade com o Time
SUMÁRIO
1. I�TRODUÇÃO ............................................................................................................... 20
1.1. ORIGEM DO ESTUDO ............................................................................................. 20
1.2. RELEVÂNCIA ACADÊMICA .................................................................................. 21
1.3. RELEVÂNCIA GERENCIAL ................................................................................... 22
2. REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................... 23
2.1. O FÃ DO ESPORTE .................................................................................................. 23
2.1.1. Tipologias sobre Fãs de esporte ........................................................................ 24
2.2. A IDENTIFICAÇÃO COM O ESPORTE ................................................................. 39
2.2.1. Teoria dos Processos de Mudança de Opinião/Atitude .................................. 39
2.2.2. Teoria da Identidade Social ............................................................................... 41
2.2.3. Teoria BIRGing e CORFing.............................................................................. 47
2.2.4. Escalas de Identificação com a Modalidade Esportiva ................................... 48
2.2.5. Escalas de Identificação com o Time ................................................................ 53
2.2.6. Escalas de Identificação com a Celebridade Esportiva .................................. 59
2.3. MOTIVAÇÕES DOS FÃS: CAUSA OU CONSEQUÊNCIA DA IDENTIFICAÇÃO? .............................................................................................................. 62
2.3.1. Escalas de Motivação ......................................................................................... 66
2.4. CONSUMO ESPORTIVO ......................................................................................... 75
2.4.1. Tipos de Consumo Esportivo ............................................................................ 76
2.4.2. Escalas de Consumo Esportivo ......................................................................... 80
2.5. CONTRIBUIÇÕES BRASILEIRAS .......................................................................... 83
3. MÉTODO ......................................................................................................................... 86
3.1. PROBLEMA DE PESQUISA .................................................................................... 86
3.1.1. O Time como único ou principal elo de ligação ............................................... 87
3.1.2. O efeito Mediador da Atitude do Fã do Esporte ............................................. 88
3.1.3. O efeito Moderador do Gênero e da Faixa Etária........................................... 88
3.1.4. Modelos Formativos versus Modelos Reflexivos ............................................. 89
3.1.5. O Efeito Circular entre Identificação, Atitude e Comportamento ................ 91
3.2. OBJETIVOS DO ESTUDO ........................................................................................ 92
3.2.1. Questões Específicas do Estudo ........................................................................ 92
3.2.2. Delimitação do Escopo do Estudo ..................................................................... 93
3.3. NATUREZA DO ESTUDO ....................................................................................... 94
3.3.1. Técnica de Pesquisa ............................................................................................ 94
3.3.2. Unidade de Análise ............................................................................................. 94
3.4. MODELO CONCEITUAL ......................................................................................... 94
3.4.1. Variáveis do Estudo ........................................................................................... 96
3.5. HIPÓTESES DE PESQUISA ..................................................................................... 97
3.5.1. Hipótese H1.......................................................................................................... 97
3.5.2. Hipótese H2.......................................................................................................... 98
3.5.3. Hipótese H3.......................................................................................................... 99
3.5.4. Hipótese H4........................................................................................................ 100
3.5.5. Hipótese H5........................................................................................................ 102
3.5.6. Hipótese H6........................................................................................................ 103
3.5.7. Hipótese H7........................................................................................................ 105
3.5.8. Hipótese H8........................................................................................................ 106
3.5.9. Hipótese H9........................................................................................................ 107
3.6. OPERACIONALIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS ........................................................ 108
3.6.1. Variável dependente ......................................................................................... 111
3.6.2. Variável Mediadora ......................................................................................... 111
3.6.3. Variáveis Independentes .................................................................................. 112
3.6.4. Variáveis Moderadoras.................................................................................... 113
3.6.5. Variáveis de Controle....................................................................................... 113
3.7. POPULAÇÃO E AMOSTRA .................................................................................. 114
3.8. INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS .......................................................... 116
3.8.1. Tradução Reversa das Escalas ........................................................................ 117
3.8.2. Pré-teste do Questionário ................................................................................ 118
3.8.3. Modificações em decorrência do Pré-teste ..................................................... 119
3.9. COLETA DE DADOS .............................................................................................. 121
3.10. ANÁLISE DOS DADOS .......................................................................................... 124
3.10.1. Análise Preliminar.......................................................................................... 124
3.10.2. Análise Descritiva ........................................................................................... 125
3.10.3. Análise Fatorial Exploratória (AFE) ............................................................ 125
3.10.4. Análise da Confiabilidade e Validade dos Construtos ................................ 127
3.10.5. Análise Fatorial Confirmatória (AFC) ......................................................... 128
3.10.6. Análise dos Modelos de Mensuração ............................................................ 128
3.10.7. Teste das Hipóteses Substantivas do Estudo ............................................... 130
4. RESULTADOS .............................................................................................................. 132
4.1. CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA ................................................................... 132
4.2. DIFERENÇAS DE MÉDIA ENTRE GRUPOS ....................................................... 135
4.2.1. Diferenças de média entre Gêneros ................................................................ 135
4.2.2. Diferenças de média entre Faixas Etárias ...................................................... 136
4.2.3. Diferenças de média entre sócios e não-sócios ............................................... 138
4.2.4. Diferenças de média entre Times .................................................................... 138
4.3. ESCALAS DE CONSUMO DO EVENTO ESPORTIVO ....................................... 140
4.3.1. AFE: Consumo do Evento Esportivo ............................................................. 141
4.3.2. AFC: Consumo do Evento Esportivo ............................................................. 148
4.4. ESCALAS GERAIS DE IDENTIFICAÇÃO DO FÃ COM O ESPORTE .............. 154
4.4.1. AFE: Escalas Gerais de Identificação com o Esporte ................................... 154
4.4.2. AFC: Escalas gerais de Identificação com o Esporte .................................... 164
4.5. A INFLUÊNCIA DA IDENTIFICAÇÃO COM O ESPORTE NO CONSUMO DO EVENTO ESPORTIVO ..................................................................................................... 168
4.5.1. Análise do Modelo Estrutural ......................................................................... 168
4.5.2. Segmentação da análise: Fãs do Internacional .............................................. 179
4.5.3. Segmentação da Análise: Fãs do Grêmio ....................................................... 191
4.6. IDENTIFICAÇÃO DO FÃ COM A MODALIDADE ESPORTIVA ...................... 203
4.6.1. AFE: Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva .............................. 203
4.6.2. AFC: Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva .............................. 212
4.7. IDENTIFICAÇÃO DO FÃ COM O TIME ESPORTIVO ....................................... 224
4.7.1. AFE: Identificação do Fã com o Time Esportivo .......................................... 224
4.7.2. AFC: Identificação do Fã com o Time Esportivo .......................................... 234
4.8. IDENTIFICAÇÃO DO FÃ COM AS CELEBRIDADES ESPORTIVAS .............. 246
4.8.1. AFE: Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva .............................. 246
4.8.2. AFC: Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva .............................. 253
4.9. RESULTADOS ADICIONAIS ................................................................................ 266
4.9.1. Modelos Alternativos ....................................................................................... 266
4.9.2. Respostas às perguntas abertas ....................................................................... 277
4.10. RESUMO DOS RESULTADOS .............................................................................. 278
5. CO�CLUSÕES .............................................................................................................. 283
5.1. SUMÁRIO DO ESTUDO ........................................................................................ 283
5.2. CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO ........................................................................... 286
5.2.1. Implicações Teóricas ........................................................................................ 286
5.2.2. Implicações Gerenciais .................................................................................... 298
5.3. LIMITAÇÕES DO ESTUDO ................................................................................... 306
5.3.1. Limitações relativas ao Modelo Conceitual ................................................... 306
5.3.2. Limitações relativas às Escalas ....................................................................... 307
5.3.3. Limitações relativas à População-alvo e Amostra ......................................... 307
5.3.4. Limitações relativas à Coleta dos Dados ........................................................ 307
5.3.5. Limitações relativas ao Método de Análise .................................................... 308
5.4. SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS .......................................................... 308
5.4.1. Validação para outras Modalidades Esportivas ............................................ 309
5.4.2. Validação para outros Times Esportivos ....................................................... 309
5.4.3. Validação com outras variáveis moderadoras ............................................... 310
5.4.4. Validação para outras categorias de Consumo Esportivo ............................ 310
5.4.5. Consideração de outras Variáveis Influenciadoras ...................................... 310
5.4.6. Investigação da �atureza Circular das Relações do Modelo ....................... 311
REFER�CIAS ................................................................................................................... 312
AP�DICES ......................................................................................................................... 320
Apêndice 1: Questionário ............................................................................................. 321
Apêndice 2: Cartões utilizados na coleta de dados..................................................... 334
Apêndice 3: Resultados do Pré-teste............................................................................ 337
Apêndice 4: Detalhamento das Escalas Avaliadas ..................................................... 341
20
1. I�TRODUÇÃO
Nessa seção são apresentadas a origem do estudo, a relevância acadêmica e a relevância
gerencial da presente investigação.
1.1. ORIGEM DO ESTUDO
O Consumo de Eventos Esportivos é um fenômeno marcante da sociedade contemporânea.
Grandes Eventos Esportivos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, são veiculados em
centenas de países, atingindo um grande público – as Olimpíadas de Beijing em 2008, por
exemplo, tiveram audiência de 4,7 bilhão de pessoas em 17 dias de competição (NIELSEN,
2010). O Esporte também desperta o interesse das pessoas no dia-a-dia, contemplando uma
legião de Fãs apaixonados. Esse interesse, atração ou paixão se expressa através de diferentes
níveis de identificação com o esporte, desde os torcedores pouco interessados até torcedores
fanáticos (WANN e BRANSCOMBE, 1993).O esporte no Brasil passa por um momento
especial. O recente ciclo de crescimento econômico do país, a melhoria de renda da população
e a paixão pelo Esporte elevaram o Brasil a uma posição de destaque no cenário internacional.
O Brasil é considerado o quinto maior mercado esportivo do mundo (DE MELO NETO e
FEITOSA, 2006). E as perspectivas para o futuro próximo são ainda melhores, tendo em vista
a realização da Copa do Mundo FIFA em 2014 e das Olimpíadas em 2016. Pela primeira vez
na história um país irá sediar dois grandes eventos como esses em um intervalo de tempo tão
curto. No momento em que “os olhos do mundo” se voltam para o Brasil, os “olhos do Brasil”
se voltam para o Esporte.
Nesse sentido, e estudo do Consumo de Eventos Esportivos no Brasil se mostra apropriado.
Embora existam diversos estudos sobre Consumo de Eventos Esportivos (WAKEFIELD e
SLOAN, 1995; MADRIGAL, 2006; ROBINSON e TRAIL, 2003), a maior parte deles foi
realizada em outros países, focalizando Modalidades Esportivas inexistentes ou com pouca
expressão no Brasil, como o Baseball, o Hockey e o Futebol Americano.
Além disso, o estudo da influência da Identificação dos Fãs do Esporte no Consumo de
Eventos Esportivos é um tema atual na área de Marketing Esportivo (FULLERTON e MERZ,
2008) (FULLERTON e MERZ, 2008). O brasileiro se identifica bastante com o futebol.
Aliás, no Brasil, o futebol é mais do que um esporte: é quase uma religião. A importância do
21
futebol ultrapassa as fronteiras econômicas, pois o futebol ajudou a construir a identidade
nacional do brasileiro. A relação entre o futebol e a cultura brasileira se dá em um nível
simbólico profundo (DA MATTA, 1986). Contudo, os estudos a respeito da influência da
Identificação do Fã do Esporte no Consumo de Eventos Esportivos de Futebol no Brasil são
escassos, existindo, portanto, uma lacuna.
1.2. RELEVÂNCIA ACADÊMICA
Diversos estudos na área de Marketing Esportivo destacam a importância de se compreender
o efeito da Identificação do Fã do Esporte (WANN e BRANSCOMBE, 1993; WANN, 2002).
Com efeito, muitos estudos têm sido realizados no intuito de compreender melhor os
diferentes níveis de conexão que os Fãs estabelecem com o Esporte: (a) investigando os
diversos níveis de conexão do Fã com o Esporte (TRAIL e JAMES, 2001); (b) investigando
os diversos “elos de ligação” que conectam o Fã do Esporte, como a Identificação do Fã com
o Time Esportivo e a Identificação do Fã com as Celebridades do Esporte (TRAIL,
ROBINSON, et al., 2003; ROBINSON e TRAIL, 2003); (c) investigando as “motivações”
que explicam o suporte que os Fãs do Esporte oferecem aos seus times esportivos (WANN,
1995; SUTTON, MCDONALD, et al., 1997; WANN e BRANSCOMBE, 1995; ZHANG,
PEASE, et al., 1995; MILNE e MCDONALD, 1998; FUNK, MAHONY, et al., 2001) e (d)
investigando os diversos tipos de Consumo Esportivo (FULLERTON e MERZ, 2008;
HEERE e JAMES, 2007; WAKEFIELD e SLOAN, 1995). Contudo, há poucos estudos que
relacionem simultaneamente os focos de investigação supra citados. Existe, portanto, uma
lacuna no que se refere à compreensão da influência da Identificação do Fã do Esporte no
Consumo de Eventos Esportivos e à consideração de múltiplos elos de ligação do Fã com o
Esporte. Adicionalmente, os estudos que investigam o Consumo Esportivo geralmente não
contemplam o efeito moderador do gênero e da faixa etária, nem o efeito mediador de
aspectos atitudinais (KOWN e TRAIL, 2003). Além disso, os estudos que investigam o efeito
do Desempenho do Time Esportivo geralmente focam no processo de atribuição das vitórias e
das derrotas pelos Fãs do Esporte (WANN e BRANSCOMBE, 1990; JONES, 2000) mas não
na influência do Desempenho do Time Esportivo no Comportamento de Consumo de Eventos
Esportivos. Assim, o presente estudo explora essas lacunas teóricas, investigando a influência
desses fenômenos no contexto do futebol no Brasil.
22
1.3. RELEVÂNCIA GERENCIAL
Além das contribuições teóricas, o presente estudo também apresenta implicações gerenciais
associadas ao Consumo de Eventos Esportivos, mais especificamente ao Comparecimento do
Fã do Esporte ao Estádio. Sabe-se que a Identificação do Fã com o Time Esportivo é um
antecedente do Consumo Esportivo (WANN e BRANSCOMBE, 1993), porém a maior parte
dos estudos anteriores não considera o efeito simultâneo da Identificação do Fã com a
Modalidade Esportiva, com o Time Esportivo e com as Celebridades ao investigar o Consumo
de Eventos Esportivos. O comparecimento do Fã ao Estádio é uma fonte de receita importante
para os Clubes de Futebol. Nesse sentido, o presente estudo contribui para explicar o
Consumo do Evento Esportivo. Os resultados obtidos podem ser utilizados em iniciativas para
aumento da receita de vendas de ingresso nos jogos no Estádio ou para a formulação de
estratégias para captação de sócios.
Além disso, o presente estudo investiga a influência simultânea do desempenho do Time
Esportivo e do nível de Identificação do Fã do Esporte no Comportamento de Consumo de
Eventos Esportivos. Os resultados podem ser utilizados para a formulação de Campanhas de
Marketing diferenciadas para aproveitar os momentos de “sucesso” e de “fracasso” do time,
visto que há indícios de que o público que frequenta o estádio é diferente.
Por fim, o presente estudo investiga a diferença de Comportamento de Consumo de Eventos
Esportivos entre distintos grupos de Fãs do Esporte, considerando, por exemplo, o efeito do
Gênero, da Faixa Etária, do Time, do nível de Identificação com a Modalidade Esportiva, com
o Time Esportivo e com as Celebridades do Esporte, entre outros. Foi verificada a
homogeneidade interna aos grupos e a heterogeneidade externa, o que configura um cenário
propício para a segmentação de Marketing. Portanto, os executivos de Marketing podem
aproveitar as informações e o método utilizado neste estudo tanto na realização de futuras
pesquisas gerencias junto aos Fãs dos clubes esportivos de Futebol quanto em iniciativas de
segmentação de Fãs utilizando a base de dados já existente nos clubes.
23
2. REVISÃO DE LITERATURA
A Revisão de Literatura é composta por 4 seções. Inicialmente, são revisados conceitos e
classificações associado(as) ao Fã de esporte, incluindo diversas tipologias que caracterizam o
Fã esportivo. Em seguida, é apresentada a Fundamentação Teórica do estudo, com destaque
para a Social Identity Theory (Teoria da Identidade Social), que é a base conceitual deste
estudo. Além disso, nessa seção são apresentadas diversas escalas de mensuração da
Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva, com o Time Esportivo e com a Celebridade
Esportiva. Então é apresentada uma seção sobre as motivações dos Fãs, levantando-se uma
discussão acerca da relação entre Identificação do Fã e Motivações do Fã. A quarta e última
seção versa sobre o Consumo Esportivo, com foco no Consumo do Evento Esportivo.
2.1. O FÃ DO ESPORTE
Este estudo focaliza o comportamento de consumo de eventos esportivos dos indivíduos que
se identificam com o esporte. Esses indivíduos são frequentemente chamados de “Fãs do
esporte” (sport fans) na literatura. Porém, há outras denominações comuns, como
“espectadores esportivos” (sport spectators) ou “torcedores esportivos” (sport partisans),
entre outras (STEWART, SMITH e NICHOLSON, 2003).
Alguns autores sugerem distinções conceituais entre essas denominações. O espectador
esportivo, por exemplo, poderia ser definido como o indivíduo que assiste ao evento,
enquanto o Fã esportivo poderia ser definido como todo o indivíduo que se declara Fã,
independentemente de assistir ou não aos jogos esportivos (WANN, 1995). Essa distinção
chama a atenção para o fato de nem todos os Fãs assistirem aos jogos, ou seja, nem todos os
Fãs consomem o evento esportivo. Com efeito, posteriormente Wann (2002) sugeriu que ser
Fã esportivo é um conceito autodeclarado. Ou seja: todos os indivíduos que se declaram Fã
esportivos deveriam ser considerados Fãs esportivos. Não caberia, portanto, o julgamento
externo questionando a “veracidade” do Fã, se o indivíduo assim se declarar.
Essa definição sugere que o Fã esportivo poderia ser caracterizado predominante pela sua
atitude favorável ao time. Já o espectador esportivo poderia ser caracterizado pelo seu
comportamento de assistir aos jogos. Neste estudo, embora o foco seja a investigação do
Consumo do Evento Esportivo, optou-se por estudar o Fã do esporte. Ou seja, decidiu-se
24
contemplar todos aqueles que se declaram Fãs esportivos. Nesse sentido, será utilizado
também o termo “torcedor esportivo” de maneira intercambiável com o “Fã do Esporte”.
A literatura apresenta diversos termos ao discutir a relação que o Fã estabelece com o esporte.
Pode-se destacar pelo menos 7 termos: (1) identificação do Fã (WANN e BRANSCOMBE,
1993; KWON e ARMSTRONG, 2002), (2) atração do Fã (HANSEN e GAUTHIER, 1989)
(3) associação do Fã (GLADDEN, MILNE e SUTTON, 1998), (4) envolvimento do Fã
(SHANK e BEASLEY, 1998), (5) conexão do Fã (FUNK, HAUGTVEDT e HOWARD,
2000), (6) importância do Fã (FUNK e PASTORE, 2000) e (7) lealdade do Fã (MURREL E
DIETZ, 1992).
Essa diversidade de termos é utilizada, de maneira geral, para discorrer sobre diferentes graus
de “entusiasmo” que o Fã esportivo mantém com o esporte. Contudo, a existência de tantos
termos diferentes – identificação, atração, associação, envolvimento, conexão e importância –
resulta em dificuldades para se estabelecer uma diferenciação clara entre tais conceitos.
Muitos autores utilizam termos diferentes, porém definem esses conceitos de forma
semelhante. Com efeito, o estudo da relação do Fã esportivo muitas vezes se transforma em
um “exercício para desvendar as diferenças semânticas” (FUNK e JAMES, 2001).
No intuito de compreender melhor esses conceitos associados ao Fã esportivo, apresenta-se, a
seguir, diversas tipologias do esporte. Essas tipologias, ao propor critérios de segmentação
dos Fãs, proporcionam uma discussão os conceitos e definições supramencionados.
2.1.1. Tipologias sobre Fãs de esporte
Diversos autores propuseram tipologias sobre Fãs de esporte ao longo do tempo, sendo boa
parte dessas tipologias tentativas de segmentar ou classificar os Fãs esportivos. Os autores
Stewart, Smith e Nicholson (2003) realizaram uma compilação de grande parte das tipologias
apresentadas na literatura, e agruparam essas tipologias em 3 grupos considerando o tipo de
abordagem utilizada pelos autores originais: (1) a abordagem dualística, que contrasta dois
tipos opostos de Fãs; (2) a abordagem em níveis ou camadas, que considera a existência de
diversos “níveis de Fãs” ou de intensidade de entusiasmo dos Fãs, mas sempre considerando
um único aspecto ou dimensão de comparação; e (3) a abordagem multidimensional, que
considera duas ou mais dimensões, e, por isso, produz uma classificação de maior
complexidade. Essas 3 abordagens são apresentadas a seguir.
25
2.1.1.1. Tipologias da Abordagem Dualística
A abordagem dualística contempla os autores que classificaram os Fãs esportivos em dois
grupos opostos. A abordagem dualística surgiu no contexto do futebol Europeu ao longo das
décadas de 70 e 80, e reflete as mudanças que impactaram o futebol europeu nessa época,
principalmente a rápida “comercialização” do esporte. Em consequência dessas mudanças,
surgiram novos tipos de Fãs, alguns deles mais apegados ao entretenimento do que ao
“espírito comunitário” vigente; outros mais interessados em utilizar o esporte para fazer
networking de negócios do que para torcer pelo time. Com isso, surgiram também
questionamentos, no esporte, de quais Fãs seriam “genuínos” e quais seriam “falsos”; quais
seriam “tradicionais” e quais seriam “modernos”, entre diversas outras classificações
(STEWART, SMITH e NICHOLSON, 2003). A abordagem dualística pode ser subdividida
em dois grupos de classificação de Fãs: (1) a contraposição “clássica” de Fãs versus
espectadores e (2) os demais trabalhos que contrapõem um tipo versus seu contra-tipo.
A contraposição “clássica” foi utilizada por uma série de autores como Pooley (1978), Sloan
(1987), Wann (1995) e Trail, Robinson et al. (2003), os quais apontaram as diferenças entre
os espectadores esportivos e os Fãs esportivos.
Pooley (1978), por exemplo, considera que os Fãs permanecem conectados ao esporte tanto
durante os jogos quanto depois. Ou seja, o efeito do envolvimento com o esporte seria
duradouro durante o dia-a-dia do Fã. Por outro lado, o espectador esportivo, apesar de se
conectar com o esporte durante os jogos, se “desconectaria psicologicamente” depois de
assistir aos jogos.
Já os autores Trail, Robinson et al. (2003) utilizam outros critérios para fazer essa
diferenciação entre os dois grupos de Fãs. Para esses autores, o Fã seria um indivíduo que
valoriza principalmente a vitória do seu time esportivo, enquanto o espectador seria motivado
principalmente pelo entretenimento associado ao evento esportivo. Dessa maneira, segundo
esses autores, o Fã poderia ser caracterizado como um indivíduo que deseja a vitória “a
qualquer custo”, não se importando tanto com a forma como a vitória é obtida – jogando bem,
jogando mal, tanto faz: “o que importa é vencer”. Já o espectador poderia ser caracterizado
como aquele indivíduo que deseja assistir um evento esportivo bonito, atribuindo “valor
artístico” ao jogo, e valorizando mais a qualidade do entretenimento do que o resultado do
jogo.
26
Para ilustrar essa dicotomia, foi elaborada uma tabela-resumo. Construída a partir do estudo
de Stewart, Smith e Nicholson (2003), e complementada pela classificação proposta por
outros autores, a Tabela 1 apresenta a contraposição “clássica” de Fãs versus espectadores.
Tabela 1 – Tipologia dualística de Fãs de esporte: espectador versus Fã
Espectadores Fãs Autor
Se desconectam psicologicamente do time logo após os eventos esportivos
Permanecem conectados depois dos jogos, sendo que o resultado repercute no dia-a-dia
Pooley (1978)
Motivados pelo escapismo (fuga da rotina e dos problemas do dia-a-dia) e pela beleza do jogo
Motivados principalmente pela vitória do time
Sloan (1987)
Indivíduo que assiste aos eventos esportivos ao vivo pela mídia
Indivíduo entusiasmado com algum esporte, time ou atleta
Wann (1995)
Indivíduos com baixo envolvimento, passivos, atraídos pelo entretenimento e interação social
Indivíduos com alto envolvimento, ativos, que consideravam o time central para sua identidade
Gwinner e Swanson (2003)
Busca o entretenimento através de um jogo bonito, com demonstração de habilidade dos jogadores
Busca a vitória do time, sendo que qualquer vitória serve.
Trail, Robinson et al. (2003)
Fonte: elaborado a partir de Stewart, Smith e Nicholson (2003) e complementado com outros estudos.
O segundo grupo de trabalhos contempla os estudos que contrapõem um tipo específico de
Fãs esportivos versus seu respectivo contra-tipo. Por exemplo: Clarque (1978) contrasta os
“Fãs genuínos”, que se conectariam ao esporte devido ao senso de pertencimento à
comunidade local, aos “outros Fãs”, que utilizariam o esporte para seu “mero”
entretenimento. Tal abordagem revela uma questão de “conflito de gerações” da época,
parcialmente resultante da “comercialização” do esporte, com ampla inserção no mundo do
consumo e veiculação na mídia.
Já Wann e Branscombe (1990) segmentaram os Fãs comparando o quão “oportunista” é a
ligação emocional que o Fã estabelece com o esporte: os Fãs “duros de matar” seriam aqueles
que apoiam o time na vitória e na derrota, ou seja, seu apoio é incondicional; já os Fãs “Fãs de
estação” seriam aqueles que aparecem durante a “estação de vitórias” mas desaparecem em
períodos de derrota ou insucesso do time.
27
Para apresentar essa variedade de classificações, foi elaborada outra tabela-resumo.
Construída a partir do estudo de Stewart, Smith e Nicholson (2003), e complementada pela
classificação proposta por outros autores, a Tabela 2 apresenta a contraposição do segundo
grupo de estudos, que contempla a comparação de um tipo específicos de Fãs esportivos
versus seu respectivo contra-tipo.
Esses dois grupos de classificação apresentados acima, embora importantes, possuem, como
característica principal, a segmentação dos Fãs esportivos em dois grupos “opostos”. Tal
dicotomia, no contexto de marketing esportivo contemporâneo, pode parecer limitada,
principalmente por não considerar a existência de diversos níveis de intensidade com que os
Fãs se relacionam com o esporte. Se por um lado a classificação em polos opostos é clara em
termos de grupamento, por outro pode ser criticada por guardar pouca relação com a realidade
atual do marketing esportivo. Com efeito, conhecer essas tipologias é importante como ponto
de partida, porém insuficiente para responder às demandas atuais – e até “perigoso”, visto que
utilizar uma classificação dualística no contexto de marketing esportivo pode ser a receita
certa para o fracasso (STEWART, SMITH e NICHOLSON, 2003).
28
Tabela 2 – Tipologia dualística de Fãs de esporte: tipo versus contra-tipo
Tipo de Fã Tradução Características Autores
Genuine Fã Genuíno Se conecta com o esporte devido ao senso de comunidade
Clarque (1978)
Corporate Outros Fãs Se conecta com o esporte pelo “mero” entretenimento
Die-hard Fã “duro de matar”
Permanece apoiando o time independentemente do resultado (vitória ou derrota)
Wann e Branscombe (1990)
Less-Loyal Fã “de estação”
Desaparece quando o time passa por uma temporada de fracasso
Expressive Fã expressivo Motivado pelo sentimento de aventura e excitação, procura expressar sua identificação com raízes étnicas e culturais através do time
Hughson (1999)
Submissive Fã submisso Altamente identificado com o time, mas sem as características do Fã expressivo
Core fans Fã com vínculo emocional
Possui verdadeiros vínculos emocionais com o time Nash (2000)
Corporate fans Fã “social” Utiliza o ambiente social esportivo para benefício próprio, como expansão da rede de contatos
Traditional Tradicional Valoriza a tradição e a história do clube e possui lealdade duradoura
Haynes (2000)
Modern Moderno Mantém uma relação efêmera baseada no prazer e no entretenimento
Irrational Fã irracional Possui conexões emocionais e inconscientes, gerando uma mentalidade tribal de pertencimento ao grupo
Quick (2000)
Rational Fã racional Ligação com o time por benefícios conscientes resultantes da identificação
High Loyalty Fã muito leal Teve uma infância com maior envolvimento com o time, apresentando maior lealdade comportamental
Bristow e Sebastian (2001)
Low Loyalty Fã pouco leal Apesar de possuir fortes atitudes em relação ao time, não apresenta lealdade comportamental
Informal Fan Fã informal Torcedor comum, que compra ingressos avulsos quando vai ao estádio
Theysohn, Hinz, Osworthy e Kirchner (2009)
Club member Sócio-torcedor
Torcedor sócio do time, que possui uma lealdade comportamental permanente, pois paga mensalidade ao clube
Fonte: elaborado a partir de Stewart, Smith e Nicholson (2003) e complementado a partir de outros estudos
29
A seguir é apresentada a abordagem em níveis ou camadas. Essa abordagem considera
diversos níveis de intensidade do “entusiasmo” dos Fãs, sem, contudo, segmentá-los em
grupos opostos.
2.1.1.2. Tipologias da Abordagem em Níveis
A Abordagem em Níveis constitui o segundo grupo de tipologias identificadas por Stewart,
Smith e Nicholson (2003). Segundo os autores, ao longo da década de 90, uma série de
pesquisadores, principalmente norte-americanos, “expandiram” a análise dos Fãs esportivos
através do nível e da intensidade da ligação desse Fãs com o esporte. Isso permitiu não
somente a diferenciação entre grupos distintos de Fãs, como foi o caso da Abordagem
Dualística, mas também o “ordenamento” dos grupos de Fãs em função do nível de
identificação esportiva. A Abordagem em Níveis contempla a contribuição de diversos
autores como Wann e Branscombe (1993), Mullin, Hardy e Sutton (1993) e Funk e James
(2001), entre outros.
Wann e Branscombe (1993) segmentaram os consumidores esportivos com base na
intensidade de identificação dos Fãs com o esporte, classificando-os em grupos com baixa,
média ou alta identificação. Os autores propuseram uma escala de mensuração do nível de
identificação com o esporte chamada Sport Spectator Identification Scale (SSIS). Diferentes
características comportamentais foram atribuídas a Fãs de cada grupo. Os Fãs com baixa
identificação, por exemplo, apresentariam uma menor propensão de buscar informações
esportivas, ir aos jogos no estádio e assistir a transmissão dos jogos pela TV, enquanto Fãs de
alta identificação possuiriam uma alta propensão a ler sobre esporte, mostrar publicamente
seu “orgulho” como Fãs, utilizando roupas associadas ao seu time ou jogadores prediletos e ir
ao estádio. Dessa forma, a contribuição de Wann e Branscombe foi importante para a
concepção de um continuum com múltiplos níveis de identificação esportiva.
Mullin, Hardy e Sutton (1993) segmentaram os Fãs em três diferentes níveis de
comprometimento esportivo utilizando como um dos principais critérios a frequência de
comparecimento ao estádio.
Kahle, Kambra e Rose (1996) segmentaram os Fãs de esporte com base na internalização da
identidade esportiva, cuja teoria está baseada nos conceitos de identificação, conformidade e
30
internalização propostos por Kelman (1961). Nessa classificação, os autores consideraram a
incorporação da identidade esportiva ao self do indivíduo como critério para segmentar os
grupos. Assim, o Fã “internalizado” seria aquele que possui um alto envolvimento com o
esporte, sendo que o time esportivo possui um papel essencial na autodefinição do indivíduo.
O Fã “camarada” representaria um nível intermediário: seria aquele com comprometimento
parcial com o time, motivado principalmente pelos aspectos sociais promovidos pelo esporte,
como a amizade com outros Fãs. Por fim, os Fãs “auto-expressivos” representariam o nível
mais baixo de identificação, contemplando aqueles indivíduos que buscam principalmente a
excitação e o entretenimento proporcionados pelo esporte.
Sutton, Mcdonald, Milne e Cimperman (1997) também segmentaram os Fãs em 3 grupos. Os
Fãs “sociais” seriam aqueles com baixa identificação com o time, porém com alta
identificação com o ambiente esportivo. Um segundo tipo de Fã seria o “oportunista”. Esse
grupo contemplaria aqueles indivíduos que participam de maneira engajada dos eventos
esportivos quando o time está passando por um período de vitórias, porém se afasta do clube
se o time passar por um período de fracassos. O terceiro tipo seria o Fã “apaixonado”,
constituído por aqueles Fãs altamente envolvidos com o time. Esse tipo de Fã daria um apoio
incondicional ao time.
Clowes e Tapp (1999) também segmentaram os Fãs esportivos em 3 grupos com base no
comprometimento com o clube, separando os Fãs com pouco, médio e muito
comprometimento.
Assim, a partir do estudo de Stewart, Smith e Nicholson (2003), complementado pela
contribuição de outros autores, foi elaborada a Tabela 3, que apresenta as diversas tipologias
da Abordagem em Níveis.
31
Tabela 3 – Tipologias da Abordagem em �íveis
Tipo de Fã Tradução Características Autores
Low
Identification -
Commitment
Baixa Identificação - Comprometimento
Praticamente nunca vão ao estádio e conhecem pouco sobre o time.
Wann e Branscombe (1993); Mullin, Hardy e Sutton (1993) Medium
Identification -
Commitment
Média Identificação - Comprometimento
Vão ao estádio ocasionalmente e conhecem algumas coisas sobre o time.
High
Identification -
Commitment
Alta Identificação - Comprometimento
Vão ao estádio com grande frequência, conhecem mais sobre o time e possuem mais interesse em atividades afins ao time.
Camaradie
Fan
Fã “camarada” Principal motivação é a amizade com os outros Fãs; identificação mais com os outros Fãs do que com o time em si.
Kahle, Kambra e Rose (1995)
Self-expressive
Fan
Fã “Auto-expressivo”
Se identifica com o time, porém o time não é central para a identidade do indivíduo
Internalized
Fan
Fã “Internalizado” Possui um alto envolvimento e o time é central para a identidade do indivíduo
Social fans Fã “social” Baixa identificação com o time, porém atraídos pela socialização proporcionada pelo ambiente esportivo
Sutton, McDonald, Milne e Cimperman (1997) Focused fans Fã “oportunista” Apenas se envolvem emocional e financeiramente
quando o time está ganhando
Vested fans Fã “apaixonado” Alto envolvimento incondicional com o time e grande importância do time para o autoconceito individual; são os Fãs apaixonados pelo time.
Care-free
casuals
Fã pouco comprometido
Baixo comprometimento com o time. Clowes and Tapp (1999)
Committed
casuals
Fã muito comprometido
Alto grau de comprometimento psicológico com o time, porém frequentam o estádio apenas ocasionalmente
Fanatics Fanáticos Alto grau de fanatismo com o time, tendem a ir ao estádio com alta regularidade
Fonte: elaborado a partir de Stewart, Smith e Nicholson (2003) e complementado com outros estudos
32
A próxima abordagem apresentada é a Abordagem Multidimensional, que considera a
existência de múltiplas dimensões que agem simultaneamente e “modelam” o comportamento
do Fã esportivo. Trata-se de uma abordagem mais complexa. Com efeito, enquanto a
abordagem dualística segmenta o Fã em dois grupos opostos e a Abordagem em Níveis em 3
grupos conforme a intensidade do “entusiasmo” dos Fãs, a Abordagem Multidimensional
frequentemente segmenta os Fãs em 4 ou 5 grupos.
2.1.1.3. Tipologias da Abordagem Multidimensional
A Abordagem Multidimensional constitui o terceiro grupo de tipologias identificadas por
Stewart, Smith e Nicholson (2003). Essa abordagem considera que o comportamento dos Fãs
é influenciado simultaneamente por diversas variáveis ou dimensões. A seguir são
apresentadas as tipologias dessa abordagem. Contudo, nesta seção, cada tipologia é
apresentada em uma tabela própria, e não de forma consolidada como nas duas abordagens
anteriores.
Os autores Hunt, Bristol e Bashaw (1999) propuseram uma classificação segmentando os Fãs
em 5 tipos, considerando, além do nível de identificação, as dimensões tempo e espaço. Os
Fãs “temporários” seriam aqueles cuja identificação dependeria do desempenho do time
esportivo nas partidas. Os Fãs “geográficos” seriam aqueles cuja motivação para filiação ao
time está relacionada ao sentimento “comunitário”. Essa categoria reflete uma situação
bastante presente no contexto esportivo norte-americano, no qual os municípios normalmente
possuem apenas um grande time para cada Modalidade Esportiva. Nesse contexto, torcer pelo
time adquire um sentido mais amplo, pois é, também, uma questão de cidadania e apoio à
comunidade local. Os Fãs “devotos” seriam aqueles altamente identificados e que atribuem ao
time uma importância muito grande, como se o time fosse uma extensão da identidade do Fã,
ou seja, uma extensão do seu self. Os Fãs “fanáticos” seriam uma continuidade dos Fãs
devotos. Os fanáticos, além de possuir as características dos devotos, seriam aqueles que
fazem questão de expressar publicamente sua devoção esportiva. Ou seja, o aspecto
comportamental dos fanáticos seria mais facilmente observável, enquanto os devotos
poderiam ser considerados como Fãs mais discretos. O quinto grupo seria o de Fãs
“disfuncionais”. Os Fãs disfuncionais representariam o grau máximo de identificação
esportiva e de comportamento associado ao esporte. Esse grupo de Fãs, além de possuir todas
as características dos fanáticos, poderiam ser caracterizados pela perda de controle emocional.
33
A identificação com o time seria tão forte que provocaria a despersonalização do
comportamento desse tipo de Fã, o qual agiria, em muitos momentos, mais como membro do
grupo do que como indivíduo. Atitudes como tatuar o logotipo do time no corpo seriam uma
das características desse tipo de Fã, de tão grande a paixão que ele nutriria pelo time. Além
disso, os Fãs disfuncionais também possuiriam uma maior propensão ao comportamento
violento. A tabela 4 apresenta a tipologia proposta por Hunt, Bristol e Bashaw (1999), a
primeira tipologia da abordagem multidimensional.
Tabela 4 – Os 5 tipos de Fã de Hunt, Bristow e Bashaw
Tipo de Fã Tradução Características
Temporary fans Temporários ou “oportunistas”
Identificação depende do desempenho do time. Aproximam-se do time no momento das vitórias e se afastam nos momentos de derrota.
Local fans Geográficos ou “comunitários”
Aquele Fã que torce para o time da cidade em que ele mora. Ao se mudar, passa a torcer para um novo time.
Devoted fans Devotos Para ele, o time é tão importante que constitui uma extensão do self
Fanatical fans Fanáticos Além de devoto, esse Fã faz questão de expressar publicamente seu fanatismo pelo time através de roupas e ornamentações.
Dysfunctional fans Descontrolados O time esportivo domina a vida desse tipo de Fã, que perde o controle sobre suas emoções e sobre suas ações. Possuem propensão ao comportamento violento.
Fonte: elaborado a partir de Hunt, Bristow e Bashaw
A segunda tipologia da Abordagem Multidimensional é a de Smith e Stewart (1999). Esses
autores também classificaram os Fãs de esporte em 5 tipos, porém eles utilizaram outros
critérios para segmentar os Fãs: suas motivações, o grau de lealdade atitudinal e o grau de
lealdade comportamental. A tipologia de Smith e Stewart (1999) é fundamentada nas
contribuições teóricas propostas por Holt (1995) no âmbito da classificação das práticas de
consumo.
Os 5 tipos de Fãs de acordo com com Smith e Stewart (1999) são apresentados na Tabela 5. O
primeiro tipo é o Fã “apaixonado”. Esse tipo de Fã seria motivado principalmente pela
necessidade de afiliação ao time e possuiria alta lealdade atitudinal e alta lealdade
comportamental. Ou seja, seria aquele Fã com profunda conexão psicológica com o time
esportivo, além de um comportamento observável de suporte ao time, principalmente através
do comparecimento aos jogos. O segundo tipo de Fã é o “seguidor de campeões”. Esse Fã
34
compartilharia a mesma motivação principal – afiliação ao time – , porém sua lealdade
atitudinal dependeria do desempenho do time. Ou seja, trata-se de mais um exemplo do Fã
denominado anteriormente como “oportunista”, que se aproxima do time nos momentos de
vitória e se afasta nos momentos de derrota. Por causa disso, a lealdade comportamental desse
Fã seria média, uma vez que o suporte estaria condicionado ao desempenho do time ao longo
de uma temporada, por exemplo. O terceiro tipo de Fã é o Fã “introvertido”. Esse tipo de Fã
também compartilharia a mesma motivação que os tipos anteriores, porém apresentaria uma
combinação de alta lealdade atitudinal com baixa lealdade comportamental. Ou seja, seria
aquele Fã que, apesar de se identificar com o time, não demonstra isso publicamente da
mesma forma como outros Fãs mais extrovertidos. Se fosse considerado o modelo conceitual
de Holt (1995), poder-se-ia dizer que esse tipo de Fã apresenta uma lealdade latente,
constituindo um segmento com alto potencial comercial a ser explorado, caso fosse possível
influenciar seu comportamento e aumentar seu consumo esportivo. O quarto tipo de Fã é o
“Fã de espetáculos dramáticos”. Esse grupo de Fãs possuiria uma motivação diferente: ao
invés da afiliação ao time, seriam motivados pelo drama proporcionado pelos jogos. Esse
grupo de Fãs buscaria conforto, e poderia ser caracterizado por consumir o esporte de maneira
análoga a quem consome um espetáculo de cinema ou de teatro. A lealdade atitudinal desse
tipo de Fã seria baixa, pois o Fã valorizaria principalmente o entretenimento. Porém, a
lealdade comportamental seria alta, pois trata-se de um Fã com alta propensão de consumo
esportivo. Contudo, de acordo com o modelo conceitual proposto por Holt (1995), esse grupo
poderia ser enquadrado como um segmento com “lealdade espúria”. Por fim, o quinto grupo
identificado é o de “Fãs de espetáculos estratégicos”. Esse grupo possuiria características
similares aos “Fãs de espetáculos dramáticos”, contudo, ao invés de ser motivado pelo drama
dos jogos, valorizaria principalmente a complexidade e a estratégia dos jogos. Ou seja, seria
um grupo de Fãs que valoriza a beleza do esporte e que gosta de acompanhar informações
esportivas para poder analisar o esquema de jogo com maior propriedade. A lealdade
atitudinal desse grupo poderia ser considerada baixa, pois esse grupo também busca o
entretenimento. Porém a lealdade comportamental seria alta, pois trata-se de um grupo com
alta propensão de consumo esportivo (SMITH e STEWART, 1999).
35
Tabela 5 - Os 5 tipos de Fã de Smith e Stewart
Tipo de Fã Tradução Motivações Lealdade atitudinal
Lealdade comportamental
Passionate Partisan Fã apaixonado e “guerreiro”
Afiliação ao time Alta, profunda conexão emocional
Alta
Champ Follower Fã seguidor de “campeões”
Afiliação ao time Depende do desempenho do time
Média
Reclusive Partisan Fã introvertido Afiliação ao time Alta, profunda conexão emocional
Baixa
Theater-goer Fã de Fã espetáculos dramáticos
Quer conforto e jogos dramáticos
Baixa, está focado no entretenimento
Alto
Aficionado Fã de espetáculos estratégicos
Quer assistir jogos complexos e estratégicos
Baixa, está focado no entretenimento
Alto
Fonte: elaborado a partir de Smith e Stewart
Segundo Smith e Stewart (1999), o primeiro grupo da Tabela 5, os Fãs “apaixonados”,
constituiriam o tipo ideal de Fãs para um time esportivo, uma vez que a combinação de alta
lealdade atitudinal, alta lealdade comportamental e motivação oriunda da afiliação ao time
tornaria o Fã um defensor apaixonado do time, como se fosse um “guerreiro” do clube.
A terceira tipologia da Abordagem Multidimensional é a de Funk e James (2001). Esses
autores propuseram uma classificação chamada Psychological Continuum Model (PCM),
traduzida para “Modelo do Continuum Psicológico” – ou simplesmente “Modelo PCM”.
Apesar de reconhecer as contribuições das segmentações propostas anteriormente, os autores
apresentam uma crítica a esses modelos, principalmente por considerá-los muito descritivos e
pouco “explicativos”. Ou seja, apesar das tipologias anteriores descreverem o comportamento
de cada grupo, elas não propõem explicações de como esses grupos são formados – de como
os Fãs “se movimentam” de um grupo para outro. Essa crítica é apontada como relevante por
dois motivos: (1) a relação do Fã com o esporte é dinâmica e, portanto, as tipologias
acadêmicas não deveriam ser estáticas e apenas descritivas; (2) uma das principais utilidades
da segmentação de Fãs, em um contexto de Marketing Esportivo, é a atuação proativa dos
profissionais em cada segmento – o que não seria possível se os mecanismos de
“movimentação” dos Fãs de um grupo para o outro não forem compreendidos. Assim, Funk e
36
James (2001) desenvolveram o Modelo PCM no intuito de segmentar os Fãs e explicar o
processo de “movimentação” dos indivíduos ao longo de suas trajetórias como Fãs esportivos.
Uma característica importante do Modelo PCM é que ele foi concebido como um continuum,
ou seja, como uma linha imaginária com diversos níveis ou gradações. A analogia feita pelos
autores é como o “modelo do elevador”. Ou seja, cada estágio ou nível de identificação do Fã
seria representado por um andar, e os indivíduos se “movimentariam” verticalmente nesse
continuum ao longo da vida, tanto para cima quanto para baixo. O Modelo PCM considera a
existência de 4 estágios de envolvimento com o esporte. Esses estágios podem ser
considerados como diferentes níveis de identificação do Fã com o esporte. São eles: (1)
Awareness, ou conhecimento; (2) Attraction, ou preferência; (3) Attachment, ou conexão; e
(4) Allegiance, ou lealdade. A Figura 1 ilustra esses estágios.
O primeiro estágio do Modelo PCM é o Conhecimento. É nesse estágio que o indivíduo tem
seu primeiro contato com esporte, seja através da prática esportiva, seja através da mídia. Esse
primeiro contato normalmente acontece durante a infância, quando agentes socializadores
como a família, os amigos, os professores e a escola influenciam a criança a conhecer ou
praticar um determinado esporte. Desde cedo, as crianças aprendem a gostar de “ídolos
esportivos”. Devido à ubiquidade do esporte, praticamente todos os indivíduos de uma
sociedade poderiam passar por esse estágio – pelo menos em relação aos esportes populares
naquele lugar. Já os esportes desconhecidos em uma determinada cultura não proporcionariam
a oportunidade de chegar ao patamar de conhecimento. Assim, nesse nível inicial de
conhecimento, o indivíduo adquire noção da existência de diversos atletas ou times esportivos
das modalidades esportivas praticadas ou consumidas no local. Ou seja, a pessoa é capaz de
reconhecer a existência de diferentes times e também adquire um nível de informação mínimo
sobre a Modalidade Esportiva em questão, como as regras esportivas, que incluem o sistema
de pontuação e as principais funções dos atletas. Contudo, no estágio de Conhecimento, o
indivíduo não possui nenhuma preferência ou conexão psicológica com algum time ou atleta.
37
Figura 1 – Modelo Psychological Continuum Model (PCM) Fonte: elaborado a partir de Funk e James (2001)
Essa é justamente a diferença entre o nível 1 e o nível 2: o desenvolvimento de uma
Preferência. No 2o estágio, o indivíduo passa a ter uma preferência por algum time ou atleta,
ou seja, ele se transforma em um torcedor. Essa preferência se materializa principalmente
através do entretenimento, pois ao ingressar no 2o estágio o indivíduo passa a derivar prazer
do esporte e a se sentir atraído por algum time ou atleta. O prazer seria, portanto, um reflexo,
e não uma causa da identificação.
Entretanto, essa ligação ainda possui uma forte influência dos agentes socializadores externos.
Ou seja, a conexão com o esporte ainda é baseada em motivações extrínsecas, sejam elas
sociais ou “do ambiente”. Nesse sentido, apesar do Fã manifestar uma preferência esportiva,
essa preferência ainda é “fraca” ou vulnerável. Um exemplo dessa vulnerabilidade seria um
Fã do time “X”, que, estando no nível de Preferência, é transferido de uma cidade muito
distante, e, com isso, passa a gradativamente apreciar e torcer por um novo time – o time local
da cidade onde ele passou a morar.
Já o 3o estágio do Modelo PCM é o de Conexão. Nesse estágio, a motivação do Fã deixa de
ser extrínseca e passa a ser intrínseca. Ou seja, o Fã passa a ter uma motivação “que vem de
dentro”. No estágio de Conexão, o indivíduo passa a se conectar psicologicamente com o
esporte, atribuindo uma alta importância à identificação com o time ou com o atleta. É nesse
38
estágio que o esporte passa a fazer parte da personalidade do indivíduo, pois o indivíduo
associa o seu self ao esporte. Uma característica dessa conexão psicológica que caracteriza o
estágio de conexão é a resistência à mudança. Quando um Fã de esporte chega no 3o estágio,
sua preferência se torna forte, internalizada em seu autoconceito. Passa a existir um alto
envolvimento. Assim, uma vez que ser um Fã esportivo de algum time ou atleta é uma das
coisas que o define como indivíduo, é muito difícil que o indivíduo mude de preferência. A
conexão psicológica é forte. Portanto, verifica-se um alto grau de resistência à mudança.
O 4o estágio preconizado no Modelo PCM é o de Lealdade. Nesse estágio, o indivíduo
mantém todas as características do estágio anterior, Conexão, e adiciona duas características
importante: evidências comportamentais e o “teste do tempo”. As evidências
comportamentais podem ser entendidas como o consumo esportivo contumaz. Ou seja, além
da lealdade atitudinal demonstrada no estágio de Conexão, o indivíduo passa a apresentar
lealdade comportamental, como, por exemplo, através do comparecimento frequente ao
estágio. O teste do tempo se refere à resiliência do Fã de passar por momentos difíceis, em
que sua identificação como time foi ameaçada – como é o caso de momentos de sucessivas
derrotas – , mas não se abalou. Assim, o que marca a transição do 3o estágio para o 4o estágio
é justamente o desenvolvimento da lealdade atitudinal e comportamental esportivas. No
estágio de Lealdade, o esporte está tão internalizado no autoconceito do indivíduo que a
resistência à mudança se torna muito forte. Nesse estágio, se torna muito improvável a troca
de time pelo indivíduo. Outra característica do estágio de lealdade é que o indivíduo
desenvolve vieses cognitivos em relação ao processamento de informações relacionadas ao
time. Ou seja, a percepção do Fã é alterada em função da paixão pelo esporte: ele registra
informações positivas do seu time com grande precisão, porém esquece facilmente
informações negativas; ou, então, passa a manifestar uma atitude mais positiva a determinadas
pessoas que conhece quando descobre que elas são Fãs do mesmo time que ele – e vice-versa.
Com o Modelo PCM, finaliza-se a revisão das tipologias sobre Fãs l. O próximo tópico da
revisão de literatura foca na Identificação do Fã esportivo.
39
2.2. A IDENTIFICAÇÃO COM O ESPORTE
A identificação com o esporte é um tema central na área de Marketing Esportivo. A
identificação é um conceito discutido em diversas áreas de conhecimento, como a Psicologia
“tradicional”, com foco no indivíduo, a Psicologia “Social”, com foco no “grupo dentro do
indivíduo”, e a Sociologia, com foco na relação entre grupos. Um conjunto de teorias e
escalas que representam essas diversas áreas das ciências sociais que suprem a área de
Marketing Esportivo com conceitos e definições relevantes é apresentado a seguir.
2.2.1. Teoria dos Processos de Mudança de Opinião/Atitude
Kelman (1958) sugeriu 3 processos distintos para explicar como o indivíduo assimila a
influência social: conformidade, identificação e internalização. Apesar de ter descrito esses
processos em 1958, foi apenas alguns anos depois que Kelman formalizou-os em uma teoria,
que chamou de Processes of Opinion Change, ou Teoria dos Processos de Mudança de
Opinião/Atitude (KELMAN, 1961). Essa teoria foi utilizada como base para diversas
investigações com foco no comportamento dos indivíduos no grupo, tendo sido, inclusive,
utilizada nas áreas de resolução de conflitos internacionais e estudos sobre a formação da
opinião pública (KELMAN, 1974). Segundo Kelman, Conformidade, Internalização e
Identificação são conceitos importantes para compreender a influência que os “agentes
externos” – ou seja, os outros – possuem junto ao indivíduo.
A conformidade é o processo de aceitação da influência social que não requer a aceitação
privada do comportamento sugerido pelo agente externo. Na conformidade, a principal
motivação do indivíduo é com o efeito social do comportamento adotado, e não a congruência
de valores. Portanto, o indivíduo não precisa concordar com o conteúdo exposto pelo agente
externo para agir conforme aquele conteúdo. Por isso, pode haver discrepância entre atitudes e
comportamento. A assimilação da influência social através da conformidade está associada à
constante busca de aprovação do agente externo pelo indivíduo. Para ganhar essa aprovação, o
indivíduo flexibiliza suas opiniões e ajusta seu comportamento conforme varia de
interlocutor. Porém, na ausência do agente externo, ou na presença de outro agente, o
indivíduo muda de atitude e age conforme o novo contexto. No processo de conformidade, a
fonte de poder do agente externo é o controle dos meios, que envolve as recompensas sociais
e as punições sociais associadas à adoção do comportamento induzido. Além disso, o
40
comportamento induzido tende a ser observado apenas na presença “fiscalizadora” do agente
externo.
Já a assimilação da influência social através da identificação é diferente. Na identificação, o
indivíduo deriva seu autoconceito da relação que estabelece com o agente externo com o qual
se identifica. Essa relação não precisa ser real; trata-se de uma relação percebida, que é
autodefinida pelo indivíduo. Portanto, ao se identificar com alguém ou com algum grupo, não
é preciso consentimento desse alguém, tampouco é preciso haver uma relação interpessoal
direta. Quando o indivíduo adota um comportamento através da identificação, ele o faz
porque esse comportamento está associado à melhoria de autoestima. Por isso, a propensão a
adotar o comportamento do agente externo é tão maior quanto mais saliente for a relação de
identificação do indivíduo com o agente. Situações de proeminência da relação de
identificação, portanto, induzem o indivíduo a se comportar conforme o grupo de referência.
Dessa forma, na identificação, a fonte de poder do agente externo é a sua atratividade para o
indivíduo. De certa forma, pode-se dizer que, ao exaltar o grupo do qual se sente parte, o
indivíduo acaba exaltando a si mesmo e, assim, aprimorando seu autoconceito.
Por fim, a aceitação da influência social através do processo de internalização está associado à
congruência de valores. Na internalização, o conteúdo da influência social é muito relevante.
O indivíduo adota um comportamento não porque se identifica nem porque deseja entrar em
conformidade para conquistar a aprovação do agente externo, mas sim porque os valores
implícitos no comportamento induzido são intrinsecamente recompensadores e há
congruência de valores. Os valores internalizados funcionam para o indivíduo como um guia
de comportamento, sendo relativamente estáveis e profundos. Portanto, a fonte de poder do
agente externo na internalização é a sua credibilidade junto ao indivíduo. Por isso, quando a
influência social é assimilada através da internalização, não é necessária a presença
fiscalizadora do agente externo, tampouco a saliência do grupo de referência. A congruência
de valores é suficiente para que haja reprodução do comportamento induzido pelo agente
externo.
A Tabela 6 apresenta um resumo da diferenciação entre os processos de conformidade,
identificação e internalização.
41
Tabela 6 – Os 3 Processos de Assimilação da Influência Social: Conformidade, Identificação e Internalização
Fonte: adaptado de Kelman (1961)
No contexto do Marketing Esportivo, as contribuições de Kelman foram utilizadas por
diversos autores. Khale, Kambara e Rose (1996), por exemplo, desenvolveram a escala FAM
com base na Teoria dos Processos de Mudança de Opinião/Atitude de Kelman (1958; 1961).
Bee e Kahle (2005) utilizaram os conceitos de Kelman em uma investigação sobre Marketing
de Relacionamento através do esporte, sugerindo estratégias para a transformação de
relacionamentos transacionais e superficiais, baseados na conformidade, em relacionamentos
relacionais e de longo prazo, baseados na identificação e internalização do objeto esportivo.
Bagozzi e Lee (2002) analisaram as múltiplas rotas da influência social utilizando os 3
processos definidos por Kelman, e sugeriram que indivíduos de diferentes culturas
apresentam maior ou menor propensão de assimilar a influência através de algum dos
processos teorizados por Kelman.
Dessa maneira, neste estudo, é utilizado o conceito de identificação proposto por Kelman:
identificação é a orientação psicológica do self de um indivíduo em termos da filiação ou
pertencimento aos grupos sociais que passam a definir esse indivíduo, sendo esse
pertencimento real ou apenas percebido (KELMAN, 1961).
2.2.2. Teoria da Identidade Social
A Social Identity Theory (SIT), ou Teoria da Identidade Social, foi desenvolvida por Tajfel e
Turner ao longo da década de 70, a partir dos resultados de diversos experimentos conduzidos
junto a pequenos grupos de indivíduos (TAJFEL, BILLIG, et al., 1971), tendo sido
formalizada em 1979 como An Integrative Theory of Intergroup conflict, ou Teoria Integrada
Atributo de comparação
Conformidade Identificação Internalização
Preocupação do indivíduo
Efeito Social do comportamento
Ancoragem Social do comportamento
Congruência de Valores
Fonte de poder do agente externo
Controle dos meios Atratividade do agente externo
Credibilidade do agente externo
Condições para observação do comportamento
Fiscalização pelo agente externo
Saliência da relação de identificação
Relevância dos Valores
42
do Conflito entre Grupos (TAJFEL e TURNER, 1979). A SIT é uma das teorias mais
importantes na área de Marketing Esportivo, pois articula conceitos importantes como
identificação, autoestima, autoconceito e sua influência no comportamento dos indivíduos. A
SIT é uma teoria que surgiu a partir da tentativa dos autores de explicar fenômenos
observados em experimentos conduzidos junto a grupos de estudantes que não podiam ser
explicados pela teoria vigente.
Tajfel e Turner sugeriram que o autoconceito do indivíduo deriva de dois tipos de identidade:
(1) a identidade pessoal ou individual, que contempla as características idiossincráticas e
inerentes a cada pessoa, traços de personalidade e habilidades pessoais, que são justamente
aquelas características que tornam cada indivíduo singular, e (2) a identidade social ou
coletiva, que contempla uma série de identificações que o indivíduo estabelece com outras
pessoas e grupos, e que são características compartilhadas com o grupo e utilizadas no dia-a-
dia conforme o contexto social.
Os autores focaram nesse segundo tipo de identidade, a identidade social, que é resultado da
categorização social. Segundo a Teoria da Identidade Social, a categorização social possui
duas funções: (1) facilita a organização do contexto social para o indivíduo, o que é
geralmente feito com a ajuda dos estereótipos associados ao pertencimento a cada categoria
social, e (2) permite a ele extrair um senso de valor próprio e a localizar “seu lugar” na
sociedade através da sensação de pertencimento àquela categoria. Dessa forma, através da
identificação com uma categoria social específica, o indivíduo desenvolve um senso de
“destino comum” com o grupo, atrelando seu autoconceito pessoal ao autoconceito do grupo.
Ou seja, o indivíduo “utiliza” o pertencimento ao grupo como instrumento para definição de
sua identidade social, como se fosse um instrumento para melhoria de sua autoestima
(ASHFORTH e MAEL, 1989).
A categorização social, porém, não implica que o pertencimento aos grupos sociais deva ser
compreendido como um fenômeno dicotômico. Existem diversos níveis de identificação que
se tornam ainda mais evidentes quando a categoria social pode ser contrastada com outra
categoria. Não por acaso, grupos rivais tendem a ser utilizados como grupos de referência
para identificação (TURNER, 1985).
Ashforth e Mael (1989), sugeriram 4 princípios da identificação social: (1) a identificação é
um fenômeno cognitivo, ou seja, trata-se de uma percepção de pertencimento que requer
43
apenas que o indivíduo se autodefina como membro do grupo e perceba que seu destino está
atrelado ao destino do grupo com o qual ele se identifica; (2) a identificação social inclui a
vivência dos sucessos e fracassos do grupo, e espera-se que indivíduos altamente identificados
mantenham a identificação mesmo em situações que envolvam sofrimento, perdas e derrotas;
(3) a identificação social é um conceito distinto da internalização, pois enquanto a
internalização se refere a incorporação de valores, atitudes e princípios de vida, a
identificação se refere à derivação do autoconceito do pertencimento ao grupo; (4) a
identificação com o grupo é similar à identificação com uma pessoa, pois ambas estão
associadas ao desejo de aparecer, emular ou ganhar as qualidades do outro.
A Teoria da Identidade Social emergiu a partir da proposição do Paradigma do Grupo
Mínimo, resultado dos experimentos conduzidos por Tajfel e Turner (1979) sobre a base
psicológica do comportamento entre grupos.
2.2.2.1. Paradigma do Grupo Mínimo
Tajfel e Turner investigaram as condições mínimas para existência de favoritismo entre
membros do mesmo grupo e discriminação entre membros de grupos distintos, observando
que a simples categorização dos indivíduos em 2 grupos distintos foi suficiente para gerar
identificação do indivíduo com seu próprio grupo, e, com isso, favoritismo para com os
membros do próprio grupo e discriminação para com os membros do outro grupo. Essas
observações não puderam ser explicadas pelas teorias vigentes sobre conflito entre grupos,
como a Teoria do Conflito Real entre Grupos (Realistic Conflict Theory, ou RCT) de Sherif
(1966). A RCT supunha que seria o real conflito de interesses dos grupos que causaria o
conflito entre grupos. Ou seja, a competição entre grupos seria motivada por interesses
simultâneos em recursos escassos, gerando oposição entre os grupos, enquanto a cooperação
entre grupos seria motivada quando os objetivos fossem comuns e passíveis de trazer
resultados positivos para todos. Além disso, o conflito entre grupos não apenas criaria uma
relação antagônica entre os grupos, como também fortaleceria a identificação de membro com
o seu grupo (TAJFEL e TURNER, 1979).
Todavia, ao conduzir experimentos eliminando o “conflito real” entre os grupos, Tajfel e
Turner desafiaram a teoria vigente. Eles categorizaram os participantes do experimento
aleatoriamente em 2 grupos, informando, individualmente, cada participante como membro
do grupo “A” ou do grupo “B”, de maneira com que os participantes não soubessem quem
44
eram os membros do seu próprio grupo ou do grupo oposto. Com isso, foi eliminado o viés
resultante do conhecimento prévio entre os participantes. E, a partir de um exercício em que
os participantes realizaram uma atividade e depois atribuíram pontos para cada participante,
os quais posteriormente poderiam ser convertidos em dinheiro individualmente, os
pesquisadores observaram que essa simples categorização em grupos distintos era suficiente
para que fosse observado favoritismo intragrupo e discriminação entre grupos. Assim, foi
observada identificação com o grupo mesmo sem que houvesse conflitos reais entre membros
do grupo nem conflitos resultantes de interações pessoais. Tajfel e Turner chamaram esse
fenômeno de Paradigma do Grupo Mínimo (Minimal Group Paradigm), sugerindo que a
identificação com o grupo poderia ser resultado da categorização das pessoas em grupos, e
que a identificação com o grupo no nível cognitivo – considerado o nível mínimo – já seria
suficiente para provocar mudanças de atitude e comportamento (TAJFEL, BILLIG, et al.,
1971). A Teoria da Identidade Social tem suas raízes na proposição do Paradigma do Grupo
Mínimo.
2.2.2.2. Premissas e Princípios da Teoria da Identidade Social
A Teoria da Identidade Social prevê que não apenas a incompatibilidade de interesses entre
grupos não é suficiente para gerar conflito entre grupos, como também sugere que tal
incompatibilidade de interesses ou objetivos não é uma condição necessária para o
desenvolvimento da competição entre grupos, favoritismo intragrupo e discriminação entre
grupos. O favoritismo intragrupo é compreendido como uma característica onipresente das
relações entre grupos, ou seja, a simples categorização dos indivíduos em dois grupos
distintos já é suficiente para provocar a discriminação entre grupos e favorecimento
intragrupo. Assim, a identidade social, compreendida como aqueles aspectos da autoimagem
do indivíduo que derivam das categorias ou grupos sociais dos quais ele se sente parte, possui
3 premissas (TAJFEL e TURNER, 1979). Em primeiro lugar, os indivíduos se esforçam para
manter ou melhorar sua autoestima. Ou seja, eles estão sempre em busca de manter um
autoconceito positivo. Em segundo lugar, os grupos sociais estão associados a juízos de valor
positivos ou negativos. Portanto, a identidade social positiva ou negativa, de acordo com as
avaliações dos grupos que contribuem para a identidade social do indivíduo. Em terceiro
lugar, a avaliação que um indivíduo faz de um grupo do qual se sente parte é determinada de
maneira relativa a outros grupos de comparação em alguma dimensão ou atributo comparável.
45
Discrepâncias positivas resultam em alto prestígio e status, enquanto discrepâncias negativas
resultam em baixo prestígio.
A partir das premissas elencadas acima, Tajfel e Turner (1979) propuseram 3 princípios gerais
para a Teoria da Identidade Social. Em primeiro lugar, os indivíduos buscam manter uma
identidade social positiva. Em segundo lugar, essa identidade social positiva é baseada em
grande parte na escolha de grupos de comparação que possuam vantagens comparativas em
alguma dimensão ou atributo relevante. O indivíduo busca a superioridade comparativa e, por
isso, tende a escolher um grupo de comparação que tenha alguma desvantagem, mais fraco,
porém que seja um grupo relevante. Em terceiro lugar, quando a identidade social é negativa
ou insatisfatória, o indivíduo tende a reagir, podendo iniciar um processo de dissociação do
grupo e ingresso em um novo grupo que confira ao indivíduo uma identidade social positiva.
2.2.2.3. Reações à Identidade Social ameaçada
A Teoria da Identidade social considera o status social não como um recurso escasso ou
commodity, mas como o resultado do processo de comparação entre os grupos pelos
indivíduos. O status social reflete a posição relativa de um grupo em relação aos demais
grupos de comparação. O indivíduo que se identifica com um grupo busca sempre fazer
comparações favoráveis, de maneira a perceber a superioridade relativa do grupo do qual se
sente parte em relação aos demais, e, assim, adquirir uma identidade social positiva. Porém,
isso nem sempre é possível. Por vezes, a identidade social do indivíduo pode ser ameaçada se
o grupo passar a ter uma posição de inferioridade comparativa com os demais grupos de
comparação. Essa imagem negativa do grupo contamina o autoconceito do indivíduo,
provocando a sua reação. Tajfel e Turner identificaram diversos tipos de reação à identidade
social ameaçada: (1) mobilidade individual, que envolve a dissociação do grupo com baixo
prestígio e filiação a um novo grupo com alto prestígio, (2) criatividade social, que envolve a
mudança na dimensão de comparação desfavorável, mudança no valor atribuído à dimensão
de comparação desfavorável ou até mudança do grupo de comparação, e (3) competição
social, que envolve o acirramento do conflito entre os grupos de comparação (TAJFEL e
TURNER, 1979).
A mobilidade individual é uma solução que o indivíduo encontra para manter seu
autoconceito positivo quando o grupo do qual ele se sente parte passa a ser visto de maneira
negativa, transferindo baixo prestígio a seus membros. Reagir à essa situação através da
46
mobilidade individual significa dissociar sua imagem do grupo com baixo prestígio e buscar
uma identificação com um grupo de maior prestígio. Contudo, esse tipo de solução é
individualista, pois a situação dos demais membros do grupo permanece inalterada.
A criatividade social é uma solução que afeta o grupo como um todo. Os membros do grupo
buscam eliminar os aspectos negativos da comparação entre grupos que ameaçam o
autoconceito de seus membros através da alteração dos elementos de comparação. Tajfel e
Turner identificaram pelo menos 3 formas de criatividade social: (1) escolha de uma nova
dimensão de comparação que seja favorável aos membros do grupo, deslocando, assim, o
baixo prestígio resultante de uma comparação desfavorável para a superioridade resultante de
um ponto favorável; (2) alteração no valor atribuído à dimensão de comparação desfavorável,
de forma que a inferioridade naquele atributo de comparação passe a ter pouca ou nenhuma
importância para os membros do grupo em desvantagem; (3) mudança do grupo de
comparação, mantendo a dimensão de comparação inicialmente desvantajosa com alta
importância, porém escolhendo um grupo de comparação com inferioridade nessa dimensão,
e, assim, reestabelecer o autoconceito dos membros. Dessa forma, esses processos de
criatividade social permitem que os membros do grupo mantenham um autoconceito positivo
sem se dissociarem do grupo. Tais processos representam uma solução coletiva, e não
individual (como o processo de mobilidade individual).
A competição social é outra solução que os indivíduos com sua identidade social ameaçada
podem recorrer para mudar de situação. Nesse processo, os membros do grupo se engajam
numa competição direta e acirrada com os membros do outro grupo, na busca de reverter a
situação desfavorável que vem trazendo baixo prestígio ao grupo e prejudicando o
autoconceito dos indivíduos. Como resultado desse acirramento na competição entre os
grupos, os membros do grupo em situação desfavorável, em caso de “vitória”, saem com seu
autoconceito fortalecido, aumentando a coesão entre membros e a identificação com o grupo.
Porém, em caso de derrota, o acirramento da competição provoca desilusão aos membros, de
forma que eles tendem a, então, passar pelo processo de mobilidade individual ou criatividade
social.
47
2.2.3. Teoria BIRGing e CORFing
Diversos pesquisadores observaram a importância que os Fãs atribuem à vitória do time.
Cialdini, Borden, Torner, Walker e Freeman (1976) estudaram a propensão dos Fãs de
realizar uma “atribuição interna” das vitórias – como se eles mesmos tivessem vencido – , e
de realizar uma “atribuição externa” às derrotas. Essa diferença de atribuições estaria ligada a
um mecanismo de proteção do autoconceito dos Fãs esportivos: uma vez que a identificação
com o esporte faria parte do self dos Fãs esportivos, eles tenderiam a utilizar os momentos de
vitória para enaltecer seus autoconceitos, porém tenderiam a “separar” esse autoconceito nos
momentos de derrota, atribuindo a derrota a “agentes externos”. Esse conjunto de ideias foi
então chamado de Basketing in Reflected Glory (BIRGing), ou seja, a “exaltação da glória
refletida” e Cutting Off Reflected Failure (CORFing), ou seja, a “separação das derrotas”
(CIALDINI, BORDEN, et al., 1976).
A partir da teoria BIRGing e CORFing, Jones (2000) observou que, nos momentos de
fracasso, além do Fã esportivo utilizar o processo de CORFing para proteger seu
autoconceito, pode haver um processo de deslocamento da identificação do Fã para outros
elos de ligação do Fã. Ou seja, em momentos de derrota, o Fã esportivo pode diminuir sua
identificação com o time e aumentar sua identificação com os atletas esportivos, ou
simplesmente com a Modalidade Esportiva. Além disso, os Fãs esportivos podem criar
processos de racionalização que justificam a derrota e, assim, diminuem o impacto do
fracasso em seu autoconceito. Um exemplo disso seria um Fã do Esporte que, após uma
derrota, racionalizaria o fato, pensando: “perdemos, mas perdemos com estilo” (JONES,
2000).
A Teoria BIRGing e CORFing estimulou o desenvolvimento de outros conceitos associados à
ideia original de Cialdini, Borden et al. (1976). Campbell, Aiken e Kent (2004), por exemplo
propuseram uma extensão da teoria original, incluindo dois novos “processos” de
identificação dos Fãs esportivos: Basking in Spite off Reflected Failure (BIRF), ou “exaltação
apesar do fracasso refletido” e Cutting off Reflected Success (CORS), ou “desligando-se do
sucesso refletido”. Esses pesquisadores observaram fatos contraditórios, como o caso dos Fãs
esportivos que, em momentos de fracasso, acabariam “se unindo” uns aos outros e
intensificariam sua identificação com o time, justamente para apoiar o time num momento
difícil. Esse processo, chamado de BIRFing, estaria associado a uma atitude de suporte
incondicional, em que os “verdadeiros Fãs” emergiriam. Por outro lado, Campbell, Aiken e
48
Kent também observaram que alguns Fãs diminuem o grau de identificação com o time em
momentos de sucesso, o que, a princípio, seria também contraditório. Esse processo seria o
CORSing. A explicação para tal fenômeno poderia ser atribuída ao fato de não concordância
com a “maneira de jogar” do time ou com “as decisões comerciais” tomadas pela diretoria
dos clubes. Esses Fãs não desejariam a “vitória a qualquer custo”, mas sim valorizariam o
esforço e a “forma” com que as vitórias seriam obtidas. O Fã do Esporte, portanto, teria uma
propensão a se desvincular desses sucessos alcançados por meios “impróprios”. O processo de
CORS, segundo os autores, refletiria, também um sentimento de nostalgia desse grupo de Fãs
(CAMPBELL, AIKEN e KENT, 2004).
2.2.4. Escalas de Identificação com a Modalidade Esportiva
Nesta seção, é feita uma breve apresentação das principais escalas de identificação do Fã com
a Modalidade Esportiva.
Destaca-se, contudo, que diversas escalas apresentadas nesta seção utilizam em seus nomes o
termo “envolvimento”. O envolvimento foi definido por Zaichkowsky (1985) como
relevância pessoal que um objeto tem para um indivíduo com base em suas necessidades,
valores e interesses. Ou seja, o envolvimento reflete a importância percebida do objeto,
situação ou ação na vida do indivíduo. Diversas escalas “de envolvimento” com o esporte,
com efeito, sugerem dimensões como a centralidade e a importância pessoal do esporte para o
indivíduo. Contudo, a análise da formulação dos itens de cada escala – que pode ser verificada
nos Apêndices apresentados ao final do estudo – permite agrupar as escalas de envolvimento
juntamente com as escalas de identificação com o time. Aliás, apesar das diferenças
conceituais entre envolvimento e Identificação, diversas escalas “de envolvimento” são
utilizadas em estudos sobre a Identificação dos Fãs do Esporte, o que pode gerar, a princípio,
dificuldade em relação aos termos utilizados. Com efeito, conforme discutido anteriormente, a
literatura da área de Marketing Esportivo contempla o uso de diversos termos como
envolvimento, interesse, identificação, ligação e conexão do Fã esportivo de maneira
intercambiável, de forma que a revisão de estudos nessa área, por vezes, pode tornar-se um
exercício de identificação de “diferenças semânticas” (FUNK e JAMES, 2001).
A Tabela 7 mostra um resumo das escalas apresentadas a seguir. Destaca-se que a maioria
dessas escalas é multidimensional. Assim, muitas delas contemplam não apenas a
49
identificação com a Modalidade Esportiva, mas também a identificação com o time e com as
celebridades esportivas – além de outras dimensões.
Tabela 7 - Escalas de Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva
Ano Abrev. �ome da escala Autor(es)
1992 SAI Sport Activity Involvement McIntyre e Pigram
1998 DI Domain Involvement Fisher e Wakefield
2001 SSII Sport Spectator Interest Inventory Funk, Mahony et al
2002 SFQ Sport Fandom Questionnaire Wann
2003 PAI Points of Attachment Index Robinson e Trail
Fonte: elaborado pelo autor
2.2.4.1. Escala SAI
A escala Sport Activity Involvement (SAI) foi proposta por McIntyre e Pigram (1992) com o
objetivo de mensurar o grau de envolvimento dos indivíduos com a atividade recreativa
esportiva. Desenvolvida a partir de um estudo junto a pessoas que costumavam participar de
acampamentos. Inicialmente proposta com 5 dimensões, a escala SAI foi então adaptada para
Fãs esportivos por Alexandris, Tsaousi e James (2007). A escala SAI considera que o
envolvimento com o esporte possui 2 dimensões: (1) atração, que reflete o grau em que a
atividade esportiva desperta o interesse do indivíduo, e (2) centralidade, que se refere à
importância daquele esporte para o indivíduo. Medida através de uma escala intervalar tipo
Likert com 8 pontos, a escala SAI incui itens como “assistir aos jogos de futebol é uma das
atividades mais prazerosas que existem”, “o futebol é uma parte importante da minha vida” e
“a maior parte dos meus amigos está relacionada com o futebol de alguma forma”. Um estudo
posterior junto a Fãs de basquete profissional utilizou a escala SAI e encontrou bons
indicadores de confiabilidade para as 2 dimensões propostas (ALEXANDRIS, TSAOUSI e
JAMES, 2007). A escala SAI é apresentada no Apêndice 1-10.
50
2.2.4.2. Escala DI
A escala Domain Involvement (DI), ou envolvimento com o domínio (esportivo), foi proposta
por Fisher e Wakefield em 1998, com o objetivo de medir a profundidade da conexão que o
indivíduo estabelece com a Modalidade Esportiva. A escala DI reflete, portanto, o grau de
relevância que o esporte possui para o indivíduo, tendo sido desenvolvida a partir da escala
PII, de Zaichowsky (1985). Segundo Fisher e Wakefield, o envolvimento com a Modalidade
Esportiva está relacionado à identificação com o time. Além disso, o envolvimento com a
modalidade é especialmente importante para indivíduos cujo time passa por momentos de
derrota, uma vez que permite ao indivíduo se proteger da ameaça à autoestima através da
saliência de aspectos não relacionados ao desempenho do time, como os valores e interesses
pessoais. A escala DI foi proposta como uma escala unidimensional, com 5 itens, como “o
futebol é uma parte essencial da minha vida”, “sempre que posso vejo notícias sobre futebol”
e “eu penso em futebol o tempo todo”. Posteriormente, a escala DI foi utilizada em uma
investigação junto a Fãs de esporte universitário, tendo sido adaptada a outra Modalidade
Esportiva, apresentando bons indicadores (GWINNER E SWANSON, 2003). A escala DI é
apresentada no Apêndice 1-11.
2.2.4.3. Escala SII
A escala Sport Interest Inventory (SII) foi proposta por Funk, Mahony, Nakazawa e Hirakawa
(2001) para mensurar as motivações dos Fãs do Esporte. Proposta a partir de uma pesquisa
realizada com Fãs presentes nos jogos da Copa do Mundo de Basquete Feminino dos Estados
Unidos, a escala SII foi proposta inicialmente com 10 dimensões. Contudo, ao longo dos
anos, a escala SII foi sendo ajustada, primeiramente com a adição de 4 dimensões (MAHONY
e RIDINGER, 2002) e depois com a adição de mais 4 (FUNK, RIDINGER e MOORMAN,
2004).
A última versão da escala SII, de 2004, contempla um total de 18 dimensões das motivações
dos Fãs do Esporte: (1) Sport, ou esporte, referente à identificação do Fã com a Modalidade
Esportiva; (2) Team, ou Time, referente à identificação do Fã com o Time Esportivo; (3)
Player, ou jogadores, referente à identificação do Fã com os atletas do Time; (4) Bonding with
Friends, ou conexão com os amigos, referente ao aspecto de convivência social com amigos
por meio do esporte; (5) Bonding with Family, ou conexão com a família, referente ao aspecto
de estreitamento dos laços familiares por meio do esporte; (6) Drama, ou drama, referente ao
51
desejo do Fã de assistir um jogo bem disputado e difícil; (7) Community Support, ou suporte à
comunidade, referente ao espírito de “cidadania esportiva” do Fã em apoiar o time local; (8)
Support Woman’s Sport, ou suporte ao esporte feminino, referente à motivação de suporte às
mulheres, especialmente importante para a pesquisa realizada, que utilizou coleta de dados em
jogos femininos de basquete nos Estados Unidos; (9) Role Model, ou Exemplo, referente à
influência do exemplo das jogadoras no comportamento de crianças e jovens; (10)
Socialization, ou Socialização, referente à interação social com outros Fãs durante os jogos;
(11) Aesthethics, ou Estética, referente ao “estilo” e beleza das jogadas executadas pelas
atletas; (12) Customer Service, ou Serviço ao Cliente, referente aos serviços de alimentação,
cortesia dos funcionários e tratamento geral que o Fã recebe no estádio; (13) Excitement, ou
Excitação, referente ao entusiasmo associado aos jogos esportivos; (14) Entertainment Value,
ou Entretenimento, referente à relação custo-benefício do evento esportivo como opção de
entretenimento; (15) Sport Knowledge, ou Conhecimento Esportivo, referente à busca por
informações esportivas pelos Fãs; (16) Vicarious Achievement, ou Realização com a Vitória,
referente à importância que o Fã atribui à vitória, além da assimilação da vitória do time como
uma vitória “pessoal”, que traz reflexos positivos à autoimagem do Fã; (17) Wholesome
Environment, ou Ambiente, referente aos ao “clima” do estádio nos dias de jogos,
contemplando a diversão e a percepção de ambiente agradável; e (18) Escape, ou Escapismo,
referente à utilização do esporte como meio de fugir da rotina ou dos problemas do dia-a-dia,
ou seja, o uso do esporte como “válvula de escape”. A escala SII é apresentada no Apêndice
4-5.
