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Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1 INOVAÇÕES E INTERNACIONALIZAÇÃO NA CADEIA PRODUTIVA DO ETANOL NO BRASIL: AVALIAÇÃO E PERSPECTIVAS [email protected] Apresentação Oral-Ciência, Pesquisa e Transferência de Tecnologia CEZAR AUGUSTO MIRANDA GUEDES 1 ; MAICON RODRIGUES TEIXEIRA 2 . 1.UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO, RIO DE JANEIRO - RJ - BRASIL; 2.UFRRJ, SEROPÉDICA - RJ - BRASIL. Inovações e internacionalização na cadeia produtiva do etanol no Brasil: avaliação e perspectivas Grupo de Pesquisa: Ciência, Pesquisa e Transferência de Tecnologia Resumo O objetivo do artigo é aportar alguns elementos de reflexão sobre a cadeia sucroalcooleira no Brasil, especialmente para a produção de etanol desde meados dos anos setenta do século passado. Ao longo de mais de três décadas, com esforço próprio na produção de etanol, o Brasil adquiriu experiência suficiente para coordenar esse processo como referência mundial. Entretanto, a internacionalização em curso no setor apresenta riscos na medida em que os elos mais nobres (com maior densidade tecnológica) da cadeia produtiva, assim como a produção de máquinas, equipamentos, melhoramento genético e biotecnologia, poderão sofrer um recuo no país, assim como tem ocorrido em outros segmentos, implicando em perdas estratégicas. No último quarto do século XX, a partir da primeira crise do petróleo, foi criada nova alternativa para a cadeia produtiva e a produção de etanol passa a ser eficaz como complemento da matriz energética brasileira. Em 1975, o Programa Nacional do Álcool - Proálcool integra a biomassa na matriz energética, num amplo programa coordenado pelo Estado. Neste processo foi possível desenvolver de forma competitiva a tecnologia necessária para a produção de etanol como complemento ao petróleo. No século XXI o etanol ganha destaque novamente, não só pela alta do preço das demais fontes energéticas, mas também devido à necessidade de alternativas energéticas mais limpas e sustentáveis. Palavras-chaves: Agroenergia; Etanol; Inovações; Investimento Direto Estrangeiro; Fusões & Aquisições Abstract: This article aims to contribute some elements of reflection on the cane sugar chain industry in Brazil, especially for ethanol production since the mid-seventies. For over three decades, Brazil pushed for the development of the production of ethanol, and the country has gained enough experience to coordinate this process as a global point of reference. However, the sector’s ongoing internationalisation presents risks inasmuch as the noble metals’ (with a higher technological density) within the production chain, as well as the production of machinery, equipment, genetic engineering and biotechnology, may suffer a setback in the country, as has been the case in other sectors, resulting in strategic losses. During the last quarter of the Twentieth century, since the first oil crisis, a new alternative for the production chain of ethanol was created, as an effective complement to

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Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

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INOVAÇÕES E INTERNACIONALIZAÇÃO NA CADEIA PRODUTIVA DO ETANOL NO BRASIL: AVALIAÇÃO E PERSPECTIVAS

[email protected]

Apresentação Oral-Ciência, Pesquisa e Transferência de Tecnologia CEZAR AUGUSTO MIRANDA GUEDES 1; MAICON RODRIGUES TEIXEIRA 2. 1.UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO, RIO DE JANEIRO -

RJ - BRASIL; 2.UFRRJ, SEROPÉDICA - RJ - BRASIL. Inovações e internacionalização na cadeia produtiva do etanol no Brasil:

avaliação e perspectivas Grupo de Pesquisa: Ciência, Pesquisa e Transferência de Tecnologia

Resumo O objetivo do artigo é aportar alguns elementos de reflexão sobre a cadeia sucroalcooleira no Brasil, especialmente para a produção de etanol desde meados dos anos setenta do século passado. Ao longo de mais de três décadas, com esforço próprio na produção de etanol, o Brasil adquiriu experiência suficiente para coordenar esse processo como referência mundial. Entretanto, a internacionalização em curso no setor apresenta riscos na medida em que os elos mais nobres (com maior densidade tecnológica) da cadeia produtiva, assim como a produção de máquinas, equipamentos, melhoramento genético e biotecnologia, poderão sofrer um recuo no país, assim como tem ocorrido em outros segmentos, implicando em perdas estratégicas. No último quarto do século XX, a partir da primeira crise do petróleo, foi criada nova alternativa para a cadeia produtiva e a produção de etanol passa a ser eficaz como complemento da matriz energética brasileira. Em 1975, o Programa Nacional do Álcool - Proálcool integra a biomassa na matriz energética, num amplo programa coordenado pelo Estado. Neste processo foi possível desenvolver de forma competitiva a tecnologia necessária para a produção de etanol como complemento ao petróleo. No século XXI o etanol ganha destaque novamente, não só pela alta do preço das demais fontes energéticas, mas também devido à necessidade de alternativas energéticas mais limpas e sustentáveis. Palavras-chaves: Agroenergia; Etanol; Inovações; Investimento Direto Estrangeiro; Fusões & Aquisições Abstract: This article aims to contribute some elements of reflection on the cane sugar chain industry in Brazil, especially for ethanol production since the mid-seventies. For over three decades, Brazil pushed for the development of the production of ethanol, and the country has gained enough experience to coordinate this process as a global point of reference. However, the sector’s ongoing internationalisation presents risks inasmuch as the noble metals’ (with a higher technological density) within the production chain, as well as the production of machinery, equipment, genetic engineering and biotechnology, may suffer a setback in the country, as has been the case in other sectors, resulting in strategic losses. During the last quarter of the Twentieth century, since the first oil crisis, a new alternative for the production chain of ethanol was created, as an effective complement to

