III SIMPÓSIO SOBRE ENSINO DE

DIDÁTICA DO LEPED Laboratório de Estudos e Pesquisas em Didática e Formação de Professores da Faculdade de Educação da UFRJ

Marli André e Equipe

PUC SP

INSERÇÃO PROFISSIONAL DE EGRESSOS DE PROGRAMAS DE

INICIAÇÃO A DOCÊNCIAPesquisa CNPq 2015-2017

Objetivo

Geral

Investigar como egressos de programas de iniciação à docência vivenciam os primeiros anos de magistério

Os egressos estão atuando como docentes?

Quais os desafios enfrentados pelos iniciantes no início da docência?

Que estratégias os iniciantes utilizam para enfrentar os desafios encontrados?

Como os gestores das escolas avaliam a atuação profissional dos iniciantes/egressos?

Há diferenças na atuação dos egressos dos diferentes programas?

Questões de

pesquisa

Referencial Teórico

Se não formos capazes de construir formas deintegração, mais harmoniosas, mais coerentes, dessesprofessores, nós vamos justamente acentuar, nessesprimeiros anos de profissão, dinâmicas desobrevivência individual que conduzemnecessariamente a um fechamento individualista dosprofessores” (NÓVOA, 2006, p. 14).

Para Ludke (2001, p.77) os professores compartilhamum mundo vivido onde reside um “reservatóriocultural” e é nesse reservatório comum que sedesenvolve a sua socialização com o grupo deprofessores. Em outras palavras, “é o processo desocialização profissional que dá conta da integração aogrupo ocupacional”.

SOCIALIZAÇÃO PROFISSIONAL

Referencial Teórico

O “desenvolvimento institucional se encontraintimamente ligado ao desenvolvimentohumano e profissional das pessoas que vivemna instituição e vice-versa; a evolução pessoale profissional provoca o desenvolvimentoinstitucional”

Este desenvolvimento também estádiretamente ligado às relações existentesentre os docentes, discentes, equipe gestora etodos os envolvidos na rotina da instituição.(Perez Gómez, 2001, p. 132)

O PAPEL DO CONTEXTO INSTITUCIONAL NA INICIAÇÃO PROFISSIONAL

Referencial Teórico

DESENVOLVIMENTO PROFISSIONALDOCENTE

Para Carlos Marcelo é “um processo individual ecoletivo que se deve concretizar no local detrabalho do docente: a escola; e que contribuipara o desenvolvimento de suas competênciasprofissionais” (2009, p.7).

A profissão docente, nas palavras de Imbernón(2009) se desenvolve por diversos fatores como osalário, a demanda de mercado, o clima detrabalho dos centros educativos, as estruturashierárquicas, a carreira e certamente a formaçãopermanente, que se realiza ao longo da vida.

Metodologia

Os sujeitos da pesquisa são os egressos de trêsprogramas de iniciação a docência: Pibid, BolsaAlfabetização e o Programa de Residência Pedagógica(PRP) do curso de Pedagogia da UNIFESP, assim comoos gestores das escolas em que atuam esses egressos .

ETAPAS:

1- Survey de egressos de 18 IES e 9 estados do país (PI, CE, Pe, MT, MS, SP, RJ, MG, SC) – cerca de 3 mil

2- Estudos de caso de egressos: entrevistas com osegressos e com gestores das escolas em que atuam,observação de atividades de sala de aula e coleta dematerial da instituição (mínimo 18 estudos de caso).

METODOLOGIA

Dois grupos de discussão com seis egressos cada um

Entrevista com gestoras das escolas

QUEM SÃO AS PARTICIPANTES?

Pedagogas, egressas de uma IES Federal, do interior do estado de MG

Atuam na educação infantil e nos anos iniciais doensino fundamental, em escolas públicas estaduais emunicipais de uma cidade do interior do estado.

São professoras jovens, com média de idade de 27 anos; têm entre seis meses e dois anos de experiência na docência.

Tempo de participação no Pibid: um a três anos; a entrada na docência foi no semestre seguinte à conclusão do curso de graduação.

Resultadosiniciais de uma IES de MG (Signorelli, G.G.)