2.2.4.4. Escala SFQ
A escala Sport Fandom Questionnaire (SFQ) foi proposta por Wann (2002) com o objetivo de
ser uma medida do grau de identificação esportiva do indivíduo. Proposta como uma escala
unidimensional com apenas 5 itens, a escala SFQ se propõe a mensurar o autoconceito que o
indivíduo possui de si mesmo enquanto Fã do esporte. Nesse sentido, a escala SFQ se
diferencia de escalas como a SSIS, a qual foca na conexão psicológica que o indivíduo
estabelece com o time. Para Wann, uma diferença importante da escala SFQ é que ela
considera que “Fã esportivo” é um conceito autodefinido. Tal conceito fica evidente em itens
como “eu me considero um Fã do esporte ‘X”, ou então “meus amigos me consideram um Fã
do esporte ‘X”.
52
Wann utilizou a escala SFQ para explicar o nível de consumo esportivo dos Fãs – leitura de
revistas esportivos, uso de roupas esportivas, horas gastas assistindo esporte na TV, entre
outros. Além disso, o autor também mensurou o grau de identificação com o time através da
escala SSIS. Wann pode então testar a correlação da escala SFQ com a SSIS. Os coeficientes
de correlação foram relativamente altos e estatisticamente significativos. Adicionalmente,
Wann avaliou o poder preditivo das escalas SFQ e SSIS em relação ao consumo esportivo.
Um estudo posterior que investigou a relação entre identificação com o esporte e a saúde
psicológica dos Fãs junto a estudantes universitários, também apresentou uma correlação
significativa entre a identificação com o esporte, mensurada através da escala SFQ, e a
identificação com o time, mensurada através da escala SSIS (WANN, DUNHAM, et al.,
2004). A escala SFQ é apresentada no Apêndice 4-12.
2.2.4.5. Escala PAI
A escala Points of Attachment Index (PAI) foi proposta por Robinson e Trail (2003) a partir
de um estudo que investigou a relação entre os motivos dos Fãs e os diversos elos de ligação
com o esporte. Robinson e Trail identificaram 7 possíveis “elos de ligação”: time, Modalidade
Esportiva, jogadores, técnico, comunidade, universidade e nível do esporte (profissional,
amador e universitário). Assim, a escala PAI foi concebida com 7 dimensões, uma para cada
elo de ligação do Fã com o time. Cada dimensão foi operacionalizada com 3 itens.
Posteriormente, a escala foi replicada em um estudo junto a espectadores da liga universitária
de basquete e futebol americano, apresentando bons indicadores para a escala PAI. Contudo,
foi verificada uma relação fraca entre time e celebridades esportivas (ROBINSON e TRAIL,
2005).
Ainda em 2005, outro estudo focou na avaliação das propriedades psicométricas da escala
PAI. Nessa avaliação, a escala PAI apresentou bons resultados, com alta confiabilidade de
construto. Esse estudo, por outro lado, reportou uma relação moderada e significativa entre a
Modalidade Esportiva e as celebridades esportivas; por outro, verificou uma forte relação
entre a Modalidade Esportiva e o time (KWON, TRAIL e ANDERSON, 2005).
A escala PAI foi utilizada em diversos outros estudos, nem sempre com todas as dimensões
originalmente propostas. Um estudo recente no contexto de endosso de celebridades
esportivas do tênis utilizou uma versão revisada da escala PAI, com itens levemente
53
modificados, contemplando apenas as dimensões Sport e Athlete (BRAUNSTEIN, ZHANG e
TRAIL, 2011). Essa escala foi denominada PAI-r.
A escala PAI é apresentada no Apêndice 4-13, e a escala PAI-r no Apêndice 4-14.
2.2.4.6. Escala PAI-r
A escala PAI-r (BRAUNSTEIN, ZHANG e TRAIL, 2011) foi utilizada em um estudo sobre
patrocínio esportivo, tendo sido proposta como uma adaptação da escala PAI.
Na investigação em que foi utiliza a PAI-r, os autores decidiram utilizar apenas duas das 5
dimensões originais da PAI: Celebridade (Atleta) e Modalidade Esportiva. As demais
dimensões foram eliminadas da escala, uma vez que o contexto desse estudo – realizado com
o Tênis e utilizando como celebridade a tenista Maria Sharapova – não fazia adequada a
utilização das demais dimensões.
Os autores adaptaram os itens da PAI e acrescentaram um item na dimensão Atleta, que foi
mensurada com 4 itens. Assim, a escala PAI-r foi proposta com 7 itens e 2 dimensões.
Os itens da escala original são apresentados no Apêndice 4-14.
2.2.5. Escalas de Identificação com o Time
Nesta seção, é feita uma breve apresentação das principais escalas de identificação com o time
utilizadas na área de Marketing Esportivo. A Tabela 8 apresenta um resumo das escalas
apresentadas a seguir. É importante observar, contudo, que algumas dessas escalas utilizam
termos diferentes de “identificação” em seu nome, como é o caso da escala TL, que utiliza
“lealdade” , ou a escala PCT, que utiliza “comprometimento psicológico”. De toda sorte, ao
revisar o objetivo de mensuração de cada dimensão e a formulação dos itens da escala, pode-
se perceber que há uma sobreposição entre elas e, por isso, resolveu-se incluí-las na revisão.
54
Tabela 8 - Escalas de Identificação com o Time
Ano Abrev. �ome da escala Autor(es)
1993 SSIS Sport Spectator Identification Scale Wann e Branscombe
1995 TL Team Loyalty Wakefield e Sloan
1998 GI Group Identification Fisher e Wakefield
2000 PCT Psychological Commitment to Team Funk, Mahony e Howard
2002 STI Sport Team Identification Kwon e Armostrong
2007 TEAM*ID Team ID Heere e James
2008 ALTS Attitudinal Loyalty to Team Scale Heere e Dickson
Fonte: elaborado pelo autor
2.2.5.1. Escala SSIS
A escala Sport Spectator Identification Scale (SSIS) foi uma das primeiras escalas de
identificação com o time publicadas na área do Marketing Esportivo. Publicada em 1993 por
Wann e Branscombe, a escala SSIS foi utilizada em dezenas de estudos, sendo uma das
escalas com maior número de citações nos estudos revisados.
A escala SSIS foi proposta a partir de dois estudos que relacionaram a identificação de Fãs de
esporte universitário com o time esportivo com as atribuições internas e externas feitas pelos
Fãs nas vitória e nas derrotas do time. O primeiro estudo mostrou um bom grau de
confiabilidade da escala e apontou sua unidimensionalidade. O segundo estudo foi realizado
após um ano, compreendendo o procedimento de teste-reteste, e validou os bons indicadores
encontrados no primeiro estudo. Depois disso, a escala foi utilizada em diversas outras
investigações.
Composta por 7 itens, a SSIS foi operacionalizada como uma escala intervalar tipo Likert. A
escala SSIS inclui itens como “quão importante é a vitória do seu time?”, “quão importante é
para você ser Fã do seu time?” e “quão intensamente você desgosta do maior rival do seu
time?”, entre outros. Contudo, a escala SSIS também inclui alguns itens associados ao
consumo do evento esportivo, como, por exemplo “quão frequentemente você utiliza
publicamente roupas com o logotipo do seu time?”. A escala SSIS é apresentada no Apêndice
4-15.
55
2.2.5.2. Escala TL
A escala Team Loyalty (TL) foi proposta por Wakefield e Sloan (1995) com o objetivo de
mensurar a lealdade dos Fãs ao time esportivo. Desenvolvida a partir de um estudo que
procurou investigar os fatores antecedentes do consumo do evento esportivo, a escala TL é
uma das mais populares na literatura de Marketing Esportivo em número de citações.
A escala TL foi proposta como uma escala unidimensional, com 3 itens, como “eu gosto que
as outros saibam que eu sou um Fã do meu time” e “na vitória ou na derrota, eu sempre serei
um Fã do meu time” .Wakefield e Sloan (1995) reportaram bons indicadores de
confiabilidade interna da escala TL. Posteriormente, a escala TL foi utilizada por Wakefield e
Wann em investigação sobre o “lado negro” do comportamento dos Fãs, apresentando bons
indicadores novamente (WAKEFIELD e WANN, 2006).
Segundo Wakefield e Sloan (1995), a lealdade do Fã do Esporte ao Time Esportivo,
justamente com outros fatores, como as características do estádio esportivo – como limpeza,
estacionamento, opções de alimentação e comportamento dos Fãs – são bons preditores da
intenção do comparecimento dos Fãs aos eventos esportivos no estádio.
A escala TL é apresentada no Apêndice 4-16.
2.2.5.3. Escala GI
A escala Group Identification (GI) foi proposta por Fisher e Wakefield (1998) com o objetivo
de mensurar o nível de identificação do indivíduo com o grupo – no caso, a afiliação ao time
esportivo. No estudo original, os autores investigaram a identificação de Fãs de dois times
distintos, sendo um time com histórico recente de vitórias, e o outro time com histórico
recente de derrotas. Fisher e Wakefield observaram que os Fãs do time que passava por um
momento de fracasso passaram a apresentar um menor grau de identificação com o time.
Portanto, eles sugeriram que o desempenho do time efetivamente influencia no nível de
identificação do Fã com o Time Esportivo. Porém, ao mesmo tempo, observaram também que
o nível de identificação do Fã com os atletas esportivos aumentou. Ou seja, ao mesmo tempo
em que se observou um efeito negativo das derrotas no nível de identificação com o time,
observou-se um aumento do nível de identificação com os atletas – especialmente os
considerados “mais esforçados”. Assim, os autores sugeriram que nos momentos de derrota
56
pode haver um “deslocamento” da identificação com o time para a identificação com os
atletas.
A escala GI foi proposta como uma escala unidimensional com 5 itens, como, por exemplo:
“apoiar meu time é importante para mim”, “uma das coisas que eu diria aos outros sobre mim
é que sou Fã do meu time” e “ser Fã do meu time é uma parte importante de quem eu sou”.
Os itens da escala GI foram mensurados através de escala intervalar de concordância de 7
pontos, apresentando boa confiabilidade interna. A escala GI é apresentada no Apêndice 4-17.
2.2.5.4. Escala PCT
A escala Psychological Commitment to Team (PCT) foi proposta por Mahony, Madrigal e
Howard (2000) com o objetivo de mensurar a lealdade atitudinal dos Fãs aos times esportivos.
Desenvolvida com base no Paradigma de Lealdade de Backman e Crompton (1991), a escala
PCT foca nos processos psicológicos do Fã, especialmente o “comprometimento
psicológico”.
Mahony, Madrigal e Howard (2000) argumentaram que muitas escalas anteriores que
objetivaram mensurar a lealdade focaram demasiadamente nos aspectos observáveis e os
aspectos comportamentais, negligenciando boa parte dos aspectos atitudinais. Para
desenvolver a escala PCT, Mahony, Madrigal e Howard se basearam na escala Psychological
Commitment Index (PCI) de Pritchard, Havitz e Howard (1999).
Assim, a escala PCT foi proposta como uma escala unidimensional com 14 itens, como “eu
poderia deixar de ser Fã do meu time se o time frequentemente apresentasse um desempenho
ruim”, “eu jamais poderia trocar de time, mesmo que meus melhores amigos virassem Fãs de
outro time” e “ser um Fã do meu time é importante para mim”. No estudo original, a escala
PCT apresentou boa confiabilidade interna. Posteriormente, um estudo mostrou que a escala
PCT estava altamente correlacionada com a escala SSIS (WANN, 2003). Porém, Kwon e
Trail (2003) utilizaram a escala PCT e identificaram problemas na validade de construto, uma
vez que a análise fatorial apontou a existência de 2 dimensões. A escala PCT é apresentada
no Apêndice 4-18.
57
2.2.5.5. Escala STI
A Sport Team Identification (STI) foi proposta por Kwon e Armstrong (2002) como uma
adaptação da Organizational Identification (OID), de Mael e Ashforth (1992), para o contexto
esportivo.
A escala OID havia sido proposta originalmente por Mael e Ashforth (1992) como uma escala
de identificação “organizacional”. Os autores mensuraram o grau de identificação dos alunos
com a instituição de ensino. Mael e Ashforth (1992), de certa forma, introduziram a Social
Identity Theory à área de Comportamento Organizacional através desse artigo.
A escala STI, portanto, consistiu numa adaptação da escala OID por Kwon e Armstrong
(2002). A escala STI foi proposta inicialmente com 10 itens, incluindo itens como “os
sucessos do meu time são meus próprios sucessos”, “quando falo com alguém sobre meu time
normalmente falo ‘nós’ ao invés de ‘eles’ ” e “quando alguém critica meu time, sinto como se
fosse um insulto pessoal”. Contudo, dois anos depois de propor a escala STI, os próprios
autores sugeriram a retirada de 4 itens da escala, pois alguns itens estariam relacionados a
estados emocionais do indivíduo e não aos aspectos cognitivos. Assim, a escala STI acabou
reduzida a 6 itens. A escala STI é apresentada no Apêndice 4-19.
2.2.5.6. Escala TEAM*ID
A escala TEAM*ID foi desenvolvida por Heere e James (2007) com o objetivo de ser uma
escala multidimensional de identificação com o time esportivo. Baseada principalmente em
Luthanen e Crocker (1992) e Ashmore et al (2004), Heere e James utilizaram os construtos
identificados anteriormente por esses autores e operacionalizaram as variáveis, alterando e
incluindo itens.
Heere e James depuraram a escala TEAM*ID, optando por 27 itens em 6 dimensões: (1)
Public Evaluation, referente à percepção do Fã da opinião pública sobre o time esportivo,
com itens como “as pessoas geralmente possuem opiniões favoráveis ao meu time”; (2)
Private Evaluation, referente à percepção individual que o Fã tem do time, envolvendo o
orgulho e satisfação de ser Fã do time, com itens como “eu me sinto bem a respeito do meu
time”; (3) Interconnection of Self, referente à conexão entre o autoconceito do Fã e o time
esportivo, equivalente ao termo attachment, com itens como “quando alguém critica meu
time, sinto como se fosse um insulto pessoal”; (4) Behavioral Involvement, referente ao
58
envolvimento comportamental do Fã, ou seja, o consumo esportivo, com itens como “eu
participo de atividades de apoio ao meu time, como ir aos treinos ou ao jogos no estádio”; (5)
Sense of Interdependence, referente à sensação do conexão de ligação entre o Fã e o time,
com itens como “meu destino pessoal está amarrado ao destino do meu time”; (6) Cognitive
Awareness, referente ao conhecimento cognitivo, mensurando as percepções do Fã sobre a
tradição e desempenho do time através da cognição, com itens como “eu conheço os sucessos
e fracassos do meu time”. A escala TEAM*ID é apresentada pelo Apêndice 4-20.
2.2.5.7. Escala ALTS
A escala Attitudinal Loyalty to Team Scale (ALTS) foi proposta por Heere e Dickson em
2008 com o objetivo de mensurar a lealdade ao time. O foco dos autores foi a concepção da
resistência à mudança como principal elemento de comprometimento atitudinal do Fã de
esportes com seu time.
Heere e Dickson propuseram a separação do construto da lealdade atitudinal da dimensão de
comprometimento psicológico. Segundo os autores, esses construtos possuem naturezas
distintas. O comprometimento psicológico com o time possuiria origem interna ao indivíduo,
enquanto a lealdade atitudinal ao time possuiria origem externa ao indivíduo – seria uma força
“do ambiente”.
Assim, a escala ALTS foi proposta como uma escala unidimensional, com 8 itens. Contudo,
cada item dessa escala foi formulado em referência a uma dimensão específica das escalas
anteriormente propostas: a escala ALTS possui um item para beleza do jogo, um para
fanatismo pelo time, uma para identificação com estrelas esportivas, um para família, um para
realização com a vitória, um para os aspectos sociais com outros Fãs, um para habilidade
física dos jogadores e um para o comprometimento psicológico. A escala contempla itens
como “meu comprometimento com o meu time diminuiria se os jogos fossem ruins de
assistir”, “eu não abandonaria meu time, mesmo que minha família passasse a torcer por outro
time” e “meu comprometimento com o meu time seria menor se o time passasse por um longo
período de derrotas”. A escala ALTS é apresentada pelo Apêndice 4-21.
59
2.2.6. Escalas de Identificação com a Celebridade Esportiva
Nesta seção, é feita uma breve apresentação das principais escalas de identificação com os
atletas ou celebridades esportivos utilizadas na área de Marketing Esportivo. A tabela 9
apresenta as escalas que são discutidas a seguir.
Tabela 9 - Escalas de Identificação do Fã com as celebridades do esporte
Ano Abrev. �ome da escala Autor(es)
1991 SC Source Credibility Ohanian
1998 GMA Group Member Attractiveness Fisher e Wakefield
2001 SSII Sport Spectator Interest Inventory Funk, Mahony et al
2003 PAI Points of Attachment Index Robinson e Trail
2006 FANDIM FA5DIM Mahony
2010 SASP Scale of Star Atletic Power Braunstein, Zhang e
Fonte: elaborado pelo autor
2.2.6.1. Escala SC
A escala Source Credibility (SC) foi proposta por Ohanian (1991) com o objetivo de mensurar
a influência do endosso de celebridades. Embora não tenha sido desenvolvida com o
propósito específico de aplicação no contexto do Marketing Esportivo, foi utilizada em alguns
estudos esportivos nessa área.
A escala SC considera que o endosso das Celebridades é um fenômeno multidimensional. Ou
seja, ao realizar o endosso de propagandas ou campanhas publicitárias, as celebridades podem
“emprestar” 3 atributos: (1) Trustworthiness, ou Confiabilidade; (2) Expertise; e (3)
Attractiveness, ou Atratividade. A Confiabilidade está ligada à capacidade do endossante de
transmitir confiança no produto. Para que isso seja possível, é preciso, antes, que ele,
endossante, seja percebido como alguém em quem se pode confiar. A dimensão de Expertise
está ligada à percepção de competência técnica do endossante. Ou seja, se o endossante for
uma pessoa admirada por possuir uma habilidade técnica diferenciada, essa percepção de
Expertise poderá então ser transmitida ao produto ou serviço endossado. Por fim, a dimensão
60
de Atratividade está ligada à beleza física, elegância e sex appeal que o endossante
“empresta” aos produtos endossados.
E escala SC foi concebida, portanto, como tridimensional, totalizando 15 itens – 5 para cada
dimensão. A escala SC foi originalmente operacionalizada através de diferencial semântico, e
é apresentada pelo Apêndice 4-22.
2.2.6.2. Escala GMA
A escala Group Member Attractiveness (GMA) foi proposta por Fisher e Wakefield em 1998
para mensurar as características aspiracionais de membros do grupo de referência, no caso, os
atletas esportivos para os Fãs. A escala foi elaborada com base no estudo de Cialdini, Borden
et al. (1976).
Cialdini, Borden et al. haviam sugerido que os Fãs esportivos se sentem como parte integrante
do time. Ou seja, apesar de não “entrarem em campo”, os Fãs, em sua fantasia, muitas vezes
agem ou raciocinam como se o time fosse uma extensão de seu self.
A escala GMA foi proposta como uma escala unidimensional, com 4 itens, como “os
jogadores possuem características que os outros admiram” e “os jogadores possuem um estilo
de vida que muita gente gostaria de ter”. No estudo original, a escala apresentou uma
confiabilidade interna aceitável.
A escala GMA é apresentada pelo Apêndice 4-23.
2.2.6.3. Escala SII
A escala Sport Interest Inventory (SII), proposta por Funk, Mahony, Nakazawa e Hirakawa
(2001), incluiu a dimensão “Athlete”, referente à identificação do Fã com o time esportivo.
Essa dimensão foi mensurada a partir de 3 itens, como “eu assisto aos jogos por causa de
jogadores específicos mais do que por causa do time” e “a maior razão pela qual eu assisto
aos jogos é para poder torcer pelos meus jogadores prediletos”.
A escala SII já foi apresentada anteriormente na seção 2.2.4.3, e está também disponível no
Apêndice 4-5. Assim, essa escala não será apresentada novamente nesta seção. Entretanto,
61
julgou-se importante fazer registrar que essa escala contempla uma dimensão para
mensuração da Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva.
2.2.6.4. Escala PAI
A escala Points of Attachment Index (PAI) proposta por Robinson e Trail (2003) inclui uma
dimensão “Player”, referente à identificação do Fã com as celebridades esportivas. A escala
PAI mensurou a Identificação do Fã do Esporte com as Celebridades Esportivas a partir de 3
itens, como “eu me identifico com os jogadores individuais do time” e “eu me considero mais
Fã de alguns jogadores do que do time como um todo”.
Como a escala PAI já foi apresentada na seção 2.2.4.5, ela não será reapresentada nesta seção.
Os itens originais da escala estão disponíveis no Apêndice 4-13.
2.2.6.5. Escala SASP-CP
A escala Sport Athletic Star Power (SASP-CP) foi proposta por Braunstein e Zhang (2005)
com o objetivo de examinar as dimensões que as “estrelas do esporte” (Celebridades
Esportivas) aportam quando endossam campanhas publicitárias. Neste estudo, os autores
focaram na influência dessas celebridades esportivas no consumo esportivo de jovens
consumidores da “geração Y”.
A escala SASP-CP inclui 40 itens distribuídos em 5 dimensões: (1) Professional
Trustworthiness, ou Confiabilidade Profissional, referente à percepção de que o atleta é
alguém em quem se pode confiar; (2) Likeability Personality, ou Personalidade Agradável,
referente às características agradáveis da personalidade dos atletas, associada principalmente
com atitudes admiráveis: (3) Athletic Expertise, ou Expertise Esportiva, referente à
competência técnica e às habilidades esportivas do atleta; (4) Social Attractiveness, ou
Atratividade social, referente aos aspectos de beleza física do atleta; e (5) Characteristic Style,
ou simplesmente Estilo, referente aos aspectos de beleza não-física, como a elegância no
modo de se vestir e se comportar. Essas 5 dimensões foram testadas como elementos
antecedentes do consumo esportivo de eventos esportivos e produtos esportivos, tendo
apresentado um bom poder preditivo.
A escala SASP-CP é apresentada no Apêndice 4-24.
62
2.2.6.6. Escala FANDIM
A escala FANDIM, proposta por Madrigal (2006), incluiu a dimensão “Personalities”,
referente à atenção do Fã às celebridades esportivas, com itens como “eu presto atenção
apenas nos atletas mais famosos” e “eu me concentro nas celebridades esportivas mais
proeminentes”. Além disso, a escala FANDIM também contempla a dimensão “Physical
Attraction”, referente à Atratividade dos jogadores, com itens como “eu admiro o porte físico
dos atletas enquanto eles jogam” e “eu foco no sex appeal dos atletas enquanto eles
competem”.
A escala FANDIM é apresentada com maiores detalhes na seção 2.3.1.10. Seus itens estão
disponíveis no Apêndice 4-9.
2.3. MOTIVAÇÕES DOS FÃS: CAUSA OU CONSEQUÊNCIA DA IDENTIFICAÇÃO?
Diversos autores investigaram as Motivações dos Fãs de esporte (SLOAN, DAVIS e
SCHWEIGER, 1987; WANN, 1995; ZHANG, PEASE, et al., 1995; KAHLE, KAMBARA e
ROSE, 1996; MILNE e MCDONALD, 1998; TRAIL e JAMES, 2001; FUNK, MAHONY, et
al., 2001; BRISTOW e SCHNEIDER, 2003; MADRIGAL, 2006). A maior parte desses
autores propuseram escalas multidimensionais para mensurar as motivações que levariam os
Fãs a se conectarem com o esporte. Esses estudos sugerem que diversos motivos “explicam” o
envolvimento ou a identificação dos Fãs: beleza percebida da Modalidade Esportiva;
entretenimento proporcionado pelos jogos; drama das partidas; escapismo associado à fuga da
rotina; participação em apostas esportivas; redução do estresse, entre outros. Alguns desses
estudos não apenas identificam os motivos, como também sugerem que esses motivos
influenciam o consumo esportivo – compreendendo desde a compra de artigos esportivos, até
o comparecimento ao estádio. Verifica-se, contudo, que predomina uma abordagem causal
formativa, sugerindo que esses “motivos” levariam o Fã do Esporte a se identificar com o
time, e que a identificação com o time levaria ao Consumo Esportivo.
Contudo, essa abordagem apresenta algumas contradições com as noções estabelecidas na
Social Identity Theory, que serve como referencial teórico para a maior parte desses estudos.
Reed (2002), por exemplo, realizou um estudo de revisão de literatura acerca das origens,
modificações e uso atual da Social Identity Theory e sugeriu que os fenômenos classificados
como “motivações” poderiam ser considerados consequências da Identificação, e não suas
63
causas. Com efeito, Kelman (KELMAN, 1958; KELMAN, 1961) utilizou na sua tipologia
sobre a influência social o termo identificação para descrever as situações em que um
indivíduo adota uma atitude específica por meio da assimilação da influência exercida pelo
agente externo com quem o indivíduo se identifica. A motivação para adotar uma atitude
específica é que essa atitude estabelece uma relação auto-definidora positiva. Tajfel e Turner
(1979; 1985) investigaram os processos cognitivos associados à Identificação, observando
que um simples reconhecimento como membro de uma categoria social seria suficiente para
gerar um viés favorável aos demais membros daquela categoria social. Ainda de acordo com
os autores, a categorização social implicaria em muito mais do que uma série de processos
cognitivos de classificação de eventos, objetos e pessoas, uma vez que contempla valores,
cultura e representações associadas ao indivíduo e ao grupo.
Com efeito, a Social Identity Theory reconhece explicitamente a importância de se considerar
tanto aspectos motivacionais quanto aspectos cognitivos (REED, 2002). Ao discutir a relação
entre a Identificação do indivíduo em um contexto de consumo esportivo, Madrigal (2001)
sugere que, para que a identificação exerça uma influência significativa no comportamento do
consumidor, ele precisa apresentar uma Identificação Social significativa com o objeto,
pessoa ou grupo de referência, e, além disso, a Identidade Social em questão precisa ser
importante para o consumidor.
Assim, a “ativação” da Identidade Social do consumidor é um elemento importante para se
observar o comportamento esperado em termos de consumo. Com efeito, a partir da Social
Identity Theory, observa-se que o comportamento do consumidor pode ser influenciado pela
Identificação que ele mantém, por exemplo, com celebridades esportivas. Esse consumo,
contudo, não compreende apenas bens materiais, como o consumo de artigos esportivos ou o
consumo de eventos esportivos; contempla, também, as relações sociais, as fantasias do Fã do
Esporte e os elementos psicológicos associados ao esporte, os quais são “consumidos” por
meio da Identificação do Fã do Esporte (REED, 2002).
Nesse sentido, Madrigal (2006), por exemplo, concebeu o Consumo do Evento Esportivo
como uma experiência multidimensional, que poderia ser mensurada a partir de construtos de
2a ordem como o Autotelismo e a Auto-apreciação. Madrigal utilizou uma abordagem
reflexiva, hipotetizando que alguns elementos de Identificação derivam do Consumo do
Evento, ao invés da abordagem tradicional formativa. Com efeito, essa questão da concepção
formativa ou reflexiva dos modelos conceituais utilizados enseja uma discussão mais ampla
64
na área de Marketing, visto que não se trata de uma questão específica da área de Marketing
Esportivo.
Jarvis, Mackenzie e Podsakoff (2003) realizaram uma ampla investigação sobre a utilização
de modelos reflexivos e modelos formativos em estudos que utilizaram Modelagem por
Equações Estruturais na área de Marketing, contemplando 178 artigos publicados entre 1982 e
2000 nos 4 periódicos mais bem conceituados da área de Marketing (Journal of Consumer
Research, Journal of Marketing, Journal of Marketing Research e Marketing Science) com o
objetivo de analisar o erro de especificação dos modelos conceituais. Os autores
primeiramente discutiram as características teóricas de modelos formativos e de modelos
reflexivos, incluindo aspectos como covariância, implicação da eliminação de itens de
variáveis latentes, validade nomológica dos construtos, interindependência dos indicadores,
entre outros, resiliência dos indicadores de ajuste do modelo como GFI, CFI, RMSEA frente à
ocorrência de “falsos positivos”; depois sugeriram um “guia prático” com critérios e “regras
de decisão” para orientar os pesquisadores sobre abordagem mais adequada; e, por fim,
investigaram 1.192 construtos em 178 artigos, julgando a adequação da abordagem utilizada
em cada construto individualmente. O resultado encontrado foi que a abordagem de
especificação utilizada foi correta em 71% dos casos e equivocada em 29% dos casos. Dentre
o universo de 839 construtos que os autores julgaram ter sidos especificados corretamente,
810 haviam sido especificados como construtos reflexivos, enquanto os 29 restantes deveriam
ter sido modelados como formativos. Por outro lado, dentro o universo de 353 construtos
modelados incorretamente, 336 eram construtos modelados como reflexivos, mas que
deveriam, segundo os autores, terem sido modelados como formativos.
Esse estudo chama a atenção para a dificuldade de escolha da abordagem do modelo
conceitual utilizado em investigações que utilizam Modelagem por Equações Estruturais. E,
mais do que isso, alerta para o fato de que boa parte da literatura publicada nos melhores
periódicos de Marketing podem conter erros de especificação, conforme suportado por Jarvis,
Mackenzie e Podsakoff (2003).
A dificuldade de escolha da abordagem reflexiva ou formativa no contexto da discussão dos
processos de Identificação, Atitude e Comportamento pode estar associada à dificuldade de se
estabelecer uma hierarquia de ocorrência entre os fenômenos tipicamente estudados. Ou seja,
ao conceber um modelo conceitual para ser testado empiricamente, hipotetizando relações
causais, o pesquisador precisa especificar a ordem de influência entre as relações de
Identificação, Atitude e Comportamento.
que é causa e o que é consequência?
Além disso, em situações em que a atitude
experiências coletivas do indivíduo, estabelecer um ponto “inicial” pode se tornar ainda mais
difícil. Nesse contexto, Klandermans, Sabucedo, Rodriguez e Weerd
influência da sensação de identidade coletiva na participação em ações coletivas
um estudo longitudinal. Ou seja, o efeito da identificação no comportamento. Os autores
observaram que determinadas situações ou contextos podem trazer à tona a identidade
coletiva de um grupo de pessoas, tornando mais saliente a identificação com o grupo. Essa
saliência, então, influencia os indivíduos a agir como membros do grupo, como por exemplo
nos casos de protestos ou passeatas. O estudo s
influencia uma pré-disposição ou atitude em relação
essa atitude então influencia o
defendem, porém, que o componente comportamental
identificação com o grupo influencia
ações coletivas influenciaria
por esse estudo, foi elaborada a Figura 2, que ilustra a recur
Identificação, Atitude e Comportamento.
Figura 2 – Relação
Fonte: elaborado a partir de Klandermans
Essa noção de recursividade entre relações tipicamente
também foi discutida no contexto do Marketing Esportivo.
investigou a relação de causalidade entre
comparecimento dos Fãs ao estádio
Identificação, Atitude e Comportamento. Com efeito, cabe perguntar: o que vem primeiro? O
que é causa e o que é consequência?
Além disso, em situações em que a atitude individual é significativamente influenciada pelas
experiências coletivas do indivíduo, estabelecer um ponto “inicial” pode se tornar ainda mais
Nesse contexto, Klandermans, Sabucedo, Rodriguez e Weerd (2002)
de identidade coletiva na participação em ações coletivas
. Ou seja, o efeito da identificação no comportamento. Os autores
observaram que determinadas situações ou contextos podem trazer à tona a identidade
grupo de pessoas, tornando mais saliente a identificação com o grupo. Essa
saliência, então, influencia os indivíduos a agir como membros do grupo, como por exemplo
otestos ou passeatas. O estudo suportou que o senso de identidade coletiva
disposição ou atitude em relação a execução de uma ação específica, e que
então influencia o comportamento ou engajamento na ação coletiva. Os autores
defendem, porém, que o componente comportamental pode agir em duas direçõ
identificação com o grupo influenciaria a participação em ações coletivas e a participação em
ria a identificação com o grupo. A partir dos resultados suportados
por esse estudo, foi elaborada a Figura 2, que ilustra a recursividade da relação entre
Identificação, Atitude e Comportamento.
elação circular entre Identificação, Atitude e Comportamento
Fonte: elaborado a partir de Klandermans et al (2002)
Essa noção de recursividade entre relações tipicamente modeladas como unidirecionais
também foi discutida no contexto do Marketing Esportivo. Horowitz
investigou a relação de causalidade entre desempenho do time e a frequência de
ao estádio. A autora realizou o procedimento Granger
65
Com efeito, cabe perguntar: o que vem primeiro? O
individual é significativamente influenciada pelas
experiências coletivas do indivíduo, estabelecer um ponto “inicial” pode se tornar ainda mais
(2002) investigaram a
de identidade coletiva na participação em ações coletivas por meio de
. Ou seja, o efeito da identificação no comportamento. Os autores
observaram que determinadas situações ou contextos podem trazer à tona a identidade
grupo de pessoas, tornando mais saliente a identificação com o grupo. Essa
saliência, então, influencia os indivíduos a agir como membros do grupo, como por exemplo
uportou que o senso de identidade coletiva
uma ação específica, e que
omportamento ou engajamento na ação coletiva. Os autores
agir em duas direções: a
participação em ações coletivas e a participação em
a identificação com o grupo. A partir dos resultados suportados
sividade da relação entre
entre Identificação, Atitude e Comportamento
s como unidirecionais
Horowitz (2007), por exemplo,
do time e a frequência de
edimento Granger-causality,
66
utilizando uma série histórica com resultados de público no estádio e desempenho de 29 times
da liga principal de Baseball dos Estados Unidos. O estudo suportou a hipótese de que a
relação entre o desempenho do time e a frequência de comparecimento dos Fãs é bi-
direcional, ou seja: quanto melhor o desempenho do Time Esportivo, maior será a frequência
dos Fãs Esportivos; quanto maior a frequência dos Fãs do Esporte, melhor é o desempenho do
Time Esportivo. Ou seja, ambas as hipóteses foram suportadas, sugerindo, mais uma vez, um
questionamento acerca da concepção unidirecional dos fenômenos sociais associados à
Identificação, Atitude e Comportamento.
Em suma, existe uma lacuna clara na literatura de Marketing Esportivo no que tange à decisão
de se conceber a “motivação” dos Fãs do Esporte como causa da Identificação (modelos
formativos) ou como consequência (modelos reflexivos) da Identificação.
Essa questão conceitual pode ser evidenciada a partir da avaliação crítica de alguns itens
extraídos das escalas de mensuração de “motivações” dos Fãs do Esporte: (a) o sentimento de
realização proporcionado pela vitória do time (escala SNAPS); (b) a consideração de um
evento esportivo na forma de arte (escala SFMS); (c) a necessidade psicológica de
pertencimento ao grupo de Fãs do Esporte (escala MSC); (d) a busca de informações
esportivas pelo Fã (escala SII); (e) a valorização pelo Fã dos aspectos históricos do time ou da
tradição do esporte (escala SFMS-2); (f) a utilização do esporte como meio de interação com
outros Fãs (escala SCM); ou ainda (g) a valorização ou reconhecimento do esforço do time,
independentemente do resultado da partida (escala SCM). Todos esses itens seriam
mensuradores de causas (motivações) para a Identificação do Fã do Esporte ou, ao contrário,
seriam manifestações, reflexos, consequências da identificação do Fã do Esporte?
A seguir, são apresentadas as principais escalas de mensuração de “motivação” dos Fãs do
Esporte identificadas na literatura.
2.3.1. Escalas de Motivação
Nesta seção, é feita uma breve apresentação das principais escalas de motivação utilizadas na
área de Marketing Esportivo. A Tabela 10 mostra um resumo das escalas apresentadas a
seguir, em ordem cronológica.
67
Tabela 10 - Escalas de Identificação do Fã com o esporte
Ano Abrev. �ome da escala Autor(es)
1987 SNAPS Sports 5eeds for Achievement and
Power Scale Sloan, Davis e Schwieger
1995 SFMS Sport Fan Motivation Scale Wann
1995 SDMI Sport Decision Making Inventory Zhang, Pease, Hui e Michaud
1996 FAM Fan Attendance Motivations Kahle, Kambara e Rose
1998 MSC Motivations od the Sport Consumer Milne e McDonald
2001 MSSC Motivation Scale for Sport Consumption Trail e James
2001 SII Sport Interest Inventory Funk, Mahony, Nakazawa e Hirakawa
2003 SFMS-2 Sport Fan Motivation Scale Bristow e Schneider
2003 SCM Sport Consumption Motives James e Ross
2006 FANDIM FA5DIM Madrigal
Fonte: elaborado pelo autor
2.3.1.1. Escala SNAPS
Uma das primeiras escalas para mensuração das motivações do Fã de esportes foi a Sports
5eed for Achievement and Power Scale (SNAPS) proposta por Sloan, Davis e Schwieger, em
1987 (IZZO, MUNTEANU, et al., 2010). Sloan et al. (1987) investigaram os motivos que
explicariam o engajamento dos Fãs com o esporte e sugeriram 5 dimensões: (1) Salubrius
Effects, ou alívio físico e mental, resultado tanto da prática esportiva quanto do engajamento
como espectador esportivo; (2) Stress and Stimulation Seeking, ou alívio do estresse e busca
de excitação, que seria, por um lado, o uso do esporte como um “gerador de adrenalina” , e,
por outro, como “absorvedor de estresse”; (3) Agression and Catharsis, ou canalização da
violência, representando o uso potencial do esporte para absorver os instintos violentos
sublimados ou reprimidos no dia-a-dia, os quais, através do esporte, poderiam ser “liberados”,
principalmente nos estádios; (4) Entertainment, ou Entretenimento, que seria a derivação de
prazer do envolvimento com o esporte, estando associada principalmente à beleza do esporte
e ao seu valor artístico; e (5) Vicarious Achievement, ou Realização com a Vitória, que seria a
importância dada pelo Fã à vitória do time esportivo para o qual ele torce. Assim, a escala
SNAPS configurou uma das primeiras tentativas de mensuração das motivações dos Fãs
68
esportivos utilizando diversas motivações – ou seja, uma abordagem multidimensional.
Contudo, a escala SNAPS teve uma repercussão muito limitada na literatura, tendo sido
utilizada ou citada em poucos estudos.
2.3.1.2. Escala SFMS
A escala Sport Fan Motivation Scale (SFMS) foi proposta por Wann (1995) a partir de um
estudo conduzido junto a estudantes de graduação. A escala foi proposta para contemplar as
motivações associadas ao consumo esportivo. O autor sugeriu a existência de 8 “motivos”:
(1) Eustress, uma forma positiva de estresse, referente à busca de estímulo e excitação através
do esporte, contendo itens como “eu gosto dos estímulos que sinto assistindo esportes”; (2)
Entertainment, ou entretenimento, com itens como “para mim, assistir esportes é
simplesmente uma forma de entretenimento”; (3) Escape, ou escapismo, referente à fuga da
rotina e esquecimento dos problemas do dia-a-dia, com itens como “um dos maiores motivos
pelos quais eu assisto, leio e discuto esportes é porque me dá uma oportunidade de
temporariamente esquecer os problemas da vida”; (4) Self-Steem Benefits, ou benefícios para
a autoestima, com itens como “um dos maiores motivos pelos quais eu assisto, leio e discuto
esportes é porque fazer isso me faz sentir bem quando o meu time vence”; (5) Aesthetics, ou
beleza do jogo, referente ao valor artístico do esporte, com itens como “eu gosto de assistir a
eventos esportivos porque para mim eles são uma forma de arte”; (6) Group Affiliation, ou
Afiliação ao Grupo, com itens como “um dos maiores motivos por que assisto, leio ou discuto
esportes é porque eu sou o tipo de pessoa que gosta de estar junto com outras pessoas”; (7)
Economic, ou dimensão Econômica, referente a participação em apostas ou “bolões”, com
itens como “ganhar apostas e ganhar dinheiro é a parte mais prazerosa de ser um Fã de
esportes”; (8) Family, ou Família, com itens como “eu gosto de assistir, ler e discutir esportes
porque isso me dá uma oportunidade de estar com minha família”.
A Escala SFMS contempla 8 dimensões, totalizando 23 itens, medidos através de uma escala
de concordância com 8 pontos, com âncoras em polos opostos “isso não me descreve em
nada” e “isso me descreve muito bem”. Wann também incluiu a mensuração do nível de
identificação dos Fãs e encontrou uma relação alta e estatisticamente significativa entre as
motivações dos Fãs e a identificação com o esporte. O autor testou diversas modalidades
esportivas nesse estudo e identificou que cada modalidade apresentou escores diferentes para
cada uma das 8 dimensões motivacionais. Com base nesses resultados, Wann sugeriu que os
69
Fãs de cada Modalidade Esportiva atribuem importâncias “diferentes” às dimensões
propostas. O futebol americano, por exemplo, apresentou o maior coeficiente de Estímulo e
Excitação, o Golf o maior de Beleza Artística e o Boxe o maior de Apostas. A escala SFMS é
apresentada no Apêndice 4-1.
2.3.1.3. Escala SDMI
Zhang, Pease, Hui e Michaud, (1995) investigaram os fatores motivadores para o
comparecimento dos espectadores esportivos aos jogos da liga norte-americana de basquete, a
NBA. Os autores conduziram inicialmente um estudo exploratório e identificaram diversos
motivos potenciais. Então, conduziram um estudo para propor a escala Sport Decision Making
Inventory (SDMI), que após a depuração dos itens, foi proposta com 4 dimensões: (1) Game
Promotions, ou Promoções relacionadas ao jogo, referente a itens como o preço do ingresso;
(2) Home Team, ou o “time da casa”, referente ao entusiasmo do Fã em relação ao seu time –
incluindo a percepção de “qualidade”; (3) Opposing Team, ou “time adversário”, referente à
percepção de qualidade do time adversário, o que constituiria um indicador da importância e
potencial de “espetáculo” do evento esportivo; e (4) Schedule Convenience, ou conveniência
da data do jogo, com itens relacionados à data e horário do jogo – por exemplo, se o evento
seria realizado num dia de semana ou final de semana, e em qual horário.
Assim, a escala SDMI foi proposta com um total de 14 itens e testada como potencial
preditora das motivações do Fã do Esporte para comparecer ao evento esportivo. A escala
SDMI diferencia-se da escala SFMS por focar em dimensões situacionais, ou seja,
relacionadas a características do evento esportivo em si – como a questão da conveniência e a
percepção de “espetáculo” – , enquanto a escala SFMS contempla motivações intrínsecas ao
Fã, relacionadas a características psicológicas ou sociais do Fã – como a dimensão de
Escapismo e a Realização com a Vitória. A escala SDMI é apresentada no Apêndice 4-2.
2.3.1.4. Escala FAM
Kahle, Kambara e Rose (1996) desenvolveram uma escala para mensurar os motivos que
levam os Fãs de futebol americano a comparecer aos eventos esportivos no estádio, utilizando
como referência teórica a Teoria da Atitude de Kelman (1958; 1961), que versa sobre os 3
processos de assimilação da influência social pelo indivíduo: internalização, identificação e
conformidade. Assim, Kahle, Kambara e Rose (1996) propuseram uma escala de motivações
70
com 7 dimensões: (1) Compliance, ou conformidade, com itens como “eu apenas vou ao
estádio quando meus amigos vão”; (2) Obligation, referente ao sentimento de obrigação do
Fã, com itens como “as pessoas possuem uma obrigação de oferecer suporte ao time de
futebol local”, associados principalmente ao senso de comunidade ou “cidadania esportiva”
norte-americana; (3) Camaraderie, ou camaradagem, referente à integração social entre os
Fãs, com itens como “eu teria uma maior propensão a assistir aos jogos ao vivo se houvessem
mais atividades integradoras e que contribuíssem para o espírito do jogo”; (4) Internalization,
referente ao processo de assimilação da influência social através da internalização da
Identidade Esportiva, com itens como “futebol é um bom entretenimento”; (5) Unique Self-
Expression Experience, ou Experiência Autoexpressiva do Fã, relacionada ao desejo dos Fãs
de utilizar o esporte como uma maneira de viver sua vida “do seu jeito”, atribuindo
características de realização pessoal e excitação ao esporte, com itens como “assistir futebol
ao vivo no estádio é mais excitante do que assistir pela TV”; (6) Identification with Winning,
ou Identificação com a vitória, relacionada ao efeito positivo da vitória do time no
autoconceito individual do Fã, com itens como “eu teria uma maior propensão a ir aos jogos
se o time tivesse um histórico de vitórias melhor”; e (7) Self-Defining Experience, ou
Experiência Autodefinidora, referente à experiência proporcionada pelo evento esportivo,
associada à criação de fantasias na mente do Fã, com itens como “quando eu assisto a jogos
de futebol americano, imagino que eu mesmo estou competindo”.
A escala FAM foi operacionalizada utilizando uma escala de concordância com 9 pontos. Das
7 dimensões propostas, três seriam construtos de 1a ordem (Camaradagem, Internalização e
Experiência Autoexpressiva), e as 4 restantes seriam fatores antecedentes. Kahle, Kambara e
Rose aferiram um poder preditivo da escala e sugeriram que a dimensão com maior poder
preditivo do comparecimento dos Fãs ao estádio é a Internalização. Além disso, afirmaram
que os Fãs que vão ao estádio motivados pelo desejo de uma autodefinição positiva e buscam
principalmente a vitória do time, excitação e celebridades do esporte, não possuem uma alta
lealdade atitudinal. A escala FAM é apresentada no Apêndice 4-3.
2.3.1.5. Escala MSC
Milne e McDonald (1998) identificaram diversos motivos que atraem os espectadores e os
praticantes do esporte e propuseram a escala Motivations of the Sport Consumer (MSC). A
escala MSC foi desenvolvida utilizando como referencial teórico a teoria da Hierarquia das
71
Necessidades de Maslow (1943). Milne e McDonald identificaram13 potenciais fatores
motivacionais: (1) Physical Fitness, ou Condicionamento Físico, referente ao envolvimento
com o esporte em virtude das melhorias resultantes da prática esportiva, que seria a principal
motivação para o praticante esportivo; (2) Risk Taking, referente às emoções que o Fã pode
sentir ao se envolver com esportes “desafiadores”, principalmente os esportes “radicais”,
como asa-delta, paraquedas ou outros; (3) Stress Reduction, ou redução do estresse, associado
ao aproveitamento do esporte como meio para “liberação do estresse”; (4) Agression, que
poderia ser traduzido para “agressão”, embora o sentido da dimensão esteja mais próximo à
questão da canalização da violência ou do instinto agressivo dos Fãs através do esporte; (5)
Affiliation, ou afiliação, referente à necessidade “psicológica” de pertencimento ao grupo; (6)
Social Facilitation, ou simplesmente social, referente à interação social proporcionada pelo
esporte, principalmente pelo contato com outros Fãs ou praticantes esportivos; (7) Self-
Esteem, ou autoestima, relacionada aos benefícios que a prática esportiva pode trazer à
autoestima e também aos benefícios que a identificação com um time vitorioso pode trazer ao
autoconceito do Fã; (8) Competition, ou competição, referente principalmente ao engajamento
dos praticantes esportivos em campeonatos esportivos, mas também inclui a entusiasmo dos
Fãs pelos campeonatos; (9) Achievement, ou realização, referente principalmente à
necessidade de auto-realização pessoal, associada ao efeito da vitória do time no autoconceito
do indivíduo; (10) Skill Mastery, ou domínio das habilidade, referente à habilidade dos
jogadores, conceito esse associado à habilidade das celebridades esportivas; (11) Aesthethics,
ou Estética, relacionada à beleza do jogo e seu valor artístico; (12) Value Development,
referente a questão de crescimento pessoal proposto por Maslow; e (13) Self-actualization,
igualmente referente ao “topo da pirâmide” da Hierarquia das Necessidades.
Milne e McDonald conduziram uma Análise fatorial exploratória para verificar a estrutura
fatorial das dimensões e encontraram apenas 4 dimensões, visto que diversos construtos “se
uniram”. A estrutura fatorial dos itens sugeriu, portanto, a classificação das motivações em 4
fatores: (1) bem-estar físico e mental; (2) necessidades sociais; (3) necessidades esportivas; e
(4) necessidades pessoais. A escala MSC é apresentada no Apêndice 4-4.
72
2.3.1.6. Escala SII
A escala Sport Interest Inventory (SII), proposta por Funk, Mahony, Nakazawa e Hirakawa
(2001), incluiu a dimensão “Sport”, referente à identificação do Fã com a Modalidade
Esportiva. Essa escala já foi apresentada anteriormente (vide seção 2.2.4.3), e também está
disponível no Apêndice 4-4. Por isso, a escala SII não será reapresentada nesta seção.
Contudo, julgou-se importante fazer este registro.
2.3.1.7. Escala MSSC
A escala Motivation Scale for Sport Consumption (MSSC), ou Motivações para o Consumo
Esportivo, foi proposta por Trail e James (2001) a partir da revisão crítica de 3 escalas
anteriores: (1) a escala SFMS, de Wann (1995), (2) a escala MSC, de Milne e McDonald
(1998), e (3) a escala FAM, de Kahle, Kambara e Rose (1996). Trail e James testaram a
validade dessas 3 escalas através de uma pesquisa junto a Fãs de baseball nos Estados
Unidos. A partir desses dados, questionaram as propriedades psicométricas dessas escalas,
identificando diversos problemas na formulação de itens e discriminação dos construtos.
Propuseram, então, a escala MSSC, que seria um “aperfeiçoamento” das escalas anteriores.
A escala MSSC foi proposta com 9 fatores motivacionais: (1) Achievement, ou Realização
com a Vitória, referente à importância dada pelo Fã às vitórias do time, uma vez que o Fã
tenderia a perceber as vitórias do time como “suas próprias vitórias”; (2) Aesthethics, ou
beleza do jogo, referente à percepção de valor “artístico” da Modalidade Esportiva em
questão; (3) Drama, ou drama, referente à preferência por jogos difíceis e disputados, que
proporcionem ao Fã sentir “emoção” da partida, como no caso das partidas definidas “nos
últimos minutos”; (4) Escape, ou escapismo, referente à fuga da rotina e uso do esporte como
válvula-de-escape do Fã; (5) Knowledge, ou Conhecimento Esportivo, referente à busca por
informações esportivas pelo Fã, relacionada à aquisição de conhecimento das regras,
estratégias e estatísticas do time; (6) Physical Skills, ou Habilidade Física, referente à
valorização da habilidade dos jogadores, ou seja, sua desempenho; (7) Physical Attraction, ou
Atratividade Física, referente à atratividade física dos jogadores, ou seja, sua beleza ou sex
appeal ; (8) Social Interactions, ou Interação Social, referente aos relacionamentos que o Fã
desenvolve com outros Fãs, ou seja, o convívio social viabilizado por meio do esporte; e (9)
Family, ou Família, referente ao estreitamento dos laços familiares por meio do esporte.
73
Trail e James (2001) compararam os resultados da escala MSSC em relação às escalas
anteriores. Os resultados indicaram que as propriedades psicométricas da escala MSSC seriam
melhores do que as escalas anteriores. Além disso, os autores apresentaram o resultado de
testes não realizados em outros estudos, como o de validade discriminante e validade
convergente dos construtos – defendendo a escala MSSC como uma escala “purificada”,
embora ainda passível de aprimoramento. A escala MSSC é apresentada no Apêndice 4-6.
2.3.1.8. Escala SFMS-2
Bristow e Schneider (2003) propuseram a escala Sport Fan Motivation Scale (SFMS-2) em
um estudo no qual investigaram os motivos que levam os Fães a comparecer aos eventos
esportivos. O estudo foi ralizado junto a estudantes universitários Fãs de hockey amador.
Embora reconheçam a importância de muitas dimensões “motivadoras” identificadas por
outros autores na literatura, Bristow e Schneider optaram por testar empiricamente apenas 3
dimensões, as quais exerceriam uma maior influência no consumo dos eventos esportivos: (1)
Winning, ou Realização com a Vitória, referente ao desejo dos Fãs de presenciar a vitória do
time, dimensão essa que estaria relacionada aos benefícios que a vitória traria à autoestima
dos Fãs, com itens como “uma das coisas que mais importa quando vou a um jogo de hockey
é que o meu time vença o jogo”; (2) Social, dimensão essa relacionada ao convívio social
viabilizado através do esporte, com itens como “para mim, ir a jogos de hockey é uma boa
maneira de passar um tempo com amigos e com minha família”; e (3) History and Tradition,
ou História e Tradição, referente à valorização pelo Fã dos aspectos históricos do time ou a
tradição do esporte, com itens como “fazer parte da tradição de jogos de hockey é um dos
motivos importantes que me levam a comparecer aos jogos de hockey”. A escala SFMS-2 é
apresentada no Apêndice 4-7.
2.3.1.9. Escala SCM
James e Ross (2003) investigaram as motivações dos Fãs de esporte universitário, com foco
em modalidades esportivas com baixa receita oriunda de ingressos (nonrevenue sports), como
atletismo, por exemplo. James e Ross propuseram a escala Sport Consumption Motives
(SCM), com 10 dimensões: (1) Empathy, ou empatia, que mensura o humor do Fã depois das
derrotas do time, ou seja, o desgosto com a derrota; (2) Social Interactions, ou Interações
Sociais, referente a utilização do esporte como meio de interação social com amigos e outros
74
Fãs; (3) Family, ou Família, referente à utilização do esporte para estreitamento dos laços
familiares; (4) Team Effort, ou “garra”, referente à valorização e reconhecimento do esforço
do time, independentemente do resultado da partida; (5) Team Affiliation, ou Identificação
com o Time, referente à importância atribuída pelo Fã ao time como um elemento integrante
de seu autoconceito; (6) Achievement, ou Realização com a Vitória, referente à importância
atribuída às vitórias; (7) Entertainment, ou Entretenimento, referente ao uso do esporte como
um “passatempo” divertido, contemplando seus aspectos lúdicos; (8) Skill, ou habilidade dos
jogadores, referente à admiração da destreza esportiva dos atletas; (9) Drama, referente à
experiência de emoções fortes durante o jogo; e (10) Escape, ou escapismo, referente à
utilização do esporte como válvula-de-escape das atividades do dia-a-dia pelo Fã.
Os resultados dessa investigação apontaram que o interesse de muitos Fãs esportivos pode
estar mais relacionado às dimensões ligadas à Modalidade Esportiva – como drama e
entretenimento – do que às dimensões relacionados ao time. A escala SCM é apresentada no
Apêndice 4-8.
2.3.1.10. Escala FANDIM
Madrigal (2006) investigou a multidimensionalidade do consumo de eventos esportivos e
propôs um conjunto de construtos relacionados a esse consumo, os quais deram origem à
escala FANDIM. Desenvolvida principalmente a partir das proposições de Holt (1995), a
escala FANDIM considera que o consumo de eventos esportivos seria composto por 6
dimensões gerais de 2a ordem, as quais se agregariam em 2 dimensões de 1a ordem:
autotelismo e apreciação. O autotelismo se refere aos aspectos de consumo que teriam
finalidade em si mesmos e a apreciação nos elementos de desempenho do evento,
contemplando as pessoas, atletas e ações do espetáculo esportivo.
As dimensões do autotelismo foram concebidas como elementos do estado psicológico dos
Fãs esportivos capazes de produzir um comportamento constante ou estável no Fã. Ou seja,
não dependeriam de estímulos externos para serem verificados. Assim, a experiência
autotélica estaria relacionada a 3 estados “psicológicos” dos Fãs: (1) Flow, ou desconexão,
referente à sensação de desconexão proporcionada pelo esporte, ou seja, a absorção e a perda
da “noção do tempo”, com itens como “quando assisto aos jogos esportivos, fico tão
absorvido que perco a noção do tempo”; (2) Fantasy, ou fantasia, relacionado ao escapismo,
prazer e relaxamento proporcionados pelo esporte – incluindo a fantasia inconsciente de
75
muitos Fãs de que eles próprios fazem parte do espetáculo esportivo, projetando-se em
campo, com itens como “quando assisto aos jogos esportivos, sonho acordado como se eu
mesmo estivesse em campo”; (3) Evaluation, ou avaliação, referente às expectativas dos Fãs
em relação ao espetáculo esportivo, às normas ou critérios de avaliação e aos juízos de valor
que o Fã faz do evento, com itens como “quando assisto aos jogos esportivos, avalio
criticamente o desempenho do time e/ou dos atletas”.
Já as dimensões de Apreciação, ao invés de focar nos elementos interativos do Fã com o
esporte, enfatizam o consumo do “valor artístico” da Modalidade Esportiva em questão, além
das características pessoais dos atletas que “executam” o desempenho esportivo: (4)
Aesthethics, ou Estética, referente à beleza inerente à Modalidade Esportiva, com itens como
“quando assisto aos jogos esportivos, admiro a beleza do esporte”; (5) Personalities, ou
celebridades esportivas, referente à proeminência de atletas famosos, com itens como “quando
assisto aos jogos esportivos, presto atenção naqueles atletas que são mais conhecidos”; e (6)
Physical Attractiveness, ou Atratividade dos Jogadores, referente à admiração pela beleza
física ou atratividade dos jogadores, com itens como “quando assisto aos jogos esportivos,
admiro o porte físico dos atletas”.
Madrigal realizou 5 estudos para purificar e validar a escala FANDIM. Na forma final, a
escala ficou com 6 dimensões, totalizando 24 itens. A escala FANDIM é apresentada no
Apêndice 4-9.
Assim, finalizou-se a apresentação das escalas de “motivação” dos Fãs esportivos. A seguir,
discute-se a questão do Consumo Esportivo, destacando-se o Consumo do Evento Esportivo.
2.4. CONSUMO ESPORTIVO
O Consumo Esportivo é um dos temas mais importante na área de Marketing Esportivo,
constituindo um dos assuntos de maior relevância gerencial nessa área. Com efeito, um dos
principais objetivos dos pesquisadores nas suas investigações tem sido explicar a relação entre
o consumo esportivo e seus fatores antecedentes (HANSEN e GAUTHIER, 1989; KWON e
ARMSTRONG, 2002; ALI, CORNWELL, et al., 2006; KWAK e KANG, 2009; BAUER,
STOKBURGER-SAUER e EXLER, 2008). Nesta seção, serão apresentados primeiramente os
tipos de consumo esportivo e, depois, algumas escalas de mensuração do consumo esportivo.
76
2.4.1. Tipos de Consumo Esportivo
Os Fãs esportivos podem expressar sua conexão com o esporte através da lealdade atitudinal e
da identificação com o esporte. Contudo, a maior expressão dos Fãs se dá através do consumo
esportivo, pois a própria cultura esportiva é construída através de atividades de consumo,
como é o caso dos padrões atuais de suporte que o Fã oferece ao esporte. Assim, manifestar
interesse ou assistir a um Evento Esportivo pode envolver diversos tipos de padrões de
consumo, como assistir a eventos esportivos “ao vivo” no estádio, assistir a Eventos
Esportivos por meio da TV, acompanhar a programação esportiva no Rádio, ler jornais ou
revistas esportivas e pesquisar informações esportivas por meio da Internet. Além disso, o
envolvimento com o esporte inclui outros tipos de consumo associados ao esporte, como, por
exemplo, frequentar bares ou restaurantes com amigos para assistir a eventos esportivos
(CRAWFORD, 2004).
Fullerton e Merz (2008) identificaram 4 “domínios” do Marketing Esportivo, utilizando como
critérios dois elementos de consumo esportivo: (1) o tipo de produto (que pode ser esportivo e
não-esportivo) e (2) o tipo de estratégia de marketing (que pode ser através da propaganda
tradicional, ou através do patrocínio esportivo). Fullerton e Merz, então, propuseram o
“cruzamento” desses dois elementos, sugerindo os 4 domínios do Consumo no Marketing
Esportivo: (1) domínio baseado no tema, que inclui o uso da propaganda tradicional
promovendo produtos não-esportivos através da associação com o esporte; (2) domínio
baseado no alinhamento, que contempla o uso do patrocínio esportivo para promoção de
produtos não-esportivos; (3) domínio baseado no produto, que aborda o uso da propaganda
tradicional para promover produtos relacionados à prática esportiva; e (4) domínio baseado no
esporte, que utiliza o patrocínio esportivo para promoção de produtos esportivos. Além disso,
os autores ressaltam a importância de se diferenciar o marketing de produtos esportivos (como
ingresso para os jogos, roupas esportivas, equipamentos para a prática de esportes e artigos
licenciados) do marketing de produtos não-esportivos através do esporte (todos os bens não
relacionados a esportes, mas que são promovidos junto aos Fãs através do patrocínio
esportivo e do endosso de celebridades esportivas).
Essa segmentação do consumo esportivo proposta por Fullerton e Merz (2008) é apresentada
na Figura 3.
77
Assim, o consumo esportivo não deveria ser compreendido apenas como um produto final
resultante de um processo de produção, mas também como um processo com participação
ativa do Fã na produção de significados simbólicos associados à construção da identidade do
indivíduo (CRAWFORD, 2004). O nível de identificação dos Fãs é um fator antecedente do
consumo esportivo, e pode ser considerando como um bom preditor (WANN e
BRANSCOMBE, 1993).
Figura 3 – Tipos de Consumo Esportivo
Fonte: Elaborado a partir de Fullerton e Merz (2008)
O Consumo Esportivo, portanto, poderia ser classificado em 4 tipos: (1) consumo de eventos
esportivos, seja através do comparecimento ao estádio, seja através da transmissão pela mídia;
(2) consumo de informações esportivas, que compreende revistas esportivas, jornais, rádio e
busca de informações esportivas na Internet; (3) compra de produtos esportivos, como os
artigos esportivos licenciados pelo time, seja para a prática esportiva seja para o uso casual; e
(4) consumo de produtos não-esportivos porém que utilizam patrocínio esportivo.
78
2.4.1.1. O consumo do Eventos Esportivos
O Evento Esportivo é frequentemente utilizado como a principal variável dependente nos
estudos sobre identificação do Fã com o esporte ou das motivações dos Fãs esportivos. A
maior parte dos estudos utiliza o Attendance, ou “comparecimento ao estádio”, como
indicador de consumo do evento esportivo, utilizando como métrica o número de jogos que o
Fã assistiu no estádio em uma temporada. O evento esportivo, porém, também pode ser
consumido por meio da Mídia. Na verdade, a maior parte das pessoas “consome” o evento
esportivo por meio da TV, rádio ou Internet. Os grandes eventos esportivos, como a Copa do
Mundo FIFA e as Olimpíadas, chegam a alcançar uma audiência de mais de um bilhão de
pessoas. Esse tipo de consumo está associado ao “estilo” de consumo da sociedade atual, que
pode ser considerada uma sociedade com alta demanda pelo “espetáculo” (CRAWFORD,
2004).
É importante considerar que o consumo esportivo não envolve necessariamente um “consumo
material”. Por isso, a audiência pela mídia pode ser considerada um ato de consumo. Além
disso, os Fãs também consomem o esporte quando participam de atos, manifestações ou
torcidas esportivas, produzindo ou “consumindo” músicas, hinos e se engajando nos rituais
associados à cultura esportiva (CRAWFORD, 2004).
2.4.1.2. O consumo de produtos esportivos licenciados
O consumo esportivo também envolve a compra de produtos esportivos licenciados,
conhecidos como Licensed Sports Merchandise (LSM). Os produtos licenciados utilizam o
logotipo ou o nome do clube esportivo ou de atletas esportivos na sua estratégia de promoção.
Assim, os clubes ou as celebridades esportivas recebem um percentual da venda de produtos
que incluem desde camisetas até mercadorias como souvenir (KWON, TRAIL e JAMES,
2007)
Os produtos esportivos licenciados são uma classe de produtos esportivos bastante suscetível
à compra por impulso. Uma pesquisa sobre a compra por impulso de artigos esportivos
licenciados junto a estudantes universitários mostrou que os artigos esportivos licenciados
possuem diversas características típicas de compra não-planejada: tamanho pequeno, fáceis de
carregar, fáceis de armazenar e leves. Além disso, a compra de artigos esportivos licenciados
com o logotipo, nome ou cores do time, é uma demonstração visível da atitude positiva do Fã
79
em relação ao time, tangibilizando seu grau de identificação com o time (KWON e
ARMSTRONG, 2002).
2.4.1.3. O consumo de Artigos Esportivos
O esporte é uma experiência que é consumida de diversas maneiras, incluindo a mídia,
conversas, redes sociais, presença nos jogos e artigos esportivos. O consumo de Sport Related
Consumer Goods, ou Produtos Relacionados ao Esporte, e Sportswear, ou vestuário esportivo
específico, é um aspecto importante do consumo esportivo. Essas categorias de consumo
incluem produtos utilizados para a prática esportiva, como tênis, chuteiras, camisetas e
acessórios, além de roupas e vestimentas utilizadas no dia-a-dia pelo seu valor fashion, ou de
moda (CRAWFORD, 2004).
O consumo de artigos esportivos é considerado um elemento fundamental do Marketing
Esportivo. Com efeito, Fullerton e Merz (2008), ao segmentar os domínios do Marketing
Esportivo, consideraram duas áreas fundamentais: o Marketing de Produtos Esportivos e o
Marketing de Produtos não-esportivos através do Esporte. A área de Produtos esportivos,
segundo os autores, compreende 3 categorias: (1) Spectator Sports, ou Eventos Esportivos,
referente a todo tipo de consumo que envolve a compra de ingressos para assistir a uma
desempenho esportiva no estádio e também a compra de direitos de transmissão pelo
consumidor, como no caso da audiência por meio de canais esportivos por meio da mídia; (2)
Participation Sport, ou Praticantes Esportivos, referente à pratica de diversas modalidades
esportivas, e (3) Sporting Goods, ou Artigos Esportivos, referente a produtos como tênis,
roupas e acessórios esportivos.
2.4.1.4. O consumo de produtos não-esportivos, mas que utilizam patrocínio esportivo
Essa categoria de consumo inclui produtos não esportivos, como, por exemplo,
eletroeletrônicos, alimentos e até serviços financeiros, os quais não guardam relação direta
com o esporte, porém utilizam o esporte como plataforma para promoção dos produtos, na
maior parte das vezes através do patrocínio esportivo. A utilização do esporte como
“plataforma” comercial é uma estratégia bastante presente na sociedade de hoje
(FULLERTON e MERZ, 2008).
80
2.4.2. Escalas de Consumo Esportivo
Nesta seção, é feita uma breve apresentação das principais escalas de Consumo Esportivo
utilizadas na área de Marketing Esportivo. A Tabela 11 apresenta as escalas que são
discutidas a seguir.
Tabela 11 - Escalas de Consumo Esportivo
Ano Abrev. �ome da escala Autor(es)
1998 GSM Group Support Measures Fisher e Wakefield
2005 ISCBC Intention for Sport Consumption Behavior Scale Trail, Anderson e Fink
2005 SPI Sponsorship-linked Purchase Intent Cornwell e Coote
2006 FISC Formative Index of Sport Consumption Cornwell, Nguyen e Coote
2008 BL Behavioral Loyalty Bauer, Stokburger-Sauer e Exler
Fonte: elaborado pelo autor
2.4.2.1. Escala GSM
A escala Group Support Measures (GSM) foi proposta por Fisher e Wakefield (1998)
juntamente com as escalas Domain Involvement (DI) e Group Member Attraction (GMA)
com o objetivo de constituir uma medida do suporte que os membros oferecem ao seu grupo,
no caso, o suporte dos Fãs de esporte ao time. A escala GSM inclui itens em 3 categorias de
consumo esportivo: (1) comparecimento ao estádio, (2) itens relacionados ao comportamento
do Fã no estádio e (3) posse de artigos licenciados do time. O comparecimento ao estádio foi
mensurado através de variável contínua que indica o número de partidas assistidas no estádio.
Os itens da categoria de comportamento do Fã no estádio estão relacionados ao uso de roupas
ou adereços que demonstram publicamente a identificação do Fã com o time, e são
mensurados por variáveis dicotômicas (tipo “sim” e “não”). Por fim, a categoria de compra de
produtos licenciados indica o comprometimento financeiro do Fã com o time, sendo
mensurados por variáveis contínuas. A escala GSM foi operacionalizada através 9 itens e é
apresentada pelo Apêndice 4-25
81
2.4.2.2. Escala PB-BI
A escala Present Behavior (PB) foi proposta por Fink, Trail e Anderson (2002) juntamente
com a escala Behavioral Intentions (BI) para mensurar diversos aspectos do Consumo
Esportivo. A escala PB foi proposta como uma escala do Consumo corrente do Fã esportivo,
enquanto a escala BI como uma escala de Intenção de Compra futura.
A Escala PB foi proposta contemplando 5 categorias de consumo: (1) Merchandise
Consumption, ou mercadorias, referente a roupas e acessórios de vestuário do time; (2) Print
Media Consumption, ou Consumo de Mídia Impressa, referente à leitura de revistas e jornais
esportivos; (3) TV Media Consumption, ou Consumo de Mídia pela TV, referente à audiência
esportiva através da TV; (4) Wearing Team Paraphernalia, ou Uso de Parafernália do Time,
referente ao uso de roupas e acessórios com o logotipo ou nome do time nos eventos
esportivos; (5) Tracking Statistics, ou Busca de Informações Estatísticas, referente à procura
frequente de informações esportivas sobre o time e os jogadores.
A escala BI foi proposta no mesmo estudo que a PB, com o objetivo de mensurar a intenção
de envolvimento comportamental futuro. Essa escala foi constituída de 3 classes de perguntas:
(1) Continued Loyalty, referente à disposição do Fã de continuar suportando o time; (2)
Attendance Intentions, referente à intenção do Fã de ir aos jogos no estádio; e (3)
Merchandise Consumption Intentions, referente às intenções de consumo de “mercadorias”
ou artigos esportivos, incluindo roupas e acessórios esportivos.
As escalas PB-BI são apresentadas no Apêndice 4-30.
2.4.2.3. Escala FISC
A escala Formative Index of Sport Consumption (FISC) foi proposta por Ali, Cornwell,
Nguyen e Coote (2006) em um estudo que investigou os produtos relacionados ao consumo
esportivo de Fãs de rúgbi. Para investigar o consumo esportivo, os autores propuseram uma
escala do tipo índice com 12 itens escolhidos a partir de entrevistas em profundidade, como
“eu frequentemente compareço a eventos esportivos”, “eu já comprei artigos esportivos do
meu time” e “eu participo de apostas esportivas”.
82
Na etapa de purificação da escala, 8 itens não apresentaram significância estatística. Logo,
esses itens foram eliminados da escala. Os 4 itens restantes foram mantidos. A escala FISC é
apresentada no Apêndice 4-26.
2.4.2.4. Escala SPI
A escala Sponsorship-linked Purchase Intent (SPI) foi proposta por Cornwell e Coote (2005)
para medir a intenção de compra de produtos patrocinados associados ao esporte. A escala
SPI busca mensurar o grau de apoio que o Fã esportivo oferece ao patrocinador esportivo.
Unidimensional, a escala SPI foi formulada com 5 itens, como, por exemplo, “quando um
novo patrocinador passa a apoiar [a corrida] eu mudo minha preferência de compra para
apoiar o novo patrocinador”. A escala SPI é apresentada no Apêndice 4-28.
2.4.2.5. Escala BL
A Escala Behavioral Loyalty (BL) foi proposta por Bauer, Stokburger-Sauer e Exler (2008)
em um estudo que investigou a Imagem da Marca e a Lealdade dos Fãs de times esportivos
profissionais. Combinando medidas de lealdade à marca utilizadas anteriormente por
Homburg e Giering (1999) e medidas relacionadas ao esporte utilizadas por Fink, Trail e
Anderson (2002), a escala BL foi proposta como sendo uma escala unidimensional, com 6
itens. Cada item pode ser utilizado, flexionando o verbo para o presente (para refletir o
consumo atual informado pelo respondente) ou para o futuro (para refletir a intenção de
compra futura), como, por exemplo, o item “eu tenho ido ao estádio ver os jogos do meu time
favorito”, o qual pode ser flexionado para “eu pretendo ir ao estádio ver os jogos do meu time
favorito”.
A escala BL é apresentada no Apêndice 4-29.
2.4.2.6. Escalas GSC-SSC
Braunstein e Zhang (2011) propuseram as escalas General Sport Consumption (GSC) e
Specific Sport Consumption (SSC) no mesmo estudo exploratório em que propuseram a escala
de Identificação com a Celebridade Esportiva SASP-CP. As escalas GSC e SSC foram
utilizadas para mensurar o nível de consumo esportivo “geral” e “específico”
respectivamente. A escala GSC foi proposta com 12 itens e a SSC com 21 itens, ambas
83
medidas através de uma escala intervalar tipo Likert com 9 pontos e âncoras de frequência em
“nunca” e “sempre”.
Ambas as escalas foram propostas como unidimensionais. A escala GSC incluiu itens
referentes ao consumo do esporte através da mídia pela TV, revistas e compras de
equipamentos, além do comparecimento ao evento esportivo. Já a escala SSC incluiu itens
referentes ao consumo esportivo diretamente associado ao uso de celebridades esportivas
como endossantes de propagandas.
As escalas GSC e SSC são apresentadas no Apêndice 4-31.
2.5. CONTRIBUIÇÕES BRASILEIRAS
Teiltenbaum (1997) realizou um estudo exploratório sobre o Marketing Esportivo, focando na
relação entre os clubes de Futebol e as empresas que utilizam o Patrocínio Esportivo como
estratégia de Marketing. Os resultados obtidos por meio de um estudo de casos múltiplos
sugere que um dos principais objetivos das empresas para se engajar nesse tipo de relação é a
obtenção da preferência do consumidor, enquanto para os times é o aumento da receita.
Costa, Rocha e Oliveira (2008) realizaram um estudo sobre os fatores antecedentes e
consequentes da identificação do torcedor com o Futebol no contexto do Patrocínio Esportivo.
Nesse estudo, os autores replicaram no Brasil o modelo conceitual proposto por Gwinner e
Swanson (2003). Os resultados sugeriram que a Identificação do torcedor com o Time
Esportivo influencia positivamente a atitude e o conhecimento em relação aos patrocinadores.
Contudo, os autores identificaram a inexistência de relação entre envolvimento do torcedor
com a Modalidade Esportiva e a Identificação com o Time. Esses resultados, contudo,
contrariam o mainstream teórico de diversos estudos anteriores que suportaram a relação
entre Identificação com a Modalidade Esportiva, Time Esportivo e Celebridade do Esporte
(WANN, 1995; MCDONALD e MILNE, 1997; MADRIGAL, 2006; JAMES e RIDINGER,
2002; HEERE e JAMES, 2007)
Santana e Sobrinho (2008) realizaram um estudo sobre o “amor à marca” no contexto do
Futebol e propuseram um modelo conceitual mensurando a influência do Amor à Marca
(clube de futebol) na Lealdade Comportamental dos Fãs do Esporte e na Comunicação Boca-
a-boca. Nesse estudo, os autores consideraram também a existência de uma variável
mediadora (Lealdade Atitudinal) entre a variável independente e as variáveis dependentes.
84
Contudo, apesar de formular as hipóteses de pesquisa, os autores não testaram o modelo
proposto, e sugeriram que estudos futuros procurassem suportar empiricamente o modelo
sugerido.
Dos Santos (2008) realizou um estudo sobre as torcidas de futebol dos principais clubes
brasileiros e analisou a relação entre o desempenho dos Times Esportivos nos jogos
“clássicos” e a bilheteria e venda de ingressos para esses jogos. Assim, a partir dos dados de
boletins financeiros dos jogos do Campeonato Brasileiro entre 2004 e 2007, o autor propôs
um modelo para valoração das torcidas de futebol, com base no conceito de Customer Equity
Além disso, o autor sugere que o desempenho do time e os jogos clássicos seriam variáveis
mediadoras do Comportamento de Consumo do Evento Esportivo, mais especificamente a
compra de ingressos.
Cáceres (2010) realizou um estudo exploratório sobre paixão e fanatismo por futebol,
investigando a influência do alto envolvimento do Fã do Esporte com o Time Esportivo no
Consumo do Esporte. O autor usou uma definição abrangente de consumo, considerando não
apenas o consumo material, como também o consumo da experiência. Nesse sentido, o autor
destaca diversos tipos de experiências associadas ao Consumo Esportivo, como as
experiências afetivas (emoções), experiências sociais, experiências cognitivas (aprendizado e
descobertas), experiências de identificação (conexão com o time e os outros Fãs) e a
experiência de assistir jogos no Estádio, que proporciona uma experiência holística ao Fã.
Além disso, os resultados sugerem diferenças entre os torcedores “apaixonados” e os
torcedores “fanáticos”. Os torcedores “fanáticos” – aqueles com o nível máximo de
envolvimento com o time – valorizam mais a compra de produtos oficiais ou licenciados,
apresentando um sentimento de orgulho e satisfação por apoiar o clube por meio do consumo.
Além disso, os torcedores fanáticos dariam extrema importância não só ao clube com o qual
se identificam, mas também ao clube rival do seu time, acompanhando os resultados de
ambos os times. Para os torcedores fanáticos, o time tem uma importância muito forte para a
identidade do indivíduo, sendo um aspecto central da sua vida.
Borges e Añaña (2010) investigaram a relação entre Imagem e Marca e a Lealdade dos
torcedores de clubes de futebol. Nesse estudo, os autores replicaram no Brasil o modelo
conceitual proposto por Bauer, Sauer e Exler (2008), relacionando a imagem do clube, o
comprometimento psicológico do torcedor como Time Esportivo e a Lealdade
Comportamental. Os resultados indicaram que a imagem da marca influencia na Atitude do
85
torcedor (grau de comprometimento psicológico com o Time Esportivo) porém não influencia
diretamente no Comportamento do torcedor (concebido como Consumo Esportivo). Portanto,
nesse estudo foi suportada a existência da Atitude do Fã como variável mediadora da relação
entre Imagem da Marca e Consumo Esportivo.
Szuster e Sauerbronn (2010) realizaram um estudo exploratório sobre o Consumo Esportivo
junto a Fãs de Futebol jovens, identificando que o consumo de artigos esportivos do Time
pode ser consumido de três formas: uso esportivo, uso social ou peças de coleção.
Fagundes, Sampaio, Souza e Lara (2010) realizaram uma pesquisa bibliográfica sobre estudos
de Marketing Esportivo publicados no Brasil e concluíram que a publicação no país é
pequena, focada em estudos exploratórios.
Reale (2011) realizou um estudo de inspiração etnográfica para avaliar como a relação entre
os produtores de marketing e os torcedores de futebol influencia o Consumo Esportivo. Os
resultados do estudo sugeriram que a paixão pelo Time Esportivo deveria ser considerada
como a geradora (a causa) do desejo de consumo, e não sua manifestação (consequência).
Nesse sentido, os resultados encontrados pelo autor foram diferentes daqueles propostos por
Belk, Ger e Askegaard (2003).
86
3. MÉTODO
Este capítulo tem por objetivo apresentar o método e especificar detalhadamente os
procedimentos utilizados para a realização deste estudo. Inicialmente, é apresentada a
delimitação do escopo do estudo através da formulação do problema de pesquisa e das
lacunas identificadas na literatura. Então é apresentado o projeto do estudo, contemplando a
abordagem utilizada, a técnica escolhida e o modelo conceitual proposto. Em seguida, é
apresentada a formulação das hipóteses derivadas da literatura. Então é discutida a
operacionalização das variáveis e os procedimentos de coleta de dados. Por fim, são descritos
os procedimentos para a análise dos dados.
3.1. PROBLEMA DE PESQUISA
O presente estudo pretende contribuir para uma melhor compreensão do fenômeno de
Identificação do Fã do esporte com a Modalidade Esportiva, com o Time Esportivo e com as
Celebridades do Esporte, bem como sobre os efeitos da Identificação na atitude e no
comportamento do Fã do esporte em relação ao consumo de eventos esportivos.