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the Brazilian energy matrix. In 1975, the National Program for Alcohol – Proálcool – integrated a biomass in the energy matrix in a broad program coordinated by the State. Within this process, it was possible to develop the necessary technology in a competitive manner for the production of ethanol as a complement to oil. In the Twenty-first century, ethanol once again gains notoriety, not only due to the high prices of other sources of energy but also because of the need for clean and sustainable energy alternatives. Keywords: Agroenergy; Ethanol; Innovation, Foreign Direct Investment, Mergers & Acquisitions. 1. Introdução Na década passada, num cenário marcado pelo aprofundamento das formas de internacionalização da produção e de uma economia cada vez mais baseada em tecnologias de informação e comunicação, a economia brasileira, depois de um processo de ajustes (particularmente a estabilidade monetária), consolidou uma mudança em seu padrão de desenvolvimento, marcado pelas privatizações e a abertura comercial, financeira e cambial (Guedes e Olivares, 2005). A partir deste novo quadro, em que o Brasil se consolidou como o principal receptor de investimento direto estrangeiro (IDE) na América Latina, a perspectiva do trabalho é analisar o crescimento da demanda internacional de biocombustíveis, com destaque para o etanol, e avaliar a provável internacionalização do setor, subordinado a grandes empresas transnacionais (ET´s) na área de energia e a possível perda da liderança do Brasil, não apenas como produtor potencial de bicombustíveis, mas principalmente como fornecedor de tecnologia e Know-how para a cadeia sucroalcooleira no mundo. O que está em questão é um caminho de possibilidades, pois o caso do etanol representa um êxito brasileiro em pesquisa e desenvolvimento incorporado a tecnologias de processo, produto e formas de gestão. Alguns autores, com destaque para Schumpeter, atribuem às inovações um papel determinante na dinâmica macroeconômica e na concorrência intercapitalista. Este debate esteve sempre ligado as condições existentes nos países centrais, onde a capacidade de inovar está presente. Entretanto, a dinâmica das inovações não se concretiza facilmente, pois está imersa em ambientes nacionais e institucionais que pressupõe um patamar de desenvolvimento mais elevado. Além do papel do Estado como indutor e coordenador e de um sistema nacional de inovações, é preciso um tecido empresarial que se articule num processo de pesquisa e desenvolvimento. Na maioria dos países não há uma dinâmica interna onde as inovações tecnológicas desempenhem um papel relevante, como no núcleo orgânico do capitalismo (Guedes, 1998). Historicamente, a modernidade e/ou a inovação na periferia veio pelo comércio internacional, através da importação de bens de consumo e de capital, desempenhando um movimento restrito, longe de estar assegurado endogenamente. Nestes países existe uma situação distinta daquela onde as inovações criam frentes de expansão, com novos investimentos e empregos. Esse é um dos motivos que explica a precariedade e a exclusão vigente nos mercados de trabalho das economias atrasadas, onde a maior parte da população vive à margem do trabalho regular, sem vínculo formalizado que garanta alguns direitos, fazendo a ponte entre o mundo do trabalho e a cidadania. No pensamento crítico latino-americano e brasileiro temos a tradição da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe) que, já em seu nascimento,

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explicava a desigualdade entre as nações pelas diferentes formas de acesso e incorporação do progresso técnico. Nos termos cepalinos, o desafio para os países da periferia capitalista residia em superar sua condição de economias primário-exportadoras que ao longo do tempo sofriam efeitos da deterioração dos termos de troca, repassando para as economias centrais seus ganhos de produtividade via comercio internacional. Partindo de um rechaço à teoria ortodoxa do comércio internacional baseada nas leis das vantagens comparativas, esta formulação deu origem a um rico debate ao criar uma linha de elaboração distinta da ortodoxia econômica. Buscavam-se formas de internalizar o impulso dinâmico, substituindo a variável externa (exportações) pela interna (investimento e incorporação do progresso técnico). Com o aumento do produto, da produtividade e da renda média, estariam sendo criados mais e melhores empregos, correspondentes às modificações em curso na estrutura produtiva. Uma das questões neste debate era a da necessidade de uma estratégia de desenvolvimento que levasse em conta a especificidade das economias subdesenvolvidas. Deriva daí uma série de respostas ao debate cepalino que marcam a trajetória da economia brasileira até nossos dias (Guedes e Cardoso, 1999). Evidentemente muita coisa mudou desde as formulações originais da CEPAL, mas as transnacionais continuam tendo endereço onde se situam a pesquisa e as intermediações estratégicas. O movimento de capitais condiciona o comercio internacional de mercadorias, fragmenta as cadeias produtivas e mantêm os elos mais nobres nas matrizes. Essa é a lógica de expansão das transnacionais, embora possam existir positividades no investimento direto estrangeiro.

O relatório lançado em 2007 pela Interamerican Ethanol Commission – IEC (http://helpfuelthefuture.org/) mostra que o Brasil precisa de maior interação entre os setores de pesquisa, empresas e governo. E que estes estejam alinhados numa estratégia coesa de longo prazo para o segmento. Além disso, a falta de regras claras e de um planejamento político pode dificultar a atração de novos investimentos que estejam alinhados com objetivos do país. Numa perspectiva semelhante, este foi um dos aspectos destacados no relatório da CEPAL sobre IDE, em que uma das suas conclusões mostra que para a América Latina continuar atraindo novos investimentos será preciso que os países tenham uma política clara, ativa e de forma integrada, que esteja de acordo com as estratégias de desenvolvimento (CEPAL, 2007).

O crescimento da demanda mundial por energias renováveis e a forte experiência do Brasil, colocam o setor como uma frente promissora na expansão do IDE. A relevância do debate a respeito dos bicombustíveis no mundo tem se colocado não só pela questão da continuidade do crescimento econômico e da demanda energética, mas também por questões ambientais como o aquecimento global. Trata-se então de pensar políticas que articulem as dimensões econômicas e socioambientais, mantendo a posição de liderança pela capacidade de inovar, aspecto nada trivial se tratando da economia brasileira.

Além desta breve introdução, o artigo está estruturado em mais três seções e os comentários finais. Na segunda seção analisamos o quadro da economia mundial e a resposta brasileira a partir de 1975. Na terceira, apresentamos um enquadramento do agronegócio brasileiro e o esforço inovativo na cadeia produtiva do etanol. Na quarta seção, analisamos o incremento do investimento estrangeiro no setor sucroalcooeiro e os possíveis riscos. Por fim, nos comentários finais, apontamos algumas tendências. Os gráficos e tabelas estão em anexo.

