a pertinência da multidimensionalidade da didática nos...
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A PERTINÊNCIA DA MULTIDIMENSIONALIDADE DA DIDÁTICA NOS DIAS ATUAIS
DANIELA FRIDA DRELICH VALENTIM
EDUCAÇÃO/UERJ
Situando minhas reflexões
• “doutrinação política e ideológica”
• “ideologia de gênero”
• “ameaças à família”
PL 867/2015, de autoria do deputado federal Izalci Lucas
Ferreira (PSDB-DF), que determina: “São vedadas, em sala de
aula, a prática da doutrinação política ideológica, bem como a
veiculação de conteúdo ou a realização de atividades que
possam estar em conflito com as convicções religiosas ou morais
dos estudantes”.
“Alunos vulneráveis e cativos em sala de aula”
O professor da UFF Fernando Penna (2016) relata que “esta
analogia com um cativeiro é levada ao extremo pelo Movimento
Escola sem Partido, que chega a falar em Síndrome de Estocolmo
– este é o título de umas das seções do site dessa organização –
para se referir à relação emocional estabelecida entre os
professores e seus alunos. Assim, nós professores somos os
agentes de um “sequestro intelectual” dos nossos alunos, que,
por sua vez, se apegariam aos seus captores, a ponto de
defendê-los, “enquanto seus libertadores – no caso o próprio
Escola Sem Partido – estariam tentando resgatá-los”, completa o
professor da UFF.
Ensinando didática: desafios atuaisA didática é um campo de conhecimento complexo,
plural, sempre em disputa
Penso que a tese defendida nos 80 do século passado no
Seminário Didática em Questão, por Candau, qual seja, a da
multidimensionalidade da didática, em que se articulam as
dimensões técnica, humana e político-social da educação deve
ser reafirmada, posto que, ainda é potente na construção de
caminhos/saídas/possibilidades de trabalho nos dias atuais.
“Globalização, multiculturalismo, questões de gênero e raça,
novas formas de comunicação, manifestações culturais de
adolescentes e jovens, expressões de diferentes classes sociais,
movimentos culturais e religiosos, diversas formas de violência e
exclusão social configuram novos e diferenciados cenários
sociais, políticos e culturais” (Candau, 1997:89).
Estamos em maio de 2016
• Avanço de políticas neoliberais na educação
• Conservadorismo político e de matriz religiosa
• Retrocesso institucional
• Tecnicismo positivista
• Mera transmissão de conhecimentos não históricos, prontos,
estáticos, transmissíveis como verdades por sujeitos também
não históricos, prontos, padronizados em suas identidades
culturais também fixas.
“Não somos exclusivamente: um ‘especialista de conteúdo’, um
‘facilitador da aprendizagem’, um ‘organizador das condições de
ensino-aprendizagem’, ou um ‘técnico em educação’
(Candau,1999:50)
O “como fazer” não me leva, necessariamente, de volta à
chamada didática instrumental e sua pretensa neutralidade
técnica.
•Não abro mão da dimensão do afeto, do vínculo
subjetivo que sei ser indispensável à relação ensino-
aprendizagem.
•Alunos não são objetos de nossa intervenção como
acreditava a pedagogia mais tradicional e como
parecem crer anacronicamente alguns.
• Recuso que a dimensão humana da didática possa ser
entendida como um capturar da cognição, do afeto e
da capacidade crítica dos nossos alunos que
acabariam padecendo de Síndrome de Estocolmo.
• A didática multidimensional significa, no mínimo, tensionar “os
valores familiares” ou “as convicções religiosas ou morais dos
estudantes” na multicultural sociedade brasileira.
• Visamos à promoção da cidadania, à erradicação de todas as
formas de discriminação e à promoção dos princípios do
respeito aos direitos humanos e à diversidade.
CONCLUINDO
• O MEC após o “golpe parlamentar-judicial-midiático”
• Estratégias diante do estímulo ao ódio a nós dirigido
• Denúncia do conteúdo político conservador da proposta da
neutralidade nas salas de aula e nas produções acadêmicas
Referências bibliográficas
BARREIROS, Claudia. Da didática fundamental à didática intercultural:
percursos de uma pesquisadora do campo. In: CANDAU, Vera (org).
Educação intercultural e cotidiano escolar. Rio de Janeiro:7 Letras, 2006.
CANDAU, Vera. A didática e a formação de educadores. Da exaltação à
negação: a busca de relevância. In: _________ (org.). A didática em questão.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2010 (30. ed).
____________. A formação de educadores: uma perspectiva
multidimensional. In: _________ (org.). Rumo a uma nova didática. Petrópolis,
RJ: Vozes, 1999 (9. ed).
Entrevista com Fernando de Araújo Penna. "Escola sem partido". Série
"Conquistas em Risco". Disponível em: < http://anped.org.br/news/entrevista-
com-fernando-de-araujo-penna-escola-sem-partido-serie-conquistas-em-
risco> Acesso em: maio de 2016.