Embora já existam diversos estudos sobre a identificação do Fã do esporte (CIALDINI,
BORDEN, et al., 1976; WANN e BRANSCOMBE, 1990; WANN e BRANSCOMBE, 1993;
TRAIL, ANDERSON e FINK, 2005; TRAIL, ROBINSON, et al., 2003) e sobre o consumo
de Eventos Esportivos (WAKEFIELD e SLOAN, 1995; TRAIL, ANDERSON e FINK, 2000;
ROBINSON e TRAIL, 2003; RIDINGER e FUNK, 2006) o presente estudo se torna oportuno
em virtude das seguintes lacunas identificadas na literatura: (a) utilização da Identificação do
Fã com o Time Esportivo como único ou principal elo de ligação do Fã com o esporte,
negligenciando-se, por vezes, a influência da Identificação do Fã com as Celebridades
Esportivas ou a Identificação com a Modalidade Esportiva; (b) predominância de modelos
que consideram apenas a influência direta da Identificação do Fã no comportamento por meio
do Comparecimento ao Estádio, negligenciando o efeito mediador da atitude em relação ao
comparecimento ao Estádio; (c) apesar de diversos estudos identificarem a existência de
diferenças significativas de gênero e faixa etária, essas diferenças são normalmente analisadas
apenas por meio de testes de diferença de médias, sem investigar o potencial efeito moderador
do gênero e da faixa etária na influência da Identificação no Consumo do Evento Esportivo;
(d) utilização típica de modelos formativos que consideram que construtos como Drama,
Beleza, Vitória, Socialização, entre outros, seriam fatores antecedentes da Identificação,
negligenciando a possibilidade
maior parte dos estudos considera apenas a influência unidireciona
Consumo do Evento Esportivo,
seja, a influência do Consumo do Evento Esportivo no nível de Identificação do
apresenta-se, a seguir, uma breve discussão de
3.1.1. O Time como único ou principal elo de ligação
Tipicamente, os modelos utilizados nos estudos de Marketing Esportivo concebem a
Identificação do Fã com o Time como único ou principal elo de ligação
Embora diversos elos de ligação já tenham sido identificados na literatura
Modalidade Esportiva, Celebridade Esportiva, Técnico, entre outros
de escalas de mensuração para cada um deles, divers
absorveram tais contribuições; outr
elos de ligação do Fã com o esporte, apesar das evidências empíricas e do suporte teórico para
tais considerações. Assim, verifica
Time como principal ou único elo entre o
desta pesquisa, hipotetizar a
ligação potencialmente relevantes no co
abordagem do presente estudo em relação aos estudos anteriores consid
literatura.
Figura 4 – Lacuna
negligenciando a possibilidade de que tais construtos sejam reflexos da Identificação;
considera apenas a influência unidirecional da Identificação do
Consumo do Evento Esportivo, negligenciando a teoria que pode suportar o efeito oposto,
seja, a influência do Consumo do Evento Esportivo no nível de Identificação do
se, a seguir, uma breve discussão de cada uma dessas lacunas.
Time como único ou principal elo de ligação
os modelos utilizados nos estudos de Marketing Esportivo concebem a
com o Time como único ou principal elo de ligação
Embora diversos elos de ligação já tenham sido identificados na literatura
, Celebridade Esportiva, Técnico, entre outros – incluindo a proposição
de escalas de mensuração para cada um deles, diversos estudos ignoram ou a
absorveram tais contribuições; outros até questionam a necessidade de se considerar múltiplos
com o esporte, apesar das evidências empíricas e do suporte teórico para
tais considerações. Assim, verifica-se a predominância do uso da Identificação do
Time como principal ou único elo entre o Fã e o esporte. Julgou-se adequado, no contexto
a influência do Time, sem, contudo, negligenciar os demais elos de
ligação potencialmente relevantes no contexto do futebol. A Figura 4
abordagem do presente estudo em relação aos estudos anteriores consid
Lacuna n°1: consideração de um único elo de ligação do Fã
87
de que tais construtos sejam reflexos da Identificação; (e) a
l da Identificação do Fã no
negligenciando a teoria que pode suportar o efeito oposto, ou
seja, a influência do Consumo do Evento Esportivo no nível de Identificação do Fã. Assim,
cada uma dessas lacunas.
os modelos utilizados nos estudos de Marketing Esportivo concebem a
com o Time como único ou principal elo de ligação com o esporte.
Embora diversos elos de ligação já tenham sido identificados na literatura – como Time,
incluindo a proposição
ignoram ou ainda não
s até questionam a necessidade de se considerar múltiplos
com o esporte, apesar das evidências empíricas e do suporte teórico para
uso da Identificação do Fã com o
se adequado, no contexto
do Time, sem, contudo, negligenciar os demais elos de
ilustra a diferença na
abordagem do presente estudo em relação aos estudos anteriores considerados na revisão de
Fã do esporte
88
3.1.2. O efeito Mediador da Atitude do Fã do Esporte
A segunda lacuna identificada se refere à predominância de modelos conceituais que
consideram apenas a influência direta da Identificação do Fã no comportamento de
Comparecimento ao Estádio, negligenciando o efeito mediador da Atitude do Fã na relação
entre Identificação e Comparecimento ao Estádio.
Com efeito, foram encontrados poucos estudos que consideram o efeito Mediador da Atitude
para o Comparecimento ao Estádio. E os estudos que consideram a mediação da atitude, ou
contemplam apenas aspectos psicológicos da conexão do Fã com o esporte, sem focalizar o
Consumo do Evento Esportivo como variável dependente (MAHONY, MADRIGAL e
HOWARD, 2000; HEERE e DICKSON, 2008; HEERE e DICKSON, 2008), ou então
focalizam o Consumo do Evento Esportivo, porém não o relacionam com os diversos elos de
ligação do Fã com o esporte, contemplando aspectos mais relacionados às características do
Estádio (WAKEFIELD e SLOAN, 1995), fora do escopo da Social Identity Theory. A Figura
5 ilustra a abordagem do presente estudo em relação aos estudos anteriores considerados.
Figura 5 - Lacuna n°2: não consideração do efeito mediador da Atitude
3.1.3. O efeito Moderador do Gênero e da Faixa Etária
A terceira lacuna se refere ao efeito Moderador do Gênero e da Faixa Etária. Apesar de
diversos estudos identificarem a existência de diferenças significativas de gênero e faixa
etária no contexto da Identificação do Fã e do Consumo de Evento Esportivo (JAMES e
RIDINGER, 2002; WANN, SCHINNER e KEENAN, 2001; TRAIL, ROBINSON e KIM,
2008), essas diferenças são tipicamente analisadas só por meio de testes de diferença de
médias, sem investigar o potencial efeito moderador do gênero e da faixa etária na influência
da Identificação do Fã no Consumo do Evento Esportivo.
89
A Figura 6 apresenta a abordagem deste estudo versus a abordagem tradicionalmente
encontrada na literatura.
Figura 6 – Lacuna n°3: não consideração do efeito Moderador do Gênero e da Faixa Etária
3.1.4. Modelos Formativos versus Modelos Reflexivos
A quarta lacuna se refere à discussão entre o uso de Modelos Formativos ou Reflexivos na
concepção da Identificação do Fã. Verifica-se na literatura um padrão de utilização de
modelos formativos na concepção da Identificação do Fã com o esporte. Com efeito, diversas
dimensões sabidamente associadas à Identificação do Fã com o esporte, tais como Drama,
Escapismo, Realização com a Vitória ou ainda Socialização, são frequentemente modeladas
como fatores antecedentes da Identificação. Nesses estudos, essas dimensões são
frequentemente denominadas “motivações” do Fã.
Não foram identificados estudos que testassem a hipótese de se conceber tais construtos como
variáveis latentes de 2a ordem. Todavia, identificou-se que a discussão sobre a dificuldade de
decidir por modelos formativos e reflexivos está presente na área de Marketing como um
todo, já havendo inclusive estudos que catalogaram a preferência por um tipo de modelo ou
outro (JARVIS, MACKENZIE e PODSAKOFF, 2003).
Assim, questiona-se, no contexto do presente estudo, se tais dimensões associadas à
Identificação com o esporte seriam efetivamente “motivações” que precedem a identificação.
Segundo Jarvis, Mackenzie e Podsakoff (2003), existem diferenças nas abordagens
tradicionalmente utilizadas na área de Administração e na área da Psicologia. Enquanto a área
de Administração tipicamente utiliza modelos formativos, a área da Psicologia
tradicionalmente explora modelos reflexivos. Assim, verifica-se um potencial dilema para a
concepção dos modelos conceituais, uma vez que ao mesmo tempo em que a área de
Marketing Esportivo busca relevância gerencial, que poderia favorecer o uso de modelos
90
reflexivos, boa parte do referencial de literatura utilizado está baseado na Psicologia, como no
caso da Social Identity Theory, o que poderia sugerir a adequação de modelos reflexivos.
Poder-se-ia argumentar, ainda, que Kelman (1958; 1961), ao conceituar os três processos de
mudança de atitude – Identificação, Internalização e Conformidade, conceitua o processo de
Identificação como aquele em que o indivíduo deriva seu autoconceito da relação que
estabelece com a pessoa, celebridade ou grupo de referência com quem se identifica. O autor
sugeriu que o processo de identificação envolve a exaltação da pessoa ou grupo com quem o
indivíduo se identifica. E, ao exaltar essa pessoa ou grupo, o indivíduo, na verdade, acaba
exaltando a si mesmo. Ou seja, o processo de identificação estaria associado à busca do
aprimoramento do autoconceito. Portanto, se isso é verdade, então é razoável conceber a
Identificação como fator antecedente de outros construtos de 2a ordem, suportando, dessa
forma, a concepção de um modelo reflexivo.
Além disso, diversos estudos suportam a existência dos processos de BIRGing e CORFing no
contexto esportivo (CIALDINI, BORDEN, et al., 1976; WANN e BRANSCOMBE, 1990;
FISHER e WAKEFIELD, 1998). Ou seja, a “exaltação da glória refletida” por meio da
identificação do Fã com o esporte é um processo bastante discutido e aceito na literatura.
Chama a atenção, contudo, o fato de, apesar de tal teoria ser eminentemente reflexiva – ao
ponto de utilizar o termo “Reflected Glory” – , diversos autores conduziram investigações
baseadas nessa teoria, porém concebendo modelos formativos – o que poderia ser considerado
uma contradição. A figura 7 apresenta a abordagem observada neste estudo versus a
abordagem tradicionalmente encontrada na literatura.
Figura 7 – Lacuna n°4: predominância de Modelos Formativos em detrimento de Modelos Reflexivos
91
3.1.5. O Efeito Circular entre Identificação, Atitude e Comportamento
A quinta lacuna se refere ao efeito circular entre Identificação, Atitude e Comportamento do
Fã (Comparecimento ao Estádio).
A maior parte dos estudos considera apenas a influência unidirecional da Identificação do Fã
no Consumo do Evento Esportivo. Contudo, existe suporte teórico para hipotetizar o efeito
oposto: a influência do Consumo do Evento Esportivo na Identificação do Fã. Ou seja, se, por
um lado, se admite que é porque o Fã se identifica com o esporte que ele vai ao estádio, por
outro, também é razoável admitir que, uma vez que o Fã vai ao estádio, ele passa a se
identificar ainda mais com o esporte. Ou seja, pode-se argumentar que existe uma relação
circular de causa e efeito, a qual é pouco discutida na literatura.
Não foram encontradas investigações que concebessem o teste de modelos alternativos,
considerando a recursividade da relação entre Identificação e Consumo do Evento. Por isso,
em virtude do caráter transversal do presente estudo, concebeu-se um modelo conceitual de
acordo com o mainstream teórico que considera o efeito da Identificação no Consumo
Esportivo. Todavia, de forma exploratória, buscou-se discutir o efeito da retroalimentação
potencialmente gerada pelo Comparecimento ao Estádio no grau de Identificação do Fã.
A Figura 8 apresenta esse lacuna, destacando a diferença do presente estudo em relação aos
estudos anteriores.
Figura 8 – Lacuna n°5: não consideração da relação circular entre Identificação, Atitude e Comportamento
Dessa forma, o presente estudo identificou 5 lacunas na literatura de Marketing Esportivo, as
quais são resumidamente apresentadas na Tabela 12.
92
Tabela 12 – Resumo das Lacunas identificadas na literatura e diferencial do presente estudo
# Elemento de comparação Abordagem dos estudos
anteriores Abordagem utilizada no presente estudo
(1) Elos de ligação do Fã com o esporte
Foco no Time Consideração do Time, Modalidade Esportiva e Celebridade Esportiva
(2) Influência da Identificação no Consumo Esportivo
Direta Direta e Indireta (por meio da Atitude em relação ao Estádio)
(3) Concepção das dimensões Drama, Escapismo, etc.
Formativa (antecedentes da Identificação)
Reflexiva (reflexos da Identificação)
(4) Teste das diferenças de gênero e faixa etária
Teste de diferenças de média Teste Multi-Grupos do efeito Moderador
(5) Relação entre Identificação e Consumo do Evento
Unidirecional, da Identificação para o Consumo
Circular entre Identificação, Atitude e Consumo do Evento, porém considerando a direção da Identificação para o Consumo.
3.2. OBJETIVOS DO ESTUDO
O objetivo geral do presente estudo foi formulado da seguinte forma: em que medida a
Identificação do Fã do esporte com a Modalidade Esportiva, com o Time e com a
Celebridade do Esporte influencia a Atitude e o Comportamento de Consumo do Evento
Esportivo do Fã do Esporte.
Esse objetivo geral pode ser traduzido em 6 questões específicas, as quais são apresentadas a
seguir.
3.2.1. Questões Específicas do Estudo
O problema de pesquisa supra enunciado foi decomposto nas seguintes questões específicas:
Questão 1: A Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade Esportiva, com o
Time e com a Celebridade Esportiva influencia a Atitude e o Comportamento de
Consumo de Eventos Esportivos?
Questão 2: O Desempenho do Time Esportivo influencia o Comportamento de
Consumo de Eventos Esportivos?
93
Questão 3: O Gênero e a Faixa Etária do Fã do Esporte influenciam a
Comportamento de Consumo de Eventos Esportivos?
Questão 4: A Identificação do Fã do Esporte com o Time influencia o sentimento
de realização com a vitória do time, o prazer proporcionado pela socialização
com outros Fãs do Time e a busca de informações esportivas sobre o time?
Questão 5: A Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade Esportiva
influencia a percepção da beleza, a apreciação do drama e o sentimento de
escapismo proporcionados pelo Consumo do Evento Esportivo?
Questão 6: A Identificação do Fã do Esporte com a Celebridade Esportiva
influencia a percepção de confiabilidade, expertise e atratividade da Celebridade
Esportiva?
3.2.2. Delimitação do Escopo do Estudo
Apresenta-se, nesta seção, a delimitação do escopo deste estudo. Para definir as fronteiras do
estudo, foram consideradas 4 restrições.
Em primeiro lugar, decidiu-se restringir o estudo a uma Modalidade Esportiva específica, no
caso, o Futebol, sabidamente o esporte mais popular do Brasil. Adicionalmente, focalizou-se
o Futebol masculino profissional, considerando-se apenas os times da série “A” do
Campeonato Brasileiro como universo de escolha de possíveis times.
Em segundo lugar, decidiu-se entrevistar apenas os indivíduos que se declararam torcedores
de times específicos. Ou seja, não foram abordados indivíduos que pudessem apresentar
comportamento de consumo do evento esportivo, porém que não tivessem uma ligação
emocional ou atitudinal com o time.
Em terceiro lugar, não foram considerados outros fatores antecedentes do Consumo do Evento
Esportivo que não os associados à Identificação do Fã do esporte com a Modalidade, com o
Time e com a Celebridade Esportiva. Assim, não foram considerados elementos específicos
dos Eventos Esportivos, como os aspectos de promoção do evento, conveniência da data ou
horário dos jogos, “atratividade” do time adversário (ZHANG, PEASE, et al., 1995).
Tampouco foram considerados elementos do Estádio, que sabidamente influenciam a atitude e
94
comportamento de Consumo do Evento Esportivo, como a facilidade de estacionamento,
limpeza, segurança, serviços associados (WAKEFIELD e SLOAN, 1995).
Em quarto lugar, não foram considerados outras variáveis sócio-demográficas que não o
Gênero e a Faixa Etária, como, por exemplo, o nível sócio-econômico do Fã.
3.3. NATUREZA DO ESTUDO
3.3.1. Técnica de Pesquisa
O presente estudo adotou a abordagem causal. A abordagem causal caracteriza-se por
explicitar as premissas, variáveis utilizadas e relacionamentos hipotetizados. Com isso,
minimiza a ambiguidade em relação às proposições do pesquisador. Essa abordagem também
confere um certo grau de precisão ao esforço de proposição teórica e permite o pesquisador a
representar melhor processos sociais e psicológicos complexos, aproximando-os da realidade
social. A abordagem causal está alinhada à corrente de pensamento hipotético-dedutiva, a
qual destaca a formulação prévia de hipóteses de pesquisa, para, só depois, realizar a escolha
das variáveis e a coleta de dados. Assim, é seguido um processo de pesquisa científico que
contempla tanto a face de ciência teórica, com a proposição de hipóteses e teorias, quanto a
face de ciência descritiva, que registra os fatos (BAGOZZI, 1980). Dada a natureza
explicativa deste estudo, adotou-se a técnica de Survey para a coleta de dados.
3.3.2. Unidade de Análise
O que se pretende investigar por meio deste estudo é a percepção do indivíduo sobre o seu
nível de Identificação com a Modalidade Esportiva, Time Esportivo e Celebridade Esportivas,
além de sua atitude e comportamento em relação ao Consumo de Eventos Esportivos. Logo, a
unidade de análise deste estudo é o indivíduo. O Referencial Teórico utilizado neste estudo
tem origem principalmente na Psicologia e na “Psicologia social”, cujo o foco é o indivíduo.
3.4. MODELO CONCEITUAL
Para responder às perguntas formuladas no presente estudo, foi proposto um modelo
conceitual de pesquisa (ver Figura 9), elaborado com base no Referencial Teórico.
Figura 9 – Modelo Conceitual e Hipóteses de Pesquisa
96
3.4.1. Variáveis do Estudo
O presente estudo articula 5 tipos de variáveis: (a) variáveis dependentes, (b) variáveis
mediadoras, (c) variáveis independentes (d) variáveis moderadoras e (e) variáveis de controle.
A variável dependente do estudo é o Consumo do Evento Esportivo por meio do
Comparecimento do Fã do esporte ao Estádio.
A Atitude em relação ao Estádio, no presente estudo, foi modelada como variável mediadora
entre a Identificação do Fã do esporte e o Consumo do Evento Esportivo.
Foram consideradas três variáveis independentes: (a) a Identificação do Fã com a Modalidade
Esportiva; (b) a Identificação do Fã com o Time Esportivo; e (s) a Identificação do Fã com as
Celebridades Esportivas.
As variáveis demográficas consideradas, gênero e faixa etária, foram modeladas neste estudo
como variáveis moderadoras da influência da Identificação do Fã do esporte na Atitude e no
Comparecimento ao Estádio.
Uma vez que o contexto de vitórias ou derrotas de um time esportivo pode exercer influência
no nível de identificação do Fã do esporte (WANN e BRANSCOMBE, 1990) e ainda no seu
comportamento de Consumo de Eventos Esportivos (FISHER e WAKEFIELD, 1998;
WAKEFIELD e SLOAN, 1995), no presente estudo, o Time Esportivo foi considerado como
variável de controle da amostra.
Além disso, uma vez que estudos anteriores também sugerem a existência de diferenças entre
distintas modalidades esportivas (WANN, GRIEVE, et al., 2008), decidiu-se controlar a
variável Modalidade Esportiva. Dessa forma, embora o modelo conceitual proposto tenha sido
formulado com o intuito de se adequar a diversas modalidades esportivas, no presente estudo
optou-se pelo controle da amostra, restringindo-se a coleta de dados a Fãs de futebol, a fim de
se garantir a homogeneidade da amostra.
Já a variável de controle utilizada foi o time. Essa escolha foi feita para “isolar” o efeito da
diferença de desempenho dos dois times utilizados na amostra no grau de identificação do
torcedor ou nos elos de ligação.
97
3.5. HIPÓTESES DE PESQUISA
Conforme ilustrado na Figura 9, o modelo conceitual elaborado a partir da revisão de
literatura foi elaborado com 9 hipóteses de pesquisa, as quais são descritas a seguir.
3.5.1. Hipótese H1
A primeira hipótese de pesquisa está relacionada à associação entre a Identificação do
Torcedor com o Esporte e a Atitude em relação ao Consumo Esportivo. Considera-se,
portanto, o efeito mediador da Atitude na relação entre da Identificação e o Consumo do
Evento Esportivo.
Gwinner e Swanson (2003) investigaram os efeitos da identificação do Fã do esporte no
contexto do patrocínio esportivo e propuseram um modelo, considerando que a Identificação
com o Time influencia a Atitude do Fã em relação aos patrocinadores, encontrando resultados
estatisticamente significativos. Assim, os autores suportaram que a Identificação influencia
elementos atitudinais no contexto do Consumo Esportivo. Em outro estudo, Gwinner e Bennet
(2008) investigaram o efeito da Identificação do Fã do esporte com a Modalidade Esportiva e
elaboraram um modelo, utilizando a atitude do torcedor como uma variável mediadora entre a
relação da percepção de ajuste (fit) evento-patrocinador e a intenção de compra dos produtos
patrocinados, também suportando a existência do efeito mediador da atitude no contexto do
Consumo Esportivo.
Funk e James (2004) investigaram as propriedades da atitude do Fã do esporte e sugeriram
que a internalização do esporte precede a formação de uma atitude em relação ao esporte. A
atitude, então, influenciaria o comportamento. Ou seja, a atitude exerceria um efeito mediador
entre a Identificação com o Esporte e “consequências Atitudinais” como persistência,
resistência à mudança e elementos comportamentais associados ao consumo esportivo.
Focando especificamente no comparecimento ao estádio, Hill e Green (2000) sugeriram que a
lealdade do torcedor ao time e o envolvimento com o esporte são fatores que influenciam
significativamente a intenção de comparecimento dos torcedor no estádio, juntamente com a
percepção do torcedor das características do estádio. Os autores sugeriram que a pré-
disposição do torcedor de ir aos jogos no Estádio é influenciada pela intensidade de ligação do
torcedor com o esporte. Ou seja, o grau de Identificação do torcedor influenciaria a Atitude.
98
Assim, formulou-se a primeira hipótese de pesquisa:
H1: O nível de Identificação do Fã do Esporte influencia positivamente a
Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio.
Considerando que a Identificação do Fã do esporte pode compreender diversos elos de ligação
entre o torcedor e o esporte –Identificação com a Modalidade Esportiva, Identificação com o
Time Esportivo e Identificação com as Celebridades Esportivas – , decidiu-se desdobrar a
primeira hipótese em 3 hipóteses adicionais:
H1a: O nível de Identificação do Fã do esporte com a Modalidade Esportiva
influencia positivamente a Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio.
H1b: O nível de Identificação do Fã do esporte com o Time Esportivo
influencia positivamente a Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio.
H1b: O nível de Identificação do Fã do esporte com as Celebridades Esportivas
influencia positivamente a Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio.
3.5.2. Hipótese H2
A segunda hipótese de pesquisa está relacionada à associação direta entre a Identificação do
Fã do esporte e o Consumo do Evento Esportivo por meio do Comparecimento ao Estádio.
Diversos estudos consideram o efeito da Identificação do Fã do esporte no Consumo
Esportivo, sugerindo que a identificação influencia a compra de artigos licenciados e o
comparecimento do torcedor ao estádio (FISHER e WAKEFIELD, 1998; FULLERTON e
MERZ, 2008; KWON, TRAIL e JAMES, 2007; KWON e ARMSTRONG, 2002).
Assim, formulou-se a segunda hipótese de pesquisa:
H2: O nível de Identificação do Fã do Esporte influencia positivamente o
Consumo do Evento Esportivo.
Alguns estudos sugerem que construtos como Drama, Beleza, Escapismo, Socialização,
Realização com a Vitória, entre outros, estão associados ao Consumo do Evento Esportivo.
Funk Mahony e Ridinger (2001), por exemplo, constataram que o grau de Identificação do Fã
do esporte com o Futebol (Identificação com a Modalidade Esportiva) e com o Time são
99
variáveis que influenciam significativamente o Comportamento de Consumo do Evento
Esportivo. Outros estudos investigam as “motivações” do Fã do Esporte sugerem uma relação
significativa entre dimensões como a Identificação do Fã com a Modalidade, com o Time
Esportivo e com a Celebridade Esportiva (WANN, 1995; FUNK, MAHONY, et al., 2001;
TRAIL e JAMES, 2001). Portanto, considerou-se adequado desdobrar a segunda hipótese
considerando esses 3 elos de ligação do Fã do Esporte. Assim, a segunda hipótese de pesquisa
foi desdobrada em 3 hipóteses adicionais:
H2a: O nível de Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade Esportiva
influencia positivamente o Consumo de Eventos Esportivos.
H2b: O nível de Identificação do Fã do Esporte com o Time Esportivo
influencia positivamente o Consumo de Eventos Esportivos.
H2b: O nível de Identificação do Fã do Esporte com as Celebridades Esportivas
influencia positivamente o Consumo de Eventos Esportivos.
3.5.3. Hipótese H3
A terceira hipótese de pesquisa está relacionada à associação entre a Atitude do Fã do Esporte
em relação ao Comparecimento ao Estádio e o Comportamento de Consumo do Evento
Esportivo.
Wakefield e Sloan (1995) investigaram os fatores antecedentes do Comparecimento do
torcedor ao Estádio e propuseram um modelo focado na importância de determinadas
características do Estádio para atrair o torcedor – como acessibilidade, conforto, lotação,
estacionamento, entre outros. Nesse modelo, os autores consideraram que diversas
características do Estádio influenciam a Atitude do torcedor em relação ao Estádio, e essa
Atitude influencia, então, a resposta comportamental do torcedor. Os autores defenderam a
existência da mediação de uma “resposta emocional” (atitudinal) entre os fatores antecedentes
considerados e o Comportamento de Consumo Esportivo propriamente dito.
Kwon, Trail e James (2007) também investigaram o efeito mediador da atitude do torcedor.
Os autores testaram 3 modelos, mensurando o efeito mediador da dimensão atitudinal de
Valor Percebido entre a influência da Identificação do Fã do esporte com o Time e o
Consumo Esportivo – no caso, focando na Intenção de Compra de Artigos Esportivos
100
licenciados pelo torcedor do time. O primeiro modelo considerava apenas o efeito direto da
Identificação do torcedor no Consumo Esportivo, o segundo a mediação total da atitude e o
terceiro a mediação parcial da atitude. Os autores constataram que o modelo, considerando
apenas o efeito direto, não apresentou indicadores aceitáveis de ajuste, tendo sido, por isso,
descartado. Os outros dois modelos apresentaram indicadores de ajuste aceitáveis, porém o
modelo que considerou a mediação parcial da atitude apresentou indicadores de ajuste
melhores, tendo sido o modelo escolhido pelos autores. Em outras palavras, o estudo suportou
que elementos atitudinais exercem um efeito mediador estatisticamente significativo entre a
Identificação do Fã do esporte com o Time e o Consumo Esportivo.
Assim, formulou-se a terceira hipótese de pesquisa:
H3: A Atitude do Fã do esporte em relação ao Comparecimento ao Estádio
influencia positivamente o Consumo do Evento Esportivo, exercendo um efeito
mediador entre a Identificação do Fã do esporte e o Consumo de Eventos
Esportivos.
3.5.4. Hipótese H4
A quarta hipótese de pesquisa se refere à influência simultânea do desempenho do time e do
nível de identificação do Fã do esporte com o Time no Consumo de Eventos Esportivos.
Diversos autores propõem distintas formas de categorização do Fã de esportes. Alguns tipos,
como os “Fã duro de matar” (WANN e BRANSCOMBE, 1990), “Fã leal” (BRISTOW e
SEBASTIAN, 2001) ou o “Fã altamente identificado” (MULLLIN, HARDY e SUTTON,
1993), apresentariam maior propensão de comparecimento ao Estádio do que seus contratipos.
Ou seja, o nível de identificação ou lealdade influenciaria a frequência de ida ao estádio. Funk
e James (2001), ao discorrer sobre os diversos “estágios” de conexão psicológica do Fã do
esporte, sugeriram que a lealdade comportamental evidenciada pelo consumo esportivo está
relacionada ao nível de lealdade atitudinal e/ou ao grau de conexão psicológica que o Fã
estabelece com o time.
Além disso, os Fãs esportivos possuiriam uma propensão a atribuir a vitória do time a causas
internas, “regozijando-se na glória refletida” – processo BIRGing – e, por outro lado,
propensão de atribuir as derrotas à causas externas, de maneira a proteger seu autoconceito –
processo CORFing (CIALDINI, BORDEN, et al., 1976). Segundo os autores, tais processos
101
poderiam ser considerados como “estratégias” psicológicas (inconscientes) dos indivíduos de
auto-apresentação: eles buscariam aumentar a proximidade de seu self com indivíduos ou
grupos bem sucedidos e diminuir tal proximidade com grupos mal sucedidos ou fracassados
até mesmo nas associações mais triviais. Esses processos também estariam associados ao
desempenho do time. Wann e Branscombe (1990) realizaram um estudo sobre a propensão
dos Fãs esportivos com baixa e alta identificação com o time de realizar BIRGing ou
CORFing, observando que Fãs com alta identificação com o time demonstraram maior
propensão de BIRGing e baixa propensão de CORFing; por outro lado, Fãs com baixa
identificação com o time demonstraram baixa propensão de BIRGing e alta propensão de
CORFing.
Assim, a quarta hipótese foi formulada da seguinte maneira:
H4: O consumo de Eventos Esportivos é influenciado simultaneamente pelo
Desempenho do Time e pela Identificação do Fã do esporte com o Time.
Sutton, McDonald, Milne e Ciperman (1997) segmentaram os Fãs em grupos e sugeriram a
existência de diversos grupos, entre eles os “Fãs apaixonados”, que apresentariam apoio
incondicional ao time, indo aos jogos no estádio independentemente do desempenho do time,
e “Fãs oportunistas”, que deixariam de apoiar o time nos momentos de derrota. Wann e
Branscombe (1990) sugerem que os Fãs com baixa identificação são mais suscetíveis ao
desempenho do time, podendo “desaparecer” do Estádio nos momentos de derrota ou
desempenho aquém do esperado, enquanto os Fãs altamente identificados apresentariam um
suporte incondicional ao time na vitória e na derrota.
A quarta hipótese também foi desdobrada em hipóteses adicionais:
H4a: O desempenho do Time influencia positivamente o Consumo de Eventos
Esportivos para os Fãs do esporte.
H4b: O desempenho do Time não influencia o Consumo de Eventos Esportivos
para os Fãs do esporte que apresentam alto nível de identificação.
102
3.5.5. Hipótese H5
A quinta hipótese de pesquisa está relacionada à influência de diferenças de Gênero no
contexto do Marketing Esportivo.
Diversos estudos sugerem a existência de diferenças de gênero. Fink, Trail e Anderson
(2002), por exemplo, identificaram a existência de diferenças entre respondentes masculinos e
femininos em três grupos de questões: percepção dos elementos “ambientais” associados aos
jogos, contemplando percepção sobre o preço do ingresso, promoções e família;
comportamento atual, contemplando o comparecimento ao estádio, consumo do evento por
meio da audiência pela mídia e compra de artigos licenciados; e intenção de comportamento
futuro, contemplando a intenção de comparecimento ao estádio e intenção de compra de
artigos licenciados. Os autores realizaram testes de diferenças de média e análise de variância
entre Fãs do gênero masculino e feminino e verificaram diferenças estatisticamente
significativas para diversas variáveis. Como sugestão de estudos futuros, os autores
recomendaram uma investigação mais aprofundada das diferenças de gênero.
Outros autores também investigaram diferenças de gênero no Consumo Esportivo e
constataram diferenças estatisticamente significativas entre Fãs masculinos e femininos
(KWON e ARMSTRONG, 2002; JAMES e RIDINGER, 2002; RIDINGER e FUNK, 2006).
Alguns autores sugerem que o gênero possa exercer um efeito moderador na relação entre a
Identificação do Fã do esporte e a variável dependente considerada no estudo, contudo não
foram encontrados estudos que apresentassem o teste do efeito moderador do gênero na
influência da Identificação do Fã do esporte no Consumo do Evento Esportivo. Assim,
formulou-se a quinta hipótese de pesquisa:
H5: O Gênero modera a influência da Identificação do Fã do esporte no
Consumo do Evento Esportivo.
E como no presente estudo o Consumo do Evento Esportivo foi considerado como um
fenômeno de dois estágios, com a dimensão atitudinal influenciando a dimensão
comportamental, a quinta hipótese foi desdobrada inicialmente em três hipóteses adicionais,
uma relacionada à Atitude (H5a), uma relacionada ao Comportamento (H5b), e outra
relacionada à influência da relação entre Atitude e Comportamento (H5c):
103
H5a: O Gênero modera a influência da Identificação do Fã do esporte na
Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio.
H5b: O Gênero modera a influência da Identificação do Fã do esporte no
Consumo do Evento Esportivo.
H5c: O Gênero modera a influência entre a Atitude em relação ao
Comparecimento ao Estádio e o Consumo do Evento Esportivo.
Além disso, como a Identificação do Fã do esporte no presente estudo foi considerada como
um fenômeno que contempla a Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva, com o Time
Esportivo e com as Celebridades Esportivas, cada uma dessas hipóteses adicionais foi
desdobrada novamente em 3 hipóteses mais específicas:
H5a1: O Gênero modera a influência da Identificação do Fã do esporte com a
Modalidade Esportiva na Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio.
H5a2: O Gênero modera a influência da Identificação do Fã do esporte com o
Time Esportivo na Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio.
H5a3: O Gênero modera a influência da Identificação do Fã do esporte com a
Celebridade Esportiva na Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio.
H5b1: O Gênero modera a influência da Identificação do Fã do esporte com a
Modalidade Esportiva no Consumo do Evento Esportivo no Estádio.
H5b2: O Gênero modera a influência da Identificação do Fã do esporte com o
Time Esportivo no Consumo do Evento Esportivo no Estádio.
H5b3: O Gênero modera a influência da Identificação do Fã do esporte com a
Celebridade Esportiva no Consumo do Evento Esportivo no Estádio.
3.5.6. Hipótese H6
A sexta hipótese de pesquisa está relacionada à influência de diferenças de Faixa Etária no
contexto do Marketing Esportivo.
104
Embora diversos estudos na área de Marketing Esportivo suportem empiricamente a
existência de diferenças entre grupos, a maior parte dessas investigações foca exclusivamente
nas diferenças de gênero. Todavia, existem estudos qualitativos que suportam teoricamente
que a Identificação com o Esporte e o Consumo Esportivo sofrem mudanças significativas ao
longo do ciclo de vida do Fã do esporte (FUNK e JAMES, 2001). Ou seja, à medida que o Fã
do esporte passa por diferentes estágios – infância, adolescência, vida adulta, maturidade e
senioridade – a atitude e o comportamento em relação ao esporte podem mudar.
Contudo, verifica-se na literatura de Marketing Esportivo uma grande quantidade de estudos
que utilizam amostras de estudantes universitários nas investigações sobre Identificação com
o Esporte e Consumo Esportivo. Consequentemente, os resultados quantitativos obtidos na
maior parte dos estudos refletem as respostas de amostras de jovens estudantes. Dessa forma,
não é surpreendente que não tenham sido encontrados estudos que investiguem o potencial
efeito da faixa etária do torcedor. Por essa razão, resolveu-se investigar essa possibilidade, a
qual foi hipotetizada conforme apresentado a seguir:
H6: A Faixa Etária modera a influência da Identificação do Fã do esporte no
Consumo do Evento Esportivo.
E, da mesma forma como apresentado anteriormente na formulação da quinta hipótese, como
no presente estudo o Consumo do Evento Esportivo foi considerado como um fenômeno de
dois estágios, com a dimensão atitudinal influenciando a dimensão comportamental, a sexta
hipótese foi desdobrada inicialmente em três hipóteses adicionais, uma relacionada à Atitude
(H6a), uma relacionada ao Comportamento (H6b) e outra relacionada à influência da Atitude
no Comportamento (H6c).
H6a: A Faixa Etária modera a influência da Identificação do Fã do esporte na
Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio.
H6b: A Faixa Etária modera a influência da Identificação do Fã do esporte no
Consumo do Evento Esportivo no Estádio.
H6c: A Faixa Etária modera a influência da Atitude em relação ao
Comparecimento ao Estádio no Consumo do Evento Esportivo no Estádio.
Além disso, como a Identificação do Fã do Esporte no presente estudo foi considerada como
um fenômeno que contempla a Identificação com a Modalidade Esportiva, com o Time
105
Esportivo e com as Celebridades Esportivas, cada uma dessas hipóteses foi desdobrada
novamente em 3 hipóteses mais específicas:
H6a1: A Faixa Etária modera a influência da Identificação do Fã do esporte com
a Modalidade Esportiva na Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio.
H6a2: A Faixa Etária modera a influência da Identificação do Fã do esporte com
o Time Esportivo na Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio.
H6a3: A Faixa Etária modera a influência da Identificação do Fã do esporte com
a Celebridade Esportiva na Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio.
H6b1: A Faixa Etária modera a influência da Identificação do Fã do esporte com
a Modalidade Esportiva no Consumo do Evento Esportivo no Estádio
H6b2: A Faixa Etária modera a influência da Identificação do Fã do esporte com
o Time Esportivo no Consumo do Evento Esportivo no Estádio
H6b3: A Faixa Etária modera a influência da Identificação do torcedor com a
Celebridade Esportiva no Consumo do Evento Esportivo no Estádio.
3.5.7. Hipótese H7
A sétima hipótese de pesquisa está relacionada à abordagem utilizada na concepção do
modelo conceitual.
Conforme apresentado anteriormente, verifica-se na literatura de Marketing Esportivo a
dominância do uso de modelos formativos em detrimento de modelos reflexivos. Construtos
como Drama, Beleza, Escapismo e Busca de Informações como causas da Identificação,
alguns estudos modelam tais construtos como variáveis latentes de 2a ordem. Trail, Robinson,
Gillentine e Dick (2003), por exemplo, conceberam um modelo reflexivo do espectador
esportivo. Apesar dessa abordagem incomum, os autores sugeriram que estudos futuros
deveriam testar o modelo proposto em outros contextos esportivos.
Segundo Jarvis, Mackenzie e Podsakoff (2003), a predominância de modelos formativos,
contudo, estaria associada a uma “tradição” da área de Management, que privilegia esse tipo
de modelagem, enquanto os modelos reflexivos são mais utilizados na área da Psicologia.
106
Porém, uma vez que a maior parte das investigações que abordam a Identificação do torcedor
com o Esporte estão baseadas na Teoria da Identidade Social, egressa da Psicologia,
questiona-se que motivos justificariam a não utilização de modelos reflexivos.
Dessa maneira, a partir da revisão teórica e da análise dos itens das escalas tradicionalmente
utilizadas como “motivações” do torcedor, verificou-se que alguns desses construtos estariam
associados mais à Identificação com a Modalidade Esportiva, outros à Identificação com o
Time Esportivo e outros, ainda, à Identificação com a Celebridade Esportiva, o que originou a
sexta, sétima e oitava hipóteses.
A partir dessa análise dos itens das escalas e da descrição do conteúdo de cada construto
segundo os autores que os propuseram, julgou-se que dimensões Beleza, Drama e Escapismo
estariam associadas à Modalidade Esportiva. Ou seja, quando se fala da Beleza do Esporte, na
verdade, fala-se da beleza do futebol, do basquete, do vôlei, do baseball – ou de qualquer
outra Modalidade Esportiva. Da mesma forma, hipotetizou-se que Drama e que o Escapismo
também estariam relacionados à modalidade.
Assim, a sétima hipótese de pesquisa foi elaborada da seguinte forma:
H7: A Identificação do torcedor com a Modalidade Esportiva pode ser
concebida como uma variável latente de 2a ordem que pode ser mensurada a
partir de 3 dimensões: da Beleza, do Drama e do Escapismo.
3.5.8. Hipótese H8
De maneira análoga à sétima hipótese, a oitava hipótese de pesquisa considerou que outras
dimensões estariam mais associadas à Identificação do torcedor com o Time Esportivo.
O mesmo tipo de análise dos itens das escalas e da descrição do conteúdo de cada construto
levou à hipótese de que dimensões Realização com a Vitória, Socialização com outros Fãs e
Busca de Informações Esportivas estariam predominantemente associadas à Identificação com
o Time. Com efeito, a formulação de diversos itens desses construtos deixa clara que o
domínio do construto está vinculado ao Time esportivo.
Assim, a oitava hipótese de pesquisa foi elaborada da seguinte forma:
107
H8: A Identificação do torcedor com o Time Esportivo pode ser concebida como
uma variável latente de 2a ordem que pode ser mensurada a partir de 3
dimensões: Realização com a Vitória, Socialização com outros Fãs e Busca de
Informações Esportivas.
3.5.9. Hipótese H9
A nona hipótese de pesquisa está relacionada às dimensões associadas à influência da
Identificação da Celebridade Esportiva no Consumo do Evento Esportivo.
Diversas investigações consideram que a Identificação do torcedor com as Celebridades
Esportivas influencia o Consumo do Evento Esportivo. Boa parte dessas investigações foi
proposta no contexto do estudo do efeito do Patrocínio Esportivo, considerado por alguns
autores como o 5o “P” de Marketing.
Embora a maior parte das investigações mensurem a Identificação com a Celebridade
Esportiva através de escalas unidimensionais, conforme apresentado na Revisão de Literatura,
existe teoria que suporta a multidimensionalidade do Endosso de Celebridades Esportivas no
Patrocínio Esportivo. Ohanian (1990 ; 1991), por exemplo, suportou que as Celebridades
Esportivas, quando endossam algum produto ou serviço, podem “emprestar” três atributos:
Confiabilidade, Expertise e Atratividade. Ohanian propôs e validou a Escala da Credibilidade
da Fonte para mensurar esse efeito muldimensional do Endosso de Celebridades. Contudo, a
autora utilizou um modelo formativo, considerando que esses três construtos seriam fatores
antecedentes da Identificação do torcedor com o a Celebridade.
Contudo, no contexto deste estudo, questiona-se a direção causal utilizada anteriormente. Ou
seja, questiona-se se é porque o torcedor confia na celebridade esportiva que ele se identifica
com ela, ou se não seria mais adequado pensar o contrário: é porque o torcedor se identifica
com a celebridade que ele confia nela. Assim, ao considerar a formulação da oitava hipótese,
decidiu-se preservar a natureza reflexiva do modelo conceitual proposto.
Assim, a nona hipótese de pesquisa foi elaborada da seguinte forma:
H9: A Identificação do torcedor com as Celebridades Esportivas pode ser
concebida como uma variável latente de 2a ordem que pode ser mensurada a
partir de 3 dimensões: Confiabilidade, Expertise e Atratividade.
108
Assim, concluída a formulação das hipóteses, partiu-se para a Operacionalização das
Variáveis.
3.6. OPERACIONALIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS
Foram identificadas cerca de 30 escalas associadas às variáveis-chave do presente estudo,
principalmente aquelas de alguma forma relacionadas aos construtos de Identificação do Fã
com o Esporte (Vide Apêndice 4). Portanto, a operacionalização das variáveis foi realizada
privilegiando a utilização de escalas pré-existentes, que já tivessem sido testadas no contexto
esportivo. Com efeito, todas as variáveis de Identificação do Fã com o Esporte – Identificação
com a Modalidade Esportiva, com o Time Esportivo e com as Celebridades Esportivas –
foram operacionalizadas a partir das escalas MSSC, PAI e PAI-r, avaliadas como as escalas
mais adequadas para este estudo.
Já as escalas utilizadas para mensurar o Consumo do Evento Esportivo foram adaptadas de
outros estudos especificamente para este estudo. As escalas de Atitude do Fã do Esporte em
relação ao Consumo do Evento Esportivo foram baseadas nas escalas EFASA-SCB e PB. Já a
escala para mensurar o Comportamento de Consumo do Evento Esportivo foi baseada no uso
da frequência de comparecimento ao Estádio – o attendance utilizado em diversos estudos.
Destaca-se que, neste trabalho, optou-se pela utilização de uma abordagem de modelo
conceitual reflexivo, ao invés de uma abordagem formativa. Consequentemente, as
dimensões da escala MSSC foram operacionalizadas como reflexo da Identificação do Fã do
Esporte com a Modalidade Esportiva, com o Time Esportivo e com as Celebridades do
Esporte, e não como seus fatores antecedentes.
Ao se operacionalizar as dimensões reflexivas da Identificação do Fã com o Esporte, foram
utilizadas apenas 6 dimensões da escala MSSC e 3 dimensões originais da escala PAI. Essa
escolha foi feita por 2 motivos: (1) considerou-se que algumas dimensões não fariam sentido
no contexto esportivo brasileiro, como é o caso das dimensões Nível do Esporte (Level) e
Comunidade (Comunity) da escala MSSC, e (2) os resultados estatísticos obtidos em estudos
anteriores indicam que algumas dimensões adicionam uma contribuição apenas marginal ao
modelo (TRAIL e JAMES, 2001; TRAIL, ANDERSON e FINK, 2005).
A dimensão Nível do Esporte da escala MSSC, por exemplo, foi originalmente concebida no
contexto norte-americano, em que o nível amador e o nível universitário são bem
109
estabelecidos, com jogos, torneios e Fãs. Já no Brasil, apenas o nível profissional está bem
estabelecido, justificando, portanto, a exclusão dessa dimensão. De maneira análoga, a
dimensão Comunidade da Escala MSSC contempla uma característica inerente à realidade
norte-americana, que é o apoio do torcedor ao “time da cidade”, onde torcer por um time
esportivo local possui uma conotação de cidadania. Trata-se de uma realidade muito diferente
da Brasileira, em que, em geral, as grandes cidades possuem mais de um time expressivo,
como é o caso das maiores capitais Brasileiras. Assim, julgou-se que não faria sentido utilizar
uma dimensão que concebe que o torcedor é motivado pelo “espírito de comunidade de apoio
à cidade” quando vai ao estádio.
Adicionalmente, algumas dimensões foram excluídas do modelo devido aos resultados
estatísticos obtidos nos estudos anteriores terem sido ruins. Um exemplo disso é a dimensão
“Família” da escala MSSC, que, em estudos anteriores, apresentou baixa correlação com os
demais construtos, além de contribuição marginal à variância explicada.
A Figura 10 apresenta de forma sintética a trajetória da “herança” teórico-empírica de cada
uma das escalas utilizadas no presente estudo.
110
Figura 10 – “Herança” teórico-empírica das escalas utilizadas no presente estudo
111
3.6.1. Variável dependente
A variável dependente do presente estudo é o Consumo do Evento Esportivo, mensurado por
meio do Comparecimento do Fã do Esporte ao Estádio. Para operacionalizar a variável
dependente, decidiu-se utilizar uma variável métrica mensurando a frequência de
comparecimento do torcedor ao estádio. Essa escala foi adaptada do attendance utilizado por
Wann (1995). Na adaptação da escala, decidiu-se utilizar 3 itens: um para mensurar a
frequência de comparecimento do torcedor ao Estádio no ano anterior à realização da
pesquisa; um para mensurar a frequência de comparecimento do torcedor ao Estádio durante a
temporada em curso durante a coleta de dados, contemplando apenas os jogos assistidos no
estádio até o dia da coleta de dados; e uma para mensurar a intenção de comparecimento ao
estádio até o fim do ano em que foi realizada a coleta de dados. Essa escala foi denominada
Métricas de Consumo do Evento Esportivo no Estádio (MCE), e contém dois itens que
refletem o comportamento no passado e um item que reflete a intenção de comportamento do
torcedor no futuro.
3.6.2. Variável Mediadora
Foi considerada como variável mediadora a Atitude do Fã do Esporte em relação ao Consumo
do Evento Esportivo. Para operacionalizar essa variável, foram utilizadas duas escalas: PB
(FINK, TRAIL e ANDERSON, 2002) e EFASA-SCB (TRAIL, FINK e ANDERSON, 2003).
O plano original do presente estudo foi utilizar duas variáveis mediadoras: Atitude em relação
ao Consumo do Evento Esportivo no Estádio e Atitude em relação ao Consumo do Evento
pela Mídia. Assim, essas duas escalas foram elaboradas para o presente estudo a partir das
escalas PB e EFASA-SCB e utilizadas no questionário. A escala de Atitude em relação ao
Consumo do Evento Esportivo no Estádio foi denominada CEE e apresentou bons
indicadores, tendo sido utilizada no Modelo Estrutural. Contudo a escala de Atitude em
relação ao Consumo do Evento Esportivo pela Mídia, denominada CEM, não apresentou boas
características psicométricas. Portanto, a escala CEM não foi utilizada no Modelo Estrutural.
De qualquer modo, para dar transparência aos resultados obtidos, os indicadores da escala
CEM foram mantidos na Análise dos Resultados.
112
3.6.3. Variáveis Independentes
Foram consideradas como variáveis independentes as variáveis latentes que representam a
Identificação do Fã do Esporte, incluindo a Identificação com a Modalidade Esportiva, a
Identificação com o Time Esportivo e a Identificação com a Celebridade Esportiva.
3.6.3.1. Identificação com a Modalidade Esportiva
Para operacionalizar a Identificação com a Modalidade Esportiva foram utilizadas 4 escalas.
Inicialmente, a Identificação com a Modalidade foi operacionalizada por meio da dimensão
Sport da escala PAI-r (BRAUNSTEIN, ZHANG e TRAIL, 2011). Essa dimensão foi
denominada como Identificação com Esporte Geral (IEG), sendo referenciada também como
escala geral de Identificação com a Modalidade Esportiva ao longo do trabalho.
Adicionalmente, a Identificação com a Modalidade Esportiva também foi concebida como
uma variável latente de 2a ordem mensurada a partir de 3 construtos: Beleza (IEB), Drama
(IED) e Escapismo (IEE). Esses construtos foram operacionalizados a partir da escala MSSC
(TRAIL e JAMES, 2001).
3.6.3.2. Identificação com o Time Esportivo
Para operacionalizar a Identificação com o Time Esportivo foram utilizadas 4 escalas.
Inicialmente, a Identificação com o Time foi operacionalizada por meio da dimensão Team da
escala PAI (ROBINSON e TRAIL, 2003). Essa dimensão foi denominada como Identificação
com o Time Geral (ITG), sendo referenciada também como escala geral de Identificação com
o Time Esportivo ao longo do trabalho. Adicionalmente, a Identificação com o Time
Esportivo também foi concebida como uma variável latente de 2a ordem mensurada a partir de
3 construtos: Realização com a Vitória (ITV), Socialização com outros Fãs (ITS) e Busca de
Informações Esportivas (ITI). Esses construtos foram operacionalizados a partir da escala
MSSC (TRAIL e JAMES, 2001).
113
3.6.3.3. Identificação com as Celebridades Esportivas
Para operacionalizar a Identificação com a Celebridade Esportiva foram utilizadas 4 escalas.
Inicialmente, a Identificação com a Celebridade foi operacionalizada por meio da dimensão
Athlete da escala PAI-r (BRAUNSTEIN, ZHANG e TRAIL, 2011). Essa dimensão foi
denominada como Identificação com a Celebridade Geral (ICG), sendo referenciada também
como escala geral de Identificação com a Celebridade Esportiva ao longo do trabalho.
Adicionalmente, a Identificação com a Celebridade Esportiva também foi concebida como
uma variável latente de 2a ordem mensurada a partir de 3 construtos: Confiabilidade da
Celebridade Esportiva (ICC), Expertise da Celebridade Esportiva (ICE) e Atratividade da
Celebridade Esportiva (ICA). Esses construtos foram operacionalizados a partir da escala SC
(OHANIAN, 1990).
3.6.4. Variáveis Moderadoras
Foram consideradas duas variáveis moderadoras no presente estudo: Gênero e Faixa Etária.
Para operacionalizar essas variáveis, foi solicitado aos entrevistadores para registrar o gênero
dos entrevistados sem perguntar. Já a idade foi perguntada e registrada como variável
numérica. Posteriormente, a idade foi transformada em uma variável dicotômica, a Faixa
Etária, que foi utilizada para segmentar os Fãs do Esporte em dois grupos, considerando como
critério de corte a mediana.
3.6.5. Variáveis de Controle
Como variáveis de controle foram utilizadas a Modalidade Esportiva, restringindo-se os
entrevistados apenas a Fãs Esportivos do futebol, e o Time Esportivo, restringindo-se os
entrevistados a Fãs Esportivos de dois times (Grêmio e Internacional). Decidiu-se utilizar esse
controle em virtude de estudos anteriores apontarem diferenças entre Fãs de diferentes
esportes (JAMES e ROSS, 2003) e entre Fãs de diferentes times (WAKEFIELD e SLOAN,
1995) (WAKEFIELD e SLOAN, 1995). A utilização da variável de controle time foi adotada
para isolar possíveis efeito da diferença de desempenho dos times no grau de identificação ou
de Consumo Esportivo.
114
3.7. POPULAÇÃO E AMOSTRA
A população pode ser definida como o conjunto de todos os objetos que possuem
características comuns no contexto do problema de pesquisa abordado no estudo (KUMAR,
AAKER e DAY, 1999). A população-alvo deste estudo são os Fãs do Esporte, mais
especificamente os Fãs de Futebol da cidade de Porto Alegre, RS.
Foi coletada uma amostra de Fãs dos dois times de Porto Alegre: Grêmio Foot-ball Porto
Alegrense e Sport Club Internacional. Essa amostra foi escolhida devido ao fato de Porto
Alegre contar com exatamente dois times de grande porte, o que permitiria o benefício da
comparação dos resultados entre Fãs de diferentes times, sem aumentar excessivamente o
tamanho da amostra. Se o estudo fosse realizado no Rio de Janeiro, por exemplo, seria
necessário entrevistar o dobro de fãs para se manter as características de comparabilidade
entre grupos, já que o Rio de janeiro possui 4 grandes times. Além disso, a familiaridade do
pesquisador com a dinâmica dos fãs de futebol gaúchos e o menor custo de se realizar a
pesquisa no sul do Brasil contou a favor da escolha de Porto Alegre. A população-alvo,
portanto, é constituída dos fãs de futebol do Grêmio e do Internacional residentes na cidade de
Porto Alegre.
Diferentemente de estudos anteriores, optou-se por entrevistar uma amostra abrangente, que
incluísse os distintos perfis de Fãs. Boa parte dos estudos anteriores utilizou amostras de
estudantes universitários, com coleta de dados por conveniência, em sala-de-aula. Julgou-se
que essa abordagem, apesar de útil e prática, introduz um viés considerável na pesquisa, por
direcionar a coleta de dados a um público jovem e com alto grau de instrução – não
representativo do universo de Fãs de um time de futebol. Outros estudos utilizam a coleta em
estádios de futebol. Contudo, tal escolha também introduz um viés na amostra, uma vez que
apenas são entrevistados os fãs que já vão ao estádio. Essas escolhas facilitam a realização da
pesquisa, contudo, possuem implicações acerca da generalização dos resultados obtidos
nessas amostras (de estudantes ou fãs que vão ao estádio) para a população. Assim, o presente
estudo se diferencia por contemplar uma amostra heterogênea e mais representativa do
universo de fãs, incluindo torcedores com variados níveis econômicos, distintos graus de
instrução e diversas faixas etárias, frequentadores ou não do estádio.
Assim, optou-se pela técnica de amostragem não-probabilística, com quotas de time e gênero.
115
Primeiramente, decidiu-se pela quota de time: 50% dos entrevistados deveriam ser Fãs
Gremistas e 50% Fãs do Internacional. Essa decisão foi tomada para manter o equilíbrio do
“peso” das duas torcidas nos resultados estatísticos, e pode ser amparada pela característica de
equilíbrio entre o número de Fãs de cada um dos dois clubes na região de Porto Alegre.
Diversas fontes de dados secundários apontam para esse equilíbrio, conforme ilustrado pela
Tabela 13. Percebe-se, pelos dados da tabela, que, apesar de o Grêmio possuir um percentual
de Fãs um pouco superior ao do Internacional quando o nível de abrangência da pesquisa é o
Estado do Rio Grande do Sul, quando a pesquisa é limitada à região de Porto Alegre, verifica-
se um equilíbrio quase exato.
Tabela 13 – Distribuição de Fãs Esportivos entre Fãs do Grêmio e do Internacional
Fonte Grêmio Internacional Ano Abrangência
Datafolha 56,9% 43,1% 2009 Rio Grande do Sul
IBOPE 59.6% 40.4% 2010 Rio Grande do Sul
EA/UFRGS 52.7% 47.3% 2009 Porto Alegre
TNS 50.5% 49.5% 2007 Porto Alegre
Fonte: elaborado a partir de dados do TNS (2007), Datafolha (2009), EA/UFRGS (2009) e IBOPE (2010)
Em segundo lugar, decidiu-se pela quota de gênero: cada time deveria possuir 50% do total de
observações para cada gênero. Assim, o número total de Fãs do Esporte do Gênero feminino
do Grêmio deveria ser igual ao número de Fãs do Esporte do Gênero feminino do
Internacional.
Além disso, optou-se pela utilização de 3 questões de filtro na amostra: (1) idade, (2)
autodeclaração do entrevistado como torcedor de um dos times escolhidos e (3) cidade de
residência.
Com relação à idade, optou-se por restringir a amostra a entrevistados de 16 a 65 anos de
idade. A idade mínima de 16 anos foi escolhida em virtude de essa ser a idade considerada
pela Justiça Brasileira em que o indivíduo já possui consciência de seus atos e pode responder
por eles. De fato, é considerada a idade mínima para se votar nas eleições – embora não seja a
idade mínima para responder criminalmente no Brasil. A idade máxima de 65 anos foi
utilizada como critério de corte em virtude de se estar investigando a variável de consumo do
evento esportivo no estádio – e de se considerar que os indivíduos poderiam sofrer de alguma
116
limitação física para ir ao estádio em virtude da idade, o que poderia introduzir um viés na
pesquisa.
Com relação à autodeclaração como torcedor, tal questão foi introduzida como critério de
filtro para que a amostra efetivamente contemplasse apenas Fãs dos dois times escolhidos.
Dessa forma, uma pessoa que, por ventura, torcesse para outro time, ou não torcesse para time
algum, foi excluída da amostra.
Com relação à cidade de residência, optou-se por considerar apenas os indivíduos residentes
na cidade de Porto Alegre, não considerando os moradores de cidades vizinhas ou da zona
rural do município. Tal decisão foi motivada principalmente para minimizar o efeito da
distância da residência do fã ao local do estádio na propensão de comparecimento ao estádio.
Ou seja, julgou-se que se a abrangência da amostra fosse estendida de maneira a incluir outros
municípios da região metropolitana de Porto Alegre, ou até de todo o Estado do Rio Grande
do Sul, a parcela de Fãs que moram em municípios distantes da capital poderiam apresentar
uma menor propensão de ir ao estádio. Entendeu-se que a dinâmica que poderia explicar o
comparecimento dos fãs de outros municípios teria características diferentes, pois envolveria
uma viagem. Assim, a restrição da amostra a moradores de Porto Alegre objetivou eliminar
esse efeito resultante da necessidade de transporte intermunicipal. Por outro lado, sabe-se que,
ainda assim, a questão da facilidade de acesso associada ao transporte dentro do mesmo
município poderia afetar os resultados. Porém, uma vez que os Estádios Olímpico (Grêmio) e
Beira-Rio (Internacional) situam-se muito próximos um do outro (cerca de 2 Km),
considerou-se que o efeito “transporte” na propensão de comparecimento do torcedor ao
estádio, se existir, seria muito similar para os dois estádios, variando apenas entre os fãs de
cada time (e a distância ao estádio). Logo, esse efeito não precisaria ser incluído como critério
de filtro e composição da amostra.
O tamanho da amostra foi dimensionado em 1.200 observações. Esse estimativa foi realizada
com base no número mínimo de casos recomendados para cada estrato de análise,
considerando o número de parâmetros livres do modelo a ser estudado, bem como a técnica
escolhida para estimar o modelo.
3.8. INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
O questionário utilizado para a coleta de dados contemplou 6 blocos de informações.
117
No primeiro bloco, são apresentadas as perguntas de filtro da amostra. No segundo bloco, são
apresentadas 12 perguntas relacionadas à Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade
Esportiva, incluindo as subdimensões hipotetizadas no modelo reflexivo. No terceiro bloco,
são apresentadas 12 perguntas relacionadas à Identificação do Fã do Esporte com o Time
Esportivo, incluindo as subdimensões associadas. No quarto bloco, são apresentadas 19
perguntas relacionadas à identificação do Fã do Esporte com a Celebridades do Esporte,
incluindo as subdimensões associadas. No quinto bloco, são apresentadas 13 perguntas
associadas ao consumo do eventos esportivos através do comparecimento do torcedor ao
estádio e através da audiência pela mídia. No sexto bloco, foi apresentada a pergunta de
sobreposição da identidade do Fã do Esporte com o Time. No sétimo e último bloco, são
apresentadas duas perguntas abertas: (1) “Por que razão você não vai ao estádio com maior
frequência?” e (2) “Na condição de torcedor, você gostaria de dar alguma sugestão ao
[Grêmio/Internacional]?”.
Para a coleta de dados foram geradas 4 versões do questionário, considerando as quotas de
Gênero (Masculino/Feminino) e Time (Grêmio/Internacional). A diferença entre os
questionários do Grêmio e do Internacional foi mínima, alterando-se apenas expressões como
“gremista” e “colorado”. Já a diferença entre os questionários para Fãs masculinos e
femininos foi um pouco maior, devido à identificação, durante o pré-teste, que os Fãs do
gênero masculino apresentavam uma dificuldade de responder as questões da dimensão
“Atratividade” das Celebridades do Esporte. As 5 perguntas relativas a essa dimensão foram
refraseadas para os respondentes do Gênero masculino, conforme apresentado no Apêndice 3.
3.8.1. Tradução Reversa das Escalas
Este estudo priorizou a utilização de escalas pré-existentes, já testadas na literatura. Contudo,
não foram encontrados estudos no Brasil que tivessem utilizado as escalas escolhidas para
este estudo. Por isso, foi necessário traduzir as escalas do Inglês para o Português falado no
Brasil. Essa tradução foi realizada seguindo o procedimento de Tradução Reversa. Nesse
procedimento, os itens das escalas são inicialmente traduzidos da língua estrangeira para a
língua nativa, e posteriormente retraduzidos da língua nativa para a língua estrangeira por
outra pessoa. No final, verifica-se a convergência entre os itens originais e os itens traduzidos.
Nesse processo de tradução, buscou-se manter proximidade do sentido interpretativo dos
itens, e não apenas realizar a tradução literal de cada pergunta. Ou seja, priorizou-se a
118
equivalência semântica em relação à tradução literal. Julgou-se adequado proceder dessa
forma, pois muitos itens continham expressões idiomáticas características do país de origem
da escala, ou então referências a elementos específicos de Modalidades Esportivas pouco
difundidas no Brasil (futebol americano, hockey, baseball etc). De toda sorte, decidiu-se
manter todos os itens, preservando as características das escalas originais e, com isso,
mantendo a comparabilidade dos resultados do presente estudo com os estudos de referência.
Contudo, se, por um lado, manteve-se o benefício da comparabilidade, por outro, introduziu-
se uma limitação no presente estudo, visto que não seria possível garantir a priori a
importância e/ou adequação dos itens propostos em outro contexto cultural para a realidade do
futebol brasileiro.
Assim, para dar transparência a esse processo de tradução, o resultado obtido em cada etapa
do processo de tradução reversa, assim como os ajustes realizados na tradução dos itens, são
apresentados no Apêndice 3, que apresenta detalhadamente os itens originais de cada escala, a
tradução para o Português, e a consequente tradução “de volta” para o inglês.
3.8.2. Pré-teste do Questionário
Foram realizadas 2 ondas de Pré-Teste do instrumento de coleta de dados.
A primeira onda foi realizada na Cidade do Rio de Janeiro, com 17 respondentes de diferentes
níveis econômicos, profissões, graus de instrução e times (Flamengo, Botafogo, Vasco e
Fluminense). Nesse pré-teste, foi solicitado para que os entrevistados fossem francos em
relação às perguntas, deixando-os à vontade para criticá-las. Tomou-se o cuidado para
considerar não apenas a linguagem falada dos entrevistados, como também a linguagem
corporal e expressões faciais. Assim, a primeira onda do pré-teste constituiu um trabalho
minucioso, que incluiu tanto a participação de respondentes do Gênero Masculino quanto
Feminino. Foram identificadas diversas oportunidades de melhoria de expressões utilizadas na
primeira versão do questionário.
Foi então elaborada uma segunda versão do questionário e realizada a segunda onda do pré-
teste. Essa segunda onda também foi realizada na cidade do Rio de Janeiro, e contemplou 12
respondentes de perfis igualmente heterogêneos. Considerou-se que os ajustes realizados
durante o pré-teste melhoraram bastante a fluidez da aplicação do questionário, diminuindo o
119
tempo de coleta dos dados e eliminando questionamentos sobre a formulação dos itens. Em
decorrência do pré-teste, foram realizadas diversas modificações no questionário.
3.8.3. Modificações em decorrência do Pré-teste
Questão 11: alguns entrevistados disseram que “nem todo jogo é bonito de se ver”. Essa
observação mostrou que o item não estava claro para alguns entrevistados, uma vez que o
objetivo era perguntar sobre a beleza do esporte enquanto Modalidade Esportiva em geral, e
não de partidas específicas. Por isso, a palavra “jogo” foi alterada para “esporte”.
Questões 16, 17 e 18: houve dúvidas se “jogos de futebol” se referia a assistir jogos de futebol
ou a jogar futebol; portanto, foi adicionada a palavra “assistir” antes de “jogos de futebol”.
Questões 07, 08, 19, 20, 21, 22, 23, 24: essas questões estavam flexionadas para respondentes
masculinos e, por isso, foram reformuladas incluindo a flexão para o feminino.
Questão 60: foi adicionado nível nulo de identificação, representado pelo zero, para manter a
escala com 8 pontos, similar à escala original de Bagozzi e Lee (2002). Além disso, foi
melhorada a instrução de preenchimento que o entrevistador deveria oferecer ao respondente.
Além disso, foi observado na aplicação do questionário que a troca de escala prejudicou a
fluidez do questionário. Por isso, decidiu-se por alterar a ordem dessa questão.
Questões 26 e 27: alguns Fãs que não vão ao estádio tiveram dificuldade de responder.
Provavelmente isso se deve ao fato de a escala original ter sido aplicada em uma amostra
restrita aos Fãs do Esporte que vão ao estádio, in loco. Portanto, considerou-se necessário
ajustar os itens retirando a palavra estádio, mas permanecendo com a dimensão de interação
social com outros Fãs. Com efeito, a interação social com outros Fãs não está restrita ao
estádio, mas está presente em bares, no trabalho, na escola e um muitos ambientes de
encontro. Por isso, foi retirada a palavra “estádio”, de maneira a focar o construto apenas nas
interações sociais entre Fãs do mesmo time – onde quer que elas ocorram.
Questão 29: alguns entrevistados disseram que lembravam apenas das vitórias importantes e
esqueciam das derrotas do time – e, por isso, ficaram em dúvida sobre o que deveriam marcar.
Com efeito, trata-se de um problema comum com afirmativas que inclui o conector “ou”.
Portanto, decidiu-se pela eliminação do conectivo “ou” e também da polarização entre vitórias
e derrotas, visto que o objetivo do item é mensurar em que medida o torcedor busca
120
informações esportivas. Alterou-se o item “eu geralmente lembro das vitórias e derrotas do
[Grêmio/Internacional]” para “eu procuro conhecer os detalhes sobre o resultado das
partidas”.
Questão 30: foi considerada repetitiva por alguns entrevistados. Por isso, a palavra
“informações” foi substituída por “notícias”.
Questão 33: identificou-se que a sentença estava muito incisiva, pois as respostas não estavam
convergindo com o resto da escala. Para recuperar o equilíbrio da escala, foi adicionada a
sentença “um dos motivos” antes da oração principal para atenuar a formulação do item.
Questões de 35 a 49: alguns entrevistados questionaram se deveriam responder considerando
o que o jogador é dentro de campo (seu papel de jogador) ou fora de campo (seu papel como
cidadão e/ou pessoa humana), na sociedade. Para resolver essa dúvida, foi melhorada a
instrução antes da apresentação da escala, solicitando o respondente a pensar no jogador como
pessoa.
Questão 44: o adjetivo “informado” foi interpretado por alguns entrevistados como “nível de
instrução”. Porém essa interpretação não é o objetivo da escala, que, na verdade, busca medir
o grau de expertise atribuído à Celebridade do Esporte. Por isso, o item foi trocado por
“habilidoso”, que é uma das traduções alternativas para “expert” no contexto do esporte.
Questões de 44 a 49: alguns entrevistados do Gênero masculino manifestaram desconforto
para responder sobre a atratividade dos jogadores. Esse desconforto foi observado por risadas,
gestos de dúvida e até mesmo reações mais intensas. Em uma entrevista específica, o
entrevistado, ao ser perguntado sobre esses itens de atratividade em relação ao jogador que ele
havia escolhido, “El loco” Abreu, do Botafogo, disse o seguinte ao entrevistador: “Olha, todo
mundo sabe que o Loco Abreu é um cara bonito, um galã. Mas isso quem acha são as
mulheres. 5ão se pode perguntar essas coisas pra homem, porque homem não acha outro
homem bonito”. Com base nessa resposta, decidiu-se testar uma nova formulação para esses
itens durante o pré-teste, utilizando uma técnica projetiva. Assim, ao invés de perguntar “o
que você acha do jogador X” passou-se a perguntar “o que você acha que as mulheres acham
do jogador X”. Os resultados foram animadores, eliminando o desconforto e o viés de não-
resposta dos itens dessa escala.
121
Questão 49: apresentou problemas de não-resposta junto a respondentes do gênero masculino
por causa da palavra “sensual”. Decidiu-se trocar o item por um sinônimo: charmoso, que é
uma possível tradução do termo “sex appeal”.
Questão 51: alguns entrevistados que não frequentam o estádio ficaram sem saber o que
responder. Porém, um dos objetivos dessa escala é medir também a propensão de ir ao estádio
através da crença sobre o quão prazeroso é ir ao estádio. Por isso, o item foi alterado
utilizando o condicional “quando”, passando de “o tempo que eu passo no estádio é
prazeroso” para “quando vou ao estádio, o tempo que passo lá é prazeroso”.
Questões 50 e 55: a expressão “normalmente assisto” foi modificada para “costumo assistir”
para simplificar a construção da frase, eliminando o advérbio de modo por uma expressão
mais comum à linguagem falada.
Assim, com base nessa primeira onda do pré-teste, foi gerada a versão 2.0 do questionário,
que foi aplicada a 12 entrevistados com perfis igualmente heterogêneos. Nessa segunda onda,
o único problema que persistiu foi a questão relativa à Identificação do Torcedor com a
Celebridade Esportiva utilizando a cartela de sobreposição entre a identidade do torcedor e a
do jogador. Em virtude de a desempenho desse item ter se mostrado de difícil resposta para
alguns entrevistados, optou-se pela eliminação do item. Dessa forma, com exceção do item
exposto acima, não foram identificados outros problemas na formulação dos itens.
Considerou-se, portanto, o trabalho de pré-teste satisfatório, e partiu-se para a aplicação da
versão 2.0 do questionário para a amostra escolhida.
3.9. COLETA DE DADOS
A coleta de dados foi realizada por meio da técnica de coleta presencial assistida por
entrevistadores. Devido ao tamanho da amostra desejada (1.200 respondentes), optou-se pela
contratação de uma equipe de entrevistadores. A equipe de coleta de dados consistiu em 13
entrevistadores, 3 supervisores de campo e 1 coordenador geral.
Uma decisão adotada nesta pesquisa foi a escolha apenas de entrevistadoras do gênero
feminino. Tal decisão foi tomada em virtude da dificuldade identificada durante o pré-teste
junto a alguns respondentes do gênero masculino que demostraram dificuldade de responder
às questões da dimensão “atratividade” das Celebridades do Esporte. Entendeu-se que tal
dificuldade estava relacionada principalmente a uma questão cultural: homens não falam
122
sobre beleza masculina abertamente com facilidade. Com efeito, das 17 entrevistas da 1a onda
do pré-teste, 12 foram realizadas com homens. Dessas, 7 foram realizadas por um
entrevistador masculino e 5 por entrevistador feminino. Percebeu-se que os respondentes do
Gênero masculino apresentaram um grau de desconforto superior quando entrevistados por
homens, e inferior quando entrevistados por mulheres. Por outro lado, não foi verificada
nenhuma diferença de atitude dos respondentes quando o entrevistador era do gênero
feminino. Portanto, optou-se por utilizar somente mulheres como entrevistadoras na etapa
principal da coleta de dados.
A coleta foi realizada entre os dias 14 e 27 de Junho de 2011, ao longo de 14 dias
consecutivos. Foram coletados dados tanto em dias úteis quanto em finais-de-semana. Ao
total, foram coletados 1.249 questionários durante o período, com quantidades diárias
relativamente homogêneas ao redor de 90 questionários por dia. A equipe de 13
entrevistadores trabalhou de maneira alternada. Em média, a fase de campo contou com 4
pesquisadores trabalhando simultaneamente por dia.
Uma preocupação nessa etapa de coleta de dados foi não introduzir viés de perfil dos
entrevistados. Assim, buscou-se escolher “lugares neutros” para realizar a coleta de dados,
diversificando-se o número de bairros em que se realizou coleta de dados. Além disso,
buscou-se abordar os entrevistados de maneira aleatória. Contudo, como não foi utilizado o
processo de sorteio de residências, não foi possível assegurar o caráter probabilístico.
Optou-se por não realizar a coleta de dados nas proximidades dos estádios de futebol em dias
de jogos – técnica bastante utilizada nos estudos publicados – justamente em virtude de se
considerar que, ao entrevistar os Fãs que vão ao estádio, já se introduz um viés na amostra,
visto que esses Fãs que vão ao estádio podem apresentar um grau de identificação maior,
inclusive muitos deles sendo sócios-torcedores. De maneira análoga, foram excluídos locais
privados, como clubes ou shopping centers, os quais, sabidamente, concentram públicos com
características sócio-econômicas específicas.
Nessa escolha por locais “neutros”, optou-se pela coleta em lugares públicos e com alto
tráfego de pessoas. Decidiu-se por um plano de coleta considerando 3 princípios: (1) coletar
cerca de 1/3 dos questionários em um bairro comercial com alto tráfego de pessoas. Para isso,
foi escolhido o Centro de Porto Alegre, mais especificamente a região próxima à Rua dos
Andradas e ao Mercado Público, pois sabe-se que são locais com alto tráfego de pessoas de
123
diferentes níveis sociais, de todas as faixas etárias, e com distintas ocupações (profissionais
autônomos, funcionários públicos, executivos, estudantes, desempregados); (2) coletar cerca
de 1/3 dos questionários em bairros residenciais, diversificando os bairros selecionados o
máximo possível para diversos perfis socioeconômicos, além de Fãs cuja residência tivesse
uma alta variação de distância em relação aos estádios Olímpico e Beira-Rio; (3) coletar
cerca de 1/3 dos dados em parques públicos em finais-de-semana. Tal medida foi tomada para
viabilizar a coleta em finais-de-semana, quando o Centro de Porto Alegre fica “vazio”, ao
mesmo tempo em que se julgou que alguns parques escolhidos, como o parque da Redenção,
no bairro Bom Fim, constitui um espaço social cujos frequentadores possuem perfis bastante
diversificados.
Um último cuidado que se teve na coleta de dados foi a questão da época da coleta. Para
minimizar a influência de o desempenho recente de algum time influenciar o resultado do
estudo, a coleta foi realizada logo no início do Campeonato Brasileiro de Futebol, entre a 4a e
a 6a rodada de 2011. Assim, buscou-se minimizar o potencial efeito da diferença de
desempenho entre os times. Com efeito, na época da coleta de dados, os times do
Internacional e do Grêmio haviam logrado resultados similares, estando na mesma “zona de
classificação” na tabela de pontos do Campeonato Brasileiro, sendo que o Internacional
estava apenas 2 pontos à frente do Grêmio, conforme apresentado pela Tabela 14. Dessa
forma, acredita-se que não haveria razões para acreditar que desempenho dos times nessa fase
inicial do primeiro turno do campeonato pudesse introduzir um viés significativo nos
resultados da pesquisa.
Tabela 14 – Desempenho dos Times durante a coleta de dados
Rodada Período Resultados do Grêmio Resultados do Internacional
1a rodada 21 a 22 de Maio Derrota para Corinthians Empate com Santos
2a rodada 28 a 29 de Maio Vitória contra Atlético-PR Derrota para Ceará
3a rodada 04 a 8 de Junho Vitória contra Bahia Vitória contra América
4a rodada 11 a 12 de Junho Derrota para São Paulo Empate com Palmeiras
5a rodada 18 a 19 de Junho Empate com Vasco Empate com Curitiba
6a rodada 25 a 26 de junho Derrota para Botafogo Vitória contra Figueirense
Desempenho resumido
Total das 6 rodadas 2 vitórias
1 empates
2 vitórias
3 empates
124
3 derrotas 1 derrota
Fonte: CBF
Contudo, apesar desse cuidado de controle do momento da coleta de dados no curto prazo, é
importante salientar que, se for considerado um horizonte de médio prazo, o desempenho
recente dos dois times na última década foi bastante diferente. Enquanto na década de 90 o
time do Grêmio conquistou significativamente mais títulos do que o Internacional, na década
seguinte essa relação se inverteu, tendo sido estabelecida uma vantagem favorável ao
Internacional, que conquistou o Campeonato Mundial Interclubes em 2006, a Libertadores da
América em 2006 e 2010, a taça Superamericana em 2008, e obteve uma colocação média
superior à do Grêmio no Campeonato Brasileiro na história recente. Essa consideração é
importante, pois a literatura sugere que o desempenho do time influencia o grau de
Identificação do Fã do Esporte e o nível de Consumo do Evento Esportivo.
3.10. ANÁLISE DOS DADOS
Foram coletadas 1.249 observações. Ao realizar a tabulação dos dados, verificou-se que 49
destas observações apresentaram alguma falha de preenchimento, predominando alguma
questão não respondida. Devido ao grande número de observações, decidiu-se descartar esses
casos, ao invés da substituição dos missing values. Assim, a amostra final totalizou 1.180
casos (94,5%). Para realizar a análise exploratória dos dados, foi utilizado o software SPSS
versão 18.0 (PASW). Para a validação das escalas e teste das Hipóteses Substantivas do
estudo foi utilizado o software AMOS versão 18.0.
3.10.1. Análise Preliminar
Com o objetivo de familiarização com a base de dados, iniciou-se a análise verificando a
distribuição, média e distribuição de cada variável individualmente. Esse procedimento
permitiu observar que, em geral, as variáveis possuíam distribuição assimétrica, com maior
número de casos nos pontos mais altos das escalas do que nos baixos, sugerindo que a
distribuição não foi homocedástica – o que já era esperado em virtude da utilização da
pergunta de filtro (“você é torcedor do Grêmio/Internacional?”).
125
Foi então feita uma busca por casos anômalos e outliers. Para os casos anômalos, foi utilizado
tanto o algoritmo de detecção automática de casos não usuais do SPSS conjuntamente com a
inspeção visual por meio de histogramas – principalmente para as variáveis métricas. Foram
inicialmente identificados 12 casos. Foram então recuperados os questionários em papel para
comparar os dados tabulados com as respostas dos questionários. Em 4 casos houve falha na
tabulação de uma variável, a qual foi corrigida. Os 8 casos remanescentes estavam
corretamente registrados, e, em geral, se referiam a Fãs com indicadores muito altos de
frequência ao estádio. Esses casos foram então analisados individualmente, considerando-se
as respostas para cada variável. Constatou-se que se tratava de casos de Fãs altamente
identificados, cujas respostas de alta frequência atual e intenção futura de comparecimento ao
estádio, apesar de muito acima do intervalo comum, foram coerentes com o grau de
identificação, também muito acima do padrão de respostas de outros torcedores. Assim, com
base em uma análise individual desses 8 casos, verificou-se que, embora atípicos, a
manutenção desses casos teria justificativa conceitual. Adicionalmente, verificou-se que a
manutenção dos casos não influenciaria as médias ou variâncias, visto que o efeito dos 8
casos ficaria diluído nas 1180 observações. Assim, a base de dados foi validada e iniciou-se a
Análise Descritiva.