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2. A resposta brasileira na crise do petróleo nos anos setenta e as perspectivas para a cadeia produtiva do etanol

Criado por decreto em dezembro de 1975, o Programa Nacional do Álcool – Proálcool, teve objetivos bastante abrangentes na medida em que seu plano compreendia fortalecer toda a cadeia desta agroindústria no sentido de ampliar a produção de álcool carburante. O contexto do período foi marcado pelo fracasso do sistema Bretton Woods, o enfraquecimento da hegemonia estadounidense e a primeira crise do petróleo. No Brasil, acabara de ser lançado o II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND) que tinha por objetivo ampliar e fortalecer a indústria de bens de capital no país (LIMA, 2001).

Mesmo tendo em conta as diferentes perspectivas de interpretação do II PND, ele consistia em um amplo programa de investimentos cujos objetivos eram transformar a estrutura produtiva e superar os desequilíbrios externos, conduzindo o Brasil a uma posição de potencia média no cenário internacional (Carneiro, 2002). No setor sucroalcooleiro o objetivo foi aumentar a oferta de álcool automotivo e tentar reduzir os impactos negativos na balança comercial pela redução da importação de petróleo. Esta não foi à única medida tomada pelo Estado; neste mesmo período intensificam-se os investimentos na produção e exploração de petróleo com investimentos realizados pela Petrobrás na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro.

Com o advento do Proálcool o programa tratou de atender todas as classes envolvidas neste processo, desde o produtor de cana, passando pelas indústrias de bens de capital até as empresas transnacionais automobilísticas. Em 1979 os produtores de bens de capital, predominantemente nacionais, declararam-se capacitados a fornecer todas as destilarias necessárias para a produção de álcool. Em contrapartida o Instituto Agronômico de Campinas em parceria com a Coopersucar e a Escola Superior Luiz de Queiroz - ESALQ trataram de cuidar do melhoramento genético da cana enquanto o Instituto Pesquisa Tecnológica do Estado de São Paulo - IPT junto das fabricantes de destilarias tratavam de aumentar a eficiência produtiva. À Petrobrás coube a responsabilidade pela coordenação da logística e distribuição deste combustível, enquanto a indústria automobilística buscava adaptar os motores a explosão ao álcool, frente ao forte incentivo do Estado com linhas de financiamentos subsidiadas e redução de impostos, entre outros (MARIOTONI, 2004).

No período entre as décadas de 1970 a 1980 houve um fortalecimento da indústria da cana com forte predomínio da empresa nacional a ponto do IPT (Instituo de Pesquisas Tecnológicas) fazer a seguinte declaração: “A indústria brasileira de destilaria está preparada o suficiente para absorver o Proálcool, sem a necessidade de abrir brechas para importações. Atualmente, os fabricantes de destilarias dominam totalmente a tecnologia de fabricação do álcool, sendo que os contratos de transferência de tecnologia com empresas estrangeiras são apenas marginais” (MARIOTONI, 2004). O Proálcool promoveu uma das maiores articulações inter-setoriais coordenadas pelo Estado, contribuindo para o fortalecimento e consolidação da produção de combustíveis renováveis e contrariamente a outros momentos históricos, houve um predomínio da indústria nacional.

A partir do segundo choque do petróleo, em 1979, houve uma reorientação do Proálcool para investir na segunda etapa do programa, apontando para a produção do álcool etílico carburante não mais como mero complemento a ser adicionado à gasolina (o etanol anidro), mas como combustível (o etanol hidratado) para os automóveis com motores ciclo

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Otto 1 que foram modificados para operar com 100% de álcool etílico hidratado. Esta segunda etapa do Proálcool trouxe uma ampliação das metas de produção do álcool etílico carburante. A implantação das destilarias autônomas gerou uma expansão em direção a áreas de “fronteira”, como o Noroeste e o Oeste de São Paulo, o Centro-Oeste do Brasil, o Triângulo Mineiro e o Paraná, áreas produtoras de gado de corte e café, convertidas então em produtoras de cana-de-açúcar (PIACENTE, 2006).

A localização das usinas seguiu a evolução do setor. O estado de São Paulo é o maior produtor, conforme a figura 1, e assim deverá permanecer pelos próximos anos. Os novos investimentos no setor deverão se concentrar ainda na região centro-sul devido à proximidade com os centros consumidores, terras disponíveis e infra-estrutura.

A década de 1980 foi o auge do Proálcool, mas a crise do desabastecimento em 1989 implicou na importação do etanol. Isso provocou uma reação negativa dos investidores e principalmente dos consumidores, levando a um sentimento de insegurança quanto à duração do desabastecimento, o que provocou uma queda acentuada das vendas de carros movido a álcool. Segundo PIACENTE (2006), as vendas em 1990 sofreram uma queda de 11,6% sendo de 1% em 1996 e em 1997 praticamente nulas. A explicação para o desabastecimento está vinculada a três pontos: em 1986 o governo federal reviu os subsídios aplicados ao programa, reduzindo as linhas de financiamento para a produção de cana, o que desestimulou muitos empresários a renovarem suas plantações; o mercado de açúcar internacional voltou a se aquecer, estimulando as usinas a destinarem parte da sua matéria prima não mais para a produção de álcool e sim de açúcar para exportação. O quadro se completa com o recuo dos preços do petróleo ao final dos anos oitenta e os resultados dos investimentos feitos pelo governo no setor petroleiro nacional.