Breves Resultados

Um começo difícil, mas amenizado pela participação no Pibid

Quando iniciei o curso de Pedagogia, eu pensavaque não daria conta de uma sala de aula. E, com aparticipação no Pibid, quando cheguei à escola, jáformada, já professora, eu tinha uma ideia de comoas coisas poderiam acontecer, mesmo sendo umarealidade que eu ainda não conhecia, uma escolanova, pessoas novas, uma sala de aula só minha. [...]Eu acredito que quem passou pelo Pibid, não tevetanta dificuldade assim de atuar, de estar à frente deuma sala de aula e manifestar essa vontade deajudar as crianças, então eu acredito que o Pibid foiuma base muito boa, uma formação muito boa.(NAIARA)

Breves Resultados

A relação teoria e prática

A gente ouve durante todo o curso que teoria eprática precisam andar juntas e eu, no começo,não entendia muito o que isso significava, maistarde, só depois do estágio e do Pibid é quepassei a perceber que de fato teoria e práticaestão sempre juntas e as duas são importantes,tudo que vou fazer, por exemplo, uma práticacom meus alunos, eu vejo que há uma teoriapor trás e se o meu aluno aprende há uma teoriaque explica isso, então, nisso nossa formaçãonão deixou a desejar e agora que estou na salade aula isso é muito mais claro para mim, muitomais[...] (FABÍOLA)

Breves Resultados

Manejo de classe, fazer planejamento

Bom, eu penso que o Pibid foi como um suporte parachegarmos à escola [...], pois, quando eu assumi minha sala eujá tinha certo domínio da sala de aula, já tinha uma noção decomo lidar com as crianças, sabia o que fazer em determinadassituações, o planejamento era algo que eu sabia fazer, porqueessa foi uma prática muito presente no Pibid que ajudoudemais. (IZADORA)

Vejo que ela (Izadora) tem vontade e coragem para enfrentar os problemas, não fica parada esperando a criança sair da situação sozinha e a gente sabe que isso não vai acontecer se o professor não estiver atento aos alunos, principalmente os que têm dificuldades, eles, sozinhos, não avançam, não aprendem. (SUPERVISORA VIVIAN)

BrevesResultados

Manejo de classe, fazer planejamento

Concordo com a Fabiana, porque, assim, quando a genteplanejava no Pibid era muito legal, era animado [risos],buscávamos material e em cima disso a gente criava,inventava. A nossa coordenadora nos fazia pensar emcomo aplicar um conteúdo, uma atividade e agora eu nãosei fazer diferente, apesar de fazer sozinha [...]. (Patrícia)

Eu descobri que sei planejar bem, eu acho que sei [risos]e isso aprendi mais no Pibid. Sei contar uma história, seifazer uma brincadeira, lido bem com os conteúdos, seimanejar os recursos tecnológicos como computador,data show, TV, som, nós professoras precisamos manejaresses recursos, mas a gente só aprende fazendo e eu nãotenho medo, quando eu não sei vou atrás de quem sabepara me ensinar. (NATÁLIA)

Breves Resultados

Fazer Registros

… O que facilita muito o meu trabalho é uma estratégiaque eu uso de fazer anotações sobre tudo. Eu anoto nomeu caderno de plano mesmo, a aula daquele dia, o queaconteceu, o que foi bom, algo que eu tenha percebidoem um aluno, se aprendeu, se não aprendeu, até asbagunças deles eu anoto. E quando eu vou planejarnovamente, eu olho aquilo que anotei e isso facilitapensar no que fazer, se continuo com o conteúdo, seaprofundo, isso facilita e acho que tem a ver com o Pibidtambém, porque a gente fazia o diário de campo e era daíque vinham as nossas discussões no grupo de estudo.(PATRÍCIA)

Novas maneiras de ensinar

Nós sabemos da importância do lúdico para a criança, entãoqueremos colocar isso em prática. O Pibid contribuiu muito,principalmente quanto a ludicidade como forma de trabalho,porque até então eu não tinha essa visão do ensino baseadono lúdico. O Pibid me ensinou a trabalhar esse lúdico, é umteatro, um jogo, uma brincadeira, uma história que envolvaa criança e ela aprenda [...]. (Fabiana)

Eu aprendi no Pibid [...] me preocupo com a forma como vouensinar, fico tentando fazer coisas diferentes, gosto muitode jogos, então eu invento algumas coisas. Isso diversifica aforma de ensinar ajuda o aluno a compreender melhor, senão entendeu de um jeito, talvez com outra explicação, comum jogo entenda melhor. (Cida)

Breves Resultados

Breves Resultados

A opinião da supervisora sobre o trabalho de Nara

Eu acompanho de perto, dentro da minha funçãoe posso dizer da Nara que estava comigo anopassado e da Tamara que as aulas delas são muitoprazerosas para as crianças, diversificadas, nadamaçante, estressante. As atividades são lúdicas eas meninas estão preocupadas mesmo com aconstrução do conhecimento pela criança, então,partem disso, que a criança é capaz de construirconhecimentos, essa é uma fala muito presentenelas e vejo que não é da boca pra fora, poissabem como fazer para que isso aconteça. Já faleida rodinha, momento que exploram muito alinguagem oral, cantam, conversam, as criançasfalam, contam casos. Tem muita contação dehistórias e é sempre de forma diversificada [...](Supervisora ALESSANDRA)