3.10.2. Análise Descritiva
Primeiramente, foram realizadas diversas análises univariadas, com o objetivo de caracterizar
a amostra e extrair os resultados descritivos do perfil dos respondentes. Foram primeiramente
investigadas frequência, média e desvio-padrão. Em seguida, foi realizado o teste “t” de
diferença de médias para todas as variáveis intervalares do tipo Likert e para as variáveis
métricas, considerando-se 4 critérios na formação de grupos: gênero (masculino ou feminino),
faixa etária (menos de 30 anos ou mais de 30 anos), torcedor (sócio ou não sócio) e time
(Grêmio ou Internacional). Após extraídos esses resultados, deu-se início à Análise
Multivariada.
3.10.3. Análise Fatorial Exploratória (AFE)
Foi então realizada a operacionalização dos construtos, contemplando diversos procedimentos
de análise característicos da Análise Fatorial Exploratória (AFE).
126
Inicialmente foi realizada a extração dos fatores considerando o critério do autovalor
(Eigenvalue) para todas as escalas. O autovalor indica a variância explicada por cada fator.
Espera-se que os fatores respondam, no mínimo, pela variância de uma variável. Por isso, a
extração por meio do critério de corte de autovalor igual a 1 (HAIR, BLACK, et al., 1999).
Uma vez que havia a expectativa de que os construtos apresentassem correlação entre si,
conforme suportado pelo Referencial Teórico, foi utilizada a Rotação Oblimin, que ajusta a
extração da estrutura fatorial subjacente aos dados considerando a covariância entre os
construtos. Foram então avaliados os indicadores de adequação da utilização da AFE, como o
KMO e o Índice de Esfericidade de Bartlett. Considera-se que a AFE é adequada quando o
KMO está entre 0,5 e 1,0 . Já o índice de Esfericidade de Bartlett examina a hipótese nula de
que as variáveis não estão correlacionadas na população, portanto, para testar a adequação da
AFE é preciso rejeitar essa hipótese nula. Portanto, espera-se um p-valor <0,05 nesse teste.
Foi então avaliada a estrutura fatorial subjacente aos dados. Inicialmente, foi verificado se os
fatores de carga de cada variável apresentaram carga alta nos construtos esperados,
analisando-se também a carga residual nos demais construtos. A significância dos fatores de
carga foram avaliados utilizando-se como critério o poder estatístico (HAIR, BLACK, et al.,
1999). Foi considerado o limite mínimo esperado de 0,50 para os fatores de carga. Além
disso, foi também avaliada a comunalidade das variáveis. A comunalidade indica a variância
que uma variável compartilha com as demais, indicando quanto de variância do item está
sendo utilizado na solução fatorial. Foi considerado como limite mínimo esperado uma
comunalidade de 0,50.
A AFE foi realizada utilizando-se o método de Fatoração dos Eixos Principais bem como o
método de Componentes Principais. A AFE com Componentes Principais considera a
variância total ao extrair a estrutura fatorial, direciona a maior parte da variância para o menor
número possível de fatores. Já a AFE com Fatoração dos Eixos Principais considera apenas a
variância comum. Optou-se por utilizar ambos os procedimentos para avaliar com maior rigor
a estrutura fatorial subjacente. Em geral, os resultados foram convergentes.
A estabilidade da estrutura fatorial foi testada por meio da segmentação da amostra em grupos
e reaplicação do procedimento de extração da AFE. Identificou-se que em alguns casos a
solução fatorial apresentou um único fator pela extração livre. Como esse fato poderia estar
relacionado à alta correlação entre as variáveis, nesses casos, foi realizado o procedimento
127
adicional de extração considerando um número pré-especificado de fatores, conforme
indicado pela Literatura.
3.10.4. Análise da Confiabilidade e Validade dos Construtos
Foi então avaliada a Confiabilidade dos Construtos. Essa análise foi realizada analisando-se o
alfa de Cronbach, que é uma medida amplamente utilizada para avaliar a consistência interna
de cada escala. Espera-se um limite mínimo de 0,70 para o Alfa. Contudo, ressalta-se que o
indicador é bastante sensível ao número de itens incluídos na escala, de forma que a inclusão
de muitos itens pode “inflar” artificialmente o alfa (HAIR, BLACK, et al., 1999). No contexto
deste estudo, contudo, a maior parte das escalas foi mensurada com apenas 3 itens – o número
mínimo sugerido. De toda sorte, avaliou-se também os coeficientes de correlação item-total
corrigida das escalas. Para esses coeficientes, espera-se um limite mínimo de 0,50 (HAIR,
BLACK, et al., 1999, p. 125).
Em seguida foi gerada a Matriz de Correlação para cada conjunto de escalas. Contudo,
considerando que os construtos foram operacionalizados por meio de escalas intervalares do
tipo Likert com 7 pontos, optou-se por utilizar a Matriz de Correlação de Postos de Spearman
ao invés da Matriz de Correlação de Pearson. O uso da Matriz de Correlação por Postos de
Spearman é mais adequado nesses casos, pois o cálculo da correlação é baseado em técnica
não-paramétrica que não impõe suposição alguma sobre a distribuição de frequência das
variáveis.
A Matriz de Correlação de Postos de Spearman foi então utilizada para avaliar a Validade
Convergente e a Validade Discriminante dos construtos. Validade Convergente foi avaliada
por meio do exame da correlação entre as variáveis componentes de cada construto. A
Validade Discriminante foi avaliada por meio da correlação entre as variáveis pertencentes a
distintos construtos. Foi também avaliada a Validade Nomológica das escalas por meio do
exame da significância e do sinal das relações entre os construtos. Esse teste permitiu
identificar potenciais problemas com variáveis específicas na AFE, de maneira a antecipar a
busca e redobrar a atenção para certas variáveis na posterior fase de Análise Fatorial
Confirmatória.
128
3.10.5. Análise Fatorial Confirmatória (AFC)
Superada a Análise Fatorial Exploratória, iniciou-se a etapa de Análise Fatorial Confirmatória
(AFC). A escolha da técnica para realização da AFC levou em consideração o critério da
multidimensionalidade das variáveis.
A Verificação da multinormalidade das variáveis foi realizada por meio dos indicadores de
simetria da distribuição das variáveis. Verificou-se a normalidade das variáveis por meio dos
indicadores de Curtose item-a-item e de Curtose Multivariada (Multivariate Kurtosis).
Embora todos itens tenham apresentado valores individuais de Curtose dentro do limite
esperado de 2,00, o indicador de Curtose Multivariada excedeu o limite esperado de 7,00.
Portanto, como não foi observada multinormalidade dos dados, optou-se pela realização da
AFC através da técnica de ADF (Asymptotic Distribution Free) ao invés do uso tradicional de
MLE (Maximum Likelihood Estimate). A MLE não foi escolhida pois tem como premissa a
distribuição normal dos dados (Curtose Multivariada normalmente distribuída). Destaca-se,
ainda, que só foi possível utilizar a técnica ADF em virtude do tamanho da amostra. A ADF
requer amostras grandes, em geral entre 200 e 500 observações (KLINE, 2005). Um dos
motivos pelos quais o presente estudo foi projetado com uma amostra grande foi justamente
esse, pois considerou-se improvável obter uma distribuição normal mensurando as respostas
de respondentes autodeclarados como Fãs.
3.10.6. Análise dos Modelos de Mensuração
Os Modelos de Mensuração das escalas foram especificados e tratados em termos da
qualidade de ajuste, bem como no que diz respeito à Confiabilidade, Validade Convergente e
Validade Discriminante dos construtos.
Considerou-se um conjunto de indicadores de ajuste do modelo, incluindo medidas de ajuste
absoluto, como o Qui-quadrado (χ2), o índice Qui-Quadrado Normado, (χ2/gl), o GFI
(Goodness-of-Fit) e o RMSEA, e medidas de ajuste incremental, como o CFI (Comparative
Fit index).
O Qui-quadrado (χ2) é um dos indicadores absolutos mais utilizados para avaliar o ajuste do
modelo. Tipicamente a obtenção de χ2 não significativo sugere um bom ajuste do modelo.
129
Contudo, o χ2 é afetado negativamente pelo número de observações. Assim, para amostras
maiores do que 400 casos, dificilmente o p-valor do χ2 será não significativo, sendo então
necessário avaliar o ajuste do modelo por meio de outros indicadores. Além disso, o χ2
também é afetado negativamente pela intensidade das correlações entre as variáveis do
modelo e pela quantidade de parâmetros estimados. Por isso, o χ2 também é analisado de
maneira relativa ao número de graus de liberdade (χ2/gl). Tipicamente se considera que uma
relação χ2/gl < 3,0 como um bom indicador de ajuste do modelo. Contudo há controvérsias a
respeito do limite máximo esperado, sendo que alguns autores sugerem que modelos com
χ2/gl < 5,0 também podem ser considerados bem ajustados (HAIR, BLACK, et al., 1999). De
toda sorte, o indicador χ2/gl também carrega os problemas associados ao χ2. Nesse sentido, a
avaliação conjunta de outros indicadores como o GFI, CFI, o RMSEA e o PCLOSE se mostra
fundamental.
O GFI é o indicador que sugere a qualidade do modelo. Tipicamente, modelos de mensuração
com GFI > 0,9 indicam um bom ajuste do modelo. Já o CFI é um indicador incremental que
compara o modelo especificado a um modelo nulo, e “penaliza” o modelo pelo número de
parâmetros estimados. De maneira análoga, espera-se um CFI < 0,9 para modelos com um
bom ajuste aos dados.
O RMSEA é raiz quadrada do erro médio de aproximação, constituindo uma medida absoluta
baseada na não centralidade dos parâmetros. Tipicamente, espera-se um RMSEA <0,05 para
modelos com bom ajuste. Contudo, há controvérsia em relação ao limite máximo esperado,
havendo autores que sugerem que o limite RMSEA <0,08 é aceitável, ou até mesmo RMSEA
< 0,10. O PCLOSE é um indicador associado ao RMSEA. O PCLOSE realiza um teste
unicaudal da hipótese nula de que o RMSEA é igual a 0,05, sendo utilizado para indicar a
“qualidade” do RMSEA encontrado. Tipicamente espera-se um PCLOSE > 0,50.
Assim, após analisar esses indicadores de ajuste dos modelos de mensuração, foi realizado o
teste de dimensionalidade das escalas multidimensionais de Identificação do Fã com a
Modalidade, com o Time e com a Celebridade Esportiva. Para isso, foram especificados
modelos considerando todas as variáveis como pertencentes a uma única dimensão, e então
comparados os indicadores de ajuste do modelo unidimensional ao modelo multidimensional.
Esse teste permitiu suportar a multidimensionalidade dessas escalas.
130
Foi também realizada uma análise crítica das variáveis que apresentaram indicadores aquém
do esperado na AFE ou na AFC. Para fazer essa avaliação, foram avaliados principalmente os
MIs (Modification Index) entre as variáveis observáveis, variáveis latentes e erros. Foram
avaliados também os resíduos padronizados da Matriz de Covariância (Standardized Residual
Covariance Matrix). Com base nesses indicadores, foram encontrados indícios da adequação
de se eliminar algumas variáveis. A eliminação de poucas variáveis de algumas escalas
permitiu melhorar consideravelmente os indicadores do modelo. Por isso, foram gerados
modelos reespecificados dos modelos de mensuração, e contrastados os indicadores de ajuste
do modelo reespecificado com o modelo original.
Em sequência à reespecificação dos Modelos de Mensuração, avaliou-se a Confiabilidade dos
construtos usando o indicador Construct Reliability (CR) que é dado pela relação entre o
somatório das cargas das variáveis do construto e a soma das cargas, mais a soma dos erros
de mensuração dos indicadores. O limite esperado para o indicador CR é de 0,70 (HAIR,
BLACK, et al., 1999). Avaliou-se também a Validade Convergente dos Construtos, mediante
a análise dos coeficientes padronizados dos indicadores de cada construto, bem como por
meio da Análise da Variância Média Extraída (AVE) de cada variável latente. A AVE é dada
pela relação do quadrado da soma das cargas das variáveis do construto e o quadrado da soma
das cargas mais a soma dos erros de mensuração dos indicadores, sendo recomendável que
esteja acima de 0,50 (HAIR, BLACK, et al., 1999). Avaliou-se ainda a Validade
Discriminante dos construtos mediante a análise da correlação entre os construtos, que não
deve superar o limite de 0,85 (KLINE, 2005) bem como por meio do teste proposto por
Fornell e Larcker (1981), o qual sugere que o quadrado da correlação entre dois construtos
deve ser menor do que a Variância Média Extraída de cada um dos dois construtos.
Finalmente, a Validade Nomológica foi examinada por meio da análise da significância e
direção das relações entre os construtos (BEARDEN e NETEMEYER, 1999).
3.10.7. Teste das Hipóteses Substantivas do Estudo
Para realizar o teste das hipóteses substantivas do estudo foi utilizada a técnica de Modelagem
de Equações Estruturais (Structural Equations Modeling, SEM).
A SEM pode ser descrita como uma técnica que utiliza uma série de equações de regressão
múltipla separadas, mas independentes, simultaneamente. A SEM permite estimar as relações
de dependência múltipla inter-relacionadas e estimar variáveis latentes, explicando, desse
131
modo, o erro de mensuração no processo de estimação. Ou seja, essa técnica permite avaliar
em que medida as variáveis observáveis não representam perfeitamente as variáveis latentes
consideradas no modelo, considerando, também, o erro de mensuração da variáveis latentes
(HAIR, BLACK, et al., 1999).
Assim, para testar as hipóteses foram avaliados os paths (ou caminhos) hipotetizados no
modelo conceitual por meio da SEM. Considerou-se como critério para suportar as hipóteses
um p-valor <0,05. Com relação às hipóteses que contemplam o efeito da moderação do
Gênero e da Faixa Etária, utilizou-se a técnica de Análise Multi-grupos. A verificação do
efeito das variáveis moderadoras foi feita por meio dos testes de cross-validation e da
invariância do modelo para os distintos grupos, mediante o exame da significância do
indicador χ2 entre os modelos (HAIR, BLACK, et al., 1999).
132
4. RESULTADOS
Nesta seção são apresentados os resultados da pesquisa. Inicialmente, é feita uma breve
caracterização da amostra dos 1.180 participantes da pesquisa. Depois, apresentam-se as
estatísticas descritivas com os testes de diferenças de média entre os grupos (gênero, faixa
etária e time). Então, apresentam-se os resultados das escala do Consumo do Evento
Esportivo e das escalas gerais de Identificação geral com o Esporte. Com isso, são
apresentados os resultados do Modelo Estrutural proposto, hipotetizando a influência da
Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo – incluindo os teste de
moderação do gênero e da faixa etária primeiramente para a amostra total e posteriormente
segmentando essa análise para Fãs do Grêmio e Fãs do Internacional. Em seguida são
apresentados os resultados da concepção da Identificação com a Modalidade, com o Time e
com a Celebridade como construtos de 2a ordem mensurados a partir dos construtos de
Beleza, Drama, Escapismo, Realização com a Vitória, Socialização com outros Fãs, Busca de
Informações Esportivas, Confiabilidade das Celebridade Esportivas, Expertise e Atratividade.
Por fim, são apresentados resultados adicionais com o teste de recursividade do Modelo
Estrutural por meio da apresentação de modelos alternativos, e do resultado qualitativo das
perguntas abertas feitas no final do questionário.
4.1. CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA
Foram coletados 1249 questionários. Desse total, 59 observações (4,7%) foram descartadas
devido a falhas de preenchimento e 10 observações (0,8%) foram descartadas devido à
impossibilidade dos respondentes de completar a pesquisa após o início do preenchimento.
Assim, a taxa de observações válidas altamente satisfatória (94,5%), totalizando 1180
questionários.
Conforme especificado no capítulo do método, foi utilizada uma amostra não-probabilística
por quotas de time e gênero. Assim, das 1180 observações, 50% corresponde a torcedores(as)
do Grêmio (N=590) e 50% a torcedores(as) do Internacional (N=590). Para cada time foram
coletadas 305 observações do gênero masculino e 285 do gênero feminino. Dessa forma, a
amostra total é composta por 610 questionários coletados com homens (51,7%) e 570
questionários coletados com mulheres (48,3%). A tabela 15 apresenta um resumo desses
resultados.
133
Com relação à faixa etária, foram entrevistadas pessoas de 16 a 65 anos, conforme questões
de filtro especificadas no método. A pirâmide etária da amostra é apresentada pela Figura X.
Destaca-se a representatividade de Fãs esportivos em todas as faixas estarias.
A idade média da amostra é de 33,4 anos. Trata-se de uma amostra relativamente “madura”,
principalmente se este estudo for comparado com investigações anteriores no contexto do
Marketing Esportivo. Tradicionalmente, as pesquisas utilizam amostras com estudantes,
principalmente estudantes universitários, obtendo amostras com perfil significativamente mais
jovem. A mediana da amostra total foi de 31 anos, próximo ao valor da média, o que indica
uma distribuição simétrica. Assim, a idade de 30 anos foi considerada como critério de corte.
Com relação ao tipo de torcedor (sócio ou não sócio), observou-se, na amostra, uma presença
significativa de sócio-torcedores: 266 (22,5%) do total de entrevistados declararam ser sócios
de algum dos clubes investigados. Essa proporção foi considerada relativamente alta, levando-
se em conta que o Internacional possui cerca de 120.000 sócios e o Grêmio 90.000. Contudo,
essa proporção não surpreende considerando que os dados foram coletados na capital Porto
Alegre (população de cerca de 1,5 milhão de habitantes), a qual possui uma proporção de
sócios maior do que a do interior do Estado. Além disso, observou-se uma maior proporção
de sócios do internacional do que do Grêmio, o que está de acordo com os dados divulgados
pelos clubes.
Com relação ao local de coleta dos dados, foi atingido o objetivo do plano de coleta
especificado no capítulo do método. Observa-se que 486 (39,7%) entrevistas foram realizadas
no Centro de Porto Alegre, sabidamente um local com alto tráfego de pessoas de distintos
perfis econômicos, sociais e faixa etária. O segundo bairro com maior número de observações
é o Bom Fim (N=157; 13,3%), uma vez que os questionários coletados no Parque da
Redenção, que fica neste bairro, foram codificados nesse domínio. As demais 555 entrevistas
foram distribuídas em 35 bairros. Foi atingido o objetivo de se diversificar a amostra em
diversos bairros residenciais. O bairro Alto Petrópolis, que foi o bairro com maior número de
observações depois do Centro e do Bom fim, por exemplo, representou apenas 4,5% do total
da amostra, evidenciando a dispersão da amostra em diversos bairros.
134
Tabela 15 – Característica da Amostra: distribuição entre grupos
Gênero Faixa Etária Torcedor
Geral Feminino Masculino Até 30 anos + de 30 anos Não Sócio Sócio
N % N % N % N % N % N % N %
Internacional 590 50.0% 285 50.0% 305 50.0% 276 47.5% 314 52.4% 447 48.9% 143 53.8%
Grêmio 590 50.0% 285 50.0% 305 50.0% 305 52.5% 285 47.6% 467 51.1% 123 46.2%
Total 1180 100.0% 570 48.3% 610 51.7% 581 49.2% 599 50.8% 914 77.5% 266 22.5%
Tabela 16 – Local da coleta de dados
Local Coleta de Dados
N % % acumulado
Centro 468 39.7% 39.7%
Bom Fim 157 13.3% 53.0%
Cidade Baixa 84 7.1% 60.1%
Alto Petrópolis 53 4.5% 64.6%
Chácara das Pedras 52 4.4% 69.0%
Cristal 47 4.0% 73.0%
IAPI 38 3.2% 76.2%
Tristeza 36 3.1% 79.2%
Floresta 30 2.5% 81.8%
Outros 215 18.2% 100.0%
Total 1180 100.0%
Figura 11 – Distribuição da Amostra por Faixa Etária
135
4.2. DIFERENÇAS DE MÉDIA ENTRE GRUPOS
Inicialmente, foi realizada a análise de diferença de médias entre grupos, considerando a
amostra total. Observaram-se diferenças estatisticamente significativas entre gênero, faixa
etária, e “tipo” de torcedor (sócios versus não sócios).
4.2.1. Diferenças de média entre Gêneros
Considerando a variável gênero, observam-se diferenças estatisticamente significativas entre
homens e mulheres em 13 das 14 escalas pesquisadas, conforme apresentado pela Tabela 17.
Verifica-se, por exemplo, que as médias da Identificação dos Fãs masculinos com a
Modalidade, Time – e suas dimensões de 2a ordem – são maiores do que as médias entre
respondentes do gênero feminino. A diferença nas médias de Identificação dos construtos de
Beleza (IEB), Drama (IED), Escapismo (IEE), Vitória (ITV), Socialização (ITS) e Busca de
Informações (ITI) foi consistente e sistemática, apresentando sempre médias maiores para os
homens.
Além disso, as duas escalas de Atitude em relação ao Consumo do Evento Esportivo (CEE e
CEM) também apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre Fãs masculinos e
femininos. Com efeito, dos 10 itens entre as variáveis CEE_50 e CEE_59, nove apresentaram
p-valor menor do que 0,001. Os indivíduos do gênero masculino também apresentaram
médias superiores às dos respondentes do gênero feminino, sugerindo que os homens
possuem uma maior propensão ao Consumo do Evento Esportivo, como era esperado. Nessas
escalas, destaca-se, ainda, a significância prática dos resultados, visto que a diferença entre
médias é relativamente maior do que nas outras escalas, ao redor de 1 ponto de diferença.
As escalas de Identificação do Torcedor com a Celebridade Esportiva, por outro lado,
apresentaram um resultado misto: tanto a escala geral (ICG) quanto as dimensões
Confiabilidade (ICC) e Expertise (ICE) não apresentaram diferenças de média entre gêneros.
Ou seja, não se pode afirmar que homens e mulheres tenham médias diferentes para essas
variáveis. A exceção foi a dimensão Atratividade da Identificação do torcedor com a
Celebridade Esportiva (ICA), em que se observou diferença estatisticamente significativa
entre as médias, que foram mais altas entre mulheres.
136
4.2.2. Diferenças de média entre Faixas Etárias
Para analisar o efeito da Faixa Etária, foi necessário segmentar a amostra em dois grupos,
visto que a variável idade foi registrada como um valor numérico na coleta de dados. Como
critério de corte, decidiu-se utilizar a mediana. Assim, a amostra foi dividida em dois grupos
com praticamente o mesmo número de observações: respondentes com menos de 30 anos
(N=581) e com mais de 30 anos de idade (N=599).
O teste de diferença entre médias utilizando-se a Faixa Etária sugere menos diferenças do que
o teste de diferenças utilizando o Gênero. Com efeito, quando se analisa a Faixa Etária,
apenas uma dimensão apresentou resultados estatisticamente significativos de forma
consistente e sistemática para todas as variáveis: a Atitude em relação ao Estádio. Para essa
dimensão, verifica-se claramente que a pré-disposição dos Fãs com menos de 30 anos de ir ao
Estádio é maior do que a dos Fãs com mais de 30 anos. Já a escala de Atitude em relação ao
Consumo do Evento pela Mídia (CEM) apresentou apenas dois itens estatisticamente
significativos. De toda sorte, esses itens apresentaram médias de Atitude em relação à Mídia
maiores para Fãs com mais de 30 anos, sugerindo que, à medida que a idade avança, a pré-
disposição de ir ao Estádio pode diminuir, porém aumenta a pré-disposição de assistir ao jogo
pela Mídia.
No que tange às dimensões de Identificação do Torcedor com a Modalidade Esportiva e com
o Time esportivo, por exemplo, não foram encontradas diferenças sistemáticas entre
respondentes com menos de 30 anos e respondentes com mais de 30 anos. Em alguns casos,
até houve diferenças estatisticamente significativas em alguns itens, como no caso do item
IEE_17, contudo a diferença entre as médias, na prática, foi pequena: 4,4 para respondentes
até 30 anos e 4,6 para respondentes acima de 30 anos.
Além disso, também foram encontradas diferenças estatisticamente significativas de faixa
etária para as dimensões Atratividade (ICA) e Confiabilidade (ICC) das escalas de
Identificação do torcedor com as Celebridades Esportivas. Dos 5 itens da Atratividade (ICA),
4 apresentaram p-valor de 0,000. Nesse construto, as médias maiores foram as dos
respondentes com mais de 30 anos. Esse resultado poderia sugerir que as pessoas com mais
idade valorizam um pouco mais a Atratividade das Celebridades Esportivas do que as com
menos de 30 anos. Contudo, a significância prática foi relativamente pequena.
137
Tabela 17 – Diferença de média entre grupos: Gênero e Faixa Etária
Gênero Faixa Etária Média Teste t Média Teste t
Item Média DP Fem. Masc. t p-valor Até 30 anos
+ de 30 anos
t p-valor
IEG_07 5.18 1.772 4.7 5.7 -9.82 *** 5.2 5.2 0.58 0.563 IEG_08 4.43 1.917 4.0 4.8 -8.00 *** 4.5 4.4 0.66 0.508 IEG_09 5.13 2.048 4.5 5.8 -11.47 *** 5.2 5.1 0.84 0.398 IEB_10 5.61 1.544 5.4 5.8 -5.16 *** 5.5 5.7 -2.93 0.003 IEB_11 5.49 1.529 5.2 5.7 -5.62 *** 5.4 5.5 -1.36 0.175 IEB_12 4.88 1.709 4.6 5.2 -5.76 *** 4.8 5.0 -1.52 0.129 IED_13 5.12 1.860 4.7 5.5 -6.92 *** 5.4 4.8 5.22 *** IED_14 5.89 1.419 5.7 6.1 -4.96 *** 5.9 5.8 1.23 0.218 IED_15 5.05 1.799 4.9 5.2 -3.63 *** 5.2 4.9 2.40 0.017 IEE_16 4.10 2.095 3.6 4.6 -8.46 *** 4.0 4.2 -0.96 0.337 IEE_17 4.48 1.925 4.4 4.6 -1.45 .148 4.4 4.6 -2.19 0.029 IEE_18 4.18 1.933 3.9 4.4 -4.42 *** 4.1 4.2 -0.92 0.360 ITG_19 5.92 1.469 5.6 6.2 -6.42 *** 5.9 5.9 0.13 0.898 ITG_20 4.86 2.101 4.6 5.1 -4.11 *** 4.9 4.8 1.03 0.303 ITG_21 5.17 1.816 4.9 5.4 -5.34 *** 5.1 5.2 -0.43 0.666 ITV_22 5.84 1.500 5.7 6.0 -3.76 *** 5.7 6.0 -2.70 0.007 ITV_23 5.43 1.784 5.2 5.7 -5.03 *** 5.4 5.5 -1.39 0.164 ITV_24 5.95 1.463 5.8 6.1 -2.88 .004 5.9 6.0 -1.93 0.054 ITS_25 5.16 1.844 4.9 5.4 -4.58 *** 5.3 5.0 3.12 0.002 ITS_26 5.01 1.895 4.5 5.5 -8.63 *** 5.0 5.0 0.42 0.676 ITS_27 5.07 1.840 4.8 5.3 -5.06 *** 5.1 5.0 0.45 0.656 ITI_28 4.52 2.010 3.9 5.1 -9.80 *** 4.5 4.5 0.32 0.747 ITI_29 5.56 1.731 5.1 6.0 -9.56 *** 5.6 5.6 0.14 0.891 ITI_30 5.35 1.809 4.8 5.9 -10.85 *** 5.3 5.4 -0.49 0.621 ICG_32 3.43 1.963 3.7 3.2 4.04 *** 3.5 3.4 1.08 0.281 ICG_33 4.46 1.805 4.3 4.6 -2.46 .014 4.6 4.4 1.83 0.068 ICG_34 5.18 1.657 5.2 5.2 0.55 .585 5.2 5.2 0.41 0.684 ICC_35 5.33 1.483 5.3 5.3 0.22 .824 5.2 5.4 -1.93 0.054 ICC_36 5.19 1.463 5.2 5.2 -0.27 .790 5.1 5.3 -2.38 0.017 ICC_37 5.26 1.459 5.2 5.3 -0.57 .569 5.2 5.4 -2.41 0.016 ICC_38 5.09 1.468 5.1 5.1 -0.48 .630 5.0 5.2 -1.79 0.073 ICC_39 5.35 1.432 5.3 5.4 -1.01 .311 5.2 5.5 -2.81 0.005 ICE_40 5.82 1.253 5.7 5.9 -2.77 .006 5.8 5.9 -1.42 0.155 ICE_41 5.92 1.263 5.9 6.0 -1.52 .128 5.9 6.0 -1.30 0.194 ICE_42 5.57 1.386 5.5 5.7 -2.18 .029 5.4 5.7 -4.03 0.000 ICE_43 6.08 1.100 6.0 6.2 -2.76 .006 6.0 6.1 -1.58 0.115 ICE_44 6.13 1.112 6.1 6.1 -0.02 .984 6.1 6.2 -1.09 0.276 ICA_45 4.08 2.009 4.6 3.6 8.93 *** 3.9 4.2 -2.46 0.014 ICA_46 4.26 1.890 4.8 3.8 9.05 *** 4.1 4.4 -3.46 0.001 ICA_47 4.03 2.047 4.6 3.5 9.08 *** 3.9 4.1 -1.95 0.051 ICA_48 4.10 1.924 4.6 3.6 8.81 *** 4.0 4.2 -2.67 0.008 ICA_49 3.73 2.028 4.3 3.2 8.82 *** 3.7 3.8 -1.12 0.264 CEE_50 3.65 2.183 3.0 4.2 -9.56 *** 3.9 3.4 4.15 *** CEE_51 4.90 2.248 4.3 5.4 -8.41 *** 5.2 4.6 4.05 *** CEE_52 4.50 2.329 4.0 4.9 -7.04 *** 4.9 4.1 5.42 *** CEE_53 3.98 2.317 3.4 4.5 -7.82 *** 4.3 3.7 4.63 *** CEE_54 4.57 2.262 4.1 5.0 -6.42 *** 4.9 4.3 4.37 *** CEM_55 5.47 1.527 5.2 5.7 -5.79 *** 5.4 5.5 -0.49 0.626 CEM_56 4.40 1.914 3.8 5.0 -11.17 *** 4.4 4.4 -0.30 0.764 CEM_57 3.68 2.023 3.9 3.5 2.99 .003 3.3 4.0 -6.50 *** CEM_58 4.80 1.823 4.3 5.2 -8.96 . *** 4.7 4.9 -1.90 0.058 CEM_59 3.91 2.048 4.0 3.8 1.20 .231 3.6 4.2 -5.88 ***
138
4.2.3. Diferenças de média entre sócios e não-sócios
Considerando a variável “tipo de torcedor” (sócios versus não-sócios), observou-se diferença
entre médias em 13 das 14 dimensões investigadas. Ou seja, todas as dimensões, exceto a
dimensão Atratividade (ICA) da escala de Identificação do Torcedor com a Celebridade
Esportiva, apresentaram diferenças estatisticamente significativas. Essa diferença foi
sistemática. Via-de-regra, os sócios apresentaram médias de identificação superiores aos não-
sócios para todas as variáveis. Tal resultado era esperado, uma vez que se associar ao clube,
em si só, pode ser considerado um manifesto de identificação do torcedor.
Destaca-se que a significância prática entre as médias de sócios e não-sócios foi bastante alta.
Tome-se, por exemplo, a variável ITV_23: a média dos sócios foi 1 ponto inteiro maior do
que a dos não sócios. As demais variáveis dessa escala apresentaram resultados similares. No
caso da Atitude em relação ao Consumo do Evento esportivo no Estádio (CEE), a diferença
prática entre médias foi ainda maior. Para a variável CEE_54, por exemplo, essa diferença
chegou a 2,0 pontos na escala de 1 a 7.
O Atitude em relação ao Consumo do Evento Esportivo pela Mídia (CEM) apresentou
resultados mistos. Embora 4 dos 5 itens tenham apresentado diferenças estatisticamente
significativas entre as médias, 2 itens foram com média maior a favor dos não-sócios
(CEM_57 e CEM_59), e os outros 2 itens com média maior a favor dos sócios (CEM_56 e
CEM_58). Esses resultados dificultam a interpretação para essa dimensão, além de sugerir
indícios iniciais de possíveis problemas na confiabilidade dessa escala.
4.2.4. Diferenças de média entre Times
No que tange à diferença entre médias, considerando a amostra total de Fãs do Grêmio e Fãs
do Internacional, foi encontrada diferença em apenas uma dimensão: Identificação com a
Celebridade Esportiva (Atratividade). Os resultados são apresentados na Tabela 18.
139
Tabela 18 – Diferença de média entre grupos: Tipo de Fã e Time
Tipo de Fã Time Média Teste t Média Teste t
Item Média DP Não-sócio
Sócio t p-valor Inter-
nacional Grêmio t p-valor
IEG_07 5.18 1.772 4.9 6.3 -14.80 *** 5.2 5.2 0.49 0.622 IEG_08 4.43 1.917 4.1 5.6 -14.92 *** 4.4 4.4 0.18 0.856 IEG_09 5.13 2.048 4.8 6.3 -14.95 *** 5.2 5.1 1.41 0.159 IEB_10 5.61 1.544 5.5 6.1 -6.97 *** 5.7 5.6 1.21 0.228 IEB_11 5.49 1.529 5.3 6.1 -7.79 *** 5.6 5.4 2.06 0.040 IEB_12 4.88 1.709 4.7 5.4 -6.75 *** 5.0 4.8 2.10 0.036 IED_13 5.12 1.860 5.0 5.6 -5.32 *** 5.1 5.2 -0.70 0.481 IED_14 5.89 1.419 5.8 6.3 -6.49 *** 5.9 5.9 0.33 0.743 IED_15 5.05 1.799 4.9 5.4 -4.27 *** 5.0 5.1 -0.73 0.467 IEE_16 4.10 2.095 3.8 5.1 -10.17 *** 4.2 4.0 1.21 0.227 IEE_17 4.48 1.925 4.5 4.5 -0.44 0.657 4.6 4.4 1.50 0.134 IEE_18 4.18 1.933 4.0 4.8 -6.10 *** 4.3 4.1 2.05 0.040 ITG_19 5.92 1.469 5.7 6.7 -13.08 *** 6.0 5.8 1.90 0.057 ITG_20 4.86 2.101 4.5 6.0 -13.46 *** 4.8 4.9 -0.43 0.668 ITG_21 5.17 1.816 4.9 6.2 -14.66 *** 5.2 5.1 1.03 0.305 ITV_22 5.84 1.500 5.7 6.4 -10.30 *** 5.9 5.8 0.97 0.332 ITV_23 5.43 1.784 5.2 6.2 -10.76 *** 5.4 5.4 -0.02 0.987 ITV_24 5.95 1.463 5.8 6.6 -10.96 *** 6.0 5.9 0.95 0.340 ITS_25 5.16 1.844 4.9 6.1 -13.36 *** 5.3 5.0 2.02 0.043 ITS_26 5.01 1.895 4.7 6.0 -13.13 *** 5.0 5.0 0.69 0.490 ITS_27 5.07 1.840 4.9 5.8 -8.28 *** 5.2 4.9 2.81 0.005 ITI_28 4.52 2.010 4.2 5.7 -13.67 *** 4.5 4.5 0.39 0.696 ITI_29 5.56 1.731 5.3 6.6 -15.76 *** 5.6 5.5 0.98 0.330 ITI_30 5.35 1.809 5.1 6.4 -15.27 *** 5.4 5.3 1.08 0.281 ICG_32 3.43 1.963 3.4 3.6 -1.36 0.173 3.5 3.4 0.55 0.583 ICG_33 4.46 1.805 4.3 5.2 -8.48 *** 4.5 4.5 0.15 0.885 ICG_34 5.18 1.657 5.0 5.7 -7.24 *** 5.2 5.1 0.95 0.343 ICC_35 5.33 1.483 5.2 5.6 -4.26 *** 5.3 5.4 -0.98 0.327 ICC_36 5.19 1.463 5.1 5.5 -3.99 *** 5.1 5.2 -1.17 0.240 ICC_37 5.26 1.459 5.2 5.5 -3.23 0.001 5.2 5.3 -0.98 0.328 ICC_38 5.09 1.468 5.0 5.4 -3.49 *** 5.0 5.1 -1.15 0.250 ICC_39 5.35 1.432 5.3 5.7 -4.38 *** 5.3 5.4 -1.55 0.122 ICE_40 5.82 1.253 5.7 6.2 -6.09 *** 5.8 5.8 -0.56 0.577 ICE_41 5.92 1.263 5.9 6.2 -3.66 *** 5.9 5.9 0.25 0.800 ICE_42 5.57 1.386 5.5 5.9 -5.12 *** 5.5 5.6 -0.78 0.437 ICE_43 6.08 1.100 6.0 6.4 -7.33 *** 6.1 6.1 0.19 0.853 ICE_44 6.13 1.112 6.1 6.4 -4.52 *** 6.1 6.1 0.31 0.754 ICA_45 4.08 2.009 4.1 3.9 1.49 0.135 3.9 4.2 -2.98 0.003 ICA_46 4.26 1.890 4.3 4.1 1.85 0.065 4.1 4.4 -2.91 0.004 ICA_47 4.03 2.047 4.1 3.8 1.70 0.089 3.8 4.3 -4.15 *** ICA_48 4.10 1.924 4.1 3.9 1.56 0.119 3.9 4.3 -3.10 0.002 ICA_49 3.73 2.028 3.8 3.5 2.05 0.040 3.6 3.9 -2.20 0.028 CEE_50 3.65 2.183 3.0 5.9 -27.77 *** 3.7 3.6 0.63 0.531 CEE_51 4.90 2.248 4.5 6.4 -18.32 *** 5.0 4.8 1.48 0.140 CEE_52 4.50 2.329 4.0 6.2 -19.38 *** 4.6 4.4 1.66 0.096 CEE_53 3.98 2.317 3.4 5.9 -21.49 *** 4.0 3.9 0.98 0.327 CEE_54 4.57 2.262 4.1 6.1 -17.92 *** 4.7 4.5 1.55 0.123 CEM_55 5.47 1.527 5.5 5.5 -0.27 0.785 5.5 5.5 0.04 0.970 CEM_56 4.40 1.914 4.2 5.1 -7.66 *** 4.4 4.4 0.35 0.727 CEM_57 3.68 2.023 4.0 2.6 11.82 *** 3.6 3.7 -0.75 0.455 CEM_58 4.80 1.823 4.7 5.1 -3.65 *** 4.9 4.7 1.58 0.114 CEM_59 3.91 2.048 4.2 3.0 8.58 *** 3.9 3.9 0.40 0.691
140
Conforme apresentado na Tabela 18, verifica-se que praticamente não se observam diferenças
no nível de Identificação entre os Fãs do Grêmio e os Fãs do Internacional, com exceção da
Identificação com a Celebridade (Atratividade), cujas médias foram maiores para os Fãs do
Grêmio.
Ressalta-se que o procedimento de coleta de dados não pré-especificou uma Celebridade
Esportiva para cada time. Pelo contrário, foi perguntado, a cada entrevistado, o jogador do
time com o qual ele mais se identificava, e, então, todas as perguntas relacionadas à
Identificação com a Celebridade Esportiva foram ancoradas no jogador escolhido pelo
entrevistado. No Grêmio destaca-se a escolha de Victor, citado como principal ídolo dos Fãs
do Grêmio, enquanto no Internacional os resultados sugerem divisão dos Fãs entre dois
jogadores: D’Alessandro e Guiñazu.
Assim, a diferença de média encontrada entre Fãs do Grêmio e do Internacional no grau de
Identificação com a Celebridade (Atratividade) pode sugerir diversas interpretações. Uma
delas seria o efeito do desempenho percebido do Time no nível de Identificação do Fã com o
Time, com a Modalidade e com as Celebridades do Esporte. Com efeito, conforme
apresentado anteriormente na Revisão de Literatura, Jones (2000) sugeriu que a Identificação
do Fã com o Esporte pode se “deslocar” ao longo do tempo, sendo em alguns momentos mais
forte o elo de ligação do Fã com o Time, em outros o elo de ligação do Fã com a Celebridade
Esportiva ou a Modalidade. Com efeito, Jones realizou um estudo em que suportou o efeito
do desempenho percebido do time no “deslocamento” da Identificação do Fã, sugerindo que,
em momentos de derrota ou desempenho desfavorável na percepção do Fã, a Identificação
com o Time pode cair, porém o grau de Identificação com a Celebridade tende a aumentar.
Ou seja, devido à covariância entre os construtos de Identificação do Fã com o Esporte,
haveria um efeito de “compensação” e/ou deslocamento entre os elos de ligação.
4.3. ESCALAS DE CONSUMO DO EVENTO ESPORTIVO
Nesta seção são analisadas as 3 escalas associadas ao Consumo do Evento Esportivo: (1)
escala da atitude do Fã em relação ao Consumo do Evento através da Mídia (CEM), (2) escala
da atitude do Fã em relação ao Consumo do Evento no Estádio (CEE) e (3) escala de Métrica
de Consumo do Evento através do comparecimento do Fã ao estádio (MCE).
141
Inicialmente, apresentam-se os resultados da Análise Fatorial Exploratória (AFE). Depois, os
resultados da Análise Fatorial Confirmatória (AFC). Por último, são apresentados os Testes
de Diferenças Multi-grupo.
4.3.1. AFE: Consumo do Evento Esportivo
Na Análise Fatorial Exploratória (AFE) das escalas de Consumo do Evento Esportivo, são
apresentados 3 tipos de análise: (1) análise da Estrutura Fatorial, contemplando a verificação
da dimensionalidade dos construtos; (2) análise da Estabilidade da Estrutura Fatorial,
contemplando as estatísticas descritivas para teste de diferença entre grupos; e (3) análise da
Confiabilidade dos Construtos, Validade Convergente, Validade Discriminante e Validade
Nomológica.
4.3.1.1. Estrutura Fatorial: resultados iniciais
As escalas gerais de consumo do evento esportivo foram inicialmente submetidas à Análise
Fatorial Exploratória através do método de extração pelo autovalor (Eigenvalue), com rotação
Direct Oblimin, utilizando-se tanto a técnica de Fatoração dos Eixos Principais quanto de
Componentes Principais. O resultado é apresentado na Tabela 19.
Inicialmente, pode-se verificar que a adequação da análise fatorial para esse conjunto de
dados é boa: o indicador KMO foi de 0,894 e o indicador de Esfericidade de Bartlett de 11762
(p-valor < 0,000). Além disso, todos os itens apresentaram um MSA satisfatório; o menor
MSA foi 0,775. A comunalidade dos itens foi boa, com exceção do item CEM_55, que
apresentou indicador de comunalidade de 0,464 na extração através da Fatoração dos Eixos
Principais – abaixo do limite esperado de 0,50.
Verificou-se que a estrutura fatorial apresentou 3 fatores, conforme esperado: um para a
escala de consumo de eventos esportivos através do comparecimento ao estádio (CEE), um
para a escala de consumo de eventos esportivos através da audiência pela mídia (CEM) e um
para a escala numérica de comparecimento ao estádio, que incluía perguntas relativas ao
passado recente (quantas vezes o Fã tinha efetivamente ido ao estádio no ano anterior e no
ano corrente, além da intenção futura de comparecimento ao longo do ano presente).
142
Os fatores de carga, destacados em negrito, apresentaram coeficientes bons. Contudo, foram
identificados dois problemas: duas variáveis apresentaram coeficiente de carga abaixo de 0,50
em suas respectivas escalas e fator de carga acima do limite máximo esperado fora de seus
respectivos “lugares” na escala de consumo do evento esportivo através da mídia – CEM_57 e
CEM_59. Essas variáveis utilizaram uma formulação idêntica às questões CEE_52 e CEE_54
(estádio), porém focando a mídia ao invés do estádio. Com efeito, foi justamente no fator de
consumo através do comparecimento ao estádio que essas variáveis (CEM_57 e CEM_59)
“carregaram”, porém com sinal negativo.
Utilizando-se a técnica de Fatoração dos Eixos principais, verificou-se que a variância total
explicada foi de 70,2%, e utilizando-se Componentes Principais, 76,9%. A estrutura fatorial
permaneceu bidimensional em ambos os métodos de extração.
143
Tabela 19 – Escalas de Consumo do Evento Esportivo: Estrutura Fatorial das escalas
Fatoração Eixos Principais Componentes Principais
Cod. Item Estádio Mídia Métrica Comun. Estádio Mídia Métrica Comun. MSA CEE_50 Eu costumo ir ao estádio para assistir jogos de futebol. .559 .167 .359 .731 .555 .172 .401b .765 .917
CEE_51 Quando vou ao estádio, o tempo que eu passo lá é prazeroso.
.793 .246 -.007 .710 .820 .267 -.008 .764 .945
CEE_52 Eu prefiro assistir futebol no estádio do que através da mídia (TV, Rádio ou Internet).
.850 .091 .023 .765 .860 .106 .037 .799 .927
CEE_53 Eu vou a jogos de futebol no estádio sempre que posso. .696 .180 .215 .764 .695 .189 .245 .789 .921
CEE_54 Não existe lugar melhor para assistir a um jogo de futebol do que o estádio.
.822 .117 .011 .714 .851 .133 .011 .767 .943
CEM_55 Eu costumo assistir futebol através da mídia (TV, Radio ou Internet)
.000 .685 -.035 .464c .001 .801 -.066 .632 .775
CEM_56 Eu gosto de passar o tempo na frente da TV assistindo futebol.
.147 .717 .121 .607 .139 .778 .132 .702 .871
CEM_57 Eu prefiro assistir futebol através da mídia (TV, Radio e Internet) do que no estádio.
-.731b .400a -.051 .696 -.776b .405a -.041 .759 .849
CEM_58 Eu assisto jogos de futebol na mídia (TV, Radio e Internet) sempre que posso.
.092 .812 .005 .680 .089 .857 .000 .752 .781
CEM_59 Não existe forma melhor de assistir a um jogo de futebol do que sentado confortavelmente na frente da TV.
-.588b .464a -.055 .559 -.666b .505a -.027 .673 .828
MCE_61 Aproximadamente quantas vezes você foi ao estádio no ano passado?
-.008 -.027 .929 .849 .002 -.034 .942 .882 .873
MCE_62 Aproximadamente quantas vezes você já foi ao estádio este ano?
-.070 -.017 .958 .842 -.062 -.027 .975 .885 .870
MCE_63 Quantas vezes você ainda pretende ir ao estádio até o final deste ano?
.053 .027 .827 .745 .029 .015 .895 .832 .920
Variância explicada 45.6% 16.0% 8.5% 47.6% 19.1% 10.2%
Variância total explicada 70.2% 76.9%
KMO 0,894
Bartlett (sig) 11762 (0,000) Nota: a o fator de carga foi inferior ao limite mínimo esperado de 0,5; b o item apresentou fator de carga superior ao limite esperado de 0,5; c comunalidade abaixo do limite mínimo esperado de 0,5.
144
4.3.1.2. Estabilidade da Estrutura Fatorial: teste entre grupos
Para verificar a estabilidade da estrutura fatorial subjacente ao dados, foi realizado o teste de
diferença da estrutura entre grupos, considerando-se gênero, faixa etária, tipo de Fã (sócio ou
não-sócio) e time. O método utilizado foi de extração através do autovalor (Eigenvalue), com
Rotação Direct Oblimin, e técnica de Componentes Principais. O resultado é apresentado na
Tabela 36.
Verifica-se que a adequação da Análise Fatorial Exploratória para todos os grupos é alta: o
KMO foi superior ao limite mínimo esperado (0,7) para todos os grupos. Com efeito, o menor
KMO foi 0,839 (sócios).
Verificou-se que a estrutura fatorial realizando o teste entre grupos não variou. Ou seja, foi
verificada a estabilidade da estrutura fatorial sugerida anteriormente pela Tabela 20.
145
Tabela 20 – Escalas de Consumo do Evento Esportivo: Teste da Estabilidade da Estrutura Fatorial das escalas
Componentes Principais (Rotação Direct Oblimin)
Gênero Faixa Etária Fã Time
Cod Item Feminino Masculino Até 30 anos
> 30 anos Não-sócio Sócio Inter Grêmio
CEE_50 Eu costumo ir ao estádio para assistir jogos de futebol.
.535 .538 .457a .619 .569 .693 .510 .602
CEE_51 Quando vou ao estádio, o tempo que eu passo lá é prazeroso.
.833 .765 .722 .881 .811 .813 .805 .836
CEE_52 Eu prefiro assistir futebol no estádio do que através da mídia (TV, Rádio ou Internet).
.836 .874 .810 .875 .856 .858 .864 .861
CEE_53 Eu vou a jogos de futebol no estádio sempre que posso.
.721 .644 .606 .751 .706 .708 .656 .730
CEE_54 Não existe lugar melhor para assistir a um jogo de futebol do que o estádio.
.837 .856 .786 .887 .852 .859 .826 .877
CEM_55 Eu costumo assistir futebol através da mídia (TV, Radio ou Internet)
.823 .750 .782 .825 .788 .755 .784 .815
CEM_56 Eu gosto de passar o tempo na frente da TV assistindo futebol.
.787 .784 .781 .776 .772 .815 .796 .757
CEM_57 Eu prefiro assistir futebol através da mídia (TV, Radio e Internet) do que no estádio.
.446a .343a .332a .460a .480a .473a .384a .434a
CEM_58 Eu assisto jogos de futebol na mídia (TV, Radio e Internet) sempre que posso.
.852 .866 .850 .857 .851 .834 .882 .829
CEM_59 Não existe forma melhor de assistir ao futebol do que sentado confortavelmente na frente da TV.
.549 .428a .429a .573 .568 .582 .473a .540
MCE_61 Aproximadamente quantas vezes você foi ao estádio no ano passado?
.924 .936 .941 .942 .931 .899 .939 .944
MCE_62 Aproximadamente quantas vezes você já foi ao estádio este ano?
.980 .969 .973 .975 .951 .924 .984 .956
MCE_63 Quantas vezes você ainda pretende ir ao estádio até o final deste ano?
.847 .897 .885 .926 .842 .891 .884 .907
N 570 610 581 599 914 266 590 590
KMO .881 .893 .881 .894 .880 .839 .881 .895
Bartlett 5426 5831 5368 6387 7856 1919 5678 6238
Variância Explicada 76.3% 75.5% 75.0% 78.4% 74.1% 70.1% 76.0% 78.0%
146
4.3.1.3. Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante
Inicialmente, avaliou-se a confiabilidade das escalas gerais de identificação com a
modalidade, com o time e com as celebridades esportivas através do alfa de Cronbach. As 3
escalas apresentaram indicadores satisfatórios, com alfas acima de 0,70 – o que pode ser
considerado um bom indicador, principalmente se for considerado que cada escala possuía
apenas 3 itens. Dos 9 itens analisados, apenas 1 item (ITG_19) aumentaria a alfa se fosse
excluído.
A validade convergente pode ser claramente verificada nos coeficientes de correlação. Esta
análise também utilizou a Correlação por Postos de Spearman, uma vez que as variáveis
foram medidas utilizando uma escala intervalar tipo Likert com 7 pontos.
Por outro lado, verificou-se, também, que os coeficientes de correlação “fora da região dos
triângulos” também foram altos, alguns deles com coeficientes próximos a 0,60. Isso explica
o fato de a Análise Fatorial Exploratória inicial, com extração das dimensões utilizando-se o
autovalor ter apresentado uma estrutura bidimensional.
Decidiu-se, então, realizar uma Análise Fatorial Exploratória utilizando como critério de
extração a especificação prévia do número de fatores, no caso 3 fatores, apresentada na
Tabela 21.
Um ponto importante de ser destacado foram as correlações negativas da escala CEM, que
sugerem baixa qualidade dessa escala.
147
Tabela 21 – Escalas de Consumo do Evento Esportivo: Matriz de Correlação
Correlação entre as variáveis (Postos de Spearman)
Estádio Mídia Numérica
α = 0,931 α = 0,730 α = 0,882
Cod Item Média DP 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 61 62 63 CEE_50 Eu costumo ir ao estádio para assistir jogos de futebol. 3.7 2.18 1
CEE_51 Quando vou ao estádio, o tempo que eu passo lá é prazeroso.
4.9 2.25 .688 1
CEE_52 Eu prefiro assistir futebol no estádio do que através da mídia (TV, Rádio ou Internet).
4.5 2.33 .692 .724 1
CEE_53 Eu vou a jogos de futebol no estádio sempre que posso. 4.0 2.32 .821 .720 .724 1
CEE_54 Não existe lugar melhor para assistir a um jogo de futebol do que o estádio.
4.6 2.26 .647 .692 .753 .716 1
CEM_55 Eu costumo assistir futebol através da mídia (TV, Radio ou Internet)
5.5 1.53 .020 .167 .065 .080 .070 1
CEM_56 Eu gosto de passar o tempo na frente da TV assistindo futebol.
4.4 1.91 .372 .385 .292 .359 .287 .487a 1
CEM_57 Eu prefiro assistir futebol através da mídia (TV, Radio e Internet) do que no estádio.
3.7 2.02 -.457 -.474 -.610 -.510 -.574 .196a .050a 1
CEM_58 Eu assisto jogos de futebol na mídia (TV, Radio e Internet) sempre que posso.
4.8 1.82 .215 .301 .145 .232 .205 .578 .637 .161a 1
CEM_59 Não existe forma melhor de assistir a um jogo de futebol do que sentado confortavelmente na frente da TV.
3.9 2.05 -.332 -.346 -.456 -.375 -.439 .246a .146a .744 .258a 1
MCE_61 Aproximadamente quantas vezes você foi ao estádio no ano passado?
5.3 7.99 .802 .634 .642 .735 .589 .034 .339 -.477 .168 -.365 1
MCE_62 Aproximadamente quantas vezes você já foi ao estádio este ano?
2.2 3.78 .739 .542 .578 .664 .531 -.014 .290 -.436 .122 -.351 .820 1
MCE_63 Quantas vezes você ainda pretende ir ao estádio até o final deste ano?
4.5 6.06 .718 .594 .628 .698 .598 .084 .360 -.448 .198 -.360 .809 .759 1
Correlação item-total corrigida 0.81 0.80 0.82 0.85 0.80 0.55 0.44 0.42 0.57 0.50 0.86 0.87 0.82
Alfa se o item for excluído 0.91
6 0.91
7 0.91
4 0.90
8 0.91
9 0.669 0.702
0.713
0.653 0.678 0.830 0.867 0.789
Nota: a o coeficiente de correlação ficou abaixo do limite mínimo esperado de 0,5
148
4.3.2. AFC: Consumo do Evento Esportivo
Na Análise Fatorial Confirmatória (AFC) das escalas de Consumo do Evento Esportivo, são
apresentados os resultados de 4 tipos de análise: (1) análise do Modelo de Mensuração
individual de cada escala, contemplando o Teste da Dimensionalidade das escalas de atitude
em relação ao Consumo do Evento Esportivo; (3) análise do Modelo de Mensuração do
Consumo do Evento Esportivo; (4) análise do Modelo de Mensuração Reespecificado dessas
escalas; e (5) análise do Modelo Estrutural do Consumo do Evento Esportivo
4.3.2.1. Modelo de Mensuração individual de cada escala
Inicialmente, foi realizada a AFC individual do Modelo de Mensuração de cada Escala. Para
isso, as escalas de Atitude em relação ao Consumo do Evento Esportivo por meio do
Comparecimento ao Estádio (CEE) e Comparecimento ao Estádio (MCE) foram especificadas
individualmente no AMOS.
Ao analisar a escala CEE, verifica-se inicialmente que os fatores de carga para as 5 variáveis
observáveis foram altos, sendo o menor coeficiente o da CEE_51 (0,84) e o maior o da
CEE_53 (0,93), conforme ilustrado pela Figura 12.
Figura 12 – Modelo de Mensuração da escala de Atitude com Estádio
149
Foram então investigados os indicadores de ajuste desse modelo, cujos resultados são
apresentados pela Tabela 22.
Verificou-se que, apesar do GFI e do CFI terem apresentado bons indicadores de ajuste,
acima do limite esperado de 0,90, os demais indicadores de ajuste apresentaram evidências de
falta de ajuste. O χ2/gl do Modelo de Mensuração unidimensional com as 5 variáveis
originalmente propostas foi 17,2 – muito acima do limite esperado. O RMSEA foi 0,11, acima
do limite esperado de 0,05, com um PCLOSE muito baixo, de 0,000. Portanto, a partir dessas
evidências, foi feita uma análise crítica da formulação dos itens de cada uma das 5 variáveis
utilizadas na escala de atitude CEE.
Ao verificar criticamente as variáveis utilizadas, pode-se perceber que duas variáveis
(CEE_50 e CEE_53), na verdade, possuem uma formulação mais próxima de um
comportamento do que de atitude. A formulação da variável CEE_50, por exemplo, “Eu
costumo ir ao estádio para assistir a jogos de futebol”, sugere mais um hábito de consumo do
que de atitude. De maneira análoga, a formulação da variável CEE_53, “Eu vou a jogos de
futebol no estádio sempre que posso” também sugere um hábito de consumo, e possivelmente
está mais associada a um comportamento do que a uma atitude. Assim, apesar de as variáveis
CEE_50 e CEE_53 terem apresentado um alto fator de carga no mesmo construto que as
demais variáveis da escala CEE, a análise de conteúdo dos itens sugere falta de validade
nomológica do construto, a qual é evidenciada pelos indicadores de ajuste do modelo
unidimensional com alguns coeficientes aquém do esperado. Para resolver esse problema,
decidiu-se especificar um novo modelo de mensuração da escala CEE, separando as variáveis
CEE_50 e CEE_53 em uma dimensão separada, conforme ilustrado pela Figura 13. Os
indicadores de ajuste também são apresentados na Tabela 22.
150
Tabela 22 – Indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração da Atitude em relação ao Consumo do Evento Esportivo
Modelo χ2 p-valor χ2 / gl GFI CFI RMSEA PCLOSE
Modelo Mensuração Atitude Unidimensional
86,0 ,000 17,2 ,980 ,955 ,117 ,000
Mensuração Reespecificado Atitude Bidimensional
21,4 ,000 5,3 ,995 ,990 ,061 ,208
Limites esperados < possível > 0,05 < 3 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5
�ota: a Indicadores de ajuste fora dos limites esperados.
Figura 13 – Modelo de Mensuração Reespecificado da escala de Atitude Favorável ao Comparecimento ao Estádio (CEE) com 2 dimensões
Verificou-se que a separação das variáveis CEE_50 e CEE_53 em uma 2a dimensão
contribuiu significativamente para a melhoria dos indicadores de ajuste do modelo. O χ2
apresentou uma drástica redução de cerca de 4 vezes, implicando a queda do χ2/gl do Modelo
de Mensuração de 17,2 para 5,3. O RMSEA caiu 0,06, próximo ao limite esperado de 0,05, e
abaixo do limite “aceitável” de 0,08. Os indicadores de GFI e CFI também melhoraram. Ou
151
seja, a segregação da variáveis CEE_50 e CEE_53 das demais variáveis se mostrou
apropriada, pois julgou-se que tais variáveis refletem comportamento, e não atitude.
Porém, como a dimensão de comportamento já havia sido mensurada por meio da escala
métrica MCE, que perguntou a frequência de comparecimento ao estádio ao Fã e a intenção
de comparecimento futura, optou-se por eliminar as variáveis CEE_50 e CEE_53 do Modelo
de Mensuração, e prosseguir utilizando a escala CEE com apenas 3 variáveis: CEE_51,
CEE_52 e CEE_54.
Foi então avaliado o Modelo de Mensuração do Comparecimento ao Estádio, considerando a
avaliação individual da escala métrica MCE, a qual mede a frequência de ida do Fã ao
estádio. O modelo é apresentado pela Figura 14. Ao analisar a escala de Comparecimento ao
Estádio (MCE), verifica-se inicialmente que os fatores de carga para as 3 variáveis
observáveis foram bons, sendo o menor coeficiente o da MCE_63 (0,74) e o maior o da
MCE_61 (0,85).
Figura 14 – Modelo de Mensuração da escala de Comparecimento ao Estádio (MCE)
Assim, após analisar as escalas individualmente, foi especificado e analisado o Modelo de
Mensuração correlacionando a Atitude do Fã em relação ao estádio com o Comparecimento
do Fã ao Estádio.
152
4.3.2.2. Modelo de Mensuração do Consumo do Evento Esportivo
O Modelo de Mensuração do Consumo do Evento Esportivo associando a escala de Atitude
em relação ao Estádio (CEE) e a escala de Comportamento por meio do Comparecimento ao
Estádio (MCE) foi especificado no AMOS, conforme ilustrado pela Figura 15.
Verificou-se que os coeficientes de carga das variáveis observáveis foram muito bons. O
menor coeficiente foi de 0,82 (variável CEE_51) e o maior de 0,90 (variáveis CEE_54 e
MCE_61). A correlação entre as duas dimensões também se mostrou alta (r=0,60) e altamente
significativa (p<000).
Em seguida foram analisados os indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração do
Consumo Esportivo considerando atitude e comportamento como variáveis latentes
correlacionadas. Os resultados são apresentados pela Tabela 23.
Figura 15 – Modelo de Mensuração do Consumo do Evento Esportivo com Atitude e Comportamento
Verifica-se que o modelo apresentou indicadores muito bons. O χ2/gl foi de 2,7, com um GFI
e CFI altos, e um RMSEA baixo 0,038 associado a um PCLOSE alto. Foi realizado o teste da
estabilidade dos indicadores de ajuste, replicando a extração dos indicadores para diversos
estratos da amostra (gênero, faixa etária e time). Esses resultados também são apresentados
153
pela Tabela 23. Verificou-se que o modelo apresentou indicadores ainda melhores quando
avaliado por meio de grupos, o que suporta a estabilidade dos indicadores de ajuste do modelo
especificado e sua adequação aos dados.
Tabela 23 – Indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração do Consumo do Evento Esportivo
Modelo χ2 p-valor χ2/gl GFI CFI RMSEA PCLOSE
Modelo Mensuração 21,5 ,006 2,7 ,992 ,987 ,038 ,830
Feminino 22,5 ,004 2,8 ,988 ,977 ,057 ,307
Masculino 9,0 ,340 1,1 ,992 ,998 ,014 ,943
Até 30 anos 19,4 ,013 2,4 ,983 ,973 ,050 ,460
> 30 anos 22,2 ,004 2,7 ,989 ,980 ,055 ,346
Internacional 17,3 ,026 2,1 ,988 ,982 ,045 ,577
Grêmio 15,2 ,055 1,9 ,990 ,987 ,039 ,689
Limites esperados < possível > 0,05 < 3 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5
Assim, foi validado o Modelo de Mensuração do Consumo do Evento Esportivo, especificado
com duas dimensões – atitude e comportamento - , cada uma com 3 variáveis observáveis. Em
seguida são apresentados os resultados da análise das escalas gerais de Identificação do Fã
com o Esporte.
154
4.4. ESCALAS GERAIS DE IDENTIFICAÇÃO DO FÃ COM O ESPORTE
Nesta seção são analisadas as 3 escalas gerais de Identificação do Fã com o Esporte: (1)
escala geral de Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva (IEG), (2) escala geral de
Identificação do Fã com o Time Esportivo (ITG) e (3) escala geral de Identificação do Fã com
as Celebridades Esportivas (ICG).
Inicialmente, apresentam-se os resultados da Análise Fatorial Exploratória (AFE). Depois, os
resultados da Análise Fatorial Confirmatória (AFC).
4.4.1. AFE: Escalas Gerais de Identificação com o Esporte
Na Análise Fatorial Exploratória (AFE) das escalas de Identificação do Fã com o Esporte, são
apresentados 3 tipos de análise: (1) análise da Estrutura Fatorial, contemplando a verificação
da dimensionalidade dos construtos; (2) análise da Estabilidade da Estrutura Fatorial,
contemplando as estatísticas descritivas para teste de diferença entre grupos; e (3) análise da
Confiabilidade dos Construtos, Validade Convergente e Validade Discriminante.
4.4.1.1. Estrutura Fatorial: resultados iniciais
As escalas gerais de identificação do Fã com a Modalidade Esportiva, time esportivo e
celebridades esportivas foram inicialmente submetidas à Análise Fatorial Exploratória através
do método de extração pelo autovalor (Eigenvalue), com rotação Direct Oblimin, utilizando-
se tanto a técnica de Fatoração dos Eixos Principais quanto de Componentes Principais. O
resultado é apresentado na Tabela 24.
Inicialmente, pode-se verificar que a adequação da análise fatorial para esse conjunto de
dados é boa: o indicador KMO foi de 0,879 e o indicador de Esfericidade de Bartlett de 6229
(p-valor < 0,000). Além disso, todos os itens apresentaram um alto MSA; o menor MSA foi
0,818, alto. A comunalidade dos itens foi satisfatória, com exceção do item ITG_32, que
apresentou indicador de comunalidade de 0,390 na extração através da Fatoração dos Eixos
Principais – abaixo do limite esperado de 0,50.
Entretanto, verificou-se que, utilizando o método de autovalor, a estrutura fatorial
considerando a amostra total apresentou-se bidimensional. As escalas de identificação com a
Modalidade Esportiva e de identificação com o time se uniram considerando a amostra total.
155
Os fatores de carga, destacados em negrito, apresentaram coeficientes bons. Nenhum item
apresentou um fator de carga abaixo do limite esperado de 0,50.
Utilizando-se a técnica de Fatoração dos Eixos principais, verificou-se que a variância total
explicada foi de 60,2%, e utilizando-se Componentes Principais, 69,4%. A estrutura fatorial
permaneceu bidimensional em ambos os métodos de extração.
156
Tabela 24 – Escalas Gerais de Identificação: Estrutura Fatorial das Escalas
Fatoração Eixos Principais Componentes Principais
Cod. Item Modalidade
e Time Celebridade Comun.
Modalidade e Time
Celebridade Comun. MSA
IEG_07 Acima de tudo, me considero um(a) Fã de futebol. .867 -.043 .715 .879 -.026 .754 .875
IEG_08 Ser um(a) Fã de futebol é muito importante para mim.
.827 -.005 .680 .848 .010 .726 .895
IEG_09 O futebol é meu esporte favorito. .725 -.051 .491 .798 -.080 .591 .916
ITG_19 Eu me considero um(a) [Gremista/Colorado(a)] de verdade.
.719 .077 .579 .774 .071 .649 .932
ITG_20 Eu me sentiria perdido(a) se tivesse que deixar de ser torcedor do[Grêmio/ Internacional].
.744 .047 .591 .793 .043 .659 .864
ITG_21 Ser um(a) torcedor(a) do [Grêmio/Internacional] é muito importante para mim.
.845 .039 .748 .857 .053 .775 .859
ICG_32 Um dos motivos pelos quais acompanho futebol é o [nome do jogador].
-.094 .667 0,390a -.159 .883 .690 .818
ICG_33 Eu me identifico com o [nome do jogador] . .096 .737 .624 .144 .772 .708 .855
ICG_34 Eu sou um grande Fã do [nome do jogador]. .136 .699 .603 .179 .743 .693 .859
Variância explicada 50.0% 10.2% 54.1% 15.3%
Variância Total Explicada 60.2% 69.4%
KMO 0.879
Bartlett (sig) 6229 (0,000)
Nota: a comunalidade abaixo do limite mínimo sugerido de 0,5
157
4.4.1.2. Estabilidade da Estrutura Fatorial: teste entre grupos
Para verificar a estabilidade da estrutura fatorial subjacente ao dados, foi realizado o teste de
diferença da estrutura entre grupos, considerando-se gênero, faixa etária, tipo de Fã (sócio ou
não-sócio) e time. O método utilizado foi de extração através do autovalor (Eigenvalue), com
Rotação Direct Oblimin, e técnica de Componentes Principais. O resultado é apresentado na
Tabela 25.
Verifica-se inicialmente que a adequação da Análise Fatorial Exploratória para todos os
grupos é alta: o KMO foi superior ao limite mínimo esperado (0,7) para todos os grupos. Com
efeito, o menor KMO foi 0,811 (sócios).
Verificou-se que a estrutura fatorial realizando o teste entre grupos não variou. Ou seja, foi
verificada a estabilidade da estrutura bidimensional sugerida anteriormente. As dimensões
das escalas gerais de identificação com a Modalidade Esportiva e de identificação com o time
permaneceram unidas, separadas da identificação com as celebridades esportivas.
Assim, verificou-se que a estrutura fatorial apresentou estabilidade quando realizado o teste
entre grupos. A união das 2 dimensões ao se considerar a amostra total e a análise de
diferenças entre grupos foi compreendida como um indício de alta correlação entre as
dimensões Modalidade Esportiva e time.
158
Tabela 25 – Escalas Gerais de Identificação: teste da estabilidade da Estrutura Fatorial
Componentes Principais (Rotação Direct Oblimin)
Gênero Faixa Etária Fã Time
Cod Item Feminino Masculino Até 30 anos > 30 anos Não-sócio Sócio Inter Grêmio
IEG_07 Acima de tudo, me considero um(a) Fã de futebol.
.874 .854 .897 .849 .878 .803 .885 .868
IEG_08 Ser um(a) Fã de futebol é muito importante para mim.
.818 .847 .857 .831 .845 .731 .850 .843
IEG_09 O futebol é meu esporte favorito. .781 .758 .849 .723 .786 .723 .737 .848
ITG_19 Eu me considero um(a) [Gremista/Colorado(a]) de verdade.
.735 .797 .775 .778 .740 .723 .768 .777
ITG_20 Eu me sentiria perdido(a) se tivesse que deixar de ser torcedor do[Grêmio/ Internacional].
.792 .825 .791 .816 .767 .712 .774 .814
ITG_21 Ser um(a) torcedor(a) do [Grêmio/Internacional] é muito importante para mim.
.871 .866 .842 .884 .836 .806 .849 .862
ICG_32 Um dos motivos pelos quais acompanho futebol é o <nome do jogador> .
.881 .875 .882 .879 .868 .808 .884 .882
ICG_33 Eu me identifico com o <nome do jogador> . .808 .789 .762 .785 .792 .816 .791 .749
ICG_34 Eu sou um grande Fã do <nome do jogador> . .763 .710 .735 .755 .756 .790 .721 .757
N 570 610 581 599 914 266 590 590
KMO .872 .882 .882 .873 .871 .811 .869 .882
Bartlett
(sig)
2996 (0,000)
3094 (0,000)
3240
(0,000) 3017
(0,000)
4567 (0,000)
907 (0,000)
2825
(0,000) 3445
(0,000)
Variância Explicada 68.5% 68.9% 71.1% 67.8% 68.0% 60.7% 67.3% 71.5%
Nota: todas as escalas apresentaram estrutura fatorial bidimensional na extração pelo Eigenvalue, com a união das escalas de Time e Modalidade
159
4.4.1.3. Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante
Inicialmente, avaliou-se a confiabilidade das escalas gerais de identificação com a
modalidade, com o time e com as celebridades esportivas através do alfa de Cronbach. As 3
escalas apresentaram indicadores satisfatórios, com alfas acima de 0,70 – o que pode ser
considerado um bom indicador, principalmente se for considerado que cada escala possuía
apenas 3 itens. Dos 9 itens analisados, apenas 1 item (ITG_19) aumentaria a alfa se fosse
excluído.
A validade convergente pode ser claramente verificada nos coeficientes de correlação. Esta
análise também utilizou a Correlação por Postos de Spearman, uma vez que as variáveis
foram medidas utilizando uma escala intervalar tipo Likert com 7 pontos.
Por outro lado, verificou-se, também, que os coeficientes de correlação fora da região
demarcada na tabela também foram altos, alguns deles com coeficientes próximos a 0,60. Isso
explica o fato de a Análise Fatorial Exploratória inicial, com extração das dimensões
utilizando-se o autovalor ter apresentado uma estrutura bidimensional.
Decidiu-se, então, realizar uma Análise Fatorial Exploratória utilizando como critério de
extração a especificação prévia do número de fatores, no caso 3 fatores, apresentada na
Tabela 26.
160
Tabela 26 – Escalas Gerais de Identificação: Matriz de Correlação
Correlação entre as variáveis (Postos de Spearman)
Esporte Time Celebridade
α = 0,871 α = 0,875 α = 0,760
Cod Item Média DP 7 8 9 19 20 21 32 33 34
IEG_07 Acima de tudo, me considero um(a) Fã de futebol. 5.2 1.77 1
IEG_08 Ser um(a) Fã de futebol é muito importante para mim.
4.4 1.92 .758 1
IEG_09 O futebol é meu esporte favorito. 5.1 2.05 .683 .623 1
ITG_19 Eu me considero um(a) [Gremista/Colorado(a)] de verdade.
5.9 1.47 .615 .557 .488 1
ITG_20 Eu me sentiria perdido(a) se tivesse que deixar de ser torcedor do[Grêmio/ Internacional].
4.9 2.10 .569 .560 .431 .659 1
ITG_21 Ser um(a) torcedor(a) do [Grêmio/Internacional] é muito importante para mim.
5.2 1.82 .624 .642 .516 .689 .795 1
ICG_32 Um dos motivos pelos quais acompanho futebol é o [nome do jogador] .
3.4 1.96 .186 .233 .133 .151 .167 .195 1
ICG_33 Eu me identifico com o [nome do jogador]. 4.5 1.81 .371 .374 .294 .358 .367 .390 .478 1
ICG_34 Eu sou um grande Fã do [nome do jogador] . 5.2 1.66 .376 .355 .285 .392 .365 .406 .461 .604 1
Correlação item-total corrigida 0.80 0.77 0.70 0.71 0.79 0.84 0.53 0.64 0.62
Alfa se o item for excluído 0.784 0.805 0.868 0,885 a 0.815 0.751 0.757 0.628 0.654
Nota: a a exclusão do item aumenta o alfa.
161
Verificou-se uma alta adequação da Análise Fatorial Exploratória utilizando a extração com
número pré-especificado de fatores. O indicador KMO foi de 0,879 e o Índice de Esfericidade
de Bartlett foi de 6229 (p-valor < 0,000). A variância total explicada foi alta: 66% utilizando a
técnica de Fatoração dos Eixos Principais e 77,4% utilizando a técnica de Componentes
Principais. Além disso, todos os itens apresentaram valores satisfatórios de comunalidade,
com exceção da variável ITG_32, que apresentou uma comunalidade de 0,398, abaixo do
limite mínimo esperado de 0,50. De toda sorte, o MSA foi bastante alto: o item com menor
valor apresentou MSA de 0,818.
Verificou-se que, nessa extração através da pré-especificação de 3 fatores, todos os 9 itens
“carregaram” exatamente nas escalas em que se esperava. Os coeficientes de carga,
destacados em negrito na Tabela 27, apresentaram altos valores, não havendo nenhum item
abaixo do limite mínimo esperado de 0,50. Esse resultado sugere que as 3 dimensões
hipotetizadas existem, de fato. Contudo, devido ao fato de a identificação com a Modalidade
Esportiva e a identificação com o time esportivo estarem altamente correlacionadas entre si, a
técnica de extração pelo autovalor (Eigenvalue) não foi capaz de separar essas dimensões.
Então foi realizado o teste da estabilidade da estrutura fatorial através da análise de diferença
de cargas fatoriais entre grupos, conforme apresentado pela Tabela 28. A estrutura mostrou-se
estável, com altos valores de carga para os itens. A única exceção foi o item ITG_19, cujo
fator de carga ficou em 0,355, abaixo do limite mínimo esperado de 0,50.
De uma maneira geral, julgou-se a estrutura fatorial satisfatória. o KMO e Índice de
Esfericidade de Bartlett foram altos para todos os grupos, evidenciando a adequação da
Análise Fatorial Exploratória. Além disso, a variância explicada pelos construtos foi bastante
similar entre os diversos grupos, ao redor de 75%.
162
Tabela 27 – Escalas gerais Identificação: Estrutura Fatorial extraída pelo critério de pré-especificação do número de fatores
Fatoração Eixos Principais Componentes Principais
Cod. Item Esporte Time Celebri-
dade Comuna-
lidade. Esporte Time
Celebri-dade
Comuna-lidade
MSA
IEG_07 Acima de tudo, me considero um(a) Fã de futebol.
.895 -.013 -.003 .817 .770 .191 .018 .820 .875
IEG_08 Ser um(a) Fã de futebol é muito importante para mim.
.764 -.089 .038 .728 .751 .177 .053 .792 .895
IEG_09 O futebol é meu esporte favorito. .793 .041 -.011 .574 .967 -.107 -.011 .815 .916
ITG_19 Eu me considero um(a) [Gremista/Colorado(a]) de verdade.
.191 -.572 .074 .591 .110 .766 .047 .732 .932
ITG_20 Eu me sentiria perdido(a) se tivesse que deixar de ser torcedor do[Grêmio/ Internacional].
-.056 -.901 .001 .740 -.003 .905 .006 .821 .864
ITG_21 Ser um(a) torcedor(a) do [Grêmio/Internacional] é muito importante para mim.
.059 -.883 .002 .866 .173 .794 .032 .849 .859
ICG_32 Um dos motivos pelos quais acompanho futebol é o <nome do jogador> .
-.012 .091 .674 0,398a .056 -.218 .891 .725 .818
ICG_33 Eu me identifico com o <nome do jogador> . .045 -.056 .740 .626 .037 .143 .764 .708 .855
ICG_34 Eu sou um grande Fã do <nome do jogador> . -.006 -.153 .694 .601 -.068 .293 .722 .705 .859
Variância explicada 50.8% 4.8% 10.5% 8.0% 54.1% 15.3%
Variância total explicada 66.0% 77.4%
KMO 0.879
Bartlett (sig) 6229 (0,000)
Nota: a comunalidade abaixo do limite mínimo sugerido de 0,5
163
Tabela 28 – Escalas gerais de Identificação: teste da estabilidade da Estrutura Fatorial pelo critério de pré-especificação do número de fatores
Componentes Principais (Rotação Direct Oblimin)
Gênero Faixa Etária Fã Time
Cod. Item Feminino Masculino Até 30 anos > 30 anos Não-sócio Sócio Inter Grêmio IEG_07 Acima de tudo, me considero um(a) Fã de
futebol. .752 .773 .818 .729 .772 .765 .807 .738
IEG_08 Ser um(a) Fã de futebol é muito importante para mim.
.737 .777 .830 .683 .741 .746 .767 .746
IEG_09 O futebol é meu esporte favorito. .962 .910 .907 .983 .959 .939 .946 .973
ITG_19 Eu me considero um(a) [Gremista/Colorado(a)] de verdade.
.835 -.640 -.761 .738 .773 -0,354a .713 .824
ITG_20 Eu me sentiria perdido(a) se tivesse que deixar de ser torcedor do[Grêmio/ Internacional].
.920 -.765 -.786 .947 .924 -.911 .915 .879
ITG_21 Ser um(a) torcedor(a) do [Grêmio/Internacional] é muito importante para mim.
.782 -.721 -.696 .826 .806 -.811 .767 .811
ICG_32 Um dos motivos pelos quais acompanho futebol é o [nome do jogador].
.886 .846 .918 .874 .887 .798 .877 .905
ICG_33 Eu me identifico com o [nome do jogador].
.807 .805 .717 .790 .786 .811 .787 .736
ICG_34 Eu sou um grande Fã do [nome do jogador] .
.750 .733 .660 .762 .731 .790 .717 .717
N 570 610 581 599 914 266 590 590
KMO .872 .882 .882 .873 .871 .811 .869 .882
Bartlett (sig) 2996
(0,000) 3094
(0,000)
3240 (0,000)
3017 (0,000)
4568
(0,000) 907
(0,000)
2825 (0,000)
3445 (0,000)
Variância Explicada 77.3% 76.7% 78.3% 76.8% 76.6% 70.5% 76.0% 78.9%
164
4.4.2. AFC: Escalas gerais de Identificação com o Esporte
A Análise Fatorial Confirmatória (AFC) das escalas de Identificação do Fã com o Esporte
contempla 4 tipos de análise: (1) Modelo de Mensuração individual de cada escala,
contemplando o teste de unidimensionalidade, e (2) análise do Modelo de Mensuração
completo das escalas gerais de Identificação do Fã com o Esporte.
4.4.2.1. Modelo de Mensuração individual das escalas de Identificação do Fã com o Esporte
Inicialmente, foi realizada a AFC individual do Modelo de Mensuração de cada uma das três
escalas gerais de Identificação com o Esporte – Identificação com a Modalidade (IEG),
Identificação com o Time (ITG) e Identificação com a Celebridade Esportiva (ICG) – foi
analisada individualmente. Para isso, as escalas foram especificadas individualmente no
AMOS.
Ao analisar a escala de Identificação com a Modalidade Esportiva (IEG), verifica-se
inicialmente que os fatores de carga para as 3 variáveis observáveis foram bons, sendo o
menor coeficiente o da IEG_09 (0,76) e o maior o da IEG_07 (0,90), conforme ilustrado pela
Figura 16.