As características estruturais básicas do complexo canavieiro nacional herdado da fase de planejamento e controle estatal iniciadas na década de 1970, com o início do governo Collor de Melo (março de 1990), sofreram forte desregulamentação. O Proálcool e o IAA (Instituo do Açúcar e do Álcool) foram extintos. O controle e planejamento da cadeia produtiva ficaram a cargo da Secretaria de Desenvolvimento Regional da Presidência da República e, em seguida, com o Conselho Interministerial do Álcool (CIMA). Nos anos noventa estes órgãos foram lentamente eliminando os mecanismos de controle e planejamento da produção. A desregulamentação liberou os preços do açúcar cristal, da cana e do álcool etílico, o monopólio do mercado brasileiro foi quebrado e as exportações, que antes eram centralizadas, foram liberadas. A retirada do estado como coordenador das ações do setor sucroalcooleiro provocou um retrocesso nas atividades da cadeia produtiva. O resultado foi a redução e perda de eficiência no processo produtivo, heterogeneidade da produção, especialmente na industrialização da cana, pouco aproveitamento de subprodutos como, por exemplo, o bagaço para geração de energia, competitividade calcada em baixas remunerações e na produção extensiva da cana ao invés do aumento da produtividade (PIACENTE, 2006)

A partir de 2000 três acontecimentos recuperaram o etanol como alternativa energética: primeiro, o crescimento contínuo da economia mundial, impulsionado principalmente pela China que aumentou a demanda mundial por energia; segundo, questões ambientais que

1 Motores de combustão interna de ignição por centelha.

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voltaram com grande força neste início de década com destaque para o estudo coordenado pela ONU - Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas com dados preocupantes sobre o aumento da concentração de gases do efeito estufa, contribuindo para o aquecimento global e a discussão sobre limites das reservas de petróleo e pelo aumento expressivo da sua cotação no mercado mundial (ONU, 2007).

Com a experiência adquirida na produção de etanol não só pelo Brasil, mas também por outros países, este combustível vem ganhando importância internacional nos últimos anos não como substituto do petróleo, mas complemento da matriz energética mundial. Por isso vem crescendo os investimentos tanto na produção, como no desenvolvimento de novas tecnologias que possam aumentar a produtividade desta cadeia como, por exemplo, o uso da hidrólise enzimática que pode aumentar significativamente a produção de etanol sem que para isso seja necessário expandir as áreas plantadas. No entanto especialistas nesta área acreditam que levará algum tempo para que estas novas técnicas estejam disponíveis em termos comerciais.

A expansão recente no setor sucroalcooleiro vem ocorrendo graças ao crescente consumo de etanol no setor de transportes, que é explicado em parte pelo bom momento que vinha passando a economia nacional e internacional, mas também pela busca por alternativas concretas contra o aquecimento global. A União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (ÚNICA, 2008) mostra que o setor de açúcar e álcool no Brasil faturou em 2007 cerca de R$ 40 bilhões e as previsões de investimento até 2012 são de US$ 17 bilhões; atualmente o país conta com 390 unidades produtivas e gera 3,5 milhões de empregos diretos e indiretos.

É necessário diferenciar os tipos de álcool quanto as suas características e finalidades no que se refere ao uso combustível, para melhor compreensão: o álcool anidro ou também conhecido como álcool etílico anidro carburante (AEAC) é praticamente puro ficando entre 99,3% a 99,8% de pureza a 20°C e é normalmente utilizado como aditivo (adicionado à proporção de 20 a 25% na gasolina como substituto ao MTBE - Methyl Tertiary Butyl Ether), que apesar de poluente, ainda é utilizado em alguns países. O outro tipo de álcool é o hidratado ou também álcool etílico hidratado carburante (AEHC), seu grau de pureza fica entre 92,6% a 93,8% a 20°C e é usado diretamente como combustível nos automóveis (SCANDIFFIO, 2005).

Dados do ministério da agricultura mostram que na safra 2006/2007 o país produziu cerca de 428 milhões de toneladas de cana e nesta safra, 2007/2008, ultrapassaram os 480 milhões de toneladas, um crescimento na produção de mais de 14% em relação à safra anterior. A partir de 2006 evidencia-se o crescimento do setor, impulsionado pelo desempenho da economia internacional, que se refletiu no aumento do consumo de energéticos. Abaixo, no gráfico 1, temos a evolução da produção de etanol por tipo produzido.

Após a safra 1997/1998 o uso do álcool hidratado se reduziu e a produção chegou a seu nível mais baixo, cerca de 5 milhões de M3 na safra 2000/2001. A partir deste ponto há uma retomada da produção e somente a safra 2005/2006 ultrapassa a produção do álcool anidro. Essa evolução acompanha o crescimento das vendas de carros com a tecnologia flex-fuel, que permite utilizar ao mesmo tempo etanol e gasolina, proporcionando maior autonomia aos proprietários neste tipo de veículo. Outro fator foi a elevação do preço do

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petróleo nos últimos anos, contribuindo para o aumento do consumo de etanol também em outros países, como os EUA.

Nas projeções feitas pela Empresa de Pesquisa Energética – EPE (2008), a produção de etanol no Brasil continuará aquecida nos próximos anos. Mas há premissas, tais como: taxa de crescimento mantido em média a 5% ao ano no período de previsão (2008 a 2017); o petróleo tipo Brent manterá média de US$ 85/barril; as leis que prevêem a adição de etanol a gasolina se mantenham, assim a como os valores dos tributos que incidem nestes combustíveis entre outros. O estudo prevê que apesar da economia mundial começar a apresentar um menor crescimento nos próximos 10 anos, a demanda por etanol permanecerá aquecida. Uma das explicações são as vendas de carros flex-fuel e a previsão para 2017 é que o Brasil conte com frota de mais de 27 milhões de carros flex (hoje cerca de 6 milhões utilizam esta tecnologia). Outro argumento é que os países importadores de petróleo passem a importar mais biocombustíveis numa tentativa de diversificar suas matrizes energéticas e conseqüentemente reduzam as emissões dos gases do efeito estufa.

Espera-se que a produção de álcool carburante mais do que dobre nestes próximos dez anos, passando dos atuais 20 bilhões na safra 2007/2008 para cerca de 50 bilhões de litros na safra 2016/2017. No período analisado, considerou-se apenas o uso de tecnologias já existentes, sem incorporar, por exemplo, o processo de hidrólise que poderia aumentar ainda mais a oferta deste combustível (EPE, 2007). No campo internacional, espera-se que as exportações de álcool aumentem dos atuais 3,5 bilhões de m3 em 2007 para um pouco mais de 8 bilhões de m3 em 2017 (EPE, 2008). Em 2006 as exportações de álcool geraram 1,6 bilhões de dólares (ANUÁRIO EXAME: AGRONEGÓCIO, 2008). Para a produção total de álcool no Brasil, com as tecnologias existentes, considera-se aumento dos atuais 20 bilhões de litros anuais para algo como 63 bilhões de litros. Estes números consideram as exportações e o uso do álcool para outras finalidades como a indústria de bebidas, farmacêutica, química, cosméticos entre outras finalidades. O gráfico 2 apresenta esta trajetória..