Breves Resultados

A opinião da supervisora sobre o trabalho de Clara

Ela não fica parada, está conosco há quase um ano etodos os dias ela tem uma coisa diferente que quer fazere quando não tem os recursos que ela quer, ela inventa, éuma brincadeira, é uma batalha com os alunos, é umpasseio pelo bairro. Outro dia eu tive que deixar aqui asminhas atividades e ir com ela dar uma volta pelo bairro,porque a gente pede que a professora não saia sozinhacom os alunos, são muitos e pode ser difícil para ela.Então eu tive que ir e ela disse aos alunos que iriam paraum trabalho de campo. Achei legal e até achei bomacompanhar a turma. Antes de sair ela conversou com ascrianças e disse que deveriam observar tudo no bairro, asruas, as casas, se tinha comércio, sinalização de trânsito,então antes, ela preparou os alunos para o passeio.(Supervisora HELLEN)

Breves ResultadosTrabalho em equipe, ação compartilhada

Foi tanta coisa boa no Pibid, mas as trocas, o compartilhar, eu tenhoisso na minha escola como eu falei, mas isso no Pibid foi muitomarcante. Eram ótimos os encontros do grupo de estudos, a gentelia, discutia, analisava as situações que aconteciam nas escolas. Asoficinas de planejamento também eram ótimas, planejávamos edepois a gente ia construir o material das aulas. Depois de tudopronto é que a gente aplicava, isso tudo em grupo, compartilhandocom as colegas. Então, as dificuldades eram mínimas, porque oapoio que a gente recebia era fundamental. (TAMARA)

O que eu mais sinto é não poder trabalhar em equipe comoera no Pibid, a gente fazia tudo junto, uma ajudava a outra,nossas ideias eram ouvidas e mesmo que não fossem aceitasdiscutíamos outras formas, mas na escola isso não ocorre, eunem fico dando muitas ideias, porque não me ouvem, umascolegas dão até umas risadinhas como se dissessem, isso ébobeira. (FABIANA)

Breves Resultados

Breves Resultados

Trabalho colaborativo

Eu e a Izadora [presente no grupo] e outra colega, aDaiane, que não está aqui, tivemos uma experiênciaano passado. Novatas na escola assumimos as trêsturmas do 3º ano e depois de uns dois mesescomeçamos a notar a dificuldade de algumas criançasque ainda não sabiam ler [...]. Decidimos procurar asupervisora e juntas resolvemos fazer umaintervenção para melhorar o aprendizado daquelascrianças. E, assim fizemos, começamos a trabalhar emforma de colaboração. Estabelecemos uma meta de,em um período de dois meses, avaliar esse trabalho.Algumas crianças foram remanejadas para outraclasse em que havia crianças com dificuldadessimilares e nesse período, uma dando apoio para aoutra e com todo nosso envolvimento, mesmoinexperientes, os resultados foram positivos [...]. Mastudo isso, porque o trabalho foi colaborativo, nossasexperiências foram nos ajudando mutuamente.(NAIARA)

Breves Resultados

Trabalho colaborativo

Lembrei de um fato interessante, ano passado as trêsprofessoras Naiara, Izadora e Daiane estavam trabalhandocom as turmas do 3º ano e, em todas as salas havia criançasque ainda não dominavam a leitura. Elas tiveram a iniciativade me procurar e sugeriram um remanejamento de algumascrianças, para que pudessem fazer um trabalho específico. E,assim fizemos, após um diagnóstico, aquelas crianças queainda não estavam lendo foram para uma sala e a professorafez um trabalho voltado para a alfabetização e em dois mesestodas já estavam lendo. Ela [Naiara] demonstrou grandehabilidade, utilizava jogos, leituras interessantes, faziacartazes com texto de músicas que as crianças conheciam,trabalhou com os nomes dos alunos, foi muito criativa. [...]elas se ajudaram, teve muita colaboração, muito estudo ereflexão também, algumas coisas que não davam muito certoelas modificavam, foi bonito ver esse trabalho delas.(Supervisora ANDRÉIA)

Breves Resultados

Compromisso político

Mas eu procuro não deixar de ladotambém as questões políticas queenvolvem a minha prática. Não quero medeixar levar por uma ideologia dominante,quero ser eu mesma, ter o meuposicionamento e tentar ensinar isso umpouco para os meus alunos. Sabe aquelaideia de formar alunos críticos, eu ouviaisso todos os dias no meu curso e no Pibida gente aprendeu isso na prática, então euquero trabalhar para isso... criticidade émuito importante para se chegar aautonomia. (CLARA)

Conclusão Que relações podemos estabelecer entre a política de formação de professores e a

didática?