Figura 16 – Modelo de Mensuração da escala de Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva (IEG)
Ao analisar a escala de Identificação com o Modalidade Time Esportivo (ITG), verifica-se
inicialmente que os fatores de carga para as 3 variáveis observáveis foram bons, sendo o
menor coeficiente o da ITG_19 (0,75) e o maior o da ITG_21 (0,94), conforme ilustrado pela
Figura 17.
165
Figura 17 – Modelo de Mensuração da escala de Identificação do Fã com o Time Esportivo (ITG)
Ao analisar a escala de Identificação com a Celebridade Esportiva (ICG), verifica-se
inicialmente que os fatores de carga para as 3 variáveis observáveis foram aceitáveis, sendo o
menor coeficiente o da ICG_32 (0,61) e o maior o da ICG_33 (0,80), conforme ilustrado pela
Figura 18.
Figura 18 – Modelo de Mensuração da escala de Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva (ICG)
Assim, a AFC individual das escalas gerais de Identificação do Fã com o Esporte apresentou
bons indicadores de coeficientes de carga, sugerindo aa adequação de se prosseguir a análise
por meio da especificação do Modelo de Mensuração correlacionando as 3 variáveis latentes.
4.4.2.2. Modelo de Mensuração das escalas gerais de Identificação do Fã com o Esporte
Foi então especificado o Modelo de Mensuração das escalas gerais de Identificação do Fã
com o Esporte, compreendendo as escalas IEG, ITG e ICG, conforme apresentado pela Figura
19.
166
Figura 19 – Modelo de Mensuração completo das escalas gerais de Identificação do Fã com o Esporte
O Modelo de Mensuração com as escalas IEG, ITG e ICG correlacionadas apresentou bons
fatores de carga para as variáveis observáveis. Percebe-se que a maior parte dos fatores de
carga da cada variável observável do Modelo de Mensuração completo apresenta uma
pequena diferença em relação aos Modelos de Mensuração individuais em virtude da
correlação. A variável IEG_09, por exemplo, quando analisada individualmente, apresentou
fator de carga de 0,90; já no modelo completo com as 3 escalas correlacionadas, apresentou
fator de carga de 0,89. A verificação de diferenças mínimas dos fatores de carga é uma
evidência inicial da estabilidade das variáveis utilizadas.
167
Foram então extraídos e analisados os indicadores de ajuste do modelo. Os resultados são
apresentados pela Tabela 29.
Verificou-se que os indicadores de ajuste do modelo aos dados é bom. O GFI e o CFI ficaram
acima do limite mínimo esperado. Considerando a amostra total, percebe-se que o RMSEA
(0,058), embora tenha ficado ligeiramente acima do limite esperado de 0,05, ficou dentro do
limite aceitável de 0,08. Da mesma forma, o χ2/gl ficou acima do limite esperado de 4,9,
porém ainda dentro do limite aceitável de 5,0.
Tabela 29 – Indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração das Escalas gerais de Identificação com o Esporte
Modelo χ2 p-valor χ2/gl GFI CFI RMSEA PCLOSE
Modelo Mensuração 117,5 ,000 4,9 ,971 ,924 ,058 ,109
Feminino 60,6 ,000 2,5 ,977 ,952 ,052 ,401
Masculino 77,9 ,000 3,2 ,957 ,894 ,061 ,111
Até 30 anos 75,6 ,000 3,1 ,965 ,919 ,061 ,114
> 30 anos 70,4 ,000 2,9 ,967 ,927 ,057 ,215
Internacional 72,2 ,000 3,0 ,964 ,916 ,058 ,171
Grêmio 76,7 ,000 3,1 ,968 ,921 ,061 ,108
Limites esperados < possível > 0,05 < 3 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5
�ota: a Indicadores de ajuste fora dos limites esperados.
Para testar a estabilidade do modelo, o procedimento de análise foi replicado para diversos
estratos da amostra (gênero, faixa etária e time). Os indicadores de ajuste do modelo de cada
estrato são apresentados conjuntamente com os indicadores do Modelo de Mensuração geral
na Tabela 29. Ao segmentar a análise em estratos, verifica-se que os indicadores de ajuste
melhoram sensivelmente, refletindo a melhoria esperada quando se analisa um estrato mais
homogêneo. Os indicadores de ajuste para o estrato masculino, por exemplo, melhoraram
sensivelmente: o χ2/gl caiu de 4,9 para 3,2; para o estrato feminino, o χ2/gl melhorou ainda
mais, caindo para 2,5. A segmentação por time e faixa etária também apresenta melhorias de
ajuste similares. Assim, foi verificado que o modelo especificado se ajusta bem aos dados.
Assim, uma vez suportada a validade do Modelo de Mensuração das escalas gerais de
Identificação do Fã com o Esporte (escalas IEG, ITG e ICG), prosseguiu-se a análise com a
especificação de um modelo completo, integrando o Modelo de Mensuração das escalas
gerais de Identificação com o Esporte com o Modelo de Mensuração do Consumo do Evento
168
Esportivo validado anteriormente. A próxima seção, portanto, apresenta os resultados da
influência da Identificação do Fã com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo por meio
do Comparecimento ao Estádio.
4.5. A INFLUÊNCIA DA IDENTIFICAÇÃO COM O ESPORTE NO CONSUMO DO
EVENTO ESPORTIVO
Nesta seção são apresentados os resultados da análise do Modelo Estrutural hipotetizando que
a Identificação do Fã com o Esporte influencia o Consumo do Evento Esportivo. Como as
escalas utilizadas no Modelo Estrutural proposto já foram avaliadas por meio da Análise
Fatorial Exploratória e da Análise Fatorial Confirmatória, conforme resultados apresentados
anteriormente, nesta seção se avalia diretamente o Modelo Estrutural. A seção está dividia em
3 partes: inicialmente apresentam-se os resultados considerando a amostra total de 1180 Fãs.
Depois, segmenta-se a amostra em dois estratos, considerando o time como variável de
controle.
4.5.1. Análise do Modelo Estrutural
Inicialmente, apresentam-se os resultados considerando a amostra total de 1180 Fãs. Esses
resultados foram divididos em 3 análises: (1) análise do Modelo de Mensuração da Influência
da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo, (2) Confiabilidade,
Validade Convergente e Validade Discriminante do modelo, e (3) Teste das Hipóteses do
Modelo Estrutural da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento
Esportivo.
4.5.1.1. Modelo de Mensuração da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo
do Evento Esportivo
O modelo de Mensuração da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do
Evento Esportivo foi especificado no AMOS, conforme apresentado pela Figura 20.
Verifica-se inicialmente que os fatores de carga das variáveis observáveis permaneceram
bastante similares àqueles apresentados anteriormente no Modelo de Mensuração das escalas
gerais de Identificação com o Esporte e no Modelo de Mensuração do Consumo Esportivo,
atestando a estabilidade dos indicadores.
169
Figura 20 – Modelo Estrutural da Influência da Identificação do Fã com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo
170
Ao analisar a variável dependente foco do estudo, o Comparecimento ao Estádio (MCE),
verifica-se que as variáveis antecedentes consideradas no modelo conseguem explicar 40% da
variância da MCE. Destaca-se que a influência das variáveis latentes de Identificação do Fã
com o Esporte (IEG, ITG e ICG) foi modelada de maneira a apresentar tanto um efeito direto
sobre o Comparecimento ao Estádio quanto um efeito indireto, nesse através do efeito
mediador da Atitude do Fã com o Estádio. Conseguiu-se explicar 38% da variância da Atitude
do Fã com o Estádio considerando as variáveis de Identificação como antecessoras da Atitude
com o Estádio.
Foram então extraídos e analisados os indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração da
Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo. Os resultados
são apresentados na Tabela 30.
Verifica-se inicialmente um excelente ajuste do Modelo Estrutural considerando a Amostra
Total, com um GFI de 0,952, um CFI de 0,904, um RMSEA de 0,048 e um PCLOSE de 0,683
– indicadores todos acima do limite mínimo esperado. O χ2/gl foi de 3,7 – um pouco acima
do limite esperado, porém ainda dentro do limite aceitável de 5,0.
Para testar a estabilidade da estrutura fatorial, foi realizado o procedimento de replicação dos
indicadores de ajuste considerando diversos estratos da amostra (gênero, faixa etária e time).
Os resultados também são apresentados na Tabela 30.
Tabela 30 – Indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo
Modelo Estrutural χ2 p-valor χ2/gl GFI CFI RMSEA PCLOSE
Amostra Total 299.2 .000a 3.7a .952 .904 .048 .683
Feminino 165.2 .000a 2.1 .965 .943 .043 .878
Masculino 200.0 .000a 2.5 .936 .899a .050 .513
Até 30 anos 285.3 .000a 3.6 .920 .840a .067a .001a
> 30 anos 208.1 .000a 2.6 .949 .920 .052a .356a
Internacional 224.1 .000a 2.8 .941 .888a .055a .148a
Grêmio 191.3 .000a 2.4 .948 .917 .049 .590
Limites esperados < possível > 0,05 < 3 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5
�ota: a Indicadores de ajuste fora dos limites esperados.
171
Verifica-se que, em geral, os indicadores de ajuste do modelo apresentam melhoria ao se
segmentar a amostra, o que pode ser considerado um reflexo da seleção de grupos com
comportamento mais homogêneo. Ao analisar o estrato de Fãs do gênero masculino, por
exemplo, o χ2/gl cai de 3,7 para 2,5; para as Fãas do gênero feminino o χ2/gl cai ainda mais:
vai para 2,1.
Assim, verificou-se que os indicadores de ajuste do modelo são estáveis, apresentando
pequenas diferenças, as quais foram compreendidas como uma consequência natural da
diferença entre grupos – diferenças essas que foram testadas e são apresentadas
posteriormente.
4.5.1.2. Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante do Modelo de
Estrutural da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento
Esportivo
Uma vez validada a estabilidade da estrutura fatorial do Modelo de Mensuração da Influência
da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo, foram avaliados os
indicadores de Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante do Modelo
Estrutural. A Confiabilidade foi analisada através do CR de cada escala. A Validade
Convergente foi avaliada pelos fatores de carga apresentados por cada variável observável no
construto esperado e também pelos coeficientes de correlação. A Validade Discriminante foi
avaliada por meio da comparação do Quadrado das Correlações entre os itens e o a Variância
Extraída (AVE) de cada escala. Todos esses indicadores são apresentados na Tabela 31.
Verifica-se inicialmente que o CR das escalas foi bom. Todas as escalas apresentaram um CR
acima do limite mínimo esperado de 0,700. As escalas de Consumo Esportivo apresentaram
CRs altos: a Atitude com o Estádio (CEE) apresentou um CR de 0,902 e o Comparecimento
ao Estádio (MCE) apresentou um CR de 0,919. As escalas de Identificação também
apresentaram CRs adequados. Considerando a amostra total, a escala com o pior CR em
relação às demais foi a escala de Identificação do torcedor com a Celebridade Esportiva.
Entendeu-se que isso poderia decorrer principalmente do efeito da variável ICG_32, a qual,
conforme indicadores apresentados anteriormente na AFE, teve desempenho um pouco ruim.
172
Tabela 31 – Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante do Modelo da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento
Escalas Gerais de Identificação com o Esporte Escalas de Consumo Esportivo
Modalidade Time Celebridade Atitude com
Estádio
Comparecimento ao Estádio
Cod. Item CR = .880 CR =.884 CR =.779 CR =.902 CR =.919 IEG_07 Acima de tudo, me considero um(a) Fã de futebol. .760 IEG_08 Ser um(a) Fã de futebol é muito importante para mim. .767 IEG_09 O futebol é meu esporte favorito. .605 ITG_19 Eu me considero um(a) Gremista/Colorado de verdade. .590 ITG_20 Eu me sentiria perdido(a) se tivesse que deixar de ser torcedor do
Grêmio/Internacional. .723
ITG_21 Ser um(a) torcedor(a) do Grêmio/Internacional é muito importante para mim.
.846
ICG_32 Um dos motivos pelos quais acompanho futebol é o [nome do jogador] .
.382
ICG_33 Eu me identifico com o [nome do jogador]. .664 ICG_34 Eu sou um grande Fã do [nome do jogador]. .582 CEE_51 Quando vou ao estádio, o tempo que eu passo lá é prazeroso. .707 CEE_52 Eu prefiro assistir futebol no estádio do que através da mídia (TV,
Rádio ou Internet). .823
CEE_54 Não existe lugar melhor para assistir a um jogo de futebol do que o estádio.
.736
MCE_61 Aproximadamente quantas vezes você foi ao estádio no ano passado?
.817
MCE_62 Aproximadamente quantas vezes você já foi ao estádio este ano? .774 MCE_63 Quantas vezes você ainda pretende ir ao estádio até o final deste
ano? .780
Modalidade .711 .793 .487 .602 .518
Time .629 .720 .491 .551 .446
Celebridade .237 .241 .543 .384 .354
Atitude em relação ao Estádio .362 .304 .147 .755 .591
Comparecimento ao Estádio .268 .199 .125 .349 .790
�ota: Valores na diagonal referem-se à variância média extraída; valores acima da diagonal referem-se à correlação; valores abaixo da diagonal referem-se ao quadrado da correlação.
173
Apesar disso, decidiu-se manter a variável ICG_32 no modelo, de maneira a preservar a
escala original ao longo da análise. Além disso, como a escala original só contém 3 itens, a
exclusão de um item com desempenho ruim não seria recomendada, uma vez que a variável
latente passaria a ser mensurada com apenas 2 itens. Em uma análise a posteriori, considerou-
se que uma possível razão para a desempenho aquém do esperado da ICG_32 foi sua
formulação parece ser mais ajustada para esportes individuais, como o tênis, do que para
esportes coletivos, como o futebol.
Foi então analisada a Validade Convergente. Verificou-se que os fatores de carga, em geral,
foram razoáveis. Para as escalas de Consumo do Evento Esportivo, todos os itens
apresentaram fatores de carga bons, acima de 0,700. O melhor item da escala CEE (CEE_54),
por exemplo, apresentou fator de carga de 0,823, enquanto o pior item (CEE_51) apresentou
fator de carga de 0,707. O melhor item da escala MCE (MCE_61) apresentou fator de carga
de 0,817, enquanto o pior item (MCE_62) 0,780. Por outro lado, as escalas gerais de
Identificação com o Esporte, apresentaram itens com desempenho relativamente pior.
Considerou-se que isso poderia ser um efeito da variabilidade entre os times, visto que a
presente análise considera os resultados da amostra total.
Foi feita então a análise da Validade Discriminante. Para isso, foram considerados os
indicadores apresentados na matriz da parte inferior da tabela, cuja diagonal principal
apresenta o AVE das escalas. Percebe-se que o Quadrado das Correlações é sempre inferior
ao AVE. Além disso, apesar das correlações estatisticamente significativas e com intensidade
relativamente alta – no patamar entre 0,30 e 0,60 - , percebe-se que nenhuma correlação
ultrapassa o limite máximo de 0,85.
Assim, a análise desses indicadores sugere que os itens de mensuração utilizados no Modelo
Estrutural da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo
possui Validade Convergente, Validade Discriminante e Confiabilidade.
Dessa forma, deu-se prosseguimento à análise, investigando os paths entre as variáveis
latentes, os quais contemplam o teste das hipóteses de pesquisa.
174
4.5.1.3. Teste das Hipóteses do Modelo Estrutural da Influência da Identificação com o
Esporte no Consumo do Evento Esportivo
O teste das hipóteses de pesquisa foi realizado por meio da análise dos paths entre as
variáveis latentes de Identificação e as variáveis latentes de Consumo do Evento Esportivo.
Os paths foram analisados considerando os coeficientes não-padronizados, os coeficientes
padronizados, o CR e o p-valor. Os resultados são apresentados pela Tabela 32.
Todos os paths apresentaram influência estatisticamente significativa (p-valor<0,05), com
exceção da influência da Celebridade Esportiva diretamente no Comparecimento ao Estádio.
Nesse caso, considerando a amostra total, percebe-se que a Identificação do Fã com a
Celebridade não levaria o Fã ao estádio diretamente, porém influenciaria significativamente
sua Atitude ao Estádio, possuindo, portanto, um efeito indireto.
Tabela 32 – Caminhos do Modelo da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo
Coeficiente
não-padronizado
Coeficiente Padronizado
C.R. p-valor
Atitude em relação ao Estádio
<--- Identificação com a Modalidade Esportiva
.522 .419 8.049 ***
Atitude em relação ao Estádio
<--- Identificação com o Time Esportivo
.213 .172 3.238 .001
Atitude em relação ao Estádio
<--- Identificação com a Celebridade Esportiva
.154 .095 2.789 .005
Comparecimento ao Estádio
<--- Identificação com a Modalidade Esportiva
.752 .231 4.511 ***
Comparecimento ao Estádio
<--- Identificação com o Time Esportivo
-.048 -.015 -.293 .769
Comparecimento ao Estádio
<--- Identificação com a Celebridade Esportiva
.356 .084 2.494 .013
Comparecimento ao Estádio
<--- Atitude em relação ao Estádio
1.116 .428 14.734 ***
�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.
Todas as demais variáveis apresentaram caminhos significativos. Destaca-se a intensidade da
influência da Atitude com o Estádio no Comparecimento ao Estádio (coeficiente padronizado
= 0,428), o que sugere efetivamente que a Atitude exerce um papel mediador entre a
175
Identificação do Fã com o Esporte e o Consumo do Evento Esportivo. Contudo, esse efeito de
mediação é parcial, uma vez que os paths de Identificação com o Esporte também influenciam
o Comparecimento ao Estádio diretamente, como é o caso da Identificação com a Modalidade
Esportiva (coeficiente padronizado = 0,231).
Assim, considerando a amostra total, foi possível suportar as hipóteses H1a, H1b, H1c, H2a, H2c
e H3.
De toda forma, como a revisão de literatura sugeriu que diferenças na percepção de
desempenho do time pelo Fã pode ter um efeito no elo de identificação do Fã, deslocando a
Identificação do Time para a Celebridade em momentos de derrota (JONES, 2000), e os
resultados observados nesta pesquisa mostraram evidências de diferenças de média entre Fãs
do Grêmio e do Internacional – a média dos itens do construto de Identificação com a
Celebridade Esportiva (dimensão atratividade foi maior para Fãs do Grêmio do que para do
Internacional – decidiu-se investigar um possível efeito do “momento” de cada time nos
resultados. Ou seja, será que, apesar do cuidado em realizar a coleta de dados logo no início
do Campeonato Brasileiro, de maneira a minimizar a influência de possíveis diferenças de
desempenho entre os times (que era de apenas 2 pontos durante a coleta), o grau de
identificação com o Time entre Fãs do Grêmio e do Internacional seria o mesmo?
Adicionalmente, será que o nível de identificação com o Time do Fã do Grêmio e do
Internacional influenciaria o número de jogos assistidos no Estádio?
Assim, para responder a essas perguntas, decidiu-se realizar uma análise do efeito do grau de
Identificação do Fã com o Time no Comparecimento ao Estádio.
4.5.1.4. Efeito da Baixa/Alta Identificação no Comparecimento ao Estádio
Para analisar o efeito do grau de Identificação com o Time no Comparecimento ao Estádio
decidiu-se separar os Fãs do Grêmio e do Internacional em dois grupos: Baixa e Alta
Identificação com o time.
Para isso, decidiu-se utilizar a variável de mensuração do grau de sobreposição da Identidade
do Fã com a Identidade do Time (SIT_60), mensurada conforme sugerido por Bagozzi (2001),
para segmentar a amostra em dois grupos. Assim, inicialmente analisou-se a distribuição da
variável, que é apresentada pela Figura 38.
176
Figura 38 – Sobreposição da Identificação com o Time
A variável SIT_60 apresentou média de 4,30 e mediana de 5 (amostra total). Observa-se pela
Figura 38 que a distribuição da SIT_60 não se aproxima de uma distribuição normal,
apresentando significativamente mais observações de Fãs altamente identificados com o time.
Esse resultado já era esperado, uma vez que se utilizou como pergunta de filtro no
questionário a autodeclaração do entrevistado como torcedor. Apesar disso, a distribuição de
Fãs por cada nível da escala foi similar entre Fãs do Grêmio e do Internacional, sendo que
todos os pontos da escala lograram um número razoável de observações. Considerando essa o
perfil de distribuição da variável, decidiu-se utilizar como critério de corte para a formação de
dois grupos a Mediana da SIT_60.
Assim, considerando a Mediana, foram gerados dois grupos de Fãs: Alta e Baixa Identificação
com o Time.
Para mensurar o Comparecimento ao Estádio nessa análise, optou-se por utilizar tanto uma
variável referente ao Consumo do Evento Esportivo no passado recente (MCE_61) quanto
uma variável de intenção futura de Consumo do Evento Esportivo (MCE_63). Essa decisão
177
foi tomada em consonância com a literatura, conforme apresentado na discussão da escala de
Consumo Esportivo PB.
Assim, foram então realizados testes de diferenças de médias do número de jogos assistidos
no Estádio para os Fãs do Internacional e do Grêmio, considerando-se três grupos: o total de
Fãs de cada time, os segmento de Fãs com baixa identificação e o segmento com alta
identificação de cada time. Os resultados são apresentados pela Tabela 33.
Verifica-se que os Fãs do Internacional assistiram, na média, 5,38 jogos em 2010, enquanto os
do Grêmio assistiram 5,15 jogos. O teste de diferenças entre médias apontou que essa
diferença não é estatisticamente significativa. Da mesma forma, o teste de médias para a
intenção de comparecimento ao Estádio ao longo do restante do ano de 2011 não apresentou
diferenças significativas entre os grupos, tendo sido de 4,99 jogos para o Internacional e de
4,44 para o Grêmio. Ou seja, ao considerar os Fãs de cada time como um grupo homogêneo,
não foram verificadas diferenças.
Foi então realizado o teste de médias segmentando os Fãs do Internacional e do Grêmio em
grupos de Baixa e Alta Identificação. Ao fazer isso, obteve-se um resultado interessante:
embora não haja diferenças entre os Fãs altamente identificados do Grêmio e do Inter, foram
observadas diferenças entre os Fãs com Baixa Identificação do Grêmio e do Inter. Enquanto
os Fãs com baixa Identificação do Internacional foram, em média, a 2,44 jogos no Beira-Rio,
os Fãs com baixa Identificação do Grêmio foram, em média, a apenas 1,65 jogos. Essa
diferença é destacada pelas Figuras 39 e 40. A diferença entre os times considerando a
variável de intenção de comparecimento futuro ao Estádio (MCE63) também foi significativa
entre os Fãs do Grêmio e do Internacional.
Assim, observa-se que, apesar dos Fãs altamente Identificados com o Time do Grêmio e do
Internacional apresentarem um comportamento idêntico de frequência de comparecimento ao
Estádio, quando se comparam apenas os Fãs com baixa identificação com o time os resultados
entre Fãs do Grêmio e do Internacional são distintos.
178
Tabela 33 – �úmero de Jogos Assistidos no Estádio: comparativo entre Fãs do Grêmio e do Internacional
N° de jogos assistidos no Estádio em 2010 (variável MCE_61)
N° de jogos que pretende assistir no Estádio até o final de 2011 ( variável MCE_63)
Internacional Grêmio
Teste t Internacional Grêmio
Teste t
t p-valor t p-valor
Geral 5.38 5.15 0.499 0.618 4.59 4.44 0.437 0.662
Baixa Identificação 2.44 1.65 2.266 0.024 2.17 1.68 1.959 0.051
Alta Identificação 8.32 8.29 0.034 0.973 7.02 6.92 0.169 0.866
Teste t t -9.566 -11.110 -10.522 -11.701
p-valor *** *** *** ***
Nota: *** Significativo ao nível de 0,001.
6
7
8
9
Internacional Grêmio
MCE 61 Alta Identificação
MCE63 Alta Identificação
0
1
2
3
Internacional Grêmio
MCE 61 Baixa Identificação
MCE63 Baixa Identificação
Figura 40 – �° de Jogos Assistidos –Baixa Identificação Figura 39 – �° de Jogos Assistidos –Alta Identificação
179
Conforme apresentado na Revisão de Literatura, Fisher e Wakefield (1998) já haviam
detectado que o nível de identificação do Fã pode “se deslocar” de um elo de ligação para
outro (como, por exemplo, do Time para a Celebridade Esportiva) em função do desempenho
do time. Com efeito, ao verificar essas diferenças entre dois times considerados nesse estudo,
os autores decidiram apresentar os resultados de cada time separadamente para destacar as
diferenças de cada time.
Assim, com base nos resultados encontrados neste estudo, e considerando a sugestão de
Fisher e Wakefield (1998), decidiu-se prosseguir a análise, separando a amostra entre Fãs do
Grêmio e do Internacional. Foram então replicados os diversos procedimentos de Análise do
Modelo de Mensuração, Confiabilidade, Validade Convergente, Validade Discriminante para
Fãs do Grêmio e do Internacional. Decidiu-se, também, testar as hipóteses de pesquisa para
cada um desses grupos, no intuito de detectar possíveis diferenças. Além disso, em virtude
das diferenças entre os Fãs dos dois times, os testes de moderação do efeito do Gênero e da
Faixa Etária não foram realizados para a amostra total, mas sim considerando o grupo de Fãs
do Grêmio e do Internacional isoladamente.
4.5.2. Segmentação da análise: Fãs do Internacional
Após apresentar os resultados para amostra total de 1180 Fãs, nesta seção é reproduzida a
análise anterior, porém restringindo os dados ao estrato de Fãs do Internacional (N=590).
Esses resultados foram divididos em 3 análises: (1) análise do Modelo de Mensuração da
Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo, (2)
Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante do modelo, e (3) Teste das
Hipóteses do Modelo Estrutural da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do
Evento Esportivo, (4) Efeito Moderador do Gênero (5) Efeito Moderador da Faixa Etária.
4.5.2.1. Modelo de Mensuração da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo
do Evento Esportivo (Internacional)
O modelo de Mensuração da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do
Evento Esportivo considerando apenas os Fãs do Internacional foi especificado no AMOS,
conforme apresentado pela Figura 21.
180
Figura 21 – Modelo Estrutural da Influência da Identificação do Fã com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Internacional)
181
Verifica-se que, mesmo quando considerado o estrato da amostra apenas com Fãs do
Internacional, os fatores de carga das variáveis observáveis permaneceram bastante similares
àqueles apresentados anteriormente no Modelo de Mensuração das escalas gerais de
Identificação com o Esporte e no Modelo de Mensuração do Consumo Esportivo, atestando a
estabilidade dos indicadores.
Ao analisar a variável dependente foco do estudo, o Comparecimento ao Estádio (MCE),
verifica-se que as variáveis antecedentes consideradas no modelo conseguem explicar 44% da
variância da MCE – um pouco a mais do que o resultado obtido para a amostra total (40%).
Além disso, conseguiu-se explicar 41% da variância da Atitude do Fã com o Estádio
considerando as variáveis de Identificação como antecessoras da Atitude com o Estádio.
Os indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração segmentados por time já foram
apresentados anteriormente .Para o Internacional, o χ2/gl foi de 2,8; o GFI de 0,941, o CFI
0,888, o RMSEA 0,055 e o PCLOSE 0,148.
4.5.2.2. Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante do Modelo de
Estrutural da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento
Esportivo (Internacional)
De maneira análoga aos testes realizados com a amostra total, foram avaliados os indicadores
de Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante do Modelo Estrutural.
Esses indicadores são apresentados na Tabela 34.
Verifica-se inicialmente que o CR das escalas foi bom. Todas as escalas apresentaram um CR
acima do limite mínimo esperado de 0,700. As escalas de Consumo Esportivo apresentaram
CRs altos. As escalas de Identificação também apresentaram CRs adequados.
Verificou-se, contudo, que, ao segmentar a amostra por time, o desempenho da variável
ICG_32 melhorou bastante, suportando a decisão anterior de se manter a variável ICG_32 no
modelo.
182
Tabela 34 – Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante do Modelo da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Internacional)
Escalas Gerais de Identificação com o Esporte Escalas de Consumo Esportivo
Modalidade Time Celebridade Atitude com
Estádio
Comparecimento ao Estádio
Cod. Item CR =.880 CR =.874 CR =.759 CR =.913 CR =.899 IEG_07 Acima de tudo, me considero um(a) Fã de futebol. .890 IEG_08 Ser um(a) Fã de futebol é muito importante para mim. .854 IEG_09 O futebol é meu esporte favorito. .780 ITG_19 Eu me considero um(a) Colorado(a) de verdade. .790 ITG_20 Eu me sentiria perdido(a) se tivesse que deixar de ser torcedor do
Internacional. .812
ITG_21 Ser um(a) torcedor(a) do Internacional é muito importante para mim. .901 ICG_32 Um dos motivos pelos quais acompanho futebol é o [nome do
jogador] . .602
ICG_33 Eu me identifico com o [nome do jogador]. .817 ICG_34 Eu sou um grande Fã do [nome do jogador] . .721 CEE_51 Quando vou ao estádio, o tempo que eu passo lá é prazeroso. .818 CEE_52 Eu prefiro assistir futebol no estádio do que através da mídia (TV,
Rádio ou Internet). .938
CEE_54 Não existe lugar melhor para assistir a um jogo de futebol do que o estádio. .887
MCE_61 Aproximadamente quantas vezes você foi ao estádio no ano passado? .877 MCE_62 Aproximadamente quantas vezes você já foi ao estádio este ano? .862 MCE_63 Quantas vezes você ainda pretende ir ao estádio até o final deste ano? .856
Modalidade .710 .770 .477 .630 .544
Time .593 .698 .511 .525 .480
Celebridade .228 .261 .517 .406 .446
Atitude em relação ao Estádio .397 .276 .165 .779 .610
Comparecimento ao Estádio .296 .230 .199 .372 .748
�ota: Valores na diagonal referem-se à variância média extraída; valores acima da diagonal referem-se à correlação; valores abaixo da diagonal referem-se ao quadrado da correlação.
183
Foi então analisada a Validade Convergente. Verificou-se que os fatores de carga, em geral,
foram boas, apresentando uma pequena melhora em relação à amostra total. Para as escalas de
Consumo do Evento Esportivo, todos os itens apresentaram fatores de carga bons, acima de
0,800. O melhor item da escala CEE (CEE_52), por exemplo, apresentou fator de carga de
0,938, enquanto o pior item (CEE_51) apresentou fator de carga de 0,818. O melhor item da
escala MCE (MCE_61) apresentou fator de carga de 0,877, enquanto o pior item (MCE_63)
0,856. Ao segmentar a amostra, as escalas gerais de Identificação com o Esporte apresentaram
indicadores melhores. Houve melhora em praticamente todos os fatores de carga.
Foi feita então a análise da Validade Discriminante. Para isso, foram considerados os
indicadores apresentados na matriz da parte inferior da tabela, cuja diagonal principal
apresenta o AVE das escalas. Percebe-se que o Quadrado das Correlações é sempre inferior
ao AVE. Além disso, apesar das correlações estatisticamente significativas e com intensidade
relativamente alta percebe-se que nenhuma correlação ultrapassa o limite máximo de 0,85.
Assim, a análise desses indicadores sugere que os itens de mensuração utilizados no Modelo
Estrutural da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo
possui Validade Convergente, Validade Discriminante e Confiabilidade.
Dessa forma, deu-se prosseguimento à análise, investigando os paths entre as variáveis
latentes, os quais contemplam o teste das hipóteses de pesquisa.
4.5.2.3. Teste das Hipóteses do Modelo Estrutural da Influência da Identificação com o
Esporte no Consumo do Evento Esportivo
O teste das hipóteses de pesquisa foi realizado por meio da análise dos paths entre as
variáveis latentes de Identificação e as variáveis latentes de Consumo do Evento Esportivo.
Os paths foram analisados, considerando os coeficientes não-padronizados, os coeficientes
padronizados, o CR e o p-valor. Os resultados são apresentados pela Tabela 35.
Cinco dos oito paths apresentaram influência estatisticamente significativa (p-valor<0,05). Os
paths não significativos foram (1) influência da Identificação com o Time na Atitude com o
Estádio e (2) influência Identificação com o Time no Comparecimento ao Estádio. Esse
resultado sugere que, para os Fãs do Internacional, no momento da pesquisa, o time não é elo
de ligação mais importante para o Fã, mas sim a Modalidade Esportiva. Com efeito, a
184
influência da Modalidade na Atitude em relação ao Estádio apresentou indicador com maior
intensidade (coeficiente não padronizado de 0,53).
Tabela 35 – Caminhos do Modelo da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Internacional)
Coeficiente
não-padronizado
Coeficiente Padronizado
C.R. p-valor
Atitude em relação ao Estádio
<--- Identificação com a Modalidade Esportiva
.732 .530 8.348 ***
Atitude em relação ao Estádio
<--- Identificação com o Time Esportivo
.076 .052 .744 .457
Atitude em relação ao Estádio
<--- Identificação com a Celebridade Esportiva
.249 .127 2.679 .007
Comparecimento ao Estádio
<--- Identificação com a Modalidade Esportiva
.483 .166 2.030 .042
Comparecimento ao Estádio
<--- Identificação com o Time Esportivo
.145 .047 .600 .548
Comparecimento ao Estádio
<--- Identificação com a Celebridade Esportiva
.732 .176 2.777 .005
Comparecimento ao Estádio
<--- Atitude em relação ao Estádio
.864 .409 8.776 ***
�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.
A intensidade da influência da Atitude com o Estádio no Comparecimento ao Estádio
(coeficiente padronizado = 0,409) sugere que a Atitude exerce um papel mediador entre a
Identificação do Fã com o Esporte e o Consumo do Evento Esportivo. Contudo, esse efeito de
mediação é parcial, uma vez que os paths de Identificação com o Esporte também influenciam
o Comparecimento ao Estádio diretamente.
4.5.2.4. Efeito Moderador do Gênero (Internacional)
Decidiu-se, então, testar a existência do efeito moderador do gênero na Influência da
Identificação do Fã com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo para os Fãs do
Internacional.
Antes, porém, foi verificada a Equivalência da Estrutura Fatorial do Modelo. Os resultados
são apresentados na Tabela 36.
185
Tabela 36 – Teste de Equivalência da Estrutura Fatorial para o Gênero (Internacional)
Teste da Equivalência
χ2 p-valor χ2/gl GFI CFI RMSEA PCLOSE ∆χ2 ∆gl p-valor
Feminino 175.5 0.000 2.2 0.940 0.895 0.065 0.031
Masculino 173.0 0.000 2.2 0.927 0.890 0.062 0.061
Equivalência Estrutura Fatorial
348.6 0.000 2.2 0.934 0.893 0.045 0.909
Equivalência de Fator de Carga
390.1 0.000 2.3 0.927 0.875 0.047 0.790 41.5 10 ***
Equivalência de Fator de Covariância
427.1 0.000 2.4 0.920 0.857 0.049 0.572 37.0 6 ***
Equivalência de Variância de Erro
537.3 0.000 2.8 0.899 0.804 0.055 0.064 110.3 17 ***
Limites esperados < possível > 0,05 < 3,0 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5 < possível > 0,05
Conforme indicadores apresentados na tabela 36, o p-valor do teste de Equivalência de Fator
de Carga foi significativo ao nível de 0,001 (a piora do modelo foi significativa, com um ∆χ2
de 41,5). Portanto, foi suportada a Equivalência da Estrutura Fatorial – e tão somente ela.
Assim, uma vez que a estrutura fatorial se mostrou equivalente tanto para respondentes do
gênero feminino quanto para respondentes do gênero masculino, seguiu-se adiante com o teste
do efeito moderador do gênero, cujos resultados são apresentados pela Tabela 37.
186
Tabela 37 – Efeito Moderador do Gênero na Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Internacional)
Modelo Path
Feminino Masculino Ajuste do Modelo Efeito na Relação valor crítico do
∆χ2 p-valor Coeficientes Coeficientes
χ2 gl
∆χ2 ∆gl
n-padr. padr. sig n-padr. padr. sig
Livre sem restrições
CEE <--- Modalidade 0.599 0.426 *** 0.763 0.461 ***
348.6 160
CEE <--- Time 0.014 0.01 0.899 0.058 0.037 0.653
CEE <--- Celebridade 0.528 0.26 *** 0.295 0.188 0.002
MCE <--- Modalidade -0.06 -0.035 0.709 0.271 0.057 0.561
MCE <--- Time 0.083 0.05 0.461 0.578 0.13 0.169
MCE <--- Celebridade 0.56 0.226 0.01 1.245 0.275 ***
MCE <--- CEE 0.575 0.47 *** 1.106 0.383 ***
Coeficientes dos caminhos
iguais
CEE <--- Modalidade 0.661 0.762 *** 0.661 0.38 ***
397.1 167
48.5 7
14.070 ***
CEE <--- Time 0.032 0.024 0.693 0.032 0.021 0.693
CEE <--- Celebridade 0.375 0.165 *** 0.375 0.258 ***
MCE <--- Modalidade -0.237 -0.11 0.164 -0.237 -0.064 0.164
MCE <--- Time 0.218 0.106 0.083 0.218 0.067 0.083
MCE <--- Celebridade 0.953 0.273 *** 0.953 0.308 ***
MCE <--- CEE 0.784 0.509 *** 0.784 0.368 ***
Liberando um caminho por
vez
CEE <--- Modalidade 0.604 0.816 *** 0.777 0.444 *** 394.7 166 2.4 1 3.840 0.119
MCE <--- Modalidade -0.389 -0.210 0.035 1.018 0.247 *** 364.3 166 32.8 1 3.840 ***
CEE <--- Time -0.046 -0.035 0.613 0.149 0.095 0.139 393.9 166 3.2 1 3.840 0.074
MCE <--- Time 0.055 0.03 0.637 1.295 0.366 *** 366.1 166 31.0 1 3.840 ***
CEE <--- Celebridade 0.312 0.137 0.023 0.396 0.271 *** 396.9 166 0.3 1 3.840 0.617
MCE <-- Celebridade 0.317 0.116 0.106 2.030 0.493 *** 375.9 166 21.2 1 3.840 ***
MCE <--- CEE 0.565 0.443 *** 1.328 0.499 *** 368.5 166 28.6 1 3.840 ***
Nota: *** o efeito moderador é significativo ao nível de 0,001.
187
Verificou-se que o gênero modera a influência de 4 caminhos: (1) Identificação com a
Modalidade no Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Modalidade), (2) Identificação com o
Time no Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Time), Identificação com a Celebridade no
Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Celebridade) e (4) Atitude favorável ao Estádio no
Comparecimento ao Estádio (MCE <--- CEE). Esses caminhos em que se verificou o efeito
estatisticamente significativo da moderação de gênero foram destacados em negrito na Tabela
37.
Percebe-se que, para esse estrato da amostra, o efeito moderador do gênero foi significativo
em todos os caminhos que ligam a Identificação diretamente ao Comparecimento ao Estádio
(MCE). Ou seja, não foi verificado efeito de moderação de gênero em relação à Atitude com o
Estádio (CEE).
Além disso, para todos os 4 caminhos em que se verificou a moderação do gênero, a
intensidade do efeito moderador foi maior para os respondentes do gênero masculino. O efeito
moderador do gênero na influência da Identificação com a Modalidade no Comparecimento
ao Estádio (MCE <--- Modalidade), por exemplo, foi maior para os homens (coeficiente não
padronizado de 1,018) do que para as mulheres (-0,389). O efeito moderador do gênero na
influência da Identificação com o Time Esportivo no Comparecimento ao Estádio (MCE <---
Time) também foi maior para os homens (coeficiente não padronizado de 1,295) do que para
as mulheres (0,055). O efeito moderador do gênero na influência da Identificação da
Celebridade Esportiva no Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Celebridade) foi maior para
os homens (coeficiente não padronizado de 2,03) do que para as mulheres (0,317). Por fim, o
efeito moderador do gênero na influência da Identificação da Celebridade Esportiva no
Comparecimento ao Estádio (MCE <--- CEE) foi maior para os homens (coeficiente não
padronizado de 1,328) do que para as mulheres (0,565).
Esses resultados sugerem que, embora a influência da Identificação com o Esporte (IEG, ITG
e ICG) no Consumo do Evento Esportivo tenham um poder de explicação razoável
considerando o conjunto amplo de Fãs (homens e mulheres), o efeito dessa Identificação é
potencializado junto aos Fãs do gênero masculino.
188
4.5.2.5. Efeito Moderador da Faixa Etária (Internacional)
Decidiu-se, então, testar a existência do efeito moderador do gênero na Influência da
Identificação do Fã com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo para os Fãs do
Internacional.
Antes, porém, foi verificada a Equivalência da Estrutura Fatorial do Modelo. Os resultados
são apresentados na Tabela 38.
Tabela 38 – Teste de Equivalência da Estrutura Fatorial para Faixa Etária (Internacional)
Teste da Equivalência
χ2 p-valor χ2/gl GFI CFI RMSEA PCLOSE ∆χ2 ∆gl p-valor
Até 30 anos 262,3 0,000 3,3 0,896 0,795 0,091 0,000
Mais do que 30 anos
156,6 0,000 2,0 0,950 0,919 0,055 0,237
Equivalência Estrutura Fatorial
419,0 0,000 2,6 0,925 0,859 0,052 0,247
Equivalência de Fator de Carga
454,4 0,000 2,7 0,919 0,845 0,053 0,172 35,4 10 ***
Equivalência de Fator de Covariância
460,0 0,000 2,6 0,918 0,845 0,052 0,244 5,6 6 0,468
Equivalência de Variância de Erro
553,8 0,000 2,9 0,902 0,803 0,056 0,028 93,8 17 ***
Limites esperados < possível > 0,05 < 3,0 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5 < possível > 0,05
Conforme indicadores apresentados na tabela 38, o p-valor do teste de Equivalência de Fator
de Carga foi significativo ao nível de 0,001 (a piora do modelo foi significativa, com um ∆χ2
de 35,4). Portanto, foi suportada a Equivalência da Estrutura Fatorial – e tão somente ela.
Assim, uma vez que a estrutura fatorial se mostrou equivalente tanto para respondentes do
gênero feminino quanto para respondentes do gênero masculino, seguiu-se adiante com o teste
do efeito moderador da faixa etária, cujos resultados são apresentados pela Tabela 39.
189
Tabela 39 – Efeito Moderador da Faixa Etária na Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Internacional)
Modelo Path
Até 30 anos Mais que 30 anos Ajuste do Modelo Efeito na Relação valor crítico do
∆χ2 p-valor Coeficientes Coeficientes
χ2 gl
∆χ2 ∆gl
n-padr. padr. sig n-padr. padr. sig
Livre sem restrições
CEE <--- Modalidade 0,411 0,290 0,003 0,843 0,552 ***
418,9 160
CEE <--- Time 0,256 0,189 0,075 0,019 0,013 0,864
CEE <--- Celebridade 0,251 0,154 0,012 0,292 0,149 0,013
MCE <--- Modalidade 1,485 0,352 *** 0,486 0,175 0,055
MCE <--- Time -0,154 -0,038 0,621 0,312 0,120 0,070
MCE <--- Celebridade 0,911 0,188 0,001 0,207 0,058 0,339
MCE <--- CEE 0,551 0,185 *** 0,680 0,374 ***
Coeficientes dos caminhos
iguais
CEE <--- Modalidade 0,649 0,811 *** 0,649 0.427 ***
443.0 167
24.083 7
14.070 ***
CEE <--- Time 0.133 0.093 0.126 0.133 0.093 0.126
CEE <--- Celebridade 0.327 0.181 *** 0.327 0.165 ***
MCE <--- Modalidade 1.045 0.263 *** 1.045 0.327 ***
MCE <--- Time 0.062 0.016 0.702 0.062 0.021 0.702
MCE <--- Celebridade 0.545 0.109 0.003 0.545 0.131 0.003
MCE <--- CEE 0.570 0.206 *** 0.570 0.271 ***
Liberando um caminho por
vez
CEE <--- Modalidade 0.501 0.784 *** 0.830 0.513 *** 429.6 166 13.3 1 3.840 *** MCE <--- Modalidade 1.324 0.303 *** 0.587 0.222 0.005 435.9 166 7.1 1 3.840 0.008 CEE <--- Time 0.369 0.091 0.101 -0.013 -0.005 0.936 436.2 166 6.9 1 3.840 0.009 MCE <--- Time 0.369 0.091 0.101 -0.013 -0.005 0.936 440.5 166 2.5 1 3.840 0.113 CEE <--- Celebridade 0.161 0.097 0.079 0.516 0.247 *** 435.8 166 7.1 1 3.840 0.007 MCE <-- Celebridade 1.020 0.203 *** 0.193 0.052 0.359 438.1 166 4.8 1 3.840 0.027 MCE <--- CEE 0.454 0.169 *** 0.657 0.297 *** 441.1 166 1.9 1 3.840 0.170
Nota: *** o efeito moderador é significativo ao nível de 0,001.
190
Verificou-se que a faixa etária modera a influência de 5 caminhos: (1) Identificação com a
Modalidade na Atitude com o Estádio (CEE <--- Modalidade), (2) Identificação com a
Modalidade no Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Modalidade), (3) Identificação com o
Time na Atitude com o Estádio (CEE <--- Time), (4) Identificação com a Celebridade na
Atitude com Estádio (CEE <--- Celebridade) e (5) Identificação com a Celebridade no
Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Celebridade). Esses caminhos em que se verificou o
efeito estatisticamente significativo da moderação da faixa etária foram destacados em negrito
na Tabela 39.
Percebe-se que, para esse estrato da amostra, o efeito moderador da faixa etária foi
significativo em caminhos diferentes daqueles analisados na moderação por gênero. O efeito
moderador da faixa etária foi verificado tanto em caminhos que associam a Identificação
(IEG, ITG e ICG) à Atitude em relação ao Estádio (CEE) quanto em caminhos que associam a
Identificação diretamente ao Comparecimento ao Estádio (MCE).
Diferentemente da análise do efeito moderador do gênero, na análise do efeito moderador da
faixa etária verificou-se que a intensidade da influência nem sempre é maior para os Fãs do
gênero masculino. O efeito moderador da faixa etária na influência da Identificação com a
Modalidade na Atitude com o Estádio (CEE <--- Modalidade) foi maior para respondentes
maiores de 30 anos (coeficiente não padronizado de 0,830) do que para respondentes menores
do que 30 anos (0,501). O efeito moderador da faixa etária na influência da (2) Identificação
com a Modalidade no Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Modalidade) foi menor para
respondentes maiores de 30 anos (coeficiente não padronizado de 0,587) do que para
respondentes menores do que 30 anos (1,324). O efeito moderador da faixa etária na
influência da (3) Identificação com o Time na Atitude com o Estádio (CEE <--- Time) foi
maior para respondentes maiores de 30 anos (coeficiente não padronizado de 0,230) do que
para respondentes menores do que 30 anos (-0,027). O efeito moderador da faixa etária na
influência da (4) Identificação com a Celebridade na Atitude com Estádio (CEE <---
Celebridade) foi maior para respondentes maiores de 30 anos (coeficiente não padronizado de
0,516) do que para respondentes menores do que 30 anos (0,161). O efeito moderador da
faixa etária na influência da (5) Identificação com a Celebridade no Comparecimento ao
Estádio (MCE <--- Celebridade) foi menor para respondentes maiores de 30 anos (coeficiente
não padronizado de 0,193) do que para respondentes menores do que 30 anos (1,020).
191
É interessante destacar que todos os caminhos em que se verificou efeito moderador da faixa
etária na Influência da Identificação (IEG, ITG, ICG) diretamente o Comparecimento ao
Estádio (MCE) contemplam Fãs menores do que 30 anos. Por outro lado, todos os caminhos
em que se verificou efeito moderador da faixa etária na Influência da Identificação (IEG, ITG,
ICG) na Atitude em relação ao Estádio (CEE) contemplam Fãs maiores do que 30 anos.
Esses resultados sugerem que, para Fãs menores de 30 anos, o efeito moderador da faixa
etária possui um efeito direto no Comparecimento ao Estádio. Ou seja, entre os Fãs mais
jovens, a Identificação com o Esporte leva mais facilmente ao estádio. Por outro lado, para
Fãs maiores de 30 anos, o efeito moderador da faixa etária possui um efeito indireto no
Comparecimento ao Estádio. Ou seja, para os Fãs mais jovens, a Identificação com o Esporte
leva principalmente a uma Atitude favorável ao Estádio, e é a Atitude em relação ao Estádio
que, depois, leva o Fã ao Estádio.
4.5.3. Segmentação da Análise: Fãs do Grêmio
4.5.3.1. Modelo de Mensuração da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo
do Evento Esportivo (Grêmio)
O modelo de Mensuração da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do
Evento Esportivo considerando apenas os Fãs do Grêmio foi especificado no AMOS,
conforme apresentado pela Figura 22.
192
Figura 22 – Modelo Estrutural da Influência da Identificação do Fã com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Grêmio)
193
Verifica-se que, mesmo quando considerado o estrato da amostra apenas com Fãs do Grêmio,
os fatores de carga das variáveis observáveis permaneceram bastante similares àqueles
apresentados anteriormente no Modelo de Mensuração das escalas gerais de Identificação
com o Esporte e no Modelo de Mensuração do Consumo Esportivo, atestando a estabilidade
dos indicadores.
Ao analisar a variável dependente foco do estudo - o Comparecimento ao Estádio (MCE) -
verifica-se que as variáveis antecedentes consideradas no modelo conseguem explicar 38% da
variância da MCE – um pouco inferior ao resultado obtido para a amostra total (40%). Além
disso, conseguiu-se explicar 37% da variância da Atitude do Fã com o Estádio considerando
as variáveis de Identificação como antecessoras da Atitude com o Estádio.
Os indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração segmentados por time já foram
apresentados anteriormente. Para o Grêmio, o χ2/gl foi de 2,4; o GFI de 0,948, o CFI 0,917, o
RMSEA 0,049 e o PCLOSE 0,590.
4.5.3.2. Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante do Modelo de
Estrutural da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento
Esportivo (Grêmio)
De maneira análoga aos testes realizados com a amostra total, foram avaliados os indicadores
de Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante do Modelo Estrutural.
Esses indicadores são apresentados na Tabela 40.
Verifica-se inicialmente que o CR das escalas foi bom. Todas as escalas apresentaram um CR
acima do limite mínimo esperado de 0,700. As escalas de Consumo Esportivo apresentaram
CRs altos. As escalas de Identificação também apresentaram CRs adequados.
Com relação à variável ICG_32, verificou-se que, da mesma como visto com o estrato de Fãs
do Internacional, o desempenho da variável ICG_32 melhorou bastante quando analisado o
estrato de Fãs do Grêmio, suportando a decisão anterior de se manter a variável ICG_32 no
modelo.
194
Tabela 40 – Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Grêmio)
Escalas Gerais de Identificação com o Esporte Escalas de Consumo Esportivo
Modalidade Time Celebridade Atitude com
o Estádio
Comparecimento ao Estádio
Cod. Item CR =.895 CR =.909 CR =.785 CR =.908 CR =.933 IEG_07 Acima de tudo, me considero um(a) Fã de futebol. .877 IEG_08 Ser um(a) Fã de futebol é muito importante para mim. .905 IEG_09 O futebol é meu esporte favorito. .795 ITG_19 Eu me considero um(a) Gremista de verdade. .797 ITG_20 Eu me sentiria perdido(a) se tivesse que deixar de ser torcedor
do Grêmio .892
ITG_21 Ser um(a) torcedor(a) do Grêmio é muito importante para mim. .939 ICG_32 Um dos motivos pelos quais acompanho futebol é o [nome do
jogador] . .635
ICG_33 Eu me identifico com o [nome do jogador] . .799 ICG_34 Eu sou um grande Fã do [nome do jogador] . .782 CEE_51 Quando vou ao estádio, o tempo que eu passo lá é prazeroso. .851 CEE_52 Eu prefiro assistir futebol no estádio do que através da mídia
(TV, Rádio ou Internet). .923
CEE_54 Não existe lugar melhor para assistir a um jogo de futebol do que o estádio.
.852
MCE_61 Aproximadamente quantas vezes você foi ao estádio no ano passado?
.926
MCE_62 Aproximadamente quantas vezes você já foi ao estádio este ano?
.882
MCE_63 Quantas vezes você ainda pretende ir ao estádio até o final deste ano?
.914
Modalidade .740 .807 .519 .571 .467
Time .651 .771 .490 .579 .438
Celebridade .269 .240 .551 .355 .251
Atitude em relação ao Estádio .326 .335 .126 .767 .593
Comparecimento ao Estádio .218 .192 .063 .352 .824
�ota: Valores na diagonal referem-se à variância média extraída; valores acima da diagonal referem-se à correlação; valores abaixo da diagonal referem-se ao quadrado da correlação.
195
Foi então analisada a Validade Convergente. Verificou-se que os fatores de carga, em geral,
foram boas, apresentando uma pequena melhora em relação à amostra total. Para as escalas de
Consumo do Evento Esportivo, todos os itens apresentaram fatores de carga bons, acima de
0,900. O melhor item da escala CEE (CEE_52), por exemplo, apresentou fator de carga de
0,923, enquanto o pior item (CEE_51) apresentou fator de carga de 0,851. O melhor item da
escala MCE (MCE_61) apresentou fator de carga de 0,926, enquanto o pior item (MCE_63)
0,882. Ao segmentar a amostra, as escalas gerais de Identificação com o Esporte apresentaram
indicadores melhores. Houve melhora em praticamente todos os fatores de carga.
Foi feita então a análise da Validade Discriminante. Para isso, foram considerados os
indicadores apresentados na matriz da parte inferior da tabela, cuja diagonal principal
apresenta o AVE das escalas. Percebe-se que o Quadrado das Correlações é sempre inferior
ao AVE. Além disso, apesar das correlações estatisticamente significativas e com intensidade
relativamente alta percebe-se que nenhuma correlação ultrapassa o limite máximo de 0,85.
Assim, a análise desses indicadores sugere que os itens de mensuração utilizados no Modelo
Estrutural da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo
possui Validade Convergente, Validade Discriminante e Confiabilidade para os Fãs do
Grêmio.
Dessa forma, deu-se prosseguimento à análise, investigando os paths entre as variáveis
latentes, os quais contemplam o teste das hipóteses de pesquisa.
4.5.3.3. Teste das Hipóteses do Modelo Estrutural da Influência da Identificação com o
Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Grêmio)
O teste das hipóteses de pesquisa foi realizado por meio da análise dos paths entre as
variáveis latentes de Identificação e as variáveis latentes de Consumo do Evento Esportivo.
Os paths foram analisados considerando os coeficientes não-padronizados, os coeficientes
padronizados, o CR e o p-valor. Os resultados são apresentados pela Tabela 41.
Quatro dos oito paths apresentaram influência estatisticamente significativa (p-valor<0,05).
Os paths não significativos foram (1) influência da Identificação com a Celebridade na
Atitude com o Estádio, (2) influência Identificação com o Celebridade no Comparecimento ao
Estádio e (3) influência da Identificação com o Time no Estádio. Esse resultado sugere que,
196
para os Fãs do Grêmio, a Identificação com a Modalidade possui uma influência menor no
Comparecimento ao Estádio do que em relação ao Fãs do Internacional.
Tabela 41 – Caminhos do Modelo da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Grêmio)
Coeficiente
não-padronizado
Coeficiente Padronizado
C.R. p-valor
Atitude em relação ao Estádio
<--- Identificação com a Modalidade Esportiva
.321 .280 3.884 ***
Atitude em relação ao Estádio
<--- Identificação com o Time Esportivo
.367 .329 4.609 ***
Atitude em relação ao Estádio
<--- Identificação com a Celebridade Esportiva
.071 .048 1.028 .304
Comparecimento ao Estádio
<--- Identificação com a Modalidade Esportiva
.610 .190 3.368 ***
Comparecimento ao Estádio
<--- Identificação com o Time Esportivo
.058 .019 .344 .731
Comparecimento ao Estádio
<--- Identificação com a Celebridade Esportiva
-.115 -.028 -.691 .490
Comparecimento ao Estádio
<--- Atitude em relação ao Estádio
1.357 .484 13.590 ***
�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.
A intensidade da influência da Atitude com o Estádio no Comparecimento ao Estádio
(coeficiente padronizado = 0,484) sugere novamente que a Atitude exerce um papel mediador
entre a Identificação do Fã com o Esporte e o Consumo do Evento Esportivo. Contudo, esse
efeito de mediação é parcial, uma vez que os paths de Identificação com o Esporte também
influenciam o Comparecimento ao Estádio diretamente.
4.5.3.4. Efeito Moderador do Gênero (Grêmio)
Decidiu-se, então, testar a existência do efeito moderador do gênero na Influência da
Identificação do Fã com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo para os Fãs do Grêmio.
Antes, porém, foi verificada a Equivalência da Estrutura Fatorial do Modelo. Os resultados
são apresentados na Tabela 42.
197
Tabela 42 – Teste da Equivalência da Estrutura Fatorial para o Gênero (Grêmio)
Teste da Equivalência
χ2 p-valor χ2/gl GFI CFI RMSEA PCLOSE ∆χ2 ∆gl p-valor
Feminino 174.1 0.000 2.176 0.947 0.914 0.064 0.036
Masculino 159.7 0.000 1.996 0.930 0.899 0.057 0.172
Equivalência Estrutura Fatorial
333.8 0.000 2.086 0.940 0.908 0.043 0.963
Equivalência de Fator de Carga
411.6 0.000 2.421 0.926 0.871 0.049 0.580 77.8 10 ***
Equivalência de Fator de Covariância
441.3 0.000 2.507 0.921 0.859 0.051 0.421 29.6 6 ***
Equivalência de Variância de Erro
653.7 0.000 3.387 0.883 0.755 0.064 0.000 212.5 17 ***
Limites esperados < possível > 0,05 < 3,0 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5 < possível > 0,05
Conforme indicadores apresentados na tabela 42, o p-valor do teste de Equivalência de Fator
de Carga foi significativo ao nível de 0,001 (a piora do modelo foi significativa, com um ∆χ2
de 77,8). Portanto, foi suportada a Equivalência da Estrutura Fatorial – e tão somente ela.
Assim, uma vez que a estrutura fatorial se mostrou equivalente tanto para respondentes do
gênero feminino quanto para respondentes do gênero masculino, seguiu-se adiante com o teste
do efeito moderador do gênero, cujos resultados são apresentados pela Tabela 43.
198
Tabela 43 – Efeito Moderador do Gênero na Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Grêmio)
Modelo Path
Feminino Masculino Ajuste do Modelo Efeito na Relação valor crítico do
∆χ2 p-valor Coeficientes Coeficientes
χ2 gl
∆χ2 ∆gl
n-padr. padr. sig n-padr. padr. sig
Livre sem restrições
CEE <--- Modalidade 0.225 0.175 0.06 0.222 0.176 0.222
333.8 160
CEE <--- Time 0.426 0.424 *** 0.541 0.443 0.002
CEE <--- Celebridade 0.037 0.027 0.649 0.087 0.057 0.365
MCE <--- Modalidade 0.071 0.054 0.561 -0.624 -0.126 0.253
MCE <--- Time 0.026 0.026 0.802 1.105 0.23 0.029
MCE <--- Celebridade 0.162 0.115 0.103 0.142 0.024 0.642
MCE <--- CEE 0.647 0.634 *** 1.977 0.503 ***
Coeficientes dos caminhos
iguais
CEE <--- Modalidade 0.278 0.762 *** 0.278 0.25 ***
421.1 167
87.3 7
14.070 ***
CEE <--- Time 0.377 0.388 *** 0.377 0.339 ***
CEE <--- Celebridade 0.068 0.05 0.202 0.068 0.05 0.202
MCE <--- Modalidade 0.194 0.121 0.061 0.194 0.075 0.061
MCE <--- Time -0.009 -0.007 0.927 -0.009 -0.003 0.927
MCE <--- Celebridade 0.055 0.03 0.557 0.055 0.017 0.557
MCE <--- CEE 0.855 0.634 *** 0.855 0.366 ***
Liberando um caminho por
vez
CEE <--- Modalidade 0.198 0.716 0.037 0.352 0.307 *** 418.6 166 2.5 1 3.840 0.111 MCE <-- Modalidade 0.032 0.022 0.811 1.248 0.348 *** 391.8 166 29.3 1 3.840 *** CEE <--- Time 0.364 0.381 *** 0.465 0.405 *** 420.1 166 1.0 1 3.840 0.306 MCE <--- Time -0.057 -0.05 0.562 1.223 0.328 *** 385.2 166 35.9 1 3.840 *** CEE <--- Celebridade -0.031 -0.023 0.679 0.153 0.107 0.043 418.6 166 2.5 1 3.840 0.111 MCE <-- Celebridade -0.035 -0.02 0.749 1.040 0.287 *** 412.9 166 8.3 1 3.840 0.004 MCE <--- CEE 0.629 0.610 *** 2.157 0.560 *** 343.6 166 77.5 1 3.840 ***
Nota: *** o efeito moderador é significativo ao nível de 0,001.
199
Verificou-se que o gênero modera a influência de 4 caminhos: (1) Identificação com a
Modalidade no Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Modalidade), (2) Identificação com o
Time no Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Time), Identificação com a Celebridade no
Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Celebridade) e (4) Atitude favorável ao Estádio no
Comparecimento ao Estádio (MCE <--- CEE). Esses caminhos em que se verificou o efeito
estatisticamente significativo da moderação de gênero foram destacados em negrito na Tabela
43.
Percebe-se que, para esse estrato da amostra, o efeito moderador do gênero foi significativo
em todos os caminhos que ligam a Identificação diretamente ao Comparecimento ao Estádio
(MCE). Ou seja, não foi verificado efeito de moderação de gênero em relação à Atitude com o
Estádio (CEE). Destaca-se que os caminhos em que se verificou efeito significativo da
moderação de gênero para os Fãs do Grêmio foram exatamente os mesmos do que os dos Fãs
do Internacional.
De maneira análoga aos resultados encontrados para o Internacional, para todos os 4
caminhos em que se verificou a moderação do gênero no estrato com Fãs do Grêmio, a
intensidade do efeito moderador foi maior para os respondentes do gênero masculino.
O efeito moderador do gênero na influência da Identificação com a Modalidade no
Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Modalidade), por exemplo, foi maior para os homens
(coeficiente não padronizado de 1,248) do que para as mulheres (0,032). O efeito moderador
do gênero na influência da Identificação com o Time Esportivo no Comparecimento ao
Estádio (MCE <--- Time) também foi maior para os homens (coeficiente não padronizado de
1,223) do que para as mulheres (-0,057). O efeito moderador do gênero na influência da
Identificação da Celebridade Esportiva no Comparecimento ao Estádio (MCE <---
Celebridade) foi maior para os homens (coeficiente não padronizado de 1,040) do que para as
mulheres (-0,035). Por fim, o efeito moderador do gênero na influência da Atitude em relação
ao Estádio no Comparecimento ao Estádio (MCE <--- CEE) foi maior para os homens
(coeficiente não padronizado de 2,157) do que para as mulheres (0,629).
Esses resultados sugerem que o gênero modera a relação entre a Identificação com o Esporte
no Consumo do Evento Esportivo, exercendo um efeito moderador mais intenso junto aos Fãs
do gênero masculino.
200
4.5.3.5. Efeito Moderador da Faixa Etária (Grêmio)
Decidiu-se, então, testar a existência do efeito moderador do gênero na Influência da
Identificação do Fã com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo para os Fãs do (Grêmio).
Antes, porém, foi verificada a Equivalência da Estrutura Fatorial do Modelo. Os resultados
são apresentados na Tabela 44.
Tabela 44 – Teste de Equivalência da Estrutura Fatorial para Faixa Etária (Grêmio)
Teste da Equivalência
χ2 p-valor χ2/gl GFI CFI RMSEA PCLOSE ∆χ2 ∆gl p-valor
Até 30 anos 266.3 0.000 3.329 0.904 0.849 0.088 0.000
Mais do que 30 anos
180.8 0.000 2.260 0.943 0.904 0.067 0.018
Equivalência Estrutura Fatorial
447.1 0.000 2.794 0.925 0.874 0.055 0.076
Equivalência de Fator de Carga
517.2 0.000 3.042 0.913 0.848 0.059 0.006 70.1 10 ***
Equivalência de Fator de Covariância
575.5 0.000 3.270 0.903 0.825 0.062 0.000 58.3 6 ***
Equivalência de Variância de Erro
644.3 0.000 3.338 0.891 0.803 0.063 0.000 68.8 17 ***
Limites esperados < possível > 0,05 < 3,0 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5 < possível > 0,05
Conforme indicadores apresentados na tabela 44, o p-valor do teste de Equivalência de Fator
de Carga foi significativo ao nível de 0,001 (a piora do modelo foi significativa, com um ∆χ2
de 70,1). Portanto, foi suportada a Equivalência da Estrutura Fatorial – e tão somente ela.
Assim, uma vez que a estrutura fatorial se mostrou equivalente tanto para respondentes do
gênero feminino quanto para respondentes do gênero masculino, seguiu-se adiante com o teste
do efeito moderador da faixa etária, cujos resultados são apresentados pela Tabela 45.
201
Tabela 45 – Efeito Moderador da Faixa Etária na Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Grêmio)
Modelo Path
Até 30 anos Mais que 30 anos Ajuste do Modelo Efeito na Relação valor crítico do ∆χ2
p-valor Coeficientes Coeficientes χ2 gl
∆χ2 ∆gl
n-padr. padr. sig n-padr. padr. sig
Livre sem restrições
CEE <--- Modalidade 0.078 0.073 0.418 0.411 0.322 ***
447.1 160
CEE <--- Time 0.714 0.699 *** 0.383 0.313 ***
CEE <--- Celebridade -0.140 -0.116 0.065 0.141 0.083 0.246
MCE <--- Modalidade 0.132 0.038 0.601 0.355 0.134 0.045
MCE <--- Time 0.981 0.299 0.007 -0.012 -0.005 0.931
MCE <--- Celebridade -0.654 -0.168 0.013 -0.024 -0.007 0.897
MCE <--- CEE 1.154 0.360 *** 1.050 0.507 ***
Coeficientes dos caminhos
iguais
CEE <--- Modalidade 0.273 0.823 *** 0.273 0.210 ***
475.0 167
27.9 7
14.070 0.000
CEE <--- Time 0.509 0.477 *** 0.509 0.411 ***
CEE <--- Celebridade 0.125 0.099 0.037 0.125 0.073 0.037
MCE <--- Modalidade 0.481 0.149 *** 0.481 0.154 ***
MCE <--- Time 0.081 0.027 0.542 0.081 0.027 0.542
MCE <--- Celebridade -0.024 -0.007 0.835 -0.024 -0.006 0.835
MCE <--- CEE 1.156 0.410 *** 1.156 0.483 ***
Liberando um caminho por
vez
CEE <--- Modalidade 0.184 0.806 0.008 0.585 0.459 *** 464.5 166 10.5 1 3.840 *** MCE <--- Modalidade 0.728 0.215 *** 0.293 0.107 0.052 468.6 166 6.3 1 3.840 0.012 CEE <--- Time 0.554 0.513 *** 0.490 0.403 *** 474.5 166 0.5 1 3.840 0.484 MCE <--- Time 0.473 0.149 0.005 -0.053 -0.021 0.700 464.7 166 10.3 1 3.840 0.001 CEE <--- Celebridade -0.240 -0.213 *** 0.307 0.179 0.002 461.8 166 13.2 1 3.840 *** MCE <--- Celebridade 0.043 0.012 0.766 -0.127 -0.032 0.450 474.4 166 0.5 1 3.840 0.471 MCE <--- CEE 1.481 0.489 *** 1.033 0.493 *** 468.2 166 6.7 1 3.840 0.009
Nota: *** o efeito moderador é significativo ao nível de 0,001.
202
Verificou-se que a faixa etária exerce um efeito moderador na influência de 5 caminhos: (1)
na Identificação com a Modalidade na Atitude com o Estádio (CEE <--- Modalidade), (2) na
Identificação com a Modalidade no Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Modalidade), (3)
na Identificação com o Time no Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Time), (4) na
Identificação com a Celebridade na Atitude com o Estádio (CEE <--- Celebridade) e (5) na
Atitude com o Estádio no Comparecimento ao Estádio (MCE <--- CEE). Esses caminhos em
que se verificou o efeito estatisticamente significativo da moderação de gênero foram
destacados em negrito na Tabela 45.
Percebe-se que, para os Fãs do Grêmio, os caminhos em que se verificou o efeito moderador
da faixa etária foram diferentes daqueles em que se verificou o efeito moderador do gênero.
Porém, comparando os resultados da moderação de faixa etária entre os times, verifica-se que
os caminhos significativos para Fãs do Grêmio foram similares com dos Fãs do Internacional.
A principal diferença foi que, para os Fãs do Grêmio, não foi encontrado o efeito moderador
de faixa etária na Influência do Time (ITG) na Atitude em relação ao Estádio (CEE),
tampouco influência da ITG no Comparecimento ao Estádio (MCE).
O efeito moderador da faixa etária na influência da Identificação com a Modalidade na
Atitude com o Estádio (CEE <--- Modalidade) foi maior para respondentes maiores de 30
anos (coeficiente não padronizado de 0,585) do que para respondentes menores do que 30
anos (0,184). O efeito moderador da faixa etária na influência da Identificação com a
Modalidade no Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Modalidade), por outro lado, foi
menor para respondentes maiores de 30 anos (coeficiente não padronizado de 0,293) do que
para respondentes menores do que 30 anos (0,728). Já o efeito moderador da faixa etária na
influência da Identificação com o Time no Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Time) foi
menor para respondentes maiores de 30 anos (coeficiente não padronizado de -0,053) do que
para respondentes menores do que 30 anos (0,473). O efeito moderador da faixa etária na
influência da Identificação com a Celebridade na Atitude em relação ao Estádio (CEE <---
Celebridade) foi maior para os respondentes maiores de 30 anos (coeficiente não padronizado
de 0,307) do que para os menores de 30 anos (-0,240). O efeito moderador da faixa etária na
influência da Atitude em relação ao Estádio (CEE) no Comparecimento ao Estádio (MCE <--
- CEE) foi menor para respondentes maiores de 30 anos (coeficiente não padronizado de
1,033) do que para respondentes menores do que 30 anos (1,481).
203
É interessante destacar que todos os caminhos em que se verificou efeito moderador da faixa
etária na Influência da Identificação do Fã com o esporte diretamente o Comparecimento ao
Estádio (MCE) contemplam Fãs menores do que 30 anos. Por outro lado, todos os caminhos
em que se verificou efeito moderador da faixa etária na Influência da Identificação do Fã
como esporte na Atitude em relação ao Estádio (CEE) contemplam Fãs maiores do que 30
anos.
Esses resultados sugerem que, para Fãs menores de 30 anos, o efeito moderador da faixa
etária possui um efeito direto no Comparecimento ao Estádio. Ou seja, entre os Fãs mais
jovens, a Identificação com o Esporte leva mais facilmente ao estádio, sem passar pela
mediação da Atitude. Por outro lado, para Fãs maiores de 30 anos, o efeito moderador da
faixa etária possui um efeito indireto no Comparecimento ao Estádio. Ou seja, para os Fãs
com mais de 30 anos, a Identificação com o Esporte leva principalmente a uma Atitude
favorável ao Estádio, sugerindo que o efeito mediador da atitude é mais importante para que
esses Fãs compareçam ao Estádio.
4.6. IDENTIFICAÇÃO DO FÃ COM A MODALIDADE ESPORTIVA
Nesta seção são apresentados os resultados da concepção da Identificação do Fã com a
Modalidade Esportiva como um fenômeno multidimensional de 2a ordem, composto por 3
dimensões: (1) escala da Beleza da Modalidade Esportiva (IEB), (2) escala do Drama da
Modalidade Esportiva (IED) e (3) escala do Escapismo da Modalidade Esportiva (IEE).
Inicialmente, apresentam-se os resultados da Análise Fatorial Exploratória (AFE). Depois, são
apresentados os resultados da Análise Fatorial Confirmatória (AFC). Por último, são
apresentados os Testes de Diferenças Multi-grupo.
4.6.1. AFE: Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva
A Análise Fatorial Exploratória (AFE) das escalas de Identificação do Fã com a Modalidade
Esportiva foi segmentada em 3 etapas: (1) análise da Estrutura Fatorial, contemplando a
verificação da dimensionalidade dos construtos; (2) análise da Estabilidade da Estrutura
Fatorial, contemplando as estatísticas descritivas de teste de diferença de médias entre os
grupos; e (3) análise da Confiabilidade dos Construtos, da Validade Convergente, da Validade
Discriminante.
204
4.6.1.1. Estrutura Fatorial: resultados iniciais
As escalas de identificação do Fã com a Modalidade Esportiva foram inicialmente submetidas
à Análise Fatorial Exploratória (AFE) através do método de extração pelo autovalor
(Eigenvalue) com rotação Direct Oblimin. A escolha da rotação Direct Oblimin foi feita em
virtude da expectativa de correlação significativa entre os fatores, suportada na literatura a
partir de estudos anteriores. Além disso, a extração dos fatores foi realizada tanto através da
técnica de Fatoração dos Eixos Principais, que considera apenas a variância comum, quanto
da técnica de Componentes Principais, que considera a variância total. O resultado é
apresentado na Tabela 46.
Inicialmente, verificou-se a adequação da realização da AFE para esse conjunto de dados.
Esse teste foi feito utilizando dois indicadores: (1) o indicador de Esfericidade de Bartlett e
(2) o KMO. O indicador de Esfericidade de Bartlett testa a hipótese nula de que as variáveis
não estão correlacionadas. A AFE é considerada adequada quando é possível rejeitar a
hipótese nula, uma vez que se espera associação entre as variáveis. Portanto, espera-se um
alto score neste teste, acompanhado de uma significância baixa (p-valor < 0,05). Já o KMO é
um indicador que compara a magnitude dos coeficientes de correlação observados aos
coeficientes das correlações parciais. Um KMO entre 0,50 e 1,00, sugere que se pode
prosseguir com a AFE.
As escalas de Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva apresentaram um KMO de
0,783 e um indicador de Esfericidade de Bartlett de 4069 (p-valor < 0,000). Portanto, como
foi verificada a adequação da Análise Fatorial Exploratória, prosseguiu-se com a análise.
Foram então verificados os indicadores MSA de cada variável. Todos os itens apresentaram
um MSA alto – sendo o menor MSA o da variável IED_15 (MSA=0,717), que pode ser
considerado alto.
Foi então verificada a comunalidade de cada variável. A comunalidade é a quantidade de
variância que uma variável compartilha com todas as demais. Ou seja, a comunalidade indica
o quanto da variância de uma variável está sendo utilizada na solução fatorial. Na AFE,
busca-se uma alta comunalidade, acima de 0,50. Analisando as variáveis das escalas de
Identificação com a Modalidade, verifica-se que, em geral, a comunalidade foi alta.
Entretanto, duas variáveis (IED_14 e IEE_17) apresentaram comunalidade abaixo do
esperado.
205
A estrutura fatorial subjacente aos dados foi inicialmente verificada através da extração
através do autovalor (Eigenvalue). O autovalor indica a variância total explicada por cada
fator, e utiliza um critério de corte de 1,00 – uma vez que se espera que cada fator contemple,
no mínimo, pela variância de uma variável. A extração dos fatores subjacentes às variáveis da
Escala de Identificação com a Modalidade Esportiva sugeriu a existência de 3 fatores,
conforme o esperado. As cargas fatoriais de cada variável apresentaram uma distribuição
adequada, conforme pode ser identificado pelos valores em negrito na Tabela X. Foi utilizada
extração tanto pela Fatoração dos Eixos Principais como por Componentes Principais.
Verificou-se que a maioria das variáveis apresentaram fatores de carga satisfatórios – ao redor
de 0,80. Alguns itens apresentaram carga bastante elevada, como a variável IEE_18 (0,966).
Contudo um item apresentou um fator de carga abaixo do limite esperado de 0,50: IED_14
(carga=0,462).
A extração dos fatores através da técnica de Fatoração dos Eixos principais indicou uma
variância total explicada foi de 58,5% e a extração utilizando Componentes Principais 71,4%.
Essa diferença era esperada, uma vez que a técnica de Componentes Principais considera a
variância total (incluindo o erro), enquanto a técnica de Fatoração dos Eixos Principais
considera apenas a variância comum entre os itens. De qualquer forma, as variâncias extraídas
apresentaram indicadores satisfatórios.
206
Tabela 46 – Identificação com a Modalidade Esportiva: Estrutura Fatorial das escalas
Fatoração Eixos Principais Componentes Principais
Cod. Item Beleza Drama Escapismo Comun. Beleza Drama Escapismo Comun. MSA
IEB_10 Eu aprecio a beleza de um bom jogo de futebol.
.840 .015 -.007 .711 .879 .022 -.004 .789 .814
IEB_11 O futebol é um esporte bonito de se ver. .866 -.016 .004 .742 .891 -.004 -.019 .802 .799
IEB_12 Eu aprecio a elegância do futebol. .734 .006 .064 .586 .836 -.011 -.059 .728 .859
IED_13 Eu gosto de jogos de futebol dramáticos. .045 .687 .011 .504 .020 .810 -.023 .676 .760
IED_14 Eu prefiro um jogo de futebol bem disputado a um jogo fácil.
.232 ,462 b -.004 0,349 a .258 .623 .052 .538 .877
IED_15 Eu gosto mais de um jogo de futebol quando o resultado é decidido nos últimos minutos.
-.134 .795 .022 .575 -.168 .889 -.042 .736 .717
IEE_16 Para mim, assistir ao futebol é uma válvula de escape das atividades do dia-a-dia.
.145 .124 .625 .568 .180 .132 -.708 .694 .797
IEE_17 Assistir futebol é uma mudança de ritmo em relação ao que faço normalmente.
-.053 .000 .589 ,323 a -.133 -.035 -.855 .666 .780
IEE_18 Eu gosto de assistir jogos de futebol porque isso me permite sair da rotina.
.021 -.070 .966 .910 .115 -.020 -.857 .801 .722
Variância explicada 37.0% 10.3% 11.3% 41.1% 14.9% 15.5%
Variância total explicada 58.5% 71.4%
KMO 0.793
Bartlett (sig) 4069 (0,000)
Nota: a Comunalidade inferior ao limite mínimo esperado de 0,5; b Fator de Carga inferior ao limite mínimo esperado de 0,5.
207
Em suma, os resultados iniciais da Estrutura Fatorial indicaram que a estrutura subjacente aos
dados foi igual àquela hipotetizada para a pesquisa. De uma maneira geral, as variáveis
apresentaram indicadores muito bons. Além disso, nenhuma variável apresentou fator de
carga elevado fora do construto esperado, o que sugere inicialmente a existência de validade
discriminante entre os construtos. Contudo, as variáveis IED_14 e IED_17 apresentaram
comunalidade abaixo dos limites esperados, além de fatores de carga relativamente menores
do que os das demais variáveis, resultados esses que sugerem atenção para essas variáveis na
etapa de Análise Fatorial Confirmatória.
4.6.1.2. Estabilidade da Estrutura Fatorial: teste entre grupos
Uma vez que a análise das estatísticas descritivas apontou a existência de diferenças de
médias estatisticamente significativas entre os grupos (gênero, idade, time e sócio-torcedor),
decidiu-se pela verificação da estabilidade da estrutura fatorial subjacente ao dados. Dessa
forma, repetiram-se os procedimentos utilizados na seção anterior, porém utilizando, agora,
apenas estratos da amostra (grupos) para a AFE. As técnicas utilizadas foram as mesmas:
extração através do autovalor com Rotação Direct Oblimin. Porém, como os resultados
iniciais da AFE indicaram adequação da estrutura fatorial tanto por meio da utilização da
Fatoração por Eixos Principais quanto por Componentes Principais, no teste da estabilidade
da estrutura fatorial optou-se pela extração apenas por meio da técnica de Componentes
Principais. O resultado é apresentado na Tabela 47.
Verificou-se que a estrutura fatorial é estável. A extração considerando estratos separados da
amostra – apenas respondentes masculinos, femininos, com idade até 30 anos, com idade
maior que 30 anos, sócios e não-sócios – apresentou sempre 3 dimensões.
Os indicadores de adequação da AFE para os grupos foram bons, com altos indicadores para o
KMO e para o Índice de Esfericidade de Bartlett. Apenas o grupo de não-sócios
(KMO=0,643) apresentou um indicador ligeiramente abaixo do limite esperado de 0,700.
Contudo, esse resultado para esse grupo pode ser atribuído à quantidade reduzida de
observações de não-sócios (N=266) em comparação com os sócios (N=914).