A previsão para o crescimento da demanda pelo álcool se dá através do consumo de álcool carburante e as exportações representarão somente 12% do volume produzido. O estudo da EPE analisa o protecionismo aplicado por vários países ao etanol brasileiro, o que vem dificultando a ampliação do mercado e, além disso, a falta de especificação pelas agências internacionais das características do produto que atrapalham o reconhecimento do etanol como uma commodity no mercado internacional. Como são projeções, os valores acima podem não se confirmar, ainda mais com o quadro de recessão. Entretanto a busca de alternativas energéticas é um problema a ser enfrentado independentemente desta crise. A desaceleração econômica reduzirá a demanda energética, mas não soluciona a escassez do petróleo no mundo. Dentre as possibilidades energéticas o etanol se apresenta mais desenvolvido e economicamente viável como alternativa complementar na demanda mundial. Por isso a tendência é de continuidade no crescimento para os próximos anos.

3. O Agronegócio Brasileiro e a Cadeia Produtiva do Etanol: a importância da inovação como propulsora do segmento

O atual estágio da economia mundial, conhecido como “economia da inovação e conhecimento”, mostra a importância do caráter inovador e tecnológico como propulsores do crescimento econômico. No entanto este processo de inovação não se dá de forma

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simples e espontânea, exigindo uma forte cooperação entre os atores econômicos e as várias instituições que compõe a sociedade tais como: universidades, centros de pesquisas públicos e privados e agências de financiamento, entre outros. Daí a presença do estado como coordenador deste processo é importante para que se concretize um sistema de inovação nacional (KUPFER, HASENCLEVER, 2002).

Petit (2005) afirma que as interações entre empresas podem ser numerosas e levar a significativas mudanças quando constituídas em redes. Estas são importantes quando criadas entre produtor e consumidor à medida que geram conhecimentos das necessidades do mesmo. Quando estes processos se intensificam, diversificando a produção, aumentando a produtividade, elevando salários e criando demanda, o processo resulta num circulo virtuoso na economia. Entretanto o autor afirma mais adiante que este processo pode não ocorrer e que uma das razões pode ser os capitais externos. Como a economia é aberta, os capitais externos podem se beneficiar também dos fluxos de informação e conhecimento podendo retirar maiores proveitos destes mercados graças ao seu forte poderio econômico. Entretanto, antes de prosseguir na analise do complexo sucroalcooleiro, é relevante verificar o quadro mais geral do agronegócio brasileiro no passado recente.

O agronegócio brasileiro se consolidou ao longo da década de noventa como uma das principais fontes geradoras de divisas no país. Nas contas externas o papel das exportações tem sido decisivo para manutenção dos superávits apresentados na balança comercial brasileira. Esse dinamismo resulta em grande parte dos investimentos realizados décadas antes em Pesquisa e Desenvolvimento, viabilizando o aumento da produção e da produtividade em diversos segmentos. Segundo dados apresentados pelo relatório: “Projeções do Agronegócio Mundial e Brasil” do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA, em 2007, o PIB do agronegócio brasileiro foi da ordem de R$ 564, 36 bilhões correntes, algo como 22% do PIB nacional, cerca de R$ 2,559 trilhões correntes (MAPA, 2008). O agronegócio representa quase ¼ de toda riqueza gerada no Brasil. Analisando a taxa média anual do crescimento setorial de 1990 a 2007, o relatório mostra que enquanto a agropecuária cresceu 3,09%, a indústria cresceu 1,79% e serviços 1,78%. Isso indica a dinâmica do setor, que passou a contar com forte incremento nos últimos anos das principais ETN’s do agronegócio internacional.

Com a demanda mundial aquecida e a entrada decisiva da participação de países emergentes, como Índia e principalmente a China, por diversas commodities, as exportações do agronegócio brasileiro mais que dobraram nos onze anos compreendidos entre 1997 a 2007, como pode ser avaliado no gráfico 3.

Entre 2000 e 2007 as exportações cresceram fortemente, mas houve uma desaceleração a partir de 2005. Entre 2000 e 2004, o quantum exportado cresceu à taxa anual de 16,8%. Essa taxa foi de 4,4% ao ano entre 2004 a 2007. Entretanto, nos últimos três anos o incremento anual de 14,4% no valor das exportações do agronegócio é explicado principalmente pelos preços (68% do incremento total) e menos pelo aumento da quantidade exportada, que explica 32% (MAPA, 2008). Os números são expressivos, mas a participação do agronegócio brasileiro no conjunto do comércio mundial é pequena. Apesar do discurso de que o Brasil “será o celeiro do mundo”, ainda há um longo caminho

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a percorrer. Conforme a tabela 1, o agronegócio brasileiro representou em média 1,40% do comércio mundial entre 1997 a 2006.

Para além do volume e peso relativo do agronegócio brasileiro no comercio internacional, deve-se desagregar as exportações e permitir uma reflexão sobre seu perfil, conforme a tabela 2, no período de 2001 a 2007.

O Complexo Soja esteve no topo com a maior participação nas exportações, saltando de US$ 5,3 bilhões em 2001 para 11,4 bilhões em 2007, um crescimento de 115% e média anual de 13,6%. Entretanto, o segmento que mais elevou as exportações foi o de Carnes, com crescimento de 286% no mesmo período e em média 25% anual. O segundo lugar em crescimento ficou com o Complexo Sucroalcooleiro, com 177%, e 18,6% em média ao ano, ficando na quarta posição dentre as exportações do agronegócio. O bom desempenho do agronegócio origina-se da ampliação da sua base produtiva, mas também e principalmente pelo aumento de tecnologia aplicada no processo.

Apesar da liderança na tecnologia de produção tropical, é preocupante a situação uma vez que o principal agente investidor no setor, o Estado na figura da Embrapa, teve suas receita reduzidas na década de noventa e inicio desta, tendo alguma recuperação do orçamento nos últimos anos. Mas há necessidades e desafios e um dos mais importantes é articular o esforço da Embrapa com o tecido empresarial para que se avance na agregação de valor, empreendendo um processo que vise consolidar uma cultura de inovações na agropecuária e na indústria processadora de bebidas e alimentos.

A liderança brasileira dos bicombustíveis não deve estar voltada somente para produção e distribuição como vem atuando fortemente a Petrobrás (PETROBRAS, 2006), mas deve-se expandir para o aprofundamento da pesquisa e desenvolvimento tecnológico. É necessário promover o fortalecimento da cadeia produtiva para que não se percam elos importantes do processo produtivo, como já ocorreu em outras cadeias produtivas como a soja, onde ETs adquiriram varias empresas nacionais de melhoramento genético. A modalidade de fusões e aquisições tem dominado a forma de ingresso do IDE e agora dirige-se aos biocombustíveis. Em uma série de matérias a revista Exame vem mostrando o interesse do capital internacional em investir no setor, como no caso da Dedini, maior construtora de usinas de álcool do mundo, que ultimamente vem sendo sondada pela General Eletric (primeira empresa no ranking em número de ativos no exterior em 2007 segundo relatório UNCTADWIR-2008) numa possível aquisição de ativos.

Com o esforço coordenado pelo Estado junto à iniciativa privada a partir da década de 1970 foi possível consolidar e tornar a cadeia sucroalcooleira competitiva, com investimentos na área da Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). As inovações empreendidas por centros de pesquisas mantidos pelas usinas tais como Planalsucar e Copersucar proporcionaram ganhos de produtividade com desenvolvimento de novos cultivares, programas de transferência tecnológica na área agrícola e industrial com novos sistemas de gerenciamento. Desde 1975 os avanços tecnológicos representaram cerca de 30% do aumento de produtividade; 8% de aumento do teor de açúcar na produção e 14% de aumento da conversão do açúcar da cana em açúcar e álcool (Embrapa, 2003). Essa dinâmica pode ser percebida no gráfico 4.

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Em 31 anos o crescimento da área plantada vem acompanhado do aumento crescente da produtividade por hectare. A média é feita para todo o país e existem estados onde a produtividade se encontra muito abaixo dos principais centros produtores (São Paulo e Minas Gerais).

Com as ações de P&D empreendidas desde os anos setenta o etanol brasileiro é o mais competitivo internacionalmente. Entretanto iniciou-se um ciclo de investimentos em P&D para a produção dos chamados biocombustíveis de segunda geração. Os EUA vêm investindo bilhões de dólares em pesquisa em etanol de segunda geração feito a partir do processo de hidrólise. A obtenção do etanol através da hidrólise se dá por processos enzimáticos onde é possível “quebrar” as células de celulose e lignina encontrada em todo material vegetal e transformá-los em sacarose, o açúcar que fermentado dará origem ao etanol. Especialistas prevêem que este processo poderá dobrar a produção de álcool por hectare. Atualmente os EUA têm duas usinas experimentais funcionando, mas o grande problema desta técnica está ainda em seu elevado custo de produção. O Brasil conta com alguns centros de pesquisa dedicados ao estudo deste novo processo, com destaque para Coordenação dos Programas de Pós Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro - COPPE/UFRJ. Alguns cientistas afirmam que o domínio desta nova técnica será fundamental para o controle da produção deste biocombustível.

A Embrapa elenca alguns setores imprescindíveis aos esforços em P&D:

- Melhoramento genético: novas variedades regionalizadas de cana-de-açúcar, mapeamento genético, produção de mudas in-vitro;

- Produção de cana: novos sistemas de cultivo, desenvolvimento da agricultura de precisão, sistemas de irrigação, desenvolvimento de software de gerenciamento técnico;

- Indústria: automação de sistemas, melhorias no processo de fermentação, novas técnicas em separação e concentração de açúcar e álcool na produção, desenvolvimento de novos produtos da sacarose (plásticos, solventes, aminoácidos), tecnologia de recuperação da palha a baixo custo, redução de água utilizada no processo produtivo.

Especialistas acreditam que apesar das críticas recebidas nos últimos meses de 2008, a expectativa é de expansão do consumo do etanol em vários mercados mundiais. No Plano Decenal de Energia – PDE - 2030, da EPE, mostra que bem conduzido, o crescimento do setor sucroalcooleiro pode trazer benefícios no âmbito socioeconômico e ambiental. Mas para isso a participação do Estado é importante na condução deste processo, assim como no passado, para promover políticas públicas e a fiscalização necessária para que este novo ciclo de crescimento se dê de forma sustentável. O relatório Information Economy Report 2007/2008 da UNCTAD (2007) corrobora está idéia e aponta o Estado como um ator com papel preponderante na criação e condução de novas tecnologias. Ele possui a capacidade de regular, criar subsídios a setores, criar fundos setoriais, difundir conhecimentos entre outros.

O PDE - 2030 aponta ainda alguns benefícios que podem ser gerados caso este novo ciclo de expansão do setor sucroalcooleiro venha a ser bem conduzido. Entre eles:

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- Crescente diversificação da matriz energética nacional e redução da dependência dos combustíveis fósseis;

- Melhorias nas contas externas graças à redução das importações de petróleo;

- Geração de emprego e renda no interior e de forma descentralizada, e fixação do homem no campo. O estudo mostra que para cada posto de trabalho gerado na área de petróleo, são gerados cerca de 150 postos de trabalho na produção de açúcar e álcool;

- Por ser renovável, isto é, poder ser produzido por diversas vezes, e neste processo absorver CO2 na atmosfera, o etanol contribui para a redução dos gases do efeito estufa, podendo assim, aumentar a participação do Brasil no recém criado mercado de crédito de carbono (EPE, 2007).

Isto sem contarmos com a participação nas exportações de bens de capital, como usinas; licenciamento de cultivares, transferência de tecnologia entre outros serviços que o setor poderá oferecer a outros países interessados em produzir etanol.