208
Tabela 47 – Identificação com a Modalidade Esportiva: teste da Estabilidade da Estrutura Fatorial das escalas de Drama, Beleza e Escapismo
Componentes Principais (Rotação Direct Oblimin)
Gênero Faixa Etária Fã Time
Cod. Item Feminino Masculino Até 30 anos > 30 anos Não-sócio Sócio Inter Grêmio IEB_10 Eu aprecio a beleza de um bom jogo de
futebol. .877 -.869 .890 .861 .878 .877 .875 .880
IEB_11 O futebol é um esporte bonito de se ver. .921 -.848 .891 .890 .900 .814 .876 .900
IEB_12 Eu aprecio a elegância do futebol. .842 -.820 .835 .839 .840 .784 .824 .848
IED_13 Eu gosto de jogos de futebol dramáticos. .810 .817 .830 .776 .826 .731 .824 .781
IED_14 Eu prefiro um jogo de futebol bem disputado a um jogo fácil.
.617 .624 .644 .603 .589 .715 .617 .621
IED_15 Eu gosto mais de um jogo de futebol quando o resultado é decidido nos últimos minutos.
.899 .844 .891 .892 .892 .781 .891 .889
IEE_16 Para mim, assistir ao futebol é uma válvula de escape das atividades do dia-a-dia.
.682 .768 -.683 .734 .741 .720 -.708 -.715
IEE_17 Assistir futebol é uma mudança de ritmo em relação ao que faço normalmente.
.898 .793 -.876 .829 .835 .853 -.846 -.849
IEE_18 Eu gosto de assistir jogos de futebol porque isso me permite sair da rotina.
.802 .897 -.843 .872 .848 .918 -.850 -.869
N 570 610 581 599 914 266 590 590
KMO 0.814 0.732 0.789 0.794 0.799 ,643 a 0.772 0.802
Variância Explicada 73.4% 68.3% 72.8% 70.3% 71.8% 66.5% 70.6% 72.5%
Nota: a KMO inferior ao limite esperado de 0,7.
209
Em suma, verificou-se que a estrutura fatorial subjacente aos dados é estável, não tendo sido
necessário realizar o procedimento de extração por meio da pré-especificação do número de
fatores. Além disso, a variância explicada se mantém estável entre os grupos, ao redor de
70%.
4.6.1.3. Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante
Uma vez verificada a estabilidade da estrutura fatorial, deu-se prosseguimento à AFE.
Decidiu-se verificar a os indicadores de Confiabilidade das escalas. Isso foi feito por meio do
Alfa de Cronbach. O Alfa é uma medida frequentemente utilizada para verificar a
confiabilidade interna de uma escala, indicando a consistência das medidas psicométricas
utilizadas para a estimativa das variáveis latentes. Alfas maiores do que 0,700 são
considerados bons. Contudo, como o Alfa considera a correlação entre os itens de cada
dimensão, escalas com muitas variáveis podem “inflar” esse indicador. Contudo, esse não é o
caso das escalas de utilizadas nesta pesquisa. Com exceção das escalas de Identificação com a
Celebridade Esportiva e de Atitude em relação ao Consumo do Evento Esportivo pela Mídia e
pelo Estádio, que foram mensuradas com 5 itens para cada dimensão, todas as demais
dimensões foram mensuradas com apenas 3 itens – ou seja, o número mínimo de itens
recomendados para estimar uma variável latente.
As três escalas – Beleza, Drama e Escapismo – apresentaram indicadores satisfatórios, com
Alfas acima de 0,700. Além disso, dentre as 9 variáveis utilizadas para mensurar as 3
dimensões da Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva, apenas a variável IEE_17
aumentaria o Alfa de sua dimensão se fosse excluída. Isso sugere um potencial
comportamento problemático da variável IEE 17, ainda que a contribuição que a exclusão do
dessa variável para o Alfa da escala seja marginal.
Uma vez verificada a Confiabilidade das Escalas, partiu-se para a verificação da Validade
Convergente e Discriminante das variáveis. Essa verificação foi feita através análise da Matriz
de Correlação entre as variáveis.
Para verificar a Validade Convergente e Discriminante, analisou-se a intensidade dos
coeficientes de correlação (1) entre variáveis de uma mesma dimensão e (2) entre as variáveis
de uma dimensão específica e as variáveis das demais dimensões. Para que haja Validade
Convergente, espera-se uma alta correlação entre as variáveis de uma mesma dimensão. De
210
maneira análoga, para que haja Validade Discriminante, espera-se que a intensidade dos
coeficientes de correlação entre variáveis de uma dimensão específica sejam menores do que
os coeficientes entre os itens que pertencem a uma mesma dimensão. Para facilitar a
visualização da Validade Convergente e Discriminante, cada dimensão foi marcada através de
traços pontilhados que formam “triângulos”. Verifica-se, portanto, que, via-de-regra, os
coeficientes de correlação entre as variáveis “dentro” de um triângulo são maiores do que
entre essas mesmas variáveis e aquelas “fora” do triângulo.
Em suma, a análise da Matriz de Correlação sugere a existência tanto de Validade
Discriminante quanto de Validade Convergente para a Escala de Identificação do Fã com a
Modalidade Esportiva. Contudo, verificou-se que as variáveis IED_14 e IEE_17
apresentaram coeficientes piores do que os das outras variáveis. A Variável IED_14, por
exemplo, apresentou uma correlação relativamente baixa com a IED_15 (r=0,395) e com a
IED_13 (r=0,431). Já a variável IEE_17 apresentou uma correlação relativamente baixa com a
IEE_16 (r=0,402). Esses resultados sugerem indícios adicionais de potenciais problemas
dessas variáveis na fase posterior de Análise Fatorial Confirmatória.
211
Tabela 48 – Matriz de Correlação das escalas de Identificação com a Modalidade Esportiva – Beleza, Drama e Escapismo
Correlação entre as variáveis (Postos de Spearman)
Beleza Drama Escapismo
α = 0,860 α = 0,700 α = 0,780
Cod. Item Média DP 10 11 12 13 14 15 16 17 18
IEB_10 Eu aprecio a beleza de um bom jogo de futebol.
5.6 1.54 1
IEB_11 O futebol é um esporte bonito de se ver. 5.5 1.53 .698 1
IEB_12 Eu aprecio a elegância do futebol. 4.9 1.71 .619 .616 1
IED_13 Eu gosto de jogos de futebol dramáticos. 5.1 1.86 .294 .261 .279 1
IED_14 Eu prefiro um jogo de futebol bem disputado a um jogo fácil.
5.9 1.42 .343 .332 .269 .431 1
IED_15 Eu gosto mais de um jogo de futebol quando o resultado é decidido nos últimos minutos.
5.0 1.80 .133 .160 .148 .526 .395 1
IEE_16 Para mim, assistir ao futebol é uma válvula de escape das atividades do dia-a-dia.
4.1 2.10 .374 .379 .362 .317 .267 .253 1
IEE_17 Assistir futebol é uma mudança de ritmo em relação ao que faço normalmente.
4.5 1.92 .157 .160 .183 .144 .095 .117 .402 1
IEE_18 Eu gosto de assistir jogos de futebol porque isso me permite sair da rotina.
4.2 1.93 .307 .316 .336 .188 .202 .180 .684 .538 1
Correlação item-total corrigida 0.75 0.76 0.70 0.56 0,45 a 0.56 0.62 0.51 0.73
Alfa se o item for excluído 0.794 0.781 0.838 0.556 0.688 0.553 0.701 0,812 b 0.572
Nota: a Correlação item-total corrigida inferior ao limite sugerido de 0,5; b A exclusão do item aumenta o alfa.
212
4.6.2. AFC: Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva
Nesta seção é feita a Análise Fatorial Confirmatória (AFC) das escalas de Identificação do Fã
com a Modalidade Esportiva, contemplando 5 tipos de análise: (1) análise do Modelo de
Mensuração das dimensões da Escala de Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva; (2)
análise do Modelo de Mensuração Reespecificado dessas escalas; (3) Teste da
Dimensionalidade das escalas de Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva (4) análise
do Modelo Estrutural considerando a Identificação do Fã com o Esporte como um fenômeno
multidimensional de 2a ordem; e (5) Comparação do Modelo Estrutural de 2a ordem com a
Escala Geral de Identificação com a Modalidade Esportiva.
4.6.2.1. Modelo de Mensuração da Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva
Assim, passou-se a avaliar o Modelo de Mensuração especificado, apresentado pela Figura
23. O modelo de Mensuração contempla as 3 dimensões hipotetizadas para a Identificação do
Fã com a Modalidade Esportiva: a Beleza, o Drama e o Escapismo. Cada variável latente é
graficamente representada por um círculo, enquanto as variáveis observáveis são
representadas por retângulos. No Modelo de Mensuração hipotetizado, foram estabelecidas
covariâncias entre as variáveis latentes, ilustradas pelas linhas flechas em ambas as
extremidades.
Para avaliar o modelo, foram considerados diversos indicadores de ajuste, como o Qui-
Quadrado (χ2), o p-valor χ2, o Qui-Quadrado dividido pelos graus de liberdade (χ2/gl), o
Índice de Qualidade de Ajuste do Modelo (GFI), o CFI, a Raiz do Erro Quadrático médio de
Aproximação (RMSEA) e o PCLOSE. Esses indicadores são apresentados pela Tabela 49.
O Modelo de mensuração apresentou um χ2 de 160,9, com um χ2/gl de 3,847, GFI de 0,951,
CFI de 0,883 e RMSEA de 0,07. Esses indicadores de ajuste ficaram um pouco aquém dos
limites esperados. Contudo, em virtude dos indícios de potenciais problemas sugeridos
durante a Análise Fatorial Exploratória, especialmente com as variáveis IED_14 e IEE_17,
tais resultados já eram esperados.
213
Figura 23 – Modelo de Mensuração da escala de Identificação com a Modalidade Esportiva: Beleza, Drama e Escapismo
214
Tabela 49 – Indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração das escalas de Identificação com a Modalidade Esportiva: Beleza, Drama e Escapismo
Modelo χ2 p-valor χ2 / gl GFI CFI RMSEA PCLOSE
Modelo Mensuração 160,9 ,000ª 3,8ª ,951 ,883ª ,070ª ,001ª
Mensuração Reespecificado 34,9 ,000ª 3,1ª ,989 ,977 ,043 ,742
Feminino 42,3 ,000ª 3,8ª ,976 ,941 ,071ª ,058ª
Masculino 26,4 ,006ª 2,4 ,980 ,967 ,048 ,517
Até 30 anos 18,8 ,064 1,7 ,988 ,986 ,035 ,805
> 30 anos 24,7 ,010ª 2,2 ,986 ,972 ,046 ,579
Internacional 22,6 ,020ª 2,0 ,986 ,979 ,042 ,661
Grêmio 31,6 ,001ª 2,8 ,981 ,959 ,057ª ,289ª
Limites esperados < possível > 0,05 < 3 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5
Partiu-se, então, para a avaliação individual das estimativas de cada variável incluída no
Modelo de Mensuração. Essa avaliação foi realizada analisando-se principalmente os MIs
(Modification Indices) entre as variáveis observáveis, as variáveis latentes e os erros, além dos
resíduos padronizados da Matriz de Covariância (Standardized Residual Covariance Matrix).
Os indicadores avaliados sugeriram que a exclusão das variáveis IED_14 e IEE_17 poderiam
aumentar o ajuste do modelo. As variáveis então foram excluídas uma-a-uma, uma vez que a
cada exclusão de variável todos os indicadores são recalculados, tornando-se necessário
avaliar todos os indicadores novamente – agora sem o efeito da variável excluída. Optou-se
inicialmente pela exclusão da variável IEE_17, aparentemente a mais “danosa” para o
modelo. A eliminação da variável IEE_17 (“assistir futebol é uma mudança de ritmo em
relação ao que faço normalmente”) da dimensão Escapismo contribuiu significativamente
para a melhoria de ajuste do modelo. Os indicadores, porém, continuaram a sugerir a
eliminação da variável IED_14 (“eu prefiro um jogo de futebol bem disputado a um jogo
fácil”) da dimensão Drama. Assim, foi realizada a exclusão dessas duas variáveis. Após isso,
o Modelo de Mensuração Reespecificado da Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva
ficou com um total de 7 variáveis e passou a apresentar um bom ajuste, conforme resultados
apresentados na tabela 49.
Com a exclusão das variáveis IED_14 e IEE_17, χ2 do modelo caiu de 160,9 para 34,9. Além
disso, o CFI, que antes havia ficado abaixo do limite esperado (CFIantes=0,883) passou a
215
apresentar um ótimo ajuste (CFIdepois=0,977), e o RMSEA passou a ficar dentro do limite
esperado de 0,05. O Modelo de Mensuração Reespecificado é apresentado pela Figura 24.
Figura 24 – Modelo de Mensuração Reespecificado da escala de Identificação com a Modalidade Esportiva: Beleza, Drama e Escapismo
4.6.2.2. Teste da Dimensionalidade da Escala
Para confirmar a existência das 3 dimensões da Escala de Identificação com a Modalidade
Esportiva sugerida na AFE, foi realizado o procedimento confirmatório de especificação de
um modelo de mensuração com todas as variáveis observadas atreladas a uma única
dimensão. Caso esse modelo unidimensional fosse mais apropriado do que o modelo com 3
216
dimensões, seus indicadores de ajuste do modelo deveriam ser melhores do que os do Modelo
de Mensuração Reespecificado anteriormente; caso esses indicadores piorassem
significativamente, ficaria confirmada a multidimensionalidade sugerida pela AFE.
O modelo de Teste da Dimensionalidade é apresentado pela Figura 25. Verifica-se que os
fatores de carga dos itens, quando “forçados” a carregar em uma única dimensão,
apresentaram queda – embora ainda estejam em patamares relativamente elevados. Contudo,
conforme era esperado, os indicadores de ajuste do modelo de Teste pioraram
significativamente: o χ2 passou de 34,9 para 390,1; o χ2/gl passou de 3,1 para 27,8; o CFI
passou de 0,977 para 0,632; e o RMSEA de 0,043 para 0,151. Os novos indicadores de ajuste
do modelo unidimensional são apresentados na Tabela 50. Verifica-se que todos os
indicadores do modelo de Teste ficaram todos fora dos limites aceitáveis, enquanto os
indicadores do Modelo de Mensuração Reespecificado com 3 construtos de 1a ordem haviam
sugerido um excelente ajuste do modelo. Portanto, foi confirmada a multidimensionalidade da
escala de Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva.
Figura 25 – Teste da Dimensionalidade da escala de Identificação com a Modalidade Esportiva: Beleza, Drama e Escapismo
217
4.6.2.3. Modelo Estrutural da Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva como
construto de 2a ordem
Uma vez confirmada a multidimensionalidade da escala de Identificação do Fã com a
Modalidade Esportiva, foi elaborado então um Modelo Estrutural considerando a
Identificação com a Modalidade como um construto de 2a ordem composto por ter construtos
de 1a ordem: Beleza, Drama e Escapismo. Esse modelo é apresentado pela Figura 26.
Figura 26 – Modelo Estrutural da Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva como um Construto
de 2a ordem.
218
Assim, ao conceber a Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva como um construto de
2a ordem composto por 3 dimensões – Beleza, Drama e Escapismo – observou-se o mesmo
nível ajuste do modelo em relação ao Modelo de Mensuração com 3 construtos de 1a ordem
correlacionados. Os resultados são apresentados na Tabela 50.
A Figura 26 apresentou bons fatores de carga para as variáveis observáveis, confirmando os
bons indicadores vistos anteriormente. Além disso, pode-se verificar que o Modelo Estrutural
apresenta paths com coeficientes bastante altos, principalmente para Beleza e Escapismo. A
dimensão Drama foi a que apresentou o menor path. De toda sorte, todos os coeficientes
mostraram-se adequados em intensidade e estatisticamente significativos (p-valor<0,000).
Tabela 50 – Caminhos do Modelo de Mensuração da escala de Identificação com a Modalidade Esportiva como uma variável latente de 2a ordem mensurada a partir da Beleza, Drama e Escapismo
Coeficiente não-
padronizado Coeficiente Padronizado
C.R. p-valor
Beleza <--- Identificação com a Modalidade .957 .714 14.042 ***
Drama <--- Identificação com a Modalidade .586 .534 8.578 ***
Escapismo <--- Identificação com a Modalidade 1.052 .732 13.559 ***
�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.
Além dos paths, foram analisados os indicadores de CR, AVE, correlação e quadrado da
correlação, que são apresentados pela Tabela 51.
Verificou-se bons indicadores de CR para os construtos de 1a ordem – Beleza, com
CR=0,869; Drama, com CR=0,716; e Escapismo, com CR=0,827). Além disso, o construto
de 2a ordem também apresentou um CR satisfatório de 0,701 – o qual foi um pouco
prejudicado pelo construto Drama, cujos indicadores foram relativamente inferiores às
dimensões de Beleza e Escapismo. A Tabela 51 também apresenta outros indicadores da
qualidade do Modelo Estrutural proposto. Destaca-se o valor do AVE, em negrito na diagonal
principal da parte inferior da tabela, com valores de 0,716 para o Construto de 2a ordem;
0,831 para a dimensão Beleza; 0,707 para a dimensão Escapismo; e 0,565 para a dimensão
Drama.
219
Tabela 51 – Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante das escalas de Identificação com a Modalidade Esportiva: Beleza, Drama e Escapismo
Identificação com a Modalidade (Construtos de 1a ordem)
Beleza Drama Escapismo Construto de 2a
ordem
Cod. Item CR = .869 CR = .716 CR = .827 CR = .701
IEB_10 Eu aprecio a beleza de um bom jogo de futebol. .838
IEB_11 O futebol é um esporte bonito de se ver. .861
IEB_12 Eu aprecio a elegância do futebol. .789
IED_13 Eu gosto de jogos de futebol dramáticos. .870
IED_15 Eu gosto mais de um jogo de futebol quando o resultado é decidido nos últimos minutos.
.611
IEE_16 Para mim, assistir ao futebol é uma válvula de escape das atividades do dia-a-dia.
.925
IEE_18 Eu gosto de assistir jogos de futebol porque isso me permite sair da rotina.
.747
Beleza .831 .381 .522 .714
Drama .145 .565 .391 .534
Escapismo .272 .153 .707 .732
Identificação com a Modalidade (Construto de 2a ordem)
.510 .285 .536 .716
�ota: Valores na diagonal referem-se à variância média extraída; valores acima da diagonal referem-se à correlação; valores abaixo da diagonal referem-se ao quadrado da correlação.
220
Decidiu-se verificar também os caminhos do Modelo Estrutural segmentado a análise pela
variável de critério “time” para verificar as diferenças entre Fãs do Grêmio e do Internacional,
conforme apresentado pelas Tabelas 52 e 53.
Tabela 52 – Caminhos do Modelo de Mensuração da escala de Identificação com a Modalidade Esportiva como uma variável latente de 2a ordem mensurada a partir da Beleza, Drama e Escapismo - Internacional
Coeficiente não-
padronizado Coeficiente Padronizado
C.R. p-valor
Beleza <--- Identificação com a Modalidade 1.021 .765 15.249 ***
Drama <--- Identificação com a Modalidade .477 .430 6.363 ***
Escapismo <--- Identificação com a Modalidade .896 .677 11.841 ***
�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.
Verifica-se na Tabela 52 (Internacional) que as dimensões mais influenciadas pela
Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva foram a Beleza e o Escapismo. Esses
resultados foram similares àqueles verificados para a amostra total.
Foram então gerados os coeficientes para os Fãs do Grêmio, conforme apresentado pela
Tabela 53. Verifica-se que as dimensões mais influenciadas pela Identificação do Fã com a
Modalidade Esportiva no estrato com Fãs do Grêmio também foram a Beleza e o Escapismo.
Esses resultados foram similares àqueles verificados para a amostra total e para os Fãs do
Internacional. Assim, de maneira geral, suportou-se a influência da Identificação do Fã com a
Modalidade Esportiva.
Tabela 53 – Caminhos do Modelo de Mensuração da escala de Identificação com a Modalidade Esportiva como uma variável latente de 2a ordem mensurada a partir da Beleza, Drama e Escapismo – Grêmio
Coeficiente não-
padronizado Coeficiente Padronizado
C.R. p-valor
Beleza <--- Identificação com a Modalidade .988 .745 15.723 ***
Drama <--- Identificação com a Modalidade .755 .637 10.074 ***
Escapismo <--- Identificação com a Modalidade 1.109 .730 15.294 ***
�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.
221
4.6.2.4. Comparação do Modelo Estrutural da Identificação do Fã com a Modalidade
Esportiva como construto de 2a ordem com o Escala Geral de Identificação com a
Modalidade Esportiva.
Após confirmar a adequação do Modelo Estrutural concebendo a Identificação do Fã com a
Modalidade Esportiva como um fenômeno multidimensional de 2a ordem composto por 3
dimensões – Beleza, Drama e Escapismo – , decidiu-se testar o grau de convergência do
construto multidimensional de 2a ordem com a Escala Geral de Identificação com a
Modalidade Esportiva, que é apresentada na literatura como uma escala unidimensional, com
3 itens. Essa convergência foi testada através da correlação entre essas duas variáveis latentes,
e é apresentada pela Figura 27.
Verificou-se um altíssimo grau de correlação (r=0,97). Esse teste sugere que ambas as escalas
medem o mesmo fenômeno, porém de maneira diferente – e com grau de detalhamento
diferente. Ou seja, a escala multidimensional do Modelo Estrutural de 2a ordem, com 3
dimensões e 7 itens, possui uma alta convergência com a Escala Geral, com 1 dimensão e 3
itens, o que sugere a qualidade das propriedades psicométricas de ambas as escalas.
Uma vez verificado esse resultado, decidiu-se investigar a estabilidade desse alto coeficiente
de correlação, segmentando a amostra em grupos (Gênero, Faixa Etária e Time). Os
resultados são apresentados na Tabela 54.
Verificou-se com esse teste de estabilidade que o coeficiente de correlação se manteve estável
entre todos os estratos da amostra quando analisados individualmente. O menor coeficiente de
correlação entre o Modelo Estrutural de Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva de
2a Ordem e a Escala Geral de Identificação com a Modalidade Esportiva foi para o grupo de
indivíduos do gênero feminino (r=0,938), e o maior para o grupo de indivíduos do gênero
masculino (r=0,991), conforme ilustrado pela Tabela 54.
222
Figura 27 – Comparação do Modelo Estrutural de 2a ordem da Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva com a Escala Geral de Identificação com a Modalidade
223
Tabela 54 – Correlação entre a Escala de Identificação com a Modalidade Esportiva mensurada como uma variável latente de 2a ordem a partir da Beleza, Drama e e Escapismo com a Escala Geral de Identificação
Covariância
Estimativa não
padronizada C.R. p-valor
Correlação
Escala Geral (IEG) <--> Identificação com a Modalidade - construto 2a ordem 1.655 33.666 ***
.974
Escala Geral (IEG) <--> Identificação com a Modalidade - construto 2a ordem (Feminino) 1.503 25.403 ***
.938
Escala Geral (IEG) <--> Identificação com a Modalidade - construto 2a ordem (Masculino) 1.538 18.332 ***
.991
Escala Geral (IEG) <--> Identificação com a Modalidade - construto 2a ordem (Até 30 anos) 1.616 24.504 ***
.948
Escala Geral (IEG) <--> Identificação com a Modalidade - construto 2a ordem (mais que 30 anos)
1.665 25.342 ***
.992
Escala Geral (IEG) <--> Identificação com a Modalidade - construto 2a ordem (Internacional) 1.646 23.668 ***
.981
Escala Geral (IEG) <--> Identificação com a Modalidade - construto 2a ordem (Grêmio) 1.708 26.810 ***
.974
�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.
224
4.7. IDENTIFICAÇÃO DO FÃ COM O TIME ESPORTIVO
Nesta seção são apresentados os resultados da concepção da Identificação do Fã com o Time
Esportivo como um fenômeno multidimensional de 2a ordem composto por 3 dimensões: (1)
escala da Realização do Fã com a Vitória do time (ITV), escala da Socialização do Fã com
outros Fãs do time (ITS) e escala da Busca por Informações Esportivas pelo Fã (ITI).
Inicialmente, apresentam-se os resultados da Análise Fatorial Exploratória (AFE), Depois, os
resultados da Análise Fatorial Confirmatória (AFC), Por último, são apresentados os Testes
de Diferenças Multi-grupo.
4.7.1. AFE: Identificação do Fã com o Time Esportivo
A Análise Fatorial Exploratória (AFE) das escalas de Identificação do Fã com o Time
Esportivo foi realizada em 3 fases: (1) análise da Estrutura Fatorial, contemplando a
verificação da dimensionalidade dos construtos; (2) análise da Estabilidade da Estrutura
Fatorial, contemplando as estatísticas descritivas para teste de diferença entre grupos; e (3)
análise da Confiabilidade dos Construtos, Validade Convergente e Validade Discriminante.
4.7.1.1. Estrutura Fatorial: resultados iniciais
De maneira análoga aos procedimentos de análise utilizados anteriormente na AFE para a
Escala de Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva, a Escala de Identificação do Fã
com o Time Esportivo foi inicialmente submetidas à AFE através do método de extração pelo
autovalor (Eigenvalue), com rotação Direct Oblimin, utilizando-se tanto a técnica de
Fatoração dos Eixos Principais quanto de Componentes Principais. O resultado é apresentado
na Tabela 55.
Inicialmente, verificou-se a realização da AFE é adequada para a Escala de Identificação com
o Time: o indicador KMO foi 0,909, considerado bastante alto, e o indicador de Esfericidade
de Bartlett foi 8333 e altamente significativo (p-valor < 0,000). Portanto, foi dado
prosseguimento à EFA.
Foram então verificados os indicadores de MSA de cada variável individualmente. Os
indicadores de MSA foram muito bons. Com efeito, o menor MSA (variável ITI_30) foi
225
0,878, ou seja, a variável com “pior” desempenho relativo já apresentou um indicador em
patamar bastante elevado.
Em seguida foi verificada a comunalidade de cada variável. Apenas a variável ITS_27
apresentou comunalidade abaixo do valor esperado de 0,500. Na extração através da
Fatoração dos Eixos Principais a ITS_27 apresentou comunalidade de 0,415 e na extração
através de Componentes Principais comunalidade de 0,480.
A verificação da estrutura fatorial subjacente aos dados foi realizada através da extração
utilizando o método de autovalor. O resultado da AFE da escala de Identificação do Fã com o
Time para a amostra total surpreendeu, pois a estrutura fatorial através da extração pelo
autovalor apresentou-se unidimensional. Ou seja, todos os itens apresentaram um alto fator de
carga para um único construto. Esse resultado inicial sugere a existência de alta correlação
entre os itens, conforme apresentado pela Tabela 54.
Os fatores de carga extraídos apresentaram bons indicadores, sendo que a maioria dos itens
apresentou coeficientes bastante acima do patamar mínimo esperado de 0,50. A variância
extraída através da técnica de Fatoração dos Eixos principais foi de 60,3%, considerada
satisfatória, e a variância extraída através da técnica de Componentes Principais foi 64,6%.
Em ambas as técnicas de extração a estrutura fatorial para a amostra total se apresentou
unidimensional.
226
Tabela 55 –Estrutura Fatorial das escalas de Identificação com o Time Esportivo: de Vitória, Socialização e Informações
Fatoração Eixos Principais Componentes Principais
Cod. Item Fator Comunalidade Fator Comunalidade MSA
ITV_22 Eu me sinto realizado quando o [Grêmio/Inter] joga bem. .779 .607 .807 .651 .906
ITV_23 Quando o [Grêmio/Inter] vence, sinto como se eu mesmo tivesse vencido.
.790 .623 .816 .665 .905
ITV_24 Eu me sinto orgulhoso quando o [Grêmio/Inter] ganha. .759 .576 .790 .625 .917
ITS_25 Gosto de me encontrar com outros Fãs para torcer pelo [Grêmio/Inter].
.763 .583 .795 .632 .904
ITS_26 Gosto de conversar com outros Fãs sobre o desempenho do [Grêmio/Inter].
.838 .702 .853 .728 .918
ITS_27 Torcer pelo [Grêmio/Inter] é uma maneira de socializar com outros Fãs.
.645 ,416a .693 ,480a .938
ITI_28 Eu busco informações sobre o desempenho de alguns jogadores do [Grêmio/Inter].
.779 .607 .807 .651 .942
ITI_29 Eu procuro me informar sobre os resultados das partidas do [Grêmio/Inter].
.805 .647 .827 .684 .891
ITI_30 Eu acompanho as notícias sobre o time do [Grêmio/Inter]. .815 .664 .835 .697 .878
Variância total explicada 60.3% 64.6%
KMO 0.909
Bartlett (sig) 8333 (0,000)
Nota: na extração utilizando o critério de Eingenvalue a estrutura fatorial mostrou-se unidimensional para a amostra total. a comunalidade abaixo do limite mínimo sugerido de 0,5
227
4.7.1.2. Estabilidade da Estrutura Fatorial: teste entre grupos
Assim, os resultados iniciais da AFE para a escala de Identificação do Fã com o Time
Esportivo não apresentaram indícios de desempenho ruim para variável alguma. Contudo,
esperava-se obter 3 fatores na extração (Vitória, Socialização e Busca de Informações), e
obteve-se inicialmente apenas um. Por isso, para testar a estabilidade dessa estrutura
unidimensional, foi realizado um teste de extração para os diversos grupos (gênero, faixa
etária, time e sócios) individualmente. O método utilizado foi de extração através do autovalor
(Eigenvalue), com Rotação Direct Oblimin, e técnica de Componentes Principais. Os
resultados são apresentados pela Tabela 56.
Verificou-se que a AFE se mostrou adequada para todos os grupos, pois o KMO e o Índice de
Esfericidade de Bartlett apresentaram valores acima dos limites esperados. Com efeito, o
menor KMO foi 0,825 (sócios). Entretanto, verificou-se que a dimensionalidade da estrutura
fatorial extraída pelo critério de autovalor variou significativamente entre os grupos.
Analisando a diferença entre gêneros, verificou-se que, para os respondentes do gênero
feminino, a estrutura fatorial apresentou 2 fatores. Nesse caso, a dimensão Realização com a
Vitória (ITV) separou-se das demais. Contudo, para os respondentes do gênero masculino, a
estrutura permaneceu unidimensional. Analisando o critério de faixa etária, não foi verificada
diferença alguma de estrutura fatorial entre respondentes com menos de 30 anos e com mais
de 30 anos. Para ambos os grupos a estrutura permaneceu unidimensional. Analisando a
diferença entre sócios e não-sócios, porém, verificou-se diferenças significativas: para os
sócios a estrutura fatorial apresentou 3 dimensões, conforme esperado; para os não-sócios, a
estrutura fatorial apresentou-se unidimensional. Analisando a diferença entre times,
novamente foi verificada uma diferença: para os Fãs do Internacional, a estrutura fatorial
apresentou-se unidimensional; contudo, para os Fãs do Grêmio, a estrutura apresentou-se
bidimensional, pois a dimensão Realização com a Vitória (ITV) separou-se das demais. Ou
seja, não foi possível comprovar a estabilidade da estrutura unidimensional inicialmente
sugerida para a amostra total. Pelo contrário, esse teste de diferença da estrutura subjacente
aos dados segmentando-se os grupos sugeriu a existência de diversas dimensões.
Como a extração da AFE está relacionada à intensidade da associação entre as variáveis,
decidiu-se prosseguir investigando a Matriz de Correlação a Confiabilidade dos construtos.
228
Tabela 56 – Teste da Estabilidade da Estrutura Fatorial das Escalas de Identificação com o Time: Vitória, Socialização e Informações
Componentes Principais (rotação Direct Oblimin)
Gênero Faixa Etária Fã Time
Cod Item Feminino b Masculinoa Até 30 anos a > 30 anos a Não-sócio a Sócio c Inter a Grêmio b
ITV_22 Eu me sinto realizado quando o [Grêmio/Inter] joga bem.
-.885 .812 .811 .808 .803 .893 .813 -.906
ITV_23 Quando o [Grêmio/Inter] vence, sinto como se eu mesmo tivesse vencido.
-.884 .829 .813 .820 .813 .944 .815 -.871
ITV_24 Eu me sinto orgulhoso quando o [Grêmio/Inter] ganha.
-.926 .819 .793 .790 .777 .865 .792 -.916
ITS_25 Gosto de me encontrar com outros Fãs para torcer pelo [Grêmio/Inter].
.823 .821 .810 .789 .789 .899 .790 .804
ITS_26 Gosto de conversar com outros Fãs sobre o desempenho do [Grêmio/Inter].
.808 .833 .872 .834 .849 .711 .840 .783
ITS_27 Torcer pelo [Grêmio/Inter] é uma maneira de socializar com outros Fãs.
.875 .677 .686 .701 .698 .857 .742 .896
ITI_28 Eu busco informações sobre o desempenho de alguns jogadores do [Grêmio/Inter].
.822 .801 .814 .800 .800 -.690 .803 .763
ITI_29 Eu procuro me informar sobre os resultados das partidas do [Grêmio/Inter].
.682 .819 .831 .822 .821 -.965 .824 .733
ITI_30 Eu acompanho as notícias sobre o time do [Grêmio/Inter].
.724 .833 .856 .812 .822 -.785 .835 .728
N 570 610 581 599 914 266 590 590
KMO 0.900 0.909 0.910 0.904 0.907 0.825 0.917 0.897
Bartlett 3864 4247 4251 4131 6231 1256 3929 4478
sig. Bartlett 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
Variância Explicada 74.0% 65.0% 65.8% 63.7% 63.7% 76.8% 65.0% 75.9%
Nota: a Estrutura Unidimensional; b Estrutura Bidimensional; c Estrutura Tridimensional
229
4.7.1.3. Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante
Depois de ter sido verificada a falta de estabilidade da estrutura fatorial utilizando a extração
por meio do critério do autovalor, decidiu-se analisar a Confiabilidade, Validade Convergente
e Validade Discriminante da escala de Identificação do Fã com o Time Esportivo.
A Confiabilidade das foi inicialmente avaliada através do alfa de Cronbach. As 3 escalas –
Realização com a Vitória, Socialização e Busca de Informações Esportivas – apresentaram
indicadores satisfatórios, com alfas acima de 0,700, os quais podem ser considerados bons
principalmente se for considerado que cada escala foi medida com apenas 3 itens. Das 9
variáveis analisadas, apenas uma (a ITI_28) aumentaria a alfa caso fosse excluída.
A Validade Convergente e a Validade Discriminante foram verificadas por meio da análise
dos coeficientes de correlação apresentados na Matriz de Correlação, conforme apresentado
pela Tabela 57. De maneira análoga à análise anterior da escala de Identificação do Fã com a
Modalidade Esportiva, decidiu-se utilizar novamente a Matriz de Correlação por Postos de
Spearman para a escala de Identificação do Fã com o Time Esportivo, visto que as variáveis
de Identificação com o time também foram medidas utilizando escala intervalar do tipo Likert
com 7 pontos.
Analisando os coeficientes de correlação entre os itens de cada dimensão, verificou-se que os
dados apresentam validade convergente. Os itens da dimensão Vitória (construto ITV), por
exemplo, apresentaram coeficientes de correlação entre si bastante altos, no patamar de 0,75.
Os coeficientes de correlação que indicam Validade Convergente foram destacados através de
uma linha achurada, formando “triângulos”.
A Validade Discriminante dos construtos foi verificada através da comparação dos
coeficientes de correlação das variáveis de uma dimensão com as variáveis das outras
dimensões. Ou seja, visualmente comparou-se a intensidade de associação dos coeficientes de
dentro da região dos triângulos com as variáveis “fora” dos triângulos. Embora essa
correlação entre variáveis de dimensões já fosse esperada, verificou-se que o grau de
intensidade de associação se mostrou bastante alto. Dessa forma, essa alta intensidade de
associação entre variáveis de diferentes dimensões ajuda a explicar por que a AFE através da
extração pelo autovalor não resultou na extração de 3 dimensões, conforme era esperado.
230
Além disso, esses resultados de alta correlação entre todas as variáveis oferece indícios de que
as 3 dimensões hipotetizadas efetivamente fazem parte de um mesmo fenômeno
multidimensional. Ou seja, há indícios de que a Vitória, a Socialização e a Busca por
Informações Esportivas a podem ser compreendidas como dimensões de 1a ordem de uma
variável latente de 2a ordem.
Esses resultados com correlações com alta intensidade, entretanto, dificultaram a análise da
Validade Discriminante entre as dimensões. Em função disso, decidiu-se prosseguir a Análise
Fatorial Exploratória alterando-se o critério de extração. Ao invés do critério de autovalor,
realizou-se uma nova extração considerando a especificação prévia do número de fatores. O
procedimento de análise foi então replicado considerando a especificação de 3 fatores a
priori, conforme sugerido pela literatura e hipotetizado nesta pesquisa. Os resultados dessa
nova extração “forçando” 3 fatores são apresentados pela Tabela 58 e pela Tabela 59.
Novamente, a AFE apresentou-se adequada. Utilizando a extração com número pré-
especificado de fatores, obteve-se um KMO foi de 0,909 e o Índice de Esfericidade de
Bartlett foi de 8333 (p-valor < 0,000). A variância total explicada foi alta: 74,8% utilizando a
técnica de Fatoração dos Eixos Principais e 83,1% utilizando a técnica de Componentes
Principais. Além disso, todos os itens apresentaram valores satisfatórios de comunalidade, e o
MSA foi bastante alto (o item com menor valor apresentou MSA de 0,878).
Verificou-se que, nessa extração através da pré-especificação de 3 fatores, todos os 9 itens
“carregaram” exatamente nas escalas em que se esperava que apresentassem alto fator de
carga. Os coeficientes de carga foram altos, não havendo nenhum item abaixo do limite
mínimo esperado de 0,50.
Dessa forma, a AFE utilizando o critério de extração de pré-especificação do número de
fatores sugere a existência das 3 dimensões hipotetizadas. Contudo, devido à alta correlação
entre os itens, a AFE com extração pelo critério de autovalor não havia permitido verificar
inicialmente a validade discriminante entre os construtos. Já com a extração com pré-
especificação de 3 fatores, foi possível verificar indícios de Validade Discriminante dos
Construtos por meio dos fatores de carga. Esses indícios serão posteriormente analisados na
Análise Fatorial Confirmatória.
231
Tabela 57 – Matriz de Correlação das escalas de Identificação com o Time: Vitória, Socialização e Informações
Correlação entre as variáveis (Postos de Spearman)
Vitória Social Informação
α = 0,904 α = 0,865 α = 0,901
Cod Item Média DP 22 23 24 25 26 27 28 29 30
ITV_22 Eu me sinto realizado quando o [Grêmio/Inter] joga bem.
5.8 1.50 1
ITV_23 Quando o [Grêmio/Inter] vence, sinto como se eu mesmo tivesse vencido.
5.4 1.78 .766 1
ITV_24 Eu me sinto orgulhoso quando o [Grêmio/Inter] ganha.
5.9 1.46 .743 .749 1
ITS_25 Gosto de me encontrar com outros Fãs para torcer pelo [Grêmio/Inter].
5.2 1.84 .528 .520 .522 1
ITS_26 Gosto de conversar com outros Fãs sobre o desempenho do [Grêmio/Inter].
5.0 1.90 .575 .574 .543 .758 1
ITS_27 Torcer pelo [Grêmio/Inter] é uma maneira de socializar com outros Fãs.
5.1 1.84 .422 .412 .397 .648 .632 1
ITI_28 Eu busco informações sobre o desempenho de alguns jogadores do [Grêmio/Inter].
4.5 2.01 .505 .543 .493 .572 .669 .479 1
ITI_29 Eu procuro me informar sobre os resultados das partidas do [Grêmio/Inter].
5.6 1.73 .565 .557 .567 .564 .633 .474 .699 1
ITI_30 Eu acompanho as notícias sobre o time do [Grêmio/Inter].
5.3 1.81 .555 .569 .572 .537 .624 .456 .723 .803 1
Correlação item-total corrigida 0.83 0.82 0.80 0.78 0.76 0.68 0.75 0.82 0.85
Alfa se o item for excluído 0.853 0.865 0.873 0.771 0.791 0.863 0,909 a 0.847 0.821
Nota: a A exclusão do item aumenta o alfa.
232
Tabela 58 – Estrutura Fatorial das escalas de Identificação com o Time: Vitória, Socialização e Informações – pré-especificação no número de fatores
Fatoração Eixos Principais Componentes Principais
Cod. Item Vitória Social Inform. Comun. Vitória Social Inform. Comun. MSA
ITV_22 Eu me sinto realizado quando o [Grêmio/Inter] joga bem.
-.898 .015 -.029 .789 -.925 .026 -.025 .853 .906
ITV_23 Quando o [Grêmio/Inter] vence, sinto como se eu mesmo tivesse vencido.
-.867 .030 -.005 .783 -.896 .031 .008 .846 .905
ITV_24 Eu me sinto orgulhoso quando o [Grêmio/Inter] ganha.
-.860 -.038 .035 .738 -.931 -.040 .011 .838 .917
ITS_25 Gosto de me encontrar com outros Fãs para torcer pelo [Grêmio/Inter].
-.033 .901 -.056 .783 -.106 .795 .060 .811 .904
ITS_26 Gosto de conversar com outros Fãs sobre o desempenho do [Grêmio/Inter].
-.057 .688 .192 .777 -.104 .585 .318 .798 .918
ITS_27 Torcer pelo [Grêmio/Inter] é uma maneira de socializar com outros Fãs.
.008 .728 .012 .534 .040 .961 -.063 .813 .938
ITI_28 Eu busco informações sobre o desempenho de alguns jogadores do [Grêmio/Inter].
-.011 .225 .626 .660 .044 .117 .838 .785 .942
ITI_29 Eu procuro me informar sobre os resultados das partidas do [Grêmio/Inter].
-.038 .014 .847 .784 -.030 -.028 .921 .853 .891
ITI_30 Eu acompanho as notícias sobre o time do [Grêmio/Inter].
-.009 -.068 .981 .883 -.034 -.053 .948 .881 .878
Variância explicada 7.3% 5.5% 61.9% 10.1% 8.4% 64.6%
Variância total explicada 74.8% 83.1%
KMO 0.909
Bartlett (sig) 8333 (0,000)
233
Tabela 59 – Teste da Estabilidade da Estrutura Fatorial das escalas de Identificação com o Time: Vitória, Socialização e Informações – pré-especificação do número de fatores
Componentes Principais (Rotação Direct Oblimin)
Gênero Faixa Etária Fã Time
Cod Item Feminino Masculino Até 30 anos > 30 anos Não-sócio Sócio Inter Grêmio
ITV_22 Eu me sinto realizado quando o [Grêmio/Inter] joga bem.
-.907 .943 -.900 -.940 -.915 .893 .873 -.940
ITV_23 Quando o [Grêmio/Inter] vence, sinto como se eu mesmo tivesse vencido.
-.903 .911 -.915 -.874 -.875 .944 .856 -.910
ITV_24 Eu me sinto orgulhoso quando o [Grêmio/Inter] ganha.
-.926 .899 -.924 -.933 -.935 .865 .904 -.940
ITS_25 Gosto de me encontrar com outros Fãs para torcer pelo [Grêmio/Inter].
.817 .769 .744 .816 .810 .899 .818 .774
ITS_26 Gosto de conversar com outros Fãs sobre o desempenho do [Grêmio/Inter].
.601 .623 .521 .642 .594 .711 .597 .589
ITS_27 Torcer pelo [Grêmio/Inter] é uma maneira de socializar com outros Fãs.
.953 .958 .967 .952 .946 .857 .886 .974
ITI_28 Eu busco informações sobre o desempenho de alguns jogadores do [Grêmio/Inter].
.849 -.785 .828 .842 .825 -.690 .804 .862
ITI_29 Eu procuro me informar sobre os resultados das partidas do [Grêmio/Inter].
.891 -.951 .959 .883 .903 -.965 .872 .938
ITI_30 Eu acompanho as notícias sobre o time do [Grêmio/Inter].
.947 -.914 .947 .944 .956 -.785 .890 .971
N 570 610 581 599 914 266 590 590
KMO 0.900 0.909 0.910 0.904 0.907 0.825 0.917 0.897
Variância Explicada 82.7% 82.2% 83.4% 82.9% 82.5% 76.8% 81.4% 84.9%
234
4.7.2. AFC: Identificação do Fã com o Time Esportivo
Na Análise Fatorial Confirmatória (AFC) das escalas de Identificação do Fã com o Time
Esportivo, são apresentados os resultados de 4 tipos de análise: (1) análise do Modelo de
Mensuração; (2) Teste da Dimensionalidade das escalas de Identificação do Fã com o Time
Esportivo; (3) análise do Modelo Estrutural considerando a Identificação do Fã com o Time
Esportivo como um fenômeno multidimensional de 2a ordem e (4) comparação do Modelo
Estrutural de 2a ordem com a Escala Geral de Identificação com o Time.
4.7.2.1. Modelo de Mensuração da escala de Identificação do Fã com o Time Esportivo
A primeira análise realizada após especificar o Modelo de Mensuração no AMOS foi a de
normalidade dos dados. Foram verificados os indicadores de Curtose item-a-item e de Curtose
Multivariada. Como não foi possível atestar a multinormalidade dos dados, ao invés do
tradicional uso da técnica de MLE, optou-se pela realização da Análise Fatorial Confirmatória
(AFC) por meio da técnica de ADF, que não requer distribuição normal.
Foi então avaliado o Modelo de Mensuração, especificado com 3 dimensões de 1a ordem
correlacionadas: Realização com a Vitória, Socialização com outros Fãs e Busca de
Informações Esportivas – conforme apresentado pela Figura 28.
Para avaliar o modelo, foram considerados diversos indicadores de ajuste, como o Qui-
Quadrado (χ2), o p-valor χ2, o Qui-Quadrado dividido pelos graus de liberdade (χ2/gl), o
Índice de Qualidade de Ajuste do Modelo (GFI), o CFI, a Raiz do Erro Quadrático médio de
Aproximação (RMSEA) e o PCLOSE.
O Modelo de mensuração apresentou um χ2 de 91,9, com um χ2/gl de 3,8, GFI de 0,952, CFI
de 0,920 e RMSEA de 0,049. Esses indicadores de ajuste indicaram que o Modelo de
Mensuração possui um bom ajuste aos dados, não sendo necessário reespecificar o modelo
por meio da exclusão de variáveis. Os indicadores de ajuste são apresentados pela Tabela 60.
235
Figura 28 – Modelo de Mensuração da Escala Multidimensional de Identificação com o Time
236
Tabela 60 – Indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração das escalas de Identificação do Fã com o Time: Vitória, Socialização e Informações
Modelo χ2 p-valor χ2 / gl GFI CFI RMSEA PCLOSE
Modelo Mensuração 91,9 ,000ª 3,8a ,952 ,920 ,049 ,542
Feminino 70,7 ,000ª 2,9 ,950 ,918 ,059ª ,173ª
Masculino 47,8 ,003 1,9 ,935 ,917 ,040 ,817
Até 30 anos 59,7 ,000ª 2,4 ,937 ,909 ,051 ,446ª
> 30 anos 57,2 ,000ª 2,3 ,946 ,930 ,048 ,549
Internacional 62,2 ,000ª 2,5 ,941 ,912 ,052ª ,392ª
Grêmio 65,5 ,000ª 2,7 ,934 ,914 ,054ª ,308ª
Limites esperados < possível > 0,05 < 3 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5
�ota: a Indicadores de ajuste fora dos limites esperados,
Partiu-se, então, para a avaliação das estimativas de cada variável incluída no Modelo de
Mensuração. Essa avaliação foi realizada analisando-se principalmente os MIs (Modification
Indices) entre as variáveis observáveis, as variáveis latentes e os erros, além dos resíduos
padronizados da Matriz de Covariância (Standardized Residual Covariance Matrix). Embora
tenha sido verificado que a exclusão de algumas variáveis poderia aumentar o ajuste do
modelo, optou-se por não eliminar variável alguma, visto que o ajuste do Modelo de
Mensuração original se mostrou satisfatório.
Adicionalmente, foi realizado o cálculo do ajuste do modelo considerando diversos estratos da
amostra (segmentados pelos critérios de gênero, faixa estaria e time). Esse cálculo foi
realizado para testar a estabilidade dos indicadores de ajuste do modelo. Os resultados, que
também são apresentados na Tabela 60, indicaram que o ajuste se mostrou estável,
apresentando indicadores de ajuste melhores para os estratos do que para a amostra total.
Esses resultados eram esperados, uma vez que, ao segmentar a amostra em grupos mais
homogêneos, o ajuste do modelo tende a ser mais elevado. Destaca-se, por exemplo, o ajuste
para os respondentes do gênero masculino, cujo χ2 de foi de 47,8, com um χ2/gl de 1,9, GFI de
0,935, CFI de 0,917 e RMSEA de 0,040. Assim, observa-se que o Modelo de Mensuração
possui um bom ajuste aos dados coletados. Decidiu-se então prosseguir a análise com o Teste
de Dimensionalidade Fatorial da Escala de Identificação do Fã com o Time Esportivo.
237
4.7.2.2. Teste de Dimensionalidade Fatorial da escala de Identificação do Fã com o Time
Esportivo
Para confirmar a existência das 3 dimensões da Escala de Identificação do Fã com o Time
Esportivo, foi realizado o procedimento de especificação do Modelo de Mensuração com
todas as variáveis observadas atreladas a um único construto. O teste é apresentado pela
Figura 29.
Figura 29 – Teste de Dimensionalidade Fatorial da Escala de Identificação do Fã com o Time Esportivo
238
Verificou-se que os fatores de carga das 9 variáveis, quando “forçadas” a carregar em um
único construto, permaneceram altas, com exceção da variável ITS_27. Contudo, ao avaliar os
indicadores de ajuste do Modelo de Teste, apresentados pela Tabela 61, verificou-se que todos
os indicadores pioraram significativamente: o χ2 disparou de 91,9 para 307,5, o χ2/gl subiu de
3,8 para 11,3, o GFI caiu de 0,952 para 0,836 e o RMSEA aumentou de 0,049 para 0,094.
Como os indicadores de ajuste do modelo unidimensional pioraram muito, situando o modelo
aquém dos limites esperados de ajuste, foi confirmada a estrutura fatorial multidimensional
com 3 construtos, conforme verificado anteriormente na AFE com extração por meio do
critério de pré-especificação do número de construtos.
Tabela 61 – Teste de Dimensionalidade das escalas de Identificação com o Time: Vitória, Socialização e Informações
Modelo χ2 p-valor χ2 / gl GFI CFI RMSEA PCLOSE
Um construto de 1a ordem 307,5 p-valor 11,39a ,838a ,668a ,094a ,000a
Três construtos de 1a ordem correlacionados
91,9 ,000ª 3,829a ,952 ,920 ,049 ,542
Um construto de 2a ordem 91,9 ,000ª 3,829a ,952 ,920 ,049 ,542
Limites esperados < possível > 0,05 < 3 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5
�ota: a Indicadores de ajuste fora dos limites esperados.
4.7.2.3. Modelo Estrutural da Identificação do Fã com o Time Esportivo como um
fenômeno multidimensional de 2a ordem.
Uma vez confirmada a multidimensionalidade da escala de Identificação do Fã com a
Modalidade Esportiva, foi elaborado um Modelo Estrutural considerando a Identificação com
o Time como um construto de 2a ordem, composto por três construtos de 1a ordem:
Realização com a Vitória, Socialização com outros Fãs e Busca por Informações Esportivas.
Esse modelo é apresentado pela Figura 30. Os indicadores de ajuste desse modelo de 2a ordem
foram equivalentes aos indicadores do Modelo de Mensuração com 3 construtos de 1a ordem
correlacionados.
239
Figura 30 – Modelo Estrutural da Identificação do Fã com o Time Esportivo como um Construto de 2a ordem
Ao avaliar os fatores de carga apresentados pela Figura 30, verifica-se a existência de
coeficientes excelentes para todas as variáveis, com exceção da ITS_27, cujo coeficiente não
está num patamar inferior (0,73) aos demais, porém ainda satisfatório.
240
Além disso, pode-se verificar que o Modelo Estrutural apresenta paths com coeficientes
bastante altos para as 3 dimensões. A dimensão Socialização apresentou o maior path. De
toda forma, todos os coeficientes mostraram-se adequados e estatisticamente significativos,
conforme é apresentado pela Tabela 61.
Tabela 62 – Caminhos da escala de Identificação com o Time concebida como um construto de 2a Ordem mensurado a partir da Vitória, Socialização e Informações
Coeficiente não-
padronizado Coeficiente Padronizado
C.R. p-valor
Vitória <--- Identificação com o Time 1,024 ,816 20,3 ***
Social <--- Identificação com o Time 1,206 ,915 23,9 ***
Informação <--- Identificação com o Time 1,481 ,895 30,3 ***
�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.
Após a análise dos paths, foram analisados os indicadores de CR, AVE, correlação e
quadrado da correlação, conforme é apresentado pela Tabela 63.
Observa-se inicialmente que os indicadores de CR para os construtos de 1a ordem foram
muito bons, confirmando os resultados obtidos anteriormente na AFE. As dimensões Vitória e
Informação por exemplo, apresentaram um CR de 0,91 – tendo sido mensuradas com apenas
3 itens cada. Além disso, o construto de 2a ordem também apresentou um CR muito alto
(0,908).
De uma maneira geral, os indicadores apresentados pela Tabela 63 confirmam a qualidade do
Modelo Estrutural hipotetizado. Destacam-se os valores de AVE, em negrito na diagonal
principal da parte inferior da tabela, todos acima do patamar de 0,800.
241
Tabela 63 – Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante das escalas de Identificação com o Time: Vitória, Socialização e Informações
Identificação com o Time (construtos de 1a ordem)
Vitória Social Informação Construto de 2a.
ordem
Cod. Item CR = .918 CR = .880 CR = .917 CR = .908
ITV_22 Eu me sinto realizado(a) quando o [time] joga bem. .899
ITV_23 Quando o [time] vence, sinto como se eu mesmo(a) tivesse vencido. .890
ITV_24 Eu me sinto orgulhoso(a) quando o [time] ganha. .875
ITS_25 Gosto de me encontrar com outros Fãs para torcer pelo [time]. .852
ITS_26 Gosto de conversar com outros Fãs sobre o desempenho do [time]. .936
ITS_27 Torcer pelo [time] é uma maneira de socializar com outros Fãs. .732
ITI_28 Eu busco informações sobre o desempenho de alguns jogadores do [time].
.844
ITI_29 Eu procuro me informar sobre os resultados das partidas do [time]. .901
ITI_30 Eu acompanho as notícias sobre o time do [time]. .916
Vitória .859 .747 .730 .816
Social .558 .838 .819 .915
Informação .533 .671 .859 .895
Identificação com o Time (Construto de 2a. ordem) .666 .837 .801 .854
�ota: Valores na diagonal referem-se à variância média extraída; valores acima da diagonal referem-se à correlação; valores abaixo da diagonal referem-se ao quadrado da correlação.
242
Adicionalmente, foram extraídos e analisados os caminhos considerando a segmentação da
amostra em dois grupos utilizando a variável de critério “time”. Os resultados são
apresentados pela Tabela 64 (Internacional) e pela Tabela 65 (Grêmio).
Tabela 64 – Caminhos da escala de Identificação com o Time concebida como um construto de 2a Ordem mensurado a partir da Vitória, Socialização e Informações (Internacional)
Coeficiente não-
padronizado Coeficiente Padronizado
C.R. p-valor
Vitória <--- Identificação com o Time .901 .906 12.994 ***
Social <--- Identificação com o Time 1.090 .893 15.193 ***
Informação <--- Identificação com o Time 1.277 .911 19.357 ***
�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.
Tabela 65 – Caminhos da escala de Identificação com o Time concebida como um construto de 2a Ordem mensurado a partir da Vitória, Socialização e Informações (Grêmio )
Coeficiente não-
padronizado Coeficiente Padronizado
C.R. p-valor
Vitória <--- Identificação com o Time 1.153 .925 17.986 ***
Social <--- Identificação com o Time 1.006 .902 15.175 ***
Informação <--- Identificação com o Time 1.457 .929 23.790 ***
�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.
4.7.2.4. Comparação Modelo Estrutural de 2a ordem com a Escala Geral de Identificação
com o Time.
Após confirmar a qualidade do Modelo Estrutural hipotetizando a Identificação do Fã com o
Time Esportivo como um fenômeno multidimensional de 2a ordem composto por 3 dimensões
– Vitória, Socialização e Informações - , decidiu-se testar o grau de convergência do construto
multidimensional de 2a ordem com a Escala Geral de Identificação com o Time Esportivo.
243
Esse teste de convergência foi realizado através da verificação da correlação entre as duas
variáveis latentes, e é apresentada pela Figura 31.
Verificou-se um altíssimo grau de correlação entre as duas variáveis latentes (r=0,95; p-
valor<0,000). Isso sugere que ambas as escalas medem o mesmo fenômeno. Ou seja, apesar
de a Identificação com o Time Esportivo poder ser considerada como um fenômeno
multidimensional, ela também pode ser medida através de uma escala unidimensional. O teste
sugere uma alta qualidade das propriedades psicométricas de ambas as escalas.
Assim, depois de se verificar esse alto grau de convergência, decidiu-se investigar a
estabilidade do coeficiente de correlação observado entre as variáveis latentes, segmentando a
amostra em diversos estratos (gênero, faixa etária e time). Os resultados são apresentados pela
Tabela 66.
Observou-se com esse teste de estabilidade do coeficiente de correlação que o grau de
associação entre as variáveis latentes se manteve estável e num patamar muito elevado. O
menor coeficiente de correlação foi entre respondentes com faixa etária maior do que 30 anos
(r=0,917) e o maior coeficiente foi entre os Fãs do Grêmio.
244
Figura 31 – Comparação da Escala Multidimensional de Identificação com o Time Esportivo com a Escala Geral de Identificação com o Time.
245
Tabela 66 – Estabilidade da Correlação entre a escala de Identificação com o Time concebida como variável latente de 2a ordem com a Escala geral de Identificação com o Time Esportivo
Covariância
Estimativa não
padronizada C.R. p-valor
Correlação
Escala Geral (ITG) <--> Identificação com o Time (construto 2a ordem) 1.497 35.253 ***
.946
Escala Geral (ITG) <--> Identificação com o Time (Feminino) 1.488 27.548 ***
.932
Escala Geral (ITG) <--> Identificação com o Time (Masculino) 1.358 20.712 ***
.946
Escala Geral (ITG) <--> Identificação com o Time (Até 30 anos) 1.497 35.253 ***
.946
Escala Geral (ITG) <--> Identificação com o Time (mais que 30 anos) 1.457 24.678 ***
.917
Escala Geral (ITG) <--> Identificação com o Time (Internacional) 1.265 20.674 ***
.929
Escala Geral (ITG) <--> Identificação com o Time (Grêmio) 1.609 29.185 ***
.966
�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.
246
4.8. IDENTIFICAÇÃO DO FÃ COM AS CELEBRIDADES ESPORTIVAS
Nesta seção são apresentados os resultados da concepção da Identificação do Fã com as
Celebridades Esportivas como um fenômeno multidimensional de 2a ordem composto por 3
dimensões: (1) Confiabilidade da Celebridade Esportiva (ICC), Expertise da Celebridade
Esportiva (ICE), e (3) Atratividade da Celebridade Esportiva (ICA).
Inicialmente, apresentam-se os resultados da Análise Fatorial Exploratória (AFE). Depois, os
resultados da Análise Fatorial Confirmatória (AFC). Por último, são apresentados os Testes
de Diferenças Multi-grupo.
4.8.1. AFE: Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva
A Análise Fatorial Exploratória (AFE) das escalas de Identificação do Fã com a Celebridade
Esportiva incluiu 3 tipos de análise: (1) análise da Estrutura Fatorial, contemplando a
verificação da dimensionalidade dos construtos; (2) análise da Estabilidade da Estrutura
Fatorial, contemplando as estatísticas descritivas para teste de diferença entre grupos; e (3)
análise da Confiabilidade dos Construtos, Validade Convergente e Validade Discriminante.
4.8.1.1. Estrutura Fatorial: resultados iniciais
As escalas de Identificação do Fã com as celebridades esportivas foram inicialmente
submetidas à AFE através do método de extração pelo autovalor, com rotação Direct Oblimin,
utilizando-se tanto a técnica de Fatoração dos Eixos Principais quanto de Componentes
Principais. O resultado é apresentado na Tabela 67.
Inicialmente verificou-se a adequação de realização da AFE analisando os indicadores de
KMO e de Esfericidade de Bartlett. Observou-se um KMO alto, de 0,922; o indicador de
Esfericidade de Bartlett foi 17021 (p-valor < 0,000), bastante alto. Assim, uma vez suportada
a adequação de se realizar AFE, prosseguiu-se para a análise de outros indicadores.
Verificou-se o MSA de cada variável individualmente. Todos os MSAs apresentaram
coeficientes muito bons. Com efeito, o menor MSA foi 0,877 (variável ICE_43), que já pode
ser considerado muito bom. O maior MSA foi 0,968 (variável ICC_35). Adicionalmente,
247
verificou-se também a comunalidade de cada variável. Todas as variáveis apresentaram
indicadores de comunalidade satisfatórios, bem acima do limite mínimo esperado de 0,50.
Então foi verificada a estrutura fatorial subjacente aos dados, utilizando tanto a extração
através da técnica de Fatoração dos Eixos Principais quanto de Componentes Principais. Em
ambos os casos, utilizou-se a técnica de extração pelo autovalor, e observou-se que a estrutura
fatorial se mostrou multidimensional com 3 dimensões, conforme esperado. As cargas
fatoriais ficaram distribuídas adequadamente em seus respectivos construtos, conforme os
indicadores destacados em negrito na Tabela 67.
A estrutura fatorial apresentou fatores de carga muito bons, com exceção da variável ICE_42,
que apresentou carga fatorial de 0,551 para a extração através da Fatoração de Eixos
Principais. Contudo, apesar da ICE_42 apresentar um valor relativamente mais baixo do que
as demais variáveis, sua carga fatorial ainda permaneceu acima do limite mínimo esperado de
0,500. Por outro lado, diversos itens apresentaram carga fatorial acima de 0,900, como, por
exemplo, a variável ICA_47, com fator de carga de 0,951 na extração por meio de Fatoração
dos Eixos Principais. Nenhum item apresentou um fator de carga abaixo do limite esperado de
0,500.
A variância extraída dos dados foi alta. A extração por meio da Fatoração dos Eixos
principais sugeriu uma variância total explicada de 75,1%; já a extração por meio da técnica
de Componentes Principais sugeriu uma variância explicada de 79,9%.
Nenhuma variável apresentou fator de carga significativo “fora” do construto esperado, o que
sugere, junto com os demais indicadores analisados, indícios da alta qualidade psicométrica
da escala de Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva.
Assim, uma vez que os resultados iniciais da estrutura fatorial se mostraram satisfatórios,
decidiu-se testar a estabilidade da estrutura fatorial segmentando a extração em grupos.
248
Tabela 67 – Estrutura Fatorial das escalas de Identificação com as Celebridades Esportivas: Confiabilidade, Expertise e Atratitvidade
Fatoração Eixos Principais Componentes Principais
Cod. Item Conf. Expert. Atrat. Comun. Conf. Expert. Atrat. Comun. MSA
ICC_35 Eu acredito que o [nome do jogador] é digno de confiança.
.788 .077 -.017 .692 .854 .049 -.027 .764 .968
ICC_36 Eu acredito que o [nome do jogador] é honesto. .946 -.028 .010 .870 .944 -.017 .016 .884 .916
ICC_37 Eu acredito que o [nome do jogador] é confiável. .954 -.021 .001 .886 .948 -.008 .008 .895 .915
ICC_38 Eu acredito que o [nome do jogador] é sincero. .932 -.054 .022 .825 .947 -.053 .025 .859 .932
ICC_39 Eu acredito que o [nome do jogador] é alguém em que se pode acreditar.
.824 .103 -.005 .790 .858 .093 -.006 .830 .951
ICE_40 Eu acredito que o [nome do jogador] é um especialista.
.137 .703 .025 .642 .150 .740 .023 .704 .939
ICE_41 Eu acredito que o [nome do jogador] é experiente. -.014 .788 -.043 .594 -.032 .864 -.049 .700 .931
ICE_42 Eu acredito que o [nome do jogador] é inteligente. .231 .551 .095 .561 .244 .596 .097 .626 .962
ICE_43 Eu acredito que o [nome do jogador] é qualificado. -.039 .930 -.038 .808 .009 .904 -.039 .813 .883
ICE_44 Eu acredito que o [nome do jogador] é habilidoso. -.065 .769 .039 .549 -.106 .868 .042 .676 .910
ICA_45 Eu acredito que o [nome do jogador] é atraente. a -.032 -.007 .927 .838 -.031 -.006 .942 .867 .886
ICA_46 Eu acredito que o [nome do jogador] tem classe. a .110 -.006 .806 .720 .109 -.010 .846 .784 .920
ICA_47 Eu acredito que o [nome do jogador] é bonito. a -.017 -.017 .947 .879 -.013 -.016 .951 .890 .877
ICA_48 Eu acredito que o [nome do jogador] é elegante. a .011 .036 .900 .834 .015 .035 .916 .863 .901
ICA_49 Eu acredito que o [nome do jogador] é sensual. a -.063 .000 .904 .781 -.069 .001 .933 .833 .932
Variância explicada 46.3% 20.6% 8.2% 47.9% 22.0% 10.1%
Variância total explicada 75.1% 79.9%
KMO / Bartlett (sig) 0,922 / 17021 (0,000) Nota: a formulação dos itens para respondentes do gênero feminino. Para os respondentes masculinos, a frase "eu acredito que o ..." foi substituída por "eu acredito que as mulheres acham..."
249
4.8.1.2. Estabilidade da Estrutura Fatorial: teste entre grupos
Para verificar a estabilidade da estrutura fatorial subjacente ao dados, foi replicado o
procedimento anterior de AFE, porém restringindo-se a extração a diversos estratos da
amostra (gênero, faixa etária, time e Fã). O método utilizado foi de extração através do
autovalor, com Rotação Direct Oblimin, por meio de Componentes Principais. O resultado é
apresentado na Tabela 68.
Foi observada a adequação da AFE para cada um dos grupos por meio do KMO e do
indicador de Esfericidade de Bartlett. Esses indicadores se mostraram satisfatórios para todos
os grupos.
Observou-se também que a estrutura fatorial se mostrou estável, apresentando 3 dimensões
para todos os grupos. As cargas fatoriais ficaram adequadamente distribuídas em seus
respectivos construtos. Nenhuma variável apresentou fator de carga significativo “fora” do
construto esperado, e os valores de carga fatorial dos itens foram elevados. A variância
explicada se manteve estável conforme se comparam os grupos, ao redor de 80%.
Dessa forma, verificou-se que a estrutura fatorial apresentou estabilidade e bons indicadores.
Em seguida, foram analisados os indicadores de Confiabilidade, Validade Convergente e
Validade Discriminante.
250
Tabela 68 – Teste da Estabilidade da Estrutura Fatorial das escalas de Identificação com a Celebridades Esportivas: Confiabilidade, Expertise e Atratividade
Componentes Principais (Rotação Direct Oblimin)
Gênero Faixa Etária Fã Time
Cod Item Feminino Masculino Até 30 anos
> 30 anos Não-sócio Sócio Inter Grêmio
ICC_35 Eu acredito que o [jogador] é digno de confiança.
.799 .878 .852 .854 .846 .885 .870 .821
ICC_36 Eu acredito que o [jogador] é honesto. .956 .936 .950 .937 .953 .909 .935 .952
ICC_37 Eu acredito que o [jogador] é confiável. .939 .949 .940 .954 .944 .944 .944 .947
ICC_38 Eu acredito que o [jogador] é sincero. .948 .946 .941 .950 .951 .918 .931 .967
ICC_39 Eu acredito que o [jogador] é alguém em que se pode acreditar.
.885 .841 .826 .889 .850 .885 .847 .874
ICE_40 Eu acredito que o [jogador] é um especialista. .705 .748 .753 .724 .737 .714 .684 .810
ICE_41 Eu acredito que o [jogador] é experiente. .907 .806 .860 .868 .881 .739 .814 .899
ICE_42 Eu acredito que o [jogador] é inteligente. .523 .635 .583 .616 .586 .589 .552 .654
ICE_43 Eu acredito que o [jogador] é qualificado. .930 .873 .903 .901 .913 .851 .866 .955
ICE_44 Eu acredito que o [jogador] é habilidoso. .910 .820 .871 .863 .874 .786 .828 .884
ICA_45 Eu acredito que o [jogador] é atraente. .940 .934 .952 .930 .944 -.935 .949 .932
ICA_46 Eu acredito que o [jogador] tem classe. .767 .873 .864 .824 .847 -.830 .844 .846
ICA_47 Eu acredito que o [jogador] é bonito. .963 .938 .946 .956 .958 -.924 .956 .942
ICA_48 Eu acredito que o [jogador] é elegante. .883 .925 .923 .908 .917 -.906 .893 .939
ICA_49 Eu acredito que o [jogador] é sensual. .948 .915 .940 .921 .932 -.936 .949 .913
N 570 610 581 599 914 266 590 590
KMO .924 .903 .914 .920 .924 .881 .898 .930
Bartlett 8772
(0,000) 8200
(0,000)
8442 (0,000)
8613 (0,000)
13569 (0,000)
3294 (0,000)
8048
(0,000) 9226
(0,000) Variância Explicada 81.4% 78.0% 80.0% 79.8% 80.6% 75.1% 77.5% 82.2%
251
4.8.1.3. Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante
Após verificada a estabilidade da estrutura fatorial, foram analisados os indicadores de
Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante da escala de Identificação do
Fã com a Celebridade Esportiva.
A Confiabilidade da escala foi inicialmente verificada por meio do Alfa de Cronbach.
Observou-se que as 3 escalas – Confiabilidade, Expertise e Atratividade – apresentaram
indicadores satisfatórios, bastante acima do limite esperado de 0,700. Os resultados são
apresentados pela Tabela 69.
A Validade Convergente e a Validade Discriminante foram verificadas através dos
coeficientes de correlação. De maneira análoga aos procedimentos realizados na EFA da
escala de Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva e da escala de Identificação do Fã
com o Time Esportivo, foi utilizada a Matriz de Correlação de Postos de Spearman.
Os coeficientes de correlação entre as variáveis de uma mesma dimensão foram destacados
em negrito na Tabela 69. Assim, verifica-se que os coeficientes entre variáveis de um mesmo
construto – região “dentro” dos triângulos – foram bastante altos, sugerindo a validade
convergente dos construtos. A Validade Discriminante foi verificada analisando os
coeficientes de correlação entre as variáveis “fora” da região dos triângulos. Esses
coeficientes apresentaram coeficientes menores, sugerindo existência de Validade
Discriminante. Contudo, observa-se que os coeficientes de correlação dos itens das escalas de
Expertise (ICE) e Confiabilidade (ICC) apresentaram coeficientes relativamente altos,
sugerindo um intensidade de associação relativamente alta entre essas duas escalas.
Em suma, a AFE da escala de Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva apresentou
indícios de alta qualidade das propriedades psicométricas dos construtos.
252
Tabela 69 – Matriz de Correlação das escalas de Identificação com a Celebridade Esportiva: Confiabilidade, Expertise e Atratividade
Correlação entre as variáveis (Postos de Spearman)
Confiabilidade Expertise Atratividade
α = 0,954 α = 0,883 α = 0,953
Cod Item Média DP 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 ICC_35 Eu acredito que o [jogador] é digno de
confiança. 5.3 1.48 1
ICC_36 Eu acredito que o [jogador] é honesto. 5.2 1.46 .760 1
ICC_37 Eu acredito que o [jogador] é confiável.
5.3 1.46 .783 .866 1
ICC_38 Eu acredito que o [jogador] é sincero. 5.1 1.47 .719 .820 .814 1
ICC_39 Eu acredito que o [jogador] é alguém em quem se pode acreditar.
5.3 1.43 .741 .762 .797 .792 1
ICE_40 Eu acredito que o [jogador] é um especialista.
5.8 1.25 .465 .480 .486 .421 .468 1
ICE_41 Eu acredito que o [jogador] é experiente.
5.9 1.26 .383 .367 .395 .341 .412 .616 1
ICE_42 Eu acredito que o [jogador] é inteligente.
5.6 1.39 .455 .500 .490 .509 .539 .528 .530 1
ICE_43 Eu acredito que o [jogador] é qualificado.
6.1 1.10 .418 .399 .432 .382 .444 .640 .628 .583 1
ICE_44 Eu acredito que o [jogador] é habilidoso.
6.1 1.11 .350 .326 .328 .297 .379 .551 .531 .480 .678 1
ICA_45 Eu acredito que o [jogador] é atraente. 4.1 2.01 .224 .264 .265 .246 .236 .190 .073 .222 .107 .149 1
ICA_46 Eu acredito que o [jogador] tem classe.
4.3 1.89 .295 .344 .343 .354 .311 .258 .134 .307 .176 .167 .747 1
ICA_47 Eu acredito que o [jogador] é bonito. 4.0 2.05 .229 .267 .276 .281 .255 .191 .082 .240 .121 .141 .887 .760 1
ICA_48 Eu acredito que o [jogador] é elegante. 4.1 1.92 .262 .303 .297 .309 .286 .250 .133 .292 .159 .172 .793 .824 .835 1
ICA_49 Eu acredito que o [jogador] é sensual. 3.7 2.03 .171 .217 .206 .224 .203 .156 .076 .222 .088 .108 .819 .704 .834 .794 1
Correlação item-total corrigida 0.81 0.90 0.91 0.88 0.86 0.74 0.72 0.67 0.82 0.68 0.89 0.82 0.91 0.89 0.86
Alfa se o item for excluído 0.954 0.939 0.937 0.943 0.946 0.852 0.858 0.873 0.838 0.867 0.940 0.952 0.936 0.940 0.945 Nota: a formulação dos itens para respondentes feminino. Para os respondentes masculinos, a frase "eu acredito que o ..." foi substituída por "eu acredito que as mulheres acham..."
253
4.8.2. AFC: Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva
A Análise Fatorial Confirmatória (AFC) das escalas de Identificação do Fã com a Celebridade
Esportiva contemplou 4 tipos de análise: (1) análise do Modelo de Mensuração das escalas de
Confiabilidade, Expertise e Atratividade das Celebridades Esportivas; (2) análise do Modelo
de Mensuração Reespecificado dessas escalas; (3) análise do Modelo Estrutural considerando
a Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva como um fenômeno multidimensional de
2a ordem e (4) Teste da Dimensionalidade das escalas de Identificação do Fã com a
Celebridade Esportiva.
4.8.2.1. Modelo de Mensuração da Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva
Após especificar o Modelo de Mensuração no AMOS, a primeira análise realizada foi a do
teste de normalidade dos dados. Foram verificados os indicadores de Curtose item-a-item e de
Curtose Multivariada. Como não foi possível atestar a multinormalidade dos dados optou-se
pela técnica de ADF – que não requer distribuição normal – para o restante da AFC.
Foi então avaliado o Modelo de Mensuração, especificado com 3 dimensões de 1a ordem
correlacionadas: Confiabilidade, Expertise e Atratividade – conforme apresentado pela Figura
X. Para avaliar o Modelo de Mensuração, foram considerados diversos indicadores de ajuste,
como o Qui-Quadrado (χ2), o p-valor χ2, o Qui-Quadrado dividido pelos graus de liberdade
(χ2/gl), o Índice de Qualidade de Ajuste do Modelo (GFI), o CFI, a Raiz do Erro Quadrático
médio de Aproximação (RMSEA) e o PCLOSE.
O Modelo de mensuração apresentou um χ2 de 422, com um χ2/gl de 4,8, GFI de 0,880, CFI
de 0,823 e RMSEA de 0,057. Esses indicadores indicaram que o Modelo de Mensuração
apresentou um pouco abaixo dos limites esperados. Os indicadores de ajuste são apresentados
pela Tabela 70.
Assim, embora as cargas fatoriais apresentadas pela Figura 33 tenham se apresentado
excelentes, optou-se por avaliar os benefícios de se reespecificar o Modelo de Mensuração.
254
Figura 33 – Modelo de Mensuração da escala de Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva
255
Tabela 70 – Indicadores de Ajuste do Modelo de Mensuração da Escala de Identificação com a Celebridade Esportiva: Confiabilidade, Expertise e Atratividade
Modelo χ2 p-valor χ2 / gl GFI CFI RMSEA PCLOSE
Modelo Mensuração 422,0 ,000ª 4,8ª ,880ª ,823ª ,057ª ,015ª
Mensuração Reespecificado 44,5 ,007ª 1,8 ,984 ,987 ,027 ,999
Feminino 24,3 ,441 1,0 ,982 ,999 ,005 ,999
Masculino 55,6 ,000ª 2,3 ,965 ,962 ,047 ,615
Até 30 anos 43,4 ,009ª 1,8 ,975 .979 ,037 ,876
> 30 anos 37,7 ,037ª 1,5 ,973 .981 ,031 ,959
Internacional 52,1 ,001ª 2,1 ,973 ,974 ,045 ,682
Grêmio 43,2 ,009ª 1,8 ,966 ,970 ,037 ,885
Limites esperados < possível > 0,05 < 3 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5
�ota: a Indicadores de ajuste fora dos limites esperados,
Foi realizada então a avaliação das estimativas de cada variável incluída no Modelo de
Mensuração. Essa avaliação foi realizada analisando-se principalmente os MIs entre as
variáveis observáveis, as variáveis latentes e os erros, além dos resíduos padronizados da
matriz de covariância. Esses indicadores sugeriram que a exclusão de algumas variáveis
poderiam aumentar o ajuste do modelo aos dados, uma vez que os erros dessas variáveis
apresentaram correlação com os erros de outras variáveis ou então correlação com os erros
das variáveis latentes. Assim, embora na AFE tenha sugerido bons indicadores para
praticamente todas as variáveis, a alta correlação observada entre variáveis de diferentes
construtos – principalmente entre as variáveis das escalas de Expertise e Confiabilidade – se
mostrou potencialmente problemática na AFC. Analisando-se os MIs e a Matriz dos resíduos
da Covariância, observou-se que a eliminação das variáveis ICC_39, ICC_40, ICE_42,
ICE_45, ICA_46 e ICA_48 se mostrou potencialmente promissora.
As variáveis então foram excluídas uma-a-uma, uma vez que a cada exclusão de variável
todos os indicadores são recalculados. Assim, as 6 variáveis acima foram eliminadas do
modelo, resultando em indicadores de ajuste muito superiores, sem alteração significativa das
propriedades da escala – tampouco no conteúdo / domínio de cada construto. Os indicadores
de ajuste do Modelo de Mensuração Reespecificado são apresentados pela tabela 67; o
modelo em si é apresentado pela Figura 32.
256
Figura 32 – Modelo de Mensuração Reespecificado da escala de Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva
Conforme apresentado pela Tabela 70, o Modelo de Mensuração Reespecificado apresentou
indicadores de ajuste muito superiores ao Modelo de Mensuração original. O χ2 caiu de 422,0
para 44,5 ; o χ2/gl caiu de 4,8 para 1,8; o GFI aumentou de 0,880 para 0,984 e o RMSEA caiu
de 0,057 para 0,027. Dessa forma, decidiu-se utilizar o Modelo de Mensuração
Reespecificado.
257
4.8.2.2. Teste de Dimensionalidade Fatorial das escalas de Identificação do Fã com a
Celebridade Esportiva
Assim, uma vez reespecificado o Modelo de Mensuração, decidiu-se proceder com a
realização do Teste de Dimensionalidade Fatorial da escala de Identificação do Fã com a
Celebridade Esportiva. A AFE já havia apontado a existência de 3 dimensões por meio da
extração através do critério do autovalor. Portanto, na AFC, foi realizado o procedimento
confirmatório de especificação de um modelo de mensuração com todas as variáveis
observadas atreladas a uma única dimensão.
O modelo de Teste da Dimensionalidade é apresentado pela Figura 33. Observou-se que os
fatores de carga dos itens, quando “forçados” a carregar em uma única dimensão,
apresentaram pequena queda. Conforme era esperado, os indicadores de ajuste do modelo de
Teste pioraram significativamente quando todos os itens foram atribuídos a uma única
dimensão: o χ2 passou de 44,5 para 973,3; o χ2/gl passou de 1,8 para 34,7; o CFI passou de
0,987 para 0,399; e o RMSEA de 0,027 para 0,169. Esses resultados são apresentados na
Tabela 71.