4. O Investimento Direto Estrangeiro no setor sucroalcooleiro brasileiro e possíveis conseqüências econômicas

O IDE deve ser entendido como uma das formas da internacionalização da produção (Dunning, 1977), juntamente com o comercio exterior e as relações contratuais. Nesta perspectiva as ET´s devem ser o foco da análise dos investimentos, os seus atores privilegiados.

Em 2007, os fluxos de IDE no mundo atingiram US$ 1,8 trilhões, um número inédito. Em sua totalidade, cerca de US$ 1,6 trilhões foram utilizados em processos de fusões e aquisições (UNCATD, 2008). Já é perceptível um fluxo de capital externo para aquisições de terras no Brasil com objetivo de cultivar cana-de-açúcar, assim como na construção e ampliação de usinas. Esses investimentos são provenientes de pessoas físicas, fundos de pensão, fundos private equity, mas principalmente de grandes ET´s ligadas ao setor energético. Outro processo verificado é de reestruturação acionária do setor sucroalcooleiro no Brasil com F&A tanto por grupos nacionais como por ET´s. Isto fica evidente com dados da consultoria KPMG (2007) especializada no setor. Seguem abaixo, na tabela 3, dados referentes à pesquisa Fusões & Aquisições para o período de 2007:

Os dados do primeiro trimestre de 2007 não estão presentes, pois até então o setor de açúcar e álcool estava incluído na categoria de Produtos Químicos e Petroquímicos. Com o crescimento de aquisições no setor, a KPMG criou a partir do segundo trimestre uma nova categoria em seus estudos dedicados somente ao setor. Percebe-se um forte interesse do capital internacional em adquirir estes ativos a ponto de suas aquisições serem quase o dobro das nacionais. Em um documento especial dedicado ao setor de biocombustíveis publicado pelo jornal Valor Econômico, o sócio da KPMG, André Castello Branco afirma que no biênio 2006/2007 as aquisições feitas por estrangeiros no setor sucroalcooleiro superou a nacional e destaca os seguintes grupos: Bunge, Cargill Infinity Bioenergy (americanos); Abengoa (espanhol); Noble Group, Sojitz (asiáticos); Louis Dreyfous (francês) e a British Petroleum que adquiriu em abril de 2007 metade do controle acionário da Tropical BioEnergia S/A, constituída inicialmente a partir de uma joint venture entre a

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usina Santa Elisa Vale e o grupo Maeda. A tendência apontada por especialistas é que este setor se manterá aquecido pelos próximos anos (Valor Especial, 2008).

Ainda que o IDE tenha um papel importante na ampliação da base produtiva e em ganhos de eficiência, deve-se levar em conta as remessas de lucros inevitáveis no longo prazo e, no caso em estudo, a perda de competitividade, já que a capacidade de inovar e as decisões seriam transferidas para ET´s que passariam a deter a pesquisa de ponta neste segmento, contribuindo para o aumento da vulnerabilidade externa. Após o pico de IDE no ano 2000, os fluxos vieram caindo sucessivamente até 2003, mas as rendas provenientes do IDE mantém a trajetória ascendente, como apresentado no gráfico 5.

Em pesquisa divulgada recentemente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA (2008), o setor primário, que inclui as atividades agropecuárias, extração mineral e extração de petróleo passou a ter destaque no recebimento de IDE, onde o setor agropecuário participou com 12,3% do IDE destinado ao setor primário. Isto reforça as notícias que vem sendo veiculadas quanto aos investimentos feitos em aquisições de terras, grande parte destinadas a produção de biocombustíveis como o etanol. A CEPAL (2008) enfatiza também este deslocamento no destino das inversões externas para o setor primário, conforme o gráfico 6.

É nítido o crescimento do setor primário quanto à atração de IDE nestes últimos dez anos; em 1998 a participação era insignificante e em 2007 atrai 14% do investimento externo dirigido ao Brasil. Tais investimentos não demorarão a buscar elos mais nobres da cadeia produtiva do etanol, como ocorreu anteriormente com outras culturas como a soja.

Os argumentos favoráveis ao IDE quanto a tecnologias, nestes casos não fazem sentido, pois, neste segmento a inovação já está internalizada. Desde a década passada assistimos casos dessa ordem em empresas industriais no setor das autopeças, que acabaram vendidas por não ter escala e poder de mercado para competir com grandes ET´s, como foi o caso da Metal Leve e da Cofap, ambas empresas de ponta. No segmento supermercadista, algumas grandes ET´s com posição de liderança no mundo, como é o caso do Carrefour, Casino e WalMart desde a década passada, através de aquisições, tem aumentado sua participação no Brasil atingindo hoje mais de 40% do volume das vendas neste segmento (Teixeira e Guedes, 2007). Na mesma perspectiva, há algumas empresas nacionais com destaque em inovações tecnológicas na área da produção de açúcar e álcool (Embrapa, 2003) que podem a vir a sofrer pressão para serem adquiridas por ET´s. Alguns exemplos: Alellys e CanaVialis (melhoramento genético); Stara e Facchini (melhoria no processo de cultivo, agricultura de precisão); Dedini, Smar, Braskem (automação de usinas, melhorias no processo de fermentação, novos produtos da cana); Conduto, IEC (desenvolvimento e implantação de álcooldutos com solução para o problema da oxidação).

A Dedini foi procurada recentemente pela General Eletric para uma possível parceria; a Alellys e a CanaVialis, duas empresas criadas em 2002, com capital da Votorantim Novos Negócios, assinaram em 2007 um amplo acordo de transferência de tecnologia com a estadounidense Monsanto. Quanto a Embrapa, empresa pública, existe um projeto de lei na tentativa de transformá-la em um S/A com ações negociadas livremente na bolsa de valores.

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5. Comentários finais.

O que se percebe dos agentes envolvidos na questão energética até o presente é uma tendência ao uso dos biocombustíveis de forma crescente em nível mundial nas próximas décadas. Isto se dá devido a problemas ambientais, redução de reservas de petróleo e elevação do seu preço no mercado internacional numa perspectiva de longo prazo.

No caso do Brasil é necessária a construção de um novo aparato institucional legal para o bom desempenho do setor, principalmente referente ao IDE. São necessários investimentos na qualificação de pessoal, em pesquisa e desenvolvimento para produção dos bicombustíveis de segunda-geração, buscando sua viabilidade técnica e econômica, com unidades de processamento mais eficientes, intensivas em capital e em mão-de-obra qualificada. Enfim, é fundamental o fortalecimento do tecido empresarial brasileiro.