Assim, a comparação dos indicadores de ajuste do novo modelo (construto de 1a ordem)
comparado ao Modelo de Mensuração Reespecificado (três construtos de 1a ordem
correlacionados) confirmou a multidimensionalidade da escala de Identificação do Fã com a
Celebridade Esportiva.
Tabela 71 – Teste de Dimensionalidade das escalas da Identificação com a Celebridade Esportiva: Confiabilidade, Expertise e Atratividade
Modelo χ2 p-valor χ2 / gl GFI CFI RMSEA PCLOSE
Um construto de 1a ordem
973.384 .000 34.764 .657 .399 .169 .000
Três construtos de 1a ordem correlacionados
44.538 .007 1.856 .984 .987 .027 .999
Um construto de 2a ordem
44.538 .007 1.856 .984 .987 .027 .999
Limites esperados < possível > 0,05 < 3 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5
�ota: a Indicadores de ajuste fora dos limites esperados.
258
Figura 33 – Teste de Dimensionalidade Fatorial da Escala de Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva
Portanto, uma vez confirmada a multidimensionalidade da escala de Identificação do Fã com
a Celebridade Esportiva, foi elaborado um Modelo Estrutural considerando a Identificação
com a Celebridade como um construto de 2a ordem, composto por três construtos de 1a
ordem: Confiabilidade, Expertise e Atratividade.
259
4.8.2.3. Modelo Estrutural da Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva como um
fenômeno multidimensional de 2a ordem
O Modelo Estrutural de 2a ordem foi então especificado no AMOS e é apresentado pela
Figura 34.
Figura 34- Modelo Estrutural da Identificação do Fã com o Time como Construto de 2a ordem
260
Ao avaliar os fatores de carga apresentados pela Figura 34, verifica-se a existência de
coeficientes de carga excelentes para todas as variáveis. Contudo, ao analisar os paths do
Modelo Estrutural, verifica-se uma discrepância significativa entre as 3 dimensões: enquanto
o path entre o construto de 2a ordem e a dimensão Realização com a Confiabilidade foi
extremamente alto (0,97) o path entre o construto de 2a ordem e a dimensão Atratividade foi
bem menor (0,32). Os coeficientes dos paths do Modelo Estrutural são apresentados pela
Tabela 72.
Tabela 72 – Caminhos do Modelo da Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva: Confiabilidade, Expertise e Atratividade
Coeficiente não-
padronizado Coeficiente Padronizado
C.R. p-valor
Confiabilidade <--- Identificação com a Celebridade 1,296 ,974 14,0 ***
Expertise <--- Identificação com a Celebridade ,482 ,566 8,1 ***
Atratividade <--- Identificação com a Celebridade ,559 ,315 8,9 ***
�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.
Após a análise dos paths, foram analisados os indicadores de CR, AVE, correlação e
quadrado da correlação, conforme é apresentado pela Tabela 73.
Observa-se inicialmente que os indicadores de CR para os construtos de 1a ordem foram
muito bons, confirmando os resultados obtidos anteriormente na AFE. A dimensões
Confiabilidade, por exemplo, apresentou um CR de 0,956 - tendo sido mensurada com apenas
3 itens. Contudo, verificou-se que o construto de 2a ordem apresentou queda significativa no
CR em relação às variáveis de 1a ordem, quando analisada a amostra total. Além disso, pode-
se verificar que o AVE do construto de 2a ordem também apresentou queda (AVE=0,456).
De toda forma, os indicadores apresentados pela Tabela 73 sugerem que o Modelo Estrutural
hipotetizado é satisfatório.
261
Tabela 73 – Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante das escalas de Celebridade Esportiva: Confiabilidade, Expertise e Atratividade
Identificação com a Celebridade (construtos de 1a ordem)
Confiabilidade Expertise Atratividade Construto de 2a
ordem
Cod. Item CR = .956 CR = .851 CR = .947 CR = .678
ICC_36 Eu acredito que o [jogador] é honesto. .907
ICC_37 Eu acredito que o [jogador] é confiável. .957
ICC_38 Eu acredito que o [jogador] é sincero. .948
ICE_41 Eu acredito que o [jogador] é experiente. .774
ICE_43 Eu acredito que o [jogador] é qualificado. .913
ICE_44 Eu acredito que o [jogador] é habilidoso. .736
ICA_45 Eu acredito que o [jogador] é atraente. .879
ICA_47 Eu acredito que o [jogador] é bonito. .960
ICA_49 Eu acredito que o [jogador] é sensual. .936
Confiabilidade .879 .551 .307 .974
Expertise .304 .658 .178 .566
Atratividade .094 .032 .857 .315
Construto de 2a ordem .949 .320 .099 .456
�ota: Valores na diagonal referem-se à variância média extraída; valores acima da diagonal referem-se à correlação; valores abaixo da diagonal referem-se ao quadrado da correlação.
262
Em seguida, decidiu-se analisar os caminhos do modelo segmentando a amostra conforme a
variável de controle “time”. Os resultados são apresentados pela Tabela 74 (Internacional) e
pela Tabela 75 (Grêmio).
Tabela 74 – Caminhos do Modelo da Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva: Confiabilidade, Expertise e Atratividade - Internacional
Coeficiente não-
padronizado Coeficiente Padronizado
C.R. p-valor
Confiabilidade <--- Identificação com a Celebridade .959 .750 15.041 ***
Expertise <--- Identificação com a Celebridade .375 .518 6.553 ***
Atratividade <--- Identificação com a Celebridade .743 .387 8.977 ***
�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.
Tabela 75 – Caminhos do Modelo da Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva: Confiabilidade, Expertise e Atratividade – Grêmio
Coeficiente não-
padronizado Coeficiente Padronizado
C.R. p-valor
Confiabilidade <--- Identificação com a Celebridade 1.214 .885 21.297 ***
Expertise <--- Identificação com a Celebridade .688 .786 10.954 ***
Atratividade <--- Identificação com a Celebridade .659 .419 9.780 ***
�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.
Verifica-se nas Tabelas 74 e 75 que os coeficientes apresentaram algumas diferenças. Por
exemplo, entre Fãs do Internacional, a influência da Identificação com a Celebridade na
percepção de Confiabilidade (0,750) foi muito maior do que nos outros construtos de 2a
ordem – a influência na Expertise foi de 0,518. Já entre Fãs do Grêmio, por exemplo, a
influência da Identificação do Fã com a Celebridade na percepção na Expertise (0,786) foi
similar à influência na Confiabilidade (0,885).
263
4.8.2.4. Comparação Modelo Estrutural de 2a ordem com a Escala Geral de Identificação
com a Celebridade Esportiva
Após confirmar a adequação do Modelo Estrutural hipotetizando a Identificação do Fã com a
Celebridade Esportiva como um fenômeno multidimensional de 2a ordem composto por 3
dimensões – Confiabilidade, Expertise e Atratividade – , decidiu-se testar o grau de
convergência do construto multidimensional de 2a ordem com a Escala Geral de Identificação
com a Celebridade Esportiva. Esse teste de convergência foi realizado através da verificação
da correlação entre as duas variáveis latentes, e é apresentada pela Figura 35.
Verificou-se um alto grau de correlação entre as duas variáveis latentes (r=0,81; p-
valor<0,000). Isso sugere que ambas as escalas medem o mesmo fenômeno. Ou seja, apesar
de a Identificação com a Celebridade Esportiva ser um fenômeno multidimensional, ela
também pode ser medida razoavelmente por meio de uma escala unidimensional com apenas
3 itens.
Assim, depois de se verificar esse alto grau de convergência, decidiu-se investigar a
estabilidade do coeficiente de correlação observado entre as variáveis latentes, segmentando a
amostra em diversos estratos (gênero, faixa etária e time). Os resultados são apresentados pela
Tabela 76.
Observou-se com o teste de estabilidade do coeficiente de correlação que o grau de associação
entre as variáveis latentes se manteve estável e num patamar muito elevado. O menor
coeficiente de correlação foi entre respondentes com faixa etária maior do que 30 anos
(r=0,78) e o maior coeficiente foi entre os respondentes com faixa etária menor do que 30
anos (r=0,88).
264
Figura 35 – Comparação da Escala Multidimensional de Identificação do Fã com a Celebridade com a Escala Geral de Identificação com a Celebridade
265
Tabela 76 – Estabilidade da correlação entre a Escala de Identificação da Celebridade Esportiva concebida como uma variável de 2a ordem e a Escala Geral de Identificação com a Celebridade Esportiva
Covariância
Estimativa não
padronizada C.R. p-valor
Correlação
Escala Geral (ICG) <--> Identificação com a Celebridade (construto 2a ordem) 1.069 20.879 ***
.805
Escala Geral (ICG) <--> Identificação com a Celebridade (Feminino) 1.093 15.639 ***
.837
Escala Geral (ICG) <--> Identificação com a Celebridade (Masculino) 1.133 16.464 ***
.806
Escala Geral (ICG) <--> Identificação com a Celebridade (Até 30 anos) 1.056 16.210 ***
.885
Escala Geral (ICG) <--> Identificação com a Celebridade (mais que 30 anos) 1.056 16.156 ***
.785
Escala Geral (ICG) <--> Identificação com a Celebridade (Internacional) 1.011 14.094 ***
.846
Escala Geral (ICG) <--> Identificação com a Celebridade (Grêmio) 1.179 17.789 ***
.806
�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.
266
4.9. RESULTADOS ADICIONAIS
4.9.1. Modelos Alternativos
Conforme discutido anteriormente, apesar de o Modelo Conceitual principal ter sido
concebido considerando que a Identificação influencia a Atitude e a Atitude influencia o
Comportamento (Identificação ---> Atitude ---> Comportamento), há suporte teórico para
defender a recursividade dessas relações. Ou seja, à medida que o Fã já possui uma Atitude
favorável ao Estádio e frequenta o Estádio comparecimento ao Estádio pode influenciar seu
grau de Identificação com a Modalidade Esportiva, com o Time e com a Celebridade
Esportiva.
Assim, no intuito de aproveitar os dados coletados e apresentar resultados adicionais ao foco
principal do trabalho, foram elaborados dois Modelos Alternativos para testar a recursividade
do Modelo. O primeiro modelo parte da Atitude em Relação ao Estádio e vai até a
Identificação (Atitude ---> Comportamento ---> Identificação). O segundo modelo parte do
Comparecimento ao Estádio (comportamento) e vai até à Atitude sendo influenciada pela
Identificação (Comportamento ---> Identificação ---> Atitude).
4.9.1.1. Modelo Alternativo 1
O primeiro modelo parte da Atitude em Relação ao Estádio e hipotetiza caminhos até a
Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva, o Time e a Celebridade (Atitude --->
Comportamento ---> Identificação), sendo ilustrado pela Figura 36.
Verifica-se inicialmente que os fatores de carga das variáveis observáveis mantiveram-se
altos, indicando similaridade em relação ao modelo principal. Por outro lado, a variância
explicada das variáveis latentes apresentou diferenças significativas. Nesse modelo
alternativo, a variância explicada do Comparecimento ao Estádio foi de 62%, superior à
variância explicada no Modelo Estrutural principal. A variância explicada das dimensões de
Identificação com a Modalidade Esportiva e com o Time Esportivo também apresentaram
aumento significativo, com coeficientes de 80% e 77% respectivamente.
267
Figura 36 – Modelo Alternativo 1
268
Partiu-se então para a análise dos indicadores de Ajuste do Modelo, os quais são apresentados
na Tabela 77. Verifica-se que os indicadores são razoáveis, porém ficaram abaixo dos limites
esperados em praticamente todos os critérios. Para o Modelo considerando a amostra total,
por exemplo, o GFI ficou em 0,929 acima do limite esperado, e o RMSEA em 0,059, abaixo
do limite esperado mas ainda dentro do limite aceitável de 0,080. Os demais indicadores,
porém ficaram abaixo dos limites aceitáveis, como, por exemplo o CFI, que ficou em 0,845,
ou χ2/gl, que ficou em 5,1.
Para testar a estabilidade dessa estrutura fatorial foi replicado o procedimento de extração dos
indicadores de ajuste do modelo para diversos estrato da amostra (gênero, faixa etária e time).
Verifica-se que os indicadores de ajuste apresentam alguma melhora quando se consideram
estratos mais homogêneos. O χ2/gl, por exemplo, cai de 5,1 para 3,1 para o estrato feminino e
3,5 para o estrato masculino. Contudo, em nenhum estrato o CFI apresenta indicadores acima
do limite esperado de 0,900.
Tabela 77 – Indicadores de ajuste do Modelo Alternativo 1
Modelo χ2 p-valor χ2 / gl GFI CFI RMSEA PCLOSE
Modelo com amostra total 441.6 .000 5.1 .929 .845 .059 .003
Feminino 264.3 .000 3.1 .943 .881 .060 .019
Masculino 301.2 .000 3.5 .904 .819 .064 .002
Até 30 anos 371.4 .000 4.3 .895 .777 .076 .000
> 30 anos 372.5 .000 4.3 .909 .821 .075 .000
Internacional 284.7 .000 3.3 .926 .846 .063 .005
Grêmio 438.9 .000 5.1 .881 .735 .083 .000
Limites esperados < possível > 0,05 < 3 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5
�ota: a Indicadores de ajuste fora dos limites esperados,
Assim, esses indicadores sugerem que o ajuste do modelo aos dados é pior do que os
indicadores encontrados no Modelo Estrutural principal, porém isso já era esperado. Como o
principal interesse dessa análise é a verificação dos paths entre as variáveis latentes – teste da
recursividade do modelo – decidiu-se seguir a análise nesse sentido.
Foram então extraídos os coeficientes dos paths para o Modelo Alternativo 1 considerando a
amostra total. Os resultados são apresentados pela Tabela 78.
269
Verifica-se que todos os paths apresentaram coeficientes estatisticamente significativos, com
um p-valor menor do que 0,001. Além disso, destaca-se a intensidade dos coeficientes
padronizados, todos acima de 0,70. Para a amostra total, a influência do Comparecimento ao
Estádio na Identificação com o Time e com a Modalidade Esportiva apresentaram
coeficientes similares, enquanto a influência do Comparecimento ao Estádio sobre a
Identificação com a Celebridade Esportiva apresentou um coeficiente relativamente menor.
Tabela 78 – Caminhos do Modelo Alternativo 1 – Amostra Total
Coeficiente
não-padronizado
Coeficiente Padronizado
C.R. p-valor
Comparecimento ao Estádio
<--- Atitude com o Estádio
1.205 .790 18.290 ***
Identificação com o Time Esportivo
<--- Comparecimento ao Estádio
.494 .879 18.070 ***
Identificação com a Celebridade Esportiva
<--- Comparecimento ao Estádio
.260 .595 12.972 ***
Identificação com a Modalidade Esportiva
<--- Comparecimento ao Estádio
.503 .895 17.888 ***
�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.
Decidiu-se então investigar a diferenças nos paths considerando-se a diferença de gênero. Os
resultados são apresentados pelas Tabelas 79 (Feminino) e 80 (Masculino).
Todos os paths para o estrato feminino se mostraram estatisticamente significativos. Os
coeficientes também apresentaram indicadores altos. O menor coeficiente padronizado, por
exemplo, foi o da influência do Comparecimento ao Estádio na Identificação com a
Celebridade Esportiva, que foi de 0,649, o qual sugere que o comparecimento ao estádio
influencia e ajuda a explicar o grau de identificação das mulheres com as Celebridades
Esportivas do futebol. De uma maneira geral, verifica-se que os paths para estrato feminino
apresentaram coeficientes similares aos resultados verificados na amostra total.
270
Tabela 79 – Caminhos do Modelo Alternativo 1 – Feminino
Coeficiente
não-padronizado
Coeficiente Padronizado
C.R. p-valor
Comparecimento ao Estádio
<--- Atitude com o Estádio
.590 .801 10.741 ***
Identificação com o Time Esportivo
<--- Comparecimento ao Estádio
1.025 .856 11.231 ***
Identificação com a Celebridade Esportiva
<--- Comparecimento ao Estádio
.596 .649 9.701 ***
Identificação com a Modalidade Esportiva
<--- Comparecimento ao Estádio
.926 .881 11.190 ***
�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.
Verificou-se, então, os resultados do Modelo Alternativo 1 para o estrato masculino. Os
resultados são apresentados pela Tabela 80.
Tabela 80 – Caminhos do Modelo Alternativo 1 – Masculino
Coeficiente
não-padronizado
Coeficiente Padronizado
C.R. p-valor
Comparecimento ao Estádio
<--- Atitude com o Estádio
3.965 .559 12.565 ***
Identificação com o Time Esportivo
<--- Comparecimento ao Estádio
.049 .498 8.672 ***
Identificação com a Celebridade Esportiva
<--- Comparecimento ao Estádio
.038 .281 6.169 ***
Identificação com a Modalidade Esportiva
<--- Comparecimento ao Estádio
.045 .429 7.969 ***
�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.
Novamente, observou-se que todos os coeficientes foram estatisticamente significativos.
Destaca-se, porém que a intensidade dos coeficientes padronizados mudou bastante em
relação aos respondentes do gênero feminino. Para os respondentes masculinos, a influência
do Comparecimento ao Estádio na Identificação com a Modalidade Esportiva, com o Time e
com a Celebridade foi menor do que para os respondentes femininos. Por exemplo: para os
homens, a influência do Comparecimento ao Estádio na Identificação com a Celebridade
Esportiva apresentou um coeficiente padronizado de 0,281 – enquanto para as mulheres havia
sido 0,649.
271
Esses resultados novamente suportam a existência de diferenças de gênero. Mas, mais do que
isso, esses resultados sugerem que o Comparecimento ao Estádio influencia a Identificação do
Fã com a Modalidade Esportiva, com o Time e com a Celebridade, tanto para respondentes
masculinos quanto para femininos, porém com intensidade diferentes.
Partiu-se, então, para a avaliação de um 2o modelo alternativo para a avaliar a recursividade
da relação entre Identificação com o Esporte, Atitude com Estádio e Comparecimento ao
Estádio.
4.9.1.2. Modelo Alternativo 2
Foi então especificado um segundo modelo alternativo, conforme ilustrado pela Figura 37. O
Modelo Alternativo 2 considerou que o Comparecimento ao Estádio influencia a Identificação
do Fã com o Esporte, e então a Identificação influencia a Atitude em relação ao Estádio.
Foram então replicados os procedimentos de análise utilizados na avaliação do Modelo
Alternativo 1. Os resultados são apresentados na Tabela 81.
Verifica-se que os indicadores do Modelo Alternativo 2 são similares aos do Modelo
Alternativo 1. Os indicadores de GFI, χ2/gl e RMSEA razoáveis, porém o CFI e o PCLOSE
ficaram abaixo dos limites mínimos esperados. Analisando a estabilidade dos indicadores de
ajuste do modelo em diferentes estratos da amostra, verifica-se que a consideração de estratos
mais homogêneos contribui para a melhoria de alguns indicadores, porém, de uma maneira
geral, o ajuste ainda fica aquém do esperado.
272
Figura 37 – Modelo Alternativo 2
273
Tabela 81 – Indicadores de ajuste do Modelo Alternativo 2
Modelo χ2 p-valor χ2 / gl GFI CFI RMSEA PCLOSE
Modelo Alternativo 2 470.5 .000 5.6 .925 .831 .062 .000
Feminino 284.1 .000 3.4 .939 .866 .065 .002
Masculino 306.1 .000 3.6 .902 .813 .066 .001
Até 30 anos 372.0 .000 4.4 .895 .775 .077 .000
> 30 anos 360.9 .000 4.3 .912 .827 .074 .000
Internacional 287.0 .000 3.4 .925 .842 .064 .002
Grêmio 450.7 .000 5.4 .878 .725 .086 .000
Limites esperados < possível > 0,05 < 3 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5
�ota: a Indicadores de ajuste fora dos limites esperados,
Portanto, os indicadores de ajuste do Modelo Alternativo 2 sugerem que o ajuste dados é pior
do que os encontrados no Modelo Estrutural principal. De toda sorte, como o principal
interesse dessa análise é a verificação dos paths entre as variáveis latentes, partiu-se para essa
análise.
Foram então extraídos os coeficientes dos paths para o Modelo Alternativo 2 considerando a
amostra total. Os resultados são apresentados pela Tabela 82.
Verifica-se que todos os paths apresentaram coeficientes estatisticamente significativos.
Adicionalmente, destaca-se a intensidade de alguns coeficientes padronizados, como, por
exemplo, a influência do Comparecimento ao Estádio na Identificação do Fã com o Time e
com a Modalidade Esportiva, ambos acima de 0,90. Já os paths que mensuram a influência da
Identificação na Atitude em relação ao Estádio apresentaram coeficientes menores, porém
estatisticamente significativos. A Identificação com a Modalidade Esportiva e com o Time
Esportivo foram as variáveis que mais influenciaram a Atitude do Fã com o Estádio, e a
Identificação com a Celebridade apresentou uma influência relativamente menor.
Esses resultados considerando a amostra total sugerem indícios que suportam a hipótese da
recursividade das relações entre Identificação, Atitude com Estádio e Comportamento por
meio do Comparecimento ao Estádio.
274
Tabela 82 – Caminhos do Modelo Alternativo 1 – Amostra Total
Coeficiente
não-padronizado
Coeficiente Padronizado
C.R. p-valor
Identificação com o Time Esportivo
<--- Comparecimento ao Estádio
.515 .900 17.437 ***
Identificação com a Celebridade Esportiva
<--- Comparecimento ao Estádio
.268 .602 12.995 ***
Identificação com a Modalidade Esportiva
<--- Comparecimento ao Estádio
.513 .904 17.276 ***
Atitude em relação ao Estádio
<--- Identificação com a Celebridade Esp.
.162 .104 2.915 .004
Atitude em relação ao Estádio
<--- Identificação com a Modalidade Esp.
.530 .433 7.613 ***
Atitude em relação ao Estádio
<--- Identificação com o Time Esportivo
.368 .303 5.299 ***
�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.
Partiu-se então a verificação das diferenças nos paths considerando-se a diferença de gênero.
Os resultados são apresentados pelas Tabelas 83 (Feminino) e 84 (Masculino).
Com exceção da influência do Identificação com a Celebridade na Atitude em relação ao
Estádio, todos os demais paths para o estrato feminino se mostraram estatisticamente
significativos. Os coeficientes foram altos.
Destacam-se os coeficientes padronizados da influência do Comparecimento ao Estádio na
Identificação das Fãs com a Modalidade Esportiva (0,917), com o Time (0,856) e com as
Celebridades (0,654).
Esses resultados sugerem, por exemplo, que a ida ao Estádio reforça a Identificação das
mulheres com a Modalidade Esportiva, com o Time e com a Celebridade.
275
Tabela 83 – Caminhos do Modelo Alternativo 1 – Feminino
Coeficiente
não-padronizado
Coeficiente Padronizado
C.R. p-valor
Identificação com o Time Esportivo
<--- Comparecimento ao Estádio
1.079 .856 10.439 ***
Identificação com a Celebridade Esportiva
<--- Comparecimento ao Estádio
.630 .654 9.324 ***
Identificação com a Modalidade Esportiva
<--- Comparecimento ao Estádio
1.012 .917 10.586 ***
Atitude em relação ao Estádio
<--- Identificação com a Celebridade Esp.
.118 .083 1.601 .109
Atitude em relação ao Estádio
<--- Identificação com a Modalidade Esp.
.544 .441 5.754 ***
Atitude em relação ao Estádio
<--- Identificação com o Time Esportivo
.334 .309 4.467 ***
�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.
Partiu-se então para a avaliação dos paths do Modelo Alternativo 2 para os respondentes
masculinos. Os resultados são apresentados na Tabela 84.
Verifica-se que todos os paths foram significativos, sem exceção. Contudo, ao comparar os
coeficientes padronizados do estrato masculino com o feminino, percebe-se que os
coeficientes do estrato masculino são menores do que os do estrato feminino: a influência do
Comparecimento ao Estádio na Identificação dos Fãs com a Modalidade Esportiva foi de
0,493, com o Time de 0,634 e com as Celebridades de 0,285.
Esses resultados sugerem que, para os homens, a influência do Comparecimento ao Estádio
possui uma influência menor na Identificação com a Modalidade Esportiva, com o Time e
com as Celebridades. Contudo, tais resultados devem ser interpretados com ressalvas, visto
que, possivelmente, esse efeito menor da influência do Comparecimento ao Estádio na
Identificação pode ter sido menor nas mulheres em virtude delas possuírem, em geral, um
nível de identificação menor do que os homens, conforme verificado no teste de diferenças de
médias.
276
Tabela 84 – Caminhos do Modelo Alternativo 1 – Masculino
Coeficiente
não-padronizado
Coeficiente Padronizado
C.R. p-valor
Identificação com o Time Esportivo
<--- Comparecimento ao Estádio
.060 .634 11.089 ***
Identificação com a Celebridade Esportiva
<--- Comparecimento ao Estádio
.037 .285 6.313 ***
Identificação com a Modalidade Esportiva
<--- Comparecimento ao Estádio
.056 .493 9.660 ***
Atitude em relação ao Estádio
<--- Identificação com a Celebridade Esp.
.199 .104 2.587 .010
Atitude em relação ao Estádio
<--- Identificação com a Modalidade Esp.
.846 .382 7.405 ***
Atitude em relação ao Estádio
<--- Identificação com o Time Esportivo
1.362 .513 8.129 ***
�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.
De toda forma, esses resultados dos paths dos Modelos Alternativos 1 e 2 suportam
inicialmente a recursividade da relação entre Identificação com o Esporte, a Atitude em
relação ao Estádio e o Comparecimento ao Estádio. Isso sugere que, apesar de ser necessário
tomar uma decisão em relação ao modelo conceitual a ser utilizado, a relação entre as
variáveis não deveria ser interpretada como absolutamente linear, mas sim como recursiva ou
retroalimentada.
277
4.9.2. Respostas às perguntas abertas
A coleta de dados incluiu duas perguntas abertas ao final do questionário. O primeira pergunta
foi “por que razão você não vai ao Estádio com maior frequência?”, e a segunda pergunta foi
“na condição de Fã, você faria alguma recomendação ao [Grêmio/Internacional]?”.
Conforme discutido anteriormente, essas duas questões foram adicionadas ao questionário em
caráter exploratório, visando capturar outros aspectos que influenciam a Atitude em relação
ao Estádio e o Comparecimento do Fã ao Estádio que não a Identificação do Fã com a
Modalidade Esportiva, com o Time e com a Celebridade Esportiva.
Com relação à primeira pergunta aberta, verificou-se uma grande variedade de razões, como:
• Medo da violência no Estádio, falta de segurança;
• Excesso de gente, tumulto;
• Dificuldade de acesso, dificuldade de deslocamento, engarrafamento na saída dos
jogos, falta de estacionamento;
• Falta de companhia para ir junto;
• Desempenho ruim do time não motiva a ir ao Estádio;
• Preço do ingresso alto demais;
• Preferência por assistir os jogos pela Mídia;
• Falta de conforto no Estádio;
• Não vai mais para poder passar tempo com a família;
• Falta de tempo, outras prioridades;
• Não vai mais por não ser sócio-torcedor.
É interessante destacar que boa parte dessas respostas estão associadas às características do
Estádio, da região de entorno ou da facilidade de acesso. Tais respostas, portanto, convergem
com aspectos explorados por autores que investigam a influência das características do
Estádio (WAKEFIELD e SLOAN, 1995; HILL e GREEN, 2000).
Com relação à segunda pergunta aberta, também observou-se uma grande variedade de razões
declaradas pelos Fãs, como:
• Investir na formação de atletas das equipes de base;
278
• Contratar novos jogadores, preferencialmente alguns que valorizem o clube e não
apenas o dinheiro;
• Trocar de técnico;
• Trocar a diretoria e/ou dirigentes;
• Focar menos na política e mais no futebol;
• Reduzir o valor dos ingressos;
• Melhorar a organização da venda dos ingressos, reduzir a fila de venda de ingressos;
• Tornar o ambiente do estádio mais adequado para poder levar a família;
• Melhorar o conforto do Estádio.
• Reforçar o policiamento no entorno do Estádio.
Essas respostas à segunda pergunta aberta também foram recorrentes e se repetem bastante.
Destaca-se que parte delas se refere a questões associadas ao Estádio, porém outra parte se
refere a questões mais específicas ligadas ao quadro de jogadores, técnico, time – ou, ainda,
ao preço dos ingressos.
Esses resultados exploratórios sugerem que tais aspectos também contribuem para explicar a
Atitude do Fã com o Estádio e o efetivo Comparecimento ao Evento Esportivo.
4.10. RESUMO DOS RESULTADOS
Nesta seção é apresentado um resumo dos resultados. Foram elaboradas 4 tabelas que
sintetizam os resultados de todo o capítulo de análise com os dados referentes às hipóteses
substantivas do estudo. A Tabela 85 sintetiza o resultado do teste das hipóteses 1, 2, 3 e 4. A
Tabela 86 sintetiza o resultado do teste das hipóteses 5 e 6 para os Fãs do Internacional. A
Tabela 87 sintetiza o resultado das hipóteses 5 e 6 para os Fãs do Grêmio. A Tabela 88
sintetiza os resultados das hipóteses 7, 8 e 9.
279
Tabela 85 – Resumo dos Resultados das Hipóteses 1, 2, 3 e 4
Hipótese
#Hip Relação
Amostra Total (N=1180)
Internacional (N=590)
Grêmio (N=590)
Coeficiente p-valor Result. Coeficiente
p-valor Result. Coeficiente
p-valor Result. Ñ-pad pad. Ñ-pad pad. Ñ-pad pad.
H1: A Identificação com o Esporte influencia a Atitude em relação ao Estádio Resultado Geral: Suportada
H1a CEE ���� IEG
.522 .419 *** Sup.
.732 .530 *** Sup.
.321 .280 *** Sup.
H1b CEE ���� ITG
.213 .172 .001 Sup.
.076 .052 .457 Ñ-sup.
.367 .329 *** Sup.
H1c CEE ���� ICG
.154 .095 .005 Sup.
.249 .127 .007 Sup.
.071 .048 .304 Ñ-sup.
H2: A Identificação com o Esporte influencia o Comparecimento no Estádio Resultado Geral: Parcialmente Suportada
H2a MCE ���� IEG
.752 .231 *** Sup.
.483 .166 .042 Sup.
.610 .190 *** Sup.
H2b MCE � ITG
-.048 -.015 .769 Ñ-sup.
.145 .047 .548 Ñ-sup.
.058 .019 .731 Ñ-sup.
H2c MCE ���� ICG
.356 .084 .013 Sup.
.732 .176 .005 Sup.
-.115 -.028 .490 Ñ-sup.
H3: Atitude em relação ao Estádio influencia o Comparecimento ao Estádio Resultado Geral: Suportada
H3 MCE ���� CEE
1.116 .428 *** Sup.
.864 .409 *** Sup.
1.357 .484 *** Sup.
#Hip Relação p-valor
MCE61 p-valor MCE63
Result. Média MCE61
Média MCE63
Média MCE61
Média MCE63
H4: O Consumo de Eventos Esportivos é influenciado simultaneamente pelo desempenho do Time e pela Identificação do Fã com o Time. Resultado Geral: Parcialmente Suportada
H4a MCE �SIT alta
0.973 0.866 Ñ-sup.
8.32 7.02
8.29 6.92
H4b MCE ���� SIT baixa 0.024 0.051 Sup.
2.44 2.17
1.65 1.68
280
Tabela 86 – Resumo dos Resultados das Hipóteses 5 e 6 – Internacional
Hipótese #Hip Relação
Internacional (N=590)
Feminino Masculino Teste Moderação
Ñ-pad pad. p-valor Ñ-pad pad. p-valor ∆χ2 p-valor Result
H5: O gênero modera a influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo. Resultado Geral: Parcialmente Suportada
H5a: indiretamente, influenciando a atitude com o Estádio. Resultado: �ão Suportada
H5a1 CEE � IEG
0.604 0.816 ***
0.777 0.444 ***
2.0 0.119 Ñ-sup.
H5a2 CEE � ITG
-0.389 -0.21 0.035
1.018 0.247 ***
3.2 0.074 Ñ-sup.
H5a3 CEE � ICG
-0.046 -0.035 0.613
0.149 0.095 0.139
0.3 0.617 Ñ-sup.
H5b: diretamente, influenciando o Comparecimento ao Estádio. Resultado: Suportada
H5b1 MCE ���� IEG
0.055 0.03 0.637
1.295 0.366 ***
32.8 *** Sup.
H5b2 MCE ���� ITG
0.312 0.137 0.023
0.396 0.271 ***
31.0 *** Sup.
H5b3 MCE ���� ICG
0.317 0.116 0.106
2.03 0.493 ***
21.2 *** Sup.
H5c: relação entre Ati-tude e Comp. R: Sup.
H5c MCE ���� CEE
0.804 0.507 *** 0.804 0.378 *** 28,6 *** Sup.
#Hip Relação Menos de 30 anos Mais de 30 anos Teste Moderação
Ñ-pad pad. p-valor Ñ-pad pad. p-valor ∆χ2 p-valor Result
H6: A Faixa Etária modera a influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo Resultado Geral: Parcialmente Suportada
H6a: indiretamente, influenciando a atitude com o Estádio. Resultado: Suportada
H6a1 CEE ���� IEG
0.501 0.784 ***
0.830 0.513 ***
13.3 *** Sup.
H6a2 CEE ���� ITG
0.369 0.091 0.101
-0.013 -0.005 0.936
6.9 0.009 Sup.
H6a3 CEE ���� ICG
0.161 0.097 0.079
0.516 0.247 ***
7.0 0.007 Sup.
H6b: diretamente, influenciando o Comparecimento ao Estádio. Resultado: Parcial-mente Suportada
H6b1 MCE ���� IEG
1.324 0.303 ***
0.587 0.222 0.005
7.1 0.008 Sup.
H6b2 MCE � ITG
0.369 0.091 0.101
-0.013 -0.005 0.936
2.5 0.113 Ñ-sup.
H6b3 MCE ���� ICG
1.020 0.203 ***
0.193 0.052 0.359
4.8 .027 Sup.
H6c: relação entre Ati-tude e Comp. R: Ñ-sup.
H6c MCE � CEE
0.454 0.169 *** 0.657 0.297 ***
1,9 0,170 Ñ-sup.
281
Tabela 87 – Resumo dos Resultados das Hipóteses 5 e 6 – Grêmio
Hipótese #Hip Relação
Grêmio (N=590)
Feminino Masculino Teste Moderação
Ñ-pad pad. p-valor Ñ-pad pad. p-valor ∆χ2 p-valor Result
H5: O gênero modera a influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo. Resultado Geral: Parcialmente Suportada
H5a: indiretamente, influenciando a atitude com o Estádio. Resultado: �ão Suportada
H5a1 CEE � IEG
0.198 0.716 0.037
0.352 0.307 ***
2.5 0.111 Ñ-sup.
H5a2 CEE � ITG
0.364 0.381 ***
0.465 0.405 ***
1.0 0.306 Ñ-sup.
H5a3 CEE � ICG
-0.031 -0.023 0.679
0.153 0.107 0.043
2.5 0.111 Ñ-sup.
H5b: diretamente, influenciando o Comparecimento ao Estádio. Resultado: Suportada
H5b1 MCE ���� IEG
0.032 0.022 0.811
1.248 0.348 ***
29.3 *** Sup.
H5b2 MCE ���� ITG
-0.057 -0.05 0.562
1.223 0.328 ***
35.9 *** Sup.
H5b3 MCE ���� ICG
-0.035 -0.02 0.749
1.040 0.287 ***
8.3 0.004 Sup.
H5c: Gênero modera relação entre Atitude e Comportamento. Resultado: Suportada
MCE ���� CEE
0.629 0.61 *** 2.157 0.560 ***
77,5 *** Sup.
#Hip Relação Menos de 30 anos Mais de 30 anos Teste Moderação
Ñ-pad pad. p-valor Ñ-pad pad. p-valor ∆χ2 p-valor Result
H6: A Faixa Etária modera a influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo Resultado Geral: Suportada
H6a: indiretamente, influenciando a atitude com o Estádio. Resultado: Parcial-mente Suportada
H6a1 CEE ���� IEG
0.184 0.806 0.008
0.585 0.459 ***
10.5 *** Sup.
H6a2 CEE � ITG 0.554 0.513 *** 0.490 0.403 *** 0.5 0.484 Ñ-sup.
H6a3 CEE ���� ICG
-0.240 -0.213 ***
0.307 0.179 0.002
13.2 *** Sup.
H6b: diretamente, influenciando o Comparecimento ao Estádio. Resultado: Suportada
H6b1 MCE ���� IEG
0.728 0.215 ***
0.293 0.107 0.052
6.3 0.012 Sup.
H6b2 MCE ���� ITG
0.473 0.149 0.005
-0.053 -0.021 0.700
10.3 0.001 Sup.
H6b3 MCE ���� ICG
0.043 0.012 0.766
-0.127 -0.032 0.450
0.5 0.471 Sup.
H6c: Faixa Etária modera relação entre Atitude e Compor-tamento. Result: Suportada
MCE ���� CEE
1.481 0.489 *** 1.033 0.493 ***
6,7 0,009 Sup.
282
Tabela 88 – Resumo dos Resultados das Hipóteses 7 e 8 e 9
Hipótese
#Hip Relação
Amostra Total (N=1180)
Internacional (N=590)
Grêmio (N=590)
Coeficiente p-valor Result. Coeficiente
p-valor Result. Coeficiente
p-valor Result. Ñ-pad pad. Ñ-pad pad. Ñ-pad pad.
H7: A Identificação com a Modalidade influencia a Beleza, o Drama e o Escapismo Resultado Geral: Suportada
H7a IEB ���� IEG
.957 .714 *** Sup. 1.021 .765 *** Sup. .988 .745 *** Sup.
H7b IED ���� IEG
.586 .534 *** Sup. .477 .430 *** Sup. .755 .637 *** Sup.
H7c IEE ���� IEG
1.052 .732 *** Sup. .896 .677 *** Sup. 1.109 .730 *** Sup.
Correlação com a escala geral de Identif. c/ Mod.
.974 *** Sup. .981 *** Sup. .974 *** Sup.
H8: A Identificação com o Time influencia a Realização com a Vitória, Socialização e Busca de Informações. Resultado Geral: Suportada
H8a ITV ���� ITG
1,024 ,816 *** Sup. .901 .906 *** Sup. 1.153 .925 *** Sup.
H8b ITS ���� ITG
1,206 ,915 *** Sup. 1.090 .893 *** Sup. 1.006 .902 *** Sup.
H8c ITI ���� ITG
1,481 ,895 *** Sup. 1.277 .911 *** Sup. 1.457 .929 *** Sup.
Correlação com a escala geral de Identif. c/ Time
.946 *** Sup. .929 *** Sup. .966 *** Sup.
H9: A Identificação com a Celebridade influencia a percepção de Confiabilidade, Expertise e Atratividade. Resultado Geral: Suportada
H9a ICC ���� ICG
1,296 ,974 *** Sup. .959 .750 *** Sup. 1.214 .885 *** Sup.
H9b ICE ���� ICG
,482 ,566 *** Sup. .375 .518 *** Sup. .688 .786 *** Sup.
H9c ICA ���� ICG
,559 ,315 *** Sup. .743 .387 *** Sup. .659 .419 *** Sup.
Correlação com a escala geral de Identif. c/ Celeb.
.805 *** Sup. .846 *** Sup. .806 *** Sup.
283
5. CO�CLUSÕES
A seção com as conclusões foi estruturada em 5 partes. Inicialmente é apresentado um
sumário do estudo. Depois, são apresentadas as respostas às questões de pesquisa,
destacando-se as implicações teóricas dos resultados deste estudo. Em seguida, são
apresentadas as implicações gerenciais. Então, são apresentadas as limitações do estudo. Por
fim, apresentam-se as sugestões para estudos futuros.
5.1. SUMÁRIO DO ESTUDO
O presente estudo investigou as relações existentes entre a Identificação do Fã do Esporte
com a Modalidade Esportiva, o Time Esportivo e a Celebridade Esportiva e o Consumo do
Evento Esportivo. Mais especificamente, o estudo objetivou: (1) investigar a influência da
Identificação com a Modalidade, Time e Celebridade no Comparecimento do Fã do Esporte
ao Estádio, tanto diretamente, quanto indiretamente – considerando o efeito mediador da
Atitude do Fã do Esporte em relação ao Comparecimento ao Estádio; (2) investigar o efeito
do gênero e da faixa etária dos Fãs do Esporte na relação entre a Identificação do Fã do
Esporte com a Modalidade Esportiva, com o Time e com a Celebridade e o Consumo do
Evento Esportivo; e (3) investigar se a Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade
Esportiva, o Time e a Celebridade Esportiva poderiam ser concebidas como construtos de 2a
ordem mensurados a partir de dimensões de 1a ordem, respectivamente: (a) Beleza, Drama e
Escapismo; (b) Realização com a Vitória, Socialização com outros Fãs e Busca de
Informações Esportivas; (c) Confiabilidade, Expertise e Atratividade das Celebridades do
Esporte.
A revisão de literatura proporcionou a identificação de 31 escalas de mensuração dos
construtos relacionados com o fenômeno estudado. Destas, 6 escalas foram escolhidas e
traduzidas para o Português por meio do procedimento de Tradução Reversa. Foi então
elaborado um questionário, o qual foi pré-testado em duas ondas e ajustado até se chegar à
versão final para a fase de coleta de dados.
Foi utilizada uma amostra não-probabilística, com quotas de time esportivo e gênero. Metade
dos Fãs esportivos são Fãs do Grêmio e metade do Internacional. A amostra foi composta por
Fãs de diversas faixas etárias, tendo-se restringido a amostra exclusivamente a Fãs maiores de
284
16 anos. Diferentemente da maior parte dos estudos da área de Marketing Esportivo, os quais
consideram amostras compostas exclusivamente por estudantes de instituições de ensino
superior, a amostra utilizada foi bastante heterogênea, contemplando pessoas de diferentes
profissões e classes socioeconômicas. Embora não tenha sido estabelecida quota para a
variável gênero, verificou-se uma composição similar de respondentes do gênero masculino e
feminino para cada um dos times.
Os dados foram coletados através de uma survey, cujo questionário estruturado foi
administrado com a assistência de uma equipe treinada para esse fim. Foram utilizados 13
entrevistadores, os quais foram supervisionados por 3 coordenadores de campo e um
coordenador geral. Foram coletadas observações em cerca de 40 bairros da cidade de Porto
Alegre, RS. Foram obtidos 1.249 questionários no período compreendido entre 14 e 27 de
Junho de 2011, ao longo de 14 dias consecutivos. Do total de 1.249 questionários coletados,
1.080 (94,5%) foram considerados válidos. Os 5,5% de questionários restantes foram
eliminados por falhas de preenchimento ou questões deixadas em branco.
Foi proposto, a partir do Referencial Teórico, um modelo conceitual hipotetizando a
influência da Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade Esportiva, com o Time
Esportivo e com a Celebridade Esportiva no Consumo do Evento Esportivo. Foram
formuladas 9 hipóteses substanciais de pesquisa – todas desdobradas em hipóteses adicionais.
Procedeu-se uma análise descritiva dos dados coletados e em seguida realizou-se o
procedimento de validação das escalas gerais de Identificação do Fã do Esporte com a
Modalidade Esportiva, com o Time Esportivo, com a Celebridade do Esporte, além das
Escalas de Consumo do Evento Esportivo, de Atitude do Fã do Esporte em relação ao
Comparecimento ao Estádio e de Comportamento de Consumo do Evento Esportivo.
Após a validação das escalas gerais, foram validadas as escalas de 2a ordem Beleza, Drama,
Escapismo, Vitória, Socialização, Informações, Confiabilidade, Expertise e Atratividade. Para
estimular a resposta em relação às dimensões associadas à Identificação do Fã do Esporte com
a Celebridade Esportiva, foi solicitado aos respondentes indicar o jogador do time com o qual
eles mais se identificavam. Depois, todas as perguntas associadas à Celebridade Esportiva
foram ancoradas no jogador escolhido pelo Fã.
Assim, foram validadas as dimensões de interesse das escalas Points of Attachment Index
(PAI), proposta por Robinson e Trail (2003); Points of Attachment Index revised (PAI-r),
285
revisada por Braunstain, Zhang e Trail (2011); Motivations Scale of the Sport Consumer
(MSSC), de Trail e James (2001). Além disso, foram testadas e validadas as escalas Atitude
do Fã do Esporte em relação ao Comparecimento ao Estádio (CEE) e Comportamento de
Consumo do Evento Esportivo (MCE), as quais foram adaptadas a partir de Fink, Trail e
Anderson (2002).
Para validar as escalas foram utilizados procedimentos de Análise Fatorial Exploratória
(AFE), verificação da Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante dos
construtos. Para testar as hipóteses do estudo, utilizou-se a técnica de Modelagem de
Equações Estruturais (SEM). Mais especificamente, realizou-se a análise fatorial
confirmatória (AFC) para confirmar as subdimensões dos modelos avaliados e a análise SEM
de múltiplos grupos, para verificar a existência e a força do efeito moderador do gênero e da
faixa etária. O Time Esportivo foi utilizado como variável de controle.
Os resultados do presente estudo possibilitaram suportar que a Identificação do Fã do Esporte
influencia no Consumo do Evento Esportivo, tendo sido suportado tanto o efeito direto da
Identificação no Comportamento de Consumo do Evento Esportivo quanto o efeito indireto
por meio da Atitude do Fã do Esporte em relação ao Estádio. Contudo, esses resultados gerais
apresentaram diferenças quando se analisou diferentes estratos da amostra. Verificou-se
também o efeito moderador do Gênero e da Faixa Etária na relação entre a Identificação do Fã
do Esporte e o Consumo do Evento Esportivo. Adicionalmente, constatou-se que o
Comportamento de Consumo do Evento Esportivo pode ser influenciado simultaneamente
pelo Desempenho do Time e pela Identificação do Fã com o Time. Contudo somente os Fãs
do Esporte com baixa Identificação com o Time apresentaram diferenças de Comportamento
de Consumo do Evento Esportivo quando se contrastou a frequência média de
Comparecimento ao Estádio entre Fãs do Grêmio e do Internacional. Foram também
suportados (a) a influência da Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade Esportiva na
percepção de beleza do jogo, na experiência do drama e no escapismo; (b) a influência da
Identificação do Fã do Esporte com o Time na realização com a vitória, na socialização com
outros Fãs e na busca de informações esportivas; e (c) a influência da Identificação do Fã do
Esporte com a Celebridade Esportiva na percepção de Confiabilidade, Expertise e
Atratividade dos jogadores. Foi suportada a utilização de um modelo reflexivo considerando
as dimensões supra citadas, sugerindo-se a possibilidade de se mensurar a Identificação do Fã
do Esporte com a Modalidade Esportiva, com o Time Esportivo e com a Celebridade do
Esporte a partir de construtos de 2a ordem. Por fim, foi explorada e suportada a relação
286
circular entre Identificação do Fã do Esporte, Atitude em relação ao comparecimento ao
Estádio e Comportamento de Consumo do Evento Esportivo.
5.2. CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO
Esta seção apresenta as Contribuições do Estudo. Essas contribuições são abordadas sob duas
perspectivas: as contribuições acadêmicas, discutidas na seção de Implicações Teóricas, e as
contribuições práticas para os profissionais que atuam na área de Marketing Esportivo,
discutidas na seção de Implicações Gerenciais.
5.2.1. Implicações Teóricas
Nesta seção são apresentadas as respostas às questões de pesquisa.
5.2.1.1. Primeira Questão
A primeira questão de pesquisa diz respeito ao efeito da Identificação do Fã do Esporte no
Consumo do Evento Esportivo.
Questão 1: A Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade Esportiva, com o
Time Esportivo e com a Celebridade Esportiva influencia a Atitude e o
Comportamento de Consumo de Eventos Esportivos?
Pode-se dizer que que a resposta é “sim”, a Identificação do fã do esporte influencia
significativamente o Consumo do Evento Esportivo.
Esse resultado está alinhado com estudos anteriores que suportaram a influência da
Identificação do fã com o time no Consumo Esportivo (GWINNER e SWANSON, 2003;
GWINNER e BENNET, 2008). Cabe realçar que o efeito da Identificação do Fã do Esporte
com a Modalidade Esportiva, com o Time Esportivo e com a Celebridade Esportiva na
Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio e no Consumo de Eventos Esportivos é
distinto, ou seja, alguns desses elos de ligação do fã com o esporte apresentaram maior
“força” do que outros. Além disso, verifica-se que a influência da identificação do Fã do
Esporte no Consumo de Eventos Esportivos pode ser direta ou indireta.
287
Os resultados do presente estudo sugerem que não é só a Identificação do Fã do Esporte com
o Time Esportivo que influencia o Consumo do Evento Esportivo, mas que também a
Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade Esportiva e a Identificação do Fã do
Esporte com a Celebridade do Esporte exercem uma influência significativa no Consumo do
Evento Esportivo. Assim, pode-se dizer que a primeira contribuição do presente estudo se
refere à observação de que múltiplos elos de ligação do fã do esporte influenciam
simultaneamente o Consumo do Evento Esportivo. Robinson e Trail (2003) já haviam
defendido a existência de múltiplos elos de ligação do Fã do Esporte, porém eles haviam
articulado a relação desses elos de ligação apenas com as “motivações” do Fã do Esporte. O
presente estudo diferencia-se por estender tal articulação para o contexto do Consumo do
Evento Esportivo, mais especificamente ao Comparecimento ao Estádio, avançando a
fronteira “motivacional” e investigando o efeito da Identificação no domínio comportamental
do Fã do Esporte. Além disso, os resultados do presente estudo sugerem que cada elo de
ligação do fã com o esporte – Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade, com o Time
Esportivo e com a Celebridade do Esporte – apresenta uma intensidade de influência diferente
no Consumo do Evento Esportivo. Nesse sentido, pode-se dizer também que resultado do
presente estudo é coerente com o conceito de “deslocamento” dos elos de ligação dos Fãs do
Esporte apontado por Fisher e Wakefield (1998). De acordo com esses autores, um
desempenho insatisfatório do time poderia levar a uma diminuição da identificação com o
time, que seria compensada por um aumento da importância da atratividade dos jogadores e
do envolvimento do Fã do Esporte com a Modalidade Esportiva.
A segunda contribuição do presente estudo reside no suporte ao efeito mediador da Atitude
em relação ao Comparecimento ao Estádio na relação entre Identificação do Fã do Esporte e o
Consumo do Evento Esportivo. Com efeito, estudos anteriores já haviam destacado a
importância de se considerar aspectos atitudinais ao investigar o Consumo Esportivo
(KWON, TRAIL e JAMES, 2007; FISHER e WAKEFIELD, 1998). O estudo de Fisher e
Wakefield (1998) focou no efeito mediador da lealdade ao time na relação entre os aspectos
que compõem a experiência do estádio (conforto dos assentos, a facilidade de acesso, o
estacionamento e serviços de alimentação, entre outros) e a intenção de frequentar o estádio.
O estudo de Kwon, Trail e James (2007) investigou o efeito mediador do valor percebido pelo
consumidor na relação entre a identificação com o time e a intenção de compra de artigos
esportivos licenciados. Os autores testaram 3 modelos, um com mediação total, um com
mediação parcial e outro sem mediação alguma, tendo constatado o melhor ajuste do modelo
288
com mediação total da variável atitudinal. Os resultados do presente estudo corroboram a
existência da mediação da variável atitudinal, porém sugerem que tal efeito mediador pode
não ser significativo para todos os grupos de Fãs do Esporte.
5.2.1.2. Segunda Questão
A segunda questão de pesquisa se refere ao efeito do Desempenho Percebido do Time
Esportivo no Comportamento de Consumo do Evento Esportivo.
Questão 2: O Desempenho do Time Esportivo influencia o Comportamento de
Consumo de Eventos Esportivos?
Pode-se dizer que a resposta é “sim”, o Consumo do Evento Esportivo pode ser influenciado
pela percepção de Desempenho do Time Esportivo. Contudo, constatou-se que a influência do
Desempenho do Time não é uniforme para grupos de Fãs do Esporte com níveis distintos de
Identificação com o Time Esportivo.
Estudos anteriores sugerem que o desempenho do time ou a percepção de desempenho do
time pelo Fã do Esporte podem influenciar o Consumo de Eventos Esportivos. Horowitz
(2007), por exemplo, realizou um estudo utilizando uma série histórica de jogos de Baseball
nos Estados Unidos que incluía o número de ingressos vendidos a cada jogo, constatando a
influência do “desempenho real” do time esportivo no Comportamento de Consumo do
Evento Esportivo. Fisher e Wakefield (1998) realizaram um estudo avaliando a percepção de
desempenho do time esportivo e constataram que essa percepção também pode influenciar o
comportamento de consumo esportivo e o grau de identificação com o time.
Os resultados do presente estudo sugerem que ao se analisar o comportamento de Consumo
do Evento Esportivo entre times diferentes, comparando-se os Fãs do Time com melhor
Desempenho versus os Fãs do Time com pior Desempenho, pode-se observar diferenças de
frequência ao Estádio conforme o grau de Identificação do Fã do Esporte com o Time: (a)
entre os Fãs com baixa Identificação com o Time, observou-se que o Desempenho do Time
apresenta uma influência positiva e estatisticamente significativa no comportamento de
Consumo do Evento Esportivo, em outras palavras, os Fãs do Time com o melhor
Desempenho apresentaram maior frequência de Comparecimento ao Estádio do que os Fãs do
Time com o pior Desempenho; (b) já entre os Fãs com alta Identificação com o Time, pode-se
observar que a média de frequência ao Estádio dos Fãs do time com o pior Desempenho não
289
apresenta diferença em relação à média de frequência ao Estádio dos Fãs do Time com o
melhor Desempenho. Ou seja, só foi observada diferença no comportamento de Consumo do
Evento Esportivo entre os Fãs do Esporte com baixa Identificação com o Time. Assim, a
terceira contribuição do presente estudo se refere à constatação de que a percepção de
Desempenho do Time só afeta o comportamento de Consumo do Evento Esportivo dos Fãs do
Esporte com baixa Identificação com o Time Esportivo, pois os Fãs do Esporte com alta
Identificação com o Time apresentam um Comportamento de Consumo Esportivo
“indiferente” à variação de Desempenho do Time. Acredita-se que essa “indiferença” entre os
Fãs do Esporte com alta Identificação com o Time possa ser explicada em virtude desses Fãs
do Esporte já estarem em um estágio avançado de conexão psicológica com o time (FUNK e
JAMES, 2001), possivelmente já tendo internalizado o time no seu self (KELMAN, 1958;
KELMAN, 1961).
Ao se analisar o comportamento de Consumo do Evento Esportivo entre os Fãs do mesmo
time, comparando-se os Fãs do Esporte com baixa Identificação versus os Fãs do Esporte com
alta Identificação do mesmo time, também foram observadas diferenças de frequência ao
Estádio. Com efeito, a diferença de média de frequência de Comparecimento ao Estádio foi
significativa: os Fãs do Esporte com alta Identificação com o Time apresentaram, em média,
uma frequência de Comparecimento ao Estádio cerca de 4 vezes maior do que a dos Fãs do
Esporte com baixa Identificação com o Time. Esse resultado já era esperado e está alinhado
com a literatura. Diversos estudos anteriores já haviam sugerido que os Fãs do Esporte com
alta Identificação com o Time apresentam um Comportamento de Consumo do Evento
Esportivo significativamente maior do que o dos Fãs com baixa Identificação com o Time,
tanto que esses Fãs com alta Identificação com o Time são frequentemente chamados de “fãs
verdadeiros” ou “duros de matar” por apresentarem um apoio incondicional ao time, enquanto
que os Fãs com baixa Identificação com o Time são frequentemente chamados de “fãs
temporários” ou “fãs de estação” por apresentarem uma propensão de diminuir o suporte ao
Time em momentos de baixo desempenho (WANN e BRANSCOMBE, 1990; BRISTOW e
SEBASTIAN, 2001; MULLLIN, HARDY e SUTTON, 1993; FUNK e JAMES, 2001).
5.2.1.3. Terceira Questão
A terceira questão de pesquisa está relacionada à influência do Gênero e da Faixa Etária no
Consumo do Evento Esportivo.
290
Questão 3: O Gênero e a Faixa Etária do Fã do Esporte influenciam o
Comportamento de Consumo de Eventos Esportivos?
Pode-se dizer que a resposta é “sim”, o Consumo do Evento Esportivo é influenciado pelo
Gênero e pela Faixa Etária.
Diversos estudos já haviam destacado a existência de diferenças de Gênero e/ou de Faixa
Etária entre Fãs do Esporte (KWON e ARMSTRONG, 2002; JAMES e RIDINGER, 2002;
RIDINGER e FUNK, 2006). O presente estudo corrobora a importância de se considerar o
efeito do Gênero e da Faixa Etária ao se investigar a Identificação do Fã do Esporte e o
Consumo de Eventos Esportivos. Contudo, apesar dos estudos anteriores terem constatado
diferenças de Gênero e Faixa Etária, tais estudos não verificaram o possível efeito moderador
dessas variáveis na relação entre a Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade
Esportiva, com o Time Esportivo e com a Celebridade do Esporte no Comportamento de
Consumo de Eventos Esportivos. Além disso, o presente estudo também se diferencia por ter
mensurado simultaneamente (a) o efeito direto da Identificação do Fã do Esporte com a
Modalidade, com o Time e com a Celebridade no Comportamento de Consumo do Evento
Esportivo e (b) o efeito indireto por meio da Atitude do Fã do Esporte em relação ao
Comparecimento ao Estádio. Os resultados sugerem que, enquanto a Faixa Etária exerce tanto
um efeito moderador direto quanto indireto no Consumo do Evento Esportivo, o Gênero
exerce apenas um efeito indireto, moderando apenas a relação entre a Identificação do Fã do
Esporte e a Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio.
Dessa forma, a quarta contribuição do presente estudo se refere ao avanço na compreensão do
efeito do Gênero, visto que foi constatado que o efeito moderador do Gênero foi significativo
na relação entre a Identificação do Fã do Esporte e o Comportamento de Consumo do Evento
Esportivo, porém não foi significativo na relação entre a Identificação do Fã do Esporte e a
Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio. Observou-se que a influência da
Identificação dos Fãs do Esporte no Consumo do Evento Esportivo foi maior entre os
respondentes masculinos do que entre os respondentes femininos. O efeito moderador do
Gênero junto a Fãs do Grêmio e do Internacional foi similar, variando apenas de intensidade.
Já o efeito moderador da Faixa Etária apresentou também diferenças de significância em
algumas relações: no Internacional, o efeito moderador da Faixa Etária só não foi significativo
na relação entre Identificação do Fã com o Time e o Comportamento de Consumo do Evento
291
Esportivo; no Grêmio, o efeito moderador da Faixa Etária só não foi significativo na relação
entre Identificação do Fã com o Time e a Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio.
Pode-se questionar por que motivo os estudos anteriores não constataram diferença entre
grupos com faixas etárias distintas como as identificadas no presente estudo. Uma possível
explicação reside na diferença do perfil da amostra utilizada nos estudos anteriores em relação
àquela utilizada no presente estudo. Tipicamente os estudos quantitativos na área de
Marketing Esportivo são realizados com dois tipos de amostra: (a) junto a estudantes
universitários, com coleta de dados em sala-de-aula ou no campus da universidade; e (b) junto
a espectadores esportivos, com coleta de dados na entrada ou saída dos jogos no Estádio.
Acredita-se que, em ambos os casos, o perfil da amostra pode introduzir um viés que pode
dificultar ou até mesmo impossibilitar a observação de diferenças entre grupos. Portanto, cabe
perguntar: como o pesquisador poderia detectar diferenças de faixa etária se utilizar amostras
apenas com estudantes universitários, cuja idade varia em geral entre 17 e 25 anos? Ou então:
como o pesquisador poderia detectar diferenças na frequência de comparecimento ao estádio
se utiliza apenas amostra com espectadores esportivos que já possuem alta frequência de
comparecimento ao estádio? Portanto, atribui-se a observação dessas diferenças entre grupos
ao avaliar o efeito mediador da atitude ao perfil da amostra utilizado na presente pesquisa,
decorrente da estratégia adotada na coleta de dados: (a) foi utilizada uma amostra não-
probabilística, contemplando fãs entre 16 e 65 anos, sendo que 50% das observações foram de
fãs com mais de 30 anos de idade; e (b) a coleta de dados foi realizada em cerca de 40 bairros
distintos, ao invés de ser concentrada no estádio em dias de jogos. Essa estratégia de coleta de
dados certamente contribuiu para a obtenção de uma amostra mais heterogênea, cuja
variabilidade permitiu observar diferenças não detectadas nos estudos anteriores.
5.2.1.4. Quarta Questão
A quarta questão está relacionada à Identificação do Fã do Esporte com elementos
tipicamente considerados como “motivações”, porém concebidos nesta pesquisa como reflexo
da Identificação do Fã do Esporte com o Time.
Questão 4: A Identificação do Fã do Esporte com o Time influencia o sentimento
de realização com a vitória do time, o prazer proporcionado pela socialização
com outros torcedores do time e a busca de informações esportivas sobre o time?
292
Pode-se especular que a resposta é “sim”, a Identificação do Fã do Esporte com o Time
Esportivo pode influenciar o sentimento do Fã de realização com a Vitória do Time, o prazer
proporcionado pela Socialização com os outros Fãs e a Busca de Informações esportivas sobre
o Time Esportivo. Ao oferecer suporte empírico a essa influência, o presente estudo distingue-
se de estudos anteriores que utilizaram uma abordagem formativa, sugerindo que dimensões
Vitória, Socialização e Busca de Informações seriam fatores antecedentes da Identificação do
Fã com o Time Esportivo (FINK, TRAIL e ANDERSON, 2002; TRAIL, ROBINSON, et al.,
2003). As implicações teóricas dessa mudança de abordagem são profundas. Assim, a quinta
contribuição teórica do presente estudo reside na discussão da utilização da abordagem
reflexiva em detrimento da formativa. Defende-se, neste estudo, que a abordagem reflexiva é
mais coerente com o Referencial Teórico dos estudos de Identificação do Fã do Esporte no
Contexto Esportivo do que a abordagem formativa, considerando-se os conceitos da Social
Identity Theory (KELMAN, 1958; KELMAN, 1961) e o efeito BIRGing e CORFing
(CIALDINI, BORDEN, et al., 1976; WANN e BRANSCOMBE, 1990; JONES, 2000).
Para iniciar essa discussão, tome-se, por exemplo, o sentimento de realização do Fã do
Esporte diante da Vitória do Time Esportivo. Tipicamente, tal construto é concebido como
fator antecedente da Identificação com o Time. Convém, contudo, perguntar: como poderia o
indivíduo sentir-se realizado com a vitória do time esportivo antes de se identificar com o
time? Por que o indivíduo haveria de buscar informações esportivas sobre o time sem, antes,
se identificar com o time? Como poderia um indivíduo retirar prazer da socialização com
torcedores do time sem, antes, se identificar com o time? Será que é razoável conceber a
Realização com a Vitória, a Busca de Socialização com Torcedores e a Busca de Informações
como fatores antecedentes da Identificação do Fã do Esporte com o Time? Ou será que não
seria mais coerente conceber a Realização com a Vitória, a Socialização com Torcedores e a
Busca de Informações como reflexos (consequências) da Identificação do Fã do Esporte com
o Time?
A Social Identity Theory sugere que a Identificação é um processo em que o indivíduo se
identifica com alguma pessoa ou grupo de maneira a melhorar ou aprimorar seu autoconceito
(TAJFEL e TURNER, 1979). Trata-se de um processo cognitivo, pois, uma vez que o
indivíduo se considera “membro” de um grupo (self-categorization), ele passa a demonstrar
um viés favorável aos membros desse grupo e um viés desfavorável às pessoas externas ao
grupo (TAJFEL, BILLIG, et al., 1971; TAJFEL, 1982). Esse viés é cognitivo, pois a
identificação com o grupo é capaz de “distorcer” o processamento de informações pelo
293
indivíduo, processo esse denominado in-group bias and out-group prejudice (TAJFEL e
TURNER, 1985). Portanto, cabe perguntar: se o indivíduo primeiro precisa considerar-se
membro de um grupo para então demonstrar um viés favorável aos membros do grupo, será
razoável imaginar que a busca pela socialização com outros fãs do Time antecede a
Identificação com o Time? Ou será que é porque o indivíduo se identifica com um Time
específico que ele busca a socialização com esses fãs?
O Efeito BIRGing e CORFing sugere que os indivíduos tendem a atribuir a Vitória do Time
Esportivo a causas internas e as derrotas do Time Esportivo a causas externas. Essa atribuição
estaria ligada à busca de proteção ao autoconceito do indivíduo. (CIALDINI, BORDEN, et
al., 1976). Quando o Time Esportivo vence, o Fã do Esporte costuma dizer “nós vencemos”, o
que seria uma forma de aproximação do self do indivíduo de um objeto de sucesso, com
implicações positivas na autoestima do Fã do Esporte. Por outro lado, quando o Time
Esportivo perde, o Fã do Esporte costuma dizer “o time perdeu”, o que seria uma forma de
distanciamento do self do indivíduo de um objeto de fracasso. Dessa forma, o indivíduo
protegeria seu autoconceito, ainda que inconscientemente (WANN e BRANSCOMBE, 1990).
Esse fenômeno está ligado à teoria da atribuição (WEINER, 1980) e explica porque as
derrotas do time geralmente são atribuídas a causas externas. Com efeito, ao fazer o CORFing
(Cutting of Reflected Failure), o Fã do Esporte está justamente “afastando seu self” do objeto
fracassado, para, assim, proteger seu autoconceito. Um exemplo prático de CORFing ocorre
quando, após a derrota do time, o Fã do Esporte reage da seguinte forma: “perdemos porque
esse juiz é ladrão e o nosso técnico é burro”.
Os indivíduos com maior identificação com o Time teriam uma maior propensão a fazer
BIRGing enquanto os indivíduos com menor identificação teriam uma menor propensão de
fazer BIRGing (JONES, 2000). Portanto, cabe perguntar: se os indivíduos com maior
Identificação com o Time possuem uma maior propensão a fazer BIRGing, será que então a
Identificação com o Time não deveria ser considerada o fator antecedente que influencia o
BIRGing? Cabe até mesmo uma interpretação semântica dos termos utilizados: o efeito
BIRGing se refere à Basketing in Reflected Glory (regozijar-se na glória refletida). O termo
Reflected cunhado por Cialdini e Borden (1976), portanto, não poderia ser considerado, por si
só, um indício de que essa teoria foi conceitualmente elaborada como reflexiva?
294
Dessa forma, ao revisitar o Referencial Teórico à luz dos resultados encontrados no presente
estudo, propõe-se que a adoção de uma abordagem reflexiva é mais coerente com as teorias
apresentadas.
Além disso, no presente estudo, a Identificação do Fã do Esporte com o Time Esportivo foi
modelada alternativamente como um construto de 2a ordem, mensurado a partir das
dimensões Vitória, Socialização e Busca de Informações, concebidas como construtos de 1a
ordem. Esse modelo de mensuração foi testado e validado, tendo apresentado indicadores de
ajuste adequados. Essa variável latente de 2a ordem foi, então,correlacionada à escala geral de
Identificação com o Time, tipicamente utilizada em diversos outros estudos, tendo sido
encontrada uma correlação muito alta e estatisticamente significativa. Esse resultado sugere
que essas escalas podem mensurar o mesmo fenômeno, porém de maneiras distintas. Portanto,
a sexta contribuição teórica do presente estudo se refere à constatação de que é possível
mensurar o grau de Identificação do Fã do Esporte com o Time Esportivo a partir das
dimensões de Vitória, Socialização e Busca de Informações.
A quinta e a sexta questões também utilizaram a mesma lógica de abordagem reflexiva,
porém focalizando a Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade Esportiva e a
Identificação do Fã do Esporte com as Celebridades do Esporte.
5.2.1.5. Quinta Questão
A quinta questão também está relacionada à Identificação do Fã do Esporte com elementos
tipicamente considerados como “motivações”, porém concebidos nesta pesquisa como reflexo
da Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade Esportiva – no caso, o futebol.
Questão 5: A Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade Esportiva
influencia a percepção da beleza, a apreciação do drama e o sentimento de
escapismo associados ao Consumo do Evento Esportivo?
Pode-se especular que a resposta é “sim”, a Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade
Esportiva pode influenciar a percepção de beleza do esporte, a experiência do drama e o
sentimento de escapismo associados ao Consumo do Evento Esportivo.
A justificativa teórica para a utilização da abordagem reflexiva já foi apresentada e discutida
na resposta à quarta questão. A argumentação permanece a mesma, ou seja: como poderia o
295
Fã do Esporte apreciar a beleza do esporte, experimentar a emoção dramática das partidas e
exibir um sentimento de escapismo por meio do Consumo do Evento Esportivo sem, antes,
estar identificado com a Modalidade Esportiva?
Tome-se, por exemplo, o sentimento do Fã do Esporte de contemplação da beleza do esporte.
Tipicamente, tal construto é concebido como fator antecedente da Identificação com a
Modalidade Esportiva. Convém, contudo, perguntar: como poderia o indivíduo apreciar a
beleza de uma partida de baseball antes de se identificar com esse esporte? Por que o
indivíduo haveria de experimentar a emoção dramática proporcionada por um perfect game
em um jogo de baseball sem, antes, se identificar com o esporte? Como poderia um indivíduo
usar um jogo de baseball como um instrumento de escapismo sem, antes, se identificar com o
esporte? Será que é razoável conceber a Beleza do Esporte, o Drama do Esporte e o
Escapismo como fatores antecedentes da Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade
Esportiva? Ou será que não seria mais coerente conceber a Beleza do Esporte, o Drama do
Esporte e o Escapismo como reflexos (consequências) da Identificação do Fã do Esporte com
a Modalidade Esportiva?
Assim, defende-se também neste caso a utilização da abordagem reflexiva. Essa abordagem
implica pensar da seguinte forma: “é porque o indivíduo se identifica com a modalidade
esportiva que ele passa a perceber a beleza do esporte, experimentar a emoção proporcionada
pelo aspecto dramático dos jogos e o sentimento de escapismo”.
Além disso, no presente estudo, a Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade Esportiva
foi modelada alternativamente como um construto de 2a ordem, mensurado a partir das
dimensões Beleza, Drama e Escapismo, concebidas como construtos de 1a ordem. Esse
modelo de mensuração foi testado e validado, tendo apresentado indicadores de ajuste
adequados. Essa variável latente de 2a ordem foi então correlacionada à escala geral de
Identificação com a Modalidade, tipicamente utilizada em diversos outros estudos, tendo sido
encontrada uma correlação muito alta e estatisticamente significativa. Esse resultado sugere
que essas escalas podem mensurar o mesmo fenômeno, porém de maneiras distintas. Portanto,
a sétima contribuição teórica do presente estudo se refere à constatação de que é possível
mensurar o grau de Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade Esportiva a partir das
dimensões de Beleza, Drama e Escapismo.
296
5.2.1.6. Sexta Questão
A sexta questão de pesquisa associa a Identificação do Fã do Esporte com construtos
tipicamente considerados como formativos em estudos sobre a Identificação do Fã do Esporte
com a Celebridade Esportiva.
Questão 6: A Identificação do Fã do Esporte com a Celebridade Esportiva
influencia a percepção de confiabilidade, expertise e atratividade da Celebridade
Esportiva?
Pode-se especular que a resposta é “sim”, a Identificação do Fã do Esporte com a Celebridade
do Esporte pode influenciar a percepção de Confiabilidade, Expertise e Atratividade
associados à Celebridade Esportiva.
A justificativa teórica para a utilização da abordagem reflexiva já foi apresentada e discutida
na resposta à quarta questão. A argumentação permanece a mesma, ou seja: como poderia o
Fã do Esporte valorizar a confiabilidade, expertise e atratividade da celebridade sem, antes,
estar identificado com a Celebridade Esportiva?
Tome-se, por exemplo, a dimensão Confiabilidade, que mensura em que medida o Fã do
Esporte julga que a Celebridade do Esporte com a qual ele se identifica é alguém em quem se
pode confiar. Sugere-se que a interpretação mais adequada da relação de causalidade seja a
seguinte “é porque o Fã do Esporte se identifica com a Celebridade Esportiva que ele confia
nela”, e não o contrário. A Social Identity Theory (TAJFEL e TURNER, 1979; TAJFEL,
1982; TAJFEL e TURNER, 1985) sugere que a identificação é um processo
predominantemente cognitivo. Dessa forma, o indivíduo, ao se identificar com alguma pessoa
ou grupo, passaria a processar as informações sobre aquela pessoa ou grupo com quem se
identifica de forma “distorcida”. Com efeito, um estudo realizado por Dietz, End, Demakakos,
Dickirson e Grantz (2002) sobre a reação dos Fãs do Esporte a Celebridades Esportivas que
infringiram a Lei, sugeriu que os Fãs do Esporte tendem a minimizar e relativizar os atos
ilegais cometidos pelas Celebridades Esportivas do seu Time com as quais se identificam,
perdoando-as, porém tendem a ser severos com as Celebridades Esportivas dos Times rivais,
condenando-as pelos mesmos atos. Ou seja, para o Fã do Esporte, haveria “dois pesos e duas
medidas”: ao julgar uma mesma infração cometida por duas Celebridades, uma mereceria o
perdão (aquela com quem o Fã do Esporte se identifica) e a outra mereceria a punição (aquela
Celebridade Esportiva com quem ele não se identifica). Esses resultados reforçam o caráter
297
cognitivo da Social Identity Theory, e sugerem que a Identificação do Fã do Esporte pode
influenciar a percepção de Confiabilidade da Celebridade Esportiva.
Tome-se como outro exemplo a dimensão “Atratividade” da escala de Identificação com a
Celebridade Esportiva. Em princípio, a percepção de Atratividade de um indivíduo é
respaldada por convenções sociais acerca da beleza, de quais traços podem ser considerados
belos dentro dos limites de uma determinada sociedade ou cultura. Com efeito, não é preciso
se identificar com alguém para reconhecer se essa pessoa é bonita; as pessoas são capazes de
fazer esse julgamento simplesmente olhando uma foto da pessoa em questão, o que pode ser
considerado suficiente para avaliar se a pessoa pode ser considerada bonita ou não. Contudo,
de acordo com a Social Identity Theory, se o indivíduo se identifica com alguém, ele passa a
apresentar um viés favorável no processamento de informações acerca daquela pessoa com
quem se identifica, “distorcendo” os fatos favoravelmente em prol do objeto de sua
identificação. Portanto, no contexto deste estudo, argumenta-se que a Identificação poderia
levar o Fã do Esporte a perceber como atrativas as Celebridades do Esporte que, se fossem
simplesmente julgadas pelas regras ou convenções sociais sobre a beleza, não seriam
consideradas atraentes. No presente estudo, um dos jogadores mais mencionados pelos Fãs do
Esporte do Internacional foi o Guiñazu. Pode-se perguntar se esse jogador seria considerado
tão atraente pelos Fãs do Grêmio. Como se trata de uma Celebridade do Esporte para muitos
Fãs do Internacional, esses Fãs atribuem um grau de atratividade a esse jogador que pode ser
resultado da influência de outros traços do próprio jogador, como por exemplo a sua expertise
(talento). A título anedótico, pode-se alegar que a concepção reflexiva utilizada no presente
estudo encontra paralelo no universo das fábulas de La Fontaine “quem ama o feio, bonito lhe
parece”.
Além disso, no presente estudo, a Identificação do Fã do Esporte com a Celebridade Esportiva
foi modelada alternativamente como um construto de 2a ordem, mensurado a partir das
dimensões Confiabilidade, Expertise e Atratividade, concebidas como construtos de 1a ordem.
Esse modelo de mensuração foi testado e validado, tendo apresentado indicadores de ajuste
adequados. Essa variável latente de 2a ordem foi então correlacionada à escala geral de
Identificação com a Celebridade, tipicamente utilizada em diversos outros estudos, tendo sido
encontrada uma correlação muito alta e estatisticamente significativa. Esse resultado sugere
que essas escalas podem mensurar o mesmo fenômeno, porém de maneiras distintas. Portanto,
a oitava contribuição teórica do presente estudo se refere à constatação de que é possível
298
mensurar o grau de Identificação do Fã do Esporte com a Celebridade Esportiva a partir das
dimensões de Confiabilidade, Expertise e Atratividade.
5.2.2. Implicações Gerenciais
Os resultados obtidos no presente estudo apresentam diversas implicações gerenciais para os
profissionais que trabalham com o Marketing Esportivo.
5.2.2.1. Qual é o público-alvo de um Clube de Futebol?
Os resultados do presente estudo sugerem que os Fãs com alta Identificação com o Time
apresentam uma frequência de comparecimento ao estádio cerca de 4 vezes maior do que os
Fãs com baixa identificação com o Time, enquanto os primeiros apresentaram uma frequência
média de comparecimento ao estádio de 8 jogos por ano, os últimos apresentaram uma
frequência média de apenas 2 jogos por ano. Adicionalmente, os Fãs com alta identificação
demonstraram ser relativamente “imunes” ao desempenho do time quando se trata de apoiar o
time por meio do comparecimento ao estádio: ou seja, os Fãs com alta identificação apoiam o
time tanto nos momentos em que o time apresenta alto desempenho quanto nos momentos em
que o time apresenta baixo desempenho. O apoio dos Fãs com alta identificação com o time é
incondicional. Com efeito, a literatura classifica esses torcedores como “Fãs verdadeiros” ou
“duros de matar”. Esse apoio incondicional possivelmente ocorre porque esses Fãs com alta
identificação já internalizaram o time. Por outro lado, quando o time apresenta baixo
desempenho, os Fãs com baixa identificação tendem a reduzir seu comparecimento ao
estádio. Esse comportamento reflete a fragilidade da lealdade comportamental dos Fãs com
baixa identificação. Com efeito, a literatura classifica esses torcedores como “Fãs de estação”
ou “fãs oportunistas”.
Uma vez que os resultados indicam que os Fãs altamente identificados apoiam o time tanto na
vitória quanto na derrota, torna-se oportuno perguntar: qual seria o público-alvo preferencial
para as ações de marketing dos clubes de futebol? Os Fãs que já possuem alta identificação
com o time ou os Fãs que possuem baixa identificação com o time?
De certa forma, torna-se evidente a oportunidade que a “conversão” de parte dos Fãs com
baixa identificação para Fãs com alta identificação poderia representar para o clube em termos
de comparecimento ao estádio, no entanto, em geral as ações de marketing dos clubes de
299
futebol, de forma deliberada ou não, são planejadas ou executadas de tal maneira que
tipicamente acabam por atingir principalmente o Fã com alta identificação. Desta forma,
sugere-se que:
Os clubes de Futebol deveriam estabelecer os Fãs com baixa
identificação com o time como público-alvo preferencial de suas ações
de marketing.
É oportuno, portanto, perguntar: por que motivo os clubes de Futebol tenderiam a focar mais
nos Fãs altamente identificados do que nos Fãs com baixa identificação?
Os Fãs altamente identificados com o time constituem o grupo que “faz mais barulho”, que é
mais impaciente, que mais “pressiona” o clube por mudanças e que dificilmente fica
satisfeito. Provavelmente é muito difícil resistir aos anseios desse grupo de torcedores. E é
muito difícil também responder à altura, uma vez que só há uma maneira de satisfazer esses
Fãs: vencer sempre. Trata-se, portanto, de um objetivo inalcançável.
Uma das características mais marcantes na gestão dos clubes de futebol brasileiros é a
rotatividade dos técnicos. Em poucos países com tradição forte no futebol os técnicos ficam
tão pouco tempo à frente do clube como no Brasil. Trata-se de um fenômeno paradoxal: por
um lado, sabe-se que os técnicos precisam de um tempo mínimo para treinar a equipe, colocar
em prática seu estilo de trabalho, definir um esquema tático, treinar jogadas ensaiadas, e, com
isso, tornar o time competitivo. Por outro lado, os Fãs altamente identificados são os
primeiros a pedir a demissão do treinador após curta sequencia de jogos sem vitória. Muitas
vezes, o treinador assume um time desequilibrado, mal treinado, e é demitido em poucos
meses ou até mesmo semanas, antes mesmo de ter tido tempo hábil de desenvolver o seu
trabalho.
Sabe-se que esse fenômeno pode ser explicado à luz da Teoria da Atribuição. O Fã altamente
identificado atribui a culpa da derrota a uma causa externa. Esse tipo de Fã atribui a derrota a
4 motivos, tipicamente ligados à incompetência ou desvio moral: (a) do árbitro; (b) do
técnico; (c) dos jogadores; ou (d) dos dirigentes.
Assim, os Fãs altamente identificados acabam pressionando o clube por mudanças sempre que
o time apresenta um desempenho abaixo do esperado para esse grupo de Fãs. Convém
perguntar: os Fãs altamente identificados são a maioria?
300
De acordo com os resultados do presente estudo, os Fãs altamente identificados com o time
representam 19,2% do conjunto de torcedores (extremidade superior da escala de
Identificação com o Time). Constituem a minoria que mais comparece ao Estádio. São a
minoria que mais faz barulho, que mais reclama, que mais pressiona os dirigentes do clube.
Contudo, de acordo com a pesquisa publicada pela Casual Auditores a maior parte das
receitas dos grandes clubes brasileiros de futebol não vem da bilheteria do Estádio, mas sim
da transferência de jogadores, comercialização dos direitos de imagem, do patrocínio e da
publicidade. Portanto, cabe questionar mais uma vez: quem deveria ser o público-alvo das
ações de marketing dos clubes de futebol?
5.2.2.2. O desafio do Curto Prazo versus o Longo Prazo
O questionamento levantado no tópico anterior remete à discussão das estratégias de curto e
longo prazo no contexto dos clubes de futebol. Os clubes deveriam nortear suas decisões
estratégicas, reagindo às pressões imediatistas da minoria de Fãs altamente identificados?
Em primeiro lugar, é preciso reconhecer que, em se tratando do futebol – uma paixão nacional
– pode ser muito difícil manter a racionalidade na tomada de decisões, quando os
“consumidores” (ou os Fãs do time) agem basicamente movidos pelas emoções.
Feita essa ressalva, é preciso discutir a necessidade de uma gestão nos clubes de futebol que
reconheça e compreenda os aspectos psicológicos que envolvem a dinâmica do
comportamento dos Fãs do Esporte. Nesse sentido, é importante considerar o efeito suportado
empiricamente no presente estudo de “deslocamento” dos “elos de ligação” dos Fãs.
Tipicamente, quando um time apresenta um desempenho insatisfatório, os Fãs deslocam sua
identificação de “elos de ligação” como as Celebridades do Esporte para outros elos como o
Time Esportivo e vice-versa.
Esse “deslocamento” da identificação do Fã do Esporte se apresenta aos dirigentes e
executivos dos clubes de futebol na forma de um desafio: Como administrar as demandas de
curto prazo em um clube de futebol sem perder de vista os objetivos de longo prazo?
Sugere-se que, para vencer esse desafio, os executivos considerem o efeito efêmero da
atribuição das derrotas a causas externas pelos Fãs do time. Além disso, é preciso considerar o
efeito do “deslocamento” da Identificação dos Fãs ao longo do tempo, de maneira a não tomar
decisões precipitadas de curto prazo para agradar uma parcela de Fãs altamente identificados
301
quando essas decisões podem comprometer os objetivos de longo prazo. Desta forma, sugere-
se que:
Os dirigentes e executivos de clubes de futebol não deveriam ceder tão
facilmente à pressão dos Fãs altamente identificados. Os clubes não
deveriam sacrificar os objetivos de longo prazo para atender demandas
imediatistas dos Fãs altamente identificados.
O efeito de deslocamento da identificação foi verificado na análise dos resultados do Grêmio
versus Internacional. Os Fãs do Grêmio, por exemplo, ao serem questionados sobre com qual
jogador mais se identificavam, concentraram as respostas no goleiro Victor (51,8%). Já os Fãs
do Internacional distribuíram sua identificação entre muitos jogadores diferentes, destacando-
se D’Alessandro (21,4%), Guiñazu (20,5%) e Leandro Damião (14,4%). Esses resultados não
acontecem por acaso. Nos momentos de bom desempenho, como no caso do time do
Internacional, os Fãs reconhecem as características positivas de muitos jogadores, e se
identificam com muitos deles. Já em momentos de desempenho aquém do esperado, como no
caso do time do Grêmio, os Fãs tendem a reduzir sua identificação com os jogadores.
Nesse sentido, pode-se especular sobre a importância do papel que o goleiro pode
desempenhar na canalização da Identificação dos Fãs com as Celebridades do Esporte. Um
dos possíveis motivos para a alta identificação dos Fãs com o goleiro pode advir do fato de
que, via-de-regra, os goleiros apresentam menor rotatividade nos times do que os atacantes.
Não raro os goleiros permanecem vários anos no mesmo clube, enquanto os jogadores de
outras posições, especialmente os atacantes, trocam de clube com uma frequência maior.
Assim, possivelmente o goleiro seja percebido pelos Fãs como um ícone do jogador “que
veste a camisa”, pois “defende” o clube há muito mais tempo. Dessa forma, esse viés de
“fidelidade” do goleiro ao clube pode proporcionar um “halo” de proteção da imagem dele
nos momentos difíceis de derrota. É oportuno lembrar que, nos períodos de derrota, os Fãs
altamente identificados possuem uma propensão maior de pedir a troca do técnico ou a troca /
contratação de reforços de atacantes do que solicitar a troca do goleiro. O goleiro, de certa
forma, apresenta certa “imunidade” à fúria dos Fãs altamente identificados.
Por fim, pode-se dizer que diferentemente da crença anedótica que prega que “o cliente
sempre tem razão”, no futebol, como o único cliente que tem voz é o Fã altamente
302
identificado com o time e ele “está contaminado pela emoção”, muitas vezes, a melhor
decisão sob o ponto de vista de gestão pode ser ignorar suas “razões”.
5.2.2.3. A hora certa de abdicar de receitas é o momento de sucesso
O presente estudo investigou de maneira exploratória a possível relação circular existente
entre a Identificação do Fã do Esporte, a Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio e
o Comportamento de Consumo de Eventos Esportivos. Evidências empíricas apontam para a
influência multidirecional da relação entre essas variáveis. Ou seja, embora tipicamente o
pensamento seja estruturado de maneira a se conceber que a “identificação do fã do esporte
leva a uma atitude positiva, e essa atitude então leva a um comportamento”, é possível – e
desejável – pensar também da forma inversa: “o comportamento de consumo leva a uma
maior identificação, que, por sua vez, leva a uma atitude positiva”. As implicações gerenciais
dessa mudança de ordem são diversas.
Ao focar na explicação do Comportamento de Consumo do Evento Esportivo, o presente
estudo buscou identificar maneiras de compreender melhor o Fã do Esporte, em especial sua
atitude e comportamento em relação ao comparecimento ao Estádio. Contudo, resta uma
pergunta: se os Fãs que mais frequentam o Estádio são os altamente identificados, e esses Fãs
já frequentam o Estádio, o que o Clube de Futebol poderia fazer para aumentar o Consumo do
Evento Esportivo?
Uma das respostas possíveis para essa questão está baseada justamente na relação circular
entre Identificação, Atitude e Comportamento de Consumo do Evento Esportivo. Se
assumirmos como verdadeiro que a Identificação do Fã do Esporte leva ao Comportamento, e
que o Comportamento também leva à Identificação do Fã do Esporte, por que então não
utilizar a experiência de assistir a jogos no Estádio como “estratégia de indução” de maior
identificação dos Fãs do time?
Sugere-se que os executivos dos clubes considerem a possibilidade de utilizar, no contexto do
Futebol, estratégias promocionais bastante comuns no contexto do Marketing, especialmente
no que tange à atração de novos clientes, como, por exemplo, por meio de “amostras grátis”.
Trata-se de uma estratégia simples, embora custosa. Se bem aplicada, contudo, pode gerar
retorno sobre o investimento no longo prazo.
303
Propõe-se, ainda, que os executivos dos clubes avaliem a possibilidade e conveniência de
utilizar essa lógica de “amostra grátis” junto aos Fãs com baixa identificação. O objetivo é
claro: “transformar” os Fãs com baixa identificação (e baixa lealdade comportamental) em
Fãs com alta identificação (e alta frequência de comparecimento ao Estádio). Uma das
possíveis maneiras de fazer isso é proporcionando a “experiência do Estádio” aos Fãs com
baixa identificação. Conforme o preconizado pela teoria e demonstrado nos Modelos
Alternativos apresentados no capítulo dos Resultados, o Comparecimento ao Estádio pode
influenciar a Identificação do Fã do Esporte. Portanto, ao atrair o Fã com baixa identificação
para o Estádio por meio de uma ação promocional de Marketing que envolva a distribuição de
ingressos parcial ou totalmente subsidiados, o clube estaria fazendo um investimento nesse
Fã, de maneira a aumentar seu nível de identificação, e, dessa, forma, a propensão desse Fã de
retornar ao Estádio na condição de pagante.
Contudo, pergunta-se: qual seria o melhor momento para distribuir ingressos parcial ou
totalmente subsidiados para Fãs com baixa identificação?
O momento mais oportuno para executar ações de Marketing para
atração de Fãs com baixa identificação ao Estádio é o momento de
vitória. É justamente quando o Estádio está mais lotado que os Clubes
de Futebol deveriam fazer esse “investimento” com a eventual renúncia
de resultados de curto prazo em prol do objetivo de aumento dos
resultados futuros por meio de uma base maior de Fãs com alta
identificação.
A melhor ocasião para a execução de ações promocionais é o momento de sucesso, das
vitórias. Isso porque os Fãs com baixa identificação tendem a se afastar “psicologicamente”
do time quando o time apresenta desempenho ruim. Portanto, se o ingresso fosse oferecido a
um Fã com baixa identificação em um momento em que o time está passando por um período
de derrotas, provavelmente ele não iria aproveitar a promoção, mesmo se o ingresso fosse
gratuito. Nesse caso, poderia, talvez, repassar o ingresso para algum amigo ou colega
altamente identificado com o time. E, mesmo que esse Fã com baixa identificação fosse ao
estádio com esse ingresso, essa experiência dificilmente seria “transformadora”, uma vez que
o “clima” do estádio, em um momento de derrotas, seria de lamúria, reclamações e
xingamentos. Por outro lado, o momento de vitórias é completamente diferente: é um
momento em que o Estádio tende a estar mais cheio, a torcida mais vibrante, e o “clima” do
304
estádio muito mais propício para acolher Fãs com baixa identificação de maneira a
transformá-los em Fãs com Alta Identificação.
5.2.2.4. A influência da Faixa Etária: foco nos jovens.
O presente estudo investigou o efeito moderador da Faixa Etária e identificou que tal efeito é
significativo. Ou seja, a Faixa Etária influencia a relação entre a Identificação do Fã e o
Consumo do Evento Esportivo. Essa influência é diferente entre Fãs com menos de 30 anos e
Fãs com mais de 30 anos. Entre os Fãs com menos de 30 anos, verificou-se que a
Identificação do Fã do Esporte influencia diretamente o Comportamento de Consumo de
Eventos Esportivos. Já entre os Fãs com mais de 30 anos, a Identificação possui uma
influência indireta, mediada pela Atitude do Fã em relação ao Comparecimento ao Estádio.
Esses resultados podem sugerir que os jovens possuem um perfil de comportamento mais
“impulsivo”, pois, possivelmente, não atribuem tanto valor ou não fazem muitas
considerações acerca das características associadas ao Estádio. Pode-se especular que o Fã
mais maduro valoriza mais os atributos associados ao estádio, como estacionamento, conforto
dos assentos, entre outros, de forma que a Identificação influencia em primeiro lugar a atitude
favorável ao Estádio, e então essa atitude é que pode levar à decisão de comparecer ou não ao
estádio. Possivelmente, na condição de variável mediadora, a Atitude em relação ao
Comparecimento ao Estádio é influenciada também por outros aspectos relacionados ao
estágio de vida e à família. Desta forma, sugere-se que:
Os fãs mais jovens representam um segmento com alto potencial a ser
explorado em ações promocionais de Clubes de Futebol. Esse grupo de
Fãs deveria ser considerado um segmento-foco, visto que nesse
segmento, a maior Identificação do Fã com a Modalidade, com o Time e
com a Celebridade influenciam diretamente o Consumo do Evento
Esportivo.
5.2.2.5. A influência do Gênero: a diferença entre mulheres torcedoras e mulheres que
gostam de futebol.
O presente estudo suportou a existência do efeito moderador do Gênero. Como era esperado,
os homens apresentam maior nível de Consumo de Eventos Esportivos. Contudo, os
305
resultados do estudo sugerem que enquanto a influência da Identificação no Consumo do
Evento Esportivo para os homens é significativa nos 3 “elos de ligação” considerados –
Identificação com a Modalidade Esportiva, Identificação com o Time Esportivo e
Identificação com a Celebridade Esportiva – entre as mulheres apenas a Identificação com a
Modalidade Esportiva apresentou significância prática.
Em outras palavras, poder-se-ia dividir as mulheres em dois grupos: as que gostam e as que
não gostam de futebol. É interessante notar, entretanto, que existem mulheres que torcem para
o time mesmo sem gostar de futebol. E não são poucas. Isso sugere que o grau de conexão
que tais torcedoras mantêm com o Esporte á baixo, provavelmente insuficiente para “acionar”
o comportamento de Consumo Esportivo dessas Fãs. Desta forma, sugere-se que:
Ao planejar e executar ações de Marketing orientadas ao público
feminino, não se deveria focar simplesmente nas mulheres que se
declaram torcedoras, pois há indícios de que o que efetivamente
influencia o Comportamento de Consumo do Evento Esportivo entre as
mulheres é a Identificação com a Modalidade Esportiva, ou seja, o gosto
pelo Futebol.
A questão que se impõe então é: como transformar essas Fãs do Esporte, torcedoras do Time
Esportivo, que não gostam do Futebol, em torcedoras que gostam do Futebol? A resposta
talvez seja a mesma, ou seja, proporcionando a essas mulheres a oportunidade de viver a
experiência do Futebol por meio do comparecimento ao estádio em um momento de vitória do
time.
306
5.3. LIMITAÇÕES DO ESTUDO
O presente estudo apresenta algumas limitações como consequência das escolhas
metodológicas, mais especificamente, relativas (a) ao modelo conceitual; (b) à
operacionalização das escalas; (c) à população-alvo e amostra; (d) à coleta dos dados; e (e) ao
método de análise dos dados.
5.3.1. Limitações relativas ao Modelo Conceitual
O modelo conceitual proposto contempla diversas variáveis antecedentes do Consumo do
Evento Esportivo variáveis de controle, variáveis mediadoras e variáveis moderadoras da
relação entre a Identificação do Fã do Esporte e o Consumo do Evento Esportivo. Sabe-se,
contudo, que esse modelo não contempla todas as variáveis que poderiam influenciar de
alguma maneira o fenômeno em estudo. Possivelmente outros aspectos influenciam positiva
ou negativamente a Atitude dos Fãs de frequentar ou não o Estádio. Variáveis como os
atributos específicos de cada jogo, como a qualidade do time adversário, conveniência da data
e horário do jogo, aspectos promocionais, preço dos ingressos (ZHANG, PEASE, et al., 1995)
e as características do Estádio, como o conforto dos assentos, a facilidade de acesso, a
percepção de segurança, os serviços de alimentação, limpeza dos banheiros (WAKEFIELD e
SLOAN, 1995) são apontados na literatura como fatores antecedentes importantes do
Consumo do Evento Esportivo. Contudo, tais fatores não foram contemplados no modelo
conceitual deste estudo, uma vez que o recorte do estudo foi centrado na influência da
Identificação do Fã no Consumo do Evento Esportivo.
Adicionalmente, o modelo não reflete as relações bidirecionais ou o possível efeito de uma
relação circular entre a variável dependente (Comportamento de Consumo do Evento
Esportivo) e as variáveis independentes (Identificação do Fã do Esporte), ou ainda, entre a
variável dependente (Comportamento de Consumo do Evento Esportivo) e a variável
mediadora (Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio). Esse possível efeito circular
é discutido por Klandermans, Sabucedo, Rodriguez e Weerd (2002), porém em outro
contexto.
307
5.3.2. Limitações relativas às Escalas
Todas as escalas utilizadas no presente estudo foram traduzidas para o Português por meio de
um processo de Tradução Reversa. Apesar de todos os cuidados observados nesse processo, a
técnica não assegura que as escalas resultantes não apresentem problemas decorrentes de
diferenças de significado quando aplicadas a um contexto cultural distinto daquele em que
foram propostas (MALHOTRA, 2001). Com efeito, a decisão de manter todos os itens das
escalas originais, com o objetivo de preservar a comparabilidade dos resultados deste estudo
com os estudos anteriores, acarreta, como consequência, uma possível inadequação cultural
de alguns itens. Buscou-se amenizar essa inadequação por meio da busca de equivalência
semântica na tradução reversa (e não simplesmente tradução literal).
5.3.3. Limitações relativas à População-alvo e Amostra
O presente estudo utilizou uma amostra de Fãs de dois Times de futebol rivais: Grêmio e
Internacional. Foram realizadas 1180 entrevistas, utilizando-se amostragem aleatória em cerca
de 40 bairros do município de Porto Alegre. Assim, os resultados do presente estudo podem
ser generalizados para a população estudada, contudo não deveriam ser extrapolados para os
Fãs do Grêmio e do Internacional residentes em outros municípios, tampouco para outros
Times Esportivos, visto que uma parte importante dos resultados obtidos é dependente do
Time Esportivo, variável utilizada como controle nesse estudo.
5.3.4. Limitações relativas à Coleta dos Dados
Para realizar a coleta de dados foi utilizada uma equipe de entrevistadores treinados. Como a
coleta de dados foi realizada utilizando a técnica de coleta assistida, em que o entrevistador
faz as perguntas oralmente aos entrevistados e então registra a resposta no questionário, é
preciso reconhecer a influência da variabilidade das características pessoais de cada
entrevistador nas respostas dos entrevistados. Características como o tom de voz, ânimo ou
até mesmo a possibilidade de maior ou menor empatia do respondente com o entrevistador
podem influenciar a resposta (MALHOTRA, 2001). De toda sorte, diversas medidas foram
308
tomadas para minimizar esse tipo de influência, como o treinamento, a supervisão de campo e
a restrição de entrevistadores do gênero feminino, conforme discutido no capítulo do método.
5.3.5. Limitações relativas ao Método de Análise
Para o teste das hipóteses substantivas do estudo, foi escolhido o método de Modelagem de
Equações Estruturais. Essa escolha deveu-se em virtude da possibilidade de explorar uma
série de relações de dependência múltipla inter-relacionadas e estimar variáveis latentes,
explicando, desse modo, o erro de mensuração no processo de estimação – permitindo avaliar
em que medida as variáveis observáveis não representam perfeitamente as variáveis latentes
consideradas no modelo, considerando, também, o erro de mensuração da variáveis latentes
(HAIR, BLACK, et al., 1999). No entanto, a técnica supõe a existência de relações lineares
entre as variáveis, o que não se pode garantir no presente estudo.
Outra restrição do método é a pressuposição de multinormalidade. No presente estudo, não se
esperava multinormalidade das variáveis independentes, pois como a autodeclaração do
indivíduo como torcedor do time esportivo foi utilizada como pergunta de filtro, não seria
possível esperar que a amostra proporcionasse característica homocedástica às escalas. Essa
restrição foi contornada utilizando-se a técnica ADF, que relaxa essa exigência. No entanto,
exige amostras bem maiores para os extratos (KLINE, 2005). Embora o tamanho da amostra
no presente estudo possa ser considerado alto (N=1180), algumas análises não puderam ser
realizadas em virtude do tamanho do estrato se tornar muito pequeno ao se realizar diversas
“quebras” (por exemplo: mulheres coloradas com menos de 30 anos e com baixa identificação
com o time). Assim, não foi possível verificar o efeito moderador distintivo entre Gênero e
Faixa etária para os torcedores de cada um dos Times da amostra.
5.4. SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS
O modelo conceitual proposto neste estudo pode ser testado e validado para outras
Modalidades Esportivas e outros Times Esportivos. Pode-se testar ainda o possível efeito
moderador de outras variáveis sócio demográficas e considerar outras categorias de Consumo
Esportivo além do comparecimento ao estádio. Adicionalmente, o modelo conceitual pode ser
309
estendido para incluir outras variáveis que influenciam direta ou indiretamente o Consumo
Esportivo. Finalmente, sugere-se a realização de testes para suportar empiricamente a
presença de relações circulares entre as variáveis do modelo.
5.4.1. Validação para outras Modalidades Esportivas
O presente estudo investigou a influência da Identificação do Fã do Esporte com a
Modalidade Esportiva no Consumo de Eventos Esportivos no contexto do Futebol
Profissional no Brasil. Em virtude de estudos anteriores sugerirem que Fãs Esportivos de
diferentes Modalidades Esportivas apresentam diferentes “motivações” e distintos perfis
(WANN, GRIEVE, et al., 2008), no presente estudo optou-se pelo controle da amostra,
restringindo-se a coleta de dados aos torcedores de futebol. Assim, sugere-se que estudos
futuros validem o modelo conceitual proposto no presente estudo para outras Modalidades
Esportivas de esportes coletivos, tais como Futsal, Basquete ou Vôlei, entre outras.
5.4.2. Validação para outros Times Esportivos
No presente estudo optou-se pelo controle da amostra, restringindo-se a coleta de dados aos
torcedores de futebol, ambos pertencentes à primeira divisão do Futebol Brasileiro, com sede
no Município de Porto Alegre, RS. Assim, sugere-se que estudos futuros validem o modelo
conceitual proposto no presente estudo para outros Times Esportivos, com sede em outras
cidades, em outras Unidades da Federação ou até mesmo em outros países. Adicionalmente,
convém notar que no presente estudo escolheu-se Porto Alegre como locus da pesquisa em
virtude da presença de apenas dois times rivais, que praticamente dividem a torcida em dois
segmentos de mesmo tamanho. Sugere-se, portanto, o teste do modelo conceitual em cidades
com mais de dois times, por exemplo, São Paulo ou Rio de Janeiro; ou ainda o teste do
modelo para times esportivos de cidades distintas, por exemplo, Flamengo e Corinthians.
310
5.4.3. Validação com outras variáveis moderadoras
O gênero e a faixa etária do Fã do Esporte foram usados no presente estudo como variáveis
moderadoras da relação entre a Identificação do Fã do Esporte e o Consumo do Evento
Esportivo. Todavia, inúmeros estudos na área de Marketing sugerem que diversas outras
variáveis sociodemográficas do consumidor influenciam seu comportamento de consumo, tais
como a classe econômica, estágio de vida, grau de instrução, ocupação, entre outras. Futuros
estudos sobre o Consumo de Eventos Esportivos poderiam considerar o efeito dessas outras
variáveis, testando, inclusive, se elas exercem efeito moderador na relação entre a
identificação do Fã e o Comportamento de Consumo.
5.4.4. Validação para outras categorias de Consumo Esportivo
O presente estudo investigou a Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio e o
Comportamento de Consumo do Evento Esportivo. Assim, embora a frequência de
comparecimento ao Estádio seja uma categoria de Consumo Esportivo importante, há
diversos outros tipos de Consumo Esportivo que poderiam ter sido utilizados como variável
dependente. Sugere-se que estudos futuros testem a validade do presente modelo conceitual
para outras categorias de Consumo Esportivo, por exemplo seguindo as categorias propostas
por Fullerton e Merz (2008).
5.4.5. Consideração de outras Variáveis Influenciadoras
O modelo testado no presente estudo foi capaz de explicar entre 38% (Grêmio) e 44%
(Internacional) da variância do Comportamento de Consumo do Evento Esportivo. Julgou-se
que a variância explicada no presente estudo foi bastante alta, tendo em vista que diversos
outros aspectos relevantes para o Consumo do Evento Esportivo no Estádio não foram
considerados no escopo deste estudo. Dessa forma, sugere-se que estudos futuros considerem
outros aspectos relevantes para explicar o Consumo do Evento Esportivo, principalmente: (a)
os atributos específicos de cada jogo, como a qualidade do time adversário, conveniência da
data e horário do jogo, aspectos promocionais, preço dos ingressos (ZHANG, PEASE, et al.,
1995) e (b) as características do estádio que influenciam a experiência do Consumo do Evento
311
Esportivo, como o conforto dos assentos, a facilidade de acesso do Estádio, a percepção de
segurança, os serviços de alimentação, limpeza dos banheiros, entre outros (WAKEFIELD e
SLOAN, 1995).
Além disso, é importante reconhecer que as escalas utilizadas não abordam, de maneira
profunda e/ou completa, o efeito que períodos de supremacia de um time rival sobre o outro –
como no caso do Grêmio e do Internacional – podem ter sobre o fã. Na população-alvo, esse
efeito de polarização é por vezes denominado de “efeito gangorra”: enquanto um time está
bem, o outro está mal, e vice-versa. Acredita-se que esse fenômeno tem influência não apenas
na escolha do time ou assimilação da identidade esportiva durante a infância, como também
na ativação da paixão pelo esporte na vida adulta do torcedor. Contudo, esse efeito de
“décadas de vitória” ou supremacia de um time rival sobre o outro não foi capturado
diretamente pelas escalas utilizadas.
5.4.6. Investigação da �atureza Circular das Relações do Modelo
O presente estudo investigou a influência simultânea da Identificação do Fã do Esporte com a
Modalidade Esportiva, com o Time Esportivo e com a Celebridade do Esporte na Atitude do
Fã do Esporte em relação ao Comparecimento ao Estádio e no Comportamento de Consumo
do Evento Esportivo. O modelo estrutural foi concebido de sorte a considerar uma sequência
de efeitos iniciando-se com a Identificação do Fã do Esporte, passando pela Atitude e
culminando no Comportamento de Consumo. Contudo, conforme apresentado no Referencial
Teórico, estudos anteriores que se apoiaram na Social Identity Theory em outros contextos
sugerem um efeito circular entre Identificação, Atitude e Comportamento. Por isso, no
presente estudo, foram modelados, em caráter exploratório, dois modelos conceituais
alternativos. Os resultados de ajuste dos modelos alternativos oferecem indícios iniciais que
sugerem a circularidade da relação entre Identificação, Atitude e Comportamento no contexto
esportivo. Contudo, para validar essa relação de circularidade, será preciso que estudos
futuros investiguem essa proposição, possivelmente utilizando-se de uma técnica de pesquisa
longitudinal, ou então de experimentos. Alternativamente, sugere-se o uso de técnicas capazes
de estimar a relação de causa e efeito em relações circulares, como a técnica de System
Dynamics.
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WAKEFIELD, K.; WANN, D. L. An Examination of Dysfunctional Sports Fans: Method of Classification and Relationships with Problem Behaviors. Journal of Leisure Research, 38, 2006. 168-186.
WANN, D. L. Preliminary Validation of the Sport Fan Motivation Scale. Journal of Sport and Social Issues, November 1995. 377-396.
WANN, D. L. Preliminary Validation of a Measure for Assessing Identification as a Sport Fan: The Sport Fandom Questionnaire. International Journal of Sport Management, 3, 2002. 103-115.
WANN, D. L. Measuring Sport Team Identification and Commitment: An Empirical Comparison of the Sport Spectator Identification Scale and the Psychological Commitment to Team Scale. �orth American Journal of Psychology, 5, 2003. 365-372.
WANN, D. L. et al. The Five Factor Model of Personality and the Psychological Health of Highly Identified Fans. International Sports Journal, 2004. 28-36.
WANN, D. L. et al. Motivational Profiles of Sport Fans of Different Sports. Sport Marketing Quarterly, v. 17, p. 6-19, 2008.
WANN, D. L.; BRANSCOMBE, N. R. Die-Hard and Fair-Weather Fans: Effects of Identification on BIRGing and CORFing Tendencies. Journal of Sport and Social Issues, v. 14, n. 2, p. 103-117, 1990.
WANN, D. L.; BRANSCOMBE, N. R. Sports Fans: Measuring Degree of Identification with Their Team. International Journal of Sport Psychology, 24, n. 1, 1993. 1-17.
WANN, D. L.; BRANSCOMBE, N. R. Influence of identification with a sports team on objective knowledge and subjective beliefs. International Journal of Sport Psychology, 26, 1995. 551-567.
WANN, D. L.; SCHINNER, J.; KEENAN, B. Male's impressions of Female Fans and Nonfans: "there really is somenthing about Mary". Journal of Psychology, v. 3, n. 2, p. 183-192, 2001.
ZHANG, J. J. et al. Variables affecting the spectator decision to attend NBA games. Sport Marketing Quarterly, 4, Dec 1995. 29-39.
320
AP�DICES
Apêndice 1 Questionário
Apêndice 2: Cartões utilizados na coleta de dados
Apêndice 3: Resultados do Pré-teste
Apêndice 4: Detalhamento das Escalas
321
Apêndice 1: Questionário
322
323
324
325
326
327
328
329
330
331
332
333
334
Apêndice 2: Cartões utilizados na coleta de dados
335
336
337
Apêndice 3: Resultados do Pré-teste
338
Apêndice 3-1 – Identificação com a Modalidade Esportiva: formulação original dos itens, tradução e alterações no pré-teste
Escala e autores
Dimensão Formulação original dos itens Tradução do Inglês para o Português
Tradução reversa do Português para o Inglês
Formulação final após o Pré-teste
Escala PAI-r, Braunstein, Zhang e Trail (2011)
Sports
Identification, ou Identificação com o Esporte
First and foremost, I consider
myself a soccer fan.
Em primeiro lugar, eu me considero um Fã do futebol.
Above all else, I consider myself a
soccer fan.
Acima de tudo, me considero um(a) Fã de futebol.
Being a fan of soccer is very
important to me.
Ser um Fã do futebol é muito importante para mim.
Being a soccer fan is very
important to me.
Ser um(a) Fã de futebol é muito importante para mim.
Soccer is my favorite sport. O futebol é meu esporte favorito. Soccer is my favorite sport. O futebol é meu esporte favorito. Escala MSSC, Trail e James (2001)
Aesthethics, ou Beleza do Jogo
I appreciate the beauty inherent
in the game.
Eu apreciou a beleza inerente ao jogo de futebol.
I appreciate the beauty of the
game of soccer.
Eu aprecio a beleza de um bom jogo de futebol.
There is a certain natural beauty
to the game.
Existe uma certa beleza natural ao jogo de futebol.
Soccer is a beautiful game to
watch.
O futebol é um esporte bonito de se ver.
I enjoy the gracefulness
associated with the game.
Eu apreciou o encantamento do jogo de futebol.
I appreciate the elegance of a
soccer match.
Eu aprecio a elegância do futebol.
Drama,
ou Drama I enjoy dramatic games. Eu aprecio jogos de futebol
dramáticos. I like dramatic soccer matches. Eu gosto de jogos de futebol
dramáticos. I prefer a close game rather than
a one-sided game.
Eu prefiro um jogo de futebol bem disputado do que um jogo fácil.
I prefer a well-disputed “close”
game of soccer rather than a one-
sided game.
Eu prefiro um jogo de futebol bem disputado a um jogo fácil.
A game is more enjoyable to me
when the outcome is not decided
until the very end.
Um jogo de futebol é mais gostoso quando o resultado só é decidido nos últimos minutos.
I prefer matches where the
outcome is determined in the final
minutes of the game
Eu gosto mais de um jogo de futebol quando o resultado é decidido nos últimos minutos.
Escape, ou Escapismo
Games represent an escape for
me from my day-to-day activities.
Para mim os jogos de futebol representam uma válvula de escape das minhas atividades diárias.
To me, soccer games represent an
escape from stress and every day
worries.
Para mim, assistir ao futebol é uma válvula de escape das atividades do dia-a-dia.
Games are a great change of
pace from what I regularly do.
Os jogos de futebol são uma mudança de ritmo do eu regularmente faço.
Soccer games offer me a change
of pace from what I normally do.
Assistir futebol é uma mudança de ritmo em relação ao que faço normalmente.
I look forward to the games
because they are something
different to do.
Eu gosto dos jogos de futebol porque eles são algo diferente para se fazer.
I like soccer because it breaks
routine. Eu gosto de assistir jogos de futebol porque isso me permite sair da rotina.
Fonte: elaborado pelo autor
339
Apêndice 3-2 - Identificação com o Time: formulação original dos itens, tradução e alterações no pré-teste
Escala e autores
Dimensão Formulação original dos itens Tradução do Inglês para o Português
Tradução reversa do Português para o Inglês
Formulação final após o Pré-teste
Escala PAI, Robinson, Trail e Kwon (2003)
Team
Identification, ou Identificação com o Time
I consider myself to be a “real”
fan of [team name].
Eu me considero um verdadeiro Fã do time do [Grêmio/Inter].
I consider myself a true [team
name] fan.
Eu me considero um(a) [Gremista/Colorado(a)] de verdade.
I would experience a loss if I had
to stop being a fan of [team name].
Eu experimentaria uma perda se tivesse que deixar de ser Fã do [Grêmio/Inter].
I would feel lost if I had to stop
being a [Grêmio/Inter] fan.
Eu me sentiria perdido(a) se tivesse que deixar de ser torcedor do [Grêmio/Inter].
Being a fan of [team name] is very
important to me.
Ser um Fã do [Grêmio/Inter] é muito importante para mim.
Being a [Grêmio/Inter] supporter
is very important to me.
Ser um(a) torcedor(a) do [Grêmio/Inter] é muito importante para mim.
Escala MSSC, Trail e James (2001)
Achievement, ou Realização com a Vitória
I feel a personal sense of
achievement when the team does
well.
Eu sinto um sentimento de realização pessoal quando o [Grêmio/Inter] joga bem,
I feel a sense of accomplishment
when [Grêmio/Inter] plays well.
Eu me sinto realizado(a) quando o [Grêmio/Inter] joga bem.
I feel like I have won when the
team wins.
Eu sinto como se eu tivesse vencido quando o [Grêmio/Inter] vence.
When [Grêmio/Inter] wins, I feel
as if I have won too.
Quando o [Grêmio/Inter] vence, sinto como se eu mesmo(a) tivesse vencido.
I feel proud when the team plays
well.
Eu me sinto orgulhoso quando o [Grêmio/Inter] joga bem.
I feel proud when [Grêmio/Inter]
plays well.
Eu me sinto orgulhoso(a) quando o [Grêmio/Inter] ganha.
Knowledge, ou Busca de Informação
I regularly track the statistics of
specific players.
Eu frequentemente acompanho as estatísticas de alguns jogadores.
I look for information on the
performance of some of the
[Grêmio/Inter] players.
Eu busco informações sobre o desempenho de alguns jogadores do [Grêmio/Inter].
I usually know the team’s win/loss
record.
Eu conheço o histórico de vitórias e derrotas do [Grêmio/Inter].
I usually remember the wins and
losses of [Grêmio/Inter].
Eu procuro me informar sobre os resultados das partidas do [Grêmio/Inter].
I read the box scores and team
statistics regularly.
Eu leio a pontuação e as estatísticas do [Grêmio/Inter] regularmente.
I regularly follow information
about [Grêmio/Inter].
Eu acompanho as notícias sobre o time do [Grêmio/Inter].
Social
Interactions, ou Interações Sociais
Interacting with other fans is a
very important part of being at
games.
Interagir com outros Fãs é uma parte muito importante de ir ao estádio.
I like going to stadiums to cheer
along with other fans.
Gosto de me encontrar com outros Fãs para torcer pelo [Grêmio/Inter].
I like to talk to other people sitting
near me during games.
Eu gosto de conversar com outras pessoas que sentam próximo de mim no estádio.
I love to chat with other fans sitting
near me at the stadium.
Gosto de conversar com outros Fãs sobre o desempenho do [Grêmio/Inter].
Games are great opportunities to
socialize with other people.
Ir ao estádio é uma ótima oportunidade de socialização com outras pessoas.
The stadium is a great place to
interact with other fans.
Torcer pelo [Grêmio/Inter] é uma maneira de socializar com outros Fãs.
340
Apêndice 3-3 – Identificação com as celebridades esportivas: formulação original dos itens, tradução e alterações no pré-teste
Escala e autores
Dimensão Formulação original dos itens Tradução do Inglês para o Português
Tradução reversa do Português para o Inglês
Formulação final após o Pré-teste
Escala PAI-r, Braunstein, Zhang e Trail (2011)
Athlete
Identification, ou Identificação com o Jogador
I follow soccer because I am fan
of [athlete name].
Eu acompanho futebol por causa do [nome do jogador].
I follow soccer because of [athlete
name].
Um dos motivos pelos quais acompanho futebol é o [nome do jogador].
I identify with [athlete name]. Eu me identifico com o [nome do jogador].
I identify with [athlete name]. Eu me identifico com o [nome do jogador].
I am a big fan of [athlete name]. Eu sou um grande Fã do [nome do jogador].
I am a big fan of [athlete name]. Eu sou um grande Fã do [nome do jogador].
Escala Source
Credibility, Ohanian (1990)
Trustworthi-
ness, ou Confiabili-dade
Dependable – Undependable Eu acredito que o [nome do jogador] é digno de confiança.
I believe that [name of player] is
trustworthy.
Eu acredito que o [nome do jogador] é digno de confiança.
Honest – dishonest [...]a é honesto. […]c is honest. [...]a é honesto.
Reliable – Unreliable [...]a é confiável. […]c is reliable. [...]a é confiável.
Sincere – Insincere [...]a é sincero. […]c is sincere. [...]a é sincero.
Trustworthy – Untrustworthy [...]a é alguém em que se pode acreditar.
[…]c is someone we can believe. [...]a é alguém em que se pode
acreditar. Expertise Expert – 5ot an expert Eu acredito que o [nome do jogador]
é um especialista. I believe [name of player] is an
expert.
Eu acredito que o [nome do jogador] é um especialista.
Experienced – Inexperienced [...]a é experiente. […]c has experience. [...]a é experiente.
Knowledgeable –
Unknowledgeable
[...]a é inteligente. […]c is well informed. [...]a é inteligente.
Qualified – Unqualified [...]a é qualificado. […]c is qualified. [...]a é qualificado.
Skilled – Unskilled [...]a é habilidoso. […]c is skilled. [...]a é habilidoso.
Attractiveness, ou Atratividade (respondentes gênero feminino)
Attractive – Unattractive Eu acredito que o [nome do jogador] é atraente.
I believe [name of player] is
attractive.
Eu acredito que o [nome do jogador] é atraente.
Classy – 5ot Classy [...]a tem classe. […]c has class. [...]a tem classe.
Beautiful – Ugly [...]a é bonito. […]c is handsome. [...]a é bonito.
Elegant – Plain [...]a é elegante. […]c is elegant. [...]a é elegante.
Sexy – 5ot Sexy [...]a é sensual. […]c is sexy. [...]a é sensual.
Attractiveness, ou Atratividade (respondentes gênero masculino)
Attractive – Unattractive Eu acredito que o [nome do jogador] é atraente.
I believe [name of player] is
attractive.
Eu acredito que em geral as mulheres acham que o [nome do jogador] é atraente.
Classy – 5ot Classy [...]a tem classe. […]c has class. [...]b tem classe.
Beautiful – Ugly [...]a é bonito. […]c is handsome. [...]b é bonito.
Elegant – Plain [...]a é elegante. […]c is elegant. [...]b é elegante.
Sexy – 5ot Sexy [...]a é sensual. […]c is sexy. [...]b é sensual.
341
Apêndice 4: Detalhamento das Escalas Avaliadas
(1) Escala SFMS – Sport Fan Motivation Scale
Autor: Daniel Wann
Artigo: Preliminary Validation of the Sport Fan Motivation Scale, Journal of Sport and Social Issue (1995)
Síntese: a escala SFMS foi proposta como uma escala para mensurar diversas motivações dos Fãs de esporte. Foi uma das primeiras escalas apresentadas na literatura para esse fim, e é uma das mais citadas nos estudos de Marketing Esportivo. A SFMS contempla 8 dimensões e totaliza 23 itens.
Dimensão Itens
Eustress
One of the main reasons I watch, read and/or discuss sports is that I get pumped up when I am watching my favorite teams.
One of the main reasons that I watch, read and/or discuss sports is that I enjoy being physiologically aroused by the competition.
I like the stimulation I get from watching sports.
Self-Steem Benefits
One of the main reasons I watch, read and/or discuss sports is that doing so makes me feel good when my team wins.
I enjoy watching sports because it increases my self esteem.
To me, my favorite team´s successes are my successes and their losses are my losses
Escape
One of the main reasons I watch, read and/or discuss sports is that doing so gives me the opportunity to temporarily escape life´s problems.
One of the main reasons I watch, read and/or discuss sports is that doing so allows me to forget about my problems.
To me, watching, reading, and/or discussing about sports is like daydreaming because it tales me away from life´s hassles.
Entertainment
I enjoy sports because of their entertainment value.
I enjoy watching, reading, and/or discussing sports simply because it is a good time.
To me, sports spectating is simply a form of recreation.
Economic
One of the main reasons I watch, read and/or discuss sports is so I can bet on the sporting events.
Sports are enjoyable only if you can bet on the outcome.
Making wagers is the most enjoyable aspect of being a sport fan.
Aesthethics
One of the main reasons I watch, read and/or discuss sports is for the artistic value.
One of the main reasons I watch, read and/or discuss sports is that I enjoy the beauty and grace of sports.
I enjoy watching sport events because to me sports are a form of art.
342
Group Affiliation
One of the main reasons I watch, read and/or discuss sports is because most of my friends are sports fans.
One of the main reasons I watch, read and/or discuss sports is I am the kind of person who likes to be with other people.
I enjoy watching sports more when I am with a large group of people
Family
I like to watch, read and/or discuss sports because doing so fives an opportunity to be with my spouse.
I like to watch, read and/or discuss sports because doing so fives an opportunity to be with my family.
.
343
(2) Escala SDMI – Sport Decision Making Inventory
Autor: Zhang, Pease, Hui e Michaud
Artigo: Variables affecting the spectator decision to attend 5BA games, Sport Marketing Quarterly (1995)
Síntese: a escala SDMI foi proposta como uma escala multidimensional para mensurar diversas motivações dos Fãs na decisão de comparecimento às arenas de basquete da NBA. A SDMI foca em atributos relativos ao Evento Esportivo, ou seja, foca nas características do jogo – como os aspectos promocionais, a conveniência do horário da partida e a qualidade/atratividade do time adversário – o que a diferencia de diversas escalas de motivação que focam nas motivações “de longo prazo” do Fã. A escala SDMI ontempla 4 dimensões e totaliza 14 itens.
Dimensão Itens
Game Promotion
Advertising
Publicity
Direct mail & notification
Good Seats
Giveaway/prize
Ticket Discount
Home Team
Win/loss records
League standing
Superstars
Overall Team Performance
Opposing Team Overall Team Performance
Superstar
Schedule
Convenience
Game time (evening)
Game time (weekend)
344
(3) Escala FAM – Fan Attendance Motivation
Autor: Lynn Kahle, Keneeth Kambara, Gregory Rose
Artigo: A functional Model of Fan Attendance Motivation for College Football, Sport Marketing Quarterly
(1996)
Síntese: a escala FAM foi proposta como uma escala multidimensional para mensurar diversas motivações dos Fãs, com base na teoria dos 3 Processos de Mudança de Atitude – Identificação, Internalização e Conformidade – propostos por Kelman (1958). A escala FAM contempla 7 dimensões.
Dimensão Itens
Compliance
I only go to football games when my friends go.
I’d be more likely to attend if visiting friends and relatives were allowed to sit with me in the student section.
Obligation People have an obligation to support their local football team.
The football team represents me and the university.
Camaraderie
I’d be more likely to attend if there were a pep rally a day before the game.
I’d be more likely to attend if there were more activities to make students feel integrated and contributory to the spirit of the game.
I’d be more likely to attend if there were more fun things to do while sitting in the stands.
Identification with winning
I’d be more likely to attend if the team consistently had a better won-loss record.
I’d be more likely to attend if the team style of play were more exciting.
Self Defining Experience
When I watch football games, I Imagine myself competing in Sporting events.
I feel a sense of accomplishment when the team wins a football game.
Watching football game of [NCAA division I] caliber appeals to me.
Unique self-expressive experience
Football allows me to spend a few hours on a Saturday in different atmosphere than where I spend my time on weekdays.
Attending a football game live is more exciting than watching it on television
Internalization I enjoy “the game” at football games.
I consider myself more Knowledgeable than most students.
345
(4) Escala MSC – Motivations of the Sport Consumer
Autor: Milne, McDonald
Livro: Managing the Exchange Process (1999)
Síntese: a escala MSC foi proposta como uma escala multidimensional para mensurar diversas motivações que levam o Fã a se envolver com o Esporte. A escala MSC foi proposta com 12 dimensões. Porém, a Análise Fatorial Exploratória realizada pelos autores suportou a existência de apenas 4 dimensões.
Dimensão Itens
Factor 1
Helps me develop and grow as a person.
Helps me accomplish things I thought I never could accomplish.
Helps me to reach my potential as an individual.
Makes me feel that I am a successful person.
Gives me a feeling of self-assurance.
Gives me a feeling of personal pride.
Can help me develop values that will help me in life.
Has helped teach me the value of hard work and dedication.
Teaches me lessons that I may not learn anywhere else
Factor 2
Because it gives me a chance to meet new people.
Watching… with a group leads to improved social relations.
Watching… gives a chance to spend time with my friends.
Is based on having other people share the experience.
I feel connected to people with whom I watch my favorite sport.
Makes me feel like I belong to a special group.
There is certain camaraderie with the people I watch.
Factor 3
Is enhanced knowing the high level of skill required by the players.
I enjoy watching a highly skilled player perform.
I enjoy watching… because it is a difficult sport to master.
My favorite sport can be a beautiful sport to watch.
I enjoy watching the artistry of my favorite sport.
My favorite sport should be considered an art form.
Is an excellent remedy for me if I am tense, irritable and anxious.
Helps me to get away from daily pressures.
Makes me feel less stressed than I did before I watched.
Factor 4
Because it involves a good deal of risk to the athletes.
Is exciting because the athletes are always in danger of being injured.
Part of the fun is watching is the danger involved to the athletes.
346
Watching my favorite sport can bring out my aggressive nature.
I enjoy watching my favorite sport when it reflects an aggressive style.
I am free to express my aggressive feeling while watching.
Helps me develop a competitive ethic.
The main reason I watch my favorite sport is for the competition.
The more intense the rivalry, the more I enjoy playing my favorite sport.
The success of my favorite team/athlete is important to me.
I feel elated for hours after a victory by my favorite team/athlete.
347
(5) Escala SII - Sport Interest Inventory
Autor: Funk, Mahony, Nakazawa e Hirakawa
Artigo: Development of the Sport Interest Inventory (SII): implications for measuring unique consumer motives
at team sport Events, International Journal of Marketing and Sponsorship (2001)
Síntese: a escala SII foi proposta como uma escala multidimensional para mensurar diversas motivações dos Fãs. Como essa escala foi elaborada para a ocasião do campeonato feminino de Basquete WNBA nos Estados Unidos a escala SII contempla algumas dimensões especificamente relacionadas à presença de torcedoras para apoiar o movimento das mulheres nessa Modalidade Esportiva. A escala SII foi proposta com 18 dimensões e 54 itens
Dimensão Itens
Sport
My interest in [football] sparked my interest in the team
I attend games because [football] is my favorite sport
First and foremost, I consider myself a fan of [football]
Team
I consider myself a fan of the whole team more than a fan of a single player
I come to games to support the whole team
I am a fan of the entire team
Player
I watch games because of individual players more than of the team competing
I am more of a fan of individual players than I am a fan of the entire team
The main reason why I attend is to cheer for my favorite player
Bonding with Friends
Attending games gives me a chance to bond with my friends.
I enjoy sharing the experience of attending a game with friends.
An important reason I attend games is to spend quality time with my friends.
Bonding with Family
Attending games gives me a chance to bond with my family.
I enjoy sharing the experience of attending a game with my family members.
An important reason I attend games is to spend quality time with my family
Drama
I prefer watching a close game rather then a one-sided game.
I like game where the outcome is uncertain.
A close game between two teams is more enjoyable than a blowout
Community Support
My connection to the community is why I like the team.
I support the team because the team enhances the status of the city.
I attend games to support the city´s team.
Support Woman’s Sport
I attend games because I think is important to support women´s sport.
My support for the team is a reflection of my support for women´s sport.
Attending games demonstrates my support for women´s sport in general.
348
Role Model
Players provide inspiration for girls and boys.
I think the players are good role models for you girls and boys.
The players provide inspiration for young people.
Socialization
I enjoy interacting with other spectator and fans when attending games.
Games have given me a chance to meet other people with similar interest to mine.
I like to talk with other people sitting near me at games.
Aesthethics
The style of play of the WNBA provides me with a more enjoyable form of entertainment in comparison with NBA.
I like women´s basketball because their style of play emphasizes strategy and the traditional aspects of the game.
The WNBA style of basketball is a more pure form of basketball compared to the NBA´s style.
Customer Service
The staff is always helpful and courteous to me as a fan/customer.
I enjoy the games because the staff is friendly and available to me as a customer.
I feel customer satisfaction is important to the game day staff.
Excitement
I like the excitement associated with the games.
I enjoy the excitement surrounding the games.
I find the games very exciting.
Entertainment Value
The games provide affordable entertainment.
Games are great entertainment for the price.
I attend games because it is an entertaining event for a reasonable price.
Sport Knowledge
Knowing the rules of basketball helps me to enjoy the games.
I enjoy basketball games because I know a lot about the game of basketball.
I feel my understanding of the game of basketball adds to my enjoyment of watching the team.
Vicarious Achievement
I feel like I have won when the team wins.
I feel a sense of accomplishment when the team wins.
When the team wins, I feel a personal sense of achievement.
Wholesome Environment
I like attending a game because it is good, clean fun.
There is a friendly, family atmosphere at the games.
The friendly environment of the games is an important reason to attend.
Escape
I like attending games because provide me with a distraction from my daily life for a while.
I like attending games because provide me with an opportunity to escape the reality of my daily life for a while.
Getting away from the routine of everyday life is an important reason why I would attend a game.
349
(6) Escala MSSC – Motivation Scale for Sport Consumption
Autor: Trail e James
Artigo: The Motivation Scale for Sport Consumption - Assessment of the Scale Psychometric Properties, Journal
of Sport Behavior (2001)
Síntese: a escala MSSC foi proposta a partir da revisão crítica das propriedades psicométricas das escalas SFMS, FAM e MSC por Trail e James. Assim, a escala MSSC representa uma revisão das motivações dos Fãs de esporte. A MSSC foi proposta com com 8 dimensões e 24 itens.
Dimensão Itens
Achievement
I feel a personal sense of achievement when the team does well.
I feel like I have won when the team wins.
I feel proud when the team plays well.
Aesthetics
I appreciate the beauty inherent in the game of basketball.
I enjoy the natural beauty in the game of basketball.
I enjoy the gracefulness associated with the game of basketball.
Drama
I enjoy the drama of close game.
I prefer watching a close game rather than a one-sided game.
I enjoy it when the outcome is not decided until the very end.
Escape
The game provides an escape for me from my day-to-day routine.
Going to the game is a change of pace from what I regularly do.
The game provides a diversion from life´s little problems to me
Knowledge
I increase my knowledge about basketball at the game.
I increase my understanding of basketball strategy by watching the game.
I can learn about the technical aspects of basketball by watching the game.
Physical Skills
The athletic skills of the players are something I appreciate.
I enjoy watching a well-executed athletic performance.
I enjoy a skillful performance by the team.
Social Interactions
I enjoy interacting with other spectators at the game.
I enjoy talking with others at the game.
I enjoy socializing with people sitting near me at the game.
Family
The game provides an opportunity for me to spend time with my family.
The game provides an opportunity for me to spend time with my spouse.
The game provides an opportunity for me to spend time with my children.
350
(7) Escala SFMS-2 – Sport Fan Motivation Scale
Autor: Bristow e Schneider
Artigo: The Sports Fan Motivation Scale: Development and Testing, Marketing Management Journal (2003)
Síntese: a escala SFMS-2 foi proposta como uma escala multidimensional para mensurar motivações dos Fãs, tendo sido proposta com 3 dimensões e um total de 12 itens. Essa escala se diferencia de outras escalas por apresentar uma dimensão de Tradição.
Dimensão Itens
Winning
When I go to a [*] [**] game, it matters to me that [*] win the game.
I am happier when I leave the [*] stadium if the [*] win that game.
An important thing about an [*] [**] game it that the [*] win the game.
A major reason why I attend the [*] [**] games is to see the [*] win.
Socialization
Being with people I like is an important reason why I go to [*] games.
One of the best parts of going to a [*] game is to relax and enjoy the people I am with.
For me, going to a [*] game is a good chance to spend time with my family or friends.
Having fun with my friends or family is a major reason I go to [*] games.
Tradition
Being part of the tradition of the game of [**] is an important reason why I go to [*] games.
Attending a [*] game gives me a sense of ** tradition and history.
I go to [*] games because I like the game of college [**].
I go to [*] games to see [**] played at the Division I level.
* The appropriate team name would complete these blanks in the SFM Scale
** The appropriate sport would complete these blanks in the SFM Scale
351
(8) Escala SCM – Sport Consumer Motivations
Autor: Jeffrey James e Stephen Ross
Artigo: Comparing Sport Consumer Motivations Across Multiple Sports, Sports Marketing Quarterly (2004)
Síntese: a escala SCM foi proposta como uma escala multidimensional para mensurar diversas motivações dos Fãs similar às escalas MCS, SFMS, FAM e MSSC. Contudo, possui poucas referências de uso na literatura.
Dimensão Itens
Empathy
Right after a(n) [team name] loss I feel sad.
I feel upset as I leave the stadium/arena after a(n) [team name] loss.
When the [team name] lose a big game, I feel like I have lost.
Social Interaction
I enjoy [team name] games/matches because they provide an opportunity to be with my friends.
Wanting to spend time with my friends is one reason I go to [sport name] games.
Having a chance to see friends is one thing I enjoy about [sport name] games
Family
Being with my family is why I enjoy [sport name] games.
The opportunity to spend time with my family is something I like about attending games.
I enjoy [team name] games because they are a good family activity.
Team effort
I support the [team name] because the team gives 100% every game.
One reason I am a(n) [team name] fan is because the team plays hard all the time.
The effort by the players to always do their best is a primary reason why I follow [sport name].
Team affiliation
I want to feel like I am a(n) [team name].
It is important for me to feel connected to the [team name].
I come to [sport name] games so what I feel like part of the team.
Achievement
When the [team name] win I feel like I have won.
I feel a personal sense of achievement when the team does well.
I feel proud when the team plays really well.
Entertainment
The main reason I like [team name] games is because [sport name] is a good entertainment.
I like going to [team name] games because watching [sport name] is fun.
[team name] games are a fun way to spend my time.
Skill
One reason I like [team name] games is being able to see well-executed players.
Getting to see the superior skill of college athletes is why I enjoy [team name] games.
I like [team name] games because I value seeing some of the top college [sport name] players.
352
Drama
I enjoy watching [sport name] because of the dramatic turn of events that a game can take.
An important reason why I go to games is the excitement of two team “battling” to the end.
I like the suspense of a game where the lead changes back and forth.
Escape
For me, [sport name] games are an escape from my day-to-day activities.
I enjoy [team name] games because they are a great change from what I regularly do.
I like going to games because when I’m there I forget about all mu troubles and cares.
353
(9) Escala FANDIM
Autor: Robert Madrigal
Artigo: Measuring the mutidimensional 5ature of Sport Event Performance Consumption, Journal of Leisure
Research (2006)
Síntese: a escala FANDIM foi proposta como uma escala multidimensional para mensurar diversas dimensões das motivações dos Fãs associadas ao Consumo do Esporte. Essa escala diferencia-se das demais por adotar uma abordagem reflexiva. A Escala FANDIM foi proposta com 2 dimensões de 2a orde, e 6 dimensões de 1a ordem, totalizando 24 itens.
Dimensão Itens
Flow
I Get so “lost” in the action that time seems to be altered
I Get so into the action that I lose touch with what is happening around me
I Feel as if time is standing still because I´m so focused on the action
I Am so “zoned into” the action that I lose sense of time
Fantasy
I Imagine that I am one of the athletes
I Fantasize that I am participating in the action
I Daydream that I am competing in the contest
I Envision myself as one of the competitors
Evaluation
I Critically evaluates the performance of the teams/athletes
I Analyze the performance of the teams/athletes
I Make value judgments about the quality of the teams/athletes´s performance.
I Critique the quality if a team/athlete´s performance.
Aesthetics
I Admire the artistry displayed in the sport.
I Admire the beauty of the sport.
I Am moved by the gracefulness of the sport.
I Focus on the elegance of sport.
Personalities
I Pay attention to only those athletes who are most well known.
I Focus only on those athletes who are most famous.
I Am attentive only to those athletes with the most notoriety.
I Concentrate on only those athletes who are most prominent.
Physical Attraction
I Admire the physiques of athletes while they are performing.
I Focus on the “sex appeal” of the athletes as they compete.
I Admire the bodies of the athletes as they compete.
I Am captivated by the appeal of the athletes´ bodies as they perform.
354
(10) Escala SAI – Sport Activity Involvement
Autor: McIntyre e Pigram
Artigo: Recreation specialization reexamined: The case of vehicle-based campers, Leisure Sciences (1992)
Síntese: a escala SAI foi proposta como uma escala com duas dimensões para medir o envolvimento com o Esporte. Com 5 itens, a escala SAI foi proposta a partir da literatura sobre envolvimento, e não sobre identificação.
Dimensão Itens
Attraction Watching [basketball] games is important to me.
Watching [basketball] games is one of the most enjoyable activities.
Centrality
[basketball] is an important part of my life.
Most of my friends are in some way connected with [basketball].
To me, there is no other sport like [basketball].
355
(11) Escala DI – Domain Involvement
Autor: Robert Fisher e Kirk Wakefield
Artigo: Factors Leading to Group Identification: A Field Study of Winners and Losers, Psychology & Marketing (1992)
Síntese: a escala DI foi proposta como uma escala unidimensional de envolvimento com o Grupo. Foi proposta em um estudo que investigou o envolvimento da Fãs de hockey.
Dimensão Itens
Domain
Involvement
[Hockey] is an essential part of my life.
I love all levels of [hockey] (pro, college, amateur).
I watch or read media about [hockey] whenever I can.
I know a lot about the rules of [hockey].
[Hockey] is very important to me.
I think about [hockey] all the time.
356
(12) Escala SFQ – Sport Fandom Questionnaire
Autor: Daniel Wann
Artigo: Preliminary Validation of the Sport Fandom Questionnaire, International Journal of Sport Management
(2002)
Síntese: a escala SFQ foi proposta como uma escala unidimensional para mensurar a identificação do indivíduo como Fã. Ao propor a escala, Wann destacou que ser Fã é um conceito auto-declarado, e, por isso, se um indivíduo se declara Fã, deveria ser considerado Fã. Assim, trata-se de uma escala relativamente simples, com 1 dimensão e apenas 5 itens, porém bastante citada na literatura de Marketing Esportivo.
Dimensão Itens
Sport Fandom
I consider myself to be a [sport x] fan.
My friends see me as a [sport x] fan.
I believe that following [sport x] is the most enjoyable form of entertainment.
My life would be less enjoyable if I were not able to follow [sport x].
Being a [sport x] fan is very important to me.
357
(13) Escala PAI – Points of Attachment Index
Autor: Robinson e Trail
Artigo: Motives and Points of Attachment: Differences between college football, men´s basketball, and women´s
basketball spectators (2003)
Síntese: a escala PAI foi proposta para identificar os “elos de ligação” do torcedor com o esporte – como o time, os jogadores, o técnico, a Modalidade Esportiva, etc. Nesse estudo, os autores associaram os diversas motivações dos Fãs – como Drama, Escapismo e Beleza – com os elos de ligação identificados.
Dimensão Itens
Identification with Players
I identify with the individual players on the team.
I am a big fan of specific players more than I am a fan of the team.
I consider myself a fan of certain players rather than a fan of the team.
Identification with the team.
I consider myself to be a “real” fan of the [team name] team.
I would experience a loss if I had to stop being a fan of the [team name] team.
Being a fan of [team name] is very important to me.
Identification with the coach
I am a fan of Coach [name].
I follow the [team name] because I like coach [name].
I am a fan of the [team name] because they are coached by Coach [name].
Identification with the Community
One reason I am a fan of [team name] is because it increases the status of our community.
I am a fan of the [team name] because it enhances the community image.
The reason I am a [team name] fan is because the team improves the nation’s perception of the [state of the team].
Identification with Sport
First and foremost I consider myself a [specific sport, eg. Football] fan.
[specific sport] is my favorite sport.
I am a [specific sport] fan at all levels [high school, college, professional].
Identification with the University
I identity with the university rather than with any specific university team.
I am a fan of all the university’s teams and not just [specific sport].
I support the university as a whole, not just its athletic teams.
358
(14) Escala PAI-r – Revised Points of Attachment Index
Autor: Braustain, Zhang e Trail
Artigo: Athlete Endorser Effectiveness: model development and analysis, Sport, Business and Management: an
International Journal (2011)
Síntese: a escala PAI-r foi utilizada em um estudo sobre a influência do endosso da celebridade esportiva no patrocínio esportivo, representando uma revisão da escala PAI-r. Nesse estudo, os autores utilizaram apenas 2 dimensões da PAI “original”, tendo alterado os itens. A dimensão de Identificação com as Celebridades Esportivas foi mensurada com um item a mais na PAI-r. Além disso, observa-se que todos os itens tiveram sua formulação ligeiramente alterada e adaptada ao contexto do estudo.
Dimensão Itens
Identification Athlete
I follow tennis because I am a big fan od Maria Sharapova.
I identity with Maria Sharapova.
When Maria Sharapova loses, it feels like a personal failure.
I am a big fab of Maria Sharapova.
Identification Sport
First and foremost I consider myself a tennis fan.
Being a fan of tennis is very important to me.
Tennis is my favorite sport.
I am a tennis fan at all levels and tours.
359
(15) Escala SSIS – Sport Spectator Identification Scale
Autor: Daniel Wann e Nyla Branscombe
Artigo: Sports Fans: Measuring the degree Identification with their Team, International Journal of Sport Psychology (1993)
Síntese: a escala SSIS foi proposta como uma escala unidimensional para mensurar o grau de identificação do Fã com o time. A SSIS é uma das escalas mais citadas na literatura de Marketing Esportivo, sendo frequentemente utilizada para segmentar conforme o nível de identificação.
Dimensão Itens
Level of Team Identification
How important to you is that [team x] wins?
How strongly do you see yourself as a fan of [team x]?
How strongly do your friends see you as a fan [team x]?
During the season, how closely do you follow [team x] via any of the following: in person or on television, on the radio, or television news or a newspaper?
How important is being a fan [team x] to you?
How much do you dislike [team x] greatest rivals?
How often do you display the [team x] name or insignia at your place of work, where you live or on your clothing?
360
(16) Escala TL – Team Loyalty
Autor: Kirk Wakefield e Hugh Sloan
Artigo: The effect of Team Loyalty and Selected Stadium Factors on Spectator Attendance, Journal of Sport Management (1995)
Síntese: a escala TL foi proposta como uma dimensão para mensurar o grau declarado de lealdade do Fã com o time. Essa escala foi utilizada juntamente com outras dimensões associadas às características do Estádio conforme apresentado pelo Sportscape Model. Os autores suportaram que enquanto a lealdade ao time mensurada a partir da escala TL influencia o Comparecimento ao Estádio diretamente, os demais construtos associados às características do Estádio influenciam a atitude em relação ao estádio.
Dimensão Itens
Team Loyalty
I am a loyal [team name] team fan.
I like to let people know that I´m a [team name] fan.
Win or lose, I´ll always be a [team name] fan.
361
(17) Escala GI – Group Identification
Autor: Robert Fisher e Kirk Wakefield
Artigo: Factors Leading to Group Identification: A Field Study of Winners and Losers, Psychology & Marketing
(1998)
Síntese: a escala GI foi proposta como uma escala unidimensional para mensurar o grau de identificação com o Grupo. Embora a escala não tenha sido elaborada especificamente para o contexto esportivo, foi utilizada e validada inicialmente em um estudo sobre a Identificação de alunos com o time esportivo da Instituição de Ensino.
Dimensão Itens
Group Identification
It´s important to me to maintain strong ties to the team.
Supporting the team is important to me.
One of the things I´d tell others about myself is that I am a fan of the team.
Being a team fan is an important part of who I am.
I almost think of myself as part of the team.
362
(18) Escala PCT – Psychological Commitment to Team
Autor: Daniel Mahony, Robert Madrigal e Dennis Howard
Artigo: Using the Psychological Commitment to Team Scale to Segment Sport Consumers based on Loyalty,
Sport Marketing Quarterly (2000)
Síntese: a escala PCT foi proposta como uma escala unidimensional para mensurar o grau de comprometimento psicológico dos Fãs com o time, focando no grau de resistência de mudança do torcedor como indicador do nível de identificação do Fã. A Escala PCT foi proposta com14 itens.
Dimensão Itens
Level of Psychological Commitment
I might rethink my allegiance to my favorite team IF this team consistently performs poorly.
I would watch a game featuring my favorite National Football League team regardless of which team they are playing.
I might rethink my allegiance to my favorite team if management traded away its best players.
Being a fan of my favorite NFL team is important to me.
Nothing could change my allegiance to my favorite NFL team.
I am a committed fan of my favorite NFL team.
I would not affect my loyalty to my favorite NFL team if management hired a head coach that I disliked very much.
I could easily be persuaded to change my favorite NFL team preference.
I have been a fan of my favorite NFL team since I began watching professional football.
I could never switch my loyalty from my favorite NFL team even if my closest friends were fans of another team.
It would be unlikely for me to change my allegiance from my current favorite NFL team to another.
It would be difficult to change my beliefs about my favorite NFL team.
You can tell a lot about a person by their willingness to stick with a team that is not performing well.
My commitment to my favorite NFL team would decrease if they were performing poorly and there appeared little chance their performance would change.
363
(19) Escala STI – Sport Team Identification
Autor: Hyungil Kwon e Ketra Armstrong
Artigo: Factors influencing Impulse Buying of Sport Team Licensed Merchandise, Sport Marketing Quarterly
Síntese: a escala STI foi proposta como uma escala unidimensional para mensurar o grau de identificação do Fã com o Time. Foi proposta com 10 itens. Contudo, essa escala apresenta poucas citações na literatura.
Dimensão Itens
Level of Team Identification
[The university´s sports team´s] successes are my successes.
When someone praises [the university´s sports teams] it feels like a personal compliment.
When someone criticizes [the university´s sports team´s] it feels like a personal insult.
[The university´s sports team´s] failures are my failures.
I am very interested in what others think about [the university´s sports teams]
When I talk about [the university´s sports team], I usually say “we” rather than “they”.
I act like a [the university´s sports teams] fan to a great extent.
I am proud to tell others that I am part of [the university´s sports team]
I tell my friends that [the university] us a great institution in which to study
I feel a sense of “ownership” for [the university´s sports teams] rather than being just a student.
364
(20) Escala TEAM*ID
Autor: Bob Heere e Jeffrey James
Artigo: Stepping Outside the Lines: Developing a Multi-dimensional Team Identity Scale based on Social
Identity Theory, Sport Management Review (2007)
Síntese: a escala TEAM*ID foi proposta como uma escala multidimensional para mensurar a Identificação dos Fãs com o Time. Foi proposta com 6 dimensões, totalizando 27 itens.
Dimensão Itens
Public Evaluation
Most people have a negative view of my college football team, compared to other teams.
In general, others think the college football team I am a fan of is unworthy of support.
Overall, my college football team is viewed positively by others.
In general, others respect the college football team I am a fan of.
Overall, people hold a favorable opinion about my college football team.
Private Evaluation
I feel good about my college football team.
In general, I am glad to be a fan of my college football team.
I am proud to think myself as a fan of my college football team.
I often regret supporting my college football team.
Attachment: interconnection of Self
I have a strong sense of belonging to my college football team.
I have a strong attachment to my college football team.
When someone criticizes my college football team, it feels like a personal insult.
I am very interested in what others think about my college football team.
The college football team´s successes are my successes
When I talk about my college football team, I usually say “we” rather than “they”
Attachment: sense of interdependence
My destiny is tied to the destiny of the college football team.
The behavior of my college football team can affect me personally.
What happens to my college football team will influence what happens in my life.
What happens to my college football team will have an impact on my own life.
Behavioral Involvement
I am active in organizations that include mostly fans of my college football team.
I participate in activities supporting my college football team, such as tailgating or attending games.
I do not participate I activities with other fans of my college football team.
I am actively involved in team-related activities.
Cognitive Awareness
I am aware of the tradition and history of my college football team.
I know the ins and outs of my college football team.
I know the rituals that go with being a fan of my college football team.
I have knowledge of the successes and failures of my college football team.
365
(21) Escala ALTS – Attitudinal Loyalty do Team Scale
Autor: Bob Heere e Geoff Dickson
Artigo: Measuring Attitudinal Loyalty: Separating the Terms of Affective Commitment and Attitudinal Loyalty,
Journal of Sport Management (2008)
Síntese: a escala ALTS foi proposta como uma escala unidimensional para mensurar o grau de lealdade atitudinal do Fã ao time.
Dimensão Itens
Atitudinal loyalty to team
My commitment to the [team x] would decrease if the games would be ugly to watch.
Nothing could change my allegiance to the [team x].
I would still be committed to the [team x] regardless of the lack of any star players.
I would not give up my loyalty to the [team x] even though my family stops supporting the team.
My commitment to the [team x] would decrease if they were performing badly on a continuous basis.
I could never switch my loyalty from the [team x] even if my close friends were fans of another team.
I would still be committed to the [team x] regardless of the lack of physical skill among the players.
I would be difficult to change my beliefs about the [team x].
366
(22) Escala SC - Source Credibility
Autor: Ohanian
Artigo: Construction and Validation of a scale to Measure Celebrity Endorser's Perceived Expertise,
Trustworthiness and Attractiveness, Journal of Advertising (1990)
Síntese: A escala Source Credibility foi proposta e testada por Ohanian (1990; 1991) com o objetivo de mensurar as dimensões da credibilidade das celebridades utilizadas no endosso de produtos e serviços em campanhas publicitárias. A escala foi proposta com 3 dimensões. A escala SCdDiferencia-se de outras escalas por ser de diferencial semântico.
Dimensão Itens
Expertise
Expert – Not an expert
Experienced – Inexperienced
Knowledgeable – Unknowledgeable
Qualified – Unqualified
Skilled – Unskilled
Trustworthiness
Dependable – Undependable
Honest – dishonest
Reliable – Unreliable
Sincere – Insincere
Trustworthy – Untrustworthy
367
(24) Escala SASP-CP – Star Athletic Power Scale
Autor: Jessica Braunstein e James Zhang
Artigo: Dimensions of athletic star power associated with Generation Y sports consumption, International
Journal of Sports Marketing & Sponsorship (2010)
Síntese: a escala SDMI foi proposta como uma escala multidimensional para mensurar diversas motivações dos Fãs na decisão de comparecimento às arenas de basquete da NBA. A SDMI contempla 4 dimensões e totaliza 14 itens.
Dimensão Itens
Professional Trustworthiness
He/she is responsible
He/she is well spoken
He/she is intelligent
He/she is dignified
I agree with his/her lifestyle
He/she is positive
He/she is ethical
I agree with his/her way of life
He/she serves the community
He/she is friendly
I agree with his/her behavior
Likeable Personality
He/she is charitable
He/she is modest
He/she is funny
He/she is very charming
He/she is humorous
He/she is personable
He/she gas an ability to connect with his/her fan base
He/she is honest
He/she displays morality
He/she is approachable
He/she is charismatic
He/she is kind
Athletic Expertise
He/she has superior athletic skills
He/she is aggressive when he/she plays/coaches
He/she is a team player
He/she is an extremely talented athlete/coach
368
He/she shows leadership abilities
He/she is goal oriented
He/she is at the peak of his/her career
He/she is a hard worker
Social Attractiveness
He/she has a lot of media exposure
He/she is recognizable
He/she is physically attractive
He/she is physically fit
He/she is outgoing
He/she is energetic
Characteristic Style
He/she is controversial
He/she is flamboyant
He/she is worldy
369
(25) Escala GSM – Group Support Measures ; Escala GMA – Group Member Attractiveness
Autor: Wakefield e Sloan (WAKEFIELD e SLOAN, 1995) (WAKEFIELD e SLOAN, 1995)
Artigo: The Effects of Team Loyalty and Selected Stadium Factors on Spectator Attendance, Journal of Sport
Management
Síntese: as escalas GSM e GMA foram utilizadas por Wakefield e Sloan em um estudo sobre a influência de características específicas da experiência de Consumo do Evento Esportivo no Estádio no Comportamento de Consumo do Evento Esportivo.
Dimensão Itens
Game Behaviors
(GB)
At this (or a recent game), did you: Wear a team cap or hat?
At this (or a recent game), did you: Wear a team jersey, shirt, sweater or jacket?
At this (or a recent game), did you: Bring a team poster, sign, placard, etc.?
At this (or a recent game), did you: Use noisemakers or megaphones to support team?
Purchase of
Licensed Products
How many licensed Jerseys do you personally own?
How many licensed T-shirts / Sweatshirts do you personally own?
How many licensed Jackets or coats do you personally own?
How many licensed Caps or hats do you personally own?
Perceived Group Performance
This team will win more games this year than most.
The team is ranked highly compared to other teams.
Unless something unusual happens, this team will contend for the title.
This is one of the best teams in the league.
Group Identification
(GI)
It’s important to me to maintain strong ties to the team.
Supporting the team is important to me.
One of the things I’d tell others about myself is that I’m a fan of the team.
Being a team is an important part of who I am.
I almost think of myself as part of the team.
Domain Involvement (DI)
Hockey is an essential part of my life.
I love all levels of hockey (pro, college, amateur).
I watch or read media about hockey whenever I can.
I know a lot about the rules of hockey.
Hockey is very important to me. I think about hockey all the time.
Group Member Attractiveness (GMA)
Players on the team are liked by others.
Players on the team have characteristics that others admire.
Players on the team have a life that others would like to lead.
Players on the team have a high status.
Group-Supportive Measures (GSM)
How many times have you attended games played by this team this season?
370
(26) Escala FISC – Formative Index for Sport Consumption
Autor: Czafrann Ali; Bettina T Cornwell; Doan Nguyen; Leonard Coote.
Artigo: Exploring the usefulness of a consumer activity indez in the sponsorship-linked marketing, International
Journal of Sports Marketing & Sponsorship (2006)
Síntese: a escala FISC foi proposta como uma escala do tipo índice de atividade de consumo para ser utilizada no contexto do patrocínio esportivo. Essa escala objetivou compreender a experiência ampliada de consumo do esporte, considerando 12 itens. Segundo os autores, por ser uma escala do tipo índice, a FISC não deveria ser julgada pela sua dimensionalidade.
Dimensão Itens
Formative Index for Sport Consumption
I frequently visit team/event websites
I regularly read newspaper and/or listen to radio and TV reports about teams and events.
I attend tours regarding the event, it team or its venues.
I have purchased event/team merchandise.
I am familiar with the songs and slogans linked with events or teams.
I pay attention to activities during pre-event and half-time sessions.
I participate in fan clubs and other activities related to the teams or events.
When attending an event, I do all the spectator participation activities.
When not specifically looking for it, I have come across information about teams and events on retailing environments, mailing and on the internet.
I participate on betting.
I pay attention on the different ticket purchase options available for an event.
I engage in social activities as parties before and after the event.
371
(27) Escala ISCBS - Intention for Sport Consumption Behavior Scale
Autor: Trail, Anderson e Fink
Artigo: Consumer Satisfaction and Identity Theory: a Model of Sport Spectator Conative Loyalty, Sport Marketing Quarterly (2005)
Síntese: a escala Intention for Sport Consumption Behavior Scale (ISCBS) foi proposta por Trail, Anderson e Fink (2005) no mesmo estudo em que foi testada a escala Points of Attachment Index (PAI). A escala ISCBS é uma escala unidimensional de Intenção de Compra, com 4 itens.
Dimensão Itens
I am more likely to attend future games
I am more likely to purchase the team´s merchandise
I am more likely to buy [*] team clothing
I am more likely to support the [*] team
372
(28) Escala SPI – Sponsorship-linked Purchase Intent
Autor: Cornwell e Coote
Artigo: Corporate sponsorship of a cause: the role of identification in purchase intent, Journal of Business
Research (2005)
Síntese: a escala SPI foi utilizada por Cornwell e Coote em um estudo sobre a intenção de compra de artigos esportivos no contexto do Patrocínio Esportivo.
Dimensão Itens
When choosing brands and retailers, I choose those that sponsor [the Race].
I would drive out of my way to buy from a sponsor of [the Race].
When a new sponsor joins [the Race], I switch my buying to support them.
I would choose to buy from a sponsor of [the Race], even if the prices of competitors were lower.
When choosing brands and retailers, it makes little difference to me if they are sponsors of [the Race].
373
(29) Escala BL – Behavioral Loyalty
Autor: Trail, Fink e Anderson (2003)
Artigo: Sport Spectator Consumption Behavior, Sport Marketing Quarterly
Síntese: a escala BL foi utilizada para mensurar a intenção de compra futura dos Fãs do Esporte em um estudo que relacionou Identificação do Fã, “motivações” e BIRGIng e CORFing.
Dimensão Itens
I have often attended games of my favorite team live in the stadium.
I will often attend games of my favorite team in the stadium.
I have watched games of my favorite team on TV.
I will watch games of my favorite team on TV.
I have often followed reports about my favorite team´s players, coaches, managers etc in the media
I will often follow reports about my favorite team´s players, coaches, managers etc in the media.
I have purchased a lot of club-related merchandise.
I will purchase a lot of club-related merchandise.
I often wore the colors and/or the logo of my favorite team.
I will often wear the colores and/or the logo of my favorite team.
I have often participated in discussions about my favorite team.
I will often participate in discussions of my favorite team.
374
(30) Escala PB-BI – Present Behavior – Behavioral Intentions
Autor: Janet Fink, Galen T. Trail e Dean F. Anderson
Artigo: Environmental Factors Associated with Spectator Attendance and Sport Consumption Behavior: Gender
and Team Diferences, Sport Marketing Quarterly (2002)
Síntese: a escala SDMI foi proposta como uma escala multidimensional para mensurar diversas motivações dos Fãs na decisão de comparecimento às arenas de basquete da NBA. A SDMI contempla 4 dimensões e totaliza 14 itens.
Dimensão Itens
Merchandise Consumption
I buy Cyclone clothing (T-shirts, caps, etc)
I buy Cyclone apparel for other people.
I can easily find “licensed” Cyclone merchandise
Print Media Consumption
I read about the basketball team in the daily sport pages
I read magazines that have articles on the Cyclone basketball team
TV Media Consumption When I cannot attend a Cyclone game, I watch it on television if possible
I watch TV for news about the team
Wearing team paraphernalia
I wear Cyclone clothing when I attend a game
I wear Cyclone apparel on a regular basis
I wear Cyclone paraphernalia even when I’m not at a game
Tracking Statistics I regularly track the statistics of specific Cyclone basketball players
I follow the team’s statistics on a regular basis
Continued Loyalty
Regardless of whether they win or lose, I will continue to support the team.
I will continue to back the team even if they do not win the conference title.
Even if the team’s winning percentage is below . 500, I will still be a fan
Attendance Intentions I am more likely to attend future games
Merchandise Consumption Intentions
I am more likely to purchase the team’s merchandise
I am more likely to buy Cyclone clothing.
I am more likely to support the Cyclones.
375
(31) Escala GSC-SSC – General Sport Consumption e Specific Sport Consumption
Autor: Braunstein e Zhang
Artigo: Dimensions of athletic star power associated with Generation Y Sports Consumption, International
Journal of Sports Marketing & Sponsorship (2011)
Dimensão Itens
General Sport Consumption
[...] Attend Sporting Events
[...] Participate in Sports
[...] Read books on Sports and Athletes
[...] Participate in Sport List serves on the Internet
[...] Watch sports on Television
[...] Read the Sports Pages of my newspaper
[...] Watch Sports Information Programming
[...] Read Magazines on Sports and Athletes
[...] Visit Websites that focus on Sports/Athletes
[...] Purchase Merchandise with Team/Brand Logo
[...] Purchase Sports Equipment
[...] Make the Purchase Decision on Sports Products
Specific Sport Consumption
I know what sport this athlete/coach is associated with
I am a fan of this sport
I am a fan of this athlete/coach
I attend his/her Sporting events
I participate in his/her sport
I watch him/her or his/her sport on Television
I watch sports information programming about his/her sport
I read about him/her or his/her sport
I read magazines on him/her sport
I visit websites that focus on him/her or his/her sport
I purchase sports merchandise with his/her team/brand logo
I purchase sports equipment for his/her sport
I like products that he/she endorses
I have purchased products that he/she endorses
I intend to purchase products that he/she wears
I intend to purchase products that he/she wears
I believe that he/she has a positive image
I believe that he/she has a positive impact his/her sport
376