Existe muita preocupação quanto ao avanço da cana sobre determinados biomas, principalmente o amazônico. Entretanto, além dos impedimentos legais que limitam o avanço nesta região, ainda há o problema de característica agronômica, pois não existem cultivares específicos para aquela região, fazendo com que a cana tenha baixa produção e um baixo rendimento na produção final, seja de açúcar ou de álcool. É importante que este bioma seja constantemente monitorado, assim como o pantanal mato-grossense e o cerrado, entretanto a principal atividade antrópica nestas áreas são a exploração de madeira, criação de gado e a expansão do cultivo da soja. A importância do monitoramento na produção e condução do avanço da cana-de-açúcar é um aspecto decisivo para a sustentabilidade, atualmente muito mais devido aos impactos sociais do que propriamente ambientais. Outro aspecto relevante é a inexistência de evidências conclusivas que comprovem a substituição da produção de alimentos por cana para a geração de energia no caso brasileiro, assim como a origem de uma inflação derivada desta substituição.

O que chama atenção e está implícito nas discussões são os diferenciais de produtividade. O álcool de milho dos Estados Unidos produz apena as 1,7 unidades energéticas para cada unidade energética gasta na sua produção, ao passo que no Brasil são produzidas de oito a dez unidades energéticas para cada unidade energética gasta na produção. (www.embrapa, 21/02/2009). O Brasil (e também a Argentina, embora não tenha sido objeto no artigo), pode expandir simultaneamente a produção de alimentos e bicombustíveis em geral de maneira que os EUA, Europa ou Ásia não tem condição de fazê-lo.

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Figura 1- Distribuição Geográfica das Usinas de Cana-de-açúcar no Brasil

Fonte: EPE, 2008.

Gráfico1 - Produção Brasileira de Álcool (em M3)

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Fonte: MAPA, 2008.

Gráfico 2 - Projeção da Demanda Total de álcool carburante (bilhões de litros)

Fonte: EPE, 2008. *Produção de Polímeros, bebidas, cosméticos, produtos farmacêuticos e outros.

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Gráfico 3 - Evolução das Exportações do Agronegócio Brasileiro: 1997-2007 (Em US$ bilhões)

Fonte: MAPA, 2008.

Gráfico 4 - Evolução da Área e Produtividade de Cana-de-açúcar no Brasil

Fonte:MAPA, 2008 /Elaboração:autores

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Gráfico 5- Renda de IDE x IDE

Fonte: Boletins do BCB, Vários anos. Elaboração:autores

Gráfico 6 - Ingressos Líquidos de Investimento Direto Estrangeiro no Brasil por setor de destino – 1998 a 2007 em %

Fonte: La Inversíon Extranjera Directa em América Latinay el Caribe-CEPAL, 2008.

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Tabela 1 - Participação do Agronegócio no Comércio Mundial (em US$ bilhões)

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Total Mundial 3693,78 3683,06 3858,98 4615,3 4466,2 4279,96 5147,8 6360,75 7398,73 8472,6

Agro Mundial 338,62 378,64 385,71 402,91 414,64 391,26 461,05 536,35 573,21 609,79

Part. Agro/Total - Mundial % 10,50% 10,30% 10,00% 8,70% 9,30% 9,10% 9,00% 8,40% 7,70% 7,20%

Total Brasil 52,99 51,12 48,01 55,12 58,28 60,44 73,2 96,68 118,53 137,81

Agro Brasil 18,92 17,44 16,27 15,55 19,11 20,24 25,01 32,84 36,75 42,05

Part. Agro/Total - Brasil % 35,07% 34,01% 33,90% 28,20% 32,80% 33,50% 34,20% 34,00% 31,00% 30,50%

Part. Total Brasil/Total Mundial % 1,40% 1,40% 1,20% 1,20% 1,30% 1,40% 1,40% 1,50% 1,60% 1,60%

Part. Agro Brasil/Agro Mundial % 4,90% 4,60% 4,20% 3,90% 4,60% 5,20% 5,40% 6,10% 6,40% 6,90% Fonte: MAPA, 2008.

Tabela 2 - Exportações do Agronegócio por Setores: Brasil 2001-2007 (em US$ milhões)

Produtos Exportações (US$ milhões) Variação % Participação %

2001 2003 2005 2007 2007 - 2001 Anual 2001 2003 2005 2007

Complexo soja 5,291 8,122 9,474 11,381 115,1 13,6 22,2 26,5 21,7 19,5

Carnes 2,926 4,189 8,194 11,298 286,0 25,2 12,3 13,7 18,8 19,3

Produtos florestais 4,070 5,455 7,202 8,820 116,7 13,8 17,1 17,8 16,5 15,1 Complexo

sucroalcooleiro 2,370 2,298 4,684 6,578 177,6 18,6 9,9 7,5 10,7 11,3 Couros, produtos de

couro e peleteria 2,329 2,455 3,059 3,555 52,7 7,3 9,8 8 7 6,1

Fumo e seus produtos 1,417 1,546 2,929 3,892 174,6 18,3 5,9 5 6,7 6,7

Café 0,944 1,090 1,707 2,262 139,6 15,7 4 3,6 3,9 3,9

Fibras e produtos têxteis 0,994 1,165 1,532 1,558 56,6 7,8 4,2 3,8 3,5 2,7

Sucos de fruta 0,880 1,250 1,185 2,374 169,8 18,0 3,7 4,1 2,7 4,1

Outros 2,636 3,075 3,651 6,702 154,2 - 10,9 10 8,5 11,3

Total 23,857 30,645 43,617 58,420 144,9 16,1 100 100 100 100 Fonte: MAPA, 2008. Elaboração:autores

Tabela 3 - Aquisições no setor de açúcar e álcool em 2007

Aquisições 1° tri. 2° tri. 3° tri. 4° tri. Ano

Domésticas - 2 4 1 7

Estrangeiras - 2 8 3 13 Fonte: KPMG, 2008.

Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

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